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PANORAMA SOBRE A

DESERTIFICAÇÃO NO ESTADO
DO ESPÍRITO SANTO

Outubro de 2005
1

PANORAMA SOBRE A
DESERTIFICAÇÃO NO ESTADO DO
ESPÍRITO SANTO

Consultores

Lídia Lúcia Antongiovanni


Mestre em Geografia Humana (USP)
Doutoranda em Geografia e Ordenamento Territorial e Ambiental (UFF)

André Luiz Nascentes Coelho


Mestre em Análise Ambiental (UFMG)
Doutorando em Geografia e Ordenamento Territorial e Ambiental (UFF)

Equipe de Apoio

Roberto José Vervolet

Daniele Gonçalves da Silva


2
SUMÁRIO

I- A QUESTÃO DA DESERTIFICAÇÃO E METODOLOGIA DE PESQUISA 7

1.1. ANTECEDENTES HISTÓRICOS E CONCEITOS 7


1.1.1. Modelo de desenvolvimento e o processo de desertificação 7

1.2 A POBREZA COMO VULNERABILIDADE 8


1.2.1. A construção de índices de Vulnerabilidade 9

1.3. ÁREAS SUSCEPTÍVEIS À DESERTIFICAÇÃO (ASD) 9

1.4. A Organização do Debate Sobre a Desertificação no Espírito Santo 10

II - CARACTERIZAÇÃO TERRITORIAL 12

2.1. ELEMENTOS DA SOCIOECONOMIA 12

2.2. ELEMENTOS AMBIENTAIS 20


2.2.1. Caracterização Geológica 20
2.2.2. Caracterização Geomorfológica 22
2.2.3. Características Climáticas 26
2.2.4. Bacias Hidrográficas 35
2.2.5. Déficit Hídrico 39

2.3. PROGRAMAS E PROJETOS EXISTENTES 41

2.3.1. Qualidade e acesso à Água 42


Projetos De Recuperação De Nascentes 42
Resíduos Sólidos 42
Projeto Águas Limpas 43
Barragens - Outorga 43
Grupo De Estudos e Ações em Recursos Hídricos 43

2.3.2. PRESERVAÇÃO DA MATA ATLÂNTICA 44


Corredores ecológicos 44
Plano de fiscalização da mata atlântica 44

2.3.3. AGRICULTURA FAMILIAR 46


Agricultura Familiar - Programa Prorenda Rural 46
Agricultura Familiar Orgânica 46

2.3.4. ESPECÍFICOS DO SEMI-ÁRIDO 49


Pacto Nacional Um Mundo Para A Criança e o Adolescente
do Semi-Árido 49
Programa de Cisternas 49

2.3.5. QUADRO SÍNTESE DE PROJETOS DA SOCIEDADE CIVIL


ORGANIZADA E PARCERIAS 50
Síntese Dos Projetos Da Sociedade Civil E Parceiros 50

2.3.6. OUTROS PROJETOS DE ÂMBITO ESTADUAL/FEDERAL 51


3
52
III - OFICINAS NO ESPÍRITO SANTO E EIXOS E SUB-EIXOS
TEMÁTICOS 52

3.1. SÍNTESE DOS TEMAS E PROPOSTAS DAS OFICINAS REALIZADAS 52

3.1.1. Primeira Oficina -18 e 19 de março de 2004 56

3.1.2. Segunda Oficina – 8 e 9 de Junho de 2004 59

3.1.3. Terceira Oficina – 14 Outubro de 2005 63

3.1.4. Quarta Oficina – 31 de outubro de 2005

IV - ANÁLISE E RECOMENDAÇÕES 65

4.1. Escala de análise a partir dos lugares 65

4.2. Elaboração de banco de dados na escala dos lugares 65

4.3. Temas Fundamentais 66


A água e seus usos 66
Educação do Campo 66
Reforma Agrária 66
Família Agrícola e Segurança Alimentar 66
Preservação ambiental 66
Ampliação sustentável da capacidade produtiva 67

4.4. Áreas prioritárias/Área Piloto 68

4.5. Escalas de análise 71

4.6. Consolidar a formação de um Grupo de Trabalho sobre a


Desertificação no Espírito Santo 71

V- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 72
ANEXOS 74
4

LISTA FIGURAS

1 Áreas Susceptíveis a Desertificação sugeridas pelo PAN –Brasil 11

2 Mortalidade até cinco anos no Brasil 18

3 Índice de Atendimento total de coleta de esgotos 18

4 Percentual de Pessoas que Vivem que Vivem em Domicílios e água encanada, 2000. 19

5 Índice de desenvolvimento Humano municipal IDH-M 2000 19

6 Evolução da Planície Costeira do rio Doce 21

7 Geologia e Geomorfologia 24

8 Características Principais do Relevo do Espírito Santo 25

9 Tipos Climáticos segundo Köppen no Estado do Espírito Santo 27

10 Curva de Tendência de temperatura municípios 29

11 Temperaturas Médias Anuais no Estado do Espírito Santo 31

12 Curva de Tendência de precipitação municípios 33

13 Curva de Tendência de precipitação - Muniz Freire 34

14 Curva de Tendência de temperatura - Muniz Freire 34

15 Bacias Hidrográficas do Espírito Santo. 36

16 Curva de Tendência de vazão média do rio São Mateus 37

17 Curva de Tendência de vazão média do rio Doce 38

18 Curva de Tendência de vazão média do rio Itapemirim 38

19 Déficit Hídrico no Estado do Espírito Santo 40

20 Destacando os Corredores Prioritários no Espírito Santo 45

21 Localização dos municípios com presença de agricultores orgânicos 48

22 Mapa 1 - Área piloto 69

23 Linha de Tendência de Chuvas Águia Branca 70

24 Linha de Tendência Vazão do rio São José 70

25 Algumas variáveis utilizadas para a escola das áreas prioritárias no ES 86

26 Levantamento Preliminar da Paisagem de Desertificação e Efeitos da Seca no Estado do 87


Espírito Santo

27 Mapa 2 - Área Piloto 88


5

LISTA DE SIGLAS

Abrinq Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança e do Adolescente


ANDI Agência de Notícias dos Direitos da Infância
APTA Associação de Programas em Tecnologias Alternativas
ASA Articulação No Semi-Árido
ASD Áreas Susceptíveis à Desertificação
ANA Agência Nacional das Águas
CHAO VIVO Associação De Certificação De Produtos Orgânicos do Espírito Santo
Conanda Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente
CTGC Câmara Técnica de Gestão de Cheias
CVRD Companhia Vale do Rio Doce
DLS Desenvolvimento Local Sustentável
FETAES Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Espírito Santo
GEARH Grupo de Estudos e Ações em Recursos Hídricos – Bacias do Rio Doce e Itaúnas
GFA Empresa de Consultoria Alemã
GTZ Agência de Cooperação Técnica Alemã
IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IDAF Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo
IDH Índice de Desenvolvimento Humano
IDS Índice de Desenvolvimento Social
IEMA Instituto Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos
INCAPER Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural
IPES Instituto Jones dos Santos Neves
MDA Ministério do Desenvolvimento Agrário
MEPES Movimento de Educação Promocional do Espírito Santo
MMA Ministério do Meio Ambiente
MPA Movimento dos Pequenos Agricultores
MPE Ministério Público Estadual
MST Movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
PAN-BRASIL Programa de Ação Nacional de Combate à Desertificação
PIB Produto Interno Bruto
RESAB Rede De Educação Do Semi-Árido Brasileiro
SEAG Secretaria de Estado de Agricultura, Abastecimento, Aqüicultura e Pesca
SEMENTES Fundação Luterana Sementes
UFES Universidade Federal do Espírito Santo
UNICEF Fundo Das Nações Unidas Para A Infância
ZEE Zoneamento Ecológico Econômico
PAE-ES Plano de Ação Estadual de Combate a Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca.
CCD Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação nos Países Afetados por
Seca Grave e/ou Desertificação, particularmente na África.
SETADES Secretaria do Trabalho Assistência e Desenvolvimento Social.
APESAM Associação dos Pescadores de São Mateus
6

APRESENTAÇÃO

Devido aos limites de tempo e financeiros estabelecidos para a realização do


presente Panorama da Desertificação no Espírito Santo, algumas observações
devem ser feitas:

Este trabalho foi realizado num prazo de apenas 30 dias e por isso mesmo se
propôs a ser um panorama, isto é, reunir um conjunto de informações que
permita visualizar tendências em relação ao processo de desertificação;

A discussão sobre a desertificação no Espírito Santo é recente e portanto a base


de dados necessária é insuficiente. E devido à exigüidade de tempo não foi
possível a coleta de dados primários a exemplo dos elementos que compõem o
índice de aridez.

Por outro lado, acreditamos que este panorama apresenta uma contribuição
importante, mostrando o quadro delicado de susceptibilidades à desertificação
que se apresenta no Espírito Santo.

A metodologia de pesquisa utilizada tem por base o PAN-Brasil que considera


elementos ambientais e socioeconômicos num mesmo nível de importância para
revelar tendências de vulnerabilidade à desertificação.

Conforme apontamos no item análise e recomendações, e também em


consonância com as propostas do PAN-Brasil, são necessárias várias frentes de
pesquisa sobretudo na escala local, atentando para as contribuições da
populações diretamente envolvidas.
7

I - A QUESTÃO DA DESERTIFICAÇÃO E METODOLOGIA DE


PESQUISA

1.1. ANTECEDENTES HISTÓRICOS E O ENTENDIMENTO DA DESERTIFICAÇÃO COMO


PROCESSO

Os eventos mais marcantes que provocaram grandes secas e foram objeto de


debate mundial foram na África, provocados sobretudo por um processo de
devastação ambiental que culmina nos anos 1960, 1970, provocando grandes
conflitos sociais, que perduram até hoje.

Em 1974 é criado no Brasil o conceito de núcleo de desertificação. Outro evento


marcante é a primeira conferência das Nações Unidas sobre desertificação onde
o problema é reconhecido no âmbito mundial, em 1977. Até então o problema só
era reconhecido como grave na África. Nos anos 1980 são feitos estudos no
Brasil mas a questão é retomada de fato apenas em 1992 na ECO-92, atendendo
ao capítulo 12 da agenda 21 global.

No Fórum paralelo de Ongs, em 1992, lança-se a idéia fundamental de que a


população do semi-árido e árido podem viver com qualidade se o seu manejo for
adequado.

A CCD - Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação nos Países


Afetados por Seca Grave e/ou Desertificação, particularmente na África - foi
concluído em 1994 – 17 de junho de 1994 que foi instituído como dia mundial de
luta contra a Desertificação. Entra vigor em 1996 e o Brasil ratifica em 1997. De
1994-1998 início da elaboração do PAN-Brasil, lançamento do PAN-BR em 2004.

Segundo a CCD a desertificação é degradação de terras que podem ser


provocadas tanto pela ação do homem quanto por fenômenos naturais. Mas
sobretudo pela associação inadequada dos dois fatores. Entretanto no PAN se
reconhece o desconhecimento da extensão e da profundidade destes problemas.

Foram necessários 45 anos entre desastres e acordos internacionais para que se


chegasse ao PAN-Brasil. Este estudo marca definitivamente a entrada dos
problemas sociais como parâmetro tanto para indicar a ASD – Áreas Susceptíveis
à Desertificação – como para a análise dos problemas e para a elaboração de
políticas de combate à desertificação. O detalhamento destes eventos pode ser
visto no anexo 1.

A desertificação é um processo que resulta de fenômenos naturais e que são


agravados ou desencadeados pela inadequação das atividades humanas com o
meio. Há também graus de deserficação desencadeados por diferentes
mecanismos. Em geral pela inadequação do modelo de desenvolvimento
adotado nos lugares. Um modelo de desenvolvimento que ignore as realidades
dos lugares nas esferas política, econômica e também cultural, desencadeia e
alimenta a produção de desigualdades sociais.

O modelo de desenvolvimento adotado tem contribuído para a aceleração dos


processos de desertificação marcados por uma distribuição fundiária inadequada;
uma expansão urbana desordenada; destruição da cobertura vegetal; manejo
8
inadequado dos recursos florestais; práticas agrícolas e pecuárias inadequadas
associadas aos efeitos da variabilidade climática. Da combinação destes fatores
resultam diferentes graus de problemas.

Para avançar é preciso adotar ações inovadoras com tecnologias apropriadas


para as ASDs com:
- respeito a limites que estas áreas apresentam sobretudo em relação a
solo e água;
- valorização das culturas locais tradicionais;
- capital social ancorado em redes de indivíduos.

Há portanto a necessidade de mudar da perspectiva emergencial e


assistencialista para esta estratégia da convivência. Para esta conversão é
preciso um esforço para conhecer detalhadamente as práticas locais, recuperar
conhecimentos (por exemplo quanto ao manejo de plantas nativas) para
definição de ações específicas para cada lugar.

No escopo deste trabalho propõe-se a elaboração do panorama para uma


caracterização dos problemas no Espírito Santo, identificação de áreas mais
críticas e de ações que possam auxiliar ou se somar as já existentes. É também
escopo deste relatório apontar caminhos para adoção de práticas de convivência
com o semi-árido que demandarão estudos mais detalhados junto à população e
uma maior participação da sociedade civil. Este processo já está em curso cuja
principal contribuição provém das oficinas regionais e estaduais realizadas (ver
item III oficinas).

1.2. A POBREZA COMO VULNERABILIDADE

Há uma relação entre pobreza e maiores impactos dos efeitos das secas. Mas a
pobreza tem que ser considerada do ponto de vista das vulnerabilidades e não
como agente de degradação ambiental. A população mais carente é a mais
atingida pelos efeitos da seca ou de intensas chuvas que caracterizam as áreas
susceptíveis à desertificação no Brasil. O combate às carências sociais é
fundamental para a convivência com os efeitos da seca ou para amenizar os seus
efeitos.

Para tanto, é preciso ir além das soluções técnicas tradicionais ou já


consagradas, associando-as ao conhecimento acumulado pelas populações
locais, respeitando suas particularidades, suas diversidades. A eficácia nesta luta
só pode vir com o conhecimento das diferentes necessidades de cada lugar, para
que as técnicas possam ser adaptadas ou (re)criadas conforme as diferentes
necessidades.

O processo de elaboração do PAN-Brasil pressupõe e incorpora esta perspectiva


sem a qual o combate e/ou a convivência com estes problemas tornam-se
ineficazes pois podem transferir o problema ao invés de tratá-lo.
9
2
Esta abordagem apesar de não ser nova em termos de concepção demora a ser
incorporada de maneira sistemática nas políticas públicas. O PAN-BRASIL avança
neste sentido, associando o combate à desertificação a temas sociais de grande
envergadura tais como Educação, Saúde, Segurança Alimentar e Reforma
Agrária. Além do amadurecimento do debate da “questão ambiental” que
finalmente é assumida como uma questão socioambiental. (anexo II Eixos e
Sub-eixos do PAN-Brasil).

A questão da desertificação deve ser pensada como política nacional com


enfoques locais, assumindo-se que o desenvolvimento sustentável incorpora as
diversidades locais.

As dinâmicas territoriais devem ser portanto analisadas tanto através dos


indicadores da socioeconomia, dos elementos ambientais, além da análise da
institucionalidade governamental e das ações da sociedade civil em torno da
questão, com o intuito de traçar tendências de vulnerabilidade à desertificação.

1.2.1. A CONSTRUÇÃO DE ÍNDICES DE VULNERABILIDADE

Há um debate em torno da questão do índice de vulnerabilidade. Um dos


maiores problemas de se criar um índice é o seu grau de generalização que pode
incorrer em graves distorções, sobretudo para as áreas do classificadas como
“Entorno do Semi-árido”, que é o caso do Espírito Santo, na divisão das Áreas
Susceptíveis à Desertificação – ASD.

Nestas áreas do entorno percebe-se, muitas vezes, que o estudo das variações
climáticas não é o preponderante para indicar vulnerabilidades, mas sim a
associação inadequada entre fatores ambientais e sociais. A este respeito ver em
indicações bibliográficas.

1.3. ÁREAS SUSCEPTÍVEIS À DESERTIFICAÇÃO (ASD)

A inclusão de áreas do entorno do semi-árido é um avanço introduzindo a idéia


de prevenção antes da instalação da desertificação mais aguda o que implicaria
em grandes dificuldades para uma reversão. Além da consideração de que não
há um único padrão de manejo para as ASDs. Por isso é preciso (re)descobrir as
culturas tradicionais e suas formas sustentáveis de ser relacionar com o meio.

Dentre as áreas susceptíveis à desertificação (ASD) o Pan-BR sugere 23


municípios no noroeste do Estado do Espírito Santo, classificados como áreas do
entorno das áreas semi-áridas e subúmidas secas (Figura 1, Anexos 3 e 4). Com

No Brasil, desde a criação da Sudene pensadores tais como Josué de Castro e Celso Furtado, nos
2

anos 1950 e1960 já preocupavam-se com uma abordagem social do problema da seca o que
entretanto não foi colocado em prática. Soluções hidráulicas e a construção de rodovias – soluções
tecnicistas que atendiam aos interesses dos grandes proprietários do Nordeste) foram priorizadas.
E de tempos em tempos as grandes secas expõem a condição de miséria em que vive grande parte
da população do Nordeste. No período atual este problema se agrava ainda mais pois a
modernidade tende a expulsar e a segregar mais ainda as populações carentes.
10
a discussão já acumulada no estado mais os elementos analisados neste
panorama é proposta a ampliação destes municípios no norte incluindo a
indicação de uma área no sul do Estado. (ver Figura 26 pg. 87).

1.4. A ORGANIZAÇÃO DO DEBATE SOBRE A DESERTIFICAÇÃO NO ESPÍRITO


SANTO

No Espírito Santo a discussão através da ASA capixaba. Em 2003 o Sr. Selvo


Reis da Associação dos Produtores Rurais de Alto Rio Novo é indicado como
ponto focal da sociedade civil. Em 2004 a Sra. Sueli Passoni Tonini assume o
ponto focal governamental através do IEMA. O ponto focal parlamentar deve ser
definido em breve.

Também foi constituído um grupo de trabalho com os seguintes membros:

NOME ÓRGÃO
Sueli Passoni Tonini IEMA
Selvo Antonio dos Reis ASS. ALTO RIO NOVO
Luiz Son ALES
Ana Penteado SETADES
Zilá Potratz SETADES
Célia Kiefer SETADES
Hans Christian Schimidt DLS/GTZ
Waldemiro Kielle IEMA
Barbarina SER/NOVA VENÉCIA

Maria do Carmo SETADES

Eleandro Silva da Cruz GRH/IEMA


Fábio Ahnert GRH/IEMA
Penha Padovan DLS/INCAPER

Além disso foram realizadas quatro oficinas para a discussão com a sociedade
civil conforme relatado no Item III.

Como o Espírito Santo só é oficialmente reconhecido como ASD a partir da sua


entrada na ADENE, em 1998, há poucos estudos disponíveis, embora haja
projetos em andamento que podem ser inseridos na perspectiva dos PAN-Brasil.
(ver Item II).

