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DIREITO TRIBUTáRIO PARA AFRFB - TURMA 2017 (PROMOCIONAL)

AULA 01

Definições iniciais. Conceito e classificação dos tributos.


Por meio de um site próprio, sem a intermediação de instituições ou donos de
cursos preparatórios, o professor George Firmino conseguiu reduzir bastante o
preço dos cursos, chegando a um valor justo e acessível aos concurseiros,
mantendo a qualidade tão conhecida do seu material.
Todos os cursos disponibilizados são fruto do esforço e da dedicação individual do
professor para oferecer aos concurseiros um material de extrema qualidade.
Valorize o trabalho do professor e contribua para a continuidade do site, tão
importante na sua preparação e de tantos outros concurseiros que ainda irão
ingressar nessa jornada. A pirataria inviabiliza a continuidade dos cursos.
Não adquira ou baixe os cursos fora do site oficial do professor!
Caso tenha visto este material disponibilizado em outros canais, DENUNCIE!

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Direito Tributário Descomplicado Legislação Tributária Federal Direito Tributário ESAF


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Direito Tributário p/ AFRFB - Turma 2017
AULA 01

AULA 01 – Aula Demonstrativa

Definições iniciais. Conceito e Classificação dos tributos.

SUMÁRIO Página
Apresentação do professor 04
Informações sobre o curso 06
1. Conteúdo e cronograma das aulas 06
2. Metodologia utilizada 08
3. Legislação aplicável 08
4. Abordagem 09
5. Suporte 09
Definições iniciais 10
1. Direito e as relações jurídicas 10
1.1. Direito Público e Direito Privado 11
1.2. Direito Tributário 11
2. Estado 12
3. Receitas públicas 13
Conceito e classificação dos tributos 17
1. Conceito de Tributo 17
2. Classificação dos tributos 30
3. Espécies tributárias 40
3.1. A natureza jurídica do tributo 44
3.2. Impostos 50
3.2.1. O princípio da capacidade contributiva 51
3.3. Taxas 62
3.3.1. Taxa de serviço 63
3.3.2. Taxa de polícia 71
3.3.3. A base de cálculo das taxas 77
3.3.4. Taxas de serviço x preços públicos 81
3.4. Contribuição de melhoria 82
RESUMO ESQUEMATIZADO 92
Doutrina e Jurisprudência 97
Temas para a prova discursiva 104
Questões propostas 108
Gabarito 121
Questões comentadas 122

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Olá, amigo(a) concurseiro(a)!

Seja muito bem-vindo(a) ao nosso curso de Direito Tributário para o concurso


de Auditor Fiscal da Receita Federal, turma 2017.

Agora que você já deu o primeiro passo, iniciamos juntos uma jornada rumo
à sua aprovação.

Estudar para a Receita Federal não é tarefa das mais fáceis. Os concursos
apresentam um elevado grau de dificuldade em suas provas, além do alto
nível dos candidatos. Por isso, torna-se necessária uma preparação com
planejamento e muita disciplina.

A preparação do candidato hoje em dia não deve se limitar à simples leitura


do material. O nível de preparação dos concorrentes não permite mais que
você seja aprovado em algum certame apenas livrando a nota de corte. É
necessário fazer a diferença naquelas matérias-chave.

E, sem dúvida, Direito Tributário representa um dos diferenciais da prova.


Mas não é só isso. O Direito Tributário irá acompanhá-lo durante toda a sua
carreira. A sua aprovação será apenas o início. Após a posse, o Direito
Tributário será sua ferramenta de trabalho na Carreira Tributária e Aduaneira
da União.
Nessa linha, buscaremos aqui detalhar todo o conteúdo programático da
matéria, numa linguagem simples e objetiva, sem, contudo, ser superficial.

Nosso curso busca contemplar a atual forma de cobrança da ESAF, banca


examinadora do concurso. Trata-se de um curso completo, abordando a
visão clássica da matéria aliada à jurisprudência dos tribunais superiores (STF
e STJ), bem como ao estilo ESAF de cobrar a matéria, por meio da resolução
de centenas de questões.

Buscarei, assim, atender tanto aos concurseiros do nível mais básico, ou seja,
aqueles que estão vendo a matéria pela primeira vez, como àqueles mais
avançados, que desejam fazer uma revisão completa e detalhada da matéria.
Mas como isso é possível?
Uma das dificuldades que percebo na preparação para concursos é encontrar
um material que possa atender por completo, acompanhando o candidato
do nível básico ao avançado.
Tenho percebido essa dificuldade entre os concurseiros. Acompanhando os
fóruns especializados, é possível ver indicações do tipo: “se você for iniciante,
utilize o livro tal e quando estiver mais avançado, recomendo o livro tal...”

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Diante dessa dificuldade, nosso objetivo é oferecer um curso completo, que


atenda aos mais variados níveis de candidatos, abordando tudo de forma
bem detalhada, inclusive quanto aos posicionamentos doutrinários e
jurisprudenciais.

Além disso, resolveremos aqui centenas de questões, com foco total na


ESAF, banca examinadora do concurso, de tal forma que você ficará bastante
afiado na matéria, ao ponto de chegar à prova com bastante segurança.

E não paramos por aí: além do estudo teórico da matéria e da resolução de


questões, trabalharemos aqui, na medida do possível, TEMAS PARA A PROVA
DISCURSIVA, com as respectivas propostas de solução. Isso irá ajudá-lo a se
preparar de forma completa! Assim, o aluno se prepara para a matéria
esgotando todas as possibilidades.

Por fim, não podemos deixar de direcionar nosso estudo para a


jurisprudência do STF e do STJ, além de entendimentos doutrinários
relevantes, abordados em módulos específicos, tendo em vista o excesso de
cobrança desses elementos nas provas da Receita Federal.

Assim, em cada aula do nosso curso teremos os seguintes módulos:

Módulo teórico: abordagem completa da matéria e questões intercaladas


com a teoria. Durante esta abordagem teórica, teremos questões de várias
bancas, e não apenas da ESAF. O intuito é apresentar todos os detalhes da
matéria.

Módulo doutrina + jurisprudência: apontamentos sobre importantes


decisões dos tribunais superiores e entendimentos doutrinários relevantes,
de extrema importância para os concursos da Receita Federal.

Módulo de temas para a prova discursiva: temas sugeridos e com proposta


de solução, mostrando um modelo de resposta que atenderia aos requisitos
da banca.

Módulo questões ESAF: bateria de, no mínimo, 25 questões com foco total
na ESAF. Ao longo do curso serão 300 questões da banca.

E para fechar o curso com chave de ouro, teremos também:

SIMULADO FINAL: 75 questões com foco total em doutrina e jurisprudência,


simulando o novo estilo ESAF de cobrar a matéria.

Trata-se de um curso supercompleto para a Receita Federal. Nossa proposta


é simplesmente fazer você arrebentar na prova!!!

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AULA 01

Antes de iniciar os comentários sobre o funcionamento do nosso curso,


gostaria de fazer uma breve apresentação pessoal.

Sou Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil e pós-graduando em Direito


Tributário. Atuei inicialmente como parecerista em processos de restituição
e compensação tributária, bem como na orientação aos contribuintes em
questões que envolviam a interpretação da legislação tributária, mais
precisamente referentes ao imposto de renda pessoa física e jurídica (IRPF e
IRPJ). Após um período como parecerista, passei a exercer minhas atividades
na malha fiscal e na fiscalização do imposto de renda pessoa física.
Atualmente, exerço minhas funções no julgamento de processos do Simples
Nacional.
Porém, antes de tomar posse no meu atual cargo, passei por uma verdadeira
jornada como concurseiro. Nesse intervalo, obtive aprovação nos seguintes
certames:

 Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil 2009, 68º lugar e obtendo a 5ª


maior nota nacional na prova discursiva;
 Agente Fiscal de Rendas da SEFAZ/SP (ICMS/SP) 2009;
 Analista Tributário da Receita Federal do Brasil (ATRFB) 2009;
 Auditor Fiscal de Ipojuca/PE 2009;
 Auditor Fiscal de Abreu e Lima/PE 2008 (1º lugar);
 Gestor da Secretaria de Administração/PE 2009;
 Assistente Técnico Administrativo do Ministério da Fazenda 2009.

Minha experiência como professor iniciou em 2012 no Estratégia


Concursos, onde permaneci até 2014, saindo para dedicar-me à
coordenação pedagógica do site Concurseiro Fiscal, que posteriormente
expandiu para o Atitude Concursos. Desde então, conto com centenas de
alunos aprovados em todo o Brasil, em concursos de alto nível como os da
Receita Federal e dos fiscos estaduais e municipais.

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AULA 01

Sou autor dos seguintes livros:

Direito Tributário Descomplicado Legislação Tributária Federal Direito Tributário ESAF

Finalmente, em um espaço próprio foi possível atender uma demanda antiga


dos concurseiros. Agora, sem o intermédio de cursinhos preparatórios,
disponibilizando os cursos diretamente aos alunos, consegui reduzir o valor
dos cursos, chegando a um preço mais acessível, mas sem perder em nada
na qualidade do material.

Irei me dedicar na busca incansável para disponibilizar o melhor material de


Direito Tributário, tanto na qualidade do curso como no suporte aos alunos.

Essa é o diferencial que quero trazer para a sua preparação. Espero, assim,
dividir com você a experiência de quem já foi concurseiro e enfrentou
diversas provas.

Feitas as apresentações iniciais, passemos à proposta do nosso curso.

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AULA 01

1. Conteúdo e cronograma das aulas


Nosso curso será dividido em 11 aulas, incluindo esta aula demonstrativa, de
acordo com o cronograma abaixo:

AULA 01
Definições iniciais. Conceito e classificação dos tributos.

Módulo teórico: Teoria + doutrina e jurisprudência + 02 temas p/ discursivas


Bloco de questões: 25 questões ESAF

AULA 02 prevista para 15/04/2017

Competência Tributária. Limitações constitucionais ao poder de tributar.

Módulo teórico: Teoria + doutrina e jurisprudência + 02 temas p/ discursivas


Bloco de questões 01: 25 questões ESAF

AULA 03 prevista para 25/04/2017

Tributos de competência da União. Impostos de competência dos Estados. Impostos


de competência dos Municípios.

Módulo teórico: Teoria + doutrina e jurisprudência + 02 temas p/ discursivas


Bloco de questões 02: 48 questões ESAF

AULA 04 prevista para 05/05/2017

Repartição das receitas tributárias. Simples Nacional.

Módulo teórico: Teoria + doutrina e jurisprudência + 01 tema p/ discursivas


Bloco de questões 02: 25 questões (bancas diversas)

AULA 05 prevista para 15/05/2017

Legislação tributária: vigência, aplicação, interpretação e integração.

Módulo teórico: Teoria + doutrina e jurisprudência + 01 tema p/ discursivas


Bloco de questões 03: 25 questões ESAF

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AULA 01

AULA 06 prevista para 25/05/2017

Obrigação tributária. Fato gerador da obrigação tributária. Domicílio tributário.

Módulo teórico: Teoria + doutrina e jurisprudência + 01 tema p/ discursivas


Bloco de questões 04: 30 questões ESAF

AULA 07 prevista para 05/06/2017

Sujeição ativa e passiva. Responsabilidade tributária.

Módulo teórico: Teoria + doutrina e jurisprudência + 01 tema p/ discursivas


Bloco de questões 05: 25 questões ESAF

AULA 08 prevista para 15/06/2017

Crédito tributário. Constituição do crédito tributário.

Módulo teórico: Teoria + doutrina e jurisprudência + 02 temas p/ discursivas


Bloco de questões 06: 30 questões ESAF

AULA 09 prevista para 25/06/2017

Suspensão da exigibilidade do crédito tributário. Extinção do crédito tributário.


Exclusão do crédito tributário.

Módulo teórico: Teoria + doutrina e jurisprudência + 01 tema p/ discursivas


Bloco de questões 07: 54 questões ESAF

AULA 10 prevista para 05/07/2017

Garantias e privilégios do crédito tributário. Administração tributária.

Módulo teórico: Teoria + doutrina e jurisprudência + 02 temas p/ discursivas


Bloco de questões 08: 30 questões ESAF

AULA 11 prevista para 30/07/2016

SIMULADO FINAL - 75 questões sobre doutrina e jurisprudência.

Conforme exposto, abordaremos cada tópico do conteúdo programático,


analisando detalhadamente e comparando como a ESAF costuma cobrar em
suas provas.

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2. Metodologia utilizada

A nossa didática será direcionada para o desenvolvimento da teoria


intercalado com questões comentadas à medida que os temas forem sendo
apresentados, de modo a unir a teoria e a prática de prova, fazendo com que
você tenha uma visão completa do assunto.
Isso ajuda muito na preparação, já que o estudo somente da teoria pode se
tornar cansativo, com muitos detalhes que acabam por confundir o aluno.
Nesse primeiro momento de abordagem teórica, veremos questões de
diversas bancas e não apenas da ESAF. O intuito é facilitar o aprendizado, já
que as questões serão selecionadas de modo que a teoria seja bem
entendida após a sua resolução.
Durante a exposição da teoria, todas as questões apresentadas serão
comentadas.
Após a conclusão de cada módulo teórico, teremos um bloco de, no mínimo,
25 questões exclusivamente da ESAF para que você as resolva, proceda à
correção pelo gabarito e revise através dos comentários apresentados no
final.
Ou seja, nosso curso será composto de teoria + 300 questões comentadas.
É um verdadeiro arsenal de questões, capaz de deixá-lo preparadíssimo para
a prova!
Sempre que o assunto abordado permitir, apresentaremos também temas
propostos que poderiam ser objeto da prova discursiva. Isso permitirá que
você treine a elaboração das dissertações à medida que for aprendendo a
matéria.
Ao final, apresentamos uma proposta de resposta, ou seja, uma redação
modelo que responderia a questão com nota máxima, o que permite que
você compare sua redação e avalie como está o seu desempenho.
Além disso, em cada aula teremos nosso tópico específico de DOUTRINA +
JURISPRUDÊNCIA, com decisões e entendimentos relevantes a serem
levados para a prova.

3. Legislação aplicável

Como base do nosso estudo, utilizaremos frequentemente a Constituição


Federal e o Código Tributário Nacional (CTN – Lei nº 5.172, de 25 de outubro
de 1966). Por isso, é recomendado que você os tenha sempre que for
acompanhar as aulas, de preferência impressos (ou em PDF), pois podem ser
feitas anotações e destaques para consultas posteriores.

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Você pode acessá-los e imprimi-los nos seguintes links:

Constituição Federal de 1988


www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm

Código Tributário Nacional


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5172.htm

4. Abordagem

Estudar Direito Tributário para o concurso da Receita Federal não pode mais
ser restrito à leitura da Constituição e do CTN.
As provas evoluíram bastante e exigem do candidato, muitas vezes,
entendimentos que não constam nas leis, mas firmados em discussões
judiciais ou defendidos por doutrinadores de escol.
Partindo dessa constatação, se faz necessária uma abordagem completa, que
contemple esses entendimentos. Sendo assim, sempre que o assunto exigir,
trarei os posicionamentos dos tribunais superiores (jurisprudência do STF e
do STJ) e entendimentos doutrinários que ilustrem o tema em discussão.
Ademais, quando estivermos diante de temas mais polêmicos, buscarei
explorar qual o entendimento aceito pelas bancas, para que você não tenha
dúvida na hora da prova.

5. Suporte

Por fim, informo que nosso estudo não se limita à apresentação das aulas ao
longo do curso. É mais do que natural que você tenha dúvidas, mas elas não
podem permanecer até o dia da prova, não é mesmo?
Então, estarei sempre à disposição para responder aos seus
questionamentos através do fórum de cada aula.
Todos têm dúvidas! Errar é comum quando se está tentando aprender. O que
não pode acontecer é você guardar sua dúvida ao invés de expor a sua
dificuldade.
Conte comigo! Nada será mais gratificante para mim do que receber uma
mensagem trazendo a notícia da sua aprovação. Vamos juntos até lá!

Assim, dada a importância da nossa matéria e feitas as considerações sobre


o nosso curso, vamos ao que interessa!!!

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DEFINIÇÕES INICIAIS

1. Direito e as relações jurídicas


O convívio dos indivíduos em sociedade somente é possível a partir do
estabelecimento de regras que definam os limites de fazer ou deixar de fazer
algo, bem como as obrigações a que se sujeitam cada um dos integrantes em
prol do interesse comum.
Nesse sentido, não há que se falar em sociedade dissociada do Direito, ainda
que este não esteja contemplado em normas escritas. É possível, por
exemplo, que o Direito seja manifestado nos costumes ou regras de conduta
não escritas, mas cuja disciplina é observada pelos membros de uma
sociedade organizada. O Direito compreende três acepções: sentido
subjetivo, sentido objetivo e sentido didático. Vejamos as definições de
cada uma dessas acepções.
Em sentido subjetivo, o Direito assegura ao indivíduo a fruição daquilo que
lhe pertence, ou seja, é possível o exercício de tudo o que o convívio em
sociedade lhe permite. É o caso do direito de ir e vir ou liberdade de
locomoção em todo o território nacional, assegurado no art. 5º, XV, da
Constituição Federal. Em linguagem mais popular, é o “meu direito”, o “seu
direito”, “o direito dos outros”...
Do ponto de vista objetivo, o Direito compreende o conjunto de regras e
normas que compõem o ordenamento jurídico, regulando as relações entre
os indivíduos e assegurando meios que permitam a solução de conflitos.
Trata-se, pois, do arcabouço de normas, apresentadas sob as mais variadas
formas possíveis (leis, costumes, decisões judiciais, etc.), impostas pela
sociedade a fim de resguardar e manter o equilíbrio dos interesses da própria
sociedade.
Já em sentido didático, o Direito é a ciência que estuda as normas e as
relações jurídicas delas decorrentes. No exercício do seu direito subjetivo, o
indivíduo pode acabar extrapolando o direito de outrem, o que daria início a
um conflito de interesses.

Imagine um acidente de trânsito envolvendo dois veículos, onde


cada um dos motoristas afirma estar certo e o outro errado. Já
pensou na confusão?
Assim, do direito subjetivo (cada motorista defendendo que tem
direito ao reparo do seu carro) nascem as relações jurídicas.

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Por conseguinte, o Direito como ciência estuda não apenas o Direito em seu
sentido objetivo (leis e normas), como também sua acepção subjetiva
(aplicação das leis e normas ao caso concreto, assegurando que o indivíduo
tenha seu direito respeitado).

1.1. Direito Público e Direito Privado


A classificação do Direto em ramos dá-se, incialmente, pela distinção entre o
Direito Público e o Direito Privado. Os elementos diferenciadores estão
relacionados às partes envolvidas na relação jurídica, ao conteúdo da norma
e aos interesses tutelados por essa norma.
No Direito Público, a norma tende a regular um interesse, direto ou indireto,
do próprio poder público, caracterizado pela predominância da
imperatividade, sem que haja margem para manifestação de vontade dos
particulares. Assim, tem-se uma norma de Direito Público quando uma das
partes envolvidas for a própria Administração Pública, na defesa dos seus
interesses diretos ou indiretos.
Nesse ramo do Direito, classificam-se o Direito Administrativo, o Direito
Penal, o Direito Constitucional, o Direito Tributário, entre outros que revelem
a supremacia do interesse público sobre o interesse particular dos
indivíduos.
Já no Direito Privado, há predominância dos interesses particulares e as
normas são caracterizadas pela igualdade entre as partes, não havendo
imperatividade, mas liberdade de manifestação de vontade. Compreende
as normas que regulam as relações entre particulares, ou entre estes e as
pessoas jurídicas de Direito Público, quando atuam despidas dessa
qualidade, agindo como se particular fosse. Abrange, por exemplo, o Direito
Civil e o Direito Comercial.

1.2. Direito Tributário


Como visto, o Direito Tributário é um dos ramos do Direito Público. Há que
se observar, contudo, que o Direito é uno. A classificação em ramos ou
disciplinas tem finalidade meramente didática.
Seria impraticável estudar as relações jurídicas sob as diversas óticas
possíveis da vida em sociedade, sem que houvesse uma reunião das normas
pelos aspectos que lhes são comuns. Nessa esteira, cabe ao Direito Penal, por
exemplo, o estudo das relações decorrentes das infrações cometidas e as
respectivas punições aplicadas pelo Estado. Logo, levam-se em consideração

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as características das relações jurídicas disciplinadas pelas normas, de modo


a congrega-las em um ramo didaticamente autônomo.
Essa autonomia, como exposto, é meramente didática, eis que os diversos
ramos do Direito se interligam, dada a unicidade da ciência jurídica. Muitas
vezes, como veremos ao longo do nosso estudo, o Direito Tributário recorre
a conceitos previstos em normas de outros ramos do Direito. Estudaremos,
por exemplo, que para entendermos em sua inteireza o imposto sobre a
transmissão de bens por causa mortis ou doação (ITCMD), faz-se necessário
buscar no Direito Civil as definições que envolvem a transferência da
propriedade.
No Direito Tributário, ramo didaticamente autônomo do Direito Público, o
objeto de estudo é a relação jurídica entre o Estado e o sujeito passivo da
relação tributária. Em outras palavras: a relação entre o fisco e os
contribuintes. Essa relação compreende não apenas a cobrança, mas inicia
com a instituição do tributo em lei, passando pela fiscalização e pela
arrecadação dos valores. Com isso, torna-se nítido que o objeto de estudo do
Direito Tributário é extenso, vale dizer, vasta é a legislação tributária, tendo
em vista a incidência da tributação sobre as mais diversas atividades, bens e
rendas dos cidadãos, o que enseja um verdadeiro aparato legislativo.
Ademais, considerando que a relação tributária envolve o pagamento de
valores de forma compulsória, o Direito Tributário é, dos ramos do Direito,
aquele onde as controvérsias são mais acentuadas. Ao sentir em suas
finanças o impacto negativo da tributação, milhares de contribuintes
recorrem às instâncias administrativas e judiciais a fim de discutir os valores
cobrados. Essa realidade enseja uma grande estrutura para julgar as lides,
tanto na esfera judicial como também nos órgãos administrativos de
julgamento.
Podemos perceber que a relação jurídico-tributária envolve uma gama de
órgãos e instituições, além de uma complexa legislação, capaz de permitir a
arrecadação e, consequentemente, o funcionamento de todo o Estado. Todos
esses elementos são objeto de estudo do Direito Tributário.
Todavia, vale destacar que não está compreendida neste universo a
destinação dos valores arrecadados. A decisão do Estado sobre a aplicação
dos recursos arrecadados com os tributos se distancia da seara tributária e
passa a ser objeto de estudo do Direito Financeiro.

2. Estado
Dispõe a Constituição Federal que todo o poder emana do povo, que o exerce
por meio de representantes eleitos ou diretamente. Nesse sentido, temos o

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Estado Democrático, no qual o exercício do poder decorre da


representatividade popular.
O Estado constitui a estrutura politicamente organizada, que exerce o poder
sobre um povo e em favor do próprio povo, em determinado território. Desse
modo, o Estado existe para cumprir os interesses de toda a coletividade.
Constitui, portanto, pessoa jurídica de Direito Público.
Ao longo do nosso curso, faremos uso do termo Estado para designar o
território que apresente organização política, social, jurídica e
administrativa, seja qual for a esfera de governo. Nessa linha, muitas vezes
usaremos o termo Estado para designar a União Federal, outras vezes os
Estados-membros, o Distrito Federal ou os Municípios.

3. Receitas públicas
Diariamente nos deparamos com notícias que retratam aumentos dos gastos
públicos, referentes a investimentos nas áreas de educação, saúde e
infraestrutura. É bem claro percebermos que o governo precisa arrecadar
para custear essas despesas. Para satisfazer o bem comum, ou seja, atender
o interesse da coletividade, se faz necessário o ingresso de recursos nos
cofres públicos.
Os tributos representam, sem dúvida, a fonte mais expressiva de receita para
o Estado, necessária para cobrir todos esses gastos. Contudo, é importante
percebermos que, não obstante representar uma parcela significativa da
arrecadação, os tributos não constituem a única receita do Estado.
Isso porque o Estado se vale de duas formas distintas para captar recursos e,
assim, poder conferir à coletividade o atendimento das suas necessidades.
Para entendê-las, precisamos analisar as formas de atuação do Estado.
O Estado existe para o atendimento do interesse público (interesse primário).
No entanto, como garantir o atingimento desse objetivo quando os interesses
individuais divergem do interesse público?
É justamente para conferir à Administração Pública a garantia de atuar em
prol do interesse coletivo que o ordenamento jurídico lhe atribui uma série
de prerrogativas (privilégios). Trata-se do regime jurídico-administrativo,
regido pelas normas de Direito Público, por meio do qual o Estado ocupa
posição de superioridade em relação ao particular.

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Imagine a seguinte situação hipotética: em determinado município,


um bairro da periferia apresenta grande demanda da população
em relação a serviços de saúde. Suponha que exista um terreno
pertencente à prefeitura municipal numa das vias principais desse
bairro e de fácil acesso para todos os moradores. A localização é
ideal para a construção de um posto de saúde. A área, porém, não
é suficiente para a construção do posto, havendo necessidade de
aquisição de uma casa que fica ao lado do terreno, para que seja
possível o atendimento da demanda da comunidade. Os
moradores dessa residência têm o direito à propriedade, mas em
decorrência do princípio da supremacia do interesse público
sobre o privado, o Estado reveste-se de poderes que tornam
possível o atendimento do fim comum, qual seja: a construção do
posto de saúde. Para isso, pode desapropriar esse imóvel, a fim de
promover a construção e atender ao interesse de toda a
coletividade.

Por outro lado, o Estado também pratica atos em que não se reveste de tais
poderes, pois não atua em nome do interesse público primário, mas no
interesse da própria Administração Pública (interesses secundários).
Seria o caso em que a prefeitura municipal pretenda alugar um imóvel para
o funcionamento de um de seus órgãos. Nesse caso, o órgão público não atua
em posição de superioridade em relação ao proprietário do imóvel. Assim,
não poderia obrigá-lo a alugar seu bem, caso não fosse do seu interesse.
Trata-se, portanto, de um ato regulado preponderantemente pelas normas
de Direito Privado, caracterizado pela isonomia entre as partes. Nessa
situação, o Estado despe-se da sua condição de superioridade e atua como
se particular fosse.
Dos atos praticados pelo Estado, seja agindo em posição de superioridade
(poder de império), seja em nível de igualdade com os particulares, pode
resultar o ingresso de receitas nos cofres públicos. Agindo para a
consecução dos seus interesses primários, o Estado obtém receitas por meio
de coerção dos particulares. Seria o caso da aplicação de uma multa de
trânsito, por exemplo. Agindo em condições de igualdade, o Estado pode
receber rendimentos de uma aplicação financeira, da mesma forma que as
demais pessoas. Partindo desse ponto, surgiu a classificação das receitas
públicas em receitas originárias e receitas derivadas.

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As receitas originárias têm origem nas relações regidas


preponderantemente pelo Direito Privado, nas quais o Estado não se reveste
do poder de império e age em condições de igualdade com o particular,
obtendo valores por meio da exploração do seu próprio patrimônio. É o caso
do aluguel de um prédio público. Nesse caso, o Estado não pode obrigar
ninguém a optar pelo seu imóvel. O particular o faz por vontade própria, por
meio de contrato firmado em condições de igualdade entre as partes. Da
concretização desse ato resulta uma receita de aluguel para o Estado,
classificada como receita originária. Da mesma forma seria classificada uma
receita resultante de aplicação financeira.
Já as receitas derivadas, como o próprio nome diz, derivam do poder de
império do Estado, ou seja, das relações de Direito Público, onde a
Administração atua em posição de superioridade, buscando o atendimento
do interesse público. É o caso dos tributos que, como veremos mais adiante,
resultam de uma imposição, não havendo qualquer opção dos contribuintes.
Trata-se de obrigação, necessária para que o Estado possa arrecadar e fazer
face às demandas populares e à manutenção da máquina estatal. Outro
exemplo de receita derivada seria uma multa aplicada por infração à
legislação, situação em que o infrator não pode se recusar ao pagamento.
Para guardar bem esses conceitos, vamos esquematizar o que foi visto até
aqui:

• Relações de Direito Privado


• Exploração do próprio patrimônio do Estado
RECEITAS ORIGINÁRIAS
• Isonomia entre as partes
• Ex.: rendimento de aplicações

• Relações de Direito Público


• Exploração do patrimônio particular
RECEITAS DERIVADAS • Poder de imperío do Estado
• Desigualdade entre as partes
• Ex.: tributos

Apesar de ser uma classificação de fácil entendimento, não é raro ser cobrada
em concursos. Vejamos.

(ESAF) APOF - SEFAZ/SP - 2009

Constituem modalidade de receita derivada, exceto:


a) tributos
b) penalidades pecuniárias

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c) multas administrativas
d) taxas
e) preços públicos

Comentários

A questão exigiu simplesmente o que acabamos de estudar. Deve-se marcar


a única opção que contém uma receita originária, já que as outras quatro
constituem as chamadas receitas derivadas.
Conforme estudaremos logo mais, as alternativas A e D apresentam tributos
(na A, temos o gênero; na D, a espécie taxa), portanto receitas derivadas, já
que obtidas por meio do poder coercitivo do Estado.
As alternativas B e C também contêm exigências que decorrem de imposição
legal pelo Estado. Tanto as penalidades pecuniárias como as multas
administrativas constituem uma exigência que surge em função do
descumprimento de determinada norma. Sendo assim, o Estado se vale da
sua posição de superioridade para impor ao infrator as referidas exações.
Já os preços públicos surgem em decorrência da manifestação de vontade do
particular, apresentando natureza contratual e não impositiva, conforme
veremos mais adiante em maiores detalhes.
Gabarito: E

Com efeito, concluímos que os tributos, apesar de contribuírem para o


ingresso significativo de recursos nos cofres públicos, não são a única
fonte de receita do Estado.

Não há como negar a grande participação dos tributos (e demais


receitas derivadas) na arrecadação dos entes federados, sendo
responsáveis pela manutenção da imensa maioria dos gastos do
governo. Contudo, outras formas de ingresso, mais precisamente
as receitas originárias, ainda que em volume bem menor, também
abastecem os cofres públicos.

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CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO DOS TRIBUTOS

1. Conceito de tributo
De acordo com o que estudamos acima, os tributos compõem as receitas
derivadas, sendo, portanto, instituídos em função do poder de império do
Estado para custear os gastos públicos.
A definição de tributo está expressa no Código Tributário Nacional. Daí,
verificamos que a definição de tributo é legal, ou seja, é expressa em lei.
Então, vamos à nossa primeira consulta ao CTN.
Em seu art. 3º, o Código assim define tributo:
Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo
valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito,
instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente
vinculada.

Observamos na definição legal de tributo um conjunto de termos que


precisam ser analisados individualmente para que possamos entender
melhor o alcance do seu conceito. Dessa forma, vamos separar as expressões
e estudá-las de forma particular. Então, assim ficará o nosso art. 3º do CTN:

Tributo é toda prestação:


pecuniária
compulsória
em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir
que não constitua sanção de ato ilícito
instituída em lei
cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada

Tributo é prestação pecuniária

A expressão prestação pecuniária significa que o tributo é algo pago em


dinheiro. Basta imaginarmos quando cumprimos o nosso papel de
contribuintes.
Alguma vez você, consumidor e contribuinte de fato do ICMS, já pagou o
imposto incidente sobre as suas compras no supermercado com parte das

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mercadorias? Imagine só no momento do pagamento o operador do caixa,


ao registrar 1kg de farinha, lhe informar que 170 gramas ficarão retidos para
pagar o ICMS...
Seria inviável, não é mesmo? Por isso, a própria definição de tributo prevê sua
quitação em dinheiro.
E, ainda que não tivéssemos acabado de ler essa disposição do CTN, não seria
difícil chegar a essa conclusão a respeito do caráter pecuniário do tributo. Já
que o Estado precisa arrecadar para abastecer os cofres públicos e, assim,
atingir o interesse da coletividade, é certo que precisa de recursos dotados
de liquidez, vale dizer, que estejam livres e disponíveis em caixa para fazer
face aos gastos públicos.
Como veremos mais à frente no nosso curso, o CTN prevê que o pagamento
do tributo pode ser efetuado em cheque. Isso não significa que o tributo deixa
de ser prestação pecuniária. Primeiro porque o cheque é uma ordem de
pagamento à vista, possuindo a mesma aceitação do pagamento em moeda.
Em segundo lugar, o próprio Código se apressa em definir que quando o
tributo for pago em cheque apenas será considerado extinto (quitado)
quando a ordem de pagamento (cheque) for compensada.

Tributo é prestação compulsória

A Constituição Federal determina em seu art. 5º, II, que ninguém será
obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei.
Por conseguinte, verifica-se que o caráter compulsório do tributo decorre da
sua instituição em lei. Ou seja, a lei é capaz de inovar no ordenamento
jurídico, criando direitos e obrigações para os administrados. Sendo assim, a
compulsoriedade nada mais é do que a confirmação do vínculo obrigacional
a que o contribuinte se submete por força de lei.
Temos, com isso, que a imposição do tributo não resulta da vontade do
contribuinte, mas, como visto, do poder de império do Estado, que o
exerce por meio das leis.
A Administração Pública precisa arrecadar para custear suas despesas e, para
isso, institui os tributos, obrigando aqueles previstos em lei (os contribuintes)
ao pagamento.
Você já foi questionado alguma vez se gostaria de pagar o imposto de renda?
Ou já chegou alguma correspondência da prefeitura lhe pedindo, por favor,
que ajude com alguma doação para o IPTU?
Não, meu amigo! Isso porque o Estado não precisa pedir um favor para você
contribuir, pois uma vez instituído o tributo, que pela própria definição legal

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é uma prestação compulsória e independente da vontade do contribuinte,


este deve pagar.
As obrigações em geral podem surgir de duas formas: por expressa
determinação legal ou por uma manifestação de vontade da pessoa.
Quando alguém é obrigado a fazer algo em virtude de lei temos a obrigação
ex lege, ou seja, que decorre diretamente da lei, independente da vontade.
É o caso dos tributos. Ninguém paga tributo porque quer, mas porque é
obrigado a contribuir para a consecução do bem comum.
Já na situação em que alguém se obriga por manifestação de vontade, a
obrigação não decorre de forma direta da lei, mas porque a pessoa aceitou a
obrigação. Seria o caso de um contrato de aluguel, por exemplo. É inegável
que quem assumiu a responsabilidade de pagar o aluguel tem a obrigação de
pagar. Essa obrigatoriedade, contudo, não decorre diretamente da lei, mas
diretamente do contrato. Ora, ninguém é obrigado a firmar contrato de
aluguel. Se o fez foi por força da própria vontade. Por isso, as obrigações
contratuais ou aquelas assumidas pela vontade do agente são chamadas de
obrigações ex voluntate.
Alguns autores, como Paulo de Barros Carvalho, entendem que todas as
obrigações decorrem de lei e que não deveria existir a classificação em duas
espécies. Vejamos os argumentos do autor:
“... não há que se imaginar obrigações, no direito brasileiro, que não sejam
ex lege. Algumas requerem, de fato, a presença do elemento ‘vontade’ na
configuração típica do acontecimento, enquanto outras não.” (CARVALHO,
Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário. 24ª ed., 2012, p. 59)

Há que se ressaltar, porém, que em se tratando de provas para concursos,


não prevalece esse entendimento. As bancas têm seguido a doutrina
dominante, capitaneada por Hugo de Brito Machado:
“Certo, porém, é que a palavra compulsória está utilizada na definição legal
de tributo para qualificar a obrigação jurídica que nasce
independentemente da vontade (...)
A distinção essencial há de ser vista no momento do nascimento da
obrigação, e não no momento de seu adimplemento. Por isto é que se
explica a clássica divisão das obrigações jurídicas em legais, ou ex-lege, e
contratuais, ou decorrentes de vontade.
É certo que as prestações contratuais também são obrigatórias, mas a
obrigatoriedade, neste caso, nasce diretamente do contrato, e só
indiretamente deriva da lei. Na prestação tributária a obrigatoriedade
nasce diretamente da lei, sem que se interponha qualquer ato de vontade
daquele que assume a obrigação.” (MACHADO, Hugo de Brito.
Comentários ao Código Tributário Nacional, vol. I, 2ª ed. 2007, p. 89)

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Tributo é prestação em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir

Não se pode deixar de verificar que há uma redundância nessa expressão.


Acabamos de estudar que o tributo é prestação pecuniária. Logo, não seria
necessário destacar que é uma prestação em moeda. Nota-se certo exagero
do legislador nesse ponto.
Além disso, definir que tributo é prestação cujo valor pode ser expresso em
moeda já foi motivo de controvérsias. Afinal, você conhece algo que não
possa ter seu valor expresso em moeda nos dias atuais?
Se pararmos para pensar, chegaremos à conclusão de que praticamente
todos os bens podem ser avaliados monetariamente. Até o nosso trabalho é
avaliado em expressão monetária, basta lembramos que ele é quantificado
pelo salário que recebemos.
Analisar as situações sob esta ótica poderia nos levar à conclusão equivocada
de que o tributo poderia ser pago em bens (in natura) ou em trabalho (in
labor).
Contudo, não é desse modo que ocorre a tributação. Imagine um médico que
possui um consultório próprio e nele trabalha, de segunda a sábado, das
08:00h às 18:00h, auferindo, obviamente, seus rendimentos. Será que a
União, ao cobrar o imposto de renda desse médico, poderia exigir que o
pagamento ocorresse por meio da prestação de serviços em instituições
públicas de saúde, atendendo pacientes do SUS aos domingos?
Ora, essa situação seria inviável por dois motivos. Primeiro, apesar da grande
necessidade de profissionais de saúde para atender no SUS, o governo
precisa de recursos financeiros para cobrir seus gastos. De outro lado, o
médico não poderia se sujeitar a mais uma jornada, dessa vez aos domingos,
seu único dia de folga, para pagar seus tributos. Isso acabaria se
transformando em uma pena de trabalho forçado.
Definitivamente, não foi esse o conceito trazido pelo CTN. Caso contrário,
deveríamos classificar a prestação do serviço militar obrigatório como tributo,
o que é inaceitável em nosso ordenamento.

A interpretação deste item aponta para a possibilidade de se adotar


indexadores para quantificar os tributos.

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Vamos analisar o que ocorreu em nosso país há algum tempo e


fixaremos o entendimento.
Do final da década de 80 até meados da década de 90 a inflação
atingia níveis altíssimos. Assim, C$500,00 um dia já não valiam a
mesma coisa no dia seguinte. Suponha agora um tributo lançado
em um determinado dia com vencimento para 15 dias. O valor do
tributo na data do pagamento seria irrisório em comparação com o
que realmente era devido na data do lançamento. Com isso, o
governo teria uma grande perda na arrecadação, o que geraria um
verdadeiro rombo nos cofres públicos.
A fim de amenizar os efeitos dos altos índices inflacionários, foram
criados alguns indexadores. A UFIR, por exemplo, que foi criada
pela Lei 8.383/91, com o seguinte enunciado:
“Art. 1º. Fica instituída a Unidade Fiscal de Referência-UFIR, como medida
de valor e parâmetro de atualização monetária de tributos e de valores
expressos em cruzeiros na legislação tributária federal, bem como os
relativos a multas e penalidades de qualquer natureza.”

