Professional Documents
Culture Documents
Escola de engenharia
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
ENG 01111
ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO I
BIBLIOGRAFIA
1- INTRODUÇÃO GERAL
1.1- Definição
O concreto armado é um material composto, constituído por concreto simples e barras de aço. Os dois materiais
constituintes (concreto e aço) devem agir solidariamente para resistir aos esforços a que forem submetidos e devem ser
dispostos de maneira a utilizar econômica e racionalmente as resistências próprias de cada um deles.
Já que o concreto possui alta resistência à compressão porém pequena resistência à tração, as barras da armadura devem
absorver os esforços de tração que surgem nas peças submetidas à flexão ou à tração. Portanto, nestas situações,
armadura deve ser colocada na zona de tração das peças.
Devido à aderência entre o concreto e o aço, as deformações das barras de aço e a do concreto que as envolve devem ser
iguais. Tendo em vista que o concreto tracionado não pode acompanhar as grandes deformações do aço, o concreto
fissura-se na zona de tração; os esforços de tração são, então, absorvidos apenas pelo aço.
1.3- Histórico
O emprego de materiais com propriedades adesivas e coesivas, que apresentassem resistência às interpéries e pudessem
ser utilizados como material de construção é muito antigo: os antigos egípcios usavam gesso impuro calcinado; os gregos e
romanos utilizavam uma mistura de cal, água, pedras e areia.
Vantagens:
- Economia - mais econômico que estruturas de aço
- Moldabilidade - adaptação a qualquer tipo de forma e facilidade de execução
- Estruturas monolíticas (sem ligações), hiperestáticas - segurança
- Resistência a efeitos térmicos, atmosféricos e a desgastes mecânicos
Desvantagens:
- Peso próprio alto - 2,5t/m3 = 25KN/m3
- Dificuldade de reformas e demolições
- Transmissão de calor e som
ENG01111 - ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO I - Prof. Virgínia Maria Rosito d'Avila - vichy@ufrgs.br - Sala 308a – DECIV - UFRGS 1
2- CONCRETO
2.1- Generalidades
O concreto é um aglomerado constituído de agregados e cimento como aglutinante; é, portanto, uma rocha artificial. A
fabricação do concreto é feita pela mistura dos agregados com cimento e água, à qual, conforme a necessidade, são
acrescidos aditivos que influenciam as características do concreto. As propriedades do concreto que interessam ao estudo
do concreto armado são a resistência à ruptura e à deformabilidade, quer sob a ação de variações das condições
ambientes, quer sob a ação de cargas externas.
a) RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO - fc
A resistência à compressão simples é a característica mecânica mais importante de um concreto. Geralmente sua
determinação se efetua mediante o ensaio de corpos de prova, executado segundo procedimentos operatórios
normalizados.
A resistência do concreto não é uma grandeza determinística, mas está sujeita a dispersões cujas causas principais são
variações aleatórias da composição, das condições de fabricação e da cura. Além destes fatores aleatórios, existem
também influências sistemáticas como: influência atmosférica (verão/inverno), mudança da origem de fornecimento das
matérias primas, turmas de trabalho ...
freqüência Sn Sn
abcissa que mede freqüência
a resistência de maior 3 1
freqüência
2
pto. de inflexão
fci
fci (MPa)
fcj fck2 fck1
fcj1 = fcj2
fck3 fcj3
Problema prático → dado o diagrama de freqüências, determinar um valor que seja representativo da resistência do
concreto → média aritmética fcj → resistência média em 28 dias. A média aritmética apresenta o inconveniente de não
representar a verdadeira resistência do concreto na obra, por não levar em conta a dispersão da série de valores.
Analisando dois concretos de mesma resistência média e diferente dispersão (1 e 2), não há dúvida que o mais seguro é
aquele de menor dispersão (possui menos pontos com resistência menor que a média). Em conseqüência, o coeficiente de
segurança a adotar no cálculo deve ser maior para o concreto 2.
Adotando-se a resistência média, ter-se-á coeficientes de segurança variáveis segundo a qualidade de execução do
concreto.
ENG01111 - ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO I - Prof. Virgínia Maria Rosito d'Avila - vichy@ufrgs.br - Sala 308a – DECIV - UFRGS 2
b) RESISTÊNCIA CARACTERÍSTICA - fcK
Define-se como resistência característica do concreto aquele valor que apresenta uma probabilidade de 95% de que se
apresentem valores individuais de resistência de corpos de prova mais altos do que ele; ou seja, somente 5% de valores
menores ou iguais.
É uma medida estatística que leva em consideração não só o valor da média fcj como também o coeficiente de variação δ. 2
concretos: → mesmo fcj (1 e 2) → mais seguro o de menor δ (1)
→ mesmo fck (2 e 3) → mais econômico (menor fcj) o de menor δ (3)
Curva de Gauss fck = fcj - 1,65 Sn ou fck = fcj ( 1 - 1,65 δ ) sendo δ = Sn/fcj
A resistência do concreto à compressão é, para cargas de longa duração, inferior àquela referente a carregamentos
rápidos. Trabalhando-se com uma resistência do concreto retirada de ensaios de curta duração, precisa-se afetar o valor
assim obtido para a resistência característica de um fator redutor. Segundo os ensaios de Rüsch, esta redução deve ser
de 15%.
Módulo de deformação longitudinal: por definição, é a derivada da curva tensão-deformação no ponto em consideração.
Norma item 8.2.8 (módulo tangente na origem)
Para tensões de compressão menores que 0,5fc e tensões de tração menores que fct ν = 0,2.
Visando estabelecer um critério comum ao dimensionamento, busca-se, para as diferentes resistências à compressão com
que se trabalha na prática, um diagrama ideal, matematicamente definido → DIAGRAMA PARÁBOLA RETÂNGULO.
fc parábola 2o grau
ε = 3,5‰ → ruptura
0,85fc ε = 2‰ → tensão máxima
εc
2
trecho curvo σc = 0,85 fc 1 - 1 -
0,002
ε
2‰ εr=3,5‰
ENG01111 - ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO I - Prof. Virgínia Maria Rosito d'Avila - vichy@ufrgs.br - Sala 308a – DECIV - UFRGS 3
g) RESISTÊNCIA À TRAÇÃO - fct (item 8.2.5)
Na falta de ensaios, o valor de fct médio ou característico pode ser avaliado por
2
fct , m = 0,3 fck 3
REOLOGIA: é o ramo da mecânica que estuda a evolução de deformações de um material, produzidas por causas tencionais
ao longo do tempo.
a) RETRAÇÃO/EXPANSÃO
A retração é uma deformação independente do carregamento e devida à variação de umidade do concreto, na tendência a
permanecerem em equilíbrio a umidade do concreto e a umidade do meio exterior. No processo da retração, a água é
inicialmente expulsa das fibras externas o que gera deformações diferenciais entre a periferia e o miolo, gerando tensões
internas capazes de provocar fissuração do concreto.
A fluência é uma deformação que depende do carregamento; é plástica, apenas uma pequena parcela é recuperada.
Constata-se, na prática, que a deformação de uma peça de concreto armado é maior em um tempo t que àquela observada
inicialmente, mantendo-se o mesmo carregamento. Explicação: devido à deformação inicial, imediata, ocorre uma redução
de volume da peça, provocando deslocamento de água existente no concreto para regiões onde sua evaporação já tenha
ocorrido. Isto desencadeia um processo, ao longo do tempo, análogo ao da retração, verificando-se o crescimento da
deformação inicial até um valor máximo no tempo infinito.
Supõe-se que as variações de temperatura sejam uniformes na estrutura, salvo quando a desigualdade dessas variações,
entre partes diferentes da estrutura, seja muito acentuada. O coeficiente de dilatação térmica do concreto armado é
considerado igual a 10-5/°C.
ENG01111 - ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO I - Prof. Virgínia Maria Rosito d'Avila - vichy@ufrgs.br - Sala 308a – DECIV - UFRGS 4
3- AÇO (norma item 8.3)
Nos projetos de estruturas de concreto armado deve ser utilizado aço classificado pela NBR 7480 nas categorias CA-25,
CA-50 e CA-60. A nomenclatura é função do valor característico da tensão de escoamento fyk CA-50 → fyk = 50 kg/mm2
= 500 MPa
- BARRAS (CA-50 e CA-25): diâmetro maior que 5,0mm – obtidas por laminação a quente, sem necessidade de posterior
deformação a frio, com escoamento definido caracterizado por patamar no diagrama tensão-deformação. (tipo A)
- FIOS (CA-60): diâmetro inferior a 10,0mm - obtidos por deformação a frio, trefilação, sem patamar no diagrama
tensão-deformação. (tipo B)
FIOS 2,4 3,4 3,8 4,2 4,6 5,0 5,5 6,0 6,4 7,0 8,0 9,5 10,0
BARRAS 5,0 6,3 8,0 10,0 12,5 16,0 20,0 22,0 25,0 32,0 40,0
Os fios e barras podem ser lisos ou providos de saliências ou mossas. Estas nervuras ou saliências existem para melhorar
as condições de aderência entre aço e concreto. Para cada categoria de aço, o coeficiente de conformação superficial, a
configuração e a geometria das saliências devem atender ao indicado na NBR 7480. A conformação superficial é medida
pelo coeficiente η1 dado a seguir.
