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UFRGS – Universidade federal do rio grande do sul

Escola de engenharia
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

ENG 01111
ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO I

Prof. Virgínia Maria Rosito d’Avila

BIBLIOGRAFIA

- NBR 6118/03 - Projeto de estruturas de concreto - Procedimento


- NBR 7480/96 – Barras e fios de aço destinados a armaduras para concreto armado
- Montoya, Meseguer e Morán : Hormigón Armado
- Leonhardt e Mönning : Construções de Concreto vol. 1 a 6 - Interciências
- Péricles B. Fusco : Estruturas de Concreto, solicitações normais
- Péricles B. Fusco – Técnica de armar as estruturas de concreto
I- FUNDAMENTOS DO CONCRETO ARMADO

1- INTRODUÇÃO GERAL

1.1- Definição

O concreto armado é um material composto, constituído por concreto simples e barras de aço. Os dois materiais
constituintes (concreto e aço) devem agir solidariamente para resistir aos esforços a que forem submetidos e devem ser
dispostos de maneira a utilizar econômica e racionalmente as resistências próprias de cada um deles.

O material concreto armado possui as seguintes propriedades:


- Elevada resistência à compressão do concreto e elevada resistência à tração do aço.
- Trabalho conjunto do concreto e do aço, assegurado pela aderência entre os dois materiais.
- Coeficiente de dilatação térmica quase iguais  α = 10-5/°C. Praticamente não existem tensões internas entre o aço e o
concreto.
- O concreto protege a armadura de oxidação, garantindo a durabilidade da estrutura. Proteção física (cobrimen-
to) e química (ambiente alcalino).

Já que o concreto possui alta resistência à compressão porém pequena resistência à tração, as barras da armadura devem
absorver os esforços de tração que surgem nas peças submetidas à flexão ou à tração. Portanto, nestas situações,
armadura deve ser colocada na zona de tração das peças.

Devido à aderência entre o concreto e o aço, as deformações das barras de aço e a do concreto que as envolve devem ser
iguais. Tendo em vista que o concreto tracionado não pode acompanhar as grandes deformações do aço, o concreto
fissura-se na zona de tração; os esforços de tração são, então, absorvidos apenas pelo aço.

1.2- Composição do Concreto Armado

Para a composição do concreto armado, pode-se indicar esquematicamente:


cimento + água = pasta → pasta + agregado miúdo = argamassa → argamassa + agregado graúdo = concreto
→ concreto + barras de aço = concreto armado

1.3- Histórico

O emprego de materiais com propriedades adesivas e coesivas, que apresentassem resistência às interpéries e pudessem
ser utilizados como material de construção é muito antigo: os antigos egípcios usavam gesso impuro calcinado; os gregos e
romanos utilizavam uma mistura de cal, água, pedras e areia.

A seguir, encontram-se alguns fatos importantes relacionados com o concreto armado:


♦ Império Romano - Cimento pozolânico de origem vulcânica. Cimento vem do termo latino coementum, que designava na
velha Roma uma espécie de pedra natural de rochedos.
♦ 1824 - Aspdin - Inglaterra - Consegue calcinar uma parte de argila e três partes de pedra calcárea, moída até obter um
pó fino - Cimento Portland.
♦ 1848 - Lambot - França - Constrói um barco com argamassa de cimento reforçada com ferro.
♦ 1861 - Monier - França - Vaso de flores de concreto com armadura de arame
♦ 1902 - Mörsch - Alemanha - Teoria científica sobre o dimensionamento de peças de concreto armado. Os conceitos
desenvolvidos por Mörsch são válidos ainda hoje.

1.4- Vantagens e desvantagens

Vantagens:
- Economia - mais econômico que estruturas de aço
- Moldabilidade - adaptação a qualquer tipo de forma e facilidade de execução
- Estruturas monolíticas (sem ligações), hiperestáticas - segurança
- Resistência a efeitos térmicos, atmosféricos e a desgastes mecânicos

Desvantagens:
- Peso próprio alto - 2,5t/m3 = 25KN/m3
- Dificuldade de reformas e demolições
- Transmissão de calor e som

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2- CONCRETO

2.1- Generalidades

O concreto é um aglomerado constituído de agregados e cimento como aglutinante; é, portanto, uma rocha artificial. A
fabricação do concreto é feita pela mistura dos agregados com cimento e água, à qual, conforme a necessidade, são
acrescidos aditivos que influenciam as características do concreto. As propriedades do concreto que interessam ao estudo
do concreto armado são a resistência à ruptura e à deformabilidade, quer sob a ação de variações das condições
ambientes, quer sob a ação de cargas externas.

2.2 - Características Mecânicas

a) RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO - fc

A resistência à compressão simples é a característica mecânica mais importante de um concreto. Geralmente sua
determinação se efetua mediante o ensaio de corpos de prova, executado segundo procedimentos operatórios
normalizados.

A resistência do concreto não é uma grandeza determinística, mas está sujeita a dispersões cujas causas principais são
variações aleatórias da composição, das condições de fabricação e da cura. Além destes fatores aleatórios, existem
também influências sistemáticas como: influência atmosférica (verão/inverno), mudança da origem de fornecimento das
matérias primas, turmas de trabalho ...

Representação das dispersões - DIAGRAMA DE FREQÜÊNCIAS

freqüência Sn Sn
abcissa que mede freqüência
a resistência de maior 3 1
freqüência

2
pto. de inflexão

fci
fci (MPa)
fcj fck2 fck1
fcj1 = fcj2
fck3 fcj3

Grande número de ensaios → curva de distribuição normal ou curva de Gauss.


n n
∑ fci ∑ (f ci − fcj ) 2
média aritmética → fcj = desvio padrão → Sn =
1 1
;
n n −1

Problema prático → dado o diagrama de freqüências, determinar um valor que seja representativo da resistência do
concreto → média aritmética fcj → resistência média em 28 dias. A média aritmética apresenta o inconveniente de não
representar a verdadeira resistência do concreto na obra, por não levar em conta a dispersão da série de valores.

Analisando dois concretos de mesma resistência média e diferente dispersão (1 e 2), não há dúvida que o mais seguro é
aquele de menor dispersão (possui menos pontos com resistência menor que a média). Em conseqüência, o coeficiente de
segurança a adotar no cálculo deve ser maior para o concreto 2.

Adotando-se a resistência média, ter-se-á coeficientes de segurança variáveis segundo a qualidade de execução do
concreto.

Adoção de um coeficiente de segurança único → RESISTÊNCIA CARACTERÍSTICA.

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b) RESISTÊNCIA CARACTERÍSTICA - fcK

Define-se como resistência característica do concreto aquele valor que apresenta uma probabilidade de 95% de que se
apresentem valores individuais de resistência de corpos de prova mais altos do que ele; ou seja, somente 5% de valores
menores ou iguais.

É uma medida estatística que leva em consideração não só o valor da média fcj como também o coeficiente de variação δ. 2
concretos: → mesmo fcj (1 e 2) → mais seguro o de menor δ (1)
→ mesmo fck (2 e 3) → mais econômico (menor fcj) o de menor δ (3)

Curva de Gauss  fck = fcj - 1,65 Sn ou fck = fcj ( 1 - 1,65 δ ) sendo δ = Sn/fcj

- fck ≥ 20 MPa em concreto armado

- fck ≥ 15 MPa em fundações e obras provisórias (norma item 8.2.1)

- resistência média  fcm = fck + 8 (MPa)

c) CARREGAMENTO DE LONGA DURAÇÃO

A resistência do concreto à compressão é, para cargas de longa duração, inferior àquela referente a carregamentos
rápidos. Trabalhando-se com uma resistência do concreto retirada de ensaios de curta duração, precisa-se afetar o valor
assim obtido para a resistência característica de um fator redutor. Segundo os ensaios de Rüsch, esta redução deve ser
de 15%.

d) MÓDULO DE DEFORMAÇÃO LONGITUDINAL

Módulo de deformação longitudinal: por definição, é a derivada da curva tensão-deformação no ponto em consideração.
Norma item 8.2.8 (módulo tangente na origem)

E0 = 5600 fck (MPa)

Es = 0,85 E0 → módulo secante – cálculo de deformação em peça fletida

e) COEFICIENTE DE POISSON (item 8.2.9):

Para tensões de compressão menores que 0,5fc e tensões de tração menores que fct  ν = 0,2.

f) DIAGRAMA TENSÃO-DEFORMAÇÃO SIMPLIFICADO (item 8.2.10)

Visando estabelecer um critério comum ao dimensionamento, busca-se, para as diferentes resistências à compressão com
que se trabalha na prática, um diagrama ideal, matematicamente definido → DIAGRAMA PARÁBOLA RETÂNGULO.

fc parábola 2o grau
ε = 3,5‰ → ruptura
0,85fc ε = 2‰ → tensão máxima

  εc 
2
trecho curvo  σc = 0,85 fc  1 - 1 -  
  0,002  
ε  
2‰ εr=3,5‰

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g) RESISTÊNCIA À TRAÇÃO - fct (item 8.2.5)

Na falta de ensaios, o valor de fct médio ou característico pode ser avaliado por
2
fct , m = 0,3 fck 3

fctk, inf = 0,7 fct, m

fctk ,sup = 1,3 fct, m

2.3 - Características Reológicas

REOLOGIA: é o ramo da mecânica que estuda a evolução de deformações de um material, produzidas por causas tencionais
ao longo do tempo.

a) RETRAÇÃO/EXPANSÃO

A retração é uma deformação independente do carregamento e devida à variação de umidade do concreto, na tendência a
permanecerem em equilíbrio a umidade do concreto e a umidade do meio exterior. No processo da retração, a água é
inicialmente expulsa das fibras externas o que gera deformações diferenciais entre a periferia e o miolo, gerando tensões
internas capazes de provocar fissuração do concreto.

b) FLUÊNCIA OU DEFORMAÇÃO LENTA (norma item 8.2.11)

A fluência é uma deformação que depende do carregamento; é plástica, apenas uma pequena parcela é recuperada.
Constata-se, na prática, que a deformação de uma peça de concreto armado é maior em um tempo t que àquela observada
inicialmente, mantendo-se o mesmo carregamento. Explicação: devido à deformação inicial, imediata, ocorre uma redução
de volume da peça, provocando deslocamento de água existente no concreto para regiões onde sua evaporação já tenha
ocorrido. Isto desencadeia um processo, ao longo do tempo, análogo ao da retração, verificando-se o crescimento da
deformação inicial até um valor máximo no tempo infinito.

c) VARIAÇÃO DE TEMPERATURA (item 8.2.3)

Supõe-se que as variações de temperatura sejam uniformes na estrutura, salvo quando a desigualdade dessas variações,
entre partes diferentes da estrutura, seja muito acentuada. O coeficiente de dilatação térmica do concreto armado é
considerado igual a 10-5/°C.

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3- AÇO (norma item 8.3)

3.1- Tipos de aço

Nos projetos de estruturas de concreto armado deve ser utilizado aço classificado pela NBR 7480 nas categorias CA-25,
CA-50 e CA-60. A nomenclatura é função do valor característico da tensão de escoamento fyk  CA-50 → fyk = 50 kg/mm2
= 500 MPa

- BARRAS (CA-50 e CA-25): diâmetro maior que 5,0mm – obtidas por laminação a quente, sem necessidade de posterior
deformação a frio, com escoamento definido caracterizado por patamar no diagrama tensão-deformação. (tipo A)

- FIOS (CA-60): diâmetro inferior a 10,0mm - obtidos por deformação a frio, trefilação, sem patamar no diagrama
tensão-deformação. (tipo B)

3.2- Bitolas → φ (mm) - NBR7480/96

FIOS 2,4 3,4 3,8 4,2 4,6 5,0 5,5 6,0 6,4 7,0 8,0 9,5 10,0

BARRAS 5,0 6,3 8,0 10,0 12,5 16,0 20,0 22,0 25,0 32,0 40,0

3.3- Tipo de superfície (norma item 8.3.2)

Os fios e barras podem ser lisos ou providos de saliências ou mossas. Estas nervuras ou saliências existem para melhorar
as condições de aderência entre aço e concreto. Para cada categoria de aço, o coeficiente de conformação superficial, a
configuração e a geometria das saliências devem atender ao indicado na NBR 7480. A conformação superficial é medida
pelo coeficiente η1 dado a seguir.