O Governo do Espírito Santo têm sido representado sobretudo através da SEAMA


- Secretaria Estadual de Meio Ambiente, na figura do IEMA; da Secretaria
Estadual de Agricultura, na figura do INCAPER cujos projetos estão relatados no
Item 2.3. Há a participação da SETADES - Secretaria do Trabalho Assistência e
Desenvolvimento Social.
11

Figura 1 – Áreas Susceptíveis a Desertificação sugeridas pelo PAN –Brasil


Fonte: PAN – Brasil, 2004.
12
II – CARACTERIZAÇÃO TERRITORIAL

Os territórios compreendem a complexidade das dinâmicas sociais,


materializadas através das relações homem-natureza. Assim, política,
sociedade, cultura e o meio devem ser vistos em processo.

No Brasil e no Espírito Santo há uma diversidade de proposições de territórios


recortados a partir de uma temática, na escala dos municípios, em unidades
mais ou menos fixas para o desenvolvimento de políticas públicas. Como
exemplo podemos citar os territórios criados através do MDA: Território Norte,
Polo Colatina e Polo Caparaó. Apesar da diversidade temática o parâmetro geral
é o do Desenvolvimento Sustentável.

Como temática para o recorte territorial para o monitoramento de processos de


desertificação o Ministério do Meio Ambiente (MMA) através da Secretaria do
Desenvolvimento Sustentável propõe o Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE).
Os indicadores sugeridos para os ZEEs é apresentado no Anexo 5.

A seguir apresentamos alguns elementos que permitem uma primeira


caracterização do território do Espírito Santo, permitindo indicar tendências à
vulnerabilidade.

2.1. ELEMENTOS DA SOCIOECONOMIA

Conforme discutido no item metodologia, os elementos da socioeconomia


aparecem como indicadores essenciais para traçar tendências de vulnerabilidade.

Quadro Síntese 1- Elementos da Socioeconomia


- Este elemento nos permite perceber um processo
de urbanização no Espírito Santo.
2.1.1. Dinâmica da - Entretanto é preciso qualificá-la pois há a moradia
população e considerada urbana mas o trabalho vinculado a
processos de atividades agrícolas.
urbanização - Isto aponta também para um processo de
concentração fundiária.
- O acesso à educação de qualidade é considerado
2.1.2. Escolaridade importante para uma certa autonomia das
populações.
- índices de analfabetismo e de média de anos de
estudo da população adulta são indicadores da falta
de acesso ao ensino e também da sua inadequação
do meio social.
- Neste aspecto o indicador mortalidade infantil é o
2.1.3. Saúde mais utilizado dada a gravidade do problema e a
possibilidade de implantar programas preventivos
que cheguem a níveis aceitáveis.
- Estes elementos são condições básicas para a
2.1.4. Saneamento e qualidade de vida;
abastecimento de - O Brasil e o Espírito Santo apresentam graves
água deficiências sobretudo em relação ao saneamento.
13
- Concentração fundiária é reconhecidamente um
2.1.5. Estrutura fator de vulnerabilidade já que compromete a
Fundiária segurança alimentar ao desestruturar a família
agrícola.
- Os grandes empreendimentos estão relacionados a
2.1.6. Grandes três grandes impactos:
empreendimentos - o uso dos recursos naturais;
industriais e - concentração fundiária;
agrícolas - impactos ambientais e socioambientais.

- Este índice reúne dados sobre longevidade, renda


2.1.7. Índice de e escolaridade (avançando um pouco em relação do
Desenvolvimento PIB, sendo mais sensível aos problemas sociais)
Humano - Apesar de um alto grau de generalização, indica
IDH tendências que devem ser verificadas mais de
perto.
- Também permite comparações (genéricas)
internacionais.

2.1.8. Índice de - índice apresentado em estudo do Instituto Jones


Desenvolvimento dos Santos Neves que adiciona o elemento da
Social violência como um dos fatores para compor o IDS.
IDS

- tema em discussão
2.1.9. Índice de - é preciso considerar princípios de sustentabildiade
Desenvolvimento - o índice síntese de referência ainda é o IDH mas
Sustentável que deve ser analisado à luz do desenvolvimento
sustentável.

ESPÍRITO SANTO

População em 2000

Município TOTAL Urbana Rural


Afonso Cláudio..................... 32.232 14.463 17.769
Água Doce do Norte............. 12.751 6.113 6.638
Águia Branca........................ 9.599 2.341 7.258
Alegre................................... 31.714 19.741 11.973
Alfredo Chaves..................... 13.616 5.614 8.002
Alto Rio Novo........................ 6.964 3.568 3.396
Anchieta................................ 19.176 13.211 5.965
Apiacá................................... 7.615 4.886 2.729
Aracruz................................. 64.637 54.458 10.179
Atílio Vivacqua...................... 8.327 4.055 4.272
Baixo Guandú....................... 27.819 19.676 8.143
Barra de S.Francisco............ 37.597 20.656 16.941
Boa Esperança..................... 13.679 9.169 4.510
Bom Jesus do Norte.............. 9.226 8.332 894
Brejetuba............................... 11.687 1.753 9.934
C. de Itapemirim..................... 174.879 155.401 19.478
Cariacica............................... 324.285 312.980 11.305
Castelo.................................. 32.756 17.549 15.207
Colatina................................. 112.711 91.298 21.413
Conceição da Barra.............. 26.494 19.319 7.175
Conc. do Castelo................... 10.910 4.368 6.542
14
Divino de S.Lourenço............ 4.817 1.612 3.205
Domingos Martins.................. 30.559 5.820 24.739
Dores do Rio Preto................ 6.188 3.185 3.003
Ecoporanga........................... 23.979 12.894 11.085
Fundão.................................. 13.009 10.801 2.208
Gov. Lindemberg................... - - -
Guaçuí................................... 25.492 19.192 6.300
Guarapari.............................. 88.400 82.589 5.811
Ibatiba.................................... 19.210 10.596 8.614
Ibiraçu................................... 10.143 7.404 2.739
Ibitirama................................. 9.211 2.610 6.601
Iconha................................... 11.481 4.793 6.688
Irupi....................................... 10.354 3.537 6.817
Itaguaçú................................ 14.495 7.037 7.458
Itapemirim.............................. 28.121 16.133 11.988
Itarana................................... 11.425 3.476 7.949
Iúna....................................... 26.112 13.875 12.237
Jaguaré................................. 19.539 10.699 8.840
Jerônimo Monteiro................. 10.189 6.730 3.459
João Neiva............................ 15.301 10.485 4.816
Laranja da Terra................... 10.934 2.853 8.081
Linhares................................ 112.617 92.917 19.700
Mantenópolis......................... 12.201 7.369 4.832
Marataízes............................ 30.603 23.757 6.846
Marechal Floriano.................. 12.188 5.270 6.918
Marilândia.............................. 9.924 3.981 5.943
Mimoso do Sul....................... 26.199 13.283 12.916
Montanha.............................. 17.263 12.932 4.331
Mucurici................................. 5.900 3.170 2.730
Muniz Freire.......................... 19.689 7.211 12.478
Muqui..................................... 13.670 8.642 5.028
Nova Venécia....................... 43.015 27.390 15.625
Pancas.................................. 20.402 8.842 11.560
Pedro Canário....................... 21.961 20.192 1.769
Pinheiros............................... 21.320 13.970 7.350
Piúma..................................... 14.987 14.101 886
Ponto Belo............................. 6.263 4.867 1.396
Presidente Kennedy.............. 9.555 2.530 7.025
Rio Bananal........................... 16.324 4.347 11.977
Rio Novo do Sul..................... 11.271 5.780 5.491
Santa Leopoldina.................. 12.463 2.466 9.997
Santa M. de Jetibá................. 28.774 5.102 23.672
Santa Teresa........................ 20.622 9.714 10.908
São D.do Norte...................... 7.547 2.734 4.813
São Gabriel da Palha............. 26.588 18.365 8.223
São José do Calçado............ 10.481 6.959 3.522
São Mateus........................... 90.460 69.004 21.456
São Roque do Canaã............ 10.395 4.446 5.949
Serra..................................... 321.181 319.621 1.560
Sooretama............................. 18.269 11.419 6.850
Vargem Alta.......................... 17.376 4.922 12.454
Venda N.do Imigrante............ 16.165 9.912 6.253
Viana..................................... 53.452 49.597 3.855
Vila Pavão............................. 8.330 1.943 6.387
Vila Valério............................ 13.875 4.093 9.782
Vila Velha.............................. 345.965 344.625 1.340
Vitória.................................... 292.304 292.304 -
Espirito Santo..................... 3.097.232 2.463.049 634.183
Brasil.................................... 169.799.170 137.953.959 31.845.211
Fonte: IBGE 2000.
15

ESPÍRITO SANTO

Taxa de Urbanização de 1970 a 2000 (ordem Taxa de urbanização, 2000)


Taxa de Taxa de Taxa de Taxa de
urbanização, urbanização, urbanização, urbanização,
Ordem Município
2000 1991 1980 1970
(%) (%) (%) (%)
1 Vitória 100,00 100,00 100,00 99,26
2 Vila Velha 99,61 99,49 99,49 98,47
3 Serra 99,51 99,31 97,25 46,09
4 Cariacica 96,51 95,10 97,98 68,23
5 Piúma 94,09 90,80 73,74 62,99
6 Guarapari 93,43 89,43 83,35 46,72
7 Viana 92,79 90,93 79,45 15,39
8 Pedro Canário 91,94 90,02 - -
9 Bom Jesus do Norte 90,31 89,63 85,45 73,78
10 Cachoeiro de Itapemirim 88,86 81,65 73,10 63,06
11 Aracruz 84,25 82,07 76,67 30,97
12 Fundão 83,03 77,32 62,31 46,60
13 Linhares 82,51 71,86 46,14 30,40
14 Colatina 81,00 72,56 61,05 50,26
15 Ponto Belo 77,71 - - -
16 Marataizes 77,63 - - -
17 São Mateus 76,28 69,27 49,84 31,14
18 Guaçuí 75,29 72,22 67,81 56,02
19 Montanha 74,91 69,77 64,31 70,61
20 Ibiraçu 73,00 70,16 62,96 45,49
21 Conceição da Barra 72,92 69,63 24,56 21,28
22 Baixo Guandu 70,73 63,94 58,17 48,64
23 São Gabriel da Palha 69,07 56,57 35,57 29,53
24 Anchieta 68,89 58,88 53,82 19,93
25 João Neiva 68,52 66,76 - -
26 Boa Esperança 67,03 60,88 30,42 10,47
27 São José do Calçado 66,40 55,29 47,77 37,25
28 Jerônimo Monteiro 66,05 59,46 42,27 34,03
29 Pinheiros 65,53 65,89 59,02 49,70
30 Apiacá 64,16 49,89 40,67 40,85
31 Nova Venécia 63,68 48,06 37,35 22,90
32 Muqui 63,22 54,41 44,57 36,75
33 Sooretama 62,50 - - -
34 Alegre 62,25 53,68 40,42 30,36
35 Venda Nova do Imigrante 61,32 41,82 - -
36 Mantenópolis 60,40 42,63 29,13 24,39
37 Itapemirim 57,37 60,83 49,37 25,89
38 Ibatiba 55,16 49,46 - -
39 Barra de São Francisco 54,94 45,70 32,89 25,75
40 Jaguaré 54,76 39,75 - -
41 Ecoporanga 53,77 42,40 30,40 14,03
42 Mucurici 53,73 32,52 9,71 6,79
43 Castelo 53,57 45,50 37,68 32,99
44 Iúna 53,14 37,50 30,13 21,49
45 Dores do Rio Preto 51,47 36,54 24,32 15,32
46 Rio Novo do Sul 51,28 49,30 39,54 34,06
47 Alto Rio Novo 51,23 33,04 - -
48 Mimoso do Sul 50,70 43,57 38,60 30,59
49 Atilio Vivacqua 48,70 35,85 23,81 15,72
16
50 Itaguaçu 48,55 44,67 33,87 25,20
51 Água Doce do Norte 47,94 37,19 - -
52 Santa Teresa 47,11 31,98 25,84 16,34
53 Afonso Claúdio 44,87 30,93 20,19 15,59
54 Pancas 43,34 36,85 25,03 16,34
55 Marechal Floriano 43,24 - - -
56 São Roque do Canaã 42,77 - - -
57 Iconha 41,75 34,24 26,85 17,67
58 Alfredo Chaves 41,23 34,49 27,78 21,46
59 Marilândia 40,11 28,45 - -
60 Conceição do Castelo 40,04 29,78 28,09 15,15
61 Muniz Freire 36,62 30,68 21,86 17,10
62 São Domingos do Norte 36,23 - - -
63 Irupi 34,16 - - -
64 Divino de São Lourenço 33,46 22,62 14,18 9,51
65 Itarana 30,42 30,48 23,51 20,80
66 Vila Valério 29,50 - - -
67 Ibitirama 28,34 21,15 - -
68 Vargem Alta 28,33 27,66 - -
69 Rio Bananal 26,63 19,21 - -
70 Presidente Kennedy 26,48 20,29 10,32 4,45
71 Laranja da Terra 26,09 19,22 - -
72 Águia Branca 24,39 14,05 - -
73 Vila Pavão 23,33 - - -
74 Santa Leopoldina 19,79 15,07 10,73 6,91
75 Domingos Martins 19,05 21,49 18,98 14,96
76 Santa Maria de Jetibá 17,73 16,94 - -
77 Brejetuba 15,00 - - -
Fonte: Sistema Nacional de Indicadores Urbanos

ESPÍRITO SANTO

Percentual da Percentual da
Média de anos de
população acima população acima
estudo da
de 25 anos com de 25 anos com
Município população acima
menos de oito menos de quatro
de 25 anos
anos de estudo. anos de estudo.
(anos)
(%) (%)

Afonso Claúdio 2,9 88,3 62,2


Água Doce do Norte 2,5 91,6 67,1
Águia Branca 3 87,6 56,9
Alegre 4,2 77,7 49
Alfredo Chaves 4 82,6 46,2
Alto Rio Novo 2,3 91,9 66,3
Anchieta 3,9 83,9 49,5
Apiacá 3,3 87,1 58,1
Aracruz 4,7 74,1 43,2
Atilio Vivacqua 3,6 85,1 51
Baixo Guandu 3,5 82 55,6
Barra de São Francisco 3,2 84,9 58,9
Boa Esperança 3,2 87,3 59,3
Bom Jesus do Norte 4,9 71,8 39,9
17
Cachoeiro de Itapemirim 5,2 69,6 35,2
Cariacica 4,6 74,6 38,7
Castelo 4,3 80,1 43
Colatina 4,7 74,7 40,5
Conceição da Barra 3,1 85,3 62
Conceição do Castelo 3,5 85,9 51,3
Divino de São Lourenço 2,7 89,6 62,1
Domingos Martins 3,5 87,5 48,9
Dores do Rio Preto 3,1 87,9 59,3
Ecoporanga 2,5 87,3 67,7
Fundão 4 79,9 50
Guaçuí 4,4 74,7 47,7
Guarapari 4,9 73,5 38,9
Ibatiba 2,8 89,1 62,2
Ibiraçu 4,4 77,6 45,2
Ibitirama 2,5 89,9 66,2
Iconha 3,9 83,1 43
Itaguaçu 3,8 82,7 49,6
Itapemirim 3,7 81,2 51,8
Itarana 3,8 83,3 48,6
Iúna 3 88,4 62,1
Jaguaré 2,9 88,6 59,4
Jerônimo Monteiro 4,1 77,6 44,1
João Neiva 4,4 79 39,9
Laranja da Terra 2,8 91 59,7
Linhares 3,8 81,8 51,2
Mantenópolis 2,9 87,2 59,4
Marilândia 3,6 85,6 49,6
Mimoso do Sul 3,7 81,7 47,4
Montanha 3,5 82,4 57,7
Mucurici 2,8 86,6 64,3
Muniz Freire 3,2 86,7 55
Muqui 4,3 78,3 48
Nova Venécia 3,5 83,6 53,9
Pancas 2,9 89 61,9
Pedro Canário 2,9 85,6 63,3
Pinheiros 2,9 84,4 64,3
Piúma 4,3 77,1 46,4
Presidente Kennedy 2,7 91 61,9
Rio Bananal 3,3 88,8 51,4
Rio Novo do Sul 4,2 77,9 47,2
Santa Leopoldina 2,9 90,5 61,6
Santa Maria de Jetibá 2,7 93,6 61,4
Santa Teresa 3,8 84,3 46,8
São Gabriel da Palha 3,6 85,1 51,2
São José do Calçado 3,9 81,8 50,2
São Mateus 4,1 78,8 47,5
Serra 5,2 69 34,5
Vargem Alta 3,4 86,4 49,3
Venda Nova do Imigrante 4,1 81,8 43
Viana 4,1 81,6 43,5
Vila Velha 6,8 53,5 23,8
Vitória 8 44,6 20,5
Fonte: IBGE 2000.
18

N
Mortalidade até cinco
anos no Brasil
2000

ESCALA

0 2 4 60
Quilômetro

Figura 2 – Mortalidade até cinco anos no Brasil


Fonte: Atlas do IDH 2000.

Índice de atendimento
total de coleta de esgotos
2003

Figura 3 – Índice de Atendimento total de coleta de esgotos


Fonte: Sistema Nacional Sobre Saneamento – Ministério das Cidades, 2003
19

N
Percentual de
pessoas que vivem
em domicílios com
banheiro e água
encanada 2000

ESCALA

0 2 4 60
Quilômetro

Figura 4 – Percentual de Pessoas que Vivem que Vivem em Domicílios e água encanada, 2000.
Fonte: Atlas do IDH 2000.

N
Índice de
desenvolvimento
Humano municipal
IDH-M 2000

ESCALA
Fonte: Atlas IDH, 2000
0 2 4 60
Quilômetro
Figura 5 – Índice de desenvolvimento Humano municipal IDH-M 2000.
Fonte: Atlas do IDH 2000.
20
2.2. ELEMENTOS AMBIENTAIS DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO

O Estado do Espírito Santo ocupa uma área aproximada de 46078 km²,


equivalente a 0,53 % da área do Brasil, sendo pouco maior que o Estado do Rio
de Janeiro. Forma, junto com São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, o mais
importante pólo de desenvolvimento econômico e social do país: a Região
Sudeste.

A localização estratégica do Espírito Santo fica evidenciada quando se constata


que, num raio de 1.000 km, a partir da capital Vitória, encontram-se os
principais centros consumidores do país, numa área detentora de grande parte
do percentual do PIB brasileiro. Vitória dista 947 km de Brasília, 412 km do Rio
de Janeiro, 382 km de Belo Horizonte, 742 km de São Paulo e 836 km de
Salvador.

2.2.1. CARACTERIZAÇÃO GEOLÓGICA

A análise a nível estadual revela que o Estado possui uma geologia composta em
três grandes unidades sendo elas representadas pelas:

• Unidades do Pré-Cambriano: ou unidades primárias, caracterizadas por


rochas muito antigas (superior a 500 milhões de anos) e em algumas
regiões rochas com mais de 4 bilhões de anos. Essa unidade cobre parte
significativa do estado estando localizada no seu interior, fazendo parte da
borda do maciço brasileiro. As rochas mais representativas desta unidade
são os migmatitos, granitíodes e variada forma de granitos e gnaisses
(Figura 7).

