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21/05/2018

Provisão para Férias ­ Constituição e Baixa

Data de publicação: 07/11/2017

SUMÁRIO

1. Considerações Iniciais

2. Registro pelo Regime de Competência

3. Registro como Despesa Operacional ou Custo de Produção

4. Contagem de Dias de Férias

5. Exemplos

6. Baixa da Provisão

6.1. Exemplos

7. Reversão da Provisão

8. Considerações Finais

1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

As férias anuais são um direito garantido a todo trabalhador, de acordo com o inciso XVII do art. 7º da Constituição Federal, cuja
remuneração deve ser acrescida de pelo menos 1/3 da remuneração original. Para os empregados de empresas privadas em geral, esse direito
está tratado nos arts. 129 a 149 do Capítulo IV da CLT.

Nota Editorial

A seguir reproduzimos o inciso XVII do art. 7º da Constituição Federal do Brasil:
"Art. 7º ­ São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:
( )
XVII ­ gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal;".

A provisão para férias, além da remuneração das férias e do terço constitucional, também agrega os demais encargos sociais incidentes
sobre a remuneração, mais especificamente o FGTS e a contribuição ao INSS do empregador.

Destaque­se que a provisão para férias e os respectivos encargos sociais são dedutíveis para fins de apuração do lucro real e da base de
cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro (art. 13 da Lei nº 9.249/95), desde que a empresa mantenha controle individualizado, por
empregado, dos dias de férias a que efetivamente tenha direito.

No presente trabalho, vamos observar as condições e os procedimentos para o registro contábil da provisão para férias por ocasião de
sua constituição, bem como da baixa por ocasião do pagamento.

2. REGISTRO PELO REGIME DE COMPETÊNCIA

O que é um direito para o trabalhador, consequentemente, é uma obrigação para a empresa. Levando­se em consideração que o direito às
férias normais ou proporcionais está vinculado ao tempo de trabalho do empregado, o registro da provisão para férias em conta de despesa
operacional ou de custo de produção de bens ou serviços também deve observar o transcorrer do tempo, de forma que seja atendido o regime
de competência.

Portanto, as férias devem ser reconhecidas proporcionalmente em cada mês trabalhado pelo empregado independentemente de seu
pagamento, em obediência ao princípio de competência.

Nota Editorial

1ª) Férias normais são aquelas correspondentes ao período de 12 meses trabalhados pelo empregado.
2ª) Férias proporcionais são aquelas correspondentes ao período de tempo inferior a 12 meses a que o empregado tiver direito,
considerado como fração de 1/12 por mês em que o empregado tenha trabalhado mais de 15 dias.

3. REGISTRO COMO DESPESA OPERACIONAL OU CUSTO DE PRODUÇÃO

A contrapartida do crédito da provisão para férias e dos respectivos encargos sociais, no passivo circulante, será um lançamento a débito
à conta de:

a) despesa operacional, quando relativa a empregados dos setores comercial ou administrativo;

b) custos de produção, quando relativos a empregados dos setores de produção de bens ou serviços.

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4. CONTAGEM DE DIAS DE FÉRIAS

Por ocasião do cálculo da provisão para férias, deve ser observado o número de dias de férias normais ou proporcionais a que o
empregado tem direito.

Os dias de férias são contados proporcionalmente às faltas não justificadas de acordo com o quadro a seguir:

Dias de Faltas ao Trabalho não
Dias Corridos de Férias
Justificadas

de 0 a 5 30

de 6 a 14 24

de 15 a 23 18

de 24 a 32 12

Não terá direito a férias o empregado que no curso do período aquisitivo:

a) deixar o emprego e não for readmitido dentro de 60 dias subsequentes à sua saída;

b) permanecer em gozo de licença, com percepção de salários, por mais de 30 dias;

c) deixar de trabalhar, com percepção do salário, por mais de 30 dias, em virtude de paralisação parcial ou total dos
serviços da empresa;

d) tiver percebido da Previdência Social prestações de acidente de trabalho ou auxílio­doença por mais de seis meses,
mesmo que descontínuos.

As férias serão concedidas pelo empregador ao empregado, em um só período, nos 12 meses subsequentes à data em que o empregado
tiver adquirido o direito. Sempre que forem concedidas após esse prazo, o empregador pagará em dobro a respectiva remuneração.

