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NP Norma Py Portuguesa Eurocédigo 7: Projecto geotécnico Parte 1: Regras gerais Eurocode 7: Calcul geotechnique Partie 1: Régles générales Eurocode 7: Geotechnical design Part 1: General rules Ics HOMOLOGAGAO 97, 010, 30; 93. 020, ‘Termo de Homologagio N° 52/99, de 1999.04.13 DESCRITORES Buificios; construgio civil; uabalbos de engenharia da construgio; projecto; meciniea dos solos; fundagGes; ensaios; cedleulos de projecto ELABORACAO TIS (LNEC) CORRESPONDENCIA Versio Portuguesa da ENV 1997-1: 1994 EDICAO Maio de 1999 CODIGO DE PRECO x083 © 1PQ repo poids Instituto Portugués da Qwatidade Raa © Ave Tis Ves Pr-asis MONTEDECAPARICA PORTUGAL To (63911) 294 100, Fae te AOE CoPT, AsMAILPAC,P 381 1/2048 01 MS, OaIPO, OUI =IPON. PRE-NORMA EUROPEIA ENV 1997-1 EUROPAISCHE VORNORM PRENORME EUROPEENNE EUROPEAN PRESTANDARD Outubro 1994 ICS: 6246.12.13 (083.74) (4) Descritores: Mecénica dos solos, célculo, regras de concepedo, regras de célculo \Versdo Portuguesa Eurocédigo 7: Projecto geotécnico Parte 1: Regras gerais Eurocode 7: Entwurf, Eurocode 7: Calcul Eurocode 7: Geotechnical Berechnung und Bemessung in geotechnique - Partie 4: design - Part 1: General rules der Geotechnik - Teil 1: Régles générales Allgemeine Regeln A presente Norma a verso portuguesa da Pré-Norma Europeia ENV 1997-1:1994, e tem 0 mesmo estatuto que as versdes oficiais. A traducdo é da responsabilidade do Instituto Portugués da Qualidade. Esta Pré-Norma Europeia foi ratificada pelo GEN em 1993-05-25, como uma norma experimental para aplicagao proviséria. O periodo de validade desta ENV estd inicialmente limitado a trés anos. Apés os dois primeiros anos, os membros do CEN sero convidados a formular os seus comentérios, em particular sobre a possivel conversdo da ENV em EN. ‘Os membros do CEN devem anunciar a existéncia desta ENV, do mesmo modo que para uma EN, ¢ tomar a ENV disponivel a nivel nacional, rapidamente e de forma apropriada, ‘As normas nacionais em contradigéo com a ENV podem ser mantidas em vigor (em simulténeo com a ENV), até decisdo final sobre a conversao da ENV em EN. Os membros do CEN séo os organismos nacionais de normaliza¢ao dos seguintes paises: Alemanha, Austria, Bélgica, Dinamarca, Espanha, Finlandia, Franca, Grécia, Irlanda, Islandia, Italia, Luxemburgo, Noruega, Paises Baixos, Portugal, Reino Unido, Suécia e Suiga CEN Comité Europeu de Normalizacao Europaisches Komitee fiir Normung Comité Européen de Normalisation European Committee for Standardization Secretariado Central: rue de Stassart 36, B-1050 Bruxelas © 1992 Direitos de reprodugao reservados aos membros do CEN Ref. n° ENV 1997-1:1994 Pt INDICE Preimbulo 1 GENERALIDADES Ll Campo de aplicago . 1.1.1 Campo de aplicagao do Eurocédigo 7 1.1.2 Campo de aplicagaio da ENV 1997-1 1.13 Outras partes do Eurocédigo 7 12 Referéncias 13. Distingdo entre Principios e Regras de Aplicagio. 14 Pressupostos. 15 Definigées.... 1.5.1 Termos comuns a todos os Eurocédigos 1.5.2. Termos especiais utilizados na ENV 1997-1 16 Unidades SI 1.7 Simbolos comuns a todos os Eurocédigos 18 Simbolos utilizados no Eurocédigo 7 1.8.1 Letras latinas maidisculas 18.2 Letras latinas miniisculas 183 Letras gregas minisculas. 184 — indices. 2 BASES DO PROJECTO GEOTECNICO 2.1 Requisitos de projecto 22 —— Situagdes de projecto 23 Durabilidade. . 24 Dimensionamento geotécnico com base no céleulo. 241 Introdugio. 2.4.2 AcgBes no projecto geotécnico 2.43 Propriedades do terreno 244 — Valores de célculo da resisténcia dos materiais estruturais 245 Dados geométricos. 2.4.6 — Valores limites dos movimentos 2.5 Dimensionamento por medidas prescritivas 2.6 Ensaios de carga e ensaios em modelos experimentais. 2.7 Método observacional.... 2.8 —— Relatdrio do projecto geotécnico 3 CARACTERIZACAO GEOTECNICA 3.1 Generalidades. 3.2 Estudos de caracterizacio geotécnica 3.21 3.22 3.23 33 331 3.32 333 334 335 3.36 337 338 339 339.1 3.3.9.2 3.3.10 33.11 33.12 3.3.13 33.14 3.3.15 3.4 3.4.1 3.42 41 42 421 422 423 43 43.1 432 44 45 46 5A 5.2 53 Introdugao Estudos preliminares Estudos para 0 dimensionamento Determinagao dos parimetros geotécnicos Generalidades Identificago do terreno. Peso voltimico Compacidade relativa Compactagio relativa. Resisténcia 20 corte nao drenada de solos coesivos Pardmetros de resisténcia 20 corte dos solos em termos de tensGes efectivas. Deformabilidade dos solos Qualidade e propriedades de rochas e macigos rochosos Resisténcia & compresso uniaxial e deformabilidade dos materiais rochosos Resisténcia 20 corte das diactases. Pardmetros de permeabilidade e de consolidagao Resisténcia & penetragao estitica Nimero de pancadas em ensaios SPT (“Standard Penetration Test”) ou noutros ensaios de penetracao dinamica Pardmetros pressiométricos Parémetros dilatométricos Compactabilidade Relatorio da caracterizagao geotécnica Apresentago da informagio geotécnica ‘Avaliagao da informagao geotécnica SUPERVISAO DA CONSTRUCAO, OBSERVACAO E MANUTENCAO Generalidades Supervisdo da construgio, Plano de superviséo Inspecgdo e controlo Verificagao do projecto Verificagao das condigées do terreno Solos e rochas.... Agua subterranea Verificagao da construgao Observacao. Manutengio. ATERROS, REBAIXAMENTOS, MELHORAMENTO E REFORCO DO TERRENO. Generalidades - . sae Requisitos fundamentais Construgao de aterros 35 236 37 40 40 a2 42 42 43 43 45 46 46 AT 41 48 48 49 49 50 50 51 53 53 54 54 54 55 56 56 56 58 58 60 61 61 61 62 53.1 532 533 534 54 55 61 62 63 64 65 65.1 65.2 65.21 6.5.2.2 65.23 653 65.4 655 66 66.1 66.2 67 68 W 12 13 731 132 7321 73.22 13.23 13.24 14 741 742 15 751 152 Principios Selecgao do material de aterro . Escolha dos processos de colocagao e de compactago do aterro Controlo da execugao do aterro Rebaixamentos Melhoramento e reforgo do terreno FUNDACOES SUPERFICIAIS Generalidades Estados limites Acgies e situagdes de projecto, Consideragdes de projecto e construcao Verificagao em relagao aos estados limites iltimos Estebilidade global Rotura devido a insuficiente capacidade resistente do terreno Generalidades Método analitico Método semi-empirico Rotura por destizamento Cargas com grandes excentricidades Rotura estrutural por movimento da fundagao Verificagao em relago aos estados limites de utilizagao Assentamentos Andlise de vibragoes FundagSes em macigos rochosos: Considerages adicionais para o dimensionamento Dimensionamento estrutural de fundagées superficiais, FUNDACOES EM ESTACAS Generalidades Estados limites Acgies ¢ situagdes de projecto Generalidades Acgdes devidas a deslocamentos do terreno Generalidades Atrito lateral negativo, Empolamento do terreno. Carregamento transversal. , Métodos de dimensionamento e consideragGes de projecto Métodos de dimensionamento. Consideragies de projecto Ensaios de carga em estacas. Generalidades. Ensaios de carga estaticos 62 62 63 66 67 68 68 68 68 69 70 70 70 70 7 7 7 7: 14 74 75 16 17 7 79 79 79 79 79 80 80 80 81 8 82 82 83 84 84 85 7.5.2.1 Modo de carregamento aaa ere 85 7.5.2.2 Estacas experimentais. . see 86 7.523. Estacas definitivas soos 86 7.53. Ensaios de carga dinémicos. 87 7.5.4 Relatério do ensaio de carga 87 7.6 Estacas em compresséio 88 7.61. Dimensionamento baseado nos estados limites... 88 7.62 Estabilidade global a 88 7.63 Capacidade resistente 89 7.63.1 Generalidades. 89 7.63.2 Capacidade resistente dltima com base em ensaios de carga em estacas 90 7.63.3 Capacidade resistente iltima com base em ensaios do terreno 93 7.63.4 Capacidade resistente iltima com base em formulas de cravagao de estacas 95 7.635 Capacidade resistente Ultima a partir da andlise baseada na equagao da onda 95 7.64 Assentamentos de fundagdes por estacas 96 7.7 Estacas em tracgao 96 7.71 Generalidades 96 7.12 Resisténcia vitima 4 tracgéo 97 7.72.1 Generalidades - 97 7.722 Capacidade resistente ultima a traced a partir de ensaios de carga em estacas 99 7.7.23 Resisténcia Gltima & tracgo com base em resultados de ensaios do terreno 100 7.13 Deslocamento vertical 100 7.8 Estacas carregadas transversalmente ee 101 781 Generalidades. 101 7.8.2 Resisténcia tltima ao carregamento transversal 101 782.1 Generalidades 101 7.8.22. Resisténcia tiltima ao carregamento transversal com base em ensaios de carga em estacas 102 78.23 Resisténcia tltima ao carregamento transversal com base em ensaios do terreno ¢ em parmetros de resisténcia da estaca 102 7.83 Deslocamento transversal one 103 7.9 Dimensionamento estrurural das estacas 103 7.10 Superviso da construgao. 104 8 ESTRUTURAS DE SUPORTE. sone 106 8.1 Generalidades . 106 8.2 Estados limites. sos 106 83 —_Acgdes, dados geométricos e situagdes de projecto... a 107 83.1 Acgdes . . sen 107 8.3.1.1 Peso do material de aterro. ese . 108 83.12 Sobrecargas. 108 83.13 Peso dadgua..... sep 1B 8.3.14 Forgas das ondas sos 108 8.3.1.5 Forgas de suportes. . eevee] 09 83.16 8317 83.2 83.2.1 83.22 833 84 85 85.1 85.2 853 854 855 85.6 86 861 86.2 863 8.6.4 8.6.5 8.6.6 867 87 871 87.2 8.73 874 88 88.1 88.2 8.8.3 884 885 88.6 887 9.1 9.2 93 94 95 95.1 Forgas de coliséo Efeitos da temperatura Dados geoméiricos Superticie do terreno... Niveis de agua Situagdes de projecto Considerages de projecto e construgio Determinacdo das pressbes de terras e da agua Valores de calculo dos impulsos de terras Presses de terras em repouso Valores limites das pressdes de terras. Valores intermédios das pressdes de terras Efeitos da compactagio Pressdes da agua Verificago em relagao aos estados limites ultimos Generalidades Estabilidade global . Rotura da fundacio em muros de gravidade Rotura rotacional em cortinas Rotura vertical em cortinas Rotura estrutural vs Rotura por arranque de ancoragens Estados limites de utilizar Generalidades... Deslocamentos Vibragdes . Estados limites de utilizagio em elementos estruturais. Ancoragens Generalidades Projecto de ancoragens Consideragdes referentes & construgio Ensaios de ancoragens. Ensaios prévios, Ensaios de recepeao Supervisio da construgio e observagéo ATERROS E TALUDES Generalidades.. Estados limites... . Acgdes e situagdes de projecto. Considerages de projecto e construcio... Verificagaio em relagao aos estados limites ultimos Perda de estabilidade global 109 109 110 110 110 M1 M1 113 13 14 ls 116 116 7 7 7 118 118 120 120 121 123 124 124 124 125 125 126 126 126 127 128 129 130 31 132 132 132 132 133 134 134 95.2 Deformagées..... 953. Eroséo superficial, erosdo interna e levantamento hidréutico 9.5.4 Escorregamentos de macigos rochosos...136 9.5.5 Desmoronamentos de macigos rochosos. 95.6 Fluéncia om 96 Verificagdo em relagdo aos estados limites de utiizagéo 9.7 Observagéo ANEXOS ANEXO A: LISTA DE VERIFICACAO PARA SUPERVISAO DA. CONSTRUGAO E OBSERVACAO DO COMPORTAMENTO Al Supervisio da construgo. Al. Aspects gerais a verificar A12 Escoamento e pressdes intersticiais. 2 Observagdio de comportamento. ANEXO B: EXEMPLO DE UM METODO ANALITICO DE. AVALIACAO DA CAPACIDADE RESISTENTE. Bl Generalidades... B.2 _Condigdes nao drenadas. B3 —_ Condigdes drenadas ANEXO C: EXEMPLO DE. ee SEMI-EMPIRICO DE. eae DA CAPACIDADE RESISTENTE. ANEXO D: EXEMPLOS DE METODOS DE AVALIACAO DE ASSENTAMENTOS. D.1 Método tensio-deformagao........ D2 Método da elasticidade ajustada. D3 Assentamentos em condiges nfo drenadas... D4 _Assentamentos devidos & consolidagao. DS Variagdo dos assentamentos com o tempo. ANEXO E: EXEMPLO DE UM METODO PARA OBTENCAO DA CAPACIDADE. RESISTENTE NOMINAL DE ee. SUPERFICIAIS EM meee ROCHOSOS. ANEXO F: EXEMPLO DE UM MODELO DE CALCULO PARA A RESISTENCIA AO ARRANQUE DE ESTACAS ISOLADAS OU EM GRUPO... ANEXO G: EXEMPLOS DE PROCEDIMENTOS PARA A DETERMINAGAO DOS ‘VALORES LIMITES DAS PRESSOES DE TERRAS. . 7 135 136 136 .137 137 37 139 139 139 139 140 141 141 142 142 145 145 145, 146 146 146 147 150 152 PREAMBULO 1 Objectivos dos Eurocédigos (2) Os Eurocédigos Estruturais compreendem um conjunto de normas relativas ao projecto estrutural € geotécnico de edificios e obras de engenharia civil (2) Destinam-se a servir de documentos de referéncia para os seguintes efeitos ) como meio de demonstrar que os edificios e obras de engenharia civil satisfazem os requisitos fandamentais da Directiva sobre Produtos de Construgaio (DPC); b) como enquadramento para a elaboragao de especificagdes técnicas harmonizadas destinadas a produtos de construgao. (3) Abrangem a execugdo ¢ controlo dos trabalhos apenas na medida em que seja necessirio indicar a qualidade dos produtos de construgéo e o nivel da qualidade da mao-de-obra_necessarios para satisfazer as hip6teses das regras de calculo. (4) Enquanto nao estiver disponivel o conjunto necessirio de especificagdes técnicas harmonizadas Para os produtos de construgao ¢ para os métodos de comprovagao do respectivo desempenho, alguns Eurocédigos Estruturais contém anexos informativos em que alguns desses aspectos so tratados, 2 Antecedentes do programa dos Eurocédigos (1) A Comisséo das Comunidades Europeias (CCE) iniciou o trabalho de elaborar um conjunto de regras técnicas harmonizadas para o projecto de edificios e obras de engenharia civil, que serviriam inicialmente como alternativa para as diversas regras em vigor nos varios Estados-membros e que Posteriormente as substiuiriam. Essas regras técnicas passaram a ser designadas por "Eurocédigos Estruturais" (2) Em 1950, apés consulta aos seus Estados-membros, a CCE transferiu o trabalho de desenvolver, Publicar e actualizar os Eurocédigos Estruturais para o CEN, tendo o Secretariado da AECL. (Associagao Europeia de Comércio Livre) decidido apoiar o trabalho do CEN. (3) A Comissio Técnica CEN/TC250 do CEN é¢ responsvel Por todos os Eurocédigos Estruturais. 3 Programa dos Eurocédigos (1) Esto em curso trabalhos relacionados com os seguintes Eurocédigos Estruturais, cada um dos quais ¢ geralmente constituido por diversas partes: EN 1991 Eurocédigo 1 - Bases de projecto e acgdes em estruturas EN 1992 Eurocédigo 2 - Projecto de estruturas de betao EN 1993 Eurocédigo 3 - Projecto de estruturas de ago EN 1994 Eurocédigo 4 - Projecto de estruturas mistas ago-betio EN 1995 Eurocédigo 5 - Projecto de estruturas de madeira EN 1996 Eurocédigo 6 - Projecto de estruturas de alvenaria EN 1997 Eurocédigo 7 - Projecto geotécnico EN 1998 Eurocédigo 8 — Disposig6es para projecto de estruturas sismo-resistentes EN 1999 Eurocodigo 9 - Projecto de estruturas de aluminio (2) Foram constituidos pela CEN/TC250 diferentes subcomiss6es para os diferentes Eurocédigos acima mencionados (3) Esta parte do Eurocédigo Estrutural para 0 Projecto Geotécnico, que foi concluida e aprovada para publicagdo sob a direcgiio da CCE, é publicada pelo CEN sob a forma de Pré-Norma Europeia (ENV) eteré um periodo de validade inicial de trés anos. (4) Esta Pré-Norma destina-se a ser aplicada, a titulo experimental, no projecto de edificios e obras de engenharia civil abrangidos pelo Ambito do Eurocédigo, nos termos definidos em 1.1.2, assim como a apresentagao de comentarios, (5) Ao fim de aproximadamente dois anos, os membros do CEN sero convidados a apresentar oficialmente comentarios que serdo tidos em conta na determinagao de acgdes futuras (6) Entretanto, as reacgdes e os comentarios a esta Pré-Norma deverdo ser enviados ao Secretariado da subcomisso CEN/TC250/SC7 para o seguinte endereco’ NNI P.O. BOX 5059 NL - 2600 GB Delft HOLANDA ‘ou para a organizagao nacional de normalizagao do Estado-membro 4 Documentos nacionais de aplica¢io (1) Atendendo as responsabilidades das autoridades dos paises membros no que se refere & seguranga, salide © outras matérias abrangidas pelos requisitos essenciais da DPC, nesta ENV foram atribuidos valores indicativos a determinados parimetros relativos & seguranga, valores esses que séo identifi- cados por [ ]. As autoridades de cada pais membro deverdo atribuir valores definitivos a esses parametros: (2) Muites das normas de apoio harmonizadas, incluindo os Eurocédigos que especificam os valores das acqdes a considerar assim como as medidas necessarias para a protecgio em relago accio do fogo, nao estario disponiveis na altura em que esta Pré-Norma for publicada. Prevé-se, portanto, que seja publicado por cada pais membro, ou pelo respectivo Organismo de Normalizacao, um Documento Nacional de Aplicago (DNA) indicando os valores definitivos para os parémetros da seguranga, referenciando as normas de apoio necessérias e dando orientages a nivel nacional sobre a aplicagio da presente Pré-Norma, Pretende-se que esta Pré-Norma sea utilizada em conjunto com 0 DNA em vigor no pais em que se situa 0 edificio ou obra de engenharia civil 5 Assuntos especificamente relacionados com esta Pré-Norma (1) O campo de aplicagao do Eurocédigo 7 é definido em 1.1.1 ¢ 0 campo de aplicagao desta Parte do Eurocédigo 7 ¢ definido em 1.1.2. As Partes complementares do Eurocédigo 7 que esto previstas so indicadas em 1.1.3 e abrangero tecnologias ou aplicagdes adicionais, servindo de complemento ¢ suplemento a esta Parte. (2) Ao utilizar esta Pré-Norma, devera ter-se em especial atengdo os pressupostos e condigSes subja- centes indicados em 1.3. (3) As nove secgdes da presente Pré-Norma so complementadas por sete anexos de indole infor- mativa 10 Secgio 1 GENERALIDADES 1.1 Campo de aplicagio 1.1.1 Campo de aplicagdo do Eurocédigo 7 ()P Esta Pré-Norma aplica-se aos aspectos geotécnicos do projecto de edificios de obras de enge- nharia civil, Esta subdividida em varias partes. Ver 1.1.2 1.1.3 (2)P Os requisitos tidos em consideragdo nesta Pré-Norma s&o a resisténcia, a estabilidade, 2 utilizagao ea durabilidade das estruturas. Outros requisitos, tais como isolamento térmico ou aciistico, nfo sio considerados. (3)P Esta Pré-Norma deve ser utilizada em conjunto com a ENV 1991-1 “Bases de projecto" do Eurocédigo 1 "Bases de projecto e acgées em estruturas", que estabelece os principios e requisitos de seguranga e fiuncionalidade, descreve as bases para 0 dimensionamento e a verificago e fornece orien- tagdes sobre outros aspectos relacionados com a fiabilidade estrutural (4)P Esta Pré-Norma estabelece as regras para calcular as acgdes provocadas pelo terreno tais como as pressdes de terras. A quantificagao das acces em edificios e obras de engenharia civil deve basear-se no Eurocédigo | "Bases de projecto e acgdes em estruturas", aplicavel a varios tipos de construgdes. (5)P Nesta Pré-Norma a execugio dos trabalhos so é considerada quando tal é necessério para a definigo da qualidade dos materiais e dos produtos de construgao a utilizar, bem como para a definigdo da qualidade da execugio em obra que é necesséria para satisfazer as hipéteses de calculo. Dum modo geral, as disposigdes relacionadas com a execugdo e a mao-de-obra sao requisitos minimos, que podem ser objecto de maior aprofundamento em certos tipos de edificios ou obras de engenharia civil ou para determinados processos construtivos. (OP Esta Pré-Norma no cobre os requisitos especiais do projecto relativo as acces dos sismos. O Eurocédigo 8 "DisposigSes para projecto de estruturas sismo-resistentes" fornece regras adicionais para o dimensionamento sismico que completam ou adaptam as regras desta Pré-Norma u 1.1.2 Campo de aplicago da ENV 1997-1 (P Esta Pré-Norma fornece as regras basicas para os aspectos geotécnicos do dimensionamento de edificios e de obras de engenharia civil Q)P Na ENV 1997-1 Eurocédigo 7 "Projecto geotécnico” sio tratados os seguintes assuntos. Seco 1: Generalidades Secgao 2: Bases do projecto geotéenico Secgao 3: Caracterizacao geotécnica Secgao 4: Supervisio da construgio, observacdo e manutengo Secgao 5: Aterros, rebaixamentos, melhoramento e reforgo do terreno Scegdo 6: Fundagies superficiais Secgao 7: Fundagdes em estacas Secgao 8: Estruturas de suporte Seogao 9: Aterros ¢ taludes 1.1.3. Outras Partes do Eurocédigo 7 (1)P Esta Pré-Norma sera complementada com outras Partes que iio completi-la e adapté-la para aspectos particulares de tipos especiais de edificios e obras de engenharia civil, processos construtivos especiais e outros aspectos de projecto que so de importancia pratica geral 1.2 Referéncias Esta Pré-Norma inclui, com referéncia datada ou no, elementos relativos a outras normas, Estas teferéncias normativas so citadas no texto no local apropriado € so aqui enumeradas. No caso de referéncias datadas, emendas ou revisdes posteriores dessas publicagies 6 serdo aplicaveis a esta Pré- -Norma quando nela forem incorporadas em resultado de futura emenda ou revisio. ISO 1000: 1981 Unidades SI ¢ recomendagdes para utilizagao dos seus multiplos e de certas outras unidades ISO 3898: 1987 Bases para 0 projecto de estruturas. Notagdes. Simbolos gerais. 12 1.3 Distingaio entre Prin ios e Regras de Aplicagao (YP Dependendo do cardcter de cada cléusula, faz-se nesta Pré-Norma uma distingaio entre Principios e Regras de Aplicagio (2)P Os Principios englobam: = disposigdes gerais e definig&es que nido admitem altemativa; = requisitos e modelos analiticos para os quais no se admitem alternativas excepto quando expressa- mente indicadas. (3)P Os Principios so precedidos da letra P. (4)P As Regras de Aplicagao so exemplos de métodos e procedimentos generalizadamente reconhe- cidos como adequados, que esto de acordo com os Principios ¢ que satisfazem os seus requisitos. (5)P E permitido usar regras alternativas as Regras de Aplicacao deste Eurocédigo desde que se demonstre que as regras alternativas esto de acordo com os Prineipios aplicéveis 1.4 Pressupostos (I)P Adiite-se que sao satisfeitos os seguintes pressupostos: ~ 05 dados necessérios para o projecto so recolhidos, registados e interpretados de forma apro- priada; = as obras so projectadas por profissionais qualificados e com experiéncia, - entre os intervenientes na recolha dos dados, na execugao do projecto e na construgdo existe adequ- ada continuidade e comunicagao; = no local de fabrico, no estaleiro e na obra existe supervisto e controlo de construgao adequados, = a construgdo é efectuada de acordo com as normas ¢ especificagdes relevantes, por pessoal com conhecimentos e experiéncia adequados; = 05 materiais de construgao so utilizados conforme o preconizado no presente Eurocédigo ou em documentos normativos e especificages aplicéveis, ~ 2 obra tem manutengao apropriada; = 2 obra é utilizada de acordo com a finalidade definida no projecto 13 15 Definigdes 1.5.1 Termos comuns a todos os Eurocédigos (IP Os termos comuns a todos os Eurocddigos sao definidos na ENV 1991-1 “Bases de project”. 1.5.2 Termos especiais utilizados na ENV 1997-1 (1)P Na ENV 1997-1 sao utilizados os seguintes termos: = experiéncia comparavel: informacao documentada ou claramente estabelecida que diga respeito a estruturas semelhantes ¢ ao mesmo tipo de terreno considerado no projecto, envolvendo os mesmos tipos de solo e rocha e para o qual seja de esperar um tipo de comportamento semelhante; a informagao colhida no local ¢ particularmente relevante; = terreno: solo, rocha e aterro existentes no local antes do inicio da construgao; + estrutura: definigdo dada na ENV 1991-1 "Bases de projecto', incluindo aterros colocados durante aconstrugao. 1.6 Unidades SI (1)P As unidades SI devem ser utilizadas de acordo com a norma ISO 1000. (2) Para célculos geotécnicos recomendam-se as seguintes unidades: = forgas KN, MN = momentos KN. = massa volimica kg/m’, Mg/m? (= 'm*) = peso voliimico kN? = tensdes, pressies e resisténcias N/m? - rigidez Nim? (= MPa) = coeficiente de permeabilidade m/s, (nWVano) = coeficiente de consolidagao m’/s, (m*/ano) 4 1.7 Simbolos comuns a todos os Eurocédigos (1)P Os simbolos comuns a todos os Eurocédigos sio definidos na ENV 1991-1 "Bases de projecto" 1.8 Simbolos utilizados no Eurocédigo 7 (1)P Os simbolos utilizados correntemente na ENV 1997-1 so definidos nas seccdes seguintes. No texto so definidos outros simbolos no local onde sao utilizados. Os simbolos so representados de acordo com a norma ISO 3898:1987. 