• Unidades Terciárias: conhecidas como Formações/Grupo Barreiras,


ocupam uma faixa estreita se comparado com a unidade anterior.
Indicam formações sedimentares arenosas e areno-argilosas e distribui-se
na superfície do Estado seguindo uma faixa de direção norte-sul, entre a
unidade do Pré-Cambriano e das Unidades Quaternárias (Figura 7).

• Unidades Quaternárias: são caracterizadas por serem as formações mais


recentes, menos de um milhão de anos, acompanhando praticamente todo
o litoral. Está mais evidenciada na Planície Costeira do rio Doce, nas
formações de manguezais e pelas praias distribuídas pelo litoral capixaba.
Segundo Dominguez et al. (1981) a evolução das planícies costeiras
quaternárias na costa leste do Brasil e está relacionada a uma série de
eventos, sobretudo, das variações eustáticas e climáticas ocorridas no
período Quaternário sintetizado abaixo (Figura 6)

Num primeiro estágio ocorreu a deposição da Formação Barreiras durante


o Plioceno, quando o clima era mais seco e o nível do mar mais baixo que
o atual. Após este estágio ocorreu a transgressão marinha mais antiga e
a formação das falésias em sedimentos terciários. Com o clima voltando a
adquirir características semi-áridas ocorreram novos depósitos
continentais e leques aluviais. Em uma nova transgressão os sedimentos
continentais foram erodidos formando falésias e estuários.
21
Num outro momento, correspondendo ao evento regressivo subseqüente,
à transgressão anterior, foram construídos os terraços marinhos
pleistocênicos os quais foram afogados junto com as desembocaduras
fluviais na última transgressão marinha. Neste momento alguns vales na
Formação Barreiras foram escavados dando origem a estuários e ilhas
barreiras, tendo a sua retaguarda sistemas lagunares nos quais as
desembocaduras fluviais formaram deltas intralagunares a exemplo da
lagoa Juparanã, a maior do Estado.

Por fim, com o abaixamento de nível relativo do mar, que seguiu ao


máximo transgressivo de 5.100 anos A.P., traduziu-se na formação de
terraços marinhos, a partir da ilha barreira original, com progradação da
linha de costa chegando à forma atual da planície costeira do rio Doce.

Figura 6 - (A) caracterização da Planície Costeira do rio Doce antes de 5.100 anos
AP (antes do presente) com a o desenvolvimento de um sistema de ilhas-barreiras
associada à descida do nível do mar (clima mais seco) favorecendo o
desenvolvimento da planície. (B) Evolução da mesma em um estádio mais avançado
entre 4.200 e 3.900 anos A. P. evidenciada pelas prováveis paleodesembocaduras (A,
B, C, D e E) dos tributários e, posteriormente, pela interrupção pelas cristas praiais.
(C) Fase de erosão, relativa ao período 2.500 anos AP acompanhada de abandono das
paleodesembocaduras. Fonte: Martin et al (1997).
22
Em termos econômicos, há o destaque para extração de granitos (unidades pré-
cambriano) com os principais pólos localizados no norte do Estado e sul
(Cachoeiro do Itapemirim). Nas Unidades Terciárias (Formação/Grupo
Barreiras) há o destaque para usos diversos entre eles da monocultura de
Eucalipto no centro e norte do Estado.

2.2.2. CARACTERIZAÇÃO GEOMORFOLÓGICA

A caracterização geomorfológica do Estado Capixaba, apresentada a seguir


baseou-se, inicialmente, nos estudos realizados pelo Projeto RadamBrasil(1987)
Volume 32 (folhas SF.23/24 – Rio de Janeiro e Vitória) e Volume 34 (folhas
SE.24 – Rio Doce), adaptados para o presente panorama, acrescentado por
observações de campo realizadas neste e em outros trabalhos já realizados no
Estado.

Foram identificados três Domínios Morfoestruturais subdivididos em quatro


Regiões e cinco Unidades Geomorfológicas conforme tabela 4 abaixo:

Tabela 4 – Caracterização Geomorfológica do Estado do Espírito Santo

Domínios Morfoestruturais Regiões Unidades Geomorfológicas

Região Serrana Colinas e Maciços Costeiros Colinas e Maciços Costeiros

(Remanescentes de Cadeias
Patamares Escalonados do Sul Capixaba
Dobradas + Faixa de Dobramentos Mantiqueira Setentrional
Remobilizados) Maciços do Caparaó

Tabuleiros Costeiros
Tabuleiros Costeiros Tabuleiros Costeiros
(Depósitos Sedimentares 1)

Planície Costeira
(Depósitos Sedimentares 2) Planície Costeira Planície Litorânea

Fonte: adaptado do RadamBrasil volumes 32 e 34 (1983)

• Região Serrana: conforme a classificação utilizada no Projeto RadamBrasil


(1983), o embasamento cristalino compreende o domínio das Faixas de
Dobramentos Remobilizados caracterizados pelas evidências de movimentos
crustais, com marcas de falhas, deslocamentos de blocos e falhamentos
transversos, impondo nítido controle estrutural sobre a morfologia atual
(Figura 7).

Este controle estrutural pode ser evidenciado pelas observações das extensas
linhas de falhas, escarpas de grandes dimensões e relevos alinhados,
coincidindo com os dobramentos originais e/ou falhamentos mais recentes,
que por sua vez atuam sobre antigas falhas. O domínio está principalmente
representado no território capixaba por duas regiões geomorfológicas
distintas:
23
As Colinas e Maciços Costeiros: com o destaque para a “Unidade
Geomorfológica Colinas e Maciços Costeiros” encontrado ao longo da
costa entre a Formação Barreiras e os Patamares Escalonados do Sul
Capixaba, bem como entre a Formação Barreiras e o Maciço do
Caparaó. Possui como características área cristalina de topografia
deprimida, com reduzidos valores altimétricos, (inferior a 250 metros)
refletindo estruturas fraturadas e dobradas. As colinas apresentam
cobertura coluvial no topo e linhas de pedra (stone lines) angulosas e
também subarrendadas, predominando sedimentos areno-silltosos e/ou
areno-argilosos, notando-se em algumas dessas, a presença de
concentrações ferruginosas. Matacões e blocos ocorrem nas encostas
onde se registram espessuras significantes de colúvio.

Mantiqueira Setentrional – com o destaque para duas Unidades


Geomorfológicas. A primeira unidade denominada “Patamares
Escalonados do Sul Capixaba” compreende os setores da Mantiqueira
Setentrional com características morfológica de topos
predominantemente aguçados e ocasionalmente convexizados. Mesmo
separados entre si, constituem conjuntos de relevos que funcionam
como degraus de acesso aos seus deferentes níveis topográficos desde
o norte ao sul do Espírito Santo. A segunda unidade “Maciços do
Caparaó” apresenta-se como características de relevo grandes formas
alongadas de topos e encostas convexizados, onde se desenvolvem
alterações profundas, resultando em espessos mantos argilosos. As
maiores elevações localizam-se a oeste, na Serra do Caparaó que
culmina a 2.897m, no pico da Bandeira. A presença deste maciço é
totalmente anômala em relação aos relevos próximos onde a altimetria
média está na faixa dos 900 a 1.000m (Figura 8).

• Tabuleiros Costeiros – (Formação Barreiras)3 De acordo com o


RadamBrasil(1983) os Tabuleiros Costeiros no Espírito Santo, são limitados a
oeste pelas Colinas e Maciços Costeiros e a leste, na sua maior extensão,
entram em contato com o mar, com exceção na planície costeira do rio Doce.

No norte do Estado eles são mais largos extensos atingindo altitudes


superiores a 100 metros. Sede de cidades como Linhares, Aracruz, São
Mateus estão situadas em Tabuleiros (Figura 8).

Constituem-se relevos dissecados de topos aplainados a convexizados com


aprofundamento dos vales variando de 20 a 42 m em média, sua altimetria
varia de 16 a 45 m de altitude. Possui um sistema de drenagem com padrão
paralelo a subparalelo com canais largos que formam planícies coluvionadas
que se estendem por outras unidades geomorfológicas (Figura 8).

Junto à linha de costa os Tabuleiros Costeiros comumente apresentam-se


marcados por falésias ou paleofalésias. No primeiro caso as falésias
apresentam perfis intercalados por estratos ferruginizados, correspondendo a
antiga variação do nível do lençol freático, em função de flutuações do nível
do mar.

3
A designação Formação Barreiras são para os sedimentos de origem continental, pouco
consolidados, que estão dispostos em estreita faixa ao longo da área costeira e interior do continente,
abrangendo desde o Estado do Rio de Janeiro até o Pará, invadindo ainda o vale do Amazonas.
(Bigarella & Andradre 1964).
24

Espírito Santo
Geologia
Geomorfologia

Localização do Estado
no Brasil

ESCALA

0 2 4 60
Quilômetros

GEOLOGIA 3 grandes unidades: 1ª COMPLEXO CRISTALINO (pré-cambriano, com maior destaque na região serrana)
2ª GRUPO/FORMAÇÃO BARREIRAS (FB - TERCIÁRIO)
3ª BACIAS COSTEIRAS ou MARGINAIS (QUATERNÁRIO)

GEOMORFOLOGIA Destaque para 3 Domínios/Unidades Geomorfológicas


1ª REGIÃO SERRANA: caracterizado por rochas cristalinas pré-cambrianas, relevo acidentado e drenagem tipo
dendrítica

2ª TABULEIROS COSTEIROS: formado por sedimentos continentais da FB, dissecado por uma rede hidrográfica
subparalela, com vales amplos de fundo chato colmatados por sedimentos quaternários.

3ª PLANÍCIE COSTEIRA:(QUATERNÁRIA) área mais plana e baixa das 3 unidades, mais desenvolvida na
desembocadura do rio Doce.

PANORAMA DA DESERTIFICAÇÃO NO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO - 2005

Organização: Fonte:

André Luiz Nascentes Coelho RadamBrasil - 2003


Obs: 17,44 cm / 12,16 cm

Figura 7 – Geologia e Geomorfologia


25

Espírito Santo
Relevo
(características principais)

Localização do Estado
no Brasil

ESCALA

0 2 4 60
Quilômetros

REGIÃO SERRANA: topos predominantemente aguçados e ocasionalmente convexizados. As maiores


elevações localizam-se a oeste, na Serra do Caparaó (2.897m, Pico da Bandeira). A presença deste maciço
é totalmente anômala em relação aos relevos adjacentes de altimetria média e variada entre 300 a 1.000m.

TABULEIROS COSTEIROS: relevos dissecados de topos aplainados a convexizados com aprofundamento


dos vales variando de 20 e 40 m em média, sua altimetria média entre de 16 a 45 m. Possui um sistema de
drenagem com padrão paralelo a subparalelo.

PLANÍCIE COSTEIRA: área mais plana e baixa das 3 unidades, representadas principalmente pela Planície
Deltaica do rio Doce, formações de manguezais e pelas praias distribuídas pelo litoral capixaba. A altimetria
é inferior a 15m.

PANORAMA DA DESERTIFICAÇÃO NO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO - 2005

Organização: Fonte:

André Luiz Nascentes Coelho Embrapa (2000) e RadamBrasil (2003)


Obs: 17,44 cm / 12,16 cm

Figura 8 – Características Principais do Relevo do Espírito Santo.


26

Na base desses perfis encontram-se níveis areníticos calcificados do tipo


beach rock. As paleofalésias acham-se precedidas por terraços marinhos,
que, por sua vez, se apresentam recobertos por areias remobilizadas da linha
de praia, formando, em alguns casos, pequenas dunas.

Portanto na paisagem capixaba, estes depósitos apresentam-se em forma de


topos planos e convexizados e com declividade, rumo ao mar, obedecendo à
inclinação imposta pelas estruturas escalonadas presentes na costa.

• Planície Costeira: De acordo com a caracterização das Unidades Quaternárias


(no item Geologia), a Planície Costeira teve seu desenvolvimento diretamente
relacionado com os fenômenos glácio-eustáticos, ligados a variações
climáticas ocorridas no decorrer do quaternário que culminou no abaixamento
do nível do mar, favorecendo o desenvolvimento respectivo modelado relevo
(Figuras 7 e 8).

Exemplos principais desta forma de relevo no Estado é a Planície Costeira do


rio Doce, as áreas de formações de manguezais e as praias arenosas
distribuídas pelo litoral capixaba. Suas altitudes não ultrapassam os 15
metros. Parte dos municípios de Vila Velha, de Vitória, Linhares, Marataizes,
São Mateus entre outras cidades litorâneas estão sob as Planícies Costeiras.

2.2.3. CARACTERÍSTICAS CLIMÁTICAS

O Espírito Santo está situado na região tropical, possuindo um clima quente e


chuvoso, sem a presença de uma estação fria definida. De acordo com a
classificação de Köppen, (Figura 9) que leva em consideração os aspectos gerais
do regime das chuvas e das temperaturas, o Estado pode ser classificado em seis
tipos climáticos a seguir:

• Am –sem período de seca

• Aw – com seca no inverno

• CFa – com verão quente sem estação seca

• CFb – com verão brando e sem seca

• Cwa – com verão quente e com seca no inverno

• CWb – com verão brando e com seca no inverno.

Esta diversidade climática é justificada, sobretudo, pela posição geográfica


(latitude) e pelas características de relevo do Estado. Quanto a posição
geográfica o Estado está localizado em uma faixa intertropical do globo, entre as
latitudes 17º52’00”S e 21º14’38”S, marcado pelo encontro de massas de ar,
portanto, influenciado pelo Sistema Tropical Atlântico que predomina grande
parte do ano, como também, do Sistema Equatorial Continental, ocasionando
Linhas de Instabilidade a Tropical sobretudo no verão podendo provocar chuvas
intensas e duradouras com cerca de 60% do total das chuvas anuais.
27

Espírito Santo
Tipos Climáticos
(Classificação Köppen)

Localização do Estado
no Brasil

ESCALA

0 2 4 60
Quilômetros
Com Seca

Cwa Verão
Mesotérmico

Aw
Tropical

Com seca
Quente

Cwb Verão

Am Sem seca (encosta Cfa Verão


Sem Seca

Cfb Verão

PANORAMA DA DESERTIFICAÇÃO NO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO - 2005

Organização: Fonte:

André Luiz Nascentes Coelho Moraes - 1997


Obs: 17,44 cm / 12,16 cm
Figura 9 – Tipos Climáticos segundo Köppen no Estado do Espírito Santo
28
O relevo o Estado por apresentar as maiores elevações paralelas à linha de costa
sendo grande parte destas elevações, localizadas no interior, pelos tabuleiros,
colinas e planície Costeira.

Dessa forma, quase a totalidade do território capixaba apresenta-se


temperaturas médias anuais elevadas durante boa parte do ano e, mesmo nos
meses mais frios, as temperaturas médias são superiores a 18º C.

As médias anuais são em torno de 20º C e 25º C nas planícies litorâneas e em


direção ao interior do Estado até a cota 500m, ocupando a maior parte da área
do Estado, cerca de 80% e, grande parte de sua população. A exceção fica para
a Região Serrana que, eventualmente, alcança esta temperatura. O valor mínimo
médio dificilmente chega aos 15º C (Tabela 5).

Na tabela 5 e Figura 10 de média de temperatura mensal por décadas foram


elaboradas a partir de dados disponibilizados de séries históricas fornecidos da
Incaper das seguintes estações: Alfredo Chaves, Aracruz, Boa Esperança,
Itarana, Ecoporanga, Venda Nova do Imigrante, Rio Bananal e Muniz Freire,
confirmando as elevadas temperaturas encontradas em diferentes pontos do
Estado4.

Tabela 5 – Média de Temperatura Mensal por Décadas


Ecopo- Boa Muniz Alfredo
Ano Rio Bananal Venda Nova Itarana Aracruz
ranga Esperança Freire Chaves
1980 24,6 22,6 19,5 23,5 25,2
1981 23,8 21,9 19,2 22,3 23,4 24,9
1982 23,5 26,0 22,6 19,6 23,8 23,2 24,7
1983 23,4 22,6 20,0 24,6 24,0 25,3
1984 23,8 25,1 22,4 19,7 25,5 24,1 25,4
1985 22,8 24,4 21,7 19,4 24,2 23,4 24,5
1986 23,9 24,2 24,0 22,5 19,8 25,0 24,0 26,5
1987 24,5 25,1 25,1 22,9 20,1 25,4 24,4 25,9
1988 26,3 24,5 24,0 22,4 19,7 24,7 23,7 25,0
1989 24,3 24,3 24,2 22,3 19,5 24,6 23,8 25,4
1990 24,7 24,9 24,7 23,0 20,2 25,4 24,4 25,2
1991 23,3 23,9 23,8 22,3 20,1 24,4 23,5 25,0
1992 23,0 24,0 23,0 22,2 20,4 24,3 23,5 24,9
1993 23,6 24,7 24,0 23,1 20,7 25,3 24,3 25,7
1994 23,4 24,5 23,9 23,1 20,2 23,0 24,2 25,7
1995 25,6 24,2 24,4 23,2 20,5 25,4 24,6 25,9
1996 23,1 23,5 24,2 22,8 19,8 24,8 24,3 25,2
1997 23,9 23,5 24,2 23,0 20,0 24,7 24,5 25,5
1998 24,4 26,0 24,7 23,0 20,5 25,3 25,7
1999 25,2 25,0 23,8 22,0 19,8 25,2 23,8
2000 22,5 24,8 24,2 22,0 19,7 24,7 25,4
2001 24,2 25,0 24,3 22,9 20,2 25,2 24,6
2002 23,9 25,1 24,1 22,8 20,7 25,4 23,8
2003 23,7 25,1 24,2 22,7 20,1 25,5 21,1
2004 24,8 24,2 23,4 22,1 19,5 24,7 23,6
Média no
24,0 24,6 24,1 22,6 20,0 24,7 23,9 25,0
período
Fonte: Incaper (2005).
Obs: os espaços em branco sem informações

4
Somente os dados destes municípios que foram disponibilizados.
29
30

Espírito Santo
Temperaturas
(Médias Anuais)

Localização do Estado
no Brasil

ESCALA

0 2 4 60
Quilômetros

Temperaturas Médias Anuais

PANORAMA DA DESERTIFICAÇÃO NO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO - 2005

Organização Fonte:

André Luiz Nascentes Coelho Moraes - 1997


Obs: 17,44 cm / 12,16 cm

Figura 11 – Temperaturas Médias Anuais no Estado do Espírito Santo.


31
Uma análise preliminar da Tabela 5, revela um dado importante, apesar das
variações de temperaturas durante as décadas. A linha tendência de
temperatura revela que há um acréscimo de temperatura de pelo menos um
grau nesses vinte anos da estação de Rio Bananal. Outro exemplo fica para a
região de Venda Nova apontando a linha de tendência de temperatura com
acréscimo para região serrana.

Também o mapa anterior (Figura 11), revela as temperaturas médias anuais


superiores a 20 Cº em grande parte do Estado, inclusive para a região sudeste
do Estado (Bacia do rio Itapemirim).

Esta característica térmica coincide exatamente com a variação pluviométrica.


Por isso, a média da precipitação anual se distribui decrescendo do litoral para a
parte central do Estado e desta para o extremo oeste, com exceção de algumas
zonas da Região Serrana (Figura 11) onde a precipitação apresenta maiores
taxas, ao invés de diminuir, devido ao efeito de barlavento ou orografia.

