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CAMPINAS 2016
DEFICIÊNCIA VISUAL, EDUCAÇÃO MUSICAL E TICS NA
INCLUSÃO DE ALUNOS DEFICENTES VISUAIS
Introdução
1. O olho humano
Córnea: É a primeira estrutura do olho que a luz atinge. A córnea se constitui de cinco
camadas de tecido transparente e resistente. A camada mais externa, Epitélio, possui uma
capacidade regenerativa muito grande e se recupera rapidamente de lesões superficiais.
As quatro camadas seguintes, mais internas, são que proporcionam uma rigidez e
protegem o olho de infecções (RAMOS, 2006, p. 4).
Íris: A porção visível e colorida do olho, logo atrás da córnea. Possui músculos em
disposição tal que possam aumentar ou diminuir a pupila, a fim de que o olho possa
receber mais ou menos luz, conforme as condições de luminosidade do ambiente
(RAMOS, 2006, p. 4).
Pupila: É a abertura central da íris, através da qual a luz passa para alcançar o cristalino
(RAMOS, 2006, p. 4).
Cristalino: É quem ajusta na retina o foco da luz que vem através da pupila. Tem a
capacidade de, discretamente, aumentar ou diminuir sua superfície curva anterior, a fim
de se ajustar às diferentes necessidades de focalização das imagens, próximas ou
distantes. Esta capacidade se chama "acomodação" (RAMOS, 2006, p. 4).
Retina: É a membrana que preenche a parede interna em volta do olho, que recebe a luz
focalizada pelo cristalino. Contém fotorreceptores que transformam a luz em impulsos
elétricos, que o cérebro pode interpretar como imagens. Existem na retina dois tipos de
receptores: bastonetes (+ ou -120 milhões) e cones (+ ou – 7 milhões), que se localizam
em torno da fóvea. Cada receptor comporta em torno de 4 milhões de moléculas, ricas em
rodopsina, que é capaz de absorver quanta luminosos decompondo-se em duas outras
moléculas (RAMOS, 2006, p. 4).
Esclera: É o nome da capa externa, fibrosa, branca e rígida que envolve o olho, e contínua
com a córnea. É a estrutura que dá forma ao globo ocular (RAMOS, 2006, p. 4).
Louro (2012), nos diz que 75% de nossa percepção está centrada no sistema visual.
Uma falha neste sistema, pode comprometer significativamente tanto o desenvolvimento,
quanto a aprendizagem das crianças. Por isso, segundo a autora, é tão importante a criação
de metodologias que permitam, por vias alternativas, a passagem e absorção das
informações das pessoas que possuem algum tipo de deficiência visual (LOURO, 2012,
p. 247).
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Vídeo sobre o processo de formação da imagem o sistema visual humano. (Para
visualização deste link baixe o aplicativo QR code scan (ou similar) disponível na Apple Store ou Google
Play).
Segundo a autora,
Para Louro (2012), trazendo dados coletados pela OMS, cerca de 1% da população
mundial apresenta algum grau geral de deficiência visual. Dos afetados, mais de 90%
se encontram em países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento. O termo cegueira
não corresponde, obrigatoriamente, à uma completa incapacidade para ver, mas sim
a diferentes pessoas com variados graus de visual residual. Daí a opção pelo termo
“Deficiência Visual” que abrange um leque maior de variabilidade clínica. Em relação
aos países desenvolvidos, apesar de em menor escala, estes também não estão imunes
ao problema. Dos seus deficientes visuais, cerca de 5% são crianças, o que, também
por lá, representa um constante desafio para pais educadores (LOURO, 2012, p. 247)
Na medicina, uma pessoa é considerada cega se corresponde a um dos critérios
seguintes: a visão corrigida do melhor dos seus olhos é de 20/200 ou menos, isto é, se
ela pode ver a 20 pés (6 metros) o que uma pessoa de visão normal pode ver a 200
pés (60 metros). Se o diâmetro mais largo do seu campo visual subentende um arco
não maior de 20 graus, ainda que sua acuidade visual nesse estreito campo possa ser
superior a 20/200. Esse campo visual restrito é muitas vezes chamado "visão em
túnel" ou "em ponta de alfinete". Nesse contexto, caracteriza-se como indivíduo com
visão subnormal aquele que possui acuidade visual de 6/60 e 18/60 (escala métrica)
e/ou um campo visual entre 20 e 50º (LOURO, 2012, p. 248).
