You are on page 1of 524

^ O-HORESc ^N

LIVRARIA ACADÉMICA
;^/. GUEDES DA SILVAI
8, R. MÁRTIRES DA LIBEROAOE. t2(
PORTO *TELEFONE, 5988(

Re,ié7,qo3s

Presented to the

UBRAKY ofthe
UNIVERSITY OF TORONTO
by

Professor

Ralph G. Stanton
Digitized by the Internet Archive
in 2012 with funding from
University of Toronto

http://archive.org/details/evaeaveoumariaOOsous
''

.^?^"^

EVA,EAVE,
MARIAE
TíaUNFANTE
T H A T R O D^ K V D Ç A E 1 M,
ôc FilbfofiatShriftãa,
Em que (e reprefemaô os dom eHados do mundo :
CAHIDO EM EVA*
LEVANTADO EM
E

AVE
PRIMEYRA, E SEGVNDA PARTE.
V

f
:

EVA.EAVE,
MARIA TrYuNFANTE
THEATRO DA ERVDIÇAM,
& Filofofia Chriíláa,
Em que (e refrefentaõ os dom eBados do mundo
CAHIDO EM EVA»
LEVANTADOEM
E

AVE.
NO patrocínio da magestadè augustissima da

RAINHA DOS
ESCREVIA
CEOS.
/ÍNTONIO T>E SOUSA T>E MACEDO,
PRIMEYRA, E SEGVNDA PARTE

LISBOA.
DESLANDE SIANA,
NAOfficinaReal
M. DCCXL
Qom &
todas as Ikenç.ts necepriasy Privilegio Real.
Mercador de A^ivros?
A' cufta de CmIos do^Vallc Carneyrg ,
«J^

^>í
S E N HO R.

STE livro que compre-


hende hum vaílo thea-
tro da erudiça5,em íi he
todo hum mero eíludo
da Chriílãa Filofofiaj-fa-
he terceira vez à luz pu-
blica debay xo dos B eaes , &
glorio-
fos auípicios de V. Mageftade; por-
que nem feu grande Áuthor/e vive-
ra, lhe podia folicitar mayor Mece-
*' iij naS:?
,

nas, nem o aíTompto de que trata ter


attençao mais pia^nem mais heroyca,
que a de V.Mageílade, em quem ref-
plandecem todas as circunítancias
que conflituem cabalmente hú per-
feyto Monarcha. Eíla parece fer a
ultima lima ^ que ate agora lhe falta-
va & confeguindo-a felizmente na
5

prefente edição^ lie fem duvida, que


de hoje para fempre fe chamara o
Morgado das eílampas^a Veneração
das livrarias, a Expe6taça5 dos dou-
tos , &
por antonomaíia o Livro dos
PrincipesCatholicoSj>quando V.Ma-
geílade fe digne de amparallodebay-
xode feu Real, clemente^ & augufto
patrocinio Deos guarde a Real Pef-
.

foa V Mageílade,como feus Rey-


de
nos, & Vaífallos hao de mifter.

Carlos do Valle Carnejro.

A' MAí
iHÉÍigm*«ww^tf»gg^^

A'MAGESTADE AUGUSTISS1MA,E GLORIOSÍSSIMA


D E

MARIA VIRGEM
Mãy de Deos, R ainha dos Ceos.
s E JsC^H o % A.

mm^mmê^^ s t A' perto o tempo de minha refoluçaõ , &


;|de ir dar conta do talento que fe me entregou, i » M^tth<^i%^,

Mal a pudera eu preparar nos mares em que


jntegora naveguey, Por favor de voíía magefta-
|de íoberana me íançàraÕ as tempeftades no pors

^^^^^^^ito da Quii^taçaõ & nelle pude dar hum balan-


;

ço à minha vida. Achome devedor do raefmo


talento que eícondi na terra, aonde nada lucrou; perfuadioíme o
fer pátria feai advertir que naõ era a verdadeyra. Quem tanto
,

íervio & efcreveo pelo mundo, naõ devera defcuidarfedo Ceo.


,

Os rayos que ào Pay das luzes baixaó ás trevas do noíío juizo, c5


reHexo de agradeci meto devem tornar a quem os repartio: rebel-
de á íua eíphera íeria o fogo, fe peregrinando íó em terreílre ma-
téria, naõ enviaííe algumas faiícas a rcconhecella naõ he fiel o :

eípelho, que em reverberações naõ reílitue ao Sol o lume que


lhe deo: condenaõ-íe à corrupção as aguas, que fe eftancaõ nas
lagoas, fem correrem ao mar dond'í naícèraõ.
A' voíla liberalidade recorro para me deíempenhar ; fabeisj
Senhora que fó o temor defta conta moveo minha penna
, naõ ;

vãglorJa, ou cuiioíidade, como outras vezes; eníínado pelo Dou-


Jerónimo ; 2 nem aíFedo louvores, nem receyo
tor da Igreja S.
>*^^;f'JJ'/''f/:
cenfuras dos homens; íó procuro contentar a Deos, aceitando íua ^'^^'-•Necaffeaa-
""^*^ laudes no-
I rf rt ^
• 1 r I
bondade por voíia mterceflaopoderoía o deícargo que me he
,
x
"i'""™, «« »'-
,

poííivel. Como poderia eu a(íeâ:ar honra mundana , aonds íev pa^í^-fn^^s.Dco


.iri/i^ir II*
que minhas faltas íe hao de lazer publicas?
' cu»
tnxva. placere
iatvtcs,&c.

Re.
Reconheço que me puderaõ divertir do aíTumpto
as razões
4./í Aifumpr.p./i de loiNarvos, em que os mayores cípiritos duvidarão entrar. De-

qÚdemcuodmeleita, luas atemoriza cmprendello, dizia feu devoto Bernardo;


3
no iftqíod ter- porcjuc hc maís alto que o Ceo; mais profundo que o abyí!o,con-

d"vrj'Sgioíí! fiderava S. Agoftinho 4 os Evangeliftas fagrados ( diz outro ;

^ D.ysug.icrm. Doutor Sauto ) 5 nao particularizarão voílos louvores, por le^


^'^VrS^de rem mais para meditados que para eícritos naó os efcreveo o , :

^í'^aTtiatlvrWg. Efpirito Santo com letras, deyxandoque os fíguraflemos no ani-

ÍÍSat^qS' mo ; antes faô íuperiores a todo o entendimento. Accrefce em


fpSííís^saralTs mim a indignidade de peccador, que S. Jerónimo, & S. Anlelmo

iÍd"\lf eímín'- com Humildadc confideravaõem fi 6 & a verdade me obriga a ,

S.Í5'"Sòr"è confelTar; & ameaça. me Salamaõ, que o queeíquadrinhar tanta


ímrí?,'wup"rTt.
Mageftadc, íe achará opprimido de fua gloria. 7
áz^ãn.TD^' -^^^ ^^ buíco em Vós o refpeyto, encontro com o amor, & S.
^"/^^7^
'''*''''
Bernardo me anima dizendo ; Naõ Terás opprimido deíía gloria,
7 vrovirb.-i<i. fe a bufcares para Deos, & naõ para ti.
17. toutaror

mctuiagloiía «
'
r i
8 S. Teronimo o amoe*
*":3'cflatsoppri fta que todos de qualquer errado^ & condiçaõ,ainda peccadores,
T
-i
•'
r '
i i i i
11
8 D Bera hrm. devem louvarvos : ol que o louvor humilde leva corijlieo o per-
6
:^«/,Nonorpa-dao. He logo uto divida, 5í nao ouladia ; pois notou S. Pedro
Cant
ir.ens à gloria, g-^\ , ~t\ -j r \\ r L'
ícd admittcns, Cnry lologo, que nao he atrevido em rallar, quem o íaz por obn-
niíi nonDei, d
li -. r r\ r % ' •
i i 1 i
tilam qustfuris gaçao lo uo ocioío lilencio íe ha de dar conta , com>o das ocio-
j

^ç^nliiron. in ías palâvras advertio Santo Ambroíio ; 1 1 o que parecera reí-


,

ioD.pír^^" peyto, fora defconíiar de voíla grandeza porque íe fois Mar de ;

fn'p^Í-v?rl'{um. perftyções, também fois Eft relia que guiaj fe o Sol abraza, tam-

Í!',^Íuu11k?°' bem fcmpre feria gloria cegar a tanta luz ha rifcos


ailumia ; Sc :

Íe/ /ÍJ X-T» ^^° honrados, que perderíe nelles acredita ; como outros taõ
in-

K^m fm^en- dlguos, quc ainda pizados mnnchaõ a planta ii em voíío no- , ;

Sn.°?Sn'í,°- ^^ ^^^^ o Eccleíiâftico que naõ íe pode peccar, mas fó merecer,

kímontm'^"^
uo íutcnto dc vos íervir 13 ôc Salamaõ, que íó cuidar nifto he 5

D Amhr.l. juJ2o confuinmado,


1
it DAmhr.i.
tt
C.\ Si pi O
(fi-i
& quem trabalhar, & vigiar nifto, ira muyto
ciicío verbo tcd
fegUTO. lã.
demus r.uiontfn,
vidc.fi.us..cied-
Hiftoiia divina defpreza rhetcrica humana : a Theopompo
iioío í.kr.u^. caftipou Deos com perturbação do entendimento, pena do cora-
uorter,fio Fd.x çao, & tiifteza do animo por le atrever a exornar com palavras
,

,.:,i:..d.is.Tr:n. i Ltv dadft a Mov^es, 8c ío pedindo perdaõ ao Senhor , recobrou


,i EccUf.t^. laude. 15 A rouca raulica de hum bichinho no(5turno ne ouvi-
10. Qui opciau- 1 j r» • •
i i- i • /
lurinmciion oa QO mayor Príncipe entre a melodia das mais íonoras aves j

ciundantmc.Ti- quanto mais que neite ofhcio de Anjos, elies me ajudarão pois, ,

cohfeííando que naõ baílaõ, defejaõ que o Ceo, & a terra íe con-
'^'
ícm^nr"'"

cltiírcel^godc vertaõ cm lingu^ que vos poílaõ louvar Ôc Vós naõ eftranha- , ;
'"'•
reis
naõ vos lembrais menos de haver íído humana,
reis as faltas, pois
Ha, TínfuseíícSi
que de reynar como Divinaj a benignidade aííegura quanto na di^ lu^'^ niaciís. 6i quj
"^'"^"^ '""'•
gnidade fe arrifcou. ^tc- lilam, iCÍto

Chego confiado comtaÕ pequena oblação ão Throno de^'iT"''"'


yide Jofeph;

Mageftade taõalta ;
porque voíío Filho Deos avaHou em mnys lí^^/^ "''' ^

too pouco do pobre; ló quizera ter mais para vos ofFerecer tu-
b6 AUrc-it.^i^^
do; mas elle íabe o porque me naõ entregou mais talentos. Do
profundo abyíTo do meu nada vos peço , A/íây clementiflima dos
peccadores, que para tirar do coração o tributo de amor que vos
he devido , abrais com chave de luz as minha alma ,
portas de &
que nas azas de voíío favor voe o pezo de minha ignorância ; &
pois no Ave foberano mudaftes o nome de Eva 3c o cftado em ,

que cila nos deyxouj muday meus aíFedos a parecer filho da no-
va graça, que nos alcançaftes, para que, como vos eícrevo [^en^
eedora do peccado, vos veja Triumphante no Ceo.

P RE*^
PREFACAM AO LEITOR
com o argumento da obra.
EAMC^ neíía vida o quenos fique para a outra , ( acon-
feihi o grande Doutor S. Jeronymo; & desfrutemos as
1 D.Hkron.rpij}!
^^ |S|2^S Tvorcs quc tcm as raizes no Ceo- i Se iíio fe naô achar
'ÍX^!ii}l^uhr.
*
i /•>. ííorúm
<!
^ ^^^ê
fjPj^T^^^^
'^'^^ ^^^'''^^ ^^'^^ ^^ cojitenra com que fe bufque; ( diz o
mefmo Santo') 2 & naõ ha livro taõmào, (notava Piinio
0k^^^íF^0^m omayor) 5 que naõ tenha algúacoufa uni para quem fe
q^orl^adicc.
iii Cxio nxae lâDc aprovcy tar nos Leytores quedenadafeaprovcytaõ, confidcrava Po-
;

írterris^n'ic"um ^'^^0 4- dcfcyto do bom eftomago para digeítão do que lem.


fcienria nob.s 2 Para tirar O taftio denoíTa HatuFcza ao mcro efpititual, moderei eflc
Cxio'*"^^^
'" ^^^ humanidades, que lifongeandoo gofto,o conduzaõ aonde lhe convém^
»M-.n>«fjí/c.»! dos louros
do Parnafocnxèrto os cedros do Líbano trago codas as letras
j

ve'ius° 'fed'<iàH humanas ao ferviço Divino para que foraõ creadasv f tirando-as da injuíta
quirasconfide- fujcyçaõ
cm que fcrviaõ a vaidades^ as obrigo a contemplarem o Creador,
? mn.at>Hi £.& Redcmptor^adeteftaremo peccado, & darem aos homens conhecimento

^^ ^ n^efmos. Ascunofidades comquecntrctenho, encaminho a documen-


'''^'víJfmf''
*
D.Thom.p.i^' tos Chriíiáos j faço dos medicamentos iguarias com melhor traça que os
|^4?2^''"""^'" ^^^icosj que disfarçando os remédios, lhes diminuem a virtude, & femprc
deyxaõ máo faborj os meus disfarces ajudaó a faade,iS<: cuido que excitaõ o
appctite de ler mais.mifturando o útil com o doce.
g O Senado de Roma,preparaado húa grandiofa entrada ao Emperador
Conftantino Magno, fabricou hum arco triumphal de pedras bem lavradas,
que haviaõ fervido em memorias que a Republica levantara 2 outros excel-
Icntes Emperadores. Foy acoufamaisilluflre ver aquellearcocnnobrecido
ccnias i;nr;gensj& acções famofas de varões infígnes: ôcConflantinofe obri-
gou muy to de que a efcultura de feu tempo confelíaíle que naõ podia obrar
dignamente a feus méritos: & de que o Senado trouxeííe feus predeceíTorcs
a honrallopor aquella maneyra. Áfíim eu , defconíiando de mim, ajuntey
materiaes dos melhores meftres(&osnomeyo nas margens, por naõ pare-
cer furto) para obrar hum edifício venerável que agrade, aproveyte: &
fi<:

poíTo efperar, que fe me agradeça a vontade.


4 iVIas porque naõ he licito aos pays negar os filhos, poílo quedefc£luo«
fos confelío,que a arquitectura he minha. & que me parece que nella firvo,-
.-

como as abelhas fabricando do alheyo, fervem mais que as aranhas tecendo


do proprio-Naõhe pequeno ferviço ajuntar o difperfo abreviar o laroo,
,

apartar o felcíflojôc fazer que facilmente fe ache no capitulo de cada maté-


ria, o principal que a ella psrtencci &que cm outros livros fe naõ poderia

uefcobrirfenaõacafo,pelo trazerem por incidente a outro propofito.


f Noeftylo,nemfuy curiofo,nemdefcuydado. Parecemc que pudera
fubillo a que naõ cedeífe aos que mais fe prezaõ de cultos na compoíiçaõ dos
periodos,nooftentofo das pala vras,no metafórico das frazes , & na aircza
da locução ;porque,pclaliberalidade,& graça de Deos,naõ nos falta o ds
q
s D.AugHft. elícs feiacítaõ:& pôde rerque,femjadlancia,tcmos O que falta a alguns. Mas

( dcfejandoaprovey tar a todos ) que


7 s.criiiH.ero-^^^^^^^^^-^^^^^^^^^^'^^'^^^^^'^ 6
joi. àfud p. '/lentes queria fcrcenfurado dos Gramáticos, c] mal entendido dos rufticosj fie

'^^^^^y'^^^^^^f^'1 o "i'jyto artificio deftruiífe os fentimentos piosda matéria


t'p'Jf.t!:ld't-,
lofoph. cimji. '"que trato; como S.CyrilloJcroíolymitano 7 advertio, que omuytoornato
linuciíra a forma dj Scp.ilcro de Cbnjto Senhor noíTo. De outra parte confi.

dcrey
derey, que o menos grandiloco dcfgoftaría a devoção que profeíTa a Corte;
a galantaria no dizer naõ dà mayor crcdito,mas dà mayor graça naò com- :

8 Meildonaelo ad
munica faudcjiiias caufa melhor cor ; 8 he taõ enfaíliado o noíTo efpiritOjque Cl. loan. infnnç.

naõ gofta dos bons manjares fcmapparencias que movaõ apperitejpor ifto
David (diíTeS. Gregório Niceno)>> pozemmuíicaosfeus Pfalmos, paraq gS
Greg,7\}cen,
por mais agradáveis , excitaíTem mais ao amor Divino. Nos di veríos moti» T[.ilm 148.ir.

vosdeíias razões procurey eftylo, que nem fe glorie de galante, nem le


envergonhe dcapparecer na praça deíejo acertar em hum meyo qus naõ
-,

degenere da fimplicidade que profeíTava S. Paulo, & feja admictido dos cu.
riofos que elle profetizava lo eftylo naturalmente compoíto fcm aífeéla-
;

çaõ fó ponho cuydado em efcufar palavras fuperíluas : bufco as poucas que


:

íignifíquem mais, & fempre tive por criminofas as que abundaó à expreíTaõ
do conceyto. Se em algúas partes deyxey correr a penna, fe devia de juíiiça,
ou à devoção, ou áfolemnidade; ha occafióesem que convêm íer pródigo j
& tal vez he neceíTario levantar mais a voz para efpertar os fentidos.
6 Eíia primeyra Parte^em que fervos da culpa efperamos a Ley da G^a-
cano monte Calvário, reparti em capitulos cincoenta numero myíienofo
;

dos dias que ao povo Hebreo faindo do cativeyro, fe dilatou a Ley q Deos
lhe deu no Monte Sinai :& dos outros cincoenta dias , que depois da Re-
furreyçaóde C^rz/^í? Senhor noífojfe dilatou a vinda do Èfpirito Santo ail-
Fide pi
luftrarosPrégadoresdenoíTaRedempçaõ. II. A fegunda Parte confíarà
í c: 1'.

de fetenta & dous capítulos, & parte de outroj ( que fera a Peroração no fim) li Hieron.ep-.H.
aa TSÍepòtinn ad
numero corre fpondente aos annos que a Senhora viveo na terra para nos fin.
levantar- 1} D.ChryfnJf.
hom.i, ad pofitL
7 Conheço ,que fem que valhaõ eflas, & outras juíiiíícações , me diz o yÍMiochjn ^.tom,
grande Doutor S.Jcrony mo, 12 queninguempporbemque efcreva,fe livra Mon eiiim in co-
ram auarccrnun-
de cenfuras.-porqucj como advertio o grande Chryfoílomo, ij as coufas fãr natura, led ín
naõ fe julgaõ pelo que faô, mas pelo aíFecíio de quem as ajuiza ^ da mefma flor ceracmium aíie-
£lu judicia fii-nr,
rira a vcfpa oamargofoj&aabelhao fuave :naô pende ifto da flor, confiíte 14 D Hte,0'':,^id
Domniun, & Ro-
no pico. E aíTim os de bom animo approvaráó dos que coftumaõ reprovar gati-i»,
;
inprafat.
fem obrar, naõ efpero approvaçaõ.Porèm feguindo ao mefmo S.Jeronymo, a d lib- E[âr^ in
,

14. mais me incita aquelia benevolência, do que me atemoriza eíla cenfura , cbarítate prov^-
fineM a.eí^ vcfíra

& tanto defcjodefcontentar a huns, como agradar a outros ;hum fó Piataõ cabcr ad í:udiú,
avalio por muytosleytores, como dizia Antimacho; 15 &
fempre de meu qu-im illoriiiu
cictrafta ione. &
trabalho tiro o fruto de ficar obrigado a viver como efcrevo ; &
fatisfaço à odio dererrtbor»

razaõ que me obrigou a efcrever, como na Dedicatória reprefentey à Ma» apud Tui lib. cie

geftade^ a que devia fallar com verdade finccra. ciar. erat. PlatoJ
criiiTi mihi inllar
cft onT.ium.
Er/!fy»Jib,2.(.22i

AD'
ADVERTÊNCIA.
ORQV E nos havemos de aproveytar alguas vezes das Re-
velaçgens da illuftriííima Santa Brifida viuva, advertimos,
que ainda que antigamente fe duvidou íe haviaõ prócer
dido de didamen do Efpirito Santo, ou íómente deíentimen-
todepia, & levantada meditação ; jà hoje eftaõ approvadas,
áí recebidas pela Igreja, por verdadeyras, Sc divinas, precedendo
falem dos exames que em íua vida íe fizeraõ pormuy tos Doutos,
& Prelados ) novas diligencias , & averiguaçoens cm diíFerentes
tempos depois de faa morte, por Cardeaes , & outros Varoens
grandes , de ordem dos Summos Pontifices Gregório Xí. ôc Ur-
bano VI. & pelo Concilio Bafilenfe. Conforme a ifto as vene-
raõ Bulia? Apoílolicas, & todos os homens erpirituaes,& fabios,
como íe vè da Bulia de Bonifácio IX. em fua Canonização 3c ,

da Conhr^-naçaõ de Martinho V. referidas no principio do Livro


das mefmas Revelaçoens, iiluflradas por Gonçalvo Duranto, im*:
preilas em Colónia no anno lóiB. Cardmal. ^^furrecremata íbtde,
tnepífi. hp.diH.revelat. Ludovtc, Bíoftus in Mondi Jprit, cap.i.i.
3.14. gf in addít.ad enindem trach. inpr'mc,FrJíi4go Caveiío , in
Ro/ario, append, ad Schoíia mScotí^ml.^. Sentem. Antomus Cor^
dcéa Lio,q,^^. in^.probat.fext^ comlí4f.Põtr.Canifd. í.de B.f^irg,
cy. Aíicbael Aâedínal.z.de reHAn Deumfide^ NicoLòanderJ.6,
vifeb.Monarch»n.io4ç6, Aípkonf, Mendo ç<t in quodlihet.cj.y Mar"
ttn, DelriíiSj Ma^x, dijqmjit, tom.id.^.c,i.q.l,feB. 4. Fiíbegas, in
Fios Sancl.iniúuS* Birgitt^ fin.BenediB.Ferdmand. in i.Genef,
in

feB.iy.n.z, Fr. Leandro de Granada, no traB.Lu^de Adaravtlhas


cjtie De os ha obrado fias almas dos Prophetas , difcttrfo i. JT. 8.^.6'.
Anton.Guílleím^tr ach.de íe grande^ de la SantijL'^rrimtà^ difiorf,
4^.ve.rf, Semamo. Fr. fofeph de Jefus Maria, in vita B.f^trgmis
I.C.4. (^ outros Efcrttores que fora muy to largo referir.

EVA
E V A, E AV E.

Da mthiy 'Doming^fââium tuarum afflliricemfapíentiam,


'Ht mecumfit , Ç^ mecum laboret, utfciam qmd aC"
ceptumfit apud te. Ex Sapient.9.v.4.& lo.

I N T R O D U C Ç A M.
Eva,8c Ave, AnagramaHieroglifico do Mundo cahido, & levan-
t2iào,jnfttfica o titulo dejie livro.

I TWT Otou profundamente o grande Origenes, i que eí- J.P^'^'"*'^"'"''^-^^-'»'^''^' & Fi/i'a
J^^l crevendoos Evangeliílas íagrados a genealogia de
Chrijio Senhor noíTo S. Matthcos quando o Senhor vinha ao
:
,

mundo, a derivou defcendoatèS. lofeph; 2 &:S. Lucas, jà ^ ^atth.i,

depois do Bautifmoj a continuou fubindo atè Adam, que cha-


mou iv/Ãíí^^Zífw. 3 Era defcendencia quando bayxava a to-
mar a natureza humana cabida no peccado.&: eia afcendencia,
quando pois da graça levantava efia natureza atè a aparentar
com o Altifjlmo. O
que defcendomoftra a natureza cabida,
quando fe lè fubindo a moílra jà levantada.
2 QLiafi pelo mefmo eftylofaó myfteriofas para noíTo in-
tento as defcripçoens que nos Cantares fe fazem o Efpofo Du
•vmo, Sc a Efpojafanta-^entendendofe do Verh encarnadoj& da
MdyVirsiem. A/^rí7-^;^quandodizqueo/^r^(7defceoaofeu , ^Caníic.ê.i.
\
Horto, 7
ri
(4 que he ella meímau"11r^^-Jr
j 5 o deícreve jr
deícendo
4
daditmhormmfuam.
,
jj .

DiIeSus meus defcea-:

cabeça atè as plantas 6 fignificando ( explica hú Douto) J^^^.^^M'i-Hortuscoticiufus foror


;

7 a declinação que elle fez j porém o P^erbo Eterno a defcreve i^BarietafermJeTiaíiv.admed. tom.
fubindo das plantas aos cabellos; 8 ( raizes que temos para o %'^cS' ^"" "'""^^ J'sinis.; '

Ceo) indicando a elevação que nella fizera da natureza, atè a 7 dio^^o Matute de venafid na. proji^,
adoptar Filha de Deos, como S. Lucas chama a Adam ; 9 &: '^f cSf;"'' ^ '•*•§ *•
omefmoC^r//?í>,8cSaóJoaô a todosos juílos. 10 Poriflo a 9 /:?w«í.j.j3,
nome^L Filha do Príncipe, que porAntonomafia he o doCeoj '°-^^^«^-'•í••<s•í^48.^í^^>'í«.M3,
gabalhe os paílbs porque fubia-, èc confidera a excellencia de^
les no calçado porque naó hiaó as plantas nuas fó com o natu-
,

ral, mas levantadas da terra calçadas da graça aíTemelha fua ^klZtlZ^fô^^^^^^^^


j
,','

eftaturaàaltapalma, fynibolodotriumpho, 1 1 porque naó Nkitur ín pondus palma ^láCiConfurgit


fe encurva, antes fe levanta com o pezo, 12 comoaEfpofa fu-c£íòmgis&premitur,
hocimagetoi-
bia com o da naru reza humana;no que tudo a lifongea amante, i'^ ?,»"s.
de que o vir encarnar em feu ventre naó fe reputa declinação, pwí^è.c.^j/"** '

pois ella eílava taõ exaltada , tendo fubido jà muytojde antes í ^-^f^. 8. f .i^lnuixa fupcr.dilcam»
"

arrimadaaelle 13 ( remida por fuaPayxaóprevilla.) 14 Af- ^"'òyatkEccief.mfeft.Gonce^tion,


fim defcendo da cabeça às plantas moftra a Efpofa a natureza ^''''S'
,

cabida fubindo das plantas á cabeça, a moílra o Epofo reílau-


:

rada.
3 QjindocahiaemHi;^, fereílauravana/^r^í^jdebay- ^ , . <, ^ t. , /-í-j-

xodamelmaarvore, diz o £,//?<?/(? que a levantou; 15 ondeatafite.


íerpenteenganou,&:venceoa£i;^,lhediíreoJ'e;2Ã<?rqueapi- "^ Gene/.|.

zaria, &:triumphariaa^r^^»2j 16 da raiz da culpa que infi-


cionou toda a arvore da genealogia humana, fahio a vara que
** deu
INTRODVCÇAM,
j, ifa.^ti.t. deuaflor 17 cordcal contra aquellevenenOi 6c aílim junto da
arvore da Cruz, em que fe remia Eva cabida , eftava a Virgem
Jp&mpÍ54í^z«r/eCfl.«i>í.c. levantada, 18 como triumphante. 19
i»«i «. 4 E- porque os nomes devem concordar com o fignificado,
""f^^"»^"^-
'"^ ''^"^
r^.Sr 20 as letras qi!ederccndodoprincipioparaofim(queheda
Textusia §,f,í iraiiujjnjiit.de donau cabeça para as plantas) defcrevem o nome de Eva^ que Adam
**
21 Gmí/.jÍó'/'*'^ lhe poz, quando nos fez cahirj 21 eítas mefmas lubindo do
fim para o principio,(quehe das plantas para a cabeça) defcre-
52 LucA.xi. Ave gratia plena, ycm O yíwcomqueo Anjo Çzi\áo\i 2i f^irg em quando nos le-
vantava. 22 Interpretou Adam aquelle nome, Míyíií?^ ^'/^'í«-
ij ene], ja^r,
^^^^ ^^ quando j;\ matàtaos filhos antcs dc OS gerar i parece

«4 lu Guerrk./íbb.ierm,x.injíffumit. ^S^^ mellior O interpretara , Matadora


das viventes j ou M7iy dos
^f/^;»;2^rrm^^, poís OS gcrnria mortos j 24 mas com myfterio
"
Vurg.^oft írine.

acertou em nome que diíTcííe Míy da natureza deíccndo : &:


May da graça fubindo , pois quando o Ave fobe,da ultima le-
tra toma em íi o Eva, que vem cahindo da primeyra, aflim &
»y D-Petr.Ch.yfol.ferm.\^o. Eva faSa fica Maj doS VlVeUtCS ^OT ^r2iq2i2.Ç[WÇ, era Maj doS MOrtOS por
cft mmc mater viventmm per gratiam,
naturcza: 2^ comprio-fe
^ O ouc Dcos diíTc à fcrpente, ouc lhe
r
qu^ mater anteacxnncmoiientium per . '. ,
' i
^
-" i

nauram. pizanaacabcçaa mclma muitter aquccnganara j 26 tantoas


a6 Ge»,.ciy .ç.iofafcóteretcaputtuum. identificou O mvfterio donomcj bemlhechamou S.Epipha-
27 D.tptphan. contra hxrej.76. .
i-- ni r
Beata ni,i:er Dei Maria per £y<i>M figni- niO, NomC LulgmatlCO ; 2"/ OC pelo mclmO modo dlZCm OS
ii-
ficatur; quaeper enigma accepic ut ma-
ter viveiUmoi vocaretur.
DoUtOrcS,' que
^ O Aujo J
ufoU do Jve Ua faudaçaÓ. 28
o. 1
28 nenediã. PereriHs In Genefi.6. w. 5 Co.m 2. troca do nomc contrapolto nas letras concor-
,

àb £
";
"^^^^^^^^^S^l dou a contrapofiçaó das acçoens^ pelas contrarias das com que
idquo Gabrieiem Archaii^eium Deipa- ^i/^ nos arruinou,nos levantouo^^'^ de Tlf^n^jfcgunda M.íy

;;:fi'í=do'Sfct"£r,';í£ ""iverfal , como veremos no d.fcurfo defta obra. Notaó os


contrariaijsmaiis,qu2invcxerat £-u^. Doutorcs
29 que Mariaforacm tudohumaZLX'^ao Tcvez. A
;^^;Í:SÍl'í::::;^:j;í'^;:;'''"- Santa igreja o confidera quando lhe pede que mude o nome de
y,de^,.l^.p.c.^s.n.^. £^'i^,tomandoo yí^'^ dabocadcGabriclj 30 Chrijloemovcr
fmida nosTn pl:f, íutaís^Sínomí,.' prof^nado na boca dc Judas 3 1 deo principio à Payxaó com
^i Matthxt z6. 49. Ave K3bbi. quc ttos Temio , & no fim delia chaman do à Virgem, M?//^fr,
''" ^ '^^ ^""^^ '^''"^
3 2 por allufaó a Eva, a deyxou por nofia A/^}',reprefentando-
' '
tlls.

nos em João , que fignifica Graça , moítrandonos com Graça


círchagen. jup.i.i^.hom. ij. verf. feL- P^^ ^^^'^^^ ^^ Firgem, 3 como ctamos filhos de dores por fi-
7,

d'*'"' lhos de Eva; 34 &principiandofenaquelle^i;e,efl:a troca de


It ori^eu.U LHc.hom.g. Atigd^snovò
Mays.Com grande my[terio,comoadvertio Origenes, 35 foy
ftrmoneMariamlalutavir.qaaminomni nOVa , & Unica a faudaçaÓ do AnjO, yíi;f f/?<?á^e ^T^f^ CUC
fcriDtura mvcnirenoii potuir; id enim
quod ait, Ave gratia plena, íoii Marise P^^"^
n/r
Mana r r
reicrvou ôC quc cm
íe ,
o *J crJ-»-^ jfÓ
toda a Elcntura nao pode
,

iTJilTnp/"iTT'n.t' achar femelhante.


56 D.^«^..'?f.'jí.'7Y^/4.j^. Si quis lí-
Efte breve difcurfo juftifica o titulo dolivro; 3Ó eUle ex-
ponSmSuemr'''^^^"''
totiusiibri
penderá a matéria nos fucceflbs do mundo, em fua ruina , &
reparação, ôc nas heróicas acçocns com que a Senhora contri-
buhio.

O IM-
o IMPRESSOR
Ao^ Lcytores que ejperarem índice.

COmeçandofe a formar índice Alphabetico do que


efte Livro contem, fe achou que porhuma parte
era efcufado & por outra feria demaíiadamente largo, 5c
:

prolixo. Efcufado, nas coufasprincipaesj porque todas


as particularidades que podem cocar, & defejaríè nas ma-
térias que os capitules trataõ, fe acharàõ juntas nelles ^ &
aflim osfeustitulosbaílaõ por índice. Demaííado, largo,
& prolixo nas noticias, & curiofidades que fe trazem por
incidente ; porque como o intento do Author, para fua^
vizar mais a leycura, foy oftentar o melhor das erudições
em theatro delias, como profeíTa o titulo do Livro ; em
brevecõpendioepiromou tantas,que cada regra tem feu
notável : & aílim o Índice de todas faria grande volume.*
& a eleyçaõ de algumas âggravaria as outras de igual ef-

timaçaõ. Quem ler, poderá deyxar notado o que quizert


& conhecerá que a abundância difficulta o índice.
Inopem me copiafecit.

%^jj L I
.

LICENÇAS.
APPROVAÇOENS.
eftes dous Tomos defte Livro intittilaí^a, Eva^ 5c ^ve , o Mundo perdido em Eva, 8C
VI reftauradoem MARIA? Author António de SauU de Macedo, peíToabem conhecida
por feu talento, Sc doutos fcriptos; Sc lendo efte o undécimo dos q íe lhe deraó à eftampa, me
parece paga a decima a Deos nelle, pelo aíiampto, Sc fazonados frutos de boa doutrina, Sc mais
útil politica Chriftá , Sc fingular^devaçaó à Virgem Santiílima Máy do meímo Senhor , entre
muyta , Sc v^ria erudição. Naõtem coufa algúa contra nofla Santa Fe , ou bons coftumes.
Porque hiítoriando o que trata da Scriptura fagrada no modo permittido, naó diz coufa (dizé-
do muyto^lemapoyo dos Santos Padres, & Doutores, que allegaà margem , em cuja liçaõ fe
nioftra taó verfado.comoreeftaforaa luaprofiílaó propriai Sc alTim me parecem muy dignos
da licença que pede para le imprimirem. Lisboa , Sa5 Francifco da Cidade ii, de Setembro
de 67^, Fr.foaodeDas,

dous tomos compoílos , pelo Doutor António de Soufa de Macedo o primeyro


LIque eftes
no mundo £rj; ofegundo, dos remédios, que nos
trata do-sdeíconcercos que caufou
:

vieraó pela palavra que diíle o Anjo a nofla Senhora, trazendolhe a embayxada da Encarna-
ção, Ave-^ admirável obra de feu Author, entre as muy tas, Sc excellentes, que tem dado à ef-
tampaj para credito da Naçaõ Portugueza. Naõ cem couía contra noffa Santa Fè, antes gran-
des documentos delia; nem contra os bons coftumes, poiseaGna a reformação de todos os que
laõ màos. Saó oí Livros muyuo eruditos, com grande noticia das hiftorias do mundo , 6z feraõ
muy en-imados de codosiScaílim fou de parecer que V.llluílriílimalhe podsconcsder a licença
que pede. S. Bento x. de Outubro 673, O Doutor /•>. /or^e de Carvalho.

VI comíígne
g!"andeconGderaça5 eftes dous tomos intituhdos, iEy4,SC/4yí com poftos pelo in-
Doutor António de Soufa de Miceio, peflba muy conhecida, 5c de grande eftiina.
,

çaõ em todo o mundo por fuás obras, que com eíta laõ onze as que tem dado ao Prelo, Onze
fsõ os Globos CeleíleSjO undécimo he o Empyreo; Sc de to das as obras do Autor eíles podemos
UízcrhcoEmpyreo,Sc fuperior atodasas detuaisi Sc com muyta confiiJeraçao íe chama Eva,S^
Av£ porque a noticia das fciencias que fe p^rdeoem Eva^ com o Ave, que veyo do Ceo E.m-
,

pyreoa SantiGSma Virgem MAíilA,lêreftaarou E o conhecimento das fciencias que em muy-


toíeílà perdidOjCom eftcs livros fe recupera; pjrque de codas trata com grande liçaó, erudição,

Scexpoíiçaó, aílim deTheologia, Filofophia, Direyto Cananico.Sc Civil, Medicina , Aftro-


Jogia, Aítronomia, Pincura, Mafica,5c Teus inftrumentos ; o que tudo traça o Author com .

tanta perfeyçiõ, que naó ha mais que defejar i dondí pode nos dizer o que Heródoto dizia dos
Poemas de Homero, que nelles achara huma grande falta, Sc imperteyçaò, terem íim, Sc termo,
Sc naóaver mais que ler nelles. Pelo que Cenho a obra pí)r uCiliílima.Sc de grande proveyto; Sc
nella naõ ha coufa contra n;)íla faniraFè, nembonscollumes, nemcontraolèrviçode V.A.que
Deosguarde: pelo que V. A. deve íer fervido mandar dar licença para le imprimirem. Caraio
de Liiboaió. de Outubro de 167^. O Doutor Fr, lonõ da Silvejra.

POde-fe imprimir eíle Livro de que eíla petição trata, Sc depsis de im preíT) tornará á Mj"
Tapara fecoaferir, Sc dar licença que corra, Sc femella naó correrá, Lisboa zo.dejaney*

ro de 1711.
Moniz.. Hajfe. Monteiro, Ribíyro, Brocha, tiFr, Encarnação, Barreto.
1

POác-fe imprimir, 8c depois de impre(l'í tornará para íe dir licença que corra , Sc fem ella
naõ correrá, Lisboa 2 5 de Janey to de
.
17 1 1 AÍ.Btfi>o de Tag.ijh.

QUe fe poffa imprimir viftas as licenças do Santo Offi:io, Sc Oi-dintrio, Sc dsoDÍs de im«
Meia para fecaxati
preflo tornará à Sc darliccnçi que corra, Scfem ella naó correrá.,
LísboâaS. de Janey rode 17 1 1,
Dujue Pm Olivi)ra. Cofia. Botelho.

E L O.-
:

ELOGIO Alviçaras, Engenhos doutos.


Que renafce a Fénix da erudição
A' immortalidade dos feculos ;
Renafce,
Naó de cinzas frias, & caducas, como a fabulofa da Arábia^
Quefó vive idades definidas por hyperbolcs
Mas refufcita
Do Prelo vividor, como reprodiicçaõ fucceíllva.
Que dura perpetuidades de applaufos.
"I Renaí-

>>:
, ,

^3f'

Renafcepois, na terceyra Edição,


Aquella AVE, que do precipício Se E VAj
Sc remontou nos alentos da penna mais entendida^ . ..

Para o ápice da eternidade. x '.'!'-


O mefmo difcurfo, que lhe ideou o fer nas primeyras rfKintiíhas,
/Agora lhe empluma novamente as azas,
Pafa eftender o voo à luz dos públicos parabéns,
Remoçada na repetição das eftam pas.
Tamadivofoy o engenho, que lhe edificou o berçoj \'
Qi;ie ainda lhe infunde calor foberano,
Que a izente da fepultura.
Salve,
AVE de remontado voo, \
Que difcorrendo o m undo por dous eftados,
Jà no grande theatro do Orbe,
Occupas a circunferência de dous mundos.
As azas, que bates altiva.
Se naô tas empreitou o Tempo que tudo eftraga,
,

Teceo-as a Fama doAutor, queteimmortaliza.


De qualquer modo,
Jà reconheço no que duras , Sc difcorxes, .

Que o Tempo, & a Fama í,^' I

Tecompuzeraó as azas. jh^


Por iíTo mefmo es fingular
Entre a Republica dos Voadores^
Porque vives
Além da Fama, & alèiii do Tempo.
Os demais Livros, para terem duração.
Se multiplicaó em muy tos corpos,
Reduzidos a certo numcroj
Mas o Tempo, que lhes vay tragando , &: eílragando o algarifmo,
Com fua voracidade os confome, > >, . .

Ou para que a memoria de que forao, fe defváneÇa ^ /:


Ou para que a protecção, que os amparava, fe debilite':
E ainda que algum por ílngular
Prefumademaravilha, í-'^
Nunca cliega a occupar a immortal idade das eftámpàs^
Reproduzido de Ci mefmo nas Ediçoens ;
Porque
Para as immunidades de Fénix
Lhe falta a prerogativa
De fer AVE-
Tu, porém.
Com o fingular titulo de AVE,
Te grangeas a reproducçaó da Fénix;
Por iíTo mefmo es
Raro,
Repetido nas Ediçoens j
Singular,
Multi-
: :

Multiplicado nos Volumesi


E Único
Entre os demais, fendo tantos.
Aílimrefufcitas,
Sem,que nunca chegafies a fenecerj
Aílim duras,
Sem que algúahorarececs cáducarj
Eaílim te elevas,
Sem que a tua exaltação
Seja termo para defcair.
A fingida Ave da Arábia,
Para reformar a fua duração,
Rctirafe
Ao ermo cume do mais elevado monte
Do Oriente
Aonde nem fobe nuvem nem refpira vento,
,

Nenuempeílade brame, nem fera habita


E aos primcyros aíTomos do dia,
Qiiando a Aurora vay aíFugentando as eftrellas do Polo,
Quando o Sol efmalca de ouro o ultramarino dos Ceos,
Qiiando as outras Aves com doces muíicas
Começaó a dar o bom dia à madrugadaj
Repetidas vezes entaó
Se banha no criftalino manancial de huma fonte,
Que na pknicie do cume fervej
E delle
Como brindando à futura poíleridadcj
Repetidas vezes goíta»
Dalli, quafi purificada.
Encaminha o dourado voo
Para a arvore mais eminente :

Donde
Conftituidâ atalay a dos boíques,
Regiílra com olhos de rubim
A viçofa efmeralda da relva,
A matizada confufaó das boninas,
A pompofa folhagem das plantas,
A crefcidadefigualdade dos troncos :

E dos que na fragrância das cortiças,


Na fuavidade das gomas.
No perfume dos madeyros.
Se exceptuaõ por fingularmente aromáticos,
Efcolhe, &colhe a cheyrofa matéria,
De que prepara
Fogueyra, &
ninho.
Ataúde , ôc berço.
Tumulo, & Thalamo:
E fendo de fi mefma facrificio, & facerdote,
Alternando muficas , entoando endechas, entretecendo hymnos,
**mj bau»
Saúda o Sol, offerecendolhe culto,
E recomenda na protecção de fcus rayos
A fatalidade de fuás cinzas.
Entaó bate denodadamente as azasfobreapyra^
Ou como acenando à morte.
Para que em amphiteatro de fogo, entre com ella na luta>
Oucomoenfayandoosvoos,
Para paflar de huma a outra poftendade.
Em quanto a Fénix fe occupa neftas ultimas agonias,
Oluzido Planeta,
( Quafi agradecendolhe o gloriofo fyinbolo
De feu Oriente ^ & Occafo )
Intenfa feus ardores
Sobre os aromáticos lenhos, &: odoriferas gomas.
Ajudando a accenderapyra,
Que toda arde em fragrantes lavaredas:
Onde
Aquelle Ilion das Aves,
AquellaAntigualhadosfeculos,
^
Aquelle Amianto de plumas,
Mais acrifolado nos incêndios, que refolvido nas cinzas,
Refufcita
Milagre da natureza,
Renafce
Poílhumo da duração.
Efe reproduz
Parto, & M
ly de fi própria.
A ílim acontece
Naquella Ave fabulofa, organizada de hyperboles :
Aílim também fuccede
Nefta Fcnix de erudiçoens, produzida de realidades :

Pois prefentindo.
Que jà caducava em duas Ediçoens,
Para fe reformar na terceyra,
Defprezando o ermo do monte,
Se acolheoà amenidade de hum Valle, ,

Onde
Nem dece fombra, que efcureça.
Nem reípira fopro, que deftrúa,
Nem foa tempeftade, que atemorize.
Nem habita fera, que devore.
Porque
A fombra das erratas,
O hálito das cenfuras,
O ruido das en vejas,
A braveza das emulaçoens,
Naó occ upaó lugar em hum Vallc,
Que tem por feu Antemural
De huma parte o Olympo,
Para
: :

Para a pureza da ortõgrafía,8c correcção dos erros^


E da outra o Parnafo,
Para credito da Oííicina, &
patrocínio da ImpreíTao.
A efte Valle de alegrias
Defde o de lagrimas em que principiou, fe acolhe efta generofa AVE
Duas vezes peregrina,
Noeftyloj&naideaj
E aos primeyros aflbmos
Em que o Sol da luz publica entra na Cafa de Ariete
Dourando o vellocino das letras.
Se banha ella,
Naõ, no criftalino manancial das fontes.
Mas no liquido azeviche das eftampas,
Qiie o mefmo Valle copiofo lhe miniílra
E dalli bebendo efpiritos ufanos,
Remonta, jà purificada, os voos, para a arvore mais amada do Ceoj
Donde
Dilatando os olhos da circunfpecçaó pela vafta circunferência do mundo,
Contempla, & bufca,
Naõ os cepos envelhecidos, nem as linhagens vulgares,
Mas o Tronco florecente,& augufto dos Monarchas Portuguezesj
E nelle.
Dos aromas fuaviíTimos, que cxhalaó as virtudes heroycas, ôc moraes
De tantos Príncipes, & Reys,
Que jà florecèraó ramos felices deita arvore foberana j
Compõem
Illuftrepyra,emquefe fàcrifique,
Luzido thalamoj em que renafçaj
Sendo de fimefma
Sacerdote, &: Viííimaj altar, & cultoj Dedicação, 8c Templo :
Recomendando
Na protecção do Sol Monarcha do Orbe Portuguez,
N Qiie gloriofo reyna,
A reparação defua vida, no Prelo em que fe remoça
Das caducas relíquias de outras Ediçoens.
Agora fim,
Que accelera o movimento das azas, com vigor mais a£tivo.
Sobre os caratHieres da eílampa;
Como defafiando corpo a corpo os talares do tempo,
A entrar com ella em batalha, no literário Circo
Agora he, que defata a garganta em harmonias,
N aó fúnebres, mas alegres •'

Agora he, que enfaya o generofo altivo voo.


Para paífar do tumulo à eternidade:
Porque agora
O Régio Luminar lhe patrocina o berço,
Em que a embalem os fcculos futuros com mãos de diamante.
Para bem te feja, ò rara Feniz dos livros, teu grande nafcimento :

Tu es fem duvida a rara A V E na terra,


Por-
Porque mõ tens gunda nem femelhante.
ft-

Para teres pafailelo no mundo Literário,


Foy precifo
Renafceres três vezes de ti própria.
Acertadamente, pois, fe te deu o titulo de AVE, pelo bem que te ajufta,
Qiie o penfamento de que foíte parto.
Por llngular, &: único,
Foy fem controverfia,
Ou conceyto da Fénix, ou Fénix dos conceytos :

pois para te produzir rara, com as prerogativas, que gozas,


Se exercitou primeyroem outras eruditas ideas,
E anticipou a gcraçaó de outros partos felices,
Naópara que ficaíTes inferior na primogenitura,
Mas para feres por ultima, &: eftremada,
O non plus ultra de fuás Obras,
As delicias de feu engenho,
O extremo de fcus eftudos.
Nas Flores de Efpanha
(Sazonados frutos da fuaadolefcencia)
Te prevenio perfumes,
Mais aromáticos, que os incenfos da Pancaya,
Mais fuaves que os amomos da Syria.
No Dominio fobre a Fortuna,
(Venturofo aííumpto de Togada penna)
Te erigio trono fobre as defgraças, que ordinariamente fobrevem aoslivros^
Porque a Fortuna, que tudo volta,
Qiiiz, que do feu movimento herdaíTem os volumes a ety mologia,
Mais corridos dos Ariftarcos , que eftudados por algum Mecenas.
Na Harmonia Politica, & Poema Ulyfippo
( Tácito com voz de Apollo )
Te affinoufuave contraponto^
Qiie, renafcendo das eílam pas , entoaíTes
Nas Aulas dos Príncipes, & Mufcos dos Sábios,
Na Lufirania Libertada,
( Viriato Jurifconfulto)
Teeílabeleceo as regalias de izenta, &: as immunidades de livre
De toda a jurifdicçaó dos temposi
Symbolizandote

^
Na Monarchia Portugueza, rcftaurada
Da injuíla violenta intruíaóHifpanica,
Para o jufto gloriofo dominio de Principes naturaes*
N a Genealogia dos Reys Portuguezes,
(Sol por Ecliptica foberana)
Diícorrendo huma , &: outra linha de tantas coroadas cabeças.
Te illuminouomodello da arvore mais augufta,
A cujo Real abrigo encaminhes agora os voos,
para te coroares de palmas, «Sc de trofeos.
E quem ignora, que para efte fim, te teceoprimeyro dos talares de Mercúrio
As azas.
Nos
) } :

Nosdifcretos Mercurios, que pela Europivoaraô


Com a eloquência de fua penna, publicando noíías vitorias?
Neíles, 6c outros afamados Efcritos,
Com que
O grande António de Soufa de Macedo
Acreditou, &" defendeo a Pátria,
EnnobreceOj & admirou o mundo.
Autorizou, & exerceo os poftos,
Enriqueceo, & fiiblimou as letras,
Excedendo os limites da capacidade,& limitando os poíliveis dacõpetencia,
Tegrangeou,
O' Livro, ò Fénix, ò AVE,
Todos os attributos, com que a Poefia hyperbolicamente encarece
De rara, fingular, &: única (livrosj
Aquella QLiimera das Aves, aquella métira dos tempos, aquella erudição dos
Pois tucomfuperiorexcellencia,
Naó fó refurges repetidas vezes do Prelo para a im mortalidade ?
Mas também fazes reviver comtigo
A Fama,oEftudo, & o Nome
Daquelle mefmo entendimento, de quem es fucceíTora, 6c filha.
Pois das cinzas de lua honrofa fepultura,
Qiie illuílrada
De difcretos difticos, emblemas, 6c infcripçoens,
Línguas dos mármores, &C bronzes mudos
(
Veneravelmente exifte
NaHeliopolis Portugueza,
E Seráfico Templo da E V^ A fem fombra de culpa.
Da AVE Fillia,6c Máy da Graça,
Lhe rcfufcitas três vezes a memoria, nos três appellidos
António de Soufa de Macedo:
Pois no próprio nome de António,
Odeyxas memorável como Flor,
Mas Flor perpetua dos Jardins das Mufas,
E Flor Gigante fobre a eminência dos Sábios
No gentilicio dos Soufas,
Refrefcas a lembrança de Deleytofo, 6caprazivel,
(Aílim fe interpreta no Grego o vocábulo Soufa,
Amenidade, 6c frefcura :

Inferindo
Qiie tam ameno foy no engenho, quanto era no appellidò,
E que bailou feu appellidò para perpetuar as flores
De feu engenho.
A eftas prerogativas fe ajunta o Macedo,
Como timbre da perpetuidade,
Que naõ he mais, que huma duração ílicceíTi va.
Ou huma propagação continuada :

Pois fe o neto materno de Dcucaliaó fe chamou Macedo,


Qiiem pôde duvidar, que o noíTo Macedo
Herdando com o appellidò as proezas de Deucaliaô,
A
; : ,

A pezar de Lethèoç dilúvios,


Propagou a pedra fepulcral do monumento em que defcança,
Numa viva cítatua da memoria poíthuma,
Que o celebra?
Sem controverfia pois.fe deve afnrmarjq o nome gloriofo deíle grade Varaõ,
Repete comtigo no berço das eftampas
Triplicado nacimcnto,
0'AVE;
E que tu reconheces tam.bem triplicada divida de immortalidade
A feu foberano Nome.
EUe renafce em ti, como flor de feus Efcritos
Para l"e coroar de perperuidadcs
Como delicia s da erudição,
Para fer appetecido dos difcretoSj
Ecomo Deucaliaófegundo,
Propag;ando da pedra de feu fepulcro
Vivos íimulacrosdeFama.
E tu tomando de cada appellido feu huma letra,
A primeyra de António, de Soufa a terceyra, & de Macedo a quarta,
Formas o nome AVE, comqueteilkiftras,
Grangeas os titulos com que te acclamaó
Antiga, única, eterna i
E fymbolizas em feu numero ternário a Ediçaóprefente,
Que terceyra vez à luz do applaufo te publica,
Debayxo dos AuguftosAufpicios do Régio Sol Lufitano,
A cujas Aras gloriofamente
Te dedicas, oífereces, & confagras.
Vive.

SONETO.
& a pezar do tempo, que devora
Vive,
Com dente gaílador os bronzes duros.
Teu ninho excelfoconftitue agora
Entre efplendores de diamantes puros :
Vive , que là nos íeculos futuros,
Te efpera a eternidade vividora
Para que occupes nos celeíVcs muros,
Oclaroaflento, onde outra Fénix mora.
Entaô fendo outra vez viíla das gentes.
Banhada em nova luz de nova chama.
Novo efpanto feras a todo o mundo :

Que admirando tua vida entre os viventes.


Se o credito negar à voz da fama,
Hade dallo a teu nome fem fegundo.^

Do Beneficiaílo

Framifco LeytaÕ Ferreyra,


ra?/..

I N^
índice
7)os Capítulos dejle livro,

capítulos da primeyra parte.


Introducçãâ.

CAP .

ruina
I. Ab siterno determinou Deos
; decretou o remédio : 6c
crear o homem : prévio fuâ
deftinou para elle a Virgem
JSiãy. P^g-l-
Gap. II. ComojCreado o mundo, creou Deos o Homem, & o illuftrou de
graçaj&nella afuadcfcendencia. p.^,
Cap. III. Como Deos poz Adam no Paraifo terreííre: qual era: & fe per^
fifte ainda. p. 6.
Cap. IV. pozley %Adam: elle começou a exercitar Im-
Como Deos
pério; o Senhor lhe deo mulher ; & que felicidade gozava. p, 8;
Cap. V. Qiie tempo eftiveraõ noíTos primeyros Pays no Paraifo terref-
tre. Como Eva , enganada pelo demónio na ferpente, como do fruto veda-
do, &perfuadio a J?íÍí2?« a comer dei le. p. li.
Cap. VI. Como pelo peccado do primeyroPaycahio o género huma-
nona mayor miferia. p. 1 6.
Cap. VII. Como Deos fehtenciou a noflbs primeyros Pays , & a fua
defcendencia: ficou publicada guerra entre a ^r^^;» Santiílima, 6c o de-
mónio, y^íi^w/ poz nome a ^-Uií. p. i8.
Cap. VIII. Como nas penas em que Deos condenou a noífos primey-
ros Paysjconciliou a Mifericordia com a Juftiça-, moftra-fe que as impoftas
a Eva nas dores do parto, 6c fugeyçaó ao marido, foraõ graves , mas junta-
mente úteis, p.iii
CapJX. Profegue a confideração do precedente nâs penas em q Deos
condenou a Adam j moftra como o trabalho he útil , fendo com medida 6c :

qual deve fer. p. 24.


.Cap.X. Da terribilidade certeza , 6c ligeyreza da M?ríe por quantos
,
.'

caminhos chega não imaginados : 6c como ainda alfim foy mifericordia > 6c
útil a condenação a ellat ir??'- p;b^ ; :jííc-í
; p-26.
..

Cap. XI. Como Deos moftrou aos homens a neceflidadc das leys , 6c a
forma do juizoí f rata-fe da excellehcia da juftiça : quaes forão os primeyros
Legisladores: a dignidade dajurifprudencia: irmandade que tem com as
armas, pela qual fe unem fem precedcncia. p. 29.
Cap. XII. Como Adam 6c Eva foraó lançados do Paraifo terreal } ef-
,

quecimento que nos ficou do Ceo lembranças que Deos nos faz delle 6c
: :

como as defprezamos. p.96.


Cap. XIIL ComoDeosvefôoayíií?;» > 6c Eva^ntts de os lançar do
Paraifoj como crefceo o cxceflo no veftir por cegueyra do peccado que : ^
moderação deve haver. . ^ . : ^ X/
•: •^45*
<.í;>i ** Cap»
índice dos Cafitulos
Cap. XIV. Como fe acabou a Monarchia de Jdam , & porque caufa; q
pela me ima fe acabaõ todas as do mundoj defere ve-le a grandeza , & ruína
das mayorcs que houve. p. 4b.
Cap. XV. Adam, & Eva penitentes: revelação que tiveraõ do nafcimé-
'''
to da Mi')' í/^D?í7y para remédio de feupeccado. -
P-5^-
Cap. XVI. Como em Adam^ & Eva começou a natureza humana a ex
^^'
*^
perimenraráS miferiasemquehavia caído pelopeccado trata-fe particu-
r^p^larmente da intemperança dos climas, & da rebelliaó dos animaes. p-59-
:

Cap. XVII. Como a natureza humana moftrou no primeyro fruto que


de li deo, eítar depravada, & arruinadaem malicia : trata-fe do fratricidio
doperverfo Caim no innocente Abel. P-^5-
Cap.XVIII. Comocomeçou a divifaó dos dom inios, &:fc inventarão
os marcos dos campos, os pezos,& medidas j fe introduzirão alguns con-
traros, &: o dinheyro > tudo por conveniências da vida, & de tudo a m alicia
humana ufou mal. p^ 68.
-..Cap.XIX. Fundação da primeyra Cidade.- utilidades delias: como a
natureza depravada perverte as acçoens generofas condena-fe a vâgloria.
.•

Trata-fe brevemente de algumas Cidades famofas. P?^'


Cap. XX. Como Lamech começou a ofFender as leys do matrimonio:
trata-fe dos trabalhos a que os cafadospclaruina do mundo eftaófugey-
tos. ' .
\> p-77.
Cap. XXI. Profeguindoo intento propofto no precedente, nioftra co-
mo os homens converterão contra fias tendas do campo, o ferro, & me-
taes, que fe lhes moftràraó para utilidade. Trata-fe da invenção das armas,
& artilheria apontaó- fe as batalhas mais fanguinolentas que houve j & a
:

razaô que pódejuftificar a guerra, p.8i.


Cap. XXII. Principio, & progreflb da Efcultura, Sc Pintura: excellen-
cia deitas artes.* arrifices, Sc obras infignes que houve nellas: 6c como os ho-
mens as praticarão mal fendolhes enfinadas para feu bem.
, P- 86.
Cap. XXIII. Principio da Muficajfêu progreflb, & noticias que aella
pertencem ; 6c como os homens ufáraõ mal defte bem. Trata-fe como
Chrifto Senhor nojfo, é^fua May Santtffima honràrlo efta arte. p- 90.
Cap. XXÍV. Invenção daCirhara &: Orgaó & derivação do nome
, :

Jubileo. Neftes y & em outros inílrumentos muficos fc tocaó algúas curio-


fidadesi Sc fe profe2;ue o aíTumpto de que a malícia humana de todos os in-'
ventos ufou mal. Brevemente fe aponta o divino inftrumento que fez a?
^mújfima Virgem May. -r;: P-96'
-<i Gap. XXV. Principio, progreflb^Sc dignidade da Poefiaj como a Ftr^

gem^Santiffima a honrouj Sc fendo dada por Deos para utilidade,os homens


ufárão mal delia. •

P-99-
Cap. XXVI. Profcgue o aflumptodo capitulo precedente. p. 104:
Cap. XXVII. Origem da Rhetofica, Sc Oratória para utilidade pu-
blica, Sc males que a malícia dos homens caufa com ella. Traca-fe dos Ad^
vogados. p. III.
Cap. XXVIII. Principio, Sc augmento da fciencia Aftronomica, 65
Aftrologica em beneficio do mundo, Sc como fe ufa mal delia. p. 1 14*
Cap. XXIX. Como fe inventarão a.s letras: fuás difFerènças; modos de
/^^ .
cfcrever: fua utilidade: Sc como a maUcia dos homens ufa mal dellas.p.120
j// l '^'V—w Gap.XXX. Comofe introduzirão os hvros ; quaes foraõ os primep
ros.
da primeyra parti»
SOS, 8c as primeyras livrarias. Como fe inventou a Im prêíTaõ : utilidades
de tudo; como a malícia as perverte. Moftra fe nos livros hiftoricos.p. 125.
Cap. XXXI. Como teveprincipio invocar a Deos em culto Divino, ác
a malicia fe atreveo a oífender efte fagrado. Trata- fe do fanto, êc myftei io-
fo nome Jhrhovah* p. 1 29,,
Cap.XXXII. Foy a mayor ruína dos homês ficarem có o entendimen-
to cego pelo peccado, & diíto lhes refultaó as may ores calamidades. p. 132.
Cap.XXXIÍI. Como os homens erraó nos meyos per que prociíraó
honraj&poriíToaperdenijpoem fe primeyros exemplos na imitação, &
nodefejodemoílrarvalor. Trata fe dos deíafíos. P-Í34*
Cip.XXXIV. Para o intento do capitulo precedente fe poerh outro
exemplo nos que procuraó altos poílos & fe condena a ambição, 8c tyran-
:

nia. pi37-
Cap. XXXV. Para o mefmo intento fe moftra como os que pertendem
hora pela fciencia, errando ordinariaméte os meyoSjfedefacreditaó.p. 142.
Cap. XXXVI. Nodefordenadoamordavida fe moftra cego o enten-
dimento, pelas miferias delia. p.146.
Cap.XXXVII. Os homens feenganaõ em quererem fuaviz ar ávida
com paíTatemposrpoem-fcprimeyro exemplo no jogo. P-i5 f*
Cap.XXXVlII. Segundo exemplo, que a caça não he alivio,antes tra-
balho, 8c prejudicial ávida, P-I53-
Cap. XXXIX. Como os homens que procuraó regalar a vida com co-
mer, a deftruem Trata-fe
. dos exceflbs , & danno da gula , 8c da utilidade

da temperança. p.i56i
C-ip.XL. Comofeenganão os homens nas commodidades que imagi-
não nos officios da Republica. Trata-fe dos males da privança com os
Principes. piÓ3-
Cap.XLL Qiie nem com reynar fe aliviaó , antes crefcem os trabalhos
da vida. p.i8o.
Cap.XLII. Que os amigos não faó alivio para os trabalhos da vida,an»
'

tes os accrefcentáo. p.iSgé


Cap.XLIII. Conclue-fe geralmente quam falfos faó todos os goftos,8c
paílatempos da Vida, ^
quam defordenado o amor que a ella temos. p. 186.
Cap.XLIV. Que o entendime^ito não conhece as riquezas: 8c os ho*
mens as íazem prejiidiciaes, podendo fer úteis, p.190.
Cap.XLV. Como foy também ruína do peccado não ferem os homens
h ibeis para varias fciencias, ^ artes:8c dividirem -fe em differentes opinióeSé
Declara- fe o que he Entendimento, Imaginação,Memoriai 8c como obraó
as potencias* V•^^7^
Cap.XLVI. Mortcde^íí/ííw, 8c £i;í2iannos que viverão: como osan*
nos, &
os mezes fe computavâo entre varias naçóensj8c porque no primey-
rofcculoerão as vidas mais largas. p.205.
Cap.XLVII. Emcontinuaçâo da matéria do capitulo precedente , fe
trata do progreíTo, 8c
dignidade da Medicina. p.20 8.
Cap.XLVIII. Filhos que Aàaniy èc Eva tiveraó.* apontaó- fe os homês
quetiveraó muytos. Gigantes que houve. Se nosfeculospaíTadoseraòos
homens mayores que nos próximos. Se eraó de mayores forças. Toca-feo
quefedifledosPi^meos. p.214.
Cap.XLIX. Como os homês fe depravarão cm peccados pelos caíamé-
**ij tos
Indica dos Captdcos
TOSque fizerão. Trâta-fc com exemplos dos mak-s , & benS que vicrao ao
mundo por mulheres. p.222.
Cap.L. ComoDeoscaftigon, ôcarruinou o mundo com aguas, refcr-
vando fó a Noé, & com elle íUa farailia; apontaõ»íe os my ftcrios que ha no
Dumero repteno. p.226.
Epilogo deftaprimeyra parte. p.230.

CAPITVLOS DA SEGVNDA PARTE.


CAP.I Para levantar O mundo confervou Deos o género human oem
Noé, &:feus filhos. P-235-
Cap.ll, ComoNcéjí>:osquecomelkeftivão, flihirãodaarca: como
oflferecèráo holoca-uito a DeosioSenhorlhepfomerteonão alagar mais o
mundo, do que lhe deo penhor no arco Celeíte. Como o abençoou. El!e
aperfeyçocu a lavoura do paó, & inventou ovinho;& feentende que fe lhe
revelou o Redemptor nafcido da í^irgem. Trata-fe das Veftaes. p- 2 3 7.
Cap.IIl. Dos nomes da mulher, filhos, &noras de Noé. Quanto em
breve multiplicarão. Como fe dividirão a povoar o Mundo. Como paíTá-
raóosanimaes a varias partes. Fabrica da torre de BabeL Refere- fe a fabu-
lada batalha dos Gigantes com os Deofes , para exemplo da Mifericordia
de Deos com o género humano. P-^39-
Gap. IV. Quam fiiaveméteimpedio Deos a fabrica datorredc Eabcl ró
a confui-AÕ das liiOiguas. Como íó a Hebrca ficou a mefiTja, Sr hc a mais anti-
ga. Se ha lingua natural. Mudanças que houve, &algumas curiofidadcs
na matéria. p.242.
Cap.V. PrimeyraMonarchiaq houve no mundo i comocomeçoii por
tyranniaj &: bem acquirida he conveniente, Sc melhor q o governo de m ui-
tos. Que cada nação deve ter feu Rey particular , & natural. E qual foy o
principio da Idolatria com que os homens denovofearruínavão. p-247.
Cap.VI. C')moa Idolatria feintroduzio no mundo, adorando-fe ho-
mens, &" coufas iníenriveis. Defatinos que nella havia. Algumas figuras dos
Deofes. Indecí-nciasquedcUesfereferiaó. Seus facrificios , &fucerdotes.
E a furaptuoíidade de feus templos. p.250.
Cap. VI I. Morte de Noè.Como entre a Idolatria confervou Deos fcm-
pre feu conheciméto entre os maisefcolhidos: & fuás noticias entre a gen-
tilidade, por naó defemparar o género humano q havia de reftaurar.p. 255.
Cap. VIII. Como Deos por Prophctas, &: vaticinios , também entre os
gentios, annunciou ao mundo fua vinda: aexcellenciadaTli^^ de que ha-
via de nafcer, &o remédio do peccado. P- 25 9.
Cap. IX. Das Sibyllas, & o que vaticinarão de Chrijio Senhor nofib 6c ,

defua A/^j/Santiflima. p.2é2.


Cap.X. Como Deos preparou os ânimos da gentilidade parafuadoiu
trina com a dos Filofofos. refere-feadosStoicosem
particular. p.269.
Cap.XI. Como os Filofofos obravão conforme ao queenllnavaõ. As
penitencias que alguns faziaó: &outrosannuncios que os Gentios tivcraó
daLeyfanta.
P-2 74.
Cap.XII. Genealogia de Chrifto Senhor noíTo , & de fua May Santiili-
ma. locaõ-feasexcclienciasdeSanta Anna. p.276.
Cap.XIII. Trata-fcda Nobreza: que coufafeja;&: como refplandccco
na Santiflima Virgem Alay. p. 284.
Cap.
dafegmâa -parte.
Cap.XIV. Como a i^/r^^;^Sanriiriniafoy concebida. p.288.
Cap.XV. Hiíloricamentc fe trata da matéria da immaculadaConccy-
ção da Viyxeyn Senhora noíTa. p.290.
Cap.XVÍ. Alegre Nafcimento da JifróóT^. P-304>>
Cap.XVÍI.Comofoypoftoà JV«Â6'r<?onomefoberanodeMaria.p.307
Cap.XVilI Educação da J^^^í/iííJríí em fuaprimeyra infância. P-309.
Cap.XIX. Comoatíííí/joríífoy prefentada no Templo. p-3io-
Cap.XX. Exercícios da Senhora no recolhimento do Templo j &de
como fez voto explicito de virgindade perpetua. p.5 1 1.
Cap.XXL Dafermofuracorporalda/^y^í»?. P-3I3"
Cap.XXII. Santa morte de Joachimj&Annapays da ^/r^(?;í^. Deípo-
iforiosmyfteriofos àit Senhora comS.Jofephj cujas excellencias fe tocaó
brevemente. P-3i6.
Cap.XXIíI. Como a ^/r^^/^^foy entregue a feufantoEfpofo: ambos
renovarão o voto virginaljforaõ viver em Nazarethj vida fantiílima que
alHfaziaó. Trata-íedafantaCafa Lauretana. P-B^^-
Cap.XXI V. Da Annunciaçaó que o Anjo S. Gabriel fez à Virgem Ma-
ria: 6c da Encarnação do Verbo Eterno. p-3 2 1.
Cap.XX V. Excellencias, &myíl:erios do yí-z;^ com que o Anjofaudou
âSantiflima^r^f/j?. P-3 23.
Cap.XXVI. Como a /^y^'f;^foyVÍÍitar a Santa Ifabel. Tocaõ-fe al-
gumas excellencias do grande Bautifta. P-325*
Cap.XX Vil. Como Saójoíephfoube que a F/r^^w havia concebido.
Tocaó fe algumas excellencias deite Santo j 6c como fe celebrarão entre
ambos as vodas. P-327»
Cap.XXVIlí. Como a Virgem com feu Efpofo foraõ a Bethlem para
fealiftarem conforme ao Ediá:o do Emperador AuguftoCeíar. Moítra-
j

fe o que continha aquelle Edi£lo. E trata-fe que coufa he Era^ 6r como por
ella fe contarão os annos. Dá-fe noticia da occaíiaó per que. os Romanos
cntràraóemjudea. P-329.
Cap.XXIX. Nafcimento de C/6r//?o Senhor noflb. P-333"
Cap.XXX. Do mais que fuccedeo na lapa de Bethlem depois do Naf-
cinlentodeC/^r,^'?í? , 6c os maravilhofos fmaes que houve no mundo no
mefmo tempo. P-337-
Cap.XXXI. DecomooM«mí?Deosfoycircumcidado, 6c comelle
começou a padecer por nós fua Mxj S mtiílima. P-34*^'
Cap.XXXIÍ. Do nome Divino JESUS^pcrquefoychamadooAfm/-
n') em fua circumcifaó. Declara-fe também o de Meífias , 6c o fantíílimo

ncmedeCHRISTO. p 34i=
Cap.XXXIIÍ. Da adoração dos três Reys Magos ao Mmino Deos.
Declaraófemuytas particularidades neíla matéria. P-344'
Cap.XXXI V. Da Purificação da /^^;^í'7;??A/ííy. PrefentaçãodoMeni-
noje/í/y no Templo. Doquea J'í?wÃ6i^'(2allipadeceo: 6c caufa pcrqueeíla
fefta fe celebra com velas accefas,chamandofe Candelária. P-35®'
Cap.XXX V. Como Herodes determinou matar os InnocenteSj 6c co-
mo a Vtrg em, 6c S. Jofeph fugirão para Egypto corn o Menino Jefus.p.g 5-4
Cap.XXXVI. Martyrio dos Innocentes, 6c o feníimento que a Virgem
iV/^y nelle teve. P-358"
CapXXXVíI. Como a ^>^f «í 5 6c S. Jofeph moràraô em Egypto, 6c
alli creàr aó o Menino J^^j.p. 5^9. Cap,
. .

Índice dos Capitulos


Cap.XXXVlII. Caftigo,&:morrcdeHercdes,&comoa^/y^í;»com
omtmnoyeííis, & S. Jofeph tornarão para fua pátria. p.361
Cap.XXXlX, O
quepadcceo a l^irgemÀía)' naafflicçáo do Menino
perdidoj & como o achou no Templo , moílrando aos Doutores da Ley o
tempo, avinda do MelTi as. P?64'
Cap.XL. Da vida de C^r/;'?;? Senhor noíTo de idade de doze annos até
osvinteêc nove, com fua A/ívSaníiílima. Defcreve-fe aeftatura, & fey-
^'oens de fcu corpo fagrado. P. 3^7-
Cap.XLI. Tranílto feiícillimo do gloriofo Jcfeph Eípoío dâVi rgem
,

Santiílima. p.568.
Cap.XLII. Como Chrifio Senhor noíTo fe auíentou a prim.eyra vez de
fua MiJyparairaíerbautizadoporS. Joaó. P-37^'
Cap.XLIll. Como C/?r(/?(? Senhor noflb foypara odeferto: oquenclle
padcceo, de que participou fua /IfóvSantiílima. P-$73-
Cap.XLI V. Como Chrijio Senhor noíTo fahio de deferto &: a Virgem -,

S.N .nas vodas de Cana o npreflbu a manifeítarís para remir o múdo.p.375


Cap.XLV. Como a Virgem Mzy acompanhou a Chrifio no rempoeni
que pregou; foy a primey ra baucizada pelo Senhor j dor que teve na morte
do'Baunfl-a:& na entrada triunfal em Jerufalem. P-376-
Cap XLVI. Comoos Judecs determinarão m^t^v a Chrifio. Senhor O
fc preparou para fua Payxão, ceando o cordeyro Pafchoal com feusdifci-
pulosj lavandolhes os pés-, inílituindo o Sacramento da Euchariftia crde- •,

nando-os Sacerdotes defpedmdofc delles , í< em particular da Virgem


-,

Mãy; & fahindo a orar no horto. p. 3 79.


Cap.XLV IL Narração fummaria da Payxão de Chrifio Senhor noíTo,
& do que a Virgem Senhora noíTa padeceo nella. P-S^ í-
Cap.XL VIIL Como a ^r^^wíiV/ii}' cooperou para remir , & levantar
omundodaquedadopcccado. P-386.
Cap.XLIX. Harmonia da Cruz fagrada, & da Virgem Santiffimana
Payxaó de Chrifio^ fie noífa redempção. Tfata-fe das formas que houve de
Cruzcs; qual era a cm que o Senhor padeceoj o modo , & circunftancias có
que os antigos crucifjcavãO} accómodandofe tudo ao que feufoucom o
mefmoi5'f;;/jí?ri&asexcellenciasdofinal da Cruz. P-3S9-
Cap.L. Qiialidades vis & mortes defeftradas de Annás Caiphas , Ju-
, ,

das, Herodes, & Pilatos culpados principaes na morte de Chrifio p-394.


,

Cap.LÍ. Como Chrifio Senhor noflb depois de tirar do Seyo de A*


braham,& do Purgatório muy tas almas, refufcitou, & appareceo logo à
Virgem Mãyfuay que lhe deu as graças pela rcdempçaÕ do mundo, quecm
íua Refurreyçaõ le concluhio. P-397-
Cap. LIL Como Chriíío Senhor noflb nos remio da morte cfpirituaUíc
nos aliviou a corporal, que era a mayor pena em que havíamos cabido 5 6c a
devemos temer muyto menos. P400.
Cap. LI IL Como a redempçáo,& doutrina de Chrifio nos alargou tam-
bém a vida temporal, &: felicitou as miferias delia, remediando a ruína que
o peccado tinha cauíado j &; em que mancyra nos efcufou chorar pelos que
morrem. P4C7-
Cap.LIV. Como CÃn/?/? Senhor noflToenfinou o verdadeyro
caminho
dealcançar honra, contraoserradosquemoftrou o peccado. Trata iV da
humildade, 6c do perdão. P4í<^-
Cap.LV,
dafegnnâa farte»
Cap. LV. Como a doutrina, ôcLey de C/?r//?<? nos enfina, &-ajudaa'ef-
timar a vida, 6c aliviar as miferias delia. P-4i3-
Cap. LVI. Como Q/n7?í? Senhor noflb nos enfinou a nosaproveytar-
mos das riquezas. p.416.
Cap. LVII. Como o Senhor fubio ao Ceo, & dcyxou a Ma^ Santiílima
na terra para altiíTimos fins. p.418.
Cap. LVIII. Como a Virgem Senhora noíTa auth(?rízou fc felicitou a ,

poíTe que S. Pedro tomou do Summo Pontificado. Trata-fe dos annos que
vjveraó os Papas: mudança que fazem nos nomes: modo de fua eleyção:
fcifmas que tem havido na Igreja de fuajuriídiçâoTio temporal 6c como
: :

em varias occafióes faó venerados pelos Príncipes. p. 420.


Cap. LIX. Como defceo o Efpirito Santo, & foy aF/r^^wSantifiima
fin2;ularmenteilluftrada. p 427.
Cap. LX. Maravilhas que obràraõ S. Pedro , Apoftolos 3 &:
&: os mais
DifcipuloslogoqueoEfpiritoSantodefceoairiuftràllos. Toca-fe a con-
verfaó do Centuriaó Hefpanhol que confeflbu a Chrifto na Cruz por Filho
dcDeos: ôc a do Soldado Longuinhos que deu a lançada, com feumarty-
rio. Trata-fe da con verfáo da mulher de Pilatos, 6c o que fe diz do mefmo

Pilatos. p. 429.
Cap. LXI. Como a Virgem Senhora noíTa aíTiftio no primeyro Conci-
lio que a Igreja celebrou} 6c fe dà noticia dos q tem havido geraes 6c prin- :

cipaes particularidades dellesj6c das Cidades em q foraó celebrados.p.43 2


Cap. LXIL Como a Virgem SantiíTima guiava os Apoftolos: noticiava
os Euangehftas: ajudava os Pregadores; animava os Martyrcs:(6c fc dà no-
ticia das mayoresperfeguições que padeceo a Igreja:) allumiava os Con-
feíTores : 6c enfínava os Doutores. p. 444,
Cap. LXIII. Como a JVw^oyv? foy efpelho das Virgens, ^ inftituhioo
primeyro Convento delias, 6c como foy con foi a çaó das viuvas. Trata-fe
da Magdalena Santa-, Santas Martha, Marcella, Verónica, èc S. Lazaroj bc
fe refere o martyrio da Samaritana, 6c de feus filhos, 6c ÍJmãs. p45o.
Cap. LXIV. Do que mais obrava a Virgem Maria até feu gloriofo tran-
fito. Como de partes remotas hiaó peflbas graves a vella pela fama de fuás
excellencias maravilhofas. De algúas cartas fuas,de q fe tem noticia.p.45 3.
Cap. LX V. Como a Virgem Senhora noíTa , antes de deyxar o mundo,
nos deyxou eftabelecida a Igreja Catholica ém toda a perfeyçaó i 6c a par-
ticular obrigação que nifto lhe tem o Rcyno de Portugal. P- 45 7
Cap. LXVI. Da fermofura temporal, 6c vifivel da Igreja Catholica :

honra que feus filhos lograô nellaj 6c com quanta facilidade. p. 463.
Cap. LX VII. Trãnúíoglonoíodsi Virgem Maria. p.469.
Cap. LXVíII. Como ofantiflimo corpo da Senhora foy depofitado
cm fepulchro fagrado. p. 474".
Cap.LXIX. Admirável refurreyçãoda^/r^^;». P-477'
ICap. LXX. Moftrafe qual era hum triunfo em Roma, para no modo
poílivel, figurarmos por elle o com que a Virgem Maria vi£toriofa entrou
no Ceo. p-479»
Cap. LXXI. Magnifico 6c gloriofo Triunfo com que MARIA San-
,

//////«centrou na Cidade Celeftial. P-4^2"


Cap.LXXIL CoroaçãodaT^yí/ATH^dosCeos, p.488.
Peroração. P-493»
1

í
3

W3IJ

bVí:"! J
)

i-.U Vi. T.^


EVAE AV£, O U

A I A
TRIUNFANTE.
THEATRO DA ERVDIÇAM,
& da Filofofia Chriftãa.
PARTE PRIMEYRA.
E V AV
o MUNDO CAHIDO.
CAPITVLO I.

^h aterno determinou Deos crear o Homem : -prévio


fua ruma : decretou o remédio : ÇT defiinou para
elle a Virgem Maria.
O principio ferti principio, que ne-
nhum efpaço de feculos pôde me-
dir: no tempo fem tempo, que ju-
diciofamentefecrè,&: a confidera-
çáo não alcança, determinou o fum-
moSerjBem infinito, Author omni-
potente de todas as coufas , crear a
maquina do UniverfojSc nella oHo-
mem ,para fua bondade fe lhe com-
municar. i. E vendo com altapre-i M/*i{iirSettttnt.likz,ii[i:u" •

rciécia,que a culpa do primeyro Fay


havia de incapacitar o o-enerohuma- . nr/ o ^nr, r ,
íioda gloria para que o deltmava j contenderão duas irmaasritasobviaveruntfibi.

^>^Tl,-^
do /IU^ít:
Throno Altiffimo, r„l i_n.._-'
febre deftruir , ou perdoar. 2
.X.
gémeas filhas da Divindade , Jufiiça , & Mifericordiajáisinte D.bemard.Serm.i.w ^yímmtt. ad med.
yide P. Franc.de Mendofi inP^iridar.U^^

- '

A
dial.dc Chrifiipajjione, degnntijjlmè.

2 Para
. :

» EVA, E AVE.
-^ TjS^.fu^aciu ]Múi', SlVíí 2 Para fatisfação de ambas 3 decretou o Confiftorio da
oícuiati-jinc.
7V/W(^í?^^ Santiírima,quehúa de fuás PeíToas mifericordiofa-
nientefehumanafle, porque a humanidade paíBvel merecef-
fe ; & pela Divindade unida fatisfizeííe ^àjnfiiça a oífenfa infi-
nita pelo obje£tooffendido, o que hum puro homem não po-
dia igualar.
3 Por outro modo pudera Deos livrar o homem j mas an-
tepoz a conveniência ao poder j convinha que hum homem
vcnceíTe ao demonioj pois hum homem fe lhe fugeytàrajfc o
Redemptor não fora homem, parecera a Redempçaõ violên-
cia jquiz Deos,que a Juíliça da humildade hbertaíTe a quem o
poder pudera libertar 6c foy neceífario hoirjem Deos para li-
:

4 -W''?//?fy í.5.#.i9.5.2.!í^ 'í'}'^.


bertar do peccado. 4 / '.

""'^''""'"
4 Competia a Caridade Divina com a Malicia humana:
pois coma o primeyro Pay arruinou fua defcendencia antes
< t-ittat D. Banard. hom, x. fupcr de a gerar, 5 Deos prevenio o remédio antes da culpa fe com-
rcs quam pateutes.
,
^ AVènta^jou-nosaós Anjos^creaturasitiáisnobres^deque
pudera efperar melhor correfpondencia j pois fez por.nòs o
quenáofez por elles quando peccàrãojquiz remir o homem
a;"eytandoílitisfação j6cquizdle mefmo fitisfazer por nòs.
Náo fe Unindo à natureza Angélica, fendo mais alta 3 honrou a
humana ; &: nella náô tomou corpo de varáo,por não evitar as
penas de menino^ nem quiz fer formado , como Adam , pela
mão Divina, por dará mefma natureza a gloria da Materni-
dade, & porque para amparo dos homens, houveífe May de
Deos. Nâo reparou em fe unir ao que eítava inficionado pela
culpa,nem na infinita diílancia dos extremos, nem no diíficil
de haver união fcm confufaõjnem no immudavel da Deidade
6 Explicai cieganter Vat. ^mn. fua difpofiçáo pícdofa todas as difficuldadcs vcncco, 6
dfKKedeiaS.Trinità,difc,^^. O A ícgunda Feíloa daquel|a Deidade trina,.& liua ,le fu-
gey tou a efte encargo , por my ílerio altiíTimo , que noíTo juizo
7 D.Ban.Sem.i.in^nnmt.j?atím ct^{zS.Bcxnardo,^ 7 nãopóde penetrar ,poftoque difcorra 8
^'^i^"!!^'pudMagt!{Mb.ydiíi.i, em algúas conveni^rjjçias paraen.qa^ríiar oiv/^í?,&: náooPa)f,oii
EfpiníQ SantOé ^/j \ -.].'.

7 MíPeftínou
;
a Mente Altiíllma húa Creatura na realidade
humiaha,paraiftofeconfeguir3masnas perfeyçóes quafiDi^
vina>quíil convinha a Míjjque tiveíTe commum com Deos Pa-
dt eyhwm mefmo Filho que geraíTe em tempo , a quem Deos
;

jPrtirí gerara na eternidade: de cujo ventre fofle fruto quem


era ab xterno Senhor univerfal que tiveíTe fu bdito pelo nafci-
:

mento o Superior da terra, &: do Ceo que foífe May de feii


:

9 VãUm.p.i.q.iyart.e^ã 4, Creador, dignidade infinita, 9 Filha,Mây,& Kfpofa de Deos.


8 Qtiandoj depois de immenfos feculos, preparou os Ceos,
.. creou òsabyflfos, firmou aesfera, defatou as fontes, finalou
tcrmosaomar, deu ley às aguas, os fundamentos dã,
Sc ligou
' " ^; terra poz.o Summo Fabricador
: unto a Si húa cadeyra da ma-
j

Aw l|^»<m^5^h yor preheminencia depois de feu TJirono facrofanto , 6c fobre


ella
i ,

PARTE r. CAP. I.
í
cTla bua Coroa da Mageftade mayor depois da Divina. No eí-
•pelhodeíeu Greador conhecerão os coros celeítes eftar pre-
parada aqiiella honra para húa Creatiira, que nafccria a mais
amada delle, í<: logo (depois do mayor artiorjô: gozoquepii-
nhão em Deos} a amaváo mais que a li meímos, &" na fua crea-
çaó fe gozavão mais que na própria , porque viaõ que nella fé
honrava, &: deleytava o Senhor íbbre tudoj aílim o revelou
hum Anjo por mandado de Deos á íua mimofa S.Brigida , co-
mo felè nas fuás Revelações. IO 10 I{eyelàl.S.Bir^;t.inSerm.W>g-c.4

9 Por modo taófoberano,muyto antes dcfecrear a terra >


primeyroque foíTe o abylTo ainda as fontes não manavão,
:

nem os rios corriáo os montes não conílavão de fua grande-


:

za; nem os Orbes fe libravlo em feus poios j ôcjà ^.f^irgem


iV/ireftavaeniDeosperfeyta; ii Só quem numerar as áreas m Provjri.g.ij;

domar,asgottasdachuvajOstliasdos feculos quem medir -,

as alturas dos Ceos, a largura da terraj, o profundo do abyíTo,


poderá inveftigar na Sabedoria de Deos a dignidade honras ,

^ privilégios com que o Principio fem principio dotou , en-


riqueceo , &: exaltou cfta Creatura exc&llentiílima j foy logo n EpiphanJtiaud p^ir^.
D.H,er.serm de^ifumpu
f como lhe chamão os Doutores fa^^rados ) Myíierio do Ceo,& „ V
a a terra: 11 molde, &
forma de Deos:
ajírolãhiocom qneaperj
âtza do Sol Divino
Ò-' omnipotência^ 1 5 Finalmente por efte foberanoraodo foy ab
. 1 5 Caríha^enadtarcan.Deipar.tom,u
ícternodeílinadâ Vencedora triunfante daferpente iníernú-Jl^l^-^''^-^^''-^''^^^'^^!'/^* Maria, vida

16 Coadjutora da Redempçáo do género humano j 17 ScPor- 15 G'en'l'.^i'^.'

ta 18 ao remédio do maluque lhe entraria pela primeyraA/ií/. ly Videiní.p.t.4,%.


lí Fdix Csli porta.

CAP IT VLO IL

Creadoo MmidOí creoH Deos o Homem , & o illuftrou

de gra^a^Q}" nella a fua dejcendencia»

M Cinco dias
E-nT-
j- r\
creou Deos a maquina, que chama-
I

Kttia ccnam
^1,^«,AÍ Prima dies lucem
,-
, Cxlum altera

rão M/Z^ií», pela bellcza, queefta palavra íígnifica, ISyderaquartaifcquenspirccm habct, &
harmónica ,"& artificiofa confonancia da Mente fecunda , &: Sexta animaJ
, . '..-., ., i~ c
Omnipotência innnitadaquellaionte de todo o ler, na admi-
, ,
H^'"",^""*
qnodvis, homincmque er
puiveretcrrx
1 •
,
,- .

ravel concórdia de tão varias partes» Myíleriofamente fe dete- Protuiit at requiem feptima lux tcimít.
ve no que pudera obrar em hum inítante; &
com razão o gran- ^^.^^^^ Mu,mch.EccLp.u.i.c. i.^.i.,:,
de Moy fes hiftoriou tanta ac^^ão em poucas regras ; 3 pois os pn«f.
CeoscomletrasdeEftrelks, os ares com muficas de avesj a J Ge>t.c.ii
terra com pincéis de florestas aguas com criftallinos efpelhosi
& todas as mais creaturas ein juftoj&.gloriofo certamen efcre-
vem,celebrão,pintão,retratão,Sc oftentão a excellencia de íeu
Crcador ; Caufa fuprema de que faó effey tos as caufas ; Poder
infinito que de nada tirou tudo; Motor immovel de todos os
nzovimentosj Bondade fumma que fe communica 21 todas as ^

Aij fub-
1,

4 EVA, E AVE,
Divindade alliftente em tcdaj& qualquer parte
fubftanciaSi
do Univerfo por efienciaj prefença^ &z pcder immenfa , & ía- :

biaincomprelienrivelmente.
4 Pedro Mexia naSjiha devar.liç. /• 5. ^ Ao fexto dií:,quejfe^undo a inelhor opinião, 4 corref-
c.íJ.Dmo Matute de Penafiel na Frofap. at t/t ta
âe chrão, idade ^.c.l.u.p. Frjofeyh
o j
& •
t-- /
pondc a vintc Ciiico de Março, d]ile Ueos: baçamQsohomzm:
de iejti M^ua.na -vida^o- excelJe N.Se- náo quc fallaíTc com fom dc VOZ j Hias referc-fe efta voz à na-
-

''^''w/iVj.Faciamushominem. muy tos Doutores 7 aattribuem


turezado^^r^<?Eterno-, 6
6 Mc/^iper Sent.u.dijt ii.§.i6. aoEtcmo Pã)' ,q\.\th\louao FilhOySc ao Efptrito Sãnto ,iguaes
j Pirer.inGcnej:/.^.-ni'r^f.n.yEe- ^^ natureza,&: poder &-notão,queloaoquefetratouda crea-
neiJerninGínefc.l.Jeét.<).n.i.inpn.Ub\. ^ r-Pi . .
'^ ,11
10 rr
:

crcanccEpitiiomo, hdes.sc dogma vc çcío Qo homem , relplanaecco a te, oc dogma da bantmmia


ritatiscmicuit.
Trindade.
"^'^ '^"^
&faareft?ux.'*
'* * 3 Paraas outras creaçõcsjpoíto que da luz, bailou dizer,
9 Tertid.i.i.adveTf.Marc!on. faça-fe,&c dc^tío ícyt3.S; S o/íi^^z/ww, & fazerdcpois, moftra
i^ D.chpfofi.hoMnGenMa^ip^^
luzeute quc a mefma luz as outras, diíle TertuUia.
Li.dii.i^.^.^Joan.FraHc.Loredanon: l
^c/jwo.
^l^^^ ^^^^
lenzeraocom voz impenoíajonomem com mao la-
no, 9
T. .
ri
:

-r
II ÍI//Í&.14.5I.
^^^^^
miliar.DepoisdetudoocreoUjparaque a tudo mandaíTe , &
i,t^lpZ7adA!x.c\\'!\\'!'Jhlk4l^ò- achaíTe tudo preparado. lo No empenho do Creadorfevè a
ttUja^Hd/EgidiumàeBeattt.tom.yq. 5. dignidade da creatura jfeytura tãoexcellente que no dia do ,

"'^^íufnllo.in Pi'nand. & ad ^fciep.


^^^^^ ^^'^^3 que OS Anjos hâo de ajuutar a matéria
'
dos mor-
14 Gí«.í:.t.i6. Ad imaginem,
li- tcs, II dizem graviílimos Doutorcs.que fó Deos reformará
ist

mii'tLidincm noftram. delia OS coroos Daria refurrcvcão. 12. Trifmegiflo lhe cha-
Scclefii 1.17.1. 7^ ^
D
15 .Wçi.ier/.i.#.i6.§.4. mou JJcos mortal,
; *.
t^
it D.fo<un^.i.q.')].maximèinart.6, ^ DiCfcqueoíâríâ a ft^aimãgem^é" femelhânçâ ; 14 no in-
terior, 15queheoverdadeyrohomem: 16 &:naJuftiçaori-
17 Diter ift.
«J.Í
ginali 17 fe bem Eugubino,&: outros Efcritores dizem que
para formar o homem tomou Deos imagem &; femelhança ,

18 £K^KtíM.f«/».P/a/;«. Domine pro- humana. 18 A* fua femelhança o creouaquella grandeza tão


bafti me.-^ ahjapuàP.Fwiíeca^demcre
confiada,que naõ fe dçdin;nou dc ter femelhante , para que em
^^ li meímocontemplalic o Creador; para caular amor recipro-

co para que foííe conhecido por coufa fua,trazendo o fello de


i

fua Imagem para deyxarfua effigic naquella fabrica excel-


j

knte.comoos Principescoílumãonas Cidades,& obras mag-


nificas de que faó fundadores } para que íicaííe mais capaz das
coufas mais altas^ & para que tudo o refpeytaíTe por femelhan-

,9 Bened.Pcrey.d.l.^.Gen.n.^ri>:^^^^^'^^?^^moSenhor.
I9
di^rejf.mord.poji,qu^a.i.crviííe liaram 5 E aílim acrefceutou Deos,^^ ejfe homem prefidijfe
íjfiie a
x.p.c.AS.".-».
xo Ge».<i,c.i.i6.Etpt3eliC,&c.

tildo:
-oj^r
20 confequencianeceflaria,
con|unçao,ôc,de que uíouj pois
-ir
hum
íemelhante a Ueos nao
como parece que moftra
11 ^t>v
a

pôde deyxar de prefidir; nem pudera pre.fidir fem efia feme-


lhança; a quem o Author de tudo havia de entregar tudo, ha-
via de exceder a tudo o da terra o Vice-Rey havia de parecer
;

'

'•

Rey rdevia de reprefentar hum Vice-Deos,quem havia de im-


perar ao mundo > dignidade tão grande, (notou S.João Chry-
ii D Chryfopom. Sem. quomodo frU foftomo)q ainda dcpois de peccar fe naó arruinou de todo.2
rmishomo,inprnu.to>n.j. 6 No CampO qucdcpois fe chaUlOU Z)^»í^/í"fWí?, 22 (oU
21 Bencd.Fernand.,m.Ger,.feã.6. n.u
po^çj^^^Q^amafech íi^nííicamtfturade fafjgiíeyÒCíiWi matouCaim
5j GeneLmd.hChrono^rai>hiâ,
«O fanto Abel ; 23 OU de Damafco EUer fervo de Abraham)
diftante feíTenta legoas donde a Cidade Damafco fe vè .ho|c
24 lhe
.

PARTE í. CAP. íi.


5^ ,,,^,^,,
24 lhe formou em idade perfeyta 25 o corpo de lodo 26 ÍJ jíl^^ír/íi.íííÃ.i?.^^
;

para que a origem Ihé abatefle a foberba , eonfiderando-re de ^6 gv«.i.7.

terra, 27 pofto que foy efcolhida z8 mas com o rofto para ll^íS:ít::£;^!:%.
.

oCeojContraafórmadosoiitros animaes, 29 olhando para i^ovid.M-um.iA.mpnnc.


as alturas, que fó lhe convém. 30 """ ^''''^"" ^"""''''* '""""^
^íeS'
7 Náo teve iogo vida íb com a formação , como os outros os homini fuhiimc dcdit, cxlamcjuc ti-
animaestiveraó, ;i porquea teria niais e^cellentCj 32 diz^^ere ^ _,
oTexto,queDeoslhamípirounoroíto, 33 parce ornada cq- 30 D.n.mp. i.J.9i.mra.c/«/ l.-
fentidosj que devem contemplar as couías altas. 34 Muy-flj«t.i7r»!w«,£ieof>;/í.D./(.8. 5f«er<x e/>.
^^-
tò amaria aquella alma, quem
^ a tirava das rpróprias
r entra- ,, .., .
T- 31 Gen.i.io. Proincant aqux rcptile
nhãs. 35 znims.v\9cnt\s'. ZTtnfr a J^pe.

8 Chanioullie Adam, 36 que em


Hebreofigniíicafeyr(9 ji /wD-c/pp/a/íd-Wi).
"'''*''' ^^"'''" ^^"^^
detérravermeWa, 37 daqtlalo formãraj 38 nome patroni-fp; Jaci,^i^'*vt"^'"
mico a todos os homens, 39 pois faó da terra. Nâo efperou ^ •^''"''^'^•'^•'''/^•iT.S-i-
DeoSjqueellefepuzeíreriome^comopozatodos os animaes: '^ ^^í"""""«^'«Gí''-^-'.^A'?-5.«-,-..

40 oií pelo honrar, pondolno elle meimojcomo benhor leUiQuafi ipfiu'; Dei vHccra, amoréíqur
41 oilporqueo homem,aindaqueatodoomaisconheça,nun- a"imseíí<ivicísretur.
ca le conhece para ie dehnir. 42 ^^ Pp/ya«ífcf j verbo, hominis va/. , ,

9 Oií no inftante em que lhe creou a alma, ou depois f no «'y ^<""'«éw.


que ha difputa curiofa) 43 o iUurtrou oSer^hor de bens natu-,,lJ,f;i»,fp,2/?;'L,'S
.

raes, & fobrenaturaes particularmente da Jufriça original , a ntf^damo.


;

qual dizem os Theologos 44 queerahua re^lidão da natu- 59 P^h^o-theajupra.


reza humana, porque o homem tinha perfeyto dominio fo- 41 lÔudanone r ^'damo.
bre as forças fitperiores, &: inferiores; Denlaneyra,que em 42- p/j//í)«./.r.íi/%r.Mensqya: ineft

aquelle eftadoia parte fuperíor da alma eftava fugeyta a Deos ; SrcSijil^SíoTpoX-


a eila todas as forças do corpo com tal fubordinaçáo que a 4 í{tfemii Fmeda, Monarch. Eccief.
, , j

fuo-evcaó primevfaera caufi da fegundl, & a feo;unda oera da ^:}''^"j'-S ^''^'


^
^ ^«^ r / D '
^ -lio
bened.PereTtnGen-l.i.n.^i.iniq. «^ «i.
1

terccyra-, reduzida alum toda a natureza a unidade ,&: orde- uticum D.^u^uíimo re/ehit, quodm
,

nada a feu Creador. f""<' '«/?'««'•

.0 Durandoaquellared:iJ5a,rilopodia haver peccado, j^fijllt^ii-f^f »".,'-4"'Í


nem venial, explicando efta aííerçáo com o Padre 'Bento Fer- tenia exceifiat innocfnt.ex n.%6. v Fer-
j r-1 IV 10^1
nandes, doutiflimoPortuguez; 4< porq ue tudo eílava com "i"'í'-/''?71-f^'^']-'^'''Vr,
TN i^
,r
Fr.Iofephde[eJuMdris,h!p. deT^.S.1.1.
ordem, lervindoos membros a cabeça^K a cabeça â Ueos-L-a- f.ç.^.j.crc 59.^.4.
.

minhavã o homem direyta,6c fuavemente a feu ultimo fim & 4s Ftinand.jn^. tfl.ycgttumi
;

no tempo conftituido por Deos a cada humjpaífára da ÇcMci-


dade começada à vifta clara domayor bem,fem pena de mor-
te.(explicando também com o eruditiílimo Portugaez Ben*
àifp.de^.cueLíiat. in-
to Pereyra) 46 fendo o terreftre corpo trocado em efpiri- „,í^,^;;;;,^/ 5

tual, como na geral refurrey çâo o ferão os dos juítos ; & revef-
tidodeincorrupçâoj&immortalidade: 47 teriâoàlem diílo J". ^-^«ç.^fÇ/w.D^.tó. 15. no,
OS homens todas as íelicidades tem poraes. 48 Perer.inGcn.d.i<,.n.^^. in^.q ride d.

II No primeyro Progenitor foy dada eltare<Ltidáo,&juf.^^<"*-p-'?-''7.'-rt.4- "'


tiçaoriginal a toda a natureza humana por que modo, & em
( f^ ^I'^;!;;!;i:^^u. lUu
que termos,deyxamos aos Theologos, 49 porquea nofloin-M«íf,ma^;Wj.3.(ái'4.
tento bafta efta noticia ) com pafto de que os pay s a traními-
tiíTem aos filhos como herança, oti morgado y fe Adam guar-
daífe a obediência que devia a Deos & fe a não guardaf-
;

fe , que a perdeflera. AHini como o fundador de hum morga-


AiiJ do
i 2

g EVA, E AVE. I

do no prime yro cm que o encabeça, pode obrigar os defcen-

r . V. n-n . -.* «, . dentes não nafcidos, às condições da inftituiçáo > porque to-
txphcatP.Fr.iu/ei>hdekj^Mar Wa <ií dos cílao prefcntcs no prmicyro , como membros em lua ca-
N.Í.Í.I.C.9.W.5. beça. 50.
-
- .,,„,,-«

C A P I T V L o III.

Como Deosfo::^atyídam?jo Parai/Ò terreftre,qualgray


&*feperfífieaí?jda.

t jK' ^ Reado, Sc illuftrado de graça Adam , o poz Deos na


MoyfeiEâ^ffthadcParjdifo.
i
Pnied.na Monurcb. bedel. l. u c.\í. §. l. J.v
Ij
^ melma
de'terça, i levadojou miia-
.. '^
feftafevra
', àhora 11^
Matute niProfip.duanitjdade 1. cM. do pcr hum Anjo,
lium lugarjquc ja antes do homem 2 cm ,

?•)• tinha creado, 3 ao qual, para vida de llias plantas , conferva*

j GaLfA['vhn:z^^^^^^^
p^, çáo de fua amenidade, efpelho de fuabclleza , vital humor &
miuiis Deus Paradiíum voiuptatis à de fcus frutos, 4 regaváo quatro famofos rios nafcidos de ,

P'""^'f"'- ,» r , hm{onte,chãmaàcL Phifon 3 ècGeo?i,(ho\Q Gmj^eSf Sc Mlot '


A1aftterSentciitJ.i.diÍt.l7.§..^, . ^ i- r^ ^ r \ rr-- , "
t t

Pfrer.i.GíH./.i.n.i. ^ lebemalgiins 6 dizem jque hoje le nao labemji/^nj', &c


4 R^p.Fr.iojeph Xm.Sàff>p.-n\egono ar- £f/.j).Jof^tes j povoado de todas as arvorcs fermofas à viíla, & de

^T^o}['pltm!'q.Li iTucned. Tm. 1. pomos fuavilfimos


ao goftoi 7 efmaltados os verdes prados co
as floíes mais bellas, Sc chc yrofas , aonde em Primavera pcr-
'

Gcn.jcâ.yn.i.
^*^ petuàfe gozava a temperança dos melhores ares os frutos :
d.m/"''^"^''""''''^"^""'''"'"'
7 Gert.x.i.cumfeqq. não dcpendião da Variedade dos tcmpos: fempre claro , izen-
i p Bjfi.mOrat.ãe Piíradfo. tôdcti-evas; 8 promptujrio.lhe cliamou O crrande Damalcc-
no> 9 de toda a alegria, cedências. Iodas as queosFoetas
-^

^^,.
10 Perdrfuf.n.). rcprefentàraó nos jardins de Alcione , Adónis, Sc Hcfpcrides,
fe lhe naõ podem comparar > por iíTo fe chamou Paraifo, de
P^r^f.íjpalavra Hebrea.outros dizem Grega, ou Perfa, IO que
,

fe interpreta hofto,o\\ jardim regalado. 1 1 Naó tinha Deos crca-


"•
11 r>.ff,dor.etymoU.t4.e:t). ,.

"''''*' ^^^^*'"^-'''"'''^'''
Kf I i. M.igiQ.í
áo a Adam naquelle lugar, porque o não tiveíTe por natural,
i.d,i}. 1 7. §- 5 . Ot iion na- antcs O devclíe à graça. 1

'turx,icJ aratui hoc aiii-iiaretur.


^ Gra ves Authores efcrcvèraõ, que não era corpóreo com
real afliftencia , mas intelledualmcnte reprefentadoa Adam
com allegoria efpiritual ; outros,que era corpóreo j porém
queeítavanosCeoSjjuntodoorbcdaLuai outros que na fu-
premaregiaó do ar /outros ,que todo o mundo era Parailoj
outros, que eftava fora deíle mundo que íe habitava , em ou-

tro feparado alem do Oceano i& alguns d eclaraó, que eílava
na America à parte do Peru outros, que debayxo da linha ;

_, .^ r.' r
rt
Equinocial. 15 A p;entilidade antiga, que ou por tradição,
.

n. i.ioan Mur^i.iyntaghfi.i.
I jcá. i.«. ^^^ po'" HOticia quc tinha dos pnmeyros livros da hlcritura ía-
.

5-^6. grada, 14 arremedou em fuás fabulas a verdade,r pôde fer


PO»" ^^ft"ci^ do demónio para a defacreditar ) 15 fingio có
'' q^ie
sl^^P^íH^:^'^''^' ,

I j^otavn Djiijiin. Martyr x. qwiog, fcmclhãnte belleza , &: facilidade os campos Elyfíos, 16 ten-
«1

proChriji.
do amefmaduvidafobreolugar em que eílavão. Huns di-
16 Dehre-ve-1 Viip.^ietd. 1.6.0" - r^ r n. ^^ r i i
2*^^<^ cji-^c no Cco das Litrellas fixas outros, que perto cio glo-
j

tyinton.Mureti^.c.t ;

bo da Lua j outros, que no raeyo dos infernos ; outros,que \)xs


, Ilhas
,

PARTE I. CAP. III. ?


7 zlmms que em Hefpanha. 18 E não fal- .»7 \ef<'»fé^s-
opim^s Ptá-o
Jllias Fortunadas -, 1
Metam. l.
íouquem atile que em l^orrugal:, Gomo em outra obra larga- tt.K.4.Torcafí>T4o m ^eru/^iemcaut.
mente efcrevemos. 19 O
certo he, conforme ao Texto, que 15 W"!- 5=6.
"™
«.P.raifo era corpóreo terreftre, 20 nefte nofib Orl:« à parte J^5f,t'£»S'=íf:r "
Oriental^^ondetemnafcimentoaquellesrios ; 21 &: parece \9 NnscxccUemiasdei'omgai,çap.i
que em MefotX)támia. 22 Nafceoeíla incerteza, de que.íahi- "-^'- **'^'';„. ^ ,

do Adam dclleiOcouguardandaíua entrada htim Qtierubim n gc*.».



comefpadadefogo, 23 por miedo do qual di2em,que nin- i^. Perer.fnp. n.tít. Loredano f^p.
guem fe atreveo a tentalk, pofto que o caminho Te conhecia ^ "^'"ch^^Umus à Perer.fi^c:
•antes do Diluvio. 24 ^7Mameèidacki'C7i.i.6.

3 Depois do Diluvio feduv ida feperfifte. A opinião có- m ^'^''^''Mmo"'? b-^"''7-«n.


mua rpofto que não carece de contraditores ) 2 5 diz que fi / ^W^^d Bencd Fermd.x Gt»/eã.-4.
26 &rparecequeaajudahumluí^ardo Apocalypfe 27 toma- »i -í-Jí"-
do liter.lmente,em q.e fe falia defte como perf.fteate. En- ,,:>:^::^2S^^
tende eftaopiniaõ, que da geral ruina, que as aguas nzerão, ^ei.
afiim tomo foy exceptuado Henoch, 28 fovmiraculofamen- *^ Dra>i„s>Mi.p.cap.ií.n.y.

te 29 exceptuado aqueíleraraiio em que etle vive. 30 Iam- jo fcc7f/:j^&,4Í.ií. .

bem dizem muytos Authores com S.jeronymOjque nefte eftà 5 «


'^"'^^ f^pre Pmeda na MoníutUn
Elias :&oengenhofo Doutor Çatharin o eícreveo hum livro, "'J'í'^"^-^''^iM-

procurandomoftrar,queeii:àcom elles S.|oa5 Euangelifta,


21 mas iftodÊS.Toaó tem s;randes contraditores. Efcrevèrão ,,«,/,„. ,»/, ; j , r>

algunsjque íe labia por onde le nia a elle 3 2 mas que por im-
j

pedimentos fe lhe naó podia chegar ornais provável he , que


j

ninguém o tentaria , pois os Gentios o não cremj&osHe-


breos, &: Chriftáos fabem que os impediria o Qiierubim. Re-
feriríe que hum Macário Romano com outros três Monges,
depois aelargo caminho, chegarão àfua entrada, donde fo-
raó lançados por força, fe tem por apócrifo.
4 Naó obíta dizerfe, que fe períiftiífejfe acharia no nafci-
mento que hoje fe fabe daquelles rios,pois delle bafciaó. Por-
que fe rcfponde, que he provavel,que depois do Diluvio fica-
rão rios com diíFerentenafcimentoj 33 &compoucaslegoas ,
55
^7^''f-'"^rTr%t:^'Z^"
queetteslemudaílem,ncariao em outra parte, porque o la- tute Profup.de chniUdade i.e.7. §.6. Lo-
raifo não occupava muvta terra. 34 Se dentro de Hefpanha ''^'^"«P
"' '' ^'^'"'o- Com a. domina d-

eltiverao muytos leculos encubertas entre montes as Villas j^ Perer-m Gí»./.}.».j3.


das Batuecas, povoadas de gente, que fugio dos Mouros quã-
do entrarão em Hefpanha não he muy to , que fe não ache o
-,

íjue fe occulta por my fterio.


5 Quanto mais que o nafcimento do Nilo fempre foy ef-
,

condido,poftoqueReys,&:Emperadoresobufcàrão; 35 don- ijpi.deCajlillohiilJos Godos hb. i

de fabulou Ovidio, 36 que fugindo do fogo, efcondèra a ca- ^èOvidMeum.i.y,


beçá,&: nunca feachàra.Porauthoridade de Plínio 37 fe diífe, }7 Pà!hi\.e ?.
que nafcia na Mauritânia inferior da lagoa Nihde , em hum
.monte perto do Oceano & que occultando-fe jornada de al-
,

guns dias,fahia em outro lago mayor na Mauritânia Cefarien-


fcjôc tornava aembeberfe em huns areaes, & por defertos,
jornada de vinte dias , chegava aos Ethiopes , aonde fahia
dejiovo em hCia fontCjOU rio , chamado JSItgris , ôc que final-
mente
.n.»r„. « EVA, E AVE.
sic iibt dcfauu mádidos (eptemfluus mcnteentrava no mar por fetebocas pelo que os Poetas lhe :

Osdelcobridores modernos af-


Q:f?c"Kcn.tum%Lpl.cc Nilo Cr chamaváo fctedobrado. 38 :

it(rum. septcm difcrcius oftia Ni- firmâó,que nafcc dc grandes lagoas junto dos montes da Lua,
111

'"5- ^'-5 „ „ náo longedoCabode Boa Efperança &: em nadadifto ha j

Niii. /Jírn }.f/fç.


/. certeza ; ío he certo ler no my tteriojo, porque cm certa par-
nic.fluciis divcs feptcnna per oília Ni- te fe defpenha com ruído que obrigou aos moradores da-
j

quelle termo ao derpovoarem , porque os enfurdecia.


W?cptcmg™afbl';%ida orna 39
Kiii. - Claudia». Suãs aguas crelcem no Eítio ,
quando todas mmguáo & por- :

Oftia' n'g""]!^*^^^^2'' ^^P'''""^ '"'P"'


que muytas terras fefuftentáo de feu regadio fem chuvas, he
Quaqúc fcrax fcptcm Niius abundai neceííario tal medida na crcfcente, que nem falte àsaltas, ncm
aq"'s. tarde muy to em defa^uar; a conveniente he de doze, ou trc-
O Príncipe de Efquilachcyno canto dt t^n- '
_ S J„^1,.<^
. , .^
.
,

tonioacieopatrl
ze,atedezoytocovados dcalto. 40
Adonde cl agua indómita 'Africana, 6 Os Gentios da índia também tem O G^wg^fí por myfte*
Pot fictc bocas las dci Nilo lorbc jç^|- ^^j. ^ny darem que aílim fe purificão de feus peccados, fe
Q Concif de VilLí mediana nu fabula r < t/c T. ' i r ^ -»_

PWfonff dei Nilo CS ya ia fepnmaíelavao nas tuas aguas, tendo- as por lantas; 41 parece qam-
:

garganta. dacftaopiniáo Ihes refultadaquelle Paraifo,como ao Ntlo a-


jol^ó pS/TMau^TR^o mviàa dt Me- quellas myfteriofasqualidadcs.Dofobredito fe faz provável,
cenas, foLmihi 5
^.v. que O Paraifo terreftre exifte , poíloque fe naó poíTa afíirmar.
^0 Herodot.l.u PliHd.c.<f,
yinedadp.i.l.z^c.Z^.í. "^nl.de Caplh^ '
' '

^"''::
Bcmd.Fcr..d./Va,,..,.
C A P 1 T V L O IV.

Cortjo Deos po^ ley a Adam ; elle começou a exercitar


impeno j o Senhor lhe deu mulher , Q* que
felicidades gomava»

I T*\ Tz o Texto fagrado,qite poz Deos a Adam no Parai"-


JL# /í>,pira que trabalhaílenelle, 8c o guardaíTej (en- I

tende-fe das feras) &: ordenoulhe ifto por delicia,como ai li era


tudo porque noeftado da graça o trabalhar naó daria moleP
j

i. D.chryfo}hinGen.hom.i4. tia, 2 &ellegofl:ariamais (íosfrutos cultivados por fuamaõ.

2 Permittiolhe comer detodas as arvores que alli havia >


acrcfcentando: níaí nao comas da arvore dafcienciâ do bem, éf do
Gen.t.i6.vty, mal) por^^ue HO diaque comeres morrerh. 3 Pela frafe do dia
i
entendeo o momento & naó fó da morte cfpiritual , ^que feria
;

prefentaneaj mas também da corporal, cuja neceílidade fe in*

4 m infra c.to...y
correria logo,& começaria logo a execuf arfe, pois imos mor-
rendocadadia,6c cada momento. 4
3 Chamou àquella arvore dafcienciâ do berrífó-do mal,
5 V)equibusBened.PererMCe».i.y ex porquc (cntreoutrasexplicações) 5 ainda que pelafciencia
l''8 9í- _ infufa o conhecia efpeculativamente; com tudo fe obediente
7 DThjícihmtGenlmjl'.' "^^ comcíTcexperimentaria o bem de todas as venturas & fe ,

D..yíuf^u\i.i.% de Cen adiit.c.i,^. dcfobedcceíTe comêdo,fentiria o mal de todas as defgraças.6


Magtíiseat.i.x d,n.i7.<^.^.
Aexperienciaaperfevçoa afciencia." 7 o bem melhor fe cO
Ethic.c.4.crpf>e. nhece perdido; o mal he mais íeníivel quando le padece.
8 Perír,<í./.j.M.g,.y.i. ^ Duvida-feque arvote cra. 8 As circunftancias que ó
Texto dcclara,deq feus pomos fermofos aos olhos , deleyta-
veis
PARTE I. CÂP. 1?. 9 r
veis 3. vifta, moviaó o appetite de os comer 59 competem a
4oiiradíi purpura das niaçíla5,ou peííegos & não quadra aos
;

%oí> ,como cuvdàraó aleuns Authores i o nem às uvasj co- 10 Nkephor kiã.EccUTu: j.>
;
^
' ^ ^^ Thíodor An Gen Q.íi,
líio outros imaginarão. 11 U nome de pomos porque os an-
. s j
„ ii^jc.n,^h!ia,verbo,ViàgntH l.fti

rieos tracàraõ eftefucceíTo jcm ícu principal íignifícado diz funHwn lo^-fi-de verbfgMc.
i- ^yínton.mrMiiíHom,
Mnçaa: 12 a tradição pelas pinturas oconfirma.E defias (in-

giraó os Poetas as maçáas de ourojque no jardim das Í-Ieípe-


rides guardava o dragaó, que não dormia ytmha muytas ca-
qjm^' ^"""'9'
t)eçasAi-'íava de varias vozes, 13 arremedando àverdadey- ^ '

rahiftoriadaferpente,quefaÍ!GuaEV^debayxodaarvoredo '
.

melhor jardim ; iinalmente hum Texto dos Cantares o decla-


ra,chamandoaefta arvore, Afrf/í/j, i.f quefignifica MzfrjTí?. 14 c-í«í.8.c.SuVarboremalo.
oc/.TyM/.i«Ge«.fco«.i4.
5 NeílarerervardizograndeChryfoftomo}i5rehoiive 15
Deos como hum poderoíbPrincipejqiiedà liberalmente hum
amplo feudo com húa penfao ténue, íó emíinal de reconhe-
cimento. Nota hum moderno, 16 que queria o tS^m/jír , que \(, Loudàmne ^àam, l'

>^dammandafíe com o freyo de fer mandado, para que a alti-


vez de Príncipe fe moderaííe , vendo-fe fugeyta 3. ley ; pofto
CuefoiíbeíTe que havia de quebrantalla, quiz moftrar , que era
^^ V.SoarMUg.l.^,c.uH.y admcd,
íieceflario avella 17 poz taó grande pena , para que ao me-
;

nosportemordeila,feobrervafleaprohibição,& com aguar-


da fe moÍLraíTe Adam obediente , mereceíle a vida eterna, a &
confírmaçãodomorgadodajuftiça original para fi, & para ^^ .aB.iorephd.iefuMamnav^d.
jeusdelcendentes. 18 U
merecimento eltava na dimculda-ííe2V.5./.i.í.9.«.}o.;n/í.j.
de da lev, que limitava nifto a liberdade , &
reprimia hum ap-
^"" '" ^^'^•'•^•"•H?'
petite / 19 mas difficuldade facil de vencer. Qiic facilmente "^
íe paga a liberalidade Divina Concedeo-fe ao priraey ro ho-
.'

mem poder peccarjpara que fxcaíTe mais eloiiofo fe naó pec- ,, ,, j , ,

a- A/í J C. / . ^ ur • •10 D. Bernard.de Iiher.fírlitr.ad.n!rã.


1
caíle. 20 Mandou o c5f??/jí?r para provar o obfeqmoj legislou Dammefthom.n.poflepeccareob pre-
1

para examinar a vontadcspozpreceyto para conhecer o arbi-togativamliberiarbicnj, datum aurem,


tno & ficou pendendo noíTa faude , não no fruto da arvore ', T" "' ^"'"'^r ^''"''" ; It^l lS°!-T
fioi appareretjU noii jpeccarcc, cum pec-
i í^
.
r r 11 • ,
mas na eleyçáo do primeyro ray ; le elcolheria os ameaços de caie podcc.
Deos para falvar, ou as perfuacócs do demónio para deftruir ^H'/^^^ ^•'^'i^;^ inprine. ^ 5

^/''11J
:

c
*
-i-r-j ii D.Chryfot. Serm.de int€ratct.árbor.
le anteporia a liíonja de quem o matava, a íuavidade de quem ,„ ,.,<,«.
..

o queria eternizar. 21 Para premio da vitoria (diz Tertul- it TertuiUan.in^focaiyff 1. Lígnú


liano)22 fe Adam venceíTe a baralha, eílava noParmfo Q.o^vt^^^^^^^^^T^^^^TT"'' pJ^'"''^'"-
•^
,
.
J D.-^muroj.traã.dearl/ interd,!.

tra arvore da Vida, 23 que teria eterna j 24 masnemaquella 23 Ge«i.9.


Vifta refreou o appetite. 14 y!dei>ifhc.ii.n.z.