Tipo de barra Coeficiente de conformação superficial - η1


Lisa (CA-25) 1,0
Entalhada (CA-60) 1,4
Alta aderência (CA-50) 2,25

3.2- Características Mecânicas - DIAGRAMA TENSÃO-DEFORMAÇÃO (simplificado) (item 8.3.6)

Para o cálculo nos estados limites de serviço e último NBR6118/03 permite que se utilize o diagrama simplificado dado a
seguir tanto para os aços com patamar de escoamento (barras) ou sem patamar de escoamento (fios).

- material elasto-plástico perfeito


- 10‰→ limitação para evitar deformação excessiva
- 3,5‰→ funcionamento conjunto com o concreto

σs
patamar
fyd
 0 ≤ εsd ≤ ε yd → σsd = Es εsd


ε yd ≤ εsd ≤ 10 %o → σsd = f yd
3,5‰ εyd ϕ εs

εyd 10‰
f yd f yk
tg ϕ = Ecs = → Ecs = 2,1 × 10 5 MPa → f yd =
ε yd γs

fyd

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II - BASES DO DIMENSIONAMENTO

1- ELEMENTOS ESTRUTURAIS

Estruturas são sistemas portantes constituídos por elementos estruturais que têm por finalidade suportar as cargas
aplicadas e transmiti-las aos apoios externos. Os elementos estruturais podem ser classificadas como:
- lineares retos: vigas, pilares, tirantes, pórticos.
- lineares curvos: vigas curvas, arcos.
- planos: lajes, paredes portantes, vigas parede.
- outros: cascas, estruturas plissadas, estruturas maciças (blocos, barragens).

2- CARGAS - NBR 8681/84 - Ações e segurança nas estruturas

Classificação das ações segundo sua variabilidade no tempo:

a) AÇÕES PERMANENTES (g)


- Diretas: peso próprio da estrutura; peso de elementos construtivos permanentes (paredes);
peso de equipamentos fixos; empuxo de terra não removível.
- Indiretas: protensão; recalques de apoios.

b) AÇÕES VARIÁVEIS (q): cargas acidentais; efeito do vento; variação da temperatura; forças de impacto;
cargas móveis em pontes; pressão hidrostática.

c) AÇÕES EXCEPCIONAIS: explosões; terremotos; incêndios; enchentes.

3- ESTADOS LIMITES

Uma estrutura, ou parte dela, é considerada inadequada à sua finalidade quando ela atinge um estado particular, dito
estado limite, no qual ela não atende critérios condicionantes ao seu comportamento ou ao seu uso. O objetivo do cálculo
de uma estrutura em concreto armado é o de garantir, a um só tempo, estabilidade, conforto e durabilidade.

3.1- Estados Limites Últimos → segurança diante da ruptura

Correspondem ao máximo da capacidade portante, podendo originar-se de:


- perda de estabilidade (incapacidade de absorver reações de apoio ou forças de ligação em vínculos internos)
- ruptura de seções críticas
- transformação da estrutura em mecanismos (ruptura após plastificação).

Capacidade portante: cargas majoradas e resistência dos materiais minoradas.

Considera-se que uma peça tenha atingido sua capacidade limite quando na fibra mais comprimida de concreto o
encurtamento é igual ao valor último convencional (εc = 3,5%o ou 2%o) ou quando na armadura tracionada a barra de aço
mais deformada tem o alongamento igual ao valor último convencional(εs = 10%o).

3.2- Estados Limites de Utilização → utilização normal e durabilidade

Impossibilidade de utilização da estrutura visto que a mesma não mais apresenta condições necessárias de conforto e
durabilidade. Origina-se de:
- deformações excessivas
- fissuração excessiva
- danos indesejáveis (corrosão)
- vibração

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4- SEGURANÇA

Existe a necessidade da utilização de coeficientes de segurança por fatores tais como: incerteza dos valores das
resistências dos materiais; erros na geometria da estrutura; incerteza da carga; simplificação dos métodos de cálculo...

COEFICIENTES DE SEGURANÇA PARCIAIS: permite atribuir a cada grandeza que influencia o comportamento das
estruturas um coeficiente de majoração ou minoração separado.

* CARGAS (item 11.7) → majora-se o valor das ações, obtendo-se a denominada ação ou solicitação de cálculo (d- design)
Fd = γf Fk → Fd = 1,4 Fk

* RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS (item 12.4) → as resistências características dos materiais devem ser minoradas
pelos respectivos coeficientes de ponderação das resistências no estado limite último, obtendo-se a resistência de
cálculo:
f
concreto : fcd = ck
1 ,4

f yk
aço : f yd =
1 ,15

5- ESTÁDIOS DE FLEXÃO

Ensaiando-se uma peça de concreto armado à flexão, sob a ação de carga gradativamente crescente, observa-se que as
tensões passam por 3 fases distintas durante o aumento da carga, os denominados ESTÁDIOS DE FLEXÃO.

1- ESTÁDIO I

ESTÁDIO Ia : Corresponde ao início do ensaio, onde as solicitações são muito pequenas e o concreto se mantém intacto na
zona fissurada. → regime elástico → reta → Lei de Hooke → sem fissuras → concreto resiste à tração

ESTÁDIO Ib: Aumentando a carga de ensaio, admite-se que antes de atingir o estádio II as tensões passam por um
estágio onde é ultrapassada a fase elástica, sem ruptura do concreto → não-linearidade na zona tracionada → curva

O projeto no estádio I não é econômico, pois para não ser ultrapassada a tensão admissível do concreto à tração (que é
muito pequena), deve-se ter dimensões muito grandes para a seção transversal. O dimensionamento é feito empregando-se
diretamente as expressões da Resistência dos Materiais aplicadas à seção homogeneizada, sem desprezar a resistência do
concreto à tração.

2- ESTÁDIO II

Corresponde à fase em que a resistência à tração do concreto foi ultrapassada, mas estando o concreto ainda no regime
elástico linear na zona comprimida → carga aumenta → concreto fissurado na zona tracionada - σc > ftk → fissuras
pequenas (capilares) → concreto não resiste mais à tração

3- ESTÁDIO III

Corresponde a fase onde o concreto comprimido não obedece mais a Lei de Hooke, apresentando comportamento plástico.
Com o aumento da carga, chega-se a ruptura final da peça. → cargas consideráveis → fissuras aumentam → deformação da
armadura cresce de forma não linear em relação à solicitação → escoamento → não linearidade na zona comprimida

ESTÁDIO III → ESTADO LIMITE ÚLTIMO → DIMENSIONAMENTO

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6 - HIPÓTESES BÁSICAS DE CÁLCULO DE PEÇAS DE CONCRETO ARMADO SUBMETIDAS A SOLICITAÇÕES
NORMAIS NO ESTADO LIMITE ÚLTIMO - ESTÁDIO III ( norma item 17.2)

6.1- Notação

As’ b = largura da seção transversal


d’
h = altura da seção transversal
As = armadura tracionada
d h As’= armadura comprimida
d = altura útil – distância entre a armadura tracionada e a
fibra mais comprimida
As d’= distância entre a armadura comprimida e a fibra mais
comprimida

6.2- Hipóteses

Uma seção de concreto armado, submetida à solicitações normais, alcança o Estado Limite Último por esmagamento do
concreto na zona comprimida ou por deformação plástica excessiva do aço. O alongamento último da armadura é limitado
em εs = 10‰ para prevenir deformação plástica excessiva.

Solicitações normais: esforços solicitantes que originam tensões normais sobre a seção transversal → momento fletor e
força normal.

O estudo de seções de concreto armado no Estado Limite Último de Resistência é feito com base nas seguintes hipóteses:
- Manutenção da seção plana (hipótese de Bernoulli): as deformações normais específicas são, em cada ponto da seção
transversal, proporcionais à sua distância à linha neutra.
- Solidariedade perfeita entre os materiais: a deformação da armadura é igual a do concreto adjacente.
- A resistência do concreto à tração é desconsiderada.

6.3- Relações Constitutivas

a) CONCRETO (item 17.2.2.f): substituição do diagrama parábola retângulo por um diagrama retangular.

εc 0,85fcd 0,85fcd / 0,8 fcd

y = 0,8 x
x
d

LN

As ε1

fc = 0,85 fcd → se “b” não diminui


0,80 fcd → caso contrário (seções circulares, triangulares...)

b) AÇO - BARRAS (Norma item 17.2.2.f)

fy 0 < εs < εy → fy = Es εs
εy < εs → fy = fyd

εs Módulo de deformação longitudinal do aço possui o mesmo


0 εy 10‰ valor, Es = 210000MPa, para os aços das barras e dos fios.

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6.4 - Domínios de deformação

O desenho abaixo mostra as possíveis configurações últimas do diagrama de deformações específicas ao longo da
seção transversal de uma peça de concreto armado sujeita à Solicitações Normais. Define-se domínios de deformação
conforme a natureza da ruptura da seção.

(encurtamento)
0 2‰ 3,5‰
B εs
d’ x23
As’
2 xlim
LN

h d a LN: linha neutra


3
b

4 5
εs A As

(alongamento) 10‰ εyd 0

→ RUPTURA POR ALONGAMENTO PLÁSTICO EXCESSIVO DA ARMADURA DE TRAÇÃO

- Reta a: Tração uniforme

- DOMÍNIO 1: Tração não uniforme. O estado limite último é caracterizado pelo escoamento do aço (εs = 10‰)

- DOMÍNIO 2: Flexão Simples ou Composta sem ruptura à compressão do concreto (εc ≤ 3,5‰). O estado limite último é
caracterizado pelo escoamento do aço (εs = 10‰) . A linha neutra corta a seção.

→ RUPTURA DO CONCRETO COMPRIMIDO (sem grandes deformações)

- DOMÍNIO 3: Flexão Simples ou Composta com ruptura à compressão do concreto (εc = 3,5‰) e com escoamento do aço
(εs ≥ εyd ). A linha neutra corta a seção.

- DOMÍNIO 4: Flexão Simples ou Composta com ruptura à compressão do concreto (εc = 3,5‰) e sem escoamento do aço
(εs < εyd ). A linha neutra corta a seção. A ruptura da peça ocorre de forma frágil, sem aviso, pois o
concreto rompe antes que a armadura tracionada se deforme excessivamente.

- DOMÍNIO 4a: Flexão Composta com armaduras comprimidas e ruptura à compressão do concreto (εc=3,5‰).
A linha neutra corta a seção na região de cobrimento da armadura menos comprimida.

- DOMÍNIO 5: Compressão não uniforme. A linha neutra não corta a seção. Neste domínio, a de formação última do
concreto é variável, sendo igual a εc = 2‰ na compressão uniforme eεc = 3,5‰ na flexo-compressão
(linha neutra tangente à seção).

- Reta b: Compressão uniforme

As peças projetadas no DOMÍNIO 3 são as que melhor aproveitam as resistências dos materiais; portanto, são as mais
econômicas.

