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DESERTIFICAÇÃO NO ESTADO
DO ESPÍRITO SANTO
Outubro de 2005
1
PANORAMA SOBRE A
DESERTIFICAÇÃO NO ESTADO DO
ESPÍRITO SANTO
Consultores
Equipe de Apoio
II - CARACTERIZAÇÃO TERRITORIAL 12
IV - ANÁLISE E RECOMENDAÇÕES 65
V- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 72
ANEXOS 74
4
LISTA FIGURAS
4 Percentual de Pessoas que Vivem que Vivem em Domicílios e água encanada, 2000. 19
7 Geologia e Geomorfologia 24
LISTA DE SIGLAS
APRESENTAÇÃO
Este trabalho foi realizado num prazo de apenas 30 dias e por isso mesmo se
propôs a ser um panorama, isto é, reunir um conjunto de informações que
permita visualizar tendências em relação ao processo de desertificação;
Por outro lado, acreditamos que este panorama apresenta uma contribuição
importante, mostrando o quadro delicado de susceptibilidades à desertificação
que se apresenta no Espírito Santo.
Há uma relação entre pobreza e maiores impactos dos efeitos das secas. Mas a
pobreza tem que ser considerada do ponto de vista das vulnerabilidades e não
como agente de degradação ambiental. A população mais carente é a mais
atingida pelos efeitos da seca ou de intensas chuvas que caracterizam as áreas
susceptíveis à desertificação no Brasil. O combate às carências sociais é
fundamental para a convivência com os efeitos da seca ou para amenizar os seus
efeitos.
Nestas áreas do entorno percebe-se, muitas vezes, que o estudo das variações
climáticas não é o preponderante para indicar vulnerabilidades, mas sim a
associação inadequada entre fatores ambientais e sociais. A este respeito ver em
indicações bibliográficas.
No Brasil, desde a criação da Sudene pensadores tais como Josué de Castro e Celso Furtado, nos
2
anos 1950 e1960 já preocupavam-se com uma abordagem social do problema da seca o que
entretanto não foi colocado em prática. Soluções hidráulicas e a construção de rodovias – soluções
tecnicistas que atendiam aos interesses dos grandes proprietários do Nordeste) foram priorizadas.
E de tempos em tempos as grandes secas expõem a condição de miséria em que vive grande parte
da população do Nordeste. No período atual este problema se agrava ainda mais pois a
modernidade tende a expulsar e a segregar mais ainda as populações carentes.
10
a discussão já acumulada no estado mais os elementos analisados neste
panorama é proposta a ampliação destes municípios no norte incluindo a
indicação de uma área no sul do Estado. (ver Figura 26 pg. 87).
NOME ÓRGÃO
Sueli Passoni Tonini IEMA
Selvo Antonio dos Reis ASS. ALTO RIO NOVO
Luiz Son ALES
Ana Penteado SETADES
Zilá Potratz SETADES
Célia Kiefer SETADES
Hans Christian Schimidt DLS/GTZ
Waldemiro Kielle IEMA
Barbarina SER/NOVA VENÉCIA
Além disso foram realizadas quatro oficinas para a discussão com a sociedade
civil conforme relatado no Item III.
- tema em discussão
2.1.9. Índice de - é preciso considerar princípios de sustentabildiade
Desenvolvimento - o índice síntese de referência ainda é o IDH mas
Sustentável que deve ser analisado à luz do desenvolvimento
sustentável.
ESPÍRITO SANTO
População em 2000
ESPÍRITO SANTO
ESPÍRITO SANTO
Percentual da Percentual da
Média de anos de
população acima população acima
estudo da
de 25 anos com de 25 anos com
Município população acima
menos de oito menos de quatro
de 25 anos
anos de estudo. anos de estudo.
(anos)
(%) (%)
N
Mortalidade até cinco
anos no Brasil
2000
ESCALA
0 2 4 60
Quilômetro
Índice de atendimento
total de coleta de esgotos
2003
N
Percentual de
pessoas que vivem
em domicílios com
banheiro e água
encanada 2000
ESCALA
0 2 4 60
Quilômetro
Figura 4 – Percentual de Pessoas que Vivem que Vivem em Domicílios e água encanada, 2000.
Fonte: Atlas do IDH 2000.
N
Índice de
desenvolvimento
Humano municipal
IDH-M 2000
ESCALA
Fonte: Atlas IDH, 2000
0 2 4 60
Quilômetro
Figura 5 – Índice de desenvolvimento Humano municipal IDH-M 2000.
Fonte: Atlas do IDH 2000.
20
2.2. ELEMENTOS AMBIENTAIS DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO
A análise a nível estadual revela que o Estado possui uma geologia composta em
três grandes unidades sendo elas representadas pelas:
Figura 6 - (A) caracterização da Planície Costeira do rio Doce antes de 5.100 anos
AP (antes do presente) com a o desenvolvimento de um sistema de ilhas-barreiras
associada à descida do nível do mar (clima mais seco) favorecendo o
desenvolvimento da planície. (B) Evolução da mesma em um estádio mais avançado
entre 4.200 e 3.900 anos A. P. evidenciada pelas prováveis paleodesembocaduras (A,
B, C, D e E) dos tributários e, posteriormente, pela interrupção pelas cristas praiais.
(C) Fase de erosão, relativa ao período 2.500 anos AP acompanhada de abandono das
paleodesembocaduras. Fonte: Martin et al (1997).
22
Em termos econômicos, há o destaque para extração de granitos (unidades pré-
cambriano) com os principais pólos localizados no norte do Estado e sul
(Cachoeiro do Itapemirim). Nas Unidades Terciárias (Formação/Grupo
Barreiras) há o destaque para usos diversos entre eles da monocultura de
Eucalipto no centro e norte do Estado.
