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Organizadores José Marques de Melo Francisco de Assis De a Metodista CoS tts Géneros jornalisticos no Brasil José Marques de Melo Francisco de Assis (organizadores) Sao Bernardo do Campo, 2010 UMESP. Dados Internacionais de Cataloga¢do na Publicagao (CIP) (Biblioteca Central da Universidade Metodista de Sao Paulo) Géneros jornaiisticos no Brasil / organizagio de José Marques de Melo, G286 Francisco de Assis. Sao Bernardo do Campo + Universidade Metodista de Sao Paulo, 2010. 331p. Bibliografia ISBN 978-85-7814-128-8 1. Géneros jornalisticos 2. Jornalismo |. Melo, José Marques de Il. Assis, Francisco de CDD 079.8161 Universidade Metodista de Sao Paulo Rua do Sacramento, 230, Rudge Ramos 09640-000, Sao Bernardo do Campo , SP Tel: (11) 4366-5537 E-mail: editora@metodista.br www.metodista.br/editora Assistente editorial: Maria Zélia Firmino de S& Capa: Cristiano Freitas Editoragdo Eletronica: Editora Metodista Tratamento de imagens: Karina Resende Dias Revisdo: Victor Hugo Lima Alves Permutas e atendimento a bibliotecas: Noeme Viana Timb6 Impresséo: Assahi Grafica e Editora As informagées e opinides emitidas nos artigos assinados sao de inteira responsa- bilidade de seus autores, néo representando, necessariamente, posi¢ao oficial da Universidade ou de sua mantenedora. GENERO INFORMATIVO LAURA CONDE TRESCA O jornalismo tem uma estrutura linguistica, mas é também uma cons- trucdo histérica. Os processos regulares, continuos e livres de informagao e de opiniao sobre a atualidade s6 se constituem com a ascensao da burguesia ao poder e a aboligdo da censura prévia a publicagao. José Marques de Melo explica que, devido a censura posterior a publica¢ao, o jornalismo de opiniao 6, de certa forma, nao incentivado e acaba estimulando 0 jornalismo de infor- macao. Nesse sentido, a bipolarizagao entre jornalismo informativo e jorna- lismo opinativo é construfda historicamente, tendo o primeiro a sua expres- s&o maior no jornalismo inglés e o segundo no jornalismo francés (MARQUES DE MELO, 2003, p. 22). A despeito de todo debate em torno do mito da objetividade’, o género informativo persiste historicamente e linguisticamente. Mas qual o estado da arte das reflexdes sobre o género informativo no jornalismo impresso? Como ponto de partida, 6 necessario pensar em rela¢ao a que as refle- xdes sobre o género informativo no jornalismo impresso avangaram. Assim, o referencial inicial de comparacao adotado foi o pensamento de Marques de Melo (2003), porque é 0 autor que, analisando as produgées bibliograficas europeia, norte-americana, hispano-americana e brasileira sobre esse tema, ao longo do tempo, constituiu a obra mais consistente sobre os géneros jor- nalisticos. Para ele, o género informativo apresenta os seguintes formatos: nota, noticia, reportagem e entrevista. A distingao entre a nota, a noticia e a reportagem esta exatamente na progres- sao dos acontecimentos, sua captacao pela instituicao jornalistica e acessibili- dade de que goza o piblico. A nota corresponde ao relato de acontecimentos que esto em processo de configuragao e por isso é mais freqiiente no radio e 0 chamadas de “mito da objetividade” todas as reflexdes que desmentem a imparcialida- das informagées. GENEROS JORNALisTICOS NO BRASIL na televisdo. A noticia 6 um relato integral de um fato que jd eclodiu no orga- nismo social. A reportagem é 0 relato ampliado de um acontecimento que ja repercutiu no organismo social e produziu alteragées que ja sao percebidas pela instituigao jornalistica. Por sua vez, a entrevista é um relato que privilegia um ou mais protagonistas do acontecer, possibilitando-lhes um contato direto com a coletividade (MARQUES DE MELO, 2003, p. 66). A fim de identificar até onde 0 saber cientifico se diferencia do saber popular e técnico, 0 primeiro passo dado foi analisar um exemplo do senso comum por meio das definigdes do Diciondrio Houaiss e um exemplo das no- ges técnicas por meio dos conceitos do Novo Manual de Redacdo da Folha de S, Paulo. Posteriormente, foram analisadas a producdo bibliografica e a “literatura cinzenta” * brasileira recente. 