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todas estas coisas se transformarem ¢ 0 que era ¢ agora é nio se assemelhar; © ferro, a despeito de sua dureza, gastar-se pelo contato com 6 dedo, € assim também 0 ouro, a’ pedra e todas as coisas que parecem fortes; ¢ a dgua gerar a terra ¢ as pedras. Disto se conclui_ndo vermos nem conhecermos os seres. Nao hi, pois, concordancia nisto. Ainda que afirmemos a existéncia de’ muitas coisas, eternas, dotadas de forma e solidez, parece-nos jue todas se transformam e mudam pelo que vemos cada vez. Bcridente, portanto, que ao vemos corrtamente nem que corretamente parccem existir aquelas muitas coisas. Pois, se de fato fossem, ndo mudariam, ¢ cada uma seria tal como aparece. Nada é melhor do que o que é verdadeiramente. Quando algo muda, 0 que é perece ¢ gera-se o que nio é Portanto, se exis tisse a multiplicidade, deveria ser assim como o um, 9 — Se é deve ser um. Se & um, nio deve possuir corpo, ivesse espessura, também teria partes endo seria mais um, 10 — Se o ser se divide, movese. E se se move, cessa 0 seu ser. Doxocaaria 1 — Melisso, filo de Itageno, foi discipulo de Parménides, ‘mas nio conservou intacta a doutrina do mestre. Dizia que 0 cosmos é ilimitado, a0 passo que os outros o haviam dito limitado. (Aet. IL, 1, 2) 2 — Melisso ¢ Zeno: O um ¢ 0 todo é Deus; 0 um é eterno ¢ ilimitado. (Aet. I, 7, 27) 3 — Melisso... também excitava a admiragio de seus con cidadios por suas virtudes particulares. Em suas teorias dizia que o universo € ilimitado, imével, imutivel, semelhante a si mesmo, uno e pleno. O movimento nio existe, nio € mais do que aparéncia. Dos deuses, dizia que nio se deve dar explicagio definitiva. Pois nio se os pode conhecer. (Diog. IX, 24). EMPEDOCLES DE AGRIGENTO 0 acme da existéncia de Empédocles € situado por volta de 450 a.C. Tanto sua vida como sua doutrina tiveram enorme repercussao. Natural de Agrigento, membro de uma familia in- fluente, sabe-se que Empédocles participou ativamente na pre- servagio da democracia em sua cidade natal ¢ que recusowse «@ assumir as fungées de rei. A lenda de que terminou banido 4 gue morreu como exilado no Peloponeso é possivelmente falsa. Outra lenda, de que se teria suicidado, jogando-se na cratera do Etna, também néo tem fundamento histérico. Consta ainda (que teria libertado uma cidade da maléria, ¢ que por isto os seus hhabitantes 0 homenageavam como a um deus; mas parece que éste ¢ outros relatos sdbre a sua existéncia néo passam de lendas. De seus dois poemas, Sobre a Natureza ¢ Purificagies, nume- rosos fragmentos chegaram até nds. Supde-re que tenha sofrido forte influéncia dos eleatas ¢ dos pitagoricos. O frag. 17 é 0 que melhor permite compreender a sua doutrina; nele, refere-se 420 processo de geragio ¢ corrupgao, ¢ apresenta as suas teorias tin- sgidas em perspectivas parmenidicas. Hé quatro elementos origi- ais, € estes elementos compdem a formacao de todos os entes fogo, terra, dgua e ar (sobre os elementos: frags. 6, 8,9, 11, 12, B, If, 17, 26, 62, 96, 98). Estes elementos @ todo 0 processo do real sio determinados pelas forgas do Amor e do Odio, que re- ‘gem, ciclicamente, 0 cosmos (sobre 0 Amor e 0 Gdio: frags. 16, 17, 20, 2, 22, 30, 35, 39). Coerente com estas opinides ¢ de gran- de repercussio € também a explicagio que dé Empédocles ac conkecimento € ao processo do pensamento (conforme os frags. 2, 3, 84, 105, 106, 107, 108, 109). FracMentos Sobre a Natureza 1—E tu, escuta, Pausinias,filho de Anquitos, 0 sibio. 2— Pois estreitamente limitadas slo as forgas de que sio dotados 0s membros dos homens; e numerosos so os males que ccaem sobre eles, entorpecendo os pensamentos. E em sua vida vem apenas fraca parte da vida, ¢, condenados & morte préxima, sio levados e dissipam-se como a fumaga no alto. Cada um convencido tio-s6 daquilo que encontrou 20 azar de seus muitos € incertos caminhos, embora se vanglorie de ter encontrado 0 todo. A tal ponto so estas coisas dificeis de serem vistas ou couvidas ou apreendidas pelo espfrito. Tu, porém, saberds, pois dos outros te separaste — mas no mais do que permite a inte- ligéncia: do espirito mortal 3.— Mas, oh! deuses, afastai de minha Tingua a loucura destes (homens) e deixaietuma pura fonte correr de ldbios santif cados! Ea ti, festejada musa, virgem de alvos bragos, suplico aque me fagas entender o permitido aos homens efémeros! E que conduzas ¢ guies, (da morada) da santidade, 0 décil carro. E as flores da honra ¢ da gléria de mos mortais nfo te dominario a ponto de ergué-las ¢ recebé-las, a fim de que fales, com reso- lugio, mais do que permite a sagrada ordem, € que ganhes assim assento nas alturas da sabedoria. E agora, considera com todos os teus sentidos como cada coisa & clara. E no dés maior con. fianga 20 olhar do que a que corresponde a0 ouvido; € nao est mes 0 ruidoso ouvido acima das claras instrugées da lingua; ¢ io recuses confianca as outras partes do teu corpo, pelas quais hd acesso a inteligencia; conhece cada coisa como € manifesta, 4 — E préprio dos espiritos baixos desconfiar dos mais fortes. Conhece, como ordenam os seguros ensinamentos dos labios de nossa musa, apés a palavra ter passado pelo crivo do teu interior. 