(Remanescentes de Cadeias
Patamares Escalonados do Sul Capixaba
Dobradas + Faixa de Dobramentos Mantiqueira Setentrional
Remobilizados) Maciços do Caparaó
Tabuleiros Costeiros
Tabuleiros Costeiros Tabuleiros Costeiros
(Depósitos Sedimentares 1)
Planície Costeira
(Depósitos Sedimentares 2) Planície Costeira Planície Litorânea
Este controle estrutural pode ser evidenciado pelas observações das extensas
linhas de falhas, escarpas de grandes dimensões e relevos alinhados,
coincidindo com os dobramentos originais e/ou falhamentos mais recentes,
que por sua vez atuam sobre antigas falhas. O domínio está principalmente
representado no território capixaba por duas regiões geomorfológicas
distintas:
23
As Colinas e Maciços Costeiros: com o destaque para a “Unidade
Geomorfológica Colinas e Maciços Costeiros” encontrado ao longo da
costa entre a Formação Barreiras e os Patamares Escalonados do Sul
Capixaba, bem como entre a Formação Barreiras e o Maciço do
Caparaó. Possui como características área cristalina de topografia
deprimida, com reduzidos valores altimétricos, (inferior a 250 metros)
refletindo estruturas fraturadas e dobradas. As colinas apresentam
cobertura coluvial no topo e linhas de pedra (stone lines) angulosas e
também subarrendadas, predominando sedimentos areno-silltosos e/ou
areno-argilosos, notando-se em algumas dessas, a presença de
concentrações ferruginosas. Matacões e blocos ocorrem nas encostas
onde se registram espessuras significantes de colúvio.
3
A designação Formação Barreiras são para os sedimentos de origem continental, pouco
consolidados, que estão dispostos em estreita faixa ao longo da área costeira e interior do continente,
abrangendo desde o Estado do Rio de Janeiro até o Pará, invadindo ainda o vale do Amazonas.
(Bigarella & Andradre 1964).
24
Espírito Santo
Geologia
Geomorfologia
Localização do Estado
no Brasil
ESCALA
0 2 4 60
Quilômetros
GEOLOGIA 3 grandes unidades: 1ª COMPLEXO CRISTALINO (pré-cambriano, com maior destaque na região serrana)
2ª GRUPO/FORMAÇÃO BARREIRAS (FB - TERCIÁRIO)
3ª BACIAS COSTEIRAS ou MARGINAIS (QUATERNÁRIO)
2ª TABULEIROS COSTEIROS: formado por sedimentos continentais da FB, dissecado por uma rede hidrográfica
subparalela, com vales amplos de fundo chato colmatados por sedimentos quaternários.
3ª PLANÍCIE COSTEIRA:(QUATERNÁRIA) área mais plana e baixa das 3 unidades, mais desenvolvida na
desembocadura do rio Doce.
Organização: Fonte:
Espírito Santo
Relevo
(características principais)
Localização do Estado
no Brasil
ESCALA
0 2 4 60
Quilômetros
PLANÍCIE COSTEIRA: área mais plana e baixa das 3 unidades, representadas principalmente pela Planície
Deltaica do rio Doce, formações de manguezais e pelas praias distribuídas pelo litoral capixaba. A altimetria
é inferior a 15m.
Organização: Fonte:
Espírito Santo
Tipos Climáticos
(Classificação Köppen)
Localização do Estado
no Brasil
ESCALA
0 2 4 60
Quilômetros
Com Seca
Cwa Verão
Mesotérmico
Aw
Tropical
Com seca
Quente
Cwb Verão
Cfb Verão
Organização: Fonte:
4
Somente os dados destes municípios que foram disponibilizados.
29
30
Espírito Santo
Temperaturas
(Médias Anuais)
Localização do Estado
no Brasil
ESCALA
0 2 4 60
Quilômetros
Organização Fonte:
Quanto à estação seca não é tão pronunciada próximo ao litoral pelo fato de
haver influencia da penetração de massas de ar frias do inverno. Porém, as
precipitações não são tão abundantes no verão pelo fato de se tratar de uma
zona de transição entre os tipos climáticos entre o Am, com precipitação no
verão com estação seca no Inverno e do tipo Aw de estação seca. Esta estação
seca é notada mais a noroeste e parte do sul do Estado com o predomínio do
clima tropical com um período de seca marcado por chuvas escassas (Figura 9).
De maneira geral, o mês mais frio no Estado é o de junho, o mês mais quente é
o de fevereiro, sendo que o período mais seco coincide exatamente com os
meses de inverno e o período mais chuvoso com o final da primavera e início do
verão. Fatores como latitude, altitude, circulação atmosférica e maritimidade,
respondem pela regularidade diferencial dos elementos climáticos condicionando
uma relativa distribuição e intensidade dos mesmos (RadamBrasil 1987).
5
Somente os dados destes municípios que foram disponibilizados.
32
Média no
período
98,6 78,4 109,4 86,7 114,3 122,1 113,2 85,3 120,0 131,1
Ressaltamos (e reconhecemos) que estes dados não são satisfatórios e que para
uma análise mais consistente das linhas tendências (tanto de temperatura e
precipitação) seria melhor aplicada em um espaço de tempo de no mínimo 30
anos, e ainda, em cada um dos municípios. Mesmo assim, decidimos mostrar a
situação pelo menos parcial, de algumas estações climáticas do Estado.
33
34
190
180
170
160
média m m /década
150
140
130
120
110
100
90
80
1980
1981
1982
1983
1984
1985
1986
1987
1988
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
Ano
Figura 13 – Curva de Tendência Mostrando a queda na quantidade de precipitação nos últimos anos no
município de Muniz Freire Sul do Estado.
Fonte de dados: Incaper (2005).
