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Direito Processual do Trabalho – Cláudio Dias

Aula 9 | Recursos

SUMÁRIO

1. PRESSUPOSTOS RECURSAIS ............................................................................... 2


1.1. PRESSUPOSTOS RECURSAIS OBJETIVOS .................................................... 2
1.1.1. TEMPESTIVIDADE ............................................................................................. 2
1.1.2. REGULARIDADE FORMAL .............................................................................. 2
1.1.3. REGULARIDADE DE REPRESENTAÇÃO ..................................................... 3
1.1.4. PREPARO .............................................................................................................. 4
2. EFEITOS DOS RECURSOS..................................................................................... 5
2.1. DEVOLUTIVO ........................................................................................................ 5
2.2. EFEITO SUSPENSIVO .......................................................................................... 5
2.3. EFEITO SUBSTITUTIVO ..................................................................................... 6
3. RECURSOS EM ESPÉCIE ....................................................................................... 6
3.1. RECURSO ORDINÁRIO (ART. 895 DA CLT) ................................................... 6
3.2. AGRAVO DE INSTRUMENTO (ART. 897, b, CLT) ......................................... 8

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1. PRESSUPOSTOS RECURSAIS
1.1. PRESSUPOSTOS RECURSAIS OBJETIVOS
1.1.1. TEMPESTIVIDADE
No que concerne à Fazenda Pública, é importante destacar que, também no Processo do
Trabalho, os prazos são contados em dobro para os recursos, o que decorre do artigo 1º, inciso
III, do Decreto-Lei 779/1969.
Art. 1º Nos processos perante a Justiça do Trabalho, constituem privilégio da União, dos Estados, do
Distrito Federal, dos Municípios e das autarquias ou fundações de direito público federais, estaduais ou
municipais que não explorem atividade econômica:
III – o prazo em dobro para recursos
Há de se destacar, nesse ponto, que já houve discussão da possibilidade de aplicação da
Súmula 197 do TST, que estabelece a possibilidade de o juiz designar audiência para proferir
sentença, sendo a parte intimada dessa audiência. Uma vez proferida a sentença, inicia-se o
prazo automaticamente como se a parte fosse dela intimada.
PRAZO
O prazo para recurso da parte que, intimada, não comparecer à audiência em prosseguimento para a
prolação da sentença conta-se de sua publicação.

 Aplica-se essa Súmula à Fazenda Pública? De acordo com a jurisprudência do TST,


há diversos julgados anteriores ao CPC de 2015 que afastavam a aplicação dessa Súmula à
Fazenda Pública, em virtude de, antes do CPC de 2015, somente os entes federais possuírem
essa prerrogativa de intimação pessoal decorrente de lei específica. Assim, esses julgados
diziam que, uma vez que esses entes possuem a prerrogativa da intimação pessoal, a Súmula
197 não lhes seria aplicável, devendo esses entes serem intimados pessoalmente da sentença.
Sendo assim, acredita-se que esse entendimento irá permanecer, em razão do disposto no novo
CPC no tocante à intimação pessoal da advocacia pública.
1.1.2. REGULARIDADE FORMAL
De acordo com esse pressuposto, o recurso deve ser interposto por meio de petição escrita,
que preencha todos os requisitos de forma do recurso e contenha as razões de reforma.
No tocante às razões de reforma, surgiu uma discussão. A CLT prevê no artigo 899 que
os recursos serão interpostos por simples petição. Assim, havia quem defendesse que uma
simples petição em face da sentença que lhe foi desfavorável bastava para que o Tribunal tivesse
que reapreciar a questão.
Por outro lado, durante muito tempo, fixou-se entendimento em alguns Tribunais de que
a parte deveria impugnar especificamente todos os pontos da sentença, sob a pena de não
conhecimento do recurso, em razão do princípio da dialeticidade.
A questão foi resolvida pelo TST que editou a Súmula 422, que resolveu a questão em
nível de Tribunal Superior do Trabalho.
RECURSO. FUNDAMENTO AUSENTE OU DEFICIENTE. NÃO CONHECIMENTO
I – Não se conhece de recurso para o Tribunal Superior do Trabalho se as razões do recorrente não
impugnam os fundamentos da decisão recorrida, nos termos em que proferida.
II – O entendimento referido no item anterior não se aplica em relação à motivação secundária e
impertinente, consubstanciada em despacho de admissibilidade de recurso ou em decisão monocrática.
III – Inaplicável a exigência do item I relativamente ao recurso ordinário da competência de Tribunal
Regional do Trabalho, exceto em caso de recurso cuja motivação é inteiramente dissociada dos
fundamentos da sentença.

