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FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA - UNIR

CAMPUS PROFESSOR FRANCISCO GONÇALVES QUILES - CACOAL

DEPARTAMENTO DO CURSO DE DIREITO

A REPERCUSSÃO DO ESTATUTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA NA


TEORIA E CRITÉRIOS DAS INCAPACIDADES

Cacoal – RO

2018
LUCAS DAMASCENO SALDANHA

RENATA CUSTÓDIO DOS SANTOS HELLER

A REPERCUSSÃO DO ESTATUTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA NA


TEORIA E CRITÉRIOS DAS INCAPACIDADES

Trabalho apresentado à Fundação


Universidade Federal de Rondônia –
Campus de Cacoal, como requisito parcial
de avaliação da disciplina de Direito Civil I,
ministrada pelo professor Esp. William
Ricardo Grilli Gama.

Cacoal – RO

2018
1.INTRODUÇÃO

2. FUNDAMENTO DAS INCAPACIDADES


Segundo Sílvio Rodrigues, “a incapacidade é o reconhecimento da
inexistência, numa pessoa, daqueles requisitos que a lei acha indispensáveis
para que ela exerça os seus direitos.” Entretanto, não se deve enlear os termos
incapacidade e vulnerabilidade.

Enquanto o primeiro refere-se à falta de perfeita compreensão para a


prática de atos jurídicos, o segundo é um estado inerente de risco que
enfraquece um dos contratantes. Ambos dizem respeito a posições de
desvantagem, no entanto, ao vulnerável não é causado impedimento à prática
direta de qualquer ato.

Aquele que é incapaz reivindica um tratamento específico, haja vista que


não possui a mesma compreensão da vida e de atos cotidianos das pessoas
plenamente capazes. Com isso, a incapacidade implica a deflagração de uma
série de medidas protetivas a favor do incapaz. Logo, observa-s3 aqui, a
simples aplicação da regra na qual a igualdade está ligada a tratar os desiguais
levando em consideração a sua posição de desigual.

Não se deve fazer uma relação entre deficiência e capacidade jurídica.


Uma pessoa deficiente pode sim ser capaz de expressar suas vontades
jurídicas. Utilizando-se desse mesmo raciocínio, nem todo incapaz é uma
pessoa com deficiência, podendo sua limitação estar relacionada com outros
fatores. Logo, segundo Cristiano Chaves de Faria e Nelson Rosenvald, “não
há, pois, outras categorias de incapacidades afora aquelas previstas em lei”.

A lista dos incapazes foi alterada significamente a partir da imposição da


Lei nº13.146/15, publicado em 07/07/15. Falaremos mais desta Lei ( Estatuto
da Pessoa com Deficiência) a seguir.

3. O ESTATUTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA E SUAS ALTERAÇÕES


NA TEORIA DOS INCAPAZES
O Estatuto da Pessoa com Deficiência se materializou em nosso
ordenamento a partir do Convenção de Nova Iorque, que foi ratificada pelo
nosso Congresso Nacional por meio do Decreto Legislativo nº186/08. Com
relação a suas alterações, pode-se destacar uma visão mais humanista sobre a
pessoa com deficiência, logo em seu art. 2º já podemos ver a conceituação da
pessoa com deficiência sendo aquela que tem o impedimento de longo prazo
de natureza física, mental, intelectual ou sensorial. Este Estatuto foi
incorporado ao direito brasileiro com uma estrutura equivalente a uma Emenda
Constitucional e não “pegou” de surpresa a nenhum jurista, pois era necessário
e desejável as alterações que ele trazia.

Com a criação do Estatuto da Pessoa com Deficiência, as hipóteses de


incapacidade, absoluta e relativa, foram redefinidas, invocando uma nova
estrutura para incapacidades:

Código Civil de 2002 (redação imposta pelo Estatuto da Pessoa


com Deficiência)

Art 3º “São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos


da vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos.”

Código Civil de 2002 (redação imposta pelo Estatuto da Pessoa


com Deficiência)

Art 4º “São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os


exercer:

I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;

II - os ébrios habituais e viciados em tóxico;

III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem


exprimir sua vontade;

IV - os pródigos.
Parágrafo único. A capacidade dos índios será regulada por legislação
especial.

O art. 3º contempla uma única hipótese de incapacidade absoluta: os


menores de 16 anos de idade. O sistema jurídico brasileiro estabeleceu essa
faixa etária em razão de critério baseado na compreensão da realidade.
Entende-se que o menor de 16 anos não tem condições de manifestar sua
vontade, frente seu desenvolvimento psíquico limitado.

