Professional Documents
Culture Documents
MINERALÓGICAS DO ESTÉRIL DA
MINERAÇÃO DE GIPSITA DO ARARIPE, PE
Taís Saraiva de Melo Pinheiro1, Sheila Maria Bretas Bittar2, Ygor Jacques Agra Bezerra da Silva3, Felipe
Gusmão Didier de Moraes4 e Monaliza Alves dos Santos5
1. Primeira Autora é Aluna de Engenharia Agrícola e Ambiental, Departamento de Tecnologia Rural, Universidade Federal Rural de Pernambuco,
s/n, Av. Dom Manuel de Medeiros, s/n, Dois Irmãos, Recife, PE, CEP 52171-900. E-mail: tais.smp@gmail.com
2. Segunda Autora é Professora Associada do Departamento de Agronomia, Universidade Federal Rural de Pernambuco, Av. Dom Manuel de
Medeiros, s/n, Dois Irmãos, Recife, PE, CEP 52171-900. E-mail: schulze@depa.ufrpe.br
3. Terceiro Autor é Aluno de Agronomia, Departamento de Agronomia, Universidade Federal Rural de Pernambuco, Av. Dom Manuel de
Medeiros, s/n, Dois Irmãos, Recife, PE, CEP 52171-900. E-mail: ygorufrpe@yahoo.com.br
4. Quarta Autor é Aluno de Engenharia Florestal, Departamento de Engenharia Florestal, Universidade Federal Rural de Pernambuco, Av. Dom
Manuel de Medeiros, s/n, Dois Irmãos, Recife, PE, CEP 52171-900. E-mail: mictlantecuhtli_mictlan@yahoo.com.br
5. Quinta autora é Monitora bolsista da disciplina de Física do Solo, Aluna de Agronomia, Departamento de Agronomia, Universidade Federal
Rural de Pernambuco, Av. Dom Manuel de Medeiros, s/n, Dois Irmãos, Recife, PE, CEP 52171-900. E-mail: alves.monaliza@yahoo.com.br
quarteamento da amostra, colocação desta sobre placa os 2% restante da amostra de: fragmentos de rochas
de petri, observação das propriedades físicas dos (argilito/siltito); agregados ferrosos, irregulares, de cor
minerais [5], realização de microtestes físicos e marrom avermelhado, pouco friável, alguns com forte
químicos, e estimativa semi-quantitativa dos magnetismo (maghemita); agregados manganosos, de cor
constituintes presentes [6]. preta, friável e que efervescem em contato com H2O2 a
A mineralogia da fração argila foi determinada 10% a frio; mica, hábito foliáceo e cor castanho-
através de um Difratômetro de Raios X, da marca esverdeado a verde (clorita e/ou vermiculita); pirita
Shimatzu, operando com uma tensão de 40 kv e limonitizada, hábito cúbico, cor castalho avermelhado; e
corrente de 20 mA, radiação de CuKα, com microfósseis de ostracóides; além de fragmentos orgânicos
monocromador de grafite, com uma amplitude de (tecido vegetal e sementes).
leitura (2) entre 3° e 70° e/ou 50° e velocidade de Na fração areia fina são descritos: quartzo (85%), com
registro de 2° 2 min-1. As análises e interpretações características semelhantes às observadas na areia grossa;
basearam-se nos métodos propostos por Grim [7], gipsita (2%); agregados carbonáticos (3%); agregados
Jackson [8], Dixon [9], Whittig & Allardice [10] e argilosos (3%); agregados ferrosos (2%); agregados
Moore & Reynolds [11]. Foram analisadas as seguintes manganosos (2%); e traços (3%): micas; turmalina, cor
amostras orientadas da fração argila: “argila natural” e verde musgo, brilho vítreo, em grãos arredondados a sub-
de argila com pré-tratamentos para eliminação dos arredondados; zircão, prismático bipiramidal, transparente
carbonatos e cátions divalentes, matéria orgânica e e brilho vítreo; epidoto, cor verde característica, brilho
óxidos de ferro. Desta última foram realizadas quatro vítreo e sem clivagem; microfósseis; e fragmentos
leituras: argila saturada com cloreto de K e analisada a orgânicos.
