You are on page 1of 10

See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.

net/publication/320237686

CINÉTICA DE DEGRADAÇÃO TERMO-OXIDATIVA DO POLIPROPILENO (PP). A


DETERMINAÇÃO DO MECANISMO ATRAVÉS DA ANÁLISE TERMOGRAVIMÉTRICA (TGA
/ DTG)

Conference Paper · October 2017

CITATIONS READS

0 51

4 authors, including:

Leonardo Luis Esteves Helson Moreira da Costa


Rio de Janeiro State University Rio de Janeiro State University
4 PUBLICATIONS   0 CITATIONS    59 PUBLICATIONS   624 CITATIONS   

SEE PROFILE SEE PROFILE

Some of the authors of this publication are also working on these related projects:

Mechanical properties and vulcanization kinetics of general rubbers - effect of fillers, vegetable oils and others substances View project

Plastics and wastes - mixtures and properties View project

All content following this page was uploaded by Helson Moreira da Costa on 05 October 2017.

The user has requested enhancement of the downloaded file.


16 a 19 de Outubro de 2017
Instituto Politécnico - Universidade do Estado de Rio de Janeiro
Nova Friburgo - RJ

CINÉTICA DE DEGRADAÇÃO TERMO-OXIDATIVA DO POLIPROPILENO (PP) .


A DETERMINAÇÃO DO MECANISMO ATRAVÉS DA ANÁLISE
TERMOGRAVIMÉTRICA (TGA / DTG)

Leonardo Luis Esteves1 – leonardo.esteves@gmail.com


Helson Moreira da Costa1,2 – moreirahelson@gmail.com
Valéria Dutra Ramos2 – valdutraramos@gmail.com
Mônica Calixto de Andrade1 - mcalixto@iprj.uerj.br
1
Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Instituto Politécnico (IPRJ) – Nova Friburgo, RJ,
Brazil
2
Universidade Estácio de Sá (UNESA) – Nova Friburgo, RJ, Brazil.

Resumo. A cinética de degradação termo-oxidativa do polipropileno foi investigada através


da análise temogravimétrica (TGA/DTG). Duas metodologias foram adotadas para a
determinação do modelo cinético que melhor descreve o processo. Foi verificado que o simples
ajuste linear à Equaçao de Coats-Redfern não trouxe confiabilidade para uma conclusão sobre
o mecanismo de reação. Por outro lado, o uso do modelo isoconversional de Friedman em
conjunto com a criação de curvas mestras resultou em uma melhor interpretação dos
resultados experimentais, ainda que tenha havido limitações em maiores taxas de conversão.

Palavras-chaves: Análise térmica, Polipropileno, Degradação, Cinética

1. INTRODUÇÃO

Investigações sobre a estabilidade térmica de polímeros são alvo de grande interesse em


função da importância comercial e técnica destes materiais. Para este fim, a calorimetria
exploratória diferencial (DSC) e a análise termogravimétrica (TGA/DTG) são, geralmente, os
métodos mais empregados. Os dados termoanalíticos para a análise cinética podem ser obtidos
sob diferentes condições experimentais sendo bem documentado o uso da análise
termogravimétrica, em condições não-isotérmicas, na determinação do tripleto cinético: a
energia aparente de ativação, Ea; o fator pré-exponencial, A, da equação de Arrhenius; e, a
forma mais provável do mecanismo cinético através de uma função matemática f(x) (Vyazovkin
& Wight, 1999; Budrugeac, 2001).
No estudo da degradação de polímeros, assume-se que as taxas de conversão são
proporcionais à fração do material que reagiu. A taxa de conversão pode, então, ser expressa
pela Eq.(1):
dx dx
=β = k(T) . f(x) (1)
dt dT
Anais do XX ENMC – Encontro Nacional de Modelagem Computacional e VIII ECTM – Encontro de Ciências e Tecnologia de Materiais, Nova
Friburgo, RJ – 16 a 19 Outubro 2017