6 Intimou Deos o preceytofó a Adam como a cabeça, ^^ Ma^ifterii.difi.n ^.uit.


,.

25 &aílim o notificou elle a £1;^ depois de formada. 26 xe d. ^ugufi%Gen.adi!t.c 17.


J;'''^'^''^"'''''' ^''^^/•^•'•'•«^
^"
7 PoílaleyaAdam,profegueoTexco,27 q^^ecxerdtou '•

o oíficio de Rey 5 fera ley de Deos ninguém pôde go\ txn^LV.^í. suM-.de Le^.i.çi.e.i, v.f^.in fm.-
Mas defpido,femcafaj&:f.2mapparato governou porque a ^7 Gf«.z.i?. j

dignidadeReal não confiíle em purpurarem paço, nem cm


pompa mas fó no cuy dado de governar bem. Diíte ífaías, 2 8 y^lJ/ulT^'
;

que o Principado de Chrijio eílava fobre feus hombros, (que


he o trabalho) & que feu nome era Confelheyro, (que he o go-
verno.) Ainda não tinha Deos dado mulher a Adam que o
cm-
,,

fo EVA, E AVE.
embaraçaíTe para que conhcceíle feus vaíTallos, vierão dons
:

década efpecie deanimaes , por movimento que Deos lhes


i<) PvTcr.inGen.t.^.n.<). deu.ou por minídeno dc Aiijos, 29 a rcnderlhe obediência j
l(T,md.,n t.c;en.jea.io.n.i. -Q (fó OS que nafccm de o;eraçáo,náo OS Que fe çéráo dc cof"
31 ^bKtcn/inyGcn.^.iis» rupçao por lua viicza 31 Sc porque amda os naohaviajnaa
j

vieráo os peyxes,porque não podendo viver fora do Teu ele-


me nto , não era bem que a vifta de feu Rey lhes cuftaíTe a vida.
Eaifim como hiáopanaíidojelle por mandado de Deos lhes
hia pondo os nomes, muy to conformes à natureza de cada hâj
ji CíB.á.c.1.10.
^2 moftrandoneftaimpofiçãoimperio,&:fciencia;& elles o
reconheciáo por húas eípecies como congénitas na parte efti-
mativajSc imaginativa , mediante as quaesentendião a lín-
gua quanto era neceflario para obedecerem promptamente.
,5 MoyfrsbmephaLdeParadif. ^3 A linguafoy a Hebrca, como dircmos cm outra partc, 34
Dioj^o Matutc.nt Projap. de chrifto, idade infundida por Dcos a Adam com as fciencias.
35
*.f.^.M./«;;rmc
g DiCfcDcos A^ãÕ hc kffí qm O Ijowem € ff eja [0,26 òc qwiz
i

3 5
Pwu j,/.i.cMi.§-5.cr ó. danhecompanneyraqueoajudaíIe,participairedetantobemí
Verer.dd.^.n.x^.o-L.i6.in..xii.
.ij-«-i-
& jhc: déíTe filhos paracontinuaçâo, 37 & para fervirem aó
Tó Gen'l!*it.^'^ tncÇmo Senhor. Diz hum grave Doutor que elle apedio, 38
37 D.Thom.i.p.q.9í.art.t. notaudoquecm todas as efpecJesdcanimaes havia macho, &:
''^''^' í"'^"íea,&
8 Jó.Jrrí'''^'^''"'''*'"^
que Deos alkidio à utilidade que a í^irgem Mana tra-
ria ao mundo.

9 Não a formou Deos da terra como ao primeyro ho-


,

mem mas para moftrar que ambos crão da mefma natureza


;

& que o género humano tinha hiía fó maíTa principiativa, &


39 t>.-^mhr.l.de Paradifo c. lo. w búa fó fontc 39 infundio em Adam hum fomno profundo,
:

fertur in c.nec ,íiud,i


3
q.yMagiíf.Sent. i. í gencro dc cxtafi j cm quc lhe forão revelados mvfterios Di-

40 D.c^ug.i.<).deGen.adliu.t^. vmos, 40 entrcclJes O da hncarnaçaojj porque nao ícntiílc


D.Hieronym.zsr aiij apiui Fern. fup. feã. dor íí por ifio Ihc fícaíTe mal aífedo 3 & lhe tirou húa cofta
j

":*' '^^ ^""dificou a numier femelhante a elle, multiplicando a


;:;;.^;r;^Í";:. :ií
41 Mj<///.c/<i///.i8.j.4.í'wííia(/./.i c. maceria,como nos poucos pãesj&ppyxes com que fartou tá-
"
8.§.i adfi'i.
tos mil homens. 4 1 Diz o Texto edificoUiSc nâo diz formou^
: :

(nora b.Chryloltomo 42 j porque da parte de Adam ja ior-


'

mado a edificou em perfeyção. Com ifto multiplicou entre


ambos as caufas de fe amarem pela femelhança &" porque ha- ;

vendo fido hum fó no corpo , era bem que foííem hum fó no


^3 ThrdhrhiGe»,<i.io.Pineda/uprj.^^[j^Q 4, Scaflim a cofta.fezundoakuns Authorcs, 44 nío
GM./.4.n.i9i. • í(-ydapartedireyta,queheamaisíortejmasdaelquerda, que
hc a mais delicada , & donde nafccoo affeíto amorofo. Da
coftaaedifícoujqucheomeyo do corpo,pela fcciedade cm
que d eviâo viver; não da parte fuperior, ou inferior, porque
4, Ji/.f«Mái/?.i8.<.i.p,vw.w.«.r.
não devia feríènhora, nem efcrava não do peyto, porque a
j

Fr.Heytor Pinto nos Diaio^.tom.i.Diai.4. não antepuzcíle j não das cfpadoas, porque elle nâo foíTe dian-
c7.Fern^MãinGen.z.fta.ii.n.ynaj.de
jg mas do lado comoQuem paííeaisual 45 Semelhante
-, ,

46 Gf«.i.i8,Faciamuscia(Jjutorium acllcjdiílc Dcosque a íazia,pelo mefmotermo façamoSi4.ò .•

fii"''e íii^'-
de que ufíra na crcação do homem , moftrando na fubftancia
,7 D.ChryJo/i.hon,i4.,n:Gcn. igualeXCcllencia. 47
^
^ D.Thom.p.i.q.toi.ari 4. ^o Foy edificada a ttiulhet denfro do Paraífoj 48 &" cora
tudo.
} '

PARTE I. CAP. IV. it


tudojqiianto ao governojinferior ao marido creado fora delle,
i^como Pay da natiirczajporqiie do officio vem a fuperiorida-
D.^mhro/.fu^.cap.^refcrminc,
de, não do melhor nafcimento. 49 Nafcer noParáifo fe de- .49
Via a figura da May da graça.
1 £ Das mãos do foberano Artífice fahio âquella feytura a
mais be]la,delicadaj gracioía» 8c aprazível donzella, que hoii-
venomundoiróaexcedeoaf^/r^c^A/ííWjem quem o mef-
mo Artífice apurou as mayores perfcyções. Mandou o- JVwÃííy*
àquelles caiados , qu€ multipí kâííem , ác povoaíTem a terra
^
50 & com tudo fe confervàrão virgens em quanto efti verão 5° D.chry/o'ihhom.iiJn,Gett,

náquelle Faraifo 5-^10 contexto da hiíloria Sagrada 5 2 o mof- s^ Gm.^. marine.

rra,&: fe affim não fomjella concebera logo fegundo o bem q


,

a natureza eftava difpofta,& o filho gerado antes do peccado, ^^ ^^^^^^ Matut.ju^.iMe t.f.p.1.5;
fora izento delle, 53 oquenâohouve.Convinhajquenãocó- j^-f^.o-ó.
'Z^;'"''^ "'^''''«
cebeífe antes da tentação,para que nella mere ceife, ou defme- ^^!" '-^'^ '^<''''''' «'^

fj
receífeadefcendenciaomorgado paccionado. ^ ^^/'TÍ/iVjrrNonimpmantur fi-
.12 Aíiim fe achava Adam na mayor bonançajtão gentil na liis pcccata paimitum, qu« goft epmm
pefíoa,como formado pela mão de Deos; na florente difpofi- ^^^^^ ^ p^"""^"^
commmun-

cão de trinta annos; 54 dotado de todas as fcíenciasj Rey 54 Hifi.SchdaiLeap.i^,


pacifico do Univerfo poíta fua Corte no mais dcleytofo lu- ^'"^'^•'' ^•/•i-'^-ii.§-i. '» f«»c;
:

garicomefpofamuvtoàfuavontadejcomoelle mefmo diífe; ^


55 enriquecida lua alma de íoberanos dons; porque coma cummnhisPinciad.itb.x.caf-ç.
<^(,

juftiça oríc^inai, dizem os Theoloços, 56 que tinha conheci- í-->-Fr.iofeph de h/u Ma.hifi-
«'^ -^e-
^;
mentodaleindepcnaenredoslentidos^íoporUivina íwpirã- ^ ^^^^^^^^^^ 1/ l^^„^^^ -
.
-.

cão interior > conhecia feu Creador,nâo por conhecimento ef.


curo mas por contemplação clariílima tirava eíte conheci-
, 3

mento por influencia da luz Divma & não por femelhanças


,

ÓKL fantafia podia attender à contemplação na parte fuperior,


:

ôí juntamente exercitar as obras da vida adiva. David diíTc


y-»'"' •"• •

57 que era poucomcnos que Anjo, coroado de gloria 5 & de


'^

honra, &: o puzeraDeosfobre as obras, de fuás mãos; S. Gre-


gório, 58 queaílimcomo Deos o plantara em hum Paraifo ^z D.Greg./kíoraU.ti.cA^mfH,
terrcftrecheyodedeleytes,tambemcreàraem fua alma hum
paraifo,onde gozaífe outros mais nobres,&: mais próprios a ra-
cional ; & S.Bernardo, 5 9 que àquelles efpofos habitavao no ^^ ^< Bmiird:Sem. j j. in Cant, aã
ParmfOy converfavao n o lugar de delicias , nao fentiao molefiias 3*"^
nemnecejjidades : entre cheyrofos pomos , cercados deflores ^ co-
roados degloriai &de honra , conftituidos [obre as obras da mão
do Creador^excellentespelainfignia dafemelhança Divina, ti"
nhao aforte i &Jbciedade com a multidão dos Anjos, &
com toda
aMiliciaCeleJiiah

'-mnq r

CAP.
,

II EVA, E AVE.

CAPITVLO V.
Que tempo eftiverao nojfos primeiros Pays no Parai/o
terreftre : como Eva enganada -pelo demónio na fer*
fente, comeo do fruto vec^ado ; & perfuadio a
Adam a comer delle.

Nfanda, & laftimofa dor nos manda renovar a ordem da


I hiftoriaquefeguimos.-comoopeccado privou de tan-
tas riquezas a nofíbs Pays: como deítruhio o Rey no mais opu-
lento parece que vimos aquella ruina miferavel , fegundo a
•,

grande parte que fomos nella. Qiiem. deterá as lagrimas em tal


narração ? como de outra bem menos lamentável , diíle o ma-
X yiTg.^neià.lib.iMpinc, yor Poeta: i fe o papel moftràra os gemidos, delles fe vira cheyo
em lugar de letras, mais pela culpa, que pela pena; em caio
que o caftigo nôs faltara , como diílimulariamos a ignorância,
que ainda hoje padecemos? A fciencia Divina, a que he pre-
fentet:udoopaírado,aeílàvendo,pofi:oquenão com ira co-
mo peccadoaârual; mas com benevolência de jà remido; &:
1 D.e^HPíiíí/íí.»}.? 4<.
fendo certo, como dizem os Theologos , 2 que Deos nada vè
D.r/joTí.i.fy.i /».«»<• 5. fora de fi, mas dentro de fijfendo-fe efpelhOjhe mais fea aquel-
la vifta ('como onegrojantodobranco) na companhia da Di-
vindade infinitamente bella; Sc quanto mais devemos a Deos
\ por nos eftar amando à v ifta de o havermos oífendido , tanto
mais devemos envergonhamos de que elleeíteja fempre ven-
do,que fomos inimigos feus. Grande confufaõ para todo o pec-
cador/ Job não fabia o que nella havia de fazer; 3 David (com
/j-^T-io. wccaviicpiidíkciamtibi,|-^l^^j. ^j,^^^^qN
} ^jgg^^y^ ^^^^^ DeoSjquetiraíTeosolhos
o cutteshominum? jr ir, rr a ^
Cie leus peccados òc quc OS apagalie, de modo que nao pu-
4 i./<^fç.ii.t}. Dominus trânftulit ,

pcccatum tuum. ^ deílèm fcr viftos < mas vcudo ouc ocdia hum impoíHvel
;

c p/a/w. <o.v. 1 1. Averte faciem tua .


r o •
. _ • •

a que chorana fempre, 8c procuraria lavar com lagn-


, i 1

à íeccacs mcis . &


omncs u.Kiu.utes
rccoma
measdelc. mas aquellc thcatrodc fua ofFenfa. 6 Porém ainda que a me-
6 p/./.«.6.v.7.Lavaboperíinguiasno.
ôeslc£tum mcum:iacrymis meisltra-
^^^^^^ r ^^^^ ^^,-^^ desfaleça
' 73,& z mlo treme i aor efcrever.'
,0 - j •

tum meum rii^abo. alcnte-le O eípirito na certeza do remédio ; cc na delcnpçao da


7 p/d//«.}9.v.i9.Secundum muiti- neceílidadeteconheceremosa Dcoso mayor beneficio poís à ;

:t";blto«;XEveLraí "^^ de» a confolacáo: 7 lembremo-


mam mcam. nos do que padecemõs, por não tornar a padecer o de que nos
lembramos ; não fera neccífario nova experiência, quando nos.
emendara lembrança.
2 Duvida-fe, que tempo lograrão noíTos primeyros Pays
aquella felicidade ? Huns Doutores cuydàraó que féis, ou fete
horas: houve quem diíTe, que fó três: outros hum dia muy- ;

tos que fcmanas, Ôc mezes nfão faltou quem diflcíTe que fcte
: ,

8 J^rrí ,f{ai opiniões Dio^.o iM,itute ^i^nos ; & qucm lha alargafie a trinta & três. 8
A melhor opi-
na Profap.de ch}iíio,idade i.ci.^.t. niãoparcceados quedizem,queeíl:iveráono Paraifo alguns
diaS;
PARTE r. CAP. V. 13
dias }
que lhes íinalãooyto. 10 Porque, tempo con- 9 D.BdfLhomi/.de Paradífo.
9 &: dos
fidcravel comerão dos frutos permittidos, como£i;^ diíTe n-°,^'"fr'r^"Vl^"^^'''*^
aíerpentej 11 nãopeccaraono lextodiaem que íoraocrea- 10 Mamíâ.^.'^.
dos, pois diz o Texto, que vioDeostudo o que tinha fey to, -^"''^•'" '^'•"/•«5.h.i89.
& que era muyto bom 1 2 nem no legumte , que foy Sabba-
j ac.\.^. De ftuau liânomm.qtfx
, ,

do, pois também diz o Texto que o Senhor o abençoou , 6c íunt lu Paradífo,vercimur.
'"^*''''
íantiíicou. 13 Aquella primeyra fcmana foy das obras de Deosj **
^^^J
na fegunda que era para as obras do homem , he provável
,

queellepeccaria. E fer na feita feyra tem congruência com


haver C/jn //o Senhor noíTo padecido em outro tal dia , pois,
como em feu lugar ví^remos, 14 até nas horas correfpondeo a '^ ^'^ i.p.f^s.».».
redempçáocomopeccado. Dizer o Pfalmifta (fegundo húa
letra) 15 queohomenzeftandonaquella honra,não durou ,5 pra/;«.4?.v.«/<.Homo fuminho-
nella toda a noyte , he encarecimento do breve tempo que lhe norceilct, uou pcmodavit.
durou } acrecenta, que o demónio na ferpente fallou na lin-
gua que Deos tinha infund ido a Adam:, & Eva^, como logo di- .

remos não podia fabclLi , fcnão ouvindo aquelJes cafados


-,

converfar. E não fe lhes offereciafenáo em alguns dias, ufar


das palavras que o demónio aprendeo para fe declarar com
Eva,
3 Havendo oytodias,quelogravãoaquellafelicidadep foy
Eva à parte aonde eftava a arvore vedada, eítando entre todas
asmaisnomeyodoPtír<z//í'; 16 da parte mais occultafeoíFe- "^^?v'''>«, ,j,

receamaoccaiiao,ou la vay amulher bulcallaj & hum demo- He^am uiom.


nio chamado Satacl, 1 7 (que vai tanto como Satanás , ou con- '*. P'»eà»\na\Áionurch.EccUf. i.i.c. 9..
trarioa Deos) iSinvejofo dobem do género humano, 19 (c^%D.chryfoninGen.homiLi6.
lhe {ez alliencontradiçojmetidoem húa ferpente^ género de D.^mbrof.hb de Parad.c.xx.
víbora, tomando o anmial mais aftuto 20 por inltrumento '^*'í-/-^'^'^^-i;\;''/''''''*\
adequado para enganar. Deos lhe permittio hgura tao leajtibus.
porque £i;í7 não tivefledefculpa vendo fua vileza. 21 *» CumLyra.FernandJ.c.-i.fea.i.n.i.

4 Naó temeo Eva^ porque no eftado da graça Adam , &


elladominavãotudofemtemor.Odemonioaquiz tentar co-
nhecendo-amaisfimplez, & mais fugeyta à ambição, que o
marido, 22 &: poderofa para o pcrfuadir. Para fallar moveo n n.chryfo/i.fupra.
aquelle órgão ferpentino a fom de palavras, em modo que fe ^'\^(^^'r Í"P
exprimiíTe 23 na hnguaHebrea,que Deos tmha também m- ^

fundido à noíla primeyra Mãy , como a Adam. 24 14 Supra c.^.n.-j .m fine.

5 Delia fe não efpantar de que húa ferpente fallaíTe , ima-


ginarão alguns,que ella cuvdaria que os animaes fallavaó^ mas
nao era tao Ignorante. 25 Outros tomarão occaíiao para du- ^l ^a-Hnii>,rer.dil.n.y
vidarem, fe na realidade fallavão. 26 Philo Hebreo 27 xt- íermnd.in^.Gen.ita\.n.\,
fere,que os Greeos fingião q fim, & todos húa língua; ate que ']i' ^'('í^f'
^"-''í/Z-^-f.^-

defejando livrarle da velhice , & viver mais, pedirão aos deo- ^^ phãMb. deconjuj.imgu^.
fes remédio para remoçarem , como eftava concedido à co-
bra , que defpindo a pelle entre duas pedras , renova os annos;
ôcqueeftando em confelho fobre eftapertençaó, lhes con-
fundirão os deofes a lingua,&: ficarão com as diverfas vo-
zes que notamos em fuás efpeciesicom eftas vozes fe eoiten-

B dem
a :,

T4 EVA, E AVE/-
zí Hier.Fayic.de^qtiapendemt t,b dementrefí, 28 íc bem,creados (principalmente OS paflaros)
de brutor.Uquti.c. 1 1.
entrc OS dc outra efpccie, tomáo muy to das vozes que ouvem.
Conforme àquel la ficção o engenholòEropo nas fuás fabulas
introduzio galantemente os Brutos fallando com difcurfos ,q
envergonhào os homens. He verdade cjuefallou a jumenta dc
i9 M<»».í.it.x8. Balaam v 29 &
lemos,que quádo Annibal devaftava Italia,fal-
jo Ll^.dcc.u^.à'dec.i.l.^.a^%.
i.-iráoboyS}30 \\í\á\^'c:Giiarda-teRomayOuno antes do Im-
pério de Augufbojdifle ao lavrador jque o não cançafl'e,porque
cedo faltariãohomens,& não trigo 5 alludindo à mortandade
51 PUn.i.%. CAI. das guerras civis. Plínio 31 conta que fallou hum cão j em E-
gyptofallou hum cordeyro, governando Bocchoroj &: hum
cervo del-Rey Ptolomeo Philadelfo£ntendia a lingua Gregaj
.)i TextinOjjicin.p.t.tHMirac.naiHr. 7,1 mas todos forão milagres, & portentos , que não fazem
confequencia.Hum papagayo do Cardeal Afcanio , que repe-
^^^ ^ Credo 3 3 os mais papagayos , & outros paflaros , que
} i
Mexia fi'pTa,
:

imitáoas palavras que ouvem, não fallão , porque não expri-


^ri{l,Po/it.i.t.c.t: niem conceyto feu. 34
j4
6 Não í'c admirou nofia May, de que a ferpente fallaíTe
porque í"e empregou toda na cunolldade de converíar jde-
^
,^^/ r/í ^ L 1 / pois que a ferpente lhe diíTe, que feria como dcofaiCcsoufecÕ
ncd. ícducaudivit abiiio.&c Perer.d.i. uic tallar a vontade.õr em nada mais reparou 35 íe oappetite
j

^•''•2í-
a não cegara , conhecera que fallava o demónio pois hu bru- j

to não podia faliar.


7 Nãofeatreveoodemonioatentalladireytamente com
perfuafaó; mas perguntando com aftucia,quiz ver como de-
^6 MagijlerSent.d.dijl.ii.j.i. via profeguir. 36 Pcrguntoul hc a ferpente Fcir^7»'í? ^'Cli•w<7«-
:

doíí Dcos que nao c orne (] eis de todas as arvores do Paraijo ? Ref-
pondco Do fruto das arvores que efiao no Paraifo c ornemos .,mas
:

do frVito daarvore que efla no meyo do Parai fo,fios mandou Deos


cpicvíio comeJfemoSfnemtocajfemos, porque poderia fer que mor"

37 j.Cfa.»;
Foyaprimeyraquequiz converfar, & logo fallou
r/lfimos.2,-;
deípropofitoSjComofucccdeamLiytas-, pois devendo dar a
caufa da prohibiçaò,que era o que lhe perguntava , diífe a pe-
na que Iheeftavaameaeada.coufadiverfa da pergunta. Igno-
rando a caufajpudera fcm nota dizer Nao fey, pois osjuizosde
:

Deosíaõinexcrutavcis jmasquiz antes refponder difparata-


da, que confe01ir que naõ fabia. E na repofta diflc dous erros,
fe lhes naó chamarmos mentiras hum que Veos lhe majidàra,
•,
,

^fie uemcomeJJem,nem tocajjem o fruto, íenáo que fó lhes man-


dou, que não comeíTem outrojque fe come(fem,poderiafer, que
-,

morrcriao:ícnáo q abfolutamentedifle,qmorreriaó comen-


do primeyro faltou à verdade a mulher,que o àcmouio.Oh fe
;

j« D.aryfoa. inGen.hom,i6, as mulheres foral) mudas, (exclama S. Joaó Chryíbítomo) q 8


quamfeguraSie^nteisfaiao]
8 Em nenhua maneyra mor-
Difielhe outra vez a ferpente:
rereis mas Veosfabs, que tanto ^ue comerdes dejfe fruto , fe vos
j

abrir áo os olhos, è^fercis comoDeofes,. Cabendo o bem, ér o mal


difi:o.pudera£^',r^ entender a malieia da ferpente porque fc
5

V fabij
1

PARTE I. CAP. V. 15
fabía a caufa da prohibiçaó , para que a perguntava ? Mas he a
ambição própria das mulheres i 59 claro eftà, pois fe define ^^ carci.Pafch.inA-<.ompo!:t.
porappetitej 40 tudo o da ierpenre lhe agradou >ranto que 40 D.Thom.í.z.q.ni,^,t.í.hmb'mo
lhe diíTe, que feria como Deoía tinha-fe apartado do mari imporcac appccimm inordinatum ho-
,

d(h pódeíerque divertido cm contemplar as obras do Crca» "^'-'í, ,„,,,<;.,« yGen.fã.^ju^.


dor; 41 & ovelha 52 defgarrada do paílor, facilmente he ^i Mniiero-vis manti.z.Re^.n.y.

tomada do lobo.
9 y ioamulhevjdizoTexto, que eraòoa a arvore para Je
comer' dellã;fermofo aos olhos fò-'dekyt avela vifla. Tanto que
fallou a ferpentejvio o que naó tinha viílo taes eífeytos naf- -,

cemdasmàsconverfaçóes. 43 Morrem as mulheres por ver ;


^^ D.Paui. adCorimh.r^.^^. Cot.
& Eva morreo porque vio, que aos olhos fegue o coração por rumpunc mores honoa coiioc^uia mala.
:

Av^m ^.n. Afcendit mors per


eítasianellas entra a morte na caía. 44 , 44
•^
^r- 1 -1 r •
11 1 111 j r feneltras aoUias iiiotclla clt donios :

10 Vindoomarido, ouindo buicallo,comeoeila do íru- noitras.


to, (ou tinha jà comido) & deu ao marido movida de amor ou :

porlhecommunicar o bem, que a ferpente inculcara , ou por-


que conhecendo jà feu peccado, & temendo a pena do deíter-
ro, o queria levar por companheyro , por não fe apartar delle.
^-^"^r.LÀe Parad.c.6.
45 N aó continua a hiftoria, que perfuadira com razoes fò 4S }

m fentença diffe depois Deos q ue elle ouvira a voz de Cua mu-


lher é" comera: 46 tão poderofa foy (& faó todas) que fó ^^ Cf». j. 17. Quia audiíti votem
,

com húa voz o fez crer, menos a Deos, que a hiia fcrpente >vé- uxons tua;, & comed.ih.
ceo a quem o demónio fe não atreveo acometer. Comeo Adam
do fruto vedado à hora da Sexta ( 47 que he o meyo dia ) da ^y Phieiana Momrch. Ecckf.l. i. «.
leílafeyraprimeyra de Abril. Por não defconfolar a mulher, i\.^.i-comMoy(es Barce^hai. dePata-
quiz acompanhallaemperderfe:48 triíle coufa peccar por'^'^, ry.^,Ar,Serm.iyinPjalm.u%.
amor de outrem, ou por feguir exemplo .'
^Uxje^ics p.i.^ si.ment.^.
1 Efta foy a ajuda do marido, para que Deos tinha crea-
doamulher.49 Qiiemnão temeràhum fexo,que querendo 49 Gf«.i.i8..Faciamus&ad)uconú.
ajudar,mataf de quem pôde o homem íiarfe? Oh infelicidade.'
que o favor fe faça inimigo , & as utilidades prejudiciaes A- .'

juntoufe a ambição quafi natural dos grandes Principes, 50 50 FrancGidc-iardin hin. /.i y om-
iTmopum proprmm
qual Adam fe achava: tem o mavorinimio;o na vaidade cuy- "i""i '"^S"f.""^
i iriii '

dam que tudo ie ihes deve com azas de cera querem lubir
-,
1

u,r„acAjpidicas,
:

ri- ao vitiuelt anibitio, acaueiPiorum iiacura;


Sol:precipitaõfecuydandoquefelevantãOj& muytas vezes
peloquefe lhes figura, perdem o que tem ,como allegorizou
^''" ''""'
Efopo 5 1 afilm fuccedeo àquelle pnmeyro. ^' -^^í'-'"
;

12 Mas quem imaginara, que a fabedoria de que eílava


dotado, havia de perfuadirfe a que poderia ficar como Deos?
As mulheres fa zem apoftatar os fabioSi 52 a ambição caufa 51 £fí'/?/?.2/í.i9-i.Mulicresapoíta:.i ?
todos os erros i o
até o iuizo de Anjos cegou, <4 ^tudolefa^-iui^í^apient"-
unio contra o dcAdam.QLiemí ara confiança no que labe, le
J^ ijaii^.ií,
Adam,&Salamamfobrenaturalmente fabios cahiraó; & de*
pois o grande Origenes, tendo jàeíles exemplos? N ãohaj ui-
zo que não poíía padecer frenefi: os mais claros faó como os
aftros, que tem feus ecl ipfes, & occidentcs & os mayores, co- ;

mo os grandes navios, que fe lhes falta o leme naufragâo com ,

mais prefia, que os pequenos.


Bij CA^
, 2

i6 \ EVA, E AVE.
C A P I T V L O VI.

Como^elopeccadodo prmeyroPay cahio o género humano


^ na major mijeria»

I Omendo Adam do fruto vedado, inobediente Deos


f^ quebrou a
VVtodo o peccadopreceyto
feu & miferavelmente peccou.
»

Sendo coufa mais abominável


a em íi , &: nos
eíFeytos, nefte houve duas particularidades graviílimas. HCía
i D.iJag.deCi^.Deil.\i,,c.iy na poucadifficuldadede guardar aquellc preceyto: 1 foy gra-
de iniquidade peccar ; porque era grande a facilidade em naô
peccar como em Abraham foy muyto louvável obedecer em
:

coufa tão difficilj 2 em Adam foy muyto vituperavel defo-


^^^^^
bedecer em coufa taó fácil. Outra em feraquelle peccado emu-
Gfn.j 5.Emis ficutDlj. laçáodeDeoSjquerendo Adam ferlhe igual j 3 o que em con-
fequencia era deítruir a Deos pois fe com Deos pudera haver
-,

4 Exhisiu^D.Thom.up.q.xz art.y ^^^^^^ q^q^ ^ nenhum delles feria Deos. 4


2 Pela defobediencia perdeo o morgado inftituido em
5 Sup c.i.n.ii.&e.yn.^, fua peífoa conformea condição , & pa£to da inftituiçaó
,
5 -,

ficàrãoellej& £i;^j privados da re£tidão da Juftiça original:


defconcertoufe a harmonia da natureza fubordinada fíelmen-
^^^' ^reador : O corpo fe rebellou contra a alma as forças
. E.plic o P. FrJofeph de lefu Mari. ^^^
:
,

nulidade N.Senhori,Lic.9.n.^. inferiorcs corttra a razao / K a razao contra Deos. 6 Entrou


Mdtus D.Thom.i.%.^.^z.art.i. 0'i,cr ^ mortc compauheyra da culpa, & cominada na ley
7 os Se- :

nhorcs de todas as delicias fe fizeraò efcravos de todas as pe-


,
'Qo7nTrid[i^íX<icfeccat.orig.
7 sup.d.c.é^.n.í, nas os que erão temidos, íicàraó tímidos de todos os animacs:
:

perdeo o domínio na terra, quem não obedeceo ao Ceo; mais


eftimou o demónio a perda de noííos Pays que o logro do ,

próprio defejo,& fez eftimaçáo particular de os haver arrui-


nado pela ambição porque ellecahiraj por fer condição dos
mãos quererem termuytos companheyros no mefmo vicio:
s V.^iií.l\o.Confeilx.'^6. 8 finalmente cílando O hoiiiem na mayor honra, diz o Pfal-
9 pfaitn.^i.v.uit. Hcno.cumin ho- niílla, Q uão cntcudeo , & fc fez femelhante aos animaes
nore cílct,noii mtcllexit compararas
: ^r\- nv „ J « J„n-
quandoo J ti /
detterrou do P^r^//í7, que fe
r
eitiumenasmr.piem,bus,&fimiiis la- brutos. Dizer Deos,
ôus eft iliis. fizera femelhante ao mefmo Deos, lo foy por ironia, para
10 Gm.j.ix.
efcarmentarmos, porque fe perdera, por onde procurara me-
1 1 D. chryfoft. in Gcn, hm. i8. ©" / J horarfe II ou dar o Se?zhor parabéns a feu próprio amor, de
:

Matth.hom.í y quc jà chcgàra a occafião, porque havia de encarnar, & fazer o


I. Temi.u.contra M^u^.^^.
homcm feu femelhante. 1
3 Oh triftej&lacrimofã mudança, (exclama S.Bernardo)
ij D.Bernard.Strm.'i^JnCant.popmed. 13 queohomemmoradordoParaiJOyfenhordãterrãyCidadaodo
Ceo jdomeftko de Deos, irmão dos E [pirites Bemaventurados,,
coherdeyro das virtudes celc[les,fe ache repenfmamentc cabido por
jna jraquíza,atadopor Çuaferocidadetò"necelfitado do alimento
dos brutos pelafemelhançã que tem dellesi Nada havia no mundo
tão feliz como o homemijàhe inexplicável quanto he infeliz.
Co'/n-
-

PARTE í. CA
P. Ví. tf
Cotnpãdcce^n;6S.ã.c mm^.o arâííiraSyÇpudera dizer Adam.jE os
Ceosrargaremícosvcíiiíjosde luzes .-a terra cobriríc de cin-
i9>íi&t.tu
7.as com rriayorícntihiento, que os amigos de Job} Í4 pois fe ** ^"^

eítejaziaemhura lugar imniundo. Adam Jazia na vileza do


pecCado fé eftc tinha chagado o corpoj Adam tinha ulcerada
;

a aima: fico demónio, que.fó deftruhio a fazenda a Job, em


Adam tyrannizava toda a terra. Em effèyto alguns Hifto-
riadores diflerâo, que por aquelle peccado perderão parte de
j^ K^ere PintdaMMonarch.i.i.t,
fualuz os Luminares celeftes. 15
4 Dâs grandes dignidades não fe dáo pequenas quedas. 'iè^h.^ugup.inPfair?,.^^. AJam m
Adam como feyto pedaços ("diz Santo A golíinho} i6*encheo""«'°'o^""'^ ciucdanmiçdo cpmvy
todo o mundo de fuás ruinas nem hua ruina faô grande po- '%' '^^^Zj!'!^!^:;?"'"'
,•

dia caber em menor lugar, corno diHe hum engenhofo Poeta Pompcos,iuvciie5Ai)a,at(]ueEurop3,fe4
17 da de PompcoMasno tão incomparavelmente menor. Só ^P^Ii-'" i r 1.

a/^^;/^ewViM'eltavaemtaoemuicnte montej que ncoulivre. ttgit. -^

j 8 Perdido no corpo, &: na almd , transferio Adam a própria


'*^"'<^ '^i'"'" t°^° ípargituí o^K ?

miferia a todos es outros defcendentcs, 19 conforme ao pa-' "u,ío ron poterat tanta ruina loco.
ftofeytopor DecSj 20 afiim como fenáopcccàra lhes houve- «s Vnemosp.i.c.i<i.
ra de transferir o morgado da felicidade. . i A vontade delles ^^^í^f :?Í;f,'„.t^';;X«;,
eftevena de fcu pnmeyro Pay jComo em fuà cabeça : todos í»oW».
nellepeccàraó, 22 porquetodos eílavaÕ nellcj 22 as ópera'- ^° Supràa-.n.iu i

çóes dos membros de hum corpo tem lua moção da parte fu- 1, D.p^^uLad H^om.yn] ii.c^uooo?.
periof Corta- fe a mão pelo delicVo. 24 que a Vontade cõmet- í'-" pcccavcrunt.
.

teo.movendo^a aexecutallo. Derivada díiquella fonte corre m


c-^^x''^yf./o''«.eír,«^/. ,.,á

geralmente por íeminal geração herança tao miauita} nao co- pericrat,inciuototum erar.
mo natureza, mas como vicio deliam con-o doença que paíla ^otoin^.Sei^t.ãijp,\^.q.i.n.u
aos filhos. 25 E parece que também herdamos a mclmaçao de fu^.:,.^uthouJmiitjuL.<^.jin.Jiau%,
crermos a lifonja da boca de húi ferpente ,& não a verdade da ^«^« tí^/^-
boca de Deos attendendo ao nofib goílo > & não à fè de quem , ^ \, .f ^^f^;' ^'^"L^«n. ú.
:
mpt. &
falia. ^
^
5 Deíie modo cahio o miindo da rrayof alteza no mais
profundo abifmo :a mulher dada para ajudar a hum , foy pi in-
cipio daruinadetodos;8v'oprimeyro Pay fez miferaveis os ' ^

defcendentes, que ainda não gerara*


6 Conhecerão logo fua miferia jvcndo-fe na fealdade át
níiSjêccobriraófe de folhas de fígueyra. Alguns Authores, ar- •o•í^^ .

rmiadosà letra do Texto, 26cuydaoqueas alinhavarão com ^g ^^„ ^^^ Cc,Acri:í.iVo],auc,.


juncos, ou ccufa fcmelhante,feytos primeyro alfayates;ou-
troSjque fe rodearão de ramo'^ delgados ^ em que as folhas pen-
dião, 2*7 & qucerão de figuevras Indicas, que tem as folhas ^i ^ci^àjíTy.ardh-.-^.ckn.fsctA'».)».^:

muyto grandes. 28 Qiic vil troca pelo veítido da graça, que


havião perdido! Folhas que não aquentão^ que as fecaoSoi,
& leva qualquer vento.

B íij C A-
fg EVA, E AVE.x
M,. C A P I T V L O VIL
Ccmo Deos fentenciou a fJoj]os 'primeiros Payf , gr* a
Jua de[cendenciajficou -publicada guerra entre
^r, ..' ./í Virgem Santiff-íma, o demónio j Q^
s-i«o\>.i.«.i. i<\ v.v;í ?t u4dam po^ nome aEvâ,

TT^E.hculpnfeincorreoapenaromefmopeccadoconde-
I
rBenrã.FemvriinGen.yjea. 17. n.^.
L nou 1 mas Dcos Quiz fcntcnciar como Tluz , para
j

I D.LhryjoiUH(Jcn.hm.i7. emciídar comq ray; 2 ellemeimoconncceodo calo: nem de


hú Anjo íe fiCii feii amor. Applica-íeefte aâ:o ao Vnbo Jíferno.

3 rfcert/>fcír/i.W-^tíío/.<»p«<iPM<»«>'portcrGfíiciodeju]gar. 3 Por animar os Reosveyo em fígu*

^^7^h^J^l^^.n.ti^'^sy' rà de homem, 4 eníayando-íc p. para o íbr. Peccou o ho-


"7 mem para íc anemelbar a Deos Deos fe enfaya a liomem para :

o remir. A vingança pedia preíTa de rayo & o Senhor defeco :

Gf«.;. 8.
5 depois dorrveyo dia, 5 porque paíTada a payxaó com que fe
-j D..^ug.Scrm.\^).dtbanú, peccara,ncaíic mais í:2Cii oarrepeoGimentOj 6 que com hum
8 Fern*nd.(H^leã.íi.».^. pf^z/cy, alcaiiçàra perdão. 7 Náorardou ate a vefpera , por
•"»-^''^'
não dilatar a cura para outro dia. 8
/ovjq"?i.t -33^:0 Paííeavano Fí?rv7/j^5lofiegado,como quem tomava a vi-
p- '
raçáo,9refrcícandoairaaqucopeccadooprovocàra quan-
"
:

Tí?í'/Í'r\ doavozfnâoarticuladajmasdehumrumormagcftofo 10 ^jq


10 Pfrfr.f«Gfn./.(?.«.ii5. íoou a vmdadoniayor Monarca, íez que os peccadoresfe eí-
ttrnanid.itã.io.n.isj- i,.
condeflcm acertavãoem fugircm mas crravão em não fuEi-
-
: j
II D.Euhrem Syr.Scr>n.<ií vita relíg. ir r p ri r í- t)
rem de li paraomeímooí«/J6'r. 11. Salvouie b.redro,porque
^ i

Vis iugccc ab ipio iugc ad ipiuio.


>

11 Z.K.-.1Í.61. onáoperdeodeviíla: 12 perdeoi-fe Judas ^porque fugio para


15 MMh.iT.y
outrem. 13 M^s fcelles porque húa vez peccàraó,fe não atre-
vião a apparccej-jf ojpio appareccmoç os que tantas vezes
peccamq^ .''.Di/.em , que a ferpcntc fubida em húa arvore
t^í^efm.FernirJ.fupTsfcã.i^.n.^, OS mqllr.avd cçm i^biíos como zombando j 14 6^ he pro-
i

vável 5 porcjue o deinonip coíluma entregar os que o íer-


-
:yeni. ;,. y^v .

t < D. .cio porque o chm.u . Fern. 3 ChahiQU O Smhor a Adam ,çQmo a cabeça. 15 Jj.vn omk
fuf.exn. M4- efíàs^ Nãu perguiitou caHto
pelo lugarjcomo pelo eirado. i6
16 Per«./«^«.l?^. Rcfpondeòlbe íóra da pergunta ; Ouvi "voffa voz no Paraifo :
íemi, porque, efit-rud nh , ó^efcondime. Temeo por níi, não por
17 Ffrf»«miT>.GfH.í/íí?av'í.r:
pcctador dcvendo temer a cu1pa,&nãoa pena;
-^

17 de tinha
rcccatori«onHoiet culpam, icd p^Luaíti
' .. por ^^íiçna.eílarnii/vjue havia fido fcrmofara, &: honrada graça,
danuu corj«r.s,no,, ^nmx.
àíf/è cfue eíídvãs fiu , ( pcrguntou o SenhioV ) ')e-
; g Quemíe

Scmícbac Aciamu-; pa-uin ciic ^juod /uc • n/io O kííveres comulo ílii arvore vedada ? 6c elle tegunda vez er-
iatpulcluitudo,acho;jot. j-^jo n-fpondco; ji mnlbcr qner/iedcfie por cornpunhcyrn^ ?ne
de !t d d arvon iér C0'}H :\\\\Ò fò imputou a Deos a mà compa-
nheyra, mas também allogou por ferviço havella obedecido
aniar.te; lo como íeeil.i por fua encomendada, devera mais
que aopreceylo dec[ue;a \na eacomendou > porem o amor
parou
, ,

PARTE I. CAP. VIL t^


p:\rouemaculpa não paíTou a querer paear por ellas 20 tal /o/Voí^v/iD.wá.ífm.í. /«>/?.
:

he O amor humano i que dinerente do divino/


-
4 f crgmtou o Senhor lEvíL, parque ;^ze/les iJio^T crrivel
pergunta a hâ culpado fem defculpa Refpondeo: Enganotime
!

a ferpente. Depois de jiaver pcccado por faber mais não fe ,

envert^onhou de confcflar, que a enganara hum bruto a exé-r -,

pio do marido imputou a Deosaquella creatura. Pois fe não


pudéraõfazerfemelhantesaPeos na Divindadejquizerão fa-
zeraDeosfcu femelhaaten;^ culpa; 21 aferpente pode ten- íx D.Crtzor.Uí.Mn-al.c.if.
talla; mas nio fazella confentiF; pudera ella dcfprezar a ferpé- 0^"^
Dcodie fimiics m divinitatc ne-
ir T-\ j - o quiverunt,aacríoris lui cumuium, Uea

te, como deíprezou a Ueos ; pudera querer o que nao quiz 6c j|bi faccre fimiicm ín culj^â conati íunt.
,

não querer o que efcolheo. 22 v-a-.,-;r ixD.Chryfojl.Serm.í^iomcdopriniut

, Núo pergunto» Deos à ferpente.por incorregivel & ^^'t:;^!.: r-»-'-^


porque lhe não havia de perdoar j 23 nem quiz que tornaíie a dco parerc, quod noiuit & diaboio noa ;

conrenme,qi,odvo!mr.
fallar qus ver fair do natural, he coufa infbfrivel nem que
.- ;
reg.jujjra,
também culpaffe a outrem, como coíbumão confelheyros fer- *'
.

pentes, fem le livrarem^pois fc conhece donde Tahio o mal.


6 QLietimjdos,S:confuroserperariãoos Reos afentença!
Peos condenou a todos pela ordem com que peccàraóià íer-
pente a Ev^i^Sc
, em ultimo lugar do mundo
a Adam : a juftiça
muytasvczesjounãocaíligajoutarda mais ao que primeyro
delinquio.Diíle o Senhor à íerpentejque/^om immizãdes entre
tUa,é'' ^^^ilher. 24 Aqui ficou publicada guerra entre ode- 14 Gí'w.}.T5.lmmichiaspotiamínteí
jnonio que eílava na ferpente,&: entre a Virgem Santifjima 25 ^"^'f %
'p"i'T'J'/ '*' '

chamoulhc mulher , porque feria noíía Mãy na guerra , como Vaer.i.us.n. ^^. '
''

depois o declarou na Cruz, 26 reprefentando.nos cvcij oúo ^ ^^^"'^'^^í"í>-Í(íí- ^s-^-i-


que Ç^^r^mÇ^cl graça. 27 Guerra taó entranhavel, q entre qual- '^^'^^J-;;/'^''^
chiih^M ,; c. 4. §.
quer mulherj&: qualquer cobra produz naturalmente os ef- i6 /oj«.i9.ií.Mu!icr,ccccfi!iusti!us.
ícy tos que efcrevcm os Naturaes. 28 Mas juntamente annun- ^ ^", Comlncn /« hm,^ /f„/„„,.
CIOU O òcnhor ãvitonâda. òenborai dizendo que ellãpizana a Deip.i.t yhow.iy.v.fecundum.
cabeça a effnferpenfe. 29 E aqui diz f depois de outros ) hum ^s liejeu i\,<i'cruierrhntj.7,.c. 20.^
curiofo Lícritor,3o comeyou a Theoíogia porq Adam cneyo
; ,,, loaoHulÁdeS.ioa-uno \xamãe
de entendco que o Verbo Divino havia de crgenhos, ^reem.i.)iofim,
fciencia infufa,
encarnar no ventre daquella mulher Virgem,que por feu par-
to remediaria o peccado vitoria tão iníigne , que ficou natu-
;

ral, fe qualquer mulher piza como pè nu a cabeça de hiia co-


bra, morrer a cobra logo ern todas fuás partes, fem lhe ficar
movimento algum íèndo que cortada em pedaços ,fe mo-
;

vem todos muyto tempo. Poílo que eíla efpecic 'de animaes
náoteveculpaem fe meter neila o demónio, Deos também
caíligaosinírrumentosdornal. 31 Sobmeter acabcça a taes
^^''^^^^'J-''-*'-'^'^'^-^®-^^^''''"'^^^^^
^"'^''' '"' ^'
plantas, iora a mayor honra para quem a merecera porém
;

honras não merecidas fiÓ opprobrios, faó ruína , dizia S.


33 &
Gregório: 32 íaó vinho a febricitante jdiííe Plutarco; íi t)Grfj».-,Ã/úwi.í. Honor mali^

allimfoycailigo ao demónio o que fora premio ao mais bene-"'"'^pT;''T'-''^"'™''"'' ""^^'


jnerito.

7 A Eva condenou o Senhor a parir com dores. No eílado


da innocencia,eílando o fruto inaduro, as siinanhas da M ãy
-^ como
10 EVA, E AVE.
conToefporttancamentc fe alargariaóde modo,'e}Vie fem dóf"
;4 t).tJ"zd'Civ.DciU.c.i6. pariíTci 34 £c porque naturalmente n?.o podia deyxar d^ ter
jj Pcrcf.d.i.6.».is7' dor, feria iflo milagre, que o não pareceria pelocoíhime. ^^^
Tambcrn n condenou a eftar litjTeyta ao marido. Antes do
^?6 s.cundun,D.ncm.i.p.^.6tart. Lpeccadonio dcVxaria de lho dbri 3Ó mas voluntariamen-
te , porque o marido fó â mandaria lio que foíTe arrczoado , &"
ella o teria por agradável; hoje lhe he moleíla afugeyçao, ou
porque ô marido quer o injuíio, 011 porque ella com naturei^a
?-r Pfrír./"«p.w.x59.cr /.4.W.7?. depravada ncm nojuíloqucrobedecet; í? então íena obe-
.

j8 D,^u^.Lii.dtGen,ud
^ iit.c.í7. j- • •
j i- 1^ « • 1
diencia de amor,noje lie encargo a€ condição. ^8
8 Condenou A Adam a comer de feu trabalho. He verd-a-
de,que noeftadoda graça também trabalharia , mas lem. mo-
)9 Sttpx.i.n]u lefI:ia5Como jà diííemos. 39 Mais o condenou a morrer, ík:
atornaríeem terra; fenáopcccàra,náo morreria, como tam-
40 Suprac.z.n.io.cre.^.f.^.iHfnf. ^^^^^ j:^^ ^^^^^ p^^^ ^ condcnacáo deu oShihffr aA&im
uxoristu*. 41 Ou-
'^GY prmiQyr:íc^ui:i,h/!ver oríTído az-oz de (ua mulber.
por confelhojhe prudência, fmayormcnte no
vir fuás raxòes
41 LtíeTiraiuíUn leg.conmh. i-i. que uão pedcícgredo, potqus algíias os dão faudaveis) 42
•*

^T» Gen.x.ij,. ^ ainda obrigação pois Deos as fez companheyras 4:5 mas
, -,

44 D.p<iui.i.a(iTim.i.n.ii.cr ij< Adam aouvio como a Senhora, fcgundo expende S« Paulo,


44 & do Texto parece que obedeceoíb.H'í7:5Ímperiofa de hú
corney-, fem outra razaó.

9 Forão as penas próprias ao delicto a arrogância da fer- ;

pente fejapizada £i;/z, pois deílruhio os filhos, que os payra


-,

com dores & pois mandou ao marido , que lhe obedeça A-


5 ;

dam, poispcccoucm ccmiCr jque coma de trabalhos 3 h. pois


quiz fer mais que homem , que fe torne em ferra.
10 ERendeo-fe a fcntença a todos os defcendentes.rcx--
íó ^"f^".T.n\l'.
'^ ^'

cepta a f'^irg cm Mmn^ 4^ pelo padto que jà referimos ) 46 co-
A7 KoiaVtiie^as ?* SanEl.fejla moalinhp.gem tmvdora Uafcida em defgraça de Deos.
h"i<ss
47
daconceyíaóno pune
j j ^^^ cntão'não tinha Evn nome próprio
r r individual: »
48 Gf«. i.i 5. Voc.ibuur virago, Quo- ,^. n » i
,

porquc /-'/r<^^í»jque Adam lhe chamou tanto que a vio era


i

Diam de viujíumpraeit. , ,

fernand.in i,GeH.jiéhi^,n.u appcllativo, Quc iígnifíca ^dotâdâdei-fíToriíl C72irnO:)<.m 'Vidado


^wW5porhaverfahidodafuacon"a.48 {Voras^o^o^wz ligniHca
_ „ . /^T^^&^Z/í^í/f^jlhcpudera também chamar.)Amboslechamàraõ
^itm. Jdam-, 49 porque a bua mulhcrem graça balra o nome de leu
marido. Louva-ie a mulher de Phiiof outros dizem de Pho-
cion} que pergunrandolhe outras matronas, porque fe não or-
nava como ellas com joyas; refpondco, que a virtude de leu
Stohm Serm.yi.
por ornato, ^o Lo<?o oeccnraó,cha-
ifi fiiatido lhe baílava crue

uxoris 'ux Hcva,co oucJ ,iuter cílct mou Adam a lua elpoía, tv.^jqwc iigainca,A^^y dos vrjcays.
cunaonim vivcmiuni. Cuydaô algUHs Efcritores, 5 2 que por antifraíi.ou ironia
i^ j •»

^g1JvS!«^^^^^^^^^
mãy dos que jà tinha mortos; mas acercou por myf.
pois feria
y.Zaci\cie lyfieiixyhih/ophXhrí/.pA. t^YÍo jcomoúca ditona introducçáo deita obra ^5 & aíiim ;

c.xy.v.jemeris.
com elef^anciadifTc Sauto Epifinio 54 queefiaímpolicaóde
s\ D //.Y.^....;o..,ír..J^.rrr/.78.B.Ma- n^mcjfoy enigma, aliudmao xGAveád, Virgem y>Z'jn^ May
trr Dtt Ivlatia yer lipvtisnror» cia
//(•:•.;»; Sraça.
^a; prrxMiírviiAacccpujiuiT.atci v;vfn-

CA-
PARTE I, C AP. VIII. it

CAP IT VLO VIIL


Coffio nas penas em que Deos cõdenou a nojfos primejroí
Pays, conciliou a Mtferkordta com a Jujtiçaimoflras
jeyO^tieas impoftas a Eva. nas dores do partOy&fugeju
çaõ ao maridoj foraÕ graves^mas juntamente uteisé

i TTpOyo^-^^ri^í^ErernooJaiz: I he certo que favoreceria i SufrAc^•A.u

JP os K.eos,por quem determinava morrer. Na fentença


conciliou a Juftiça com a Piedade :foráo graves aquellas pe-
nas, como devidas ao peccado j mas feguiráôfelhes utilidades,
comoacaftigo dePay,
2 Com as dores do parto compara o Tejtto fagrado as ma-
Y()res,quando,quer exprimir fuavehemencia. 2 Eneltapena^ ^ Pfii-n.j^i.-v.7.EccU%.ii.ija;'\i,.i,
podemos coníiderar tudo o que os filhos cultao antes , òc de- ^^yj„„. }.-

pois de nafcidos ; pois tudo he eftey to do peccado Sad 3 one- 3 ^"^ lunfí^.
;

dolorofos no parto labonofos depois do parto. ^ M''reveL>Un.l.7.c.6.o- 7.


rofos antes do parto : :

Onerolos com faftio , achaques j& impedimento 4 dolorofos :

com perigo da vida / labonofos na importuna creaçáoj porq as


miys os alimentáo da fuafubftancia.os trazem nos braços, os
veftem,osacalentáOjOSGoftum:1oaandar,os guardaó dos pe
rigos,enfmãoafallar,&:lhesminiíl:ráoocomer,moftráo a re-
ligião, dão a s primeyras regras da vida, &
vigião por fua caufa
muytasnoytes.
3 A'smâys,que dão os filhos a crearjchamàráomuytos Sá-
amas tem outra meya maternida-
bios í^^y^x^^ií/i"; porque as
de, & pôde fer que mais carinhofa. Matava o tyrãno Phocas to-
dos os filhos do Emperador de Conftantinopla Mauricio :6c
a ama que creava hum,lho efcondeo, & em lugar delle entre- ^,. , ^ ^, ,„„,.
gava hum leu próprio rilho, amando-o menos ; porem Mau- y„y„^
^ ' ^

riciolhonáoconíentio. 5 Hum pobre Romano da Familia


dos Graccos,vindo da guerra com grande nomejôc muyto ri-
""
co,faindoarecebelloamãy,&:aamaqueohaviacreado5deu à
fnãy hum anel de prata, & à ama hum collar de ouro & quey- -,

xando-fe a mãy da de figualdadcjrefpondeo Tu me trouxefies


:

no ventrefó nove mezes-, ejia mefujientou afeiis pejíos dons annos:


de ti tenho o corpo por meyopouco honejlo; deífa os cojiumes com
"vontade cândida: tume lançajle de ti ; e(ia me recebeo engeyta-
do,ò"fne chegou ao ejiado prefente. 6 Muyto efcre vem os Au- 6 Theãtruru ViU hum.titJe mither.
thoresdoque niftodefmerecemasmãvs: 7 procedenas que ^ ^pudG^jpar dos i{eys Franco m
iz b.Cnryloítomo 8 que tem pejo de feíazeremamasjha- g D.chryjoií.hom.io.admei.in pfni
vendo-fe fey to máys, & que nellas a foberba rompe os brazóes 50- Erub:icit fieri nutnx, qux facta cít
da piedade i ou nas que mandaócrear fora de cafa. As que naÓ'^Xf ^"^''^ ''""'="" '^^''''^'' ''"
criaó por compreyçaó delicada , ou porque os maridos lho
naó confentem , que he ordinário nas de qualidade , con-
tra fua vontade trocaò aquella moleília em outra mayor de
fofrer
1 ,

11 EVA, E AVE.
fofrcr as amas , em que merecem mais Tem fe livrarem total-
i

mente do outro trabalho , pois lhes he neceflario vigiar os def-


cuydosqueeíías amas tem. Crefce final mente, a pena em não
ter feguroo que tanto cuftou pois lho leva a morte com qual-
-,

9 D.t^mbr.lé de í^rg.Pcrlculis cmi-


quer accidente. 9
turj Dcc pro atbitno políidecur.

4 Mas o rigor deíla pena devido à Juíliça compenfou a


Mifericordia com utilidade. Logo que nafce o filho/como
IO Ioan,i6.i\.
diíTe Chrifto Senhor noflb lo) o goíto natural de ver au emen-
tar o género humano com fruto de fuás entranhas jf-iz efque-
cer a mãy das dores do parto ;fófe lembra delias para eítimar
o que tão caro comprou 5 naquella memoria o ama com mais
gofto , êclhe faó as dores proveytofas. Alifa Ingleza da Villa
de Midelburgj eftando pejada , & vendo-fe morrer , pedia
queaabriííem5& lhe tiraflem o filho, porque não morrefle
com cila; a tanto a obrigava o gofto de fer mãy. Por milagre
II BrlttonaCbrciudeCijler I.6.C. 18.
de Santo Thomàs de Cantuaria teve faude. 1
5 Com os trabalhos da creação vay crefcendo a razão dq
amar. SevèofilhocomhonraSj &;fcienciajde tudo acha ale-
iiProvaj.tj.Exultaqurgcnuitte. gre fatisfação 12 atépeloque Ihonão merece, tem por feli-
j

cidade o haver padecido. Progncílicando-fe a Agnppina , que


fei^illhoNero feria Emperador, porém quea mataria, acey-
tou o partido; quem antepoz o filho à morte futura, melhor
(punteporia às dores paliadas. Em outra parte 13 fe verá mais
1} t^haixo c.io.n.^.
defieamor.
6 He outra utilidade daquellas dores ,0 reconhecimento
dos filhos bem entendidos. Alexandre Magno, efcrcvendo-
Ihe Antipatroalgúascoufis, que carrcgaváoa Olimpia mãy
do mefmo Alexandre diíle aos que fouberão da carta Ignora
, :

14 Plutarch.in i^Uxaudr.
^fitipatroyquehualagrimade may apaga ptuytas calnmmas. 14
Epaminondas dizia, que de todas fuás vitorias, lhe havia fido
mais goftofa a que alcançara dos Lacedemonios na batalha
Leutrica, porque fuccedèra fendo vivos feu pay,6cfua mãy.
15 ACoriolano,quehiaparadeftruir Roma,forãofallarfua
1} Pl!{tarth.ítt lyipofihthegni.
mu1her,&:fílhos,&:fuamãy,&: faindoelle do exercito a abra-
çar a mãy , lhe difle ella,quc primeyro queria faber fe era fi 1 ho,
ouinimigo,&feeftava mãy,ou cativa-, & elle abraçando-a
xt{\iOxvòiZo:Vmcejleí^oma.y,enteconceào a pátria^ que mo naoi

16 Liv.Det.i-l.i. merecia. 16 Cleobys, &: Biton irmãos,havendo de ir fua mãy


Valer. l^ax.l 5.C.4. Argias ao Templo, em que era Sacerdotifa , &: não podendo
pela dignidade ir fenãoem coche , para o qual no lugar em que
eíl:ava;,nãoachavão cavallos: elles mefmos arrimando-fe ao
jugo, alevàrão ao Templo, porque lhe não faltaíTe aquellc
17 Valer. Miix.ftpra.
gofto, 8caquel la honra: 17 outrosexemplosfarião compro-
Text.tnOjjkin.p.i.tit.
..yimar inparentes. vação muyto larga.
7 Também o l^irey to Civil ajuda a efta utilidade. Pelas
antigas Leys das doze •aboas naó deferiu") os Romanos às
mãys a herança dos filhos,fuppondo que nío havia entre elles
parentefco de agnação, à qual. fomente fe deferiâo as heran-
ças,
PARTE I. CAP. VIII. i3 , ,, ,
ws.Parecequeentendiaõ com Ariíroreíes, 18 queíopalu-
vamenre concorriáo as mavs para a geração. Mas depois os ',\^"?^^,*^/

Senatus GonfuUos, Tertyíiano,& Orphiciano, 19 a equidade ^ ' 9 R^f^t.tctum iupúMa4HA.


Preroria,&:u^^i"^''^nicnteConítitmçoesao timperador Jiilti-
^

niano, lhas foraó deferindo com ai gií as declarações , até fica- . ,

fem reciprocas; abraçando a melhor Filofofia 20 de que el- 20 LatcGafpárdeRjytrraHéo-iV


lasconcorremigualmenrc&attendendo a quanto merecem CamiKEiji/.q.4i.maximèàn.i«\v./edad'
por aquellas dores &" trabalhos a que aíiim mefmo attendè-
, :

ráo outras levs, para lhes concederem nos dotes p;randes pri- , .rr, ^ .

VlleglOS i 2 1 ViraO, que como bem dlííc hum Medl^CO grave, ^^ Dan.Senerm « /raã. mcdrc.in ep. .

22 le as mulheres faltaííem , naó íò naó nafceriaô homens, '^^dunt.adRe^m.Suec. -^


mas nem nafc.dos poderiaó viver. Finalmenteas manda a Ley ^;^r:íâ:Zi:.:Z:^
Divina 23 honrar com igual reverencia, que aos pays , & por fec de nobis, (me cura & foiícitudine ,

marema.
tudo reutilizou o iuílorÍ2;ordaquel]a pena. ^
8 A obediência aos.maridos loy a condenação mais peno-
fa ao altivo das mulheres, 8c Deos a duplicou para melhor a
eftabelecer,depois de dizer rEíiaras no poder do marido , acrcí-
centou: E elle te dommarà; 24. para moílrar,. que ha deferíe- "4 Gw-í-iô-Subviripoteíiarc eris,&
nhor. 25 Hum Texto Canonicodiz que Ueos lhes deu os ^^ ^otat HuperU.i de oper.Trimt.c.
,

cabellos largos em ílnal deíla fugeyçáo, que por iíío poz pena n.
"-^ c.<iH^aa>,qtpo.diii.
de excommunhão às que os cortaííem íem Ucença dos ma-
^7 D.^tMTuj.m exhort.dd Virgin.
. ^ / 1 o •
/« 1 J '^ N 1
ridos. 261 eyorcativeyro (diz S.Ambroiio 27 jque o de qual-
quer outro elbravoj pois ofenhor dà pelos outros dinheyro,
com efte fe dà dinheyro, & dote ao fenhor o fenhor dcs ou- :

tros compra o ferviçoj efta efcrava compra o ir fervir. Por


Leys de Rómulo era prohibido às mulheres com pena de mor-
te, como o adultério, beberem vinho fem permiílaó dos miiri-
dos Egnacio Metello matou a fua com açoutes , porque a
:
a r-' • .

^'^
achou bebendo , & foy abfolto pelo mefmo Rómulo: 280 Bimd.mP^m i\iZl>h. ''A^"'' *

'

Emperador Dom iciano reformou aquella Ley a ^trá.imç.n\:o^Uxab^iexi.i,.c.j\.inpnnc.


do dote. 29 Para fe fentir fe o bebiáo , permittio Gatão, xo q ^f^,^.í' •/""'"' / ^'^""' '" ^''^^^
os parentes as laudallem com oiculo donde le introduzio, ,0 r^iex. ab ^jiex.fuj^ra.Pcdr.Sanch.
;

que pedir a húa mulher efte favor, era convidalla a vodas , ao ^'»'""'> c<»>>ment.a oxid.Mnam. 6. «^^
i.

que o Efpofo Santo alludio nos Cantares. 31 Mas jà antes '^^^j^liitte fupra.
Rómulo, Fauno Rey de Itália havia morto fua mulher Fátua 51 cmi. i. i. oículetur me ofcub
pela mefmacaufa;& arrependido a fez adorarpor deofa , of-
«-f- Si^^:^^^^^^^^^^
ferecendolhe vinho nos facrificios. 32 B!ondo,que viveo x\2l aào-vid.Meum.Li.nA6.
era de I450.referenofeu livrode Roma Triunfante,que vira
húa efcritura de cafamento de huns Romanos feyta havia tre- ,

-zentosannos.quevinhaaferpelosannosde iioo. de Chrifto,


em que o efpofo dava licença à efpofa para beber vinho por ef-
paçodeoytodias,quandoparií]e.O Concilio lUiberitano de
Hefpanha, celebrado no tempo do grande Conftantino j aon-
de hoje eftà a Cidade de Granada,prohibio às mulheres efcre-
verem, nem receberem cartas fem licença dos maridos. 3 3 Ou- ^ }
Mawuhijl. de Helfl^.c.u.
trás fugeyçóes particulares impuzerão varias nações às m.u-
Iheres , &: pela repugnância de fua condição, aconfelhou Por-
cio Catara aos Romanos com eftas palavras Ponde frejo à na- :

tureza
;

^4 EVA, E AVE.
tnrezadefte mimdtndomtoyadoefpereisqitcellas ponhao termo
Dalar^Sum impt;t;uíur.T,& indo- em tomaum licenças, It vos lho naòpiznàes 34
mitoanimaUiUtcíperatc iprasmodum ^ Maseftafugeyção ( diz S. Joáo Chryfoítomo j 35 Ines
iicnKií aauraç.nid
hciitilinima; porque fc OS maridos náoas governaíTenijellas fe
^"^^-^^J^"''
Meiíuscítiumiúb iío íis.^Miium do- precipitariáo miferavelmente. Foralhes ignominia
obedece-
minumhabeas,c]uàmimpavide,&libe- j-eniihesQSjjjaridoSj 36 poisficariãoellasmulheres de efcra-
" vos 5 o melhor meyo para os dominarem , he feremlhes obc-
'j^rSÍ^-pltSi"''
^7 T)im m Tiber. dicntcs ; pcrguntada Lívia mulher de Augufto, como alcan-
58 M:,iu aJhoc, i*- íí^;'-^-^''^"'':
çàra tanta authoridade com cllc ; refpondeo, que fazendolhe
ò.Pauiii,.^.
'^' '^ " lemprc a vontade; 37 aquém nao obrigara hua mulher obe-
^3 Por eftas Utilidades falem da obícrvancia doque
39 D.Paui.adB^m.f.í. o- i.nàco- A[Qy^^ç^?
'"
f^e«smandou)deyxàráoosApoftolosfagrados 39 repetida-
'Í!Jút«4w*'^^''*"^
D.p«.£f.i.".5.M.; mente encomendada efta fugeyçáo, attendendo à convenié-
ciadasmefmas mulheres.

C A P I T V L o IX.

Profegue a confideraçaõ do -precedente nas fenas em


que Deos condenou a ^dam
; mojira como o trabalho

he fitil, fendo com medida t& qual efta devefer,

Pena de trabalhar impofta a Adam, nos ficou tão he-


i /à
j^\^ reditaria, que todos nafcemos para trabalhojComo as
1 loh 5.7. aves para voar ,diíle Job: i náo fópara o trabalho do cor-
po, mas também para o do efpirito, que he mais penofo quem :

nâo trabalha corporal, ou efpiritualmente, náo terá que co-


1 i*rov. s.o.citm fcqj.er c.io.4- & c. mcr OU totalmente perecerá, como affirma Salamáo. 2 Não
,

10.40~tap.18.j9.
ha queadmirardiftoi porque fe Adam havia de trabalhar no
;Gfi.i. 1^. Poluit cum inParadiío ,- "^ ^ ^ -
.-- ,n i i , ,

voluptaus.utopcratctur. Paraifodedelicias, 3 como nao trabalharemos no lugar de


affliçoes ? fenáo trabalháramos neíle, fora lançamos Deos em
melhor Paraifo ; mas hc trifte, que o que fe chama vida feja fò ,

4 £;<r/>,j.Vita:ciuidnomciihab«, te
trabalho, como diziaEuripides. 4
'^^'*°^*"'
2Com tudo também neíla pena foy Deos mifericordiofo,
(notáo os Efcritores) porque nos he útil, & chamão ao ócio
ff í Sfwí.Pfrrr./«Gf«./.6,«.i(5é.5wíí.quari
í'Vrn.i.Ge«./f.'7.9,H.3.cr ,nc.i,,fea.i%.
morte, ôcfepultura da natureza. 5 Enfinão os Médicos^
^ que fcm ttaballio corporal náo podemos ter làude j fe-* &
"tHippocrat.é.^pid.r^íi.i.text.^.&.i. guudo Ariftotcles, 7 os que mais trabalháo,mais vivem. Sem
GateninSaiubr.text. i.CTin cmbota O juizo,&: fc pctdc a memoria ; como o
initio libri Q efpiritual fe
deaUment.PnuiEgv,eU.\.c.t, 5.
fcm Hiatctia o ar fe corrompe fem movimento
£ ^^, apasia ;

as aguas Icdanaoíem corrente i OS campos Ictazem matolem


cultura perdc-fe no ócio quanto fe fabricou para o útil da vi-
; ,

da; os navioSjfc naó navegáo as cafasjfe naó fe habitaó os fol- ; •,

dados,fenãoíervem;OS cavallos, fe naó fe montaó; até as


fontes fe entupem,fe naó corrfcm; & as eftradas fe desfazem , fe
8 FfahHMj.v.t. Labores mauuum
naófecurfaó ; O Que comc dcfeu trabalho he bemaventurado,
riutumquia manducabis beaius es &
, ,, , 1-rr tn
, o l . ^ ^ j
1

1 1

bciiciibiem. c^clhc irabcm, diUe David: 8 he bemaventurado, porque


nem
PARTE I. GAP. IX. 15
Dcm come doalhcyo,ncm pede, nem lhe falta , bc lhe irà bem
HA fiUide,nahonrajnafa7endap£v-ni\alma; fugindo àocioíida- r.
/ <r <?
'

'"'"'^ "*''*''
dc.caufademuytamalicia.comooefcreveoEcclefiaílico, 9 ^

j;
Milita ifto eratodas as idades: Diógenes a qiiem lhe
aconrclhouquedefcançane, pois era velho, refpondeo, que
CS quccorriaócmcertamen, não afroxavão o curfo, ainda
quceíliveíTcm pcrtodofimdacarreyra, 10 Em todas as qua- 10 Diog.a^ud Lam.l.6.inejusvíta,
lidades o grande: i\ flbnfo Rey de Nápoles, a quem lhe notou
occuparfe em manufaíhiras curiofas , perguntou , fe aos Reys
foi-áo dadas as mãos para náo iifarem delias. 1 1 Em todo o " Panormhan.u de geP:. Ai^bonf.

eílado S. Paulo trabalhava , S: exhortava a iíTo feus difcipu-


:

los ; 12 a huns dizia, que para fcccorrerem a pobres a ou- : " D.Ptf«wnffú/e«.}.«.cr u.
tros, que para nlo comerem pnóocioíb: 13 S. JoãoChry- &
lbllomonotoujqueaténo terreal Paraifo mandou Decs a A-
dam que trabalhaíTe, para evitar a ociofidade. 14 '* D.Chryjofi.inGcn.hm.x^.

4 He verdade,qiie no trabalhar ha de haver medida; por-


'*«•
que a natureza não pôde fofrcr trabalho continuo. 15 Se os ^^^^-'''^•^'''"'"'•''^•«•^•s- ''''«'>
campos não dcfcançarem,fuafertiiidadecançarà: até o ferro
íe gafta com o ufo Porcio Latro foy reprovado porque co-
; ,

meçando a eftudar, não ccílava noytes inteyras. 16


dias, & 16 c^lmii.^.taf.-^^,

Apelles louvando ao grande pintor Protogenes,o igualou a fi, .

íkdiflb,queduvidavafeeraainda mayormeftrejmas que ti-


nha racha de não faber ceíTar de pintar 6c com tudo Apelles, ,

náo pafiava dia fem lançar linha. Ao defcanço chanrou Plu-


tarco 17 CondíltO dotrabalhO;{2ÍbortZO C^\CÍQmt[\t ÍCIÁO ijílutarchÀítúacHher.

pudera levar.
5 Atènifto nos doutrinou, &
acudio a Divina piedade, „ „--, m r> l . • •

dividmdo(notaS.Chryfoítomoi83odia da noyte:hum pa-


ra o trabalho, outra para o defcanco,comodifie David. 19 Ao 19 P/i/w.io5,T'.i4. Eiibithomo ad
20 ^"''""^'
dia fetimodecadafemana mandou que defcançaílemos ;
''^"ad7,?pef„l°^'""°'"''"
fantificalloparafi, foy utilidade noíTa: Sc também mandou, "lo Exod.io.to..
que cada feteannosdefcancaííe a terra de fer cultivada, 21 pa- n ^fv/íi^.n. ;

rairutincarmais, 22 o que nos he exemplo. "*


6 DeSocratesfeefcreve, que ninguém trabalhava tanto
como elle, fendo neceflariojnem defcançava mais queelle
quandopodia,fem faltar. O
grande Orador Afinio Polio rc-
fervavaparadefcançarduashorasdodia, nas quaes nem car-
tas de amigos lia porque lhe não occafionaflbm algúa pena.
5

25 o
k-gundo Scipião Africano , & Lélio , fah.So dos nego- ^ÍILS:^!-;^;^;'!^::^^"'"-
Cios de Roma ate o mar, £c nas pravas andavão bufcando fey-
xinhos,&r conchas como meninos i 24 li nal mente para inter-
i. cictr.l.í. de orau
por alivio áo trabalho, inftituiráo os Repúblicos antigos cele-
bridades, & jogos públicos.
7 Ainda no jejum, oração, contemplaçáo,&"todo ofcrvi-
ço de Deos, enfinão o mefmo os melhores Meííres. 25 S. Joaó »5 iifdoyrco bIoCo m r>iffit/pir,tu>ti. c.
Chryfoftomo diz que os dias, que a Igreja fenàra na Qiiaref- '-•'"'/''•'^~^««'-''^^^'''^'"^^''''/«'»^^i'--^«

ma para não jejuarmos faó como eftíilageViS para defcan-


,

çar. & tornarmos ao jejum com m;!!'. forças 26 S.Joâo


:
.,D.cAr,/./?.^Wa..^inc.
C huan-
-

it$
"^^

E VA, E AVF.'"
EijangeliU-^: a hum
que heTíotQUjií garçom íeuscUrGipti los, 1

. , .
perguntou (c convena cllar fcmprc intcnio hum arco das -icí-.
tav que tra/ia ua mão. E relpondcndo clle^que. naõ , porque
afroxaria-, lhe diíle o S mro, que o meímoíiicccdoria ao cor-

. o I o/i nj T I
po>6caocrnii-ito,renáo dercaCTcaííe. 27'"
%.i.(xn.4 hubetnrin tvm.truã. DD.jur. ^ A medida dcvc ler no Áorporal, quanto as forças com-
<ív..;" •
V ",• , , rt
i^i^odamcutepódé: noclpiritualjquantao animo de boa von-
tadc rccebc, 28 como no cltamago lo le deve lançar, quanto
f^uciSocrat.
iiiòiionurc^ui dj.\}cíatffirUual c. í^. rt<^ pofi a Ixím digerir 29. cníadando-ie. a uitureza nocavclmen-
;

'•'•'^-
, -, -r ç ,,,_,,, te, fe deve tomar recreação licita, 50 que como íouovivo.Tef-.
t-^^irc as torças. 31
54. /d P'.. ,
;... .

^oa<jlf4,\rrbofcra^a>tí>i/ij.Tert:j^4n -.^
Nclhi matcriadiziaoTBuyto RcUgiofo VaraóFr. Luís
^^ Granada TrãbalhaynoSy trabalhamos pnra quando trabalha'
^"^'irSuuuOjhc. : ;

»ííi.í ? Chega a morre, & nòs a trabalhar pelo mundo: C^w


tira o
.«."VcrtO a Al
i^Qyfj^yy^ ^ç t odo pfl? fc> i tT ab .^l h O ? pergunta o Sábio. Nada/cnlo

o mefmo trabalho, ôcacabarfe tudo. 32 Se Deos trabalhou


"•ji i:.f;f/T,,fí.M.Qui<íW amplias por
nòs, poroue não trabalhamos porelle.? 22 Mas efte dif-
homo uiiivtrLo uborc tuo, uuo UDo-^
tic
r r i

ratiubíoic! curlohquc paraoutro lugar.


35 D,:^í'nbr,Serrn.io.in P/.liS,

• <t C A P 1 T V L Ò X.
Daterrihilídade , certe^d , ffj* ligeyre^a da morte; t>or

'quantos caminhos chega nau imaginados ; Qj* como


ainda ajjim foy mífericordiofay Q}* útil a
"
condenarão a elía.
,

terrível, porque tudo


T' j\ Pena da mort? nos foy amais
irV acaba, i &: hefeparacáo da alma, & do corpo, que
rihiimo;cctcrnb.ims,mh.!accrb.us.cal^eamaiscuftoía. 2 i^ razao diííeraoalguns Hercgesqueera,"
oinuiiim rcrum ficextremurn. pof cftar nclle mandada pof Deos,quede lugares bemaventu-
X Lit^ovteVMsdeamm.i.i.
rados delVcrra por caíbsiio as almas para as prizóes dos corpos
j D.Epipha».hxrcj.6i. r r\ r i r • •

ridícula. 3 Uutros com igual ablurdo ta-


, i i ^ ^
humanos jcoula ,

bularão que as ai mas vagando íem morada, efpreytáo as mu-» ,

Iheresquc parem ,&:como a rcb;itinhas, cntrão nos corpos,


4-AGtei.?^^yfe>i.deamm.rj^'ref:máf,
que podcm occupar ; A. &c Que depois Ihcs tomáo afleycáo,
Eadem abfurditasetcttum in alteia opi- ^ '
,, ^ }--' i-
como
'

imaginamos j pois
,,ipuc,r.quisputctainmasrapiqiJitcm P<^'í"q^'^ellcsnaoUotao ludignos OS
pusóbrcrvarcjuthicorpor.i nafccutia íc ic tcm villoquc diíTolvido huui corpo humano,(^ como a arte
iníinucnt.
pódc tazcr) nfio ficãomaiS que tetc OU oyto onças de pura ,

.
. , (erra, &: tudo o mais fe desfaz em togo, ar ,&: agua, que cha-
mioíiilphur, & Mercúrio-, 6c que íymboliza tanto com o our
ro,quenadaodiOblvctaõ facilmcnrecomo ofal,&:oleo que
fe tira de hú cadáver. A verdadcyra razão daquella dor ( alem
^ t^r{fí.jifor.K9x.9.
' - doquc Aritlotclcs 5 com generalidade apontaidele amarem
rauyto corpo, 6v alma, Scatlimfentiremmuyto íepararemfe)
.^^Í:^:P:,^í^^;>'Tt >«. 6- porque.a!nia,poftoque;de r.nta excellencia depen-
_,--..: -,. deabÍQlu£amentí^.para.luapcdcvcãodocorpoque habita; poF
- . .- .
lho
P ARTE r. CAP. X. i?
dizw hum Fjloíofo, que retirada da matéria, nlo ficava
iíTo
mais que meyapeílca»,'^' por lliaeílencia erpiritual ráo alta,
tinha aáeígraçadçneçcOitardoccl-poterreílequeahumilha,
Depende 5 porque fcm corpo iiáo pode obrar, merecer j &: fa-
zeríç glonoíi^ ; pelle rcm Ãlonarquia em que governa como
Rainha jdà ley? , caíligos-,^: prémios, & com a mageíladede
iua prcíçnçaconlerva os membros, que faó os íeiís vaíTállos j
imitando ao Príncipe íoberano, que fuílehta D fer de tudo o
quecl"CDU-, &: como os Reys da China (quando florentes, an-
tes da invauiõ dos Tártaros nos arinos paíTadcs ) noílo que
íèmpre íechados no Faço, eílimavâo tanto aquella íuperion- . ...

dadçcasivíi, que a não trccariáo com a liberdade dos íubditcsj • .

nem Príncipe a1gu troc:írà ícusciíydndospelofoírego de me-


nor fortuna: allim a alma Ibire g^odofa as miferias do corpo,eni
que reyna, &: difficilmente fe períuàdc a dcyxal lo. governar O
he appçtccivel , &: o ter cccúí'/ác dé fe fa^er gíoriofo.
2 Sendotãopenofaamorte, hc acouíli ir. ais certa j |iois
ninguém a pode evitar 7 vivco Mathufalein novecentos fcf-
i
7 í>-P-^tiUd ^ehr.^.ij.Sx2tm\ixne?t
"^°''-
íent^a&noveannos: 8 Gordono.Author grave, diz que., ai- '7^'^";J7.^^^''
cançou a Adam, duzerttos quarenta S< trcs atinos, & que mor-» 9 GordeminChrowic^.

reo í"o hum anno antes do Diluvio ; 9 F^aí^bi Sela o faz morto V^
^"^'" ^''^ "^'"^ ^"'^°^''^'^-'" ^^*'°'

muyto poucos dias antes 10 loyoqueviveomais, &cmnm


;

morreouVlais defengana a morte de hum velho, que a de hum


moço porque efla fuccedcria por accidente,iiquellahe de
;

ley-, pode haver remédios para ainrgar ávida, nenhum para


eícular a morte.Xerxes chorava, que todos os homens de feii
innumeravel exercito haviaó de fer moj^tos dentro de cem án-
ncs: nenhum de tantos melhores havia de ter,ou traça,ou for*
tuna de efcapar. Antiguamente quando coroavão Emperador

Sobre fer a mais certa, he a morte a coufa mais apreíTa- n lob 9-"-í4C^a5-
^/'"'"•'•'-'"•^•4-cf n.
daem cheo-ar.Asalleeorias
^ dos antío;os,aos Centauros, m.eycs ''
r r'-^
-r ^-- i- '4 oafunít.i.::.,
íicmens, &: meyos cavalios iigrimcavao que com iigeyreza
, hcch.í^if: c ^.t^.
3 1 5

de cavalloscorriiio os homens para a morte. 11 Mas pouco ^^ p/;i/w.57-v-s.Sicuteera2ux-íTuitj


diíTerão, como tam bem ]cb,em comparar a v ida a correyo de
"^^l^ZZl Por^m uhíjipo-.itnn, :h^-.^o.
pofla,naoveloz,& águia que corre àprcíía. 12 Melhoromof- AvidavnymofrcnHonoquc dura.

tràraó David.chamandolhe frrno, ^ íhv^bra 1 2 Sa]amão-'/37^/ :


'
^7 ^^r'^^/f m- • Qi^oà-iic mori-
,
r A
Í-. n / o; r, 1
• mur,quotia'ecn)m dcniiriir ali-r;ijapdr<;
AC íinvan,ou ncfca qjie oòm resfaz; 14 &" o Apolvoio bantia- v>f3-,s>fúnct]uo<.iiiccuni crcíamis, vir^.

^.o^vt^^por qt:c fíppnrcce.ó- ^cfRppr^fcce Icto-ii^ Noiniumteci]Cfí'-crrffntcr£/..7?^


£ome-camos a vivcr^-iGmcçamos a.morrcrcomo vela acefa , q ^^.,^^ ^/^ ^^,,, ,rr.muta^u:, & ^tanos
_

yay morrendo no que dura; 16 quanto crefce o corpo, tanto nc<;cfiectedimtK.


fediminueavida; quantonos prrece que vivemos, tanto nos ^^<^'^?,-'"-S'>i'H-' -• Vitn r;'.iarjo irn-
Chegamosamorte-, 17 cite he o ten-pO que O.SablO CliamOUi To n^asi proecJir,tanro m.na.s ad mor-
tempo àe morrer i 18 expJicao. grande Aroílinho; 19 tem acccdit. .

4 Sobre íeraprcllada, chega por mais caminhos dos que .;« ÊÍÇí;S,;;ó::S:°Í"'';
fc podem imaginar. O Emperador Hc)i'^gnba]o atmau en.i/^í;4-;í««4.p.c. 5 v»^»--
•.::•'-*» -i'

Cij cpe
1

i3 E V A, E AVE.
V que fua mnrrc feria violenta ,porque fabia que a merecia mas 5

não atinando o iTJodoj tez para muytos preparações extraor-


dinárias, d r/xndo que como elle oera na vida, também o havia
de Terna morte, linha cordas de fcd.i, &" algodão, para /e en^
íorcar em algum aperro tinha venenos em cayxas de elmeraU
;

das, jacintos, íc cornerinas edificou húa torre alta, cercada de


-,

pavimento de prata, &: ouro icngalhidasnelle riquiílimas pe-


dras para íe precipitar fobre aquella riqueza
,
tinha cutros «, &
infuumcntospreciolilllmoSjpara uíar delles íegundo a ccca-
llão; mas fora de tudo o que podia imaginar, o matarão den-

10 A/.x-v/-u5v/v.,/.v.r.M.i.r.i9-
tro dc hum lugar O mais immundo para cnde fugio. 20
adjiu.Cí aljfJ qHos rcjcrt. 5 Alem d(»s caminhos violentos a ferro , por defaílrcs, &
faó innumcraveis as doenças,qae combatem a vida. Só contra
os olhos contou Galeno 21 cento &: quinze perde-fe por ;
ai GãUn.tnttod.e.l^.
caufasleví-Himas. Ograódehumbigode uvasaíogoii o Poe-
ta Anacreontc: humcabelloforvidoem leyte,a Fábio Sena-
dor; húa efpinhamuyto pequena, a TarquinoPrifco Rey de
ar F}-awinCamp.Eiif.í.^o.ti. z. t% Roma; 22 outros morrcraó do cheyro do murraó de velas
?.5 riJTcjl,l.^,ob'erv.^.
apagadas. 23 Qiiantos morrerão de repente femícfaber a cc-
cafiaõ ?

6 Ate no goOo fe morre. Morrerão Chilo Lacedemonio,


14 Cicer. Tiifciíl.j.
Gd.r.oã.tUnic.L.
'^À'il. . f• 1
abraçando hum filho coroado nos jogos Olym picos j 24 So-
j 5
15 i'/íu./.7.c.i7.
phocles,&: hum dos Diony lios dcSicilia,ouvindo as novas de
vitorias alcançadas; 25 Philippides Cómico, vencendo hum
certamcn poético ;DiagorasRhcdio recebendo parabéns dc
feus filhos atletas haverem vencido o Conful Juvencio Talna
>

lendo as cartas das honras que lhe decretava o Senado por


j6 Valer. Max,l.9. c. lí.ittnCTlt non
haver fubjugado Corfega;26 duas Romanas vendo vivos dous
\uí^ar. filhos quetinhãopormortosnabatalhadeTrafimeno.ou de
1 7 iiv.díc.5./. t.
Canasj 27 outra chamada Policrate,tendo húa nova alegre,
18 Plittarch.di cUr.rr.ulier,
que naó efperava ; 28PhilemonPoeta,rindode ver que hum
jumento comia hum prato de figos, que eftava febre hum ef-
«9 Vãler^Maxim.ad c.Xlt critorio; 29 Philisleon Nicio, Poeta cómico do tempo de Só-
crates, também morreode rifo. No defcobrimento do Cabo
deBcaEfperança,quefez oPcrruguez Bartholomeu Dias,
^ _ .
encontrandoa húa -caravela de fua companhia, que havia no-
u Textcr in ojjic p.i.tit. f^iuàio O" ^'^ "lezcs fe havia apartado, hum l-.omcm delia morreo de gof-
,

t:iu monui. to. 50 Outros fcmelhantcs cafcs cíc rcvem muytos Authores j

pilZfll^^^^^ 31 rendofeliciíllmoodamiy dos: k^c Martyres Macabeos,


Jni.de Caíidio hift.dos Godos i.difc.xo. ^ 2 Cjuc alguns dizcm 3 quc morfco de gofl:o,vendo-os mor-
i. 1,

Dwa^o de F:.':ci,h,/.dcuvesy yammja,


jqs pela houra dc DctJS.Em Ccrdcnha ha" húa erva de folhas
I.

1 MachaLí.c-j. largaSjquc comida caufa rifo, que lo.com a vida acaba ; o Vi-
/>»/»:) Áhi:arch.Li,[it.f>. i.u.tit.it. ce-Rcy Marcjucz dc } avara no annode
í ; 1590. a experimentou
T ^:!:Z!^f!"!';^"'^"^'
em hum Turco condenado à morte o qual rindo íete horas, ,

n i-"'./'''>r()rf.5/).í4.j<i //j«/r/«////i expirou 54 quc ha quccíperarda Vida, jc luas alegrias ma-


j

deViTz^.Uud. AHam fçmfl peccavit & tão ? OU como cfocramos vivcr peccando tantas vezes , fe
mortiiusclt.sc tu te vivcrc pollc cxifti-
,

Ajr Ji-
rrasjíiud í.Lpccomm,t,a,5,ciuodaimm ^^^^ fov condcnadotao tcrrivclmcnte amortc, peccando fo
^ Jr- 1
••

cuin Icmcl fcrptiraflct occidit. hÚa.'


J5
Com
PARTE I. CAP. Xí, zp
7 Com tudo ccnfideráo os fagrados Doutores, 36 que 36 s.chvyfofi.hom.ts.inGen.&h^fHt
ainda efta condenação foymifericordiofa; pois podendo ma-i^-í^'"""P'^P"''f;
tarlogo,deutempoaAdam,&a£i;^,parafe arrependerem: Ben.Fanuni.Genj.ã i^.^.j.
&: foy útil a todos^pais perdida a juítiça originiljuão havendo
caftigo.a impunidade nos libertaria; Sc quanto mais vivefle-
mos,mais peccariamos. Foy tambsm útil a incerteza do tem-
po da mcrte,para nos fazer bons, andando fempre acautela-
dos y foy uril para nos livrar de trabalhos continuos Deos j &
fuavizou lua terribilidade, como em outra parte largamente
diremos. 37 37 ^•^•'' s^*

C A P 1 T V L o XI.

Como Deos mojlrou aos homem a necejjiâade das lejSy

Ç^ a forma do fm^o ; trata-fe da exceí''encia da


^ufiiç.t : cjuaes fo'ão os -primeiros Ls:(isíxdores a ;

dignidade da farifpriidâíicia j trmandide que tem


com 06 armas pela j
íjual fe unem fem precedência,
I A Juftiça he coeterna , & inleparavcl de Deos-, i t Dcxier,y..^.&alihi^ajj'm.

j['\ oentendiáo,pois tiverão por Deos


até os Gentios
porque era juPco p.ir excellen-
aOi^ri:. antes de morrer jfo
cia; 2 &: MarcoTulIiod.ífejque asleysjuftas derivavãode ^ Diodor.i ^.c.t.
Deos a razão 3 Imagem de Deos lhes chamou Santo Ag )f-
i 5 ^^ríT«/./'í>i^//(.it.Lexniliil aliud

tinho A eftiiifi iccla, & à numii.c dcorum ia-*


1*
tió.
2 Efta natureza Divina da juftiça fe moftra nos effeytos. 4 d ^u^ de ov.Deií^.
Por elia dizia Sócrates, 5 íe íaftenta efta maquina univer- 5 SoaM^^pudPLt.in E^dog.

fal, & deyxa de tornir ao chãos primey ro^guardando os Ceos,

os Aftros,os Elementos aLey que Deos lhes poz j a faude dos


corpos confifte na igualdade dos humores , que os Médicos
chamào de Juftiça : 6 todas as virtudes fe coniprehendem 6 HtppocrnA'mtnrhom\n.
na Juftiça; 7 he^mãy, fonte, &ccncordia dellasj 8 todas c^'^"'-
-^^'^"'^'''"Tí,''-*- ,^
ueceHarmmenteaacompânhao,dií!e Ariitoteles, 9 peloque pctr ^f o Conciliam d fja.y^. -.e»!.

enfinou que não he parte da virtude , mas toda a virtude j & 7 ^^rijht.tihic cr,. i. ^

queamiuftiçaquefelheoppóem , não he parte do vido, mas ^^':!:;:'n::iní/íy


todo o vicio. 10 Ella concerta os povos , diííe Demofthencs D.^mijrofinexamer.uot eft juftitia, ibi
:

II eftabelece a liberdade, diífeTuilioj 12 he meftrada vi-o^^^^^^-^J'"'';];'"^^!^^'^^"^-^


da, extirpadora dos males, origem da paZjiaenhum bem fem ^o u^md.i.nh^.c^^^
ella íaz confonancia, notou Patricio, 13 1 Demonhen.com ^rijiog. 1

3 Efte Divino attributo, com que tudo havia creado, '^^ÍT^J'?!' aT\> n
quiz Ueos por lua bondade parncipar ao .mundo para luafc/ilai.
confervação,6clogocomAdam o praticou, dando aos ho-
mens primeyro exemplo para imiiarem, fazendo também
niftomifericordiofamente utilaquellefucceflb denoíTos pri-
meyros Pays. Jà que os conftituhia Príncipes, havia de en-
íinarlheâosadliosda |uftiça,fabrea qual fe firma o Throno
C lij Rea^j
'

jo EVA, E AVE.
•4 Frov.i».ii O- e. 15. v Real, 14 Sc hetáo próprio attributo dos bons Principes, que
David fallando do Kcy no de Cbnfto^ entre as primey ras qita-
15 py"a/w.44V4. lidades lhes diz j quecinjaóaíuaefpadaji5 peia qualfelicrní-
ficaajuftiça.

4 Havendo jà na conítituiçaÕ do mundo dado leys aos


i6prov8t9.
abyííos, & às aguas, como Salamáodiífe, 16 &:havendoexer-
17 ifaiA^.11.' citado juftiça no delito de Lúcifer, dos complices , 1 7 poz&
t^poc.ix.7. a Adam a ky dequejà tratámos, 18 a qual diz Tertulliano

19 rXXÍ»"íí/2!T«fW»f. 19 qiiefoy máy,&fontedetodasasleysda terra. Enfmou lo-


go naquelleprincipio,o que em razão natural advertio Mar-
- IO Tullius yde kg. CT i.off.c. &orat. CQ Tullio, 20 dc Quc ícm leys, nem húa pequena cafa , nem

K?"^UanM anM.U.c.,.c L yc f Íh^^ ^^J conipanhia de malfeytores fe pode fuftentar. Elias


j9, lhe dão alma. Lhano 21 ate aos bandos de ammaes brutos at-
tribue acções legitimas para fe confervarem pondo exemplo :

aos Leóes, &: Delfi ns, que repartem a caça^ aventajando os que
mais fe fmalàraó em a tomar.
5 Alli começou o beneficio das leys com que fe illuftrou
1-1 loaòHuarte de s.ioaõ no Bxame de
o mundo, & foy a primeyra fcicncia , que nelle houve 22 o :

"'
"'%'S:ír^ í^efmo Senhor didou depois a Moyfes 23 a que havia de guar-
dar o feupovo,femcommetterjílo nem a hum Anjo, porque
Dos Legisladores huma-
lhas deveíTemos immediatamente.
nos, o primeyro de que temos noticia foy Tubal neto de Noè,
que vinde povoar a Hefpanha pelos annos cento & cincoenta
Z4 Berof.i.iJe Fior.Chaidaic. dcpois do Diluvio,asdeu efctitasem vcrfo; 24 os Efcritores
strabj-h Portueuezes 2< querem que as efcreveíTe em Setuval, fua
crc.ij.§.4. primeyra povoação. Uepoisdelleíe duvida le Laco avo de A-
Grcg.lop.Madera-, nasexcclUnt. de Hef' quilles,ou a antiga Cercs promulgou primcyro leys. Mercúrio

jr//J;!/ea/?ro,«..adJ;f.«McíeCa-Trimegifto,§:Õ celcbrâdos por Legisladores pri-


jiiiho.hiji.dos Godos, i.i.difc.í. meyros entre os Egypcios Zoroaftes, entre os Perfas Roda-: :

15 Fr.HeytortmoinE^cch.c.x-j. Minos,entreosCretenfe$.- Chatondas.entreosCar-


inante;>&:
Fana no EpitomMs biíhPortp.^. c.6 n.i. tnagmcnles Zamoiiíes , cntte os bcitnas rnoroneo, entre os
•*
:

Valco Mauftnho de Quebea» no poema , Gregos Lycurgo,particularmente entre os Lacedemoníos


:

D|Í^wÍ«u!pór/.c. s.exai. u E>ragon,entre os Athenienfes , dando leys tão feveras ,que a


menor penaeradc morte donde difleDcmades, que as efcre-
;

vèra com fangue humano Sf pagou aquella crueldade , quan-


;

do no Senado de Kgina, com pretexto de o applaudirem , Ihô


16 Stiid.inDracoH. lançàraó tantascapas,quemorreoabafado<iebâyxodellas. 26
'AUx.nb^iex.Gtndier.i.yt.s pofimei.
Maís Celebre fefcz Solon,rcformando aquellas levs com me*
17 Deitei, cr de outros Ltetsladeret. .
*ti
inu Moyfes, "OS rigOf. 2/ Aos Rciíianos (omittmdooque 1 acito 28 reíe-
D.ifidA.<,.Etym»i. rtjettm
r ^ i T»- ar
ài% 7. rc com particularidades efcufadas) deu Rómulo fcii primcym

''T8'V^:Í;wtí£':r- ^ey as primeyras leys,que chamou C^./^í. porque os Trrbi^


1^ L.z.hipriHc & ibif^ug jtafg.ff.de Comiúã Cunata^io
nats para decidir as demãdas,fe chamavaó
'^'^'^""c rrj feeundaskYS,qiieS.Ifidoro ;ô chama primeyras, deu o fe-
,
to SJfidor.fuprM.
'^ ^ T^ ^^T i> •!• í> r j j- •
' ^
1

gundo Rey Numa Pompilio.Por fcrcm todas diminutas ,


1
lan-
çados fora os Reys,fe elegerão dei: Varões, que foraó pedir
ti P.i.c.7.n.i4.
asfiias aos LacedemonioSjSc Athenienfes & na fegunda par-
;

te, 51a outro propolito referiremos o modo porque húa glof-


íâdeDireytoCivil conta.quefe alcançarão. Trouxeraõfe ef-
critas
PARTE I. CAP. XII. 3t
critas em deztaboas a que em Roma fe acref centâraõ duas
-,

de mais que
: Ic íizeraô, & ficàraó fendo as Leys das doze
leys
f/í^íJííí tão celebradas. Depois feforáo emendando, &
multi-
plicando com Senatus-Confultos,edi£losdos PretoreSj& Edi-
lesjrefpoftasde Juiifconfultos, êcconftituiçóes dos Empera-
dores ;& por vários modos,quere]atâo o Jurifconfulto Pom- ,^ .. ,, ^. .,..
ponio,6cEmperadorJuítmiano, 32 o qual ultimamente re-^„;„,^^,oit a«<íV,c««/fjj.
ílimio todas ao Direy to Civil, que hoje temos. ^ymur.RivjVus in hifi.jur.dvilúyhdkwr
^^•
6 A todos os Legisladores íe conhecerão os povos muyto
'"'«'"• i-^'"*"'^

obrigados,comoa Authoresde feu mayor bem Cicero diííc, i

que mais deveo Athenas a Sólon, pelas leys que lhe deu, que a
Themiítoclespela memorável vitoria de Salaminaj porque
efl:aaproveytàrahíiavez,&aqueHa.sparalempre. 33Eporfer íj C/w.i.oifií.iUudcnimfemclpro-
prorlccK dv.uu.
dom de Deos,perfi.adião os Legisladores Gentios afeus po-f"">'^°^í^'"P^'^
vos, que os deofes lhes eniinaváo as leys,quc elles eftabeleciáoj
Ofyris diíTe acs Egypcios , que as aprendera de Mercúrio:
Charondas attribuhio as fuás a Saturno Zoroaftes Perfa a O-
:

romato Sólon Athenienfe a Minerva :ZamolifesScithaa Vc-


:

íla: MinosCretenfe a Júpiter Lycurgo Lacedemf nio a A-


pollo Numa Rey de Roma à deola Egeria até o falfo Arábio


: ^

Mafoma fe atreveo a blasfemar, que fallava com o Anjo S. Ga-


briel.Os outros Refpublicos mais modeílcs, que não fingiáo
taes Oráculos, tinhão grande attenção a que os Authores das
ievs foflem bem reputados , porque elias tiveífem mais credi-
t0i& houve Repubiica,que nao promulgou hfia ley boa inven-
tada por hum homem fulpeyto nos coftumes, fem lhe dar por
author outro de conhecida reftidáo ; que tambcm as doutri-
nas,como partes da alma,herdão nobreza de feus p^iys.ChnJio
Senhornoíroperguntava,que opinião fe tinha delle. 34 Os 34 ^•'"^•^^n*
Chriftãos refpondemos com o Apoftolo S.Pedro,qhe Chrijio
Fillfo de Veos vivo;&c tão mal guardamos a Lcy, que nos deu,
q
em algum modo mais nos condenamos, que os que o não co-
nhecem; mais gravemente peccamos, que Adam, & Eva^con-
D.chyyj.p.inGen.hj^^^^^^
rideraS.JoãoChryfoílomo. 35 por doutrina deS. Paulo. .55

7 Qi^ebrad a a ley formou Deos contra os Reos aquelle ^6 Sup.c.-j.Not.ioaa.Humfitp.


juizojà referido 36 no qual enfinou a forma fubítancial delle;
-,
«^ i^.Bmard. Sfm.i.in^nnwtt.
fez officiode Author ajuftiça.como confiderou S. Bernardo,£.^^^oí;^^;o 'í"-;^^^^^ 'j-Ji/d
37 &: affim houve as trespeífoas de queo juizo deve conftar •.gioíi.yah.piãidum-, ineodemcup. infrint,
Author,Reo,^ Juiz: 38 & houve prova, que o Direy to reputa '-^3:'?/^^::^.^.^*.
Hl^m
por quarta pelloa, 39 a qual foy acoiififfaó dos Reos que he u.c. .«.4.
, r

a melhor. 40 ao Totustn. dt-Corje^.

8 Houvecitaçáo, fem a qual fc não pôde proceder, +« 'ttít^t^fT^íiS'. 'f. ^


por aquellas palavras: 42 Jd^m aonde eJlàsíEaEvã.-Pm-queomfyoiJcff.&propr.
& amda que a nãoÍK^uver^ tão formal , baftàra ap-
fizcfics tji, ?
^^^
parecerem clles emjui£o,para odefeyto da citação íicar fup- iw
^ J^J '.; , , ^. ,, ^,, .„

prido. 43 yaniluuhnuUit.cx defSuchation.n-i'},


Wc.ac.««cU7x.u.8t.
9 FinalmentcpoftoqueDeosíabia miayto bem como o"'""'""^''^
cafo paliara com tudo defeco a de vacar, ,6c aouvir a cadahõ,
j

para
3» EVA, E AVE. '

para enfinaracs Juizes, que nác devem julgar pelo cue extr-'-
44 Dehoc í^rf^/fiVífÁKfcáí./Wai?^!. ordinariamente labem,mas íó pelaprova judicial 44 o ai j ;

*^

^TiíGen 4.
também nos ennnou,quand() conheceoda cauf.i de Caim'. ^4^
46 L.Semper,ff de jur.immumt.i i.dc IO Difto Ic moírra a dignidade grande da furifprudor.e.a,
TJ'r' ^ r. 1 ,- pois alem de ília antiguidade, n-.uyto importante para tis pre-
</í maiorit cr obedunt. cedcncias 4Ò alcm da matéria em que le exercita , que he o
;

Late Tiraquei de nobilit t.c. 1 9. &


govcmo da Rcpublíca , a dccifaô das controverfias , íugey-
Vaiddedignit í{eg c.5.
^^ ^^ mayor ncbreza do mundo foy Deos o primeyro Juiz, Ôc ;

fera o ultimojoftentando niílo a mayor magcftadc , como por

47 jv/ tffc,<:.i9.zs.dr c.i4.}o.c^ vezesdiíTenoEuangelho, 47 Sc cfte officio prometteo aos


<r.

*5?»- que deyxàraó tudo pelo feíjuir. 48 Para o exercitarem con-


,

48 ilÍJKfc.l9.ti.Sedeh:is
j-ca„tes.
. , . • .
& vos ju-

i-
l
o Irr o .1
ítitunio os Reysj como também diíle, 49 & neaparte^notou
l

- 49 5.^.?-»o-9. Conftitui tcRcgcm»pim;aj-co, 50 porquc a dignidade Real Ic faz Hiais illuftre. SÓ

cgregium, atquc proprium Regis de ter confelhcyros para fua confciencia fc he rico,tem minif-
tflc, :

quàm juftitia; opus. j^,.^ fazenda fe he grandeyaconfclha-fe no que teca a


^j.q5 p^j..j :

feu eílado, &: honra hum rebellado tem exércitos, &: faz con- j

felho de guerra ;fó ter fupremo tribunal he julgar, he fobera-


<i catfíií/^-i.dfc 8 5.«.i.c«í» Brtr/.w na regalia. 51 Niftofundeyhum papel para a precedência,
LLcTiberiui,a- inL,r.if.ãe>h£Yed.míl. ç^^^^^^^^ç^y^^ç^^[^^ ^Jq SereniíTimo Principe Dom Theodofio,

c^gZlllTcaZ!^kr.mmdif.Tconfid. Hunca aíTaz chorado, pertendeo o Supremo Senado da cafa


9.or<i.i»/íí./.t.t'í.4 $-4- 5' da Supplicação a todos os outros Tribunaes poílo que eu me ;

achava jà no da Fazenda, que fe tem por mayor me obrigou ,

mais a verdade ;& o Senhor Rey Dom Joaò o IV. lhe deu lu-
gar extraordinario,encoftado às grades defronte do Altar ma-
yor da Capella Real onde as exéquias fe celebràraó,até a cau- ,

fa fe decidir mandando-o declarar ailim no principio do mef-


;

moafto, por hum Rcy de Armas em voz alta, mefmo fe O


fez depois nas exéquias do mefmo Senhor Rey ,& da Senho-
ra Rainha Dona Luiza, cujas almas efperamos cm Deos que ,

eítão no Cco,
II Os Príncipes naõ coftumão jul2;ar immediatamente
^"^'^^' "'^"''^"^ ^'"^'"' *'
dj/lV"'"'''' P°^ ^'' P^^" ^"^ " intentou el-Rey de Caftella D. Sancho, 5 2
55 '^xod.i 8.18. que chamarão o Defejado: ju\gã.o por minniftroSjque de neccí-
54 Deutcro».\6.n. fidade efcoihèraó para repartirem o trabalho, como fez Moy-
<5 Tacit.ann l.i. Nec unius mcn- r
l. iiij jj
tem cfletan«moi»capactm: ^hb^. ^^s aconíclhado por Jctto, 5 ^ & mandadopor Deos 54 nem o
ta - T...O ;

Principem lua fcicntia non pofle cunâa may or cnteiidimento, como diflc Tacito,pudera com prehen-
compiccb.
, >
^ der tanto << obrãoaexemplo doSummoRey,por f:o;l!a-
.. . , :

jure c.j.« ^.ff.dejua èrjur. das cauías. Porem como eiva íunccao radicalmente he mfepa-

NoM Cerif^ers no TaatoFr.nccK na, re- 1 ^ ^.^ ^ 5.^^ COrpO. c 7


Bexoespolit./obreavidade FilippeoBetlo, J
11
^
Conforme a iíto,fcmpre os Miniltros Junípentos ío-
^ -n^ r ' y.*- -n t -r •
c
feãi.
59 1'iL.Bm fiatres \- ff.àejttrepa- j^q^q tidos na mayor ellimacão. Na Efcritura figrada 58 fe
..»» crmL^.dec,.trah./}.pu/.
equivocâo, & ajuntaó com os grandes Príncipes. C)s Empera-
doresRomanos quandocs nomeavão,lhes chamaváo Anngos.
59 O EmperadorSigifmundo os antepunha às peífoas de ma-
yor
PAR.TE I. CAP. XI. J3
Ver qunlidLide. 6o O Papa CAllixto III. fe jactara de que o ^^ j^^, /^,wt. W, ,. Jf \Bm.Pmc.
feíhido I^rejatinha muytos: 6i Caííaneo fiZ Catalogo
á.\ 6i lovi^n.Pontaniib.deViwàp.
u •
<laò* prcrogativas que gozio em varias partes. 62 iiovadilna,
t t- j
j

65 taiiando de Caílella, refere largamente, como fempre os <} fi«W/7ib<i/>aUi.c.io.4».j5.


mi-lhores Príncipes os tiveráocm Teus mais íntimos cóíelhos j
& n()toríonoshecomonaquelleReynoosOidores chcgãoao
Conr^ilho de eftado, ôc às í^rcfidencias , como qualquer Titu-
lo, & Grande.
i^ A queftaó de precedência com as nrmaSjfe deve definir
conforme ao que dií]"e o Emperador juftiniano que a M^igcf' :

tãde Imperid ifnporta Tiâojò cflar õrn(idã com armas ofendo tmn-
èemanmdãcomleys: 64. tanto unio huas,&: outras, que por ^ ^„ ^ ^, ,

comrnunicaçao lhes trocou os efFeytos, dizendo que as armas idta:cm,i.on íoium armis dccofatam .
ornão & as leys armão. Em outro Texto acreícentou , que ícdctiam icgibusoporrct cfle armatair.
,

híanuccffitavnífmp-eda^ontrm, 65 porque (como diz


™<-
o,^^^"^"^:^
Prologo das Ordenações de Portugal 66} Affim como /^yj lemper eguir,/jí'

comnsfoyçãsdasãrmasfe7nantem:alJimaârtcmiUtfírcomaaju' *^ ordmXufimampTtitgo.
dadas leys befegnra. De Rómulo efcreve Dionyfio Halicar-
nafeo , que poz grande cuydado em fazer IcySiporque entcndeo
qitecofii elUs fe faria a^rfellaff/aid^de pia, temperada, jiijln , ^
forte nagnerra. 67 lílopraticçu o mefmo Deosjquando para ^^ Dky^.Haikar^nfM.i. amiquim.
comprimento da fufti ca, com que deílerrou a noííbsPays, por intcilexit Rcmuius lenibus, hc- rci.'^is

quebrantadores da ley.^ufando da efpada do Oiierubim ^ 68 & jt""":;', i*"»';;.m :''S;«


dentro do Ceoconfideramos o mefmo, quando attribuimos à lonem civkatem fien.
efpada do Arcanjo S.Miguel a cabida a que Lúcifer , 6c os fcus ^^ 2* '^7"
«VÁ/ i
foraõ condenados 5 69 & aflim pela efpada fignificou David 70 PM/í.44.4.
70 ajuftiça, &:fepintaaJuíliçacomaefpada namaõ.
14 Em união tão neceííaria , mal fe podervi achar prece-
dência ; pois ainda que a mayor antiguidade favoreça a Jurif- i

prudência, não baftafem outras qualidades 71 mayores & -/x 'i>iximusiHtpfendadLufltJih.c.^.


;

eftas em ambas faóíguaes; porque a matéria, fim he hum &


''*'^"

&
mefmo de confervar a Republica: as partes do homem que
:

obra, faõ igualmente nobres , obrando nas leys a cabeça, nas


armas o coração aíTentos da vida, 8c principaes inftrumentos
-,

das acções, pois do cora çâofahem os intentos, 72 &: dojuizo


^^ ^^^^ ^
a difpofição;&aíllm como he verdade, que também nas ar-
mas obra o juizo,difpondo o que o coração intenta com valorj
^,,^aílini he certo, quenajurifprudencia obrn o coração, dando
valor para executar o que entende o juizo ; valor muyto ne-
ceflario aos Juizes , porque todns as virtudes tem contra fi fos
csvicios, a que mais facilmente fe dà repulfa. A'temperança
combatem fos os glotóes ; à caítidadc os lafcivos .•
6c aliim
difcorrendo pelas mais jfó a Juíliça tem contra fi os mãos , &
também os bons a que fe deve rcfpeyto pedem os Religiofos,
;

intercedem os melhores da Republica, 6: os Grandes de quem


fe depende, para que fe faça hum favor injuíto ; he neceílaria
muyta conlhncia para reli ítir. 7? Hoffknf.^r: v\c.cefni:,T>!rr.x rcutm -
15 Por iítodilíe o Cardeal Hoílicnfe, 73 que os Juizes, ^'"/•^'"*""'''^''-ili'-'^'i«-''í-'S^;«rf.

qiic
34 EVA, E AVE. A^í
.^^..^,,1 ...^ que (braóòqiiedevcBi, fazem ríci boa vidajcorrjo quficrquer
Religioíbs ido que rntMTCcm coiíi pcosos bons odvogadG^,'
'•

7a' fí^nr-c:n-<^eipriTf ivC^rb E«pv.


^^ ^ ^\ ^j^,^^) ^ Facífe Eneelcrrave 74 moderno eico-aiinfii mo. O,
y.7».ar/ i.e?-d%jb£?.
'
SantoloD dizacinr.eímojqueera Jinz na porta oa L^idaae;,
75 io'' iv-7- 7< onde eíVaVao Tribunal da luiliea. 76 Dionvllo Arcopa^i-»
;6 i;<^em.«.^.^c,,4''•^.
to, Juiz HO Scnadode.AthenasJoyttíó grande Santo, quc em
iaimarrvrioc-lorioro, caminhou mvíberioian-enre com a ca-
beça nas mãos , molrràndo,quc íe os macs j uizcs põem na ca-
^ ,
beca as mãos com quetomão ( & por jlip os Thebanos faziáo
;

" -^ aseilatuasdosbons 'u]zeslçmm:vosJ77clleoccuparaasma(>s


^

com a cabeça , porque flaotomaírcm: de poder de outros la-


hiriáoaspartesconiasm^QS na cabeça; mas cl le íoy tal , quç
^„ „ .. podiáo todas as cabeças porfe nas fuás niáos^ De Moyfes diz
,, , .

Fidc;i<: advocatus.&c. O. hernardo 78- que loy advogado do povo de Deos o mei- -,

79 Engeignrcd.^.z.inpymc.-.-.hah-ent. nio fcz Daniel por Suílina, 79 convencendo as teílemunhas

Vi ^llnlírTãÍB^mo^mo, >>:^^
muyfo co^forme a Dirc^íai S.Pliilogonio, de Advogado
Í0W.3.
.ox--^i 'fcív.o-A."-.. foy chamado para BiipOj 8i notempocmque cllcs fc elco-
1hi:ioSanroS;Santo AmbroriofovonzcannosOrador decau-
8r c.#o^or.v.r.l«7...xo.
fasnaCortedc Miiáo, 82 &:poríantidade cfcoihido para leu
A rccbii po ; S.Ivo foy Advogado com duas excellentes quali-
%^ Surmdiei<}..M.!ii. dadcs, que notou Sunc;, 83 queoíliziadegraça, ôcnãoufava
de dilações S. Eleazaro Conde profeííou ler Advogado dos
-,

pobres ;clb.ndo hum á\A Tentado à mefa lavando as máospar^


começara )aniar,chegotihumjpcdindolhcfofÍedcrpacharhij4
fua petição ; levantoufe , &: foy ao Paço defpachalla depois -,

84 B-.m.h Va.s.Jileaxír, "^'^Y^- V^^'^'^^'- ^4


Deyxo por brevidade os illuítres BoeciojSym-
macho, Thecphilo, Sulpicio Severo, Germano Antiiudoren-
re,McrOj&: outros de ílintidaderara remetcndo-me ao que ;

cfcreveo o Padre joaõ Bautifia Fragofo, Doutor clariinmo,&


• isVra^ofoãtRc^im.íi^ip, cfcr//?./>.i. ultimamente O muyto curiolo Heíiríque Engelgravc.
85 He a
^8
'í^v/JvL'Ji M-Cf/f ^Jvoc.(fm?/. J^i^iípriidencia fí^

inàkior. radores, 86 que,ccmodiziamcs5S7 requer valer para obrar,


87 í;<í.ran..4.
como O tivcráoeiies Santos.
16 Se conduz a preferencia à qualidadedos altos fuG;cy-
toSjque prcfeíTarão as armas; todos os Príncipes procurãonio-
por oííicio profcfTaõ as leys, Jacuando-fe de que todas
ftrar,que
88 Ttxt i-.tt.mwim-icj.c.àeteliãm, eftáo em
fcti pcyto, 88 chamando-íc ley animada. 89 Ao
'" "'^"'
''^ '""""

SitmS""'^ Ernpcrador Carlos Magno elegerão es Romanos por defen-


8? ^uth.de cn»fa/.§.uit.co!ir;t.4. íorcom titulodc ^^íf^í/í?!? Wflcontracs Rcys dos Longobardos;
90 Uni^oUjmcnjh in 'hijior. Caroli Ma- go &" cfcufa outrcs exeninlos^dj zcr o F. nan<íeliíla S. |oão, oue

*9i uan.cf.ix.-L.nu Advocatnm ha, yt;,/// C/';n/?f5 hc


tioílo AdvoQado diante dc fcu Etemo Fí?)', 91
bcmu3apucU'atrc-m, jcrum cimdum. & chauiaraSanta Igreja à Virgem "í^x^v.-xnop.^aAílvoz^aâa.
92
n Eu ergoAdvocata nodra. ^^ Couforme acíhunião da jurifprudencia com as ar^
masjpraticavãoos Romanos cnrre cilas indubitável igualda*
de em bum mxfmo Senado dcnniáo as cauías, &: tratavão a
5

guerra fendpos íviiniílros juntamente Jurifpcritos, & Sol-


5

dados j que dos auditórios ide Roma fahião a governar os


exçrçitps das Provintia.rj nem podia ter lugar íuperior na
milicia,
TARTE I. CAP. XI. ji
Oiilici-A qútrn nio folie Letrado ; parecendolhes (diz Pompo-

nio í.cto^93 quemelhor íe faria a guerra por lábios : o Em- 93 Psmp.utje Mfi^in.n^m-m.
%icnubus opimè geri
perador Carias V. para ícHbgar o levantamento do Peru, mâ- p^^^^J"'""
dou os Licenciados Fedro Gafca , &: Vacca de Cartro que o >

foitegàraó, vencendo muytas batalhas. Bovaclilha refere neító


pcnramenro outros cxemploSv 94 ^AtBovaàiihad.c.io.H.-i,'^.

1 8 Depois o^ue por incúria dos tempos, faltou a felicida-


de de haver homens fcientcs em ambas as difciplinas , fe con-
troverte a preferencia entre letras, ^^ armas 5950 grande Aí- ' ^ '^^'"' f l"'fí'^ ''<-/«'" «"'''f
<'*•

tcnk) Rey de Aragão , lendo nella perguntado a qual era mais (ontfy^Á^tnueamúiàavà^ nfa Icicncta.

devedor rclpondco 96 qiie pelos livros conhecera as armas, has vmoRiheyro.noTrat.àii fra^aenúÁ
,

i:i-Reyde Cartel la Dom Filippeo P»/^«ff,poraq«ellasm- "';l'rj;r:„ ™ «,


^;,*,^
zoes as igualou, ordenando que nos fnbunaes concorrendo i^^eg.
Corfelheyros de toga Sc de efpada, fe precedeílem fó pela an-
,

tiguidade, com o fe V è no Regimento mal praticado do Con-


felho da Fazenda de Portugal.
19 He verdade que ha Vogados, que ó douto Graciano 97 9?' í/f/^WOra/ta»,; di/ce['tfvr.tam.i.e;
'"'"* '

chaw^iT^oedas cerceaílas,porquen20tcm\£tTâs: óDoiftores de


rteccffrdãde, porque não tem ley a hum defbes chamado Publio
:

Contio» fendo perguntado em hua caufacomo teftemunha) <Sc


rèfpondeo , qtte nadafabia diíle galantemente Marco Tullio
,
^

Cícero Cnydats que vos pergimtao de Vireyto ? 98 A outros


: ,g j^rfi^t han.M<r^,fa.Ur, Sib. nufi.u
chama o curiofo Ncvifano 99 Doittores de placebo Domino; 5.«.;9.c7-40.

quadra aos que por fubirem a lugares procurão vilmente con- *' ^W^ín. [»[>.

tentar aos mayores, muytas vezes contra fuás confciencias , &


íempre contra feu decoro : huns, & outros defacreditao a dig-
ridadeparaos pouco entendidos, como hum Frade efcanda*
Jofo a fua Religião.
20 MasnemoFradeohefópelohãbito,fem profíflaô fe-
gular: 100 nem o Letrado o hefó na toga, ou nO grão, fem tco Cáp.potreãumii.o-cap.expafu
fciencia.' .101 Doutor fem letras notou Nevifano, 102 que
, "•'^''''•|!'''"'v,,
"'^^'
he fonte fem agua,5c que não he Doutor, mus dor rainiftro fenf
:
\ll Mvy/I«.lK/ó.'
''"'**

gravidade,difleSalviano, 103 que hc ornamejjt o tio lodo. Com >05 SaivitnJe yer. judie. Vd i. 4.14
osentendidos,nem o mao Frade prejudica à fantidade da Re-
£Í^y.,,„„', ^uã.^Pert.a. Vo^^r
nemoignorantc.ou vil MiniflroàexcellenCiadadigni- 5„,;/<í.i;.>f.5.
iigiao,

dade;ahria,&aoutraféc6fervaorefpeYto. OmaoReligiofo ^o^mvifanfup.n.^^


pcccou. o Ignorante pecca também, metendo-fe no que nao /„,/, ,«;,^./.r...i.w</,Gv.,/.>v.;7,..„.5,;
labe 104 & como fe expulfa o P^el ia;iofo incorregivcl » tani
; '"'^ ^-''^""í v"^ 4- '^n- P.e a«-
<^'- ''f

bem alguns Doutores fe privàraÓ jà dos grãos recebidos indig- ""^^ ^'"'^" '"'^"'"''
'^^T^^^!
namenre ; 10^ Sc mu yros remos que deverilo fer privados
dos Magiílrados, feos Príncipes entendeífem, que a fuá au- 107 Calpoãor.l.^.ep,ix:Qy.^^h.m<xdç
thoridade pende daquederem às íeys ,como diíTe hum Tex- '"^'' ^^"'^ Huitur, i.cfí^rk inítitutic»-
to-, í 06 Sc que em feus
^
Miniftros faó os Príncipes avaliados, ''t!^n!^S4.l..^.c.^.ndf>,. .

como notou C>a(]iodoro-, 107 culpando-fe no que clles pec-''*^'"^'P'= euipaeíi-fuotum iTagitium.
cão 108 Sc he peníaó dos Rcvs, deverem
; refponder a Dcos
tambcm pelos peccados alheyos,como confiderava X)^viâ. ''''"'' '''^ '''^"'^*''
«rroííf

CA.
,
:

3(5 EVA, E AVE.


