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A Espera da Fé
“Deus se lembrou de Noé” – (Gênesis 8.1)

Existem heróis, cujo monumento de honra não é em nenhuma construção


terrena, ao molde das que eram erigidas para os vencedores de batalhas no
passado, que nunca receberam a uma medalha do tipo Vitória da Cruz,
paciente, povo fiel, que tem aprendido a trabalhar ou a esperar, que teme a
Deus e guarda os seus mandamentos, em meio às más línguas e dias maus;
pessoas que amam a Deus e que procedem retamente, que veem seu dever
diante deles, e partem diretamente para a execução, que se sacrificam a si mesmos para o bem de outros, que
passam fome para que possam dar o pão das crianças, que vestem trapos para que possam vestir mulheres
indignas ou maridos bêbados: esses são heróis de Deus. Muitos deles são desprezados e desconhecidos. Seus
nomes nunca serão escritos no noticiário do jornal, ou esculpidos em mármore, estão escritos no céu. Deus
conhece os que são Seus. Eles viveram em todas as épocas e em todos os países. Eles foram encontrados nas
fileiras dos reis e mendigos, profetas e servos, porque Deus não faz acepção de pessoas.

Vamos olhar para trás agora na distância cinza-escuro do velho mundo, e tomar Noé como nosso exemplo de
paciência, na espera da fé. Eu chamo herói Noé de Deus porque ele foi corajoso o suficiente para acreditar que
Deus disse para fazer o que Deus disse a ele, e esperar pacientemente pelo cumprimento da promessa de Deus,
apesar do ridículo e da oposição de um mundo incrédulo.
Eu chamo qualquer homem de herói de Deus hoje a quem faz o mesmo. O homem que acredita que Deus quer
tê-lo acreditando nEle, que obedece o que Deus lhe ordena obedecer, que confia em Deus para o futuro, e nunca
perde a fé, apesar de ele ser julgado e tentado e afligido; o homem que não perde o coração e a coragem de
fazer o bem apesar de todos os seus companheiros estarem contra ele, que se atreve a ler a Bíblia e faz suas
orações, apesar de risos e perseguição, este homem é um dos heróis de Deus.

Eu aprendo com a história de Noé, que em todas as gerações Deus tem tido Seus heróis, suas testemunhas
para a verdade.

No meio do deserto de um mundo que tinha perdido de vista a Deus, está Noé, o herói, a fiel testemunha, ele e
sua família formando a pequena Igreja de Deus, cercado por um povo de idólatras.
No meio das abominações inomináveis de Sodoma se levanta Ló, o fiel que se afligia com a conversação suja
dos ímpios. Na selvageria do pecado e da tristeza se levanta Moisés, a mansa e paciente testemunha de Deus.
No corte de falsidade de Acabe está Elias, o tisbita. No meio de um mundo hostil estão aqueles poucos homens
e mulheres fiéis que se reuniram no cenáculo em Jerusalém.

Quando, mais tarde, o mundo corria o risco de ser contra a verdade, se levanta Atanásio para responder, “Então
eu estou contra o mundo.” Embora homens pecaminosos possam ser achados em qualquer época, Deus tem
sempre algum fiel, que não dobrou os joelhos diante do Baal da época, ou que não se ajoelhou para a imagem
de ouro que a imaginação tem criado.

Eu aprendo também da história de Noé, que é uma coisa boa ter uma arca de salvação para fugir quando vem o
dilúvio. Deus providenciou tal Arca de salvação para nós, a Sua Igreja é o nosso refúgio.
Jesus, a Cabeça da Igreja da qual somos os membros, é um lugar para nos escondermos, nossa fortaleza e o
nosso Libertador, um esconderijo contra o vento, e um refúgio contra a tempestade. Há sempre uma enchente
de um tipo ou de outro nos ameaçando neste mundo. Agora isto é um dilúvio de tristeza que parece mesmo
cobrir a nossa alma. Ainda, é um dilúvio de tentação varrendo contra nós, e prometendo nos levar junto com ele.
Logo se torna um dilúvio de dúvidas e ansiedade que parece nos engolir.
Se queremos estar a salvo do dilúvio, devemos estar na Arca.

Se quisermos aprender a suportar as nossas tristezas, nossas provações e lutos, pacientemente, se devemos
vencer a tentação, se quisermos guardar a nossa fé forte e limpa, devemos buscar segurança em Cristo,
devemos utilizar os meios da graça, devemos guardar a Arca da Igreja que é Cristo. As pessoas do velho mundo
não iriam acreditar em Noé ou na arca. Eles duvidaram da promessa de Deus que a inundação viria, ou
confiaram em seus próprios recursos para escapar caso ela viesse. Assim, nestes dias há muitos que se recusam
a acreditar na Arca da Igreja. Eles tentam passar através das ondas deste mundo problemático em alguma arca
de sua própria elaboração.

