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FOCO NA AMÉRICA LATINA

SETE
DESAFIOS
DE COMPLIANCE
e como superá-los
2 TRENCH, ROSSI E WATANABE // COMPLIANCE NA AMÉRICA LATINA
Índice

Introdução 4

Desafio 1. Negócios com o governo 10

Desafio 2. Denunciantes 14

Desafio 3. Acordos de leniência 18

Desafio 4. Verificação e monitoramento de terceiros 20

Desafio 5. Investigações internas 24


Desafio 6. Distribuição de presentes, hospitalidade
e doações filantrópicas 30

Desafio 7. M&A e joint ventures 32


Conclusão 35

TRENCH, ROSSI E WATANABE // COMPLIANCE NA AMÉRICA LATINA 3


Introdução
Com o Brasil na liderança, os países da América Latina vêm promulgando novas leis anticorrupção
e fortalecendo sua aplicação local, resultando em um maior risco de compliance para empresas
com operações na região. Para empresas multinacionais que operam na América Latina, a Lei
sobre Práticas de Corrupção no Exterior dos Estados Unidos (Foreign Corrupt Practices Act - FPCA)
não é mais a única preocupação.

4 BAKER & MCKENZIE // LATIN AMERICA CORPORATE COMPLIANCE REPORT


No Brasil, por exemplo, a investigação conduzida pelas autoridades brasileiras com relação à
Petrobrás, envolvendo alegações de propina que totalizam bilhões de dólares, levou à prisão
de dezenas de altos executivos da empresa e de algumas das maiores empresas de construção
e engenharia do Brasil. Como parte das investigações da “Operação Lava-Jato”, o Supremo
Tribunal Federal também está investigando cerca de 50 políticos, incluindo os presidentes do
Senado Federal e da Câmara dos Deputados.

Mas, em janeiro de 2014, entrou em vigor uma


nova e abrangente lei anticorrupção brasileira,
a Lei da Empresa Limpa.

Um dos pontos mais notáveis nas investigações da Lava-Jato não é apenas a magnitude e o
alcance nos níveis mais altos do governo, mas o fato de as investigações terem sido iniciadas
por autoridades brasileiras. No passado, autoridades muitas vezes pegavam carona em
investigações de FCPA iniciadas por autoridades norte-americanas . Mas, em janeiro de 2014,
entrou em vigor uma nova e abrangente lei anticorrupção brasileira, a Lei da Empresa Limpa.
Desde então, as autoridades locais tem atuado de forma agressiva na aplicação da lei.

“Além da nova lei, observamos uma atividade expressiva de aplicação da lei”, diz Bruno Maeda,
sócio coordenador do Grupo de Compliance e Investigações da América Latina de Trench Rossi
e Watanabe, escritório brasileiro com um acordo de cooperação com Baker & McKenzie. “O fato
do caso da Petrobrás ter sido iniciado pelos procuradores brasileiros é uma demonstração do
que podemos esperar para o futuro”.

No México, os estados ratificaram uma emenda à constituição federal em maio de 2015


que define as bases para a criação de um Sistema Nacional Anticorrupção. Esse sistema
inclui: o estabelecimento de um procurador especial anticorrupção; mais poderes e maior
independência para os órgãos de investigação; monitoramento mais próximo dos gastos do
governo estadual; e um tribunal especial dedicado a analisar casos de corrupção.

O governo mexicano havia aprovado em 2012 uma lei anticorrupção bastante aguardada, mas
ela se limitou a responsabilizar empresas envolvidas em pagamento de propinas no contexto de
licitações públicas e não estabeleceu uma estrutura para cobrir uma gama maior de situações
de compliance e de aplicação da lei anticorrupção. Espera-se que a emenda constitucional
resulte em uma reforma anticorrupção mais abrangente.

TRENCH, ROSSI E WATANABE // COMPLIANCE NA AMÉRICA LATINA 5


“O ponto mais importante a respeito deste Em janeiro de 2015, milhares de pessoas protestaram
desenvolvimento é que se trata de uma emenda quando um procurador federal, que investigava a
constitucional e que ela conta com o apoio do Presidente Presidente Cristina Fernandez de Kirchner por haver
Peña e de uma coalisão no legislativo”, diz Jonathan supostamente acobertado a participação do Irã no
Adams, sócio coordenador do Grupo de Compliance e bombardeio a um centro comunitário judaico em Buenos
Investigações de Baker & McKenzie no México. “Há uma Aires, foi encontrado morto em seu apartamento na
alta probabilidade de essa ser uma boa lei”. noite anterior ao seu depoimento marcado no Congresso.
Procuradores continuam investigando Kirchner pelo
A Argentina não dispõe de uma lei anticorrupção que
ataque terrorista de 1994, que matou 85 pessoas.
estabeleça a responsabilidade de pessoas jurídicas,
tal como o o FCPA nos Estados Unidos ou a Lei da Somado ao escrutínio crescente das autoridades, os
Empresa Limpa no Brasil. Contudo, escândalos recentes casos de evasão fiscal e de lavagem de dinheiro vêm
colocaram o tema da corrupção em destaque. Em aumentando na Argentina desde 2012, quando o
junho de 2014, Amado Boudou tornou-se o primeiro governo alterou a legislação aplicável para estabelecer
vice-presidente da Argentina em exercício a enfrentar a responsabilidade criminal das empresas. Antes das
acusações de corrupção por supostamente usar sua emendas, apenas indivíduos podiam ser processados por
influência, quando ministro da economia, para garantir estes crimes.
que um contrato para impressão de moeda argentina
fosse concedido a uma empresa controlada por ele.

A CONEXÃO NORTE AMERICANA


Uma das razões do aumento da aplicação das leis anticorrupção na América Latina é o fato de
que as autoridades do Departamento de Justiça (Department of Justice - DOJ) e da Comissão
de Valores Mobiliários (Securities and Exchange Commission - SEC) dos Estados Unidos têm
realizado treinamento de autoridades de outros países acerca de boas práticas na condução de
investigações. Em 2014, esses órgãos dos Estados Unidos receberam 140 agentes de aplicação da
lei estrangeira, incluindo da América Latina, para prepará-los na fiscalização do FCPA e de outras
leis anticorrupção.

Devido ao seu compromisso com uma forte cooperação internacional, as autoridades do DOJ e
da SEC também começaram a compartilhar informações de investigações de casos de FCPA em
curso com seus pares estrangeiros. No passado, as autoridades norte-americanas normalmente
esperavam até que seus casos fossem solucionados para repassar provas que possam levar a
investigações locais.

6 TRENCH, ROSSI E WATANABE // COMPLIANCE NA AMÉRICA LATINA


“Tivemos algumas investigações de casos de
lavagem de dinheiro e de evasão fiscal no passado.
“Houve
Porém, desde as alterações de tais leis, houve definitivamente um
definitivamente um aumento no número de
investigações envolvendo empresas com laços com o
aumento no número
governo atual”, afirma Fernando Goldaracena, sócio de investigações
envolvendo empresas
coordenador do Grupo de Prática de Direito Criminal
Empresarial de Baker & McKenzie na Argentina.

Na Colômbia, o governo aprovou uma nova lei


com laços com o
de liberdade de informação em março de 2014 governo atual.”
para tratar da corrupção no setor público. Com a
FERNANDO GOLDARACENA
nova lei de Transparência e Acesso à Informação,
sócio coordenador do Grupo de Prática de Direito
todos os setores do governo – incluindo órgãos Criminal Empresarial da Baker & McKenzie na
estatais, partidos políticos, universidades, grupos Argentina
da sociedade civil e empresas com contratos com
o governo – devem fornecer registros claros sobre
como gastam o dinheiro público.