Esta dinâmica que responde pela variação das taxas de pluviosidade e


temperatura nas diferentes porções do Estado e é uma conseqüência da
distribuição e influência dos compartimentos geomorfológicos e da maneira como
os sistemas de circulação atmosférica são orientados ao penetrarem sobre o
território do capixaba.

Quanto à estação seca não é tão pronunciada próximo ao litoral pelo fato de
haver influencia da penetração de massas de ar frias do inverno. Porém, as
precipitações não são tão abundantes no verão pelo fato de se tratar de uma
zona de transição entre os tipos climáticos entre o Am, com precipitação no
verão com estação seca no Inverno e do tipo Aw de estação seca. Esta estação
seca é notada mais a noroeste e parte do sul do Estado com o predomínio do
clima tropical com um período de seca marcado por chuvas escassas (Figura 9).

De maneira geral, o mês mais frio no Estado é o de junho, o mês mais quente é
o de fevereiro, sendo que o período mais seco coincide exatamente com os
meses de inverno e o período mais chuvoso com o final da primavera e início do
verão. Fatores como latitude, altitude, circulação atmosférica e maritimidade,
respondem pela regularidade diferencial dos elementos climáticos condicionando
uma relativa distribuição e intensidade dos mesmos (RadamBrasil 1987).

Na tabela 6 e Figura 12 de pluviosidade média por décadas foram elaboradas a


partir de dados disponibilizados de séries históricas fornecidos da Incaper das
seguintes estações: Alfredo Chaves, Aracruz, Boa Esperança, Itarana,
Ecoporanga, Venda Nova do Imigrante, Rio Bananal, Murici, Muniz Freire e Santa
Tereza, mostrando variações de precipitação mensal entre 78 mm e 131mm
diferentes pontos do Estado5.

A opção pela escolha do cálculo médio de precipitação mensal por décadas é


devido ao fato de praticamente todas as estações não terem os dados de totais
de precipitações mensais. O cálculo tomou como base à soma de todas
precipitações mensais de cada município dividido pelo número de ocorrências,
achando a precipitação média no ano, que por sua vez foi tirada a precipitação
média da década. Ex: 1990.

5
Somente os dados destes municípios que foram disponibilizados.
32

Tabela 6 – Média Mensal de Chuvas por Década

Rio Ecopo- Boa Espe- Muniz Venda Santa Alfredo


Ano Murici Itarana Aracruz
Bananal ranga rança Freire Nova Tereza Chaves
1980 84,9 126,4 112,4 108,3 127,2 68,8 168,5 127,3
1981 121,6 150,7 129,4 129,3 153,0 125,9 118,5 124,4
1982 89,5 74,9 123,7 191,0 119,0 91,9 55,8 101,2 130,8
1983 133,8 102,9 134,7 124,9 154,1 181,6 99,0 163,0 178,5
1984 101,6 62,4 95,2 118,8 135,0 108,9 96,9 124,1 174,4
1985 109,3 94,0 104,5 144,8 165,6 131,8 78,8 124,9 200,8
1986 66,7 60,9 65,5 110,9 84,2 105,1 72,9 49,3 71,7 104,6
1987 108,3 65,8 110,6 60,2 87,2 125,8 108,8 80,3 119,6 146,2
1988 95,0 55,6 26,9 67,4 86,2 90,5 91,3 68,2 112,3 124,5
1989 97,3 68,0 90,4 81,0 102,3 118,1 119,4 94,3 128,8 112,2
1990 69,4 63,3 81,8 63,1 97,0 110,9 74,6 60,7 80,2 101,4
1991 109,4 120,8 160,2 107,0 121,6 127,9 134,2 91,9 121,5 167,6
1992 81,1 97,9 198,0 144,4 109,6 131,8 152,9 107,1 157,2 146,4
1993 89,1 63,1 87,8 66,2 91,9 95,8 64,4 78,2 75,0 107,8
1994 126,7 51,7 111,5 74,0 112,2 120,7 124,4 73,6 102,5 162,0
1995 108,2 64,8 93,6 81,0 121,9 111,9 119,9 127,9 124,8 151,6
1996 116,4 51,9 74,7 53,7 121,4 106,7 122,9 92,0 124,2 113,4
1997 113,9 60,3 109,8 67,7 108,0 135,6 123,4 105,8 142,1 114,0
1998 81,2 58,0 76,5 59,7 105,2 134,3 93,4 74,7 118,1
1999 92,9 90,6 101,2 88,3 108,3 88,5 88,5 87,0 109,8
2000 82,2 94,1 127,3 113,7 120,3 125,8 104,3 86,3 128,8
2001 74,3 76,6 102,5 86,7 91,9 117,8 144,0 99,4 80,7
2002 91,4 90,9 148,1 92,0 114,7 125,6 98,4 78,4 106,1
2003 95,6 66,8 89,9 68,6 96,8 113,7 69,0 43,0 107,7
2004 135,0 118,0 142,7 162,2 156,6 155,2 129,4 108,7 139,5

Média no
período
98,6 78,4 109,4 86,7 114,3 122,1 113,2 85,3 120,0 131,1

Fonte: Incaper (2005).


Obs: os espaços em branco sem informações

A análise da Figura 12, (abaixo) revela uma variação média mensal de


precipitação por décadas bastante variável. Revela também a partir da curva de
tendência que as quantidades de chuvas no Estado tem sofrido reduções a
exemplo do município de Aracruz.

Ressaltamos (e reconhecemos) que estes dados não são satisfatórios e que para
uma análise mais consistente das linhas tendências (tanto de temperatura e
precipitação) seria melhor aplicada em um espaço de tempo de no mínimo 30
anos, e ainda, em cada um dos municípios. Mesmo assim, decidimos mostrar a
situação pelo menos parcial, de algumas estações climáticas do Estado.
33
34

Outra análise pontual do Município de Muniz Freire revela que a linha de


tendência no sul do Estado apresenta uma queda para precipitação (Figura 13) e
aumento de temperatura (Figura 14) a partir da análise dos últimos 20 anos.

190

180

170

160
média m m /década

150
140

130

120

110

100

90

80
1980
1981

1982
1983
1984

1985
1986
1987
1988

1989
1990
1991

1992
1993
1994

1995
1996
1997

1998
1999
2000
2001

2002
2003
2004
Ano

Muniz Freire Linear (Muniz Freire)

Figura 13 – Curva de Tendência Mostrando a queda na quantidade de precipitação nos últimos anos no
município de Muniz Freire Sul do Estado.
Fonte de dados: Incaper (2005).

23,5
23,2
23,1

23,1
23,0

23,0

23,0
22,9

22,9
22,8

22,8

23,0
22,7
22,6

22,6

22,6

22,5
22,4

22,4

22,3

22,3

22,5
22,2

22,1
22,0

22,0
21,9

22,0
21,7

21,5
1980

1981

1982

1983

1984

1985

1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

Muniz Freire Linear (Muniz Freire)

Figura 14 – Curva de Tendência mostrando o acréscimo de temperatura nos últimos anos no


município de Muniz Freire Sul do Estado.
Fonte de dados: Incaper (2005).
35
2.2.4. BACIAS HIDROGRÁFICAS

Segundo o Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos – IEMA


(2003) o Estado do Espírito Santo está dividido oficialmente em 12 Unidades
Administrativas de Recursos Hídricos ou Bacias Hidrográficas sendo elas:
Itaúnas, São Mateus, Doce, Riacho, Reis Magos, Santa Maria da Vitória, Jucu,
Guarapari, Benevente, Novo, Itapemirim e Itabapoana. (Tabela 7).

Dessas doze Bacias quatro são de domínio federal6 (rio Doce, rio São Mateus, rio
Itapemirim, rio Itabapoana). Com exceção da Bacia do Rio Itabapoana as três
bacias são as de maior expressão espacial no Estado com o destaque para a
Bacia do Rio Doce que ocupa uma área aproximada de 15.807 Km² e cerca de
33,39% do Estado e uma vazão média anual superior a 900m3/s (ANA, 2000).

É notável o traçado da rede hidrográfica do Estado que percorre praticamente o


sentido Oeste-Leste justificado pelas características de relevo com as maiores
altitudes localizadas no interior do Estado e também pelo formato do território
capixaba que não ultrapassa 260km (sentido O-E). Dessa forma, os rios mais
expressivos em termos de disponibilidade de água superficial e ocupação de área
em Km2 possuem suas nascentes fora do Estado (Figura 15).

Tabela 7 – Bacias Hidrográficas do Estado do Espírito Santo

Nº ÁREA
NOME DA BACIA PERCENTUAL RIOS PRINCIPAIS
KM

01 Rio Itaúnas 4.426 9.58% Rios Itaúnas, Argelim, Preto

02 Rio São Mateus 7.690 16.65% Rios São Mateus Braço Sul e Braço Norte

03 Rio Doce 15.768 34.14% Rios Doce, Joel e Santa Joana

04 Rio Riacho 1.976 4.28% Rio Riacho

05 Rio Reis Magos 1.105 2.39% Rio Reis Magos

Rios Santa Maria da Vitória, Claro, S. Luis, Bonito,


Rio Santa Maria da
06 1.735 3.76% Prata, Timbuí, Mangaraí das Pedras, Caramuru,
Vitória
Triunfo, Jequitibá, Farinhas, Fumaça

Rios Jucu, Jucu Braço Sul, Barcelos, D’Antas, Ponte


07 Rio Jucu 2.226 4.82%
Melgaço, ribeirão Tijuco Preto

08 Rio Guarapari 343 0.74% Rio Guarapari

09 Rio Benevides 1.244 2.69% Rios Benevides e Pongal

10 Rio Novo 780 1.69% Rio Novo

11 Rio Itapemirim 5.949 12.88% Rios Itapemirim, Castelo, Muriqui do Norte

6.38%
12 Rio Itabapoana 2.972 Rio Itabapoana

Fonte: SEAMA

6
De acordo com o Artigo 20, parágrafo III da Constituição Federal
36

Espírito Santo
Bacias
Hidrográficas

Localização do Estado
no Brasil

ESCALA

0 2 4 60
Quilômetros

Regiões Hidrográficas

Itaúnas Jucú

São Mateus Guaraparí

Doce Benevente

Riacho Rio Novo

Reis Magos Itapemirim

Santa Maria da Vitória Itabapoana

PANORAMA DA DESERTIFICAÇÃO NO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO - 2005

Organização e Desenho: Fonte:

André Luiz Nascentes Coelho IEMA - 2004


Obs: 17,44 cm / 12,16 cm
Figura 15 – Bacias Hidrográficas do Espírito Santo.
37
Uma análise de vazão dos principais rios (rio São Mateus – braço norte, rio Doce
e rio Itapemirim) que correm pelo Estado é apresentada na forma de gráfico com
linha de tendência.

Tal análise foi realizada com os dados disponibilizados pela ANA - Agência
Nacional das Águas (disponível em: http://hidroweb.ana.gov.br/, acesso em 22
out, 2005). A metodologia para a análise partiu dos dados de média mensal dos
rios, que por sua vez, achou-se a média anual calculando, em seguida, a média
mensal por década.

Resultados mostram que todos os rios pesquisados apresentam uma queda na


vazão média, coincidindo com as quedas de precipitação média e aumento das
temperaturas médias anuais.

No caso do rio São Mateus – braço norte revela que no seu alto curso, no
município de Ecoporanga há uma queda de vazão. Essa tendência de queda é
justificada, possivelmente, pelas mudanças de temperatura na região associada
a um uso do solo inadequado nos últimos anos, a exemplo os desmatamentos.

Rio São Mateus Braço Norte: Média Vazão Mensal por Década (Estação Fz São Mateus - 55800005 )
Município: Ecoporanga

68,6
70
60
45,2
39,7
39,3

50

34,9
31,9
30,8

30,2
40
27,1

20,7

30
17,7

17,3

16,1
14,1

20
8,3

5,8
10 5,2

0
1980

1981

1982

1983

1984

1985

1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997
Ano

Rio São Mateus Linear (Rio São Mateus)

Figura 16 – Curva de Tendência indicando a queda da vazão média do rio São Mateus – braço Norte.
Fonte de dados: ANA (2005).

O rio Doce como já mencionado, o rio de maior disponibilidade de água no


Estado é o que apresenta as maiores quedas de vazão nos últimos anos (figura
17).

Tal fato se deve pelos usos inadequados do solo ao longo da bacia sendo que os
mais significativos são: desmatamentos, crescimento urbano, retirada de água
de forma descontrolada, transposição.

Há o destaque para a construção da Usina Hidrelétrica de Aimorés, divisa de


Minas Gerais e Espírito Santo, a maior usina da bacia, que sem dúvidas irá
provocar uma situação mais delicada a jusante da barragem a partir do controle
de vazão das águas, agravado nos períodos prolongados de estiagem.
38

Rio Doce: Média Vazão Mensal por Década (Estação Colatina - 56994500 ) Município: Colatina

1409,1
1500

1231,3
1400

1107,4
1300
1200

994,1
1100

851,8

836,5
824,8

1000

780,4

771,3

750,1
900 736,7

647,5
640,2

635,8
800

618,8

571,0
700

507,1
600

410,8
500
400
1983

1984

1985

1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001
Ano

Rio Doce Linear (Rio Doce)

Figura 17 – Curva de Tendência indicando também a queda da vazão média do rio Doce, município de
Colatina.
Fonte de dados: ANA (2005).

No rio Itapemirm em baixo curso munícipio de mesmo nome nota-se também


uma queda de vazão média (Figura 18).

Rio Itapemirm: Média Vazão Mensal por Década (Estação Usina Paineiras - 57580000 )
Município: Itapemirim
143,4

140
130
106,4

120
103,7

103,2
100,7

110
89,9
87,5

100
84,7

83,0

78,4

90
77,0
75,0

72,2

80
67,2
65,1

62,4

60,8

59,9

59,8
57,8

70
53,6

60
41,3

50
40
1980

1981

1982

1983

1984

1985

1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

Ano

Rio Itapemirim Linear (Rio Itapemirim)

Figura 18 – Curva de Tendência indicando também a queda da vazão média do rio Itapemirim.
Fonte de dados: ANA (2005).
39
2.2.5. DÉFICIT HÍDRICO

A análise Déficit Hídrico (chuva/ano) revela a maior carência de chuvas em


alguns pontos do Estado com os menores valores precipitação variando entre -
350 mm a -550 mm notadamente em três regiões do estado:

• Norte: compreendendo os municípios de Eporanga, Mucuricí, e Montanha;

• Centro-oeste: municípios de Água Doce do Norte, Barra de S. Francisco,


Colatina, Baixo Gandu, Itaguaçu e S. Roque do Canaã, Nova Venêcia;

• Sudeste: municípios de Cachoeiro de Itapemirim, Itapemirim, Marataízes


e Presidente Kennedy.

Apesar de ocupar uma estreita área territorial, cerca de 7,80% do Estado com
cerca de 15 municípios há a preocupação quanto à ampliação dessas áreas
devido ao manejo inadequado do uso solo juntamente com os períodos mais
críticos de estiagem (que pode estender até um ano) assim, comprometendo os
pequenos cursos d’água na região (Figura 19).

Nota-se um também um déficit hídrico de menor intensidade entre -50mm a -


349 mm, porém o mesmo maior parte do Estado (cerca de 60,17%) afetando
grande parte da população rural, agravado provavelmente, pelo uso inadequado
do solo (pastagens e monoculturas).

Há o destaque para o Excedente de chuvas/ano, cerca de 32,03%, parte centro-


sul, sudoeste (na maior parte) e alguns pontos a noroeste do Estado, parte do
município de Pancas, Alto Rio Novo, Mantenópolis e Água Doce do Norte,
notadamente à Região Serrana do Estado com altitudes superiores a 450m com
clima mais ameno e precipitações mais regulares.

Uma análise geral do Estado revela um quadro bastante preocupante. Aponta


que 68% do Estado apresenta um déficit hídrico sendo desses 68%, 7,8% do
território capixaba o déficit é inferior a -350mm.

Portanto, a análise somente do déficit hídrico por si só revela um quadro


bastante delicado em que o estado capixaba se encontra, necessitando portanto
de iniciativas que evitem a ampliação das áreas mais críticas (Figura 6) e
estudem alternativas para reverter tal situação, como a utilização do solo de
forma mais adequada.
40

Espírito Santo
Déficit Hídrico

Localização do Estado
no Brasil

ESCALA

0 2 4 60
Quilômetros

Déficit Hídrico
Balanço Hídrico (mm) {P-ETP}

Déficit - 350mm a - 550mm ( 7,80% do Estado )

Déficit - 50mm a - 349mm ( 60,17% do Estado )

Excedente + 50mm a + 1000mm ( 32,03% do Estado )

PANORAMA DA DESERTIFICAÇÃO NO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO - 2005

Organização: Fonte:

André Luiz Nascentes Coelho INCAPER - 1997


Obs: 17,44 cm / 12,16 cm
Figura 19 – Déficit Hídrico no Estado do Espírito Santo.
41
2.3. PROGRAMAS E PROJETOS EXISTENTES

Estão em curso no Estado vários projetos e programas governamentais e da


sociedade civil cujo objetivo é atender a melhoria da qualidade de vida das
populações pautados em várias das demandas que emergem com a discussão
relativa aos problemas do semi-árido e apontadas nas oficinas.

Apresentamos abaixo um quadro síntese dos projetos governamentais e da


sociedade civil e quadros explicativos mais adiante.

Quadro síntese 2

Tipologia de Projetos Governamentais e parcerias

PROJETOS
TEMAS

- Projetos de recuperação de nascentes


- Resíduos Sólidos
- Projeto Águas Limpas
2.3.1. Qualidade e acesso à - Barragens – outorga
água - Grupo de Estudos e ações em Recursos
Hídricos – GEARH – Bacias do Rio Doce e
Itaúnas
- Água como fator de desenvolvimento no
norte do ES

2.3.2. Preservação da Mata - Corredores Ecológicos


Atlântica - Plano de Fiscalização da Mata Atlântica

2.3.3. Agricultura Familiar - Prorenda rural


- Agricultura Familiar Orgânica

2.3.4. Específicos do Semi- - Pacto Nacional Um Mundo Para A Criança E


Árido - O Adolescente Do Semi-Árido
42
2.3.1. QUALIDADE E ACESSO À ÁGUA

Quadro 1

Projetos De Recuperação De Nascentes

Parceria entre:

- Ministério Público - o objetivo do projeto no Espírito Santo é o


Estadual (MPE), através reflorestamento de 300 hectares com 250 mil
do Centro de Apoio mudas de Mata Atlântica, fornecidas pela CVRD.
Operacional de Defesa do - é previsto o fornecimento de formicidas, arames
Meio Ambiente com o e estacas para cercar os plantios.
Programa de Revitalização
de Nascentes; - Em Nova Venécia: projeto Nova Vida:
recuperação de 48 áreas com nascentes em 32
propriedades com 39mil mudas nativas.

- Prefeitura - também está prevista recuperação de áreas


degradadas e represas numa área de 32 hectares
(1ª fase)

- Produtores Rurais - 40 novos produtores rurais aderiram ao


(assinam um termo de programa e para isso serão necessárias mais 45
compromisso) mil mudas.