Assim, o tributo era calculado em UFIR e o montante era apurado


convertendo o valor para a moeda corrente. Como a UFIR era
atualizada diariamente ou mensalmente, dependendo da época, o
valor do tributo não sofria com o impacto inflacionário.

Depreende-se daí o sentido da expressão “cujo valor nela se possa exprimir”,


a saber: a utilização de índices ou indexadores a fim de quantificar o
tributo, já que sua conversão em moeda é instantânea, sendo necessária uma
simples multiplicação.
Com o advento da Lei Complementar nº 104/2001, outra controvérsia foi
levantada. Esta lei acrescentou o inciso XI ao art. 156 do CTN, permitindo a
dação em pagamentos em bens imóveis como forma de extinção do crédito
tributário (veremos esse assunto em mais detalhes quando abordarmos o
tema crédito tributário).
A grande discussão girou em torno do aparente conflito entre esta nova
forma de quitação do tributo (através da entrega de bens imóveis) e a
previsão do art. 3º do CTN de que o tributo é pago em moeda.
Teria, então, a LC 104 derrogado (revogado parcialmente) a parte do art. 3º
do CTN de que tributo é prestação em moeda?
Negativo!

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A segunda parte da expressão prevista no art. 3º (“ou cujo valor nela se possa
exprimir”) permite o uso de algo que possa ter seu valor expresso em moeda.
Logicamente, como vimos, não se pode valer dessa previsão para quitar o
tributo com a dação de bens ou a prestação de serviços. Contudo, como
existe a previsão do próprio CTN, é válida a quitação do tributo por meio da
dação em bens imóveis.
Vale destacar que apenas o próprio CTN pode dispor sobre as formas de
extinção do crédito tributário (quitação do tributo) e que não houve, com o
surgimento dessa nova hipótese, a derrogação de qualquer expressão
do art. 3º do Código.

Tributo é prestação que não constitua sanção de ato ilícito

O tributo, como veremos mais adiante com a devida profundidade, surge com
a ocorrência de uma situação prevista em lei (fato gerador) e não por ter o
contribuinte cometido alguma infração. Tributo não é punição.
Na ocorrência de alguma infração à legislação, há diversas maneiras de o
Estado penalizar o infrator, tais como multas, perdimento de bens, entre
outras.
Essa expressão do art. 3º é de fundamental importância para entender que
tributo e multa não se confundem. São dois institutos distintos.
As multas, inclusive as tributárias, surgem em virtude do descumprimento da
legislação, o que as caracteriza como sanção (punição) ao ato ilícito
(descumprimento da lei). Ou seja, a multa é exatamente aquilo que o tributo
não pode ser: sanção por ato ilícito.
A fim de ilustrar a diferenciação entre tributo e multa, analisemos um trecho
de decisão do Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE 94.001/SP. Eis
o voto do relator, Ministro Moreira Alves:
“O art. 3º do CTN não admite que se tenha como tributo prestação
pecuniária compulsória que constitua sanção de ato ilícito. O que implica
dizer que não é permitido, em nosso sistema tributário, que se utilize de
um tributo com a finalidade extrafiscal de se penalizar a ilicitude. Tributo
não é multa, nem pode ser usado como se o fosse. Se o município quer
agravar a punição de quem constrói irregularmente, cometendo ilícito
administrativo, que crie ou agrave multas com essa finalidade. O que não
pode – por ser contrário ao art. 3º do CTN, e, consequentemente, por não
se incluir no poder de tributar que a Constituição Federal lhe confere – é
criar adicional de tributo para fazer as vezes de sanção pecuniária de ato
ilícito.”

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Se a ação do contribuinte é ato lícito e se enquadra na norma de incidência


do tributo, sofrerá a tributação, já que apenas os atos lícitos podem figurar
como fato gerador de tributo. Entretanto, pode ocorrer a tributação até
mesmo sobre rendimentos obtidos em atividades ilícitas.
“O que é isso, professor? Agora complicou!?! Estamos estudando que tributo
não é sanção por ato ilícito. Como pode afirmar que os rendimentos
decorrentes de atividades ilícitas podem ser tributados?”
Permita-me explicar.
A conduta ilícita em si jamais poderá ser tributada, vale dizer, nenhuma
conduta ilícita poderá corresponder ao fato gerador de um tributo. Por
exemplo, fazer circular entorpecentes (traficar drogas) não pode ser fato
gerador do ICMS. Um matador de aluguel não pode ser considerado
contribuinte do ISS, ainda que tenha prestado um “serviço” ao contratante.
Isso se explica pelo fato de que o Estado não pode ser conivente com a prática
de atos que ele mesmo combate. Tributar o ilícito seria promover a ilicitude
e ainda arrecadar com isso.
Entretanto, há que se observar que, a partir de uma conduta ilícita, o
praticante do ato pode auferir rendimentos.
Utilizemos os mesmos exemplos que acabamos de ver. O traficante com
certeza aufere rendimentos advindos do tráfico. Da mesma forma, o matador
de aluguel também recebe pelo seu “serviço”. Os atos de traficar e de matar
por encomenda, analisados em si, não podem ser tributados, eis que
constituem atos ilícitos.
Por outro lado, auferir rendimentos, analisado como fato isolado e
consequente do primeiro ato (traficar ou matar), não é um ato ilícito.
Sendo assim, a norma de incidência tributária vislumbra, tão somente, os
aspectos econômicos da situação que configura o fato gerador.
Logo, a tributação da renda que tenha origem em ato ilícito não representa
punição por esse ato. Ao cobrar imposto de renda do traficante, a União não
estará punindo o tráfico. A punição pela atividade ilícita virá na esfera penal.
O tributo surge pela ocorrência do fato gerador (obter rendimentos).
Com efeito, podemos constatar que ocorrem dois atos concomitantes nessas
atividades: um ilícito (traficar, matar, etc.), cuja consequência é a punição na
esfera penal, e outro lícito (auferir rendimentos), cuja consequência é a
tributação dos rendimentos.
Mas, agindo assim o Estado não estaria abastecendo os cofres públicos com
recursos oriundos de atividades criminosas, combatidas pelo próprio Estado?
Isso não seria ilegal?

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Como explicamos, o ato de auferir rendimentos não é ilegal, é lícito, ainda


que tenha decorrido de uma atividade ilícita praticada anteriormente.
Não obstante a eventual dúvida que possa pairar sobre uma suposta
ilegalidade dessa tributação, o tema há que ser analisado sob a ótica da
isonomia.
Imagine só: você que estuda anos para passar num concurso, consegue a tão
sonhada aprovação e quando recebe o primeiro salário de fiscal percebe que
o imposto de renda levou uma boa parcela. Agora pense naquele traficante
que recebeu 3 vezes mais que seu salário em apenas um dia de “trabalho”.
Seria justo não exigir o imposto de renda dele? Sem dúvida iria configurar
uma afronta ao princípio constitucional da isonomia, segundo o qual, em
linhas gerais, não se pode conferir tratamento desigual entre contribuintes.
Nesse sentido, já se posicionou o STF e é o que a doutrina costuma chamar
de “ilicitude subjacente”. Guarde bem essa expressão!
Toda essa explicação tem fundamento legal. Trata-se do conhecido princípio
tributário do pecunia non olet, ou simplesmente non olet, previsto no art. 118
do CTN:
Art. 118. A definição legal do fato gerador é interpretada abstraindo-se:
I - da validade jurídica dos atos efetivamente praticados pelos
contribuintes, responsáveis, ou terceiros, bem como da natureza do seu
objeto ou dos seus efeitos;
II - dos efeitos dos fatos efetivamente ocorridos.

A origem deste princípio nos remete aos primórdios da tributação, mais


especificamente ao Império Romano. A expressão significa: dinheiro não
cheira. Vamos entender.
Havia sido instituído em Roma tributo exigido pelo uso das latrinas públicas.
Inconformado com aquela forma humilhante de abastecer os cofres públicos,
o filho do imperador Vespasiano teria lhe questionado acerca dos motivos
daquela imposição. Prontamente, o pai apresentou uma moeda de ouro e
perguntou-lhe se cheirava. O filho lhe respondeu “não cheira” (non olet). Com
isso, demonstrou o imperador que o dinheiro arrecadado com determinada
situação não trazia consigo o mau cheiro da sua origem.
Em termos atuais, o tributo não traz consigo a ilicitude subjacente do ato que
deu origem aos rendimentos.
É muito comum ver esse assunto ser cobrado em prova. Veja só:

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(ESAF) Analista de Comércio Exterior ACE/MDIC - 2012

Segundo a definição de tributo presente no Código Tributário Nacional, uma


de suas características é a de não constituir sanção por ato ilícito. Assim
sendo, julgue como Falso (F) ou Verdadeiro (V) os itens a seguir e assinale a
opção correta.
I. Ainda no caso de furto de sinal por "clonagem", o ICMS − Imposto sobre
Circulação de Mercadorias e Serviços − é devido sobre o serviço de telefonia
móvel onerosamente contratado de operadora por usuário.
II. A renda obtida com o tráfico de drogas deve ser tributada, já que o que se
tributa é o aumento patrimonial, e não o próprio tráfico.
III. No caso de importação ilícita, reconhecida a ilicitude e aplicada a pena de
perdimento, não poderá ser cobrado o imposto de importação, já que
"importar mercadorias" é elemento essencial do tipo tributário.
IV. As vendas inadimplidas equivalem às vendas canceladas para fins de
incidência tributária, eis que no sistema tributário nacional, embora tenha
consagrado o regime de competência como a regra geral de apuração dos
resultados, o inadimplemento constitui hipótese de cancelamento de venda,
e não tendo ingressado a receita de venda, não há que se falar em tributação.
a) F, V, V, F
b) V, V, V, F
c) F, V, V, V
d) V, F, V, F
e) V, V, F, F

Comentários
Essa questão ilustra tudo o que acabamos de ver. Analisemos cada assertiva.
Item I – Verdadeiro. O fato de o usuário ter sua linha clonada não afasta a
incidência do ICMS sobre o serviço de comunicação contratado.
Item II – Verdadeiro. Conforme exposto, a tributação dos rendimentos ocorre
independentemente da licitude ou ilicitude do ato praticado pelo
contribuinte. Trata-se do princípio do non olet, previsto no art. 118 do CTN.
Sendo assim, os rendimentos advindos da exploração do tráfico de drogas
são tributáveis, porquanto não se confunde a atividade ilícita do
contribuinte com o fato tributário de auferir rendas.
Item III – Verdadeiro. Como vimos, o ato ilícito não pode constituir o fato
gerador do tributo. O tributo não pode ser sanção por ato ilícito. A ação ilícita
analisada isoladamente está sujeita apenas à punição, que no caso em
questão culminou no perdimento das mercadorias.

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Item IV – Falso. Se a empresa deixou de receber os valores dos seus clientes,


isso não significa que estará dispensado da tributação. A cobrança dos
valores pelas respectivas vendas é algo que faz parte da relação comercial,
mas pouco importa para a relação tributária.
Gabarito: B

Tributo é prestação instituída em lei

Esse item do conceito de tributo confirma seu caráter compulsório que


estudamos há pouco. Em outras palavras, para que seja compulsório, se faz
necessária a instituição mediante lei, visto que apenas a lei é veículo
normativo apto para inovar no ordenamento jurídico, criando direitos e
obrigações para os administrados, vale dizer, é instrumento dotado de
abstração e generalidade.
É importante destacar que a expressão lei aqui faz referência a ato
normativo com força de lei, o que inclui as medidas provisórias. Essa
disciplina do CTN encontra guarida no art. 150, I, da Constituição Federal:
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é
vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça;

Por conseguinte, a instituição do tributo pode ocorrer mediante lei ordinária


ou lei complementar, a depender do tributo, ou, ainda, ato normativo com
força de lei, que é o caso das medidas provisórias, conforme disposição do
art. 62, da CF, caput e §2º:
Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República
poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-
las de imediato ao Congresso Nacional.
(...)
§2º Medida provisória que implique instituição ou majoração de impostos,
exceto os previstos nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II, só produzirá efeitos
no exercício financeiro seguinte se houver sido convertida em lei até o
último dia daquele em que foi editada.

Sendo assim, é vedada a instituição de tributos por atos infralegais,


aqueles que se encontram hierarquicamente abaixo das leis, como é
caso dos decretos.
A FCC tem adotado em suas provas uma nomenclatura bastante interessante
para afirmar esse item do art. 3º do CTN. Tem sido comum nas provas dessa

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banca aparecer nas alternativas a expressão “tributo está submetido à


reserva legal”.
Está perfeita essa colocação da banca! Mas o que isso significa?
Isso confirma tudo o que foi exposto até aqui. Estar submetido à reserva legal
significa que, para ser instituído, o tributo precisa estar previsto em lei em
sentido estrito, ou seja, lei propriamente dita (ordinária ou complementar) ou
ato normativo com força de lei, capaz de inovar no ordenamento jurídico,
criando para os administrados direitos e obrigações.
Sendo assim, meu amigo, quando se deparar com uma questão que
apresente essa expressão não tenha dúvida: marque-a como correta!

Tributo é prestação cobrada mediante atividade administrativa


plenamente vinculada

De acordo com o que estudamos no Direito Administrativo, os atos


administrativos podem ser classificados em vinculados ou discricionários,
de acordo com a margem que a lei confere ao servidor para decidir certos
elementos.
Na lição de Celso Antônio Bandeira de Mello, temos que “atos vinculados
seriam aqueles em que, por existir prévia e objetiva tipificação legal do único
possível comportamento da administração em face de situação igualmente
prevista em termos de objetividade absoluta, a administração ao expedi-los
não interfere com apreciação subjetiva alguma.”
Para o renomado autor, atos discricionários “seriam os que a administração
pratica com certa margem de liberdade de avaliação ou decisão segundo
critérios de conveniência e oportunidade formulados por ela mesma, ainda
que adstrita à lei regulamentadora da expedição deles.” (Elementos de Direito
Administrativo. 1980, p. 61)
A cobrança do tributo é vinculada, conforme determinação do CTN. Ou
seja, não resta qualquer margem de decisão para a autoridade que irá efetuar
o lançamento do tributo. Todos os aspectos do tributo (fato gerador, alíquota,
base de cálculo, contribuintes) são definidos na legislação e cabe à autoridade
que efetuará o lançamento obedecer à lei.
Ademais, não pode o servidor, na atividade de cobrança do tributo, decidir
qual o valor vai cobrar e de quem vai cobrar. Ele está estritamente vinculado
à determinação legal.

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Analisadas as partes que compõem o conceito de tributo, vamos resumir de


forma gráfica:

 pecuniária
 compulsória

TRIBUTO É  em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir

PRESTAÇÃO  que não constitui sanção de ato ilícito


 instituída em lei
 cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada

Uma informação importante que podemos abstrair do esquema


acima é que para se inserir no espectro do tributo a prestação
deve cumprir TODAS as exigências do CTN em seu art. 3º,
totalizando 6 características.

Não fosse assim, muitas prestações poderiam, equivocadamente, ser


classificadas como tributo, atendendo apenas parte do art. 3º do Código
Tributário Nacional, o que não é suficiente.
Como exemplo, poderíamos tomar o serviço militar obrigatório, os trabalhos
nas eleições e o FGTS.
Sobre os dois primeiros, conforme já estudamos, não representam prestação
pecuniária. Não há que se falar em natureza tributária para prestações em
serviços (in labor) ou em bens (in natura).

Vejamos como já foi cobrado em prova:

(ESAF) Técnico da Receita Federal/2000 - adaptada


Julgue a seguinte assertiva.
A prestação de serviço militar é compulsória e não constitui sanção a ato
ilícito, porém não tem a natureza de tributo porque não é prestação
pecuniária.

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Comentários

Item CORRETO. Como acabamos de destacar, para ser considerada tributo


a prestação deve se enquadrar em todas as exigências previstas na
definição do art. 3º do CTN. Apesar do serviço militar obrigatório atender a
alguns preceitos do art. 3º do CTN, elimina-se do conceito de tributo eis que
não se trata de prestação pecuniária.

Quanto ao FGTS, podemos perceber que para as empresas representa uma


prestação pecuniária, compulsória, instituída em lei, cobrada de forma
vinculada e não constitui sanção por ato ilícito. Seria o FGTS pago pelas
empresas uma espécie de tributo?
A resposta é negativa, mas já houve muita controvérsia sobre o tema.
Apesar de se enquadrar quase que perfeitamente no conceito de tributo
previsto no art. 3º do CTN, o FGTS é recolhido pelas empresas a favor dos
seus empregados e os valores compõem um fundo, cuja destinação acaba
sendo individualizada em conta exclusiva para cada empregado.
Sendo assim, a prestação é excluída do conceito de tributo eis que não
representa receita pública, mas depósito em conta vinculada do trabalhador.
O Supremo Tribunal Federal já havia firmado entendimento nesse sentido,
mesmo antes da atual Constituição, no RE 100.249/SP, citado pelo TRF da 4ª
Região:
“As contribuições para o FGTS não têm natureza tributária. O FGTS,
originalmente concebido como substitutivo da estabilidade no emprego,
tem natureza social trabalhista e destina-se a constituir um pecúlio para o
trabalhador. O fato de as contribuições serem cobradas e sua aplicação
ser administrada pelo Estado não as transforma em receita pública, como
já afirmou, enfaticamente o Supremo Tribunal Federal (Pleno, RE
100.294/SP, Min. Oscar Correa, Rel. p/ acordão Min. Neri da Silveira, DJ de
01-07-1988, p. 16903).” (excerto do voto do Des. Fed. Antônio Albino nos
autos do AI 2005.04.01.054558-8/RS, 2ª T do TRF4, ago/06)

Pacificando definitivamente o tema, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) editou


em 2008 a Súmula nº 353:
Súmula 353 do STJ
As disposições do Código Tributário Nacional não se aplicam às contribuições para
o FGTS.

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2. Classificação dos tributos

Agora que já estudamos em detalhes a definição de tributo, vamos verificar


como eles podem ser classificados a partir de vários aspectos.
Legalmente não há uma classificação dos tributos, ou seja, a lei não
estabelece a divisão dos tributos em classes. O CTN até apresenta uma
divisão dos impostos pelo aspecto econômico da sua incidência, mas de
pouca importância em se tratando de prova para concursos.
O Código classifica os impostos em: impostos sobre o comércio exterior,
impostos sobre o patrimônio e a renda, impostos sobre a produção e a
circulação e impostos especiais.
Essa classificação está em desuso. Além disso, há que se observar que divide
apenas os impostos e não os tributos em geral.
A separação dos tributos em função de determinados aspectos tem origem
na doutrina, tanto do próprio Direito Tributário como de outros ramos do
Direito, como o Direito Financeiro, por exemplo, que estuda, dentre outros
temas, as receitas públicas.
É de grande importância entender essa classificação, pois a compreensão das
normas relativas a vários temas aqui estudados depende do tipo de tributo
sobre o qual incidirá a norma, como por exemplo a progressividade e a
seletividade, temas que serão estudados mais adiante.
Vejamos, então, como podem ser classificados os tributos.

2.1. Quanto ao objetivo da instituição

Vimos que os tributos constituem a fonte de receita mais expressiva do


Estado. Logicamente, o principal objetivo da instituição de um tributo é
arrecadar, abastecer os cofres públicos a fim de satisfazer o interesse da
coletividade.
Isso mesmo! É o principal objetivo, mas não é o único.
Nem sempre os tributos são criados com a finalidade exclusiva de arrecadar.
A tributação interfere, muitas vezes, no comportamento dos contribuintes,
principalmente naqueles tributos que incidem sobre o consumo.
A redução das alíquotas do IPI já levou milhares de consumidores às lojas
para aproveitar os preços reduzidos. Quem nunca viu a propaganda:
“aproveite os últimos dias de IPI reduzido e leve seu carro 0km por
R$20.000,00”?

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Sem dúvida, a instituição de um tributo ou a alteração das suas alíquotas


interfere no comportamento dos consumidores. Os estudiosos das finanças
públicas defendem que o ideal seria a tributação neutra, ou seja, um sistema
em que a carga tributária não interferisse nas escolhas dos contribuintes.
Mas, infelizmente, não é o que ocorre em nosso país.
Vamos, então, entender como funciona a classificação dos tributos nesse
aspecto.
Quanto ao objetivo da instituição os tributos podem ser fiscais, extrafiscais
ou parafiscais.

TRIBUTOS FISCAIS: os tributos são considerados fiscais quando seu principal


objetivo é arrecadar, gerar renda para que o Estado possa abastecer os
cofres públicos e assim cobrir seus gastos. Como exemplo podemos destacar
o ICMS, que garantiu o ingresso de R$111.768.300.000 aos cofres do Estado
de São Paulo, de janeiro a novembro de 2015 (Fonte: SEFAZ/SP). Um valor bastante
expressivo, não é mesmo?

TRIBUTOS EXTRAFISCAIS: podem ser classificados nesta categoria os


tributos cuja finalidade principal não é arrecadar, mas regular algum setor
econômico ou social, influenciando no comportamento do mercado. É o caso
do imposto de importação que, muitas vezes, serve para proteger a indústria
nacional.
Vamos pegar um exemplo, desconsiderando a incidência de princípios
tributários que estudaremos na próxima aula, como o não confisco.
Suponhamos que houve um aumento gigantesco das importações de tênis
da China, em decorrência do baixo valor. A indústria nacional não tem
condições de competir com os preços baixos dos produtos chineses, já que
paga muitos encargos trabalhistas, tributos, insumos caros, etc. Com essa
oferta de produtos a preços baixos no mercado nacional, a indústria
brasileira não teria condições de se manter em operação, suas vendas
certamente iriam cair muito.
A fim de proteger a indústria nacional, garantindo a manutenção de
empregos e a aplicação de recursos na economia do país, a União pode elevar
a alíquota do imposto de importação incidente sobre esses produtos.
Imaginemos que um calçado nacional custe R$100 para o consumidor final e
que os chineses custem R$40, com mais R$20 de imposto de importação
(desconsidere os demais encargos). Teríamos, então, uma alíquota de 50%
para o imposto de importação. Com o impacto das importações para a

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indústria nacional, o governo federal resolve elevar a alíquota do imposto


para 200%.
Assim, o valor do produto chinês passaria a ser de R$120 (R$40 do produto e
R$80 de imposto).
Ora, quem estava optando por adquirir os calçados chineses apenas pelo
preço, certamente vai mudar de atitude, já que o nacional passou a ser mais
em conta.
Verifica-se que o intuito do governo com a elevação da alíquota do imposto
de importação não foi aumentar a arrecadação. Essa, inclusive, pode até
diminuir, tendo em vista a redução significativa na quantidade de
importações de calçados chineses.
O objetivo foi claramente proteger a indústria nacional e manter os recursos
circulando na nossa economia. Esse é o caráter extrafiscal do tributo.
Ressaltamos que o caráter fiscal ou extrafiscal de um determinado tributo
define sua finalidade principal, mas não caracteriza a sua plenitude. O que
isso significa? Que nenhum tributo será completamente fiscal ou
completamente extrafiscal.
Como vimos, não existe tributo neutro por inteiro. Eles acabam interferindo
de alguma forma no comportamento dos contribuintes, dependendo da
carga suportada e da situação econômica de cada um.
Assim, ainda que um tributo tenha sido criado com o objetivo de arrecadar,
não deixará de ter uma parcela de extrafiscalidade. Da mesma forma, um
tributo extrafiscal resulta em valores arrecadados para os cofres públicos. É
o que ensina Paulo de Barros Carvalho:
“Não existe, porém, entidade tributária que se possa dizer pura, no sentido
de realizar tão só a fiscalidade, ou, unicamente, a extrafiscalidade. Os dois
objetivos convivem harmônicos, na mesma figura impositiva, sendo lícito
apenas verificar que um predomina sobre o outro.” (CARVALHO, Paulo de
Barros. Curso de Direito Tributário. 21ª edição. Saraiva, 2009, p.256)

Podemos então concluir que um tributo é preponderantemente fiscal ou


preponderantemente extrafiscal.
É de extrema importância conhecermos os impostos cujo caráter é
predominantemente extrafiscal, pois muitos dos princípios constitucionais
tributários podem ter sua aplicação excetuada em virtude dessa
característica. São eles: imposto de importação (II), imposto de exportação
(IE), imposto sobre operações de crédito, câmbio e seguro ou relativas a
títulos e valores mobiliários (IOF), imposto sobre produtos industrializados
(IPI).

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Embora nossa Constituição não confira uma disciplina específica a respeito


da extrafiscalidade, é possível observar em diversos dispositivos que
autorizam a adoção da extrafiscalidade para diversos tributos, além daqueles
predominante extrafiscais por natureza, citados acima.
No art. 149 temos a previsão da competência para a União instituir
contribuição de intervenção no domínio econômico (CIDE), tributo que é
instituído justamente com o intuito de promover a extrafiscalidade. Outra
disposição constitucional é direcionada ao imposto territorial rural (ITR),
prevendo a aplicação de progressividade das alíquotas a fim de desestimular
as propriedades improdutivas (art. 153, §4º, I). Previsão semelhante ocorre
para o IPTU, que pode ter alíquotas progressivas no tempo, caso o
proprietário não promova o adequado aproveitamento da sua propriedade
(art. 182, §4º, II).
Para finalizar nossa análise sobre o conceito e amplitude da extrafiscalidade,
vejamos a lição esclarecedora de Alessandro Mendes Cardoso:
“Uma característica marcante do sistema fiscal no Estado Democrático de
Direito é o seu emprego com finalidade extrafiscal. Nesse paradigma,
efetivamente, o tributo, além da função arrecadatória, é desenvolvido
como instrumento de obtenção de certos fins constitucionais, sendo meio
de intervenção do Estado em áreas específicas da vida social. Essa função
é mais nítida e desenvolvida na esfera econômica, em que o tributo é
importante elemento para a consecução dos objetivos da política
econômica do Estado. Entretanto, a sua utilização extrafiscal vem sendo
desenvolvida em outras áreas – por exemplo, na chamada ‘tributação
ambiental’. A instituição de tributo de característica extrafiscal tem,
portanto, a sua validade vinculada a que este trabalhe realmente na
consecução dos objetivos constitucionais que justificam a sua existência
(segundo uma análise de meios e fins), sendo que o tributo deve ser
razoável e proporcional e respeitar os limites fixados pelos princípios do
não confisco e do mínimo-existencial.” (CARDOSO, Alessandro Mendes. O
dever fundamental de recolher tributos no Estado Democrático de Direito.
Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2014, p.194)

TRIBUTOS PARAFISCAIS: ocorre a parafiscalidade quando o ente que detém


a competência para instituir determinado tributo delega a outra entidade a
capacidade para fiscalizar e cobrar, além de destinar a esta entidade os
recursos arrecadados para o desempenho das suas atividades institucionais.
É o caso dos órgãos de fiscalização dos conselhos de classe: CREA, CRC, CRM,
etc., que cobram as contribuições dos profissionais e têm o produto da
arrecadação revertido para o desenvolvimento das suas atividades
institucionais.

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Essa expressão “parafiscal” parece estar em desuso pela doutrina


majoritária. Alguns entendem que a parafiscalidade não seria uma
finalidade. A finalidade seria arrecadar, ainda que distribuindo o
resultado da arrecadação. Com isso, o objetivo seria fiscal, não
havendo que se falar em parafiscalidade como objetivo.

De qualquer modo, críticas doutrinárias à parte, a parafiscalidade ainda tem


sido objeto de questões de prova, bastando que o candidato conheça as duas
características marcantes: delegação da capacidade tributária ativa e
destinação do produto da arrecadação à entidade.

2.2. Quanto à atuação estatal na ocorrência do fato gerador

Esta classificação leva em consideração a atuação estatal na situação que dá


origem ao surgimento do tributo, ou seja, o fato gerador. Nessa linha, temos
os tributos vinculados e os não vinculados.

TRIBUTOS VINCULADOS: são aqueles cujo fato gerador ocorre em função de


alguma ação estatal relativa ao contribuinte. É o caso das taxas pela
prestação de algum serviço público, como a taxa de coleta de lixo, por
exemplo. Note que, nesse caso, houve uma ação do Estado para fazer surgir
o tributo, sendo, portanto, classificado como vinculado.
Grande parcela da doutrina costuma chamar os tributos vinculados de
contraprestacionais, em virtude da contraprestação estatal que gera a sua
cobrança. Classificam-se nesta categoria as taxas e as contribuições de
melhoria.
Nos tributos vinculados, dada a atuação do Estado na situação que faz nascer
a obrigação tributária, podemos afirmar que seu fato gerador é um FATO DO
ESTADO, ou seja, o contribuinte demanda uma atuação estatal e, a partir
dela, tem-se a ocorrência do fato gerador do tributo.

TRIBUTOS NÃO VINCULADOS: são os que surgem devido a alguma ação do


próprio contribuinte, independente de qualquer ação do Estado. É o caso
dos impostos. Tomemos como exemplo o imposto de renda. Um trabalhador
recebe o seu salário já com o desconto do imposto, que foi retido na fonte.
Mas o que o governo fez em troca para que ele conseguisse obter aquela
renda? Absolutamente, nada!

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O que o Estado fez para que você conseguisse adquirir seu veículo? Coisa
alguma! Mas a propriedade de veículo automotor enseja o nascimento da
obrigação de pagar o IPVA.
Nos tributos não vinculados, dada a ausência de qualquer ligação entre o fato
gerador e a atuação estatal, podemos afirmar que o fato gerador é um FATO
DO CONTRIBUINTE.
Então, guarde bem esses conceitos:

TRIBUTOS VINCULADOS • FATO DO ESTADO

TRIBUTOS NÃO VINCULADOS • FATO DO CONTRIBUINTE

2.3. Quanto aos aspectos pessoais do contribuinte

Estudaremos mais adiante a figura do contribuinte, ou seja, aquele que,


segundo o CTN, tem relação pessoal e direta com a situação que representa
o fato gerador da obrigação tributária.
Assim, é contribuinte do IPVA o proprietário do veículo; é contribuinte do ISS
o prestador do serviço; é contribuinte do IPI o industrial ou a ele equiparado.
A classificação em relação aos aspectos pessoais do contribuinte tem
aplicação mais direcionada aos impostos. A doutrina utiliza o art. 145, §1º, da
Constituição Federal como fundamentação para essa classificação. Segundo
o dispositivo, sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal. Por
isso, é bastante comum encontrarmos essa classificação aplicada aos
impostos e não aos tributos em geral. Com isso, temos os impostos pessoais
e reais.

IMPOSTOS PESSOAIS são aqueles em que, de acordo com os preceitos


constitucionais, devem ser levados em consideração os aspectos pessoais
do contribuinte, mais especificamente o patrimônio, os rendimentos e a
atividade econômica. É o caso do imposto de renda, que leva em
consideração, por exemplo, a quantidade de dependentes, as despesas com
educação e saúde, entre outros aspectos.
Nessa linha, duas pessoas que obtenham o mesmo rendimento (fato gerador
do imposto de renda) podem ser tributadas de formas diferentes, já que
serão levados em consideração os aspectos pessoais dos contribuintes.
Seria o caso de dois trabalhadores de uma mesma empresa e ocupantes do
mesmo cargo, com salários absolutamente iguais. O primeiro possui esposa

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e dois filhos, paga plano de saúde e escola. O outro é solteiro e vive com os
pais, sem arcar com qualquer despesa.
A legislação permite que o primeiro possa deduzir os gastos com educação e
saúde, além de um desconto fixo por dependente. Desse modo, apesar de
auferir o mesmo rendimento, o primeiro trabalhador irá pagar menos
imposto, já que seus aspectos pessoais foram levados em conta na
tributação.
Entretanto, como a própria CF/88 define, nem sempre é possível adotar
critérios pessoais na cobrança do imposto. Vamos imaginar um concurseiro
fiscal que se preparou durante três anos e conseguiu ser aprovado no
concurso tão sonhado. Que alegria! Nomeado e com um bom salário na
conta, nosso amigo vai ao shopping comprar uma TV LED Ultra HD/4K 3D de
84”, por módicos R$40.000,00. Chegando ao caixa, feliz da vida, será que o
atendente iria fazer perguntas ao nosso amigo, do tipo: “Você tem filhos?
Paga plano de saúde?” para poder calcular qual seria o ICMS cobrado naquela
TV? Óbvio que não!!!
Concluímos então que, para apurar o ICMS daquela venda, nenhum aspecto
pessoal do consumidor (contribuinte de fato do ICMS) foi levado em
consideração. O ICMS pago naquela TV é o mesmo para um rico empresário
e para um trabalhador que juntou anos aquele valor. Estamos diante de um
IMPOSTO REAL, pois incide sobre bens e não leva em consideração
aspectos pessoais do contribuinte.
Há muitas críticas da doutrina acerca dessa classificação, principalmente em
se chamar de “reais” os impostos que incidem sobre bens (apesar da origem
latina do nome: res = coisa). Uma parcela entende que essa nomenclatura é
inadequada e deveria ser alterada de impostos reais para impostos objetivos,
já que neles apenas é levado em conta o objeto da tributação. Concluem
esses doutrinadores que os impostos pessoais também podem ser
considerados de impostos subjetivos, eis que neles são considerados os
aspectos do sujeito passivo da relação tributária.
Não obstante essa crítica, em prova de concurso público é amplamente
explorada a nomenclatura usual, a saber: impostos reais e impostos pessoais,
assim como esclarece Luiz Felipe Difini:
“Como noção, pode-se dizer que impostos reais são aqueles que incidem
sobre um objeto material, uma coisa (res, em latim); impostos pessoais,
aqueles em que a tributação incide devido a certas características da
pessoa do sujeito passivo. [...] Exemplo de imposto pessoal é o imposto de
renda. De impostos reais, o IPI, o ICMS e os impostos sobre o patrimônio
(IPTU, ITR, etc.).” (DIFINI, Luiz Felipe Silveira. Manual de Direito Tributário.
São Paulo: Saraiva, 2003, p. 28)

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2.4. Quanto à pessoa que suporta o ônus do tributo

Vimos, de forma bem resumida, que o contribuinte é aquele que, segundo o


CTN, tem relação pessoal e direta com a situação que representa o fato
gerador da obrigação tributária. Ou seja, é contribuinte do IPVA o proprietário
do veículo, é contribuinte do ISS o prestador do serviço, é contribuinte do IPI
o industrial ou a ele equiparado.
Ocorre que nem sempre o contribuinte definido em lei é quem suporta o
ônus da tributação. Muitas vezes, o tributo é repassado para uma pessoa
(seja física ou jurídica) que, não sendo contribuinte, acaba arcando com o
valor do tributo.
A partir daí, os tributos podem ser classificados como diretos ou indiretos.

TRIBUTOS DIRETOS são aqueles em que o contribuinte definido em lei é


aquele que arca com o ônus da tributação. Como exemplo temos o IPVA, no
qual o proprietário do veículo é quem tem o dever legal de efetuar o
pagamento e, de fato, é ele quem o faz.
Já os TRIBUTOS INDIRETOS são aqueles em que esse ônus pode ser
transferido para terceiro, que, apesar de não ser contribuinte, acaba
suportando a carga tributária. É o caso do ICMS. Nele o contribuinte é aquele
que fez circular a mercadoria, a empresa comercial. Quando você compra
uma roupa, por exemplo, no seu preço está embutido o valor referente a 17%
de ICMS e quem arcou com esse custo foi você. O lojista, que é o contribuinte
de direito, acabou repassando o valor do tributo para o consumidor.
Perceba que a partir daí podemos identificar duas espécies de contribuinte:
o contribuinte de direito e o contribuinte de fato.
O contribuinte de direito é aquele previsto em lei, ou seja, aquele que tem
a obrigação legal de pagar o tributo. O contribuinte de fato é aquele que
arca com o ônus da tributação.
Podemos concluir que nos tributos diretos o contribuinte de direito e o
contribuinte de fato são a mesma pessoa. Por outro lado, nos tributos
indiretos o contribuinte de fato e o de direito são pessoas distintas.
Assim, temos:

CONTRIBUINTE DE DIREITO • DEFINIDO EM LEI

CONTRIBUINTE DE FATO • ASSUME O ÔNUS DA TRIBUTAÇÃO

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TRIBUTOS DIRETOS

CONTRIBUINTE DE DIREITO = CONTRIBUINTE DE FATO

TRIBUTOS INDIRETOS

CONTRIBUINTE DE DIREITO ≠ CONTRIBUINTE DE FATO

2.5. Quanto ao destino legal do produto da arrecadação


Estudamos há pouco que os tributos podem ser vinculados ou não
vinculados, a depender da atuação estatal na ocorrência do fato gerador.
Outra classificação, oriunda do Direito Financeiro, divide os tributos pela
destinação do produto da arrecadação.
O destino da arrecadação, ou seja, onde serão aplicados os recursos
arrecadados, ou em linguagem mais simples e direta: o que o Estado vai fazer
com o dinheiro, não importa mais para o Direito Tributário. Trata-se de objeto
de estudo do Direito Financeiro.
Sob a ótica desse ramo do Direito, os tributos podem ser de arrecadação
vinculada ou não vinculada.
É importante nesse momento distinguirmos os tributos vinculados e não
vinculados (que já estudamos) dos tributos de arrecadação vinculada e
não vinculada.

Vale destacar mais uma vez para evitar confusão.

A classificação dos tributos em vinculados e não vinculados leva


em consideração a influência ou não do Estado no fato que deu
origem à cobrança do tributo.
Já a classificação em tributos de arrecadação vinculada e não
vinculada observa o destino da receita arrecadada. Não se trata
mais de tributo, pois o destino da arrecadação é objeto do Direito
Financeiro e não Tributário.

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TRIBUTOS DE ARRECADAÇÃO VINCULADA: são aqueles cujos recursos


arrecadados têm uma destinação específica e não podem ser utilizados
livremente pelo ente tributante. Temos como exemplo os empréstimos
compulsórios, cujos detalhes veremos mais adiante.

TRIBUTOS DE ARRECADAÇÃO NÃO VINCULADA: são aqueles em que o ente


tributante é livre para aplicar os recursos arrecadados da forma que melhor
entender. É o caso dos impostos.

Diante de tantos critérios para classificar os tributos, faz-se necessário


agrupar as classificações, de modo a fixar melhor. De forma esquematizada,
temos:

Quanto ao objetivo da instituição

FISCAL Tem por objetivo arrecadar, abastecer os cofres públicos. Ex.: ICMS

Visa regular algum setor econômico ou social, influenciando no


EXTRAFISCAL Ex.: II
comportamento do mercado.

O ente que detém a competência delega a outra entidade a capacidade


PARAFISCAL Ex.: CREA
para fiscalizar e cobrar, além de destinar os recursos arrecadados.
Quanto à atuação estatal
O fato gerador ocorre em função de alguma ação estatal relativa ao
VINCULADO Ex.: Taxas
contribuinte.

Surge devido a alguma ação do próprio contribuinte, independente de


NÃO VINCULADO Ex.: Impostos
qualquer ação do Estado.
Quanto aos aspectos pessoais do contribuinte
Os aspectos pessoais do contribuinte são levados em consideração na
PESSOAL Ex.: IR
tributação.

Incide sobre bens e não leva em consideração aspectos pessoais do


REAL Ex.: IPTU
contribuinte.
Quanto à pessoa que suporta o õnus da tributação
O contribuinte definido em lei é aquele que arca com o ônus da
DIRETO Ex.: IPVA
tributação.