23,5
23,2
23,1
23,1
23,0
23,0
23,0
22,9
22,9
22,8
22,8
23,0
22,7
22,6
22,6
22,6
22,5
22,4
22,4
22,3
22,3
22,5
22,2
22,1
22,0
22,0
21,9
22,0
21,7
21,5
1980
1981
1982
1983
1984
1985
1986
1987
1988
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
Dessas doze Bacias quatro são de domínio federal6 (rio Doce, rio São Mateus, rio
Itapemirim, rio Itabapoana). Com exceção da Bacia do Rio Itabapoana as três
bacias são as de maior expressão espacial no Estado com o destaque para a
Bacia do Rio Doce que ocupa uma área aproximada de 15.807 Km² e cerca de
33,39% do Estado e uma vazão média anual superior a 900m3/s (ANA, 2000).
Nº ÁREA
NOME DA BACIA PERCENTUAL RIOS PRINCIPAIS
KM
02 Rio São Mateus 7.690 16.65% Rios São Mateus Braço Sul e Braço Norte
6.38%
12 Rio Itabapoana 2.972 Rio Itabapoana
Fonte: SEAMA
6
De acordo com o Artigo 20, parágrafo III da Constituição Federal
36
Espírito Santo
Bacias
Hidrográficas
Localização do Estado
no Brasil
ESCALA
0 2 4 60
Quilômetros
Regiões Hidrográficas
Itaúnas Jucú
Doce Benevente
Tal análise foi realizada com os dados disponibilizados pela ANA - Agência
Nacional das Águas (disponível em: http://hidroweb.ana.gov.br/, acesso em 22
out, 2005). A metodologia para a análise partiu dos dados de média mensal dos
rios, que por sua vez, achou-se a média anual calculando, em seguida, a média
mensal por década.
No caso do rio São Mateus – braço norte revela que no seu alto curso, no
município de Ecoporanga há uma queda de vazão. Essa tendência de queda é
justificada, possivelmente, pelas mudanças de temperatura na região associada
a um uso do solo inadequado nos últimos anos, a exemplo os desmatamentos.
Rio São Mateus Braço Norte: Média Vazão Mensal por Década (Estação Fz São Mateus - 55800005 )
Município: Ecoporanga
68,6
70
60
45,2
39,7
39,3
50
34,9
31,9
30,8
30,2
40
27,1
M³
20,7
30
17,7
17,3
16,1
14,1
20
8,3
5,8
10 5,2
0
1980
1981
1982
1983
1984
1985
1986
1987
1988
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
Ano
Figura 16 – Curva de Tendência indicando a queda da vazão média do rio São Mateus – braço Norte.
Fonte de dados: ANA (2005).
Tal fato se deve pelos usos inadequados do solo ao longo da bacia sendo que os
mais significativos são: desmatamentos, crescimento urbano, retirada de água
de forma descontrolada, transposição.
Rio Doce: Média Vazão Mensal por Década (Estação Colatina - 56994500 ) Município: Colatina
1409,1
1500
1231,3
1400
1107,4
1300
1200
994,1
1100
851,8
836,5
824,8
1000
M³
780,4
771,3
750,1
900 736,7
647,5
640,2
635,8
800
618,8
571,0
700
507,1
600
410,8
500
400
1983
1984
1985
1986
1987
1988
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
Ano
Figura 17 – Curva de Tendência indicando também a queda da vazão média do rio Doce, município de
Colatina.
Fonte de dados: ANA (2005).
Rio Itapemirm: Média Vazão Mensal por Década (Estação Usina Paineiras - 57580000 )
Município: Itapemirim
143,4
140
130
106,4
120
103,7
103,2
100,7
110
89,9
87,5
100
84,7
83,0
M³
78,4
90
77,0
75,0
72,2
80
67,2
65,1
62,4
60,8
59,9
59,8
57,8
70
53,6
60
41,3
50
40
1980
1981
1982
1983
1984
1985
1986
1987
1988
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
Ano
Figura 18 – Curva de Tendência indicando também a queda da vazão média do rio Itapemirim.
Fonte de dados: ANA (2005).
39
2.2.5. DÉFICIT HÍDRICO
Apesar de ocupar uma estreita área territorial, cerca de 7,80% do Estado com
cerca de 15 municípios há a preocupação quanto à ampliação dessas áreas
devido ao manejo inadequado do uso solo juntamente com os períodos mais
críticos de estiagem (que pode estender até um ano) assim, comprometendo os
pequenos cursos d’água na região (Figura 19).
Espírito Santo
Déficit Hídrico
Localização do Estado
no Brasil
ESCALA
0 2 4 60
Quilômetros
Déficit Hídrico
Balanço Hídrico (mm) {P-ETP}
Organização: Fonte:
Quadro síntese 2
PROJETOS
TEMAS
Quadro 1
Parceria entre:
Parceria entre
MPE Faz parte do projeto de revitalização das
e Nascentes nas Bacias Hidrográficas do Espírito
Aracruz Celulose Santo do MPE
Recuperação de Pinheiros
Nascentes Mucurici
IEMA Pedro Canário
Quadro 2
Resíduos Sólidos
Quadro 3
Quadro 4
Barragens - Outorga
Iema
Disciplina o processo de outorga
Instrução Normativa publicado em 06/10/2005
Quadro 5
Parceria entre:
O grupo de estudos fez diagnóstico das disponibilidades
Ipes hídricas nas Bacias do Rio Doce e Itaúnas
Incaper (Relatório Final do Grupo de Trabalho Cheias do Rio Doce
Iema de março de 2005 – utilizado pela CTGC)
UFES – Depto de
Hidráulica e Está dentro do programa de prevenção às cheias do Rio
Saneamento do Doce
Centro
Tecnológico Edimilson Teixeira é coordenador do programa
Quadro 6
POLÍCIA AMBIENTAL
Quadro 7
Quadro 8
Programa:
INCAPER Programa Prorenda Rural – ES
DLS
GTZ
SEAG Organizações governamentais e não
governamentais apóiam de forma
Parceiras: efetiva processos de desenvolvimento
FETAES local sustentável nas áreas de
APTA agroecologia, estruturas de auto-
SEMENTES gestão, educação rural diferenciada e
MEPES gênero.
