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Setúbal, Abril de 2010

Apresentação e Estratégia do Projecto


A região de Setúbal constitui, no panorama nacional e mundial, um património
único, pela sua história, pela diversidade, pelas suas personalidades e por uma
paisagem singular, resultante de actividades económicas, como a pesca e a
indústria fabril. Na sua paisagem possui as suas praias e a Serra da Arrábida
que pela sua especificidade natural e a sua riqueza paisagística permitiram a
sua candidatura a Património Mundial da Unesco.

No entanto, a região não possui infra-estruturas culturais que preservem e


divulguem as memórias das suas actividades e das suas gentes, assim como a
sua serra de grande relevância internacional. É vital para o desenvolvimento
económico e cultural da região utilizar esse património como uma mais-valia, a
utilizar como reforço da sua auto estima, da cultura e identidade das suas
populações. Deverá ser primordial a utilização de todas as características da
região como um instrumento de valorização das actividades associadas ao
turismo cultural.

Poder-se-á afirmar que nesta região existem vários núcleos museológicos,


todos de iniciativa autárquica, mas raramente ultrapassam a escala local, não
atingindo o grande público, não possuindo as infra-estruturas técnicas e físicas
para o desenvolvimento de uma programação variada e de qualidade, que
tenha como objectivo principal não só a promoção e divulgação do património,
mas também o interesse pela pesquisa contínua, com o propósito de inovar na
forma de facultar um conhecimento mais dinâmico e atractivo a quem visita
estes espaços museológicos tradicionais.

Não se poderá dizer que o Município de Setúbal nos últimos anos não se tem
esforçado na implementação de uma estratégia de desenvolvimento cultural na
região, visando o objectivo de fomentar o desenvolvimento cultural dos
cidadãos. Tem implementado melhorias nos seus equipamentos culturais, mas
julgamos que sem muito sucesso, uma vez que tem sido uma constante a fuga
dos interessados pela cultura para grandes espaços museológicos com mais
oferta cultural e maior dinamismo. Também não cativaram visitantes externos.
Até há pouco tempo não era comum, associar-se o sector Cultural à
competitividade e ao crescimento económico, no entanto um investimento
cultural pode ser o motor de desenvolvimento de um local ou região.

Importância económica do sector cultural


Existe um número crescente de autores que defendem que os museus
afirmam-se como elementos fundamentais de atracção de turismo cultural,
advindo daí possibilidades de desenvolvimento económico – local e regional –
muito positivas, o que tem contribuído para a disputa que se vive entre as
cidades numa tentativa de conseguir possuir um museu emblemático e que
seja um caso paradigmático de excelência.

A despesa cultural permite a existência e o funcionamento de numerosos


eventos e manifestações culturais e assegura a perenidade das instituições
culturais (museus, monumentos, espectáculos ao vivo, entre outros).

Todas as actividades culturais e criativas causam consequências económicas


de diversa ordem, entre elas:

 Os públicos durante a sua presença em ambientes culturais fazem


gastos de vária ordem, nomeadamente estadia, alimentação e
transportes. Este é um impacto directo particularmente desenvolvido em
grandes eventos artísticos e na visita a instituições culturais
prestigiadas, que atraem um público numeroso, que quase sempre vêm
de longe

 Criação e consolidação de emprego. Muitos empregos são criados


devido a uma crescente procura cultural de determinada região

 Ajuda também a desenvolver o turismo das regiões, permite fidelizar


visitantes e prolongar as estadias nas regiões

 Alguns eventos e/ou instituições museológicas ganham uma notoriedade


que marcam a imagem de uma região e cidade

 Tem ainda o efeito de fomentar o mecenato cultural nas regiões.


 Por todos estas razões pretendendo contribuir para o desenvolvimento
económico da região de Setúbal e principalmente da cidade, é nosso
objectivo implantar o Espaço Art’Viva.

Espaço Art’Viva
Espaço Art’Viva é o nome de um projecto que visa contribuir para o
desenvolvimento do concelho de Setúbal, tendo em vista impulsionar a
inovação em espaço cultural de referência, a competitividade com os espaços
museológicos já existentes e a internacionalização da região da Costa Azul.

O projecto Espaço Art’Viva pretende um museu que seja diferente do conceito


de museu tradicional, assim como pretende fazer parte integrante do projecto já
existente para a península de Setúbal na área da cultura e do turismo.

Propriamente na região onde vai ser implantado, na cidade de Setúbal,


pretende-se que a mesma seja valorizada quer na área cultural quer na
turística e que seja um pólo de atracção para as cidades limítrofes.

Pretende-se com a implementação do museu na cidade, transformar Setúbal


numa procura de primeira escolha, por parte de portugueses e estrangeiros.