5 — (...) guardar dentro de teu silencioso coragio. 6— pprimeiro das quatro raizes He todas as coisas: Zeus brilhante, Hera vivificante, e Aidoneus ¢ Nestis, que deixa correr de suas lagrimas fonte terrena. 7 — (Elementos) incriados. 68 8 — Ainda outra coisa te direi. Néo hé nascimento para nenhuma das coisas mortais, como no hé fim na morte funcsta, ‘mas somente composigio ¢ dissociagio dos elementos composts: nascimento nio é mais do que um nome usado pelos homens. 9 — Quande' (os elementos) se compiem e chegam ao éter sob a forma de homem, de animais selvagens, de frvores ou de passaros, entio se diz terem sido gerados; e quando se separam, fala-se em morte dolorosa. O que € justo nio dizem; contudo, eu também falo deste modo, seguindo o costume. 10 — Morte vingadora. 11 — Os insensatos! Sus esforgos so destituidos de longos pensamentos, pois eréem que pode ser gerado 0 que nao era ou que alguma ‘coisa possa perecer totalmente ¢ ser destrutda. 12 — £ impossivel que algo possa ser gerado do que nao é, € jamais se realizou nem se ouviu dizer que o que é seja extermi- nado; 0 que é sempre estaré If, onde foi colocado por cada um. 13 —E no Todo, nada hi de vazio ou de supérfiuo. 14 — No Todo nio hé vazio. Donde poderia provir 0 que se Ihe acrescentasse? 15 — Jamais um homem sSbio vaticinaria do seu coragio tais coisas: enquanto vivem o que chamam de vida, so. e sofrem ‘mal e bem; mas antes de os mortais terem sido formados e apés dissolvidos, nada seriam. 16 — Assim como (0 Amor ¢ o Odio) eram antes, assim também serio mais tarde, ¢ jamais, creio eu, ficarS vazio destes dois © tempo infinito. 17 — Duas coisas quero dizer; as vezes, do miltiplo cresce 0 uno para um tinico ser; outras, 20 contrério, divide-se o uno na multiplicidade. Dupla € 2 génese das coisas mortais, duplo tam- bbém seu desaparecimento, Pois uma gera ¢ destréia uniio de todos (elementos); a outea, (apenas) surgida, se dissipa, quando aqueles (os elementos) se separam. E esta constante mudanca jamais cessa: as vezes todas as coisas unem.se pelo amor, outras, Separam-se novamente (os elementos) na discérdia do Odio. Como a unidade aprendeu a nascer do miiltiplo e, pela sua sepa racio, constituir-se novamedite em milltiplo, assim geramse as coisas € a vida nio Thes é imutavel; na medida, contudo, em que o a sua constante mudanga no encontra termo, subsistem eterna- mente iméveis durante 0 ciclo. Escuta as minhas palavras! Pois 0 estudo te fortalece 0 en- tendimento, Como j4 disse antes, 20 expor 0 objetivo de minha doutrina, duas coisas quero anunciar. As vezes, do miltiplo cresce o uno para um Gnico ser; outras, a0 contririo, divide-se 0 tuno na multiplicidade: fogo e Agua e terra e do ar a infinita sltura eseparado deles,o Oxo funeso,igualmente forte em toda parte, ¢ 0 Amor entre eles, igual em comprimento ¢ largura. Contempla.o com 0 teu espirito, € no permanesas sentado, com colhos pasmos. A ele, julgam-no os mortais enraizado em seus membros, e com ele nutrem pensamentos de amor ¢ realizam obras‘de unio; enlevo chamam-no, e Afrodite. E nenhum dos homens mortais sabe que cle se move circularmente entre cles {0s elementos). Quanto a ti, escuta,a seqiiéncia sem equivocos de meu discurso. Pois todos aqueles (elementos ¢ forgas) sio de igual forca ¢ idade quanto 3 sua origem, embora cada um deles tenha missSes diversas, sua natureza particular, predomi nando, ora um, ora outro, no ciclo do tempo. Fora disto nada se acrescenta e nada deixa de existir. ois tivessem perecido até seu termo, j& no existiriam. E 0 que poderia aumentar este Todo e donde poderia vir? Como poderiam perecer, pois nada & deles vazio? Nio, sdmente éles sio, ¢ circulando uns através dos outros, tornam-se ora isto ora aquilo, ¢ assim para sempre os mesmos. 18 — Amor. 19 — Amor envolvente. 