Para o cálculo nos estados limites de serviço e último NBR6118/03 permite que se utilize o diagrama simplificado dado a
seguir tanto para os aços com patamar de escoamento (barras) ou sem patamar de escoamento (fios).
σs
patamar
fyd
0 ≤ εsd ≤ ε yd → σsd = Es εsd
ε yd ≤ εsd ≤ 10 %o → σsd = f yd
3,5‰ εyd ϕ εs
εyd 10‰
f yd f yk
tg ϕ = Ecs = → Ecs = 2,1 × 10 5 MPa → f yd =
ε yd γs
fyd
ENG01111 - ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO I - Prof. Virgínia Maria Rosito d'Avila - vichy@ufrgs.br - Sala 308a – DECIV - UFRGS 5
II - BASES DO DIMENSIONAMENTO
1- ELEMENTOS ESTRUTURAIS
Estruturas são sistemas portantes constituídos por elementos estruturais que têm por finalidade suportar as cargas
aplicadas e transmiti-las aos apoios externos. Os elementos estruturais podem ser classificadas como:
- lineares retos: vigas, pilares, tirantes, pórticos.
- lineares curvos: vigas curvas, arcos.
- planos: lajes, paredes portantes, vigas parede.
- outros: cascas, estruturas plissadas, estruturas maciças (blocos, barragens).
b) AÇÕES VARIÁVEIS (q): cargas acidentais; efeito do vento; variação da temperatura; forças de impacto;
cargas móveis em pontes; pressão hidrostática.
3- ESTADOS LIMITES
Uma estrutura, ou parte dela, é considerada inadequada à sua finalidade quando ela atinge um estado particular, dito
estado limite, no qual ela não atende critérios condicionantes ao seu comportamento ou ao seu uso. O objetivo do cálculo
de uma estrutura em concreto armado é o de garantir, a um só tempo, estabilidade, conforto e durabilidade.
Considera-se que uma peça tenha atingido sua capacidade limite quando na fibra mais comprimida de concreto o
encurtamento é igual ao valor último convencional (εc = 3,5%o ou 2%o) ou quando na armadura tracionada a barra de aço
mais deformada tem o alongamento igual ao valor último convencional(εs = 10%o).
Impossibilidade de utilização da estrutura visto que a mesma não mais apresenta condições necessárias de conforto e
durabilidade. Origina-se de:
- deformações excessivas
- fissuração excessiva
- danos indesejáveis (corrosão)
- vibração
ENG01111 - ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO I - Prof. Virgínia Maria Rosito d'Avila - vichy@ufrgs.br - Sala 308a – DECIV - UFRGS 6
4- SEGURANÇA
Existe a necessidade da utilização de coeficientes de segurança por fatores tais como: incerteza dos valores das
resistências dos materiais; erros na geometria da estrutura; incerteza da carga; simplificação dos métodos de cálculo...
COEFICIENTES DE SEGURANÇA PARCIAIS: permite atribuir a cada grandeza que influencia o comportamento das
estruturas um coeficiente de majoração ou minoração separado.
* CARGAS (item 11.7) → majora-se o valor das ações, obtendo-se a denominada ação ou solicitação de cálculo (d- design)
Fd = γf Fk → Fd = 1,4 Fk
* RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS (item 12.4) → as resistências características dos materiais devem ser minoradas
pelos respectivos coeficientes de ponderação das resistências no estado limite último, obtendo-se a resistência de
cálculo:
f
concreto : fcd = ck
1 ,4
f yk
aço : f yd =
1 ,15
5- ESTÁDIOS DE FLEXÃO
Ensaiando-se uma peça de concreto armado à flexão, sob a ação de carga gradativamente crescente, observa-se que as
tensões passam por 3 fases distintas durante o aumento da carga, os denominados ESTÁDIOS DE FLEXÃO.
1- ESTÁDIO I
ESTÁDIO Ia : Corresponde ao início do ensaio, onde as solicitações são muito pequenas e o concreto se mantém intacto na
zona fissurada. → regime elástico → reta → Lei de Hooke → sem fissuras → concreto resiste à tração
ESTÁDIO Ib: Aumentando a carga de ensaio, admite-se que antes de atingir o estádio II as tensões passam por um
estágio onde é ultrapassada a fase elástica, sem ruptura do concreto → não-linearidade na zona tracionada → curva
O projeto no estádio I não é econômico, pois para não ser ultrapassada a tensão admissível do concreto à tração (que é
muito pequena), deve-se ter dimensões muito grandes para a seção transversal. O dimensionamento é feito empregando-se
diretamente as expressões da Resistência dos Materiais aplicadas à seção homogeneizada, sem desprezar a resistência do
concreto à tração.
2- ESTÁDIO II
Corresponde à fase em que a resistência à tração do concreto foi ultrapassada, mas estando o concreto ainda no regime
elástico linear na zona comprimida → carga aumenta → concreto fissurado na zona tracionada - σc > ftk → fissuras
pequenas (capilares) → concreto não resiste mais à tração
3- ESTÁDIO III
Corresponde a fase onde o concreto comprimido não obedece mais a Lei de Hooke, apresentando comportamento plástico.
Com o aumento da carga, chega-se a ruptura final da peça. → cargas consideráveis → fissuras aumentam → deformação da
armadura cresce de forma não linear em relação à solicitação → escoamento → não linearidade na zona comprimida
ENG01111 - ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO I - Prof. Virgínia Maria Rosito d'Avila - vichy@ufrgs.br - Sala 308a – DECIV - UFRGS 7
6 - HIPÓTESES BÁSICAS DE CÁLCULO DE PEÇAS DE CONCRETO ARMADO SUBMETIDAS A SOLICITAÇÕES
NORMAIS NO ESTADO LIMITE ÚLTIMO - ESTÁDIO III ( norma item 17.2)
6.1- Notação
6.2- Hipóteses
Uma seção de concreto armado, submetida à solicitações normais, alcança o Estado Limite Último por esmagamento do
concreto na zona comprimida ou por deformação plástica excessiva do aço. O alongamento último da armadura é limitado
em εs = 10‰ para prevenir deformação plástica excessiva.
Solicitações normais: esforços solicitantes que originam tensões normais sobre a seção transversal → momento fletor e
força normal.
O estudo de seções de concreto armado no Estado Limite Último de Resistência é feito com base nas seguintes hipóteses:
- Manutenção da seção plana (hipótese de Bernoulli): as deformações normais específicas são, em cada ponto da seção
transversal, proporcionais à sua distância à linha neutra.
- Solidariedade perfeita entre os materiais: a deformação da armadura é igual a do concreto adjacente.
- A resistência do concreto à tração é desconsiderada.
a) CONCRETO (item 17.2.2.f): substituição do diagrama parábola retângulo por um diagrama retangular.
y = 0,8 x
x
d
LN
As ε1
fy 0 < εs < εy → fy = Es εs
εy < εs → fy = fyd
ENG01111 - ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO I - Prof. Virgínia Maria Rosito d'Avila - vichy@ufrgs.br - Sala 308a – DECIV - UFRGS 8
6.4 - Domínios de deformação
O desenho abaixo mostra as possíveis configurações últimas do diagrama de deformações específicas ao longo da
seção transversal de uma peça de concreto armado sujeita à Solicitações Normais. Define-se domínios de deformação
conforme a natureza da ruptura da seção.
(encurtamento)
0 2‰ 3,5‰
B εs
d’ x23
As’
2 xlim
LN
4 5
εs A As
- DOMÍNIO 1: Tração não uniforme. O estado limite último é caracterizado pelo escoamento do aço (εs = 10‰)
- DOMÍNIO 2: Flexão Simples ou Composta sem ruptura à compressão do concreto (εc ≤ 3,5‰). O estado limite último é
caracterizado pelo escoamento do aço (εs = 10‰) . A linha neutra corta a seção.
- DOMÍNIO 3: Flexão Simples ou Composta com ruptura à compressão do concreto (εc = 3,5‰) e com escoamento do aço
(εs ≥ εyd ). A linha neutra corta a seção.
- DOMÍNIO 4: Flexão Simples ou Composta com ruptura à compressão do concreto (εc = 3,5‰) e sem escoamento do aço
(εs < εyd ). A linha neutra corta a seção. A ruptura da peça ocorre de forma frágil, sem aviso, pois o
concreto rompe antes que a armadura tracionada se deforme excessivamente.
- DOMÍNIO 4a: Flexão Composta com armaduras comprimidas e ruptura à compressão do concreto (εc=3,5‰).
A linha neutra corta a seção na região de cobrimento da armadura menos comprimida.
- DOMÍNIO 5: Compressão não uniforme. A linha neutra não corta a seção. Neste domínio, a de formação última do
concreto é variável, sendo igual a εc = 2‰ na compressão uniforme eεc = 3,5‰ na flexo-compressão
(linha neutra tangente à seção).