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Quanto aos recursos dirigidos aos Tribunais Regionais do Trabalho, o TST atenuou um
pouco a exigência, dizendo que é inaplicável a exigência contida no item I relativamente ao
Recurso Ordinário de competência do TRT, exceto em caso de recurso cuja motivação é
inteiramente dissociada dos fundamentos da sentença (texto do item III da Súmula 422 do TST).
Ou seja, no tocante aos Recursos Ordinários dirigidos aos TRT’s não se exige um rigor tão
grande quanto àqueles recursos endereçados ao TST.
Ainda no que diz respeito à regularidade formal, já no espírito do CPC de 2015, o TST
alterou a OJ 120 da SDI-I, passando a prever que o recurso não assinado não implicará,
necessariamente, o não conhecimento da peça recursal, devendo o juiz ou o relator conceder o
prazo de 05 dias para o vício ser sanado. A OJ prevê ainda que é válido o recurso assinado ao
menos na petição de apresentação das razões recursais.
120. RECURSO. ASSINATURA DA PETIÇÃO OU DAS RAZÕES RECURSAIS. ART. 932, PARÁGRAFO
ÚNICO, DO CPC DE 2015. (alterada em decorrência do CPC de 2015)
I - Verificada a total ausência de assinatura no recurso, o juiz ou o relator concederá prazo de 5 (cinco)
dias para que seja sanado o vício. Descumprida a determinação, o recurso será reputado inadmissível (art.
932, parágrafo único, do CPC de 2015).
II - É válido o recurso assinado, ao menos, na petição de apresentação ou nas razões recursais.

1.1.3. REGULARIDADE DE REPRESENTAÇÃO


Deve ser destacada a Súmula 436 do TST, a qual prevê que a União, os Estados,
Municípios e Distrito Federal, suas autarquias e fundações públicas, quando representadas em
juízo, ativa e passivamente, por seus procuradores, estão dispensadas da juntada de instrumento
de mandato e de comprovação do ato de nomeação, sendo suficiente que o signatário se declare
exercente do cargo de procurador.
REPRESENTAÇÃO PROCESSUAL. PROCURADOR DA UNIÃO, ESTADOS, MUNICÍPIOS E DISTRITO
FEDERAL, SUAS AUTARQUIAS E FUNDAÇÕES PÚBLICAS. JUNTADA DE INSTRUMENTO DE
MANDATO (conversão da Orientação Jurisprudencial nº 52 da SBDI-I e inserção do item II à redação) -
Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012
I - A União, Estados, Municípios e Distrito Federal, suas autarquias e fundações públicas, quando
representadas em juízo, ativa e passivamente, por seus procuradores, estão dispensadas da juntada de
instrumento de mandato e de comprovação do ato de nomeação.
II - Para os efeitos do item anterior, é essencial que o signatário ao menos declare-se exercente do cargo
de procurador, não bastando a indicação do número de inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil.

Em princípio, basta que o procurador se identifique como tal para que o recurso seja
conhecido. Ocorre que o artigo 75 do CPC prevê que os Estados serão representados por seus
procuradores, enquanto as autarquias e as fundações de direito público serão representadas por
quem a lei do ente federado designar.
Com base nesse dispositivo, o TST editou a OJ 318 que traz uma realidade um pouco
distinta da Súmula, na medida em que prevê que os procuradores estaduais e municipais podem
representar as autarquias e as fundações públicas somente se designados pela lei da respectiva
unidade da federação ou se investidos de instrumento de mandato válido.
AUTARQUIA. FUNDAÇÃO PÚBLICA. LEGITIMIDADE PARA RECORRER. REPRESENTAÇÃO
PROCESSUAL. (incluído o item II e alterada em decorrência do CPC de 2015) - Res. 220/2017, DEJT
divulgado em 21, 22 e 25.09.2017
I - Os Estados e os Municípios não têm legitimidade para recorrer em nome das autarquias e das fundações
públicas.

