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Com uma colonização portuguesa complexa e conturbada, marcada pela resistência dos
nativos e pelas dificuldades de adaptação dos portugueses às condições particulares do
território, formou-se uma sociedade rural baseada sobretudo na pecuária, assim como na
agricultura, em especial nos vales úmidos e serras. A elite latifundiária, através de seu
poder econômico e de complexas relações de parentesco e afilhadagem, possuía controle
de quase todos os aspectos da vida social. Os "coronéis" mantinham em suas
propriedades muitos dependentes que lhes prestavam serviços ou entregavam parte de
sua produção em troca da posse de um lote de terra, em regime praticamente semi-feudal,
além de trabalhadores assalariados. A escravidão africana, embora de menor importância,
foi praticada ao longo de séculos, principalmente nas áreas onde a agricultura floresceu.
Índice
[esconder]
1 Era Colonial
2 Movimentos independentistas e Império
3 República Velha
4 Estado Novo
5 República Nova
o 5.1 Governo militar
6 Nova República
7 Ver também
8 Referências
9 Ligações externas
A missão dos bandeiristas era explorar o rio Jaguaribe, combater piratas, "fazer a paz"
com os indígenas e tentar encontrar metais preciosos. partindo da Paraíba, à frente de 200
índios "mansos" (já submissos ao conquistador) e de 65 soldados (entre os quais o jovem
Martim Soares Moreno), Pero Coelho atingiu pelo litoral a serra de Ibiapaba, onde travou
combate com os índios Tabajaras e alguns franceses, então aliados. Derrotando os
adversários, Pero Coelho tentou seguir para o Maranhão, mas só atingiu o rio Parnaíba
(Piauí) pois seus homens, cansados, maltrapilhos e famintos recusaram-se a prosseguir
viagem. De retorno ao litoral, o capitão-mor fundou o Forte de São Tiago, às margens
do Rio Ceará e o povoado de Nova Lusitânia. Ficou ali pouco tempo. Os índios,
ressentidos com o comportamento brutal dos "civilizados" europeus passaram a atacar o
Fortim. Pero ,então, retirou-se para o rio Jaguaribe, construindo nas margens deste o forte
de São Lourenço. Contudo, a pesada seca de 1605 a 1607 (a primeira registrada pela
historiografia local) e os persistentes ataques indígenas levaram Pero Coelho a deixar o
Siará em dolorosa caminhada, na qual pereceram de fome e sede alguns soldados e seu
filho mais velho. Dirigindo-se ao forte do Reis Magos no rio Grande do Norte e depois
Paraíba e Europa, Pero Coelho faleceu em Lisboa, pobre, após tentar cobrar de Portugal
os pagamentos pelos serviços prestados nas terras cearenses. Fracassava, assim, a
tentativa pioneira de ocupação do "ceará Grande". (Por: Farias de Airton; Historia do
Ceará; p. 14 e 15).
O comércio do charque foi decisivo para a vida econômica do Ceará ao longo do século
XVIII e XIX. Com ele passou a existir uma clara divisão do trabalho entre as regiões do
Estado: no litoral se encontravam as charqueadas e, no sertão, as áreas para criação
de gado bovino. O charque também permitiu o enriquecimento de proprietários de terras e
de comerciantes, bem como o surgimento de um pequeníssimo mercado interno local.
Durante o auge do comércio do charque, a principal cidade cearense foi Aracati, de onde
eram exportadas mas também floresceram outros centros regionais,
como Sobral, Icó, Acaraú, Camocim e Granja. A era do charque finda-se depois das secas
de 1790/93, que devastam o estado e impossibilitam a continuação da pecuária cearense.
Com este evento a produção do charque mudou para o Rio Grande do Sul.
