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DIALÉTICA

Existe apenas uma dialética do Ser ou ela apenas está no pensamento?

Seria possível par ao ser humana pensar de uma maneira não-dialética, isto é, de uma maneira
linear? Não é possível porque a contradição se introduz no nosso conhecimento já desde a
percepção sensível. A primeira observação é que não podemos prestar atenção em uma coisa
por mais de alguns segundos.

O problema da mudança e da permanência

Heráclito já dizia que não nos banhamos duas vezes no mesmo rio. Mas será que essa frase tem
duas vezes o mesmo sentido, parece mais difícil ainda, mas o rio permanece no mesmo lugar,
agora a frase tem que repensar cada vez com uma intenção diferente. Buscar a mudança por
baixo da permanecia foi uma preocupação que durou séculos na filosofia grega.

A relação de mudanças e permanência também não são permanente. A nossa percepção da


mudança e da permanência também tem uma contradição. Por exemplo, em alguns casos, a
mudança é um aspecto visível, é o primeiro que você repara, e a permanência é uma
permanência é uma coisa que você constrói na sua mente, por exemplo, o círculo lunar, a lua
parece que quatro aparências na qual uma é uma aparência e a outra uma desaparição, ela
aparece na lua cheia ...e depois lua nova não tem lua nenhuma, com é que você vai saber se
essas quatro coisas são as mesma? Você precisa observar isso ao longo do tempo e ai você
mentalmente constrói a ideia do ciclo, formam-se nesse caso o que é visível é a mudança, o
invisível que só é concebível por abstração é a abstração, em outros casos é o contrário, por
exemplo, você vê uma árvore, você sabe que aquela arvore vai crescer e vai cair, mas ela não
está fazendo isso agora, então haverá permanência da arvore e a mudança que concebe
mentalmente, então você vê que impõem ao ser humano uma dificuldade que podemos dizer
que não está nem totalmente no ser e nem na cabeça, está nas duas coisas ao mesmo tempo e
de maneiras diferentes. Portanto, que podemos dizer que o ser humano desde que apareceu na
terra ele é obrigado a pensar dialeticamente mesmo sem saber que está fazendo isso, os
neandertais já fazia isso ao observar o ciclo lunar, o crescimento do cachorrinho, mas você vê a
forma estática do cachorrinho atual e a mudança que vai fazer que ele se torne cachorro grande
só existe mentalmente. No mundo dos sentidos há mudança e permanência e talvez no mundo
dos arquétipos. Não podemos conceber o mundo físico como mudanças e o mundo espiritual
como estático e imutável.

É um erro pensar que as palavras representam essências estáticas, mesmo que sejam coisas que
mudam, por exemplo, uma vaca não é uma vaca, mas uma vacanda, ela está sendo, não existe
o ser, existe o sendo. Isso é um erro porque o próprio conceito de vaca já implica que ela é um
ser vivo e portanto ela muda, a essência não é uma vaca estática, a essência é apenas uma
formula intelectual mediante a qual expressa a essência da vaca, não é uma figura parada, é a
forma da vaca que contem nela todas as mudanças possíveis que a vaca fará, ela vai crescer, vai
dá leite ou pouco leite, ela poderia ser fecundada por um touro. No conceito de vaca está
embutida todas as transformações possíveis e evoluídos as transformações impossíveis, ela
pode dá leite e vir a dar leite no futuro, isso torna o conceito de vaca, e a vaca não vai aprender
grego , nem alemão, então as mudanças possíveis, as diferenças de mudanças possíveis e
impossíveis está dada na definição, portanto a definição não cabe nem categoria do estático
nem no dinâmico, estático e dinâmico só existe quando você considera o fator “tempo”, ora se
a essência é aquilo que abrange todos os tempos, então evidentemente ela em si mesma não
nem estática nem dinâmica. O conceito de mudança é sempre o mesmo, ou a própria mudança
muda e não era mais o que ela era. Quando você diz que tudo é mudança, então deve atribuir a
você duas vezes a mesma intenção ou você quis dizer uma coisa diferente? E o fato é o fato é o
seguinte, o jogo de mudança e permanência não é por sua vez um jogo permanente, ele também
muda, algumas coisas são mutáveis em aparência, e estáticas no fundo e outras coisas são
contrarias, são estáticas, mas mutáveis. Então não adianta dizer que minha mente é mutável o
tempo todo, porque se a minha mente sempre fosse mutável e uniformemente mutável, ela não
poderia perceber isso que acabei de dizer para você que as coisas não mudam. Quando você
dorme, geralmente acorda no mesmo lugar, então a mutabilidade da sua mente é compensada
por uma permanência do ambiente externo, mas esse ambiente externo é o ambiente da
natureza, do mundo físico. Legrar o interior pelo exterior, porque o exterior tem uma
permanência, uma estrutura e você pode confiar nele, você sabe que podem andar pelo chão
que esse não irá derreter e que não adianta você querer andar sob as águas. Então o mundo
físico que os gregos concebiam com mudança é também um fator de permanência, isso quer
dizer que nós vivemos permanentemente entre um jogo de permanência e mudanças. Então
não posso dizer que o mundo externo é sempre a luta dos contrários. Porque também os
contrários mudam de lugar, eles não são sempre inimigos, não estão sempre em lutas. Quando
Aristóteles inaugura a ciência dialética, ele o faz entre o conflito de discursos, esse discurso é
feito por várias pessoas. Seria possível haver uma diferença de discurso feito por várias pessoas
se não houvesse um aspecto conflitivo dentro da mente de cada um? Ou seja, Heráclito diz isso,
Parmênides dizia isso e o outro dizia uma terceira, então coleção da opiniões dos sábios que
estão aparentemente e conflitos, mas será que alguns desses pensou na sua concepção de
maneira linear e sem nenhuma contradição ou conflito? Claro que não. Então o elemento de
conflito e de contradição está sempre presente. Não só no confronto das ideias dos outros, mas
também nas suas próprias ideias. Ao você fazer uma pergunta você admite duas respostas
contraditórias, e senão fosse assim você conseguiria pensar, você não poderia fazer hipóteses,
se não poder fazer hipóteses, não poderá fazer perguntas, logo não terá resposta. Esse elemento
conflitivo repleto de contradições ele é inerente, por assim dizer, a nossa existência neste
mundo, esse mundo tem seu lado de mudança e permanência. Isso quer dizer que em tudo que
percebermos e pensarmos haverá sempre esses dois lados e eles não estão separados
estaticamente. Essas coisas se misturam, no universo há um elemento de contradição, porque
as coisas mudam, elas não continuam como eram.

