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Cultivo do “Cogumelo do
sol”
Dezembro/2006
Cultivo do “Cogumelo do
sol”
O Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas – SBRT fornece soluções de informação tecnológica sob medida, relacionadas aos
processos produtivos das Micro e Pequenas Empresas. Ele é estruturado em rede, sendo operacionalizado por centros de
pesquisa, universidades, centros de educação profissional e tecnologias industriais, bem como associações que promovam a
interface entre a oferta e a demanda tecnológica. O SBRT é apoiado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas
Empresas – SEBRAE e pelo Ministério da Ciência Tecnologia e Inovação – MCTI e de seus institutos: Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq e Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia – IBICT.
Dossiê Técnico ROSA, Luiz Henrique
Cultivo do “Cogumelo do sol”
Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais / CETEC
22/7/2006
Resumo Os fungos são seres vivos extremamente importantes e
diversificados que estão presentes diariamente na vida do
homem. Mofos, bolores, fermentos e cogumelos são termos
utilizados para denominar os fungos. Ao longo dos tempos, os
cogumelos têm sido apreciados pelo seu sabor, textura e seus
atributos medicinais. Contudo, o reconhecimento como
importantes fontes de substâncias biologicamente ativas vêm
tomando força atualmente. Em todo o mundo, diferentes
populações têm utilizado cogumelos para prevenir e até curar
doenças. São conhecidas várias espécies de cogumelos
diferentes, sendo algumas tóxicas, alucinógenas, afrodisíacas,
nutricionais e medicinais. O cogumelo Agaricus blazei, também
conhecido por “cogumelo do sol”, “Golden Agaricus”, “cogumelo
de Piedade”, “Royal Agaricus” Kawariharatake”, “Agarikusutake”
e “Himematsutake”, é de ocorrência natural da Mata Atlântica do
sul do estado de São Paulo. O cogumelo do sol vem sendo
estudado quanto as suas propriedades medicinais, despertando
grande interesse da comunidade científica e de compradores
internacionais, principalmente Alemanha, Canadá, China,
Estados Unidos, Japão, entre outros. O cogumelo do sol é
vendido, em sua maior parte, sob a forma desidratada e é
consumido na forma de chá, cápsulas e xaropes. Trata-se de um
produto natural cuja principal função é reforçar o sistema
imunológico, ou seja, as defesas naturais dos seres humanos. No
Brasil, sua produção limita-se a poucos produtores isolados ou
organizados em cooperativas. O consumo no mercado brasileiro
ainda é muito baixo, porém existe uma grande expectativa em
relação ao potencial medicinal deste fungo e a geração de
empregos no ramo do agronegócio.
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Sumário
1 Introdução............................................................…………..................................... 3
4 Técnicas de cultivo................................................................................................. 7
5 Composto e compostagem…..............................…………..................................... 7
7 Colonização do composto.........................................…………............................... 10
8 Formas de cultivo.......................................................…………............................... 11
9 Camada de cobertura..........................................………......................................... 12
10 Colheita e processamento.......................................……...................................... 13
13 Centro de processamento..................................................................................... 16
14 Mão-de-obra........................................................................................................... 17
15 Mercados do produto.........................................................…................................ 17
16 Exportação.....................................................................................…..................... 17
17 Produção................................................................................................................ 18
Conclusões e recomendações.................................................................................. 18
Referências.................................................................................................................. 18
Conteúdo
1 Introdução
Os fungos são seres vivos extremamente importantes e diversificados que estão presentes
diariamente na vida do homem. Mofos, bolores, fermentos e cogumelos são termos
utilizados para denominar os fungos. Apesar da importância dos fungos, no Brasil ainda não
foi realizado um estudo aprofundado do potencial das espécies presentes em nossos
ecossistemas (ROSA, 2001).
Ao longo dos tempos os cogumelos têm sido apreciados pelo seu sabor, textura e atributos
medicinais. Contudo, o reconhecimento como importantes fontes de substâncias
biologicamente ativas vêm tomando força atualmente (CHANG, 1999). Em todo o mundo,
diferentes populações têm utilizado cogumelos para prevenir e até curar doenças. São
conhecidas diferentes espécies sendo algumas tóxicas, alucinógenas, afrodisíacas,
nutricionais e medicinais (BONONI et al., 1995).