O ônus é transferido para terceiro, que, apesar de não ser contribuinte,


INDIRETO Ex.: ICMS
acaba suportando a carga tributária.
Quanto ao destino legal do produto da arrecadação

ARRECADAÇÃO Os recursos arrecadados têm uma destinação específica e não podem Ex.: Emp.
VINCULADA ser utilizados livremente pelo ente tributante. Compulsórios

ARRECADAÇÃO O ente tributante é livre para aplicar os recursos arrecadados da forma


Ex.: Impostos
NÃO VINCULADA que melhor entender.

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3. Espécies de tributos

O art. 5º do Código Tributário Nacional define que:

Art. 5º Os tributos são impostos, taxas e contribuições de melhoria.

Para o CTN essa lista é taxativa ou numerus clausus.


O que isso significa? Que para o Código essa lista não comporta extensão.
Sob a ótica do CTN não existe outra espécie tributária a não ser as
expressamente relacionadas: impostos, taxas e contribuições de melhoria.
Essa classificação do CTN foi denominada de teoria tripartida, ou
tripartição das espécies tributárias.
Ocorre que o CTN foi publicado em 1966, bem antes da atual disciplina
constitucional. Pelo novo regramento, a partir de 1988 com a promulgação
da atual Constituição, vamos perceber que esse dispositivo do CTN perdeu
força.
A Constituição Federal de 88 estabelece em seu art. 145:
Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão
instituir os seguintes tributos:
I – impostos;
II – taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização,
efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados
ao contribuinte ou postos à sua disposição;
III – contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas.

“Mas, professor! O art. 145 da Constituição Federal confirmou o art. 5º do


CTN, de que as únicas espécies tributárias são impostos, taxas e contribuição
de melhoria. O que foi que mudou?”
A leitura do artigo acima de forma isolada pode levar a uma conclusão
precipitada de que o rol de espécies seria taxativo como propõe o CTN, ou
seja, de que são essas três as únicas espécies tributárias. Não está correta
esta conclusão.
O art. 145 visto acima, que define impostos, taxas e contribuição de melhoria
como espécies tributárias, está inserido no Capítulo denominado “DO
SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL”. Nesse mesmo Capítulo, a Carta Magna
prevê nos arts. 148 e 149:

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Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir


empréstimos compulsórios:
I - para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade
pública, de guerra externa ou sua iminência;
II - no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante
interesse nacional (...)
Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais,
de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias
profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas
respectivas áreas, (...).

Não é difícil perceber que não faria sentido a menção a outras espécies
(empréstimos compulsórios e contribuições) no Capítulo denominado
SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL se elas não fossem espécies tributárias.
Seria uma grande incoerência do constituinte originário.
Percebe-se que, com o novo regramento constitucional, passamos a ter cinco
espécies tributárias e não apenas três. É o que chamamos de teoria
pentapartida, ou pentapartição das espécies tributárias.
Já houve muita discussão acerca da aceitação da pentapartição.
Doutrinadores de escol, como Hugo de Brito Machado, por exemplo, não
classificam os empréstimos compulsórios como espécie tributária autônoma.
Discussões doutrinárias à parte, o tema foi pacificado pelo Supremo Tribunal
Federal após reiteradas decisões e esse entendimento é o que prevalece em
se tratando de prova de concurso. Vejamos a fundamentação da Corte
Suprema no julgamento do RE 146.733-9/SP, no voto condutor do Min.
Moreira Alves:
“De efeito, a par das três modalidades de tributos (os impostos, as taxas e
as contribuições de melhoria) a que se refere o art. 145 para declarar que
são competentes para instituí-los a União, os Estados, o Distrito Federal e
os Municípios, os artigos 148 e 149 aludem a duas outras modalidades
tributárias, para cuja instituição só a União é competente: o empréstimo
compulsório e as contribuições sociais, inclusive as de intervenção no
domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou
econômicas.”

Podemos resumir as espécies tributárias por meio de esquemas, para ficar


mais claro. Primeiramente, vejamos a divisão segundo o Código Tributário
Nacional:

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DIVISÃO DAS ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS SEGUNDO O CTN

TRIPARTIÇÃO OU TEORIA TRIPARTIDA

IMPOSTOS

TAXAS

CONTRIBUIÇÕES DE MELHORIA

De acordo com a disciplina constitucional inaugurada em 1988, temos:

DIVISÃO DAS ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS SEGUNDO A CF/88

PENTAPARTIÇÃO OU TEORIA PENTAPARTIDA

IMPOSTOS

TAXAS

CONTRIBUIÇÕES DE MELHORIA

EMPRÉSTIMOS COMPULSÓRIOS

CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS (sociais, de intervenção, corporativas)

Em se tratando de prova de concurso, o candidato deve ficar atento para


identificar qual das classificações está sendo exigida. Vejamos como o tema
foi cobrado em dois concursos distintos aplicados pela Fundação Getúlio
Vargas (FGV).

(FGV) – Juiz Substituto TJ/AM - 2013


A Constituição da República prevê, em seu art. 145, que “A União, os Estados,
o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos: I -
impostos; II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela
utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis,
prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição; III – contribuição de
melhoria, decorrente de obras públicas”. Isso significa que
a) estas são as únicas espécies tributárias admitidas pela Constituição.
b) estas são as únicas espécies tributárias admitidas pelo Supremo Tribunal
Federal.

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c) estas são as espécies tributárias que podem ser instituídas tanto pela União
quanto pelos Estados/DF e Municípios, sem prejuízo de outras previstas na
própria Constituição da República.
d) estas são as espécies tributárias que podem ser instituídas tanto pela
União quanto pelos Estados/DF e Municípios, sem prejuízo de outras
previstas na Constituição dos Estados ou nas Leis Orgânicas dos Municípios.
e) os empréstimos compulsórios e as contribuições sociais não têm natureza
tributária.

Comentários

Essa questão retrata a tendência das bancas examinadoras em cobrar o


entendimento dominante acerca das espécies tributárias, incorporado em
nosso ordenamento com a nova ordem constitucional inaugurada em 1988.
Esse posicionamento se tornou majoritário após decisão do STF pacificando
a controvérsia.
Trata-se da teoria pentapartida, que aponta para a existência de cinco
espécies tributárias: impostos, taxas, contribuição de melhoria, empréstimos
compulsórios e contribuições especiais.
Gabarito: C

(FGV) – Fiscal de Rendas – SEFAZ/RJ - 2007


O art. 5º do Código Tributário Nacional determina que os tributos se dividem
em:
a) impostos, contribuições sociais, contribuições de melhoria e empréstimos
compulsórios.
b) impostos, taxas, contribuições sociais e contribuições de melhoria.
c) impostos, taxas, contribuições sociais, contribuições de melhoria e
empréstimos compulsórios.
d) impostos, taxas, contribuições sociais e empréstimos compulsórios.
e) impostos, taxas e contribuições de melhoria.

Comentários

Nessa questão, o enunciado foi bem taxativo: “O art. 5º do Código Tributário


Nacional determina que...”. Observa-se que o candidato é remetido à
definição do CTN. Quando a questão exigir dessa forma, temos que nos
desprender do que diz a doutrina ou a jurisprudência. Devemos, então, seguir
à risca o que diz a lei.

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Numa primeira análise, o candidato que conhece as teorias tripartida e


pentapartida e sabe que em nosso ordenamento atual predomina esta
última, poderia marcar de forma precipitada a alternativa C.
No entanto, a questão pede que se responda de acordo com o CTN e,
segundo o seu art. 5º, as espécies tributárias são apenas os impostos, as taxas
e as contribuições de melhoria.
Logo, é de grande importância guardar o seguinte: quando uma questão vier
de forma expressa citando “segundo a lei” ou “segundo a jurisprudência” ou,
ainda “segundo a orientação dos tribunais superiores” ou expressões
semelhantes, a resposta deve seguir a “pista” que foi dada no enunciado.
Gabarito: E

3.1. A natureza jurídica do tributo


Acabamos de estudar que são cinco as espécies tributárias, de acordo com a
teoria pentapartida decorrente da disciplina constitucional atual. Mas como
identificar em que espécie se enquadra um determinado tributo? Como saber
se estamos diante de uma taxa ou de um imposto, por exemplo?
É preciso, portanto, identificar a natureza jurídica do tributo, ou seja,
enquadrá-lo em uma de suas espécies.
Esse tema ainda é muito discutido e para entendê-lo por completo,
precisamos passar por dispositivos legais, pela disciplina constitucional e pela
jurisprudência dos tribunais superiores.
Vamos analisar detalhadamente o assunto para que o entendimento fique
bem claro e possamos, ao final, saber como o tema pode ser cobrado em
prova e qual o entendimento das bancas.

3.1.1. A disciplina do artigo 4º do CTN


O CTN estabelece em seu art. 4º a forma como determinamos a natureza
jurídica do tributo. Vejamos:
Art. 4º. A natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo fato
gerador da respectiva obrigação, sendo irrelevantes para qualificá-la:
I – a denominação e demais características formais adotadas pela lei.
II – a destinação legal do produto da sua arrecadação.

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Na inteligência do CTN, pouco importa o nome, as formalidades ou o destino


do produto da arrecadação. O que vale para identificar a espécie tributária é
o fato gerador do tributo.
Fato gerador é o evento previsto na lei instituidora do tributo que, uma vez
ocorrendo no caso em concreto, gera para o contribuinte o dever de pagar.
Por exemplo, o fato gerador do imposto de importação é a entrada no
território nacional de produtos estrangeiros. Assim, quando alguém importa
uma mercadoria, está ocorrendo no mundo real aquela hipótese prevista em
lei, o fato gerador do imposto.
A disciplina do art. 4º do CTN traduz, na realidade, um princípio universal e
que é muito explorado na contabilidade: o princípio da prevalência da
essência sobre a forma. Não são os aspectos formais que irão definir a
espécie tributária, mas o aspecto material.
É verdade que a própria lei que institui o tributo já lhe dá um nome: imposto
sobre serviços de qualquer natureza, taxa de coleta de lixo, etc. Entretanto,
não podemos considerar que o nome, sendo aspecto formal, traduza a
natureza jurídica do tributo. Essa é a inteligência do CTN.

Imagine que um município qualquer institua a taxa de coleta de lixo,


definindo que o fato gerador é ser proprietário de imóvel urbano.
Ora, esse tributo já existe. Trata-se do IPTU. Logo, essa taxa na
realidade é um imposto disfarçado de taxa.

Com efeito, podemos verificar que o nome não define a natureza jurídica do
tributo. Tampouco o destino do valor arrecadado, pois, como vimos, é objeto
do Direito Financeiro, não estando mais vinculado à relação tributária.
Conforme estudamos, o CTN adota a teoria tripartida. Por isso, essa regra é
plenamente válida para determinar a natureza jurídica do tributo se
estivermos diante de apenas três possibilidades. Ou seja, para diferenciar um
imposto de uma taxa ou de uma contribuição de melhoria, basta olharmos
para o fato gerador.
Isso porque esses três tributos, originariamente previstos no CTN como
únicas espécies tributárias, têm fatos geradores bem característicos,
conforme veremos mais à frente.
Sendo assim, analisando apenas o fato gerador é possível diferenciá-las e
determinar a sua natureza jurídica.

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3.1.2. A pentapartição e a inaplicabilidade do art. 4º do CTN


Com o advento da pentapartição, os empréstimos compulsórios e as
contribuições acabaram impedindo a aplicação plena do art. 4º do CTN. Isso
ocorre porque o fato gerador desses tributos não tem características
próprias, na grande maioria dos casos se apresentam como fatos típicos de
impostos.
Sendo assim, fica impossível identificar a natureza jurídica apenas pelo fato
gerador. Faz-se necessário analisar o destino legal da arrecadação.
“Professor, agora complicou! O CTN não diz que o destino legal do produto
da arrecadação é irrelevante para determinar a natureza jurídica do tributo?”
Isso mesmo! E é aí que está o problema.
Toda a discussão acerca da validade ou não das disposições do art. 4º do CTN
é por conta do destino legal da arrecadação. Enfim, ele deve ser verificado ou
não?
Considerando que os empréstimos compulsórios e as contribuições especiais
são espécies tributárias, cujos fatos geradores podem assumir natureza de
imposto na grande maioria dos casos, é de extrema importância analisar o
destino legal do produto da arrecadação para determinar a sua natureza
jurídica.
Ademais, o próprio regramento constitucional traça como elemento
característico desses tributos justamente a destinação dos recursos
arrecadados. Por exemplo, a Constituição define em seu art. 195:
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de
forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes
dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, e das seguintes contribuições sociais:
I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma
da lei, incidentes sobre:
a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou
creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo
sem vínculo empregatício.

Podemos perceber que a contribuição do empregador sobre a folha de


salários é vinculada ao financiamento da Seguridade Social. Logo, importa
verificar o destino legal da arrecadação.
Essas espécies tributárias têm por característica fundamental a aplicação dos
recursos vinculada a determinado fim. Por isso, destinar legalmente os
recursos arrecadados para algo que não atenda ao fim previsto na
Constituição tornaria inválido o tributo.

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Destarte, o destino legal da arrecadação é requisito constitucional para


a validade das contribuições especiais e para os empréstimos
compulsórios. Por conseguinte, a instituição desses tributos deve observar
essa diretriz constitucional, sob pena de qualquer desvio por parte do
legislador tornar o tributo inconstitucional.
Observe, que é o destino legal que importa, vale notar, é o legislador, na
instituição do tributo, que deverá observar a diretriz constitucional e vincular
a destinação dos recursos. Se o tributo for instituído em plena consonância
com a Constituição Federal, mas o gestor aplicar os recursos em atividade
diversa do previsto, o tributo não será inconstitucional. Nesse caso, a falta foi
do gestor público, sendo-lhe imputada a responsabilidade na gestão.
Por fim, podemos concluir com a lição de Leandro Paulsen, que resume de
forma bem esclarecedora tudo o que vimos até aqui:
“A ‘destinação legal’ ou ‘finalidade’ é, atualmente, critério importantíssimo
para identificar determinadas espécies tributárias como as contribuições
especiais e empréstimos compulsórios, pois constitui seu critério de
validação constitucional. A competência é atribuída em função das
finalidades a serem perseguidas.” (PAULSEN, Leandro. Direito Tributário:
Constituição e Código Tributário à luz da doutrina e da jurisprudência. 15ª
ed. Livraria do Advogado, 2013, p. 670)

3.1.3. Possibilidades de cobrança em prova


As disposições do art. 4º do CTN são amplamente cobradas em prova. Quase
que a totalidade das questões da ESAF exigiu a literalidade do Código, onde
o candidato deveria responder que a natureza jurídica específica do tributo é
determinada pelo fato gerador da respectiva obrigação, sendo irrelevantes
para qualificá-la a denominação e demais características formais adotadas
pela lei ou a destinação legal do produto da sua arrecadação.
Vejamos a forma clássica de se cobrar a matéria:

(ESAF) Assistente Técnico Administrativo – Min. da Fazenda - 2009


A determinação da natureza jurídica específica do tributo, de acordo com o
Código Tributário Nacional, decorre, especificamente:
a) do fato gerador da respectiva obrigação
b) da destinação legal do produto da arrecadação
c) da denominação
d) da fixação do agente arrecadador
e) das peculiaridades dos sujeitos ativo e passivo da obrigação

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Comentários
Podemos verificar que o próprio enunciado amarrou a resposta às
disposições do CTN, ao pedir “de acordo com o Código Tributário Nacional”.
Sendo assim, a resposta obedece ao disposto no art. 4º, segundo o qual a
determinação da natureza jurídica do tributo decorre do fato gerador da
respectiva obrigação.
Gabarito: A

(FCC) AFTE – SEFIN/RO - 2010


Para se identificar a natureza jurídica específica de um tributo considera-se,
em regra,
a) a validade jurídica dos atos efetivamente praticados pelos contribuintes.
b) os efeitos dos atos jurídicos efetivamente ocorridos.
c) a denominação e demais características formais adotadas pela lei.
d) o fato gerador da respectiva obrigação tributária.
e) a destinação legal do produto de sua arrecadação.

Comentários
É importante verificar que o enunciado ou as alternativas não fazem menção
a nenhuma espécie tributária. Isso já é um indicativo de que está sendo
pedida a regra geral estabelecida no art. 4º do CTN.
Conclui-se que a natureza jurídica do tributo é determinada pelo fato
gerador.
Gabarito: D

Como vimos nesta última questão, a FCC também costuma exigir a


literalidade do art. 4º do CTN em praticamente todas as suas provas. Porém,
já chegou a inovar, cobrando o entendimento mais recente. Vejamos:

(FCC) Auditor de Contas Públicas TCE – PB/2006


À luz da Constituição Federal vigente, a destinação do produto da
arrecadação do tributo é:
a) irrelevante em qualquer hipótese
b) relevante, em se tratando de taxa de segurança pública
c) relevante, em se tratando de empréstimo compulsório
d) relevante, em se tratando de imposto
e) irrelevante, em se tratando de contribuição confederativa

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Comentários
Observe que o enunciado não faz referência ao CTN, e sim à CF/88,
questionando apenas sobre o destino da arrecadação. Indo para as
alternativas, podemos ver que elas citam várias espécies de tributos, sem
citar todos os elementos contidos no art. 4º do CTN (denominação e demais
características formais).
Isso leva à conclusão de que a questão cobra o regramento constitucional,
segundo o qual os empréstimos compulsórios e contribuições especiais
diferenciam dos impostos e das taxas não apenas pelo fato gerador, mas pelo
destino legal da arrecadação.
Gabarito: C

Já o CESPE sempre busca exigir em suas provas um aprofundamento maior,


trazendo as discussões recentes do Judiciário. Por isso, os candidatos devem
conhecer todas as possibilidades. O normal do CESPE é exigir o regramento
constitucional.
Uma questão que ilustra de forma perfeita esta interpretação que vem sendo
adotada foi elaborada justamente pelo CESPE, no concurso para Juiz Federal-
TRF/5, em 2006:
“Consoante o CTN, a natureza jurídica específica do tributo é determinada
pelo fato gerador da respectiva obrigação, sendo irrelevantes, para qualificá-
la, tanto a denominação e demais características formais adotadas pela lei
quanto a destinação legal do produto da arrecadação. Todavia, com o
advento da Constituição de 1988, os empréstimos compulsórios e as
contribuições sociais assumiram o status de espécies tributárias. Algumas
dessas exações, todavia, têm fato gerador idêntico ao dos impostos, o que
torna inaplicável a citada regra do CTN.” Item correto.

Esse mesmo entendimento foi exigido numa questão bastante interessante:

(CESPE) Analista - SEBRAE/2010


Julgue a assertiva.
Para se distinguir um imposto de uma taxa ou de uma contribuição, é
fundamental examinar o fato gerador do tributo, bem como a destinação
legal do produto da sua arrecadação.

Comentários
Questão interessantíssima do CESPE.

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Vimos que a tendência é direcionar para o entendimento de que os


empréstimos compulsórios e contribuições especiais diferenciam dos
impostos e das taxas não apenas pelo fato gerador, mas pelo destino da
arrecadação.
No entanto, para diferenciar impostos, taxas e contribuições de melhoria,
vale a regra geral do art. 4º do CTN, ou seja, basta examinar o fato gerador. O
erro da assertiva está em definir que para diferenciar impostos de taxas deve-
se examinar o destino da arrecadação.

É, meus amigos!
Apesar da tendência em exigir o novo regramento, as questões ainda não são
uniformes. Ainda tem se cobrado muito a literalidade do art. 4º do CTN. O
que fazer, então na hora da prova?

A recomendação é verificar com calma o enunciado. Se for feita


referência ao CTN, é literalidade do art. 4º. Se a referência for à
Constituição ou às espécies tributárias empréstimo compulsório ou
contribuições especiais, possivelmente estará sendo cobrado o
novo entendimento decorrente da teoria pentapartida.
Caso o enunciado não dê nenhuma pista, analise as opções de
resposta para verificar se há referência a alguma espécie tributária.
A depender da referência, deve-se responder pelo CTN ou pelo
entendimento dominante atualmente.

Passemos agora ao estudo de cada uma das espécies tributárias.

3.2. Impostos
Reza o art. 16 do Código Tributário Nacional:
Art. 16. Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma
situação independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao
contribuinte.

Podemos perceber, da própria definição de imposto expressa no CTN, que


estamos diante de tributo não vinculado por excelência. Ou seja, o imposto

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surge não pela atuação estatal em relação ao contribuinte, mas por uma ação
ou situação do próprio contribuinte.
Além de ser tributo não vinculado, o imposto é tributo de arrecadação não
vinculada, por força do art. 167, IV, da CF, que veda a vinculação de receita
de impostos a órgão, fundo ou despesa.
Pela análise das várias formas de incidência dos impostos, podemos
constatar que em nenhum deles está presente a atividade estatal relativa ao
contribuinte. Em todas elas, o fato gerador é sempre algo relacionado à ação
ou ao patrimônio do contribuinte.
Logo, identificamos que nos impostos o fato gerador é um FATO DO
CONTRIBUINTE.
Não tendo origem em nenhuma ação estatal, o pagamento do imposto está
intimamente ligado a algo do contribuinte. Por isso, apesar de ser comum
ouvir expressões como “Eu pago meus impostos em dia, mas o governo não
faz nada por mim.” ou “Todo ano pago o IPVA, mas as ruas continuam cheias
de buracos.”, não se pode exigir ações do Estado em decorrência da
vinculação ao pagamento de impostos.
Nesse sentido, o STJ já decidiu que um contribuinte não poderia cobrar do
município a realização de determinadas obras ou serviços, pelo simples fato
de ter pago o IPTU:
“Os impostos, diversamente das taxas, têm como nota característica sua
desvinculação a qualquer atividade estatal específica em benefício do
contribuinte. Consectariamente, o Estado não pode ser coagido à
realização de serviços públicos, como contraprestação ao pagamento de
impostos, quer em virtude da natureza desta espécie tributária, quer em
função da autonomia municipal, constitucionalmente outorgada, no que
se refere à destinação das verbas públicas.” (STJ, 1ªT., REsp 478.958/PR, Rel.
Min. Luiz Fux)

3.2.1. O princípio da capacidade contributiva

Para cobrir os gastos necessários ao atendimento do interesse comum, o


Estado busca nos impostos aqueles que demonstram capacidade para
contribuir em prol de toda a coletividade.
Vejamos o caso do imposto de renda. A União é competente para instituí-lo e
cobrá-lo. Mas de quem o fará, já que não deverá identificar os contribuintes
por meio de serviços prestados ou qualquer tipo de contraprestação estatal?
Logicamente, se o intuito é arrecadar, ou seja, se a função do imposto é fiscal,
a União irá buscar aqueles que demonstram maior capacidade para

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contribuir, em outras palavras, os contribuintes do imposto serão aqueles


que apresentam alguma manifestação de riqueza.
Manifestar riqueza aqui não tem o sentido de condição financeira
extraordinária, mas de possuir algum patrimônio ou, ainda, adquirir
patrimônio ou disponibilidade econômica.

Vejamos o caso do IPVA. Um trabalhador juntou as sobras do seu


salário por 15 anos e, depois de muito sacrifício, conseguiu comprar
seu primeiro carro para passear com a família nos finais de semana.
Obviamente, o dinheiro não deu para comprar um carro de luxo,
mas o suficiente para realizar o sonho e satisfazer às necessidades
da família: um Uno Mille 2008, com 180.000km rodados, pelo valor
de R$15.000.
A família se surpreende ao receber em fevereiro a cobrança do
IPVA.
Ora, o imposto não é um tributo que independe de atuação estatal
relativa ao contribuinte e, por isso, exigido daqueles que
demonstram capacidade contributiva, ou seja, denotam uma
manifestação de riqueza?
Mas o contribuinte do exemplo não manifestou qualquer riqueza.
Pelo contrário. Adquiriu um carro com quase 10 anos de uso, caindo
aos pedaços. Que riqueza é essa?
Para o Estado, na instituição dos impostos, manifestar riqueza ou
demonstrar capacidade contributiva significa que o contribuinte
apresenta condições de contribuir com a coletividade, não
necessariamente que tem um padrão de vida maravilhoso.
É como se o Estado enxergasse assim: ”Opa, fulano comprou um
carro! A maioria dos brasileiros ainda tem que usar ônibus todos os
dias. Quem tem condições de comprar um carro também pode
contribuir com a coletividade.”

Em todos os impostos há a identificação de que, de alguma forma, o


contribuinte demonstra a capacidade para contribuir, ainda que discreta.
Vejamos o exemplo de alguns impostos:
No imposto de renda, receber salário significa que a pessoa trabalha, logo
tem renda e pode contribuir.

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No ICMS, vender mercadorias significa que a empresa está faturando e pode


ajudar a coletividade.
No imposto de importação, importar uma mercadoria significa que a pessoa
tem condições de adquirir produtos do exterior, logo também pode
contribuir na arrecadação.
Ocorre que não é justo que todos paguem da mesma forma, já que a
capacidade para contribuir não é a mesma. Um rico empresário, certamente,
tem mais capacidade para contribuir do que um trabalhador que recebe um
salário mínimo.
Nessa linha, a Constituição Federal estabelece em seu art. 145, §1º, que:
§1º Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão
graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à
administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses
objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da
lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do
contribuinte.

Estamos diante do famoso princípio da capacidade contributiva.


Segundo esse princípio constitucional, sempre que possível, na cobrança do
imposto, a condição socioeconômica do contribuinte deverá ser observada.
Em outras palavras, quem demonstra maior capacidade contributiva
deverá pagar mais. Assim ensina Sacha Calmon:
“A capacidade contributiva é a possibilidade econômica de pagar tributos.
É subjetiva, quando leva em conta a pessoa. É objetiva, quando toma em
consideração manifestações objetivas da pessoa (ter casa, carro do ano,
sítio numa área valorizada, etc.). ‘Aí temos signos presuntivos de
capacidade contributiva’.” (COELHO, Sacha Calmon Navarro. Comentários
à Constituição de 1988 Sistema Tributário. 3ª ed, Forense 1991)

Na esteira do mesmo entendimento, ensina com muita clareza Luís Eduardo


Schoueri:
“O princípio da capacidade contributiva, que está no art. 145, nada mais é
do que uma decorrência do princípio da solidariedade. Pergunta-se: por
que razão uns pagam impostos outros não? Porque uns podem mais e
outros menos. É a solidariedade. E a solidariedade é o fundamento do
nosso ordenamento como um todo.” (SCHOUERI, Luís Eduardo. Exigências
da CIDE sobre Royalties e Assistência Técnica ao Exterior. RET 37/144,
jun/04)

Mas como o Estado poderá aplicar o princípio da capacidade contributiva?


Como exigir mais de quem manifesta mais riqueza?

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Tal mensuração não é tão simples e direta. A graduação depende, também,


do tipo de imposto em questão.
Para que a graduação do imposto ocorra em atendimento à real condição do
contribuinte, o princípio da capacidade contributiva se manifesta por meio de
outros dispositivos e princípios constitucionais, a saber: a progressividade e
a seletividade.
Essa é a lição de Abel Ferreira:
“... o princípio da capacidade contributiva e o princípio da seletividade são
subprincípios do princípio da igualdade, e serão aplicados um ou outro de
acordo com o tipo de imposto. Nos impostos sobre a renda e rendimentos
(impostos pessoais), deve ser aplicado o princípio da capacidade
contributiva (progressividade); nos impostos sobre a produção e o
consumo (impostos reais), o princípio da seletividade, de acordo com a
essencialidade de cada bem produzido ou comercializado.” (destaques
acrescidos) (FERREIRA, Abel Henrique. O princípio da Capacidade
Contributiva Frente aos Tributos Vinculados e aos Impostos Reais e
Indiretos. RFDT 06/71, dez/03)

Assim, em regra, a capacidade contributiva é observada na tributação da


seguinte forma:

PROGRESSIVIDADE Mais aplicável aos impostos pessoais


CAPACIDADE
CONTRIBUTIVA
SELETIVIDADE Mais aplicável aos impostos reais

Analisemos cada uma dessas manifestações do princípio da capacidade


contributiva.

3.2.1.1. Capacidade contributiva e progressividade

A progressividade é aplicada quando as alíquotas aumentam à medida que


aumenta também a base de cálculo. Dessa forma, se tributa de maneira mais
gravosa quanto maior a manifestação de riqueza do contribuinte, conferindo
caráter pessoal.
É o que ocorre com o imposto sobre a renda.
Imaginemos que um município qualquer tribute a prestação de determinado
serviço à alíquota de 5% para o ISS. Suponha duas prestações de serviços,
uma no valor de R$10.000,00 e outra no valor de R$25.000,00. No primeiro
caso, o valor do ISS devido é de R$500,00 (5% de 10.000). Já o segundo
contribuinte pagará R$1.250,00 (5% de 25.000). No entanto, apesar de valores

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diferentes, os dois contribuintes pagam o mesmo percentual de imposto: 5%,


ou seja, foram tributados na mesma proporção.
Percebemos que o ISS é um imposto proporcional, pois a alíquota se mantém
fixa, independente do aumento da base de cálculo. Em outras palavras, quem
prestar mais serviços pagará mais, porém, o fará de forma proporcional.
Já o imposto de renda, apresenta alíquotas progressivas à medida que
aumenta a base de cálculo. Imagine duas pessoas físicas, sem dependentes
ou despesas a deduzir, a primeira com rendimento anual de R$30.000 e a
segunda de R$50.000.
Temos a seguinte tabela do imposto para o exercício 2017:

Base de cálculo anual em R$ Alíquota % Parcela a deduzir do imposto em R$


Até 22.847,76 - -
De 22.847,77 até 33.919,80 7,5 1.713,58
De 33.919,81 até 45.012,60 15 4.257,57
De 45.012,61 até 55.976,16 22,5 7.633,51
Acima de 55.976,16 27,5 10.432,32

De acordo com a tabela, o primeiro contribuinte estará na segunda faixa de


renda, cuja alíquota é de 7,5%, com a dedução de R$1.713,58:

30.000 x 7,5% = 2.250 – 1.713,58 = imposto devido R$ 536,42

O segundo contribuinte está na penúltima faixa, cuja alíquota é de 22,5%,


com dedução de 7.633,51:

50.000 x 22,5% = 11.250 – 7.633,51 = imposto devido R$ 3.616,49

Perceba que o primeiro contribuinte pagou efetivamente 1,79% sobre o seu


rendimento (536,42 ÷ 30.000). Já o segundo pagou 7,23% (3.616,49 ÷ 50.000).

Isso ocorre porque nos tributos progressivos, para bases de cálculos maiores,
se paga progressivamente mais, diferente do ISS, no qual a proporção é
sempre a mesma.
É possível perceber que no imposto de renda, o princípio constitucional da
capacidade contributiva é concretizado pela utilização do critério da
progressividade. Essa é a função da tabela, que majora as alíquotas à
medida que a base de cálculo aumenta.
Isso significa que quem ganha mais não paga apenas proporcionalmente
mais, paga progressivamente mais. Paga um percentual maior de uma base
de cálculo maior.

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Na esteira desse entendimento, parcela da doutrina defende que nos


impostos pessoais, como é o caso do imposto de renda, a capacidade
contributiva é revelada por meio da progressividade.

3.2.1.2. Capacidade contributiva e seletividade

Nos impostos reais, como é mais complexa a aplicação da progressividade,


a capacidade contributiva deve ser materializada de outra forma.
Caso fossemos aplicar a progressividade não seria muito viável. Imagine só
ao comprar um televisor. No momento de pagar, o lojista deveria apurar a
renda do adquirente e aplicar a alíquota mais alta para quem recebe mais e
alíquota mais baixa para quem ganha menos.
Realmente impraticável. Por isso, a seletividade ganha espaço.
Seletividade significa aplicar alíquotas diferentes para diferentes produtos,
a depender da essencialidade de cada um. Para itens de primeira
necessidade, alíquotas menores. Para os mais supérfluos, alíquotas mais
expressivas.
Assim, no nosso exemplo do televisor, a alíquota seria diferenciada não pelo
adquirente, mas sim pelo produto, produtos mais caros (supérfluos) teriam
alíquotas mais elevadas, os televisores mais básicos teriam alíquotas
menores.
É o que ensina José Mauricio Conti:
“A seletividade em função da essencialidade é uma forma pela qual se
aplica o princípio da capacidade contributiva aos impostos indiretos,
porque é possível admitir-se que, na generalidade dos casos, os produtos
essenciais são indispensáveis aos indivíduos com baixa capacidade
contributiva, e os produtos supérfluos são adquiridos por aqueles com
maior capacidade contributiva.” (CONTI, José Maurício. Sistema
Constitucional Tributário Interpretado pelos Tribunais. 1997, p. 166).

3.2.1.3. Aplicação do princípio da capacidade contributiva

A Constituição Federal faz referência apenas aos impostos quando estabelece


o princípio da capacidade contributiva. Por isso, as questões de concursos
ainda exigem bastante a literalidade desse dispositivo constitucional.

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Muitas vezes, as questões substituem o termo “impostos” por “tributos”,


considerando errada a alternativa, de acordo com a literalidade do art. 145,
§1º, da Constituição Federal.
Não obstante, o STF tem entendido que o princípio é aplicável às demais
espécies tributárias, observadas as suas peculiaridades. Apesar da
dificuldade de se aplicar às taxas, não há vedação constitucional ao seu uso
para essa espécie tributária.
“A despeito do art. 145, §1º da CF, que alude à capacidade contributiva,
fazer referência apenas aos impostos, não há negar que ele consubstancia
uma limitação ao poder de imposição fiscal que informa todo o sistema
tributário. É certo, contudo, que o princípio da capacidade contributiva não
é aplicável, em sua inteireza, a todos os tributos. (...) Como se sabe, existe
certa dificuldade em aplicá-lo, por exemplo, às taxas, que pressupõem
uma contraprestação direta em relação ao sujeito passivo da obrigação.
Na hipótese das contribuições, todavia, o princípio em tela, como regra,
encontra guarida, como ocorre no caso das contribuições sociais previstas
no art. 195, I, b e c, devidas pelo empregador.” (Excerto do voto condutor
do Min. RICARDO LEWANDOWSKI, quando do julgamento, pelo STF, do RE
573.678, mar/09)

Esse tema, que já foi objeto de muita controvérsia, passou a ser pacificado
com a discussão acerca da constitucionalidade da taxa de fiscalização da
Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Vamos entender o histórico para que fique claro o entendimento firmado
pela Corte Suprema.
A referida taxa não foi instituída com uma alíquota em percentual (ad
valorem), mas por meio de uma tabela com valores específicos, que seriam
apurados de acordo com o patrimônio líquido da empresa a ser fiscalizada.
Mais ou menos assim:
Patrimônio Líquido Valor da taxa
de R$... a R$... R$...
de R$... a R$... R$...
de R$... a R$... R$...

Essa cobrança gerou discussões em função de dois aspectos relativos às


taxas: o primeiro diz respeito à base de cálculo, que veremos logo mais ao
estudarmos as taxas; o outro, é justamente sobre a capacidade contributiva.
O ponto central da discussão relativo à capacidade contributiva era que, ao
graduar o valor da taxa de acordo com o patrimônio das empresas, estaria
sendo adotado o princípio da capacidade contributiva, o que seria
inconstitucional no caso de taxas, já que a atuação estatal é a mesma, seja
para empresas com capital elevado ou pequenas empresas.

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Ocorre que, embora não mencione expressamente as taxas no art. 145, §1º,
a Constituição não veda sua aplicação a essa espécie tributária. Nesse
sentido, resolvendo o caso, o STF assim manifestou sua decisão:
“Taxa de fiscalização dos mercados de títulos e valores mobiliários... O
critério adotado pelo legislador para a cobrança dessa taxa de polícia
busca realizar o princípio constitucional da capacidade contributiva,
também aplicável a essa modalidade de tributo, notadamente quando a
taxa tem, como fato gerador, o exercício do poder de polícia.” (STF, 2ª T.,
ARegREx 176.382-5/CE, Min Celso de Mello, mai/00)

O mesmo entendimento é válido para as contribuições, perfeitamente


resumido na lição de Ives Gandra Martins:
“Não obstante a Lei Maior faça referência a impostos, a doutrina e a
jurisprudência pacificaram o entendimento de que a capacidade
contributiva é princípio informador da tributação também pela via das
contribuições sociais, sempre que o legislador escolha, como fato gerador
ou base de cálculo dessa espécie tributária, um elemento denotador dessa
capacidade. Trata-se de critério mediante o qual se realiza a isonomia,
pressupondo-se que contribuinte com a mesma capacidade contributiva
arquem com idêntica carga tributária.” (MARTINS, Ives Gandra da Silva;
SOUZA, Fátima Fernandes Rodrigues de, COFINS e PIS – planejamento
tributário – incompatibilidade entre o Sistema Tributário Brasileiro e
eventual norma antielisão. RDDT 117/132, jun/05)

Por isso, é bom atentar para a possibilidade de mudança nas questões que
versam sobre a aplicação do princípio. E isso já vem acontecendo!

Vejamos uma questão bastante interessante da ESAF, aplicada no concurso


de APOF/SP em 2009.

(ESAF) APOF – SEFAZ/SP - 2009


O princípio da capacidade contributiva:
a) aplica-se somente às contribuições
b) não se aplica às penalidades tributárias
c) aplica-se somente aos impostos
d) aplica-se indistintamente a todas as espécies tributárias
e) é atendido pela progressividade dos impostos reais

Comentários

A banca examinadora exigiu muito além da literalidade da Constituição


Federal, cobrando aspectos doutrinários e jurisprudenciais.

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Alternativa A – Errada. Se o texto constitucional faz alusão aos impostos, não


há que se falar em aplicação do princípio apenas às contribuições.
Alternativa B – Correta. As penalidades surgem pelo descumprimento de
alguma obrigação. A infração cometida não é diferenciada pelo contribuinte,
ou seja, qualquer um pode cometer infrações, possua capacidade
contributiva ou não. Nessa linha, a banca considerou que não seria justo
graduar uma penalidade na medida da manifestação de riqueza de cada um,
mas sim pela infração cometida. Vimos, anteriormente, que tributo e multa
não se confundem.
Alternativa C – Errada. Apesar de a CF/88 fazer referência apenas aos
impostos, em seu art. 145, §1º, a doutrina e a jurisprudência dos tribunais
superiores têm admitido a aplicação do princípio às demais espécies
tributárias, conforme decisão do STF vista a pouco. É aqui que percebemos
que as bancas já tendem a deixar de lado a literalidade e passam a exigir o
entendimento dominante.
Alternativa D – Errada. Para percebermos o erro desta alternativa,
verifiquemos a lição de José Mauricio Conti: “... o princípio da capacidade
contributiva é aplicável a todas as espécies tributárias. No tocante aos
impostos, o princípio é aplicável em toda a sua extensão e efetividade. Já no
caso dos tributos vinculados, é aplicável restritivamente, devendo ser
respeitados apenas os limites que lhe dão os contornos inferior e superior,
vedando a tributação do mínimo vital e a imposição tributária que tenha
efeitos confiscatórios”. (CONTI, José Mauricio. Princípios da Capacidade
Contributiva e da Progressividade, Dialética, 1996, p.65).
Alternativa E - Este foi o item mais interessante da questão. Como vimos,
segundo parcela da doutrina, o princípio da seletividade é subprincípio da
capacidade contributiva. Por isso considera que a capacidade contributiva
dos impostos incidentes sobre produtos e mercadorias (impostos reais)
manifesta-se na variação da alíquota em virtude do grau de essencialidade
do produto (seletividade). No imposto sobre a renda, revela-se na aplicação
de alíquotas mais elevadas às maiores bases de cálculo (progressividade).
Gabarito: B

3.2.1.4. A progressividade e os impostos reais

Aproveitando esse entendimento visto na alternativa E, vamos fechar esse


assunto com a questão da progressividade nos impostos reais.