1. SENSO COMUM E TECNICO 1.1. 0 picionArio Houaiss No Diciondrio Houaiss (2006, on-line), foram pesquisados os termos nota, noticia, reportagem e entrevista. Desta forma, foi possfvel observar que, no senso comum, os termos noticia e nota se confundem. Nota é definida como “noticia breve e concisa, que se destina a infor- magao rapida”. Noticia tem uma longa relac4o de definicées, mas uma delas é “nota, apontamento”, Outra definic&o interessante de noticia é “relato de fatos e acontecimentos, recentes ou atuais, ocorridos no pais ou no mundo, veicu- lado em jornal, televiso, revista, etc.” (HOUAISS, 2006, on-line). Aqui, o termo definidor é relato, A reportagem, por outro lado, é um resultado da atividade jornalistica, uma fungao: 1 atividade jornalistica que basicamente consiste em adquirir informagdes so- bre determinado assunto ou acontecimento para transforma-las em noticiério 2.0 resultado desse trabalho (escrito, filmado, televisionado), que é veiculado por 6rgaos da imprensa 3. funcao, servico de repdrter; a classe dos repérteres (HOUAISS, 2006, on- line). + Expresso normalmente usada para se referir a obras académicas nao publicadas em livros, 208 artigos publicados em revistas cientificas e papers apresentados em eventos cientificos. 86 GBNERO INFORMATIVO Jaa entrevista, pressupée um encontro em sua definigao: [Ll 2 (1856). vista, coléquio entre pessoas em local combinado, para obtengao de esclare- cimentos, avaliagées, opiniées, etc. 2.1 Rubrica: jornalismo. coleta de declaragées tomadas por jornalista(s) para divulgagao através dos meios de comunicagaio 2.2 Derivacao: por metontmia. as declaragées assim coligidas 3 (sXIX). encontro ajustado; visita (HOUAISS, 2006, on-line). De maneira nao-intencional, também é formulada uma proposta de clas- sificagao, baseada nas condi¢ées de coleta da informagao: coletiva e exclusiva. A primeira é “agendada e concedida especialmente por figura publica ou per- sonalidade de atual relevancia social, politica, econémica, etc. a um grupo de jornalistas de diferentes érgaos de comunicago”. A segunda é “outorgada a uma tinica empresa jornalistica” (HOUAISS, 2006, on-line). Tais definigdes estao muito longe da nogao de reportagem como “pro- gressdo de acontecimentos” ou de entrevista como “relato privilegiado’, se- gundo Marques de Melo (2003). 1.2. Novo MANUAL DE REDACAO DA FOLHA Antes de um produto histérico e uma estrutura linguistica, para a Folha de S. Paulo (1996) as noticias e ideias so mercadorias’, tal como expresso logo na apresentagdo do manual: “A Folha considera noticias e idéias como mercadorias a serem tratadas com rigor técnico” (FOLHA..., 1996, p.5). Anota é definida como “noticia curta’. Tal como no senso comum, nao é possivel definir nota sem o uso da no¢ao de noticia. O elemento diferenciador em relagdo a noticia é a extensdo do texto. Interessante notar também a pre- ocupacao com o carter nao opinativo das noticias. * Theodor Adorno (COHN, 1971), ao criar o conceito de indtistria cultural, e Marcondes Filho (1986), ao explica-lo, no livro O capital da noticia, apontam para essa caracteristica da notf- cia, assumida no Novo Manual de Redagao da Folha de S, Paulo, em 1996. Nao obstante, ainda hoje ha discussao no ambito académico sobre a matéria. 