Diferente da redação primitiva do Estatuto de 2002, não há mais


incapacidade absoluta por deficiência física, psíquica ou intelectual. O critério
médico, usado até então, foi substituído por um critério meramente etário. Os
atos praticados por um absolutamente incapaz (menor de dezesseis anos) são
nulos, não decorrendo deles qualquer efeito jurídico. Porém, em eventuais
casos, atos por eles praticados podem surtir efeito jurídico quando disserem
respeito à concretização de situações jurídicas existenciais, se o incapaz
demonstrar sensatez suficiente para tanto.

A relativa incapacidade pode se apresentar em quatro diferentes


hipóteses, cada uma correspondente a uma situação jurídica distinta. Aqueles
que se encaixam nessa definição constituem uma categoria específica de
pessoas igualmente necessitadas de proteção jurídica, porém em grau inferior
aos completamente incapazes. O sistema jurídico, no que tange os
relativamente incapazes, não ignora sua vontade, pelo contrário.

A primeira hipótese de uma incapacidade relativa diz respeito aos


maiores de dezesseis e menores de dezoito anos. Consoante a opção do
Código Civil brasileiro, uma pessoa acima dos 18 anos de idade, mesmo que
ainda mantido pelos pais, é responsável pelos danos causados a terceiros.
Supondo que, hipoteticamente, tal pessoa não tenha bens patrimoniais, o dano
seguirá sem ressarcimento, mesmo considerando que os pais, que o mantêm,
tenha patrimônio suficiente.
Os ébrios habituais, os viciados em tóxico constituem a segunda
hipótese de relativa incapacidade, consubstanciando um critério que se refere
aos viciados em substâncias alcoólicas e aos toxicômanos, substâncias
alucinógenas. São excluídos desta hipóteses aqueles que, eventualmente,
estão ébrios ou tomados pelos efeitos entorpecentes, estes respondem por
seus atos regularmente. Há, aqui, a incisão da teoria da actio libera in causa
(ação livre na sua causa), a possibilidade de punir a pessoa que provocou seu
próprio estado de inconsciência, vindo a causar danos a outrem.

Conforme o entendimento da legislação brasileira, o pródigo é mantido


no rol da relativa incapacidade por configurar uma pessoa que,
desordenadamente, gasta seus haveres, de modo a comprometer sua
subsistência. A doutrina constitui a prodigalidade como “um desvio
comportamental que, refletindo-se no patrimônio individual, culmina por
prejudicar, ainda que por via oblíqua, a tessitura familiar e social”. A
prodigalidade, porém, é um fenômeno complexo, e é claro que não pode estar
ligada, tão somente, aos gastos de alguém. Trata-se da absurda intervenção
do Estado. Implica em uma exacerbada valorização do patrimônio em
detrimento da essência da pessoa.

Fechando a parte das pessoas relativamente incapazes, estão


alcançadas pelo Código Civil à luz do Estatuto da Pessoa com Deficiência
“aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua
vontade”. Neste caso, as pessoas que se enquadrarem nesse conceito deverão
estar assistidas por um curador, que a auxiliará, e se faz necessário verificar
uma possível verificar uma correlação possível entre a impossibilidade de
manifestação de vontade e uma deficiência, seja ela física ou mental.

Aqui podemos observar o encontro entre a teoria das incapacidades e as


pessoas com deficiência física ou psíquica, pois, eventualmente, a pessoa com
deficiência pode estar incapacitada de exercer sua vontade jurídica tanto
temporariamente quanto definitivamente, sendo, neste caso, declarada incapaz
relativamente. Seria o caso de uma pessoa que não tem nenhum
discernimento mental. Logo, a incapacidade jurídica poderia alcançar a pessoa
com deficiência quando esta não puder exprimir vontade.

É nítido que, a partir do enunciado do Estatuto da Pessoa com


Deficiência, a capacidade e incapacidade de uma pessoa deficiente não está
mais ligado nas características de sua deficiência, e sim no fato de se
encontrar em uma posição na qual não é possível expressar a sua vontade.

Nota-se ao olhar a estrutura do Estatuto da Pessoa com Deficiência


sobre a teoria das incapacidades, que existem pessoas que possuem algum
tipo de deficiência, mas que estão capazes de exprimir sua vontade jurídica.
Estando em conformidade a teoria das incapacidades a luz do Estatuto da
Pessoa com Deficiência, essa pessoa é reputada plenamente capaz de praticar
atos jurídicos. Este é o caso de uma pessoa portadora da Síndrome de Down.

4. CONCLUSÃO
5.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Curso de Direito Civil:


Parte Geral e LINDB. Salvador: Ed. JusPodivm, 2018.
RODRIGUES, Sílvio. Direito Civil: Parte Geral. 32 ed. São Paulo: Saraiva,
2002. v.1.

GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPOLHA FILHO, Rodolfo. Novo curso de


direito civil. São Paulo: Saraiva, 2002.

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