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METODOLOGIAS CONVENCIONAIS E NÃO-CONVENCIONAIS E A PESQUISA EM

ADMINISTRAÇÃO

Gilberto de Andrade Martins


Professor Dr. do Departamento de Administração da FEA/USP

INTRODUÇÃO Segundo esta concepção, o cientista precisa, antes


de mais nada, observar os fatos, em seguida, usando
Mudanças de concepções implicam, comedidamente os informes obtidos por meio dos
necessariamente, nova forma de ver e compreender a sentidos e partindo de particulares terá condições de
realidade, outros modos de atuação para obtenção de formular generalizações, ou enunciar os axiomas que
conhecimento, transformações do próprio governam os fenômenos observados. Em síntese,
conhecimento, alterando-se portanto, as formas de se Bacon preconiza a adoção de um método empírico
interferir na realidade. indutivo para se investigar a realidade que nos rodeia.
O método científico é historicamente determinado e As etapas principais desse método científico são:
só pode ser compreendido dessa forma. O método é a) Observação (meticulosa);
reflexo das nossas necessidades e possibilidades b) Generalização (indutiva) - formulação de leis;
materiais, ao mesmo tempo em que nelas interfere. Os c) Confirmação das leis.
métodos científicos transformam-se no decorrer da Assim, o investigador principia suas pesquisas
História. verificando o que acontece, registrando as observações
Diferentes concepções de homem, de natureza e de feitas e repetindo as observações, a fim de afastar
conhecimento exigem diferentes métodos. Assim, as possíveis erros e distorções. Em seguida, de posse dos
diferenças metodológicas ocorrem não apenas dados registrados, meticulosamente ordenados,
temporalmente, mas também num mesmo momento e sistematizados e classificados, passa, com cautela, a
numa mesma sociedade. fazer generalizações gradualmente mais amplas,
Neste artigo, buscamos contrastar algumas posições adotando, para isso, um procedimento indutivo que o
das metodologias convencionais e não-convencionais conduz do particular para o geral. Atinge, assim,
para a investigação de fenômenos da administração. generalizações que se prestam para explicar o
Não se pretende privilegiar uma delas, mas apresentar observado e previsões são feitas quanto ao que deve
considerações que possam contribuir para discussões ocorrer. A confirmação das leis obtidas depende apenas
sobre alternativas metodológicas àqueles interessados de constante verificação, em casos concretos, de certo
na condução de pesquisas científicas sobre "acordo" entre o que a generalização afirma e o que
administração. efetivamente acontece. (Hegenberg, 1976 )
Para elucidar e motivar os "novos pesquisadores" - A pesquisa empírica ortodoxa, proposta por Bacon,
alunos do Programa de Pós-Graduação em efetua-se pondo de lado as "antecipações mentais" e
Administração - apresentam-se características dos todas as noções "preconceituosas"; hipóteses não são
"antigos" e "novos" métodos. acolhidas porque são "prematuras" ou "precipitadas".
De pronto, é necessário ficar claro que a Também não são admitidas idéias metafísicas de
diferenciação entre "convencional", "antigo" e o "não- explicação da realidade. O conhecimento dá-se pela
convencional", "novo" não é, uma diferenciação entre aproximação direta com o real, mediante regras rígidas
o “mau" e o "bom". Não se pretende expor uma visão que limitam as tentativas metafísicas para se
maniqueísta apresentando as vantagens de um enfoque compreender a realidade. A objetividade do
e os defeitos do outro. Nossa pretensão é destacar conhecimento é o ponto central do enfoque empiricista.
enfoques diferenciados de se "construir conhecimento", O método científico de Bacon sofreu críticas e
em reação ao paradigma estrutural do Modelo enriquecimentos ao longo dos tempos. É contudo no
Empirista de Ciência, cuja hegemonia se estende por século XIX que, ao se individualizar as ciências
quatro séculos sendo "molestada", a partir dos anos sociais, instaura-se o "problema político" dentro das
trinta deste século. metodologias em voga: o positivismo de Comte,
caudatário do empirismo, e a dialética marxista.
PESQUISAS CONVENCIONAIS (Haguette, 1990).
As metodologias que chamamos de convencionais
Pode-se dizer que as pesquisas convencionais têm têm suas bases no positivismo, enquanto as
raízes no empirismo inglês, a partir da publicação do metodologias não-convencionais se apóiam no
Novum Organum de Francis Bacon (1620). materialismo dialético e no materialismo histórico.

