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Relações entre Política e

Economia: Teoria da
Escolha Pública
Teoria da Escolha Pública (TEP) –
Public Choice
É o estudo dos processos de decisão política
numa democracia, utilizando o instrumento analítico
da economia.
A TEP constitui uma abordagem interdisciplinar da
relação entre economia e política.

Economia Política

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Teoria da Escolha Pública (TEP)
 Escolha Pública: é concebida como fruto de decisões
coletivas sobre bens públicos, destacando o fato de
que as decisões coletivas são resultado de decisões
individuais (fundamentadas no comportamento
racional dos agentes);

 A TEP se ocupa das decisões feitas por indivíduos,


integrantes de um grupo ou organismo coletivo, que
afetam a todos os integrantes da coletividade.

Objetivo: Determinar como se efetivam os processos


políticos e seus efeitos sobre a economia ( papel das
regras e instituições sobre o resultado econômico).

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Foco Principal
• Funcionamento do mercado
• Escolha privada dos indivíduos
Teoria • Dimensão política reduzida ao estudo dos
Econômica efeitos das regulações do governo sobre os
preços, produção e consumo.
• Resultados Macroeconômicos

• Têm-se definido diferentes objetivos da


democracia
Ciência • Teorizado sobre o funcionamento dos
regimes democráticos
política • Menos ênfase no comportamento
individual.

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Abordagem Positiva:
i. Interesse sobre as estratégias
individuais dos atores que intervêm no
processo de decisão coletiva dos
governos democráticos;
ii. Inferência de possíveis resultados dado
distintas regras e instituições políticas
existentes;

EX: Procedimento de votação para a


aprovação de determinada lei.

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Abordagem Normativa:
i. Interesse na escolha de regras e
instituições mais adequadas para a
tomada de decisões que beneficiam o
interesse coletivo;
ii. Trata-se do estudo do processo pelos
quais são definidas as regras e
instituições que norteiam o processo de
escolha coletiva do Governo e a forma
como são escolhidos seus integrantes;
iii. Relação entre cidadãos e instituições.

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Teoria da Escolha Pública (TEP)
 Políticos e burocratas são atores racionais
e estão motivados pelo interesse próprio.

 Como resultado: fracasso das políticas


públicas em satisfazer o conjunto da
sociedade de forma eficaz.

Conclusão: existem falhas na ação do


governo, da mesma forma que existem
falhas no funcionamento do mercado.

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Governos Democráticos

Econômicos
Dependem das
decisões dos
agentes
Decisões políticas
Sociais
e econômicas
Dependem das
instituições
políticas existentes

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Cronologia – Origem e evolução da
TEP
I. Século XVII – matemático francês Marquês de
Condorcet – “paradoxo do voto”
II. 1950-1960 – Trabalho fundador da TEP – The
Calculus of Consent, dos economistas James
Buchanan e Gordon Tullok

Co-fundadores da TEP
 Antony Downs ( Economic Theory of Democracy,
1957)
 Marcur Olson (The Logic of Collective Action,
1965)
 William Riker ( The theory ol Political Coalitions,
1962)

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Joseph Schumpeter
Trabalho percursor da análise política
da TEP - Capitalism, Socialism and
Democracy
A atividade política pode ser equiparada
ao mercado, os políticos representam os
empresários e os votos o dinheiro.
Como os políticos precisam dos votos,
estes procuram maximizar os votos do
eleitorado da mesma forma que os
empresários procuram maximizar os lucros.

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Kenneth Arrow
Social Choice and Individual Values
Deu origem a Teoria da Escolha Social
(Social Choice)
Teoria da Escolha Pública
• Objetivo de análise são as escolhas coletivas feitas nas instituições
políticas

Teoria da Escolha Social


• Tem como objetivo determinar quais são os procedimentos democráticos
que garantem escolhas do conjunto da sociedade .
• Escolhas que agregam preferências individuais maximizando o bem-estar
social

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Regra da Maioria
 Decisões em instituições democráticas devem
ser tomadas de acordo com a maioria ou
unanimidade.

Qual a maioria ótima?