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III- FLEXÃO SIMPLES

1- EQUAÇÕES DE COMPATIBILIDADE DE DEFORMAÇÃO

As deformações na flexão simples correspondem aos domínios 2, 3 e 4. Os valores de “x” que limitam estes domínios
podem ser obtidos facilmente das equações de compatibilidade de deformações.
εc
x
d
Md εc ε1
linha neutra =
x d-x

d-x
As ε1

* DOMÍNIO 2: peças subarmadas → estado limite último é atingido pela deformação plástica execessiva do aço,
sem ruptura do concreto.
ε1 = 10%o = 0,010 e 0 < εc < 0,0035  0 < x < 0,259d

* DOMÍNIO 3: ruptura do concreto ocorre simultaneamente com o escoamento do aço → aproveitamento


integral dos 2 materiais → situação desejável → não há risco de ruptura brusca.
10%o > ε1 > εyd e εc = 0,0035  0,259d < x < xlim

f yd d
ε yd = → xlim =
Es 1 + 1,36 × 10 -3 f yd

NBR6118-2003 (item14.6.4.3)  limitação da relação x/d para poder melhorar a ductilidade das estruturas nas regiões de
apoio das vigas ou de ligações com outros elementos estruturais.

a) x/d ≤ 0,50 para concretos com fck ≤ 35 MPa

b) x/d ≤ 0,40 para concretos com fck > 35 MPa

* DOMÍNIO 4: peças superarmadas → concreto rompe sem que o aço escoe → sem fissuração → deve-se evitar
→ não é econômico (mal aproveitamento do aço) e rompe sem aviso.
εyd > ε1 εc = 0,0035
xlim < x ≤ d

2- ARMADURAS LONGITUDINAIS MÁXIMAS E MÍNIMAS (item 17.3.5)

2.1- ARMADURA MÍNIMA (item 17.3.5.2.1)

O valor da armadura mínima visa prevenir uma situação que pode ocorrer quando as dimensões da seção transversal (seja
por motivos construtivos ou arquitetônicos) é muito maior àquela que seria necessária pelo dimensionamento devido à
solicitação. Estas peças, quando submetidas às cargas de serviço, funcionam no Estádio I; ou seja, a tensão máxima na
região tracionada não atinge o valor característico da resistência à tração. Um excesso de carga pode fazê-las passar do
Estádio I para o Estádio II. Para evitar a possibilidade de uma ruptura brusca do bordo tracionado quando da passagem do
Estádio I para o II, deve-se colocar junto ao bordo tracionado uma armadura mínima capaz de assegurar à peça uma
resistência à flexão no Estádio II igual àquela que possuia no Estádio I.

A armadura mínima de tração deve ser determinada pelo dimensionamento da seção a um momento fletor mínimo dado pela
expressão a seguir, respeitada a taxa mínima absoluta 0,150 %:

Md,mín = 0,8W0 fctk,sup

onde W0 é o módulo de resistência da seção transversal bruta de concreto relativo à fibra mais tracionada.

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O dimensionamento para Md,mín deve ser considerado atendido se forem respeitadas as taxas mínimas de armadura da
tabela a seguir (tabela 17.3 da norma).

Tabela 173 - Taxas mínimas de armadura de flexão para vigas


Valores de ρmin*=(As,min/Ac)%
Forma da seção ωmín \ fck 20 25 30 35 40 45 50

Retangular 0,035 0,150 0,150 0,173 0,201 0,230 0,259 0,288


T (mesa comprimida) 0,024 0,150 0,150 0,150 0,150 0,158 0,177 0,197
T (mesa tracionada) 0,031 0,150 0,150 0,153 0,178 0,204 0.229 0,255
Circular 0,070 0,230 0,288 0,345 0,403 0,460 0,518 0,575
* Os valores de ρmin estabelecidos nesta tabela pressupõem o uso de aço CA-50, γc = 1,4 e γs = 1,15. Caso esses fatores sejam
diferentes, ρmin deve ser recalculado com base no valor de ρmín dado.
Nas seções tipo T, a área da seção a ser considerada deve ser caracterizada pela alma acrescida da mesa colaborante.

2.2- ARMADURA MÁXIMA (item 17.3.5.2.4)

Decorre da necessidade de se assegurar condições de dutilidade e de se respeitar o campo de validade dos ensaios que
deram origem às prescrições de funcionamento do conjunto aço-concreto.

As máx  As + As' = 4% bw h

3- DIMENSIONAMENTO DE SEÇÃO RETANGULAR (Domínios 2 e 3)

Dados conhecidos:
As’
- dimensões da seção transversal (b, h, d) d’ 0,8x
- resistências dos materiais (fck , fyk)
- solicitação (Md) h d
linha neutra
Calcula-se
As
- Armadura simples (As) → x < xlim , Md < Md lim
b
- Armadura dupla (As e A’s) → x > xlim , Md > Md lim
w

3.1- ARMADURA SIMPLES

Equações de equilíbrio → ∑ F = 0 → 0 = 0,85 b y fcd - As f yd


∑ M As = 0 → Md = 0,85 b y fcd (d - 0,5 y)

0,85 fcd

0,85 b y fcd
y = 0,8 x x
Fcc
d
Md
linha neutra

As As fyd

Fst

Md
∑ M As =0 → y = d - d2 −
0,425 b fcd

0 ,85 byf cd
Caso y ≤ ylim = 0,8 xlim  Domínios 2 e 3  armadura simples → As =
f yd

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Caso y > ylim , o momento de cálculo atuante é maior que o momento limite; ou seja

Md > Mdlim → Mdlim = 0,85 b ylim fcd (d - 0,5 ylim )

indicando que a seção situa-se no domínio 4. Neste caso não convém o dimensionamento com armadura simples, deve-se
projetar armadura dupla.

3.2- ARMADURA DUPLA

Quando y > ylim ou Md > Mdlim fixa-se a posição da linha neutra em xlim e se introduz uma armadura localizada na zona
comprimida, As’, o mais afastada possível da linha neutra.

Esta armadura de compressão e uma armadura adicional de tração ∆As constituem, quando suas áreas são multiplicadas por
suas resistências, as forças de compressão e tração que formam o binário capaz de absorver a diferença de monentos
∆Md. A armadura tracionada, As, resulta: As= As1+ ∆As .

x > xlim ou Md > Mdlim → A’s

y = ylim = 0,8 xlim → Mdlim → ∆Md = Md - Mdlim

Equações de equilíbrio → ∑F = 0 → 0 = 0,85 b ylim fcd + As ' σ2 - As f yd

∑ M As =0 → Md = Mdlim + As' σ2 (d - d' )

d’ d’ As’σ2
As’ 0,85bylim fcd As’

d
Mdlim +
d ∆Md d - d’
d - 0,5ylim

As As1 fyd As
∆As fyd

A tensão σ2 da armadura de compressão A’s deve ser determinada pelo diagrama tensão-deformação do aço empregado,

tendo-se calculado antes a deformação ε2 a apartir da compatibilidade de deformações:

ylim - 0,8d'
ε2 = 0,0035 → diagrama tensão-deformação do aço → σ2
ylim

Md −Md lim
As' =
σ2 ( d − d ' )

0,85 b ylim f cd + As ' σ2


As =
f yd

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4- DIMENSIONAMENTO DA SEÇÃO T

O dimensionamento segue o mesmo procedimento adotado para a seção retangular, adaptando-se apenas a forma da seção
nas equações de equilíbrio.
bf

hf
h

bw

Existem 3 situações possíveis, conforme a posição da linha neutra:

4.1- Zona comprimida está dentro da mesa → 0,8x < hf → Armadura Simples

O dimensionamento é feito como se tivesse uma viga de seção retangular de largura bf e altura útil d, com as seguintes
equações de equilíbrio:

b → bf
y
0 = 0,85 bf y fcd - As f yd

Md = 0,85 bf y fcd (d - 0,5y )

4.2- A altura da zona comprimida está entre hf e 0,8xlim → hf < 0,8x ≤ 0,8xlim → Armadura Simples

O dimensionamento é feito adaptando-se as equações de equilíbrio para a seção T, o que resulta:

y (
0 = 0,85 bw y fcd + 0,85 fcd bf - bw hf - As f yd )
(
Md = 0,85 bw y fcd (d - 0,5 y) + 0,85 fcd bf - bw hf d - 0,5h f ) ( )

4.3- A altura da zona comprimida é maior que 0,8xlim → 0,8x > 0,8 xlim → Armadura Dupla

O procedimento é análogo ao da seção retangular com armadura dupla. Faz-se, então, o cálculo do momento
correspondente a seção T quando 0,8x = 0,8xlim , Mdmáx :

(
Mdmáx = 0,85 bw ylim fcd (d - 0,5 ylim ) + 0,85 fcd bf - bw hf d - 0,5h f ) ( )
A diferença de momentos ∆Md = Md - Mdmáx será absorvida por uma armadura de compressão, A’s, e uma armadura
tracionada ∆As. As equações de equilíbrio são, então, dadas por:

∑F = 0 → [ ]
0 = 0,85 fcd (b f - bw ) hf + bw ylim + As ' σ2 - As f yd

∑ M As = 0 → Md = Mdmax + As' σ2 (d - d' )


A tensão σ2 da armadura de compressão A’s deve ser determinada pelo diagrama tensão-deformação do aço empregado,
tendo-se calculado antes a deformação εs2 a apartir da compatibilidade de deformações:

εs2 = 0,0035
ylim - 0,8d'
→ diagrama tensão-defrmação do aço → σ2
ylim

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5- VERIFICAÇÃO DE SEÇÃO RETANGULAR

Nos problemas de verificação, são conhecidas todas as dimensões geométricas da seção, suas armaduras, as resistências
dos materiais e deve ser calculado o momento fletor último, Mu, que pode solicitá-la.

5.1- ARMADURA SIMPLES

A diferença do problema de verificação em comparação ao de dimensionamento está no fato de não se saber se a

armadura tracionada atingiu a tensão de cálculo fyd. As equações de equilíbrio, neste caso, são:

(1 ) → 0 = 0,85 b y fcd - As σ1
( 2) → Mu = 0,85 b y fcd (d - 0,5 y)

Este sistema não pode ser resolvido, pois existem três incógnitas - y, σ1, e Mu - e duas equações. O problema deverá ser
resolvido arbitrando-se, arbitra-se, na equação (1), σ1= fyd e obtendo-se o valor de y. Podem ocorrer duas situações:

1) Se o valor encontrado para y for y ≤ ylim - domínio 2 ou 3

- σ1 realmente atingiu a tensão de cálculo fyd

- o valor de y calculado está correto e determina-se o valor de Mu substituindo-se y na equação (2)

2) se o valor encontrado para y for y > ylim – domínio 4

- valor de y NÃO ESTÁ CORRETO, pois para y > ylim → σ1< fyd

- σ1 está na parte da reta de Hooke do diagrama tensão-deformação; a deformação na armadura tracionada é

σ1
ε1 =
Es

A tensão σ1 é determinada substituindo-se o valor acima na equação de compatibilidade das deformações:

σ1 =
0,0035 Es (0,8d - y)
y

Esta equação, junto com as de equilíbrio (1) e (2) torna o sistema determinado.

5.2- ARMADURA DUPLA - uma armadura tracionada e a outra comprimida

Como não se sabe se as armaduras atingiram a tensão de cálculo fyd, as equações de equilíbrio, neste caso, são:

( 1) → 0 = 0,85 b y fcd + As ' σ2 - As σ1


(2) → Mu = 0,85 b y fcd (d - 0,5y) + As ' σ2 (d - d' )
Este sistema não pode ser resolvido, pois existem mais incógnitas do que equações. O problema deverá ser resolvido
arbitrando-se, na equação (1), σ1= σ2= fyd e obtendo-se o valor de y. Podem ocorrer três situações:

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1) Se y ≤ 0,207d (domínio 2) → σ1= fyd e σ2 ≤ fyd . A determinação de σ2 é feita através de:

0,01 (y - 0,8 d ′)
ε2 = 0 ,8 d − y

Se ε2 ≥ εyd → σ2 = fyd e da equação de equilíbrio (2) pode-se calcular Mu.

Se ε2 < εyd então a equação abaixo junto com as de equilíbrio (1) e (2) torna o sistema determinado.

0,01 Es (y - 0,8 d ′)
σ2 = 0 ,8 d − y

2) Se 0,207d < y ≤ ylim (domínio 3) → σ1= fyd e σ2 ≤ fyd . A determinação de σ2 é feita através de:

0,0035 (y - 0,8 d ′)
ε2 = y

Se ε2 ≥ εyd → σ2 = fyd e da equação de equilíbrio (2) pode-se calcular Mu.

Se ε2 < εyd então a equação abaixo junto com as de equilíbrio (1) e (2) torna o sistema determinado.

0,0035 Es (y - 0,8 d ′)
σ2 = y

3) Se y > ylim (domínio 4) → σ1< fyd e, geralmente, σ2 = fyd . A equação abaixo junto com as de equilíbrio (1) e (2) torna
o sistema determinado.