As peças projetadas no DOMÍNIO 3 são as que melhor aproveitam as resistências dos materiais; portanto, são as mais
econômicas.
ENG01111 - ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO I - Prof. Virgínia Maria Rosito d'Avila - vichy@ufrgs.br - Sala 308a – DECIV - UFRGS 9
III- FLEXÃO SIMPLES
As deformações na flexão simples correspondem aos domínios 2, 3 e 4. Os valores de “x” que limitam estes domínios
podem ser obtidos facilmente das equações de compatibilidade de deformações.
εc
x
d
Md εc ε1
linha neutra =
x d-x
d-x
As ε1
* DOMÍNIO 2: peças subarmadas → estado limite último é atingido pela deformação plástica execessiva do aço,
sem ruptura do concreto.
ε1 = 10%o = 0,010 e 0 < εc < 0,0035 0 < x < 0,259d
f yd d
ε yd = → xlim =
Es 1 + 1,36 × 10 -3 f yd
NBR6118-2003 (item14.6.4.3) limitação da relação x/d para poder melhorar a ductilidade das estruturas nas regiões de
apoio das vigas ou de ligações com outros elementos estruturais.
* DOMÍNIO 4: peças superarmadas → concreto rompe sem que o aço escoe → sem fissuração → deve-se evitar
→ não é econômico (mal aproveitamento do aço) e rompe sem aviso.
εyd > ε1 εc = 0,0035
xlim < x ≤ d
O valor da armadura mínima visa prevenir uma situação que pode ocorrer quando as dimensões da seção transversal (seja
por motivos construtivos ou arquitetônicos) é muito maior àquela que seria necessária pelo dimensionamento devido à
solicitação. Estas peças, quando submetidas às cargas de serviço, funcionam no Estádio I; ou seja, a tensão máxima na
região tracionada não atinge o valor característico da resistência à tração. Um excesso de carga pode fazê-las passar do
Estádio I para o Estádio II. Para evitar a possibilidade de uma ruptura brusca do bordo tracionado quando da passagem do
Estádio I para o II, deve-se colocar junto ao bordo tracionado uma armadura mínima capaz de assegurar à peça uma
resistência à flexão no Estádio II igual àquela que possuia no Estádio I.
A armadura mínima de tração deve ser determinada pelo dimensionamento da seção a um momento fletor mínimo dado pela
expressão a seguir, respeitada a taxa mínima absoluta 0,150 %:
onde W0 é o módulo de resistência da seção transversal bruta de concreto relativo à fibra mais tracionada.
ENG01111 - ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO I - Prof. Virgínia Maria Rosito d'Avila - vichy@ufrgs.br - Sala 308a – DECIV - UFRGS 10
O dimensionamento para Md,mín deve ser considerado atendido se forem respeitadas as taxas mínimas de armadura da
tabela a seguir (tabela 17.3 da norma).
Decorre da necessidade de se assegurar condições de dutilidade e de se respeitar o campo de validade dos ensaios que
deram origem às prescrições de funcionamento do conjunto aço-concreto.
As máx As + As' = 4% bw h
Dados conhecidos:
As’
- dimensões da seção transversal (b, h, d) d’ 0,8x
- resistências dos materiais (fck , fyk)
- solicitação (Md) h d
linha neutra
Calcula-se
As
- Armadura simples (As) → x < xlim , Md < Md lim
b
- Armadura dupla (As e A’s) → x > xlim , Md > Md lim
w
0,85 fcd
0,85 b y fcd
y = 0,8 x x
Fcc
d
Md
linha neutra
As As fyd
Fst
Md
∑ M As =0 → y = d - d2 −
0,425 b fcd
0 ,85 byf cd
Caso y ≤ ylim = 0,8 xlim Domínios 2 e 3 armadura simples → As =
f yd
ENG01111 - ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO I - Prof. Virgínia Maria Rosito d'Avila - vichy@ufrgs.br - Sala 308a – DECIV - UFRGS 11
Caso y > ylim , o momento de cálculo atuante é maior que o momento limite; ou seja
indicando que a seção situa-se no domínio 4. Neste caso não convém o dimensionamento com armadura simples, deve-se
projetar armadura dupla.
Quando y > ylim ou Md > Mdlim fixa-se a posição da linha neutra em xlim e se introduz uma armadura localizada na zona
comprimida, As’, o mais afastada possível da linha neutra.
Esta armadura de compressão e uma armadura adicional de tração ∆As constituem, quando suas áreas são multiplicadas por
suas resistências, as forças de compressão e tração que formam o binário capaz de absorver a diferença de monentos
∆Md. A armadura tracionada, As, resulta: As= As1+ ∆As .
d’ d’ As’σ2
As’ 0,85bylim fcd As’
d
Mdlim +
d ∆Md d - d’
d - 0,5ylim
As As1 fyd As
∆As fyd
A tensão σ2 da armadura de compressão A’s deve ser determinada pelo diagrama tensão-deformação do aço empregado,
ylim - 0,8d'
ε2 = 0,0035 → diagrama tensão-deformação do aço → σ2
ylim
Md −Md lim
As' =
σ2 ( d − d ' )
ENG01111 - ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO I - Prof. Virgínia Maria Rosito d'Avila - vichy@ufrgs.br - Sala 308a – DECIV - UFRGS 12
4- DIMENSIONAMENTO DA SEÇÃO T
O dimensionamento segue o mesmo procedimento adotado para a seção retangular, adaptando-se apenas a forma da seção
nas equações de equilíbrio.
bf
hf
h
bw
4.1- Zona comprimida está dentro da mesa → 0,8x < hf → Armadura Simples
O dimensionamento é feito como se tivesse uma viga de seção retangular de largura bf e altura útil d, com as seguintes
equações de equilíbrio:
b → bf
y
0 = 0,85 bf y fcd - As f yd
4.2- A altura da zona comprimida está entre hf e 0,8xlim → hf < 0,8x ≤ 0,8xlim → Armadura Simples
y (
0 = 0,85 bw y fcd + 0,85 fcd bf - bw hf - As f yd )
(
Md = 0,85 bw y fcd (d - 0,5 y) + 0,85 fcd bf - bw hf d - 0,5h f ) ( )
4.3- A altura da zona comprimida é maior que 0,8xlim → 0,8x > 0,8 xlim → Armadura Dupla
O procedimento é análogo ao da seção retangular com armadura dupla. Faz-se, então, o cálculo do momento
correspondente a seção T quando 0,8x = 0,8xlim , Mdmáx :
(
Mdmáx = 0,85 bw ylim fcd (d - 0,5 ylim ) + 0,85 fcd bf - bw hf d - 0,5h f ) ( )
A diferença de momentos ∆Md = Md - Mdmáx será absorvida por uma armadura de compressão, A’s, e uma armadura
tracionada ∆As. As equações de equilíbrio são, então, dadas por:
∑F = 0 → [ ]
0 = 0,85 fcd (b f - bw ) hf + bw ylim + As ' σ2 - As f yd
εs2 = 0,0035
ylim - 0,8d'
→ diagrama tensão-defrmação do aço → σ2
ylim
ENG01111 - ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO I - Prof. Virgínia Maria Rosito d'Avila - vichy@ufrgs.br - Sala 308a – DECIV - UFRGS 13
5- VERIFICAÇÃO DE SEÇÃO RETANGULAR
Nos problemas de verificação, são conhecidas todas as dimensões geométricas da seção, suas armaduras, as resistências
dos materiais e deve ser calculado o momento fletor último, Mu, que pode solicitá-la.
armadura tracionada atingiu a tensão de cálculo fyd. As equações de equilíbrio, neste caso, são:
(1 ) → 0 = 0,85 b y fcd - As σ1
( 2) → Mu = 0,85 b y fcd (d - 0,5 y)
Este sistema não pode ser resolvido, pois existem três incógnitas - y, σ1, e Mu - e duas equações. O problema deverá ser
resolvido arbitrando-se, arbitra-se, na equação (1), σ1= fyd e obtendo-se o valor de y. Podem ocorrer duas situações:
- valor de y NÃO ESTÁ CORRETO, pois para y > ylim → σ1< fyd
σ1
ε1 =
Es
σ1 =
0,0035 Es (0,8d - y)
y
Esta equação, junto com as de equilíbrio (1) e (2) torna o sistema determinado.
Como não se sabe se as armaduras atingiram a tensão de cálculo fyd, as equações de equilíbrio, neste caso, são:
ENG01111 - ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO I - Prof. Virgínia Maria Rosito d'Avila - vichy@ufrgs.br - Sala 308a – DECIV - UFRGS 14
1) Se y ≤ 0,207d (domínio 2) → σ1= fyd e σ2 ≤ fyd . A determinação de σ2 é feita através de:
0,01 (y - 0,8 d ′)
ε2 = 0 ,8 d − y
Se ε2 < εyd então a equação abaixo junto com as de equilíbrio (1) e (2) torna o sistema determinado.