O termo cogumelo (FIG.1) é utilizado para caracterizar os fungos que produzem corpos de
frutificação macroscópicos (basidiomas) que têm forma de guarda-chuva. Também são
conhecidos como chapéus-de-sapo e orelha-de-pau. São alimentos de grande valor
nutritivo, contendo poucas calorias, apresentando-se como uma boa fonte alimentar
(BONONI et al., 1995).
A quantidade de proteínas, gorduras, vitaminas e sais minerais (TAB.1) varia de acordo com
cada espécie de cogumelo e com os constituintes do substrato utilizado para seu cultivo.
Existem milhares de fungos e, tal como outros seres vivos, agrupam-se de acordo com
certas características semelhantes constituindo grupos distintos. Podem ser unicelulares
(constituídos por apenas uma célula) ou multicelulares (constituídos por várias células) e
são caracterizados por serem os organismos responsáveis por decompor da matéria
orgânica presente no planeta. São diferentes dos vegetais, pois não possuem clorofila, o
que os tornam incapazes de produzir seu próprio alimento.
O reino dos fungos é dividido em filo, classe, ordem, família, gênero e espécie. Assim, o A.
blazei é classificado da seguinte maneira:
Reino: Fungi
Filo: Basidiomycota
Classe: Basidiomycetes
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DOSSIÊ TÉCNICO
Ordem: Agaricales
Família: Agaricaceae
Gênero: Agaricus
Espécie: Agaricus blazei Murrill
William A. Murrill (1869-1957) foi o pesquisador que descreveu a espécie pela primeira vez
em 1944 com material coletado em Gainesville na Flórida (EUA). Contudo, a identificação
correta do cogumelo não está bem estabelecida, pois o material referência coletado por
Murrill se encontra danificado, não favorecendo um estudo comparativo entre o material
obtido no Brasil com aquele obtido nos Estados Unidos.
O “Cogumelo do Sol” é vendido, em sua maior parte, sob a forma desidratada, sendo
consumido nas formas de chá, cápsulas, extratos e xaropes. Trata-se de um produto natural
cuja principal função é reforçar o sistema imune, ou seja, as defesas naturais dos seres
humanos (MIZUNO et al., 1990).
Nos últimos anos, diferentes grupos de pesquisa, em todo o mundo, estão relatando a
atividade medicinal protetora do “Cogumelo do Sol”. Estudos publicados em revistas
científicas especializadas nas áreas que estudam os alimentos, o câncer e o sistema de
defesa dos seres vivos vêm confirmando tal propriedade. Entretanto, as propriedades
medicinais do “Cogumelo do Sol” são de poder protetor e fortalecedor e não um “remédio”
capaz de substituir os receitados pela medicina tradicional.
A atividade protetora direta do extrato do “Cogumelo do Sol” em seres humanos tem sido
investigada nos últimos anos. Takeda et al. (2000) descreveu uma regressão espontânea de
um câncer de fígado em um homem de 69 anos após o uso do “Cogumelo do Sol”.
Recentemente, pesquisadores coreanos, Ahn et al., (2004), realizaram um estudo por três
anos, de1999 a 2001, do efeito do extrato do “Cogumelo do Sol” comercializado pela
empresa Kyowa Engineering Co. (Tokyo, Japan) sobre 100 pacientes com câncer cervical,
de ovário e endometrial, com idade variando de 26 a 79 anos, submetidos à quimioterapia.