You created this PDF from an application that is not licensed to print to novaPDF printer (http://www.novapdf.com)
XX ENMC e VIII ECTM
16 a 19 de Outubro de 2017
Instituto Politécnico Universidade do Estado do Rio de Janeiro – Nova Friburgo - RJ

onde = dT dt, ou seja, a taxa de aquecimento do experimento; e, x é o grau de conversão


definido pela Eq.(2):
w −w
x= (2)
w− w

onde w é a massa da amostra em certo tempo t; wo e wf referem-se aos valores da massa da


amostra no início e no final do evento térmico de interesse, respectivamente. Os parâmetros f(x)
e k(T) são funções da conversão e da temperatura, respectivamente (Aboulkas et al., 2010).
Frequentemente, k(T) é determinada com sucesso através da equação de Arrhenius e, desta
forma, em condições não-isotérmicas, a Eq. (3) pode ser usada nas investigações cinéticas:
dx A E
= . exp − . f(x) (3)
dT β RT

Na Tabela 1 são apresentados um conjunto de funções f(x) costumeiramente encontradas


na literatura. Embora exista um significativo número de modelos reacionais que podem
expressar f(x), Vyazovkin et al. (2011) reduziu esses modelos a três tipos básicos:

(i) Modelos de aceleração, os quais representam processos onde a taxa aumenta continuamente
com o aumento da conversão, até alcançar um máximo ao final do processo. Modelos desse
tipo podem ser exemplificados em forma de potência como ilustra a Eq.(4):
( )
f(x) = n . x (4)
onde n é uma constante.
(ii) Modelos de desaceleração, os quais representam processos onde a taxa apresenta um
máximo no início e, posteriormente, decresce de forma contínua conforme a conversão
aumenta. O formato mais comum para tais modelos é encontrado na Eq.(5):
f(x) = (1 − x) (5)
onde n é a ordem de reação. Os modelos de difusão são exemplos desses modelos.
iii) Modelos sigmoidais, os quais representam processos nos quais os estágios inicial e final
demonstram, respectivamente, um comportamento de aceleração e desaceleração, de forma que
a taxa do processo alcança um máximo em valores intermediários de conversão. Os modelos
de Avrami-Erofeev, Eq.(6), são exemplos típicos desses modelos:
( )
f(x) = n . (1 − x) . [−ln(1 − x)] (6)

Em grande parte dos manuscritos encontrados na literatura sobre a cinética de degradação,


um modelo para f(x) é escolhido e assume-se que o processo ocorre em uma única etapa. Assim,
através de uma única curva termogravimétrica, registrada em certa taxa de aquecimento, os
parâmetros cinéticos são estimados. Similarmente, em outras investigações, adota-se a hipótese
de que a reação pode ser descrita através de um modelo de ordem n (Criado e Morales, 1976).
Por sua vez, Sánchez-Jiménez et al. (2009) citam o uso de curvas mestras como uma maneira
simples e direta para a determinação do modelo cinético. Assim sendo, neste manuscrito, a
cinética da degradação termo-oxidativa do polipropileno (PP) comercial foi estimada usando-
se as metodologias mais comuns encontradas na literatura. Os procedimentos são descritos e as
vantagens e desvantagens de cada metodologia são discutidas.

Anais do XX ENMC – Encontro Nacional de Modelagem Computacional e VIII ECTM – Encontro de Ciências e Tecnologia de Materiais, Nova
Friburgo, RJ – 16 a 19 Outubro 2017

You created this PDF from an application that is not licensed to print to novaPDF printer (http://www.novapdf.com)
XX ENMC e VIII ECTM
16 a 19 de Outubro de 2017
Instituto Politécnico Universidade do Estado do Rio de Janeiro – Nova Friburgo - RJ

Tabela 1 – Expressões mais comuns para as funções f(x) e g(x) nos mecanismos de reação em
estado sólido

