Em muitos projetos práticos de Mecatrônica, o movimento ne-
cessário para o acionamento de um mecanismo é obtido a partir de um motor elétrico. A freqüência de rotação desse motor não é, na maioria das vezes, a que se necessita para o correto funciona- mento do mecanismo. Para corrigir esse problema são utilizados conjuntos formados por polias e engrenagens que são capazes de modificar a freqüência motora atendendo assim às necessidades operacionais do mecanismo.
As polias e as engrenagens são Quando se transmite o movimento
rodas utilizadas na transmissão do circular utilizando um par de rodas, a movimento circular. São constituídas roda que origina o movimento é cha- por uma coroa, em cubo de roda e mado de roda motora enquanto que em conjunto de braços ou disco, chamamos de roda movida, a roda cuja função é ligar rigidamente a que capta esse movimento. Normal- coroa ao cubo de roda. A figura 1 mos- mente a roda motora tem seu cubo de tra algumas representações de polias roda conectado ao eixo de um motor e engrenagens. (figura 3). Inseridas num mecanismo essas rodas transmitem o movimento circu- MOVIMENTO CIRCULAR lar através de uma correia ou pelo UNIFORME (M.C.U) contato direto entre coroas enquanto que seus cubos de roda ficam Para compreender melhor como se acopladas a eixos (figura 2). dá a transmissão do movimento cir-
Figura 2 - Formas de transmissão dos
movimentos.
cular no acoplamento de polias ou
engrenagens, é necessário revisar alguns conceitos físicos. Considere uma partícula movendo- Figura 1 - Representações de polias e engrenagem. se em trajetória circular de raio r , com velocidade escalar v constante
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MECÂNICA
Como o diâmetro de uma roda é o
dobro de seu raio, a relação entre as freqüências de rotação f1 e f2 também pode ser dada por:
Figura 3 - Roda motora e roda movida.
D1: diâmetro da roda (1);
D2: diâmetro da roda (2). Considere agora duas engrena- gens (1) e (2) sendo n1 e n2 as quan- tidades de dentes nas coroas dessas Figura 5 - Velocidades escalares das coroas. engrenagens. Se T1 e T2 são os perío- dos de rotação das rotas (1) e (2), as Para os acoplamentos por correia velocidades escalares v1 e v2 de suas ou por contato, as velocidades coroas podem ser dadas por: escalares das coroas das rodas associadas são iguais. No caso do e acoplamento por correia as velocida- des escalares das coroas correspon- Figura 4 - Variáveis do movimento circular dem a própria velocidade da correia com v1 e v2 medidas, por exemplo, uniforme (M.C.U.). (figura 5). em "dentes/s" ou "dentes/min" Igualando essas velocidades esca- (M.C.U). O intervalo de tempo neces- lares temos: sário para completar uma volta é cons- tante e chamado de período de v1: velocidade escalar na coroa da rotação (T). roda (1); Para esse movimento chamamos v2: velocidade escalar na coroa da de freqüência (f) a quantidade de vol- roda (2); tas executadas em determinada uni- vc: velocidade escalar na correia. dade de tempo. As unidades usuais Considere o acoplamento de duas de freqüência são o Hz (hertz) que rodas (1) e (2) de raios respectivamen- Existe ainda uma outra possibilida- significa “rotações por segundo” e o te iguais a r1 e r 2. A roda (1) gira com de de acoplamento, que consiste em r.p.m cujo significado é “rotações freqüência f1. montar duas rodas sobre um mesmo por minuto”. Podemos determinar a freqüência eixo de rotação. Nesse caso as fre- A seguir são apresentadas algu- de rotação f2 da roda (2) à partir da qüências de rotação são iguais. mas relações entre as grandezas en- igualdade das velocidades escalares volvidas no estudo do movimento cir- das coroas dessas rodas (figura 6). l cular uniforme:
TRANSMISSÃO DO M.C.U
Ao acoplar polias objetivo principal
é a obtenção de uma freqüência de Figura 6 - Relação entre as freqüências de rotação na polia movida diferente da- rotação. Figura 7 - Acoplamento sobre o mesmo eixo. quela tida na polia motora.