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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

Denner da Silva Florentino de Andrade

A AUTOMAÇÃO DO SISTEMA DE ENTRADA DE NOTAS FISCAIS


ELETRÔNICAS E OS IMPACTOS NA GOVERNANÇA CORPORATIVA
UTILIZANDO SOFTWARE DE GESTÃO ERP SAP

BAURU
2018
UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
Denner da Silva Florentino de Andrade

A AUTOMAÇÃO DO SISTEMA DE ENTRADA DE NOTAS FISCAIS


ELETRÔNICAS E OS IMPACTOS NA GOVERNANÇA CORPORATIVA
UTILIZANDO SOFTWARE DE GESTÃO ERP SAP

Trabalho de conclusão do curso de


pós-graduação MBA em gestão de
operações, produtos e serviços.

BAURU
2018

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RESUMO

Diante do mercado de concorrência acirrada que visa aumentar a produtividade


e diminuir os custos, o risco fiscal é uma preocupação constante dos
empresários e contadores. Uma das formas de mitigar os riscos é utilizar a
tecnologia da informação como agente estratégico. As empresas devem estar
em consonância e seguir as boas práticas de negócio, evitando ou atenuando
autuações fiscais, promovendo a alavancagem competitiva das organizações.
O estudo selecionado orienta-se no sentido responder as questões
apresentadas e indicar os resultados coletados no caso da implementação da
automação do processo de automação do sistema de entrada de notas fiscais
eletrônicas de uma empresa de grande porte no setor de agronegócio utilizando
a solução de produtos da SAP. O cenário é desafiador pois com a tecnologia
está disponível para as empresas, aumentar sua produtividade, competitividade,
quanto para os órgãos regulamentadores, aumentando a capacidade de
cruzamento de informações e fiscalização.

Palavras-chave: Governança; Risco Fiscal; Nota Fiscal Eletrônica;


Automação; Sistemas SAP ERP.

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INTRODUÇÃO

Há décadas que as corporações buscam a expansão econômica, desde


a revolução industrial, passando pelas as teorias clássicas da administração
de Henri Fayol, ou pelos estudos de otimização do tempo de Frederick Taylor,
até os sistemas de gestão MRP - Material Requirement Planning (Planejamento
dos Recursos de Manufatura), a busca pelo lucro e crescimento impulsionam as
empresas a fazer uma gestão mais integrada.
Peter Drucker (2001) traz conceitos práticos do gerenciamento e os
impactos nos resultados. A tecnologia por sua vez, organizou os conceitos
teóricos e práticos, tendo um papel estratégico no desenvolvimento e
fortalecimento das empresas. A evolução de sistemas da informação permitiu
que as empresas buscassem soluções inteligentes para promover a otimização
e a melhoria de processos, mitigando riscos e aumentando a vantagem
competitiva frente aos concorrentes.
Surgiram então os sistemas integrados de gestão empresarial
denominados ERP - Enterprise Resource Planning (Planejamento de Recursos
Empresariais) que ganharam importância nos últimos anos para o
desenvolvimento dos negócios nas organizações, pois integra todos os dados e
processos de uma organização em uma única base de dados. Desta forma as
diversas áreas de uma companhia podem compartilhar informações, otimizando
e controlando processos.
Durante a década de 90, notou-se grande investimento das empresas na
aquisição de softwares de gestão integradas ERP. Segundo Haberkorn (2007)
diante da quantidade de informações e variantes, as corporações precisam de
sistemas para gestão do negócios e operações de forma ágil, integrada e
otimizada.
Entretanto, há também novos desafios, como por exemplo, como
melhorar os resultados e estar em conformidade com os órgãos
regulamentadores, considerando que a tributação brasileira tem se tornada
complexa e esse fator tem se tornado relevante aos empresários e investidores.
A automação de sistemas tem papel estratégico e impacta na governança
corporativa integrando operações, produtos e serviços, gerando valor e
reduzindo riscos.