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II – Os procuradores estaduais e municipais podem representar as respectivas autarquias e fundações


públicas em juízo somente se designados pela lei da respectiva unidade da federação (art. 75, IV, do CPC
de 2015) ou se investidos de instrumento de mandato válido.

Assim, a partir da edição dessa OJ, é de extrema importância que o procurador, caso esteja
representado uma fundação ou uma autarquia, demonstre de onde adquiriu seus poderes, se da
lei, se da Constituição do Estado ou, então, de algum instrumento de mandato que lhe outorgue
seus poderes, não bastando, para que os recursos sejam conhecidos, que o procurador se
identifique como procurador.
Essa modificação ocorreu na jurisprudência consolidada do TST após a edição do CPC
de 2015.
1.1.4. PREPARO
É o recolhimento das custas e do depósito recursal. As custas serão fixadas em 2% do
valor da causa ou da condenação, a depender do caso, observando-se o mínimo de R$ 10,64 e
o máximo de quatro vezes o limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência
Social.
O depósito recursal, por sua vez, possui a finalidade de garantia do juízo e somente será
exigido, portanto, nos casos em que houver condenação em pecúnia, como dispõe a Súmula
161 do TST. O depósito recursal é fixado pelo TST anualmente. A OJ 140 da SDI-I prevê que
o recolhimento insuficiente das custas e do depósito recursal somente ensejará a deserção do
recurso caso a parte não complete o depósito no prazo de 05 dias que lhe seja assinalado para
tanto.
Súmula nº 161 do TST
DEPÓSITO. CONDENAÇÃO A PAGAMENTO EM PECÚNIA
Se não há condenação a pagamento em pecúnia, descabe o depósito de que tratam os §§ 1º e 2º do art. 899
da CLT
140. DEPÓSITO RECURSAL E CUSTAS PROCESSUAIS. RECOLHIMENTO INSUFICIENTE.
DESERÇÃO.
Em caso de recolhimento insuficiente das custas processuais ou do depósito recursal, somente haverá
deserção do recurso se, concedido o prazo de 5 (cinco) dias previsto no § 2º do art. 1.007 do CPC de 2015,
o recorrente não complementar e comprovar o valor devido.
A Fazenda Pública é dispensada da realização do depósito recursal. O Decreto-Lei
779/1969, que prevê o prazo em dobro para interposição de recursos, também prevê a dispensa
do depósito para interposição de recurso. Isso é confirmado pela Instrução Normativa 3/1993
do TST.
Art. 1º Nos processos perante a Justiça do Trabalho, constituem privilégio da União, dos Estados, do
Distrito Federal, dos Municípios e das autarquias ou fundações de direito público federais, estaduais ou
municipais que não explorem atividade econômica:
IV – a dispensa de depósito para interposição de recurso;
IN 3/1993
X - Não é exigido depósito recursal, em qualquer fase do processo ou grau de jurisdição, dos entes de
direito público externo e das pessoas de direito público contempladas no Decreto-Lei n.º 779, de 21.8.69,
bem assim da massa falida e da herança jacente e da parte que, comprovando insuficiência de recursos,
receber assistência judiciária integral e gratuita do Estado (art. 5º, LXXIV – CF).
Quanto às custas, a CLT possui previsão expressa, isentando a União, os Estados e os
Municípios, assim como as respectivas autarquias e fundações públicas do recolhimento das

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custas. Então, o ente público e a Fazenda Pública não precisam realizar preparo, visto que não
precisam realizar depósito judicial e recolhimento de custas.
Art. 790-A. São isentos do pagamento de custas, além dos beneficiários de justiça gratuita:
I – a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e respectivas autarquias e fundações públicas
federais, estaduais ou municipais que não explorem atividade econômica;