1.8.1 Letras latinas maitsculas largura didmetro forga axial ou transversal na estaca acco ou forga horizontal coeficiente de impulso de terras factor de resisténcia ao carregamento resisténcia vertical (em unidades de forca) de um elemento de fundagao acgo ou forga vertical TREReAoSo 1.8.2 Letras latinas minisculas adesio coesao em tensdes efectivas o, — resisténcia nao drenada gradiente hidraulico coaficiente de permeabilidade tensio devido ao peso do terreno sobrejacente ou sobrecarga assentamento pressao intersticial as og 1.8.3 Letras gregas minisculas wen gqar 1.8.4 i oe yt ewe Asean peso volimico Angulo de atrito terreno-estrutura tensdo normal total tens&o normal efectiva tenso de corte (tensdo tangencial) Angulo de atrito interno (ou de resisténcia a0 corte) Angulo de atrito interno (ou de resisténcia ao corte) em tensdes efectivas pressio activa de terras ancoragem base da estaca compressa valor de céleulo valor caracteristico press&o passiva de terras fuste da estaca tracgio total transversal agua estado de repouso ou estado inicial 16 Seccio 2. BASES DO PROJECTO GEOTECNICO 2.1 Requisitos de projecto (I)P As estruturas devem ser projectadas de acordo com os principios gerais de projecto que constam da ENV 1991-1 Eurocédigo 1 "Bases de projecto" (2)P Deve ser explicitada a complexidade do projecto geotécnico, bem como os riscos para os bens € vidas, tendo em vista 0 estabelecimento de requisitos minimos no que respeita & quantidade e qualidade dos estudos de caracterizagio geotéenica, dos célculos e das operagdes de controlo de construgéo. Sera, em particular, feita distingdo entre = estruturas simples e leves e pequenas obras geotécnicas para as quais € possivel assegurar, com base na experigncia e em estudos de caracterizago geotécnica de natureza qualitativa, que sao satisfeitos (0 requisitos fundamentais com um risco desprezavel para bens e vidas; = outras estruturas geotécnicas. (3) No caso de obras geotécnicas de reduzida complexidade e risco, tais como as anteriormente defini- das, aceita-se a utlizagao de procedimentos de projecto simplificados. (AP No estabelecimento dos requisitos do projecto geotécnico devem ser tidos em consideragdo os seguintes factores: = anatureza ea dimenso da estrutura e dos seus elementos, incluindo quaisquer requisitos especias, = as condigdes relativas vizinhanga (estruturas proximas, tréfego, instalagSes, vegetago, produtos quimicos perigosos, etc.) = as condigdes do terreno; = as condigdes de ocorréncia da agua no terreno, ~ a sismicidade regional; = aingluéncia do ambiente (hidrologia, aguas superficiais, subsidéncia, variagSes sazonais do teor em gua do terreno). (5) A fim de estabelecer os requisitos do projecto geotécnico podem introduzir-se as Categorias Geotécnicas 1, 2 €3. [Antes da caracterizacio geotécnica é normalmente conveniente proceder a uma classificagdo preliminar da estrutura de acordo com a categoria geotécrica, Essa categoria pode vir a ser alterada posterior- 7 mente, Em cada fase do projecto ou do processo construtivo convém efectuar uma verificagao da categoria, a qual pode ser eventualmente alterada. Os varios aspectos do projecto podem ser tratados de acordo com categorias geotécnicas diferentes ‘Nao € necessério tratar a totalidade do projecto de acordo com a mais elevada dessas categorias Podem usar-se procedimentos correspondentes a categorias mais elevadas para justificar projectos mais econémicos ou quando o projectista os considerar mais adequados. Categoria Geotéenica 1 Esta categoria engloba unicamente estruturas pequenas ¢ relativamente simples ~ para as quais se pode assegurar que so satisfeitos os requisitos fundamentais apenas com base na experiéncia e em estudos de caracterizagao geotécnica de natureza qualitativa: ~ com riscos desprezaveis para bens e vidas, $6 serio suficientes os procedimentos correspondentes Categoria Geotécnica 1 no caso de existir experiéncia comparavel que comprove que as condi¢des do terreno so suficientemente simples para que seja possivel usar métodos de rotina no projecto e na construgao da estrutura geotécnica 86 serdo suficientes os procedimentos correspondentes & Categoria Geotécnica 1 se no houver esca- vages abaixo do nivel freético ou se a experiéncia comparavel local indicar que a escavagio abaixo do nivel fredtico é uma operagao simples. Sao exemplos de estruturas ou partes de estruturas que se enquadram na Categoria Geotécnica 1 0s seguintes: + edificagdes simples de 1 © 2 andares e edificios para fins relacionados com a agricultura com uma carga maxima de célculo de 250 KN nos pilares ¢ 100 KN/m nas paredes e nos quais so usados os tipos habituais de sapatas e estacas; ~ muros de suporte de terras e estruturas de suporte de escavagSes nos quais a diferenca entre niveis de terreno nao excede 2 m; > pequenas escavagbes destinadas a trabalhos de drenagem, instalagao de tubagens, ete Categoria Geotécnica 2 Esta categoria abrange os tipos convencionais de estruturas e fundagdes que no envolvam tiscos fora do comum ou condigdes do terreno e de carregamento invulgares ou particularmente dificeis. As estruturas da Categoria Geotéenica 2 requerem a quantificago e anilise dos dados geotécnicos e uma anilise quantitativa que assegurem que so satisfeitos os requisitos fundamentais, podendo no entanto 18 ser usados procedimentos de rotina nos ensaios de campo e laboratério, bem como na elaboragio do Projecto e na execucao. Sao exemplos de estruturas ou partes de estruturas que se enquadram na Categoria Geotécnica 2 os tipos convencionais de: ~ fundagdes superticiais, - ensoleiramentos gerais, - fundag6es em estacas, = muros e outras estruturas de contengao ou suporte de terreno ou agua, = escavagies, ~ pilares e encontros de pontes; = aterros e movimentos de terras, = ancoragens no terreno e outros sistemas de ancoragem, — ttineis em rocha resistente, nfo fracturada e sem requisitos especiais de impermeabilizagio ou outros Categoria Geotécnica 3 Nesta categoria esto incluidas as estruturas ou partes de estruturas nao abrangidas pelas Categorias Geotécnicas | e 2. ‘A Categoria Geotécnica 3 diz respeito a estruturas de grande dimenso ou pouco comuns, a estruturas que envolvam riscos fora do comum ou condigdes do terreno e de carregamento invulgares ou excep- cionalmente dificeis ¢ a estruturas em éreas de sismicidade elevada. (OP Deve verificar-se, para cada situagio de projecto geotécnico, que nao é excedido nenhum estado limite relevante (7) O anterior requisito de projecto pode ser satisfeito mediante: = o1uso de calculos tal como é descrito em 2.4; - aadopgo de medidas prescritivas, tal como é descrito em 2.5; = 01uso de modelos experimentais e ensaios de carga, tal como é descrito em 2.6, = uso de um método observacional, tal como € descrito em 2.7. Estas quatro abordagens podem ser empregues duma forma combinada, Na pratica, a experiéncia mos- tard muitas vezes qual o estado limite que condicionard o projecto, pelo que a verificagao da seguran- gaem relagdo a outros estados limites pode ser obtida através dum controlo grosseiro. 19 (8)P Deve ser tida em considerago a interacgao entre a estrutura € 0 terreno. (9) Na verificacdo da seguranca em relago a um estado limite convém considerar-se a compatibilidade de deformagGes nos materiais interessados, especialmente no caso de materiais frigeis ou que exibam redugo de resisténcia com a deformagéo, Como exemplos podem referir-se 0 betio fortemente arma- 4o, 0s solos granulares densos, os solos com ligagGes cimenticias entre particulas e argilas com muito baixa resisténcia residual. No caso de ocorréncia de uma rotura combinada de elementos estruturais € do terreno, pode ser necesséria uma andlise detalhada que entre em linha de conta com a rigidez relati- va da estrutura e do terreno. Como exemplos podem citar-se os ensoleiramentos gerais, as estacas carregadas transversalmente e as estruturas de suporte flexiveis, (10)P Os edificios devem ser protegidos contra a penetraco da agua do terreno ou a transmisstio de vapor ou gases as superficies interiores. (11)P Sempre que possivel, os resultados do dimensionamento devem ser verificados face & experién- cia comparavel 2.2 Situagées de projecto (I)P No projecto geotécnico as especificagdes detalhadas das situagdes de projecto devem incluir, quando tal for aplicdvel: = aadequasio geral do terreno onde esté implantada a estrutura; = a disposigao e a classificagio das varias zonas de solo, rocha e elementos da construgio envolvidos no modelo de calculo; ~ os planos de estratificagao inclinados, - as exploragdes mineiras, caves e outras estruturas subterrdneas; = no caso de estruturas assentes directamente na rocha ou muito perto dela, deverdo ter-se em atengdo os seguintes aspectos: = aaltemancia de estratos rijos e moles, ~ as falhas, diaclases e fissuras; ~ as cavidades originadas por dissolugdo, tais como pogos ou fissures preenchidas com material muito mole, ¢ processos de dissolugio progressive; = as acgées, suas combinagées e hipéteses de carregamento; ~ anatureza do ambiente no qual o projecto € desenvolvido, incluindo 20 ~ os efeitos de erosao e escavagio conducentes a alteragdes da geometria da superticie do terreno; = os efeitos da corrosdo de natureza quimica; ~ os efeitos da meteorizacio; = osefeitos do gelo; = a variagio dos niveis da agua nos terrenos, incluindo os efeitos de rebaixamentos, eventuais cheias, rotura de sistemas de drenagem, etc., = a presenca de gases emergindo do terreno, ~ outros efeitos do tempo e do ambiente na resisténcia e noutras propriedades dos materiais, por exemplo, 0s efeitos de cavidades devidas a actividade animal, = os sismos; ~ a subsidéncia devida a actividade mineira ou outras causes, = atolerdncia da estrutura a deformages, ~ oc eftito da nova estrutura nas estraturas ou infraestrunuras jé existentes 2.3 Durabilidade (UP Ao desenvoiver 0 projecto geotécnico devem ser tidas em conta as condigbes ambientais intemas e externas de modo a poder avaliar-se a respectiva infiuéncia na durabilidade e permitir a adopgao de medidas que protejam os materiais ou Ihes confiram a resisténcia adequada (2) No que respeita durabilidade dos materiais em contacto com 0 terreno, ¢ conveniente considerar © seguinte: = para o betdo: agentes agressivos, tais como aguas acidas ou que contenham sulfatos, = para o ago: ataque quimico quando os elementos da fundacdo estéo enterrados em terreno suficien- temente permedvel para permitir a percolacao de gua e oxigénio; corrosio nas superficies das esta- cas-prancha expostes a0 contacto com Aguas livres, particularmente na zona dos niveis médios dessas Aguas; corrosio localizada, do tipo picadas, no ago embebido em betdo poroso fissurado, particularmente no caso de ago laminado onde os produtos de oxidacdo, actuando como um céto- do, dio origem a uma acgdo electrolitica com a superficie no oxidada actuando como um dnodo; - para a madeira: fungos e bactérias aerébicas na presenca de oxigénio, = para produtos sintéticos: envelhecimento devido & exposic&o as radiagGes ultra-violeta, ou 4 degra- dago devida ao ozono ou aos efeitos combinados da temperatura e tensio, ou ainda efeitos secun- darios relacionados com degradagio de natureza quimica 2.4 Dimensionamento geotécnico com base no calculo 2.4.1 Introdugéo (I)P 0 dimensionamento com base no cdlculo deve estar de acordo com a Secgao 9 "Verificagao pelo 2 método dos coeficientes parciais’ da ENV 1991-1 "Bases de projecto". A aplicagao deste método implica a consideragao de - modelos de caleulo; = acges, que podem ser forgas impostas ou deslocamentos impostos, = propriedades dos solos, rochas ou outros materiis, + dados geométricos, «valores limites das deformagdes, da largura das fendas, das vibracées, etc. (2) Em engenharia geotécnica 0 conhecimento das condigdes do terreno depende da amplitude ¢ da qualidade dos estudos de caracterizagéo geotécnica. Tal conhecimento ¢ controlo da execugio séo mais importantes para satisfazer os requisitos fiandamentais do que a preciso dos modelos de célculo dos coeficientes de seguranga parciais BYP Os modelos de célculo devem descrever 0 comportamento do terreno para o estado limite consi- derado. (4) Os estados limites que envolvam a formago de mecanismos no terreno so verificados sem dificuldade recorrendo a este procedimento, No caso do procedimento se basear em estados limites definidos em termos de deformagoes, estas devem ser quantificadas por célculo ou por outro método (S)P Os modelos de calculo devem consistir em: - métodos de anélise, muitas vezes baseados num modelo analitico simplificado; + se necessirio, modificagdes dos resultados das andlises de modo a assegurar que os resultados dos modelos de calculo so exactos ou se situam do lado da seguranca (6) E conveniente que as modificagdes dos resultados das anilises tenham em atengio os seguintes factores: - amargem de incerteza dos resultados do método de andlise em que se baseia o modelo de célculo utilizado no dimensionamento, ~ quaisquer erros sistemiticos que se saiba estarem associados com o método de analise (DP Quando nao se dispde de um modelo de céleulo fiavel para um dado estado limite, devem efectu- ar-se as anilises dos outros estados limites utilizando coeficientes que assegurem que a ocorréncia do estado limite em causa é suficiertemente improvavel 22 (8)P Sempre que possivel, o modelo de céloulo deve ser correlacionado com as observagies de campo de projectos anteriores, ensaios em modelo experimental ou andlises mais fidveis (2) 0 modelo de céleulo pode consistir numa relagdo empirica entre os resultados de ensaios e requi- sitos de projecto, a qual é usada em vez dum modelo analitico. Neste caso, a relagao empirica deve ser estabelecida sem margem para duvidas tendo em atengdo as condigdes do terreno. 2.4.2 Acedes no projecto geotécnico (1)P Em qualquer calculo os valores das acgdes séo quantidades conhecidas. As acgées nfo so incégnitas no modelo de calculo. (2)P Antes de efectuar qualquer céleulo 0 projectista deve seleccionar as forcas € deslocamentos impostos que vao ser considerados acgbes nesse célculo. Certas forgas ¢ deslocamentos impostos devem ser tratados como acges em certos célculos mas podem no o ser em outros. O atrito negativo € 05 impulsos devidos a pressdes de terras so exemplos de forgas deste tipo (3) Para as forgas aplicadas pelas estruturas as flindagdes, pode ser necessério uma andlise da inter- aogio entre a estrutura e 0 terreno, por forma a determinar as acgdes a adoptar no projecto das fun- aces, (4)P Em analise geotécnicas devem ser passiveis de ser consideradas como acgies = 08 pesos do solo, rocha e gua; = astensdes “in situ” do terreno; = as pressdes da agua livre; = as pressdes da Agua no terreno, = as forgas de percolagao; ~ as cargas permanentes de servigo e ambientais provenientes das estruturas, ~ as sobrecargas, = as forgas de amarragao; = aremogao de carga ou a escavacdo do terreno, = as cargas devidas ao trafego; = 08 deslocamentos devidos & actividade mineira;, = a expansio e a retracgio devidas 4 vegetacio, ao clima ou a variagdes do teor em Agua, = os movimentos devidos & fluéncia ou 20 escorregamento de terrenos, 23 = 08 movimentos devidos & degradagao, & decomposigao, & densificago devido ao peso proprio ¢ & dissolucao; - 08 deslocamentos ¢ as acelerages devidos a sismos, a explosdes, a vibragSes e a forcas dindmicas; + 08 efeitos da temperatura, incluindo a expansio devida ao congelamento; + as cargas devidas 20 gelo; - as tensdes de pré-esforco impostas em ancoragens ou escoras. (5)P A duragao das acgdes deve ser considerada tendo em atengo os efeitos do tempo nas proprieda- des dos materiais do terreno, especialmente a permeabilidade, as condigdes de drenagem e a compres- sibilidade dos solos constituidos por particulas de reduzida dimensio. (6)P As acces repetidas ¢ as acces de intensidade variavel devem ser identificadas de modo a serem objecto de especial consideragdo relativamente a movimentos continuados, a liquefac¢o de solos, a variagdo da rigidez do terreno, etc. (7)P As acgées ciolicas de frequéncia clevada devem ser identificadas de modo a serem objecto de especial consideraco relativamente a efeitos dindmicos. (8)P A avaliago da seguranga de estruturas geotécnicas em que as forgas predominantes so hidros- taticas deve ser objecto de consideragio especial. Tal se fica a dever ao facto de as deformagées, a fendilhagao e a permeabilidade varidvel, com o inerente risco de eroso, darem origem a variagdes do nivel da agua de importéncia vital para a seguranca (9)P Devem considerar-se os seguintes aspectos susceptiveis de afectar as pressbes da Agua’ ~ nivel da agua livre ou o nivel fredtico; - 0s efeitos favoraveis ¢ desfavordveis da drenagem, quer natural quer artificial, tendo em atengao a sua futura manutengio; = aocorréncia de agua devido & chuva, a cheias, & rotura de condutas de agua e a outras origens, = as variagdes das presses da agua devidas ao aparecimento ou & remogdo de vegetacdo (10)P No caso de estados limites com consequéncias severas (geralmente estados limites titimos) os valores de célculo para as presses da agua e forgas de percolagao devem representar os valores mais desfavordveis que poderiam ocorrer em circunstancias extremas, Para estados limites com consequén- cias menos severas (geralmente estados limites de utlizagio) os valores de cAlculo devem ser os valores mais desfavordveis que podem ocorrer em circunstncias normais 24 (11) E conveniente ter-se em atengdo 0 risco da ocorréncia de niveis de agua desfavoraveis em resul- tado de alteragdes na bacia hidrogréfica, redugdo das capacidades de drenagem (devido a colmatagio ou congelamento), efc. A nao ser demonstrada a adequabilidade do sistema de drenagem e assegurada a respectiva manutengo, sera em geral necessirio admitir que o nivel da Agua pode subir, em circuns- tancias extremas, até ao nivel do terreno. Em alguns casos esta acco pode ser considerada acidental. (12)P Quando tal for relevante, o projecto deve ser verificado separadamente para cada um dos trés casos A,B eC (13) Os casos A, B e C foram introduzidos de modo a assegurar estabilidade e resisténcia adequadas na estrutura € no terreno de acordo com o Quadro 9.2 da ENV 1991-1, Eurocédigo 1, “Bases de projecto" (14)P Os valores dos coeficientes de seguranca parciais para acgSes permanentes e variéveis fornecidos no Quadro 2.1 devem ser usados geralmente na verificagao dos estados limites tltimos de tipos convencionais de estruturas e fiundagdes em situagdes persistentes e transitorias. Devem considerar-se valores mais severos nos casos de risco fora do comum ou condigées de terreno ou de carregamento no usuais ou excepcionalmente dificeis. Desde que tal seja devidamente justificado com base nas possiveis consequéncias, podem ser utilizados valores menos severos para estruturas temporérias ou em situagées transitérias. Em situagSes acidentais todos os valores numéricos dos coeficientes de seguranga parciais para as ages devem ser considerados iguais a [1,0] Quadro 2.1 - Coeficientes de seguranca parciais - estados limites tiltimos em situagdes persisten- tes e transitérias “ACCOES PROPRIEDADES DO TERRENO easal PERMANENTES, VARIAVEIS . : | > Desfavorveis | Favordveis | Desfavoraveis | 2 # o | A [1,00] (0.95) 1150) t.) a3) a2] 2] B 01,35] 1,00) 1,50) (1,0) 1,0] 0,0] [1,0] Cc [1,00] (1,00) 1,30] 0,25] Ld (L4] U4] 1) Resisténcia& compressdo uniaxial de solo ou rocha (15) No que diz respeito as propriedades dos terrenos, devem usar-se coeficientes de seguranga parciais diferentes nos casos A, Be C (ver 2.4.3 ¢ Quadro 2.1). 25 Quando se toma evidente que um dos trés casos € o eritico para o projecto, ndo é necessirio efectuar 08 caleulos para os outros casos, Contudo, casos diferentes podem ser criticos para aspectos diferentes do projecto Nesta Pré-Norma o caso A sé é relevante para problemas envolvendo a impulsdo, em que as forgas hidrostaticas constituem a principal acco desfavordvel. Os valores dados no Quadro 2.1 aplicam-se unicamente em tais situagdes. No caso de problemas de impulsio € muitas vezes mais apropriado recorrer a uma solugio estrutural (usando descarregadores, por exemplo) associada a coeficientes de seguranga parciais proximos da unidade do que recorrer a valores mais elevados que so menos apropriados. O caso B é frequentemente critico na verificagao da resisténcia dos elementos estruturais de fundagdes ou de estruturas de suporte. Quando nfo esta em causa a resisténcia dos materiais estruturais 0 caso B ¢ irrelevante. O caso C € geralmente critico em casos, tais como a estabilidade de taludes, onde nao ha a considerar a resisténcia de elementos estruturais, O caso C ¢ muitas vezes critico no dimensionamento dos elemen- tos estruturais de fundagGes ou de contengdes e, por vezes, na verificagao da resisténcia desses elemen- tos. Quando a verificagéo da seguranca ndo envolve a resisténcia do terreno o caso C é irrelevante, Os valores de calculo da resisténcia dos materiais estruturais e do terreno nao séo necessariamente mobilizados de forma total no mesmo caso. Ao projectar elementos estruturais tais como sapatas, estacas, muros de suporte, etc., pode ser introduzido um coeficiente de modelo Yu, se tal for considerado relevante (16)P As acgdes permanentes incliem © peso proprio dos componentes estruturais e niio estruturais € as aogdes devidas ao terreno, & agua do terreno e & agua livre. (17) Na determinacao dos valores de célculo das pressdes de terras para 0 caso B, os coeficientes par- ciais dados no Quadro 2.1 so aplicados aos valores caracteristicos das pressdes de terras. Os valores caracteristicos das pressbes de terras compreendem os valores caracteristicos das presses da agua, conjuntamente com tensbes que resultam da consideragao de valores caracteristicos das propriedades do terreno e das cargas de superficie Todos os valores caracteristicos das presses permanentes de terras, em ambos os lados da estrutura de suporte, so multiplicadas por [1,35], se o efeito resultante da aceao total é desfavorével, ou por [1,00], se o efeito resultante da acgdo total ¢ favoravel. Deste modo, todos os valores caracteristicos das pressdes do terras sdo tratados como tendo uma tinica origem, tal como definido na ENV 1991-1 Em algumas situagSes, a aplicagio de coeficientes parciais aos valores caracteristicos das pressdes de terras pode dar origem a valores de célculo nao razodveis ou mesmo fisicamente impossiveis. Nestas 26 situagbes, 0 coeficientes parciais para as acgdes dados no Quadro 2.1 podem ser tratados como coeficientes de modelo. Sao entao aplicados directamente aos valores dos efeitos das acgdes (foreas estruturais internas e momentos flectores, por exemplo) correspondents a considerago de valores caracteristicos das pressdes de terras. Na determinacdo dos valores de célculo das pressdes de terras para 0 caso C, os coeficientes parciais dados no Quadro 2.1 sfo aplicados aos valores caracteristicos da resisténcia do terreno e das carges de superficie (18)P Na verificagao de estados limites de utilizacao devem ser usados coeficientes de seguranga parci- ais unitérios para todas as acces permanentes e variaveis excepto especificagao em contrario. (19)P Os valores de céloulo das acgdes devidas ao terreno ou a agua do terreno podem também ser obtidos por outros métodos que no o uso de coeficientes parciais. Os coeficientes parciais constantes do Quadro 2.1 indicam o nivel de seguranga apropriado para o projecto convencional na maioria das circunstincias. Estes devern ser tomados como uma indicagao do nivel adequado de seguranga quando nao € usado 0 método dos coeficientes parciais (20) Quando os valores de céleulo para verificagiio dos estados limites tltimos so estimados directa mente, & conveniente escolhé-los de modo que seja extremamente improvavel que um valor mais adverso afecte a ocorréncia do estado limite A estimativa directa de valores de célculo ¢ particularmente apropriada no caso de acgdes ou combi- nagdes de acgbes para as quais os valores deduzidos utilizando 0 Quadro 2.1 so manifestamente impossiveis. 2.4.3 Propriedades do terreno ()P Os valores de céloulo das propriedades do terreno, Xs, devem ser obtidos a partir dos valores caracteristicos, Xi, usando a equagio Xa = Xi/1, ey onde ym € 0 cocficiente de seguranga para a propriedade do terreno, ou, em alternativa, ser estimados directamente. 27 )P A escolha de valores caracteristicos para as propriedades dos solos e das rochas deve basear-se nos resultados de ensaios de laboratério e de campo. Devem ser tidas em consideragaio as possiveis diferengas entre as propriedades medidas nos ensaios e as propriedades dos solos e rochas que condi- cionam o comportamento da estrutura geotécnica, devidas a factores tais como: ~ aocorréncia de fissuras, as quais podem desempenhar um papel diferente nos ensaios e na estrutura geotécnica;, + os efeitos do tempo, ~ a fiagilidade ou a ductilidade do solo ou da rocha ensaiados. (3) Quando tal for necessério, deve aplicar-se um coeficiente de conversao para transformar os resulta- dos dos ensaios de laboratorio e de campo em valores que se possa admitir serem representativos do comportamento do solo e do macigo rochoso ()P A escolha dos valores caracteri © seguinte: s das propriedades dos solos e das rochas deve ter em atengo ~ as informagSes geol6gicas e outras informagées de base, tais como dados de projectos anteriores, ~ avariabilidade dos valores das propriedades consideradas; - aextensio da zona do terreno que condiciona o comportamento da estrutura geotéenica no estado limite considerado; = ainfluéncia da execugdo no caso de solos colocados artificialmente ou tratados; ~ os efeitos das actividades de construgdo nas propriedades do terreno “in situ” (S)P O valor caracteristico dum parametro dum solo ou duma rocha deve ser escolhido por forma a constituir uma estimativa cautelosa do valor que influencia a ocorréncia do estado limite (© A extenséo da zona de terreno que condiciona 0 comportamento duma estrutura geotécnica num estado limite é normalmente muito maior do que a dimensfo da zona afectada pelos ensaios de solos ou rochas, pelo que o pardmetro determinante & muitas vezes o valor médio numa certa superficie ou volume do terreno. O valor caracteristico ¢ uma estimativa cautelosa desse valor médio. A zona de terreno condicionante pode também depender do comportamento da estrutura suportada. Por exemplo, quando se considera a capacidade resistente correspondente a um estado limite ultimo dum edificio fiundado em sapatas, o parimetro determinante é a resisténcia média em cada zona individual de terreno sob uma sapata, se o edificio € incapaz de resistir a uma rotura local, Se, pelo contrario, 0 edificio é suficientemente rigido e resistente, o pardmetro determinante pode ser a média desses valores médios na totalidade ou em parte da zona de terreno sob o edificio, 28 Podem usat-se métodos estatisticos para a escolha dos valores caracteristicos das propriedades do terreno. E conveniente que tais métodos tenham em conta um conhecimento “a priori” da experincia comparavel com as propriedades do terreno a considerar, por exemplo através dos métodos estatisti- cos Bayesianos Se se usarem meétodos estatisticos, o valor caracteristico pode ser obtido de tal forma que a probabili- dade calculada de que seja mais desfavoravel o valor que controla a ocorréncia dum estado limite no exceda 5%, (DP Os valores caracteristicos podem ser valores inferiores, que so menores que os valores mais provaveis, ou valores superiores, que so maiores. Para cada caloulo, deve usar-se a combinagdo mais desfavordvel de valores superiores e inferiores dos pardmetros independentes. (8)P A escolha dos valores caracteristicos deve ter em conta as incertezas dos dados geométricos e dos modelos de cdlculo, excepto se elas forem consideradas directamente no modelo de célculo. (O)P Na verificagao de estados limites iltimos em situagdes persistentes e transitorias, os valores dos coeficientes parciais para as propriedades do terreno indicados no Quadro 2.1 para os casos A, Be C so geralmente apropriados para serem utilizados com os coeficientes parciais para as aogdes, para os mesmos casos, nas situagdes de projecto convencionais, No caso de situagdes acidentais, todos os valores numéricos dos coeficientes parciais devem ser considerados iguais a [1,0] (10)P No caso de estados limites tltimos em que a resisténcia do terreno actua de forma desfavoravel, ovalor de ya adoptar deve ser inferior a [1,0] (11) 0 grau de mobilizagao da resisténcia do terreno no estado limite pode ser tido em conta adoptan- do valores de célculo menores que os valores caracteristicos superiores divididos por coeficientes J, inferiores a [1,0] (12)P Os coeficientes parciais para a resisténcia de uma estaca ou de uma ancoragem, determinados ‘com base nos parametros de resisténcia do solo, em formulas de cravagdo de estacas ou em ensaios de carga de estacas ou em ensaios de ancoragens, so dados nas secgdes 7 € 8 (13)P Para os estados limites de utilizagio todos os valores de J so iguais a [1,0] 29 (14)P Os valores de célculo das propriedades do terreno podem ser estabelecidos por métodos dife- rentes do dos coeficientes parciais. Os coeficientes parciais indicados no Quadro 2.1 indicam o nivel de seguranga apropriado para projectos convencionais. Caso 0 método dos coeficientes parciais de segu- Tanga no seja utilizado, estes valores devem ser usados como uma indicag&o do nivel de seguranca considerado apropriado, (15) Quando os valores de cdlculo para verificagao dos estados limites iltimos so estimados directa- mente, é conveniente escolhé-los de tal forma que seja extremamente improvavel que um valor mais adverso afecte a ocorréncia do estado limite. 