Técnicos do Incaper, Idaf Orientação do plantio das mudas


e Iema

Parceria entre
MPE Faz parte do projeto de revitalização das
e Nascentes nas Bacias Hidrográficas do Espírito
Aracruz Celulose Santo do MPE
Recuperação de Pinheiros
Nascentes Mucurici
IEMA Pedro Canário

Quadro 2

Resíduos Sólidos

Parceria: Análise da área destinada a lixões


Iema Encaminhamento de ações para
MPE diminuição de impactos
Municípios Termo de Ajustamento de Conduta

Até outubro de 2005 – 43 municípios Não há legislação específica para


vistoriados resíduos sólidos
43

Quadro 3

Projeto Águas Limpas

Monitoramento dos Recursos Hídricos

IEMA Redimensionamento e modernização


da rede de monitoramento
hidrometereológica do Estado do ES

Quadro 4

Barragens - Outorga

Iema
Disciplina o processo de outorga
Instrução Normativa publicado em 06/10/2005

Quadro 5

Grupo De Estudos E Ações Em Recursos Hídricos - Gearh

Parceria entre:
O grupo de estudos fez diagnóstico das disponibilidades
Ipes hídricas nas Bacias do Rio Doce e Itaúnas
Incaper (Relatório Final do Grupo de Trabalho Cheias do Rio Doce
Iema de março de 2005 – utilizado pela CTGC)
UFES – Depto de
Hidráulica e Está dentro do programa de prevenção às cheias do Rio
Saneamento do Doce
Centro
Tecnológico Edimilson Teixeira é coordenador do programa

Câmara Técnica Propor diretrizes, planos e programas para minimizar os


de Gestão de efeitos das cheias;
Cheias Acompanhar outros, projetos obras e ações relacionadas
(CTGC) com a ampliação, modernização e integração de Sistemas
mínimo 7 e de Alertas Contra Enchentes em Operação na Bacia do Rio
máximo 15 Doce
membros Propor e acompanhar ações a serem implementadas no
Plano de Bacia Hidrográfica
44
2.3.2. PRESERVAÇÃO DA MATA ATLÂNTICA

Quadro 6

Projeto Corredores Ecológicos

IEMA/SEAMA - foram definidas 10 áreas


prioritárias no Espírito Santo
MMA
- foram estabelecidos vários
IDAF sub-projetos

INCAPER - Figura 20 com os corredores


prioritários no Espírito Santo.
IBAMA

POLÍCIA AMBIENTAL

GTZ E COOPERAÇÃO TÉCNICA


ALEMÃ

BIOSFERA MATA ATLÂNTICA


UNESCO

Quadro 7

Plano De Fiscalização Da Mata Atlântica

Parceria: Identificação de pontos de


degradação
Projeto Corredor Ecológico da Mata
Atlântica / MMA/ IEMA Em 1994 foram identificados 339
pontos de devastação
IBAMA
Principais agressões: desmatamento,
Polícia ambiental (sobrevôos) corte seletivo e brocagem,
queimadas, mineração, barragens,
Núcleo aéreo da Polícia Militar lixões
45

PROJETO CORREDORES ECOLÓGICOS

Figura 20 – Destacando os Corredores Prioritários no Espírito Santo


46

2.3.3. AGRICULTURA FAMILIAR

Quadro 8

Agricultura Familiar - Programa Prorenda Rural

Programa:
INCAPER Programa Prorenda Rural – ES
DLS
GTZ
SEAG Organizações governamentais e não
governamentais apóiam de forma
Parceiras: efetiva processos de desenvolvimento
FETAES local sustentável nas áreas de
APTA agroecologia, estruturas de auto-
SEMENTES gestão, educação rural diferenciada e
MEPES gênero.
CHÃO VIVO
CONSÓRCIO CAPARAÓ

No ano de 2000, foi implantado, no estado do Espírito Santo, através da


cooperação técnica firmada entre os Governos do Brasil e da Alemanha, o
Projeto de Desenvolvimento Local Sustentável (DLS), antigo Prorenda, tendo
como foco principal o fortalecimento da agricultura familiar.

O projeto foi divido, inicialmente em duas fases:

1a – capacitação dos agricultores – prazo até o ano de 2003


2a – ações para reduzir as disparidades sociais, melhorar a qualidade de
vida das famílias rurais e contribuir para a proteção do meio ambiente e
dos recursos naturais. Prazo previsto para o ano de 2006.

No estado, o órgão responsável pelo DLS é a Secretaria de Estado de Agricultura,


Abastecimento, Aqüicultura e Pesca- SEAG, através do INCAPER. O projeto
recebe recursos da Agência de Cooperação Técnica Alemã- GTZ e é gerido pela
Empresa de Consultoria Alemã –GFA em parceria com a SEAG- INCAPER.
Representado a sociedade civil está a Federação dos Trabalhadores Rurais -
FETAES.
47
O DLS tem como parceiros a Associação de Projetos e Tecnologias Alternativas –
APTA, Gerência da Agricultura Orgânica e a Secretaria de Agricultura
Familiar/PRONAF, Certificadora CHÃO VIVO, Sindicato dos Trabalhadores Rurais
de Colatina, Fundação Sementes e Consórcio Caparaó.
O DLS está estruturado em quatro linhas de ação:

1. Agroecologia
2. Conselhos e Desenvolvimento Territorial
3. Educação do Campo e Gênero
4. Parcerias Ambientais

Quadro 9

Agricultura Familiar Orgânica

Parceria:
Levantamento da cadeia produtiva da
SEAG agricultura orgânica no Estado do Espírito
INCAPER Santo, Dezembro de 2004.
DLS
GTZ Vide referência bibliográfica e Figura 21
GFA

De acordo com o conceito de desenvolvimento local sustentável, a agricultura


familiar tem a função de gerar renda, cria ocupações produtivas, preservar o
meio ambiente, reduz as desigualdades sociais promovendo a integração da
comunidade.

O produtor é o responsável direto pela gestão da unidade, do trabalho e da


propriedade dos principais meios de produção, mas não necessariamente da
terra.

O produto orgânico com selo/certificado de origem deve manter a diversidade de


culturas na produção de seus próprios insumos, (sementes,adubos etc) e usar
métodos de controle e manejo natural preservando o equilíbrio ambiental.
48

Unidades certificadas
Unidades em processo de conversão
Grupos de agricultores agroecológicos
Empresas certificadas / em conversão

Figura 21 - Localização dos municípios /microrregiões, com presença de agricultores orgânicos


/agroecológicos/ empresas- certificados e em conversão
Fonte: DLS/Prorenda.Diagnóstico da Agricultura Familiar Orgânica, 2004.
49

2.3.4. ESPECÍFICOS DO SEMI-ÁRIDO

Quadro 10

Pacto Nacional Um Mundo Para A Criança e o Adolescente Do Semi-Árido

Parceiros:

Unicef –
Fundo das Nações Unidas para a Colocar a infância e a adolescência da
Infância região como prioridadel nacional e no
centro da agenda política dos estados
Governo Federal e municípios.

Governos dos seguintes estados(11


estados das ASD): Alagoas, Bahia,
Ceará, Espírito Santo, Maranhão, Municípios do ES que participam:
Minhas Gerais, Paraíba, Pernambuco, 29 municípios do Norte do Estado (a
Piauí, Rio Grande do Norte, Sergipe partir do Rio Doce, incluindo São
Roque do Canaã)
Conanda
Abrinq
ANDI
ASA
RESAB

Quadro 11

Programa De Cisternas

P1MC
Programa de Formação e Mobilização
Social para Convivência com o Semi-
ASA Árido: Um milhão de Cisternas Rurais.
IDES-SAPÊ

(E PARCERIAS) Neste processo é abordada a


convivência com o semi-árido,
gerenciamento dos recursos hídricos,
construção de cisternas,
gerenciamento de recursos públicos
advindos do P1MC
50
2.3.5. PROJETOS DA SOCIEDADE CIVIL ORGANIZADA COM PARCERIAS

Quadro 12

Síntese Dos Projetos Da Sociedade Civil E Parceiros

Educação:
Pronera em parceria com INCRA
EJA – Educação de Jovens e Adultos
Pedagogia da Terra
MST Curso Técnico em Agroecologia
Cidap

Terra:
Projeto Terra Sol – infraestrutua diversos
Projetos nos assentamentos e
acampamentos
Caritas em parceria com MDS Talher – Rede de Educação Popular

MPA
Parceria com ministério das Moradia camponesa
cidades e FGTS
APTA Projetos de Agroecologia
MPA Projeto de Demarcação de Terras
Incra Quilombolas
UFES
MDS, MDA e Parceiros Pronafs

MMA Capacitação e pesquisa em ecologia

CIMA Ações de preservação ambiental

ATES Assessoria Técnica Ambiental


APZAM Projeto experimental de criação de tilápia
em tanque rede – São Mateus
RACEFAES Educação Do Campo
MDA Assistência Técnica Rural
Secretaria Estadual da
Educação
CIER Vila Pavão, Boa Esperança, Águia Branca
Hoje CEIER (educação do campo)
Associação dos Caciques - estudos sobre qualidade de água
Tupiniquins E Guaranis - projetos de recuperação de raízes
culturais

Asociação do Quilombolas de - projetos em saúde, educação e


São Mateus e Conceição da recuperação de raízes culturais
Barra
ASA GT DESERTIFICAÇÃO
51
2.3.6. OUTROS PROJETOS DE ÂMBITO ESTADUAL/FEDERAL

• Plano Nacional De Gerenciamento Costeiro

Foi estabelecido pela lei 5.816 de 1998 e tem como objetivo estabelecer o
ordenamento de atividades e usos de zonas costeiras gerando
instrumentos de gestão. Encontra-se em proposta do Ministério do Meio
Ambiente se fazer o zoneamento econômico-ecológico costeiro, bem como
o estabelecimento de planos de gestão integrados no Estado do Espírito
Santo, inclusive com o ordenamento territorial.

• Unidades De Conservação

Existe um Grupo no Instituto Estadual do Meio Ambiente e Recursos


Hídricos - IEMA que analisa os parâmetros para criação e manejo das
unidades de conservação no Estado do Espírito Santo. Uma das ações
ainda é a avaliação das Unidades de Conservação implantadas com o
objetivo de se ter um marco inicial para evoluir na otimização de seu
gerenciamento.

• Recuperação De Áreas Degradadas

Estão sendo realizadas reuniões no IEMA para se decidir qual será o


público alvo para os Workshops sobre o tema. Para a elaboração do
estudo dividiu-se o Estado em seis fitofisionomias e, após o levantamento
das informações disponíveis serão chamadas as lideranças em cada uma
das áreas para eleger as espécies mais recomendadas para a recuperação
de áreas degradadas em cada uma das áreas.

O produto final é a normatização dos projetos de recuperação de áreas


degradadas de acordo com as características de cada região homogênea,
ou seja, como reflorestar estas áreas. No entanto, o maior empecilho para
se realizar estas ações é a falta de apoio financeiro e institucional aos
estudos, que por enquanto restringe-se ao IEMA.

• Regularização E Levantamento Dos Loteamentos

Existe um grupo formado pelo SEPES e IEMA que se dedica a levantar e


regularizar os loteamentos na Região de Montanhas do Estado do Espírito
Santo. Estas ações são reguladas pela lei estadual nº 7943 de 2004, uma
vez que todos os loteamentos em áreas especiais são passíveis de
licenciamento ambiental. O levantamento já está sendo feito e, quando
estiver pronto, será encaminhado para o Ministério Público Estadual. Assim
o trabalho consiste basicamente em identificar os loteamentos que devem
ou não ser licenciados.
52
III - OFICINAS NO ESPÍRITO SANTO E EIXOS E SUB-EIXOS
TEMÁTICOS

• Como parte do processo de elaboração do PAE-ES foram realizadas 04


oficinas:

I OFICINA - 18 e 19 de março de 2004, em Colatina


II OFICINA - 08 e 09 de junho de 2004, em Colatina
III OFICINA - 14 de outubro de 2005, em Presidente Kennedy
IV OFICINA - 31 de Outubro de 2005, em Vitória.

• Foram discutidos nas oficinas temas derivados dos grandes eixos temáticos
propostos no PAN:
EIXO 1 – Combate à pobreza e desigualdade;
EIXO 2 – Ampliação sustentável da capacidade produtiva;
EIXO 3 – Preservação e manejo sustentável dos recursos naturais;
EIXO 4 - Gestão democrática e fortalecimento institucional;
• A análise das propostas que emergem das oficinas aponta que a
participação da população local é essencial para o entendimento das
especificidades de cada lugar, o que permite traçar políticas que tenham
flexibilidade para adaptarem-se a estas particularidades.

3.1. SÍNTESE DOS TEMAS E PROPOSTAS DAS OFICINAS


REALIZADAS

3.1.1. PRIMEIRA OFICINA -18 E 19 DE MARÇO DE 2004, EM COLATINA

3.1.1.1. EIXO 1: REDUÇÃO DA POBREZA E DA DESIGUALDADE

Problema: Modelo educacional inadequado para o meio rural


propostas
• Capacitação dos profissionais da educação em educação ambiental;
• Integração curricular;
• Criar escolas pólos com fundamentação na Pedagogia da Alternância;
• Reconhecimento e apoio financeiro às escolas de educação diferenciada
do/no campo;
• Priorizar o horário integral;
• Expansão e descentralização do ensino médio.

Problema: Aumento de problemas com saúde


Propostas:
• Desenvolver e difundir alternativas de não uso do agrotóxico;
53
• Programa merenda escolar com produtos da região, preferencialmente,
agroecológicos;
• Fortalecimento do programa saúde da família;
• Ampliar programas voltados à alimentação alternativa
• Coleta seletiva de lixo urbano e rural;
• Cursos de medicina natural alternativa;
• Fazer cumprir a legislação existente relacionada a agrotóxicos;
• Ampliação e formação de grupos organizados para produção e venda de
produtos;
• Ampliar a assistência médica e odontológica à população de baixa renda nos
locais de moradia nas comunidades.

Problema: Pobreza no meio rural


Propostas:
• Melhorar a capacidade de gestão da produção e comercialização da
agricultura familiar;
• Organização de associações e cooperativas;
• Proporcionar maior formação e informação ao homem do campo;
• Rádios comunitárias;
• Reforma agrária bem estruturada;
• Medidas de apoio à comercialização da agricultura familiar.

Problema: Difusão de valores urbanos nos meio rural


Propostas:
• Difusão de informação para estimular a permanência do jovem no campo;
• Expansão e descentralização do ensino fundamental e médio;
• Valorização da cultura local e do saber popular;
• Incrementar atividades de lazer no campo.

Outros Problemas Levantados:


• Falta de maior organização no campo
• Baixa estima da população rural
• Desvalorização do saber popular
• Desqualificação da atividade agrícola
• Falta de sensibilidade de agricultores e técnicos com questões ambientais
• Inadequação do ensino do campo
• Desvalorização das escolas família / CIER’s
• Falta visão mais sistêmica da educação ambiental
• Falta da disciplina de educação ambiental no currículo escolar
• Falta formação ambiental dos educadores
• Saneamento básico deficiente
• Êxodo rural dos jovens
• Falta de diagnóstico das potencialidades e seu aproveitamento
• Aumento do desemprego no campo

3.1.1.2. EIXO 2: AMPLIAÇÃO SUSTENTÁVEL DA CAPACIDADE PRODUTIVA

Problema: Falta estratégia para o convívio com a seca

Problema: Extração inadequada de recursos minerais


54
Problema: Falta de política pública voltada para agroecologia

Problema: Degradação do solo


Propostas:
• Desenvolver a pesquisa e assistência técnica agroecológica;
• Programa de recuperação de solos, áreas degradadas e nascentes;
• Rede estadual de agroecologia;
• Atendimento ao agricultor no seu local de moradia pelo agente financeiro.

Outros Problemas Levantados:


• Manejo inadequado do solo
• Grande uso / demanda de lenha
• Monocultura
• Cultura extrativista
• Queimadas
• Compactação de solo / pastagem
• Desmatamento desordenado
• Crédito é vinculado ao modelo agroquímico
• Irrigação inadequada
• Ocupação inadequada do solo
• Dificuldades na comercialização
• Agricultura insustentável
• Mecanização inadequada
• Falta de cadastro adequado do imóvel rural
• Super pastejo
• Erosão elevada
• Precariedade da assistência técnica governamental
• Falta de uma política agrícola estável
• Crédito direcionado ao fomento florestal - Eucalipto
• Mau uso das máquinas do PRONAF
• Irregularidades na disponibilização do crédito do PRONAF
• Concentração fundiária
• Degradação pela mineração – granito
• Extração indiscriminada de argila e areia
• Predomínio da visão economicista da produção
• Pouca remuneração dos produtos rurais

3.1.1.3. EIXO 3: PRESERVAÇÃO, CONSERVAÇÃO E MANEJO SUSTENTÁVEL DE


RECURSOS NATURAIS.

Problema: Má conservação da água


Propostas:
• Reformulação do sistema de ensino profissional visando a agroecologia, a
preservação ambiental e outros elementos de um desenvolvimento
sustentável;
• Recursos a fundo perdido para reflorestamento em APPs diretamente para
agricultores familiares;
• Tratamento de dejetos e esgoto sanitário;
• Incentivar o reuso industrial da água;
• Coleta programada do lixo na zona rural;
• Incentivar a captação de água de chuva por empresas e prédios públicos;
• Programa de despoluição dos rios;
55
• Qualificar profissionais nas prefeituras para incentivar ações ecológicas nas
comunidades;
• Reformular o sistema ATER e pesquisa visando a agroecologia, a
preservação ambiental e outros elementos de um desenvolvimento
sustentável;
• Programa de fossas sépticas e caixas secas no meio rural;
• Integração dos Ministérios do Meio Ambiente e Agricultura nas ações
relativas à liberação de agrotóxicos;
• Melhorar as ações de fiscalização ambiental;
• Programa para fortalecimento de movimentos sociais que trabalham com a
questão ambiental;
• Capacitar conselheiros / Fortalecer conselhos de meio ambiental;
• Difundir a prática artesanal com materiais recicláveis;
• Incentivar e fortalecer o turismo e o ecoturismo no meio rural.

Problema: Desmatamento desordenado


Propostas:
• Municipalização da gestão ambiental;
• Impedimento de aquisição de terras por empresas para reflorestamento de
eucalipto;
• Reposição florestal sustentável para atender a demanda de matéria-prima
para construção, artesanato e lenha;
• Realizar o zoneamento agroecológico.

Outros Problemas Levantados:


• Diminuição da população de peixes
• Assoreamento dos rios devido à erosão
• Extinção das matas ciliares
• Poluição urbana e rural
• Diminuição da capacidade de retenção de água no solo

3.1.1.4. EIXO 4: ARTICULAÇÃO / ORGANIZAÇÃO / GESTÃO

Problema: Não cumprimento da legislação ambiental

Problema: Uso político dos Comitês de Bacia


• Revisão e aprimoramento das leis de gerenciamento de recursos hídricos
(Lei n° 9433);
• Maior porcentagem da sociedade civil e comunidades ribeirinhas na
formação dos comitês;
• Processo mais democrático e transparente na escolha dos representantes
da ANA (Agência nacional das Águas);
• Formulação e implementação participativa dos planos de gestão de bacia
hidrográfica.