Em casos excepcionais, é admitido que as férias sejam concedidas em dois períodos, e um deles não poderá ser inferior a dez dias
corridos.

5. EXEMPLOS

A empresa comercial Vende Tudo Ltda. provisiona, mensalmente, as férias e os respectivos encargos sociais de seus empregados com
base em cálculo individual efetivo, conforme demonstrado nos quadros a seguir:

Planilha de provisão para férias e encargos sociais ­ Mês de Agosto/20X7:

Funcionário Férias Normais Férias Proporcionais


Data da

Admissão Número de Dias Número de Dias


Nº Nome Período Aquisitivo Faltas Período Aquisitivo Faltas
de Férias de Férias

01/02/20X6 a
1 José da Silva 01/02/20X0 2 30 01/02/20X7 a 31/07/20X7 0 15
31/01/20X7

20/05/20X6 a
2 Levi Santos 20/05/20X3 0 30 20/05/20X7 a 31/07/20X7 0 5
19/05/20X7

01/07/20X5 a
3 Maria Santana 01/07/20X3 0 30 01/07/20X6 a 31/07/20X7 2 2,5
30/06/20X6

4 Valdir Lopes 17/02/20X7 ­ ­ 0 17/02/20X6 a 31/07/20X67 0 10

Neste exemplo as contribuições previdenciárias referentes à cota patronal, hipoteticamente, são:

FPAS 515 = 20%

Terceiros = 5,8%

RAT = 2%

FAP = 1,3116%

TOTAL = 29,1116%

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À provisão das contribuições previdenciárias referentes à cota patronal sobre a receita bruta aplicada para as atividades beneficiadas com
desoneração da Folha de Pagamento, conforme determinam as Leis nºs 12.546/11 e 12.715/12 e suas alterações, não se aplica o percentual
anteriormente demonstrado.

Planilha de Provisão para Férias e Encargos Sociais ­ Mês de Agosto/20X7:

Funcionários Salário­Base Remuneração de Férias Encargos Sociais


Total
Geral
Total 1/3
Parcela Fixa Parcela Variável INSS FGTS R$ 
Nº Nome 1/12 Total R$  Total R$ 
R$  R$  29,1116% R$  8,0% R$ 
R$  Constitucional R$ 

1 José da Silva 2.000,00 ­ 2.000,00 166,67 55,56 222,23 64,69 17,78 82,47 304,70

2 Levi Santos 3.758,00 ­ 3.758,00 313,17 104,39 417,56 121,56 33,40 154,96 572,52

3 Maria Santana 3.500,00 ­ 3.500,00 291,67 97,22 388,89 113,21 31,11 144,32 533,21

4 Valdir Lopes 1.500,00 ­ 1.500,00 125,00 41,67 166,67 48,52 13,33 61,85 228,52

   
Total 10.758,00 10.758,00 896,51 298,84 1.195,35 347,98 95,62 443,60 1.638,95
   

I ­ pela contabilização das provisões de férias mensalmente:

 
D Despesas com Provisão de Férias e 1/3 (Conta de Resultado)
 

C Férias a Pagar (Passivo Circulante) R$ 1.195,35

Provisão de férias e 1/3 constitucional conforme demonstrativo do mês de agosto/20X7.

II ­ pela contabilização das provisões dos encargos sociais:

Despesas com Provisão de Encargos Sociais sobre Férias e 1/3 (Conta de
D R$ 443,60
Resultado)

C Encargos de INSS a Recolher sobre Férias (Passivo Circulante) R$ 347,98

C Encargos de FGTS a Recolher sobre Férias (Passivo Circulante) R$  95,62

Provisão de encargos sociais sobre férias e 1/3 constitucional conforme demonstrativo de agosto/20X7.

 
Nota Editorial

Observa­se que às empresas beneficiadas com a desoneração da folha de pagamento, conforme determinam as Leis nºs 12.546/11 e
12.715/12 e suas alterações, cuja contribuição previdenciária patronal foi substituída pela receita bruta, não se aplica a provisão dos
encargos previdenciários relativos as férias, bem como ao terço constitucional.