Os pacientes foram tratados com drogas anticâncer comerciais por três semanas com e sem
a administração oral do extrato do “Cogumelo do Sol”. Após este período, os pacientes que
consumiram o extrato do “Cogumelo do Sol” apresentaram aumento do número das células
“natural killer” quando comparado com grupo tratado com as drogas anticâncer, mas sem o
uso do extrato do “Cogumelo do Sol”. As células “natural killer” exercem uma importante
função no sistema de defesa dos seres humanos e são responsáveis por inibir o
desenvolvimento de tumores e sua disseminação em diferentes órgãos. Ahn et al. (2004)
também observou que os efeitos da quimioterapia como o falta de apetite, queda de cabelo,
estabilidade emocional e efeitos gerais de fraqueza foram melhorados com o uso o extrato
do “Cogumelo do Sol”. Desta forma, a utilização do “Cogumelo do Sol” pode reduzir os
efeitos colaterais causados pela quimioterapia em pacientes com câncer.
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Outros estudos têm demonstrado que substâncias diferentes das glucanas são produzidas
pelo “Cogumelo do Sol” e apresentam atividade inibidora contra culturas de células tumorais
(KAWAGISHI et al, 1988; HIROTANI et al., 2002). Desta forma, o micélio e corpo de
frutificação do “Cogumelo do Sol” podem conter diferentes substâncias que conferem sua
atividade biológica. De acordo com Bononi et al. (2001), a forma mais comum de preparo do
“Cogumelo do Sol” é por infusão e fervura do cogumelo desidratado (QUADRO 1).
4 Técnicas de cultivo
O cultivo comercial de “Cogumelo do Sol” teve seu início em 1990 e é baseado nas técnicas
empregadas para a produção do Champignon de Paris as quais envolve as seguintes
etapas:
5 Composto e compostagem
Para o preparo do composto, resíduos agroindustriais como palha de trigo, arroz, milho,
feijão, algodão, bagaço de cana-de-açúcar, torta de algodão, entre outros, constituem a
fonte de carbono. Podem ser utilizados, assim, como a “cama” de cavalo, que é a mistura de
esterco, urina e palha, constituindo a fonte de nitrogênio. Existem dois tipos de compostos,
diferenciados de acordo com seus constituintes em “clássicos” ou “naturais” e sintéticos.
Nos compostos clássicos são utilizados estercos equino ou avícola e outros dejetos. A
composição e concentração dos constituintes neste tipo de composto poder variar de acordo
com o tipo e quantidade de esterco, número e dieta dos animais, bem como o tempo de
permanência nas baias ou forma de armazenamento. Os sintéticos possuem fontes de
nitrogênio mais estáveis, como, por exemplo, farelos, possibilitando maior reprodutibilidade
entre os ciclos de produção. Entretanto, os compostos sintéticos são mais caros que os
clássicos. Os compostos clássicos sãos utilizados com mais frequência devido ao seu baixo
custo e fácil aquisição.
De acordo com Bononi et al. (2001), o composto mais utilizado pelas cooperativas
produtoras do “Cogumelo do Sol” é constituído de:
1 dia Misturar o bagaço de cana-de-açúcar com a palha de arroz, que são molhados com água
até se chegar a umidade de 70%;
4dia Adicionar a “cama” de cavalo, que é misturada à pilha chegando-se às dimensões de 1,5 m
de largura x 1,8 m de altura x 15 a 17 m de comprimento;
7dia Adicionar uréia, sulfato de amônia e farelo de soja. A umidade deve estar em 70%;
10dia Adicionar o carbonato de cálcio. A pilha fica 10 cm menor na largura e na altura, em relação
à pilha original;
13dia Adicionar superfosfato simples e água. A umidade mantida em torno de 70%;
16dia Virar o composto para promover a aeração;
19dia Virar o composto pela última vez.
Quadro 2 - Etapas do processo de compostagem
Fonte: (BONONI et al., 2001)
Diversas fórmulas têm sido propostas na literatura para compostos destinados ao cultivo do
Agaricus. Entretanto, cada produtor de cogumelo ou grupo de produtores de uma mesma
região escolhe um tipo de composto formado com produtos de fácil aquisição no local, em
função da disponibilidade e custo do transporte.
O composto constituído de materiais fibrosos deve possuir carbono (C) e nitrogênio (N) em
proporções adequadas. No início da compostagem, a relação C/N deve estar entre 25 e 30,
e no final do processo, a relação deve ser de aproximadamente 16. Estudos direcionados
para a determinação correta da relação inicial de C/N vêm sendo questionados. De acordo
com Kopytowski (2002) a relação ideal do composto para o crescimento do “Cogumelo do
Sol” seria de 37/1.