0,01 Es (y - 0,8 d ′)
σ2 = 0 ,8 d − y
2) Se 0,207d < y ≤ ylim (domínio 3) → σ1= fyd e σ2 ≤ fyd . A determinação de σ2 é feita através de:
0,0035 (y - 0,8 d ′)
ε2 = y
Se ε2 < εyd então a equação abaixo junto com as de equilíbrio (1) e (2) torna o sistema determinado.
0,0035 Es (y - 0,8 d ′)
σ2 = y
3) Se y > ylim (domínio 4) → σ1< fyd e, geralmente, σ2 = fyd . A equação abaixo junto com as de equilíbrio (1) e (2) torna
o sistema determinado.
σ1 =
0,0035 Es (0,8d - y)
y
Tomou-se σ2 = fyd porque, no domínio 4, somente excepcionalmente σ2 deixa de atingir a tensão de cálculo fyd. Isto ocorre
em peças armadas com aço de alta resistência, de pequena altura útil e recobrimento da armadura de compressão grande.
Nestes casos, ε2 < εyd e atensão σ2 deve ser determinada por
0,0035 Es (y - 0,8 d ′)
σ2 = y
ENG01111 - ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO I - Prof. Virgínia Maria Rosito d'Avila - vichy@ufrgs.br - Sala 308a – DECIV - UFRGS 15
IV - CISALHAMENTO
1 - ESTADO DE TENSÃO
1.1 – GENERALIDADES
Nos capítulos anteriores, se analisou o comportamento de vigas de concreto armado submetida a solicitações normais. As
tensões internas provenientes da flexão foram calculadas imaginando-se que o momento fletor agisse isoladamente na
seção. Isto pôde ser feito porque a existência de força cortante na seção não altera os valores, nem a distribuição, das
tensões normais. A metodologia empregada na análise resultava bastante simples: aplicava-se as equações de equilíbrio
(isoladamente ou em conjunto com as equações de compatibilidade de deformações) sobre as solicitações, internas e
externas, atuantes em uma determinada seção (normalmente a seção mais solicitada).
Já o comportamento de peças de concreto armado quando atuam esforços transversais (esforço cortante e momento
torçor) é bastante complexo.
No cisalhamento, quando o esforço cortante atua isoladamente na seção, as tensões de cisalhamento que aparecem para
equilibrar a solicitação externa têm distribuição uniforme; atuando também a solicitação momento fletor na seção, as
tensões de cisalhamento distribuir-se-ão de forma totalmente diferente, apesar de sua resultante continuar sendo a
mesma. Por este motivo, para o estudo do cisalhamento, não se pode considerar o esforço cortante agindo isoladamente,
mas sim simultaneamente com o momento fletor.
Além disto, existem outros fatores que influem sobre a capacidade resistente à força cortante de uma viga: forma da
seção transversal; variação da seção transversal ao longo da peça; esbeltez; disposição das armaduras; aderência
aço/concreto; tipo de cargas e apoios ...
Portanto, na análise de vigas de concreto armado submetidas a esforços cortantes, se faz necessário tratar a peça como
um todo, já que os mecanismos resistentes que se formam são geralmente tridimensionais. Formular uma teoria simples e
prática, que leve em consideração todos estes fatores, e que dê resultados exatos é uma tarefa bastante difícil.
1.2 - ESTÁDIO I
No estádio Ia (concreto intacto, sem fissuras), o comportamento das peças de concreto armado é elástico linear (obedece
a Lei de Hooke) e as tensões tangenciais podem ser calculadas através das equações da resistência dos materiais.
Se está agindo somente o esforço cortante, a distribuição das tensões internas é uniforme, e pode ser determinada pela
expressão:
→ τ= V
A
→ distribuição uniforme
Se, na mesma seção, estão agindo o esforço cortante e o momento fletor simultaneamente, a distribuição de tensões
internas não é mais uniforme, mas varia de forma parabólica com a distância à linha neutra, e pode ser determinada pela
expressão:
→ τ= VS
bI
→ distribuição parabólica
onde τ: tensão tangencial; V: esforço cortante; A: área da seção transversal; I: momento de inércia da seção transversal
em relação à linha neutra - constante para a seção; e, S: momento estático em relação à linha neutra - varia com a
distância à LN
O valor máximo da tensão tangencial de cisalhamento é obtido no ponto onde o momento estático é máximo, isto é, na linha
neutra.
τmax → o τ =V
bz
sendo: S/I = 1/z e z: distância entre os centros de gravidade das zonas comprimida e tracionada
ENG01111 - ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO I - Prof. Virgínia Maria Rosito d'Avila - vichy@ufrgs.br - Sala 308a – DECIV - UFRGS 16
1.3 - ESTÁDIOS II E III
Nos estádios II e III, o concreto está fissurado na zona tracionada, mas na zona comprimida ainda está intacto. Assim, na
zona comprimida, intacta, a distribuição de tensões continua igual ao estádio I. Já na zona tracionada, fissurada, o
concreto não resiste mais e as tensões tangenciais são provenientes da força transmitida pela armadura ao concreto por
aderência, na zona entre fissuras. Desta forma, a tensão se mantém constante (o momento estático não varia pois não se
considera a resistência do concreto) até encontrar a armadura, quando cai bruscamente à zero.
A distribuição de tensões tangenciais ao longo da altura da viga no estádio II e III é dada pela figura a seguir, sendo seu
valor máximo igual ao valor da tensão na linha neutra no estádio I:
τ= V
bz
= τo (estádio I)
LN τ0 : valor máximo
O princípio básico de funcionamento do material concreto armado é o de posicionar a armadura de tal forma que ela seja
capaz de absorver integralmente os esforços de tração que aparecem na estrutura. Em uma viga, quando solicitada por
esforço cortante, surgem tensões internas de cisalhamento (tensões tangenciais), para equilibrar a carga externa. A
pergunta que se faz neste instante é: onde se deve colocar as armaduras? Para responder esta pergunta, se faz
necessário determinar a direção dos esforços de tração e compressão correspondentes à tensão de cisalhamento. Com
este intuito, calcula-se as tensões e as direções principais, que, para o estado plano de tensões, são obtidas pelas
expressões:
τ
σ σ2
σ P σ → σ1 ,2 = ± + τ2
τ 2 4
LN
Linha neutra → σ = 0 → σ1 = -σ2 = τ → α = 450
LN
Bordas → τ = 0 → σ1 = 0 , σ2 = -σ (comp.)
LN
σ1 = σ , σ2 = 0 (tração)
ENG01111 - ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO I - Prof. Virgínia Maria Rosito d'Avila - vichy@ufrgs.br - Sala 308a – DECIV - UFRGS 17
2 - ANALOGIA DA TRELIÇA
RITTER (1899) e MÖRSCH (1903) idealizaram, como aspecto estrutural de uma viga de concreto armado, uma treliça
fictícia capaz de resistir simultaneamente aos esforços de flexão e de cisalhamento no estádio ΙΙΙ.
Quando os montantes forem constituídos por estribos verticais (utilizado na prática), a geometria da treliça resulta:
banzo comprimido
a=z concreto
y: zona
comprimida
h d
z
o
45
Os esforços que surgem nos banzos tracionado e comprimido na treliça são equivalentes aos esforços obtidos quando da
aplicação das equações de equilíbrio no dimensionamento à flexão pura. Ou seja, o fato de existir o esforço cortante
praticamente não altera o dimensionamento da flexão. Assim, o dimensionamento dos banzos comprimido e tracionado não
precisa ser refeito.
Resta analisar os esforços que surgem nas bielas (diagonais comprimidas) e nos montantes (diagonais tracionadas), ou seja,
os esforços oriundos do cisalhamento e que agem na alma da viga.
Os valores dos esforços normais que surgem nas bielas (compressão - Ncc) e nos montantes (tração - Nst) são obtidos pela
resolução da treliça. Chega-se aos seguintes valores:
a=z
45o
ENG01111 - ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO I - Prof. Virgínia Maria Rosito d'Avila - vichy@ufrgs.br - Sala 308a – DECIV - UFRGS 18
Até agora, imaginou-se a viga formada apenas por uma treliça, cujas barras resistiriam às forças mencionadas. Na
realidade, temos na alma da viga um conjunto de treliças separadas por uma distância "s", que é o espaçamento entre as
armaduras transversais (estribos). Assim, a resultante das forças no trecho “s”, entre duas treliças consecutivas, é dada
por:
Acw = b s sen45 → área do segmento plano compreendido entre duas bielas consecutivas e perpendicular a elas
Asw → soma das áreas das barras de uma armadura transversal que cortam o plano neutro
Atw = b s → área do segmento do plano compreendido entre dois estribos consecutivos e perpendicular a elas
A sw
ρw = → taxa de armadura transversal
A tw
Uma longa série de ensaios experimentais mostrou que, nas vigas armadas seguindo rigorosamente a teoria da treliça de
Mörsch, verifica-se que as tensões nos estribos são inferiores e nas bielas superiores àquelas calculadas pela treliça
fictícia. A explicação para tal constatação é dada pela possibilidade das diagonais comprimidas funcionarem com
inclinações menores que 450 com o eixo horizontal.