“Esse é um desenvolvimento muito interessante”, diz Joan Meyer, Coordenadora do Grupo de Compliance
& Investigações da América do Norte de Baker & McKenzie. “Já vimos casos nos quais informações
confidenciais, que foram reunidas pelas empresas durante investigações internas e entregues ao DOJ ou
à SEC, foram repassadas a autoridades locais. Em seguida, essas empresas enfrentaram processos em
diferentes frentes, ao mesmo tempo, o que pode ser uma situação bastante desafiadora.”

O Programa Dodd-Frank para Denunciantes também aumentou a conscientização sobre corrupção os


funcionários e terceiros na América Latina, através do oferecimento de incentivos financeiros. Com o
programa, os denunciantes podem ter direito a 30% do montante das multas recebidas pelo governo dos
EUA caso forneçam “informações originais” a respeito de condutas corporativas irregulares que possibilitem
o sucesso da acusação.

Ainda que o número de denúncias recebidas pela SEC feitas por denunciantes de países latino-americanos
seja baixo em comparação com outras regiões, como a Ásia e a Europa, esse número vem aumentando
rapidamente. Em 2014, a SEC recebeu 448 denúncias de fora dos Estados Unidos. Dessas, 35 vieram de
países da América Latina, um crescimento de 19 denúncias em relação a 2013.

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Recentemente, a Colômbia também se tornou o O relatório inclui uma visão geral das sete áreas, seguida
quinto país da América Latina a aderir à Convenção por medidas práticas que as empresas podem adotar
Anticorrupção da OCDE, que exige que seus signatários para reduzir o risco de compliance, além de exemplos
implementem uma legislação que proíba o suborno reais de como outras empresas abordam essas questões.
de funcionários públicos estrangeiros em transações Com essas orientações, esperamos que as empresas
comerciais internacionais. Argentina, Brasil, Chile e que atuam na América Latina possam aprimorar seu
México também ratificaram a convenção. entendimento de quais são os principais riscos e de como
desenvolver os pilares para um futuro com integridade.
O Peru está avançando no estabelecimento de leis
anticorrupção mais rígidas para tornar-se membro
da OCDE, com duas leis pendentes de aprovação e
que estabelecem a responsabilidade criminal de
Com a nova Lei
empresas cujos funcionários e terceiros se envolvam
em corrupção, dar crédito para empresas que possuam de Transparência
programas de compliance que atendam plenamente
certas exigências.
e Acesso à
Informação da
Tendo em vista o ambiente mais rigoroso de aplicação
da lei a que as empresas multinacionais agora Colômbia, todos os
estão sujeitas na América Latina, Baker & McKenzie
setores do governo
desenvolveu este relatório, para ajudar os líderes
empresariais a lidar com as mudanças recentes e devem fornecer
minimizar o risco crescente na realização de negócios
na região. Este relatório não tem a intenção de ser uma
registros claros
compilação exaustiva das questões de compliance sobre como gastam
que surgem na América Latina, mas uma discussão
de sete desafios de compliance levantados com maior
o dinheiro público.
frequência por nossos clientes.

8 TRENCH, ROSSI E WATANABE // COMPLIANCE NA AMÉRICA LATINA


COMPARAÇÃO:
Lei Anti-suborno do Reino Unido (UKBA)
Lei de Práticas de Corrupção no Exterior
dos Estados Unidos (FCPA)
Lei da Empresa Limpa do Brasil

Br esa
il
as
do pr
pa m
m aE
Li i d
BA

PA

Le
É uma violação?
UK

FC
SUBORNAR FUNCIONÁRIO
PÚBLICO NACIONAL

SUBORNAR FUNCIONÁRIO
PÚBLICO ESTRANGEIRO

NÃO MANTER
REGISTROS CONTÁBEIS
PRECISOS

PAGAMENTOS
DE FACILITAÇÃO

Está incluído na Lei… ?


ALCANCE
EXTRATERRITORIAL

RESPONSABILIDADE
CRIMINAL DAS EMPRESAS

OUTRAS VIOLAÇÕES
PREVISTAS?

TRENCH, ROSSI E WATANABE // COMPLIANCE NA AMÉRICA LATINA 9


Desafio 1: Negócios com
o governo
Para algumas empresas multinacionais com operações
na América Latina, uma grande parte de seus negócios
envolve a venda de bens e serviços para o governo. Muitas
empresas, em particular aquelas em setores altamente
regulamentados como o de saúde, precisam interagir com
órgãos governamentais com frequência para obtenção de
permissões, isenções e licenças, o que as expõe a um risco
maior de receberem pedidos de suborno ou de se envolverem
em condutas que violem o FCPA ou leis anticorrupção locais.

Em licitações públicas, as empresas também enfrentam


riscos de compliance quando participam de contratos
públicos como integrantes de um consórcio, já que podem ser
responsabilizadas pela má conduta de sua consorciada. Este
desafio foi agravado pela Lei da Empresa Limpa, que torna
cada parte integrante diretamente responsável pelas ações
das demais partes de um consórcio.

É por esses motivos que fazer negócios com o governo,


especialmente em países com altos índices de corrupção,
pode ser desafiador para empresas multinacionais que,
muitas vezes, estão acostumadas a práticas de negócios e
regras de contratação diferentes. O que as empresas podem
fazer para mitigar seu risco durante essas interações?
Seguem algumas sugestões.

10 BAKER & MCKENZIE // LATIN AMERICA CORPORATE COMPLIANCE REPORT


TER UMA BOA POLÍTICA PARA INTERAÇÕES COM O GOVERNO.
Empresas com grande volume de negócios com o governo devem dispor de uma
DICA política que explique claramente como as equipes de marketing e vendas devem se
#1
comportar com autoridades públicas. A política deve instruir os vendedores sobre como
responder a solicitações indevidas e incluir regras sobre questões como refeições, entretenimento,
viagens e conflitos de interesse. A política também deve estabelecer melhores práticas, como,
por exemplo, estabelecer que os empregados levem outro membro de sua equipe com eles para
reuniões com funcionários públicos ou que os empregados apenas se reúnam com eles em seus
escritórios. “Nunca vá sozinho, porque se surgir um questionamento, é bom ter uma testemunha que
possa confirmar o que aconteceu naquela reunião”, diz Vanina Caniza, Coordenadora do Grupo de
Compliance & Investigações de Baker & McKenzie na Argentina. “É também menos provável que o
funcionário público solicite algo inapropriado se houver uma testemunha”.

TREINAR VENDEDORES SOBRE O QUE SE PODE E O QUE NÃO SE


PODE FAZER NESSA POLÍTICA.
Os funcionários envolvidos na venda de produtos e serviços para o governo precisam
DICA de treinamento específico sobre o que podem e o que não podem fazer durante
#2
o processo de licitação. O treinamento deve incluir exemplos reais e oferecer
alternativas práticas. No Brasil, por exemplo, os funcionários públicos responsáveis por
desenvolver as especificações para a compra de bens e serviços para um determinado órgão
governamental muitas vezes pedem ao representante de vendas de uma empresa interessada
no contrato para escrever as especificações técnicas do edital por eles. Isso se torna uma zona
perigosa porque, ao fazer isso, a empresa pode ser acusada de violar as rígidas regras da Lei da
Empresa Limpa que proíbem atos que afetem o caráter competitivo de licitações públicas.

“Muitas vezes, o representante de vendas não sabe que isto é errado, eles acham que estão
ajudando”, diz o Coordenador do Grupo de Compliance & Investigações da América Latina, Bruno
Maeda. “Mas isso expõe a empresa ao risco de ser acusada de direcionar indevidamente a
licitação a seu favor”.

Ao invés disso, o representante de vendas pode ser treinado para enviar à autoridade
governamental informações sobre seu produto de um catálogo da empresa ou site, com um
simples e-mail ou uma nota dizendo “Seguem informações disponíveis publicamente sobre nosso
produto, para ajudá-lo a avaliar as soluções existentes no mercado”.