NO MOD. f(x) MECANISMO DETERMINANTE


( )= ( ) DA TAXA
1. PROCESSO QUÍMICO
1 F1/3 1 − (1 − x) (3 2)(1 − x) Reação química
2 F3/4 1 − (1 − x) 4(1 − x) Reação química
3 F3/2 (1 − x) −1 2(1 − x) Reação química
4 F2 (1 − x) − 1 (1 − x) Reação química
5 F3 (1 − x) − 1 1 (1 − x) Reação química
2
6 F4 (1 − x) − 1 1 Reação química
3 (1 − x)
7 G1 1 − (1 − x) 1 Reação química
[2(1 − x)]
8 G2 1 − (1 − x) 1 Reação química
[3(1 − x) ]
9 G3 (1
1 − − x) 1 Reação química
[4(1 − x) ]
2. EQUAÇÕES COM TAXA ACELERADA
10 P3/2 x / 2 x / Nucleação (lei das potências)
3
11 P1/2 x / 2x / Nucleação (lei das potências)
12 P1/3 x / 3x / Nucleação (lei das potências)
13 P1/4 x / 4x / Nucleação (lei das potências)
14 P2 x 1 x Nucleação (lei parabólica)
2
15 E1 ln(x) x Nucleação (lei exponencial)
16 E2 ln(x ) x Nucleação (lei exponencial)
2
3. EQUAÇÕES COM TAXA SIGMOIDAL
17 A1 −ln (1 − x) 1−x Nucleação randômica (Mampel)
18 A2/3 [−ln(1 − x)] / 2 (1 − x)[−ln(1 − x)] / Nucleação randômica (Avrami-
3
Erofeev)
19 A3/2 [−ln(1 − x)] / 3 (1 − x)[−ln(1 − x)] / Nucleação randômica (Avrami-
2
Erofeev)
20 A3/4 [−ln(1 − x)] / 3 (1 − x)[−ln(1 − x)] / Nucleação randômica (Avrami-
4
Erofeev)
21 A5/2 [−ln(1 − x)] / 5 (1 − x)[−ln(1 − x)] / Nucleação randômica (Avrami-
2 Erofeev)
22 A2 [−ln(1 − x)] / 2(1 − x)[−ln(1 − x)] / Nucleação randômica (Avrami-
Erofeev)
23 A3 [−ln(1 − x)] / 3(1 − x)[−ln(1 − x)] / Nucleação randômica (Avrami-
Erofeev)
24 A4 [−ln(1 − x)] / 4(1 − x)[−ln(1 − x)] / Nucleação randômica (Avrami-
Erofeev)
25 A1/2 [−ln(1 − x)] 1 (1 − x)[−ln(1 − x)] Nucleação randômica (Avrami-
2
Erofeev)
26 A1/3 [−ln(1 − x)] 1 (1 − x)[−ln(1 − x)] Nucleação randômica (Avrami-
3
Erofeev)
27 A1/4 [−ln(1 − x)] 1 (1 − x)[−ln(1 − x)] Nucleação randômica (Avrami-
4
Erofeev)
28 B1 x x Núcleos de ramificação (Prout-
ln (1 − x) (1 − x)
Tompkins)
4. EQUAÇÕES COM TAXA DESACELERADA
29 R1 x 1 Disco limitado
30 R2 1 − (1 − x) / 2(1 − x) / Cilindro limitado
31 R3 1 − (1 − x) / 3(1 − x) / Esfera limitada
5. EQUAÇÕES COM TAXA DESACELERADA (MECANISMO DE DIFUSÃO)
32 D1 x 1 Difusão unidimensional
(2x)
33 D2 x + (1 − x)ln(1 − x) [−ln(1 − x)] Difusão tridimensional
34 D3 / 3 / / Difusão tridimensional (Jander)
1 − (1 − x) 2 (1 − x) 1 − (1 − x)
35 D4 1− 2 / 3 Difusão tridimensional (Ginstling-
3 x−(1 − x)
/
2 (1 − x) −1
Brounshtein)
36 D5 (1 − x) / − 1 3 (1 − x) / (1 − x) / − 1 Difusão tridimensional (Crank)
2
Anais do XX ENMC – Encontro Nacional de Modelagem Computacional e VIII ECTM – Encontro de Ciências e Tecnologia de Materiais, Nova
Friburgo, RJ – 16 a 19 Outubro 2017