2.4.4 Valores de calculo da resisténcia dos materiais estruturais (1)P Os valores de calculo da resisténcia dos materiais estruturais e da resisténcia de elementos estru- turais devem ser calculadas de acordo com as ENV's 1992 a 1996 e 1999, 2.4.5 Dados geométricos (1)P Os dados geométricos incluem o nivel ¢ a inclinagao da superficie do terreno, os niveis de agua, 8 niveis de interfaces entre estratos, os niveis de escavacao, a forma da fundagao, ete. (2)P Nos casos em que as variagdes dos dados geométricos niéo so importantes, elas devem ser tidas em consideragdo na escolha dos valores de célculo das propriedades dos materiais ¢ das acgdes. Em caso contrario ¢ geralmente aconselhavel considerar essas incertezas directamente (3)P Para estados limites com consequéncias severas, os valores de caloulo dos dados geométricos devem representar os valores mais desfavordveis que podem ocorrer na pratica. 2.4.6 Valores limites dos movimentos (1)P Um valor limite para uma dada deformacéo € aquele para o qual é suposto ocorrer um estado limite Ultimo ou de utilizagao, 30 (2)P No dimensionamento de fundagdes devem ser estabelecidos valores limites para os movimentos da fundagao, (3) As componentes dos movimentos de uma fundago que pode ser necessirio ter em consideracao incluem assentamento, assentamento diferencial, rotagao, inclinagao, deflexao relativa, rotagao rel deslocamento horizontal e vibragéo (4)P Os valores de célculo dos movimentos limites devem ser acordados com o projectista da estrutura suportada (5)P A escolha dos valores de calculo dos movimentos limites deve ter em atencao o seguinte = 0 grau de confianga com pode ser especificado o valor admissivel do movimento, ~ otipo de estrutura; ~ o tipo de material de construczo;, = otipo de fundacao, = otipo de terreno; = omodo de deformagio, = autilizagdo proposta para a estrutura (6)P Os assentamentos diferenciais ¢ as rotagdes relativas das fundagdes devem ser estabelecidos de modo a assegurar que néo conduzem 4 ocorréncia, na estrutura suportada, de um estado limite dltir ou de um estado limite de utiizagio (como por exemplo fendilhagao inaceitavel ov encravamento portas) (7) E improvavel que a rotagao relativa maxima aceitavel seja igual em pérticos, preenchidos ou no com alvenaria, paredes resistentes ou paredes continuas de tijolo, mas esta provavelmente compreen- dida na gama de valores entre cerca de 1/2000 e cerca de 1/300 de modo a evitar um estado limite de utilizago na estrutura Para muitas estruturas é aceitavel uma rotagao relativa maxima de 1/500. A rotagao relativa susceptivel de provocar um estado limite tltimo é de cerca de 1/150. No caso de estruturas normais com fundag&es isoladas so muitas vezes aceitiveis assentementos totais até 50 mm e assentamentos diferenciais entre pilares adjacentes até 20 mm, Podem ser aceitaveis maiores assentamentos totais e diferenciais desde que as rotagSes relativas se situem dentro dos limites aceitiveis e que 0s assentamentos totais nao originem problemas nas condutas ¢ cabos que entram na estrutura, ou causem desvios da vertical, etc 31 As orientagSes anteriores respeitantes aos valores limites dos assentamentos aplicam-se a estruturas correntes. Nao é conveniente aplicé-las a edificios ou a estruturas fora de comum ou para as quais a intensidade do carregamento é marcadamente néo uniforme (8)P O calculo dos assentamentos diferenciais deve ter em atengao: = as variagdes aleatérias ou sistematicas das propriedades do terreno; ~ a distribuigdo do carregamento, - 0 método de construgao; ~ arigidez da estrutura, (9) Para a maioria das condigdes do terreno, incluindo aluvides, siltes, loess, aterros, turfa e solos resi- duais, é conveniente considerar a possibilidade de ocorréncia duma componente do assentamento diferencial devida a variagdo local das propriedades do terreno. 2.5 Dimensionamento por medidas prescritivas (AP Nas situagdes em que nao se dispde de modelos de cilculo ou em que a sua utilizagdo ndo se justifique, os estados limites podem ser evitados através da utilizagdio de medidas prescritivas. Estas envolvem pormenores convencionais de projecto, geralmente conservativos, e t&m em conta a especifi- cago € 0 controlo dos materiais, a execugdo, a protecgao € os procedimentos de mamutengao. (2) Pode efectuar-se 0 dimensionamento por medidas prescritivas quando a experiéncia compardvel, tal como foi definida em 1.5.2 (1)P, toma desnecessirio 0 recurso a calculos de projecto. Podem também ser usadas medidas prescritivas para assegurar a durabilidade face & acgdo do gelo e ao ataque quimico e biologico, para os quais no so normalmente apropriados célculos directos, 2.6 Ensaios de carga e ensaios em modelos experimentais (IP Os resultados de ensaios de carga ou de ensaios de modelos experimentais podem ser usados na justificagao de um dimensionamento desde que sejam considerados os seguintes aspectos: = as diferengas entre as condigdes do terreno no ensaio e na obra; = 08 efeitos do tempo, especialmente se a duragao do ensaio for muito inferior a duragio do carregamento na obra, ~ os efeitos de escala, especialmente se forem utilizados modelos de dimensdes reduzidas, caso em que tera de ser considerado o efeito do nivel de tenses no comportamento do terreno, juntamente com os efeitos associados & dimensfo das particulas. (2) Os ensaios podem ser efectuados numa amostra da prépria obra ou em modelos em escala natural ou reduzida. 2.7 Método observacional (1)P Em virtude da previsio do comportamento geotécnico ser muitas vezes dificil, pode ser apropria- do adoptar o chamado método observacional, 0 qual permite a adaptagZo do projecto durante a cons- truco, Quando se utiliza o método observacional tém de ser satisfeitos, antes do inicio da construgio, 0s quatro requisitos seguintes - devem ser estabelecidos os limites do comportamento aceitavel: = deve ser determinada a gama de variagao dos comportamentos possiveis ¢ deve demonstrar-se que existe uma probabilidade aceitavel de que 0 comportamento real se situe dentro dos limites admis- siveis, = deve ser elaborado um plano de observacao com o objectivo de verificar se 0 comportamento real se situa dentro dos limites estabelecidos; isto deve ser tornado claro suficientemente cedo pela observago em intervalos suficientemente curtos para que se torne possivel a adop¢ao atempada de medidas correctivas; 0 tempo de resposta dos equipamentos ¢ a andlise dos resultados devem ser suficientemente répidos em relago a possivel evolugao do comportamento da obra; - deve estar previsto um plano de actuagao a ser adoptado no caso de a observacdo revelar comportamento fora dos limites aceitaveis, (2)P Durante a construgdo, a observacio deve ser efectuada tal como foi planeada e devem colocar-se, se tal for necessézio, dispositivos adicionais ou proceder a substituigéo de equipamento de observacio. Os resultados da observagao devem ser avaliados dentro de prazos apropriados e, em caso de necessi- dade, deve ser posto em pritica o plano de actuago previamente estabelecido, 2.8 Relatério do projecto geotécnico (J)P As hipoteses, os dados, os cilculos e os resultados da verificagao da seguranca ¢ da funcionalida- de devem ser registados num Relatério do Projecto Geotéenico 33, (2) O nivel de pormenorizagiio do Relatério do Projecto Geotécnico podera variar bastante, dependen- do do tipo de projecto. Para projectos simples uma s6 pagina pode ser suficiente. O relatério devera incluir geralmente os seguintes aspectos, com referéncias cruzadas ao Relatorio da Caracterizagao Geotéenica (ver 3.4) ¢ outros documentos que contenham mais pormenores ~ uma descrig&o do local e sua vizinhanga; - uma descri¢do das condigdes do terreno, ~ uma descrigdo da obra, incluindo as acces, = 08 valores de clculo das propriedades do terreno incluindo, se for caso disso, a respectiva justifi- cacao; ~ 08 cédigos e normas aplicados, = onivel dos riscos aceitaveis, = os célculos e pecas desenhadas do projecto geotécnico; = uma nota sobre os aspectos a verificar durante a construgdo ou que requeiram manutengao ou observagao. (3)P Se tal for apropriado, 0 Relatério do Projecto Geotéenico deve incluir um plano de supervisio observagao. Os aspectos que requeiram verificago durante a construgio ou que requeiram manuten- do apés a construgiio devem ser claramente identificados no relatorio. Quando as verificagSes neces- sérias tiverem sido efectuadas durante a construgdo, sero registadas e anexadas 20 relatorio. (4) Relativamente a supervisio e a observago ¢ conveniente que o Relatério do Projecto Geotécnico explicite ~ 0 objectivo de cada conjunto de observagdes ou medicdes, ~ as partes da estrutura que devem ser observadas e os locais onde devem ser feitas as observagoes; ~ a fequéncia com que devem ser feitas as medigdes, = © modo como serdo avaliados 0s resultados, - a.gama de valores onde se devem inserir os resultados; = © espago de tempo em que, apés @ construgo, se continuard a observagao; ~ as entidades responsdveis pela realizagdo das medigdes e observagdes, pela interpretagdo dos resul- tados obtidos e pela leitura e manutengo dos instrumentos. (S)P Deve ser fornecido ao dono da obra ou cliente um extracto do Relatorio do Projecto Geotéenico contend os requisitos de superviso, observagdo e manutengdo para a estrutura construida 34 Seccio 3. CARACTERIZACAO GEOTECNICA, 3.1 Generalidades (IP Deve sempre proceder-se, de forma cuidadosa, & recolha, ao registo e & interpretago da infor- magio geotécnica, a qual deve também incluir dados relativos a geologia, a morfologia, a sismicidade, a hidrologia e a historia do local. Devem ser tidas em conta as indicag6es relativas a variabilidade do terreno (2)P No planeamento dos estudos de caracterizago geotécnica devem ser tidos em consideragao os requisitos de construgao € de comportamento da estrutura projectada. O ambito desses estucios deve ser continuamente revisto, durante a execugdo da obra, & medida que se obtém informagao adicional (3)P Os estudos de rotina de campo e de laboratério devem ser realizados e relatados de acordo com normas € recomendagGes reconhecidas internacionalmente. Devem ser relatados os desvios em relagéo a essas normas, bem como quaisquer requisitos adicionais referentes a ensaios (4)P Devem ser relatados os procedimentos seguidos na recolha, no transporte e no armazenamento de amostras devem ser relatados e a sua influéncia deve ser tida em consideragao na interpretagao dos resultados dos ensaios 3.2 Estudos de caracterizagio geotéenica 3.2.1 Introdugao (IP Os estudos de caracterizago geotécnica devern fornecer todos os dados relativos ao terreno € Agua subterrénea, no local da obra e na sua vizinhanga, que sejam necessérios para uma descrigao apropriada das principais propriedades do terreno e para uma avaliagao fivel dos valores caracteristi- cos dos pardimetros do terreno a usar nos calculos. (2) E conveniente que as condigSes do terreno susceptiveis de influenciar a decisiio acerca da categoria geotécnica da obra sejam determinadas to cedo quanto possivel, ja que o ambito ¢ o desenvolvimento do estudo de caracterizagio estdo relacionados com a categoria geotécnica da estrutura 35 Para as obras da Categoria Geotécnica 1 aplica-se 0 seguinte Como requisito minimo, todas as hipdteses de projecto devem ser comprovadas, o mais tardar durante a supervisio dos trabalhos. Os estudos de caracterizago geotécnica devem incluir uma inspec¢ao visual do local da obra ¢ também a execugo de pogos pouco profiundos, ensaios de penetracao ou furos com trado. Os estudos de caracterizagdo geotécnica para obras das Categorias Geotécnicas 2 e 3 incluem normal- mente as trés fases seguintes, as quais se podem sobrepor: estudos preliminares (ver 3.2.2); estudos para o dimensionamento (ver 3.2.3), estudos de verificago das condigdes do terreno (ver 4.3). 2.2 Estudos preliminares (1)P Os estudos preliminares de caracterizacio geotécnica destinam-se a: = avaliar a adequabilidade do local de uma forma geral, = comparar locais alternativos, quando tal for relevante; ~ estimar o impacte que a construgao da obra possa causar; = planear os estudos geotécnicos para o dimensionamento ¢ para 0 controlo do comportamento, incluindo a identificagao da extensio de terreno que pode ter influéncia significativa no comporta- mento da estrutura; identificar zonas de empréstimo, quando tal for relevante (2) Nos estudos pretiminares é conveniente considerar e incluir os seguintes aspectos: = reconhecimento de campo; = topografia; = hidrologia, especialmente a distribuigdo das pressbes intersticiais, ~ vistoria de estruturas e escavages situadas na vizinhanga: - informagdo geol6gica e cartas geolégicas e geotécnicas, = estudos de caracterizago geotécnica anteriores e experiéncia de construgdes na vizinhanca; ~ fotografias aéreas, = mapas antigos; - sismicidade regional, ~ qualquer outra informagao relevante 36 3.2.3 Estudos para o dimensionamento (1)P Os estudos de caracterizagao geotéenica para o dimensionamento destinam-se a: = obter a informago necesséria para um dimensionamento adequado e econémico das obras tempo- rarias e definitivas; - obter a informagao necesséria ao planeamento do método de construgao; = identificar quaisquer dificuldades que possam surgir durante 2 construcao. (QP Os estudos de caracterizagao geotéenica para o dimensionamento devem identificar de modo fiavel a disposicao e as propriedades de todos os terrenos interessados pela estrutura projectada ou afectados pelos trabalhos propostos, (G)P Os pardmetros do terreno susceptiveis de afectar a capacidade da estrutura para cumprir os seus requisitos de comportamento devem ser identificados antes do inicio do dimensionamento final (4) Num estudo de caracterizago geotécnica para 0 dimensionamento ¢ conveniente considerar ¢ incluir os seguintes aspectos: - aestratigratia geolégica; ~ as propriedades de resisténcia de todos os terrenos interessados; ~ as propriedades de deformabilidade de todos os terrenos interessados; = a distribuigdo de pressbes intersticiais em todo o perfil do terreno, ~ as condigdes de permeabilidade; = possivel instabilidade do sub-solo; = acompactabilidade do terreno; ~ eventual agressividade do terreno e da agua subterrénea, = possibilidade de melhoramento do terreno, = asusceptibilidade ao gelo. (5)P Por forma a assegurar que os estudos de caracterizagao geotécnica para o dimensionamento abrangem todas as formag&es interessadas, deve-se prestar particular atengo aos seguintes aspectos de natureza geolégica’ = as cavidades, = a degradagao de rochas, solos ou materiais de aterro; = os efeitos hidrogeolégicos, = as falhas, diaclases e outras superficies de descontinuidade, 37 = 08 solos ou macigos rochosos sujeitos a fendmenos de fluéncia; ~ 05 solos e rochas expansiveis e colapsiveis; = apresenga de residuos ou materiais manufacturados. (6)P A caracterizagio geotécnica do terreno deve ser efectuada com base numa adequada combinagao dos métodos correntemente utilizados para o eftito. Estes métodos devem incluir ensaios disponiveis comercialmente, realizados de acordo com procedimentos normalizados ou geralmente aceites. (7) Normalmente é conveniente incluir, nos estudos correntes, ensaios de campo, sondagens e ensaios laboratoriais. Sempre que sejam usados métodos indirectos de prospeccdo € geralmente necessétio efectuar furos de sondagem para identificar os terrenos em que so usados esses métodos. Estes furos de sondagem podem ser dispensados se as caracteristicas geolégicas do terreno forem bem conhecidas (8)P Os estudos de caracterizagdio geotécnica devem abranger pelo menos as formagies que se considere serem relevantes para o projecto, ¢ abaixo das quais o terreno ndo tem uma influéncia signifi cativa no comportamento da estrutura. (9)P A distancia entre os pontos de prospec¢o e ensaio, bem como a profundidade a atingir, devem ser escolhidas com base na informagao sobre a geologia da area, as condigdes do terreno, as dimensdes do local e 0 tipo de estrutura (10) Para os estudos de caracterizagao geotécnica de obras da Categoria Geotécnica 2 aplica-se 0 seguinte + No caso de obras que cobrem uma grande rea os pontos de prospecsio podem ser dispostos segundo uma malha, A disténcia entre pontos devera normalmente situar-se entre 20 e 40 m, Em terrenos uniformes os furos ou pogos de sondagem podem ser parcialmente substituidos por ensaios de penetragio ou sondagens geofisicas, ~ Para sapatas isoladas ou continuas ¢ normalmente conveniente que a profundidade das sondagens abaixo do nivel previsto para a fundagdo esteja compreendida entre 1 e 3 vezes a largura dos elementos da fundagéo. Em alguns dos pontos de prospecgao poderdo ser atingidas profiundidades superiores, com o intuito de avaliar as condigdes relativas aos assentamentos e a eventuais problemas envolvendo aguas subterraneas. - Para ensoleiramentos é normalmente conveniente que as profundidades dos ensaios de campo ou dos furos de sondagem sejam superiores ou iguais 4 largura da fundago, a menos que se encontre tum substrato rochoso a menor profundidade 38 - Para obras de aterro é conveniente que as profiindidades minimas da prospecgao permitam incluir todos os estratos compressiveis susceptiveis de contribuir de forma significativa para o assenta- mento. A profundidade de prospec¢ao pode ser limitada a uma cota abaixo da qual a contribui¢go para os assentamentos seja inferior a 10% do assentamento total. A distancia entre pontos de prospeceao estar normalmente compreendida entre 100 € 200m. = Para fundagSes por estacas é converiente realizar furos de sondagem e ensaios de penetragdo outros ensaios de campo por forma a determinar as condiges do terreno até uma profindidade que garanta a seguranga, 0 que normalmente significa 5 vezes 0 didmetro da estaca. No entanto, haverd casos em que se toma necessério levar a prospecgao até profundidades substancialmente maiores Constitui também um requisito a profundidade da prospecs4o ser maior do que o lado menor do rectangulo que circunscreve o grupo de estacas que forma a fundagao, a0 nivel das respectivas pontas. (LP Durante 0 estudo geotéenico devem ser determinadas as pressdes da agua do terreno, Deven determinar-se os niveis extremos de eventuais aguas livres que possam influenciar as pressdes da Agua do terreno, ¢ os seus valores devem ser registados durante o estudo geotécnico. (12) Para os estudos de caracterizagio geotécnica de obras da Categoria Geotéenica 2 aplica-se 0 seguinte - Normalmente é conveniente incluir na distribuicdo de presses intersticiais’ = a observagio do nivel da Agua em furos de sondagem e piezémetros abertos e a sua flutuagao 20 longo do tempo; = a caracterizagao das condigdes hidrogeol6gicas do local, incluindo lengdis artesianos ou suspen- 05, e variagdes do nivel fredtico devidas as marés ~ Para avaliagéo da estabilidade de escavagoes relativamente ao efeito de subpressbes é conveniente determinar a distribuigao das pressGes intersticiais até uma profundidade abaixo do fundo da esca- ‘vago que seja pelo menos igual & profundidade da escavagao abaixo do nivel fredtico. Em situagées em que as camadas superiores tenham baixo peso vollimico pode ser necessario levar a investigacdo do regime hidrogeol6gico até profundidades maiores. (13)P Deve determinar-se a localizagio e a capacidade de pogos de drenagem ou de bombagem eventualmente existentes na vizinhanga do local. (14)P No caso de estruturas de grandes dimensSes ou pouco usuais, de estruturas envolvendo riscos anormais, bem como de terrenos e condigSes de carregamento pouco usuais ou excepcionalmente 39 dificeis e estruturas em zonas de elevada sismicidade, a extensio dos estudos geotécnicos deve ser suficiente para que sejam pelo menos atingidos os requisitos anteriormente especificados, (15) Para os estudos de caracterizagio geotécnica de obras da Categoria Geotécnica 3 aplica-se 0 seguimte: - Devem ser realizados todos os estudos complementares de caracterizago geotécnica de natureza mais especializada que se revelarem necessérios. - Sempre que se recorra a ensaios especiais ou pouco comuns, os procedimentos de ensaio € os métodos de interpretacao devem ser documentados, devendo além disso ser indicadas referéncias relativas aos ensaios 3.3 Determinagao dos pardmetros geotécnicos 3.3.1 Generalidades (U)P As propriedades dos solos rochas e dos macigos rochosos so quantificadas por pardmetros geotécnicos que so utilizados no dimensionamento. Os seus valores devem ser obtidos com base nos resultados de ensaios de campo e laboratoriais e noutros dados relevantes, devendo a interpretagao dos resultados ser feita de forma adequada ao estado limite em considerago. (2) Nos requisitos que se seguem relativos a determinago dos pardmetros geotécnicos s6 sao referidos 08 ensaios de laboratério e de campo mais comuns. Podem ser utilizados outros ensaios desde que a sua fiabilidade tenha sido demonstrada mediante experiéncia comparavel (3)P Tendo em vista a determinago de valores fiaveis para os parametros geotécnicos, deve-se ter em consideragio os seguintes aspectos: = muitos pardmetros dos solos no so constantes verdadeiras, jé que dependem de factores tais como o nivel de tenséo, o modo de deformagao, etc.; = na interpretagao dos resultados dos ensaios deve-se ter em consideragio a informaco publicada que seje relevante para cada tipo de ensaio, em condigdes de terreno semelhantes; = 0s programas de ensaios devem incluir um nimero de ensaios suficiente para que seja possivel determinar os varios pardmetros relevantes para o dimensionamento, bem como a sua variagao; - 0 valor de cada pardmetro deve ser comparado com dados relevantes publicados e com a experi- &ncia local e geral, caso tal seja apropriado, devem-se considerar também correlagées entre parime- 40 tros disponiveis na literatura; - caso existam, os resultados de obras experimentais e de medigGes efectuadas em obras reais devem. ser analisados, = caso tal seja possivel, deve-se verificar se existem correlagSes entre os resultados de mais de um tipo de ensaios. 3.3.2 Identificagao do terreno (IP Antes de proceder A interpretacio dos resultados de outros ensaios deve-se identificar @ natureza € 0S constituintes basicos do terreno. (2)P O material deve ser inspeccionado visualmente e descrito de acordo com nomenclatura reco- nhecida. Deve ser feita uma caracterizagao geologica (3) Para além da inspecgio visual anteriormente mencionada, a identificagio dos terrenos pode ser efectuada, por exemplo, com recurso as seguintes propriedades: para solos - agranulometria; ~ a forma dos graos; - arugosidade superficial dos graos; - acompacidade relativa; = 0 peso vokimico; - oteor em agua natural; = os limites de consisténcia; = 0 teor em carbonatos, = oteor em matéria orgénica; para rochas - amineralogia; = apetrografia, = oteor em agua; ~ o peso volimico; - aporosidade, - avelocidade de propagacao do som; ~ a.absorgao de égua, - aexpansibilidade, a - Oindice de desgaste; = aresisténcia & compressio uniaxial A resisténcia obtida de ensaios de compressao uniaxial possibilita a classificagao de rochas mas podem ser igualmente utilizados ensaios simples como o ensaio de carregamento pontual 3.3.3 Peso voliimico (IP O peso volimico deve ser determinado com suficiente exactidao, tendo em vista o estabelecimen- to de valores de calculo das accSes que dele resultam, (2)P Na determinagao dos pesos voliimicos devem ser tidas em consideragdo as heterogeneidades estratificagdes, quer naturais quer produzidas pelo homem. (3) Conhecendo o tipo de solo e a sua granulometria, 0 peso volimico “‘n situ” de areias e cascalhos pode ser estimado com suficiente exactidio a partir dos resultados de ensaios, tais como os ensaios de penetracdo, ou de observagdes que indiquem a resisténcia do solo. 3.3.4 Compacidade relativa (1)P A compacidade relativa deve expressar 0 grau de compacidade de um solo incoerente em relag&o ao estado mais solto e ao estado mais denso, definidos de acordo com procedimentos laboratoriais normalizados. (2) Pode obter-se uma medida directa da compacidade relativa de um solo através da comparago do seu peso voliimico “in situ” com valores laboratoriais desse mesmo parimetro determinados em ensaios normalizados. Pode ser efectuada uma medigao indirecta da compacidade relativa a partir de ensaios de penetracao. 