Um homem confia na sua filosofia e sua aprendizagem, ele pensa que sabe mais sobre o mundo e os homens
do que Deus que o criou; ele é muito inteligente para entrar na Arca da Igreja, ou para acreditar nas palavras da
Bíblia, então ele tenta atravessar as cheias de perigo, julgamento e tentação em seu pequeno barco, e orienta o
seu curso por seu próprio conhecimento, em vez de fazê-lo pela Palavra de Deus. Outro faz para si mesmo uma
pequena arca, e toma para ser seu lema: “Eu não sei.” Se você lhe perguntar se existe um Deus, ou a vida após
a morte, ou uma condição de céu ou inferno, ele responde: “Eu não sei.” E ele se recusa a crer que ele faz o que
não sabe, e com um tipo de insensatez como esta ele espera passar pelo dilúvio. Outro tenta fazer a viagem em
algum barco de sua própria concepção, e toma para o seu lema, “Eu não me importo.” Ele não diz que descrê
das promessas de Deus, ou de suas ameaças de punição, ele é simplesmente indiferente, ele não se importa.
Estes naufragam na enchente de dúvidas, ou problemas, ou pecado.

Em seguida, eu aprendo com essa história que Noé não teve medo de ser ridicularizado. Podemos estar certos
que as pessoas ímpias que viram Noé se movendo dia após dia, na construção da arca, e o ouvindo pregar
sobre a justiça e o juízo vindouro, escarneciam dele, e riam de suas palavras. Agora, há algumas armas mais
poderosas do que o ridículo. Muitos jovens que suportariam a dor real sem um grito, têm tanto medo do riso dos
seus companheiros, que eles abandonam suas orações e suas Bíblias, e vão se arruinar na companhia de
zombadores ímpios. Muitos jovens ao entrarem no exército ou marinha, ou em algum lugar grande de negócio,
têm se determinado a levar uma vida boa, para orar, ler a Bíblia, para se manterem sóbrios e castos, mas não
foram capazes de se levantar diante das vaias e risos de seus companheiros, e por isso caíram. Muitas almas
têm sido ridicularizadas para a perdição. Conheço muitos casos de jovens que entraram na vida, que desejavam
viver como parte do povo de Cristo, e que tinham medo de mostrar suas cores por causa da zombaria de seus
vizinhos.

Sempre haverá pessoas más, insensatas e impensadas para rirem de alguém como Noé, que continua fazendo
o seu dever para com Deus. Algumas vezes os inimigos do homem são os da sua própria casa.
Os parentes de Ló zombaram de suas advertências e não creram em suas palavras. Em muitas famílias, entre
nós, as boas resoluções e zelo santo de um membro são desativadas e destruídas pelas zombarias dos outros.
Se Noé tivesse medo do riso ele nunca teria terminado a arca e sido salvo. Se Colombo temesse o ridículo ele
nunca teria perseverado, e descoberto o novo mundo. Se Stephenson tivesse temido a zombaria dos ignorantes
ele nunca teria iniciado a fabricação de uma estrada de ferro.

Meu irmão, não deixe que ninguém zombe de você fora da Arca da Salvação, nem levá-lo de volta para buscar
um lugar melhor, isto é algo Celestial. Jovens e donzelas, vocês que temem mais o ridículo do que qualquer
outra coisa, orem para que vocês possam ser corajosos para fazer o que é justo a qualquer custo. Não sejam
covardes, mas sejam como homens e mulheres maduros e lutem. Se outros lhes tentam para pecar, para seguir
os maus caminhos deles, tome a firme decisão de ficar de pé e diga: “não”, e aqueles que quiserem rir de você,
deixe que o façam. Deus vai lhe dar a força necessária. Noé nunca poderia ter se mantido como ele fez, ano
após ano, mas pôde pela graça de Deus. Tente ser como Noé, e o Deus de Noé, que lembrou dele vai se lembrar
de você.

Também, eu aprendo com a história de Noé o dever de levar outros à salvação. Noé não pensava apenas em si
mesmo e em sua própria segurança, ele teve o cuidado de obedecer ao mandamento de Deus “Vem tu e toda a
tua casa na arca”.

Irmãos, não sejam egoístas em sua religião, que não pode ser a verdadeira religião, se é egoísta. Se você está
apenas ansioso para garantir um lugar para si mesmo na Arca da Salvação, e indiferente se os seus vizinhos e
parentes perecerem no dilúvio, a sua religião é falsa. Alguns de vocês estão seguros na Arca da Igreja de Cristo,
vocês obedecem aos mandamentos, vocês se professam cristãos, mas que será de sua família, ou seus amigos?
Vocês estão contentes em estarem seguros na Arca, e os deixarão no terrível dilúvio do pecado do lado de fora?

Os pais, empregadores, maridos, esposas, você tenta conduzir outros na Arca? Você, como Noé, oferece um
sacrifício ao Senhor, em que sua família pode participar? Não podemos esperar que nossa casa seja piedosa, se
a oração e louvor e ação de graças nunca são ouvidos dentro delas. Uma criança, certa vez perguntou a seu pai:
“Deus está morto?”

“Não”, foi a resposta, “por que você pergunta?” “Porque, quando mamãe estava viva, costumava orar a Deus,
agora nós nunca o fazemos, e eu pensei que, talvez, Deus estivesse morto, assim como a mamãe.” Ó, irmãos,
coloquem suas casas sem oração em ordem, reúnam suas famílias para a oração, “venha e toda a sua família
na Arca,” Deus se lembrou de Noé, Deus vai se lembrar de você.

Tradução e adaptação de um sermão de Harry John Wilmot – Buxton

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