20 — Esta (Iuta das duas forcas) € manifesta na massa dos membros humanos: as vezes, unem-se pelo Amor todos os mem- bros, que atingiram a corporeidadé, na culminincia da vida flo rescente; outras, divididos pela cruel forca da Discérdia, erram separados nas margens da vida. Assim também com as drvores € peixes das Aguas, com os animais selvagens das montanhas ¢ os péssaros mergulhées levados por suas 28 21 — Contempla agora o testemunho de minhas primeiras palavras, ¢ vé se cometi omissio relativa & forma (dos elementos) ‘no que disse antes: considera o sol, que tudo ilumina e aquece, « t8das as coisas imortais (astros), banhadas no calor © na bri- 70 Inante claridade; considera a chuva, sempre sombria ¢ fresca, © a terra, da qual irrompe 0 fundamento 0 sélido. Tudo isto é separado € toma forma diversa pela Discérdia; mas unem-se no Amor ¢ almejam-se mutuamente, Pois deles (elementos) provie- ram todas as coisas, 0 que era, 0 que & € 0 que serd, drvores € hhomens, assim como’ mulheres, animais, passaros peixes nutridos pela dgua, ¢ também deuses, de longa vida, cumulados de honras. Pois sio sempre os mesos (0s quatro elementos), mas, citculan. do uns através dos outros, tornam-se coisas diversas; to grandes modificagées traz a sua mistura, 22 — Pois unidos em concérdia estéo todos estes (elementos) com as suas partes; o Sol radiante, assim como a Terra, 0 céu € 0 mar, largamente dispersos no mundo mortal. E assim tam- beém, tudo o que melhor ve correspond: na mistur, &semelhante ¢ unido por Afrodite. Inimigo, a0 contrdrio, é que se mantém ‘mais distanciado por origem, por mistura ¢ por formas realizadas, completamente impossibilitado de unio ¢ muito higubre, sob 0 dominio do Odio que lhe deu nascimento. 23 — Assim como, quando pintores preparam com cores variadas quadros votivos, — homens bem entendidos em arte pela sua habilidade, — depois de tomarem com suas mios venenos miulticores € 0s misturarem harmonicamente, uns mais, outros ‘menos, com eles produzem figuras semelhantes a todas 2s coisas, formando drvores ¢ homens ¢ mulheres, feras € aves e peixes nutri dos pela dgua, e também deuses, de vida longa, ricos em honras, assim 0 engano nio venga o teu espfrito e diga que hi outra fom, das cosas meta quantas — inumerives — se tornaran manifestas; e saibas isto com certeza, pois ouviste a palavra di divindade. a , 24 — Unindo os cimos uns aos outros, no seguir apenas um caminho do ensinamento (...) meeps 25 — Belo é dizer mesmo duas vezes 0 que é necessétio. 26 — Ora uns, ora outros, predominam (os elementos ¢ forgas) no curso do ciclo, e desaparecem uns nos outros ¢ cres ‘cem na alternancia do destino. Pois somente estes (os elementos) sio, 6 circulando uns nos outros, tornam-se homens ¢ outras cespécies de animais, ora unindo.se pelo Amor em uma s6 ordem, fora separando-se as coisas particulares na inimizade do Odio, nm até que, integrados na unidade total, sejam novamente submeti- dos. Como a unidade aprendeu a nascer do miltiplo ¢, pela sua separacio, constituirse em miltiplo, assim geram-se as coisas © a vida nao lhes € imutdvel; na medida, contudo, em que 2 sua constante mudanga ndo encontra termo, subsistem eternamente iméveis durante o ciclo. 27 — Jé nio se distinguem nem os membros répidos do sol, nem a forga hirsuta da terra ou o mar. Assim est custodiada a redonda Esfera, na prisio segura da Harmonia, alegre em sua soliddo circular. bro 7 — Nem dicbdia nem lua inconveniente em ses mem- 28 — Mas igual a si mesma em todos os lados e em todos in- finita, a redonda Esfera, alegre em sua solidio circular. 29 — De seu dorso no se agitam dois ramos, nem tem pés, nem Ageis joclhos, nem partes genitais, mas era esférica, igual em todos os seus lados. 30 — Mas quando 0 Odio tornou-se grande nos membros (da Esfera), erguendo-se &s honras, quando se cumpriu o tempo que thes cabe (a0 Odio e a0 Amor) alternativamente, estipulado por poderoso juramento (...) 31 — Entio todos os membros do Deus foram comovidos, tuns apés outros. 32 — A junta une os dois. 33 — Assim como quando a seiva da figueira coagula liga 0 leite branco (...) 34 — Misturando a farinha com a agua (...) 35 — Voltarei meus passos ao caminho que meus cantos jé percorreram, fazendo novo discurso do meu discurso. Quando © Odio retirou-se 20 mais profundo abismo do turbilhao, ¢ 0 Amor atingiu 0 seu centro, todas as coisas uniram-se nele a fim de serem uma tinica, nfo em uma s6 vez, mas voluntariamente uunindo-se, uma daqui, outra de 14. E destas misturas, derra- maram-se intmeras ragas de seres mortais. Muitas, contudo, alternando com as que se misturavam, no se misturaram: todas aquelas que 0 Odio trazia suspensas, pois ndo se tinha ainda retirado inteiramente aos extremos limites do circulo. Perma- 2 necia ainda parcialmente no interior (dot membros), embora jf, portoutro lado, deles excluido. Na medida em que avancava, afluia um doce’e imortal impulso de irrepreensivel Amor. Logo se tornava mortal o que antes era imortal, e misturado o que antes no o era, na mudanga dos caminhos. E destas misturas derramaram-se intimeras racas de seres mortais, de formas va riadas, em maravilhoso espeticulo. 