You created this PDF from an application that is not licensed to print to novaPDF printer (http://www.novapdf.com)
XX ENMC e VIII ECTM
16 a 19 de Outubro de 2017
Instituto Politécnico Universidade do Estado do Rio de Janeiro – Nova Friburgo - RJ

37 D6 (1 + x) / − 1 3 (1 + x) / (1 + x) / − 1 Difusão tridimensional
2
38 D7 1 + 2 3 x − (1 + x) / 3 / Difusão tridimensional
2 (1 + x) −1
39 D8 (1 + x) /
−1 3 / / Difusão tridimensional
2 (1 + x) (1 + x) −1
6. OUTRAS EQUAÇÕES CINÉTICAS SEM MECANISMO JUSTIFICADO
40 G7 / / / /
1 − (1 − x) 4 (1 − x) 1 − (1 − x)
41 G8 / / / / /
1 − (1 − x) 6(1 − x) 1 − (1 − x)

2. PARTE EXPERIMENTAL

O polipropileno (PP) comercial, PP HOMO/H 501HC, foi suprido pela empresa Braskem.
A densidade e o índice de fluidez foram 0,905 g cm-3 e 3,5 g/10 min (ASTM D1238, 230°C,
2,16 kg). A análise termogravimétrica (TGA), em conjunto com a análise termogravimétrica
derivativa (DTG), em condições não-isotérmicas, foi conduzida em um STA-6000
Simultaneous Thermal Analyzer, Perkin Elmer. Amostras de massa aproximada entre 10 e 15
mg foram usadas em cada experimento. As curvas termogravimétricas foram obtidas usando-
se três diferentes taxas de aquecimento (3, 5 e 10 K min-1) no intervalo de 300 K a 975 K, sob
atmosfera de ar comprimido e com fluxo mantido em 20 mL min-1. Cadinhos abertos de alumina
foram usados. O programa Pyris Thermal Analysis™® 10.1 foi empregado para a interpretação
dos dados experimentais de TGA/DTG. A reprodutibilidade dos experimentos foi garantida
pelo uso de triplicatas em cada taxa de aquecimento.
Para a análise da cinética de degradação termo-oxidativa, as duas metodologias adotadas
foram:

 Metodologia 1: Uso da equação de Coats-Redfern e suposição do modelo g(x) para a


correlação linear (Vyazovkin e Wight, 1999; Vyazovkin et al., 2011)

A Equação 7 foi utilizada para as diversas funções g(x) definidas na Tabela 1 e os


correspondentes gráficos foram obtidos. Os modelos que apresentaram alto coeficiente de
correlação (r2  0,99) foram tomados como adequados para o cálculo dos parâmetros cinéticos
Ea e A.

g(x) AR E 1
ln = ln − . (7)
T E R T

 Metodologia 2: Análise isoconversional e curvas mestres (Lecouvet et al., 2012;


Sánchez-Jiménez et al., 2013)
Os métodos isoconversionais são também conhecidos como métodos de “modelo livre” e
são usados para a determinação da energia de ativação em função da fração convertida sem
assumir qualquer modelo prévio para descrever a reação. Neste trabalho, três modelos
isoconversionais foram escolhidos e são descritos brevemente a seguir:
i. Método de Friedman (Eq. (8)):

dx E
ln = ln[A ∙ f(x)] − RT (8)
dT

ii. Método de Kissinger-Akahira-Sunose (KAS) (Eq.(9)):