O teor de umidade do composto pode ser avaliado apertando-se uma porção com as mãos.
Um leve escorrimento de líquido entre os dedos indica umidade em torno de 70%, que é o
ponto ideal para a obtenção de um bom composto. A quantidade de água utilizada vai
depender das condições ambientais do local de cultivo (vento, temperatura) e da umidade
inicial dos resíduos utilizados. O pH fica em torno de 9 no início da compostagem e é
modificado para aproximadamente 7 no final do processo, que é o ideal para o
desenvolvimento do micélio do “Cogumelo do Sol” (BONONI et al., 2001). Durante o
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Na segunda fase ocorre a pasteurização do composto. Esta fase tem como objetivo eliminar
bactérias, fungos, vírus, insetos e outras pragas presentes na fase I, além de promover o
aquecimento da pilha entre 50 e 60°C que garante a decomposição do composto por meio
da atividade de microrganismos termófilos. Este procedimento torna o composto um
substrato seletivo, favorecendo o crescimento do micélio do “Cogumelo do Sol”.
grãos podem ser utilizados tais como arroz, painço, sorgo e centeio.
7 Colonização do composto
A colonização do composto pelo micélio do “Cogumelo do Sol” deve ocorrer em locais com
temperatura entre 24 e 25°C e umidade relativa do ar entre 80 e 90%. Depois de 25 a 30
dias, o composto estará completamente colonizado com o micélio branco do “Cogumelo do
Sol”. Nesta etapa, possíveis contaminações podem ocorrer. Desta forma, todos os sacos
que contenham alguma mancha colorida ou aspecto leitoso devem ser imediatamente
removidos da estufa de colonização e destruídos.
Após a colonização, o composto pode ser transferido para prateleiras, caixas ou permanecer
nos sacos de poliestireno. A escolha do local de cultivo e obtenção dos cogumelos vai
depender da estrutura do produtor. Em geral, são utilizadas estufas chamadas de câmaras
de incubação que possuem prateleiras com dois ou mais andares para acomodação dos
sacos de composto.
O “Cogumelo do Sol” pode ser cultivado em sacos, caixas ou prateleiras. O cultivo nos
sacos ou caixas tem como vantagem o controle mais efetivo de possíveis contaminações, o
que não ocorre no cultivo direto em prateleiras. Os sacos e as caixas podem ser isolados,
retirados e destruídos evitando a perda da produção por pragas e contaminações. Caso o
produtor cultive o “Cogumelo do Sol” diretamente nas prateleiras, o composto deve ser
compactado por meio de máquinas ou de forma manual. Uma compactação correta gera
maior uniformidade, pois colabora para o desenvolvimento individual dos cogumelos
facilitando a colheita.
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8 Formas de cultivo
O tipo de cultivo adotado por um produtor vai depender das condições de investimento, local
do cultivo, da demanda e do tipo de produto que o comprador exige adquirir. Desta forma, o
“Cogumelo do Sol” pode ser cultivado a céu aberto, em túneis, barracões ou estufas.
Até certo tempo, o cultivo a céu aberto (FIG. 7) era a forma mais utilizada pelos produtores
brasileiros. Nesta forma de cultivo, o composto fica sujeito às variações climáticas (chuvas,
geadas e vento), contato com diferentes organismos (animais, insetos e vermes), e a
possibilidade de ocorrer contaminações é muito grande. Neste cultivo, o composto
previamente colonizado é retirado do saco plástico e colocado em covas no solo, de 40 a 50
cm de largura por 10 a 15 cm de profundidade (com o comprimento variável). As covas são
feitas com pequeno declive para que ocorra drenagem da água, evitando poças e erosão do
solo. O composto é então coberto com a terra de cobertura, previamente tratada para
desinfecção, numa espessura de 6 a 10 cm e coberta com capim, numa espessura de 3 cm
para propiciar umidade favorável. A terra de cobertura deve ser irrigada para manter a
umidade. A quantidade de água necessária para esse fim varia de acordo com o clima da
região de cultivo.