O século XIX também foi marcado por alguns movimentos revolucionários e conflitos. Em
1817, alguns cearenses, liderados pela família Alencar, apoiaram a Revolução
Pernambucana. O movimento, no entanto, ficou restrito ao Cariri e, especialmente, à
cidade do Crato, e foi rapidamente sufocado. Em 1824, já após a independência, os
mesmos ideais republicanos e liberais apareceram num movimento mais amplo e
organizado: a Confederação do Equador. Aderindo aos revoltosos pernambucanos, várias
cidades cearenses, comoCrato, Icó e Quixeramobim, demonstraram sua insatisfação com
o governo imperial. Após choques com o governo provisório controlado pelo
Imperador Dom Pedro I, foi estabelecida a República do Ceará em 26 de agosto de 1824,
tendo Tristão Alencar como presidente do Conselho que governaria a província. A forte
repressão das forças imperiais, no entanto, derrotaram rapidamente o movimento rebelde
devido a diversos motivos: a superioridade militar das tropas do governo imperial; a pouca
participação popular; as principais lideranças terem sido presas ou mortas.
Outro conflito que se destacou na história cearense foi a Sedição de Pinto Madeira, um
violento conflito entre a vila do Crato, liderada por liberais republicanos (com maior
destaque para a família Alencar), e a de Jardim, praticamente dominada por Pinto
Madeira, de caráter absolutista e autoritário. As duas elites locais disputavam pelo controle
político do Cariri cearense. Por fim, os cratenses contrataram o mercenário francês Pierre
Labatut e, reagindo com um exército formado por sertanejos humildes, renderam os
jardinenses. Pinto Madeira foi julgado sumariamente no Crato, após ser considerado
culpado pela morte do liberal José Pinto Cidade.
Também no século XIX, o Ceará sofreu um verdadeiro boom econômico durante o período
da Guerra de Secessão (1861-1865) nos EUA, que, afetando a cotonicultura norte-
americana, abriu o mercado mundial para o algodão cearense. Foi nesse período
que Fortaleza desbancou Aracati do posto de cidade principal do Ceará: o algodão
substituía o charque em importância econômica. Porém, a Grande Seca(1877/78/79),
interfere na agricultura do algodão, Fortaleza foi invadido pelas vítimas da estiagem, uma
grande parte da população cearense emigra para a Amazônia e assim contribui no boom
do primeiro Ciclo da Borracha. E a partir desta seca o Ceará passa a ser fator de atenção
dentro da política nacional.
Além desses eventos em 1896 começou a ser construida a ferrovia Sobral-Crateus por
Antonio Sampaio Pires Ferreira, onde logo se estabeleceria em suas margens a cidade
de Pires Ferreira.
O século XX, para o Ceará, foi marcado pelos ciclos de poder dos "coronéis" e por
enormes transformações de ordem social e econômica. O século se iniciou no contexto da
oligarquia acciolina, comandada, direta ou indiretamente, por Nogueira Accioli de 1896 a
1912. Durante esse período, a família Accioli controlou, literalmente, todas as esferas do
poder cearense, desde os altos escalões do Governo estadual até as delegacias.
Juazeiro do Norte era uma cidade recém-emancipada do Crato. Seu surgimento se deveu
ao carismático Padre Cícero, que, após ter ficado famoso devido ao suposto milagre da
Beata Maria de Araújo (cuja hóstia teria se transformado em sangue), conquistou uma
imensa massa de sertanejos pobres e religiosos. Muitos passaram a morar em Juazeiro,
de modo que em pouco tempo o local possuía milhares de moradores. Como não tinha o
apoio da alta hierarquia católica, Padre Cícero procurou evitar que Juazeiro tivesse o
mesmo fim trágico de Canudos e aliou-se ao poder político dos coronéis, posicionando-se
ao lado da oligarquia de Nogueira Accioli. Embora mantendo a proximidade com o povo, o
padre tornou-se, para alguns, um "coronel de batinas".
Franco Rabelo havia, em pouco tempo, perdido o apoio de muitos políticos que o haviam
ajudado a chegar ao poder - a Assembleia Legislativa tentou até mesmo, sem sucesso,
votar o impeachment do "salvacionista". Os oposicionistas tentaram, então, convocar
extraordinariamente a Assembleia Legislativa em Juazeiro e cassaram o mandato de
Rabelo. Este, que tinha ainda bastante apoio em Fortaleza, mandou tropas para Juazeiro
do Norte, pretendendo derrotar os golpistas. Os sertanejos, incitados pelo Padre Cícero e
pelos coronéis, acreditaram ser aquela uma agressão contra o "Padim Ciço". Iniciou-se um
verdadeiro clima de guerra santa em Juazeiro. Após meses de combate, os seguidores de
Padre Cícero venceram as tropas de Rabelo e iniciaram uma longa marcha até Fortaleza,
obrigando Rabelo a renunciar ao governo cearense.