Baixa Visão: corresponde a uma acuidade visual, na melhor situação, menor que
6/18 metros, e na pior situação, igual ou maior 6/60 metros. (Isso contando-se com a
melhor correção ótica possível para ambos os olhos); Outro fator considerado para
baixa visão, corresponde a acuidade visual, na melhor situação, menor que 6/60
metros e, na pior situação, igual ou maior que 3/60 metros. (Aqui também se contando
com melhor correção ótica possível para ambos os olhos);
Cegueira: corresponde a uma acuidade visual, na melhor situação, menor que 3/60
metros e, na pior situação, igual ou maior que 1/60 metros. (Novamente contando-se
com a melhor correção ótica possível em ambos os olhos). Este tipo de deficiência
corresponde, basicamente, à capacidade de contar dedos a um metro de distância.
Outro tipo de cegueira corresponde a uma acuidade visual, na melhor situação, menor
que 1/60 metros e, na pior situação, à capacidade de percepção da luz. (Mais uma vez
contando-se com a melhor correção em ambos os olhos). Ainda há também a cegueira
em que não há percepção de luz.
A Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde
(também conhecida como Classificação Internacional de Doenças – CID 10) é publicada
pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e visa padronizar a codificação de doenças e
outros problemas relacionados à saúde. Esta classificação é revista a cada 10 anos.
Atualmente, a versão está no número 10, ou seja, CID – 10. De acordo com Silva, Ferreira
e Pinto (2013), os principais indicadores para deficiência visual estão disponíveis na
tabela abaixo:
Tabela 12: CID 10 - cegueira e baixa visão
Louro (2012), lista uma série de doenças relacionadas à visão. São elas:
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Fonte: http://www.ligadeoftalmo.ufc.br/arquivos/ed_-_sd_-_baixa_visual_cronica.pdf
Anidria: é uma doença rara, que consiste na falta congênita da iris do olho. Pode
afetar um só olho, mas é mais frequente que afete os dois. Pode existir em paralelo
com outras alterações sistêmicas relacionadas com os rins e com atraso mental.
Anisometropia: condição em que o erro reflativo não é o mesmo para os dois
olhos.
Anoftalmia: ausência congênita de um ou ambos os olhos.
Astigmatismo: faz com que os raios de luz cheguem a diferentes regiões da retina,
dificultando a visão, tanto para longe quanto para perto.
Buftalmia: afecção ocular causada pela distensão do globo ocular, devido ao
aumento da pressão intraocular.
Catarata: opacificação do cristalino que se expressa, clinicamente, por uma visão
“nublada”.
Ceratite: inflamação da córnea.
Ceratocone: aumento exagerado da curvatura da córnea, causando alto
astigmatismo.
Conjuntivite: inflamação da conjuntiva. Pode ser viral, alérgica, tóxica, reativa,
entre outras. É altamente contagiosa.
Estrabismo: desvio de um ou ambos os olhos.
Glaucoma: designação genérica para o grupo de doenças que atingem o nervo
ótico, com consequente perdas nas células da retina.
Hipermetropia: erro de focalização da imagem no olho.
Microftalmia: anomalia congênita, ou adquirida, em o globo ocular é
normalmente pequeno.
Miopia: situação em que os raios de luz que penetra no olho, ao contrário do que
acontece na hipermetropia, são focalizados antes de atingirem a retina. O míope
tem grandes dificuldade me enxergar de longe.
Nistagmo: termo usado para descrever os movimentos oscilatórios, rítmicos e
repetitivos dos olhos. Movimento involuntário dos globos oculares que dificultam
a focalização da imagem.
Retinoblastoma: tumor originário das células embrionárias da retina.
Retinose pigmentar: grupo de doenças da retina. Degeneração gradual das células
retinianas sensíveis à luz e perda progressiva da visão periférica (ou da visão
noturna). (LOURO, 2012, p. 253).
Alguns fatores são fundamentais com indicadores de deficiências visuais. São
eles:
Auxílio à vida diária: artefatos para facilitar as tarefas do dia a dia, tais como
comer, tomar banho, cuidar da casa, etc.
Comunicação Alternativa: recursos que possibilitem a pessoas – sem fala, ou
com algum tipo de restrição na dicção – a comunicação. Pode ser feito além de
processamentos eletrônicos, também através de símbolo, cartões, ou outros tipos
de imagem para comunicação.
Acessibilidade ao Computador: consiste em facilitar ao máximo o acesso a um
computador ou sistema, por meio de ponteira, teclados virtuais e leitores de tela.
Sistemas de controle de ambiente: sensores e reguladores ajustam
automaticamente iluminação, temperatura, volume de equipamentos, dentre
outras funções de uma casa. Atualmente está em voga o conceito conhecido como
“internet das coisas”. Com este processo é possível ter eletrodomésticos
inteligentes, que se comunicam entre si, tudo isso gerenciado facilmente por uma
espécie de controle remoto acessível, com base em uma plataforma móvel
(notebook, smartphone ou tablet).
Adaptações Arquitetônicas: de acordo com a especificação da American with
Desabilities (ADA), rampas, barras de apoio nas paredes, elevadores de pequeno
e médio porte e recursos que visem garantir acessibilidade.