O cultivo em túneis (FIG. 8) é diferenciado do cultivo a céu aberto pela construção de uma
estrutura de proteção contra as condições climáticas. Para construir um túnel, são utilizados
arcos de ferro e canos plásticos com dimensões de 3 m de altura x 7,5 m de largura x 30 m
de comprimento. O túnel comporta cerca de 800 sacos de 15 kg de composto colonizado
nas valas cavadas no solo com as mesmas dimensões do cultivo a céu aberto. Após a
distribuição do composto, acrescenta-se terra de cobertura, previamente desinfetada, numa
espessura de 6 a 10 cm sobre o composto e 30 cm de capim. A irrigação deve ser realizada
somente durante a manhã (BRAGA, 1999).
Estufas e barracões de cultivo são as estruturas mais seguras utilizadas pelos produtores de
cogumelos. São construídas em alvenaria com janelas protegidas da luz solar por sombrite.
Possuem altura de 3 m e a parte superior deve ser protegida com telhas galvanizadas.
Sobre o telhado são instalados microaspersores a cada 3,5 m de distância para irrigação do
composto. As laterais apresentam janelas cobertas com sombrite 80%.
O piso é formado por brita ou cimento para evitar acúmulo de água. Entre uma prateleira e
outra deve se deixar um espaço de 40cm de altura para facilitar a colheita. A temperatura
interna da estufa deve permanecer entre 23 a 30°C e umidade de 80 a 90%. São neces-
sárias boas luminosidade e ventilação para manter a concentração de CO2 abaixo de 0,2%.
9 Camada de cobertura
A camada de cobertura é utilizada para cobrir o composto após sua colonização pelo micélio
do “Cogumelo do Sol”. Nesta etapa pode ser adicionada terra e/ou outro material tais como:
areia, vermiculita, carvão, serragem, xisto e turfa. Ela é responsável por variações
ambientais e fisiológicas no micélio, promovendo sua passagem do estado vegetativo para o
reprodutivo, ou seja, estimula a formação dos primórdios e frutificação dos cogumelos. A
camada de cobertura também serve para:
Sustentar os cogumelos;
Uniformizar a superfície do composto;
Manter o pH ao redor da neutralidade;
Reter água;
Permitir trocas gasosas;
Funcionar como barreira contra quedas bruscas de temperatura;
Proteção contra pragas e contaminações.
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vermes no composto. A camada de terra sobre o composto colonizado deve ter espessura
entre 5 a 10cm de altura e a umidade deve permanecer em torno de 70%.
10 Colheita e processamento
Os cogumelos devem ser colhidos diariamente, pois a frutificação não ocorre ao mesmo
tempo. O cogumelo é colhido quando alcança seu tamanho máximo antes da abertura do
chapéu, ou seja, ainda imaturo. A colheita é manual e cuidadosa, com uma leve torção no
pé do cogumelo, sendo desprendido da terra de cobertura. Após a colheita os cogumelos
são lavados, selecionados de acordo com sua classe e cortados para serem desidratados e
embalados.
Uma lavagem inicial é necessária para retirar o excesso da terra de cobertura presente no
pé do cogumelo. Com o auxílio de uma escova e água corrente, o chapéu e o pé são limpos,
garantindo um padrão de qualidade. Após lavagem, os cogumelos devem ser escorridos por
meio de peneiras ou com o auxílio de uma estufa de pré-secagem (FIG.10) para retirada do
excesso de água. A desidratação é feita em secadores específicos (FIG. 10) com
temperatura entre 40 e 45°C, durante 12 horas e depois por mais 2 horas a 55°C.
Para adequação com as normas da Vigilância Sanitária local, a secadora e suas bandejas
devem ser de aço para melhor limpeza ao final do processo.
Após desidratação, os cogumelos devem estar com umidade entre 5 a 7%. Em média, cada
cogumelo perde, após o processo de secagem, 90% de peso. Assim, para cada 1 kg de
cogumelo fresco, obtém-se de 80 a 100 g de cogumelos secos. De acordo com Bellini et al.
