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Apostila – Introdução a Hidrologia

INTRODUÇÃO A HIDROLOGIA
CONCEITOS:

A palavra HIDROLOGIA é originada das palavras gregas:


HYDOR que significa “água” e LOGOS que significa “ciência”.

“É a ciência que estuda a água na terra, sua ocorrência, circulação e distribuição,


suas propriedades físico-químicas e suas reações com o meio ambiente, incluindo
suas relações com os seres vivos”.
(UNITED STATES FEDERAL COUNCIL FOR SCIENCE AND TECHNOLOGY, COMMITTE FOR SCIENTIFIC HIDROLOGY, 1962)

SUBDIVISÕES DA CIÊNCIA HIDROLÓGICA:

Hidrometeorologia – é a ciência que estuda a água na atmosfera e suas


interferências climáticas.

Limnologia - é a ciência que estuda as águas interiores com o objetivo de estudar


os ambientes lacustres (lagos, lagoas)

Potamologia - é a ciência que estuda os cursos de água (rios, arroios). Como


sinônimo existe o termo fluviologia.

Glaciologia - é a ciência que estuda as geleiras sua composição e seus


fenômenos naturais relacionados.

Hidrogeologia - é a ciência que estuda as águas subterrâneas quanto ao seu


movimento, volume, distribuição e qualidade.

Oceanografia - é a ciência que estuda os oceanos, procurando compreender,


descrever e prever os processos que ocorrem neste ambiente. A oceanografia
tem caráter multidisciplinar e estuda os oceanos sob quatro aspectos principais:
físico, químico, biológico e geológico. Também pode ser chamada de ciências do
mar ou oceanologia.

HISTÓRICO DA CIÊNCIA HIDROLÓGICA:

• Havia a necessidade de se verificar a sazonalidade de ocorrência de


precipitações em determinado local
• Queria-se conhecer os eventos meteorológicos (faltavam explicações
determinísticas suficientes)

Civilizações e formas de exploração dos recursos hídricos


• Egito e mesopotâmia – projetos de irrigação
• Romanos – aquedutos para abastecimento de água
• Chineses – irrigação e controle de inundações

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Século 15:
Leonardo da Vince e Bernard Palissy – compreenderam melhor o ciclo
hidrológico. A dificuldade era aceitar precipitação >vazão.
Século 17:
Pierre Perraut - pesquisa o rio sena e concluiu que vazão é aproximadamente
16% da precipitação.
Século 19:
Iniciam-se as medições sistemáticas de precipitação e vazão e o desenvolvimento
teórico e experimental da hidráulica

Década de 30:
– Existiam processos descritivos dos fenômenos naturais
– Existiam fórmulas empíricas de processos específicos.

CICLO HIDROLÓGICO:

A água diferencia-se dos demais recursos naturais pela notável propriedade de


renovar-se continuamente, graças ao “CICLO HIDROLÓGICO”.

O ciclo hidrológico compreende, principalmente, os seguintes processos:


• Precipitação consiste no vapor de água condensado que cai sobre a
superfície terrestre. (ex: Chuva)
• Infiltração consiste no fluxo de água da superfície que se infiltra no solo.
• Escoamento superficial é o movimento das águas na superfície terrestre,
nomeadamente do solo para os mares.

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• Evapotranspiração é o processo conjunto pelo qual a água que cai é


absorvida pelas plantas, voltando à atmosfera através da transpiração ou
evaporação direta (quando não absorvida).
o Evaporação é a transformação da água no seu estado líquido para o
estado gasoso à medida que se desloca da superfície para a
atmosfera.
o Transpiração é a forma como a água existente nos organismos
passa para a atmosfera.
• Condensação é a transformação do vapor de água em água líquida, com a
criação de nuvens e nevoeiro.

APLICAÇÕES DA HIDROLOGIA:
• Escolha de fontes de abastecimento de água
• Regularização de cursos d’água e controle de inundações Projeto e
construção de obras hidráulicas
o Barragens (localização, tipo de barragem, vertedor,
dimensionamento)
o Bueiros (dimensionamento)
• Controle da poluição
o (Ex.: análise de capacidade de recebimento de dejetos por cursos d’
água).
• Controle da erosão (urbana e rural)
• Aproveitamento hidroelétrico
• Navegação
o (Exemplo: construção e manutenção de canais navegáveis)
• Recreação e preservação do meio ambiente
• Irrigação e Drenagem

Planejamento de Bacias Hidrográficas

O Plano de Bacias é uma ferramenta de planejamento do Sistema de Gestão de


Recursos Hídricos que deve apontar as ações e metas a serem desenvolvidas
nas bacias hidrográficas.

