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Ættir, as três divisões de Oito Runas

Godhi The Red, Honour & Pride


http://ordoart.com/honour/

Para introduzir os estudos das Stöður rúnicas antes é necessário entender a


divisão que será feita baseada no modelo Ættir. Ætt significa tanto “oito” como
“família” (ættir = plural, ætt = singular) e, no caso das runas, estes dois significados se
mesclam para formar três “famílias” de “oito” elementos. No contexto metafísico, os
Ættir representam a superação de desafios gerados pela vida e a morte do mundo natural
no seu cíclico devir, por meio do contato íntimo com as forças divinas que caracterizam
cada uma das três famílias de runas, ou seja, cada uma das três divisões rúnicas é regida
por forças divinas distintas e o uso de cada uma delas proporciona uma viagem
iniciática de transfiguração mágicka.
O simbolismo que permeia a divisão das vinte e quatro runas em três Ættir
refere-se às religiosidades xamanistas dos povos gentílicos partindo dos seguintes
preceitos: alma-corporal, alma-sombra e alma-destino. Além disso, o modelo Ættir é tão
forte, que as divisões ainda podem ser representadas de forma cifrada através de
números ou traços que as distinguem. Arild Hauge1 chamou esse artifício de “runas
codificadas” (em norueguês Lønnruner) e discute a razão para escrever runas desta
forma. Segundo Hauge (2014) essa forma de escrever poderia estar ligada ao fato de
querer esconder o significado da inscrição. O método também poderia ser apenas outra
maneira de escrever runas - sem qualquer pensamento sobre mágicka ou segredo do
texto. Tomemos como exemplo a runa Jera que pode ser identificada (conforme quadro
abaixo) por 2:4 (2/4) ou pela combinação (simples ou artística) de dois traços compridos
e quatro traços curtos significando que Jera é a quarta runa do segundo ætt.

1
Publicação de Arild Hauge em 01.03.2014. LØNNRUNER og kodete runeinnskrifter . Disponível em:
http://www.arild-hauge.com/lonnr.htm
Partindo dessas observações, temos a divisão simples dos Ættir e de suas
regências divinas:
1- O primeiro Ætt é formado pelos elementos e habilidades que o Mestre de
Runas deve desenvolver em si: força mágicka (Fehu), poder de formação (Uruz), força
dinâmica (Þorn), inspiração (Ansuz), ritmo (Raiðo), controle de energias e sabedoria em
sua aplicação (Kenaz), habilidade em dar e receber poder (Gebo) e personalidade
integrada (Wunjo). Esta primeira família representa a fertilidade, a força vital e suas
manifestações no ser humano. Este primeiro Aett representa os primeiros passos do
futuro iluminado para o propósito último. Estas oito primeiras runas irão dar as
indicações necessárias para a pessoa que decidiu embarcar em uma missão sagrada. São
tradicionalmente chamadas “As Oito Runas de Freyr ou de Frejya” e referem-se às
forças intraterrenas.
2- Já o segundo Ætt, reúne as runas ligadas à formação do multiverso e são os
instrumentos de iniciação do Mestre de Runas nos níveis das forças do caos e da
transformação: a compreensão da estrutura do universo (Hagall), o despertar do fogo
interno (Nauðiz) e do gelo da consciência (Isa), o crescimento da semente do poder
(Jera), a subida por Yggdrasill para a iniciação em seus nove mundos (Eihwaz), o
desenvolvimento da habilidade de compreender e usar as forças do Ørlög (Peorth), a
comunhão com os deuses (Algiz) e o domínio da vontade mágica através da Roda do
Sol (Sowilo). Este ætt representa o mundo tangível, o nosso mundo. Isso nos indica
como participar e integrar este mundo. É o reino intermediário entre os homens e os
deuses e simboliza a evolução do ser humano no sentido de um desenvolvimento da
consciência e da magia da alma. Também são chamadas “As Oito runas de Heimdallr
ou das Norns” e referem-se ao plano psicológico e as forças transmutadoras.
3- Por fim, o terceiro Ætt traz as runas de aspectos transcendentes através da
expressão arquetípica de alguns dos principais deuses do panteão nórdico: o Pai Celeste
(Tyr), a Grande Mãe (Beorc), os Deuses Gêmeos (Ehwaz), a Luz Divina presente em
cada ser humano (Mannaz), o poder além da vida (Laguz), o Deus do Sacrifício
(Ingwaz), Paradoxo Odínico (Dæg) e a herança ancestral (Oþala). Esta família expressa
a relação das pessoas com o mundo das forças divinas e sua função no Destino. Este
grupo descreve a condição humana, os aspectos sociais e a transformação espiritual do
homem ou da mulher. Também são chamadas “As Oito runas de Tyr ou de Zisa” e
referem-se ao plano astral da manifestação e a transposição da consciência cósmica.

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