TRENCH, ROSSI E WATANABE // COMPLIANCE NA AMÉRICA LATINA 11


INCENTIVAR GERENTES DE VENDAS E DE COMPLIANCE A
TRABALHAR JUNTOS.
Para criar uma cultura de compliance, as empresas precisam tornar a corrupção um problema
DICA do negócio, e não apenas um problema de compliance. Isso não é fácil, uma vez que gerentes
#3
de venda e diretores de compliance geralmente têm objetivos conflitantes. Para incentivar uma
boa relação de trabalho entre os dois departamentos, inclua o diretor de compliance em reuniões sobre
negócios com o governo e consulte-o sobre negócios que possam ser particularmente arriscados. Diretores
de compliance também podem procurar champions entre os funcionários de marketing e vendas que tenham
interesse em questões de compliance e pareçam concordar em apoiar e defender as políticas anticorrupção.

Diretores de compliance também podem, ocasionalmente, acompanhar gerentes de vendas em visitas a


clientes para entender melhor os negócios e desafios enfrentados pelas equipes de vendas. “Você enxerga
novos problemas em potencial que não havia imaginado antes e possíveis soluções para problemas que você
julgava impossíveis de serem resolvidos”, afirma o Coordenador do Grupo de Compliance & Investigações
no México, o sócio Jonathan Adams, que já trabalhou como advogado interno em uma grande empresa
farmacêutica. “Você também consegue interagir de forma mais efetiva com o grupo de vendas”.

RECUSAR SOLICITAÇÕES INDEVIDAS E REPORTÁ-LAS


IMEDIATAMENTE.
Gerentes de vendas devem ser treinados para recusar explicitamente as solicitações indevidas
DICA que venham a receber, dizendo “Não, nós não fazemos isso” ou “Não é assim que nossa
#4
empresa trabalha”. Muitas vezes, as pessoas tentam ser educadas nessas situações, dizendo
apenas algo como “Vamos ver”, ou “Vou falar com o meu gerente”. Mesmo que não tenham a intenção de
seguir adiante com a questão, ser vago pode expor a empresa ao risco de uma investigação. Em um caso
como este, a polícia conduziu busca e apreensão na casa de diretores de uma empresa depois que um
gerente de logística foi pego em uma escuta telefônica dizendo a um despachante aduaneiro que discutiria
o pedido de uma taxa para acelerar o desembaraço de mercadorias com seu gerente. A operação acabou
publicada nos jornais locais, o que criou uma repercussão negativa na imprensa para a empresa, apesar
de os investigadores descobrirem posteriormente que a empresa não havia pago propina ao despachante.
As equipes de vendas também devem ser treinadas para notificar imediatamente as solicitações
indevidas ao departamento jurídico ou de compliance. “Se um empregado diz não, mas não reporta o
ocorrido, o mesmo funcionário público pode fazer o mesmo pedido a outro empregado da empresa”, diz
o Coordenador de Compliance & Investigações para a América Latina, Bruno Maeda. “A empresa precisa
saber que há um problema com um funcionário público ou com um intermediário específico, porque estas
são pessoas com quem a empresa não quer continuar trabalhando”.

12 TRENCH, ROSSI E WATANABE // COMPLIANCE NA AMÉRICA LATINA


CONSULTAR ADVOGADOS EXTERNOS. DICA DA ÁREA
Quando um funcionário relatar ter recebido
DICA uma solicitação indevida, é recomendável
#5
que a empresa busque a orientação de um
advogado externo para investigar o incidente e avaliar
LIMITE A EQUIPE
se a empresa precisa informar o fato às autoridades. DE VENDAS PARA
Mesmo que o incidente não chegue a esse ponto, é uma O GOVERNO A
boa ideia a empresa obter uma opinião jurídica externa
para manter em registro caso haja uma investigação
FUNCIONÁRIOS
e para mostrar para as autoridades que a empresa
SÊNIOR
levou o incidente a sério. “Contar com uma opinião
“Temos muita sorte de ter uma
jurídica externa torna as investigações internas mais
boa equipe de relações com o
convincentes para um juiz, porque foram conduzidas
governo, que conhece os limites
por uma parte imparcial”, diz o Coordenador do
do que pode fazer nas negociações
Grupo de Prática de Direito Criminal Empresarial na
com o governo. O problema é que
Argentina, Fernando Goldaracena. “O que a empresa
não podemos controlar o lado
não deve fazer é desconsiderar o relato do funcionário e
descartar o risco para a empresa”. do governo. Eles podem solicitar
favores ou outros benefícios para
conceder licenças ou isenções. É

“Se um funcionário por isso que você precisa treinar


as pessoas que vão interagir com

diz não, mas não o governo e limitar aquela equipe

reporta o ocorrido, o de vendas a um certo número de


profissionais muito experientes.
mesmo funcionário Essa é nossa abordagem.”

público pode fazer o Advogado para a América Latina de

mesmo pedido a outro


uma empresa global de tecnologia

empregado da empresa”
BRUNO MAEDA
Coordenador do Grupo de Compliance & Investigações
da América Latina de Trench, Rossi e Watanabe

BAKER & MCKENZIE // LATIN AMERICA CORPORATE COMPLIANCE REPORT 13


Desafio 2: Denunciantes
Denúncias, de modo geral, não são culturalmente aceitas na
América Latina. Os funcionários muitas vezes consideram
essa prática um comportamento de “dedo-duro” ou
insubordinação. Eles normalmente preferem abordar
os problemas com seus gerentes ou através de canais
locais, ao invés de levar suas preocupações para a sede da
empresa.

Apesar deste estigma, as denúncias estão aumentando


na América Latina e as empresas que não dispõem
de programas robustos para lidar com as denúncias
internamente correm um risco maior de estarem sujeitas
a ações de aplicação da lei. Em 80% dos casos de denúncia
que a SEC processou até hoje, o denunciante externou
suas preocupações internamente primeiro. Isso ressalta
a importância de as empresas levarem essas denúncias a
sério para reduzir a necessidade de empregados levarem
suas preocupações até as autoridades para serem ouvidos.

Quando as empresas conseguem que seus empregados


expressem suas preocupações, outro desafio dos
programas de comunicação é decidir como categorizar e
priorizar as denúncias recebidas. Que tipo de protocolos e
procedimentos são necessários para determinar quem deve
investigar uma denúncia em particular, ou se ela é válida?
Relacionamos algumas sugestões sobre como obter e
administrar denúncias.

14 BAKER & MCKENZIE // LATIN AMERICA CORPORATE COMPLIANCE REPORT


PROTEGER OS DENUNCIANTES.
Uma das principais razões pelas quais empregados não denunciam má conduta é
DICA porque têm medo de perder o emprego ou sofrer outros tipos de retaliação de gerentes
#1
ou colegas. Para ganhar sua confiança, é fundamental mostrar aos funcionários
que você lida com as denúncias com seriedade, investigando a alegação, dispondo de uma forte
política de não-retaliação e mantendo as identidades dos denunciantes em sigilo. “Proteger
a confidencialidade do denunciante é muito importante e as empresas nem sempre são bem-
sucedidas nisso, devido ao vazamento de informações”, diz Vanina Caniza, Coordenadora do Grupo
de Compliance & Investigações na Argentina. “Se você não consegue fazer isso em uma única
investigação interna, pode eliminar todas as possibilidades de ter mais denunciantes no futuro”.

TREINAR OS FUNCIONÁRIOS SOBRE O QUE DEVEM REPORTAR.


