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Orientações metodológicas para otimização dos estudos.

Queridos estudante este é nosso material teórico para o ano de 2016, leia com cuidado e atenção.
Estes procedimentos serão facilitadores para sua fundamentação teórica cobrada pela estrutura do TRI

A metodologia da TRI. A pequena sigla se tornou popular nas falas, artigos e reportagens sobre o
Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). Ao contrário do que os desavisados podem pensar, ela
nada tem a ver com o número três. Significa Teoria da Resposta ao Item. É a metodologia que dá
suporte à elaboração e correção do novo modelo de provas do ENEM desde 2010. Criada na década
de 1950 nos Estados Unidos, a TRI envolve psicologia, estatística e informática. Pesquisadores
enumeram vantagens na sua utilização para elaboração de exames como o ENEM: provas aplicadas
em momentos diferentes podem ser comparadas, o conhecimento de cada aluno é avaliado de forma
mais precisa e não há necessidade de aplicar as provas no mesmo dia para milhares de candidatos.
Essas mudanças em relação ao jeito clássico das avaliações – soma de acertos – são possíveis graças
ao foco da teoria: o item. Quem elabora as questões precisa se preocupar em medir níveis de
conhecimentos diferentes pelas perguntas. Em uma mesma prova, é importante que elas variem: sejam
fáceis, medianas e difíceis. Além disso, esses itens têm de conseguir separar quem sabe o conteúdo
de quem tenta acertar no chute. Neste contexto além do seu modulo, visando ampliar o
desenvolvimento das competências e habilidades exigidas no Enem, utilizaremos livros digitais para
complementação da sua preparação( veja as orientações para utilização no fim do modulo ). Um bom
início de estudos fecho com uma pequena frase: “Mantenha o foco naquilo que acreditas, derrame
toda a energia que há em ti e acima de tudo, tenha atitude. Acredite q ue você é capaz, nunca
duvide das possibilidades, tudo é possível”. Lara Rodrigues

Reflexão inicial Modulo I – Parte I

A importância do ato do pensar.

Francisco Carlos Caldas*


Dias atrás tivemos a construtiva oportunidade de ler e reler um texto - “Convite para pensar” de um Professor
de Filosofia da UFSC, Selvino José Assmann, e que veio de encontro a práticas e pregações que já de longa
data adotamos, até como filosofia de vida, pois, se existe coisa que muito fazemos, é pensar. Ainda mais depois
de termos incorporado em nossas ações, pensamentos do tipo “Quem pensa pouco, erra muito”, e “... quem
não pensa será sempre um servo”, de Leonardo da Vinci e Paul Francis, respectivamente. Ou o legado de
Alberto Einstein, de que “O homem que se abre a uma nova ideia, jamais voltará o seu tamanho original” Já
há tempos e cada vez mais enfrentamos a época, de que as coisas tem que ser rápidas, do tudo pronto, e
outras coisas do gênero, que sutil e subliminarmente se não desenvolvermos mecanismos de defesa, nos
levam a agir por impulso, sem reflexões, e isso além de grande potencial de nos levar a enrascadas, faz com
que estejamos joguetes e servos dos detentores de poderes políticos e econômicos. Nas correrias do mundo
contemporâneo, em que pressas, ansiedades, estresses de esperas, impaciências e coisas do gênero, se fazem
muito presentes, quem pensa e repensa para atos, recebe até pechas de lerdo, “tartaruga” e até é mal visto,
principalmente, se exteriorizar ideias, na forma de questionamentos, críticas e outros atos de cidadania.
Afinal, o ato de pensar, é perigoso e causa transtornos ao tráfego. Para os políticos da linha Sarneys e Malufes
da Vida, a cultura e características do individualismo, imediatismos, paternalismo, assistencialismo, omissão,
da aceitação do mau uso do poder a brasileira, dos interesses individuais se sobrepondo ao interesse
coletivo/público, do “rouba mas faz”, do “jeitinho”, do “chegar ou permanecer no poder a qualquer preço”,-
é muito bom, a manutenção dessa situação (“status a quo”). De consequência desse contexto cultural, nos
deparamos frequentemente com a omissão, comodismo, egoísmo, falta de: idealismo, limites, mínimo de
bom senso. E diante disso tudo, enfrentamos nefastas realidades de desmandos, desencantos, frustrações,
injustiças. Do texto mencionado no início, entre outras coisas, destacamos uma pérola e ponto de partida para
ações construtivas “Pensar é um jeito de cada um cuidar de si”. E que serve até para egoístas. Além de
preciosa lição, de que “pensar vale a pena!”; de que, quem pensa bastante, leva uma vida mais interessante,
leve profunda! Além do que, já é de conhecimento de muitos, a força do pensamento, que atraímos aquilo
que pensamos, e que quem pensa no bem é conhecido pelas suas virtudes. Disso tudo, e por fim uma vez
mais se faz exortação, para que usemos cada vez mais a cabeça, a arte de pensar, e que busquemos aumentar
as chances de mudar para melhor as regras do jogo de estruturas injustas e opressoras que nos depararmos,
ainda que na forma de um processo inicial de mudança de atitudes/mentalidade, e na base do que cada uma
faça da melhor maneira possível a sua parte, da fábula do passarinho que levava no bico gotas de água em
combate a um grande incêndio de uma floresta, e no mínimo e pior das hipóteses, ocorra e de efeito cascata
ou dominó,- aumento dos “microfisicamente resistentes”, da expressão de Michel Foucault, filósofo e
professor francês (1926-1984).
Fonte: http://www.jornalfatos.com.br/modules/news/article.php?storyid=928
Sofistas.

Na Grécia Antiga, o período pré-socrático foi dominado, em grande parte, pela investigação da
natureza. Essa investigação tinha, como vimos, um sentido cosmológico. Consistia na busca de
explicações racionais para o universo manifestando-se na procura de um princípio primordial (a
arche) de todas as coisas existentes. Seguiu-se a esse período uma nova fase filosófica,
caracterizada pelo interesse no próprio homem e nas relações políticas do homem com a sociedade.
Essa nova fase foi marcada, no início, pelos sofistas. Os sofistas eram professores viajantes que,
por determinado preço, vendiam ensinamentos práticos de filosofia. Levando em consideração os
interesses dos alunos, davam aulas de eloquência e de sagacidade mental. Ensinavam
conhecimentos úteis para o sucesso nos negócios públicos e privados. O momento histórico vivido
pelo mundo grego favoreceu o desenvolvimento desse tipo de atividade praticada pelos sofistas. Era
uma época de lutas políticas e intenso conflito de opiniões nas assembleias democráticas. Por isso,
os cidadãos mais ambiciosos sentiam necessidade de aprender a arte de argumentar em público
para conseguir persuadir em assembleias e, muitas vezes, fazer prevalecer seus interesses
individuais e de classe. As lições dos sofistas tinham como objetivo, portanto, o desenvolvimento da
argumentação, da habilidade retórica, do conhecimento de doutrinas divergentes. Eles
transmitiam, enfim, todo um jogo de palavras, raciocínios e concepções que seria utilizado na arte
de convencer as pessoas, driblando as teses dos adversários. Essas características dos
ensinamentos dos sofistas favoreceram o surgimento de concepções filosóficas relativistas sobre
as coisas. Conforme vimos anteriormente, para o relativismo, não há uma verdade única, absoluta.
Tudo seria relativo ao indivíduo, ao momento histórico, a um conjunto de fatores e circunstâncias de
uma sociedade.

Nem heróis nem vilões.


Etimologicamente, o termo sofista significa “sábio”. Entretanto, com o decorrer do tempo, ganhou o sentido
de “impostor”, devido, sobretudo, às críticas de Platão, cujo pensamento estudaremos mais adiante. Desde
então se considerou a sofistica, isto é, a arte dos sofistas, apenas uma atitude viciosa do espírito, uma arte
de manipular raciocínios, de produzir o falso, de iludir os ouvintes, sem qualquer amor pela verdade. A
verdade, em grego, se diz aletheia e significa a manifestação daquilo que é, o não-oculto. Aletheia se opõe
a pseudos que significa o falso, aquilo que se esconde, que ilude. Os sofistas parecem não buscar a
aletheia', se contentam com pseudos. Tanto assim, que se usa a palavra sofisma, derivada de sofista, para
designar um raciocínio aparentemente correto, mas que na verdade é falso ou inconclusivo, geralmente
formulado com o objetivo de enganar alguém .Entretanto, abordagens mais recentes sobre a atuação dos
sofistas procuram mostrar que o relativismo de suas teses fundamenta-se numa concepção flexível sobre
os homens, a sociedade e a compreensão do real. Para os sofistas, as opiniões humanas são infindáveis,
diversas e não podem ser reduzidas a uma única verdade. Assim não existiriam valores ou verdades
absolutas. É importante destacar, porém, que não existe uma doutrina sofistica única. O que há são alguns
pontos comuns entre as concepções de certos sofistas, como Protágoras, Górgias e outros, o que permitiu
que fossem considerados como um conjunto ou corrente.

Górgias de Leontini

“O bom orador é capaz de convencer qualquer pessoa sobre qualquer coisa”. Górgias

Górgias de Leontini (487-380 a.C., aproximadamente), considerado um dos grandes oradores da


Grécia, aprofundou o subjetivismo relativista de Protágoras a ponto de defender o ceticismo absoluto.
Afirmava que:
a) nada existia;
b) se existisse, não poderia ser conhecido;
c) mesmo que fosse conhecido, não poderia ser comunicado a ninguém.

SÓCRATES DE ATENAS: O poder das perguntas decisivas.


Nascido em Atenas, Sócrates (469-399 a.C.) é tradicionalmente considerado um marco divisório da
história da filosofia grega. Por isso, os filósofos que o antecederam são chamados de pré-socráticos
e os que o sucederam, de pós- socráticos. O próprio Sócrates, porém, não deixou nada escrito, e o
que se sabe dele e de seu pensamento vem dos textos de seus discípulos e de seus adversários.
Conta-se que Sócrates era filho de um escultor e de uma parteira. Uma dupla herança que,
simbolicamente, o levou a esculpir uma representação autêntica do homem, fazendo-o dar à luz suas
próprias ideias. O estilo de vida de Sócrates assemelhava- se, exteriormente, ao dos sofistas, embora
não “vendesse” seus ensinamentos. Desenvolvia o saber filosófico em praças públicas, conversando
com os jovens, sempre dando demonstrações de que era preciso unir a vida concreta ao
pensamento. Unir o saber ao fazer, a consciência intelectual à consciência prática ou moral. Tanto
quanto os sofistas, Sócrates abandonou a preocupação dos filósofos pré-socráticos em explicar a
natureza e se concentrou na Problemática do homem. No entanto, contrariamente aos sofistas,
Sócrates opunha-se, por exemplo, ao relativismo em relação à questão da moralidade e ao uso da
retórica para atingir interesses particulares. Embora tenha sido, em sua época, confundido com os
sofistas, Sócrates travou uma polêmica profunda com eles, pois procurava um fundamento último
para as interrogações humanas (O que é o bem? O que é a virtude? O que é a justiça?), enquanto
os sofistas situavam as suas reflexões a partir dos dados empíricos, o sensório imediato, sem se
preocupar com a investigação de uma essência da virtude, da justiça, do bem etc. a partir da qual a
própria realidade empírica pudesse ser avaliada. A pergunta fundamental que Sócrates tentava
responder era: o que é a essência do homem? Ele respondia dizendo que o homem é a sua alma,
entendendo-se “alma”, aqui, como a sede da razão, o nosso eu consciente, que inclui a consciência
intelectual e a consciência moral, e que, portanto, distingue o ser humano de todos os outros seres
da natureza. Por isso, o autoconhecimento era um dos pontos básicos da filosofia socrática.
“Conhece- te a ti mesmo”, frase inscrita no Oráculo de Delfos, era a recomendação básica feita por
Sócrates a seus discípulos. Sua filosofia era desenvolvida mediante diálogos críticos com seus
interlocutores. Esses diálogos podem ser divididos em dois momentos básicos: a ironia e a maiêutica.

A ironia.

Na linguagem cotidiana, a palavra ironia tem um significado depreciativo, sarcástico ou de zombaria.


Mas não é esse o sentido da ironia socrática. No grego, ironia quer dizer “interrogação”. De fato,
Sócrates interrogava seus interlocutores sobre aquilo que pensavam saber. O que é o bem? O que
é a justiça? E a coragem? E a piedade? São exemplos de algumas perguntas feitas por ele. No
decorrer do diálogo, atacava de modo implacável as respostas de seus interlocutores. Com
habilidade de raciocínio, procurava evidenciar as contradições e os novos problemas que surgiam a
cada resposta. Seu objetivo inicial era demolir, nos discípulos, o orgulho, a arrogância e a presunção
do saber. A primeira virtude do sábio é adquirir consciência da própria ignorância. “Sei que nada
sei”, dizia Sócrates. A ironia socrática tinha, portanto, um caráter purificador porque levava os
discípulos a confessarem suas próprias contradições e ignorâncias, onde antes só julgavam possuir
certezas e clarividências. Nesta fase do diálogo, a intenção fundamental de Sócrates não era
propriamente destruir o conteúdo das respostas dadas pelos interlocutores, mas fazê-los tomar
consciência profunda de suas próprias respostas, das consequências que poderiam ser tiradas de
suas reflexões, muitas vezes repletas de conceitos vagos e imprecisos.

A maiêutica.

Libertos do orgulho e da pretensão de que tudo sabiam, os discípulos podiam então iniciar o caminho
da reconstrução de suas próprias ideias. Novamente, Sócrates lhes propunha uma série de questões
habilmente colocadas. Nesta segunda fase do diálogo, o objetivo de Sócrates era ajudar seus
discípulos a conceberem suas próprias ideias. Assim, transportava para o campo da filosofia o
exemplo de sua mãe, Fenareta, que, sendo parteira, ajudava a trazer crianças ao mundo. Por isso,
essa face do diálogo socrático, destinada à concepção de ideias, era chamada maiêutica, termo
grego que significa “arte de trazer à luz”.

Platão.

