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Torq som, Chie ner Cariruto IL TECNOLOGIA, MODERNIDADE E POLITICA Num artigo que teve extraordindtia influéncia, o historiador da cigncia e da técnica medievais Lynn White (1967) atribuiu ao Cristianismo, e particu larmente a0 Cristianismo Latino Ocidental, a principal responsabilidade pela legitimacZo fundamental do impulso tecnol6gico do Ocidente para 0 “domt- nio da natureza’". A muito considerével literatura académica a que esse arti- go deu origem demonstrou que a provocatoria acusagao indiscriminada que recafa sobre as presumiveis sangdes biblicas ao dominio tecnolégico da na- tureza que nos rodeia era demasiado radical, No interior do Cristianismo Oci- ental, vérias tradigdes teolégicas fortes autorizam uma ampla variedade de altitudes em relagio 2 explorugo dos recursos naturais e sos limites as consi deragdes antropocéntricas respeitantes a apropriagao de formas de vida ni ‘humanas. Usando embora a linguagem do “dominio da natureza”, as tradi- ies de Curadoria e Cooperaga0 com a natureza for sustentadas por boss autoridades teolég ram e continuam a ser multifacetados no que respeita is suas presctigdes teo- i c! 1m bastante persistentes, As. Os ensinamentos eristios fo- as acerea da natureza, da técnica, dos animais, da ética biomédica, e Em contrapartida, as referéncias ao “dominio da natureza” na Titeratura sociolégica tém sido bastante indiferenciadas e as atitudes que Thes subja- em tém sido largamente denominadas, de maneira muito permutivel, Pro: meteicas ou Fausticas (a influéncia da Escola de Frankfurt tem sido muito Significativa em promover tal confuso). Este artigo sustenta que as invoca: 68es do “dominio”, do “controlo” ou da “conquista” da natureza no pens ‘mento social dos séculos XIX e XX de modo al idénticas. E nosso objectivo salientar as acentuadas diferengas entre duas tradigaes ideais e tipic «da Revolugio Francesa ente fildsofo contemporsineo da técnica Pensam as. A Prometeica (particularmente acentuada depois © a Féustica (que culmina na obra do mais proemi- Heidegger). Ambas as tradigbes de nto sobre © dominio da natureza exibem variantes intemas que 86 38 Herminio Martins de modo bastante linear podemos abordar num breve artigo. Abreviada- mente, a tradigdo Prometeica liga o dominio téenico da nstureza a fins hu- ‘manos e sobretudo ao bem humano, emancipagio da espécie inteira e, em particular, das “classes mais numerosas ¢ pobres” (na formulagao Saint- Simoniana). A tradigio Fiustica esforga-se por desmascarar os argumentos Promet endo, quer procurando ultrapassar (sem solugo clara ¢ inequivoca) © nihilis nol6gico, condigao pela qual a no serve qualquer objective humano para além da sua prdpria expresso. ‘98, quer subscre\ no te (Os Positivistas franceses?, expoentes miiximos de uma visio Prometeica da técnica, tomam por ponto de partida a teodiceia de Rousseau. O mais ri- dical ensinamento de Rousseau, na opinilio de Cassirer (1963 [1954)), foi a doutrina segundo a qual os males humanos surgem na e da sociedade: esta teodiceia ignora o mal natural (como © demonstra a reac ‘erande terramoto de Lisboa) ¢ concentra-se no mal que pode e tem de ser temendado pela acco social e inclusive politica, Esta sobre-socializada teodi- ceia foi olhada por muitos pensadores depois da Revolugio Francesa como tendo proporeionado um poderoso estimulo as politicas tevolucionétias ¢ to- {alitérias e encontra-se porventura na raiz do “desejo de uma revolugao total que embebe 0 Idealismo Alemio pés-Kantiano (Yack 1992 [1986)). Saint ‘Simon ¢ os seus seguidores reconheceram a forga do ensinamento moral de Rousseau, mas pretendiam obviar d brutalidade 4 violéncia das pol surreccionistas ¢ revolucioniias, A seus olhos, a técnica eonstituia instrumento para o rpido e completo melhoramento da condigtio humana, em especial da “classe mais numerosa ¢ pobre”. Uma sociedade cientifico- industrial permitiria ultrapassar as estruturas da opressio humana diagnosti- cadas por Rousseau e aceder a uma condigio da sociedade e da hist6ria liberta 10 das coisas”, uma férmula, de Rousseau a0 de jugos (“do governo das pessoas 2 administra saint-simoniana subscrita por muitos pensadores nio-positvistas, socialistas par Saint-Simon ¢ a fo hu: € nilo-socialistas). Nunca sera demais sublinhir qu muito exeerada tradigao Positivista francesa, 0 “nico tipo itil de ac mana exervido por seres humanos é aquele que é exercido sobre as coisas. A acgiio de seres humanos sobre outros seres humanos é sempre, em si mesma prejudicial & espécie, ficando refém da dupla destruigfo que acarreta; apenas se toma itil na medida em que é secundaria e que ajuda a levar a cabo uma rmutior aegio sobre a natureza” (Saint-Simon, cit, in Jouvenel 1976: 179) A civilizagao técnica como pés-histéria E bastante curioso o Facto de a mais completa e sofisticada teorizagdo do fim da politica (em qualquer dos sentidos fortes do terme}, com e por inter médio da prevaléncia da administragao das coisas, no se encontrar nos Experimentum Humanum 39 adios e panfletos socialistas e a lo XIX que advogavam, ebravam ¢ profetizavam um tal desfecho da evolucao social. Tal teori arquistas do sé ¢ substantiva da histéria de Antoine-Augustin Cournot (1801-1877), econo- te6rico social. A recente notoriedade do tema, em par iano, do fim da hist6ria (Fukuyama 1992), reavivada nos primrdios do colapso do socialismo de Estado, chamou uma vez mais a atengiio, no mundo de lingua inglesa, para esse pensamento social ehistérico (Anderson 1992). As expresses “pos-hist se, ainda que em textos dispersos, na obra sobre a filosofia critica ico” foram efectivamente nceses da sua obra lo- Jémicos amer forjadas de modo independente por comentadores fi go no inicio do nosso século (Bouglé 1905) e por (Seidenberg 1950) nas tiltimas quatro décadas, nomeadamente na discussio sua teoria da histdria e especialmente da respectiva repercussdo sobre 0 futuro das sociedades industriais avancadas. Num debate acerca do tema da industrializacao e da tecnocracia realizado em 1949, 0 socidlogo Georges Friedmann reivindicou para Cournot o titulo de 0, ou pelo menos de um, profeta da civilizaglo téenica (Friedmann 1966). Em todo 0 caso, Cournot foi o mais sistemstico dos pensadores do século XIX que defenderam a pro- babilidade, ow até a inevitabilidade, daquilo que mais tarde haveria de chamar-se o fim da ideologia, o fim da utopia, o fim da politica ou o fim da histéria, em que “fim” nao significa necessariamente extineZo ou término, mas pode ser elaborado com varios sentidos como exaustio, completude, cumprimento ou consumagao, tal como em Hs A sua discusstio filoséfica geral da histéria e da sociedade humanas pode ser encarada como regida em parte por um feixe de oposigdes bindrias: aca. so € necessidade, centrais & sua filosofia natural como um todo e & sua ubor d S6fico melhor o conhece, razao e instinto, as paixdes e os interesses. A sua concepeao de acaso obj n divida 0 seu mais influente contributo para a filosofia francesa ¢ representou um momento maior da rande série de tentativas, no decurso da histéria do pensamento francés do século XIX, de limitar e circunserever 0 aleance ¢ a rigidez do determinis- zem da inducdo e da probabilidade cienttieas, pelas quais 0 puiblico filo tivo constituiu s mo cientifico ¢ metalisico. No curso dessa tentativa — e quer na filosofia da natureza, na filosofia da vida organica ou na filosofia da mente — teoriza- ses positivas houve, da contingéncia, do acaso, da probabilidade, da inde- lerminagao, da espontaneidade natural ¢ da criatividade, e, 6 claro, teoriza: es libertérias do livre arbitrio ou, pelo menos, de uma postura compatibilizada com um determinismo moderado, que eme! rior da visio racionalista predominante partilhada tanto por Cournot como, de maneira menos surpreendente, pelos escrupulosos eriticos daquela. Este Persistente tema anti-laplaceano, e mesmo, até da Glosofia francesa percorre as preocupagées filoséficas de um certo fam no inte- 10 ponto, anti-cartesiano, 40 Hermsnio Martins nimero de pensadores socialistas, com particular destague para Ret {que defendeu mais vigorosamente do que muitos que o socialismo ético, do qual ele era talvez o grande expoente em Franca, & incompativel com o de- nt tifico, bem como em toda € qualquer outra forma de necessitarismo. Esta terminismo hist6rico que se encontra em Saint-Simon ¢ no socialismo cien- corrente ant Japlaceana pode Ser detectada até mesmo em obras estrit te cienificas, nada menos que nos contributes pioneiros sobre o eaos deter ministico na fisica matemsica de Poinea {que abriu um campo de investi jo (a dinamica nao-linear) que viria posteriormente a desfrutar de tremenda popularidade, Por “acaso” Cournot entende as oc da interseeg%o ou coincidéncia de duas ou mais séries causais m6 af inde pendentes; imprevisibilidade, ainda que importante para nds em virtude de pdr limites a0 conhecimento e ao controle humanos, no é 0 fulero di jas imprevisiveis que resultam questi, pois Cournot argumenta que, mesmo para uma inteligéncia supe: rior, tais ocorréncias pe jam sempre fortuitas: 0 acaso nao é pois © produto da nossa ignorancia, Tais ocorréncias fortuitas poderiam constituir (os hist6ricos singulares, quer na cosmogonia, quer nos assum tos humanos, mas podem emergir regularidades estatisticas no interior de (que captam os tagos ndo-s tos por outro lado singulares), akém de que as constantes sociais em pa drdes comportamentais podem ser razoavelmemte fiveis. A necessidade causal — ou antes, a interse ccertas representagée wes de aconteci- 0 de séries causais necessirias, anterior mente independentes — gera o acaso e, em contrapartida, o caso, sob cer tas circunstineias de fungibilidade, ainda que o acaso també ra regularidades estatisticas ou possa, como é evidente, macro-fendmenos, Prenunciando a viragem linguistica da filosofia anslitica da historia, Cournot vé as tr8s grandes fases temporais da existéncia humana colectiva quuemas triddicos em estidios, 120 irresistiveis ontem como hoje — co- mo pedindo diferentes tipos de discurso. A primeira, ou aquela a que ele cha- prepon: derdncia do instinto sobre a razdo, do irreflectido sobre 0 ponderado ¢ planeado: esta poderia chamar-se a fase sociobiol6gica, p PGs-hist6rica, a qual se poderia chamar sociomectinica. 