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Como visto, para que seja avaliada de forma mais igualitária, a capacidade
contributiva é medida nos impostos reais pelo princípio da seletividade,
aplicando alíquotas mais elevadas para bens supérfluos e mais reduzidas
para bens de primeira necessidade. Já nos impostos pessoais, é graduada
pelo critério da progressividade, adotando alíquotas mais elevadas para
maiores bases de cálculo.
De uma forma ou de outra, o que está sendo feito é a tributação maior quanto
maior for a manifestação de riqueza.
Ocorre que, apesar de se dar em menor escala, é possível graduar os
impostos reais (aqueles que incidem sobre bens, ou patrimônio) pelo critério
da progressividade. Apesar de não ser a regra geral, há previsão
constitucional para isso:
Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre:
I - propriedade predial e territorial urbana;
(...)
§1º Sem prejuízo da progressividade no tempo a que se refere o art. 182,
§4º, inciso II, o imposto previsto no inciso I poderá:
I - ser progressivo em razão do valor do imóvel; e
II - ter alíquotas diferentes de acordo com a localização e o uso do imóvel.

O IPTU é imposto real, incide sobre o imóvel, pouco importando no cálculo


do imposto as condições pessoais do proprietário.
É o que ensina Leandro Paulsen:
“A progressividade, nos impostos reais, é vedada, salvo autorização
constitucional expressa, conforme a jurisprudência do STF da qual se
extrai que não se prestam a revelar capacidade contributiva e que, por
isso, não podem ser graduados com base nela.” (PAULSEN, Leandro.
Direito Tributário: Constituição e Código Tributário à luz da doutrina e da
jurisprudência. 15ª ed. Livraria do Advogado, 2013, p. 670)

Sendo assim, em regra, para atender ao princípio da capacidade contributiva,


é comum usarmos a seletividade. E é isso que determina o inciso II.
Perceba que adotar alíquotas diferentes em função da localização significa
que há possibilidade de se identificar as localidades em que os moradores
demonstram maior manifestação de riqueza. Há localidades em que os
imóveis são mais simples, com pouca estrutura, com menos acesso a serviços
públicos de qualidade, etc.

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Da mesma forma, identificar o uso do imóvel, se residencial ou comercial,


permite aos Municípios graduarem as alíquotas adotando a seletividade.
Assim, poderiam ser adotadas alíquotas maiores para os imóveis comerciais,
por exemplo.
Podemos verificar que as alíquotas não variam em função da base de cálculo,
ou seja, não são progressivas, mas sim seletivas. É identificado um critério
que denota a manifestação de riqueza e em função dele a alíquota pode ser
maior ou menor.
Ao contrário, o inciso I prevê uma situação que representa exceção: a
utilização do critério da progressividade para impostos reais.
Ser progressivo em função do valor do imóvel é adotar alíquotas maiores
para imóveis mais caros, independente da localização ou da utilização.
Esse dispositivo, não previsto no texto original da Constituição Federal foi
inserido por meio da Emenda Constitucional nº29/2000.
O STF já havia se manifestado no sentido de que qualquer progressividade
aplicada aos impostos reais somente seria possível havendo expressa
permissão constitucional. Por isso, as leis instituidoras do IPTU que adotaram
alíquotas progressivas antes de 2000 foram declaradas inconstitucionais.
Com o advento da EC 29/2000, passou a ser permitida a adoção de alíquotas
progressivas em função do valor do imóvel. Na linha desse raciocínio foi
editada a Súmula nº 668 do STF:
Súmula 668 do STF
É inconstitucional a lei municipal que tenha estabelecido, antes da Emenda
Constitucional 29/00, alíquotas progressivas para o IPTU, salvo se destinada a
assegurar o cumprimento da função social da propriedade urbana.

A Súmula faz menção a outra progressividade aplicável ao IPTU, esta de


aceitação pacífica, já que não era adotada em função da base de cálculo, mas
com fins extrafiscais, de modo a assegurar a função social do imóvel:
Art. 182. § 4º - É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei
específica para área incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei
federal, do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não
utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena,
sucessivamente, de:
(...)
II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo
no tempo;

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3.3. Taxas
Mais uma vez, vamos recorrer ao art. 145, da CF:
Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão
instituir os seguintes tributos:
(...)
II – taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização,
efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados
ao contribuinte ou postos à sua disposição;

O CTN, transcrevendo o dispositivo constitucional, prevê em seu art. 77:


Art. 77. As taxas, cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal
ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, têm como
fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva
ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao
contribuinte ou posto à sua disposição.

Observe que a taxa figura como um tributo contraprestacional, eis que para
ser exigida depende de uma atividade estatal específica relativa ao
contribuinte. Exatamente o contrário do conceito de imposto, que
acabamos de estudar. Logo, identificamos que nas taxas o fato gerador é
um FATO DO ESTADO.
O fundamento das taxas é que se os serviços são prestados voltados para o
contribuinte, de forma específica e divisível, e o exercício do poder de polícia
é direcionado, não seria justo exigir de toda a sociedade o valor
correspondente. Se as atividades estatais que ensejam a cobrança da taxa
têm destinatários específicos, estes devem suportar o ônus. Podemos
perceber que as taxas são tributos vinculados por excelência.
Da leitura do dispositivo constitucional, podemos verificar que há dois
possíveis fatos geradores para as taxas: o exercício regular do poder de
polícia e a prestação de serviços públicos específicos e divisíveis.
É necessário, para um melhor entendimento, analisar as características das
taxas separando-as pelo fato gerador. Assim, temos a taxa de serviço e a
taxa de polícia.

A fim de tornar mais claro o entendimento dos fatos geradores das taxas e
seus respectivos requisitos, vejamos de forma esquematizada na próxima
página:

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EXERCÍCIO REGULAR DO
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS
PODER DE POLÍCIA

ESPECÍFICOS E DIVISÍVEIS

UTILIZAÇÃO UTILIZAÇÃO
EFETIVA POTENCIAL

Quando o serviço for de


utilização compulsória e estiver
à disposição do contribuinte e
em pleno funcionamento.

Analisemos agora cada uma delas.

3.3.1. Taxa de serviço

A Constituição Federal dispõe que as taxas têm como um dos possíveis fatos
geradores a utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e
divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos à sua disposição.
Podemos verificar que a disciplina constitucional exige duas características
fundamentais para o serviço: ser específico e divisível; e outra característica
para a utilização desse serviço: ser efetiva ou potencial. Analisemos essas
características.

Serviços específicos e divisíveis

Perceba que não basta ser um ou outro. A CF deixa claro que é necessário
apresentar as duas características: ser específico E divisível.
Vejamos primeiramente a definição legal dessas características, que se
encontram no art. 79 do CTN:
Art. 79. Os serviços públicos a que se refere o art. 77 consideram-se:
(...)
II- específicos, quando possam ser destacados em unidades autônomas
de intervenção, de utilidade, ou de necessidades públicas;
III - divisíveis, quando suscetíveis de utilização, separadamente, por parte
de cada um dos seus usuários.

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O CTN não explicou de forma muito clara o que vem a ser serviço específico.
Sendo assim, precisamos traduzir o que quis dizer o legislador.
Para o serviço ser específico, é necessário que exista um órgão responsável
pela sua prestação. O CTN fala em utilidade ou necessidade pública. Por
exemplo, a sociedade necessita de um serviço de coleta de lixo. Assim, o
Município deve ter um órgão específico que atenda a essa demanda da
população.
Na esteira desse entendimento, o serviço é específico quando prestado por
órgão competente, cuja atribuição seja a prestação daquele serviço e que seja
possível aos contribuintes identificar essa prestação. Em outras palavras, o
serviço é específico quando o contribuinte sabe por qual serviço está
pagando e quem lhe presta o serviço.
A outra exigência constitucional é que o serviço seja divisível. Nos termos do
CTN, o serviço é divisível quando suscetível de utilização, separadamente, por
cada um dos usuários. Ou seja, para ensejar a cobrança da taxa, é preciso
identificar quem são os usuários do serviço e que, além disso, seja possível
aferir qual foi a utilização por parte de cada um deles.
Sendo assim, o serviço é divisível quando o Estado pode identificar quem
são os usuários do serviço e medir qual foi a utilização por cada um
deles.
Isso significa que serviços prestados de forma genérica à coletividade
(serviços uti universi) não legitimam o Estado a exigir a taxa dos seus usuários.
Um exemplo desse tipo de serviço é a segurança pública.
Sabemos que esse serviço atende toda a coletividade, porém não há como
medir o que cada um utilizou de segurança pública para exigir a taxa, vale
dizer, o serviço não é divisível. Esses serviços devem ser custeados pela
arrecadação com os impostos. Os serviços que ensejam a cobrança de taxa
devem ser prestados com usuários determinados (serviços uti singuli).
Imaginemos uma situação específica como a realização de um evento
particular, com um show em uma casa de espetáculos que receberá milhares
de espectadores. Certamente, esse show demandará uma força policial nos
arredores para garantir a segurança. Nesse sentido, poderíamos aceitar que
é possível identificar os usuários do serviço de segurança pública?
A resposta é negativa. Apesar de ter um efetivo policial destinado a atender
um evento determinado, ainda assim é praticamente impossível determinar
o que cada usuário utilizou do serviço. Um outro ponto que fortalece a
caracterização desse serviço como indivisível é que o Estado está obrigado a
prestá-lo a toda a sociedade, indiscriminadamente. Nesse sentido, decidiu o
STF:

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“Impossibilidade de cobrança de taxa de segurança pública de eventos


abertos ao público, ainda que tal serviço seja solicitado por particular para
a sua segurança ou para a de terceiros. Visto que incumbe ao Estado
prestá-lo a toda a população, essa atividade somente pode ser sustentada
por imposto.” (STF, 2ª T., RE 269.374 AgR, Min. Ellen Grace, ago/11)

Vejamos mais dois casos que ajudarão a consolidar o entendimento acerca


da divisibilidade dos serviços como requisito para a cobrança da taxa.
A iluminação pública é um serviço prestado pelos municípios e que foi por
algum tempo custeado pela população mediante a cobrança de taxa. Ocorre
que esse tipo de serviço, assim como a segurança pública, é prestado de
forma genérica a todos os habitantes do município e, até mesmo, àqueles
que, não sendo habitantes, utilizam o serviço, como os turistas, os que estão
apenas de passagem pela cidade, etc.
É notório que nesse caso é praticamente impossível definir o que cada um
utilizou do serviço. E quem não sai à noite? E quem é deficiente visual?
Obviamente não estamos diante de um serviço divisível e, por conseguinte, a
cobrança da respectiva taxa afrontava a Constituição.
Nesse sentido, o STF decidiu reiteradas vezes, como se observa no seguinte
julgado:

“TRIBUTÁRIO. MUNICÍPIO DE NITERÓI. TAXA DE ILUMINAÇÃO PÚBLICA.


ARTS. 176 E 179 DA LEI MUNICIPAL Nº 480, DE 24.11.83, COM A REDAÇÃO
DADA PELA LEI Nº 1.244, DE 20.12.93. Tributo de exação inviável, posto ter
por fato gerador serviço inespecífico, não mensurável, indivisível e
insuscetível de ser referido a determinado contribuinte, a ser custeado por
meio do produto da arrecadação dos impostos gerais. Recurso não
conhecido, com declaração de inconstitucionalidade dos dispositivos sob
epígrafe, que instituíram a taxa no município.” (STF, RE 233.332-RJ, Min.
Ilmar Galvão, mar/99)

Cristalizando o entendimento, a Corte Suprema editou a Súmula nº 670:


Súmula 670 do STF
O serviço de iluminação pública não pode ser remunerado mediante taxa.

Outro exemplo bastante cobrado em prova envolve a taxa de coleta de lixo e


a taxa de limpeza urbana. Os Municípios, normalmente, cobram a taxa de
coleta de lixo, aquela que corresponde ao serviço de coleta domiciliar do lixo,
onde o coletor leva o lixo de cada residência.

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Nesse tipo de serviço é possível identificar os usuários, eis que a coleta está
sendo realizada individualmente, porta a porta. Ainda que em condomínios
não seja possível, no momento da coleta, identificar o lixo de cada
condômino, é possível determinar que todos ali são usuários do serviço
(vamos entender melhor esse ponto ao tratar da utilização).
Ocorre que muitos municípios tributam mediante taxa o serviço de limpeza
urbana. E quando ouvimos “limpeza urbana” o que nos vem à mente? A
varrição das vias públicas, a coleta dos resíduos nos logradouros, a poda de
árvores, etc.
Se pararmos para analisar, esse serviço não permite a identificação
individualizada dos usuários. Trata-se de um serviço destinado a toda a
população, sem divisibilidade.
Imagine as árvores da cidade, cujas folhas caem diariamente. A prefeitura
realiza o serviço de varrição das ruas, mas é possível quantificar quantas
folhas foram recolhidas e o quanto foi limpo correspondente a cada
habitante? Impossível.
Diante dessa cobrança e das inúmeras discussões levadas ao Judiciário
debatendo a constitucionalidade dessas taxas, o STF decidiu pela sua
inconstitucionalidade, justamente por não apresentar a divisibilidade como
característica:
“Tributo vinculado não apenas à coleta de lixo domiciliar, mas também à
limpeza de logradouros públicos, hipótese em que os serviços são
executados em benefício da população em geral (uti universi), sem
possibilidade de individualização dos respectivos usuários e,
consequentemente, da referibilidade a contribuintes determinados, não
se prestando para custeio mediante taxa. Impossibilidade, no caso, de
separação das duas parcelas.” (STF, RE 249.070, relator Min. Ilmar Galvão,
1ª Turma, DJU 17.12.1999)

Há que se observar na decisão do Supremo a vedação à possibilidade de


divisão das taxas. No caso em discussão, o município cobrava em uma só taxa
os dois serviços: coleta de lixo e limpeza pública. Na defesa, tentou dividir a
taxa em duas para que fosse possível cobrar apenas a primeira, eis que
atenderia aos preceitos constitucionais.
Percebe-se que o STF negou essa possibilidade. Isso porque apenas os
serviços específicos e divisíveis podem ensejar a cobrança da taxa. Como
a taxa era uma só (envolvendo os dois serviços), não haveria que se excluir o
serviço não divisível da sua cobrança, mas declarar toda a cobrança
inconstitucional.

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Tendo em vista que muitos municípios do nosso país adotavam essa prática
de tributar mediante taxa o serviço de limpeza urbana (embora cada um
adote um nome diferente), muitos casos chegaram para apreciação do STF, o
que resultou na edição da Súmula Vinculante 19:
Súmula Vinculante 19 do STF

A taxa cobrada exclusivamente em razão dos serviços públicos de coleta,


remoção e tratamento ou destinação de lixo ou resíduos provenientes de
imóveis, não viola o artigo 145, II, da Constituição Federal.

Verifica-se na Súmula que o STF amarrou a possibilidade de cobrança da taxa


à origem do lixo ou dos resíduos, a saber: os imóveis. O fundamento é que,
se o lixo é coletado dos imóveis, é possível identificar a quem se destina o
serviço, diferente dos resíduos coletados nas vias públicas.

Utilização efetiva ou potencial

Vejamos novamente o que diz o art. 145, II, da CF:


Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão
instituir os seguintes tributos:
(...)
II – taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização,
efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados
ao contribuinte ou postos à sua disposição;

Do dispositivo podemos destacar a primeira observação importante: o fato


gerador da taxa é a UTLIZAÇÃO do serviço e não a sua prestação.
Para ensejar a cobrança da taxa de serviço, se faz necessária, logicamente, a
prestação do serviço pelo poder público. Porém, esse não é elemento
suficiente para que ocorra o fato gerador. É preciso que haja a utilização do
serviço pelo contribuinte.
Contudo, a Constituição Federal se apressa em definir que a utilização pode
ser efetiva OU potencial.
Mais uma vez, vamos recorrer ao art. 79 do CTN para esclarecer o que
significa utilização efetiva e utilização potencial.

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Art. 79. Os serviços públicos a que se refere o artigo 77 consideram-se:


I - utilizados pelo contribuinte:
a) efetivamente, quando por ele usufruídos a qualquer título;
b) potencialmente, quando, sendo de utilização compulsória, sejam postos
à sua disposição mediante atividade administrativa em efetivo
funcionamento;

Não há maiores dificuldades em entender o que significa utilização efetiva.


Representa a situação em que o contribuinte utiliza de fato o serviço, ou
seja, faz uso da atividade estatal que enseja a cobrança da taxa. Seria o caso
da emissão de segunda via da carteira de habilitação. O contribuinte utiliza
efetivamente quando procura o Detran para emissão do documento.
Já a utilização potencial, representa a situação em que o contribuinte tem o
serviço posto à sua disposição, utilize efetivamente ou não. Entenderemos
melhor por meio de um exemplo.

O serviço de emissão de segunda via da habilitação, que vimos


como exemplo, não é de utilização compulsória. Alguém que
perdeu sua habilitação não é obrigado a solicitar a segunda via.
Logicamente, somente poderá dirigir de posse do novo documento,
mas não é obrigado a isso. Logo, o usuário desse serviço estará
sujeito ao pagamento da taxa apenas se utilizar efetivamente o
serviço, ou seja, apenas quando for emitido o documento, mediante
sua requisição. Trata-se da utilização efetiva.
Imaginemos agora o serviço de coleta de lixo. Sabemos que, por ser
um serviço público, pode resultar na cobrança de uma taxa, certo?
Aí, você pode imaginar: “Então é só eu mesmo dar uma destinação
ao meu lixo e estarei livre da taxa”.
Aí você se engana. O serviço de coleta de lixo é de utilização
compulsória. Caso contrário, se um concurseiro que está trancado
em casa só estudando para a tão temida prova, esqueceu do
mundo, mas continua lá gerando lixo, não utilizar o serviço e deixar
esse lixo acumular até o dia da prova, estará convidando uma série
de insetos a participar dos seus estudos, não acha? Isso não seria
agradável para os seus vizinhos. É uma questão de saúde pública.
Por isso, esse serviço é de utilização compulsória.
Sendo de utilização compulsória, você não pode alegar que mora
sozinho e não gera lixo ou que dará destinação própria ao lixo, pois

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o CTN define que, sendo de utilização compulsória, basta que o


serviço esteja à disposição do contribuinte para dar causa à
cobrança da taxa.
Essa é a utilização potencial. O serviço existe, é de utilização
compulsória e está à disposição do contribuinte, faça ele uso de fato
ou não do serviço. É como se o CTN dissesse assim para o nosso
amigo: “Prezado concurseiro, você é usuário potencial do serviço de
coleta de lixo”.

De forma esquematizada, temos:

SERVIÇO DE UTILIZAÇÃO UTILIZAÇÃO EFETIVA


COMPULSÓRIA UTILIZAÇÃO POTENCIAL,
bastando que o serviço seja posto

DEMAIS SERVIÇOS apenas UTILIZAÇÃO EFETIVA

Vamos verificar como isso costuma ser cobrado em prova.

(FGV) CONDER Advogado - 2013


O Estado Beta pretende criar taxa pelo exercício do poder de polícia ou pela
prestação de serviço afetos à área de segurança pública, denominada Taxa
de Segurança Pública-TS. Tal exação terá como fato gerador a utilização pelo
contribuinte dos serviços prestados pela polícia para fins privados ou que
extrapolem a gratuidade assegurada em lei, ou quando a sua conduta ou
ramo de atividade exija do poder Público e Estadual, vigilância, controle e
fiscalização, objetivando a manutenção da ordem, da segurança e da
tranquilidade coletiva.
a) A taxa é ilegal e inconstitucional, pela afronta ao CTN e à CRFB, já que se
trata de serviço público inespecífico e indivisível.
b) A taxa é legal e constitucional porque está sendo criada para fazer frente à
necessidade específica de alguns contribuintes.
c) O texto de lei que cria a taxa, necessita de adaptação porque embora a taxa
seja legítima, não há gratuidade na prestação do serviço de segurança
pública.

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d) A taxa criada pelo Estado é ilegal, já que o serviço prestado pela polícia para
fins privados deve ser remunerado por preço público.
e) A taxa é inconstitucional, em virtude de não ser possível criar tal exação
quando o serviço público puder ser remunerado por imposto.

Comentários
Conforme acabamos de estudar, são dois os possíveis fatos geradores das
taxas: a utilização de serviços públicos e o exercício do poder de polícia.
Acontece que o poder de polícia não se confunde com a polícia
administrativa, que garante a segurança pública. Como visto, a segurança
pública é serviço indivisível, não sendo possível avaliar o que foi utilizado de
forma individual.
Ademais, a questão informa que o fato gerador da taxa é a utilização do
serviço de segurança, prestado pelo Estado, quando extrapolar a segurança
gratuita que o próprio Estado oferece, ou seja, na situação exposta na
questão, o Estado Beta estaria criando o serviço de segurança particular, o
que seria absurdo.
Analisemos cada uma das alternativas.
Alternativa A – Correta. A atividade de segurança pública é prestada a toda
sociedade de forma geral, não se trata de um serviço divisível, pois não é
possível mensurar o quanto cada um utilizou do serviço. Logo, não sendo
divisível, o serviço não pode ser remunerado mediante taxa.
Assertiva B – Errada. Como vimos, apesar da necessidade de segurança
maior por parte da população, trata-se de dever do Estado. Este não poderia
se valer dessa condição criada pela ineficiência do próprio serviço prestado e
oferecer segurança particular custeada mediante taxa. Seria absurda tal
situação.
Assertiva C – Errada. Em primeiro lugar, a taxa citada é ilegal pelos motivos
já expostos. O segundo erro é afirmar que a segurança pública não é gratuita,
pois, como vimos, é dever do Estado.
Assertiva D – Errada. A taxa é de fato ilegal. Porém, não há que se falar na
prestação de serviços de segurança privada pelo Estado.
Alternativa E – Errada. A atividade de segurança pública, por ser indivisível,
deve ser custeada pela arrecadação dos impostos. Isso não significa que o
serviço de segurança pública é o fato gerador do imposto. Não há imposto a
ser pago pela prestação de serviço estatal, já que o imposto é tributo não
vinculado a qualquer ação do Estado. Apenas o produto da arrecadação dos

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impostos já existentes será destinado, além de outras aplicações, para


custear este serviço.
Gabarito: A

Resumindo, temos de forma esquematizada:

• Serviços específicos E divisíveis


TAXAS DE
• Utilização efetiva OU potencial
SERVIÇO •Serviços prestados ou postos à disposição

3.3.2. Taxa de polícia

Nos termos da Constituição Federal, como vimos, o outro fato gerador


possível da taxa é o exercício regular do poder de polícia. O CTN traz a
definição legal de poder de polícia no art. 78:
Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública
que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a
prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público
concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina
da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas
dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à
tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos
individuais ou coletivos.

Iniciamos esta aula discorrendo sobre as receitas públicas e abordamos o


princípio da supremacia do interesse público sobre o privado. O poder de
polícia decorre justamente desse princípio.
Quem deseja explorar a atividade econômica e resolve abrir um restaurante,
por exemplo, tem liberdade para exercer tal prática. Ocorre que essa
liberdade não é absoluta, eis que limitada pelo interesse da coletividade, que
irá se sobrepor ao interesse particular do empresário, caso sejam
conflitantes.
Se a cozinha desse restaurante não apresentar as mínimas condições de
higiene, certamente os clientes estarão sujeitos a pegarem alguma doença ou
infecção.

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Justamente para fazer valer o interesse público e manter a saúde da


população, o Estado pode impedir o exercício da atividade, caso seja
constatada alguma irregularidade. No nosso exemplo, o Estado se valeria da
Vigilância Sanitária que, exercendo a atividade de polícia, pode fiscalizar o
estabelecimento e adotar as medidas cabíveis em cada caso, restringindo os
direitos particulares para atingir o interesse público.
A primeira coisa que temos que perceber na taxa de polícia é que,
diferentemente da taxa de serviço, não há que se falar em utilização efetiva
ou potencial. O fato gerador passa a ser o exercício do poder de polícia. É o
exercício da atividade estatal que figura como fato gerador, trazendo como
consequência a obrigação de pagar o tributo.
Nessa linha, aquele que está submetido a tais atividades de Estado passa a
ser contribuinte da respectiva taxa.
Na disciplina constitucional, o fato gerador da taxa de polícia é o exercício
regular. Mas o que significa exercício regular do poder de polícia? A resposta
está no parágrafo único do próprio art. 78 do CTN:
Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de polícia
quando desempenhado pelo órgão competente nos limites da lei
aplicável, com observância do processo legal e, tratando-se de atividade
que a lei tenha como discricionária, sem abuso ou desvio de poder.

Com efeito, podemos constatar que para surgir a obrigação tributária de


pagar a taxa, há que existir a efetiva atividade estatal direcionada ao
contribuinte, realizada por órgão específico e competente para tal.
Assim, apenas o exercício regular do poder de polícia, ou seja, a efetiva
ação estatal por meio do órgão competente, em procedimento específico
direcionado ao contribuinte, é que pode ensejar a cobrança da taxa. No caso
de um órgão fiscalizador, isso significa que a taxa apenas pode ser cobrada
quando houver de fato a fiscalização. É o que defende a doutrina dominante,
conforme destaca Regina Helena Costa:
“... é necessário o efetivo exercício do poder de polícia para que esteja
autorizada a exigência da taxa correspondente. (...) somente a efetiva
realização de atividade de polícia pode ensejar a exigência da taxa. A
existência de aparelhamento administrativo destinado ao exercício de
fiscalização, por si só, não é suficiente para dar suporte à exigência fiscal,
porquanto o direito tributário sujeita-se ao princípio da realidade ou da
verdade material e, assim, fiscalização não efetuada, ou mera presunção
de fiscalização, não podem conduzir ao nascimento da obrigação
tributária.” (COSTA, Regina Helena. Curso de Direito Tributário. Saraiva,
2009, p. 117)

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Da lição acima, podemos extrair que somente a efetividade da ação estatal


no exercício de atividade de polícia, caracterizada quando o aparato estatal é
direcionado para um contribuinte específico, dá causa ao nascimento da taxa.
A grande maioria das questões de prova exige o conhecimento da literalidade
da CF e do art. 78 do CTN, de forma bem direta, podendo ser resolvida com
o que até aqui foi explicado.
Ocorre, porém, que há alguns entendimentos jurisprudenciais que nos
remetem a importantes aspectos a serem observados.
O Supremo Tribunal Federal, decidindo sobre a taxa de fiscalização e controle
ambiental do IBAMA, no RE 416.601, abriu precedentes no sentido de que a
existência de órgão competente para a atividade de polícia pressupõe que
a atividade fiscalizatória existe e que é desempenhada de forma regular.
Vejamos o posicionamento da Corte em outro caso que ilustra o novo
entendimento:
“4. O texto constitucional diferencia as taxas decorrentes do exercício do
poder de polícia daquelas de utilização de serviços específicos e divisíveis,
facultando apenas a estas a prestação potencial do serviço público. 5. A
regularidade do exercício do poder de polícia é imprescindível para a
cobrança da taxa de localização e fiscalização. 6. À luz da jurisprudência
deste Supremo Tribunal Federal, a existência do órgão administrativo não
é condição para o reconhecimento da constitucionalidade da cobrança da
taxa de localização e fiscalização, mas constitui um dos elementos
admitidos para se inferir o efetivo exercício do poder de polícia, exigido
constitucionalmente. Precedentes.” (STF, Pleno, RE 588.322, Rel. Min.
Gilmar Mendes, jun/2010)

É possível inferir que a Corte destaca que o exercício regular do poder de


polícia continua sendo requisito fundamental para a cobrança da taxa.
Contudo, acata que a existência do órgão competente é um dos elementos
para pressupor que a atividade está em funcionamento.
Perceba que se trata de uma presunção, ou seja, o STF entende que a
existência do órgão já é um indício de que o exercício do poder de polícia é
regular. Nesse sentido, destaca que a regularidade do exercício do poder de
polícia é elemento imprescindível, apesar de admitir a presunção pela
simples existência do órgão fiscalizador.
Outro aspecto importante que já foi inclusive objeto de discussões judiciais é
a forma de manifestação do poder de polícia. Já foram proferidas decisões no
sentido de que o fato gerador da taxa relativa ao poder de polícia não é
manifestado exclusivamente com a atividade fiscalizadora em face do
contribuinte. A regulamentação da atividade desenvolvida pelo

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contribuinte por meio de norma específica já representaria condição


suficiente para a cobrança da taxa daqueles que estivessem sujeitos a essa
regulamentação.
De fato, o poder de polícia é manifestado da duas formas: pelo poder
regulamentar, exercido na edição de normas que limitem ou restrinjam
direitos, e pela atuação estatal em cumprimento a esta norma. Apesar de
não ser o entendimento comum defendido pela doutrina dominante, já há
decisões proferidas pelos tribunais e sendo levadas para apreciação dos
tribunais superiores.
A controvérsia foi levada à apreciação do STJ.
O Tribunal de origem proferiu sentença no sentido de que a manifestação do
poder de polícia por meio do poder regulamentar é suficiente para cobrar a
taxa, independente da comprovação do exercício da fiscalização.
Sobre a necessidade da efetividade de ação fiscalizatória, já decidiu o STJ:
1. A Primeira Seção deste Tribunal pacificou entendimento de que é
prescindível a comprovação efetiva do exercício de fiscalização por
parte da municipalidade em face da notoriedade de sua atuação. (REsp
261.571/SP, 1ª Seção, Min. Eliana Calmon, DJ 6.10.2003). (STJ., 2ª T., AgRg
no AREsp 381.859/MG, Rel. Min. Humberto Martins, set/2013)

É bastante polêmico esse posicionamento, já que, embora a a


regulamentação da atividade seja uma das formas de manifestação do poder
de polícia, ocorre em momento prévio ao exercício da atividade de polícia
propriamente dita.
De qualquer modo, em se tratando de provas de concursos, é
importantíssimo conhece-lo.
“Quanto ao fumus boni iuris, o Tribunal a quo fixou as seguintes premissas:
1) a cobrança da Taxa de Fiscalização de Estabelecimentos, com base na
Lei Municipal 13.477/2002 é legítima; 2) o poder de polícia, previsto no art.
78 do CTN, ‘não se materializa somente na atuação fiscalizadora por parte
do ente público, mas também por exercício regulamentar’. Não obstante
a questão referente à exigibilidade da taxa em comento, com base na lei
municipal referida, ainda não tenha sido apreciada no âmbito dos
Tribunais Superiores, constata-se, a princípio, que o reexame das
premissas estabelecidas pela Corte de origem é inviável em sede de
recurso especial ...”. (STJ, 1ª T., AgRg na MC 13.974/SP, Rel. Min. Denise
Arruda, abr/08)

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O que há que se destacar aqui é que em nenhum desses


posicionamentos está se dizendo que o exercício do poder de
polícia não é necessário. Pelo contrário! Trata-se de elemento
previsto na Constituição Federal como fundamental para a
ocorrência do fato gerador da taxa.
Para o STF o exercício do poder de polícia presume-se realizado
pela existência do órgão fiscalizador. No entendimento do STJ, a
notoriedade da fiscalização seria suficiente para tornar
desnecessária a comprovação de que houve de fato a fiscalização
direcionada ao contribuinte.
Quanto à possibilidade de se considerar a norma regulamentar da
atividade do contribuinte como elemento suficiente para
caracterizar o exercício do poder de polícia, é bastante provável que
venha a ser reconhecida pelos tribunais superiores. Mas note que
em ambos posicionamentos, o exercício do poder de polícia é
essencial, o que muda é a interpretação da forma como ele se
realiza.

E se o tema for cobrado em prova? O que responder?

Como já afirmamos, as bancas tendem a cobrar da forma clássica,


limitando-se à literalidade da CF e do art. 78 do CTN. É comum,
tentarem confundir o candidato misturando as características da
taxa de polícia com aquelas da taxa de serviço, mais precisamente
com os elementos da especificidade e divisibilidade do serviço ou
da utilização efetiva ou potencial.
No entanto, deve-se analisar bem o enunciado e as opções de
resposta para que se identifique a possibilidade de estar diante da
exigência de conhecimentos jurisprudenciais.

E assim já foi cobrado em prova. Vejamos:

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(ESAF) Agente de Fazenda – RJ/2010


As taxas, no direito tributário, são espécies tributárias que decorrem, entre
outros fatos geradores, do exercício regular do poder de polícia. Sobre estes,
julgue os itens a seguir:
I. entende-se por regular o poder de polícia quando desempenhado por
órgão competente, nos limites da lei, observando o devido processo legal, e
exercida sem desvio ou excesso de poder;
II. a exigência da taxa em decorrência do exercício do poder de polícia não
mais exige a concreta fiscalização por parte dos órgãos competentes, ou seja,
a simples regulação de certas atividades por meio de atos normativos
também caracteriza este poder;
III. a atuação fiscalizadora do Estado, em rigor, visa ao interesse da
coletividade e não ao do contribuinte da taxa, isoladamente. É este, porém,
que provoca a atuação do Estado, sendo isso que justifica a imposição da
taxa;
IV. exercendo o poder de polícia, o Estado impõe restrições aos interesses
individuais em favor do interesse público, conciliando esses interesses.
Estão corretos:
a) apenas os itens I e III
b) apenas os itens I, III e IV
c) todos os itens estão corretos
d) apenas os itens III e IV
e) apenas os itens II, III e IV

Comentários

Assertiva I – Correta. A ESAF transcreveu aqui a literalidade do parágrafo


único do art. 78 do CTN.
Assertiva II – A assertiva foi considerada correta. Esse entendimento parte
do princípio de que a atividade de polícia não se manifesta exclusivamente
na atividade de fiscalização, mas também no exercício do poder
regulamentar, vale dizer, na edição de normas que regulamentam as
atividades dos contribuintes.

Perceba que a própria assertiva reconhece que o


poder de polícia é essencial para a ocorrência do fato gerador da taxa. O que
foi considerado correto é que a forma de manifestação desse poder não seria
apenas por meio de atividade de fiscalização, sendo considerada a
manifestação por meio de atos regulamentares. Ressaltamos que não é isso
que entende a doutrina dominante. De qualquer forma, entendeu a ESAF que

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este entendimento está em consonância com a posição do STJ no que diz


respeito à presunção do exercício regular do poder de polícia.
Quanto à necessidade de efetiva comprovação da fiscalização, já decidiu o
STJ:
1. A Primeira Seção deste Tribunal pacificou entendimento de que é
prescindível a comprovação efetiva do exercício de fiscalização por
parte da municipalidade em face da notoriedade de sua atuação. (REsp
261.571/SP, 1ª Seção, Min. Eliana Calmon, DJ 6.10.2003). (STJ., 2ª T., REsp
969.015/SP, Rel. Min. Humberto Martins, abr/08)

Assertiva III – Correta. É exatamente este o sentido da atuação estatal no


exercício do poder de polícia: restringir os interesses individuais em favor do
interesse público.
Assertiva IV – Este item complementa a ideia do item anterior, portanto,
correto. O art. 78 do CTN define que se considera poder de polícia a atividade
da administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou
liberdade, regula a prática de ato ou a abstenção de fato, em razão de
interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes,
à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas
dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranquilidade
pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.
Todos os itens estão corretos.
Gabarito: C

3.3.3. A base de cálculo das taxas

Normalmente, o valor de um tributo é determinado por meio de uma


operação de multiplicação, que tem como elementos a base de cálculo e a
alíquota.
A base de cálculo é o elemento que mensura o fato gerador. É ela que
quantifica o que será tributado. Por exemplo, no caso do ICMS a base de
cálculo é o valor da operação de venda das mercadorias, já que o que está
sendo tributado e, consequentemente, necessita de mensuração é a
circulação dessas mercadorias.
Assim, a base de cálculo deve guardar relação estreita com o fato gerador
do tributo.
Nesse sentido, determina a Constituição Federal no §2º, do art. 145:
§2º. As taxas não poderão ter base de cálculo própria de impostos.

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Conforme estudamos, os impostos têm como contribuintes aqueles que


revelam capacidade de contribuir para a coletividade, eis que seu fato
gerador representa uma manifestação de riqueza.
As taxas, ao contrário, surgem a partir de uma atividade estatal direcionada
ao contribuinte.
Sendo a base de cálculo elemento representativo do aspecto dimensional
do tributo, ou seja, o elemento que irá quantificá-lo, e, por conseguinte,
guardar relação com o fato gerador, as taxas têm que apresentar base de
cálculo que seja capaz de mensurar a atividade estatal. Nesse sentido a
Súmula 667 do STF, segundo a qual viola a garantia constitucional de acesso
à jurisdição a taxa judiciária cobrada sem limite sobre o valor da causa.
Base de cálculo própria de imposto seria qualquer base que mensure a
manifestação de riqueza. Partindo dessa análise, o que a Constituição
estabelece é que a base de cálculo das taxas não deve guardar relação com
qualquer manifestação de riqueza dos contribuintes, como ocorre nos
impostos. Ao contrário, a base de cálculo das taxas deve guardar relação com
o custo da atividade estatal.
Estudamos que as taxas são tributos contraprestacionais, vinculados, cujo
fato gerador representa um FATO DO ESTADO. Logo, sua base de cálculo
deve ser uma grandeza relacionada à atividade estatal e não ao contribuinte.
Enquanto a Constituição anterior vedava o uso de base de cálculo idêntica à
dos impostos, a Constituição de 1988 proíbe o emprego de base de cálculo
própria de impostos.
Assim ensina Humberto Ávila:
“... enquanto a Constituição anterior vedava o uso de base de cálculo
idêntica à dos impostos, a Constituição proíbe o emprego de base de
cálculo ‘própria’ de impostos. Base de cálculo própria de imposto é aquela
apropriada à mensuração da atividade econômica dos contribuintes,
mesmo – e isto é crucial – que não seja idêntica àquela que tenha servido
para a incidência dos impostos. [...] sendo a causa da instituição das taxas
a atividade estatal, a sua base de cálculo deverá ser medida com base
nessa atividade, não em elementos residentes nos contribuintes.” (ÁVILA,
Humberto. As taxas e sua mensuração. RDDT nº 204/37-44, set/2012)

O autor fez referência à Constituição anterior, que trazia dispositivo proibindo


o uso de base de cálculo idêntica à dos impostos. Sendo editado na época da
referida Constituição, o CTN dispõe que:
Art. 77. Parágrafo único. A taxa não pode ter base de cálculo ou fato
gerador idênticos aos que correspondam a imposto nem ser calculada em
função do capital das empresas.

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Com fundamento nesse dispositivo, foi editada a Súmula 595 do STF:


Súmula 595 do STF

É inconstitucional a taxa municipal de conservação de estradas de rodagem


cuja base de cálculo seja idêntica à do imposto territorial rural.