Nascido em Atenas, Platão (427-347 a.C.) pertencia a uma das mais nobres famílias atenienses.
Seu nome verdadeiro era Arístocles, mas, devido a sua constituição física, recebeu o apelido de
Platão, termo grego que significa “de ombros largos”. Platão foi discípulo de Sócrates, a quem
considerava “o mais sábio e o mais justo dos homens”1. Depois da morte de seu mestre, empreendeu
inúmeras viagens, num período em que ampliou seus horizontes culturais e amadureceu suas
reflexões filosóficas. Por volta de 387 a.C. retornou a Atenas, onde fundou sua própria escola
filosófica, a Academia, nos jardins construídos por seu amigo Academus. Essa escola foi uma das
primeiras instituições permanentes de ensino superior do mundo ocidental. Uma espécie de
universidade pioneira dedicada à pesquisa científica e filosófica, além de se tornar um centro de
formação política. A maior parte do pensamento platônico nos foi transmitida por intermédio da fala
de Sócrates, nos diálogos socráticos, escritos por ele mesmo, Platão.
O pensamento de Platão é tão vasto e importante que deu origem a uma expressão famosa: toda
filosofia ocidental são notas de rodapé a Platão.

Teoria das ideias.

Um dos aspectos mais importantes da filosofia de Platão é sua teoria das ideias, com a qual procura
explicar como se desenvolve o conhecimento humano. Segundo ele, o processo de conhecimento
se desenvolve por meio da passagem progressiva do mundo das sombras e aparências para o
mundo das ideias e essências. Vejamos:
■ A primeira etapa desse processo é dominada pelas impressões ou sensações advindas dos
sentidos. Essas impressões sensíveis são responsáveis pela opinião que temos da realidade. A
opinião representa o saber que se adquire sem uma busca metódica.
■ O conhecimento, entretanto, para ser autêntico, deve ultrapassar a esfera das impressões
sensoriais, o plano da opinião, e penetrar na esfera racional da sabedoria, o mundo das ideias. Para
atingir esse mundo, o homem não pode ter apenas “amor às opiniões” (filodoxia); precisa possuir um
“amor ao saber” (filosofia). A opinião nasce, portanto, da percepção da aparência e da diversidade
das coisas. O conhecimento, por sua vez, é elaborado quando se alcança a ideia, que rompe com
as aparências e a diversidade ilusória. O método proposto por Platão para realizar a passagem e
atingir o conhecimento autêntico (epistéme) é a dialética. No que consiste, basicamente, a dialética?
Consiste na contraposição de uma opinião com a crítica que dela podemos fazer, ou seja, na
afirmação de uma tese qualquer seguida de uma discussão e negação desta tese, com o objetivo de
purificá-la dos erros e equívocos. Somente quando saímos do mundo sensível e atingimos o mundo
racional das ideias é que alcançamos também o domínio do ser absoluto, eterno e imutável. Nesse
mundo das ideias só podemos entrar, segundo Platão, através do conhecimento racional, científico
ou filosófico. E onde, por exemplo, podemos encontrar a beleza, em toda a sua plenitude? Platão
responde: no mundo das ideias. Nesse mundo é que moram os seres totais e perfeitos: a justiça, a
bondade, a coragem, a sabedoria etc. Fora do mundo das ideias, tudo o que captamos através dos
nossos sentidos possui apenas uma parte do ser ideal. O mundo sensível, portanto, é um mundo de
seres incompletos e imperfeitos. A teoria das ideias de Platão representa a tentativa de conciliar as
duas grandes tendências anteriores da filosofia grega: a concepção do ser eterno e imutável de
Parmênides e a concepção do ser plural e móvel de Heráclito. Para Platão, o ser eterno e universal
habita o mundo da luz racional, da essência e da realidade pura. E os seres individuais e mutáveis
moram no mundo das sombras e sensações, das aparências e ilusões.

A filosofia no poder: Os reis filósofos.


Na juventude, Platão alimentou o ideal de participação política em Atenas. Depois, desiludido com a
democracia ateniense, confessou: “Deixei levar-me por ilusões que nada tinham de espantosas por causa
de minha juventude. Imaginava que, de fato, governariam a cidade reconduzindo-a dos caminhos da injustiça
para os da justiça”. Abraçando a filosofia, adotou um novo ideal: “Fui então irresistivelmente levado a louvar
a verdadeira filosofia e a proclamar que somente à sua luz s ó pode reconhecer onde está a justiça na vida
pública e na vida privada” Para Platão, somente os filósofos, eternos amantes da verdade, teriam condições
de libertar-se da caverna das ilusões e atingir o mundo luminoso da realidade e sabedoria. Por isso, no seu
livro A república, imaginou uma sociedade ideal, governada por reis-filósofos. Seriam pessoas capazes
de atingir o mais alto conhecimento do mundo das ideias, que consiste na ideia do bem.

Aristóteles.

Nascido em Estagira, na Macedônia, Aristóteles (384-322 a.C.) foi um dos mais expressivos filósofos
gregos de Antiguidade, junto com Platão. Há informações de que teria escrito mais de uma centena
de obras, sobre os mais variados temas, das quais restam apenas 47, embora nem todas de
autenticidade comprovada. Desempenhou extraordinário papel na organização do saber grego,
acrescentando-lhe sua contribuição que impactou a história do pensamento ocidental. Filho de
Nicômaco, médico do rei da Macedônia, provavelmente herdou do pai o interesse pelas ciências
naturais, que se revelaria posteriormente em sua obra. Aos dezoito anos foi para Atenas e ingressou
na Academia de Platão, onde permaneceu cerca de vinte anos, tendo uma atuação crescentemente
expressiva. Com a morte de Platão, a destacada competência de Aristóteles o qualificava para
assumir a direção da Academia. Seu nome, entretanto, foi preterido por ser considerado estrangeiro
pelos atenienses. Decepcionado com o episódio, deixou a Academia e partiu para Assos, na Mísia,
Ásia Menor, onde permaneceu até 345 a.C. Pouco tempo depois foi convidado por Felipe II, rei da
Macedônia, para ser professor de seu filho Alexandre. O relacionamento de Aristóteles e Alexandre
foi interrompido quando este assumiu a direção do Império Macedônico, em 340 a.C. Por volta de
335 a.C., Aristóteles regressou a Atenas, fundando sua própria escola filosófica, que passou a ser
conhecida como Liceu, em homenagem ao deus Apoio Lício. Nesse local permaneceu ensinando
durante aproximadamente doze anos. Em 323 a.C., após a morte de Alexandre, os sentimentos
antimacedônicos ganharam grande intensidade em Atenas. Devido a sua notória ligação com a corte
macedônica, Aristóteles passou a ser perseguido. Foi então que decidiu abandonar Atenas, dizendo
querer evitar que os atenienses “pecassem duas vezes contra a filosofia” (a primeira vez teria sido
com Sócrates). Apaixonado pela biologia, dedicou inúmeros estudos à observação da natureza e à
classificação dos seres vivos. Tendo em vista a elaboração de uma visão científica da realidade,
desenvolveu a lógica para servir de ferramenta do raciocínio.

Da sensação ao conceito.

Segundo Aristóteles, a finalidade básica das ciências seria desvendar a constituição essencial dos
seres, procurando defini-la em termos reais. Ao abordar a realidade, reconhecia a multiplicidade dos
seres percebidos pelos sentidos. Assim, tudo o que vemos, pegamos, ouvimos e sentimos é aceito
como elemento da realidade sensível. Nesse sentido, rejeitava a teoria das ideias de Platão, segundo
a qual os dados transmitidos pelos sentidos não passam de distorções, sombras ou ilusões da
verdadeira realidade existente no mundo das ideias. Para Aristóteles, a observação da realidade
leva-nos à constatação da existência de inúmeros seres individuais, concretos, mutáveis, que são
captados por nossos sentidos. Partindo dessa realidade sensorial — empírica —, a ciência deve
buscar as estruturas essenciais de cada ser. Em outras palavras, a partir da existência do ser,
devemos atingir a sua essência, através de um processo de conhecimento que caminharia do
individual e específico para o universal e genérico. Aristóteles entendia que o ser individual, concreto,
único não pode ser objeto da ciência. O objeto próprio das ciências é a compreensão do universal,
visando o estabelecimento de definições essenciais, que possam ser utilizadas de modo
generalizado. A indução (operação mental que vai do particular para o geral) representa, para
Aristóteles, o processo intelectual básico de aquisição de conhecimento. Ela possibilita ao ser
humano atingir conclusões científicas, de âmbito universal, a partir do trabalho metódico com os
dados sensíveis — que sempre apresentam seres individuais, concretos e únicos.
Assim, por exemplo, o conceito escola — ou qualquer conclusão científica sobre esse conceito — foi
elaborado tendo como base a observação sistemática das diferentes instituições às quais se atribui
o nome de escola. Dessa maneira, o conceito escola tem sentido universal porque reúne em si a
estrutura essencial aplicável ao conjunto das múltiplas escolas concretas existentes no mundo.

Nova interpretação para as mudanças do ser.

Retomando a questão do ser, Aristóteles pretendeu resolver a contradição entre o caráter estático e
permanente do ser em oposição ao movimento e à transitoriedade das coisas. Era a clássica polêmica entre
Heráclito e Parmênides. Para essa questão, Aristóteles propôs uma nova interpretação ontológica (isto é,
relativa ao estudo do ser), segundo a qual em todo ser devemos distinguir:
■ o ato — a manifestação atual do ser, aquilo que já existe;
■ a potência — as possibilidades do ser (capacidade de ser), aquilo que ainda não é mas pode vir a
ser.
Assim, conforme Aristóteles, o movimento, a transitoriedade ou mudança das coisas se resumem na
passagem da potência para o ato. Exemplo: a árvore que está sem flores pode tornar-se, com o
tempo, uma árvore florida. Ao adquirir flores, essa árvore manifesta em ato aquilo que já continha,
intrinsecamente, em potência. Por outro lado, utilizando ainda o exemplo da árvore, pode acontecer
que, em virtude de certas condições climáticas, uma árvore frutífera não venha a dar frutos (o que
contraria a sua potência de dar frutos). Ou pode ser que as folhas da árvore se apresentem
queimadas ou ressecadas, em consequência de um clima seco. Esse caso Aristóteles classifica
como um acidente, ou seja, algo que não ocorre sempre, somente às vezes, por uma casualidade
qualquer (no caso, a falta de chuva ou o excesso de calor), e que não faz parte da essência da
árvore.
Assim, segundo Aristóteles, devemos distinguir também em todos os seres existentes:
■ a substância — aquilo que é estrutural e essencial do ser;
■ o acidente — aquilo que é atributo circunstancial e não-essencial do ser.
A substância corresponde àquilo que mais intimamente o ser é em si mesmo. Os acidentes
pertencem ao ser, mas não são necessários para definir a natureza própria de cada ser.

O que determina a realidade do ser: a causa.

A investigação do ato e da potência do ser depende, no entanto, de alguns esclarecimentos sobre a


causalidade. Isto porque essa passagem da potência para o ato não se dá ao acaso: ela é causada.
Aristóteles emprega o termo causa em sentido bastante amplo, isto é, no sentido de tudo aquilo
que determina a realidade de um ser.
Distingue, assim, quatro tipos de causas fundamentais:
* causa material — refere-se à matéria de que é feita uma coisa. Exemplo: o mármore utilizado na
confecção de uma estátua;
* causa formal — refere-se à forma, à natureza específica, à configuração de uma coisa, tornando-
a “um ser propriamente dito”. Exemplo: uma estátua em forma de homem e não de cavalo;
■ causa eficiente — refere-se ao agente que produziu diretamente a coisa. Exemplo: o escultor que
fez a estátua;
■ causa final — refere-se ao objetivo, à intenção, à finalidade ou à razão de ser de uma coisa.
Exemplo: o escultor tinha como finalidade exaltar a figura do soldado ateniense.
Segundo Aristóteles, a causa formal está diretamente subordinada à causa final, pois a finalidade de
uma coisa determina o que os seres efetivamente são. A potência, em si mesma, não é capaz de
formalizar o ser em ato. Para que se dê essa passagem, é preciso a intervenção de um agente
transformador (causa eficiente), guiado por uma finalidade (causa final).
Assim, segundo Aristóteles, a causa final é que comanda o movimento da realidade. É pela causa
final, em última instância, que as coisas mudam, determinando a passagem da potência para o ato.
(Veja no texto complementar As ideias e a realidade histórica, ao final deste capítulo, uma análise
do aspecto ideológico da teoria aristotélica das quatro causas.)

A felicidade humana.

Aristóteles define o homem como ser racional e considera a atividade racional, o ato de pensar, como a
essência humana. Por conseguinte, investigando a questão ética, ele diz:

(...) aquilo que é próprio de cada criatura lhe é naturalmente melhor e mais agradável; para o
homem, a vida conforme o intelecto (a razão) é melhor e mais agradável, já que o intelecto,
mais que qualquer outra parte do homem, é o homem. Esta vida, portanto, é também a mais
feliz. ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco, (11 78 a.C.), p. 203

Para ser feliz, portanto, o homem deve viver de acordo com a sua essência, isto é, de acordo com a
sua razão, a sua consciência reflexiva. E, orientando os seus atos para uma conduta ética, a razão
o conduzirá à prática da virtude. Para Aristóteles, a virtude representa o meio-termo, ajusta medida
de equilíbrio entre o excesso e a falta de um atributo qualquer. Exemplos: a virtude da prudência é o
meio-termo entre a precipitação e a negligência; a virtude da coragem é o meio-termo entre a
covardia e a valentia insana; a perseverança é o meio- termo entre a fraqueza de vontade e a vontade
obsessiva.

Filosofia helenística.

Com a conquista da Grécia pelos macedônicos (322 a.C.), tem início o chamado período helenístico.
Devido à expansão militar do Império Macedônico, efetuada por Alexandre Magno, o período
helenístico caracterizou-se por um processo de interação entre a cultura grega clássica e a cultura
dos povos orientais conquistados. Na história da filosofia, a produção filosófica do período
helenístico corresponde basicamente à continuação das atividades das escolas platônica (Academia)
e aristotélica (Liceu), dirigidas, respectivamente, pelos discípulos dos dois grandes mestres, Platão
e Aristóteles. Há, porém, uma transformação em relação ao passado nesse período. Os valores
gregos mesclam-se com as mais diversas tradições culturais. A antiga liberdade do cidadão grego,
exercida na autonomia de suas cidades, é desfigurada pelo domínio macedônico.

Da vida pública a vida privada.

Com o declínio da participação do cidadão nos destinos da cidade, a reflexão política também
se enfraqueceu. Substitui-se, assim, a vida pública pela vida privada como centro de reflexões
filosóficas. As preocupações coletivas cedem lugar às preocupações individuais. As principais
correntes filosóficas desse período vão tratar da intimidade, da vida interior do homem. Formulam-
se, então, diversos modelos de conduta, “artes de viver”, “filosofias de vida”. Parece que a principal
preocupação dos filósofos é proporcionar aos indivíduos desorientados e inseguros com a vida social
alguma forma de paz de espírito, isto é, alguma forma de felicidade interior em meio às atribulações
da época. Um dos principais filósofos desse período, Epicuro, aconselha que as pessoas se
afastassem dos perigos e intranquilidade da vida política e buscassem a felicidade em sua vida
privada. “Viva oculto”, era um de seus mandamentos. Entre as novas tendências desse período,
devemos registrar correntes filosóficas como: o epicurismo, o estoicismo, o pirronismo e o cinismo.

