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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL


DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA

INFLUÊNCIA DE ALTERAÇÕES GEOMÉTRICAS EM PASTILHAS NA REDUÇÃO DE


RUÍDO EM SISTEMA DE FREIO AUTOMOTIVO

por

Rafael Paini Pavlak

RELATÓRIO PARCIAL

Porto Alegre, outubro de 2017


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1. OBJETIVO

O objetivo deste trabalho é avaliar como chanfros e rasgos, desenhados no material de


atrito de pastilhas de freio, influenciam na redução de ruído do sistema.

2. JUSTIFICATIVA

Os padrões de conforto na indústria automobilística, no quesito de ruído de freio, vêm


crescendo ao longo dos últimos anos por exigência do mercado. Esse fato obriga a indústria a
investir grandes quantias em pesquisas de desenvolvimento de sistemas menos ruidosos com o
objetivo de reduzir os gastos com acionamento de garantia de seus produtos pelos clientes
[Matozo, 2012]. A maioria dos usuários associa ruído de freio como sendo um indicador de mal
funcionamento do sistema ou simplesmente um incomodo. Porém, os mecanismos de geração
de ruído, principalmente os de alta frequência, os mais incômodos para os usuários e levam a
denominação de Squeal, ainda não foram completamente compreendidos [Oberst e Lai, 2011].
Segundo Ostermeyer e Graf, 2010, ruído de freio do tipo Squeal é consequência de
modos de vibração fora do plano do disco (out-of-plane) (Figura 2.1). Desde a década de 90, o
estudo do acoplamento modal entre os componentes do sistema de freio vem ganhando
destaque, principalmente com a evolução das análises por elementos finitos, correlacionando a
ocorrência de ruído Squeal com o acoplamento [Chen e Zhou, 2017]. Este acoplamento é
decorrência da semelhança entre forma e frequências de ressonância dos modos de vibração
dos componentes do freio, tais como pastilhas, caliper e disco [Matozo, 2012].

Figura 2.1 - Modo de vibração fora do plano do disco [Triches et alli, 2004]

Com o objetivo de reduzir a ocorrência ou amplitude do ruído de freio, as fabricantes de


pastilhas de freio nem sempre tem a possibilidade de alterar a composição do seu material de
fricção por questões de desempenho e desgaste. Por esse motivo, elas costumam executar as
seguintes ações para reduzir o ruído de freio: instalação de antirruído nas plaquetas das
pastilhas, ou combinações de rasgos e chanfros no material de atrito com o objetivo de minimizar
o acoplamento de modos de vibração entre pastilha, disco e caliper reduzindo a ocorrência ou
intensidade do ruído do sistema [Oberst e Lai, 2011]. A execução de rasgos e chanfros no
material de atrito (Figura 2.2) é uma prática amplamente utilizada pelas fabricantes, pois pode
ser realizada na própria linha de produção, evitando a necessidade de incluir a montagem de
mais um componente, o antirruído.

Figura 2.2 - (a) Sem nada; (b) Rasgo central; (c) Rasgos paralelos; (d) Chanfros paralelos
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O presente trabalho investigou como os rasgos e chanfros alteram as frequências dos
modos de vibração reduzindo a ocorrência de ruído de ensaios normatizados em dinamômetro.

3. METODOLOGIA

O sistema de freio selecionado para esta investigação foi o do veículo Fiat Pálio e as
pastilhas desse sistema foram testadas em quatro configurações de chanfros e rasgos, todas
com a mesma formulação de material de atrito (Figura 3.1). Segundo [Kinkaid, 2003], uma
explicação para o emprego de rasgos e chanfros na redução de ruído, pelas fabricantes de
pastilhas, é que eles reduzem a ocorrência de acoplamento modal entre a pastilha e o disco de
freio. Isso ocorre porque os rasgos e chanfros alteram a rigidez da pastilha, diminuindo ou até
aumentando a chance de ocorrer o acoplamento. Foram usinados rasgos e chanfros usualmente
utilizado em pastilhas de freio para analisar suas influências no acoplamento modal do sistema.
Para cada configuração (Figura 3.1) foi realizada uma análise modal das pastilhas e do disco de
freio do sistema (Figura 3.2).

(a) (b)

(c) (d)

Figura 3.1 - Configurações ensaiadas: (a) Sem nada (Baseline); (b) Rasgo central; (c) Rasgos
paralelos; (d) Chanfros paralelos

Figura 3.2 – Modal do disco de freio


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Após a análise modal, foram realizados ensaios em dinamômetro inercial na empresa
Fras-le S/A. Esse equipamento é utilizado para ensaios de desgaste, desempenho, ruído e
vibração dos mais variados sistemas de freio de veículos leves, comerciais ferroviários e
motocicletas. Os dinamômetros inerciais (Figura 3.3) são constituídos por um motor elétrico, um
eixo-árvore, discos de inércia e o sistema de freio original de cada veículo ensaiado [Neis, 2013].

(a) (b)

Figura 3.3 - (a) Dinamômetro inercial [Link Engineering Company]; (b) Estrutura de um
dinamômetro inercial [Neis, 2013]

Os resultados dos modos de vibração dos discos e pastilhas e dos resultados de ensaio
de ruído em dinamômetro estão sendo comparados com o objetivo de comprovar que, com
alterações geométricas do tipo rasgos e chanfros, é possível reduzir o acoplamento modal dos
componentes e com isso o ruído gerado.

4. ESTÁGIO ATUAL DO DESENVOLVIMENTO

O trabalho está na etapa de análise dos resultados dos ensaios de modos de vibração de
disco e pastilhas em comparação aos resultados de ruído em dinamômetro. Estão sendo
comparadas as alterações de frequência dos modos com a ocorrência de ruído em decorrência
da presença de rasgos ou chanfros.

Tabela 4. – Cronograma de atividades do trabalho


2017/1 2017/2
Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro
1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4

Revisão de conceitos
Usinagem de chanfros e rasgos em pastilhas baseline
Ensaios de ruído - modal de pastilhas e discos
Ensaios de dinamômetro
Processamento de resultados dos ensaios em dinamômetro
Processamento de resultados dos ensaios de modal
Comparação dos resultados de modal e dinamômetro
Relatório Parcial
Escrita do TCC
Revisão do texto pelo orientador
Entrega da versão final
Apresentação
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5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CHEN, G. X.; ZHOU, Z. R.; "A self-excited vibration model based on special elastic vibration modes
of friction systems and time delays between the normal and friction forces: A new mechanism for
squealing noise". Wear, 2007. v. 262, n. 9–10, p. 1123–1139.
KINKAID, N. M.; O’REILLY, O. M.; PAPADOPOULOS, P.; "Automotive disc brake squeal". Journal of
Sound and Vibration, 2003. v. 267, n. 1, p. 105–166.
MATOZO, L. T.; "Estudo Da Relação Entre Propriedades De Compósitos De Fricção Aplicados a
Sistemas De Freio a Disco E a Propensão À Ocorrência De Squeal Noise". Thesis, 2012. p. 80.
NEIS, P.D; "Projeto e Construção de um Tribômetro com Controle Independente da Temperatura
do Disco". Thesis, 2013. p. 1689-1699.
OBERST, S.; LAI, J. C. S.; "Statistical analysis of brake squeal noise". Journal of Sound and
Vibration, 2011. v. 330, n. 12, p. 2978–2994.
TRICHES JR, M.; GERGES, S. N. Y.; JORDAN, R.; "Reduction of squeal noise from disc brake systems
using constrained layer damping". Journal of the Brazilian Society of Mechanical Sciences and
Engineering, 2004. v. 26, n. 3, p. 340–348.

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