3.3.5 Compactagao relativa (I)P A compactagdo relativa deve ser definida como a relagdo entre 0 peso vohimico seco € 0 peso 2 volimico seco maximo obtido de um ensaio de compactagao padrao (2) Os ensaios de compactagio mais frequentes so os ensaios Proctor de compactagao leve e de compactagao pesada, que correspondem a diferentes energias de compactagao. O ensaio de compacta- 0 fomece também o teor em Agua éptimo, que é 0 teor em Agua do solo que corresponde ao peso volimico seco maximo para uma certa energia de compactacdo. 3.3.6 Resisténcia ao corte néo drenada de solos coesivos (1) P Na avaliagao da resisténcia ao corte no drenada, c,, de solos saturados de granulometria fina, deve ser tida em consideracéo a influéncia dos seguintes factores: ~ diferengas entre os estados de tensdo “in situ” e nas condiges do ensaio; = remeximento das amostras, especialmente no caso de ensaios de laborat colhidas em furos de sondagem; = anisotropia da resisténcia, especialmente em argilas de baixa plasticidade, ~ existéncia de fissuras, especialmente em argilas rijas, j& que os resultados dos ensaios podem representar a resisténcia ao corte quer das fissuras quer da argila intacta, e tanto uma como a outra podem ser determinantes para 0 comportamento “in situ” (neste contexto, o tamanho da amostra é ‘um aspecto importante); = influéncia da velocidade de aplicagdo das cargas, ja que ensaios efectuados muito rapidamente fornecem, em principio, resistencias mais elevadas, - efeitos de grandes deformagées, pois a maior parte das argilas exibem uma diminuigao de resisténcia para grandes deformagdes ou 20 longo de superficies de deslizamento pré-existentes; ~ efeitos do tempo, pois 0 periodo para 0 qual um solo se comporta como nao drenado depende da sua permeabilidade, da disponibilidade de Agua livre e da geometria da situagao concreta; = heterogeneidade das amostras, como por exemplo a existéncia de inclusdes de areia ou de cascalho numa amostra de argila; = grau de saturago; = grau de confianga na teoria usada para deduzir a resisténcia ao corte nao drenada a partir dos resul- tados dos ensaios, principalmente no caso de ensaios “in situ” rio sobre amostras 3.3.7 Pardmetros de resisténcia ao corte dos solos em termos de tensdes efectivas (1)P Na determinagao dos pardmetros de resisténcia ao corte dos solos em termos de tensbes efectivas, ¢'e g, devem ser tidos em consideragao os seguintes aspectos: 43 ~ onivel das tensdes imposto pelo problema; ~ a exactidio na determinagao do peso volimico “in situ”; = oremeximento durante a amostragem. QP 0s valores de c’ e # podem ser considerados constantes dentro da gama de tenses para a qual foram determinados (3)P Quando os pardmetros em tenses efectivas c’ e forem obtidos a partir de ensaios nao drenados com medio de pressdes intersticiais, deve-se procurar obter uma saturacdo total das amostras (4) Os valores de ¢ determinados em ensaios em estado plano de deformagao so de uma forma geral ligeiramente superiores aos que se obtém em ensaios em condigdes triaxiais. 3.3.8 Deformabilidade dos solos (1)P Na determinagio da deformabilidade dos solos devem ser tidos em consideracao os seguintes aspectos: = as condiges de drenagem, - nivel das tensdes efectivas médias; = onivel da deformagdo de corte imposta ou da tensdo de corte induzida, sendo esta tltima frequen- temente normalizada com respeito & tensdo de corte na rotura, a historia de tensio e de deformagio. (2) Estes séo os factores mais importantes para 0 controlo da deformabilidade dos solos. De entre outros factores que influenciam a deformabilidade podem tomar-se em considerago os seguintes: = a direcgdo de aplicagdo das tensdes no solo relativamente a orientagio das tensSes principais de consolidagao; = os efeitos do tempo e da velocidade de deformacdo; = © tamanho da amostra ensaiada relativamente a dimenso das suas particulas e a fabrica do solo, Em geral, é muito dificil obter estimativas fidveis da deformabilidade do terreno a partir de resultados de ensaios de campo ou de laboratorio. Em particular, as medigdes efectuadas laboratorialmente em ‘amostras conduzem geralmente a uma estimativa por excesso da deformabilidade, como consequéncia do remeximento e de outros efeitos. E pois recomendavel proceder a uma anilise das observagdes do comportamento de obras jé existentes. 44 . E por vezes conveniente admitir uma relaco linear ou logaritmica-linear entre a tenso e a deformacio para uma gama limitada de variagZo do estado de tens4o. No entanto, este procedimento tem de ser sempre usado com precauso, pois 0 comportamento real dos solos é, de forma geral, significativa- ‘mente no linear. 3.3.9 Qualidade e propriedades de rochas e macigos rochosos (A)P Na determinagao da qualidade e das propriedades das rochas e dos macigos rochosos deve-se fazer uma distingo entre o comportamento do material rochoso, tal como é medido nas amostras, € 0 comportamento de macigos rochosos a uma escala muito maior, que inclui superficies de descontinui- dade estruturais, tais como falhas, planos de estratificagdo, diaclases, zonas de rotura por corte e cavi- dades produzidas por dissolugaio. Devem ser tidas em consideracdo as seguintes caracteristicas das diaclases: =o espagamento; = acrientaglo; ~ aabertura; ~ apersisténcia (continuidade); ~ acondutividade hidraulica, = arugosidade, incluindo os efeitos de movimentos anteriores; =o enchimento (2)P Na determinagio das propriedades das rochas ¢ dos macigos rochosos devem também ser tidos em consideragao os seguintes aspectos, caso sejam relevantes: = estado de tensio “in situ”; = pressdo da dgua; = variagbes pronunciadas das propriedades entre diferentes formagSes. (3) A qualidade dos macigos rochosos pode ser quantificada usando o parametro RQD ("Rock Quality Designation"), que é um indicador da qualidade geral de um macigo rochoso do ponto de vista da engenharia civil Estimativas das propriedades mecanicas globais dos macigos rochosos, tais como a resisténcia € a deformabilidade, podem ser obtidas mediante a utilizagio do conceito de classificagSes geotécnicas de macigos rochosos originalmente desenvolvidas para aplicago na construgao de tineis. (4)P Deve-se avaliar a sensibilidade das rochas aos efeitos climaticos, as variagdes do estado de tensdo, 45 etc, Devem também ser tidas em consideragao 2s consequéncias da degradag4o quimica no compor- tamento de fundagées rochosas. (5) Na avaliago da qualidade das rochas e dos macigos rochosos devem-se considerar os seguintes aspectos - algumas rochas brandas porosas degradam-se rapidamente transformando-se em solos de baixa resisténcia, especialmente se estiverem expostas aos agentes atmosféricos; - algumas rochas exibem elevadas velocidades de dissolugao perante as Aguas subterrneas, sendo desta forma originados canais, cavernas e pogos, os quais se podem desenvolver até a superficie, ~ quando descomprimidas e expostas ao ar, algumas rochas sofrem expanso pronunciada em conse- quéncia da absorco de agua pelos minerais argilosos. 3.3.9.1 Resisténcia 4 compressdo uniaxial e deformabilidade dos materiais rochosos (1)P Na determinagao da resisténcia 4 compressio uniaxial ¢ da deformabilidade dos materiais rocho- sos deve-se considerar a influéncia dos seguintes aspectos: a orientagdo do eixo de aplicagéo da carga relativamente & anisotropia da amostra, devida por exemplo estratificago, foliagdo, etc.; - 0 método de amostragem e as condigdes de armazenamento ¢ ambiente; - o nuimero de provetes ensaiados, ~ a geometria dos provetes ensaiados; ~ 0 teor em gua e o grau de saturagdo durante o ensaio; - a duragio do ensaio e a taxa de carregamento; = © método de determinagao do médulo de Young ¢ 0 nivel ou niveis de tensfo axial a que foram determinados, - a geometria dos provetes ensaiados. (2) Os valores da resisténcia a compressao uniaxial ¢ da deformabilidade em compressdo uniaxial desti- nam-se fundamentalmente a classificagao e 4 caracterizagao da rocha intacta. 3.3.9.2. Resisténcia ao corte das diaclases (I)P Na determinago da resisténcia ao corte das diaclases dos materiais rochosos deve-se considerar a inluéncia dos seguintes aspectos: 46 = orientagao do provete ensaiado em relago ao macico rochoso e as aoges previstas; - orientagdo do plano de corte do ensaio; ~ mimero de provetes ensaiados; - dimensio da area de corte; + pressao intersticial; ~ possiblidade de o comportamento da rocha no terreno ser influenciado por rotura progressiva (2) Os planos de corte coincidem normalmente com os planos da fraqueza da rocha (diaclases, planos de estratificagio, xistosidade, clivagem) ou com a interface entre o solo a rocha ou entre 0 beto e a rocha. Os valores medidos da resisténcia ao corte das diaclases sto usados principalmente nas enalises por métodos de equilibrio limite de macigos rochosos. 3.3.10 Parametros de permeabilidade e de consolidagao ()P Na determinagao dos parametros de permeabilidade e de consolidagdo deve considerar-se a influéncia dos seguintes aspectos: ~ o efeito da heterogeneidade das condigdes do terreno; = 0 efeito da anisotropia do terreno; - cefeito de fissuras ou falhas no terreno, especialmente se este for rochoso; ~ O efeito das variagdes do estado de tenso sob o carregamento proposto (2) As medigdes de permeabilidade feitas mediante o ensaio em laboratério de amostras de pequena dimensio podem ndo ser representativas das condigées “in situ”. Por conseguinte, e sempre que possi- vel, é conveniente dar preferéncia 4 realizagao de ensaios de campo que permitam a medigdo de valores médios das propriedades num grande volume de terreno, No entanto, é necessario ter em considerag0 as possiveis variagSes de permeabilidade com 0 aumento da tensio efectiva para valores superiores 20 seu valor “in situ”. E por vezes possivel avaliar a permeabilidade de um solo com base na sua granulo- metria, 3.3.11 Resisténcia a penetragao estitica (1) Na determinagao dos valores da resisténcia de ponta e da resisténcia lateral local e, eventualmente, da pressio intersticial durante um ensaio com penetrémetro de cone introduzido estaticamente, € conveniente que sejam tidos em considerago os seguintes aspectos: 47 = 08 resultados obtidos podem ser significativamente influenciados por pormenores de concep¢ao do cone e da manga, pelo que é necessirio ter em devida conta o tipo de cone utiizado; = 08 resultados s6 podem ser interpretados com confianga quando se conhera previamente a estratigrafia do local, sendo por isso geralmente necessério realizar furos de sondagem conjunta- ‘mente com os ensaios penetrométricos, ~ & conveniente ter em atengio os efeitos no solo da agua subterrinea e da pressio dos terrenos sobrejacentes na interpretago dos resultados; ~ em solos heterogéneos cujos registos penetrométricos sejam muito irregulares deve ser consi- derados apenas os valores respeitantes a parte da matriz de solo relevante para o dimensionamento em causa; = sempre que existam e sejam fidveis, é conveniente que sejam tidas em conta correlagdes com resul- tados de outros ensaios, tais como determinacdes de compacidade e outros tipos de ensaios pene- ‘trométricos. 3.3.12 Numero de pancadas em ensaios SPT ("Standard Penetration Test") ou noutros ensaios de penetragao dinamica (1) Na determinagao do nimero de pancadas é conveniente que sejam considerados os seguintes aspects = otipo de ensaio; + 08 pormenores de execugo do ensaio (método de levantamento do pilio, tipo de ponta, massa do pildo, altura de queda, didmetro do encamisamento e das varas, etc.); ~ as condigGes relativas a agua do terreno; - a influéncia da pressao devida ao peso dos terrenos sobrejacentes, + anatureza do terreno, especialmente quando inclui cascalho grosso ou calhaus. 3.3.13 Pardmetros pressiométricos (1) Na determinagao dos valores da pressio limite e do médulo pressiométrico é conveniente conside- rar 08 seguintes aspectos: ~ otipo de equipamento pressiométrico; - 0 procedimento utilizado para instalar 0 pressiémetro no terreno ‘Nao € aconselhavel a utilizagao de curvas de ensaio que indiciem um elevado grau de remeximento do solo, 48 Sempre que a pressio limite ndo seja atingida no decorrer do ensaio é legitimo, com vista A sua determinag&o, recorrer a uma extrapolagdo moderada e conservativa da curva do ensaio, Em ensaios de que se conheca apenas a parte inicial da curva experimental a pressao limite pode ser estimada a partir do médulo pressiométrico usando, de forma conservativa, correlagdes de natureza geral ou, preferivelmente, de natureza local 3.3.14 Pardmetros dilatométricos (1) Na determinago dos valores do dilatémetro plano é conveniente ter em consideragao a metodo- logia de instalagao. Caso se pretenda determinar parametros de resisténcia é conveniente ter em consideragdo a resisténcia de penetragao. O médulo dilatémétrico ¢ normalmente utilizado como base para determinagdo do médulo de defor- mabilidade uni-dimensional (ou do médulo de compressibilidade volumétrica) do solo, 3.3.15 Compactabilidade (1)P Na determinagao da compactabilidade de um material de aterro devem ser tidos em consideragao 0s seguintes aspectos: = o tipo de solo ou de rocha; ~ a granulometria; = a forma dos graos, = aheterogencidade do material; - 0 grau de saturagdio ou o teor em agua; = o tipo de equipamento a utilizar. (2) Tendo em vista a obtengio de uma medida directa da compactabilidade de um solo ou de um enrocamento, é aconselhavel a realizago de um aterro experimental com utilizagao do tipo de material, da espessura das camadas e do tipo de equipamento de compactacao que se prevé utilizar na obra. O peso volimico obtido desta forma pode ser relacionado com valores obtidos quer em ensaios laboratoriais normalizados de compactagdo quer com procedimentos indirectos de controlo (por exemplo, métodos nucleares, ensaios de compactagao dindmica, ensaios de carga em placa e registos de assentamentos). 49 3.4 Relatorio da caracterizacao geotécnica (1)P Os resultados dos estudos de caracterizac4o geotécnica devem ser compilados num Relatério da Caracterizagio Geotécnica que serve de base ao Relatério do Projecto Geotécnico descrito em 2.8 (2) Normalmente conveniente que o Relatério da Caracterizagao Geotécnica seja constituido por duas partes: - apresentagio da informagio geotécnica disponivel, incluindo aspectos geolbgicos e outros dados relevantes, = avaliagio, do ponto de vista geotécnico, da informagao disponivel, indicando as hipéteses feitas para a determinagao dos pardmetros geotécnicos. Estas duas partes podem ser agregadas num nico relatorio ou ser divididas em varios relat6rios 3.4.1 Apresentagao da informacdo geotécnica (A)P A apresentagao da informago geotécnica deve incluir um relato factual de todos os trabalhos de caracterizagio geotécnica efectuados no campo e em laboratério, assim como documentagao sobre os procedimentos usados. (2) E conveniente que o relatério factual inclua ainda a seguinte informagiio, caso tal seja relevante: = 0 objectivo e Ambito dos estudos de caracterizagao geotécnica; ~ uma breve descrigiio da obra a que se destina 0 relatério geotécnico, incluindo informagao sobre a localizagao, a dimens&o, a geometria, as cargas previstas, os elementos estruturais, os materiais de construgao, etc.; + aindicagao da Categoria Geotécnica prevista para a obra; = as datas do inicio e da concluséo dos trabalhos de campo e de laboratério; = 08 procedimentos utilizados na amostragem, transporte e armazenamento, = 08 tipos de equipamento de campo utilizados, = 08 dados topogrificos; = os nomes de todos os consultores e sub-empreiteiros, = oreconhecimento geral de toda a area de implantago da obra, incidindo designadamente em: ~ evidéncia de agua subterranea, = comportamento de obras vizinhas; + existéncia de falhas, - areas expostas, em pedreiras e zonas de empréstimo; 50 ~ freas de instabilidade; ~ dificuldades durante a realizagao de escavagies; ~ historia do local; ~ ageologia do local; ~ ainformagio obtida a partir de fotografias aéreas disponiveis; - aexperiéncia local; ~ ainformagio sobre a sismicidade da area; ~ 0 mapa de quantidades dos trabalhos de campo ¢ de laboratério bem como os comentérios feitos pelo pessoal que supervisou os trabalhos de prospeccao; = a informago sobre as flutuagdes do nivel fredtico ao longo do tempo nos furos de sondagem durante a execugdo dos trabalhos de campo, e em piezdmetros depois de finalizado o trabalho de campo; ~ acompilagao dos registos das sondagens, inchiindo fotografias das amostras de terreno, com descri- fo das formagdes encontradas tendo em conta as evidéncias de campo e os resultados de ensaios laboratoriais, ~ aapresentacdo, em anexos, dos resultados dos ensaios laboratoriais e de campo. 3.42 Avaliagdo da informagao geotécnica (1)P A avaliagdo da informacio geotécnica deve incluir: ~ uma revisfo dos trabalhos de campo e de laboratério, no caso de a informagéo ser limitada ou parcial tal deve ser indicado claramente; se os dados forem defeituosos, irrelevantes, insuficientes ou inexactos, tal deve ser assinalado e comentado na interpretagdo dos resultados dos ensaios; devem- se ter em considerago os procedimentos de amostragem, transporte e armazenamento; devem ser apreciados cuidadosamente os resultados de ensaios particularmente adversos, por forma a apurar se so enganadores ou se, pelo contrério, so a expresso de um fendmeno real e tém, portanto, de ser considerados no dimensionamento; - a apresentagio de propostas para trabalhos adicionais de campo e de laboratério, no caso de estes serem considerados necessérios, com comentarios justficativos da sua necessidade; tais propostas devem ser acompanhadas de um programa detalhado de todos os trabalhos adicionais, com referén- cia explicita aos objectivos a alcangar (2) Para além do acima mencionado, é ainda conveniente que a avaliago da informago geotéenica inclua, quando tal for relevante: = aapresentacdo, sob a forma de tabelas e graficos, dos resultados dos ensaios de campo e de labora- t6rio em relagdo aos requisitos do projecto e ainda, se tal for julgado necessirio, histograms ilus- trativos da distribuigdo e da gama de valores dos dados mais significativos, ~ adeterminagao da profundidade do nivel freético e das suas flutuagdes sazonais, 51 - perfisinterpretativos do terreno mostrando a diferenciago das varias formag&es; descrigio porme- norizada de todas as formagdes ocorrentes, incluindo as suas propriedades fisicas e as suas caracteristicas de deformabilidade e de resisténcia; comentarios relativos a irregularidades tais como bolsadas e cavidades; - aapresentago da gama de valores dos dados geotécnicos para cada estrato; é conveniente efectuar esta apresentaggo de forma tio completa quanto possivel, de modo a permitir uma escolha adequada dos valores dos pardmetros do terreno @ usar no dimensionamento. 52 Seco 4 SUPERVISAO DA CONSTRUCAO, OBSERVACAO E MANUTENCAO, 4.1 Generalidades (()P Para assegurar a seguranga e a qualidade de uma estrutura devem seguir-se, quando tal for apro- priado, os seguintes procedimentos: = assupervisio dos processos de construgao e da m&o-de-obra; ~ aobservagao do comportamento da estrutura durante e apés a construgao; ~ amanutengao adequada da estrutura. (2)P A supervisto do processo de construgdo e da mio-de-obra bem como a observag#io do compor- tamento da estrutura durante e apés a construgo devem ser efectuadas de acordo com as especifica- Ges do Relatério do Projecto Geotécnico. (3) E conveniente que a supervisio do processo de construgao e da m&o-de-obra inclua, quando tal for apropriado, as seguintes medidas: = verificagdo da validade das hipoteses de projecto; = identificagéo das diferengas entre as condiges reais do terreno e as consideradas no projecto, = verificagao de que a construgio ¢ feita de acordo com o projecto. E conveniente que a observaco do comportamento da estrutura durante e apés a construgao inclua, quando tal for apropriado, o seguinte = observagées e medicdes para acompanhamento do comportamento da estrutura ¢ sua vizinhanga durante a construgéo, de modo a julgar da necessidade de medidas correctivas, alteragées na sequéncia da construgio, etc.; = observagdes e medigdes para acompanhamento do comportamento a longo prazo da estrutura ¢ sua vizinhanga. (4)P O nivel e a qualidade da supervisio e da observagao devem ser pelo menos iguais aos adoptados TO projecto e devem ser coerentes com os valores escolhidos para os parémetros do projecto ¢ coeficientes de seguranca. As decisGes de projecto que sejam influenciadas pelos resultados da super- visio e da observagao devem ser claramente identificadas (5) A inspecgao, o controlo e os ensaios de campo ¢ de laboratério necessarios a supervisdo ¢ a obser- vagao da construgao devem ser estabelecidos durante a fase de projecto. Em caso de acontecimentos imprevistos é conveniente aumentar a extensio e a frequéncia da observagao. No Anexo A apresenta-se uma lista das operagdes de supervisio ¢ observagdo do comportamento das obras. 4.2. Supervisio da construcao 4.2.1 Plano de supervisto ()P 0 plano de supervisio incluido no Relatério do Projecto Geotécnico deve estabelecer os limites aceitaveis para os resultados a obter com a supervisio, (2) E conveniente que o plano de supervisao especifique 0 tipo, a qualidade e a frequéncia da super- visio, os quais devem ser fiungao dos seguintes factores. ~ © grau de incerteza das hipdteses admitidas no dimensionamento; = a complexidade do terreno e das condigdes de carregamento, = 0 fisco potencial de rotura durante a construc&o; - a Viabilidade das alterar 0 projecto ou de adoptar medidas correctivas durante a construgao. 4.2.2. Inspecgao e controlo (1)P 0 trabalho de construgdo deve ser objecto de inspecgao visual continua e os resultados da inspecgao devem ser devidamente registados, (2) Para a Categoria Geotécnica 1 0 programa de supervisio pode limitar-se 4 inspecgao visual, a controlos de qualidade grosseiros e & avaliagao qualitativa do comportamento da estrutura Para a Categoria Geotécnica 2 podem, em geral, ser exigidas medigdes das propriedades do terreno ou do comportamento da estrutura. Para a Categoria Geotécnica 3 podem ser exigidas medigdes adicionais durante cada fase significativa da construgao. (3)P Quando tal for apropriado, devem ser mantidos os seguintes registos ~ caracteristicas signifcativas do terreno e da agua subterrénea; ~ _sequéncia dos trabalhos; ~ qualidade dos materiais, ~ desvios em relagao ao projecto; ~ desenhos actualizados, = resultados das medigdes e sua interpretagio; = observagao das condigdes ambientais, ~ acontecimentos imprevistos. (4) E conveniente igualmente proceder ao registo dos trabalhos temporarios bem como de quaisquer interrupgdes e das condigbes dos trabalhos no recomego dos mesmos. (5)P Os resultados da inspecgao e do controlo devem ser fomnecidos ao projectista antes da tomada das decisdes que eles possam exigir. 4.2.3 Verificagao do projecto (A)P A adequabilidade dos processos de construg&o e a sequéncia das operagdes devem ser verificadas tendo em atengao as condigdes reais do terreno € 0 comportamento previsto da estrutura deve ser comparado com 0 comportamento observado, O projecto deve ser aferido com base nos resultados da inspecgdo e do controlo, Se necessério o projecto da estrutura deve ser alterado, (2) E conveniente incluir na verificagdo do projecto uma enumera¢ao cuidadosa das condi¢gdes mais desfavoraveis que ocorram durante a construcio, relativamente a: = terreno, = fgua subterrinea; = aogdes na estrutura; = impactes e modificagdes ambientais, incluindo escorregamentos de terreno e desmoronamentos de rocha, 4.3 Verificagdo das condigées do terreno 4.3.1 Solos € rochas (DP As descrigées e as propriedades geotécnicas dos macigos terrosos ¢ rochosos sobre os quais a estrutura é fundada ou nos quais esté inserida devem ser verificadas durante a construgéo. (2) Para a Categoria Geotéenica 1 & conveniente verificar as descrigdes dos solos e rochas por ~ inspecgao do local; ~ determinago dos tipos de solo ou rocha na zona de influéncia da estrutura; = registo da descrigao dos solos e rochas expostos nas escavagées Para a Categoria Geotécnica 2 € conveniente igualmente verificar as propriedades geotécnicas do solo ou da rocha de fundago, Para tal pode ser necessaria prospect4o geotécnica adicional, incluindo colheita de amostras representativas e ensaios para determinago das propriedades indice, da resisténcia e da deformabilidade. Para a Categoria Geotécnica 3 os requisitos podem incluir prospecgdes adicionais e exame pormenori- zado das condigdes do terreno ou dos aterros que possam ter consequéncias importantes para o projecto E conveniente que as informagdes indirectas sobre as propriedades geotécnicas do terreno (por exemplo, registos de cravagio de estacas) fiquem registadas ¢ sejam utilizadas na interpretagdo das condigdes do terreno de fiundagao, @)P Devem ser comunicados sem demora ao responsavel pelo projecto os desvios do tipo de terreno € das respectivas propriedades em relagio ao admitido no projecto. (4)P Deve verificar-se se os principios considerados no dimensionamento so adequados as caracteris- ticas geotécnicas reais do solo 4.3.2 Agua subterranea (DP Os niveis, as pressées intersticiais e a composigdo quimica das éguas subterrneas encontradas durante a execugao devem, sempre que tal seja apropriado, ser determinadas e comparadas com as que 56 foram admitidas no projecto. Em locais onde se saiba existirem ou sejam previsiveis variagdes significativas do tipo de terreno e de permeabilidade so necessarias verificagdes mais completas. (2) Para a Categoria Geotécnica 1, os controlos so geralmente baseados em experiéncias prévias documentadas na mesma érea, ou em indicios indirectos. Para as Categorias Geotécnicas 2 e 3, slo feitas normalmente observagSes directas das condigdes da gua no terreno se estas afectarem significativamente, seja o método de construcio, seja 0 comporta- mento da estrutura. As caracteristicas do escoamento da agua subterrénea e 0 regime de pressao intersticial podem ser obtidos a partir de piezSmetros, a instalar de preferéncia antes do inicio da construgio. Por vezes pode ser necessério instalar piezometros a grande distancia do local como parte do sistema de observagio Se, durante a construgdo, ocorrerem variagdes na pressio intersticial que possam afectar 0 comporta- mento da estrutura, € conveniente medir sistematicamente tais presses até que a construgdo esteja conchuida ou até as press6es intersticiais se terem dissipado para valores compativeis com a seguranca, Para estruturas situadas abaixo do nivel de gua que possam flutuar é conveniente medir sistemati- camente as presses intersticiais até que © peso da estrutura seja suficiente para eliminar o risco de flutuago. E conveniente efectuar anilises quimicas da 4gua em circulago sempre que qualquer parte dos traba hos temporérios ou permanentes possa ser afectada significativamente por ataque quimico. (B)P Deve verificar-se 0 eftito das operagdes de construgao (incluindo processos tais como rebaixa- mentos, injecgdes ou aberture de tineis) no regime das aguas subterrdneas, (4)P As alteragdes das caracteristicas da agua do terreno em relagio ao admitido no projecto devem ser comunicadas sem demora ao responsével pelo projecto (5)P Deve verificar-se se os principios usados no projecto sto adequados as caracteristicas da agua subterrnea que foram encontradas. 