A conciliação dos resultados experimentais, com as hipóteses básicas de Mörsch e com os aspectos práticos conduziu ao
modelo da "Treliça generalizada de Mörsch", que difere do modelo clássico apenas no ângulo de inclinação das bielas
comprimidas, θ, não mais definido como 45º.
Analogamente à treliça classica, chega-se aos seguintes valores para os esforços normais que surgem nas bielas
(compressão - Ncc) e nos montantes (tração - Nst):
V
a = z ctgθ
Estas forças produzem, respectivamente:
- Tensão de compressão na biela de concreto → σcc = Ncc/Acw = 1,15 τwd /(cosθ senθ)
Acw = b s sen θ → área do segmento plano compreendido entre duas bielas consecutivas e perpendicular a elas
ENG01111 - ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO I - Prof. Virgínia Maria Rosito d'Avila - vichy@ufrgs.br - Sala 308a – DECIV - UFRGS 19
3 - NBR 6118:2003
A norma brasileira admite dois modelos de cálculo que pressupõem a analogia com modelo de treliça associado a
mecanismos resistentes complementares desenvolvidos no interior do elemento estrutural e traduzido por uma
componente adicional Vc.
O modelo I admite diagonais de compressão inclinadas de θ = 45º em relação ao eixo longitudinal (treliça clássica) e que a
parcela complementar Vc tenha valor constante.
O modelo II admite diagonais de compressão inclinadas de 30º ≤ θ ≤ 45º em relação ao eixo longitudinal (treliça
generalizada) e que a parcela complementar Vc tenha valor variável.
Como já foi salientado anteriormente, os esforços que surgem nos banzos tracionado e comprimido na treliça são
equivalentes aos esforços obtidos quando da aplicação das equações de equilíbrio no dimensionamento à flexão pura.
Assim, o dimensionamento dos banzos comprimido e tracionado não precisa ser refeito.
A seguir, encontram-se as prescrições da NBR 6118:2003 para o dimensionamento de elementos lineares sujeitos à força
cortante no estado limite último.
a) verificação do não esmagamento do concreto, para as diagonais comprimidas da treliça que se formam em seu interior;
b) determinação das áreas de aço (estribos) necessárias para absorver as trações que surgem na referida treliça,
oriundas do esforço cortante.
A resistência da peça, em uma determinada seção transversal, é satisfatória quando verificadas, simultaneamente, as
seguintes condições:
VRd2 é a força resistente de cálculo, relativa à ruína das diagonais comprimidas de concreto;
VRd3 = Vc + Vsw é a força resistente de cálculo, relativa à ruína por tração diagonal;
Na região dos apoios, os cálculos devem considerar as forças cortantes agentes nas respectivas faces, levando em conta
as reduções possíveis.
Para o cálculo da armadura transversal, no caso de apoio direto (se a carga e a reação de apoio forem aplicadas em faces
opostas do elemento estrutural, comprimindo-a), valem as seguintes prescrições:
- a força cortante oriunda de carga distribuída pode ser considerada, no trecho entre o apoio e a seção situada à distância
d/2 da face de apoio, constante e igual à desta seção;
- a força cortante devida a uma carga concentrada aplicada a uma distância a ≤ 2d do eixo teórico do apoio pode, nesse
trecho de comprimento a, ser reduzida multiplicando-a por a/(2d). Todavia, esta redução não se aplica às forças
cortantes provenientes dos cabos inclinados de protensão.
As reduções indicadas neste item não se aplicam à verificação da resistência à compressão diagonal do concreto. No caso
de apoios indiretos, essas reduções também não são permitidas.
ENG01111 - ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO I - Prof. Virgínia Maria Rosito d'Avila - vichy@ufrgs.br - Sala 308a – DECIV - UFRGS 20
3.3 MODELO DE CÁLCULO I item 17.4.2.2
O modelo I admite diagonais de compressão inclinadas de θ=45° em relação ao eixo longitudinal do elemento estrutural e
admite ainda que a parcela complementar Vc tenha valor constante, independente de VSd.
VRd3 = Vc + Vsw
fctd = fctk,inf/γc
s espaçamento entre elementos da armadura transversal Asw, medido segundo o eixo longitudinal da peça;
fywd tensão na armadura transversal passiva, limitada ao valor fyd no caso de estribos e a 70% desse valor no caso de
barras dobradas, não se tomando, para ambos os casos, valores superiores a 435 MPa;
α ângulo de inclinação da armadura transversal em relação ao eixo longitudinal da peça (45° ≤ α ≤ 90°).
O modelo II admite diagonais de compressão inclinadas de θ em relação ao eixo longitudinal do elemento estrutural, com θ
variável livremente entre 30° e 45°. Admite ainda que a parcela complementar Vc sofra redução com o aumento de VSd.
VRd3 = Vc + Vsw
ENG01111 - ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO I - Prof. Virgínia Maria Rosito d'Avila - vichy@ufrgs.br - Sala 308a – DECIV - UFRGS 21
3.5- Valores máximos/mínimos
A sw min f f 2/3
= 0,2 ctm b w x 100 = 0,06 ck b w x 100
s fywk fywk
≥ 5mm
φ
≤ 1 10 b w
Pode-se fazer a redução do esforço cortante junto aos apoios diretos quando a carga e a reação de apoio forem aplicadas
c + h c: largura do apoio
CARGA DISTRIBUÍDA: redução = p
2 p: carga distribuída da viga
a P: carga concentrada
CARGA CONCENTRADA → a ≤ 2h: redução = P 1 - a: distância da carga ao centro do apoio
2h
h: altura da viga
A sw Vsd − Vc
= 100 sendo fyd ≤ 435 MPa
s 0,9 d fywd cotg( θ)
P p
VA VB
VA V’A
Vmin V - Vmin
V’B x =
p
VB
ENG01111 - ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO I - Prof. Virgínia Maria Rosito d'Avila - vichy@ufrgs.br - Sala 308a – DECIV - UFRGS 22
3.9- ROTEIRO DE CÁLCULO DE ESTRIBOS VERTICAIS
c +h
CARGA DISTRIBUÍDA: redução = p
2
a
CARGA CONCENTRADA → a ≤ 2h: redução = P 1 -
2h
A sw Vsd − Vc
= 100 fywd = fyd ≤ 43,5 kN/cm2
s 0,9 d fywd cotg(θ)
Modelo I Vc = Vc0
VRd2 − Vsd
Modelo II Vc = Vc0
VRd2 − Vc0
e) estribo mínimo
2/3
A sw fck
min = 0,06 b 100 MPa
s f ywk
Vd ≤ 0,67 VRd2 smax = 0,6 d ou 30 cm
Vd > 0,67 VRd2 smax = 0,3 d ou 20 cm
Asw min
Vsw min = s 0,9 d fywd cotgθ fywd = fyd ≤ 43,5 kN/cm2
100
Modelo II Vsd min = Vsw min + Vc0 - Vsw min Vc0 / VRd2
Vapoio - Vmin
x=
p
ENG01111 - ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO I - Prof. Virgínia Maria Rosito d'Avila - vichy@ufrgs.br - Sala 308a – DECIV - UFRGS 23
V - TORÇÃO
1- INTRODUÇÃO
O estudo de peças de concreto armado solicitadas por momento torçor é bastante complicado. Isto acontece porque,
normalmente, a torção vem acompanhada de flexão, esforço cortante e de um esforço normal (proveniente do impedimento
ao empenamento). Infelizmente, as pesquisas existentes sobre a resistência na ruptura de elementos estruturais
submetidos a solicitações combinadas ainda não determinaram um método de cálculo confiável e simples para ser aplicado
na prática. A metodologia empregada é a de calcular as solicitações por separado e, após, somar os resultados.
Além disto, a rigidez à torção de vigas de concreto armado após a fissuração diminui drasticamente. Para que uma viga
fissurada tenha rigidez suficiente para resistir a um momento torçor ela deverá ter uma rigidez muito grande antes de
fissurar, ou seja, deverá ter dimensões bem maiores do que àquelas necessárias para resistir à flexão e ao cisalhamento.
Felizmente, a verificação da resistência à torção não é indispensável em todos os casos que acontecem na prática. A norma
brasileira permite que se verifique à torção somente as peças nas quais o momento torçor é realmente necessário ao
equilíbrio da peça, ou seja:
Nas situações em que se pode conseguir uma configuração de equilíbrio sem a consideração da torção, pode-se dispensar o
cálculo da torção e colocar apenas uma armadura construtiva. Este é o caso de momentos torçores resultantes de
esforços hiperestáticos provenientes de rotações impedidas (torção em vigas devido ao engastamento parcial das lajes
torção de compatibilidade).
Mesmo para o caso onde o concreto não está fissurado, o estudo da torção é complicado.
Quando uma peça prismática é solicitada à torção pura (Torção de Saint-Venant) aparecem somente tensões tangenciais.
