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pexthtos DA HISTORIA CONTEMPORANEA | Oden ian t Imperialismo na América Latina 1V— DEPENDENCIA ESTRUTURAL E CONTRADIGOES INTERNAS yblemdtica 159 7 Fee ontadigio de ners. 162 3. Problemas politicos 167 4, Anocdo de dependénci: 172 S.A produgdo da dependéneia estrutural 175 Nota bibliogréfica 181 Prefacio P.. conhecer as condigdes de organizacZo, funcionamento mudanga do poder politico nos paises da América Latina, € i savel conhecer melhor a indole das relagdes existentes entre os dos Unidos e esses paises. O significado dos varios “modelos” poli- ticos adotados na América Latina, desde o fim da Segunda Guerra Mundial até o presente, se torna mais claro quando procuramos saber se as relagbes imperialistas tém sido determinantes ou secunddrias. Ao lado das condigdes internas peculiares a cada pais, € preciso estudar também 0 cardter das suas relacGes externas. ectemat, prncipalments at de conho impetias importante das condicdes de organizacdo, funcionamento e transfor- trevto dos tonnes poles ae aed Em graus varidveis, é Obvio, essas relacdes esto presentes nas ‘entre ditadura € democracia, ou golpe de Estado © revolugio, vem paises Jatino-americanos. Essa é a problemdtica central deste livro, em tomo da, as discussdes realizadas nos diferentes ensaios cada ensai discuto ( Seri impossvel agradecer a todos os amigos colegas que debs teram comigo Tatas ¢ idéias abordados nos ensaios que formam este ivro, Quero agredecer, no entanto, a todos aqueles que leram e discu- titon Gomigosas interpretagdes apresentadas, Em especial, registro qu os meus apradecimentos a Juarez Rubens Brandao Lopes, Edel berto Torres Rivas, Marcos Kaplan, Victor Manuel Durand, Manuel Vi 2 meas cles do Cento Brasco Ge Anis ¢ Planeja- mento, Agradeso também aos alunos de mestrado e doutorado, no “Imperialismo e Dependéncia na América Latina, reali- ‘na Facultad de Ciencias Politi- que pate mer com fos audousne # clatificar melhor certas ané- fea convencerme sinda mais da importincia e atualidade da problemitica enfocada neste livro. Centro Brasileiro de Andlise e Planejamento ‘Sao Paulo, janeiro de 1973 Octavio Jani A\s potticas exteriores dos paises da América Latina cont- ruam profundamente influenciadas, ou totalmente determinadas, conforme 0 caso, pelas relag®es econémicas, politicas e militares que esses mesmos paises mantém com os Estados Unidos. Na me- dida em que a América Latina continua a ser uma érea de in- flueneia e manobra dos Estados Unidos, os paises latino-america- nos, individualmente ou em grupo, somente se definem em suas relagdes externas a partir dos Estados Unidos. Seja por se ja por oposicao, quando esta ocorre, as doutrinas, decisoes & dos governantes dos paises da Amica Latina continuam a ser profundamente determinadas, mais ou menos Ce ee decisdes © ages dos govemantes dos Estados Unidos (. E evidente que as relagdes economicas, politicas ¢ 1 ‘com os Estados Unidos nao influenciam de mo Iiticas exteriores de ai cia dos governantes ¢ burguesias locai ‘cada pais no sistema de seguranga hemisfé- cr tendéneias das forgas politicas internas nesses diante. Além do mais, & frequente que as Mo governo dos Estados Unidos interpretem ¢ ‘modo autonomo e mesmo divergente, em face dos 40 proprio governo ¢ das empresas nos paises da Améri- = Hy ‘indo dessas condigées, decisivas para a definigdo e 0 de- snvolvimento das politicas exteriores dos paises latino-americanos, necessério tomar em conta também as relagdes reciprocas, bilate- ais ou multilaterais, que esses paises mantém entre si. Ha casos de ago e intercdmbio relativamente normais, mesmo que de sine ‘proporgdes. AO paso que em outros casos as tensdes ¢ conflites so mais ou menos persistentes. Ao mesmo tempo, ha paises que manifestam interesse em satelizar vizinhos mais fracos, ensiando politicas de pretensa hegemonia. E ocorrem, por fim, casos de paises cujos governantes procuram explorar incipientes ou reduzidas relagdes econdmicas com nagdes de outros continentes exemplo: Japéo, China, Alemanha, Franga, Inglaterra, Itdlia, da Africa) com o fim de introduzir novos elementos de ‘baryanla em suas selagdes com os Estados Unidos. ‘No conjunto, entretanto, as politicas exteriores dos paises la- tino-americanos continuam a ser profundamente influenciadas, ou determinadas, conforme o pais ¢ 2 conjuntura no continente ¢ in- temacional, pelas relagdes economicas, politicas e militares que esses paises mantém com os Estados Unidos. Aliés, essa determi- bbisica aparece em todos os principais acontecimentos das telagdes interamericanas, nas iltimas décadas ¢ nos iltimos anos. ‘a entrada da maioria dos paises latino-americanos na lial, ao lado dos Estados Unidos, até 4 novis- de coexisténcia pacifica com a Uniio jciada_ em 1972, em todos os principais oe eS © panorama no qual devemos examinar is important volvimentos dss politicas exteriores ‘ice pals Soca diante dos Estados Unidos, entre si, e em face das nacd listas © socialistas dos outros continentes. O proprio que Cuba socialista tem tido nas reorientagoes exteriores de alguns pafses do continente somente pode compreendido nesse contexto. Séo as relagdes de submissdo ¢ tagonismo, inerentes as relagdes entre os paises da América © os Estados Unidos, que explicam. em boa parte, ea € recuos de governantes latino-americanos em face de Cu- ba, desde 1959, e do Chile, desde 1970. ‘Como vemos, a partir das proposic®es preliminares apresenta- das, as relagdes entre os paises da América Latina e os Estados Unidos estio fortemente impregnadas de situagdes de acomodagio e conflito, ou submissdo e antagonismo. A maneira pela qual se exerce a hegemonia dos Estados Unidos e 0 modo pelo qual as distintas classes sociais, no interior das sociedades latin-ameri nas, incorporam e elaboram essas relapSes de scomodaedo e confli to so fundamentais para a compreensio dos sentidos e variagSes nas politicas exteriores dos paises da América Latina. Essas sf0 as bases das politicas exteriores mais ou menos alinhadas ou autno- tnas, de submissfo ou antagonismo, ensaiadas ou postas em préti ca, de modo epis6dico ou persistente, por paises da América Lati- nna, em face da preeminéncia econémica, politica e militar dos Es tados Unidos. Em siniese, para compreender o estaUs preseute © as tendém cias possiveis nas relagdes entre os paises da América Latina ¢ os Estados Unidos, parece-nos indispensivel_analisar os seguintes aspectos dessa. problemética: (a) o carter ds hegemonia economi- ca, politica e militar dos Estados Unidos no conjunto ds América Latina e em alguns dos seus paises; (b) as situapdes de acomo- dagdo, tensio ¢ conflito freqientes nas relagSes entre paises lati- noramericanos, entre si_mesmos e nas disputas pelo apoio, a pro- tego e a preferéncia dos Estados Unidos; mudangas havidas nos anos recentes, nas per-poténcias mundiais, isto é, os Estados fica; (d) 0 modo pelo qual as distintas cl ‘elaboram as situagdes de acomodacao_ _ Nfo se trata de artificio semantico, tratase’ de Petts andlise das ambigUidades, controvérsias © contra das relagdes politicas que estamos analisando. stinguir governantes de governo, jé que entende- pos econdmicos, politicos ¢ Teanjunto as ¥ezes em separado ~ que i participam das decisOes governamentais, seja smite da politica iftema seja no da externa. Os governantes = “distinguirse, superpor-se OU Oporse a0 Povo; OU, mais es- ts ‘soci, feamente, as classes assalariadas. Com freqléncia estas classes ‘ar particular 0 proletariado urbano e rural, no si nem onsuliadas nem representadas nas decisbes sobre politica externa. Isto significa que 0 governo, propriamente dito, nem sempre tepre- senta msis que uma classe social, ou uma faccan de classe. Nao ha ida que 0 governo representa formalmente todas as classes so- (Ne pritica, entretanto, ele tende a representar 0s interesses feconémicos e politicos das classes sociais dominantes. E esses in- frees rare coreepondem aor da maioriaaslariads ot pro- _ Em suma, a distinggo entre governo © governantes € tanto ‘mais necesséria quanto mais se evidencia 0 que os fatos esto con- tinuamente a sugerir: que 0 Poder Exccutivo, muito mais quc 0 Legislativo, tem sido a verdadeira expresso do governo. Ora, a ‘maneira pela qual em geral se compde ¢ atua o Poder Executivo, am ds sua hegemonia as vezes absoluta sobre os outros poderes > Ectado, rvelam quo, na prtiea, 0 governo € ume expiessio aunts, formal ou simplesmente vazia, enquanto os governantes gis maniesao concreia. io sempre ot governantes. que tees" Secites,tclagdes e estuturas envolvidas na politica Sheer” Camaors dos pales capitalists, Raramente s40 oF gover an , oe =o ou 0 proletariado que apare- nesses deisdes, ruturas, eps sume geo Sennen ce nance mo iz Seabee dent & perpectia analitea adotada, E evitara ae sdiscussdes sobre as relagSes interame- As retagses dos Estados Unidos com o& paties ds América Latina, individualmente, em grupos regionsis oa em conjunto, sem- pre se basearam numa combinac3o dindmics das diplomacias do Aollar e do big stick. Fssas Sio 3s duas priticas mais frequentes nno tipo de hegemonia que os Estados Unidos wém exercendo so- bre esses paises. E verdade que os governantes dos Estados Unidos ¢ dos rises da América Latina tém adotado vérias denominagSes para & sua relagdes reciprocas: monroismo, pan-americanismo, niin tervencionismo, boa vizinhanea, alianea para o progresso, seguranca: i interamericana, associe- ros dos outros paises do hemisfério: Kiar, tanto quanto possivel, com ‘eontroversos ¢ de interesse geral (2). Sapa, no entanto, o que tem sido mais freqilente e sistemé- tioo 6a combinagdo dinimica de interesses econdmicos e politicos, Note-st que os interesses militares habitualmente combinam interesses MMinamines € politicos. Da mesma forma, muitos acordos, tratados programas relatvos a questoes cientifias, universitéris ¢ religiosas, Mite utras, também tem estado combinadlas com os interesses politi. os e econdmicos que comandam as relagdes dos governantes dos ftados Unidos com os dos outros paises do hemistério. Em todos os as0s, eja qual for a combinagGo dos interesses basicos e secundarios, ‘em dado pais ¢ momento, eles em geral so focalizados, encaminhados ¢ resolvidos pelos dos Estados Unidos por intermédio da ‘combinagio ativa das técnicas da diplomacia do dollar com as do big stick. Esses sf0 os termos em que se combinam dinamicamente os ineresss politicos e econdmicos dos governantes norte-americanos, ‘com 0s dos outros paises do hemisfério. ses slo alguns aspectos preliminares da diplomacia total desen- volvida pelos governantes dos. Estados Unidos na América Latina Desde Segunda Guerra Mundial, tomou-se cada vez mais evidente, para os governantes norte-americanos ¢ os seus associados latino-ame- Ticanos, a conveniéncia de por em pritica e desenvolver um padrfo de Aiplomacia que abatcasse todas as relagdes e estruturas bisicas envolvi- das em sua supremacia sobre as outras nagdes do continente. Desde ‘entfo, os interesses econdmicos, politicos ¢ militares, além dos acor- os, tratados © programas culturais, universitirios, cientificos, sindi- ‘ais ¢ religiosos passaram @ ser encarados como elementos mais ou menos importantes, conforme 0 caso, das relagdes hegem6nicas dos Erados s0bre 0s outros paises do hemistério: Tanto assim que Seslonazem ¢ os programas destinados ai preparago de forcas espe- ais rasa tepesio de tos sociais também passam a fazer ele, Ocorre que a ome total é parte ee cia que os Estados Unidos exercem no ‘Sontinente Ses 0 smo mundial, A diplomacia total um desenvolvimento necessério “| 8 supremacia dos Estados Unidos sobre os paises do hemisfério nfo se limita as relag6es econdmicas, politicas © Ela vai além, compreendendo também probiemas sécio-culturais. Hé mesmo um componente racista na forma pela qual essa supremacia se exerce. O. racismo parece ser um elemento ideol6gico importante . No minimo, ele entra na das atitudes & dos governantes © os seus auxiliares — inclusive cientistas sociais — que justificam subjetivamente a hegemonia norte-americana no hemisfério. Asim, es hegemonia sre como uma exgtncia da miso ciizado- a ta aides elt 0 ove ee itos a0 respeito “as rimirias da sociedade civili :*, nos termos do coroldrio 4 Doutiina fonroe, estabelecido pelo presidente Theodore Roosevelt em 1904. Na realidade sio idénticos os noscos interesses e os dos nossos vizinhos sulinos. Eles possuem grandes riquezas naturais ea brosperidade certamente chegaré a les ereina lei a justia dentro das suas fronteiras. Enquanto obedecerem as leis tares da sociedade civilizada, podem estar seguros de que serdo ‘ratados por nés com dinimo cordial e compreensivo. Intervi ‘mos somente em dltimo caso, somente se se tomasse evidente a sua inabilidade ou md vontade, quanto a fazer justiga interna e, fem plano externo, se tivessem violado os direitas dos Estados Unidos; ou, ainda, se tivessem favorecido a agressio externa, em detrimento da comunidade das mages americanas (3). Esta atitude de cunho racista, inerente ao tipo de que os Estados Unidos exercem no continente, nlo € assunto do passado. Ela se apresenta particularmente desenvalvida em toda oca- Sido em que 0s norte-americanos invadem um pais latino-americano, E isto tem ocorrido muitas vezes neste século. E claro que a missi0 civilizadora das tropas invasoras somente se configura como tal, para ‘08 soldades, se as outros, no pais invadido, thes so ‘como néo civilizados, subdesenvolvides, incapazes de asi ‘mesmos, ou no familiarizados com a democracia. Em 1965, quando teve de justificar a sua decisio de invadir a Repiblica D presidente Lyndon Johnson alegou que as Sit dar a restaurar a “liberdade, justiga, dignidade e oo Na viele pas, para exemplo dos povos do hemisié- tio. “Trabalhamos com e para aqueles homens € ‘mulheres ndo porque ‘essa obrigagao. alhamos ue a moral assim o "Tjustiga 0 requer © a nossa dignidade de homens apoia-se ‘fo porque tenhamos medo da injusta cdlera dos shosos inimigos, mas porque tememos a justa cdlera de Deus (4), f evidente que essa posig&io ndo ¢ apenas etnocéntrica. E tam- bbim 6 evidente que o intervencionismo e a missio civilizadora sao dois clementos essenciais e conjugados da dominagdo imperialist ‘Como vemos, a-diplomacia total € uma expresso bastante completa do tipo de supremacia que os Estados Unidos exercem no continente. Ela compreende relagées de submissfo e antagonismo, em geral conjuntamente. Em outros termos, as diplomacias do dollar e do tig stick exprimem, sinteticamente, as estruturas de apropriagdo (eco- moms) edaminssdo (plies) do imperiaismo norte-americano na ‘Assim, #8 relagdes dos paises latino-americanos com os Estados Unidas estdo sempre carregadas de ambighidade, controvérsia e con- ‘radigoes, Mesmo quando essas relagdes desenvolvem-se no nivel estri- to das classes dominantes, combinando 0s interesses da burguesia hhegemnica com os da subalterna, mesmo nessa situagdo as relagdes Ho sto harmonias, Nesse nivel, hé sempre alguma disputa em torno amamtaeo do excedente econdmico. E quando focalizamos esas ae 105 mais amplos, englobando também os interesses das Masses assalariadas dos paises da América Latina, entdo as ambigitida- As © contr tornam-se ainda mais profundas. \ Organizar-se em torno da apropriagio da desenvolvimento das interamericanas, ee ee talvez seja possivel conhecer melhor 0 ratte wesc ¢ eee rs telacbes i em sentido lato. Isto é, ea lito a _ 3 A seguranga hemisférica Bas aos pre importante dos governantes dos Estados Uni- os, ao fim da Segunda Guerra Mundial, um problema central era dar continuidade 8 guerra, sob ontra forma. A Inglaterra, a Bélgica, a Holanda, « Franga,a Italia, o Japzo e outras nacdes aliadas ou inimigas haviam perdido ou estavam perdendo as suas colonias e areas de influéneia. 