37 4.4 Verificacio da construcio (AP As operagées no estaleiro devem ser verificadas em relago aos métodos de construgao admitidos 1o projecto e constantes do Relatério do Projecto Geotécnico. (2)Na Categoria Geotéenica 1 0 Relatério do Projecto Geotécnico nao inclui geralmente um programa de trabalhos formal, A sequéncia de trabalhos é normalmente decidida pelo empreiteiro. ‘Nas Categorias Geotécnicas 2 ¢ 3 o Relatério do Projecto Geotécnico pode inciuir a sequéncia das operages de construgio previstas no projecto. Alternativamente, o Relatorio de Projecto Geotécnico pode estabelecer que a sequéncia da construgao sera decidida pelo empreiteiro. 3)P Os desvios em relagio aos métodos de construgéo previstos no projecto e estabelecidos no Relatério do Projecto Geotéenico devem ser explicita e racionalmente considerados e postos em execugio e devem ser comunicados sem demora ao responsive! pelo projecto. (4)P Deve verificar-se se os principios adoptados no projecto sto adequados & sequéncia de operagbes de construgo que ¢ efectivamente utilizada 4.5 Observasio (1)P Os objectivos da observacao so: = verificar a validade das previsdes de comportamento feitas na fase de projecto; = assegurar 0 adequado comportamento da estrutura apés a sua conclusio QP As inspecgdes e as medigdes requeridas para observar o comportamento da estrutura apés a sua conclusio devem ser especificadas ao dono de obra/cliente. (3)P 0 plano de observacao deve ser executado de acordo com 0 Relatério do Projecto Geotécnico. (4) O registo do comportamento real das estruturas é importante por permitir a elaboragdo de bases de dados de experiéncias comparaveis. As medigdes podem incluir 0 seguinte 38 ~ as deformagées do terreno interessado pela estrutura, ~ os valores das accées; ~ os valores das presses de contacto entre o terreno e a estrutura; - as presses intersticiais da agua e suas variagdes no tempo; ~ as tensdes ¢ as deformagdes (movimentos verticais ou horizontais, rotagdes ou distorg6es) nos elementos estruturais. Os resultados das medigdes devem ser completados com observagies qualitativas, incluindo 0 aspecto arquitecténico A duragdo do periodo de observagao apds a construgo pode ser alterada em fiung&o das observacdes feitas durante a construgo. Para estruturas cujo impacte sobre partes apreciaveis do ambiente fisico vizinho possa ser desfavoravel, ou para as quais a rotura possa envolver riscos anormais para os bens ou vidas, a observago poderé prolongar-se por mais de dez anos apés a conclusio da construgao ou durante toda a vida da estrutura (SP Os resultados da observagao devem ser sempre sujeitos a avaliagao e interpretagdo, sendo estas normalmente feitas de uma forma quantitativa. (6) Para a Categoria Geotécnica | 2 avaliago do comportamento pode ser simples, qualitativa e basea~ da em inspecedo visual. Para a Categoria Geotécnica 2 a avaliagéo do comportamento pode ser baseada em medigdes de movi- mentos de alguns pontos escolhidos da estrutura Para a Categoria Geotécnica 3 € normalmente conveniente que a avaliagao do comportamento seja baseada em medigdes de deslocamentos e andlises que tenham em conta a sequéncia das operagdes de construgio. (YP Para estruturas que possam ter um efeito adverso nas condigdes do terreno ou da égua nele contida, deve ser tida em conta, no planeamento do programa de observagao, a possibilidade de fugas ou de alteragées ao tipo de escoamento da agua subterrénea, especialmente quando estejam envolvidos solos finos. (8) Exemplos deste tipo de estruturas sao. = as estruturas de retengdo de agua; = as estruturas de controlo de percolagao; 59 = os tineis; ~ as grandes estruturas subterrineas, ~ as caves profundas;, ~ os taludes e estruturas de suporte, ~ 0 melhoramento de terrenos. 4.6 Manutencao (IP A manutengao necessaria para garantir a seguranca e a funcionalidade da estrutura deve ser espe- cificada 20 dono de obra/cliente (2) E conveniente que as especificagdes relativas a conservacao fornegam informagao sobre: = as partes criticas da estrutura que requeiram inspecgao regular, - a frequéncia da inspecgao. 60 Seccio 5 ATERROS, REBAIXAMENTOS, MELHORAMENTO E REFORCO DO TERRENO 5.1 Generalidades (UDP Esta secgdo é aplicavel quando se conseguirem as condigdes adequadas para o terreno através de: = colocagao de solos ou outros materisis granulares; - rebaixamento; = tratamento do terreno; = reforgo do terreno. (2) As situagdes onde, na construgdo de obras de engenharia civil, séo utilizados solos ou outros materiais granulares incluem: ~ 08 aterros sob fundagdes e lajes de fundagao; - 08 aterros para o preenchimento de escavages e para 0 tardoz de estruturas de suporte; ~ 08 terraplenos em geral, incluindo aterros hidréulicos, modelagao do terreno e aterros sanitarios; ~ 0s aterros em diques e vias de comunicagdo. O rebaixamento dos niveis aquiferos pode ser temporario ou permanente, Os terrenos tratados tendo em vista o melhoramento das suas propriedades podem ser naturais ou resultantes de aterro. O melhoramento do terreno pode ser temporério ou permanente, G)P Os procedimentos de dimensionamento para obras geotécricas que incluem aterros, rebaixamen- tos e melhoramento e reforgo do terreno s&o tratados nas secgGes 6 a 9. 5.2 Requisitos fundamentais (I)P Os requisitos fundamentais a satisfazer consistem em que os aterros € 0s terrenos sujeitos a rebaixamentos, melhoria ou reforgo sejam aptos para suportar as acces devidas 2 carregamentos, & percolagdo de agua, a vibragbes, a variagdes de temperatura, & chuva, etc. (2)P Os requisitos fundamentais devem também ser satisfeitos pelo terreno sobre o qual 0 aterro é colocado. 61 5.3 Construgio de aterros 3.3.1 Principios (1)P A adequabilidade dos aterros deve basear-se em boas caracteristicas de trabalhabilidade do mate- rial e na possibilidade deste atingir, apds a compactagao, as propriedades geotécnicas adequadas (2) Na elaborago do projecto é conveniente ter em conta o transporte e a colocagao do material. 5.3.2 Selecgao do material de aterro (I)P Os critérios de seleceao de material adequado para ser utilizado como material de aterro devem basear-se nas caracteristicas de resisténcia, rigidez e permeabilidade apés compactagdo e terfo em conta a finalidade do aterro e os requisitos das estruturas que nele sejam fundadas. (2) Os materiais mais adequados para aterros incluem a maioria dos solos granulares graduados, além de certos residuos tais como residuos de minas de carvao e cinzas volantes. Alguns materiais manu- facturados, tais como aglomerados leves, podem igualmente ser utilizados em certas circunstancias. Alguns solos coesivos podem ser utilizados, mas necessitam de cuidados especiais. BYP A selecgdo do material de aterro deve ter em conta os seguintes aspectos: - agranulometria; ~ aresisténcia a0 esmagamento; - acompactabilidade; - aplasticidade; = 0 teor em matéria organica, - aagressividade quimica; ~ os efeitos de poluigao; - asolubilidade; - asusceptibilidade a variagSes de volume (argilas expansiveis e materiais colapsiveis); - feito do gelo; - aresisténcia; ~ ainfluéncia da escavagio, do transporte e da colocago;, = a possibilidade de ocorrer cimentago apés colocagao (escérias de alto forno, por exemplo), 62 (4) Se 0s materiais locais, tal como se encontram no seu estado natural, no forem adequados para 0 uso em aterros , pode ser necessario adoptar um dos seguintes procedimentos: ~ ajuste do teor em égua; ~ mistura com cimento, cal ou outro material; ~ esmagamento, crivagem ou lavagem; ~ protec com material apropriado, ~ uso de camadas drenantes (5)P Quando o material seleccionado contiver produtos poluentes ou potencialmente agressivos devem ser adoptadas medidas com vista a prevenir 0 ataque de estruturas ou equipamentos em servigo ou impedir a poluigdo da agua subterranea. Tais materiais s6 podem ser utilizados em grandes quantidades em locais sujeitos a observagao permanente (©)P Em caso de divida, o material a utilizar como aterro deve ser ensaiado de modo a garantir que & indicado para o fim a que se destina. O tipo, o nimero e a frequéncia dos ensaios deve ser estipulado de acordo com o tipo ea heterogeneidade do material e a natureza do projecto, (7) Na Categoria Geotécnica 1 é muitas vezes suficiente a inspec¢ao visual do material. (8)P O material de aterro nfo deve conter materiais que lhe so estranhos tais como neve, gelo ou turfa em percentagem significativa. 5.3.3 Escolha dos processos de colocagao e de compactagio do aterro (A)P 0s criterios de compactagio devem ser definidos para cada zona ou camada do aterro de acordo coma sua finalidade e as exigéncias de comportamento. Q)P Os processos de colocagdo e compactagdo do aterro devem ser tais que seja assegurada a sua estabilidade durante o periodo de construgo e que o terreno natural nfo seja afectado de forma adversa. @)P A escolha dos processos de compactagao dos aterros depende, para além dos critérios de compactago, dos factores seguintes 63 = aorigem e a natureza do material; = ométodo de colocagio; =o teor em Agua de colocagdo e a gama possivel de variagao; = a espessura inicial e final das camadas, = achuvae'a temperatura do ar; - auniformidade da compactacio, (4) Para estabelecer 0s processos adequados para a compactagao é recomendavel a execugao de um aterro experimental com 0 material e 0 equipamento a utilizar na construgao do aterro, o que permite determinar a espessura das camadas, 0 nimero de passagens do cilindro, as técnicas mais apropriadas para o transporte, a humidificago adequada eo espalhamento do material. O aterro experimental pode também ser utiizado para estabelecer os critérios de controlo de execugéo. (5)P Se durante a execugo de aterros com materiais coesivos existir a possibilidade de queda de chuva, a superficie do aterro deve ser regularizada em todas as fases de execugdo de modo a drenar adequadamente. (©P Em geral nao devem ser utilizados nos aterros solos com gelo, solos soliiveis ou solos expansivos. (7) A construgao de aterros com temperaturas inferiores 4 de congelagao pode requerer 0 aquecimento do material a colocar e a protec¢do da superficie do aterro contra o gelo. (8)P Se forem utilizados aterros no preenchimento de zonas de sobreescavagio envolventes de findages de edificios, 0 proceso de compactagao deve ser escolhido de modo a que a subsidéncia posterior em tomo das fundagdes e sob os pavimentos no provoque danos, 5.3.4 Controlo da execugao do aterro (J)P Os trabalhos de compactagao devem ser controlados por meio de inspeccionados ou ensaios de modo a assegurar que a natureza dos materiais de aterro, 0 teor em gua de colocacio e os processos de compactagao esto de acordo com 0 especificado. (2) Para certas combinagSes de materiais e processos de compactagao, pode ndo ser necessério ensaiar © aterro apés compactagaio, Em particular, os ensaios podem ser substituidos pela verificagio de que a 64 compactagao foi realizada de acordo com o procedimento estabelecido a partir dum aterro experimental ou de experiéncia compardvel. No controlo da compactacdo por ensaios é conveniente utilizar um dos seguintes métodos: = determinago do peso voliimico seco e, se requerido no projecto, determinagdo do teor em agua; = determinago de propriedades tais como a resisténcia a penetragdo, o médulo de rigidez, etc.; em solos coesivos tal determinagao pode ndo ser adequada para verificar se foi atingida uma compacta- ao satisfatéria Nos aterros estruturais sobre os quais sejam construidas fundagdes devem ser utilizados materiais apropriados (ver 5.3.2 (1)P) e deve ser garantida, em média, uma compactagio relativa de 100% em relagdo @ compactacao obtida no ensaio Proctor (pildo de 2,5 kg e altura de queda de 0,3 m) e uma compactaydo de 97% (também em relagao 20 ensaio Proctor) como limite inferior € devem ser acautelados 0s riscos de colapso ou de assentamentos diferenciais excessivos, Em aterros de enrocamento ou aterros contendo uma percentagem elevada de particulas grosseiras, a utilizagdo do ensaio de compactagio Proctor nao ¢ aplicavel. Nestes casos 0 controlo de compactagao pode ser feito através: ~ da verificagdo de que a compactagao foi executada de acordo com o procedimento deduzido dum aterro experimental ou de experiéncia comparivel; ~ da verificagao de que um assentamento adicional resultante de uma passagem adicional do equipa- mento de compactago é inferior a um valor especificado, + de métodos sismicos. B)P Nos casos em que a compactagio excessiva nio é aceitavel, deve ser especificado o limite superi- or admissivel para a compactacao relativa. (4) A compactago excessiva pode originar os seguintes efeitos indesejaveis: ~ em diques e taludes, o desenvolvimento de superficies estriadas de escorregamento ("slickensides") e de zonas muito rigidas; - impulsos elevados em condutas enterradas e em estruturas de suporte; = 0 esmagamento de materiais tais como rochas brandas, escorias e areias vulcdnicas utilizadas em aterros leves 65 5.4 Rebaixamentos (AYP Qualquer sistema de remogdo da agua do terreno ou de abaixamento da pressio hidrostatica da agua deve basear-se nos resultados de um reconhecimento geotécnico, (2) A agua pode ser removida do terreno através de drenagem por gravidade, por bombagem a partir de pogos, de agulhas filtrantes ou de furos de sondagem, ou por electro-osmose. O esquema a adoptar depende = do tipo de terreno e das condigdes hidrogeologicas, ~ das caracteristicas da obra como, por exemplo, a profundidade da escavagio e a extensio do rebai- xamento arte do sistema de rebaixamento pode ser um sistema de posos de recarga situados a certa distancia da escavagao. (3)P O sistema de rebaixamento deve satisfazer as seguintes condigSes, quando aplicaveis: ~ no caso de escavagses, deve assegurar-se que o rebaixamento do nivel fredtico nao instabiliza os taludes e que nfo ocorre excessivo levantamento ou rotura de fundo, devidos, por exemplo, a pressao hidrostitica excessiva sob uma camada menos permedvel; ~ o sistema adoptado no deve conduzir a assentamentos excessivos ou a danos em obras vizinhas; ~ © sistema adoptado deve evitar o arraste excessivo de particulas do terreno em resultado da perco- lagdo a partir das superficies laterais ou da base da escavacao; = exceptuando 0 caso de materiais com granulometria uniforme que possam por si s6 constituir filtros, devem ser instalados filtros em volta dos furos de captayao de modo a assegurar que nao existe transporte significativo de particulas de solo na agua bombada; - a Agua retirada de uma escavagiio deve ser normalmente descarregada a distdncia suficiente da area da escavagao, ~ © sistema de drenagem deve ser concebido, dimensionado e instalado de modo a garantir, sem variagdes significativas, os niveis de Agua ¢ as press6es intersticiais definidas no projecto; ~ deve existir uma adequada margem de seguranga na capacidade de bombagem e deve ser analisada a necessidade de dispor de uma instalago de reserva, para 0 caso de avaria, = © restabelecimento do nivel freatico apés rebaixamento deve ser suficientemente lento para evitar problemas tais como 0 colapso de solos de estrutura sensivel, de que so exemplo as areias soltas, = © sistema adoptado nfo deve originar um afluxo excessivo de 4gua contaminada para a escavagao, - © sistema adoptado no deve conduzir a extraceGo excessiva de 4gua de um aquifero de abasteci- mento, 66 (4)P A eficiéncia do rebaixamento deve ser verificada através da observacao do nivel fredtico, das Press6es intersticiais ou das deformagGes do solo se necessério. A informago obtida deve ser revista & interpretada frequentemente de modo a determinar os efeitos do rebaixamento nas condicées do terreno € no comportamento da obra em curso e das estruturas vizinhas. (5)P Se as operagSes de bombagem forem prolongadas, deve verificar-se a eventual presenga de sais € gases dissolvidos na agua do solo, que poderdo originar corrosio ou colmatagao dos filtros por preci- pitagdo de sais. A acco bacteriolégica pode também ser um problema provocando a colmatago em bombagens de longa duragao 5.5 Melhoramento e reforco do terreno (DP Antes da escolha ou da utilizagao de um provesso de melhoramento ou de reforgo do terreno deve ser efectuado um reconhecimento geotécnico por forma a obter um adequado conhecimento das condigdes iniciais do terreno. ()P A escolha do método de melhoramento do terreno a adoptar em cada situagao particular deve ter em conta os seguintes factores, quando aplicaveis: = aespessura e as caracteristicas das camadas de terreno ou do material de aterro;, = ovalor da press da Agua nas varias camadas de terreno, = anatureza, a configurago e a posi¢ao da estrutura a suportar pelo terreno; = aprevengio de danos em estruturas ou equipamentos adjacentes, = 0 facto de o melhoramento do terreno ser temporario ou permanente; = em termos de deformagées previstas, a relagdo entre o processo de melhoramento do terreno ¢ a sequéncia de construgo; = 08 efeitos no meio ambiente, incluindo a poluigdo por materiais t6xicos ou variagbes do nivel fredtico; = os efeitos a longo prazo resultantes da deterioragao dos materizis. (3) Em muitos casos é conveniente classificar as obras de melhoramento ¢ reforgo de terreno na Categoria Geotécnica 3 (@)P A eficdcia do methoramento do terreno deve ser verificada relativamente aos critérios de aceita- Gao, determinando as alteragies das propriedades representativas ou condigSes do terreno resultantes do processo de melhoramento 67 Seceio 6 FUNDACOES SUPERFICIAIS 6.1 Generalidades (UP As disposigdes desta secgio aplicam-se a findag6es superficiais incluindo sapatas isoladas, sapa- tas continuas ensoleiramentos gerais. Algumas das disposigdes podem também aplicar-se a tipos de fundagées profundas tais como caixdes 6.2. Estados limites (IP Deve ser feita uma compilagao dos estados limites a considerar. Devem ser considerados os seguintes estados limites ~ perda de estabilidade global, ~ rotura por insuficiente capacidade resistente; = rotura por destizamento; ~ rotura conjunta do terreno e da estrutura; ~ rotura estrutural por movimento da fundagao; ~ _assentamento excessivo; = empolamento excessivo; = vibragées excessivas 6.3 Acgies e situagdes de projecto (1)P Para verificago dos estados limites devem considerar-se as acges enumeradas em 2.4.2 (2) Quando a rigidez estrutural é significativa, é conveniente proceder a uma andlise da interacgdo entre a estrutura e o terreno com vista a determinacao da distribuigao das acgdes. B)P As situagdes de projecto devem ser seleccionadas de acordo com os principios referidos em 2.2. (4) Ao seleccionar as situagdes de projecto para fundagdes superficiais é especialmente importante avaliar a posigo da toalha freética. 68 6.4 Consideragées de projecto e construgao (IP Na definigdo da profundidade de uma flndagao superficial devem ser tidos em conta os seguintes aspectos: = anecessidade de atingir uma formagdo com adequada capacidade resistente; - aprofiundidade até a qual retracgGes e expansdes de solos argilosos, devidas a mudangas climaticas ou a drvores e arbustos, podem causar movimentos apreciaveis, = aprofundidade até & qual podem ocorrer efeitos devidos ao congelamento; = onivel da toalha fredtica e as consequéncias da escavacdo ser realizada abaixo desse nivel, = apossibilidade de movimentos do solo e de redugdo da resisténcia do estrato de fundago origina- dos por percolagao, por efeitos climaticos ou por processos construtivos, = 05 efeitos, nas fundagSes e estruturas vizinhas, das escavagdes necessérias 4 construgo; = as escavagbes para fturas instalagSes a realizar na proximidade da fundagaio; = os efeitos de altas ou baixas temperaturas transmitidas pelos edificios, = a possibilidade de ocorréncia de infraescavagio. (2)P A largura da fundago deve ser dimensionada tendo em atengdo, para além dos requisitos relativos 20 comportamento da fiundagdo, consideragbes de ordem pratica que se prendem com a economia da escavago, com o estabelecimento de tolerdncias, com a necessidade de espago de traba- lho e com as dimensGes das paredes ou dos pilares suportados pela fundagao (3)P No dimensionamento de uma fundagao superficial deve usar-se um dos seguintes métodos: = um método directo, no qual se fazem andlises separadas para cada um dos estados limites usando modelos de célculo e considerando valores de céloulo para as acgdes e para os pardmetros do terreno; nas verificagdes referentes aos estados limites iltimos 0 céloulo deve modelar os mecanis- ‘mos de rotura de forma tio aproximada quanto possivel; nas verificagdes referentes aos estados limites de utilizagio devem ser efectuadas analises em termos de deformagées, - capacidades resistentes nominais do terreno estimadas empiricamente com base em experiéncia comparavel ou em resultados de ensaios de campo ou de laboratério ou de observacdo, escolhidas, tendo por referéncia as acgdes correspondentes aos estados limites de utilizagdo, de modo a satisfazer 08 requisitos de todos os estados limites relevantes. Os modelos de céleulo a utilizar no dimensionamento de fundagées superficiais em solos em relagdo aos estados limites tiltimos e de utilizago so apresentados em 6.5 ¢ 6.6. As capacidades resistentes nominais unitérias do terreno para o dimensionamento de fundag&es superficiais em macigos rochosos sfo apresentadas em 6.7. 69 6.5 Verificacio em relagio aos estados limites iiltimos 6.5.1 Estabilidade global (OP A seguranga em relagdo a perda de establidade global deve ser verificada, em especial para as fundagGes nas seguintes situagdes: = em locais inclinados, taludes naturais ou aterros, ou nas suas proximidades; = na proximidade de escavagdes ou de estruturas de suporte, ~ na proximidade de cursos de agua, de canais, de lagos, de albufeiras ou do mar; = na proximidade de minas ou de estruturas enterradas ara estas situagbes deve ser demonstrado, por intermédio dos principios apresentados na Seco 9, que a probabilidade de ocorréncia de fenémenos de instabilizagao envolvendo o terreno que contém a fundagao é suficientemente reduzida 6.5.2 Rotura devido a insuficiente capacidade resistente do terreno 6.5.2.1 Generalidades (1)P Para demonstrar que o terreno de fundagdo suportara a carga de célculo com adequada seguranga em relagdo a rotura, deve ser verificada a seguinte condi¢o para todas as combinagdes de acgdes e hipéteses de carga respeitantes a estados limites dltimos Ves Re 6.1) onde V, &0 valor de célculo da componente normal (A base da fundago) da carga correspondente 20 estado limite tiltimo, incluindo o peso proprio da fundagao e de qualquer material de enchimento, em condigdes drenadas as presses da agua devem normalmente ser incluidas como acgbes no ciloulo de 74, Rz 0 valor de célculo da capacidade resistente da flundagdo em relagdo as componentes normais das cargas, tendo em conta o efeito de quaisquer acgdes inclinadas ou excéntricas, Ry deve ser obtido a partir dos valores de calculo dos pardmetros relevantes escolhidos de acordo com 2.4.3 e233 (2) Quando as presses da égua em redor da fundagdo so hidrostiticas 0 célculo de Vz pode ser simplificado pela utilizagao de pesos submersos dos elementos estruturais situados abaixo da toalha fredtica 10 6.5.2.2 Método analitico (1)P Para a avaliagdo por via analtica do valor de céloulo da capacidade resistente vertical, R,, de uma fundagao superficial, devem ser consideradas tanto as situagOes de curto como as de longo prazo, em particular no caso de solos finos nos quais as variagSes das presses intersticiais podem conduzir a alteragdes na resisténcia ao corte. (2) No Anexo B é apresentado um exemplo de um metodo analitico para © célculo de capacidade resistente. YP Quando o solo ou 0 macigo rochoso sob a fundagao apresentarem caracteristicas estruturais bem definidas, quer de estratificagao quer de descontinuidades em geral, 0 mecanismo de rotura considera- do bem como os valores da resisténcia ao corte e dos parametros de deformacao, devem ter em conta estas caracteristicas estruturais do terreno. (4)P Na determinagio dos valores de célculo da capacidade resistente de fundagdes em depésitos alta- mente estratificados devem ser considerados os valores de célculo dos parametros do terreno para cada camada (5) Sempre que uma formagdo mais resistente esteja subjacente a outra mais branda, a capacidade resistente pode ser calculada utilizando os parametros da camada superior de menor resisténcia. 