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1. REVOLUÇÃO DO ERP

1.1. A importância do ERP nas corporações

Os sistemas ERP, mais conhecidos no Brasil como Sistemas de Gestão


Empresarial, podem ser vistos como um banco de dados com informações que
interagem e se realimentam em diversos setores; logo, os dados sofrem
modificações, transitando em uma cadeia produtiva. Conforme as interações,
como cita Cherene (2010), um pedido de compras se transforma em uma entrada
de mercadoria, alimentando o estoque, podendo ser utilizado como insumo na
produção, produto a ser comercializado, expedido e contabilizado.
Souza (2008) indica que a implementação de um ERP deve ser tratada
como um projeto que envolva a empresa como um todo pois a direção deve
apoiar e envolver todos os usuários. Deve-se haver planejamento adequado
frente as expectativas realistas, determinando assim metas e definindo
claramente as necessidades desse processo.
Não sendo apenas um projeto de tecnologia, destaca também como os
principais benefícios da implementação:
• Qualidade e eficácia da informação
• Agilidade empresarial
• Eliminação do uso de interfaces manuais
• Otimização do fluxo da informação
• Redução da carga de trabalho
Embora as muitas vantagens, também encontramos riscos e custos
consideráveis, a aderência a uma nova cultura e a reengenharia do processo
exige uma gestão da mudança, um investimento inicial em equipamentos,
programas e treinamento da equipe.

1.2. Principais ERPs do mercado

Atualmente, há diversas opções de ERP para as empresas. Encontramos


variações de tecnologia, funcionalidade, custos e investimentos, e, segundo

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pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (2016), 83% do mercado nacional está
com os fabricantes de software SAP, TOTVS ou ORACLE.
De acordo com a consultoria especializada em pesquisa de mercado,
Gartner Group (2017), a tendência mundial dos softwares ERP dos últimos anos,
demonstrada no diagrama quadrante mágico, indica quais são líderes,
emergentes, visionários ou que atendem a determinados nichos de mercados,
conforme imagem a seguir:

Figura 1 – Quadrante mágico: Tendências do mercado de ERP

Fonte: Gartner (2017)

Dentre as empresas que proveem soluções de gestão empresarial, a


multinacional SAP tem destaque por ser a escolha das principais empresas no
mundo por disponibilizar uma grande gama de produtos, softwares e plataformas
que vem evoluindo anualmente.
Segundo Souza (2008), a adoção e a escolha de sistemas ERP
transforma a empresa em pelo menos três pontos: implementação de um modelo
de empresa integrada e centralizada; a mudança da visão de processos, por
meio dos modelos disponibilizados pelo sistema e a terceirização de aplicações,
uma vez que o fabricante do software desenvolve e modula os processos no
sistema, sendo que, novamente, este contexto tem que estar inserido na cultura
organizacional da empresa.

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De acordo com a Secretaria da Fazenda (2018), toda empresa brasileira
está sujeita a fiscalização, devendo estar em conformidade com a legislação
atual vigente, alguns exemplos de auto de infrações e suas respectivas punições,
estão na tabela a seguir:

Tabela 1 – Multas e infrações referente a nota fiscal


Infração Punição
Não emissão de Nota Fiscal Crime de sonegação, reclusão de 2 a 5 anos, além de multa aplicável
no valor de 10% a 100% sobre cada nota fiscal autuada, mas pode
chegar as 225% do valor sonegado.
Cálculo de imposto errado Se for abaixo do valor correto, delito é uma infração tributária,
aplicação de multa de 10% a 115%.
Se for acima do valor correto é caracterizado como erro, mas deve
pagar o valor o imposto sobre o qual foi lançado.
Não armazenamento do XML É uma obrigação das empresas arquivar os arquivos, sejam eles
digitais ou não, por 5 anos, a multa pode passar de R$1000,00 por
XML de Nota Fiscal não encontrado
Fonte: SAGE (2018)

1.3. Novos cenários e integrações

Como a tecnologia e a gestão administrativa, a tributação no Brasil vem


evoluindo, exigindo obrigações com respaldo da legislação, estando sujeitos a
fiscalização e intensa solicitação de documentos.
Os Sistemas de Gestão que ao longo da história atendia os processos
empresariais de forma modular, como por exemplo os processos de
Administração de Materiais, Financeiro, Contábil, Fiscal, Vendas e Distribuição,
os quais se veem diante de novos desafios como a integração com outras bases,
seja ela entre empresas distintas, seja com as entidades governamentais.