Isto acontece em barras cujas seções extremas podem empenar livremente na direção do eixo longitudinal e cujo ângulo
relativo de torção é constante ao longo da barra. A solução exata do problema só pode ser dada em alguns casos simples
(seção transversal circular ou tubular). A analogia da membrana permite resolver o problema de forma aproximada para a
seção retangular.
As vigas de concreto armado, muitas vezes, são vigas contínuas, onde há o impedimento ao empenamento das seções
extremas, o que ocasiona o aparecimento de tensões normais de empenamento. Estas tensões de empenamento podem ser
desprezadas em seções transversais cheias ou vazadas, mas são importante em seções abertas.
ENG01111 - ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO I - Prof. Virgínia Maria Rosito d'Avila - vichy@ufrgs.br - Sala 308a – DECIV - UFRGS 24
2.2- Concreto Fissurado
Segundo a norma brasileira, a torção deve ser considerada na ruptura, quando os elementos já estão fissurados.
Na ausência de uma teoria consistente e suficientemente respaldada por ensaios para o tratamento conjunto da torção,
cisalhamento e flexão, os métodos existentes estudam os efeitos destas solicitações por separado e depois somam os
valores obtidos.
A analogia da treliça desenvolvida para o estudo das tensões tangenciais devidas à força cortante também será empregada
no dimensionamento da armadura de torção. Salienta-se que esta analogia é uma solução aproximada, que satisfaz bem as
condições de equilíbrio mas moderadamente às condições de compatibilidade. Assim, de forma semelhante ao que já foi
feito para o cisalhamento, os esforços determinados à partir da analogia da treliça são limitados por valores prescritos na
NBR6118.
Ensaios realizados em peças de concreto armado de seção retangular cheia constatam que, após a fissuração do concreto
devido à torção, a colaboração do concreto do núcleo é muito reduzida. Assim, no dimensionamento de uma seção
retangular à torção, nem toda a seção transversal, mas só uma faixa à partir da borda externa, colabora na resistência à
torção → a SEÇÃO CHEIA é tratada como SEÇÃO VAZADA.
Para o cálculo, se utiliza um modelo de treliça espacial, composta de 4 treliças planas sobre as faces da seção vazada da
viga.
Fh
Fv Fv
Fh
Nas paredes da seção vazada se cria um fluxo de tensões tangenciais constante e igual a τt.
Multiplicando-se este fluxo de tensões tangenciais pelo comprimento da parede, determina-se as forças que agem nas
paredes horizontais e verticais (Fh= τ t bs e Fv=τ t hs). Estas forças devem ser absorvida pelas treliças planas de cada
parede.
Na resolução da treliça, as arestas comuns às treliças planas resultam submetidas à tração, o que leva a necessidade de se
dispor não só armaduras transversais (estribos), mas também armaduras longitudinais de tração. Estas armaduras de
torção longitudinais devem ser concentradas nos ângulos das seções, sobre a linha média, para formar as nervuras
tracionadas da treliça espacial.
As condições fixadas pela Norma pressupõem um modelo resistente constituído por treliça espacial, definida a partir de
um elemento estrutural de seção vazada equivalente ao elemento estrutural a dimensionar. As diagonais de compressão
dessa treliça, formada por elementos de concreto, têm inclinação que pode ser arbitrada pelo projeto no intervalo
30° ≤ θ ≤ 45°.
Considera-se que a resistência à torção de uma determinada seção transversal é adequada quando as seguintes condições
são verificadas simultaneamente:
ENG01111 - ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO I - Prof. Virgínia Maria Rosito d'Avila - vichy@ufrgs.br - Sala 308a – DECIV - UFRGS 25
3.2- Geometria da seção resistente item 17.5.1.3
a) SEÇÃO CHEIA
A seção vazada equivalente é definida a partir da seção cheia com espessura da parede equivalente, he, dada por:
he ≤ A/µ
he ≥ 2c1
c1 distância entre o eixo da armadura longitudinal do canto e a face lateral do elemento estrutural
b) SEÇÃO VAZADA
TSd ≤ TRd,2
a) Estribos A90/s
b) Armadura longitudinal
u perímetro de Ae
A armadura longitudinal de torção, de área total Asl pode ter um arranjo distribuído ou concentrado, mantendo-se
obrigatoriamente a relação ∆As /∆u = constante. Em cada vértice dos estribos de torção deve ser colocada pelo menos
uma barra da armadura longitudinal. O espaçamento máximo entre barras é de 35cm.
ENG01111 - ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO I - Prof. Virgínia Maria Rosito d'Avila - vichy@ufrgs.br - Sala 308a – DECIV - UFRGS 26
3.5- Solicitações combinadas item17.7
Nos elementos estruturais submetidos a torção e a flexão simples ou composta, as verificações podem ser efetuadas
separadamente para a torção e para as solicitações normais.
Na zona tracionada pela flexão, a armadura de torção DEVE SER ACRESCENTADA à armadura necessária para
solicitações normais, considerando-se em cada seção os esforços que agem concomitantemente.
No banzo comprimido pela flexão, a armadura longitudinal de torção pode ser reduzida em função dos esforços de
compressão que atuam na espessura efetiva he e no trecho de comprimento u correspondente à barra ou feixe de barras
consideradas.
Na combinação de torção com força cortante, o projeto deve prever ângulos de inclinação das bielas de concreto
coincidentes para os dois esforços.
VSd T
+ Sd ≤ 1
VRd TRd2
sendo VSd e TSd são os esforços de cálculo que agem concomitantemente na seção
A armadura transversal pode ser calculada pela soma das armaduras calculadas separadamente para VSd e TSd .
Sempre que a torção for necessária ao equilíbrio do elemento estrutural, deve existir armadura destinada a resistir aos
esforços de tração oriundos da torção. Essa armadura deve ser constituída por estribos verticais normais ao eixo do
elemento estrutural e barras longitudinais distribuídas ao longo do perímetro da seção resistente, e com taxa geométrica
mínima dada pela expressão:
A sw f
ρ sl = ρ sw = ≥ 0,2 ctm
bws f ywk
ENG01111 - ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO I - Prof. Virgínia Maria Rosito d'Avila - vichy@ufrgs.br - Sala 308a – DECIV - UFRGS 27
3.7- ROTEIRO DE CÁLCULO
he ≤ A/µ e he ≥ 2c1
VSd T
+ Sd ≤ 1
VRd2 TRd2
c) Armaduras
Estribos
A 90 Tsd
= x 200 fywd fyd ≤ 43,5 kN/cm2
s f ywd x 2 x A e x ctg θ
Armadura longitudinal
Tsd µe
A sl = fywd fyd ≤ 43,5 kN/cm2
fywd x 2 x A e x ctg θ
d) Armaduras mínimas
f 2/3
0,06 fck
ρsl = ρ90 = 0,2 ctm = MPa
fywk fywk
ENG01111 - ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO I - Prof. Virgínia Maria Rosito d'Avila - vichy@ufrgs.br - Sala 308a – DECIV - UFRGS 28
VI – ADERÊNCIA E ANCORAGEM DA ARMADURA LONGITUDINAL TRACIONADA DE PEÇAS FLETIDAS
1- ADERÊNCIA
ENSAIO DE ARRANCAMENTO
τbu
φ
Zd
concreto
lb1
A s σs = u l b1 τbu →
πφ 2
σs = π φ l b1 τbu → l b1 =
φ σs
4 4 τbu
onde:
- φ : diâmetro da barra (cm)
- u : perímetro da barra
- As : área da seção transversal da barra
- σS : tensão na barra de aço
ENG01111 - ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO I - Prof. Virgínia Maria Rosito d'Avila - vichy@ufrgs.br - Sala 308a – DECIV - UFRGS 29
2 – ANCORAGEM
Todas as barras das armaduras devem ser ancoradas de forma que os esforços a que estejam submetidas sejam
integralmente transmitidos ao concreto.
φ fyd
lb = → φ :diâmetro da barra
4 fbd
fbd : resistência de aderência
fbd = η1 η2 η3 fctd
GANCHO → Diminui o comprimento de ancoragem porque mobiliza, além das tensões tangenciais, tensões normais no
trecho curvo.
lb,nec
com gancho sem gancho lb,nec
Para ancorar as barras longitudinais nos apoios intermediários basta levar pelo menos 1/3 da armadura até o apoio e
ancorar em um comprimento de 10φ.