36 — Enquanto estes se unem, o Odio retira-se aos confins da parte exterior. 37 — A Terra aumenta o seu proprio corpo eo éter aumenta o der. 38 — Falarte-ei agora dos primeiros (elementos) iguais em idade, fonte de todas as coisas que nds agora contemplamos: a terra eo mar ondulado, o ar timido ¢ o éter, Tita que abraga fortemente o circulo de todas as coisas. 39 — Fossem infinitos a profundidade da Terra ¢ 0 vasto Ger, como se depreende de vas palavras de tantos mortais que rio viram senio fraca parte do Todo (...) 40 —O Sol penetrante ¢ a meiga Lua. 41 — Mas (o Sol) & concentrado ¢ circula em volta do vasto 42 — E ela (a Lua) interrompe os seus raios (do Sol), quan- do passa por ele, projetando sombra sobre a Terra, tao larga quanto a lua de brilhantes olhos. 43 — Logo que a luz do Sol atingiu 0 largo circulo da Lua (...) 44 — (A luz do Sol) brilha sobre 0 Olimpo, com intrépido olhar. 45 — Uma luz circular e estranha gira em torno da Terra. 46 — (...) como gira a roda de um carro, a qual pelo ex- remo (. 47 — Pois ela (2 Lua) otha do outro lado para o cfrculo sagrado do senhor (Sol). 48 — A Terra produz a noite, opondo-se a0s raios do Sol. 49 — Da noite solitéria, de olhos cegos (...) 50 — E {ris traz do mar o vento ou uma chuva abundante. B 51 — (O fogo) irrompe para cima. 52 — Muitos fogos, contudo, queimam sb 0 solo. 53 — (O éter) unia-se (com os outros elementos) em seu so, ora de uma maneira, € muitas vezes de outra. 54 — Mas o éter mergulha, com longas raizes, Terra adentro. 55 — O mar, suor da Terra 56 —O sal solidificou-se sob os golpes dos raios do Sol. 57 — Dela (a Terra) nasceram muitas cabecas sem pescoro, bragos nus erravam faltos de ombros, ¢ olhos vagavam despro- vidos de fronte. 58 — Membros vagavam. solitérios. 59 — Mas quando o Deus uniu-se ao Deus em maior pro: porcio, estas coisas uniram-se 20 azar dos encontros, € muitas ‘outras coisas surgiram sucessivamente. 60 — (Criaturas de) andar arrastado € providas de iniimeras 61 — Cresceram muitas (eriaturas) com duplo rosto ¢ duplo peito, bovinos com face humana ou, 20 contrério, homens com cabeca de boi, e seres misturados, aqui de homens, ali 3 maneira de mulheres, providos de éraios sexuais umbrosos. 62 —E agora, escuta como o fogo, a0 se separar, trouxe a luz. raga noturna dos pranteados homens e mulheres. ‘Pois meu dliscurso ‘no foge a0 seu propésito nem é desprovido de saber. Primeiro nasceram formas inteiras da Terra, participantes tanto dda 4gua como do fogo. A estas, o fogo fez subir para o alto, a0 procurar unir-se ao seu igual (0 fogo celeste); no mostravam ainda nem suas formas graciosas, nem voz, nem as partes sexuais préprias dos homens. 63 — Mas distinta € a origem dos membros (humanos): uma vem do homem (ea outra da mulher). 4 — Também dele aproximou-se 0 desejo que, pela visio, despertou a meméria. 6 —Encontraram-se no seio puro. Em parte, tornam-se membros femininos, quando encontram o frio, (¢ em parte mas- culinos, quando encontram o calor). 66 — Nos prados fendidos de Afrodite ” 67 — Pois em sua parte mais quente gera o ventre 0 mas- culino, ¢ por isto, mais escuros, mais fortes e melhor providos de pelos sio os homens. fecal’ — No désimo dia do citavo més produz-se a branca putre- fagao. 69 — De duplo nascimento. 70 — Pele de cordeiro. set ahs i, ut certeza sobre esas coisas for ainda em algum ponto deficiente, de como poderiam ter surgido pela mis tura da terra, da dgua, do ar © do fogo, tantas formas ¢ cores de coisas moitais, como surgem das unides feitas por Afro- dite (.. 72 — Como as altas frvores ¢ os peixes no mar (...) 73 — Assim como entio Cipris, depois de a ter umedecido nna 4gua, entregou a terra a0 dgil fogo para firmé-la, esforcando.se diligentemente pelas formas (...) 74 — Conduzindo a raga sem voz dos peixes fecundos (...) 75 — Daqueles (animais) porém, cujo interior é denso ¢ 0 exterior raro, € que receberam das mos de Cipris tal aquos: dade (...) : 76 — Este (é 0 caso) das pesadas conchas dos habitantes da gua, sobretudo dos caracdis das tartarugas de carapaga dura como a pedra. Neles podes observar a terra na superficie da pele. 7-78 — Arvores sempre verdes ¢ carregadas, florescem na su- perabundincia das frutas, durante todo 0 ano, conforme o ar. 79 — E assim produzem ovos primeiramente as altas oli- veiras (...) go tog Pat ito amadurecem tardiamente as roms € 25 mais so suculentas. 81 — Fermentada sob 0 cértice, a gua na madeira se trans- forma em vinho. 82 — © mesmo (sio): cabelos e folhas, ¢ das aves espessas penas, € escamas que nascem sobre fortes membros. 83 — Mas os espinhos do ourigo sio agudos ¢ erigam-se sobre as suas costas. 