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São características principais do positivismo: ficar à margem da influência do ser


(i) Considerar a realidade como formada humano que investiga.
por partes isoladas, de fatos atômicos, (vi) O positivismo rejeita o conhecimento
segundo a expressão de Russel. Esta metafísico. "Devemos limitar-nos ao
visão isolada dos fenômenos, oposta a positivamente dado, aos fatos
idéia de integridade, pode levar a imediatos da experiência, fugindo de
resultados desvinculados de uma toda especulação metafísica. Só há um
dinâmica, gerando conclusões frágeis, conhecimento e um saber, aquele que é
geralmente descontextualizadas. O próprio das ciências especiais, mas não
mundo não é um amontoado de coisas um conhecimento e um saber
separadas e fixas. (Triviños, 1992 ). filosófico-metafísico." (Comte, In Os
(ii) Admitir que a busca da explicação dos pensadores, 1978).
fenômenos dá-se através das relações (vii) O positivismo defende uma unidade
dos mesmos, exigindo um referencial metodológica para investigação dos
teórico, condição desconsiderada pelo dados naturais e sociais. A idéia é que
método empírico ortodoxo que tanto os fenômenos da natureza,como
dispensa a teoria. os da sociedade estão regidos por leis
(iii) O positivismo não aceita outra invariáveis. O investigador deve
realidade que não sejam os fatos, fatos buscar procedimentos adequados aos
que possam ser observados. "Para que seus objetos de pesquisa.
determinados estudos sejam (viii) O enfoque positivista trabalha com
considerados ciência eles devem recair variáveis (dependentes e
sobre fatos que conhecemos, que se independentes); operacionalização de
realizem e sejam passíveis de conceitos ; generalizações... enfim,
observação". (Durkheim, 1975). com as técnicas das ciências são
Quanto aos estados mentais, o naturais aplicadas às ciências sociais.
behaviorismo, em busca da (Triviños, 1992)
cientificidade, eliminou a introspecção, De maneira simplista, as pesquisas convencionais
método clássico da psicologia podem ser entendidas como os estudos que se
tradicional, e chegou à conclusão de fundamentam em dados empíricos processados
que os estados mentais, de qualquer quantitativamente, coletados e trabalhados com
natureza e complexidade, manifestam- "objetividade" e "neutralidade", e, a partir de um
se através; do comportamento e este referencial teórico o pesquisador, geralmente, levanta
pode ser observado. (Triviños, 1992) hipóteses e as testa.
(iv) O positivismo não se interessa pelas
causas dos fenômenos, porque isso não PESQUISAS NÃO CONVENCIONAIS
é tarefa da Ciência. Assim, tendo os
fatos como único objeto da Ciência As metodologias alternativas aparecem. nestes
consiste ao investigador descobrir as últimos 30 anos, como forma de se buscar novos
relações entre eles. Para se atingir tal caminhos diante de uma realidade cada vez mais
objetivo criaram-se instrumentos complexa e dinâmica. Surgem devido ao cansaço das
(questionários, escalas de atitudes, metodologias tradicionais, e também em função da
escalas de opinião, etc), bem como democratização social experimentada pela sociedade
foram intensificados os "usos" da brasileira, a partir dos anos 70.
estatística na busca da desejada Frente aos surrados caminhos da metodologia
"objetividade científica". (Triviños, científica, que estabelecem o primado do método sobre
1992). a realidade, as metodologias alternativas (não-
(v) O investigador "positivista" não está convencionais) procuram andar ao contrário, ou seja,
interessado em conhecer as partir da realidade social na sua complexidade, na sua
conseqüências de seus achados. Esta totalidade quantitativa e qualitativa, na sua marcha
postura de neutralidade do histórica humana, também dotada de horizontes
conhecimento científico é combatida subjetivos, e depois construir métodos adequados para
pelos cientistas sociais que não podem captá-la e transformá-la. (Demo, 1989 )
conceber que a ciência humana possa É visível que metodologias alternativas guardam
postura dialética mais ou menos discernível, pelo