β E
ln = Constante − RT (9)
T
Anais do XX ENMC – Encontro Nacional de Modelagem Computacional e VIII ECTM – Encontro de Ciências e Tecnologia de Materiais, Nova
Friburgo, RJ – 16 a 19 Outubro 2017

You created this PDF from an application that is not licensed to print to novaPDF printer (http://www.novapdf.com)
XX ENMC e VIII ECTM
16 a 19 de Outubro de 2017
Instituto Politécnico Universidade do Estado do Rio de Janeiro – Nova Friburgo - RJ

iii. Método de Ozawa-Flynn-Wall (OFW) (Eq.(10)):


E
ln(β) = Constante − 1,052 RT (10)

Quando várias taxas de aquecimento são usadas, os valores de energia de ativação, Ea, em
uma extensa faixa de conversão, x, podem ser obtidos, pois para cada x, o valor de Ea é
determinado a partir da inclinação da reta gerada. De posse dos valores de Ea, as curvas mestras
foram construídas segundo a Eq. (11):

dx dx E
exp RT
dθ = dt . (11)
dx dx E
dθ dt exp RT
, , ,

onde T0.5 é a temperatura correspondente a x = 0,5; e,  é o chamado “tempo generalizado”. De


acordo com Sánchez-Jiménez et al. (2009), é possivel deduzir o modelo cinético da reação pela
simples comparação entre o gráfico gerado pela Eq. (11) com o gráfico gerado pela Eq. (12),
se uma função f(x) apropriada for escolhida.

dx f(x)
dθ = (12)
dx f(0,5)
dθ ,

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A metodologia 1 foi aplicada aos dados experimentais obtidos através das análises de
TGA/DTG. Após a utilização da equação de Coats e Redfern com as diversas funções g(x),
ilustradas na Tabela 1, a estimativa dos parâmetros cinéticos e do modelo reacional estão
resumidos na Tabela 2.

Tabela 2 – Resultados da metodologia 1 aplicada à cinética de degradação termo-oxidativa do


PP
Taxa de aquecimento,  (K min-1) Modelo E a (kJ mol-1) Coeficiente de correlação, r2
g(x)
A1/2 196,4
3 A1/3 294,1 0,995
A1/4 402,5
F3/4 92,3
A1 100,8
A2/3 156,1
5 A3/2 63,9 0,996
A3/4 137,6
A1/2 211,4
A1/3 322,0
A1/4 432,6
R2 85,2
R3 90,1
10 D3 190,4 0,998
D4 177,0

Embora a metodologia 1 seja descrita na literatura como um procedimento adequado para


a descrição cinética do processo reacional, de acordo com a Tabela 2, pôde ser verificado que
diversas funções g(x) geram correlações aceitáveis, ou seja, com r2  0,99. Por exemplo, para
os dados adquiridos com  = 3 K min-1, pelo menos três equações com taxas sigmoidais
Anais do XX ENMC – Encontro Nacional de Modelagem Computacional e VIII ECTM – Encontro de Ciências e Tecnologia de Materiais, Nova
Friburgo, RJ – 16 a 19 Outubro 2017

You created this PDF from an application that is not licensed to print to novaPDF printer (http://www.novapdf.com)
XX ENMC e VIII ECTM
16 a 19 de Outubro de 2017
Instituto Politécnico Universidade do Estado do Rio de Janeiro – Nova Friburgo - RJ

poderiam ser úteis (A1/2, A1/3 e A1/4), as quais produziriam valores de Ea bastante diferentes.
Criado e Morales (1976), em investigação sobre a decomposição de Ba(OH)2 e CaCO3, afirmam
que uma única curva de TG não permite a determinação do mecanismo térmico de
decomposição de um sólido, pois existe a possibilidade de uma interpretação errônea entre os
mecanismos de difusão e aqueles governados por nucleação. Por sua vez, Maciejewski (2000)
sugere que pelo menos três taxas de aquecimento sejam usadas a fim de se encontrar o tripleto
cinético adequado.
Assim sendo, a metodologia 1 apresentou-se falha na descrição do processo de degradação
termo-oxidativa do PP. Uma boa correlação de dados experimentais não garantiu uma correta
descrição cinética, ou seja, a metodologia 1 tornou-se apenas um exercício de ajuste linear.
A metodologia 2 para ser aplicada necessita primeiro que os valores de energia de ativação
sejam determinados em diferentes graus de conversão. Assim, os modelos isoconversionais de
Friedman, KAS e OFW foram aplicados no intervalo 0.05  x  0.95. Os resultados são
apresentados na Figura 1.