Problema: Falta de incentivo financeiro à conservação


Propostas:
• Maior incentivo das Prefeituras Municipais na criação de viveiros de mudas
para os produtores rurais;
• Maior investimento em relação à receita do município na secretaria do meio
ambiente;
56
• Readequação e maior cobrança junto às empresas que utilizam os recursos
naturais.

Outros Problemas Levantados:


• Interferência política na ação dos órgãos
• Falta da presença dos órgãos ambientais no meio rural
• Mau uso das máquinas administrativas
• Falta de punição mais severa para crimes ambientais
• Falta de transparência de gestão de recursos
• Falta de denúncia - coragem
• Área de preservação permanente sendo usada
• Conselhos municipais são pouco participativos e conservadores
• Legislação estadual sobre transgênicos em discussão é inadequada

3.1.2. SEGUNDA OFICINA – 8 E 9 DE JUNHO DE 2004

3.1.2.1. EIXO 1 - Redução Da Pobreza E Da Desigualdade

Segurança Alimentar E Agricultura Familiar


• Incentivar a formação de grupos organizados: Cooperativas e Associações;
• Simplificar, Desburocratizar e assistir o crédito para a Agricultura Familiar;
• Diversificar as Culturas;
• Realizar Convênios entre pequenos agricultores e escolas/hospitais (via
associações e cooperativas) para fornecimento de produtos agrícolas;
• Proporcionar maior formação e informação às famílias do campo.

Educação
• Otimizar o transporte escolar para o meio rural;
• Expandir / descentralizar o ensino médio;
• Criar Escolas Pólo com fundamentação, priorizando o horário integral;
• Valorizar a cultura local e o saber popular;
• Incrementar atividades de lazer no campo;
• Agilizar a revisão do Estatuto do Magistério Público estadual e do Plano de
Carreira (Plano Estadual);
• Regulamentar as escolas de período integral já existentes (ex.: CIER’S)

Saneamento Ambiental
• Fortalecer o programa saúde na família;
• Realizar coleta seletiva de lixo urbano e rural;
• Promover cursos de medicina alternativa;
• Oferecer assistência médica e odontológica á população de baixa renda nas
comunidades rurais;
• Construir Fossas Sépticas;

3.1.2.2. EIXO 2 - AMPLIAÇÃO SUSTENTÁVEL DA CAPACIDADE PRODUTIVA

Gestão De Recursos Hídricos


• Fortalecimento e criação dos Comitês Locais de Microbacias;
57
• Capacitação para gestão de recursos hídricos e ambiental em
assentamento de reforma agrária e humanos;

Salinização De Solos Em Areas Irrigadas Do Semi-Árido E Semi-Úmido-


Seco
• Desenvolvimento visando ao levantamento preciso do potencial irrigável de
todo o semi-árido e semi-úmido-seco, incluindo as ares aluviais;
• Desenvolvimento e difusão de técnicos de recuperação de solos salinizados;

Desenvolvimento Econômico Aliado Ao Desenvolvimento Sócio


Ambiental
• Proposição da nomenclatura: TERRITÓRIOS;
• Divulgar e incrementar PRONAF Agroecologia;
• Fortalecimento do Sistema ATER e pesquisa em agroecologia;
• Medidas de combate ao êxodo rural;
• Rever fatores que minimizam a extração de recursos minerais;

Questão Enérgética
• valorização de tecnologias alternativas renováveis economicamente viáveis;
• Viabilizar a assistência técnica;
• Proposta curricular diferenciada;
• Regulamentação fundiária;
• Formação Técnica em Agroecologia;

Reforma Agrária Em Grande Escala E Com Qualidade


• Viabilizar a assistência técnica;
• Proposta curricular diferenciada;
• Regulamentação fundiária;
• Formação Técnica em Agroecologia;

3.1.2.3. EIXO 3 - PRESERVAÇÃO, CONSERVAÇÃO E MANEJO SUSTENTÁVEL DOS


RECURSOS NATURAIS

Áreas Protegidas
Programas:
• Programa de Corredores Ecológicos (corredor central da Mata Atlântica)
Ações:
• Revisão do SNUC propondo outras alternativas para proprietários de
fragmentos florestais;
• Fortalecimento das VC’s;
• Implementação de mini-corredores entre fragmentos em áreas prioritárias
do corredor central da mata atlântica.
• Regulamentar e implementar incentivos fiscais para pessoas físicas e
jurídicas relacionados com a criação e gestão de áreas protegidas;
• Promover a gestão integrada das VC’s com a Sociedade Civil;
• Difusão da dose de informação para prefeituras e sociedade civil;
• Fortalecimento do turismo sustentável em áreas protegidas e no meio rural;
• Levantamento dos maciços minerais prioritários para conservação e criação
de VC adequada;
58
Recursos Naturais

PROGRAMAS
Projeto de Corredores Ecológicos (corredor Central da mata Atlântica)

AÇÕES
• Apoiar e incentivar a proteção a fauna e flora silvestre;
• Apoio a implementação de viveiros de plantas nativas e ao estabelecimento
das SAF’s e sistemas Agroecológicos;
• Fortalecimento e ampliação da rede de sementes da caatinga e criação da
rede da Mata Atlântica;
• Levantamento da cobertura florestal interagindo com os municípios;
• difusão de dados e informações para prefeituras e sociedade civil;
• Ações integradas de fiscalização em sub-bacias incluindo o sobre vôos.
• Ações de recuperação e conservação dos recursos hídricos;
• Criar mecanismos que garantam infra-estrutura para o funcionamento dos
comitês de bacia;
• Criar mecanismos legais para captação de recursos via organizações civis
(ONG’s) para apoio aos comitês;
• Estimular a criação de sistemas de informação dentro dos comitês de bacia,
visando a gestão dos recursos hídricos;
• Criação de instrumentos descentralizadores, visando dinamizar a gestão dos
recursos hídricos nos comitês de bacia. Ex.: núcleos municipais,
coordenadorias e comissões temáticas ligadas a diretoria;

Zoneamento Ecológico-Econômico

Programas
• Programa Nacional de Zoneamento Ecológico-Econômico;
• Corredores Ecológicos(corredor central da Mata Atlântica)

Ações
• Difusão de dados e informação para prefeitura e sociedade civil;
• Envolver a sociedade civil nas discussões do ZEE;
• Fortalecer o zoneamento agro-pecuário granjeiro;
• Criar mecanismos para monitorar o cumprimento do zoneamento;
• Garantir o zoneamento dos corredores ecológicos existentes e de áreas
potencias e prioritários para formação de novos corredores.

Exploração de Granito

Aspectos Centrais
• Exploração desordenada e ilegal do granito.
• Excesso de peso e transporte inadequado do mármore e granito.
• Danificação das Matas, encostas e córregos.
• Conivência da fiscalização.
• Política de exploração inadequada.

Propostas e Programas
• Maior fiscalização e execução voltados à exploração do granito;
• Regulamentação do transporte;
• Punição severa para os infratores na exploração inadequada;
59

Ações
• Fazer cumprir a Legislação Ambiental;
• Ter uma política de exploração com o desenvolvimento;
• Mudança na Legislação de registros e exploração de recursos minerais;
• Direito à lavra deve ser dependente da comunidade atingida

3.1.2.4. EIXO 4 - ARTICULAÇÃO, ORGANIZAÇÃO E GESTÃO

• Articulação e integração entre diversos programas e planos visando o


combate a diversificação
• Garantir nos processos de licenciamento ambiental de empreendimentos ou
com área de influência no Semi-Árido e Sub-úmido-seco, medidas
compensatórias voltadas ao combate a seca e desertificação, envolvendo
parcerias com a sociedade civil para implementação de ações.

3.1.3. TERCEIRA OFICINA - PRESIDENTE KENNEDY - 14/10/2005

3.1.3.1. EIXO 1 – REDUÇÃO DA POBREZA E DAS DESIGUALDADES

Seguridade Social

problemas levantados
• Menos da metade dos trabalhadores é cadastrada junto ao INSS, o que
dificulta o acesso destes aos benefícios sociais;
• Informalidades nas relações de trabalho, que gera prejuízos e exclusão
social dos trabalhadores Rurais;
• Poucos contratos de parceria praticamente firmados, fazendo-se uso de
acordos informais no meio Rural;
• Falta de contribuição ao INSS dos trabalhadores Rurais, uma vez que isto é
feito com base na produtividade, e os trabalhadores não emitem notas
fiscais;
• Dificuldade no acesso aos talões para emissão de notas fiscais por parte dos
produtores;
• Presença de Assistencialismo que faz com que os produtores não
diversifiquem sua produção, causando baixa qualidade na alimentação e
falta de plantio de culturas de subsistência;

Soluções Propostas
• Campanhas educacionais no sentido de informar os benefícios provenientes
da contribuição ao INSS;
• Regularização dos contratos de parcerias para a regularização dos Registros
de produção;
• Incentivar a emissão de Notas fiscais dos produtos comercializados, e
orientação no sentido de esclarecer as dúvidas da utilização das notas como
comprovante para a contribuição à previdência.
• Desburocratização e facilitação de acesso aos talões, associados a
campanhas de esclarecimento sobre a utilização das notas fiscais;
• Manutenção de assistencialismo às famílias que sejam realmente
necessitadas, preconizando o caráter emergencial. O incentivo a produção
60
de subsistência deve vir atrelado aos benefícios, para que, dentro do
possível, as famílias se tornem independentes;

Segurança Alimentar

problemas levantados
• Plantio de poucas culturas que não fazem parte da dieta básica das famílias
que trabalham no campo;
• Ex.: Abacaxi, Mandioca, Maracujá e Pastagens;
• Desapego às culturas tradicionais da região.
• “Acomodação” proporcionada pelo acesso às cestas básicas;

soluções propostas
• Estímulo à diversificação de culturas;
• Projeto de distribuição de sementes (em andamento);
• Educação alimentar para re-introduzir gêneros alimentícios nutritivos que
foram deixados de lado devido ao assistencialismo;
• Estímulo às hortas escolares, com a finalidade de produção de hortaliças
nas casas dos estudantes;

Educação
• Segundo os relatos dos participantes, a educação tem apresentado
melhoras significativas. Os professores têm feito cursos de aperfeiçoamento
com uma certa freqüência, os Conselhos Municipais de educação têm
funcionado de maneira satisfatória. A integração entre escola e comunidade
tem ocorrido também de maneira satisfatória. O sistema de abastecimento
de água nas escolas é parte do Plano Pluri Anual da maioria dos municípios
participantes.
• As únicas críticas levantadas foram com relação ao Sistema pedagógico
empregado, que precisa ser mais aproximado da realidade local, já que
grande parte dos estudantes dos municípios pertence às áreas agrícolas.
Assim sendo, o ensino de matérias voltadas a realidade agrícola é muito
importante para a re-introdução de determinadas práticas agrícolas, com
foco familiar, que foram deixadas de lado por conta da valorização de
culturas com um maior valor econômico. Outro aspecto é o ensino técnico
especializado, que se faz necessário devido à escassez de mão-de-obra
especializada na região.

3.1.3.2. EIXO 2 - AMPLIAÇÃO SUSTENTÁVEL DA CAPACIDADE PRODUTIVA

• O grande desafio relatado pelos participantes foi conviver com a salinidade


da água disponível para aplicação no processo produtivo, uma vez que nos
municípios participantes existe influência das marés no lençol freático, e
com isto a qualidade da água para irrigação é reduzida. No quadro abaixo
estão apresentadas as observações feitas pelos participantes, dentro de
cada sub-tema.

Irrigação/Prevenção Da Salinidade

Problemas levantados
• Redução da produtividade agrícola, que ocorre em função da redução da
disponibilidade hídrica, ocasionada tanto pela baixa quantidade de
61
precipitação ocorrida e/ou pela salinização;
• Baixa disponibilidade em quantidade e qualidade de água para se fazer
irrigação. Inadequação de método de irrigação por aspersão, devido aos
ventos e a pouca água disponível;
• Erosão genética da cultura do abacaxi, que constitui uma cultura resistente,
e tem-se reduzido a produtividade da cultura;

Soluções propostas
• A ampliação dos recursos para pesquisas de espécies adaptadas às
condições de salinidade (abacaxi e maracujá), bem como para a adoção de
métodos mais adequados de irrigação;
• Uso de sistema de irrigação localizada, que apresenta um uso otimizado da
água. Dessalinização da água e/ou construção de cisternas para a captação
da água das chuvas;
• Incentivo a pesquisas para o melhoramento genético de cultivares
adaptadas às condições locais

Questão energética
• O Programa Luz Para Todos tem atingido a quase totalidade dos domicílios
nas zonas rurais, satisfazendo às metas traçadas.
• Existe ainda um projeto na região de utilização de energia eólica para o
recalque de água em vias de ser implantado, que muito irá ajudar na
economia de energia “convencional” e aproveita fonte de energia abundante
na região.
• Existe ainda o projeto para a inserção de biodiesel, além disto existem
pesquisas em andamento para o aproveitamento do Capim elefante, como
fonte de carvão para as indústrias siderúrgicas.

Agricultura Familiar
• O acesso ao Programa Nacional de Apoio a Agricultura Familiar (Pronaf) tem
sido prejudicado principalmente pela situação irregular das propriedades,
uma vez que, conforme descrito anteriormente, muitas propriedades não
possuem documentação de posse. Um agravante é que os produtores não
possuem conhecimento e recursos suficientes para a regularização das
terras e esta é uma das exigências para participar de Programas de
fomento à agricultura familiar. Para solucionar estes problemas, foram
propostas lançamentos de campanhas educativas no sentido de sensibilizar
os produtores da necessidade de regularizarem a situação de suas terras.
• Vale ressaltar que não existem disputas por terra, uma vez que os
ocupantes são os verdadeiros donos das terras, porém falta regularizar a
situação dos mesmos.

Transporte
• No geral o escoamento da produção é feito de maneira satisfatória, uma vez
que as estradas são periodicamente retificadas por máquinas.
• O transporte coletivo tem atendido a contento as necessidades, uma vez
que a demanda por este transporte não é tão grande devido ao pequeno
porte dos municípios participantes.

Indústria
• Existe na região um grande número de pequenas fábricas de farinha, nas
quais existe o emprego de mão-de-obra local (em um município cerca 800
pessoas estão ligadas de alguma forma a estes estabelecimentos), além de
62
agregar valor a um dos principais produtos que corrobora para a
complementação da renda dos produtores. Além disto, estas empregam
cerca de 800 pessoas, servindo também como absorvedora de mão-de-
obra. Existe na Região ainda uma usina de produção de álcool e açúcar, que
absorve também mão-de-obra local e parte da produção de cana-de-açúcar.

Recursos Hídricos

problemas levantados
• Salinidade das águas;
• Deficiência nos sistemas de saneamento, tanto no meio urbano quanto
rural;
• Falta de planejamento urbano;
• Constantes problemas de transbordamento dos Rios da Região assolam as
populações do entorno, sobretudo em Presidente Kennedy;
• Na década de 60 o DNOS realizou obras de retificação dos cursos d’água
existentes na Região, sendo esta uma das causas apontadas para o
problema em questão;

soluções propostas

• Emprego de espécies agrícolas adaptadas às condições de salinidade;


• Construção de cisternas para a captação de água das chuvas;
• Projeto de recuperação sanitária e ambiental, levando rede de esgotos às
ocupações desprovidas de saneamento;
• Elaboração e implantação dos Planos Diretores Municipais. Os
representantes dos Municípios de Presidente Kennedy e Itapemirim
relataram que as consultorias para a elaboração dos respectivos PDM’s
estão em andamento;
• Aumento da cobertura vegetal no entorno dos rios;
• Dragagem, mediante estudos apropriados que servirão de base para tais
ações;

3.1.3.3. EIXO 3 - PRESERVAÇÃO, CONSERVAÇÃO E MANEJO SUSTENTÁVEL DE


RECURSOS NATURAIS
problemas levantados

• Coleta indiscriminada de sementes de salsa da praia para a confecção de


colares, uma vez que estas plantas servem para impedir a transposição da
areia das praias;
• Plantio de espécies florestais sem planejamento e desconsiderando as
limitações de cada área, e utilização inadequada dos recursos florestais;
• Falta de capacitação de agentes municipais para o controle ambiental;
• Dificuldades reais para recuperação e reconstrução das Reservas legais e
APPs;
• Falta de estímulo para a criação de novas áreas de proteção da
biodiversidade.

• soluções propostas
• Não se tem certeza do impacto que estas práticas podem ocasionar à
63
vegetação que recobre os bancos de areia, porém deve-se adotar medidas
de prevenção de problemas advindos da falta de cobertura da areia da
praia;
• Medidas como cadastramento dos catadores e estabelecimento de quotas
para a extração das sementes podem minimizar o impacto desta atividade;
• Além disto o beneficiamento das sementes e a valorização do produto final
também podem contribuir para a redução do impacto da extração das
sementes;
• Faz-se necessária à realização de estudo que identifique as potencialidades
do uso dos recursos naturais, especialmente da flora, com vistas a educar e
garantir a sustentabilidade das atividades;
• Alguns municípios da parte Sul do Espírito Santo devem fazer um estudo
visando identificar sua aptidão para a silvicultura;
• Acesso a Cursos do SEBRAE voltados ao melhoramento do controle
ambiental, em nível municipal;
• Conscientização dos produtores Rurais da importância de se manter as
margens de rios, áreas declivosas e remanescentes florestais conservados;
• Acesso facilitado a subsídios para a recuperação/recomposição de
fragmentos florestais nativos em Áreas de Proteção Permanentes.

3.1.3.4. EIXO 4 – GESTÃO DEMOCRÁTICA E FORTALECIMENTO INSTITUCIONAL

• Para o desenvolvimento deste tema, os participantes acharam por bem


levar a discussão para os respectivos municípios e apresentar os
desdobramentos na Oficina Estadual a ser realizada no dia 31 de outuibro
de 2005, na Assembléia legislativa do Estão do Espírito Santo.

3.1.4. – QUARTA OFICINA – 31 DE OUTUBRO – VITÓRIA

Esta oficina teve como missão dar diretrizes para a construção do Plano de Ação
Estadual no Espírito Santo. Estas recomendações foram feitas a partir da
respostas a três questões que são apresentadas a seguir. Este debate reaparece
na elaboração do item IV – Análise e Recomendações.

3.1.4.1. COMO O PROGRAMA AÇÃO ESTADUAL (PAE)


DE PODE CONTRIBUIR
PARA O COMBATE À DESERTIFICAÇÃO E MITIGAÇÃO DA SECA?

• Promovendo uma análise e reflexão ampla com a sociedade capixaba para a


elaboração de um diagnóstico aprofundado da realidade local;
• Estabelecendo e consolidando diretrizes e estratégias para a proposição de
Políticas Públicas integradoras e articuladoras de um plano de ação concreto
de combate à desertificação e mitigação dos efeitos da seca no Espírito
Santo;
• Definindo ações prioritárias; cronograma de implantação com previsão e
aporte de recursos financeiros com linhas de aplicações bem especificas que
garantam sua aplicabilidade;
• Identificando uma equipe técnica multiprofissional para operacionalizar as
ações;
• Apoiando e divulgando as experiências locais, definindo a partir destas os
pontos de referências locais (Pontos Focais);
64
• Utilizando projetos pilotos como modelo de irradiação de experiências.