1.4. Obrigações legais e riscos

Em meados dos anos 2000, a Secretaria da Fazenda (SEFAZ) e o


Encontro Nacional de Administradores e Coordenadores Tributários Estaduais
conceberam projeto chamado SPED (Sistema Público de Escrituração Digital),
integrando três obrigatoriedades legais às empresas brasileiras, que são:

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Escrituração Contábil Digital (ECD), Escrituração Contábil Fiscal (ECF) e a Nota
Fiscal Eletrônica (NF-e), regulamentada na Emenda Constitucional n.º 42.
Além das empresas, o Governo e as entidades regulamentadoras também
evoluíram tecnologicamente, aumentando a exigência legal e a fiscalização. A
legislação atual contempla penalidades qualquer irregularidade identificada. Um
exemplo que ilustra o risco fiscal, conforme base legal do artigo 527 inc. V do
RICMS, indica multa de 1% sobre o valor das operações com atraso de
escrituração das notas fiscais de entrada de mercadorias.
Estar em conformidade com as obrigatoriedades legais exige um esforço
maior por parte dos empresários, uma gestão focada em um conjunto de
processos, costumes, políticas a qual a empresa se orienta, de forma a reduzir
os riscos e custos.
No caso das NF-es, há complexidade no cenário de integração, pois as
empresas do Brasil emitem documentos eletrônicos independente de seus
sistemas, considerando que a validação do arquivo digital acontece com base
em no leiaute padrão e aprovação da SEFAZ, retornando à validade do
documento, para assim a empresa enviar ao cliente e realizar sua contabilização
e tributação correta.

2. SISTEMA DE NOTA FISCAL ELETRÔNICA

2.1. Sefaz

As atividades econômicas, os recursos tecnológicos e os sistemas


integrados estão em constante evolução, desta forma cabe as empresas
estarem preparadas para realizar a gestão da mudança, assegurando
programas de continuidade do negócio, a fim de que se mantenham competitivas
e produtivas.
As empresas devem prestar contas tributárias da União, dos Estados e
Municípios, assim como assegurar a validade jurídica e regulamentação dos
documentos.
No dia 15 de setembro de 2006, entrou em vigor oficialmente a Nota Fiscal
Eletrônica após um ano de projeto piloto, a NF-e atendeu primeiramente os

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modelos impressos 1 e 1A, posteriormente sendo e estendida para outros
modelos.
Desde sua concepção, a NF-e foi criada para ser um documento de
existência digital, emitido e armazenando eletronicamente, com o objetivo de
documentar a circulação de mercadorias ou serviços. Para acompanhar a o
trânsito da mercadoria foi criado o Documento Auxiliar da Nota Fiscal Eletrônica
(DANFE), um papel com uma via única, em destaque uma chave de acesso com
código de barras para facilitar a captura e a confirmação das informações,
checando também sua autenticidade.
Segundo a SEFAZ (2017), para atender as mais de 1,2 milhões de
empresas que emitem NF-e, número que tende a crescer cada vez mais que as
novas empresas forem sendo criadas ou ampliadas, há um investimento anual
em tecnologia de alta performance por parte do Departamento de Tecnologia da
Informação (DTI). Em 2016, após 8 anos do início do projeto, o Brasil chegou a
marca de 10 bilhões de documentos digitais emitidos.
A chave de acesso, consiste em um agrupamento de 44 caracteres
numéricos, implícito as informações relevantes ao emissor, como por exemplo,
Estado de origem, CNPJ da empresa emitente, data e código de validação.
A imagem a seguir destaca cada trecho do código e seu significado, sendo
essa uma forma de estruturação sistêmica da chave de acesso.

Figura 2 – Estrutura da chave de acesso da NF-e

Fonte: Autor (2018)

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A tecnologia utiliza de protocolo de comunicação chamado SOAP, que
significa Protocolo de Simples Acesso a Objetos, altamente confiável e seguro,
utilizado na linguagem XML, para comunicação e integração de aplicações via
HTTP, em Webservices, solução utilizada na integração de sistemas em
plataformas diferentes.
Em seu endereço eletrônico, a SEFAZ disponibiliza todos os manuais do
projeto, do leiaute comum e as atualizações, que são constantes e periódicas,
para os fabricantes de software e usuários.
Atualmente a versão do leiaute da NF-e, está na versão 4.0, atendendo
cenários diversos como Conhecimento de Transporte Eletrônico (CT-e),
Manifesto do Destinatário Eletrônico (MD-e), Manifesto Eletrônico de
Documentos Fiscais (MDF-e), contribuindo para a integração entre as empresas,
o chamado B2B – Business to Business.
A SEFAZ disponibiliza também alterações e informações em publicações
chamadas Notas Técnicas, indicando a versão e a data de referência, sendo
salutar estar sempre atento a tais demandas.
É importante observar que as notas fiscais possuem diversos campos que
devem ser preenchidas observando regras e leis. Basicamente possui dados de
cabeçalhos, cuja finalidade é identificar compradores, empresa ou pessoa física,
endereço, cadastro CNPJ ou CPF, forma de pagamento, código fiscal de
operações e prestações (CFOP). Possui também os dados referente aos itens,
descrevendo produtos, quantidades e valores.