CHÃO VIVO
CONSÓRCIO CAPARAÓ
1. Agroecologia
2. Conselhos e Desenvolvimento Territorial
3. Educação do Campo e Gênero
4. Parcerias Ambientais
Quadro 9
Parceria:
Levantamento da cadeia produtiva da
SEAG agricultura orgânica no Estado do Espírito
INCAPER Santo, Dezembro de 2004.
DLS
GTZ Vide referência bibliográfica e Figura 21
GFA
Unidades certificadas
Unidades em processo de conversão
Grupos de agricultores agroecológicos
Empresas certificadas / em conversão
Quadro 10
Parceiros:
Unicef –
Fundo das Nações Unidas para a Colocar a infância e a adolescência da
Infância região como prioridadel nacional e no
centro da agenda política dos estados
Governo Federal e municípios.
Quadro 11
Programa De Cisternas
P1MC
Programa de Formação e Mobilização
Social para Convivência com o Semi-
ASA Árido: Um milhão de Cisternas Rurais.
IDES-SAPÊ
Quadro 12
Educação:
Pronera em parceria com INCRA
EJA – Educação de Jovens e Adultos
Pedagogia da Terra
MST Curso Técnico em Agroecologia
Cidap
Terra:
Projeto Terra Sol – infraestrutua diversos
Projetos nos assentamentos e
acampamentos
Caritas em parceria com MDS Talher – Rede de Educação Popular
MPA
Parceria com ministério das Moradia camponesa
cidades e FGTS
APTA Projetos de Agroecologia
MPA Projeto de Demarcação de Terras
Incra Quilombolas
UFES
MDS, MDA e Parceiros Pronafs
Foi estabelecido pela lei 5.816 de 1998 e tem como objetivo estabelecer o
ordenamento de atividades e usos de zonas costeiras gerando
instrumentos de gestão. Encontra-se em proposta do Ministério do Meio
Ambiente se fazer o zoneamento econômico-ecológico costeiro, bem como
o estabelecimento de planos de gestão integrados no Estado do Espírito
Santo, inclusive com o ordenamento territorial.
• Unidades De Conservação
• Foram discutidos nas oficinas temas derivados dos grandes eixos temáticos
propostos no PAN:
EIXO 1 – Combate à pobreza e desigualdade;
EIXO 2 – Ampliação sustentável da capacidade produtiva;
EIXO 3 – Preservação e manejo sustentável dos recursos naturais;
EIXO 4 - Gestão democrática e fortalecimento institucional;
• A análise das propostas que emergem das oficinas aponta que a
participação da população local é essencial para o entendimento das
especificidades de cada lugar, o que permite traçar políticas que tenham
flexibilidade para adaptarem-se a estas particularidades.
Educação
• Otimizar o transporte escolar para o meio rural;
• Expandir / descentralizar o ensino médio;
• Criar Escolas Pólo com fundamentação, priorizando o horário integral;
• Valorizar a cultura local e o saber popular;
• Incrementar atividades de lazer no campo;
• Agilizar a revisão do Estatuto do Magistério Público estadual e do Plano de
Carreira (Plano Estadual);
• Regulamentar as escolas de período integral já existentes (ex.: CIER’S)
Saneamento Ambiental
• Fortalecer o programa saúde na família;
• Realizar coleta seletiva de lixo urbano e rural;
• Promover cursos de medicina alternativa;
• Oferecer assistência médica e odontológica á população de baixa renda nas
comunidades rurais;
• Construir Fossas Sépticas;
Questão Enérgética
• valorização de tecnologias alternativas renováveis economicamente viáveis;
• Viabilizar a assistência técnica;
• Proposta curricular diferenciada;
• Regulamentação fundiária;
• Formação Técnica em Agroecologia;
Áreas Protegidas
Programas:
• Programa de Corredores Ecológicos (corredor central da Mata Atlântica)
Ações:
• Revisão do SNUC propondo outras alternativas para proprietários de
fragmentos florestais;
• Fortalecimento das VC’s;
• Implementação de mini-corredores entre fragmentos em áreas prioritárias
do corredor central da mata atlântica.
• Regulamentar e implementar incentivos fiscais para pessoas físicas e
jurídicas relacionados com a criação e gestão de áreas protegidas;
• Promover a gestão integrada das VC’s com a Sociedade Civil;
• Difusão da dose de informação para prefeituras e sociedade civil;
• Fortalecimento do turismo sustentável em áreas protegidas e no meio rural;
• Levantamento dos maciços minerais prioritários para conservação e criação
de VC adequada;
58
Recursos Naturais
PROGRAMAS
Projeto de Corredores Ecológicos (corredor Central da mata Atlântica)
AÇÕES
• Apoiar e incentivar a proteção a fauna e flora silvestre;
• Apoio a implementação de viveiros de plantas nativas e ao estabelecimento
das SAF’s e sistemas Agroecológicos;
• Fortalecimento e ampliação da rede de sementes da caatinga e criação da
rede da Mata Atlântica;
• Levantamento da cobertura florestal interagindo com os municípios;
• difusão de dados e informações para prefeituras e sociedade civil;
• Ações integradas de fiscalização em sub-bacias incluindo o sobre vôos.