Epicurismo.

O epicurismo, fundado por Epicuro (324-271 a.C.), propunha que o ser humano deve buscar o prazer
pois, segundo ele, o prazer é o princípio e o fim de uma vida feliz. No entanto, distinguia, dois grandes
grupos de prazeres. No primeiro grupo estavam os prazeres mais duradouros, que encantam o
espírito como, por exemplo: a boa conversação, a contemplação das artes, a audição da música etc.
No segundo grupo estavam os prazeres mais imediatos, muitos dos quais movidos pela explosão
das paixões e que, ao final, poderiam resultar em dor e sofrimento. Mas para desfrutarmos os
grandes prazeres do intelecto precisamos aprender a dominar os prazeres exagerados da paixão:
os medos, os apegos, a cobiça, a inveja. Os epicuristas buscavam a ataraxia, termo grego usado
para designar o estado de ausência da dor, quietude, serenidade e imperturbabilidade da alma. O
epicurismo muitas vezes é confundido com um tipo de hedonismo marcado pela procura desenfreada
dos prazeres mundanos. No entanto, o que epicurismo defende é uma administração racional e
equilibrada do prazer, evitando ceder aos desejos insaciáveis que, inevitavelmente, terminam no
sofrimento. Epicuro identificou o medo da morte como uma das mais principais fontes de todos os
medos. Para combater este medo, desenvolveu um argumento interessante:
"Acostuma-te à ideia de que a morte para nós não é nada, visto que todo bem e todo mal residem nas
sensações, e a morte é justamente a privação das sensações. A consciência clara de que a morte não significa
nada para nós proporciona a fruição da vida efêmera, sem querer acrescentar- lhe tempo infinito e eliminando
o desejo de imortalidade. Não existe nada de terrível na vida para quem está perfeitamente convencido de
que não há nada de terrível em deixar de viver. É tolo portanto quem diz ter medo da morte, não porque a
chegada desta lhe trará sofrimento, mas porque o aflige a própria espera: aquilo que nos perturba quando
presente não deveria afligir-nos enquanto está sendo esperado. Então, o mais terrível de todos os males, a
morte, não significa nada para nós, justamente porque, quando estamos vivos, é a morte que não está
presente; ao contrário, quando a morte está presente, nós é que não estamos." EPICURO. Carta sobre a felicidade
(a Meneceu), p. 27 e 28 (Citação completa: Carta sobre a felicidade (a Meneceu). Tradução e apresentação de Álvaro Lorencini e Enzo
Del Carratore. São Paulo, Editora UNESP, 2002.)

Estoicismo.

O estoicismo é a corrente filosófica de maior influência em seu tempo. Foi fundada por Zenão de
Cicio (336-263 a.C.), localidade da ilha de Chipre. Este Zenão não deve ser confundido com Zenão
de Eléia, ao qual nos referimos à página 76. Os representantes desta escola, conhecidos como
estoicos, defendiam que toda realidade existente é uma realidade racional. Todos os seres, os
homens e a natureza, fazem parte desta realidade. O que chamamos de Deus nada mais é do que
a fonte dos princípios que regem a realidade. Integrados à natureza, não existe para o ser humano
nenhum outro lugar para ir ou fugir, além do próprio mundo em que vivemos. Somos deste mundo e,
ao morrer, nos dissolvemos neste mundo. Não dispomos de poderes para alterar, substancialmente,
a ordem universal do mundo. Mas pela filosofia podemos compreender esta ordem universal e viver
segundo ela. Assim, em vez do prazer dos epicuristas, Zenão propõe o dever da compreensão como
o melhor caminho para a felicidade. Ser livre é viver segundo nossa própria natureza que, por sua
vez, integra a natureza do mundo. No plano ético, os estoicos defendiam uma atitude de austeridade
física e moral, baseadas em virtudes como a resistência ante o sofrimento, a coragem ante o perigo,
a indiferença ante as riquezas materiais. O ideal perseguido era um estado de plena serenidade para
lidar com os sobressaltos da existência, fundado na aceitação e compreensão dos “princípios
universais” que regem toda a vida.

Pirronismo.
O pirronismo, de Pirro de Elida (365-275 a.C.) — segundo suas teorias, nenhum conhecimento é
seguro, tudo é incerto. O pirronismo defendia que se deve contentar com as aparências das coisas,
desfrutar o imediato captado pelos sentidos e viver feliz e em paz, em vez de se lançar à busca de
uma verdade plena, pois seria impossível ao homem saber se as coisas são efetivamente como
aparecem. Assim, o pirronismo é considerado uma forma de ceticismo, pois professa a
impossibilidade do conhecimento, da obtenção da verdade absoluta.

Cinismo.
O cinismo vem do grego kynos, que significa “cão”; cínico, do grego kynicos, significa “como um cão”.
O termo cinismo designa a corrente dos filósofos que se propuseram a viver como os cães da cidade,
sem qualquer propriedade ou conforto. Levavam ao extremo a filosofia de Sócrates, segundo a qual
o homem deve procurar conhecer a si mesmo e desprezar todos os bens materiais. Por isso
Diógenes, o pensador mais destacado dessa escola, é conhecido como o “Sócrates demente”, ou o
“Sócrates louco”, pois questionava os valores e as convenções sociais e procurava viver estritamente
conforme os princípios que considerava moralmente corretos. Vivendo numa época em que as
conquistas de Alexandre promovem o helenismo, mesclando culturas e populações, Diógenes
também não tem apreço pela diferença entre grego e estrangeiro. Quando lhe perguntaram qual era
sua cidadania, respondeu: sou cosmopolita, palavra grega que significa “cidadão do mundo”. Há
muitas histórias de sabedoria e humor sobre Diógenes. Conta-se, por exemplo, que ele morava num
barril e que, certa vez, Alexandre Magno decidiu visitá-lo. De pé em frente de sua “casa”, Alexandre
perguntou se havia algo que ele, como Imperador, poderia fazer em benefício do filósofo. Diógenes
respondeu prontamente: sim, podes sair da frente do meu sol Diz a lenda que Alexandre,
impressionado com o desprezo do filósofo pelos bens materiais, comentou: se eu não fosse
Alexandre, queria ser Diógenes. O artigo do quadro desenvolve reflexões atuais a partir de outra
história de Diógenes.

O barril e a esmola.
Zombavam de Diógenes. Além de morar num barril, volta e meia era visto pedindo esmolas às
estátuas. Cegas por serem estátuas, eram duplamente cegas porque não tinham olhos — uma das
características da estatuária grega. (...) Perguntaram a Diógenes por que pedia esmola às estátuas
inanimadas, de olhos vazios. Ele respondia que estava se habituando à recusa. Pedindo a quem não
a via nem o sentia, ele nem ficava aborrecido pelo fato de não ser atendido. É mais ou menos uma
imagem que pode ser usada para definir as relações entre a sociedade e o poder. Tal como as
estátuas gregas, o poder tem os olhos vazados, só olha para dentro de si mesmo, de seus interesses
de continuidade e de mais poder. A sociedade, em linhas gerais, não chega a morar num barril. Uma
pequena minoria mora em coisa mais substancial. A maioria mora em espaços um pouco maiores
do que um barril. E há gente que nem consegue um barril para morar, fica mesmo embaixo da ponte
ou por cima das calçadas. Morando em coisa melhor, igual ou pior do que um barril, a sociedade tem
necessidade de pedir não exatamente esmolas ao poder, mas medidas de segurança, emprego,
saúde e educação. Dispõe de vários canais para isso, mas, na etapa final, todos se resumem numa
estátua fria, de olhos que nem estão fechados: estão vazios.
(...) CARLOS HEITOR CONY. Folha de S. Paulo, 5 jan. 2000.

Texto Complementar.

A importância do conhecimento.

Embora o conhecimento sempre tenha sido necessário para elaborar os produtos, sua importância aumentou
vertiginosamente com o desenvolvimento da ciência e da tecnologia, particularmente nas últimas décadas do
século XX. É fundamental saber como utilizar as informações e o conhecimento já existentes na organização.
O "conhecimento" não se encontra apenas nos documentos, nas bases de dados e nos sistemas de informação,
mas também nos processos de negócio, nas práticas dos grupos e na experiência acumulada pelas pessoas
para aumentar sua produtividade e conquistar novas oportunidades. Peter Drucker (1993) já indicava a
importância do trabalhador intelectual. A partir de 1994, através de diversos autores, como Thomas Stewart,
Leif Edvinsson, Larry Kahaner, Thomas Davenport, Laurence Prusak, Dorothy Leonard, Peter Senge, Anthony
DiBella, Edwin Nevis, Debra Amidon, entre muitos outros, a abordagem da Gestão do Conhecimento vem
ganhando força no mercado e no meio acadêmico.

O tangível está cedendo lugar ao intangível. Para perceber essa tendência, é útil analisar exemplos recentes
de mercado, buscando entender como está a relação entre o valor real da empresa (sua capacidade de gerar
riqueza) e o patrimônio líquido que está contabilizado no seu balanço patrimonial. Leif Edvinsson costuma
citar em seus artigos o caso da Microsoft, onde essa relação chega a ser de 100 para 1: 99% do valor de uma
das mais importantes empresas do mundo não estão situados no campo do tangível. Esta nova sociedade
pressupõe uma mudança de cultura refletindo nas organizações, temos como exemplo Bill Gates considerado
um dos homens mais rico do mundo, e o que vende? Capital intelectual, não sendo mente fabril. Para
Davenport (1998), capital intelectual ou conhecimento é gerenciar o conhecimento de funcionários. Apenas
recentemente as empresas começaram a estimular seus funcionários a contribuir para as bases de
conhecimento e para os bancos de dados de discussão. O conhecimento muitas vezes é um processo longo e
confuso, e as maneiras de utilizá-las são múltiplas e imprevisíveis. Quase todas as primeiras tentativas de
"construir o conhecimento falharam. Uma abordagem ecológica é fundamental simplesmente porque os seres
humanos são essenciais para conceber, interpretar e obscurecer esse complexo tipo de informação".
Informação e conhecimento são, essencialmente, criações humanas, e nunca seremos capazes de administrá-
los se não levarmos em consideração que as pessoas desempenham, nesse cenário, um papel fundamental.
Davenport (2001) define dados como "observações sobre o estado do mundo" e definiu conhecimento como
a informação mais valiosa e, consequentemente, mais difícil de gerenciar. É valiosa precisamente porque
alguém deu à informação um contexto, um significado, uma interpretação; alguém refletiu sobre o
conhecimento, acrescentou a ele sua própria sabedoria, considerou suas implicações mais amplas. Afirma que
a importância do envolvimento humano aumenta à medida que evoluímos por esse processo dados-
informação-conhecimento. Os computadores são ótimos para nos ajudar a lidar com dados, mas não são tão
adequados para lidar com informações e, menos ainda, com conhecimento.

Dado, informação e conhecimento.

De acordo com as definições do Dicionário do Aurélio da Língua Portuguesa, não há grande diferença entre
dado, informação e conhecimento. Ainda que com explicações diversas, cada um dos termos é apontado como
sinônimo para os outros. Já para os linguistas, a análise é um pouco diferente. De acordo com o texto "Dado,
Informação, Conhecimento e Competência", do professor Waldemar Stzer, do Departamento de Ciência da
Computação da Universidade de São Paulo, "informação" é uma abstração informal que está na mente de
alguém, representando algo significativo para essa pessoa, enquanto "dado" é a representação da informação
em formato que permita que ela seja armazenada em um computador. Outra diferença fundamental
apontada pelo autor é que o dado é puramente sintático, enquanto a informação é algo que contém,
necessariamente, semântica. Finalmente, o professor caracteriza "conhecimento" como uma abstração
interior, pessoal, de algo que foi experimentado, vivenciado por alguém. Assim, o conhecimento não pode ser
descrito. O filósofo francês Pierre Levy (1999), um dos principais estudiosos sobre a chamada Era da
Informação, também apresenta alguns conceitos interessantes sobre os termos. O autor destaca que a
informação e o conhecimento são as principais fontes de produção de riqueza, explicando que o saber antes
se prendia ao fundamento e hoje se mostra como figura móvel. Levy diz que, hoje, o conhecimento está nas
mãos das pessoas que aprendem, transmitem e produzem conhecimentos de maneira cooperativa em sua
atividade cotidiana. E constata que quando a informação é transmitida de uma pessoa para outra, esta não à
está perdendo; e que quando esta informação é utilizada, ela não é destruída.

"O valor de todo o conhecimento está no seu vínculo com as nossas necessidades, aspirações e ações; de outra
forma, o conhecimento torna-se um simples lastro de memória, capaz apenas - como um navio que navega
com demasiado peso - de diminuir a oscilação da vida quotidiana."
(V. O. Kliutchevski)

Christiana Nantes é pós-graduada em Administração e Tecnologia da Informação pela UFF e Analista de


Negócios de uma multinacional. A definição clássica de conhecimento, originada em Platão, diz que ele
consiste de crença verdadeira e justificada. Aristóteles divide o conhecimento em três áreas: científica, prática
e técnica. Além dos conceitos aristotélico e platônico, o conhecimento pode ser classificado em uma série de
designações/categorias:

Conhecimento Sensorial:
É o conhecimento comum entre seres humanos e animais. Obtido a partir de nossas experiências sensitivas e
fisiológicas (tato, visão, olfato, audição e paladar).
Conhecimento Intelectual:
Esta categoria é exclusiva ao ser humano; trata-se de um raciocínio mais elaborado do que a mera
comunicação entre corpo e ambiente. Aqui já pressupõe-se um pensamento, uma lógica.

Conhecimento Vulgar/Popular:
É a forma de conhecimento do tradicional (hereditário), da cultura, do senso comum, sem compromisso com
uma apuração ou análise metodológica. Não pressupõe reflexão, é uma forma de apreensão passiva, acrítica
e que, além de subjetiva, é superficial.

Conhecimento Científico:
Preza pela apuração e constatação. Busca por leis e sistemas, no intuito de explicar de modo racional aquilo
que se está observando. Não se contenta com explicações sem provas concretas; seus alicerces estão na
metodologia e na racionalidade. Análises são fundamentais no processo de construção e síntese que o
permeia, isso, aliado às suas demais características, faz do conhecimento científico quase uma antítese do
popular.