300 0,98 240 0,94

(a) 220 (b) 0,92


0,96
Coeficiente de correlação (r^2)

250 200

Coeficiente de regressão (r^2)


Energia de ativação (kJ/mol)

Energia de ativação (kJ/mol)


0,90
180
0,94 0,88
200 160
0,86
0,92 140
0,84
150 120
0,90 0,82
100

100 0,80
0,88 80

60 0,78

50 0,86
40 0,76
0 20 40 60 80 100
0 20 40 60 80 100
Conversão (%)
Conversão (%)

240 0,94

220 (c) 0,92


Coeficiente de regressão (r^2)

200
Enegia de ativação (kJ/mol)

0,90

180
0,88
160
0,86
140
0,84
120

0,82
100

80 0,80

60 0,78
0 20 40 60 80 100

Conversão (%)

Figura 1: Modelos isoconversionais aplicados à degradação termo-oxidativa do PP. (a)


Friedman; (b) KAS; e, (c) OFW.

A Figura 1 revelou que o método de Friedman foi o mais adequado para o ajuste dos dados
experimentais. Valores de Ea entre 88 e 229 kJ mol-1 foram encontrados no intervalo 0,05 a
0.95 de conversão (x), com desvio-padrão de 21 até 59 kJ mol-1. Os outros métodos, KAS e
OFW, apresentam um rápido declínio do coeficiente de correlação, r2, conforme a conversão
aumenta e, desta forma, não foram escolhidos. A Figura 1 também revelou que há uma
dependência de Ea com o grau de conversão, ou seja, a possibilidade de um simples mecanismo
cinético ou a unificação de mecanismos reacionais múltiplos não é uma abordagem adequada
para a análise dos dados experimentais. O aquecimento contínuo de polímeros pode produzir a
Anais do XX ENMC – Encontro Nacional de Modelagem Computacional e VIII ECTM – Encontro de Ciências e Tecnologia de Materiais, Nova
Friburgo, RJ – 16 a 19 Outubro 2017

You created this PDF from an application that is not licensed to print to novaPDF printer (http://www.novapdf.com)
XX ENMC e VIII ECTM
16 a 19 de Outubro de 2017
Instituto Politécnico Universidade do Estado do Rio de Janeiro – Nova Friburgo - RJ