6.5.2.3 Método semi-empirico (1)P 0 valor de célculo da capacidade resistente de uma fundag4o superficial pode ser estimado semi- empiricamente através dos resultados de ensaios “in situ’, tendo em conta a experiéncia comparavel (2) No Anexo C ¢ apresentado um exemplo de um método semi-empirico de avaliagio da capacidade resistente, 6.5.3 Rotura por deslizamento (J)P Sempre que © carregamento nio é normal & base da fundagio deve ser feita a verificagdo da nm seguranga ao deslizamento da fundagao (2)P Para a verificagéo da seguranga ao deslizamento de uma fundago com base horizontal deve verificar-se a inequagao: Ha < Se + Ep 2) onde: Hg € 0 valor de célculo da componente horizontal da carga incluindo o valor de célculo dos impulsos activos, Sz €0 valor de célculo da resisténcia ao deslizamento entre o terreno e a fiundago, Eq, 60 valor de célculo da resisténcia passiva do terreno na zona lateral da fundagdo que pode ser mobilizada com um deslocamento apropriado a este estado limite e se mantém mobilizvel 20 longo da vida da estrutura (3) E conveniente relacionar os valores de Sy e Ens com a grandeza do movimento previsto nas condigdes do estado limite de carregamento considerado. Para grandes movimentos deve ter-se em conta a possivel relevancia do comportamento pés-pico. (4)P Para fundagdes com base inclinada deve adoptar-se uma condig&o andloga inequagao (6.5). (S)P Para fundagées em solos argilosos deve-se considerar a possibilidade de, na zona de movimentos sazonais, o solo experimentar retracco, afastando-se das faces verticais da fundacao. (OP Deve-se considerar a possibilidade de 0 solo envolvente da fundagio poder ser removido pela acgao da eroséo ou do homem. (7)P Em condigdes drenadas 0 valor de célculo da resisténcia ao deslizamento deve ser determinado usando a seguinte equagio: Sa = Vig tan 5g (63) onde Va é 0 valor de célculo da carga efectiva normal a base da fundacdo: 4: — €0valor de célculo do angulo de atrito efectivo entre o solo a fundacao Rn (8) O valor de cdlculo do angulo de atrito, 4;, pode ser considerado igual ao valor de céleulo do angulo de atrito intemo, ds, para fundagdes betonadas contra o terreno e igual a 2/3 ¢'y para fundagdes préfa- bricadas com superficie de contacto com o terreno de baixa rugosidade. E aconselhavel desprezar a coesao efectiva c! (9)P Para condigdes nao drenadas o valor de célculo da resisténcia ao deslizamento, S., deve, em geral, ser limitado por: Satan 64) onde: A’ é area da base efectiva, de acordo com 6.5.2.2; ¢, — éaresisténcia (coesdo) nao drenada. No caso de ser possivel a Agua ou o ar atingirem a interface entre a fundago e a camada argilosa subjacente nao drenada, deve também verificar-se a seguinte condi¢ao Sa 5 04 Ve 3) Esta verificagio s6 pode ser dispensada caso a formaco de um vazio entre a fundagao € 0 terreno seja impedida por sucgo nas zonas onde no haja pressio de contacto positiva, 6.5.4 Cargas com grandes excentricidades (1)P Quando a excentricidade da carga for superior a 1/3 da largura ou do comprimento de uma sapata rectangular, ou a 0,6 do raio de uma sapata circular, devem ser tomadas precaugSes especiais. Tais precaugdes incluem: = uma avaliagdio especialmente cuidadosa dos valores de calculo das accdes de acordo com 2.4.2; - utilizar um valor de cAlculo da localizagaio do bordo da fundagdo que tenha em conta possiveis desvios durante a construgao. (2) A menos que se tenham cuidados especiais durante a construgao, € conveniente considerar desvios até 0,10 m (GP 0 valor de célculo conservativo atras referido para a localizagao do bordo mais carregado da B fundago deve ser usado na verificago da capacidade resistente. 6.5.5 Rotura estrutural por movimento da fundagdo: (1)P Devem ser calculados os deslocamentos diferenciais, verticais e horizontais, das fundagdes quando a estrutura é actuada pelos valores de cdleulo das cargas correspondentes aos estados limites liltimos, tendo em conta os parimetros de deformabilidade do terreno, tendo em vista a verificacao de que tais deslocamentos nao conduzem a ocorréncia de um estado limite ultimo na estrutura. (2) O segundo método indicado em 6.4(3)P pode ser adoptado usando valores de calculo da capacida- de resistente para os quais os deslocamentos no conduzam a um estado limite ultimo na estrutura (3)P Em terrenos expansiveis devem ser avaliados os potenciais deslocamentos diferenciais de empolamento e 0 dimensionamento das fiundagdes e da estrutura deve ser efectuado de modo a que estas resistam ou se adaptem a esses movimentos 6.6 Verificacdo em relacdo aos estados limites de utilizagio (IP Os deslocamentos da fimdagio causados pela superestrutura devem ser considerados quer em termos de deslocamentos comuns a todo o sistema de fundagdo quer em termos de deslocamentos diferenciais das diferentes partes da fundagio. (2)P Na avaliagdo dos desiocamentos da fundagao para verificagdo dos estados limites de utiizago devem ser adoptados os valores de calculo das acgbes correspondentes a esses estados limites (3)P A gama possivel de deslocamentos verticais ¢ horizontais da fundagao deve ser determinada e comparada com os valores limites indicados em 2.4.6. (4)P Devem ser considerados os deslocamentos causados pelas acgdes nas fundagSes, tais como as referidas em 2.4.2. E (5)P Em 66.1 sao apresentados métodos que podem ser usados no céloulo de deslocamentos verticais 74 (assentamentos) causados pelo carregamento da fundacao. (6) Os cdleulos dos assentamentos nao podem ser considerados exactos, constituindo os respectivos resultados apenas uma estimativa aproximada. 6.6.1 Assentamentos (1)P Os calculos dos assentamentos devem contemplar os assentamentos imediatos e os assentamentos diferidos no tempo (2) Para o calculo de assentamentos em solos saturados é conveniente considerar as trés componentes seguintes: ~ oassentamento no drenado devido a deformagies distorcionais a volume constante, sc, = oassentamento por consolidacao, 51; = oassentamento por fluéncia, s2 E conveniente dar-se especial atengdo a situagdes tais como a de ocorréncia de solos organicos ou argilas muito sensiveis, em que 0 assentamento pode prolongar-se quase indefinidamente devido & fluéncia, A profundidade até @ qual é conveniente ter em conta a compressibilidade do terreno depende da dimensio e da forma da fundagao, da variagao da rigidez. com a profndidade e ainda do espagamento dos elementos da fundagao, ‘Normalmente, esta profundidade pode ser tomada como aquela para a qual o acréscimo de tensio vertical efectiva devido a carga induzida pela fundagao atinge 20 % da tensHo vertical efectiva inicial Em muitos casos esta profundidade pode também ser aproximadamente estimada como sendo igual a duas vezes a largura da fundago, mas pode ser reduzida para ensoleiramentos gerais relativamente pouco carregados. Esta simplificagao no é valida para solos muito moles, (B)P Devem também ser estimados os eventuais assentamentos adicionais causados por auto- compactagao do solo. (4) E conveniente ter em atenc&o os seguintes casos’ 1s ~ 08 possiveis efeitos do peso préprio, inundago ou vibragdo em aterros e solos colapsiveis; ~ 08 efeitos de variagao de tensdio em areias cujos gros slo susceptiveis de esmagamento. (S)P Devem ser considerados modelos lineares ou no lineares da rigidez do terreno, conforme for mais adequado. (8) No Anexo D so apresentados exemplos de métodos de avaliagdo de assentamentos ()P Por forma a assegurar que no ocorre um estado limite de utilizagio, os assentamentos diferen- Giais e as rotagdes relativas devem ser estimados tendo em consideragao tanto a distribuigéo das cargas como a variabilidade do solo. (8) Os assentamentos diferenciais calculados sem ter em consideragdo a rigidez da estrutura terdo tendénciaa ser sobrestimados. Pode-se recorrer a uma analise da interacgZo terreno-estrutura para justificar uma redugdo dos assentamentos diferenciais. E conveniente considerar os assentamentos diferenciais causados pela variabilidade do terreno, a menos que a rigidez da estrutura os impega. Para fundagdes superficiais em terrenos naturais estes assentamentos podem tipicamente atingir 10 mm, nfo excedendo normalmente 50 % do valor do assentamento total. A iinclinago de uma fundagdo carregada excentricamente deve ser estimada admitindo uma distribuicdo linear da tensGo transmitida ao terreno e calculando o assentamento sob os cantos da findagdo usando a distribuigéo de tensdes verticais no terreno sob cada canto da fundago e os métodos de célculo de assentamentos acima referidos. 6.6.2 Anélise de vibracSes (1)P As fundagées de estrumuras submetidas a vibragdes ou com cargas vibratérias devem ser dimensionadas por forma a que as vibragdes no causem assentamentos e vibragdes excessivos (2) E conveniente tomar as devidas precaugdes para evitar a ressondncia entre a frequéncia da excitagio e a frequéncia propria do conjunto fundagdo-terreno, bem como a liquefaccdo do terreno. 16 (3)P As vibragdes causadas pelos sismos deverdo ser considerada de acordo com a ENV-1998-1 6.7 Fundacées em macicos rochosos: Consideracées adicionais para o dimensionamento (1)P'No dimensionamento de fundag6es superficiais em macigos rochosos devem ser tidos em conta os seguintes aspectos: - a deformabilidade e a resisténcia do macigo rochoso © assentamento admissivel da estrutura a suportar; = appresenca sob a fundagdo de camadas com fracas caracteristicas mecénicas, zonas de dissolugo, falhas, etc.; = a presenga de planos de estratificacdo e outras descontinuidades e respectivas caracteristicas (tais ‘como preenchimento, continuidade, largura e espagamento); = cestado de alteragio, decomposigao e fracturagio do macigo rochoso; = aperturbacéo do estado natural do macigo rochoso provocada por actividades de construgdo tais como escavagdes subterraneas, taludes, etc., executadas na proximidade da fundagao. (2) As fundagdes superficiais em macigos rochosos podem normalmente ser dimensionadas utilizando o método das presses de contacto nominais descrito em 6.4(3)P. Para as rochas jgneas, gneisses, calcarios e arenitos sos e resistentes, a capacidade resistente é limitada pelo valor da resisténcia & compressio do betdo da propria fundagao, No Anexo E é apresentado um exemplo de um meétodo para a obtengio da capacidade resistente nominal de fundagGes superficiais em macigos rochosos O assentamento da fundagdo pode ser determinado com base em experiéncia compardvel traduzida em classificagdes geotéenicas, conforme referido em 3.3.9. 6.8 Dimensionamento estrutural de funda¢ées superficiais (1)P A verificagio das fundagSes superficiais relativamente 2 rotura estrutural deve ser feita de acordo com 0 exposto em 2.4, (2) Para fundagdes rigidas pode-se admitir uma distribuigao linear das presses de contacto, Por razes econémicas pode justificar-se a utilizagdo de anlises mais refinadas estudando a interac terreno 1 estrutura seguindo os principios enunciados em 2.1(8)P. Para © caso de uma fundagdo flexivel, a distribuigo das presses de contacto pode ser obtida utilizando 0 modelo de viga ou laje apoiada num meio continuo ou numa resisténcia adequadas. ie de molas com rigidez e Q)P A verificagao em relagdo aos estados limites de utilizagdo de sapatas corridas e de ensoleiramen- tos gerais deve ser feita tendo em conta as cargas aplicadas correspondentes a estados limites de utilizagdo e a distribuigdo das pressdes de contacto comespondentes deformago da fundagao e do terreno, (4) Em geral pode-se admitir uma distribuigao linear de presses de contacto. Nas situagdes de projecto onde existem cargas concentradas actuantes em sapatas corridas ou em ensoleiramentos gerais, as forgas e os momentos flectores na estrutura podem ser obtidos a partir dum modelo de médulos de reacgio do terreno e usando a teoria da elasticidade linear. Os médulos de reacgZio podem ser obtidos através de uma andlise dos assentamentos com uma distribuigzo de pressdes de contacto adequadamente estimada. Os valores dos médulos de reacgdo podem ser ajustados por forma a que as presses de contacto calculadas no excedam os valores para os quais se pode admitir um comportamento elastico linear. Os assentamentos totais e diferenciais da estrutura podem ser calculados de acordo com 0 exposto em 6.6.1. Para este efeito, o modelo de médulos de reacgao nao é habitualmente o apropriado. Quando o efeito de interacgao terreno-estrutura € dominante é conveniente utilizar métodos mais rigorosos, como o método dos elementos finitos B Seccio 7 FUNDACOES EM ESTACAS 7.1 Generalidades (UP As disposigdes desta secedo aplicam-se as estacas de ponta e flutuantes, carregadas & compressio, 4 tracgo ou transversalmente, construidas por cravagao estatica ou dindmica ou com recurso a trado ‘ou por moldagem, com ou sem injecgdes, 7.2. Estados limites (IP Deve ser feita uma compilagdo dos estados limites a considerar, que inclua os seguintes: ~ perda de estabilidade global; = rotura por insuficiente capacidade resistente da fundagao em estacas, ~ rotura por arranque ou insuficiente resisténcia a traceao da fundagao em estacas, = rotura devido a insuficiente resisténcia do terreno para carregamento transversal da fundacéo em estacas; ~ rotura estrutural da estaca por compressio, tracrdo, flexio, encurvadura ou corte; - rotura conjunta no terreno e na fundagdo por estacas, = rotura conjunta no terreno e na estrutura, = _assentamentos excessivos; = empolamentos excessivos, - vibragdes excessivas, 7.3. Acces e situacées de projecto 7.3.1 Generalidades (1)P Na verificagao dos estados limites devem ser consideradas as aces enumeradas em 2.4.2. (2)P As situagdes de projecto devem ser seleccionadas de acordo com os principios definidos em 2.2. (3) Pode ser necesséria uma andlise da interaccdo terreno-estrutura por forma a determinar a distribui- Gao das acces, provenientes da estrutura, a adoptar no dimensionamento das fundagdes por estacas 79 Na analise de interacgdo pode ser necessério considerar valores caracteristicos inferiores e superiores dos parémetros de deformagao. 73.2. Acgdes devidas 2 deslocamentos do terreno 7.3.2.1 Generalidades (A)P 0 terreno onde se inserem as estacas pode estar sujeito a deslocamentos devidos a consolidacéo, expansio, cargas adjacentes, fluéncia do solo, deslizamento de solo ou sismos Estes fendmenos influenciam as estacas podendo dar origem a atrito lateral negativo, a empolamento do terreno, a traccionamento, @ carregamento transversal ¢ a deslocamentos. Para estas situages os valores de calculo da resisténcia e da rigidez a atribuir ao terreno susceptivel de soffer deslocamento devem ser em geral valores superiores (2)P No projecto deve adoptar-se um dos procedimentos seguintes: ~ 0 deslocamento do terreno é tratado como uma acco, sendo as forgas, deslocamentos ¢ deforma- Ges na estaca determinados mediante uma andlise da interacgao do terreno com a estaca; = 0 limite superior da forga que 0 terreno pode transmitir a estaca é introduzido como valor de ciloulo da acgdo; na determinagao desta forga deve ter-se em conta a resisténcia do solo e a origem da acgdo, sendo esta representada pelo peso ou pela compressaio do solo que esté sujeito a movi- mento, ou ainda pela grandeza das acgdes que originam a perturbagéo 7.3.2.2 Atrito lateral negativo ()P No caso dos calculos serem efectuados tratando a forga resultante do atrito lateral negativo como uma aogdo, o seu valor deve ser 0 maximo que pode ser gerado por grandes assentamentos do terreno relativamente estaca (2) E conveniente que o calculo das forgas méximas resultantes do atrito lateral negativo tenha em conta a resisténcia ao corte do solo ao longo do fuste da estaca, a profundidade do solo compressivel, © peso do solo e 0 carregamento superficial em tomo de cada estaca que é a causa do assentamento. Para um grupo de estacas € possivel calcular um limite superior da forga resultante de atrito lateral negativo a partir do peso da sobrecarga que provoca o assentamento, tomando em consideragao as variagdes das presses intersticiais devidas ao rebaixamento do nivel freético, consolidagéo ou cravacao de estacas. 80 B)P Quando se prevé que o assentamento do terreno depois da construgao das estacas seja reduzido, pode obter-se um projecto econémico mediante o tratamento do assentamento como acgo € a execu- [40 duma analise de interace4o, O valor de célculo do assentamento do terreno deve ser obtido tendo em conta 0 peso voliimico e a compressibilidade de acordo com 2.4.3. (4) E conveniente que os célculos de interacgao tenham em ateng&io o deslocamento da estaca relativa- mente ao terreno circundante que soffe assentamentos, a resisténcia ao corte do solo ao longo do fuste da estaca e 0 peso do solo, bem como o eventual carregamento superficial em torno de cada estaca, que sto a causa da mobilizagao do atrito lateral negativo, 7.3.23 Empolamento do terreno (IP Para consideragdo do efeito de empolamento ou de forgas ascencionais que podem ocorrer ao longo do fuste da estaca, o movimento do terreno deve geralmente ser tratado como uma aorao. (2) A expanso ou o empolamento do terreno podem resultar de descarga ou escavago do terreno, da acgo do gelo e da cravacao de estacas em zonas vizinhas. Podem também ser devidos 2 um aumento do teor em agua do terreno como resultado da remogo de arvores, 4 cessagao de bombagem de aquiferos, 20 impedimento da evaporacao devido a novas construgdes e ainda a acidentes. Pode ocorrer empolamento do terreno durante a construc, antes de as estacas serem sujeitas ac carregamento proveniente da estrutura, 0 que pode originar levantamento inaceitével ou rotura estrutu- ral das estacas. 7.3.2.4 Carregamento transversal (A)P Os movimentos transversais do terreno originam um carregamento transversal nas fundagbes por estacas, o qual deve ser considerado caso ocorra uma das seguintes situagSes ou suas combinagles: ~ _sobrecargas diferentes em lados opostos da fundagao por estacas; = niveis diferentes de escavagio em lados opostos da fundagao por estacas, - proximidade da extremidade de um aterro; ~ fuundagGo por estacas construida num talude sujeito a fuéncia; - estacas inclinadas em terrenos sujeitos a assentamentos, - estacas em zonas sismicas. 81 (2) Normalmente é conveniente avaliar 0 carregamento transversal em fundagdes por estacas mediante considerago das estacas como vigas inseridas num terreno deformével. No caso da deformagio horizontal das camadas superiores de menor resisténcia ser elevada e as esta- cas terem espagamento elevado, 0 carregamento transversal resultante depende da resisténcia ao corte das camadas de menor resisténcia 7.4 Métodos de dimensionamento e consideracées de projecto 7.4.1 Métodos de dimensionamento (1)P O dimensionamento deve basear-se num dos seguintes procedimentos: ~ utilizagdo de resultados de ensaios de carga estatica cuja coeréncia com outras evidéncias experi- mentais relevantes haja sido demonstrada mediante calculos ou por outros meios; ~ utilizago de métodos de célculo analiticos ou empiricos cuja validade haja sido demonstrada atra- vés de ensaios de carga estatica em situagdes comparaveis, ~ utilizagdo de resultados de ensaios de carga dinimica cuja validade haja sido demonstrada através de ensaios de carga estatica em situagSes comparaveis, (2) E conveniente que 0s valores de cilculo dos parametros usados no dimensionamento estejam, em geral, estar de acordo com o estipulado em 3.3, mas os resultados dos ensaios de carga podem também ser tidos em conta na escolha dos valores dos parametros, Os ensaios de carga estética podem ser feitos em estacas experimentais, que so construidas antes da finalizagao do projecto, ou em estacas definitivas que fazem parte da fundacao Em vez de realizar ensaios de carga, € por vezes aceitavel usar © comportamento observado de uma fundagao por estacas comparavel, desde que tal seja suportado pelos resultados da prospeccao geotéo- nica e de ensaios do terreno. As fundagdes de estruturas classificadas na Categoria Geotécnica 1 podem ser dimensionadas com base em experiéncia compardvel, sem confirmagao através de ensaios de carga ou de calculos, desde que 0 tipo de estaca e as condigées do terreno se confinem a area onde essa experiéncia existe, que sejam verificadas as condigdes do terreno e que a construgdo das estacas seja controlada de acordo com os principios da Seco 4 82 7.42 Consideragdes de projecto (AP Deve ser tido em conta o comportamento de estacas isoladas e de grupos de estacas bem como @ rigidez.e a resisténcia da estrutura que interliga as estacas, (2)P Na selecgao dos métodos de célculo e dos valores dos parmetros, bem como na utilizagio dos resultados dos ensaios de carga, deve ter-se em atengdo a duragio do carregamento e a sua variagdo no tempo )P A eventual colocagao ou remogio fiutura de sobrecargas devidas a aterros, bem como as varia- Ges potenciais do regime hidrogeol6gico, devem ser tomadas em consideragao tanto nos calculos como na utilizagao dos resultados dos ensaios de carga, (4)P Na escolha do tipo de estaca, incluindo a qualidade do material da estaca e o processo de constru- devem ser tidos em consideragdo os seguintes aspectos: = as condigdes locais do terreno, incluindo a eventual presenga de obstaculos, ~ as tensGes instaladas nas estacas durante a sua construgao, = apossibilidade de preservacio e verificagao da integridade da estaca durante a construgao, = o efeito do processo e da sequéncia de construgao nas estacas ja construidas, ou em estruturas € equipamentos adjacentes, = as tolerdncias com que as estacas podem ser construidas, = 08 efeitos prejudiciais devidos a presenga de produtos quimicos no terreno. (5) Para considerago dos aspectos acima referidos deve-se tomar em atengdo o seguinte: =o espagamento das estacas nos grupos de estacas; ~ 08 deslocamentos ou vibragdes em estruturas adjacentes devidos a construgao das estacas, = 0 tipo de pilio ou vibrador utilizado; = as tensdes dindmicas na estaca durante a crava¢ao; = no caso de estacas moldadas com utilizago de um fluido de sustentagao, a necessidade de manter a pressZo do fluido a um nivel que assegure que as paredes do firo nao softem colapso e que no ‘corre rotura hidraulica do fundo do furo; = limpeza do fundo do furo e, por vezes, da superficie lateral, especialmente quando se recorre a suspensdes bentoniticas, com vista & remogao de materiais remexidos; -_ instabilizacdo localizada da parede do furo da estaca durante a betonagem da estaca, a qual pode originar uma incluso de terreno na estaca; ~ a penetragio de solo ou Agua no corpo de estacas moldadas; 83 - aalteragdo do betdo antes da presa devida a escoamento de agua no terreno; - 0 efeito de extracgao de Agua do betao devido a presenca de camadas de areia no saturada em tomo de uma estaca; ~ 0 efeito retardador de presa do beto devido a produtos quimicos presentes no terreno ou o efeito do movimento da Agua do terreno no betio fresco de estacas moldadas sem revestimento perma- nente, ~ compactagio do terreno devido 4 cravagao de estacas com deslocamento do terreno; ~ perturbaciio do terreno devida & furaglo para as estacas moldadas, 7.8 Ensaios de carga em estacas 7.5.1 Generalidades (1)P Devem efectuar-se ensaios de carga em estacas nas seguintes situagdes: - quando se utilize um tipo de estaca ou um método de construgao em relago ao qual no exista experiéncia comparavel e que no tenha sido ensaiado em situagdes semelhantes no que respeita 20 tipo de terreno e ao carregamento; - quando se utilize um sistema de fundago por estacas que no seja conhecido dos técnicos interve- nientes no processo construtivo; - quando as estacas forem sujeitas a carregamentos para os quais, de acordo com a teoria e a expe Tiéncia existentes, nio seja possivel efectuar 0 projecto com a confianga necesséria; neste caso, é conveniente que o ensaio reproduza as condigdes de carregamento da estaca durante a sua vida util ~ quando, durante 2 construgdo, se verificar que 0 comportamento da estaca se desvia consideravel- mente, ¢ de um modo desfavoravel, do comportamento esperado com base no reconhecimento do local ou na experiéncia, e caso os estudos geotécnicos adicionais ndo esclarecam a razio para a existéncia deste desvio. (2) Os ensaios de carga em estacas podem utilizar-se para: ~ avaliar a adequago do método construtivo; - determinar a resposta ao carregamento de uma estaca representativa e do terreno circundante, tanto em termos de assentamento como de carga limite, = verificar © comportamento de estacas isoladas e permitir 0 julgamento sobre o conjunto da fundagao por estacas. Quando 0s ensaios de carga nfo sio viaveis devido a dificuldades na modelag&o da variago do carre- ‘gamento (por exemplo, carregamento ciclico) ¢ conveniente usar valores de célculo conservativos das propriedades dos materiais. 84 (BP No caso de se efectuar apenas um ensaio de carga, a estaca deve localizar-se na zona onde se presuma existirem condigdes de terreno mais adversas, Se tal ndo for possivel, deve-se introduzir uma seguranga adicional no calculo da capacidade resistente. No caso de se efectuarem ensaios em duas ou mais estacas, 0s locais escolhidos devem ser representa tivos do terreno de fundacio, devendo uma das estacas localizar-se na zona onde se presuma existirem as condig6es de terreno mais adversas. (4)P Entre a construgao das estacas a ensaiar € 0 inicio do ensaio deve decorrer o tempo suficiente para que o material da estaca adquira a resisténcia requerida e para que sejam repostos os valores inici- ais das pressbes intersticiais. (5) Em alguns casos pode ser necessério registar as pressdes intersticiais provocadas pela construgdo das estacas ¢ a sua subsequente dissipaco, por forma a poder-se tomar uma decisao adequada quanto a0 inicio do ensaio de carga. 