6. BAIXA DA PROVISÃO

As férias são pagas dois dias antes do início do período de gozo ou por ocasião da rescisão de contrato de trabalho. A empresa que
provisiona mensalmente as férias e os respectivos encargos sociais, por ocasião da contabilização da folha de pagamento do mês do período
de gozo do funcionário ou, ainda, em que esteja incluída rescisão de contrato de trabalho, irá efetuar a baixa da provisão das férias e dos
encargos sociais a elas correspondentes.

Veja que, não estamos falando em baixar a provisão por ocasião do pagamento e sim quando ocorrer a sua inclusão na folha

de pagamento de salários. O art. 225, incisos I e II, do Regulamento do INSS (Decreto nº 3.048/99) exige que a empresa prepare "Folha de
Pagamento da Remuneração Paga, Devida ou Creditada a Todos os Segurados a seu Serviço" e, ainda, que sejam lançados mensalmente, em
títulos próprios e de forma discriminada, na contabilidade da empresa:

a) os fatos geradores de todas as contribuições;

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b) o montante das quantias descontadas;

c) as contribuições da empresa e o total recolhido à Previdência Social.

Diante disso, o pagamento das férias até dois dias antes do início do período de gozo é registrado em conta de adiantamento de férias e,
por ocasião da contabilização da folha de pagamento efetua­se a apropriação da verba de férias e dos respectivos encargos sociais baixando­
se a provisão.

6.1. Exemplos

A Vende Tudo Ltda. concede férias ao funcionário José da Silva, correspondente ao período aquisitivo de 01/02/20X6 a 31/01/20X7, cujo
período de gozo será de 01/08/20X7 a 30/08/20X7.

A remuneração mensal do funcionário, no mês de agosto/20X7 é de R$ 2.000,00. Como esse mês é de 31 dias, o valor correspondente
aos 30 dias corridos de férias a que ele tem direito será de R$ 1.935,48 (R$ 2.000,00 ÷ 31 dias do mês x 30 dias de férias).

Admitindo­se, ainda, que o funcionário não tenha dependentes e o valor da contribuição previdenciária do empregado seja de R$ 283,87
(valor hipotético), temos os seguintes dados no recibo de férias, pagos ao funcionário em 29/09/20X1

Remuneração de Férias R$ 1.935,48

1/3 constitucional R$  645,16

Total da Remuneração R$ 2.580,64

 
Descontos
 

Contribuição ao INSS R$  283,87

Imposto de Renda Retido na Fonte R$  38,18

Valor Líquido Pago ao Funcionário R$ 2.258,59

D Adiantamento de Férias (Ativo Circulante) R$ 2.580,64

C INSS a Recolher (Passivo Circulante) R$  283,87

C IRRF a Recolher (Passivo Circulante) R$  38,18

C Banco Conta Movimento (Ativo Circulante) R$ 2.258,59

Pagamento das férias conforme aviso bancário.

Por ocasião da contabilização da folha de pagamento do mês de agosto/20X7, considerando isoladamente o funcionário José da Silva,
para efeito de simplificação do exemplo, temos:

Salário R$  64,52

Remuneração de Férias R$ 1.935,48

1/3 constitucional R$  645,16

Contribuição Previdenciária sobre Férias R$  283,87

IRRF sobre férias R$  38,18

Total da remuneração R$ 2.967,21

 
Descontos
 

Contribuição previdenciária sobre férias R$  283,87

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Contribuição previdenciária diferença saldo salário R$  7,10

IRRF sobre férias R$  38,18

Adiantamento de férias R$ 2.580,64

Total dos descontos R$ 2.909,79

Líquido R$  57,42

A contabilização das verbas referentes ao funcionário José da Silva, no mês de agosto/20X7, será:

D Despesas Gastos com Pessoal Salários (Conta de Resultado) R$  64,52

C Provisão para Férias e Encargos Sociais a Pagar (Passivo Circulante) R$ 2.580,64

C Salários e Ordenados a Pagar (Passivo Circulante) R$ 2.645,16

Provisão da folha de pagamento do mês agosto/20X7.

Os descontos constantes da folha de pagamento de salários são registrados em 31/08/20X7, da seguinte forma:

D Salários e Ordenados a Pagar (Passivo Circulante) R$ 2.587,74

C Adiantamento de Férias (Ativo Circulante) R$ 2.580,64

C INSS Diferença Saldo Salário R$  7,10

Desconto folha de pagamento do mês agosto/20X7.