σ1 =
0,0035 Es (0,8d - y)
y

Tomou-se σ2 = fyd porque, no domínio 4, somente excepcionalmente σ2 deixa de atingir a tensão de cálculo fyd. Isto ocorre
em peças armadas com aço de alta resistência, de pequena altura útil e recobrimento da armadura de compressão grande.
Nestes casos, ε2 < εyd e atensão σ2 deve ser determinada por

0,0035 Es (y - 0,8 d ′)
σ2 = y

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IV - CISALHAMENTO

1 - ESTADO DE TENSÃO

1.1 – GENERALIDADES

Nos capítulos anteriores, se analisou o comportamento de vigas de concreto armado submetida a solicitações normais. As
tensões internas provenientes da flexão foram calculadas imaginando-se que o momento fletor agisse isoladamente na
seção. Isto pôde ser feito porque a existência de força cortante na seção não altera os valores, nem a distribuição, das
tensões normais. A metodologia empregada na análise resultava bastante simples: aplicava-se as equações de equilíbrio
(isoladamente ou em conjunto com as equações de compatibilidade de deformações) sobre as solicitações, internas e
externas, atuantes em uma determinada seção (normalmente a seção mais solicitada).

Já o comportamento de peças de concreto armado quando atuam esforços transversais (esforço cortante e momento
torçor) é bastante complexo.

No cisalhamento, quando o esforço cortante atua isoladamente na seção, as tensões de cisalhamento que aparecem para
equilibrar a solicitação externa têm distribuição uniforme; atuando também a solicitação momento fletor na seção, as
tensões de cisalhamento distribuir-se-ão de forma totalmente diferente, apesar de sua resultante continuar sendo a
mesma. Por este motivo, para o estudo do cisalhamento, não se pode considerar o esforço cortante agindo isoladamente,
mas sim simultaneamente com o momento fletor.

Além disto, existem outros fatores que influem sobre a capacidade resistente à força cortante de uma viga: forma da
seção transversal; variação da seção transversal ao longo da peça; esbeltez; disposição das armaduras; aderência
aço/concreto; tipo de cargas e apoios ...

Portanto, na análise de vigas de concreto armado submetidas a esforços cortantes, se faz necessário tratar a peça como
um todo, já que os mecanismos resistentes que se formam são geralmente tridimensionais. Formular uma teoria simples e
prática, que leve em consideração todos estes fatores, e que dê resultados exatos é uma tarefa bastante difícil.

1.2 - ESTÁDIO I

No estádio Ia (concreto intacto, sem fissuras), o comportamento das peças de concreto armado é elástico linear (obedece
a Lei de Hooke) e as tensões tangenciais podem ser calculadas através das equações da resistência dos materiais.
Se está agindo somente o esforço cortante, a distribuição das tensões internas é uniforme, e pode ser determinada pela
expressão:

→ τ= V
A
→ distribuição uniforme

Se, na mesma seção, estão agindo o esforço cortante e o momento fletor simultaneamente, a distribuição de tensões
internas não é mais uniforme, mas varia de forma parabólica com a distância à linha neutra, e pode ser determinada pela
expressão:

→ τ= VS
bI
→ distribuição parabólica

onde τ: tensão tangencial; V: esforço cortante; A: área da seção transversal; I: momento de inércia da seção transversal
em relação à linha neutra - constante para a seção; e, S: momento estático em relação à linha neutra - varia com a
distância à LN

O valor máximo da tensão tangencial de cisalhamento é obtido no ponto onde o momento estático é máximo, isto é, na linha
neutra.
τmax → o τ =V
bz

sendo: S/I = 1/z e z: distância entre os centros de gravidade das zonas comprimida e tracionada

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1.3 - ESTÁDIOS II E III

Nos estádios II e III, o concreto está fissurado na zona tracionada, mas na zona comprimida ainda está intacto. Assim, na
zona comprimida, intacta, a distribuição de tensões continua igual ao estádio I. Já na zona tracionada, fissurada, o
concreto não resiste mais e as tensões tangenciais são provenientes da força transmitida pela armadura ao concreto por
aderência, na zona entre fissuras. Desta forma, a tensão se mantém constante (o momento estático não varia pois não se
considera a resistência do concreto) até encontrar a armadura, quando cai bruscamente à zero.

A distribuição de tensões tangenciais ao longo da altura da viga no estádio II e III é dada pela figura a seguir, sendo seu
valor máximo igual ao valor da tensão na linha neutra no estádio I:

τ= V
bz
= τo (estádio I)

área comprimida (resistente)

LN τ0 : valor máximo

área tracionada (desprezada) constante pois S não varia

cai à zero quando encontra As

1.4 - TENSÕES PRINCIPAIS

O princípio básico de funcionamento do material concreto armado é o de posicionar a armadura de tal forma que ela seja
capaz de absorver integralmente os esforços de tração que aparecem na estrutura. Em uma viga, quando solicitada por
esforço cortante, surgem tensões internas de cisalhamento (tensões tangenciais), para equilibrar a carga externa. A
pergunta que se faz neste instante é: onde se deve colocar as armaduras? Para responder esta pergunta, se faz
necessário determinar a direção dos esforços de tração e compressão correspondentes à tensão de cisalhamento. Com
este intuito, calcula-se as tensões e as direções principais, que, para o estado plano de tensões, são obtidas pelas
expressões:

τ
σ σ2
σ P σ → σ1 ,2 = ± + τ2
τ 2 4

LN
Linha neutra → σ = 0 → σ1 = -σ2 = τ → α = 450

LN
Bordas → τ = 0 → σ1 = 0 , σ2 = -σ (comp.)

LN
σ1 = σ , σ2 = 0 (tração)

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2 - ANALOGIA DA TRELIÇA

RITTER (1899) e MÖRSCH (1903) idealizaram, como aspecto estrutural de uma viga de concreto armado, uma treliça
fictícia capaz de resistir simultaneamente aos esforços de flexão e de cisalhamento no estádio ΙΙΙ.

2.1 Treliça clássica


Considerando a viga da figura,Mörsch admitiu, após a fissuração, seu funcionamento segundo uma treliça com banzo
superior comprimido constituído pelo concreto (ou concreto + armadura comprimida); o banzo tracionado pela armadura
inferior; as diagonais tracionadas por armaduras colocados com inclinação α (450 a 900); e, as diagonais comprimidas à 450,
constituídas pelo concreto (tendo sido adotada como inclinação àquela da trajetótia das tensões principais, ao nível da
linha neutra).

Quando os montantes forem constituídos por estribos verticais (utilizado na prática), a geometria da treliça resulta:

banzo comprimido
a=z concreto

y: zona
comprimida
h d
z
o
45

bielas : diagonais comprimidas


banzo tracionado concreto
As

montantes : diagonais tracionadas


estribos

Os esforços que surgem nos banzos tracionado e comprimido na treliça são equivalentes aos esforços obtidos quando da
aplicação das equações de equilíbrio no dimensionamento à flexão pura. Ou seja, o fato de existir o esforço cortante
praticamente não altera o dimensionamento da flexão. Assim, o dimensionamento dos banzos comprimido e tracionado não
precisa ser refeito.

Resta analisar os esforços que surgem nas bielas (diagonais comprimidas) e nos montantes (diagonais tracionadas), ou seja,
os esforços oriundos do cisalhamento e que agem na alma da viga.

Os valores dos esforços normais que surgem nas bielas (compressão - Ncc) e nos montantes (tração - Nst) são obtidos pela
resolução da treliça. Chega-se aos seguintes valores:
a=z

- força de compressão na biela de concreto → Ncc = V √¬


2
- força de tração no montante (estribo) → Nst = V
z

45o

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Até agora, imaginou-se a viga formada apenas por uma treliça, cujas barras resistiriam às forças mencionadas. Na

realidade, temos na alma da viga um conjunto de treliças separadas por uma distância "s", que é o espaçamento entre as

armaduras transversais (estribos). Assim, a resultante das forças no trecho “s”, entre duas treliças consecutivas, é dada

por:

Fc = Ncc s/a - bielas comprimidas

Ft = Nst s/a - estribos

As forças na alma da viga produzem, respectivamente:

- Tensão de compressão na biela de concreto → σcc = Fc/Acw = 2 τo

- Tensão de tração na armadura transversal (estribos) → σ st =


Ft
=
τo
A sw ρw

Acw = b s sen45 → área do segmento plano compreendido entre duas bielas consecutivas e perpendicular a elas

Asw → soma das áreas das barras de uma armadura transversal que cortam o plano neutro

Atw = b s → área do segmento do plano compreendido entre dois estribos consecutivos e perpendicular a elas

A sw
ρw = → taxa de armadura transversal
A tw

Uma longa série de ensaios experimentais mostrou que, nas vigas armadas seguindo rigorosamente a teoria da treliça de
Mörsch, verifica-se que as tensões nos estribos são inferiores e nas bielas superiores àquelas calculadas pela treliça
fictícia. A explicação para tal constatação é dada pela possibilidade das diagonais comprimidas funcionarem com
inclinações menores que 450 com o eixo horizontal.

2.2 Treliça generalizada

A conciliação dos resultados experimentais, com as hipóteses básicas de Mörsch e com os aspectos práticos conduziu ao
modelo da "Treliça generalizada de Mörsch", que difere do modelo clássico apenas no ângulo de inclinação das bielas
comprimidas, θ, não mais definido como 45º.

Analogamente à treliça classica, chega-se aos seguintes valores para os esforços normais que surgem nas bielas
(compressão - Ncc) e nos montantes (tração - Nst):

- força de compressão na biela de concreto → Ncc = V / sen θ


z
- força de tração no montante (estribo) → Nst = V
θ

V
a = z ctgθ
Estas forças produzem, respectivamente:

- Tensão de compressão na biela de concreto → σcc = Ncc/Acw = 1,15 τwd /(cosθ senθ)

- Tensão de tração na armadura transversal (estribos) → σst = ANst =


τo
sw ρ w ctgθ

Acw = b s sen θ → área do segmento plano compreendido entre duas bielas consecutivas e perpendicular a elas

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3 - NBR 6118:2003

A norma brasileira admite dois modelos de cálculo que pressupõem a analogia com modelo de treliça associado a
mecanismos resistentes complementares desenvolvidos no interior do elemento estrutural e traduzido por uma
componente adicional Vc.

O modelo I admite diagonais de compressão inclinadas de θ = 45º em relação ao eixo longitudinal (treliça clássica) e que a
parcela complementar Vc tenha valor constante.

O modelo II admite diagonais de compressão inclinadas de 30º ≤ θ ≤ 45º em relação ao eixo longitudinal (treliça
generalizada) e que a parcela complementar Vc tenha valor variável.

Como já foi salientado anteriormente, os esforços que surgem nos banzos tracionado e comprimido na treliça são
equivalentes aos esforços obtidos quando da aplicação das equações de equilíbrio no dimensionamento à flexão pura.
Assim, o dimensionamento dos banzos comprimido e tracionado não precisa ser refeito.

A seguir, encontram-se as prescrições da NBR 6118:2003 para o dimensionamento de elementos lineares sujeitos à força
cortante no estado limite último.

O dimensionamento ao esforço cortante envolverá duas etapas:

a) verificação do não esmagamento do concreto, para as diagonais comprimidas da treliça que se formam em seu interior;

b) determinação das áreas de aço (estribos) necessárias para absorver as trações que surgem na referida treliça,
oriundas do esforço cortante.

3.1 Cálculo da resistência  Item 17.4.2.1

A resistência da peça, em uma determinada seção transversal, é satisfatória quando verificadas, simultaneamente, as
seguintes condições:

VSd < VRd2

VSd < VRd3 = Vc + Vsw

onde: VSd é a força cortante solicitante de cálculo, na seção;

VRd2 é a força resistente de cálculo, relativa à ruína das diagonais comprimidas de concreto;

VRd3 = Vc + Vsw é a força resistente de cálculo, relativa à ruína por tração diagonal;

Vc é a parcela de força cortante absorvida por mecanismos complementares ao da treliça;

Vsw é a parcela de força cortante resistida pela armadura transversal (estribos).

Na região dos apoios, os cálculos devem considerar as forças cortantes agentes nas respectivas faces, levando em conta
as reduções possíveis.