Podemos constatar que o CTN apenas veda a aplicação às taxas de base de


cálculo dos impostos já existentes. Isso significa que as taxas poderiam
utilizar uma base de cálculo típica de imposto, desde que diferente dos
impostos existentes.
A Constituição Federal de 1988 foi bem além, proibindo a utilização de base
de cálculo própria de imposto. Isso significa que não pode ser atribuída à
taxa uma base de cálculo que esteja relacionada com aspectos do
contribuinte, vale dizer, com manifestação de riqueza.
Isso que acabamos de ver representa a base do nosso ordenamento há
muitos anos e já foi objeto de inúmeras questões de prova.
Contudo, o entendimento tomou outro sentido a partir decisões do STF.
Você lembra que comentamos sobre a taxa de fiscalização da CVM e que ela
trouxe dois pontos de discussão relativos às taxas?
Vamos relembrar, então.
A taxa foi criada pela Lei nº 7.940/89, onde foi definido que o valor a ser pago
seria apurado de acordo com o patrimônio líquido da empresa a ser
fiscalizada, em valores fixos por faixa de patrimônio líquido. Mais ou menos
assim:
Patrimônio Líquido Valor da taxa
de R$... a R$... R$...
de R$... a R$... R$...
de R$... a R$... R$...

Essa lei suscitou discussões relativas à aplicação do princípio da capacidade


contributiva às taxas (que já estudamos) e o que podemos chamar de ponto
mais discutível: a utilização de base de cálculo própria de impostos nas taxas.
Decidiu o STF pela constitucionalidade da taxa, sob a alegação de que a taxa
não estava incidindo sobre o capital das empresas, já que a lei, ao definir
valores fixos por faixa de patrimônio líquido, estava eliminando os cálculos,
não havendo que se falar em “base de cálculo”. Além disso, entendeu a Corte
que o patrimônio líquido das empresas, não representando base de cálculo,
era apenas um parâmetro para mensurar a atividade estatal.
Seguindo este entendimento do STF, teríamos que aceitar que empresas de
maior patrimônio líquido demandariam uma fiscalização mais minuciosa por

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parte da CVM. Somente assim, poderíamos entender que, de fato,


estabelecer valores em função do patrimônio de alguma forma guarda
relação com a atividade estatal desempenhada. Não obstante as críticas, a
decisão resultou na Súmula 665 do STF:
Súmula 665 do STF

É constitucional a taxa de fiscalização dos mercados de títulos e valores


mobiliários instituída pela lei 7.940/89.

Além dessa discussão, muitos casos chegaram à Corte Suprema para


apreciação da constitucionalidade das taxas de coleta de lixo.
Conforme estudamos, o serviço de coleta de lixo nos imóveis é divisível para
fins de cobrança de taxa, uma vez que é possível identificar os beneficiários e
mensurar a utilização por parte de cada um deles.
Entretanto, que elemento será usado para medir a utilização de cada um?
Logicamente, para que a taxa seja juridicamente válida, o critério adotado
deve guardar relação com a atividade estatal. Mas que critério utilizar? Nem
sempre isso é tarefa simples.
Alguns elementos poderiam mensurar com mais perfeição a utilização do
serviço por cada beneficiário, tais como o peso do lixo coletado ou seu o
volume. Sem dúvidas, qualquer um desses elementos seria válido para definir
quem usou mais ou menos o serviço.
Porém, em termos práticos, já imaginou como seria o serviço de coleta?
Todos os caminhões teriam que ter balanças e os coletores teriam que
registrar tudo para a cobrança da taxa. Já pensou no trabalho que isso daria?
E quantos equipamentos deveriam ser utilizados para conseguir registar tudo
sem erros?
Diante dessa dificuldade, a grande maioria dos municípios adota um critério
interessante: a área do imóvel. O argumento é de que imóveis maiores
produzem mais lixo. Não deixa de ter fundamento esse argumento, mas ele
não é perfeito.

Imagine uma mansão de 3.000m² com apenas uma rica viúva


residindo e um apartamento de 65m² onde residem quatro
pessoas, sendo uma delas um recém-nascido... Será que o primeiro
imóvel produziria mais lixo? Logicamente que não. Por isso, o
critério adotado, apesar de ter certa lógica, não é o mais adequado.
O melhor seria, não fosse a inviabilidade, medir o peso ou o volume
de cada lixo.

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Mas por que os municípios adotaram a área do imóvel como parâmetro?


Porque esse elemento já é de conhecimento da prefeitura, pois constitui um
dos elementos da base de cálculo do IPTU. E é aí que mora o problema!
Com alegação de ofensa ao art. 145, §2º, muitas leis municipais que seguiam
essa prática chegaram para apreciação do STF. Em muitas decisões a Corte
entendeu que adotar um dos elementos da base de cálculo própria de
impostos nas taxas é permitido, desde que não ocorra total identidade entre
elas. Isso resultou na Súmula Vinculante nº 29:
Súmula Vinculante 29 do STF

É constitucional a adoção, no cálculo do valor da taxa, de um ou mais


elementos da base de cálculo própria de determinado imposto, desde que
não haja integral identidade entre uma base e outra.

Percebam que a evolução no entendimento do STF acabou direcionando para


o que diz o próprio CTN: não pode ser usada base de cálculo idêntica à dos
impostos.
Bastante atenção à Súmula Vinculante 29, pois é bastante provável que seja
muito exigida em prova!

3.3.4. Taxas de serviço x preços públicos

Torna-se necessário fazer a diferenciação entre taxas e preços públicos.


Taxa é espécie tributária, caracterizando-se por ser uma prestação
compulsória (relação de Direito Público). Já preço público é algo pago em
virtude da prestação de um serviço, de forma voluntária, decorrente de uma
relação contratual (relação de Direito Privado). Geralmente, os preços
públicos são também chamados de tarifa. É o caso das tarifas cobradas pelo
fornecimento de água e energia elétrica.
Há correntes doutrinárias usando de critérios diversos para diferenciar as
taxas de preços públicos. Alguns defendem que o elemento diferenciador
seria a natureza do serviço prestado, outros que o traço essencial seria a
compulsoriedade.
Em se tratando de prova de concurso, o critério a ser destacado é uma
combinação da natureza do serviço e do prestador do serviço. Se o serviço
é tipicamente estatal e prestado diretamente pelo Estado, a remuneração
ocorre por meio de taxa. Quando o serviço é prestado por concessionária,
temos o preço público. Seria o caso dos serviços de fornecimento de água,

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energia elétrica, etc. Esse entendimento foi muito bem ilustrado em decisão
proferida pelo TRF-1:
“A taxa corresponde a uma quantia que o Estado cobra, por um serviço
que presta de natureza administrativa, no exercício do poder de polícia,
em benefício da coletividade, de serviço que não pode ser delegado ao
particular, é atividade específica do Estado. Preço público é tipo de receita
originária, sem qualquer coação, e que tem por fonte de recurso o próprio
setor público...” (TRF1, 3ª T., MAS 93.01.10483-BA, juiz Tourinho Neto,
jun/95)

A ESAF, no concurso de APOF/SP em 2009, já se valeu desse entendimento e


considerou que o pedágio terá natureza tributária, da espécie taxa, apenas
quando explorado diretamente pelo ente tributante, pois, como visto, o
tributo é prestação cobrada mediante atividade administrativa plenamente
vinculada. Contudo, há uma importante decisão do STF proferida em 2014, a
qual veremos em detalhes em momento oportuno, que deu nova
interpretação ao entendimento.
O Supremo Tribunal Federal após reiteradas decisões, destacou a diferença
entre taxa e preço público na Súmula nº 545:
Súmula 545 do STF

Preços de serviços públicos e taxas não se confundem, porque estas,


diferentemente daqueles são compulsórias e têm sua cobrança condicionada
à prévia autorização orçamentária, em relação à lei que as instituiu.

Essa Súmula está superada, eis que sua parte final faz menção ao princípio
da anualidade (necessidade de prévia autorização orçamentária), que não foi
contemplado na Constituição Federal de 88.
Independente disso, o entendimento da sua parte inicial, ou seja, a diferença
fundamental entre taxa e preço público pelo critério da compulsoriedade
continua válido e até hoje tem sido objeto de prova de concurso.

TAXAS PREÇOS PÚBLICOS

Regime de Direito Público Regime de Direito Privado


Prestação compulsória Prestação voluntária
Serviço prestado pelo Estado Pode ser prestado por concessionárias
Receita derivada Receita originária
Natureza tributária Natureza contratual

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3.4. Contribuição de melhoria

A Constituição Federal permite à União, Estados, DF e Municípios instituírem


contribuição de melhoria decorrente de obra pública. A previsão
constitucional para por aí, não estabelecendo limites ou definições.
Esse papel foi cumprido pelo CTN. Com validade no disposto no art. 145, III,
da CF/88, o Código preceitua:
Art. 81. A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos Estados, pelo
Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas
atribuições, é instituída para fazer face ao custo de obras públicas de que
decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa
realizada e como limite individual o acréscimo de valor que da obra
resultar para cada imóvel beneficiado.

Devemos lembrar que uma obra pública visa não ao interesse particular dos
proprietários de imóveis, mas à satisfação de toda a sociedade. Sendo assim,
a princípio, deveria ser custeada pelo valor arrecadado com os impostos, ou
seja, toda a população suportaria o ônus daquela obra.
Contudo, havendo a valorização dos imóveis adjacentes a determinada obra,
não é justo que toda sociedade suporte seu custo, em benefício de poucos.
Da mesma forma, também é injusto cobrar a contribuição dos proprietários
se não houver realmente a valorização do imóvel.
Na esteira desse entendimento, depreende-se do texto legal que o fato
gerador da contribuição de melhoria é a valorização do imóvel,
decorrente de obra pública. Dessa forma, não basta o Estado promover a
obra próxima ao imóvel. Para fazer jus à cobrança da contribuição, há que
ocorrer a valorização do imóvel e que esta seja decorrente da obra.
Vejamos uma verdadeira lição sobre o tema em um julgado do STJ:
“1. A entidade tributante, ao exigir o pagamento de contribuição de
melhoria, tem de demonstrar o amparo das seguintes circunstâncias: a) a
exigência fiscal decorre de despesas decorrentes de obra pública
realizada; b) a obra pública provocou a valorização do imóvel; c) a base de
cálculo é a diferença entre dois momentos: o primeiro, o valor do imóvel
antes da obra ser iniciada; o segundo, o valor do imóvel após a conclusão
da obra. 2. É da natureza da contribuição de melhoria a valorização
imobiliária (Geraldo Ataliba). 3. Precedentes jurisprudenciais ... 4. A adoção
também da corrente doutrinária que, no trato da contribuição de
melhoria, adota o critério de mais valia para definir o seu fato gerador ou
hipótese de incidência...” (STJ, 1ª T., REsp 243.381/SP, Min. José Delgado,
mar/00)

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Imagine que o bairro que você reside seja bastante monótono, com
muitos terrenos a construir e que uma área grande que havia perto
da sua residência deu lugar a um belo shopping center, de modo
que o bairro se tornou bastante movimentado e os imóveis
valorizaram de forma absurda. Nesse caso, poderia ser instituída
uma contribuição de melhoria?
A resposta é negativa. Voltemos ao art. 81 do CTN e verifiquemos
que a contribuição só pode ser instituída para custear uma obra
pública, não podendo servir para arrecadar em face da valorização
resultante de obras privadas.

3.4.1. Princípio do não enriquecimento injusto (ou sem causa)


A contribuição de melhoria apresenta características de um tributo
contraprestacional, já que há uma ação estatal relativa ao contribuinte, qual
seja, a realização da obra. Exatamente por ser contraprestacional, o valor da
contribuição deve guardar relação com o custo da obra.
Nesse sentido, o próprio CTN estatui que o valor máximo individual é a
valorização que o imóvel teve decorrente da obra e o limite global (aquele
arrecadado da totalidade dos beneficiados) é a despesa realizada pelo ente
público.
Esses limites fundamentam a atribuição do princípio do não
enriquecimento injusto às contribuições de melhoria. Com base nesse
princípio, não seria justo que a totalidade da sociedade arcasse com os custos
da obra indiretamente, enquanto que apenas um pequeno grupo foi
beneficiado com a valorização imobiliária.
Por outro lado, ao estabelecer o limite máximo a ser cobrado, o CTN também
veda ao Estado o enriquecimento sem causa, já que não pode arrecadar mais
do que foi gasto na obra.
Havendo exigência individual da contribuição acima da valorização do imóvel
ou exigência global acima do custo total da obra, o Estado estaria
arrecadando um valor que excede a contraprestação estatal direcionada aos
contribuintes. Estaríamos, então, diante de um tributo que se assemelha aos
impostos. É a lição de Hugo de Brito Machado:

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“Se a título de contribuição de melhoria a União, o Estado ou o Município


cobra mais do que o incremento de valor dos imóveis, ou cobra mais do
que o custo da obra pública, na verdade, está cobrando imposto, e não
contribuição de melhoria. E, se cobra imposto que não se compreende na
sua competência tributária, fere a Constituição.” (MACHADO, Hugo de
Brito. Curso de Direito Tributário. 33ª edição, 2012, p. 452)

3.4.2. Requisitos para a cobrança

O Código Tributário também estabelece algumas exigências para que seja


possível a cobrança da contribuição de melhoria:
Art. 82. A lei relativa à contribuição de melhoria observará os seguintes
requisitos mínimos:
I - publicação prévia dos seguintes elementos:
a) memorial descritivo do projeto;
b) orçamento do custo da obra;
c) determinação da parcela do custo da obra a ser financiada pela
contribuição;
d) delimitação da zona beneficiada;
e) determinação do fator de absorção do benefício da valorização para
toda a zona ou para cada uma das áreas diferenciadas, nela contidas;
II - fixação de prazo não inferior a 30 (trinta) dias, para impugnação pelos
interessados, de qualquer dos elementos referidos no inciso anterior;
III - regulamentação do processo administrativo de instrução e julgamento
da impugnação a que se refere o inciso anterior, sem prejuízo da sua
apreciação judicial.
§1º A contribuição relativa a cada imóvel será determinada pelo rateio da
parcela do custo da obra a que se refere a alínea c, do inciso I, pelos
imóveis situados na zona beneficiada em função dos respectivos fatores
individuais de valorização.
§2º Por ocasião do respectivo lançamento, cada contribuinte deverá ser
notificado do montante da contribuição, da forma e dos prazos de seu
pagamento e dos elementos que integram o respectivo cálculo.

É raro ver essas exigências legais sendo cobradas em prova. Por isso, não há
necessidade de decorá-las nem estuda-las à exaustão.
Entretanto, elas servem de base para entendermos que há todo um
procedimento administrativo para que seja possível a cobrança. Podemos
verificar, com isso, que a cobrança da contribuição de melhoria é posterior à

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conclusão da obra. Afinal, a avaliação da valorização imobiliária somente será


possível quando a obra estiver concluída.
Como vimos na decisão do STJ, o valor da valorização de cada imóvel é obtido
pela diferença entre o valor do imóvel após a obra e valor do imóvel antes da
obra.
Essa avaliação final do valor de cada imóvel será efetuada pelo fisco, para
proceder ao lançamento da contribuição de melhoria. Obviamente, o ponto
de partida é um valor obtido por presunção. Nesse caso, se o proprietário
entender que houve equívoco no valor atribuído poderá contestá-lo.
No que diz respeito aos tipos de obra, há que se observar os ditames do
Decreto-Lei nº 195/67, que institui normas gerais sobre a instituição e
cobrança das contribuições de melhoria. Essa norma dispõe em seu art. 2º
uma série de atividades estatais que são consideradas obras públicas para
fins de incidência da contribuição. Vejamos esse rol de atividades apenas a
título ilustrativo:
Art. 2º Será devida a Contribuição de Melhoria, no caso de valorização de
imóveis de propriedade privada, em virtude de qualquer das seguintes
obras públicas:
I - abertura, alargamento, pavimentação, iluminação, arborização, esgotos
pluviais e outros melhoramentos de praças e vias públicas;
II - construção e ampliação de parques, campos de desportos, pontes,
túneis e viadutos;
III - construção ou ampliação de sistemas de trânsito rápido inclusive todas
as obras e edificações necessárias ao funcionamento do sistema;
IV - serviços e obras de abastecimento de água potável, esgotos,
instalações de redes elétricas, telefônicas, transportes e comunicações em
geral ou de suprimento de gás, funiculares, ascensores e instalações de
comodidade pública;
V - proteção contra secas, inundações, erosão, ressacas, e de saneamento
de drenagem em geral, diques, cais, desobstrução de barras, portos e
canais, retificação e regularização de cursos d’água e irrigação;
VI - construção de estradas de ferro e construção, pavimentação e
melhoramento de estradas de rodagem;
VII - construção de aeródromos e aeroportos e seus acessos;
VIII - aterros e realizações de embelezamento em geral, inclusive
desapropriações em desenvolvimento de plano de aspecto paisagístico.

Não obstante constar a pavimentação como uma das obras que ensejam a
cobrança da contribuição de melhoria, caso ocorra valorização imobiliária
dela decorrente, os tribunais superiores têm entendido que as obras de

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recapeamento quando já existe asfalto na localidade não implica valorização


imobiliária. Por conseguinte, não há que se falar em cobrança da contribuição
de melhoria, eis que se trata de mero serviço de manutenção.

Visto as características inerentes à contribuição de melhoria, agrupemos


esses elementos de forma esquematizada e em seguida passemos à
resolução de duas questões de concursos que ajudarão a fixar o
entendimento.

Princípio do não enriquecimento sem causa

VALORIZAÇÃO IMOBILIÁRIA DECORRENTE DE OBRA PÚBLICA


CONTRIBUIÇÃO
DE
MELHORIA
LIMITES DE COBRANÇA

INDIVIDUAL valorização de cada imóvel

GLOBAL custo total da obra

(FCC) Auditor Fiscal da Receita Estadual – SEFAZ/RJ 2014

O Estado do Rio de Janeiro decidiu realizar obras públicas para conter as


enchentes que assolavam um determinado município hipotético de seu
território. Essas obras consistiam em elevar as margens do rio que banhava
esse município e incluíam, em decorrência disso, a abertura de vias públicas
largas e modernas, recuperação da região degradada e, inclusive, a realização
de obras de paisagismo.
As obras públicas a serem realizadas foram orçadas em R$ 250.000,00, valor
esse a ser integralmente financiado por contribuição de melhoria.
Estudos efetuados demonstraram que a zona a ser beneficiada pelas obras
abrangeria cinco imóveis da região, sendo que a valorização média esperada
desses imóveis seria de 20%.
Com base nisso, o Estado promoveu o lançamento da contribuição de
melhoria, cobrando, de cada um dos cinco imóveis localizados na região
beneficiada, contribuição de melhoria equivalente a 20% do valor do imóvel,
resultando na seguinte situação:

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Contribuição de Melhoria Valorização efetiva, constatada


Imóvel Valia (R$)
Cobrada (R$) em razão da obra
I 100.000,00 20.000,00 não teve valorização alguma
II 200.000,00 40.000,00 passou a valer 225.000,00
III 300.000,00 60.000,00 passou a valer 345.000,00
IV 400.000,00 80.000,00 passou a valer 480.000,00
V 500.000,00 100.000,00 passou a valer 625.000,00

Considerando as informações acima, é correto afirmar:


a) Considerando que a valorização do imóvel V (R$ 125.000,00) é equivalente
a 46,29% da soma total das valorizações individuais de cada imóvel (R$
270.000,00), o Estado poderá aplicar esse índice de 46,29%, sobre o valor do
imóvel antes da sua valorização, para fins de cálculo do valor da contribuição
de melhoria por ele devida.
b) Todos os cinco imóveis deveriam pagar contribuição de melhoria, pois as
obras realizadas trouxeram vários tipos de benefícios à região, como, por
exemplo, o fim das enchentes e o embelezamento da área.
c) O Estado poderá cobrar contribuição de melhoria de todos os imóveis que
se valorizaram em decorrência da obra em questão, tendo como único valor
máximo limite, para essa cobrança, o montante equivalente à valorização que
cada imóvel sofreu em decorrência das obras realizadas.
d) Embora os imóveis valorizados em decorrência da obra em questão
tenham tido uma valorização média de 20%, o Estado poderá cobrar, de
todos eles, linearmente, contribuição de melhoria calculada com base na
aplicação do percentual de 18% sobre o valor do imóvel antes da realização
da obra.
e) Se o fator individual de valorização do imóvel II, apurado com base na
legislação própria, fosse igual a 0,074 (ou 7,4%), a contribuição de melhoria
relativa a esse imóvel poderia ser determinada e, posteriormente, lançada e
cobrada, mediante o rateio do custo total da obra por esse fator individual de
valorização.

Comentários
Alternativa A – Errada. O limite individual para a cobrança é o valor da
valorização do imóvel.
Alternativa B – Errada. O fato gerador da contribuição de melhoria é a
valorização do imóvel, decorrente de obra pública. Dessa forma, não basta o
Estado promover a obra. Para fazer jus à cobrança da contribuição, há que
ocorrer a valorização do imóvel e que esta seja decorrente da obra. O imóvel
I não teve valorização, por isso não deve incidir a contribuição de melhoria.

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Alternativa C – Errada. Além do limite individual, observado para cada


imóvel, o Estado não poderá cobrar mais do que o custo total da obra. Esse é
o limite global, fundamento no princípio do não enriquecimento injusto.
Alternativa D – Errada. Como vimos, a valorização de cada imóvel deve ser
observada individualmente para fins de cobrança. Aplicar um mesmo
percentual para todos os imóveis seria dizer que todos valorizaram da
mesma forma, o que não foi o caso da questão.
Alternativa E – Correta. A assertiva retrata o disposto no art. 82, §1º, do CTN,
segundo o qual a contribuição relativa a cada imóvel será determinada pelo
rateio da parcela do custo da obra, pelos imóveis situados na zona
beneficiada em função dos respectivos fatores individuais de valorização.
Gabarito: E

(FCC) Auditor Fiscal do Tesouro Municipal – Pref. São Paulo - 2012


A realização de obras públicas, que transformaram uma região
anteriormente pantanosa em um belo e aprazível parque, ocasionou a
valorização da maior parte dos imóveis localizados em suas proximidades, da
seguinte maneira:
− o imóvel "A", que valia R$ 4.000.000,00 antes das obras, teve fator de
absorção do benefício de valorização de 200%, passando a valer R$
12.000.000,00.
− o imóvel "B", que valia R$ 3.000.000,00 antes das obras, teve fator de
absorção do benefício da valorização de 100%, passando a valer R$
6.000.000,00.
− o imóvel "C", que valia R$ 2.000.000,00 antes das obras, teve fator de
absorção do benefício da valorização de 50%, passando a valer R$
3.000.000,00.
− o imóvel "D" não teve valorização alguma em decorrência das obras
realizadas.
Obs.: Todos os quatro imóveis têm a mesma área de terreno e o que
determinou a diferença nos fatores de absorção do benefício da valorização
foram elementos alheios à dimensão do terreno.
O custo total da obra foi orçado em R$ 6.000.000,00 e a referida contribuição
deverá custeá-la integralmente.

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AULA 01

Com base nessas informações e considerando que o município em questão


editou lei ordinária estabelecendo a cobrança de contribuição de melhoria
para fazer face ao custo dessa obra, é correto afirmar que
a) a municipalidade poderá exigir do proprietário do imóvel "C" contribuição
de melhoria no valor de R$ 500.000,00, mesmo que seu imóvel tenha sido
valorizado em R$ 1.000.000,00, desde que o limite total da exigência referente
ao custo da obra não ultrapasse R$ 6.000.000,00.
b) os proprietários dos imóveis "A", "B", "C" e "D" deverão pagar contribuição
de melhoria, pois estão na zona beneficiada.
c) os proprietários dos imóveis "A", "B" e "C" deverão pagar contribuição de
melhoria, desde que a fixação das bases de cálculo e dos fatos geradores
respectivos sejam estabelecidos por lei complementar.
d) os proprietários dos imóveis "A", "B" e "C", que tiveram seus imóveis
efetivamente valorizados com a obra, deverão ratear integralmente o valor
de custo da obra, com base na área do terreno de cada um deles, cabendo a
cada um o valor de R$ 2.000.000,00.
e) a municipalidade poderá exigir, cumulativamente, de todos os quatro
proprietários, contribuição de melhoria em valor igual ao da valorização de
seus respectivos imóveis, cabendo ao imóvel "A" pagar R$ 8.000.000,00, ao
imóvel "B" pagar R$ 3.000.000,00, ao imóvel "C" pagar R$ 1.000.000,00 e não
cabendo nada a "D", perfazendo um total de R$ 12.000.000,00.

Comentários
O CTN estatui que o valor máximo individual é a valorização decorrente da
obra e o limite global (aquele arrecadado da totalidade dos beneficiados) é a
despesa realizada pelo ente público.
Por conseguinte, o proprietário do imóvel D não deverá pagar a contribuição,
eis que não houve qualquer valorização decorrente da obra.
Para os imóveis A, B e C, haverá incidência da contribuição, desde que o valor
máximo para cada um deles não ultrapasse a respectiva valorização. Assim,
temos os limites máximos:
A – 6.000.000, pois apesar de ter valorizado 8.000.000, deve-se observar como
limite global o custo total da obra.
B – 3.000.000 este é o valor da sua valorização
C – 1.000.000 este é o valor da sua valorização

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AULA 01

Alternativa A – Correta. Se o valor máximo a ser exigido de C é de 1.000.000,


por óbvio poderia ser exigido um valor menor, caso a contribuição seja
instituída para custear parcialmente a obra.
Alternativa B – Errada. O proprietário do imóvel D não deve pagar a
contribuição.
Alternativa C – Errada. A Constituição Federal determina que lei
complementar de normas gerais defina as bases de cálculos e os fatos
geradores dos impostos discriminados na própria Constituição. Essa
disciplina não vale para a contribuição de melhoria. Não obstante, o Decreto-
Lei 195/67 cumpre o papel de normas gerais em matéria de contribuição de
melhoria.
Alternativa D – Errada. Como vimos, o valor máximo que o proprietário do
imóvel C deveria pagar seria de 1.000.000.
Alternativa E – Errada. O imóvel D não sofrerá a incidência da contribuição,
pois não ocorreu para ele o fato gerador. Além disso, para os demais, há que
se observar o limite global da obra, qual seja, 6.000.000.
Gabarito: A

Chegamos ao final da nossa abordagem teórica sobre conceito e classificação


dos tributos. Ainda falta estudarmos os detalhes dos empréstimos
compulsórios e das contribuições especiais.
Esses tributos serão estudados em nossa aula 03, juntamente com os
impostos de competência da União.

Passemos agora ao nosso tópico de doutrina e jurisprudência. Em seguida,


apresentaremos os temas para a prova discursiva e, por fim, teremos a nossa
bateria de questões, que serão apresentadas em forma de lista para você
resolvê-las como um teste. Após a conclusão, verifique seu rendimento pelo
gabarito e proceda à correção pelos comentários apresentados.

Antes, porém, teremos o RESUMO DA AULA, com os pontos mais


importantes para sua revisão.

Tudo pronto? Então, vamos lá!

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AULA 01

Principais pontos abordados na AULA 01

Receitas públicas
Apesar da grande participação dos tributos (e demais receitas derivadas) na
arrecadação dos entes federados, outras formas de ingresso, mais precisamente as
receitas originárias, ainda que em volume bem menor, também abastecem os cofres
públicos.

• Relações de Direito Privado


• Exploração do próprio patrimônio do Estado
RECEITAS ORIGINÁRIAS
• Isonomia entre as partes
• Ex.: rendimento de aplicações

• Relações de Direito Público


• Exploração do patrimônio particular
RECEITAS DERIVADAS • Poder de imperío do Estado
• Desigualdade entre as partes
• Ex.: tributos

Conceito de tributo
Para se enquadrar no conceito de tributo a prestação deve cumprir TODAS as
exigências do CTN em seu art. 3º, totalizando 6 características:

 pecuniária
 compulsória

TRIBUTO É  em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir


PRESTAÇÃO  que não constitui sanção de ato ilícito
 instituída em lei
 cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada

Do conceito legal de tributo, podemos extrair que tributo e multa não se


confundem. São dois institutos distintos.

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AULA 01

Classificação dos tributos


Quanto ao objetivo da instituição

FISCAL Tem por objetivo arrecadar, abastecer os cofres públicos. Ex.: ICMS

Visa regular algum setor econômico ou social, influenciando no


EXTRAFISCAL Ex.: II
comportamento do mercado.

O ente que detém a competência delega a outra entidade a capacidade


PARAFISCAL Ex.: CREA
para fiscalizar e cobrar, além de destinar os recursos arrecadados.
Quanto à atuação estatal
O fato gerador ocorre em função de alguma ação estatal relativa ao
VINCULADO Ex.: Taxas
contribuinte.

Surge devido a alguma ação do próprio contribuinte, independente de


NÃO VINCULADO Ex.: Impostos
qualquer ação do Estado.
Quanto aos aspectos pessoais do contribuinte
Os aspectos pessoais do contribuinte são levados em consideração na
PESSOAL Ex.: IR
tributação.

Incide sobre bens e não leva em consideração aspectos pessoais do


REAL Ex.: IPTU
contribuinte.
Quanto à pessoa que suporta o õnus da tributação
O contribuinte definido em lei é aquele que arca com o ônus da
DIRETO Ex.: IPVA
tributação.

O ônus é transferido para terceiro, que, apesar de não ser contribuinte,


INDIRETO Ex.: ICMS
acaba suportando a carga tributária.
Quanto ao destino legal do produto da arrecadação

ARRECADAÇÃO Os recursos arrecadados têm uma destinação específica e não podem Ex.: Emp.
VINCULADA ser utilizados livremente pelo ente tributante. Compulsórios

ARRECADAÇÃO O ente tributante é livre para aplicar os recursos arrecadados da forma


Ex.: Impostos
NÃO VINCULADA que melhor entender.

Espécies tributárias – CTN x CF/88 e STF

DIVISÃO DAS ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS SEGUNDO O CTN

TRIPARTIÇÃO OU TEORIA TRIPARTIDA

IMPOSTOS

TAXAS

CONTRIBUIÇÕES DE MELHORIA

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AULA 01

DIVISÃO DAS ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS SEGUNDO A CF/88

PENTAPARTIÇÃO OU TEORIA PENTAPARTIDA

IMPOSTOS
TAXAS
CONTRIBUIÇÕES DE MELHORIA
EMPRÉSTIMOS COMPULSÓRIOS
CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS (sociais, de intervenção, corporativas)

Na inteligência do CTN, pouco importa o nome, as formalidades ou o destino do


produto da arrecadação. O que vale para identificar a espécie tributária é o fato
gerador do tributo.
Por outro lado, a partir da pentapartição, o destino legal da arrecadação é
requisito constitucional para a validade das contribuições especiais e para os
empréstimos compulsórios.

Conceito de imposto
CTN - Art. 16. Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma
situação independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao
contribuinte.

Nos impostos o fato gerador é um FATO DO CONTRIBUINTE.

Princípio da capacidade contributiva


CF/88 – Art. 145, §1º Sempre que possível, os impostos terão caráter
pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do
contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para
conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos
individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as
atividades econômicas do contribuinte.

PROGRESSIVIDADE Mais aplicável aos impostos pessoais


CAPACIDADE
CONTRIBUTIVA
SELETIVIDADE Mais aplicável aos impostos reais

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AULA 01

Taxas
EXERCÍCIO REGULAR DO
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS
PODER DE POLÍCIA

ESPECÍFICOS E DIVISÍVEIS

UTILIZAÇÃO UTILIZAÇÃO
EFETIVA POTENCIAL

Quando o serviço for de


utilização compulsória e estiver
à disposição do contribuinte e
em pleno funcionamento.

Nas taxas o fato gerador é um FATO DO ESTADO. Tributo contraprestacional.

Taxa de serviço
Para o serviço ser específico, é necessário que exista um órgão responsável pela
sua prestação. O CTN fala em utilidade ou necessidade pública.
Nos termos do CTN, o serviço é divisível quando suscetível de utilização,
separadamente, por cada um dos usuários.

SERVIÇO DE UTILIZAÇÃO UTILIZAÇÃO EFETIVA


COMPULSÓRIA UTILIZAÇÃO POTENCIAL, bastando
que o serviço seja posto à disposição

DEMAIS SERVIÇOS apenas UTILIZAÇÃO EFETIVA

A utilização efetiva representa a situação em que o contribuinte utiliza de fato o


serviço, ou seja, faz uso da atividade estatal que enseja a cobrança da taxa.
Já a utilização potencial, representa a situação em que o contribuinte tem o serviço
posto à sua disposição, utilize efetivamente ou não. Entenderemos melhor por meio
de um exemplo.

• Serviços específicos E divisíveis


TAXAS DE
• Utilização efetiva OU potencial
SERVIÇO
• Serviços prestados ou postos à disposição

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AULA 01

Taxa de polícia
CTN - Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração
pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade,
regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público
concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina
da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas
dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à
tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos
individuais ou coletivos.
Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de polícia
quando desempenhado pelo órgão competente nos limites da lei
aplicável, com observância do processo legal e, tratando-se de atividade
que a lei tenha como discricionária, sem abuso ou desvio de poder.

Base de cálculo das taxas


CF/88 – Art. 145, §2º. As taxas não poderão ter base de cálculo
própria de impostos.

Súmula Vinculante 29 do STF


É constitucional a adoção, no cálculo do valor da taxa, de um ou mais
elementos da base de cálculo própria de determinado imposto, desde que
não haja integral identidade entre uma base e outra.

Taxa x preço público

TAXAS PREÇOS PÚBLICOS

Regime de Direito Público Regime de Direito Privado


Prestação compulsória Prestação voluntária
Serviço prestado pelo Estado Pode ser prestado por concessionárias
Receita derivada Receita originária
Natureza tributária Natureza contratual

Contribuição de melhoria
Princípio do não enriquecimento sem causa

VALORIZAÇÃO IMOBILIÁRIA DECORRENTE DE OBRA PÚBLICA


CONTRIBUIÇÃO
DE
MELHORIA
LIMITES DE COBRANÇA

INDIVIDUAL valorização de cada imóvel

GLOBAL custo total da obra

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AULA 01

DOUTRINA E JUSRISPRUDÊNCIA

Impostos x contribuições e empréstimos compulsórios


A doutrina dominante defende que o elemento diferenciador dessas espécies
se revela na afetação a uma finalidade específica.
“A definição do art. 16 do CTN não é suficiente para distinguir os impostos
das contribuições e dos empréstimos compulsórios. Quando houver a
afetação legal do tributo a uma finalidade, acrescida ou não de promessa
de restituição, ainda que o fato gerador seja do tipo não vinculado,
estaremos diante de uma contribuição especial ou de um empréstimo
compulsório (caso haja promessa de restituição), e não de um imposto
que, por determinação constitucional, não pode estar afetado a nenhuma
finalidade específica. O fato gerador não vinculado afasta os impostos das
taxas e contribuições de melhoria, mas a não afetação é que os aparta das
contribuições e dos empréstimos compulsórios.” (PAULSEN, Leandro.
Direito Tributário: Constituição e Código Tributário à luz da doutrina e da
jurisprudência. 17ª ed. Livraria do Advogado, 2015, p. 21)

Extrafiscalidade x capacidade contributiva x não confisco


Estudaremos na próxima aula os princípios constitucionais tributários, entre
eles o não confisco. Em regra, o princípio reza que a tributação não pode ter
efeito confiscatório, vale dizer, invadir as finanças ou o patrimônio do
contribuinte de modo que o impeça de exercer suas atividades, manter seu
patrimônio ou, ainda, manter o mínimo vital para a sua existência.
A doutrina tem entendido que a aplicação da extrafiscalidade deve encontrar
limites na capacidade contributiva do contribuinte, de modo a evitar o efeito
confiscatório.
“E a extrafiscalidade deve conciliar-se com o princípio da capacidade
contributiva, pois só se justificarão juridicamente se revelarem a real
existência ou a movimentação de riqueza (já que a tributação extrafiscal
face a bens ou fatos economicamente irrelevantes não produziria
qualquer efeito prático), pois, como ensinou Rui Barbosa Nogueira ‘se o
imposto é captação de riqueza, só é possível levantar impostos das
expressões de valor, dentro de limites técnico-econômicos e mesmo
psicológicos’, servindo de instrumento de efetivação da progressividade
do sistema tributário e ensejando a realização do princípio da capacidade
contributiva, como fizemos alusão em outro trabalho. A possibilidade de
conciliar capacidade contributiva e extrafiscalidade, especialmente com a
extrafiscalidade ambiental é equivocadamente negada por alguns.
(DOMINGUES, José Marcos. A propósito do conceito de tributo. RDDT
228/110, set/2014, p. 120)

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AULA 01

“Tendo em vista que a capacidade contributiva é... parâmetro para se


aferir se o tributo possui, ou não, efeitos de confisco, pode-se concluir,
com base nas premissas adotadas neste breve estudo, que, ao se negar,
na tributação extrafiscal o respeito àquele princípio, nega-se, também, o
respeito ao seu limite máximo, que é o não confisco tributário. [...] ... não
parece adequado, com o máximo respeito, afirmar, à luz da Constituição,
que a extrafiscalidade seja uma finalidade capaz de mitigar direitos e
garantias fundamentais do contribuinte. Tributo extrafiscal é, como o
próprio nome revela, tributo, razão pela qual deve, assim como a exação
preponderantemente fiscal, respeito aos princípios constitucionais que
norteiam a tributação. (BARRENI, Smith. Extrafiscalidade e o Princípio da
Proibição aos Efeitos de confisco no Direito Tributário. In:
GRUPENMACHER, Betina Treiger (coord.). Tributação: Democracia e
Liberdade. São Paulo: Noeses, 2014, p. 437/438)

A capacidade contributiva deve ser real e não aparente


A capacidade contributiva deve ser aferida efetivamente, a fim de se evitar a
aplicação do princípio com base em presunções.
“O contribuinte tem de ser, necessariamente, uma pessoa de cuja hipótese
de incidência se infira que tenha capacidade para contribuir. Ou seja, a
grandeza prevista na norma tributária que institui o imposto tem de dizer
respeito ao contribuinte, revelar sua riqueza: titularidade de renda, de
patrimônio, etc. tal não pode ser apenas aparente, mas real.
Para que haja tributação, deve estar presente a capacidade contributiva
pressuposta pela hipótese de incidência. Se é possível demonstrar que ela
não se confirma, não há como manter a tributação. (PAULSEN, Leandro.
Direito Tributário: Constituição e Código Tributário à luz da doutrina e da
jurisprudência. 17ª ed. Livraria do Advogado, 2015, p. 49)

“A capacidade contributiva é garantia constitucional de não ser tributado


além da possibilidade econômica. O domínio das presunções, em face do
princípio da capacidade contributiva, é vedado ao legislador
simplesmente transportar conceitos de outras ordens sem levar em conta
seus sentidos e mecanismos de base, do sistema a que pertencem,
assumindo-os no direito de forma deturpada. Incidindo tributo em
situação fora do campo da materialidade escolhida como signo de riqueza,
a lei, em verdade, institui não uma presunção de direito, mas uma ficção
jurídica, tributando aquilo que não é desde sempre e que nunca poderia
ser.” (HARET, Florence. Teoria e Prática das Presunções no Direito
Tributário. Noeses: 2010, p. 832)

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AULA 01

Inovação quanto à aplicação da progressividade a imposto real


Não obstante a doutrina dominante apontar para a impossibilidade de
aplicação da progressividade aos impostos reais, salvo as exceções previstas
expressamente na Constituição Federal, o STF tem entendido em decisões
recentes que a aplicação da progressividade revela a observância do princípio
da capacidade contributiva e pode ser realizada em qualquer imposto, seja
ele real ou pessoal.
“(...) todos os impostos podem e devem guardar relação com a capacidade
contributiva do sujeito passivo e não ser impossível aferir-se a capacidade
contributiva do sujeito passivo do ITCD. Ao contrário, tratando-se de
imposto direto, a sua incidência poderá expressar, em diversas
circunstâncias, progressividade ou regressividade direta. Todos os
impostos, repito, estão sujeitos ao princípio da capacidade contributiva,
especialmente os diretos, independentemente de sua classificação como
de caráter real ou pessoal; isso é completamente irrelevante. Daí por que
dou provimento ao recurso, para declarar constitucional o disposto no art.
18 da Lei 8.821/1989 do Estado do Rio Grande do Sul.” (RE 562.045, rel. p/
o ac. Min. Cármen Lúcia, voto do Min. Eros Grau, julgamento em 6-2-2013,
Plenário, com repercussão geral.) No mesmo sentido: RE 542.485, rel. min.
Marco Aurélio, julgamento em 19-2-2013, Primeira Turma.