Conhecimento Filosófico:
Mais ligado à construção de ideias e conceitos. Busca as verdades do mundo por meio da indagação e do
debate; do filosofar. Portanto, de certo modo assemelha-se ao conhecimento científico - por valer-se de uma
metodologia experimental -, mas dele distancia-se por tratar de questões imensuráveis, metafísicas. A partir
da razão do homem, o conhecimento filosófico prioriza seu olhar sobre a condição humana.

Conhecimento Teológico:
Conhecimento adquirido a partir da fé teológica, é fruto da revelação da divindade. A finalidade do Teólogo é
provar a existência de Deus e que os textos Bíblicos foram escritos mediante inspiração Divina, devendo por
isso ser realmente aceitos como verdades absolutas e incontestáveis. A fé pode basear-se em experiências
espirituais, históricas, arqueológicas e coletivas que lhe dão sustentação.

Conhecimento Intuitivo:
Inato ao ser humano, o conhecimento intuitivo diz respeito à subjetividade. Às nossas percepções do mundo
exterior e à racionalidade humana. Manifesta-se de maneira concreta quando, por exemplo, tem-se uma
epifania.

1.Intuição Sensorial/Empírica: "A intuição empírica é o conhecimento direto e imediato das qualidades
sensíveis do objeto externo: cores, sabores, odores, paladares, texturas, dimensões, distâncias. É também o
conhecimento direto e imediato de estados internos ou mentais: lembranças, desejos, sentimentos, imagens."
(In: Convite à Filosofia; CHAUÍ, Marilena).

2.Intuição Intelectual: A intuição com uma base racional. A partir da intuição sensorial você percebe o odor
da margarida e o da rosa. A partir da intuição intelectual você percebe imediatamente que são diferentes. Não
é necessário demonstrar que a "parte não é maior que o todo", é a lógica em seu estado mais puro; a razão
que se compreende de maneira imediata. Finalizo esse artigo com mais duas frases:

"Todo o nosso conhecimento se inicia com sentimentos." — Leonardo da Vinci

"O verdadeiro conhecimento vem de dentro." — Sócrates


Matrix

Em um futuro próximo, Thomas Anderson (Keanu Reeves), um jovem programador de computador


que mora em um cubículo escuro, é atormentado por estranhos pesadelos nos quais encontra-se
conectado por cabos e contra sua vontade, em um imenso sistema de computadores do futuro. Em
todas essas ocasiões, acorda gritando no exato momento em que os eletrodos estão para penetrar
em seu cérebro. À medida que o sonho se repete, Anderson começa a ter dúvidas sobre a realidade.
Por meio do encontro com os misteriosos Morpheus (Laurence Fishburne) e Trinity (Carrie-Anne
Moss), Thomas descobre que é, assim como outras pessoas, vítima do Matrix, um sistema inteligente
e artificial que manipula a mente das pessoas, criando a ilusão de um mundo real enquanto usa os
cérebros e corpos dos indivíduos para produzir energia. Morpheus, entretanto, está convencido de
que Thomas é Neo, o aguardado messias capaz de enfrentar o Matrix e conduzir as pessoas de volta
à realidade e à liberdade. Neste vídeo temos vários pontos de analogia ao mito da caverna de Platão.
Pela vida de um amigo.
Nas praias da Malásia durante o verão, três americanos - Lewis (Joaquin Phoenix), Xerife (Vince
Vaughn) e Tony (David Conrad) - desfrutam prazeres com mulheres, rum e maconha barata. Como
o fim do verão, Tony e Xerife voltam para Nova York, mas Lewis decide ir para Bornéu para ajudar a
salvar os orangotangos da extinção. Entretanto no mesmo dia Lewis é preso, pois Tony e Xerife
deixaram com ele 140 gramas de haxixe e, segundo as leis locais, a partir de 100 gramas o portador
é considerado traficante e a pena é a morte por enforcamento. Dois anos depois, em Nova York,
Xerife dirige limusines de aluguel e Tony é um arquiteto que está noivo. É quando repentinamente
surge Beth (Anne Heche), uma advogada que conversa com os dois e diz que há um acordo verbal
que diz que se um deles voltar para cumprir a pena terá de ficar seis anos preso, se os dois voltarem
três anos de prisão para cada um e se nenhum voltar Lewis será enforcado em oito dias. No contexto
do filme notamos o valor e significação do conceito da verdadeira amizade, noção de moral, ética e
virtude temas abordados pela obra de Aristóteles.

Exercícios.

1. (Uel 2012) Leia o texto a seguir.


No ethos (ética), está presente a razão profunda da physis (natureza) que se manifesta no finalismo
do bem. Por outro lado, ele rompe a sucessão do mesmo que caracteriza a physis como domínio da
necessidade, com o advento do diferente no espaço da liberdade aberto pela práxis. Embora,
enquanto autodeterminação da práxis, o ethos se eleve sobre a physis, ele reinstaura, de alguma
maneira, a necessidade de a natureza fixar-se na constância do hábito. (Adaptado de: VAZ, Henrique
C. Lima. Escritos de Filosofia II. Ética e Cultura. 3ª edição. São Paulo: Loyola. Coleção Filosofia - 8, 2000, p.11-12.)
Com base no texto, é correto afirmar que a noção de physis, tal como empregada por Aristóteles,
compreende:
a) A disposição da ação humana, que ordena a natureza.
b) A finalidade ordenadora, que é inerente à própria natureza.
c) A ordem da natureza, que determina o hábito das ações humanas.
d) A origem da virtude articulada, segundo a necessidade da natureza.
e) A razão matemática, que assegura ordem à natureza.

2. (Ufpa 2012) Tendemos a concordar que a distribuição isonômica do que cabe a cada um no estado
de direito é o que permite, do ponto de vista formal e legal, dar estabilidade às várias modalidades de
organizações instituídas no interior de uma sociedade. Isso leva Aristóteles a afirmar que a justiça é “uma
virtude completa, porém não em absoluto e sim em relação ao nosso próximo” ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco.
São Paulo: Abril Cultural, 1973, p. 332. De acordo com essa caracterização, é correto dizer que a função própria
e universal atribuída à justiça, no estado de direito, é:

a) conceber e aplicar, de forma incondicional, ideias racionais com poder normativo positivo e
irrestrito.
b) instituir um ideal de liberdade moral que não existiria se não fossem os mecanismos contidos nos
sistemas jurídicos.
c) determinar, para as relações sociais, critérios legais tão universais e independentes que possam
valer por si mesmos.
d) promover, por meio de leis gerais, a reciprocidade entre as necessidades do Estado e as de cada
cidadão individualmente.
e) estabelecer a regência na relação mútua entre os homens, na medida em que isso seja possível
por meio de leis.

3 (Ufu 2012) Em primeiro lugar, é claro que, com a expressão “ser segundo a potência e o ato”,
indicam-se dois modos de ser muito diferentes e, em certo sentido, opostos. Aristóteles, de fato,
chama o ser da potência até mesmo de não-ser, no sentido de que, com relação ao ser-em-ato,
o ser-em-potência é não-ser-em-ato.
REALE, Giovanni. História da Filosofia Antiga. Vol. II. Trad. de Henrique Cláudio de Lima Vaz e Marcelo Perine. São
Paulo: Loyola, 1994, p.349.
A partir da leitura do trecho acima e em conformidade com a Teoria do Ato e Potência de Aristóteles,
assinale a alternativa correta.
a) Para Aristóteles, ser-em-ato é o ser em sua capacidade de se transformar em algo diferente dele
mesmo, como, por exemplo, o mármore (ser-em-ato) em relação à estátua (ser-em-potência).
b) Segundo Aristóteles, a teoria do ato e potência explica o movimento percebido no mundo sensível.
Tudo o que possui matéria possui potencialidade (capacidade de assumir ou receber uma forma
diferente de si), que tende a se atualizar (assumindo ou recebendo aquela forma).
c) Para Aristóteles, a bem da verdade, existe apenas o ser-em-ato. Isto ocorre porque o movimento
verificado no mundo material é apenas ilusório, e o que existe é sempre imutável e imóvel.
d) Segundo Aristóteles, o ato é próprio do mundo sensível (das coisas materiais) e a potência se
encontra tão-somente no mundo inteligível, apreendido apenas com o intelecto.

4. (Uenp 2011) As discussões iniciais sobre Lógica foram organizadas por Aristóteles no texto
conhecido como “Organon”, onde o filósofo sistematiza e problematiza algumas das afirmações que
tinham sido feitas pelos pré-socráticos (Parmênides, Heráclito) e por Platão. Sobre a lógica
aristotélica é fora de contexto afirmar:
a) Aristóteles considera que a dialética não é um procedimento seguro para o pensamento, tendo
em vista posições contrárias de debatedores, e a escolha de uma opinião contra a outra não garante
chegar à essência da coisa investigada, por isso sugere a substituição da dialética pela lógica.
b) Entre as principais diferenças que existem entre a lógica aristotélica e a dialética platônica estão:
a primeira é um instrumento para o conhecer que antecede o exercício do pensamento e da
linguagem; a segunda é um modo de conhecer e pressupõe a aplicação imediata do pensamento e
da linguagem.
c) A lógica aristotélica é um instrumento para trabalhar os contrários, e as contradições para superá-
los e chegar ao conhecimento da essência das coisas e da realidade.
d) A lógica aristotélica sistematiza alguns princípios e procedimentos que devem ser empregados
nos raciocínios para a produção de conhecimentos universais e necessários.
e) Contemporaneamente não se pode considerar a lógica aristotélica como plenamente formal, tendo
em vista que Aristóteles não afasta por completo os conteúdos pensados, para ficar com formas
vazias (como se faz na lógica puramente formal). Embora tenha avançado no sentido da lógica
formal, se comparada com a dialética platônica, que dependia absolutamente do conteúdo dos juízos.

5. (Uncisal 2012) No contexto da Filosofia Clássica, Platão e Aristóteles possuem lugar de destaque.
Suas concepções, que se opõem, mas não se excluem, são amplamente estudadas e debatidas
devido à influência que exerceram, e ainda exercem, sobre o pensamento ocidental. Todavia é
necessário salientar que o produto dos seus pensamentos se insere em uma longa tradição filosófica
que remonta a Parmênides e Heráclito e que influenciou, direta ou indiretamente, entre outros, os
racionalistas, empiristas, Kant e Hegel. Observando o cerne da filosofia de Platão, assinale nas
opções abaixo aquela que se identifica corretamente com suas concepções.
a) A dicotomia aristotélica (mundo sensível X mundo inteligível) se opõe radicalmente as
concepções de caráter empírico defendidas por Platão.
b) A filosofia platônica é marcada pelo materialismo e pragmatismo, afastando-se do misticismo e de
conceitos transcendentais.
c) Segundo Platão a verdade é obtida a partir da observação das coisas, por meio da valorização do
conhecimento sensível.
d) Para Platão, a realidade material e o conhecimento sensível são ilusórios.
e) As concepções platônicas negam veementemente a validade do Inatismo.

6. (Unisc 2012) Nos livros II e III, Platão, através de Sócrates, discute sobre as artes no contexto da
educação dos guardiães. Já no livro X, ele trata de vários tipos de práticas artísticas, que devem ser
consideradas na cidade como um todo, não somente nas instituições pedagógicas. Nesse último
livro, Sócrates é duro ao afirmar que a poesia (imitativa) deve ser inteiramente excluída da cidade
(595a). Em que obra essa recusa de Sócrates está registrada?
a) No diálogo “Banquete”, de Platão, em que Sócrates trata dos diversos tipos de arte.
b) No diálogo “Teeteto”, de Platão, em que Sócrates e esse personagem discutem sobre a natureza
da arte, especialmente da poesia.
c) No diálogo “Timeu”, de Platão, em que Sócrates discorre sobre o tema da arte, reportando-se à
natureza da pintura e da poesia.
d) No diálogo “Político”, de Platão, em que Sócrates apresenta a arte da política aos cidadãos
atenienses.
e) No diálogo “República”, de Platão, no qual Sócrates afirma que a poesia pode levar à corrupção
do caráter humano.

7. (Uel 2011) Leia o texto a seguir.


Para esclarecer o que seja a imitação, na relação entre poesia e o Ser, no Livro X de A República,
Platão parte da hipótese das ideias, as quais designam a unidade na pluralidade, operada pelo
pensamento. Ele toma como exemplo o carpinteiro que, por sua arte, cria uma mesa, tendo presente
a ideia de mesa, como modelo. Entretanto, o que ele produz é a mesa e não a sua ideia. O poeta
pertence à mesma categoria: cria um mundo de mera aparência.
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a teoria das ideias de Platão, é correto afirmar:
a) Deus é o criador último da ideia, e o artífice, enquanto co participante da criação divina, alcança a
verdadeira causa das coisas a partir do reflexo da ideia ou do simulacro que produz.
b) A participação das coisas às ideias permite admitir as realidades sensíveis como as causas
verdadeiras acessíveis à razão.
c) Os poetas são imitadores de simulacros e por intermédio da imitação não alcançam o
conhecimento das ideias como verdadeiras causas de todas as coisas.
d) As coisas belas se explicam por seus elementos físicos, como a cor e a figura, e na materialidade
deles encontram sua verdade: a beleza em si e por si.
e) A alma humana possui a mesma natureza das coisas sensíveis, razão pela qual se torna capaz
de conhecê-las como tais na percepção de sua aparência.

8. (Uenp 2011) Platão foi um dos filósofos que mais influenciaram a cultura ocidental. Para ele, a
filosofia tem um fim prático e é capaz de resolver os grandes problemas da vida. Considera a alma
humana prisioneira do corpo, vivendo como se fosse um peregrino em busca do caminho de casa.
Para tanto, deveria transpor os limites do corpo e contemplar o inteligível. Assinale a alternativa
correta.
a) A teoria das ideias não pode ser considerada uma chave de leitura aplicável a todo pensamento
platônico.
b) Como Sócrates, Platão desenvolveu uma ética racionalista que desconsiderava a vontade como
elemento fundamental entre os motivadores da ação. Ele acreditava que o conhecimento do bem era
suficiente para motivar a conduta de acordo com essa ideia (agir bem).
c) Platão propõe um modelo de organização política da sociedade que pode ser considerado
estamental e antidemocrático. Para ele, o governo não deveria se pautar pelo princípio da
maioria. As almas têm natureza diversa, de acordo com sua composição, isso faz com que os
homens devam ser distribuídos de acordo com essa natureza, divididos em grupos
encarregados do governo, do controle e do abastecimento da polis.
d) Platão chamava o conhecimento da verdade de doxa e o contrapõe a uma outra forma de
conhecimento (inferior) denominada episteme.
e) Para Platão, a essência das coisas é dada a partir da análise de suas causas material e final.