(2004), os cogumelos frescos do “Cogumelo do Sol” apresentam de 85-87% de água e
quando desidratados são ricos em proteínas (40-45%) e carboidratos (3-4%), fibras (6-8%),
lipídios (3-4%) e vitaminas, especialmente B1, B2 e niacina.
Classe Características
A Apresenta coloração amarelo-dourada clara, de 5 a 7 cm de comprimento e umidade de
5 a 7%.
B Coloração amarelo-dourada escura, maior que 3 cm de comprimento e umidade de 5 a
7%.
C Menores que 3 cm e chapéus abertos.
Fonte: (Cooperativa de Cogumelos de São Paulo [comunicação pessoal])
Obs.: A determinação do preço do cogumelo pode variar de acordo com as exigências de cada
comprador.
REJEITOS AGROINDUSTRIAIS
INCUBAÇÃO
21-25 dias
4 dias tratamento da terra
COBERTURA & INDUÇÃO
de cobertura
Como o cogumelo é um produto natural, alguns cuidados devem ser tomados para evitar
contaminações químicas e biológicas. A água utilizada durante o cultivo do cogumelo deve
ser isenta de metais pesados, agrotóxicos e microrganismos patogênicos. Isto pode ser
evitado realizando análises periódicas em laboratórios idôneos.
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Caso seja necessário realizar a desinfecção das estruturas de cultivo. Se faz imprescindível
evitar o uso constante ou prolongado de um mesmo agente desinfetante para que não
ocorra a seleção de microrganismos resistentes, bem como o uso de fungicidas comerciais
e agentes residuais, pois estes podem afetar o crescimento do “Cogumelo do Sol”.
Num clima tropical ameno não existe a necessidade de utilização de sombrite (tela) na
superfície externa da estufa, desde que se tenha um mecanismo de resfriamento com água.
Este processo aumenta a velocidade da produção, pois a estufa torna-se aquecida mais
rapidamente ao amanhecer. O sombrite é indispensável nas janelas, pois impede a entrada
de animais e insetos, que além de levar contaminações ao cultivo, podem se tornar pragas
de difícil controle durante a produção.
Para uma maior produtividade o cultivo deve ser feito em ambiente com temperatura,
umidade e aeração controladas e em canteiros com dois níveis. Pode-se efetuar o plantio
apenas ao nível do solo, desde que isolado por algum material (lona, madeira, entre outros).
O chão da estufa deve ser recoberto, preferencialmente, com brita calcária ou cimentado de
modo a evitar a produção de lama e favorecer a manutenção da higiene e da umidade do
ambiente, bem como facilitar o trânsito de equipamentos e funcionários. Os canteiros podem
ser feitos de madeira ou estrutura metálica sendo que a segunda opção é mais fácil de se
desinfectar por ter a superfície lisa e ausência de frestas.
Os corredores centrais e laterais devem ter a largura mínima necessária para a passagem
dos funcionários (60 cm), pois quanto maiores, menos espaço útil terá a estufa. Os canteiros
devem ter no máximo dois níveis para que a oxigenação não seja prejudicada e,
conseqüentemente, a produtividade.
As janelas devem apresentar fixadores no chão para evitar que o vento as levante
indevidamente evitando alterações de temperatura e umidade. A disposição das estufas
deverá
13 Centro de processamento
O centro se processamento (FIG. 12) deverá ter as dimensões mínimas necessárias para
lavagem, secagem, embalagem e estoque do produto. O empreendedor deve prever uma
ampliação futura, mas precisa estar consciente de que a maior parte do capital será
investida no substrato para o cultivo e na mão-de-obra. Um centro, com dimensões de 11,0
x 3,2m é suficiente para seis pontos de lavagem, quatro secadoras verticais, um espaço
para estoque do cogumelo seco e um pequeno almoxarifado. O centro deve ser
confeccionado em alvenaria com piso cimentado. As paredes da área de lavagem devem
ser pintadas com tinta lavável ou azulejadas para fácil limpeza.