Auxílio a mobilidade: recursos de uso cotidiano que facilitem a locomoção, tais
como, bengalas, andadores, cadeiras de roda, carrinhos elétricos ou mesmo um
cão-guia.
Adaptações para cegos ou pessoas com baixa visão: sistema tátil (Braille) de
leitura e escrita, lupas manuais ou eletrônicas, lentes ampliadoras para
computadores, cores contrastantes nos textos de livros ou monitores de vídeo,
letras ampliadas (MIRANDA, 2016, p. 104).
Para Kleina (2012), o computador é hoje uma das principais ferramentas para as
pessoas com deficiência. Segundo o autor, para o caso dos alunos com deficiência visual,
estes podem adquirir um nível significativo de autonomia com os recursos disponíveis.
Outro software que também pode ser usado para educação musical dos deficientes
visuais, é o Sonic Pi (www.sonicpi.net). O Sonic Pi é um software livre e foi desenvolvido
pelo Dr. Sam Aaron na Universidade de Crambridge. Foi projetado especificamente para
sala de aula para incentivar os alunos a aprenderem a programar. Os parâmetros sonoros
são inseridos e manipulados no programa através de linhas de texto em tempo real. O
software também pode ser usado em performances ao vivo. Funciona nas plataformas
Windows, Mac e Linux.
6. Considerações Finais
Este trabalho abordou uma visão geral sobre a questão da inclusão, sobretudo
destacando a deficiência visual. Foram relatadas as deficiências visuais, suas causas e
possíveis caminhos para tratamento. Também foi discorrido sobre as tecnologias que
auxiliam os deficientes visuais, em sua vida cotidiana e como estas tecnologias podem
atuar na melhoria de sua qualidade de vida.
Como propostas futuras, pretende-se, a partir do que foi aqui exposto, desenvolver
mais metodologias para uso das TIC na educação musical dos alunos deficientes visuais,
principalmente utilizando o RPI e o Sonic Pi. Os usos destes recursos podem estimular o
processo criativo destes alunos e ajudá-los no processo de inclusão digital, pois como dito
anteriormente, a informática e seus recursos atualmente, pode ajudar a diminuir a grande
desvantagem que os deficientes visuais enfrentam nestas áreas, incluindo seus usos e
recursos na educação musical.
7. Referências
GARCIA, Vinicius Gaspar. Trajetória das pessoas com deficiência na História do Brasil:
“Caminhando em silêncio”. www.bengalalegal.com. Disponível em:
http://www.bengalalegal.com/pcd-brasil. Acesso em 13/12/2016.
HERSH, Marion A. e JHONSON, Michael A. Assistive Technology for Visually
Impaired and Blind People. London: Springer – Verlag London Limited, 2008.
JANUZZI, Gilberta de Martino. A Educação do Deficiente no Brasil: dos primórdios ao
século XXI. Campinas: Ed. Autores Associados, 2ª ed. 2006.
KLEINA, Cláudio. Tecnologia Assistiva em Educação Especial e Educação Inclusiva.
Curitiba: Intersaberes, 2012.
LOURO, Viviane. Fundamentos da aprendizagem musical da pessoa com deficiência. 1ª
ed. São Paulo: Editora Som, 2012.
MIRANDA, Marcilio. Tecnologias e Educação musical: uma interface inclusiva. In:
LOURO, Viviane (Org.) Música e Inclusão. Múltiplos Olhares. São Paulo: Editora Som,
2016.
RAMOS, André. Fisiologia da Visão. Um estudo sobre o “ver” e o “enxergar”. In: Análise
do Simbólico no Discurso Visual – prof. Luiz Antônio Coelho LabCom. Pontifícia
Universidade Católica do Rio de Janeiro - PUC-Rio, 2006.
Ramos, Sérgio. Introdução às TIC. In: AFONSO, Adriano. Manual de Tecnologias da
Informação e Comunicação e OppenOffice.org. 2ª ed. Lisboa, 2010. Disponível em:
http://www.adrianoafonso.net/files/manuais/manual_tic_2ed.pdf
SANTOS, Alexandre Henrique, FORNARI, José Eduardo, ZATTERA Vilson,
MENDES, Adriana. Um Estudo sobre as TICs como Ferramentas na Educação Musical
de Alunos com Deficiência Visual. In: Anais do 15th Brazilian Symposium Computer
Music. 23 a 25 de novembro de 2015. Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP.
Campinas, 2015, p. 151-158.
VILELA, Ana Luisa Miranda. O Mecanismo da Visão. Bioloja materiais didáticos.
Disponível em: http://www.afh.bio.br/sentidos/sentidos2.asp. Acesso em 13/12/2016.