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José Aristides da Silva Gamito

"Se podes
olhar, vê. Se
podes ver,
repara.”
José Saramago
SUMÁRIO
Os desafios da Educação Inclusiva.
A necessidade de superação da cultura
do Mesmo.
A multiplicidade do conhecimento e da
inteligência.
A linguagem e a corporeidade.
Considerações sobre uma alfabetização
inclusiva.
RESUMO
Esta palestra defende que a
educação do país só será inclusiva
quando as pessoas, sujeitos da
educação, forem inclusivas. Os
desacertos neste campo provêm
do predomínio de uma antiga
cultura do Mesmo que dever ser
superada. Somente partindo do
pressuposto de que a via do
conhecimento é múltipla e
1. OS DESAFIOS DA
EDUCAÇÃO INCLUSIVA
A primeira adaptação é a mentalidade.
Esta reflete na linguagem, nós nos
consideramos “normais”:

Normal: do lat. normalis “feito com


esquadro”; norma “esquadro”.

Deficiente: do lat. deficio “ter falta de;


abandonar, não poder”. De + facio: não
fazer.

A nossa cosmovisão é ditatorial.


Somos herdeiros de uma tradição
racional, grafista e oralista. Todo o corpo
participa do conhecimento.

A medida de inteligência baseada no QI


não inclui. As inteligências são múltiplas.

A escola precisa do apoio do Estado para


que tenha recursos didáticos acessíveis
às pessoas com deficiência.
2. ASPECTOS
Século XV: HISTÓRICOS
Crianças eram jogadas no esgoto
em Roma.
Séc. XVI: Segregação em asilos.
Séc. XVI: 1° alfabeto manual. Ponce de León
aposta na educação dos surdos.
Séc. XVI: Juan Pablo Bonet publica alfabeto.
1800: A França educa os deficientes
intelectuais.
Séc. XVIII: Charles Michel de L’Épée educa
formalmente surdos e mudos. Valentin Haüy
educa os cegos.
Séc. XIX: Louis Braille desenvolve o alfabeto
Braille. Difusão da língua de sinais.

1948: A Declaração Universal dos Direitos


Humanos considera a alfabetização das pessoas
com deficiência.
3. A SUPERAÇÃO DO MESMO
Emanuel Lévinas considera a cultura
ocidental como a hegemonia do Mesmo.
A nossa noção de Outro nada mais é do
que duplicação do Eu.

Somos completamente responsáveis


pelo outro. No seu rosto está escrito
“não matarás”, ignora a sua
necessidade é desumanizar-se.
4. A MULTIPLICIDADE DA INTELIGÊNCIA

Howard Gardner (1943) concebeu na década


de 80 a teoria das inteligências múltiplas. Há
diferentes tipos de inteligência:

Lógico-matemática - abrange a capacidade


do indivíduo para analisar problemas,
operações matemáticas e
questões científicas. Medida por testes
de QI, é mais desenvolvida em matemáticos,
engenheiros e cientistas, por exemplo.
Linguística - caracteriza-se pela maior
sensibilidade para a língua falada e escrita.
Também medida por testes de QI, é predominante
em oradores, escritor e poetas.

Espacial - expressa-se pela capacidade de


compreender o mundo visual de modo minucioso.
É mais desenvolvida em arquitetos,
desenhistas e escultores.

Musical - expressa-se através da habilidade para


tocar, compor e apreciar padrões musicais, sendo
mais forte em músicos, compositores
e dançarinos.
Físico-cinestésica ou Corporal - traduz-se na
maior capacidade de utilizar o corpo para a
dança e os esportes. É mais desenvolvida
em mímicos, dançarinos e esportistas, por
exemplo.

Intrapessoal - expressa na capacidade de se


conhecer, estando mais desenvolvida em
escritores, psicoterapeutas e conselheiros.

Interpessoal - é uma habilidade de entender as


intenções, motivações e desejos dos outros.
Encontra-se mais desenvolvida em
políticos, religiosos e professores.
Naturalista - traduz-se na sensibilidade para compreender
e organizar os fenômenos e padrões da natureza, como
reconhecer e classificar plantas, animais, minerais,
incluindo rochas e gramíneas e toda a variedade de fauna,
flora, meio-ambiente e seus componentes. É característica
de paisagistas, arquitetos e mateiros, por
exemplo. Charles Darwin se encaixa nesta inteligência.

Existencial - abrange a capacidade de refletir sobre


questões fundamentais da existência, aguçada em vários
segmentos diferentes da sociedade. É mais desenvolvida
em filósofos, e religiosos, por exemplo.
5. A MULTIPLICIDADE DO
CONHECIMENTO
Séc. XVI: Racionalismo cartesiano – A razão
é considera absoluta com o “penso logo
existo”. Os sentidos e as experiências são
postas em 2º plano.

A educação tornou-se rígida, formal e


tecnicista: QI, notas, grades, acento nas
ciências exatas e gramática, método silábico.
6. CAMINHOS PARA UMA
ALFABETIZAÇÃO INCLUSIVA
A corporeidade ocupa um espaço
importante na alfabetização. O conceito
de alfabetização tem de ser ampliado. O
que está em foco é toda a linguagem.

A linguagem pode ser: Oral, visual,


tátil. Alfabetizar envolve todos os
sentidos.
Seguindo Vygotsky, o educador vai
visar à Zona de Desenvolvimento
Proximal do educando. Aquele espaço
singular a partir do qual ele pode
aprender e não submetê-lo ao esquema
pré-concebido.

A aplicação de um método global


associada a recursos de multimídia,
envolvendo todos os sentidos e com a
presença indispensável das línguas
próprias é possível alfabetizar bem.
ANEXO:
INSTRUMENTOS
INDISPENSÁVEIS À
ALFABETIZAÇÃO
Fig. 1 –
Amostra de
Alfabeto
Figura 2 –
Amostra
de
Alfabeto
Manual
Clique para editar os estilos do texto mestre
Segundo nível
● Terceiro nível

● Quarto nível

● Quinto nível

Figura 3 –
Alfabeto
Manual Tátil
A alfabetização das pessoas com
deficiência depende de uma série de
adaptações, mas a principal delas é a
reconsideração sobre a linguagem.
A educação deve proporcionar
instrumentos de adaptação ao mundo
e cada um tem suas necessidades.
A participação da corporeidade é um
passo importante para que todos
estejam incluídos no processo.
“Tu te tornas
eternamente responsável
por aquilo que cativas”

Antoine de Saint-Exupéry

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