C A P I T V LO XII.

Como Adam, ©^ E^âforaõ lançados doParatfo Ter^


.o..*.Ui.*X~-i2. ^t real; cfquectmerjto c^ue 770s ficou do Ceo j lemhra?içasy
que Deos nos fa^delle^^ ccmoas defp-eyimos.

I Gfn.Mj. I I A Ada rcnrcnca,djz o Texto íliqrado, i que lançou


* ^'"^'^•' "" ". .rcfc.f r/e/;/,.!, i.x.c,
f \j Dcos a Adani,íx' Eva do Paraiío terreal ; finalaó Áu-
' thcres graves 2 que n hora de iNoa, que pela noila conta íao
trêsda tarde; o Padre Bento Fernandes Eícriturario doutif-
) Fetntnàjn yGen.jea.^i.n.í.
fimodíz, queoslançou por nunilterio de hum Anjo, & que
fer o Querubim que ficou por guarda. 3 Hum livro
podia
dou to, que dos Anjos compoz o Padre Frey Guilhclmc da
Pavxáo, Abbnde Geral q foy da Ordem de Cifler nelle Rcy-
no, Reformador da Ordem Terceyra de S. Francifco, & Con-
feílbrdo Cardeal Iníanre Dom Henrique, depois Reyj o qual
4 p.fr.G«;//Wm. tí«p.yx.o<r«í7.i.andamaniifcrito, 4 dizquepelo Arcanjo S.Miguel.
t-7- 2 Diíle Deos que lançava a Adam,porque não comefTe da

6DJi^mT.i>''ll"',tl'i.uU,
outra arvore, 5 chamada/i^W^,Sc viveíTepara femprc; que
t>Bona^>ent.o- Gabriel,, um Mag.Sent. L. tinha clla tal vittudc OU pclo mcuos dc alargar muyto o vi-
,

19.
a.íi,/2
yçj. 5 gr p3j.^ ^ guardar poz hum Querubim com elbada de
Fcrnand.x. Gtn.jecLj^.n.7, icgcrudcra havcr comido delia lem peccado pois nao tinha ,

prohibição, antes permifiaó para todas, exccpta a da fciencià


7 Gí».i.i5.eri7. dobemjò' domd; 7 mas agora não quiz Deos que comelle,
i^-^i pTPuXfdejui^ra Cl o.n.uit. porquc vivcndomais, peccaria mais pelo que elte deíterro
•,

diz S.Chryfoílomo, 8 náotoy indignação, mas providencia


- . piedofa do tSVw/^or.
Sahirão a vagar pelo mundo,que não conheciáo.Se a pá-
3
tria mais afpera he tão doce, como Ovidio moílrou , dizendo,
que das delicias de Roma fugia o Scy tha para os gelos da fua
9 Ovíd.i.dePoHtõ. 9 quacsfahiriáoaquellesdeílerradosde pátria toda felicida-
Ncfcioqua nataicioium clulcfdinc cun- des ? comoos que levantãoancora, Sc foltáo velas, engolfan-

T^ieit/>^\mm.rr.r.r^^ T HT" do-fc uc s marcs , ufio titão OS oUios d 3 tcrra ciTi q uau to a alcaH-
C^iidmciiusRoma.íScythico quidíri- ção aflim Adam,5c/:.T'^ OS naoapartariaodaquclla pátria em
;

Rorcpciusí
quanto fe lhes permirtilíej& depois Ihedcyxarião os cora-
Huc ume n,cx ilh batbarus urbe fueic. ^v
^ coes. -n- jd t
Primey roas lagnmas,queadillancia,osprivariaodeíua

"jr
vifta, 8c com fufpiros lhe qucrcriaó cnegar.^"^'^ naícida no mi-
xo Gí».j.i8. mo do Paraifo, como caminharia delcalça por terra, que Deos
amaldiçoara para produzir crpinhos lo E que dor teria .'

feuefpolò,venck)-a padecer.' Hum Filoíofoconlblava ahum


^';";'''''"'""í^'";/*Mí^''''-«7-fíf innocente defterradoj com que levava por companhcvra a juf-
V
rVi//o. Habcsinjuíli exiljj íolatii comi- ^-
j j n. J •

r
tem iuftitiam, <]ux mjuibs c.vcs dcíli- ^'Ç^' ^'^^^ deyxandoos iiijuitas; hia padecendo com cllco mcí-
! i

nicns, tefecuM.tecum exuiat. modelicrrO} II Hias a noílos Pays a coníidcraç.ío contraria


«^^-'gi^cntava a pcn;upois Icvaváo por cõpanhcyra a confcien-
trame^(ffcm°cí"^'""'""'"^"''*'''°"'
latcScnc-cc|>.98.adíiii.l.ií. ciaxulpada, qucjuílifLc::\'a ocafligo. 12
4. Diz
,
:

PART. I. CAP. XII. 37


''-^^'^'^-^^"-''-^^^^^^^
4 D:z3 JoaõChryfoíbmo 13 que ospoz Deosdefter- j/;^^^;f

que
cfcrevem, qiiedefcèraópaniaparte de Jerufalem j &ca\-
íj.

gunsacrcfceiírjó 15 que paràraó no lugar em que foy depois


amcfaiaCidadej alivio lhes fora conhecer omyílerio ; mas
ícm o conhecer , que confolaçaõ teria quem íe via perdi-
do, &r a fua defcendencia no temporal , Sc no eterno?
5 C) peyorfoy que có a injuíiiça original deyxàraó a feits
deícendentes hum natural efquecimcnto ( por naó dizer aver-
íaõ) do melhor Paraiib que aqueile figurava. 16 Somos co- 16 FemHd.fuprafeã. ^i,ti.^,

mo filhos nacidos, Sc crcidos no cárcere, que o naó eftranhaõ,


ãnteí.fecnpantaÓdeveremqueamriyoschora. 17 Herdamos ^7,/"^:/''"^''^'' ^ P''"""^-
daquelles pays odeiterro, £c nao asíaudaaes; da natureza
nos derivou a doença, & naó o remédio. Nos Hebreos faindo
da pátria para a tranfmigraçaõ de Babylonia , fó fe viaó lagri- -~_.
mas por fua perda; depois de habituados á fervidaõ , a reputa- '*>*.-

vaó como natural tomàraó os coítumes, Sc lingua da terra em


;

que eílavaój cila lhes parecia bem, fem fe lembrarem da fua fe-
jiaõ raramente alllm nós defterrados do CeOj cativos de mi-
:

ferias já pelo coítume , naó fentimos o mal ao mundo ama-


, j

mos como patria,Í£u s ufos nos agradaó, falíamos a fua lingua^


& eíla He a vida que fó queremos.
6 DeoscomoPay,dizéS. Joaó Ghryfoftomo, & S. Ago- .g t).chyypriGen.i. mtmclsaim
ftinho, 18 para defejarmos tornar ànoffa pátria, nos efcreve erga los amieicKim rtmovare voiem,
i

cartas com novas delb , &-nosavifa da mM^orí^quelítcrs-


^^^^Zã^:^:;::^^
mos, com todas as razoens que nos devem perfuadir. Eiras turam.
adnos
cartas faó asEfcrituras fantas, que nosmoftraó o quedefte i^-^ngufiin. inP(,:im.64- Mifit
j _ r j- indc cpiítolas pater no! ter mnv.itravit
'

mundo nao podemos ver por muyto íuperior; dizem-nosjque „ob,s Lipturás Deus <iuibus epiítoiís ,

aquella pátria he allumiada de humaluz intelligivel ; Sol que ficictinnobisredcundidcridcuu..i


naó tem occidente , nem padece eclipfe , nem fe lhe oppocni
jiuvens> cujos rayoseílaó fempre igualmente claros, fazen-
dohumdia que nJó tem fim. Nella nosdefcrevem 19 híia ^^ yí^ecnh^x-xi-xi.
Cidade edificada em quadrado , por mayor fortaleza ; cujos
muros faó de luzidiflimo jafpe , alicsrfes de pedras preciofas
com doze pedras , cada hCia de fua pérola j por dentro toda
de ouro, tranfparente como vidro para que o interior fe veja
,

regada de hum comocriftal corrente, cujas ribeyras po-


rio
voaó arvores, que cada raez daõ doze vezes fruto. Dizem-nos
20 que allireyna a verdade fem combate de mentira: que as 10 i).^«ç epA.aàMand. \Jh\tjtt.
^--^^'-'^
leysíb reduzem a caridade, que faz indiíToluvcl uniaó de to- ^<^^*"^' "5"' ^'^ «^^"^-^^ ^^^ >

cos OS moraaores queetles pofiuem riquezas que nao podem j.j u.iith.6.ío.L:ic. 12.55.
-,

fer roubadas; 21 lograôfaude, que nem morre, nem adoece x-^ /.utth.tí.
;

eftaó em banquete, 22 que fempre dura, &c nunca enfliftia,


q
mata a fome, &
deyxa appetite, que farta, fem oficnder a tem- *? L:(c.\í.%7- Facictillo^ diícurnS;
^^''•"'"'^^'"^'"""'^'"^'^''^''*
perançajemqucokeyferveàmefa, 2; Sciguark he o mef-
JT10 DeoSi que eftaó Uvr&> das payxóes do corpo, 6c poíluido-
D res
!

3? EVA, E AVE,
do cfpirito; finalmente que gozaó gloria
res das felicidades ,

24 if.Ui.i.D.PuuLiMCor.i 9.
commua, nem vifta, nem ouvida,nem imaginadaj
indivifajôr
taógrande 24 querendo- a hunsmayor, nenhum (em certa
maneyra) tem menor, porque a todos íe enche o defejoj glo-
a
ria inexplicável a palavras pois he incomprchcnfn cl ao con-
,

ccy toj Gloriofa Cidade, que nada tem que molefte, Sc tem tu-
do o que deleyta
515 D o<?«l«y7.f^.}i. 7 Santo Agoílinho , 25 lendo cartas de S.Paulino, que
nunca tinha viílo, lhe refpondeo, que eraimpolVivel ler luas
cartas fem hum extremo dcfejo de o ver. ^le agradai-eis fao!
(d izia o Santo ao Santo) qm doce cjlylo tem l nao vos po ffo ex-
primir no [fã nkíiriã quãrido as recebemos ; em chegando , todos as
í ornamos para as ler ò' todos em as lendo ficao tran [portados com
:

hiimperfití/iedoCeOt Mas como jiavida nao baconfolaçaoper'


feyta^ ejleg ofto -iiosfca ag nado , vendo que a natureza nospoz em
lugares tao diB antes que nao podemos log rar vojja vijla como o
,

efpiriío de voffas cartas. O\fervo deVeos, meu caro irmao


, nao

vos conheciaminha alma-, digolhc, quetolerevojfaaufencia, éf


?iao me qf.er obedecer-, euferiaornfofrivel a todos , (e piideffefo-
id Quoi Cl xqvioinxmoÇmi ,a:ci[xo frer e0a aufencia. 26 De pedra he ocoracaó, que desfeyto
animo rcrcnJusnonciicm.
"em faudades naó diz O mcímo, vendo nas Eícrituras divinas
às excellencias tanto mayores de Deos, que com os olhos cor-
poraes nao vio,mas cuja bondade naõ pôde ignorar pelos cf-
feytos ellas lhe dizem que fuás perfeyçoens íaõ infinitas3 qi-ic
:

fuaeíTencia faz bemaventurados; & que fua vifta em certa


maneyra transforma como em Deofes osquechegaó a ella,
pois o goílo intimo daquella divindade penetra , como Sol a
nuvem , todas as potencias.
8Se por ver a Sâlamaõ fez a Rainha Sabá jornada taólar>
18 D.Hkrol'inprolBthiior. Et vide g^ 2/ fc dos ultimos fins de Efpanha foraó a Roma Efpa-
^

im,^.c.6A.n.^i. nhocSj fó por verem a Tito Livio: 28 fe todoociiriofo , êc


bom juizo fizera hoje as mayores diligencias por ver (fendo
poíllvel) os varoens que ouve famofos em qualquer illuftre
qualidade ; quem naó defejarà 6c anhelard com fufpiros ver ,

junto emDeospormodoeminentiílimo, êcinefl^ivcl, mayor


faber, valor, poder, riqueza, fantidade , & excellencias que as
de todos os infignes homens,que já mais ouve, nem pôde aver?
9 Se a confídcraçaõ da fermofura move , ôc obriga até aos
i9WWor./i.pulchntudinisrpccies,
maos, 6caos barbaros; 20 & por relações ouvemuvtosamâ-
donum ipíoium corda emoiiiar, tcs qualfc podccopatar aquellapnmeyra , òc jncreadaluea
;
rtiorcrí-
qucfffcrosducat inobícquiim>. dabelleza? Poftoque O pínccl da eloqucncia nem delinear ,

poíía taó amável rollo, o fervorofo defejo Ic atreve na fimpli-


cidade a tanta emprefa , naó fo ( como fizcraó muy tos ) argu-
mentando ÁpoHerioriòihç\\Q.7,2i das creaturas-, mas a priori iú-
30 T):.jiig.deCh'.Deii.i'> .C.19.
randoosdelincamentosdoorigiiial divino. Todaafermofura
Omniscorporis puirhr.uico cft paniú docorpo^úiz Santo AcoftinhojÂ^/j/ííí congri!C7icia , onpropor-
congrurn-:., cum cjuad-^mcoiomína-
ç^r^^ 6^ C07ijbnancia da^sparícs jííutas comjuavidade decor. 30
,
Dcos, que nem tcni mcmbn^,', acm cor, nem he capaz de luz
«L.t cor-
. ,

PART. I. CAP. XII. 3P


cof fiorea he fummamcnte bello pela congruência ,
, confo- &
nancia de feus attributos, 6c perfeyçoens, &
pelo efplendor do
ado puro, & puridade da eíTencia, q podemos imaginar mem-
bros da Deidade incorpórea
10 Confidercmos a proporção entre fualmmenfidade,5c
fuâ Eternidade. Aquella enche todo o efpaço , efta todootê-
po.-aquellaeftá toda no mais pequeno lugar fem fe reílringir
c<ta correfponde a qualquer momento fem fe diminuir: aquel-
la occupa toda a quantidade fem extenfaó quantitativa , eíla
conlirte em todos os feculos fucceíllvos fem fucceííaóihúa naó
tem termo , nem medida j outra naó tem principio nem fim j ,

todos os efpaços faó copias da immeníidade , como de feu ori-


ginal, todos os annos reconhecem a eternidade por feu proto-
tvpo. A mefma correfpondencia ha entre a Mifericordia &: a ,

Mifêficordiahefemcompayxaò,
Jiiftiça-, a fó pornos fazer
bem/âjuíliçafempayxaõ, fóporzelodoreclo: 31 aMife- í» í>.^^<"«-«M-"'

ricordia fem noíTos méritos fe funda na fua bondade , a Juftiça


remunerando, feapova na mefma bondade: que nos deu meri- r» ^ . , ,-, , -,

tos antecedentes 32 & a cada hum premia, ou caítiga para


;

Ctctno. Semelhante hc a confonancia da Omnipotência, & da


Bondadcj a Omnipotência cria de nada,a Bondade occafiona
na creaturafazerfe digna, & amável, para que a mefma Om-
nipotência fe lhe communiquej 33 & aflim a Omnipotência i^DThomdip loafi.i.
nosconferva, a Bondade nos fomenta a Omnipotência obra-
:

do, tem por fim a Bódade, Sc a Bondade tem por meyo a Om-
nipotência , pois efta creou de nada o que lhe oíferece , &c com
o brâço da Omnipotência nos faz aBondadeuteis ascreatu-
ras. A mefma harmonia fe achaentre o Entendiméto,6c a Von-
tade Divinaj entre a Unidade, & Trindade entre a Infinida-
;

de, & a Simplicidade-, entre a Incomprehenfibilidade, & a In-


fallibilidade;entre a Immutabilidade,& a Liberdade^ &: entre
tudo o mais que ha em Deos , que deyxamos de expender por
iarsQ,&: por nos retirarmos do cíheTheologicopuraméte. 24, _ ,

11 Todas as bel lezas lao nao fo limitadas, mas também m.Gui/heme, í^m Smiffi ,;a Trindade
'
,

finitaSem fuás partes; de modo que no rofto humano mais #•? 5*


bello, huma parte naó tem a fermofura do todo huns fermo- j

fos olhos naó tem a graça da boca, nem a boca tem a vivacida-
dedos olhos. Oíiariz perfilado naó tem o florido das faces,
-nem eftas o decoro da fronte;cada parte eftà reílrifta em fi meí.
ma. Na fermofura de Deos, cada parte òu membro (^ declare-
monos aílim) tem taínbem a fermofura dos outros j a Omni-
potência naó fó hé bella, porque pôde tudo, mas porque tem a
perfeyçaõ de todos os outros attributos he a Omnipoteo-
-,

cia infinita, boa, crema, immudavel, mifericordiofa , jufta, in-


comprehenfivej, &fibia a Sabedoria he bella, naó fó porque
;

conhece ,& comprehende tudo-, mas porque he fabedoria in-


cdmprehenfivel, jUÍT:a,miferieordiofa,immudavel, eterna, boa j
infinita,omnipoterríe;alHm heem todos os maisattributosi de
''- ?» Di( modo,
4s -
EVA, E AVE.
modo, que à orelha da Piedade naò falta a graça da boca da
verdade: as faces da Mifcriccrdia, &: da Juftiça tema viveza
dos olhos da Sapiência, &: Providécia; taó hellos faó os olhos,
6c qualquer outra parte, como tudo o rofto, & como todo
Dcos.
1 2 Sobre tndo he a cor fuave ( que requer Santo Agofli-
riho) deíla belleza fubfiítir em (\ mcfma fem dependência & ,

fer por effenc ia eterna, &z immudavel. O' belleza, o graça, o

p .^nt Giiilherm íup verf. venuílidade do meu belliílimo Creador!(exclama hum efpiri-
Mfídeciamo,r.ofim. todevoto) 35 quem de ti fc naò namora, naõ fcy fc vivc , &
t,b EKe.htti.i. a fe vive, naovivT vida humana, mas de bruto animal) antesna
viíaó de Ezequiel 56 atè ao boy, o mais pezado animal, por-
que tinha olhos para ver no carro huma figura da gloria, nacè-
raó azas com que voava. -

i;; Parece impoílivel que neílas lembranças naó fintamos


nolTodeílerro; 8í que o fogo dos defejosnaómoftre inclina-
ção em algumas faifcas de voar , &fubir a feu centro defatado
?7 D.PW írrJ^ow, da matéria que o detém: dizendo com o Apoftolo, 27 GUiem
Ouismelioerabitdccoíporemomshu- ,. ,/ n , r^-i nx< '"^
t

me livrar/í do cofpodefíamorte^ OU com uã.viáy -^ò Comopoat'


;

jiiij

58 p/<j//«.i 56,v.5.Quomodocaiua- mos degramos em terraalJjeàí repetindo muytas vezes ,Afinha

'''TrPp'^^'.'l^'emadmodum dcíi- almadefejãchcgaraVeos,


comoo Cervo Ás fontes-, defeja chegar
dcrat cct vus &c., 4 Veosfoute vivã: quãdo chegar ey , npparecerey diante de fua &
pfaim
tus
ti<). V 5. Hcumihicjma
meus proloneatus elt.
Íncola-
face? mmhasla^ímãsme faotnmtimento de dtã.
-^
; •
1 n\
'/''
-r^ -mt r
de noytel di-
1 -^
&
vjaim. 54.V 7. (Jiis dabit miiii pennas ^cndofrte câdã dia: aonde ejtx teu Veos : Muyto je prolonga meu
f\cut coiáhx. Si yohbo, 8c rcqa'.cCc3m'.
deflerr o ; qtiemme darkpennfl.spãrãvoar , ir d efe an carnef" &
deficit anima mca 111 atriaDomíni. 14 Mas ncm cadadia, comoDavid, nem hum dia cada
fazem os homens efta reflexão.
Poílidoniates ,
..3. eú .
^J"'^J^lf'''^'J^''^ yfjj.
Os Poílidoniates havendo com o tempo oscoftu-
, perdido
mes, & lingua Grega , & tomado ifto de naçoens barbaras, ti-
nhaõdeftinadoem cada anno hum dia para chorarem aquella
perda , 6c trazerem à memoria a lingua que hav iaó dey xado ;
crendo cj naó era de entendidos, naó fentir a privação daquelle
40 P-iyyrf«v.»,r;5/j;7o/:cfcr/7?.p.i.c.á.bem,&'entregalIoaoefquecimento. 40 grande Padre Sa n- O
41 D.^'íç./«p/j/m.ij6.Hu)usfo.toAgoftinho
diz, quenodeftcrrodoCeo, accativevro
euli língua aliena, lint-in barbara clt, " ^ 741 ^ ^i- i/^ n
dopcccado, deyxamos a Jmgua doCeo, & tomamos a do
^

quam incajKivitarcdiciicimiis.
4t pjui.i.ad corint. i4.ro. mundoquc nos heeftrangeyra, & barbara. Porque irracional-
^45'
S° nt v.t 6. Aures habenr,& l^^^"^*^ dcvxamos efquecer a primeyra, nem enredemos aquel-
noiiaudiuHt; uequeciumeitípiritusiíi lascartas díviuiis uem as vozcs com quc as matavilhasdc to-
,

oreipícrum.
das as creaturas uos cílaõ fcmore inftruindo, 42 nem a do
aures aiijicndi,.iiidiar. mclnio Ucos quccada Uora nos talla ao coração taolcnlivel-
Mirc.ô,c).cy ij. mente, que naó podemos dey xar pelo menos de ouvirofoni-
,,í,'r.g.ig.
do; fechamos os ouvidos comoinfenfiveis; 4^ por mais que
exaiiJiam. omelnio Ucos nos~prcgue 44 que ouçamos, pois temos ore-
'czes que também nos
46 p.c/:);.^.?. /„r,v„j;ow. 14. /«/:«. Ilij^g paraouvír. Por ilto faz muytas vezes

1'iíDnispionobisíyiicirascnr.
naocntendequandoclamamos,
' coiiio diíle pçlorroíeta Za-
,

carias. 45 Sc cuydalfemos das coutas divinas, tambcmcUc


cuydariadenòSjdifTeS.Chryfoftomo. 46 .Tarr.niíi- ,i,.'i;ui:!.
15 Se
,

EVA, E AVE 4t
15 Se alguém nos quer lembrar aquclb língua oudefta- ,

par os ouvidos,em vez3e lhe pagarmos como a meftrejou me-


dico, omatamosjbé fc vècm tantos Marryresjôc outros Santos
Varoens perfeguidos. Se em fini) ouvimos , ou lemos aquellas
cartaS) &" efcrituras fanras, he para as contradizermos. Os Gé-
tios Ihcchamavâo fiibulas>pefte da vcrdadeyra religião ântiga>
&: mu y tos Em peradores Romanos bufcàrão todos os livros
fagrados.comocriminofosdelefaMageftade , paraosquey-
marem, porque mais fe náo leíTem. Os Judeos náo admittem a
Concórdia clara do velho, Sc novo teftamcnto,&: por não que-
rerem entender a Lcy da Graça, ignorão a que profeíTaõ en-
tender. Os Hereies tirão j&racreccntáo letras: arrancão àfut ^ „, . jt, , j

vontade as elcrituras repugnantes, 47 pondo-as atormento te ícntcntias , & ad voiuntatcm fuam


com interpretações , Sc contra o mefmo Deos com implica- criptuiam uahcrc icpugnamem.

chamão Catholtcos Âpoflolicos como os fediciofos


çóes, ôc fe ;

que para titulo de feu furor tomão hum pretexto efpeciofo


,

ou violentão hum grande para fua cabeça. Os Carholicos ver-


dadeyros as equivocáo para feus intentos, fabricando erros da
verdade, como difle Tertulliano 48. ©avarento fcefcufa 48 rír/tt//M»».t^/>o/o^.f.4-?-Oínniaad-
:
^
«je ipik vcmate cóftru-
'•'com os luzarcs
f,
que encomendão providencia; o pródigo fe 5^^"^'"^'^^'='"
tta (iint opcrantibus «mulationem il-
g , , J^ j1 -1
j 1 •
j 1 • • )

valdos que louvao a liberalidade; omurmurador dizqtcm tam ípintibqs enoris.


^ zelo: o deliciofo, que Deos manda confervar a vida: o que fur-
ta, fe funda em leys de compeníaçaõ: & outras vezes (como
***"' *'" ^" ^'
Judas no unguento da Magdalena,49. ) diz que ajunta para "*'
obras pias ; a vingança nos miniftros poderofos fe cobre com a
capa dajuíliça querem que o bem publico fe dè por obrigado
,

à fua crueldade , &


fua ira ; procurão perfuadir que não tem ,

mais intereífe que o da Republica, Seque a malicia com que


caftigão, nenhum parenrefco tem com feu íanguc mata He- :

rodes ao Baptifta, &: cobrefe com obfervancia do juramento;


50. pedem osjudeos a morte de C^n/?^, 6c fundão a petição \° ^o<fí'i9.V."Noslf(5flnliab«muí,&
emleyj 51 traça aprendida de Satanás, querer juftificarpre- fccundiimifgcmdcbctroori.
cipicios com authoridades fantas da Efcritura.52 ]à Tácito ,11,^^'!^,^:^^'^'^^"°'^''"''^"'''^'
diífe que para os vicios fe pertendião nomes honeftos. 55. ^; rj<.vV.a^«o/./.i.C7i4.NúmiBaIi»'
Todos torcem para fua protecção as letras íligradas louvão "^^^ pmcnduiuur vuijs.
:

fua bclleza.mas não abração fua virtude.Peyores fomos os que


fem rebuço as offendemos , quando proteílamos vencrallas j
como os q injuriavão aCbrífto noflb bé,no mefmo tempo q lhe
cbamavloRey,&moll:ravãoadorallocójoelhosem terra. 54 54- Matth.í7.í9.MMe.ii.\t.'foM

dn- 16 Fmalmente qu 3 fi todo o mundo náo lè, ou não enten- '-•''•


T^ r
e, OU naoeltima as cartas que ueos nos eícrevco com novas
,
55 Plutarch.Cr Suet ineiusvit.
^í x.par^hfcmi^iu
de noflTa pátria não permitta fua piedade , que ou pelas não 57 D,^iízuft.dedi/cipi.chrip. M«
j
, , . .

lermos .como]ulioCe(araqueo.vifava d. conjuração


^^ZS^'^;^!:^::;^ -,

ou pelas não eítimarmos, como El-Rey|orâo as de Elias, 5Ó ris loquor pccuniam diligins ,;tamúni

,

cayamosemmortemaisfunefta. ComoS. Agoílinho /jy in-^^-^^H'^^^-


troduzio ao i5V«/:7í7r dizendo queoamaííemos tanto como hú
avarento ao dinheyro íejame licito dizer que devêramos re-
;

ceber aquellas cartas do modo com que hum galante aceyca


Diij húa
' . ,

4í PAkTE I. CAP. XII.


huina carta óciola coni ac;rado
-, , com rcípeyro , abre com. an-
com attenção, ciiyda que ha de achar myílcrio que naó
ciã, lè
alcançou da primeyra vez torna a ler , Scdalheexplicaçoens,
-,

que naó imaginou quem a elcreveo: íonna na repoítaj &" a por-


ryTjTS/- .c tadora, ou portador he muy to vil , a carta he m u y to m á letra
' íem virgula, nem ponto que difi:in!2;a os periodoSj tem pala-
vras do ufofcm conhecimento da lignilicaçáo, &:cmmuytas
regras nfio tem fubílácia ó Bom Deos! das cartas que nos vem
:

do Ceo foraó Secretários. 6c fam portadores , Profetas , Apof-


toloSjEuangeliílas, &" Doutores Santos ; quem as manda he
Deos , o mais amável amante trataó da matéria mais grave j :

• - pelo cítylo mais alto com elegância íem fupertluidade i d\' af-
;

fjm merecem tanto mayor agrado, reípcyto, &attençaói le-


rem recebidas com fè, & lidas com efperanca, interpretadas
com amor Sc cuydarfe de dia , de noyte, como fe lhes ha de
, &
reíponder, 6c como fc ha de alcançar a companhia de quem as
mandou. Porém aíllm , como os Poetas artificiofamence di-
7em que Paris, nem eftimava , nem lia as cartas de Enone fua
'
3

primeyra amada, porque tinha os novos amores de Helena;


••

,
''. *.;.'.' :

' ailim não queremos novas do Paraifonofla primeyra pátria,


porque nos impede a terra, que hoje he fenhora de nofla aítey-
5» ^^•''''''^•M.Ncmopoteílduovç^^.,,-, ,^j^^^,^g|-g ^Q^^3 3 g^ he particu-
i

59 jL\>,n. Jacob. f.4. 4.Nefcitisquia lar na amizaac do mundo, lazernos mnnigos de Ueos. 59.
amicitia hujus tnuudi luuiúcuia cit , j-^ Tcrrivelconfcquenciadodcílerro de noíTos prinicyw
*^'^
ros Pays fazemos naturacs as miferias delle 6c perfuadirnos,
: ,

quceílamos na nofla pátria, fem nos q^uerermos lembrar da


verdadeyra foy ncceflario que Deos amante , vendo que íuas
:

cartas eraó defellimadas, enviafle fcr, Filho , porque o refpey-?:


taíTcmos. 6o Para nos levantar O deílcrro , deíceo da Pátria
go Matth,tx,Marc.ii,L:a:ío,
CeleílialjSc atè da fua terrcilre andou defterrado com i\rã.Mãy
éi M<itth.z.r4. lantiílima; 61 & em jerulalem, para onde noflbs Pays dcíce-
Yj^Q^ (52 fubio à Cruz, para íubirnoííos defejos à pátria don-
61 í,it.j4«,4.

,,., ., de cahimos. Os que hoje vem mas naó vem 6; íis cartas do'
5

^ '
Ceo; os que vem masimovem o queíezC/7?(/íí? porque as
,

viíTcmos, que enganados le verão no uizo fi nal / Então verão,


|

Tunc viJebunc. <^ií^<2 O Scnhoí: 64. Os deilcrrad OS ít hos de Eva na oração da


64. ÃfatthJup i(i.
1

45'^/^'í?,queheomc^moqucy^^TJ clamamos à May da Graça


pelorcmcdio ^ com a troca do nome o veremos na Segunda
Parte, fccl.imamos de coração aosqueotinhaó no Egvpto.
•,

negou Deos entrarem na terra de Promiiraó, Ó5 polloqueno


exterior caminhava 6 para cila.

CA.
, ,

EVA,EAVE, 43

C A P I T V L O XIll.

Como Deos 'veílio a Adaõ , Çff Eva antes de os lan-


çar cio Paratfo ; como creceo o excedo no veftir , por
cegueira do -peccado -iÇff c^He moderaçÃo deve aver.

1 A
Ntes do peccado a o;raça A^cftia a noíTos Pavs de „ „ r,
_/j^ relphndor } i logo que peccaraole cobrirão, a gch.c- j.v.y.
comojàdiircmos, z com folhns de ligueyra, por pudicícia.
Deos quando os quiz lançar do Paraiíb , diz o Texto Sagrado
fez túnicas de pelleSj & os veftio-, prevenção con-
g que lhes 9 Gen.^.n.
i^"'^<i-P^^-^r.in g«;./.4.».i<ío;
fra a inclemência dos tempos. 4 Qiie íenhor lança hum ena- '^

do por culpas graves prevenindolhe conveniências íoy mi-


,
.?

fericordia. < queíocabe no^enerofopeyto de noíToDeos, n ^ ,. ^


r c o 1ri 1 ir c a. ^ $ Een. Femand.m^.Gen.q.^o.H.X,
que laz Sol, &: chove íobre)ultos,òcinju!rjs. 6 6 Matih.s-^s-
2 As pellesforaó de animaes, que para lílo matou, 7 fem 7 ^i'"H-'»]-<^(»-
ficar faltando aquella efpecie, ( no que alguns Doutores duvi- ^Tt!TÂ'Gcn,u.n,ii).o-l,
14. «í
dàraó) porque de todos tinha creado muy cos, como advertio 14.
odoutilíimoPereyra ; 8 &:quenaóhaefcriruraqueproveo
contrario. Naó íe ha de entender, dizem os Expolitores, que
lhes fez os veftidos por fuás mãos mas por Anjos, ou com hú ;

iví^í?/^, conforme a fua Omnipotência. '


.

3 Sete feculos fe continuarão veftidos de pelles. Falto

jj./
deftanoticia.diíTe Lucrécio Poeta o que os primevros^ ^1^^ho- 9 í«crí//.5. -> -w'»'
Et fruCKcs inter condebaiit fqual da
•'

mens andando nus, le repara vao dos tempos entre as arvores, i-nembra. Verbera vciuorum vititc im-
:

Pelos annos fetecentos pouco mais , ou menos da creacáo do brefque coaai.


mundo , Noema fexta neta de AdaÓ por feu filho Caim; inve- '° ^loicui.h.n. p.u ci.rcr/.jub. h.c ,

tou o Lanifício, 10 afazer delle veftidos. 11 Teve Noema n íemanà.tn^.Gen fea.19.nj.


olouvor de moftrar às mulheres o emquedeviaóoccuparfe.
"Na antiga Roma foyceremonia dos cafamentos mais graves, * ' • • '

levarem diante da noy va quando hia para fua nova cafa, huma
roca com linho, ou lã levantada em alto,' 1 2 como bandey- » ^ P''^''° ^^'''* «''i'/v.<'tf T.<jr./if. W.
,

^'^^*
ra, em cujo exercicio havia de militar: & todos os antigos pin-
tàrão huma honefia matrona com hum jugofobre opefcoço,
^
nelle huma letra que dizia :////f?}7^ ; hum cadeado na boca
com hum cinto, & le-
comlerraquedizia:í:^?//.<?r/^j apertada
na mão direyta hnm.\ tocha aeefa com letra:/^/jna ^, Mmien,^rofaf.deChriíi.Mcs.
tra .^í-^^^^;
cfquerda huma roca, com letri /á^íir/(?//^: 13 & o EfpiritOf.5.^.5.
;

Santo nos Provérbios 14. a defcreve fiando. Com olanificio m J^roverL^.i^.


V ^ n- 1-1
1 r
• -• ^ 1 IS PmedaMonnych.Ecdn.P-i.l.UC.
começarão os velados mais polidos j mas entendele que ainda ig.^.^.
notempo de Noè naó hivia calções 1 5 porque fe elle os ti- ,
fermnd.vt <).GeH.fea.7.ni.

vera, naó lhe fuccèderadefcobrírfe. 16


;^ Bn^fOeflor.chaidaic:
• "'
4 Fadado o diluvio fedevcoaTitea (que os antigos cha- is Matute li<iM'^d.í.c.\.^.^í
Jilura6Vcfta}mulherdeNoé, 17 enfinar às mulheresdefte
íiòvu mundo como fe fiava, d: tecia. i8 Depois feattribuhio
5- a Pai-
3 , • .

4:f PARTE I. CAP. XIII.


a Pai Ias O tecer, &
lavrar com
miftura de fio de ouro , donde
«5. owJ.,Míía«./ 6. inprmc.
Ovidio 9 cfcrcveo a fabula de Aracnes Lydia competindo
1

»o p,.edad.c.ii.,., crd M.r.:o


^om Palbs nadeftreza dc^a aitc > & O luxo toy introduzindo
j.}./«^"/,.
'
Uizcm 20 que Scmiramis, Rainha
asvclhdiirasniaisriciis.
de Babyloniaj pelos annos quatro centos depois do mefmo di*
luvio, inventou os calções ; como era varonil, pelejava a&
cnvallo, quereria acudir à honcftidade , 6: tinha engenho para
tudo.
5 No tempo adiante inventarão os Lidos em Sardiniao
21 P/.n./.7c.56. tingiraslâs,& logo começou a purpura em AíTyria i 21 &as
A]ameã.c.i.i.i.
corcs , &" feyção dasvcftidurasdiftmguiráo oscilados , offi-
cios ,& dignidades, como OS Authores miuda ,& prolixamé-
,^ p^avi/.Tc^,orUoffici..p.r.tu vr/
mwMí.jçíMffj. te referem; 22 íuccedèraó as fedas, lavrandofemuyto pou-
^lex ah.Mi^. Genàier.i. i.c. to.foU ^-js cm Eutopa vindo as mais de Afia com difficuldade
, : até
pelos annos de Chrtjto qumhentos & cincoenta pouco
^''-'^
Vi.sci».
mais, ou menos, imperando Juftinianol. dous Monges trou-
xeraó da Ind ia a Grécia o modo de tirar os bichos , ôc oiízerão
1 5 Fiúfcul.hijl.p. 1. c. i'Verf. «?* <í«e y ul gar cm Europa. 2
*""'*'^-
6 A llimlcforaõdemafiando os vertidos, chegando a co-
brirfc com o ouro, pérolas, apedras preciofas, & também o
calçado. Atalio Rcy de Aífyria inventou bracelletes, &joyas
24 Briit» na MoHArth.Lupt. Li.tií.i. ^om
24 delias fecarregaò as mãos, &: a cabeça, 6c
pedrarias j >

em col lares fe lançaó ao pefcoço como prifoés


para ifto quan- :

tos morraii nas minas? quantas mãos fe efpedaçaó para que


hum dedo luza.^ Qiietem o marcomosveítidos ? pergunta
2^ riin.h,if.nit.i.9.c.i^: Plinio: 25 que tem as ondas com a la, para a ornarem de pc-
'^ ^'"" ^*"'"^'
^^^^^ Mitridates Rey de Ponto trazia huma efpada,quc valia

.

-^Tt
-mi 3W1IV (ííJk,:!!.; .
perto dc quinhcntos mil cruzados de nofl^a moeda de hoje. 26
Ao grande Alexandre enviarão certos Povos da índia diade-
mas auefeavahàraõ em cento &: quarenta milhoens de ouro»
^i MnrUra nasexceU. àaMònárcJe
^7 ^Nouio Scnadot Romano tinha huma pedrachamada,
Hf/f.c.io.§ 3. <>/»<?/o, que liojeíe não acha; era verde como efmeralda, lan- &
çava de ú huma notável claridade , avaliada em vinte mil fef-
tercios,que conforme a conta de alguns Authores,fazem qui-
yt ir?i(ii6r.Pmtop.z.éa!,4.c.7. jihentos mil cruzados. 28 Emperador Heliogabalo naó o
vcftia fenaó purpura cuberta de ouro, pérolas , &: pedras pre-
ciofifiimas) no calçado as trazia de valor ineftimavel, &: ncllas
efculturas de adm iravel artificio. Nem de veftido, nem de cal-
çado, nem de camifa , nem de outra coufa que hum dia ufaflc
íe fervia fegunda vez, nem dos ancis , trazendo fempre muy-
Z9 ÇewLantfri d. Capitel. Ò" outros, jqj^ 29
Mexia d.Lx.c,i^.
^ Helíosgabalos querem hojc fer quafi todos os homens^
gaftaó mais que cUe à proporção da poílibilidade de cada hú |
muytos mais gaítaó lo cm veitidos do que tem de renda j no
mais fe fuftcntaócoiTi traças, que naó faó para cnvejar. Nin-
]i iVÍf/S.Í!/Íf!£fc2.í.H-f s» - giicm aceytarà hoje a mercê q Decs fez aos ifrachtas 30 nos
quarenta anno.^ que andàraõ no deferto> &
aos fetc moços fan-
to> que chamamcs dormmtcs , nos 373. annos 31 (ou perto
de
, ,

PARTE r. CAP. xiir. 4^


de200.fegiindooucrosAuthores32.)qiieeítivcraóemhumd ^^ Ai{^,^.Ve>HT.m EncUnJ.
covdj n:ió íe rompendo a huns, nem a outros o veltido , & cal- 7'/om z/.m c}t:imk Frana « cdmp , ,

çadoem todos aqaelles tempos^ Todos querem coílumes no- ^'Ví-^s- «u-
vos, pelo menos cada anno. O
trabalho tem crecido incom-
paravelmente, no eftudo de inventar, ou na pontualidade de
imitar) na diligencia de bufcaroquemalfcaclia> nadefpefa
de o comprar; no rifco do oflkial obrar bem no enfiidaniento
;

deveftir, &c defpir tantas miudezas namoleftia com que fe


j

aperta o corpo > na duvida de Ter approvado , que heo mayor


rifco depois de tanto cufto j porque huns dizem quenaóhe
próprio á idade ; outros que naó convém aoeftado; alguns
cjue fora melhor pagar dividas tal ha que murmura de fer fia-
:

do Sc outros que profeflaó veftir bem , fempre achaó que no-


•,

tar,jánotalhe,jánafortedafeda, já na guarnição. Em Ingla-


terra conheci hum gentil- homem principal, & Catholico, ^
tinha por capricho trazer cada dia humas luvas novas.
8 Grande ignorância , em que pelo peccado cahimos cô- i

vcrter o reparo que Deos deii ao corpo , em cuydado que oc-


cupa o juizo, em diligencia que leva o tempo, em defpefa com
<jue malfepódejcmcoufaquepoucas vezes feacerta, molef-
ca o corpo, &diz o grande Padre S.Bafilio, ^3 que diverte o ^5 D.Bapi.hsm.^:

efpirito de Deos &aírimnoífosPays em peccando femfc /


; ,

lembrarem de pedirem perdaójtraràraó de fe v^eftiremi34 def-


piraófedagraça, 8c veftiraó-nos da vaidade: envergonharaõ-
fevendofe fem veftido, &nos podemos envergonhamos có ^ ^ ,
Ç** Vantos fuperíluos. Deos fe fez pobre por nos veílir de graça ;,'

^ D.PaitU.ad Cór.i.9. ^
*-< 3iÇ contentoufe com o encarnado, que a ^7?;^??;; lhe deu; mas

nem efte , nem outro , que a Senhora lhe obrou por fuás máos
lhe deixarão os homens faó até a morte: ambos Iheefpedaçà-
raó; 36 roto , & nú morreo o q vefte a todos fó naõ pareceo 56 pyj/w.n.v.iy,
;

homem em morrer mais roto, 6c mais defpido que todos os ^^"i'-'-7-iy *

homens: & veftemfe ricamente os homens, havendo roro,def- i,^,r 'j.j^.


pido, Sz empobrecido a Deos Creou Deos fedas , ôcjoyas,
i

mas naó para exceflbs como creou ferro , naó para homici-
i

<iios ; mirra, & íncenfo, naó para incenfar idolos ; ovelhas , &
outras rezes, naóparafaçriacar a deofesfalfos , creou tuda
*;" para ufos louváveis. 37 -,:<f)'.f
'-'--'--- ^^ S.Cypríanintraâ. dehdit.yirgi-
'
9 Na5hereprovada,anteslouvavel,a medida conforme "'""• .. ./ , ,

a idade, õc eirado. 38 Nos moços algum excedo degalanta- tumfiaeadn.^^.


ria tem defculpa; antes oincuriolb, & contra o ufo feria cm ai- 9 "'^'í- .-í"í«^.c- tv
5
-^'«^ '<"'•

'^'''"' ^-^-omantspccuLt.jup,
gum modo culpáveis mas fendo o exccflb demafiado dizia ,J° ^
AuguftoCefar 39 queerabandeyradafoberba, &; x\m\\o áí\ PíiUt.Ti^b.iniHlri:Jcdonai.^.\t.nAa,
lafcivia. Também nos Príncipes teve Séneca por convenien- '"/"•• , , , ,

ciaveítiremefplendidamente por decoro da Mageftade. 40 j,!^;,,,,,'. Qi.cmadaiodum veíi.um


Ariftoteles louvou em Alexandre eftudar muyto em fe veftir decorcatc^uems^nificenna citcris ho-
có mais bizarria, & niagniíicencia que todos os homens. 41 O
™'"'''"' f^'^'^"'"' '"""""^ '^'''^'*-

gloriofoRev de Portu^ral Dom Manoel cada dia velliaakúa _, . ^ ^, jip^


.
,

r|),oçanova,iemexceíloj 42 mas o íin?peraaor Alexandre be- D.zhwdci^.td.fn. ^.^.


•íio: vero
1 :

^6 EVA, E AVE/'Í
vcrofc veftia com pouca difirreiíça dos populares, dizendoq
45 Lampriàin^hxScx»'.
fó nos bons coílumes, & authoridade os queria exceder 4^5 o -,

44 PdnormitÀcgefi./ib^honf. mefiiioufava, & djzja O grande Rey de Nápoles D. Aífonío


'^ncu(LSyiv.deejHs déâ.
^^^ g. ^.^ mefma opiniaóYoy o grande Rey de Portugal Doni
JoaÓ IV. Nos de menor eftado feguia o melmo dictame ò
ThebanoEpaminondas, que chamado para hum adio publi-
co^ naó pode ir , porque eftava a lavar hum vertido que fó ti-
. T.^, >• } r nhaieraomaisrefociradovaraódaquellaRepublica: 4.< mas
vcKatUi.tolim,d.wn.^.^'Ux.ab^kx. loy hum homcm ímgularmenteinligne que nao faz exemplo.
'•3-f.ii. Diógenes 46 ir^ualmcnte notou de foberbos huns Rhodios
46 D^oíe^-^H-^''^^^
que viocom prcciofos veítidos,&lums Lacedemoniosqueíe
veltino muyto mal em tudo na de haver decente moderaçaòj
3

47 D.Qreg.NaKiani. crat. i. dcíla Iciaviva S. Grégoriò Nazianzcuo 47 a feu irmaõ Cefa-»


reo, dizendo que (êndo grande na Corte j &: andando noPa-
çojdefprezava o exccflb vclHndo como cortefaó.
10 He fuialmcnte concluíaó dos fabios , que pofto que 09
48 Vir bcncveftitus,proveítibu-;c(ici-iifticosmecaó a authoridade pelo ornato 48 os politicos,
;
reruiiscreilnui, àniille qnamvisitlioca 'i, *' l. - t - _
i r ^ •

fn -iie.M carcas veiie,ncc vcít.ms ho-


í,s
"cm ao cavallo,ne ao home avahao pelos arreyos precioíos4^
jicíia, iiuihus csUudis, quamvisicis Os Filoíofos dizcm 5 O quca uimia curioíidadc em fe com-
omnequodaudis.
,
pomace
^ de certaerpeciêde
^
imaginativa muvto cóntrariiao
49 Sócrates apiid Stob.StrmA.deprHd ,. ir i in. • •

Sencai i.i.eyiii.^j. cntendmiento j 5c também o deicuydo grande moltrajuizô


50 H;,jríí </f^. WHoexjw, tffw- defcompoílo; 51 cntrc CS dous extremos fe deve feguir a

^'"í "^^^^^ ^^^ í inclmando fempre para a modeftia fcnT vileza , Sc


D.iíçír/^^^^^^ ST. #.
incompoíiuo corporis iiaa:quaiitatan fcm fauílo. DiíTcraó também fercoufa plebea veftirfc mclhof
judicat mentis.
nos dias dc fcfta ahumque o fazia diffe Diorencs, 52 que
;

todos os dias erao de leita para o homem de bem.


1 Só com os homens falíamos; porque ás mulheres, nem
oeloquentiílimoChryfoftomo com huma oração taõelegan-
íj D.chryfoft.hcm.íi.advop.^m!oc.^^<^omoh\2. 5 3
*
pode peffuadir. Soporcuriofidade referimos
«"w-5- queAtalioReydosAííyrios, pelos annos quinhentos pouco
mais, ou menos depois do diluvio, foy o primeyro que as mut
Ihcresconccdeo podcrcm trazer galas , &ioyas 54 pareCê
54 Pincda naMonarch.f.iU c.^-i-
-,

i.mprinc. qucatècntaõ fe lhes naôpermittia;&: tanto nos princípios do


}5 ButionaMemnh. i'í/?»./.i.
</M- mundopertendcraò ellas efta liberdade ellemefmo lhes in-
;

ventou aguas para o rofto. 5^^ A fermofa Cleópatra Rainha


doEgypto compoz hum livro dos trajes , enfmando como fe
haviaó de toucar, & veftir, & de que cores conforme a altura:,
&: feyçóes de cada hiia , de modo que lhes eílivèífe bem oque
puzeíTem; perdeofc efte livro de bem guardado &: foy a per- ,

da que as mulheres mais fentiraó. A ley OppiA prohibio às


Romanas veítidos decores, ^* trazerem mais dtímeya onça
de ouro mas durou fó vinte annosj porque as matronas amo-
j

•.

jfx -M- 1 '


ax. .9.c,..r..y
tinadas, cercando a cafa cie Bruto , a fizeraóabfbgar. 56 O
^6 Fu^er-
EmperadorHeliogabalo dcputou lugar, comofonado ,onde
cilas confultaflem de que vertido, calçado ,&:joyashaviaõde
ufar, Sc que coufisfc haviaó de permittir, oupr<5bibiracadá
,.57 iiffx/4ci./.t.M9. Tortc de qualidade; 57 fem duvida feria o mais bcmquiá-o
Principeerif r«as curiojidades. As grandesfenliioràs^tc-pw íiè
COli*
PART. r. CAP. xnr. 47
confelho, que Séneca deu àEmperatriz mulher de Nero, deq
feveftilTe ricamente por efplendor da dignidade > já de antes
íemefta doutrina o fazia com tanto exceflb Júlia filha deAu-
au (to Ccfar, que fe lhe advertio que pareceria melhor imitan-
do a modeftia do pay ; a que refpondeo , que le elle fe cfquecia g stoh.Serm n,
de que era Cefar, ellafe lembrava de que era fua filha} 58 a
impudicicia, quenellareynava, fcmpre tem querefponder.
Com melhor texto as favorece David , ornando com veftido
dourado a Rainha de que fallavaj 59 míisalem dequeaqnel- 59 P/âAn.44.v.Ti. Aílitit Regina á

le ouro figniíica as virtudes ainda tomado á letra fe reítrin-


,
*^""'* *"'^"' '^""" deauiato.

ge à moderação, áizQnáo dourado, &


n^àòde ouro. A hfia mu-
lher ornada com demafiadacuriofidade diíTeoilluftre Varaó

r ^ . rr.*.>J IL^ /
jjíi
ThomisMoTo:Dcostefarà(irandei}JÍí/ílíça,fetenaodcroIri' ,
éo RefertFtmand.i.Gen.tã.l.n.x.
^' y
fernopor ejje trabalho. 60 ,-„^„_,
j

1 2 Naó fou taõ fevero , & fey que judith fe ornou virtuo-
famente com as melhores galas 6 1 mas foy para vencer hum ^» Judith.cAS.&' cii-é* t^.
-,

Capitão fujeyto ao vinho: EftherparacontentarahumRey , b,c^2m.'^*^°"^"''^'"""^'''


que efcolhia bellezas, naó tratou de ornamentos 62 porque
-,

a natural defarmada vence melhor aos que eftaó em feu juizo.


O Padre Frey Chrillovaó da Fonfeca, no excellente livro do
AmordeDeos, 63 refere que em Lisboa certa fenhora que». 65 Fe>ifecadoamordeDeos,f.i.e.^
era fea,amanheceo hum dia fermofa por milagre de S. Vicen- •

te ; devia fer para algum ferviço de Deos , como fuccedeo a S. ,


Ifabel Rainha de Ungria, augmentandofelhe a fermofura de '»

que era dotada, 6c a outras Santas. Diz omefmo Santo, que


aquelle milagre occafionou ferem as damas de Portugal de-
votas defte Santo jdiíto deve nacer vermos bellezas milagro-
fas ; mas que galante andava a mulher de Filo, de que em ou-
tro lugar temos fallado/ 64 Defenganemfctodas, que afer- ^^Sufrac.-j.n.iu

mofura naó confifte no que fe pôde achar por dinheyro, co-


modi(reh«milluftrecorten.ó. 65 jJ^f^M-^tíf"'''^''"""'^
15 Por naó parecer que approvamos o defahnho, lembra-
mos que atè nos que trataó fó de efpirito he reprovado j tanto
devem evitar o fordido, como o elegante, dizia S. Jeronymo ^
66 porque aílim como eíle parece delicia, aquelle fabe ajadã' 66 D.Hierm.tp. adNep.
cia, que he mais perio;ofa com capa de virtude 67 Aos vir* (-iD.Auguii.UeSerm.Dom.

tuolos encomenda Salamao, 68 que lej ao cândidos léus veí- jj^jj,

tidos. De S. Bernardo fe lè, que entre a pobreza do feu habito 69 Brim m


chon.ãe ajhr.
^^^^o w™.r«..A^^^^^
andava muytoaceadoi 69 deS.Therefa dejcfu, que era
honeítiliima, Scaceadanoveftir; 70 omefmo aceyo tinha S. Dijfemosnoep.paneidcs. i^»yi f-i.íj.t.
Rofa Dominicana, yi Exemplos, que por todos baftaó.Sa- ^.e'>cdady& ^.^.-v.tuvo.

crihcio de immundos nunca agradou a Dcos. 72 ^^

CA-

4S EVA, E AVE,

C A P I T V L O XIV.
Como fe acalmt aMonarquia de AdaÕ , Qf -porque
caafa j que pela mefmafe acabaõ todas as do mundoy
defcreveje a grande^ , Qf ruína das majores que
ouve,

1 A
S fim acabou a Monarquia de Ada5 que pouco :

^^£j^ duraó as grandezas da terra! Se a fundada por


Dcos, pcdcroíii em todo o mundo, & fern ter competidor , fe-
ncccotaó brevemente em que feíiaó as que naõ tem tantas
V

caufasuc firmeza? A El-Rey Poro vencido, perguntou Ale-


xandre dandofe por oíi^endido da audácia com que íelheop-
pi! xc ra; Giitc íc parece qve fg ovâ fãrcy de ti ? E Poro lhe rcfpon-
deo regia, ôí iiidicioíamenre;7v?^(? o que te enfmaefie dia, em que
vcs coviofhn ctídíicas as felicidades, i
I o QvrfA^ rch.-jirú^.Qmà i.c ^ c^^^j^^
^n zaó íc attnbucm fcmelhantes ruinas à inconílan-
dics tibilii.wrt quo exjictíLis cs qu.un
, . ,
n
, i r i i
• •
i

caduca felicitas cíict. ciaciomuiiGO, naccncioellas QO arDitno dos mcimos quc go-
vernaõ. A melhor qualidade do míido he eíla inconftancia j
q
feria dos bonf^, fc fora conftante para os máos ? os bons tem a
-,

1con ihmcia cm fuamaó própria > aflaz confiante he o mundo


cm fcr cõtinuo pregador com exemplos que deverão inítruir ,
que culpa tem fe lhe naô damos credito?
i Xenophont.^pud p.itrh. de i{ep.l.i. ^ Era fcutença dô Xcuofontc , 2 quc as Refpublicas to-
c.).infin.ijau^ZA7.
dascahcm por falta dos governadores, que bem governa- &
das fcriaóimmortaes. Deosdifreporlfaías, qfc os homens fe
^ , ^,. .. . reí?;cfrcm pelos preccytos divinos, fariaò fuás felicidades per-
,-'
.

^
? 5<zp.fi.ii. Dilií^itc iâpicntiam,ut ^ \ . '\ .
r> • •

inpcrpcniumrcgncrs. diiiavciSj O prmcipalprcccytoaos rrmcípcs pata rcynarcm


4
]'p/r/! iio.v TO iniciurrifapientia:
perpetues, he amarem a fabcdoria, ^ &: cfta confiíle no te-
t.morDomm..Prov.rt.i.7.
^£-'- nicr de Deos ,como tudodifib oEfpirítoSanto. 4 Sem prc-
5 pyTí/-^/.^ (.v,6.Eoodixi,(liicfi:is, & ceytoeraobrigaçaó jpoiscomofahiraódc Deos,
5 por quem
Exceli) omncí.^o.zi.io
filij 5. -,
revnaó, 6 Dará continuarem devem tornar à fua origem , co-
7 7. Adiocuniundeexc-
AiVr/f//,:,'?. 1
moasaguas aomar; 7 icndolubltitutosae Ueos, 8 devem
, por naô ferem rebeldes ; 9 recebendo de
unr flimiii.a,rt-vertuntiir, iit itera fíiiant. rcy nar ló para cllc

I ";íc:S";:'r'Eí „,.,..!>«=";
a.iuri)dicç.K-, , io tem dcllc particular dependência ,
flex.jolrca\id.ií/cF:iip. Aii^ulto fc^^. 6. contomic a dircv to ; II ôc cxaltando-os Deos, faó obrigados
F7acha.7m.(c>mr.n.dc^overn^.').fit!c.').
^ humilharfclhe V.vaisfob pcnadc iiig-ratidaó. 12 PoreSe ca-
io D.Pí.í/./"? 1- Nondtci:.in pn- . , ^ ,- ^ ti /• ^ r' ' r^

'''

teílasi,iuâDco.ppfír./«/no).fp,t.i5 mmnoíomentG ÍC conlcrvaoos l^ruicipes; nao lo porqUeos


I liotitiir m Lmora ycumfcq^.ff. de favorcce a qucm O vc!]cra Sc abate a quem o naõ refpey ta , co-
I
,

modiíícraó Anftotclcsac Livio 13 Ethnicos, mas também,


'"'^'S^íi. Quanto í.p.ror«fi-
mustJi^TOnosíiibnufiiusj^erarvcs. porquc ainda quc Dcos diflimule, he conlcqucncia natural
$ ATiii.<^.i{het.
ad ^ic\. Dw pro-
p^j. mevos ordinarios aos quebrantadores de fua le y j ou natu-
I

nicrcsclie incos, qui nuximculos co- ^ r . ''



<
' r i i

i •

iimr. ijvdec.i.Ly Oir.ubTTnryzi-cyc- ral,oueJcnta, arruinarcmíe> coiii tal providcncia atezaquel-


ni-mtíeruieiuibusDcos.ariveríàauícm le íiimmo Icgiílador, também pata a confervaçaó temporal,

^''uD^^Lnaharmo..pi;s...ir:no- comojá mcítramos cmobta particular deílcinííituto. 14


(Ih,(.':o. a na j .p.§,u/t,& per lote 4 ^-^
P^*"
PARTE I. C AP. XIV. 49
4 O primpyro h( -mem (diíle o Pralmiíl.i) 1 5 eftando na j ^
p^ ;,„ ^g ^, ,,/,. Homo , tnm m
honra da mavoriMonarquiaj naó teveefta Iciencia do temer honoretiicr, loninuiiexit.
""^'""^'""''''
de Deos, naô gmrdou leu preceyro , por líTo k pcrdeo. Nin- . .'^^gí ';"r
giiem hcofrcndido íènáo por fi meímojdifle o grande Chry- ,7 A/f«-W. Oinnbus cuidem bc-

ioftomo: ló cadahumhearrifice da fua fortuna, ainda en- '^<= íapici,t.h!3[-iiá<! bci-.cfaciei.nb.,s]

trcosparricularcs, era kntença de Menandroj 17 queella ^ç,,^.,,.^^ í^íj^prúdama; fedrc Nos


ajuda a todos os í.\bios c[ue obr.io bem Séneca 1 8 rcconhe-
-, tacim us, fortuna, Deam, caiuo.ue loca

ceo que nao tem jurifdiçáo Tobre os procedimentos a vir- :


"'-^
5,.i„n.orcsí.r:unaius
tude hc Louro contra o leu rayo hum galante Comjcode ,10,1 i,.nK-t, /-,/.';.
:

toda ad fe vence conidilioen- i? T;rjedeMoi:xwf.^.con.edDGtl.


noííos tempos diífeqv.e a veria
Jf y- r r^ n. \v, A-S' Porcue poutas vezes vi, no veji-
cias; 19 & • j flff \

outro judicioío Caítclhano 20 deyxou ditolia ^,jj3^,lig,,,^,J ^U3^i^.„f„„^j,^„,f^.^


i-

iTiais aniK3s, que a nenhum homem verdade vro , & dihs;cnte liz.

faltara o neceííario , &os favorece o Efpiritó Santo nos Pro- ;°


^'^^« *'^°
^f^'' ''^^'^f
^''
f
verbiosj dizendo que o remilio lera pobre 5 òc O /í?rr^ ( enten- i, p,ovio,a. Egcitatc op.-rata eft

didopelo/í)/;«Yo) fera rico. 21 Pelo menos feacquirir, tal vez íi^aiiusfemiíia, manus autem fonium
he fortuna, como em Adão , 6c Eva-, o ccnfervar, fempre he 'ir-pSam citíus rcpcrias quàm rç
prudência. Por iflb de Focas Tyranno do Império Grego, foy tiaças.
fymbolo Nao fe con ferva a for tuna tao fncilmente , 2 2 como (è
;

^cha. At€ reynandoTyrannos procede efta regra ;pois quando


os prudentes parecem maltratados , feconfervão na virtude,
queheaprudenciav& confervação vcrdadeyra ; a do mundo, 15 v.PjuLaáPs^m. %.ú.(2-i/aHCo.
^c^\Atch:í\ri^^.Yiu\o., jnorte , ó' i^noraricia i 23 facilmente "«í-í-jv.
fcaccómodaria comelles i mrsefla era a perdição. Cahioa
•Monarquia de Adão ^ naó por fortuna, mas por imprudência,
€cpeccadofcu; afilracahirão, 8c caiiiràó todas i as niayores
que ouve nos daó exemplos.
5 AprimeyrafundadaemBabyloniapor Nemrod, 27-^.
-i-^ íltl<tiih}li.*>.\.ç.iv,

annos depois dodikivioj 24 paliada depois aos Aííy rios , &


reftituida aos Babylonios por Merodacho, por occaílao
da grande mortandade que o Anjo de Deos fez humanoyte
no exercito do AíTyrio Sennacherib; 25 parecia ter prefcripta *5 4-%«'í^^

fubfiftencia contra todasas mudanças, &r ter dommio fobre


a mefma duração pois contando de feu íundador lha daó os
•, ,
^, r ,i-ar
Authores de mil quatrccentcs &:huraannoSj 26 & come- ^y MÍx-aniòHv.i.uc.i.Perer.inQeit
^andode fcu filho, ou neto Nino , quecomeçou a eftendella, l- is.f*«-S9-"' ^ '^">'

dizem 27 que teve trinta fic.tresReys Varões alguns eícre- ;,

vem que foraó trinta & íeis todos íuccefil vos de pay a filho.
,

Paulo Orofio conta cincoenta, 6c Toaó Michrelio ferenta &: ,, ,. , , p ,.-


r ' o - n i8 Orai 1.1 Micnrcl.mSyntam.btjT
&qmnhcntosannos. 28r. T^

1

cmco.emquaíim-ii i'oy tao tiorcn-^ ^ ^^,/ ^^ J,, _,<,^j,,,^^i„.ife,

te porque os Reys Aílyrios davaó o primeyro lugar aos Cal-


,

deos, virtuofos, engenhofos, &


fcientes, governandofe em
tudo por elles, &: lazendoíe tão refpeytados , que em todas as
terras fe chamavão depois , Caldeos todos os homens honra^
,

dos por fabios.


6 Mas veyo a reynar Nabucoclonofor , tão infano , que
felevantouaquellaell:atua,em que mandou que o adoraíTem
'por Deos ; 29 jà então fe enfayava para bruto , fera dos & i? djí/íc/.;,

montes, que fetc annos habitou como tal; 20 & peito que 3© D.mki.^.
E íain-
.

50 EVA, E AVE,
íaJndo mais modefto de fera, que de Rey Jc converteo a Deos
c. v 5«, ío« .w
initmido por Daniel; % i (tanto vai hum bc^ni coníclheyro,) 8c
í I nr^l hn.0.i.c.
feii filho Lvilmerod acho lhe entrcgcu o Reynoq governava j

vivcolo hum anno, em que naópcde emendar as maldades


a que elie dera exemplo. Succedeolhe feu íllho Evilmeroda-
cho,rã.o viciclo, queosfeus o matarão por m ao, fendo elles
peyorcs, & a eíle o filho Balthafnr fraco, & dehciofo; era cujo
tempo fe achava Babylonia metropoli da Monarquia , taó co-
nhecido fcminario de peccados^que es mayores fe rcprefentaó
^í ^pocair,y<.''á,i.o-c.i-j.s CT f. dcbayxo do fcu nomc nas divinas letras. 52 Em
húa noyte
%.x.aci'A'j-m. Bicfio notraã.ãa rumfdm JQy aquclla Cidade cntrada , dcítruida , &í occupada , &: cora
^daulmaLucn nofrinc ellatodofcu Imperio,por Dario.quc também chamàráoCyro
Rcy dos Perfis &" o Rey Balthafar, que acabava de profanar
;

os vafos do Templo de Jerufalcmjbebcdo por elles a feus ído-


los, & os mais convidados daquella efplcndida, Sc nomeada
cea, do feno paífou à morte ^e m
balde avifado da maó que ef-
creveo feu fim, & de Daniel que lho interpretou. ^3
""'^ '-5'
''
y Succedeo a ella Monarquia a dos Perfas,pofiuida jufta-
mente do mcfmo Dário Cyro pelo bom animo com que fa-
voreceo o Povo de Dcos, &: mandou reedificar o Templo
íanto, reílif uindolhe os vafos fagrados, 8c dandolhe do feu li-

£''cir.i.c.i6.
beralmentej 34 efta foymaispompofa , & opulenta que a
primeyra. Seja indicio de fuás riquezas aquella grande par-
reyra com folhas de cfmeraldas,&: uvas de pedras preciofas,
&aquelle travcííey ro , em que fcus Reys dorraiaó , chamado
Thcfouro do Ij nivcrfo , de que admirados fiillaó os Authores:
ccnto&oytentamilhoens de ouro cm dinheyro tomou Ale-
xandre a ti -Rcy Dário, alémdomuytoqueachouemBaby-
^e Athcniusl.ii.P. fM«r. de Me»- lonia. ZK Tcve tanta
Q;entc dearmas,que Xerxcs na batalha
doai ir. 'Virlã r.l irob/em. ij,
<,. „ ,
.-'/
^^ .,. '-.
, ,

16 rweda7MMo«arch.Eccief.i.^.c.i.
balammia contra os Gregos , ajuntou cmcomilhoens deho-
Eutto >Li Mo>urc.LuÇit.u.ut.'>). mens, como affirmaõ alguns Efcritoresj 36 outros dizem que
57 %^«^¥P-'-^-7.vrr/;a».«;««d*^^^^j^^.jl^^^j^^^ & duzentos , & tantos mil
j 37 masvencido
^^'^'
fugioemhCia pequena barca. Crcceo tanto efta Monarquia,
porq o fceptro fe não dava por fangue , nem por fortuna mas ;

por l"ciencia,6c virtades,8<: aílim a governarão excellétes Prin-

wat.z.n.iQ.o- vrat.<).n 12.6,


g Mas vicraó a fer aquellas gentes Afiaticas táo delicio-
fas,que os Gregos fc guardavaó de fiia communicação , como
de vencno;& ouve tantos homicídios, &treyçoen,s na fuccef*
faó dos Prmcipes, que nao \c podem referir fem larga hiftoria:
veyo pois a perecer aquelle Império depois de 230. annos, à$
,

mãos de Alexandre, que de vinte annos paííou à Afia, com


fos trinta, &c três mil iunintes , &: quatro mil cavallos ; &z ven-
cec,& matou aoutro Dano Monarcu ultimo, que fegundo os
que dizem menos, tinha quinhentos mil homens; alguns di-
^9 Piutanh.í<i tJUx.flCint. Li. cnm zcm qut naultima batalliaicveoytoccutos milinfintes, &
.

ffqq.r^ma..i.i brito Aíotí.vc':.Luiitf. fetc mílcavallos, Luido Alcxíifidrcívcc niÀlcavallos, &; qua-
i.un,^a:H.p.^/ "•"'•
rema mil infantes. :;9
9 Ale-
PARTE I. CAP. XIV. 5t
9 Alexandfe fundador da Monarchia dos Gregos alcan-
çou renome de AftJgf]o,Sz por fuás viclorias diz a F.fcriíura fan-
40 Machã.c.i.y
ta 40 que fezcallar a terra/iimidaj pafmada. Florccco
fiv'

cm quanto foy mayor em vjrtudesi moílroufc defejofo de


gloria em emulara AchilleS ; benigno cm tratar a Diógenes j
amante da Iciencia em eftitnar a II iada de Hometo , & em ref-
pcytar, quando entrou Thebas, a cafa, Scfaiiiilia de Pindaro;
caílo com a mulher, & filhas de Dário: reverente ao divino
cm naó cómetter Jerufalem por refpeyto do Pontifice Jaddo;
liberal em tantas occafioens , que íua magnificência ficou em
provérbio.
10 Mas lo^o que o Vento da fortuna o ihchoii, a naó que-
rer que o fuidaííemfenáoproílrados em terra, 41 achamar-
4Í S/'leUh- 1 6àn 4.
lcfilhodeJupiter,ademafiarfe nos banquetes, a arremeçarfe 41 t^fHd ^lun.Mar.hi^J,<)^c. 5.
em homicídios , &: a lúcios de pompas inauditas, 42 não fe
^ilTiniulou atyrannia com que ufurpàra fem mais direyto que
odaambiçãOi ôcodopoderj que leva tantos ao inferno hum 5

criado fe atreveo a darlhe veneno ; foy morto de trinta & três


annoSi&: o Império minino Gigíinte fe defpedaçou miferavel-
mentc; ficou a fombra dellc em Macedónia atèEl-Rey Per-
feo, cuja crueldade, falfidade,6c avareza o fez triunfo de Pau-
lo Emílio Conful Romano j 6c o aíTento que avia fido de Im-
pério cabeça do mundo foy reduzido a Província da Repu-
,

blica Romana. 43 4 5 Livius dec, yferèper tot, PltUifch


.
1 1 Roma
livre dos ReySjComeçou Republica de Julliça; '>' Paul.Emii,

nella fe eílimava a honra, fe provava o valor^ os homens vivião


pela razão, as mulheres com fugeyçáp^, fó reynava a generofi-
aade. Tendo Camillo cercados os Falifcos, fahio da Cidade
hummeftre de mininos, trazendo-os enganados a entregar-
Ihos para que os pays fe rendeflem , Sc o Senado os reftituhio
,

à Cidade,& que foíTem açoutado o meítre fazendolhe guer-


:

ra El-Rey Pirro, fe oflereceo Timocares a matallo com peço-


nha, Sc o Senado avifou aoRey, que fe guardafle de veneno
dos feus, porque fó queria vencello porarmasj 44 femelhã-
tes virtudes a fomêtavão de modo, queopprimida porAiani-
balmoftroumavor fortaleza: as perdas lhe acrifolavão a con- ,. ,_ ,.«„
n
Itancia
^
r^ y r r\- -44 Valer
.,,

nunca o beijado toy mais labio nunca o povomais ,„ i>.,r .__^,d.Gei.i.^.c.i


^
Max.1.6 c.Kide mSl.Vittierc.
; :

obediente os efcravos tomarão as armas como cidadãos as 4s


: -,
'"'•rg, ,._^/r-Heià -ji

matronas ofterecerao as joyas com que íe ornavao aquella ,ectirrcns


:

calam idade profperou feu credito. Crcceo a opulência qpoz Aípint Oceanum,vcrticiuercgi <]uevi-
na praça de Roma, quanto a natureza creàra nas entranhas da f^cbunt.
terra, ò; dominou tanto mundo, que diíle Virgílio
45 que lo j„pfpr ex alto cúm tomm fpeae: in .

tinhahmitesnocurfodoSolj&: Ovidio, 4Ó quejupirerjolhá- otbem,


Nil RpiTisnum, ovòd mearurjijbrt
iiiíi
*io do Ceo para a terra , não tinha que ver mais
q os fenhorios
Romanos ; &: tudo parecia tão invencivel, que poriftolhe
chamou Daniel Monarquia de ferro. 47
47 Dinidc.i 40.
J2 Porém depois que as riquezas, &: gloria, como diz 48 rioT.l. x.c.i-
Lutio Floro, 48 diftrairão os bons Goftumes j 6c introduz i-
Eij rão
q

ya EVA, E AVE
i:aó OS vícios-: depois que le pc rueo o ríípeyn^ à v irtiidc S<: fó
,

oappctire foy limite das dclordcns? como diíTe 7 aciro, & cx-
49 T<u:'iannaliiSenccep.,-. pcndco Sciíeca, 49 govcmando as mulhercs aos maridcs j a
cllasodefejo, Sratodos o.dosEmperadorcs, íc curros gran-
'
dcs; fuccedco o q tmin dito Annibal jque Roma (o pedia ier
vencida pelos fcuvmefmos-, os íeus que vencião a arruina-
váo, porque vencer por màos he prejudicial Silla , ív j ulio
:

Ctíarlhcderãodousmoxtacs golpes j chegou a eilado, que


prifioney ro o Empcrador Valcriano deSapor Rey dos Perías,
(que o tmha dentro em huma gayola de ferro, donde o tirava
paracTiribo, qu.mdo fubia acavallo) íe levantarão em varias
partes contra Galienofeu filho, trinta tyrannos ,chamandofe
Emperadorcs. Aquclla queem Rómulo, 6c Remo , não havia
podidofofrcrduusíenhores, como fofreria tantos ? Hunsa
outros fe dcílruirão ambicicfos de todo perderão as partes j
:

veyo a fer o Império roda da fortuna , &: o titulo de Cefar ^


(juAvgpjio hum ornato de vidima. Enfraquecida por eítcs
modos aqucHa dominadora das gentes, foy por vezes faquea-
da pelos Godos , &
outras naçoens Septentrionacs , fugitivas
da afpcrezade fuás pátrias, defprezadas nos principios de fuás
invafoens, & que fe havião dignado de fervir aos raefmos Ro-
manos por efripendio. No
íitioemqueaentrou AlaricoRev
W^^J-
'
dos Godcsjchegarao as mays a comer OS filhos que criaváo,
50 tornando a fuas entranhas os que havia pouco tinhãa
laçado delias. Bem pagou Roma a crueldade com que depois
de matar em priíaó, (& alguns referem, que privando-o do fo-
ní)) a Pcrfeo Rey de Macedónia, a quem tomàraó o Reyno,&:
inlmenfas riquszaSj rediiziraõ ítniíilho Alexandre à necelii-
n pi.it.trch in Paul.Emiiio aãfm.vi' ^adc dc ganhar o comer huns dizem , que a efcrever , outros
,
,

y.ã.t, AioiiaH-.^u-kj i'.i.Lí. c. uit. §w.//. que fcndo tornsyro, ouferrcy ro.
51 O
mefmo Alarico ( que
era Chriílaó) refpondeo a hum Monge que íahio da Cidadea
pcdirlhc que anaódeíb-aiíle, que não vinha por fua vonta-
de, mas porque todos os dias lhe apparccia hum homem vene-
rando que lho mandava fazer v donde lè entcndeo fer caltigo
depeccados. Precedeocahn- ofceptro de ourode Rómulo
fe confervava no Templr) de Marte, & em outro tempo avcn-
dofe oTemplo quevmado todo,fo aqucUe fceptro íkara inta-
dto ; o Emperador Honório que fe achava em outra parte , ne
afoccorreofitiadii,ncm a ch(jrou perdida, antes dizcndofelhe
que Roma fe perdera, ri(; nuiyto, cuydãdo que fallavão de hCi
gâllu, ou gallinha que cílimava , & chamava do mefmo nome,
SI fK/íií Cdí?.'//).J.(/-/f.9.P<t/i'í>ii/íi: Sr quando fe certificou, n.io moftrou alteração. 52 Mais
Mj5,/v/ J.C.19.ÍC c-';i.A//../«afc-j.'
.^rcfpevtou O inim!L'o; pois ainda ouca dcfle a laco três dias,
íoy com rara modeÍLia ; durava a reverencia devida a Icnliora'
das gentes , &: não f(- atrevião os fubdiros a tratalla mal , poftò
^]]^]^ que cativa íuccf:deo no anno de fua lundação 1163. &:
i

410. do Nacimento dc Cbrifto. Cortada a cabeça, foy muyto


faci] defpedaçar os membros daquclle fc^berbo corpo. Em Au
c^uftolo
,

PARTE I. C AP. XIV. 53


«ruftolo fe acabou de todo, nem lhe ficou quem imperaíre,nem
que imperar porque feyta preza dcsfeus , & dos eftranhos
;

nem de fi ficou lenhcra, a que o fora de tantos officina das ar- ,

tes, mar da doutrina, compendio do mundo fó fícàraó en- i

tre as ruínas daqaelle edificio civil, pedaços de pedras bem


lavradas que íerviraó de molde a muytos arquitedos de Ref-
,

publicas.
13 OReynodeJudea, fundado com milagres, fortaleci-
do com vitorias, allumiado com Profetas parecia izento de ,

ruina.Com ludojcomodiífe AchioraHolofernes, 53 fóem 55 /«íií/fc 5.17.^011 fitqui ii/ulti-


ouantofervioaDecsprevaleceoa todos fempre que o deY-''"''°P"'°'',^"''"'^'^''"-^'^^'=^='^'^
•• ^^u^-

xcu^fe fez a todos preza &: aílim como nao houve no mundo
j

^*-*^
Reyno, em que tantas vezes mudafiem os Rcys a religião : af-
fim naõ houve outro, em que fe viífem tantas mudanças mife- ^**-

raveis. 54 A cobica,foberba,
*
'
imprudência
1-
mao oroverno , & „ , ,^ r, 1

T^efcrt Míxiajuj).l.^.c.\^. comos


T, 11 ,

1 -r - j -1 t^i,

de RoboAo lhe deu o primeyro golpe nadivilao das tribus ; iousff^umus.

ífíí chegar
a crucificar a C/:?n^c,Deos lhe deu o ul cimo, mor- & 5^ vK^e-i^-

tal devia
; extinguirle Reynojque nao quiz por leu Key o p i- j^. (up;r„os: .

IhodeDeos: 56 ^alagarfeenifeufangue Cidade, qae der-/É.a«.;v-ii.No!iraibere, R.^xjuda:otú

ramou o mais innocente. Qimrenta annos depois daquella


maldade, tempo em que os Doutores confideraó a Ley de
Moyfcs (jade antes morta na Payxão do ^íí-Kj/^Êir ) mortífera
pela publicação da Ley da Graça Jheveyo ccaíligo que lhe
eftava profetizado. 57 Precedeo revelação delle aos Chrif- _.
tâosque habitavão Jerufalem, parafahirem delia , como fize- Thrln.i'crp,!jjir:tinPrephet.

rão com S. Simeao (que depois foy Martyr, filho de Cleo-


phas )feufegundoBifpo depois de Santiago Menor, que o
havia fido primeyro ; 6c havendo quatro annos que em todo ,

o Reyno ardia horrivel guerra, finalmente nos dias da Paf-


eoadoCordcyro,emquehaviãomorto ao Divino, Tito Fi-
lho do EmperadorVefpafiano ficiou a Cidade fua cabeça, &:
theatro daquelle mais que facrilegio,& encerrou dentro os
muytos que tinhão vindo à folemnidade da ley 58 pelo que 5 g ^vívíôí hiíl Ecd i c
no fitio,que durou fó cinco mezes,f oy tal a fome, que as
mãys comerão os pequenos filhos. A Cidade foy entrada por —
força não todajunta, mas (porque mais vezes fofi^e vencida,
,
"" ^^
& deftruidaj primeyro a parte inferior , &: dahi a dous dias o
Templo, que foy queymado contra vontade de Tito 59 & ;
%<)hfe^hdthtlMl.T.c.T.%.úc \o>

depois a parte fuper ior ; tudo pofto a ferrojôc a fogo , fem ficar
pedra fobre pedra, como Chrifio Senhor noflfo havia dito , nem
cadivcr parecia de táo grande Cidade. 60 Morrerão na- (o Mttth.í^.z.Man.i^ t.
^"••^'^'^^•
quella guerra hum milhão &: cem mil Hebreos foraó cati- ;

vos noventa 6c fete mil -,& havendo os Hebreos comprado a


Obny^í?por trinta dinheyros, 61 vendiâo os Soldados Roma- 6i Manh.i(> i^.
nos a mercadores Egypcios trinta Hebreos por hum fó di-
nheyro, como conta ]ofepho , & nem tão baratos achavão
^"'^«••^s./«/«. Venderismimicis
comprador icomprindo-fe à letra húa profecia do Deutero- ,
1^'

nomio. 62 Concedendo depois o Emperador Juliano Apo-emac, - ^^



Eiij ítata
54 EVA, E AVE.
Judeos,que pudeíTem reedificar o Templo, o que até
ftata aos
então lhes era prohibido, ao abrir dos alicerfes fahio fogo, que
abrazou muyta gente, fez em cinza os inftriimentos da obra, 6c
aodiafeguinteapparecèraõosveílidos dos Judeos com o íi-
nal da Cruz impreíTo fcm fe poder apagar cóvertèraófe muy-
;

tos, & nâo fc pode procedcr na reedificaçáo. 63


6; Mexunn S)/v. 1.4 r/p.41. ct>m os
dous/èguintes.MuuMa hijior.dc Hefp. i.
14 Hc muyto de notatjque os Hebreos mais pios fe fíàraó
t*""'^" ,r Lr r.
br1tt0naMonatch.Lu1tanLyt1t.uU.
t4 Gíntf.tí.cr feq.
r,.i,
t

j _
fempre
icz
rAUiv-o
em
na benção que Deos lhes lançou, Scproniefias que lhes
Abraliam, j
64 cc na grandeza com que no Templo de
T^^i,
'77^^^~/7^ifr^ Jeruíalem era celebrado o culto Divino grandeza que verda-
;
"^

^^-^ ^ yy
deyramente parecia fobre a poílibilidade humana Porq o edi-
'^'' ','^""
^^r-- ficio naó cabe em defcripção, pois não acaba de o encarecer a
leteannos que durou a obra, 6Ó traba-
D.$í.4^!í;^Í?/.-.H^ii^-^^^
Ejpcihodc Prn;cipcs,i.i.c.i6.o- ^j. Ihàraô nella mais de cento cmcoenta &: féis mil homens > as
66 7,.i{fji.6.'»fi'>^- portas erão tão grandes, que não menos de duzentos as fecha-
,^,, .

67 Refere Bntto Moyuirch.Lu itj.i.ttt. '^ ^


zi.crl.\.ta V
U--/T^r o iir--
vao, ou abriao. 67 Dos valos , 6c peças que nelle ferviao,
68 jofcphdea-rttiql^.c.í. àlemdoque pormayordiz
a Efcritura fanta, efpecifica Jo-
PmedaMon,rchMLv.i.L}c.ii.§.4.
^g que dcmais da grande mefa de ouro para OS pãcs
f^^^^^^ ,

da Propofição,havia outras muytas pouco menores fobre as ,

quaeseftavão vinte mil vafos, &: taças de ouro, &: quarenta


mil de prata. Dem.ais do candelabro principal mandado na
ley, tinha dez mil.Haviaoytenta mil cântaros para vinho; va-
fos para flores dez mil de ouro, & vinte mil de prata. Gomis
oytenta mil de ouro, &: cento 8c feíTenta mil de prata. Pratos
grandes feíTenta mil de ouro, 6c cenco & vinte mil de prata.
Dos vafos que Moy fes chamou iíf«,tinha vinte mil de ouro,&
quarenta mil de prata. Incenfarios feflenta mil de ouro. Mil
veftes Sacerdotaes , guarnecidas de pedras preciolas. Outras
chamadas Eftolas , com dez mil cintas, 8c duzentas mil trom-
betas. Para os Cantores duzentas mil alvas, como as que uzaó
os noíTos Sacerdotes. Inftrumentos muficos quafi todos de
ouro quarenta mil j outras translações dizem quatroceiítos
,

69 Aíi//;^.5.9.Nevd.tisdiceteintran^il- Mas O grande Bautifta 69


os defenganava de q não fe ,

os,patrem habcmus Abraham. fiaífem cm ferem filhos de Abraham i 8c Jeremias 70 cò larga


70 itrem. 40.
Ofação OS admoeftou, mandado por Deos, que não confiafiem
na protecção do fumptuofo Templo, 8c do culto magniíi-
co que lhe davão nelle ; porque fe obraíTem mal , os deftrui-
,

ria como a Silo onde primeyro fora venerado. Advertência


,

•*
_ tremenda para os que temos femelhantc confiança nas pro-
meflasfeytasporDcosanoífosprimeyrosReys fantosjSc na
magnificência com que o i^fw^orbe fervido em noíTos Tem-
prezamos deftas prerogativasjfe farão
plos. Qiianto mais nos

7, 5./v,Wc..?«ferr«.D.í,/.4.
Hoíías culpas mais gravcs nos dc eftado mais honefto he o
j

ubi fubUinioc eíi piserogativa.ibi maior delifto mais criminofo O furto (diz Salviano 7 1 ) he mao em
j

culpa.
c.'l
todoohomem, porém mais punivel em hum Senador dos 'j-j >
yí D Ijidor.deSumm bom i. l.
c
x r r •
r
Crcfcudciiai cumuius )ux:a ordincm maisdccala Ic fcntcni mais os aggravos, crelcem a medida
iDcritorum; & íaspe c)uod minohbus ^Jqs merccimcntos 8c muvtas vezes
: ( adverte Santo Ifidoro
ignofckur,n,aionbu^,puutur.
7;, ) f^ caítiganosquceráo mayotesem virtude,o qfe perdoa

aos
;

PARTE I. CAP. XlV. 55


aos menores. Chrifto Senhor noíTo a femelhante jadancia dos ^ ^ /,^„. g. 59 si fíiij Ab»h« cftísv

Judcosrefpondeo: JVy^/>;í//:;í?^ de Abraham ,fazey obras de opera Abraii^facitc

jihrahâm. 73
15Seja fegiindo exemplo o Império Grego. Com a Ca-
deyra de S> Pedro paíTou a Roma a Cabeça da Religião Chrif-
tãimasocorpofetranfplantou em Grécia , aonde lançou raí-
zes. Na lingua Grega íe efcreveo originalmente o Teftamen-
to Novo, excepto o Euangelho de S. Mattheos, que o Eu-
angelifta efcreveo primeyroem Judea na Hebraica. 74 Em ^^ ^ mroninÈMHgA.inp^íat. ad
Cidades de Grécia fe celebrarão os primeyros Concilies gé- Damajim.
is^^remos na. x.pc.éu
raes, depois daquelle que S.Pedro celebrou em Jerufalem. 7^
Aos Doutores Gregos deve a Igreja as primey ras illuftraçóes
o grande S.Bafilio natural de Ponto efcreveo a primey ra regra
para Monges fe bem a do infigne Patriarca S. Bento foy muy-
-,

to primeyro approvada pela Sé Apoílolica, com que feliciííi -

mamentefe fez Pay lUuílriíTimo das fagradas Religiões j &


em outras rauytas coufas foy a Igreja Grega acredora da Lati-
na. Entre outros fumptuofos Templos foy admirável em Có-
"

ftantinoplaodeSanta Sofia^hiia coroa tinha a Santa de pe-


dras preciofas ineílimaveis no valor. Guardava aquella Cida-
de innumeraveis relíquias j celebrava o culto Divino com a
mayorexcellencia.
16 Nadadiftoimpedioamiferavelruina daquelle Impe- ^

rio } porque mais padeceo de tyrann3s na paz , qi^ii de inimí.^


gos na guerra. Geralmente feperdeo nelle a verdade jveriíi-
cando-fe cada dia mais o antigo adagio da Fe Grega por ironia.
A fucceflaó do fceptro chegou a fe deferir fó por trey çóes, ho-
micídios, & adultérios , obrando nella mais as mulheres , que
os varões i os Emperadores punhão, &
depunháo tyrannica-
menteosBifpos. A JuftinianoII. cortou os narizes ,& ore-
lhas Leôncio ,& fe fez Emperador: Tibério fez o mefmo a
Leôncio, &
Juftiniano reftituido fez o mefmo a Tibério de -,

modo que Emperadores fucceíiivos não tíverão ore-


três
lhas , & Juftiniano cada vez que fe queria aflbar,
nem narizes •,

& os não achava, mandava matar hum dos que tinhão aju-
dado a Leôncio i 76 como podia fuftentarfe Império tão ri- 7tf hí.decnnhhiji dos Godos, 1%
dículo ? O Emperador Leão V. apreíTou a ruinajHerege con- BnmMomrch Lufu.ue.tiu^.
tra as Imagens dos Santos, tirou da cabeça de Santa Sofia , &
poz na fua facrilega , aquella ineftimavel coroa j mas as pedras
preciofas fe tornarão logo em carvões ardentes, que lha abra-
zàrão,&: o matarão. 77 Poucos dos que lhe fuccedèrão fo- 71 nofcuLhid.p.uct^.fyofefu.
ráo melhores. Al gunsfó por recey os vãos, com politica fuf-
peytofa,& perfídia alhcya de Chriftandade,ímpedirão,& dcf-
truiráo cavilofamente exércitos Catholícos, que deftas par-
tes Occidentaes marcharão por Grécia para a Paleftina con-
tra os Sarracenos. Daqui rcfultou fazeremfe eftes tão pode-
• rofos com feu Rey Mahometo II. que tomarão por fitio a íl-
Juftre Conítantinopla,que havia mil cento &; noventa annos,
era
. ;;

fó E VA, E AVE.
era cabeça do Oriente, & clara em triunfos metendo-a à efpa-
;

da em vmte & nove de Mayo, de mil quatrocentos cincoenta


&c trcs ; imperando nella Conílantino II. do mefmo nome do
queallicollocàra o Império ,& ambos filhos de Hslen.isj a
fortuna lhe deu por ultmio alivio morrer pelejando valerofa-
ji Pedro M.xiu na Syiv.i.uc.ii. mcntc ; 78 6v a fcdaaGrccia por mayor pena o arrependi-
mento de não haver ajudado aquelles exércitos ChnílãoSi
porque he ardil das dcfgraçaSjpara augmentarem feus rigores,
lembrarem os remedics,quando jàfenão podem lograr. A ílim
por peccados cahio aquelle Seminário Chrifcáo j todo he hoje
pofiliido pelos fucceííores daquelle conqaiftador cruel íèndo
:

Grécia indofta as letras barbaras ; a fonte dis fciencias lèca


: ,

ôí ameaçando o foberbotyranno o interior da Chr;ll:andade.


1 7 Do que temos vifto íè inferCjque as Monarquias,tSc grã-
dezas morrem como os homens. Morreoa fortaleza da Affy-
ricaya opulência da Perfica.a felicidade da Grega,a politica da
Romana,a confiança de Judeaj& Conftantinopla , porque na-
pn. Dif- da fcm Deos lic dutavel j 79 como opeccado matou ao ho-
79 FiicuLhfí^f.ix.yprcf.
eant Reges i>.tc[i'.c Rr íiri ui hoinip.ci, nieiii , 8o também mataas Monarquias a de Alexandre du-
;

„,h.uiue .utum cjuod dmnâ bafi uon


^^^^ menos,porque foy a mais violenta a dos Romanos mais.
j

80 Siip.c.6. por menos injulta.ror illo o hmperador beptimio bevero dif.


íe quando morria O Império que recebi alterado , deyxo a meus
:

filhos ojuietoije forem bons afirme-, fe maos^ pouco durável. Os que


afortunafor fubindo com fua roda, temáo nos que encontrão
81 D ?ãyoQaii^onn. 0;,i.á/..la
^efcendo: 81 entendão^quefó a pôde fazer parar o cravo, q
inn Zeuobia, jcrmefa i lhe fcrjar O tcmor de Deos. Toda a politica fó nifto confiftc
Sube Aurciiaiio tc.uendo
, ^^ livros,que tratão dc outtas rej^ras, faó ociofos, porque tudo
PucshastopaJoaifub.r íeachaja tao trilhado,que ningucm, Icqucr , ignora o cami-
Oiro que viaie cayendo. nho ; mas Voluntariamente fe defencaminha , deyxando-fe le-
var de payxóes, 8c intereííes.E também muytos documentos,
( que feefcrevem, faó efpeculativasjcuja impoílibilidade na
pratica fó conhece,quem maneja negócios.- difcretamente fin-
giooBocalino,queCornelioTacito,poftopor Apolloem hu
governojfahira dellecomdifcredito.Pregue-fe aos Príncipes,
o que pregava Chrifto : Bufcay primeyramente o Reyno de Deos,
crfnaj-njtiçã} &
ff ido o mais que he nece/Sario vos vir.i em con-

81 Mãtth.6. ív Quzritc ynmnm Jequenciai 82 todos OS outros conceytos fantafiados nas cel-
Resr.um Dc.,&juflit,am qus ,& h«c j ' f^^ impertinentes.
muni:! arliiririirnr vr\Uic
omniaadjiciciuur vobis.
-^ *-

CAP I T V Lo XV.
Aàam-I^ Evz penitentes : revelação que tiver do do
nafamento í^<í May de Deos para remédio
defeupeccado.

c Ahio Adam como todos os homens porém arrepen-


deo-fe^o que não fazem muytos a queda foy comua,
-j
5

ape-
,

PARTE I. CAP. XV. 5?


a dor d:i virtude, i
a penitencia eípcciali a culpa da naturezai , d .imhfJeDaviài.i. inculpam

comojazcr muy- mcidifle, naturxeft doleic vir-


Naõ he tão í^rave cahir nos maksj helles-, 2 taquc 1
,

caidos, 8t ganharão a coroa niuytos


T( .s Atletas le levantarão .
'"'f^^c/^rj/ fc««Mo..<ipo^ ^ntioc. m
vencidos tornàráo a pelejar 8c recobrarão avictona^ ^rinc.m,. 5. Nou m maiomm vcniilc
cipici-^s 5

mnyrosquenaufragirão fe embarcàrSo outra vez, &feenri' ^^t^^ES^^^^tSZ::;.


quecèraó alguns-negàrão a Chrífto & em novo
;
certamen tii-
, cdiiíemaiorum cftimpir, íed poftquam

iinfiraõ Martvrcs. Naó pecCar he fo de


Deos : emendar he ccádcút, cótcmnçzc.Excp.íl.6.adTheo^

delabio. ^ Diículpamonoscomqiieherdamosdenoílospii-^^^^^^j^^^^^^^^^^^ fcd, acere dei Jum.


dellcs o arre-
mcvtos Pays o peccado:&: porque naó herdamos ^^ ^.imbrof, ep. 5. ad Smphdum.
^

cahir com elles, & não queremos le- dare,íapientis,&corngereerramm,&


Nih.l peccare folms Dei eft cmen-
pendunentO. qUcremObCanirLOUltuc^,^^-v
«.nríinif^nfn^nneremos
^ 1

vantarnoscomelles? entendamos quenao nos deraoexemp p^^.|.^^^^j^,^^3„çj,j,jçp^^j.3jg^


lo
, ;

oira cahir; mas para nos levantarmos, fe cabirmos^ 4 antes 4 d .^4.?^.lup.Pfdm.^o. Multica-
'
^
F'" , V .,^0 aeues, 4uc 'l^Evolinucrtm Daviac&noluncíur-
/-I^IUq. £ niit-
1

íeràmayor a pena dos que nao aprendermos ^ g^,.^^.^D^,,j,.nonergocidendi evg-


haverá íe nos lembrarmos dehuma íohcaoquenos pi„tn pragofitum eit, íed ficecidcns,
diículpi
dcraóparapcccar.&noscfqucce,niosdcmuytos:mnosemq.eiu,g„^^^^^^^
nos gci axao para ^^^^^^^ uiorumiqui poft los p^ccant
nos enímàráo arrependimento?He verdade q i

perdão igualmen-^^umis cxeiupUs cmendarc k m.


aperta; mas também nos inilruiráo para o
pois tanto eftinia Deoshum peccador
que "'^^-^^^^^^^
te beneméritos j ,^

fe levanta, como noventa 8c nove juftos


que naõcahiraó. 6
2 Comendo da arvore vedada , Ibubeíáo Adaó, & i-^va
perderão ,
do bem, 8c do mal , 8c aílim conhecerão o bem que
òc o mal em que cahiraõ. Pelo que logo do Tarai] o terreal (co-
forme a opinião melhor) 7 fahiraô taó arrependidos,
que an- ^ jj..^^ ^ ,„;, mprofap.de chrijfo ,

uosmteyrosnaõceííàraó de chorar pela offenfa


doCreador, .^d^..|e^i^^4§.^-;«aM.5^^^^^^^^

a Santa i>"^p^* *
uíais que pelo feucaftigo, como foy revelado s Ke-vciães.BriÇid^inSem.^nicl
deS.Metho-
8 Acrecentaeftaopiniaó, 8c com authoridade
c.Tinprinc

aio Martyr,(fe bem outros 9 atemporfuppofta)quequin- .jj;;-;:^^^


ze annos fe confervàrão virgens, divertidos em
penitencia, òc
preceyto de
maiscontinuariaó , fenão deverão obedecer ao ,^ Gen.^.ri.

]aiultiphcar,8c encher a terra. 10 r-n.



«o •

Hiltorico,
^ O erudito , ^
elegante Author do Flofculo
í9

QU hiftoria geral atènoííos tempos, diz il que chegou


i^^'j2

de ferfermora,& amada pois fe o fora menos ,


nao
ater pefar i

o perfua-
defejàra tanto o marido fazerlhe a vontade quando
dio3 comer. Grande encarecimento em mulher, ^ taó vá,
que
afpirou a Deola fendo natural a todas fer
;
idolatras de fua ler-

mofura, Sc procurar com todas as artes fupprir a natureza. Ja


antes do diluvio tinhaó efpelhos , 8c entre a pena 8c confulaó
,

com que a mulher , ^ noras de Noé entrarão na arca para ef- ^ ^ ^.^^^^._ ^^^^^ p.c.èM.4. èetdfj. ,

caparem do diluvio, lhes naó efqueceo levallos comfigo, con- Brittom Monarch. Lulu- p. i^c.z.ad 1. 1.

tbrme o que eícreve o antigo Berofo. 1 2 Chegou Berenice a .«r^.


,

^ ^ ^^ ^^^ ^^^
lambeíle j^,^^^
confentir q hum Leaó (leria enfinado de pequenojlhe En9ehra\emC<ehEnipyit ^.,^,.;^

todos os dias o roíto,,(aprendaóeftâ muda) porque afualm->j/.í./ií^r/;í ^.5.

gU4 lho polia bê, 8c tmha Virtude deonaôdeyxarenrugari i:;


mais temia os. annos, que o poder agaftarfe aquella aya curio-
h , como fuccedco a outros leoens.que matarão a quem fe fiou
de os ver manfos. Naó herdarão de I:>ca aquelle exemplo fuás
de averem iido queridas, 8c bellas,
filhas, pois nunca Ibes pefa
mas
;

$8 """eva; e ave,'
mas {ofncnte de haver pafiadoaqiifllã felicidade i<^ quey- :

S',i;S^ííí;:^4;:í;^conípcx:t xaó(cdoeípdho,& chamaôlhemennrolb , 15 porque falia


aniicí. & já lhes he perlèguiçaõ, molb-ando-
verdade.- foy lhes lifonja ,

y^t)T>rJU-Tr'^.ck^7. qnc qiicriaó jcrnorar. Alo-unseontaõqueElenafeenfor-


Ihcs O ^

O
líhdcceiíshcicslotigisvitiabinir anuis, ^, , n ^
/-

Kii;',ac;iic in amu^uâ finte cii!i<; erk. cou


em luia^irvore , vcndo perdida lua Dclleza com OS annos ; i i i

ttjnuixaiivr.iisòiccc» fiiithic formo- outros efcreveiTi diverluinenre iua iiiorte. Horácio refere
í6
E?f,Smirenaaxcírf quereicma.q^-Jiu^ia. chamada Eurc pa regava aos dcofes, que antes fe

ifií-iwrtf.wm.jOt/f 17.
'
V ifie com ida de tigres, & leccns,q chegar a vcrfefea ouve- ,

Iha, /iV^tambcm fo) mulher quando peccadora: mas deyxou


de o-íer quando penitente.
4 Oh penitencia, quampcdcrofa es com o todo podero-
^"^-'"^'

1/ ômrr/c. .^h.jcrm.r.Qtindrjgfl.m fo! qiia6 facilmcntc venccs o invencivel com que prefla con- 1

pi.e. Q.'amH(.u.s esapud On„.,po-


verteso Tuiz tremeudo em Pavclementifllmo! 17 Opecca-
leni: ciuàm Oto ticmemlam )U(iicem cíode nollos rays loy odemayorcs coníequencias, cc iJecs
piuiiimim patrcm apreíTou 3 abfolviçaó, como fe elle atormentara a fua
convcftis !ii :
\\^q
» „
Mi-

. \% /íifw/i/pr . Sic íclíinabat ablol- /- V ^ ,.

vçie Rciiai a coe mento coiifciétix íiiac,


'^' ICOr Qia. 1

quaaijiusçrutiaut mifericoididii) cõ- ^Sobrc O dclifto abundoii 3 gtaça^ pois além de perdoàfi-
r",'":;»:::^;™.;;'"'"" ^^velou pecs a Adaó , ^ de ftu geaçaó naceriao mefmo Deos
S: para Redemptor das alrnas que elle perdera (antes do pecca- j

do jà tinha Fé da Encarnação, para confúmaçaó da Gloria;


agora atevepararedcmpçáodeílepeccado;) para o que to-
maria carne hum ana de huma peílba fcmelhante a Eva no cor-'
.^_,v^ poj mas na virtude ,&
perfeyçóes excellente fobre todas as
creaturasjdaqual ficando ellafempre Virgem jnaceriadecen-
\ . tinimamente Deos, Sc Homem ;aílim o entendem graves Au»
»9 f.m«<í.,«4.G.»yr^-4.".s- ^'^'^
thores. 19 Eciaramentc o diflb a Santa Brifida hum Anjo;
ro B^cvà^eS.BrtliàainSerm.s^ng. 20 &: quc allmi como OS Elpiritos Aogelicos Ic alcgra-
']• ^ ,
vaó no Ceo de conhecerem que a Virxeni eftava efcolhi-
<^'^ '^b jctemo. p:ira May de Ueos, como ja reíenmos 2 1 allim
v.^aht^ in Gen adiiu.idi. -,

II suprãcx.y. 8. ticha Adaò incrivcl ^ofto cmíiiher que naceria dclleeltaRe»


''"
^"'^•^''•^'^"'^''niidoradefeusmalesA' Reparadora de £r^.
X'S-!'
i-, i;ipjúii.M.i. 6 Eíta revelação íc lhe fez em fonho. 22 EchzoDouto
Frey Guilherme da I\i\xnõ no livro que jà referimos, 23 que
pelo ArcanjòS. Miguels&quea elle, $iâEva deu juntamen-
te noticia da vida, ^c morte de Cbrijfo , &: declarandolhes que
aquella A''irgcmav;a dech;uiiaríc hínria, que em reveren- &
cia fua naópeímitrio /'-V-íquefeufaíVedcílcnome, ambos' &
entranhavelméte fentiaó o que padecia o Redcmptorj &fc
afegravaõ quando conlideravaó os outros myftcnos glorio.'
.4í,.i'.fr G«///,./^:.r^çt.,,.^; 5.í«.;

i5 D.r/:«w.?./'9i«.f-v T SenadoiitriDadeSartto.Thomàs, 2< naõ teriaõ Adaõ,


EiJei.otfaòiHscit ict.t.s poiVitum fi-
ôí^^í-^cíta vçraira, icpao peccarao , pois nao havia Deos de

kiv fc pcrdidiiic .itfievii , atc]ue ideo cncamar 3


paveceTTic qiicouço a Santo Ambrofio 26 quando
maiorcmgrat:au.:ff:rir,niãin.m:íir. ^-|-^
^^^ j^^ p^j^,^ |^^.,,, „^.^„ ^^| dcpois que chorOU havCl"
perdido a Fc , ôí^qiie por líTo achara inayor graça q a que per-
dera. Se he taô grande a dos c]ue fe arrependem, qual fera a
gloria dosquejàreynaõr' Sc hetal aconfolaçaó dos mifera-
vcis,qualfcrà(^g.o;ío dosbemavcnciiradoí? Se tanto fe logra
no
PAR.T. I. CAP. XV. 5P
nodeftérroj quanto nKus le pofâiirà na patiia ?
8 Qiianras vezes lhe viria ao peníamcnro chamar feliz a
culpa que merecera tal, &c taó grande Redernptcv r quantas
vezes abençoariaó a Mãy dequeelle havia de naccr &" quan- .-

tas fe tcriaó p'>r bemavcn:urados em lerem íeus Prof^cnitf^rcs?


Afcienciaquedava a Adaó conhecimento da dÍG;'nidade de
tal filhaiO amor de pay que o recreava nc!la-,a q ualidadc de ca-
beça univerfal, que o obrigava a deíejar o bem dos homens & •,

oempenho da divida queellecontrahira &queemtod^'S , os


fcculos lhe feiia nriputi^da eraó motivos de amar &( venerar
, ,

cm grào íuperior à noííaconfideraçaó aquella elclarecidadef-


cendentCjôcíuípirar por leu myfterioíonacimento.

cAPiTVLO xvr.
Como em Adaõ, Qf Eva começou a nUure^a humana a
experimentar as mi/erias em que haina cabido feio
feccado j tratafe farticuíarmente da intem-peran^a
dos climasy Qf da rebelhaõ dos animass.

1 Tn\ E, queda taõ


grande naô fe convalece de todo.
J J
Noílbs Pays alça nçànió perdaó da culpa ; mas a
natureza humana ficou fugcy ta a miícrias íahidosdo Pãrmfo:

a vagar pelo mundo as começarão logo a fcntir aquelics pri-


me yros Paysjôc de todas deyxàraó por herdeyros kus deícea-
dentes.
2 Fora da temperança do Pãvaifo fentiraõ logo a varieda-
^i-.icàa Monarch tui.^A.lxcé^
dedosclimas, que alguns Doutores i entendem naô ibnti- ^\
^
riaó noeftadoinnocentei & deyxàraó a feusdefcendenres a
trabalhofa herança dos que íe experimentaó. Huns taò í rijs,
quefaóinhabitaveis,comoostermosdoRioTanais,S: lagoa i jodx.Boem denwril Oenti.i,.c.\.
Meotis 2 alguns que fcraó habitados, mas es meí mos naru {'•í^"^''''" ^;'po •"j'l'(<' ^^--^^ ^4^'^
i
-
''f

racs os nao poderão loírer como aquelles beptentrionaes


;

de que
^ fahiraó os Godos 5 & outras naçcens
^
fuás com panhey-
^ „ ,.„,„/,, •'
,

Marta» hin.de Hchanhal c.i*


11 o rii ,• ? <,

ras, com mulheres, oc


nlhosj a buícai em vivenda) 3 emmuy-
1 1

tos que hoje fehabitaófe azeda logo o vuiho levado de outra


parte, pela frialdade exceiliva; 4 & fedizqueosurfos, ani- j^ Aíãrianaptira.
mães tão robuftos, &: armados de tão lanuda pelle , em tniatro
mezes de mverno nãofaem do abrigado das covas, nem a buí-
car fuftento, ajimentandofe da humidade das mãos com que a , „ ,

natureza os provco. ^
5 _
^ ;, ^. ^J,„,^^^^ .,,
i-,,.,/, ^ „^ f^-^,^

Outros de calor intenfo que os antigos efcre^éráo do uves, oy:imí:esi i.c.y


3
Monte Chimera de Lycia, 6 & detudo oque eílà debayxo ,-,^
'Jiíu''"^*
dalmhaequinocial, quediíleraó ferinhabiravel por fua dd"- Fiáaia^quciimiataChimarra.
temperança-, 7 6c por iíTn no tempo do Papa Zacarias Vir- '' ''
,
'
'
'
, .

giiioííilpobítleburgeaíeloy por k-nteça obrigado a rctratarfe 7 o-,.d.Mi>^'-Ju "

publi-
ío EVA, E AVE,
publicamente de haver dito em hum Scnniió , que havia Antí-
podas; por fe entender , que não ícndo pc íVi vel paíTarfe a elles
pela Zona tomda eraerroneo dizer que havia gentes, aquc
.
g y}vcntini.a.>:al.Boicr.
R_of>i.àeMt!q. Hom.orat.i proar.ti.j. paj(. naó podia chegar a Fè ácCbriJlc; 8 5c com tudo habitanVica
'"'>"s')6. Ilha de S.Thomèj&: outras terras dcbavxoj^c mu V checadas
ex<:a.i.u.4.
^^ Imha j padeccndo léus moradores aquella pena pela culpa
doprimeyroPay.
4 He taÓ geral cila incommodidade, que nas regiocns
mais temperadas não deyxa de fe fentir em algúa maneyra.
Em Inglaterra, a mais temperada do Norte, vicongelaremfe
com frio em poucas horas os ovos crus, ficando as gemas fecas,
& encolhidas, como peras, ou peífegos paííadcs ao Solj por
curiofidade os cheguey a fogo lento &: meti em agua quente,
,

fem fa/erem mudança. Em Efpanha , cujo temperamento ce-


lebramos, nos exércitos da guerra quencftès ancos paliados
tivemos com Caftella , chegou por vezes a força do Sol a nyj-
dará cor a alguns cavaliosjfegundo ouvi a teítemunhas fide-
dignas,
i - 5 Além do rigor que fe fenteneftesexceflbs, foy antiga
m opiniaó dc Mcdicos gravcs 9 q CS habitadores de regioens
9 Asferc^o.s-Hum, de s. Joaõ ,

ex me de ingcn ^rooím.i. dcílcmperadas cílaó adualmente enfermes de alguma le-


faó, pofto que por geradoSjSi nacidos nella a naô fentem Pelo .

menos he certo, que o bom , ou mao temperamento da pafria


10 ^upci.mprolog.phy/?ognom.&L7.
conduz muyto para OS engenhos. lo
poht. 6 Sentirão logo ncíTos Pays a inobediencia dos animaes,
G knhb.quodamwi mores. porquc ainda qucAdaó naó perdco odirevtooueDeoslheti-
Joar.-í^e\tji>n.tn Silva nutttal.l.t).n.^-].in r ^ 1 r ,, .
^ ,, ^,,. ' ,
n « •

;,r;«c, nlia dado pata OS domiuar, ii elles íe lhe rebellaraò, cc hoje


p.T ã H:iarte fi<p.c 4. nos faÕ inimÍ2;os,exceptos poucos queaíuduílria humana do-
Diffemosnoirdci.PeyfeSi.Doãir.^uaiit.i,
^ ^
n- o c rr J 1^ •
/r
melticou, conieliamos grande obrigação aos que hzeraç)
èv'^

11 Genef.c.xó.CTii. eíle bem; domar o cavallo, dizem hunsAuthorcs, que deve-


mos a Neptuno-, outros que a Sefuchofo Rey de Egypto j ou-
11 {{rfete eSías ofmioens Viana nos tros quca Oro íilho deOfyris. T 2 Dc amanfaros touros nos
comnmt „0vid.MetamJ.ur,.i9.
f^^em dcvcdorcs, huns a Dionyíio, que dizem fer hlho de Ju-
pitcr, &: de Proferpina outros a Brigea Athenienfe j outros a
j

Triptolemo outros a Ofyris; outros a Abides Rey que foy de


•,

Efpanha ; porque os lavradores que antes havia, rompiaõ a


terra com enxadas, ou Cf )m inftrumentos femelhantes , a força
de feus braços. De fugeyrar as cavalgaduras à csrga dizem al-
Pi? i{fferem e^ji cphiíes Mexia na guns qucfoy inventor]abel,quinconetode
Caim. 13
Sy/vjdt'v.n i.í.c.i^.
t,<;.!ó 7 A mayor partc dos animats Hos fazcui sjuetra dcfcuber-

a. paidijç,
&ieo icgi naiurx (ubjcdi, peccàra,di/, S. Grcgorio Nifíbno, 14 feconrenrariaõcomos
íruaiinis acb.-iiKuriícdcumhomorc-
fYutos da terra;mas iiviitaudoao homcm fe licenciarão noco-
celTic à mandato , rcliqua aíinraiuu ,^ , ^^ i ^ " -n/- u r •

romeind.hccntiámi>aíta luut. wer. Qiiando OS Godos entraraoem Efpanha, íugia a gente


para os montes, aonde a comiaõ as terás, &: depois pelocoihi-
1^ BmonaMomch.LHjU.c.u nievinhaófazer nmcímo nas povoaçocns> 15 &: por partes
de Africa, & Aíla, fe naó caminha , fenaó em companhias ar-
íiiadas para dcfcnfa dos Icoens :oMoh,te Colober do Eitado
de
.

PART. í. CAf. xvr, êi


de CaU^íuiiliuíc fczii.hubKíivcl porcaiifa dns niiivtA>cobras, ^ , j ^ n ,. l « ^ r-^ . <

&: leipcnits. i6 ivjairc) Regulo RoiriíiiK), uridándo contia j./j.j

t)sCarthaírincnics cm Africa, frv forcado a ir com feu excr-


Cito conrra luima (erpenrc, que lhe rinha morto muytos folda^
dos fo com o peíliícro alento, &: defendendcíc ella com dano
dos que a cónictnaò, fem os tiros das bèftas , que entaó fe ufa-
vaó,aoíiendereni ,íoy neccHàrio levar gt-andesOubucos para
lhe atirarem com penedos, ícaílim a maráraó; tiroufelhe o
couro muy to duro, &: com grandes efcamasi tinha cento &
vinte pés de comprido; foy mandado a Roma aonde muyto ,

tem pofemoftrou por maravilha. 17 Outra femelhanre-, &: ^^


\r r u jj ir
18 í"'n'''"'^''Í''íi^Lll
fr Domingos Marta CuTíun
que lazia icmeihante mortandade j matou-a VaIeroíamei)te hmâi^eiigiaúde^/j aô.
«i
ni ,

dj-
humCavaiicvrodo Habito de S. Toaó a cavallo com lanei, i^ ^}nào^íâ.Metami.<t
j ,1 11
o em muvtos dias coítumado o cavallo a chegaríc íem
10 RefeTT-oi Fja>ica m campe tiyj.j
^ ^
1

g,
/- 4-

jnedo â huma /igura que delia fezj 18 Hercules Chriílao, n pim.i.^ c.n.adpn Funcs.y Mm-
f, y
queverificouoíingunentodahydraLernea; 19 deoutras,&
y,f:^UDtur,,d^u;[:t. M.gid.t.
de outros ani mães que em di verias partes ló com o alento infi- c.y^.^.virf dcE^ni. ^uiumendubitat.
cionàraô osares,fazendo-os mortíferos^ rrataó muvros Efcri- *^ Texiorinoffiãn.f.í.tit.ferfcnt.^M-

tores. 20 Obafilílcojfevèpnmeyroohomem jfocoma viíía M"ltZrí^(rt^na^anuítAPlin,t.i.c.


mata. 21 A mordedura do afpidepaíla o veneno ao coração, j-í
& mata com fono fuavillimo. 22 Ouve notáveis mortes de ^"'"j^'*
. , , ,> 'Tl
r * s Ar
r., ^^,«,^1 r^rvir? le-
Aípida fommfcram túmida ceivice le.
picaduras de lerpentes, q íora largo rererir. 2 ; Ate ao Apof- vavir.
tolo S. Paulo fe atreveo hiia vibora. 24 He taí o veneno defte Oipnho hiíi dos Godos .difc
i.y %.

animal, que dilTerao alguns antigos que lo íe podia rcprinnirj^^J^;^-^,^-:,,,,.,^;,; „„,„,«<. Ca//,/6(,
com a vara de EfculapioDeos da medicina, &: poriflblhepin-íi.d//f.to.
tavaónellahuma vibora enroíbada. 25 A tarântula, eípécie^-^f-^^^J^^J;^
de aranha, na provincia de Apnha do Reyno de Nápoles, ^^ ^i'!.z%.\.
mordendo,imprimevenenoqiie não mata,mas incita a baylar »-s rio'K.D-:r,:i>VT.KiaMi<i.fsorn.(Ai
com quatro qualidades ; primeyra , que faltando o bayle mata- ^''^'^'° ^"^^V
//'
riaifcganda,^ não fe pôde baylar fem fom;terceyra,que ha de
'
-^ . .
f .

íer fomente hum fom determinado para aquelle cafo \ quarta, ^^/^r^'^'^t^ ^ ^^
que o mordido leva aquella qualidade comfigo paira qualquer >, ->^^^>^
partej mas fe a tarântula morre na Apulia,morre também o de-
fejo de baylar, ainda q fe ache na Indl:!. Tudo iflo efcreve o P.
António Guilhelme da Congregação do Oratório de Nápo-
les,
q pôde teftimunhar de vifta» no excellente livro das gran-
dezas da Santiírima7Í7«Jí?<3'e. 2Ó Com tudo Diógenes per- xa V.ÃM.Gu^helrndtVeiriAitie de
gu n tado, q mordcd u ra era a mais ve nenofa f cfpondeo: ^ic ^' ^ "^'^^^""^ ^"«'^•#- » » -^"^^ */'*^
,

dos amniães bravos, a do TnddizítCj & dos


?/i~íòs^ a do lifong eyro.