“IPVA. Progressividade. Todos os tributos submetem-se ao princípio da


capacidade contributiva (precedentes), ao menos em relação a um de seus
três aspectos (objetivo, subjetivo e proporcional), independentemente de
classificação extraída de critérios puramente econômicos.” (RE 406.955-
AgR, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento em 4-10-2011, Segunda
Turma, DJE de 21-10-2011.)

Inconstitucionalidade da cobrança de taxa pela emissão de guia de


recolhimento
Em decisão proferida em agosto de 2014 o STF reconheceu a
inconstitucionalidade da cobrança de taxas pela emissão de guias para
cobrança do tributo. No entendimento da Corte Suprema, não faz sentido o
Estado cobrar taxa para emitir outro documento de cobrança. O contribuinte,
nesse caso, se vê forçado a pagar uma taxa para poder pagar outro tributo.
“Taxa de expediente. (...) Inconstitucionalidade. A emissão de guia de
recolhimento de tributos é de interesse exclusivo da administração, sendo
mero instrumento de arrecadação, não envolvendo a prestação de um
serviço público ao contribuinte. Possui repercussão geral a questão
constitucional suscitada no apelo extremo. Ratifica-se, no caso, a
jurisprudência da Corte consolidada no sentido de ser inconstitucional a
instituição e a cobrança de taxas por emissão ou remessa de carnês/guias
de recolhimento de tributos.” (RE 789.218-RG, rel. Min. Dias Toffoli,
julgamento em 17-4-2014, Plenário, DJE de 1º-8-2014, com repercussão
geral.)

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AULA 01

Dever do Estado. Inadmissibilidade de taxa de serviço


É inadmissível a cobrança de taxa para serviços que são dever do Estado e,
portanto, prestados gratuitamente, tais como saúde, educação e segurança.

DIREITO CONSTITUCIONAL E TRIBUTÁRIO. AGRAVOS REGIMENTAIS EM


RECURSO EXTRAORDINÁRIO. TAXA DE SEGURANÇA PÚBLICA. ADI
ESTADUAL. LEI ESTADUAL 6.763/75, MODIFICADA PELA LEI ESTADUAL
12.425/96. POLÍCIA OSTENSIVA. EVENTOS. REUNIÃO OU AGLOMERAÇÃO
DE PESSOAS. INCONSTITUCIONALIDADE. ADIs 1.942-MC/PA E 2.424/CE. 1.
Impossibilidade de cobrança de taxa de segurança pública de eventos
abertos ao público, ainda que tal serviço seja solicitado por particular para
a sua segurança ou para a de terceiros. Visto que incumbe ao Estado
prestá-la a toda a população, essa atividade somente pode ser sustentada
por imposto. Precedentes. 2. Agravos regimentais a que se nega
provimento. (STF, 2ª T., RE 269374 AgR, Min. Ellen Gracie, ago/11)

Súmula Vinculante 12 do STF


A cobrança de taxa de matrícula nas universidades públicas viola o
disposto no art. 206, IV, da Constituição Federal.

Taxa de licença cobrada em função da quantidade de empregados


O STF entende que a quantidade de empregados não é elemento razoável
para a aferir o custo do serviço prestado para fins de cobrança de taxa.
“Taxa de Licença para Localização, Funcionamento e Instalação. Base de
cálculo. Número de empregados. Dado insuficiente para aferir o efetivo
poder de polícia. Art. 6º da Lei 9.670/1983. Inconstitucionalidade.
Jurisprudência pacífica da Corte. A taxa é um tributo contraprestacional
(vinculado) usado na remuneração de uma atividade específica, seja
serviço ou exercício do poder de polícia e, por isso, não se atém a signos
presuntivos de riqueza. As taxas comprometem-se tão somente com o
custo do serviço específico e divisível que as motiva, ou com a atividade de
polícia desenvolvida. A base de cálculo proposta no art. 6º da Lei
9.670/1983 atinente à taxa de polícia se desvincula do maior ou menor
trabalho ou atividade que o poder público se vê obrigado a desempenhar
em decorrência da força econômica do contribuinte. O que se leva em
conta, pois, não é a efetiva atividade do poder público, mas, simplesmente,
um dado objetivo, meramente estimativo ou presuntivo de um ônus à
administração pública. No tocante à base de cálculo questionada nos
autos, é de se notar que, no RE 88.327/SP, rel. min. Décio Miranda (DJ de
28-9-1979), o Tribunal Pleno já havia assentado a ilegitimidade de taxas
cobradas em razão do número de empregados. Essa jurisprudência vem
sendo mantida de forma mansa e pacífica.” (RE 554.951, rel. min. Dias
Toffoli, julgamento em 15-10-2013, Primeira Turma, DJE de 19-11-2013.)

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Natureza tributária das custas judiciais e dos emolumentos


As custas judiciais e os emolumentos cobrados pelos cartórios são tributos
classificados na espécie taxa, entendimento que foi pacificado pelo STF.
“A jurisprudência do STF firmou orientação no sentido de que as custas
judiciais e os emolumentos concernentes aos serviços notariais e registrais
possuem natureza tributária, qualificando-se como taxas remuneratórias
de serviços públicos, sujeitando-se, em consequência, quer no que
concerne à sua instituição e majoração, quer no que se refere à sua
exigibilidade, ao regime jurídico-constitucional pertinente a essa especial
modalidade de tributo vinculado, notadamente aos princípios
fundamentais que proclamam, dentre outras, as garantias essenciais (a)
da reserva de competência impositiva, (b) da legalidade, (c) da isonomia e
(d) da anterioridade.” (ADI 1.378-MC, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento
em 30-11-1995, Plenário, DJ de 30-5-1997.) No mesmo sentido: ADI 3.260,
Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 29-3-2007, Plenário, DJ de 29-6-2007.
Vide: ADI 1.926-MC, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgamento em 19-4-
1999, Plenário, DJ de 10-9-1999.

Destinação do produto da arrecadação com as taxas


As taxas são tributos vinculados, eis que seu fato gerador demanda uma
atuação estatal. Porém, em regra, são tributos de arrecadação não vinculada,
ou seja, não há obrigação de o Estado aplicar os valores arrecadados na
manutenção do serviço. Por outro lado, é razoável e bastante comum que, na
prática, essa seja a destinação do produto da arrecadação.
Nessa linha, o STF entende que não há inconstitucionalidade na lei que
vincula o destino da arrecadação das taxas.
“Lei Estadual 12.986/1996. Violação do art. 167, IV, da CF. Não ocorrência.
Preceito de lei estadual que destina 5% [cinco por cento] dos
emolumentos cobrados pelas serventias extrajudiciais e não oficializadas
ao Fundo Estadual de Reaparelhamento e Modernização do Poder
Judiciário – FUNDESP não ofende o disposto no art. 167, IV, da CF.
Precedentes. A norma constitucional veda a vinculação da receita dos
impostos, não existindo, na Constituição, preceito análogo pertinente às
taxas.” (RE 570.513-AgR, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 16-12-2008,
Segunda Turma, DJE de 27-2-2009.)

"Taxa em razão do poder de polícia: a Lei mato-grossense 8.033/2003


instituiu taxa em razão do exercício do poder de polícia. Poder que assiste
aos órgãos diretivos do Judiciário, notadamente no plano da vigilância,
orientação e correição da atividade em causa, a teor do § 1º do art. 236 da
Carta-cidadã. É constitucional a destinação do produto da arrecadação da
taxa de fiscalização da atividade notarial e de registro a órgão público e ao
próprio Poder Judiciário". (ADI 3.151, Rel. Min. Ayres Britto, julgamento em
8-6-2005, Plenário, DJ de 28-4-2006.)

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AULA 01

Taxa de prevenção de incêndio


A cobrança de taxa relacionada aos serviços prestados pelos corpos de
bombeiros teria como possíveis fatos geradores a fiscalização de
estabelecimentos para emissão de alvará ou a atividade prestação de
incêndios. Essa última enseja críticas severas em função da dificuldade de
divisibilidade do serviço, assim como ocorre para a segurança pública.
Porém, um caso que se tornou clássico foi a discussão da constitucionalidade
da taxa de bombeiros cobrada pelo Estado de Pernambuco. O STF
reconheceu sua constitucionalidade, inclusive em Súmula. Tanto o STF como
o STJ têm entendido pela admissibilidade.
CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. TAXA DE INCÊNDIO.
CONSTITUCIONALIDADE. AGRAVO IMPROVIDO. I - É legítima a cobrança da
Taxa cobrada em razão da prevenção de incêndios, porquanto instituída
como contraprestação a serviço essencial, específico e divisível.
Precedentes. (SRF, 1ª T., AI 677891 AgR, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI,
Mar/09)

TAXA DE UTILIZAÇÃO POTENCIAL DO SERVIÇO DE EXTINÇÃO DE INCÊNDIO.


LEI N. 6.763/75. 1. É legítima a taxa de segurança pública instituída pela Lei
mineira n. 6.763/75, com a redação que lhe foi conferida pela Lei n.
14.938/03, devida pela utilização potencial do serviço de extinção de
incêndio. Precedente.

Súmula 549 STF


A taxa de bombeiros do Estado de Pernambuco é constitucional, revogada
a Súmula 274/STF.

FUNDAF – Natureza jurídica de taxa


TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PARA O FUNDAF. NATUREZA
JURÍDICA. TAXA. Os valores cobrados a título de contribuição para o Fundo
Especial de Desenvolvimento e Aperfeiçoamento das Atividades de
Fiscalização - FUNDAF têm natureza jurídica de taxa, tendo em vista que o
seu pagamento é compulsório e decorre do exercício regular de típico
poder de polícia. (STJ, 1ª T., AgRg no REsp 1286451/SC, Rel. Ministro ARI
PARGENDLER, out/2013)

Terreno de Marinha. Taxa de ocupação


DIREITO ADMINISTRATIVO TERRENO DE MARINHA TAXA DE OCUPAÇAO
REGIME DE DIREITO ... 1. Os terrenos de marinha são bens dominicais da
União, os quais, no passado, desde o tempo da realeza, destinavam-se à
defesa do território nacional ao permitir a livre movimentação de tropas
militares pela costa marítima. 2. Permite-se a ocupação dos terrenos de
marinha por particulares, mediante o pagamento de taxa de ocupação. 3.
A taxa de ocupação é o preço pago à Fazenda Pública pela utilização de

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bem que lhe pertence. Não possui natureza tributária (Lei n. 4.320/1964,
art. 39, 2º). (STJ, 2ª T., REsp 1145801/SC, Rel. Min. HUMBERTO MARTINS,
ago/2010)

Possibilidade de progressividade na contribuição de iluminação pública


A contribuição para o custeio do serviço de iluminação pública (COSIP), que
será estudada em maiores detalhes no capítulo 6, tem permissão
constitucional para que sua cobrança seja realizada juntamente com a conta
de energia elétrica.
Muitas vezes os municípios se valem do consumo de energia elétrica como
parâmetro para cobrar a COSIP de forma progressiva. Em reiteradas
decisões, o STF tem defendido esse tipo de cobrança.
"Lei que restringe os contribuintes da Cosip aos consumidores de energia
elétrica do município não ofende o princípio da isonomia, ante a
impossibilidade de se identificar e tributar todos os beneficiários do
serviço de iluminação pública. A progressividade da alíquota, que resulta
do rateio do custo da iluminação pública entre os consumidores de
energia elétrica, não afronta o princípio da capacidade contributiva.
Tributo de caráter sui generis, que não se confunde com um imposto,
porque sua receita se destina a finalidade específica, nem com uma taxa,
por não exigir a contraprestação individualizada de um serviço ao
contribuinte. Exação que, ademais, se amolda aos princípios da
razoabilidade e da proporcionalidade." (RE 573.675, Rel. Min. Ricardo
Lewandowski, julgamento em 25-3-2009, Plenário, DJE de 22-5-2009, com
repercussão geral.) No mesmo sentido: AC 3.087-MC-QO, Rel. Min. Ayres
Britto, julgamento em 27-3-2012, Segunda Turma, DJE de 21-6-2012; RE
642.938-AgR, Rel. Min. Luiz Fux, julgamento em 29-5-2012, Primeira Turma,
DJE de 21-6-2012; RE 635.001, Rel. Min. Joaquim Barbosa, decisão
monocrática, julgamento em 23-3-2012, DJE de 3-4-2012.

ICMS não incide sobre água canalizada


TRIBUTÁRIO. ICMS. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. ÁGUA CANALIZADA.
NÃOINCIDÊNCIA. PRECEDENTES. ART. 557 DO CPC. JURISPRUDÊNCIA
DOMINANTE.TEMA SOB ANÁLISE DO STF. SOBRESTAMENTO DO FEITO.
DESNECESSIDADE. 1. A melhor jurisprudência desta Corte Especial
entende que a água fornecida à população, após ser tratada pelas
empresas concessionárias, permissionárias ou autorizadas, não
caracteriza mercadoria, razão pela qual é insuscetível de cobrança de
ICMS. 2. O art. 557 do Código de Processo Civil possibilita que, por decisão
monocrática, o relator deixe de admitir recurso, entre outras hipóteses
quando manifestamente improcedente ou contrário a Súmula ou
entendimento dominante na jurisprudência daquele Tribunal, ou de
Cortes Superiores, rendendo homenagem à economia e celeridade
processuais. 3. Nem mesmo o reconhecimento da repercussão geral pela
Suprema Corte enseja o sobrestamento do julgamento dos recursos
especiais que tramitam nesta Corte Superior de Justiça. (STJ, 2ª T., AgRg no
AREsp 124091/RJ, Rel. Min. HUMBERTO MARTINS, abr/2013)

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TEMAS PARA A PROVA DISCURSIVA

Tema 01
O art. 4º do CTN define que a natureza jurídica específica do tributo é
determinada pelo fato gerador da respectiva obrigação, sendo irrelevantes
para qualifica-la a denominação e demais características formais adotadas
pela lei, bem como a destinação legal do destino da arrecadação.
Com o advento da Constituição Federal de 1988, muito se discutiu acerca da
recepção desse dispositivo legal.
Partindo dessas informações, discorra sobre aplicabilidade do art. 4º do CTN
a partir da nova ordem constitucional e de acordo com o entendimento
dominante.

Desenvolvimento: 20 a 40 linhas

Tema 02
Discorra sobre a disciplina constitucional destinada às taxas, abordando
necessariamente:
- os fatos geradores
- a competência para instituição
- a determinação referente à base de cálculo e o entendimento sumulado
pelo STF relativo a esse dispositivo

Desenvolvimento: 20 a 40 linhas

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AULA 01

PROPOSTA DE SOLUÇÃO DOS TEMAS

TEMA 01

Segundo a disciplina do Código Tributário Nacional (CTN), apenas o


fato gerador da obrigação tributária é elemento capaz de determinar a
natureza jurídica do tributo. Nesse sentido, ao definir que os aspectos
formais não são relevantes, guarda estreita relação com o princípio da
prevalência da essência sobre a forma.
Ocorre que o CTN foi editado sob a vigência de Constituição anterior e
prevê apenas três espécies tributárias: impostos, taxas e contribuições de
melhoria. É o que a doutrina chama de tripartição das espécies tributárias.
Tais espécies tributárias têm fatos geradores bastante característicos,
o que, por si só, já constitui elemento suficiente para diferenciá-las umas das
outras. Por isso, as definições do Código acerca da determinação da natureza
jurídica são plenamente aplicáveis para diferenciar impostos, taxas e
contribuições de melhoria.
Há que observar, entretanto, que com o advento da Constituição
Federal de 1988, novas espécies tributárias foram criadas, a saber: as
contribuições especiais e o empréstimo compulsório, cuja competência para
instituição é exclusiva da União. Essas espécies de tributo, contudo, não têm
fatos geradores característicos, apresentando, na maioria dos casos, fatos
próprios de impostos.
Ademais, as contribuições especiais e os empréstimos compulsórios
são criados para atender a um fim específico, de modo que o destino legal do
produto da arrecadação constitui elemento peculiar, que acaba por definir a
espécie tributária, como ocorre com a contribuição previdenciária patronal.
Nessa linha, defende a doutrina dominante que as disposições do CTN
são ineficazes para determinar a natureza jurídica do tributo, vale dizer, para
determinar a espécie tributária quando estivermos diante de contribuições
especiais e empréstimo compulsório.
Com efeito, a análise do destino legal da arrecadação passa a ser
elemento fundamental para identificar as novas espécies tributárias,
permanecendo as disposições do CTN válidas apenas quando se tratar das
três espécies nele previstas.

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TEMA 02

Estabelece a Constituição Federal que as taxas podem ser instituídas


em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou
potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados aos
contribuintes ou postos à sua disposição.
Verifica-se que a taxa figura como um tributo contraprestacional, eis
que para ser exigida depende de uma atividade estatal específica relativa ao
contribuinte. Do próprio texto constitucional é possível destacar os possíveis
fatos geradores da taxa: a utilização efetiva ou potencial de serviços públicos
específicos e divisíveis e o exercício do poder de polícia. Logo, o fato gerador
das taxas é um fato do Estado, e não do contribuinte.
A competência tributária, ou seja, a capacidade para instituir tributos
apenas pode ser definida na Constituição Federal, que cumpre esse papel em
relação às taxas ao estabelecer que são competentes para instituí-las a União,
os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. Nesse sentido, verifica-se que
a taxa é tributos da competência comum de todos os entes tributantes, desde
que executado o serviço ou efetuada a atividade de polícia.
No que diz respeito à base de cálculo, faz-se necessário que esta
guarde estreita relação com o fato gerador do tributo. Nesse sentido,
determina a Constituição Federal que as taxas não podem ter base de cálculo
própria de impostos. Isso significa que os elementos que servem de base
para a apuração dos impostos, vale dizer, aqueles que denotam manifestação
de riqueza, não podem servir como base de cálculo para as taxas. Para estas,
a base de cálculo deve ser elemento relacionado à atividade estatal voltada
para o contribuinte.
Entretanto, o Supremo Tribunal Federal conferiu nova interpretação ao
dispositivo constitucional, o que resultou na edição da Súmula Vinculante nº
29.
Interpretou a Corte Suprema que a vedação constitucional é no sentido
de que não haja total identidade entre as bases de cálculo das taxas com
algum dos impostos já existentes, sendo permitido adotar apenas alguns dos
elementos usados na base dos impostos.

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QUESTÕES PROPOSTAS

Questão 01 – Analista Técnico da Previdência Social - MPOG - 2012


Quanto ao conceito de tributo pode-se afirmar, exceto:
a) a cobrança do tributo é atividade plenamente vinculada, não deixando
margem à discricionariedade do agente público.
b) tributo é prestação pecuniária em moeda ou cujo valor nela se possa
exprimir.
c) o tributo é prestação que não pode se constituir em sanção de ato ilícito.
d) o tributo só pode ser criado por lei, mas existem exceções como os
impostos de importação e o imposto sobre produtos industrializados, que
podem ser criados por decreto.
e) o dever de pagar o tributo é imposto pela lei, independentemente da
vontade das partes envolvidas.

Questão 02 - Agente de Fazenda – Pref. Rio de Janeiro - 2010


O conceito de tributo, nos termos do Código Tributário Nacional, traz as
seguintes conclusões, exceto:
a) o poder de tributar é prerrogativa do Poder Público, que o faz para custear
suas ações no interesse da sociedade.
b) não constituindo sanção por ato ilícito, pouco importa para a legislação do
imposto sobre a circulação de mercadorias e serviços, por exemplo, a origem
lícita ou ilícita de determinadas mercadorias, desde que reste configurada a
hipótese de incidência do referido tributo, qual seja, a circulação dessas
mercadorias, para que possa ele ser exigido.
c) nem toda prestação pecuniária prevista em lei constitui tributo, mas
somente aquelas que reúnam o conjunto dos requisitos previstos na
definição de tributo, consoante o Código Tributário Nacional.
d) o Estado exige os tributos compulsoriamente das pessoas, portanto, a
obrigação de pagar tributos não decorre da vontade do contribuinte, sendo
esta, aliás, irrelevante nessa matéria.
e) embora sendo uma obrigação de direito público, absolutamente
indisponível por parte da administração, admite-se, desde que haja a
respectiva previsão legal, a delegação dessa obrigação a outras pessoas
jurídicas, como empresas públicas e sociedades de economia mista.

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Questão 03 – Analista de Planejamento e Orçamento – MPOG - 2001


É sabido que, de acordo com o art. 3º do Código Tributário Nacional, tributo
é toda prestação pecuniária, compulsória, em moeda ou cujo valor nela se
possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e
cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.
Consoante tal entendimento, é errado afirmar-se que:
a) as multas pelo descumprimento da obrigação tributária não são tributos,
mas consideradas pelo CTN como obrigação tributária, ao lado do tributo,
para que se submetam ao mesmo regime de constituição, discussão
administrativa, inscrição em dívida ativa e execução dos tributos.
b) o poder de tributar é prerrogativa do Poder Público, que o faz para custear
suas ações no interesse da sociedade. A fiscalização tributária implica
exercício do poder de polícia, e somente mediante atividade administrativa
pode ser exigido o pagamento de tributo.
c) ocorrido o fato gerador da obrigação tributária, a autoridade administrativa
tem o dever de exigir o cumprimento da obrigação por parte do contribuinte,
havendo, no entanto, alguma margem de discricionariedade nesta atividade.
d) a aquisição de renda e a promoção da circulação de mercadorias com o
produto de renda advinda do jogo do bicho, por exemplo, apesar de fatos
ilícitos, são passíveis de tributação.
e) nem toda prestação pecuniária prevista em lei constitui tributo, mas sim
toda prestação pecuniária que reúna o conjunto dos requisitos constantes do
art. 3º do CTN, como, por exemplo, o caráter obrigatório.

Questão 04 - Analista de Comércio Exterior - MDIC - 2012


Segundo a definição de tributo presente no Código Tributário Nacional, uma
de suas características é a de não constituir sanção por ato ilícito. Assim
sendo, julgue como Falso (F) ou Verdadeiro (V) os itens a seguir e assinale a
opção correta.
I. Ainda no caso de furto de sinal por "clonagem", o ICMS − Imposto sobre
Circulação de Mercadorias e Serviços − é devido sobre o serviço de telefonia
móvel onerosamente contratado de operadora por usuário.
II. A renda obtida com o tráfico de drogas deve ser tributada, já que o que se
tributa é o aumento patrimonial, e não o próprio tráfico.
III. No caso de importação ilícita, reconhecida a ilicitude e aplicada a pena de
perdimento, não poderá ser cobrado o imposto de importação, já que
"importar mercadorias" é elemento essencial do tipo tributário.

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IV. As vendas inadimplidas equivalem às vendas canceladas para fins de


incidência tributária, eis que no sistema tributário nacional, embora tenha
consagrado o regime de competência como a regra geral de apuração dos
resultados, o inadimplemento constitui hipótese de cancelamento de venda,
e não tendo ingressado a receita de venda, não há que se falar em tributação.
a) F, V, V, F
b) V, V, V, F
c) F, V, V, V
d) V, F, V, F
e) V, V, F, F

Questão 05 - Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil - 2014


Sobre a extrafiscalidade, julgue os itens a seguir, classificando-os como certos
ou errados. Em seguida, assinale a opção correta.
I. Na medida em que se pode, através do manejo das alíquotas do imposto
de importação, onerar mais ou menos o ingresso de mercadorias
estrangeiras no território nacional, até o ponto de inviabilizar
economicamente determinadas operações, revela-se o potencial de tal
instrumento tributário na condução e no controle do comércio exterior.
II. Por meio da tributação extrafiscal, não pode o Estado intervir sobre o
domínio econômico, manipulando ou orientando o comportamento dos
destinatários da norma a fim de que adotem condutas condizentes com os
objetivos estatais.
III. A extrafiscalidade em sentido próprio engloba as normas jurídico-fiscais
de tributação (impostos e agravamento de impostos) e de não tributação
(benefícios fiscais).
IV. Não existe, porém, entidade tributária que se possa dizer pura, no sentido
de realizar tão somente a fiscalidade ou a extrafiscalidade. Os dois objetivos
convivem, harmônicos, na mesma figura impositiva, sendo apenas lícito
verificar que, por vezes, um predomina sobre o outro.
a) Apenas I, II e IV estão corretas.
b) Apenas I e IV estão corretas.
c) Apenas II e IV estão corretas.
d) Apenas I, III e IV estão corretas.
e) Todas as alternativas estão corretas

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Questão 06 – Auditor do Tesouro Municipal – Pref. Natal - 2008


Sobre o conceito de tributo e sua natureza jurídica, assinale a única opção
correta.
a) A Lei Complementar n. 104/2001, ao permitir a dação em pagamento de
bens imóveis, como forma de extinção do crédito tributário, promoveu a
derrogação do art. 3º do CTN, que confere ao tributo uma prestação
pecuniária em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir.
b) Tributo é toda prestação pecuniária compulsória instituída em lei. Todavia,
não há restrição para que o Município majore alíquotas de tributos, sob sua
competência, por meio de decreto.
c) Tendo em vista que o tributo não pode constituir uma sanção por ato ilícito,
não se faz possível a incidência de tributos sobre atividades criminosas, pois
assim agindo o Estado estaria obtendo recursos de uma atividade por ele
proibida.
d) A cobrança de impostos decorre de uma atividade administrativa não-
vinculada, haja vista os recursos poderem ser utilizados com quaisquer
despesas previstas no orçamento.
e) O que determina a natureza jurídica de um tributo é o fato gerador da
respectiva obrigação, independentemente de sua denominação e da
destinação legal do produto de sua arrecadação.

Questão 07 - Analista de Planejamento e Orçamento – APO/MPOG – 2015


Sobre o conceito de tributo, suas classificações e suas espécies, é correto
afirmar que
a) tributo é, legal e constitucionalmente, toda prestação pecuniária
compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, ainda que
constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade
administrativa plenamente vinculada.
b) a natureza jurídica específica do tributo é, legal e constitucionalmente,
determinada pelo fato gerador da respectiva obrigação, sendo irrelevantes
para qualifica-la tanto denominação e demais características formais
adotadas pela lei quanto a destinação legal do produto da sua arrecadação.
c) as espécies tributárias são, legal e constitucionalmente, imposto, taxa,
contribuição de melhoria, contribuição social, contribuição de intervenção no
domínio econômico, contribuição de interesse de categoria econômica ou
profissional e contribuição de iluminação pública.

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d) a espécie tributária “taxa” pode ter como fato gerador, legal e


constitucionalmente, o exercício regular do poder de polícia ou a utilização,
efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao
contribuinte ou posto à sua disposição, desde que, em qualquer caso, a
respectiva base de cálculo não seja idêntica àquelas que correspondam a
qualquer espécie de imposto.
e) denomina-se como tributo indireto aquele que comporte, por sua
natureza, transferência do respectivo encargo financeiro da tributação desde
o denominado contribuinte de fato para sobre o denominado contribuinte de
direito.

Questão 08 - APOF – SEFAZ/SP - 2009


O princípio da capacidade contributiva:
a) aplica-se somente às contribuições
b) não se aplica às penalidades tributárias
c) aplica-se somente aos impostos
d) aplica-se indistintamente a todas as espécies tributárias
e) é atendido pela progressividade dos impostos reais

Questão 09 - Agente de Fazenda – Pref. Rio de Janeiro - 2010


As taxas, no direito tributário, são espécies tributárias que decorrem, entre
outros fatos geradores, do exercício regular do poder de polícia. Sobre estes,
julgue os itens a seguir:
I. entende-se por regular o poder de polícia quando desempenhado por
órgão competente, nos limites da lei, observando o devido processo legal, e
exercida sem desvio ou excesso de poder;
II. a exigência da taxa em decorrência do exercício do poder de polícia não
mais exige a concreta fiscalização por parte dos órgãos competentes, ou seja,
a simples regulação de certas atividades por meio de atos normativos
também caracteriza este poder;
III. a atuação fiscalizadora do Estado, em rigor, visa ao interesse da
coletividade e não ao do contribuinte da taxa, isoladamente. É este, porém,
que provoca a atuação do Estado, sendo isso que justifica a imposição da
taxa;
IV. exercendo o poder de polícia, o Estado impõe restrições aos interesses
individuais em favor do interesse público, conciliando esses interesses.

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AULA 01

Estão corretos:
a) apenas os itens I e III
b) apenas os itens I, III e IV
c) todos os itens estão corretos
d) apenas os itens III e IV
e) apenas os itens II, III e IV

Questão 10 – Assistente Técnico Administrativo – ATA/MF - 2009


As taxas, no modelo constitucional brasileiro:
a) terão caráter pessoal e serão graduadas segundo a capacidade econômica
do contribuinte.
b) terão alíquotas máximas estabelecidas por Resolução do Senado Federal.
c) serão seletivas e não cumulativas.
d) serão informadas por critérios de generalidade, universalidade e
progressividade.
e) não poderão ter base de cálculo própria de impostos.

Questão 11 – Auditor Fiscal da Receita Federal - 2005


Taxas, na dicção do art. 145, II, da Constituição Federal, constituem a
modalidade de tributo que se pode cobrar em razão do exercício do poder
de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos
específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos à sua disposição.
Sobre a taxa, é errado afirmar que:
a) é um tributo cuja base de cálculo ou fato gerador há de ser diversa dos de
imposto, e não pode ser calculada em função do capital das empresas
b) competente para instituir e cobrar a taxa é a pessoa política – União,
Estado, Distrito Federal ou Município – legitimada para a realização da
atividade que caracterize o fato gerador do tributo
c) os serviços públicos que ensejam sua cobrança consideram-se utilizados
pelo contribuinte, efetivamente, quando, sendo de utilização compulsória,
sejam postos à sua disposição mediante atividade administrativa em efetivo
funcionamento
d) serviços públicos específicos são aqueles destacáveis em unidades
autônomas de intervenção, de utilidade ou necessidade públicas

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e) serviços públicos divisíveis são aqueles suscetíveis de utilização,


separadamente, por parte de cada um dos seus usuários

Questão 12 – Analista Técnico de Políticas Sociais - MPOG - 2012


Assinale a opção correta.
a) A contribuição de melhoria e as taxas são tributos vinculados, já que
dependem de uma atuação específica do Estado.
b) As taxas decorrentes do poder de polícia são tributos vinculados; já as
taxas decorrentes de serviços são tributos não vinculados a uma atividade
estatal.
c) O imposto é, por excelência, um tributo vinculado a uma atividade estatal
específica.
d) Todos os impostos são não vinculados, com exceção do imposto sobre a
renda da pessoa física, que é utilizado para reduzir as desigualdades
regionais.
e) As taxas de serviços são tributos vinculados; já as taxas decorrentes do
poder de polícia são tributos não vinculados a uma atividade estatal
específica.

Questão 13 – Procurador – DF - 2007


A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir taxas
em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou
potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao
contribuinte ou postos à sua disposição. Em razão desse preceito
constitucional e das demais regras do nosso ordenamento jurídico positivo e
jurisprudencial, assinale a opção correta.
a) A instituição de taxas pelo Poder público não está obrigada a respeitar os
princípios da anterioridade, da isonomia e da capacidade contributiva, tendo
em vista que a tributação envolve prestação de serviços públicos ou exercício
de poder de polícia.
b) É constitucional a taxa instituída para inspeção de importação e exportação
de produtos da indústria pesqueira, instituída por Portaria assinada pelo
Ministro do Meio Ambiente, com cobrança autorizada pelo Instituto Brasileiro
de Meio Ambiente – IBAMA, haja vista tratar-se de serviços prestados para
proteger direitos fundamentais.
c) As custas judiciais e os emolumentos concernentes aos serviços notariais e
registrais são qualificadas como taxas remuneratórias de serviços públicos e

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podem ter como base de cálculo o valor da condenação, desde que obedeça
ao princípio da razoabilidade.
d) É constitucional a escolha do valor do monte-mor (inventário) como base
de cálculo da taxa judiciária, por não afrontar o artigo 145, §2º, da CF.
e) Não há possibilidade de, segundo os princípios que informam o nosso
ordenamento jurídico tributário, ser alocado o produto da arrecadação de
custas judiciais (taxas) ao Poder Judiciário, para cobrir despesas com
treinamento de pessoal que serve à Justiça.

Questão 14 – Analista de Planejamento e Orçamento – MPOG - 2010


A extrafiscalidade é característica que possuem alguns tributos de
permitirem, além da pura e simples forma de ingresso de receitas nos cofres
públicos, também de intervirem na economia, incentivando ou não
determinada atividade ou conduta do contribuinte.
Assinale, entre os tributos listados abaixo, aquele que não possui caráter
extrafiscal.
a) Imposto sobre produtos industrializados.
b) Imposto sobre importação.
c) Contribuição de intervenção no domínio econômico sobre combustíveis.
d) Imposto sobre produtos industrializados.
e) Taxa de iluminação pública.

Questão 15 - Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil - 2009


Sobre as taxas, podemos afirmar, exceto:
a) o fato gerador da taxa não é um fato do contribuinte, mas um fato do
Estado; este exerce determinada atividade, e por isso cobra a taxa das
pessoas que dela se aproveitam
b) a atuação estatal referível, que pode ensejar a cobrança de taxa, pode
consistir no exercício regular do poder de polícia
c) a atuação estatal referível, que pode ensejar a cobrança da taxa, pode
consistir na prestação ao contribuinte, ou na colocação à disposição deste, de
serviço público específico, divisível ou não
d) as atividades gerais do Estado devem ser financiadas com os impostos, e
não com as taxas

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e) o poder de polícia, que enseja a cobrança de taxa, considera-se regular


quando desempenhado pelo órgão competente e nos limites da lei aplicável,
com observância do processo legal e, tratando-se de atividade que a lei tenha
como discricionária, sem abuso ou desvio de poder

Questão 16 - Procurador – DF - 2007


O Sistema Tributário Nacional é regido por regras e princípios gerais que
estão postos nos artigos 145 a 162 da Constituição Federal. Com base no
conteúdo das disposições acima referidas, assinale, entre as opções abaixo
apresentadas, a que está correta.
a) É inconstitucional a taxa de fiscalização dos mercados de títulos e valores
mobiliários instituída pela Lei n. 7.940, de 1989, haja vista não ser conferido,
pelo ordenamento jurídico positivado, poder de polícia à Comissão de Valores
Mobiliários.
b) O serviço de iluminação pública, pela sua natureza jurídica, deve ser
sempre remunerado mediante taxa.
c) Os serviços gerais prestados por órgãos de Segurança Pública não podem
ser sustentados por taxas. Essa atividade pública, por sua natureza, deve ser
retribuída, genericamente, por impostos.
d) É inconstitucional lei estadual que cria taxa destinando a arrecadação de
seu produto aos serviços de fiscalização da atividade notarial e de registro a
órgão público.
e) É constitucional a taxa municipal de conservação de estradas de rodagem
que tem como base de cálculo a adotada para o imposto territorial rural.

Questão 17 – Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil - 2012


Com relação ao entendimento do STF sobre as contribuições sociais gerais,
as contribuições de intervenção no domínio econômico e de interesse das
categorias profissionais ou econômicas, assinale a opção correta.
a) Não se pode prescindir de lei complementar para a criação das
contribuições de intervenção no domínio econômico e de interesse das
categorias profissionais.
b) Sua constitucionalidade seria aferida pela necessidade pública atual do
dispêndio vinculado e pela eficácia dos meios escolhidos para alcançar essa
finalidade.
c) No caso da contribuição devida ao SEBRAE, tendo em vista tratar-se de
contribuição de intervenção no domínio econômico, o STF entende ser

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exigível a vinculação direta do contribuinte ou a possibilidade de que ele se


beneficie com a aplicação dos recursos por ela arrecadados.
d) A sujeição de vencimentos e de proventos de aposentadoria e pensões à
incidência de contribuição previdenciária constitui ofensa ao direito
adquirido no ato de aposentadoria.
e) Tais contribuições sujeitam-se à força atrativa do pacto federativo, pois a
União está obrigada a partilhar o dinheiro recebido com os demais entes
federados.

Questão 18 – Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil - 2012


A Constituição Federal, em seu art. 195, dispõe sobre as contribuições para a
seguridade social, estabelecendo as suas fontes. Sobre as contribuições
incidentes sobre a receita ou faturamento, e de acordo com o entendimento
recente do Supremo Tribunal Federal sobre o assunto, analise os itens a
seguir, classificando-os como corretos ou incorretos, para, a seguir, assinalar
a assertiva que corresponda à sua opção.
I. O Sistema Tributário Nacional fixou o regime de competência como regra
geral para a apuração dos resultados da empresa, e não o regime de caixa.
II. Quanto ao aspecto temporal da hipótese de incidência da Cofins e da
contribuição para o PIS, temos que o fato gerador da obrigação ocorre com o
aperfeiçoamento do contrato de compra e venda (entrega do produto), e não
com o recebimento do preço acordado.
III. O resultado da venda, na esteira da jurisprudência da Corte, apurado
segundo o regime legal de competência, constitui o faturamento da pessoa
jurídica, compondo o aspecto material da hipótese de incidência da
contribuição ao PIS e da Cofins, consistindo situação hábil ao nascimento da
obrigação tributária.
IV. No âmbito legislativo, não há disposição permitindo a exclusão das
chamadas vendas inadimplidas da base de cálculo das contribuições em
questão.
V. As situações posteriores ao nascimento da obrigação tributária, que se
constituem como excludentes do crédito tributário, contempladas na
legislação do PIS e da Cofins, ocorrem apenas quando fato superveniente
venha a anular o fato gerador do tributo.
Estão corretos apenas os itens:
a) I, II e IV.
b) I e IV.
c) II, III e V.

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d) II e III.
e) todos os itens estão corretos.