87 GENEROS JORNALISTICOS NO BRASIL Anoticia é Puro registro dos fatos, sem opinido. A exatidao é 0 elemento-chave da noticia, mas varios fatos descritos com exatid&o podem ser justapostos de maneira ten- denciosa. Suprimir ou inserir uma informagao no texto pode alterar a significa do da noticia. Nao use desses expedientes (FOLHA... 1996, p. 88). Nao hd referéncia ao termo reportagem, apenas reportagem especial, a qual “requer extenso e minucioso levantamento de informagées. Pade apro- fundar um fato recém-noticiado ou revelar um fato inédito com ampla docu- mentagao ¢ riqueza de detalhes” (FOLHA..,, 1996, p. 93). Observa-se que, na percep¢ao da Folha, a nogdo de “progressdo de acon- tecimentos” entre nota e noticia de Marques de Melo (2003) nao esta presen- te, diferentemente do que acontece com a ideia de reportagem especial, em que o aprofundamento dos fatos é elemento constitutivo. A entrevista, por outro lado, nao é referida pela nogao de “relato privi- legiado”: “a maioria das noticias publicadas no jornal tem entrevistas como matéria-prima, embora nem sempre pareca assim” (FOLHA..., 1996, p. 52). Diferente do senso-comum, outras classificagdes séo propostas para a entrevista: exclusiva e pingue-pongue. 0 critério de nomeagao, entretanto, no é 0 mesmo. A primeira é concessdo a um sé jornalista ou veiculo de co- municacao. A segunda é formato de publicagao pergunta e resposta. 2. A PRODUGAO ACADEMICA 2.1. A PRODUGAO BIBLIOGRAFICA, Chaparro é um dos principais pesquisadores que mantém os géneros jornalisticos como objeto de estudos. No livro Sotaques d’aquém e d’além mar: percursos e géneros do jornalismo portugués e brasileiro, ele procura compa rar os géneros jornalisticos no Brasil ¢ em Portugal. Os pressupostos de sua andlise sao: o jornalismo enquanto linguagem de relato e andlise da atuali- dade realiza-se por um conjunto de técnicas desenvolvidas na experiéncia do fazer; as espécies jornalisticas sao reportagem, artigo/ entrevista, noticia, crénica e coluna; uma espécie pode prevalecer mais em algumas épocas e circunstancias; e o discurso jornalistico nao é auténomo. Para 0 autor, os gé- neros sao “formas discursivas da imprensa” (CHAPARRO, 1998, p. 79). © autor faz um didlogo direto com o trabalho de Marques de Melo, negando radicalmente o paradigma da divisdo entre opiniao e informa¢ao (CHAPARRO, 1998, p. 120). Defende que esta é uma construgao académica e 88 GENERO INFORMATIVO que as contradi¢ées afloram na leitura de jornais. Apés uma longa disserta- GENEROS JORNALISTICOS NO BRASIL. Tabela 2 - Classificagao dos géneros jornalisticos proposta por Manuel Carlos Chaparro Género Comentario Género Relato cao sobre 0 mito da objetividade, adota, como referencial teérico, a proposta - ——— do espanhol Martinez Albertos que, de acordo com suas colocagées, “estabe- Espécies argumen- | Espécies grafico- | 5. cies narrativas | Espécies préticas lece um nivel interpretativo para o relato jornalistico, intermedidrio entre a tativas ~_artisticas informagio e a opiniao, conforme segue: roteiros artigo reportagem indicadores Tabela 1 ~ Classificacao dos géneros jornalisticos proposta crénica caricatura noticia agendamentos por Martinez Albertos (apud Chaparro} cartas charge entrevista previsdo de tempo Estilo Atitude Géneros Modalidades Modo de coluna coluna orlentagdes ateis escrita cartas-consulta Informative | informagao 1. Noticia -reportagem de | narragao (12 nivel) relatar 2. Reportagem | acontecimento descrigao O comentario seria expresso principalmente pelo esquema argumenta- objetiva ~reportagem (fatos) tivo, diferentemente do relato, que é expresso pelo esquema narrativo. - vporeatem Apesar de tentar romper com a dicotomia informativo-opinativo, ao de citacdes propor uma classificagdo alternativa, Chaparro de certa forma retoma os gé- -reportagem neros classicos. Qual é a diferenca substancial do conceito de género comen- de seguimento tario e de género opinativo? Qual é a diferenca substancial do conceito de Informativo | interpretagao | 2. Reportagem expo: género relato e género informativo? Nao fica claro. Tampouco o autor avanca (22 nivel) analisar interpretativa (fatos e ra- 3. Cronica zdes) Editoriali- opiniaio 4, Artigo ou - editorial argumentagao zante persuadir comentario - suelto (razdes - coluna (artigo e ideias) assinado) - critica - tribuna livre (cartas) Fonte: Chaparro (1998, p. 120). Apesar de Martinez Albertos construir um referencial tedrico total- mente diferente, 0 esquema proposto avan¢a um pouco nas classificagdes dos formatos de reportagem. A reportagem de acontecimento “oferece uma visdo estatica dos fatos, como coisa ja acabada” (CHAPARRO, 1998, p. 120). A reportagem de acio trabalha com visao dindmica dos fatos. A reportagem de citagdes privilegia as vers6es sobre os fatos. A reportagem de seguimento narra a continuidade de um acontecimento de um dia para 0 outro. A partir do esquema de Martinez Albertos, Chaparro (1998, p. 123) pro- poe uma classificagao propria: 89 para discutir os formatos de nota, noticia, reportagem e entrevista. Medina é quem contribui para pensar os formatos de entrevista. Define entrevista: “uma técnica de obtencao de informagées que recorre ao particu- lar” (MEDINA, 1986, p. 18). A autora enfatiza o carater dialégico da entrevista e, para propor um esquema de classificacao, baseia-se em Edgar Morin, con- forme mostra o quadro a seguir: ‘Tabela 3 - Classificagdes do formato entrevista propostas por Edgar Morin e por Cremilda Medina Proposta de Edgar Morin Proposta de Cremilda Medina Espetacularizacao | Compreensao _ | Espetacularizacio | _ Compreensao Ps 6 P - perfil pitoresco ee ~ entrevista-rito - entrevista- ~ perfil do inusi- enquete entrevista didlogo porfite onde. | ~iavestigativa anedética -neocontissées | “P nacio - confrontacao ° | - perfil humani- - perfil da ironia |” Pert! humant zado 90 GENERO INFORMATIVO Haveria, desse modo, duas grandes categorias: espetacularizacao e com- preensdo. Dentro da nocao de espetacularizagao, hd os subformatos: perfil do pitoresco, perfil do inusitado, perfil da condenagao e perfil da ironia. Dentro da nocao de compreensao, hd os subformatos: conceitual, entrevista/enque- te, investigativa, confrontacdo e perfil humanizado. Nilson Lage (2001) contribui para esse debate propondo tipos de entre- vistas, de acordo com as circunstancias e objetivos: Tabela 4 - Classificacdo do formato entrevista proposta por Nilson Lage Circunstancias Objetivos ocasional ritual confronto, tematica coletiva testemunhal dialogal em profundidade Em relagao a noticia, Medina (1988) afirma que sua diferenga, em rela- do a reportagem, esta no tratamento do fato jornalistico, no tempo de agaoe no processo de narrar, tendo uma preocupado muito estilfstica. E importan- te lembrar que essa no¢do de tempo também esta presente no pensamento de Marques de Melo: a progressdo dos acontecimentos. Gomis (1991) defende que as caracteristicas préprias dos géneros nas- cem de uma relacao peculiar entre o contetido e a forma. Nao 