Tabela 1 – Documentos da NF-e


Documento Definição
NF-e Nota Fiscal Eletrônica
Uma NF-e é um documento que acompanha o material a ser entregue e contem
informações de dados fiscais e logísticos. Cada entrega de material no Brasil deve
ser feito com a entrega de uma nota fiscal correspondente ao seu conteúdo.
CT-e CT-e: Conhecimento do Transporte Eletrônico
A CT-e é uma fatura eletrônica de custo de frete e suas respectivos impostos. Ele pode
ser referenciado a outro CT-es e um ou mais NF-es
DANFE Documento Auxiliar da Nota Fiscal Eletrônica é o documento impresso da NF-e para
acompanhar a entrega do material.
DACTE Documento Auxiliar Conhecimento do Transporte Eletrônico é o documento impresso
do CT-e.
Fonte: SEFAZ (2018)

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2.2. Nota Fiscal Eletrônica no ERP da SAP

O ERP da SAP atende ao projeto Nota Fiscal Eletrônica desde sua


primeira versão 1.0, porém nos últimos anos com a diversidade de cenários e a
ampliação dos webservices da SEFAZ, desenvolveu o SAP NF-e 10.0 ou SAP
GRC NFE, uma aplicação capaz de integrar com a base da SEFAZ de forma
rápida, ágil e segura, que atende a grande parte dos processos de forma
automática, mas que também possibilite a customização de soluções. Este
produto se encontra dentro da plataforma GRC (Governance, Risk and
Compliance) por estar intimamente ligado a Governança, análise de riscos e a
conformidade com os sistemas internos e externo, fazendo parte das políticas
de segurança da informação.
Para integrar o ERP da SAP com a base da SEFAZ, se faz necessário a
utilização de um servidor dedicado para realizar a comunicação, tratar e validar
os dados, servindo de ponte para a comunicação, a aplicação Process
Integration (PI) – Integração de Processos, que está inserida na solução do GRC
NFE. Esta poderosa ferramenta de comunicação é capaz de integrar
praticamente qualquer base ou sistema do mercado.
Uma das vantagens da solução proposta pela SAP é a possibilidade de
configurar e reestruturar a própria ferramenta conforme a necessidade específica
de cada cliente ou adicionar funcionalidade não atendidas pelo programa padrão
(Standard).
O SAP GRC NFE pode ser dividida em outbound (saída) e inbound
(entrada).

2.3. Projeto GRC e a automação da nota fiscal de saída

Os cenários inseridos no outbound são processos voltados para o


faturamento das NF-e, o módulo de vendas e distribuição possui grande interface
e responsável pelo fluxo dos dados, está relacionado a emissão dos
documentos.

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A base de dados da empresa conta com dados de fornecedores/clientes,
materiais, impostos e regras tributárias, informações complementares e dados
de frete e transporte.
A Nota Fiscal de Saída é um documento emitido pela empresa
fornecedora de produtos ou serviços para o consumidor final, o governo atesta
a validade legal do documento digital. A nota fiscal pode ser impressa, porém o
documento é tido apenas como auxiliar.
Podemos ilustrar um processo de saída, conforme imagem a seguinte,
desde a origem da ordem emitida para o cliente, até a entrega e faturamento.

Figura 3 – Processo de Vendas e Distribuição do ERP SAP

Fonte: SAP (2015)

O processo de saída exige grande organização dos dados cadastrais dos


clientes, dos materiais e também da área fiscal, para correta indicação de
impostos, e informações pertinentes a nota fiscal.
Assim, os dados serão mapeados para os campos do documento digital
XML. Para transmitir um arquivo, é preciso assiná-lo digitalmente e transmitir ao
fisco, por isso a empresa precisa adquirir um certificado digital para emissão de
notas fiscais.