10φ
ENG01111 - ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO I - Prof. Virgínia Maria Rosito d'Avila - vichy@ufrgs.br - Sala 308a – DECIV - UFRGS 30
4 - ANCORAGEM NOS APOIOS DE EXTREMIDADE (item 4.1.6.2.A)
Para ancorar as barras longitudinais tracionadas nos apoios de extremidade deve-se verificar se a largura do apoio é
suficiente para transmitir o esforço de tração das barras na face do apoio, calculado a partir do diagrama de momentos
deslocados, para o concreto.
lb lb
Rst Rst
ap ap
Roteiro de cálculo:
al
a) Esforço de tração na armadura na face do apoio → R st = Vd ≥ 0,5 Vd
d
Vd → valor de cálculo, não reduzido, da força cortante
al → deslocamento do diagrama
R st
b) Armadura necessária para ancorar Rst → A s cal =
f yd
0,3 l b
A scal
c) Comprimento de ancoragem necessário: l b,nec = α1 l b ≥ 10 φ
A sef 10 cm
lb,nec
d) Ancoragem no apoio extremo lb, ext ≥ r + 5,5φ
6cm
CA- CA-
r = raio mínimo de dobramento do gancho → evita o fendilhamento
50 60
φ < 20 2,5φ 3φ
φ ≥ 20 4φ
e) O comprimento de ancoragem necessário deve ser menor ou igual ao espaço disponível para ancorar a armadura, ou seja:
ENG01111 - ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO I - Prof. Virgínia Maria Rosito d'Avila - vichy@ufrgs.br - Sala 308a – DECIV - UFRGS 31
5 - ANCORAGEM/ESCALONAMENTO DAS ARMADURAS DOS MOMENTOS NEGATIVOS
O comprimento de ancoragem de barras escalonadas é igual a lb medido a partir do ponto teórico A, no qual a tensão σs da
barra em consideração começa a diminuir – o esforço de tração começa a ser transferido para o concreto – e deve
prolongar-se de pelo menos 10φ além do ponto teórico de tensão nula, B. O ponto de início de ancoragem deve ser marcado
no diagrama de momentos fletores deslocado de al.
lb
1
A1 OA + l b A
l≥
OB + 10φ 10φ
B1 2
A2 B
B2 O
O
al x0
x0
1a ) l = a l + l b ≥ + a l + 10φ
2
x0
2a ) l = + al + lb ≥ x 0 + a l + 10φ
2
l = x0/4 + al + lb ≥ x0 + al + 10φ
x0
1a ) l = a l + l b ≥ + a l + 10φ
3
x0 2x 0
2a ) l = + al +lb ≥ + a l + 10φ
3 3
2x 0
3a ) l = + al + lb ≥ x 0 + a l + 10φ
3
l = x0/3 + al + lb ≥ x0 + al + 10φ
ENG01111 - ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO I - Prof. Virgínia Maria Rosito d'Avila - vichy@ufrgs.br - Sala 308a – DECIV - UFRGS 32
6 - DESLOCAMENTO DO DIAGRAMA DE MOMENTOS (item 17.4.2.c)
Para se determinar os esforços de tração das barras longitudinais (Rst) deve-se utilizar um diagrama de momentos obtido
pelo deslocamento do diagrama original, paralelamente ao eixo da peça e no sentido mais desfavorável, de valor al dado
por:
Vsd, max
al = d ≥ 0,5 d (estribos verticais)
2(Vsd,max − Vc )
TEORIA DE VIGAS
P P
1 2
Fcc
c al
P P
z
Rst
Q
M M1= P c = Rst1 z
ANALOGIA DA TRELIÇA
Fcc2 Fcc1
1 2
P 2 1
Nst z Ncc z
Rst1 Rst1
1
P c al
P P
c al c
INTERPRETAÇÃO FÍSICA
2 1
Rst 1 real > M1/z
γ tgγ = dM/dx = V = P
Rst = M1/z + ∆M/z
al
∆M = al tgγ = al V = al P
Rst = M2/z
ENG01111 - ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO I - Prof. Virgínia Maria Rosito d'Avila - vichy@ufrgs.br - Sala 308a – DECIV - UFRGS 33
VII - DISPOSIÇÕES CONSTRUTIVAS GERAIS DAS ARMADURAS
Quando a altura útil da viga ultrapassar 60cm, deve dispor-se longitudinalmente e próxima a cada face lateral da viga uma
armadura de pele composta por barras de alta aderência. Esta armadura, deve ter, em cada face, seção transversal igual a
0,10% de bw h. O afastamento entre as barras não deve ultrapassar d/3 e 20cm.
NORMA → Nas proximidades das cargas concentradas transmitidas à peça em estudo por vigas que nelas
se apoiem lateralmente ou fiquem nelas penduradas, deverá ser colocada uma armadura
de suspensão.
No caso de apoios indiretos, para haver o equilíbrio de esforços internos da viga suporte, deve-se colocar no cruzamento
das duas vigas uma armadura de suspensão, que funciona como um tirante interno, que levanta a força aplicada pela viga
suportada na parte inferior da viga suporte até a parte superior da mesma. A armadura de suspensão deve envolver a
armadura longitudinal da viga suporte.
1,4 R
A s susp = R: reação da viga suportada
f yd
Pode-se reduzir o valor da reação quando as faces superiores das duas vigas estiverem no mesmo nível.
A suspensão pode ser feita através do prolongamento da armadura longitudinal da viga suportada ou por estribos
complementares colocados preferencialmente no cruzamento das duas vigas. Estes estribos complementares devem
envolver as armaduras longitudinais (superiores e inferiores) das duas vigas.
ENG01111 - ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO I - Prof. Virgínia Maria Rosito d'Avila - vichy@ufrgs.br - Sala 308a – DECIV - UFRGS 34
3 - ARMADURA DE MONTAGEM (AMARRAÇÃO)
Quando não houver armaduras necessárias ao equilíbrio, deve-se colocar barras longitudinais adicionais nas arestas dos
estribos para permitir a amarração dos mesmos. O diâmetro destas barras deve ser maior ou igual ao diâmetro do estribo.
montagem As (Mapoio)
Tendo em vista a necessidade de que o concreto envolva completamente a armadura e que não se apresentem falhas de
concretagem, é preciso que haja pelo menos um espaçamento mínimo entre as barras da armadura dado por:
φ φ
a h ≥ 2 cm a v ≥ 2 cm
1,2 d 0,5 d
ag ag
Para permitir a passagem do vibrador, deve-se ter uma largura livre de: a = dvibrador + 1cm
ENG01111 - ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO I - Prof. Virgínia Maria Rosito d'Avila - vichy@ufrgs.br - Sala 308a – DECIV - UFRGS 35
5 - PROTEÇÃO DAS ARMADURAS - COBRIMENTO → C (item 7.4.7)
A camada de cobrimento deve proteger TODAS as barras da armadura, inclusive as de estribos, barras de armaduras
secundárias e mesmo de armaduras construtivas.
3)
Nas faces inferiores de lajes e vigas de reservatórios, estações de tratamento de água e esgoto, condutos de
esgoto, canaletas de efluentes e outras obras em ambientes química e intensamente agressivos a armadura deve
ter cobrimento nominal ≥ 45mm.
Os cobrimentos nominais e mínimos estão sempre referidos à superfície da armadura externa, em geral à face externa do
estribo. O cobrimento nominal de uma determinada barra deve sempre ser:
cnom ≥ φ barra
ENG01111 - ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO I - Prof. Virgínia Maria Rosito d'Avila - vichy@ufrgs.br - Sala 308a – DECIV - UFRGS 36
6 - DOBRAMENTOS
Na confecção das armaduras, muitas vezes se faz necessário a realização de diferentes tipos de dobramento das
barras de aço. Tais dobramentos devem ser feitos com raios de curvatura que respeitem as características do aço
empregado; isto é, sem que ocorra fissuração do aço do lado tracionado da barra. Também, devem evitar o fendilhamento
do concreto no plano de dobramento da armdura, já que as curvaturas das barras de aço introduzem tensões radiais de
compressão no concreto.
ENG01111 - ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO I - Prof. Virgínia Maria Rosito d'Avila - vichy@ufrgs.br - Sala 308a – DECIV - UFRGS 37
VIII – VIGAS – DISPOSIÇÕES GERAIS
1- TIPOS
M
As (M)
As (X)
X
M M As (M) As (M)
M → momento positivo → traciona fibras inferiores → armadura tracionada (As) na parte inferior
armadura comprimida (As’) na parte superior
X → momento negativo → traciona fibras superiores → armadura tracionada (As) na parte superior
armadura comprimida (As’) na parte inferior
2- SOLICITAÇÕES
ENG01111 - ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO I - Prof. Virgínia Maria Rosito d'Avila - vichy@ufrgs.br - Sala 308a – DECIV - UFRGS 38
3- SEÇÃO TRANSVERSAL
Nas mesas de vigas T deve haver armadura perpendicular à nervura, que se estenda por toda sua largura útil, com seção
transversal de no mínimo 1,5cm2/m.
As vigas de seção retangular, as nervuras das vigas de seção T e as paredes das vigas de seção caixão não devem ter
largura menor que 10cm → b ou bw > 10cm.
Retangular Seção T
bf
As’
d’
d As’
h hf
h
≥ 1,5 cm2/m
As As
b
bw
hf
b3 b1 b1
b1 ≤ 0,10 a b3 ≤ 0,10 a
b2 0,5 b2
bw
a→ a= l se apoiada - apoiada
a = 3/4 l se contínua - apoiada
a = 3/5 l se contínua - contínua
a= 2l se engastada - livre
vão livre
l: vão teórico
ENG01111 - ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO I - Prof. Virgínia Maria Rosito d'Avila - vichy@ufrgs.br - Sala 308a – DECIV - UFRGS 39
III) VIGAS CONTÍNUAS EM EDIFÍCIOS – ITEM 14.6.4
a) Permite-se calcular as vigas contínuas em edifícios por processo simplificado, em regime elasto-plástico, unicamente
alterando-se a posição da linha de fecho determinada no regime elástico de modo a reduzir os momentos sobre os apoios
no máximo de 25%.