0 instinto, o habito € 0 costume prevalecem, embora acompanhados por calamidades naturais ‘ow humanas. A forma de discurso mais adequacla para registar a experiéneia colectiva nesta fase seriam os anais ou as erénicas. ma a fase “etnoléy jea” 6 caracterizada em termos substantivos pel contraste com a A segunda fase, ou a hist 1m crescimento ia propriamente dita, impli a racionalidade no pensamento e na acco, uma mescla de paixdes e inte oportunidades p: resses entre as fontes da acgéi, com suficiente ale: nto surgimento de figuras histGricas “fazedores de Experimentum Humanum uu makers, segundo a terminologia de Hook 1955 [1943]) factos mundo hist6ricos © obras-primas, acontecimentos “colossais” (nas préprias pala vras de Cournot), dos quais a Revolugtio Francesa e os acontecimentos que Ihe sucederam representaram, e talvez para a maioria das seus contempori- ‘eos, quase 0 caso paradigmiitico. Deste modo, o mais sedutor dos géneros da historiografia & narrativo, pois que factos e obras podem ser encarados. como fiadas de acidentes histéricos necessariamente dativeis e essencial miente presos a nomes proprios, Contudo, Cournot guns lilésofos contemporineos analiticos ou hermenéuticos da histéria, que » nico ou privilegiado do discurso historiogritico (para todas as épocas ¢ culturas, uma ver que a questo de géneros diferen: ciais para diferentes modos de historialidade raramente é levantada), embo- ri evoque repetidamente os "grandes dramas” da fase hist6rica. Certamente que para Cournot, a segunda fase, indes humanas é fio defende, como al a pura narrativa & 0 mo acidente, até mesmo as narrével” por excelén 1. Todavia. precisamente porque a fase hist6r de acaso e de necessidade, de lei ciemtfica e de des fi eis nem estio totalmente para além da explicaco racional mas tém de ser situaddos em termos das forgas impessoais ¢ dos processo: mais longo prazo que Ihes estilo subjacentes, Consequentemente, a pura nar rativa nio é adequada a uma aborda so que uma explicago nomoldgica ¢ abrangente de tipo I suma 0s acontecimentos hist6ricos ou outros explananda is leis das ciéncias sociais teoréticas (principalmente a economia) iria embater no epistemols- ‘0 constituido pelos acidentes histéricos sem os quais niio haveria de fac to hist6ria na verdadeira acepgio da palavra, humana ou ot Coumot bem poderia ter subserito a tese de Gallic: “ hg histéria” (Gallic 1969). 56 uma mistura de narrativa ¢ de anlise pode fa ze justice cia, tema e acidente, acaso e necessidade,o nomolégico eo aleatério, pertencem todos a esta esfera. Aquilo a que ele chamava a “ctiok mais profundas causas que os acontecimentos dataveis & 0s acidentes e os nomes préprios da narrativa e pode tazer 2 luz 0 cardeter “solidério” de séries causais superficialmente independentes, revelando a ecessidade oculta de acontecimentos aparentemente casuais. O acaso per iguras e os grandes factos ndo sio nem auto-inte -m historiogratica ferante que sub- ap cariicter dual do modo “histérico” de exi 1o-que sis- ia hist6riea” busca sminentes, 0s pu se, contudo, € ineliminivel, nfio por forea 1s Timitagoes do nosso conhec! mento das condigdes iniciais e marginais a que estamos sujeitos, as quais poderiam ser ultrapassadas por nés, ou pelo menos por um Deménio lapla ‘ceano, mas por forca da prépria natureza das coisas: A terceira tltima fase deste esquema hist6rico-filosético, que posterior- ‘mente se haveria de chamar “pé para Cournot hist6rico” constitui, estritamente falando, 2 condigio ou 0 limite ideal de que podemos aproximar-nos 2 Herminio Martins sempre cada vez mais, sem na realidade o atingirmos em alg! mn momento. Nesta fase, as grandes paixdes colectivas (te susceptiveis de conduzir a a também a ferozes jogos cle soma zero ou de soma negativa, acedem cada vez, do interes . contecimentos .condmico e do de merce: 0 contraste entee as paixdes € 0s (Hirschman 1977), mas Cournot refere-se esp ‘esses & apresentado muito & maneira do século XVII cificamente a paixées politi cas e aquilo a que chamava “és politieas” na sequéncia da Revolugtio Fran: esa, na medida em que exam susceptiveis de mitigagao e dk ciedade cada vez mais comercial. Uma sociedade historica na qual fticas é de molde a ser marcada pelo campeiam as paixdes religiosas ou po recurso 2 violgneia por pa ais € € aquela em que a propensio & guerra internacional pode ser um trago saliente: os contemporiineos de Cournot teorizaram « Guerra Absolu: ta (Clausewitz) e © Tertor Absoluto (Hegel e outros), O cardeter radical- nistico de tais sociedades e as incertezas de batalhas de confissbes religiosas, partidos © movimen tos soe mente vadas por apaixonados contendores alimentam uma boa fatia do notivel interesse da narrativa. historiogrifica tradicional ¢ do modo histérico de existéncia, Deveria acrescenti 2 que, para Cournot, a fase pos-histér nta a si propria e perante si propria na forma tipica das boletins estatisticas, sendo o fim da histéria também o fim da narrativa his ‘rica e da “narratibilidade ‘Uma sociedade pés-hist6rica é impelida 8 conquista da natureza por meio da denodada prossecugfio da descoberta cientifica, da invengflo técnica, da inovagio ¢ do cre: conémico. Tal como os saint-simonianos Comte, Cournot encarava 0 avango téeni cialmente dependent Ficagio que Cournot fazia das ¢ ceagiio das téenicas. Cournot di a sensacio de subscrever antecipadamente idas no século XX, da retinizaglo da ino ica se 9 futuro como algo de substan: Jo progresso ciemtitico anterior ¢ a sofisticada classi ias precede e fundamenta a sua classi qualquer coisa como as teses, st vagao econdmica (Schumpeter 1943) ¢ da invenciio do(s) método(s) da in- a (Whitehead 1925), sem trair qualquer preoe pagio significativa acerca dos possiveis limites intrinsecos do progresso ciemtifico, o qual poderia travar um posterior avango tecnols mental. De modo mais pret ma barreira epistémica muito fundamental, ou ignorabimus, de consid is0, ele reconhece ef rivel importancia para a histéria do prometeismo tecnol6gico: « vida orga nica nunca seré compreendida de modo tio fundamental — pelo menos no {que a cognigio cientifiea respeita — quanto os mundos fisico ow humano, ambos os quiais sito susceptiveis de inde rm que a vida orgdnica ndo o seria nunea?, A ostensiva refucagto desta limi: tativa tese pelos recentes molecular © angos da genética e da biol Experimentum Humanum 3 fluxo de biowecnologias cada vez mais largamente aplic as implementam dé corp\ fas e mais potentes 11um espectro de mecanizacio planetéria uni- versal dle que ele nunca se ocupou, porquanto no seu esquema de pensa- mento, enquanto que os mundos fisico e humano podem ser mecanizaveis (€ 0 principio de mecanicibilidade do mundo humano esté subjacente concepcio da civilizagdo pos-histériea), 0 mundo da natureza viva manter -se-ia, em grande medida, gloriosamente refractério & mecanizagao, ainda que, como é € ana, tais come esumivelmente incontornavel limitago 20 nosso conhecimento e a0 nosso poder, ele acreditava que o nosso crescente conhecimento da natureza inanimada e dos tragos da natureza oF ros pudessem ser cientificamente acessiveis bastariam vidente, nao imune a depredagdes hun florestagao. A despeito desta p nica que dos, mas 108 inde no infinitos, progresso material e perfectibilidade téeni Aqueles que. tal como Cournot, de! nica, ¢ cuja concepgao se formou na primeira metade do século XIX, no estavam pois comprometidos, 20 contrério do que nos levariam a erer cer- tos esterestipos largamente difundidos, nem com o ideal do conhecimento cientifico total, como na visio laplaceana da previsibilidade equitemporal simétrica, nem com um projecto de dominio tecnolégico universal da natu reza. Tais auto-limitagdes podem muito bem ter em parte brotado de fra- \ginaedo cientifica ou utépica, mas em todo 0 caso foram tam- >bém deduzidas dos grandes axiomas explicitos da limitagio estritamente epistémica e, logo, tecno que pode ser conhecido, do que pode ser feito ¢ do que pode ser criado, tgm certamente que ser levados em conta, de modo a que se possa apreciar de- vidamente a importin diam por “conquista da natureza™, No se Jou a sua visio metafisiea d idem uma visio prometeica da téc- ica: tais pressupostos respeito dos limites do 1 daquilo que os prometefstas tecnolégicos enten- derradeiro livro, Cournot rotu: ns-racionalismo”; ao mesmo tempo que nha a sua Fé na razdo e na ciénia, afirmava que um certo nimero de uestdes fundamentais da filosofia natural (especialmente as 1 aos “mistérios”, tal como ele thes chamava, da origem da vida e da evolu- io biolégica) estavam fora do alcance da racionalidade cientifica e que as ossas opgdes em tais matérias deveriam ser guiadas pelos “instintos da al: ma” (Cournot 1875). Este profeta da civilizagao técnica no pode ser acu- sado de hybris ciemtista (¢ o positivismo de Littré muito se aproximou do ‘trans-racionalismo”), Tal eivilizaga nna opiniio do teérico da pés- Ele também era ria uma (6 religiosa e sdbias elites poltt uum “trans-racionalista”” quanto a possibilidade de forn: da autoridade polttica soberana capaz de resisti te contexto que esereveu que “é préprio da razio humana demonstrar a sua insuficigncia tratando precisamente dos assuntos que mais se prendem com © destino humana” (Cournot 1861: 465). ‘uma justificagio A critiea racional. Foi nes: 44 Herminio Martins Versées finitas ¢ infinitas do projecto prometeico Os paladinos da con: cia ecoldgica contemporanea, com © Seu pro- ico, sentido da iminente ou jé efectiva tran sto dos limites naturais ou sociais do crescimento econdmico sustentado, ou até mesmo de um “estado equilibrado” sustentivel da economia, asseveram ou implicitam tipicamente a faléncia global do projecto prometeico. Contu- do, nem toda a versio histériea importante do projecto prometeico, pelo me- acon em diante, esteve necessariamente comprometida com uma vi sdo destemperada de um pro tudo de uma t€enica comucépica e infinitamente munificente, ignorando to- ddas as pertinentes condigdes limitadoras de base, os constrangimentos a e associados ou os concomitantes pressupostos acerca da demogratia, dos re- mes energéticos, do estatuto moral de outros animais, da qualidade ou da estétiea ambiental, da natureza e da magnitude da mudanga antropogénica no mundo natural e as atitudes adequadas a respeito da nossa morada pla- fundo, ¢ mesmo escatol6gi ress material ilimitado, fazendo depender Entre esses pressupostos colaterais, 0$ no menos importantes eram os que diziam respeito as fururas dimensoes ou taxas de crescimento