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5.1 Conceito
“Nacionalidade é o vínculo jurídico político que liga um indivíduo a um certo e
determinado Estado, fazendo deste indivíduo um componente do povo, da dimensão
pessoal deste Estado, capacitando-o a exigir sua proteção e sujeitando-o ao
cumprimento de deveres impostos.” (MORAES, Alexandre de)
“Nacionalidade é o vínculo jurídico que se estabelece entre um indivíduo e um Estado.”
(ARAÚJO, Alberto; NUNES JR., Vidal)
“O laço jurídico que liga as pessoas a uma determinada sociedade política caracteriza o
que se entende por nacionalidade.” (SOUZA, Nelson O.)
“Nacionalidade é o vínculo jurídico-político de Direito Público interno, que faz da
pessoa um dos elementos componentes da dimensão do Estado.” (V. PAULO; M.
ALEXANDRINO)
“Nacionalidade pode ser definida como o vínculo jurídico-político que liga um
indivíduo a determinado Estado, fazendo com que esse indivíduo passe a integrar o
povo daquele Estado e, por conseqüência, desfrute de direitos e submeta-se a
obrigações.”(LENZA, Pedro)
SECUNDÁRIA
(brasileiro naturalizado)
Regra: ius soli (art. 12, I, a)
Exceção: ius sanguinis
+ critério funcional/a serviço do Brasil (art. 12, I b)
(a) art. 12, I, a: os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais
estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país:
- regra do ius solis: em princípio, basta que o nascimento tenha ocorrido em território
brasileiro para que o indivíduo seja brasileiro nato. A única exceção é quando ambos os
pais são estrangeiros e estejam (mesmo que apenas um deles) a serviço do país
estrangeiro do qual são nacionais; se estiverem a serviço de um terceiro país, seu filho
nascido em solo brasileiro será brasileiro nato;
- por território brasileiro entende-se: “as terras delimitadas pelas fronteiras geográficas,
os rios, lagos, baías, golfos, ilhas, bem como o espaço aéreo e o mar territorial,
formando o território propriamente dito; os navios e as aeronaves de guerra brasileiros,
onde quer que se encontrem; os navios mercantes brasileiros em alto mar ou de
passagem em mar territorial estrangeiro; as aeronaves civis brasileiras em vôo sobre o
alto mar ou de passagem sobre águas territoriais ou espaços aéreos estrangeiros”.
(b) art. 12, I, b: os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde
que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil:
- neste caso, vige a regra do ius sanguinis + critério funcional (a serviço do Brasil);
- pai ou mãe brasileiros (natos ou naturalizados = ius sanguinis) + nascimento no
exterior + estarem a serviço do Brasil (serviço diplomático, consular, serviço público da
Administração Pública direta ou indireta de quaisquer das entidades políticas, serviço a
entidades internacionais das quais o Brasil faça parte – mesmo que não tenha sido
designado pelo Brasil [pois pode ter sido designado pela própria entidade]);
(c) art. 12. I, c, primeira parte: os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe
brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira competente ou (c.2)
venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, pela
nacionalidade brasileira:
- ius sanguinis + critério de registro em repartição competente (consulado ou embaixada
brasileiros);
- nascido no estrangeiro, filho de pai ou mãe brasileira (ou ambos, por óbvio) que não
estejam a serviço do Brasil, registrado em repartição brasileira (consulado ou embaixada
brasileiros);
Obs.: redação do art. 12, I, c, anterior à EC 54/2007, que tinha por base a ECR n. 3, de
07/06/1994, determinava que, para o filho de pais brasileiros nascido no exterior
adquirir a nacionalidade brasileira, necessitava vir a residir no Brasil e registrar-se (a
qualquer tempo – sem data para a opção de ser brasileiro). Por isso, a regra transitória
do art. 95, ADCT: Os nascidos no estrangeiro entre 7 de junho de 1994 e a data da
promulgação desta Emenda Constitucional, filhos de pai brasileiro ou mãe brasileira,
poderão ser registrados em repartição diplomática ou consular brasileira competente
ou em ofício de registro, se vierem a residir na República Federativa do Brasil. (EC n.