9. (Uel 2011) Leia o texto a seguir.


Platão, em A República, tem como objetivo principal investigar a natureza da justiça, inerente à alma,
que, por sua vez, manifesta-se como protótipo do Estado ideal. Os fundamentos do pensamento
ético-político de Platão decorrem de uma correlação estrutural com constituição tripartite da alma
humana. Assim, concebe uma organização social ideal que permite assegurar a justiça. Com base
neste contexto, o foco da crítica às narrativas poéticas, nos livros II e III, recai sobre a cidade e o
tema fundamental da educação dos governantes. No Livro X, na perspectiva da defesa de seu projeto
ético-político para a cidade fundamentada em um logo crítico e reflexivo que redimensiona o papel
da poesia, o foco desta crítica se desloca para o indivíduo ressaltando a relação com a alma,
compreendida em três partes separadas, segundo Platão: a racional, a apetitiva e a irascível.
Com base no texto e na crítica de Platão ao caráter mimético das narrativas poéticas e sua relação
com a alma humana, é correto afirmar:
a) A parte racional da alma humana, considerada superior e responsável pela capacidade de pensar,
é elevada pela natureza mimética da poesia à contemplação do Bem.
b) O uso da mímesis nas narrativas poéticas para controlar e dominar a parte irascível da alma é
considerado excelente prática propedêutica na formação ética do cidadão.
c) A poesia imitativa, reconhecida como fonte de racionalidade e sabedoria, deve ser incorporada ao
Estado ideal que se pretende fundar.
d) O elemento mimético cultivado pela poesia é justamente aquele que estimula, na alma humana,
os elementos irracionais: os instintos e as paixões.
e) A reflexividade crítica presente nos elementos miméticos das narrativas poéticas permite ao
indivíduo alcançar a visão das coisas como realmente.

10. (Uncisal 2011) Na Grécia Antiga, o filósofo Sócrates ficou famoso por interpelar os transeuntes e
fazer perguntas aos que se achavam conhecedores de determinado assunto. Mas durante o diálogo,
Sócrates colocava o interlocutor em situação delicada, levando-o a Reconhecer sua própria
ignorância. Em virtude de sua atuação, Sócrates acabou sendo condenado à morte sob a acusação
de corromper a juventude, desobedecer às leis da cidade e desrespeitar certos valores religiosos.
Considerando essas informações sobre a vida de Sócrates, assim como a forma pela qual seu
pensamento foi transmitido, pode-se afirmar que sua filosofia:
a) transmitia conhecimentos de natureza científica.
b) baseava-se em uma contemplação passiva da realidade.
c) transmitia conhecimentos exclusivamente sob a forma escrita entre a população ateniense.
d) ficou consagrada sob a forma de diálogos, posteriormente redigidos pelo filósofo Platão.
e) procurava transmitir às pessoas conhecimentos de natureza mitológica.

Gabarito.

1. B 2. E 3. B 4. C 5. D 6. E 7. C 8. C 9. D 10. D
Reflexão inicial Modulo I – Parte II

Para que servem os filósofos


Por Robert Spaemann
O texto recolhe as palavras de agradecimento pronunciadas pelo pensador alemão Robert
Spaemann ao receber o Prêmio Roncesvalles de Filosofia, que lhe foi concedido pela Universidade
de Navarra. A cerimônia de entrega do Prêmio realizou se no Palácio do Governo de Navarra, em
Pamplona (Espanha), no dia 3 de maio de 2001.

O pai do nosso grêmio filosófico, Sócrates, foi convidado a escolher o castigo que lhe parecesse
mais adequado para sancionar o seu atentado contra a política de Atenas. Respondeu com uma
provocação ao tribunal: solicitou que, como benfeitor da pátria, lhe fosse concedido comer de graça
todos os dias no palácio do governo... Foi sobretudo essa desfaçatez que fez com que fosse
condenado à morte. Como bons democratas, os atenienses eram sensíveis a tudo o que
considerassem arrogância. Os tempos mudaram, como podemos ver nesta celebração no palácio
do Governo de Navarra. Segundo ouvi dizer, o presidente Miguel Sanz vai oferecer-nos – mas
apenas hoje, não diariamente – algo para comer e beber. Mas antes entregou-me esta preciosa
medalha, outorgada pelos meus colegas da Faculdade de Filosofia e Letras da Universidade de
Navarra, depois de me terem admitido como seu colega concedendo-me, anos atrás, o doutorado
honoris causa.

E tudo isso no próprio palácio do Governo! Que mudou, a esse respeito, em comparação com os
tempos de Sócrates? Um filósofo deve fazer aqui um exame de consciência. Por acaso tornou se
politicamente correto, ao invés de ser um delinquente? Será possível que a sociedade chegue a
interessar-se pela Filosofia? Mas se se trata precisamente do interesse em levantar em público
aquelas questões cujo ocultamento assegura a estabilidade da nossa vida cotidiana! Afinal, não
falamos das assim chamadas “perguntas últimas”?

São justamente a reflexão e o discurso continuado sobre essas “perguntas últimas” o que define a
Filosofia. Em si mesma, a Filosofia não conhece tabus, embora ponha em dúvida o sentido dos tabus
vigentes na vida pública. “Quem diz que não é necessário honrar os deuses nem amar os pais não
merece argumentos, mas uma reprimenda”, escreve Aristóteles. A Filosofia pode dizer por que isso
é assim, e di-lo com argumentos. Mas isso só é possível quando também se pode argumentar contra
essas afirmações, como ocorre nos seminários filosóficos. Ali deve ser legítimo defender a
imoralidade, a lei do mais forte, a eutanásia ou o racismo. Mas esse é também o âmbito onde se
compreende a fundo por que não se pode defender qualquer coisa na sociedade, que não é o âmbito
da busca da verdade, mas das práxis. A filosofia é essencialmente anarquista, e só pode ser
cultivada num âmbito de anarquia teórica, embora esteja muito longe de trabalhar em prol da
anarquia prática.
ESTADO, SOCIEDADE E FILOSOFIA

Que interesse podem ter o Estado e a sociedade na Filosofia? Que interesse pode ter converter os
fundamentos da ordem social em objetos de reflexão crítica? De fato, o Estado moderno não faz
derivar a sua legitimidade da verdade de determinadas convicções, mas da correção de
procedimentos dos seus mecanismos de decisão. Non veritas sed auctoritas facit legem, diz Thomas
Hobbes. Mas convém deixar claro que a legalidade dos procedimentos somente proporciona
legitimidade quando esses procedimentos produzem decisões compatíveis com as intuições
humanas elementares a respeito da justiça. Só se pode prescindir das questões relativas à verdade
e à justiça na medida em que a paz interna seja considerada o supremo valor absoluto. Mas sempre
há circunstâncias nas quais os homens consideram que não vale a pena conservar essa paz.
Circunstâncias nas quais se pode afirmar, com Bertold Brecht: “Decidimos temer mais a nossa má
vida do que a morte”. Não é possível desterrar do discurso público a pergunta sobre a vida boa. Mas
essa é a pergunta própria da Filosofia. E uma sociedade só é livre na medida em que possibilita esse
discurso. A Filosofia não depende do reconhecimento social. A reflexão livre sobre as “perguntas
últimas”, em diálogo com todos os que nelas pensaram em todas as épocas, sempre tem lugar,
inclusive quando os que a praticam se veem obrigados a ganhar o seu sustento a duras penas, como
bibliotecários, limpadores de janelas ou presidiários. Mas a experiência mostra que os sistemas que
tentam isolar os filósofos dessa forma são muito mais instáveis do que as sociedades livres, que
pagam os professores de Filosofia sem lhes prescrever o que devem ensinar.

COMO TORNAR INOFENSIVAS AS OPINIÕES

Isso pode ser entendido como uma refinada estratégia de imunização. Os filósofos e outros
intelectuais podem falar tudo o que quiserem: é a maneira mais segura de tornar as suas opiniões
inofensivas... De fato, os escritores comprovaram com frequência que a influência dos intelectuais
dissidentes é muito maior em Estados com liberdade de expressão limitada do que nas sociedades
livres. Daí que o valor daquilo que o filósofo sabe, ou pensa que sabe, seja apenas o de uma opinião
entre outras. Os filósofos não podem pretender que a distinção entre doxa e episteme, ou entre
opinar e saber, ou entre um filósofo e um sofista, obtenha um reconhecimento social geral.

Quem torna inteligível essa diferença é a Filosofia. Para o Estado não existe diferença entre filósofos
e sofistas, como aliás já ocorria na Atenas dos tempos de Sócrates. Não obstante, esse Estado tem
um certo interesse na existência e na atividade desses homens: é o interesse em não deixar que os
processos sociais se desenvolvam de maneira puramente espontânea e violenta, mas sob a forma
de um debate baseado em argumentos. É esse mesmo interesse que fundamenta a obrigação de
comparecer em juízo com um advogado. O fato de que uma das partes disponha do melhor advogado
não significa que a justiça esteja do seu lado. É igualmente improvável que nenhuma das partes
tenha razão. Pode perfeitamente ocorrer que uma das partes tenha toda a razão e ao mesmo tempo
tenha o pior advogado. Em qualquer caso, a obrigação de contar com um advogado defensor está
bem fundamentada. Não é desejável que as partes se ataquem com violência, nem que exprimam
mediante gritos a urgência dos seus interesses. Em vez disso, devem argumentar. E é o juiz quem
no final pondera, não os interesses, mas os fundamentos e argumentos a favor dos interesses. Os
Filósofos, sofistas e intelectuais em geral são os advogados de defesa do conjunto da sociedade.

JÁ QUE ÀS VEZES SOMOS ÚTEIS...

Os filósofos são também outra coisa, mas isso só eles próprios e os outros filósofos entendem. Não
há nenhum motivo para remunera-los por isso ou distingui-los com prêmios. Mas por sermos às
vezes úteis como cidadãos graças à nossa competência argumentativa, de modo ocasional se nos
dá de comer publicamente no Pritaneu. Agradeço por isso sinceramente e de coração. Neste caso,
meu coração bateu mais forte quando ouvi o nome do prêmio que recebo: Roncesvalles. Não teria
sido possível imaginar algo mais romântico. Nem algo que fosse mais importante para uma
democracia. As democracias só podem ser boas e duradouras quando as almas dos seus cidadãos
não são democráticas. Por sorte, os democratas dos países livres empregam no tratamento o termo
“senhor” e não outros, como “cidadão” ou “camarada”.

No âmbito político, hoje não saberíamos o que fazer com uma figura como Carlos Magno. Por isso
mesmo é da maior importância que ele encontre um trono no coração de cada europeu. Em política
é mais importante a capacidade para o discurso do que a habilidade no manejo das armas. Mas
somente aqueles que conservam viva a lembrança da espada de Rolando merecem ser escutados.
Em política não importa apenas ter razão, mas que essa razão seja reconhecida publicamente. Mas
só merecem esse reconhecimento aqueles que, seguindo a inspiração socrática, pensam que é
melhor sofrer a injustiça do que comete lá. Sócrates e Rolando merecem ser lembrados mais pela
sua morte do que pela sua vida.

Se a Filosofia deixa de ser a doutrina da boa morte, também deixa de ser a da vida boa. Então
desaparece: deixa de existir, não restando ninguém mais além dos sofistas.
Fonte: http://www.quadrante.com.br/artigos_detalhes.asp?id=23&cat=9

Filosofia Medieval.
Ao longo do século V d.C., o Império Romano do Ocidente sofreu ataques constantes dos “povos bárbaros”.
Do confronto desses povos invasores com os romanos desenvolveu-se uma nova estruturação da vida social
europeia, que corresponde ao período medieval.
Em meio ao esfacelamento do Império Romano, decorrente, em grande parte, das invasões
germânicas, a Igreja Católica conseguiu manter-se como instituição social. Consolidou sua
organização religiosa e difundiu o cristianismo, preservando, também, muitos elementos da cultura
greco-romana. Apoiada em sua crescente influência religiosa, a Igreja passou a exercer importante
papel político na sociedade medieval. Desempenhou, às vezes, a função de órgão supranacional,
conciliador das elites dominantes, contornando os problemas das rivalidades internas da nobreza
feudal. Conquistou, também, vasta riqueza material: tornou-se dona de aproximadamente um terço
das áreas cultiváveis da Europa ocidental, numa época em a terra era a principal base da riqueza.

Conflitos e conciliação entre fé e razão.

No plano cultural, a Igreja exerceu ampla influência, traçando um quadro intelectual em que a fé cristã se
tornou o pressuposto (isto é, o antecedente necessário) de toda vida espiritual.
Em que consistia essa fé?

Consistia na crença irrestrita ou na adesão incondicional às verdades reveladas por Deus aos
homens. Verdades expressas nas Sagradas Escrituras (Bíblia) e interpretadas segundo a autoridade
da Igreja. De acordo com a doutrina católica, a fé representava a fonte mais elevada das verdades
reveladas — especialmente aquelas verdades consideradas essenciais ao homem e que dizem
respeito à sua salvação. Nesse sentido, afirmava Santo Ambrósio (340-397, aproximadamente):
“Toda verdade, dita por quem quer que seja, é do Espírito Santo”. Isso significava que toda
investigação filosófica ou científica não poderia, de modo algum, contrariar as verdades
estabelecidas pela fé católica. Em outras palavras, os filósofos não precisavam mais se dedicar à
busca da verdade, pois ela já teria sido revelada por Deus aos homens. Restava-lhes, apenas,
demonstrar racionalmente as verdades da fé.
Não foram poucos, porém, aqueles que dispensaram até mesmo essa comprovação racional da fé.
Foi o caso de religiosos que desprezavam a filosofia grega, sobretudo porque viam nessa forma pagã
de pensamento uma porta aberta para o pecado, a dúvida, o descaminho e a heresia. Por outro lado,
surgiram pensadores cristãos que defenderam o conhecimento da filosofia grega, percebendo a
possibilidade de utilizá-la como instrumento a serviço do cristianismo. Conciliado com a fé cristã, o
estudo da filosofia grega permitiria à Igreja enfrentar os descrentes e derrotar os hereges com as
armas racionais da argumentação lógica. O objetivo era convencer os descrentes, tanto quanto
possível, pela razão, para depois fazê-los aceitar a imensidão dos mistérios divinos, somente
acessíveis à fé. Nesse contexto, a filosofia medieval pode ser dividida em quatro momentos
principais:
■ o dos padres apostólicos, do início do cristianismo (séculos I e II), entre os quais se incluem os
apóstolos, que disseminavam a palavra de Cristo, sobretudo em relação a temas morais. Entre
estes se destaca a figura de São Paulo pelo volume e valor literário de suas epístolas (cartas
escritas pelos apóstolos);
■ o dos padres apologistas (séculos III e IV), que faziam a apologia do cristianismo
Contra a filosofia pagã. Entre os apologistas destacam-se Orígenes, Justino e Tertuliano, este o mais
intransigente na defesa da fé contra a filosofia grega;
E o da patrística (de meados do século IV ao século VIII), no qual se busca uma conciliação entre a
razão e a fé e se destacam a figura de Santo Agostinho e a influência da filosofia platônica;
■ o da escolástica (do século IX a XVI), no qual se buscou uma sistematização da filosofia cristã,
sobretudo a partir da interpretação da filosofia de Aristóteles, e se destaca a figura de Santo
Tomás de Aquino. A característica fundamental dessa filosofia medieval é a ênfase nas questões
teológicas, destacando-se temas como: o dogma da Trindade, a encarnação de Deus filho, a
liberdade e a salvação, a relação entre fé e razão. Destacaremos, neste livro, os dois momentos
mais importantes da filosofia medieval — a patrística e a escolástica.