2. EFEITOS DOS RECURSOS


Os recursos possuem os efeitos devolutivo, suspensivo, expansivo e substitutivo.
2.1. DEVOLUTIVO
Pode ser analisado por dois prismas diferentes: o da extensão e o da profundidade.
Sob o prisma da extensão: toda a matéria impugnada será submetida ao órgão ad quem
para reexame (recurso poderá ser total ou parcial). A matéria que a parte não impugnar não será
submetida a reexame. Então, a parte delimita a extensão da devolução. Ou seja, a parte delimita
a matéria que será devolvida ao Tribunal. Nesse sentido é o artigo 1.013 da CLT.
Art. 1.013. A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada.
Esse dispositivo é aplicável ao Processo do Trabalho, conforme Instrução Normativa
39/2016.
Quanto à profundidade, o efeito devolutivo devolve ao Tribunal todas as questões
relativas à matéria impugnada, as quais poderão ser conhecidas pelo órgão ad quem para
reexame. Assim, ainda que essas questões ainda não tenham sido solucionadas, desde que elas
sejam relativas à matéria impugnada, ou seja, ao capítulo da decisão impugnada, elas serão
devolvidas.
Esse, por tanto, é o efeito devolutivo em profundidade. Significa que dentro daquela
extensão delimitada pela parte ao recorrer, toda as questões relativas àquela extensão serão
devolvidas ao Tribunal para conhecimento. O TST tem se manifestado favoravelmente a isso,
conforme Súmula 393 do TST:
RECURSO ORDINÁRIO. EFEITO DEVOLUTIVO EM PROFUNDIDADE. ART. 1.013, § 1º, DO CPC DE
2015. ART. 515, § 1º, DO CPC DE 1973.
I - O efeito devolutivo em profundidade do recurso ordinário, que se extrai do § 1º do art. 1.013 do CPC
de 2015 (art. 515, §1º, do CPC de 1973), transfere ao Tribunal a apreciação dos fundamentos da inicial
ou da defesa, não examinados pela sentença, ainda que não renovados em contrarrazões, desde que
relativos ao capítulo impugnado.
II - Se o processo estiver em condições, o tribunal, ao julgar o recurso ordinário, deverá decidir desde
logo o mérito da causa, nos termos do § 3º do art. 1.013 do CPC de 2015, inclusive quando constatar a
omissão da sentença no exame de um dos pedidos.

2.2. EFEITO SUSPENSIVO


Impede que a decisão proferida produza efeitos imediatos. Em regra, os recursos no
Processo do Trabalho não possuem efeito suspensivo, como deixa claro o artigo 899 da CLT:
Art. 899 - Os recursos serão interpostos por simples petição e terão efeito meramente devolutivo, salvo as
exceções previstas neste Título, permitida a execução provisória até a penhora.

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Na hipótese de a decisão causar um gravame muito sério a parte, o TST tem admitido que
a parte requeira a atribuição de efeito suspensivo, mediante requerimento dirigido ao Tribunal,
ao relator ou ao presidente ou ao vice-presidente do Tribunal recorrido, conforme Súmula 414
do TST:
MANDADO DE SEGURANÇA. TUTELA PROVISÓRIA CONCEDIDA ANTES OU NA SENTENÇA
I – A tutela provisória concedida na sentença não comporta impugnação pela via do mandado de
segurança, por ser impugnável mediante recurso ordinário. É admissível a obtenção de efeito suspensivo
ao recurso ordinário mediante requerimento dirigido ao tribunal, ao relator ou ao presidente ou ao vice-
presidente do tribunal recorrido, por aplicação subsidiária ao processo do trabalho do artigo 1.029, § 5º,
do CPC de 2015.
II – No caso de a tutela provisória haver sido concedida ou indeferida antes da sentença, cabe mandado
de segurança, em face da inexistência de recurso próprio.
III – A superveniência da sentença, nos autos originários, faz perder o objeto do mandado de segurança
que impugnava a concessão ou o indeferimento da tutela provisória.
Portanto, o efeito suspensivo poderá ser concedido ao recurso, porém se trata de exceção.
2.3. EFEITO SUBSTITUTIVO
É a substituição da decisão recorrida pela decisão do Tribunal, quando há apreciação do
mérito. Ou seja, a decisão acerca do mérito do recurso substitui a decisão recorrida. Nesse
sentido, o artigo 1.008 do CPC é claro ao prever que:
Art. 1.008. O julgamento proferido pelo tribunal substituirá a decisão impugnada no que tiver sido objeto
de recurso.