3.2 Cargas próximas aos apoios  item 17.4.1.2.1

Para o cálculo da armadura transversal, no caso de apoio direto (se a carga e a reação de apoio forem aplicadas em faces
opostas do elemento estrutural, comprimindo-a), valem as seguintes prescrições:

- a força cortante oriunda de carga distribuída pode ser considerada, no trecho entre o apoio e a seção situada à distância
d/2 da face de apoio, constante e igual à desta seção;

- a força cortante devida a uma carga concentrada aplicada a uma distância a ≤ 2d do eixo teórico do apoio pode, nesse
trecho de comprimento a, ser reduzida multiplicando-a por a/(2d). Todavia, esta redução não se aplica às forças
cortantes provenientes dos cabos inclinados de protensão.

As reduções indicadas neste item não se aplicam à verificação da resistência à compressão diagonal do concreto. No caso
de apoios indiretos, essas reduções também não são permitidas.

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3.3 MODELO DE CÁLCULO I  item 17.4.2.2

O modelo I admite diagonais de compressão inclinadas de θ=45° em relação ao eixo longitudinal do elemento estrutural e

admite ainda que a parcela complementar Vc tenha valor constante, independente de VSd.

a) verificação da compressão diagonal do concreto

VRd2 = 0,27 αv2 fcd bw d

αv2 = (1 - fck / 250) e fck em megapascal

b) cálculo da armadura transversal

VRd3 = Vc + Vsw

sendo: Vsw = (Asw / s)0,9 d fywd (sen α + cos α)

Vc = Vc0 = 0,6 fctd bw d

fctd = fctk,inf/γc

s  espaçamento entre elementos da armadura transversal Asw, medido segundo o eixo longitudinal da peça;

fywd  tensão na armadura transversal passiva, limitada ao valor fyd no caso de estribos e a 70% desse valor no caso de

barras dobradas, não se tomando, para ambos os casos, valores superiores a 435 MPa;

α  ângulo de inclinação da armadura transversal em relação ao eixo longitudinal da peça (45° ≤ α ≤ 90°).

3.4 MODELO DE CÁLCULO II  17.4.2.3

O modelo II admite diagonais de compressão inclinadas de θ em relação ao eixo longitudinal do elemento estrutural, com θ
variável livremente entre 30° e 45°. Admite ainda que a parcela complementar Vc sofra redução com o aumento de VSd.

a) verificação da compressão diagonal do concreto

VRd2 = 0,54 αv2 fcd bw d sen2 θ (cotg α + cotg θ)

αv2 = (1- fck/250) e fck em megapascal.

b) cálculo da armadura transversal

VRd3 = Vc + Vsw

sendo: Vsw = (Asw / s)0,9 d fywd (cotg α + cotg θ) sen α

Vc = Vc1 = Vc0 quando VSd ≤ Vc0

Vc = Vc1 = 0 quando VSd = VRd2 , interpolando-se linearmente para valores intermediários.

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3.5- Valores máximos/mínimos

a) Item 17.4.1.1.1 - Armadura transversal mínima  estribos verticais

A sw min f f 2/3
= 0,2 ctm b w x 100 = 0,06 ck b w x 100
s fywk fywk

b) Item 18.3.3.2 - Diâmetros mínimo/máximo

≥ 5mm
φ
≤ 1 10 b w

c) Item 18.3.3.2 - Espaçamento máximo entre estribos

Vd ≤ 0,67 VRd2  smax = 0,6 d ou 30 cm

Vd > 0,67 VRd2  smax = 0,3 d ou 20 cm

3.6- Redução do esforço cortante nos apoios → V’

Pode-se fazer a redução do esforço cortante junto aos apoios diretos quando a carga e a reação de apoio forem aplicadas

em faces opostas da peça.

V' = V - redução da carga distribuída - redução da carga concentrada

c + h  c: largura do apoio
 CARGA DISTRIBUÍDA: redução =   p
 2  p: carga distribuída da viga

 a  P: carga concentrada
 CARGA CONCENTRADA → a ≤ 2h: redução = P 1 -  a: distância da carga ao centro do apoio
  2h 
h: altura da viga

3.7- Determinação de Asw

A sw Vsd − Vc
= 100 sendo fyd ≤ 435 MPa
s 0,9 d fywd cotg( θ)

3.8- Determinação do comprimento onde vai Asw

P p

VA VB

VA V’A
Vmin V - Vmin
V’B x =
p

VB

Asw A Asw min Asw B

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3.9- ROTEIRO DE CÁLCULO DE ESTRIBOS VERTICAIS

a) αv2 = (1- fck/250)  MPa

Vc0 = 0,009 (fck)2/3 bw d  MPa

b) Vsd < VRd2 = 0,54 αv2 f cd b w d sen 2 θ cotg θ

c) Redução do cortante  V' = V - redução da carga distribuída - redução da carga concentrada

c +h
 CARGA DISTRIBUÍDA: redução =  p
 2 

 a 
 CARGA CONCENTRADA → a ≤ 2h: redução = P 1 - 
  2h 

d) cálculo da armadura transversal

A sw Vsd − Vc
= 100  fywd = fyd ≤ 43,5 kN/cm2
s 0,9 d fywd cotg(θ)

Modelo I  Vc = Vc0

VRd2 − Vsd
Modelo II  Vc = Vc0
VRd2 − Vc0

e) estribo mínimo
2/3
A sw fck
min = 0,06 b 100  MPa
s f ywk
Vd ≤ 0,67 VRd2  smax = 0,6 d ou 30 cm
Vd > 0,67 VRd2  smax = 0,3 d ou 20 cm

f) esforço cortante mínimo  Vs min = Vsd min / 1,4

Asw min
Vsw min = s 0,9 d fywd cotgθ  fywd = fyd ≤ 43,5 kN/cm2
100

Modelo I  Vsd min = Vsw min + Vc0

Modelo II  Vsd min = Vsw min + Vc0 - Vsw min Vc0 / VRd2

e) comprimento onde vai Asw

Vapoio - Vmin
x=
p

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V - TORÇÃO

1- INTRODUÇÃO

O estudo de peças de concreto armado solicitadas por momento torçor é bastante complicado. Isto acontece porque,
normalmente, a torção vem acompanhada de flexão, esforço cortante e de um esforço normal (proveniente do impedimento
ao empenamento). Infelizmente, as pesquisas existentes sobre a resistência na ruptura de elementos estruturais
submetidos a solicitações combinadas ainda não determinaram um método de cálculo confiável e simples para ser aplicado
na prática. A metodologia empregada é a de calcular as solicitações por separado e, após, somar os resultados.

Além disto, a rigidez à torção de vigas de concreto armado após a fissuração diminui drasticamente. Para que uma viga
fissurada tenha rigidez suficiente para resistir a um momento torçor ela deverá ter uma rigidez muito grande antes de
fissurar, ou seja, deverá ter dimensões bem maiores do que àquelas necessárias para resistir à flexão e ao cisalhamento.

Felizmente, a verificação da resistência à torção não é indispensável em todos os casos que acontecem na prática. A norma
brasileira permite que se verifique à torção somente as peças nas quais o momento torçor é realmente necessário ao
equilíbrio da peça, ou seja:

- vigas com laje em balanço, sem laje do outro lado (marquise)

- vigas curvas, vigas balcão, grelhas, etc.

Nas situações em que se pode conseguir uma configuração de equilíbrio sem a consideração da torção, pode-se dispensar o
cálculo da torção e colocar apenas uma armadura construtiva. Este é o caso de momentos torçores resultantes de
esforços hiperestáticos provenientes de rotações impedidas (torção em vigas devido ao engastamento parcial das lajes 
torção de compatibilidade).

2- TENSÕES TANGENCIAIS DEVIDAS À TORÇÃO

2.1- Concreto não fissurado  Estádio I

Mesmo para o caso onde o concreto não está fissurado, o estudo da torção é complicado.

Quando uma peça prismática é solicitada à torção pura (Torção de Saint-Venant) aparecem somente tensões tangenciais.
Isto acontece em barras cujas seções extremas podem empenar livremente na direção do eixo longitudinal e cujo ângulo
relativo de torção é constante ao longo da barra. A solução exata do problema só pode ser dada em alguns casos simples
(seção transversal circular ou tubular). A analogia da membrana permite resolver o problema de forma aproximada para a
seção retangular.

As vigas de concreto armado, muitas vezes, são vigas contínuas, onde há o impedimento ao empenamento das seções
extremas, o que ocasiona o aparecimento de tensões normais de empenamento. Estas tensões de empenamento podem ser
desprezadas em seções transversais cheias ou vazadas, mas são importante em seções abertas.

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2.2- Concreto Fissurado

Segundo a norma brasileira, a torção deve ser considerada na ruptura, quando os elementos já estão fissurados.

Na ausência de uma teoria consistente e suficientemente respaldada por ensaios para o tratamento conjunto da torção,
cisalhamento e flexão, os métodos existentes estudam os efeitos destas solicitações por separado e depois somam os
valores obtidos.

A analogia da treliça desenvolvida para o estudo das tensões tangenciais devidas à força cortante também será empregada
no dimensionamento da armadura de torção. Salienta-se que esta analogia é uma solução aproximada, que satisfaz bem as
condições de equilíbrio mas moderadamente às condições de compatibilidade. Assim, de forma semelhante ao que já foi
feito para o cisalhamento, os esforços determinados à partir da analogia da treliça são limitados por valores prescritos na
NBR6118.

Ensaios realizados em peças de concreto armado de seção retangular cheia constatam que, após a fissuração do concreto
devido à torção, a colaboração do concreto do núcleo é muito reduzida. Assim, no dimensionamento de uma seção
retangular à torção, nem toda a seção transversal, mas só uma faixa à partir da borda externa, colabora na resistência à
torção → a SEÇÃO CHEIA é tratada como SEÇÃO VAZADA.

Para o cálculo, se utiliza um modelo de treliça espacial, composta de 4 treliças planas sobre as faces da seção vazada da
viga.
Fh

Fv Fv

Fh

Nas paredes da seção vazada se cria um fluxo de tensões tangenciais constante e igual a τt.
Multiplicando-se este fluxo de tensões tangenciais pelo comprimento da parede, determina-se as forças que agem nas
paredes horizontais e verticais (Fh= τ t bs e Fv=τ t hs). Estas forças devem ser absorvida pelas treliças planas de cada
parede.

Na resolução da treliça, as arestas comuns às treliças planas resultam submetidas à tração, o que leva a necessidade de se
dispor não só armaduras transversais (estribos), mas também armaduras longitudinais de tração. Estas armaduras de
torção longitudinais devem ser concentradas nos ângulos das seções, sobre a linha média, para formar as nervuras
tracionadas da treliça espacial.

3- NBR6118:2003  item 17.5 Elementos lineares sujeitos à torção - ELU

As condições fixadas pela Norma pressupõem um modelo resistente constituído por treliça espacial, definida a partir de
um elemento estrutural de seção vazada equivalente ao elemento estrutural a dimensionar. As diagonais de compressão
dessa treliça, formada por elementos de concreto, têm inclinação que pode ser arbitrada pelo projeto no intervalo
30° ≤ θ ≤ 45°.