PATRÍSTICA: Matriz platônica nos argumentos da fé.

No processo de desenvolvimento do cristianismo, tornou-se necessário explicar seus


preceitos às autoridades romanas e ao povo em geral. A Igreja Católica sabia que esses
preceitos não podiam simplesmente ser impostos pela força. Tinham de ser apresentados
de maneira convincente, mediante um trabalho de pregação e conquista espiritual. Foi assim
que os primeiros padres da Igreja se empenharam na elaboração de diversos textos sobre
a fé e a revelação cristãs. O conjunto desses textos ficou conhecido como patrística, por
terem sido escritos principalmente por esses grandes padres da Igreja. Uma das principais
correntes da filosofia patrística, inspirada na filosofia greco-romana, tentou munir a fé de
argumentos racionais, ou seja, buscou a conciliação entre o cristianismo e o pensamento
pagão. Seu principal expoente foi Agostinho, posteriormente consagrado santo pela Igreja
Católica.

Santo Agostinho.

Aureliano Agostinho (354-430) nasceu em Tagaste, província romana situada na África, e faleceu
em Hipona, hoje localizada na Argélia. Nessa última cidade ocupou o cargo de bispo da Igreja
Católica. Até completar 32 anos, no entanto, Agostinho não era cristão. Havia tido até então uma
vida voltada aos prazeres do mundo e, de uma ligação amorosa ilícita para a época, nascera-lhe o
filho Adeodato. Havia sido também professor de Retórica em escolas romanas. Em sua formação
intelectual, Agostinho despertou primeiramente para a Filosofia com a leitura de Cícero.
Posteriormente, deixou-se influenciar pelo maniqueísmo, doutrina persa que afirmava ser o universo
dominado por dois grandes princípios opostos, o bem e o mal, mantendo uma incessante luta entre
si. Mais tarde, já insatisfeito com o maniqueísmo, viajou para Roma e Milão, entrando em contato
com o ceticismo e, depois, com o neoplatonismo, movimento filosófico do período Greco romano,
desenvolvido por pensadores inspirados em Platão, que se espalhou por diversas cidades do Império
Romano, sendo marcado por sentimentos religiosos e crenças místicas. Cresceu e se aprofundou,
então, em Agostinho uma grande crise existencial, uma inquietação quase desesperada em busca
de sentido para a vida. Foi nesse período crítico que ele se encontrou com Santo Ambrósio, bispo
de Milão, sentindo-se extremamente atraído por suas pregações. Pouco tempo depois, converteu-se
ao cristianismo, tornando-se seu grande defensor pelo resto da vida

A superioridade da alma em relação ao corpo.


Em sua obra, Agostinho argumenta em favor da superioridade da alma humana, isto é, a supremacia
do espírito sobre o corpo, a matéria. Para ele, a alma teria sido criada por Deus para reinar sobre o
corpo, para dirigi-lo à prática do bem. O homem pecador, entretanto, utilizando- se do livre-arbítrio,
costumaria inverter essa relação, fazendo o corpo assumir o governo da alma. Provocaria, com isso,
a submissão do espírito à matéria, o que seria, para ele, equivalente à subordinação do eterno ao
transitório, da essência à aparência. A verdadeira liberdade estaria na harmonia das ações humanas
com a vontade de Deus. Ser livre é servir a Deus, diz Agostinho, pois o prazer de pecar é a
escravidão.

Boas obras ou graça divina?

Segundo o filósofo, o homem que trilha a via do pecado só consegue retornar aos caminhos de Deus
e da salvação mediante a combinação de seu esforço pessoal de vontade e a concessão,
imprescindível, da graça divina. Sem a graça de Deus, o homem nada pode conseguir. Mas nem
todas as pessoas deverão receber essa graça, mas somente os predestinados à salvação. A questão
da graça, tal como colocada pelo filósofo, marcou profundamente o pensamento medieval cristão. E
a doutrina da predestinação à salvação foi, posteriormente, adotada por alguns ramos da teologia
protestante (Reforma Protestante). Na mesma época de Agostinho, outro teólogo, Pelágio, afirmava
que a boa vontade e as boas obras humanas seriam suficientes para a salvação individual. Era a
doutrina do pelagianismo. Agostinho colocou-se contra essa doutrina e, no concilio de Cartago do
ano de 417, o papa Zózimo condenou o pelagianismo como heresia e adotou a concepção
agostiniana de necessidade da graça divina, doada livremente por Deus aos seus eleitos. A
condenação do pelagianismo se explica pelo fato de que conservava a noção grega de autonomia
da vida moral humana, isto é, a noção de que o homem pode salvar-se por si só, sendo bom e
fazendo boas obras, sem a necessidade da ajuda divina. Essa noção se chocava com a ideia de
submissão total do homem ao Deus cristão, defendida pela Igreja. “O fato de assim a Igreja ter se
pronunciado por tal doutrina assinalou o fim da ética pagã e de toda a filosofia helênica”. Uma
consequência disso é a forma como se passa a enfatizar a subjetividade, a individualidade.
Enquanto na filosofia grega o indivíduo se identificava com o cidadão (isto é, o homem social,
político), a filosofia cristã agostiniana enfatiza no indivíduo sua vinculação pessoal com Deus, a
responsabilidade de cada indivíduo pelos seus atos e exalta a salvação individual.

Liberdade humana e pecado


Outro aspecto fundamental da filosofia agostiniana é o entendimento de que a vontade é uma força
que determina a vida e não uma função específica ligada ao intelecto, tal como diziam os gregos.
Agostinho contrapõe-se, dessa forma, ao intelectualismo moral, que teve sua expressão máxima
em Sócrates. Isso significa que, de acordo com Agostinho, a liberdade humana é própria da vontade
e não da razão. E é nisso que reside a fonte do pecado. O indivíduo peca porque usa de seu livre-
arbítrio para satisfazer uma vontade má, mesmo sabendo que tal atitude é pecaminosa. Nas palavras
de Agostinho, vejamos as causas mais comuns do pecado:

“O ouro, a prata, os corpos belos e todas as coisas são dotadas dum certo atrativo. O prazer de
conveniência que se sente no contato da carne influi vivamente. Cada um dos outros sentidos
encontra nos corpos uma modalidade que lhes corresponde. Do mesmo modo a honra temporal e o
poder de mandar e dominar encerram também um brilho, donde igualmente nasce a avidez e a
vingança. (...) A vida neste mundo seduz por causa duma certa medida de beleza que lhe é própria,
e da harmonia que tem com todas as formosuras terrenas. Por todos estes motivos e outros
semelhantes, comete-se o pecado, porque, pela propensão imoderada para os bens inferiores,
embora sejam bons, se abandonam outros melhores e mais elevados, ou seja, a Vós, meu Deus, à
vossa verdade e à vossa lei." Santo Agostinho. Confissões, p. 33 (Citação completa para o final do livro: São
Paulo, Abril Cultural, 1984 - Os Pensadores)

Por isso, Agostinho afirma que o homem não pode ser autônomo em sua vida moral, isto é, deliberar
livremente sobre sua conduta. No entanto, como o que conduz seus atos é a vontade e não a razão,
o homem pode querer o mal e praticar o pecado, motivo pelo qual ele necessita da graça divina para
salvar-se.

Precedência da fé sobre a razão


Agostinho também discutiu a diferença existente entre fé cristã e razão, afirmando que a fé nos faz
crer em coisas que nem sempre entendemos pela razão: “creio tudo o que entendo, mas nem tudo
que creio também entendo. Tudo o que compreendo conheço, mas nem tudo que creio conheço”6.
Baseando-se no profeta bíblico Isaías, dizia ser necessário crer para compreender, pois a fé ilumina
os caminhos da razão, e que a compreensão nos confirma a crença posteriormente. Isso significa
que, para Agostinho, a fé revela verdades ao homem de forma direta e intuitiva. Vem depois a razão
esclarecendo aquilo que a fé já antecipou.

A herança do helenismo
O pensamento agostiniano (de Agostinho) reflete, em grande medida, os principais passos de sua
trajetória intelectual anterior à conversão ao catolicismo, que teve a influência do helenismo. Vejamos
alguns elementos:
■ do maniqueísmo ficou uma concepção dualista no âmbito moral, simbolizada pela luta entre o
bem e o mal, a luz e as trevas, a alma e o corpo. Nesse sentido, dizia que o homem tem uma
inclinação natural para o mal, para os vícios, para o pecado. Insistia em que já nascemos pecadores
(pecado original) e somente um esforço consciente pode nos fazer superar essa deficiência “natural”.
Considerando o mal como o afastamento de Deus, defendia a necessidade de uma intensa educação
religiosa, tendo como finalidade reduzir essa distância.
■ do ceticismo ficou a permanente desconfiança nos dados dos sentidos, isto é, no conhecimento
sensorial, conhecimento que nos apresenta uma multidão de seres mutáveis, flutuantes e
transitórios.
■ do platonismo, Agostinho assimilou a concepção de que a verdade, como conhecimento eterno,
deveria ser buscada intelectualmente no “mundo das ideias”. Por isso defendeu a via do
autoconhecimento, o caminho da interioridade, como instrumento legítimo para a busca da
verdade. Assim, somente o íntimo de nossa alma, iluminada por Deus, poderia atingir a verdade das
coisas. Da mesma forma que os olhos do corpo necessitam da luz do sol para enxergar os objetos
do mundo sensível, os “olhos da alma” necessitam da luz divina para visualizar as verdades eternas
da sabedoria.

ESCOLÁSTICA - Inspiração aristotélica nos caminhos de Deus

No século VIII, Carlos Magno, rei dos francos coroado imperador do ocidente em 800 pelo papa Leão
III, organizou o ensino e fundou escolas ligadas às instituições católicas. Com isso, a cultura greco-
romana, guardada nos mosteiros até então, voltou a ser divulgada, passando a ter uma influência
mais marcante nas reflexões da época. Era o período da renascença carolíngia. Adotou-se nessas
escolas a educação romana como modelo. Começaram a ser ensinadas matérias como gramática,
retórica e dialética (o trivium) e geometria, aritmética, astronomia e música (o quadrivium). Todas
elas estavam, no entanto, submetidas à teologia. Foi assim, no ambiente cultural dessas escolas e
das primeiras universidades do século XI, que surgiu uma produção filosófico-teológica denominada
escolástica (palavra derivada de escola). A partir do século XIII, o aristotelismo penetrou de forma
profunda no pensamento escolástico, marcando-o definitivamente. Isso se deveu à descoberta de
muitas obras de Aristóteles, desconhecidas até então, e à tradução para o latim de algumas delas,
diretamente do grego.

No período escolástico, a busca de harmonização entre a fé cristã e a razão manteve-se como


problema básico de especulação filosófica. Nesse contexto, a escolástica pode ser dividida em três
fases:
■ primeira fase (do século IX ao fim do século XII) — caracterizada pela confiança na perfeita
harmonia entre fé e razão;
■ segunda fase (do século XIII ao princípio do século XIV) — caracterizada pela elaboração de
grandes sistemas filosóficos, merecendo destaque as obras de Tomás de Aquino. Nessa fase,
considera-se que a harmonização entre fé e razão pode ser parcialmente obtida;
■ terceira fase (do século XIV até o século XVI) — decadência da escolástica, marcada por disputas
que realçam as diferenças entre fé e razão.
Além de apresentar o traço fundamental da filosofia medieval, que é a referência às questões
teológicas, a escolástica promoveu significativos avanços no estudo da lógica. Um dos filósofos que
mais contribuiu para o desenvolvimento dos estudos lógicos nesse período foi o romano Boécio,
que, embora tenha vivido de 480 a 524, é considerado o primeiro dos escolásticos. Ele aperfeiçoou
o quadrado lógico, sistema de relações entre afirmativas que fornece a base lógica para garantir a
validade de certas formas elementares de raciocínio. Também foi o primeiro a introduzir a questão
dos universais, problema filosófico longamente discutido por todo o período da escolástica.

A questão dos universais: o que há entre as palavras e as coisas.

O método escolástico de investigação, segundo o historiador francês contemporâneo Jacques Le


Goff, privilegiava o estudo da linguagem (o trivium) para depois passar para o exame das coisas (o
quadrivium). Desse método surgiu a seguinte pergunta: qual a relação entre as palavras e as coisas?
Rosa, por exemplo, é o nome de uma flor. Quando a flor morre, a palavra rosa continua existindo.
Nesse caso, a palavra fala de uma coisa inexistente, de uma ideia geral. Mas como isso acontece?
O grande inspirador da questão foi o filósofo neoplatônico Porfírio (234-305, aproximadamente), em
sua obra Isagoge:
“Não tentarei enunciar se os gêneros e as espécies existem por si mesmos ou na pura inteligência, nem, no
caso de subsistirem, se são corpóreos ou incorpóreos, nem se existem separados dos objetos sensíveis ou nestes
objetos, formando parte dos mesmos”. ABELARDO. Isagoge. Apud História do Pensamento, v. 1, p. 161.