15 84 — E assim como quando um homem que se propée sair se mune, para atravessar a noite hibernal, de uma luz, chama viva de um fogo, acendendo lanternas protegidas de todos os ventos; tstas rompem o sopro dos ventos uivantes ¢ a luz projeta-se para fora por ser muito mais fina: assim também (quando da for- ‘magio dos olhos) fogo primitivo escondeu-se em membranas € finos tecidos, atrds das redondas meninas dos olhos, varadas de passagens maravilhosas. Afastam a gua profunda que as cerca, mas deixam passar 0 fogo por ser muito mais fino. 85 — Mas a meiga flama recebeu (na formagio dos olhos) apenas fraca porgio de terra. 86 — Destes (elementos) formou a divina Afrodite os olhos infatigaveis. 87 — Afrodite, que uniu (os elementos) com os lagos do Amor (...) 83 — Os dois olhos produzem uma dinica visio. 89 — Sabendo que de tudo o que surgiu decorrem emanagées. 99 — Assim 0 doce procura 0 doce, o amargo se precipita sobre 0 amargo, 0 azedo busca o azedo € © quente se une 20 quente. 91 — (A. égua) unese melhor a0 vinho, mas com o azeite ro quer (unir-se). 92 — Assim como 0 cobre se mistura ao estanho (...). 93 — Com a cor de cochinilha une-se 0 azul sabugo. 94 — E 0 negrume do fundo do rio € produzido pela som- bra. A mesma coisa se vé nas cavernas subterrineas, 95 — Quando (0s olhos) foram formados pelas maos de Ci- pris 96 —A Terra, para a sua alegria, recebeu em seu vasto crisol duas das oito partes da brilhante Nestis ¢ quatro de Héfaistos. Formaram-se assim os ossos brancos, unidos com divina beleza pela fra da harmonia. 97 —(...) a espinha dorsal (...) 98 — E a Terra se encontrou em igualdade com estes: com Héfaistos, com a umidade ¢ com o resplandecente éter} tendo langado Ancoras nos portos perfeitos de Cipris, em proporcio 16 mais forte ou mais fracas dai se formaram o sangue © as dife- rentes espécies de carne. 9 — (...) sino 100 — Assim todas as coisas inspiram e expiram. Todos sio provides de canais de carne, pobres de sangue, sobre toda a su- perficie do corpo; e em suas extremidades, a superficie extrema da pele € perfurada por muitos poros, de modo a reterem 0 san- gue, permitindo contudo a livre passagem do ar. E quando 0 fino sangue se afasta (dos poros), penetra neles impetuosamente © ar, para deles ser expirado novamente quando o sangue re torna assim como quando uma menina brinca com uma clepsidra de brilhante cobre: enquanto conservar sua graciosa mio sobre 1 boca (da clepsidra) e mergulhé-la no macio corpo da agua brated no eatard gua no vaslhame, pos o peso do a com primido contra os estreitos orificios o impediré, até que (a moga} Mere ‘corente dear compsmia; ens, dena'0 a urn o> ppago vazio, que é ocupado em igual’ medida pela Sgua. Assim também, quando a dgua encher por completo o corpo (da vasilha ty PO ) de cobte, enquanto 0 pescogo e a boca permanecem bem fechados pela pele humana, —o ar exterior, que procura entrar, reprime a gua, pela pressio em sua superficie, junto 4 entrada da boca, que deixa ouvir um som borbulhante, até que (a moga) retire a sua mio; entio, a0 contrério do que acontecia antes, 0 ar se precipita a0 interior, ¢ um volume correspondente de Agua escapa para the fazer lugar. Da mesma forma o ténue sangue, que per corre as veias, refluindo para o interior, precipita abundantemente a corrente de ar; mas quando, 20 contrério, 0 sangue retarna, 0 ar € expirado em correspondente quantidade. 101 — (Os cées) farejando com o seu nariz as partes dos membros dos animais selvagens, quanto os seus pés deixaram na tenra relva, 102 — Assim todas as coisas receberam respiracio e odor. 103 — Assim todos os seres, por vontade da Fortuna, sio dotados de inteligéncia (2) 104 —(...) © na medida em que os (corpos) mais leves uuniram-se em sua queda. 105 — (0 coragio) nutrido no mar de sangue que corre em diregdes opostas, onde reside principalmente 0 que os homens n chamam pensamento. Pois, para os homens, © sangue que lhes fyi A volta do coracio € 0 pensamento, 106 — O pensamento dos homens cresce em proporgio aqui lo que jf existe. 107 — Pois destes (elementos) estio formadas harménica mente todas as coisas, e por cles os homens pensam, alegram-se ¢ entristecem-se. 108 — Na medida em que (os homens) se tornam dife- rentes em sua natureza, sempre se modificam também os seus pensamentos. 109 — Pois com a terra vemos a terra, com a Sgua vemos 1 Sgua, com o ar o divino ar, mas com o fogo o fogo destruidor; pelo amor vemos o amor e pelo triste ddio vemos 0 ddio. 109 — Emanagées (...) no olho como se fossem imagens. 