DEPÓSITO ESCRITÓRIO
SECAGEM LAVAGEM
ALMOXARIFADO
O espaço destinado à secagem precisa ter janelas em duas direções opostas, o que facilita
o escoamento do ar úmido resultante da secagem, tornando o processo mais eficiente e
deve ser isolado da umidade proveniente da lavagem dos cogumelos por uma porta. O
estoque poderá ser feito em prateleiras com espaçamento de 30cm, suficientes para
acomodar sacos com 500g de cogumelos secos. O acesso ao centro deve ser restrito aos
funcionários da empresa.
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DOSSIÊ TÉCNICO
14 Mão-de-obra
15 Mercados do produto
O “Cogumelo do Sol” apresenta sabor forte e quando consumido sem preparo adequado
causa estranhamento ao paladar. Apesar deste fato, alguns cozinheiros já o utilizam com
sucesso na culinária em receitas parecidas com as do shiitake, o que poderá futuramente
ampliar seu mercado de consumo. Entretanto, para tal panorama se concretizar o preço do
produto deverá ser mais acessível por meio do incremento da produtividade e consequente
diminuição dos custos.
16 Exportação
O preço do “Cogumelo do Sol” no mercado interno não inviabiliza o negócio, mas é baixo
quando comparado com o mercado externo. Assim, a exportação da produção é o objetivo a
ser alcançado. A falta de normas, e principalmente o controle da qualidade, também fazem
com que o preço seja subvalorizado e torne difícil a colocação do produto manufaturado e
embalado diretamente para o consumidor estrangeiro. O ideal seria que o produto deixasse
o Brasil já em pequenas embalagens e com todas as certificações exigidas para o consumo
nos países de destino. Este fato eliminaria a maioria dos atravessadores, pois o cogumelo
poderia ser vendido em qualquer quantidade.
17 Produção
Não se deve, portanto, comparar a gestão e as previsões deste negócio com os de caráter
agrícola, aos quais os brasileiros estão acostumados. O investidor deve ter em mente que
se trata de um empreendimento de risco, mas que ao conseguir sua viabilização os lucros
são satisfatórios.
Muitos produtores estimam para menos o tempo necessário para a correta gestão da
empresa. A não ser que se faça algo de pequeno porte com o objetivo de lazer e com pouco
investimento, o produtor deve se preparar para trabalhar com extrema dedicação. O negócio
exige estudo, pesquisa, criatividade, logística de venda do produto e disponibilidade para
resolver prováveis problemas de ordem técnica e administrativa.
Conclusões e recomendações
Referências
AHN, W. S. et al. Natural killer cell activity and quality of life were improved by consumption
of a mushroom extract, Agaricus blazei Murrill Kyowa, in gynecological cancer patients
undergoing chemotherapy. International Journal of Gynecology Cancer, v. 4, p.589-594,
2004.
BARBISAN, L. F. et al. Influence of aqueous extract of Agaricus blazei on rat liver toxicity
induced by different doses of diethynitrosamine. Journal of Enthopharmacology. v. 83,
p.25-32, 2002.
www.respostatecnica.org.br 18
DOSSIÊ TÉCNICO
BONONI, V. L.R.; CAPELARI, M.; MAZIERO, R.; TRUFEM, S. F.B. Cultivo de cogumelos
comestíveis. São Paulo: Ícone, 1995. 206p.
CHANG, S. T. Global impact of edible and medicinal mushrooms on human welfare in the 21
st century: nongreen revolution. International Journal of Medicinal Mushrooms. v. 1, p.1-
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CHANG, S. T.; MILES, P. G. Edible mushrooms and their cultivation. CRC Press, Boca
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basidiomycete, Agaricus blazei Murrill. Anticancer Research. v. 19, p.113-118, 1999.
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blazei Murrill and its mechanism of action. The Journal of Nutrition. v. 131, p.1409-1413,
2001.
Identificação do Especialista
www.respostatecnica.org.br 20
Cultivo do “Cogumelo do sol”
www.respostatecnica.org.br 22