25°C; argila saturada com cloreto de K e analisada A fração argila é constituída por: caulinita, definida
após aquecimento durante 2 horas a 550°C; argila pelos picos de 0,7, 0,35 e 0,39 nm, que colapsam quando a
saturada com cloreto e acetato de Mg e argila saturada amostra é aquecida a 550º C; quartzo (picos de 0,42 e 0,33
com Mg e solvatadas com glicerol, ambas as últimas nm, observados em todos os difratogramas); ilita (picos de
analisadas a 25°C. A interpretação dos difratogramas 10,1, 0,50 e 0,33 nm); e um argilomineral 2:1 expansivo,
foi realizada por meio do espaçamento interplanar (d), identificado pela presença do pico de 14,48 nm no
forma, largura e intensidade dos picos nos difratograma da argila natural. Este argilomineral,
difratogramas e comportamento nos tratamentos. provavelmente, é um interestratificado, ilita/esmectita,
devido ao comportamento frente aos demais tratamentos
Resultados utilizados: no difratograma de argila saturada em K, se
observa o pico de 12,81 nm; no difratograma de argila
A. Caracterização Física saturada em Mg, ocorre expansão e presença do pico de
Os dados físicos do estéril inicial e dos tratamentos 15,78 nm; e quando esta amostra é solvatada com glicerol o
após 30 dias estão expressos na Tabela 1. pico chega a 18,8 nm [12]. Além dos minerais citados, se
O estéril é um material argiloso, com densidade observa no difratograma da argila natural, picos que
global de 1,42 g cm-3, densidade da partícula de 2,40 g sugerem a presença de óxidos, dentre os quais destacamos
cm-3 e porosidade de 41%. Após 30 dias de condução a presença de goethita (0,41, 0,27 e 0,17 nm).
de experimento, pode-se observar uma diminuição da
densidade do solo e, por conseguinte da sua porosidade
que passou a ser de 52%; 48,1%; 52,4% e 51,3%,
Discussão
O estéril é um material argiloso de densidade
respectivamente, para o controle e tratamentos com
relativamente alta quando comparada à de solos argilosos
esterco de ave, boi e cabra.
comuns [13]. A densidade da partícula (2,40g cm-3) e a
Inicialmente, o estéril apresenta diâmetro médio
porosidade são coerentes com a textura e composição
ponderado (DMP) de 1,648 e diâmetro médio
mineralógica do material. O DMP (1,648) é compatível
geométrico (DMG) de 1,000. Após 30 dias, os valores
com a mineralogia da fração argila que predomina na
de DMP são de 2,762; 2,384; 2,699; e 2,240; e DMG
constituição do estéril, e com a quantidade relativamente
de 1,004; 1,003; 1,004; e 1,003, para o controle e
alta de cátions de Ca2+ e Mg2+, que propiciam a formação
tratamentos com esterco de ave, boi e cabra,
de agregados, mas não a estabilidade dos mesmos.
respectivamente.
Após 30 dias de experimento se observa, em todos os
tratamentos, a diminuição da densidade do solo, com o
C. Caracterização Mineralógica
conseqüente aumento da porosidade, isto não é reflexo da
A fração areia grossa é constituída por: quartzo
adição de matéria orgânica, uma vez que o controle
(92%), em grãos individuais ou como agregados
também mostrou este comportamento. Os aumentos nos
policristalinos, arredondados a bem arredondados, em
DMP e DMG, também observados em todos os
geral hialinos ou brancos, por vezes mostrando cor
tratamentos, indicam que a estabilidade de agregados
avermelhada, devido a incrustações de óxidos de ferro;
melhorou. Estes dados devem estar refletindo a
gipsita (2%), com hábitos granular, fibroso ou placoso
precipitação de minerais, provavelmente, carbonatos de Ca
e cores branca, bege e hialina; agregados carbonáticos
e Mg, que possuem densidade baixa quando comparado a
(2%), irregulares e mais raramente oólitos, com cores
dos silicatos, e devem estar promovendo a agregação e
que variadas (branco, bege e amarelo), que reagem em
estabilização das partículas.