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2.4. Projeto GRC e a automação da nota fiscal de entrada

O SAP GRC NFE visa colaborar no cumprimento da legislação que rege


a emissão e o recebimento de NF-e e outros trâmites relacionados a ela. No que
tange à abrangência, é preciso ressaltar que o sistema compreende a relação
empresas/Governo e também age no relacionamento empresa-empresa.
Embora os softwares ERPs possam ser formatadas com os processos
bem definidos, também há cenários que não são atendidos ou que necessitam
de uma customização.
O processo de entrada de nota fiscal inbound (entrada), possui algumas
peculiaridades, trata-se de uma integração B2B, Business to Business, isto é,
acontece entre uma empresa e outra. A nota fiscal é enviada por e-mail para a
empresa parceira, a ferramenta então é capaz de fazer a leitura do anexo XML
da mensagem, extraindo os dados dos campos e transferindo para tabelas para
realizar a entrada dos dados.
Mesmo com este nível de automação, há necessidade de algumas
interações humanas, como associação de nota fiscal a pedido de compra,
contabilização, escrituração fiscal e liquidação.
A automatização das NF-e de entrada possibilita melhor gestão dos
recursos e pode gerar benefícios estratégicos para a empresa.
Segundo a SAP (2017) implementar o cenário de entrada da NF-e
possibilita:
• A validação das NF-es de maneira ativa, podendo detectar falhas
nos impostos e pedidos.
• Segurança e confiabilidade dos registros fiscais e físicos. Redução
de erros.
• O controle da emissão da NF-e por parte do fornecedor.
• Facilidade de gestão de notas, armazenagem e localização para
atender fiscalização, por exemplo.
• Economia de tempo e recursos para tratativas e preenchimento de
notas fiscais.
O processo completo no ERP envolve desde a emissão do pedido de
compra, homologação do fornecedor e negociação do departamento de

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compras. O fornecedor, por sua vez, deve preencher o XML não apenas dentro
do leiaute proposto pela SEFAZ, mas para a qualidade da informação chegar
mais precisa, deve atender o padrão da empresa recebedora, como por exemplo,
indicar o número do pedido de compras referente a negociação, as unidades de
medidas devem ser padronizadas, assim como os códigos e conversões, como
por exemplo l – litros, t – toneladas, kg – quilograma.
Após a emissão da NF-e, acontece a validação tanto no ambiente ERP
quanto no ambiente SEFAZ, posto que retorna um protocolo de validação que
foi registado em sua base. Há casos que a nota fiscal possui irregularidades,
sendo rejeitada pelo validador.
Estando dentro dos padrões exigidos, a SEFAZ disponibiliza um
webservice para consulta e baixa automática do XML, neste caso e recebedor
pode ter acesso a nota fiscal digital, antes mesmo do fornecedor encaminhar o
e-mail pelo B2B, desde que o destinatário da nota fiscal seja o seu CNPJ e este
possua o certificado digital para fazer o download.
A imagem a seguir detalha o fluxo da informação no sistema de entrada
de nota fiscal eletrônica.

Figura 4 – Processo de Entrada da NF-e

Fonte: Neoris (2015)

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2.4. Metodologia do projeto

O projeto teve como premissa se tornar um processo de otimização,


sendo dividido em três fases de modo a segmentar e organizar os esforços e o
plano de ação. Houve a necessidade de envolvimento de diversas áreas da
empresa, responsáveis pela origem das informações e entrada de dados, assim
como os fornecedores, responsáveis pela emissão da nota fiscal.
A alta direção estava comprometida e participou da divulgação e
acompanhava periodicamente o cronograma e as entregas. A tecnologia da
informação foi a fundo para entender as necessidades e se especializou no
processo das áreas de negócios. Foram realizadas rodadas de conversas e
treinamento com os fornecedores, inclusive orientando a sistematização para
emissão de notas fiscais.
A fase 1 abrangeu a base de fornecedores (24%) que já possuíam as
características básicas para a entrada via SAP GRC, necessitando apenas de
pequenos ajustes no sistema e nos processos, como por exemplo a solicitação
formal para preenchimento do campo xPED no XML, este campo associa o
pedido de compras a nota fiscal.
A fase 2 tratou dos fornecedores que necessitavam adaptar seus sistemas
e processos (63%); houve a necessidade de contato personalizado para cada
item inconsistente.
A fase 3 atuou nos casos dos fornecedores mais complexos (13%); houve
a necessidade reuniões, capacitações e maior esforço para explanação e
desenvolvimento.
Figura 5 – Amostragem dos fornecedores