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DISTRIBUIÇÃO DA ÁGUA NO PLANETA:

Quase 2/3 do planeta são cobertos de água. E essa água está distribuída da
seguinte forma:

Considerando a sua distribuição superficial no mundo, tem-se:

Com relação à distribuição da água no Brasil, tem-se:

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Disponibilidade de água anual por habitante nos estados brasileiros

USOS DA AGUA:

• Usos Consuntivos: água não retorna


diretamente para o ciclo hidrológico
– Abastecimento doméstico
– Abastecimento industrial
– Irrigação
– Dessedentação de animais

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• Usos Não Consuntivos:


– Preservação da flora e fauna
– Recreação e lazer
– Paisagístico/estético
– Geração de energia elétrica
– Navegação
– Diluição e afastamento de efluentes

Considerando que a irrigação tem sido a maior consumidora de água, algumas


medidas são recomendadas para redução do consumo:
• Escolha de culturas adequadas
o Identificar a espécie de planta adequada e resistente para o local
• Manejo correto do solo
o Entender o tipo do solo e seus nutrientes, com análises físico-
químicas.
o Preparar o terreno em curvas de níveis e terraços
• Escolha de técnicas modernas de irrigação
o Micro-aspersão
o Gotejamento
o Hidroponia

BIBLIOGRAFIA:
GARCEZ, Lucas Nogueira; ALVAREZ, Guillermo Acosta. Hidrologia. Editora Edgard Blucher ltda.
São Paulo.1988.

COLEÇÃO ABRH – Vol. 4 Hidrologia: Ciência e Aplicação - 2a. Ed. Revisada - Editora da Universidade
de São Paulo.

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TEXTOS COMPLEMENTARES:
O ciclo da Água

Pode admitir-se que a quantidade total de água existente na Terra, nas suas três fases, sólida,
líquida e gasosa, se tem mantido constante, desde o aparecimento do Homem. A água da Terra -
que constitui a hidrosfera - distribui-se por três reservatórios principais, os oceanos, os continentes
e a atmosfera, entre os quais existe uma circulação perpétua - ciclo da água ou ciclo hidrológico.
O movimento da água no ciclo hidrológico é mantido pela energia radiante de origem solar e pela
atração gravítica.

Pode definir-se ciclo hidrológico como a seqüência fechada de fenômenos pelos quais a água
passa do globo terrestre para a atmosfera, na fase de vapor, e regressa àquele, nas fases líquida
e sólida. A transferência de água da superfície do Globo para a atmosfera, sob a forma de vapor,
dá-se por evaporação direta, por transpiração das plantas e dos animais e por sublimação
(passagem direta da água da fase sólida para a de vapor).

A quantidade da água mobilizada pela sublimação no ciclo hidrológico é insignificante perante a


que é envolvida na evaporação e na transpiração, cujo processo conjunto se designa por
evapotranspiração.

O vapor de água é transportado pela circulação atmosférica e condensa-se após percursos muito
variáveis, que podem ultrapassar 1000 km. A água condensada dá lugar à formação de nevoeiros
e nuvens e a precipitação a partir de ambos.

A precipitação pode ocorrer na fase líquida (chuva ou chuvisco) ou na fase sólida (neve, granizo
ou saraiva). A água precipitada na fase sólida apresenta-se com estrutura cristalina no caso da
neve e com estrutura granular, regular em camadas, no caso do granizo, e irregular, por vezes em
agregados de nódulos, que podem atingir a dimensão de uma bola de tênis, no caso da saraiva.

A precipitação inclui também a água que passa da atmosfera para o globo terrestre por
condensação do vapor de água (orvalho) ou por congelamento daquele vapor (geada) e por
intercepção das gotas de água dos nevoeiros (nuvens que tocam no solo ou no mar).

A água que precipita nos continentes pode tomar vários destinos. Uma parte é devolvida
diretamente à atmosfera por evaporação; a outra origina escoamento à superfície do terreno,
escoamento superficial, que se concentra em sulcos, cuja reunião dá lugar aos cursos de água. A
parte restante infiltra-se, isto é, penetra no interior do solo, subdividindo-se numa parcela que se
acumula na sua parte superior e pode voltar à atmosfera por evapotranspiração e noutra que
caminha em profundidade até atingir os lençóis aqüíferos (ou simplesmente aqüíferos) e vai
constituir o escoamento subterrâneo.

Tanto o escoamento superficial como o escoamento subterrâneo vão alimentar os cursos de água
que deságuam nos lagos e nos oceanos, ou vão alimentar diretamente estes últimos.

O escoamento superficial constitui uma resposta rápida à precipitação e cessa pouco tempo
depois dela. Por seu turno, o escoamento subterrâneo, em especial quando se dá através de
meios porosos, ocorre com grande lentidão e continua a alimentar os cursos de água longo tempo
após ter terminado a precipitação que o originou.