110 — Se, apoiado em teu persistente espirito, contemplares com puras intengies estes (ensinamentos), tu os terés em abun- dancia durante toda a tua vida, e por eles ganharés ainda muitas foutras coisas; pois estes crescem por si mesmes no coragio (do hhomem), conforme for a natureza de cada um, Mas se aspirares a coisas de outra natureza, conforme s6i acontecer entre os homens, intimeras, miserdveis, que thes entorpecem a meditagio, entio serés abandonado pa revolugio do tempo, por aspirares voltar 4 tua prépria origem, pois saibas que todas as coisas tém anteligéncia e participam do pensamento 111 — E conheceris quantos venenos existem como defesa contra o mal e a velhice, pois somente a ti revelarei todas estas coisas. Acalmaris a forsa dos ventos infatigaveis, que se arremes- sam contra a Terra, destruindo com o seu sopro os campos; € por outro lado, se desejares, poderds dispor do seu sopro. Daris aos homens oportuna aridez apds sombrias chuvas, mas também pro- duzirds, apés as secas estivais, a queda de chuvas dos céus, nutri tivas para as plantas. Faris voltar do Hades a vida de um homem morto. Purificagdes 112 — Amigos, que habitais a grande cidade, junto aos fulvos rochedos de Acragas, no alto da cidadela, amadores de nobres tra- B balhos, respeitéveis abrigos para os estrangeiros, homens inex perientes da maldade, eu vos satido! Eu, porém, caminho entre és qual Deus imortal, ¢ no mais como mortal, por todos hon- rado como me convém, coroado de guirlandas floridas. Desde minha entrada nas florescentes cidades, sou honrado por homens ¢ mulheres; seguem-me aos milhares, a fim de saber qual o caminho da riqueza; uns necessitands ordculos; outros, feridos por atrozes dores, pedem uma palavra salvadora para as suas iitiplas doengas. 113 — Mas por que dedicar-me a estas coisas, como se fosse extraordindrio ser mais do que os homens mortais ¢ condenados 20 perecimento? 114 — Amigos, sei bem que hd verdade nas palavras que vou pronunciar; mas ela € muito dificil para os homens ¢ a insis- téncia da convicgéo sobre a alma é incémoda. 115 — Hi um ordculo da Necessidade, decreto dos Deuses, antigo, eterno, selado com largos juramentos: se alguém manchou criminosamente suas mios com sangue, ou, em conseqiiéncia do Odio, cometeu perjdrio, — um destes deménios agraciados com longa vida, — deve errar trés vézes dex mil anos, longe dos bem- -aventurados, € nascer no curso do tempo sob todas as formas mortais, trocando um pesado caminho da vida por outro. Pois © ar poderoso empurra-os a0 mar, 0 mar os cospe sobre a terra, a terra os projeta 208 raios do incansével sol, e este os lana nos turbilhdes do ar. Um os recebe de outro, mas todos os odeiam. A estes também, agora, pertengo eu, um banido dos deuses, er- rante, por ter confiado no furioso Odio. 116 — Cris odei2 a intolerdvel Necessidade. 117 — Pois eu j& fui mogo, € moga, € planta, ¢ pissaro, € um mudo peixe do mar. 118 — Chorei e me lamentei quando vi o estranho lugar. 119 — De que honras, de que grande felicidade (fui preci- pitado, ¢ erro sobre a Terra)! 120 — Chegamos sob esta caverna (...) 121 — (...) 0 triste lugar, onde a Morte ¢ a Célera, ¢ a multidio dos outros males e doencas esgotantes, 2 podridio ¢ 0 que dela flui, perambulam na obscuridade sobre os campos de Ate, ” 112 — Lé estavam Crénia ¢ Heliope, cuja vista se estende 20 Jonge, a Discérdia sangrenta e a Harmonia de olhar severo, a Beleza ¢ a Feitira, a Pressa e a Lentidio, a amével Verdade ¢ a Incerteza de negros olhos. 123 — Eo Crescimento ¢ a Decrepitude, 0 Sono € a Vigilia, © Movimento e © Repouso, 0 Esplendor coroado ¢ a Baixeza, 0 Siléncio © a Loquacidade. 124 — Desgraga a ti, miserivel raga dos mortais, duas ve zes maldita: de tais lutas € de tais lamentos nasceste! 125 — De criaturas vivas fez mortas, mudando as suag formas. 126 — (...) revestindo.as de um estranho manto de carne. 127 — Entre os animais, tornam-se ledes, que habitam os montes ¢ dormem sobre 0 cho; ¢ loureiros entre as drvores ricas em folhas. 128 — les ainda nio tinham Ares por Deus, nem Kidoimos, nem o rei Zeus, ou Cronos, ou Posseidon, mas apenas Cipris, a rainha (...) Procuravam sas gracas com piedosos presentes v0- tivos, pinturas de animais e bélsamos de subtil perfume, oferendas de mitra pura e incensos de doce odor, sobre o solo derramando louro mel consagrado. Mas o altar ainda nio era aspergido com o sangue puro dos touros, pois era entre os homens 0 maior crime ticar a vida (aos animais) ¢ comer os seus nobres membros. 129 — E vivia entre eles um homem de extraordinério saber, dono da maior riqueza de pensamentos, e altamente versado em toda espécie de obras sibias. Pois quando clevava todas as suas forcas de pensamento, via com facilidade cada uma das coisas em suas dez € vinte vidas humanas. 130 — Lé eram todos (os seres) mansos € déctis aos ho. mens, os animais selvagens © os pissaros, ¢ ardia a chama da alegre cordialidade. IL — Se for de teu agrado, musa imortal, por causa de um dos mortais tomar conhecimento de meus esforgos poéticos, assiste, Caliope, ainda uma vez o suplicante, pois quero proferir uma boa doutrina sobre os deuses bem-aventurados 2 — Bem.aventurado o homem que adquiriu 0 tesouro da sabedoria divina; desgrasado o que guarda uma opinigo obscura sobre os deuses. 