Fonte: Autor (2018)

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3. ANÁLISE DOS RESULTADOS

Os resultados obtidos foram coletados através de um estudo de caso de


uma grande empresa multinacional do ramo agroindustrial. O projeto teve
duração de 318 dias, se valeu das áreas de tecnologia da informação, compras,
contabilidade, fiscal e o apoio da alta direção da empresa e contou com a análise
de dados dos 1450 fornecedores cadastrados.
Foi realizado um levantamento prévio do fluxograma do processo,
identificando o esforço, quantidade de recursos, lead time, riscos e problemas.
Desta forma pode-se realizar uma apuração consistente dos resultados.
Seguindo as teorias de Taylor, foi realizado medições de tempo e ações com os
usuários no modelo tradicional, posteriormente comparando resultados após a
automação.
No levantamento prévio do projeto, identificou: o fluxo do processo
contava diretamente com a interação de 6 funcionários e analisou-se também a
quantidade de toques ou digitação dos usuários no sistema, como por exemplo
inserção de impostos, quantidade ou dados dos documentos totalizando no
mínimo 114 no modelo antigo.

Figura 6 – Fluxograma do modelo padrão

Fonte: Autor (2018)

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O objetivo do projeto é registrar de forma automatizada as notas fiscais
eletrônicas de aquisição de mercadoria, realizando a escrituração do livro fiscal
e direcionando para o pagamento, agilizando os processos de compras,
pagamento e escrituração fiscal, reduzindo os riscos e autuações das entidades
regulamentadoras do governo. A meta era registrar 80% dos documentos digitais
otimizando o processo.
No levantamento posterior do projeto, foi redesenhado os processos e
realizado nova métrica, o fluxo do processo sofre uma alteração considerável,
consequência da diminuição interações necessárias. Cabe ressaltar que a mão
de obra foi reaproveitada para outros processos, ocorrendo uma otimização dos
trabalhos.

Figura 7 – Fluxograma do processo após reengenharia

Fonte: Autor (2018)

Ao comparar os diagramas, nota-se que algumas áreas e processos foram


totalmente automatizados, como por exemplo o almoxarifado, que fazia a
entrada física dos materiais (documentação) e parte da área fiscal, responsáveis
pela escrituração, tratativas do livro fiscal e apuração de impostos. Com isso

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pode-se acompanhar os resultados, mês a mês, utilizando as métricas da moeda
corrente e também da quantidade de itens adquiridos.
A imagem a seguir detalha as entradas de notas fiscais; em fevereiro de
2018 foi totalizado 13,51 milhões de reais representando 88,24% do total de
notas possíveis a serem realizadas pelo GRC. Enquanto que 11,76% foi
realizado na forma clássica manual.

Figura 8 - A evolução quantitativa do projeto GRC

Fonte: Autor (2018)

3.1. Evolução e ganhos

Além da evolução de tempo e otimização de recursos, houveram ganhos


significativos nos seguintes processos operacionais:
• Analise antecipada dos arquivos XML incluindo a número do pedido
e item.
• Eliminação dos kits de estoque e eliminação dos materiais
genéricos.
• Alteração na contratação de serviços de empreita.
Desenvolvimento da tecnologia da informação e melhorias sistêmicas:
• Implementação de portal do negociador, controlando o fluxo de
trabalho e as informações relevantes ao processo.
• Baixa automática dos arquivos XML utilizando webservice,
independente da unidade federativa.
• Automação do conhecimento do transporte eletrônico (CT-e).
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O projeto GRC possibilitou a otimização de recursos financeiros,
diretamente, logo após o termino do projeto, foram otimizadas 3 posições no
almoxarifado, o que representa cerca de 1,3 milhões em 3 anos.
No modelo anterior, cada unidade tratava seus próprios documentos,
enquanto no novo modelo, houve a centralização em uma célula fiscal que
otimizou o tempo e o padrão dos lançamentos.
O projeto reduziu o potencial passivo fiscal, com o atingimento da meta de
80% foi mitigado o risco fiscal tanto do presente quanto do futuro, relativo ao
atraso ou ausência de escrituração fiscal, com potencial evitar penalidades do
fisco que podem corresponder a ordem de R$ 20 milhões de reais.