3.1- Resistência do elemento estrutural - Torção pura  item 17.5.1.2

Considera-se que a resistência à torção de uma determinada seção transversal é adequada quando as seguintes condições
são verificadas simultaneamente:

TSd ≤ TRd,2 e TSd ≤ TRd,3 e TSd ≤ TRd,4

TRd  momento torçor de cálculo

TRd,2  limite dado pela resistência das diagonais comprimidas de concreto

TRd,3  limite definido pela parcela resistida pelos estribos

TRd,4  limite definido pela parcela resistida pelas barras longitudinais

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3.2- Geometria da seção resistente  item 17.5.1.3

a) SEÇÃO CHEIA

A seção vazada equivalente é definida a partir da seção cheia com espessura da parede equivalente, he, dada por:

he ≤ A/µ

he ≥ 2c1

A  área da seção cheia

µ  perímetro da seção cheia

c1 distância entre o eixo da armadura longitudinal do canto e a face lateral do elemento estrutural

b) SEÇÃO VAZADA

A espessura da parede a considerar é o menor valor entre:


- a espessura real da parede
- a espessura equivalente calculada supondo a seção cheia de mesmo contorno externo da seção vazada

3.3- Verificação da compressão diagonal do concreto  item 17.5.1.4

TSd ≤ TRd,2

TRd2 = 0,50 αv2 fcd Ae he sen 2 θ

αv2 = 1 - fck / 250 MPa

θ  ângulo de inclinação das diagonais de concreto  30° ≤ θ ≤ 45°

Ae  área limitada pela linha média da parede da seção vazada

he  espessura equivalente da parede da seção vazada

3.4- Cálculo das armaduras  item 17.5.1.5

a) Estribos  A90/s

Tsd = TRd3 = (A90 / s) fywd 2Ae cotg θ

sendo fywd  fyd ≤ 435 MPa

A90  área de aço correspondente a um ramo de estribo situado dentro da espessura he

b) Armadura longitudinal

Tsd = TRd4 = (Asl/ u) 2Ae fywd tg θ

Asl  soma das áreas das seções das barras longitudinais

fywd  fyd ≤ 435 MPa

u  perímetro de Ae

A armadura longitudinal de torção, de área total Asl pode ter um arranjo distribuído ou concentrado, mantendo-se
obrigatoriamente a relação ∆As /∆u = constante. Em cada vértice dos estribos de torção deve ser colocada pelo menos
uma barra da armadura longitudinal. O espaçamento máximo entre barras é de 35cm.

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3.5- Solicitações combinadas  item17.7

a) Flexão e torção  item 17.7.1

Nos elementos estruturais submetidos a torção e a flexão simples ou composta, as verificações podem ser efetuadas
separadamente para a torção e para as solicitações normais.

Na zona tracionada pela flexão, a armadura de torção DEVE SER ACRESCENTADA à armadura necessária para
solicitações normais, considerando-se em cada seção os esforços que agem concomitantemente.

No banzo comprimido pela flexão, a armadura longitudinal de torção pode ser reduzida em função dos esforços de
compressão que atuam na espessura efetiva he e no trecho de comprimento u correspondente à barra ou feixe de barras
consideradas.

b) Torção e força cortante  item 17.7.2

Na combinação de torção com força cortante, o projeto deve prever ângulos de inclinação das bielas de concreto
coincidentes para os dois esforços.

A resistência à compressão diagonal do concreto deve ser satisfeita atendendo à expressão:

VSd T
+ Sd ≤ 1
VRd TRd2

sendo VSd e TSd são os esforços de cálculo que agem concomitantemente na seção

A armadura transversal pode ser calculada pela soma das armaduras calculadas separadamente para VSd e TSd .

3.6- Armadura mínima  17.5.1.1

Sempre que a torção for necessária ao equilíbrio do elemento estrutural, deve existir armadura destinada a resistir aos
esforços de tração oriundos da torção. Essa armadura deve ser constituída por estribos verticais normais ao eixo do
elemento estrutural e barras longitudinais distribuídas ao longo do perímetro da seção resistente, e com taxa geométrica
mínima dada pela expressão:

A sw f
ρ sl = ρ sw = ≥ 0,2 ctm
bws f ywk

Os diâmetros e espaçamentos máximos/mínimos são os mesmos do cisalhamento.

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3.7- ROTEIRO DE CÁLCULO

a) Espessura da parede fictícia

he ≤ A/µ e he ≥ 2c1

Ae = (bw-he)( (h-he) µe = 2[(bw-he)+( (h-he)]

b) Verificação do não esmagamento das bielas comprimidas

VSd T
+ Sd ≤ 1
VRd2 TRd2

TRd2 = 0,50 αv2 fcd Ae he sen 2 θ

VRd2 = 0,54 αv2 f cd b w d sen 2 θ cotg θ


αv2 = 1 - fck / 250  MPa

c) Armaduras

 Estribos

A 90 Tsd
= x 200 fywd  fyd ≤ 43,5 kN/cm2
s f ywd x 2 x A e x ctg θ

 Armadura longitudinal

Tsd µe
A sl = fywd  fyd ≤ 43,5 kN/cm2
fywd x 2 x A e x ctg θ

d) Armaduras mínimas
f 2/3
0,06 fck
ρsl = ρ90 = 0,2 ctm =  MPa
fywk fywk

A90/s min = ρ90 x he x 200

Asl min = ρsl (he µe)

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VI – ADERÊNCIA E ANCORAGEM DA ARMADURA LONGITUDINAL TRACIONADA DE PEÇAS FLETIDAS

1- ADERÊNCIA

Concreto armado → solidariedade entre concreto e aço → aderência

a) Aderência por adesão: ligação físico-química na interface aço/concreto durante a pega

b) Aderência por atrito: é função da rugosidade superficial da barra

c) Aderência mecânica: as saliências da barra mobilizam tensões de compressão no concreto

ENSAIO DE ARRANCAMENTO

τbu
φ
Zd

concreto
lb1

- τbu : tensão de aderência → combate o deslizamento relativo entre concreto e aço

- lb1 : comprimento de ancoragem → comprimento mínimo necessário para que a barra


transmita ao concreto a força Zd

A s σs = u l b1 τbu →
πφ 2
σs = π φ l b1 τbu → l b1 =
φ σs
4 4 τbu
onde:
- φ : diâmetro da barra (cm)
- u : perímetro da barra
- As : área da seção transversal da barra
- σS : tensão na barra de aço

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2 – ANCORAGEM

Todas as barras das armaduras devem ser ancoradas de forma que os esforços a que estejam submetidas sejam
integralmente transmitidos ao concreto.

a) COMPRIMENTO DE ANCORAGEM BÁSICO (item 9.4.2.4)

φ fyd
lb = → φ :diâmetro da barra
4 fbd
fbd : resistência de aderência

b) RESISTÊNCIA DE ADERÊNCIA (item 9.3.2)

fbd = η1 η2 η3 fctd

fctd = 0,15 fck2/3 (MPa)  resistência à tração

η1 = 1,0 barras lisas - CA-25


= 1,4 barras entalhadas - CA-60  Tabela 8.2

= 2,25 barras nervuradas - CA-50

30cm

η2 = 1,0 boa aderência


30cm
= 0,7 má aderência
boa
boa
η3 = 1,0 φ < 32mm
h<60cm h>60cm
= (132 - φ) / 100 φ > 32mm

c) COMPRIMENTO DE ANCORAGEM NECESSÁRIO (item 9.4.2.5)

0,3 l b α1 = 1,0 sem gancho


A scal 
l b,nec = α1 l b ≥ 10 φ = 0,7 com gancho
A sef 10 cm

GANCHO → Diminui o comprimento de ancoragem porque mobiliza, além das tensões tangenciais, tensões normais no
trecho curvo.

lb,nec
com gancho sem gancho lb,nec

3 - ANCORAGEM NOS APOIOS INTERMEDIÁRIOS

Para ancorar as barras longitudinais nos apoios intermediários basta levar pelo menos 1/3 da armadura até o apoio e
ancorar em um comprimento de 10φ.

levar pelo menos: 1/3 de As vão se |Mapoio| ≤ 0,5 M vão


1/4 de As vão se |Mapoio| > 0,5 M vão

10φ

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4 - ANCORAGEM NOS APOIOS DE EXTREMIDADE (item 4.1.6.2.A)

Para ancorar as barras longitudinais tracionadas nos apoios de extremidade deve-se verificar se a largura do apoio é
suficiente para transmitir o esforço de tração das barras na face do apoio, calculado a partir do diagrama de momentos
deslocados, para o concreto.

lb lb
Rst Rst

ap ap

Roteiro de cálculo:

al
a) Esforço de tração na armadura na face do apoio → R st = Vd ≥ 0,5 Vd
d
Vd → valor de cálculo, não reduzido, da força cortante

al → deslocamento do diagrama

R st
b) Armadura necessária para ancorar Rst → A s cal =
f yd

0,3 l b
A scal 
c) Comprimento de ancoragem necessário:  l b,nec = α1 l b ≥ 10 φ
A sef 10 cm

As ef → armadura existente no apoio

α1 = 1,0 sem gancho


= 0,7 com gancho

lb,nec

d) Ancoragem no apoio extremo  lb, ext ≥  r + 5,5φ
6cm

CA- CA-
r = raio mínimo de dobramento do gancho → evita o fendilhamento
50 60
φ < 20 2,5φ 3φ
φ ≥ 20 4φ

Quando houver cobrimento da barra no trecho do gancho, medido normalmente ao plano do


gancho, de pelo menos 7cm, e as cargas acidentais não ocorrerem com grande freqüência com seu
valor máximo, o primeiro dos três valores pode ser desconsiderado.

e) O comprimento de ancoragem necessário deve ser menor ou igual ao espaço disponível para ancorar a armadura, ou seja:

se lb < ap – cobrimento (3cm) → ancoragem possível

se lb > ap - cobrimento (3cm) → diminuir o diâmetro ou usar ancoragem especial

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5 - ANCORAGEM/ESCALONAMENTO DAS ARMADURAS DOS MOMENTOS NEGATIVOS

O comprimento de ancoragem de barras escalonadas é igual a lb medido a partir do ponto teórico A, no qual a tensão σs da
barra em consideração começa a diminuir – o esforço de tração começa a ser transferido para o concreto – e deve
prolongar-se de pelo menos 10φ além do ponto teórico de tensão nula, B. O ponto de início de ancoragem deve ser marcado
no diagrama de momentos fletores deslocado de al.

lb
1
A1 OA + l b A
l≥ 
OB + 10φ 10φ
B1 2
A2 B
B2 O
O
al x0

No caso de duas barras com mesmo diâmetro e comprimentos diferentes:

x0
1a ) l = a l + l b ≥ + a l + 10φ
2
x0
2a ) l = + al + lb ≥ x 0 + a l + 10φ
2

No caso de duas barras de mesmo diâmetro e mesmo comprimento:

l = x0/4 + al + lb ≥ x0 + al + 10φ

No caso de três barras com mesmo diâmetro e comprimentos diferentes:

x0
1a ) l = a l + l b ≥ + a l + 10φ
3
x0 2x 0
2a ) l = + al +lb ≥ + a l + 10φ
3 3
2x 0
3a ) l = + al + lb ≥ x 0 + a l + 10φ
3

No caso de três barras de mesmo diâmetro e mesmo comprimento:

l = x0/3 + al + lb ≥ x0 + al + 10φ

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6 - DESLOCAMENTO DO DIAGRAMA DE MOMENTOS (item 17.4.2.c)

Para se determinar os esforços de tração das barras longitudinais (Rst) deve-se utilizar um diagrama de momentos obtido
pelo deslocamento do diagrama original, paralelamente ao eixo da peça e no sentido mais desfavorável, de valor al dado
por:

al = 0,5 d cotgθ ≥ 0,5 d

ou pela decalagem do diagrama de forças do banzo tracionado:

 Vsd, max 
al =  d ≥ 0,5 d (estribos verticais)
 2(Vsd,max − Vc ) 

TEORIA DE VIGAS

P P
1 2
Fcc

c al
P P
z

Rst
Q

M M1= P c = Rst1 z

M2= P (c + al) = Rst2 z

ANALOGIA DA TRELIÇA

Fcc2 Fcc1
1 2
P 2 1

Nst z Ncc z

Rst1 Rst1
1
P c al
P P
c al c

M2= P (c + al) = Rst1 z M1= P c = Rst1 z - Ncc dv

INTERPRETAÇÃO FÍSICA

2 1
Rst 1 real > M1/z
γ tgγ = dM/dx = V = P
Rst = M1/z + ∆M/z
al
∆M = al tgγ = al V = al P
Rst = M2/z

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VII - DISPOSIÇÕES CONSTRUTIVAS GERAIS DAS ARMADURAS

1- ARMADURA DE PELE (item 18.3.5 e 17.3.5.2.3)

Quando a altura útil da viga ultrapassar 60cm, deve dispor-se longitudinalmente e próxima a cada face lateral da viga uma
armadura de pele composta por barras de alta aderência. Esta armadura, deve ter, em cada face, seção transversal igual a
0,10% de bw h. O afastamento entre as barras não deve ultrapassar d/3 e 20cm.