da popt- Jago humana que nao frustrassem a esperanga no progresso e no regime de- mografico Gptimo para sociedades industriais. As questdes sobre o “modo de reprodugio”, sobre as problemiticas e interacgdes fatuis entre o homo fa ber € 0 homo parens, foram largamente empregadas de uma maneira ou de ‘outra por muitos Prom por mais eri 20s, nomendamente na sequéncia de Malthus — bs que fossem em relagiio is suas formula es e desenvolvi- ativas de solugdo eram normalmente desvir mentos especificos (as suas te tuadas, mas reconheciam que este complexo de problemas era particular mente desanimador), AS grandes excepgées eram, notoriamente, Marx & Engels, q ym o ep ‘obscurantismo reaccionario e pior ainda, Esse virulento anti-malthusia- em contrapartida, zurziam tais preocupagde et0 de nismo levou-os « rejeitar as explicagbes de tipo malthusiano até mesmo na ria evolucionista darwiniana ¢ a “mundividéneia darwinia bora Engels, em particular, pudesse mostrar-se bastante pessimista escala de uma duradoura e talvez irreversivel degradagio do ambiente, pro- vocada por uma acgao humana tio irreflectida quanto deliberada, a tal pon- to que alguns admiradores 0 tém declarado um profeta da ecologia, falhou na previsdo da verdadeira importineia dos Factores demo; ficos na Grande Crise, Os fortes preconceitos da generalidade do. penss. mento russo contra a teoria malthusiana da populagio e respectivas impli cages foram herdadas pelo marxismo russo, o qual manifestou na sua e por certo que até aos anos 50, subestimar a importdneia da teo. ral Em. ia das popu redondament Experimentum Humanum ‘5 silo a encarar os condicionalismos demogt e uma “0s como limitati- vos, quer em fermos locais, quer globais, em todo o sentido que no seja provis6rio, contribuindo assim para uma maior exorbitago do papel da t ologia © pondo implicitamente em causa a ideia de que 08 ecosistemas na- fio substituiveis (Todes 1989). nitizagio” do Prometeismo tecnolégico que acorreu no marxismo russo torna-se m: stada com o pano de fun- do da atmosfera apocaliptica ¢ quilidstica da Russia das duas primeiras dé cadas do século, Foi também na Riissia que irrompeu uma das versées mais radicais do Prometeismo tecnoldgico cristo, na drea ¢ nos escritas do te6- logo laico, ou fil6sofo religioso Ortodoxo Nicholas Fedorov (1828-1903). Nao seri exagerado dizer que a sua doutrina da Tarefa Comum da human: dade envolve at “mais grandiosa e mais radical utopia que a histéria do pe samento humano conheceu” (Berdiuelf 1947: 155). Tal como os marxistas russos, Fedorov advogou a “unidade da teoria e da prética”, o envolvimen: to de toda a nctividade cientifica e téenica e a unidade da humanidade titdnica mobilizagio tecnocientifica. Os fins dessa mobiliz: cializagio” planetiria (“o planeta torma-se consciente de si proprio") nao sie simplesmente a aboligao do sofrimento, dt doenga, da ignorineia, da guer ri,da opressiio e da exploragiio, mas a restauragio da vida — a ressurreiga de todos os mortos. Pois, argumenta ele, para qué mudar a vida de mudar a morte? Esta Tarefa Comum acabaria por implicar a humaniza- 0 ou a espiritualizagao ndo ape tecnologia tomam-se assim veiculos da histéria salvifica da espécie e do ecente especulago Deveria is compreensivel quando co s da terra, mas do cosmos. A cineca e & cosmos: uma versio secular desta concepgio surge na acerca da “tecnologia como ponta-de-langa da evolugio césmics notar-se, contudo, que Fedorov também estava preocupado com a espolia Gio do ambiente por meio da tecnologia ‘ormacio tecnologica de outros planetas, de modo a recebe mana (aquilo a que agora se dé o nome de “form: var em conta a potencial degradagio ambiental provocada pelo indus trialismo. Enguanto se invocou a inspiragio fedoroviana para os grandes ‘fica na URS impactes ambientais nio constituiu um preceito para 0 utopista’, Com efito, versdes “finitas” do projecto Prometeico no foram raras ou de menor relevo, como se pode dlemonstrar se considerarmos, por exemplo, Auguste Comte, 0 presumivel fundador do “positivismo teenoeritico”, tal como foi reivindicado por comentadores atizar (Geiger 1973). Isto € particularmente significativo porque esta abor- {dagem tem sido rotulada por muitos criticos contemporiineos da modern nonica, ou aquela que € operativa numa sociedade industrial implacdvel face ao ambiente. A famosa la ciéncia e, se ele previa a trans- im a vida hu: of de Terra), nfo era por no empreendimentos da engenharia ‘0 menosprezo dos ido a ideologia realmente hess 46 Herminio Martins formula de Comte, “savoir pour prévoir, pr ra prever, prever para poder”) ainda coi mote de toda esta concepeio. Os heideggerianos afirmam que 0 “positivis- ico” nao passa de um veiculo daquilo a que chamam “o dispo- sitivo” (presentemente a tradugio mais comum ‘mou a Gestell), um mundo totalmente enquadrado pela 5 se transforma em matériay voir pour pouvoir” (saber pa- nua a ser langamente citada como mmo tecnoe uilo a que o mestre cha nica em que tudo prima, recurso ou reserva disponsvel (e.g. Hem 1987). Mas Comte e outros te 10 técnica do mes- ‘mo perfodo nfo extrapolaram ingenuamente © poder, entio recém acrescido. que a tecnologia possui, de transformagao do mundo ¢ da economia de mer- jo, enquanto conjuntamente sustentavel, ao mesmo ritmo ou a ritmo ace- lerado a longo prazo, de maneira exponeneial ou meramente linear. Quanto nais niio seja, 0 modelo global implicito da macro-historia tecnol6gica de Comte pressupde aquilo que anacronisticamente poderiamos denominar ma rransicdo tecnolégica, por analogia com 0 conceito de “transigao de- mogriifiea”, préprio do século XX: um perfodo muito longo de lento ava ¢0 tecnol6gico seguido por uma prod de invengdes ¢ inovacées técnicas da primeira sociedade ciemtifico-industrial que, por sev turno, het inar numa terceira e final fase, com a cousulidagio dessit for- ricos franceses da civiliza veri do d magiio social. Pois Comte prefigura um mundo p6s-industrial “positivo", no qual a promogao de interesses tecno-industriais da “conquista da natureza’ deveria dar lugar a mais altas e nobres preocupagdes de auto-transformagio gentes moras no sentido da perfectibilidade moral, que nio industrial o Sobre 0 eu, que niio sobre o mundo exterior. Em todo 0 caso, Comte nfo esperava que no futuro houvesse revolugdes ‘écnicas continuas. Tais revolugdes técnicas, em sua opinitio, haveriam de ver-se duplamente obstrufdas. Por um lado, ¢ ainda que com 0 futuro eres ccimento do conhecimento cientifico, os avangos tSenicos nao se the segui- porquanto os desenvolvimentos na cigncia basiea nao poderiam dar origem a avangos técnicos sem um concomitante crescimento nas ciéncias descritivas e concretas, 0 que era improvavel que viesse a ter lugar (Ducassé 1958 [1956)). Por outro lado, Comte, como é bem sabido, 1 jeitava em principio a possibilidade de avangos continuos nas cigncias do mundo microsc6pico e inclusive na generalidade d to curiosamente, apesar de ter aventurado a hipétese tecnol 7) de a energia das marés poder vir a torvar-se numa fonte ia para a indstria, ¢ se bem que Fosse unia formulagio pre- ciéncias naturais. Mui- a (Arbousse Bastide | maior de ene: ccoce de uma’ cde energias leves” a ser seguida pela civilizagao industrial 1 palpite teenolégico no espectro das ientalmente benignas. Mas Comte nio Jesejabilidade da expansdo ilimitada das séticas renovaveis © am screditava na exequibilidade ou ni necessidades materiais humanas; a sua preocupagio com novas fontes de Experimentum Humanum energia, complementares ou alternativas, reflecte a sensagio de que as fon: tes de energia correntemente exploradas poderiam nfo bastar para corres ponder a um modesto nivel de aspiragao econdmica num futuro no muito Jistante (e, a exemplo de Fourier, ele deu efectivamente como certo, ou pe- imento populacional modesto ¢ Tomenos acalenfon a esperanga de um ers Prelaro que Comte wal emerge com o desenvalviment da termodintmicn. A S teenogica®- A Questo da Enersia define jem finals do séeulo XIX um Complexo de prcblemas que medeia entre a Questdo Social ea emerg ‘Questo Natural” (Moscoviei 1974 ¢instigou muito do repensar da nat have de lnitagao do crescimento econdmico. Duas posies utdpicas tio wloplamo ecoldpico. O terme “tkiGpiea foi forjado por um isi i jgico. nfo. cessa\ de aproximarnos (Ubbeloide 1963 {1984}, Propomos mdicalisar essa definigo, de modo a fazer jus b gran dinsdade dos teenosontios em jogo. Uma ikiopia, neste seatido revit, 6 vente, ds Jo possufa uma concepgio moderna de energia, inda Lei da dotado de fomtes de ene guras, destituidas de efeitos gjados e imprevistos, préximos ou Sodidy, j6 no dealbar dos anos de 1900, tinha defendido ardoros lum modo que muito familiar se tomou desde a Segunda Guerra Mundial, que © mundo estava post ;ektopia (as infinitas reservas de ener gia que poderiam ser retiradas da fissio nuclear) e a eatistrofe (0 esgots mento das reservas de combustivel fossil para sustentar, para ja nao falar em desenvolver, a civilizagio industrial num futuro nfio muito distante)?. A di jo entr tomia cormucdpiascatistrofe & endémica neste se as alternativas fossem mutuamente exclusivas ¢ exaustivas. A recrudes- céncia da imaginagio tektGpica ocorreu, muito curiosamente, com Alexan- nomenole re Kojeve, cujas célebres conferéncias dos anos 30 sobre “A gia da Mente” de Hegel, com o seu Gnfase no tema do “fim da Histéria”, io m parte responstiveis (at actual voga (Fu kuyama 1992; Grier 1990). Kojeve, um alto funcionsrio da Comunidade Eu ropeia e conselheiro politico do Presidente De Gaulle, afirmava, num artigo de intermedisrios) pela s 48 Herminio Martins publicado em 1964, que a utilizagdo industrial da energia at6mica, que en tio estava ainda nos seus primérdios, anunciava o “fim da histéria” (Koje- ve 1964), A versio mais recente do tektopianismo € 0 notério tecno-sonho da “fusio a frio”, que tem sido perseguido sob a batuta dos milhGes de d6- lares. A contra-utopia do tektopianismo, o utopismo ecolégico, frequent ‘mente posta de parte como “primitivista”, pertence também a histdria do manismo Prometeico e no apenas a das rejeigdes globais da racionalidade 1 e da utilidade teenolégica (Martinez-Alie 1990 [1987]). A prépr cconcepeiio de Comte, da so positivo-industrial, decerto que no é de modo nenhum tektopica. cienttf ia Devia ser evidente que nfo existe squival€neia entre estas tres fases da macro-histéria cecnol6gica que reconst mentos de