80 133 — Nao nos € possivel colocar (a divindade) a0 aleance de nossos olhios ou de apanhéla com as mios, principais cami- nnhos pelos quais a persuasio penetra o coragio do homem. 134 — Pois 0 seu corpo (da divindade) no € provido de cabega humana; dois bracos no se erguem de scus ombros, nem tem pés, nem Sgcis jocthos, nem partes cobertas de cabelos; é apenas um espirito; movesé, santo ¢ sobrehumano, ¢ atravessa todo 0 cosmos com répidos pensamentos. 135 — Mas a lei valida para todos, estende-se pelo éter lar- gamente difundido ¢ pela imensuravel luz do céu. 136 — Nao cessarcis este assassinato de funesto clamor? Nao védes que vos dilacerais uns aos outros na insensatez de vossos coragoes? 137 — E pai ergue o seu préprio filho, que mudou de forma, ¢ 0 mata, pronunciando ainda uma oragio. 0 grande in- sensato!_ Os que querem sacrificar a vitima suplicante, porém, estio alterados; aquele, surdo aos seus gritos. apés degoléclo, pre: para 0 abominavel banquete em sua morada. Assim também 0 filho agarra 0 seu pai, ¢ as criancas a sua mie, ¢, arrancando- thes a vida, devoram a propria carne. 138 — Extraindodhes a vida com o bronze (...). 139 — Desgracado de mim, por nio ter sido aniquilado mais cedo pelo dia impiedoso da morte, antes de que meus Idbios pro- rnunciassem o pensamento do horrivel crime da voracidade. 140 — Abster-se inteiramente das folhas do loureiro, 141 — Miserdveis, pobres miseriveis! Afastai vossas. mos das Favas. 142 — A este ndo acolhe nem o palirio. hem coberto, do Zeus portador da égide, nem o de Aides (...). 143 — Aurindo de cinco fontes no bronze inflexivel (...) 144 — Desembaragandose dos erros. 145 — Errantes em graves pecados, jamais libertareis vosso coragio dos miserdveis sofrimentos. gelt6,— Bis tornaram-e,ialment, para os homens moras, videntes, rapsodos, médicos ¢ principes, erguendo-se entio como deuses,cumulodes de bonras (oJ. 147 — (...) participando do mesmo lar dos outros imortais, companheiros de mesa, ivres do sofrimento humano, impereciveis. 148 — O invdlucro terreno dos homens. a1 Doxocrarta 1 — Empédocles admite como principio quatro (elementos), acrescentando (a Agua, ar ¢ fogo) a terra como quarto, Estes, diz le, so eternos e nao foram gerados, mas unem-se em quantidade maior ou menor 3 unidade e dela separam-se novamente. (Arist Metaph.., 3, 984a). 2.— Empédocles aceita quatro elementos _materiais (...), cternos e que mudam, em conseqiiéncia de unio ou separacio, ‘em quantidades maiores ou menores; 0s princ{pios propriamente ditos, contudo, si0 0 Amor ¢ o Odio, que pdem aqueles em movi- mento. Pois os elementos devem ser postos constantemente em movimento: as vezes 0 Amor 0s une, outras 0 Odio os separa; assim, conforme Empédocles, hi (em verdade) seis principios (..) Simpl, Pays. 25, 21). 3 — Também Empédocles afirma que nds ¢ todos os corpos sobre a Terra esto formados, como diz. Hipécrates, dos mesmos clementos, no de maneira misturada, mas em pequenas_par- ticulas contiguas, que se friccionam. (Galen. in Hip. nat. hom. XV, 32). 4 — Empédocles imagina os elementos formados de parti- culas menores, sendo que as menores constituem os elementos dos elementos. (Aer, I, 17, 3). 5 — Empédocles, Anaxdgoras, Demécrito, Epicuro todos os que formam o mundo pela reuniio de corpos subtis, introdu- zem composicées ¢ separagies, mas nio no sentido de génese € destruigios pois nao se produziriam segundo mudangas qualita- tivas, ¢ sim em eonseqiéncia da quantidade por reunio. (Act, 1, 24, 2) 6 — Empédocles difere de seus predecessores por ter sido 0 primeiro a introduzir a divisio da causa; pois nao diz ser uma s6 a causa do movimento, e sim duas forcas contrérias, Além disto, oi 0 primeiro a afirmar que sio quatro os elementos mate- riais, embora no os use como quatro ¢ sim como dois somente; de um lado, 0 fogo em si préprio, e, de outro lado, os elementos que Ihe sio opostos — terra, are 4gua —, como uma tinica natureza. Isto pode ser visto no estudo de seus escritos. (Arist, Metaph. I, 4, 985a). 2 7 — Sendo manifesto, contudo, 0 oposto do bom na natu- reza; nio s6 a ordem ¢ a beleza, mas também a desordem ¢ 0 feio; e de que hé mais coisas mds do que boas, ¢ de que a feal- dade mais freqiente do, que a beleza, — um outro pensador introduziu 0 Amor e 0 Odio como prineipios destas coisas. E seguindo-se 0 significado real das afirmagoes de Empédocles € rndo a sua obscura linguagem, concluir-se-4 que ovAmor é a causa do bem 0 Odio ado mal.” (Aristy Meroph I, 4, 984). 