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menos no sentido de que partem da idéia de que a envolvidos na pesquisa. Manifestam interesse por
realidade organizacional necessita de método próprio, práticas alternativas, e se utilizam de técnicas não-
embora não exclusivo. não é certo afirmar que quantitativas. Buscam relação entre o fenômeno e a
metodologias alternativas só podem ter como essência, o todo e as partes, o objeto e o contexto. A
fundamento metodológico o materialismo dialético, validação da prova científica é buscada no processo
seja porque este é apenas uma versão da dialética, seja lógico da interpretação e na capacidade de reflexão do
porque este tipo de crítica científica pode buscar suas pesquisador sobre o fenômeno, objeto de seu estudo.
origens em outros contextos. A investigação, geralmente, parte de uma pergunta
A compreensão do papel fundamental, na pesquisa, orientadora e desenvolve-se em etapas de discussão e
dos sujeitos pesquisados é a característica básica das ação, reflexão e nova ação/intervenção. Na primeira
metodologias alternativas. Evidenciam o sujeito etapa, reúnem-se dados do vivido, fixado em
cognoscente, problematizando seu papel e as sucessivos registros num relato que leva a uma
conseqüências deste no ato de conhecer. compreensão da situação. A segunda etapa (análise)
As abordagens metodológicas alternativas se constitui uma interpretação desse relato do vivido, que
utilizam, com maior freqüência, de análises poderá ser retomado para nós por Interpretações. A
qualitativas, daí surgirem as denominações: pesquisas terceira etapa constitui uma nova compreensão do
qualitativas; metodologias qualitativas, e expressões problema que se concretiza em propostas de
assemelhadas. Os conceitos sobre os quais as ciências intervenção e/ou novas ações.
humanas se fundamentam, num piano de pesquisa Fundamentada no método de pensamento
qualitativa, são produzidos pelas descrições. A fenomenológico de Edmundo Husserl - 1859-1938,
descrição constitui, portanto, uma importância essa abordagem apresenta grande potencial para
significativa no desenvolvimento da pesquisa investigação de fenômenos administrativos.
qualitativa.
Com o objetivo de despertar investigadores da área MÉTODO CRÍTICO-DIALÉTICO
de administração, apresentamos uma síntese de
métodos e técnicas de abordagens não-convencionais. Crítico-dialético: têm como referencial teórico o
A relação não é exaustiva, e tem como finalidade materialismo histórico, apoiando-se na concepção
motivar discussões sobre conveniências de suas dinâmica da realidade e nas relações dialéticas entre
práticas. A bibliografia apresentada no final do texto, sujeito e objeto, entre conhecimento e ação, entre teoria
por certo, contribuirá para o aprofundamento das e prática. Além das técnicas utilizadas pelas pesquisas
"definições" aqui relatadas. empírico-analíticas e fenomenológico-hermenêuticas,
utilizam a "pesquisa-ação" e a "pesquisa participante".
MÉTODO FENOMENOLÓGICO Privilegiam experiências, práticas,
processos/históricos, discussões filosóficas ou análises
Não existe "o" ou "um" método fenomenológico, contextualizadas. Suas propostas são marcadamente
mas uma atitude. Atitude de abertura do ser humano críticas e pretendem desvendar mais que o "conflito das
para compreender que se mostra (abertura no sentido interpretações", o conflito dos interesses. Manifestam
de estar livre para perceber o que se mostra e não preso interesses transformadores. Buscam inter-relação do
a conceitos ou predefinições). Refere-se à intuição todo com as partes e vice-versa, da tese com a antítese,
intelectual e à descrição do intuito. O objeto de estudo dos elementos da estrutura econômica com os da
é o fenômeno, e sua apropriação dá-se através do superestrutura social, política, jurídica e intelectual. A
círculo hermenêutico: compreensão - interpretação - validade da prova científica é fundamentada na lógica
nova compreensão. A Pesquisa Fenomenológica, interna do processo e nos métodos que explicitam a
portanto, parte da compreensão do nosso viver - não de dinâmica e as contradições internas dos fenômenos, e
definições ou conceitos - da compreensão que orienta a explicam as relações entre homem-natureza, entre
atenção para aquilo que se vai investigar. Ao reflexão-ação e entre teoria-prática.
percebermos novas características do fenômeno, ou ao Segundo Frigotto (1989), não há um conjunto de
encontrarmos outras interpretações, ou compreensões procedimentos para o desenvolvimento do método
diferentes, surge para nós uma nova interpretação que diabético O processo diabético "implica rupturas - no
levará a outra compreensão. (Masini, in Metodologia dizer de Gramsei, uma catarse e um processo de
da Pesquisa Educacional, 1989). trabalho de aproximações sucessivas da verdade que,
As abordagens Fenomenológicas-hermenêuticas por ser histórica, sempre é relativa." O mesmo autor,
privilegiam estudos teóricos e análise de documentos e num dos textos do livro Metodologia da Pesquisa
textos. Suas propostas são críticas e, geralmente, têm Educacional (1989), sinaliza, no plano da prática, a
marcado interesse de "conscientização" dos indivíduos estratégia de condução sobre formação do trabalhador