quebra de ligações na cadeia principal, na cadeia lateral e/ou em grupos substituintes. Além
disso, os fragmentos resultantes podem eventualmente vaporizar, quando suficientemente
pequenos, ou ainda gerar uma série de novas reações. Logo, o processo de degradação termo-
oxidativa do PP certamente deve envolver reações complexas, provavelmente uma combinação
de reações sucessivas, competitivas e/ou em paralelo. (Oliveira et. al., 2003; Nakatani, et al.,
2005; Turmanova et. al., 2008; Lecouvet et al., 2012).
Assim sendo, para a determinação do melhor mecanismo de reação para a degradação do
PP, os dados de energia de ativação, obtidos pelo modelo isoconversional de Friedman, foram
usados na Eq.(11) e as curvas mestras foram construídas para cada taxa de aquecimento 
investigada. Os resultados encontrados estão resumidos na Figura 2.
A Figura 2 revelou que os dados experimentais não se ajustam a nenhum modelo cinético
isolado. Com o aumento da conversão e, consequentemente, da probabilidade de um maior
número de reações complexas – competitivas e/ou em paralelo – há uma dificuldade crescente
no ajuste dos dados. Particulamente em baixa taxa de aquecimento,  = 3 K min-1, dois pares
de modelos cinéticos, P1/2 e G7 e A4 e G7, foram necessários, embora tenham sido úteis somente
até x = 0,5. Em taxas maiores,  = 5 K min-1 ou 10 K min-1, os dados experimentais puderam
ser modelados por meio de equações que obedecem à lei de potências - P1/2 e P1/3,
respectivamente – ainda que somente até x = 0,65 e x = 0,70.
Uma reação ordinária no estado sólido pode convenientemente ser representada pelo
esquema: A(s)  B(s) + C(g), onde o sólido “A” se decompõe termicamente para produzir um
sólido “B” e gás “C”. Os modelos do tipo P significam que, durante a degradação de “A”, sítios
reativos surgiram com uma taxa que segue uma lei de potências e cresce de forma constante
(Caballero e Conesa, 2011). Desta maneira, a degradação termo-oxidativa do PP em maiores
taxas de aquecimento pareceu suprimir ou mascarar reações laterais e/ou em paralelo, ou seja,
a cinética se aproximou de um mecanismo em um único estágio.

4. CONCLUSÕES

A cinética de degradação termo-oxidativa do polipropileno (PP) foi investigada mediante


análise termogravimétrica (TGA/DTG). Duas metodologias diferentes para a interpretação dos
dados experimentais foram testadas. A metodologia 1 mostrou-se inadequada por não trazer
uma análise conclusiva apresentando diversos modelos cinéticos possíveis que poderiam ser
adotados. Por sua vez, ainda que com limitações para o grau de conversão, a metodologia 2
apresentou uma maior confiabilidade no ajuste dos dados, pois das diversas curvas mestras
geradas mediante as funções f(x) da Tabela 1 apenas as ilustradas na Figura 2 foram
satisfatórias.

Agradecimentos
Os autores agradecem aos órgãos de fomento, CNPq, CAPES e FAPERJ, e ao programa
Bolsa de Produtividade em Pesquisa 2017 da Universidade Estácio de Sá (UNESA).

Anais do XX ENMC – Encontro Nacional de Modelagem Computacional e VIII ECTM – Encontro de Ciências e Tecnologia de Materiais, Nova
Friburgo, RJ – 16 a 19 Outubro 2017

You created this PDF from an application that is not licensed to print to novaPDF printer (http://www.novapdf.com)
XX ENMC e VIII ECTM
16 a 19 de Outubro de 2017
Instituto Politécnico Universidade do Estado do Rio de Janeiro – Nova Friburgo - RJ

50
1,2
Modelos
Experimental
P 1/2 + G 7
A4+G7
1,0

0,8

f(x) / f(0,5)
0,6

0,4
 = 3 K min-1

0,2
0 20 40 60 80 100
Conversão (x%)

65
1,4
Modelo
Experimental
P1/2
1,2

1,0
f(x) / f(0,5)

0,8

0,6

0,4
 = 5 K min-1
0,2
0 20 40 60 80 100
Conversão (x%)

75
1,6
Modelo
Experimental
1,4 P1/3

1,2
f(x) / f(0,5)

1,0

0,8

0,6

0,4
 = 10 K min-1
0,2

0 20 40 60 80 100
Conversão (x%)

Figura 2: Curvas mestras ajustadas aos dados experimentais obtidos pela degradação termo-
oxidativa do PP em diferentes taxas de aquecimento .