54, de 20/09/2007)
(d) art. 12. I, c, segunda parte: os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe
brasileira (não registrados em repartição brasileira), desde que venham a residir na
República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, pela nacionalidade
brasileira:
- ius sanguinis + critério residencial + opção confirmativa. É a chamada nacionalidade
potestativa (depende da manifestação da vontade);
- nascidos no estrangeiro de pai ou mãe brasileira que não estejam a serviço do Brasil +
fixação de residência no Brasil a qualquer tempo + realização da opção a qualquer
tempo, depois da aquisição da maioridade civil, pois a opção é personalíssima (STF);
- STF: a fixação de residência no Brasil constitui o fato gerador da nacionalidade
brasileira originária. Trata-se de uma nacionalidade temporária, a ser confirmada pela
opção, posteriormente à maioridade.
São duas as situações:
(a) enquanto incapaz civilmente, é nacional por intermédio de um registro provisório*
(Lei 6.015/1973, art. 29°, VII e § 2.°), considerando-se a nacionalidade brasileira para
efeito de todos os direitos decorrentes da nacionalidade;
- *registro provisório*: é competência da Justiça Federal a apreciação do pedido de
transcrição do termo de nascimento de menor nascido no estrangeiro, filho de pai ou
mãe brasileiros que não estavam a serviço do Brasil à época do nascimento, e que venha
a residir no Brasil – consubstancia-se esta transcrição do registro no Registro Civil das
Pessoas Naturais (do domicilio do incapaz ou de seus pais) – nacionalidade temporária,
a ser ratificada após alcançada a maioridade civil (art. 12, I, c, c/c art. 109, X).
(b) depois de adquirida a capacidade civil, a naturalidade fica suspensa até o momento
da homologação da opção*, cujo efeito é ex tunc (retroage à data na fixação de
residência em território brasileiro);
- a *opção* pela nacionalidade brasileira é feita judicialmente, em processo de
jurisdição voluntária de competência da justiça Federal (art. 109, X), que se conclui
com a sentença que homologa a opção, confirmando a nacionalidade brasileira primária
e determinando a transcrição do registro de nascimento no Registro Civil das Pessoas
Naturais, uma vez presentes os requisitos objetivos e subjetivos exigidos pela CF.
1.ª) Art. 12, II, a, primeira parte – Estrangeiros não originários de países de língua
portuguesa e apátridas: os requisitos para esta naturalização encontram-se no art. 112
da Lei n. 6.815/1980 – estatuto do estrangeiro:
- capacidade civil segundo a lei brasileira;
- ser registrado como permanente no Brasil (visto permanente);
- residência contínua pelo prazo mínimo de quatro anos;
- ler e escrever em português;
- exercício de profissão ou bens suficientes à sua manutenção e da família;
- boa conduta e boa saúde;
- inexistência de denúncia, pronúncia ou condenação, no Brasil ou no exterior, por
crime doloso a que seja cominada pena de prisão superior a um ano (abstratamente
considerada);
- inexistência de denúncia, pronúncia ou condenação no Brasil ou no exterior por crime
doloso a que seja cominada pena mínima de prisão, abstratamente considerada superior
a um ano.
Importante salientar que além da satisfação desses requisitos constitucionais e
legais, analisados pelo Ministério da Justiça, são necessários o consentimento do
Presidente da República e a efetiva entrega do certificado de naturalização, por Juiz
Federal.
2.ª) Art. 12, II, a, segunda parte - Originários de países de língua portuguesa: para que
estrangeiros originários de países de língua portuguesa (Portugal, Angola, Açores, Cabo
Verde, Goa, Guiné-Bissau, Macau, Moçambique, Portugal, Príncipe, Timor Leste)
adquiram a nacionalidade brasileira por naturalização são necessários os requisitos:
- residência no Brasil por um ano ininterrupto + idoneidade moral + capacidade civil do
optante (pois decorre de um ato de vontade);
- também aqui é necessária a aceitação do pedido pelo Presidente da República e a
entrega do certificado de naturalização pela Justiça Federal.