Assim, os cursos de água alimentados por aqüíferos apresentam regimes de caudal mais
regulares.

Os processos do ciclo hidrológico decorrem, como se descreveu, na atmosfera e no globo


terrestre, pelo que se pode admitir dividido o ciclo da água em dois ramos: aéreo e terrestre.

A água que precipita nos continentes vai, assim, repartir-se em três parcelas: uma que é reenviada
para a atmosfera por evapotranspiração e duas que produzem escoamento superficial e
subterrâneo.
Esta repartição é condicionada por fatores vários, uns de ordem climática e outros respeitantes às
características físicas do local onde incide a precipitação: pendente, tipo de solo, seu uso e
estado, e subsolo.

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Assim, a precipitação, ao incidir numa zona impermeável, origina escoamento superficial e


evaporação direta da água que se acumula e fica disponível à superfície. Incidindo num solo
permeável, pouco espesso, assente numa formação geológica impermeável, produz escoamento
superficial (e, eventualmente, uma forma de escoamento intermédia - escoamento subsuperficial),
evaporação da água disponível à superfície e ainda evapotranspiração da água que foi retida pela
camada do solo de onde pode passar à atmosfera. Em ambos os casos não há escoamento
subterrâneo; este ocorre no caso de a formação geológica subjacente ao solo ser permeável e
espessa.

A energia solar é a fonte da energia térmica necessária para a passagem da água das fases
líquida e sólida para a fase do vapor; é também a origem das circulações atmosféricas que
transportam vapor de água e deslocam as nuvens.

A atração gravítica dá lugar à precipitação e ao escoamento. O ciclo hidrológico é uma realidade


essencial do ambiente. É também um agente modelador da crosta terrestre devido à erosão e ao
transporte e deposição de sedimentos por via hidráulica. Condiciona a cobertura vegetal e, de
modo mais genérico, a vida na Terra.

O ciclo hidrológico à escala planetária pode ser encarado como um sistema de destilação
gigantesco, estendido a todo o Globo. O aquecimento das regiões tropicais devido à radiação
solar provoca a evaporação contínua da água dos oceanos, que é transportada sob a forma de
vapor pela circulação geral da atmosfera, para outras regiões. Durante a transferência, parte do
vapor de água condensa-se devido ao arrefecimento e forma nuvens que originam a precipitação.
O retorno às regiões de origem resulta da ação combinada do escoamento proveniente dos rios e
das correntes marítimas.

É o ciclo da água que alimenta e dá condições à vida no planeta. O sol aquece todas as águas
superficiais do planeta, mudando seu estado físico para vapor, que por ser mais leve sobe até as
camadas mais frias da atmosfera onde se condensa, formando nuvens. E essas, finalmente,
acabam se precipitando, na forma de chuva, neve ou granizo. São as etapas de evaporação,
condensação e precipitação.

A atmosfera contém vapor de água que se evapora a cada dia, da superfície dos rios, e mares,
pela ação simultânea do calor solar e do vento. Esse vapor é invisível como o ar, mas se torna
visível quando se condensa.

O vapor de água eleva-se na atmosfera, principalmente nos dias quentes, encontrando camadas
mais frias do ar, condensa-se em gotículas de água muito leves que flutuam no ar sob a forma de
nevoeiro. Se o resfriamento aumenta, as gotinhas se agrupam, avolumam-se e, quando atingem
um peso suficiente, precipitam-se ao solo na forma de chuva, granizo ou neve.

Ao voltar à superfície, a água escorre de volta para os cursos de água, ou infiltra-se até os lençóis
freáticos (rios subterrâneos), alimentando os rios, mares, oceanos ou dando origem às nascentes
fechando assim o ciclo.

Através dos rios, essa água retorna ao mar, onde novamente se evapora. Este é o ciclo da água.

Desse ciclo tem importância fundamental a vegetação, constituída de plantas e florestas, sem os
quais é impossível a retenção da água na superfície para a conservação da diversidade biológica,
ecossistemas e habitats.

A água é utilizada para uma grande variedade de atividades humanas, como higiene, agricultura,
pecuária, indústria, lazer e produção de energia. O problema é que a água utilizada pelo homem
nem sempre é devolvida em condições adequadas. Além disso, a atividade humana também
interfere no ciclo da água, principalmente nas cidades, com o desmatamento e a
impermeabilização desordenada do solo, para a construção de ruas e habitações.

O problema é que a água utilizada pelo homem nem sempre é devolvida em condições
adequadas. Além disso, a atividade humana também interfere no ciclo da água, principalmente
nas cidades, com o desmatamento e a impermeabilização desordenada do solo, para a
construção de ruas e habitações.

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