• Ações de recuperação e conservação dos recursos hídricos;
• Criar mecanismos que garantam infra-estrutura para o funcionamento dos
comitês de bacia;
• Criar mecanismos legais para captação de recursos via organizações civis
(ONG’s) para apoio aos comitês;
• Estimular a criação de sistemas de informação dentro dos comitês de bacia,
visando a gestão dos recursos hídricos;
• Criação de instrumentos descentralizadores, visando dinamizar a gestão dos
recursos hídricos nos comitês de bacia. Ex.: núcleos municipais,
coordenadorias e comissões temáticas ligadas a diretoria;
Zoneamento Ecológico-Econômico
Programas
• Programa Nacional de Zoneamento Ecológico-Econômico;
• Corredores Ecológicos(corredor central da Mata Atlântica)
Ações
• Difusão de dados e informação para prefeitura e sociedade civil;
• Envolver a sociedade civil nas discussões do ZEE;
• Fortalecer o zoneamento agro-pecuário granjeiro;
• Criar mecanismos para monitorar o cumprimento do zoneamento;
• Garantir o zoneamento dos corredores ecológicos existentes e de áreas
potencias e prioritários para formação de novos corredores.
Exploração de Granito
Aspectos Centrais
• Exploração desordenada e ilegal do granito.
• Excesso de peso e transporte inadequado do mármore e granito.
• Danificação das Matas, encostas e córregos.
• Conivência da fiscalização.
• Política de exploração inadequada.
Propostas e Programas
• Maior fiscalização e execução voltados à exploração do granito;
• Regulamentação do transporte;
• Punição severa para os infratores na exploração inadequada;
59
Ações
• Fazer cumprir a Legislação Ambiental;
• Ter uma política de exploração com o desenvolvimento;
• Mudança na Legislação de registros e exploração de recursos minerais;
• Direito à lavra deve ser dependente da comunidade atingida
Seguridade Social
problemas levantados
• Menos da metade dos trabalhadores é cadastrada junto ao INSS, o que
dificulta o acesso destes aos benefícios sociais;
• Informalidades nas relações de trabalho, que gera prejuízos e exclusão
social dos trabalhadores Rurais;
• Poucos contratos de parceria praticamente firmados, fazendo-se uso de
acordos informais no meio Rural;
• Falta de contribuição ao INSS dos trabalhadores Rurais, uma vez que isto é
feito com base na produtividade, e os trabalhadores não emitem notas
fiscais;
• Dificuldade no acesso aos talões para emissão de notas fiscais por parte dos
produtores;
• Presença de Assistencialismo que faz com que os produtores não
diversifiquem sua produção, causando baixa qualidade na alimentação e
falta de plantio de culturas de subsistência;
Soluções Propostas
• Campanhas educacionais no sentido de informar os benefícios provenientes
da contribuição ao INSS;
• Regularização dos contratos de parcerias para a regularização dos Registros
de produção;
• Incentivar a emissão de Notas fiscais dos produtos comercializados, e
orientação no sentido de esclarecer as dúvidas da utilização das notas como
comprovante para a contribuição à previdência.
• Desburocratização e facilitação de acesso aos talões, associados a
campanhas de esclarecimento sobre a utilização das notas fiscais;
• Manutenção de assistencialismo às famílias que sejam realmente
necessitadas, preconizando o caráter emergencial. O incentivo a produção
60
de subsistência deve vir atrelado aos benefícios, para que, dentro do
possível, as famílias se tornem independentes;
Segurança Alimentar
problemas levantados
• Plantio de poucas culturas que não fazem parte da dieta básica das famílias
que trabalham no campo;
• Ex.: Abacaxi, Mandioca, Maracujá e Pastagens;
• Desapego às culturas tradicionais da região.
• “Acomodação” proporcionada pelo acesso às cestas básicas;
soluções propostas
• Estímulo à diversificação de culturas;
• Projeto de distribuição de sementes (em andamento);
• Educação alimentar para re-introduzir gêneros alimentícios nutritivos que
foram deixados de lado devido ao assistencialismo;
• Estímulo às hortas escolares, com a finalidade de produção de hortaliças
nas casas dos estudantes;
Educação
• Segundo os relatos dos participantes, a educação tem apresentado
melhoras significativas. Os professores têm feito cursos de aperfeiçoamento
com uma certa freqüência, os Conselhos Municipais de educação têm
funcionado de maneira satisfatória. A integração entre escola e comunidade
tem ocorrido também de maneira satisfatória. O sistema de abastecimento
de água nas escolas é parte do Plano Pluri Anual da maioria dos municípios
participantes.
• As únicas críticas levantadas foram com relação ao Sistema pedagógico
empregado, que precisa ser mais aproximado da realidade local, já que
grande parte dos estudantes dos municípios pertence às áreas agrícolas.
Assim sendo, o ensino de matérias voltadas a realidade agrícola é muito
importante para a re-introdução de determinadas práticas agrícolas, com
foco familiar, que foram deixadas de lado por conta da valorização de
culturas com um maior valor econômico. Outro aspecto é o ensino técnico
especializado, que se faz necessário devido à escassez de mão-de-obra
especializada na região.
Irrigação/Prevenção Da Salinidade
Problemas levantados
• Redução da produtividade agrícola, que ocorre em função da redução da
disponibilidade hídrica, ocasionada tanto pela baixa quantidade de
61
precipitação ocorrida e/ou pela salinização;
• Baixa disponibilidade em quantidade e qualidade de água para se fazer
irrigação. Inadequação de método de irrigação por aspersão, devido aos
ventos e a pouca água disponível;
• Erosão genética da cultura do abacaxi, que constitui uma cultura resistente,
e tem-se reduzido a produtividade da cultura;
Soluções propostas
• A ampliação dos recursos para pesquisas de espécies adaptadas às
condições de salinidade (abacaxi e maracujá), bem como para a adoção de
métodos mais adequados de irrigação;
• Uso de sistema de irrigação localizada, que apresenta um uso otimizado da
água. Dessalinização da água e/ou construção de cisternas para a captação
da água das chuvas;
• Incentivo a pesquisas para o melhoramento genético de cultivares
adaptadas às condições locais
Questão energética
• O Programa Luz Para Todos tem atingido a quase totalidade dos domicílios
nas zonas rurais, satisfazendo às metas traçadas.