3.1.4.2. QUE DINÂMICAS INSTITUCIONAIS PRECISAMOS PARA CONSTRUIR O


PROGRAMA DE AÇÃO ESTADUAL?

• Promover articulação e parcerias político-interinstitucionais tanto em nível


governamental, quanto com a sociedade civil organizada nas esferas locais,
regionais e estaduais; tendo em vista maior interação dos programas e
projetos;
• Melhor divulgação e envolvimento da sociedade e dos agentes regionais na
discussão do tema através de oficinas regionais, palestras, encontros e
identificação dos atores multiplicadores locais;
• Explorar a capacidade de atuação de grupos já formalizados como os
Conselhos Municipais de Desenvolvimento Rural Sustentável; Comitês de
Bacias; Agencias de Desenvolvimento; CIAT’s - Comissão de Implantação
de Ações Territoriais (Pólo Colatina, Território Norte-Capixaba e Território
Sul Caparão);
• Propiciar níveis diferenciados de ações (Municipais; Bacias Hidrográficas
Regionais; Estaduais) de acordo com as características das regiões;
• Construir Fóruns de Discussão permanente sobre a temática do combate à
desertificação.

3.1.4.3. QUAIS SÃO AS INFORMAÇÕES QUE NECESSITAMOS PARA A


CONSTRUÇÃO DO PLANO DE AÇÃO ESTADUAL?

• Levantamentos e atualização de dados primários já existentes e obtenção


de novos dados que possibilitem a caracterização ambiental e sócio-
econômica das regiões do estado; gerando-se assim maiores informações
sobre a desertificação como um todo no Espírito Santo
• Utilização de materiais Informativos sobre a temática da desertificação
junto às comunidades, abordando as problemáticas desta questão, mas
também apontando as possíveis soluções (experiências e iniciativas) de
caráter preventivas, emergenciais e mitigatórias de acordo com a região.
• Criação de uma rede para capilarização dos dados produzidos, permitindo a
implementação de um Banco de Dados referentes a desertificação
envolvendo o estado e os municípios, o governo e sociedade civil;
• Identificação de Zonas de Continuidade, de Superposição ou até mesmo
Conflitos entre projetos propostos ou já em andamento;
• Identificação de fontes de recurso financeiro e projetos que poderiam estar
sendo inseridos nesse processo de combate á desertificação, em todos os
níveis (Federal, Estadual, Municipal e Agentes não Governamentais)
65
IV - ANÁLISE E RECOMENDAÇÕES

• As políticas devem ser pensadas a partir da perspectiva do desenvolvimento


sustentável, ou melhor, do desenvolvimento humano sustentável pois trata-
se de considerar todos os âmbitos da vida e não apenas o econômico.

• A perspectiva do desenvolvimento sustentável considera os âmbitos


econômico, social, ambiental, cultural e político.

• As questões ambientais e sociais devem, portanto, ser tratadas em


conjunto consideradas como questões socioambientais.

4.1. ESCALA DE ANÁLISE A PARTIR DOS LUGARES

• Para o combate à desertificação, o debate nacional e internacional, indica a


necessidade da mudança da perspectiva assistencialista emergencial para a
idéia de convivência com o semi-árido, a partir de ações inovadoras com
tecnologias apropriadas às ASDs.

• Para esta conversão do emergencial para o perene é preciso um esforço


para conhecer detalhadamente as práticas locais e recuperar conhecimentos
populares para definir manejo adequado dos lugares.

• A análise das propostas que emergem das oficinas aponta que a


participação da população local é essencial para o entendimento das
especificidades de cada lugar, o que indica a necessidade de traçar políticas
que tenham flexibilidade para adaptarem-se a estas particularidades.

• Além disto apontam também para a necessidade de estudos permanentes


na escala do lugar.

• O planejamento deve portanto ser pensado da escala local para a escala


regional.

4.2. ELABORAÇÃO DE BANCO DE DADOS NA ESCALA DOS LUGARES

• Além das análises macro e a partir de dados secundários é preciso


elaborar um banco de dados com pesquisas de campo (por exemplo
dados hídricos e uso do solo) a partir das quais serão apontadas os
pontos mais críticos em cada município. Para tanto há a necessidade de
se mapear tendências à vulnerabilidade, para se poder estabelecer
escalas de ação territorial.

• É igualmente importante a implementação de uma rede metereológica


estadual (já em processo de implantação pelo Incaper) é fundamental
para um detalhamento de déficits hídricos e para a composição de índices
de aridez.
66

4.3. Temas Fundamentais

A água e seus usos

• A compreensão das diferentes perspectivas em relação ao uso da água é


fundamental para o estabelecimento de políticas: água como recurso e
água para a vida. Daí surgem pontos de tensão e conflitos.

• É preciso portanto compreender as diferentes necessidades e carências


em relação à água na perspectiva das diferentes comunidades do Espírito
Santo, respeitando a diversidade.

• Existem pontos de tensão no estado do Espírito Santo que podemos


avaliar numa escala macro. É preciso portanto verificar, na escala dos
lugares, os problemas relativos à água.

• Um inventário de rios (subbacias) e córregos, feito na escala dos lugares,


vai nos mostrar o processo de desaparecimento dos mesmos e da
mudança na oferta de água, o que nos indicará os pontos de tensão de
modo mais detalhado.

Educação do Campo

• A adequação do ensino ao seu meio é essencial para sua eficácia e para


justificar sua finalidade. Uma educação DO campo e não uma educação
NO campo é a mudança de enfoque necessária, já discutida por vários
setores da sociedade. Embora já existam iniciativas neste sentido, uma
política pública nacional respeitando as particularidades é necessária.

Reforma Agrária

• Concentração fundiária é reconhecidamente um fator de vulnerabilidade


já que compromete a segurança alimentar ao desestruturar a família
agrícola. É preciso portanto ter um diagnóstico atualizado e nas escalas
regional e dos lugares sobre uso e ocupação do solo e terras devolutas.

Família Agrícola e Segurança Alimentar

• Fortalecer a família agrícola dando continuidade a projetos já existentes e


criando outros mecanismos de fortalecimento a partir dos estudos feitos
nas escalas locais.

Preservação ambiental

• Adotar a perspectiva de convivência com o meio através do seu


conhecimento e do resgate de práticas tradicionais.

• Cursos de capacitação para governo e população com esta perspectiva.


67

• integrar políticas públicas.

• realização de EIA/RIMA feitos num processo gradativo, com participação


das comunidades.

Ampliação sustentável da capacidade produtiva

• Também dentro da perspectiva do desenvolvimento sustentável é preciso


conhecer e reconhecer as necessidades de cada lugar.

• A criação de Territórios, já implementada pelo MDA, introduz esta


perspectiva e considera as necessidades na escala do lugar.

• As prioridades são estabelecidas entre as partes, contando com


representação de todas as instâncias.

• Esta prática pode ser ampliada.

4.4. Áreas Prioritárias / Área Piloto

A análise dos elementos ambientais, sociais e institucionais permitem indicar 3


áreas prioritárias para estudos detalhados (ver Figura 25 pg. 86):

1. Extremo sudeste do estado tendo como referência os


municípios de Presidente Kennedy, Itapemirim e Cachoeiro de
Itapemirim.

2. Extremo norte/noroeste do estado tendo como referência os


municípios de Montanha, Mucurici e Ecoporanga.

3. Bacia do Rio São José (ver Figura 22) estendendo a área de atuação
para a região de Água Doce do Norte. A junção de 2 + 3 indica o
tratamento em conjunto de todo o norte (considerando os 29
municípios do projeto da Unicef que incluem os 23 municípios do
PAN-Brasil)

• Como parte do processo de discussão da questão da desertificação no


Espírito Santo, é solicitada a indicação de apenas uma área piloto;

• Ressaltamos porém que é possível indicar outras duas áreas prioritárias que
juntas formam três grandes tendências à vulnerabilidade no Estado
conforme mencionado acima.

• Quase na totalidade destas áreas constam em outro estudo intitulado


“Levantamento Preliminar da Paisagem de Desertificação e Efeitos da Seca
no Estado do Espírito Santo” (protocolado no ofício 064/2005/DT/IEMA em
16 de junho de 2005) – ver Figura 26 pg. 87.
68
A análise dos elementos ambientais e soceconômicos, aliada às ações
governamentais e da sociedade civil já existentes na área e, com base nas
orientações do PAN-BR, nos permite indicar a Micro Bacia do Rio São José
como área piloto.

• O processo de indicação da Bacia do Rio São José como área piloto emerge
também da discussão já feita no início do processo pela ASA Capixaba.

Principais indicadores de desertificação na micro-bacia:

• municípios da bacia do São José lideram o ranking dos piores IDH do


Estado (ver Tabela 8 e Figura 5 IDH do ES, pg. 19);

TABELA 8 – IDH-M Micro-bacia rio São José


ESPÍRITO SANTO

INDICE DE DESENVOLVIMENTO MUNICIPAL (ORDEM IDHM)

Ordem Ordem IDHM-


IDHM-Renda,
na no Município IDHM - 2000 Educação,
2000
Bacia Estado 2000

1 2 Pancas 0,67 0,61 0,75


2 5 Alto Rio Novo 0,68 0,63 0,77
3 8 Mantenópolis 0,68 0,63 0,76
4 9 Águia Branca 0,69 0,63 0,79
5 19 Vila Valério 0,70 0,65 0,77
6 21 Sooretama 0,70 0,62 0,77
7 26 São Domingos do Norte 0,71 0,63 0,81
8 38 Rio Bananal 0,73 0,67 0,79
9 49 São Gabriel da Palha 0,74 0,69 0,81
10 59 Linhares 0,76 0,70 0,85
Fonte: Sistema Nacional de Indicadores Urbanos, 2000

• um dos mais baixos indicadores de saneamento EP (Ver Figuras 3 e 4, pg. 19 );

• aproximadamente 50% dos municípios são essencialmente rurais o que


pode ser um fator de fortalecimento da agricultura familiar; (Tabela 8)

• Eixo de grande dinâmica econômica com a convivência de grandes


empreendimentos (granito, eucalipto e Fruticultura) e agricultura familiar
(tensão em relação aos usos do solo);

• Usos inadequados de solo (sobrepastoreio);

• Desembocadura do rio São José na lagoa Juparanã (comprometimento da


qualidade da água; referência nacional – tamanho e uso para
lazer/turismo);
69
70
TABELA 9 - TAXA DE URBANIZAÇÃO DE 1970 A 2000 DA ÁREA PILOTO
ESPÍRITO SANTO

Taxa de Urbanização de 1970 a 2000 - Área Piloto (ordem Taxa de urbanização, 2000)
Taxa de Taxa de Taxa de Taxa de
Ordem Ordem
urbanização, urbanização, urbanização, urbanização,
na no Município
2000 1991 1980 1970
Bacia Estado
(%) (%) (%) (%)
1 13 Linhares 82,51 71,86 46,14 30,40
2 23 São Gabriel da Palha 69,07 56,57 35,57 29,53
3 33 Sooretama 62,50 - - -
4 36 Mantenópolis 60,40 42,63 29,13 24,39
5 47 Alto Rio Novo 51,23 33,04 - -
6 54 Pancas 43,34 36,85 25,03 16,34
7 62 São Domingos do Norte 36,23 - - -
8 66 Vila Valério 29,50 - - -
9 69 Rio Bananal 26,63 19,21 - -
10 72 Águia Branca 24,39 14,05 - -
Fonte: Sistema Nacional de Indicadores Urbanos, 2000

A diminuição das chuvas (Figura 23) e da Vazão Média (Figura 24) do rio São
José indicam tendências a vulnerabilidade a desertificação.

Chuvas Linha de Tendência de Médias Mensais por Década - Água Branca


159,9

147,5
139,7

136,1

160
122,9

113,1
140
104,5

103,0

100,6

100,1

99,8
96,4

96,2
120

94,3
92,5

89,9
88,0

100
71,2

68,0

67,8
57,5

80
54,1

60

40

20

Anos

Aguia Branca Linear (Aguia Branca)

Figura 23 – Linha de Tendência de Chuvas Águia Branca Fonte: ANA 2005

Rio São José: Média Vazão Mensal por Década (56997000)


Município: São Gabriel da Palha
31,2

35
25,3

30
24,0
22,9
20,4

20,3

25
19,6

16,9

15,7

20
14,3
14,1

11,5
10,7

15
10,0
9,4

9,5
9,3

9,3
8,7

8,3
7,6

10
5,2

Ano

Rio São José Linear (Rio São José)

Figura 24 – Linha de Tendência Vazão do rio São José Fonte: ANA 2005
71
4.5. Escalas de análise

1. escala do lugar
2. escalas dos diferentes territórios já em vigor
3. escala da micro-bacia e dos municípios

• É preciso conhecer estas dinâmicas territoriais de forma particularizada,


respeitando o princípio da diversidade mas também ter visão do conjunto
de ações que contribuem negativamente e aquelas que contribuem de
modo positivo.

• Discutir a proposta de ZEE indicada pelo Ministério do Meio Ambiente e


fazer convergir as políticas

4.6. Consolidar a formação de um Grupo de Trabalho sobre a


Desertificação no Espírito Santo.

• Ampliar a participação da sociedade civil no processo de elaboração do PAN-


ES.
72
V- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AB’ SÁBER, A. N. Problemática da desertificação e da savanização no Brasil


intertropical. São Paulo: Instituto de Geografia da USP, 1977.
(Geomorfologia, 53).

AYOADE. J. O. Introdução à Climatologia para os Trópicos. Rio de Janeiro, Ed.


Bertrand Brasil, 8° edição, 2002.

COELHO, A. L. N. A Evolução e a Dinâmica Fluviomarinha Recente na Planície


Costeira do rio Doce: Identificando e Discutindo as Principais
Transformações. In: Anais do XI Simpósio Brasileiro de Geografia Física
Aplicada, USP, São Paulo, SP, 2005, pp. 5440 - 5459, set. / 2005.

DOMINGUES, J. M. L.; BITTENCOURT, A.C.S.P.; MARTIN, L. Esquema evolutivo


da sedimentação quaternária nas feições deltaicas dos rios São Francisco
(SE-AL), Jequitinhonha (BA), Doce (ES) e Paraíba do Sul (RJ). Revista
Brasileira de Geociências, nº 11, 1981, pp. 225-237.

FOLHA SE. 24/RIO DOCE. 5.3 – Climatologia. In: Projeto RADAMBRASIL, vol. 34,
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FORSDYKE, A. G. Previsão do Tempo e Clima. São Paulo. Coleção Prisma – O


Conhecimento em Cores. Edições Melhoramentos, n° 17.

IBGE, Projeto RADAMBRASIL Volume 23 / 2 IBGE, Projeto RADAMBRASIL Volume


34, Levantamento de Recursos Naturais - Folha SE.24 Rio Doce; Geologia,
Geomorfologia, Pedologia, Vegetação, Uso potencial da Terra. Edição Fac-
similar. Rio de Janeiro. IBGE, 1987. (Cd-Rom)

IBGE, Projeto RADAMBRASIL Volume 34, Levantamento de Recursos Naturais -


Folha SE.24 Rio Doce; Geologia, Geomorfologia, Pedologia, Vegetação, Uso
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Rom)

IEMA (Instituto Estadual de Meio Ambiente), Unidades Administrativas de


Recursos Hídricos do Estado do Espírito Santo, 2004 (CD-Rom)

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do XI Simpósio Brasileiro de Geografia Física Aplicada, USP, São Paulo, SP,
2005, pp. 3129-3144, set. / 2005.
74
75
76
ANEXO 2 – EIXOS E SUB-EIXOS DO PAN-BRASIL
Fonte: PAN-BR , p. 99

O Significado da Concepção dos Eixos Temáticos no Combate à Desertificação

Os quatro eixos temáticos selecionados estão orientados por demandas sociais expressas pela
maioria da população que vive no Semi-árido Brasileiro. Sua junção pode resultar na possibilidade
de promover o combate efetivo à desertificação, combinando a criação de novas atividades
econômicas com as demandas sociais básicas da população.

A junção de iniciativas em torno dos quatro eixos também expressa demandas das classes sociais
dotadas de meios de produção e de melhor nível de renda. Esses segmentos também demandam a
supressão dos níveis de violência. Por isso, devem ser chamados a refletir e contribuir para a
solução das questões sociais mais agudas. Esse entendimento pode não resolver todas as
contradições do desenvolvimento brasileiro, mas certamente contribuirá positivamente para o seu
equacionamento.

A escolha dos eixos temáticos constitui uma forma de, a um só tempo, visualizar e sintetizar a
compreensão das opções escolhidas sobre como solucionar os problemas gerais e específicos do
Semi-árido Brasileiro. De sua escolha, pode resultar a integração mais bem acabada das ações
estruturadas por este Programa.

A implementação das iniciativas especificadas no capítulo V constitui, neste sentido, a base de


apoio ao desenvolvimento sustentável do Semi-árido Brasileiro, focado na preservação,
conservação e manejo controlado dos recursos naturais, vis-à-vis a necessidade de atender as
exigências socioeconômicas e culturais, aqui identificadas com a promoção do desenvolvimento
includente e sustentável, que seja, ao mesmo tempo, indutor da inserção social, da eficiência
econômica, da conservação ambiental e da preservação e valorização do patrimônio cultural. 7
(PAN-BR, P. 99). Apresentamos a seguir um esquema dos eixos e sub-eixos apresentados no PAN-
Brasil, 2004.