Outra razão pela qual os empregados deixam de reportar é o desconhecimento.
DICA Muitas vezes, eles não sabem o que constitui má conduta. Ou hesitam em denunciar
#2
porque não estavam presentes ou não estão seguros do que viram. Por isso, é
importante treinar os funcionários nos tipos de conduta que são proibidos e enfatizar que devem
denunciar suas suspeitas mesmo quando não estiverem 100% seguros do que aconteceu, para
que a equipe jurídica ou de compliance possa investigar e determinar sua validade.

ENVOLVER ALTOS EXECUTIVOS NOS TREINAMENTOS SOBRE O


CANAL DE COMUNICAÇÃO.
Demonstrar aos empregados que a empresa leva o compliance a sério exige o
DICA comprometimento da diretoria. Uma forma de demonstrar esse comprometimento é
#3
através da participação de altos executivos em treinamentos de compliance. Quando
uma empresa lançou seu novo programa de compliance no Brasil, o CEO realizou a abertura em
todas as 10 sessões de treinamento para os empregados , frisando a importância do compliance
e de usar a linha direta de denúncias. “Alguns funcionários nunca tinham encontrado o CEO antes
e vê-lo dedicando seu tempo ao programa de compliance exerceu um grande efeito sobre eles”,
diz o Coordenador do Grupo de Compliance & Investigação da América Latina Bruno Maeda.
“Ouvimos que, depois do treinamento, o nível de atividade no canal de comunicação aumentou
significativamente”.

TRENCH, ROSSI E WATANABE // COMPLIANCE NA AMÉRICA LATINA 15


DICA DA ÁREA “Proteger a
confidencialidade
CRIE UM AMBIENTE do denunciante é
ABERTO A DENÚNCIAS muito importante e as
“Ressaltamos a necessidade de
empresas nem sempre
um ambiente aberto a denúncias. são bem-sucedidas”
Qualquer um pode reportar uma
VANINA CANIZA
preocupação e colocá-la em nosso Coordenadora do Grupo de Compliance
sistema ou enviar um e-mail & Investigações de Baker & McKenzie na Argentina

para um membro do conselho.


Abrimos e encerramos todas as
reuniões corporativas pedindo que
os funcionários se apresentem
ESTABELECER UM SISTEMA EFICAZ
e denunciem irregularidades. PARA CATEGORIZAR E DIRECIONAR
Destacamos que não é apenas um AS DENÚNCIAS.
direito, é uma obrigação”. Em muitas empresas, é o departamento de
DICA recursos humanos que supervisiona seus
Gabriela López Cremaschi #4
programas e canais de denúncias. Conforme
Consultora Jurídica Sênior da
General Electric América do Sul desenvolvem programas mais sofisticados de compliance,
no entanto, muitas empresas estão percebendo que
os departamentos jurídico e de compliance deveriam
ser os primeiros a ter contato com essas alegações por
estarem melhores equipados para detectar problemas de
compliance. Independentemente de quem é a primeira
linha de defesa, as empresas precisam de um sistema para
categorizar os tipos de denúncias que recebem e políticas
internas que determinem quem deve investigar a questão.
Um fabricante global de tecnologia que atua na América
Latina tem um número 0800 acessível de qualquer lugar
no mundo, operado por um fornecedor terceirizado que
pode atender em qualquer idioma e direcionar o relatório
para o comitê interno adequado de acordo com o assunto
– seja ética, financeiro ou anticorrupção. Denúncias que
envolvem alegações financeiras e de FCPA mais sérias são
encaminhadas para um escritório externo para investigação.
16 BAKER & MCKENZIE // LATIN AMERICA CORPORATE COMPLIANCE REPORT
PROG R AMA DODD- F RA NK PA RA DE NU NCI A NT E S
FE ITAS N A AMÉRICA LATIN A
15 14
NÚ M E R O D E D E NÚ NCIA S

10

6 6 6 6
5 4 4 4 4
3
2 2 2
1 1 1 1 1 1 1
a

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n
S
Co
Ar

ic

Ve
Co

N
El

2012 2013 2014

TOTAL DE DE NÚ NCI A S
FE ITAS N A AMÉRICA LATIN A
N ÚM E RO D E D E N Ú N C I A S

40

30
19 35
20
16

10

2012 2013 2014

TOP 5 PAÍ S E S DE NU NCI A NT E S


NA AMÉ RICA LAT IN A EM 2014

14
denúncias da
6
denúncias do
6
denúncias do
4
denúncias da
2
denúncias do
Argentina Brasil México Colômbia Equador

Fonte: US Securities and Exchange Commission

TRENCH, ROSSI E WATANABE // COMPLIANCE NA AMÉRICA LATINA 17


Desafio 3: Acordos de leniência
Cada vez mais as autoridades em países como Brasil,
Chile e Colômbia estão usando acordos de leniência para
incentivar empresas investigadas a fornecer informações
que possam levá-las a outros infratores. Para ter as
sanções reduzidas, as empresas devem fornecer provas
que incriminem concorrentes ou outras empresas com
as quais se relacionem. Este desenvolvimento tem criado
um risco maior, já que investigações que começam com
uma empresa se espalham rapidamente na medida em
que aqueles que estão colaborando com as investigações
denunciam os demais envolvidos.

“As autoridades não querem apenas informações sobre


um setor, elas querem ouvir do operador do esquema
tudo o que eles fizeram, inclusive em outros setores”, diz
Bruno Maeda, Coordenador do Grupo de Compliance &
Investigações da América Latina. “Isso vem ampliando
o alcance das investigações e aumentando o número de
casos”.

A questão dos acordos de leniência também levanta a


dúvida sobre o que as empresas devem fazer quando
operam em um mercado impactado por um escândalo de
corrupção. Você deve rever seus contratos e transações
para se certificar que foram adequadamente examinados
e documentados? Ou continuar com os negócios
normalmente até que algo surja? Seguem algumas
sugestões para operar em ambientes de maior aplicação e
fiscalização da lei.

18 BAKER & MCKENZIE // LATIN AMERICA CORPORATE COMPLIANCE REPORT


SER PROATIVO.
Em meio a um escândalo público de corrupção, é melhor rever seus contratos para
DICA verificar se estão em conformidade com a lei. Se tiver transações com alguma parte
#1
envolvida, reveja cuidadosamente os contratos para identificar sinais de alerta. Se
você descobrir potenciais irregularidades, entre em contato com um advogado local para ajudar
a determinar os passos seguintes adequados. Caso os investigadores incluam sua empresa na
investigação, as autoridades tendem a ser mais lenientes se virem que você tomou medidas para
investigar e remediar o problema por conta própria, ao invés de ignorá-lo até receber uma intimação.

APRENDER COM OS ESCÂNDALOS.


Mesmo que sua empresa não esteja associada com os envolvidos em um esquema de
DICA corrupção, use o escândalo como uma oportunidade para garantir que sua própria casa
#2
está em ordem. “Talvez o escândalo não tenha afetado sua empresa, mas com base nos
esquemas veiculados pela imprensa, você deve se perguntar, ‘Nossas políticas e controles teriam
nos protegido se isso tivesse acontecido conosco?’’’, diz o Coordenador do Grupo de Compliance
& Investigações da América Latina, Bruno Maeda. Por exemplo, se o escândalo envolve empresas
que pagam por serviços de empresas de consultoria descobertas como sendo empresas de
fachada para canalizar propinas, reavalie seus procedimentos de revisão de acordos de serviços de
consultoria para certificar-se de que eles são eficazes. Você exige comprovação de serviços antes
de contratá-los? Você verifica seu histórico e experiência? Estes são os tipos de medidas que as
autoridades querem ver adotadas pelas empresas, para demonstrar que estão aprendendo com os
erros de terceiros.