- Portugueses equiparados a brasileiros - Art. 12, II, a, segunda parte, c/c § 1.°: neste
caso, não se trata de naturalização, mas de equiparação do português residente no Brasil
ao brasileiro, para todos os efeitos da nacionalidade. Noutras palavras, o português não
se torna brasileiro, nem deixa de ser português, mas possui todos os direitos/deveres
advindos na nacionalidade brasileira secundária (com as exceções constantes na própria
Constituição – art. 12, § 3.°). Da mesma forma, o brasileiro residente em Portugal
equipara-se ao português sem deixar de ser brasileiro e sem tornar-se português.
São requisitos para a equiparação de português a brasileiro:
- cláusula de admissão de reciprocidade (prevista no diploma internacional V
Convenção sobre Igualdade de Direitos e Deveres entre Brasileiros e Portugueses,
ratificada pelo Brasil e promulgada pelo Decreto 70.391/1972, substituído pelo Decreto
3.927/2001. Em Portugal esta Convenção foi ratificada pelo Decreto Legislativo
126/1972);
- residência permanente no Brasil;
- reconhecimento da equiparação pelo Ministério da Justiça;
- para o exercício dos direitos e deveres políticos ainda é necessário requerimento à
Justiça Eleitoral + residência mínima de três anos no Brasil.
Obs.: O português pode optar tanto pela nacionalidade brasileira da mesma forma que
os demais estrangeiros oriundos de países que falam a língua portuguesa (art. 12, II, a,
segunda parte – vide acima), como pela equiparação aos brasileiros, neste caso sem se
tornarem brasileiros e sem deixarem de serem portugueses.
– Radicação precoce e curso superior - Art. 12, II, a, primeira parte, c/c art. 22, XIII:
como a norma constitucional determina que são brasileiros naturalizados os que, “na
forma da lei” satisfizerem determinados requisitos, não houve revogação da
possibilidade de naturalização presente no Estatuto do Estrangeiro em casos de
radicação precoce e de curso superior, mas sim recepção dessas possibilidades pela
CF/1988. Assim, conforme art. 12, II, a, primeira parte, c/c Lei n. 6.815/80, art. 115, §
2.°, I e II, e art. 116, pode haver naturalização secundária expressa ordinária:
- por radicação precoce = estrangeiros que ingressarem no Brasil antes dos cinco anos
de idade e que aqui fixarem-se definitivamente adquirem a nacionalidade brasileira
(pela naturalização), desde que se manifestem nesse sentido até dois anos após
adquirirem a capacidade civil;
- por conclusão de curso superior = nascidos no estrangeiros que, vindo a residir no
Brasil antes de atingirem a capacidade civil, façam curso superior em território
brasileiro e requeiram a nacionalidade brasileira até um ano após a conclusão do ensino
superior (colação de grau).
(somente nas
hipóteses constitucionais-taxativas)
- cargos (art. 12, § 3.°)
São exceções que não geram a perda na nacionalidade brasileira, previstas nas
alíneas no art. 12, § 4.°, II:
(a) reconhecimento da nacionalidade originária pela lei estrangeira (art. 12, § 4.°, II,
a): neste caso, haverá dupla nacionalidade. Como exemplo cita-se a nacionalidade
italiana conferida pela Itália aos descendentes de italianos por procedimento
administrativo. É mera aquisição de uma segunda nacionalidade pelo critério ius
sanguinis, não implicando na perda da nacionalidade brasileira;
(b) imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em
Estado estrangeiro, como condição para permanência em seu território ou para o
exercício dos direitos civis (art. 12, § 4.°, II, b): nesses casos, não se constata a vontade
de o brasileiro deixar de sê-lo, mas a imposição de aquisição de outra nacionalidade
como único meio de exercer atividade profissional ou de permanecer em território
estrangeiro. Mantém-se a nacionalidade brasileira e a estrangeira (dupla nacionalidade).
2[2] Lei n. 818/1949, art. 36: O brasileiro que, por qualquer das causas do art. 22, números I
e II, desta lei, houver perdido a nacionalidade, poderá readquiri-la por decreto, se estiver
domiciliado no Brasil. Observa-se que o inciso II do § 4.° do art. 12 possui a mesma redação
do inciso I da referida lei, e que o inciso II desta mesma lei não foi recepcionado pela CF/88.