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no processo produtivo, realizado em equipe no pseudoconcreto ao concreto que expressa o


IESAE/FGV. A estratégia envolve cinco momentos conhecimento apreendido da realidade.
fundamentais: e) Finalmente, busca-se a síntese da
a) Ao se iniciar uma pesquisa, dificilmente se investigação. A síntese resulta de uma
tem um problema, mas uma problemática. elaboração. É a exposição orgânica,
O recorte que se vai fazer para investigar coerente, concisa das "múltiplas
situa-se dentro de uma totalidade mais determinações" que explicam a
ampla. Sempre se parte de condições já problemática investigada. Aqui, não só
dadas, existentes, e de uma prática anterior, aparece o avanço em cima do
nossa e dos outros. Na definição da conhecimento anterior, mas também
problemática deve, pois, aparecer de questões pendentes e a própria redefinição
imediato a postura, o inventário das categorias, conceitos, etc. Na síntese
(provisório) do investigador. Essa postura discutem-se as implicações para a ação
delineia as questões básicas - a completa.
problematização, os objetivos, em suma, a Tanto para o Método fenomenológico quanto para o
direção de investigação. Neste âmbito já se Método Crítico-dialético, a busca dos dados vividos
colocam, a contraposição, as rupturas da poderá se dar, entre outras, pelas seguintes técnicas:
concepção do investigador em relação ao Estudo de casos: dedica-se a estudos intensivos do
que está posto. passado, presente e de interações ambientais de uma
b) No trabalho propriamente de investigação, (ou de algumas) unidade social: indivíduo, grupo,
um primeiro esforço é o resgate crítico da instituição, comunidade ... São validados pelo rigor do
produção teórica ou do conhecimento já protocolo estabelecido.
produzido sobre a problemática em jogo. Pesquisa de avaliação: trata-se de um tipo especial de
Aqui se podem identificar as diferenças de pesquisa aplicada, elaborada para avaliar programas,
análise, as conclusões a que se chegou pelo geralmente programas sociais de melhoramentos,
conhecimento anterior e a indicação das como: educação, serviços, métodos de ensino,
premissas do avanço do novo programas de treinamento e afins. Há duas categorias
conhecimento. Ou seja, esse conhecimento gerais de pesquisa de avaliação denominadas pesquisas
precisa ser revisitado tanto no sentido de "somativas" que indagam: funciona? As pesquisas "dos
ruptura - quando se trata de falsas resultados e do processo" pergunta: "O que é isto?" e
apreensões, conhecimentos "como funciona?" Geralmente, as pesquisas de
pseudoconcretos ou positivação da resultados utilizam delineamentos experimentais, quase
"verdade" ideológica de um grupo ou classe experimentais e levantamentos. Avaliações do processo
dominante - quanto de superação, por utilizam técnicas mais semelhantes à observação
inclusão - quando se trata de concepções, participante. Kidder (l987).
categorias, teorias que, embora dentro de Entrevista em profundidade: executada por
uma perspectiva crítica, histórica e entrevistadores experimentados que interrogam a fundo
transformadora, revelam-se insuficientes poucas pessoas.
pela própria dinâmica da realidade Entrevista de grupo: discussão orientada por um
histórica. especialista para um grupo de pessoas não muito
c) Com o material compilado, o investigador numeroso.
precisará discutir os conceitos, as Entrevista não-diretiva: a entrevista não-diretiva ou
categorias que permitam melhor organizar não-dirigida constitui parte dos estudos exploratórios
os tópicos e as questões prioritárias, bem para preparar o questionário-padrão ou é concebida
como orientar a interpretação e análise do como meio de aprofundamento qualitativo da
material. Que categorias interessam? investigação.
d) A análise dos dados representa o esforço do Projetivos, entrevistas em que são criadas situações
investigador de estabelecer as conexões, que motivam os participantes a projetarem para o
mediações e contradições dos fatos que exterior os estados de ânimo, os comportamentos e
constituem a problemática investigada. É motivos. O método permite exprimir mais abertamente
na análise que se estabelecem as relações certos sentimentos próprios do entrevistado, mas que
entre a parte e a totalidade. É nessa fase, não são verbalizados como tal, na primeira pessoa.
que se busca superar a percepção imediata, Observação participante (Pesquisa etnográfica):
as impressões primeiras, a análise mecânica trata-se de um processo no qual a presença do
e empiricista, passando-se, assim, do plano observador, numa situação social, é mantida para fins