Comte e os da sua seminal Lei dos Trés Estados. que n mos a partir dos ensina de sistemas de orientagbes cognitivas generalizadas através histéria humana (embora no sistema socioldgico do Posit.vismo varios tipos de instituigdes sociais se correlacionassem com aquela lei). Esta incon: uéncia talvez. nfo seja surpreendente numa perspectiva em que os siste mass cognitivos, mais que as priticas materiais, co-determinam a longo pr 70 a dinimica Social, mas até mesmo no materialismo istorico marxiano fem que o avango tecnolégico parece gozar do estatuto global de Primeito Motor, é estranho que ndo exista uma equivaléncia rigorosa entre os mo- mentos criticos da histéria da técnica e as fundamentais teansigdes mundo- histérieas de modo de produgiio para moda de produgao, nem qualquer ¢ cificidade na passagem prospectiva do capitalismo para 0 socialismo, Mesmo assim, no marxismo clissico e no leninismo, um horizonte tecnol6- gico completamente aberto de erescimento ilimitado das forgas produtivas, supostamente capaz de ullrapassar todo e qualquer obstéculo natural e con- sequente escassez, consubstanciou porventura a mensé smo redentor ocidental. O que era singular a conjuneao do “sublime tecnolégico”, a exaltagao m central, 0 que- sintese marxii de extraordinarios feitos e obras tecnoligicas, ¢ a apoteose de um pr so técnica inevitivel, e do “sublime politico” a exaltagio da terrivel beleza da revolugdo total. Uma ambiguidade eritica do marxismo sobressai da sua longo pri ategérica domo ter defend Enfase na inelutabilidade do avango t6enico global e no fmpe de qualquer nocdo de autonomia da técnica (apesar de doa ctichismo tecnoldgico”, em contraste com sscente importancia do * 0 “fetichismo da mercadoria”, no capitalismo industrial avangado), Nunca, seri demais sublinhar que, para outros prometeicos, © pr ternativa & politica revolucionéria totalitarista legitimada resso tecnol6g 0 oferecia uma por intermédio da teodiceia sobresocializada de Rousseau, embora pudes: sem todos subscrever a f6rmula directiva saint-simoniana “do governo das mentum Humanum Exp o das coisas” ¢ tivessem a sociedade industrial na pessoas administra Ponta de essencialmente pacifica Voltando-nos para os socalistas ut6picos, encontramos na maior obra do mais activo disefpulo de Fourier, Vietot Considérant (um en por educagio, tal como muitos dos seguidores de Saint-Simon ou de Com fe, formados na Ecole Polytechnique de Paris), um visionatio modelo de c vilizagio, segundo o qual as civiligagBes seguem um ritmo a das fases, no qual a primeira so de vida de uma civilizago no for detido — por outra fase predominan hiro militar de escalada tecnol6gica, € normalmente seguida — se 0 cur- temente caracterizacdla pel que usava intencionalmente) ¢ pelas artes da associa (Falanstérios e que- jandos!) (Considérant 1835). Isto poderia ser olhado como uma versio pre: matura daquilo que 0 fil6sofo francés da técnica Louis Weber posterior mente denominou uma “lei dos dois estados”, a qual implica uma alterndncia e no uma sequéncia linear tinica, ao contririo da Lei dos Tres Extados, em que uma época de progresso tecnolégico sustentado & por uma outra em que o aperfeigoamento das artes de viver (na base das rea. florescer de “invengdes sociais” (uma expresso lizagdes téenicas da época antecedente) ganha supremacia como primeira pnoridade. lmbora este autor tenha 0 cuidado de observar que a distingio ¢ mais analitica que cronol6gic nfases relativas que de rupturas to- tais, de maneira que pode efectivamente existir uma sobreposic: dduas fases (Weber 1911). Considérant acreditava que a mudanga epocal no sentido de preacupagies supra-tecnoldgicas cooperativas, humanizadas, es- mais de tre as cgunda fase da nossa civilizagiio, se encont va iminente’, Muito equivoco seria asseverar ou insinuar que tanto prometeanismo _2enérico como 0 “positivismo tecnocratico” sio portadores de uma ética uti litéria (no sentido de um hedonismo ético universalista). Consideremos em Primeiro lugar os presumiveis “positivistas teenocriticos". A provisio de padres cada vez mais altos de necessidades materiais, e da sua satisfagao, ara um néimero cada vez maior de pessoas, provindos de uma tecno- economia planet ria cada vez mais dindmica ¢ expansiva, ao mesmo tem- Po coerente com as imagens normativas do futuro alimentadas por Sai Simon e pelos saint-simoni filosofia moral utilitéria e da sN0s que mais prOximos se encontravam de uma -onomia politica do capitalismo liberal, no 6 de modo nenhum um desiderato do cenirio comteano do préximo e derra- dito estidio ou “equilbrio definitivo" Em todo 0 caso, a @ ia sociedade cientifico-industrial insio do bem-estar material no & construfda por Comte como algo que se justi a si mesmo. Mas antes e quase s6 apre- iada como uma condigdo prévia, um sustenticulo e uma mediacdo para 0 fomento daquilo que é da maior importancia na sociedade de tipo positivo- industrial, 0 amor altruista ou amor da Humanidade como um todo: “o 50 Herminio Martins amor por Seu principio, a ordem por sua base € o progre duzido a ordem ¢ progresso na maioria das citagdes). Longe de defender a ‘colonizag7o do mundo da vida” na sociedade cientifico-industrial, Comte Or termo a “longa insutreigd0 da mente contra o corago”. Ele ante a do “desestabelecimento da cigncia” (Bronowski ago dos empreendimentos cientificos relativamente aos cir € da riqueza. Ao mesma tempo que a sua desconfianga fren. nheiros ¢ cientistas profissionais aumentou, discerniu uma afini- dade electiva e mulheres, ambos largamente desprezados pelos sistemas educacional e cien: re 0 Positivismo e o proletariado urbaro, assim como as, uissem indefinidamente, Por todas estas razdes. jor do Positivismo anti-tecnocrético, por n tifico. Como vimos, el a que tanto as revolugdes cientifics mo as técnicas pross pode s surpreendente que esta afirmagio possa parecer & luz dos actuais lugares- -comuns a esse respeito. Mas é certamente um facto que nem o Positivismo tiveram em alto valor a Hiberdade politica ou intelectual, ou descortinaram a mos, quer tecnocréticas, quer anti-tecnox importancia que 0 governo parlamentar estava a assun continuar a destrutar como paradigma politico das sociedades ocide ocidentalizantes. Cournot tinh efectivamente asseverado que o “reino da indiistria 6 0 re a vantagem de escrever em 1875. Outros Prometeicos como Proudhion ¢ Renouvier valorizaram acima de tudo a justiga e a liberdade: seria diffcil encontrar dois pensadores (20 ine: briados com estes valores como cles ¢ to dedicados & sua autonomia, Re- nouvier, em especial, afirmava com a maior énfase aquilo a que hoje se da- ria o nome de prioridade “lexical” da liberdade (tinha aprendido com os desasires de 1848), € elaborou uma ética racional que tinha por ideal r Iador a Reptiblica kantiana dos Fins, 0 reino do maior florescimento com- possivel das pessoas, para cujo objectivo a provisdo de bem-estar material através do progresso téenico e de medidas distributivas de politica social jue haveria de » da democracia”. p guiada pela procura da justica e a afirmago da solidariedade, no faz mais do que ‘cins (ou a “obstaculizagio de obsticulos” a u {al florescimento). Proudon, que considerava as miquinas como “irradia- Ges da mente”, acreditava que a sociedade industrial, quer Fosse capitalista ‘ou governada por empresas g le dar origem a miquinas cada vez melhores. Porém, ele também afirmava que uma eco- lar as ajudas nece ridas por trabalhadores, haver nomia cada vez. mais mecanizada cde bem-estar material como resultado do efeito perversa aque ele dava 0 no- me de “Iei da pobreza”, Um dos exemplos que dava do modo de operar d “lei da pobreza” ainda hoje € adequado como parsbola da vida quotidian: a sociedade tecnol6gica: ele previu que velocidades erescentes nos meios isto Nos percursos de transporte niio conseguiriam encurtar o tempo médio Experimenta Humanum 31 de casa para o trabalho, nas 7, Ml, 126-144). De i tomar-se mais intenso € exi randes cidades (Proudhon 1867 [1861]: vol. 1 Jitava que o trabalho continvari ada ver mais 1 ial modo, ente num mundo anizado. Nenhum destes prometeivos, a excepgio de al opi rnomia erematistica inteiramente voltada para a incansivel comercializagao ‘ou mercantilizagao de toda a vida?, A imagem féiustica da técnica A primeira formulago geral de uma visto flustica da téenica e da cién- cia, pelo menos no interior de uma abordagem da histéria mundial, foi a de Spengler, nos dois volumes da sua obra magna, A decadéncia do Ocidente, cujo primeiro volume apareceu em finais de 1918, pata coincidir (intencio- te inesperado colapso militar e in e imediato impacto e, a nalmente) com o stiito ¢ completar dustrial da Alemanha. Teve um enorme suscitado uma boa dose de polémica — foi atacado por fi € eminentes como Max Weber (que encetou uim debate publico com Sper gler) ¢ Otto Neurath — os seus comentadores lescobriram ‘ei0 20 spenglerismo”, mesmo dentro da comunidade cientifiea (Fo 1971). O livto foi largamente avaliado no mundo de lingua inglesa como uma das mais bizurras exibig6es na galeria de horrores intelectual que di pe- lo nome de filosofia especulativa ou metalsica da histia, Porém, a sua in- flugncia no pats de origem nio ficou tanto a dever.se as pretensdes acadé de “totalizar” a hist6ria mundial como & sua letura dos sinais do tempo, & ambigao de decifrar 0 enigma do futuro, a0 proporcionar, pela anc login com a medicina clinica nela oferecida, tanto um diagndstico dos tem- Pos como um prognéstico para 6 Ocidente e para 6 mundo numa conjuntu- ‘ade crise grave. O interesse principal aqui é 0 facto de a sua obra apresental lima imagem da técnica e da cigncia que, numa ou noutra versio, viria a tomar-se realmente he Terceiro Reich de ter ma “capitula sménica na Alemanha da Repiiblica de Weimar e do Outros visiondios da téenic -m nome da tais como Ernst Junge que afirmava falar jo da frente", na sua qualidade de um dos soldados mais oraddos do exército alemao durante a Primeira Guerra Mundial, tive- ram um impak ficativo em gente como um Heidegger, que viria a presentar — assim como alguns outros pensadores — uma variante mais fi- losoficamente sofisticada da imagem féustiea da tenica!