0 esfacelamento desses impérios e sistemas coloniais resul- {ou na ampliteao do império norte-americano. Ao mesiio tempo a mnétca surgia como a outra super-poténcia mundial. A insta ees socilistas nos paises da Europa Oriental ea vitoria na China, em 1949, tornaram bastante mais forte a fo Soviética, em face do capitalismo, liderado pelos ocialista jé nao © dindmico. Pouco a pouco, o mundo ser ndato pela Unio Soviética, tomava-se também mili- 010 contexto mundial em que se desencadeou a guerra da Guerra Mundial, sob outras formas. Na foi também u i nitidamente demarcadas. ricanos © soviéticos como bip culturalmente. John Foster do general Dwight D. convicto adepto da politica da ( Foi Foster Dulles quem declarou que, num tempo de guerra fria, ‘© neutralismo era imoral. le eit selooe We austen pote do globo sob o cajado norte-americano, gracas a uma rede de aliangas militares que impés a paises indigentes a carga de armamentos custos0s ¢ intiteis e precipitow os Estados Unidos fem interveng6es catastr6ficas que terminaram — no curso do as em desastre na selva e nos arrozais indochi- neses (3). Esse foi o contexto mundial no qual os governantes dos Estados Unidos ¢ da América Latina adotaram acordos e programas destinados a preservar os paises do hemisfério das influéncias de origem soviética © das mudangas socials, politicas e econOmicas que afetassem 0s interesses das classes dominantes. Tratava-se de acordos ¢ programas ‘econdmicos, politicos, militares e culturais destinados a intensificare estender a influéncia dos Estados Unidos e reduzir ou controlar a influéncia de movimentos, partidos, Iideres e programas que tivessem. relacdo direta ou indireta com a resoluedo socialista ou popular dos problemas nacionais no hemisfério. Estes foram os acontecimentos mais importantes nessas décadas, tendo afetado mais ou menos pro- fundamente as relagdes interamericanas e as condigdes politicas, eco- nomicas ¢ militares de mudanca nome Iaeino amex. nas: Ata de Chapultepec, sobre externa problemas pés-guerra das repiiblicas americanas, México, margo de 1945; Dis- curso de Winston Churchill, em Fulton, mareo de 1946, sobre as tarefas mundiais dos Estados Unidos; Doutrina Truman, Washington, marco de 1947, sobre as res abilidades politicas, econémicas e militares dos Estados Unidos para com os que esse pais conside- rasse ameagados pelo totalitarismo; Tratado Int rie téncia Reciproca, ou Defesa Hemisférica, Rio de 1947; Carta da Organizacdo dos Estados. maio de 1948; Tratado Americano de i ; Ponto IV, para assisténcia aos povos Bop) op si tengo, janeiro de 1949; Declaragio ee iste p pela Preservagdo da Integridade Politica das Améri- a 10 Internacional, Caracas, mar- 5, Cont ence obo Arbenz Guzman, Gusiema- co noe Deposit de Memo Peron, Argentina, 1955; VitOria da parcisee por Fidel Castro, Cuba, 1959; Criagdo do Banco inter-Americano de Desenvolvimento (BID), 1959; Criagdo da As- Tatino-Americana de Livre Comércio (ALALC), 1960; Cria- 2eifp Mercado Comum Centro-Americano (MCCA), 1960; Invasto Gi ale dos Porcos, Cuba, abril de 1961; Carta de Punta del Este, de 1961, Expulsio de Cuba socialista da Organizagio dos Bats Amercaros (OEA) janeiro de 1962; Deposigo do presidente Joao Goulart, Brasil, 1964; Deposigdo do presidente Victor Paz Esten- suo, Bovis, 1964; Intervengfo militar: na Repdbliea Dominicana, liderada pelo governo dos Estados Unidos, 1965; Declaragao dos Presidentes da América, Punta del Este, abril de 1967; Assassinato de Ernesto Che Guevara, Bolivia, outubro de 1967; Deposigfo do presi- dente Belainde ¢ inicio do governo Velasco Alvarado, Peru, 1968; Consento Latino Ameriano de Vita del Mar, Chile, maio de 1969: Relatorio Rockefeller, sobre “A Qualidade da Vida nas Américas”, agosto de 1969; 0 presidente Nixon anuncia a politica do seu governo ‘para o hemisfério, Washington, outubro de 1969; Vitoria de Salvadot Allende, candidato socialista da Unidade Popular nas eleigGes presi denciais chilenas de setembro de 1970. _ Quase todos esses acordos, tratados, resolucées, conferéncias, intervenes, atos repressive, golpes de Estado, entre outros aconteci- meas, ois compreendides de modo insatisfatorio, quando néo ‘equivocado, levdssemos em conta 0 modo pelo qual os gover- wrantes pees Unidos apresentaram e generalizaram a politica da Antes de mais nada, ¢ fundamental lembrar aqui i .€ fun qui que o progressi- me alan ento. dos «faits latino-americanos no esforgo de guerra a Toads rah aladas” e contra as “nacfes do cixo”, cous Pesso importante na reformulagdo e aperfeigoamento merican ‘0s interesses dos governantes © nazi-fascismo, para os paises da | politicas, militares ¢ culturais com os paises europeus, 4 Inglaterra. No conjunto, entretanto, foi durante aces Mundial que os governantes dos paises latino-americanos adotaram a doutrina da seguranga hemisférica, sob a tutela dos Estados Unidos. Em geral, isso tudo era feito em nome da luta contra a penetracao de interesses estranhos as tradigdes de solidariedade das repiiblicas ameri- ccanas, em defesa dos interesses norte-anericanius no hemisfério. Antes, até a Segunda Guerra Mundial, o que esté em jogo é a luta contra 0 “colonialismo europeu”. Em seguida, quando os Estados Unidos e a Unido Soviética se defrontam como as duas super-poténcias mundiais, © que pieocupa os norte-americanos é 0 “comunssmo internacional”. Em todos 0s casos, 0 problema € 0 mesmo: preservar a solidariedade das repliblicas americanas, segundo as razGes de Estado dos governan- tes norte-americanos, contra 2 “agressdo externa”, como jé dizia 0 presidente Theodore Roosevelt, em 1904. Em todas as situagoes, surge € ressurge um significado bésico do monroismo: Por exclu a. preenga polities « testo! dos europeus no Hemistério Ocidental e, em conseqiéncia, garantir o predominio liberdade de movimentos dos Estades Unidos, 2 Doutrina Monroe € a mais ambiciosa proclamacso unilateral de uma esfera de influéncia, nos tempos modemos (6), Assim, durante as décadas posteriores a Guerra Mundial, as telagdes politicas, econdmicas, militares e culturais de dependéncia na América Latina desenvolvem-se segundo as exigencias da guerra fria e ddas novas expans6es internacionais do capitalismo norte-americano.. Entretanto, da mesma forma que os governantes dos Estados Unidos trataram’ de garantir e desenvolver interesses criados, assim também quase.tados_ox governantes latino-americanos trataram de consolidar as suas posigdes e obter vantagens. A burguesia dominante, ba_maovi dos patses da Amica Latin, continava a apefegoae& sua condigo de classe subalterna. Novas aliangas ¢ associagbes estabelecidas entre as burguesias, em escala interamericana, Nesse sentido, intensificavase 0 processo de continentalizagdo das classes soci, por cert, das contades ases ‘A ‘doutrina da seguranga hemisférica implic éncia econdmica, politica ¢ militar Ou melhor. 0 card i ica Latina, assim como 0 cardter ean Unidos na América hemistério, compreen- interest da seguranca mitua, Implicavam no desenvolvimento Miigo, economico e militar das relagdes de dependéncia dessas sceundo as razdes dos governantes dos Estados Unidos. Esse Samibiente no qual se eluborou ¢ desenvolveu a doutrina da Wie interesses dos povos das Américas, na qual trabalharam empresirios, tenicos, politicos, embaixadores, cientistas ‘reine (7). Tratavase de preservar 05 valores das sociedades desse tanto da subversio externa como da interna, em nome da seguranca ¢ estabilidade das instituipbes. Essa seria uma condigio recessitia indispensével pars o funcionamento e a prosperidade da empress privada, compreendida como empresa transnacional. ‘Exe foi 0 contexto em que se adotou e generalizou a doutrina ou neutralista, Obviamente, para os importancia ter o voto da América ina ( r (um quinto do total da da ONU), além de obter um firme apoio latino-americano as politicas dos Estados Unidos na Organizago dos Estados Americanos. E evidente, também, que 6s interesses politicos dos Estados Unidos na América Latina estdo estreitamente relacionados com interesses militares € eco- némicos, pois que 0 aparecimento de posicdes anti-Estados Unidos em qualqucr pais latino-americano ameacaria tanto os programas militares e econdmicos de assisténcia como 0 comér- cio € o investimento privado norte-americano (8). movimento da América Latina no sentido do ome ‘Com base na doutrina da contra-insurreiga0, os governantes dos Estados Unidos exportaram para os paises da América Latina tanto know-how como técnicos (assessores, conselheiros ¢ outros), com 0 objetivo de fortalecer o Estado capitalista no hemisfério. E claro que os aparelhos repressivos, em sentido lato, tiveram e continuam a ter prioridade nesses programas de “modernizacdo” da contre-insurreicdo, Fla foi um desenvolvimento novo ¢ coerente com 0 tipo de hegemonia exercida pelos Estados Unidos sobre os pilses da América Latina. Em alianga com a maioria dos gavernantes ‘esses paises, 05 governentes norte-americanos iniciaram e desenvolve- ram um programa sistemiético de militarizaga0 do poder politico. E ervidente que.em épocas anteriores os governos desses paises poucas Yezes estiveram independentes da influéncia ou apoio militar. As ligarquias civis ¢ militares frequientemente revezavam-se ou combina- yamse no controle do aparelho estatal. Ocorre, entretanto, que a presenga de militares na politica latino-americena representa um fato novo. Ne maior parte dos casos, o que xe verifica nas décadas posterio- ‘es § Segunda Guerra Mundial é um novo tipo de militarizagao do poder ey ico, em nome da seguranca hemisférica, da contra-insurrei- #0 ¢ da interdependéncia, Para esses governantes, o inimigo comum é @ comunismo internacional, Ou as suas manifestacdes na subversdo intema. Agora, mais do que em outras épocas, os militares dedicam-se pee 2 Seguranca interna, ¢ nfo apenas & defesa nacional. A medida Bi GlsemoWem as contadigdes de clases, forgas militares ingres: modo cada vez mais ‘intenso nas lutas geradas por essas tipo de ae do poder politico, capitalist de contas, 0 aparelho ya hemisférica, no qual Nos lugares em que a ordem esté amearada, os homens te- mem-se mutuamente, as atividades normais do govemo e dos cidadaos so prejudicadas, todo projeto sobre o futuro € amea- ado pelas incertezas da violéncia emergente e crescem rapida- mente os riscos da participagio politica. A consciéncia da im- portincia da ordem piblica tem sido um dos motivos ‘quais os Estados Unidos lutam em favor da “estabilidade” em muitas regides do mundo. i A ajuda estrangeira pode favorecer a ordem piblica, quando melhora 2 mobilidade © as tonicas da pois. As instituedes snlitares sfo os principals instramentes da “ordem . idagdo implicita que decorre forgas ‘ou militares evtara muitas desordens € desafios ani ‘que, caso contririo, teria de a ‘i ‘hos repressivos que comegaram a 2 eta {las novos desenvolvimentos ser modezszados SeetiTo contnente, Também outras esferas do das relagdes, de ctassntinuam a receber recursos técnico-cientficos, Estado receberam € Uris e humanos destinados a aperfeigoar o seu organizat Oni (10) De fato, no curso desses alos o poder politico da funciona ty agvos métodas de agdo. Sob varias formas, os Turpuesia agus MiJos Unidos ¢ dos paises da América Latina govern’ Seapitalizar™ experiéncias como 0 efémero governo de a Guutemla, a vitOria da revolugio socialista, em Cuba, 0 ‘Palog da invasio da Baia dos Porcos, em Cuba, o sucesso da Jierengao armada na RepAblica Dominicana, entre outras. Nem por jo, entretento, 25 foreas sociis, politicas e econdmicas nos paises Titiioamencangs deixam de buscar novas solugOes para escapar & ddominagzo imperialista. O governo peruano de Velasco Alvarado e 0 foverno chileno de Salvador Allende mostram que essas foreas buscam Ett meios para desenvolverse, inclusive aqueles dados nos quadros as propriasinstituigoes do Estado capitalista. a [Essa € mais uma razdo para que 05 governantes norte-americanos ‘ algus dos seus aliados latino-americanos voltem a enfatizar a impor- tincia e preeminéncia da luta contra as forgas sociais, politicas e tcondmics que podem alterar as estruturas de dominagio politica € apropriagdo econdmica convenientes ao status quo. Em sua linguagem, torna-se necessirio aperfeigoar os meios de luta contra as “ameagas ‘subversivas & seguranca ¢ & ordem internas””. Para isso, nada mais Obvio do que “atender aos legitimos desejos de modernizar as forcas de Seguranca” revelados por governantes da América Latina. Sempre segundo as conveniéncias ¢ exigencias da hegemonia dos Estados Fundamentalmente, 0 nosso objetivo é defender os nossos inte- ‘esses a longo prazo com uma politica externa vigorosa, Quanto tals essa politica estiver baseada na andlise realista dos nosso antetesss ¢ dos interesses dos outros, maior poderd ser 0 n0sso 0 mundo. Nao estamos envolvidos no mundo porque ‘temos compromissos porque estamos en- volvidos. Os nossos interesses missos, ¢ ndio vice-versa (11) ‘05 nossos compro- 4 Associagao entre desiguais i ess0, 1, para reali {ianca para o Progresso, criada em 1961, pi A Cpena enuneindo na Carta de Punta det Bste, nS0 01 sen sa peracao de tipo contra-revoluciondrio. Sob uma linguagem re- aera ee atianga consubstanciaram uma realutinagio dss ces ari hemisfério. Essa foi a primeira doras ¢ reaciondrias do ‘ Tee go piblica, de ambito continental, por meio da qual os gover Opies dos Estados Unidos e da América Latina mostraram, que antes 10% pitaizando, de modo ativo ¢ onganizado, a expernia staltante do sucesso da revolugao poche ep cub ANS ee Di i yhn F. Kennedy, a i do presidente Jol ¢ mu cur oe reer combinagio. ¢a linguager ‘fori com Fos sen i See il i ‘de lula contra Rareinene. Fol ost aS .ontinentais e nacionais hhegemonia programas conitiemyez neste século; a hegemor ", Pela segun sc de im ica Latina ganhava Cn 7 Recess F. Kennedy (resis um movie ‘operagdo de eunho contra-revoluciondrio ¢ contra qualquer reforma social, politica ou econdmica que pusesse em causa as estruturas de Poder vigentes. Destinavam-se a incentivar 0 aperfeigoamento do Status quo, em face das Forgas que precontzavam feformas ou tevolu- g8es. Como ais, permitiram que muitos governantes ampliassem 0 imbito de ago do Estado e aperfeigoassem os aparelhos repressivos. A linglagem reformisa que cerca a Carta €a Alana teria sido apenas uma formulagdo habil numa época de grande cfervescéncia social © politica. A prética foi outra, segundo a perspectiva das foreas inteessaas em mnudar as estruturas de dominageo (plies) & apo. pringdo (econdmicas). Note-se, por exemplo, que 0 discurso do presi- dente John F. Kennedy, no qual langa 2 idéia de uma alianga para 0 rogresso, foi realizado em marco de 1961. E a invasio da Baia dos eos, em Cuba, autorizada pelo governo norte-americano, ocorreu fem abril, apenas ‘um més apos. Ao mesmo tempo, prosseguiam os brogrames de mirza do poder palit na Améten Latin wb © pretexto de atendimento dos legitimos desejos de modemizacto das forgas de seguranca. Esses sZ0 alguns dos dados que nos permitem assegurar que a linguagem reformistae a prética anti-reformista foram (0s termos do paradoxo em que se desenvolveu a diplomacia da alianea para © progresso; ou da nova fronteira para as novas expansOes capitalismo norte-americano na América Latina. Vejamos, pois, © que dizia © 0 que fazia o presidente Kennedy. Apelei a todos os povos do Hemisféno para que adiram a uma nova Alianga para 0 Progresso — Alianza para Progreso — um amplo esforgo cooperativo, sem paralelo em grandeza e nobreza de propésitos, para atender as necessidades bisicas dos povos americanos, quanto a habitaydo, trabalho, terra, sade © eseo- las ~ trabajo y tierra, salud y escuela (12). A preocupacdo do Presidente e dos seus is conselheiros refletiase nos esforgos destinades a tueitas forgas armadas dos Estados Unidos ¢ da América Latina em operagbes de contra-in- surteigdo. Nos programas de ensino des principais estabeleci- mentos de treinamento militar do pais foram incluidos novos cursos ou acrescentados recursos materiais. (12) Discurso do Presidente John F. Kennedy, pronunciado na tu homendgim orerens 20 Corpo Diplomate Laine Amereano. 2 Freon bay 'A Paws het Boa New Nake 1967 Em 1961, 0 Presidente pedi ao Congreso recursos financeiros mt qumentar a forga militar € possibilitar a expansio. das Pidades de luta antiguernitha. « 1 de junho de 1962. em cooperaedo com outros departamen. A 10. mental 0 Departamento de Estado anuneiow que 1s aoviciando uma série de cursos, sob o titulo “Seminario Sees ie Interdepartamental sobre Problemas de Desenvait Nacionat efesn Interna. Por razdes administrativas, o Seming. i esraanizado sob a jurisdigio do Instituto de Assuntos, 1 ee to Departamento de Estado. © antincio oficial infor. rnverue "o Semindrio revela a decisio dos Estados Unidos em tar bs palsesaenos desenvolvidos do mundo lve a desenvol aia prdio equilibrado as suas potencialidades de defesa total AE alas sociedades, contra as ameagas internas tanto quanto as externas” (13). Mais uma vez, ¢ com certo.sucesso, combinavam-se dinamica- mente 1s diplomaciis do dollar e do big stick, em versbes moderniza- ments gate caso, para fazer face ao erescente agravamento das contradi- vist Jasses nos paises do continente, Ao contririo de outras ticas norte-americanas. a politica consubstanciada na linguagem da oa ces a atividade da Alianga destinou-se precipuamente a reforcar a governantes dos paises da América Latina, em face das internas. Os fatores mais visiveis dessa reorentaedo haviam sido a politica reformista do governo: Arbenz Oa saviimrentos populares contra a presenca do vice presidente Cort Nixon na América Latina {abril e maio de 1958) e a politic 9), ale conteci- Miia do governo Fidel Castro (desde 1959), além ce ourres ae m em i do Bemnte deles. quase todos os governantes entram sf 200 yy. meno Bee NE en aa asses socials que lutavam por fefommas cu Tio y d igente. Ne . 