You are on page 1of 32
Carlos Manuel Peldez Vanderbilt University, Graduate Program in Economic Development @ Pro Tempore: Pontificia Universidade Catélica do Rio de Janeiro Carlos Manuel Pelaez Historia da Industrializagao Brasileira Critica a Teoria Estruturalista no Brasil Apresentagao de Octavio Gouvéa de Bulhées e Dénio Nogueira Le §_— a Copyright © by Carlos Manuel Pelaez j } a il ll lll a NN Direitos reservados a APEC EDITORA S.A. Ay. Churchill, 94 - 6° andar Rio de Janeiro - 1972 ane smi Para Esteban y Mina Compreende-se que haja quem diga que 0s estruturalistas nada mais ja- zem do que construir teorias obs- curas para justificar os demandos dos governos de sua simpatia. Os remédioa eatruturalictas recomen dados para o Brasil so de inspiracao nitidamente keynesiana, Mas a trans- posi¢do 6 de uma heterodoxia que talvez horripilasse 0 autor da Teoria Geral. Mério Henrique Simonsen, Brasil, 2001. APRESENTACAO A vida econémica reinante nos engenhos, néo obstante a comercializagde do agucar, revelava um ambiente tranqiiilo de auto-suficiencia, conforme as eruditas e amenas descricées de Capistrano de ‘Abreu. As complicacdes que surgiam ndo deveriam ir além dos bucélicos acontecimentos do “Coronel 0 Lobisomem”, tdo peculiarmente narrados por José Candi- do de Carvalho.’ Mas a medida que se intensificava e gene- ralizava a comercializacdo dos produtos, mais se fazia sentir a complexidade dos problemas financeiros, em seus multiplos aspectos. Esse, 0 motivo da énjase ao aspecto monetério que Carlos Manuel Peléez imprime a andlise da economia brasi- leira, em sua fase de desenvolvimento. Suas qualidades de pesquisador é que levaram Antbal Vilela a solicitar-the a co- laboracdo, no preparo da histéria econémica brasileira que © Instituto Brasileiro de Economia vai publicar, gracas ao ‘auxilio concedido pela Fundagdo Ford. Denio Nogueira, a titulo de prefécio, realea alguns aspec- tos do trabalho de Peldez, com sugestivas contribuicées, apre- sentadas com brilho e, ds vezes, com certo calor polémico, oriundo dos debates em que se envolveu, na trajetdria de seu trabalho construtivo de saneamento da moeda brasileira. Ocravio GouvEA pe BULHGES PREFACIO A TradicAo Monetaria do Brasil A. tradigdo brasileira em matéria econdmica remonta ao Império, desce quando comecaram a surgir, no cendrio politico nacional, grandes estadistas e financistas. Para avaliar 0 quen- to 0 Império foi uma experiéncia impar na América Latina, nesse particular, talvez ndo se conheca melhor estudo que, do ponto de vista sociol6gico, Nabuco de Araujo: Um Estadista do Império, de Joaquim Nabuco. Valeria a pena, do ponto de vista da historia econdmica, escrever-se ‘um outro livro que se po- deria intitular Visconde de Itaborahy: Um Financista do Im- pério, Depois de Cayri, Joaquim José Rodrigues Fernandes Tor- res, Visconde de Itaborahy foi o maior monetarista brasileiro @ 0 seu primeiro banqueiro central. Incluem-se, entre suas maiores realizagées, a lei das sociedades anénimas, 0 terceiro Banco do Brasil (na verdade, 0 segundo), 0 Cédigo Comercial © a reforma do meio cireulante. Ele foi o principal responsdvel pelo primeiro grande salto da economia brasileira e pela ex- pansdo generalizada de 1850/70. Seus relatorios e pareceres, bem como sua atuacdo no Ministério da Fazenda (1849/53 ¢ 1868/70) honram sobremodo 0 pensamento econémico do Bra- sil em sua época. ‘Outros grandes financistas ocuparam 0 Ministério da Fa- zenda, no Império, revelando extraordindria visdo dos proble- mas monetarios. Entre outros merecem destaque especial Ber- nardo de Souza Franco, autor de Os Bancos do Brasil: Sua Hist6ria, Defeitos da Organizacio Atual e Reforma do Sistema Bancério; Francisco de Salles Torres Homem, Visconde de Inhomirim, a despeito das criticas que the faz 0 Professor Peldez, um dos maiores economistas brasileiros do século XIX, tendo sido Presidente do Banco do Brasil e