8 — Empédocles: 0 movimento ¢ o repouso se realizam alter- nativamente; movem-se quando o Amor realiza a unidade do miltiplo, ou quando 0 Odio realiza o miltiplo a partir da uni- dade; estéo em repouso nos tempos intermedifrios. (Arist,,Phys. VILL, 1, 250b).. 9 — Empédocles afirma que 0 mundo est& atualmente sob © dominio do Odio, assim como esteve no do Amor. (Arist. De gen. et corr Il, 334 5). 10 — Deles diz Empédocles que os dois sio imortais ¢ nic. gerados, no tendo 0 seu ser tido inicio, com as seguintes pala vvras: “Assim como (o Amor ¢ 0 Odio) eram antes, assim tam- bém sero mais tarde, ¢ jamais, creio eu, ficard vazio destes dois © tempo infinito.” (Hipp. VII, 29). 11 — O mundo perece segundo a predominincia alternada do Odio e do Amor. (Aet. TI, 4, 8). 12 — Empédocles: sob 0 dominio do Amor unem-se todas as coisas em um tinico todo, formando-se a Esfera. (Philop., De gen. et corr. 19, 13). 13 —O mundo é um, mas nio é 0 todo; € apenas uma pequena parte do todo € o resto & matéria inerte, (Aet. I, 5, 2)- 14 — Ha dois sdis: um, arquétipo, fogo que ocupa cons: tantemente um dos dois hemisférios do mundo (...); outro, sol aparente, reflexo do primeiro (...).. O Sol € um reflexo do fogo que contorna 2 Terra. (Aet. Hl, 20, 13). 15. — As drvores cresceram sobre a Terra antes dos animais, antes de o sol se ter destacado, antes de o dia ¢ a noite se tornarem distintos. Conforme a proporgio das misturas que as formam, adquirem a fungio do sexo masculino ou do feminino; erguem-se no ar e crescem gracas ao calor da Terra, formando dela parte, assim como 0 embrido cresce no scio da mac, do qual € parte. 8 As frutas sio excedentes da Sgua e do fogo nas plantas; as frvores dotadas de menos 4gua, perdem as suas folhas quando da evapo- ragio do verdo; as de mais 4gua permanecem verdes como 0 louro, a oliveira e a palma. As diferencas de gusto provém da variedade de composigio do solo que as nutre, do qual as plan- tas tiram diferentes homeomerias, como nas uvas; 0 bom vinho provém, nao da diferenga das vinhas, ¢ sim da variedade dos terrenos. (Act. V, 26, 4) 16 — Empédocles ensina que os animais e as plantas, em suas primeiras aparigdes, no surgiram completos; surgiram pri- meiro como partes separadas umas das outras. Em um segundo estidio, cresceram e uniram-se is partes, formando as figuras mais diversas. Em um terceito, as dos corpos como totalidades. Em um quarto, no mais pela mistura dos elementos como terra € gua, mas pela geragio: em uns como conseqiéncia da rica alimentagio, em outros pela atragio da bela figura das mulheres 0 matrimonio. (Aet. V, 19, 5) 17 — Parménides, Empédocles, Demécrito: a inteligéncia ¢ alma sfo uma e a mesma coisa; nao haveria ser vivo privado de razio, (Act. IV, 5, 12) 18 — Para Empédocles, mudar nosso estado fisico € mudar nosso pensamento: “O pensamento dos homens cresce em pro- porgio Aquilo que jé existe.” (Arist, Metaph. 100% 17) 19 — Por isto pensamos com 0 sangue. Pois neste estio os elementos melhor misturados. (Teophr., De Sensu, 10) 20 — E 0 conhecimento do igual se faz pelo igual. (Aris. Metaph. WI, 4, 10006). 21 — Dizia Empédocles que todos os seres sio dotados de azo, no s6 os animais, mas também as plantas. (S. Emp. adv. math, VU, 286). wu FILOLAU DE CROTON Pitagérico, do sul da Isélia, nascido em Créton, Filolan flo- resceu na parte final do século V a.C. Foi discipulo de Lisis, tum dos poucos que conseguiram fugir do massacre de Créton. Defensor da tirania, parece que a defesa desta causa Ihe custou a vide. Diz-se ainda que expés em um livro a dousrina pita- gérica, fato que dé a Filolau uma importdncia muito grande, pois of fragmentos que vieram até nds sao 05 mais antigos escri- tos sobre a doutrina pitagdrica. Este livro exercen muita in- fluéncia sbbre 0 pensamento de Platao. FaacMentos 1 — A natureza foi ordenada, no cosmos, com (elementos) ilimitados © limitados, — tanto a totalidade do cosmos como todas as coisas nele (existentes). 2 — Necessariamente todas as coisas devem ser ou limitadas ou ilimitadas, ou tanto limitadas como ilimitadas.Ti0-6 ilimi- tadas ou limitadas no podem elas ser. Como, evidentemente, do constam 56 de (elementos) limitados ow ilimitados, torna-se cevidente ter sido ordenado 0 cosmos ¢ as coisas nele existentes de (elementos) limitados ¢ ilimitados. O que confirma as obser- vvacbes dos fatos. Pois aquelas das coisas reais compostas de (elementos) limitados si limitadas; as compostas de (elementos) limitados ¢ ilimitados sio limitadas ¢ ilimitadas; ¢ aquelas com- postas de (elementos) ilimitados aparecem como ilimitadas. 3 — Se tudo fosse ilimitado, em principio no haveria nem mesmo objeto de conhecimento. 85

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