2 tank de eke dos governantes dos stos internos de paises do hemisfério- dances que velo Aliana no fol afetar as estrutur sendo mais uma 7 ‘alguma forma intervencionista. A. ‘noe mala (300) pebheaae ees tea ea —— sionar a sua influéncia. O caso da Baia "foi uma modalidade de intervengo; a Alianga para 0 ‘Ao promover e apoiar o sistema interamericano — conforme este gstudo procuroy demonstrat — os Estados Unidos procuram ‘modelar as relagdes internacionais dos patses da América | segundo 0s proprios interesses (14). — A Ali Progr ‘obviamente. a Gnica agéncia or intermédio dt ial or governanas don Esadon Uniden éstruturar¢ intensificar asta atuaeo nos sssuntos internos dos paises norte-americanas, também as organizacGes canas ¢ mundiais — tém sido instrumentos f hicentes Assuntos econdmicos, politico, miles ¢ cultural mtereoe eg ses d0 hemisfério, Essas organizacSes, em geal facilitam a ae das controvérsias e contradicdes inerentes as ‘imperia- e tas. Elas conferem aos governantes dos paises membros, seja a ilusio: le participar de processos decisorios, Seja a comvemincm de alo cur submeterseaberlamente mas negcies bial con os stados Unidos. Da mesma forma que para os governantes dos Estados Unidos, também para os dos paises do homie tem sido comin i: despolitizar os problemas da dominacao imperialista por mtermedio. do multilateralismo. Oeore que. 3s organtasies maltiateras doutrina da ssocia¢do madura™, entre desiguais, Gifandicamee de Bar em par. Nio € por mero acso que exes clemenos da diplomas oe © global esto presentes © conjugados nas andlises ¢ recomenda- spe es ewe Rocketeller ¢ Pearson, de 1969, © Peter- mn, .0 apresentar a sua itica ica, e ssh aoe gan ae americana de Imprensa,o presidente Raced Milhous Nios Siecle ultlateralsmo, como requsto a diplomas Norte-americana da associa ‘madura entre, ‘Aacdo imperialista € ss nagbes dependentes do hemisaa, (14) Gordon ConnellSmith, op. cit, p. 31. (15) Nelwon A. Rockefeller, The Rockeféller Official Report ona United States imisphere, = Felopment. 1369; the Ta Nossa assoc igo deveria ser felastem mencs e-ouvie cn a Proponho que um ér uma parcela cada ve relativas a assistenc 20 interamericano mutt 2 maior da Tesponsabii dn 22 com ' a e ao desenvolvimento. Ao CAP gees interamericano da Alianga para 0 Progreso © itt, Come busda tal funcSo. Ow um Orgio totalmente noes nt ate criado. Seja qual for a forma, o-objetive sen foes arcabouco multilateral, eficaz para a assstencia bilateg) ate cado e, com o tempo, atribuirshe prandes responsibil plano operacional, bem como no nivel das deisoes. Os ponies paises latino-americanos, dessa forma, assumitiam conppiens te um papel primordial no estabelecimento de priowdates sen, tro do hemisfério, na claboracio de programss realists oma reviso minuciosa e constante de seu proprio desempenho (16) Esses sao alguns Sta) conn da eee aoe eras ter a luta principal: (a) contra a “subverso” externa e interna, em ra a paz e tranguilidade, ou da lei ¢ da ordem; (b) em ford Pempress privada’, a qual, desde que “devidamente motivada tem um aol Pea desempenhar no desenvolvimento tanto social quanto 6 ” (17). an cere CE oe mle Stn 2m al is ace ivos. Antes de mais nada, eas colaborem at genera ha cone ae sentido de cerpida pelos Estados Unidos no Comin rtaeses as b 8 Fonas norte-americanas. Sob VA 0 ier: transnacionais das cana de Livre Conte situasio, 0 ca ae entro-Americano (ace: ne to da diplomacit do Com i io espirito da diplor os 0 ypostas no °SP srincip multilaterais, COMP” elas serve! organizacoes Em muitos 6805+ adura. associagao ™ waningion, 22) dhe cprens, an, ca “Heist interesses transnacionais das empresas norte-americanas. Isto fica bem claro no modo pelo qual tem se desenvolvido as negociacbes inter-g0- vernamentais relativas a difestos © impostos sobre importagoes 10s paises da ALALC. Nat condgoes em queso negocios, conclutdoseexectados ALALC, os govertos de dois ou mais paises concedem as rebar 12s tariférias — redugao dos direitos ou impostps sobre a impor. {agfo ~ solicitadas pelas empresas que participaram de uma feu- nido setoriale formularem um projeto de acordo (que val ser cello © subserito pelos governos). Mas as empresas no pro- poem a edusio dos dios aduancios para se digadiarem em ompetigfo, [so estd fora de moda Cada uma dels vai produ- it, num pais, um ou alguns produtos desgravados, Assim, ats do’ scordo tavifcio, que os governos subserevem pensando que vdo criar um mercado competitivo maior ou ampliado, estio os acordos privados entre as empresas pelos quais cada uma delas specializa a sua fabrica em cada pats nalgam ou puma linha de produtos. A consequéncia € Obvia: nem o governo nem © publi £0 de cada pais sabem como evlui a sua dependencra de Suprimentos extemos de produtos que podem ser de importin- cia estratégica ou vital para o bom funcionamento do seu sistema econdmico nacional (18). Como vemos, a supranacionalidade inerente & ctiagd0 ¢ 20 fancionamento das organizacdes multilaterais acaba por ser mais uma técnica de preservaso ou aperfeicoamento da hegemonia dos Estados Unidos sobre os paises da América latina. Na associasdo entre dem sais, a desigualdade tende muito mais freqientemente 8 manterse OU 4 aprofundarse do que 2 anularse. A desigualdade no se nega pela associagio. E muito menos ela se nega pela sssociag&0 com o pais que exerce a hegemonia. Quando isto ocorre, este pais tende a organizat rellior, ou aprimorar, a8 suas téenicas de dominaedo, controle ou decisio. Nem por isso, entretanto, exe tipo de associacdo deixa Ge Moduzir ¢ agravarcontrovérsias e contradigbes. Assim, por exemplo, ho pais dependente, o governo e a classe dominante podem inci OX venvolver eaforgos para alteiat as condipGes polities € economicas "esponsiveis pela forma e volume de exportagao do excedente econd= {28 Constantinn Yanni, Descolonizeedo em Merche. Economia © ReluyScx Imernacionais, Cvilzagio Brascia, Rio de Janeiro, 1973, B. 269. mico. Em outro ni 0 vel, © dependéncia desenvolve e ammonia gtm® das : lagbes 2 ene o8 SONERHaNKeS © a5 ean aS interna econdmico is Droletariado, este tende naturalnent Femail u reformular aquelas mes ec Todos os document TelagBes ¢ estruturas as econdmico, da mesm: Privada com ramificactes internacionais. Esses caracteristicos este entes tanto na politica da boa vizinhanga como na da associagao pol 6 madura. Estado presentes nas andlises e recomendagées do relatério presen’ s ees do. parado pela ‘missio presidencial norte-americana, presidda por Nelson As ttouketetien Alas, promsio velmoro, coe documento do erno norte-americano sobre problemas e solugdes para a América ‘tina, € claramente um ato de intervengdo nos assuntos internos dos ises do hemisfério. 7 Se ener todas as recomendacées sintetizadas no referid Jat6rio estilo inspiradas na doutrina norte-americana da guerra fria, ae ‘sua versio para a América Latina ne ae Loner Ee i nic ver rica, =e subversdo comunista, unidade ation ‘dos Estados Unidos Hes do continente ¢ harmonia do incfpios, por inter- se da América Latina. Em nome desses principios, pot ire mia dos Est - Sizalo. dos quais se contre 2 gapnonticnse recomendasies hs inente, 0 relatorio apresenta, balhistas, urbanas, aquestoes economicns 3021, MUSES as, Todas, st pars 0 ; ae has também mo os governantes 5c ecinpreendet, 1 seu motto ae entido. ae ve a supressto, Mor flags ent _— - | ‘correr no hemisfério nos proximos anos. perturbando aquela hege- monia, Embora ndo seja possivel predizer com um mfnimo de preciso © curso dos acontecimentos, € provavel que o Hemisfério apre- sent 05 seguintes caracteristicos no eurso dos prOximos anos: = crescente frustracio com o ritmo de desenvolvimento, agra- Yada pela industrializacio, a urbanizacdo ¢ © erescimento populacional: — instabilidade politica e social: = tendéncia acentuada no sentido de solugSes autoritérias ou radicals; continuidade da tendéncia dos militares de tomar 0 poder, com 0 propésito de orientar © progresso social © econdmico: crescente nacionalismo, envolvendo diferentes grupos politi 0s € exprimindo-se em termos de indepersneia em face da ddominagao e influéncia dos Estados Unidos 19). Como vemos, a despeite de todus os desenvolvimentos da diplo- ‘macia norte-americana nos paises da América Latina, os governantes dos Estados Unidos so obrigados a reconhecer que a sua hegemonia sobre a regio nem é trangiila nem dispoe de perspectivas clarss. AO contrério, em 1971, assim como em 1961. ¢ muito mais do que em décadas anteriores, a diplomacis norte-americana enfrenta dilemas bastante sérios; ou Se depara com acontecimentos surpreendentes. Nao se trata apenas da vit6ria, por via eleitoral, do eandidato socialists Salvador Allende, no Chile, em setemibro de 1970. Antes, em 1968, em seguida & deposicdo do presidente Belainde Terry, no Peni, governo do General Velasco Alvarado ji havia comegado a preocupar 05 governantes dos Estados Unidos. Contemporancamente a esses acontecimentos, howe desdobramentos politicos importantes © sur preendentes no México, na Argentina, no Brasil em outros paises. Tudo isso faz com que a diplomacia norte-americana seja langada rocura de novas perspectivas para uma situacio ja bastante adversa a ontinuidade da hegemonia econdmica, politica e militar dos Estados Unidos. Algm do mais, as condigdes de interven¢do militar também tornam cada vez mais dificeis, inclusive mos) pequenos América Central e Caribe. Dai a busca de novas. % nas € diretrizes para a saa c es dificeis ¢ reveladoras. Quando a miss bose realzaa om comer Ngon, A. Rockeellerrealizava af tune present aos governantes Jtino-americanos, em 1969, uma ‘evista norte-americana registrou 0 seguin! it vaises até agora, enfrentou demonstragées an- Seeeateians de um ou outro tipo em cinco, reduziu sua manéncia em um, devido as ameacas de agitagdes de rua, e Poi desconvidado por trés. ...As recepedes conturbadas tidas por Rockefeller, mais que qualquer outro acontecimento, desde a ‘tumultuosa viagem de Nixon & América do Sul, em 1958, serviu ‘para revelar ainda mais 0 cardter dramatico do estado dificil em je se encontram as relagdes entre os Estados Unidos e a America Latina, Admitindo que hi “algum descontentamento™ entre latino-americanos, quanto as suas relagbes com os Estados ‘Unidos, na altima semana o Secretario de Estado William P. Rogers declarou que “'nenhuma parte do mundo € mais impor- ‘tante para nds”, © que 0 governo ndo quer que as nossas relagdes piorem ainda mais (20)., Nio € improvavel que o cardter surpreendente dos acontecimen- tos politicos e sociais havidos ultimamente nos paises do hemisfério estejam na base da diplomacia da associagao madura, preconizada pelo piesidente Nixon. Anites de mais nada, essa polftica permite relativ ‘a importancia de cada pais, segundo os interésses econdmicos, pol ‘cos ¢ militares dos Estados Unidos. ‘A maloria dos paises que se encontra a0 sul de nos nfo é ‘importante aos interesses nacionais dos Estados Unidos. Alguns _sio importantes. Alguns so mais importantes que outros. Os interesses dos Estados Unidos variam de pais a pais. A resposta dos Estados Unidos deve ser cuidadosamente articulada, no sentido de atender a importincia relativa dos nossos interesses ‘em cada pais. Anarquia no Uruguai deve ser diferente da anar- iano México, 0 répido desenvolvimento da Colombia pode merecer mais alta prioridade do que 0 desenvolvimento do Pe ina guerra entre o Brasil ¢ a Argentina suscitaria eo diferentes do que uma guerra entre o Haiti e a x Dominicana. Uma discussio politica séria nfo pode se alae menos qe exejumon prparados par ear com Assim, pois, a associagdo entre os Estados Unidos © os paises da Amériea Latina é uma associacso desigual entre desiguais. Os desi- Bus, no caso, s6o também os paises latino-americanos entre si, endo apenas estes em face dos Estados Unidos. Essa ¢ uma razlo bésica para que 0s governantes norte-americanos facam inclusive o jogo diplor 0 do alado preferencial, com 0 México, 0 Bras e a principalmente estes os paises para os quais se dirige a diplomacia SSsoctgfo madura, Na awociaglo madera, oy aden = poderiam ser delegadas responsabilidades maitares, r ‘mo econdmicas. 5 Contradigdes ¢ rupturas estruturais ns parte importante da historia dos pafses da América Lati- na, nas décadas posteriores & Segunda Guerra Mundial, tem sido a Jactgua da luta para romper totalmente ou reformular as condigdes de tependéncia em que eles se encontram, em face dos Estados Unidos, Ne imaior parte dos casos, essa dependéncia é econdmica. Em alguns fasos, ela ¢ também politica. Em quase todos, a dependéncia militar € tpande, ou total. Ness sistema jé bastante complexo de relacdes de Sibordinagao, verificam-se também relagdes de dependéncia cultural, fm sentido Isto, envolvendo programas cientificos, religiosos e out Segundo as conveniéncias da diplomacia total dos governantes nor te-americanos ¢ seus aliados latino-americanos. No conjunto, pols, 08 ses do hemisfério 18m vivido uma situagao tipica de dependéncia istbrico estrutural. 0 poderio econdmico, militar ¢ politico dos Estados Unidos tem lo o fator determinante das relacdes interamericanas no século 2 reensivelmente o nacionalismo latino-amer ‘contra 0 super-poderoso vizinho. jinagao norte-americana, OS -dois caminhos ay entemente orient extra-continental que pOssa Seculo, tanto as potencias SSes internacionais tém sido extremamente Fiar 08 Estados Unidos em “sew proprio Estados Unidos tém podido incentivar. hho bastante isolado do sistema mundial ais, evitando que potencias ext int Assuntos american, Os latino-americanos ‘tém tido pe ‘cess0 na utilizagdo do sistema interamericano para Ge modo combinado, as politicas dos Estados Unidas (22). Entretanto, nos paises da América Latina tem havido esforgos de varios tipos, ¢ mesmo a luta armada, para romper totalmente Ou a0 menos reformular essu situagao. [sses csforgos e lutas tém wariado desde as negociagdes, acordos e tratados até as mais diversas formas de movimentos sociais € politicos: quartelada, reyolta, bogotazo, cordo- bazo, golpe de Estado, revolucdo. Em todos esses casos, entram €m jogo sojam as lutas entre faccDes de classes dominantes, sejam as Iatas 4e classes propriamente ditas. Sifo numerosos os acontecimentos politicos, econémicos e mili- tates que tefletem os esforgos ¢ as lutas no sentido de provocar rupiuras estruturais ou refuzer, em termos diversos daqueles impostos neloimperiaisme, as condigdes de dependéncia. Dentre esses acontes “imentos, nas dtimas décadas destacaram-se os Sezuintes: 0 bogotazo, am 1948; politic de Jacobo Arbenz Guzmén, na Guatemala, em I-54, 0 movimento popular armado ‘Castro mminicana e suprimida por uma “forea interamericana de paz”, w. Vol. 5, NP $7, Bublished by Lloyds & Bolsa United, Yndon, September 18 305 . Sepcinber 1951, : Reta Natrol es soca by (22) Gordon Connell Smith,“ . @ Smith, “Inter-American Relations in the 1970s", Bolte International ‘composta por soldados e oficiais norte-americanos, brasileiros, hondu- renhos, nicaraguenses, salvadorenhos, costarriquenhos ¢ paraguaios, ‘em 1965; deposicao da presidente peruano Fernando Belatinde Terry © tomada do poder por militares nacionalistas, sob a chefia do general ‘Velasco Alvarado, em 1968; 0 Consenso Latino-Americano de Vifla del Mar, documento produzido na Reuniio Extraordinaria da Comis- ‘so Especial de Coordenacao Latino-Americana (CECLA), de nivel ministerial, em 1969; 0 Pacto Andino, ou Acordo de Integracéo ‘Sub-tegional Andino, assinado pelos governos da Bolivia, Chile, Co- Tombia, Equador e Peru, em 1969; a vitria do candidato socialista Salvador Allende, nas eleig&es presidenciais chilenas de setembro de 11970; além dos movimentos puerrilheiros surgidos em varios paises do hemisfério, desde os anos sessenta. E evidente que esses acontecimentos ndo se orientam todos na ‘mesma direco, nem posciem 2 mesma importancia relativa para a interpretagao das controvérsias ¢ contradicdes inerentes & dominagio ‘que 05 Estados Unidos exercem sobre os paises da América Latina ‘Todos esses acontecimentos, no entanto, estdo direta e indiretamente conforme 0 pais 2 ocasido, relacionados com as contradigOes mais caracteristicas da situacao de dependéncia em que se encontram quase todas as sociedades do hemisfério. Tomados em conjunto, esses acontecimentos ~ bem como ou- tros que se poderiam mencionar aqui — revelam dois tipos de criss ou ‘mais frequentes no padrao de dominacdo imperialista exerc 0 pelos Estados Unidos na América Latina [Um desses tipos implica em crises ou rupturas estruturais par- iais. Esse € 0 caso dos povernos e classes dominantes — freqientemen- ‘te com apoio da classe média — que procuram, no maximo, reformular ‘as velagdes de dependéncia. Em geral, tratam de refazer e3sas relagdes fem outros termos, mas de tal modo que sejam preservadas as estrutu- ‘as internas, nacionais, de dominacgo politica e apropriacao economi- (GAs suas reivindicacées dizem respeito a retengao (no interior do ‘pais e na esfera da classe dominante) de uma parcela maior do Zxcedente econimico. As vezes se pretende que esse acréscimo do ee destine-se principalmente as necessidades crescentes “Go aparelno estatal. Outras veres 0 excedente econ6mico retido no pais, devido 4 reformulacdo das condicées de dependéncia, pode _Uilizado também em programas de investimentos pblicos e privados. ‘ em que as alteragbes nas taxas do excedente econdmico que ‘9 exterior permitem a redlizagdo de investimentos Ss tae, o au pas ne es ou estratépas singulares de deven- capitalista. Esse parece ser 0 sentido do que das classes dominantes no sco. Nesse contex- nor upon des clases dominan st” Joa de desempenhat-se COMO classe social sublterna. Na medida em que © desenvolvida Se ies Slaries © ocxetaase Ge Copeeeatad ci ro miareo, 3 ser amigas, $2 kG Saale: Aa a la habitualmente’teme as classes assalariadas, em particular o proleta- riado, cuja experiéncia politica e organizacdo naturalmente a crescer, a burguesia nacional. prefere a ficcso da “associaco madura™, da “hat i ae imonia de interesses”, com os governantes do pais hegemO- Em mais de uma ocasigo os dipiomatas latino-americanos tém criticado duramente it Estados. ‘Seguida, coope- indo om aia aplaeo” Ea atte spate aparentemente canos que t is i anos que tomam decixOes quanto as relagBesinteramricnay Outro tipo de crise ou ruptura estrutural, entretanto, ocore \do as classes assalariadas em geral, e 0 proletariado, em especial ‘esto envolvidos de modo direto ¢ amplo nos acontecimentos. Nessas ‘ocasides podem desenvolver-se movimentos e lutas sociais e politicas arte propiamente esta, intema © exten mente. Aqui podemos falar em ruptuas estiututais armplas ou radicais, ‘porque os grupos e as classes sociais envolvidos nos movimentos ‘sociais e lutas politicas estabelecem, como exigéncia bisica, a total ‘mudanca das estruturas de dominaca0 politica e apropriagdo econdmi- ca. Ea luta contra o imperialismo nao se restringe a uma parcela do ‘excedente econdmico ou, em outros termos. a uma reformulagao das elagdes de dependencia, Na medida em que compreendem rupturas ‘propriamente estruturais, esses acontecimentos pdem em questi as Londigdes politicas, sociais e econdmicas de produgio de mas-vata, Isto foi o que ocorreu em Cuba, a partir de 1959. E ¢ isto que esté ‘correndo no Chile, 2 partir de 1970. Em um caso, por meios revoluciondrios, a0 passo que em outro por meios paciticos. Nos dois ‘paises os acontecimentos indicam um tipo de ruptura estrutural que Tinplica na total modificapzo das estruturs_eliteoarondmics ras estruturais se realizam de modo amplo. ou com de i Eat ope i sta. E esta 6 uma dimensao totalmente nova nus quaros ‘has relagdes dos paises latino-americanos entte si ames in Latin rhe. United, States apd The New Equiibium Petras me Um Silt NO 1, Cambndas, Mass. Fal, 1969, Pub Pole Ions, Qian 8 cones sales da Pu, wise op 1083: gan eae al eats ca, Latina, Ceveup Publication, ‘London, 1969; Rablo Conzaes zy Haslemere roe aratura en 1a America Latina BT RO VIL (2). Ne 180, México, 1971, pp. 381-387. 6 Politica externa independente A potitica externa independente tem sido a experiéncia diplo- fica mois audaciosa salvo, 6 Obvio, a diplomacia socialista — no ntido ‘de escapar as ambigiidades e manipulacdes decorrentes da sicio hegemonica desfrutada pelos Estados Unidos na América Patina, Depols de todos os malogros experimenttados pelor gowanaa= tes latino americanos que accitaram as regras do jogo estabclecidas nas diplomacias da boo vizihanea e da guerra fria, © das criticas mais ou menos profundas feitas pelos movimentos nacionalistas e partidos de esquerda no continente, que viam essas diplomacias como técnicas ‘imperialistas, depois disso tudo, = alguns governos realizam expeniencias de politica externa independente. Mas essas experiéncias nao se reali- 2am fenio de modo fragmentério ou contraditorio, devido 3s propri condig6es politicas e econdmi i fetuam. Em varios paises, a politica externa independente tem sido ensaied akon pendente tem sido ensaiada, abandonada BultPos, tetomada. Isto tem acontecido, por e a -xemplo, na Argentina, vit6ria do candidato socialsta Salvador Allend Giais chilenas de seternbro de 1970, em muitos aconteer sr erescen- " tecimentos social iticos, econdmicos militares’ ocorridos nesse eer inosine Set nce a ‘dependéncia criadas pelo imperialismo. Eles procutam reverter's onc, fagio basica dos processos econdmicos nacionais, fazendo o parsicel ‘para transformar 0 desarrotio hacia afuera em desarrollo hacks alen tro. Comecam a controlar e redefinir,com novos meios politicos, as condigdes de exportagiio do excedente econdmico, ° ‘Ao mesmo tempo, € como parte dessa mesma luta, as paises Jatino-americanes procuram reformular, ou mudar radicalmente. con: Forme o caso, as estruturas politicas e econdmicas identificadas com as ‘condigdes de dependéncia herdadas das situagGes nas quais predomina- va o enclave imperialist, Assim, em. varios paises vriRease. Ua progressiva substituicio do Estado oligdrquico por modalidades do ‘que podemos denominar Estado populisia, Alguns governos latino -americanos exemplificam bastante bem as novas tendencias: no Méxi: £0, 0 governo Cardenas (1934-40); no Brasil, 0 governo Vargas (4930-45); na Argentina, 0 governo Peron (1945-55); na Bolivia, 0 governo Paz Estensoro Siles Suazo (1952-64), no Peru, o governo Velasco Alvarado (desde 1968). Em perspectiva histOrica, podemos afirmar que 0 nacionalismo populista toi a primeira e mais generaliza- {da reacao, em nivel governamental, ao tipo de imperidlisino exercidu os Estados Unidos na América Latina. Podemos mesmo dizer que Foica primeira reagan bem sucedida, no sentido de que 0s grupos socials, classes € partidos politicos identicados com o nacionalismo opulists propuseram e levaram & prética novas diretrizes politicas Externas. 6 nacionalismo econdmico populista tem sido, na América ‘Latina, a matriz de experiéneias doutrindras e préticas e partir da qual foram e continuam sendo ensaiadas, ou postas em prética, politicas xtomas independentes. Neste sentido, tamhém, a politica exterior do yerno de base populista é uma experincia importante wovern vidente que em cada path 0 govern popula desenvolve ‘uma politica externa nacionalista segundo as possibilidades abertas em ‘cada momento, Em cada caS0, 0s compromissos,aliancas e antagonis- ‘nos de classes, bem como o grau de dominacdo imperalista,além de ‘outras condiedes, influem nas decisOes relativas a recursos minerais, industria petrolifera, industria de energia eléttica, ferrovias e outros. ve & experiéncia dos vérios govemos populistas demonstra que ee ke a we sine loc: 0 das condigdes de dependéncia e repartigao do excedente econd- "que como técnica para destrus10. Todos os governos populis- a luts contra 0 imperilismo no momento em que ela ‘ . A politica de sua hegeracionalisme econémico. A politi GF Te eit, nos ‘mulada ¢ posta em pratica pelo Overr® FOr tes dos Estados on eas, é primeira resposta liza na i Unidos 20 naci Latina com as ‘eres econémicas nacionais pela Econmica ca ter ec i Bi e ew C4). Kiem disso, a diplomacia da boa vizinhange destinava-se i eeonomico que se generaliza ‘tratando de o 3 piricanas 20 lsdo dos Estados Unidos, nagbet letimiaar ou, controlar as relacGes delas com poténcias extra ‘Sontinenais de entd0. Os governantes norte-americanos tomavam, a5 ‘Redidas polfias, econdmicas, militares e culturaisjulgades por ‘ecessirias para eliminar ou reduzir a presenca dos interesses alemaes, MRanor¢ jponeses na América Latina. Esas medidas Gestinavam-se também a garantir as © parque industrial no fontes e os suprimentos de matérias-primas para yrte-americano (25). ‘A diplomacia da boa vizinhanga tratou, ainda, de engajar militar- ‘mente os paises latino-americanos, pela concesséo de bases para opera- es militares norte-americanas e envio de contingentes armados para lutar contra 0s exércitos alemaes e italianos na A verdade é que 0 modo pelo qual os paises da América Latina levados a aderit as nagdes aliadas, na guerra contra 0 : reacomodacdo e © aprofundamento das relagdes hegemonicas dos 24) Bryce Wood, The Uibrry,’New York, 196 Making of the Good Neighbor Policy, The Norton Aliés, © nacionalismo populista dos governos Cardenas ‘Vargas (1930-45) sofreram diretamente o ‘impacto da ‘boa vizinhanga, ineluindo-se, obviamente, a doutrina da seguraney ‘Hemisférica, posta em pratica price governantes noreamericanos nae e 0s anos do pré-guerra. Talvez. se possa afirmar que a eleigdo de Avila Camacho, no México, em 1940, e a deposigao de Vargas. no Brasil, em 1945, representam vité notiveis da diplomacia da boa snga. Os governantes da Argentina, por sua vez, procuraram tmanter © pais afastado da influéncia novte-amercana nos anos dz ‘guerra. E Perén (1945-55), nos primeiros anos do seu governo, quis seguir essa orientago. Mas no 0 consoguiu. A sua deposicao, em 1955, também representa uma vit6ria da diplomacia norte-americana, ‘esse caso a diplomacia da guerra fria (26). Nos trés casos, os governos populistas quiseram redefinir as relagBes econdmicas com os Estados Unidos. A nacionalizago dos recursos minerais pelo governo brasileiro, em 1934, e a desapropriago da indistria petrolifera pelo governo mexicano, em 1938, eram de: tmonsragies priticas do nacionlismo emerges. E a politica an ‘tinorte-americana de Pern, em seus primeiros anos de gaverno, ‘estava na mesma categoria, na medida em que se ligava a um projeto de nacionalizagio das decisdes sobre a economia argentina. Esses governos estavam tratando de reformular as condigdes de dependén- ‘ia, ou as condigdes de repartigio da excedente econdmica. Em outro nivel, procurava-se nacionalizar os processos decis6rios, a0 ampliar-se (1934.40) ¢ lomacia da ‘a participacdo do poder piblico nas decisdes basicas sobre assuntos ‘economicos (27), 20, 3, Loyd Mecham, The Usted Site and InerAmericon Security, 1889-1960, University of Texas Presse, Aistin, 1967; Edwin Licuwen, U3 Foley in dat meric, Braces Pubs, New, York, 1988: "0. Ca Stostzt, The “Organization of American Sites,” Prcget Publishers, New York, “1968; Gordon ConneltSmith, The Inter-American System, citad john Gunther, Inside Latin America, Harper & Brother, New Yorks 1941, ‘David Erie Green, Securiny and Development: The United States Approach fpbatin, merce, 1840-1948, edeso.mimeogratan, Cosma Unto. in Donghi. tora Comtemporinee de América Latina, eral, Madrid, 1970; Leopoldo Gonzdez‘Aguayer Ia Nec ne of Anti Latina, 2 vol Uneiaad Nao Aner, ‘ated A Kop ie acne Pol oF North carlin Ps, Chapt No mesmo sentido, o nacionalismo econémico dos governos Paz Estensoro-Siles Suazo, na Bolivia (1952-64) ¢ Velasco Alvarado. 10 Peru. desde 1968, revelam empenho bastante forte no sentido de refazer as relagBes econdmicas externas, juntamente com as internas, ‘com a finalidade de reter no pais maior parcela do excedente econé- rico. Nos dois casos, 08 governantes realizam reformas sociais relativa- mente importantes, nos quadros da ordem capitalista. Adotam medi- das destinadas a formalizar as condigdes de participacdo politica das classes assalariadas, em geral, ¢ do proletariado, em especial, nos {quadros do novo status quo. Nos dois paises nacionalizam-se empresas fstrangeiras que simbolizam. para a opinido piblica, 2 presenca do imperialismo: indistrias petroliferas e de mineracdo. Nos dois casos. ‘entretanto, como jé havia acontecido no México, Brasil e Argentina. 0 combate 20 imperialismo interrompe-se no ponto em que ele pode transformar-se em hita de classes aberta (28). i 'A verdade é que © nacionalismo econtmico. nesses casos. est deta pel esrotrs politicas do Estado capitalists, seja ou néo populista. Nao se trata de nacionalismo de esquerda ou socialista. mas principalmente um elemento doutrinério ¢ prético da politica mais Ampla de reformulagio das condicSes de organiza¢do. funcionamento fe mudanga da economia nacional. Ele ndo € contra 2 empresa € 0 tii, 1970; Kalman H. Sivert, The Conflict Societe Ccacton and Rew Ian Late Anca) ape, Colophon, Boks, Ne Yorks 1988: {ator Late Ae palics aid Ecomomne Chon Latin Americ, Yor"Nota Company stan 367 wn Roe and ough Freee or in dmeeie, McGrn-i8_ Book a jo ech Formacion del Euada Netonal is Yer ioral Uneritray Santiago de Chik, 1963: Tomato S. i Tl {Pe ouiam' Reforms co Amerce, tuna Dosreiie Exomamica erect Ae gongung, de HRS. Go Comme Rute dol hi oT eed Rm dao Hor Go thon ANS 1967; Osta Lana, “Pople. 1a a A eT area de Ge Poder NO GT. ME Sco, 1972, pp 2831. (28) General Juan Velaco Abarae, 14 Yas de le Revolicion dos til Presidente de la Republica, 1968-1970. 1 rt Cotter, “Crisis Pie Militar ea ol Pera tuto de i ima, 1969s dios. Peruanos, J capital estrangeiros. Ele 6 pela modificacdo d: i ‘ise elementos devem continuar opersado, Tones S08 Principio do “ucro”, que seria o elemento principal de horizonte d cermangeito, pelo principio do “interesse nacional" f° i e © empresérios norte-americanos, em 1969, diante das politicas nacionalistas de pore . [Petuano, o entio secretdrio geral da Organizagao dos Estados Aone,” ‘Plaza US “s i ie s¢ de submeters Pela doutrina do novo nacionalismo, 's6 & aceitével a estrangeira capaz de concorrer ondinico 8 2 © progresso econdmi para uma salutar evolugdo social (29). *"""° Seonemico € tuagBes, como na Bolivia dos , € 0 proprio Estado nacional que ‘% reelabora, segundo as novas condicdes e exigéncias do capitalismo, ive em ambito nacional. De fato, o aparelho estatal, particularmente 0 Poder Executivo, # levado a ampliar ¢ diversificar grandemente a sua atuagdo econdmi. ‘co-social direta ¢ indireta. As reformas e inovagdes sio realizadas de modo a reduzir o poder das oligarquias, encontrar novos quadros ‘institucionais para o funcionamento das relagdes entre as classes ‘Sociais, refazer as relacbes econdmicas externas e aperfeicoar o Estado ‘capitalista. Alguns dessa problemitica estio explicitos nas ‘Getrizesadotadas pelo governo do general Veluaco aivarshe ‘Sto olgaeas os grandes proprietiros do dinheito e financista, izam 0 seu poder econdmico para comprar um poder ‘conveniente aos seus interesses econémicos. Sao oligar- Gragas a esse monopélio € a esse poder politico, a oligarquia sempre impediu o surgimento da verdadeita inddsiria peruana Sempre exteve a0 lado don pandesconscon intense: sos tes da politica externa independente. Alguns ensaios desse tipo Nesiicarem-se tanto wos governos mencionados como em alguns ou. os pastenores. Vejamos um exemplo. INo Brasil nos anos 1961-64, os govemos Jinio Quadros ¢ Jogo ‘Goulart enssiaram uma politica externa de cunho intemacionalista. o8 Gcalista. Scriz uma politica destinada 2 identificar os problemas do Sais © suas relacdes exteriores muito mais com as outras nagdes do “ lercezro Mundo”, numa forma singular de oposicio 20 impersalismo ‘Ap mesmo tempo, 2 politica externa independente seria um modo de ‘bur movas possibulidades 4 economia brasileira. principalmente pela exportacgo de manufaturados. Alids, essa diplomacia continha inclusi ‘Ne certa dose de reacdo a0 etnocentrismo ¢ racismo presentes no tipo & supremacia que os Estados Unidos tem exercido na América ‘Latina. Ao menos procurava explorar esses elementos, por intermedio. ‘4 remralizcio positiva dos lacos histéricos, culturais e raciais com -utres povas dependentes. is todos eles é 0 de que nossa situagdo e cultura. 