• Existe ainda um projeto na região de utilização de energia eólica para o
recalque de água em vias de ser implantado, que muito irá ajudar na
economia de energia “convencional” e aproveita fonte de energia abundante
na região.
• Existe ainda o projeto para a inserção de biodiesel, além disto existem
pesquisas em andamento para o aproveitamento do Capim elefante, como
fonte de carvão para as indústrias siderúrgicas.
Agricultura Familiar
• O acesso ao Programa Nacional de Apoio a Agricultura Familiar (Pronaf) tem
sido prejudicado principalmente pela situação irregular das propriedades,
uma vez que, conforme descrito anteriormente, muitas propriedades não
possuem documentação de posse. Um agravante é que os produtores não
possuem conhecimento e recursos suficientes para a regularização das
terras e esta é uma das exigências para participar de Programas de
fomento à agricultura familiar. Para solucionar estes problemas, foram
propostas lançamentos de campanhas educativas no sentido de sensibilizar
os produtores da necessidade de regularizarem a situação de suas terras.
• Vale ressaltar que não existem disputas por terra, uma vez que os
ocupantes são os verdadeiros donos das terras, porém falta regularizar a
situação dos mesmos.
Transporte
• No geral o escoamento da produção é feito de maneira satisfatória, uma vez
que as estradas são periodicamente retificadas por máquinas.
• O transporte coletivo tem atendido a contento as necessidades, uma vez
que a demanda por este transporte não é tão grande devido ao pequeno
porte dos municípios participantes.
Indústria
• Existe na região um grande número de pequenas fábricas de farinha, nas
quais existe o emprego de mão-de-obra local (em um município cerca 800
pessoas estão ligadas de alguma forma a estes estabelecimentos), além de
62
agregar valor a um dos principais produtos que corrobora para a
complementação da renda dos produtores. Além disto, estas empregam
cerca de 800 pessoas, servindo também como absorvedora de mão-de-
obra. Existe na Região ainda uma usina de produção de álcool e açúcar, que
absorve também mão-de-obra local e parte da produção de cana-de-açúcar.
Recursos Hídricos
problemas levantados
• Salinidade das águas;
• Deficiência nos sistemas de saneamento, tanto no meio urbano quanto
rural;
• Falta de planejamento urbano;
• Constantes problemas de transbordamento dos Rios da Região assolam as
populações do entorno, sobretudo em Presidente Kennedy;
• Na década de 60 o DNOS realizou obras de retificação dos cursos d’água
existentes na Região, sendo esta uma das causas apontadas para o
problema em questão;
soluções propostas
• soluções propostas
• Não se tem certeza do impacto que estas práticas podem ocasionar à
63
vegetação que recobre os bancos de areia, porém deve-se adotar medidas
de prevenção de problemas advindos da falta de cobertura da areia da
praia;
• Medidas como cadastramento dos catadores e estabelecimento de quotas
para a extração das sementes podem minimizar o impacto desta atividade;
• Além disto o beneficiamento das sementes e a valorização do produto final
também podem contribuir para a redução do impacto da extração das
sementes;
• Faz-se necessária à realização de estudo que identifique as potencialidades
do uso dos recursos naturais, especialmente da flora, com vistas a educar e
garantir a sustentabilidade das atividades;
• Alguns municípios da parte Sul do Espírito Santo devem fazer um estudo
visando identificar sua aptidão para a silvicultura;
• Acesso a Cursos do SEBRAE voltados ao melhoramento do controle
ambiental, em nível municipal;
• Conscientização dos produtores Rurais da importância de se manter as
margens de rios, áreas declivosas e remanescentes florestais conservados;
• Acesso facilitado a subsídios para a recuperação/recomposição de
fragmentos florestais nativos em Áreas de Proteção Permanentes.
Esta oficina teve como missão dar diretrizes para a construção do Plano de Ação
Estadual no Espírito Santo. Estas recomendações foram feitas a partir da
respostas a três questões que são apresentadas a seguir. Este debate reaparece
na elaboração do item IV – Análise e Recomendações.
Educação do Campo
Reforma Agrária
Preservação ambiental
3. Bacia do Rio São José (ver Figura 22) estendendo a área de atuação
para a região de Água Doce do Norte. A junção de 2 + 3 indica o
tratamento em conjunto de todo o norte (considerando os 29
municípios do projeto da Unicef que incluem os 23 municípios do
PAN-Brasil)
• Ressaltamos porém que é possível indicar outras duas áreas prioritárias que
juntas formam três grandes tendências à vulnerabilidade no Estado
conforme mencionado acima.
• O processo de indicação da Bacia do Rio São José como área piloto emerge
também da discussão já feita no início do processo pela ASA Capixaba.
Taxa de Urbanização de 1970 a 2000 - Área Piloto (ordem Taxa de urbanização, 2000)
Taxa de Taxa de Taxa de Taxa de
Ordem Ordem
urbanização, urbanização, urbanização, urbanização,
na no Município
2000 1991 1980 1970
Bacia Estado
(%) (%) (%) (%)
1 13 Linhares 82,51 71,86 46,14 30,40
2 23 São Gabriel da Palha 69,07 56,57 35,57 29,53
3 33 Sooretama 62,50 - - -
4 36 Mantenópolis 60,40 42,63 29,13 24,39
5 47 Alto Rio Novo 51,23 33,04 - -
6 54 Pancas 43,34 36,85 25,03 16,34
7 62 São Domingos do Norte 36,23 - - -
8 66 Vila Valério 29,50 - - -
9 69 Rio Bananal 26,63 19,21 - -
10 72 Águia Branca 24,39 14,05 - -
Fonte: Sistema Nacional de Indicadores Urbanos, 2000
A diminuição das chuvas (Figura 23) e da Vazão Média (Figura 24) do rio São
José indicam tendências a vulnerabilidade a desertificação.