Esse problema filosófico gerou disputas. Era a grande discussão sobre a existência ou não das
ideias gerais, isto é, os chamados universais de Aristóteles. Tal discussão ficou conhecida como
a questão dos universais, isto é, da relação entre as coisas e seus conceitos. Envolvia não apenas
problemas linguísticos e gnoseológicos (relativos à questão do conhecimento), mas também
teológicos. Em relação a essa questão, surgiram duas posições antagônicas: o realismo e o
nominalismo. Os adeptos do realismo sustentavam a tese de que os universais existiam de fato, ou
seja, as ideias universais existiriam por si mesmas. Assim, por exemplo, a bondade, a beleza, seriam
modelos ou moldes a partir dos quais se criariam as coisas boas e as coisas belas. Os termos
universais seriam entidades metafísicas, essências separadas das coisas individuais. Essa posição
foi defendida, por exemplo, pelo abade beneditino e arcebispo de Cantuária (Canterbury - cidade
inglesa) Santo Anselmo (1035-1109), que acreditava que as ideias universais existiriam na mente
divina. O filósofo e bispo francês Guilherme de Champeaux (1070-1121) também era realista e
acreditava que entre o universo das coisas e o universo dos nomes havia uma analogia tal que
quanto mais “universal” fosse o termo gramatical, maior seria o seu grau de participação na perfeição
original da ideia. Assim, por exemplo, o substantivo brancura teria uma perfeição maior do que o
adjetivo branco, que se refere a um ente singular. Na mesma linha de raciocínio de Platão, o
universal brancura seria mais perfeito do que qualquer coisa branca existente. Á os defensores do
nominalismo sustentavam a tese de que os termos universais, tais como beleza, bondade etc., não
existiriam em si mesmos, pois seriam apenas palavras sem uma existência real. Para os
nominalistas, o que existe são apenas os seres singulares, e o universal não passa, portanto, de um
nome, uma convenção. Essa era a posição do filósofo francês Roscelin de Compiègne (1050-
1120), autor segundo o qual só existiria a individualidade. Logo, anulam-se os termos universais.
Roscelin também negava que Deus pudesse ser uno e trino ao mesmo tempo, porque, para ele, cada
pessoa da trindade seria uma individualidade separada. Entre essas duas posições contrárias, surgiu
uma terceira, o realismo moderado, sustentado por Pedro Abelardo (1079-1142). Para ele, só
existiriam as realidades singulares, mas seria possível buscar semelhanças entre os seres
individuais, através de abstração, de tal maneira a gerar os conceitos universais. Tais conceitos não
seriam, de acordo com Abelardo, nem entidades metafísicas (posição do realismo) nem palavras
vazias (posição do nominalismo), e sim discursos mentais, categoria lógico-linguísticas que fazem
a mediação, a ligação entre o mundo do pensamento e o mundo do ser. A importância da questão
dos universais está não só no avanço que essa discussão possibilitou em relação à busca do
conhecimento da realidade, mas também porque, através dela, se alcançou um alto nível de
desenvolvimento lógico-linguístico. Isso propiciou o fortalecimento de uma razão autônoma em
relação à teologia, por volta do século XII.

Santo Tomás de Aquino: a cristianização de Aristóteles.


Tomás de Aquino (1226-1274) nasceu em Nápoles, sul da Itália, e faleceu no convento Fossa nova,
próximo de sua cidade natal, aos 49 anos de idade. É considerado um dos maiores filósofos da
escolástica medieval. A filosofia de Tomás de Aquino (o tomismo) parece que nasceu com objetivos
claros: não contrariar a fé. De fato, sua finalidade era organizar um conjunto de argumentos para
demonstrar e defender as revelações do cristianismo. Assim, Tomás de Aquino reviveu em grande
parte o pensamento aristotélico em busca de argumentos que explicassem os principais aspectos da
fé cristã. Enfim, fez da filosofia de Aristóteles um instrumento a serviço da religião católica, ao mesmo
tempo em que transformou essa filosofia numa síntese original.

Princípios básicos
Retomando as ideias de Aristóteles sobre o ser e o saber, Tomás de Aquino enfatizou a importância
da realidade sensorial. Em relação ao processo de conhecimento dessa realidade, ressaltou uma
série de princípios considerados básicos, dentre os quais se destacam:
■ princípio da não-contradição — o ser é ou não é. Não existe nada que possa ser e não ser ao
mesmo tempo e sob o mesmo ponto de vista;
■ princípio da substância — na existência dos seres podemos distinguir a substância (a essência,
propriamente dita, de uma coisa, sem a qual ela não seria aquilo que é) do acidente (a qualidade
não-essencial, acessória do ser);
■ princípio da causa eficiente — todos os seres que captamos pelos sentidos são seres
contingentes, isto é, não possuem, em si próprios, a causa eficiente de suas existências. Portanto,
para existir, o ser contingente depende de outro ser que representa a sua causa eficiente, chamado
de ser necessário;
■ princípio da finalidade — todo ser contingente existe em função de uma finalidade, de um
objetivo, de uma “razão de ser”. Enfim, todo ser contingente possui uma causa final;
■ princípio do ato e da potência — todo ser contingente possui duas dimensões: o ato e a potência.
O ato representa a existência atual do ser, aquilo que está realizado e determinado. A potência
representa a capacidade real do ser, aquilo que não se realizou mas pode realizar-se. É a passagem
da potência para o ato que explica toda e qualquer mudança.

Distinção entre ser e essência.


Apesar de esses princípios terem vindo do pensamento aristotélico, não se pode dizer que Tomás
de Aquino tenha apenas adaptado a filosofia de Aristóteles ao cristianismo. O que o filósofo
escolástico empreendeu foi uma sistematização da doutrina cristã que se apoia em parte na filosofia
aristotélica, mas que contém muitos elementos estranhos ao aristotelismo: o conceito de criação do
mundo, a noção de um deus único, a ideia de que o vir-a-ser (a passagem da potência ao ato) não
é autodeterminado, mas procede de Deus. Mais que isso, Tomás de Aquino introduziu uma distinção
entre o ser e a essência, dividindo a metafísica em duas partes: a do ser em geral e a do ser pleno,
que é Deus. De acordo com essa distinção, o único ser realmente pleno, no qual o ser e a essência
se identificam, é Deus. Para o filósofo, Deus é ato puro. Não há o que se realizar ou se atualizar em
Deus, pois ele é completo. Tomás de Aquino dirá que Deus é Ser, e o mundo tem ser. Ou seja, Deus
é o Ser que existe como fundamento da realidade das outras essências que, uma vez existentes,
participam de seu Ser. Isso equivale a dizer que, nas outras criaturas, o ser é diferente da essência,
pois as criaturas são seres não-necessários. É Deus que permite às essências realizarem-se em
entes, em seres existentes.

As provas da existência de Deus.


Outro aspecto importante da filosofia tomista são as provas da existência de Deus. Em um de seus
mais famosos livros, a Suma Teológica, Tomás de Aquino propõe cinco provas da existência de
Deus:
1. o primeiro motor — tudo aquilo que se move é movido por outro ser. Por sua vez, este outro ser,
para que se mova, necessita também que seja movido por outro ser. E assim sucessivamente. Se não
houvesse um primeiro ser movente, cairíamos num processo indefinido. Logo, conclui Tomás de Aquino, é
necessário chegar a um primeiro ser movente que não seja movido por nenhum outro. Esse ser é Deus.
2. a causa eficiente — todas as coisas existentes no mundo não possuem em si próprias a causa
eficiente de suas existências. Devem ser consideradas efeitos de alguma causa. Tomás de Aquino
afirma ser impossível remontar indefinidamente à procura das causas eficientes. Logo, é necessário
admitir a existência de uma primeira causa eficiente, responsável pela sucessão de efeitos. Essa
causa primeira é Deus.
3. ser necessário e ser contingente — este argumento é uma variante do segundo. Afirma que
todo ser contingente, do mesmo modo que existe, pode deixar de existir. Ora, se todas as coisas que
existem podem deixar de ser, então, alguma vez, nada existiu. Mas, se assim fosse, também agora
nada existiria, pois aquilo que não existe somente começa a existir em função de algo que já existia.
É preciso admitir, então, que há um ser que sempre existiu, um ser absolutamente necessário, que
não tenha fora de si a causa da sua existência, mas, ao contrário, que seja a causa da necessidade
de todos os seres contingentes. Esse ser necessário é Deus.
4. os graus de perfeição — em relação à qualidade de todas as coisas existentes, pode-se afirmar
a existência de graus diversos de perfeição. Assim, afirmamos que tal coisa é melhor que outra, ou
mais bela, ou mais poderosa, ou mais verdadeira etc. Ora, se uma coisa possui “mais” ou “menos”
determinada qualidade positiva, isso supõe que deve existir um ser com o máximo dessa qualidade,
no nível da perfeição. Devemos admitir, então, que existe um ser com o máximo de bondade, de
beleza, de poder, de verdade, sendo, portanto, um ser máximo e pleno. Esse ser é Deus.
5. a finalidade do ser — todas as coisas brutas, que não possuem inteligência própria, existem na
natureza cumprindo uma função, um objetivo, uma finalidade, semelhante à flecha dirigida pelo
arqueiro. Devemos admitir, então, que existe algum ser inteligente que dirige todas as coisas da
natureza para que cumpram seu objetivo. Esse ser é Deus.

O mérito de Tomás de Aquino.


Proclamado pela Igreja Católica como o Doutor Angélico e o Doutor por Excelência,
Tomás de Aquino é reverenciado nos meios católicos pelos filósofos e professores de filosofia. É o
caso do filósofo católico Jacques Maritain (1882-1973), que assim enaltece a contribuição de Tomás
de Aquino: “Não só transportou para o domínio do pensamento cristão a filosofia de Aristóteles na
sua integridade, para fazer dela o instrumento de uma síntese teológica admirável, como também e
ao mesmo tempo superelevou e, por assim dizer, transfigurou essa filosofia. Purificou-a de todo
vestígio de erro (...) sistematizou-a poderosa e harmoniosamente, aprofunda- dando-lhe os
princípios, destacando as conclusões, alargando os horizontes, e se nada cortou, muito acrescentou,
enriquecendo-a com o imenso tesouro da tradição latina e cristã” MARITAIN, Jacques. Introdução geral à
filosofia, p. 65.

Já filósofos não-cristãos, como o britânico Bertrand Russell (1872-1970), questionam os méritos de


Tomás de Aquino, considerando-os insuficientes para justificar sua imensa reputação. Diz Russell:

“Há pouco do verdadeiro espírito filosófico em Aquino (...) Não está empenhado numa pesquisa cujo
resultado não possa ser conhecido de antemão. Antes de começar a filosofar, ele já conhece a
verdade; está declarada na fé católica. Se, aparentemente, consegue encontrar argumentos
racionais para algumas partes da fé, tanto melhor; se não, basta-lhe voltar de novo à revelação. A
descoberta de argumentos para uma conclusão dada de antemão não é filosofia, mas uma alegação
especial. Não posso, portanto, admitir que mereça ser colocado no mesmo nível que os melhores
filósofos da Grécia ou dos tempos modernos”. RUSSELL, Bertrand. História da filosofia ocidental, v. 2, p. 174.
Em que pese essa discordância de opiniões sobre os méritos de Tomás de Aquino, é praticamente
unânime o reconhecimento de que sua obra filosófica representou o apogeu do pensamento
medieval católico. Posteriormente a esse período, o tomismo seria progressivamente questionado
pelos movimentos filosóficos que se desenvolveriam na Renascença e na Idade Moderna.

A escolástica pós-tomista.

Grandes acontecimentos históricos marcaram a Europa nos séculos XIII e XIV Entre eles, estão: a Guerra
dos Cem Anos, entre a França e a Inglaterra; a epidemia da peste bubônica, que matou cerca de três quartos
da população europeia; o cisma definitivo entre as Igrejas do Ocidente e do Oriente, que, entre outros fatores,
diminuiu a influência da Igreja Católica Romana sobre o poder temporal (o Estado) e sobre a população; a
criação de novas universidades, que iniciam o desenvolvimento de questões relativas às ciências naturais e
a autonomia da filosofia em relação à teologia. Esses são alguns dos fatores que levarão ao questionamento
do pensamento escolástico bem como ao fim da Idade Média. Entre os filósofos significativos desse período,
destacam-se:
■ São Boaventura (1240-1284) — iniciou uma reação contra a filosofia tomista e buscou recuperar a
tradição platônica agostiniana. Mais tarde essa reação seria desenvolvida pelos filósofos e teólogos fran-
ciscanos, sobretudo na Universidade de Oxford, Inglaterra.

■ Roberto Grosseteste (1168-1243) e Roger Bacon (1214-1292) — iniciaram uma investigação


experimental no campo das ciências naturais que abriu caminho para a ciência moderna.
■ Guilherme de Ockham (1280-1349) — proclamou uma distinção absoluta entre fé e razão. Para Ockham,
a filosofia não seria serva da teologia, e a teologia não poderia sequer ser considerada ciência, pois seria
tão-somente um corpo de proposições mantidas não pela coerência racional, mas pela força da fé. Pensador
empirista e nominalista, Ockham combateu a metafísica tradicional e iniciou o método da pesquisa científica
moderna. Seu pensamento destacou-se porque apreendeu as transformações de seu tempo: a ruptura entre
a Igreja e os nascentes Estados nacionais; a perda da concepção unitária da sociedade humana, que passou
a se dividir cada vez mais entre o poder temporal e o poder espiritual; a ruptura entre fé e razão, ocasionada
pelo nascente desenvolvimento da razão autônoma, que buscou através da investigação empírica o
conhecimento dos fenômenos naturais.
Texto Complementar.

Lição filosófica: Fé e razão não precisam ser tomadas como inimigas uma da outra.

Por Paulo Ghiraldelli - especial para o iG | 12/10/2013 11:30.

Há duzentos anos, nascia Denis Diderot, um expoente do pensamento ainda vivo que opõe
filosofia e religião.