0 fato.comam a todos eles €0 J ds wat Se coasubdesemvalinento © ‘ols ‘eas ‘opressio. isso tudo, naturalmente, certos pontos se destacam que pod iio. Uioe basics para a politica externa do mew Gover- Se cameras reconhecimento da leitimidade da uta iberdade econdmica wcltion, (0 desenvolvimento é um objet Socata: sate Saad eoomis relagdes mais intimas ¢ a do ° inevitavel ¢ imperative dessa meta... ‘Ao defender com intransigéncia a soberania de Cuba contra’ Saree Sie ere verdadeira nogo das suas Quanto a Africa, podemos dizer que representa hoje uma nova dimensio da politica brasileira. .. Creio que € precisamente na Africa que o Brasil pode prestar 0 tnelhor servigo aos conceltos de vida © métodos palfticos eclden= tais. Nosso Pais deveria tornar-se o elo, a ponte entre a Africa e © Ocidente, desde que estamos tio intimamente ligados a ambos 0s povos (31). A rigor, ai esté uma tentativa de escapar a chantagem da guerra fria, manipulada pelos governantes norte-americanos e alguns alindo seus na América Latina, Além disso, tratavase de buscar uma para o tipo de industrializ ie se havia realizado no pais, taxa de capacidade oe © mereado interno, correspondente ao tipo de industrializagao havido, seria nec reformas politicas e sociais que os governantes ndo tinham para por em pritica. ‘ G1) Jinio Tot ot Mas os governos Jénio Quadros (1 Si foe fie cam senna ve pirstics one, pero Goulart independente. E verdade que © presidente Janto Quads esas ‘© ministro do governo cubano, Emesto Che Guevara, em eq et ‘mesmo ano, quando era ainda vice-presidente, Jozo Goulart ectore ° ‘missio na China comunista. Outras iniciativas diplomitine yee ‘dotadas nos anos 1961-64, na linha da polilca extefne Iain eo Tratava-se de um esforgo para reduzir a dependencia braclcher face dos Estados Unidos, ao mesmo tempo que se ampliavan aprofundavam as relacdes com as nagbes da América Lating ¢ Atos ‘Dentre os elementos mais caracteristicos da politica Cre indgpendente, destacase 0 “ereiromundismo™. Tso 6 destacase 2 ‘endéncia de assemelhar e identificar problemas politicos, esondmiccs e culturais dos povos do “Terceiro Mundo”, isto é, da Africa © Asia ‘com América Latina, Em dltin instancia, o'lerceiromundismo pode representar blocos de votos naé decistes da Organizagao das Nagdes ‘Unidas (ONU). Em casos especiais, como o da diplomacia africans do Brasil, nos anos 1961-64, pode representar uma revalorizagio das “tradigOes afticanas” da suciedade brasileira. Em casos como este, € inegivel que 0 terceiromundismo implica numa reagdo 0 racismo presente na diplomacia do imperialismo Essa experiéncia de politica extema independente foi encerrada fem abril de 1964, com a deposigao do presidente Jogo Goulart. Em seguida, 0 governo brasileiro adotou uma diplomacia inspirada nas doutrinas da interdependéncia e seguranga hemisférica, nos quadros da ‘hegemonia norte-americana na América Latina e no mundo capitalista (G2). Outro exemplo significativo de politica externa independente ¢ ‘a que est experimentando 0 México, sob o governo de Luis Eche- verria Alvarez, iniciado em dezembro de 1970. Alids, essa politica nfo € nova nesse pais, conforme jé lembramos anteriormente. Ela fot jinaugurada pelo governo Lazaro Cardenas (1934-40), quando ele dest ‘propriou empresas petroliferas estrangeiras (33). ow 2) Octavio Ianni, O Colapso do jlismo no Brasil, 2' ee ee de Jancir ‘esp. Terceira Parte; do me y i Fi do Jano, 1971, a ipyass70), Cwimes® BS estilo de Meferido document ificativa do ref em significative _ ‘A autonomia politica do pais apoiase em S02 ‘economica plena. = e ‘examinar Para chegar a obtéla de modo completo, haveria Fifetivamente 2 situagdo em que Se encontrar cog economia do pais, além de dispet bei Siiciar a sua defesa com insubornavel — te mae Ssoais, em geral ja ligados pesos, em Srreirs, expecialmente norte-americanos. Infeliz~ Interesis crlaade in favor destes néo provém apenas de TIemaitos da iniciativa privada, mas também do setor piiblico, {Que eequecem os interesses permanentes da nacdo, a0 escolher 0 Giminho do enriquecimento ilicito e a0 por a sua inteligéncia © © seu poder A disposigdo do capital estrangeiro (34). F inegével ‘qu a indointivas acdotedes pelea em sua politica exterior, estéo diretamente relacionadas com 08 pro- blemas econdmicos, suciais e politicos que a sociedade mexicana esta snftentando, Acresce que os desenvolvimentos © crise havidos os imos anos no comércio internacional e no balango de pagament dos Estados Unidos criaram novos problemas para a economia ee na. Em especial, o endividamento externo do pais, como OCOre também com outros paises da América Latina, tem sido enfrentado inclusive com politicas de exportacgo mais agressivas, ©. i fe sine manic ees seme © sae urados e primérios, E tala tambem i pli iversificar e multiplicar ag Jireas ¢ paises com os quais tem interesse em comerciar. Nesse progra- tha inlbemse tao v Sapo como a China (32) mows ‘Em termos sucintos, esse € 0 contexto no qual 0 governo ‘Bcheverria esté impulsionando a politica exterior do pats. A partir dos problemas econdmicos internos ¢ externos, e aproveitando a experién- Edo nacionalisme econémico populista, inaugurado no governo ‘Cardenas, ele est pondo em pratica uma nova experiencia de politica externa independente. Além disso, ele discute inclusive o anacronismo a divisio do mundo em das areas de influéncia das duas super-po- jencias cconomicas ¢ militares. Os paises dependentes procisariam libertarse das doutrinas ¢ priticas que servem principalmente as superspoténcias. Nas relagdes entre 0s Estados Unidos e a Unido Sovigtica, a guerra fria comeca a ser substitu(da pela coexisténcia fica, Eo mundo capitalista, em particular, ingrescou numa fase de ‘nultipolarizagio ideol6gica e politica, com possibilidades de multipo- larizago econdmica e militar. ‘A estrutura politica do mundo € agora radicalmente distinta do ‘que era hi um quarto de século, Nao obstante 2 de uma paz armada, em tempos de incerteza ¢ temor, acelerou-se 0 processo de libertagdo de muitas nagdes anteriormente submetidas a0 colonialismo... ‘As nagdes pobres devem estabelecer, unidas, as bases a5 fron teiras sobre as quais, e ndo mais além das quais, participem decorosamente da comunidade mundial, jé que para elas as relagdes internacionais no se colocam em termos de domina- ‘40, mas sim de autonomia ¢ descnvolvimento. Elas repelem as ‘eorias anacronicas do poder e postulam que a independéncia ddas nagdes ha de conduzir ao abandono dos sistemas oligérqui- cos ¢ ao estabelecimento de uma sociedade democritica, em nivel internacional (36). $ in ¥ América Latina: una reac conga cx fans Comix, Moy Teo 1971 p11 Jorge onomicas y_ Cottey eae Japs a tree e132, oy ‘ies dei Nuevo Gobiemo, México, 1971; Miguel S. Wionczek, “El Endeuda Miento Piblico Fxteno. on Cambios Sectors en ta Inversién Privade Aiea “Latins, publica on Za Dependencies Plt ab autora ait. Jaguar, 8, rere Me sVeintuno tits, Mexico, 1970. ico. A soci : mice sv dependencia, nas qual 0, femmar ¢ wenoldgico sul Gominagdo politica. em encon- dirigentes dos nossos paises empenham-se Os srupes ie permit nerementa 20 MESO LBD, esso econdmico ¢ & soberania Pee dretrizes ditadas pelos grandes centros ‘mundiais do eT sf0 as Orrormidade das grandes massas, abre-se. penosamente, caminho do desenvolvimento indcpendente G7 Ac esto algumas das diretrizes basicas da diplomacia do pluralis- mo ideologico, que alguns governantes da América Latina esto opon do a0 monolitismo ideologico, preconizade pelos governantes Estados Unidos e alguns dos seus aliados latino-americanos. Pouco a pouco, na América Latina, alguns governos ¢ empresdrios reconhecem que “a mercadoria nao tem ideologia™. preceito capitalista Gbvio € largamente praticado pelos Estados Unidos inclusive com produtos latino-americanos (38). E particularmente nas ocasides de crises ou dificuldades econdmicas que as limitagOes impostas pelo imperialismo se tornam mais evidentes. Dai a busca de novas relagGes externas ¢ 0 esforco para escapar 4 hegemonia exclusiva dos Estados Unidos. ‘Acresce, ainda, que alguns governantes latino-americanes nao podem fazer face as contradigGes sociais internas simplesmente pela Tee Em alguns casos, as condigdes politicas internas — i colarmente a fe Oo "amadurecimento das estruturas sindic © partidarias — dificultam ou impedem a solugdes simplesmente dita- toriais. Nesse contexto, a luta contra as formas vigentes de dependén- cia no pode ser circunscrita nem anulada. Em conseqiiéncia. os givemantes sio obrigados a optar pelo pl zo Pluralism ideologs elemento slindmico no processo de diferenestar® ultpiggaeome y a. que ignora exiténcia. Sbvia sad O80 08 tspectos, de um plural eS Se 0 pais mais poderoso do Hemistéro’esforguse e 7 ‘ierBencas com outras potencan do ultames soe et ‘fodos nos por fim a uma politica interamen ricana que nega, implicitamente, © direito dos estados membree de demas ‘strutura mais conveniente aos prépriosinteresses (39) a A sitoria da roroluao socialista em Cubs, em 1959, tomo & norte-americana da guerra fria um elemento cotidiano os governantes dos Estados Unidos com os da América Latina, e destes entre si. Foi o Caribe que tornou a guerra-fria uma realidade na América Latina, Os acontecimentos em dois pequenos paises — Guatema- {a ¢ Cuba — alteram as condi¢des de batalha no hemisfério. Em ambos 0s casos, uma revolug3o.ngo-comunista foi a pelos comunistas ou, como dizem os marxistas cubanos, fol lmpelida pelas “condiedes objetivas” (isto é, a entre ©. imperialismo ¢ a liberdade nacional e justica soci para o Secasmo. NOt dois pulses ox Bea Ta ‘der aby oreo al Gren en om de ¢m Cuba, foi um retumbante fracasso (40). Desde entdo, a existéncia de um Estado socialista em Cuba tem sido amplamente discutida e manipulada pelos governantes norte-ame, sicanos ¢ latino-americanos. A partir desse acontecimento, mais do {Qe anteiomente, les tem proearao redui sas controvéniase ‘4S suas posicdes internas. Na medida do possivel, témm pprocurado capitalizar a ameaga do “comunismo internacional” como Hlemento de agutinagao dos seus Intereses, em escala continewiar Pode-se mesmo dizer que desde 1959 desenvolveu-se de modo bastan- te amplo e acelerado 0 processo de continentalizacdo dos problemas politicos, econdmicos ¢ militares latino-americanos. A proliferacdo de ‘organizacdes interamericanas, de cunho multilateral, voltadas para a discussio ¢ a tomada de decisdes sobre assuntos politicos, economi- cos, militares, trabalhistas, empresariais, religiosos, culturais, cientifi- cos e outros é, em boa parte, condicdo e conseqiiéncia dese processo de peneralizacao e sistematizacdo dos interesses das classes dominantes no continente, segundo as exigéncias da hegemonia norte-americana. ..__ Actiago de um Estado socialista na América Latina revela, para governantes e governados, inclusive nos Estados Unidos, os seguintes aspectos da realidade latino-americana Em primeiro lugar, mostra que o socialismo nao é uma estratégia politica de desenvolvimento econdmico, social ¢ cultural alheia a 10, como teoria e pratica, foi criado a partir das contradic6es internas do capitalismo. Ao mesmo tempo. no {eve sucesso campanha orientada pelos governantes norte-americanos ‘apresentar a revolucZo cubana como algo restrito ao aventuresco Desde 1959. pois, 0 socialismo passou a ser um elemento real nas relactes interamericanas, como algo efetivamente e 6 poderia ocorrer de novo, fem certos palses da América alguns programas de reformas sociais como outros de litica foram mais ou menos decisivamente influenciados que os antagonismos de classes haviam-se 2 Conferencia de Punta dl Ee De fato, it classes dominantes. Dai a tratados, organi gripes de Estado Scortidos ax Auman Justificados como re 0 mesmo tempo se alia a0 “inimigo interno”. ™ de cunho as ameacas do “iimigo Em terceiro lugar, 0 modo pelo qual acontece e desenwolve-se 3 revolugdo socialista mo pode desempent ‘em Cuba revela o papel decisivo ihar tanto em sua eclosio como By mento. Note-se 0 curioso movimento pale ‘te-americano na América Latina. Em 1954, intervém na. atuando decisivamet = ne confunde-se diante dos desdobramentos da revolucSo cuban. do na burguesia subalterna local. Em 1965, intervém na Dominicana, receando a repetigio da experiéncia cuban. Em confunde-se’novamente, em face dos desenvolvimentos da governo socialista chileno, confiando nos seus aliados locais, no {er intrinsecamente pria capacidade de implicit Telephone and 1970. nese movimento pendular. Alis, ess le express nos dol pontcs que same sate 0 val 8 Telegraph Corporation (ITT), em novembro de incur 1. A opiniio dos conservadores. chilenos, ‘procuram negociar com Allende, de que as repesilas polio econdmicas dos Estados Unidos forgam Allende a mover-e mag 4 esquerda, 6 uma apreciagio correcta, Todavia, queita ou nae an vot a cima a fato que Allende serd finalmente ‘empurra. ito & esquerda, seja qual fc i Beet seja qual for a politica adotada por 2. A opinidio de outro setor, de que as represilias dos Estados ‘Unidos deslocario Allende para a extrema esquerda e de que ‘com isto desencadearé uma reaco popular e militar contra o seu governo, tem pouco mérito. Os militares nao se mostraram ‘dispostos a fazer parte da engrenagem. Hii poucos motivos para acreditar que 0 seu animo tenha mudado. Inclusive ¢ duvidoso He teriam capacidade para manejar o tipo de oposicao nacional Je massas, como a esquerda pode organizar: greves gerais, guerri- tha urbana. tempo corr6i rapidamente a capacidade militar d ‘agir contra a coalisao allendista, inclusive na defesa da Constitui- ‘Go, se surgisse esse problema moral (42). © fato € que essa ambighidade, entre outras, parece ser inerente 0 imperialsmo, Na medids em que 2 dominacto nfo é nem pode ser monolitica, e que a propria classe dominante, em ambitos nacional e jinternacional, subdivide-se em facedes também antagénicas, isto tudo faz com que a dominacdo imperialista as vezes perca a perspectiva dos seus interesses; ou confunda os significados dos acontecimentos. ‘Assim, na medida em que concentra as suas aten¢des e esforgos sobre a stada pelo “‘comunismo internacional”, torna-se inca- ‘paz de perceber 0 cardter real dos antagonismos de classe em desenvol- ‘Vimento no hemisfério. Toma a propria ideologia pela realidade ‘A atitude dos Estados Unidos com a América Latina normal- ‘mente tem sido baseada na erenca de que, sem a interferéncia de Aatores mundias, x supremacia norie-americana & ee as itino-americanas sozir io tao eee Glos ser nefiigencindes. Entctanto, uma andi as labs hemisfrias'e das experéncias ‘sugere 0 contrério. O poderio dos Estados Unidos € -€ qualquer intento de ultrapassar esse limite leva 4 le 177. 