As pele = 0,0010bh → em cada face

2 – AMADURA DE SUSPENSÃO - item 18.3.6

NORMA → Nas proximidades das cargas concentradas transmitidas à peça em estudo por vigas que nelas
se apoiem lateralmente ou fiquem nelas penduradas, deverá ser colocada uma armadura
de suspensão.

No caso de apoios indiretos, para haver o equilíbrio de esforços internos da viga suporte, deve-se colocar no cruzamento
das duas vigas uma armadura de suspensão, que funciona como um tirante interno, que levanta a força aplicada pela viga
suportada na parte inferior da viga suporte até a parte superior da mesma. A armadura de suspensão deve envolver a
armadura longitudinal da viga suporte.

1,4 R
A s susp = R: reação da viga suportada
f yd

Pode-se reduzir o valor da reação quando as faces superiores das duas vigas estiverem no mesmo nível.

A suspensão pode ser feita através do prolongamento da armadura longitudinal da viga suportada ou por estribos
complementares colocados preferencialmente no cruzamento das duas vigas. Estes estribos complementares devem
envolver as armaduras longitudinais (superiores e inferiores) das duas vigas.

Armadura longitudinal Estribos complementares

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3 - ARMADURA DE MONTAGEM (AMARRAÇÃO)

Quando não houver armaduras necessárias ao equilíbrio, deve-se colocar barras longitudinais adicionais nas arestas dos
estribos para permitir a amarração dos mesmos. O diâmetro destas barras deve ser maior ou igual ao diâmetro do estribo.

montagem As (Mapoio)

As (M) As (M) As (M)

4 -AFASTAMENTOS MÍNIMOS DAS BARRAS - item 18.3.2.2

Tendo em vista a necessidade de que o concreto envolva completamente a armadura e que não se apresentem falhas de
concretagem, é preciso que haja pelo menos um espaçamento mínimo entre as barras da armadura dado por:

φ φ
 
a h ≥ 2 cm a v ≥ 2 cm
1,2 d 0,5 d
 ag  ag

dag → diâmetro do agregado: 1,25/1,9/2,5/3,0 cm

Para permitir a passagem do vibrador, deve-se ter uma largura livre de: a = dvibrador + 1cm

dvibrador → diâmetro do vibrador: 35/50/75/100 mm

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5 - PROTEÇÃO DAS ARMADURAS - COBRIMENTO → C (item 7.4.7)

A camada de cobrimento deve proteger TODAS as barras da armadura, inclusive as de estribos, barras de armaduras
secundárias e mesmo de armaduras construtivas.

Tabela 7.2 - Correspondência entre classe de agressividade ambiental e cobrimento nominal

Classe de agressividade ambiental


Tipo de estrutura Componente ou I II III IV3)
elemento
Cobrimento nominal (mm)
Concreto armado Laje2) 20 25 35 45
Viga/Pilar 25 30 40 50
2)
Para a face superior de lajes e vigas que serão revestidas com argamassa de contrapiso, com revestimentos
finais secos tipo carpete e madeira, com argamassa de revestimento e acabamento tais como pisos de elevado
desempenho, pisos cerâmicos, pisos asfálticos, e outros tantos, as exigências desta tabela podem ser substituídas
pelo item 7.4.7.5 respeitado um cobrimento nominal ≥ 15 mm.

3)
Nas faces inferiores de lajes e vigas de reservatórios, estações de tratamento de água e esgoto, condutos de
esgoto, canaletas de efluentes e outras obras em ambientes química e intensamente agressivos a armadura deve
ter cobrimento nominal ≥ 45mm.

Os cobrimentos nominais e mínimos estão sempre referidos à superfície da armadura externa, em geral à face externa do
estribo. O cobrimento nominal de uma determinada barra deve sempre ser:
cnom ≥ φ barra

A Classe de agressividade ambiental é determinada pela Tabela6.1 do item 6.4.2 da NBR6118.

Tabela 6.1 - Classes de agressividade ambiental


Classe de agressividade Agressividade Classificação geral do tipo de Risco de deterioração da
ambiental (CAA) ambiente para efeito de estrutura
projeto
I fraca rural insignificante
submersa
II moderada urbana 1) , 2) pequeno

III forte marinha 1) grande


industrial 1) , 2)
IV muito forte industrial 1) , 3) elevado
respingos de maré
1) Pode-se admitir um microclima com uma classe de agressividade mais branda (um nível acima) para ambientes
internos secos (salas, dormitórios, banheiros, cozinhas e áreas de serviço de apartamentos residenciais e
conjuntos comerciais ou ambientes com concreto revestido com argamassa e pintura).
2) Pode-se admitir uma classe de agressividade mais branda (um nível acima) em: obras em regiões de clima seco,
com umidade relativa do ar menor ou igual a 65%, partes da estrutura protegidas de chuva em ambientes
predominantemente secos, ou regiões onde chove raramente.
3) Ambientes quimicamente agressivos, tanques industriais, galvanoplastia, branqueamento em indústrias de
celulose e papel, armazéns de fertilizantes, indústrias químicas.

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6 - DOBRAMENTOS

Na confecção das armaduras, muitas vezes se faz necessário a realização de diferentes tipos de dobramento das
barras de aço. Tais dobramentos devem ser feitos com raios de curvatura que respeitem as características do aço
empregado; isto é, sem que ocorra fissuração do aço do lado tracionado da barra. Também, devem evitar o fendilhamento
do concreto no plano de dobramento da armdura, já que as curvaturas das barras de aço introduzem tensões radiais de
compressão no concreto.

GANCHOS, ESTRIBOS E DOBRAS → Diâmetro interno de curvatura


TIPO BITOLA CA-50 CA-60
estribos φ ≤ 6,3 3φ 3φ
ganchos, dobras φ < 20 5φ 6φ
e estribos φ ≥ 20 8φ -

BARRAS TRACIONADAS - Diâmetro interno de dobramento


CA-50 CA-60
15φ 20φ

7 - COMPRIMENTOS DAS BARRAS DOBRADAS

(l2 - l1) → acréscimo de comprimento para 2 ganchos


∆l90 → comprimento do dobramento a 900

Bitola (l2 - l1) cm ∆l90 (cm)


5 10 6
6,3 12 8
8 15 10
10 19 12
12,5 23 15
16 30 19
20 45 26
22,2 50 29
25 56 33

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VIII – VIGAS – DISPOSIÇÕES GERAIS

1- TIPOS

a) Vigas bi-apoioadas: M → momento positivo

M
As (M)

b) Vigas contínuas: M → momento positivo


X → momento negativo

As (X)
X

M M As (M) As (M)

M → momento positivo → traciona fibras inferiores → armadura tracionada (As) na parte inferior
armadura comprimida (As’) na parte superior

X → momento negativo → traciona fibras superiores → armadura tracionada (As) na parte superior
armadura comprimida (As’) na parte inferior

2- SOLICITAÇÕES

Esforço Cortante → Cisalhamento → Estribos

Momento Fletor → Flexão → Armadura longitudinal

Momento Torçor → Torção → Estribos + Armadura longitudinal

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3- SEÇÃO TRANSVERSAL

Nas mesas de vigas T deve haver armadura perpendicular à nervura, que se estenda por toda sua largura útil, com seção
transversal de no mínimo 1,5cm2/m.
As vigas de seção retangular, as nervuras das vigas de seção T e as paredes das vigas de seção caixão não devem ter
largura menor que 10cm → b ou bw > 10cm.

Retangular Seção T

bf
As’
d’

d As’
h hf
h
≥ 1,5 cm2/m
As As

b
bw

4- NBR 6118 - ITEM 14.6

I) SEÇÃO T – ITEM 14.6.2.2

hf

b3 b1 b1
b1 ≤ 0,10 a b3 ≤ 0,10 a
b2 0,5 b2

bw

a→ a= l se apoiada - apoiada
a = 3/4 l se contínua - apoiada
a = 3/5 l se contínua - contínua
a= 2l se engastada - livre

II) VÃO TEÓRICO → l - item 14.6.2.4

l : distância entre centros de apoios

 apoio muito largo → vão livre + a1 + a2


a1, a2  menor valor entre: largura do apoio/2 e 0,3h

vão livre

l: vão teórico

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III) VIGAS CONTÍNUAS EM EDIFÍCIOS – ITEM 14.6.4

a) Permite-se calcular as vigas contínuas em edifícios por processo simplificado, em regime elasto-plástico, unicamente
alterando-se a posição da linha de fecho determinada no regime elástico de modo a reduzir os momentos sobre os apoios
no máximo de 25%.

NBR6118-2003 (item14.6.4.3)  limitação da relação x/d para poder melhorar a ductilidade das estruturas nas regiões
de apoio das vigas ou de ligações com outros elementos estruturais.

a) x/d ≤ 0,50 para concretos com fck ≤ 35 MPa


b) x/d ≤ 0,40 para concretos com fck > 35 MPa

Quando for efetuada uma redistribuição, reduzindo-se um momento fletor de M para M, em uma determinada seção
transversal, a relação entre o coeficiente de redistribuição δ e a posição da linha neutra nessa seção x/d, para o momento
reduzido δM, devem ser dada por:

a) δ ≥ 0,44 + 1,25 x/d para concretos com fck ≤ 35 MPa; ou


b) δ ≥ 0,56 + 1,25 x/d para concretos com fck > 35 MPa.

O coeficiente de redistribuição deve, ainda, obedecer aos seguintes limites:

a) δ ≥ 0,90 para estruturas de nós móveis;


b) δ ≥ 0,75 em qualquer outro caso.

b) Não serão considerados momentos positivos, nos vãos intermediários, menores que os que se obteriam se houvesse
engastamento perfeito da viga nas extremidades dos referidos vãos, ou, nos vãos extremos, menores que os obtidos com
engastamento perfeito no apoio interno

Momento positivo → M → Pior situação utilizando X= 0,85Xe (momento negativo reduzido) ou


MEP (momento de engastamento perfeiro)

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5- CARGAS

→ Cargas distribuídas → KN/m


peso próprio (b × h × γcom= 25kN/m3)
reação das lajes
alvenaria (paredes) (halv × balv × γalv= 13 a 18kN/m3)

→ Cargas concentradas → KN → Reação de outra viga

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TABELA 1 - ÁREA DA SEÇÃO DE ARMADURA AS (cm2)

BITOLAS PADRONIZADAS (NBR7480/96)


BITOLA φ(mm) Número de fios ou barras
FIOS BARRAS 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
2,4 0,05 0,09 0,14 0,18 0,23 0,27 0,32 0,36 0,41 0,45
3,4 0,09 0,18 0,27 0,36 0,45 0,54 0,64 0,73 0,82 0,91
3,8 0,11 0,23 0,34 0,45 0,57 0,68 0,79 0,91 1,02 1,13
4,2 0,14 0,28 0,42 0,55 0,69 0,83 0,97 1,11 1,25 1,39
4,6 0,17 0,33 0,50 0,66 0,83 1,00 1,16 1,33 1,50 1,66
5,0 5,0 0,20 0,39 0,59 0,79 0,98 1,18 1,37 1,57 1,77 1,96
5,5 0,24 0,48 0,71 0,95 1,19 1,43 1,66 1,90 2,14 2,38
6,0 0,28 0,57 0,85 1,13 1,41 1,70 1,98 2,26 2,54 2,83
6,3 0,31 0,62 0,94 1,25 1,56 1,87 2,18 2,49 2,81 3,12
6,4 0,32 0,64 0,97 1,29 1,61 1,93 2,25 2,57 2,90 3,22
7,0 0,38 0,77 1,15 1,54 1,92 2,31 2,69 3,08 3,46 3,85
8,0 8,0 0,50 1,01 1,51 2,01 2,51 3,02 3,52 4,02 4,52 5,03
9,5 0,71 1,42 2,13 2,84 3,54 4,25 4,96 5,67 6,38 7,09
10,0 10,0 0,79 1,57 2,36 3,14 3,93 4,71 5,50 6,28 7,07 7,85
12,5 1,23 2,45 3,68 4,91 6,14 7,36 8,59 9,82 11,04 12,27
16,0 2,01 4,02 6,03 8,04 10,05 12,06 14,07 16,08 18,10 20,11
20,0 3,14 6,28 9,42 12,57 15,71 18,85 21,99 25,13 28,27 31,42
22,0 3,80 7,60 11,40 15,21 19,01 22,81 26,61 30,41 34,21 38,01
25,0 4,91 9,82 14,73 19,63 24,54 29,45 34,36 39,27 44,18 49,09
32,0 8,04 16,08 24,13 32,17 40,21 48,25 56,30 64,34 72,38 80,42
40,0 12,57 25,13 37,70 50,27 62,83 75,40 87,96 100,53 113,10 125,66