Anais do XX ENMC – Encontro Nacional de Modelagem Computacional e VIII ECTM – Encontro de Ciências e Tecnologia de Materiais, Nova
Friburgo, RJ – 16 a 19 Outubro 2017

You created this PDF from an application that is not licensed to print to novaPDF printer (http://www.novapdf.com)
XX ENMC e VIII ECTM
16 a 19 de Outubro de 2017
Instituto Politécnico Universidade do Estado do Rio de Janeiro – Nova Friburgo - RJ

5. REFERÊNCIAS

Aboulkas, A.; El harfi, K.; El Bouadili, A. (2010), Thermal degradation behaviors of polyethylene and
polypropylene. Part I: Pyrolysis kinetics and mechanisms. Energy Conservation and Management, 51(7),
1363.
Budrugeac, P. (2001), The evaluation of the non-isothermal kinetic parameters of the thermal and thermo-oxidative
degradation of polymers and polymeric materials: its use and abuse. Polymer Degradation and Stability,
71(1), 185.
Conesa, J. A.; Caballero, J. A.; Marcilla, A.; Font, R. (1995), Analysis of different kinetic models in the dynamic
pyrolysis of cellulose. Thermochimica Acta, 254, 175.
Criado, J. M.; Morales, J. (1976), Defects of thermogravimetric analysis for discerning between first order
reactions and those taking place through the Avrami-Erofeev’s mechanism. Thermochimica Acta, 16(3), 382.
Gao, Z.; Kaneko, T.; Amasaki, I.; Nakada, M. (2003), A kinetic study of thermal degradation of polypropylene.
Polymer Degradation and Stability, 80(2), 269.
Lecouvet, B.; Bourbigot, S; Sclavons, M.; Bailly, C. (2012), Kinetics of the thermal and thermal-oxidative
degradation of polypropylene/halloysite composites. Polymer Degradation and Stability, 97(9), 1745.
Maciejewski, M. (2000), Computational aspects of kinetic analysis. Part B: The ICTAC kinetics project – the
decomposition kinetics of calcium carbonate revisited, or some tips on survival in the kinetic minefield.
Thermochimica Acta, 355(1-2), 145.
Nakatani, H.; Suzuki, S.; Tanaka, T.; Terano, M. (2005), New kinetic aspects on the mechanism of thermal
oxidative degradation of polypropylenes with various tacticities. Polymer, 46(26), 12366.
Sánchez-Jiménez, P. E.; Pérez-Maqueda, L. A.; Perejón, A.; Criado, J. M. (2013), Generalized master plots as a
straightforward approach for determining the kinetic model: The case of cellulose pyrolysis. Thermochimica
Acta, 552, 54.
Vyazovkin, S.; Wight, C. A. (1999), Model-free and model-fitting approaches to kinetic analysis of isothermal
and nonisothermal data. Thermochimica Acta, 340-341, 53.
Vyazovkin, S.; Burnham, A. K.; Criado, J. M.; Maqueda, L. A. P.; Popescu, C.; Sbirrazzuoli, N. (2011), ICTAC
Kinetics Committee recommendations for performing kinetic computations on thermal analysis data.
Thermochimica Acta, 520(1-2), 1.

THERMO-OXIDATIVE DEGRADATION KINETICS OF POLYPROPYLENE (PP).


DETERMINATION OF THE MECHANISM BY THERMOGRAVIMETRIC
ANALYSIS (TGA/DTG)

Abstract. Thermo-oxidative degradation kinetics of polypropylene was investigated by


thermogravimetric analysis (TGA/DTG). Two methodologies were adopted for determination
of the better kinetic model that describe the process. It was verified that a simple linear
regression to Coats-Redfern Equation did not bring reliability for conclusion about reaction
mechanism. On the other hand, utilization of Friedman isoconversional model in conjunction
with master curves resulted in a better interpretation of the experimental results, although there
were limitations in higher conversion rates.

Keywords: Themal analysis, Polypropylene, Degradation, Kinetics

Anais do XX ENMC – Encontro Nacional de Modelagem Computacional e VIII ECTM – Encontro de Ciências e Tecnologia de Materiais, Nova
Friburgo, RJ – 16 a 19 Outubro 2017

You created this


View publication stats PDF from an application that is not licensed to print to novaPDF printer (http://www.novapdf.com)

You might also like