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Tratados Internacionais
Tratados Internacionais
➢ A CV69 vem a ser um documento que regulamenta a produção dos tratados, mas
apesar de ser de 69, ela só começou a produzir os seus efeitos em 1980, porque foi
quando ela atingiu o número mínimo de assinaturas para produzir os seus efeitos,
diferentemente das normas internas, que passam a produzir efeitos após o período
de vacatio legis. Tal é feito para que tenha o mínimo de legitimidade os tratados,
por conta das relações horizontais entre os tratados. Mas existem tratados que não
precisam de assinaturas, são ius cogen, por exemplo, Declaração Universal de
Direitos Humanos (1948).
➢ Apesar da CV 69 ser muito importante, ela só regula a produção de tratados entre
Estados. Mas se uma Organização interestatal quiser fazer um tratado com outra do
mesmo tipo ou com Estados, não se pode fazer, porque conforme a Convenção de
Viena de 1986 ainda não está em vigor, que regula tais relações. O Brasil já fez todo
o procedimento internacional primário, esperando referendo do Congresso
Nacional. As relações então são reguladas pela regra clássica do DI: Costumes,
Boa-Fé e obrigação de cumprimento, essas práticas que vão se tornando
obrigatórias pela sua reiteração e pelo fato de que todos os membros da sociedade
internacional acham importante.
➢ Apesar do Brasil fazer parte da CV 69, ele realizou nesta duas reservas (Clausula
de Reserva: Em nome do respeito à soberania dos Estados, dentro das possibilidades
de assunção de compromissos. O pensamento no surgimento das organizações
internacionais era de que era melhor as nações aderirem mesmo que parcialmente
do que não participarem). A primeira reserva está no Artigo 65 e 69 que tratam da
implementação provisória, porque aqui no Brasil não se tem aplicação provisória
de norma que ainda não completou o seu processo de elaboração. Só se tem a
aplicação da lei depois que ela cumpre todo seu ciclo de formação. A segunda
reserva feita foi o Art. 66 que determina a submissão compulsória a corte
internacional de justiça, porque partimos do entendimento de que essa era uma
clausula muito importante que precisava de uma ratificação específica.
➢ O tratado internacional que mais recebeu clausula de reserva na história da ONU
foi a convenção que trata sobre todas as formas de discriminação e violência contra
a mulher. A clausula de igualdade entre homens e mulheres foi a que mais sofreu
reservas.
Agentes Habilitados
➢ Esses sujeitos de DI estão previstos no Art. 7º da CV69 e lá está escrito que são
aqueles que irão representa-los – O representante mor dos Estados é o Chefe de
Estado ou de Governo, dependendo de cada nação. Ele é o detentor da
representatividade originária. Mas como ele não pode estar presente em todos os
países para negociações, sendo substituído de forma reconhecida pela sociedade
internacional. A primeira substituição possível é pelos Ministros das Relações
Exteriores, são eles na sequencia que fazem a representação internacional. Também
podem ser os embaixadores, no objeto de um tratado específico, porque eles fazem
parte desse serviço de relações internacionais. São estes agentes públicos que tem
essa função de representações não são eles que participam dessas negociações.
➢ Antigamente, para comprovar que uma pessoa era legitima representante de um
país, ela deveria comparecer ao local onde estariam reunidos os representantes de
outras nações com uma carta de plenos poderes, tal qual uma procuração. Só que a
sociedade se desenvolveu e isso foi abandonado com o tempo, principalmente
tecnologicamente. Hoje esse documento foi abandonado. Obviamente, quando
alguém assume um governo, se apresenta na secretaria dos órgãos internacionais
para demonstrar que está habilitado.
➢ Se um agente representante comparece a reunião para tratar de um tratado e não é
um desses tratados no Art. 7º e nem apresenta carta de plenos poderes, assinando
um documento de obrigações e direitos, esse documento é nulo porque ele não tem
capacidade para assumir tais compromissos, estando eivado de vicio (Art. 8º).
Consentimento Mútuo
➢ O quarto requisito é que o objeto do tratado deve ser licito, de acordo com o DI e
deve ser possível de ser realizado. Não é possível que haja um pacto internacional
sobre o cometimento de um crime.
Terminologia dos tratados
➢ Tratado é a nomenclatura geral, expressão guarda chuva e genérica. Mas além dessa
expressão, podem se ter expressões mais específicas. A primeira delas é a
convenção: Esta é uma modalidade de tratado que formaliza uma acordo
previamente ajustado, solene e multilateral. A convenção também se caracteriza por
regular assuntos de interesse geral (Por exemplo, convenção da ONU contra o crime
organizado); pacto: restringe o objeto político de um tratado (Por exemplo, o pacto
dos direitos econômicos, sociais e culturais) a pesar de ser também documentos
multilaterais, tem assunto mais restrito do que os tratados. Acordos: que podem ser
multilaterais, mas que também podem ser bilaterais. Os acordos tem um menor
número de participes e os seus conteúdos são variados – subtipos de acordo (Acordo
por troca de notas são documento de DI de natureza administrativa, em que em
nome de uma das partes se faz uma alteração de uma clausula anterior existente.