1970. Esse acontecimento cria novo © programa economico, pritica pelo governo Allende ¢ politico, social ¢ cultural posto te no Chile. Além de impulsionar mae gente no Chile. Além a paifo de redistibuicho da renda, o poveno Allende pasa liar as empresas estrangeiras, desde as mineradoras a ‘bvio que também a politica exterior 6o governo clas do Estado socialista que se estd eriando no exterior esté inspirada no Programa de Governo dade Popular, a coligacio de partidos predominantemente de que forma a base politica do governo. Vejamos, Objetivos bisicos da diplomacia socialista inaugur Allende em 1970. A pe.itica intemacional do governo popular seri sentido da completa autonomia politica ¢ econémica do Haverd relagdes diplomiticas com todos os paises do independentemente de suas posigdesideoldpicas © 43) EJ. Hobsbwwm, “Latin York Review of Book” Vol XVI, tag. dap. 8, Alguns aypectox do iormscis do sotalimo cubano foram Willams, The United States, * York 16 goes os Txadou Unidos oom os pelts loti ametctan, Ase ate ‘i BETH pelo. l i i i id i is ib a com © programa politico-econmico de Chile precisa valorizar as posicoes das nagdes no alinhadas e solidary. zar-se, inclusive praticamente, com as lutas dos povos asiiticos ¢ ‘africanos contra todas as formas de dependéncia. Quanto as relagdes diplomaticas entre os paises do hemisfério, cle preconiza diretiizes destinadas a emancipar as politicas exteriores desses paises da tutela da diplomacia norte-americana. ‘base no resy Chute “sPelto & auto-determinagdo e os interesses do POVO do A defesa ativa da independéncia do Chil implica na atual OFA (Organizagio dos Estados ‘America mane da ‘Considera indispensivel revisar, denunciar e abandonar, confor- ordos envolvendo compromissos , concretamente os tratados de de assisténcia mitua e outros, ‘me cada caso, 0s tratados ou ac que limitam ‘a nossa soberania, assisténcia reciproca, os pactos que 0 Chile assinou com os Estados Unidos (44). Segundo 0 governo Allende, uma politica exterior conseqiiente Pedimos © qucremos a Organizacdo dos Estados Americanos firmemente vinculada ao sistema das Nacbes Unidas, como uma ‘organizaedo regional complementar, na qual se realize o didlogo ‘entre 05 Estados Unidos ¢ a América Latina. Acteditamos que 0 futuro dessa entidade depende da sua capacidade para superar os mas fundamentais com os quais se tem defrontado ¢ nfo ‘pressupostos mais ou menos técitos que encobrem ¢ falsifi- ‘cama realidade. : lugar, a ilusdo que consiste em supor que aqui nos eunnos 25 ead gus ; ‘Publicado em New Chile, volume pre- ‘on Latin America ‘Gitagdes das pp. 141 © 142. construgio do socialismo no A de ‘entre os Estados Unic ni ee eee a ae ees es Sean cence aan Seaeateeee deiro € construtivo. E tio evidente a oposigdo de interesses entre o norte ‘0 sul, que aparecem em diversos da vida econbmica ¢ dos aconte- a : a cise, i ir Oodle 5 melted 45). E evidente a singularidade da politica extemna chilena, sob 0 governo Allende. Fla se tanto exprimir os objetivos reais 60 governo socialista como ‘puramente formais ou priticas adversos aos interesses das classes assalariadas. Trata-e de uma politica extra que parte do perspective destas clases, bburguesia. Essa é a razo porque as proposiglies sabre os Gplomaciachlena timpcam' num ebb critica. Hs foe ot convencionalismos formais e ingressam nas fartculanment lao no deus do presidente Allende, i abertura da Conferéncia das NapSes Unidas sobre Searcee f.eact iat teta, e Santiago do Chile, em abril-maio de 1972. ses e as decisdes da UNCTAD III sejam realistas Crate aceite dendo-nos das ilusBes ¢ mistificapSes, mas abrindo, 20 mesmo ‘tempo, a imaginacdo ¢ a criatividade para solupdes novas de sociais, dos gruy A segunda verificacao é ‘que és, os pai i om os, nossos recursos &0 noo tba a penne os. Nao se trata de repetir aqui dentineias de injustiog, "macional, uumento expolador, fue ‘mas de comprovar que a estrutura downey 0 infercdmb tal como funciona, tornou-se um instruments cen ‘uiga os povos mend desenvolvidos (46). No caso do governo Allende, poi it dente uma politica exterior fundada no" propane wa eigPe Estado socialista. Como tal, ela é, ao mesmo torpor ume ances necessiria desse programa. A estratepia do camino pacifico, pare 9 socialismo exige rupturas estruturais profundas, tanto internas como externas, Note-se, portanto, que o que distingue a politica externa independente do pais comandudo pelo Estado capitalista é que ela no preconiza ou intenta sendio uma reformulagdo das condigdes de depen- déncia, nos quadros do capitalismo mundial. A diplomacia do governo Allende, por seu lado, é um elemento essencial da ruptura total das relagdes de dependéncia, caracteristicas da economia de base capita: lista, Ao mesmo tempo, ela é um elemento basico do processo de ctiagio do Estado sovialista, como Estado nacional hegemonieo. Novamente, os governantes dos paises do continente se dio conta de que o imperialismo no é'capaz de enfrentar com sucesso certos desenvolvimentos das lutas de classes. Mais que iss0, 20 inex [arse um governo socialista no Chile, eles se dao conta de que tam i Ag ‘ a Siemocracia representativa” nfo é um meio de impedir a conduic®’ classes Por fim, os govertant nf ,, que a cham: assalariadas. ¢m ticular o proletariado poiticamente organizado. Na medida em que Fat Prieta Lome 2 warcondieio sbalieraa, ae @ imperiafmo Ihe atribui, ela acaba por confundir as suas contradigies gine pede coat como propio mpi ssa stuagdo, ela baraha a8 Fm sum o socialism deixou de ser um fato alheio 4 tealidade politica, conornica, militar intelectual tinoramericana. Num perio- fo de Ti anos, entre 1959 e 1970, elaramse dois governs socalistas ta América Latina. Cuba, no Caribe, extava totalmente integrads 90 Sistema impetilista. Ali o Estado socialist fot crado a part de uma ‘olan Srentaa cons o Estado copa repent, comand ye aor Fugen Butta omperaisma, Ao paso qu oC Fo continent, ja estava refor as suas relades com 0 imperia lismo, quando se iniciou o governo Allende. Af 0 Estado socalista comefou a ser eiado a partir do proceso eletoraltipico da “demo- trace representativa” ito €. nos quadros de wm Estado democtitico. Notes, pols, que os governen sociaistas de Cuba e do Chile exemplificam duss estatésias politicas de repturas estruturais plofundat: a revoluciondria e+ pacifiea Ox dois scomiecimenton FTetam, cada um a seu modo, 2s condigBes de hegemonia dos Estados Unidos sobre os paises da América Latina, Da mesma forma, alferam as condigdes de elaionamento destes pales ente 8 O monolitismo ideolégico aM foreas politicas e econdmicas latino-americanas, cujos inte- rescs tém sido oitades pelos governos populistas e prejudicados pelos governos socialistas, em geral organizam-se tanto cm ambito acional como continental. Essa aglutinacdo de forgas foi amplamente acelerada 2 partir de 1959, como uma teacdo a vitoria da revolucao ‘Socialista em Cuba. A instalacdo de um Estado socialista no Caribe foi ‘encarada por elas como uma indicacdo clara dos desenvolvimentos que poderiam ter, no interior de cada sociedade do hemisfério, as suas Contradigdes de classes. Nesse sentido, o “exemplo” cubano precisava ‘r conjurado ou ao menos circunscrito. Alids, a aglutinacdo dessas Forgas, om émbito ae oitinental.adquiry novos alentos por ‘casio da insurreic4o popular havida na Repiblica Dominicana, em 1965, © da vit6ria do candidato socialista Salvador Allende,’ nas ie pice de setembro de 1970. continental, essas forcas apoiaram-se e continuath a y no Tratado Inter-Americano de Assisténcia Re- ‘na Conferéncia Inter-Americana para a Manutengao | Continentais, reali em agosto-setembro de Carta da OEA, aprovada na Conferéncia €m margo-maio de 1948, em Bogo- tsses documentos tem sido reinterpretada ¢ aperfeicoada, segundo os = te tek aaa insurreigdo. foi © que ocorreu, por exemplo, na ocasio da. Popular havida na Repablica Dominicana. em 1965. Neste tados latino-americanos, liderados pelos governantes dos Est tidos, decidiram criar uma Forea Inter-Americana de Paz, intervit no pais, esmagar a rebelido ¢ impor um governo conveniente 48 exigencias da doutrina de interdependencia e seguranca hemisféricas. Assim, no dia 6 de maio de 1965 os governantes de treze paises latino-america- ‘os aprovaram a criaego de uma forea militar conjunta para “eestaurar 4 paz.e a democracia na Repablica Dominicana”. Eram estes os paises: Argentina, Bolivia, Brasil, Colombia, Costa Rica, Repiblica Dominica: nna, Salvador, Guatemala, Haiti, Honduras, Nicardgua, Paraguai, Pana mi ¢ Estados Unidos. Votaram contra a proposta: Chile, Equador, México, Peru e Uruguai. A Venezuela absteve-se. Em seguida, dentre ‘65 paises que aprovaram essa proposta. sete enviaram efetivos milita. tes, ainda que simbolicos, para compor a Forca Inter-Americana de Paz que atuou nos acontecimentos dominicanos: Brasil, Costa Rica, Salvador. Honduras, Nicardgua, Paraguai e Estados Unidos (47). Toda ssa patticipaco era posterior a decisio do presidente Lyndon B. Johnson, adotada a 28 de abril de 1965, autorizando o desembarque de US. marines em Santo Domingo, “para restaurar a ordem pablica nesse pais” (48). Tratava-se de conjurar um movimento popular cujas forgas estavam fora de controle dos governantes morte-americanos © 0s seus aliados dominicanos. A intervenco militar, com 0 apoio dos governos latino-americanos dos paises mencionades © de tropas destacadas por alguns deles, era considerada maneira de evitar que 0 ee esperangas da democracia dominicana” (49). TS ee 17) gy, lam A, 2 dare aaa ae ments, Implictions, The Scarecrow Pres, Metuchen, 1970, esp. pp. i. (48) Abraham F Lowenthal, The Dominican Intervention, # sity Press, Cambridge, 1972, p. 104. 49) Abraham F. Lowent fe reclamando uma diplomacia norte-americana baseada en ‘Mas somente em 1933, na conferéncia dos Es- a Mo nericanos realizada em Montevidéu, 0 governo dos Estados Unidos secitou a formalizagio do prinefpio da nfo intervengao nos Wintos internos dos paises do hemisfério. O presidente Franklin D. Roosevelt estava inaugurando a diplomacia da boa vizinhanga. Nem fur isso, entetanto, os governantes dos Estados Unidos pararam de Prorferr nos problemas internos dos paises da América Latina. Va- tam a circunstncias ¢ as justificativas. [Nos haviamos prometido, em 1933, no intervir nos a politicos dos Estados latino-americanos. Mas agora realizamos, ima intervenglo. E por que? Porque a familia americana tem diante de si, desde 1959, uma realidade que ninguém poderia prever em 1933. Fidel Castro reconheceu que sua revolugo no E cubana e_que o regime instalado em seu pais nada tem de espeeifico. E um regime marxistareninista, A Unitio Sovigtica e a China comunista, poténcias atdmicas, intervieram na América, através de seu satélite cubano. E uma intervengio militar extracontinental.... Meu Governo faz questo de ressaltar que ‘mais grave perigo hoje existente na América Latina provém do comunismo internacional (50). Para varios govemnos de paises latino-americanos, tanto quanto pra o norte-americano, a intervenedo se tora justificavel, necesséria, ‘ou urgente, sempre que os antagonismos de classes poem em causa 0 ppoder da classe dominant, ou 0 Estado capitalista enquanto tal. O ‘imples fato de que um pais pode ter um governo nacionalista, de base ‘popular, jf € uma preocupacdo bastante grande para alguns governan- {es latino-americanos. Essa preocupacdo se torna aflitiva quando um 10 assume tonalidades populistas. No caso de um governo socia- . como o chileno, inaugurado em 1970, certos governantes do ‘hemisfério tomam toda a sorte de medida para conjurar ou circunscre- ‘ea ameagrepresentada por ele & "segurangs do hemiséri ociden- Assim, € apenas aparente a ambigitidade de alguns governantes ‘atino-americanos, Aes ee oe favor & _ intervengdo, inclusive militar, em assuntos internos dos paises mem- bros da comunidade hemisférica. Preconizam a no interven¢So quan- ddo esté em causa uma controvérsia entre faccbes da classe dominante, em nivel nacional ¢ internacional. Entretanto, quando as contradigBes de classes comecam a por em causa as estruturas de poder, nesse momento a classe dominante local, ow uma das suas facgdes, associar-se as classes dominantes de outros paises aldm dos Estados Unidos, para “vestabelecer a ordem pablica™ Em muitas ocasides ~se no em todas —sio os governantes dos Estados Unidos que dispfem das melhores informagdes © das melhores condigdes de atuaco, para interpretar “a gravidade da situagio", propor as solugSes e pias em Esse monolitismo ideolégico continua 2 basear-se no bipola- rsmo economic, politico, militar ultra que os gverants norte-americanos fundiram no hemisferio na Qpoca em que toda a sna diplomacia estava organizada exclusivamente nos termos da guerra fia, Mas ndo € por mero caso que alguns governantes de paises latino-americanos continuam basear 2 sua diplomacia no bipolarismo que fundamentava a fase mais apuda da guerra fria, a despeito de que os governantes dos Estados Unidos ensaiam nos Gltimos anos uma conversio para a diplomacia da coexisténcia cifica maei'Em primeiro lugar, 0 monoltismo ideolégice, com todo 0 seu maniqueismo, corresponde perfeitamente i conjugagio. de interesses. da maior parte das classes dominantes na América Latina, Ele serve & sua luta para ampliar ¢ consolidar o seu poder politico sobre as outras classes. Actesce que © monolitismo Meoldgico tende a desenvolver-se de forma ainda mais acentuada {quanto mais profundas tendem a ser as contradigdes de classes, interna ¢ externamente. Por isso, 0s ideSlagos do monolitismo si0 brigados a condenar inclusive © funcionamento da “demoeracia representativa™, principalmente quando ela permite a manifestago das forgas politicas que preconizam reformas estruturais , portan- to, alteragoes radicais nas estruturas de poder. mocrata-cristio” de Eduardo Frei... O desafio castrista aos valores tradicionais da América Latina, que até agora parecia quixotesco, adquire hoje consisténcia ¢ seriedade.... 0 eixo Havana-Santiago, que esté para passar por Lima c La Paz, ¢ uma ameaga direta ao resto da América Latina, assim como tum desafio, 0 mais sério possivel, ao “status™, a lideranga Samtnentas © aos valores culturas & politions madeionas do Brasil (51). Essa € a perspectiva da classe dominante, numa época de agrava- ‘mento das contradigOes de classes, inclusive em ambito internacional. A partir dessa perspectiva essencialmente monolitica, 0 Acordo de Integragdo Sub-Regional Andino assinado em 1969 pelos governos da Bolivia, Chile, Colombia, Equador ¢ Peru € encarado com reservas ¢ ‘mesmo hostilidade. No minimo, é uma experiéneia incomoda para os govemos favordvels 4 integracao econdmica latino-americana, segundo 4 exigencias da empresa privada transnacional, geralmente com sede hos Estados Unidos. Na medida em que Chile faz parte desse bloco e © governo de Salvador Allende opta por uma estratégia socialista de desenvolvimento econmico, social, politico e cultural, os adeptos do monolitismo ideolégico passam a ofensiva. Asseguram que o reatamen- ‘to das relagdes diplomaticas entre Santiago e Havana ameaca “subver- ter todos os valores e instituicdes interamericanos”. Eles exigem uma teacdo dos governantes do hemisfério no sentido de continuar e intensificar a luta em favor da interdependéncia e seguranca continen- ‘tals, Originariamente planejado como um mercado comum sub-regio- nal, 0 Pacto Andino receberia, pela intensificacio da guerra revolucionéria, um contetdo politico-ideolégico, combativo ¢ ‘expansionista, em detrimento de tudo aquilo que caracterizou durante quatro séculos a identidade cultural e histérica da América Latina. ... O Chile procura projetar-se e alcangar uma Jideranea continental com 0 objetivo de subverter todos os Bail eg Coningnic, editorial dO futado de Sip 1/4 Alguns das fundamentos.geo-polf- de ponsamentsenontrnse stsleados "om Cenoe ‘Livraria Jose Edi valores e insttuigdes interamericanas, que encon se principal aura » se escent aaa 0 que, porém, agrava a sitiapdo da Amética Latina, é 0 vieuo. pe ler que se cria no Hemisfério gracas a polftice Ge san profile” (imagem moderada) dos Estados Unidos, que se mor fram, por motivos diversas vezes discutidos nestas colunes, soe reendentemente inertes diante dos ataques e bxtos parenge Foreas comandadas pelo seu dvr inal a Ut Soe tica. Hi nessa stuago uma indiscutivel vantagem para © Bras, vols sl oftes um argument complement elmo pla que as poténcias da regido assumam afinal 0 exersicinsfetive de lideranga que Thes pertence desde sempre de dteto aut6ctone ¢ préprio, e no delegado, em funcéo do seu. poder, da sua Situagdo geosrafica, da sua forga demogrifica e 80 seu propresso econdmice e tecnologica (52). Em outros termos, a énfase na “subverso externa”, ¢ nesta ‘como causa da “subversao interna”, é 0 percurso politico (ideoldgico ¢ pratico) mais curto no proceso de transformaedo dos antagonismos de classes, de base interna, em antagonismos diplomdticos, ou entre razées de Estado. Entretanto, ao pensar e agir desse modo, os adeptos desse tipo de diplomacia nada mais fazem do que reveler, numa Finguagem peculiar, o caréter internacional das contradicdes de classes. ato de identificar subversio externa e interna, ou inimigo externo interno, 6, a0 mesmo tempo, uma afirmacdo da identidade e generali- dade dos interesses daqueles que o afirmam. Esse parece ser um curso inevitvel no processo de continentalizaedo das estruturas de poder na América Latina, polarizadas em torno da doutrina da interdependén- cia e seguranga hemisféricas. TEm segundo lugar, o monoitimo idolégico coresponde bas tante bem a preservagao dos intereasss dos governantesnorteameriea nose das empresas transnacionis seiadas nos Estados Unidos operand na América Latina. E Obvio que esse tipo de diplomacia patece anacronico, precisamente na época em que o governo Richard ‘Nixon ensaia a diplomacia da coexisienucia pacifica. Danae 5 eee cer, entretanto, que a diplomacia totale global dos Estados Uni tem se defrontado com sicagbes rnovas, surpreendentes ou in inclusive no hemisfério ocidental. Em 1968, comeyou a ‘com uum singular nacionalismo econdmico no, fazer face & ‘interna ¢ ses ¢ de outros acontecimentos, os governantes nor- Che, Dian ede muntr a diplomaea gta fi no cont tente, ao