A nossa estratégia para implementar o nosso projecto assenta numa visão


clara, onde temos em atenção os pontos fortes e fracos assim como as
ameaças e oportunidades que se deparam na região, nos planos nacional e
internacional.

Dimensão económica
A Península de Setúbal está localizada estrategicamente a poucos quilómetros
da capital do País (Lisboa), tendo bons acessos de ligação através de Auto-
estrada.

Grandes indústrias se tem implementado na região (indústria automóvel) e


outras, como o novo aeroporto e o TGV se seguirão.
Toda a região tem características geográficas e ambientais de excelência para
se desenvolver no sector cultural e turístico.

Para melhor ficarmos a conhecer a região realizamos a seguinte análise Swot:


Análise swot – Concelho de Setúbal

Pontos Fracos Pontos Fortes

 Falta de estacionamento no centro  Boa localização geográfica


da cidade
 Bons acessos a Lisboa
 Algum património arquitectónico
 Boa acessibilidade
pouco valorizado
 Boa mobilidade
 Incapacidade de atrair artistas
 Terra de fortes tradições, com um
 Incapacidade de atrair público aos
património arquitectónico, cultural
eventos existentes
e natural rico e diversificado
 Fraca estratégia para o turismo
 Proximidade da Serra da Arrábida
 Fraca divulgação dos eventos a e das praias
realizar
 Zona ribeirinha requalificada
 Escassez de equipamentos
culturais

 Escassez de programação cultural

Ameaças Oportunidades

 Estagnação do sector do turismo  Cidade com excelente capacidade


turística e cultural, aproveitando e
 Degradação e abandono dos
valorizando o seu património
centros históricos e de algum
arquitectónico, natural e cultural
património arquitectónico
 Divulgação da cultura, das
 Não formação/educação de
tradições e da identidade sadina
públicos para a cultura
 Requalificação do auditório Luísa
 Fraca dinâmica cultural
Todi
 Proximidade com a capital do país
 População jovem
(Lisboa)
Conceito do Museu Tradicional

Um museu é uma instituição permanente, sem fins lucrativos, ao serviço da


sociedade e do seu desenvolvimento, aberto ao público, e que adquire,
conserva, estuda, comunica e expõe testemunhos materiais do homem e do
seu meio ambiente, tendo em vista o estudo, a educação e a fruição.
In Estatutos do ICOM, adoptados na 16ª Assembleia Geral do ICOM

O novo Conceito de Museu

Durante mais de um século o Museu permaneceu como uma instituição


inquestionável. Local de "culto" e repositório do prestígio da sociedade
dominante, o Museu mostrava a sua "colecção" a um "público" que se
pretendia variado e que nela se revia ou não, mas, ao qual eram transmitidos
os valores que as peças veiculavam.

A emergência de novos paradigmas sociais, económicos e políticos na


segunda metade do século XX vem afectar todas as estruturas e instituições. A
estas mudanças não escapou a instituição Museu.

As actividades dos museus tendem a estender-se para além das suas


finalidades primitivas: armazenar, apresentar e aumentar as suas colecções.

A característica essencial do museu do futuro será a sua capacidade para


captar e reagir rapidamente aos problemas próprios de uma sociedade que o
rodeia.

Em primeiro lugar não poderá considerar-se nunca como instituição concluída.


Deverá estar constantemente apto às mudanças, como único meio de fazer
parte plena de uma sociedade cada vez mais activa.

O museu que antes incluía apenas a essência do saber das artes, das ciências
e da cultura em geral é actualmente uma mera ilusão.

O modelo do museu do futuro deverá abrigar tradição e vanguarda numa


harmoniosa convivência, entre o antigo e o novo padrão museológico.

Por fim, o museu já não poderá mover-se no interior de uma estrutura rígida,
mas antes pelo contrário, terá de contar com elementos dinâmicos e flexíveis,
que lhe permitam adaptar-se às constantes mudanças, nascidas de uma
autêntica crítica dos próprios responsáveis das instituições museológicas.

Para tanto, os museólogos estão a trabalhar para que a instituição deixe de ser
estática e permanente, para assumir aspectos vitais de temporalidade e
mudança; passa do museu do mundo fechado para o museu como processo
aberto; do museu como sujeito passivo para o museu como sujeito activo.

No museu do futuro as funções técnicas estariam definidas. Os especialistas


deste campo teriam como missão fundamental a prestação de apoio técnico,
quando este fosse requerido, e sobretudo a oferta de uma infra-estrutura
adequada para o êxito das actividades relacionadas com o museu.

Os visitantes, até agora meros espectadores, desempenhariam o papel de


protagonistas do desenvolvimento da instituição. Seriam sujeitos activos e
conscientes de seus interesses e necessidades, e da função que o museu deve
desempenhar na sociedade.