Durkheim dizia que a capacidade de que a sociedade tem de perceber a anomalia é limitada,
quando a anomalia dura um certo tempo você considera normal. Então só há 5% de anomalia,
o resto tudo é normal.

Na história social e cultural você encontra várias contradições, num dia que você considera algo
contraditório, no outro você pode achar lógico. Ou seja, ainda tem uma regra, toda dupla de
contrários se apoia em cima de outra dupla de contrários, não existe dialética de tese, antítese
e síntese, quando você tem tese, antítese e síntese você tem encaixada nela outra tese, antítese.
Por exemplo, neste caso, chega a mudança contraste de duas fases de desenvolvimento que
parecem se oporem uma a outra se apoiam em cima de outra contradição, por assim dizer, você
tem a contradição da mudança e a contradição entre seus conceitos respectivos, então uma
dupla de contrários se apoiam em outra dupla de contrário. Como é que conseguimos perceber
alguma coisa? Nós conseguimos perceber alguma coisa e ter algum conhecimento precisamente
por causa desse encaixe entre as várias contradições, por causa dessa dialética entre
permanência e mudança. Essa dialética nos permite tomar consciência de que absolutamente
nada no mundo é conhecida por percepções sensíveis sem um aporto de uma abstração
intelectual e vice e versa, não existe essa separação entre o mundo sensível e inteligível, eles
estão imbricados um no outro o tempo todo, senão não poderíamos perceber nada. Se houve
aqui o mundo sensível, sua mutabilidade; e em cima, o mundo dos objetos ideias em sua
permanência, então isso seria absolutamente impossível. Existe a permanência mudança nos
dois mundos e a relação entre eles também está sempre sendo articulada de outra maneira e é
graças a isso que percebemos porque isso acontece, acontece como você faz um desenho,
quando você faz um desenho e traça um desenho que na natureza não existe, mas que marca o
limite entre uma coisa e o que não é uma coisa. Quero desenhar um sofá e quero fazer uma
linha, mas o sofá não tem uma linha. No fim é que uma serie de traços que são planos fazem
surgir objeto tridimensional e daí o desenho foi além do desenho. Ele salta do plano para o
espaço, a nossa mente faz a mesma coisa, nós vamos articulando contradições e contradições e
de repente o objeto nos aparece com toda a sua inteireza e sua realidade. Esse objeto por si
mesmo é indizível, nada no mundo é dizível, você só pode apenas dizer o signo das coisas; outra
contradição, o signo não representa a coisa diretamente, ele representa através de uma rede
de palavras que não tem nada a ver com as coisas. Como diria Ferdinand Saussusse, o sentido
da palavra é diferença entre ela e tantos outras, não é só isso, mas isso também faz parte, da
natureza do signo, então para você entender um signo, você tem que entender vários. Se você
fala para uma pessoa uma palavra desconhecia e ela pergunta o que que é isso? O que é que ela
responde? Com outras palavras, a não ser que ela tenha um objeto a sua disposição e mostre,
mas você pergunta o que é elefante? Bom, não tem um elefante aqui. Ou seja, tem-se uma rede
de palavra em torno disso para que com que essa rede de palavras com contrastes e
semelhanças entre elas, a pessoa possa montar imaginadamente um objeto, na hora quando ela
começa a visualizar a figura de um elefante, as palavras foram além das palavras, e penetraram
em outro de trimensialidade e de presença real, é assim que pensamos. O acumulo de
contradições, o acumulo intolerável de contradições chega ao ponto intolerável em que
soltamos para a intuição do objeto. É exatamente assim que acontece. Você vai desenhando as
várias partes onde a distinção entre as várias partes até que no fim aparece algo que vai além
dessas distinções, assim como a palavra, você vai pegando a diferença e semelhante de uma
palavra e todas as outras montando, montando e montando, daqui a pouco aparecerá alguma
coisa pra você que não é mais uma palavra. Essa nossa capacidade de ir além das palavras, de ir
além dos signos só é possível por causa desse jogo de mudança e permanência, desse jogo entre
as contradições e da articulação entre as contradições, as representações que tenta mostrar
tudo dialeticamente, ela são tão simplórias quanto aquelas que dependessem traçar retrato
linear da realidade.

A riqueza do pensamento e da própria percepção humana só é possível através desse jogo.

Aquilo que um filosofo viu de maneira compacta e encerrou num símbolo, por assim dizer, outro
filosofo desmembra e vai havendo um progresso de clarificação dos símbolos, essa diferenciação
que por sua articula em novos símbolos.
27:34s

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