Ministro da Fa- zenda; Martim Francisco, imortalizado por seu neto Antonio Carlos Ribeiro de Andrada, no livro Martim Francisco: 0 Mi- nistro da Fazenda da Independéncia e da Maioridade; Candi- do José Araujo Vianna, Visconde de Sapucahy; Holanda Ca- valeante de Albuquerque; 0 Visconde do Rio Branco, biogra- fado por seu ilustre descendente, 0 Bardo do Rio Branco. A Primeira Republica foi também rica em financistas grandes conhecedores dos problemas monetérios e bancdrios. © mais importante deles joi Rui Barbosa, quicd o primeiro planejador do Brasil. Ainda que Rui Barbosa tenha sido o grande responsavel pelo Encilhamento, conforme acentua o Professor Peléez, em recente ensaio publicado pela Revista Brasileira de Economia (As Consealsncias Econdmicas da Or- todoxia Monetéria, Cambial e Fiscal no Brasil entre 1889 ¢ 1945, Carlos Manuel Peléez, RBE, vol. 25, n? 3 jul./set. 1971), nao hé negar que ele foi o grande precursor do sistema ban- cario que hoje temos no Brasil, visualizando, em sua reforma bancdria, os bancos de investimentos, para a concessdo de crédito industrial a longo prazo, a feicdo do Crédit Mobilier Européen que, hoje s¢ comprova, foi o grande propulsor do progresso econdmico na Franca ¢ na Europa. ‘Um outro grande monetarista da Primeira Republica foi, indiscutivelmente, Joaquim Murtinho. Encarada em sua pers pectiva histérica, a atuacdo de Murtinko no Ministério da Fa- zenda se afinava perfeitamente com 0 pensamento econdmico dominante em sua época. Além disso, conforme acentua o Professor Peldez, no citade ensaio, Murtinho teve a antevisa0 dos males que 0 programa de valorizacdo do café iniciado no principio do século traria para 0 desenvolvimento econdmico do Brasil, 0 que 0 coloca entre os mais capazes administrado- res piblicos do Brasil. Nesse particular agiu em consondncia com a mais moderna teoria monetaria e de precos, Se Joaquim Murtinho encerrou uma fase de grande tradi- do monetdria no Brasil, Leopoldo de Bulhdes foi o grande inovador de sua geragdo. O Banco do Brasil que hoje conhece- mos foi projetado por esse extraordindrio homem piiblico bra- sileiro, que foi além disso um dos nossos maiores historiado- res econémicos. Ele inovou no campo da politica monetéria e no da reforma das instituicées financeiras. Como Murtinho, Leopoldo de Bulhées foi também um adversério tenaz aos pla- nos de valorizagdo do café. Ndo menos importante foi a con- tribuigdo de Pandid Caldgeras no Ministério da Fazenda e no 10 pensamento econdmico brasileiro, com 0 seu conhecido livro ‘A Politica Monetaria do Brasil. Em retrospecto histérico, as primeiras quatro décadas do século XX foram caracterizadas por um certo esvaziamento do pensamento econémico no Brasil. Poder-se-ia mesmo afir- ‘mar, no particular, que 0 pais havia perdido 0 entusiasmo que ‘se fizera notar desde 0 Império até o inicio da Primeira Re- pablica. © Professor James Tobin com a sua autoridade de refor- mulador da teoria e politica monetéria, nos Estados Unidos, cha- ma a atengao, em seu conhecido ensaio Commercial Banks as Creators of Money (em Banking and Monetary Studies, edi- tado por Deane Carson, Homewood, Ill. 1963) para 0 que cha- mou de pontos de vista “antigo” e “novo” dos problemas mo- netérios. O Professor Tobin mostra como a raziio é freqiien- temente obscurecida pelos habitos ¢ costumes. Paralelamente, © Professor Axel Leijonhufvud, em seu livro On Keynesian Economics and The Economics’ of Keynes (New York, 1968) mostra como uma obra tdo conhecida como a de Lord Keynes fio’ destorcida por forca de habitos e tendéncias do pensamen. to econdmico anterior. O Professor Jacob Viner, considerado pelo Professor Leijonhujvud, como um dos poucos contempo- raneos de Keynes que efetivamente alcancow todo o significa- do da “Teoria Geral” e que teve grande influéncia no pensa- mento econdmico moderno no Brasil, gracas as suas confe- réneias pronunciadas no Rio de