Questão 19 – Analista – SUSEP - 2010


Uma das espécies de tributos elencada pela Constituição Federal é a
contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas. Tal espécie visa a
uma distribuição mais justa dos ônus decorrentes de determinadas obras
públicas, que beneficiam a sociedade como um todo, mas acabam por
beneficiar particularmente determinadas pessoas, inclusive acarretando
valorização imobiliária. Sobre o tema contribuição de melhoria, analise os
itens a seguir, classificando-os como verdadeiros ou falsos. Em seguida,
escolha a opção adequada às suas respostas.
I. Seu objetivo principal é fazer com que pessoas diretamente beneficiadas
pela execução de uma obra pública participem com maior intensidade de seu
custeio, suportando-o total ou parcialmente.
II. O princípio da vedação ao enriquecimento sem causa justifica, para alguns
doutrinadores, a instituição e a cobrança da contribuição de melhoria.
III. Pode-se eleger como parâmetro da cobrança da contribuição de melhoria,
de modo geral, o custo total da obra (rateado entre os principais
beneficiados) ou a valorização imobiliária dela decorrente (individualmente
analisada).
a) Está correto apenas o item I.
b) Está correto apenas o item III.
c) Estão corretos apenas os itens I e III.
d) Estão corretos apenas os itens II e III.
e) Todos os itens estão corretos.

Questão 20 – Advogado – IRB - 2006


A Constituição Federal outorga competência tributária, ou seja, aptidão para
criar tributos, aos diversos entes da Federação. Sobre essa afirmativa,
podemos dizer que
a) a contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas, poderá ser
cobrada pelo ente executor da obra da qual os contribuintes tenham-se
beneficiado, ou, no caso de omissão deste, pela União.
b) as taxas poderão ser instituídas em razão do exercício do poder de polícia
ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e
divisíveis, prestados ou postos à disposição do contribuinte.
c) a aplicação dos recursos provenientes de empréstimos compulsórios será
preferencialmente vinculada à despesa que fundamentou sua instituição.

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d) os impostos terão, sempre que possível, caráter pessoal e base de cálculo


diversa das taxas.
e) todos os tributos deverão respeitar a capacidade econômica dos
contribuintes.

Questão 21 – Fiscal de Rendas – Pref. Rio de Janeiro - 2010


Sobre os empréstimos compulsórios, é incorreto afirmar que:
a) o produto de sua arrecadação só pode ser aplicado para atender à despesa
que tiver fundamentado a sua instituição.
b) sua instituição só pode ser feita por meio de lei complementar.
c) no caso de investimento público de relevante interesse nacional e de
caráter urgente, não se aplica o princípio da anterioridade.
d) a simples iminência de guerra externa pode justificar a instituição de
empréstimos compulsórios.
e) uma das hipóteses que autorizam sua instituição é a de calamidade
pública.

Questão 22 – Assistente Técnico Administrativo – ATA/MF - 2009


A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos
compulsórios:
a) mediante lei ordinária ou medida provisória, no caso de guerra externa ou
sua iminência
b) no caso de relevante interesse público, de caráter urgente e relevante
interesse nacional, ainda que no mesmo exercício financeiro em que haja
sido publicada a regra que os criou
c) nas duas hipóteses acima elencadas, conquanto que se destine a aplicação
dos recursos à despesa que fundamentou a instituição do empréstimo
compulsório
d) para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade
pública, de guerra externa ou sua iminência
e) em face de conjuntura que exija a absorção temporária de poder aquisitivo

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Questão 23 – Agente de Fazenda – Pref. Rio de Janeiro - 2010


A Constituição Federal permite aos municípios a instituição e a cobrança, na
forma das respectivas leis, de tributo destinado ao custeio do serviço de
iluminação pública. Sobre este, é correto afirmar que:
a) Os Municípios somente poderão instituir tal tributo sob a forma de
contribuição, que observará as garantias da anterioridade e da legalidade.
b) Sua instituição deverá ser feita por meio de lei municipal, sem, contudo, a
necessidade da observância do princípio da anterioridade.
c) Em face de sua finalidade específica, que é o custeio do serviço de
iluminação pública, sua natureza jurídica será de taxa.
d) A lei municipal que criar o referido tributo poderá delegar ao Prefeito, por
meio de decreto, a competência para a fixação de critérios para o seu cálculo,
tais como suas alíquotas e base de cálculo.
e) O referido tributo será, obrigatoriamente, cobrado na fatura de consumo
de energia elétrica do contribuinte.

Questão 24 – Auditor Fiscal da Receita Federal (TI) - 2005


• Podem os Municípios instituir contribuição para o custeio do serviço de
iluminação pública, cobrando-a na fatura de consumo de energia elétrica?
• Podem os Estados cobrar contribuição previdenciária de seus servidores,
para o custeio, em benefício destes, de regime previdenciário, com alíquota
inferior à da contribuição dos servidores titulares de cargos efetivos da
União?
• As contribuições sociais de intervenção no domínio econômico e de
interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de
sua atuação nas respectivas áreas, poderão incidir sobre as receitas
decorrentes de exportação?
a) não, sim, não
b) sim, não, sim
c) sim, não, não
d) não, não, sim
e) sim, sim, não

Questão 25 - Procurador – Pref. Fortaleza - 2002


Em consonância com os princípios gerais ditados pela Constituição Federal,
referentes ao Sistema Tributário Nacional:

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a) as contribuições sociais e as taxas não poderão ter base de cálculo própria


de imposto.
b) sempre que possível, os tributos terão caráter pessoal e serão graduados
segundo a capacidade econômica do contribuinte.
c) as contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico não
poderão incidir sobre a importação de petróleo e seus derivados, gás natural
e seus derivados e álcool combustível.
d) o empréstimo compulsório, no caso de investimento público de caráter
urgente e relevante interesse nacional, poderá ser instituído mediante lei
ordinária, mas sua cobrança só poderá ocorrer no exercício financeiro
subsequente ao de publicação da lei que o instituir.
e) cabe à lei complementar da União, além de outros temas que lhes são
reservados, dispor sobre conflitos de competência, em matéria tributária,
entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios e regular as
limitações constitucionais do poder de tributar.

GABARITO
01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15
D E C B D E D B C E C A C E C
16 17 18 19 20 21 22 23 24 25
C B E E B C D A C E

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QUESTÕES COMENTADAS

Questão 01 – Analista Técnico da Previdência Social - MPOG - 2012


Quanto ao conceito de tributo pode-se afirmar, exceto:
a) a cobrança do tributo é atividade plenamente vinculada, não deixando
margem à discricionariedade do agente público.
b) tributo é prestação pecuniária em moeda ou cujo valor nela se possa
exprimir.
c) o tributo é prestação que não pode se constituir em sanção de ato ilícito.
d) o tributo só pode ser criado por lei, mas existem exceções como os
impostos de importação e o imposto sobre produtos industrializados, que
podem ser criados por decreto.
e) o dever de pagar o tributo é imposto pela lei, independentemente da
vontade das partes envolvidas.

Comentários
Alternativa A – Correta. Na própria definição de tributo, estampada no art.
3º do CTN, temos que se trata de prestação cobrada mediante atividade
administrativa plenamente vinculada. Isso significa que não cabe margem de
discricionariedade ao agente público, este deve cobrar o valor previsto em lei.
Alternativa B – Correta. Essa afirmação também decorre do conceito de
tributo previsto no CTN.
Alternativa C – Correta. Assertiva também extraída do conceito de tributo.
Alternativa D - Errada. Todo e qualquer tributo requer a edição de lei para a
sua instituição. Excepcionalmente, podem ser instituídos por medida
provisória.
Há que se observar que, apesar de ser ato expedido pelo Poder Executivo, a
Medida Provisória tem força de lei. Sendo assim, a instituição de tributos
requer a edição de ato com força de lei, vale dizer, capaz de inovar no
ordenamento jurídico. Não são válidos atos infralegais para instituir tributos.
Alternativa E – Correta. Tributo é prestação compulsória, correspondendo a
uma obrigação ex lege, ou seja, decorre diretamente da lei e não pela vontade
das partes.
Gabarito: D

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Questão 02 - Agente de Fazenda – Pref. Rio de Janeiro - 2010


O conceito de tributo, nos termos do Código Tributário Nacional, traz as
seguintes conclusões, exceto:
a) o poder de tributar é prerrogativa do Poder Público, que o faz para custear
suas ações no interesse da sociedade.
b) não constituindo sanção por ato ilícito, pouco importa para a legislação do
imposto sobre a circulação de mercadorias e serviços, por exemplo, a origem
lícita ou ilícita de determinadas mercadorias, desde que reste configurada a
hipótese de incidência do referido tributo, qual seja, a circulação dessas
mercadorias, para que possa ele ser exigido.
c) nem toda prestação pecuniária prevista em lei constitui tributo, mas
somente aquelas que reúnam o conjunto dos requisitos previstos na
definição de tributo, consoante o Código Tributário Nacional.
d) o Estado exige os tributos compulsoriamente das pessoas, portanto, a
obrigação de pagar tributos não decorre da vontade do contribuinte, sendo
esta, aliás, irrelevante nessa matéria.
e) embora sendo uma obrigação de direito público, absolutamente
indisponível por parte da administração, admite-se, desde que haja a
respectiva previsão legal, a delegação dessa obrigação a outras pessoas
jurídicas, como empresas públicas e sociedades de economia mista.

Comentários
Os gastos públicos são custeados pelas receitas auferidas pelo Estado.
Merecem destaque na arrecadação os tributos, que se classificam como
receitas derivadas.
Assim, tem-se por verdadeira a assertiva A, já que o Poder Público arrecada
os tributos se revestindo do poder de império, fazendo valer suas
prerrogativas para o atendimento do interesse público.
A tributação incide mesmo quando ocorrem certas atividades ilícitas. Isso
porque o fato gerador do tributo não se confunde com a atividade ilícita do
contribuinte. Imagine que um comerciante tenha posto à venda mercadorias
que foram roubadas de um depósito. Ao vender estas mercadorias, ocorrerá
a incidência do ICMS, mesmo que a aquisição dessas mercadorias tenha
ocorrido de forma ilícita, o que justifica a exatidão da alternativa B.
Para ser considerada tributo, a prestação deve atender a todas as exigências
do art. 3º do CTN. Correta a alternativa C.

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O CTN define tributo como prestação compulsória, ou seja, independente da


vontade do contribuinte. Ninguém paga tributo porque quer, mas pela
imposição legal. Correta a assertiva D.
Por constituir obrigação de Direito Público, o CTN determina que a cobrança
do tributo seja efetuada através de atividade administrativa plenamente
vinculada. Ademais, o próprio Código, em seu art. 7º traz expressamente a
vedação à delegação da competência tributária, ressalvando a atribuição das
funções de arrecadar e fiscalizar tributos, que só pode ser feita a outra pessoa
de Direito Público. Incorreta, portanto, a alternativa E.
Gabarito: E

Questão 03 – Analista de Planejamento e Orçamento – MPOG - 2001


É sabido que, de acordo com o art. 3º do Código Tributário Nacional, tributo
é toda prestação pecuniária, compulsória, em moeda ou cujo valor nela se
possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e
cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.
Consoante tal entendimento, é errado afirmar-se que:
a) as multas pelo descumprimento da obrigação tributária não são tributos,
mas consideradas pelo CTN como obrigação tributária, ao lado do tributo,
para que se submetam ao mesmo regime de constituição, discussão
administrativa, inscrição em dívida ativa e execução dos tributos.
b) o poder de tributar é prerrogativa do Poder Público, que o faz para custear
suas ações no interesse da sociedade. A fiscalização tributária implica
exercício do poder de polícia, e somente mediante atividade administrativa
pode ser exigido o pagamento de tributo.
c) ocorrido o fato gerador da obrigação tributária, a autoridade administrativa
tem o dever de exigir o cumprimento da obrigação por parte do contribuinte,
havendo, no entanto, alguma margem de discricionariedade nesta atividade.
d) a aquisição de renda e a promoção da circulação de mercadorias com o
produto de renda advinda do jogo do bicho, por exemplo, apesar de fatos
ilícitos, são passíveis de tributação.
e) nem toda prestação pecuniária prevista em lei constitui tributo, mas sim
toda prestação pecuniária que reúna o conjunto dos requisitos constantes do
art. 3º do CTN, como, por exemplo, o caráter obrigatório.

Comentários
O enunciado da questão traz o conceito de tributo, expresso no art. 3º do
CTN. Analisemos cada uma das assertivas.

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AULA 01

Alternativa A – Correta. O tributo surge com a ocorrência de uma situação


prevista em lei (fato gerador) e não por ter o contribuinte cometido alguma
infração. Tributo não é punição. Ao contrário, as multas (inclusive as
tributárias) surgem em virtude do descumprimento da legislação, o que as
caracteriza como sanção (punição) ao ato ilícito (descumprimento da lei). Em
seu art. 113, §1º, o CTN define que a obrigação principal surge com a
ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou
penalidade pecuniária e extingue-se juntamente com o crédito dela
decorrente. Logo, percebe-se que, apesar de não ser tributo, as multas
constituem obrigação tributária principal.
Alternativa B – Correta. O Poder público arrecada os tributos se revestindo
do poder de império, fazendo valer suas prerrogativas para o atendimento
do interesse público. Uma vez instituído o tributo, sua cobrança é feita
mediante atividade administrativa plenamente vinculada.
Alternativa C – Errada. A cobrança do tributo é vinculada, conforme
determinação do CTN. Ou seja, não resta qualquer margem de decisão para
a autoridade que irá efetuar o lançamento do tributo. Todos os aspectos do
tributo (fato gerador, alíquota, base de cálculo, contribuintes) são definidos
na legislação e cabe à autoridade que efetuará o lançamento obedecer à lei.
Não pode o servidor, na atividade de cobrança do tributo, decidir qual o valor
vai cobrar e de quem vai cobrar. Ele está estritamente vinculado à
determinação legal.
Alternativa D – Correta. Ocorre a tributação dos rendimentos mesmo que
estes sejam oriundos de atividades ilícitas, como o tráfico de drogas, por
exemplo. Isto porque não se estará punindo o infrator com o tributo. A
punição pela atividade ilícita ocorrerá na esfera penal. O tributo surge pela
ocorrência do fato gerador (obter rendimentos).
Alternativa E – Correta. Para ser considerada tributo, a prestação deve
cumprir TODAS as exigências do CTN em seu art. 3º: 1) pecuniária; 2)
compulsória; 3) em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir; 4) que não
constitua sanção de ato ilícito; 5) instituída em lei; e 6) cobrada mediante
atividade administrativa plenamente vinculada.
Gabarito: C

Questão 04 - Analista de Comércio Exterior - MDIC - 2012


Segundo a definição de tributo presente no Código Tributário Nacional, uma
de suas características é a de não constituir sanção por ato ilícito. Assim
sendo, julgue como Falso (F) ou Verdadeiro (V) os itens a seguir e assinale a
opção correta.

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I. Ainda no caso de furto de sinal por "clonagem", o ICMS − Imposto sobre


Circulação de Mercadorias e Serviços − é devido sobre o serviço de telefonia
móvel onerosamente contratado de operadora por usuário.
II. A renda obtida com o tráfico de drogas deve ser tributada, já que o que se
tributa é o aumento patrimonial, e não o próprio tráfico.
III. No caso de importação ilícita, reconhecida a ilicitude e aplicada a pena de
perdimento, não poderá ser cobrado o imposto de importação, já que
"importar mercadorias" é elemento essencial do tipo tributário.
IV. As vendas inadimplidas equivalem às vendas canceladas para fins de
incidência tributária, eis que no sistema tributário nacional, embora tenha
consagrado o regime de competência como a regra geral de apuração dos
resultados, o inadimplemento constitui hipótese de cancelamento de venda,
e não tendo ingressado a receita de venda, não há que se falar em tributação.
a) F, V, V, F
b) V, V, V, F
c) F, V, V, V
d) V, F, V, F
e) V, V, F, F

Comentários
Item I – Verdadeiro. O fato de o usuário ter sua linha clonada não afasta a
incidência do ICMS sobre o serviço de comunicação contratado.
Item II – Verdadeiro. A tributação dos rendimentos ocorre
independentemente da licitude ou ilicitude do ato praticado pelo
contribuinte. Trata-se do princípio do non olet, previsto no art. 118 do CTN.
Sendo assim, os rendimentos advindos da exploração do tráfico de drogas
são tributáveis, porquanto não se confunde a atividade ilícita do contribuinte
com o fato tributário de auferir rendas.
Item III – Verdadeiro. O ato ilícito não pode constituir o fato gerador do
tributo. O tributo não pode ser sanção por ato ilícito. A ação ilícita analisada
isoladamente está sujeita apenas à punição, que no caso em questão
culminou no perdimento das mercadorias.
Item IV – Falso. Se a empresa deixou de receber os valores dos seus clientes,
isso não significa que estará dispensado da tributação. A cobrança dos
valores pelas respectivas vendas é algo que faz parte da relação comercial,
mas pouco importa para a relação tributária.
Gabarito: B

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Questão 05 - Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil - 2014


Sobre a extrafiscalidade, julgue os itens a seguir, classificando-os como certos
ou errados. Em seguida, assinale a opção correta.
I. Na medida em que se pode, através do manejo das alíquotas do imposto
de importação, onerar mais ou menos o ingresso de mercadorias
estrangeiras no território nacional, até o ponto de inviabilizar
economicamente determinadas operações, revela-se o potencial de tal
instrumento tributário na condução e no controle do comércio exterior.
II. Por meio da tributação extrafiscal, não pode o Estado intervir sobre o
domínio econômico, manipulando ou orientando o comportamento dos
destinatários da norma a fim de que adotem condutas condizentes com os
objetivos estatais.
III. A extrafiscalidade em sentido próprio engloba as normas jurídico-fiscais
de tributação (impostos e agravamento de impostos) e de não tributação
(benefícios fiscais).
IV. Não existe, porém, entidade tributária que se possa dizer pura, no sentido
de realizar tão somente a fiscalidade ou a extrafiscalidade. Os dois objetivos
convivem, harmônicos, na mesma figura impositiva, sendo apenas lícito
verificar que, por vezes, um predomina sobre o outro.
a) Apenas I, II e IV estão corretas.
b) Apenas I e IV estão corretas.
c) Apenas II e IV estão corretas.
d) Apenas I, III e IV estão corretas.
e) Todas as alternativas estão corretas

Comentários
Analisemos as assertivas.
Item I – Correto. Por meio da extrafiscalidade é possível atingir outros
objetivos distintos da principal meta do governo. Entre eles, destacam-se a
regulação de algum setor econômico, o estímulo ou desestímulo do consumo
e a proteção da indústria nacional.
Item II – Errado. A intervenção na economia é uma das formas de
manifestação do caráter extrafiscal do tributo.
Item III – Correto. A extrafiscalidade não ocorre apenas com a tributação
propriamente dita, elevando ou reduzindo alíquotas. Outros benefícios fiscais
também são expressão da extrafiscalidade.

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Item IV – Correto. A assertiva reproduz a lição de Paulo de Barros Carvalho,


que vimos acima.
Gabarito: D

Questão 06 – Auditor do Tesouro Municipal – Pref. Natal - 2008


Sobre o conceito de tributo e sua natureza jurídica, assinale a única opção
correta.
a) A Lei Complementar n. 104/2001, ao permitir a dação em pagamento de
bens imóveis, como forma de extinção do crédito tributário, promoveu a
derrogação do art. 3º do CTN, que confere ao tributo uma prestação
pecuniária em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir.
b) Tributo é toda prestação pecuniária compulsória instituída em lei. Todavia,
não há restrição para que o Município majore alíquotas de tributos, sob sua
competência, por meio de decreto.
c) Tendo em vista que o tributo não pode constituir uma sanção por ato ilícito,
não se faz possível a incidência de tributos sobre atividades criminosas, pois
assim agindo o Estado estaria obtendo recursos de uma atividade por ele
proibida.
d) A cobrança de impostos decorre de uma atividade administrativa não-
vinculada, haja vista os recursos poderem ser utilizados com quaisquer
despesas previstas no orçamento.
e) O que determina a natureza jurídica de um tributo é o fato gerador da
respectiva obrigação, independentemente de sua denominação e da
destinação legal do produto de sua arrecadação.

Comentários
Questão que exige um pouco mais que a simples literalidade do art. 3º do
CTN. Vejamos:
Alternativa A – Errada. Com o advento da Lei Complementar nº 104/2001,
uma controvérsia foi levantada. Esta LC acrescentou o inciso XI ao art. 156 do
CTN, permitindo a dação em pagamentos em bens imóveis como forma de
extinção do crédito tributário. A grande discussão girou em torno do conflito
entre esta nova forma de quitação do tributo (através de bens imóveis) e a
previsão do art. 3º do CTN de que o tributo é pago em moeda. No entanto, a
segunda parte da expressão (cujo valor nela se possa exprimir) permite o uso
de algo que possa ter seu valor expresso em moeda, desde que previsto no
próprio CTN.

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Alternativa B – Errada. A questão trata do princípio da legalidade, que será


visto detalhadamente mais adiante em questões específicas. A primeira parte
do enunciado está correta. No entanto, não há previsão para que os
Municípios majorem as alíquotas de tributos mediante decreto.
Alternativa C – Errada. Tributo não é sanção por ato ilícito. Pode ocorrer a
tributação mesmo quando o contribuinte praticar atividade criminosa. A
punição pela prática da infração virá na esfera correspondente (penal). O fato
gerador da obrigação tributária não é o mesmo fato da conduta criminal. Por
exemplo, auferir rendimentos oriundos do tráfico de drogas não se confunde
com traficar. O tráfico é atividade criminosa, mas os rendimentos obtidos
com esta prática estão sujeitos à incidência do imposto de renda, já que
auferir renda não é atividade ilícita. Tal entendimento tem sede legal e está
previsto no art. 118 do CTN.
Alternativa D – Errada. Pela definição de tributo, já identificamos o erro, pois
o tributo é cobrado mediante atividade administrativa plenamente vincula. O
que a ESAF tenta aqui é confundir o candidato misturando os conceitos de
tributos não vinculados e tributos de arrecadação não vinculada.
Tributos vinculados são aqueles cujo fato gerador ocorre em função de
alguma ação estatal relativa ao contribuinte. É o caso das taxas pela
prestação de algum serviço público, como a taxa de coleta de lixo, por
exemplo. Notamos que, nesse caso, há uma ação do Estado para fazer surgir
o tributo, sendo, portanto, classificado como vinculado.
Nos tributos vinculados, dada a atuação do Estado na situação que faz nascer
a obrigação tributária, podemos afirmar que seu fato gerador é um FATO DO
ESTADO, vale dizer, o contribuinte demanda uma atuação estatal e, a partir
dela, tem-se a ocorrência do fato gerador do tributo.
Tributos não vinculados são os que surgem devido a alguma ação do
próprio contribuinte, independente de qualquer ação do Estado. É o caso
dos impostos.
Nos tributos não vinculados, dada a ausência de qualquer ligação entre o fato
gerador e a atuação estatal, podemos afirmar que o fato gerador é um FATO
DO CONTRIBUINTE. Guardemos, portanto, esses conceitos:

TRIBUTOS VINCULADOS • FATO DO ESTADO

TRIBUTOS NÃO VINCULADOS • FATO DO CONTRIBUINTE

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Já a classificação em tributos de arrecadação vinculada e não vinculada


observa o destino da receita arrecadada. Não se trata mais de tributo, pois
o destino da arrecadação é objeto do Direito Financeiro e não Tributário.
Tributos de arrecadação vinculada são aqueles cujos recursos arrecadados
têm uma destinação específica e não podem ser utilizados livremente pelo
ente tributante. Temos como exemplo os empréstimos compulsórios.
Tributos de arrecadação não vinculada são aqueles em que o ente
tributante é livre para aplicar os recursos arrecadados da forma que melhor
entender. É o caso dos impostos.
Alternativa E – Correta. A ESAF, como costuma fazer, cobra a literalidade do
disposto no art. 4º do CTN. Segundo este artigo a natureza jurídica específica
do tributo é determinada pelo fato gerador da respectiva obrigação, sendo
irrelevante para qualificá-la a denominação e demais características formais
adotadas pela lei e a destinação legal do produto da sua arrecadação.
Gabarito: E

Questão 07 - Analista de Planejamento e Orçamento – APO/MPOG – 2015


Sobre o conceito de tributo, suas classificações e suas espécies, é correto
afirmar que
a) tributo é, legal e constitucionalmente, toda prestação pecuniária
compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, ainda que
constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade
administrativa plenamente vinculada.
b) a natureza jurídica específica do tributo é, legal e constitucionalmente,
determinada pelo fato gerador da respectiva obrigação, sendo irrelevantes
para qualifica-la tanto denominação e demais características formais
adotadas pela lei quanto a destinação legal do produto da sua arrecadação.
c) as espécies tributárias são, legal e constitucionalmente, imposto, taxa,
contribuição de melhoria, contribuição social, contribuição de intervenção no
domínio econômico, contribuição de interesse de categoria econômica ou
profissional e contribuição de iluminação pública.
d) a espécie tributária “taxa” pode ter como fato gerador, legal e
constitucionalmente, o exercício regular do poder de polícia ou a utilização,
efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao
contribuinte ou posto à sua disposição, desde que, em qualquer caso, a
respectiva base de cálculo não seja idêntica àquelas que correspondam a
qualquer espécie de imposto.

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e) denomina-se como tributo indireto aquele que comporte, por sua


natureza, transferência do respectivo encargo financeiro da tributação desde
o denominado contribuinte de fato para sobre o denominado contribuinte de
direito.

Comentários
Antes de analisarmos o teor de cada alternativa, cabe aqui uma observação.
A questão trata de vários aspectos dos tributos remente à disciplina legal e
constitucional. Cumpre aqui destacar que nem todos os conceitos ou
definições estão expressos na Constituição Federal. Grande parte deles está
previsto no CTN. Assim, ao analisarmos cada uma das alternativas, devemos
estar atentos à disciplina constitucional e às normas gerais previstas no
Código Tributário Nacional.
Vejamos cada uma das alternativas.
Alternativa A – Errada. A definição de tributo não está disposta de forma
expressa no texto constitucional. Trata-se de uma definição trazida pelo CTN
em seu art. 3º. Ademais, esta definição prevista no Código afasta do seu
conceito a sanção por ato ilícito.
Alternativa B – Errada. Essa assertiva requer muita atenção! A natureza
jurídica do tributo analisada sob a ótica legal é definida apenas pelo fato
gerador do tributo. Essa previsão legal decorre da adoção da teoria tripartida
à época da edição do CTN. Contudo, a disciplina constitucional inaugurada
em 1988 aceita o destino legal dado à arrecadação como fator determinante
para classificar as contribuições especiais e os empréstimos compulsórios,
espécies tributárias de acordo com a teoria pentapartida.
Alternativa C – Errada. Legalmente as espécies tributárias são apenas
impostos, taxas e contribuição de melhoria (teoria tripartida adotada pelo
CTN). Além disso, pela disciplina constitucional (pentapartição), temos
impostos, taxas, contribuição de melhoria, contribuições especiais e
empréstimos compulsórios. A assertiva separou as subespécies de
contribuições como sendo espécies autônomas.
Alternativa D – Correta. Os possíveis fatos geradores das taxas estão
previstos tanto na Constituição Federal (art. 145, II) como no CTN (art. 77).
Trata-se do exercício regular do poder de polícia ou da utilização efetiva ou
potencial de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao
contribuinte ou postos à sua disposição. A assertiva está correta ainda em
destacar a impossibilidade de adoção nas taxas de base de cálculo idêntica
ao dos impostos já existentes. Assim dispõe o art. 77, parágrafo único, do CTN
e aponta a jurisprudência do STF, vide Súmula Vinculante nº 29.

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Alternativa E – Errada. É exatamente o contrário. Nos tributos indiretos, a


transferência do ônus financeiro é feita do contribuinte de direito (aquele
previsto em lei para pagamento do tributo) para o contribuinte de fato.
Gabarito: D

Questão 08 - APOF – SEFAZ/SP - 2009


O princípio da capacidade contributiva:
a) aplica-se somente às contribuições
b) não se aplica às penalidades tributárias
c) aplica-se somente aos impostos
d) aplica-se indistintamente a todas as espécies tributárias
e) é atendido pela progressividade dos impostos reais

Comentários
A questão exigiu muito além da literalidade da Constituição Federal,
cobrando aspectos doutrinários e jurisprudenciais.
Em todos os impostos há a identificação de que, de alguma forma, o
contribuinte demonstra a capacidade para contribuir, ainda que discreta.
Vejamos, alguns exemplos.
No imposto de renda, receber salário significa que a pessoa trabalha, logo
tem renda e pode contribuir. No ICMS, vender mercadorias significa que a
empresa está faturando e pode ajudar a coletividade. No imposto de
importação, importar uma mercadoria significa que a pessoa tem condições
de adquirir produtos do exterior, logo também pode contribuir na
arrecadação.
Ocorre que não é justo que todos paguem da mesma forma, já que a
capacidade para contribuir não é a mesma. Um rico empresário certamente
tem mais capacidade para contribuir do que um trabalhador que recebe um
salário mínimo.
Nessa linha, a Constituição Federal estabelece em seu art. 145, §1º, que:
Art. 145, § 1º. Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e
serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte,
facultado à administração tributária, especialmente para conferir
efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais
e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades
econômicas do contribuinte.

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Estamos diante do famoso princípio da capacidade contributiva. Segundo


esse princípio constitucional, sempre que possível, na cobrança do imposto,
a condição socioeconômica do contribuinte deverá ser observada. Em outras
palavras, quem demonstra maior capacidade contributiva deverá pagar
mais.
A Constituição Federal faz referência apenas aos impostos quando
estabelece o princípio da capacidade contributiva. Por isso, as questões de
concurso ainda exigem bastante a literalidade desse dispositivo
constitucional.
Muitas vezes, as questões substituem o termo “impostos” por “tributos”,
considerando errada a alternativa, de acordo com a literalidade do art. 145,
§1º, da Constituição Federal.
Não obstante, o STF tem entendido que o princípio é aplicável às demais
espécies tributárias, observadas as suas peculiaridades. Apesar da
dificuldade de se aplicar às taxas, não há vedação constitucional ao seu uso
para essa espécie tributária. Vejamos o entendimento da Corte Suprema:
“A despeito do art. 145, §1º da CF, que alude à capacidade contributiva,
fazer referência apenas aos impostos, não há negar que ele consubstancia
uma limitação ao poder de imposição fiscal que informa todo o sistema
tributário. É certo, contudo, que o princípio da capacidade contributiva não
é aplicável, em sua inteireza, a todos os tributos. (...) Como se sabe, existe
certa dificuldade em aplicá-lo, por exemplo, às taxas, que pressupõem
uma contraprestação direta em relação ao sujeito passivo da obrigação.
Na hipótese das contribuições, todavia, o princípio em tela, como regra,
encontra guarida, como ocorre no caso das contribuições sociais previstas
no art. 195, I, b e c, devidas pelo empregador.” (Excerto do voto condutor
do Min. RICARDO LEWANDOWSKI, quando do julgamento, pelo STF, do RE
573.678, mar/09)

Alternativa A – Errada. Se o texto constitucional faz alusão aos impostos, não


há que se falar em aplicação do princípio apenas às contribuições.
Alternativa B – Correta. As penalidades surgem pelo descumprimento de
alguma obrigação. A infração cometida não é diferenciada pelo contribuinte,
ou seja, qualquer um pode cometer infrações, possua capacidade
contributiva ou não. Nessa linha, a banca adotou o entendimento de que não
seria justo graduar uma penalidade na medida da manifestação de riqueza
de cada um, mas sim pela infração cometida. Tributo e multa não se
confundem.
Alternativa C – Errada. Apesar de a CF/88 fazer referência apenas aos
impostos, em seu art. 145, §1º, a doutrina e a jurisprudência dos tribunais
superiores têm admitido a aplicação do princípio às demais espécies

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tributárias, conforme decisão do STF vista a pouco. É aqui que percebemos


que as bancas já tendem a deixar de lado a literalidade e passam a exigir o
entendimento introduzido pela jurisprudência dos tribunais superiores.
Alternativa D – Errada. Para percebermos o erro desta alternativa,
verifiquemos a lição de José Mauricio Conti: “... o princípio da capacidade
contributiva é aplicável a todas as espécies tributárias. No tocante aos
impostos, o princípio é aplicável em toda a sua extensão e efetividade. Já no
caso dos tributos vinculados, é aplicável restritivamente, devendo ser
respeitados apenas os limites que lhe dão os contornos inferior e superior,
vedando a tributação do mínimo vital e a imposição tributária que tenha
efeitos confiscatórios”. (CONTI, José Mauricio. Princípios da Capacidade
Contributiva e da Progressividade, Dialética, 1996, p.65).
Alternativa E - Este foi o item mais interessante da questão. Segundo parcela
da doutrina, o princípio da seletividade é subprincípio da capacidade
contributiva. Por isso considera que a capacidade contributiva dos impostos
incidentes sobre produtos e mercadorias (impostos reais) se manifesta na
variação da alíquota em virtude do grau de essencialidade do produto
(seletividade). No imposto sobre a renda, revela-se na aplicação de alíquotas
mais elevadas às maiores bases de cálculo (progressividade).
Gabarito: B

Questão 09 - Agente de Fazenda – Pref. Rio de Janeiro - 2010


As taxas, no direito tributário, são espécies tributárias que decorrem, entre
outros fatos geradores, do exercício regular do poder de polícia. Sobre estes,
julgue os itens a seguir:
I. entende-se por regular o poder de polícia quando desempenhado por
órgão competente, nos limites da lei, observando o devido processo legal, e
exercida sem desvio ou excesso de poder;
II. a exigência da taxa em decorrência do exercício do poder de polícia não
mais exige a concreta fiscalização por parte dos órgãos competentes, ou seja,
a simples regulação de certas atividades por meio de atos normativos
também caracteriza este poder;
III. a atuação fiscalizadora do Estado, em rigor, visa ao interesse da
coletividade e não ao do contribuinte da taxa, isoladamente. É este, porém,
que provoca a atuação do Estado, sendo isso que justifica a imposição da
taxa;
IV. exercendo o poder de polícia, o Estado impõe restrições aos interesses
individuais em favor do interesse público, conciliando esses interesses.
Estão corretos:

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a) apenas os itens I e III


b) apenas os itens I, III e IV
c) todos os itens estão corretos
d) apenas os itens III e IV
e) apenas os itens II, III e IV

Comentários
Assertiva I – Correta. Compreende a literalidade do parágrafo único do art.
78 do CTN.
Assertiva II – Foi considerada correta pela banca. Esse entendimento parte
do princípio de que a atividade de polícia não se manifesta exclusivamente
na atividade de fiscalização, mas também no exercício do poder
regulamentar, vale dizer, na edição de normas que regulamentam as
atividades dos contribuintes.

Perceba que a própria assertiva reconhece que o poder de polícia


é essencial para a ocorrência do fato gerador da taxa. O que foi
considerado correto é que a forma de manifestação desse poder
não seria apenas por meio de atividade de fiscalização, sendo
considerada a manifestação por meio de atos regulamentares.
Ressaltamos que não é isso que entende a doutrina dominante. De
qualquer forma, entendeu a ESAF que este posicionamento está em
consonância com as decisões do STF no que diz respeito à
presunção do exercício regular do poder de polícia.

Quanto à necessidade de efetiva comprovação da fiscalização, já decidiu o STJ


no sentido da sua dispensabilidade:
“1. A Primeira Seção deste Tribunal pacificou entendimento de que é
prescindível a comprovação efetiva do exercício de fiscalização por
parte da municipalidade em face da notoriedade de sua atuação. (REsp
261.571/SP, 1ª Seção, Min. Eliana Calmon, DJ 6.10.2003) ” (STJ., 2ª T., REsp
969.015/SP, Rel. Min. Humberto Martins, abr/08)

Assertiva III – Correta. É exatamente este o sentido da atuação estatal no


exercício do poder de polícia: restringir os interesses individuais em favor do
interesse público.
Assertiva IV – Este item complementa a ideia do item anterior, portanto,
correto. O art. 78 do CTN define que se considera poder de polícia a atividade

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da administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou


liberdade, regula a prática de ato ou a abstenção de fato, em razão de
interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes,
à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas
dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranquilidade
pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.
Gabarito: C

Questão 10 – Assistente Técnico Administrativo – ATA/MF - 2009


As taxas, no modelo constitucional brasileiro:
a) terão caráter pessoal e serão graduadas segundo a capacidade econômica
do contribuinte.
b) terão alíquotas máximas estabelecidas por Resolução do Senado Federal.
c) serão seletivas e não cumulativas.
d) serão informadas por critérios de generalidade, universalidade e
progressividade.
e) não poderão ter base de cálculo própria de impostos.

Comentários
A questão, apesar de simples, tenta confundir o candidato ao atribuir às
taxas, características definidas na CF/88 para os impostos estaduais e
federais.
Alternativa A – Errada. Trata-se do princípio da capacidade contributiva
previsto no art. 145, §1º, da CF. Segundo este princípio, sempre que possível,
os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade
econômica do contribuinte.
Alternativa B – Errada. Trata-se de uma definição constitucional (art. 155,
§1º, IV) para o imposto sobre transmissão causa mortis e doação (ITCD), de
competência dos Estados e DF.
Alternativa C – Errada. Trata-se da previsão constitucional (art. 153, §3º, I e
II) válida para o IPI.
Alternativa D – Errada. Compreende aspectos definidos na Constituição
Federal (art. 153, §2º, I) para o imposto de renda.
Alternativa E – Resposta da questão. De acordo com o art. 145, §2º, da
Constituição, as taxas não poderão ter base de cálculo própria de impostos.
Cumpre destacar que, não obstante essa previsão constitucional, o
entendimento do STF aponta para outras possibilidades.

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O serviço de coleta de lixo nos imóveis é divisível para fins de cobrança de


taxa, uma vez que é possível identificar os beneficiários e mensurar a
utilização por parte de cada um deles.
Entretanto, que elemento será usado para medir a utilização de cada um?
Logicamente, para que a taxa seja juridicamente válida, o critério adotado
deve guardar relação com a atividade estatal. Mas que critério utilizar? Nem
sempre isso é tarefa simples.
Alguns elementos poderiam mensurar com mais perfeição a utilização do
serviço por cada beneficiário, tais como o peso do lixo coletado ou seu o
volume. Sem dúvidas, qualquer um desses elementos seria válido para definir
quem usou mais ou menos o serviço.
Porém, em termos práticos, como seria o serviço de coleta? Todos os
caminhões teriam que ter balanças e os coletores teriam que registrar tudo
para a cobrança da taxa. Já pensou no trabalho que isso daria? E quantos
equipamentos deveriam ser utilizados para conseguir registar tudo sem
erros?
Diante dessa dificuldade, a grande maioria dos Municípios adota um critério
interessante: a área do imóvel. O argumento é de que imóveis maiores
produzem mais lixo. Não deixa de ter fundamento esse argumento, mas ele
não é perfeito.
Mas os Municípios adotaram a área do imóvel como parâmetro porque esse
elemento já é de conhecimento da prefeitura, pois constitui um dos
elementos da base de cálculo do IPTU. E é aí onde está o problema!
Com alegação de ofensa ao art. 145, §2º, muitas leis municipais que seguiam
essa prática chegaram para apreciação do STF. Em muitas decisões a Corte
entendeu que adotar um dos elementos da base de cálculo própria de
impostos nas taxas é permitido, desde que não ocorra total identidade entre
elas. Isso resultou na Súmula Vinculante 29:

Súmula Vinculante 29 do STF


É constitucional a adoção, no cálculo do valor da taxa, de um ou mais
elementos da base de cálculo própria de determinado imposto, desde que
não haja integral identidade entre uma base e outra.