®, As Apresentadas pelos filésofos acaddémicos, mais sistemticas € amparadas tu ‘ma linguagem mais herm © pensamento de Spengler, frequentemente libertas do discurso aviantes ica, ostentam ainda uma Tembranga familiar com Herminio Martins racista deste autor, ¢ no por intermédio do recurso ao relativismo cultural ‘mas ao nacionalismo militante Uma das afirmagies mais pendéncia conceptual e ontolbgica da ci ais da imagem fiiustica diz, respeito & d A técnica, A cié incia em relaga pare durante longos periodos de liberta ce compro- missos pragmaticos ou tecnicamente infru tempo. Contudo, o argumento fiustico & qu ve sempre um “a priori tecnolégico”, como disse o heideggeriano de esquerda, Marcuse. Ho: acias de relevdincia ar filosofia da © nu do racion, jentificidade sobrepiem-se as ex a tese da simetria logica entre a explicagao cientifica ea previsio: embora defendida em termos estritamente epistemol6gicos, também ela reivindica a repercussio tecnoldgica da ci ida no sucesso preditivo, por oposi¢ao A substanciagio retoditiva, ¢ indi- ciadora da relevancia tecnol encia do empirismo Wgico ia, A Enfase colo. quanto mais no seja como um sub- produto das exigéneias metodolégieas. Os tedricos fausticos, porém, partem do programa tecnoldgico oculto da cigneia e nfo encarama fecundidade nolégica da ciéncia como um subproduto das virtudes ¢ istemoldgicas ou dos mrtus miclodoligicos previaiieile enistentes ¢ independentemente ca racterizaveis. Ao passo que 0s leGricos ffusticos nfio nos leram um apanha do minucioso dos p -xperiments flo nas eigneias natu fase na interpenetragio de métodos e de procedimentos (“o violento exame da natureza, de forma a dominé-la"), contrasta vivamente com 0 menosprezo a que essas quesiées foram votadas elo trabalho especiatizado da epistemologia ¢ da metodologia das cigncias duran criodo, Pelo contratio, os fiusticos haveriam de afirmar que modo de percepgio da ci de molde a ver as entidades e os processos naturais apenas ¢ exclusivamente na perspectiva da sua acessibi- lidade A manipulagao experimental ¢ ao controlo pritico. Assim, os proce: dimentos ¢ os esquemas cientificos pressupGem uma orientagio técnica até mesmo quando nio conduzem a verdadeiras experigneias fisicas ou a apli- ceagdes priticas bem sucedidas por longos periodas de tempo histérico. Ocarécter teen ben mado por alguns estudiosos da corrente empirista I6gica. Assim, 0 fisico fil6sofo da ciéncia Philipp Frank, colaborador ¢ bidgrafo de Einstein, escre- veu em 1954) ipgis epistémicos da instrumentagio ¢ da is, a sua forte em sido muito fortemente afir= jeoria & encarada como um instrumento que serve ‘um determinado abjectivo cientifico. Tens de sr stil para predizerfuturos Fae: tos observaveis com base em factos observados no passido € 10 presente Também deveria ser til para a construgio de miquinas e dispositivos que nos podem poupar tempo e trabalho. Lima teoria cientiica é, em certo sentido, ji en Humanum 53 Experimenta uma ferramenta que produ. outras Ferramentas de pritico.. a construgao de uma teoriaeiemtticn ni a construgo de um avido. (Frank 1961 [1954 rcitamente ligada i afirmagio da prioridade da técnica lativamente acigncia — ontoldgica, se € que no sempre hist6rica (Ihde 1983) — en- contramos a tese epistemols ficos nio visam a verdade (verosimilhanga) ou o conhecimento da nature: za intima (os poderes causais) das coisas, mas tho s6 a cabal compreenstio dos fenémenos, estritamente para fins de previsio e controle do mundo fe- rnoménico. Os prometeicos fa tas na medida em que no excluem, por uma questio de prinespio, outros tipos de reivindieagdes da possibilidade de conheeimento da natureza inti ‘ma da realidade; de facto, insistem frequentemente na legitimidade, na au tonomia ¢ até na superioridade de outras formas de conhecimento ¢ de compreensio da realidade supra-sensiv dos ndo cientificos e até ndo racionais de conhecimento, de relagio com 0 ser ou de formas de desvelamento ontolégico que os teéricos féusticos ape- Jaram para ultrapassar os problemas da modemidade tecnologica — em= bora muitas vezes tivessem abragado, mais do que transcendido, o niilismo teenol Esta abordagem implica que a tecnologia e a ciéneia modernas niio cons: tituam apenas os derradeiros ¢ mais apurados capitulos da hist6ria cogniti- va global da espécie e do progresso geral da mente humana, como 0s posi- tivistas franceses e muitos expoentes da ideia de progresso veementemente afirmaram, Pelo contrario, para os teéricos fausticos, a técnica moderna ¢ a cincia exacta moderna nao se limitam simplesmente a construr sobre an ndo a qual os procedimentos cienté usticos diver em dos prometeicos positivis- ou absoluta, Foi a mo- ores realizagdes, antes implicam um corte radical com a ciencia e a t6 nica anterior. Em certos aspectos, esta afirmagtio prediz algumas te tualmente em voga respeitantes 4 incomensurabilidade dos sucessivos Paradigmas cognitivos ou dos quadros categoriais e & radical variabilidade de sentido dos termos-chave da historia das ciéncias naturais, A historiciza- $0 da matematica, empreendida por Spengler!?, exemplifica essa énfase as descontinuidades conceptuais, intuicionais e categ, ‘rea de pensamento em que o platonismo granjeou maior apoio inclusive Fos nossos dias. Recentes anslises das supostas descontinuidades radicais. ou “mudangas d Paradigma”, na histéria das ciGneias exactas contrapoem {ue a incomensurabilidade dos sucessivos paradigms (e, logo, a impossibi- lidacle do progresso cientifico mediante a acumulacio de conhecimento) nic impede — ainda que decerto nao assegure — a respectiva comparabilidade (pelo menos a chamada tese dt “incomensurabilidade fraca"). De mancira Similar, Spengler defendeu que a incomensurabilidade de culturas nio sa Herminio Martins impedia a respectiva compa no (tal como foi descrita a sua obra-prima por alguns erilicos), chegou mes- 'mo a apresentar certos processos de comparagaio transcultural (analogia, ho: paralelismo, sincronicidade, etc., encontram-se entre as categorias formais da sua “morfologia cultural”) Deveria acrescentar-se que Spengler encontrou profundas difer tre nagées no interior de uma mesma cultura e subscreven, radicalizou mes ‘mo, 0S fortes contrastes de Duhem entre os estilos racionais da fisica fran- cost e inglesa (apesar de os fisicos escoceses como Clerk Maxwell) rabilidade e, no seu poema em pros wagneria. es” mais atacados serem = deveria também acrescentar-se, parente ticamente, que © livro de Duhem sobre a teoria fisiea teve melhor rece ‘no mundo de lingua alemai do que em Franga e que até mesmo Max Weber comentou favoravelmente a tese, nele exisiéneia de estilos nat cionais nas ciéncias exactas. Spengler radicalizou ¢ generalizou a ideia de estilos nacionais na teoria fisica (na verdade, na visio de Duhem, diferentes inelinagdes epistemolégicas e metodoldgicas). Essa nogao tinha fl ida propaganda da Primeira Guerra Mundial, com, por exemplo,os fisicos e quimicos franceses ¢ alemies a atacarem os estilos na- cionais de trabalho cientifico dos paises uns dos outros (efectivamente, Du: hhem publicou um vitrislico ataque a “eiéneia alema” durante a guerra). O re Intivismo epistemoldgico de Spe rtamente multifacetado. Para Speng avangada, da na mais sofistica +, 0 individuo histdrico relevante é a cultura ocidental ou fustica que em de quebra de ¢0i cerca de 900 depois de Cristo e que implica uma gran ntinuidade com as Fases anteriores do pensamento sistemé- tico, da matemtitica, da metafisica, da técnica (incluindo mudangas drasti- 3s nas intuiges de tempo, de espago, de miimero, etc.)..\importineta desta c apenas pode ser apreciada se tivermos em conta que essa “morfologia da cultura” foi uma das expresses da grande dicotomia assimétrica entre ‘cultura’ ¢ “civilizagao” que impregnou © pensamento germanico durante frias décadas e que estabelee nos de referéncia das mais impor iscussoes da filosofia da t6e e Weimar (Herf 1984)!3, Este conjunto de termos constituiu niio tanto um par de analiticas contrastantes, como simbolos expressivos polars: “cultura” re presentava os valores tiltimos ou as atitudes constitutivas de uma identida de nacional, étnica ou de qualquer outro tipo de particularismo, enquanto que “civilizagfio” representava aqueles valores instrumentais susceptiveis de serem partilhados atr: tes 108 te snica durante a 6poca ategorias s de fronteiras culturais que por isso pareciam pertencer a uma ordem inferior de ser ¢ de sentido!4, Os Fausticos ligavam aa técnica moderna, que parecia a muitos dos mandarin académicos alemaes (Ring de Weltanschanung", ou “catedriticos: -profetas”, segundo Max Weber, pertencer exclusivamente a0 dominio da 1969), “professor eiviliza femanavam de técnicas 10, pressupostos culturais que ni nentum Humanum Experi anteriores ou de outras culturas, mas antes implicavam uma drastica reo- rientagdo, pelo que a técnica modema distinto, De modo semelhante, Scheler (1970 [1915]) perguntava: porque € {ssicos Gregos no desenvolveram 0 via dotada de um espitito novo e me de uma téenica siste- que os ¢ 1, dadas as suas superlativas realizagées matem seu na, outro a muitas vezes feita, eram que eles careciam de algum recurso cultural vi tal ou, em alternativa, que haveria obstéculos sacio-econémicos estruturais imética e racior cas € 0 io intelectual? AS respostas mais comuns para esta pen (sendo a instituigdo da escravatura © mais frequenten impediam de pros posta de Scheler, no essencial, era que os Gregos nilo o tinham feito porque no estavam interessados, e nao por falta das capacidades necessérias, Ele modela esta resposta de maneira muito explicita na teoria erftica da histria de arte de Alois Riegl e no seu conceito-chave de “intengio art tade artistica” ou “vontade de forma” (Kinstwollen), que Ri para dar conta do forte contras ente invocado) que os ir © caminho do avanco téenico. Cruamente, a re e de estilos dos Egipcios e dos clissicos Gre 20s: no que aos artistas Egipcios faltasse habilidade ou maturidade artisti- ca, ou 4 assem a um nivel inferior de desenvolvimento cognitivo. mas, muito simplesmente, porque tinham diferentes objectivos. Ha nesta abordagem uma esteticizagio da téenica: as culturas ou os estilos técnicos diferem primariamente, nfio em termos dos respect dades ¢ capacidades (e out fades de ““conhecim 108 dispositivos, habili- nto tito”), mas em termos das respectivas intengdes de raiz subjacentes, ou seja, a contra- Parla téenica do Kinnstwollen. Biectivamente, Riegl queria ao mesm po sublinhar a descontinuidade das intengGes artisticas através dos diferen- tes periods e culturas e também preservar algum sentido de desenvolvimento linear na histiria de