O início dos anos 1940, no Ceará, foi influenciado pela Segunda Guerra Mundial e as
implantações decorridoas pelos Acordos de Washington. Em Fortaleza, foi montada uma
base norte-americana, mudando os hábitos locais e empolgando a população, que passou
a realizar diversos atos, manifestos e passeatas contra o nazismo. O Serviço Especial de
Mobilização de Trabalhadores para a Amazônia - SEMTA, foi criado e teve sua sede em
Fortaleza. Este ralizou uma forte propaganda governamental a qual estimulava os
sertanejos a migrar para a Amazônia, onde estes tornariam-se os Soldados da
Borracha do Exército da Borracha, isto é, explorariam o látex das seringueiras. Milhares
de cearenses emigraram para o Norte, muitos dos quais morreram. Porém, estas mortes
não foram em vão, já que, graças aos soldados da borracha e sua mais-valia, os Estados
Unidos e Aliados puderam combater os exércitos do Eixo sem os seringais da Ásia para
abastecê-los.
Em 1963 Virgílio Távora foi eleito governador do Ceará. Seu mandato foi até o fim
em 1966, mesmo com o surgimento da Ditadura militar em 1964. Seu governo foi marcado
pela criação do "PLAMEG I" - Plano de Metas do Governo que visou a modernização da
estrutura do estado com a ampliação do porto do Mucuripe e a transmissão da energia
de Paulo Afonso. Foram criados ou instalados também em seu governo o Distrito Industrial
de Maracanaú, o BEC, a CODEC e da Companhia DOCAS do Ceará. Com o AI-2, Virgílio
aderiu à ARENA, e seu vice Figueiredo Correia ao MDB.
Virgilio Távora retorna ao governo em 1979 sendo o último eleito indiretamente e resgata
seu primeiro governo com a criação do PLAMEG II. Inicia a industrialização da região
noroeste do Ceará e cria o PROMOVALE (projetos de irrigação) e sua esposa, a primeira
dama Luiza Távora implementa projetos sociais como a Central de Artesanato do Ceará.
Seu governo foi marcado pela ausência, quase que total, de oposição na Assembléia,
nomeações aproximadas de 16.000 pessoas para cargos públicos e várias greves.
Gonzaga Mota foi eleito pelo voto popular tomando posse em 1983 e rompe com os
coronéis anteriores para criar seu próprio grupo político. Seu rompimento rendeu-lhe
ataques do regime militar com a suspensão de verbas federais.
O Estado se beneficia também da guerra fiscal que então se iniciava, o que, somado à
mão-de-obra barata, atrai várias indústrias, as quais se concentram em algumas poucas
cidades. O crescimento médio do PIB, de 4,6%, é superior à média nacional e nordestina
nos anos 1990, continuando a tendência iniciada na década de 1970. As ações do
governo, aliado aos esforços do empresariado local, e os incentivos de instituições de
grande importância na história econômica recente do Ceará, como o BNB e a Sudene,
foram determinantes para tal desempenho.
Lúcio Alcântara, eleito com o apoio de Tasso continua, em linhas gerais, o modelo político
dos governos anteriores, mas não recebe apoio do próprio partido e não consegue se
reeleger em 2006, rompendo com o o PSDB e mudando para o Partido da República após
deixar o cargo. Cid Gomes, do PSB e ex-prefeito de Sobral, alcança o cargo de
Governador, pondo fim à longa hegemonia do PSDB no Estado e sinalizando um
movimento rumo à oposição na política estadual, já demonstrado com a vitória
de Luizianne Lins, do PT, na capital, que se elegera em 2004 mesmo sem apoio real do
partido, que, devido às alianças partidárias nacionais, apoiara o candidato Inácio
Arruda.12 Em 2008, Luizianne Lins é reeleita.