8 Os mais vis, &defprczados, tal vez iè atrevem. Ratos ... ^, ,


,.

matarão, & comerão a HatoArcebilpo de jVloguncia> 27 & ' ^

quando mais não podem, fazem guerra pelos mantimentos ,


& por outros modos infijfriveis. Ratos íizeraò defpovoar lu-
gares de Itália, & húa Ilha das Ciciadas cbd:m;'!da6'wrí?,caU'r.
fando fome,por comerem todos os frutos da rf rra. Em França
fedefpovoouhúa Cidade por caufa das rãs 5 cm Africa outra
por gafanhotos i húa Comarca por ccntopeas. húa Proviu-
ciajunto de Ethiopia por alacraes,6c formiga,--. O^ Megarerifes
F -m
6i E VA, E A VE.
em Grécia deyxàraó
a pátria pelo mal quefaziaõ asmofcas.-
os Fafelillasporabcfpas :& hiiaCidadc de Creta ícdcfpo-
1% M^xiajup.Li.c.i^exvaujf^u VOOU por abcllias. 28 Nas terras do Prefte Jocó viraó os
fhorib. PorCLigiiezes, que acompanharão o Embayxador D. Rodrigo
de Lima, híia nuvem de gafanhotos,que tomava quaíl oyto le-
goas, &í dcftruhiaó os campos ; forão mortos com hum exor-
cifmo que l^e fez hum Sacerdote^ 29 &: femelhante dano
19 foa» de Brros (fec i.l.\.c.^.
experimentamos alguas vezes fem bailarem exorcifmos para
, tal praga.
}o ^^ud ov/J.^írt.i.j. 9 ornaòfe contra o homem os mefmos animaes que elle
1

eílmia. Na fabula de Afteon, 30 comido dos caés que fuf-


. tem avajfe pode aHegorizari&: por verdade fe efcreve, que im-
perando Auguftoj os muytos coelhos 5 que havia nas Ilhas de
Malhorca,dcfLruhiaõ as novidadcs/em os naturaes o poderem
.
,
remediar, & foy neceífariopcdirê foccorro aos Romancspa-
SorlpL 'il^íilili Efpanhola refran ^^ OS dcílruir. g 1 Na uofia illia do Poito Sanco fizeraó anú-
:o.
{agmikibj, gamenteomefmodano.
IO Atè do profundo das aguas fobem animaes afazemos
guerra. De hum peyxe chamado pólipo 3 fe diz que do anzol

naDoroiUaV^^^^'-^?^'^^^^^^^'^ ^ maÕ do pcfcadof ,


ôc dclkao coração, 6c
u íepc cfc veg. Cari,.o
aã.^jcen.^. ^..
''^
omata. 32 Na Africa, & America faem dos rios grandes la-
5^ Pthul.i.c.z^'/"^'^ gartos a tragar gente. Notório he o que fe conta dosCroco-
•v-^.r -

dilosj por coufa admirável refere Plinio, 3 3 que fós os Ten-
tyritas moradores em húa Ilha do Nilo , fendo muyto peque-
nos do corpo, tinháo tanto dominiofobreefte animal, que a
cavallofobreellespaíleaváo pelo rio, pofto que elles repug-
naíTem , procurando morder , íc os trazião a terra, & fó com a
voz os obrigavão a vomitar algum corpo que de pouco antes
tiveíJem tragado,para fe lhe dar fepulturajpelo que os Croco-
dilos fe apartaviodallha, &: fó o olfato daquella gente os
afugentava. Talhe a rebelliãodos animaes contra o homem,
caufada pelo peccado.
.^^<,;.j: II Heverdade quehúabaleaíerviodenavioajonas. 34.
M t th it.AO. Lcoés refpeytàráo a Daniel , 35 & a muytos Martyres do
1 ^ydkegl'Fks SanEior.m vida defia Teftamento N ovo ; hum abrio Icpulrura ao venerável Corpo
1

Santa. de Santa Maria EgvpciacJv 36 outro fervia nos defertos de


Hiaon. de Hiurta nas amou a
,7 Xhefalia a hu Mcílcvro dc ÀnacorctaSi 37 hú Corvo trazia
Hkr conrsiviUdcamm.c.t pi. oluítento a S- raulo pnmeyro hrmitao} outro guardava o
8 Cerifcrs no Tácito Fiances, & as Ccrpo dc S. Viccutc
-, outros Hiuy cos milagrcs fe virão nas vi- ;

S; r ?Z "a 'tJíÍf!TÂr. tl^s dos Santos Hfia Pomba trouxe a Clodoveo Rey de Fran-
.

,9 Diodor.Sicui.i.i. çaastresnorcsdehs,qoReynoromcuporarmas, &huaam-


íl(fíflnin<íu^.5/^^. bula de óleo com que feusReys Ic ungem. 38 Também as
f^/ll.lfcCííx./.i.'/.*)!.
hiílorias profanas cont.lo que a Scmiramis, Rainha de Baby-
Picr.kiaogi.lix. loniajCreàrão certas aves com quey)osfrefcos,& coalhada, q
furtavãoaospaftoresj 59 aAbidesneto deGorgorisjRey doy
antiquiílimcs deEfpanha, crcàrão feras afeuspeytosj 40 a
j^omulo, 6c a Rcmo crccu do mcí hio modo húa Loba a Cyro
t.i.c.
40 Marim.hin.de Efia^h 1 3.
-,

f.TaEp°iiÀti's M%r:fA^c.'i.n.y .Rcy dos Pcrfas húa Cadela ^ a Hieron Siracuíano hum enxa-
me
PART, I. CAP. XVr. Si
me de abelhas ;alguns diííeraó que a Pelias húa Egoa ; a Paris
liúa Uríij a Egiilo liiia Cabra a Ptolomco Sorer líilho de Ar-
^

loniohúa Aguia com Tangue de codornizes que matava, 41 .41 í^' «-vjr.fci/?./.
ii.<-,4t.

Romada guerra de Annibal. 42 Hua Cerva ^jUx.àbÀkx 1 c,?.


lioys advertirão a 1

ao Romano Sertório nos fingimentos com que âcqui- Suid.h ji.i i.c»rtesfuí>.f. i.t.i. nlifin-
icrvin
rio cpiniaõ em Elpanha , Sc morreo vendo-o morto, ~-^ 4.2 Huma ^'"'''^'í^i
\ V 1 \ ^ 11,11 -1 „ ••4*- VtaefupTat.^.h.K. , ,.

Aguia creada por nua donzella lhe trazia depois aves > oc ani- ^^ hrittofrp l.^.c.íy,
niaes que caçava; 6c vcndo-a morra fe lançou cornei! anafo- 44 pb.Lio.c.^.
gueyra cm que fe queymava. 44 Outra avifou com prono- ^] Gãmlj4tt,c.i.ic.i^,
iticodadeftruiçâodeEfpanhapelos Mouros. 45 Hitrti Leão SviecMBenef.u.c.K).
perdoou no Amphitheatro de Roma a Andrado efcravo,de ria- r^^nfobilij
hiíi.yà.

cao Dacio, porque lhe havia tirado hum elpinho de hum ^e-, //ÈUanAtanimi-jx.^^.
46 outro fervio a Golfredo foldado Francez do Exercito com .47 -Wêx«a «-/ Syiv./»i.e.i.
que Gothofrcdo conquiftou a Terra Santa porque valeroía- '"s"EUaa.fup.Ly& 17.
,

mente olivràrá dehumaferpentej 47 outtos leoens ei^i va- Mexia d.u.c.i,.


«as partes feàmanfaráo, &fervira5. 48 Avendo hum i<^%^- ^^^^J/J^turog^^^^^
dor libertado húa Agilia de huma ferpente que a tinha ç.mo{'HuronáeHi4ertAMsann9ijtfimj.to.
cada junto de huma fonte, &: querendo bebei- delia, a Aguia^^-J-f^^Cr-ítfi^írMwewo.^
lhe derribou da mao o vaio, porque nao bebelle da agua que a £/,]„. crai^s.
ferpente envenenara , de que morrerão companheyros que jà CajUihofip U-difcH-
^ji>crt.i.s.c.i.rcfirid,f»S!ogo
tinhaó bebido. 49 De Delfins feefcrevem muytos fucceíTos ^L' JiiP.l.íc.i6i ,

n r ^ o c A \
de Fanes
a efte propoíitoj 50 Sc por graça reíere Author grave ,51
que em Alemanha Alta vira que íium rato allumiava com húa
vela a huns homens que eílavão ceando;
'
12 Mas eftes , 6c outros ferviços ( fe todos faó verdadey-
fos} qtte os homens em algumas occafioés receberão de feras j
€c anim.aes não domeílicos, ou foraómilagrofos fora do natu-
ral outaó particulares que não fazem eonfequencia-, Sc algús
,

em que obrou a induftria dos que os amariíarãoi fe tiverão por


fufpeytofos na MagiajSc aílim os Carthagínenfcs defterràráo á
Hannon, porque domeíticàra hum Icaójentenderido que tani- ^i PUn l t.c.\6.&à^t^

bem teria ardil para fe com a Republica; 52 ^ do


levantar '^^"""'^ ^ '^ i"

Emperador Tibério que tinha huma ferpente dócil, éa que lhe


vinha comer àmáoj 53 ouveamefmafufpeyta- Nemtaímã- si SueminTilen
íidão he fegura como notou Santo Ambro/10. 54 Hum ho-
, 54 i^Âmbr.in pfiím.iò^}

mem andou por toda Europa ganhado dinheyro com femof-


trar metendo a cabeça na boca de hum grande Leaójatè q húa
vez Ihcficou entreosd&ntes. O certo he que o peccado nos re-
beliou os animacs, como lof^o experimentarão Adam,8c Eva*
13 Meimpoirivelrefcrirasmiferias a quenosfugeytàra5
aquelles Pays, Sc forífu per fluo reprefentar por efcrito o que .
j^;^ ,„^,^^ / -;.

nós padecemos. Plinio 55 diííe,q por ellas julgarão muytos


que fora melhor ao homem não nacer , ou em nacédo morrer.
Com eíla claufula acabou també Tob 56 a fua defcripção.Pii- ^6 Joí 1019. Fuiílcm qúafi noa tf-
íem.d.u«rocxaasiatusadr.mui.^.
deralhe dar comprimento GorgiasEpirota.que morrendo fua
Mãy pejada delle, naceo quando a le vavão para a fepulrura,Sc
o feu choro advertio os que a levavão , Sc fez que paraíTem có ,7 feTUgi in o^ch.p. i, là. núric5i4
o efquifci 5 7 fe nacia chorando, para q nv\cia , quando íe pU' '"««'<«•
, ..' Fij dera
à

n ' F.VA, E AVE ^


derafepiiltav : Tambcm Cclio Agrippvi naceo con:^os pés pa-'
•5* T.xtoreodemioci. ra diante, 58 como quem vinha voiuntariamenre por íeus
pès> & :AVur) nacem outros, porque vem ícm juizo. Com elle
pareceo q nacia hum menino em Sagunro pouco antes da def-
írviiçáo daquella Cidade, q nacido de todo, fe tornou a meter
icgonasentrathas da míy , íbm que lho pudefíem impedir,
50 Pimi.j Cl !>ifn. ^., 59 como arrependido de nacer em pátria aonde averiacala-
, ,
,

j,^jj.
' ^ ínidaaestao grandes. 1 odo o mundo heSagunto de calami-
dades-, todos devêramos fazer o mefmo, fe naceramos com jui-
zo. Mas porque o não fizeíTemos, prevenio a natureza que na-
ceíTemos fem elle;, como notou hú grave Eícritor. 6o Foy cou-
p.Zachar de Lyjieux na Philofofh. ía novajdifle Jeremias,6 1 q a l^trgcmMxy trouxeíle em fuás en-
<5o
cí;r/7?.p.i>f'-'»- ^ „ ^-.^tranhas hum Menino varáo no iuizoi Sc nacer elle entendendo
.

para O que nacia, íoy grandiliima hneza de amor.


iovum íW« «"»'" ifaminacircum-
-iiiUtyHum. 14 Mas o peccado ainda merecia mayores males. Qiiey-
xamonos dasinclciaienciâs doCco, &oSolvefteodiadelu-
. zesparaqueologremos:aLua,&: asEílréllasiiosefmaltãoa
noy te em que defcançamos a Primavera nos alegra com flo-
:

res: o Verão nos regala com pomos o Outono nos enriquece


.•

com frutos o Inverno diípoem outro tanto paraoanno fe-


:

'"' "
guintej tudo fe alterna em ferviço noílb; nós fomente falta-
mos.ao de Deos. Que fora fe os Ccos Sc os tempos nos diflef-
,

fem : Nós obedecemos a7io([o Creador^qne 'mandou que tefervi


f*
femos:fervi mos a quem o defpreza : emendajie:
cfperon , & nao te
ja tios manda que mais te naofirvams , porque nao haja quem a
defpreze maisí Qiieyxamonos de que os animaes nos faõrebelí
des, Sc eílamosrebellados contra quem lhes mandou que nos
lobedeceíTem ; porq não damos a Deos a obediência que delles
queremos? Podem-nos bem dizer; Como pedes obfcquw, feone-
gas a (fuem he mais devido ? Defobedeces ao Creador^ d^ queres oh*.
;". feqtno dacreatítra^ §ltteres dominar , ò" nao reconheces teu Se-
nhora Se (fueres imperar , nao defprezes éskys do Império ; pois te
ja^as^de racional, da-nos exemplo: ategora mo fframos nos mais
r^^í7^. Por íeitielhante modo nos pode reconvir toda a nature*
za,deque para nós produzem as terras > reverdecem os pra-
dos, brotaò as arvores , correm os rios, manaó as fontes , Sc pa-^
ra noílb ufo gèrão tantos animaes que ella cítà conftante neA
:

ct DX/,r^íí/?.5ím.íl«o«od.írW^esefteytos.
Scnóspertinazesemnoífaingratidão; ó agrade-
5. in^f»f. çamos a Dcos
hmo.ini.tom coiumn. mihi ^ O quc não padeccmos fe pudermos , tragamos
Numera beneficia, potes ôc tunc có-
fi
. ^lemoria fcus benefícios , èc logo confidercmos noíTos mereci-
«bis, eò quòd tm^ , li imcUigas guid mentos , íe entrarmos neltas contas , ate de vivcj- çm trabalhos

wcrciis nos acharemos indignos, 6?

PA-
, •

PARTE I. CAP-íXVií. áf
"X'i.,LT^OÈ

C A P I T V L..olSxVlh

< : :

Como a natureza humana moflroíi no frimeyro fruto


que de [t dets , eftar depravada ,
©* arruinada éiii

maltcía ; tratafe do fratrkidio doperverfo Caim nó


innocente AheL

Adaó.
p^^
2
^ç.(cxv3^à^Xòò.^iiydeDco^,
humana em original injulliça pelo
i caliio a natureza
peccado de
Moltroufc logo no primeyro fruto , pelo qual íc co- ^ Gí,^",". ^
i
^
Veremsnííp.c^T.]'
•^"^'' '^•^^

*^'

nhece a arvore. 3 Caim, qfe interpreta ízr<^w//7;í7, primoge ^oie^h.àn'uq.i-i. €.>,.


iiitodeAdaÓ,&£i;^, 4 ou do peccado, ( o parto \^^\^\y^"^^,^^^'s^;^^:i,,^.m 4i
iby o primeyro avarento, 5 o primeyro invejofo, o primeyro Ephcfc.yi» j^.tom
herege, o primeyro matador , o primeyro deíerperado ; tudo ^ Gen.c^.
fc vio na morte de feuirmaô Abel; ^ & multiplicado o mun-
do, chegou a fazerfe íalteador de caminhos ; foy incorrigivel
6c taô odiofo em tudo,que entre os Hebreos era a fegunda fey-
la diainfaufto, por fer tradição que nacèranellé. 7 7Í#^'^^'""'?-^'V'^^t.i --.t
'
''"'^
2 Abelfegundo,masverdadeyroíilhode AdaÔ, & ^'z;^ ^;;"^''*í'''^''^' '

paftorbo-
penitentes , amável por peíToa i
Scmuytò nlaispor còítumes, ij-aan.iò m- ^2° ^"*

erapaftor; grande honra para elles, que o primeyro haja fido i^j^/áíe^tcí.^-edísi.c^.
""'"o •e^""'
Santo, Sc o Santo dos Santos fe preze de Bom Paíior-, 8 ^

offiicio o mais nobre, q poriíTo (diz Sãto Ambrolio 9 ) o Tex-

to Sagrado o nomea primeyro que o de Caim , fendo irmaó


mais velhoi Eníinados ambos pela razaó natural, que obriga a
reverenciar a Deos por a£to exterior: 10 Sc doutrinados por jo D.Thom.z.t-q-^y-'^^-^*
Adaó, II ofterecèraófaci-iticio; Abeldospri'mogenitps, Sr n PercrinGen.i.T.n.ii.
melhores do íeu gado;& eftádo Adaó na terra onde fòy depois -',"l ípra c!\t'»\-
Jeru filem, como acima diflem os, 12 ha Eferitor, 13 que i^ f^''^^'''*''

" a ^ e ..
''\'^'l'^f^'Jfl^!^'[l .

tem por verofimel que fez a oífertá no lugar em q o Rcdemp- '«^^ M''P ^'
'-"'^'^
'

/or fe oífereceo depois por rodos os homens ; Caim, que era la-
vrador, oífereceo dos frutos que a terra lhe dava ambos ofle- -,

receraó,Sv Caim primeyro, porque os màos também ofFere-


cem por comprimento fem efcolherem; os bonsefcolheni ^, ^ ^. ,
.

para Ueos O melhor, 14 ôcoa^w/^í?? aceytaoscoraçoens, i^ ,5 p/^i,«.sov.i».


como entenderão ainda os Gentios.' 16 grande felicidade do u ovid.ep.i).
''"""'
mundo, dizia Sócrates, 17 porque fe os Dcofes defenfiem ^^ntnV''^^^.''''
às dadivas, os màos alcançarií^õ quanto pedilfem , pois ordi- scdcjuxpri(tan(3acfi,&fir.ètcftc,fides"
pariamente faó os que podem dar mais. -^ ,j
.'••.' 7 ^oa ^j^ud BrafmJ.y.afoj,hth^g(m'
'

3 Moftrou Deos por final exterior , que fe entende foy í, CfM.5."''"


defcer fogo do Ceo fobre o facriíício de Abel, 1 8 que fò accy- io Femand. in ^.Gcn.fefí.^.M;
tavaefte,&naódeoCaimM9 Abel ficou banhado em gozo , - £í^t /r:^",' ^í „on in*i<Ie-
Caim aífombrado de triíleza: 20 Abel canonizado porvir- íis,ma»ot«isy ium(iuiínvidpc,iD!n9i
tuofo,eracerto que havia de fer inveiado; 21 & Caim fendo '<>- ^ r ; ««íí
iririao mais velho, fe íez menor lenao invejoío. .22 Levou ^^.^^ NifiínfcnorciVct, de ^omM-

.jç,« Fiii a Abel nus Bon (iolcict^


"

éS nVEV a; E AVE ^^
a Abelaocampoemconverfaçaõenganofa, cbílinado contra
T^ j I } j jhfits DeoS) que O amoeftou no caminho 22 & feg;iindo Gene- ,

D.^mntt deCn.Daí i yc.j. brardo, &: oiUròs hlcncores, 24.* lhe dilieque neni navia Ucos,
tiot.chromp fh.
14 Ge>icbrurd^''
ncpi Juiz, nem outravida, nem premio para osjiiftos, nem
" "^ """^ "^^
c.il -.
"^
'
"
P^"-'* P^*"^ ^^
Ímpios. Rerpondeolhe Abel contradizendo tli-
^:uborParaphraf.Hiro/ciymit.ai:udPí' doifto,&: Caim omatou. Hunsdizcm quecomendo-oaboca-
,frJi.7.»54-
dos: outros, fiche O mais certo que dandolhe com huma pe-
j

dra; 25 pofto qite o vulgo diga com a queyxada de hum ju-


mento; & efcondeo leu
corpo debayxo da terra. Miferâvel
Caim como naó morrefte vendo
! a primeyra morte depois .''

de vermos tantas nos caufa compayxaó â de qualquer eftra-


nho, naó violenta, 6c (o ouvida; fie tu vifte palpitar , ôcerpirar
teu próprio irmaó com quem agora fallavas fendo tu o fratri- ,

cida, & ficas vivo com animo para O enterrar? Deíle modo foy
«^ , r Caim oprimeyfo Hereee, 6{ Abel o primevro Martvr; 26
.

Scripturcy
dizcmalgunsAuthoreSjquetoymortoemfeftafeyra, 27 pa-
Mututedioc. ..'./b.K-
ra que foíTe fissura
-
de CÃnj^f:» Senhor noflb.

:r;Coí:":t™!X':» +
AlHfte-Deoscóosjoftosnasttibulaçoens, 28 jcodio
tribii^atíone. logo,êc perguutou a Caim aonde eírava feu irmáó. Naófò
19 F,neíiaiuf.i.i.c.ii..§.i. nígoufaber dellc, mas refpondeo perguntando, (coftume ruf.
^'"o DÍenchryrot^eym.i7^ „d j!^. ^ico áosnúos)Soíí CU
guard a demeuírwãõ? Bem opuderafer,
de liecoiUt.s.^fow.B jpi.Voxocciitnon poiscra mais vclho,& fcuaõeraguarda, naó fora homicida.
'pS*iiiri;2lrSf„lS' OSenhor Ihediire que a^vo^doiknguedefeuirmM clamava da
(afanguinc magis fonat, magis pene- /^^Tá; a Ictta Caldaica lem , qM ãvõzdasgefaçoes ífue havido
trat, magis fcitciidltad Ceium. ^^ w^ífíT defeu irmão cUmavã da urra nos peccados clamão ;

também as confequencias; 29 &: ostyraanosqmataó aosja-


ftos,n^lopodemmatarafuavoZJantescl^ma, foa, &: fe ouve
mais fora da efl:rcyt2za do corpo j 30 ÔC dizer que o fangue
clamava, códuz para o que fe diz que as feridas de hum mor- ,

to jà frio tor não a lançar fangue naprefença do matador; &


fe vio muy tas vezes os Juriftas trataó , fe por efte indicio fe
:

jt Parwáfpw/foáíS/W/í. vírft. /or- pôde cliegar a tormento


j 51 os Médicos ,& Filofofos, 32
E.ííc/rír"'''''''^"''''^'''
feprocede de cauíâ natural, oquetambem tQcli2iÕ'X\iZQ\o^
Ani.Gom.-vartom.\c\^.deton.n.\^. gos 33 & tudo largamente dilputa Gafpardos Rcys FrancQ
;
jWfwrfc(if^rrf/«m/)/./.i y89.fi.1x8.ejr
noeruditiilimolívro; Camoo EhfJode qiieílocs arradaveis, 24
halligantf lures. - r , ,
-I n.
.
^^ P - 1

5 1 Cort£Hs difquifii phi/ofoph. 4. aondc reíol ve que nao le acha razão baltante , lenao querer a
1

Cowilmtorjn^roi>L,yíri}iot./eci6.pro- Juftíça Diviua cm alguns cafos fazer aquella demonllraçaó.

^Wc'.FÍcreMíerm.x prafi.uc 6.
^
ccrto he quc em prclènça , òz em aufencia fempre o fangue
íí Dcirinsinoa. ííwí. wr/. 117. do homicidio, illegitimo, & volutttarío ,clama vingança , 35
£»/f^N7frrwifr^./,Wo/.p/,w.^^
-^ Trinta caufas conta aPoly-
p-xo-]. antheaChrilraa,&:curiolamente, 37 porque fe deve amar a
)4fr/7iíí9«w(?4w/>.£/)'/.jr.}} 4».ii. vidadoproximo,&evitarohomicidio; fora largo referillas.
'J ^ln^\^i'M'anh.%(>^x.
^ David com fer Santo , declarou i:)eos q naó queria templo
:^7 Poiyalit.vcrb. Homicídio. de fua maó, porqucfora matador; 38 & ainda entre os Gen-
)8 I Pdraiipom.xi <,.
com qualquer ferro
tioscra prohibido entrar com armas, &c
1? Lcx}X.tiibapudOc.i. de le^. tt t> - ^,
« .^ ,.^ ^ , , i ,•
nostcmploSi 39 por iflo edihcandcíe O debalamao, nao le
fetrumarcccoàddubns, dudii initru-
nicnta, iion faui ouviagolpcdefcrro 40 &: adverte Santo Agoftinho, 41
q ;

OS que cuydaó que fó he homicida o que mata


Tl D^ãílku.sin c.rMofidJ''/^P''^^
ftnitdtii.i.
ijaí. por
PARTE I. C AP. xvii: m
por fim maó, íendo-o rambem aquelle por cujo cònièlho ex- ^

horraçaó, & engano fc fegue a morte } allim matàraó Dalila


Samíaó: David a Orias: jezabel, &: os mais Juizes a Naboth:
íi
'
^'

Herodias,^ HerodesaoÊaptifta:JudaS)OsFarireos, Gaifàs, '


" '^

£v Pilatos a Chriflo.

5 DiíTe Caim, vendoíecoriyeíicido. que feupeccadonaõ ^, D.B.r«.ra.y?,v«. xuf.^a Ca..


merecia perdão j deíeíperado ; 41 diz hum mo- (latim pojtpyi>tc.
&: dille ilto
derno^ravc 42 que crucificou a Mifericordia de Deos. Grá- ^''"''''^''"'7"- 49-
demiieria íoy haver peccado contra Deos taó benigno, que
^\ D.chrjfoiLhom.i9.inGen,
fallava com os homens ; Sc mayor miferiádeferperar de Deos
que o vinha bufcar com perdaó, fe fe arrcpéndeíTe. 44 Ser fe-
rido he perigo; naó fe curar he morte no corpo ha miiy tas fe-
:

ridas in curaveis,& com tudo naó ceifamos de hes applícar rc- 1

mediosj na alma todas tem remedioiporque nos defcuydainos


delhosapplicar? Deos emenda a fentença aquém emenda á
culpa ; julga pelo eftadoprefente, naó pela vida pafla da, naó
fe lembra dos pcccados de quem fe arrepende. 45 Masquení 45 ^'íf.-^.ig.it. Oníníumínicjuita-
'""i^iusqua, operar», cfinon tccord^i
naó pedeabfolviçaói condenafe. 46 Mais fentíò o Senhor a bor in jultitu ma quim opcratus cft J
i rr' -•c -A- j-1 n_ o 1 i
:

aelelperaçao, que O IratricidiO} dilatou a pena deite, Sc aquel- tívcc


la punio logo com parleíia perpetua, torcendolhe a boca eoni 46 HiigoL.devcrafap.

que fallava defefperado. 47 Porém notaó Doutores graves D'.'JiZtíx%'^ílYA'í^^ %


4g que andar tremendo paràlytico, foy o final que Deos lhe A-f^pif"'-
poz para que ninguém lhe fizeíTe malj 49 tal he a divina bon- ^""''^Qèndf^\ '

dade, que os feus caítigos (\õ uteiS; femprc fe moftra Pay até ^^ D.chryfojLhom j.adpep,
•,

na condenação eterna hc Pay commum, porque fe naó oiivera iv4«í'«'^'>-"»«'"«- s»


aquella pena , poucos alcançariaó a glona, pois o medo obriga
inais;queoartior. ^0
6 Achado Abel morto , que dor feria
a dos Pays vend o o
que naóconheciaó , emhlho, &
trifteefpe£taculo da morte
cllc caufa de tanto mal Referem muy tos Efcrifores que tevt
:

S» Methodio revelação de que Adaõ chorara cem annos eila


morte, & por naó ver outra, fizera voto de caftidade;&o
guardara atè que Deos lhe mandou por hum Anjo que multif
pUcaae,&:entaó gerara a Seth. 51 Outros dizem, -^2 quQ pJr/í!luf!^lÍ!'u^ã^r^'^^
apocrifamente feattribue tal revelação a Saõ Methodio cer- Petr Tártara. i.i.d 5.5.1.
;

to he que
T-
Santa Brifida a teve ' mas naó fe declaraó nella os ^'"^«'''./•'f
; •'•V'*,'J'V*" ,
t)Z Pfrfr.fnofíj /.7.«.il,

annos. ^5 ferriandÍH^.G-;t.feciil.n.i

7 Envelhecido Caim enl peccadoçjqite huns fobre outros '5 K^yeidei;. Briftái ,
.-( «rAj-

cumulou, chegou a vagar pelos montes como íitlvagem, &'


•;i.f-7-"'í"''"c-

Lameth , feu quarto neto, andando à caça lhe atirou com ,

iiuafrecha entre huns ntatos, cuydando que era fera, 8c o ma«


tou por erro; morrendo como fera, oquematouoirrr?aó, ^
•às mios de feu próprio defccndente. Aílim o cfcrevem Au^ ^^ D.7//ír.«.rp.its ad Dmaf.Caku
thores graves, 54 &
o infinua o Texto Sagrado , 55 po-w4.Gf«.
ftoque alguns dieaó que Ihecahio acafa na cabeça; ou- "Jouknph q.\. &
/'~'rii^ ti -^ ^ t
-•tros 56 que eíperando Deos a emenda queellenao teve, vi-
Genebrard Lranooydph Lu
^^ Gín.ã.cj,l^.

. vco até o diluvio, o que naó fe acorda bem com a computação ^6 i{efere eiias opinúe.H M.tHte fup^
«á «<<..« }.$.,.!
dostempos.
8 Notou
e% EVA, E AVE A«
ir,c ,ir.ii§.3.
8Noroú O Douto Padre Pineda 57 qnaõ amaldiçoou
,7 j
DeosaAdaó) havendo deftruidooHiuiido,&amaldioçoou
58 GexJc^.M. a Caim por matar a Abelj 58 porque Adaó peccou por
5? s»^ac.yn.iQ, amor, naóquerendo defcótentar a £^'.:7, 59 Caim por odio :

Adam teve objedo menos defconcertado,o de Caim foy abor-


recivel. Bemmoftrou a natureza humana logo no principio
fuacorritpçâô dando taó mào fruto. Notável difil-rença o .'

homemotrendeoaDeos no primeyro fruto qucgeroUj Deo*


írlorifícoU o homem no primeyro fruto que delle colheo :
& quiz que o primeyro morto foííe jufto,para que a morte naó
ficaíTe com fundamento taó firme, como ficaria fobrepecca-
Cfn.«.f.4.it.
í«,
.^^^._ (^eu.Qoj em Abel penhor da refurreyçaô: éo a natureza
*'
'
"^
feoppozaDeosemCaim,^: Deos coroou a natureza em Abelj
taó antiga he a competência duspeccados do mundo com âs
mercês de Deos.

C A P I T V L o XVIII.
Como comepu a dhifaô de domínios ^ & fe inventarão
os marcos dos campos j os pefos , Çff medidas ; fe iw
trodu^traõ alguns contratos ^
©* odinhejro\ tudo
for conveniências da vida; Qf de tndo a malicia hw
mana nfoH maL

fui.
r G.>.4 4: iDc priffiogcniti. gregis ^ T^W ^^
^^zer O Teííto fanto, í 4 Abel ofFereceo ao Sc
nnot dos primogénitos dejtn remiho, parece q lo-
go em aquelle principio do mundo ouve TTíen^Sc teu, que nu- &
ca fe logrou a felicidade, que alguns imaginarão, de ferem as
coufas commuas em a idade que chamaó ae ouro ; foy Caim o
queintrodiizioeftadiftinçaódcdominios,& o inventor dos
pefos, medidas, marcos das herdades, Sc outros finaes porque
1 ]ofeph.deitntiql,i.c.ii: feconliecefieoqueerade cada hum ; 2 donde fe vé que nem
Mame,n^rcfp.'<ieCbrijfo,,i:u,,.c,4-
p^^^^ ^ ^^^ Sidonio invcntàraóifto, como cuydàraó algups
Pi::cih! ,taMo>iíSTckEccifft>.i.i.t. 1. 11. Efcritores-, 3 porque tudo o que de.úntes avia, paíTáraó Noé»
^•^'
,.^ ,.^, ,„ _ P r
do diluvio.
ficfeus filhos às o-entes depois
MicrA.mfyntam.hiíl.l\.'ctl.i.n.\^.
^jsxtormojjicin.f.i.ut.tnwMiT.di- 1 buppolta a necelUdadc ciB quc O pcccado uos poz dc
vtrf.rer. trabalhar a terra para comer, de veftido, 4 & de outroi;
4 iwf'r.<..9.c 15, ufuacs foy naó fo conveniente, mas neceíTaria efta fepara-
,

çaó', porque fe as coufas foflem com mu is , ninguém traba-


lharia-, hunsquereriaó comer fem trabalho, outros naó que-
reriaó trabalhar para outrem, & allim todos pereceriaó. A ne-
ceflidade , & o intereíTefazem traballiar , com o que todos fc
fuftentaõ. .:

5 Porem a natureza hurtlana depravada, & cahida no pec*


cado, qual vafo inficionado , que inhciona quanto nelle fe lan-
ça, depravou todas as conveniências que le Ihç hiap ofíèrer
cendo.

N.
PARTE I. CÂP. XVIIÍ. 6^
rendo, corp.o OS capinilos fegiiinres moílraràó no difcurfc) da
hiftoriaj &; eíla foy a primey ra. O
feu invétor Caim fe fez ílil-
teador de caminhes; 5 teve, & tem miiytos fucceíloresj de toi 5
%»''' ^ i?"'^'

-das as qualidades, & eftados , que Com menos pejo falteaõ nos
povoados, & nas Corres jalguns por officio. Não furta fô quem
toma nos termos que o direyto define o furto ; 6 raastambem ^ luL-i^defirt.
osqneenganão, dilatãodefpachos, repartem mal, $<. prejudi-
cã.o por qualquer modo: 7 viveíe de rapina, diíTe Ovídio, Sc 7 Volyamheay vnhofit_ium,infrink
náohadequemhumbonifepoílaíiar; 8 comdifcreta mora-'^'"''-/-/'"'"'','""-
lidade fe íingio Arion, lançado no mar pelo roubarem , camí- vivitur ex rapto , uonhofVes ab hoípitc
nhar pelas aguas cavalleyrocm hum Delfim, feguro nas ondas tutus,
oqueperigàrananào.-osmarinheyros, que o havião de con-
duzir ao porto, o naufragarão^ ôcopeyxeque ohavia de tra-
gar, o fdlvou ; mas eíle não conhecia o ouro qiieaquelles buf- *^"— '
,caváOjfeoconhecèra,nãovalêraa Arionafuacithara. Heim- -
"^
.
!
polIivelcoritârodanoquèrefultadeíle«íí«,&Zf?/: aqucnão ^
> ^

«briga aos homens a fome de riquezas? t, por efta, 6r por mu- ç^nllofZl^í r^aoti cogis auíj
Iheres fuccedem qiiaíi todos os maleSj não íliccederiaó,fe con- facra fames j
tente cada qual com o feu, vivelTe com juftiça,
4 ComadivifaódosdoniiniosfeintroduziologorieceíTa- •

íiamente o contrato de permutação} porque guardando cada


hunicq«etinha,nãoàcodiaaourroqueneceílitava, femefte
lhe pagar, dandolhe outra coufa > &
com trocas fe remedia-
rão todos em parte;
5 Mas efte remédio não baftava^porque o que neceílitava
de hõa eoufa j muy tas vezes não tinha aque lia porque o outro
aqueria trocar } êcallim fe achaváo muy tos abundantes das
mefraas coufas^ Sz neceílitados de outras fem terem cõ quem
,

as permutar. Pelo que a mefmaneceíTidade introduz iohavçr


huma coufapreciofaentre todos , pela qual todos quizeíTem
dar o que tiveíTem > efta coufa foy o que cham am os dinheyro ,
que conforrfte a ifto he quaíi tâo antigo como o rhundoj & efte
contrato chamamos compra, &
venda Plinio diflequeoin- j^ piin.i.j.c.<,6.inpmc:
:
'

ventou Bacho,n1ashemuyto mais antigo. 10 n I'•L.f^cuHU^íl.!^.deverb.fgtti


6 Ainverição i,.Jfoyutiliflima,' pois fó edmterdinhéyrofe^"-<^ 'f '•'."/.'"f"'' ?•'• , -,
.
i
, -/T- j-rr 1
"*• SããiiíLm tra?ment. Tecuiiia ma-
tem todaSaS COUflS em pequeno volume por lHo •, dllle num-xirhaliomimim permcif;.
Jurifconfulto, íi queonomeí/Zw^^yrcfigniticatodasascou- iyEccie[ian.io^<).?ecm\i3: o^cdiat

ías.Porèm a malícia humana o fez degenerar em tam rtocivo, °'"7;,v.í l.t.slm.Satyr. j. Omn«
c\ueSú\iú\io o chamou o Tífiayofjnd dos homens, 12 porq fe2í cmm res,
qué lhe obedeceííe tudo, como diz o Efpirito Santo. 12 De ^'^'"^^r.^'''^"'''^'^''"^' humana.
com prar O neceílario, para que íoyifiltituidOjpaíia a comprai- Divitijsparent.-ciuas qm conftruxwit.
ofuperflao, &venderfe por elle a virtude, afama, a honra, '"e .

dignidades, nobreza, valor, fabedoría. &


todo o divino, & ^;^7'"'^'^^"'^''°^^^'^^P'^"'"'*™
'"
humano^ como fatyrízbli Horácio 14 có verdade: o bárbaro \^ Ovidjí^rt-umand. ^

baíbaiusiprepla-
íico, dizia Ovídio, 15 heagradavel: Homero fenão tiver 4
^'^'^"^°'^*^'t^""'

dar, fera excluído. Todos,dizoEcclefiaftico, i6applaudé,&; sinihiíattúleris.ibisííQmerc foras. '

levantáo às nuvens o que falia hum rJco ignorante ; todos 6 EccieÇuQ.\s ^8 _. í

defprezaa^ & abatem a hum fabiQ. pobre as riquezas , dif- £,^^^ ,i^,jir,,,rdu . , j. c^ .s/í^uí.,
: .

í. .
fe
' 1

7í> EVA, E AVE,


17 P/ivrrt 14.14. Cotoua fapicntid Te Saiam ão,coroáo aos fabios. 17 Perguntoufe a Simonides
diviíix- ejium.
íeeráo mais para defejar riquezas, ou íabedofia. Refpondeo
que duvidava, vendo que os fabios frequenraváo as portas
dos ricos; &c os Filofofos as defprezaváo com palavras , & as
procuraváo com obras. E perguntando Dionyfioa Ariftipo,
porque bufcaváoos Filofofos aos ricos, & náo os ricos aos Fi-
_
lofoíbs refpondeo Porque aqiieUesfabem de qmm neceffitaõ,
j :

'"^
eftesoignorao. 18 Perguntou hum pay a Tem iftcclesfe caia-
^''^ '"
Jel^it.PhÉuTc.z.'^^'"
ria fua filha com hum pobre de grandes partes, ou com hum
rico fem ellas. Refpondeo que mais queria homem que ne-
\9 Ksfert yaler.May.l 7. ceflltafle de dinheyro, q dinheyro q neceílitaííe de homem, i^
Efte refpondeo conforme à razão-, aquelle conforme aoquç
tem introduzido a mâliciaj 8c nofentidodeíladiítinçácdiíTe
Tl 7alYoí%-f^t!!uihhL
Saiam âchiias vezes, que antepunha as riquezaSi 20 outras,
ii ui. de Cajiiiho hiji. dot Rtys Co- que eftimava fobre tudo a fabedoria. 2
^íLiÀifci. He verdade que no tem pio de Hercules, que antiga»
y
mente eílava em Cádis, tinha a pobreza hum altar; mas era
para que avivaííe os engenhos para adquirir,2 2 6f aílim em or-
dem d riqueza-, porem nem paraiftoellaaproveyta antes fe
-,

it Ex^^hf.fupú.PauUdThefai.^.fu- hemuyta,embotaojuizo : 23 dizerfe que a vexação dà en-


per iiiHciKcí^ami,! amem vos
tendimeiíto, IA. náoproccde na dcmafiada queabateoefpi-
%^ intraa^Fcrfea.doíhrjuaLj. nto, & aílim cm outto lugar 25 avaliamos o muyto pobre
por pouco hábil para as letras > deyxando feu lugar às excey-
fões da regra. Mais cuydo que tinha altar a pobreza, porcof*
tumarem os antigos a adorar as coufas nocivas para que os não
16 Viremo!nii.p.c.6.n:e,
ofFendeíTemj 26 mas a pobreza em fazer mal heinexoravdi
& aílim fempre errava a cegueyra gentílica. Também nodi-
rey to civil tem os pobres algiis privilégios, como ferem efcu-
17 §.fed<ír propterpa:<pertatem,hft. ^os detutorias; 2j Citarem feus contcndorcs para a Corte 1^

deexcujat.tut.cumconcord. ttão dcpofitarcm caucão cm certos cafos das noflas leys j 28

Ú£ZS^tld:Í!;Z!:'/1r^- ^^^^ ^e boa vontade tíocanão todos peios dos ricos, nem cuy-
1% ordin.i.ytit 5.5.5 o-tit.zí. §1. do q O das tutoHas viriajà mais à pratica, porque antes fe tira-
d^m.«4.§.io. rião aos pobres que efcufaremfe clles.
,
O certo he que a ma-»
)icia humana depravou as utihdades dadivifaó dos Domi-«
nios, & da invenção do dinheyro , fazendo tudo venal aos ri-
cos, & reduzindo os pobres a condição cm tudo miferavel ;fe
pedem, fe envergonhaój fc naõ pcdé, perecem jaccufaó ao pro»
ximo fe os não foccorrc j & chega© a queyxarfe de que Deo$.
nãorepartiobem.
8 Segundo as noticias q ha mais antigas, o dinheyro fe
fezprimcyrode.gado, ou de couro, ou o mcfmo gado vivo
era dinheyro, tendo cada cabeça feu valor determinado con-
forme a efpecic, & grandeza > ôc aílim cota a Sagrada Efcritu-
49 <5íM,,5.i9.Emitque partem agri. ^^ -
Tacobfí)w/)m/ parte de hum campo por cem cordev-
VafX4.5í. Inpartcagriqucmemcrat
Jacob.
V ? ^ r rr
1 •
1 - j- ^ v

ros; ic eitcs nao loíiem dinheyro , nao diria que comprara, ( o


V
Vid<: /iicx.ah tjitx.im UttT. 4. Cl 5. que fómcnte fe faz com dinheyro} mas qucpermtitsra.
/
Porém
iMGcm lí. jà antes de Jacob havia também moeda de prata, pela qual o
Texto diz 30 quçAbraham comprou o campo em que fe-
pultou
,

PARTE I. CAP. XVIIL 71


Ímltou íua mulher Sara. O
erudiriíllmo Padre Frey Gabriel
LirleradiOrdem dos Pregadores, efe rcve com Gothofredo , r ^ ^ r,-

\ irerbieníe no leu Pantheo 11 31 que


, Nino Rey dos Afl y nos, „^ ,„ ^-^ Par,/icve/,a»tcrJjÁi(:o_ ud.
pelos annosqualldoiis mil dacreacão do mundo, quafi 350. viterb.ini^m/.-eon.
depois do diluvio, fez moedas em que eíeulpio a fua imagem,
& eftas foraó às mãos de Abrahaó , que as levou à terra de
Canaam,& por ellas fez a compra docampo; porelíascom-
pràraó os Ifmaelitas o Santo Jofepli , íígura de Chrijlo , a feus *
Ven^^^^t^^ «""^
irmãos-, zz Farcsíilhodeíudas,quee'rahíimdelles,ase;uar- ,, 'V^'"- '7- ^^-
doui chegarão a mao da KamnaAuicral, que asoíiereccono ^//u /í/era í;«tfí;triiiiura argenteis.
Templo de Jerufakm delle as levou para Babyionia Nabu-
;

codonofor, quando o faqueou;d*iilli paííaraó aos Reys Magos


deSabà, que asoíferecèraónoprefepio, & concluem os diros
Authorcs, que por eftasvendeo Judas a Chriflo; prova\'el he
que a ViYgan^ & S. Jofeph as tenaó offerecido no remplo, dó-
deastirariaó os Príncipes dos Sacerdotes para aquella com-
pra. Sendo iíloaílim, fe enganarão os que diíTeraõ 33 que os ii Textorjupta^

Égenitas, em tempo muytomais moderno,fora5 os primeyros


q batèraó moeda.-na Africa, pela parte de Angola.faó dinheyro
huns paninhos fey tos de certa herva entre algumas nações o
:

hecerto género de pequenos búzios outras o fazem de outras


:

CO ufas que cada huma mais eftima.


9 FUnio 34 efcreve, que nas primeyras moedas de metal .]^'t^['*^'^y,J;,^^^^
feefculpia ainda a figura de gado. Depois, como hoje , fe ef-
culpíraó as effigies, armas, infignias, infcripçoens, & letras de
quem as mandava bater i de que ha livros curiofos, Scnelles
achamos noticias de muytas antiguidades.
10 O valor delias pelo intrinfeco dos metaes , entre todas
as nações do mundo hequafiomefmo, como de direyto das
gentes q não faõ barbaras^ Sz por eíle fe acey taõ ordinariamen-
te em todas as partes pefadas , fie tocadas.
,
O
extrinfeco que
lhes daõ os Principes, <k fo corre nos Dominios de cada hum
tem regularmente pouca diíferença do intrinfeco , por convir
afllm ao comercio ; excepto em alguns Eílados nos quaes as ,

neceflidades publicas, ou por defpezas da guerra, ou por ou-


tras occafioens, obrigarão a augmentarfej & neíles augmcntos
fe lhes fegue fempre mais dano, q utilidade na mercancia ^c
, ,

no preço dos ufuaes q impollibilitaos vaílallos. Em Portugal,


âlèm-das mudanças q neíla nofla idade vimos , houve muytas
nos tempos dos Reys paííadosiodigniílimoArcebifpo de Lis- ,^ q [Uu-^rUj-M-Ar ehifpo D.B^d
boa D. Roelrigo da Cunha, varaõ illuílrc por fangue , virtude, àj cnnba, hiji.Ecdef.de Lishoa(>.:. c.io.
& letras, no CataWo qefcreveo dos Arcebifpos da mefma ^^Vn / . .. /

oe, 35 procurou curiolamente averiguar o valor diverlo que ^7 Carranf^ no imo daajun. ^'.íf
,

as moedas, com vários nomes, tiveraõ em tempos diíFerentes; '''O^^'''^- ,


' •
.

O de muytas declarou a Ordenação do Reyno íeyta por El- ,^urn>,.a.muu'A Lawiaifis.


Rey Dom Manoel, 36 porfermateria larica, baila remetella. rrmdjcusCur.^uí, a-joM.nayvmdin
Demais dcCarrança, Covas Ruvias, & outros 37 queefcre- traà-à'^'>^:f:'^^^"'^ltusBru..usd.
verão de moedas^ o Ety mologico trihng'-!'- inipreílo em Lon- i uraci dd nv.
;../

dres
-

7T. EVA, E AVE. "


dresnoanno dcmil ^ íêiíccntos Sc ictc, rrata exaclamefifc
coulas miiy to dignas de íe íabcrcm das moedas que ufàraõ os
,

HebrcoSj Caldeos, Syrcs , 6c drcgos.


1 1 Os Latinos chamaó ao áinhcyropecioiia alguns dific- -,

raò que de peculinm, q abufivamente í'c romã por qualquer pa-


„ , , , , rrimoniojfio-nificando propriamente fó o doefcravojou filho-
iJ„ ^ famílias. 58 Outros o deriVcio melhor de /)?íf/.r. ^9 q ligni-
•y^ idemCrdcp o- Pciyjntpy- fícao si;ado, OU porquc O prímeyrodinheyroera gado: 40 ou
"^'^'ttl""»!"^^^'
"^'^ porqu^e nas moedas que depois íèbatéraó. feefculpia alliafi-
41 Pun.di^lci. gura: 41 ou (6c parece o mais certo) porque antigamente em
PiiitfíTch m Popiu;, la.
„ . . . o;ado conf^ftia toda, ou a principal fazenda dos homens, 42 &:

devfíb.fçmf
/;úT7/«/^.comprenende toda, como diliemos; 43 ocdomeímo
4x ^^í/cM< o-Vciyvth juj^T '.
nomep('(:7/5feveyoachamaro/)í'rw//<?. 44
45 Supr n
(-.
Ncíla divifaõ de Domínios > fo Chrifto Senhor noíTo.
j

4^ MMh ti.x7 \oa»^vv havcndo ícu ray hterno polto em luas mãos todas as rique-
46 D. fj»'-i- "['-''"'•*;>• f^^P^^zas, 4í fe fez taó pobre por amor de nos, 46 que naó tinha

-PLf.h 8 zo. Eiiius aistcm hom:- -^o ndc lecunar a cabeça, 47 10


chamou /í// ao q nos dava; 48
iiisríon lubc: ubi ci^-uc recimct. às ovelhas para morrcr por ellas ao corpo fangue , èc efpirito^ ;

laI?S.x6'.Í6Cr.8..w./rc.i4.ii
quc cntrcgava por nos falvar 49 ao /*^j' queparaiflboman-
y^i^. dura: 50 aotcmpo, 6c hora em que havia de padecer, <5^i ef-
i«í 2.1 t9.'í!^i"<^f-*}4"^- gotoufedethefouroscom-nofcoi 52 chegou a entregar fe a íi
^""o ^£.. M?-
meCmo; 536: com tudo foy o que mais experimentou o tra
MMh.í6. a.ío'«i«.i.4.crr.iuv \y^\]^ q ^^ fj^^j[^ ^ fgj;^ qs males do dinheyroj & do comprar
, &:
'

51
y.D^PaHUdPiyiip.,.7.S:mci,fC^
yenjej-j porque noscomprou pcloalto preço 54 defeufan-
"5T!^./W.'«d£;'fcf/.5.i.Tradiáitre- gue, 5^ Sc cm formadc fcrvo 56 foyvendidoj 57 Ôcdaríe
mct.píum pro noD. vnrelledinhcvrojqaindoellefed iva dc tJ J ' 7 8 lhe fova
"[íaçaj <
w D Paul (idCcr.^.íO. E;np:i may(^v
i
r
pena
'
parcciaque
_
nao era homem para
,
-

lograr
l J
as con-
cninícibs ptetio magno.
<< Pitr 1.19
I venienciasd'aqiieliamt:rodiicçáo,mas 3
para padeceres
fó r r dan-
<c,D.Prn.!.jdrhi':p-cf-c.i.7.
Í7^u»í.^6.is.iV/.Kf..4.ii.
nos delia
nosaeiía.

CAP IT V L O XIX.
Fundação daprimeyra Cidade utilidade delias ; como ',

a naU4rc^a depravada perverte as generojas ac»


çdes; condena-fe a vangloria, Çff trata-fe brevemen-
te de algumas Cidades famofas,

V FhcrauLiapuàBruf. Li 16. I TJ
t^
Or mcyo da neceíKdadc,quc hc excelíenrc meftr^j
N^iiiam prxaai.tiorcm dc.aoccm cilr
moítrundoaoshomés
"^ ^ j^j^ a Diviua Providcncia
jrccelliurc. i, .1 t «*
"^'^'^ '"^'•'*^^"^'"''"^ ^^"'^'"'^'^^"^^"^^'^^^^^^"™- ^'^^^
Hcliod 7. I.ivctitrií 'ccnfiiiorum om- ^S"^ P''^'"^
fiiumcftncceiTitas. a natiiveza humana arruinada em maliCia trocava em maks
,

os mayores bens , como jà difiemos no capitulo precedente -,

fejafegundo exemplo que achamos no Sagrado Texto, 2 a


C.<4-i7. Adificavu civiutcm.
j
fundação dasCidadcs.
2 N
eceifitava a Vida de muy tos ufuaeS;q nem hum fó ho-
mem
.

PARTE I. GAP. XIX. 73


n.cm pódcgrangear, i;iern produz todos huma í'ó cerra , como
confidcrcu Virgílio 5 enrre as auferias do mtindo, a qprono- "
^
ilicava remédio. Eftaneceiridadeperíliâdiaafeaiimtarémiiy-
f yngn ecioi>.j^,
'^' '
^^ ..

Nfcv:a'"hticá'píiius

tos em vizinhança para fe afliítirem reciprocaméte com o que ™"«s: «^'^"^^ ^^^" « ''"'^ ^^^-
J^"'*^"
tiveíTe cada hum, entendendo também q de outras partes con-
correria, por commercio de permutação o mais que foíTe ne-
,

ceflario ; com q no circuito daquelle ajuntamento haveria


abundância de muy tas legoas; & eíte fegundo Ariftoteles
4 4 ^un.i.foltt^rtot.àfl.',.c.xacy
foy hum motivo de fundar povoaçv5es. Outro foy fero homem
por natureza animal fociavel, q appetecia companhia. Platão
diz, que fefaziãoparaoshomésfe defenderem das feras; 5 &: 5 piaUnPmagor.
eftes fíns que a razão inculcava, eráo muy to louváveis.
5 Porém o fagrado Texto 6 conta qnafceo a Caim hum ^ Gcn.fup.

ílho, a que chamou Henoch;^cj edificou huma Cidade,(Be- ,n ^jú .rn,


roiodiz 7 qlobre omonteLibanojaquaLpozonomedofí- % D.,yíu^.deCív.DeU i^.c.%.

Iho; o que fegundo S.Agoftinho, 8 fc entende annos depois


de nafcido , pois quando nafceo , náo havia ainda gente para a
povoar, S.IoaõChryfoftomo o d.z, que ed.ficpu. & poz c,
„i^f^>f^r-Xt"-p««».
nome lo a hm de perpetuar fua fama , &: q foy cíieyto do pec- rum, & ruína; pnma munimcuta.
Cadoj porque os homens privados poreiledaimmortalidade
queteriãocom agraça, defejavãoiramortalizarfc por outras
vias. Elles o declararão depois na fundação de Babel , dizédo.-
Fnndemos Cidade em que façamos celebre nofo nome 10 bem 5 ,^ g,, n.4.Ceiebtemus ncmen no-
parecidos aos pays que peccàrâo por vangloria: 1 1 outros ftrum.

Authoresefcrevem 12 quetambcmfoy intento de Caim re-


I* Sí«/líif""'/,'^""^'''
fugiarfe alli da pena de feus crimes, & recolher o que roubavaj £e«fíi.f<r«a«d.M 4 Gr«/fc7.i8.«. ;

para ií^ío cercou a Cidade com rauros,& a fortificou de torres: ^'"^


' J '
"'^ vafMç.ia.
-Sj^v» df a.
'^ ^^Uo m ^^nti^un.BM^.
.13 tão antiguahe a arte da fortificação. Filo 14 affirma,que
fu ndou mais féis, chamadas, Mauli, Thehe,Jefea, Celetyjekt,
&
outra, em que feu mào natural não melhoraria o fim ; &: nos
íeculosfLiccelTlvoSjdizLadtãcio, 15 quecomamefmavan- i^Lt^AHt.l.i.c,ii.

gloria,& defejo de fama puzerâo muytos homens feus nomes


a povos, rios, montes, & valles.
4 Pelo pcccado cahio a natureza em tanta malicia, que
fez vicio do que fora vir tude^ porque o bem, &
o mal nafce do
^^ '^'»'' 'í-i*"^^''
coração; 16 poriííofeintroduzio bater o peccador nopey-
to, como que o caftiga; pelo fim a que elle obra fe qualifica a
acção:a louvável deve ter prudécia para efcolher bom fusev- . .„ , ^ .. , ,, ^~ ,/ *

to, õc virtude para procurar bo hm-, 17 ieelte hemao, aíteaa is Taeit.hip./.^. Finisturpisiaudcm.
obra mais luftrofa: i S nas da induftria fe louva adeftreza , nas egreRíam macular.

a Virtude a tenção, q lhes da lorma: O edifacionao perde a ex- ^o /^.wiím úi n.c.-^.eráe


t><«£
cellencia pela mà vontade
do arquitecto mas o a£to de juíliça jtã.phtUJòjé.cT.a- de cm;.i)ei /«í-.^.c.
;

...vefte-fedemaliciapeloruim intento do iuiz iQ &:aflimdif- M-«^ m-


i

leb. Agoltinno 20 que as generol as acções dos mais dos gen- intxhortmor.:i.admd.tom.A. Yanxgio-
tios degenerarão em vicios , porque tomarão por fim huns o tix morbus te non ToJuíh cúm pccca- ,

'"«" "^^ ^""^ gcila.5,dam,


intereíIe,outros o goílo,6c os mais celebrados a vaidade,& am- '^^^^^^
bicão: lartima grande peccar, não fomente qu ãdo fe obra mal,
^
mas ainda quando fe faz algum bem. 21 Difcretamente cha-
G moii
) :,

74 EVA, E AVE
11 Djow.ciimacirad. ii.dívin. iTioiiS. ]oAÒ Clímaco 22 àvânglork y diflipaçaõ dostraba-
i'""; ,, perdição dos fuoreSjUd-ziodo^tíi^fouros, ferva dn perfí-
lhos,'r
,

Kefert P.Fr Manoel àoSepulchr o, n»re- ^ j r u i


<- •
r>!
.

f^f.EjfiTit.p.i CXI.». 3©.


dia,precLir!oradaíoberba,n?.tiíragionoporro,tormiga naeyra.
5 No
mefmo precipício nosdef\>ínhamós os Chriftaos.
"
EfcrevcmoSj não para lòiiVw dé De^ki^-n^i^s afi^ectando o pro-
-.*,.^ prio: fomos rcclCs ncs ofíiciorj, n?.0 per^tmar a jitíliça, mas pa-
ra applaufo popular: abítcmonos dos-v^icios, não pelos aborre-
cer mas por rcfpeiros réporaes:a!gús,oi! ulgúas fazé ptnicécias,
não para fe mortificarem , mas para lé acreditarem: arè alguns
Pregadores Hufmgelicos procuráo mais oftenrar engenho,
que edificar almas, pois lifaõ de concfVtos próprios, devendo
faber que melhor perfuadiriao qualificando-os com alle-
gaçaó de hum Santo, ou Donror porque mais autho- j

ridade tem hum mào livro, que huma boa voz; cuydaóque
tem mais louvor as aranhas, que ger;uidefij queasabelhas,
que colhem das flores; não felembráo de queSaóJcronymo
i.\ D.Hieron.ep.adP uiin. de iivin.
jj louvou cm Platâo qucrer antcs aprender coulas alheyas
ÍÍ!líís''aifcur;.recundcd,iccrc,quàm
com vergonha, qucjadlar as próprias com imprudência^ faÓ
fua impudéter jaftarc. palavras GO Santo. Innumetaveis boas obras deírroe a vanglo-
14 D.chryfop.iHpan.ho,r u. rd fn.^l^ Al ji^^Chry(o{\iomOi lã. & QUcm pertende applaufos íe

lapcílundat cnvilecc, pí)is cntendendoqucie nao balta 3 íi , bulca a honra


25 idemchryfoifferm 17 fxperitis ei- nos outros 2$ lança em faco roto, acrefceotaS.
! Bernardo
Z;?Strn^^^ enrhcfourando nas bocas alheyas. Jt >
bitcipdimfufficcrcnonputas.niíigio- 6 Fez também a malicia humana degenerar o bem que
riam aiiiindc capias?
pudcra rcfultat das Cidades , & povoacoens g:randes em que ,

í;mf.';/?pnwiníip.cnstuqaiiT,ciccscó- ^q"^''^ orovimcnto, qucconlideravamosdos uluacs , veyoa


gicgãíiuíflccHmpcnurnm. exceder tanfcà neccíTidade, que o fuperfluo as oftenta funda-
das para delicias, & não para íuílento que exceíTos não mini-
;

ftraõnocomerj&noveííir? aquellaconfolação que notáva-


mos da fociedade, fe torna cm murmuraçoens, juramentos , &
17 B.chyfofi.idverf.Mhiiper.vttmo- convcrfaçócs illicitas> faó tlieattodos vícíos que fe chamão ,

n n.l.\.adfiH.ttm.ySenecaepiji. 51. paflatcmpos , & dc todos OS peccados quc miudamente pon*


fl ?rd:Sl »-/Í^dV.„'r;;i- àcvxo os grandesjuizos de S. Joaó Chryfoftomô , f. Séneca
agrum. 2j chegou a dizer Díogenes, 28 que a virtude não morava
FuUhè Pater Hern,énm HHgoindefider. n-^.;
Cidadcs." a Alma íanta couvidava o Efpofo a deyxallas , 6c
ij EcdefuLjiic. IO. 1. Qiialis redor ^^ oantos lugiao para os delertos. 1 ernveis & abomináveis ,

cílcivitatis, uies & feabitaiit s in ca coílumes haveria na de Caim pois difle o Efpirito Santo 29
;
^"" q^'»-^ os habitadores da Cidade ordinariamente
roÍ° /riS/Z/ir^'''*'"'''^"^" faÓ tacs como ,

^ufott.epij^r.^o. quern a governa.


foan.Saresi>erf> 8 c.ii.
1
7 N
áo tivetaó notícia dcfta Cidade, nem da fundação de
d, joan.i^cfr, wfy„u]>m.ant,j.Rom. cum Dabylouiu dcpois do diluvio , OS Grcgos , quc diílGrao q a pri-
addition. meyra domundoforaCVfrí7/?/íí,qtambemlechamouyifr<?/?í7-
TWrf«jp/?«-w.i et. / f fundada por Cccrope contemporâneo de Movíes riem os ;

ibiglolfa. cLgypcios que aínrma vriOjCue a primcyra tora ThcbaSj ciiama-


Pmed.MoyrchEe(iefp.x.i,^.c.í.
, ^ I
primcvro Vwfboíis-, &c oiitrcs QUC {otílJjtôs, cdificada por
(\.^

liriite Monlrch Lujiti i.r.",.. • Foroneo, quevivco no tempo dc Jacob. Hede notar, que
Madera»astxcei.<teHefp.c4§.^. Caim fundadordcítacabcça de todas na antiguidade &: Ro- -,

" "^"^" fundador 30 (ou ampliador, como querem outros 3 1


Ím nf .IXw.'''^
AUnr.Sefy.commntVirgJ.ju,^^. UC
,

PARTE I. CAP. XIX. 75


de Roma , cabeça de todas no Império , ambos matàraõ a
IcLis irmãos; 6v' he de admirar efcrever Berofo 32 queeíla MBf^offupÀKú
Cidide de Caim permaneceo largo tempo emproloend;ide; M Seionapuàstobferm/^xi
r -• «
1 -.--,,»„ j j' ^
PitacitsapítdLaert l.i.c.\.
1 *^

ícndo máxima dos poíiticos 5 33 que pela bondade aas kys


\ 1 1 t 1

(qnrtil fundador lhe não dariajuílas) fe regula adoração da


Republica ou os íuccefíbres as emcdariaó; ou Deos o permit*
;
""^^
^"^^
rio por mvfterio em aquelle principio do mundo,
ri.PauUdmr.i^.z^:
8 Mascmíim,comodifieoApoftolo, 34 rtiolianomu- ^4
do Cidade permanente. Da foberba Trova naó fe íabe aonde „ _ -

foV; 35 da altiva CarthagO lo OnOmehCOU; da efcJareClGa Donde el fl,ego y ia iiama licenciofa


,

Athenas íó fe prcíume q elleve aonde fe vè húa aldeã pobre: da Soioei nombíc dcxarmi a Canhago,
preciofli Tyro, àa nobre Corinrho,da bellicofa Lacedem.oniíij
í<:de outras ilUillrcs Cidades, fo ficarão nos Poetas eftes epí-
r^y^.^;íf«i 5.
tetos com q as nomeàraõi 36 Ninive (oy fundada por Aíliir ^ 36 ,
mm.
;7 q tanioemfe chamou ín mo, 6í lhe
deu nome, 38 quadra- /^íf^;,/ 4 ^,,. «*9íi\:l ?*,

frula,para mayor fortaleza, na correntedo Tigres,parte orien Tu nunc Canhaoiniç aU*


?aldeMefopotamia,tinbacIccomprimentocento&cincoen ^^"^jj',^^^^^^^^^
ta cítadios, (que cada hum faz 625 pès } & dè largura rloVen- Rcgn veprima Remi animas
. .

ta, fazendo circuito de 480. que contém feíTenta mil paíros,&:^^"!'^l""^''*'


-- -111
faomais dedeziegoas.
/-^ •iv
Osmuros tmhaocempes dealto,
^11 o Ovíd. Metam 5, -
õCpatriaeft clara mihi,dicjt,Atlictii^
larguraemqueandavaótrescoches emparelhados; com mil'^''»í-''5-^''^-
6^"^*^" .!"*
èc quinhentas torres de altura de duzentos pés, 39 refiítio aos 2wSm1 ; ,, ,: .

tempos mil & trezentos annos,q teve de duração; 40 porém Orchomenofquefcc«r& ík)%^'^%
finalmente pereceo quando Saroanapalo fe matou, & o Impe-
5:°'^'"^'^"^-

rio Aílyrio, de q era cabeça, paliou aos Medos, & Babylonios. ResPAndion» fie átmipotens Laccdsi
,

9 Babylonia, fundada por Nemrod 41 na torre de Ba- n>o"«


bel, de huma, & outra parte do Eufra^as, em figura quadrada ^g pZdaMoLTc.BcdefJ.ue.tj.^
por mais forte, tinha âmbito de mais de feíTenta mil paíTos, ou 59 Herodot /.i.
quatrocentos & oytéta eftadios , que fazem largas dez legoas-, ^'
^^f°[âHit'-^'^
cercada com tnuros de ladrilho, Sc certo betume mineral mais 40 iieneditt.Veren.inGen.l.t,.exn.')i^,
durável que pedra; de altura de mais de duzentos pès, & de '"^'"'"'^•°5- ^ .,
largo mais de cmcoenta;davao por lima palleyo a leis carroças
emparelhadas fuftentavaõ no mais alto os Peníiles , arcos , &•
;

abobadas, fobre que eftavaó hortas, &" jardins, có muytas fon-


tes, & grandes arvores, Sc debayxo delles muy tas cafas com
moradores; ferviaó-fe aquelles muros por cem grades pofti-
gos com portas de metal & tinhaó duzentas , &c cincéentà
,

torres de feíTenta covados de alto efcufando-fe mais torres,


;

pelas muytas lagoas que a faziaó inexpugnaveljcraó cercados


com foíTo de agua tão fundo, & largo como hum bom rio. Ti-
nhaó !iiuy tas, & fermofas pontes & a que dava paíío de húa:
;

para a outra parte da Cidade fobre o mais eftreyto do Eufrates


q a partia, eradefeifcentospaíTos, fobre pilares de pedra êni
diílancia de doze pès, có talhamares fortilTimos: as pedras tra-
vadas cõ barras de ferro chumbadas-, tinha trinta pés délai"gój
aparece qnáo tinha arcos de abobada, mas vigas de palma,
ík: acipreílc. Em cada porta defta ponte eftava huma torre ál-

tiíTiniai 6c ao comprido , pelos lados do rio fe defendia a Cida-


Gij dç
,

?<J EVA, E AVE.


de das correntes delle, com forre muralha. As bocas das ruis
que fahiaó ao rro fe cerravao com portas de bronze. Oalca-
,

cer,oii Paço tinha huma legoaern circuito &: fobreelle eílava


•,

hum famofo templo. Outro templo havia em que eíla-


va huma grande eílatua de JiipiterBtloj roda de curo, 6c ou-
^tHertMM»
tras riquezasineftimavcis. Eílefcria O que Herodoto 42 re-
fere que ainda perfiftiaem feu tempo com portas de m.etal , cc
quetinhadouseftadiosemquadrado. &• quenomeyofe Icvfí-
tava huma torre de âmbito de hum eftadio , & outro tanto de
alto; ^ fobre aquella^ outra j &: fobre eíla outra , & aflim 011-
^
^ trás atè numero deoyto, & queatodasfefubia por efcndas ,
qvie tinhaó pela parte de fora ; & no meyo das efcadas havia
ap^fentcs para defcanfarem os que fubiaó. Era finalmente Ba-
bylonia hum dos fete milagres do mundo taõ celebrados eni ,

cuja obra principiada pela Rainha ScmiramíSj trahaihiirao


5

íiVffl"'"'"*''"^^'""'""^'^'^
^""QS trezentos mil homens. 43 Tal fortaleza parecia baf-
tiiodor Sicui /.} M- ^ tante para não ceder aos feculos: mas tudo o tempo confumio,
porque de tudo triunfa, excepta a virtude; 44 fodeyxouhila
p^'"!o^rt
"44 Petr'^r(ha «w triuwphcs tmnt' pcquena Cídadcj q moílraffe a Campanha onde teve a vitoria.
y

phouit.e/eia diviniu, jq £ n^Q fe ha fcyto da antiea Roma , que teve quatro-


'''""""''
'=''"'''^"' centos &cincoenta mil vifmhos em circuito de cincoentamil
hlfuí'''"'
Lip/.poiu. i.i.c.1. ex Cornifc. 'ad Hnen. paííos qiíe faó oy to Icgoas Sc mca?
,
o monte Palatino, em que
^°""^* foy fua primeyra fundação a 20 de Abril aonde os
íoSmr-'"-"™^'-^"^^''^" ; Reys, os
*

Confuíes.os Emperadores tiverão em fumptuofiflimos paço*;


feu afleto; aonde Ju lio Cefar ,& Heliogabalo edificarão gran-
diofos Templos, fedefpovoou, 6c tornou agreíle, feyto pafto

^ ^ ,v de animaes íilveílres, o que fora habitação de Monarcas, o


monte Capitolino,em que efteve o Capitólio, chamado A/<7r^-
dados Deofes^os Templos de Júpiter, Juno, Minerva, Marte,
& o da Lealdade; as eftatuas de Hercules, de Fábio Máximo*
deScipiaó, & de outros Varoens illuftres; aquellequeosEf-
critores dizem qite melhor reprefentava Cabeça do Mundo
fevio reduzido a póucaS)& humildes cafas, honrado fó com
hum Convento de SaõFrancifco, edificado aonde foyoPa-
çodeOdtaviano. Dasoytentacolumnasfobreque o Empera-
dorCalií^ula fez hum notável paíTadiíTo de mármore, defie
Monte Capitolino ao PalatinOiôc das outras treze admiráveis
que Domicianopoz entre os mefmos montes , apenas hame-
moria^ DoalcoCollifeo,ou Amphiteatroque Vefpafiano fa-
bricou, não ha veftigío-, nem dotheatrodeEfcaulo, ouSilla,
q tinha trezentas , & feflenta columnas , & três mil figuras de
metal, nò qual cabiaó oytenta mil homens. O caítello cha-
mado Sepultura de Adriano porque nelle a fabricou para
,

H magnificamente aquelle Emperador , veyo a fer trifte


O
cárcere de criminofos. circo de Júlio Cefar, que ri-
nha três milhas em comprido , a mayor parte de már-
mores finiíllmos, por excellencía lavrados , onde íe faziaó
os famofos Jogos Circeufcs, também pereceoj & outro que à
jnii-
.

PARTE I.CAP. XIX. n


imitação defte edificou Neroi Dos Templos de Efculupío, &
<j Concórdia, & do celebre da Paz i em que Vefpafiano, &:
a
&
Tito puzeraó os defpojos de Jerufalem ; de muytos outroSj
'**''" * "

'

ounaóha finaes, ou faómuyco raros. Do qitefe admirava lios


jaontesCelio,&:Aventiílo: dos fumptucfos Palácios de Má-
rio^ de Pompeyo, de Luculo, & de outros homens grandesj fi-
nal mente de todas as grandezas de que eftaó chcyos livros j fcV'iÍ\" .'.« 'M^»i!|.»'.\ • t

que fo delias trataó, 45 ha fomente relaçoens. Só hehoje^ 4^ U-^ireFuhh no livro àa!'ml^il'


nova Roraaiiifií^nej ainda no temporal, pela aíTiftenciá tiçWn^^k.'"*"' P^n R^/^n eodem tr.ã.cumfà-
da Cabeça da Igreja, Conftannno Magno a perpcwou quan-/':;r |í;ri:íf:^^
^oemS.Silveítreiezdoaçãodelia aoS 46 bummos Fontm' decrthSs.Pmm. Memimtgioj!a,perti'i
ces; porque fó o divino permanece. Omefmo fuçcedeo em Pr^fefi.mbcr^iof.
'""'';

Jr ^ 1 - r 3 rr^J jr^^jr '"'•'•^'l^f"


(onjeten'
erufalem, aonde naoncQU pedra lobre pedra, do iorce de íeus,„p„Hc.ce/iáH.
-
,_Juth.qnmoÍ9 •mt.Epifcçlti
r .,1*1
i-y r

muros, do magnifico de feu Templo^ do grandiofò defeus j-^-^^í^t.^» •' *•


'
edifícios, & de toda fua opulência j fó erii povoação pequena
'

'

'"'.iS ií d
íè.cóXervaoilluftredehavcrfidotheatrode noflaredempçaõ; ^.^xnoíViy';. .^
lí Pequena gloria fundar Cidades que caducáõ: grande v-^^-^x

J)^rda dirigiras acções aapplaufos de pouco fe vangloriava


:

Caimí de muyto nos podemos gloriar fem trabalho,* ^-f em a7 ^firarehdieprofp.fonMaUg.%.U


S'' t^bi igitur gaudctc permií-
cós mefmos podemos fazer Cidades de virtudes, ou fazerniov?^''^''""^-
r^ A A' ji /^ 1 rt- 1 j /r c /^u n. „ lom ut quanto Ixttot quantoquc rc»
/- ; ,

pesi Cidadãos da Celeltial, comoaiíle b. Cnryloítomoj 4SiigioiTor,tantoíismciior.


ainda que as Cidades do mundo, como Samaria, emhúàoc- , ^^ D.chryfo(ii,nPfaim.iti.advtrha^
caaaânaÓquiZ€raórecolheraa7r//?í?49Senhotnoflb: G^n- l^'^ff^-'^\: *
'.;'' / ;

y?<7 recolhe a todos na Cidade do Ceo; com nós mefmos devei.


''^,'"*''55" "
- > ,

mos' procurar credito: a confcienciá própria dà o melhor tef- 50 oiemfirmifuentfmHishmíieji


temunho; mifetavelquemodefpreza: 50 fejamos os quede- f'»'f^"i'^'"(f'M6.cr97 alw^ijn
fejamos parecer, ^i de mais fácil hefer bom, que parecello, ''^['socm.^ypudÉrafm.cpopUzfm^ti
pois o fer depende da verdade ; o paretór do engano j que he Tanscde ftnueas, quaiis naben vdis Et
Sap,rnur.^^
mais cuftofo, melhor fe cuyda da obrigaçácq da opiniaõ: pois 2'i^-''''-^''^'^'7'*-*'*''
aquella eítà na mão de cada hum; efta no arbítrio de outrem, 51 ^«/fe.í.i^
& quando fe chegue a alcançar, fó tem eíTe preiii\p.,;& perde o
deDeos. 53 .,.,,..•>(,.•>

C A P I TV L o XX, : í

' Owo Lamech eofrieçou a ofender as le^s do matrimónio*^


tratafe dos trabalhos a que os cafados , j>ela ruim
do mundo, eftaõfugejtoSé •:;
_

I #" ^ Ontando Texto fagrádo a defcendendía de


^^^ Caim, diz que feu quarto neto Lamech cafou có
duas mu uicres chamadas ^i<3,&4^W/<í; i foy oprimeyrobi- « Gen4.í9, , .

gamo; Sc com duas mulheres que viviaó no mefmo tempo. '

Q.U1Z a maliciadeít-ruir o bem do matrimonio, inrtittiido por


Dc:)s paraalivio 2 entre fós dous: 2 quiz dividir o amor, » ^f^A'^-
r ,„ j. , v.
cauiar diicordiasj debilitar a geração. Para todo o mal era prcj m», »

Giij pno
7 6

7% EVA, E AVE
prio hum defcendenre de Caim mas be de admirar fcrcnj tam
j

Qf^r^. fofridas fuasdefcendentes; naó tem aquclle crime defculpa


em Jacob; 4 &: cm outros, em que o JfA//;í?r particularmente
difpenfou, 8c atalhou os danos.
Continuou a malícia nos cafamentos tantos inconve-
2
nientes, que fe fez queflaó problemática fefc devia cafar, ou
5 VtíHofoM. Nm/4n.inryhM nu- nâo cafar. 5 A vida religiofa , ou celibata com virtude he
^Í.l<^ p»/yunthea,ytrho,matr!mo»ij
preferida.' nos outtos O mattimonio he mais louvável. 6 Po-
« D.i'ãiã.i.adCorini.7. rèmopeccadolhepoztantosefpinhos,quecuílamuyto fan-
'•_-^. ^i-.' -.

gue colher efta rofj. ^?^1'


^.«^w. 3 Das outras qualidades ha mais noticias:mas o acerto da
iio^vwc peflba tem rifcos grandes: ha mulheres ( diíTe o grande Cle-
"

mente Alexandrino 7 ) boas para paynel, naó para mãys de fa-


7 ciem.^lex 1
Pédagog. (aj,. t.
1.
milias: ha homcus ío na forma , &: brutos no preílimo o mu v- ;
VclutidcpictiadlpeaacHluin ,noniia- r a j v rr>- it n r •
A
tzadHomusci.íicdiam. tocrudito , õí cutiolo Andrc 1 iraqucllo 8 elcreveo a eftc
8 Tira^uciadUgeKOHmbiaUni.x.i propofito largamente} bâfta a noflb intento hum argumento
^"''^'^*
breve; Ou acompanhia agrada, ou nao agrada?
4 Se agrada, também o que agrada 5 miiyto continuada
*'
vemaenfadari6cfenaõenfada,chorafeoperdello, 6r fóore-
ceyodeoperderatormenta; o amor fazcommuas as penas,
comoconceptuavriOj mas com verdade, em Ariofto Doralice,
'

r"^ emTaíroG;kiipe,&: cm Marino Vénus, &:muytas nonoflb


4,•í^^f,;ðM"'^,":'°''^•''• poemWhffippo, 9 &
fica padecendo hum corpo as raiferias
Mdyinonoty4clomsc:>iUiZ.e^.\S^-Dif dcdoUS.
Jim, nç poema iíiyljrpf^,cm. y cIKm.
^ Sc nâô agrada por doença,deformídade, &• quinto hof-
rivclfepofiaGXCogitar, com tudo fe ha defofrerporobriga-
:;lfi-fi*i>Ví«vrf/»A^.*;S$- çáo, comoexpende hum texto Canónico; lo fe por condições
""^'
!1! í fí'-' '^/ «. ç: n,„i,„ encontradas, he como inferno, feeundoS.Aeortinhoi ii fe
niarito,Hevadtiiii:r» vir uxori, diabo- por colenca, lie melhor (diz balamaoj 12 eítarlobreotelha-
lus<-ftiiii,aripíatibiHevaeft,auctuiili doàinclcmencia dos tempos, qucrccolhido com ella dentro
'"iTprev. 15.14. Md.us cít fcdcrein
fcndodouscm hum fócorpo, 15 fegue-fequefemal-
dccafa-,
angiiiodomatis.quàoicumirmiicreii- trataó,a mãofcre O rofto, 8f liuma farte do corpo oíFende a

^^^^ ' defpedaçaudcie VQluntari;mie;ite , como íuccede aos


'

^'?^'G>«í/:d cT° 'l"""'""'*


M<itth.\$.y ' doudos, ou poííu idos do demónio. E rodav^ia fedeveamar
'

p Paid.i.aácoT.6.\6. aqiPella companhia aborrecivel hepeCcado defeiar outra me- ;

^^a^fihn^Mr. Parif.c. 6. ^^^^> "" ^ ^''^^^ 4"^ O aparte: faó como os mÓftros que houve
j-ieaor B^eúus hi/i.feâ.i.í. dt dous cotpos pcgados , 14 ciija câufíi apontaó jos Médicos (^

GeoT^Bucjuri.fudhji.i^. j. ) cadaqualcom diílcrentecondíçaóiComo particularmc- k "

/
Philipf^amerar.caiit ic ('7.
i( Ultra jnpy,:ríi<,tos, Franco in Cm-
^
tc
r j r-j -ir j
ie Via uas duas Hioças nalcidas ein Verona pegadas pelas
iX.>
//jL- /;<i£/)'/f-4V''"-4S- coftasnoannode 1474. quefempreeílaváoemcótendasche-
j, lUnric. Gandav. apud Franco fui>r. ^^^^^, ^^ ^^^-^^ç,^ ^^^^^ ^^ ^^, ^^ ^ ^^ ^^^ ^^^^^^^^ GandaVO , 1
^^

,7 Bewl Fernrtnd.in í.Gen.f(ft.<) n.i era virtuoío, ^ quería orarj ooutto vicíofocftava com mulhe-
caracmuiictcma.itusncquit.&cum j.^^ faótaesqucílie náofaltavaõ ) todos ernó forcados a
(g^^

18 p lutará. inA^ciíi. D,9g''.n. ,p«y viverjuntos, oc a dclcjarleas vidas , porque ^oulruno que íica-
ot u.
íí» \ ^' ia apodrecendo are morrer; o intereííe ns obrigav:\ ao que
n de Deos obriga aos cafidos; finalmente nem le pôde dey-
i. y
-..Tr-.i xar de ter aqueila companhia, nem de padecer tendo-a. 1
6 Pcrde-lcahbeidade(qucheomayorbemdavida) 18
entre*

I
PART( I. CAP. XX. 7f
cntreíi^nndí^eoscaradoshum aooutro. 19 De hua Religião i" D.rnui.t.adCerj.^í
fe paíTa para ontra le fahe para Bifpado ou por caufa em que D^Pad.dlj !ii?'
•, ,

Pontífice difpenla , o cafamento fo por morte fe pôde diíTol-


ver: 20 entre algumas naÇoensfoycerémonia tirar as efpoías,
como por força, de entre os braços das mãys : levallas em hum
carro a cafi dos efpofos; Sc queymarlàoeyxodocarro, para
1 be m oftrar que não tinhaó em que tornar , & que perdeífem a
cfperança de fahir dalli.

7 O (ucccíío da geração nâo dà rrtèrtof trabalho : íe naõ ha


filhos,badefconfolaçáorhetriftecoufa (diz ia S. Pedro Chry- n b.Petr.Chrjfoijfem jt.
foloso) 21 carecer do premio da Vire-indadC) 8c do alivio ^^ D.chryfoííhomA%.i»Genef.
r ã .•
dos CM ^ J c. ^ iL

i? £cc/e/íd/?.;o.4. Mortuuseft patet
1 ^
filhos: fuítentar a carga do matrimonio^ &
nao colher o eius,&c,uarinoncitmonuus, fimilcn»
fruto delle Dignidade do mâtrintonio lhes chamoit efte Santo cnim reinjint ílbi poft ic.
: .,

L.u[t.mfi».c.deímp«bn.&alijt
Doutor. A natureza os pede para fe perpetuar: S. JoaóChry-
.^J^*
foftomo 2f2 diz, que faó imagem da Refurreyçaói quem os 15. l.í §.t.jf'.defuisy& u^ít.h^red,

^/t
quaíi a
r'
mefma rr J
peíToa; 24 donde
jV
dcyxa, pareceque não morre, 22 porque pay , &: filho faõ ^'^«'»M«^v^S''V"^-<'''''*'''<''^f'''*
.T.-/1. rr abintefí. deter e^uthent.de hécred. áb m*
naice entre os J unltas oefíi- ,en.iJprincsoU. t. 9.
caz direy to da reprefentação. 25 O
excellenteEmperador P/x/y4íè/«iH///iier./.ic.9:
Antonino Pio diíTe, que morria confólado, porque deyxava fí- ^^
Tacuím*^"''^''*^'
Iho; 26 o bom Emperador Tito poz nelles a fegurança do ^l E^lfm^i apophtkf^.
Império i 27 5^ Creflb , comparandofe Cambifes com feu ^9 iff/f/Tájf/V.j.is.ern.Habittiras
payCyro,cli(re, que naó ácviaCamb.fes vir àcomparaçaõ,í;;:Í3'í,-fS',r°"'""'
pois não tinha filho que deyxaííeà Republica. 28 50 Pm-f 10. i. cr c. 15. »o.Filius
ri»

8 Se ha filhos , nafce com elles grande penfaóaos paySna ^^Pj^'" i''-tifi"t P^i^-"^ ^'' .,,„„,
....

>

^'^ t» ,f y ^n £cd. iç i< Si (apicnslucritanimns


duvida de quaesícrao; 29 ^^,
, .

le lanem bons,ainda que daogolto, tuus,£;auacbittccumcornicú:ó'«.»4.

30 caufió grande cuydado em tratar de feu bem j como de Exuitat gauJio pater jufti qmfapicntê >

'««bimr
ÊneasdiíTe Virgiliõ ^i arefpeyto de Afcanio: & em temer g«»""^ m eo.
lua talta, como lemos de J acob 3 2 por benjamim / le mãos, omnis m Aieamo chari ftàttura patw*
,

fobre a trifteza que trazem, 33 faó confufaõ terribel 34 no ^'s* ^

receyodocaítigodeDeos,comoAbfalaó aDavid: 35 &no ^^ p^pwrí.i.K^Frlins vctòíluitjK


fentimentododifcredito, comoa Augufto , entre fuás felici- rnccmriacftmattifus.
^'""
dades,a muy ta defenvoltura das duas Jiilias, filha,& neta fuás, Jf fr''^fr\Zlro^
ocopoucojuizo de feu neto Agnppaj que clle chamava tres j^ i.R^.i^.cumfcqq.
canceres, que lhe roíaó as entranhas; 36 grande feria a pena ^í £w/m.i. 4 «poffct. «.?«'?•« t^**-

de Adam vendo os màoscoílumes de Caim. ::;7 ij Supra c-i 7 r.i.


9 Quaefquer que os filhos feiaójfe amaó tanto, conio mof- j s r/uV muitos ap-.id Texior. in of.dn:
traó os exemplos, quepormuvtos fe naó podem repetir; 38 p--^tit Amorfaunt. o- «4 defe^f» d*
daqui nalce lentirem os pays os mãos iucceffos dos hinos, 3, ini.iiHqmdem ^. fn quod met.
jf.
mais que os próprios, como hum lurifconlultOCOnfideroU. 39 Cauf.^fedvntres, hjl:de>ioxí/.aã. Pct
Amuytosmatouodefcofto deverem os filhos mortos. Gor- f>''Kof P"^ P^^^
diano benior paífou a furor de le matar por luas mãos. 40 J o- D.cl»jjo(i.hm.i^.in G«.ad/H.Craviug
nes Rey dos Tenedos, Zeluceo Locréle, Marco Scauro , Mâ- '"'' «ít/idcre fihos (urpiicio afKd c^uâ ,

lio 1 orcato, Aulo r ul vio, j unio Brutto , & Calho Konianos ^J T^xtor/uprA.
matàraó os filhos delinquentes, 41 porque os amavaõ; de 41 ErfjminMa^.Tençd.hifmiSili,
^'**'
amor endoudecerão, vendo-os criminofos; doudos obràraõ "f."-'^''''^,'";
aquella acção que nao cabia em quem tivefle juizo. Herodes siobjerm 41.
,

que mandou matar no cárcere a feus filhos Arillobolo , &


Ale- ^'«lei-àda^ L\.(.%.
xandre, era Herodes ^ Ireae que tirou os olhos a feu filho Cóf-
tantino
; :'
. ,

Zo EVA, E AVE
^i.F{ofctilhif!.ptc.x.i„^t.
tantino V. Emperador deConftantinopla , 42 era mulher
4} Viik infra c.i8.rt.?. ambícíofa que he mais que Hcrodes; 6c o Sol pela nÍo verjeí-
,

condeo 1 7 dias a luz. 43 As outras que nos cercos de Sama-


44 4%?.6»8. ria, íerufalem ,& Roma conièraó os filhos, 4+ foraó execu-

§. toras dc
caltigos Qo Ceo contra os afrectos naturaes.
45 L. Puna 7. c. ie Yeiveniítat
.

/trvi^txjUejurepfrftnar. jq Finalmente todas as vodas tcm a condiçaó das dos cf-


'

<.i^J.^£fc7õi'Jeu^^^^^ ' cravos, que náo gèrão para fi, mas para fcus fenhores. 45 Ne-
nhum fenhorhe tão cruel como o mundo para os que nafcenij
continua-íe a geração humana para continuação dcfeucari-
veyroi fora melhor, diz hum FilofofoChriftãoj 46 nãodey.
tvy.-. xaiherdeyros de calamidades.
'^-'Ví''^
• II Seguem-fe os encargos de ruftcntarramiliajde que não
cfcapa o mais ricoi porque a vaidade acrcícenta gaitos a que
éT' Di^tnbTondíNiít '

i> -'" *
'
não chegão as rendas. Santo Ambrofio 47 nos repreíènta"
,,,^ I
.• hum ncceílitado vendendo hú filho, (oquepermittiaó asleys
-
4i8«íAfi4^í/a>-mi.í«/"«/íii.?"«jí«e3"fig^s,&aindamatallo) 48 noqualconfidera a maislaíli-.
If-tdtiib^o-foiihum.L.z.c.depatr qu moíaperplcxidão , eftas palavras: com
^^^/'/(dir.iaellcafi E
fr1;*Sl1tSÍ:t"4&^r.>efmo)w«<i.r^
im chãmoupaj. Scrà oínãispcqueno? Ejje heomsumaismU
i4.c«v.5.iw.c.i4 «.4 Menoth.de recu- TO oj

^"JT'fL^'V°^''Trf^ ^''ífíí* f^ofo; ãtraveffame o coração haver o mayor de entender o mala


P4r.,oteih lhe faço: c^he mayor dor que atgnorancia ao wenor lho naodey-
'^'--" '-'

xaentender. Humdosoutros heomeuretrato : ooutrohe dema»-


jores efperan ças: miferavel de mim qucfarey ? Seeu vender h um,
comofifiaràa de mim os outros f a toda minha cafafirey abomina'
vã : com que rofto tornareypara ella carregado com o dinheyro de
'íalvenda? ouquerepoufopoderey ter ) vendo quefaltanellahu/n
de meus filhos por minha vontade^ Cada dia fe ofíerecem oc-
cafióes de femelhantes laílimas em que aperto fe vè hum ho-;
;

mem de honra cercado de neceflidades, rodeado de filhos jà

,„. homens, que nem tem veftido, nem talento para bufcarfortu-
ha; & de filhas tão altas como elle, que femfallarcm, pedem
eftadoj Sybillas que pronofticão defgraças? fe por fe aliviar
Hihedccafa, encontra acredores; osqueofaudão,lhepedem
o que devcj tal ha 3 que recolhendofe cia chu va , acha na loge a
o que pede o aluguer da cafa, ou fe he própria, a acha revolta ,,
porque chove nella como na rua, & entra o vento pelas janel-
las fechadas 5 como feeftiveíTem abertas quantos cafosfeof--
:

fcreccm como eítes exemplos, fem o miferavel os poder r :me-


diar?
'
12 Havendotantos inconvenientes em hum cafamento,
quem atreve a cafar lègunda, &: rerceyra vez
fe doutiílimo
.''
O
4í c^rn>Jitenaãearrir,.Veii,0'io-
Padrc Cartliagcua 49 trata dos malesqucdiíto refultão^ pó-
fph.^.iMiMcm.ii^ y:rf.dcniq dcm occupat hum largo tratado &
Lamech não reparou em
:

terjuntamenteduasmulheresj nemourrosdepoisreparàrào,
nem hoje reparão barbaroSj tudo iniferia do peccado em que o
mimdocahio.

CA-
,
;

PART. I. CAP. XXL H


CA P I T V LO XXI.
?rofegí4mdd o intento propofto nos precedentes , moflrà
como os homens convertera^ contra [t as tendas dó
campo ojerroy Çf metaes o^ue fe lhes moftràraõpara
mil idade : trata-fe da menção das armas ^Qf ar'
tdharia : apcíitaõ-fe as batalhas mais fanguinolêntas
otie houve ; Q^ a ra^ao que pode jujltficar a guerra.
I GtntJ. 4.1c.
I^oregueofagradoTexto i que J^bel quinto ne-
p to de Caim loy pay dos que habitarão em tendas
de campu: não diz que as inventoujpoderia fer cabeça dos que
coíhimàraó fazer povoaçoens delias jà de antes inventadas
,

como hoje as fazem nas partes de Arménia & em diverfa« de


<

Africa, os que vagando por campinas eftereis bufcaó lugares


,

aonde achão que comer. Affim refere o mefmo texto, que elle
ioy pay dos Paftores o que fe entende em difpor com induf-
-,

% Ben.FernMd.in^.G(r..jeã,i^,n'/^
tria a vida paftoril, 2 pois no principio do capitulo tinha dito
quejà o Santo Abel havia fido Paílor.
2 Inventou aquellas tendas a neceííidade dos Paftores
agricultores, ou por outras caufas habitadores dos campos ; 6c
traziaó aquellas cafas portáteis para fe recolherem; 5 como
iifou Jacob voltando com fuafamiha decafa de feu fogro, j Ferumi.fupral
4
& outros nas EfcrituraSí 4Ge«f/:}i.I7.

3 Mas aquelía commodidade , que a Divina Providencia


inculcou aos homens contra a inclemência dos tempos con- ,

verteo a mahcia em danno feu, applicando-a principalmente a


ufo dos exércitos com que o género humano fe faz guerra a fi
&
mefmo. Os Godos, mais naçoensSeptentrionaes, quefahi-
dos de íuas pátrias vierãoafiblando o mundo , feculos intey-
ros viverão com mulheres, &
filhos em tendas que mudaváo.
4 O mefmo fuccedeo nas armas diz o Texto 5 q outro
:
5 Genef.dx. 4.Í1I.
quinto neto de Caim , chamado Tubalcaim, foy official em
todas as obras de metal , &: de ferro ; entende-fe , obrando-as
perfeytamentejporque jade antes para lavrar, Sc para outros
mini rteriosjfeulava de metaes; 6 faltou efta noticia aos que 6 Fmandju^.fKí.

diífcráo, que Sem iraniis Rainha dos Aífyrios fora a primey ra,
que achara efte ufo, & fizera trabalhar em metaes os cativos
das naçoens que vencia-, 7 & aos que chamarão a Vulcano 7 Suida!ÍnSemiram,
primey 10 ferreyro, & a Glauco Samio o primeyro que foldou
metaes. 8 Tudo o que eftava achado antes do diluvio com-
municàrão Noé , & feus filhos ao mudo reformado ; & affim jX?rinofficfnM\% f^lru
muytos homens antes deftes oufarião nos muytos annos paífa- De aii^s jiribníUn.i.i .i.fi.antemíd.
des. !

5 Efte artificio de ferro, Sc metaes foy dos mai^nccefía-


nos
8t EVA, E AVE,
rios aos homens-, fem iníirumentos pouco fe pudera obrar,; por
líTo nações de Africa, &: America daó por elks ouro Te o tcm^,

o ouro fó moftra efplendor^delle íe chama mirmn, porque ^//; a


.5 Tohmh.yerhoy:yiuri. no Latim fe toma pelo que luz; 9 o ferro tem utilidade fem ;

aquelle viviriao mundo feliz por


-, os moradores de hum
iíío

- , ,
, ^^ lugar eh amado Babithaca o aborreciaõi 10 femeíle, malfe
iivitiar, lervira.
6 Porém do ferro, & outros metacs fez a vida infirumcn •

tos para morrer. Dizem queomefmoTubalcaim foy pcrjto

^L\JÍ wvTf^V"'' V* <,


naartemilitar, 8c exercitou a p-uerra; 11 taó antigo he cite
mal. Uepoisdodiluvio, oprimeyroque por armas conquif-
ii.filUn.hip.i.j. tou, foy Nino Rey dos AíTyrios, 12 fo com gente em chuf-
"'^^ ^'"^^'^ ^^P^>"'^1° R^y ^^ mefmoReyno foy oprimcyro
foj!!fh7i^:;Tc.t'^'
1 3 Btroj.i.yãe'fior Cald, ^^^ formou excrcito com ordem. 1 3 Aonde naó havia ferro,
paos, &pedras foraó armas, (&: ainda entre naçoens de Africa,
& America o faõ) paos toftados ao fogo. Os das Ilhas Balea-
res, Malhorca, & Menorca foraó inventores das fundas, de- &
ílriíTmios nellasj outros dizem que os Fenices mas onde hou-
;

ve ferro, fe ufou logo delle. Cuyda-fe que es Egypcios inven-


tarão lanças, &efcudo & qucPreto, 6c Archito ufàraõ eíie
5

primeyroem hum defafioquetiveraó; os LacedemonioS acf-


I
pada, & capacete} 8c alguns dizem que também a lança hum -,

Etholo os dardosi os AíTyrios a béftajPentefilea, Rainha das


Amazonas, a maíra,& fachaj Scitha, ou íaites q chamavão fílho
de Júpiter, o arco, 8c fettas; outros dizem q Apollo 8c outros,
-,

que Perfeo filho de outro Perfeo 8c de Andromeda j Midas


,

Miffeno a cota, 8c malha. Dos inílrumentos para batermura-^


lhas foy inventor MoyféS) Ar chita Tarentino, 8c Eudono
os
puzeraóem perfcyçaó; 8c particularmente dos trabucos huns
fazem inventores a Dionyfio, outros aos Fcniccs ^ dos Arie-
;

teshuns aosCarthaginenfes, outros a Epeo muyto antes no


cerco de Troya , Sc porque hum delles derribou a muralha,
c ,, ,,- , . - ^
por onde entrarão os Gregos, fe findo delles o cavallo Trova-
''"^'"'^' "^'' "^- H. Os de Thefalia inventarão pelejar a cavallo , donde
^,«1.5-
fe originou a fabula dos Centauros; os de Phrygia pelejar
em
carro de dous cavallos} Iriconio em carro de quatro Sinon no
j

cerco de Troya ordenou a» atalayas Licaon deu forma às tíe-


;

t^mcommaexP!i„jj:e.<^e^ goasj Thefeoàsligas,ou confcderaçocns^ 15 8c aílim cruel-


'"^"^^ ^^ ^"''^^ vangloriando outros de multiplicarem inveii-
SSijz. '

Mexiafupia. çocns pata deítruirem o género humano.

lufin^f'"^'
«y»/.p.i.f.7.
^^^"^ ^'^'"^''^' 'íííww*
7 Mas todos os inflrumentos dos feculos antigos parecè-
y^^ brandos à crueldade humana ; 8c inventou a horrível arti-
Iheria, filha do rayo na luz, no impeto,8c no cheyro teterrimoj
mata^muy tos juntos, como fe matara hum ío; epíteto de ííirn'-*
'
T6 j?^fí.arii.Bjrfo/;»,,fl;.„fír,x/flr.;«/^*'í?''^ lhe deu hum bom Latino, 16 porque nem torres
lhes
'€»m^.iMt.Micbiní2H£i^mídiic4, refiílem, NoannodeC/?n/?o
1380. vio Europa cíb peite por
novidade; dafclhe por Auchor Bertoldo Alemaó, algun,
(
querem que fechamafi^e Artilheiro) havendo elle mclnio acha-
do
a

PART. í. CAP. XXf. Si


<1a;i pólvora-, Sr por reftemunho de Volaterrano fe diz qiieno
rneímoanno aidliraoprimeyro os Venezianos na recupera^:
çnoda prnçr. de FoíTatlodid corra osGenovezeSjhavendolhes
mandiid'^ os Aicmães elle prefente abominável. 17 Os Por- n Mofcul.híB.p.i.c^- menud, Mí
'^'^(''-^''i^r.LyproUe^r^.i^,
tiií^ucz^s a viraó cor.rra fi muyro pouco depois no anno de
- , ^ n 1' ^ n
1 «1- 1 1
'^ Fernão Lopes na Chro». ótl-Rey
i3:C6. trazida peles Cairel hanos na batalha de Aljubarrota, d piioip,x.c.4x.
-^
íitiran.Io pedras por balas. 18 F.ucuydo, que o principio ,
ou t^iíliyc da pólvora foy anriquiilinio nas que os Latinos cha-
xnavão Iaiii}'íf<2S lanças que com asbaliftas fe lançavaó das
;
--'í

tones de madeyra fch amadas em Latim phala;} levavão hum ^^^ ^^,^
valo chcyo de enxofre, refina, & betume envolto em eftopas,
com azeytequechamavão mffw^V^ní», & abrazavaó o que
p':;diaó alcançar-, 19 Sr também a artilheria he muyto mais *? Textor.fup.verf.phaUrk»,

antiga do qucdiflonirSi porque na Chronica delRey Dom


AíKínfo VI. de Caítella que ganhou Toledo , íe conta que
cmhuma batalha maritima entre as Armadas delRey de lu*
nes, 6c dcl Rey de Sevilha Mouros, os de Tunes traziáo certos ^^ Diedro Bifpo deL»n ntçhm.
tirosdeferr(), ouboinbardos, comqueatiraváo Tywíí^i^/Yí/^ííiíííD.^irMAí' VV
20 affirn chamavàoentáoà artilheria. E que os Mouros a foí^ 3^.. j,., '
.,^.Ç{»^i«Voi\V*
.

fcmcontinuanclo, fc prova da Chronica dclRey Dom Aífon- .'^Vv»»"'*

«*•"
fo XI. de Cnftella que,
refere que no anno de 134^ ( trinta &:
'.^'Ç^tSi
í'
íeteantes doditode t;8o. tendo ElRey cercada Algcfira, os
Mouros ariraváo de dentro c6 troes de ferro. 21 Donde pa- n chron. ielB^eyD.tJffonfoií.de
recc que BertoldoArtilhero ló melhoraria aquelles princípios. J£^;;^,,;, „^ syh^,^i
^^^
•8 Com tudo amda então eíle diabólico inftrumentolela-
zia fomente de pranchas de ferro apertadas com arcos do nief*
rrvo, como feaoertão as aduelas de pipa. Chamoufe ^o;«^^r.* , „
., , ., , .

Uâj de homoiis, que em Latim ligni hcayí?«;^fl, cc de Araeo, que n nícoUhs Seradut afui Textw,(i^
\it Arder yáizcnácSc Sonido ardente. 22 Depois fe fundirão '"«/'"«•'^^í' ", ~
: -

de ferro, ^^ de bronze na perfeyçio em que as vemos, decali- ' '

bresdiverfos, &" fortes varias para muytcseíFey tos com no- *: .

mes diffèrenteSjfendolhes geral o de Fe fá de artilheria ; deri"?


vando o renome Artilheria de Arttlhero que fe lhe dà por
,
"^1

pay, &: equivocando ode Pf fá com joy as de ouro, &


pedras
'

preciofis, porque a crueldade lhe dàeftimaçáo igual, Eaílim s^I^^^I


,,' t
'.'

na Cidade de Hamburgo vioarmazem daquella Republica


tão curicíâmentecompofto delias, & das armas de fogo ma-
nuaes que delias procederão , & das balas bombas, granadasj
,

& outros artifícios dcíteminifterio, que mepareceo hum Ga-


binete de vidros êc brincos concertados pela mais aceada
, , &
cu rioía dama ;& fempre fe vay acrecentando com huma peça
debronze, queda cada Senador novo que entjra no governo. \,^^
Por todo o mundo em breve tempo fe multiplicarão tanto , ^>

í^ue pouco depois do anno de mil & quinhentos em q os Por-


tuguezes entrarão na índia, acharão mais de três mil peçasem ^^

Malaca, obradas com a mayor perfeyção. E em Dio tomarão, -"5.

"
entre Gutrasj huma tão grande, que por admirarão fetróU3Çe
Lisboa, &:fcconferva na torre de S.Giãp. /í uj .23^í;>.;

9 Para
1

U ^ EVA, E AVE
Para que armaó os homens a morte com novo rayo ? pa-
r.ç
ra que lhe acrecentaó azas quando tanto voa ? Dizem que an-
tes das armas de fogo, pelejandofe com efpada, &: lança, mor-
ria mais gente mas he perda irrecompenfavel matar hiima in-
•,

fame bala a quem generoíamente ( fe foy por caufa jufta) che-


gou a exporfe a inílrumento, que o férreo Marte não deyxaria
TémfhUu, í^" «H^«*»''•^«^
^J,
de temcr, comodiflecom eWancia hum Poeta: 2? Hcôdan-
Vis, íomtus, rabies, motus, furor, im- no raais lamentável queomaisiraco vença ao mais valeroío:
pctus.ardor deftruindo a naturcza, pela máoquefcz nuis vil , a fua mais
Sunr niccum ; Mars hzc íerreus r 1 i i

arma tMjiet. exceliente íeytura, que he o valor.


IO Tantas armas. &
tantas maquinas , de quantas mortes
tem fido inftrumento, por homicídios particulares, por &
guerras publicas? Nãofallando nas dos Ifraelitas, em que a
mão de Deos feria mais que o ferro. De duzentos mil homens
com que Cyro Rey dos Perfas paííou contra osScithas, nem
humefcapou quelevafie à pátria novas do màolucceflb. Ou-
tros duzentos mil Perfas do exercito de Dário matou Míltia-
^'""""^""•í *"'*'-*^'^'''"'f"'^-des Capitão Athenienfe no campo Mathone de Attica.
mnit 24
»5 Fiofcúl.htji.f. I. Í.9. admtd.verf. Qj-iando O Romano Mário venceo os Teutones , Cimbros , &c
•""«/'?•
^^^
Tigurinos, morrerão delles trezentos & quarenta mil. 25 O
a? Tmniln*^ Emperador Cláudio II. em huma batalha matou trezentos
mil Godos. 26 O
Principe Cláudio junto de Martinopoli
matou trezentos mil Sarmatas. 27 Na batalha de Atila Rey
dos Hunos com Etio Romano, & outros confederados em
j
França junto de Orleaés no anno de quatrocentos cincoen- &
ta& hum hunsefcrevem que morrerão cento
; oytenta mil &
«»./•,!./». « j r homens; 28 outros, que trezentos mil> 29 ò,zmm.o\i{ç.tzxi'

ftdtcce. '.T,i^a^í,U-.vi ii to langue, que hum ribeyro que alli corna, lahio da madre ,&
19 Tíx/or/l/ra. -; " ~'^' Icvavaoscorpos mortos. 30 Na de Carlos Martelo Rey de
"

França cetra Abidaranno Rey dos V-ifogodos, morrerão de.


aSiW ;;SÍ;SÍ2/J»;;;;'- ítes ttezcutos &cincoentamil. Na guerra que fez
ji Textord.ioco. 31 Tito
í
*.
^""'"J ^'''f""-
em Judea, morrco hum milhão , Sc cem mil dos Hebreos. 32

Vid^'l'up'-H.n.i J*/**^'
Na que fez Cofroas Perfa quando deftrulo Paleftina morrè- ,

^^ TtxtorfttfTê. rão quafi novecentos mil Chriftáos. 33 Na batalha em que


clRey D.Rodrigo perdeo Hefpanha, morrerão fetecentos
fir»»í2wcí'i«/i».
mil homens de ambas as partes. 34 N ao fe podem nomear as
batalhas , em que morrerão a quarenta , cincoenta , cento , &:
cento ôccincoenta mil homens. Na rcftauraçâo de Hefpanha
he incomprehenfivel o numero dos Mouros que morrerão.
ElRey Dom Pelayo , logo que fe levantou 1 matou cento &
vinte quatro mil em huma batalhajunto ao rio Diva. ElRey
^ jifííf^íf i''*''"^'
rt
Dom Fruela fez nelles efpantofas mortãdades: os mortos nas
t>ua>u s Unes chron.de D. ^ftifw. Datalhas Qc Clavijo, das Nivas, & outras lorao mnumeraveis.
VéfcmceUos in Attêcefhni. j4iph nfiiv. JMado Salado forãoduzcutos mil outros affirmaó quequa-
:

%ia',duLx.e,4.
ttocentos mil. 35 Na que véceo ElRey Dom AffonioHen-
Faria no Eptteme das hil Toriuj^f. \ c 8. tiqucs no campo dc Ounquc morrèraó tantos , que feu fangue
"'*' D j . ,, f r r ,
alagou os campos', & fez correr tintos delle os rios Cobres, &
,,^.,. lergcs. 36 rsaconqmíra de Lisboa pelo melmo Rey du-
-^u- ..
zcntos
PARTE I. CAP. XXL
zcnfosmil. 57 JunroceSanraremrobreoTejomatouMou- ^ Srãdãodl.io.e.tr,
rosinnumci.iveis; 38 fobre Alcacere do Sal, lu^ar pequeno, Duine Nmes naChron. deDmt^ffonft
morrèraóninra mil Mouros; outrosdizem feílentamil: 7q^"'Í'^T' ,^ ,^ . ^* ^ ,

que íeri.l em OCCai lOCnS mayoreS? 59 D„urlc Nunes m Chm.de D:^f^^


1 1 Tanto m:il tirarão os homens do ferro, & meraes , c^itf" f° ^^•

aProvidencia Divina lhes moftrou para feubemj ajnaturezaS^íjlIp^jl^ij.


depravada pelo pecc-ido, tudo depravou, comojàdiflemos,
nas Cidades, êc o peyorhe, que fcjaftaõ de matadores. Cefar
fe jactava de haver morto hum milhão, cento & noventa mil
inimigos, alem dos muy tos Romanos que matou nas guerras
civis, Sequer o demónio por a razão nas armas. Mafoma feií
niiniílro mandou com pena de morte,que não fé difputaíTe fo-
breafualey,rnasadcfendeíremporarmasj 40 & porque pa- 4o'Cà/inh'<>fuf.UiJiji.ri
rece que os Ghriftãos fazem o mefmo, hum politico Chriftia- «

niillmodenoíTo tempo nas peças deartelhefiaque mandava


fundir, punha ironicamente por infcripçaõ: Vltimaratio ReA
^«w; naó porque os Reys antes deftairracionavelrazaópro*
ponhaó outras ; mas per Gítuna figniíicou total. E he dita
Francez, que as demandas entre os Reys fe decidem pelo di*
jfey to Cmcfi; palavra equivoca a Cmhao, &: a Canónico,
12 Enchpellaó-fe tanto os males, que ha occafióés erti
que hc licito ufar das armas. Depois que não vai a razão, a
Giíalfedeveallegarprimeyro, 41 q remédio haverá contra à ^' ^'"i: ^-^'"í"- ^oo funtgítiíri
r r-r-i A /i^jji ' dòccrcandi unum per difccputionein ^

;força,fenaoaforça? 43 Aneceflidadeheaprimeyrarazao,43 aiterum per v.m.-címquciíiud própria


,
;

não fofrer violências hepreceyto da razão aos doutos, da ne-fithortiinis,aiterum bciluarum confiv- :

teílidade aos barbares, do coftume às p-entes, da natureza ás


?''"''""' ''^"^P"^'""'' ^"""''"''^'^

feras: 44 tal guerra le lez de direy to das gentes, 45 Sche ^x yuji.r.j/pjf.poUt.i.^.c.^. Quidcft
vim
provérbio que a boa guerra faz a boa paz; 46 em outra obra qao^^ contra fincvi ficri poíiu ?

tratamos largamente eíta matéria; 47 aqui a tocamos por ex- ante raTTonC cft maximè i.. bcilo j quoj
CinplodaSmiferiâSemqueCahimoSpelopeCCado. raro pcrmittiturtcmpbra difere.

13 Até contra Deos converterão os homens o ferro. &as ..fiSXXtK^^gcS:


armas. O
cutelo que matou Innocentes > bufcava a Chrifio ; bus , & feris , natura ipfa prxichpfit , ut
•''""^'" í^""?" ^'"; quacumciue opc
4.8 com efpada foraò as turbas a prendello: cravos lhe trefpaf-,
r< .
íarao pes,
o - 1 u
& mãos: a lança lhe abrio11 J
o lado Cl., nao lo
& o Senhor

«t^
^.
1
ponent.acotporc; àcapitc,
:
o
fropuiíarent.
avitafua

trouxejao mundo paz efpiritualj mas tamberh temporal; ^o i-^'^''>*ê-^fj»^^j''r- ..

não quizdefenderfetendoexercitos de Anjos. 51 Mandou Jl rSTÉtliSm p^^^^

recolher huma efpada que viodefembainhada; 52 as fuás ar- matur.

mas fov a paciência: <;


^ f r r
&
vindo fazer guerra ao mundoem pff-/'^'^/* ^P»"/'"' ^o'«*u5«
r -nrr
kellíim "erciidum clt•bcllum ®ihKte- (i

peccado, a elpada que trouxe íoy a razao; & alhm enviou léus mus,paccnumquâmfruemur.
y :

Difcipulosfòsdedousemdous, contra todas as gentes, com ^í^«- '»^oLg.deremíiit. Qui dcWe-^


preceyto de não levarem mais que hum bordão. 54 Defte "^^^^J; IS.^^^^^^^
modo não reduzio pefcadorcs por Filofofos , nem defarma- 48 Matth.i.is.
,

dos, por armados; mas Filofofos, por pefcadores,&' aos mais 49 Matth.t7.Márc.i\L,K.ii.Jéuit

fortes, fem armas; Scconquiílou todo o mundo. Deftamaney- \q p^ere->iosnai.p.c.io.n.i^,


jafepeleja Chriftámentc,refervandooferro> &:csmetaesfó ^» M/?tth.i6.{^.
'^*
para os ufuaes úteis à vida,em cujo beneficio os creou Dcos. apl/"jJ^^£Tit!
J^
D.i^iiXujl fui\j^ra"'hcm.<)i,
54 Marc.6-j .Luc.l^.li

H CA-
U EVA, E AVE
C A P 1 T V L O XXll.
PrimifiOi &* progrefjo da FfvdtHra, Qf Fwtnra : ex-
ceíiericia deflas artes : artífices Çf^ ob>-as mfiones q
,

hoHve nelíasjQf cotno m homens ^^ praticarão mal,


ftnddbes enfmadas farajtn bem,

V "R^ftYèlPcàro Míxía Syha de váf*. 1 "1"^ Tzem OS Efcritores qlie Tubalcaím , de quem
i:

í/f«m Luc.16.
JlJf4Hamos no precedente capitulojfoy também m-
'^^^^'^^'^^^^^- Os defcendentcs dc Ca;m invcntàmó
i Be„.Fer^am/.in^.Gen.fia.v9.n.7.^'^^^°^
j i/.'Ci6.8. muytasarteSjdiz hum douto moderno; 2 porq os filhos do
mundo j como nos enfmouC/jr//?(9 Senhor noíToj 3 íaó mais
.prudentes que os filhos da luz. PelaaffinidadedaEícultiira
4 Pf<r/irrfc,(iffro;/>.>í.íí/a/.4i.<fc/?<i- com a Pintura lhes conlideraPetrarcha 4 aniefmáantiguida-
^- dej&aflim trataremos de ambas juntamente.
2 Temertasartesaexcellencia de imirarerri oAuthorda
natureza reprcfentarido as coilfas como faó; a Efculturamais
pi-opriamente, porque fe vè , &
também fe roca j 6c tem corpo
de mayor duração, &
aílim ha efculturas de tempos muyto
r antigos, de que naõ ha pinturas.
3 Também tem a excellenciá de comprehenderem to-
ypiat.âen^.ió: dasúsartesj & alguma ícienciai pois, como diíTe Plataó, <

dos os OíRciaes devem tcrnoticias dás hiftorias , fabulas j


: &
varias erudiçoensj fer geométricos, entéder perfpediva, ía- &
ber as medidas naturaes dos membros proporcionados à fym-
metriadetodo o corpo j por ifto Elpenor Pintor célebre da
Ilha de lílhrtiòéfcreveo livros de fyrametriaj febre tudo haó
defei' judiciofoSj pára naô obrarem fora da razão , decoroj &
antes offerecer à Viíta, Sc à imaginativa huma ficção como ver-
dade. Poi* iflb a pintura he põefia muda Sc a poefia he pintura
-,

< Frattc.Patr!t.ilen^pjih.t.e.i6: qtie falia; 6 &


Hotaciofallou juntamente de ambas. 7
Tlutarch.de audiend. poemat. a isjaõ fe ajuntando éftas pattcs com a boa maó,fica a obra

7Ho,aúnan.foct%ikribus, atq^ue com tao poiíci graça , que por evitar cite dczar no qúelhc
/>«««. tocava, mandou Alexandre Magno pòr ed ifto com penas,
quefó ApellesoretratáíTe, fó Lyfipocfculpiífe fua figura em
n-JJj^J^lt^-^T
íiéitres.
., c ^n..- eftaturaprande, 6c Pyreoteles cm pequenas pedras de anel. 8
Conviera iemelhante cdiao para as imagens banras, pelas
imperfeyçocns que vemos.
5 Apellcs retratava tantoao vivo, que em AIexandria,en-
viandolhe huns feuscmulos recado falfo departc de El-Rey
Ptolome o(fucceflbr de Akxádre Magno em aquelle Reyno^
porque o convidava para huma cea , ôc achandofe cn ganado
no Paçojperguntoulhe El-Rey, quciti lhe dera o recado. Elle,
que naò íabia o nome de quem fora , tomou de hum brazeyro
hum
4

PARTE I. C AP. XXII. 87


hum carvaó ardente , &: apagandolhe o fogo começou a deli-
,

near na parede o falfo menfageyro taó próprio, que El Rey no


principio do retrato o conheceo logo. 9 Em
Efelo nofamo- 9 Bruf.l.i.c.t'yCumP!iu&^tijs.

{o Templo de Diana, fez por vinte talentos hú retrato de Ale-


xandre, pelo qual fe difieqiienelleeftavaó dous Alexandres
invenciveis.' hum filho de Filippe, invencivel por forças j ou-
tro filho de Apelles, naó imitavel por arte. 10 10 Tiru[.txPlHUrch.O'TíXiorfup.
6 Foraó taô inimitáveis fuás obras, que chegando ao tem-
po de Oílaviano hum quadro, em que pintara Vénus fahindo
do mar,naó fe achou quem pudeííe reformar o que os annos ti-
nhaó nelle gaitado, em modo q arremedaíTe o mais. 11 QLiã-
II Mi^iafuf.l.t.t.li.
do morreo, deyxou imperfeyta húa imagem de Vénus , Sc naò
houve quem foubeífe acaballa com perfeyçaó fcmelhante.
12 11 Textorfup

7 Protogcnes lhe foy quaíl igual. Por fama o foy Apelles


veraRhodaS} paíTando o mar, chegou àofiicina, naóeftando
elle em cafa, tomou hum pincel , &
fazendo em hfia taboa húa
linha direy ta fubrilinima , diíTe a huma velha que diíTeííe a
Protogenes, que o havia bufcado quem aquillo fizera: conhe-
ceo Protogenes, que fò podia fer Apellesj& com outro pincel,
Sc outra cor fez dentro daquella outra linha mai.s fubtil , or- &
denou à velha, que tornando aquelle homem, lha raoftrafle.
Tornou Apelles fcm achar a Protogenes em caía & moilran- ;

dolhea velha partida a fua linha, que parecia invifivel , enver-


gonhado, fe apurou , &: com terceyra linha paxtio as duas taó
delicadamente , que naó deyxou lugar a mais. Protogenes fe
confeíTou vencido: bufcou a Apelles, & o hofpedou & vene- ,

rou. Guardou-fe aquella taboa fó com aquellas Unhas , como


hum milagre do mundo, acè o tempo de Cefar, em que hum
Mexia Í.c.ii-f't Pi'"'"'
incêndio a confumio. 15 Atrevèraó-fe outros a competir ij
com a pintura que Apelles fizera de hum cavallojelle naó fian-
do afentença de juizo de homens, fez trazer cavallos, &: paf- 14 Mexia Juf.
fando-fe os quadros por diante delles , ió ao feu rincharão, 1
8 Zeuxis em certamen com Parrafio , pintou uvas taó na-
turaes, que paíTaros as quizeraõ comer Parrafio pintou hum
:

lenço,q Zeuxis quiz tirar para defcobrir a pintura debayxoj \S Brufiusd.U^j:.!^.


cntaó fe confeíTou vencido. 15 Pintou depois Zeuxis hú mo- £/'^-' 'r '^^'°*
ço que levava uvas ; &
porque os paíTaros quizeraõ comellas,
condenou elle mefmo o quadro,porque o moço naó eílava taô x6 Textor, & Mexiifufr»,
natural, que o temeíTem os paíTaros. 16 Parrafio pintou em
Rhodas hum fatyro junto de huma coluna & fobreella húa ,

perdiz, que fazia reclamar as que alli traziaó manfas. 17 » 7 Sír^t «4. /

9 Emefculturas houve excellencia femelhante. Praxi- ^*"* •^•'^•''7-

telcsefculpionallha de Gnido em mármore huma Vénus taó ,g T,xtarmofficin.dMt.Sculptorís.


natural, que namorou delia hum moço. 18 Em Athenas PUn.i.fc.
fe js.

havia outra eftatua, de que também fe namorou outro, & a pe-


dio ao Senado, porque lha negàraójfe matou. 19 Leôncio
&: j'>hi-idfCamb»hi{i.det Godos i.i.

cmC,aragoça de Siciliaefculpio hú moço claudicando de húa Mexia fu^ra^.c.i^


Hij per-
1 1

88 EVA, E AVE
perna chagada , moftrando que fe doía , com tal propriedade,
que todos lhe tinhaõlaftima. Asefculturas deFidiaseraótao
excellentes, que fe diffc que era ío para efculpir Deofes, 6c naò
homens. As de Policlctoforaò ílu-nofas. Lifippo fez feifcenras
6: dez, todas admiráveis. 20 Calicratesefculpio em marfim
IO TcXlíf ílíTã.
&
form igas, outros animaes taó pequenos, que naó podia a vi-
n-adiííinguir os membros. Mirmecides tambcm em marfim
efculpiohú carro com quatro cavallcstaÕ pequenos, quehúa
mofcao cobria com as azaSi & humanào, que huma abelha a
11 P//»./.7.f.tI.Cr/.}é.c.tf, efcondia dcbayxo de fi. 21
10 Tacs obras bem mereciaó a eftimaçaó que fe fazia del-
farro 6Àe ling^Lntin,
ias. ElRey Atalo deu por hum quadro da maó de Ariftides
Pintor Thebano, cem talentos ;& Nicias Athenienfe lhe naó
quiz vender hum por feflbnta. Cefar deu oytenta por duas
pinturas do mefmo Ariftides. O
Orador Hortenlio deu cento
quarenta &
quatro por hum quadro dos Argonautas fcy to por
CicliaS} 22 &" o valor mais ordinário de cada talento (pofto
2,1 PJmL7.cz2.
Texitr, C^ Mexia fupra. que por vezes fe variou) era de quinhentos &
cincoenra cru-
IX M derancs cx.cei deHefp c.\Q.^. i- zados debomdinheyro. 23 Zeuxis com
as fuas pinturas fe
Cújirlho [up.l. I tdijc. %.