3. RECURSOS EM ESPÉCIE
Tendo analisado os principais princípios, bem como os pressupostos recursais, passa-se
a análise dos recursos em espécie.
3.1. RECURSO ORDINÁRIO (ART. 895 DA CLT)
Art. 895 - Cabe recurso ordinário para a instância superior:
O prazo é de 08 dias. Em se tratando de Fazenda Pública, o prazo é em dobro.
É cabível em face das decisões definitivas ou terminativas das Varas e Juízos (inciso I).
I - das decisões definitivas ou terminativas das Varas e Juízos, no prazo de 8 (oito) dias; e
Porém, o Recurso Ordinário também é cabível em decisões definitivas ou terminativas
dos Tribunais Regionais, em processos de sua competência originária, quer nos dissídios
individuais, quer nos dissídios coletivos (inciso II). Ou seja, nos processos de competência
originária do Tribunal Regional do Trabalho, as sentenças proferidas nesses processos serão
impugnadas por meio de Recurso Ordinário, não o Recurso de Revista.
II - das decisões definitivas ou terminativas dos Tribunais Regionais, em processos de sua competência
originária, no prazo de 8 (oito) dias, quer nos dissídios individuais, quer nos dissídios coletivos.
Cabe lembrar, nesse ponto, que a interposição de Recurso de Revista contra decisão
proferida em processo de competência originária do Tribunal Regional do Trabalho configura
erro grosseiro, não cabendo aplicação do princípio da fungibilidade.

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A CLT ainda prevê outras hipóteses de cabimento do Recurso Ordinário, como a decisão
da Vara do Trabalho que reconhece a incompetência da Justiça do Trabalho e determina a
remessa dos autos a outro ramo do Poder Judiciário (art. 799, §2º, da CLT).
Art. 799
§ 2º - Das decisões sobre exceções de suspeição e incompetência, salvo, quanto a estas, se terminativas do
feito, não caberá recurso, podendo, no entanto, as partes alegá-las novamente no recurso que couber da
decisão final.
Também é cabível Recurso Ordinário contra decisão que acolhe exceção de
incompetência territorial, com a remessa dos autos para Tribunal Regional distinto daquele a
que se vincula o juízo excepcionado, consoante o disposto no art. 799, §2º, da CLT. Essa
hipótese encontra previsão na Súmula 214 do TST, que foi citada quando do estudo da
irrecorribilidade das decisões interlocutórias.
Art. 799
§ 2º - Das decisões sobre exceções de suspeição e incompetência, salvo, quanto a estas, se terminativas do
feito, não caberá recurso, podendo, no entanto, as partes alegá-las novamente no recurso que couber da
decisão final.
Súmula nº 214 do TST
DECISÃO INTERLOCUTÓRIA. IRRECORRIBILIDADE
Na Justiça do Trabalho, nos termos do art. 893, § 1º, da CLT, as decisões interlocutórias não ensejam
recurso imediato, salvo nas hipóteses de decisão: a) de Tribunal Regional do Trabalho contrária à Súmula
ou Orientação Jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho; b) suscetível de impugnação mediante
recurso para o mesmo Tribunal; c) que acolhe exceção de incompetência territorial, com a remessa dos
autos para Tribunal Regional distinto daquele a que se vincula o juízo excepcionado, consoante o disposto
no art. 799, § 2º, da CLT.
É importante mencionar a ressalva de que não é cabível Recurso Ordinário da decisão
que faz a homologação de acordo extrajudicial, bem como das decisões nos dissídios de alçada.
As decisões que homologam o acordo extrajudicial são irrecorríveis, conforme artigo 831 da
CLT. As decisões proferidas em dissídios de alçada desafiam, quando muito, Recurso
Extraordinário.
Art. 831 –
Parágrafo único. No caso de conciliação, o termo que for lavrado valerá como decisão irrecorrível, salvo
para a Previdência Social quanto às contribuições que lhe forem devidas.

Quem compete o julgamento do Recurso Ordinário é o Tribunal Regional do Trabalho,


nas hipóteses em que se insurge das decisões proferidas pela Vara do Trabalho ou pelo Juízo
Cível, no exercício de competência trabalhista (artigo 895, inciso I, da CLT), e ao Tribunal
Superior do Trabalho, quando se tratar de processo de competência originária do Tribunal
Superior do Trabalho (art. 895, inciso II, da CLT).
Art. 895 - Cabe recurso ordinário para a instância superior:
I - das decisões definitivas ou terminativas das Varas e Juízos, no prazo de 8 (oito) dias; e
II - das decisões definitivas ou terminativas dos Tribunais Regionais, em processos de sua competência
originária, no prazo de 8 (oito) dias, quer nos dissídios individuais, quer nos dissídios coletivos.