147,5
139,7
136,1
160
122,9
113,1
140
104,5
103,0
100,6
100,1
99,8
96,4
96,2
120
94,3
92,5
89,9
88,0
100
71,2
M³
68,0
67,8
57,5
80
54,1
60
40
20
Anos
35
25,3
30
24,0
22,9
20,4
20,3
25
19,6
16,9
15,7
20
14,3
14,1
M³
11,5
10,7
15
10,0
9,4
9,5
9,3
9,3
8,7
8,3
7,6
10
5,2
Ano
Figura 24 – Linha de Tendência Vazão do rio São José Fonte: ANA 2005
71
4.5. Escalas de análise
1. escala do lugar
2. escalas dos diferentes territórios já em vigor
3. escala da micro-bacia e dos municípios
FOLHA SE. 24/RIO DOCE. 5.3 – Climatologia. In: Projeto RADAMBRASIL, vol. 34,
Série Levantamento de Recursos Naturais, FIBGE, 1987, pp. 512 – 532.
Os quatro eixos temáticos selecionados estão orientados por demandas sociais expressas pela
maioria da população que vive no Semi-árido Brasileiro. Sua junção pode resultar na possibilidade
de promover o combate efetivo à desertificação, combinando a criação de novas atividades
econômicas com as demandas sociais básicas da população.
A junção de iniciativas em torno dos quatro eixos também expressa demandas das classes sociais
dotadas de meios de produção e de melhor nível de renda. Esses segmentos também demandam a
supressão dos níveis de violência. Por isso, devem ser chamados a refletir e contribuir para a
solução das questões sociais mais agudas. Esse entendimento pode não resolver todas as
contradições do desenvolvimento brasileiro, mas certamente contribuirá positivamente para o seu
equacionamento.
A escolha dos eixos temáticos constitui uma forma de, a um só tempo, visualizar e sintetizar a
compreensão das opções escolhidas sobre como solucionar os problemas gerais e específicos do
Semi-árido Brasileiro. De sua escolha, pode resultar a integração mais bem acabada das ações
estruturadas por este Programa.
o gestão ambiental
7
Veja-se, a respeito: BRASIL, Ministério da Integração Nacional, Secretaria de Políticas de Desenvolvimento
Regional, GTI – Grupo de Trabalho Interministerial para a Recriação da Sudene (2003), - Bases para a
Recriação da Sudene. Por uma Política de Desenvolvimento Sustentável para o Nordeste. Versão Final, mimeo.
(Disponível no site do MI: http://www.integracao.gov.br.) (Acessado em 15.08.2003.)
78
o ampliação de áreas protegidas
o gestão dos recursos hídricos
o uso sustentável dos recursos florestais
o revitalização do Rio São Francisco
o zoneamento econômico ecológico em escala adequada.
o Melhoria dos Instrumentos de Gestão Ambiental
o Zoneamento Ecológico-Econômico
o Áreas Protegidas
o Manejo Sustentável dos Recursos Florestais
o Manejo Sustentável de Terras no Sertão (Projeto D. Helder Câmara)
o Revitalização da Bacia Hidrográfica do São Francisco
Na linha dos pressupostos estabelecidos pela Agenda 21, a Convenção das Nações Unidas de
Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca-CCD define a desertificação como um
processo que culmina com a degradação das terras nas zonas áridas, semi-áridas e subúmidas
secas, como resultado da ação de fatores diversos, com destaque para as variações climáticas e as
atividades humanas. Na mesma linha, a degradação da terra é compreendida como
correspondendo à degradação dos solos, dos recursos hídricos, da vegetação e da biodiversidade.
Significa, por fim, a redução da qualidade de vida das populações afetadas pelo conjunto
combinado desses fatores.
A degradação e a desertificação constituem graves problemas. Tais problemas incidem sobre 33%
da superfície da terra, onde vivem cerca de 2,6 bilhões de pessoas (42% da população total).
Esses problemas são particularmente agudos na região subsaariana, onde residem mais de 200
milhões de pessoas. Ali, cerca de 20 a 50% das terras estão degradadas. A degradação do solo é
também severa na Ásia e na América Latina, assim como em outras regiões do globo. 8
Na América Latina, mais de 516 milhões de hectares são afetados pela desertificação. Como
resultado desse processo, se perdem 24 bilhões de toneladas por ano da camada arável do solo, o
que afeta negativamente a produção agrícola e o desenvolvimento sustentável. 9As causas e, ao
mesmo tempo, as conseqüências da degradação e da desertificação são, freqüentemente, a
pobreza e a insegurança alimentar combinadas com variações severas do ciclo hidrológico, como
secas e enchentes.
Globalmente, a área afetada pela seca aumentou mais de 50% durante o século XX, enquanto as
mudanças sobre as áreas úmidas permaneceram relativamente inalteradas. É importante ressaltar
que enchentes e secas andam lado a lado. Particularmente, a seca é um fenômeno natural, cuja
duração e extensão apresenta um caráter aleatório. Apesar disso, cientistas atribuem alguma
relação com o fenômeno El Niño. Durante os eventos do El Niño, a seca é endêmica na Austrália,
Indonésia, sudeste da Ásia, Nordeste do Brasil, e partes da África. Já, durante o evento La Niña, as
localizações preferenciais de seca mudam para outras partes do mundo, incluindo a América do
Norte e do Sul. 10
Essas mudanças levam a uma excessiva pressão sobre os recursos naturais e adoção de
estratégias de sobrevivência que exaurem os recursos pelo uso da terra, cujas causas imediatas
8
SNEL, Mathilde e BOT, Alexandra. “Some suggested indicators for land degradation assessment of
drylands”. In: “Land Degradation Assesment in Drylands-LADA”, International Electronic Mail
Conference, accomplished in October, 09, november, 11, 2002. APUD: ADAMS, C. R. and
ESWARAN, H. “Global land resources in the context of food and environmental security”. In:
th
GAWANDE, S. P. Ed. Advances in Land Resources Management for the 20 Century. New Delhi:
Soil Conservation Society of India, 2000: 35-50. (Disponível no site:
www.fao.org/ag/agl/agll/lada/emailconf.stm, acessado em 21.07.2004.)