6a propor¢gao de informacado ou comentario que serve como critério de classificagéo dos géneros, mas a fungao que cumpre. Assim, propée as seguintes categorias: noticia, informe, reportagem, entrevista e crénica. Coimbra (2004) escreve um livro-manual, contribuindo para a classifi- cacao de reportagem, a partir da estruturagdo do texto: reportagem disserta- tiva, reportagem narrativa (testemunha, protagonista, onisciente e draméati- co), reportagem narrativo-dissertativa/ dissertativa-narrativa e reportagem descritiva. As duas Ultimas categorias sao para evidenciar os limites ténues dos formatos propostos: é dissertativo, mas também pode ser narrativo ou é narrativo e contém descricSo. Por sua vez, Grillo (2004, p. 20) faz uma abordagem linguistica, basean- do-se em Bakhtin. Parte do pressuposto de que a noticiaea reportagem sao “géneros informativos por exceléncia”. Defende os titulos como os principais responsdveis pelo carater informativo desses géneros. Consequentemente, a nocao de realidade é criada, embora nao avance na questao dos formatos desse género. 91 GENEROS JORNALISTICOS NO BRASIL Dentre as poucas novidades publicadas, hA um livro que nos remete, ainda, a influéncia norte-americana: Elementos do jornalismo, de Bill Kovach e Tom Rosenstiel. Embora os autores nao tratem diretamente dos géneros, ha que se observar que dao destaque ao jornalismo investigativo, tratando, especificamente, sobre reportagem investigativa original, reportagem inves- tigativa interpretativa e reportagem sobre as investigagées (KOVACH; RO- SENSTIEL, 2004, p. 176-184). Nenhuma obra que trata especificamente do formato nota foi localizada nesta pesquisa. 2.2, A LITERATURA CINZENTA A produgao académica dos tltimos anos voltou-se bastante para a andli- se do discurso. S40 muito recorrentes trabalhos do tipo “como a midia trata/ aborda tal questo”, principalmente na perspectiva da relagao linguagem e ideologia. Outro tipo de trabalho bastante comum é aquele que discute as condigées ou os meios de produgao da noticia. Desta forma, atém-se ao pro- cesso e nao aos géneros. Portanto, s4o poucos os autores que trataram dos géneros jornalfsticos e raros os que trataram especificamente sobre os for- matos do género informativo. Kauffmann se propée a colocar em primeiro plano de andlise a descri- cao linguistica dos géneros jornalisticos. Diz que procurou estudar justamen- te os formatos com maior dificuldade de reconhecimento, como a noticia ea reportagem (KAUFFMANN, 2005, p.40). Para tanto, na perspectiva dos estu- dos da comunicagao, o autor baseia-se principalmente nas obras de Chaparro e de Marques de Melo. Porém, nao avan¢a na proposi¢ao de formatos e acaba por apenas reforgar as constata¢ées feitas anteriormente: “as dimensées re- sultantes reforgam a tese de Marques de Melo J...] de que existe nos géneros uma cis4o basica entre opiniado e informacao” (KAUFFMANN, 2005, p. 40). Lanza (2005) nao trata especificamente dos formatos do género infor- mativo, mas chama a aten¢do para um aspecto importante: a folhetinizagao da noticia. Com isso, ela quer dizer que as noticias e reportagens continuam sendo noticias e reportagens, mas que agora comportam elementos litera- rios. Ou seja, nao constituem um género diferente. Santos (2003) segue a mesma tendéncia, nao tratando especificamente dos formatos do género informativo, Entretanto, chama a atengdo a nogado de “foto como noticia”. Tal perspectiva 6 importante, porque abre a possibilidade de definir noticia nao sé pelo texto escrito, mas também pela imagem. 92

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