Janeiro, a convite da Funda- cdo Getiilio Vargas, em 1950 (Revista Brasileira de Economia, W 2, abril/junho de 1951), exorta os governos a adotarem 0 que denominou a “long view”, em matéria econmica, ndo se deixando dominar pela visdo estreita que tende sempre a preponderar na esfera governamental. Lord Keynes, em sua ‘Teoria Geral, sontindo a influencia dos hdbitos e idéias arrai- gados nas decisées de politica econdmica, afirmou: *... sdo Gs idéias, e ndo os interesses criados, que sao perigosas para ‘0 bem ou para o mat”, Finalmente, em seu conhecido livro Inflacdo: Gradualismo X Tratamento Choque, o Professor Ma- rio Henrique Simonsen afirma: “O Governo Castelo Branco, por mais que tenha plantado para o futuro do Brasil, é acusado de ter esquecido do desenvolvimento porque, no triénio 1964/ 766, a taxa de crescimento do produto real ficou em 3,6% ‘anuais”. Ai esta o “Long View que caracterizava 0 pensamento econémico de Viner. uw © Autor chama atenefo para o obscurecimento da razdo na politica econdmica brasileira, que se estendeu até a primei- ra metade da década dle 1960, periodo em que, ora os interesses criados, ora as idéias preconcebidas e tendenciosas domi- naram 0 pensamento econémico no Brasil, interrompendo a extraordindria tradieo monetéria herdada do Império. ‘A década de 1940 marca o inicio do renascimento do pensamento econdmico no Brasil. Foi nessa época que se re- formulou o programa de ensino das Faculdades cle Economia, que se realizou 0 I Congreso Brasileiro de Economia, que se eriou a Fundaedo Getilio Vargas e seu Instituto Brasileiro de Economia, que se criou a Superintendéncia da Moeda e do Crédito (SUMOC), que se divulgou 0 Relatério da Missao Abbink. Como resultado, comecaram a surgir entidades go- vernamentais e privadas voltadas para a andlise dos problemas econdmicos nacionais e para a execuedo da politica econémi- a do pais. Entre outros podem ser citados 0 Consetho Nacio- nal de Economia, 0 Banco Nacional do Desenvoivimento Econd- mico, 0 Conselho do Planejamento, as primeiras instituicées de crédito de prazo médio (companhias de financiamento). Todos no decorrer da década de 1950. 4 na década de 1960, foram Griados 9 Conselho Monetirio Nacional, 0 Banco Central, 0 Banco Nacional da Habitacdo e iniciou-se 0 funcionamento dos bancos de investimentos e desenvolvimento, privados e estaduais, as companhias de crédito imobilidrio e as associa- goes de poupanca e empréstimo, reorganizaram-se as Caixas Econémicas Federais, que foram unificadas em uma inica ins- tituigdo de crédito pablico. Esse renascimento foi, porém, extremamente penoso. Tao logo surgiam seus fundamentos, iniciou-se entre nés 0 debate entre “estruturalistas” e “monetaristas”. Os primeiros pro- curando confundir-se com o nacionalismo, para colocar sob suspeita 0 pensamento ¢ a anélise econémiea dos “moneta- ristas”. O Autor se aprofunda nas ralzes historicas da tradi- edo monetarista do Brasil, buscando, na impressionante do- cumentagdo que levantou ¢ apresenta aos leitores, demonstrar © quanto foi negativa a orientaedo da escola “estruturalista”, para o desenvolvimento econdmico e social do Brasil. Em o tro livro que jd se encontra no prelo, o Professor Peldez de- fende a tese de que, se o renascimento do pensamento econd- mieo que se iniciou, na década de 1940, tivesse ocorrido ante- Tiormente, a industrializagdo do pais estaria mais adianteda nos dias que correm. 