AVALIAR SE DIVULGAR INFORMAÇÕES EM UMA


JURISDIÇÃO PODE PREJUDICÁ-LO EM OUTRAS.
Se você decidir colaborar com as autoridades para receber um tratamento favorável,
DICA saiba que você pode estar sujeito a processos em outras jurisdições, devido à crescente
#3
colaboração internacional entre órgãos estrangeiros de investigação. Durante uma
investigação interna, por exemplo, você pode descobrir que alguns funcionários estavam subornando
autoridades do Ministério da Saúde no México para obter a aprovação de medicamentos. Antes de
revelar a informação às autoridades americanas para evitar sanções, você precisa determinar se
essa informação pode ser repassada para autoridades mexicanas e usada contra você no México. Ao
contrário dos Estados Unidos, o México não oferece leniência para o reporte voluntário, então você
deve avaliar se o risco de divulgar isso para autoridades americanas vale a pena. “Se sua empresa
tem a intenção de ser global, você precisa avaliar o resultado de suas ações no exterior”, diz o
Coordenador do Grupo de Compliance & Investigações no México, Jonathan Adams.

TRENCH, ROSSI E WATANABE // COMPLIANCE NA AMÉRICA LATINA 19


Desafio 4: Verificação e
monitoramento de terceiros
Distribuidores, revendedores e outros intermediários
representam alguns dos riscos de compliance
mais sérios para empresas. Por isso, devem ser
cuidadosamente selecionados e monitorados,
especialmente em mercados emergentes como os da
América Latina. Isso pode ser um desafio para empresas
multinacionais, já que muitas vezes trabalham com
milhares de terceiros e dispõem de orçamentos limitados
para questões relativas a compliance.

Obter direitos de auditoria para examinar livros e


registros de seus terceiros é um passo importante
nesse processo, especialmente porque as autoridades
esperam cada vez mais que as empresas conduzam
controles in loco como parte do monitoramento de
terceiros. Os problemas surgem quando as cláusulas
de auditoria em um contrato com um terceiro são
excessivamente genéricas, tornando difícil executá-las.
Os terceiros muitas vezes recusam a autorização da
auditoria, alegando que isso violaria a confidencialidade
de outros clientes. Ou tomam ações para retardá-la
indefinidamente. Seguem algumas sugestões para ajudar
as empresas a aumentar a eficácia da verificação e do
monitoramento de terceiros.

20 BAKER & MCKENZIE // LATIN AMERICA CORPORATE COMPLIANCE REPORT


TORNAR A VERIFICAÇÃO DE TERCEIROS MAIS DO QUE
SIMPLESMENTE UM EXERCÍCIO FORMAL.
Muitas empresas distribuem questionários para terceiros, recebem-nos de volta, mas
DICA não os revisam. Para tornar a verificação de terceiros um exercício real, o responsável
#1
por compliance deve revisar as respostas para identificar a existência sinais de alerta,
tais como terceiros que possuam laços de família com funcionários públicos locais e terceiros
sem um histórico operacional. “A aprovação final de um diretor de compliance bem treinado é
fundamental para que este não seja um processo vazio”, diz a Coordenadora de Compliance &
Investigações na Argentina, Vanina Caniza. “Com o tempo, o diretor de compliance pode treinar
outras pessoas para revisar esses questionários e encaminhar o problema para o departamento
jurídico ou de compliance caso encontrem algo que gere dúvida”.

PRIORIZAR O RISCO.
Com recursos limitados, aplicar o mesmo grau de diligência a todos os terceiros não
DICA é viável para a maioria das empresas. Ao invés disso, as empresas devem conduzir
#2
revisões básicas quanto a terceiros de menor risco e dedicar a maior parte dos
recursos para avaliar terceiros que apresentar maior grau de risco. Muitas empresas usam uma
matriz para avaliar o risco oferecido por um intermediário, com base em elementos como o tipo
de atividade, a jurisdição e o nível de interação do terceiro com funcionários públicos. Com base
nisso, ajustam o nível da revisão ao risco apresentado.

DISPOR DE CLÁUSULAS DE AUDITORIA ESPECÍFICAS.


Para aumentar as chances de conseguir exercer seus direitos de auditoria, a cláusula
DICA de auditoria em contrato com terceiros deve ir além de uma redação padrão. É
#3
necessário identificar exatamente a quais documentos você terá acesso, como, por
exemplo, aqueles diretamente relacionados aos bens ou serviços fornecidos pelo terceiro.
Lembre-se também que a capacidade de exercer direitos de auditoria varia de país a país, de
modo que é necessário ajustar a cláusula para que ela se adeque à legislação local. Ao firmar
estes contratos, é importante saber que, caso o terceiro recuse o acesso, os tribunais destes
países não irão obrigá-lo a aceitar. Sua única alternativa pode ser avaliar se essa recusa justifica
o encerramento da relação com o terceiro, o que leva a outras complicações, como leis locais que
exijam indenização na rescisão do contrato.

TRENCH, ROSSI E WATANABE // COMPLIANCE NA AMÉRICA LATINA 21


CONHECER AS LEIS DE PROTEÇÃO
DE DADOS.
Como a proteção de dados na América Latina vem
DICA DA ÁREA DICA se tornando uma questão cada vez mais importante,
#4
as empresas se deparam com regras conflitantes
quando tentam implementar iniciativas de compliance e acessar

AMPLIE OS TIPOS DE informações a respeito de terceiros, transferir dados para o


exterior e observar as regulamentações locais sobre privacidade
TERCEIROS QUE VOCÊ de dados. Na Colômbia e no Peru, por exemplo, terceiros

VERIFICA intermediários muitas vezes usam sua necessidade de proteger


os dados pessoais de seus empregados e prestadores de serviço
“Devido aos recentes escândalos como uma desculpa para limitar o escopo de auditorias e
tributários envolvendo advogados no verificações realizadas por seus clientes e parceiros. Contudo,
Brasil, decidimos reforçar nossas com procedimentos adequados, é possível criar programas que

políticas e verificações de terceiros, respeitem a privacidade dos dados e que permitirão que você

incluindo escritórios de advocacia, realize o nível de diligência e auditoria exigido para proteger a

realizando uma verificação empresa contra riscos de compliance por parte do terceiro.

detalhada de antecedentes e
conduzindo treinamentos”.

Gabriela López Cremaschi


CONDUZIR REVISÕES PERIÓDICAS DE SUA
Consultora Jurídica Sênior da
General Electrics na América do Sul
POLÍTICA DE VERIFICAÇÃO DE TERCEIROS.
Como as prioridades da fiscalização e aplicação
DICA da lei evoluem, é importante manter-se atualizado
#5
quanto aos pontos que constituem os principais
alvos das autoridades e aqueles que se tornam menos relevantes.
Por exemplo, investigar agentes alfandegários pode ter sido
uma área de escrutínio das autoridades no passado, mas as
autoridades já vem mudando seu foco para outros problemas
de compliance. Por isso, é importante revisar regularmente
quais terceiros a serem submetidos à verificação e buscar
aconselhamento com seu advogado local para certificar-se de
que você está alocando seus recursos para gerenciar os riscos
mais importantes daquele mercado. “Observamos que o mundo
corporativo muitas vezes quer fazer a verificação uma vez e
depois esquecer o assunto, porque é caro e demorado”, diz Vanina
Caniza, Coordenadora do Grupo de Compliance & Investigações
na Argentina. “Mas a verdade é que o compliance é um alvo
em movimento em todos os países. Se você não fizer revisões
periódicas, você pode ter uma política de verificação de terceiros
que foi boa há cinco anos atrás”.