Análise do Mercado (estudos de caso)

Para uma melhor explicação do que pretende ser este nosso projecto
empreendedor, resolvemos analisar alguns estudos de caso. Casos esses
exemplos máximos do que é um museu inovador e de sucesso.

Para começar, apresentaremos o caso do Guggenheim de Bilbao.

Museu Guggenheim de Bilbao


O Museu Guggenheim de Bilbao foi inaugurado em 1997 como parte de um
plano de revitalização para a cidade de Bilbao. Desde que o museu abriu as
suas portas, tem sido uma importante atracção turística, cativando o interesse
de visitantes de todo o mundo e ganhando o seu lugar como atracção principal
da arquitectura moderna da cidade.

Apenas um ano após a abertura das suas portas ao público, o número de


visitantes já ascendia ao 1.300.000.
A colecção permanente do Museu Guggenheim de Bilbao é exibida de uma
forma dinâmica através de diversas exposições destinadas a fornecer ao
público diferentes perspectivas sobre a história da arte.

A missão do Museu Guggenheim de Bilbao é recolher, conservar e estudar a


arte moderna e contemporânea, para expor a arte dos nossos tempos de uma
variedade de perspectivas no contexto da história da arte, para atingir um
público amplo e diversificado.

Como um dos pilares da rede de Museus Guggenheim, e um símbolo da


vitalidade do País Basco, tem também como um dos seus objectivos a
compreensão, valorização e fruição da arte e os seus valores num ambiente
icónico arquitectónico.

Museu do Douro
Resolvemos escolher também um caso português de um museu como aposta
para o desenvolvimento regional: Museu do Douro.

Procurando um devir para o Douro auspicioso, pretende o Museu do Douro


registar, estudar e actuar no tecido extremamente complexo, que é a Região
Demarcada do Douro.

Se registar, estudar e expor são princípios metodologicamente muito testados e


avalizados, a implementação de princípios activos no tecido social e físico da
região terá que ser mais inventiva.

O próprio princípio de Museu de Território exige uma permanente


adaptabilidade a todas as circunstâncias e factos que interagem na Região.
Ao introduzir uma grelha de núcleos do Museu do Douro nos Municípios da
Região Demarcada e dar a cada um deles uma especificidade, estamos a
contribuir para a coesão que, quer a nível interno como externo, é vital para a
afirmação da marca «Douro».
Ao divulgar as figuras, poetas, enólogos, pintores… estamos, para além da
coesão, a promover o orgulho duriense.
É esta, basicamente, a tarefa do Museu do Douro: arquivos, biblioteca,
colecções, exposições, edições de todo o tipo são o seu suporte.

Os principais parceiros deste projecto de desenvolvimento são, desde logo, os


habitantes, operadores e instituições durienses, na medida em que são estes
os seus primeiros defensores, dinamizadores e beneficiários.

O museu da Língua Portuguesa


Inaugurado oficialmente no dia 20 de Março, o Museu da Língua Portuguesa
abriu as suas portas ao público no dia 21 de Março de 2006. Nos seus três
primeiros anos de funcionamento mais de 1.600.000 pessoas já visitaram o
espaço, consolidando-o como um dos museus mais visitados do Brasil e da
América do Sul.
O Museu contou com uma equipa de criação e pesquisa composta por mais de
trinta profissionais qualificados, de entre eles sociólogos, museólogos,
especialistas em língua portuguesa e artistas que trabalharam sob a orientação
da Fundação Roberto Marinho, instituição agregada ao Governo do Estado de
São Paulo, responsável pela concepção e implantação do museu.
O seu projecto foi avaliado em aproximadamente R$37.000.000,00 (trinta e
sete milhões de reais) que foram usados para financiar a criação, pesquisa,
implantação do museu e restauro do Prédio da Estação da Luz. O projecto
arquitectónico é de autoria de Pedro Mendes da Rocha e Paulo Mendes da
Rocha.

O Museu da Língua Portuguesa, dedicado à valorização e difusão do nosso


idioma (património imaterial), apresenta uma forma expositiva diferente das
demais instituições museológicas do país e do mundo, usando tecnologia de
ponta e recursos interactivos para a apresentação de seus conteúdos.
Os principais objectivos do Museu da Língua Portuguesa são:

- Mostrar a língua como elemento fundamental e fundador da nossa cultura;

- Celebrar e valorizar a Língua Portuguesa, apresentar as suas origens, história


e influências sofridas;

- Aproximar o cidadão usuário de seu idioma, mostrando que ele é o verdadeiro


“proprietário” e agente modificador da Língua Portuguesa;

- Favorecer o intercâmbio entre os diversos países de Língua Portuguesa;

- Promover cursos, palestras e seminários sobre a Língua Portuguesa e temas


pertinentes;

- Realizar exposições temporárias sobre temas relacionados com a Língua


Portuguesa e as suas diversas áreas de influência.

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