Perceba que a evolução no entendimento do STF acabou direcionando para


o que diz o próprio CTN: não pode ser usada base de cálculo idêntica à dos
impostos.
Gabarito: E

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Questão 11 – Auditor Fiscal da Receita Federal - 2005


Taxas, na dicção do art. 145, II, da Constituição Federal, constituem a
modalidade de tributo que se pode cobrar em razão do exercício do poder
de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos
específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos à sua disposição.
Sobre a taxa, é errado afirmar que:
a) é um tributo cuja base de cálculo ou fato gerador há de ser diversa dos de
imposto, e não pode ser calculada em função do capital das empresas
b) competente para instituir e cobrar a taxa é a pessoa política – União,
Estado, Distrito Federal ou Município – legitimada para a realização da
atividade que caracterize o fato gerador do tributo
c) os serviços públicos que ensejam sua cobrança consideram-se utilizados
pelo contribuinte, efetivamente, quando, sendo de utilização compulsória,
sejam postos à sua disposição mediante atividade administrativa em efetivo
funcionamento
d) serviços públicos específicos são aqueles destacáveis em unidades
autônomas de intervenção, de utilidade ou necessidade públicas
e) serviços públicos divisíveis são aqueles suscetíveis de utilização,
separadamente, por parte de cada um dos seus usuários

Comentários
A questão foi fundamentada nos arts. 77 e 79 do Código Tributário Nacional.
Alternativa A – Correta. Transcrição do parágrafo único do art. 77 do CTN.
Alternativa B – Correta. Por ser um tributo contraprestacional, a própria
Constituição Federal atribuiu a competência à União, Estados, DF e
Municípios (art. 145). Ocorrendo a prestação do serviço ou atividade de
polícia administrativa, pode ocorrer a instituição do tributo pelo ente
responsável pela atividade desenvolvida em relação ao contribuinte.
Alternativa C – Errado. Esta descrição não traz a definição de utilização
efetiva, mas sim de utilização potencial, conforme art. 79, I, b, do CTN.
Alternativa D – Correta. Literalidade do art. 79, II, do CTN.
Alternativa E – Correto. Literalidade do art. 79, III, do CTN.
Gabarito: C

Questão 12 – Analista Técnico de Políticas Sociais - MPOG - 2012


Assinale a opção correta.

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a) A contribuição de melhoria e as taxas são tributos vinculados, já que


dependem de uma atuação específica do Estado.
b) As taxas decorrentes do poder de polícia são tributos vinculados; já as
taxas decorrentes de serviços são tributos não vinculados a uma atividade
estatal.
c) O imposto é, por excelência, um tributo vinculado a uma atividade estatal
específica.
d) Todos os impostos são não vinculados, com exceção do imposto sobre a
renda da pessoa física, que é utilizado para reduzir as desigualdades
regionais.
e) As taxas de serviços são tributos vinculados; já as taxas decorrentes do
poder de polícia são tributos não vinculados a uma atividade estatal
específica.

Comentários
Alternativa A – Correta. As taxas e contribuição de melhoria são tributos
vinculados, cujos fatos geradores demandam uma contraprestação estatal.
Nas taxas temos a atuação do Estado na prestação de serviços públicos ou
no exercício do poder de polícia; na contribuição de melhoria temos a
realização de obra pública. Por essa razão, tais tributos são também
chamados de contraprestacionais.
Alternativa B – Errada. Tanto as taxas de polícia como as taxas de serviço
são tributos vinculados, já que demandam uma atuação estatal direcionada
ao contribuinte.
Alternativa C – Errada. É exatamente o contrário: o imposto é tributo não
vinculado por excelência. Seu fato gerador é situação que independe de
qualquer atuação estatal.
Alternativa D – Errada. Não há exceção quanto ao caráter não vinculado dos
impostos. Todos os impostos são não vinculados, pois seus fatos geradores
são manifestações de riqueza do sujeito passivo, inclusive o imposto de
renda.
Alternativa E – Errada. Valem aqui os mesmos comentários da alternativa B.
Gabarito: A

Questão 13 – Procurador – DF - 2007


A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir taxas
em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou

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potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao


contribuinte ou postos à sua disposição. Em razão desse preceito
constitucional e das demais regras do nosso ordenamento jurídico positivo e
jurisprudencial, assinale a opção correta.
a) A instituição de taxas pelo Poder público não está obrigada a respeitar os
princípios da anterioridade, da isonomia e da capacidade contributiva, tendo
em vista que a tributação envolve prestação de serviços públicos ou exercício
de poder de polícia.
b) É constitucional a taxa instituída para inspeção de importação e exportação
de produtos da indústria pesqueira, instituída por Portaria assinada pelo
Ministro do Meio Ambiente, com cobrança autorizada pelo Instituto Brasileiro
de Meio Ambiente – IBAMA, haja vista tratar-se de serviços prestados para
proteger direitos fundamentais.
c) As custas judiciais e os emolumentos concernentes aos serviços notariais e
registrais são qualificadas como taxas remuneratórias de serviços públicos e
podem ter como base de cálculo o valor da condenação, desde que obedeça
ao princípio da razoabilidade.
d) É constitucional a escolha do valor do monte-mor (inventário) como base
de cálculo da taxa judiciária, por não afrontar o artigo 145, §2º, da CF.
e) Não há possibilidade de, segundo os princípios que informam o nosso
ordenamento jurídico tributário, ser alocado o produto da arrecadação de
custas judiciais (taxas) ao Poder Judiciário, para cobrir despesas com
treinamento de pessoal que serve à Justiça.

Comentários
O enunciado da questão já nos remete à jurisprudência. Mas algumas
alternativas podem ser eliminadas pelo simples conhecimento dos princípios
constitucionais. Analisemos cada uma das alternativas.
Alternativa A – Errada. Os tributos, em regra, devem obediência aos
princípios constitucionais que constituem limitações ao poder de tributar. A
própria CF/88 prevê exceções à aplicação dos princípios em alguns casos
específicos. No entanto, não há previsão constitucional para que as taxas não
respeitem os princípios da anterioridade ou isonomia.
Alternativa B – De início, já podemos observar um erro na assertiva. De
acordo com o conceito expresso no art. 3º do CTN, o tributo é uma prestação
instituída em lei, consoante o art. 150, I, da CF, que define o princípio da
legalidade tributária. Por esta razão, decidiu o STF:

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"Dispositivo por meio do qual o Ministério do Meio Ambiente, sem lei que
o autorizasse, instituiu taxa para inspeção de importações e exportações
de produtos da indústria pesqueira, a ser cobrada pelo Instituto Brasileiro
do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA, com
ofensa ao princípio da legalidade estrita, que disciplina o Direito
Tributário." (ADI 2.247-MC, Rel. Min. Ilmar Galvão, julgamento em 13-9-
2000, Plenário, DJ de 10-11-2000.)

Alternativa C –Correta. O STF acolhe que as custas judiciais e os


emolumentos concernentes aos serviços notariais, qualificados como taxas
remuneratórias de serviços públicos, sejam calculados em função do valor da
causa, desde que haja razoabilidade. Nessa linha, editou a Súmula nº 667:

Súmula STF 667


Viola a garantia constitucional de acesso à jurisdição a taxa calculada sem
limite sobre o valor da causa.

Alternativa D – Errada. Ao julgar a ADI 2.040, o STF decidiu que


"A escolha do valor do monte-mor como base de cálculo da taxa judiciária
encontra óbice no art. 145, § 2º, da CF, visto que o monte-mor que
contenha bens imóveis é também base de cálculo do imposto de
transmissão causa mortis e inter vivos (CTN, art. 33)." (ADI 2.040-MC, Rel.
Min. Maurício Corrêa, julgamento em 15-12-1999, Plenário, DJ de 25-2-
2000.)

Alternativa E – Errada. O art. 98, §2º, da CF, prevê que as custas e


emolumentos serão destinados exclusivamente ao custeio dos serviços
afetos às atividades específicas da Justiça. Há, portanto, previsão
constitucional para aplicação dos recursos na atividade apresentada na
questão.
Gabarito: C

Questão 14 – Analista de Planejamento e Orçamento – MPOG - 2010


A extrafiscalidade é característica que possuem alguns tributos de
permitirem, além da pura e simples forma de ingresso de receitas nos cofres
públicos, também de intervirem na economia, incentivando ou não
determinada atividade ou conduta do contribuinte.
Assinale, entre os tributos listados abaixo, aquele que não possui caráter
extrafiscal.

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a) Imposto sobre produtos industrializados.


b) Imposto sobre importação.
c) Contribuição de intervenção no domínio econômico sobre combustíveis.
d) Imposto sobre produtos industrializados.
e) Taxa de iluminação pública.

Comentários
Inicialmente, cabe observar que a banca repetiu a resposta nas alternativas A
e D, mas não chega a prejudicar a solução da questão.
São classificados como extrafiscais os tributos cuja finalidade principal não é
arrecadar, mas regular algum setor econômico ou social. O IPI, apesar de
apresentar hoje uma arrecadação bastante expressiva, foi criado como
predominantemente extrafiscal e é utilizado muitas vezes como forma de
incentivar ou desestimular certas condutas dos contribuintes.
O imposto de importação é típico imposto extrafiscal, pois visa muitas vezes,
à proteção da indústria nacional. Já a CIDE, como o próprio nome diz, é uma
contribuição de intervenção, criada para custear as atividades estatais em
prol de determinado setor ou atividade econômica, típico tributo extrafiscal.
Por fim, há que se observar que não é possível instituição de taxa para custeio
do serviço de iluminação pública. De qualquer forma, a instituição de tributo
com tal fim (hoje possível apenas mediante contribuição específica) não
apresenta caráter extrafiscal, eis que não se pretende estimular ou
desestimular a utilização da iluminação pública.
Gabarito: E

Questão 15 - Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil - 2009


Sobre as taxas, podemos afirmar, exceto:
a) o fato gerador da taxa não é um fato do contribuinte, mas um fato do
Estado; este exerce determinada atividade, e por isso cobra a taxa das
pessoas que dela se aproveitam
b) a atuação estatal referível, que pode ensejar a cobrança de taxa, pode
consistir no exercício regular do poder de polícia
c) a atuação estatal referível, que pode ensejar a cobrança da taxa, pode
consistir na prestação ao contribuinte, ou na colocação à disposição deste, de
serviço público específico, divisível ou não

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d) as atividades gerais do Estado devem ser financiadas com os impostos, e


não com as taxas
e) o poder de polícia, que enseja a cobrança de taxa, considera-se regular
quando desempenhado pelo órgão competente e nos limites da lei aplicável,
com observância do processo legal e, tratando-se de atividade que a lei tenha
como discricionária, sem abuso ou desvio de poder

Comentários
Alternativa A – Correta. A taxa surge em função de uma atividade estatal
relativa ao contribuinte. Nesse sentido, revela-se como um fato do Estado e
não do contribuinte (que é o caso dos impostos).
Taxas = fato do Estado
Impostos = fato do contribuinte
Alternativa B – Correta. De acordo com o art. 145, II, da CF, a taxa tem por
fatos geradores a prestação de serviços públicos ou o exercício regular do
poder de polícia.
Alternativa C – Errada. É certo que o fato gerador da taxa é a prestação de
serviços públicos. Entretanto, há que se observar alguns requisitos. O serviço
deve ser específico E divisível.
Alternativa D – Correta. Atenção a esta assertiva. Aqui não está se dizendo
que o fato gerador dos impostos são as atividades gerais do Estado. O que a
assertiva diz é que, por ser atividade geral, não pode ser financiada pelas
taxas, já que estas se destinam a custear serviços públicos específicos e
divisíveis. Para custear tais atividades, o Estado se vale da arrecadação com
os impostos, cuja receita é não vinculada.
Alternativa E – Correta. Literalidade do parágrafo único do art. 78 do CTN.
Gabarito: C

Questão 16 - Procurador – DF - 2007


O Sistema Tributário Nacional é regido por regras e princípios gerais que
estão postos nos artigos 145 a 162 da Constituição Federal. Com base no
conteúdo das disposições acima referidas, assinale, entre as opções abaixo
apresentadas, a que está correta.
a) É inconstitucional a taxa de fiscalização dos mercados de títulos e valores
mobiliários instituída pela Lei n. 7.940, de 1989, haja vista não ser conferido,
pelo ordenamento jurídico positivado, poder de polícia à Comissão de Valores
Mobiliários.

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b) O serviço de iluminação pública, pela sua natureza jurídica, deve ser


sempre remunerado mediante taxa.
c) Os serviços gerais prestados por órgãos de Segurança Pública não podem
ser sustentados por taxas. Essa atividade pública, por sua natureza, deve ser
retribuída, genericamente, por impostos.
d) É inconstitucional lei estadual que cria taxa destinando a arrecadação de
seu produto aos serviços de fiscalização da atividade notarial e de registro a
órgão público.
e) É constitucional a taxa municipal de conservação de estradas de rodagem
que tem como base de cálculo a adotada para o imposto territorial rural.

Comentários
Esta questão exigiu do candidato, exclusivamente, o conhecimento da
jurisprudência do STF. Vejamos:
Alternativa A – A Súmula 665 do STF defende a constitucionalidade da taxa
da CVM.

Súmula 665
É constitucional a taxa de fiscalização dos mercados de títulos e valores
mobiliários instituída pela Lei 7.940/1989.

Alternativa incorreta. A questão poderia ter sido um pouco melhor elaborada.


Da forma como foi redigida ficou fácil acertar, mas não pelo motivo da
inconstitucionalidade. Poderia ser citado no enunciado não o poder de polícia
da CVM, mas o ponto da discussão que gerou a edição da Súmula 665, qual
seja: a adoção da base de cálculo típica de impostos.
Alternativa B – Errada. Em sentido oposto versa a Súmula 670 do STF.

Súmula 670
O serviço de iluminação pública não pode ser remunerado mediante taxa.

Alternativa C – Correta. Por se tratar de atividade geral, os serviços de


segurança pública não podem ser financiados por taxas, já que estas se
destinam a custear serviços públicos específicos e divisíveis. Para custear tais
atividades, o Estado se vale da arrecadação com os impostos. Assim decidiu
o STF:
“Em face do art. 144, caput, V e parágrafo 5º, da Constituição, sendo a
segurança pública, dever do Estado e direito de todos, exercida para a
preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do
patrimônio, através, entre outras, da polícia militar, essa atividade do
Estado só pode ser sustentada pelos impostos, e não por taxa, se for

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solicitada por particular para a sua segurança ou para a de terceiros, a


título preventivo, ainda quando essa necessidade decorra de evento
aberto ao público”. (ADI 1.942-MC, Rel. Min. Moreira Alves, julgamento em
5-5-1999, Plenário, DJ de 22-10-1999).

Alternativa D – Item bastante específico que exige do candidato


conhecimento da interpretação do art. 236, §1º, da CF, adotada pelo STF, no
julgamento da ADI 3.151:
“É constitucional a destinação do produto da arrecadação da taxa de
fiscalização da atividade notarial e de registro a órgão público e ao próprio
Poder Judiciário". (ADI 3.151, Rel. Min. Ayres Britto, julgamento em 8-6-
2005, Plenário, DJ de 28-4-2006.)

Alternativa E – O item vai de encontro ao enunciado da Súmula 596 do STF,


portanto incorreto.

Súmula 596
É inconstitucional a taxa municipal de conservação de estradas e rodagem
cuja base de cálculo seja idêntica à do imposto territorial rural.

Porém, é importante lembrar que o STF firmou o entendimento de que,


sendo adotado apenas um dos elementos de base de cálculo de um imposto
já existente, não haverá inconstitucionalidade. Esse entendimento deu
origem à Súmula Vinculante 29:

Súmula Vinculante 29
É constitucional a adoção, no cálculo do valor da taxa, de um ou mais
elementos da base de cálculo própria de determinado imposto, desde que
não haja integral identidade entre uma base e outra.

Gabarito: C

Questão 17 – Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil - 2012


Com relação ao entendimento do STF sobre as contribuições sociais gerais,
as contribuições de intervenção no domínio econômico e de interesse das
categorias profissionais ou econômicas, assinale a opção correta.
a) Não se pode prescindir de lei complementar para a criação das
contribuições de intervenção no domínio econômico e de interesse das
categorias profissionais.

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b) Sua constitucionalidade seria aferida pela necessidade pública atual do


dispêndio vinculado e pela eficácia dos meios escolhidos para alcançar essa
finalidade.
c) No caso da contribuição devida ao SEBRAE, tendo em vista tratar-se de
contribuição de intervenção no domínio econômico, o STF entende ser
exigível a vinculação direta do contribuinte ou a possibilidade de que ele se
beneficie com a aplicação dos recursos por ela arrecadados.
d) A sujeição de vencimentos e de proventos de aposentadoria e pensões à
incidência de contribuição previdenciária constitui ofensa ao direito
adquirido no ato de aposentadoria.
e) Tais contribuições sujeitam-se à força atrativa do pacto federativo, pois a
União está obrigada a partilhar o dinheiro recebido com os demais entes
federados.

Comentários
Questão que deve ser respondida com fundamento nas decisões do STF
sobre as contribuições. Vejamos em cada assertiva o entendimento que a
torna correta ou incorreta.
Alternativa A - Errada. Muito cuidado com o verbo prescindir. Ele significa
dispensar. A alternativa diz, em outras palavras, que seria obrigatório o uso
de lei complementar para instituir as CIDE e contribuições corporativas. Não
procede tal afirmação. A instituição dessas contribuições se dá por lei
ordinária.
"O STF fixou entendimento no sentido da dispensabilidade de lei
complementar para a criação das contribuições de intervenção no
domínio econômico e de interesse das categorias profissionais." (AI
739.715-AgR, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 26-5-2009, Segunda
Turma, DJE de 19-6-2009.)

Alternativa B – Correta.
“A ‘destinação legal’ ou ‘finalidade’ é, atualmente, critério importantíssimo
para identificar determinadas espécies tributárias como as contribuições
especiais e empréstimos compulsórios, pois constitui seu critério de
validação constitucional. A competência é atribuída em função das
finalidades a serem perseguidas.” (PAULSEN, Leandro. Direito Tributário:
Constituição e Código Tributário à luz da doutrina e da jurisprudência. 15ª
ed. Livraria do Advogado, 2013, p. 670)

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Alternativa C – Errada.
“Contribuição em favor do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas
Empresas ( SEBRAE): constitucionalidade reconhecida pelo plenário do
STF, ao julgar o RE 396.266, Velloso, DJ de 27-2-2004, quando se afastou a
necessidade de lei complementar para a sua instituição e, ainda – tendo
em vista tratar-se de contribuição social de intervenção no domínio
econômico –, entendeu-se ser inexigível a vinculação direta do
contribuinte ou a possibilidade de que ele se beneficie com a aplicação dos
recursos por ela arrecadados, mas sim a observância dos princípios gerais
da atividade econômica.” (RE 389.016-AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes,
julgamento em 30-6-2004, Primeira Turma, DJ de 13-8-2004.)

Alternativa D – Errada.
“Seguridade social. Servidor público. Vencimentos. Proventos de
aposentadoria e pensões. Sujeição à incidência de contribuição
previdenciária. Ofensa a direito adquirido no ato de aposentadoria. Não
ocorrência. Contribuição social. Exigência patrimonial de natureza
tributária. Inexistência de norma de imunidade tributária absoluta. EC
41/2003 (art. 4º, caput). Regra não retroativa. Incidência sobre fatos
geradores ocorridos depois do início de sua vigência. Precedentes da
Corte. Inteligência dos arts. 5º, XXXVI, 146, III, 149, 150, I e III, 194, 195,
caput, II e § 6º, da CF, e art. 4º, caput, da EC 41/2003. No ordenamento
jurídico vigente, não há norma, expressa nem sistemática, que atribua à
condição jurídico-subjetiva da aposentadoria de servidor público o efeito
de lhe gerar direito subjetivo como poder de subtrair ad aeternum a
percepção dos respectivos proventos e pensões à incidência de lei
tributária que, anterior ou ulterior, os submeta à incidência de
contribuição previdencial. Noutras palavras, não há, em nosso
ordenamento, nenhuma norma jurídica válida que, como efeito específico
do fato jurídico da aposentadoria, lhe imunize os proventos e as pensões,
de modo absoluto, à tributação de ordem constitucional, qualquer que
seja a modalidade do tributo eleito, donde não haver, a respeito, direito
adquirido com o aposentamento. Inconstitucionalidade. Ação direta.
Seguridade social. Servidor público. Vencimentos. Proventos de
aposentadoria e pensões. Sujeição à incidência de contribuição
previdenciária, por força de Emenda Constitucional. Ofensa a outros
direitos e garantias individuais. Não ocorrência. Contribuição social.
Exigência patrimonial de natureza tributária. Inexistência de norma de
imunidade tributária absoluta. Regra não retroativa. Instrumento de
atuação do Estado na área da previdência social. Obediência aos princípios
da solidariedade e do equilíbrio financeiro e atuarial, bem como aos
objetivos constitucionais de universalidade, equidade na forma de
participação no custeio e diversidade da base de financiamento.” (ADI
3.105, Rel. p/ o ac. Min. Cezar Peluso, julgamento em 18-8-2008, Plenário,
DJ de 18-2-2005.)

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Alternativa E – Errada. Não há previsão constitucional para a partilha dos


recursos arrecadados com referidas as contribuições.
Gabarito: B

Questão 18 – Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil - 2012


A Constituição Federal, em seu art. 195, dispõe sobre as contribuições para a
seguridade social, estabelecendo as suas fontes. Sobre as contribuições
incidentes sobre a receita ou faturamento, e de acordo com o entendimento
recente do Supremo Tribunal Federal sobre o assunto, analise os itens a
seguir, classificando-os como corretos ou incorretos, para, a seguir, assinalar
a assertiva que corresponda à sua opção.
I. O Sistema Tributário Nacional fixou o regime de competência como regra
geral para a apuração dos resultados da empresa, e não o regime de caixa.
II. Quanto ao aspecto temporal da hipótese de incidência da Cofins e da
contribuição para o PIS, temos que o fato gerador da obrigação ocorre com o
aperfeiçoamento do contrato de compra e venda (entrega do produto), e não
com o recebimento do preço acordado.
III. O resultado da venda, na esteira da jurisprudência da Corte, apurado
segundo o regime legal de competência, constitui o faturamento da pessoa
jurídica, compondo o aspecto material da hipótese de incidência da
contribuição ao PIS e da Cofins, consistindo situação hábil ao nascimento da
obrigação tributária.
IV. No âmbito legislativo, não há disposição permitindo a exclusão das
chamadas vendas inadimplidas da base de cálculo das contribuições em
questão.
V. As situações posteriores ao nascimento da obrigação tributária, que se
constituem como excludentes do crédito tributário, contempladas na
legislação do PIS e da Cofins, ocorrem apenas quando fato superveniente
venha a anular o fato gerador do tributo.
Estão corretos apenas os itens:
a) I, II e IV.
b) I e IV.
c) II, III e V.
d) II e III.
e) todos os itens estão corretos.

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Comentários
O próprio enunciado fala que a questão deve ser respondida com base em
decisão recente do STF acerca do PIS e da COFINS.
Trata-se do RE 586.482/RS, de onde foram extraídas todas as assertivas.
Vejamos:
“TRIBUTÁRIO. CONSTITUCIONAL. COFINS/PIS. VENDAS INADIMPLIDAS.
ASPECTO TEMPORAL DA HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA. REGIME DE
COMPETÊNCIA. EXCLUSÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. IMPOSSIBILIDADE
DE EQUIPARAÇÃO COM AS HIPÓTESES DE CANCELAMENTO DA VENDA.
1. O Sistema Tributário Nacional fixou o regime de competência como
regra geral para a apuração dos resultados da empresa, e não o regime de
caixa. (art. 177 da Lei nº 6.404/76).
2. Quanto ao aspecto temporal da hipótese de incidência da COFINS e da
contribuição para o PIS, portanto, temos que o fato gerador da obrigação
ocorre com o aperfeiçoamento do contrato de compra e venda (entrega
do produto), e não com o recebimento do preço acordado. O resultado da
venda, na esteira da jurisprudência da Corte, apurado segundo o regime
legal de competência, constitui o faturamento da pessoa jurídica,
compondo o aspecto material da hipótese de incidência da contribuição
ao PIS e da COFINS, consistindo situação hábil ao nascimento da obrigação
tributária. O inadimplemento é evento posterior que não compõe o
critério material da hipótese de incidência das referidas contribuições.
3. No âmbito legislativo, não há disposição permitindo a exclusão das
chamadas vendas inadimplidas da base de cálculo das contribuições em
questão. As situações posteriores ao nascimento da obrigação tributária,
que se constituem como excludentes do crédito tributário, contempladas
na legislação do PIS e da COFINS, ocorrem apenas quando fato
superveniente venha a anular o fato gerador do tributo, nunca quando o
fato gerador subsista perfeito e acabado, como ocorre com as vendas
inadimplidas.
4. Nas hipóteses de cancelamento da venda, a própria lei exclui da
tributação valores que, por não constituírem efetivos ingressos de novas
receitas para a pessoa jurídica, não são dotados de capacidade
contributiva.
5. As vendas canceladas não podem ser equiparadas às vendas
inadimplidas porque, diferentemente dos casos de cancelamento de
vendas, em que o negócio jurídico é desfeito, extinguindo-se, assim, as
obrigações do credor e do devedor, as vendas inadimplidas - a despeito
de poderem resultar no cancelamento das vendas e na consequente
devolução da mercadoria -, enquanto não sejam efetivamente canceladas,
importam em crédito para o vendedor oponível ao comprador. ”

Gabarito: E

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Questão 19 – Analista – SUSEP - 2010


Uma das espécies de tributos elencada pela Constituição Federal é a
contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas. Tal espécie visa a
uma distribuição mais justa dos ônus decorrentes de determinadas obras
públicas, que beneficiam a sociedade como um todo, mas acabam por
beneficiar particularmente determinadas pessoas, inclusive acarretando
valorização imobiliária. Sobre o tema contribuição de melhoria, analise os
itens a seguir, classificando-os como verdadeiros ou falsos. Em seguida,
escolha a opção adequada às suas respostas.
I. Seu objetivo principal é fazer com que pessoas diretamente beneficiadas
pela execução de uma obra pública participem com maior intensidade de seu
custeio, suportando-o total ou parcialmente.
II. O princípio da vedação ao enriquecimento sem causa justifica, para alguns
doutrinadores, a instituição e a cobrança da contribuição de melhoria.
III. Pode-se eleger como parâmetro da cobrança da contribuição de melhoria,
de modo geral, o custo total da obra (rateado entre os principais
beneficiados) ou a valorização imobiliária dela decorrente (individualmente
analisada).
a) Está correto apenas o item I.
b) Está correto apenas o item III.
c) Estão corretos apenas os itens I e III.
d) Estão corretos apenas os itens II e III.
e) Todos os itens estão corretos.

Comentários
Com validade no disposto no art. 145, III, da CF/88, o CTN preceitua:
“Art. 81. A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos Estados,
pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas
atribuições, é instituída para fazer face ao custo de obras públicas de que
decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa
realizada e como limite individual o acréscimo de valor que da obra
resultar para cada imóvel beneficiado. ”

Depreende-se do texto legal que o fato gerador da contribuição de melhoria


é a valorização do imóvel, decorrente de obra pública. Dessa forma, não basta
o Estado promover a obra próximo ao imóvel. Para fazer jus à cobrança da
contribuição, há que ocorrer a valorização do imóvel e que esta seja
decorrente da obra.

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O CTN estabelece limites para a cobrança da contribuição de melhoria. O


valor máximo individual é a valorização decorrente da obra e o limite global
(aquele arrecadado da totalidade dos beneficiados) é a despesa realizada
pelo ente público.
Esses limites fundamentam a atribuição do princípio do não
enriquecimento injusto.
Diante do exposto, as três assertivas estão corretas.
Gabarito: E

Questão 20 – Advogado – IRB - 2006


A Constituição Federal outorga competência tributária, ou seja, aptidão para
criar tributos, aos diversos entes da Federação. Sobre essa afirmativa,
podemos dizer que
a) a contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas, poderá ser
cobrada pelo ente executor da obra da qual os contribuintes tenham-se
beneficiado, ou, no caso de omissão deste, pela União.
b) as taxas poderão ser instituídas em razão do exercício do poder de polícia
ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e
divisíveis, prestados ou postos à disposição do contribuinte.
c) a aplicação dos recursos provenientes de empréstimos compulsórios será
preferencialmente vinculada à despesa que fundamentou sua instituição.
d) os impostos terão, sempre que possível, caráter pessoal e base de cálculo
diversa das taxas.
e) todos os tributos deverão respeitar a capacidade econômica dos
contribuintes.

Comentários
Alternativa A – Errada. A instituição de contribuição de melhoria, nos termos
do art. 145, III da Constituição Federal é de competência do ente federado
que executar a obra pública de que resulte valorização imobiliária para o
contribuinte. No entanto, de acordo com o art. 7º do CTN, a competência para
instituição de tributos é indelegável, tanto por ação como por omissão. Assim,
na inércia do ente competente para instituir a contribuição, não cabe à União
instituir o tributo. Item falso.
Alternativa B – Correto. Enunciado corresponde ao texto literal do art. 145,
II.

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Alternativa C – Errada. De acordo com o art. 148, parágrafo único, da CF, a


aplicação dos recursos provenientes de empréstimo compulsório será
vinculada à despesa que fundamentou sua instituição. Não resta opção à
União para aplicação diversa da prevista no texto constitucional.
Alternativa D – Errada. O art. 145, §1º, prevê que, sempre que possível, os
impostos terão caráter pessoal. Já o §2º do mesmo artigo determina que as
taxas não poderão ter base de cálculo própria de impostos. Trata-se de
vedação aplicada às taxas, não aos impostos.
Alternativa E – Ao definir o princípio da capacidade contributiva, em seu art.
145, §1º, a Constituição faz menção somente aos impostos. Não obstante,
trata-se de princípio que delineia todas as espécies tributárias. No entanto,
sua aplicação torna-se mais restritiva quando se trata de tributos
contraprestacionais, como é o caso das taxas.
Gabarito: B

Questão 21 – Fiscal de Rendas – Pref. Rio de Janeiro - 2010


Sobre os empréstimos compulsórios, é incorreto afirmar que:
a) o produto de sua arrecadação só pode ser aplicado para atender à despesa
que tiver fundamentado a sua instituição.
b) sua instituição só pode ser feita por meio de lei complementar.
c) no caso de investimento público de relevante interesse nacional e de
caráter urgente, não se aplica o princípio da anterioridade.
d) a simples iminência de guerra externa pode justificar a instituição de
empréstimos compulsórios.
e) uma das hipóteses que autorizam sua instituição é a de calamidade
pública.

Comentários
Alternativa A – Correta, de acordo com o parágrafo único do art. 148 da
Constituição.
Alternativa B – Correta. Há exigência constitucional de lei complementar
para a instituição do empréstimo compulsório.
Alternativa C – Errada. De acordo com o art. 148, II, da CF, em caso de
investimento público de relevante interesse nacional, aplica-se o princípio da
anterioridade.
Alternativa D – Correta, nos termos do art. 148, I.

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Alternativa E - Correta, nos termos do art. 148, I.


Gabarito: C

Questão 22 – Assistente Técnico Administrativo – ATA/MF - 2009


A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos
compulsórios:
a) mediante lei ordinária ou medida provisória, no caso de guerra externa ou
sua iminência
b) no caso de relevante interesse público, de caráter urgente e relevante
interesse nacional, ainda que no mesmo exercício financeiro em que haja
sido publicada a regra que os criou
c) nas duas hipóteses acima elencadas, conquanto que se destine a aplicação
dos recursos à despesa que fundamentou a instituição do empréstimo
compulsório
d) para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade
pública, de guerra externa ou sua iminência
e) em face de conjuntura que exija a absorção temporária de poder aquisitivo

Comentários
As hipóteses que autorizam a instituição dos empréstimos compulsórios
estão previstas no inciso I, do art. 148 da Constituição Federal:
Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir
empréstimos compulsórios:
I – para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade
pública, de guerra externa ou sua iminência.

Gabarito: D

Questão 23 – Agente de Fazenda – Pref. Rio de Janeiro - 2010


A Constituição Federal permite aos municípios a instituição e a cobrança, na
forma das respectivas leis, de tributo destinado ao custeio do serviço de
iluminação pública. Sobre este, é correto afirmar que:
a) Os Municípios somente poderão instituir tal tributo sob a forma de
contribuição, que observará as garantias da anterioridade e da legalidade.
b) Sua instituição deverá ser feita por meio de lei municipal, sem, contudo, a
necessidade da observância do princípio da anterioridade.

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c) Em face de sua finalidade específica, que é o custeio do serviço de


iluminação pública, sua natureza jurídica será de taxa.
d) A lei municipal que criar o referido tributo poderá delegar ao Prefeito, por
meio de decreto, a competência para a fixação de critérios para o seu cálculo,
tais como suas alíquotas e base de cálculo.
e) O referido tributo será, obrigatoriamente, cobrado na fatura de consumo
de energia elétrica do contribuinte.

Comentários
A contribuição para o custeio do serviço de iluminação pública, sendo espécie
tributária, deve obediência aos princípios constitucionais tributários, salvo
quando houver ressalva na própria Constituição.
Ocorre que não há ressalvas na aplicação dos princípios a esta espécie
tributária.
Alternativa A – Correta. A Súmula 670 do STF define que o serviço de
iluminação pública não pode ser remunerado mediante taxa. Assim, de
acordo com a previsão constitucional do art. 149-A, os entes tributantes
devem custear tal serviço mediante a instituição de contribuição específica,
que deve respeitar os princípios constitucionais tributários.
Alternativa B – Errada. Não há ressalva na CF quanto à aplicação do princípio
da anterioridade na cobrança da contribuição.
Alternativa C – Errada. Vide comentários à alternativa A.
Alternativa D – Errada. Segundo o princípio da legalidade, há que se prever
em lei os aspectos da instituição do tributo, não podendo ser estabelecidos
em atos infralegais, como o Decreto, por exemplo.
Alternativa E – Errada. O parágrafo único do art. 149-A, da CF, confere
faculdade ao ente tributante para a cobrança da contribuição na fatura de
consumo de energia elétrica. Não se trata de obrigação, mas de opção.
Gabarito: A

Questão 24 – Auditor Fiscal da Receita Federal (TI) - 2005


• Podem os Municípios instituir contribuição para o custeio do serviço de
iluminação pública, cobrando-a na fatura de consumo de energia elétrica?
• Podem os Estados cobrar contribuição previdenciária de seus servidores,
para o custeio, em benefício destes, de regime previdenciário, com alíquota

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inferior à da contribuição dos servidores titulares de cargos efetivos da


União?
• As contribuições sociais de intervenção no domínio econômico e de
interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de
sua atuação nas respectivas áreas, poderão incidir sobre as receitas
decorrentes de exportação?
a) não, sim, não
b) sim, não, sim
c) sim, não, não
d) não, não, sim
e) sim, sim, não

Comentários
Item I – Sim. Segundo a Corte Suprema, o serviço de iluminação pública não
pode ser considerado específico e divisível, a fim de ter o seu custeio
mediante taxa. Com isso, os Municípios perderam parcela da sua
arrecadação, não podendo mais instituir taxa para cobrir tal despesa. Desse
entendimento resultou a Súmula 670. Ocorre que, com a Emenda
Constitucional 30/2002, a CF passou a autorizar a instituição de contribuição
para custear essa despesa, autorizando os Municípios e o DF a instituírem a
contribuição para o custeio da iluminação pública.
Item II – Não. A CF/88 autoriza os Estados, DF e Municípios a instituir
contribuição a ser cobrada dos seus servidores sujeitos ao regime próprio de
previdência. Vale observar, no entanto, que nos termos do art. 149, §1º, uma
vez instituído o regime próprio de previdência de cada ente, este poderá
instituir a contribuição, que não poderá ser inferior à contribuição que a
União cobra dos seus servidores, fixada atualmente 11%.
Item III - Deve-se responder negativamente, em decorrência do
mandamento constitucional do art. 195 acerca da incidência das
contribuições:
Art. 195. §2º. As contribuições sociais e de intervenção no domínio
econômico de que trata o caput deste artigo:
I – não incidirão sobre as receitas decorrentes de exportação.

Gabarito: C

Questão 25 - Procurador – Pref. Fortaleza - 2002


Em consonância com os princípios gerais ditados pela Constituição Federal,
referentes ao Sistema Tributário Nacional:

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a) as contribuições sociais e as taxas não poderão ter base de cálculo própria


de imposto.
b) sempre que possível, os tributos terão caráter pessoal e serão graduados
segundo a capacidade econômica do contribuinte.
c) as contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico não
poderão incidir sobre a importação de petróleo e seus derivados, gás natural
e seus derivados e álcool combustível.
d) o empréstimo compulsório, no caso de investimento público de caráter
urgente e relevante interesse nacional, poderá ser instituído mediante lei
ordinária, mas sua cobrança só poderá ocorrer no exercício financeiro
subsequente ao de publicação da lei que o instituir.
e) cabe à lei complementar da União, além de outros temas que lhes são
reservados, dispor sobre conflitos de competência, em matéria tributária,
entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios e regular as
limitações constitucionais do poder de tributar.

Comentários
Alternativa A – Errada. O regramento constitucional do §2º, do art. 145 é
direcionado apenas às taxas. Ademais, temos vários exemplos de
contribuições com base de cálculo própria de impostos, como é o caso da
CSLL, PIS e COFINS.
Alternativa B – Errada. No §1º, do art. 145, a CF/88 define o princípio da
capacidade contributiva. No entanto, faz alusão apenas aos impostos, e não
aos tributos de forma geral.
Alternativa C – Errada. Define o art. 149, §2º, II, da CF/88 que as contribuições
sociais e de intervenção no domínio econômico incidirão também sobre a
importação de produtos estrangeiros ou de serviços.
Alternativa D – Errada. Os empréstimos compulsórios devem ser instituídos,
em todos os casos, mediante lei complementar.
Alternativa E – Correta. A alternativa reproduz o disposto nos incisos I e II do
art. 146 da Carta Magna.
Gabarito: E

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Com isso chegamos ao final da nossa aula demonstrativa.


Além de apresentar os conceitos iniciais da matéria, esta aula serve, também,
para dar uma ideia de como será o nosso curso.
Perceba que, apesar de apresentar os conceitos iniciais da matéria, os
assuntos tratados nessa aula estão relacionados a muitos temas polêmicos,
levados a discussões judiciais e, por isso, fartos em jurisprudência, muitas
vezes cobrada em prova.
Daí a importância de estar atento aos posicionamentos dos tribunais
superiores.

Meus amigos, será um prazer acompanhá-los ao longo do curso.


Aguardo vocês na próxima aula.
Um grande abraço e bons estudos!

contato@georgefirmino.com.br
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O que segue a justiça e a bondade achará a vida, a justiça e a honra.


Provérbios 21, 21

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