22 BAKER & MCKENZIE // LATIN AMERICA CORPORATE COMPLIANCE REPORT


LEIS ANTICORRUPÇÃO
NA AMÉRICA LATINA

la
a

a
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e
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zu
o
m
n

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É uma violação?

ic
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Ch

Pe
Co

Ve
Br
Ar

M
SUBORNAR AGENTE
PÚBLICO NACIONAL

SUBORNAR AGENTE
PÚBLICO ESTRANGEIRO

PAGAMENTOS DE
FACILITAÇÃO

NÃO MANTER REGISTROS


CONTÁBEIS PRECISOS

PRÁTICAS CORRUPTAS AO
FIRMAR CONTRATOS COM A
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

RESPONSABILIDADE POR
ATOS DE TERCEIROS

TRENCH, ROSSI E WATANABE // COMPLIANCE NA AMÉRICA LATINA 23


Desafio 5: Investigações
internas
As autoridades em alguns países latino-americanos
estão mais rigorosas em relação ao que esperam que
as empresas façam para evitar, identificar e responder
a casos de má conduta. No Brasil, por exemplo, a Lei
da Empresa Limpa ressalta a importância de conduzir
avaliações de risco e realizar o monitoramento regular
de terceiros. A lei também exigiu que os membros da
administração da empresa sejam mais responsáveis pelo
compliance e que as empresas adotem procedimentos
específicos para empregados que interagem com
funcionários públicos durante procedimentos licitatórios.

“A questão é que os elementos do seu programa de


compliance deixaram de ser apenas boas práticas”,
declara Esther Flesch, sócia do Grupo de Compliance
& Investigações de Trench Rossi e Watanabe, em São
Paulo. “No Brasil, agora é lei. Esses elementos precisam
fazer parte do seu programa de compliance ou então ele
não será suficiente para que sua empresa possa receber
crédito durante uma investigação”.

Em grande parte, garantir que seu programa de


compliance atenda às expectativas das autoridades exige
a condução imediata e com credibilidade de investigações
internas quando do surgimento de alegações de
corrupção. Seguem algumas sugestões para que suas
investigações internas transcorram de forma mais eficiente.

24 BAKER & MCKENZIE // LATIN AMERICA CORPORATE COMPLIANCE REPORT


DESENVOLVER UM PLANO DE INVESTIGAÇÃO ADEQUADO.
Quando você descobre ou recebe alegações de possíveis irregularidades, sua
DICA avaliação preliminar deve considerar três fatores: a credibilidade das alegações,
#1
a gravidade das acusações e se ações imediatas são necessárias. Isso ajudará
a desenvolver um plano de investigação adequado para as circunstâncias específicas.
Como parte do processo de investigação interna, é fundamental conduzir não apenas uma
revisão detalhada, mas descobrir quem estava envolvido na irregularidade e discipliná-los
adequadamente.

NÃO DEMITIR FUNCIONÁRIOS SUSPEITOS DE CONDUTA


IRREGULAR ANTES DE CONHECER TODA A HISTÓRIA.
Quando surgem problemas de corrupção, não assuma que demitir os funcionários
DICA envolvidos resolverá o problema. Na verdade, você precisa coletar todas as informações
#2
relevantes que estes empregados possuam, antes de demití-los, quando será mais
improvável que eles queira falar com você. Durante as entrevistas, você precisa determinar o que
aconteceu, quem mais estava envolvido e até que nível da organização o problema alcançou. Muitas
vezes, esses incidentes são administrados pelo departamento de recursos humanos e advogados
trabalhistas, que normalmente estão mais concentrados em determinar se há justa causa para o
desligamento do empregado, evitando o pagamento de verbas rescisórias, do que propriamente
em investigar a alegação. Por isso, é recomendado que o departamento de recursos humanos
envolva o advogado de compliance para determinar se a situação exige revisão adicional. “Se você
efetivamente destruir provas, colocando uma possível testemunha fora do alcance da investigação,
quaisquer dúvidas remanescentes serão solucionadas supondo o pior”, diz Reynaldo Vizcarra, Sócio
Administrador dos escritórios de Baker & McKenzie no México.

Quando surgirem problemas


de corrupção, não assuma que
demitir os empregados envolvidos
resolverá o problema.

TRENCH, ROSSI E WATANABE // COMPLIANCE NA AMÉRICA LATINA 25


TRABALHAR EM CONJUNTO.
Identificar problemas de compliance não é o único desafio, mas também determinar
DICA quem deve investigar a questão, reportar o caso ao conselho e decidir como devem
#3
ser conduzidos. Os conselhos das empresas podem divergir em relação ao nível de
detalhe que desejam receber a respeito das investigações internas. Alguns querem conhecer
todos os detalhes, enquanto outros preferem se assegurar de que você está cuidando do problema.
Saber como o conselho da sua empresa vai reagir e apresentar as informações de forma a não
criar uma crise se torna algo importante. Isso exige um plano claro com relação a quem deve
liderar a investigação e a garantia de que as demais áreas estão consultando o jurídico antes de
agir. A confusão surge quando os departamentos de auditoria interna, financeiro e jurídico não
estão trabalhando em conjunto. Em um caso deste tipo, uma equipe de auditoria interna decidiu
revisar um processo de aquisição que a empresa havia feito alguns anos antes, para determinar
se houve potencial violação ao FCPA. O resultado foi um relatório, não protegido pelo sigilo das
comunicações entre cliente e advogado, descrevendo as irregularidades financeiras daquela
subsidiária. A empresa acabou sendo obrigada a entregar o relatório para o Departamento de
Justiça dos Estados Unidos, já que estava sendo investigada por possíveis violações ao FCPA em
outros países, o que levou a ações adicionais por parte das autoridades, que poderiam ter sido
evitadas se o departamento de auditoria interna tivesse se comunicado com os advogados da empresa.

PREPARAR-SE PARA LIDAR COM INVESTIGAÇÕES.


Uma forma eficaz de criar um processo para lidar com questões ligadas à corrupção é
DICA através do treinamento de situações reais. Este treinamento pode ser oferecido para
#4
membros do conselho e empregados de nível sênior em áreas chave da empresa,
de modo a prepará-los para os tipos de problemas de compliance que poderão ser enfrentados
ensinando-os os métodos corretos para abordar esses problemas. Esses exercícios ajudam a evitar
pânico e confusão, além de identificar quem, na equipe de executivos, está melhor preparado para
lidar com as diferentes questões. Alguns membros do conselho, por exemplo, podem estar mais
qualificados para lidar com uma investigação de violação de segurança cibernética do que com uma
questão de corrupção.

26 TRENCH, ROSSI E WATANABE // COMPLIANCE NA AMÉRICA LATINA


SABER QUANDO ENVOLVER ADVOGADOS EXTERNOS.
Decidir quando consultar advogados externos é uma questão de orçamento, de quais são
DICA as alegações, de definir se é um problema jurídico local ou internacional e de entender
#5
quem estava envolvido na má conduta. Se for uma questão potencialmente relacionada
ao FCPA, você deve buscar advogados externos para preservar o sigilo profissional da relação entre
cliente e advogado. Se for uma questão de legislação estrangeira, você precisa consultar um advogado
local do país em questão. E se a questão envolver executivos de alto nível ou a administração local,
é recomendável contratar um advogado externo para analisar a questão e certificar-se de que a
investigação é imparcial. “Quando você traz uma equipe externa de investigação independente, você
mitiga boa parte do risco neste tipo de circunstância”, diz o Coordenador do Grupo de Compliance &
Investigações no México, Jonathan Adams.

TRÊS MANEIRAS DE DEMONSTRAR O COMPROMETIMENTO


DA ADMINISTRAÇÃO
Um elemento que as empresas precisam ter em seus programas de compliance corporativo é o
“comprometimento da alta administração”. Mas este é um conceito vago que pode ser difícil de provar
para as autoridades. O que é comprometimento da administração? Seguem alguns exemplos.