Limitações:
 Impossibilidade de considerar a intensidade
das preferências dos indivíduos.
 Resultado da votação majoritária pode diferir
do grau de satisfação da sociedade com a
aprovação da medida.

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Teorema do Eleitor Mediano
O eleitor mediano é aquele que opta por
uma quantidade que está na média das
preferências do grupo;

O Teorema do Eleitor Mediano


estabelece que o resultado de uma eleição
majoritária será a preferência do eleitor
mediano.

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Teorema do Eleitor Mediano
 Modelo: Três eleitores votam diretamente na aprovação ou
rejeição de projetos de lei;
 Suponha que o tema a ser votado seja o serviço de
segurança pública. Quantidade de força policial que deve
ser provida pelo governo.
Q1, Q2 e Q3, são as quantidades de força policial desejada
por cada eleitor.
Q1 Q2 Q3

Eleitor A Eleitor B Eleitor C

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Pressupostos do Modelo
 Maior serviço de segurança implica em
maior bem-estar;
 Maior efetivo deve ser pago com mais
impostos;
 Todos desejam uma quantidade mínima de
policiais;
 Votos independentes;
 O mecanismo de decisão é a regra da
maioria
 Todos os eleitores votam

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Paradoxo do Voto
 Condorcet demonstrou formalmente que em
um processo de decisão envolvendo mais de
duas opções, um processo de escolha entre
pares de alternativas nem sempre resulta na
opção preferida pelo grupo.

 Resultado fundamental para o entendimento


do funcionamento dos processos de votações
nas instituições democráticas.

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Exemplo: Três Legisladores devem optar entre
financiar a construção de um estacionamento
subterrâneo, uma estrada ou uma ponte.
Preferências Legislador A Legislador B Legislador C
1 Estacionamento Estrada Ponte
2 Estrada Ponte Estacionamento
3 Ponte Estacionamento Estrada

Pela regra da maioria, nenhuma das opções será


escolhida.
Pares de opções:
1° Estacionamento e Estrada – Vence
estacionamento
2° Estacionamento e ponte – Vence ponte
3° Estrada e ponte – Vence estrada

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Paradoxo do Voto : O estacionamento
venceu a estrada, a ponte venceu o
estacionamento, mas a estrada vence a
ponte.
Resultado inconsistente
Se x = estacionamento, y = estrada e z =
ponte, temos:
x vence y que vence z que vence x
(x > y > z >x)

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Poder da Agenda
 O paradoxo do voto demonstra que a ordem das
votações tem o poder de alterar os resultados.

 Logo, possuir em mãos a definição das matérias a


serem apreciadas e a escolha da ordem de apreciação
no plenário proporciona uma série de vantagens ao
legislador (Problema da manipulação da agenda).

 No exemplo anterior se o legislador A fosse o


responsável pela definição da ordem das votações.
1° votação seria Estrada e Ponte – Vence estrada.
2° Estacionamento e Ponte – Vence estacionamento

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LOGROLLiNG
 A expressão logrolling designa o intercâmbio de votos (vote
trade) entre os legisladores para aprovação de diferentes leis.

 Mecanismo propicio para superação de problemas de limitação de


regra da maioria como visto no paradoxo do voto.

 Negociações por leis e emendas, frequentes na maioria dos


sistemas democráticos.

 Esse intercâmbio de votos é possível posto que os legisladores


têm diferentes intensidades de preferências pelas leis
apresentadas.

Objetivo do Logrolling: Todos os integrantes da negociação


devem vislumbrar uma situação melhor do que o panorama atual.

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 Exemplo: Suponha que para três legisladores (1,2 e 3) temos as
respectivas expectativas de retorno (payoff) em ganhos sociais
pela aprovação dos projetos A e B.
Projetos
Legislador
A B
1 5 -1
2 -1 5
3 -1 -1
Suposição: Escolhas dos legisladores representam as opções de seus
eleitores.
Regra de decisão: Maioria simples.
Nenhum projeto será aprovado.
Os legisladores 1 e 2 podem negociar seus votos, de tal forma que tanto A
quanto B são aprovados.
Máximo de bem-estar social = 3 ( 5-1-1). Há um ganho social na
aprovação das duas medidas.
Logrolling com saldo social positivo.
Caso os payoffs fossem alterados de -1 para -3, haveria perda de bem-
estar social

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Logrolling e os ganhos sociais
 O principal objetivo da literatura especializada em
logrolling é determinar o ganho social proporcionado
pela negociação de votos entre os políticos.