Tal acordo se conclui com a troca das notas – Ex: Acordo de 25% sobre a
importação do aço/ Acordo executivo é concluído apenas pelo executivo, sem a
participação do legislativo, apesar da regra ter essa análise. Esses são documentos
de natureza diplomática.
➢ Também se tem as cartas, que são documentos que criam as organizações
internacionais (Ex: Carta da ONU). É como uma certidão de Nascimento. Se tem
também os protocolos que são também tratados de natureza multilateral, mas que
tem uma singularidade – O protocolo sempre vai ser resultado de uma conferência.
Também é possível que o protocolo seja um documento que venha a complementar
um tratado anteriormente existente, por exemplo, uma convenção, que tem um teor
mais geral. E se tem declarações que trazem todo o conteúdo principiológico do
direito internacional, mas se tem uma discussão acerca da obrigatoriedade do
cumprimento das declarações, porque em tese declarações não passam pelo
processo de aprovação que passam convenções e protocolos, em assembleia. Em
tese, elas não são obrigatórias. Mas se deve ter cuidado quando se fala no âmbito
do DI dos DH, porque não dá pra afirmar que a Declaração Universal dos Direitos
Humanos não é obrigatória.
➢ Tem-se também o compromisso que é um tratado observado dentro do
procedimento arbitral , que no DI arbitragem é bilateral e o documento que traz
expresso esse acordo é o compromisso entre ambos. Por fim, se tem o Estatuto que
estabelece as regras de criação, função e funcionamento dos tribunais internacionais
(Estatuto de Roma – Tribunal Penal Internacional) e os regulamentos que são os
documentos que determinam o funcionamento das organizações internacionais.
Essa classificação dessa terminologia não é estanque, podendo ser modificada ao
longo do tempo.
Observação sobre a CV 69
➢ Os tratados podem ter formas diferenciadas, mas vem sempre com uma certa
estrutura, chamada de mínima e primeiro ponto que se enxerga ao verificar um
tratado é o seu título. O Título de um tratado indica diretamente a matéria abordada
dentro de certo documento. Diferente das leis nacionais, os tratados internacionais
têm uma parte importante de compreensão e que serve para interpretação de seu
conteúdo normativo, chamado de preâmbulo, onde estão os considerandos, as
razões pelas quais aquele documento normativo foi produzido. Ele faz a
convocação das razões que levaram aquilo. Existem duas categorias de enunciados
que vem do preâmbulo: A primeira, é a apresentação dos Estados Parte (Os Estados-
Parte...) e o segundo são os motivos que levaram aquela definição e os tratados (Os
considerandos).
➢ Após vem o articulado ou dispositivo. É nessa parte especifica onde estão as regras
de direito internacional sobre aquele tema e diferente da legislação internacional,
não se vai ter artigos com incisos e parágrafos igual a legislação internacional, mas
eles são numerados. Aqui se estabelecem as cláusulas obrigatórias de cumprimento
para os Estados Parte. Após todo o Articulado, tem-se ao final as clausulas finais,
que são muito importantes, pois trazem as regras sobre ratificação, entrada em vigor
(número de assinaturas), troca de instrumentos, a previsão se é possível ou não fazer
denuncia (A partir daquela data o Estado não vai se obrigar a cumprir o tratado),
eventual prazo de vigência, possibilidade de novas adesões e de revisão. Essa parte
das cláusulas finais é importante porque ela tem um conjunto de conteúdos que
estão relacionados a operacionalização desse tratado.
➢ Depois das clausulas finais vem o chamado fecho, que é data, local e celebração do
tratado e o idioma em que foram produzidos e o número de exemplares originais.
Por fim, vem a assinatura do chefe de estado ou de seu representante legitimo. No
momento da assinatura, quando esse tratado é bilateral, ambas as partes assinam ao
mesmo tempo, com a posterior troca de instrumentos. Nas multilaterais, quem
assina primeiro é por ordem alfabética pelos nomes dos representantes que estão
presentes no momento da assinatura, e não dos países. Depois das assinaturas vem
o selo de lacre que é o aporte das armas, o brasão, das partes contratantes. Os
símbolos estão nesses documentos porque eles também vêm de longa história de
tradição, já que as pessoas não sabiam antigamente assinar. Os selos davam
efetivamente oficialidade aos documentos.