4. CONCLUSÕES

Percebemos que a necessidade do gerenciamento das informações é um


fator determinado para o sucesso das corporações. Juntamente com a
Tecnologia da Informação, o Setor Contábil torna-se a principal fonte de
informações necessárias para a gestão e consequentemente sua tomada de
decisões.
Os conceitos teóricos do passado podem contribuir ainda nos dias atuais,
entretanto, assim como a tecnologia desenvolve novos recursos, interfaces,
capacidade de processamento e armazenamento, as áreas de negócios da
empresa também ganharam novas estruturas e atividades.
Partindo-se da premissa que as empresas estão inseridas em ambientes
repletos de variáveis, a sistematização pode otimizar recursos e reduzir o risco
fiscal, desde que os processos sejam bem definidos e o fluxo da informação seja
gerido e fomentado.
No estudo de caso apresentado vimos como a tecnologia pode auxiliar a
administração e os negócios da empresa, visto que, a quantidade de
informações cresce e ganha tamanhas dimensões que a manipulação de dados
se torna inviável sem uma ferramenta ou recurso tecnológico.
Do ponto de vista de pessoas, houve a integração entre as áreas de
Tecnologia da Informação (TI), Compras e do Centro de Soluções
Compartilhadas (CSC). Alguns cenários paralelos também foram tratados, de

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modo que a ferramenta pudesse corroborar com a governança, redução de
riscos e a conformidade.
A visão de futuro para a empresa pós projeto busca 100% da automação
de notas fiscais eletrônicas, registrando também as notas fiscais de simples
remessa, as quais não exigem o pagamento; implementação da folha de
serviços, que busca gerenciar melhor os serviços prestados; substituindo a
metodologia atual de documento manual de entrada física e fiscal.
Demandas complexas como cenário em moeda estrangeira, partilha de
impostos entre Estados e a nota fiscal eletrônica de serviços estão em pauta
para os próximos tempos.
Com isto, notamos a importância da gestão assertiva, visando o
empresariar as corporações, provendo maior segurança e transparência para
todos os processos e interessados.

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REFERÊNCIAS

CHERENE, Lumena Paes; DA SILVA, Luciano Souza; SILVA, Simone


Vasconcelos. Dificuldades e benefícios na implementação de um sistema de
gestão empresarial (Sap R/3). PerspectivasOnLine 2007-2010

DRUCKER, P. F. O melhor de Peter Drucker: a administração. Tradução de


Arlete Simille Marques. São Paulo: Nobel, 2001.

FGV, Fundação Getúlio Vargas. Biblioteca Virutal – Pesquisa ERP no Brasil.


Disponível: <http://eaesp.fgv.br/ensinoeconhecimento/centros/cia/pesquisa>
Acesso em 14 maio 2018

GARTNER, Group. Disponível em: <www.gartner.com>. Acesso em 14 maio


2018

HABERKORN, Ernesto. Um bate-papo sobre gestão empresarial com ERP:


tudo que você gostaria de saber sobre ERP e a tecnologia da informação,
mas ficava encabulado de perguntar. São Paulo: Saraiva, 2007.

NEORIS. Consultoria em Software de Gestão ERP/ SAP. Disponível em: <


http://www.neoris.com/wp-content/uploads/2015/02/Neoris_GRC_PT_Web.pdf>.
Acesso em: 14 maio 2018.

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https://blog.sage.com.br/nota-fiscal-de-saida-saiba-o-que-e-e-como-emiti-
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<http://www.sap.com>. Acesso em: 14 maio 2018.

SEFAZ. Portal Nota Fiscal Eletrônica. Disponível em:


<http://www.nfe.fazenda.gov.br/portal/principal.aspx>.Acesso: 14 maio 2018.

20
SOUZA, C. A.; SACCOL, A. Z.. (Orgs). Sistema ERP no Brasil: (Enterprise
Resource Planning): teoria e caos. São Paulo: Atlas, 2008.

SOUZA, C. A. Sistemas Integrados de gestão empresarial: estudos de caso


de implementação de sistemas ERP. São Paulo: FEA/USP, 2000.

TOTVS. ERP: Solução em Software de Gestão. Disponível em:


<http://www.totvs.com>. Acesso em: 14 maio 2018.

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