1. Seu diretor mundial de compliance responde diretamente ao conselho de administração. Para ser
eficiente, seu diretor de compliance precisa ter autoridade e autonomia suficientes. O fato de ele/ela
responder diretamente ao conselho indica que sua empresa coloca este cargo no mesmo nível dos
outros diretores. Além disso, diretores locais de compliance devem responder ao diretor mundial de
compliance e não à administração local, de modo a preservar sua independência.

2. Compliance faz parte da agenda do conselho. O diretor de compliance apresentar relatórios


periódicos ao conselho quanto à situação do programa de compliance da empresa, investigações
em andamento e tendências indica que a administração está envolvida no processo. Conseguir
demonstrar que compliance era um assunto regular de discussão, usando atas de reuniões do
conselho, pode pesar em seu favor durante investigações do governo.

3. A diretoria promove a importância de compliance. O fato de seu CEO ou do presidente da empresa


falar sempre sobre o compromisso da empresa com compliance em comunicações corporativas e em
eventos e reuniões na empresa também pode constituir uma prova útil de mitigação. É importante
documentar esses discursos e manter uma cópia caso surja uma investigação.

TRENCH, ROSSI E WATANABE // COMPLIANCE NA AMÉRICA LATINA 27


ÍNDICE DE
CORRUPÇÃO
2014
América Latina
Todos os anos a Transparency International (Transparência
Internacional) mede o nível de corrupção no setor público
de 175 países ao redor do mundo, com a pontuação de cada Média Global Média AMÉRICA LATINA
Average Score Average Score
país variando em uma escala de 1 a 100. Para acessar os
resultados completos, visite www.transparency.org/cpi. 43 45

Pontuação: 0 100
Muito Muito
Corrupto Idôneo

Venezuela Paraguai Nicarágua Equador Argentina


19 24 28 33 34

México Bolívia Panamá Colômbia Peru


35 35 37 37 38

El Salvador Brasil Costa Rica Uruguai Chile


39 43 54 73 73

28 TRENCH, ROSSI E WATANABE // COMPLIANCE NA AMÉRICA LATINA


IDÔNEO Chile

Uruguai

Costa Rica

Brasil

El Salvador

Peru

Colômbia

Panamá

Bolívia

México

Argentina

Equador

Nicarágua

Paraguai

CORRUPTO Venezuela

Sem informação

TRENCH, ROSSI E WATANABE // COMPLIANCE NA AMÉRICA LATINA 29


Desafio 6: Distribuição de
presentes, hospitalidade e
doações filantrópicas
O oferecimento de presentes, hospitalidade e doações
filantrópicas representam outra área de risco de
compliance para as empresas que operam na América
Latina, já que podem ser entendidas como suborno,
dependendo do momento e das circunstâncias. Uma
pergunta que os clientes costumam fazer é sob quais
condições podem pagar pelas despesas de viagem de
autoridades do governo para visitar suas instalações ou
para participar de conferências do setor para saber mais
sobre seus produtos e negócios. As empresas muitas
vezes procuram saber até que ponto podem financiar
essas viagens sem que isso seja entendido como uma
oferta de algo de valor em troca de benefícios.

Outra grande preocupação diz respeito a doações


filantrópicas. Não é raro que autoridades governamentais
na América Latina ameacem fechar a planta de
manufatura de uma empresa a menos que ela efetue uma
doação para determinada organização de caridade. Ou
fazem disso uma condição para a concessão de contratos.
Muitas empresas responderam a essas solicitações com
a abordagem de que, desde que a instituição de caridade
seja uma organização sem fins lucrativos devidamente
registrada, é aceitável seguir em frente e fazer a doação.
Mas é exatamente este tipo de doação que pode resultar
em problemas com as autoridades locais anticorrupção.
Seguem algumas sugestões para estabelecer políticas e
práticas mais eficazes para administrar essas questões.

30 BAKER & MCKENZIE // LATIN AMERICA CORPORATE COMPLIANCE REPORT


CRIAR UMA POLÍTICA DE OFERECIMENTO DE PRESENTES E
HOSPITALIDADE SOB MEDIDA PARA SEUS PRINCIPAIS MERCADOS.
Muitos países latino-americanos têm leis ou diretrizes locais que podem ajudar as empresas a
DICA estabelecer limites monetários adequados para o oferecimento de presentes para autoridades
#1
públicas. Na Colômbia, por exemplo, o governo publica uma tabela indicando os valores per diem
aprovados para funcionários e autoridades do governo em viagens de negócios. Esses tetos, que variam de
acordo com a senioridade e o destino da autoridade, constituem bons indicadores de limites para o pagamento
de viagens de negócios de autoridades colombianas. Se você estiver oferecendo o mesmo nível de hospitalidade
que a autoridade pública receberia se o governo estivesse arcando com as despesas, torna-se mais difícil que
os investigadores entendam a oferta como excessiva.

CONVIDAR A AGÊNCIA, NÃO A PESSOA.


A dúvida surge em situações nas quais, por exemplo, uma empresa deseja convidar um funcionário
DICA público para visitar uma de suas fábricas para demonstrar uma nova tecnologia ou produto e
#2
a autoridade pública é responsável pelas compras governamentais daquele tipo de produto.
Tecnicamente, esse tipo de viagem deveria ser pago pelo órgão do governo a que o funcionário público pertence,
já que é parte de suas atribuições oficiais estar informado sobre as tecnologias mais recentes. Na prática, os
órgãos do governo dispõem de orçamentos limitados e não costumam pagar por esse tipo de viagem. Então,
como conseguir que eles participem sem que isso constitua uma violação? Uma opção pode ser dizer ao órgão do
governo que você arcará com os custos de uma pessoa para visitar a fábrica, e deixar que o órgão selecione quem
deve ir. Isso ajuda a demonstrar que sua oferta não foi dirigida a uma pessoa específica, com algo de valor, mas
sim uma oferta de oportunidade educacional para a agência.

ESTABELECER UM PROGRAMA DE DOAÇÕES FILANTRÓPICAS E


DECIDIR ANTECIPADAMENTE QUE ORGANIZAÇÕES DE CARIDADE
SERÃO APOIADAS.
Dispor de um programa oficial e efetuar contribuições de caridade com base em um cronograma
DICA determinado ajuda a evitar os tipos de doações aleatórias que podem levantar a suspeita
#3
por parte das autoridades. Também é importante contribuir diretamente com a instituição e
monitorar se a doação é utilizada para os fins pretendidos. A simples existência de um termo de doação com
a instituição de caridade não serve de proteção contra alegações de que a contribuição era na verdade um
suborno, se as circunstâncias forem vagas. “Simplesmente não é crível o fato de que o diretor de vendas
acordou hoje e descobriu essa excelente nova instituição de caridade para quem quer que você realize uma
doação de $50.000 imediatamente”, diz o Coordenador do Grupo de Compliance & Investigações no México,
Jonathan Adams. “Esse tipo de coisa não acontece”.

DIVULGAR AS DOAÇÕES E HOSPITALIDADE NO SITE DA EMPRESA.


Outro método para combater a aparência de impropriedade é divulgar uma doação filantrópica
DICA ou ato de hospitalidade em um comunicado à imprensa publicado no site corporativo. Atrair
#4
atenção para a questão pode ajudar a minar a dedução de que sua intenção seria usar a doação ou
hospitalidade como uma forma de obter tratamento especial por parte de autoridades do governo.

TRENCH, ROSSI E WATANABE // COMPLIANCE NA AMÉRICA LATINA 31


Desafio 7: M&A e joint
ventures
Durante fusões e aquisições, empresas-alvo na América
Latina muitas vezes relutam em se submeter a uma
due diligence com foco em compliance. Seus executivos
muitas vezes perguntam, “Por que você está fazendo
essas perguntas? Veja meus livros, é tudo o que você
precisa saber”. Mas uma due diligence de compliance
é um exercício importante em operações que envolvam
jurisdições e setores de alto risco, tendo em vista a
responsabilidade que as empresas assumem quando
adquirem outras empresas ou quando celebram parcerias.