MexiaJiip.l.ttCij. fezriquiílimoj depois as dava de graça, dizendo que naó fe


14 Textor d iiuPifiores. vendia o que era fobre todo o preço. 24 No
tempo de Plínio,
Mexi . d.c.iy.
paílados quinhentos &
oytoannos depois de morto Zeuxis,
i 5 Refere Mexia </ c. 1 7.
lèconfervavaó ainda em Roma huma Helena, & outras pin-
turas El- Rey Demétrio tendo cercado Rho-
de fua maó. 25
das,& podendo entrar a Cidade, dandolhe fogo por hum la-
do, o naó quiz fazer porque foube que em aquella parte efta-
,

té Plutarch^n demcor, va hum quadro da maó de Protogenes. 20 F-l-Rey Candau-


Plirtd.l7.c.)$. 1g comprou a pezo de ouro huma pintura feyta por Bulano da
17 PIm.l.7.c.iZ.
deftruiçaó dos Magnetes. 27
1 Sahiaó as obras taó excellentes, porque os artífices, fo-
bre feu alto efpirito , naó tiiavaó fo da tantafia, mas retrata-
vaò do natural que tínhaó prefentc. Zeuxis , de cinco don-
queefcolheo fermofiíilmas, tirou huma imagem, que os
zellas

1% Mexia fiíp c.fj.


Argentinos em Sicília dedicarão à fua Deofa Juno. 28 Em
tem po mais próximo ufou em Roma hum grade Pintor defe-
melhante diligencia para fazer certa pintura, matando hum
homem ímpia, & cruelmente. Em Holanda vi cu que no cam-
po, efcolhendo lugar de boa perfpeítíva, retratavaó Pintores
as paufagens que vemos taó naturaes. Apelles,alèm difto,pen-
durava à porta a obra que acabava , &: clcondído ouvia ojuízo
í9 ErafmU.Z apo^lltem.^ dos quepaíTavaó, & tal vez emendava pelo que ouvia j 29
por iítocfcrevia ao pè do quadro, Jpellcsofíizia; moílrando
no verbo imperfeyto, que naó cftava acabado } & delleapren-
jo MexUfupr.d.cit.
ji £rafm.fufra.
dèraó eíla letra os que íazem qualquer obra. 30 Perguntan-
dofe a hum grande Pintor , quem fora leu mcítre, rcfpon-
deo, Acjuelky apontando para o povo. 3
12 Poem-le a pintura entre as artes libcraes. Em Gré-
cia a nenhum efcravo era licito aprendeila, & todos os filhos
dos
PARTE I. C AP. XXII. 8?
dos nobres feexercitaváonella, como exercicio virtuofo j Sc lErarmíurl
defingularengenho. 32 Sócrates íoy Pintor. O
grande Ale- ríxfor/«pr
xandre hia muyras vezes à officina de Apelles. 22 Quando J^<y-i'í^c.\'j.txPlin.l.<,6
ennetnc entrou KhodaSj acharão ieusíoldados a rrotoge- ^^ Textorfu».
nes em húa horta pintando com íoflego; levado a El-Rey, &
^«wW.cxi. .

perguntado em que fundava tanta confiançaj reípondeo EfTi :

crer qiíe tinhas guerra com os Rhoáios , é^ não comas artes. El-
Rey o mandou guardar Sc depois o hia ver pintar muytas ve-
,

zes. 34 Outras honras tiveráo Pintores nos tempos antigos. ^^ Mexu[ufr$.


N efte 5 em que as artes fc eítimaõ pouco , ouvi em Ingkterra,
que Rubens, excellente Pintor Framengo, deyxàra por fua
rnorte milhão & meyo de cruzados,repartidos igualmente em
três filhoSi& El-Rey de Caftella Dom FilippelV. o fez do
Confelho de Flandres, honrando a excellencia do feu efpiri-
to.

f
12
-^
O
FlofculoHiftorico 35 diz que Timantes Grego ^«^ f'''^«'''^'P-^'''7-««"«'^^'-/-
. -n
-^
r y'-^ CircuhM têmpora piciores,
loy O pnmeyro quem ilturou cores, pelos annos quan 3600.
1

&
do mundoj dous mil depois do diluvio , quafi no tempo do
Decem-ViratodeRoma; porém tenho ifto por muyto mais
antigo: com titulo de Vefenfade lapintura ha hum livro bem
,

curiofo do mais que delia fe podia dizer-


14 Dos Efcultores , & Pintores infignes fez Catalogo
RavifioTextornafuaofiicina. Em
lingua Italiana ha tomos
àis vidas dos Pintores famofos. O
mais ^loriofo Eícultor foy *

oque à inftancia daquella mulher , que farou do íluxo de fan- j^ Mstth.j.LucU


gue tocando as veftiduras de C^/t/^í), 30 fez em metal huma
excellente Imagem do Senhor ^ que fendo Eufcbio Bilpo de
Cefarea.fe via ainda em aquella Cidadcjem feus pès nafcia hua
herva, que íarava enfermidades; o Emperador Juliano apofta-
ta a derribou, & poz a fua no mefmo lugar , &
de repente de- j-» EufibA 7 í. 14^
f ceo fogo do Ceo que a fez em pedaços. 3 7 Entre os Pintores ^'"Í^Íh%hllll%r%teph^:
ofoy porfciencia,nãodeprofilIaó, 38 o Euangelifta S. Lu-
cas, &
alcançou a coroa fobre todos, fazendo o divino retra^
tode C/^r//?í',&: outro mais que angélico da SantiíTmia f^^irgerít \
de que felevàraó copias por todo o mundo > ôc também
i\/ií)',
2y7í<íp^?M.s..£.4}'*
odoPrincipedos Apoftolos. 39.
15 Hw para notar que hum Eícultor, ou Pintor nlo obra
igualmente em tudo o que pertence à mefmaarte. Fidiasfoy
o mais excellente nas efculturas pequenas , & muyto mais el- --««««ij^
culpindoem marfim. Pirgoteles nas que fazia em pedras pre- ""•"^mÊÊilKtt
ciofas.Serapion não fabia pintar homens. Dionyfio fóhomés
pintava bem. Amuliofó era egrégio em coufaspequenas,prin-
cipalmente em pintar meninos j Nicias na pintura de mulhe- jfiTcxmi.tit.Scu^m.& ltit.piÚor}

res-, 40 & hoje fe vè o mefmo ; huns tem excellencia fô em re-

outros fó em pintar flores: outros em fazer paufagens:


tratar,
allim repartio Deos os génios, & as imaginativas difFcrctes.4i 4^ Vide infra c^y"'*'

16 Neítas artes , além da recreação para a vifta , &


ornato
para as cafas, ôc outros lugares , fe oÔerecia aos homens a lem-
Hiij branca
90 EVA, E AVE
brançâ de haver Deos efculpido , &
pintado nelles fua própria
41 DiojfHApuàUm.àeVn.philojofh imagem, como d iíTe Diógenes , 42 fem noricia (^póde ler)
U.m\itjejut
deohavcrditoMoyfes; 43 donde devèraó inferir a obriga-
ção de anão afFearem com vicios. Nellas deverão confiderar
44 Sêcrât.afHdEr^/m. j. a/op/ífw.
'. COM Socrates, 44 qtie pois os Efcultores procuravaó com to-
dooeftudo que as pedras pareceííem homens, deviaó os ho-
mens procurar naó parecerem pedras. Finalmente moílrando
a Providencia Divina eftas artes, difpoz a utiUdade que delias
refultaria, quando as Imagens Santas nos excitafiem a venerar
o que nos reprefentaó.
17 Porém noíTa natureza aproveytandc fc lomenre da-

quella recreação, & ornato, mu )/Cas vez .^s com figuras inde-
centes pcrverteo as utilidades mayorcs. N
ló le lembra o ho-

mem que he imagem de feu cread-^r ou naó repár i em a def-


,

fear; naó quer deyxar de fer pedra na dureza, òccm fempre


bufcar a terra como a centro, por mais que oencaminlieni para
o Ceo; em lugar de venerarem as Imagens Santas , ío pelo fi-
gurado, huns totalmente as abominaó hereges^ outros pafíaõ a
adorallas pelo que em fi íaó ; por huma jmagem começou a
idolatria, como veremos em feu mais próprio lugar^ 45 & re-
45 f.x.c:yH.f,
fere Salamaó no livro da Sabed )ria,que a excellencia com que
famofosartiíicesobráraómuytas, ct)nvidou mais os homens
aadorallaS} 46 por iíTo Moyfes as tinha prohibido aosHe-
47 Dtutcr,4i},&e.yt.* breos, 47 conhecend>os inclinados à idolatria. De tudo o
que a Divina bondade inculcava útil ao mundo infante, tirava
a maliciatffey tos contrários, como acima 48 propuzemos,
4t Jwpwcií.*.}. ôcvay moílrando fua hiftoria.

C A P I T V L O XXIII.
Prmcipo da JUtifica ^feu fro2ref[o ,
&* noticias que ã
ella -pertencem Çff como os homens ufdraÔ mal defte
,

bem* Trata- fd como Chrifto S enhor mjjo &* ,

fua Mãy Santijjtma honrarão efta arte,

t Çen,4.iú
1 T) flofegue o Texto que Jubal, outro quinto ne-
i

I Caim , foy pay dos que cantarão à cithara Sc


to de ,

orgaó ôc fegundo o que fica notado, 2 da frafe porque fal-


i

& S *r.c.ii.i».x.'
^^ > fuppoem qucjà de antes havia Mufica , & elle a accómo-
dou com arte àquelles inftrumentos. Naó fe deve attribuir a
Author humano coufa taõ divina.
2 A
pátria da Mufica, diz Caííaneo, 3 queheoCcoi&
^Cajranm Catai glor. muHlf.i: Caíliodoro A. notou Que O fisnificàraó os antiffos, achando

4 CajjioãoY.Li.epiíi.40, naseítreilasatorma da Lyra. Os Chriitaos reprelcntamosa


5 t^ptcdl c 5 g.er í.i4.t.-h
gloria celeftial
c.i 5.1. em húa harmonia fuavillima , em que a dcfcre-
<D.r^.;«.;„..í.«.#.Ha.arí.z.yg<^
jQ^^j^^^p^^^lyp^ç^ ^ que O Doutor Angelico 6 en-
tende
PARTE í. CAP. XXIÍI. 91
cende de verdadeyras vozes. Por ifto amar a Mufica fe tem por
hum final de predcílinaçaó , 7 porque, como enfinavaó os j Matutcnaprofap.deChria. idade ^:
Pyragoriccs, <$c Platónicos, 8 apartefLiperior dcnoíTaalmaf-ii-§-8-
tav cem parcnteíco , íz a dcfeja como a centro.
ella í-rande 9/ « ^^'i^'"'^- „
P . ' ' ^ " 9 ledro Sanches 'fj^"^"' ,
de yíjnnan» prolo^i
.

Pelo contrario a
,
aborrece naturalmcnre o demónio aílim a
-, & i trad,<c(jô de oyid.Met m.
harpadeDavidoafuo-entava de Saul 10 poreftacaufa, 11 '° i R^g-^ ^ '" fi»-

nao porque ai jiooraíie outra Virtude i 12 porque em outras ,t D.^,.^./.io.Co»/í/l5vra/f»-


occafioens íe vio o mefmo. i ^ tia i» proi.a^Pfalm.

Deleytando eleva os íentidos naó ío dos homens, 14 mas


, , 1 4 Beroaid m orit.adenarr.it. Horatij.
também dos irracionaesj 15 como lemos dos Elefantes, Cer- ^s ^^i-^fh.dc^ofp.fort.diaU^.

voSjCyfnes, & Delfins. Asallef^orias dos Poetas diziaó , que


os navegantes mais queriaó pciderfe nas Syrtes , & Carybdes,
que deyxar de ouvir o canto das Screas que a fereza
^

dos Uríos, 6: dos Leoésfe tornava domeíbca ouvindo a Or-


feo, por cujas vozes os rebanhos famintos trocavaó os paftos j
ôcque aCithara de Arion chamara os Delfins de profundo
dasaí^uas. Eftendcraó fcu poder fobre as coufis infeníiveis,
dcfcrevendo jà a Orfeo movendo os bofques : já a Amfion at-
trahindo as pedras para o muro Thebano. ,, ^ _ . , . *:^ „ ^-r j. ,

4 A Aiulica,íegunao Fiarão, 16 comprem oefpiritopa- /f^.dw/i.crá.


ra feguir as virtudes: inilrue o animo para c )nf:>aãcía da vida :
regula as medidas para governo da Republica^ fegundo Santo
Agoftinho, 17 favorece as Iciencias, renovando as forçns do tj D.r^ugudin. apud Ste{ih. Co/t^^
entendimento para o eítudo f^prundo Paíricio alivia as mole- "'.'J^^'«^§-i-««-4. habciur matraã^
;

ias; 18 is: como notou bao redro Chryíologo, 19 ate os i^ i>atritJei{egnoc.iy


jornalcyros fe ajudaó a trabal har cantando ella excita o furor PluraSoiorx embUm.^ii.
;

'^ chryjdSam.io.inprinc
bcllico para dcfenfi da pátria; paraiíTofHnvcntàrio a trom-
beta, & o tambor, vozes miificas da m iicia. As Amazonas
ufavaódefrautasnosexercitosj 20 osCrer -nres, de1yras,ou ío Mexia »aSyivai.\€Ao.
citharas ; & outras naçDens de vários inítriimentos 21 os j
»' y^ianaComment.aOvid- Metam. t.

Lacedemonios, refinando Tyrteo o fom do pífaro, fe esforça- **" ^'


raõ de modo, que recobrarão huma vitoria, que os MeíTenios
tinhaó quafi ganhada-, a lyra de Timóteo , tocando huma ba-
talha, levantou ao grande Alexandre da mefa^ &: logo mudan-
do o fom, lhe foífegou o animo 22 ella aplaca os impulfos t^- Pl^*t'irchie Mufua.
;

coléricos, como fucccdia a Achilles ao fom da lyra j 23 &fe ''

vio em Pythagoras, & em feu difcipulo Empédocles, quando


aquerietocâ>uioafrauta,retirouos amotinados, queforçavaó
humacafahoneíta-, efte cantando aquietou outro que fe que-
ria vingar de feu inimigo; &
em Terpander que com a fuavi-
dade de feu canto concordou as fediçoens de Lacedemon.a j-^t^^^^r^^t^l^r/*
-,

24 ella a juda a Oratória ( a qualporeílarazaó Quintiliano Caa/om.


25 comparou àCithara) comofe vioemCayoGracco, ga- ts 9^'ntiLian.l.t^.i,

nhando a vontade do Povo Romano com aquella oraçaó , cu-


jos acccntos fazia mais fuaves a frauta de hum feu efcravo, que
tocava a cada pcriodo. 26 Cafiiodoro 27 diz, que as cor- ^^ cafTt^tusfufr.-ierf.&Ctiuu
dasdosinftrumcntosfechaniâoaílima pelo movimento que 27 Ca/Jiador./upr.
fazem
51 EVA. E AVE
;,
- -
fazem nos cora çoenSj que fechamaóCíTí/^ na língua Latina-,
por ifto muytas Cidades Gregas recitavaó fuás leys ao fom da
lyrajComoentrcnos fepublicaó as Pregmaticas com chara-
melas ,6c trombetas.

i8 Ecc/f^aif. 40.10.
5 Também a proveyta a Mu fica àfaude corporal. O Ec
clefiaílico 28 a põem por remédio contra a melancolia; Mar-
piatont9. lihoricmo 29 contra a cólera; Caílaneu 30 contra a febre,
loucura, fcridas, & mal dc pcítc j Pcdro Mexia 21 contra a
^oCJaH.p.fr.verf.Pythagorias.
II Mexia lupr.lx.c.ix. ... /-^ rr \
ciatjca, cc gota; Caíliodoro 32 contra muytas outras doen-
t

li C'j]iedor.d.epifi.4o.

3j Sufr<tc.i6.nj.ad/n. ças & acimadiflcmos 33 como contra a mordedura da ta-


;

rântula he o único remédio ;medicina»que não pôde enfaftiar,


porque os fentidos de ouvir, & vernaó feenfadaó.
6 Serve também com excellencia ao efpirito^ & aflim Eli-
34 ^•5^-)'^5- feQ jj para profetizar, mandou que lhe cantaílem excita a
;

tythagoras. louvar a Ueos, oquc conheceraoos Geutios: 35 aplaca a ira


iíD.^ugufl.dedoâr.chrift I.I.C. Divina, comonotou Santo Agoftinho} 36 põriílbaGentili-
HttTon.Faier.de Uud.mufic dadc a ufava nos facrifícios, 6c exéquias & David nos incita a
.•

37 Pjaím.inx.^%.o-paf]im. \o\\v2ir comcW^iO Scnhor ^ como í^iz algreja. Eílando amda


?rwÍrrrLV^„«%,«w,<f?. lufu. «^ ventre de fua mãy cantou o grande Patriarca S. Bento. 3 7
iraã .p.' c ^. 7 EUa, conforme a doutrina de Flataójôc como advertem
''^;í'^ ?''^' ^7- Prou>gor.mad, varios Efcritorcs, :í8 he inílnuadora da Theologia , norte da
r. y f

Jurilprudcncia, lemelhançada Altronomui, maydaOrato-


3? Píatl.ytyíUibtad. ria, fundamento da Arquiteòtura. For iflo derivou feunome
dasMufas, 39 porqut as ///'/??.Tfecliamaó adi m, de palavras
GregaSjquefignificaó, mqíiitir, d ofiíiinãr^ c^ ^ fjhwlhar qua- ^

íi dizendo que todas asfciencias tem vinculo eiitre Ci; donde

veyopintarem-fe as Mufas guiando coros, dadas as mãos em


uniaõreciprocai Sc os Gregos equivocarão o nome úq Sábio
40 Calt^in.-vab. Muf», com O áiQ Mff/lc O 40 OS antigos com cítc figniHcavão acru-
;

diçaódas Icttas liumanas: MiificOi diíle o mefmo Platão, 41


41 Piato/upra.
fg chama tudo o que eftà perfe ytoj &c hoje ( diz Calepino 42 )
ularemosdamefmatraleembom Latim.
8 Finalmente hc aMufica taó unida a efta maquina uní-
verfal, que diziaó os Pytagoricos que por feus compaíTos fora
omundocreado. Os lábios antigos aífirmàraó que osCeos
cantavaó, 6c efcrevéraó que havia nove Mufas em razão dos ,

accentos muficos de oy to Esferas celeftes, 6f de huma harmo-


45 KtfertC^ifan.ei.f.i. (cnfid. ji. in nia fupcrior que fe formava de todas.
43 Lycurgo dizia, que
""•
iriMc
aMufica era natural ao homemj 44 6c bem fe vé ( acrecen-
to" Macrobio, 45 ) pois na Mufica dos orbes celeftes começa
is MS!l!!!MtZtsc]pi^^^
no0a vida, 6c a das exéquias celebra noíTa morte.
9 Enfinou Deos a Mufica aos homens para os enriquecer
deitas fuás qualidades^ erradamente attribuem fua origem não
fó os Poetas, huns a ApoUo, outros a Mercurioj mas também
os Hiftoriadores, huns a Ifis entre os Egypcios outros a Bar-
-,

do entre os Celtas: muy tos a Orfeo, Muleo, 6v Tamyrides en-


tre os Traces: alguns a Oures, ou Py tagoras, notando a diver-
fidade do fom dos malhos de hum Fcrreyro 6c também difle-j

raõ
PART. I. CAP. XXIII. 9j
raóqLiefetomàraó do canto das aves-, naóteve inventor hu-
mano, teve narcimento no Ceo , que a conimunicou ao mun-
do por fumma piedade.
IO Verdade hc que depois a aperfeyçoàraó vários Autho-
resemdiverrasProvincias(comoíuccedeo em todas as cou-
fas que fe foráo achando) com fons , ou tonos accómodados às
matérias. Marílas Grego achou a concórdia das vozes muyto
agudas ;&: a harmonia chamada PÃry^M, muyto branda. O-
lympias Miíllo, ou Phry gio, a das vozes íemelhantes; &^ a har-
monia Mefophrygia, &c também a Lydia , accommodada tanto
para trifteza, como para alegria ^ fe bem outros a attribuem a
Cariojquedifleraóferfilhode Jupiterjou a Amfionjou aMel-
lancpides; ou a Antippo Sapho Rainha de Lesbo: PithocHdes
(dizem outrcs)compoz a AJeJfolydia conveniente a tragedias.
Damon Athenienfe , ou Polymefto , a Hypolidia contraria à
iV/í'//í'/r<^z<íiPythernoJonioa^7''^'^í"^>Filoxenoa La(omca;Si'
mon Magnefio a Simodia-, Lyfías a Ly/íodia-, &" depois fe fegui-
raó tonos diveríos entre os Hebreos^ jà o Ecclefiaftico 46 di- 4« BccUfiaji. 44. 5. Rcqnirci.tc mo-
dosmuucos.
zia, que os antigos haviaóbufcado modos muficos.
II Tudo ifto era fem regra cerra pelo bom natural do ou-
vido; 8c com tudo LaíTus Hermineo, que viveo reynando Dá-
rio, efcreveo da Mufica, &: foy o primeyro que fe fabe que del-
'''^'^^^^^^^^^^
laefcreveíTe. 47 E Timotheo Milefio no Império de Ale- <í,17,,^""''""^'-^-'-
xandrecompozfobreeliadezafete livros. 48, OPapaS.Gre- 48 Cowac/ Gefner.inonom/i^iic.pycf.
gorioMagno,noanno de Chrijlo feifcentos pouco mais jOu "<"'«»-'*'^''^« ^"«'"'>"«-
menos fez hum canto-cham para as Igrejas, que fe governava
,

pelas féis, ou fetc letras primeyras do A, B, C, 49 & no anno ^\ Horat.T,grm,com^cni.ie


m^c L
^
de feifcentos, & oytenta & dous,ou oy tenta 6c tres,o Papa Saó
Lcaõ II. o reformou mas ainda fem regra certa até que Cui-
, ;

do Aretino, Monge da Ordem de S. Bento, Abbade de Saõ


Laufredo , ou do Ermo da Santa Cruz de Avellana 5 o que «o Fr. u sie s. Thomas m Benediã.
,

viveo pelos anncs de mil &: trinta 51 no Pontificado de Joaó ip-5f 10, §t.
-í"/^''^'' *

XlX.mftituhio arte com o artificio das íeis vozes poftas na cr\^^í^t*r6*'^'^''''''-^^*'*^"'"'*


maó com muy ta clareza ; as quaes,por meyo de jejuns, &z ora-
çoens, achou nos principios dos primeyros verfos do Hymno; t^r»oAi,/.í.c.77,
UtqueantlaJJisrefonarefibrts^&c. 52 que tinha compofto
Paulo Diácono, IVlonge do monte Cafl] no da mefmaOrdem
de S. Bento, em louvor do grande Bautifta; 53 tendo alto ^j P.Fr.Leaõ/upr.
myfterio achar as vozes para louvar a Deos no canto compo-
fto em louvor do Santo, que fe chamou ^^^ do Verbo encar-
nado. 54 Efte livro de Gu ido (parece que fenaóimprimio}
defcobrionoífoRey Dom ToaÓlV. na livraria da Rainha de 5* ifai.io.tMatth.y Afarei. ^Xuc.
3. 4. ^MW. 1.15.
Succia, dizem que original, depois de grandillimas diligen-
cias
q por toda Europa fez por feus Embayxadores, & outros
miniftros, de que fouteftemunha, porque fiz muytasj aRai-
nhalho enviou de prefente, & Sua Mageftade o poz na fua in-
figne livraria da Mufica.
12 Eftafuavidade,& utilidades da Mufica reconhecerão
os
j>4 EVA, E AVE
OS homens mais fâbios, por muytas demonftraçoens. Fizeraõ
hieroglyfico da Mufica o Cifne , ou o Roxinol , pela melodia
do feu canto, pofto que alguns a figniíicavaõ em huma cigj ia
;

fobrehumacitliara , por contarem os Gregos que tangendo


&
Eunomioem competência de Ariíleno , quebrandole hii ma
corda dacithara huma cigarra que paflbu por lima dcLu-
,

5 * PUr. víikrian in H^crc^i. Ui. tit.


nomio, Ihc fupptio com íwi VOZ aquclla falta. 5 5
àcLucima^a-i.íú.tit.decicadíi. j^ Osjuriftas 56 dizem quc aos Muíicos quc fefvcm, fc
56 ^-'-'„^Vj'P'W devefalario, feonaóeftipulaó, porferferviço degofto
EmmjH BiirboJ.iid Oram. Vortug 1.4 iit.
ncitmiavel.
,»# * a
'^
Marco A ntonio pagou a Anaxenores com os tri-
3
1 .$. 5.».i. \

butos de quatro Cidades: Galba enriqueceo a Cano: Vel pa-


'
íiano a Diodoro: os Locrenfes levantarão eftatua publica i
sn Texior in offie. d "'• c/ífc'"'a-<//.£yfjomio, 57 & os Tcbanosa Clcon.
^"""' "^
^crfElZÍf.''""^' '
H Pl=^ta5 5 8 encomenda, que aos moços fe enfinc a Mu.
58 Phtoiíb.jj.Protagorasya- dici.7. ÇicZyAn^otchs 59 O apptovou , acrecentando que conduz
i'^/' ,, , ., .,, paraa virtude; Caííaneo 60 feiaòlava de que aílim fe ufava
\') ^niiátKef.L^c.^.o-^. cm t rança no icu tcmpo; bauto liidoro 61 chegou a dizer:
60 c f>anfu^ yaf. Et htnc. f^^ fQyp^ fjg ^^^ pj^^gjr M^fficã , como não fobev Utrâs ; & a íli m os
Tlm^tuílfe'ííiSreMuíicam,quám Arcadios tinhaó por dcfcredito naó entender de Mufica j 62
ticfcirc litcras. & O famofo Temiftoclcs foy notado de pouco polido , porque
61 PeijO.1.4.
ç^ l^^jj^ C^^^Q ^ dandofelhe huma Lyra para tocar , diíTt; que
^ _ , ,.,. , ^ -. naó fabia; da mefma falta foy notado Cimonilluftre Acheni-
neus/upr. cnle. 63 rclo mcnos quando íe nao julgue com tanto rigor
Fiutatc.inviuCimon. dos que totalmente ignoraóefta arte ; naõ fe pôde negar que
^6, ^uintdun.i.i.c. u. & 17- Volyh, ^jj^ ^^^^^^ ^^^^^^ ^ qualquct homcm grande. 64
tyitbtnéCHsl.^^.io.cr II. 15 Achilles, Epaminondas, Alexmdrc, Sylla, Cataõ
>/ Cenforino, os Emperadores Tito, Adriano , &c Alexandre Se-
N^^ vero, eraómuy to peritos em cantar, &
tocar inftrumentos.
6i D.^ug ep.iit. David foy muficoexcellentc, 65 &oprimeyroquecompo2:
P/2z/wí?.f,queíignifica Fèrfo de louvores divinos quc fe canta co
infirumentO;no que fe diftingue de Cantíco^quc he o que fc can-
4..'%^'/"''"'^'"^'''*"'' '^ '^'^'^^íemelle. 66 Pythagoras foy grande cithanfta ; Sócrates jà
velho aprendeo Mufica; ogloriofo Rey de Portugal D. Ma-
noel era muytoincHnadoaella,&:bufcava com grandes faia»
67 Díwj«r<ííGof/>MCkoB. í/í/- /^ryrio5 os melhores muficos: 6j oSenhor Rey D.JoaóIV. naó-
D,MaHocip.4x.i4. cant3va,masfemcontroverfia, foy naMuíica O mais fcieiítc
de feu tempoj as compofiçoens, que com nome fuppoílocom-
municava ao mundo, por fuperiores craó logo conhecidas por
íuas em toda Europa; com defpezaconfideravel, 6r diligen-
cias particulares (em muytas o fervi} ajuntou huma numerofa
livraria das obras muíicas melhores , &
mais exquifitas, a ti- &
nha difpofta com nota vel curiofidade, &
clareza, para facil-
mente íè achar nella qualquer papel ; fendo continuo nos con-
felhos, &
defpacho dos negócios , todos os dias depois de jan-
tar tomava huma hora de alivioj(regra dos q fabem trabalhar}
, „„ X 68 &: efta era exercitar, &:enfinar os feusMiificos, que tinha
. .

•'
muytocícolhjdos, cc quali íempreem canto dos Omcios divi-
nos, para que feu exercício em tudo foíTe louv^avel. O
Author
da
,

PARTE I. CAP. XXIII. ^


da Biblioteca Hifpana 69 diz,queosPorriiguezesreynaõna ^9 BòUoth.Htsftm.z.t!t.Pceup,cÀ.
Aiuíica, & naPoefia. Entre os mayores Ectleiiafticos, os Luflrananpcetica ,ur& mMuíicárcg-
SiíntosPapasGrecTorio, 6c Leaõíi. JforaÓ peritos nefta arte nateW.urmira
animi propa.fionè,
:

(. )mo cambem O gvândeUrigencs: 70 Sclobejaparaomáyor joi?.Hiero,únCaui Smpt.Ecdef.



i redito efcrever Caííanco 7 1 por teílemunhò de graves An- Ttraíj-aã ^iex.ah aUx Uay
.

^''''- "^ '""'''


TÍiores, que Chn/io Senhor nofib foy grande Mufico naó fe g;;|";. ""'i"'i'^''^'^'"-
;

podia duvidar que o foubeíTe fet , mas os Euarigeliíias fagra- iihTic.hifi.Tcntif.l.^. ci.cr .6.
dos declaraó que depois da ultima Cea antes de ílihir para o 7i Cafan:d. conftà. ^i.ve%ffeãiftfe'
,

monte Olivet'e,diíi"ehurnHymnQ;&avcrfaóGregadizque'"^7t Mutth.zÁ.^o.Murc.t^ie. /

cantou y* IlYmnoduTí^oexierunt. ^/íZ/j v^r/zo^i-

mifícat^Q^xz a Igreja por excellencia chi^m^ Cãnttc o 7^ c^uçfagjmhií^^i


-y

.parece fero cântico novo qué David queria 74 quefecaníaf- 7' nfr* ^« t^ r* • '

fe ao Jf w/:7(?r em mltrumcnto de dez cordas j novo em cantar a aeccm chordatum pfaiiice illi ,«matcd
Encarnação do /-^r^í? eterno jà executada i & em dez vet^fos, camicumncvum.
•' "^

ío'"^-G'rh.traã.i.fup. Uainifi.
que o devotfllimo Gerfon 75 eriteilde por dez Cordas Santo j;> :

Agoítinlio 76 dizqueatS^^/^/iíT^OGantoií; dá mefma frafe js D.^ja^.fcrm.y ^aiefi io.de ^>t»,


78^"'^''^'!"°'"°'^° tympuiiina hoítrá
liíac douto Maldonado. 77 Efcl^evem graves Àuthoreá
,, •
j T^ 1 -• ú . i-j cãntavent, aitcnun: Ma^iufacac ániina
que no recolhimento do lemplo tinha aprendido a cantar os nica Domiimm.
PíalmoSi &femclhantes graças a Dcoscoítumavão cantar as n M''i^onado íhi.Luc. n.iá^i
Santas mulheres, como fízeraó Maria irmaá deMoyfes, De- ^=;5;^,,, rdhc^as fios Saã. M
ài
bora, Judith, Eíther, 6c Arina,nguras da Virgem , cottio notou ^^prefent.
o eruditilTimo Garthagena. 79 A cftc canto a convidava o 79
C4r/fc4^e«.í/ftfr«» Dí/^;,.!./.^,

Efpofo nos Cantares jquando lhe pedia que foíTe paraelle^por- ^""ioS.z.^. sonet vox tua in au-
que era acabado o Inverrío, ftem po trifte era que fe dilatou fua ribus mcis vox fenim tua dukis & í»- , ;

1 EnHrnaçaó)&erachegadooflorido,&aIegre:â'<<.'»f./5,«*|f-j^^ £;,J,0„;„
/ 'uozemfeus otiviaos, forquejiiavo:ieradoce3 O" ellafermofa. ^oMsnantr^t.iM.rinVipans^antemed. * ,.1
« •
r* 17 Neíle cântico notou hum ouvido de bom goíío 81 81 ExulravitípirmismcusinDeo.
todos os tonos da Mufica: o Siéltme da Divindade: 820 Bay- \\ fLu mihí magní qut potcm dt
- ;icOj 6c Z)^;«///ò da Humildade: 83 ÒvÍ/íí? da Omnipotência: «5 Miíèncotdia ejus à progchic ia
'
84 oTenordaMifericordia: 85 oGr^-Uí- da Juftiça: 8Ó q P^^fii^r' ctfit fapcrbos. Depoíuú po^
y^^;/í^fl da Alegria: 87 oi^/z^w daConfolaçio: 88 o Aff>ero tentes.
ExuUayitípiritusmcus.
da Reprovação; 89 o F/f«o da Fidelidade: 90 oJríípCiofb 87
daRevelaGaO}9i &:aC6)«/c»«^«n<2aoslnltrumentos; 92pe- 89 Divitesdimiíit manes.
lo que a chamou filomena, modulando vozes, 6c tonos vários 90 Suíccpitiihd pueííam íuuiri. '

commelodiatáodcce,quehelouvadaatèdoshereges. 95 ,'; Siír.lSí^r"""

18 Achaó-fe nella com elegância as féis vozes da verda- 95 cJvinus, ac alij,fífiidCa>!ifm/.4,


deyraSOl-fajnoHU-mildequeproteíTou; 94 noRE-íls;na-'^'5- , ^ r ^ , .. •,-

j j r r • •
\/fT r j- •
J> -
j rf 94 ^«'^•«•'^- 1- Q.marerpcxuhdmih-
aodoleuelpirito: 9^ na Ml-lericordiaq publicou de Ueos: tatemanciiiK Tus.
96 no FA-vor grande a que fe confeflbu obrigada 97 no 9 Sp^ita" «'«"s 'n Deo làlmarj meo.
: 5

SOl-licicoquereconheceaDeosdecomprirasprOmeíTas: ^s ^^^^-^^^1^'^^^^^^^^^^
noLA-usperenne com que o magnifica; 9) 6c que melhor v? Quia fecitmihi magna qui po-
Mufica que fó o material de fua V0Z5 que fez dançar de aleo;na"'"='^: „ « . ,

aomemnojoao no venere da May? ico Humexcellentehf. ,, NÍag.,ifí,acanima mcaDoíi-ipú.


critor loi difcurfa que toda ellahehuma Mufica fonora, cã- lo* /:«<-.<if 44 ut faciaeft vor 1

tada pela
• Santiflima r?mdade accommodando com gnlan- !''?"^"'V'"^
:
T""^"' """' '"'"
1 r
. .- uvitiugaudicinfjn'! útero mco. 111
^ 11 1
"^ifctaria elegante as vozes de humaluavecapella os dons com que loi p. Guiiui.i.grai^deKVideU </ f

' as três PeíToas Divinas harmonicamente a illuílràr:ió. ' Sú'"#'" ^'"«'* <^'/í- •-.^-'^-ihrimo tmw,

19 Sêji-^
• '
^ EVA, E AVE
• / .19 Sendo a Mufica taó fuave, taó Útil, orem tudo divina,
foy tal a queda dos homens peloprimeyro peccado Sc tom ,

malufaó doque mais lhes convinha , qarc aeíle Domceleíto


huns applicàraómalj outros o dcpraváraôj dalguns o condc-
. . ,

iTi DirtmsZ^jfi.n.l.^'^'^'
nàraó. S. Tlieodoreto 102 entende que com muficasnamo-
ràraó os defcendentes de Caim aos de Scth, para caiarem con-
tra a juílaprohibiçâo que havia. 10:^ S. Clemente Alexan-
\Q4.j>.CUm,tAUxtnà.aàGtHt^ drino 104. conta que com ella levavaó Amfion » &: Arion as
gentes aos ídolos & na Efcritura Sagrada lemos que cojn a
;

de inftrumentos convocava Nabucodonofor pira adorarem a


"toi, Daniei.y
fuacítatua. 105 Gontraos quea dcpravàrão cm laícivias fí'^
p-E^hrm'.tom.'i^'iMp}aim: crevèraó S. Cypríano> &r S. Efrem ; io6 Nero a exercitava no
107 TacitMnaU.t4.aHtemed.&!.t6.p\i\)\ico theatro contra O dccoro Imperial > 107 & femc-

er hsneii.aerie, clefiafticcsj & Anriftenes condenou em ífmcnias tanger bem ,

comocoufa que naò convinha a hum Varaógrandc; Filippe


Rey de Macedónia reprehendeo a fcu filho Alexandre de lèr
bom Mufico & Ariftoteles perguntado fobre iíto, refpondeo
;

Tm^^ríSS' quê Júpiter nem cantava, nem tangia. 109 Tudo ifto fe en-
'
ijo 7ir<íj.(jc»»*/7.c.}4.».ii, tédedonimio,qiíehe reprovável; iio 6c:neftefentido emen-
dando Filippe Rey de Macedónia a hum Cantor , &: El- Rey
Antigono a outro que tangia, & dançava: lhes refpondèraó
ambos, que naó Ihescoiivmha moftrarem-fe tão demaíiada-
*
tiiWHMrffe.««tfji>oí»í>ífcf|MP/;%.tírnientefcientesnaquellas artes, iii Atreveofe a malícia, ou
i^í. J::^^;r4Sí..^i: ignoranciaaquererdesluíVrar o mais louvável porvarios cu.
S ' "
mínhos.

C A P I T V L o XXIV.
InDençaõ da útharây ^ orgao: derivação do nome Ju-
bileo; neflé^i & em outros mftrumetos muficos fe toe
cao aíguas cúmjtdades : Qf fe frofegue o ajjumpto
de que a malícia humana de todos inventos ujou mau
'Brevemente Je aponta o divino inBrumento , quefe ^
a Santiffima Virgem May.

' Edizef o fagrado Texto i que 7^'^./ foy pay


L";t"LHii/..«H./../.Me
1 Gp«i
5,»(i4d.4.c.i,
j 7.
' ' "PI
A W cios que cantarão a cithara,& a orgaõ,íe fez tradi-
} D.Hieron.adt.iyLtvií. çaõ que tov ínvcntor dos inltrumentos; & diz Genebrardo, 2
Muniier in Lnit. ^"^ po*" ^'^^ luventar eíte prazer^ todo o prazer tomou delle o
^Htuhin.inanm.ad(MhMme^ iiome áejííbileo.
4 i,íwi.c.iv
2 Da mefma caufa procedeo 3 chamarfe Jubiko entre
.
os Hebreos hum inftrumento que fe tocava em aquella grande
folemnidade, que fe trata no Leviticoi 4 Scdeliefe chamava
a niefma foleiíinídadey«^/7í05& porque eíi&7«^//ft> libertava
.15.
PARTE I. C AP: XXIV. 97
ns tíercladcs vendidas, &: os cfcravos, na maneyra que o Texto
aponra, fe chamou rambem Jubilo a liberdadci &
rerniíTaô^co- ^ j^^^^^ ^^ ^„,;^„;j ^.
j^-

nio refere Jofefo. 5 Aqueile inftrumento era huma corneta g ii/íí«íe d. § 7.

dvOiTodec;irneyro, 6 ri2;nificativodoqueemlugar délíaac 7 Gf«.ij..ij.

íicrirtcou Abraham-, 7 íigura do Cordeyro Divino que hl-


V ia de libertar o mundo com Jnbileo plenário. De oíTo de car-
ne vroeraó também os que fe tocavaó na fefta chamada Z)<íj-
í/Y;';^k?<!?^oprimevro
*
dia de Setembro jinílituidaeni memoria . ^ * ;, j tí'^^
8 Matute fiibfitíomocahalU do! He».
,

„ r r '
{> n. -rt. r
daquelleí.KriticiOi 8 poíto que outros mlTrumentos leme- ^ ,f^.Af<í„oe/d9 5fp«/fW nàrejeyçaoef-
Ihantesfefaziaó de olTos de qualquer animal. Depois fe veyoí'"'"í* i c.s.m.^.
P>/-..7.v.7.Vocctub«cotne;e^
a fazer aquella corneta de qualquer oíTo; 9 &notempomais
9

diante fe fez todo o género de trombetas de pao , &


de metal ; .
'

mas fempre lhes ficou nome da prinieyra matéria, coriío fevè


ainda nos Poetas Gentios, ló Aflim a frauta fe fezprimey- ^o j^,r^;i.^'wid.7Jnprí>ic.ttnwó
ro de oíTo das pernas de grou, pelo que em Latim fe chamou ftrepueruat comua camuíacp<?//i«,
GulepinMrb.nbia.
Tibia; 1 1 os Thebanos a faziaó depois de oííbs de veados ; os
*^

Scythas de oflbs de águias, óubuitres; osEgypcios decanas;


os Africanos,&: Ofyres Grego (poílo q os Poetas digaõ q Pan)
a fizeraó curva da arvore lothos, ou buxo, 12 & com tudo i%Tejítorho^m.p.t.íít.Çíjharc!:4
lhe ficou o primeyro nome. o-Cantm;
fempre
^ Do nome daquelle antigo 7^í/^»í'í' fe chamarão os que
locáramos os Chriftãos com mais felicidade Sc André Maílio
; ., :>^rrr^<ir ^^,
lhesconíideratambemrelpeytoa/!í/í?.'/e<?, peloprazerqo i^ Luci^.j.cr w. "
j; ,

Senhor diíTe, 14 que a converíaô dos peccadores caufa no


Ceo; grande brazaó ácjubd , eternizar feu nome neftas deri-
Vacoeris. O Illuftriílimopor.muytos títulos Dom Rodrigo da
CunhaArcebifpode Lisboa, no tratado q fez em explicação ,, .^ ^ _^:

.^ , ,

áosjnbileos 1 5 fendo Bifpo do Porto, tocou mais brevcmen- dadj^ua», fubtU.i.H.yO- é,


te efta matéria mas profegue como a Igreja Catholiea infti-
j

tuhioeniRomá Jubileo centenário jprmcipiado no tempo


o
dos Apoftolos, 8c como fefoy reduzindo a menoàannos. i' if
i-
*^ '"••7- -Si
'4 Plinio, ló fem noticia das fagradas letras, diffe que a
cithara foraitivençaódeOrfeo, ou de Lino j oudeÁmfion,
com quatro cordas, outros 17 diíferaõ que Corebo, filho de -ijTexiarfupr.
^r. Bernardino da syhn na defen/i ia Mi»-
Ati Rev de Lidia, lhe acreccntàra a quinta Hyagnes Phryo-io
;

a fexta-, Terpander a feptmia-, Lycaon bamio a oy tava Proía- ;

llo Periote a nona; Eftraco Colofonio a decima^ & Timotheo


a undécima. Qiie o primeyro que a eíla cantará, fora Ari-
itonico Grego: queaperfeyçoàrafuamuficaOlimpias Mifio:
que AmatoCretenfe cantara a el la amoreS; êc Enopas eoufis
jocofasiqueaGrcciaalevàraCadmofilhodé Agenor, 8cpar-
tScularmente a Athenas a levara Phyrnis Mitheleno defcen-
dente do grande tangedor Terpander éc a Itíilia Evandro c5
}

fciis vaílallos Arcadios-,tudo fe pôde verificarem ferem aquel-

] js os mais deftros na cithara depois do diluvio.

5 Calfiodoro 18 affirma queacithara heomaisfonord j% CAjJ^odor.l.iei> m.


de todos os inllrumentos de cordaSi&: parece que Virgílio en- 19 V'T^d.^f:eHii.
Augunua.,crhar.iT.ciuedakt,cc!«.r.
tendeoomefmo, quandoporellaentendebtodaaMufica. iq *'
'^
l Aflim
98 EVA, E AVE
10 Calcpin.verb.cithira.
Aílim O concedemos ,íe no nome de Gthara fignificaó Hmyay
ti Bt.U OH.I Chron.dc Lijler l.l.c. 31, comoos Latinos fazem algumas vezes; 20 porém le íeref-
tringem ao que efpecialmenre chamamos Oz/j^r^, llgoancts
ao mellifiuo. S. Bernardojque deu a primazia à Harpa^irsízcw-
do-a no finete com efta letra- Ghnde/itm pátria? 21 comodi-
zendo: Se cà no dcjlerro do iniiào ha confonancta tom [nave, qnd
a haverá la no Ceo, patrta de toda afunvidade ? N a que Da v id
tocava, fentia, & fugia o demónio à melodia que naó podia íb-
frerjComodiíTemosaílima. 22
11 Supr.cltyn.i.injin^
2 ^Icidt. embUm» [ált. pafl mortem
í 6 Porcurioíldade fe refere o que diírcraõAlciato, &ou.
j dmidolcfi. tros AuthoreSj 2^ que fe nos inílrumentos, enrre as cord.is de
Serapan.Hri Medicina Ef['anhola refr/M ,
tripas de carneyro fe puzer alguma de tripa de lobo , naõ haó
,
14*.
defoat) por mais que as toquem: dura o temor ao carneyro
ainda depois da morte:
7 Orgaõ>fegundoiníirumento jdcquefetem por inven-
tor Jubal, conforme ao texto hc nome genérico a todos os in-
j

14 Quint!íian.l.9-(-^- Infacrislitcrls.
ílrumentos muficos) 24 o que efpecial mente chamamos Or-
}.,Paralip.ii.iyCrc.t4.z7.€r PJalfíi. ga'o 5 alcançou eíle nome por e'<cellencia fobrc todos os que fe

tccaó com vento pofto que Plataó 25 queyra que a fraura


;
i PlaUJiaUjJe leg ,ad meÚ,
5
í6 PfrJm.l 50.^-4. feja mais excellentej a Efcriturafanta em alguns lugares 26 o
17 ^udith i\. tnfiiie. diftingue, 8c particularmente da Githara, 27 como o Texto
18 Genef^.xi.
do Genefis que o attribue a jubal. 28 O
Sumnio Pontifice
r t9 ílhefc,hiji.Peiitif.p.i.l.4.Siiti
Vitaliano, quefaleceo pelos annosfeifcentos&fetenta, oin-
troduzio nas Igrejas. 29 Mas ainda depois foraó taõ raros,
t^ue o Emperador Conílantino (quinto , ou fexto ) enviou áQ
Conílantinopla hum orgaó,por coufa exquifita, a Pipino Rey
de França; ,

8 Dos inventores de outros inftrumentos trata largamen-


50 tjiU^.SAri.àe In-vcniyeh
te Alexandre Sardo 30 no livro dos inventores das coufaSj
em q acrecentou o Polydoro Virgílio , Sr do modo de dançar»
Omittimos ifto , Sc os tangedores inflgnes que nomea Ravjíio
3I TextorfupK Textoi^j 31 porquéajuntamosdevarios Authores, masnaó
ji J«/'.c.i3.«.l5;
trasladamos o que eítâjunto em hum. Jàdiflemos 32 q Dar
vidfoy opíimeyroquecoillpoz PÉilmos para fe cantarem c5
inftrumentoS.Aos tangedores infignes acrecentoo Portuguez
PeyxQto natural da Pena, lugar da Raya de entre Douro, &:
,

Minho, & Trás os Montes: que em Caílclla no Paço do Em-


perador Carlos V.moftrandoefpantarfe de queosfeu^Muíi*
cos temperafíem os inftrumentos, elles zombando , lhe deraó
huma viola deítemperada para que tangcífcj 6c elle, fo tocan-
do as cordas para lhes tomar o ponto , as governou apontando
coríios dedos demaneyra, quefízeraõharmoniafuavillimaj
& os çircunftantes^diri irados rompèraó em dizer, que ou era
o diabo, owo Pey xoto da t^ena^)<i^,ç\y.\ciXi tinhaó fanu, pofto
quconaóconheciaó devifta.
} 3
ZVi; f /;/! pytteitMe n. Cfiguintes. 9 Mollrou Deos os inftrumentos aos homens para as raef-
J,
mas utilidades que largamente expendemos na i\iufica 33 de
que faó parte> mas também delks ufou mal a malícia chegan-
,

do
.

PARTE I. CAP. XXIV. j»?


do a empregallos cótra Deos. Ao fom dclles convocava Nabu-
eodonoíor para fe idolatrar na fuaeftatiiaj 54 & cada dia fe í 4 »*>«>/.?: \ '"^-^^i.
uílidcllcsparafínsjllicitos. Noannodemil&dozejhúOthe- .
?'' ^'>M'^;-;«,í^^f*«^^

ro Laicojòc outros quinze homens, Sc três mulheres , tomarão Jsdwenju.c to.


por capricho baylarmuy tos dias corrt vários inftrumentos Dof^^''^'f£"<^b!nd.te,nporiAiiiapadFr.nc.i>i
adro de huma Igreja, com tal inquietação, que impediaóos n'^í ^'"It^sultli
Officios Divinos , fem quererem defiftir ; pelo que hum Sa- í7 Gcrfxftr^ã.t fun AUgmficat.

cerdote chamado Ruperto lhes lançou maldição, com qiíe ',^


^rtl^^^deU^r. h:íi. drM
baylàraóhumannomteyro, de humanoyte de Natalatèou- Scr.horaiib s.c.xs.h.x. comos fe^úr.ie^.
tro tal dia, fcm poderem ceílar até que Santo Hereberto Bif-, ^ ^^^'"', ^^"^y^''^ '^'^»' "oi>roíogoà-t

e Coloniaos abioiveo daquella maldição mas as mulhe- ; , suúus TheLid.i. { ; p,-inc-

Tcs morrerão logo, & os homens pouco depois com tremor,&: ^«"-'^ '^ <^anarii pritncrdia ik ?

piípuayju. s-j •

Sicdide^Mulx.pauIòmaioracanamuS. ^

IO rara honra dosimrrumcntosrepetirttos oqaííima 36 Ef/.i y^»e;d marine.


tocamos com o doutiííimoGerfon, ;? q ue o cântico da /^/^/r- Armdvintmquscano.
mficat que a rtrgem May bantiílima compoz , he o inlcrumeto jufque datam fcdcri canimtis.
de dez cordas que deíejava David. 38 Venerável Padre CamooisLufiad.crfít.x eftx. O
Frey Jofephdejefus Maria 39 o expende, concordando os ^:::^S^Í^ ZT^^f"^'
dez verfosj entendidos por cordas co a harmonia das Creatu- Camo i'ármi icoíí c Capitano.
, t
, ii

ras racionaes, compofta fuavementp de nove ordens de Anjos; '/"°^ ?


°'''"'í^ í""'"'-
^ f ^•
Lee rteíie, 1'audaciimpreício
& da natureza humana ; corda q te quebrou pelos pnmeyros ôa.no.
, t r 1 ' % 1 •

Favs, & foy reparada pela Mãy da graça, que deu todos os in- MiTí^onB^doniscant.i e^.^i
'""' "'''"'^''"
ftrúmentos para o mundo fe levantar da ruina em que eííava. ^Jko.''"^'"
'*

..,..,. ^oaoBdpttlldMaHricioinclTahoirfeitint.
j.efKu

CAA P
1-
T
l T*
1 VV T
1j (TS
KJ "V^V"\r
iV A. V •
Canto 1< afpetto
Cario
, ih cui canglato volíe.
Tone nHNttmigueYrierecãt.i.ejii,
... i^ ^ j. . . j . „ Cantcrô come ún cor tuttofcópoG.
TnnctpiOi progreno , çy dtgmdade da Foeta ; como a Yo
lope de vega «^ ierufi.i.\.tji i

.^T. c 'cr I canto


^-jin J
zelo, J hazaíias* 1 el & Ias
Virgem Santiliima 4 honrou ; ç^ Jendo dada por m, phdomcnacant.i.ed i.
Deos fará utilidades^ oshomêsufâraõ mal delia. ^ 'Jcrr.ÍM^^^^^
Yò caritarè tu engane jy tu hermofiíM^
1 A Poeíla he irmáa semea da Muficaj C de que trata-
hum SrSc7Í ."í"
5 Ecdffuíi.^^. s. in petúía lua rc-
"""""'

erudito
J\ mos) ou he o meí-mo q MuHca
Author, & quando
i alTim os Poetas metrificáo , fe
, como diffe
4Pi,<t rch.íde Mxfic.
'
*'

diz q cantaói 2 fó em verfos foa bem a Mufica, fó na JVIufi. & j ^^j;^


'/^^[.^;P-

cafclograóosv-erfos-, Mufa, & Mufica temo mefmo nome, At facn vates ',&Divum cura vocamuf.
pelo que o Ecclefiaftico ^
:: falia da Mufica, & de verfos como Sum etiam qui nos numcn haberc pu-
^ t tem. Et 6.
fu'7-
unidos. _ Eft Deus 111 nobts 5 agitantc Cilcfcimuí
^ ^

4 Em vaó trabalhou Plutarco, 4 inquirindo os pnnci-iiio.


pios da Poefia;feu principio he Deos pondo PlataÓ 5 cha-^^;^P«»s '"^^^««^^'«^"^«^""^l^^-
;

mou aos Poetas, filhos dos Deofes^do Ceo lhes vem o efpiriío, Et nUhh
& fe difie que tinhaó em fi algúi divindade; 6 póde-íe dizer Eit Deu* ia nobís, íunt & commcrci»
quehe natural ao homem, porque ( fegundo enfmáraó os fa- ^^^'^^ ^^j^^;^i, ç^.^^^^ .^, ^^^.^^
bios) anda conjunftaáFilofofia natural com que os homens 7 vmntU ii.

do principio cuydaó
de fua idade... J como haó de viver de que « Hom.ir.artpoH •,

r r
D n-
.
r Ego necltudium fine divrcvena, •

expende a razão Qiiintiliano; 7 &: aííim nalce juntamente jsjccTudc quii ptofu vidto mgcnlimi.
com os homés, & fó a natureza fiz o Poeta , poílo que o aper- Ahcrius fie.
Aferap^fci topem,es, *c...í««w.í.
feyçoeaartci 8 ponífofecoroaõdelouro^qucngnificaavir-
\\] tudv
, 1

ico ' EVA, EAVE


tude natural; ^ de hera, que he fymbolo d<: trab.ilho com q fe
9 Fr.HeiítT Pintotom. j..if«Va/.4.c.i j.
f^i^g ^ perfevcaó; 9 os que naó iazemTcríbs, c>;oftáodeus ou-
^ ^ V vir, atodcsnenaturai aroelia.
5 CelioRbodiginio lô riradeAriftctelcs, &:deQiun-
tiliano o modo por que a natureza começou a infundir nos ho.
mensa Poefiiii&foy, infúndindolhes hum principio que ob-
íervava com pericia no ouvido, huma medida , erp.iços que &
corriaô com remelháça;&r depois cm ordem a apcrfeyçoar e(ia
confonancia, fe foraó introduzindo as fyllabas,6c pcs mais lar-
gos, ou mais breves, conforme cahiaó, & foavaó melhor,
w Matute na propij^de.chr}^. 4 Nafcidacom O mundocrccca a Poefia em todas as ída--

'^'^t[%la\^i'^l7
Ha quem diz, ii que Adam compoz em verío o
desdelle.
I , uíUr.t.Firmian.divin.i!ijfj.t.c.6. Pfilmo 92 que anda entre os de David, intituladoj In dieanr
&dciraue^t. ,
.íeSabbãt.m.
^
^,j„f. Enos feuneto filho de Seth, he provável que compor
'5
14, Matute fuj^
hvmnosem loiívor deDcos, comoaba\xo 12 diremos.
idade í.c.i 4.1.

.íi',^fÍT'.'S^S/'''"-^"-"'^
^'-6 NosannosdodiluvioeraPoetaSamberhanoradeNoè
jó iWíAr/dHíx5yv<tt/ev.r./ifi^j^c44çig mulher de Japhét 14 (eu filho; poíloq alguns 15 digaò
17 oracuUSibyUJ.u Á ^y^
niuliíeí' do mefmo Noè, a qual {'oy a primevra Sibylla, 6c
,».^ ^,j,^ ,

Quoci fortitafui paflquam dircrliniua elcfeveo vuite &" quatro li vros de Oráculos em verlo , lò de
, ,

'"^"'s r^ que hoie temos alf^uns nos livros SibyllinoSjnelles refere, que
Elíusi jaclata men cum conjure rrtultu. ri.
.

r j o r n* •
1

1° Varro aoudusianfjtifí^ íeachou uaarcacom leu marido, 17 &: conta lucceilos neiin,
19 Genehar.ju^. »n. muxd: 18S7.. ,&: sntes do diluvio, quafi coitio fc contaõ no GenefiSj era a que
ioOraad.s,byã.li.adfi^,
chamàraõ Sibylla Perfica , i8 ou Çaldea, 19 por habitar
ii i.v;-r.c.ii.«.5* cm Babylouiacabeça de Câidca, como ella diz , 20 ainda
li D. W/ero«.»»/.ro/ojç.co^»r, -íc///^ qiieoutroscuydàraóqueeraaErirrea. *\ ) <.

^^&;inef^dPnuUnJc<^.nM.in.jcri-
^ g^^^ filhoTubal vindo povoar Hcfpanha pelos annos
t? E'Kod.if,.i.Numtr.%i,-í7- cento&- cihcoeilta depois do diluvio.cõtinuou aPoefianeflé
"^""^o reformadoidãdo leys em verfoj-como diílemos allima.21
^T'^èluuTíxf''"E£,lci III Cl '

"fofefh.deantiql.-j^e.io.^ltmd. 8 O
Santo Job , Regulo nosconíins dc Idumca , Ara- &
Sabciiie ^rKíd I./.19.
bia pclos auuos fetccentos & quarenta depois do diluvio, có-
CaUiedor.tnproIoz.ad?f:lttr.t.l%í ^
pcz ^randc j -^ J r
,.; f 1

parcô do fcu livfo cm verlosexametros, coiii pcs


.

MLiejup.dad^.c.iiii. •

M.:rc.!^>ito». Fbmm. indedicfítor.firi- datylo, Scefpondeo, comodíz


S. Jcronymo. 22
t>hraí.adpfaimof.
No tettipo cm qucos Hebreosfahírlo doEcypto ,era
ineum caiiticum novum;, carmcii Dio a Loelia entre elles Ordinária jdiz O lagrado lexto 23 qcan-

''"^'^"u, ^ tárao com Moyfes em verfo as graças ao Senhor que celebrà-


,
-.

í^'^<^ coiTi vcríos o^oço dc agua que no caminho acharão


Spcravcruiit. j &:

f'/j«.40.v.«/'í.Fiar,fiat faz meucaóde verfoscm outras occafioeus.


"'"'"'"' NostemposadiantecópozDavidosPrdmosem ver-
Q:^Sl;Í™a;>íf , ^°
Spera in Dco. fo, como affiriTiaõ mUytos, & graves Authores; 24 ellc ^slxc-
7.% p•alm.'ll%.^>.\.&^J.invnUs,
cequeodeclaraemalp;uns; 2^ &: oníollraõfip^uras, &; qua-
SarpccxpuaniverGiitmcaiuvécií^cmcj. fj j ^ n •
n „ ^^ ^ i . ..

BtPfiht.^ô.v.-i. & 5.).«vm';i,Coiiiite- ''dades p.oeticas q nelles vemos, de Repetição, 26 Coritmuação^


aiuurtibi.^c.
2^ Rcverfao^ 28 doutras. Caíliodoro diz 29 q levantou
^ ^'^'^ividade da Poeíla, & que dellc aprenderão os antig r)s.QLie
jo pj!pt^'or]^cn. rdati u y.un.
Salamaó, oDeuteronomio, & O Cancico
'

Pfr. asobrasdefeunlho
.,,'' ?Ar5-4-n- Et fuerui.t carmina de Ifaias haiaó fidoefcntosem verfo, dizem bons Efcritores;

^' "^s dc balamao parece que os ajuda o íagrado IcxtOj


_j^^p,Hieron.inir4,(adiramI.tt.ifai. 3°
31 fc bem O grande Padre S.Jeronymo 32 he de outra opi-
niaó.
1

PART. I. CAP. XXV. 5ot


i]iio,coraataiTibem nos verlos dos Pfalmos. Aos tíebreos H-
juimcnteera comi) preceyto louvar a Deosèrtl Verfojicgundo
lium texto de EfdrasiníinUa-, 33 &aílirU lemos
34 qiíeofí- 55 '-Eflxt.^^.
7,c rio David, S.ilimão,& aiitros.alèm dos quejà reJ:^rimos,na
pJ^V.'^!; ÍV^'u í.t^l
l.ihid.idoEgypro.
1 Entre os Gcniios pelos aritlos de novecentos
, & cin-
coenra depois do diUi vio; mil &c qiiarrocerttos Sc cincocnta, Sc
nove antes dó Nafcimcntode Chrijlo ( conforme âo compii-
,

to, que figo na hiftoria ) tempo em que o Povo Fícbreo come-


çou a governarle por Juizes floreceo Orpheo , de nação Tra»
,

cioj oprimcyroPoetaqiie n gentilidade nomeou faraoío, &•


como ainventor da Pocfia Ihechamàráo filho de Ápollo,&:
Calliope, ainda que Te diz que atures delle fora hum Siagro, (|
havia cantado a guerra Troyana.
12 De Orpheo foydirdpulo Miifeo,invehtor da fabula
de Hero, & Leandro, comporta com raes coriceytos, &affec»
TOS amorofos, tal decoro, &: imitação , q moftra bem haver na*
quella antiguidade os primores, & todo o culto & polido de
^

que feprezarão os melhores modernos , entre cS quaes d


contáramos, fe as hiftorias não certificarão o contrario, Lino \

com grande nome foy quafi fcu coritemporaneoj & erítão hoit-
\eAquelles engenhos que com fcientificasallegorias fingirão o
coro das nove Mufasprefididas de Apolloj propofta á cada
qual a fua matéria, cantando Calliope em heróico os grandes
feytosj&rÇliotodosósfuccenbspaíTados, Erato amores em
lyrico, Talia couías menos honeRas em cómico , Melpomene
liiílorias triftes em tragicojTerliphore guiando danças de nin-
fas, Euterpe regendo as frautas dos paftores, Polimnia ufando
tons diverfos >& Urania modulando ao divino;
13 Jàhavia asdivcrfasefpecies deverfos, àccommoda-'
das aos aífumptos; Cafiiodorodiz, 35 que os primeyros fò- js C#flíor.U.e;Í/?-40'
rão o heróico para mover, 8r o jambico para aplacar. Do he-
róico fe tem por inventora Phomonoe, Sibylla Deifica, 3Ó ,6 c»mad.Gefnni «» onomí^kíjr^,
qucviveoantesdadeftruiçâodeTroya,37 fuccedida nó ánno prior-nímin.
de mil &: duzentos Scquatorze depois do diluvio, Si milcen- ^^°^^ F!o/cli!hJ'fupr.
to oytenta&: hum antes do de CÃn/^O; {5orèm jà comS.Jero-
nymodiííemos quanto antes havia Job efcrito delle. O
jam-
bico fe attribue a Archilocoj 38 mas nem efte, nem em outros j2 tí(n*t.inaít:foei;^
ha certeza.
14 Qi-jafi trezentos annos depois de Orpheo Trácio > no
feculo em que fobre Ifrael reynava David^ &c nos feguintes, fa-
birão a luz os Poetas Gregos:&: allim corii engano bufçou Plii- ^^^ ^.^ ^^ Muítcál
tarco 39 em Grécia os inventores da Poeíia. AntimacOjA-
poUonio Rhodio, Arííl:encs,Parthenio,&: Heíiodo,heroicos .-

Alceoi/\n,icreon,8c Filoxeno,lyncos: Alcxis,Hermippo,Afi-


ftophono, Diodoro, Eutiches, éc MenádrOj cómicos Alcime-
:

nes, Ariftarcho, Cleophon, F.uripidcs,&Soph( cles,tragicos:


Architas,& Caliniacbojepigrãmíriiftas: rhocUidçs, 3í Tbea-
I iij CTitOj
,

rot EVA, E AVE '

cnto,elegíacos;Symonides,Tirreo, ScXenopIíanes, quefo-


rão vários: &
outros entre nós menos conhecidos.
Hypponas
teveraldizernasfatyras,qiieBiibalo, &
A ntenio Pintores fe
enforcarão, porque elle os íatynzoii em vingança de o
have-
rem pincadoem quadros como couía ridicula, por fer rnuvco
^
fcyo.
15 De rodo foy Príncipe Homero , nafcido no anno do
mundo três mil trinta Renovei depois do diluvio miltrczcn-
.« Fi./cui.h;i}.fup.c.u
^""^ trinta & dous^antes de Cbnfío mil & treze,reynando Sala'
iTiãoemJudea; 40 os que o fazem nafcido depois rompem
,

o verdadeyro fio de muy tas hillorias. Sete Cidades contende-


rão fobre qual fora fua pátria cujos nomes cõpoem efte
;
verfo;
SmyrnnyUhodús,Coioi)hoti,Salami,ChtoSiArs,o'yAihcjiaK'

JilcfiZ':::''"'''"'"^ ^] acaufadapnmeyraparccemelhor. Nx ÍÚada .^OdtjTea


Ckn.éTat.pr,^rchit. "ao fo tov luiidamento da arte poética de Ariílotcles^mas
íon-
ssMazaT.u.cp>gri>r>. tedc toda a fabedoria Gregaj o que fe lhe taxa de
trazer os
Deofes em niuytos banquetes, imitou o ufodaquelles
tempos
-Correndo terras para aprender mais, fe lhe turbou
a vifta dos
em Ithaca,&-a perdeoem Colophon.masconfervando
4^ ilofcMUic < f^""^
4} r^.rl,./fir);^i.í;í..:í,o,rtã/iempreadojuizo. viveocento&quatr 42 outrosdi-
zem cento &:oytOi 43 & Varão tão grande, morreo mu vto
^
cedo.
16 DosGregospaíTouafocfiaperfeytaaosLatinos.que
loconhecião aquelleíimplezRhythmo que diíTemos
fer na
íural. NumaPompilio, fegundoReydeRoma,maisdetre-
14 i/v.àí.i,/.ií zentosannos depois de Homero, ordenou os
facri/icios, 44.
em que fe cantarão verfos jcomo coufa nova. O primeyro Poe
taqueemRomacompoz, foyLivioAndronico. C começou
porfabulas) noanno de fua fundação
*< T..,crt ^'
T.xtcrj.p,
qumhentos & treze,
«S qu,nzc, ou vinte antes da fegunda guerra
Púnica^ 4< tão tar!
de chegâo as letras aonde reynão as armas. No
4^ lUfculMil.í.i.cX, aano feguinte
xiafceo Ennio , 46 que em verfos mal
limados deu ouro de
47S-fcWíX>r.7; que Virgílio confeífava que fe enriquecia.
47 Poucodepois,
florecendoScipião na guerra, floreceo
Plauto , natural de
Umbria, na compohção de comed ias , com
tanta eloquência
que fe d.zia, que íe as Mufas houveífem de
fallar Latim , falia-
xiao pela boca de Plauto.
1
7 >^qui paflou Roma quafi cem anrios
^ fem Poeta de no-
me, ate lo-rar o cómico Terêncio, Carthaginez
dizem que eícravo, cujo momo parecia ver
denação, &
os corações dos
quereprefentava; &
outros tantos annos callou a Poefia
, atè
que nafceo V irgilioem Mantua no de
feifcentos & oytenta &
três da fundação da mefma Cidade,
a oy to de Outubro, no do
mundo três mil novecentos 6c oytenta ív' quatro,
depoisdo
diluvio 2327. antesdodeCM/^.feírenta&oyto, quando
Marco Tu hoaccuíava a Verres, nafcendo
o nlayor Poeta,
quando fallava o mayor Orador.
1 8 Logo com os feculos dos Emperadores
faeccdèrão o-ç

dos
: '
,

PARTE I, CA P. XXV. 103


;
dos Poeeas, que crecem na cfperança enganofa dos Príncipes
com Ocl.wi.ino viveo Ovídio Nafo narilrai de Siilmo , povo
dos Pclignos em Itália a quem o grande engenho foy ruína
,

comoelle mandou por em Epitáfio na fua ièpukuraj 48 &c 48 Hiccgoquijaccotenerammlufí^


Horacio,a^udo iudiciofo,claro,elegante, &cortezâo,com-*"i°'^""'.'
^ ,-•-./- o «m r nPoeta , ^
, "vL^
r • IiigeniopctáNaio SISO,
poz a A rte roetica que temos Latma leguirao-ie Séneca tra-
:

icoUcípanhol de Córdova, que poz nos rhcatros alegre a


f.^^ilofoíia leu fobrintio Lucano da meíma pátria , que ajudado
;

de fua mulher Pola de vinte & íèíc annos deyxou verde na


,

Pharfahaoakodereudpirito, queastyrannias de Nero não


deyxàrão madurar, Períco HcrrufcOj que na luz encuberta das
fuás Satyras, como Sol entre nu vês , irivol veo os vícios de Ne-
ro^ &" também lhe faltou a vida de vinte & nove annos, por fa-
do das coufas grandes que duiúopoucok Sylio Itálico, nafci»
doem Roma de pays Hefpanhoes, qiie com o Poema da fegú-
da guerra Púnica fe fez conhecido, celebrava Cada anno o dia
emque Virgílio nafcéra.Stacio Napolitano, cujas fylvas pa-
recem louros do Parnafoj na fua Thebaida, & imperfeyta
Achilleida fo admitte leytor feu femelhante. Marcial Arago-
Tiez,que de Roma veyo morrer na pátria, havendo efcrito Corri
fal, com fel, & com candor, fora louvável, (c fora honeftojmas
do tempo de Domiciáno que outra coiifa fe podia efcre ver?
Juvenal Italiano de Aquinas, decoftumes que o fizerâo def-
terrar, im perando o mefmo Domiciáno porque os vícios pa-
;

recem mal aos mcfmos que os feguem. Dcyxodous Catulfosi


Tíbulo, & Aufonio, Lucrécio &: outiros de que a líçâo nos he
,

menos familiar.Nomearey Dacíário, por Lufitano de Metida,


49 lAdrsatiit, híji. de Hej^^nha l,^ e.^%
49 de quem Gregório Cílio 50 faz menção entre os melho- jo Cúiusàf Poetism
res Poetas, & em feu louvor temos epigrammas de Marcial. 5 r 51 MartialUi.tf.i.-],^ %&,

19 Todos eítes viverão até o anno cento do Nafcirhento


de CÃr//?<?j& faltarão foetasceleblres mais de duzctosannos,
51 Moraltsl l.(.40<
atè S. Damafo Portuguez de Guimaraens j 5 2 tontado pôr
JiíarieuLi.c.i^.
Tcxtor 53 entre os illuftres Poetas j creado Papa anno de GfKefcmJ/j.
567. honrou a Poeíia com o lugar , & com a fantidade. Pouco ^^/'«^
'""•'
• ..

depois viveo Claudíano de Alexandria > imperando Horto- ^J'^^7>/ií.Fr<i/:p!I'.â.í.í./»pr/w:


rio, & Arcádio, tãoeminente no verfo, quam humilde nosaf- BrittoMomrch Lulít.u.cxj.
íumptos. Logo a declinação do Império fufpendco ^ Mu- ^^^:^Í:^l::!^t:;.
ias, que vivem fó entre profperidades. . t)i(femos iar^ame»u »as excèl. de Poríúgt

20 Grandes forão aquelles Poetas Latinos mas feria in- f-? «''^'' ^°-"!^'
:
Textor fiipr.
gratidão negar que aprenderão dos Gregos. Ennio lecreou j5
nas obras de Euchemcra quetraduzio Plautofeguíooeíly-
:

lode Demophilo,Philomencs, & Epicamo Terêncio parece


:

que trasladou ém Latim as comedias de Apollodoro , & Me-


nandro; Horácio no fatyrico imitou a Lucilio; & o mefmo fez
Perfeo: Ovídio nas metamorphofis, feguio a Parthcnío Chio
Stacio na Thebaida a Antimacho.- Virgílio nas éclogas foy
imitadcr de Theriro: nas Georgicas , de Hefiodo: na Eneida,
de Parthenio, Pífandro, Apollonio Rhodio , Sc principalmen»
te
to4 EVA, E AVE
V rede Honero Fulvio Urfinocompt z hum grande volume
:

dos furtos de Virgílio-, furcos de qiicelie íl- prezava quando


'^^po^dma feusemuKs, apoiítAndolhes os que fizera deHo-
U M.^n..nm e(Tc vinum HcrcuH
iTiero n^ argrni{)€sf()rças tir<ar a rncjja da mao de Hercu-
bJ/zí»
tlavam cxWqucrc dé manu. ,

iiflnto.H,eron.i„prolog.adjuíji, tivcrâoos Latínos O louvor decojhcrem ipelnasfio-


lesi 54
*""-
res; foy GrCcia mar a que tornarão as aguas de CaftaliOj Libe-
thride & , H
ppocrene, donde tinháo í ahido.

C A Í> I T V L O XXVI.
. Pr ofegue G ajfumpto propoflo no Capitulo precedente,

I \
Rruinado O Tm perioRom Ano !,& dividido entre
jCjL ^'iirios Príncipes, teve Europa foíTegOj em que as
Mufas quaíi refufcitàráo,efi:endèraõ-íe para as partes do Nor-
te nas línguas Grega, & Lr.rina, até hoje com grande excellen-
cia. Em Itália, Sc Heípanha íe empregarão mais nas línguas
vulgares.
2• Em Itaiia foy o antigo Dante como o Ennio Latino, en-
tre cujas humildadesfeachãograós de ouro. C) Dolce o foy
nacompofição. De Petrarcha Arcediago de Parma no anno
de 1 3 í^ô. falecido node i374.chamadoFí>í'í/í, é^ Oradordi^
'[1 Zaharclãco>ipi.j<): "vmo, I fedcrívou a mclhordoutrínaj porque nos nlirtosen-
''"'^" ^''^^^^^^^^^^
» líi!5t'' ^^^^o" os louros: fez os amores caftos Laura lhe naÓ impedio :

alaurea de Poeta Chriiláo. Arioílo foy Ovidio no fecundo; 6c


mais agradável na traça. TaíTo fó peccou em nlopeccarj fe
alguma vez diflimulàra as leys,fora menos fevero; o Sábio dif-
1. tcclefm^. j. ij, Nolí cíle juftus ^^ que não fe deve fer demafiadamente jufto. Guarino , de«
2
°*"^'"'"i das Mufis , com talento digno de Heroesreprefentoii
licia
amantes: tanto artífice pedia mayor obra. Marino colheo to-
das as flores do Parnaío, mas importara à pureza que elle não
cfcreveflei Sc aos engenhos , qite efcreveííe outra coufa. Preti
he pequeno jafmim coma fúivídade de todas as flores. Naó
he pollivel tratar de todos, nem decente nomear mais, porque
não pareça eleyçáo no que he de excellencia igual j fomente
Sanazaronáocabeem filenciojporquefoubcefcolheraíTump-
to digno de feu alto efpiri toi
3 Em Hcfpanha tinha a antiguidade na língua vulgar Iiií
rhythmo,quafi natural , que osPortuguezes chamaváo75<?-
«u^jr, 6c os Caftelhanos coplas; cuydo queTrovas fe derivaria

do verbo Francez Irevever^ ou do Italiano, Trovare , que lig-


nifícaó achar, porque quem as fazia, achava aquellcs confoan-
tes, ou toantes; 6c coplas de Copia j que em Italiano he ajunta-
mento, por fer aquellarhythmo junta de toantes, 6c também
feíliziaó em mào Latim Brito 3 na Monarquia Lulitana
iBritGMimd.Lufi^.x I.7.C.6.
-,

por curiolidaderepetio algumas do tempo em que os Reysde


JLcawcoDf^^avaõHefpànhA dos ^louros ^ outras por bem
*

1 gilan^
PARTE I. C AP. XXVI. ,o.
confervão maniifcriptas , do tempo de
g:ilantes'fe Dom Aífó-
ib Henriques, primeyro Rey de Portugal.
4 DomDinisjKeyfextodefteReyrto, fendo moço, vi-
vendo ainda leu pay Dom AfFonfbTerceyro,foy oprimevro
qiieem Hcípanhacompoz verfos, quemei-eceOem eile nome;
4 m ádou hu m vro dei les efcrico por fua mão a feu avò Doni *. ^"'^
1 i
^^•>'^ "^^ "^'^ '''*'''^' ''"^ ^''"*'-

Aíionío X. Rey de Caíldla, que chamarão o Sábio, o qual eu


tf!:^;L4.hiji:Pcrtu^ ,.,,c,fi
VI na Livraria ao Real Convento do Lfcurial, em folha de pa- « 5' 1

pelgroflbjde marca pequena, volume de três, ou quatro de-


dos de alto, de letra grandeLatina, bem legível, ^ o qile li era
z noíla Senhora, & outras coufas ao divino. Seu fil iio Dom Pe-
dro Conde de Barcellos, que efcreveo o hvro de geraçoensi
deyxou em teílamento o feu livro das Cantigas ( a(um lhe cha-
ma) a ElRey de Caftella Dom Aífonfo XI. feu fobrinho ^ pe-
los annos mil & trezentos & cincoenta-, < ElRey Dom Pe- r
\^'-^\'i^'-^^<'^i'^<>/''^<>^*'''^'

dro feu neto tez também verfos j &


do Infante Dom Pedro fi-
IhodelPvcy D. Joaó I. feachaóém louvor da Cidade de Lis-
boa, 6 iàcommaisarte.compèqucchamaó^ifí^^Wí), que £ i^f/>rí-oíffr;<«/-^/.f.t./,ic.t^,.:.-
foráomuytoufados.DotempodelRey de Caítella D. Hen-
rique IV. veriíos imprefias coplas de Hernando dei Pulgar, no
livrinho intitulado, /-^///^^.T^ei/f^f^ííj com mu y to bom eftylo.
5 Começàraò-feacomporveríoshcroycoscomdozefyl-
labas, partindo-fe, ou fazendo aífento ordinariamente ila fex-
ta, &: talvez na quinta, fe era aguda, ou nafepcima , fe apala-
Vra em q acabava era efdru>:ula;chamavão-fe Vc arte major -,&€
tinhâo a cadencia femelhãte aos heróicos Gregos, &: Latinos,
Scaos que hoje compõem os Francezes. Nelles efcreveo Joaó
de Mena Poeta Caftelhano, celebre no tempo dosReys Ca-
tholicos Dom Fernando, êc Dona Ifabel, com muyta erudi-í
ção,& artificio.
6 De cento & cincoenta annos a efta parte , feguindo àòá
Italianos, mudarão os Hefpanhoes aquelles verfos nos de
T)nzefyllabas, ou de dez, fendo a ultima lohga^ & aguda, fe
bem os de dez fe ufaõ menos, por não ficarem cheyos ; Si tatu
dos Portuguezesfe deve ferem os primeyros, ou dos primey- ,.., ;
.
'

tos nefta mudança-, 7 mas algumas vezes fe faziaófemcon- //"^'' ^rit/r//'^^^^^^^^


,^ -
/-
x^ /- ri
'i rr dus díVirtas, O" bmanas flores.
foantesnonm,is:fechamavao/'^r/oí/(?/í<75'. Llcreveo muytos
tm Caftella o Bofcam no tempo do Emperador Carlos V. &
depois em Portugal o illuftre Poeta Jeronymo Corte Real j 8 s CorttKeaino^omaàonaujra^toii
porèm iàfe não ufaõ, porque a falta de confoantes he falta de ^'^^"'"'^^'^f •^"A
"'
fah&airim galantemente Dom Luis de Gongora 9 femof. Q^Je ^^fJI^^^Íl^vcr^iàT
trouenfaftiado dos de Bofcam. Alguns lhes davaó graça, p6« UnaproroeUocnei campo,
doem boa cadencia domevo do verfo eonfoante do comque Qu^enBofcanunverfofueito',
Aan que ka ea an andainto.
, ,
r 1 11 r /^ •

acabara o verto antecedente como com exeellencia lez Gar-


,

cilaíTo de la Vega nas fuás éclogas.

7 NotempodomefmoCarlosV. Gárcilâflb deja Vega,'


tamcortezaó como illuftre, chegou Poefia aCaftelhana ahú
ponto altO} ainda qucpornaõhiVvrcoufà que fatisfaça a to-
dos.
^
ro6 EVA, E AVE
„ , .„ .
10 rltmanao dt HeTTerit(músyi<í0 9 q
,dos, hum feu Efcholiador fe atreveo a notarlhe defciiy-
lo
. -- t > *i tí
chmirai Juvmo) nost/choU Qara.aíJo. Qos com poiíca razQo. dc
J orgciMoiitcmayor Pcrtuguez , que
metrificou naquella lingua foy também dos primeyros que a
,

illuílràraóiOme-rt-nofizcrãoFieueroa, &" outros grandes ta-


lentoSj entre os quaes Hernando de Herrera foy chamado Di-
vino. No mefmo tempo, reynando em Portugal D. Jcaõ III.
• ' êcnosfeguinteSjforáõexaltandoaPoefiaPortugueza. Fran-
Cifco de Sá de Miranda, que chamarão Plaícío Liffitano , pelas
moralidades da ella rcduzio-, Simaò Machado , António Fer-
reyra, Diogo Bernardes , &
outros , fobre todos Luis de Ca->
moenSj infigneem todas fuás obras, particularmente nns Ln-.
/ZíTít/íí.c, em que na imitação de humafóacçaó, na honeftidade
delia, na utilidade de fualeytura, na recreação acompanhada
.
; de erud ição, &: proporção, (partes efí cnciaes do Poema herói-
co) tenceo finaladamente os antigos , -Sc modernos fo lhe fao
:

comparáveis Homero, Virgilio, ^cTaíTo, excedidos ainda


11 Prúv o í/fdo //(?««/ íevmw.dertf- em algum as c ou fâSj II tam louvável no que difle, comoem
tiaf^vida^Camotm.
naó dizer mais, âté nospeccadosA^cniacscontentou.
8 Agraçadocomicovioprimeyro Hefpanha nas come-
dias do Portuguez Gil Vicente, que ajudado de fua filha Pau-
la, como Lucano de fua mulher Pola, entreteve com galanta-
ria em eítylo antigo, &: não fem doutrina, a Corte dos Reys
Dom Manoel, & Dom Joaó III. Seguiraó-fe as de Simaõ Ma-
chado, Francifco dc Sà de Miranda, António , Sc Jorge Fcr-
reyra, ns deCamoens, êc outros Authores com cxcellentes
qualidades, que então faltavão nas Caftelhanasmúy to humil-
des em tudo. Hoje excedem eftas as de todas as nações , a que
deu arte o infigneLope de Vega Carpio;fe outros depois vi-
rãomais, devem a luzãquelleSol- He verdade que não ob.
fervaóasleys dos Meftres antigos , que outras nações fora de
Hefpanhaimitaó mais, porém aquelles Meftres astrocariaõ,
fe viraó eftas. Exceptua-fe o PaftorfidOi que excede atudo.

9 Romance hePocfia própria de Hefpanha, & das me-


lhores; bem fe vè nos de Dom Luis de Gongora , & nos pafto-
ris de Frãcifco Rodriguez Lobo; ha poucos annos que os Ita-
lianos a querem imitar , mas não lhes íuccede com graça ^ nem
anósosfeusldilios.
10 Nomear os luzidos Poetas de noífa idade, fora numc-
'ij^^- raras Eftrellas; fomente naPoefia Latina não paííarey emli-
»fc.
^^^ lencio o Padre António dc Soula meu primo, Religiofo da
^^ Companhia dey^///í, que em muy poucos dias, no annodc
mil &feifccntos& dezanove, compoz aquella famola tragi-
comedia que anda imprefla do deícobrimento da índia , que
noCollegio de Santo Antão de Lisboa fe reprcfentou a £!
Rey D. FilippeIII.de Caftella; Ôc meus dousamigoS Diogo
de Pay va de Andrade, que no Poema Chaukydos foy valente
,

imitador de Stacioj&aírim não hc fua ição Ivulgarj


1 oPa&
drc Macedo bem conhecido em Europa toda |por Poeta iníig-
PARTE í. CAP. XXVI. 107
ne; & nas línguas Portugiieza, & Caftelhana , Soror Violante
do Ceo, Relígioí-i da Ordem de S. Domingos no Convento
da Rofa de Lisboa que com admirável eípirito illuftrou fua
,

pátria & acreditou o cní^enho das mulheres. O Author da Bi- -, «-n .t «••, • .^t. ,-
bliotheca Hilpana 12 diz, que os rortuguezes reynao najw/^.cts.isj ' —
Poefia.
1 1 Em profa tambcm ha Poefia dizem os que delia tra-
,

taó porque hum poema confifte mais nas outras qualidades^


•,

que no metroj & alli m o faó os livros de cavallaria, os paflorisj


novellas,& comedias em profa. De cavallarias he o melhor o
noflb Palmeyrim ; dos paftoris que vi , tenho por melhores os
FrancezeSj como a Citheren, EJlelai & outros modernos ; per-
doem as Arcádias de Sanafaroj &: de Lope , &: ò noíTo Lobo,
fendo taóexcellentes. De novellasforaóprimeyroscompofi-
toresos Italianos 5 Miguel de Cervãtes ás introduzioemHef-
panhaj& nenhumas depois o igualarão. Venero a Argeriis;
Theagenes & Clarichea. De comedias em proíli acho cxcel-
,

lentesasPortuguezas de Jorge Ferreyra, intituladas. Aula'


graphia, ò" Enphrofina, as quaes, mayormête a primeyra,ven-
cem as Terencianas, eni defcobrirem , & reprefentareni ao na-
tural o que no mundo paíTa; viveo no tempo delRey D. Joaò
II L &: principio de ElRey Dom Sebaftiao.
12 Naó nego que eftas compofiçoens militaô na Poefia
tomada largamente;porém a cxcellenciá confifte no verfo pe-
ja confonanciai locução, & comprchenfaó de grandes concey-
tos em breves palavras fó nifto fe verifica o furor foberano de-
j

cido do Ceo. Platão diíTéy que â Poefia fem medida , êceón-


cento de rhythmoj fica huma pratica popular.. I3 í, putonh.ij(Jial. Coreias , -vd âe
^

iz Como divinos foraõfempre honrados os Poetas dos ^''"'"'•M^ "*=''*•

Si quis áiiferaí cjf tora posficóncentum,


. • t /f j -'
r o t. t

juizos que conhecem a ettimacao das eouías. bobre a gloria &rhyth'niutn,atquerncnfdíam ^^lUud
de qual era pátria de Homero contendèfaó fete Cidades , co-.neqmdquam prxcer íermones quoidam
mo jà diflemosi 14 Efmirna eliegou a levantarlhe téplo. Ale- JScSS.bl,'*"" ^"^ ""-
xandre Magno fó para guardar as fuás obras eílimou o precio- 14 No càp^preceáme n.ty
fo cofre que achou entre os defpojos dè Dário, &
invejava a
Achilles haver fido o Heroe dafualliadas Sz áuándo tomou
Thebasj mandou guardar a cafa, & farailia de Pindaro. Zeno-
cioto Eíefio teve grande lugar Com o primey ro PtolemeO Rey
'
do Egypto, fendo ayo de feus filhos. Por huma das felicidades
ido outro PtolemeoPhiladelphofeufucceffor, fe a;váliou ter
fete Poetas Gregos no feu Paço. 15 Are hclao Rey de Ma-
cedónia confagroufumnias honras a Euripidesj & OsSicilía- 1'i flofcuLhifl^.l.c^.
T\os, tendo prilioneyros muytos Athenteníè.s, dav ao liberdade

aos que recitavaó feus verfos. Hieron Rey deSicilk enviou


hum grande prefente a Archimclo Achcnieníe em agradeci-
mento de hum epigramma. Anazarbp,, Cidade de Sicihar,-le-
vantou eftatua a Òppiano íeu naturaL, A Ennio enriqiieceo
Roma em vida, S: honrou na morte, mandando ScipiaôAfri-i
cano pór a fua eftatua na fepukura iUuftrc da faraiUados Cor-
nelio*?
'to8 EVA, E AVE
neliosScipioenSj8f pondo-íefuacííigie nos lugares públicos
com infcripçoensnobiliílimas. A Horácio fez OtilavianOií\ii-
gufto notáveis favores & a Virgibo mandou eícrever no nu-
;

mero de feus principaes amigos Octavia,irmãa domeímo


^

Emperador, começando Virgitioa recitar alguns dos vcrfcs,


em que no fim do livro fexto da ^í^neida fallavaem Marccllo
íeii filho já morto, fedefmayoU; & tornandoem fi mandou ,

que por cada verfo dos que naó ouvira Ihedeflem dez fefter-
cios, montaria o que fel he deu cinco mil cruzados ; chegou a
pofluir fcis mil feílercios , que importavaó mais de duzentos
3z cincoenlà mil cruzados, & teve huma nobre cafa em Roma^
quandocntrava no theatro a recitar feus verfos como eracof-
povo Romano fe levantava, & lhe fazia o mefmo aca-
t-ume,t3
tamento que ao Gefar. A CornelioGallofezomcfmo Oda-
vianoPrefeí^Oj&TribunOj fó porque era elegante Poeta. A
Eífacio banqueteou, enriqueceo, &
coroou Domiciano, para
feacreditar-,& a Sylo Itálico fez Conful três vezes. Vefpalia-
enchco de honras & de dinheyro a Sylo Bafa , Poeta Lyri-
iio ,

Gracíano deu o Confuladoa AufonioGallo. Theodoíio


co.
poz a Aurélio Prudentio nos mais fublimes poftos. Carlos V.
coroou a Petrarca, Sc a Ariofto cõ grandes honras. No tempo de
hoje,em quê fe faz menos eftimaçaó das artes, alcançou noíla
excellcnte Poeta Soror Violante do Cco, do Senhor Rey D.
16 TuUratpo^jrchiàpoeii. AíFoufo VI. (cxemplounico) huma arrezoada tença.
QuaG dcorum aiic]uo dono arque mu- 14 DiíTe finalmente iMarco Tullio, t6 que os antigos
ncrc commcndau cflc vidcantur.
chamàraô Smtos aos Poetas, como particularmente recomen.
dados pelos Deoffes aos homens para lhes fazerem bsm.O Ro-i
,« j# r^t^.. manoSyllijàrèahumquelhefczmuYtomáosverfos, deuboa
.Tit..«.

js ^úitaiiusYcibamoitiplitatJc-iomaaeamheyro, porque lhe naohzcíie outros 17 mas ha j

f^P/f 10.14. úlguns que por nenhum preço deyxaràó de os fazeír 18 a cA i

tes devèraô as leyá caftigar: ôc aíllni Alexandre matou com fo^


mea ChirilOj^porque fendo mào Poeta, quiz cantar fuás faça-
1') K^fcrtíbfpan.HiMeiKiiti :
jjhas. Í9 A Philô^eílò mètco Diottyfio Tyranoo em cruel
cjj^M oa^rejran^.
jprlzaôjporqreproVouhurts màos vcrfos do mefmoDionyfiOi
& fendo fcífepoi* í'ogos de amigos, achando-fc onde o Tyran-
norecitâvãoutfoisfeus verfos, fahio da cafa , &:perguntando-
Iheelle porque fé hia.refpondeo: Porque he menor md amais
r«/. .i.f.i.
criíeípnzno ,qvebiíVirtaes'veffos. íO
^^ 15 Yy^íooSeHhor a Poefia ao mundo para illuftrar todas
^.. iw flf; fcic^ricias, 8c faculdades, com as quaes fe germana. OApo-
at tjã.i-].!^.
'
' '^
ftolo S.Paulo allcgou huma authondade poética para conven-
ííD.Thi.m.i.miufi).ka ^.-verf-hicCct <!iS Aú\cmç.n{çs. 21 Santo Thomàs 22 chama Poetas
*/^''"'^"'
Thcologos a Orfeo, a Mufeo, ôr a Lino; Sc as obras dcs Siintos
Jeronymo, ôc Agoílinhofevem chcas de erudiçoens poéticas.
... ,. $antoAlbertoMao;no '22 diíTe, que a Poefia admirando, dà
*
occaliaodenloloíar,ò: que em quanto as medidas pertence a
M íini'itilian.l.1. cr
.Grammatica; em quanto tençaò, he parte da Lógica. Qiíin-
ò.
$.
tiliano 24 refere, que Gs Sábios antigos chamarão a primevra
'

••='
I~iio-
;

FARTEI. CA P. XXVI. 109 /

Filofofii, Poética & à primeyra Poefia , Filofofíca Sc que os


•,
,

livros dos Filofofos eftaó illuftrados com as fentêças dos Poe- i^i .fr,vv,,>'vK. a r-
;. ..

ta3. Plurarco 25 (fallando das abelhas) compat-oit a Medi- í<í PlutahhJn.mctaL


,A
^'
ema à Poelia, dizendo, que aaim coilio os Poetas tíraÓ allego-
^^^^Zf^l^t::!^:^'"''''
ricamente da torpeza de algumas fabulas utilidades para bef-
piriro, allini os Médicos de venenos compõem antidotos pa-
,

,.^>...:i. v.
^^j .-:

raafaude. Accurcio 26 cfifina, que havendo authoridades


de Poetas le alleguem para decifaó das cauías
, &
áfllm as al-
;

kgaó os Jurilconfultosémmuytos textos-, 27 8c também aU ^i ^-t.intstum^.f.n L.qMvt»cn:m


gunsdodireytoCanonicOj 28 como temos efcrito em outra Ms-^í^ími/Tj,; l.m'.j'icIí é.j.ev:-- <

à.u^.^i.n.i^
obra. 29 Pelo qdiíTeMattheosGibraldis, ao ^uc à ]uri{prv.'^^^,^^^;^^,^f
dencia exorni feus eftudos corti Poetas , comq com béllas ^ iSí ** cjp.q:<emAâ,núúum d(juujnr.

luavillimasílores. A Oratória (adverCioQiiintiliàno 31) fem- „


^"'r^^^-J^crjeã. Do^.r.cjiu/iui^.
^l
prefe valeoda Poefia, ou parateftemutíhoda Juftiçá'» ou para jo Grihil demnheâ.Krat /indit
ornato da eloquécia-, porque alli í& acha o efpirito para a fub^ c.ibhjbcturin ir.Doãor jmt.
ítancia, o lublime pára as palâvras,o movimento para os âífec- íò/íer^""'!.^' i''t'>'T.tl^,"t}t'
««
tos, o egrégio para todl a acção-, 6c os ânimos dos ouvintes cãa « ^v o4"'^-''«^"»^ '^•«'>'v'^^
i:' "'
• .

^
çados com negócios fe
, ali iviaó nellá. Nem hitm papel , ou ,,^;, „í>í.,)tu .: ikíwIjT^^íf^

numa breve carta efcreverl bem , querii naó tocar de Poeta;


jiãoparaii'litaromefmoeftylo, como alguns ridiculamente • .í.-n.wíí^-k^.v^íD ^t,

fazemjí*£ndoodaprofa, ôcodo verfomuytoditFercntes ; maa


para a brevidade, & èollocaçaó; porq os Poetas eflraó coftuma-í
&
dos a efcu íir palavras fupcrfliiaSj a ufar das que fignifíqueiíí
brevem erite, para que o concey to cay ba no verfo > Sc tem o ou-
vido feyco a hum certo numeroj cadencia j &
toante, que os pi^v^^^^^^iH-T «^ .i.<^.j>rt.iv!í\oi\ 4^
"""' '"'"
fiodos da piofa requerem , St fem ifto ficaó defagradaveis
donde veyo a dizer Marco TuUio 32 qUe muytos entende- ^ fiJ./upr. aÍm nfceíTatía— ume
raóferabóaprcía imitação do verfo. Também as partes da'^^^"^^"' ^"'"f*"" oiationtm po«ic«
argumeunsâ mcre
Mathematicaíaó familiares i Poefia nas defcripçoôns; quam *niuDt'i!?""'^°"^"^
fabiamente obferváo os Poetas a maquina dos Gèos com feii3
planetas, fignos* &: eftrelks ! que bem medem a terra, & cort-
finaô fuás províncias qtiam naturalmente defcrevtím os má-»
!

rcs com fuás enfcadas, ou alterados, ou quietos/ na navegação,


namilicia, na agricuitura, atè nas artes mecharticasfallaó cofit
propriedade de pro ti íTôres. A mufrcahedmefmoqaPoefiai
como fica dito no principio do CapituldpaíTado. Finalmente .^iàifw.iÇ fs .,

'-b^íaDrnicr
quanto a Poefia conduzi para a Politica, moftra áRepubhcíí' ,7. .

de Plataó; concluamos referindo có Caflaríeu, 5; qtie os ^n^''''^^'oiffinl éaÊ£/ír.'«i«íf fii,


íigcsfó chamarão Sábios aos Poetas-, diziaô que eraópays,6£w«/r<i4S- ./:;l
capitaensdaíapiencia; 34 6c as Cidades Gregas bem gover^
nadas faziaõ que os moços aprendeíTem priffleyro que tudo a í/oM/v.i.í/..!.
'''*':
^Sí
íir^S^íi
-^^ jjoDsh

Çoefia,paranellafeitlftruireffl nos bons coftumes, jf ainda ^'>i7'"''/«F-'ií'M"'l^í»n»'^s'tn£uÇ*


que por falta de vea natural naó fahiíTem Poetas^ iDbb abi; ;jíÍ ^^j,^^^^^ jVóní '

16 Efte dom de Deos tãoproveytofopoftarítaèvias, " '


-w^m.
deverão os homens cmpreear fò naquelías utilidades , cm rei l,^ .

,^^^ ,,„^ . -
,. „

creáçaohoneíta, &em compor loiivorcsaomelmoUeos,pa- riKtujecaitmijs./^ViAA^j-e.' "

yaoqueheaPocfiamuyto própria, 6c poriflbcomhymnoso


>louvaóoscéros^cekíies,ôc a Igreja Santa os imita-, ^6 tem
)

I7XX E VA7 H â ¥ Eí
'
V <wo /,

rvirrude de ít|)Thc'ar'airi divina , ootncè n-otou Santo Agof?-?-

;7 D.-Jw.d:efoãr.cbr:si.i.t.c.4o.^'''^^'y 37 O qiicos Romanois GcnriJC'''íxriltcnd!Íri5i'.3S paraeítc


Í8 fíjrWí/.ztf^.*.' -;» u ' ' i^
cft^cvto ordcnàxaõ ique às danzcJlhs. caDtaíIsttí polds rUis OS

59 Textorinefficm.p.z.th. dePcct /, "ocfias job^ Moyfes, Davídj cjmo diíE^nios; 40 i6c. CíTi cem-
/''•'"• •
posmenQsandp)soPapaSt Dimaí.),í:noí!"o'Rey Dom Dinixj
40 u^ í.u.e cui.n. .cumje^q.
Sánafiro, ScDucros ilUiílres cngenh6)S-, &: neftesjrxDÍTos annosoj
Papa Urbano VIM. reformando com cxcc-l lente Poefia os
, >.ir>«vjwç I B^.èwutiuvi a hyninos do Breviário Romano.Oniermofizeraó grandes ma-
-;':v2.è fcn)i\ívt.A wj\\á\*r»^^v.»f ' tronàs,afamofd Emperatríz Arhanais,ouEiidoxia,dosvcrfos
j>i.b
-.5.Hk. H->]j^*j;^^Vj;^^^;;'^lcHomerDCompozavid &
a celebre Roniana
.Tnv««vi.kwMbaxíis.n-i>.^.<í»-0 8í K^lconiaacooipoz dos veríos dc Vir^iHo. , /^
.M,ii\t>ít^.^Qji.V-'i\P::;;;^^\^^ a Soberana /^r-
iAUí\u^--6.i»v\hwíi> fc^ii^'^ o? ^("w, gloria futnnia dos Poetas,com aquella divina Poeíia da
.1. .i, ^ix^si Mm -«ui-iAiA cíi',
Ma^mficati a mais agradável a Deos. Os doutifllmos Ivlaldo-
4V^i^5Md?;/lí>?8Ò:'''Í^- 'V^^^^^ 4^ clizemqueúcompozemmetro.-ac
c«»t^í;f)iJe ríd'i.D«^.cr^oy?^i.p,i.
;a4TjefmaJ>»/jo^<2 revelou a Santa Briíida, 42 que alli fallàra

^'^'^rí^cveLdcS.Br-fdtU.c.'^^. ^ ítia linguacoufasnaõ cuydadas, coni hum ícrvor deerpintoq


, admirara a Santn llabeU fervor,que o Ceo inípirava,conio dií>
4} Ca^.pracedent.n.ii . fcmos, 4; fcr progrío daPccíia, mas cora cxcellencia em taô

* i-.-íiS Coia ratio a natureza depravada nopéccado, nem


deftc bem dcyxou de ufarmal muy tas vezes: os jogos fcenicos
inftituidosemRoma por medicina alegre contra humapefte
44 Fiofcul.hi[i.p.i.c.'j.pojlmed.vcrj,^^^Qi.i^f,Q^ 44:íeGohvertèraóem venenocom verfoslafcivos.
annomium ,

^^ Ha coíifas quenaófe podem lerem éclogas de Virgi-


jqj.
| ^ .

irt w— /•=' "^ ---•


~5M -t^n^ittic t : ikb; nos Metamorfofis, &: na Arte de Ovídio: em Epígrammás
de MarciaJ: em paflbs do Orlando de Ariolto: no AdoHis,Epj.
lujr.tóií! íbalr^mios, & varias partes de Marino. Muytos naò íe conten-
tarão eom Podias particulares a damas , ( galataria tolerável
mastomàraõ por aíTumpto de obras inteyras fazerem algúas
celebres no mimdo; como Virgilio a Aniaryllis , Ovidio a Co-
rína, Propcrcio a Cyntliia, Catulo a Lésbia , Petrarcha a Isau-
ra, Ronfardo a CaíTandra, Maria, Aílrea, & Helena: hum noí.
fo Portuguez a Silvia j do que fó Petrarcha fc moftrou arrcpc-
^4<,?etrarehífotteioí. ididoj 4t & Roníiirdò conlicccooengano. 46
Dimemeckííiioniecòmivfrgogno. ,
20 Eílacto, & Claudiauo cantàraó acçoetts indignas j O

E 1 pentir r<-,8ic. .?^ iii\s«j lyiiices.' O iegundo oroubo de Proferpina. Dasrãs, mofquítos,
46 w^.'n//o./«.t-7.r'. '. •

íc outros animaes inimundoscfcrevèraóalciis enrenhoSjChc-


dccoit ^ .,\, gandoeltecn me a Homero, &"Vn-giho-, em Heipanna temos
Qiiandopieindd'efreur,unatetr '''''.
a Mofchca,& Gatomachia, fcmqamiltura de alguma mora-
maiftcr. 21 Iguaimcntc peccaó asjacaras de ladroens, galeotes, Sc
bayxezas femelhantes & mais que todi« as Satyras, Poeíia
;

A7 D.fíi0-on,efdé!f;íoh.fii^ diabólica, como d izcm OS Santos, 47 porque nolla danada


inclinação move para ornai com mayor torça que a honeíla
:. ipara o bem^ôc a cadencia .do verfo ira prime na memoria, 6c a
~£^r/.. ^ dey:^a
PARTE I. CAP. XkVI. II,
dcyx.\ aos vindouros &'
alilm he pcccado fenl rcltiUiiçaó.
-,
O
demoiiio hc tio grande poeta como í'c deyxa ver naquelles
,

vcrfus Latinos, que íe lem igualmente começarido pelo fim,


„^,, r -r^i-- ij •

cíHiiopelopnncipio; 48 mas querendo hua vez voltar ao di- Scpofit.don.snonanoUtisopcs.


vino numa quintilha amoroía, a íezerradaj 4^ tantahc àáií- Signa te, figoa , temctc me tangíj & an-
ferença de humaà outra poefia. &
aflim tanto fe deve reparar
H.tibiiubuobonbusibk
namatenaemquelc vcrlifica. amor.
49 í{efe)fcmLHts tyílfenfi noCifneJt
"
'
'
- tyfpol/o.
D.foaõ Orof. 'Eifpo de Giiadix, de "ver, C
CAPITVLO XXVII.
fulj.prohat.i Í.C. xl,
Matute na frojap.de Chrip.idad.^ C4p
5.8.
,

Origem da Rhetorica, Q}* Oratória^ fará Utilidade p»-


hlica ; (ff males que a malicia dos homens caufa
com elía, Trata-fe dos ^dvogadof^

1 \ Rhetorica » &
Oratória he huma faculdade de
J^\ achar, perceber, &
dizer em qualquer matéria, o
que pode períuadir os ouvintes ao intento do Orador; i para
I tÀriíIot.i.I^tícir.c.'»]
ó que naó ló Ufa de râzoens , Sr de palavras , mas também de
fons diverfos na voz, &
cadencias nos periodos , com q^ue mo-
Vãos ânimos. Niíto participa os eíFeytos que notávamos na
Muficaj 2 & jà com Quintiliano diíTemos , 3 quanto fe germa-
na com a Poeíla; Sc allim parece que nafceo no mcfmo tempo. ) Skp.c.í6.n.n.

Ifocrates 4 declarou fuaantiguidadej quando difle, que por 4 IfecratjinliÍKleicl

ella fe difíerençavão, & aventajavão os homens dos brutos ; de


que fendoiíoseftcsfuperiotes nas forças, ligeyreza, & outras
partesjfóosvenciamosnaartedcperfuadirj os Antigos cha-
Omphalius ttotntmàmíutte tffài
marão à Oratória, 5 Sapiência. ,
5 Jli

2 Fenicides Syrio, em tépo delRcy Cyro, ordenou a ora-


ção em profà. Corax, & Crefias Syracufanos foraó os primey-
Tosquefabemos que ao natiiralacíecentàraó regras de artin-
tio; Gorgias Leontino as cultivou cm Athenas éc melhor feu ,

difcipulo Ifocrates, cujo emulo fe fez Ariftotelcs, lendo às tar-


des cadeyra publica de Rhetorica. Qiiafl ntí raefmo tempo
foy Theodedes, & depois Hermagoras, 6c Hermogenes, que
efcreveo delia. Efchino defterrado a levou dalli a Rhodas & -,

no tempo adiante, enfraquecendo-fe os eftudos em Athenas,


paffou o defta arte a Alexandria, aonde florecia a Filofofiacó
excellencia. Ultimamente feenfmou em Malfiliá. Cicerodíz
q o feu mayor ornato fe deveo a Péricles Athenienfe , porq de
antes fc achava pobre de toda a belleza. 7 A efte Péricles cha- 7 H^cexf^pUtstTan*.
•màraó os antigos Olympo, porque diziaó q orando^ísarecia que
tronava, ou fulminava; tal era a forca de lua Rhetorica, 8 « Tixtc-ino^c^^x th orator.

i Confideraó os políticos 9 grande fruto deílaartey A^ilim^^ãí^^.u.,


naô 10 aos particulares,mas também ao commum>porque com í./oi^ans embtemtxj.

iua eloquência emendaó osRcfpublicososcoílumes, louváo


as virtudes, vitupério os vicios perfuadcm a obfervancia das
,

Kij íeyíj
. ' ,

iii EVA, E AVE ':


.

da pátria, moltráo a verdade , concilião os âni-


leysj à defenfa
mos, 6c inculcão as conveniências. KIRey iigamencn para
conquiftar Troya dizia, ó mais queria fctc Neftores que íccc
,

Ayaces.EIRey ryrrho publicava , que mais Cidades vencera


com a eloquência deCyneas, que com a força dos Soldados,
IO VidtT. Mendiga inViriiíY.i 6 orat- IO Rainha dc todâs as coufas lhe chamarão muytos porque ,

i9.^nkud.j^hct0r&i.7.àf>iKdp,>.
impefd fobre todas, aniquihado.as,ou engrandecendo-as. Eí-
chines defterrado em Rhodas vendo que huns que liáo a ora- ,

ção com que Dcmofthcnes o accuíàra, a louvavao , Sc admira-


,r n rj- r .. k ^^o» ^^''^s diíTc, Gjít foTà, fc Ouvir(ís a voz viva daqnelU fern ?
,
:

tiíiJcomnib divin.hij{Mr4.z.'mf„.Qtíid ^ ^ v^iccro diílc, q 05 prmicyros q orarão , lorao Os lundado-


ílipíàm audiílct bcitiam lua verba rtfo- rcsdas
Cidades ,& OS Lcgisladores para movereni. Os famo-
fos Capitaens ufaváo do mcfmo antes das batalhas , para exci-
tarem o Valor; &pofeftas utilidades diíle Demétrio, que tan-
to podia a eloquência na Republica como o ferro na guerra. ,

O
doutilfimo Bifpo Garcia Galarza nas íuas Inftituiçoens Eu-
angelicasmoftrâ, &:ex,empiificalarc^amente, qiiantoeftaarte
^t.í,4.a/;« contribue à elegância,& intclligenciadaEfcriturafagrada. 12
yfjle»?^'"'^'"'''"^^'"''^
15 Matth.-;. infue. skat-.poteihttm ^^ C/^?^{/?^ Scnhor noflodiz O Euangelilla SaóMattheos 13
^^^'^"?,-
,.
, ,
que prèo-ava com mas;eíl:ade ; 6c o Proconful Publio Lentulo
^^ I{ffcreje lio li\ro antie» chamado o r»
i r
""^ ^^""^^ ^° Senado Rottiano, efcre veo
^ / i

Th€oioj>ica Bibhthcca , Gr dinmos ,f7í. 1 4 que era terribel no


,

í'.c.4o.n.4 '
reprehénder^ brando, amável, ò" alegre no amoeffar,gí{aydanda
• em tudo madure za^qiúz ufar o Prègad or Divino dos meyos hu-
/
'
nianos para perfuadir.
-*
^ -^'
.*,j....
— 4 Aílim eráo os Oradores muy to eílimados. Ifocratcs vé-
xtn^Cr,,^ I- pv tr-rt o- deohuma oração por vinte talentos, i< quefceundoBudeo,
rhdi.i.c.s.ini.p. 16 eraodo^e mu cruzados. Lm
RomaHortenlio le Icztao
lí Budeits de .jje
u. Hco, qiic podcconiorar huma piutura Dor oytcnta mil cruza •

^ .
dosj õc Marco 1 ullio de nalcimcito pobre chegou as mayorcs
,

dignidades. No mefmo tempo forão muy to venerados,Servio


r^KffirtPornpon.prfcor.fdi.int.i.^^']^''^'''' ^5 ApoUoniO MoUon & poUCO dcpoisO Empe.
,

§.de!!>de, ff.de eri^.jur. rador Auguftohórou muytoa Afinio PoUion, tãoprefumidoj


«- que taxava a Livio de mal inclinado: a Cefar nos Commenta-
rios de pouco verdadeyro: â Salluftio de fallar ao antigo a Ci- :

10 WT/r'/f'°'''?:'^P'^''r^- cero de eftylo molle,&: defmavado. ló De todas as naçoés hou.


flutatcb.de dmisn^eionc, vc muytos celebres,qOs Eicritorcs 20 nomeao;amaahojele
faz em Caílella grande eftimação dos Advogados rhetoricos
&
eloquentes, porqnostribunaesde Juftiça, como ufaváo os

^
Romanos, em voz viva patrocináo as cauíias. Os mayoresho-
mens.&Principesfedaváoantiguamente ao eftudo deita arte:
no famofo Alcibíades fe notava fakarlhe confiança para orar
cm publico 6c Sócrates lhe tirou o receyo com lhe advercir q
; ,

omaisnumerofo auditório fe companha dos particulares, a


qc^efallava confiado. 21 Em orar, &
^J
11 MexUnaSj/hai.i.c.íi^ •
31_
'- .'" — "'f*
. .
praticar forã(;ccle-^
brados Agamenon pela elegância do eftylo; Mcnelao pela arfír! ;?

ficiofa brevidade: Neftor pela brandura com que perfuadia:


%i Cuuj:n.d:e:o2i':r.t.fm.l.i.c.$, UlyíTes pela copiadc pala vtas! Pàns pcloengenhodatraça:2 2
Júlio Cefar pela ejT.cacia no dizer; Auguito pela fuavidade.-
Tibério
'

PART. I. CAP. XXVII. 113


Tibério pela ponderação: 23 Hadriano pela crUdiçaõ: 24 i^T-xii.árml.i.v,.
Gonftantino pelo cuydado .-25^ Graciario pela modulação da 14 Dion 'c,ffi»'.m nlárun.
voz: 26 &ncílbRey Dom A fFonfoV. pelo bom natural 27 ^s PomponUt.inCo»jUr.t.

,
Finalmente os Emperadores Leaõ,& Anthemioem hum tex- t^ I^^ÍU^^X^^f'^'
,
todeDireytocivii 28 chamarão à voz dos Oradores j p^oz í^ inLAdvBcatnu.cod.de^^Uvo-^
' c^t.divcrfj„d,c Qoí aioríofi- /ocis cõ-
'-'Sloriofa. pelas utilidades que caufa. - •
o
s{
-'t-»v i- n.
Forem a mahcia as coítuma perverter ;
i^^«
ha Oradores
nii

eii- tam,
munimuie, .'abòraiuium ípsin
& poifeos dcfcndum.
,
vi-

cenhoíosparaomalj&comodiíTeQiuntilíano, 29 que mais '' Qi'i»uUtn.i.ii.. suutiquidirercici.


'' "''""' ^"'"^ '"""
querem íer difcretos, que bons em vez de fazerem fó demon^
;

ftraçaôdaverdade> & perfuadiremoutil, daõ aofeu fugeyto


a apparcncia que querem authorizaó os vícios defacreditaó
j ,

as virtudes, torcem as leys , embaraçaó ojuizo dos ouvintesj


de modo, que fe huma grande attençao naó eílivcr feriípre vi-
giando, facilmente fe achara enganada nas cores com que a
eloquência pinta. A Rhetorica(dizia Ifocrates) 30 faz as ^o ifocrat.apuàEtAfml.i.afophth''^^.
coufas grandes , pequenas , &: as pequenas , grandes j laço de J * Otogen.«^itd Lam.de Vit.fhUofo^b.
^''*'
mel chamou Diógenes ^i àofaçâocftudada, &: vituperava
os Oradores que falbvâobem, ôcobravaómal. Archidamo

-Lacedemonio perguntado fe era mais poderofo que Péricles,
rt{^^ov\àto: En o^vencinagrerra ; mas elle quandofalia dijlo o ,

faz com talfacfmdia^ que eupnrcço o venctdc. Por i^o Plutarco m»rchM miát ^
.32 notou,queaflimcomchi.imbarcopeíigava,fetodaagen-
te que hianelle carregava à hum lado i aíllm era perigofo na
'Republica orarem todos os Rhetoricos por hfla parte , & que'
"
nadifcordiadellesconfiftia afegurança. A Ordenação defte
Reyno quer que nos lugares em que houver dous Advogados , ^
aventajados, fc repartaô a ambos os litigantes , & naó advo- ^ j
ofiiri.liXit.4ti. §.17.
giiemporhumfó. 33 OsEmbayxadores deAchayaentreas
condiçoens com que fe fugey tàraó aos Romanos metèraõ , q ,

não admittiriaó Oradores , porque \'ú.o que eftes com fua elo*
quencia confundião Roma &: que antes receberiaó guarni-
;

•coens de Soldados, que profeíTores de tal arte , que com argu-


mentos.&futilezasperturbariãoâ quietação das Cidades, en^ , .t.. .

finariaó o povo a difputar contra ajuftiça, a oíFender as leys & — --

antigas com diftincçoens atè então ignoradas. U^f"'» '• M'"^'' «^ puiiojtpi
34 ^,

6 I aes lao muytos Advogados ( Oradores nas caulas ; ,5 uchitomnibus Garciade -MbiUt.gi
iendo por direytopeíroasí'^ríi?íáJ, chamados, f/í^n/Z/wí^J" 3 &: ^, 5 s ''"•««.
,

ku orneio y digna de louvor, c^glona-, & yocatiUvírfjudkior.


dignidade mu ftre ,

aíllm devendo fer( além de muyto doutos )íinGeros, temen- le D.Bmurd.miibdcOvftdfr.


tes a Deos, amantes da juftiça, defmtercífados , 6c verdadey- í^''^ '^Tl^^íír.Zc.^^Slo ^f'
.

ros;a cuja cafa, como a oráculo fagrado,vão confultar os ijego-^ mm, & pi-gnas vcrborum audirs.
morem ptad^^
ciantes, 35 degeneráo em caviliofos,atrêV idos, defprezado^p^fg^t^eyrtavum
Xesdasleys, cobiçoIo6,6c patronos da raííidadej em Guja caía gjc7 ^

'•fe alimenta a injuítiça. S.Bernardo feadmira de que Deos os n DehUGrauan^difctpt.for.iem.t.

poflafofreri 36 osantigos'lhcs chamàraõ,/?t'r//i'rWíJ/£j ,j'2'r-'''^'*'''i|^'


aidoí, latrantes, ò" rabtdas: porque roem as fazendas ^ os ou- &
vidosi Apulcyo os cognominou í^'í///rfj- í^í^^^/í/.S ô' lãdroetis
nosjííizos. 37 Não ha taó mà caufa (diz hu.m feu prcví ibio) "
Kilj S;-J^

H-
114 EVA, E AVE
,8 Nuiiacauía adcomaia , quam pc q«e hiifn advogado perito não poíla fdzer boa-, 38 & he ímpio,
ritus advocatusnon poliu báiiaih lactic. écexecraveli Hcm pàradcítínder huma canfajiifta contra ea-
^i>„dGratia,u/Hpra.
villaçocns da parte contraria,íe pode iiíar de mcniiras para en^
ganarofiiiz loíepermitteartificiolainduílriajque náo ch&-
-,

í9 Ojv.t.v4r.f.i.».i; gue a faífidade. 39 NasdilaÇvoensinjuílaspeccáogravcmeni


CtvãUescommm.^.^ci.infne. Náo veiiios que O quc cftcs Iticràraó íc io^re ncsíiiho^,
tc.

^^:^;!:,;r^::p!!.f::^L:.^'=>"<i<^''^'"'^ «=m que nospozopeccado. Conícffoi, Ma.co


cr/juaiitr-i.ànzi uhi i.tius. rullioquc duvidava fe da eloquência Rhetorica refultaváo
40 i uUemvmiene l.
./«/ rinc.
,

mayores males , que utilidades. 40 De tudo o que a iiiftoria


vaymoftrando introduzido no mundo para noílobem, uíaó
os homens para feud amno.

C A P I T V L O xxviir.
Prmcipio Qf augmânte dafáenm ^íiro-r.omka Ç^
,
,

^flrologica em beneficio de mundo;, ^' comofe


ufa mal delia.