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de investigação científica. O observador está em próprio, e precisa ser definida num contexto teórico-
relação face-a-face com os observados, e, em metodológico. Uma pesquisa científica capaz de
participando com eles em seu ambiente natural de vida, oferecer um conhecimento "novo", precisa preencher
coleta dados. Logo, o observador é parte do contexto três requisitos:
que está sendo observado, no qual ele, ao mesmo • A existência de uma pergunta que se deseja
tempo, modifica e é modificado por esse contexto. O responder;
papel do observador e participante pode ser tanto • A elaboração de um conjunto de passos que
formal como informal, encoberto ou revelado; o permitam obter a informação necessária para
observador pode dispensar muito ou pouco tempo na respondê-la,
situação de pesquisa; o papel do observador • A indicação do grau de confiabilidade da resposta
participante pode ser uma parte integrante da estrutura obtida.
social, ou ser simplesmente periférica com relação a Ou seja, é necessário haver um problema de
ela. Haguette (1990). pesquisa, um procedimento que gere informação
História de vida: é usada como técnica subsidiária. relevante para a resposta e, finalmente, é preciso
Não pode ser confundida como uma autobiografia demonstrar que esta informação decorre do
convencional. É uma técnica para fornecimento de procedimento empregado, e que a resposta seja obtida
"insights" para outros estudos. nas circunstâncias dadas pelo referencial teórico.
Análise de conteúdo: a análise dos conteúdos (Luna, 1989), in Metodologias da Pesquisa
escritos em jornais (dissertações, redações... ) é Educacional.
utilizada como fonte de informações. Buscam-se
descrições/interpretações do conteúdo de mensagens. BIBLIOGRAFIA
Pesquisa Participante (PP): trata-se de um enfoque
de investigação social por meio do qual se busca a BRANDÃO, C. (org.); Repensando a pesquisa
plena participação da comunidade na análise de sua participante, São Paulo: Brasiliense, 1984.
própria realidade, com o objetivo de promover a
participação social para o benefício dos participantes COMTE, A;. Discurso sobre o espírito positivo. In: Os
da investigação. Esses participantes são os oprimidos, pensadores, São Paulo, Abril Cultural, 1978.
os marginalizados, os explorados. Trata-se, portanto,
de uma atividade educativa, de investigação e ação DEMO, Pedro;. Metodologia científica em ciências
social. Brandão (1984). sociais, São Paulo, Atlas, 1981.
Pesquisa-ação (PA): trata-se de um tipo de
pesquisa social com base empírica que é concebida e DURKHEIM, E; Educação e sociologia. 10ª. ed., São
realizada em estreita associação com uma ação ou com Paulo, Melhoramentos, 1975.
a resolução de um problema coletivo e no qual os
pesquisadores e os participantes da situação ou do FAZENDA, I. (org.); Metodologia da pesquisa
problema estão envolvidos de modo cooperativo ou educacional, São Paul, Cortez, 1989.
participativo. Brandão (1984).
Pesquisa naturalística: a expressão "pesquisa FAZENDA, 1. (org.), Novos enfoques da pesquisa
naturalística" não descreve uma abordagem única. educacional; lª. ed., São Paulo, E.P.U, 1986.
Mais propriamente, a pesquisa naturalística ou de
campo abarca uma variedade de estratégia de pesquisa HAGUETTE, T. M. F. ; Metodologias qualitativas na
que compartilham um interesse em comum em sociologia; 2ª ed., Petrópolis, Vozes, 1990.
descrever o comportamento humano que seja
representativo daquele que ocorre na vida real. Isto HEGENBERG, L.; Etapas da investigação científica,
significa estudar o comportamento tal como ele ocorre São Paulo, E.P.U/ EDUSP, 1976.
naturalmente e nas circunstâncias que espontaneamente
o geram. Kidder (l987). KIDDER, L.H.; Métodos de pesquisa nas relações
Pesquisa histórica: investigação crítica de fatos, sociais, 2ª ed., Editora Pedagógica e Universitária
desenvolvimentos e experiências do passado, com Ltda, 1987.
cuidadosa consideração sobre as validades interna e
externa das fontes de informação, e interpretação das LUDKE, M e ANDRÉ, M.E.D.A.; Pesquisa em
evidências obtidas. educação: abordagens qualitativas; 1ª ed., São
Para se evitar um destaque desmesurado dos Paulo, E.P.U 1986.
"novos" métodos e técnicas para o trabalho científico,
convém lembrarmos que a metodologia não tem status

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TRIVIÑOS, A.N.S; Introdução à pesquisa em ciências


sociais: a pesquisa qualitativa em educação; 1ª ed.,
São Paulo, Atlas, 1992,

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