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TABELA 2 - ÁREA DA SEÇÃO DE ESTRIBO POR METRO ASW /s (cm2/m) - Estribos de dois tramos

BITOLAS PADRONIZADAS (NBR7480/96)

ESPAÇAMENTO (cm) BITOLA φ(mm)


5 6.3 8 10 12.5
7 5.61 8.91 14.36 22.43 35.06
8 4.91 7.79 12.57 19.63 30.68
9 4.36 6.93 11.17 17.45 27.27
10 3.93 6.23 10.05 15.71 24.54
11 3.57 5.67 9.14 14.28 22.31
12 3.27 5.20 8.38 13.09 20.45
13 3.02 4.80 7.73 12.08 18.88
14 2.80 4.45 7.18 11.22 17.53
15 2.62 4.16 6.70 10.47 16.36
16 2.45 3.90 6.28 9.82 15.34
17 2.31 3.67 5.91 9.24 14.44
18 2.18 3.46 5.59 8.73 13.64
19 2.07 3.28 5.29 8.27 12.92
20 1.96 3.12 5.03 7.85 12.27
21 1.87 2.97 4.79 7.48 11.69
22 1.78 2.83 4.57 7.14 11.16
23 1.71 2.71 4.37 6.83 10.67
24 1.64 2.60 4.19 6.54 10.23
25 1.57 2.49 4.02 6.28 9.82
26 1.51 2.40 3.87 6.04 9.44
27 1.45 2.31 3.72 5.82 9.09
28 1.40 2.23 3.59 5.61 8.77
29 1.35 2.15 3.47 5.42 8.46
30 1.31 2.08 3.35 5.24 8.18

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EXERCÍCIOS 1ª ÁREA

1) Determinar o mínimo valor de "bf" para que uma viga de seção transversal T não necessite de armadura de compressão
para resistir a um momento fletor de 300kNm. Os materiais utilizados são concreto fck= 28MPa e aço CA-50. Dados
geométricos da seção transversal: h=50cm, bw=20cm, hf=8cm e d=46cm.

2) Determinar o valor do momento fletor último de uma viga de concreto armado de seção retangular, com dimensões
b=12cm, h=50cm, d=46cm, d’=3cm, duplamente armada com aço CA-25, sendo As=6,5cm2 e As’=4,0cm2. O concreto tem
fck=16MPa.

3) Determinar a armadura necessária para uma viga de seção retangular com dimensões b=15cm, h=45cm, d=40cm e
d'=4cm, resistir a um momento fletor de 100kNm. Os materiais utilizados são concreto fck= 25MPa e aço CA-50.

4) A seção transversal da figura abaixo pertence a uma viga contínua de concreto armado de um edifício residencial,
devendo ser usada a seção T sempre que possível. Sabendo que os materiais utilizados são concreto fck=25MPa e aço
CA50:
a) dimensionar a armadura para resistir a um momento fletor positivo, no meio de um vão, de valor 185kNm;
b) dimensionar a armadura para resistir a um momento fletor negativo, sobre um apoio intermediário, de valor 200kNm.
bf=90cm

hf=8cm
d = 41 cm h=45cm
d’= 3 cm

bw=25cm

5) Determinar o momento fletor último de uma viga de concreto armado de seção retangular, com dimensões b=15cm,
d=51cm, armada com aço CA-50, sendo a área de aço tracionada igual 7cm2. O concreto tem fck= 30MPa.

6) Determinar o momento fletor último de uma viga de concreto armado de seção retangular, com dimensões b=21cm,
d=42cm e d'=3cm, duplamente armada com aço CA-50, sendo a área de aço tracionada igual a 15cm2 e a área de aço
comprimida igual a 3cm2. O concreto tem fck=25MPa.

7) A seção transversal da figura abaixo pertence a uma viga contínua de concreto armado de um edifício residencial,
devendo ser usada a seção T sempre que possível. Sabendo que os materiais utilizados são concreto fck=25MPa e aço
CA50:
a) dimensionar a armadura para resistir a um momento fletor positivo, em um vão, de valor 290kNm
b) dimensionar a armadura para resistir a um momento fletor negativo, sobre um apoio intermediário, de valor 270kNm
17cm

d = 51 cm
d’= 3 cm
55cm

7cm

70cm
8) Determinar o momento fletor último de uma viga de concreto armado de seção retangular, com dimensões b=20cm,
d=45cm e d'=5cm, duplamente armada com aço CA-40(A), sendo a área de aço tracionada 10,0cm2 e a comprimida 7,0cm2.
Dado: fck=13,5MPa.

9) Determinar a armadura necessária para uma viga de seção retangular com dimensões b=15cm, h=50cm, d=45cm e
d'=5cm, resistir a um momento fletor de 230kNm. Os materiais utilizados são concreto fck= 30MPa e aço CA-50.

10) A seção transversal da figura abaixo pertence a uma viga contínua de concreto armado de um edifício residencial,
devendo ser usada a seção T sempre que possível. Sabendo que os materiais utilizados são concreto fck= 25MPa e aço CA-
50:

a) dimensionar a armadura para resistir a um momento fletor positivo, no meio de um vão, de valor 300kNm
b) dimensionar a armadura para resistir a um momento fletor negativo, sobre um apoio intermediário, de valor 280kNm
80cm

d = 46cm 6cm
d’= 3cm
50cm

30cm

11) A seção transversal da figura abaixo pertence a uma viga contínua de concreto armado de um edifício residencial,
devendo ser usada a seção T sempre que possível. Sabendo que os materiais utilizados são concreto fck= 25MPa e aço CA-
50:
a) dimensionar a armadura para resistir a um momento fletor positivo, em um vão, de valor 300kNm
b) dimensionar a armadura para resistir a um momento fletor negativo, sobre um apoio intermediário, de valor 320kNm
100cm

d = 36cm
10cm
d’= 3cm
40cm 15cm

10cm

110cm

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EXERCÍCIOS 2ª ÁREA

1) Para a viga abaixo, considerando fck=30MPa, CA-60, b=15cm, h=40cm, d=36cm:


a) dimensionar os estribos (Fazer redução do cortante sempre que possível)
b) escolher o diâmetro e o espaçamento do estribo a ser usado em cada situação
fazer croqui da distribuição dos estribos ao longo da viga com quantidade de estribos e comprimento de cada trecho

15 kN/m 80kN

A B
50cm 20cm A 4m 0,8m B

2) Para a viga abaixo, considerando fck=25MPa, CA-60, b=15cm, h=40cm, d=36cm:


a) dimensionar os estribos (Fazer redução do cortante sempre que possível)
b) escolher o diâmetro e o espaçamento do estribo a ser usado em cada situação
c) calcular a quantidade total de estribos da viga (fazer croqui da distribuição dos estribos ao longo da viga com
quantidades e comprimentos parciais)

15kN/m 70kN

A B
40cm 20cm A 3m 1m B

3) Determinar as armaduras necessárias para a seção transversal de dimensões b=38cm, h=70cm, d=66cm de uma viga de
concreto armado solicitada por um momento torçor de 50kNm e um esforço cortante de 50kN. Características dos
materiais: aço CA-50 e concreto fck=30MPa. Cobrimento da armadura 3cm. Fazer um croqui das armaduras na seção
transversal.

4) Determinar as armaduras necessárias para uma seção transversal de dimensões b=25cm, h=50cm de uma viga de
concreto armado solicitada por um momento torçor de 30kNm. Características dos materiais: aço CA-50 e concreto
fck=25MPa. Considerar d=46cm e c1=4cm.

5) Para a viga abaixo, considerando fck=25MPa, CA-60, b=15cm, h=40cm, d=36cm:


d) dimensionar os estribos (Fazer a redução do esforço cortante sempre que possível)
e) escolher o diâmetro e o espaçamento do estribo a ser usado em cada situação
f) fazer croqui da distribuição dos estribos ao longo da viga com quantidades e comprimentos parciais
50kN
60kN/m
40 kN/m

A B
30cm 20cm A 2m 2m B

6) Determinar as armaduras necessárias para a seção transversal de dimensões b=30cm, h=70cm, d=65cm da viga de
concreto armado da figura (Desconsiderar o momento fletor). Características dos materiais: aço CA-50 e concreto
fck=25MPa. Dado: c1=5cm. Fazer um croqui das armaduras na seção transversal.

10 kN/m

25kNm/m

A B
5m

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EXERCÍCIOS 3ª ÁREA

1) Para a viga da figura, considerando cobrimento de 2,5cm, diâmetro dos estribos 5mm, e, que nos apoios A e C existe
cobrimento lateral maior que 7cm, pede-se:

CA-50
fck=25MPa A l=3,8m B l=4,5m C
b=15cm 1,2 Xe apoio → As= 6,32cm2 - momento elástico
h=40cm 0,75Xe apoio → As =5,16cm2 - momento reduzido
d=35cm x0=85cm x0=92cm

Largura dos apoios: Mvão → As=2,23cm2 Mvão → As=3,14cm2


A=15cm Mvão MEP → As=2,19cm2 Mvão MEP → As=3,95cm2
B=20cm
C=18cm V 41,27kN -88kN 79kN 55kN

A) ARMADURA LONGITUDINAL: momento negativo sobre o apoio


escolher o diâmetro e a quantidade de barras considerando o fato que as barras devem estar, necessariamente, em DUAS
camadas (fazer croqui com o valor do espaçamento entre as barras); calcular o comprimento das barras (as barras de
mesmo diâmetro devem ter comprimentos iguais)

B) ARMADURA LONGITUDINAL - momento positivo - VÃO BC


escolher o diâmetro e a quantidade de barras considerando o fato que TODAS as barras devem estar, necessariamente,
em SOMENTE UMA camada (fazer croqui com o valor do espaçamento entre as barras); analisar a ancoragem no apoio de
extremidade - apoio C ; fazer um croqui com o detalhamento (bitolas, comprimentos e quantidade) da armadura
longitudinal para o momento positivo do vão BC

3) A armadura necessária para equilibrar o momento negativo sobre um apoio intermediário de uma viga contínua de
concreto armado é de 2φ12.5+1φ10. Calcular os comprimentos das barras de φ12.5 (as duas barras com o mesmo
comprimento) e da barra de φ10. As barras φ12.5 deverão ter comprimento necessariamente maior do que a de φ10.

DADOS:
fck=30MPa A l=4,5m B l=4,5m C
b=20cm X → 2φ12.5+1φ10
h=50cm
d=46cm x0=105cm x0=97cm
CA-50 V 79kN 117kN 200kN 55kN

3) Para a viga de concreto armado da figura, considerando cobrimento=2,5cm:


a) escolher o diâmetro e a quantidade de barras longitudinais considerando o fato que se deve colocar TODAS as barras,
necessariamente, em UMA CAMADA e que o diâmetro dos estribos é φ8 (fazer croqui com o valor do espaçamento
entre as barras)
b) analisar a ancoragem nos apoios de extremidade (entrar TODAS as barras nos apoios)
c) fazer um croqui com o detalhamento (bitolas, quantidade e comprimentos) de TODAS armaduras longitudinais
utilizadas para construir a viga
DADOS:
b=12cm
h=45cm A l = 422,5cm B
d=41cm Mvão → As = 4,0cm2
fck= 30MPa
CA-50 V 55kN 110kN

Apoio A - largura= 25cm (sem cobrimento lateral de 7cm)


Apoio B - largura= 16cm (com cobrimento lateral de 7cm)

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