as duas ‘num esquema coetente ou Sequer especialmente expressivo, ott na pritica historiogratica; a forte énfase nas mudangas das intengo © mais fértilestimulo fora do seu prdprio campo Corolirio desta visio, na qual Spengler colocou muito mais fase que qualquer um dos outros expoentes da imagem féustiea da téenica, 6a tese de que a modema cultura técnica ocidental ¢ essencialmente nio-transferive Caso os engenhos, as miquinas e as armas, as fibricas ¢ os laboratérios, pu- dessem ser adoptados ou até mesmo produzidos por culturas no ocidentais, 9 impulso teenol tem- i combi te, sem con: de raiz & que foi ico para © dominio do mundo, préprio da moderna cul- tura ocidental seria inevitavelmente abandonado. Spengler fez um impor ante avango ao preparar a legitimagio da técnica e da ciGneia-como eenologia que foi amplificado pelos engenheitos-filésofos da Alemanha de Weimar, os quais procuraram enfatizar as facetas culturais (nio- trumentais, caleulativas, wansferiveis, universalistas) da técnica (Hert 36 Herminio Martins 1984). Nesta perspectiva, a técnica ndo deriva nalidade cognitiva anterior (a “razo soberana” como manifestadora dos valores bisicos (a “vontade soberana”) de uma cul- tura; esta pode ser chamada uma teoria expressivista da téenical5, Ao atrie buir técnica moderna uma mente distintiva ou um ethos totalmente estra nnho ao de todas as de nicas — o impulso de dominar 0 mundo, apropriagio de tod ‘ou 0 controlo planetirio — 0s te ricos féusticos rejeitaram i comuns. Nada & mais espa nas pode antes ser vista ialmente as abonlagens ¢ justificagdes utilitérias animosidade que os te6ricos fits: de que o objectivo ou, enfim, a vel condiggio da majoria dos ho: mens. Tal concepgao constitufa para eles um andtema, pois que trivializava ‘a sentido fntimo ¢ 0 impulso da moderna técnica ocidental, Hei- numa passagem famosa, caracterizava o americanismo eo bolehe- Vismo como “metafisicamente idénticos”, porque ambos preconiza miiximo desenvolvimento da técnica ¢ a sua transformago num meio part ticos ostentaram c principal fungi da técnica é alivia satisfazer as necessidades da maioria, Heideg, ret, em especial, nunca pare- ce, em qualquer altura da sus longa carreira, ter conside-ado a condigao ot as culturas dos povos ndo-ocidemtais merecedora de qualquer interesse filo séfico significativo — excepto talvez 0 Japio — e, quanto as massas oci em massa de bens esteticamente squetda do ideal de uma estética indus lria moderna tornava possivel a produc’ satisfat6rios, em vez da produgio ria. Outros preconizavam que os processos de trabalho © 0s meios de inal de bens de luxo p Experimentum Humanu 5: nitficati- Mie esteticamente (Sorel 1901). Wontade, a "vortade de poder” quem ima analise no pas Eade “woot de vont", Asti, sha vonlade de poder. O cima de opinito ma epoca da derrota da Aleman com ospetite pelo sage, mas artes com oimpuleo cego pat odomiio sem fm (Sehumpeet 1950). Contud, ti forte concepya0 de imperialism era cas nio-modernas. Para Scheer nidadeelectva entea técnica ustica-— oimpuko para propria ilmitaa da nature Ene cenlelisons ~ hapa yorsnamgeediecio neha de cpio De uma maneira ou de outa, os eicos futicos da fenica consi a nica como o destino. Em ln gar da visio prometeca da racionaidae da sm, © que esti na raiz da técni- n aguddo contraste com as teorias tagSes contempordineas, c x exemplo, existe uma a resso material herdados pelo marxismo clissico com a sua fé na racionalidade imanente da hist6ria, os flusticos afirmam no {anto uma visio necessitarista, como, por assim dizer, destinitarista, da 1 nica e da hist6ria, Com a sua retérica da “sorte” e do “destino”, coloc se em forte oposiciio, nfo apenas relativamente a qualquer crenga na inteli Bibilidade da histéria como um processo regide por leis, ou como um Yefeulo de Logica dialéctica, mas também a qualquer visdo libertaria da neu tralidade ou do cardcter puramente instrumental da téenica, B certo que foi @ teorizagio da técnica aquilo que mais afectado foi por este discurso desti- nitarista largamente difundido. Todavia, de acordo com a © principio de incerteza de Heisenberg de 1927 reflectia este clima ger Pensamento, no qual as afirmagoes da necessidade natural eram desadequa: das ¢ a reivindicacao da ciéneia fisica efectuada de preferéncia com recurso ‘0 vocabulirio da nao-causalidade (Forman 1971). Uma vers tese seria mais credivel, isto & que no clima intelectual da Alemanha de ‘Weimar, a imagem piiblica da eiéncia dura beneficiava com o surgimento do. indeterminismo radical da mecénica quantica, o qual através da sua dindmi- ‘omo um empreendimento cognitivol?. O facto de um ido sector da cigncia fisica ter parecido estar tese de Forman”, de prineipio-chave do 38 Hermfnio Martins fem sintonia com as predisposigdes anti-causais do ambiente intelectual, constituia certamente um bénus para a sitiada comunidade cientitica, Uma caracteristica que vale a pena notar & luz da recente vaga de demo- Tidores ataques a0 Tu visio civico-moral aristotélico-tomista e consequente ruina do nosso mun- smo como a fons et orign do catastrsfico assédio do moral, tos fiusticos fizeram uma retrospectiva bastante mais alargada da sua puta- tiva genealogia histérico-filoséfica dos nossos actuais problemas ue,a despeito do seu profundo desprezo pelo Huminismo, mui- tecnolégicos. Para Spengler, como ja vimos, a cultura fiustica em que esta mos destinados a permanecer até 2 sua inexoriivel morte remonta ao sSculo X depois de Cristo, Na “histéria do Ser” de Heidegger, a téenica moderna funda-se numa longeva “metafisica ocidental” que, na medida em que po- demos falar de um ‘erminus a quo, pode ser tragada até Platio e Ariststeles, ‘A metatisica ocidental tem sido, desde os seus primérdios, uma “metafisica producionista” em cuja raiz as metiforas do fazer e do produzir saturam 0 discurso Ontico (assim, 0 ides plat6nico, o padrio superempirico, projecta fa produgo artesanal sobre a relago entre 0 ser e os entes) (Zimmerman 990), Para Heidegger — e para um grande niimero de pensadores que, por ais que sejam dissidentes dos tragos fundamentais do seu pensamento, Ihe subscrevem a caracterizagdo —, a metafisica producionista ocidental resis: tiu até aos nossos dias e, em certo sentido, a moderna tecnologia omnipo- tente é a consumagtio ou « completude desta metafisica: “a esséncia da téc nica nfo é nada de t Os te6ricos féusticos da técnica eram em geral profundamente hostis aos valores e instituicdes liberais e democrsticos, quer em termos gerais, quer nas suas manifestagdes germénicas (Scheler constitui, novamente, em parte, uma excep). Mas, nto, a sua concepk implicava que a verdadeira vocagdo da téeniea moderna ape cumprida em sociedades que rejeitassem os valores liberais, der talitarios ocidentais. A imagem da téenica-como-cultura, nheiros-filésofos ansiosos por le ualtural, implicava uma afinidade e modo mais impor fio da ten as pudesse se criticos, universalistas e Udo esforcadamente prop: gitimar a técnica junto da direita politic electiva entre a técnica moderna ¢ © governo autoritério, assim como entre 1 técnica moderna e uma ordem social organizada em torno dos prinetpios de hierarquia, autoridade e disciplina, Para que a técnica cumpra 0 seu des tino, deve satisfazer preocupagdes nacionais “auténticas” — tanto a favor da inidade alemii que representava como contra o Ocidente. Heidegger, de a notGria, nunca haveria de entender o sucesso tecnoligico do Oci dente democritico durante Segunda Guerra Mundial. Nos anos 40, com o seu crescente pessimismo hist6rico ¢ cultural, Ador- no e Horkheimer deslocaram-se em direegio a uma espécie de versio de es querda da vis aps fustica da rniea. Tragaram a “dialéctica do Huminismo’ perimentum Humanum Experiimer para Ki do Huminismo, at aos antigos Gre mesmo metafisica frega clissica, mais do que até aos tragos especificos do mundo moderno Engua lobalmente em relagdo A que era co- mum ¢ la época de Weimar, eles fundiram a imagem pro: meteica da técnica, que tinham herdado do marxismo chissico, com a ima- mm fiustica da técnica que tinham recebido de Heid pensadores aparentados, de modo que, para eles, o “dominio da natureza era agora unicamente identificado com a vontade de vontade, © impulso pa ra a apropringio ilimitada da natureza exterior e interior. Concomitant mente, equipararam o “positivism” genérico & sua mais crua variante tee © que é nao apenas uma exegese discutivel, mas um lamentivel asso, no fazer jus as versées mais temperadas da tradigiio prometeica (0 que a sua posi re 08 fusticos er e de outros noerdtica fra Emb pecialmente na drea da “inddstria cultural”, pudessem ser esclarecedoras, a sua visdo global da técnica como um projecto de dominio ilimitado da na- tuteza limitaram-se a fazer eco das abordagens falusticas ¢ careceram de uma revisio critica de fundo da tradico faustica, Apesar de uma critica do “jar 0 da autenticidade’ cacom a mesma energia intelectual que devotaram a zurzir 0 “positivismo” Nos escritos de Horkheimer, o impulso para o dominio da natureza parece carecer de qualquer ancoragem psico-cultural definida, quanto mais hist6ri- “us suas andilises especrficas das implicagées da técnica modema,es- rnunea eles esmiucaram as teorias féusticas da téeni cae institucional A verdadeira erica da razdo iri necessariamente desvendar os mais pro: fundos niveis da cvilizago ¢ explorar a sua mais primitiva hist6ria, Desde © tempo em que a razio se tornou 9 instrument do dominio humane sobre a na ‘ureza humana e nio-humana 's primérdios — tem sido frustrada nos seus pripris intentos de descobrir a verdadle. Deve-se isto 20 isto €, desde os facto de ter transformado a natureza em mero objceto ¢ de ter fracassado em escobrir o trago de si propria em tal abjectivagio, nos conceitos de maria e nada menos 4 1987}: 176) fem coisas tals como os deuses e a mente. (Horkheimer 1974 Adorno e Horkheimer identificavam a racionalidade cientifica e técnica como racionalidade instrumental pura, que viam como globalmente estranha ‘S racionalidade dialéctica (ou dialéctica negativa), que é a tinica que pode le- ar por diante o projecto da emaneipagio humana. Scheler, por outro lado, t ‘ha anteriormente forjado um esquema tripartido de ori do, no qual, para além do modo técnico-ciemtifico de e ‘um modo reli ages - estabeleceu joso que visava um conhecimento salvifico ¢ umia orientagio ‘metafisica para o mundo que visava um conhecim Cias, dos