Nesse mês de outubro, nós filósofos comemoramos duzentos anos de nascimento de Denis Diderot
(5/10/1713 – 31/08/1784). Entre os iluministas franceses, talvez ele tenha sido o mais radical, ao menos em
matéria de religião. Ele foi um materialista e ateu convicto. Devemos mais a ele que a todos os outros autores
da Enciclopédia a ideia de que a fé se opõe à razão, e então tem de ser tratada como inimiga da filosofia.
Esse pensamento teve e tem sua utilidade ainda hoje, no entanto, como tudo na filosofia, ele precisa ser
entendido com cuidado. Quando radicalizado, tal doutrina pode gerar uma incompreensão a respeito da
própria filosofia. Na história da filosofia, razão e fé nem sempre estiveram em campos opostos a ponto de
se poder sugerir uma completa inimizade. Muito menos religião e filosofia. No começo do cristianismo, vários
dos depois chamados “primeiros padres da Igreja” vieram para os Evangelhos após uma peregrinação por
escolas filosóficas tipicamente helenistas. O trajeto de Justino de Roma, contado por ele mesmo, talvez seja
um dos exemplos mais célebres e conhecidos a esse respeito. Justino viveu uns centos e cinquenta anos
depois de Jesus. Em seu “Diálogo com Trifão” ele deixou registrado seu “caminho em busca de Deus”. Este
caminho, para ele, era filosófico por sua própria natureza. Falando de seu itinerário intelectual, ele conta que
inicia tendo como mestre um filósofo estoico, e que passa um bom tempo com ele. Desiste desses
ensinamentos porque percebe que este não o encaminharia para o conhecimento de Deus. Procura então
um peripatético. Ele permanece uns dias com esse novo mestre e então nota que o homem queria dinheiro.
Toma-o então, por isso, como um não filósofo, e se afasta. Em seguida, busca ingressar na escola de um
pitagórico. Mas este cobra dele um bocado de pré-requisitos, como o estudo da música, da astronomia e da
geometria.
Ora, só depois de uma vida toda poderia começar a pensar sobre o belo e o bom em si mesmo.
Tomando tal espera como ridícula, bandeia-se para o lado de um platônico. Este o ensina a doutrina
das ideias puras, e ele acredita, ao menos por um tempo, estar no caminho correto. Mais cedo ou
mais tarde, ele esperava, chegaria o momento que “contemplaria o próprio Deus”. Passado mais
tempo, avalia que só a sua estupidez poderia tê-lo feito acreditar nisso. Ao final, encontra um homem
solitário, e este sim, após submetê-lo a um exercício quase que socrático, de modo a leva-lo a
perceber sua ignorância, lhe indica um real novo caminho. O homem diz para ele que o melhor seria
“ouvir os profetas”
.
Ora, “ouvir os profetas” poderia simplesmente não ser uma frase entendida por alguém
exclusivamente educado na cultura clássica. Os gregos clássicos não tinham em sua cultura essa
prática. Nunca os oráculos fizeram o papel de emissores de profecias, como de vez em quando
lemos em textos didáticos por aí, bem equivocados. Os oráculos propunham um enigma, algo que
levava à reflexão. Os profetas, por sua vez, pertenciam a uma outra cultura, vinham do âmbito da
vida judaico-cristã. O que anunciavam dizia respeito ao que os homens confiantes em suas palavras,
os homens de fé, deveriam esperar. Os profetas falaram da vinda de Jesus. Este, então, cumpriu
profecias e traçou o caminho para Deus, o caminho que era ele próprio. Quando lemos esse relato
de Justino, não podemos deixar de notar algo estranho. Ouvir os profetas e, portanto, adentrar não
somente em mais uma escola filosófica, mas enveredar por uma nova cultura ou, como é dito hoje
em dia, começar a pensar por meio de um novo paradigma, não poderia ser algo completamente
tranquilo para Justino. No entanto, o modo como ele expõe sua narrativa, nos faz ver a inexistência
de qualquer estranheza. Justino sabe da diferença e da cisão, mas ele não exagera, no seu relato,
o salto de um modo de pensar ao outro. De certo modo, ele demonstra uma prática que, após Diderot
e a Enciclopédia, nunca mais conseguimos levar adiante sem um grande drama: pode-se passar das
filosofias reflexivas para uma doutrina de fé sem que isso signifique um trauma ou um
entorpecimento. Justino mostra que é exatamente isso que ele fez: uma passagem, não um salto
alienante e alienado. Ouvir os platônicos e aprender o procedimento da contemplação, Justino
entendia bem, nada tinha com ouvir os profetas. No entanto, ouvir os profetas não era algo absurdo
diante de ouvir os platônicos. Causava menos estranheza para ele a diferença entre aprender o que
vinha do helenismo e aprender o que vinha do judaísmo cristão que essa mesma diferença na causa
hoje. Tornamo-nos modernos, entre outras coisas, porque, diferentemente de Justino, pudemos
descredenciar uma prática profética, sensível à fé, em função da adoção de uma prática reflexiva,
montada na sela da razão. Mas, hoje, sendo inteligentes, deveríamos notar que a não hierarquização
exagerada entre filosofia helenista e outras filosofias, como no trajeto quase linear de Justino, é um
elemento central para desconfiarmos que fé e razão não só se opõem, mas se complementam. Não
refletimos sem acreditar e não acreditamos sem refletir.
 Paulo Ghiraldelli, 56, filósofo, escritor, cartunista e professor da UFRRJ
Fonte: http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/2013-10-12/licao-filosofica-fe-e-razao-nao-precisam-ser-
tomadas-como-inimigas-uma-da-outra.html
O livro de Eli

Em um futuro não muito distante, 30 anos após o término da última guerra. Eli (Denzel Washington) é um
homem solitário, que percorre a América do Norte devastada. Ele apenas deseja paz, mas ao ser desafiado
não foge à luta. Seu principal objetivo é proteger a esperança da humanidade, a qual guarda consigo há 30
anos, sendo que para tanto faz o que for preciso para sobreviver. O único que compreende seu intento é
Carnegie (Gary Oldman), o autoproclamado déspota de uma cidade repleta de ladrões. Ao mesmo tempo
Solara (Mila Kunis), a filha da companheira de Carnegie (Jennifer Beals), fica fascinada com Eli pela
possibilidade de que ele lhe mostre o que há além dos domínios que conhece. Só que Carnegie está disposto
a impedir sua cruzada, para recuperar Solara e também conseguir o valioso objeto que Eli protege. Neste
filme notamos o pensamento agostiniano quanto a supremacia da fé diante da razão: Crer para
compreender!

Deus não está morto.

Quando o jovem Josh Wheaton (Shane Harper) entra na universidade, ele conhece um arrogante professor
de filosofia (Kevin Sorbo) que não acredita em Deus. O aluno reafirma sua fé, e é desafiado pelo professor
a comprovar a existência de Deus. Começa uma batalha entre os dois homens, que estão dispostos a tudo
para justificar o seu ponto de vista - até se afastar das pessoas mais importantes para eles. Neste Filme,
mesmo como seu contexto religioso notamos a utilização do pensamento de São Tomas, quanto as 5 vias
de existência de Deus.

Exercícios.

1. Para Santo Tomás, filosofia e teologia são ciências distintas porque:


a) A filosofia se funda no exercício da razão humana e a teologia na revelação divina.
b) A filosofia é uma ciência complementar à teologia.
c) A filosofia nos traz a compreensão da verdade que será comprovada pela teologia.
d) A revelação é critério de verdade, por isso não se pode filosofar.
e) A teologia é a mãe de todas as ciências e a filosofia serve apenas para explicar pontos de
menor importância.

2. Na triplicidade das faculdades da alma, Santo Agostinho descobre um vestígio da Trindade.


A unidade da pessoa, que tem essas três faculdades intimamente entrelaçadas, mas não é
nenhuma delas, é a do eu, que recorda, entende e ama, como perfeita distinção, mas mantendo
a unidade da vida, da mente e da essência. Quais são as três faculdades da alma para Santo
Agostinho?
a) memória, inteligência e vontade.
b) memória, inteligência e imortalidade.
c) generacionismo, inteligência e vontade.
d) imortalidade, generacionismo e vontade.
e) generacionismo, imortalidade e inteligência.

03. Santo Tomas de Aquino demonstra a existência de Deus de cinco maneiras, que são
conhecidas como cinco vias. Analise as proposições abaixo:
1. Pelo movimento.
2.Pela causa eficiente.
3.Pelo contingente e pelo necessário.
4.Pelos graus da perfeição.
5.Pela ontologia.
6.Pela finalidade do ser.
7.Pela contingência dos entes.

Os argumentos que pertencem à prova apresentada por São Tomas de Aquino são:

a) Apenas os argumentos 1,2,3,4 e 5.


b) Apenas os argumentos 1,2,3,5 e 6.
c) Apenas os argumentos 1,2,3,4 e 6.
d) Apenas os argumentos 2,3,4,5 e 6
e) Apenas os argumentos 3,4,5,6 e 7.

4. O trecho que segue foi extraído das Confissões, de Santo Agostinho: "Quem nos mostrará
o Bem? Ouçam a resposta: está gravada dentro de nós a luz do vosso rosto Senhor. Nós não somos
a luz que ilumina a todo homem, mas somos iluminados por Vós." A partir dos seus conhecimentos
sobre as filosofias de Santo Agostinho e Tomás de Aquino, identifique qual das afirmações abaixo
está correta:
a) As cinco vias de Tomás de Aquino são argumentos diretos e evidentes da existência de Deus.
Partem de afirmações gerais e racionais sobre a existência, para chegar a conclusões sobre as
coisas sensíveis, particulares e verificáveis sobre o mundo natural.
b) Os argumentos de Santo Agostinho que provam a existência de Deus denotam a influência direta
que ele teve do pensamento de Aristóteles, principalmente da Metafísica.
c) Para Santo Agostinho, a irradiação da luz divina faz com que conheçamos imediatamente as
verdades eternas em Deus. Essas verdades eternas e necessárias não estão no interior do homem,
porque seu intelecto é mutável e contingente.
d) Tomás de Aquino construiu uma argumentação para provar a existência de Deus à luz das ideias
de Platão e de vários fragmentos da Bíblia.
e) Para Santo Agostinho, a irradiação da luz divina atua imediatamente sobre o intelecto humano,
deixando-o ativo para o conhecimento das verdades eternas. Essas verdades, necessárias e imutáveis,
estão no interior do homem.

5. Durante a Idade Média, a questão dos universais foi um dos grandes problemas debatidos
pelos filósofos da época. Realismo, conceitualismo e nominalismo foram as soluções típicas do
problema. Outra preocupação da época foi o da possibilidade ou impossibilidade de conciliar fé
e razão. Santo Agostinho, sobre a relação fé e razão, protagonizou uma tese que se pode resumir
na frase: “Creio para entender”. A partir dos seus conhecimentos sobre a questão dos universais
e da filosofia medieval, identifique as proposições verdadeiras:

I - O apogeu da patrística aconteceu no século XIII com Santo Tomás de Aquino (1225-1274),
que, retomando o pensamento de Platão, fez a síntese mais bem elaborada da filosofia com o
cristianismo durante a Idade Média.
II - O pensamento filosófico medieval, a partir do século IX, é chamado de escolástica. A filosofia
escolástica tinha por problema fundamental levar o homem a compreender a verdade revelada
pelo exercício da razão, contudo apoiado na Auctoritas, seja da Bíblia, seja de um padre da Igreja.
III - Para os nominalistas, o universal é apenas um conteúdo da nossa mente, expresso por um
nome. O que significa dizer que os universais são apenas palavras, sem nenhuma realidade
específica correspondente.
IV - No conceitualismo de Pedro Abelardo, os universais são conceitos, entidades mentais, que
não existem na realidade, nem são meros nomes.
V - De acordo com a teoria da iluminação de Santo Agostinho, o ser humano recebe de Deus o
conhecimento das verdades eternas. Tal como o sol, Deus ilumina a razão e torna possível o
pensar correto. Agostinho não conflita a fé com a razão, sendo esta última auxiliar e subordinada
da fé.

Assinale a alternativa que contém as afirmativas corretas:


a) I, II e III
b) I, III e V
c) II e V
d) I, II e IV
e) II, III, IV e V

6. Pedro Abelardo foi um filosofo medieval que participou de uma acirrada disputa filosófica no
século XII. Essa disputa centrava-se sobre:
a) a existência de Deus.
b) o predomínio da fé sobre a razão.
c) a questão da existência dos universais.
d) a presença do mal no mundo.
e) a morte da alma.
7. O filosofo grego que maior influência exerceu sobre Santo Tomas de Aquino foi:
a) Platão.
b) Aristóteles.
c) Sócrates.
d) Heráclito.
e) Parmênides.

08. Para Santo Tomas de Aquino, um dos princípios do conhecimento humano era o princípio
da causa eficiente. Esse princípio da causa eficiente exigia que o ser contingente:
a) não exigisse causa alguma.
b) fosse causado pelo intelecto humano.
c) fosse causado pelo ser necessário.
d) fosse causado por acidentes casuais
e) fosse causado pelo nada.

9. Indique a proposição à pergunta abaixo:


Sabemos das lutas de Santo Agostinho contra as heresias, especialmente no que tange às suas
interpretações do sentido histórico da religião cristã. Uma destas heresias foi o Pelagianismo.
Segundo Santo Agostinho, em que consiste o erro a que essa heresia conduz?
a) Todos os seres humanos são hereges.
b) Se não há pecado original, então tampouco pode haver a missão salvadora de Jesus Cristo.
c) O ser humano é mau por natureza, não por escolha.
d) Deus, ao criar o ser humano, também criou o mal.
e) Não há como superar o mal.

10. A Patrística é o primeiro momento da filosofia cristã. Sobre esta tendência filosófica, leia as
seguintes afirmativas:
I. A Patrística é um movimento de pensadores cristãos que procura justificar teórica e
filosoficamente a concepção de vida e de mundo depreendida da Bíblia.
II. Boécio não é considerado um pensador da Patrística.
III. Plotino é um pensador considerado como participante da patrística.
IV. A Patrística sempre rejeitou a filosofia Greco-romana em seu todo.
V. Santo Agostinho é considerado o maior pensador da Patrística latina.
VI. Um dos temas fundamentais da Patrística é a discussão do sentido da Santíssima Trindade.

Assinale a alternativa correta:


a) Somente as afirmativas I, II e IV são corretas.
b) Somente as afirmativas I, II, V e VI são corretas.
c) Somente as afirmativas III, V e VI são corretas.
d) Somente as afirmativas I, V e VI são corretas.
e) Somente as afirmativas II, V e VI são corretas.

Gabarito.
1. A 2. A 3. C 4. E 5. E 6. C 7. A 8. C 9. B 10. D
Sofia Virtual: O uso de ferramentas tecnológicas para ampliar e
estruturar o seu sucesso nos vestibulares.

O Enem exige do estudante, um nível de leitura básica nos vários períodos da filosofia, assim como a
necessidade de noção conceitual dos principais filósofos e conceitos sociológicos. Objetivando criar nos
estudantes o contato com estes conceitos, dentro do nosso Curso utilizaremos alguns livros digitais que
visam possibilitar este suporte. A utilização dos livros se dará através do software Moon Reader pro ( link no
nosso grupo no face ). Um dos livros digitais será o Curso de Filosofia de Rezende ( link no nosso grupo no
face ). O Nosso grupo no face Sofia no face ( https://www.facebook.com/groups/789862977721739/ ) .
Boa utilização do material virtual.

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