Joint ventures podem ser especialmente arriscadas


porque as empresas nem sempre verificam e monitoram
esses relacionamentos tão de perto como deveriam.
Algumas empresas chegam a ter políticas que declaram
que, se não tiverem participação majoritária, não farão
auditorias regulares da joint venture. Essa prática pode ser
perigosa, uma vez que mesmo empresas com participação
minoritária podem ser responsabilizadas pela conduta
da JV. Ao não realizar nenhum tipo de diligência, as
empresas estarão despreparadas para as consequências.
Relacionamos algumas sugestões para garantir níveis
maiores de compliance em suas parcerias e transações.

32 BAKER & MCKENZIE // LATIN AMERICA CORPORATE COMPLIANCE REPORT


CONDUZIR UMA DUE DILIGENCE DE COMPLIANCE COM BASE
EM FATORES DE RISCO, NÃO NO VALOR DO NEGÓCIO OU SUA
PARTICIPAÇÃO ACIONÁRIA.
Muitas empresas determinam o nível da due diligence de compliance que será realizado
DICA em um negócio de M&A ou joint venture com base no tamanho do negócio ou na
#1
porcentagem de participação na parceria. O problema dessa abordagem é que o risco
de compliance não é diferente em uma aquisição de US$ 5 milhões ou em uma operação de
US$ 50 bilhões. A aquisição de US$ 5 milhões pode ser igualmente problemática para a empresa se
houver grandes falhas de compliance. Para evitar surpresas indesejadas, é necessário determinar
a necessidade de uma due diligence de compliance e com qual rigor a parceria deve ser monitorada,
levando em conta os fatores de risco específicos, e não os interesses do negócio.

CERTIFICAR-SE DE NÃO ESTAR COMPRANDO UMA


ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA DISFARÇADA DE EMPRESA.
Ao longo dos anos, muitas empresas fizeram aquisições e descobriram depois que o modelo
DICA de negócios não é viável sem pagamentos e esquemas corruptos. “Se você não entende o que
#2
gera as vendas, há uma boa probabilidade de você não querer saber”, diz o Coordenador de
Compliance & Investigações no México, Jonathan Adams. “Em algum momento, as autoridades poderão
descobrir antes de você”.

CRIAR UM PLANO DE INTEGRAÇÃO PÓS-AQUISIÇÃO


BASEADO NA AVALIAÇÃO DE RISCO E NO PERFIL DE
AUDITORIA, ADEQUADOS PARA A TRANSAÇÃO.
Durante uma due diligence de M&A, você provavelmente coletou muitas informações da
DICA empresa-alvo e sobre seus negócios. Essas informações podem oferecer um bom roteiro
#3
para definir como deve ser seu plano de integração pós-aquisição. O plano deve considerar
fatores de risco como o tipo de setor, volume de negócios que a empresa tem com o governo e se
trata-se de uma empresa familiar ou uma divisão de uma empresa multinacional. Ao seguir esse plano,
certifique-se de tomar medidas para prevenir a continuidade de práticas ilegais já sob o controle de
sua empresa, tais como remover gerentes com conduta duvidosa e encerrar relações com terceiros
problemáticos.

TRENCH, ROSSI E WATANABE // COMPLIANCE NA AMÉRICA LATINA 33


PLANEJAR A INTEGRAÇÃO DENTRO DE SEIS MESES A UM ANO.
Após uma fusão ou aquisição, as autoridades entendem que é preciso tempo para limpar
TIP e integrar as operações de outra empresa – com razão. Por isso, é importante seguir seu
#4
plano pós-aquisição ao mesmo tempo em que toma medidas de remediação e avalia a
eventual necessidade de comunicação voluntária às autoridades.

“Se você não entende o que gera vendas,


há uma boa probabilidade de você não
querer saber. Em algum momento, as
autoridades poderão descobrir antes
de você”.
JONATHAN ADAMS
Sócio do Grupo de Compliance e Investigações no México

34 TRENCH, ROSSI E WATANABE // COMPLIANCE NA AMÉRICA LATINA


Conclusão
Com o Brasil se tornando foco de atividades de aplicação
da legislação anticorrupção, o México adotando uma
emenda constitucional para estabelecer um Sistema
Nacional Anticorrupção e a Argentina conduzindo processos
relacionados a operações suspeitas de lavagem de dinheiro e
evasão fiscal, as empresas multinacionais com operações na
América Latina devem analisar criteriosamente o que estão
fazendo para prevenir, detectar e responder à má conduta
corporativa.

Da Colômbia ao Peru, os governos estão agindo no sentido de


promulgar leis voltadas para o combate à corrupção, aderindo
à Convenção da OCDE e alinhando o compliance corporativo
com as exigências e melhores práticas internacionais. As
autoridades latino-americanas estão cada vez mais iniciando
investigações de grandes proporções e exigindo que as
empresas demonstrem que seus programas de compliance
são mais do que meras palavras no papel.

Dispor de boas políticas e bons procedimentos anticorrupção


é um bom começo, mas as empresas também precisam
adotar medidas que demonstrem que estão abordando os
riscos mais importantes de compliance que enfrentam
quando operam na região. Adotar ações exige entendimento e
disposição para implementar melhores práticas nas áreas de
negócios com o governo, denunciantes, acordos de leniência,
verificação e monitoramento de terceiros, investigações
internas, oferecimento de presentes, hospitalidade e doações
filantrópicas, M&A e joint ventures.

O objetivo deste relatório é fornecer orientações nessas


áreas, oferecendo um roteiro para as empresas com base
no profundo conhecimento e ampla experiência de nossos
sócios de Compliance na América Latina, além de estratégias
empregadas por outras multinacionais na região. 

BAKER & MCKENZIE // LATIN AMERICA CORPORATE COMPLIANCE REPORT 35


Sobre o Grupo de Compliance & Investigações
Compliance. Nós abordamos efetivamente os desafios de compliance enquanto ajudamos
a maximizar as oportunidades. Nossa equipe presta assistência in loco para ajudar a
administrar questões regulatórias, empregando o profundo conhecimento das leis locais e
de regulações internacionais. Nós oferecemos soluções de gestão de risco e compliance sob
medida, auxiliando operações internacionais em investigações, ações judiciais e ações de
remediação em diferentes jurisdições. Nossa abordagem proativa também inclui a criação
de programas para ajudar as equipes internas das empresas a implementar políticas e
protocolos de compliance.

www.trenchrossi.com

Em caso de perguntas sobre este relatório, ou caso queira saber mais sobre nosso Grupo de
Compliance & Investigações da América Latina, por favor, entre em contato com:

ARGENTINA MEXICO
Vanina Caniza Jonathan Adams
+54 (11) 4310-2226 +52 (55) 5351-4128
Vanina.Caniza@bakermckenzie.com Jonathan.Adams@bakermckenzie.com

BRAZIL* PERU
Bruno Maeda Teresa Tovar
+55 (11) 3048-6838 +51 (1) 618 8500 x 552
Bruno.Maeda@trenchrossi.com Teresa.Tovar@bakermckenzie.com

CHILE VENEZUELA
Sebastian Doren Maria Fernanda Zajia
+56 (2) 2367-7065 +58 (212) 276-5159
Sebastian.Doren@bakermckenzie.com MariaFernanda.Zajia@bakermckenzie.com

COLOMBIA
Carolina Pardo
+57 (1) 634-1559
Carolina.Pardo@bakermckenzie.com

* Através de um acordo de cooperação com o escritório brasileiro Trench, Rossi e Watanabe Advogados.

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