I Gf».4.i5,'
1 T5 Rofegue a hiftoria fagrada i quenafceo a Adam
outroíilho, que chamou Stthi que figniíica , 'Dqu-
J
fiu Deosoutro filho em lugar de Âbelj á piem tmíou Caim ; &z
bem pareceoiíibftituto íeu nas virtudes , as quacs transferio
fambem a feus defcendènteSj que por ifto fe chamâo no Texto
t Gen,í.xl fanto 2 filhos de Deos, FõySeth, AuthordaAftrologia,&C
Allronomiàj como de outros excellentes inventos.
2 Para as fementeyrasVSc outros interefles enfirtou a necef*
fidadèj ou conveniência aòs primcyfos homens a obfervaras
mudanças dos tempos,as óccàfiocns^ da Lua , 6c outros curfos
naturaes, que ainda hoje os lavradofés, k mareantes fem letras
notão, &• cohl acerto pronofticão , fó péla experiência. Joreíb
Jiohvro das antiguidades diz,
3 que do tempo de Seth , fc
p02 logo a Aftrologia , &: Aftrononíiacm principies de Tcien •

4 Ceàren.incempend.hijf,^ cia; & Cedreno 4 acrecentâ que jà então poz nome aos fete
Planetas.
5 O Santo Henòéh
quattô neto de Scth ^ leV^antou mais
,

5 Genehard.in Chftn.Eufeb.de ftafar. aquclladoutrina, conforme a Genebrardo, Eufebioj 5 6c &


Euang t 'í.f ,4. Noé, bifiietò de Henoth, íe fez fcicntiílimo nella, &C a eníiriòu
. 6 Malíàe na^rofap.fleCbrip.iditd.x.
depois do diluvio, 6 Scdividiooannoemquatroeftacõesde
tempo, Sz em doze mezes folares , porque os annos lunares tí-
. ntij:j...ii . rihaóatèentaó onze dias menos. Por líto com nome dejmjo
7 Gcnehrard.fuprai
8 Gcn 9.10. C corrompido cie y ^m , que cm Hebreofignifícava vinho, 7
9 Microb.Snturnl.i.i.7. de cjueelle fora inventor 8 ) ofingiráo os antigos dcos doan-
ylLx ab iJlex.l.i. c.i^.CT ili TtraqHíl. no, 6c o pintavaõ ordinariamente cora dous roítos, hum para o
in comnicnt.

I o yiríil.^neid.'], Oriente, outro para oOccidente, indicando o principio, 6c


fanique hifionus imiigo. fim do anho, 9 donde teve epiteto de ^z/rw;/^, io fcbemaK
II Aíacrob.dU.i.c.^,
gunsopmtavão tom quatro, 11 pelas quatro eítaçoens do
'•'
'
tempo;-
,

PARTE I. CAP. XXVIIt. ti$


Y
tempo: punhaólhe huma chave na maó cora (^Ue abaria hum >
^
remploilgnificadordoannojj&dellefechamoii em Latiraa
ponijamta-y 12 &: os gentios lhe levantarão templo cõ doze ^j- ovidFafl.i.

^i nn.M:r^.hm.mr*M.9,
'

altares, correi pondenres aos doze mezes. 13


4 DepoisproleguiráomuytosoeítadodaAílrologiaAf-
rronomica, com Filoíofía natural. Atlante agigantado Rey da
Mauritânia, quando aafceo Moyfes, foy nella tão fabio , que
muytosotiveráoporprimeyro Aílrologo, 14 Sc íe fabulou t^ Pii»-l-7'C^í.
15 que fuftentava o Ceo fobre feus hombros , revezando ^^;^4;^,c/vu.d«/.<í.c.,^,,-„/„./
aquella carga com Hercules, que também tiveraó por inílgne 1 5 òvid.Metaniorpb.i. 9.

ncila Iciencia. Archasíilho de Ofchomeno fe fez nella tam


lamofo, que os Archadios (que delle tomarão o nome) diziaó
que eráo mais antigos que a Lua conhecida, ló rg r,ana.ocoh^..L.o.ii.MéUn,:
^

^ Apphcavaó-íe com tanta curiofidade, que Thales mdo i.^.n.^9. c<m yifhrodifeo^froUem. li^.
olhando paca as.Eílrellas, cahio em huma cova 3 6clhe difle hú
criado, que bem o merecia quem olhava para o àr, & não para
-^f» •/'''"•7 •
onde punha os pès. 17 Entrandoo Romano Marcello por ar- *'
tnasÇiragoça de Sicília, & mandando que ninguém mataíTe
o ingeniofillimo Archiniedes, fcujas maquinas a tinhâo defen-
dido muytotempo 18) o achou hum Soldado traçando na ^8 Uv.dtt-^.o-^i
mMircc,
íirea huma figura da esfera, &: pèrguntandolhe quem era; ou^^"*"'^^
(como efçrêvem outros ) dizcaoihe que fofie com elle a Mar-
celloj tão embebido eftava no que faíia , que r^áo refpondeoj
êcoSoldâdoenfadadoomatou; o que Marcello fentio muy-
to>& lhe d^u honrada fepultura. 19 Huns para melhor con- Mtxiimtfyh.ievM.fi^.i.ut.^^,
x'<)

^.j-^^í^^^^.^^i^bthjnjttíGéioslib.x.
templaremasEftrcllaSjfeíubiãoaomonteOiympo, 20 que
íè dizia tgfâ Cabeça fobieameya Região fria do àr , chegan- ***

clofe ao elemento do fogoj outro efleve annos no profundo de


hum poço que achou kco,entendeJi.4oj que-por aqueUcj"o-^
lundo via melhor as Eftrellas. > '^^..^,~"^.^ -.,...-

6 Afllift por partes fe foy deífcobrindo mais. Palamedes*


Thales Gr€g05& SulpicioGallo Romano exphcàrão os eclip-
Í£s:Clet>ftratoachouosfignos: Pychagoras a Eftrella de Ve-
nus: Endimiõn as qualidades da Luaj &: porque fempre a cony
templava, fe fingio que era fua dama: Hy parcho inventou va?-
í-ios inftrumentos Mathematicos: Amximandro Milefiodifci-

^ilo de Thales formou a esfera; 21 outros dizem que Archi- i\ PU>i.i.jc.\6&li'.c.iii


T.xtoro.r^^cwpya.^iiroUii.
inedes; '<i% Eoloachou afciencia dos vcntoSi 22 donde. os
fofetas O chamarão deosdelles. 24 .
í
z^ p/hfupr.
-
7 A Sabedoria, &
Omnipotência Divirta com piédofa Om Natal. Comm imanam comunt *à

•providencia tinha creada , &: difpofta a maquina celelíe com °^'i^ ^lm(í'"inodiiJ. Vhi- Mneii. t.

'KtX ordem , quefe pudeííe filofofar delia &: a deu a conhecer


; ovid.Mtum. .

M P^^^"^' R^pdui.j. mtHr.^^^.i.


àoshomêSíparatem dajap;ricultura,& danaveeaçaóitambem
damrhcia,diz riatao, 25 ccdaiailde dos corpos humanos, er'/ í.Uí^ím ar i. iecatn.Cinfrai-
fêgiíndoHippocrates; pelo que Galeno 26 a requer nos27 "o/ZvV.

>/kdiCos, & em muytos lugares 28 mofira que feapplicou a »7


fj'^l\l^/f"^lí Z'i^decrií^
cila; poftoqueos modernos 29 a não tenhaó por neccíTaíia; t!b lya.
cUa tirou aigaoíancia q4.ieiu veria nos eclipfcs , cometas, 5i *9 UuFr^r,coinCi.mpãijí-^7S'

outio.s
.

ii<5 E VA, E AVE


outros fílcceíTos naturacs ,
como a rinhãohuns antigos, que
qaandoaLiiafeeclipfava, caydavaóqiiecra cffeyto de paia-
6c paraqueus
>o pr,nUc,u Ad quodalladu.n^r^svenericasquea1gLiem1hediziacàdarerra,
*íici .tciii^iuitar. nrioouvilTem ,tf;caváo muytosinítrumcnros de metal; 30 êc
'"'•'
^!^'' '.^^-''^
"'"^^^'fl,'''' '"^""f- os Godos, quando Gentios, que ou vindo trovoens, imadna-
^wuii Hrrcã t cMcoHvtfjat f^ycn. v^io &
quc ic fazia gucrra a ) upiter, atiraA ao lettas para o Ceo
fiiyr.6.ovtdMetJ.4. ubiyumMm xj. pelo ajudarem, -i^ I Fmaimcnce nos dà a caufa porque em al-
esfera , dos equinócios
^lTÍ!^!'nl'!ii.Hiff, , cu
i. S""^^^ Províncias, pela declinação da
3 1 Qajiiiho biji. dos Goda 1.
1 . difcx em diinte fe n!lo vè o Sol cm féis mezes do anno, & he dia con-
D.DÍ000 de r^irtd-, nesu^^r «m.deie-
tinuado outros fcis mezcs, X 1 que a naó fabermos a razaó, ti-
uai hiim.\crb.ThiU 11 /^
Franc.LofAeGomaray hiH-^ener. das In. VeramOS por OUtfO aqUcUe CcO.
i'o! 'i.
8 Por eftafciéncia naó pafmàraò OS homens em cafoseílu-
BrinonaChrMCiíiaU^.,S,
pendosqucfe viraó. Noanno de.C/?n>feilcenfosletcnta^
M^.r./.s..^//«rC.,.r../::.>,cW^^íS'^^"^,^o^«'" cometatrcs
mezes, ^^ naócaoveo rresannos:
*dfi>t.hift.iprm(ird.Ecci.f.í. ^^ HO de novccentos trinta &quatro , negou o boi a luz pot
efpaço de dous mezcs, & depois delles fefez no Ceo huma

F^uÀTu^lllh^^^^^^^^^ 34 No tempo em que rey.


nava noíTo Rey Dom Dinis, cho veo em partes do N
orf e dez

%s Faria fup.p.i.n4s memoriai dornú.


rtiezcscontinuos-, :^5 noânnode nóó.a 22. de Oufubroap.
d»nojtmdtc.7. parecconoCeo da meyanoyte em diante hum movimento,
em que correrão as eftrellas de Levante para Poente; & fendo
juntas fc dividirão, correndo para duas partes, <k depois pare-
ceo que mtiytas defciao à terra,& fe destaziaó em fogueyras,6c
, ^ ,, ,, ^^ . o Ceo femoftravapartidoiO que durou grande efpaço de tem*
D.Wa s^ de Fomgd^ .
P^' 3 6 defmayanao as gentes a viíta de taes prodígios, íe a AU
trologia lhes naõdefcobfira razaó natural.
9 Qiiandofe naó achou caufa em outrosportentos, ficou
cila ícicnciàj moftrando que eraó a vifos do Ccoj como foy no
que os Romanps viraó quádo Annibal andava em Italia.appa*
recendo o Sol de fangue , ^ voando pelos ares húa grande pe-
dra; & outras Vezes em que choveo terra & fangue , o Sol fc
,

vio vermelho, &• duplicado^ 6c huma noyte pareceo claro dia.


i.v,áfí.i./.5 éfio.C-dtc.i.U"2^j
|7^ EUanoanno de feteccntos noventa &fete, cm que Irene
tirou os olhos a feu filho Conftantino Emperador de Conftan-
tinopla, moftrou ferprodigioefcurecerfc o Sol por efpaço de
3« Horat.Scogliusfap.p.í: dczafete dias. 38 EUa fez entender ao grande Areopagita
Diony fio, quando CÃny^í? morreo, que efciirecerfe omefmo
pJjAtJ/r^"*"^*^'"-^-^'"'^^^^
da natureza padecia, 39 porque
fuccedeo em Luachea, (que neítaconjuncçaó era a Paícoa
dosjudeos) quando naó pôde haver eclipfe do Sol por via
natural. El!a ajudou a moftrar cm Roma , que era milagre ne-
var no quinto dia de Açofto. 40 Ellaeníinou a ElRey Dom
40 ^'''Í^^V» AíFonfo X. de Caftella. que chamarão Sabiomc a rebelliaó de
J'''^/''í! .í'»-/'^t?''^

noFiosSafíâ.Pmig.namf/rnafeji. Icu tiiho Uom banclio, & a tempeítadc que íuccedeo a luas -

"z::'^'
' -
imaginaçoens temerárias , naó era natural , cora o que reco-
nhecco íuas culpas éc a perfeyção(quenegava) comquea
,
'

41 Aiarian.hift.Hi/f.l.i^.c,iy Sabedoria Divina obrara os Ccos. 41 Ella finalmente leva ao


coahecimento de Deos,como levou a Abrahaõa de quê Suid.lv
'•'-
42 conra
PARTE I. CAP. XXVIín nf j
42 conta que fendo muyto moço & dandofe à Aíírologia,
, ,
^^ ^^.^^^ ^„b.^hr..ham:
oblervando o curfo, &: qualidades dos fignòS & eftrellas i cc-
,

nheceoj que a magnificência das coufas cr<°adas não pedia có-


ílar de força própria, mas tinha hum fó Creador porque fe go-
vernava, & movia. Os três Rcys Magos foráo Mathemacicos,
^ Aftrologcs: o nafcimento de Chrtfto fe lhes moílrou em ef-
trella, &" o não fer natural os alluraicu, coíp.o em feu lugar di- 43 tsà i.px.-^^.r..^*

remos. 45
10 Por fuás utilidades ne a Aílrologia Aílronomica ex-
4jLaièGalr.Píro^^ân.!ndepnf
cellcnte, &louvâveli 44 &: aífim juííamente levantarão os
AthenienfeseftatuaaoiníigncBeroíb, 45 OSanroRey Éze- {^'^"p^ni.yc 17.
quiâsfoydosmayores Aftrologos; por-lheDeosofinalmila- . 46 4.«ig.io.ií.
grofo de fua vida no relógio, 46 dizem Authorcs 47 q^efoy^/^^^sj-,^^^^^^^^^^^^ ^^^^^.^^ .^^^
porfeaccommodarcom feu génio. Júlio Cefar fe empregou 4,c.6.(:.q.
muyto no cftudo 48 deftafciencia,&compoz livros nella:5c 4i'i''^trit.dei{ç^nLí.e.i6.
•*f-«4-54'
^^
CImftoScnhoT ncíTo approvou nas turbas o argumento qus
delia tiíavaó para pronofticarera os tempos. 49
11 Naó fe devem defprezar feuspronoíliccs pelo movi-
mento dos aftros , atè os liniites que elles indicaó naturalmen-
te.Anaxágoras pronoílicoUj que no arinofegundo da Olym-
piada 78 cahira do Sol hum penedo, Sccahiojunto de Egos
rio de Trácia. Phericides Sy rio pela agiM que fe tirava de huní
poço, 6c por argumentos dos aftros enteadeo, que haveria húi
tempeftade com grande terremoto, & fuccedeo; íc o antiquif-
(imo RevAnacopronofticou o diluvio de Dsucalion muyto' - ^ ^s . ... *

antes de ler. 50 1 orem outros lemiamarao com ditos ridicu- * ^ >

los; como CognonEgypcio, que efcrevendo fere livros com


bom credito, os defdourou com dizera ElRey Ptolemeo , por
ganhar fua graça j que o cabello da Rainha Berenice eítavâ
^iTntnàjit.Untohi.
coUocado entre os Aftros. 51
12 A raalicia' dos homens coriverte cfire bem grande , em
grande mal ,eftendendofe à Aftrologii judiciaria como fe na
,

inclinação dos Aftros eftivefíe efficazmerlte o arbitrio huma-


no, ou a difpofiçaó divina, &fucceflbsí uturos mal pôde al-
;

cançar o refervado a Deos, 52 quem até no que he natural ,= 51 Aã.ijj:

erra muytas vezes; dóde veyo o provérbio: ^/^?/?<? éií y^r<??íí7.


mos medem, tanto os AHrologos7n?yitem. 53 Diógenes vendo ^^^^^ ^'^^''^'''^!tà^lí!^íSfST^
quehum Aftrologo explicava as eltrellaspmtaaas em nua ta- „i nie^iauucar.
boa , & que chamava a alguas errantes^ diíTe: Nãâ mintais bom ,
,

homem, que as ejir cilas ndõ nrao mas eftes apontaiido para os
. ,

ouvintes: 5 4 fó Deos por Profetas revela o que ha de vir ^. 54 Stab.fem 87.


;

tal vez condicional, &revogavclmente, como a fubverfaódc


Nmive,ocaftigodeAcab,amorredcEzequias. 55 Oen':£- J]/^'''^^*/,^.^.,^; -

;
dimento mais levantado, qual foy odeS. AgoftinhoyCófeflbu, '^^ d ^uax:,>jíii.i,c.^.l ^.c vcr
queapplicando algumcftudo à judiciaria, não acham mais?.^'^ «^«''^-^'"'•c^'/^ '•j-'-^'-'^,'^*

que enganos, êcaflim a abomma. 56 Ecio Poeta dilie, 57 q^^^,^; ^^


CS judiciários ( pronofticando ordinariamente felicidades aos 57 ^^Hdu^'.Qei.iM-' »•

ticos) enchem as orelhas alhcas de palavras, para encherem as


ÍU3SÍ
1

118 EVA, E AVE


,-f-
fi.asbolfasdedinheyro. Hum diflb a Alexandre, que lhe im-
pe. rtava fazer matar ao prnrieyrc qut tncontrafie quando ía-
do Paço mádc ai matar hum homem que encontrou com
íiifTe -,

humjumentojocondcíuidolabendoãcajíaj alicgouqueoju-
j ,^ ,r
,.
mento hia diante: rio-fe Alexandre, & no sumento íecxecutou
aícntençado Altrologo. 58 A hum queatíirmavajqueeitan-
doa Lua,& a cabeça do Drágaójuntos com o Planeta Jiipircr,
quem pcdiíTe qualquer coufa, ainda que a pcdific a Dcos, a al-
cançaria, perguntou Ludovico Vives: E tu, porque tiãò pedes a
Vens nefja occàjfão qife te faça rico, paraque a pobreza te nao obn^
<,9 LuâovVivesittdu/.Sapientiiinqui-gne ar/imhr íanto^
59 Notoufe, 60 que o grande Rey de,
^"lo ^«r^. w« /w « ^, Nápoles Dom Afíonfo,ànenhumAfl:fologodeucouíaalgúa,
;

fho,{tRfg. fendo Jiberalimmo Com os proíeíloresdequaiquerarce.


rJ^aiUnpuãEfifcop.Horofc.devtyaé'
i; Algumas vezesfuccedco O quecftcsdiíVcraó. Ao Enl<
perador r rederico íe pronoiticou que morreria em rlormfa^
naó quiz entrar em áqaella Cidadei& morreo era Florcti çuela.
A El Rey Dom Pedro de Caftella , q morreria na Torre da Ef-
trellã; procurou faber fe havia higar defte nome , para naó ir a
elle; não fe achoil; na manhã em que foy morto ,fahindo do
Callello de Montiel, olhando para a torre da omenagcm.ko
hum letrey ro que dizia: EJiã es la Torre de la Eíirella. A Dom
Álvaro de Luna, que morreria em Càdafdfi tinha hum lugar
-,

aílim chamadoj nunca a elle quiz ir &: morreo em Cadafalfa


,

degollado. AElRcy DomFernandooCatholico, que mor-


reria em iV/<?<^r/j>rt/; fempre fugio de entrar em hum lugar deftc
nome no Bifpado de Ávila, pofto que alli tinha Freyrahuma
fíiha natural que amava muvto, & morreo em Madnj^akío. 6 ^
íf jy/fTf eííes pyonojtUffí pc», <foaS
tÂntcn.de Kera^no Ebtt.de Carlos y.fol.b.
' ^ -k 4 ^ '
\ a. t\-
^ J
vtrf 14 iVlas O comprimento deites pronoíticos vemos nos
61 Epifcop.Herofciisdevcra, Crfai/. quelhçs daõ creclito porque Deos caftiga por onde fe pecca»
,
(rop í.f.Ufjpunt.
.
^^ Echilo Poeta Sicihano, por felhcterpronofticado queo
mataria huma coufa que lhe cahiria febre a cabeça vivia fem-
,

prenocampoj&reílandofentado, huma Águia deyxoucahir


do alto huma tartaruga,que levava nas unhas.fobre ília cabeça,
que era ealva,& tinha defcuberra, tendo-a por pedra, para nel-
la quebrar a concha da preza, & a poder comer & a pancada
;

I.S,^:'"'S;p.:v4 5""*°"- ^3 ^aô admir» tanto (diflc humcuriofo) 64 a


Ifcbiio. defgraça do Poeta, quanto o acerto da Águia ; quem confide-
piw./io.f.j
e j
rar O fucceflb, entenderá q foy efpecialcalligojéc aílim aquel-
itêtxpofjo dosmncsjtna ^."^ * Ics Cafos não ílióexcmplodoacerto daartc, mas da pena de

quem lhe dà credito.


15 Ha também outras caufas para fahircm certos os pro«
noílicDS.Sepromettembens,animaóafolicitallos 6c a dili- ••

,*5 ^^awA.íe^; genciahemãy da boa ventura. 65 Sc promettem males, def-


animaó os fracos, com que facilmente le fugeytaó aos infortú-
nios. Tal vezporbomdifcurfo fe prediz o que, vem alucce-
der por razocns naturaesj & tal fc acerta acaíb , & OvVulgo ce-
lebra hum deites acertos, &:nãofc lembra de niuytoserros.
Pôde tambcm haver pado com o demónio , que diga o que jà
cít
part: r CAP. xxvm. «? /
rt^i feyro,fem íc íaber j on o qire clle derermina-faT^fer ho'qiie
]hc for po(íivd,& por ouTmsvj:is,d€qtmtaó os Doutores. Ó6 «^ M^^!^,t Ser^ '.iJip.j §.4.f^5.
16 Os pronofticos (c devem defprezíir , fem toddvia'nos spi/iofus Horojau de vem , o- fjf^ yre-
cypormos.ansinàosvoUintariamentej por naõ parecer tentar r'';!'-,^^'^ ^ ^.<r r.j /,,
aUeos.Ogránde António de Leyva, tendorcibepronoíhca- ^fc'«.6§ 8. '
•• ,

do que morreria em França , &" feria fepultado cm S. Diony '^''•""•'-•"'f «"Víi de^un'c.{kprfnc.iiítB
-

ílo, que elle imaginava feria o Mofteyro íbpulrura dos ReyS ^"rJ;,^/^.^;^^.,»^^?^.,^^^^

cm ParVs , entrou em França intrepidamente com exercito la •,

morreo,&: foy fepultado em S. Dionyfio; mas era hum a Ermi-


da dedicad,l a eite Santo. 6/ Oufovpena de ferheter nope- ^7 ^^^'htr.^hip.pontipf.iil.c.cAf .

ngoaquedavacreditoj dUpreniiodeodelprezar;porqmor- ^
reo com grande opinião cm ferviço de fua pátria. A prov iden-
cid de Deosdifpoemmuytas deitas coufas para algum fim; 68 éz ,^vme Carihc^:»^^^ .,-.

nada acerta.
ájiidiciaria per li j;;jJjojí
^^^
o£ ,
,aMV;fc'í^.iVA''''''^ "'^"^V=*'''"^ <-

^i ,17 Favorino Filofofo argumentava alílfllí 69 Õs jildf- í9 .JfpúefWj,>f>. ']


'
;

'^'""'^•s-''' f^^^-f-àfcí^h
'
ciarios,
' ou vos promettem felicidades, ou adverfidadcs fe fe-* :

licidadesj &
faltaó, fois miferavel efperando em vaÓ fe fuccpj j

^
dem padeceftes na dilação da efperanéa', 6c efta eft
,

perança vos tem kv^do a flor , §t ríiayor goílo ào fuccef-,


ib. Se promettem adv^rfidades,&rríentiraõ 5 vos fízeíles mi-
feravel, temendo fem caufa; fe faliàVaõ verdade, eíTe temop
vos fez miferavel antes dè ò ferdes-, ôc aílim nunca vos cònvent
r * iifardepronofticosferacihantcs. Engana6-fç.algunsqueotem
por conveniência para prevenirem os males., & pec^cãdoãpref-
faÓ os que naóviriaõj para tudo he o meiiior remédio o que in- .^ omiMo, na d,^n a, Du^ued^
culcou o judiXiolo GarcilaíTo, &: bem profeguio o Lupercia , Alva.
imitandoambos a Horácio. 70 Viverbem, 5í qualquer fuc- ^^^^^'^'^^K"'^'^^"* '^'"''^'''1°
;ceflonao prejudicara. Cnriítamente otirou da doutrina do Hcchapcdaçcslcvinicrealficlo,
*-i verdadeyro Meftre, 71 que manda vigiar fempre. Deve fer ítcrtado, & oprimífiò

,8 Poreftasrazoensemproveytonoílb a Ley Divina, &íífi;-F*;,I,í=,í,f;™l.;^^^


Conftituiçoens canónicas, & civis prohibem a Altrologia jii- Bmhúim-.u i.comrdc Lupems, f,wt.
diciaria. 72 E fó com o lume da razaó a prohibiaó as levs dos '"^ ^'=''
'^ * '^ "'^í^"- y ^''''^.

',
'
'•:

^ T' Al j-r. i^t---r'


Gentios prudentes. Em Alexandria lenaoadmittiaó lc!.isp;-o-Q,jc;,o !osc'-meràso,u.u)doca7crcii.
.
f
^ cji«n rotos lo? celcitciorb.";.
'

feflbres , fenaó cora certo tributo queera Unal de infâmia , & Homt.ode ^./.^
,
.

chmy^iyx^^Blacenomim. quc%nifícavaeflulticia, porque o f;^^,^^;::|^J;'^;,f'^'


pagavaò dodinheyro que nefcios Ihesdavaõ. 73 De Roma 71 m nh-tyi^Mir: i^.y,.
i^r'M9.iyí^.Wo..<-^,6-«/,v,,
forno por vezes deíterrados. 74 Tácito 75 Ihechamoufci-, 71
-ri .
r M- 1 /- 11 r t,-| de ladi-nry
-• t^Uii^it Cu; th:iet»i<U ar

i

encia inhel aos poderolos^ lai la aos que nel la ei perao pronia;- ,;.^^ o^,^ , -^^^^i g 5 /. ,
,
,
.
'^y.-. >. •

da fempre , & nunca deyxada em Rbnía. Muytos Authorcs y«í c«wu;f«.»f.:.;/ i6 ?i-véir 4.^^:0».
76 tnttaó de feus enganos, 6c nada acabi de dcfenginar aos S;;'^J,.í;;;,';f-'^""^ . ,„.,, . .

O
homens cegos pelo peccado. que os Aíí rol< 'gos podem pro-y;<í ,/>;<> yn tot th.cJe maUJa. è-Ma-'
nofticar, he, que haverá doenças, frios tempeltadeSí chuvas,/^-"'"-
5 ,.,,,, ^ .

fecuras, terremotos, eícerilidade, ou abundância de li utos jíSl^^;.^^^^,^ i.f i.), ^

femelhanteseffeyrosnaturaes, dcbavxo da difpoliçaó Divina; 74 r-jr-í.ntMiAiii.^i" is. , ,

& CS judiciários pelo conheciméto dos Aílros em que alguern/'^';'' ^íf;;;', J./. g,... hon.inur« ,

foy concebido, êc nafcido, lhe podem pronofticar boa ou rna pr^temibminfi kim fp(.f.íiitibr!sitaiiax,
, ,

j^uide, breve, ou larga vida, feliz fortuna cm fazenda, & hon- ^'^oàRomr.;& v«p.bií;,t{ir*x»i;tPí'8th:-
ras: que fera pacifico, ou litigiofo , & outras couf*s deí^a qua; '

^'^'^JJ;^ ;^i,.j/,7-, ,,„>/ uh]. il,. c.m,


^

V. »»«> " EVA, E AVE


lidade, mas tudoem géral,dizcndoxque fera pela mayor parre,
& nada em particular, ou com certeza porque osaílros con- ;

v.u\ov\
•í. tem (ò diipoiiçaó, &• inclinação no appetite fenfirivo , qiic hc
potencia corporal em orgáo corpofco; mas fempre fugcyto ao
77 r:a íatè Cf-tha^èn. de are. Dei p. i. livfc alvcdrio, que pode fruftraV aq uellas difpoíiçoens.
77
Noscic.ncnumovciu:eiciaciKarcj4uiK '9 ^^^1^ na Altronomia pemiicíida & l(juvavel cxce- 5

"."f ab aiitisi dem os homens ridiculamente. S. Paulo 78 reprehcndia os


^'78' °'' "*
^"".^^^^^ '^'^ obíervadores dos dias, mezes, annos. & tempos ^
^íTZiSliZ^o'^ ;

79 PianoinQdp.Eijf.^i.i^H.ii. hojc («Ota hum curiofo Efcritor) 79 chegão alguns a repa-


Viii .^ui de ch.Da /.:5.«7i
rar nas horas para veftir novo para comprar, vender porfè a , ,

8» Drw.119.9s.rf 8. caminno:ateparacontardmheyro,( mayorignorancia, felie


iJo\ijp-r,e Henrk. E^ireiara-vc inc^i Em. pira O rcccber, &
para cortat as unhas.) Tudo erros nafcidos
^"^l^^l^f^^i'/^:;./., ..,,. ^^ peccado, como acima 80 propuzemos.
8{ Vida piiiTjde (oriiit^ijs,o- àigs di~ 20 Ha outta ignorãcia em ufar dc fortes: hc fórado fio de
v;Vmf incute Canon per tot.cauf. lé.cT
. nOíTa hiftoria, cm quc fó fc oífcrece o fallar da Aílrologia po- :

i.i c.6.«v//?jy. -^ ^"^^ dem-íc ver os Authores que tratao delias. 81 Outro modo
de adiv inhar fe chama, pofgallo; 8 2 faó coufas indignas de Ic
cfcreverem. 83
.
' •

i
f < i i' f ii -

11 II ^ .

C A P I T V L O XXIX.
Çômo fe inventarão as letras fuás d'ijferenças\modQs y dâ
tjcrever Qf em cfuefe efcrevia -^fita utilidade
,

& como a malícia dos homens ufa mal delias.

i
^ íz Suidâs AuthorgraVe,qtteSeth, deqílcm
i

I Sulâas,veih.Seth, JI 3 tratamos ilocapitulo paíTado, filho de Adaó, in-


ventou as letras Hebraicas-, Jofefo refere 2 q feus defcenden-
1 iojeph.it anULc^d»^, tes vivendoem virtude.& inventando aíTim a Aftronomía,co-
mo outras exccllêtes coufaSjSt fdbendo por profecias de Adão
que haveria no mundo hum eftrágocm que tudo pereceria, le-
vaatàráo duas columnas, hua de ladrilho outra de pedra , çni ,

H>^ que efcrevèrão noticias do que inventarão, para que fe confcr-


vaflem aos vindouros; ^ que cm feu tempo( que foy pelos an-
nos quarenta do nafcimento de Chriíio ) fe dizia que a de-pe-
dra durava ainda em Sy ria. Porém Genebrardo, a quem feguc
Cedreno, 3 efpecifica que omefmoSeth, &feufilhoEnós
Ceneharlinchrve^rà^hu:
\ levântàráo aquellas columnasi tão antieas faó as letras.
Ctdrcn.inctmhift.
2
^ vi r i r •
-/r ^
Decnraoatehojeíecontmuaraolemmtermiílao.rhnio
• v - •
t»i- •

4 p/;»./.7.f.sí« 4 que cm Babylonia fe acharão huns ladrilhos com le-


refere,
tras,que fcgundo o tempo que aponta, IcVavaó de antiguida-
de a Nino mais de fctecõtos annos que vinhaa fer mais detre- ;

zentos antes do diluvio. Jorge Veneto efcreve, 5 que Aglaes,


( renciiií ím.x.frohie un.il grande Magico dntcs do diluvio, deyxou efcritas cm pcdra^-,
&: em pranchas de metal documentos daqucUa arte diabóli-
ca. Finalmente he certo, que o Santo Henoc ^oqualnoanno
e gm.5.14
domundo 087 antes do diluvio 660. foy paflado ao Puraifo
terreal 6 jdeyxuueícrito aquelk livro, d;; que liiliaremos no
capitulo leguinte. 3 Nve
/
PARTE I, CAP. XXIX. itt
í^;?^Noè, & léus filhos paílaraó as letras depois dodiiuvio
ti cite mundo reformado.
Affirma-fe que o mefmoNoè poi
muitas coufas porcícrito, efpecialmente em livros fituaes. 7 » n * j ^ r ú
Acnao-leosvaticmiosqelcreveoa bibyllaChaldeafuá nora ; Pincdana Mor.anh.ãcci p.iJ.i.c.x^.^^^
8 Beroíb 9 diz,quelogohum anno depois dodiiuvio feco^ ,...u:1/í

mecouemCaldeaacfcreverhiftoriado cí fuccedia. Pelos an^ ^ Diremos fup.ci^. 6: .^vh: -: ti.

nos cento òcctncoentaveyo Fubal, filho de Japhetjôr neto de


Noè, povoar Hefpanha &: lhe deu leys efcritas , de qite j:\ faU
,

lanTos. 10 O
Santo Job, que vi veo pelos annosfetecentos &
to Supc.ii.n.yX^cti.n.7.
quarenta, deixou efcritos feus trabalhos , como também no fc"
guinte capitulo diremos èc na fahida do Egypto, que foy pe-
;

los annos de oitocentos oitenta & oito , deu o Senhor Ley ef-
crita aos Hebreos. ií U E.^od.^^ cumfiqj.
4 CommenosnoticiasattribuiraóEfcritores antigos 12 r.Tr.taoUi^íaPinui.j.c.^é.
a invenção das letras, hunsaõsPhenices, outros aos AíTyrios, TacuannM.i.n poji princ.

/••T>i J.
Sc Bibylonios & akuns diíTerâo que Cadmo inventara deza cy^-Vvií.
-,

T- O- Herodttl.^.
yí/rx.Gí»./- z.c.jo.

feiSj ralamcdcs quatro na guerra Iroyana; outras quatro Si- DiodotSicui.i.6.ç.it.


monides Medico ic outros lhes afllnáraó outras oric^ens. Os cJj^oUo^i Ty^n.ín yiu.^poâjn.i 4.
-,

quemenoserràraó,tbvioosqfizeraóAutharesd=lhsaosEgy-gf//;5X^^^^^
pcios,aprendendo.a8 de Mercúrio Trimegiftro, chamado af- Pktdajupra.
UmaMovfes.comoentendeEupolemo, AurhorGreso. 12 PMcrUndSyhaiih.yc.x.

5 No prmcipio 1 orao letras hicrogUficos , que íignifica^ 5 £«p,/f^. Jpud/,am. «. pr./o?a 1 «^

vão toda huma palavra , & alguns todo hum conceito & pela iraduc^ao, &" emento a o\>idi Muam,
,

mayor parte eraó figuras de animaes, dos quaes fez hum livro
Oro Apollo, Efcfitor Grega, que Bernardmo Trebacio tradu-
zio em Latim & Pedro Mexia na Sylva de varia liçaó aponta^
;

br declara alguns. 14 Defte modo eftavaó efcritas as colúnasi i4MtxiavdSj/íval.t.c ^.

deSeth.&Enós, 15 de que acima tratamos. Ainda muito de- y^ z^rV^'^^^fl'^-tii^oi^f^i^


.

pOlSdOtlUUVlOOSUlaraoOS bgypClOS. lò ^i^t,,^ toTaeU.Jupra.

6 Os antigos Romanos feíerviaó de pregos, dií cravos


de metal que lhes fervíaó de letras como entre nòs as figuras
, ,

de algarifmo. para fignificarcm o numero dos ánnos> 1 7 pre- ^^ tivMiA.i. 7. «« princ,


gando cada anno hum ná porta do terrípío dU edifício de que y
^

queriaóquefefoubeííe a antiguidade- coftumequetomàraó -


dos Vulfinos. 18 E pôde fer que a ferVire os cravos de letras 18 ^ie%. ah^Ux. Gniai. í.i.c, 6.aã
'"'^
alludiflem a í faias quando em nome de Chri(íoâi\^Q Emnii' :

nhasmiosteefcretji; lí) & Jeremias, dizendo que o peccado 19 //«. 49.16. inmanibus mcj$ de.
fcnpfite.
deíudàeftavaefcritonafuamaócomfefro. 20 , r, .

7 Os caraòtsres de letras começarão em mertor numefo ptum dt ftyio férreo munguc adimj -
:

a ncceílidadeos foyacrecentando, & ficàraó differentes en- tiiio.í7'!^«f,.'Jfi?»'nanH,^er]^)iíc<íe,/y.„,


"'"'""
tre varias naçnens os Ethiopestinhaófósfete^ 6c cada hunla^'"'^^
:

tinhi quatro fignificados, 21 com que efcufavaó mais j os ^x^-f-.ahAi^^x


ftfpfa
Hebreos, Syrivos, 8f Chaldeos ti nhaô vinte & duas; 22 os a* D./i.rro». «í^jj. «d^kí^rg.
,-JLatinos ti veraó fó quinze , depois chegarão a vinte & três to- ,

marão dosGregos mais, O, Yj o EmperadorClaudio ãcreccn-


-tou mais trcs letras, mas ufáraó-fc em fua vida fomente. 25 ^t^-Cud
. 8 Também a figura em varias partes foy, & hedifferen- *'

te , í<. ainda entre huma mcfma nação fe mudou por alguma


L mitdan-
V
,zt EVA, E AVE
mudança de domínio, ou de fucceflbs, como entre os Hebreos
li D HiersH.fupra: moftra S.Jeronymo; 24 &'Plmio,&: Taciro dizem, 25 que
Bfiiarmm. tninfi. hng_ Hebrdc. . ^ j^fr^ Grc^a aptiea CFa quali da melma lórma que a Latina •.

detraiaifiiuraUiffíVtiftes. depois íe divcrlihcou tanto. LmHelpanna, & no mais que


15 p/i»./.7.í.j8. OS Romanos dominarão, fcmtroduzio a Latina, & depois a
T'""í"P'r:
Gótica, pelo domínio dos Godos ; a qual de duzentos annos a
cíl:^ parte fe t oy deixando, &z íe tornou à Latina , de que em to-

da Europa ufaó hoje os doutos. Ovulgo em muitas Provín-


cias ufa de quafi tanta diverlidade de letras, quantas faó as'Iin-

guas. Em Portugal ainda os Efcrivaés públicos ufaó nos pro-


ceíTos da letra que chamaó fazenda , que fe devera extinguir
por barbara. Em Caftellana Livraria do Real Convento do
Efcorial v i , Ôc venerei himi Tomo das obras de Santo Agofti-
nho, que andaó im preíías , efcrito originalmente de fua maó j
letra Latina grofla, (que chamamos/enví/) redonda, & muito
bem forjnada.
9 Na fignificâçaõ dos carafteres também ha diverfidades^
muitas naçoens naó efcrevem as palavras com muitas letras,
como fazemos em Europa, mascada huma das fuás ligniíica
huma palavra , & talvez hum conceito, como hieroghfico.
Entre os Hebreos a voz , & nome de cada letra , tem íignífi^
caçaó de alguma coufa. A primeira que chamaó yí/^/?/j , íigai-
fica difciplina a fegunda Beth , fe interpreta cafa outra que hs
: :

Ghimel-, fignifica , abundância outra que he Dalethy tem figni-


:

'WD.fíitroti.tm.yepi^. i/iíp/jí.flá ficaça6deí^^0í7j',ou //x'r<?j;& aíllmas mais. 26 OsRomanos


T»ui. de ir.urfut ^ii^haken.
tinhaó ccrtos fínaes, principalmente para os Notários, pcrquc
Mnia/up.L^.c.'. brevemente comprehendiao o ientido de muitas letras 27 -,

x7 t^ex.ab^ex.c.io.adfnd.i( Maflallaefcrcvcohum lívro fobre cada húa." ^«í ^


.10 A mefma variedade ha no modo de efcrever.Os Ethio^
pes naó faziaõâs regras de lado a lado, mas de fima para baixo;
o que os Gregos chamaó Z^/?r3. Os Egypciosascomeçavaó
do lado direito para o efquerdo , fendo o principio da fua re-
gra nâ parte aonde a noíTa faz o fim 6c defta maneira liaó,
,

yí ymsAUtJkfrÀ, 28 o que ainda hoje fazem os Arábigos & outros j &• alliní
,

vieícrever alguns Mouros de Berbéria. Hum Francez Ec-


clefiaftico grave &: doutiíTimo, que lia , &: entendia Hebreo,'
,
,

Syriaco , &: outras línguas pouco verfadas entre nòs &" rinha ,

nellas muitos livros, me moftrou que os Syriacos fazem omef-


mo,6: quandolem hum livro, começaõ do fim delle, èc vaó
folheando ao revezatè o principio. Diziamc, que dizíaóelles,
&• com alguma razaó, que os olhos naturalmente põem a viíla
primeiro na parte do papel que nos fica à máo direita; pelo
. queera mais natural começar a ler dallí.
-o 1 1 Dizem que primeiro feefcreveoem folhas de palma;
49 &: delias ficou chamar-fe /"ô/Zm o em qcfcrevemos. Depois,
xf elt*J.\\.e.tt.
do interior da cortiça de algumas arvores que fácil mete a dcf-
pedcro, fctiravaõhumasteasfutis, cm que fe efcre via por- ;

que eftas cm Latim fe chamão líber ^ ácow cftc nome aos livros.
30 JaiA-
,

PARTE I. CÂP. XXir. "^lij .

30 TaiJiWrniecfcrevcoeaipannosdc linho, cócertados com ^q cakpn.verís, Hhéí


^
6c em tudo fe efcrevia, naó com pennas j
cerras confeiçrens -,

mas com canas cortadas para ifto. Mais adiante feefcríveo em .- ,


raboas enceradas 5 muito lizas, nas quaesfeformavaó as letras


com pontas muito delgada$,chamadas,f/Í)'/<?í,de que faz men-
t^aójob; 31 (Sc dequeefcrcviaem laminas de chumbo) donde ?t roí..i<».i',.Utctarcntutín libro,

k derivou dl zerfedo que efcreve elegante que Um bom ejiylo.


,
^y^° ^«"=°' ^ P"'"^'' ^^"""''•

.Andandootempo, r<:tiràramfubtilmcntecomhúaagulha as
fevaras de hum junco chamado/^íí/íyyí^jqílcfe cria enlEgyptOy
junto do Niio,* XI & em Syria junto do Euphrates > & com „ 3^ ^''í' o^,}d Meum u^.
^ .
^,
' r r c II
' Perquc papyri feri ítutcn.flua flumjna
larinna , 6c outras couías ie tormava delles hum género de pa-. níi,.
1 1 1

pclj iàefteíeuFava quando Numa Pompilio reynavaemilo-


maj, como le medrou de livros qiie fe acharam entre feus oíTos
na liia fepultura. Onomedefte jitnco papyro ficou cm Larinl
ao papel; que ultimamente fe inventou depannodelinhopi-
zado dentro da agua, atè fe fazer polme , que tomado em hurri
vafo como joeira.da grandeza qile querem a folha,alli fe eílen-;
de por fi natural , & admiravelmente, na groílura neceflaria,&;
efprimido em imprenfa 1 6c depois enxuto ao ar , fica fendo pa-^
pel nas partes da Afia, onde naó ha linho , o imitaó com algo-
:

dão. Também o em que fe efcreve, fe chama chí!rta,ác hCia Ci-


dade allira chamada perto de Tyro , donde viria alguma boá


materiadas acima ditas. '

11 Coftumava-fe efcrevèr fó de hfia parfe do papel , fcítí


efnrever na pagina das coílas delle mas paliando da primeira
,

pagina à outra folha-, como hoje fazem muitos em França ef*


crevcndo cartas mi (li vasj & he conveniente , porque muitas '.•^ ití^sUu- ^iS ç?
vezes a tinta que repaífa o papel, efcurece as letras. Prova-fc , , a .
;'
VVr-^^j
eftecoftumedehumtextodeUlpiano, 33 noqualpeláséíi^t-/
crvipulofas formalidades que fe obfervavaõ nos teftamentos, fe
perguntou fe feria valido o que fe efcreveíTe em folha cfcrita
«de ambas as partes , que iífo fignifica a palavra Opifiogrâphuí
deque trata, 34 como Syngrapha,ú^2i^t\ efcrito fò de htima ,^ caltp.-vcrb9,ópi(iografkHí.
parte, 3^ fazia du vida fer o còftuiíie em contrario 3 mas o Ju- t^/í'^»^^/'-*'^ MO /«pr/^f.
riíconíultoreípondeo que valia. ^^; .
^^^^Í^í&:ii:ííiè4|?|fc;r.
,

13 Asefcrituras publicas fefazfàSáhtigjamehte em paftas


clechumbo delgadas depois em pergaminho di:^em que to-
3 ;

mba o nome de Pcrgamo Cidade de Afia, aonde fe inventou


^réynando nellaEumenes; 36 porém ve-fe fer invenção alguns ^6 làcm Híanttmtl
annos maisantiga de qite quarKk) Eíeazar enviou a Ptole-
•,

meo a EícrituraSagrada có os Setenta& dousínterpretes,(po-


fto que era quafi no mefmo tempo de Eumenes)hia jàefcrita
cm pergaminhos com letras douradas ,iegúdo conta Jofephoj
37 ainc.:i hoje em todas as partes de Europa os titulos de cou-
i7UphM^nt;.^.l.ii ct.^^fii^i.
ias grandes feefcrevem em pergaminhos. Nos principicsdo
RcynodePortugal fedavaóosforaes,& privilégios às Vilias,
èz Cidades em hiima tira feita delles , taõ comprida , que
cm húa, ou duas regras coubcíTc tudo o que fe queria efcrevèr;
^^
114 EVA, E AVE"
\ ôc fc guardava enrolada j chamava fe , efcreverâ em bndeira-,
depois íc prohibio.
j8 CictT.^.Açiàt^ 14 Cícero , &Plinio 38 referem que houyc hum ho-
p/ifl./.7.f.ii.
fnem chamado Eftrabon, de taó cxcellence maó no efcrever,&'
detaóagtidavífta,queefcrevcoa Ilíada de Homero (que hc
hum largo livro ) em pergaminho que coube no vaó de huma
noz : cayaafédiftofobre feus Authores. Dizem queeíleho-
mem via a diftancia de cento &: trinta & cinco mil paflbs j ( &
porauchoridade de Marco Varro) que na guerra Púnica, do
./^^ . •'
.
*^ ^ Lilibeo promontório de Sicília via a Armada que íahia do Por-

"""^
/ -
^^,,
' f y(^ [C^tJ r lo de Cartagena de Levante, &: contava o numero das nàos.

15 Divina, &
utiliíTi ma foy a invenção das letra jj por-

que fendo fós vinte ^ três , fe fazem com ellas tam largos dif-
curfos, tantos livros, 6r feexplicaó todos os penfamentos fócò
variar , Sc mifturar humas mefma? dífferentemente nelias fe :

falia com íilencio : fazem os aufentesprefentes triunfando :

dos tempos , confervaó os exemplos paÃfados, & eternizam as


acçoés illuftres , as quaes fem efle beneficio eftariaó fcpultadas
com feus Authores. Os Athenienfes guardarão com grande cui-
dado muito mais de mil annos a nào dos Argonautas para me-
moria daquella primeira acçaó nautica & com tudo a confu * :

mírão as idades , pofto q a hiáo reformando fó as letras a pu- j

derão livrar do efquecimento. Atè aos furdos fazem converfa-


veis. Vemos que com muitos fe falia pela mâo, formando com
os dedos as letras j6c de noite às efcuras percebem alguns o que
^
fe lhes efcreve nas palmas das mãos ou nas codas , ,mais hf &
íjiâf/wi/A/tx/iiíj/vâ^vír.
- Af. poderem efcrever os cegos de nafcimento.Erafmo 39 conta,
;^
|.j.f.».w/>i). que alguns aprenderão, lavrando- fc em húataboa de marfim,
** •
oumetal, as letras do A,B,C,&trazendofe-lhesà mão muitas
vezes com hum ponteiro mu)ito delgado , por aquellas cava»
duras, chegarão com attençâo a pò r na memoria aquella ima-
gem das letras, & a mão j^çoítumada as fazia com alguns er-
ros,^ emendando-fe, vieráo finalmente aefcrevcrcom acerto-
16 Mas também das letras ufou mal â malícia. Em quan-
m KeSecji.i: t!is cattas fe ufa delias para màos fins? Acima diffemos , 40
quejà antes do diluvio fefervio delias o Magico Aglaes para
perpetuar aquclla arte diabólica > atè aos banquetes que cha- ,

l 41 Ahétxj)t. ) ^.tjf niavão Amatorios, (de que em outra parte diremos 4 1 ) fe cfté-
deo o mal. O mayorfe executa nos livros, de que tratamos n*
feguintc capitulo, por nara fazer maij largo o prcfencc

^ ^
^

CA-
PARTE í; C AP. XJtX. ix5
^^^

C A P I T V L O XXX.
Comofg intrúdu^fráõ os livrvs quaeífordõ os frimti^
j

ros ; (5* ^í friméiras ,


gj* mayores livrarias ; cozÃd
/tf inventou d lmfrej[aQ j utilidades de tttdbi como a
ffialtcia às ferver te é Mofira-fe nos livros hifioricósi

i ^r\ A muita efcritlira j 4^te na6 cabia em tiiima fó folha>


1 .# feaiuntàiáô militas, atè fazerem Volume j que de
qualquer mate tii que foliem as folhas, fc chamou ttvrb , como
icfpondcõÚlpíanoi i tomando largamente o tiome dainte- i«i.//iror«w si.jf tfekgui $: i.

rior cortiça das arvores ; que em Latim fe chama ífkr i i eni * '^"^'PZ^^^iJ-^'!', , . ^ ,

qucalgum tempo le cpítumou éicrevet , como ncá dito. j poiíprine.

2 Ò
primeiro liVfo 4 die que temos noticia efcreVéo j Stctp.precedcmen.n.
Henod Santo, quinto neto de Adani, feifcentos & íeteiltá án- síi Jflftínaiíadííitli íÍn«^ iiium
oos antes do diluvio; do qual citahuma profecia j referindo feptimtimabA<isimo,n^tcnonpoflu-
íuas palavras oApoíííoio S. Judas 'thaddeo rta fua Etíiítola Ga- ^"** -, , 1 . ^t >».- ^ »

nonicã. 5 Uizem 1 ertuUianoj&- o Venerarei Jieda, 6 (\ut ha- Tertui.de Uoíatr. cr pdidt. &- ãc cuit.
Vcndo*oNoé confervado nodiluvioió eonfiimiráô os Judeos; >«/• _ .

Órigenes 7 o allega com duVidá porqUe no feu tempo fc j ^iftdèhlLluhlf:


.

haviarí^formadocommiftiirasapocrifáSi 8 Bedatúd.Éfi(l4ui.Thad.

\ •DépoisdodiÍuriofenaotírimeiroodahiííonaqiícBe.„7 0r^.«»f»^.f^^^^^^^^
io\o 9 diz j que fe começou a elerever em Clialdea logo pai- ç^^trUb-.íiumtT.
lado hum anno. y/"%^n ,f^^\^f ^l'^^
^'^"^^
^
^-c^ .^.
1/
^
,

4.
Masoprimeiro4úetèihosdefé,foy.ode|ob,4ueiÍ>^D|fi/wo^^^^^
gunsdiíferaô 10 qiic Moyfés elcrevèra no Egypto i paráex- 10 B^fert Mame d.c.is.j.j **
'^

cmplode paciência aos Hcbreos affligidoS &c qUe {íará os aU--**'-*'"''*"-'"''*^^^^^
.

Viar,o cópuzeraerti colloquios de vatias pcflbás,&grandô,par-


tc em verfo em três iinguas, Hebrea, Arábiga» éc Syriaca,
, eoí:
moSJeròriymo iiaizqueo achoUiporèmdSantoDoUtof o ^^ j,.f^^./„jp„/^.aior,4áa
attribue ao mcfmo Job; Be Origenes diz.tjue Moyíés naó fez i^^y
mais que illuítrallo eoril tráducf oens j 6c outías coufas j viVeo
Job pelos ánnoà fetefccntoS & Quarenta depois cio diluvio:
.5 Scguio-feahiíiofiadoGenefis» êc o lilaisquefeco^tiv
húa atè o capitulo trigeíimoquarto do Déiiteronomio, atè oh-
4c efôrcveo Moyfés, 12 &
dalliem diante profcguífaójo- uMjlinitiiyi
(iiè, 6c outroiElçritpres Santos. a,..c ;:•.

, 6 Depois fe efcrcveo tanto , qíie ío CratcnlcJ efêfévéoí


cento& trinta volumes Sérvio Sulpieio Jurifííbnfulto cento
:

& oitenta Theofrafto trezentos ÇhrifippofetecehfÒs; Ari-*


: :

ftarcho fezGommentarios fobte miilivroí.' Sahmaõ (fégun-


do Gcnebrardo } 1 3 compoz oito mil; parece que poí livfos i j iíiiithiarà.iiiChan.:,ú

entende o que refere a Efcritura (agrada ; 14 que asfua5|ia- '^ j'^£X-4}»»

rabolas foraó três mil, 6c os verfos cinco fiíií. Mas aquelks vo-
lumes^ 6c livros naõeraôda^randeza dos que hojéàliim cha-
^ . Liíf maraos;
a

\ iitf * EVA, E AVE


maoios} craó tratados como os noflbs capitulo^i aíTimove^
mos nos primeiros livros de Plataó nas obras de Origenes, de
,

S. Joaó Chryfoílomo , &de outros Padres antigos j outraó li-


vros pequenos de tres,ou quatro capitulosjcoimo o de Ruth,ôf
outros na fantaBibliajCuido que nenhum dos antigos efcn^cd
tanto, como Santo Agoftinho, Santo Thomàs, o Abuleuíe,
Toftado, o Padre Soares , Bartolo , & outros modernos.
;, D.ipdor.Etymiu. 7 Oprinieiroque ajuntou livraria, foy PifiítratoTyran-
^^ii.GtUm^.^ttic u. yoLteTTan.$.an. HO dc Afhenas. I ^ Depois a ajuntou mais numerofa.Sc celebre
. ,
Ariíloteles, j6 Amayor foy a de PtoIemeoPhiladelfoRey
^"^"^f
illjcuihm'.y,^l.'t. do Egyptd em Alexandria. Jofefo 17 diz j que tinha cila
17 jofepb.ikant:q.i ii.f.i.' duzcntos iíiíI volumcs, & q Dcmetrio Phalerio Teu prefeito
dizia a El-Rey > que brevemente teria quinhentos rhil; ou-
i8^.v/.G./.^^ú«.A/m/i-b.cr
^'"Síifiírmaô 18 que tinha fcteCentos mil Pozneliaafagra-
Jrfwffdrf/frírfoí^WpP.ii/fxw»4S>ivá/.j.daEfcritura,quea fua petição lhe enviou EleazrarSiirrimo Sa-
'^•J* ,,cerdote,com os fetenta&dous Interpretes, que feparadosfra-
•'' duzíraõamayorpartecrn Grego, unifoi-mesmilagrofamente.
lí D.eyiu^.de Çív,. V(íL
I á. c.^i.tr. 19 Para alcançar ^quelle favor tinha El-Rey dado libevdade a
4j. Qrnimuhis Epijcofus G^iar^a , Mur cento & Vinte mil Hebreos,qUepor Vários cafos haViaô ido ca*

Mi!uL Mitoflf. Ht Qhrin. idrM X. t. X. ti.vos a fèliRey nojSc kz ao Summo Sacefdote grandes prefen-
S'i. .tes,&: aos Interpretes efplelldidottâtamentOjComo diz Jofefoi
Foraó prefeitos daquella livraria o Poeta GaliniachoCyrw
10 Textorintpc.f.x.titàt9oeu ngQ, jQ dcquém faz mençaó Ovidioi 2 1. chámandolhejB/?r«
N "tibi^BarciadcnocuitV&tí. ^^^^^ , por fer filho dc
Barto ; Sc o douto ,& eloquente Deme*
11 fofephfupra. trio Phalcrio ,22a quem os AthenienfeS íevant àraó trezentas
^''^"'^'^^' '•'''•
^''''''^"'-"&feírentaeftatuàs, >3 £c derribando-as depois díffeelle Jf
mrí :

efiatHasderriba.ràô ^n2ãs Hão as virtudes i porque mâstinharnle'-


14 UeTt.Jévit.phiUfihLs.inDe^it.vàntadó. 24 OsSòldadosdeJulioCeí;irqueimàraõ aqucllali-
P^limcd. Atvirtutcnjiiiinonevstterunt,
vrariâ,quandonoalGance de Ponipeopelejoucom agente de""
z<, Paui.oro/.iQ.
'
outro Ptolémco irmão de Cleópatra. 25 hm coiíipecencia
Me^!<7fma ajuntou Étinieries outra em Pefgamo ^ que Plutarcho 26 refe-
^6 Fiutarch.inMarcAntcn.
^^ ^^^ duzcntos mií volumes. Em Roma foy Afinio Pollio o
..^.., >... primeifò q teve liVíáriajqitedbdicou aos liv^ros dos Vates, &í
"^
' '
' *'
poz neliàa Imagem de Marco Varram, fendo ainda vivo, por
17 tyilex.abu/íltx.i.i.c.io.admed.illiQfQZct honra. 2/ A primeii'a Chriíláa ajuntou Pamphi-
lo Martyr, cuja vida efcreveo Eufebio > di continha trinta itiíf
11 J-SdpAtubMothcc^, Voluríles. íS Elias foraó as livrarias niaisinfigiies entre õu-
*

iv/fxi/<i.c. 5. trás dequetritaó vários Authores. 29


ít.HcíioTPiM.djaLx.(,i,i,np^ ...^
8 X)as que hoje exiftem he a mais celebre ia Vaticana cnt
Roma. NaCidade de Oxfort,em Latim Oxoriia,\Jmverfiáãá6
afamajda:delnglaterra,quarivintelegoasde Londres, fe vè
Qxonienfe,occupando campo de hum grande Convauto re-r ,

partidaem galarias com divifaó das fciencias , &: artes taò fiu-
•,

merofajôra volumes, tam bem diípoítana ordem , cam curiofãí


.... nos retratos dos homens fcientes-, nas-piiituras dos inílrumeií-
' ^''
tos das.fciencias,&: artes, que fem duvida hehuma daí; grandes
coulas do mundo. Duas vezes fúy dc propofito a velia , & erti
lUUitâí niaju> Attiufd iiovadades qu<;Admiràr. Tem gx «ÍT; renda
;'• .v::^ -)
"
com
'

PAR TE t C AP: XXX. Hf


ctftn <í reínpré vay augmentando de todcs os livros j & aifidà
fe

pequenos papcis,quelevaõ imprimindo em toda Fljfòpajnaó


nK parece que ha algum que àllife haÕ acliiG eb rodas aS lín-
guas-, nás noflas hilVorias', poetas,8c,õúrro's lívrc^Pórruguezesi
$c atè nas minhas com pofiçoeris indignas de tanta hotif a j o eX-
pefimenrey.
9 Chamàrâó-fe as HvhiriaS fíibliothecâs At bibhis ou bíblos^
que llgriifica livro porque bihbí era hurii junco oii arvore de
,
; .

l^gypto do q^al ou de cuja cortiça fe fai;ia hum dos géneros


, ,

de papel em q íe efcrevia, no modo qiie no capitulo preceden-


tjediflenios;" 30 &porqueeíÍeera a mais fífio dosquèentàm ioCup.precedn ú.

íeufavaó, era dedicado para os livroá fagrados, ^\ &: dãhi j^^íiff.^Z^^i^^^^^


veyochamarmos6/(í?///^, ao Volume dá Eícriturá finfa. hhaiica.

Muitodevemosá^cuidadodoá antigois cjile hoS coh- iiixJíUx:djí:eiÀ:c. ió.^p^fTine.


.10
,

Ibrvàram tantos livros rhanufcriptos cdfii imnieiíro trá.Balho.

Noannodé Chrifiemú & ciiiatrocentos &: (Quarenta & doiis.fe


yioeni Europa a ímpfcflaó in vérito engeh Hoío cjiie facilita á
;

coirimunicaçaó das (ciências , &


immortcilizaos efbiidos. Di-
zem que primeiro a hoii ve ria China , &c qúe nos chegou pelos

Taitaros, écMofcovitas. Ocertohe, aúe odevemosahimi ',,„.: i


.:..-
AlemaodexViaguncia;32 hunsefcrevem que le chamava /o^^; Pildan*MjAar%.E:cú.i.ci^. íj.M-
Fâíifió: oúítosjodõ Vit&m'jergiOiO'ã G n(emvirg!S,mcrccQdor de Fíofcuíhyt.fi.i.^,
viver pelas letraS á que deu vida. Depoisfdu vidá-fe ehi que art"
Bo) Cónrado, taiTlbem Alemaó levou efta invenção de AÍc-
,

manha a Itália j &" ò Sumnio Poritifice Hicolao V. reftaurá-


dor das letras quaíl ç3erdidas lhe deu o primeiro ém pi'egõ di*
>

gniílirnoj &: íelicifllmoem Roma, no livro da Cidade de


Deos, de S.Agoftinhoj&: logo depois feirhprimíraõ as eXceí- ,. .

lentes Inftituiçoens de La£tanGÍoFirmiano. 33 i\ cnvjn^aphaeíyoiatenà^',


M^*'*^yi^^'^'^''^-^'í-i'''^'
i« Para exemplo dos ImpreíTores, refiro, que indoeu em
1 1 .

Hollánda ver a faitiofa Oíficiria Elzeveriana ; eritfe os livi-os


Sue era varias lingdas fe eítávaó impriní indo , era hú riaCaíle-
lana, enviado de Madrid 6f ccHTieÇarJdo éii a ler hurna folha
-,

dellc,meimpediocoí-tczménte £/^mr , nieíiré, fenhordá &


Officina-, femmcvaleraauthoridade de Embaixador qUc éú
era do Senhor Rey Dom Joaó í V. aòs Eftados geraeS daqúel-
- las Províncias unidasi dizendo, que tinha por crime deixar lèr
coufa alguma do que imprimia, antesdeo Authdro publicar,
porque furtando-fe o bom ^enfamento , ou novidade que elle
achara, ficava velho, & fem louvor qUandpfáhia o livfo.Eni'
louvor da impreflaó, & credito doâ ImpreíTores há muitos ejf-
critoS}daó-lhe dignidade de Arte Liberal; Sc por variajf í-a-
fioens que os favorecem,ie lhes deve hohra, premiojSf eftima-
çàó ; naõ he efte lugar á^ nos alargarmos niílb quanto pu- ^'
'

déramos.
12 Para grande utilidade moftrou Deos a irtvéhçaódosí
livros.Porelles herdamos, &• participamos dos Sábios antigos •

as flore» dáSPoefu u memorias da^hiíloria , os exemplos da


,

politica
.

\ íi8 EVA, E AVE


politica o conhecimento da Filofofia , os remédios da Medi-
,

cina, as regrasda Jurifprudencia, as noticias da Mathcmatica»


ínftrucçoens da Rhetorica, documentos para todas âs artèS^
íbbre tudo a Ley divina, có a explicação, 6c doutrina dos Cô«
ciUos, Sz dos Santos Padres. Se naó houvera livros ^ o qUe a-
quelles primeiros Varoens alcançarão por revelaçoensjeftudoj
Sc experiência, eftivera fepultadocomellcsj pouco ficaria na
tradição , que fe corromperia coiti o tempo 6c feria rieceíTario,

ir aprendendo fenipre de novo, como ít ò mundo começafle

novamente.
13 Mas também com alguns livros fe òffendem os bons
}4 5rwífp.4^:»fh«c. coftumes. QiieexcellenteeftyloeftragouPctronio! fez-fcâr-
^^poiybi.i. :•
bitfo das acçoés de hum Emperadorlafcivo: com engenho di-i
^u!^"!^Tp^:^!'^^^'
^ "^^ gno de ScipiaÓ efcreveo coufas dignas de Nero. NaÓ chegue.;
nra[m:m{rxf.:t.tnSucton^ Hios com maíscfcandalo a cxempliíicar cm modefnos. Quail-
!,(>

vit phíii.^.
i)mi»,us phuier.tâ s^e^em ptoi
ama P lut. m Grat. ADophtheii.CT L
f. 5.
trt.de r i
.^
toslivrosociofos,quâtos infamatorios^ quantos heréticos tent
A- i,rv
fenleado oS tnayorcs males ? torao neceílarios expurgatoriõs j

í7 Pdyb.hijij. 16. Neceílariumcft 6c< fazercatalogodos prohibidos j porq ferido os livros iníiru-
^'"'^"' "'^"' '"'
'qlído v^íciàt ' mentos de enfinar virtudes^fe tiraó delles muitos Vicios. Jà Se-
Taai.^n.mU j. Píicipuú múnusamia- ueça diííc , 34 quc Haó impofta ter muitos livroáj masbofisj
Jiuin rcot ns virtutes (iica tni utque
,
g^ qucCairtcíanos que naó faó reprovados) feí deve regulai i
infâmia mctusíic. liçam porquehumácertahc mais utili poíto quc a Variada»
}

Corn c^^rip d: verit /ciíntiitr. ]t\t&i

"»i"rp:!'j;ri;X-í-i vem Com kftima privados dâí


'* Os livros hlftoricos fò
terumcDhí!i:a,àâioiics,txitus,Rcgumci paraquefedevèraóefcreVer. Introduzioi'
rçiáyores Utilidades
&itiagnorúvroruniaausicumteaipo- pataquc os exemplos do paíTádo
fçjihiftoí ia, principalmente
riiiTi ac locorum ordlnc & dcícnpcio-
,
ir»^^ ^
"T- --/r
re.tamquamvivdquxjampKauralame regulaíicm ogovcrno commum notuturo, mcitaíTem os par-
:

ocuio? cxponit.
ticulares à Virtude, ^ ^ & amoeftaíTem aos poderofos áo que

^»r„fSí:teitt„, ninguettioufaadverfllos. .

u 36^ ^
contra fada fim vituperando , non
t)ua- 15 comeguir , enímàrao os grandes raelrres, 37
"afa íc
dodcnt quidem, ícd quod cfficaoínmum
(jue a nâríaÇaó ha de conter as caufas , principio proereíTo , Sc
clt,excmplisproporin?,qux-rca:è,fecar
vè íiatK , Tduti ia (pecuiooíicndiint,
? r ^ rt ^ j^o, Jr-tJi
^
fim ^os fucceflos , com a ordcni , & defcnpçaó dos lugares ,
, o
,

&
DiodoT.sicui. ^ntiq. L 1 1. Hiítorix (>f i- tetopos t & juntamente os confelhos , Sc acçoens das pefloas (|
X^deraíS^TaXr^S™ nelles itttervieraô, com o louvor, ou vitupério que merecerão,
cipio Caufas inverrigâre. pata qUe domo cfpelho, ou como hCia viva pi ntura das coufas,*
„\^,^''''"^y'''"-{^^|*^^'^^^<=^'^«'^''- moftre claramente as que fedevaó.feguir, ou evitar:& comd
V
gSum^^^^defcH^tioL^^uVí'^^^^^^ hunla trombetadojuizo ,refufcitcda fepultura os^mortos. 3^8
quojam oHmmortuii vcimi ícpiikhrò coni gloria, OU com infâmia: & lliibaóos^queobra6,quefínaU
tíientefehaôdepornotheatro dos feculos feus ptoccdimen.
^'^t^í^7:^^:Z^'ty^
Utriquccernunt hoíum lirens fuaih»!- tos. jÇ .
' '

tam omncm mox in totius otbis imô


, ,
'

16 Mas , pela malicía dos homéHs ià he quafi ímpoffi veí


,

lâ:cuiotum õiun um tlieatrum otodu. "r ,t n r • - / t


cciidj^n
^ efcrever aíum. rorquc para perleita narração , nam lo íiene-
4oP/«Mi'í:í).;«í'fr/f.Difficiii$itiycfti-çeífarioque oEfcritor viveífe notempodosfucceífos, como
'""' '""^ P"*^"'"'
K/nrí^Hm""' requeria Plutarcho; 40 mas também queintervieflc nelles, c<»-
nbuj pntcritum tempus cooiutioucia -^ -i-i
^ r VCV >:l^
rerunipr^ecipiat moacrcceutava 1 licopompo; 41 que(_como«illeS).jerony-
4' ^H^o'>t <i / ii. mo) 42 de hum nicdt) fe conta oque fe ouVio, 6c de outro mo-
para..valur juíhmcntcnam hafem-
^:!^:Z^:^'^::::t. ^^ ^^"^ ^^ ^'^^-^ ^^'
P^^»-^'^
tw: po tam feliz qvie pernuttii icnlir o que a;uftiça qucrj & dizer o
'

PAR-t. I. CAP. XXX. 11^


qn€ na verdade le fente, como fe queixava Tácito: 43 oslou- 4^ 7jc-i7Í;/?.t.Rarareroporumwtfc
f^i|cuas,ubdeimrc,quivtiis, & quaé
vores perigaóna lifonja, asreprehenfoens no ódio j como di-
ZiaSalluftio. 44 44 Íj//«/í /•«Om//>i. Quajdcliâarc-
^

iy A ImpreíTaó , que foy benefício para bs efcritos mais fe


PrchcnJcns milivoíuín?. & amdia , ,

divulgarem, augmentou eftes inconvenientes , porque no mu- g,"4 bcoruin memores c,ua: ài V,- ,

do naóliouveííe beneficio ferti clles; &: alllnl vemos que rtas ciii.4faauput«,*c]aojMimoaccipit, fu-
pracivciutiiicbptofaifisducu;
hiftorias antigas, como mais feguras por menos divulgadas,
naó callou a verdade o vitupério de muitos : &: nas modernas
fo fe achaó louvores , como fe naó houvera peccados.
18 Ocerto he, que nas hiíloriasfofealcançaó as generali-
dades do que paíTou menos eftimaçaó merecem nas particu-
;

laridades, «Sr circunftancias, pois pendem fó do ahimo, ou


refpeito do hiftoriador. Nas da pátria deréraó ter mais credito
pelas mayores noticias porém defmereéem pela paixaó com
-,

quefallaó, oucallaó-, vc-fe na emj-ilaçamdosFrancezes, &: ^

Hefpanhoes ; 8c nos Padres Pineda , & iVIariana Caftelhanosy


quando fe lhes offerccem as guerras com Portugal. Aílimem
todos ha faltas nos cítranhos por menos noticiofos nos natu-
: ,

raes por mais fufpeitos. Nem os mais verdadeiros alcançaó tu-


do he tam precifo porem de fua cafa que lhes he ley fingirem
i ,

oraçoens, ou praticas de Capitaens antes das batalhas,& de ih*


periores em outras occaíloens. A que bem naó perverteo o pec-j
cado , ou naó procurou perverter ? Na hiftoria de Paulo Jo-
vio pudéramos fazer demonftraçaómais larga, porque pro-
feífou fer venal, & fingira feu arbirno ; mas porque feria alar-»
garmonosdemafiado , bafte apontar .alguns Authores que ò
^^,z^,j,,,t. Áíireus hChron. -^Vtejh.
daÓ a conhecer. 45 .Scali^erinViupairisJuilul^Cafar.Sc
, li^eri.1usl.Lii>fl i .politc.9. íAt-.tOH- Pcf.
/(Vitinbibliot.l.lé c.^l I{oUn. TnrfifT.

cap. 6. Melchior C,'nus m tuas

C.
Iib,<ie hifl.
Em
C A P I T V L O XXXI. Theolo</d.ii.c- peHHÍt. Olorias de reb.
manueLl. ft.f.7^.17*
S.^oan- Boter. in diflis
Àíijfeus hijL IndJ.
»iemor*bil. apml

»^ ^ . ix TN""_^IÍ'^^ Va.rch.1. i. apoio?, injovium H.%.Ca^JcU.
orno teve frtnctfto invocar a Deos em Dttnnò
culto , %,io^A„e,Láe%c.Í.PMmmci» u yit.

& a malícia fe at^e veo a offeder e[ie /agrado, Tra-


scou.^.c.t.n.z'.

ta^Je^Q fanto, ^myftertofo nome Ih^eho vah.

I ^^ Oncluc O Sáto Hiftoriador doGénefis,no quarto capí-


\^tulo, dizendo, q de Seth, de quem atègora tratamos,
áby hino Enòs, que começou a invocar o nome do ^ye^/íí^r. I. Já iGí«.4iC.

de antes fe facrificavâ,eomo vimosem Abel,6< Gaim.


2 Enòs ^"
skl^^^p^cneiiê.Pirtin Gen.
começou a introduzir louvores vocaes oraçoens & fantos n , , - / 7. n.ti .Meri.vem,.:
K<áí .yr c 7. h. ^.&e>iv.
tosj 3 mas naó como Sacerdote, porque Melchifedech foy de-
, ;« >
4 .
/..

pois o primeiro 4 fo como leigo devoto, &: reverente a Deos.


•, ^ c^j« «^^ MmttpfDfvh.ie chnf,
2 O doutiílimo Cardeal Caieta no 5 cntcndeq começou iiali.c.^.^.i.
'* '
*'
Enòs a invocar o nome dcDeos Ihchovah;o nome Jetragrãind- 7?^^ ÍS^c/^S^I/^ÍSí'*'
quer dizer, com pofto de quatro letras,porque cóforme ao
fí?>/j

Minorita no Triunfo de Cbnjh, 6 os Rabinos o efcreVé com


quatro letras, q hòjoíht IJe, Faiiy JHn, & fc pronuncia Iheuhe,
^ 7'SéSf^Hf3ffl.^\n.tj - 3" OrubtilííTimoScGto 7 diz,quedtenorh€fígiY{ficaví.
a entidade j & eflencia de Deos. Com clle le deu o Senhor a. co^
•'
'

',s x.p
:
nhecer a Moyíes na Çarç 1, quando lhe diíle Eufou o quefoi'. ^
;

8 Exoi X 54X40 fum qui íum. 8 Genebrardo acrécenta 9 que fignifiíía em plural, Osquefo^
^ GotòratáJcTnmU.i. ^^^^ por fcrcm tres peíToas, havcndoditocm iingular>£«jpor
ler huma fo eííencia, humi vontade , & hum fó Deos.
'•"''''^'-
4 Donde tira o Abbade Joachim 10 fer^fte nome decla^i
10 ioachimin^faclytfc.u
^^^^^.^ ^^ Sautifima Trmdadc , a que ajuda a explicação dí,

M Glof.H'hy mc.x.Ger,. glofa Hcbrea no capituloprimeirodoGencfis 11 ôc o douto';

£!ohiH Tctrasíránaaton crea»it Cxluffi, Pedro AíFonfo Hebreo convertido 12 notou, que daquelías
& cerram .dcti, DeusTrinu». & Unus.
;
^ Hcbreas íb côDocm trcs uomes diverfos de Deos,
fignificandofe as rres peíToas; lendole a legunda letra, He, du.^.s
vezes, porque na fegunda peíToa ha duas naturezas divina, 6c ,

i^^aceb.FebT.citatJnTTiumph.chriji. humana ; Jacobo Fabro 13 moftra que fempre qtie a noífa

i'*'*' ». verfaó lé na Efcritura fagrada três vezrs Deos , o diz o Hebreo


humafó vez com onomc Ihehovah, ou Iheuhe. crudkoDiom O
14 Mamed.idad.i.c.i.^.i,^^. go Matute de Penaíicl,naprofapia de C/jny?í?, i+feguindoeíte
penfaracnto , coníidera com o mefmo Pedro Affonfo , èc ccní
outro<; Eícritores, que quando o Sacerdote Hebreo lançava a
benção em nome de Deos, efttndia os primeiros três dedos em
ordem a eíla ílgnificaçam , que miudamente expende ; apô- &
ta a conveniência que houve em fer Enós neto de Adam , 5t
aífim terceira geraçam do mundo , quem primeiro invocou a
Deos com efte nome trino ,& admirável.
t%D.nom.p.i.q.\^.art.ix. 5 O Doutor Angelicó 15 diz, que he nome próprio de
i6,f)J>amaju.i.Ftdti QrMex c.ii, Deoá, porquC, coHlo nota S. Joaó Damafceno, 16 fignificava
hum mar de fubílancia infinita, que comprehende tudo inde»
tcrminadamentCi os outros faó limitados, que naó dizem tg-
do o íer de Deos quem diz fahio , nam diz omnipotente quem
; -,

diz omnipotenUfh.2i6 áizimfnenfo;Sc àííim os outros. ^'ías quem


diz , Deoshc o quehe» diz hum abyfmo illimitado que tudo
comprehçnde. .,,-', . ...

\^ AfacTei.Smmi.ii 6 M^crobio '17 achaafíinidadeentreo fanto nome //j^-


ho^Uãh, &: o ÁpJaOi qitè a gentilidade adorava; aíTim pelo
toante da vóz, que podia {a: corrupta , como porqíie ^J^w ti-
nhaó os gentios pelo mayor Deos de todos , como dizia hum
it Summum cuníloium divum tu r r^ ^o o ^\^^:^ r\- j c- - j-rr'1 &
iicnopo. vcrfoGrego, r8 &allegaaDiodorobiculo, 19 quediíTequI
19 DiodoT.skuU.t.Bibiiothtc. Moyfés recebera a Icy de Jao , a quem os Hcbreos invocaTaó
rT-" %ÍTÍ' t"fr^f&K'l\ por Z)^<?.^SantoAgoít]nho 20 eícreve, que Varraòotevepor
11 Mif.^ttcjup.^.y
'
Júpiter, qosKomanosenama vaotamDemyíJVí, em cuja V02:
ii P.Í.C.7.». -.i.
l^.^a mcfma affinidade ; éc os mais fabios debaixo do nome

í O Dcos vcrdadeiro, 21 como diremos


\\h7HamX^ZL'!ÍaxLHaà<>u-^
<rwC«W/f4c. to. f/M»(<ai(ij.»í)pr<w. na fegunda parte. 22 ..
'
' • t

7" Era aquelle myfterioío nome inefFavel entre os He-


breos , como, depois de outros Authorcs , refere o doutiflhii©
Padre Bento Fernandez fobrc o Genefis 23 aonde o achavam
j

cfcntQjdiziaójvf^irw/a/, qucrignifica*3"(?w,6í?r. 24 Eu noto qw;


também os Gentios ( cujos. fabigs queriam imitar as noticiai;
.

PARTEL C AP. XXXi; 13*


qircalcançavaóda Ley Divina) fizeraôineffavelonomede hú
Vens q fingirão occiílto , debaixo de cujo amparoeftava a Ci-
dade de Roma o qual nome ílibiaó fos os Sacerdotes, &: nao fe
;

podia publicar porq os inimigos lhe naó fi zeíTem preces para


,

deixar a rurela da Cidade ou lho levaííem có palavras vencfi-


:

CJS,aqaantiguidadeattribuiamuitaforça(por ifloosTyrios
tinhaó feus deoíes atados com cadeas aos altares.25 ) E porque i, ^1,^ b^i^z.Gen.dierJ 4.C. li.
o Sacerdote Valério Surano o defcobrio foy cõdcnado 1 mor- r^^ 'Hed.
,

te } allim o contaó Piinio , Joio Annio Alexandre ab Alexan-


,

dre, Marco, Sérvio Honorato, &: outros. 26 O


nome era /?/z^ ^'^ ^j'''- '*;'*; r ., t ^I

mejjo, 27 a queacegueiraattribuiodivmdade, que ioranlho/;tó/.if. ii.„dmd.


de Tufco primeiro Rey dos Aborigines, povos de Itália, & de Snvimin ^r^./.i «. ;o .

Roma. filhadeAtlance ítalo, Reydosantiquillim ísdeH.f- i,'/ ^«'"«'^--^- ^''/^^ f-^-"'-


panha,aqualcomPortuguezes deu principio áqiiella Cidade x% i^isexcciíenc.dcroyiug.c 14.?*
dcfcunome, como em outra obra temos efcrito largamente; b^I-"io Iluc.
m.
28 poíloqueJoaódeiMariana 29 cuidaqueaquellenomeoc- fdr/j«o£p;í<iátÂv/?.Porí«».-.<:i «.14.
culto , naó era de algum Deos , mas o que tivera a Cidade an- *^ Mmaii.hiãJe M/p.i. .ao. i

tes que fe chamaíie Roma.

8 Finalmente aquelle nome //J^Ã(?^'<íà , por facrofantoji


cheyo de altos myfterios j trazia o Summo Sacerdote da Ley
Velha rículpido em húa lamina de ouro fobre a cabeça , como
efcrevem o grande Padre S. Jcronymo , Sc com elle outros Ef-
critores graves. 30 IlluftriíUma gloria para Enòs, na opiniaâ ^o D.tílmtí.ep.ai pjulin.Fr.Ma>tôcl
do Cardeal Caietano, haver dado principio a tam foberana ''"^«'M*''''"'»^ ">'"?'<';>'/''•?• «•<''^-
''^''"^^"^
invocação! , ,

9 Genebrardo, 31 8c outros Authores mó querem que ixGènihr.4d.udeTnHit^

Enòs haja fido Authordaquelle nome; entendem que o mef-


mo Deos o diíTc primeiro aMoyfésj ôc feguindoíe efta opinião,
àizcvoTciítoqucEnos começou ainvocar o nome do Senboryfe "-
verificaria em fcr o primeiro que com o nome de Adonai, ou de
£/í?^:^ jqueotím^íjrjàtinhadefde Adani, reduz io a forma o
cvilto Divino, levantando Altares, & compondo Oraçoens, , ,

& Hvmnos, como dizem outros Efcritores; 22 porque nefl:es^?V^t'"'^/''^'''^-5


1 / 1 i-N o v 11 -j • GenJ. feff. it.H.i.
1 1 •
Ç-^-^"^"*»''-*-

naturalmente le louva a Ueos,& ja naquella antiguidade havia


Poeíia, como jàmoftramos acima; 33 êcaíTim teria a honra jj ík/t* 1. 15,

de íer o primeiro, que na Ley da Natureza cópoz cântico em


louvor de Deos como na Ley Efcrita fóy o primeiro aquelle
,

que cantou xMoy fés em graças da liberdade do povo 34 & ^^ Deuterm. y.^
;

na Ley da Graça foy também o prirrteiro excellente fobre to-


dos ode yU5rwyo^er<2Wíí,vifitandoa Santa Ifabel: ^^&:emhu- ^^ uc.i.^è.
ma, ou outra opinião fempre Enòsficou muito gloriofo.
10 Sendo o culto Divino a coufa mais íagrada , & a nós ^

mais útil, fe Iheatreveoa maliciahumana,fazendodtília peço-


nha. Deo culto ao Demónio em deofes falfps , como veremos
na fcgunda parte, quãdoahiíloriachegaraoprincipiodaido-
latria-, 36 &: ate nos Templos fantos,&culco do verdidcíro
j«— 1<^-«
Deos bufca occafioés de peccar. Á's feitas mais fokmnes cem
ímpia curiofidadc concorrem ociofos,avci:oquedevèraó fu-
:,

\ AVE
rjx EVA, E
no tempo deMufeo Poeta Grego antiquiílimo pelos ait,
g'r. I à
nos T460. antes do Nafcimenro de Cbrijio hâvia eftc coftumc ,

bárbaro. Conta na fabula que inventou de Hero , & Leandro


Mxftus inftb. Uer», CT Le.ndri.
7 quc cftc fc
:?
namorou deHcro, védo-a na celebridade que íc
fazia em hum templo, a que fora, como outros moços, que eui
femelhanres occalioenshiaó, naó por afliftir aos facnficios,
mas por ver as donzellas que acodiaõ a cUes.De Mufco, 6c nao
j s Gm^fA «a fab.de Hero , & de Cl, O repetio Dom Luís de Gongora 38 na mcfma fabula , o
^f"^«* mundo fempre foy o me fmo abomina aquellc Poeta Gentio;

cfte coftume grande confufaó para os Chriftãos



:

C A P I T V L o XXXII.
Woy a mayor ruína dos homem ficarem com o entendi»

mento cego pelo j>eccado diflo lhes i


&* refitltaõ

as majores calamidades,

por occafiaô da hiíloria


i
'f\ S males que temos apontado
\J que fcguimos & os mais de que fora infinito tratar,
,

rcfultaõ aos homés de haverem pelo peccado cabido em igno-


rância, o que nos foy a mayor ruina. Perdida a juítiça original,
j[p,W«í.i.i;f.«S.2r/.j; (diz Santo Thomàs) 1 fedefcompuzeraó em certa maneira
todas as forças da alma que naturalmente eftavaó bem ordena-
das & ficou vulnerada a razaó, em que eílà a prudência a vó-
;
:

tadc em que eílà a juftiça a irafcivel , em que eftà a fortaleza


:

& a concupifcivel,em que eftà a tem pêra nça-,&: aíTim diííc Da-
?-píii-ií.v.«/f.N«D kieUexiG vid, que o homem cabido naó entendeo. 2 Por ifto nos preci-
pitamos.
2Porque á natureza , com magnificência digna de feu
Author, fez eftudo em que efte mundo foíTc muito ornado, &
graciofo para nos contentar. A vontade legisladora de noíTas
acçoens entre âs bellczas que ambiciofas de noífo amor fe lhe
,

aprcfentaò duv ida a qual deve amar. Se por fi fe refol vc , co-


,

mo naõ tem luz própria, a paixaó a engana j fe bufcaluz no


entendimento, 4 lhe foy dado por confelheiro, eftc fó percebe
por meyo dos fentidos que lhe trazem as imagens em que fa2í
,

bafe, & primeiro obje£fco de feu conhecimento ufa das impref- :

focns, q nifccm da matéria , Sc delias pendem fuás operaçoens;*


M sTi. :nf,» , . ,-- , «>», r--- ^ q"G confelho fe pòdc cfperar de faculdade tam familiar aos
^ fentidos talios . laculdade pcníionaria a quem raais nos perfc-
guc faculdade que naó nos pôde dar outros avjfos , íènaõ 0$
:

queaprender de noflcs inimigos ^ Quãdo a vontade cuida que


tem no entendimento hum leal Achitophel.expcrimentahuni
infiel Chufai, q com capa de zelo a encaminha a precipício;
4
4 *'^'X->JV'»/'ítí ignorante fe deixa perfuadir do que a lifongea.*defejando o bê,
cahc nom ai que temia naó diftmguindo «is coufas , fe leva das
:

ajjDpa-
,

PARTE I. C AP. XXXII. ,j3 j


upparencias avalia o alquime por ouro
: , o criftal por diaman-
fe : eílima o que naó tem méritos: recufa o que devera abraçar.'
aborrece a quem a encaminha melhor; &
como o enganado „ -

Abner, 5 aceyta os comprimentos dè quem lhos laz para a i Pfaim.^^. i>»\o.& til
matar. Pôde gemer com David: 6 Nae tenho Ihz em meus
cibos ipitzeraofe contra mim meus amigos chegados ; pois o ente-
dimento amigo chegado feu, que lhe devera acodir , raramen-
te a allumia nas occafioens de neceílidade.Nifto eftà noíTo cor-
po de melhor condiçaój porque fe perde a luz de hum olho , fe
vai do Outro que lhe fica} a almajtendo fó hilma potencia lumi-
nofa,feefta lhe falta, naõ tem outra parte donde efpere luz;
^cabaxelemtempeftadetenebrofa, que afpirandõ ao porto
do acerto, dà nos rochedos de mil erros, porque naó teve farol
que o avifaííe donde fe devia guardar.
3 Por iHo fí lòfofou com elegância o Padre Ly fieux j ex-
cellenteEfcritor, 7 que fe as creaturas naóforaótaóbellas, y P.lyfifuxyCapuchiréoFrantez,!»^
o homem naó feria taó miferavel ; porque ordinariamente as P^''"!"^^ chnff.^.i.e.í.
perfeyçóesquelhedeleytaóavifta, IheaíFeaóocoraçaó, dan-
do matéria a defordens; o que fe ordenou para bem do homem
conftituido em graça lhe fez o peccado em algum modo pre-
,

judicialy naó chegando o entendimento a conhecer o que de-

vera; como o Satyro , que levado da bellcza do fogo que naó


tinha V ifto, o quiz abraçar, 6c aprendeo j que naõ fe ha de abra-
çar o que fe naõ conhece. Se o homem conhecera muy tas cou*
las que o namoraó , nem as amara , nem tivera tantas penas:&.
fe foubera ufar de outras , tirara delias a utilidade para q Deos
as creou , &: não degcnerariaó em feu danno mas ( diíTe bem
:

Petrarca 8 ) bufcamoscomeftudocaufasdemiferiasifazé-^ t Petrmhadè^ofp.ó'aiver]'foroS


do triíle negociação da vida, que nos fora alegre, fe nos gover- Tamlfífídímifetiarum cau&s , & do.
nàramosbcm; 6c jà SaÓjoaóChryfoftomO 9 havÍadÍtO,&Iorum alimcnu conquirimus quibua ,

moftrado, que ninguém he offendido fsnaÓ de fi mefmo.


'1.Í5.. "«»"»'
;Í!ffÍ£ «r^^^^^^^^
^ ri-'jii prorius,^^f
aí IucundlIHnl»reru^^crat,ml-

4 Que miíeria mais ignorante que pormos a lelicidade da fcrandum, ac cniie negotium cfficimufc
vida, ou no que defeianoífoappetitefem o poder alcançar, ou ' D.chryfoíl^nhomxuitituiur.
nas maos da íortuna pelo que pode negar, OU conceder; oc nao ^
a pormos no noíTo arbítrio na noíTa maó eftà felicitarmonos^
.'

iifando bem dos fucceííos alegres, 6c applicando ás adverfida* ,v

^es a magnanimidade da tolerância com que fazendo virtu-


;

de folida dos bens, ôc dos males,naó dey xaremos de fer felices;


ifto,queosEftoicos alcançarão por fombras, nosenfinouàs
claras C^nT^í? Senhor noflb quando levantou o mundo, como _. ..

veremos na fegunda parte; 10 agora,quefóomoftramosca- "


.i«f-5í-''t5«

hido , dizemos que o peccado nos faz miferaveis porque nos u Saf>.s «.6. 0" 7. Sol jmcíiigcnt;*
,

feznefcios; 6c aflim ffo livro da Sabedoria 11 feequivocaÓ"o"«fto'^"«"°''''''*'^*"^"™"""*'*


os nefcios có os ir.fel.ces, &
eftes confeffaó q viverão caçados.
^rSSt tm'JírD°»::'
porq viverão ignorantes. Deyxadas,por innumeraveis, outras ignoravimus.
provas, o verihquemos na honra, vida, 6c fazenda, coufas que **"•»»• ^"?')?^' cumiUooriíi» ks^
mais eltimamosi veremos, como errado a eltimaçao no modo,
fazemos amargofo o que nos fora fuave governado por razaõ.
M CA-
' 2

134 EVA, E AVE

C A P I T V L O XXXHI.
Como os homem errao nos mejos forque-procurào hofiray
& f or íjjo a perdem ; foemfe pnmeyro exemflos
na imitarão , ^m defejo de mofirar njaíor.
^ rata 'fe dos defajios,
M^ ^ Om fazaó eftimaó os homens fobre tudo a honra,:
1 PraVfft.ii.I
1
1 Urifl 4 Ethir» ^ V, j pois como diírerâo Salamaó & o Ecclefiaílico, i
,

JoSírriíes^""'"*^^' '"'''"'víilmaiscjue ôcAriíloteles 2 moftraquç>


4 Matth. 5. heo mayor bem da vida. Notou bem Tácito, 3 que dtfprc-
ib. videant opera veítia

^^* „.„; zar a reputação, feria defprezar as virtudes. Deos manda que

i;^,svei\r,s.
,
ÍKf IX. j 5. iuccrux ardentes mmam-
j . ;

"^j/r o 11
tratemos da ncíia; 4 &cUe tratou da iua. 5 Masheccguey-
^jr ui ^

5
íxoá.io ?. Non habcbis Dcos ali ra do entendimento crrarcm muytos homcns OS meyos, & por

façamos demonftraçaó cm al-


J^r^rS*"!».!!. Gloriammcamal-ellesvemacahiremdeshonra-,
tcri non dabo. guns cxcmplos dc todas as idades do homem; que logo da pri-
dicunt hom.ncs
Mauh. 16 .5. a^cm ^^^^^ & femceflâmaultima, reynanelle o defejo de honra
Li*( 9.19- Queni nic dicunt
eíTf tuibx? COmO natUtal.
yWrtff 8i7- Q^e»» "»=''''""' ^'^^^°' Aos moços tanto que entraó na pubetdade, fucceJe o
2

VífcLi rl:a«r«íe«afcam»«.^//^^^.q"eahumildadedeSantoAgoftmho 6 confefíbu, ourcpre-


§^i. fentou èm fi mefmo com eílas palavras; SemfãlMr & qw f/izia^

t, D tyiit^-i-^-Confcf.t.j.miKbini,
^^^j^^^f^^ ^^^^ ^ queentre osdaminhaidade rfíeeuver^fmhnva
^'*"^ * * '
defir mais honrado-, quando os ouvia jacíar de fnas maldades y cr
í'tí,vr-;jritf te ^/^ g loriarfe mais das mais torpes , fols^ava de comnetter as mefmass

nao fò por appetite delias, mas também para qm me louvajftm. Ghte


coíifa ha mais digna de fer vituperada que o vicio ? ó" eu porque
nao mevituperajfem, me fazia mais viciofà-, <cr cfuandonao
havia occajiaoparame igualar aos mais perdidos , fngia que fize-
ra o que nao tinha feyto , p'9rqm naoparecejfe mer^n' que elles ;
"'''
ò' me tivejfempor mais vil^por' fer mais cafí^. Qiie própria dif-'
7 lã€mdl.ue.<f. Eamus, facíamus, cricaõ O que fazem muytos Emais abayxo diz o Santo y
!

& pudci uon cfle iir.pudaucm. ^^^^ ^^^ vergonha de nad'ferem imprudentes 7 põem a hon- •,

ra no que he deshonra j que mayor cegueyra do entendimen-


to.?

3 Crecidos jà os homens aos annos juvenis, libraó ordina-


8 D.Tfcom.i.í.9.uj.<»rí.i.i.ii. cr riamenteahonra noTalor &: iufto he que fe prezem delle,
:

^\ vc^ct.drremiUt.h.cr6. porque,comoo Doutor Angclico 8 moltra, hc louvável vir-


PattcosViros fortes rawra proetcat.bo- tude. Porèm O natural uaó baila ; antes advertioWgccio, 9
„, .nftmino.,: piures redd.c ..nluda a.
poucos valcrofos cera a naturcza muytos faz a ind uítria^
,

5OTfí.dítfw/íc/.i.fí4.e7-«í.8s. Marco Tullio, &• Séneca ío lhe chamarão Icjencii ^ ie .-

II ExD.Thomc'.<j.ii). define.' Firmezado nmmo nas oaafioms emque he mnis dijjiciil'

uL^Tár!Zu6.c.x^ tofotella:o\\,Vtrtudemoderativadotemor^ &damdaftapara


o Conde de yãUmídtani naco eiiisida bomfim. II Doudc fc vè, q ucm he valor O quc fr naõ cx^-Tciti
giri dr Nrp,ra
^^ juftiça,nem o q degenera em temeridadciaates fera vicio. 1

Eltjucalpiiaakr vaheutf. iNCuai


j

PART. I. CAP. XXXIir. «35


Kefta medi Ja, Sc confideraçaó fe erra*
4 Cuydaodeidadeflorente,quehevaíort>ufcaf<íeí1oytâ
com quem brigue ,ou nas converfaçcens entender, picar có &
todos, principalmente com os brandos que não teme-,
j feaca-*
íbtcm hum bom fucceíío, imaginâ-fe o mais valente do inun-
do, 8f cré que os que ovem) o admiraó: fediíburfára com juí-
zo, conhecera que naóhe valor, mas brutalidade , como lhe
chamaóosEfcritores. t? affeaarbrigas-.qUeosfefudosotem QÍfiJf:!^Si^:^S?Z^:í^^i
por louco ; efcufarà defgoftar os parentes jefconderfe das juftí- ca fim coníiáerat, fetum fcu bçftialcm j

ças,eftragar a faude, confiimif a fazenda , & não tomará tra-


'«^cappeii""'**

balhos, de que põem culpa à fortuna.


5 Peyorheoquelibraahonra, 8c valor ria defcon fiança:
fevèfallar bayxo, (o que na verdade não hecortezia}cuydá
qucfallao delíe; fe lhe dizeni huma palavra pede interpreta-
,

ção, & fobrc pouco mais de nada faz hum delafio. Eíle , 8t a
que o aceyta naô tem entendimento para confiderarem que
yaó.oua morrer, ou a matar; que para os bons he igual mife- ^^ r../íM/.t. feire n«efrcrit,aut,
fiaj 14 feotiveraó, conheceriaóqueoverdadeyrovaloraef- quodsqucapudbonosmiferumeftjac-

ftrcza a morte, mas não aborrece a vida; 15 antes amando-a, '"^"^-^ .


, ., ,
v^„:„„
faz mayor fineza em a guardar lo paraarrílcalla pela virtude, virorumcitmagismortcmcontemnwc,
qu^m
16 Ha diflferença grande entre eíti mar a virtude em muyto , odifle vium

ou a vida em pouco : arrifcarfe fem grande , & jufta caufa ou


tesnoiffin^ímquowímtríiíam S'
,

he de irracional, ou de infeliz,
i
f tcmnunt icd qui tanti faciunt vitcutc,
,

'«huJusgtatiaYitam.aiioqumcharam^
ó Temelles por juíta caufa ficarem (conio dizem )car-
regadosj &: em quem fe quer moftrar valerofo , he demafiado if adr. in dnon. MagnUni eft dif-
medo confiar tâópoueo de fi, 8c temer a defeftimação por hCia "imcn itirer cum qui virtuccm magni
1 r " r Ji u ' J*m ,1 •

palavra,oucoufaqfepodec0brir,oudiínmularcompruden-
j tacit, autquivitáitipafj^iiifnatrnaiu
ç^^^, i„ ^.^ ^.çj^^^ íonjiccrc, aw
cia faó como Lucrécia qUe fe matou por receyo do que pode- infciicium eft, am bciluarum.
;

haó dizer de fua honra; & Santo Agoftinho 18 aconderiáde »* D.^ugMCiyJíúU.ui9.aih.


fraca; S>c diz que deverá dOrtfiarfe no interior esforço Com que
havia procedido.O que riellâ moveo a laílima não foy o valor
mas a facilidade Com que fe deyxou vencer da vergonha; fize-
ra heroicamente ^ fe fora taó valerofa cm defprezar os diícur-
fos do mundo, eftandoem fi honrada, como o foy emrefiílií*
ao appetite; mas merecco perder eíte louvor por amar o credi^
to indifcretamente. Saó também eftes como os gladiatorcs^
que fe matavaó no anfiteatro de Roma , por acquirirem repu*
taçaó de valentes Trazer a honra embicada, he de a ter pouco fe-
:

gíira, dizia hum noíTo Príncipe Poeta.


7 Ha outro erro, principalmente no defafio, em fe Confiai
cioinimigo que no campo lhe pôde tCr armada treyçaó, a que
todo o valor naó poíTa vencer que coufa mais ncfcia que fiar
:

fuavída de quem lha quer tirar ? tal confiança naó he pruden-


ciade valor; he ignorância de temeridade , 8c honra que in-
difcretamente fe faz ao jnimigo; que mayor abfurdo que mO"
ftraríe ignorante, por fe moftrar valente? fendo o entendiméto
a coufa de mayor honra & porque os homens fe diíFerençaõ
,

dos brutos, ficara valente bruto. Os famofos antigos a quem ;,

Mij «ftc«
, j

i^ ijfi EVA, E AVE


cites querem imitar jnaó çraò nifto ccgos; buicavão hum gran-
de que lhes fcgurava o campo j dcfte modo revc Marco S( rvi-
lio, Varão conluiar, vinte & tresdeíafios & cm todos matou o
,

19 Piutarck in jsmil. contrarioi 19 alguns dizem que íorãomuy tos mais.


.8 S ibre tud o não conhecem a Ley de Deos. He valor ou ,

he furor não ver, ôr não temer, que debayxo dos pès tem o in-
Icrnoaberto^ o que ali morrer; nâoenrcnder quenom.eímo
i

campoeftà Deos defafiado pela quebra de fua Lcy, arnradíí


de rayos, ^ de juíliça. Naó fo Chriffo noíTo bem nos pregou
, 20 mas também o demónio confeíTbu em huma occaílaó 21
"

Marc.%.%. que a alma hepreciofâ ao homem fohre tudo. //^/>fl^i'í'/(ex-


ii Joh.%.^. clama o grande Sal viaho 2 2) qr^nfiõ tflimmst^offas dmas, qm o
Qu,sfurorcitv,ics à vob.s anim.,vef.
'^/e/wo^emomovos dizqpcjno t,w pffctofis? Marco 1 ullio, 25
trasiiabcri, quas etiam Diaboius futat com fer Gentio, diíTe; jifortdcZrihe hnfnnff'e[ío do animo oh(^
dicntc d Çummá Lpy quem he timorato he mu vto homem de
efle pretiofas?
: , :

afFciioicgiiumma; ohtfmpcran^. omieao diílc O Luangculta b. Lucas 24 duas vezes em hui


14 Luc. t. ts. Homo cat injctufa- fó regra ,que era /?6'/^í'/%, porque logo ajuntou que era timorato-,
^ ^°"° '^' ^ Ariíloteles; 25 Çi^^-em tem tao pouco m-do ^ue nao teme os
íuftuS dmorftoT''"'
x5 ^yírift. L. Md^noy.ntord. i.S\z\i: Dcofes jfino Jot vdevojo més he infame Defta mà opinião fe de-
, .

«]uemvaidc fanas ÍTv.pavi^ú,quo.í Deos


vc ter m.ed o; A^^^/jí"õWí)r fnotou Plutarco 26 ) rtâotera!-
%(, Vutauh.tK Cleomtn. Fonitudinem.^ ^^^ ^^^«'^- ^^ ^^^H OSpfí^rao O VnloT HO m?do da rcpehefljflOy O'

mihi vídentur non vacuitarcm à mc^u ^ãtc^nomima^pormie OS atit temcmmitytoús ItjSy


fac mais ou fados
Biarant-auiiud.In. ^quicnim
Bixamiqui)udica!lf n
legestiment,iiadverfus hoííes luntau-
^"""^K COntfa OS tUimífO^.
maximc .^-vi
9
\ ri
Qiianaoouvéra alguma íalta j todo oamigo da honra
,
i •!«
''^*^'^"""'
cfcolhèra íicar deíliyrofo em húa aldca , a troco de fer glorioía
cm todo o mundo & nem pobre aldeã he todoo mundoa ref-
,

peyto da Corte do Ceo; fó quem negar a Chriftandade, nega-


rà a força defte argumento. Bemaconheceohapoucosanno»
riCÍlaCidadede Lisboa hum Fidalgo bem qualificado, &-eow;
^, , . ^-^íihecidopnrvalerofo) q defafiado por outro de iguacsqualí-
,

' dades refpondeo , q fe prezava m.áis de Chriftaó , q de valen-


,

* te, q elle coftumava recolherfe pela meya noyte para fua cafa,

( que era apartada do mais povoado } que quem quizefle lhe


poderia fallar no caminho, Scdalli em diante purdifcurfo de


hum mez fe recolhia fempre àqueílas horas a cavallo fem cria-
'
doipaíTou a payxaó ao outro &c ficou imita vel aquelleexem-»
,

^. » . .^plo. Imberto Delfim de Viena recuf u o defafio de Amadeu


, .

Conde de Saboya, refpondendo , que fe o valor dos Principes


confiftia na força do corpo, feriaõ vencidos pelos touros & fi- ;

t7 f.Zachtr.át Lyftur naPhnofof. cou taó louvado, como O dcfafiantc cílava colérico. 27 Outro
ehriii.p.i.c.19.
Fidalgoem Lisboa delafiadopara húa madrugada,rcípondeo,
t-^ Multapradara (cripta
àeduellis vi- " r j > /• lí ' ix \ r i 1

itpa^ià/tumtntria rf./í«jç«/ar/«r. 4 P'^^í"acoufas dc Hiais Icu golto uno coltumava levanrarfeda


ttmine. O" inctnfhê ,n matéria duellipêfi cama taó ccdo. Muy tos outros fe cfcufíraó Chríftáa, & galan*
f umtraft.
^temente, ík ficàraô acreditados de valerofos, ^' entendidos.28
^

»r|.^__^05§Muytos põem o valor na lingua > tanto que David &


''''
ouvio o muyto que o Gigante blazonava,logo pode mferir que
o havia de vencer. N
a guerra próxima que eivemos Je notava
fq^ue os que fallavaó menos obravaó melhor.

II Outro
,

I
PARTE I. CAP. XXMí. iif
Outros querem parecer valentes oíFendédofátréyção,
11
ou acompanhados em as faltadas , êc faó avaliados atreyçoa-
dos, Sc fracos. Alguns'òfl:então forças corporaes cõíno toilros,
.fendoqueovaloTfoconnftcnasforçasdoefpirito. 29 x^ kj.hrof.ofíu.i.r.c.,í
12 Aílim caheni todos em difcredito por onde bufcávao jo Como d,(jemo^ aámu «p.i t. ».ia.*
honra. Se feemprecaflem nadcfenfaníaiurál, 20 noferviço' i} ^"'°p''''^'^'''!Í'^-<^rM.i.t. ^ ,

da pátria, 5 1^ ou em outfa juftl caufa , qiíe por nâo fe poder ^JillaTlSl^ãr^ '"'
'"'"'''

levar por razáo, 32 neceíntaíTe precifatriente dás armas , te- Puguarcpro pátria optimaavis.
jiaónellas melhor fucceflb, porque faó piedofas a quem fáÕnTn ?'-''" ^"'"^"*"^''""^' r^
nccellanas. 95 Quem naobuica as brigas , lahe bem delias i a picmcmcíccce;
iuftiçaheomeyo davitoHa: 24 feria feu valor verdadeyíd: ^f-^""''"'-'-'-^^''* Tuncutiicfoiumcft
•- o r r-k •- ad arma concurrere tàm locum aaad
1 11 i_
alcançariao por elle honra & ,/- 1
efcufáriao quey xaremíe das cá- ádvcçfarmm juftit.a „on potcíl mvcu.rc.
,
,

lamidades, cáufadas fó porfwasdefordens. h ^''^-'^".i.t^.infnx.c. Puarma,


,
''•• quibús nulla
fpcs.
, nifí m armis , rdinquitur

34 Po/jyi./.i.Câafxa:quitatemmuI-

CA £\ P
t I
i.
XX Vy T O
\^ WVTV/
AJ J%,J\.JVLy a^
fUminbelIovalerecompcrtumeft.
Propcitiíii.
inihcc caufa.
Frangir Sc aicollit viícs iu

fará o intento do Capitulo précedentâ,fi pom outro ^T^^^^^^


fxemplo nos que procurao altos pefiost Q)' fe conde -^

fiaaambi^aOi^ tjrannid^

i TWj A idade Varonil libráo os homens a honra em aí-


cançarem poítos fuperiores & he a todos como' ,

natural. _
.

2 Aosffláisillitííresjporgcnefofidadeinfluidacomofan- .

guc pelo cxcmplodosprogenitoresj de que não querem* jj^^^"''*'-^"*-®*'''*- foft" ereantut


I

baxár, 2 qualquer fortdna os nâo defanima. 5 S2l6 çzlmzs Multa pitUhrèCaffiodar.vsr.ix.Ep.is.


quenáocèdeínádpezo; 4 antes oá trabalhos os excitãq a em> * K/rjv/fiwá./.i». Ettcanimorcr ,

prezas mayores. 5 A ElRey Foro Vencido perguntou Ale^T^ataS^rnrjcaius «citct


xándrc, coníofe atrevera a refiítirlhè.devèndoi^òconheeer pe- Heâoi. ,

lafama.Eovencidodijre: ReJpoi,derey tmiiMmalikrâade ^^t^^^!^, '^it^SS'.


com que pergunta/te: tinhamè por más foHé pié todos Ipotque nao (idUn. Lex 6 nu t.p. 1. «*< creç. Uf, , i

havia experimentado minhas forças. O fucceffo dàtuerràmo/irou '^'^^f vír^w^ja o- vide facete Bau. in »
.

que tu es mais mas ainda naofoupoucofeltz ifendote fegundo. ^ ^^./.V. tÚw cede maiis, fede».
;
^

Profeguio o vécedor: E que te pareceque agorafarej de ti ? Pof o «a audaciot no.


'^'"**- ^'"j'^'"'" ^^-
iceiamente Faze o que te enfina e(le dia, em qtie ves como [ao ca- ;,'>.
:
^ r . •

,0 n- 1 7 a n V>
1 •- . \- i 1 V j Nititurmponduspalma.&confurgitm
<í«r^5j/«/í'/^^^eí'.6Annibal,&bcipiaomêdigasemCataael-aitumi

1

,, ,

Rey Antioco,tratando de quaes forão os may ores Capitaens Qi>o ^^&- & ptçmicur, hoc magc tolHt ,-

& dandofe a Annibal o terceyro lugar depois de Alexatídre, °"'^\r,i,''afikai.,naxiom.poiit. &


Pyrro, Scipião, que oefperava, lhe diíTe rindo E
que diríeisje virorum fornam antmi non modoac-
: ,

ceptai.ng^«ai,q..aciaí=, uon ramcrú.


me houvéreis vencido^ Annibal refpódeo; Entaoforameiíõpri-
meyrolugar. 7 Ceíar ameaçava os piratas que no filar p ti- ioraaudcudainceudu uuí.
nhaópririonevrOjdizendolhes que chegando a terra os faria 6 çicuitj.tdeTeb.^iex
' '^
cnrorcar-, Sc quando queria dormir, os mandava callar: tratan-
do como criados , os que podiaó difpor delle , comofenhores. ^ . . , , „ . .

6 UomrelayofugcytoapsMoiífosquetinhaoconquiltacrOj^^j^^
'^

^^^^/'
Hefpanha^ não fofrco a afronta feyta afuairmá; levantouíe,
Miij ^
, ,,

<
i}8 E VA, E A VE
9 Míri»n.hip.de\Hfffanhl7.c.i. ^ ^^ ^^z Rcy. 9 Francifco I. Rcy de Franca prcfo nabara'^' /
de Pavia rcciífouentregarfe ao rebelde Borbon ,& com vor^
,

imperiofa, cftandocahído em terra > mandou que chamaííem


10 ilicfcasr,ah/f7.\Pont p t,u._c.i6- Lanoy,aquem fe enrregou; lo OCid Rui Dias are depr^is
de morto apunhou aefpadacontraoquefeatreveoa pegarilie
'^\f K?SSilt^^^W4.
d;/f«r/.4. nabarba,&ofezcahir demedot ii
5 Os de qualidade medíocre là tem hum afccndcntema-
yor, pofto que remoto, do qual tomaó algumas vezes mais
que dos chegados j por razoensqucpsFilofofos,& Médicos
ix 'tyfpudiCafpdT à J{ps Frí>!tolin apontoo; 12 faõ como as aguas, fymboloda vida , 13 nafci-
^'"^*^" ^^'^ "'' '*
d^^ ^^ '^^"^^s , que pofto que fe achem cm vallcs proiundos,
^rlí^^X^r
encanadas pela indruftia recobráo força, &: fobem quanco def-
ccráo; ou como as arvores, a que o inverno derribou as f ilhas,
"
inas confervão o vigor em humafóraiz,pofto que as outras fe-
caíTcm. Oefpirito levantado com que Bafilio Macedo, fendo'
pobre cfcudeyro que curava de cavallos, foube chegar a fer
Emperador de Conftantinopla,fe pódé attribair à deicendcn-
cia antiga que por hum lado tinha dos Arfeciies Reys doí

U ntJchifí.f.iXji: ParthoSj 14 &oilíuftreerpirito de Marco Tullio Cícero à"


afccndencia paterna , pofto que nluyto remota , qus tinha nos
l^GtlérfainEHMíhBitJ.yct.^õfKcysVolkoS. I^
fn.v,rf^s,k9(JS'"foru^
* ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ Alguns dccondiçáo humilde faz a liberalidade da na-
.- ' ' * tarêzágencrofosjeftendcm as azas fora do ninho } dizem qiic
lhes baila defcenderem deAdáoRey de todo o mundo /que-
rem parte do que ellc teve,fazédo direyto da prerogativa per*
dida pelo peccado. IficratesAthcnienfe, filho de hum capa-
tcyro, venceo aos Lacedcmonios.Tefiftio ao famofo Theban>
Epaminondas." Sz Artaxcíxes Rey da Perfia o cfcolheo por ípii
General contra os Egypcios. Eumenes filho de hum carrctey-
to íby tád abalizado Capitão, ainda que pouco feliz , que me-
receo que Plutarco, & outros graves Efcritorcs hiftoriaíTcm
fçusfuccertos.Arfafes de pays náo conhecidos, facudindoo
jugo de Alexandre, conftituio o Rcyno dos Parthos tâo temi-
do dos Romanos '
& nos Reys feus defccndentes ficou o reno-
me de Arfafídes , como nos Emperadores Romanos o de Gf/á-
res. Ptolemeu filho de hum pobre homem chamado Lago,
fuccedco ao mefmo Alexandre no Reyno de Egy pto,6c Syria,
& fe fez táo excel lente, que os Keys de Egypto , também del-
lefechamàráo F/<?/ew(!(?í largo tempo.Agatocles filhodehuni
Oleyro fe fez Rcy de Sicília ,& atemorizou os Carthaginen-
fes.Ém Hefpanha o infignePortuguez Viriato, filho de hum
Ipaítor, pozcm duvida fe Helpanha dominaria a Roma, ou.
Roma a Hefpanha, como confeffàrão 0$ mefmos Romanos,
'
M SrittajdtMtsh.Lfiftf i.u.e.\^, Deyxo o Lavrador Vvamba, q foy Rey illuftre, porque fen-*;
domilagrc, 16 não faz exemplo. Em tempos menos antigos,
Lamufio líl. Rey do« Longobardos foyengcytado, filho de
huma mulher vil. Primislao 111. Rey de Bohemia, foy filho
<lc hú La V radwr. Filho de gutro foy Lúcio Acendulo, Capitão

famo-
/
PARTE I. C AP. XXXlV. íj'^'

fimolo, pay de Franciíco Sforcia , cujos filhos , &dèfcen-;


cienrcs foráo Duques de Milão. Oexcellente Capitão Caftru-
...
cho Aftracano , ItalianodeLuca, foy engeytado fem pays
conhecidos. Entre os Romanos, ElRey Tarquino Prifço, f(jy
íilho de hum pobre eftrangeyro deCorintho-, Tullio Hofti-
liofoypaftori Sérvio Tullio fíihodehumaefcrava; Terêncio
Varro, ConfulsSc Didador, filho de hum carniceyrò. OCó-
ful Vencidio Vefo havia fido recoveyro. O Didador Lucioj
Lavrador de Gayo Mário, Conful fete vozes j 8c que triunfou
du^ vezes,foy o pay Carpinteyro no lugar chamado Arpinas.
O Império tiverãoGordiano, & Licinio fijhos de Lavrado-
res: Probo íílho de hum Hortelão: Valentiniano filho de hum
Cordoeyro: Maximino deFerreyro, outros dizem de hum (j
fazia carros ; Elio Pertinaz , & Diocleciano tiverão pays hu-
mildes, cujos ofiiciosfe não fabião: de Emiliano nem a pátria
fcfabe:Vefpafiânotambcmtevenafcimentobayxo: o pay de
Bonofo, que também tocou o Império, fora Meftre de efcola.
EntreosEmperadorcs Gregos Marciano , êcAnaftafio foráo
de fangue ignobilj o mefmo dizé de Juftino , & Juíliniarío pri-
meyros deftes nomes; o pay de Micael Calefates embreava
naviosj Sc outros muytos houve de pouca nobreza , que che-
carão a Principados; entre os mais abalizados fe deve contar a
Jamofa Semiramis Rainha de Babylonia , que foy engcytad;*;
fem ter pa.y conhecido , filha de huma pobre mulher eha-^
jnadaDercetà.Naó tratamos de Ecclefiaftícos. ^
5 Limitar as efperanças,defanimarà a virtude, que crece ^
com ellas. N ao he reprovável afpirar a dignidades para fervir *7 líM.i'àà timt^t^S^ ^ ^^ ^ t
aDcosj 17 louvável hc procurar honras, mas com fundamé-
tos que as facão poflivciSj & por bonsrneyos. Niílo feerra,
Neáabano Ríey do Egypto pedio a Lyccro Rey de Baby lo4
jiia Architedos que lhe fabricaíTemhúma torre, que não to-*

caíTe na terra, nem no Gco. O engenhofo Eíbpo , a quem Ly- .

cero cpnmnicou p riegocio, crcou quatro Águias, enfinando-as


a levantar nas unhas voando, cada huma fua efporta, & dentro
delia hum menino, & foy- fe com iítoaNedabano,dizendoj.
que lev^tva os Architcdosqite pedira. Sahio Neftabario a fiy,
nalar a paragem para a torre , .& muy ta gente para ver a mara-
vilha. Efopo largou as Águias com os meninos que levavão
inftrumentos de pcdrcyros,&là definia (como lhes tinha en- #^#*
finado) gritarão que lhes levaíTcm pedra & cal &,Ne£taba- ,g ^^^^^„ inMijti':i.:.tfíiT.fi.
, ;
'

nofe.de.u por vencido. Hiftoria, ou ficção, 18 Q^tm^XoáQ MluximuiPUn^iciíHyUa^o^i.


hum ambciofo que defeja fabricar torres íío ar; pofto que co-
mece, lá lhe faltai matéria, & cede á canfufaõ.
6 Aindaparaopofllvel, degeneraó os pertendentes em
.
'

tamambiciofos , qpe fazem ley nccefiaria de crecer, ou penar; j. j;^^ ^ Bm-rlEf ng.
a ambição os deshonra; 19 outros vicios aífeaó o interior, ,- .

mas guardão fcgrçjdo.na afronta que fazem; a ambição gofta


dcapublicar,"esforça-feaacçoení>que adaó aconhecer, & q
nego-
'140 EVA, É AVE
f • negociante fiiz de fivergonhofoefpeclaculo; legue as facçóes
da Corte conforme prevalecem com rodas fe ruílcnta ( o que
,

hemuyto fácil a quem ferefolve a não ter honra j quem não


quer navegar direyto, có (^'i^lq^er vento pôde navegar) não
fahe da porta dos qile govcrnãoi fe entra, hc a lifongeallosihu-
milha-fc aos criados para fer bem viftonicafa: riaõ falta noç
acompanhamentos nos paflcyos fe faz encohtradiço; no Pa-
:

ço fe chega obfequiofo: celebra com rifdfalfo qualquer dito:


has áiifenciàs fáUa i-everente , não nomeando o lifongeado feni
o titulo de ferthor ; 8c erii todas as occafioeris recebe injuriaS; jà
ha entrada c|ué fe lhe riegá j jà no màò rofto que acha ;jà no rcf-
peyto (^itè fe lhe nãò guarda, jà na foberaniá com que o traraõ j
jà na mà reporta qiie fé lhe dà} &: ellefenipreadiírimulardef-
prezos que hâòteni disfarcei á accòthmoddrfe cohiohumor
doquebufcá;aádivinhai-lhe avontadci á defejarfe Proteo
de feu gofto, 5c Cámelcaó de fáâá cores áfFe£ba a mefma con*
:

dição: cm tempo qúegovernavãoEiiniichos, hoitve perten-


dentes qUe fe câítràrão i & hoje hataes, q ííhgcm padecer os
# mefmos achaques para moftràrem fympatia.
7 Eftas tyrannias executa a ambição nos lugares mais pú-
blicos 3 porque rielles fe oíFerecem mais occafioens , & o ambí-
dofo as riâo perde. Os cireitnftantes liõtáo as palavras , adver-
tem os geftòs,eftaõ penetrando o interior j & o hfongeado di
traça com que melhor fe conheça , para qiie o Vcjàô adorado.
Huns dos que vem ifto zombaó: outros murmurão: alguns
, íèi

laftimáo dé Verem tão vil hiim homem de qualidade; refere fc


nas converfaçoens & do mefmo a quem ferVc he aquella bay-
i

xczadefeftimada. Nada doqdiíTemosheidea jtudo vimuy^


# tas vezes.
8 Aonde eftà a honra qile procurava efté que feenvileceo?
io Bírt.Jf confoUi /.j f r#/:8« (juérendo mandar á outros , diíTe Boecio , 20 fe poz em efta-

«»f»u, pofccna humiliutc, &c. beyjava ós pès, pafa que depois Inos beyjaílcm. Com vil mer-
calnciat pícfdià de Contado por cfpcrança incerta: deshonrarfe,

naó he tratar de honra 5 fera tratar de intcreífe. E ordinariamé-


te ( como dizia hum illuftre Cortefão) quem perde a honra
pelo negacio jambos perde^ que honrados diziaó a Alexandre
ò^EmbayxadorèsdosScythas: Nerri podemosfervir 3 nemdc'^
. *^^f<i*^'^»if-^''fl^^^'^í-7-f»ftfeiamos mandar. 21

pccatedcídciamw. 9 AlgunspaíTaoadadivas, perdemtarftbemalazendaj &


porque o§ grandes faó mais avaros que agradecidos. Eftimaó
&
em mais o feu favof ; fe não fe dà miiy to cuydaó que falta a ,

vontade , & não a poíTibilidade j eítranho género de commer*


íx SélvUHãeverojudic.crprt\idíi.(^[Qr
( notâ S. Salviauo 22 ) aos vcndedores ctcce a fazcn-
vcndiconbuscrcfct facultas .•emptori-da,& OS com pradoresficaomileraveis. iMuycas vezes iucce*
busniircmaiKtn.fi ÍGhmeu4icit*s. deoqucdiflc Tacito 23 fallaudode Butridio ,quefemelhá.
.»i ?«"<.w./.}^^A»j tes diligencias tiraó o que fe hi^uvera dç ídcanjar pelas vias
^ ©rdiívíiaiv
ío Ma*
PARTE I, CA P. XXXlV. t4í (
IO Mas demos que hum deiles chega ao {5ofto que per-
tendiajoqual íelhedeo, naóporamor, mas por exemplo de
que outros cortejem leva a nota das vilezas cem qtie o com-
-,

prou-, fica efcravo do que lho vendco, que fe reputa Deos, pa-
ra desfazer a fua feyrura quando quizer ; he vituperado dos
cenf )re<í-, & quando fe avalia refpeytado pelo oííicio, he como
ovilanimal, que fe gloriava nas adoraçoens que feíaziaóà „. . ,, , >

.._- ^ a Deofa Tíis ,


que levava 24 tal vez o privao , .V
-,
Non « Dcus m Aídlc fed
j^u.gíci , ,

ficafem pofto ^ fem honra. Ifaías o compara bem às ara- Daimvchh.