 A negociação de votos evidencia que existem


distintos graus de preferências dos legisladores.

 O ponto de equilíbrio na troca de votos ocorre na


maximização dos ganhos para todos os legisladores,
acontece quando o custo de votar determinada
medida iguala o beneficio esperado pela aprovação da
opção mais intensamente preferida.

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Logrolling e as Instabilidades
Sociais
Problemas implícitos na atividade de
logrolling:
1) Ocultação das verdadeiras preferências por
parte dos legisladores;
2) Quebra de acordos

EX: Legislador 3 oferece seu voto ao Legislador


2, para evitar aprovação do projeto A:
Resultado: perda de bem-estar social e vitória
da minoria.

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 Falha da abordagem:

i) Legisladores tomam um comportamento


não racional ao negligenciar a possibilidade
de retaliações futuras;
ii) Credibilidade.

Fatores que inibem a quebra de acordos:

i)Custos de transação;
ii)Papel da liderança;
iii)Arranjos Institucionais;

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Grupos de Interesse e Ação
Coletiva
Grupo de interesses é um conjunto de
indivíduos, empresas ou outro coletivo, com
um ou mais interesses em comum, que se
unem para exercer influência sobre o governo
na aprovação de leis favoráveis aos seus
objetivos.

Exemplos de grupos de interesse são as


organizações empresariais e os sindicatos

O que leva os indivíduos a se associarem?

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Comportamento free rider:

 O comportamento free rider (pegar carona)


implica se beneficiar do grupo sem pagar os
custos, isto é, sem contribuir para o bem
coletivo. O problema do free rider permeia
toda a análise da ação coletiva.

 Segundo Olson, existem somente duas


formas de se obter a participação dos
integrantes de um grupo grande: por coerção
ou através de incentivos individuais.

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i) Coerção: Taxação para manutenção de
serviços públicos;

ii)Incentivos: Benefícios somente para


aqueles que cooperarem;

EX: Ambiente de mercado de concorrência


perfeita, única forma de evitar queda de
preços é obter do governo algum tipo de
barreira legal à entrada de novas
empresas.

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Rent Seeking
 Nome dado ao comportamento que visa obter do
governo alguns tipos de privilégios de mercado;

 Conceito diretamente relacionado aos ganhos do


monopolista;

 A organização de um lobby para atuar no Congresso,


a contratação de advogados e outros especialistas, a
veiculação de propaganda, a realização de entrevistas
e doações em campanhas eleitorais, o financiamento
de palestras e viagens aos legisladores e os convites
para jantar ou férias são algumas das atividades
incluídas no comportamento rent seeking.

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 A Liberdade de entrada do Mercado é condição
essencial para uma alocação eficiente de recursos.
 As atividades de rent seeking não criam nenhum
valor e só aumentam os custos para a sociedade.
 Além de transferir renda dos consumidores e usuários
para os produtores desses bens e serviços, as
atividades de rent seeking gastam os recursos de
forma ineficiente.
 O custo de oportunidade se traduz em um gasto.

 Se a atividade de rent seeking tem sucesso a


sociedade perde por duas razões:
1. Aumento do preço do produto
2. Os recursos poderiam ter sido empregados em
atividades produtivas

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Teoria da Burocracia
TEP – Modelo principal-agente
Relacionando objetivos e motivações

Ator principal
• Ex: Executivo, Legislativo,
uma comissão legislativa

Ator subordinado
• A burocracia

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Teoria da Burocracia
 A questão fundamental a ser resolvida é de
que forma, e em que grau, a burocracia
influencia as ações e as decisões emanadas
do governo.
 Para isso, é preciso conhecer ou assumir
quais são os objetivos dos burocratas, quais
são suas fontes de poder e quais são os
mecanismos que o poder político utiliza para
que suas decisões sejam implementadas
segundo os objetivos definidos.