valores ou dos a prioris materiais. Na medida em que Scheler tinha to apoditico das essen 6 Hermfnio Martins a oferecer uma solugao positiva para os problemas da humanidade tecnolé- ode uma elite de 0 privilegiado a0 dominio axiolds form tafisicos com ace iso e eidético e com uma capacidade sem rival ps adeiramen: grad, a qual poderia desempenhar © papel de “auto-formagiio” (Bil haviam ambicionado o idealismo alemio pés-Kantiano ¢ 0 neo uma visio do mundo ver dung) -humanismo humboldtiano. Com cfeito, a concepgio de Bildung foi propriada pela direita radical para 0 seu prprio niilismo (Mosse 1985). Um outro esquema tripartide de modos cia natural sicos de cognigo no qual a ‘apenas com o conhecimento tecnic: fer em 1930, Pa- entado pelo socidlogo filoséfieo Hans levante foi apre ra Freyer, as tr atitudes epistémicas bisicas so as da “compreensio”, do auto-reconhecimento da realidacle existencial” e da eineia natural. A com subjaz as humanidades ou ciéncias hermenéuticas. O “auto- preensa reconhecimento da realidad este autor, & como a filosofia para Hegel, 0 seu préprio tempo compreendi docem pensamento, mas s6 neste caso construda num sentido activista e de- cisional. A sociologia, para este autor, é impossfvel ou ininteligivel fora da vontade de mudar a realidade social numa ou noutra direceo e especial mente 2 1uz dos "momentos privilegiados” ou janclas de oportunidade ists rica que ela diagnostica, Ela &, neste sentido, to v. natural, mas também “decisional” na corrente dos acontecimentos histiricos. Ele caracterizou a atitude epistémica da ciéneia natural da seguinte maneira: existencial” subjaz & sociologia, a qual, para oluntarista como a cigncia (O Homem) quer viver na ter, quer cultivé-l, isto é, inclu-la ents ceriagdes humanas. A atitude epistémicn das ciéneias naturais & inimaginével sem este facto, muito primar, da vontade — a vontade tzenoldgica, tomads no seu sentido mais lato. Que elementos constituem 0s complexes provessos atureza, que leis os governam e que tipas de sistemas materiais existem, 4 eriar uma situagio panicular B a parte cea inelusio no processo natural de uma situagio dada A — estas q stGes representam a crientago oculta da descoberta ns ciéncias naturais e dio origem a todos os con volvem, Esta atitude epistémica ineos de utlidade, antes reside no interior do objecto de canhecin os que desen- relagdo viva entre uma pessoa e © objeto. A moderna eitncia ocidental im- plementow de 0, de modo particularmente radical e inescrupuloso, este ‘ethos de violento ou enganoso exame da natureza, de maneira a dominé-la passo & passo. Mas, por outto lado, esta form igneias naturais, que nos & familiar numa atitude epistémica geralmente vlida que € exigida pela pr in aro, tomamos por evidente base rerhaus 1994; 576.579) ria m n causa xperimentum Humanum a Este esqjuema pode ter fornecido em parte a inspiragéo para que a tipolo- de interesses biisicos de conhecimento da empresa ciemtifiea das ciéneias se reduza A predigao e ao controle, enquanto que a ra- cionalidade comunicativa, a nica base de esperanga no projecto emancipa- trio da modernidade, fica completamente fora da racionalidade instrumen: mbora Habermas tenha emergido na dltima uras filos6ficas que defende o pro: 0s ps-modernos, icou substancialmente a concepsao tal da cigneia e da técni écada como uma das mais eminentes fi jecto da modemidade na actual querela dos moderos e nfo fica claro até que ponto ele m ‘quase-Faustica da eiéncia ¢ da t Jem que fosse muito critico da critica heideggeriano-marxista de Marcuse & ciéncia e 8 tenica contemporineas, mas espe: do seu utopismo a respeito da factibilidade de uma “nova cigncia”. Assim, paradoxalment mesmo no caso de um dos mais importantes defensores do projecto do Ilu- ‘minismo, jé ndo hé confianga na afinidade electiva dos valores ¢ das normas da ciéneia moderna que impregnaram largamente as tradigbes prometeicas, Porém, mesmo sob o regime da tecnociGneia industrializada contemporiinea. pode-se argumentar que as priticas discursivas que estabelecem critérios de validade no interior da comunidade cientifica asseguram a atribuigao de ra cionalidade comunicativa nesse terreno (Radder 1988)!6 nica que herdou da escola de Frankfurt, se Conclusdes Hannah Arendt escreveu, no seu estudo clissico sobre o totalitarismo, que ‘© que era mais espantoso em tais regimes nio era tanto a sua tendéncia p Fa 0 poder absoluto, como as suas ambigdes de transformar a natureza hu- ‘mana. Na presente conjuntura das sociedades capitalistas democriticas, Provével que nenhum dos principais contendores da politica normal pudes- Se dar vor a essa ambicZ0 em termos politico-ideoldgicos. Pelo menos até hii pouco ter 4o programa de eutandsia compulsiva introduzido pelos nazis desde o inicio «lo seu: governo pareciam ter sido completamente desacreditadas. Porém, os *ipidos avangos da tecnocigneia biol6giea, a partir do surgimento da g po, as ousadias biopoliticas que culminavam lecular dos anos 50, stgerem que as possibilidades biotecnolégicas de transformacio dos seres humanos, nos préximos vinte € cinco anos ou mais, Fevantam que es éticas e politicas fundamentais. Ja niio se trata da Questio do programa de uma biocracia de Estado centralizada, mas dos re- Sultados da imensa manta de retalhos de decisdes acerca da aplicagiio de bio- 0 ovass tecnolog Produtivas, a engenharia genética de células somiiticas e de célulus germinais, Onde a teol ias que incessantemente surgem, tais como as sre e Herminio Martins procedimentos casufsticos para acompanhar as mudangas sociais e culturais que erodiam a hegemonia religiosa, hoje, em contrapartida, a casuistica bioética e biojurisprudencial racionaliza, mitiga mas, no essencial, raifica avango geral das biotecnologias!®. A 16 na orientagao racional global da sociedad parece (er-se finalmente dissipado com a queda do socialismo de Estado, porém as biotecnologias hos seus projectos de engenharia bioldgica dos seres humanos, demonstram uma nova versio da hybris que recentemente teve 0 seu colapso politico. Mas sero necessarias a imaginago moral e a coragem civil de superior oF: ddem para resistir 8 tirania das possibilidades teenol6gicas. Notas " O ensaio de White tem sido amlogisdo num certo ndmero de revels de etudos sobre © mien (de que mus recente & a de Pojman 1994) ede CCuradora presereve« contengo na vilzagéo dos recursos natu por via das lurais de preferéncia 3 remodels do munde natural de sorda com designios que the $30 estranhos. Discusses importantes desta tages no interior da Cristandode Latina Oc dental podem encontrar-se em Passmore (1974) e Atfield (1983), Padera observarse que Heidegger também responsabilizou de moda global o Crstiaisre por conduzir imi de para com a nature, plo menos em eseritos dos anos 20. UUsamos 6 term "Positivismo” para designar 0 mavimento hstrico da “Filosofia Posi hoje um dos mas divulgadesdislogismos ds eins soci e himnanas, pad veil mente de mits leitres, Aguilo que Collingtood entendia por "metalsica positivist «que Parsons entendia por “Yeoria positivist da aeg20", eo recurso indisriminado expres so pela escola de Frankfurt oa etnomctadlogia, que desse mol classifica storia © a paitica da tendéncia predominante nas eitncas soviis, no tm que rear necesstia allpenny dstingin doze aepedes do erm. de que a obra de Com te patilha quatro: Sem divide que ainda se poderiam acrescenar mais acepydes (Half penny 1982), Deveria notarse que, nis suas eonferencias sobre o socialism, Durkheim traioe Sain-Simon com o undador da Filosofia Postiva, «gual ele encirav come 0 ‘iment floséfico mais importante em Fronga desde Descartes (Durem 1962). 0 pon to fundamental do “Positivism” era a Lai das Ties Estados, que tnha um dup papel co ‘mo tse central da“dinimica socal” e coma teorema-chave da epistemologia histrien das cincias (“lei encielopédica”, como Ihe chamava Comte) 3 Confiando que o reino da vids organiea haveria de permanceerFundamentalmenteinaees= sivel einen matematioo experimental, a contri dos mundosfsica¢ human, Cour rot prenuncia Bergson, que defeniaexsa visio em vermos de wr nave metafsia. Mas, em todo 0 caso, et f na impossbilidade de mecanizar 0 mundo oginico era largamen- te partithada pe Hilosoa da tenia do soul XIX edo inilo & séeulo XX e seja 0 gue {or que digum os respectivos pensadores sobre a “eongulsta &a manera”, tem de ser Esperimentum Humanur 6 sted no contexto dessa fé(Martns 1993) Tal come Come, Courmotsubsereveu uma teora da mente sobre soeializaa, mas sublinhou em especial que ums grande pate da vi 2 ental human era susceptvel de insinimentalzagio de acionaizao.E apenas na tnedida em que a nossa vida ment se funda no rginico que ¢refictira&racionalizagia ‘uA mecanizagso econsmica, sociale cutusa 44 mis completa exposigho da teora da histria de Cournot continua a sera de Ruye (930), embora nos mos snes literatura francesa soe este aor tena erescido i nifeativamente, A literatura sobre tmiticn) éefectivamenteesparsa, mas veja-se o excelente capitulo de Anderson (1992 5 Tens havido no Ocidente wns revivescéncia de interesse pelo pensamento de Fedo. as sina pela publicago de uma tradugia ingles dew recolha dos seus escitos (19%). Rabsessio pela lone a reno de Lenine, para que fram chamados especilistas alemtes (nfo se pemsou na crc ade pela imontalidade na cultura ssa teveo seu impacto entre ns marxsts russos e pole te tido influ nu deco res preservago altura, mas aideia era a mesma: preserva 0 corpo até ressureigén com imcios ceniticos avangados) E interessante notar que, no periodo entre 1990 ¢ 1914, pe Jo menos tes pensadores nto religiosos com uma attude positiva relaivamente& écnica moderna expressaram a sua confanga na iminéncia da conguista da morte nos seres hu ‘manos: F.C. S, Schiller, Henri Bergson e Octave Hamelin, O time detenda que uma c vilaagao dedcada tanto a cna racional como ao "culo da pessoa humans” inca a epublica democritca deveria assegurar a redeng3o de todos os Sereshumanos. in Ts, de formagioreligiss protestant ( “culo da pessoa humana” oi encarado peo seu odes nds), amigo Durkheim como a tnicaf8 que podeta uni os cidados das se (© modo como a fé na apotacastais, na redengio universal de tos os sres huanos, se cexcepe3, une Fedoroy, Hamelin eo merits mistiso Walter Benjamin moira até que onto © activism redentoristaocidental pode ir condo as respectivasoigens rele Todoxa, protestant ejudsica), omnaturas, em virtue das suas