contato com o HCl a 10% a frio; agregados argilosos
A mineralogia da fração areia é constituída
(2%), irregulares, friáveis, com cores que variam do
predominantemente por quartzo (>85%), com presença de
bege, cinza e marrom claro; além de traços que somam
gipsita e agregados carbonáticos, argilosos, ferrosos e
manganosos. A fração argila é constituída por [4] EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA
(EMBRAPA). Centro Nacional de Pesquisa de Solos (Rio de
caulinita, quartzo, ilita e argilomineral 2:1 expansivo,
Janeiro, RJ). Manual de métodos de análise do solo.2. ed. Rio de
provavelmente um interestratificado de ilita/esmectita, Janeiro, 1997. 212 p.
além de goethita. Segundo Dixon [9] nos sedimentos, [5] KLEIN, C.; HURLBUT Jr, C.S. Manual of Mineralogy. 21ed./after
normalmente, a ilita não é pura. Está sendo realizada a James Dana. New York: John Wiley & Sons Inc, 1999. 681p.
[6] TERRY, R. D.; CHILINGAR, G.V. Comparison charts for visual
concentração de óxidos na fração argila para se
estimation of percentage composition. Journal Sedimentare
verificar a presença de outros óxidos, tais como: Petrology, Los Angeles, v.25, n.3, p.299-234, 1995
manganita (0,34, 0,26, 2,4 e 1,6nm) e anatásio (0,35, [7] GRIM, R.E. Clay mineralogy. 2.ed. New York, McGraw-Hill, 1968.
0,19 e 0,17nm). 596p.
[8] JACKSON, M.L. Soil chemical analysis: Advanced course. 29.ed.
Madison, 1975. 895p.
Agradecimentos [9] DIXON, J.B. Minerals in soil environments. 2.ed. Madison, Soil
Science Society of America, 1977. 244p.
Agradeçemos à UFRPE; a Kinross Canada-Brazil [10] WHITTIG, L.D. & ALLARDICE, W.R. X-ray diffraction
Network for Advanced Education and Research in techniques for mineral identification and mineralogical
Land Resource Management, a Mineradora São Jorge e composition. In: BLACK, C.A., ed. Methods of soil analysis.. 4.ed.
CNPq. Madison, Americam Society of Agronomy, 1976. Part 1. p.671-698.
[11] MOORE, D.M. & REYNOLDS, R.C. X-ray diffraction and
identification and analysis of clay minerals. Oxford, Oxford
Referências University Press, 1989. 332p.
[1] DEPARTAMENTO NACIONAL DA PRODUÇÃO [12] ESLINGER, E. & PEAVER, D. Clay Minerals: for petroleum
MINERAL (DNPM). Sumário Mineral. Gipsita. 80-81, 2003. geologist and engineers. Oklaroma, USA. Soc. Econ Paleont. And
[2] SINDUSGESSO, 2008, http://www.sindusgesso.org.br/. Minen. 1988. 315p.
Acesso: 16 de setembro de 2008. [13] CAMARGO, O.A.; ALLEONI, L.R.F. Compactação do solo e o
[3] COMPANHIA PERNAMBUCANA DO MEIO AMBIENTE desenvolvimento das plantas. Piracicaba, 1997. 132p
(CPRH). Diagnóstico Sócio-Ambiental e Mapeamento das
Potencialidades e Restrições de Uso do Litoral Norte de
Pernambuco. Recife: CPRH/GERCO, 2001.