,

nhãs, que fe defentranhaó em urdir teas , que


^ húa moíca rom- p ll//"'TT^ amor dej a
* T-' t'-c<»'lfi>trdt.do Deos cap.ij.

Se fe houvera governado por razão, naòdeyxàra de fe


II
arrimar para fubir-, pois a natureza o enfina na hera, navidc^
nosjafmins, &mofquetas, flores taõ beneméritas-, mas arri-
maó-fe bizarras , fem perderem os brios procurara agradar -,

por boas partes, &


por virtude.- lembrará- fe com modeftia, pe-
dira com decência , moílrando-fepertcndente, Senão fervo-,
fe alcançafle, fora mais refpeytado feoprivaílem não ficaria
: ,

fem honra fe nada lhe deitem mais credito feria perguntarfc,


: ,

porque lhe naó derão; que perguntarfe,porqur lhe derão. 26 ^^ Cato fenior apud piut-nh. m

Qiiem foge da ambição , acha a honra ; a quantos homens dei- íffi?;^.™


otS^Í.S;;'
prezados olhaó os bem entendidos com mais refpcy to qiie aos Catoni noa dt pofita ftatua, quàm quarc
entronizados? A quantos Religiofos fem lugar , com mais ve- ^"P°^"-
neraçãoque aos Prelados ? Só pararuilicos faó as apparencias
de comedias fó eftesjulgaó pelas fom.bras como aos q olhaô
5 •,

para hum tanque cercado de arvores, parecera ellas cabidas


dccabeçaabayxo; fe olharem para a realidade , as verão em
pè muy to direytas; o merecimento he a mayor dignidade, & a
mayorcftatua 5 as obras faó eloquente lingua, 8c dio;naoccu-
paçáodafama. 27 Germânico (a cujo refpeyto o dlílè Taci- m?peraTuí'^'" ^'"'^'""'" '"P'»'"
to 28 depois de Cataó} muyto mais honrado ficou merecen- ^^ Tjdt.anna/. u. antemeã. cr/ib,^:
doo Império, que Caligulacom o pofluir. E Dolabelía mais '""'^'""'•
ilhiílre que BleíTo, por cuja caufa Tibério lhe negou triunfo. ^
^ *
^12 Qiie diremos dos que por tyranniafobem a Throrios,
cuvdando que fazem eloriofafuafama? que honra acquii-iràó? ,,.. ^^ ,.,*.,,.
So entre Ignorantes. 29 oe hedeshonra ler ladrão no pouco, wídiíioraí./^ít.íryfWww.
fartar muyto tomo o não fera? Como ferao louvados pelo que
(aó atormentados no inferno? por honrados os premiará Deo$:
accufa o jilizo divino quem os tem por beneméritos. Eíitre os
entendidos, o ufurpador fó alcança infâmia para a vida, &: no-
me de tyranno para as hiílorias. Scipiaõ , eíplendor das virtu-
•ides moraes, honra da felxiidade bellica, com fortaleza de mo-

ço, &
temperança de velho ganhou as Hefpanhas, paíTouà
AfricajConciliouMafliniffa, rendeoaSyfas, véceoa Annibal, ,:f
-
I
\

& como fez Carthago de Roma,pudera fazer Roma fua; mas


contentandofe com o renome de Africano , ficou fubdito de
fua pátria; efcolheo por património o fervilla-, dos inimigos - -?

i
que oírendia era amado. Com ifto deyxou melhor fama mor« I
rendc^
'i4t EVA, E AVE
rendo no defterro , morto no Senado. Efte ry-
qiic julioCefar
rannizandoJ<.oma)naOiJilcançou o renome de M^gno^ que Pô-
peo confervou defendendo-a , pofto que vencido. Os Cafte-
lhanos por lavarem a Coroa do labeo que Ihepoz Henrique I.
cafáraó a Henrique lII. com a neta de Dom Pedro Rey leo^iti-
mo, ainda que cruel. OliveroCromucl, que vimos tyranno da
Gram Bretanha , por tyranno foy conhecido em vida, &em
morte: Europa o refpeytou por temor fc ifto he honra , os fal-
j

teadores de eftradas faó muyto honrados. Huma rebelliáo do


povo o levantou , mas nem íbube , nem pode confervar aqucl*
]a fortuna em fuacafaj logo queelle morreo, cahio ofilho. Ter
hum applaufo geral por tempo breve, como em Roma os Sa-
turninos, êc Graccos , não he prova de merecimento , mas te-
meridade da fortuna. Só a ignorância , Sc maldade gabará na*
quelle tyranno o animo com que ufou daoccafiaõj devendo
antes aproveytarfe daquelle favor popular , &
militar para
acçaóqueofizcffegloriofo-, como depois fe aprovcytou Jor*
geMgcK, reftituindo o legitimo Rey: Carlos II. vio-le com
exercito arbitro de três Reynos, &
nenhum quiz j mais qui?;
dallos, quepoíTuillosj fugeytouopoderàsLeys, com mais
gloria no obedecer, que no mandar. Fey to por ElRey Duque
de Albemarle, com outras honras illuftrou para fempre Iba
,

,
defcendencia; viveo grande, mas menor que os méritos; êc
morreo mayor, porque viveo fem ambição j foy fepultado en-
tre os Reys, porque o não foyjlogra para feculos o throno,que
recufou por annos. A morte o achou retirado no campo aon-
de dcfprezava a Corte j fora o mais feliz, fc morrera nareli»
giaõ Romana: os oíTos do tyranno foraô queymados conde- ,

nada fua memoria, & he abominável feu nome. Taes faó os ef-
feytos dos meyos porque fe pertende a honra j 8f a ambição
nem com exemplos taó multiplicados teme os fins dos que
imita nos feytos. 30
"jo Cieir.Phil t. tnpme. Te raltot
Anconi , quorum faíla Imiterc > eorum
«zitus aon pcihoticíceie.

C A P I T V L o XXXV.
Tara o mefmo intento fe moftra como oí que fertendetí^
honra pela fetencia , errando ordinariamente os
mejos , fe dejacreditão.

í pr#mt. j.d.i j. «7 if
o Utros homcns,& em todas as idades, põem a fioft-.
ra no fabcr , & com razaó porque como Salamao
>

diffe, 1 he a coufa mais prçciofa , & nenhuma das que fe de-


fejaó fe lhe pôde com parar 6c afllm ofFerecendolhe Deos o ^
-,

elle quizeflc, pedio fabedrjria , &: q iV«^í>r approvou fua eley-


*J-KSÇ)« çaó. 2 Porefta parte fc diffcrençaótantooshoméshunsdos
outros, que houve quem diííe que hiaraais de hum homem a
Oitro
, ^

/
PARTE I. Ca P. :^XXV. i4j
oiitrotiornem , que de hum
homem a hum animatbriitojeií-
rendendo que vay mais de hum homem muy to fabio a hú ho-
mem muyroneício, que de hum homem muytoncfcioahum
animal irracional daquelles que fe podem chamar menos bru-
tas; &allim diz Salamaó ao nefcio que aprenda fabedoria da
,

íbrmiea. 5 PoriftodilTcomefmoSaíamaó; O nefciofervira ^


Pf^-^^rb-á.s.

r4 ''i ^^ r I „ ^ rr
. ^-^ 1
-'j" r-
1,. r 4 "r0vcrb.ii.y9, Od^ ítultUs éít kr-
aojamo: ^ osjajioiyojjíinaogloria: a exaUaçao donjei CIOS jhe yiet Copiam.
ignominia; 5 paraignominianafceoomfcio; 6 8c chamar a hu s Provirb.i^.infn? Gloriam fap entes

homem nefcio, diíTe Ariftoteles, 7 he dasmayores injurias P,^^'JJJbunt: íiuitomm cxJtaao, ig.>o.
que fe lhe podem fazer. Mas em duas maaeyras avaliaó os ho- e Proverh.ij n. Nams eíi ftdms
mens o fâber; ou fó pelo natural fem eftudoi ou por acquifição '" '3n'iTi'»'3m
&
do q le eftudoui em ambas erraó muy tos o modo de moítrar ;„ Jx^,,.!Í GlUc.lTprinc!'" '^
'
"'

quefabem. » Ecciefijji. 10. niM.i^.Stahusvaha,

2 Para oftentaçaó de bom iuizo falho niiivto, até nas T/!^^^rt"^- _ . .^ ,.

igrejas; nem altOiarrectao dizer graças queellesmeímosce-


j voccm tuam.
lehraõj & tudo ifto diz o Efpirito Santo , Sc notàraò fabios , 8 ^"""'(^^^'i^-p^iyra c o i po[i med. w/.hs
que antes heíinai denelcio. Alguns que le querem moltrarpo- SitKcEo.is.Kr aomU-O-
s-
iiticoSjfempredifcurfaó fobre o governo, que lhes naótoca>
pela mayor parte cenfurando-, fe fe prezaò de Poetas , fem õ
ferem muyto bonsjfaó os que mais enfadaó. Romano Syllá O
deomuytodinheyroa huni mào Poeta , porque o naó cançaf-
fej melhor o fez Alexandre, que matou a outro com fome. 9 ' ^^í^rnsmc, i6.í»,i4í

^ Outros tomaõ caminho contrario. Fazem-fe fevèros


{allaócm vozbayxa, poem(comofediz)overbonocabo,8c
tífcuta:ó-fe a fi mefmos, notando 8c deleytando-fe, fe foy o pe-
,

riodo bem foante. Raros faõ os que daó em fempre callarj cftes
erraô-menos conforme ao emblema de Alciato 10 aprendido^*® «^^"''f'^^'^^^?- ,.^ ^.
debalamao-, 11 porem líto tem termo , porque também de- emíbusamcns:
ClarouamefmoSalamaó, 12 que ha tempo de callar, 8c tem- stuituix cft ind« linguaciue voxquc ,

po de fallaricailardemafiado, também he nefcio Scaffimen- "^, j>,,v.i7.i8. stuicusqu^quefíta-


;

comédando hum pay a hum filho nefcio, que em hum banque- cuerit, fapkns repucabitur-. & ficom^icf-
imeiíigens^
te naó fallaíTe, pornaó fer conhecido; callou tanto , que os cir- [^"^"il^bia <"a,
íimítantesdiílerao entre 11, que devia ferncício pois nada lai- jo.
5

lava; 8c ouvindo-o elle, celebra a Florefta Hefpanhola 1 3 di- * £<rf/f/i'.!Í7.5.7.Tcmpustaccndi.& té-


»

zcr: Pay, jàpafíofallar.poisjàMe conhecerão. ^"í


iT/orí/í; í/,/p.«U..
4 O bomjuizofemoftra em fallar moderado âfeii tempo: jt Ecckfían-n.ii. Viraut«a.íi^
rircommodeftia.* 14 metera galantaria na pratica como ao P^='"*^*^**="*^
"'^^''"•

defcuydo, quando fe oíferecer occaíiaó, fem fe aíTedtar, 8c fem


a folemnizar, deyxando-a ao arbítrio dos ouVÍntes> 15 dif- ^^ ^^^17 z Laudet te alicnus, 8e
curfar fobrc matérias diífercntes, feiíí fe applicar fem pre a húa, non os tuum; extraicus, & non labia tua.
£.././!#}.,. Omma tcmpusha-
16 (porque a converfaçaõ ha de fer varia) 8c menos as do go- ^j6
VCrnO publico , fe lhe naÓ toca por officio. CÓciliar facilidade ^j ckomenes a^ud Plutarch.afophtheg:
com gravidade. 17 Fallar compofto, masnaturalmente,lèm AfFabiiis eo ufque dum comcmptui non
artificio^ 18 hepeyorfallaraíFedado, que menos elegante, ""jg
senec.ep.ws-
5 Dosquctem fciencia acquirida,muytos fe defacredi- 19 Proverb.xt.i^. yh ílultircflíaiil
taó por onde querem acreditarfe. Hiins fe engánaó a ÍI mef- ocuhscjus,
«nos , cuydando que fabem tCido } 19 devendo entender que
ao que mais fabe no mundo j falta por faber muyto mais , è<:
nem
,

144 EVA, E AVE


nem o que fabe, acaba de faber perfey tamcnte, Sc como o deve
faberj20 por iflfo dizia aquelle grande Filofofo: Sò feyqiienãda

novitquemadmodumoportcitcumtci.dindo, 6c aprendcíido de todos , 22 & em quaíqucr idade.


r - r„; PiírecemLiyco bem C dizia Eíchilo) hum velho
^' .
, , 1- que aprende,
entioreric. ^3 p^rque a ignoranciajiíí muy tca Hos velhos , òc he menos
ai 'tyin^d.inproctrn M.pr civ. culpavcl Hiorrer aprendendo, que ignorando^ aflim refpondia
SSlítoto.":^'"™»^;^';;. Sócrates aos que lhe caxavaó procurar faber mais, tendojà
docen. muytaidadc. 24 Marco Tullio no hvrotJíiy^w^aí/íc, induz
D. rh,rnxy^fl.demioacqHirfdent ^^ j^^Jq SoXon gloriand j-fc de quc hia envelhecendo &: apré- ,

Non reinicias a quo audias, ledquidquid .<=>

bonidiokiur, memoria recomenda.


,

dcndo
c.ida dia. 25
- ,

O Jt uriíconlulto Fomponio proteítava


/'\ -r r i t> /l

ij £/íW.vf/awiHí,rc«;'w.«if//«frt.qaeeradefetenta &: oycoannos, & ainda aue tivera hum pè

inDoâ.Prtncip c.x. Agoltinho dçfejava que oenfmaíTe qualquer Bifpo.&r compa-


>>'^rgh.''> i--^p'<<i ?«•
15
^}"'pf, nheyro mãcebo. S.Teronymo conta de íi como na velhice apré-
16 ind.LApudpii num. OU Qc outros 2/ & O eloquentillimo rndre iMendoça 28
;

itfi aitcrum pedem m tumulo habcrcm, Qjj-^oftra maislouvavcl aprendendo, quccnfinando. Diícreta-

"\"rD.l?T/j?'x!S-f^y'.p. .^ mente diííe Séneca: 29 Muy tos chegariaó ao alto da fciencia,


^^.reiatusttiC.fihékfs i^.q.\. fenaócuydaíTem quejà haviaó chegado.
D.Hircyp.isfdPammach. ^ Outros tcm pot bayxeza feguir OS camínhos trilhados
19 Sfwf.dí tr .nquiWt.vtt. &" opmiocns commuas, & laceis cuy dao que moltrao mayor
;

Muiti ad cuimenfeicnciz perveniflcnt, fciencia, & cngcnho , &


qucfefazemímmortacs inculcanda
t^r!!::^^^:ini.o. ynov.s doutrinas, prezandofe de fubtileza. A eftes reprehen-,
^o 2Vm/*»/v/v.n«fi./.5.ni8.ín^n." dcm afpcramétc OS maís graves Doutores joaó deNevifanio,
Tunc.Du .un.epin. de mod. ?Hci. hahctwr ^ Fr^ncifco Duarcno,
( 20 pondo exemplo em Barbacia , )
j i Viv.de câmuH.ofin.ioco 7. ie uit.ytl OS qimiticãoj a^ancioJoSf temerarioSydelirantes,jumofoSf que &
vt.í,.c.i\.xeriitayte. feferemafimefmoSyporqmlevântúocoufasquenaofakmnTêU
^J,
H.kmrrnil.,ny.ornco.rnun.op^^^^^^^^^
^femclíante fubtikza dà titulo ^CpcrmCtofo:^
1 %íHÍJt
}
ííí-de Ad-vocat. §. n«»c. df Spcculado T 3 2 diz quc cllã mefmafe confunde que voa ao Ceo :

txofdjfs, «.XI y.fubitinas.


,1 Glo. verbo ,Jt4bulitatem,inL.jt muifQ^y^
penuãs dos ventos '^
^^ r 3
t^r'' I t^-
&
lo^o fe fumern debayxo da t erra na
^ -i 11

1
lier^.exaUeffdejuredot. projundo dos ab)'j]os humaglola de Uireytocivil 33 Ihecha-
-y

H í{'ATvum9i.ífeiimturifMveTb.^^jfjjp0jj^l,^lj^^j^.^^ ^^ âuthorizadâde erros.En-


*^'
tende-fe tudo ifto dos que íubtilizaó com demalia , dando enx
extravagâncias; que a fubtileza regulada orna, rcfplandece, 6c
hum Africano , ou
illuflra as fcienciasj entre os Jurifconfultos,
Papinianoj entre os Doutores Juriftas hum Cumano Manoel
da Coíla, ou António Fabroj entre os Médicos hum Avicenaa
entre os Theologos hum Joaò Dunx Scoto , outros enge- &
nhos levantados em todas as fciencias, faculdades , que lou- &
^i\pPíulad'^ontAí.^. vorcs nâó mcrecem ? O
ApoftoloS. Paulo 2C deoamedida:
líd fapcrc ad t^r.ctacem babcr O q balra,nao íaber mais do que he ncceíTario faber deite -,

^ 36 i.i.§ po/í hur.eif.deorigjur. modo foubc O Jurifconfulto Labco , do qual com louvor refe-
re hum texto ,364 cngenhofamentc innovou muy tas coufas;
&
Bartolo, de quem por teftemunho de outros Doutores ef- ,

^'^^'"'''•"•^"'^^'M""*'''^"- creveJoaõFichardo.
fm! 37 que alcançou tanta reputação, por-
que fempre feguio opiniocns que contentavaõ ao commum,8c
fe deyxavaó entender de todos. Entre os nimios em fubtileza,
faõ mais rcprehenfiveis alguns qufaó delia nos pulpitos,arra-
ftando
'

P AR TE I. C A P. XXXV. 145
ftando a concey tos vãos as EfcriCLiras repugnantes, como diíFe
S.TeronymOi 38 &: com as fantafias, em que bufcaó credito, ^ J^ i>.^cfrwfp.ad PauU». fiiroí-m,
«*^"= "P"g.
cahem no vitupério que o mefmo Santo nota nas palavrais que mnrem."*"* "P'"^""»
jà referimos tocando efta matéria. 39 ^9 SHprac.t9 n ^.

7 AlgunsfaEemprofiaa6dercprovár,oquehen,aisfa-'cr,íl'S'S,pi,™«„,.„a
cilquecomporbenijcomodizia Marcial a Leiío. 40 Imagi- L2I1:
não que acreditaó feu engenho,& fazem fe odiofos: Baldo en- ^"P*" *'^ ""'' "°^"» ^^"^ '"*' '"^'

I. joevoou fuás luzes com fe dar a conhecer por oppoílo a Barco- ^r rr j -


JO; 41 mancha mayor nos emulos de leusmeítres, como An-
ftoteles de Plataói dizem que por caftigo lhe negou a terra fe-
pultura, &C morreo afogado nas aguas do Euripis. Ley dos ín-
dios finalava com ferro por infames os ingratos a feus meftresj
& na Academia dos Gymnaíoíiílas fe lhes punha outro final de
vitupério. 42 Naó nego a obediência à verdade jfeellaobri- 4^ thom.GsTfonmSynM^oga deii>v
^'"' ''^'
ga, fe deve feguir mas com fundamento quemanifefte defcjo
; "
de acertar, fem animo de contradizer. 45 d pauí i.êdCtr.i.ji,
8 Taesha, que inchados com a fciencia, 43 ufaó delia ^*='=""*"'^"-
para feu louvor , naõ para gloria de Deos , peccando onde de-
vèraóemendaríè, como lamentava Santo Ifidoro. 44 Antes 44 o(í?Jh«''^ »•*<"»• Plerique ae.
parece que naó conhecem Deos, fepos abomináveis emfeus êj- ^^^Sc^Z^ZcTltimlfZ
/y^w, como diíTe David* 45 Porfemelhantesinconvenientes<ie'pía«:^^o""n"f> & ibipeccámi uW
:ict.
náo queria O Seráfico Francifco que feus Frades eftudaflem.í*"%7;""^"t"^'''"'^^ „ . . ..
46 Osquealumfelevancao, íedelacreaitao, porque ( diz incordeiuo,Noneft Deus.
r lurarco 47 ) fe moftraó vafios de letras, como na íèàra as ef- Corrupci lum, & abominubiies fadi funr
t pigas va fias fe vem levantadas Sc fó fe humilhaó as cheas de '" ^Iff'. Zcos de Unha na chron.d0$
,
• f
fniTo. OsfcientesparaaGquirircmhonra,devèraófazerocon' Fudes Menor.f. 1.1 %.cM.&-íí,
trario do que ordinariamente coftumaó conhecer que de fi
: ^^ ^"^['^'LTraLio.
"^
faó nada, & tem de Deos qualquer coufa que faó; 48 tanto ^ *

leràómais, quanto fe eftimarem menos j 49 naó confifte a 49 ú.òuf^.u^. moral, tarifo pcriu
honra na fciencia ,' mas no modo de ufar della^' 5' o nefte modo !*? f"""'"" ].^°^^^}^' ^^p'^ • 4««>tii
J
leiuhrmum 111 illa vénus recogaoícit. *
^
leepra. ^o d Bírnard./up.CuntJerm.ib.
9 Finalmente a honra (difle Platão) he dimidade ac quiri- ^°^^ v^°^f muitum fcicntcs modum ,
,fi

J^A^/--.\.,* J r -d c J j r» J- fciendinefciveru<it,tru;um, &unlita«


áa petãvir tude } lignificava-fe em dous templos de Roma edi^
1

^^ ^^,^^,1^ ,^ modofcieiHái couftumc.


ficados à virtude, & à honra j com tal artificio , que naó fe po-
dia chegar ao da honra, fenão pelo da virtude ; nem fe paflava
pelo da virtude , fem ir a parar no da honra. Santo Agoftinho
5 1 refere do virtuofo Catão , que quanto menos pertendia y ^'^"S. ^' ^'^- °"^'V "/«"«f"i?
gloria, tanto mais ella o feguia. Outros caminhos tem incon- *^ *
Boet.ie c»nf<>l.i.^ .froja %.
venientes que antes defacreditáo, comoBoccio 52 particu- 5 J^rat./. 14.
j

larmenteosconfidera. EhataÓdcfordenada ambição , que


^f^-tfi!f.Í!i^í"^^^^^^^
Heroltrato por ficar afamado, queymou o templo de Diana p.i.c.g, "

cmEphefo, defcobrindofe para fer condenado à morte. 53


E hum Filofofo defejava que o mataífe hum rayo , por não íer
vencido de menor homicida
54

N CA-
,4< EVA, 'E> AVE..

C A P I T V L O XXXVl.
JSIo de/ordenado amor da 'vida fg mofina C£go o
, enUn*
dmento feias mtferias delia»

~Íj|Inta-feoamorcõazasporfuaincon{r:incia; fóoda
1
I ?.Lylleuxmi:%HoJoph.Chrijl.pA.e.i.
Jj^ vida ( dílcurfahumjuizo grande) i hemuyrofír-
me: nafce có os homens: crefce com a idade: fo morre na fepal-
tura. He menor nos primeyrosannos; depois, como arvore
vaymukiplicando raízes na terra, atèqofuracàõ da morte a
arranca; ou como ribeyra, q ao nafcer corre mania, mas quan-
do fc ha de render ao mar, fe faz impctuola,foberba cõ as aguas
q lhe entrarão. Nos felices, &: nos infelices he igual efta incli-
nação: tanto ama a vida o efcravo,como o fenhor: nas mafmor--
ras quer viver o niifera vel carregado de ferros em efcuridaó.
2 Refolutaavontade aeftedefejo, abraça todas as mifc-
rias que para elle podem contribuir j porque ainda que o defe-
jo precifo he fó da vida eíTe he infeparavel dos remédios qiic
,

apodemconfervar. Há occafioens em que lhe heneceíTarid


cortar hum braçoj paga a quem lho corta , &: tal vez fe queyxa
porque não cortou mais hum homem agradecera cortarem-
i

Ihe ametade do corpo , fó por ficar com a outra amctade j pwr


huma parte com vida enterrará as mais fe os inimi-
fuftentar , •,

gos entraóhúa Cidade, os Cidadãos lhe daófeusthefouros,


porque os naó matem , privando a vida das riquezas que lhe
feriaóree;alo:& niftofaó amantes, f diz Santo Acoftinho) 2
íuam noiXbercnr, nifi amando ino- pois nao teriaoeítafua qucrida ,fca nao tivefíem neceíTitadai
fcm reddidiílent. chcgaó OS homcns a delpojalla , porque viva do que lhe he n'S-
ceíTario para viverj que repugnância? Em hCia tem pefladc,por
• ^->—--* r^^ss::' aliviar o navio , fejançaó ao mar os mantimentos cxpondo-a a
morrer de fome, que não he menos cruel qiieo naufrágio por •,

fugir de hiia fera, ou de hum inimigo fe preci pita o perfegui-


,

do em hum rio femfaber nadar, & alli fe afoga-, muy tos, por-
que os não mataíTem, feanticipàraó a mortecom veneno, 8c
punhaladas; a tudo o homem feexpoz no único a£to de amar
4H^,^^ avidacomdefordem.
5 Senhor noffo, accommodando fua doutrina a
C/:?r(/2<?

cfta inclinação, quando encomendou as virtudes prometreo

^ MMth.<,.exn.t,'. outros prémios; 5 mas quando cníinou a defprezar a vida>


4 \oan.\i i^.Qoiodit animam fuam pj-Qmetteooutraimmortalj 4 ôcmoítroucomo fc havia de au
hoc mundo , iu vitam xtcinam f
in xt r j
cuftod,tea^ti.
cançar.N a fegunda parte O veremos. 5
Cncorã<xitju(demMitth.\6.ís-, 4 Ecíla vida para quanto tempoa confcrvamos ? Acima
;i/arf.8.^<.i«c9.i4.eri7.jj.
fícajàdito 6 que hc corrcyo de pofta, nào velcvta , aguia vc-
1 Suf2io.n.yO- vi<lí t-M j}.».«. loz, fumo, fombra, nuvem, névoa, & vapor.
5 Mas fe lhe confideramos duração ,em que dura, fe-
nãoemmiferias? nafcendo fahimos de humaprifaó em que,
como
PARTE I.C AP. XXXVI. 147 /
comocrirriinoros,cuanticipando-feocaíVigoaoscnmes,eíli-
vemosnovemczcsifahimos chorando, não havendo lagrimas,
em algum ourro animal: & lahimoscomo efcravos fugitivos
que amda não podem tirar os ferros, pois nâo podemos andar;,
como outros animaes logo andaó.
6 Depois de nafcer , ná» atamos as feras ; êc o homem
he logo atado cófaxas, de pès, 6c maós,fem outra culpa mais,
que de haver nafc ido com os grilhões que der ivcimos de Adaó,
como diz Santo Agoílinho, 7 Sc defatára Chnfto. Mal fe pó- 7 D.^ug <r<i«,4T.ár<: s /« <fam:^,

de julgar, dizia Plinio, 8 fe nos he a natureza mây, ou madra- ^íouciu^i^iDijuiànt.&iamfuiKcóirtfé-


íla, porq entre todos os animaes fó ao homem vefte do alheyo: *"uíTcíS!o? ^^ ^"^"^ '^"°'' ^°''
''''

aos mais deu vários géneros de coberturas ; a conha os cabel- « ^''»'i'>^roa:m.khi 7 hijí.Mm.
,

los, a lá, as pennas, as efcâmas,atè as arvores defende dos frios,'


&: da quentura com cortiças, algumas vezes dobradas. He
verdade que tudo o que nafce tem pequenos princípios ; mas
entre todos os animaes, o do homem he o mais cativo. As abe-
lhas tanto que voaó, ajudãoa fua Republica, &c mathematíca-
mentc faó archite£tos das caías em que fabncáo o mel. As for-
migas em nafcendo, trabalhão naprovifáo de feu mantimen-
to, envergonhando nofla ociofidade-, todos os m.ais de muyto
pequenos tratão do que lhes convém ou correndo ,ou voan-
,

do, ou nadando, ou com forças, ou com manhajatè os peque- -


.
; . .

nos peyxesfabemíugir das aves de rapina quécoftumáoco-


mellos fó ao homem he neccíTario que outrem dè o fuftcnto;
:

o defenda dos perigos:difponha fuás acçoens,& enfine a andar,


afallar,6ccoracri nada fabe fazer, fenão chorar > coraooho-
-çiemfe chama, w/VríJfí?/?»^?, que fignifica, pequeno mundí),he •/ • •

como o grande mundo naefcuridaó de feu principio antes que


Pcoslhedéífeluz.
. 7 Começanosaluzquaíidefeteannosi&meftresnoscoíí
meçáo a inftruir nos bós coftumes, a que a mà natureza repug-
na: diftilaó-nos por gottas(porque a corrente nos não afogue)
as artes, 6c fciencias,que nos enfadáoj 6c depois de muytas def-
pezas, 6c trabalhos, nos fica delias pouco ,ou nada.
8 Adultos, cuy damos que jà fomos fabios defprczamoff
-,

os confelhosj tomamos toda a liberdade-, entregamonos-ao ap-


petite , fogo que abraza , torrente que alaga j 6c fó depois do
precipicio conhecemos o mào caminho , em que dcyxamos fó
velligios de pobreza, de doenças, 6c de arrependimento , que
yeyo tarde.
9 Na idade varonil fc imagina o homem livre dos perigos
-

^à adolefcencia 6c he como os pey xes alados , que faltando


;

cara o ar por fugirem dos grades que os perfeguem nas aguas ,.

le fazem prezas de paífaros que os eftaó efperando. gla- O


diator Myrmillo fe queyxava em Roma de. que fe celebravap
poucas vezes os jogos de combatCj mas fe advertira bem , vira
q^ueeftavaó todcsoshomésem combate continuo. Nefta ida-
de fobreyem os vay vens áo nuindo^ que os antigos chamàraQ.
Nij for-
-i4« EVA, E AVE
-íorruna.Qoanrospadeceo David , com ler Santo? & quanto*
padeceo Ch':(f(>{upr.nor axudo^ jiacclamadoj jà perfeouido';
huns lhe chamavão Profeta, outros endemoninhado-, hum dia
o receberão comoRey, ourro o crucificarão como amotinA-
dor. Ninguém teve taó temperada a viola da ventura, queli
lhe não quebraíTe alguma corda^aqueUe parece mais venruro-
jbj que começou mais rarde a fer mel afortunado : fobrevem o
jigordotrabalbo o cuydadodos filhos, o ponto da honra, o
,

deíafoíTego da ambição, a carga da familia, & a falta da fiizen-,


^^ TT.itmQ%iii(io acima c.xt.ihxi^-
da para acodiràsobrigaçccns. 9 Os Eccleíiiílicos, & Reli-
giofos encerrados nas fuás ccllas padecem o mefmo no efpiri*
to. As redes do inimigo comum faó como as das aranhas jquo
os naturacs dizem que faõ da cor do ar , para que as mofcas,
que procuráo caçar, ns não diífí:rêccm dclle o zelofalfotem-o
:

mefmo fervor que o verdadeyro, -ainda quenáotenhaom.ef*


me motiv.05.&' CS meie no labyrinto das eleyçóes: ã ocioíidadô
fe cobre com capa de oração ; a caridade fc engana indifcreta-»
mente metendoíc em negócios do mundo , atè nos da Corte,
que o prudcntiíTimo Patriarca Sãto Ir^nacio de Loyola na fua
Regra fantamente prohibio aos da fua fagrada Companhia;
Avaidadearinaembofcadasdebayxo doprerexto de boare-i
tt^ r r UJ/-.1 rt ^ putação.-aílim da medicina fazem doença, da fantidadc crí^
10 £j^«t«.ífc/.ar;/?.^T^.i5.
j„g. dondenotà o ReligiofiíTimo Padre Lyileux, 10 quciía
mefmo tempo cm que hum demafiadamente confiado em fua
yirtude,eftà de geolhos com as mãos levantadas, & os olho»
em hum Santo Crucifixo rogando pelos peccadores, diz o de*
monio^qelle^heòmayor^&queneceflitadequeroguem por
elle: faó palavras de{l'e grande Varaó.
10 Se chegamos à velhice,he fonte de penas, tormento dé
11 p/"Jw.89. v.io:
€nfermidades,desfa1ecimento dos fentidosj David 1 1 lhe cha-
Nccconfidcnvit corpus fuumenjortoHj Hiou traDalno,& dof; & b. Paulo 12 avaliou por ja morto híf
cúia fcrècíTsíceiuam annorum. vclho em vidaj que pòde haver aonde o comer he fem dentes,
o ver com óculos, o ouvir com gritos, o andar com bordaó,o9
membros fraque jão, o juizo vacilla, asremifloenscrefcemaot
pafío das obrigaçoens a que fe devera acodir o tempo q gafta
.'*

as pedras, que não terá fey to em hum corpo tão débil ? lo re*
ílaó delleas ruínas, que moftrãoq-nálfoyaquclleamphiteatra

t; D.PW. t.aâCv. f.'x'. písteiii <^ 4 ^^ reprefentàrâo tantas comedias 5c muytas mais trage^
,

euimíi^urabujusmsiidi.
" dias. 13 Que digo?'nem iftoapparece ; porq a pelle enrugada,
oi nervos wnco]hidos,os pès torcidos,as pernas fracas, as mãos
trcmulas,.a cab'eçiinclinada,a voz mudada.os olhos ennevoa-
dt)s,os ouvidos furdos,o nariz humido^o animo cahido,a pro-
penfaóaofnnoimrigcmdamortc, otei-íiperamento jàfrio , Sr
íecoda n.icurcza daròrra.aqucílejà ludibrio dos criados,^ dos
próprios filhos, não parecem do homem que era de antes. E na
14 LPreportehatnrjé.f. dfJnJlcjt. verdade Filofafos, &
Médicos diílerão, Sc as Lcys Civis o ap'*
próvâo, 14. que c calor interior fempie cm acção gafta o ha*
jnocjaaúva, ^ej» feu lugar íe vay fubílicuindo como alimen-
'to\ ..
to,
,,

PART. I. CÂP. XXX VI. /


Í4S,
to, curro dediffcrentc fubftancia &
fegundo ifto duvidare-
>

mos fe cfte corpo he o mefmo que nafceq de fua iriãy, como os ~—


naefmos Filofofos duvidaó fe a nào.dos Argonautas , que elles
nas longas viagens foraó reformando com novas madòyras atè
lhe naó ficar alguma das antigas , ficou fendoa meíma em que
pnmeyrq navegarão; Sc fc hum rio que fempre corre i he fcm-
pre o mefmo rio.
11 As mulheres fentem niais eítamuclançá; fe o tronco ..«•-''•'•*'''
. mais robufto,fe a muralha mais forre obedece ao tem pOj q fará
húa belleza delicada? Quanto mais fc prezíi de mimofa tanto ,

mais fe fugeyta. Aquella donde fecopioíi a rofa,em quem,pri-


meyro que no Ceo, amanhecia o Sol 3 & que foy incentivo de
incêndios, jà he agua que os apaga ; como as frechas de Achil-
les, que faravaó as feridas qite haviaõ feytb. A mafcar^ de con-
fcyçóes j o artificio de fingimétos náo disfarçaò a v,£rdade,rnas
occafionâo rifo j à çufta de feu martyrio qiíerenl lavrar enga- , , DMieronym. Câncer''
noíéclavraóavifo; 15 feapparecem veíligicsdopíiJTàdo,fa6sufeaidadcrecearcyrada,^
QH=acp(Mdc(umartyro
ri
^ morréo. Qiie triíle retrato pôde fazçi- hum
epitáfios do que
j n -1 r r ^ r ii
QiiKrehbrar cl engano,
Foeta em retorno dos noridos quelehzerao le aquelles na- Yíicmpreiabraclayifo;
!

inoravaó,efteátemorizd ; trocado o que mais deleyta , a pur-


pura da boca fe paííou aos olhos: o preto dos olhos aos dentes:
ocrefpodoscabellosásfaces: o marfim da tefta inficionou os
cabellosvnemjbor idade he venerada > de vendoft veneração à
velhice. Por iffo aquella Romana de que j à fizeijios menção
3

mais queria fer comida de feras ^ que chegar à velhice todas fé :

queyxaó de efpelho, & Berenice queria prevenirfe com dey-


xar lamber o roílo por hum Lçaõ. 16 ,
H Su^c^ti^n.}.}
,

12 A nenhúá idade, a nenhum eftado, ou fexo perdoa mi-


ferias a condição humana ; fe alguém as não viíTc , feria como
hum que caminhou largo cfpaço a cavallo por fima dehuni • • ' »^»• •
-

rio congelado, cuydando que era campo cuberto de neve j &


outro que dènoy te paíTouhum rio por fima dé húa ponte ar-

ruínada, acertando acafo por onde havia de pór os pés-, & ven-
do pela manhã o perigo de que efcapàra, morreo de medo;
quem o naó terá de vida taó perigofa, & miferavel?
13 O
mefmo he viver que fer miferavel j parece que á
,

naturezadeyxaviverosmortaes para que mais padeçaô, co-


mootyranno,aquemhum que elle atormentava kntarhen-
. re, mandou pedir que o mataííe^refpondeo, que ifib fazia aos
amigos: que fofreíTe, Sc como lhe paflaffe a cólera ^ lhe faria
. aquella mercê. Por iíío no famofo templo de Denia em Hefpa-
nha, edificado pelos de Ty ro , eftava depofitada peçonha pa-
ra os que quizeíTemmatarfe por caufas approvadas por Jui-
zes, que havia para examinarem fe erao juílas &z entre eftas ;

craó doença importuna, & vida larga-, ly coftume, quetam- x^ ^luldeCafiàoUfí.dosQoà.uh.:


bem havia em outras partes , porque lemos que huma illuítre ^'fcurf.t,
t mulher da Ilha de Cos ufou. ddlc , matandofe com veneno
/. • prcfentc PompeyOj alcançadaliceriÇa.dos juizcsj Starcathero
Niij Rey
150 EVA, E AVEííí^'^
. Rey de Dinamarca, vendo- fe chegado à velhice, 6ftemenda
os achaques delia, fe quiz anticipar à morte, &: deu hum col lar
de ouro, que pezava céto & vinte libras a hum chamado Ha-
,

„„rr r j^ tero, porque Ihecortafíe a cabeça, que lhe oífereceo com def-
^ '
cí perada refoluçao. Eira caufa da hum grave Author i8 a
19 Saxoi.s. aquellaacçaó barbara, pofto que outros 19 referem, que foy
arrependimento de haver morto hum filho do mcfmo Hatero.
»• pimMb.t.c.7.infiH. Piinío 20. barbaramente confiderou nos homens hum bem
que faltava a Deos, &: era poderem-fe matar, par* evitarem as
penalidades da vida. ''^ •<?*«>*•
j

Finalmente o bem que imaginamos nofíb, heemprc-


14
ftadoporbreviflimotempo; fó poí^uimosnoí^ooqueimag^-
• namos que naó temos; no principio da vida cegueyra p no pro-
greílb trabalhos, rto fim dores, !k fempre erros. Ou, como la-
XI SttoifapuiSiokfem.^ê. mcntAva Solon, 21 podridão no nafcimento, vento na dura-
ção, manjar de bichos tto fim. Qiie dia temos que naó feja pe»
nofo ? Qiial nos foy taó alegrC que nâo pagaííe penfaó ? antes
11 Sencc. tragic. in Trtíad. Nulla dics cada dia nos tráz penfoens novas. 2 2 Pudera a Efcritura fan-
moetotecaret; icd^novafletuscaiiíami- f^contar OS dias damanhã atèa noyte / mas conta da
vefpcra
"'
iTc". I. f naumque eft vcfperc, ^^^ a manhã, 23 porqiie não temos dia que não participe de
.

&inaiiediesuniis.£í infrafe^ius^ trcvas;. Sofronioconta na hiíloriados Padres do ermo, que


hum Ermitão moderno fe qiíeyxou ao Santo AbbadeTheo-
doro Firme, de que não tinha achado hum dia de defcançoj &•
ofantovelhorefpondeo: Se eu o não tenho achado cm mais
de fetéta annos, Como querias tu achallo em tão poucos Co- .''

mo não ha homem que fejaimmortal, o não ha qtie não feja


'^^:&^^tdí:!;Í;^:!''^ triftecmquantovive,dizS.JoâoChryfoílomo. 24 E Sene.
Nuiiadomuç m totó orbe tcrrarum aut canota,qnenãoha , nem houve no muítdocafifem prantos.
cíl,aucfuufinccompioratonc
^5 Temos í^ucrra pcrpctua coui afortuna, em que fó a virtu-
in^tmci'^.m qiii declinar aiiquoi ,(d ia- «6 uos pudeta dar vitotia ; mas íracos j & delarmados peleja-.
cidit proculdubioingMviores,
moscom eíla em dcfigual partido & fomos verfcidos facil-
,

nientej zomba de nos, parecemoslhe capazes de fazer de nós


jogo; animaes de vida breve, de cuydados infinitos, que fem
íabcrmos tomar porto , nem confel ho a nofia rcíbluçao he efw
,

tar pendentes, & além do mal prefente, fentirdordopaOado,

PavL^;,^í i^aTiJí^r^'
'^'^' '''^^'
^ f ^"^^'" ^^ ftiti'rOitemor q he mais pezado q a morte.iíCaim,
17 Gc';.4.i4, * & Elias por não temerem defejavão morrer. 27 Somos ex-
jAfg-i?"».
^ emploda fraqueza, dcfpojodotempo,imagédaínconílaficia,
balança das calamidades pelotas da fortuna o ca|or nos abra-
, >

Za,ofrio nos gela deytados defcjam<)s levantamos jlevajira-


j

dos queremos deytamos; oocio nos faz mollcs, o exercicid fra-


cos: huma horabufcamosoq em outra fugimos ;recufamoso
que temos, anhelamos ao que nâo temos noíía meíjma vonta-
^

a6 nos atormenta. Eíla guerra interior que padecemos, ou efta


^nlL^'!;JVÍ'a''"^f^^^^^ q"e lhe cauíava o n lo continuo
laííccoiifiec. • qucm diraquc tal Vida hc viver.^comobalviano Qjzia Qos Ro.
i9 Rc'(ttstnep.ji.aâfi>i.
manosabatidos.. 28 B^m difie Cefar a hum qiiclhepcdja^
\»ZC^ãJluSl^Í!Z^^ >9 Chegou a dizer Sencea, ^^
nobisadvicamdc(iit,cxitii'; muitos. "'; ''
, q.w
,

'

/
PART. I. CAP. XXXVL íii
'

{v?y a melhor obra d^ natureza cfarnos


'^\if, fóíçníf ada parahm
a vidajócmiiyros camjnhpç p^rafahirdçlk; quemayõrBem
q^ ter rnny tas portas para fahir deíle pareçre ? Çapcçré hç o
(Tjvindo^ porifloTçrtuUiano 7,1 coníblavaosMartyres pre- ^i TtrtuiíiMâdManyrei

prizaÓ. ede, exijllc vos de cárcere ,


quàm ia Càt-

15 Suppoíio O referido, qi^expôfimçnt^mos, para qiiè'^"«'""'"o'íreintciiigemus.


amamos tanto (i vida ? porgiie fláo havemos fempre de cho- ^ r. - . .,. , /^. /,«;«•

rar? Qinntijianp ^t íaz rnçnçag de iiaçoefis qv^e chora vao {»M.vírío,f/f!«v.


^s que nalçiaó, 8ç feítejavloi^s mortos que çauf^ temos para :

rir? Os bens que foraó, jà nâp faó os fyturc? ainda naô chega-
-,

rão, & faó incertos; os prefentçs vaó fugindo tydoheiriçonf!


ftanicia,&ruiíia próxima. A ignorancigtno§levoy qsprimcy.
;

* '
'-•••
rQsapnos; os viciosncslevao aadçleícçíiciíi: os trabalhosa
idade varonil: as doenças a velhice com lagrimas copioílij:
:

fedevèra marcar eftecíiminho paraa íbpultura & nós o cele- ;

bramos çom feftas Çomaíms^ ó" bebamos y dkgi emonos por iodoé
:

fíWP^<?i',(dizemp§homens,comorefereiraiaS:i&SalarnaÓ33) í' '^'•'*-*)í


''^'^' '

pçrque 4 marcha morreremos; ha mayor ignorância ? fe diíícraó ,


p^r que havemos de viver cem mil aníf os t€r'n^cL\gútr\â.raz.io-^
,

ina§ í^lçgrgrfc (fem fer $antp) havendo de morrçr a manhã, he


tnaisqueeegtieyra.

C A El T V L o xxxvii.
Os homem Je engành em qtierermfi^avi^ar a vtd^.
com^aj[atempos',pem-fe^rimç^ro exemplo no JQg0.

I "|3 ledofamente nos aíototi Deos em tão mà eaf? por» ,

pa^
JL que defejaflemos fahir delia Gomo inficionada,
fa aqu€ nos tem preparada no Ceo; map eopi ignorância , ^.tyfittiinafMof.úirist.f.ucij
1
bufcamos pretextos para a náo aborrceermos , quffÇUdQ Ç9ÍÍ^ «ofriíc.
alívios luavizar a vida.
\ Licito he, fendo hprieftos ,
2 &
taes que verdadey rarnen-
tealiviefn j porque temperar o trabalho he louvável, como a-
tirpadiflemos. 2 NoíTo errocftà em osafteçtar com demafia *
<•
^"^'''*
. .
•^'''"'•^'
^ #•
que antes arruina^ como às her vas afoga/ií agua demafiada.quf
as crearia fendo coril moderação. Os que imagin,!
mes remé-
dios, penalizão mais, 6c ainda ufados fern ejíccifo nãp f^g
ma^s
«webord3.o. ;a
^ Ao jogo, com que muytos fe qiíer^m divertir çhamçu .

medicmadasmoleftiasvneíteíentidPPipvrvaj ^idemFMc.io.c.6.
.

?
./,j

ffiWirr^r v^uu, ^
d
/i
Ariftoteles 3
A. mas nota que ha diíferença entre trabalhar copi
m^ytp çítUr Uv\\^m ítudij mm»^ F^"'^'^ .f ^*' , ?

To 1j

^ ^„ ^^J^^*-«k.i1VKH".iOfr.rí c Iwccm ferre iit!udís,lblf»niqu:aílain,
do,6i cuydado por j ugar:ou jugar para poder tíafe^alljarii^p d_s ^^^^^^^^ ^^ ^^, ^^^^^^^ ^^^^^ , ^

« hc louvável j o outro que he de nelcio. 5 A natureza , g41f Anacharfidisfcnrenc a cft.


Tullio, 6 nos não fez para logos > mas par^ çQyf^s gr^vci^. %^'''»"^'^í:^" '^''Í™^^^^^^
j!.Kamatef^peaeniediaa. eirevidc3mur,rfdadvetia:e!T. potiàs,&

^ Queim quse^iaftuiiúguvioía, ai£j«ch';âiora'.


' 1 a:

\
i5t T £VA, E AVE
4 Qiiem nutlta jogajhc mítico: quem íempre joga, he vilr
qlienijoga algumas vezes, he urbano. 7
7 Tu Stefh.CoUtth tra^.àe Luáo §.1- 5 O primcy ro hc riiftíco
, porque tal
vez falta â conferva-
" '
"^ *• .
çãoj recreação que ferve ao defcanço, o qual fe encaminha
S< 2

a renovar o trabalho j &


aííihi negar o jogo , he tirar as forças
para trabalhar.
6 O
fegundo he vil, pofqile joga como por officio: abate-
..
^. : fe a jugar com o mais vil, & a fofrello he comediante dos mi-
:

Toens: homem publico pa^a entreter ociofoS:& à cufta de hon-


ra , & fazenda fuftenta,& alimenta nefciamente a cafa de tabo-
O
que mais ferve a noflo intento he dizer o Filofofo,
lagem.
que ostaes trabalhão por jugar , & acrefcenta , q com muyro
cfi"ado,&: cuydado. Trabalhaó.eítudaó, Sc cilydaó donde lhes
vira o dinheyro: jogaô com a mayorapplicaçaó dos fentidos
a mà forte lhes he híla lançada no coração a boa forte he muy* :

to cara no faílerltoj com q tí'iíteza fe recolhe o perdidofo/ com


_ que anciã defeja provar outra vez {fortuna / ehlre fonhos fe lhe
.

*^'
ireprefentaõasmaósquÊperfdeo: ôc não tem pouco trabalho
em fingir que naófente. Algitnsdiílímulaómais.-ôf penariao
menos fe defabafaíTem ; o certo he que todos o fenteni mitytò,
8c o moílra o defejo de fe forrarem , por^^c fer jugador nafce
„ , .„ ^,. ,de fer cobicofojSc a cobiça hemuyto parenta da avarezai&af»
- ,

íimaosmayoresjugadorespoemAriltoteles 8 entre os ava-


rentos i £c de ordinário vemos q o faó em gaftar , como o mer-*
cadorarrifca no mar muyta fazenda pela efperançá do lucro ,
&hemuyto parco em fua cafa. Emque fcmelhorão, ou ali-
vião eftes mifefaveis ? antes penãomais , & off-endem a fau-^
de',ofanguedoqueeíí:àjugàndo,pofto que ganhe, eítàcorao
o de hum touro no corro , pofto que viftoriolo cm ferir hú ca-
vallo; fef ia veneno fe lho tiraflem prejudica-fc com as vigias ;

das ndytéSj expoemfe a perigos de cótendas pezadasj quantos


.>.\aiA^t: vimos mortos por efta caufa? alguns vimos ta mbem que adoe-
cèrâòi'&^ morrerão de pezar da perda que não podiaó pagar.
7 Sóquemjogaalgumasvezes,& moderado, heurbano,
pl^ítãti^tl''^' '^^'"''^•'^Scfabealiviarfé; affimlcmos 9 que jugàraó Sócrates, Catão,
Scevolá Jurifconfulto, & o ÉuangeHlía Saó Joaó quebafta
por muytos exemplos. Porém ainda nifto he de advertir que
ha três efpecies de jogo.
8 Huns pendem fo da fortuna , & faó os que chamíode
parar i <k diífcraõ os íãbios que os homens entendidos nuca de-
vem jugar a cíttSjporquc he grande ignorância entrcgarfc á ju-
10 PaTifÀePuteofup.n.it:' nfdicáoda forfuiia. 10 Nos dados fe ajunta outra razão de
S!!a^
""" "^'"itterc fc vitibus
fej. jogo coutra OS bom,' coltumes, &: torpe & allim a quem os
,

i; í^em Puttusfup. xrf /udus honoris, joga repuíào OS Doutorcs por infum e. 1
M.9.&yerjMiistii,n.ix.
^ Outros ha muytos , cm quc obraafottuna, Scjunta-
mentcapericia,&induítria, como os de cartas, que não faó de
parar, Si as tabolasi ou a ligcy reza, Si" forças corporaeSjComo
péla, 6c outros femclhantcs. Só nclles, uíados algumas vezes
-«« , :. • , lem
PARTE I. CAP. XXX Vlt i^
lV';iicontimiP.çáO', Sc com preço moderado, dizemos que íe
pr.iucaaurbamdade, &" pode haver honefto alivio > & deite
UÍaó os honoens menos.
10 AterceyraerpecicconíIftefóhofaberjComooXadrez.
1 2 Eíte fe deve entender, por fe ter noticia de tudo , & íabef- " Stèpitan CoJ}.fup.m.í,n.iii'- "
íej Ligar, porém fomediccremente, pelo que logo diremos.
Jvlas por três razotnsfe não deve ufar, Primeyrà, porque leva
nuiyto tempo: fegunda, porque diftrahe ojuszo; &: aílimos
i\uthoresoprohibemaoseftudafires, ScEcclefiáíticos, pelos
n hkífsfup.tutéA.xu ^
não diftrahir do eÔudo , &; coufas do efpirito. 13 Terceyrâ,
porque dtepgo, d.zem os FUofcfos, & Med.cos , que perté-lê-i;-^;;^,^ , „. .^

ceàim.^igmativa-, aqualporameihorconíiítiremmaiscalór , z.ver[^tuilio. - .
'•'•
^

lie contraria ao bom entendimeíiro ; por quanto efte neceííita

de q o cérebro efteja compoílo de partes íubtis, & m' ly delica-


das, como diz Galeno i 14 & o muy to calor da imaginativa H Galx.m%eâ.cAi.
gafta, d: ccnfume o mais delicado, §í deyxa o groííò, & terre
J;fj^;^^^^^^^^^^
ítrej donde infere o doutiílimo Joio Hiiarte de S. ]oâo, no ce-
lebre tratado de Exame de engenhos; 15 ElJTiegodeeijxe- .Jl
ff^^^rtcju^.c.io.j^cílmed.ver/^^el

firezesimade las cofasqm}ídeJcMbrcnlamagJn-atíva:por donde:


el q akançán delicadas tretas, y diez ^ u doze lances juntos en el
fabhroy corre feiígro en lasfciencias a pertenecen ai entendimien-
tp, y memoria; faó palavras fuas;, acreícenta: Si no es q hazej un- , ê lUm Hum 4, f, $. od^nMfiMH
tade dos k três põtcnciaSy mish^xiiáito 16 q tal junta fê nâo <^'í'<»«
».
-

acha, fenão por maravilha. Segue-íe logo, q o jiigador rríedio-k


crehedejuizomaisperfeyto, por ter imaginativa baftante, 6c
fem tanto calor que offenda o entendimento; Sc quanto o ju-
çador for melhor , tanto he menos entendido ; pelo q nos ae^
liemos abfter defte jogo í porque ferapre íe vay a perdef rielleji
pois quem ganha,fe moítra de entendimento inferior,& quem
perde,dà prcfumpção de mais entendido áo que o não he; fen-
do nella tão loucos os jugadores do Xadrez , q hiím chamado
Gayo,ou Lanio Júlio, eftandojugando quando o levavão pa-
ra a morte a qeftava condenado, tomou teftemunhas de como
tinha melhor jogo , porq o outro não diíTeííe que o tinha ven-
eido-, 17 &daraon,aisneícioprcíumpçáodemj>isfabio, he .Sj^^l^^:^]^''"^'- v

cóufa de que fe deve fugir, f.uvo íor por humildade farita ,cuy-
do que para exercicio delia fe permitte eííe jogo dentro de al-
cruns Conventos ileligiofos, &: não-alcanço outra caufa. '! siJp
l « I I II III I
i
r ''
, ! .
' '

CA p i T V L O xxxyui. 1
Segundo exeifiplo, jqjfeacaça nÕehe alivio^ antes traba*
-
lho y Ç^^tejudktaí ainda,


i -rO Emelháte engano ao do capitulo paífado padecem

'%
• . -
^ os homens quefe querem aliviar com a caça. » Ht.de kgMuLT.hif*.
' •
tk vcídade que he cx^r^tio approYadq aoSrmoços 1
t'-i-\ pof
.

IJ4 EVA-, E AVE


por algumaf; razoens. Primeyra, porque ulando deefpias > ci-
ladas, corridaSj & chegadas cncubertas, he íemelhança, & eí-
cola da guerra. Os antigos diíTerão, quenella fe haviãocrea-
doAchilleSjUlyfies, Diomcdes,ôc curros heroes, &quepor
a XvjofthoH !n CympedJX . . ifto Cyro Rey dos Perfas fazia crear nella todos os aobrcs. 2 .

r... , . .,. „ DeMitridates ReydePonto, dovaleroíoPoitu^uez Viriâ-


íuc.t/oT.ix.c.^j. tOí 5 6:aeoutrcsCapitae;;iamolosleIe, qtiverao omefmo
exercício; & David para perfuadir a Saul , que venceria o Gi.
.
^^
gantc, lhe diíTe que por fuás mãos tinha morto muytas feras.
,

4 iil2S-i7'j4» 4 O que procede na que fs faz de dia com trabalho, & forçasj
&"náonadenoyte, ou com redes, & laços, como advertio
iPUt.fupraí. Plataó; antes prohibioefta. ^
5 Segunda, que faz os homens robuftos para qualquer
trabalho. AEfcritiirafagrada 6 referindo que Nemrod era
4 GcH.xo.9. Erat ro^úftu^s venator.
j-obufto, tefcre juntamente que era caçador Sz em Cadmo, ;

Tefeo, & Hercules notarão o mefmo as letras humanas.


4 Terc^eyra , porque ajuda a caftidade por iflb os Poetas •,

.. ^. faziáo caçadora a caíla Diana ;& Séneca trágico 7 introduz


enei. rt^tcm ij».

a Hippolyto caçador defprezar a defotdenada afFcyçáo Gs


tOvtd.deremÀ.amor.l.u Phedra;& Ovidío 8 poz acaçacntrc osrcmedios de amor.
5 O
erudito, curiofo , & não menos virtuofo Manoel Se-*
« Mawel5e^>frJmdeFnriam difeurf yg^im de Faria,
9 em hum difcurfo 4 fez deíle cxercicio lou- ,
^ozfcí/cKry. iexctcKto .c^í
vanosçaçadorcsainduftria de domeílicarem, 6c eníinarein;
não fó os caês, mas também algumas feras, Sc aves de rapina, ^
fervirern ao homem nefte miniftcrio, caçando para elle, & tra ^
zendolhe à mão a preza. E adverte que também lhes devemos
as noticias muyto úteis da natureza dos animaes, quedos ca^
çadores alcaiiÇou Ariftoteles para as efcrever por mandado dç
Alexandre.
6 Mas tudo ifto fe alcança com mais trabalho, que goíloi-
A recreação da caça he para Principes que tem coutadas aóde
hamuyta; tem Monteyros que a vaõempra2ar para fe achar
facilmente; & muytos,& bons caçadores a que ellanâoefcapa.^
Para os particulares não he a caça grofla, que corre muy ta ter»
ra, 5c faõ necelTarios muytos que a cavallo a cerquem, 6c figaô^
ainda na miúda fedefgollaô muytas ve2;es, tomando pouco,,
ou nada, de que culpaó vários accidentes: qqefeíahio tarde,,
que havia muyto orvalho, que fazia vento , que os caés perde-
rão o faro, que a caça andava levantada que a. efpingarda, cu ^

pólvora não era boa, quea terra era muyto cubertai com^uc
efcolheriâo não haverem fahidp de caía. Si <) A
7 Emcafo que fucceda com goílo, mais cufta do que
vai: tem a mokftia de curar dos açores &c outros paíTaros do
, ;

fofrer caés com feu mào cheyro: de regalar os galgos atè com
boa cama, 6c muytas vezes os mete o caçador na fua: amcómo-
didade de madrugar: o cançaflb de correr legóas:a pena de pa-
decer as inclemências do tempo; deícuyda os homens do que
mais Ihie* importa ,co«io fuccedia. a D. FaviU Rey das Aftu-
rias.
j

PARTE I. C AP. XXXVIII. ,jy


rãs, to &li,ccedèra a Dom
AffonfoIV nc-fToRej dePor- ]'.
íírSiítífíi^í
tugaljlenao tora advertido por leusconíelheyrosj ii eíque- /««/o /K
ce^os da família, &: próprias mulheres, como diíTe Horácio- v** ^^'^'^'^e^er.
12 &osíazagreftes,como notàraó Séneca Trágico, Ckit-' ^T wT^^S)!:?""'""'
dianoj&onofibCamoens. 13 ElRey Mirhridrates chegou Ttucuiemus&iyiycder sç Titsiníciui ,

anaóviveríeteannosdebayxo de telhado; 14 donde vevc rw**^*''**^. j


Petrarca a notallos no credito , cnamandolhes ineptos para o ffowrtj. <

politico, &: amigos de tratar com feras, por lhes ferem Teme- ^^"* '^^^ n ad fyivas & fua luftra rcdic.

IhanteS; 15 pelo menos pOUCOCreditofe lhes dà nos fuCCeíTos (^r/^rfe^nrlíum^oa^nimalfero,


que referem, porque coftumaó fer largos nelles. Horácio 16 ^°g'='^*§"'fe, & beiu forma humana.
faz mtnçaó de hum chamado Gargilio, que comprava javalis, ,„'*
^""^ ^'" "»'#c.^.,.//í. v«.w.

& os levava pela praça mortos fobre hum mulo porq fe cuy- 15 Petr^rchJeprofpfirtÀial.it.
,

d^fle que elle os matara. Finalmente em Afteon comido dos ^^ HoratÀ.i.Ep,^.

feus caés, allegorizàraó os Poetas , que com o fuftéto dos caés j


aves, caçadores, 6c outro$ gaftos das caçadas fe confome a fa-
zenda-, &: foy a fabula originada de verdade , como efcrevem
ojCommentadores, & com outras razôens prova os mefmos
inconvenientes o muy to curiofo Doutor Solorzano cm hum
dos feus emblemas. 17 ^i ovd.Mctfm.l.i.crihiciment.Vi^
8 He também a caça prejudicial à fande 5 porq ainda que Wor\.„o cmhUm* \ \^xnx? \
"Médicos antigos 18 a approvàraó pelos bens 4<^exercicio, iis ^w«r^w.in|5fwM^^í;jfl'
he muyto violento para as compreyçóes de hoje; a muytos cã-
çíí>& attenúajatè morrerem; outros adoecem com as calmas ,;
frios, &: chuvas : o q fe come no monte , ou he frio , ou fora das
horasaqa natureza eílà habituada; fefe não come, fefarisfaz.
d.epois a fome có demafiada carga para o eítomago ; tudo ifto
caufa cruezas , como os mefmos Médicos confideraó tratando
os dannos q faz a caça. 19 A ifto fe ajuntaó os perigos em que "
^^"^ Mmttrid.fup.Ux.xi:

morrerão muy tos-, deyxo o q os Poetas allegorizàraó em Adó-


nis morto por hum javali. Nashiftorias de Hefpanha nos he
exemplo ElRey Dom Favila j 20 a que pudéramos ajuntai 10 Mari nafup.i T.c^^.adfin.
.

noííoRey D. Dinis morto por hum Urfojunto a Beja, fe mi- BnuoMonanh Luft.p.x.iik.T.cajf.j.pon
^'
Ugrofamente o naó foccorrèra S. Luis Bifpo de Tolofa; 2 1 &: '^7' p,. p^^^, g^^á .<' m MSktirck
oilluftreCavalleyroD. FuasRoupinhodefpenhado nomar, Lufitp.sli-j.c.n.
íc a Virgem Mãy de Deos o naó livrara > 22 depois accrefcè- ** Brmofupp.t.l.jx.4,

raó CS das efpingardas, que arrebentaó cada dia.


9 De tudo fe deyxa ver que fo feria goftofa ,6c útil à vida
,

a caça em que naó ouvefle as molettias, 6c inconvenientes


que apontamos, o que he quaíi impoíllvel, 6c fendo exercitada
poucas vezes, 6c por horas que naó cheguem a canfardema-
e
fiado; 6c de qualquer modo fò convém à idade juvenil, como
põem por regra Xenophonte; 23 6c nefla idade diz elle, 24 ^^ XenophoH.devenat.c.t.dcperfoM
que a exercitava Cyro, a quem procurou fazer exemplar de VíM/i/or.
perfeyto Príncipe. EaíTim Virgilio, que naó ufou de palavra ^+ idmXenophon.inp^lCjríU,
ícm grande advertência, q nando referio a caçada com que Di-
do quiz feftejar a Eneas , declarou que aella hiaó os mancebos i, yír^ jSnúiJ.j^.
cfcolhidos. 25 Com eftas qualidades louva Santo Thomàs itpoms.jubaie exorto, dcleâajuTcntui
ííó o exercício da caça i em outra Jítaíiçyra que he a que ordi-. *^ D.Thom.opu/c.zU.z.c.t,
(
nanamcnte
1 ^

\
i5(í EVA, E AVE
nariamcntcfeufâ) a prohibem as LeysCamnicas aosClerí-
i.'.á.,i-,»v^.»«,, SOS; 27 &
em todos avalia o excellcnte juizo de Francifco
'
.
Petrarca por ignorância , querer com cila paliar o tempo , 011
a« Pfí»virfí>.á.A ^?í- siexhocvo-deleytarfe; 28 qualquer gofto que dà heapreçoexceífivoj
Uptatcm quamdam fcu foiíim tempo- ^^ niinas dc ouro Ic qucyxaò, fc gaftaó mais do que rendem; Sc
,

" '°"affim fe enganaó os homens , que procuraô aliviar com a caça


«SiS fo"TciafS.'"'^"'
as moleftias da vida.

C A P 1 T V L o XXXIX.
Como OS homens que procurão regalar a vida com comer
a deftroem. ^Irata-fe dos excejjos , Ç^ damos da
gula, ($* da utilidade da temperança,

I TT\ A homens que põem o regalo da vida no comcf)


huns pela quantidade,outros pela qualidade dos
i.«ti.
j[
-^ ^ manjaics.
i-r- . . , rr

i,'^l'Si:'Í^:X-:'£S.. .» Niquantidadehaexemplos i q parecem incriveis.Clo-


dm Scriftoreí. dio comco cm húa cea quinhentos ngos,cem peflegos, dez me-
lões, vinte arráteis de uvas, cem toraos,& quarenta oftras.Mi-
lon Crotoniéfe comeo de húa vez hum touro de quatro annos.
Hum Atleta chamado Theogcnes , também de húa vez co-
mia hum touro. Phago na mcfa do Emperador Au rcliano co-
mco hum javali, hum carneyro , hú grande leytaó , cem paens,
& bebeo hum odre de vinho. Em Augufta no anno de I 1 fe <; .

aprefentou ao Emperador Maximiliano hum homem,q comia


hum bezerro, huma ovelha crua, & ficava faminto. ElRcy
6c
Mithridates não fó comia, & bebia muy to, mas também tinha
conftituido prémios aos que comeííem, &
bebeflem mais. Tal
&
fome deu húa noyte, taó repentina a Cambyfes Rey de Ly-
«í^/-7VMi.
r«.?r1c5^Sfoitp;l?^
dia,quccomeofuamulher. 2 Houve tempo em que os Reys
de Dinamarca mandâvãoenforcar exceflivos comedores,por-
, E. oiano CT ^bKranthú> rejett.
quc naÓ gaftaíTem o neccífario para os moderados. 5
francofu^ra n.í. 3 Dos bcbedorcs náo falíamos , por naó manchar o papel
com tal vicio. Sóreferirey dePhiloxenoquedefejavaterpef-
ATe»or/upra.
COÇO dc gtou para goftar do vinho com mais vagar; 4 bem
'^'^'^ '
^ '"
diéerente Deftaphilo, filho de Sileno,que foy o primeyro que
otemperou com agua. 5
4 Pofto que foíTem admiráveis aquelles cxceflbs , naó fal-
taóhojealguns muyto extraordinários, deqnãoconvcm ef-
crevpr exemp los que conhecemos. Pelo coftume em que eftes
fepotmjheshejà a gula como natural, &cuydaó qucfemella
naó| ódcm fuftentar a vida j fendo que a natureza regulada
feaccc moda,&; alimenta com pouco. Deyxo, por miraculofas,
asabftinei cia5deMoyfes,Elias,dosfeteDormcntes..&:decu-
tros Santosi deyxo também o prodígio de outros, qíem ferem
Santos
'

PARTE r. CAP. XXXiX. í^f


Santos , k ittftentàraõ fera comer , nem beber , nam fó muitos
dias, meze5?,&: annos, chegando a dezoito,&- a vinte, a quaren-
ta & fcLS como foy hum nobre Veneziano ; & a fetenta de cin-
co,(que tantos dormio Epimenídes)mas toda a vida; tantos,&:
tam admiráveis, que nem ha lugar de fazer eleição de alguns j
nem de referir todos.Gafpar dos Reys Franco,Medico Portu-
guez cruditillimo , & Gariofiíiimo, no livro juílamente intitu-
UdOiCctmptis Elyfinsjuctindaríí qn£Jiiomy os aj untou de Varies
Authoresjôcdifputa como pôde fer naturalmente, apontando
feras, aves , &: peixes , em que fuccede o mefmo. E rioíTo dou-
'
'
oj
tiílimo PadreMendoça tinha jâ referido muitos. 6 NaCidade -
'••
'^
^jd
'

c
deLondres>por diícurfo de mais de cinco annos,do de mil kií- f.MendoiJin v3"fÍJ/roóf 4.''* a'T -'

centos & quarenta & hum, atè mil feifcentos 6c quarenta 8f


feis continuou em minha cafa hum moço Romano de naçam^
,

de vinte atè vinte &: feis annos , que por experiências que íazia
por dinheiro, fendo fechado em hum apofento porefpaçode
trinta dias ,naó comia fcnaófeixos dos lizos, que feachaõ jun-
to dos rios tam grandes como huma noz pequenaj vinte pou-
,

co mais, ou menos de húa vez > caufando também admiração


ecabercmlhe pela garganta com a facilidade com que os hiá
engolindojfobre elles bebia hum copo de vinho,&: logo defco-
brmdo o eftomago, batia nelle,&: fe ouviaõ bater dentro os fei-
xoshuns com os outros ; dizia que os digeria em área; era cor-
pulento , nam alto , de cor verdcnegra , fem barba , mas tinha
faude cafou , & a mulher , paíTados alguns mezes ^ fe apartou
;

dellé, dizendo que era inutil^mais goftava de bons comeres, fó


comia feixos por ganhar dinheiro. Tornando eu a Inglaterra
HO anno de 1669. naó achei noticia delle. Jà nos naó parece
incrível, o que Plinio, &: outros 7 cfcrevem de gentes da índia 7 piin.i.7.e.i.nifiis.
que naó tinhaó boca , &: fe fuftentavaõ do cheiro de flores , & ^.'H^:.
"^ 'í'».tfní«j. í 14 c i .
de outras a que fomente o ar , & o Sol eraó alimento.
.

5 Sem milagre, nem prodigio fabcmos , 8 que muito %Ei^Ux.abWexs,eniai.i.,,x.-i


depois do diluvio, os Arcadios comiaõ fó belloras: osAtheniê- Pi^edanaManarth EccUlcií.^ %.
fes, figos os Argeos, Sc Tyrencios , peros fylveftres: os Ethio-
:

pes, canas çumofas os Carmanos, tâmaras: os Meotas, & Sar-


:

Hiatas, milho ; os Perfas , maílruíTos, cardamo, ou terebinto, q


era fruto de hiia arvore: os Argivos,maçans :osMedos,amen-
doâs.•osIndios,fementedehiíaherva.•os Nómadas, Egeras,
io bebiaóleyte, que jà era alimento mel hor ;& no tempo mais
adiante com elle fefuftentouPhilinio fem comer j nem beber
/létf./kxAe^yXhe.phran,
outra coufa em toda fua vida. 9 Pelos annos de mil 8c fdfcen- 9

tosSc quareta cc três, tive na Cidade de Londres quatro annos


em minha cafa refugiado da perfeguiçam do Parlamento con-
tra os Catholicos,hum Sacerdote finaladoem virtude,de mais
de noventa annos, Deão da forma de Cabido com que o Clero
daquelleReyno de Inglaterra fc governava-, o qual hav^ia mais
de doze annos que ( por naõ poder) naó comia, nem bebia, fe-
naó cada dja quartilho ^ mey o de ieyte de vacas quéçe, miftu-.

O rado
\
Í5S EVA, E AVE
radocom hum quartilho dcmcljrepartido em almoço, jantar,
& cca;pofto que de ordinário eftava em cama por fraqueza das
pernas tinha tam boa cor & difpoíiçaó que me dizia
, ,
que ti-
,

Faleceocm minha cafa de lhe faltara na-


nhadiíloefcriipulo.
tureza. Na índia, andando perdido por terra Joaó da
Nova
Portuguczjcom oito, ou nove peflbas.fe fuftentàraó nove dias
fem comer, nem beber mais que cada hum em cada dia

grão de anfiaó,que he como pimenta, que levava hum Mouro
^^ companhia} por ufarem elles daquclla prevenção
'""^r/"-' para
lo «. -j » r***'» taes
-
^ ^
*.. j , *^ i«*c>
fíao de Barros iee.tJ.te.x. ^ /tj j o, -n. l v -t.
ti Sorapan na Medicina HefyanMn, neCCÍTldadeS; &COmiítochegaraÓaoPortodo Achcm. 10 So-
tejr^i.- fâpan Medico douto II refere fer opinião recebida, que
fó o
Cei.Rj,o4fgn..{,ti.<.i,
cheiro do paó quente fuftenta,& com Rhodiginio,q Demó-
crito no fim da vida fe fuftétou com elle quatro dias
para fazer
certos negócios, & que tendo-os feito, naó querendo
viver
mais , apartou o paó , ôc efpirou.
6 Qiiando os regalos começarão a crefcer em Roma, con^
fiítiaó os banquetes fó em ovos & mel por
primeiro prato &r
, •

em frutas, & mel, ou alfaces,& outras hervas por fegundo-nos


mais efplendidosfepunhaó legumes, & tal vez fecomiaó
tor-
dos , ou outras aves. Depois íc permittio gaftar atè
quatro ar^
rateis de carne em hum comer, (que entaó era
cea } & aflim na
Ceapoz Chrifto Senhor noflb o exemplo dos banquetes
quem excedia incorria em pena.
) &
, A Ley Fannia feita em Ro-
ma, fendo Conful Cayo Fannio,antes da terceira guerra
Puni-
ca,mandou que em cada comer naÓ houveíTe mais ave
que huá
gallmha, & que fó nos dias de fefta,que eraó os
jogos públicos , fe pudeíTe gaftar em húa cea atè
Saturnacs & de
dezafeismoe-
das de muito pouco valorj &
pofto que a mefa foíTe muito
par-
ca, fenaópermittia levantarfe vafia mas
fempre haviaó de
,

hcar ncllafobejos para o outro dia, nos quaes fe


moftraíTe que
ghaviarefreadooappetite.Qiiafifeifcentosannosatéaguerr*
Ferfíca naó ti veraó os Romanos paó comiaó
, ; fó papas de fa-
rinha de trigo , cevada , ou favas & porque
,
ainda naÓ ufavaó
mos de moinho, tiravaó a farinha em pizoés , ou em pias
como
almofarizes , fccando o graó ao fogo para fe pizar
j os mais re-
galados comiaó bolos, ou bifcouto^qus lhes faziaó
pafteleiros
que por ifto começarão j &porque cllesmefmospizavaó, &
tn-avaó a flinnha, chamarão em Latim ptHores. Depois co-
fe
n H^ct^UUx.ai^ict.GtnMer.1. meçàraó as mulheres a fazer paó ; mas muito tempo
fenaóco*
3-«
«leofenaó às ccas, & fealguma vez jancavaó, comiaÓ
^'Dichr^j^oftLrn. hon,. 54. nd-pop. fera paÓ,
_ t»Mch,ins wfn.Noupro^riiiigpjeiun.
t^niioch amdaqueloííe came. 12
ncceDi.ncíiquuud.ac,idtA^^^^
7 NaÓ he minha tençaóperfiiadir tanta abftinencia to-'
'""^«» 'i^^niut-ncij, co-
prxcido delicias propier uulitatcm yc-
'
^'j-;, c T^ - r^u r (\ ^ ,r -
ftram. ^^^^^^'^^]'^^^^^^^)^o[^omo: NmpregQjejumy nem haverá.
quem o ouça-, mas reprovo o luxoycortd as delicias per voffa utilida-^
de: II contentàra-me com a moderação dcs Romanos
, quan^
dojà fenhores do mudo, cujos principies comiaó í"ó rres lo-iia-
rias , & em banquete magnifico chega vaõ a feis.
Afiim o ufa va
Auguíto,omayor,|maisproíperc,&cxccienteEmperadorA-
na
PART. I. CAP. XXX5t. ,59
na verdade os melhores banquetes confiítem no íeléítojnaõ na
abundância, &
taes os fa zia o difcreto Emperador Tito. Entre
asprofíííoens, & viciosdo EtnperadorHeliogabalofe taxou
haver dado cm hum banquete vinte & duas iguarias, 146c ho- H fí-eitiimezi^Utfu^^
je não fe taxa em qual quer efcudeiro dar muitas mais; a tanto
tem chegado es excefios os Athenienfes diíTeraõ j que todos
:

fe lhes pegàraó dcs AfiaticoSjCom o ouro da Perfiajquando pu-


zeraó em fugida aMardonio: melhor difie Floro 15 quefein» tiÍMcFlor.í.y.c.%,
*
troduzíraõ em Roma pela profperidade dasConquiílas, & vi-
toriaSideprava-fe mais noíTa ruim natureza com as felicidades.
8 N
aó fó crefceo o exceíTo na quantidade , mas também
na qualidade dos manjares. Dizem que AmâtritesRey deAfíy-
ig SríttenaMonaTchia Luft.l.i.tíil.6
ria inventou as iguarias extraordinárias. 16 Qiiinto Horten-
fio , famofo Orador Romano inventou comerem-fe pavoensj
,

Marco Apicioitambem Romano, achou que alinguadaave


chamada Phenicoptero, era faborofiírima.Vedio Pollio lança-
va efcravos em viveiros de peixes , porque lhe fabiaó melhor
íiiftentados com fangue humano. 1 7 O Emperador Vitelio em «7 Textord.titguiofi.
hum banquete deu hum prato guizado fó de linguas,miolos,&
fígados de peixes,& de certas aves, no qual pelas variedades q
febufcàraó, defpendeo dez mil cruzados j 18 & hum irmão lá Nkminvit.
feu lhe deu em húa ceà dous mil peixes raros , &; efcolhidos , &:
fete mil aves da mefma forte, 19 Clodio Efopo , Trágico ri- ,^ ^Ux.ab t^kxA U.e. xu
quiíTimOjdeu hum prato avaliado em feiscentosfeftcrcios, (ca-
da feftercio tinha pelo menos dez mil reis: 20) fódeaves que 10 Cardo/odemoHcUKjm,adJinmdi'
cantaó , ou fallaó , goftandc) de comer coufas que imitaíTem ó ^''>»<irij.
home. 21 OEmperador Calígula gaílou em banquetes gran- ^ij.abjtuxjx'xu
desthefouros q lhe havia deixado Tibério. 22 O
Emperador n Tmorfuf.
Hcliogabalo > fe fe achava perto do mar , naó comia peixe > fé
longe do mar, lho haviaó de trazer vivo, por comer o mais difi
íicilj comia criftas de gallos vivos, línguas de pavòens, & de

roixinoes em grande quantidade. A todos feus criados, q eraõ


muitos, dava a comer animaes grades recheados de muélas, &
fígados de pavoés,miolos de paífarinhosjovos de perdizcsjca-
beças de papagayos, &
de faiíToés. Qtiando na praça de Roma
via vender coufas ordinárias, dizia que felaftimavada pobre
Republicai tinha finalados grandes prémios a quem lhe inven-
taíTc iguarianova acodiaó muitos ao ganho & fe a iguaria
; ,

lhe não agradava, fazia que o inventor nunca comeíTe outra


coufa convidava para ceas de manjares nunca viftos j chegou
;

apromettera ave Fénix, ou mil libras de ouro por ella,& as


pagouj mas também algumas vezes zombava dos cóvidados,
dandolhes fó em pintura, ou em figura de pao, marfim, pedra,
ou barro o que elle comia 8c fazendo-os beber a cada vifta da-
,

quellas ieuariasjcomofe as g:ofl:aírem.2i Vitelio inventou hiia , .j. «,. / ,

K^uariacleexceílivopreço,que chamou A_/ff/rf<?<í^Mm?r'yá.24 Mexia r.a Syiv.^e\ar Uç./.x.cip;


ÊlioVerofeprczavadeinventordehuacelebreempadacom- ^^Aitx.ai>tAiexfi2-.

poíla de faiíTuó, pavaó,prezunto,& ubres de porca acabado de


O ij parir.
« . 1

i<So EVA, E AVE


«t j Sp»rt!an.in Mlium vr r. parir. 25Cleópatra, Rainha do Egypto, em húacca que deu
a MarcoAntonio,gaftou perto de quinhentos mil cruz.idos,da
moeda que hoje corre em Portugal i 6c apodando com o mef-
mo MarcoAntnnio,a quem daria outra mais cuftofa cea,bebeo
húa pérola desfeita em vinagre muito forte,(que as desfaz} de
duas que humRey doOriente peíToal mente lhe aprefentou,dc
valor ineftimavel por ferem as mayores que fe viraó jà mais ;
,

& querendo que o Romano bebefle a outra, Lúcio Planio, f uiz


da apofta, julgando que vencera, a eftorvou , & partindo a pé-
rola em duas partes , fez arrecadas para a Deoíli Vénus que
,

aí PUnJ.^^.i fld^-
5.
eítava no templo Pajiteofz de R.omâ. 26 Cleópatra feziílopor
grandeza;masClodio, filho do riquiílimo Tragicodo, melfmo
nome de que acima fallamoSjporgula , fó por fiberquegofto
tinhaõ as pérolas jà de antes havia feito o mefmo, bebendo có
,

17 P/ift de 3 5
i»/?». amigos algumas preciofiíii mas que herdara de fcupay, 27. Na
Efcriturafagrada he celebre o banquete de AíTuero, quedef-
z8 g^^./áe£.44.n. 14'
creveremos em outro lugar. 28
9 Davâo-fe banquetes de traças engcnhofas. OEmpera-
dor Geta os dava pelas letras do A, B, C: em hum dia tudo o
que começava por A jcm outro o que começava por Bj& ailim
29 ^Hus Spart.invil.Gct». atè o fim. 29 Heliogabalo os diílinguia nas cores dos man-

ty4kx.ibiicm.
jares; & LucuUo pelos Deofes. 30 Havia huns quechama-
}o /t/f

vaõ Amat orios ^tm q fe fallava lendo pelas primeiras letras das
iguarias^ 8c também ellaseraõhií-Toglyficos; hum pratodc ro-
las fignificava faudades,ou queixas > hum de pombos, ciúmes,
&amm outros.
10 No modo, matéria , &: efplendor das mefas: das baixe-

las,ferviço dos criados:no coftume de comer deitado,empè,ou


aflentado,8cem outras particularidades encaminhadas ama-
yor delicia, houve em tempos vários differença em todas as na-
çoensj tratarão iílo miudamente, AuloGelio, & Alexandre
^^•ab Alexandro; 31 & relatai Io fora efcritura prolixa.
l4.f. 16.
t^^ft ah Alexdl.f^.c í\.
1 Chegarão graves Efcritores a difputar quantos de-
l X Gcl.ex y rron.tn Sjtyr.Mtnif i.ij.viaó feros convidados a hum banquete. Geliodiííe, que nem
tap. 1.
i
deviaó fer menos de três , nem mais de nove; Erafmo quer que
trdfm.ChiUafl.l cent Vf.97-
t^ihctiíus dincpf-fhiff
1. c.
1 .
fejaó fete Atheneo que fejjíó quatro , ao mais cinco ; Homero
»
;

Ho>ner.a'ptid -^'ex ab ^Itx.tf. c.íl louvava ferem atè dez Platão fe alargou a vinte & oito. 32
;
Plitt.in fmp/if.apiid zy^theneum C?*
^lex.fupTT. He adagio antigo: Sete faze m baníjiictCt nove fazem tumidío dt
>

Scptem convivium, nevem con- vozes. Os que fe chegavaó fem ferem convidados , fe chima-
1,1,

tíciura (acere.
vaó fombras , 33 porque fegui-ió aos convidados, como as
t^Ux-ab e^lex.fuf.
Hi.rat. fombras aos corpos.
Locai e(t & plunbus umbiic. 12 Finalmente húa felvadà mantimento a muitos Elcfan*
tes, & toda a terra o naÓdá a hum homem. Para fazer hum
mappa do mundo em húa mefa naó íó a terra concorre com o ,

que tem , mas também do profundo das aguas fe tiraõ os pei-


xes, &: noaltodosares femataó as aves, a que jà naó livra o
feu voar , porque enfronhada em húa efpingarda as vay lá buf-
car a gula quç cada dia crefce. Do eftoraago f« faz orelha pa-
,

raos
PARTE I. C AP. XXXIX. lijt

ra CS paílaros nafcidos fomente para cantar : fem horror fe co-


mem peixes crús: gofta-fe o âmbar, &
almifcar crtíado íb para
o cheiro 'a arte como fegunda natureza ofrerece às coiifas fo-
ra de fezão ; neve no Eftio , frutas no Inverno fo o que muito :

cuílafabebem, 34 6c porque tudo vem a enfaíliar,disfarçáo ^^Luun.i^.


CS cozinheiros as coufas para fe goftar delias. milagre de Do
o proJi^arerntíi
^^^^^^^^ P^"° ^«««"^^
cinco paésvSc dous peixes, 35 diíTe huradoilto 36 que o ti- ^^^^^^^ '

nhaporquafi igual em contentar a tantos appetites, com j em j^ Muth-x^Luc) pan6.


^* Fr. Heitor Pmto nas dialo^.p, iJial,
fartar tanta cente.
13 Atè coufas contra a natureza , 8c horríveis fe appete-
cem , come-fe barro, terra pao , carvão, lã, linho, eftopas, cal,
,

pedras , vidro , 6c por mais que os Médicos amoeílem , naõ fe


deixiomáocoftume. JoaÓ Nieremberg 37 conta, que vio ^^ Kuremberg.hisi.n,t.l.i.(.$.
hum homem, que goftava de ratos vivos; 6c que hiia vez o vio
comer hum gato VIVO com fuapelle, 8c pelos; 6c quecaufava
laítima ouvir gritar o gato 6c elle ir comendoi 6c que via o que
,

naócria.
14 que os comedores chámáogofto da vi-
EftesexceflTos,
da faó os que
, , 8c fazem miferavel. A muita
mais a deftroera
quantidade offende p juizo ,-38 Bartolo , para o ter fempre $ DChryfoFf/ui>.^oan hom. i ti
5

ÍCTual, comia por medida. 29 Nutre os vícios ,'40 empobrece ^«^''''''''/"''^'"'''^"''•^^'"^«•"f "'•'•

a caía 41 como a humquenao teve que comer, nem beber Dtximínraã Ferfeâ Doã.^Lt. 10. n.4.
j

mais que pão 6c agua diíTe Platão ; Se nao jantarás tanto , nao 40 O- AmUos (erm.4.
,

.eiras tampouco ; & o diz ( tomadoem hum fentido ) o refram .^^ii';'-;:


*;'.l!flTic";'á°
Caftelhano: El mucho comer traepoco comn. 42 Cauía eníermi- guu, non dkjbirur.
dades mortaes, 43 de quefenão convalece; 44 os Médicos ^'Z^''''^'*'"'" ^^ /"'''"•
.

'""* '^ ° "^


trazem por cxernplos Filogeno , Apicio , Melancio Calamí- ^^f^^^ x^nopilc. ^
,

donte,Ariftipo, 6c outros glotoés, centros de doenças em toda 4? £íf/eM? 57 54-


íua vida-,& Jalio Cefar, que com abft inencia fe livrou de gotta '^'
^[^iZt i'"/'''''^'"'
coral ; 6c o Emperador Vefpafiano que com ella fe prefervou 44 d Bafii i.derenunt.
,

de enfermidades, 6c com naõ comer hum dia em cada mez. A largamente trata de todos eíiesdamnot
1 ^ T\ Fr. D1020 Ejtella no Tratada da, "vaidade d»

muitos mata repentmamente,como lemos que matou a Uomi- „„„^io p. 'c, ^4, ,

ciano Afro q morreo antes de fe levantar da mefa em que cea* Puichrè p.M^ximHian.sand^tK in Avku
,

'"«'f''-
va^ao Emperador Joviniano,a Chílderico Saxonio,6c a outros ^'^''"•»«^'«-i-W«^>
innumeraveis, a que cada dia fe ajuntão companheiros.Tem o
demafiado comer a mefma força que veneno j aílimo enten-
dco o Em peradorSeptimio Scvero,que querendo matarfe def-
cfperado com dores de gota , tomou por expediente comer
tanta carne mal cozida, que com ella no eftomago morreo. 45 45 Sorapan d.refran 1. &- %]
15 Aílim também a variedade dos manjares,pofto que em
menor quantidade , corrompe o eftomago j vemos que os Re-
ligiofos 6c outras peíToas que a naó ufaó tean melhor faude.
, ,

MafliniflaReydeNumidia comia fó o fimplezcomer de hú fol-


dadoj a iftofeattribue 46 fertam robufto, que aos oitenta 6c .„ . n -i,- -

lete annos de idade gerou hum filho, 6c aos noventa &c três Ex difcordi cbo motbus eft.
47
vencco aos Carthaginenfesj pela mefma caufa fe diz,que Mar- ^^'^'^p^^» d.refrm %.ad med,
CO Valério Corvíno, fendo de cem annos, tinha força, 6c juizo
^l lt^élJ;"efert p. Ly^'^<Hi ih'à,.
pericito. Faz a variedade famintos os poderofos,porque en-/oi'fc.cfcr/j?.f. í. Cf j!
Oiij faftia-
idt EVA, E AVE
faíliadcs,jàna6 podem comer fenaõ o quefenãoacha;caufa
cuidadoemobuicar, & atèosricosexperimentáoadefpeza.
Os Egypcios cortavaô o ventre aos mortos cimo em vingan- ,

iça dos males q com feu appetite caufáraó a toda a cafa , & a to-

do o corpo. Finalmente por comer pcrdeo Adáo oParaifo:


Eíaii o morgadojO eunucho de Pharaó a vida.cntre májarcs vio
elReyBalthafar a fua ruina,8cfe traçou a degolaçaó doBautiíla,
i6 Por efta,& outras razoens que largamente confideraó
, , ^ , <^«r
os doutos, 4.9 fe difie q a gula mata mais que as g-uerras; 5 o p3i'
pHU<>m,yCr/crJ./cq contraria. T^ conícrvaçao das Vidas , prohibirao varias Leys 5 i os ex-
snafin d.Tifran x. & ;.

p.FrancdeCa,ironaKejomaiamChri/i.Q^^-^ç^^^^
ccíTos neíla matéria, & noíTo Rey D. Sebaftiaõ fez algumas. O
Mcdicina Hippocratcs aos quenotavâo o pouco
Gfí/rt lurei oceidtt quàm^^udius. qUc coiTiia, cc bebia relpondia 5 2 bu como para viver y o- naa
:
50 f ,

Pamude Kff s-f- *' ^,


i

" ,
-Jf-
'f-
^
vivo para comer j &• viveo cento íeflfenta
, . nove annos , 5 3 jà &
aÀn""^' " 'notcmpo das idades curtas } mas nada baila para perfuadirà
51 Rjj'ereSorapind.rtfiam.foiimed.^2i-\^QX^3iXX.ç. dos homcns O quc IHes convem HO queosmat;.^ •,

jj
DiremsM «tpA6.n»ítm^ poem a igrtorancia as conveniências da vida. Acè Epicuro, qus
profeííou, &c eníinou fó regalalla, era no comer parciíTimo í"u- -,

ftentava-fe com papas , & agua , &: algumas hervasj dizia que ,

onáofaziaporvirtude, mas porque lhe era delicia , 5c que


.
,„ ,._, . apoftariafelicidadccom Júpiter, fe ti veííeiftofempre. -?<
'^ ^ , o Ate ocomer com moderação nos da trabalho. Para
.- 17
hum cahc da arvore colhendo a frutaj outro adoece
fe ajuntar ,

na caça por calmas , & por frios ; a outro fere ou mata a ef- ,

pingarda que arrebentou outro fe afoga na pefcaria. Maldita


j

fome (exclama Santo Ambrofio, 56) que tantos males cau-


,é D. e>í«tr<»/:/ír«f.4.QuantuieMn.
tut ut nbfcis quod deicdat patctur fu- fa para fc fatisfazcr.' Bufcar &: fazer o comer , he huma occu-
, ? ,

(«ftaramcsYdlra:fundtaluxun«.
paçaô continua foy íimplicidade virtuofa de Fr. Junipero,
j

Frade leigo da Ordem Seráfica, cozer em hum dia todo o co-


mer que o Convento coftumava gaitar em quinze , por fe nao
57 i»>.ii/amídíi"lM««c;>roíif. divertir
todos os dias da oraçáoj 57 nâo advertia que feosRe-
4e s.Francifcêf. t J.K.Mt. ligiofos O comcíTem junto , nem por iíTo efcufariáo comer nos
dias feguintes j & fe o foíTem comendo frio, o mimo , ou a ma-
licia do corpo o não fofreria fem adoecer tam penofa he eíla ;

occupaçáo aos que tem, como aos que não tem os quenaõ ;

tem, morrem de naó comcrj os que tem, morrem de comer.


^i Hippocrat 6popul.4.io.erL].ie ig Hippocrates 58 para atalhar eftes dam nos, enfina
éiat-cr Uc veter.mdic. quefejaamedidaconformeoqueocftomago pôde facilméte
j^ fc/<v/«<«4/M.».í.*íí.*.M^J. digerir &: fobrei0b que fe trabalhe; Avicena 59 aconfelha,
i

que fem pre nos levantemos da mefa com algumas rei iquias de
lome porém no conhecer ifto mefmo eftà a difficuldade , &: a
}

mortificação , pois o corpo jà mais fe contenta com o que lhe


damos, tanto appetecc o fuperfluo, como o neceflario, nem ío-
freabftinencia, nem abundância, a fome Iheheinfoportavel,
a fartura pcrigofijquanto fe ha miíler para o fervir.' que inven-
çoens para lhe dar gofto que medida para que naó adoeça!
!

grande ignorância hc prefumir que fe podeín aliviar as penas


da vida com meyo em que hc impollivel acertar.
v^ Al ^
PART. I. CAP. XL. t6f

C A P I T V L O XL.
Comofe enganàõ os homens nas commodidades que ima^
gmaÔ ws officios da RepMca, Trata-Je dos ma-
les dafrivaçaô comos Primipes,

1 T Magínaõ muitos , que feriaò felices fc tiveíTem offi cio na


J[ Republica. Reprefenta-fe aquelle eftado com abaftança
do neceíTario para o
fuílento : refpeitado de todos goftofo rio :

governar: &
por mil vias humabemaventurançâ. Que gran-
~
de engano hepirola dourada j alguns que venderão fazenda
!

para comprarem officios,vi bem arrependidos, não fe conhece

o que não fe experimentou .-quanto o cargo he mayor , mais


penaliza.
2 Ominiftrodemuitaoccupaçaó (queheo qucmais fe
defeja fer, porque
nos outros não fe imagináo aquellás felicida-
des) he fervo publico; fendo de todos,náo he feu perde o pró- :

prio por cuidar do alheyo faz das noites dias fem dormir: não
:

tem tempo para comer ; tem quando outro fó meya vida , co-
mo hum daquelles dous irmãos celebrados nas fabulas.
3 He paga defta fervidaõ a perda dos amigos, ( fc algum
havia) por não ler poflivel fazer o que elles querem a lin- :

guados cenfores, que nenhum miniftroachão bom fenão de-


pois que o fucceíTor o acredita j a mà vontade dos defconten-
tes, qne não podem faltar , Sc mais goftão de fe queixarem in-
3uftamente,que de ferem defpachados.-como o pertendente da
Pifcinajque perguntãdolhe Chrijio Senhor noífo fe queria fau-
de não refpondeo quafi, mas queixando- fe que não tinha ho-
,

mem I fendo que padecia por fua doença i ninguém cui- :» >«; ^*' ^ 7YÍ,« íà""* fi«« 'Ref-*
;
, '
^ n_- • ^ r 11 r1.. f Potidit ci languidus Doimne,homuiero
1
da que nao tem jultiça, mas que lalta homem que lha taça ; le non habeo.
:

Ihafazem, não fó não agradece, mas tem por razão de eftado, * i«W«í'»'$-in«»firmitttefuií
dizer que merecia mais ; dos muitos , que fe defpachão, he im-
poíllvel que não vão alguns com favor j & he coufa notável,
que nem hum fó dè graças ( fallo com experiência ) entre os
:

dez leprofos, que farou o Senhor y fc achou hum agradecido, 3 1 iw.17. 1 53


êc entre dez mil deftes nem hum fe acha. ,

4 Sobre tudo , tal vez não pende fua confervação de feus


procedimentos , mas da fortuna de algum amigo grande , por
ler coftume das Cortes cahirem com elle feus bem aíFedos, fó
pelo ferem. 4 ^NomoP.Horten/tono/emãodãVoU

5 Que gofto pôde haver emtaesofficios? o fazerkm ''^j;;:ZÍJ^Z'^'„7^.


aos que fe fingem amigos, he femear ingratidoensj gloriarfe de
"
j Di(ltmsi>o(.i^jiji9,

queovenerem,heja6tanciadoanimal,quelevavaaDeola} 5
não he iftomais que hum cadafalfo ornado ricamente , cuja
apparen-
'

t64 EVA, E AVE '*

apparencia leva os olhos do vulgo que nam confidera o que


,

allife padece. Ou como os Gigantes q felevaôemprociflbens


muy viftofos , &: ornados com mageftade : &: o que naõ appa-
recehehilmhomemllnho cançado, 6cfu.idodelevaraqueI]a
grandeza íobre íeushombros. A experiência he muito diífe-
rente da imaginação.
6 Ser primeiro Miniílro de hum Rey no, privado, & vali-
do do R.ey,fer hum fecretario muito intimojou outro Miniftro

Cinwi cumRegibus vciòamicarifu-iortuna-, 6 mascomo por lado, he raramente duravel, 7 dif-


pra tortun.im eft.
fo mefmo k fecfue fua ruína o que cheirou ao mais alto cami-
i^^'ji-
, : «
oj
.

7 rjfít a«HaU.j. Facto potcntix raro ^ .


r v 1

fcíMpiccína.
nna naturalmente a declmaçam, &c demais alto ledamayor
quedai íaó eftescomo tartaruga, a que a Águia levantou fobre
os ares para a deixar cahir, 6c efpsdaçarfobre hua pedra; com
que tal felicidade vem a fer nada.-iVí?^^ mepcdrftcs ategora , dif-
i Matth.io.tu fe C>;ny?<? Senhor noíTo a feusDifcipuIos 8 & os Zebedeos ,

9 NotaFr. Heitor Pinto M. ^. c ii. ]he hàviaópedidoa fua privança,comoa Rcy datcrra.
9
io.Sfnír./.i.ep.4.Nolihmctranqui!- / Hca privança , OU favor navcgaçáo, como Séneca diíTe
; cm hum momen-
ltaticoi)fikrc,niom ntomareverurur» a LuciliOj IO nins^ucm fc ficdebonanca
í-odem dic ubi liucrant navi<TÍa
jjjj^
* foibeii „to r revolve o mar, cc em hum
íe
i ^o, r
melmo
^ ^-
dia
^r r
íe íorvem os na-
vios aonde galhardos navegavão depende-fe de muitos ven-;

tos naó fó da graça do Rey, mas de todos os Principes da Ga-


,

fa Realj fe os ha , que ordmariamente foprão a differentes ru-


mos, & podem muitoj he trifte coufa pender da vontade alheaj
ti .w.7»^.g.t4,Nei>iopotcfíduobus^8c ninguém pôde fervir a dous Senhores, 11 & menosamais.*
domuusícivuc.
^/ j^^ neceflario o mais deftro Piloto , que por inftantes mude os
,* rumos , pela menor nuvem conheça a mudança, & anticipada-
mente col ha as velas atè pafíar a borrafca. Ha nefta navegação
infinitos perigos, cachopos , & baixos.
8 O
primeiro quando o navio por demafiadamente ve-
,

II Efihercult.n. t. Multi bonitaw


jeiro vay dar nos penhafcos da ambiçam,&foberba, 12 co-
tuseíi,abu(iiuntmfupetDiara. itio OS de Aman , 13 & bczano ; 14 ate Anjos nautragarara
1} £//6erf.v nelle. 15 Só hum David favorecido foube humilhar-fe 16 :

It JpTZl-''^'
^ El-Rey Theodorico o louvou por novidade em feu favore-
i6i./^ç !8.i8.er^5. cidoSenario. 17
17 ^4fudCajJtoU 4.f?.4.Hícam-
plius co.i.mendabarliumilitas,quxtain .^..
femmdohe
,^
q
obaixodacobiça , pofto que feiafó pela
o n o í^ j-
s j
&
. .

Garybdis ,em que de


i

clara quàm rira eft


,
novum ett cnim Via licitadeacquirir mcrccs bcylla ,
: :

lub amore Pmicipis cuitodire modc- ^^^bas as partes 18 De humafe achainconvenien-


fe periga.

^T% ovidMetamiiâ. t^ "^õ acrcfccntar


^""^ acafa j de outra emdefpertarainveja;
19 Díí« .1,48 (jr 69. baftou que Nabucodonofor as oíFcrecefíe a Dan iel , recufan-
xo i>tf«.6. ar 14.
do-as elle, 19 para fer perfeguido atè o lançarem a Leoés. 20
Por façanha de Calliodoro feu Secretario, ou privado , con-
tava EiRey Theodorico, que moderado tudo com igualdade,
nem deyxàra a graça do Principe ociofa, nem fc aproveitara
^ delia com demafia 2 1 aceitou tefteinunho de feus íèrvicos, ôc
-,

«vocieutus, gratiaranoitranua lenon da magnificência Realjmas naooccafíonou, que O povoenca-


«ididitotioíàín. recefle fuás riquezas quando chorava as próprias miferias,-
,

naó privou a virtude do premio, cujo exemplo anima outros a


fe^uilla.

>
PARTE I. CAP- XXXX. i6s
fcgiiilla22 mas nió fazia oftentaçaó que convidaíTe oppofi- ^, cagioLl i. eç\ lí.Namunteh;^
;

çoens; 23 Daniel pedio para Sidrach , Miíacli , &


Abdenago prxmiorum exempla virtutcs.
'^'^'"'""'
osluearesqueEIRey Nabucolhedava.OCÓdedaCaftanhei- pubUeportatinvia.D.Grfg.
,V ^^'""^"''X^Z
P , ^ ,r. At - ttt Ti 1 11 ri 1
ra privado dei Key D.Joao lll.de lortugal, pedindo o fenhor
da Azambuja licença para vender aquella Villa para fe defem-
penhar,&oíFerecendo El Rey a licença ao Conde para que a
compraflcj pela conveniência de eftar junto das fuás terras el- j

leperfuadioaElRey.quenaóccnfentiíTe na alheaçaó de taó


antiga Cafa antes ajudaffe ao Fidalgo para com por feus acre-
,

dores, como ElRey fez.O Duque de Lerma valido de Filippe


III. de Caítella , quando ElRey lhefazia'merce, procurava q
juntamente fizeíTe outras a beneméritos, por naõ fer unicoypor
todas as traças ha de trabalhar o pobre valido , para fe naó per-
der neíle baixo.
10 O
terceiro e (lano confelho que deve dar ao Principe
que dellefe fia-, porque aconfelhar parece fuperioridade de en- .*
^
»»••-•'**
. •• tcndimento-, & efta fe naó gera ódio, caufa diííabor, como fuc-
cedeo a David com Saulj 24 &temeo o prudente Portnguez, mi.í^.is.
quando vio q a carta que elle fizera, parecera mel hor a ElRey,
que a feita pelo mefmO Rey .Pelo q diante doRey naó queirais
parecerfabio, adverte o Ecclefiafticoj 25 o celebre Secretario r « .r, r, «»«.,?;
de Lltado António Peres dizia , que mais lhe valera no Paço ir vcUe vidcníàpicns,
arrojando as chinellas(q entaó fe ufavaõ)ao fó de feu defcuido,
que quantos bons pareceres havia dado. Com medida fe deve
largar.ou amaynar as velas do talento, fegúdo a occafiaó,ufan- ' * - • -,•

do fempre de modeftiaj com ifto fe cófervou Epheftiaó n^i pri-


vançade Alexandre: & ElRey Theodorico louvou feu mini-
ftro intimo de faber fallar, & callar a feu tempo. 26 16 ^pufCa!}i,l í. 5.^. «.sdbgenij

11 He outro baixo que neceliita de londa, a inclinação do reatcraftabac.oppotrunè tacuHs,i«:cefla-


Principe na matéria de que fe trata^porq fe o confelho for con- "è copiofus.
trafuavontade,ou opinião, fe expõem o miniftro a perderfe.
He verdade q perguntando os Reys, N abucodonofor, & BaU
thafar a interpretação de feus fonhos a Daniel, & refpondendo
clleahum que fe converteria em bruto a outro , que cedo fe a-
-,

cabaria feu Império, quádo de defenganos taó amargofos pu-


dera efperarrigores.oveftiraó de purpura, & fizeraó Prefiden»
tefupremo; 27 & também ElRey Dom Joaó II. de Portugal ty Dan.i.&-i.& j."

diíTe que fazia mercê a Dom Joaó de MenezeSjporque fempre


lhe fallàra verdade , ainda que foíTc contra feu gofto 2 8 po- ; 18 Ke^enic rm (^ronM "Dm JotSU.
'
*rèm faó raros exemplos. Ordinariamente goítaó os Principcs ^•*^'*
1 de que os enganem ; & avaliaó por deli£to encontrar feus di-
ctames.Cyro matou os filhos de Herpalo, & lhos deu a comer,
-porqueoadvertiode certo vicio> Cambyfes a hum privado,
porque o avifou de que o notavaó de inclinado a vinho j Ale-
xandre a Caliílenes,porque lhe diíTe q fe inclinava demafiada-
inente aos coftumes da Perfia ; &: com tudo naó pôde o mini-
ftro valido, &Chriftaó deixar de aconfelhar na verdade; cha-
B f. .-., rk.,r«
4na-le amigo , 29 ( aao podedo entre peíioas tao ddiguaes ha- Archiws a.iiicus Regis.;
^ ver
^66 EVA, E AVE
fJ{fS-4-^ Zabud filias Nathanfaccrdos veramizade 30) fópelafinceridade com que deve falíar. 51
ijmicus Rcgis. Só póde,& deve naó navegar com todas as velas d O zeloj mas
íctfír''"'"'""''"'^"^''"''^' com hiu fó ir pairando , & fondando reprefentando com ;

í)./^£Ír/^e/?*p?ví.CumRegibusatnicavi, induftria OS inconvcnientes, fcm avançar mil ito,6c entretendo


*^' «•aexecuçaójatèveríeacalmandoomardoappetitejfedàlucrar»'
c ^ -j c .r •
D ^1
lit.chiifi.c.i,\.nofnnc. a outto parecer. Mas hnalmente quando naobalta , naonade
nimirum ch- ^gcufar fer Que em tau-

Eft
3 1
Cajjioà 1 1 .rp. 4. vi£lima cçloriofa.
^ ^* regalo
" fe pôde 1 ibrar
ia-umnottrarúfeIixporrio,)anuamno- ,- ^
ftrícogitarionií ingfcditur: peítiis , in f^^ ''"COS .

quo!;cneraIes curícvolvuiitur.agíiofcit.
iíjfe£/i{ey ThtoiUrUodefcufm^d».
n TalvCZ (^ÔC hc quintobaixO , OU CachopO ) aclliao
j^^^ ^^^ ^^^^^^ agrado OU por calumnia dos emulos, ou por
,

humana &: efcurecendofe aquelle Sol,


accidente da condição ;

naópódeo favorecidotomaraalturaemqueeílà. Entam lhe


convém naó moftrarque vè a nuvem mas fimular alegria; ,

%i Yiit Tttcic.Annal u^.nntemed fai- porquc da Corte notarem novidade , fem per-
fc as cintincllas
landode^grippina-.cr ahiD.Baiihajar jercm occafiaô , titaràó a mafcara para o defcomporem , 32
Jcjiams apk,ri/m,fs.
^ ^^^ fcmpre a graça Real pode defender, a de Dário naÓ ba-
„ ^. . , ftou a Daniel para deixar de fer lançado a Leoens porque os ,

vaflallos o ameaçarão, fe o naó entregaffe; 1,7, nem a de Car-


los I.Rey de Inglaterra pode liv rar a cabeça do Conde Eftran-
i4Liber,cmtituiHs,imioK^gi!C4ro. fortj 34 &emoutros fe vioomcfmo.
*>c-».
15 Igual perigo ha, quando os Reys.fufpendendo hum
pouco a authoridade, fe humanaó em particular^o que naó po-
dem deixar de fazer muitas vezes; porque a dignidade nam
lhes tirou o ferem fociaveis, 35 nem os fez tam foberanos,
55 Ho«ecaaDi«»aifocubilc que fejâÓ intrataveisj pois CÃn/o Senhor noíTo permittio a hú
Difcipulo de fcançarfobrefeu peito, 36 &aoutrometerlhea
»< 7o4»i.ii.ie:
maõnolado; 37 &" oquehecommodidade ahomem,hene-
37 ?<»«.to.i7. ccíTidade no Príncipe; porque os mayores cuidados pedem
mayor alivio. 38 Neítas o que tem tal priva*
occafiocns, fe
yt Comines nas memorias dá vida de
muito fácil, aven-
ç^ j^^^ f^^ fcílival, fc fará aborrccidoj fe for
^"" "'*' *
turarà a authoridade neceííaria para q o Principe o eftimc; he
volatim fobre maroma que faltandolhc o equilíbrio cahe do
, ,

alto. Se fe oíVerece (femaíFediçaó) dizer húa graça , nao


deve arrifcar a gravidade por oftentar engenho: deve dizella
com decoro que acredite decortezaófem nota de jovial. As
agudezas fiaó haóde fer mordazes, porque a menor palavra
de hum valido tem grande pezo: dos CardeaesRichelieu, Sc
Mazarini, privados infignes de Luís XIII. Rey de França , fe
dizia que tinhaó para ifto hum molde com que nenhum outro
acertava.
Nas praticas ordinárias com oPrincipe naó faltam pe-
14
porque o privado Chnftaó deve nellas louvar as virtu-
rigos ;

des de outros Príncipes, que poffaófervir de exemplo ; mas


fem as encarecer tanto, que occafionem inveja, que fe fatisfaça
no mefmo privado; como fuccedco a Clito muito favorecido
de Alexandre, que louvou tanto a feupayFilippc, quelhccií-
^'' ''^^"' ^' *' ^"^' ^*^
^°" ^ v^^^> 39 O "^^^'"^ P^"go ha em aftear os vícios, (fendo
Jna^
também obrigaçaóChriíláa) he neceflaria induftria,princip:al-
mente
j

PARTE I. GAP. XXXX. t6^


mente de algum a que o Príncipe feja inclínadO}
fallando- fe
porque o tomara por reprehenfaó disfarçada , & grangearà • • •
a-
borreciraento, N athaó deu liçaó excellente ufando
com Da-
vid o r^eyo da parábola fem entrar logo reprehendendo.
40 40 x.^ei.z.,inpr}«:f
^* í'
15 Eftes ( que fao os principaes ) & outros ^
,
muitos rifcos
ameaçaó naufrágio immediataniente com o Príncipe. Por ou-
tras vias láo tantos que fe oíferccem atè pelos amigosj
,
Scaf-
fim fe deve grande cuidado à fua eleiçam os que fe tomão , ou
-,

coníirmâo nas felicidades do Paço , raramente faó fieis afllm }

como feguírão efta, feguiràó outra,fe fe lhes reprefêtar mayor


&: com capa de amizade faó cintinelas. Devem-fe preferir os
antigos, porque fáo mais intercflados na confervaçam , enten-
dendo que fe vier outro valido, fe naõíiará dellcs. Deftes os
maisvirtuofos, Scfabios, cuja communicaçam acredita, &en- iiPfalf.tf.V.íy.Cmelc^is,
«fc.
fina infenfivelmcnte. 41 Os parentes não faó os mais leaes ^"""^^^«"'"pcrvefo pervertem.
antes os mais invejofos ao Duque de Lerma tirou a pnvança^Z'í;í;Z'^;[^^^^^
:

'
delRey Filippe IIL de Caftclla o Duque de Ufeda feu filho ""'''^ cfficicfuí.

& ao Conde Duque cahindo da dePhilippsIV. fuccedeoR ^"«'•''"^''/"/'•«°>»


LuísdeHaro, filho de fua irmãa.
16 No tomar confelho com os amigos também haperí^
go porque conjefttirada a inclinação do privado , arraíra os
;

pareceres como primeiro móbil. Logo que Mardocheojudeo


privou com ElRey Aflliero, muitos Gentios fe fizeraó Judeos: ^^ Eflhet s.if]
'

42 porqueEutropio privado doEmperador Arcádio era eunu-^


chojfe caftràraó muitos homens barbadosjdo qite alguns mor-
rerão. Tibério naó quiz que feu fobrinho Dr ufo votaífe pri-
meiro no Senado, por não torcer o juizo dos Senadores difto :

nafciâo muitos erros ao Conde Duque valido de Phílíppe IV.


antes de o aconfclharem , fe conhecia fua vontade & todos a
,

feguiaó.
1
7
No ponto dos amigos he huma grande confufaõ que-
rer o Príncipe que o valido ame aos qucclle amaj ôc muitas
vezes fam nam fó os menos aífe£tos ao valido , mas os prejudi-
ciaes ao lado Real, por màoscoftumes, ou por outras razoens»
Se contemporiza , cuida- fe comdífcredito, que verdadeira-
mente os eftima, Seque tolera aquelle dano ao bem do Prín-
cipe, que devera zelar: fe faz o contrario, oíFende-fe o Prín-
cipe, achando contradição à fua vontade. O
remédio he apar-
tallos para longe.com pretexto de utilidade em algú bom po-
fto mas fuccede , nem
;
querer elle nem o
, Príncipe & fcr la-
,

byrínthofem fahída.
18 Atè nos criados periga o Miniftro. Que importa
que o Profeta Elifeu naó receba as dadivas de Naaman, fe feu
criado Giezi fahe ao caminho a pedirlhas ? foy neceííario ao ^ .
,

*^ ^^^'"^^
Profeta caftigallo com lepra , para purgara fufpeita de que
fahira por feu mandado. 43 Peccaõconi authoridadedos fe-
nhores-, daó màsrepoftas, fe lhas naó compráo boas negão ;

^s entradas-fingindo que tem ordem i & o fcnhor , que naó he •

profe"
1

ií8
.'^-
É VA, E AVE
profeta, náô adivinha para femoOraríem culpa, difle Pliníò
44 Plin.hfaneg: aTrajano; 44 que fendo confa magnifica a hum grande fer
virtuofo mais he fazer que q fejáo os criados ; quem acabará
,

^
tal façanha? & vay nella muito aos Miniftros : o Duque de
Lerma namera notado pelo que recebia, (para o que tinha li-
cichça dclRey) mas pelo que recebião os criados; ao Conde &
Duque fe diflimulaváofaltas,porque procurava que feus cria-
dos náo recebe ílem.
"19 Maseíles, & outros perigos faó pequenos compara-
dos com a tempefbade dos Cortezãos; táoperigofohefcra-
mado. como odiado do Príncipe. Os Principes tem a defgraça
—^ dennm poderem amar àfua vontade como os outros homcnsj
cuidão os vaffalíos que fó hío de amar por feu voto vem logcy :

^%Z^!a»Jepl»ct.r:<iiur.hmà[xmo'a inveja cintinclladas felicidades alheas ; 45 doença naturat


tuí,a;enxfc!iciatisexcubii. aoshomens, 46 qu£ nam fecvita coihamodeítia jantes Cfcí.
.46 ^''"'^'>'?-'.-^-i"fi^'^"^^^^'"°"''^'-ce com as virtudes:
bus oaturs, &c.
47 & entre iguaes qualquer ventaeem
-~'
i^/ual.couhin //(v.^T.Eftmotbusqui- tem por Crime jtoQos querem mandar
.
b
mas a quem, fene^
^e^
' o-ii ;

dan prGp:iutivus,certècommunis. nlium qiierobedecer?&: fc todostriadafem, todos ferâofervos:


48 Tt iLyn^aili.ldmed Nam 4.8 Se codo O mundo (diz S.Pedro Chryfologo4.9) foy eftrei^
fi

, f o a dous irmãos , Caim, 6c Abel , como o não fera hum Paço a


TO oraa JUS impcritare vuhis, fcquiuit

tt ou. iK.>er>,itucem accipia.it.


tantoscílranhos entre fi ? o mefmo he fivordo Príncipe, qué
odio da Corre; o mel mo, grande íortuna , que grande in-
!,\:.twá?il -^ veja o.mefnío invejado, que calumniadoj &" pela calumnia"
:

fe vay à fuina: Catão, porque era varão grande, foy quaren-


ta vezes accufado, Sc cu ftoulhe muito fer outras tantas abfolu-»
to. Qualquer mào fucccíío no publico, he fogo na pólvora, ar-
febentâo as minas, querem os emulos qovalidoícjaDeosda
fortuna. As acçocns dos mnos miniftros inferiores fe lhe impu-
tãoscortiõ a participante com o Principe no erro da eleiçaó, ou
naculpadapaciécia.Todaacortezia,todaaafFabilidade,todo
o bórti animo,toda a prudência induftriofa
, obfervaçáo dos ^
documentos, ou daquelle exccllenre Lélio Peregrino, ou de
^oCãftaãoPire^nnoSiamslMBoyhio.<?^^ç.Çç[i\ttQ\itros gtandcs meílrcs , 5 O nada baíta contra 3
toxa.«..ar. ,./íw.^ s6.eír 57.
emulaçam.
l'huip.(le Comines, i. 10.
'' lo ^t--í
,• A--ji f i
r ínalmenteooínciode hum favorecido, quanto a tra-
51 D. ^mhrof.inpfalm. 104, taf coni O Priucipccompara Santo Ambfofio 5 I aos que com-
práo Leoens, & Urfos para os moítrarem per dinheiro,ikfeinr
precftãoem temor, notando fe íé enfurecem para feacautela-
»"e™-' ^ ^''^ ^^^z percccm , por não poderem fugir> òz SaÓ Pedro
51 D. PiiP chyfo.re^m. ^ v ..í/«.
Kc.Tiocumferpci.ccfccuTiusiucjir, Ghryfologo 5 2 dillc , ç[uc com ferpC7irc mngttem tratn fe~

55 /.i/'«.i4it'-^Noi.:ecor.ri.krcin-7i;;;Y?.
Náo VOS fíeis dos PrJncipes aconfelha cTpfalmifta: <% !

Icjao excmpíos f oaD morto por recomendação de David


DequoSoion-ii emlUm. 59. 54 :

54 í.AVíj.i (?. Aman enforcado por mandado de Afiuero: 55 Parmcniaó, 6c


^'^f!'n^Z'i» - Clito, mortos pelas mãos de Alexandre: 6 Sciano fciíopro-
<;

57 iaai.,_jmaii.<,. oig-io dcdcígraça por 1 ibcrio .-5 7 Calígula íez matar a quan-
PcdroM.tthco na [na vida. tcs privados , 6c am igcs tinha : 5 8 Nero mandou matar a Se-
^ T..at ^>m.,i 1
neca ,conceoendQlhcpariavorqeíC(;lneí)c o generodemor-
^oaõ Paiío Muityr. liijomvui-! de Stnec. tc j 59 Juítiiiianofez tirarosolhosaBclizarío, 6coobrigcu a
acabar
PARTE í. CAft. XL. ^f9
âcabj;-mendigando. 6o Em FJpanha nos deraó exemplos, a '(o fhfnãhiff.p.i.e.li.

cabeça de Dom Álvaro de Luna, privado de Dom Joaó íí. .