7.5.2. Ensaios de carga estaticos 7.5.2.1 Modo de carregamento (1)P 0 procedimento do ensaio, particularmente no que respeita ao miimero de patamares de carga, & sua duragio e aos ciclos de carga e descarga, deve ser tal que permita obter conclusdes acerca do comportamento em termos de deformacdo, fluéncia e descarga da fundagio por estacas a partir das medigdes na estaca. No caso de estacas experimentais, 0 carregamento deve ser tal que permita estabe- lecer conclusdes sobre a carga ditima de rotura (2) Os ensaios de carga estatica das estacas podem ser efectuados de acordo com o procedimento “Axial Pile Loading Test, Suggested Method" recomendado pela subcomissdo de Ensaios de Campo e Laboratério da Sociedade Intemacional de Mecanica de Solos e Engenharia de Fundagdes, publicado no "ASTM Geotechnical Testing Journal", em Junho de 1985, paginas 79 a 90. E conveniente que os dispositivos para a determinagao das forgas, tensdes ou deformagées e desloca- mentos sejam calibrados antes do ensaio. E conveniente que a direc¢do da forga aplicada em ensaios de compressio ou de traccZo coincida com © eixo longitudinal da estaca E conveniente que os ensaios de carga para o dimensionamento de estacas a traccdo sejam levados rotura. Em ensaios de tracgo no se pode, normalmente, extrapolar a partir do grafico carga-desloca- mento, especialmente no caso de cargas transitérias severas, 7.5.2.2 Estacas experimentais (1)P O mimero de estacas experimentais necessirio para a verificagio do dimensionamento deve ser escolhido com base nos seguintes aspectos = as condigdes do terreno e a sua variabilidade espacial; = accategoria geotécnica da estrutura; = evidéncias prévias documentadas do comportamento do mesmo tipo de estaca em condigdes de terreno andlogas; = omimero total e 0 tipo das estacas no projecto da findacao. Q)P As condigSes do terreno no local do ensaio devem ser pormenorizadamente investigadas. A profindidade das sondagens ou dos ensaios de campo deve ser suficiente para permitir estimar a natureza do terreno que se encontra em redor e sob a ponta da estaca. Dever ser incluidos todos os estratos do terreno que se preveja contribuirem significativamente para 0 comportamento em termos de deformagao, pelo menos até uma profundidade de 5 vezes o didmetro da estaca sob a sua ponta, excepto nos casos em que se encontre rocha s4 ou solo muito rijo a inenor profundidade. (3)P O proceso utilizado para a construgéo das estacas experimentais deve ser totalmente documentado de acordo com 7.10. 7.5.2.3 Estacas definitivas (DP O nimero de ensaios de carga em estacas definitivas deve ser estabelecido com base no registo das ocorréncias verificadas durante a construgéo. (2) A forma de escolha das estacas a ensaiar pode ser prescrita nos documentos contratuais. Esta escolha pode ser complementada com base no registo de ocorréncias durante a construgao. (BP A carga aplicada nos ensaios de estacas definitivas deve ser pelo menos igual ao valor de célculo 86 da carga que condiciona o dimensionamento da fundagao, 7.5.3 Ensaios de carga dinamicos (A)P Os resultados dos ensaios de carga dindmicos podem ser utiizados no dimensionamento desde que tenha sido realizado um programa adequado de caracteriza¢ao do terreno e 0 método de ensaio tenha sido calibrado em relagdo a ensaios de carga estaticos efectuados sobre estacas do mesmo tipo, com sec¢o e comprimento semelhantes e em condigdes de terreno comparaveis (2)P Os resultados dos ensaios de carga dinamicos devem ser interpretados com base numa anilise comparativa. (3) Os ensaios de carga dinimico podem ser utilizados como um indicador da uniformidade entre as varias estacas e para detectar estacas menos resistentes. 7.5.4 Relatério do ensaio de carga (UP Deverse elaborar relatério de todos os ensaios de carga, 0 qual deve incluir, quando tal for apropriado: - a descrigiio do local; ~ as condigGes do terreno com referéncia & caracterizagao geotécnica; ~ otipo de estaca; = a descrigéo dos equipamentos de aplicagdo de carga e de medi Teacgad, = 0s documentos de calibragdo dos equipamentos de medida; = 0 registo da construgdo das estacas ensaiadas; =o registo fotografico da estaca e do local de ensaio; = 08 resultados do ensaio em forma numérica; - diagramas dos assentamentos fimgio do tempo para cada carga aplicada, no caso de ser utilizado um procedimento de carregamento por patamares; = 0 comportamento medido em termos de carga e assentamento; = ajustificago das razdes de quaisquer desvios que se verifiquem em relagdo as recomendagdes ante- riormente apresentadas, bem como do sistema de 87 7.6 Estacas em compressio 7.6.1 Dimensionamento baseado nos estados limites ()P No dimensionamento deve-se demonstrar que é suficientemente improvavel a ocorréncia dos seguintes tipos de estados limites = estados limites tiltimos de rotura por perda de estabilidade global, = estados limites ultimos de rotura devido a insuficiente capacidade resistente da fundagao das estacas; = estados limites iltimos de colapso ou danos severos da estrutura suportada, causados por desloca- mentos da fundagao por estacas; = estados limites de utilizagao da estrutura suportada causados por deslocamentos das estacas. (2) E conveniente verificar a estabilidade global de acordo com 7.6.2. Em condigdes normais, é conve- niente que o dimensionamento considere entdo a margem de seguranga em relagdo a rotura por insufi- ciente capacidade resistente do terreno, que € 0 estado em que as estacas se deslocam indefinidamente para dentro do terreno com um aumento desprezivel da resisténcia, Este assunto é tratado em 7.6.3, Os assentamentos das estacas so considerados em 7.6.4. Em casos de estacas que necessiten de grandes assentamentos para mobilizar a capacidade resistente ultima podem ocorrer estados limites Ultimos nas estruturas suportadas antes de se verificar a referida mobilizagdo. Nestes casos, ¢ conve- niente aplicar 0 procedimento usado em 7.6.3, para obtengio dos valores caracteristicos e de calculo, a toda a curva carga-assentamento, com os mesmos coeficientes numéricos. 7.6.2 Estabilidade global (DP Deve ter-se em consideracdo a possibilidade de rotura por perda de estabilidade global da funda- ‘edo envolvendo estacas em compressa. (2) Em casos em que exista a possibilidade de instabilidade, devern considerar-se superficies de rotura que passem por baixo das estacas ou que as intersectem. (3)P As clausulas constantes de 6.5.1, relativas a estabilidade global de fiundacdes superficiais, aplicam- se também ao caso de fundagdes envolvendo estacas em compressio. 88 7.6.3 Capacidade resistente 7.6.3.1 Generalidades (1)P Para demonstrar que a fundagao suporta o valor de célculo da carga com adequada seguranga relativamente @ rotura por insuficiente capacidade resistente, deveré ser satisfeita, para todas as hipéteses de carregamento e combinagées de acgdes respeitantes a estados limites iiltimos, a condigo seguinte Fas Rea a.) onde Fay €0 valor de cdlculo da carga axial de compressao correspondente 20 estado limite iltimo; Re &a soma dos valores de céloulo de todas as componentes da capacidade resistente tltima para cargas axiais, correspondentes ao estado limite ultimo, tendo em consideragao 0 efeito de quais- quer cargas inclinadas ou excéntricas. (2) Em principio € conveniente que Fay inclua 0 peso proprio da estaca ¢ que Res inclua a pressio devida a0 peso do terreno sobrejacente & base da fundago. Contudo, estas duas parcelas podem ser desprezadas no caso de os seus valores se compensarem aproximadamente, Estas parcelas podem néo se compensar no caso de = oattito lateral negativo ser significativo; + oterreno ter peso volimico muito reduzido, = aestaca se prolongar para cima da superficie do terreno (3)P No caso de grupos de estacas devern considerar-se dois mecanismos de rotura: = rotura por insuficiente capacidade resistente de estacas isoladas; = rotura por insuficiente capacidade resistente do conjunto formado pelas estacas e pelo terreno conti- do entre elas, considerado como um bloco. O valor da capacidade resistente a considerar no dimensionamento é 0 menor dos dois. (4) Em geral, a capacidade resistente de um grupo de estacas actuando como um bloco pode ser calculada considerando © bloco como uma estaca isolada de grande didmetro. Quando se utilizam estacas pata reduzir 0 assentamento de um ensoieiramento, a sua resisténcia correspondente & carga de fluéncia pode ser utilizada na verificagao dos estados limites de utilizagao da estrutura, 89 (5)P Na determinagéo da capacidade resistente ultima de estacas individuais deve tomar-se em consideragao 0 potencial efeito adverso das estacas adjacentes. (6)P No caso de, sob o estrato em que a estaca est fundada, existir uma camada de terreno de menor resisténcia, 0 efeito desta camada deve ser tido em consideragao. (7)P Para determinaco da capacidade resistente de célculo dum grupo de estacas, deve tomar-se em consideragao a natureza da estrutura de ligagdo das estacas do grupo. (8) Se as estacas suportam uma estrutura flexivel, é conveniente admitir que a ocorréncia dum estado limite é condicionada pela capacidade resistente da estaca menos resistente. Se as estacas suportam uma estrutura rigida, pode tirar-se partido da redistribuigao das cargas nas estacas proporcionada pela estrutura. S6 ocorre um estado limite no caso de um némero significativo de estacas entrar em rotura em conjunto, pelo que modos de rotura envolvendo apenas uma estaca nfo necessitam de ser considerados. E conveniente prestar especial atengo 4 possivel rotura de estacas periféricas causada por cargas inclinadas ou excéntricas provenientes da estrutura suportada 7.6.3.2 Capacidade resistente ultima com base em ensaios de carga em estacas (DP A forma de realizacdo dos ensaios de carga em estacas deve estar de acordo com o estipulado em 7.5 e deve ser especificada no relatério do projecto geotécnico. (2)P As estacas experimentais a ensaiar devem ser construidas de forma idéntica as estacas definitivas devem ser fundadas no mesmo estrato. (3) No caso de 0 diametro das estacas experimentais nao ser igual ao das estacas definitivas, é conve- niente ter em consideraco a possivel diferenga de comportamento devido a diferenca de didmetros na determinagao da capacidade resistente a adoptar. No caso de fiandagées em estacas de grande didmetro, é por vezes impraticdvel a realizagao de ensaios de carga em estacas experimentais de tamanho real. Nestes casos, as estacas experimentais podem ser de menor didmetro, desde que 90 + arelago de didmetros entre as estacas experiments ¢ as estacas definitivas néo seja inferior a 0,5; ~ as estacas experimentais sejam construidas ¢ instaladas por processos idénticos as estacas defini- tivas; ~ as estacas experimentais sejam instrumentadas de forma a que, a partir das medigSes efectuadas, seja possivel determinar separadamente as resisténcias de ponta ¢ lateral E conveniente utilizar este procedimento com prudéncia no caso de estacas tubulares cravadas néo obturadas, devido @ influéncia do diémetro na mobilizagao da resisténcia de ponta conferida pela for- magdo de um rolho de terreno na estaca (4)P No caso de estacas sujeitas a atrito lateral negativo, a resisténcia da estaca, na rotura ou para um deslocamento correspondente a verificago do estado limite ultimo, determinada a partir dos resultados do ensaio de carga, deve ser corrigida subtraindo 0 valor medido ou o valor calculado mais desfavo- ravel do atrito lateral positivo do estrato compressivel das forgas medidas na cabega da estaca. (5) Durante o ensaio de carga & conveniente ter em conta o atrito lateral positivo mobilizado ao longo de todo 0 comprimento de acordo com 7.3.2.2. E conveniente aplicar & estaca definitiva ensaiada uma carga méxima superior a soma da carga exterior de calculo com 0 dobro da forga prevista devida a atrito lateral negativo (OP Para obter o valor caracteristico da capacidade resistente dltima, Ris, a partir dos resultados dos ensaios de carga, Rp, de uma ou varias estacas, deve-se ter em conta a variabilidade do terreno e os efeitos do método construtivo. Como requisito minimo, ambas as condigdes (a) e (b) do Quadro 7.1 ever ser satisfeitas a0 aplicar a equaga0 Ra = Rn JE 02) Quadro 7.1: Coeficientes £ para céleulo de Rex Nimero de ensaios de carga 1 2 >2 (@) Coeficiente £aplicavel ao valor médio de Rm» | (1,5) | 01.35] | 13] (b) Coeficiente ¢ aplicavel ao valor minimo de Rom | [1,5] | 1,25) | [1,1] 91 (7) Na interpretagdo dos ensaios de carga em estacas ¢ conveniente separar a componente sistematica da componente aleatoria da variebilidade do terreno. As componentes sistematicas podem ser tidas em conta mediante a diviséo do local em diferentes zonas homogéneas, ou mediante a definigzo de uma tendéncia das condigées do terreno em fungio da posig¢do da estaca. Os registos da construgao das estacas a ensaiar devem ser verificados, sendo conveniente tomar em considerago qualquer desvio em relagao as condigdes normais de execugo. Tais desvios podem ser parcialmente cobertos através de uma adequada escotha das estacas a ensaiar (8)P Para obter o valor de calculo da capacidade resistente ultima é conveniente decompor o valor caracteristico, Ra, nas parcelas Ry: e Ry, correspondentes, respectivamente, ao valor da resisténcia de ponta e da resisténcia lateral, de tal forma que Ra = Ru + Re (73) (9) A relagdo entre estas parcelas pode ser obtida a partir dos resultados dos ensaios de carga, caso se proceda a sua medicdo, ou estimada usando os métodos referidos em 7.6.3.3 (OP O valor de céleulo da capacidade resistente deve ser obtido através da equagao’ Re = Reel %y + Ral, aa) onde 7 € 7 so dados no Quadro 7.2. Quadro 7.2: Valores de Yin %€ ¥% Coeficientes parciais bh he hk Estacas cravadas 0.3) | 0.31 | 01.31 Estacas moldadas 0.6) | 0.3) | 0.5) Estacas construidas com recurso a trado continuo | [1,45] | [1,3] | [1,4] (11) Normalmente o ensaio de carga fornece apenas os diagramas carga-assentamento ¢ tempo-assen- tamento, sem distingao entre resisténcia de ponta e resisténcia lateral. Assim, é frequentemente impos- 92 sivel fazer a distingao entre os coeficientes parciais de seguranga para obtengo dos valores de céleulo da resisténcia de ponta e da resisténcia lateral, Neste caso pode aplicar-se 0 coeficiente 72, cujos valores sio indicados no Quadro 7.2, ao valor caracteristico da capacidade resistente ultima (Rs) 7.6.3.3, Capacidade resistente Ultima com base em ensaios do terreno (1)P O valor de calculo da capacidade resistente de uma estaca, Riz, deve ser obtido através da equa- do) Ra = Rua + Re 7s) onde Ru €0valor de célculo da resisténcia de ponta Re €0 valor de céloulo da resisténcia lateral (2)P Os valores de Riz ¢ Rey 80 obtidos das equagbes: Rea = Ruel Ys e (7.6) Ret= R/V onde Ror = Ie As Ra = Lay Ae a7 i sendo usados os simbolos seguintes: RueRx — s&o os valores caracteristicos das resisténcias de ponta ¢ lateral, Ay €a area nominal da base da estaca; Au a area lateral nominal da estaca na camada de solo i, Gok € 0 valor caracteristico da resisténcia de ponta por unidade de area, Gee ¢ 0 valor caracteristico da resisténcia lateral por unidade de area do fuste na camada i. 93 (3)P Os valores de % € 7; so dados no Quadro 7.2. (AP Os valores caracteristicos gus € que devem ser obtidos por intermédio de regras de célculo baseadas em correlagdes aceites entre resultados de ensaios de carga estitica e resultados de ensaios, de laboratério ou de campo, do terreno. Estas regras de célculo devem ser estabelecidas de tal forma que as capacidades resistentes tiltimas obtidas a partir dos valores caracteristicos qx € qu: néo excedam as capacidades resistentes tiltimas medidas que foram usados para estabelecer as correlagoes, divididas por [1,5], em média. (5)P As regras de célculo devem ser definidas com base em experiéncia comparavel, tal como definida em 1.4.2, (6) Na anélise da validade de uma regra de calculo é conveniente ter em conta os seguintes factores: ~ otipo de solo, inchiindo a composi¢ao granulométrica, a mineralogia, 0 coeficiente de uniformida- de, a compacidade, a tensao de pré-consolidagao, a compressibilidade e a permeabilidade; = a construgio da estaca, incluindo o método de furago ou cravagio (ou outro processo construe tivo), © comprimento, 0 didmetro ¢ 0 tipo de material; ~ ométodo de ensaio do terreno. (1)P Para céloulo da resisténcia de ponta de uma estaca deve considerar-se uma zona de terreno locali- zada acima e abaixo da ponta de estaca (8) A zona do terreno que influencia a resisténcia de ponta estende-se varios diametros acima e abaixo da ponta da estaca. No dimensionamento é conveniente ter em atengo a eventual existéncia de uma camada de terreno de baixa resisténcia nesta zona, que pode ter uma grande influéncia na resisténcia de ponta da estaca, Caso exista terreno de baixa resisténcia a uma profundidade, contada a partir da ponta da estaca, inferior a quatro vezes 0 didmetro respectivo, € conveniente tomar em consideragao um mecanismo de rotura por pungoamento, (9)P Em estacas cravadas tubulares sem obtura¢o na ponta ou constituidas por dois perfis metalicos em U soldados, com aberturas superiores a 500 mm em qualquer direcgao, e sem dispositivos especiais no interior do tubo destinados a induzir a formagdo de um rolhio, a resisténcia de ponta deve ser limitada ao menor dos seguintes valores 94 + aresisténcia ao corte entre o rolhdo de terreno e a face interior do tubo; - aresisténcia de ponta obtida considerando a sec¢ao transversal da ponta da estaca, (10)P Em estacas com ponta alargada com placas de dimensio superior & secco da estaca, deve ter-se em atencio o possivel efeito adverso da existéncia da placa nas resisténcias de ponta e lateral 7.6.3.4 Capacidade resistente ultima com base em formulas de cravagao de estacas ()P Caso se utilizem formulas de cravagdo de estacas para determinacdo da capacidade resistente Ultima & compressdo de estacas isoladas, a validade das formulas deve ter sido demonstrada através de evidéncias de bom comportamento experimental prévio ou através de ensaios de carga estitica realizados no mesmo tipo de estaca, com o mesmo comprimento e secgo similares e em condigées de terreno semelhantes. (2)P As formulas de cravagao de estacas s6 devem ser utilizadas quando for conhecida a estratificacao do terreno. (3)P O projecto deve especificar o mimero de estacas a recravar. Caso as estacas recravadas fomegam valores mais baixos, devem ser estes 0s utilizados para determinagio da capacidade resistente iltima Caso os resultados sejam mais altos, tal facto pode ser tido em consideragao, (4) Dum modo geral é conveniente proceder a recravacdo em solos siltosos, excepto se a experiéncia compardvel local tiver mostrado que tal é desnecessirio. 7.6.3.5 Capacidade resistente ultima a partir da anélise baseada na equagao da onda (IP No caso de se utilizar a andlise da equago da onda para determinagao da capacidade resistente de estacas isoladas em compresso, o método de andlise deve ter sido previamente validado através de evidente boa adequago em ensaios de carga estitica no mesmo tipo de estaca, com © comprimento seogdio similares e em condigdes de terreno semelhantes. O nivel de energia fornecida durante o ensaio de carga dinimica deve ser suficientemente elevado para possibilitar uma adequada interpretagdo da capacidade de carga da estaca para um nivel de deformagio suficientemente elevado, (P Os parimetros utilizados na andlise baseada na equago da onda podem ser sujeitos a alteragbes caso sejam efectuados ensaios de carga dindmica em estacas experimentais, (3) Os ensaios de carga dinamica podem fornecer valiosa informacio sobre o comportamento real do pildo e sobre os parmetros dindmicos do terreno. (4)P De um modo geral a anilise baseada na equagdo da onda s6 se deve ser utilizar no caso de a estratificagdo do terreno ter sido investigada por intermédio de furos de sondagem e de ensaios de campo. 7.6.4 Assentamentos de fundag6es por estacas (1)P Os assentamentos para estados limites ultimos ou de utilizagao devem ser avaliados e comparados com os valores limites das deformagées relevantes indicados em 2.4.5 (2)P Nos casos em que possam ocorrer estados limites dltimos na estrutura suportada antes da capacidade resistente ultima das estacas ter sido mobilizada, os procedimentos indicados em 7.6.3 para obtengao dos valores caracteristicos e de célculo devem ser também aplicados a toda curva carga- assentamento, usando os mesmos valores numéricos para os coeficientes parciais eo mesmo tratamen- 10 do atrito lateral negativo. (3)P A quantificagao do assentamento deve incluir as seguintes componentes: = assentamento da estaca isolada; = assentamento adicional devido ao efeito de grupo A anilise dos assentamentos deve incluir uma estimativa dos assentamentos diferenciais que podem ocorrer, 7.7 Estacas em traccio 7.7.1 Generalidades (1)P © dimensionamento de estacas traccionadas deve ser coerente com as regras de calculo apresen- 96 tadas em 7.6, quando aplicaveis. Nesta secgdo apresentam-se as regras de célculo especificas para fundagGes envolvendo estacas & tracgao. 7.1.2 Resisténcia ultima a tracgZo 7.7.2.1 Generalidades (DP A fim de demonstrar que a fundagao suporta o valor de célculo da carga com adequada seguranga em relago @ rotura por tracedo, deve ser verificada, para todas as hipéteses de carregamento e combinagies de aogdes relativas a estados limites iltimos, a condicdo seguinte: Fas Ru (78) onde: Fy €0velor de célculo da carga axial de tracgao na estaca comespondente ao estado limite tiltimo; Ru €ovalor de célculo da resisténcia a cargas axiais de tracgao da fundago por estacas, correspon- dente 20 estado limite tiltimo. (2)P No caso de estacas & tracgio devem considerar-se dois mecanismos de rotura: - arrancamento da estaca do terreno; = levantamento do bloco de terreno que contém as estacas. (3) No caso de estacas a tracgio isoladas ou de grupos de estacas A traceo, a rotura pode ocorrer por arrancamento dum cone de terreno, especialmente no caso de estacas com a ponta alargada ou penetrando em rocha. (4)P A fim de demonstrar que ha adequada seguranga relativamente 4 rotura por levantamento do bloco de terreno que contém as estacas, como se mostra na Figura 7.1, deve ser satisfeita a seguinte condigdo para todas as hipoteses de carregamento e combinagGes de acgbes relativas a estados limites tltimos Fa < Wa - (Ux - Uw) + Fa (79) 97 onde: Fy &0 valor de célculo da forga de tracgo que actua no grupo de estacas; Wz €0 valor de célculo do peso do bloco de terreno (incluindo a agua) e das estacas; Fz €ovalor de calculo da resisténcia ao corte nas superficies laterais verticais do bloco de terreno; Uz 0 valor de célculo da forga descendente devida & pressio da Agua no topo da fundagdo por estacas; Ure 0 valor de calculo da forga ascendente devida & presso da 4gua na base do bloco de terreno. SUPERFICIE 00 TERRENO Figura 7.1: Rotura por levantamento de um grupo de estacas & trac¢o (5) Normalmente 0 efeito de bloco condiciona o valor de célculo da resisténcia a tracgao caso a distan- cia entre estacas seja igual ou inferior a raiz. quadrada do produto do comprimento da estaca pelo seu diametro. (6)P 0 efeito de grupo, que pode reduzir as tensOes verticais effctivas no terreno e consequentemente diminuir a resisténcia do atrito ao longo do fuste das estacas de um grupo consideradas individual- mente, deve ser tido em atengo na determinacdo da resisténcia & tracco de um grupo de estacas (DP Dever ser tidos em consideragao os importantes efeitos adversos que as cargas ciclicas e a inver- sao do sentido da carga tém na resisténcia a traccao, 98 (8) E conveniente aplicar a experiéncia comparavel, baseada em ensaios de carga de estacas, para ter em conta este eftito. 7.1.2.2 Capacidade resistente ultima a trac¢o a partir de ensaios de carga em estacas (DP Os ensaios de carga de estacas destinados a determinar a resisténcia ultima a tracgéo, R,, de uma estaca isolada, devem ser executados de acordo com 7.5, tendo em atenco as cldusulas estipuladas em 7.6.3.2, (2)P Para obter o valor caracteristico da resisténcia iltima A tracgo, Ry, a partir dos resultados dos ensaios de carga, Rim, de uma ou mais estacas, deve ter-se em conta a variabilidade do terreno e dos aspectos referentes & constnugdo da estaca. Como requisito minimo, ambas as condigdes a) e 6) do Quadro 7.3 dever ser satisfeitas ao aplicar a equagao Ra = Rm / E (7.10) Quadro 7.3: Coeficientes & para célculo de Re ‘Namero de ensaios de carga 1 2 >2 (@) Coeficiente ¢ aplicével ao valor médio de Roy a5) | 03s) | 0.3) | (b) Coeficiente £ aplicdvel ao valor minimo de Ron 0.5] | 025] | 0.2] (3) Normalmente, em estacas que véo ser submetidas & tracgo, é conveniente ensaiar mais do que uma estaca, No caso de existir um grande nimero de estacas & tracgo, recomenda-se que pelo menos 2 % das estacas sejam ensaiadas. E conveniente verificar os registos de construgo das estacas a ensaiar tendo em consideragao qualquer desvio em relago as condigdes normais de execucao na interpretagao dos resultados dos ensaios de carga em estacas. (AP O valor de céloulo da resisténcia & trac, Rey, obtém-se a partir de 99 Ra = Re / Ym aay em que Ym = [1,6] (5)P 0 efeito de interacgtio em grupos de estacas deve ser tido em conta quando a resisténcia 4 tracgio for deduzido a partir dos resultados de ensaios de carga em estacas isoladas, 7.7.2.3 Resisténcia ultima a tracgo com base em resultados de ensaios do terreno (1)P So devem ser usados métodos de céloulo baseados em resultados de ensaios do terreno no caso de eles terem sido comprovados por ensaios de carga em estacas semelhantes, de comprimento € seogdo semelhantes, e em condigdes de terreno comparaveis, (2)P 0 valor de célculo da resisténcia ao carregamento A tracgo duma estaca isolada ou de um grupo de estacas, obtido a partir dos pardmetros de resisténcia do terreno, deve ser determinado tomando em consideragao a resisténcia ao corte entre a estaca e 0 terreno nas formagées que contribuem para a resisténcia ao carregamento & tracgao da estaca (3) No Anexo F apresenta-se um exemplo de um modelo de célculo da resisténcia ao carregamento 4 tracgao de uma estaca isolada ou de um grupo de estacas, 7.1.3 Deslocamento vertical (1)P Os deslocamentos verticais nas condi¢Ses correspondentes a estados limites de utilizago devem ser determinados e comparados com os valores limites relevantes do movimento, (2) E conveniente que esta determinago siga os principios gerais expressos em 7.6.4. Em geral, a verificagao relativamente & rotura por tracgo assegura que os deslocamentos verticais nfo causam danos & estrutura e que nao ocorre um estado limite de utilizagao. Contudo, em algumas situacdes, os critérios correspondentes ao estado limite de utilizagao podem ser muito severos, sendo necessaria uma. verificagdo dos deslocamentos em separado. 