Observe no razonete da conta "Salários e Ordenados a Pagar" que remanesce o saldo referente ao salário de um dia.

Salários e Ordenados a Pagar

 
R$ 2.645,16
 

 
R$ 2.580,64
 

 
R$  7,10
 

 
R$  57,42
 

7. REVERSÃO DA PROVISÃO

Os ajustes da provisão para férias e os respectivos encargos sociais são efetuados pela confrontação da planilha de cálculo
individualizada por funcionário com os saldos existentes na contabilidade, ou seja, os ajustes são feitos por diferença.

Em vez de proceder ao ajuste por complemento do saldo da provisão, pode­se efetuar a reversão da provisão existente e constituir uma
nova provisão pelo valor integral constante da planilha de cálculo. Evidentemente, o efeito deve ser o mesmo, apenas ocorrendo lançamentos a
débito e a crédito nas contas do passivo circulante e de resultado ou custo de produção.

Embora não seja um fato muito comum, também seria possível, em determinado mês, na planilha de cálculo individualizado, apresentar um
valor de provisão menor do que o saldo remanescente na contabilidade. Nessa hipótese, após confirmada a exatidão dos cálculos, efetua­se o
registro da reversão da provisão.

A título de exemplificação, admitamos o caso de o confronto entre o saldo da contabilidade e os valores obtidos na planilha de cálculo
individualizada ser o seguinte:

  Férias Encargos Sociais Total

R$  R$  R$ 


 

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Saldos do Passivo Circulante 10.000,00 3.450,00 13.450,00

Saldo da Planilha de Cálculo 8.000,00 2.760,00 10.760,00

Diferença 2.000,00 690,00 2.690,00

No mês em que se verificou tal situação, são efetuados os seguintes lançamentos:

 
D Provisão para Férias e Encargos Sociais (Passivo Circulante)
 

C Provisão para Férias e Encargos Sociais (Resultado) R$ 2.690,00

Ajuste de provisão de férias.

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para finalizar, lembramos que a provisão para férias, além de atender ao princípio da competência e, portanto, ser um procedimento
técnico que atribui maior credibilidade às demonstrações financeiras, a sua constituição também gera benefício para as empresas tributadas
pelo Imposto de Renda com base no lucro real, uma vez que é dedutível para efeito de apuração do IRPJ e da CSLL, quando feita de acordo
com as exigências da legislação fiscal.

Nota Editorial

1ª) Reproduzimos a integra do art. 335 do Decreto nº 3.000/99 (Regulamento do Imposto de Renda) que trata da dedutibilidade das
provisões:
"Provisões
Dedutibilidade
Art. 335 ­ Na determinação do lucro real somente serão dedutíveis as provisões expressamente autorizadas neste Decreto (Decreto­Lei
nº 1.730, de 17 de outubro de 1979, art. 3º, e Lei nº 9.249, de 1995, art. 13, inciso I)".
2ª) A seguir reproduzimos o art. 337 do Decreto nº 3.000/99 (Regulamento do Imposto de Renda) que trata da provisão de férias:
"Remuneração de Férias
Art. 337 ­ O contribuinte poderá deduzir, como custo ou despesa operacional, em cada período de apuração, importância destinada
a constituir provisão para pagamento de remuneração correspondente a férias de seus empregados (Decreto­Lei nº 1.730, de 1979,
art. 4º, e Lei nº 9.249, de 1995, art. 13, inciso I).
§  1º ­ O limite do saldo da provisão será determinado com base na remuneração mensal do empregado e no número de dias de
férias a que já tiver direito na época do encerramento do período de apuração (Decreto­Lei nº 1.730, de 1979, art. 4º, § 1º).
§  2º ­ As importâncias pagas serão debitadas à provisão, até o limite do valor provisionado (Decreto­Lei nº 1.730, de 1979, art. 4º,
§ 2º).
§  3º ­ A provisão a que se refere este artigo contempla a inclusão dos gastos incorridos com a remuneração de férias proporcionais e
dos encargos sociais, cujo ônus cabe à empresa".

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