mesmo tempo que ensaiam a coexisténcia pacffica em outras cies gel halle reliniirer ferte-americano, por um lado, e da International Telephone and Telegraph Corporation (ITT), por outro lado, quanto as ditetrizes cconomicas infernas e externas adotadas pelo governo Salvador Allen- Ge. No capitulo sobre a politica norte-americana para a América Tatina, da Mensagem Sobre 0 Estado clo Mundo, de fevereiro de 1972, fo presidente Richard Nixon protesta contra a nacionalizagao e a forma Ge indenizacio das empresas norte-americanas de cobre. Lastima que 0 racionalismo econdmien atue como obstaculo as relagées “mutuamen- te bensficas entre os Estados”. Em outras palavras, ele assume, 20 mesmo tempo, as raz0es de Estado ¢ as razdes da ITT, que ndo ¢ send ‘maior conglomerado multinacional. > Nos ¢ outras fontes piblicas e privadas de investimentos vere- ‘mos se 0 governo chileno honraré ou no seus compromissos internacionais (53). ‘Na medida em que os termos dessa declaracao revelam uma ameaga, podemos dizer que em fevereiro de 1972 o presidente Nixon estava tornando piblico a politica governamental sugerida pela ITT em outubro de 1970. ap6s a vitoria de Allende nas eleicoes chilenas. Entre outras recomendagdes politicas e economicas, 0 conglomerado sugeria a0 governo dos Estados Unidos que sistematizasse as pressoes a serem desencadeadas sobre o Chile. Além disso: ‘Sem informar ao Presidente Allende, todos os fundos de ajuda norte-americana devem ser colocados em estado de “revisi para que se interrompa temporariamente a entrada de dinheiro ‘no Chile, com a intengao de um corte permanente, se necessirin Vista da, Casa Branca”, integra da seeedo que © ia, Amen. Latina ry sua Mensa so- Isto inclui “fundos em ito”, “cartas de crédito” qualquer destas coisas (44), fe De fato, em 1972.0 governo Allende jé sente fortemente o cereo economico internacional. Tanto assim que 0 denuneia de em Aiscurso ponunciado no dia 24 de julho de 1972, Ao mesmo tempo, € ‘obrigado a tomar medidas para reduzir os efeitos dos embargos orde- nados pelos goverantes dos Estados Unidos, sob 0 pretexto de que ro esta indenizando satisfatoriamente as companhias norte-america- nas de cobre nacionalizadas. Conforme declaracao de Joree Arrate, da Corporago do Cobre (CODELCO). para evitar novos ° Chile transferiu suas contas bancérias dos Estados Unidos para a Europa, E actescenta: Estamos adotando medidas de emergéncia porque tememos 0 recrudescimento, em futuro proximo, dos embargos de bens nacionais nios Estados Unidos. Tudo nao passa de represalias das companhias norte-americanas, diante da decisso do tribunal especial chileno (55) Como venus, u monolitismo ideologico ngo € nada abstrato. Ele se transforma em decisdes ¢ atos bastante concretos, interferindo decisivamente nos assuntos internos ¢ externos de um pais, sempre que este busca resolver os prOprios problemas fora dos quadres do impetialisi (1) Documentos Secretos de le ITT, citada, pp, 7281: ctagfo da p. BI. Roteindose’ go dhigente mixino da TTT, Hafad. Gencoe, ¢ fest no Camurcans, Hime fetta © cemint: “Gcken fen de FTE ala ae ‘rginzalo induct’ fos Estados Unidos © © maior de todos es conglome ox mulinacionas™, Cl. Tome, New Yor, March 27, 197 Guy"Wortd oF TTT 2 (55) Conforme a transcrigdo de O Evtado de S. Paulo, a 15 de.» 1972, paginas, no noticiano inttulado, “Fret Into as Cie Conny, cams Aten co em 0 Estado des. Paulo, ds 25 | 9 A politica norte-americana do aliado preferencial TANG riacres econtenics, poltcas, militares, cndicaie, uni- versitiriss, cientificas, religiosas © outras, que os Estados Unidos mantém com 05 paises do hemisfério costumam ser intensificadas, reduzidas ou reorientadas conforme a seqiiéncia de dificuldades hnovas ou inesperadas surgidas no continente. Assim, a seguranga hemisférica, a solidariedade interamericana, a associaei0 madura, 0 ‘comunismo internacional e outras palavras de ordem tém sido uusadas segundo as exigéncias de afirmaggo e reafirmagdo da hegemonia dos Estados Unidos na América Latina. Em outro vel, 05 govemantes norte-americanos langam mdo do bilatera- lismo e do multilateralismo, de acordo com a variagdo das circunstancias, para _preservar os seus interesses ¢ jogar com os ressentimentos © a5 ambigdes dos governantes dos paises do hhemisfério. Dentre esses distintas modalidades de relacionamento, vejamos em que consiste o jogo diplomético em tomo do aliado preferencial. Antes disso, contudo, é indispensivel sumariar aqui alguns dos principais problemas das relacOes interamericanas. A nosso ver, so esses problemas que esto na base da diplomacia do aliado Isto é, a partir deles podemos compreender os seais do jogo dos governantes norte-americanos em hhegeménicas dos governantes de alguns paises Hi talvez trés paises 20 sul do nosso — México, Argentina e Bras que podem ser verdadeias poténeias mundiais em fu turo proximo. ... Devemos estar oficialmente preparados para reconhecer que, para nés, algumas regides do Hemisfério so mais importantes do que outras. De fato, algumas podem nem mesmo ser de ‘grande importancia para nds. Devemos compreender no apenas ‘que México, Brasil e Argentina sZ0 mais importantes para n68 do que Barbados, Nicarégua e Paraguai, mas também que as nossas relagdes com os tr€s maiores paises modelam a nossa imagem no ‘Hemisferio muito mais do que as nossas relaedes com os outros (56), De fato, os Estados Unidos tém-se defrontado com problemas novos ¢ inesperades nas suas relagSes com os paises ds América Latina, Sao particularmente cruciais os acontecimentos que revelam 2 emergéncia de estratégias politicas de organizaczo da economia ¢ desenvolvimento econdmico, politico, social e cultural que escapam as conveniéneias da hegemonia norte-americana no hemisfetio. Vejamos, ‘de modo conciso, alguns desses acontecimentos. Eles foram referidos nas discuss0es realizadas nas partes anteriores deste trabalho. Mas precisam ser retomados aqui, sob nova perspectiva. Fm primeiro lugar, em perspectiva historica, devemos considerar ‘que varios paises latino-americanos t&m realizado ensaios de ‘sd0 econdmica. O nacionslismo econdmico e a politica externa is Pendente, adotados de modo conjugsdo em certes paises, como na Argentina, Bras, México ¢ Perm, em acasite vrage devant revelam o'empenho de alguns governantes em completar 2 emancipa- {2° politica pea realizayao da emanciparso eves: Eas fam ae © contexto em que se constituiram governos populistas interessados fem aumentar a autonomia nacional, na esfera das decisdes econdmi- ‘as, ¢ impulsionar a apo do Fstado no sentido de favorecer a emer géncia do capitalismo nacional, Populismo, bonapartismo, militarismo, Tasverismo,além de oulra,sfoalgumas das denominaedes dade 208 regimes politicos cujas diplomacias e revelam fundadas no nacionalis: ‘mo econdmico e na politica externa independente. Em graus diversos, claro, conforme o pais ¢ as circunsténcias, esses tém sido alguns dos acontecimentos que interferem nas condigdes convenientes & preserva ($6) David Bronheim, “Inter-American Relations in the 1970", NG e 121. elo da hegemonia norte-americana na América Latina, Tanto assim ue © nacionalismo politico e econdmico inerente aos regimes desse tipo € ama preocupacio central nas andlises e recomendagdes do relat6rio Rockefeller, produzido pela missio presidencial norte-aimeri- ‘cana enviads a América Latina em 1969, sta susceptibilidade nacional. tem sido alimentada pelo fato de que, nas outras repiblicas americanas, as diregdes das empresas, © capital e os produtos intensamente anunciados tém desempe- hado um papel desproporcionalmente visivel. Uma alta scentagem de investimento estrangeiro procede dos Estados idos, principalmente em busca de matérias-primas € para ‘garantir mercados. As foreas nacionalistas estdo criando pressdes crescentes conten ‘© investimento privado estrangeiro. A luta pela independéncia, ‘em face dos Estados Unidos, esté orientando pressdes cada vez ‘mais fortes no sentido da nacionalizagdo de empresas dos Esta- dos Unidos, do controle local ou da participagio em firmas norte-americanas. A maioria dos economistas e homens de nego- contradigOes e lutas entre as classes sociais; parti- cularmente 0 proletariado, por um lado, e as burguesias subalterna € internacional, por outro. Agora pode alterar-se, reduzir-se ou mesmo eliminar-se a dominagao imperialist. ‘Alem dessas relacGes © Contiadig&es, seja pela ago dos gover nantes norte-americanos, seja pela acdo das empresas-e transnacionais, o modo pelo qual o imperialismo opera sempre eoloca em causa 0 proprio Estado nacional, enquanto entidade soberana. AS relagocs ¢ estruturas imperialistas podem tomar subalternos tanto a burguesia local como 0 proprio aparelho estatal. E esta € mais uma esfera de combinacdes e antagonismos. ee Como vemos, a diplomacia do aliado preferencial no € mero jogo, ou manipulagzo discricionéria. Bla surge como produto politico do sistema de contradigdes peculiar & propria dominacdo imperialista (64). (64) “A Hegemonia Brasieira é Olva, diz Lincoin Gordon”, "Paulo, 12 de julho de 1972, p. 9: Joseph, Novis, “Brasil S"Paulo, 12-de jah Teoueeaey Nout ¥ ao Novo Lider Continental”. 0 edo Paco, 35 40m ow York, 1963: “presidente do Simbank), Hen “Keane Banco" us Pa, ae ea Emilio. G. Médic\ em para onde se 10 Estruturas de poder ¢ politicas externas A. anise ae slags ‘ntecmmesiomes ainda mais, antes que seja possivel uma caracterizacao mais precisa das modalidades ou estilos mais significatives das politicas extenores das paises do hemisfério. A par da insuficiencia dos estudos feitos até presente, hd que acrescentar a ampla varigedo das histéricas, politicas, econdmicas e culturais de cada pais. calerliad cram valipas¢ heteaies sa Gr vollce Stems dos pals eps aaa Estados Unidos. Entrant, a pats dos dedo_ candies noeeeatataa a tes deste trabalho, € possivel esbovar alguns lineamentes para uma itr do mas ssterhauca de modalidaes de politica exterior no wemisfério, ‘Vejamos, em resumo, as peculiaridades da presenga norte-ameri- cana na América Latina. Todos os ons sane eee sila e. cull es ade laa paises da is, Diante de situagdes nacionais novas, ou inesperadas, em Sitefentes partes da América Latina, aqueles governantes formulam iticas sucessivas ou combinadas como as seguintes: boa vizinhanea, Routrina Truman, guerra frig, alianga para o progresso, doutrina Ni- xon, seguranca hemisférica, interdependéncia, negligéncia benigna, presenca discreta, associagio madura, multilateralismo e outras mais. ‘Ocorre que a politica latino-americana dos Estados Unidos 6, também e com frequéncia, peca importante da sua diplomacia mun- dial. O bloco latino-americano é um contingente de votos muitas vezes ddecisivo nas resolucdes da Organizacao das NacGes Unidas (ONU), do Fundo Monetério Internacional (FMI), do Banco Internacional para Reconstrugio ¢ Desenvolvimento (Banco Mundial) ¢ outras organiza- ‘q6es intergovernamentais mundiais. Além disso, os governantes nor- e-americanos consideram 0s recursos minerais dos paises da América Latina de importancia altamente estratégica para os programas econ6: ‘micos € militares dos Estados Unidos, em ambito mundial. Acresce, ainda, que os governantes norte-americanos precisam fazer face — de ‘modo cada ver mais freqilente, nos iltimos anos — as atividades dos ‘governos e empresas japoneses, alemdes, ingleses, franceses, italianos, soviéticos e chineses nos paises do continente. Por fim, as contradi bes de classes nos paises do continente poem em evidéncia, conti ‘muamente, & possibilidades de rompimento ou enfraquecimento das condigdes politicas da hegemonia dos Estados Unidos na América Latina, Essas so algumas das mais importantes razOes das frequlentes reformulagdes semanticas, ideol6gicas e praticas da politica noste-ame- sicana no hemisfério. Essas variacOes, entretanto, nao impedem que as iplomacias do dollar e do big stick Sejam a base mais permanente, ou © contetido mais essencial, da politica latino-americana dos Estados ‘Unidos. As variagSes revullain de que cada circunstancia exige 2 sua ____Vejamos agora, de modo sueinto, quais so as modalidades mais, ‘ignificativas de relacionamento dos paises da América Latina com os Estados Unidos. Note-se, desde ji, que as modalidades que vamos aptesentar no so sendo aquelas que apresentam significacdo hist6- ‘Mico-estrutural. A partir daqui, torna-se possivel investigar ¢ interpretar nacional ou autonomo; (c) socialismo reformista; e (4) i Salant nel ee ee mas tais como os seguintes: 05 objetivos e os meios da politica econér lica_governamental, quanto aos setores piblico e privado da economia; a organizacdo e o funcionamento dos processos decis6rios sobre assuntos econdmicos dos setores piblico e privado, ei abies interno e externo; as escalas de prioridades nos objetivos da politica ‘econdmica ¢, por conseqiiéncia, nos incentivos, favores ¢ isengdes fiscais, tarifarios, crediticios ou outros aos investimentos nacionais ¢ estrangeiros; a ctiagdo, a prescrvagao ¢ o aperfeigoameuto das conidie ‘gbes politicas consideradas pelos governantes ¢ as classes sociais repre- sentadas no poder como adequadas ao funcionamento dos econdmicos; © comércio externo de mereadorias; a politica relativa ao capital ¢ a tecnologia provenientes do exterior; as Telagdes econémi- cas, politicas, militares e culturais especificas com os Estados Unidos, 05 paises do hemisfério, entre si, e os paises dos outros continentes. Mas esses problemas, ou melhor, os processos, as relagdes © as catruturas por eles envolvidos, no se apreventam da mesma forma na ‘organizaco e funcionamento de cada um dos modelos mencionados. Cada modelo compreende um modo particular de combinagao desses © ‘outros processos, relagdes e estruturas. Os quatro modelos menciona- dos (ou outros que se poderian mencioua) implica em distinias modalidades basicas de organizaco das estruturas de dominago poli- tica € apropriacdo econdémica. Em tltima insténcia, cada modelo compreende um modo particular de producdo e spropriagto de ‘maisvatia ¢ excedente econdmico. Distinguisios a» duas categoui pela seguinte razdo. A mais-valia diz respeito ao trabalho social no pago. Isto é, oe ende a diferenca oe © produto total do traba- Iho e a parte atribuida ao trabalhador, diferenca essa que é apropriada plo propristario dos meio de prodclo. Nese sete; aaetala compreende diretamente as relacdes entre os vendedores e os compra dores de forga de trabalho. Aqui esto em jogo a interdependéncia eo antagonismo entre as clases sociais, em ambito nacional e internacio- nal. O excedente econdmico, por seu lado, abrange somente a parte da mais-valia que ¢ acumulada (65). Ou seja, compreende a parte do produto do trabalho coletivo que entra no circuito das classes do nantes, como capital. Aqui estdo em causa as oc antagonismos dos grupos ¢ facyOes que compdem as cl tes, em escala nacional e internacional. Na medida em que essas ‘Salogorias esto na base dos relagies entre as classes socizis, bem como. entre grupos e faccdes de classes, elas so importantes para a compre- ‘ensio das estruturas estatais, Note-se, entretanto, que as estruturas do aparelho estatal implicam tanto as relagées internas como as externas. E essas relagdes so principalmente econdmicas, politicas, militares e cculturais. ‘Vejamos, pois, o que singulariza cada modelo, quanto as suas relagdes exteriores, em especial com os Estados Unidos. Na medida em {que cada um deles compreende umd organizagio especifica do poder politico-econdmico (relacdes de produgio, politica econdmica gover- ‘namental,, politica operiria e assim por diante) podemos verificar _quais sfo as suas peculiaridades, em face do imperialismo. (a) Enquanto modelo politicoeconomico de organizagao das relagdes de producdo, interna ¢ externamente, 0 capitalismo depen- dente corresponde a uma aceitago ampla das relacdes de complemen- taridade ¢ interdependéncia, organizadas segundo as exigéncias da ‘economia politica do imperialismo, Nesse caso, os ovemnantes do pais dependente procuram conformar harmonicamente 0 subsistema eco- némico nacional as determinagdes politico-econdmicas (dollar ¢ big stick) do pais hegeménico. Muitas vezes, esses governantes consideram que essa '@ uma via “*pragmatica™ de’ creseamento. economico. NO minimo, essa € uma forma de garantir condicdes politico-economicas convenientes 4 burguesia subalterna. Além disso, a subalternidade inerente ao capitalismo dependente garante certas condigdes de produ: 80 e apropriagao do excedente economico, que ¢ a forma sob a qual a ‘mais-valia aparece no horizonte das classes dominantes. Mas © capitalismo dependente, enquanto subsistema_politi- ‘co-econémico, implica em certas modalidades de antagonismo com 0 ‘pais hegemonico. Isto é, a dependéncia hist6rico-estrutural, por envol- ‘Yer 0 aparelho estatal e as classes sociais, ainda que de modos distin- tos, gera desigualdades, desiquilfbrios, controvérsias ¢ lutas. Vejamos 6s nicleos principais dessas tensdes e antagonismos. ___Em primeiro lugar, os grupos e as faceGes das classes dominantes discutem, negociam ou lutam entre si a propésito da apropriagdo do jie0; ou pela mudanga das escalas de participacdo ) excedente, Esta ¢ uma esfera em que podem bastante profundos. Este do proletariado urbano e rural. Na medida excedente econdmico é formado por uma parcelasubstancial da mais pro: duzida pelos vendedotes de forca de trabalho, toda atividade relacio- nada @ apropriaedo intema ou externa do excedente 56 € possivel yando ocorre também a alienacio politi produtores malrvalis ne < Em terceiro lugar, por fim, 0 imperialismo com frequéncia transfere_ problemas e faz’ cescer as esponsabildadss da utguesa subalterna local. Essas responsabilidades podem abranger tanto a polt- tica antiinflaciondria (como no padro exigido pelo FMI) como a reforma de aparelhos repressivos: tanto a militarizaczo do poder Politico como o uso da politica salarial como uma técnica de controle a atividade politica da classe operéria. Esta situacdo também gera ou inamiza controvérsias, tensbes ¢ tas. (b) E evidente que 0 capitalismo nacional, ow sstdnome, com preende, necessariamente, tensOes ¢ contradicdes nas relapdes com 0s governantes. dos Estados Unidos. lids, esse modelo resulta de um desenvolvimento particularmente avancado des contradigdes econémi- cas, sociais e politicas produzidas com a propria dependéncia hist rico-estrutural. Mas 0 aprofundamento desses contradiedes nao € sufi- ciente para explicar o surgimento de lutas no sentido da nacionaliza- 50 das decisoes relativas 20s processos econdmicos as relagbes de produgao. Para que o modelo possa configurar se como programa de agGo, antes do que como projeto abstrato, € indispensével que as classes sociais, no todo ou em parte, capitalizem politicamente © desenvolvimento das controvérsias e contradieGes. Em certos casos, & preciso que a propria burgucsia subaltemna consiga elaborar politica. mente a experiéncia com o imperialismo ¢ articule algum tipo de atuago original. Mais que isso, como o demonstram as experienciss havidas em alguns paises da América Latina, para que as controvérsias © contradig6es econémicas, sociais.¢ politicas produzidas ou acentus- das pelo imperialismo fundamentem 2 luta por alguma modalidede de capitalismo nacional muitas vezes € nevessério que alguma facsdo da burguesia local combine os seus esforgos politices com partes mais ou ‘menos extensas de outras classes sociais. As rupturas estruturals exter nas e internas indispenséveis & criag0 do que poderia ser um ee mo nacional, ou autOnomo, exigem uma organizagao e forga poli que as classes burguesas na América Latina ndo puderam: anternos e extemos das estruturas de poder. Precisamente por ser um ‘modelo gerado no contexto da “democracia tepresentativa” e das ‘ambiguidades peculiares & existéncia da burguesia subalterna, as refor- mas destinadas a criar pacificamente o socialismo ndo operam a um 36 tempo. Els operam, de modo paulatino, segundo as exigencies do programa politico adotado e de conformidade com as possibilidades Contidas pela propria estrutura institucional do Estado. Nesse sentido, ‘elas precisam adequar-se aos tempos diferenciais de andamento dos ‘processos sociais, na industria e na agricultura, nos partidos politicos ¢ nos sindicatos, na Igreja e Exército. Aliés, 0 reformismo que pode ‘conduzit 20 socialismo tem alguns dos mesmos caracteristicos do ‘eformismo inerente as exigEncias da estratégia voltads para a forma- ‘edo do capitalismo nacional, ou autonomo. Em especial, as reformas ‘Gestinadas a impulsionar a ctiagZo do Estado socialista precisam bene- ‘iciar-se das leis e normas — ou regras do jogo politico — que o Estado -capitalista estava elaborando ou pondo em prética para ampliar ‘@ sua autonomia, Atente-se, contudo, para a singular iofo existente numa situago em que o Estado socialista come- ‘q@.2 ser gerado, por meios pacificos, no seio de um Estado capitalista. (6) Nao € necessirio detalhar aqui 0 fato de que 0 soctalismo reroliciondrio implies numa profunds, total ¢ répids rupture das estruturas de dependéncia produzidas e desenvolvidas pela dominagdo ‘mperialista. Isto significa que a ruptura compreende tanto as relagBes ‘externas como as intemas. No primeiro instante, a ruptura altera a ierarquia politico-econdmica das classes sociais. Por isso, no primeiro instante tende a acentuar-se 0 cardter subalterno da burguesia. O que ‘estd em jogo aqui, em sintese, é a criagdo de um Estado socialista, em ‘substituieg0 20 Estado capitalista, em periodo de tempo relativamente ‘curto. Alids, a draco é um elemento essencial no andamento na iresZ0 dos processos sociais, politicos ¢ econdmicos que governam 0 funcionamento e as modificagdes da sociedade. ‘Sao esses, em resumo, 0s quatro modelos principais de organiza- ‘¢fo € funcionamento das estruturas de poder dos subsistemas polt- ico-econdmicos nacionais, em face do imperialismo. Como vemos, ‘cade um deles conduz a uma modalidade particular de relacionamento com a nacdo hegemonica, no caso os Estados Unidos. E claro que esses possibilidades reais de organizacdo e II Estado Nacional e Organizagoes Multinacionais * il A importancia do aparelho estatal O tatos mais recontes ds histori economia do explain ‘mundial parecem indicar que nio ¢ possivel eompreender como opera © imperialismo enquanto ndo se explica a vineulagso do estatal do pais subordinado as decis®es, acordos ¢ Gresos por meio dos quais boa parte das relagbes econGmicas imperialistas efetivam. Assim, a criagdo de organizagoes e agéncias multlatersis, intergovernamentais ou multinacionais, nas scales pou ginda Guerra Mundial, parece eorresponder & i nas condiaes potas de ueionaeent eee aaa mo. Ao mesmo tempo, a anise do aparelho estatal do x do, nessa perspectiva, possibilitard a compreensio dus deseavolvimen- tos, moditicagdes ¢ transfiguragdes priticas e ideolSgicas que ocorrem com a dominacao imperialist, no interior da sociedade nada Por fim, essa perspectiva de anilise politica do imperialismo perm uma melhor compreensdo das possibilidades de tt 6 sociedade dependente. E isto ¢ tanto mais doterminantes, para este tipo de socieds Jar como elas fazem parte de um mesmo todo. Nessa perspectiva, a Sib proposta aqui pode revelar o Estado do pais dependents como ‘um componente essencial das relagBes ¢ estruturas imperialistas, corre que a andlise cientifica do imperialismo continua a focalizar prineipalmente relagdes, processos e estruturas econdmicos, Habitualmente, os autores tendem a concentrar-se sobre os seguintes aspectos do tema: a divisio intemacional do trabalho ¢ o desenvalvi, mento econdmico desigual; concentragio e centralizagdo do capital, fem escala mundial; capital industrial, capital comercial e capital finan. ‘ceo, em suas relagdes recfprocas ¢ autonomias relativas; os bancos os paises hegemdnicos e 0s rgios financeiros internacionais: o cain de manufaturas ¢ de muatérias-primas; a deterioragao das ‘elagbes de intercémbio, ou a troca desigual; comércio e ajuda; transfe- réncia e comércio de tecnologia; trustes, cartéis ¢ conglomerados. ‘twansnacionais; os mercados comuns; a dependéncia externa: zonas de influencia, ajuda economica e ajuda militar; os blocos mundiais, como ‘entidades politico-econdmicas ¢ militares; produgo e comércio de ‘amamentos, em escala mundial; cultura e ideologia nas relacdes entre ‘paises dominantes e subordinados (66). Daf o interesse de uma discus. ‘So mais sistemética do relacionamento entre o Estado do pais depen dente, por um lado, e as organizacdes intergovernamentais, multilate- ‘ais ou multinacionais, por outro. Aqui ndo trataremos das empresas ou conglomerados, mas de onganizagSes criadas e mantidas por gover 10s nacionas, Esta abordagem parece-nos justificavel e necesséria, porquanto Rouces So os estudos que revelam uma preocupagdo explicita ‘Sstemética com esse tema. Em geral, esses esludus tomam’ OS con: {elides politicos do imperialismo muito mais como supostos, impli ‘tos ou evidentes por si mesmos, tn A Peat, Te Unt at 2 dee 2 Multilateralismo e reprodugao internacional do capital Mais do que em époces anterions, depois a aa Mundial_o imperialismo tem sido cada vez mais vinculado as decisOes € atividadés dos aparethos estatais nacionais. Pode-se mesmo dizer que alguns dos desenvolvimentos recentes das relagdes imperialistas somen= te se tomaram possiveis devido a intensa vinculagso do aparelho: sol do ‘is oniants 9 mibelanda aoe cos. Fm ouiras palavras, alguns aspectos importantes da re do capital, em escala mundial, conforme tem ocomido nas dltamas décadas, somente poderdo ser compreendidos quando se analisarem as novas atribuigdes do Estado do pais dependente, e das organizagdes ‘multilaterais Ou intergovernamentais 20s quais ele se associa. Para compreender essa situago e a sua singularidade, precisamos ‘examinar, ainda que de modo conciso, alguns fatos da historia recente, Em primeiro lugar, devemos reconheeer que a Segunda Guerra Mundial foi também uma espécie de guerra civil internacional. Como tal, ela nfo pode ser reduzida a um confronto militar entre nago nem encerrou-se em 1945, Devido & extensio e pro ‘contradigdes de classes sociais ocorridas nesses anos, nal e internacional, os governos dos dos Estados Unidos) e dos pai as tensdes c tutas de classes. teintexpretagZo das condigdes de Sees mica nos paises dependentes. Os gover anos, autonomament também ingressaram n diretrizes priticas conseqtientes, Em segundo lugar, Imencionados ox sts extenso a lideranca do capitalismo mundial Bo a teclaboragio doutrinaria e. praticn dat aes an fi Nacionais, As nagdes da América Latina, a despeito dos ses, Te anteriores com aquele pais, também ingressaram necee proceso de [orientagdo e redefinigt, sob a égide dos governantes ores 0s, Em terceiro lugar, e ainda no mesmo contexto histori acontecimentos anteriores, virios govemos de paises dependents Ciaram, ou foram levados a adotar, politicas de industrillizagdo, Pars fazer face is presses crescentes das classes assalariadas urbanas, alguns grupos da burguesia industrial local e setores militares, todos deseon. tentes com a continuidade das relacdes de dependéncia econdmica caracteristica do pré-guerra, os governos de alguns desses paises toma. ram medidas concretas, no sentido de diversificar e dinamizar os espectivos sub-sistemas econdmicos. Além disso, ou por isso mesmo, 4 América Latina como um todo e alguns paises latino-americanos, mais que outros, passaram a ser tratados como uma das novas frontei- {45a expansio econamica, politica e militar dos Estados Unidos (67). Em sintese, esse foi o contexto politico, econdmico e social em que se desenvolveu a “industrializagdo substitutiva de importagdes ‘em viirios paises da América Latina, Alguns dos seus governos comega- ram a preconizar ou mesmo a realizar nacionalizagdes de recursos 167) William Y Elliott (Editor), The Political Economy of Auer en Poe, Haney at and, Ree Von ogs Herb‘. Ma (Vitor), The United States and Latin America, The American eof Us Aplumbia Univesity, New York, 1989; fugene Stal, The ute of Ue a New York, 1961; Max. f- Pieris eseviireringnemeg fsiprotiers, New | York, Ines pation Brown and Co., Reality, Hat minerais © empresas. Além disso, intensificaram e diversificaram & Paticipagdo estatal nas atividades economicas. F comecaram a adotar politicas econdmicas. governamentais planificadas. com 0 objetivo de fazer face a nova situagdo surgida no apés-guerra. Os governantes de alguns dos mais importantes paises latino-americanos dentre eles prin- cipalmente Cérdenas, Vargas © Pein. chegatam a ambicionar a consti- tuigdo de modalidades nacionais de capitalismo. Mas o curso real dos subsistemas econdmicos latino-americanos estava laneado em outra direcdo, amplamente determinada pelas relagdes com os Estados Uni- dos (68). - Foi essa, também, a época em que os governantes dos Estados Unidos trataram de formular e por em cireulacdo a doutrina da interdependéncia das nagdes das Américas adeptas da empresa privada ¢ solidérias na luta contra qualquer modslidsde de socialismo. De modo direito, ou por intermédio das suborganizaedes que compDem a Organizagio das NagBes Unidas (ONU), 0 governo, a5 empresas € 05 conglomerados de base norteamericana passaram a difundir o que seria uma nova interpretago das relagbes entre as nagbes. Difundiram ‘com particular sucesso uma nova interpretaeo das relagbes econdmi- cas, politicas e militares entre os Estados Unidos e as nagbes lati no-americanas, a partir das exigéncias da “‘seguranca hemisferica”. A politica internacional dos Fstados Unidos, conhecida como politics dx guerra fria,ndo s6 fora levada & América Latina como estava produzin- dio efeitos significativos nas relagGes interamericanas, em conjunto, © na situago politica de cada pais. Nesse sentido, os governantes norte-americanos capitalizaram bastante. segundo ox seus inferesses, 3 experiencia socialista iniciada em Cuba em 1959. . Simbolizando a nova configuracio do capitelismo mundial, © exprimindo a posigdo relativa altamente privilesiada dos Estados Uni dos nesse conjunto, em 1944 criaram-se dois érg30s financeiros multi- plan, Formacion' de” Estado Nacional cm Amerie Latin. Vy ‘eistra, Sontggo de Che 1968¢ Victor L- Urgui Ue Ameriog anna © Fundo Monetario Internactonal (FMI) ¢ 0 Banco Interna: ler a Reconstrucdo e Desenvolvimento (Banco Mundial) paste sron a atendet aos programas de reconstruedo, desenvolvimento econd. Trico, comércio internacional ¢ estabilizago financeira dos paises Tumbros. O FMI, por exemplo, definiu-se com os seguintes objetivos The seguintes condigdes de controle dos paises associados: Promover a cooperagdo monetiria internacional, por meio de ‘uma instituigio permanente, que disponha dos elementos para consulta e colaboragao em problemas monetirios internacionais Facilitar # expansio e o crescimento equilibrado do comérci {internacional e contribuir, assim, para a promogdo e a manuten- Ho de altos niveis de emprego ¢ renda real, além de contribuir © desenvolvimento dos recursos produtivos de todos os paises membros, como objetivos basicos da politica econdmica, ‘Sem a permisséo do Fundo, um pais membro nfo esté autoriza- do a usar os recursos do Fundo para adquirir moeda com a finalidade de garantir-se para futuras transagOes. ‘Quando © Fundo julgar que um pais membro esté utilizando recursos do Fundo com fins contririos aos do Fundo, ele apresentari ao pais membro um relat6rio especificando os pon- t0s de vista do Fundo e concedendo um tempo razoavel para a resposta. Depois de apresentar tal relatorio a0 pafs men Fundo pode limitar uso dos seus recursos por esse pais. Sem a aprovagdo do Fundo, nenhum pais membro poder impor TestrigOes a realizagdo de pagamentos e transferéneias nas transi ges internacionais correntes (69). Essas organizagdes multilaterais, juntamente com outras a serem 1. Ve VIll do Acordo gue criow o FMI. Ct. Murray Shields ‘Financial (A Symposium), Irving Trust ial eaiietiog A. Sri a dos nos paises ; evitar Ou controlar crises econdmicas que pudessem 2 transiclo para 0 socialismo. Essa foi a fem que se passou 2 preconizar ¢ por em prética medidas ‘com 2 “interdependéncia das macdes™ Ou “harmonia dos interesses” dos Estados Unidos © as nagSes dependentes. ‘Algumas andlises entio realizadas indicam o otimismo com que s¢ Srovuravam cra a5 nov perpecteas sens pes ONO @ aS organizagdes multilaterais. Gunnar Myrdal, por exemplo, preconizava uma nova “solidariedsde” entre todos os yecisamente para que OS ee Erse_ do intercambio. com of — cle distinguia 0 “‘internacionalismo tradicional”, c pura e- simples aboliggo das politicas econdmicas macionais, da ova “wlideedade internacional”, que preconiara sents ds plittas nacional, in Contain de saad, ‘égide de organizagdes multilaterais, como ONU por exemplo. i Devemos chegar a conclusfo de que a integragS internacio= nal nesta época, tem que implicar, a0 mesmo Tempo, ma decrubada das barreias nacionais; tem que

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