implicagées para a naturezn dos processosecondiicos d ia real e da zepercussdo qu tem sobre uma econsitusio radical da cigncia econ (Georpescu-Rocgen 1971), Peas mesmas raze por oulras — por exemplo, a relagao entre “enropia” e “inform0",categorias-chave da nossa sociedad eenolégica~ tim 1 se Ihe podria chamara mais tecnldgics das les da nature Soddy era uma figura mais complex do que estas observagdes podem fazer eer. Fou crescentemente preoeupa com o sistema monctrio da ceoniomia. huni! ¢ tomou-se lum erfico severe da economia académica, que ele rejeitava como senJo uma empresa to talmente estril, Autoproclamando-se disejpulo de Raskin le distinguia ent a “crema ston, como teria da (iluséria)siqueza, ea verdadeira economia, que tem de incorpo Far equilorios eneryétieos efsicos mis tansacgdes econdimicas enoutos intriaces ene 8 economia ea natureza (Martiner-Alicr 19), Tenn 1979) A palavra “erematatica’ termo quase sempre pejorativo, constitu, é claro, una bandeira para os eiticas da ee omnia de mercado desenfreadae da economia acadsmica ortodona (quer sj neo ss 8, ausirfaca, Keynesiana ou até mesma marizante) co-tomisas,disipulos de Karl Poany/, arsiotlianos de esquerda, economists ecoliicos, ete, Vale a pena acreseentar ‘que Ruskin foi um erica de ate e aruitectura, um erie cultaral em geealque marco figuras to diferentes coma Gandhi e Proust © sinds hoje contin a ser uma inluencia importante no pensamesto social inglés, na esquerda humanftica cm especial, as sss 64 Herminio Martins sbordagens sobre educa e cltra.Existé una bra em Pertugus sobre est autor anos 2002) spens em aviaro labor humano, ms também o des anima, weiante wns redzida de Denna da for animal. Comte, Cournot, Proudhon, Renouvie, todos teeta ent ps0 dos aims coma autos c,d ast, qualquer eon animus como seado essencialmente magus de algun tipo, Nio s6aeibulam sensi dade aos animals, como os tinham: por dlentoes de uma Vid rental que aproximav po lo menos ox mamifers superioes dos sereshumanes. Na verde, para Comte, o estat hisioo da vida roigiosa, 0 fetichismo, ¢ parihado polos animals superione e pela es ages humans prinitivas: deverlamos aguilembrar que ee vina Regi da Homan de como uma espéeie de neo-ftchismo! O grinds trtado de Renouvier sobre a ilosoia ‘moral contnha una importante discussio pion sobre ica dy tratamento dos anima, ‘qual passu em larga modida despereebida na épocae prticanente nunca recordada na iterars contemporinea, mesma 1 discustio da sbordagem de tipo Kantian neta Sea (Renouvier 1860}, Nea, defendou que uma ca raconal nos esige que reduzaros 20 hima o sfeiment que infligimos aos anima © cepa a pescrever um "dever de Bond | esabeleceu uma obig peito pela nataneaa, ums expresso que s6 reemtementepassou a desu de amp di ae se tomo a palavra de orm de wma visio biotntie da ilosoin ambiental tu (Taylor 1986), Notese que Renouvier se defnia a si proprio come um pensidor lhor tig luminista, cima de td com wm noo-Katiano, democrats soca, A gnfasecolocada por Iunger na “guerra wt” indutalizada ¢ na “mobiizago “tora 0 da dor encontrou uma audigncia muito reeeptiva na Alemanta de Weimar. Os esrios fe Jungeetveram um profundo impacto em Heidegger, como foi mostrado em pormenor de manera muito claividente por Zimmerman (1990), As afimagies fits por Jinger pus humane do trabalhador-soldado como marca da nossa época eno papel metals ‘vere da ievitbiidadse do valor postivo da guerra especslmente aeerca de eomo a sucrra néo € uma distorgie mas sim o eumprimenta da vacage da téenica, foram com Partilhadas por muitos tericosfustcns sen quase todos na Alemunha. Os posiivistas Drometcioossereditaram ingenuamente que a sociedad cientiio-industrial era ininse ‘amen pilica c mo alimentavam quaisquerreeios quanto a adventa da par perp Heidegger eu Spengler hostnte cedo (1919) com ummisto de amirago e repul,ano tou extensamonte asa dpa e dscutu-The os tomas em sigs de conferEnes univers Fiasenoutras oeasidesscadémicas dante largos amos, Um cera mimeo dos termes sonantes de A decadéncia do Oc Plo, “evidad” (Sarge), 0 qual Spengler define come “setimento orginrio” (Urge). nte aparece também em Heil 600, por eXen exiséncia" (Dasein e autos, Ao asso que Heidegger no paose ter side partcularmente + soe tenes naquele live, ambos concordam gue a aectao pelas opines de Spe cesénci da temic no & mala de tGenca, qe a Ace ans nay estratras clement res da vida, que a tenia & destino, ee, Para una anise mite informativa da recepyio heidepgeriana de Spengler, ver Volpi (1991), 41 Deveria serescemtrse. conto, qi intengao da parila do svito, para este momo fundador do citeulo de Vien, era clucidar 0 paps dos faconesext-cieniicos em certs sxperimentum Humanory 6 foxes do pensamentocientitico, Porquant, afinmava ee, 6 9 selccionar 0 tipo de aio ver consruido, hi eiérios de avaliag politica e moraimente guiados que consirangem ecco da mistura dese urna e velcidude, de “comodidadee solide”, eq se hanes consideraes x podem aplicar escola deteorias cients. As preferéncas “le cogtifiets” de coertncialigica © de valdaséo empiric, juntameate com os pressupos fos que favorecem a simplicidade, a legincia e belezs matemities, no hasta por reorias de eleva gencralidae”, Dai que a preferéncias moras, religiosas, deol possam muito hem desempenhar © seu pope! na condusio da escolna entre proposts te Fas rivals de outro modo indeterminadas(a nivel superior da teoriagio de elevada gene falifade, sno no trabalho tseieo de menor amplitude), Eas eonsieragoes exte-cient ficas pertencem “pragmstica” (por cient ea desconsolada esperanga de Frank era ade que as cincias socials pudessemn incorporar “pragmatic (oestudo da “engenharia humana”) numa egneiaunifieads da cibneia (Frank 1956 [1954] ¢ 1957), As “Weoris de elevada genealidade” inluian con eeminismo no mundo eps da matureza e da modalde do determinism e doin ‘cots como as avangadas pela mecca quanta e sobre as quais se debrugou soot E claro que Frank tink sido um Participate ineressudo nas discusses da filosofia da casalidade fica, nos anos 30, Aorientagi geral de Spengler para a histria do conhecimento, matemitico tem sido cv yo senda “fundaciona” por aqucles que contribuem para "sociologist tvieo-cultural racial na abordagem de Spengler. Spengler, € claro, no se liniow a rejeitar — desprezou o materials fl co. sua propria “expicagao" da varabilia mora, visto que eel va explcagio causa, um temo melhor seria “hermenéutia”, ow antes, “exam isiog «de dos manos de nmeros ert em termes de “alma culturais™ 3.0 amplo uso da dicotomia assiméticaeulturacivilizagio pela divi cultural na Alem ss Imperial da époee guilhermina & fensmeno de ptologin intletl. Talvero tnico sociGlogo slemio novela fazer um uso analtico deste par de terms i ‘esse sido Alfred Weber, na sa tipologia dos procesos saci, culurasecivilzaionas Norbert Elias, que tnha sido aluna do jovem Weber, discal 9 semntica istrica do so germanico dewestermos na sua obra magna (Elias 1978 (1939: 9) Braudel também pes iow alguns atengo a este topic, mas 0 exame mais completo destes teros deve seen 1g tao no li de Beneton (1973) Para Spenser a "sivilizago” er fase dima e decanted histiria de uma cur to ava, maiora dagucles que mais fizeram por esta dic 0 sepuiram a ese respeito, ainda que o uso que dela faz Spe ara aesfea dos valores inferioces, ni no pensamentoalemia n relegue a "cviliagio" 'S Uma teori expressiva da téenica pode ser oximordnica, visto que a enica & normat- enteentendia como puramente instrumental, mas decorre naturalmente da extroord nia Gnfase na “expresso” em todos os ramos das cféncas humanas no pensamento emo daguele period. O “expressivismo” € usualmentetratado no contexto da fil Soffa politica comunitsia de Hegel, mas também afectov profundamente a filosolia neuagem ea filosofia da cultura. impregnaa eoetente de pensimento denominad “fi loxofla da vida” (Lebensphilosophie). A "morfologa eultral” de Spengler consti cidncia ea matemstica como expressivas € a maior qualidade, pars o estudioso da cul ‘ura, da vida e da personalidade humanas, € definids como “acto fisionsmico”- O ex pressvismo de Klages, logo ma sua abra sobre a grafologia,teve grande impacto em Benjamin © até mesmo om dos grandes 4 cos do. positivism lsgica, Carap, 66 Herminio Martins mencionow a obra de modo nao antipstico (Roberts & muito iformativo aerca de Kl enjamin), Para Spengler ro de alcance de “ex ‘ontolégico, «tal ponto que se pderia dizer, paraaseando una férmuls a set é ser 0 valor de uma varivel”). que pas cle “ser € ser express" pressvismo de Spengler, 91), A coxceporomtntica de lin ede um pove que, como um todo orgnico, se transforma numa es pécie de ser vivo, foi ricializada pelos nazis e pode-se afrmar que “o fracasso do na Zismo foi, em certo sentido o fracasso de uma Filosofia da Linguagem” (Gusdart 1953 Onservagoes semelhanies poderiam fazerse sabre a versio nazi da flosoia ex 6 Sore, que e sobne fbsofa da cia e date reveu wa quantidade ea afirmava j desde 1995 que 0 laborstrioeientfien e a fries automatizada Se pare ‘iam cada vez mai, ambos dotides de abundantes insiumentossofsticadese condi entre labora ¢ fabs tem sido formula ptdamente desde entio como se forse novidade nos anos 30, 50, 80,ct.). Pars ele,acién- ‘ia moderna ino tna nad a ver €om a filosofia naturel ¢ tinh to aver com a “ps ea experimental". © determinism ciemifico perence apenas & “natweza artifical” da ors smo racional” de Bachelad ea sun eoncepesio de “Tenomenou&nica” que alguns soci. Jogos da ciéncia hoje encarany como orm ‘cess onasndo suficients) do progr moral e neste sentido cle deve er tido na Con Mesmo que reetemos a force tese de Forman como mais um exempla dos excessos exter Zimmerman sobre i rcamemteestrutarada, em conjunto com as obras de Het 1 filosofia lem da téenica do'mesmo perio. curiaso que nenhuma da obras se rte 19 efetivameate a Forman Hert 1984: Zimmerman. 1990), nein de interesse pelo movimenta progmtista american lev a win ree '¥, para quem ~ assim como para Mead —a cin sideragdo da flosoia pbc de modem © a democracia ae que Se reforgavr que al Blo ‘oti pblica podera ser reafirmada sob o regime da tecnociéncia industralizada com compre mtuamente (Hiekinan 1990), Mas nio fica de modo neni slaro come 9 Sobre este assunto ver especialmente os dis limos capfulos deste lv Bibliografia Anderson (P) 1992, A zone of engagement, London: Verso Books. 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