12 A influencia da escola “‘estruturalista” no pensamento econémico brasileiro foi impressionante durante a década de 1950 e primeira metade da de 1960. Em pouco tempo ela ga- nhava foros de sabedoria na economia, na histéria econdmica , posteriormente, na sociologia. Criavam-se novas teorias da inflacdo ¢ do desenvolvimento econdmico. Durante varios anos dominou a filosofia de que somente as reformas estruturais poderiam acelerar 0 progresso da economia brasileira. A es- sa filosofia, 0 Professor Mario Henrique Simonsen, parafra- seando Roberto Campos, designou “‘faldcias do redistributivis- mo” em seu conhecido livro Brasit 2001. Jé em 1959, os expedientes “estruturalistas” haviam mos- trado tudo que podiam fazer pela economia brasileira, inclu- sive rechagando as propostas de estabilizacdo da administra- edo financeira Lucas Lopes—Roberto Campos. Como foi fartamente demonstrado pelo Professor Simonsen em a EX- periéncia Inflacionéria Brasileira, esses expedientes foram 8 principais responsaveis pela estagnacdo do inicio da déca- da de 1960. Em verdade a experiencia brasileira, no apés-guerra, pode ser perjeitamente explicada pela teoria monetéria. Em nenhum momento fot confirmada a tese de-que w tendéncia das rela- gOes de trocas beneficiava os (atuais) patses industrializados 4s expensas dos (atuais) paises em desenvolvimento; a redis- tribuigdo prematura da renda e do poder econdmico e politi- co contribuiu apenas para agravar 0 desequiltbrio inflacionério, somando a ja impressionante inflagdo da procura uma nao menos prejudicial inflagdo de custos e salérios; finalmente, se a inflacdo ndo tivesse sido controlada através das medidas monetirias, fiscais e cambiais tomadas a partir de 1964, a estagnacdo da década de 1960 teria sido de maior intensidade e duracéo. 'Sdo sem niimero os trabalhos recentemente publicados, demonstrando 0 quanto a economia brasileira responde os ineentivos monetdrios e cambiais. No campo da economia rural, nao podem deixar de ser citadas as pesquisas dos Professores William H. Nicholls, da Universidade de Vander- bilt, sobre a influéncia da expansdo da fronteira agricola no desenvolvimento econdmico do Brasil; Affonso Celso Pastore € Atonio Delfim Netto, da Universidade de S, Paulo, bem como G. Edward Schuh, da Fundagdo Ford, sobre a reagdo dos agricultores em funedo dos precos relativos. No campo da teoria 13 monsen, mostrando as faldcias da filosofia “estruturalista”, Também no campo da histéria econémica, o Professor War- ren Dean, da Universidade de N. York, demonstrou de forma cabal o importante papel desempenhado pela economia ca- sileira. Professor Peldez concentra a maior parte de seu esforgo ee fee eran oe a ee a ee ea periodos mais ou menos prolongados de prosperidade em rag o Aas ava foe So ee eee es os “estruturalistas”, atrasaram 0 aoe, de se TORRE Fe a Resa Nair, A oneal ec de 1964, so 0 que se vé nos dias que correm. es (Os dias aziagos da década de 1950 e primeiro triénio da década de 1960, em que os expedientes ‘estruturalistas domi- navam a politica econémica brasileira, ja fazem parte de Den1o NosveIA 4 AGRADECIMENTOS © Graduate Program in Economic History of the Univer- sity of Wisconsin, 0 Foreign Area Fellowship Program, do Social Science Research Council e do American Council of Learned Societies, a Agencia Norte-Americana para o Desen- volvimento Internacional através do Programa do Brasil, da Universidade de Vanderbilt, eo Instituto Brasileiro de Eco- nomia da Fundaedo Getdlio Vargas forneceram os fundos de pesquisa necessdrios para a elaboracdo desta monografia. Cs tiltimos estdgios da pesquisa foram efetuados no projeto “As pectos da Creseimenta da Feanamnia Rrosileira 1889-1960" sob a direedo de Annibal Villela. Estou profundamente grato ao Instituto Brasileiro de Economia da Fundacdo Getiilio Vargas por ter-me propiciado essa oportunidade de elevado estimulo intelectual. Foram necessdrios trés anos de residéncia no Bra- sil para completar a pesquisa. Do Instituto Brasileiro do Café, devo agradecer a Bibliotecdria-Chefe, senhora Lenir, ao senhor Jodo e aos outros funciondrios de uma das mais organizadas @ completas bibliotecas que conheco. Algumas das idéias referentes a microeconomia da sus- tentacdo do cajé foram-me transmitidas pelos professores Stanistaw Wellisz e Robert Zevin. No decorrer de estimulantes cursos ministrados pelo professor Peter B. Kenen, das