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Modelo de Niskanen
Dois pressupostos básicos sustentam o
modelo:
1- Existe uma função utilidade do burocrata,
definida pelos salários, poder, prestígio,
possibilidade futura de promoção e benefícios
que melhoram sua vida dentro e fora do
trabalho.
 Essa função de utilidade está positivamente
relacionada com o tamanho do orçamento.
 A meta dos burocratas é a maximização do
orçamento total.

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2- Os burocratas conhecem as preferências
dos integrantes das comissões legislativas
por serviços burocrático, mas os políticos
não têm meios para obter informação
precisa sobre o custo real do serviço
burocrático.

 Os burocratas têm o monopólio da


informação sobre seus custos de
produção.

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Ciclos econômicos e políticos
 A importância das eleições e da ideologia
partidária nos resultados
macroeconômicos deu origem a linha de
pesquisa conhecida como ciclos
econômicos- políticos.

 Grande parte dos modelos tem enfoque


nos modelos desenvolvidos na década de
1970, introduzindo o enfoque racional no
comportamento dos governantes.

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O modelo “oportunista”
“Ciclos eleitorais oportunistas” - atingir o
poder é o único objetivo dos partidos
políticos.

Para Downs e Schumpeter


Os partidos políticos não ganham eleições
para formular políticas, mas formulam
para ganhar eleições.

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 Está elaborado sobre quatro premissas básicas acerca
do comportamento de governantes e eleitores:

a) O principal objetivo dos partidos no governo é


manter-se no poder e, em virtude disso, intervêm na
economia a fim de maximizar os votos na próxima
eleição.
b) Os resultados eleitorais dependem de forma
significativa dos resultados econômicos.
c) Os governos podem, mediante suas decisões e
instrumentos de política pública, gerar, antes das
eleições, um maior crescimento produtivo e uma
diminuição do desemprego a níveis não sustentáveis
a médio prazo.
d) Os eleitores têm um comportamento eleitoral
retrospectivo e míope.

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 Os governos preocupados em manter-se no
poder, procuram maximizar as preferências
do eleitorado diante da proximidade das
eleições implementam políticas que
estimulam o rápido crescimento da atividade
econômica.

 Uma premissa básica é a de que a percepção


dos eleitores está dominada pela experiência
passada – o “voto retrospectivo” – limitada
basicamente ao último ano, a chamada
“miopia política” do eleitor.

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O modelo dos “ciclos partidários”
 A motivação dos partidos e de seus membros não se
baseia exclusivamente em alcançar o poder, não são
somente as eleições e a lógica de maximização dos votos
que motivam os partidos, a ideologia do partido também
importa.

 No modelo partidário, os eleitores têm preferências


variadas segundo sua posição no contexto socioeconômico,
ou de acordo com a situação econômica geral. ( diferente
do eleitor “míope” do modelo oportunista)

 Não são somente as eleições e a lógica de maximização


dos votos que motivam os partidos; a ideologia do partido
ou coalizão de governo também importa.

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Oportunismo eleitoral e
expectativas racionais
 Os modelos “racionais oportunistas” introduzem dois conceitos
importantes:
1. Por um lado, reconhecem a existência de diferenças no grau de
informação entre eleitores e governos;
2. Por outro lado, passam a considerar a capacidade (ou
competência) dos governos e a sinalização dessa capacidade
como variáveis importantes.

 A premissa básica desses modelos é a de que os governantes


estão mais informados do que os cidadãos sobre sua própria
competência, tomando partido desse fato para mostrarem-se
mais eficientes possíveis.
 Mesmo com eleitores racionais a interação com o governo se
traduz em uma relação entre atores com desigual informação, na
qual os governantes podem usar sua superioridade de
conhecimento em benefício eleitoral próprio.

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REFERÊNCIAS
 ARVATE, PAULO & BIDERMAN, CIRO.
Economia do Setor Público no Brasil.
Campus; São Paulo, 2005.

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