1- Redução da Pobreza e da Desigualdade


o Reforma Agrária
o Educação Fundamental
o Fortalecimento da Agricultura Familiar e Segurança Alimentar
o Seguridade Social
o Saúde

2 - Ampliação Sustentável da Capacidade Produtiva


o Considerar (examinar) os estágios de desertificação
o Agricultura familiar é elemento central para desenvolvimento sustentável das
ASD, garantindo um equilíbrio ambiental
o Agricultura irrigada – prevenção e controle da salinização em perímetros
irrigados (políticas de controle da salinização)
o Ampliação do setor de serviços (públicos e privados que atendam às carências
sociais mais críticas)
o Atividades Agropecuárias
o Atividades Industriais
o Melhoria da Infra-Estrutura/Energia
o Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental
o Fortalecimento das Atividades Produtivas
o Agricultura Irrigada
o Fortalecimento do Agricultura Familiar
o Arranjos Produtivos Locais
o Aprimoramento do Fluxo de Investimentos

3 - Preservação, Conservação e Manejo Sustentável dos Recursos Naturais


o (propostas especiais para as ASD de política ambiental do Governo Federal)

o gestão ambiental

7
Veja-se, a respeito: BRASIL, Ministério da Integração Nacional, Secretaria de Políticas de Desenvolvimento
Regional, GTI – Grupo de Trabalho Interministerial para a Recriação da Sudene (2003), - Bases para a
Recriação da Sudene. Por uma Política de Desenvolvimento Sustentável para o Nordeste. Versão Final, mimeo.
(Disponível no site do MI: http://www.integracao.gov.br.) (Acessado em 15.08.2003.)
78
o ampliação de áreas protegidas
o gestão dos recursos hídricos
o uso sustentável dos recursos florestais
o revitalização do Rio São Francisco
o zoneamento econômico ecológico em escala adequada.
o Melhoria dos Instrumentos de Gestão Ambiental
o Zoneamento Ecológico-Econômico
o Áreas Protegidas
o Manejo Sustentável dos Recursos Florestais
o Manejo Sustentável de Terras no Sertão (Projeto D. Helder Câmara)
o Revitalização da Bacia Hidrográfica do São Francisco

4 - GESTÃO DEMOCRÁTICA E O FORTALECIMENTO INSTITUCIONAL


Consolidar a experiência de gestão democrática com ampliação da participação da sociedade civil
em todas as instâncias.

o Atividades de Monitoramento e Avaliação


o Subsistema de Monitoramento e Avaliação da Desertificação
o Subsistema de Monitoramento e Avaliação do Processo de Implementação
o Subsistema de Monitoramento e Avaliação dos Impactos
o Atividades de Melhoria dos Conhecimentos
o Zoneamento Ecológico-Econômico-ZEE
o Sistemas de Alarme Precoce
o Estudos e Pesquisas Básicas e de Desenvolvimento
o Melhoria do Sistema de Gestão Ambiental
o Ampliação das Atividades de Formação e Capacitação
o Ampliação da Capacidade de Participação da Sociedade Civil
o Fortalecimento das Dinâmicas Estaduais
79
80
ANEXO 4 - CARACTERIZAÇÃO DAS ÁREAS SEMI-ÁRIDAS PELO PAN-BRASIL

Caracterizam-se pelo desequilíbrio entre oferta e demanda de recursos naturais em relação às


necessidades das populações que nelas habitam.
A semi-aridez, desertificação e secas são fenômenos naturais associados cujos efeitos são
potenciados pela ação do homem. A desertificação é um processo.

No Brasil, processos de desertificação começaram a ser, potencialmente identificados nos anos


1970. O estudo de João Vasconcelos Sobrinho é um marco (VASCONCELOS SOBRINHO, João. O
deserto brasileiro. Recife, UFPE/Imprensa Universitária, 1974)

Na linha dos pressupostos estabelecidos pela Agenda 21, a Convenção das Nações Unidas de
Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca-CCD define a desertificação como um
processo que culmina com a degradação das terras nas zonas áridas, semi-áridas e subúmidas
secas, como resultado da ação de fatores diversos, com destaque para as variações climáticas e as
atividades humanas. Na mesma linha, a degradação da terra é compreendida como
correspondendo à degradação dos solos, dos recursos hídricos, da vegetação e da biodiversidade.
Significa, por fim, a redução da qualidade de vida das populações afetadas pelo conjunto
combinado desses fatores.

A degradação e a desertificação constituem graves problemas. Tais problemas incidem sobre 33%
da superfície da terra, onde vivem cerca de 2,6 bilhões de pessoas (42% da população total).
Esses problemas são particularmente agudos na região subsaariana, onde residem mais de 200
milhões de pessoas. Ali, cerca de 20 a 50% das terras estão degradadas. A degradação do solo é
também severa na Ásia e na América Latina, assim como em outras regiões do globo. 8

Como resultado do avanço da desertificação, estima-se que se percam anualmente 24 bilhões de


toneladas da camada arável do solo, o que afeta negativamente a produção agrícola e o
desenvolvimento sustentável das regiões impactadas.

Na América Latina, mais de 516 milhões de hectares são afetados pela desertificação. Como
resultado desse processo, se perdem 24 bilhões de toneladas por ano da camada arável do solo, o
que afeta negativamente a produção agrícola e o desenvolvimento sustentável. 9As causas e, ao
mesmo tempo, as conseqüências da degradação e da desertificação são, freqüentemente, a
pobreza e a insegurança alimentar combinadas com variações severas do ciclo hidrológico, como
secas e enchentes.

Globalmente, a área afetada pela seca aumentou mais de 50% durante o século XX, enquanto as
mudanças sobre as áreas úmidas permaneceram relativamente inalteradas. É importante ressaltar
que enchentes e secas andam lado a lado. Particularmente, a seca é um fenômeno natural, cuja
duração e extensão apresenta um caráter aleatório. Apesar disso, cientistas atribuem alguma
relação com o fenômeno El Niño. Durante os eventos do El Niño, a seca é endêmica na Austrália,
Indonésia, sudeste da Ásia, Nordeste do Brasil, e partes da África. Já, durante o evento La Niña, as
localizações preferenciais de seca mudam para outras partes do mundo, incluindo a América do
Norte e do Sul. 10

Essas mudanças levam a uma excessiva pressão sobre os recursos naturais e adoção de
estratégias de sobrevivência que exaurem os recursos pelo uso da terra, cujas causas imediatas

8
SNEL, Mathilde e BOT, Alexandra. “Some suggested indicators for land degradation assessment of
drylands”. In: “Land Degradation Assesment in Drylands-LADA”, International Electronic Mail
Conference, accomplished in October, 09, november, 11, 2002. APUD: ADAMS, C. R. and
ESWARAN, H. “Global land resources in the context of food and environmental security”. In:
th
GAWANDE, S. P. Ed. Advances in Land Resources Management for the 20 Century. New Delhi:
Soil Conservation Society of India, 2000: 35-50. (Disponível no site:
www.fao.org/ag/agl/agll/lada/emailconf.stm, acessado em 21.07.2004.)
9
Veja-se, a respeito: Food and Agriculture Organization of the United Nations-FAO. A new
framework for conservation-effective land management and desertification control in Latin
America and the Caribbean Guidelines for the preparation and implementation of National
Action Programmes. Rome, FAO, 1998. Cf. site: http://www.fao.org/docrep/W9298E/W9298E00.htm.
(Acessado em 21.07.2004.)
10
Cf. OVERPECK, Jonathan & TRENBERTH, Kevin (orgs). “A multimillennia perspective on drought
and implications for the future”. In: Intergovernamental Panel on Climate Change-IPCC. Workshop
IPCC, 2003, 18-21, November, Tucson, Arizona, p. 6. (Disponível em :
http://www.ipcc.ch/pub.tucson.pdf, acessado em 20.05.2004.)
81
são o uso inapropriado e a degradação do solo, água e vegetação; perda da diversidade vegetativa
e biológica, afetando a estrutura e a função do ecossistema. 11

A discussão das causas e conseqüências da desertificação, degradação de terras e ocorrência de


secas é um assunto complexo e ainda pouco entendido. A seca ocorre freqüentemente em áreas
afetadas pela desertificação, correspondendo a uma característica do clima regional, no que se
refere às suas principais determinações causais. A relação entre desertificação e seca, por um lado,
e a influência humana, de outro, ainda não foram completamente explicadas. Secas ocasionais
(devidas à sazonalidade ou às variações interanuais das chuvas) e secas severas de longos
períodos podem ser causadas ou agravadas pela influência humana sobre o meio ambiente
(redução da cobertura vegetal, mudança do efeito de albedo, mudanças climáticas locais, efeito
estufa, etc.). Assim, as atividades humanas contribuem para acelerar o processo de desertificação,
agravando suas conseqüências negativas sobre as pessoas.

A severidade da desertificação depende de fatores que variam, no tempo, com a região ou país.
Para a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação-FAO, os fatores
responsáveis pela maior severidade da desertificação podem ser assim qualificados:

i. O rigor das condições climáticas durante o período considerado


(particularmente em termos de precipitação anual);

ii. A pressão populacional e o padrão de vida das pessoas envolvidas; e

iii. O nível de desenvolvimento do país e a qualidade das medidas preventivas


adotadas. 12

Assim, o combate à desertificação faz parte do processo das batalhas pela vida, devendo estar
explicitado nos programas de desenvolvimento socioeconômico das áreas afetadas. Ademais, um
dos aspectos chaves para o sucesso desses programas está referido à participação das pessoas
diretamente afetadas por aludido processo.

Esta compreensão aproximada do problema costuma ser denominada de global e participativa,


estando baseada em cinco princípios, assim concebidos pela FAO:

i. O princípio de integração, que afirma a necessidade de melhorar a


solidariedade entre as gerações e entre os usuários locais de recursos naturais e outros habitantes
do planeta. Esse princípio também abrange a necessidade de combinar o conhecimento tradicional
com o conhecimento experimental recente dos ambientes ecológicos e socioeconômicos;

ii. O princípio de concertação, que envolve a participação das pessoas,


desde o nível local, na tomada de decisões, sendo expresso por diversas formas de entendimento,
tais como: a concertação interna na própria comunidade local, que a capacita a trabalhar suas
próprias decisões, a organizar ações, a manejar suas terras e a resolver conflitos entre os seus
membros; a concertação entre as comunidades que se faz necessária quando elas pertencem à
mesma bacia hidrográfica ou usam o mesmo espaço ou as mesmas fontes de recursos; a
concertação entre as comunidades locais e regionais e instituições nacionais, que concretização
deve ser organizada pelo Governo; e a concertação entre organizações de desenvolvimento e
assistência (serviços técnicos governamentais, ONGs, etc.), cuja deflagração contribui para evitar a
ocorrência de contradições entre os programas, otimizando o uso de facilitadores e os efeitos do
suporte por eles fornecidos;

11
Veja-se, sobre o assunto: i) MAGALHÃES, Antônio Rocha & BEZERRA NETO, Eduardo. Org. Impactos
sociais e econômicos de variações climáticas e respostas governamentais no Brasil. Fortaleza, Imprensa
Oficial do Ceará, 1991; ii) MAGALHÃES, Antônio Rocha & REBOUÇAS, O. E. “The effects of climatic variations
on agriculture in Northeast Brazil.” In: PARRY, M. L; CARTER, T. R. & KONIJIN, N. T. Editors. The impact of
climatic variations on agriculture. Dordrecht, IIASA & UNDP, 1988. V. 2. (Assessments in Semi-Arid Regions.);
e iii) MAGALHÃES, Antônio Rocha. “Drought and policy responses in the Brazilian Northeast”. In: WILHITE, D. A.
Editor. Drought assessment, management and planning: theory and case studies. Norwell, Massachusetts,
Kluwer Academic Publishers, 1993.
12
Cf. Food and Agriculture Organization of the United Nations-FAO. Symposium on land degradation and
poverty.. Roma, Italia, FAO, International Fertilizer Industry Association-IFA, 2000, p. 3. (Disponível em:
http://www.fao.org/docrep/X5317E/x5317e00.htm, acessado em 14.04.2004.)
82
iii. O princípio do planejamento espacial, considerado fundamental à
garantia da consistência das ações;

iv. O princípio de descentralização do poder de tomada de decisão e de


alocação de recursos, cujo exercício é essencial ao sucesso das atividades de controle da
desertificação; e

v. O princípio da ajuda sustentável com intervenção flexível é importante


para as áreas do desenvolvimento rural e do controle da desertificação. A sustentabilidade requer
que governos e agências internacionais de financiamento estejam comprometidas com o longo
prazo, e que os fundos que elas podem tornar disponíveis sejam compatíveis com as etapas de
planejamento dos países beneficiários. A CCD denomina este princípio de contrato das partes
(partnership agreement). Segundo a FAO, a intervenção flexível tem dois componentes: a oferta
de assistência técnica flexível às comunidades, que deve ser provida no sentido de adaptar os
programas de ação às necessidades de transformação e aos contextos locais; e os procedimentos
financeiros e contábeis flexíveis, com base nos quais deve ser provido suporte financeiro específico
que possa atender as iniciativas, cuja provisão não tenha sido prevista. (FAO, 2000: 6-9.) (PAN
PAG. 23 E 24)

O assunto é complexo e ainda pouco entendido

A áreas reconhecidas

- Polígono das secas – 1936 até 1989 quando foi ampliada de 672.281,98 km2 para 1.085.187
km2
- Não existe mais o polígono das secas mas sim a “Região semi-árida do fundo constitucional de
financiamento do nordeste – FNE, de 1989)
- A área do semi-árido está sendo redefinida pelo ministério da Integração Nacional e pelo mma
(desde 2004)

As ASDs

O espaço objeto da atuação do PAN-BRASIL, caracterizado como Áreas Susceptíveis à


Desertificação-ASD, são divididos em
i) Núcleos de Desertificação;
ii) Áreas Semi-áridas e Subúmidas Secas;
iii) Áreas do Entorno das Áreas Semi-áridas e Subúmidas Secas;

As Áreas do Entorno das Áreas Semi-áridas e Subúmidas Secas compreendem uma


superfície de 207.340 km², distribuídos ao longo de 281 municípios. Os municípios do Maranhão,
Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e Minas Gerais
foram incluídos atendendo ao critério de estando no Entorno das Áreas Semi-áridas e
Subúmidas Secas pertencerem ao Bioma Caatinga, tal como delimitado no estudo “Cenários do
Bioma Caatinga”, produzido pelo Conselho Nacional da Reserva da Biosfera da Caatinga, com apoio
do MMA. Os do Espírito Santo foram incluídos atendendo ao critério da Lei nº 9.690/1998. Nas
áreas desse Entorno viviam 7.904.601 habitantes, em 1991, e 9.179.218, em 2000. As
informações sobre a população urbana e rural, taxa de urbanização e áreas geográficas dessas
áreas estão especificadas na tabela 1.3.

As condições ambientais de cada um dos 281 municípios assim integrados às Áreas Susceptíveis à
Desertificação-ASD ainda precisam ser mais bem caracterizadas (em todos os sentidos), para que
se possam conhecer os processos de desertificação ali observados. As condições das Áreas do
Entorno podem ser mais bem conhecidas, em curto prazo, estudando-as mediante o uso de
indicadores básicos de propensão à desertificação, como os de cobertura vegetal e de propensão à
degradação ambiental, sugeridos em estudo realizado, em 2000, pela Universidade Federal de
Pernambuco e pela antiga Sudene, com apoio da Fundação Apollônio Salles de Desenvolvimento
Educacional-Fadurpe e da Financiadora de Estudos e Projetos-FINEP. 13

13
SAMPAIO, Everardo V. S. B et alii. Desertificação no Brasil: conceitos, núcleos e tecnologias de
recuperação e convivência. Recife: Ed. Universitária da UFPE, 2003, p. 62-67. Desse texto consta uma bem
estruturada proposta de construção de um índice de desertificação, englobando os seguintes aspectos: i)
Princípios para a Formulação de um índice; ii) Índices de Propensão e de Desertificação Propostos; iii)
Indicadores de Propensão à Desertificação; e iv) Indicadores de Desertificação. Estes, por sua vez, abrangem
indicadores de degradação ambiental, indicadores de agricultura, indicadores econômicos e indicadores sociais.
83
A relação dos municípios das Áreas do Entorno das Áreas Semi-áridas e das Áreas
Subúmidas Secas está especificada no Anexo 4.

iv) Novas Áreas Sujeitas a Processos de Desertificação;


v) Características Principais das Áreas Susceptíveis à Desertificação-ASD; e
vi) Relação das ASD com o Bioma Caatinga, o Polígono das Secas e a Região Semi-árida do FNE.
84

ANEXO 5 - INDICADORES CONSENSUADOS COMO BASE PARA O ZEE E GESTÃO


AMBIENTAL

INDICADORES DE DESERTIFICAÇÃO I A COMO MEDIR


B
M
R
P
A
O
N
R
G
T
Ê
Â
N
N
C
C
I
I
A
A
Cobertura vegetal 1 N % Área cobertura/área total
Biomassa da caatinga 2 N Massa foliar tonelada/ha ou m3/ha
Biodiversidade vegetal 1 L Inventário floristico (espécie/ha)
Desmatamento 1 N Variação da cobertura
Presença de espécies indicadoras 1 L Inventário floristico (espécie/ha)
Consumo produtos vegetais - Lenha/consumo 1 N Tonelada/há/ano
Consumo produtos vegetais - consumo/oferta 1 N Tonelada/há/ano
Fauna (diversidade, densidade, distribuição) 2 L Inventário faunístico

Uso do solo 1 N Área/classe de uso


Grau de erosão 1 N Tipo de classe/ha
Grau de salinização 1 L Classe
Área salinizada 1 N Área salinizada/área total irrigada
Sobrepastoreo 1 N (Carga animal/ha)/capacidade de suporte
Albedo de superfície 2 N I/R classe/área

Uso das águas superficiais e subterraneas Oferta/demanda


Oferta/Demanda - Stress hídrico - IPH 1 N Vazão (m3/s)
m3/hab/ano(classe)
Água armazenada à ceu aberto 1 N Estimativa volume (área/ha)
Qualidade da água 1 L Índice de qualidade da água
(IQA 9 parametros)
Assoreamento/Sedimentação 1 L Descarga sólida/descarga líquida
Mananciais superficiais ( vazão - tempo) 1 L m3/s - (vazão rios)
Poços (vazão - tempo) 2 L Teste de bombeamento (m3/h) DNPM
85

INDICADORES DE DESERTIFICAÇÃO I A COMO MEDIR


B
M
R
P
A
O
N
R
G
T
Ê
Â
N
N
C
C
I
I
A
A
Densidade demográfica (urbana, rural) 1 N hab/km2
Taxa de migração líquida 2 N TM=(M/(((E+R)/2)*N)*1000
Taxa média de crescimento populacional anual 2 N (Pt2 - Pt1) -1
Estrutura da idade P(0 - 19 anos)/Pt*100
PEA/GÊNERO 1 N P(20 - 59 anos)/Pt*100
P(60 anos)Pt*100
% de mulheres chefes de famílias 1 N (Mulheres chefes de família/total famílias)*100
Renda agrícola das famílias/renda total por famílias 1 N ($ agrícola familia/$familia)
Auto consumo% 1 L $ auto consumo/$produção
Incidência de pobreza 1 N IDH Índice de pobreza
Enfermidades maior incidência (veiculação hídrica) 1 N nº de atendimento SUS
Saneamento (serviço sanitário) 1 N % de residências rurais que possuem sanitários
Mortalidade infantil 1 L Mortos até 5 anos/1000
Escolaridade 1 L Média de anos na escola
Distribuição de classes das propriedades
Estrutura fundiária 1 L Quantos Proprietários
Coeficiente de GINI
INDICADORES INSTITUCIONAIS
Controle estatal/Fiscalização
Plano diretor
Capacitação
Associação municípios
ONGS/OSCIP
Conselhos
Recursos orçamentários
Marcos legais
Integração programas
Institucionalização
INDICADORES CLIMÁTICOS
Índice de Aridez
Índice de Precipitação Padronizado

N – Escala Nacional L – Escala local.


86
ANEXO 6 – Exemplos de alguns dos elementos permitiram indicar 3 áreas prioritárias
para estudos detalhados.

Figura 25 – Algumas variáveis utilizadas para a escola das áreas prioritárias no ES


87
ANEXO 7 - Levantamento Preliminar da Paisagem de Desertificação e Efeitos da Seca no
Estado do Espírito Santo

Figura 26 – Levantamento Preliminar da Paisagem de Desertificação e Efeitos da Seca no Estado do Espírito Santo
88
ANEXO 8 – Mapa da Área Piloto

Figura 27 – Mapa da Área Piloto


89

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