9
Veja-se, a respeito: Food and Agriculture Organization of the United Nations-FAO. A new
framework for conservation-effective land management and desertification control in Latin
America and the Caribbean Guidelines for the preparation and implementation of National
Action Programmes. Rome, FAO, 1998. Cf. site: http://www.fao.org/docrep/W9298E/W9298E00.htm.
(Acessado em 21.07.2004.)
10
Cf. OVERPECK, Jonathan & TRENBERTH, Kevin (orgs). “A multimillennia perspective on drought
and implications for the future”. In: Intergovernamental Panel on Climate Change-IPCC. Workshop
IPCC, 2003, 18-21, November, Tucson, Arizona, p. 6. (Disponível em :
http://www.ipcc.ch/pub.tucson.pdf, acessado em 20.05.2004.)
81
são o uso inapropriado e a degradação do solo, água e vegetação; perda da diversidade vegetativa
e biológica, afetando a estrutura e a função do ecossistema. 11
A severidade da desertificação depende de fatores que variam, no tempo, com a região ou país.
Para a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação-FAO, os fatores
responsáveis pela maior severidade da desertificação podem ser assim qualificados:
Assim, o combate à desertificação faz parte do processo das batalhas pela vida, devendo estar
explicitado nos programas de desenvolvimento socioeconômico das áreas afetadas. Ademais, um
dos aspectos chaves para o sucesso desses programas está referido à participação das pessoas
diretamente afetadas por aludido processo.
11
Veja-se, sobre o assunto: i) MAGALHÃES, Antônio Rocha & BEZERRA NETO, Eduardo. Org. Impactos
sociais e econômicos de variações climáticas e respostas governamentais no Brasil. Fortaleza, Imprensa
Oficial do Ceará, 1991; ii) MAGALHÃES, Antônio Rocha & REBOUÇAS, O. E. “The effects of climatic variations
on agriculture in Northeast Brazil.” In: PARRY, M. L; CARTER, T. R. & KONIJIN, N. T. Editors. The impact of
climatic variations on agriculture. Dordrecht, IIASA & UNDP, 1988. V. 2. (Assessments in Semi-Arid Regions.);
e iii) MAGALHÃES, Antônio Rocha. “Drought and policy responses in the Brazilian Northeast”. In: WILHITE, D. A.
Editor. Drought assessment, management and planning: theory and case studies. Norwell, Massachusetts,
Kluwer Academic Publishers, 1993.
12
Cf. Food and Agriculture Organization of the United Nations-FAO. Symposium on land degradation and
poverty.. Roma, Italia, FAO, International Fertilizer Industry Association-IFA, 2000, p. 3. (Disponível em:
http://www.fao.org/docrep/X5317E/x5317e00.htm, acessado em 14.04.2004.)
82
iii. O princípio do planejamento espacial, considerado fundamental à
garantia da consistência das ações;
A áreas reconhecidas
- Polígono das secas – 1936 até 1989 quando foi ampliada de 672.281,98 km2 para 1.085.187
km2
- Não existe mais o polígono das secas mas sim a “Região semi-árida do fundo constitucional de
financiamento do nordeste – FNE, de 1989)
- A área do semi-árido está sendo redefinida pelo ministério da Integração Nacional e pelo mma
(desde 2004)
As ASDs
As condições ambientais de cada um dos 281 municípios assim integrados às Áreas Susceptíveis à
Desertificação-ASD ainda precisam ser mais bem caracterizadas (em todos os sentidos), para que
se possam conhecer os processos de desertificação ali observados. As condições das Áreas do
Entorno podem ser mais bem conhecidas, em curto prazo, estudando-as mediante o uso de
indicadores básicos de propensão à desertificação, como os de cobertura vegetal e de propensão à
degradação ambiental, sugeridos em estudo realizado, em 2000, pela Universidade Federal de
Pernambuco e pela antiga Sudene, com apoio da Fundação Apollônio Salles de Desenvolvimento
Educacional-Fadurpe e da Financiadora de Estudos e Projetos-FINEP. 13
13
SAMPAIO, Everardo V. S. B et alii. Desertificação no Brasil: conceitos, núcleos e tecnologias de
recuperação e convivência. Recife: Ed. Universitária da UFPE, 2003, p. 62-67. Desse texto consta uma bem
estruturada proposta de construção de um índice de desertificação, englobando os seguintes aspectos: i)
Princípios para a Formulação de um índice; ii) Índices de Propensão e de Desertificação Propostos; iii)
Indicadores de Propensão à Desertificação; e iv) Indicadores de Desertificação. Estes, por sua vez, abrangem
indicadores de degradação ambiental, indicadores de agricultura, indicadores econômicos e indicadores sociais.
83
A relação dos municípios das Áreas do Entorno das Áreas Semi-áridas e das Áreas
Subúmidas Secas está especificada no Anexo 4.
Figura 26 – Levantamento Preliminar da Paisagem de Desertificação e Efeitos da Seca no Estado do Espírito Santo
88
ANEXO 8 – Mapa da Área Piloto