100 7.8 Estacas carregadas transversalmente 7.8.1 Generalidades (P.O projecto de estacas sujeitas a cargas transversais deve ser coerente com as regras de projecto apresentadas em 7.6, quando apliciveis. Nesta sec¢o apresentam-se as regras de calculo especificas para fundacdes envolvendo estacas sujeitas a carregamento transversal. 7.8.2 Resisténcia Ultima ao carregamento transversal 7.8.2.1 Generalidades (DP A fim de demonstrar que a estaca pode suportar o valor de célculo da carga transversal com adequada seguranga em relagdo & rotura, deve ser verificada, para todas as hipoteses de carga ¢ combinagdes de acpbes respeitantes a estados limites tiltimos, a condi¢ao seguinte: Fra S Rea (7:12) onde: Fea €0 valor de céloulo da carga transversal correspondente ao estado limite iltimo, Rea €0 valor de célculo da resisténcia a cargas transversais da fundago por estacas, correspondente 20 estado limite ultimo, tomando em consideragao o eftito de quaisquer cargas axiais de com- presso ou tracgao, (2) E conveniente considerar um dos seguintes mecanismos de rotura: > para estacas curtas, rotagdo ou translagao de corpo rigido; = para estacas longas e esbeltas, rotura da estaca por flexio acompanhada de cedéncia localizada deslocamento do terreno junto ao topo da estaca (3)P Na determinagéo da resisténcia de estacas sujeitas a carregamento transversal deve considerar-se oefeito de grupo. (4)A aplicagao de um carregamento transversal a um grupo de estacas pode dar origem a uma combinagao de forgas de compressao, de traccao € transversais nas estacas consideradas isoladas. 101 7.8.2.2 Resisténcia Ultima ao carregamento transversal com base em ensaios de carga em estacas (IP Os ensaios de carga com deslocamento horizontal na cabega das estacas devem ser realizados de acordo com 7.5, tendo em atengio as clausulas estipulados em 7.6:3.2., no que for aplicavel. (2) Contrariamente ao procedimento descrito em 7.5, para os ensaios de carga, no € normalmente necessirio levar até um estado de rotura os ensaios em estacas carregadas transversalmente. E. conve- te simular o carregamento de calculo da estaca em termos do valor e linha de acco da carga de ensaio. G)P A escolha do niimero de estacas a ensaiar € a determinagao do valor de célculo da resisténcia a forgas transversais a partir dos resultados de ensaios de carga, deve ter em conta a variabilidade do terreno, sobretudo préximo da superficie e numa espessura de poucos metros. (4) E conveniente verificar os registos de construgo das estacas a ensaiar tomando-se em considera- Go na interpretagdo dos resultados qualquer desvio verificado em relago as condigSes normais de execugo, Para grupos de estacas, é conveniente tomar em consideragdo o efeito da interacgao € 0 grau de encastramento da cabega da estaca no macigo de encabegamento para o célculo da resisténcia transversal a partir dos resultados de ensaios de carga em estacas isoladas. 7.8.2.3 Resisténcia ultima ao carregamento transversal com base em ensaios do terreno e em pardmetros de resisténcia da estaca (DP A resisténcia ao carregamento transversal de uma estaca isolada ou de um grupo de estacas deve ser calculada utilizando um conjunto compativel de esforgos axiais, momentos flectores, esforgos trans- versos, reacedes do terreno e deslocamentos da estrutura. (Q)P A andlise de estacas carregadas transversalmente deve incluir a possibilidade de rotura estrutural da estaca na zona préxima da superficie do terreno, de acordo com 7.9. (3) O célculo da resisténcia a0 carregamento transversal de estacas longas € esbeltas pode ser efectuado recorrendo 4 teoria da viga carregada na extremidade e apoiada num meio deformavel caracterizado por um coeficiente de reaccao. 102 (@P O grau de liberdade de rotago das estacas na ligagto a estrutura deve ser tido em consideragio para cilculo da resisténcia ao carregamento transversal das estacas. 7.8.3 Deslocamento transversal (DP A avaliagio do deslocamento transversal do topo de uma fundagdo por estacas deve ter em consi- deragao. + arrigidez do terreno ea sua variagao com o nivel das deformaces; ~ arigidez A flexto de estacas isoladas; = a transmissfio de momentos das estacas na ligagdo com a estrutura; = cefeito de grupo; ~ oefeito de inversao da carga ou do seu carregamento ciclico 7.9 Dimensionamento estrutural das estacas (1)P As estacas devem ser verificadas relativamente rotura estrutural de acordo com 2.4, (2)P As estacas devem ser projectadas por forma a ter em conta todas as situagdes a que so sujeitas, quer durante a construgo, incluindo transporte e cravagao quando aplicavel, quer em servico. As estacas sujeitas a cargas de trac¢do devem ser calculadas para suportar, quando necessério, a forga de tracgdo total ao longo de todo o seu comprimento. (3)P O calculo estrutural deve tomar em consideragao as tolerancias de construgaio especificadas para o tipo de estaca, as componentes das acgbes e o comportamento da fundagao (AP As estacas esbeltas que atravessam agua ou depésitos espessos de material de muito baixa resis- téncia devem ser verificadas relativamente a fendmenos de encurvadura, (5) Nao € provavel a ocorréncia de encurvadura em estacas completamente inseridas no terreno, ‘De acordo com a pratica corrente, é conveniente verificar a possibilidade de ocorréncia de encurvadura em estacas instaladas em camadas de solo com valores caracteristicos da resisténcia nfo drenada inferiores a 15 kPa, 103 7.10 Supervisio da construcio (UDP A instalagdo das estacas deve basear-se num plano de construgao (2) E conveniente que o plano forneca as seguintes informagSes do projecto: - tipo de estaca, com designago de acordo com as normas, se tal for aplicdvel, ou com 0 Docu- mento Técnico de Aprovagao, no caso contrario; ~ allocalizagao e a inclinag&o de cada estaca e as tolerdncias de posicionamento; = a seco transversal da estaca; = © comprimento da estaca; - omimero de estacas; - accapacidade resistente exigida a estaca; - a cota da ponta da estaca (relativamente a uma cota fixa de referéncia no local da obra ou nas imediagdes) ou a resisténcia a penetrago requerida, ~ a sequéncia de construgdo; ~ as obstrugses conhecidas; ~ quaisquer outras limitagOes as actividades de construcdo das estacas (3)P Deve observar-se a constru¢do de todas as estacas procedendo-se ao registo no local da obra a medida que as estacas vao sendo construidas. Para cada estaca deve existir um registo assinado pelo supervisor do trabalho e pelo construtor da estaca (4) E conveniente que o registo para cada estaca inclua, quando tal for apropriado, as seguintes infor- magoes: = otipo de estaca e 0 equipamento de construgo; = oniimero da estaca; ~ a secgdo transversal da estaca, o comprimento e, em estacas de beto, a armadura; ~ data e a hora da construgao (incluindo interrupgGes no processo construtivo); = a composigdo e volume de betio utilizado bem como 0 método de colocagao no caso de estacas moldadas, = 0 peso vohimico, o pH, viscosidade de Marsh e 0 teor em finos das suspensdes bentoniticas (quando utilizadas), = as presses de bombagem da calda ou do betdo, os didmetros interno e extemo, o passo do trado € © avango por volta (no caso de estacas construidas com auxilio de trado ou outras estacas injec- tadas), ~ para estacas cravadas, os valores das medigdes da resisténcia & cravagio, tais como peso, altura de queda ou poténcia do pildo, a frequéncia das pancadas e o niimero de pancadas pelo menos para os. 104 lltimos 0,25 m de penetracio; + aenergia de arranque dos vibradores (quando utilizados); ~ obinério do motor utiizado na furaco (quando utilizado); ~ para estacas moldadas, os estratos detectados no processo de furago e as condigées na zona da ponta caso 0 comportamento desta seja critico; ~ obstnugdes encontradas durante a execuso das estacas; = desvios de posigao e de direcgo e cotas apés a construgo, (5)P Os registos devem ser guardados durante um periodo de pelo menos cinco anos contado a partir do fim dos trabalhos. Os planos com registos da situago apés a construgo devem ser compilados depois da finalizagdo da construsao das estacas e conservados com os documentos de construcio (OP Se as observagdes no local ou a inspecgao dos registos revelar incertezas no que respeita & qualidade das estacas construidas, devem efectuar-se investigagbes adicionais para determinar as condigdes das estacas construidas e se so necessérios trabalhos de reparacao. Estas investigagdes deve incluir, quer a recravago, quer ensaios de integridade de estacas, em conjugago com ensaios de campo dos solos na vizinhanca das estacas suspeitas, quer ainda ensaios de carga estaticos (DP Dever efectuar-se ensaios para verificagao da integridade das estacas cuja qualidade seja sensivel 0s processos de construio, caso estes no possam ser controlados de uma forma fidvel. (8) Podem-se utilizar ensaios de integridade dindmicos envolvendo pequenas deformagdes para avaliagdo global de estacas que possam ter defeitos severos ou que possam ter provocado uma importante perda da resisténcia do terreno durante a construgao, Uma vez que defeitos como qualidade insuficiente do beto ou recobrimento insuficiente das armaduras, que afectam o comportamento a longo prazo da estaca, no podem frequentemente ser detectados por ensaios dinamicos, pode ser necessario, para uma supervisio adequada da execugdo, realizar outros ensaios tais como ensaios sbnicos, ensaios de vibrago ou perfurag4o com colheita de amostra Seccio 8 ESTRUTURAS DE SUPORTE 8.1 Generalidades (1)P 0 estipulado nesta secgo aplica-se a estruturas que suportam terreno, material similar ou Agua. O ‘material considera-se suportado se € mantido com uma inclinago maior do que aquela que tomaria se no existisse estrutura. As estruturas de suporte incluem todos os tipos de muros e sistemas de conten- 60 nos quais elementos estruturais esto combinados com solos ou rochas. (2) No projecto das estruturas de suporte pode considerar-se conveniente distinguir entre os trés tipos principais seguidamente indicados ~ 05 muros de gravidade so muros de pedra ou de betdo simples ou armado, dotados de uma sapata com ou sem saliéncia inferior ou contrafortes. O peso préprio do muro e, por vezes, o de massas estabilizadoras de solo ou rocha, desempenham uma fungo significativa na contengao. Exemplos destas estruturas incluem os muros de betdo com espessura constante ou variavel, muros de betio armado em L ou em T invertido, muros de contrafortes, etc. ~ as cortinas so muros ou paredes de espessura relativamente reduzida em ago, betdo armado ou madeira, suportados por ancoragens, escoras e (ou) por pressdes de terras de tipo passive. A resisténcia & flexo destas estruturas desempenha uma fung&o significativa na conten¢do, enquanto que a contribuigao do seu peso é desprezdvel. Exemplos destas estruturas incluem: as cortinas de estacas pranchas autoportantes, as cortinas ancoradas ou escoradas de ago ou beto, as paredes moldadas, etc. ~ as estruturas de suporte compésitas incluem uma larga variedade de estruturas compostas por elementos dos dois tipos acima citados. Exemplos incluem as ensecadeiras de estacas pranchas, os macigos reforgados por tirantes, geossintéticos ou injecgSes, as estruturas com varios niveis de ancoragens ou pregagens, etc 8.2. Estados limites (1)P Deve ser elaborada uma lista dos estados limites a ter em consideragéo. No minimo, devem ser considerados os seguintes estados limites para todos os tipos de estruturas de suporte: - perda de estabilidade global; ~ rotura de um elemento estrutural (muro, ancoragem, escora etc.) ou da ligagdo entre elementos estruturais, = rotura conjunta do terreno e de um elemento estrutural; 106 + movimentos da estrutura de suporte que possam causar 0 colapso ou afectar a aparéncia ou a eficiéncia da propria estrutura, ou de estruturas ou infraestruturas vizinhas; ~ repasses de Agua inaceitaveis sob ou através da parede; ~ transporte em quantidade excessiva de particulas do terreno sob ou através do muro; ~ alteragai inaceitavel das condigdes de percolago da agua no terreno. (2)P Para as estruturas de suporte de gravidade e compésitas devem ser considerados ainda os seguintes estados limites: ~ rotura por falta de capacidade resistente do terreno de fundagio, - rotura por deslizamento pela base do muro; ~ rotura por derrubamento do muro; ¢ para as cortinas, ainda os seguintes’ ~ rotura por rotagao ou translagao da parede ou de partes desta, = rotura por perda de equilibrio vertical da cortina, (3)P Para todos os tipos de estruturas de suporte devem ainda ser consideradas combinagdes dos estados limites referidos. (4) Frequentemente 0 projecto de estruturas de suporte envolve 0 mesmo tipo de problemas que 0 projecto de fundagdes superficiais ou de taludes. Assim, na consideragdo dos estados limites para os muros de gravidade é conveniente aplicar os principios da Sec¢o 6 quando tal for apropriado. aconselhavel adoptar uma especial ponderago no que respeita 4 capacidade resistente de fundagdes de muros de suporte que transmitam cargas com grande excentricidade e inclinagao (ver 6.5.4) 8.3 Accdes, dados geométricos e situacdes de projecto 8.3.1 Acgoes (IP Ao seleccionar as acces para 0 célculo dos estados limites, devem ser consideradas as que foram apresentadas em 2.4.2. 107 8.3.1.1 Peso do material de aterro (IP Os valores de célculo do peso volirmico do material de aterro a colocar no tardoz das estruturas de suporte devem ser estimados com base no conhecimento do material disponivel. © Relatério do Projecto Geotécnico deve estabelecer os ensaios a efectuar durante a construgao para verificacdo de que os valores em obra no so mais desfavoraveis do que os admitidos no projecto 8.3.1.2 Sobrecargas (IP A determinago dos valores de célculo das sobrecargas deve ter em conta a presenga na superficie do terreno ou perto dela de edificios vizinhos, veiculos e gruas estacionados ou em movimento, materiais granulares armazenados, mercadorias, contentores, etc. (2) E necessirio um cuidado especial no caso de sobrecargas repetidas tais como as devidas a gruas rolantes nos muros-cais. As presses induzidas por tais sobrecargas podem exceder significativamente as do primeiro carregamento ou as que resultariam da aplicagao estatica de carga de igual grandeza. 8.3.1.3 Peso da agua (IP Os valores de calculo do peso volimico da agua dever ter em conta se a agua é doce, salgada ou contaminada por matérias quimicas ou outras. (2) As condigdes locais, tal como a salinidade e o teor de materiais sélidos em suspens&o e matéria ongénica, podem influenciar significativamente 0 peso volimico da agua. 8.3.1.4 Forgas das ondas (IP Os valores de célculo das ondas e das respectivas forgas de impacto devem ser estabelecidos com base nos dados disponiveis para as condigdes climéticas e hidraulicas do local da obra. 108 8.3.1.5 Forgas de suportes ()P As componentes das forgas associadas as operagSes de pré-esforgo devem ser consideradas como acgBes. Os respectivos valores de célculo devem ser estabelecidos tendo em conta eventuais efeitos de sobretensiio e de relaxagao das ancoragens. 8.3.1.6 Forgas de colisto (IP A determinagio dos valores de célculo das forgas de impacto deve ter em conta a energia absorvida pelo sistema de suporte durante o impacto (2) Para impactos laterais em estruturas de suporte é em geral necessario considerar o acréscimo de rigidez exibido pelo terreno suportado quando resiste a um impacto na face da parede, Além disso, é conveniente averiguar 0 risco de ocorréncia de liquefacgao devida ao impacto lateral em cortinas, @P A forga de impacto de uma massa flutuante de gelo contra uma estrutura de suporte deve se calculada com base na resisténcia & compresso do gelo e na espessura da massa em causa. # salinidade e a homogeneidade do gelo devem ser consideradas no célculo da resisténcia a compressio. 8.3.1.7 Efeitos da temperatura (IP 0 projecto das estruturas de suporte deve ter em conta o efeito de variagdes anormais de tempe- ratura no tempo € no espaco, (2) E conveniente considerar especialmente 0 efeito de variagdes de temperatura na determinagao de forgas nos apoios e em escoras. Os efeitos do fogo séo tratados nos Eurocédigos dos materiais nas partes dedicadas a esse aspecto, (3)P Os valores de célculo para as forcas do gelo sobre estruturas de suporte resultantes de uma placa, de gelo formada a superficie da 4gua devem ser calculados tendo em conta: = a temperatura inicial do gelo antes do inicio da subida da mesma; = ataxa de crescimento da temperatura; 109 ~ aespessura do gelo (4)P Dever ser tomadas especiais precaugdes, tais como a selecgiio de material de aterro apropriado, a drenagem ou 0 isolamento, para evitar a formagio de bolsadas de gelo no terreno atras das estruturas de suporte 8.3.2 Dados geométricos (1)P Os valores de célculo para os dados geométricos devem ser obtidos de acordo com 2.4.5. 8.3.2.1 Superficie do terreno (1)P Os valores de calculo para os dados geométricos do material de aterro devem ter em conta a variago dos mesmos parémetros no local. Os valores de calculo devem ter em conta a possibilidade de escavagdo ou infraescavagaio (erosdo) em frente da estrutura de suporte (2) Quando a estabilidade da estrutura de suporte depende da resisténcia passiva do terreno em frente da estrutura, € conveniente rebaixar o nivel do terreno do lado passivo de uma altura 4, nos célculos dos estados limites tltimos. Para uma cortina autoportante A, pode ser igual a (10%) da sua altura ¢ para uma cortina suportada A, pode ser igual a (10 %) da altura abaixo do iiltimo nivel de apoios, com um méximo de 0,5 m, 8.3.2.2 Niveis de agua (1)P Os valores de céleulo dos dados geométricos que determinam regime de toalhas de égua livre ou o regime da Agua no terreno devem ser estabelecidos com base nos dados disponiveis para as condigdes hidréulicas e hidrogeologicas do local da obra (2)P Deve ser atendido 0 efeito das variagdes da permeabilidade no regime da agua no terreno. Deve ser considerada a possibilidade de existéncia de pressdes da agua desfavoraveis devido a presenga de toalhas suspensas ou artesianas, Lo 8.33 Situagdes de projecto (DP No projecto de estruturas de suporte devem ser considerados os seguintes aspectos. ~ avariagdo das propriedades do terreno no tempo e no espago; ~ as variagSes ao longo do tempo dos niveis de agua e das pressdes intersticiais, ~ as variagdes das acgées e das respectivas comibinagSes; = a escavacio, a infraescavacfo ou a eroso em frente da estrutura, = a colocacio de aterro no tardoz da estrutura; ~ ceftito, se for previsivel, de futuras estruturas e sobrecargas; ~ movimentos do terreno devido a subsidéncia, acges do gelo, etc (2) Para estruturas portuarias ou similares as forgas do gelo e das ondas nao necessitam de ser conside- radas em simultaneo no mesmo ponto, 8.4 Consideracdes de projecto e construcio (IP No projecto devem ser considerados estados limites itimos e estados limites de utilizagtio usandc 0s procedimentos mencionados em 2.1 (2) A complexidade da interacgo entre o terreno e a estrutura de suporte acarreta por vezes dificulda- des em proceder a um projecto detalhado antes do inicio da construgéo, sendo ento apropriado usar 0 método observacional Em muitas estruturas de suporte pode ocorrer um estado limite critico quando a parede se desloca 0 suficiente para causar danos a estruturas ou inffaestruturas vizinhas, Embora o colapso da parede possa no estar iminente, os danos causados por esta forma podem exceder consideravelmente um estado limite de utilizagao na estrutura suportada, Todavia, os métodos de calculo e os coeficientes de seguranga estabelecidos por este cédigo para os estados limites ultimos so em geral suficientes para obstar @ ocorréncia daquele tipo de estado limite desde que os solos envolvidos sejam no minimo medianamente compactos ou rijos e sejam adoptados métodos e faseamento construtivos adequados. Todavia, é necessaria especial ponderagao em determinadas formagies de argilas fortemente sobrecon- solidadas nas quais grandes tensbes horizontais de repouso podem induzir movimentos substanciais numa drea extensa em volta da escavacdo. G)P O projecto de estruturas de suporte deve ter em conta os seguintes aspectos, quando tal for apropriado: m1 ~ os efeitos da construgao do muro ou da cortina, inctuindo - acolocagao de apoios temporérios nas faces da escavagao; ~ as alteragdes no estado de tensao "in situ" e os consequentes movimentos causados pela instala- 40 da cortina e pela construgao; - aperturbagdo do terreno devida és operagdes de cravagio ou furagao; = anecessidade de acessos para a construgio; ~ 0 grau de impermeabilizacao requerido para o muro construido; - a exequibilidade da construgéo do muro até um estrato de baixa permeabilidade e a avaliagio dos seus efeitos no regime da agua no terreno; ~ aexequibilidade da construgao de ancoragens no terreno adjacente; - aexequibilidade de escavar entre o escoramento, ~ acapacidade do muro para suportar cargas verticais, ~ adductilidade dos elementos estruturais; ~ 08 acessos para 2 manuten¢do do muro e de qualquer sistema de drenagem a ele associado; - aaparéncia e a durabilidade da parede e das ancoragens, ~ para as estacas-pranchas, a necessidade de uma seccdo suficientemente rigida para serem cravadas até a profundidade projectada sem perda das ligagdes, ~ aestabilidade dos furos ou das valas preenchidos por lama bentonitica antes da betonagem; ~ para o aterro, a natureza dos materiais disponiveis e os meios usados para a sua compactago nas vizinhangas do muro, de acordo com 5.3. (4) Sempre que possivel, é conveniente projectar as estruturas de suporte de modo que a aproximacao de um estado limite iltimo se manifeste por meio de sinais facilmente detectaveis, E conveniente que o projecto salvaguarde a estrutura em relagdo a uma rotura frégil, isto é, a um colapso repentino sem claras deformagdes prévias (5)P Se a seguranga e a funcionalidade da obra projectada depender da eficicia da drenagem, devem ser ponderadas as consequéncias de uma avaria no sistema de drenagem tendo em vista os eventuais danos humanos e 0 custo da reparaglo. Deve ser adoptado um dos seguintes requisitos (ou sua combi- nago) ~ estabelecer um programa de manutengdo do sistema de drenagem e prever acessos para o efeito; - demonstrar, quer por meio da experiéncia comparavel, quer estimando o volume de agua envolvido, que o sistema funcionara adequadamente sem manutencao (© E conveniente ter em consideragao o caudal, a pressio e eventualmente a composi¢&o quimica da agua afluente 112 8.5 Determinagio das pressées de terras e da gua 8.5.1 Valores de célculo das pressdes de terras (JP Na determinag&o dos valores de céloulo das pressdes de terras deve ter-se em conta 0 tipo e a grandeza dos movimentos ¢ das deformagées admissiveis e que podem ter lugar para o estado limite em consideragao. (2) No contexto que se segue o termo "presses de terras" abrangera igualmente pressbes devidas a rochas brandas e alteradas, a aterros de qualquer natureza e a press6es da agua no terreno As presses de materiais granulares em silos podem ser calculadas a partir da ENV 1991-4 Eurocédigo 1 “Acgées em silos”. (3)P Na determinagao dos valores de célculo da grandeza e da direcc%o das pressées deve-se ter também em conta: ~ as sobrecargas sobre a superficie do terreno e a inolinagao desta; + aiinclinagéo do muro em relagao a vertical; = os niveis aquiferos e as forgas de percolagao;, + a grandeza e a direcgdo do movimento do muro em relagao ao terreno, + 0 equilibrio horizontal e vertical da estrutura; + aresisténcia ao corte € o peso volimico do terreno, + arigidez do muro e do sistema de suporte; + arugosidade do muro. (4) O atrito e a adesdo mobilizados na face do muro dependem: dos parémetros de resisténcia do terreno; da rugosidade da interface muro-terreno; da direcgo e da grandeza do movimento do muro em relagdo ao terreno; da capacidade do muro para suportar as forgas verticais associadas ao atrito ¢ & adesio A grandeza das tensdes de corte que podem ser mobilizadas na interface muro-terreno esté limitada pelos parametros de resisténcia da interface 5 e a. Para um muro totalmente liso =0 e a=0 € para um muro de elevada rugosidade 6=$ ¢ a=c. Para um muro de beto ou cortina de ago suportando areia ou cascalho pode em geral admitir-se que 5 =k © a=0, emque ¢, devido a perturbaco do terreno junto da interface, no pode ultrapassar 0 M13

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