Univer- sidades de Columbia ¢ Princeton, fui formalizando os meus conceitos intuitives. Desejo manifestar a minha gratiddo ao professor Albert G. Hart, da Universidade de Columbia, pelas ‘suas indmeras criticas construtivas a minha tese doutoral, ‘Muitas estdo incorporadas ao presente livro, mas 0 professor Hart ndo é responsdvel por nenhum erro meu, principalmente tendo em vista que discordamos sobre alguns pontos, a res- peito dos quais provavelmente estou errado, Pela minha especializacdo em Hist6ria Econdmica, estt- mulo nas fases incipientes dos trabalhos de pesquisa e atra- i udo e dedieagdo, devo ‘anos, exemplo de erudicdo, estudo e de 1e oe ores cminente historiador econdmico, professor Ror : wines iii. dezovotve- graeee cron A mir parte de Caen eu beu auuno to Programa de Poe radu si stimulo. decihgne ats sau bondoso es ‘Sou o tinico responsdvel pelos erros deste ‘trabalho. Este livro passou por um grande niimero de reyister a murda okies de anontag 0 ie Huta os problems ans ft eeonamisa. Gun etucunle de forma: cao ew Stage entensvamente a9 obres moneli fo, axiglusee 0 Keynes, ods obrs impressonaram-me rofundamente. E foi uma descoberta pessoal estup i Drei era interpretagdo keynesiana da industrializacao coer ea aa ene aa pkey, mats cree, mana itsfate Lu ee padro da. industrilizagdo com a earl et ut otra rites consetin num esforen de samica econo sentido de introduzir novas idéias 16 teoria estruturalista, concretizado como tese de formagdo, na Universidade de Columbia, no verdo de 1964. Quando eu cumpria o Programa de Pos-graduagao em His- toria Econdmica, da Universidade de Wisconsin, rompi defi- nitivamente com 0 modelo estruturalista. O professor Came- ron demonstrou-me qudo inoperante seria defender a idéia de que 0 estudo da hist6ria econdmica dos paises desenvolvidos € irrelevante para o estudo atual dos problemas de desenvol- vimento. Afinal de contas, a tnica evidencia empirica da in- dustrializagdo ¢ crescimento é a dos paises atualmente desen- volvidos, O meu ensaio, para o grau de mestre, continha a maioria da critica da teoria estruturalista desenvolvida neste livro, Meu piano de pesquisa, formulado nesta época, era, pri- meiro, encontrar apoio empirico para a critica da teoria estru- turalista e, segundo, formular uma nova teoria. Essa tinha ne- cessariamente que ser uma teoria do retardamento industrial, ao invés de ser uma teoria de crescimento industrial. Tive @ boa fortuna de estudar sob a supervisdo do professor Rondo Cameron, que desenvolveu a teoria mais aceita do retarda- mento industrial da Franea e que, a essa época, estava cons- truindo os fundamentos de uma teoria monetdria da industria- lizagdo. z © presente livro representa a efetivacdo da primeira parte do plano de pesquisa. Dado, porém, que a teoria estruturalista conjlita com fatos indiscutiveis ¢ com as mensuragées dispo- niveis, a tarefa mais importante, a formulacao de uma alter- nativa teérica acabada, ainda esta por se fazer. A minha hipé- tese de trabalho, ainda em fase de experimentagao, € a de que o retardamento industrial do Brasil originou-se de dois fatores interdependentes. Fator 1. A manutenedo de um preco minimo para 0 café, durante um periodo de quatro décadas, fez com que a concentracéo de recursos e os inerementos de recursos na economia brasileira fluissem para o setor de ex- portacdo cafecira. Fator II. As politicas ¢ instituigdes moneté- rias, cambiais e fiseais conjlitavam seriamente com a diver- sificagdo da atividade econémica e com o desenvolvimento industrial. Essas idéias foram introduzidas a titulo de experi« €ncia, em duas monografias escritas para o projeto de cres- cimento econdmico da Fundacdo Getilio Vargas. cenmictnlns commie dp anedorine mendise, fixet « eambal no Brasil 1Ato/10GE Revie Breatera de onan. jtyaate Sint Andina Hoses ao BroprmyBratoe do tnicse do Cat 1900/3049; “tia Poli et 17

You might also like