NBR6118-2003 (item14.6.4.3) limitação da relação x/d para poder melhorar a ductilidade das estruturas nas regiões
de apoio das vigas ou de ligações com outros elementos estruturais.
Quando for efetuada uma redistribuição, reduzindo-se um momento fletor de M para M, em uma determinada seção
transversal, a relação entre o coeficiente de redistribuição δ e a posição da linha neutra nessa seção x/d, para o momento
reduzido δM, devem ser dada por:
b) Não serão considerados momentos positivos, nos vãos intermediários, menores que os que se obteriam se houvesse
engastamento perfeito da viga nas extremidades dos referidos vãos, ou, nos vãos extremos, menores que os obtidos com
engastamento perfeito no apoio interno
ENG01111 - ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO I - Prof. Virgínia Maria Rosito d'Avila - vichy@ufrgs.br - Sala 308a – DECIV - UFRGS 40
5- CARGAS
ENG01111 - ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO I - Prof. Virgínia Maria Rosito d'Avila - vichy@ufrgs.br - Sala 308a – DECIV - UFRGS 41
TABELA 1 - ÁREA DA SEÇÃO DE ARMADURA AS (cm2)
ENG01111 - ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO I - Prof. Virgínia Maria Rosito d'Avila - vichy@ufrgs.br - Sala 308a – DECIV - UFRGS 43
TABELA 2 - ÁREA DA SEÇÃO DE ESTRIBO POR METRO ASW /s (cm2/m) - Estribos de dois tramos
ENG01111 - ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO I - Prof. Virgínia Maria Rosito d'Avila - vichy@ufrgs.br - Sala 308a – DECIV - UFRGS 44
EXERCÍCIOS 1ª ÁREA
1) Determinar o mínimo valor de "bf" para que uma viga de seção transversal T não necessite de armadura de compressão
para resistir a um momento fletor de 300kNm. Os materiais utilizados são concreto fck= 28MPa e aço CA-50. Dados
geométricos da seção transversal: h=50cm, bw=20cm, hf=8cm e d=46cm.
2) Determinar o valor do momento fletor último de uma viga de concreto armado de seção retangular, com dimensões
b=12cm, h=50cm, d=46cm, d’=3cm, duplamente armada com aço CA-25, sendo As=6,5cm2 e As’=4,0cm2. O concreto tem
fck=16MPa.
3) Determinar a armadura necessária para uma viga de seção retangular com dimensões b=15cm, h=45cm, d=40cm e
d'=4cm, resistir a um momento fletor de 100kNm. Os materiais utilizados são concreto fck= 25MPa e aço CA-50.
4) A seção transversal da figura abaixo pertence a uma viga contínua de concreto armado de um edifício residencial,
devendo ser usada a seção T sempre que possível. Sabendo que os materiais utilizados são concreto fck=25MPa e aço
CA50:
a) dimensionar a armadura para resistir a um momento fletor positivo, no meio de um vão, de valor 185kNm;
b) dimensionar a armadura para resistir a um momento fletor negativo, sobre um apoio intermediário, de valor 200kNm.
bf=90cm
hf=8cm
d = 41 cm h=45cm
d’= 3 cm
bw=25cm
5) Determinar o momento fletor último de uma viga de concreto armado de seção retangular, com dimensões b=15cm,
d=51cm, armada com aço CA-50, sendo a área de aço tracionada igual 7cm2. O concreto tem fck= 30MPa.
6) Determinar o momento fletor último de uma viga de concreto armado de seção retangular, com dimensões b=21cm,
d=42cm e d'=3cm, duplamente armada com aço CA-50, sendo a área de aço tracionada igual a 15cm2 e a área de aço
comprimida igual a 3cm2. O concreto tem fck=25MPa.
7) A seção transversal da figura abaixo pertence a uma viga contínua de concreto armado de um edifício residencial,
devendo ser usada a seção T sempre que possível. Sabendo que os materiais utilizados são concreto fck=25MPa e aço
CA50:
a) dimensionar a armadura para resistir a um momento fletor positivo, em um vão, de valor 290kNm
b) dimensionar a armadura para resistir a um momento fletor negativo, sobre um apoio intermediário, de valor 270kNm
17cm
d = 51 cm
d’= 3 cm
55cm
7cm
70cm
8) Determinar o momento fletor último de uma viga de concreto armado de seção retangular, com dimensões b=20cm,
d=45cm e d'=5cm, duplamente armada com aço CA-40(A), sendo a área de aço tracionada 10,0cm2 e a comprimida 7,0cm2.
Dado: fck=13,5MPa.
9) Determinar a armadura necessária para uma viga de seção retangular com dimensões b=15cm, h=50cm, d=45cm e
d'=5cm, resistir a um momento fletor de 230kNm. Os materiais utilizados são concreto fck= 30MPa e aço CA-50.
10) A seção transversal da figura abaixo pertence a uma viga contínua de concreto armado de um edifício residencial,
devendo ser usada a seção T sempre que possível. Sabendo que os materiais utilizados são concreto fck= 25MPa e aço CA-
50:
a) dimensionar a armadura para resistir a um momento fletor positivo, no meio de um vão, de valor 300kNm
b) dimensionar a armadura para resistir a um momento fletor negativo, sobre um apoio intermediário, de valor 280kNm
80cm
d = 46cm 6cm
d’= 3cm
50cm
30cm
11) A seção transversal da figura abaixo pertence a uma viga contínua de concreto armado de um edifício residencial,
devendo ser usada a seção T sempre que possível. Sabendo que os materiais utilizados são concreto fck= 25MPa e aço CA-
50:
a) dimensionar a armadura para resistir a um momento fletor positivo, em um vão, de valor 300kNm
b) dimensionar a armadura para resistir a um momento fletor negativo, sobre um apoio intermediário, de valor 320kNm
100cm
d = 36cm
10cm
d’= 3cm
40cm 15cm
10cm
110cm
ENG01111 - ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO I - Prof. Virgínia Maria Rosito d'Avila - vichy@ufrgs.br - Sala 308a – DECIV - UFRGS 46
EXERCÍCIOS 2ª ÁREA
15 kN/m 80kN
A B
50cm 20cm A 4m 0,8m B
15kN/m 70kN
A B
40cm 20cm A 3m 1m B
3) Determinar as armaduras necessárias para a seção transversal de dimensões b=38cm, h=70cm, d=66cm de uma viga de
concreto armado solicitada por um momento torçor de 50kNm e um esforço cortante de 50kN. Características dos
materiais: aço CA-50 e concreto fck=30MPa. Cobrimento da armadura 3cm. Fazer um croqui das armaduras na seção
transversal.
4) Determinar as armaduras necessárias para uma seção transversal de dimensões b=25cm, h=50cm de uma viga de
concreto armado solicitada por um momento torçor de 30kNm. Características dos materiais: aço CA-50 e concreto
fck=25MPa. Considerar d=46cm e c1=4cm.
A B
30cm 20cm A 2m 2m B
6) Determinar as armaduras necessárias para a seção transversal de dimensões b=30cm, h=70cm, d=65cm da viga de
concreto armado da figura (Desconsiderar o momento fletor). Características dos materiais: aço CA-50 e concreto
fck=25MPa. Dado: c1=5cm. Fazer um croqui das armaduras na seção transversal.
10 kN/m
25kNm/m
A B
5m
ENG01111 - ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO I - Prof. Virgínia Maria Rosito d'Avila - vichy@ufrgs.br - Sala 308a – DECIV - UFRGS 47
EXERCÍCIOS 3ª ÁREA
1) Para a viga da figura, considerando cobrimento de 2,5cm, diâmetro dos estribos 5mm, e, que nos apoios A e C existe
cobrimento lateral maior que 7cm, pede-se:
CA-50
fck=25MPa A l=3,8m B l=4,5m C
b=15cm 1,2 Xe apoio → As= 6,32cm2 - momento elástico
h=40cm 0,75Xe apoio → As =5,16cm2 - momento reduzido
d=35cm x0=85cm x0=92cm
3) A armadura necessária para equilibrar o momento negativo sobre um apoio intermediário de uma viga contínua de
concreto armado é de 2φ12.5+1φ10. Calcular os comprimentos das barras de φ12.5 (as duas barras com o mesmo
comprimento) e da barra de φ10. As barras φ12.5 deverão ter comprimento necessariamente maior do que a de φ10.
DADOS:
fck=30MPa A l=4,5m B l=4,5m C
b=20cm X → 2φ12.5+1φ10
h=50cm
d=46cm x0=105cm x0=97cm
CA-50 V 79kN 117kN 200kN 55kN
ENG01111 - ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO I - Prof. Virgínia Maria Rosito d'Avila - vichy@ufrgs.br - Sala 308a – DECIV - UFRGS 48