Cabe ressalvar que a admissibilidade do Recurso Ordinário é realizada, primeiramente,


pelo juízo a quo, ainda que o artigo 1.010 do CPC de 2015 tenha passado a prever, em seu §3º,
que, após as formalidades previstas no §1º e no §2º, os autos serão remetidos ao tribunal pelo
juiz, independentemente de juízo de admissibilidade.
Art. 1.010.
§ 3o Após as formalidades previstas nos §§ 1o e 2o, os autos serão remetidos ao tribunal pelo juiz,
independentemente de juízo de admissibilidade.

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Esse dispositivo poderia gerar alguma confusão, levando a crer que, também no Processo
do Trabalho, o juízo a quo não faria juízo de admissibilidade do recurso. No entanto, conforme
IN 39/2016, o TST entendeu que esse dispositivo é inaplicável ao Processo do Trabalho. Dessa
forma, o juízo a quo permanece fazendo o primeiro juízo de admissibilidade.
Art. 2° Sem prejuízo de outros, não se aplicam ao Processo do Trabalho, em razão de inexistência de
omissão ou por incompatibilidade, os seguintes preceitos do Código de Processo Civil:
XI - art. 1010, § 3º (desnecessidade de o juízo a quo exercer controle de admissibilidade na apelação);
3.2. AGRAVO DE INSTRUMENTO (ART. 897, b, CLT)
O prazo para sua interposição é de 8 dias, sabendo que a Fazenda Pública terá esse prazo
dobrado.
O cabimento se dá em face dos despachos que denegarem a interposição de recursos.
Nesse ponto, o Processo do Trabalho é muito diferente do Processo Civil. Não cabe Agravo de
Instrumento em face das decisões interlocutórias, como no Processo Civil. A função do Agravo
de Instrumento, em regra, é a de destrancar recursos, de impugnar decisões que negaram
seguimento a recursos.
O Agravo de Instrumento será interposto perante o juízo que proferiu a decisão, o juízo a
quo. Esse, ao receber o Agravo de Instrumento, poderá reconsiderar a decisão. Caso não haja
retratação pelo juízo, o recorrido será intimado para apresentar contrarrazões ao Agravo de
Instrumento e ao recurso obstado (artigo 897, §6º, da CLT). Ou seja, a parte deverá apresentar
duas peças, contrarrazões ao Agravo de Instrumento e contrarrazões ao recurso obstado, sendo
a questão transferida ao Tribunal para conhecimento do recurso e, se entender pertinente,
também do recurso obstado.
Art. 897 - Cabe agravo, no prazo de 8 (oito) dias:
§ 6o O agravado será intimado para oferecer resposta ao agravo e ao recurso principal, instruindo-a com
as peças que considerar necessárias ao julgamento de ambos os recursos.
No tocante, ainda, ao Agravo de Instrumento, cabe destacar que, anteriormente, entendia-
se que a admissibilidade do Recurso de Revista por apenas um de seus fundamentos não
impedia a apreciação integral pela turma do Tribunal Superior do Trabalho do recurso. Sendo
assim, o Tribunal, ainda que entendesse que o recurso somente era cabível por um de seus
fundamentos, ao fazê-lo não impedia o TST de conhecer o recurso integralmente. A Súmula
285 do TST menciona isso expressamente.
Desse modo, o que se verificava na prática era que o Tribunal, verificando o cabimento
do Recurso de Revista por um de seus fundamentos, só analisava este, remetendo o resto da
matéria ao Tribunal Superior do Trabalho. Assim, quando havia a apreciação de todos os
fundamentos do Recurso de Revista, caso houvesse o conhecimento por um deles, não se
admitia Agravo de Instrumento para impugnar a decisão no tocante ao não conhecimento pelos
demais, visto que o TST já poderia conhecer o recurso integralmente.
RECURSO DE REVISTA. ADMISSIBILIDADE PARCIAL PELO JUIZ-PRESIDENTE DO TRIBUNAL
REGIONAL DO TRABALHO. EFEITO
O fato de o juízo primeiro de admissibilidade do recurso de revista entendê-lo cabível apenas quanto a
parte das matérias veiculadas não impede a apreciação integral pela Turma do Tribunal Superior do
Trabalho, sendo imprópria a interposição de agravo de instrumento.
Com o advento do novo CPC, essa Súmula 285 veio a ser cancelada e, nesse sentido, a
Instrução Normativa 40 de 2016 do TST previu que:

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Art. 1° Admitido apenas parcialmente o recurso de revista, constitui ônus da parte impugnar, mediante
agravo de instrumento, o capítulo denegatório da decisão, sob pena de preclusão.
Ou seja, após o CPC de 2015, admite-se Agravo de Instrumento contra admissão parcial
do Recurso de Revista. O Agravo de Instrumento, nessa hipótese, irá impugnar os capítulos da
decisão que entenderam que parte do Recurso de Revista interposto não é admissível.
Nesse sentido, cumpre atentar que o §3º do artigo 1ª da IN 40/206 prevê que o Presidente
do TRT deve analisar todos os pontos do Recurso de Revista e que a recusa a emitir juízo de
admissibilidade sobre qualquer ponto equivale à decisão denegatória, sendo ônus da parte
apresentar Embargos de Declaração para que haja apreciação de todos os pontos do Recurso de
Revista.
§ 3º No caso do parágrafo anterior, sem prejuízo da nulidade, a recusa do Presidente do Tribunal Regional
do Trabalho a emitir juízo de admissibilidade sobre qualquer tema equivale à decisão denegatória. É ônus
da parte, assim, após a intimação da decisão dos embargos de declaração, impugná-la mediante agravo
de instrumento (CLT, art. 896, § 12), sob pena de preclusão.
Caso não haja apreciação de todos os pontos do Recurso de Revista a despeito da
apresentação dos Embargos de Declaração, será apresentado Agravo de Instrumento no tocante
aos pontos que se entendeu não serem cabíveis o recurso, bem como os pontos que não foram
apreciados, com a alegação de negativa de prestação jurisdicional.
Nessa hipótese, o relator poderá determinar a restituição do Agravo de Instrumento ao
TRT de origem para que o juízo de admissibilidade seja completado.
§ 4º Faculta-se ao Ministro Relator, por decisão irrecorrível (CLT, art. 896, § 5º, por analogia), determinar
a restituição do agravo de instrumento ao Presidente do Tribunal Regional do Trabalho de origem para
que complemente o juízo de admissibilidade, desde que interpostos embargos de declaração.
A competência para conhecer o Agravo de Instrumento é do Tribunal que seria
competente para conhecer o recurso cuja interposição foi denegada (artigo 897, §4º, da CLT).
§ 4º - Na hipótese da alínea b deste artigo, o agravo será julgado pelo Tribunal que seria competente para
conhecer o recurso cuja interposição foi denegada.
Quanto à formação do instrumento, a previsão da CLT sobre a necessidade de formação
do instrumento se encontra no artigo 897, §5º, prevendo, inclusive, quais seriam as peças
obrigatórias.
§ 5o Sob pena de não conhecimento, as partes promoverão a formação do instrumento do agravo de modo
a possibilitar, caso provido, o imediato julgamento do recurso denegado, instruindo a petição de
interposição:
I - obrigatoriamente, com cópias da decisão agravada, da certidão da respectiva intimação, das
procurações outorgadas aos advogados do agravante e do agravado, da petição inicial, da contestação,
da decisão originária, do depósito recursal referente ao recurso que se pretende destrancar, da
comprovação do recolhimento das custas e do depósito recursal a que se refere o § 7o do art. 899 desta
Consolidação;
II - facultativamente, com outras peças que o agravante reputar úteis ao deslinde da matéria de mérito
controvertida
Porém, a Resolução Administrativa 1.418/2010 do órgão especial do TST, passou a
prever que o Agravo de Instrumento dirigido ao TST, deverá ser processado nos autos do
recurso denegado, de maneira que, nessa hipótese, a formação de instrumento é desnecessária.
Art. 1º O agravo de instrumento interposto de despacho que negar seguimento a recurso para o Tribunal
Superior do Trabalho deve ser processado nos autos do recurso denegado.
Também é desnecessária a formação de instrumento em processo eletrônico, de acordo
com o artigo 1.017, §5º, do CPC.

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§ 5o Sendo eletrônicos os autos do processo, dispensam-se as peças referidas nos incisos I e II do caput,
facultando-se ao agravante anexar outros documentos que entender úteis para a compreensão da
controvérsia.

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