^^ Muri*nahiítÀt'Htffan}m.íÀ.xz

ReydeCaftetla; 6i &r ade Dom Rodrigo Cáider9n,niuy-'


'^*' '^"

to favorecido de Filippe III. Omitroo CondeílavclMomo-


ranfiem França: o Conde de Eííex em Inglaterra, Frysland
em Alemanha, Sc outros íucGeflbs> porque trazer todos fora
infinito. , .

21 Qiianto aos vaílkllcs, ainda que O grande Miniílro fa-


ça milagres , he perJeguido das mas vontades dosdefconten-
tes, das impertinécias dos zelofos das cenfuras dos cciofos j
,

íc da diverfidade deopinioens , que hc impoílivel concordar.

A íua affabilidade haó de cbàmar engano ao defmtereííe, hy-


:

pocrifia à redidaó, feveridade: à juftiça, rigor.- ao fofrimen-


:

to, rem iíTaó: à brevidade dos defpachos > precipitação ; ao to-


mar confelho,irrefcluçaõ: ha de fer murmurado nas cafas de
')0^o^ nos lugares de converfaçoens, dentro do Paço,8c atè noS
púlpitos fe ha de conceytuar, arraftando textos fagtados, para
provarem que hemaliílimo homem, ,
.

22 Seouverajuizoperfeyto, ôcfe achara o valimento eiíí


hum caminho , ninguém o levantará } todos fe lembrariaó dò -•;>-.

ipro^^erhíoqxiei^zix. l^teMeJlàmaispertode Júpiter ie/iamais


pertodórayt). 62 Todos confiderariaó que o Principc he Sol 6iEriifm:tnAà(iz,exT)}oien.Vrottmi^
no feu Revnoi naõ fó porque alumeá» mas também porique or- Jj'"J^f^^^'>"»orful^orh
dinanamente as boasj ou mas fortunas, iaq eftey tos de lua viíi-
nhança, ondiftánciaj faz em humacafa Inverno^ ouVeraó,
com mais liberdade que o Sol celefte, poiè í íem feguir regra»
adianta, ou retarda os tempos, S< os frutos 3 caufando abundã-
cia,ouefterilidade. Qiicm puder, naó ha de viver taó longe
defteSolquefegele, nem taõ perto que feabrazcj tanto, 01!
mais jpadecem os de Guiné entre ardores , eomo os de Suecja
entre neves; fera maravilha naó ennegrecer aos que muyto
aquentar: outros comparaò o Principe ao fogo , encomendan •

do a mefma mediania aos que fe lhe chegaó. 63 si Sioíferm.4i:


''^'"'<""-"" ^"^*^^'
23 Mas tantos documentos iêc experiências naó defenga-
naõ; fempre ha quem compre efte cavallo Sejano* & efte coí lar
de Érifile , no engano de íua gentileza , & luzente pedrariar
fem advertir nos defaftres de todos os que os poííuiraó. Pare-
cem- feeftesambiciofos ao que podendo- fe livrar dos açoutes
a que foy condenado confentio na íentença
, por querer pro-
,

var como fabiaó> & o peyorhe, que os achaó doces, pois fefe
Vemlivresdaquellamifena, lhechamaõ«^i/^â> Scprocuraõ
rccobrallaj mào gofto, & cegueyra do peccado.

C Â'-
«

i8d EVA, E AVE

C A P I T V L O XU.
^e nem com rejnarfe alivião^ antes srefcem çs traba-
lhes da ijida.
I PíatJ, !^, j 1^ s ^^^ Pkraó,
i^eyg ^ curros
Filofofos cha-
i Ôc
' '
'

'
\^ màraó conipoftos de matéria de
ouro: divinos en-
tre os homens: eminentes à natureza: fabricados peloraclhur
. -Artífice à íèmelhança de fi mcfmo; 3 obra única, imagem do
t E^hanmafuàStohf^m 47.
foberarto Monâtca' familiar a teu Crcador luz entre os fubdi-
:

síoh.inadmonit.adKsg.lnm.^%. ^^^' ? cujó ofíiciodi2ehv oS politicos, 4 & as Icfrasfagfa.


,

4 piut-fch. deJóaír. frincif. ÇT Lie dâs 5 qué he rtiirtiítrtí ^ limillâcro i & fubítiruto do fummo
difput.PhiM.
Governador, òiúk deve obedecer , 5c rcfpcy tar , como Vifo-
Sm^inodi: R^cp.i. \,.c.(,.
Kcy de Dcos âqueiles tnó venerados de algurtias nâçoens n^
j

BtiLr-nin de cffic.piineipj.^ x.t. antiguidade, quehitm Perfani andado açoutar por feU Rcy,
pJui^'lCmltlfri''ci^^^^^^^ por fe lembrar delle; õ efteS digo qufc na terra
4II.I». ; parecem Serrti-Deofes,nâ6terri a vida ^rivilegi,ida.
t ^ifflT^j}' ^ j i B^ií^a P-^ra provar não ferem izentos dás enfermidades,
& dores commuas a tddos os morraes j como lendo át mima
fertdconfelTbu Alexandre Magno, 7 contra a jprefumpçaó
que tivera de fe fazer filho de Júpiter. Mas paífemoS ao cm
que eÍTaó de peyor condição que os outros homerlS, "b
5 Tém o trabalho de deverem fer melhores 4 os fubditòsi
comodiziíi Cyro RcV dó Perfia ; & porefta razaó Alexandre
pcrp:unrndo quando morreoj A qticiridcyXavaporherdeyro

8 Q.Cnrt.èt*eÍ.^Uxiulu*
de fua Monarquia, rcfpondco qao melhor; 8 ícacoroadeou*
Eiquieflet Optimus. TOjCom q fobreasde prata, &rcrro , l^coroadoo EmperâdoT
de Alemanha, Ihemoftra , q nos quilates da virtude deve ex-^
%s t.*- . / . ^ .
ceder aos òutfos homens como o ouro cíccede aos outros mc-
,

taes Qitaritoiíro lhe importe, expendemos em outra parte i 5I


aqui bafta apontar j <] hum Principe fe deve recear do melhor
reputado, Be naõ do q tiver peyor nomej pelo q o grande Rey
TheodoHco chamava a boa reputação; ThefourodosPrinci*

tKciâuris reponin.us, quod Êmacómo. 4Defta poa fâola dcvc O Rey tet mayor cuydado que os
disappiíwmus.
outros hoíTies , porque o refplandor que o atompanha def- i

cobre mais feus procedimentos. A terra, dizem OS Pti€ta$, II


toviJM
Uiul.Ccml,nytho7li>\c.\ 'y^^nfinc. ^^ ^^^' fccunda de Unguas , para publicar os defeytos delRey
Midá<;5 qualquer fama que alcançar ha de fcr grande à propor-
xi. Sentc.t.àedem.c.?.. NuiiisuiaRis cáo da dicrnidade, dizcndo mais do que íoi , i2 principal-
;T;t3:Vir ™;i4"" "^^":« "° ™^'> ^ *!"'= ^ =™'""? "'*' p^^p^' '^"^ "°' °":
hahiiuiiíiiK. tros for nuvem, ncUeleràeclipfe.
H -
" -

^ Mas nem lhe baft:a fer bom para contentar a todos. Ao


juftochamaóeruel.-aoclemcnte .froxo; ao liberal, pródigo:
ao valerofo > temerário fe tem valido, dizem q naõ he fenhor:
:

fc onaótem , quw-yxaó-fe que naó haqueniosoi.ça ; doqun


Abfaláo
. .

PARTE I. CAP.JtLÍ. i8t


i^blaláoaccufava a David > 13 fefegue osconíelhos, põem i, z.Re^.,^.'^. Non cíl qmreaudia
taxaem feujuizo feos náofegue murmúrio, que heabfoUi- '°"'^i^"^"s^^'=§fi:'{^4<í s
: ,

to. Luís, cfue chamarão Pio, &: Debon ayre, por Tua boa indolej
^VxiàKr-
Empcrador.&Rey de França, filho de Carlos Magno, íby '

excellenre Príncipe & com tudo imàòs vafiallos , conjurados


,

comfeuspropriosfilhos,odepuzerão do governo; 14 vio-fe ;Aljt'!?!u^'^^^^^^^


taó m iferavel, que qu ando em Soiííons o obrigarão a defpir o NtcolGiUts nos annke} Áe França an. ti^.
habito Imperial diante do Altar de SaóSebaftia6,diz hum Ef- ,
'

crkox:Sònocoraçã()imploravaaafJiífencia de Deos., a é^Tiencio


cufãvarecorrer publtcamenknaqtiellãmpiHiça, temendo q ftias ," , „
oraçoensfojjem cnmmojas: 1 5 ( he verdade que o loccorrèo o aàfiiMtj^uej» bmcbi.
i5'í'w/jí'r, porque três, ou quatro anhos depois foy rcftituido,ar-

pendidos os nobres, &


"Çio^VíVirt^^por ámúeflãçno divina, como
dizhumsravcHiftoriador. 16 ) ElR.ey D. joaóII.dePor- \6 NkoiGiUesfu^an.z^^inptncàhi^

Tugal alcançou dignamente renome de Frmcipeperjeyto , &


com tudo teve no Reyno as mayores contradiçoeris.
6 Atè as defgráçasfeímputaó aos Reys,comofe todos fo-
raõ Alexandre Magno de quem diíTe Qjinto Curcio , que fò
,

entreosmortaestiveraafortnnaemfeupoder. 17 OsGodosma- ,7 curt.fJcp.d.iuU. piusdtbtaiflefor


tàraó a feu Rey Uíterico 3 fendo muyvalerofo, fó porque era tuns, quam loius omnium raottaimm.
defgraçado nas batalhas. 18
7
^.V.in.iv i-^i r» 01 '"•^ffl^r^TÍ^
Todos eítudao como had de enganar ao Rey; Scalguns difcur/.B.
« hiaA..rj.
'^ JnUde Ca t,lbo»abijt.dOi u-
Godas U^

contendem fobre o dominar, como fe fora Reyno,& não Rey.


Cuy da elle q entrão no Paço a fer villò,&: entraó a procii rar en-
tregallo j huns com lifonjas j mal perpetuo dos Príncipes ou- -,

tros fios meyos de alcançarem mercèsj 6c não tem quem o def-


engane 19 falta que Séneca 20 chorava em quem tem co^ i, Lavedra na rdea doPmdpe,
-,
em.
abundância tudo o mais antes paga confelheyros paraoen-^^y-^'""»*''^-
;

_ r r? J
. r\' 1 10 Senec.de beneí.l .6,c to,

ganarem, comofequeyxavaoLmperador Diocleciano; 21 r, ^pu^FiavUp./c.in^urei.


tem contra fi amigos, 8c inimigos y como dizia Saturnino Au- quawoc , yd c]mnquc,.acquc
CoiUi^uiic Çe
unumconíii.um addcc.pkndumimpe-
pufto 22 aos que lhe veftiâo a purpura Imperial.
^ n r\- r r ^ -^ ^ . ratotem capiunt.
8 Digo os que fe nngiaõ amigos ^ porque nenhuns tem xz ^pud yaieifud. dejiatus, aebein
verdadeyros, comoexperimentáooscahidos. Pormuytora rat'one,p.i.íonftder\.n.^9.T\tacnvitha.

Hefpanha 2 3 dous Portugue- , q^ ,,^ 2V««« chr de d Sancho if.


ros fao celebres nas hiftorias de
^

zes Fernão Pacheco , 6c Martim de Freytas ,4 em Cerolico, Vafcon-tUosm.^nacephd.ejufdm. Maris


,

& Coimbra j-vjn


-,, defenderão a parte delRevDoni Sacho Capei lo, íf'-^-j*ií' ^a r ^ l- j r. n „
kndo lançado j a do Reyno. -r^
Chron.deD.AffoníooSabiodeCaHelUc.j.
J <^ a 11 r>
'
- Cin
1 antoq blRey deCaltella Dom Marianahiji.de Hefpanha itb.-i.c^.mjm
Fernãdo o Catholico entregou o Reyno a Filippe I. odefem- F''^r>to».urmdionaMonmh Lufit.p.4.
•'^''^•J®*
paráraó todos os grandes ,& nobres , ainda os mais beneficia-
dos por elle; de maneyra, que com grande efcandalo fe vióem
notável folidão; &c logo que por morre de Filippe foy chama-
do para tornar a governar, tornarão todos afazerlhe osanti-
gosobfequios; diífe elle então, forrindo, áo Duque de Bejar:

E vos Duque também me defemparaJks?K.e.í'pondeo ç\\c:Senhor, '

4^nem nàõfe enganaria crendo que bum mo ço de vinte
, &
quatro
ajinostao robujto havia de viver mais que V. A. que tem quafiÇeÇ-
fenta? Mas replicou El Rey.- Sóhumnefciofemganairia: é/^je
vosfarcis tao entendido comofoisg ráciofo , cu yd anéis que voffo
Pij ' Kg
tSt EVA, E AVE •

Reyn aUíYalidt quemtinheisrecebtéotnerces ypodiavivermais',


m,/ca^nahi/i.Tít!fc:p.xU.cM. &gratificarvos melhor mie hum eftrangeyro. 24
114
Muytos ex-
§.i. emplos ha de amor, & fidelidade a homens particulares cahi-
25 ^«-^^'/^-^^'«•'«'•«•«^ "''<'*• dos, atèdecfcravosparafeusfenhores; 25 fó para Reys deí-
pojadosfaó rariíIimos,&deyxão-fe enganar de venerações.
Finalmente, como ElReyAntigono adverrio a Teu ív
9
. li
e/#H ij,Oi o íeynar he huma fervidaó nobrcj 26 de dia & de noy te
4yÈ/i*i.ví7'.í)i/?.í.i.Mf .lo* ,

/""" ^'°"""'
í« Xlcm^r^m Ha de cuydâf , Sc trabalhar a Republica não he íua , mas clle
;

i7 senecdtCUmtm.l i.c. i>. Non daRepublica: 2/ & poreflc o tem os vaíTallos avaliaó-lhe }

Rempubiicam fuam, ícd íc Reipubiicx. ^^j. c^iminofas as horas de alivio por tal fe condenava o tem-
i

po em que ElRey Dom AíFonfo IV". de Portugal fe diverti*


iS D«tfr« Nswfi «í Chremdt D. ^f. ^^ ^açâ. i8
'^*'* *
lo Tanto cufta a cercmonía de húa adoração intcreíTey-
ra, & a reprefentaçaó de hum amor fingido , que he fo a que os
Reys lograó mais que os outros homens; & com tudo poucos
cngeytàraóefte engano; occorrem à memoria em Roma fó
&
dous Emperadores, Diocleciano, Maximiniano; (& dizem
-^ que efte fe ân'ependeo) em Grécia, outros dous , Michael Co*
Manoel Comneo; em Alemanha dous Lothario,
ruplates, 6c ,

em Caftella (além do mefmo Carlos) outros


&: Carlos V.
dousjBermudo, Sc AíFonfoel Monge: hum Rachisem Lom*
bardiá : hum Pcdroem Inglaterrai
poucos mais feacharàó nas
hiftof ias fendo innumcfaveís os que por todos os caminhos»
,

, ainda tyrannicos, procurarão reynar. So hum Quintiliano fe


'''^^^^•'»*-"-
matou, porque o faziaó Emperador. 29
% ^^^"f'/^ ElReySalamaó coroa efte difcurfo. Foyoedifícador
<Srvi<íí/«prtfc,t4.».i4. II
da mayor maravilha no templo dejerufalcmj 5o illuftrepor
fangue, amável por peflba, fabio fobrc todos os nomens, tem i-
do dos inimigos, celebre entre as naçoens remotas; 31 qheo
\\ c%tdtr]lio rp. t9. Comfflun:
louvor mais excellentc: 3 2 rico mais que todos os Pri ncipes.
cftcunatsinfuisimperiispraEdicarnfci Lograva as riquczas dc quantas Provinciasj Sc Rcynos feu
ih^iá eit omm..odis fin;íuiarc ,
in extra-
Q^y ^^ fugcy
n J tara dos Moabitâs,Syros,Damafcenos, J Ama-
nca ;;c >te laiiUc; próprias invcnire qiiia r J
,
' j '

ih (un vca iuiicia, ubi nemincra com- lecitas , Idumeos OS tnbutos dos Rey nos da outra parte do
:

ptraimilatimiditas.
Jordaó, & Filiftoos }& do Rio Eufrates atè o Egypto. Além
das grades rendas de feu Reyno,tinha feifcentos fcíTcnta £c Çcis
quiritaes de ouro nas frotas dc Tharfis,que tudo importava ca-
da anno mais de cem milhoens de cruzados. De feu pay lhe fi-
cou prata, ouro, 6c joyas cm quantidade incrivelj pode-fc con-
jecturar a opulência dâquella herança do legado que dcyxou
para fazer o tem pio, q foy dc cem mil quintaes de ouro, Scdcz
vezes cem mil quintaes de prata,que reduzidos a moeda com-
muâ de Europa montão mais dc dous mil & quatrocentos mi-
_ -. ^ ..Ihoés de cruzados. Diz o Texto fanto, 22 que havia em le-
ni P4f«//^.9.i7.TaDtammic copia ^,
,.

j rr^- -
o
prata ,como pcdras.Tinlia mil & quatrocentas
1 t
-'

prasbuitatijcim lo jeMiaicm quaG la- rufalem tanta


,

pidii»- carroças> Separa ellas quarenta mil cavallos: & doze mil dc
paíTeyo; alem de rauytas azemelas para ferviço. Adornava
fcus paços com as tapeçarias mais ricas, com as pinturas mais
excellentcs.ôc com eícultur^s perfey tiillmas. Havia nelles iar-
dins
2

- - PARTE I. CAP. XLI. i8j


dinsdekytonilimos: lifoilgeâva oouvirGommuficasdefiia-
olfafto com os
viílimas vozcSj6c dos melhores inftrumentos: o
aromas de Pancaya, & Sabea,cm fimplices > &: mixtos o gofto :

com variedade dos mais faborofos manjares ; oferviçoerao


fetecentaS mulheres
mais pompofo. Atè para a lafcivia tinha
com titulo de Rainhas, taó efcolhidaS ^ como fe cada húa fó o

fora- 6í- trezentas concubinas das


mais fermofas quê em feus ., ,

ReYnos,& nos eftranhosfepuderaó achar. Tudo ifto(ad ver- ^^ ^.capona\efofn,^aoChm.j^.


faó Verdades da íagradaElcritu^
te hum í^rave moderno 54)
damento\.cx.

ra- 2< thríílo Senhor noílo


trouxe aquelle Rcy por exemplo J 5
Y}'XÍ"'''''^^'^''^'x^Í"
""

damayor gloria do mundo; 36 & elle melmo coníeflou , 37 nigtotiaíua

gozara todos os deleyteSjquátoappetecéraófeusolhos,&


quc^uz-ai^Lw
nue J '^ J7 £/f'>M^^^-»^-
Ad
'

labores inqoibus
,

.
c (V o 28 /6/(iíM«. II.
quanto podia defejar:masjuntamenteconíeíiou, 38 queem fjt,a(i,a.vfram, v.dUnommbusva-
&
tudo trabalhara, fuàra, tivera afflicçáo. nuaiein , & affíiaionwra animí,
1 Qiiando os Reys fe imaginaó entre delicias , os trata ò
mundo como aos de Samatra, cujos povos tinhaó authoridadc
para os depor, & matar. Quando lhe queriaó dar morte, of de-
Jiavaô hum a mageftõfa caçada de Tigres, & Elefantes, em que
fc achava toda a Corte ,&
por algúas horas o entrerinhaó enl
aeradavel paífatempo, atè que no poiito determinado , quan*-
do mais irritadas as feras, &: o miferavelmaisdefcuydado.ó
ociciupaiu» yj todos,j 8c o deyxavaódefpedaçar cruelmente,
defemoaravaó ^ . ,

^.^,L1Uo,^«,..^^^ 19 Larjí-ím-te trai ^ éfíà matéria Si


tentand o-o na morte com aquelle apparato. ^ J'^^^^ f^ ^ „osje^Le..
13 Eftasfaóaspenas,&:miferiasdchumReylegitimo5 5^
ao tyrannoaccrefcem outras terribeis, que veremos em outro ^^ Níi-ít-jj.».!.
hisar. 40

C A P l T V L O XLIL
Çl»è os arhigos nãofaÔ alivio para os trabalhos da 'vida, .
^

antes os acrefcentão. ^ ^ « cj ,•

MEdicina da v.da chamou oEccIefiimco , aoami- ''r;;ri.;';*.''cS:»a»;U


gofieljparatratarcomelleoqfeofFerece, como cumamicomo.
diíTe Salamaó, 2 & ter companhia &: confelho em todas as «sm^ ep. 5 fauiopoji princ.
.-
ri r \ ^
tortunas loore oqueeicreveraomuytos Authores. 3
•,
,

Al % Mirc.Tutl.dt amtat

vl/ímbro/decjfic.maxinèl.^.
1 Mas efte imagmado alivio he fó efpeculativoj tratar eíla MuIú uim i» toiyanth, veib. t^rhichià,
inateria,he vaó trabalhojcomo o de quem efcreveõ as qualida- "'^''^' ^^ ^
j j A T- •
VI r r/ r^•

<ks da Ave r enix 4 que nao ha, ou he unica 5 lo a David , oc


o Senec.^ep.9.
1
4 u.^ofeph PeiUcen
JonathasquahficouaEfcriturafanta, 5 por amigos perfey- ^ \/^^''/5'jj

tos: outros que chama amigos , o foraó em cafos particulares. |^„^,7 ^„e,d z.,!
Nas letras humanas, as amizades que referem os Poetas, quafi Ovid.Tril1.4-O- de Pont %.
faófabulofas: 6 as de quetrataó as hiftorias , 7 efcrcvem-fe ^"'•^•^'^•^•'
por muyto raras em muytos feculosjSc alTim diíTe o mefmo Ec- Propeú.i u
clefiaftico, 8 que achar hum amieofdos de que elle tratava) 7 KsJeiernasmaUcdebradu

era achar hum thcfoiiro ; antigamente quando ifto dille , pou- poijanthea, yUo, ^midUa,
costhefouros fe achavaój hoje nenhumjàfeacha, por mais Deftn/a da Monarch.ufp.i.c.]).
que cobiçofôs galrem fimfazcndaemGaVaraterrá para defco- ^.^«jjj^^^^^^^
Drircmalgúsdeqbafama. Piij 3 Os
:

N
tS4 EVA, E AVE
3 Osamigosjàtemnome corrente de amigos dotcmpo-, fó
o faó na felicidade, em que não faó neccflarios; na adverfidade
Q^-^ nenhum apparece. 9 Só por corcezia a nação Portugucza
DoncccrisfeUx.multosnumerablsami. ^reo doUS CafoS queográde Hiftoriador JoaÓdeBarrCSCOn-
,

ta, 10 humdcManoelCernichenocerco de Calicut, outro


^mpora fi
folus «is.
fucrim nubila.
Settccaepi^.9. de Gabriel Pachcco noprimeyrocercodeDio, que voltarão
10 Bitnbsdcc.yl^-c^o-dec.i.Lio. ^pejejar ^om OS inimigos , por acodir cada hum afeuamigo
''**'
que ficava atraz, 8c ambos morrerão no foccorro. Perpenna
amigo de Sertório, vendo-o pcrfeguido pelos Romanos , o fez
matar com huma infame conjuração &: fe achou no teftamen-
;

u.Marin„ah>ji.ãeH,jpanU,ub.i. todeSertorio,queodeyxavainftiCuidoherdeyro. 11 Haou-


e.i j.TO/Tw. tros innumcraveis exemplos.
4 Outros mayoresMiniílros o experimentão mais j porq
inas Cortes não he mayor crime beyjar a maó ao Sol,q fe põem,
que ado de religião entre os antigos Pcrfas , adorallo quando
nafciajpratica-íe a ingratidão daquelles índios Orientaes,que
havendo-o adorado no Nafcente i o apedreja o no Occidente
11 fackioFreyreãeJndtaienavida 12 cadahum,(&:mays OS mayorcs entendem,) fefe chega ao
átD.%oaodtC4i»l.i.n,t,9>«>f"'- cahido, baftaquco vcjãopcrigofo, parafugircm delle, como
ratos que deyxão a cafa três mezes antes de fe arruinar. Os
mais intereíTados , & obrigados primey ro proteílão que nun-
ca o amàráo,&: q não podia haver coufa mais útil à Republica,
ç .^ qfuaruina. Melhor negocio tem o cahido no vete de hú ini-
migo declarado, porque efte tal vez hy pocrita, fe quer acrcdi-
i tarfazendolhe|uftiça, ou favor ; aquelle por cuydar que fe
acredita, o encontra femprejhe o epe difle o mefmoEcclefia-
ftico, 1 3 que o amigo do tempo , nQ.d.aJrikda.çaífesonvert£ em
tnÍMigo: íoTã mclhor neftas occafióes não ter taes amigos ; na6
BecUr.d.c.é.n.i.O' 9?
Q^Curt.in Aiex Lj fo/1 meâoTMío. coHvem amlgo de que fehaja de duvidar. 14
14
**'
^ EntrePrmcipesnãohaamizadCimede-fepor utilida-
'^•^TbcnevotodXw"^^^
"' ** ^
*

de, não por féj nem fe faz cafo de parentefcoj goftão huns dos
males dos outros i dizem que fóatterldem ao bem dos Povos
que Deos lhes encomendou, & que os não querem empenhar
O
em coufas alheas. Emperador Carlos V. nada fez pela tia ir-
mã de fuamây repudiada porHenrique VIII. Rey de Ingla-
terra, deyxando-a viverem Londres em humascafinhascomo
huma pobre mulher. Luis XIII. Rey de França, achando-fe
formidável à Europa , permittio q feu cunhado Carlos I. Rey
de Inglaterra foíTe degoUado por fcus valíallos , & q a Rainha
fuairmãandaflemiferavelmente dcfterrada; ôcporrefpeyto
do tyranno Cromuel,&: mais rebeldes,com quem logo firmou
amizades, lançou feus filhos de França , fem lhes confentir em
feu Reyno, nem viver em miferias. Mas efquecelhes aquella.
razão do bem de fcus Povos, fede ajudarem ao chamadoami-
go lhes pôde vir provey to. Os Romanos conftituirão feu Im-
pério do que intereflarãoneftesfoccorros: cm Hefpanha en-
trarão a foccorrcUa como amigos contra os Carthaginenfcs:
cmjudea a ajudar a Hircano contra Ariftoboloj &
aílim em
outras
j
,

PARTE í. CA P. XLIi. 18
outras partes. Inglaterra foy por vezes occupada por ícmelhã-
tcsaniigoSjqueaellapaflaráoafoccorreralgúsdosReySj que
então reynavaó naquella Ilha, ôctinhaó guerras entre ft; de- &
pois os Reys de Inglaterra fe introduzirão no dominio de Ir-
landa, a titulo de comporem as differenças dos feus régulos,
C
D. Fernando de aítella, chamado o Gatholico, ajudando ao
Papa Júlio ll.fê ficoucom o Reyno de Navarra dcpàflando i

a ajudar a feu primo Rey de Nápoles cbiitra ElRey de Fran-


ca, logo indignamente fe concertou com o Francez ,& ambos
privàrãoomefmoRey legitimo do qiie os Authores Caíie-
i

Ihanos 15 procuráoderculpalio,ma3nãoachaõrazaÓ. Baf- r^ iihcfcasM.PrM.p.u.s.c.tiM


ter^eftes exemplos. Taes faó as amizades. fe/ímed.

6 Mas pofto que felizmente fe ache hum bom amigo, em .o«fc,rtVa

que remedea as miferias da vida ? nem dà faude nas doenças


nemtiraascaufas das afflicçoens, porque ordinariamente naó
pôde ajudar as neccíTidades acompanhara no fentimento
} , &
vello fentir atormentará maisj chorará noíTas calamidades , &
nós ficamos com ellas.
7 Antes os amigos, fendo verdadeyrosj feacrefcentàraõ
reciprocamente
^
^ rr / rr ujj
as penas da vida. Porque fe a amizade faz ^^

„ ,.

communsosintereíles, lò ailim como he verdade que os ami- mumommum imcr nosfadt amicitia..
, » ,.í
\6 Sente. tp. »,%.mhh ?. Coníorrium.
>.

gos fe communicàrão os goítos , aílim também fe haó de com- "<= íccundi quicquam íingyiis cft nec ,

municarosdefgoftos; & como eftes eoftumaó fer muytos ^^f VirS^lirU „™4
mais em numero: &ador, pofto que pequena , hemaisfenfi- a^idíeumà. SenecMbMe^ci-j.c.\x.
vel à noíTa natureza, que huma grande alegria 3 mais penofa fi-
ca a vida,havendo cada hum de fentir os feus pezares, &-os ,^\ Dchryfo(lho,nx9.adpí>}^.rimi
^''^""'fatis vis: monfruemcs pautei Ci
11 o /r c <^i r n. j /r 1
alheyos;8caílimcomob. Chryfoítomo 17 aiíie> que era aUfrueutibusgaudere fade
vitre para os que defejaó fer ricos, lograrem por caridade as ri-
quezas dos próximos > aíTim he meyo para fer mais miferavel,
padecer por amor as miferias do amigo.
8 Caufaó os amigos trabalho em os confervar , neceíli-
ta ifto de induftria ; por iíTo fó entre fabios pode haver '^ SenecJ.L7.eAi.d,htnef.

amizade, diíTe Séneca; 18 temoreeeyodehaverhummexe-


" 'rico, que os divida: fehehumfó, ha perigo de o perder por v* > * * "
morte, ou por outro accidente.* fe faó mais , ha entre elles ciú-
mes; empenhão nas brigas: nada fe lies pôde refufar hú bom
l : 19 P.Lyfieux nnphilófoph. chríp.p.i,
FilofofoChriftaóoscomparouaofentidodecheyrar: 19 ^''jyM-i»^íwí>*ns.^
alguns diíferaó q não fora beneficio da natureza , como os ou-
trosi porque o ver, goftar, ouvir, & tocar, tem mais objectos
de gofto, que de pena; mas ao cheyrar, faó, pelo menos, iguaes
humas, Sc outras occafioens.
9 Naó digo que fe não grangeem amigos; a natureza enfi-
na a procurallos ; ainda nas coufas que naó nafcèraó para com-
municação, a terra procura participar qualidades ao Ceo pa- ,

ra receber influencias ; os aítros tem fuás conjunções , em que


femoftrâófociaveisifeohomem naÓ achar amigos perfey tos, ao Stncc.,f.9.inprín.inLx,
íara o que deve em os bufcar. 20 So digo, que nem
os verda-
deyros aliviaó a vida de calamidades.
"Ca.
,

EVA, E AVE
CAPITVLO XLIII.
Conclae-fe geralmente quamfalfos faõ todoí OS ^QJf OS l

êr* fajfatempOí da 'vida, Qf quam dejordenado o


amor que a ella temos,

I
guLè-
hm í«tf £>. cfer/o/?. [crm. contra
cítur. coTfoT. ybiufttom. $. Pttrnr-
1 Ti
jV j
^ Uytos
mens dc
I defcnginàraó os ho-
Santos, 5c íibios
outros imaginàdos contentamentos

í:;:.tíl Í£fciC;Í;íí:'^
moUrando cm todos mais pezares q prazeres, mais penas , q
.

faifos bt^s.
alívios, &
muy tos mcovenientes para a meima vida, q com cU
Ft Diogo de Bjfeiia no livro dt yaidaded» \^^ (q prociira regalarjveftem-nos de feda com forro de cilicio^ -

'"'""''''
íaô moeda faífa , pirola dourada , Sereas có roftos de mui heres
fermofaSj efcondendo nas aguas da tribulação o feyo de pey-
^es , conio Eridonio q invcntou andar em coche por cobrir os
1 riana »ocmmc»t.a Ovid Mcta>n i.
i.n.4o. pès q tinha de dragaój i ou comoo Grego, que porq tinha fò
hum olho,fempre fe fazia retratar de perfil. Tomamos por go-
Gaudens^oCn^ta Santo Agoftinho 3 )oq nos ha de fazer chorar, Co.
, D.,^«^;*i?^on/f/;.i.,.c.i
lacry.iwiur: lactyma: ergo amantur , moosquc Va6 vcr ttagcdiâs de cafos que movcm acompay*
^doiores.
xaó, goftaõ chorando , &
amaó as lagrimas , miíhiraó o rifo
'
4Pm.ri.i4i,.Riíusdoiorcmifce-Comador. comodizSalamaÓi 4 como lançado vinho, Sc
bitur & extrema gaudij luítus occupat. agua cm Vâfo dc pao dc hera, fe efcõao vinho,
, &
íó fica a agua:
5 P/ír.Ka
erUn in hicrogiheà»*. - ^^^^ ^ mundo cfcoa O prazcr, 8c fó fica o pezar. 6
6 Nota Fr. Heitor Pmtofl.mni,i.dtal.l.'
2
n^ ^ ^ nu jtr j
Tratanos com aquelle banquete do EmperadorDomi-
t\
^jj^
fnz:
ciano, quando celebrou as exéquias de humas iegioens que os
inimigos matàraó. Fez tapeçar de negro huma grande fala, 8c
cobrir de negro os aífentos, á
quanto eftava nella , também&
&
â mefa em que fe havia de cear. De repente, de noy te má Jou
chamar os convidados fem fabercm para que chamados por
-,

hum tyrannode noy te fe deraó por mortos; mas cheyos de an-


guftiasnaõpuderaó deyxardeir: no Paço os fizeraó entrjf
hum, & hum na negra fala &: que fe aflentaíTem à rriíte mefa.
,

Trouxe-fe a cada hum por primey ro prato huma coluna negra


em forma de fepultura , &
nella o feu nome gravado có letras;
entaó fe deraó por jà fepultadosj entrarão pequenos mocos
todos níis, & negros, dançando com tão horriveis geftos, q pa-
reciaó demónios. Acabada a dança,fe dey tàráo aos pès dos có-
vidados, continuado os mefmos geftos para lhes meter pavor j
vierão as iguarias em pratos negros; os copos, &: toda a bayxc-
la era da mcfma corgos cóvidados fe olhavão fem fallarem} for*
çavão-fe a comer com medo do Em perador que citava pre-
,

fente, attentandooquefaziáo. Piaf içava elle com os criado»


em homicidios, 8c crueldades. Acabadas as iguarias, dc que fe
comeo pouco,fo por ceremonia,fe lhes dco licéça para fe ircm^^
, porem acompanhados de homens que níioconhcciáo, o que
ainda os não confiava. Qiiando fe virão em fuás cafas , atran*
carão as portas, 8c não cefraváo dc dar graças aos Deoícs..
Mas
PARTE I. CAP. XLIIi. 1S7
Mas dentro de hum quarto de hora lhes baterão às portas em
recadodo Em perador. Abrirão a{ruíladoSj&; acharão prefen-
tes que lhes mandava nuca fe virão prefentes tão pouco ágra-
;

decidosj nemosprelenteados osdefejariaóoutravez, pofto


que foflem os mais preciofos.
5 Quem não vèneíle o retrato dos banquetes que o mun-
do nos dà? As iguarias acompanhadas de temores; muytofal-
r 10
cadasaquemlhestomaofabor: 7 fe he iguaria contra a Ley 7 Sewc.de trevii^k.
í^T-vj
cie. ípOèvií
r luptares eorum trepidr & vatiis tctl*-
deDeos, os demónios a lervem com danças, & em quanto le nbus inquietíc lunt.
come, fe pratica da morte eterna dos qi":eftão comendo ; fe-
,

jaó banquetes de Cleópatra j ou delicias de Sardanapalo , tem


m^ysdeamargofo, que de doce. Antes tudo heamargoío ,

porqueodocehea imaginação doquetinha porfeusosna-


vios que entravaó no Porto ÍPireO) & era rico de fiia loucura; o
freneíi de noíTas payxoens nos reprcfertca eflas quimeras fal- ;

íamos delias, como de realidades, mas os qite eílaó com juizo^


conhecem q faódifcurfos de febricitante. Qj-iediíFerença: To- „ r ^ # * íj- r ^^-^^ _ A
leph, quando Deos lhe moítrou a ventura que teria; 8 bala- 5 5. feríomniimnoac. j, j<^íjj 5

mão quando o i'f»/;(?r o dotou de felicidades 9 Saó Pedro 10 ^<'i'.ii.9. Exiftimabat fe viiLm-
;
^' *^"'
quando o Anjo o livrou do cárcere, 10 cuydavão queeraó
íonhos; que os bens do Geo, ainda que nos pareção fonha- iiiipei.í9.i.sklomiiiueCat\tos.
dos, faó verdadeyros aquelles de que falia Ifaías , 1 1 cuy^
;

davaó que poífuliiaô, mas fonhavaó que os bens da terra pa- ; ,

recendo v^erdadeyros , faó fonhados ; forihosnanoyte dará-


2:aó, que tanto que defperta , fe acha fem os thefouros que fo-
nhava poííuir. Se fizerrnos reflexão no paflado, não achare-
mos diíTercnça entre os fonhos de quando vigiavaiTí os, &os
íonhos de quando dormiamos & os homens daõ mais credi-i
-,

to a fonhos , que á realidades por iflb Deos quiz com hum fo-
•,

nho (alheyo) confirmar a Gedeaó na vitoria j que em realida-


des lhe rhoftràra: 12 oEuangeliftaS. Mattheosdiz, 13 que n Jttdit.c6.exn.ié.&c.j.€xii.ií^
P^^ o demónio moftrou a Chriíío Senhor noíío de fima de hi,m--»'^f't^f^'^'"^"'l°'""'"^'^\ 4.<*.
j T^ j
monte todos os Rey nos do mundo,
j „ 1-J11 -it na muiidi,& gloriam eorura.
& a gloria dellesinio lhe ^ ¥'*
podia moítrar iíto, fenão reprefôntado no ar & com tudo a le- j

tra do texto diz,que lho moftrou , porque em eífey to os Rey-


nos, & gloria do mundo tudo he ar. 14 A gentilidade antiga 14 Ím Pater Syheh. hEaav^. um. t.
cm hum mcfmo templo venerava âFbhtpia, que tinha por (iV^í-í'*»*:''-'^'- ^'^'^

Dr j J^ . aivitia:, ac Uonorcsmundi
/i
eola dos prazeres, Sc juntamente a Angerona que chamava appa-em s. ,
1
^*''°"?''''=^"'l^
mu lanta ,

Deofa das agonias. Q^teconfafohe o gofto dos homens.' 15 o is Macrobsnurni.'.

que parece mais certo, he preambulo domaprmal SamfaÓ Jj.^to^L^."^'^""' '" ^*"'^'"°' *^
:

ícperdeo entre os afagos de Da hla.* 16 Sifara bebeo a mor- 16 fudicAé.xs.


te no leytc que lhe apagou a fede 17 Holofernes devxou i7M/^4^«-
:

a Vida nas delicias cm que fe imaginava ; 18 Balthafar vio * - '

fua deftruiçaõ por ultimo prato do feu cfplcndido banque-


te: 19 efcufaó- nos de mais exemplos noíTosprimevrospaYS, ^ ,

que comerão a ruma mayor no pomo, que gottarao para le ex- ' -

alrarcm. 20 to Qem/.i,
\^^ 4 Sobre taniâs experiências , cm aada reparamos pòr
che-
^

in E VA, E A VE
chegar ao q temos por deleite. Somos como aqueUe,a quem os
]^edicosdiíreráô ,queperderiaaviftafecontinuafleaufardo
vinho, &: efcolheo perdellaj caminhamos ao appetire fem ad- ,

vertir nos perigos que nelle nos cercão como o de que Santo
•,

11 iJ^ud FuHeitor Pmtop.u diai.i. Antonino 2 1 contí?» que fugindo de húa íerpente , & cahindo
<•.». em huma profunda cova, podepcgarfeahíuarvoreíinhaque
eftava na entrada, ícpòr os pès fobre hum torraó> ao pè dei la
àndavaó bichos que a rohiaóv do fundo eítaváo Leoens fam ia-
tos: & elle vendo em hum ramo mel que alli fabricarão abe-
lhas , fe poz a comer delle com vagar ; &c entretanto acabarão
os bichos de cortar a tenra arvore , &o miferavel cahio a fer
tragado de Leoés. - - '*•*'

Tudo he dizer que procuramos paíla tempo, como fe


5
não paíTira fem o procurarmos , & fe queremos que paiTc,
elle
para que o pedim os ? fe o defcjavamos jà o temos > façam ^s o
, ;

para o que o defejamos. Deviamos defejallo para o que nafcc-


±iCiuro§it.i.rel.'tuí^:c.}7.H.i. mos,quehe piracoufasgrandes," 22 fe as não fazemos, fobe-
janos a vida para que a queríamos mais larga ? qucyxamonos
;

deque he breve, 6c a fazemos mais breVegaftando-a mal fo ;

falta para o que queriamos , não falta para o que neceíllra-


mosi Deos a a juftou c6 a neceíHdade, não com o apperite ; co-
mo ajuftou o eftomago com a temperança &c não com a gula; ,

bem diftribuida não fera curta como a fazéda defpcr.iiçadi


, :

fcmprehe pouca, bem difpenfada he baílante. Nafegunda


1^ p.tf.sv-i'»^' parte diremos difto mais. 22
,41f°f^f£T:}A'fS.t 6 Eunáofey (diziaograndePjdreSaõJoaóChryfollo.
trew pr^/ett.vit tom. 5. mo 24 ) donde , OU porque razão fe poz nome de ddicias a©
que o não he j antes fe faz tanto mal , deve fer , porque o mu-
do atè os nomes erra fe por força havemos de viver cm aftiic*
•,

xi, iderrthom.i6,'ofimed.acitpili.fo{ier
çoens, porcue nãoefcolhcmos as que nos firvão de coroas ? i<
Paul adCorint.t.it. J,
^ ^ m\ t-n. r il - r
^
lomos como Alchimntas , que fempre trabalhão por lazer ou-*
t

ro, & quando cu ydão que o tem, fe achão mais p jbres, & cont
a vifta gaitada.
7 Mas feja embora verdadeyro quáto na vida eftimamos |
não he labareda em eílopas? entre o mefmo gofto eftamos com
o cuydado de quanto durara. 26 Dure eiubora por alguni
t6 Stntc d^hevit v/f. c.i6. Subit-
tempo uãobafta haverfcdc acabar para lhe tirar a eftimaçaó?
;

cogiutio;hx:quairiaiu? Belliilimas laoas ílores com que íc lavrao os tapizes do pra-


do, para alcatifarem as galarias de Abril ; ou joyas fragrantes
com que fe orna a primavera
ao romper do dia v mas abate fcu
valor a pouca duração. Bcllo he hum rofto, que parecendo
mais que humano , encanta a vifta , paíTa com doce violência i.
render o coração , ôc transforma em Ci as almas , como o noflb
í7 Camaens Lufad.c nt.\.\e{{ uit.Qac Poeta diíTcv 2/ mas dcficrcditalhedivindades eftar fugeyro

^ f.eUa ica>p:c .> aim« :ra«sf«rmaa


^^ ^^^^ ^^ lavrador, quc lhe fará regos nas fkcs 6c femearà de .

neve a cabeça. Bella he a noytc coroada de Eítrellas, có man-


to de fereno azul mas perde o preço , porque ao fahir do Soí
>

dsfapparecefua pompa. BclUíTimas faô cíl'a$ el^reli^ > pre-


garia
;;

PARTE t. CAP. XLllt. ií^


raria dourada da arquicedura do Ceo, ou flores luminofas dà-
q uelles campos de çafir ; mas tem a deígraçá dfe as efcurecer
amanhâquetudpomaísalumieá» St dehavtfeth decahirno
tremendodia. 28 BeHaaLuàthfea, qÚêVfelle débíarídadfeâ 'Aiifj^i-'A
dcurJdaó, & prarea as riu vens^ maí porqUe^ha de ttiinguàj^jnao »? £«7^4ã.'!,7. jé.Qi»id rusiái^fé-
logra os encómios do Sol. Quetoúfa mais bellâquiebSoli 29 ^«^
thcfouro da luz, difpenrey roídas riqiie?;aS, mordomo mór do
mundo, relógio do univcnoimedal ha da efflgie d ofíí rriò Rey ?
mas diniinuelheá gloria hiim Vapor da terra ) áopjpofição de o,.,.
Iiúanuvcm, ooccidentedchumecUpfc,ofebultarfecadadda ,r :;^ 4; ,< .
-

Occafo de no fim do miindo k i^ ^"^^"^ '"^ ^^ hicácficict.


no , 6c haver faltar ^õ ( betti
,

renovados os CeQsrerufcitará mais luzente. 31 )Seoliiais ,, ^«-.jô.ig.Eíiujíbiíeíiéícptc


viftofo da terra, o mais refplahdccente do Ceo , b ri|efnib Sol, piicitti.
avo dós dias, pay dos mézcsjefpoíb do aiiiio irmâò do tfem-
j

po, emulo da eternidade, porque fe ha de acabar, perde a gra-


ça: que graça achamos cm goftos, pofto qúc vcrdadey ros , tá-
V •
'*» to menos duráveis?
8 O itiundo tiâò hos cngartà , pois nada faz occulto ; oâ
mefmo^ goílds fto^ )clfefcngaháo , pois > nílo rioá fatisfà^çncloi
hioftraô que não fymboliíáo cdmilbíra alma; rioflá maltiáde , ,
..

menteânmefma» 3^ ccrirandobs olhos áòqueyé. &osoU";^^^J^^^^/'-^•^*•^•'^•^=°^"'^^"'*^'"'•


vidos á veraade; fó DáVid j j á coriheiceo, quando à rert^a táó "Yj '^jf^i^ 1 v. j. in ter» defena &
&
povoada de pomens, tâo cruzada de eftradas, táo atiurídan- >nvia, à iiiáqtíoía,
tede ripS , thamava deferta fenl caminho»
. & fccà
; porqiie

hem achava homem ^ue o cohíblaííè , rtetii taíili nho 4 o gu tàf-


fe, nem agiia qtie lhe snàtaíffe a fede tildo craô apparfenciaJJ
:

pdoquecxchmoú: fíomes,ât} quandoferéisdtirás de coração? . o- ., , ,, i,. m :y.

tno acfcrava de Seiiélí^i qlíe fc queyjíava que era d cafa efcurâ > nitatem, & qu*rit $ mçn^iaciíim J ,

fendo a verdade que ellá era cega. ly „ ,. _^^5^


.w:.r(3»r.iíd<««aw<i.^»Jí«c4.i.

1^ 9
'"'
Parece que íiCa baftàrttcraente itioítrado o èrrò que àci- ^l ^stl^e. $* í» piei e. 1.6. &
ma 36 propusemos do enteriaimento; no cxceíTo corri que
ámamps a vida. Porèth lémbrame qiie Hegias Fiíofoíb tòmoií
por ariumpto píègaí oS inales da fhefína vida, k a bema vefltU-
rançada morte: &
perfUadio á mtíyto§ á fe matarem pelo qíie -,

os Magiftrados lhe prohibirâo fallar cm publico iiaquellâ ma-


téria ; mas elíe nunca fc Convencfeo a fi , pois fe naô matpu
creyo que folgava de viver ; cu riâo quizera fer com parado d
aquelle rhetotico. Digo que mêií afliimptp hâío he qúe á vida,
goftos, 8c paíTatempos delia ferilo arneiri; he que fc amem of-
enadamentCi o modo nos snfinou Chrijio Senhor noíToquan-"
do nos levantou à graça, com^o vcrortios na íègunda parte: 3 7 jf ^.ii; j|;

C A-
. p

JE.VÁ,^E A;V:EiJAq

^lue o entendimento nao conhece aí riquezas , ^osho-


mens as fa^mvrejudíciaes ^ -podendo fermets»

3
1^ Efta moftrar o erro do enrend imêro nas riquezas, CO
1 Su^râc.ií.wfinec
J|_V. "loacima i propuzemos. TodososhoITlQnsasclh-
,
., . hião, aiadaos Filofofos mâis feveros j não fó pelo que coatri-

I Wac.i8,«.(5 7. & baem às defpezas de hna vida alegre , mas também pelo que
i D.o/íwtrp/o^c. 1. Nemo*
niíi<ii-gníngcaódct3pirtiíió,comoacimajámoftramos; 2 lo ao rico
Tcs, hoporediguustcpuratur.
fdífle S. Ambroílo) tcm O mundo oor dio;no de honra. 2

wpum.SeKn-a etiam ep. 19.


"
* ^^ ccrto hc j como iiotou b. Bcmardo, 4 que as rjque-
'
^

'
'

5 t^H -W x/w./irm.ii. 2as dé il não faõ boas, nem m;\s. Sócrates, Ariftonimo 5 as &
il ",f ::,':t,'l'Íif.t
compa, uraõ ao v mho , que da vaf.lha em que o lanção, tortia
"m,''"';
fuiitimpedimentairoptobis, ita probis Hos bons (diZii Santo Anibroíici 6 j ajvidío a virtude, nos
iuntadjumemavirtutis. niàfiS a impedem. NaS mãosde Job, Abraham ,Iíaac,]acob,
David, Berfelai Jofaphat , Ezechias , joachim , Zacheo , Jo
i,

feph Arimatheo, S. Gregório 3 & outros Santos , tbraò virtuo


fas:nasmãosdoRicoavarent05 do qfejadavacomfuaalma
domuyCDcjtinha, & do Principequeconfultoucom C6r/)ío
fuafalva^aõiforaóviciofas. E aíTim a efte as pcrniittiooj'?-
r 7 Matth i9.\6'' nhor em certa maneyra: 7 oavarentd não le condenou por

'"s 'iJf.16 rf n.\9. P^" ^^^ '''^'^ í ^'^^ "^° Ibccorrer ao pobre Lazaro: 8 nem oja-
D chryfoíihom.^^.aHpo^ por cultivar , &" enceley rar , mas por confiar no qyp
Anikci tStanciofo
Nonemmquoni.im dives fuempume- tinha, & uaò tratat dc Dcos. O Pvthagcras as comparava
ao
batur,íeJquoniam mílcncotdiam non ,,- r ^ ' ^
cavalloqiieceliita dc íreyoqueogQveme; 10 6: Ariltippo
Ai
\ .,,. i
.

cj^hibuit

9 lue.irM. siceftqm HUthefau- FilofoforeprehendidodeaceyCar dinlicyro reípondia, qucò ,

'" """^
^' ''''
acey tava para enfinar aos amigos como íe luv là de ufar dej-
Í2S/tí "

D.^iigglof.fup,Pflm6u •
le. II .' ,': '
. .

10 Apudstobjerm.^i, àffertri. j.tíf


^ ,^ Qiialifícaõ fccm qitatm tcmpoè , oupartes; nodcfcj4"
""ii[jpudLaerUeT;itaphifol.U.c.ié- na a^quífiçãò, noufop &naperda ,fclnc.ccdQ.'Ém.todos er-
II piat.apud stobjírm.9i. xxò OS homcns ordinariamente, fazendo-as prt iudiciaesj conm
r*Sro"l„t'«tU^to"; dilTe Platão, ti Daqiuvem
&í impetitis maiac. repartem o propi io , êc fe fazem m'a£i3rji.c;Qsy outros tomaó
15 Pr.7a.4AliidvidnntpropHa,^lheyo,£<.lernWCÍ-lÓpobres. . v.. 3 si JiO.r.;..; -.fb ;.£.,-, .
,«,
&
,

&dii:oiestiunr.alt)r,-)piunciionlua, ^ .^ _ r- ii >•
*- í*' i . i .ik •

fcmper iii cgeiUre lunt: Errao HO dcfqo. rorquc n;io Ijitando oramananien^
4
a Provineiícia Divina a cadahOLO!\ionec;iriai-:iaçpníorme o
feu eílado,tocl03dcfefaã mais para lusQ, váglorii),' <^ appctite?.
íjC ít lai vez o dclcjaó para o neceíllirio, de vera fe^ o dcícjo mo-

t4 Vro-V.i\ 1. NoHkborare Utdítc- gerado CÓprudcMCia: 1 4 porém COlhtmafer desvelado cm co-


bris rcdt.rad:,,t,xru^onnemodurn.
j^i,. Alnrasjnhelaò o dmheyro, ío porque naluiMlmentco
quàm amare pccuniam. amaoj O k\ lie a Goiíi.a mais imqua, if ''& m;.«ltra o mais abatido
Nihii cftnmanguiii,
16 C(ir.i.o.;í.
^nimc \G Por hiuTia ,;ououi:ra caufi oprocur.io comtant.t
tamqucparviaiJi;ni, quàr.i amare Jivi- r j v ^, - tu^ r,^.\.r,^«« ,- A
fome, que; nav.UdeyKarao de obrar por ine latisiazer. 17 A
^ ' : - i \

1,35^

« v ^>> ,^'?J''f'J.5- Rainha Semiramis poz no feu fepulcro h^im Icrreyro que di-*
Q.,.d i.on mo rcaiia pedora cogi*,
Qjidqm' Rcv
^ia:^<^^ cíiie nece/Jitar de dínbejio , abra !>íh fepulcro ,
auriíacrauinKS? . .. j i JJ
1. ' i -> ..
ò

P A RHT E I.3C A P. XLIV.


'€^ iaés ff Âe iqrcc s^ecejjitar,' Dário ó .ábrio >.. g? e m IiigaT da*
m
dinbeiCo achoitcín <autro Ittieàro.-* Se mof(Mas'mío.homem i ^
abrnktíuiio de ínfattavei cabida ^nám: abrir as. úràiífi^esíio.^mímt^si
aTatsfaydiiopiccstóazemeQDreímpCiveisí .Íi8 quccoiifatijais ,5 ifoctat.adDcmaU. Cc^nt^mmiiU
vii, qiie hum bómem vcaal^huiti efcra-VíifáEnvergOhha quaits cminimmmdant opera djvitijs.

<il>OTf ndsmpapraça, ôc.bdfenricSlfla íúàr.o^pbi^


tariamenrefeTenâeem todooiitgar , & occaíiaóénliqne pôde
ac<!í!uirirj&de!Dodosfefaz.etcrávo,parqEie;o he de feii defejoj 4
iraaginaqueem qiilíquer pari!e.Vòdirth€Íray& ft arremeçt pe-
kralcapçai' ; camfc bum doudo qiie; vè fántaíias , Sc naô reali*
dideE.Qyem ranw?faz pór éinheicaiib®:tra;g^o.dôlle'^ coríio
OdgoQes)r9tíoiTfidffirqu. ^ '.•
m-^Al y^AV mv- - '• -aii^: ^ 19 Qr^ft«».i^-<».ietó^„3 . ,.

•ríf ;rififmá-iiaiatiqtiiiiçaâ4iJ^í^evéraferjtiftl r (áD:qi^^


Mtariaó qi^i%rcffetxjr:;>eíbP' o :acquirenÉé

lograr dk.Stfeiíi filhos o ácquicido , 22 ôc ainda zugm^n^á- ^ ^^"^"'^^ ^^'^^^'^'**-:'^' *^ *"* •

loi.síi;:âcfucGqdertda perda ia fentir menos.f ^Í4?i pbrqiis kmè ^'^^pf!^i^T^s}^iai:^tKá^


f6a'fa2i^erRÍár^ nados meyos porque a aléartçotf. P ')rènf jj^it^^ la mn timebit.
<»í rep^lóerf-meras ilUcicos &meno-vreparaâosm,yc>.«: „^^^^
aMes íè'çoíawi3 íWfaUanpor líioíil ;.ou detciiida"dd o. qiie^^^
dt>?ôyííkÁ"d0fod(Já.Eftes;dizSantoAiTibrariõ j 2^ encefraò i? £íf/ií-«^f 10.50 ipfecxâ!:a'oitur.
^
ji^feiWGofreswp£ibi'es(qitò'm:icaraoaparihaladasd'rpuS3Sjp^^^^
0-í^rtí*'-^i6delÍA§niidtroiiâm Vertsjio VeiiáráVêiPadfô^ ^^D Anbrof.i offic.c.ié.Ciyenein^

badòí j qiié òQínfVídádo de mrm nrimiltro a jaríCtr , Ine eítr anhiu paupcrum,
4eftá^ a mefa^ cmbeera com toalhas cheas à^ faitgue j &: di-z^ii- 1 jf^
dolhe ô mííítft?õ^ que fe èn^nava ^ porqite éftavaó mvikò iifíí*
^ááV 0Sâ'ií(í(í'^aftíGÍerpr€me(?deílâs tanto fangue, que íroitxe' '

í.jníjíll.ilvf ^S^^^ ^*,níjí


taShônl Vafô-^iara o tomar. iÓ Eftes mortos como o"s'cjue ^6 ZMhátâwidAamàiftiitt.min&ti
<

S. JoaÒvion-oApocalypfe, 27 clamaô:^?^ ^^^(^^^(^i'^^'^boy^'P^"í"^^^^^ ^

'SêkPy& verdadeiro, dUMás ojulgar , é' "vifi^âr nojfofarigíié ? * " *


* "^."'

'Sa l*
E Deos íeÇpf^fAt i.§^ié fi' aqiriãént aindu huM pòucõ â} }^m 1.4\ tf

f Ãf^«^ <? ??/?(?. No anno feteeétíf<ís 8£ Vkltedáftíridàçaòde Ré^- .


judjs ioi »?>

rt^j-eM Sktliá na Cidade de Fáler-ifto húâ-târde do rriez de A-


j ,,. , Ll^hcuii <>|

gôftodó íempo féreno , eít&fido os Gidadaós Celebrando corri •^"' '«^a fct .», t^í-^
yi^Mo^is-íW cf
fe^a-^, & bânqtiètés a prlbâg-ferh que feiís piratas haviaó feito V }??,''^^ ;

em tiua t rota de Num idas j-appareceo iobre hum Carro tifádo . i «.wíi\,<;,tt;. j^-^a luuwr i|

èwdous Leões v6tfe<íUÍdo pôr dõus Urfos, hum pequetiohaí í ?


'^"'' M4b'i ^^ .«Si-^Mt-i^
^f.

tfíctl^j-aistorrae j com hum lô olho-no meyo da tetta , calvo, co .s*Vji..>iVíèo» íS>úw.o «.


;^
«t ? <^

çornésd€CâbPa5- fera pefcoço, o braço direito maiscò^pfido >''''•''' ' :£i3n!]friii3si3íYiàí.«

quèosíquerdov as.máos redondas como pè de Cavâllo , deí^


, , . , .
v ,..
^ wvoT'"
iirt-do-fe ver tudoi fto no vagar- com que paííeava. Debiíxé ibaq mina «uslow ., . !? ^\M\í\»a ?a
""' ' ^'-
^Icífhiafògò, que ameaçavainc-e-ndio geral. Dos que o viaõ*, '" '
f ; "; -
^'

"
hiins-éhlriaó-parfmadosjoutros fagiaó para os Templos: muitas '^

irtolheres^mal piríraó tudo er 16 gritos , aítefceatados Com


;

"''''''
rugíd^ídos Leoens. Parou eíTe fantafma diante do Paço do
Governador Solino,aònde 09 piratas eftaváó com a preza. Alli .w»\»i(j»'»í«..'iíí» .,.\.v^-.>i e»

ctírtpu hwa .oreihà a hii-m ^lo^ Leoens com o fangue delia -ef-. -^ '"^'''*'^ *^
•n> i
creveo
Q^
'

«51 /LIXE V A,ai.í AWIE^ A ^


eteveo naportâ daíCidade y êc íh retirou a hum monte chahia?
dojamicio, queeftavape?io,&.nellc'pòdia'ferviihj. Naa^uè
emendeo a efcritura, ienaõ-hita mulher queíc piez^vadcin'^
.^^^^^ ter pretar os oráculos^ d iíteqiie cada lerracrá principio delmS
. Tp2^ayrAyS: quexoàãsáizÍÀÒ: ReJlitíU:Osé^?is<d/Mps^,reyi:E::èi}r
canfervar os vojfos. Ifto foffcgou. hum: pcuct) ao povo , rn cenb
dendo que foai-rieaçava aos piratas-,
eftes naóícrtiduzÍJ mas
Levantcu-fe húa horrível ctmpeftadc', q^e durou tres
raó.
dias, eílandoíemprcaqoeilé demónio emfima do monte, aftfj
,
que dellcfahiohúa.labaredaqiieabra2ou o PajçQ quanto' ,&
cftava dentfa Qijie.Duíra coufa ^demefperar os piràCíis dá
í%p.Lyr,cuxns^hihf.chu^.f.\.c.^ot^n2L^ díz hum grave Efcritcr j 28 podem:eâ:;^r certos cm
J9 Piaim.so.v.k,. quenaõhadefàlfánajuíliça' duiCeoífe ffiltaraidosiitbmqns.
t^c^P^'^^^^''''^"^^''^ Succedem-lhcs outros quattoeíFtíiroítontrarios aos qíc
}o Cemocrit *pud'Stob.ferm ?o.DÍvi> lograó.naacquiítçaójufta.Andaócarregadofi jii^cúnfciéGia^bi-
tixmaUs attibus compatatx idamia
cho q roeointeiíoriíQ trazemi.coiTiodi£ÍàDéilii3CjritQ,i?Q|)ã'
,

ji í/a/;» i6.-7.j8..ii)jaihaa«mdir- lambenitodçiaíamtacom qlaoinotados, pcrto.que.imagioejni


petibunc fimui. ó «jaíTeaò authorizadòs por qualidade, ou póp^jjellós ^'.itiuf-f ,

Sr„ ."ufti;!!'^""'^'^""'''''"'"™ tomenos fcus íiJhos , naó fc^raò o mal acqmnctet í^i comq ic
*y. 'T^-i^.avphthígm 92.. vè Cada dia pòfGxerriplQs: diílc Triverio^i3^queJ&i6plàB{as,
.

•'• -y^ v<u\ ij,â ,4V q crefccndo cçm.preiTajiiuraó poudójarites fec.ofluma dizer,t}
'^^ '
^^ ^, o mal ganhado leva o beni ganhado tudo fe:deílrága€m jógOi,
'
"''^j^
' ' j

ci dá fortuna, cni
lafcivias, gula, vaídadesvedificÍQs inúteis, cafos
poí outíos meyQstíífenri.veiSirò vbmos qiie du)Da'õ as cafas anG-'
gas i fundadas em virtude finalrnentje fuGcedendo as perda^s :

que ás occafioéstrazÈm, & o peCçudo provoca jíentem-íe tam*


benli a áú honra , Sc da alma que ornai aCquirida cuftou. •

nPrmrt. if.«.Mci;useftpariirn p^^. iftodiflcSalamaó, %i quc mclHor he pouçocôm

ínitjuitatc. jultiça, que muito com iniquidade òçoolon gentio ^^ tíe : :

34 Sólon apadCtU.i.O'i-iy verdãdc qiic defcjoriqneZiCiSi mas nao que^o alcarudlas par. mjijt»
^''
} 5
ceiius tbiâtm. jliçj poraue fe íchie caíiij>_a.È cntr&ãs felicidades de Lu cio M(?»
'7 D.^,v?/fr;«.:4:DiHicilecftutn6 tellofe contava 35 que acquirira muito por bons meyosi' ^
fuíupetbusd.ves. muitósChriftaôs naórôparaó nelks. 1

j8 p//«./.8 c.iUnptKc. g Poffuindo-fe jà as riquezas , fderra noufo, a quecha-


^ecr.;/. ad Dtnwmc. Hiou Chilon, 36 pedra de tuçarçirn que leexannnao os nomes*
40 uyiriíhtdí H^p.l 5. í4/>-7.Crcfcit ^s riquezas influem foberba ^y .pòs nefciosj comono cavjU*
41 Tdmsapudstob.ferm.9u
Buccfalo , quecnjaczado ricaniente , naofolna qomontaí-
lo
41 petrarch. de frojp. fort. aiai. }. fe fcuaó Akxandfc j & ícm jaçz, a todos ccnfentia
5 3 8 fervam :

Stdiufi.infiagmevt
,^„^ àexecuçaò dc apoetitesj^íQ acrefc.entaó cobk.u4oatrevé-ieao
«.i.Divins ampla: taro vircutis fuiuco- mal; acovardáo k pani O bem ; numilnao-le aos cuidados;
mites. yangloriáo-íe nos gaftoSjenvikcçm-fc na providenciai 41 faõ
^

ii^imigas dos.bons coftumes j ,42 raram(;nte açompanháo a


tt Út"lfil{"uXôs çmm^ctã- '

dit auium, &argentum. virtudc. 43 Diogeues djzw, -queeftà nem morava nas Cida-
46 Pctrarcha lyu. jg^ ' nemndscâías ncas. 44 Com taatos males dcítruiráo a
47 I/V. rffc.4./.4. o r
.
r t /-

f/oHfí/j.c i. muitos particulares, 45 oca grandes Imperictó, 40 comole


.

f ii D. p ad Ephef.yy Ar3tiK,(i\ioi notou


aiti.
47 no Romauo. Erra lensUas per vários caminhos.
''VfaS;>^i:Li/.,,.A™.,.. 9 Ha.doktras dasr.qaezas.48Kt.!.t«s(diz Saó joáo
ad pi.tom. 4. ,ChryfQÍ|,9,nio 49 } pcj crcs que os outroò porque os outros -,

•^ "^ facri-
4 ,

I> ARTE
facrificaó animaes ,
T. C A P.
eives íacrifícaô a íi
XLIV.
melinos gs -ourTos de-
:
m
iendcm os feus Ídolos, íe lhes dizem mal Jellcs •, eiles nam fe
atrevem a defender a avareza i CQ*n titulo dê fenhorí^Jioeí- ,, ;; ,
.^y, noiâ
cravos,pofluiaos,j3{íopoíl:aiapreSaellas-5o la.ntQÍhesi,altaOpp,]eaic divinas, ká ádivitn- poiíeirui
que tem, como o que naó tem. 5 1 He a avareza metropoli de e<t nuúo Kcx vúIúx, ammo pecum* ;

todaamaldade, 52 deítroetodoo bem, chegaadeíprezaríS!/^VÍr;;=.ion^^v;ti.t,a:


a Deos,33 & a naó conhecer a natdreíaj houve bum payricoj fim, íédmiiiarumi luquciiUubiier-
viant icd t« iiiis.
quc afogou os filhos pelo$ naó fu ftent^r. 5 ^ , :
^

IO Nos rnncjpesne mais tea, 55 gratigeâlhes niais odio, aeciiquod habet, quàm moã non habct.
efcurecelhes as virtudes , Sr muitai vezes lhes dcítroe o Impe- 51 stoh^s ftrm. ia. /Vvantu omu^s
rio; 56 he-lhesomalmais cruel, 57 hum Authér grave ,lhe''"^;tS.ÍSSt;nci3Íiic.,
chamou pefie j 5 8 por nâó querer gaílar fe perdeo Perfco Rey probitatep ,,citeraic|U£ i.o. asa ces fub-
de Macedónia, 59 & oPapa Clemente \ai. facilitou o faço !,'«^^'P''?^':^^i^'="'''"'"'"'í;';\^^
de Roma. 60 Elcrevem-íe notáveis exemplos da avarc-za de cjoà :'jit.

Príncipes: 61 os Emperadores Didio Juliano, 6c ElioPerti- <ii.Co;?iStobeor!fercDiog.od> Paira de


mz (c fizeraó ridículos,:Juliano folgava com o preíente de
'^jf í;;:;;;:^^'^^^;;;,;^
hum leitão, ou hum coelho, & fazia de cada hum três ceas, ha- m princ^tertiodis oníiibu^ícciíot eii,

vendo jantado poucas hervas Pertinaz convidava a jasltar,


; & éí fietcitab.iior çiuà
PatatJe R^:.
n
l
in

4
pnvato.
Avemiama.^is
_

. r' J '1 r u- n. j ^6.


li-
dava íoaltaces,
o
&
cardos, tal-vez íe alargava a nua polia de
1
hiso,ni gubenur.i paíir. oííium, quàin

Cirne , cuidando que hofpedava bem. 62 canera , & vutiucs omncs cucrvac & ,

11 Riquezas em avarento, dizia Diógenes que lao arvo-^ij^


jFCScm lugares inacceíliveis 3 de que fenaq podem colher os "57 ^''Jcat.CnliinJivíd.Caff.iiiim-
acerbiH.mam ma-
'
frutos ; &
Plutarco que faò cfpadana mão do menino , que fe P^;;^*'^'^ *'*""' '^
.

fere com o ihftruiiiento inventado pára o defender ; 63 elles \z mui Com-hH. i \, Nihii eíi ma-
fcteniporfelices,porqueaíinaginaçaódequepoupaóhemá pe'tifetum úicxcreuui impcnron-
sí^
* bus,quàmparfiitioma,&avaricia,c]uaí
V \i r j u /!• j '^'

na que lhes repreienta quanto querem de bom , o mao veltido privara? res aia. publicas dcPctuir.
,
. i.

lhes parece galante hum pedaço de paó, á rrlelhor iguaria no 59 P»'f'í'» «^ MonuráEcHef.p. i. 1 8.
: :

dinheiro que deixaõ em cafa,levaõ confiança à praça: todos os '• ''^'\„' r i-i 'pU l' , fi"^ fit «
trabalhos que padecenl guardando, mes íaoíuaves; como a 3. ««íewfíi-
hum amariteos frios, &: chuvas da noite na rUa qiíe paíTea-Mas «» Ksfere-os M-.xu » sjiv. / y.i 3. ^

fe hc felicidade guardar riqueza^ feni ufar delias , feliciflimos J, Di'o'en!àfi'iMiryafuds71.fa'9o.


fap os cofres &: muros das Cidades que as encerraó. 64
, 64 UaXtn»fhv^<dHS. c;yr i «. -,-
12 Tambcmfeerracom prodigalidadeemdiíFerétesdef,.
•pezas. Huns em veftidos ou banquetes, depile jàácim^trai-
>

tamos. ^ Outrosem jogo. ÒEríiperador Nero íugavácojrii ^.SMrAcA%.txn6.cr-c.i9.


El-Rey Mithridates, de cada parada hum rniíhaÓ de ouro da-
quelle tempo , que eraó quáíi dous dos de agora pela conta âx
Budeo hoje fe joga muito mais à proporção das rendas.
j

13 Muitos fo por ollentaçaõjfem neceflidadejfuftenraó


tnais criados dos que pode, & he o exceffo que mais os caílrigaj
porque faó peyor fervidos fofrem mais ignorantes & íi,h-
: ,

mentaò inimigos: fenhores de feus amos lhes chamou o difere- , •


'
xx,^
toChryfoftomo. 66 Do mefmogencrofaó os que em carraças ^<o^"c^y^/?.fe,W-«i-Ãf^rp.vy«
yicas arraftaó a fazenda & muitas vezes a alma.
, \kch p-ofc^». t» ^„rm. c^md no.. cA u-
nmituudo? hoc dt à éToaú^
14 Alguns fe vaneloriaó cm caprichos , &: obras extra- ^"^"J"'^
^']

•vagantes, rhilopater Rey do Egypto, com excemvadeípeza


•fabricou húa galé para-recrcaçam das amigas , de duzentos
-ikr oitenta c ovados em comprkfe , a kpgura a eíta propor-

Cli) Caó^
m&
çaô, quarenta
EVA, E AVE
de ako andavaó nella quatro mil hn-
Sc oito •,

BTitte na mensaoremo, éc trcs mil fóWados


(7 Krfcre de vários t^::thoTís alèna dos mareantes. 6/
,

AUu,ch.ufn.p U.tMt.i.
Q
Eniperador Helicgabaloexcogitava gãftos exquifitoSi mu-
dou auetoda adiÍTancia q corria da fua camera atè o lugar em
que ie havia de pôr a cava 'lOjOii em coche para íahir fora, efti-
vq{Í'c cuberta de pój& límaduras de curo & prata, (Sc aílim fer
,

,0 T,r . . ,
. „. fazia ) para naôpòr os pèsfobrc outra coufa-, 68 fuílentava-'

jJtxi,niaSyivai.z.c.i^, OS ícus caes IO com Coraçocns Qe ganços , & osLeoescompa-


pagaycSjfaiíToés ,6c perdizes-, nas alam padas do Paço, em lu-
gar de azeite, ardia balfamo. A Efcriturafagrada diz, que pa-
ra oítentaçaÓ de riquezas; Vangloria, grandeza, &:jaftancii
69 ^/7W I. 4. tJroftcnderçt divinas rje feu ooder, 69 dcu Aitucvo l-^ev de Perfia^aque também

-^queteque durou cento &: oitenta dias,a todos os Principes, &:


Grandes d" cento & vinte Sc ferc-Provmcias, que dominava ná.
Índia atè a Erhiopia. No meímo tempo eftava a Rainha Va-
lihi fua mulher em ci»tro íemdhar.te com as ícnhoras princi-
paes. E logo òcu outro que durou fete dias, a toda a gente da
,

Cidadcjdorhayor até o menor,Cv}m aparato grandiílimo. Dei-


xemos outras defpezí^s d.; Princip-sà viííadacxtravagáciadc
hum homen:i particular Mário milito rico sm R.oma,enfadan-
áo fe de hum vifmho.o convidou acomer, ^>:tendo-o dous dias
,
em cala, no prittieiro lhe fez derribar a fuaj^que era muito boa)
& no f22;undo lha mandou reedificar com muita ventao;em'i
que c convidado tiveíle noticia, (enaó quádo com admira-
ítrú
ção a achou taó melhorada em taó breve tempo > entam lhe
contou Mário o que paifára.para que foubcílc o poder que elle
70 txt>mel.s%.?rAntifc.mag»hos rinha pira lhe fazer m:il iSrbem. 70 Mal percebo como póds
,

mJe Kle>is.i.4.c. }.
ann
odinlieiro abreviar tanto a manifadura dos oíliciaes. ^ >• >

15 Houve exceííode vangloria em djípezas de íopultu--


fas. Deixo a que Artemifa fabricou a fcu marido Maufolo>
71 Ahi*oc.49.n.f. pofqfoyiTíais amor) que jactância, com o diremos abaixo. 71
V Siitiandro antigo Rey do Egypto mandou fazer huma fe-
de mármore de trezentos &" feíTcnta covadosemcir*
pultilra
cuito,(gf ande gayola para tam pequeno paíiaro , difle a feme-
Ihantepropoíiro Dcm Filippe II.Rey deCan:clla)Scaoredor
com hum circulo de ouro, que tinha hum covado de largo, &
groíTo, em que eílavaó cfcutpidos os Ccos, Signos, &c YhnGtãS
com feus movimentos naturaes de cada dia. Crecia tanto a
emuUçaódeila vaidade, q todos os Prmcipes acordarão entre
71 Ex Dladoro Sictilo Franc. úe Uon- fi , quj Çq fi; fizeíTc a fcpukura, q(ue dez homés pudeflem lavrar

^
75 D.Thm^.^.LZan^.ai^,
j.u9.mf.x..rf,,
cm
- " dias, porqueeíía
tres T -n ba^wacapara memoria. 72
74 i-ifàe<urator funof.&frodig. i6 Tacs gaftad.orcs 10 dilpend^y!!! , mas desbarataõ , £c
a

nJ^^Zí!í^'^''^"7'lr^'" briaarfcVaindi naturalmente, nem íazcr tcítamento. 75 Se-


pciunis lux
iratBrti. neca lavS chanu usados cuntn o leu aiiuicicoi 70 airontao .is
íjíi riquc-.
'

PARTE I. C AT». XLIV. íj»?


riquezas (diz Salluftio) apreílúdofe a deftruir com defcredito
oquepuderaó lop;rar com honra, -ji O
rico naó he fenhori c ,, « . ^ .,. ^ ., ., .: .

mas haonvetaojuizo leio pelo pec-dibriovidentur i^uiè dTvicia: (ju.iipe


difpenfeiro -JeiD pródigo :

cado poriao
,
gofto no bom iifo das riquezasj naô íia ábundán q"as honcftè habereiíccbat per i«tpi- ,

cia-,78 comeria, lograria a fua parte, Sc viviria alegre, para iíTô "t'r/7oír:íZ;«t!"'
lhas deu o Senhor ^à^\z Salamaó; 79 lílofem exceflb ) 80 pâr- 79 EuuÇuúUs ^tr.utcomedatqms,
tiria com Deos,íc com feus pobres; 8i os grandes, fe qiiizeítcm
^ ^'^^' ^ ^'^"^"^ "*"''3- ^^ ^«^^Mi
>

fazer obras famofas, fariaó fó as louváveis. Târqliino Prifco 'ioviiitafch.iipehpà


Rey deRoma foy celebre pelos danos qtie fez para limpeZa da »' ^"«» «« Monành Lufit.f, xJ. i;
.

'

Cidade, taó fumptuofos, que húa vez que fe erítuplráõ.cuftou "g\ Briuofutri.
oconcertomil talentos de prata, 81 6r cada talento valia feif Ca.fíiiionahiíi. dosGodot, nb.i.ãiic.t,
d^ Mumii^. demff^^
centos cruzados de boa moeda. 8 2 Os Reys do Egypto foraó ^/«'"''f «"^/^^íí-
louvados , por íe occuparem duzetos annos na íabnea daquel-
las pirâmides, hum dos féte milagres do mundoj cada hum ti-
nha em quadro 315. paíTos, &: em circuito 1 700. Acabavaõem
ponta como aguda a refpeito do mais baixo ; 6c efta ponta era
húa loufa, em que bem càbiaó 300. homens. No circuito naó
havia final de aliferce; fenaó tudo areamiudà pareciaó naf-
•,

cidas alli, ou poftas pela mão de Deos. Só em húá trabalharão


vinte annos contínuos trezentos & feíTenta mil homens ; 83 «5 Diodor.i.i:
*'"'^^'''^^*'
outros Authores 84 efcrevem, que feifceíitos mil j & foem^/^í^^r''''"'"^''^*'
rabáos,alhos,& cebollas que comèraó,gaftàraõ mil Sc oitocen-
tos talentos. Foraó louvados , porque faziaõ efta obra pot ilaó
terem os vaíTallos ociofos, & para lhes commuriicarem os im-
irenfosthefourosquetinhaõ 85defdotempo,emqUépoí-có- «Í,'^'':;''"*^-^'!;*/-*^^^ ^"^
ielho do ratnarcha Joleph guatdara LlRey t arao o trigodos 86 GentJ. 41. . •
-

fete annos da abundância , 86 com que nos fete de fome com-


prou todas as fazendas aos Vaítallos , que ficàraô fervindo aos k,,-
• • 'Reys, como efcravos, ou colonos.O Rey he como o eftomago, -^ ' *
que fe naó repartir aos membfos a fubftanciadomartjàr que
recebe, prejudicará a fi , 6: a elles. 8 7 Por outras defpezas lou- s 7 AíMçottfupra Li/;.if: ,

vaveis faó celebrados os Emperadores Augufto, Nerva,Tit05


Trajano, 88 Tibério ( ode COnftantinopla 89) Sc outros n OeiUrmin.dtoffic.PTmi^.Lueiit^
'"'^'"* *^* '^''^'
Principes tendo entre os Chriftãos primeiro 1 ugar a fabrica **
•,
'

dos Templos;no que os ReysPortuguezes foraó excellentiíli-


jnos. D. AfFonfoI. fundou j & dotou grandiofamente cento
êccincoenta, naó fazendo cafaparafi; 90 El Rey D. Manoel 90 ^;/fo««//oí í» íAnacephâ. ím-
maisdecincoenta } 9 1 tam imitados dos vaílallos j quedos 91 Marisàiai.^c 19.
muitos que hafó naProvincia de Entre-Douro & Miúho ti- ^<iri't«<>(p't das hifi.Pmug.f.^^.c.i^^n.z:
creveo Abraháo Ortelio com admiração ^ 92 & hum Efcritor '"
O'^''^'»'^"'^»' "•''•
^^H '•
Caftelhano 93 reconhedso em todos opulência fiiperior. A 9, Hmera Maldonado na yida
dayc
Amadeu IX. Duque de Saboya perguntarão huns Embaixa- atrevei Bernardo de ckegon a^.
dores , fe tinha muitos caçadores caens açores, & outros ani-
,
i

maes de caça , a que a terra he muito acomodada. Refpondeo


que fim, & que craó aquelies, moftrandolhes hum terreiro
cheyo de pobres , a que íeus difpenfeiros andavaó dando de
comer. 94 Saó Luís Rey de França, &: outros Principes feíi-
, ^^ »^/,
. ^
, t
zeraôgloriofospor defpezas femelhantes. Tal heobomufoíríwiíwr.7lí.p!I.EfcfxV,"
Q.iij das
" >

tp6 E V A. E AVE
4a§ riquezas , te naq qs abulos em c^uç ordinariamente as ein-

"*
^
prcgaó os homens.i O
r^\; .mnorí rn

17 Na perda da f^^endâ ( que he o quarto tempo , ou oç^


.m, stip.iii.y
cafiaóqueacima9'^ confidcramos ) ha igual erro, & fuccedc
fuuitas vezes paííaó como o tempo km aproveitar apertai*
: -,

,7fupj£b3rTT03iL'.*ri.?v.> '
'
Us namaóefcapaójComoenguias;dizem queoazougucfe pó^
--
.fvw\.->\)aí> i; dç fazer immoveljmas a moeda que elle ajuda aobrar, femprc
PéDU^í-A^s^^A-w-^ív.NçBim-badecorrer.-comrazaó (diz Santo Agoílinho) 96 fc bat<;
íscnttí tomiiz %wc«t íçcmiia, «jma redonda, forma que naõ pode eftar quieta , tem muitos con-
ooaRit. ,;y-'q!Liift^dores com força j ^ com manha /terremotos, inunda*
.

'*^'^*í ;*,''"
*,
,, ,
'-<^oens,efteri]idades, incêndios, guerras, demandas, defgra'
•*»\ ças com Príncipes, crimes, vaidades, larrocinios, & a roda
da fortuna <^ue naó pctdoa ao mais alto. Dionyfio Rey de Si-
,

cilia fe vio meftre de efcola, trocado o trono em tripeça o fcc .

ptroem palm^itoria. Perfeo riquiílimo Rey de Macedónia,


morrendo prezo em Roma, deixou alli hum filho na mifcria
97 Supra c.u.n.xu quejàemoutrolugar 97 referimos iConftantmo Vi í. F.mpc-
ríidordeConftantinopla, veyo a ganhar de comer com pin-
tar imagens 98 oPapaM^rcello 1. morreo miferavelmcncc
;

j,s fi<'A«/-^^ff-'--M.';"'''^^-,pj^2;o pelo Ímpio Emperador Maxencjo.


99 AllexandrellI.
^Imr ^
tv.uÍ^«
•*-•''*'*"'
^^ Summo Pontífice fe vio Cspellaoi outros dizcm.cozmhei-
ro de hum Convento de Religiofos em Veneza fugindo dif* ,

farçado ao Emperador Federico Barharoxa , atè que por ora*


çoensodeícobrioDeosj&foyreftituido.- 100 Bonifácio VI.
190 lofSFrane. foy prezo, dcfterrado & morto de fome loi Ricardo 11.
TAftddno navl^ de
, :

?fS/í;«f.íS&ck«/.^*.c.j^Rey de k^^^ 102 doutros muitos tiveraó íemelhante

Pontifa.
„.^^,^raih« 18 Satyrízoubem Juvenal, que mais fc chora cm húa ca-
licmíhypcBriun' fa a perdada fazenda , que a mortf do Icnhor 103 Naíce de fc
10} y/<vfW//>r.i}- pegarem os homens tanto às riquezas , que fe lhes naó podem
Et maiorc açirus gem.tu maiore tu-
,
^'^^|^^^^ ^^^ ^^^ ^^^^^ ^^^ ^^^^. ^^^ ^^ entenderão, as tenaò
pianountur nummi, quàm faiicra.
?**
como empreftadas , como depofito , ou como acceflbrio ; &
^^^^ ' "^"^ ^^ jaftariaó depoflliillas ,
nem tanto lhes doeria
*T
i»5 f!/«T'«o
«i^f «4.
perdellas. lo^ Por todas as vias erraó os homens, no defejo,
acquifiçaó , ufo . &
eftimaçaó das riquezas no defejo fe ator-:

mentaó : na acquifiç^õ fe condenaó : no ufo fe deshonraó na :

perda defgoUaó como jpropuzemos i com o que as fazem


fe .

prejudiciaes pod^Pci^"^ ^^^^^ uímj para viverera honrados,


,

U alegres.

CAP.
P A R T. I. C AP, XLV. f^í

C A P I T V L o XLV.
Comofoy também ruína do peccado , naõ ferem os ho'
mem hábeis -para varias fcieríCUSf (^ artes, Çff di^
vidirem^fe em diferentes oprítoeiís, Declarafe o que
he ente?id<mentOy imaginaçady Q" memoria : £r coma
obraÕ eflas potencias.

N
mó ha homem
cias>
r
Otou O ciiríofo Doutor Màttheo$
tinha já dito Plataó., i Sr
Gribaldis , como
moítra a experiência, que
ieualmeritc infisineem diíFerentes artes, fcien- riosfabei hi;duas c.im arKs,auc itudu
111 HM
^ i--> j duo
ou faculdades. Marco Catão, primeiro datamuia dos nonpoteu.
• jcieiccre 'numaiia natura
c -i-
^ Gnbáddermbcd.a.Ta fiuâj
p/ã/.dí/f^.

diliecncec
Nemoaranu
,.c.»
finiui,iigna-

Porcios,celebradoemRoiT)aporfumraoOrâdor,íummoJa-
rifconfulto, & fiimmo Capitão, naó igualou a outros daquelle
tempo nos meímos minifterioSi foy inferior na oratória a Mar-
co Tullio: nas Leys, aGalloAquilio na arte militar, a Cayo:

Cefar. Efcreve-fe 2 quejoaó, & Jacobo deRavenna foráo íCardiml.nfcmmclHf.fraííicM'


^"^ '"""^ ^'"* **
excellentes na JunTprudencia , &: na Medicina , mas nao foráo '

tão eminentes como outros. AemincnciadeS. AlbertoMagno


em vários cftudos fe attribue a caufa fuperior , ou fciencia infu-
íã; masoquefuccede ordinariamente ( donde fó fe formou a
regra 5 }
he não caber tudo em hum homem, por illiberalida- , LMumUei <.ff «t íee*.
de da natureza. E aífim hs confelho para os que eíludão ap- ,

pl içarem- fe por principal a húafóprofiííáoj 4 poftoquep.i- j^Batlíonf/^^tt.foftpfinc.verf.incon-


raornatodelladevãotambemacquirirnoticiasdeoutras, co- 'J'''^'"^^- '• ^ „ ^^ ^ «
mo hzerao bocrates, r latão, Ariítoteles , banto Agoítinho,.
Ray mundo Lullio, João Pico Mirandulano, Bartolo, André
Tiraquelo, & outros muitos. 5 ^GiUáid.c.r.adfin.
2 Nem baftaapplicarfóa hum eftudo; deve fer ^a^xtWc Fiehard. tnvit^^Hufconf.tit.deBiú.
'^''^"odosen^enhoUH^,
queconvenha propriamente aos engenhos ; nelles fuccede o^/Jf^^f'^"'"''
« « que nas terras , que humas fáo próprias para hum fruta, outras Diximui ín à.tri.ã.<iHilit. 1 5 « «.?.
para outro. Ham grandeTheologo não feria bom Jurifconful-
tOj nem hum grande Jurifconfulto feria bom Theologo.Baldo
aprendendo Medicina , fabia vulgarmente paíTou-fe às Leys, :

&: foy luz da Jurifprudencia. Ainda na mefma fciencia ra*


ramente fe ajunta a theoricacom a pratica hum excellente :

cfpeculativo na Theologia, muitas vezes he muito mào Pre-


gador, não fona reprcfentação, mas também na compofiçam
&
do papel; muitas vezes fez excellente papel hum muito hu-
milde na efpeculativa. Hum grandeCathedratico de Leys não
applica bem ao julgar. Hum Fifico theorico eminente, não fa-
becurarj&outro menos letrado acerta melhor na curativa.Ifto
feeltende às artes, poftoqmechanicas: hum ruim officialícria ^-fí.^Jiq

muico bom letrado, &: hum bom letrado não feria bom official.
E entre
,pg -VXEVA, E AVÉ 'í

E entre as mefmas artes , humas convém mais a hum ongenhoj


de modo que o ruim official em hiiajferia muito bom em outra^
fe aaprendera; &ainda na mefma arte, huns obraõ melhor cer-
<s Supra e 11. n.i^. tas couí^s qiTeoUtras ; corno vimos acinía 6 em Efcultores, Sc
Pintores. E afllm heconfelho dos Filofofos , 7 que ospays
7 paóHuartcdeS>:»7ta»nofxamfde
mgenhos, prcxm
i.(Tt.<ir alibi [iiijim. app.liquèm OS filhoSjio que naturalmente mais fe inclinaõ.ien-
do decente à feu eíiado. . . -

3 A caufa do que temos dito he que as fciências ,


, & artes
aífentaõna alma racional, queeftàfugeita ao temperamento,
èccompofturadoccrpo, como forma fiibftanciali&aíTim for-
mando Deos a noíTos primeires pays que havia de encher de
,

.^^ . ^ .,. ,. oreanizou para a poderem receber; 8


fciencia, os preparou, Sc
8 Eff/f/r«/f. t?. <- Confil)um,&lin- „^ i^ Z. ^ i.haviadefcr
.
J f ^ í ri,-

aj-/-
puatn,& óculos, & aur«, 8:cct dcdit & porqueM'^nao taÓ fabiacomo Adao,( qucpor
iiiisexcoL:irai.di:&diícipiinamielie(aus iíTo dizem OS Thcologos queodemoniofcatreveo maisa
j 9

tentalla) a compoftura do cérebro da mulher, affirmaõ os Me-


't']J4* scrrt. X. dífí. 1.. inpri.c.
i.

^»uiictcmcentavic, inquamioús.quàtii dicos ) 10 tcm mcuos Capacidade que a do homem. Para de-
m virora-ioncm vigere novit. ^ claraçaó dcfta matcria , he precifo refumir algumas agudezas
10 uarte .prootm.i,-verj ara^sn.
^^ Filofofía ao methodo mais facil, & intcUigivel que puder-
.

mos alcançar.
4 Entendimento, Imaginação, 6c Memoria jfaó as oííici-
- nas das fciências, & artes, pollo que mechanicas.
i A- _.-*** * 5- O £w/^;2í^í>»í'«?o,heolumenaturalqueaalmatempara «

, & defcobre à alma


entender. Chama-fe himCi porque alumea
oquelhceftavaefcondidoemefcuridaó. Chama-fe natifrd,
porque he dado pelo Author da natureza , como propriedade
11 íu p./?r. lejBÍro ^íGríNflá. irai.
^ virtude natural da ai ma. ii Poreftedomhe ohomemtam
luKdemara-vãhaídifcNrf.A-i.i. fuperior atudoo vifivcl, quediíTc David, quc tudotcm debai-
,xPfaim.i.7. omr.afubjcciftifub
^odospès. 12 Com cUegoíla mais, & melhor os bens de to-
£«ie/í<i/i'.i7,?.Dcditiiiipoícftatcmeo. das as creaturas queeliasmeimas que os poíluem poispafa
, :

íutn qui íupct teriam. O entendimento he mais fuave a melodia do roxinol , mais do-
ce o mel das abelhas,mais deleitofa a luz doSoIjquc para omcí.
mo roxinoljabelhasjôc planeta luzente. Nelle o dotou Deos de
todos os inftintos, forças armas virtudes, Ôc induftria que re-
, ,

partio entre as creaturas: pois cÓ o entendimento rende o home


tudo, nada lhe refiile, nem no afpero da terra, nem no profun-
do das aguas, nem no alto dos ares lhe efcapa animal, vence to-
da a ligeireza , & toda a manha. Com elle pôde fixar os filhos
, . na divina fonte da luz, ôcabyfmo de claridade, mais generofa-
1} tnt.f.e.tyn.^t
/
mentcque a Águia no Sol material. 13 Por elle he capaz da
14 yidefuprsc.tjn.^.
graça de Dcos,& imagem fua; i4demodoqueporeftacrcatu-
ra fe conhece melhor o Creador , que por todas as outras.
6 Efta luz tam fermofa , por eílar fepultada na carne , que
he efcura ncvoa , naó pôde manifeftar feus rayos todos juntos:
mas pouco a pouco, como o Sol vifivcl, vay desfazendo as nu-
vens que impedem feu refplandor. Pouco a pouco vaó entran-
do no entendimento as cfpecies , & figuras das coufas, porque
i^ D.n9M.i.í>.3f.84lar».7«í»'^«'^ fcmellasnaóhcpoflivelentender; 15 &: por ifl^o o entendi-
cnim.i.4.c.i.cr j.
mento cego naó conhece as cores i nem o furdo os fonsj nem o
que
PART. I. CAP. XLV. rP9
que naõ temolfa£to percebe os cheiros; &c aíWm íie nas ou-
tras couías & quanto mais cfpccies vay ganhando mais ccu-
: ,

las conhece Sc alTim cada dia fe mcftra mais fua luz,


7 He verdade qneeftasefpecies ^ &: imagens, faõ muito


mais e^cel lentes , que as que tem os fentidos por ferem eípiri-
,

tuaeSjComooheoenrendmiento ; &: por ferem maisuniver-


fães;
pois o fentido para conhecer cada coufa neCclIlra de no-
va iriíagem , que lha reprcfente de maneira 3 que pela imagem
;

de hum homem naó conhece outro homem por fef limitudaj ,

& o entendimento com a efpecie de hum homem conhece to-


dos os homens, por fer efpecie univerfal. Com tudo faõ tam
conlufas, Sccfcuras , que naòreprefcntaó cabalmente; antes
deixáoluG^ar a enganos, & tem a fraqueza dencceíTitarem de
quem as a;udcareprefentar,como humelíudantede meftre,
que ocnftne com exemplos & femelhanças-.efte ofHcio fazenl
,

as femelhanças feníi veis , fervindo como exemplos, para que o-


entendimento pofia entender. Donde nafce,que éftando o fen-
tido interior turbado com fotto j doença , oit outra veheniente
alteração naó pôde o entendimento entender concertadamé-
,

te, por lhe faltar queni o ajudava naquella operaçaó> quem Ih©
abria o caminho , & o guiava coiiio a cego;
8 Com ferem as efpecies taõ confufas , &: rieceílitarcm da
ajuda do fentido, trabalha o entendimento táõ induftriofo,
que com ellas obra maravilhas^ no infcrior,&: fuperiorj vifivel,
& invifivel no grande & no pequeno , na crcátura , & no'
, ,

Creador defcobre fecretos , êc procura averiguar nam fó as


propriedades , mas também as eíTencias, poftoqile com o as ef-
pecies o ajudaó pouco , padece enganos , Sc tudo fabe com du-
vidas. Todavia com o exercício vayacquirindohuma faeili<j
dade,8cpromptidaóno obrar, que lhe he de grade importân-
cia para lhe diminuir o trabalho; (k aiftochama a Filofofia/
habito que hc húa qualidade, &: virtude , que eoríi o ufo de cn«
,

tcnderfe gera no entendimentOjôc depois ferve para que fe en-


tenda mais facilmente aííim como coftuma fervir para faeili-J
;

tar todas as outrasoperaçoens do corpo.


9 Mas ainda naó tira eíle habito todos os inconvenientes,
&
porque naó pôde tirar a confufaó, efcuridaõ das efpecies em
que elles confiftemi& aííim fó efcufa trabalho no que eftà mui-
to manifefto, Gcmoem entender , que dous , Sc dous fazem
dtiatro que hum codo he m;iyor que huma fua párte;& outras
:

demonílraçoens femelhantes. Em tudo o mais lhe hepenofo


difeerniroverdadeírodofairo, raciocinando, & difcorrendò
Com mayor, ou menor trabalho, fegundo a viveza do entendi-
mento. Por iíTo o do homem fe chama compojlo; porque le cõ-
,

poem de muitas razoens,dircurfos, conhecimentos} & ao


&
conhecimento dos Anjos chama aTheología.x'//?^^/)/?/?/^^, por-
&
que faõ as efpecies univeríaes , clariílimas que repreíèntaó ,

todas as coufas como faó,& as daõ a conhecer melhor, do que


fcvè
,

wtr EVA,.EAVE
f^ vè him figura vifivel com a luz do Sol ao mcyo dia.i &f pon
confeguinte ocnrendimenroqueufa delias, neoi íe póde.cnga-
nar , nem padece trabalho em leu uío íx ailira ccni a facilula-;
•,

de que noílos olhos vein , que o Sol he c laro , & a neve branca;
comamerma,&:com mayor, vè o i^njo tudo o que alcança cí>.

x6 optimè p. Fr, iKr.ir.fuf.Etviie aquellas clarillimas efpccies , que lhe iaó olhos limpillimos i^-
/ip.f.) %.r..í.
IO A Imâo innçao he hãa potencia que o Author da natu-
reza poz no animal , & com excellécia no homem com a qual :

vè , & julga acerca das coufxs fenfiveis, eníinando o appetitç a>


querer , ou aborrecer ou efias coufas ertejaó prefentes, ou uii-
;

17 D:^ui./tip.àtrt. ad ii. cJi^


lít. l.
íentcs; I / porque he húa vifta interior , a que nem tempo, nem.

;
diftància impede-, no que feaflemelha ao conhecimentoefpi-,
! ritual da alma^S: por ifib Santo Agoílinho a chama algumas
1 8 D.tAug d.l,it. maxim c. ji vezes iefj)iritual: i8 naó porque naóíeja coi-poralj mas parav
íjgniíicar a nobreza com que íediíFerença dos fentidos cxtc-^
riores.
_ II Deo-lhé a natureza aííento na cabeça, por cila fer fam» ^

nobre, &: porque aquclle lugar alto, Ire próprio ao feu officicr
de atalaya que vigia , Juiz que julga , í: Rey que governa to-
XS P.Fr.Ltdndro/u^ difc.i.ii do o fenritivOj&: exterior do homem.
19
Porfercognofcitivaj&c lhe ferenineceíTariaserpecíeSv
12
ôu imagenS do q lia de conhecer ; lhe deo a niefma natureza a
habilidade jà dita (que tiaódeo áos fentidos exteriores } d«
confervar as imagens dascouílis aiifentes, tehdo dentro de íi

hum pintor do que jà vio. E porque não era poílivel que hum
homem viíTe, ouviífe ou goftafiç rodas as coufas fenlivejs , 6í
,

afH m naó podia ter imagens de tDdas;lhc deu outra habilidado


de fazer de muitas imagens que tem hCia fo imagem , para co-
,

nhecer o que lè> &: ouve, fcm o haver viítoii^: por eííc modo
com a imagem de cafa de rua, de praça, & de muro , que ha-
,

vemos vifto , pintamos dentro de nós a Roma ou a outra Ci-« ,

dade que naó vimoS, mayor, ou menor , ccmo queremos.


i^ Chega fuafubtileza a conhecer qualidades occultas
debaixo das imagens vifi veis; &" aliim a ovelha com a imagem
do lobo, conhece que elle he fcu ininiLgo;^ oacros animaes do
mcímo modo conhecem ftias antipatias.
14 Ella finalmente faz todos os ofticios de todos os fenti-
dos exteriores vè ^ ouve , gofta^ cheira Sc toca,como expe-
> ,

rimentamos nosfonhos pois eftando os fentjdos exteriores


:

impedidos, & como atados, vemos jardins, ouvimos muíicas,


goftamos labores, cheiramos flores , <^: ptrceberaos o duro, <?<
o brando tudo faz a imaginação com as efpeciçs q em íi tem
-,

poílo que por citarem turbadas com es vaporei do fono, o naõ


faz com o concerto, & \'iveza.do homem dcfperto.
15 Memoru hc a potencia pela qual o animprepete as pa-
,

íaiTa^^ôtcoiífav^pafladasqucpcrccbvO- 20 Em íarga lignifi-.


caçaõfe achatam bem nos brutos ; 21 Ôc aíllm alguns Aw*
thQrss^ 2 iw querem que no homem ft c)^mc j^mwfceííCM ^
i - -^ fazen-
PA RtÊ 13 C A P. XLV. lôí
u ztiido diffete nça cm que reminifcenciahc do que no tem po
int?^mcdiatl<4iíciÉ0ò: 8c f«í«;«^/ánaó requer , que poflá ha-
ver éíquecímcfrtò. Nos fàllartlós da memõfía em quanto he
coftfervativadaísefpeciesinteHigíveis, aquâinaóhecommua • c /.^ ri

aos 6futos,& pertence à parte intclle£tual da alma,comoeníi •


''"''' ''"''^""^^í'
.

AiSdntoThorrtâá; 23 Sc eiti outro lugar 24 diz com Arifto* i\ t>n»)»Játi.é.

reies, que exercitada fc augmertra,movendofc fuás forças pelo ** i5.r«!»tf»'i.».?.ja.<r/; j» M~h


império da razaõ. Mitridates Rey de Ponto fallava vinte &
duaslingitas de outras tantaS naçoens,íi que ítnpéravá. Coata-
íe(Sc parece incrível ) que Cyro Réy da Perfiá nomeava por.
feus nomes próprios todos o& Soldados de feii numerofiílimo
exercito. CyneasThefaloEmbaixadord*ElRey Pyrrofem Ro-
ma, ao fegbndodia de fua chegada, fatídou por feus nomes to-
dos os Senadõfésf,^ grâdé multidão dá pkbe,tj com elles efta-
va. Séneca, fendo dikiptlloyouvindo de varias peíToas mais dei
duzentos verfos , oi$ recitivá do primeiro atè o ultimo , ou do
ultimoatèo primeiro-, 8c repetia dous mil nomes pelamefma
ordemqlhosdiziaÓ.Murêtojí i-efere, que vio hum maneebo ,. Mu-ret,^HdP.MeKãcçfl, ^H*ldjr.

q repetia trinta &- féis mil nomes Hebreos,Gregos, Latinos,& /• 7 í. 10.

Baibarós, pela ordem com que os ouvira, ou começado d j ul-


timo árè o primeiro,cu de qualquer do meyo para diáte.ou pa-
raos anfecedeáres. Efta repetição de nomes fe faz por memo-
riaactmcial. Eu fendo moço-i meappliquei,a ellacom (hum
meftre,' que repetia trezentos^ & quatrocentos^ & fazia outras
oftentaçoeris notáveis. Chegirei a repetir cento , & deixei a-
quelleeíludo,pormeparecerinfru£tuofo, mííisque parava-
gloria. Com tudo experimentei depois , que fuás regras me a-
|udàvaòem muitàsoccaíioés de utilidade. Mas femprteníendi
que naófepodiaó repetir, íenaó nomes fignificativos j 6<^ íub-*
ftantivos , comonaó foíTem nomes próprios j porque dos que
naó ílgniftcaífem dos adjeiíiivos, ôc dos próprios naó fe pode
, j

formaridea, ou figura, que a imaginativa ponha nos lugares


15,5^^^ r
que a arte lhe pinta , para a memoria os ir tirando dalli.,;
16 A todas eftas potencias faó orgâos, oií inllrumentos
-^ ' -^ "•''^''
quatro ventrículos, ou feyos (como lhes cbamaó os Anatomi- '
°^ --«rH^ •'

cos ) que fe achaó no profu ndo do cérebro humano. Eftes to-


maó as qualidades de fecura,humidadej& calor:afrialdade,na
doutrina de Galeno, 2Ó he iautil para as operaçoens ; fó ferve %6 Caien. quodatàmim-res cap. , t,:

de moderar o calor, &allimfe entende hum lueards Ariftote-^rigtditasenim oiBas omnbus animau
1 ^ Ai\

j r - aperte nicommodac.
1
ks,27 que parece contrario. Alem da fraqueza natural, que ex* ^ ^^ ArijU.xMfêiuaoim.c.^.
puzcmos noentendiméto,&:que tem as outras duas potencias,
ainda para a perfeição, ou ( por melhor dizer)fufficiencÍ2, q a
natureza lhes deu, he neceíTarioqúe aquelles ventrículos efte-
ját) muito c oncertados , aquellas qualidades muito em feu põ-

to, os humores muito cõp>oftos tudo em húa medida ,& con-


,

formidade que náo fe deftrua,nemoffcnda entre fij porque ha-


vendo :xceífo, ou alteração, refulta diíTonancia, turbác-fe as
cfpeeiei, impedem-fe ou confuiidem-lfi as Operaçoens aíllm
, :

como
io» v. l/E V A.) El á[ Y g/. q

Deos 'foiraàdo Adà;»! tap. peiff<y|tí^;íia4lma,,,^


náiicia, tinha
ts EccUjtníi. 17. 5.Difciplinair.tcl- nocorpOj q\\eaíquelk ettiidoíé-çjftámà Af/fudf-d-ajtif{tiif^^i^^-
uausrepicvitiUos.
néllec(bvâcapáciiIiínopdr.xíé<Í4msfeo,éi^Si.& ..^c
'-
fertaõpeccàrajpaíTáraamèfnw-fiVKÍça íeii5rf'çrcertdèo^
i» Síí^rfrt -kU « í.C7iA<^.> & 4.
peccadoo defpójòuído^ratiiiCQ. j :^: ferio no naí+ifal. a^ At-
creícco ferem etle ^i^^È^va laní^adííS do Paraiío terreal yéc-ço-
meçaretíi a vivcrícom trabalhos.^ dppmiod-oíbbjjiesi tejra, co-
mendo coiifas deftéperadas/ofrefíílo as ijiclemencíastiostí hi-
pos^defcalços, ôí.nial yeílidòs, femcafa, nen? .abrigo, fendo de
Gompoftura miraofa; com o que<rl2ífot-fádòílceráfem-fç'<as
humores , defcomparfe o temperamento, òç bíífenderem-íieus
órgãos Sc inítrumedoos dasotJer?iç<i>ens. Nefteêftado jà en-
,

fermo ^ràraó , Sc comcçcLl a ctímtwinJçaífé aos.-dtífcendentcs


aqiidiedefconcerío;porquc dizemos Medic,o8j>qiie paíTaaos
filiaba a doença , qitóos pay s tinfeaõntí tempo dacgeraçaó; i: . ':.

^r,t••^i^c ;2íjtów*\ -1 b*oi, .j^tvU í


; ^^ t>^ "1 a vor catiià a €fb6xdiT%©; ò Aiefintíqutílio cHáíio
-oí.^ \ da graça nos tinha-fidamayDí honc4; que foyibraqiiclla^c^
— -#-#-# poTiçíaótam deíicada* 6c nobre iqpoTqualqueracííidenteadef-
'
concerta , porque a mais eminefttetfeiofteiide com mais facili-
', dade:aviítaagLtdai:omaoppaíiçaódehijmcabello>ííome-
Ihor ouvido com adiíTonaneia 4civi'ia fô vot du. corda encre
i>

muitas bem acordadas. A írim': pequena alteração turba rioí-


faspDtenChis.-hua cólera fubindpjOCálor, húa melancolia de-,
ftemperando a humidade , Si húra achaque movendo os hu*
mores. E quanto efte defconccrtoctcfce , tanto mais rios ceg^h^
comovemos noslouccs ,por ddrainatmais hóa qualidade :&
nosmeninos,pornaõ chegarem ao ponto neccíTario.
ir9 Por efta maneira fomos todosdoentes €m todos petí-*
:

Cá algutna qualidade 5 & rey na no cérebro á domídantc. Se do


„ ,. j^, .Cl mínafecuríijhemelhorentendimenco,: ío Sí.aífimdaafflitii»
otricfus,ammusfapientiflirous. çao (quedeleca j diíie ilaias, que da cn rendimento. 31 Sc
;

''"nGaUH.(ie:»at.homj.'..tom.ix, domitlà â humidade,fe acha ínais memoria , porque as efpe-


ly.vçxanodat mtellcaú.
^.^^^ ^ ^^^^^^^ ^-^ impriíTtem facilmente no.humido, cornoem
ljii.%z.

cera razão pt>rquè os moços aprendem mais qubos velho^, Sc


;

pela rrianhiáâ fempre a memoria«ftà me]hor,hnmedecido o.Cie*


At:,i^T.«v. rebro cíom o fono da noyte. Se domina.calor^ ba mais fortfe
imaginativa; pois jànaó ha outra fpdtencia racional, nemour
rai«r,(,.j . ,
.,-.^t( tra qualidadequelhe alTinemos^j 'éraílim o luoftraõ os fre-
néticos dei irando fempr^sjemcoufás que. pertencem a efta po-
tejitià. Fal Íamos Tia5íendo,&:xlon)í/undo asditas qualidades
cmdèmaíiàiporqueoexceírodcííriTiràtodQi .,

2Õ Ao enrcndimenro pectstice a theorica da Theologia


-

jt TJr^lotdtpatt.anim.u.c./i. Eícola4tica,da |urifpfudenoia, &"Ha'Medícina; 32 a Dialécti-


ca, &'Fricfofianartífá1;&rmQralifcÍEPcras,quei:onftaó de di-
ftinguir; inferir ,& raciocinar /quéíaó obras defta potencia.
DamcniioriapeadeurGxámacicá^ik.aprwn(iefiin2uaSj: Thcíi*
r;.;o> logia
PART.X CAP. XLV. lòj
loteia moral , Cofmograíla , Arichmeciea , de parte da thcorica
dajurifprudencia, que tem o tmbalho de juntamente requerer
memoria para as leys, 8c cntendiniéto para da razaó delias for-
mar balizas, porque fe acerte nos cafos>circunftanciaSj&: occa-
lloens, que fe não acharem decididosi 35 donde veyo a dizer o ^, TexmiHL.nt^Hsltges ^ocmjí^^
Ulpiano, 34 que osjurifperitos aítedaõ
]iurirconfulto húa;?.<^/fJ^•
H^'*/'.#'^;«Aer>r,..,> *
náo^Imlthda, masverdadeiraFiloíofia. Daimaginativa naf-
cem as artesj t< fticnciasque coníiftem cm figuras , correfpon-
dcncia,harmoniajSc pícporção,como Poefia, Oratoria,Mufi-
cajPrèdicajMathematicajAítrologia.PoJitica, §c arte militar:
rraçar, ler,efcrever,jugar ,& dapraticada jurifpriidencia , ôc
da Medicina. Também todos os officiosniechaniços todas as ,

machinas, & artifícios jfcr hum homem apodadof , agudo nos


ditcs,& graciofo na converfaçâo. Mas he de advertir, que ain-
da em húamefma potencia ha diáerenea de grãos tamdiver-
íihcantes , que íazerà , que fendo a theorica da Theologia, Ju-
rilprudencia, & Medicina pertencentes em geral ao entendi-
mento: o eminente em hua o não feria em outra como acima
diziamos ; 35 & o mefmo fuccede no que pertence às outras ^^ _. ^ ^ .^ a^
Guas potencias , prmcipalmente à imaginativa i tal he a varie-
dade no cérebro humano.
21 Refultando , como diííemos , o melhor enteijdirhen-
to de mais fecura , èc a melhor memoria ác mais hiuuidade j>

qualidades contrarias :jà fe vè odenfinou Ariftoteles 36 que ,


jc Ari^. Ub.deMemoT.crRemimfih.
grande entendimento, & grande memoria liáo podem eílar
cm hum fugeito j & por confequencia que náo pode hum ho^
,

mem fer eminente nas coufas que pertencem a húa , 6c a outra


potencia. Que grande imaginativa fe não compadeça com
'*''
grande memoriâ,rambem fica evidente,pois a humidade deita -- >
' ' Ib gaita com o calor daquellaj que nem fe com padeça com
9
entendimentõ,íc prova , porq o entendimento, fegundo Gale-
no , 3 7 requer o cérebro compofto de partes ítibtis, êc delicar j7 GaU».i&Mrt.Med.e.i%^
das & porém o muito calor da imaginativa eonfume o mais
;

dehcado, deixando o groíTo, &• terreftre 6c aílim vemos , quç


i
*
'
' wdinariamente os grandes Letrados efcrevem mal , por efta
arte fer da imaginativa, como fica dito j &: os grandes efcrivaé$
faópoucocntendidos. O
mefmo fuccede aos bonsjugadores,
& particularmente aos que jogão bem o xadrez, como diíTe- .

mos tratando do jogo. 38 JS %rdc.}7.«.i(v


,.

- 22 Eícreveo o ordinário, nâo nego as exceiçoens; pôde


haver cérebros temperados capazes de fciencias .&: artes per-
tencentes a duas , ou às três potencias como foy Séneca no
-,
^ '
-

juizo, qfeuselcritosmoítráo , 6c na memoria que delia refe-


ximos}masfcriorariHimos,.ou aproveitaráó nellascomme- v
diocridade, (como alçuns vemos pois para nenhúa tem qu4-
}
Jidade eminente ; porem o que tiver eminência para húa, he
iorça humilde nas de differente qualidade. Qiieftaõ he,
fer k
valjmais fer muito eminente cm liLufò, oufabercorajrie^iQ-
R: cridade
104 EVA, E AVE
cridade muitas. E fuppofto que jà ninguém, por muito emi-"
nente que feja,poderà dar mais luz que os paíTados;eu efcolhè-
ra fer mediocre em muitas , pelo gofto das noticias & pelo a- ,

grado geral , que mais fe paga de trato 6c converfaçaó naó li-


,

mitada meroTheologo, merojurifconfulto , ou perito em


j

húa fó arte, poftoque Mufica, com fer taó fuave, he couíacan-


cada fó na variedade fe acha fatisfaçaó.
:

25 Da mefma caufa procede a di íferença de opinioens em


.
qualquer matéria. 39 Dizem os Filofofos naturaes, 40 que
l"°de conhecer de alg™a coufa devem
BoL^r.^t : f^Z^il^t '>^P°í.^"f,' q"=
ufus- eftarfas. &:hmpasdaqualidadedaquelleobjedo,fobpenade
VciieVuumcuiquc cft, «csTo rivitur fazerem delk vários, &: falfosjuizos. Para exemplo finjamos

""40 D Thom.p.i.^u4. M. mie. I. quatro homens lefos na potencia vifiva, que hum tenha nohu-
td y Huaue de s.luan,exame í/e engenhos morcriftalino empapada húagotta de fangue,outrohua de CO*'
fr»^m.i.ar>tcmed.
jç^.^ ,outro húa de fleima, outro húa de melancolia. Se (naó fa-

bendoellesdaenfermidadequetem) lhes offereceremàvifta


hum panno azul para julgarem de que cor he a cada hum pa- .*

recera da cor da gotta que tem nos olhosj ao primeiro parecerá


vermelho, ao fegundoamarello, ao terceiro branco, ao quar-
to negroj 6c fe eftas quatro gottas eftiverem nas línguas, & be-
berem agua hum dirá que he doce, outro que amargofa , ou*
: ,

troquefalgada , outro que azeda enganando-fe as potencias


:

do ver, &c do goftar , cada húa por fua enfermidade. mefmo O


fucccdc nas potencias interiores com feus objeftos: julgaó deU
les conforme ao humor de que o cérebro eftà cnfcrmo; & aflia^
^
do que hum louco, ou frenético faz , &: falia conje£buráo os ,

bons Médicos, quahumor nelle pecca , & em que grão. Dizia


41 HjfertHuartefupril t>em Demócrito a Hippocrates» 41 que todos os homens ti-
nhaó no cérebro varias enfermidades; íc o inferia de os ver ra-
ciocinar , êc obrar tam variamente.
24 De tudo o acima dito fe conclue que por ruina da ,

natureza pelo peccado ficamos doentes ,& deftemperados no


cérebro & com deftemperanças diíFerentes , né podemos al-
-,

cançar juntamente diverfas fciencias , né deixar de ter diverfas


opiniões ainda nas matérias livres de odio,ou aíFeiçaó. Apieda-
de Divina com grande providécia nos deu a certeza da Fè,pa"*
raquenaóerraíTemos noque mais nos importava. Afènoshc
luz certa,meftre verdadeiro, guia fiel,força fobrenatural, roais
poderofaque todoo creado, que metida tun mííxs almas , nos
moftra o importante para a fal vaçaó. Eíta fó he hum dom de
41 'O.fauUiEphef.x.t.
Dcos 42 naófealcança com forças humanas; he fabcdoria
•,

efcondida aos olhos da carne \ infalliveloqueenfina , porque


41 Dehis immbiuD.P»nl. i. <idc«- odifTeDeoSjquenaó pódefaltar. 43 Poftoque oentendimé-
finth,u tofórme razoens, 6c faça difcurfos para provaroqueclla diz,
naó he porque neccíTite dellcs para crer he porque a Theolo-
•,

gia (que he outro lume diftindo da Fé ) os does que Deos deo


à alma para a ajudar, 6c o mefmo lume natural, agradecido â
nobreza que logra cm fua companhia/az o que pôde para per-
fuadir
i » .

PART. I. CAP. XLV. ioj


I
-fuadir que he verdadeira , contra as calumnias de Teus inimN
gos. Bemdito feja o Pay de mifericordias j que naó deixou nof-
ío m ayor bem fugeito à noíTa ignorância.
25 Que compreiçaófeja mais apca para as fcienciaSj trata
com elegância o Padre Francifco de
Mendoça no feu amenif- ,

íinio Viridario, entre feus curiofos problemas. 44 44 P- Mendofah yirnkr. L^pralUi.

CAPITVLO XLVI.
fLM.ortede^dam , Qf Eva; annos que uiveraõ
como os annos , ÊT* os me^es (e computavaÕ entre
"varias napens ;
©^ forque nos primeiros fe»
culos eraõ as vidas mais largas»

t TT
Standoomundotaó arruinado, no anno novecentos
X-i ^ trinta de fua creaçaó , Adaó da idade do mefmo mu-
do, I dequeerapay, &: irmaó gémeo, havendo vifto netos i oen.^. «:
em oitavo taó cheyo de
grão, 2 cahio na cova que abrira , » Se ai.Perer.inGen.í*?-''- toil

trabalhos , como de dias dando exemplo a medir a vida pelas


,

calamidades, aos mefmos 25 de Março, 3 em que fora creado.


. , ex D.ign-t. ep adPoiynrp Horatl
^«^4 Morreo a feitura original da maó de Deos j os que nafcemos ScogUus CaUcnfts inhift. àpumord.Ecci,
de corrupção , que efperamos ? Porém fe morreo ao temporal '**; T{* """"""^ . .

como peccador, ganhou a Vida eterna por penitente, iheoh-


lo diz, 5 que o Archanjo Saó Miguel levou fua alma ao lugar Theophi:,hom.6o. 5

deputado para os Santos Padres. He- nos devedor dacauíade


cúhirmos;&:acredor do exemplo para nos levantarmos. Al-
guns Efcritores 6 dizem que viveo mil & trinta annos j mas , « r ^t / /- - . ;

que o lextolantonao conta cento, em que chorou a morte de ^ r,d_e/uprac 17.». 6.

Frii
Abel, 7 porque viver em lagrimas naóhe vida.
^-i iT ri j ^
s or'g.trafíiU»-Matth,
Termll m.l.i in Marcian.
oy lepultadono monte Calvário de Jerulalem, como Pfrer^„Ge».i 7.» ns.
efcrevem mais commúmente os Authores > 8 poftoque ai- ^i^apuiPined.Monarch.Ec<:lefd.i.f.ii
cuns di^aõ que em Ebron , 9 diftante duas jornadas &: dizem ^-^ '"^""j^n. j , ^ .
, .

que acertou de Itíhxar o pe da Cruz de C/br/yífíJlobre lua cavei- ,o Textormofficm.p .i.tit.fuiJiui>ixè


ramyfteriofamente, pois o remia. »««'•
r „ . ,
^^''^'^*'''^*"^'' '''*'*• ''^'^^^
5 Textor,& outros Efcritores lo referem que ^-y^ mor- ft*;:"*
reo juntamente companheira atè na morte , 6c feliz em naó i cJpud virg. ^mã. 4.
;

fer viuva, fendo honrada. Naó fo o amor, como dizia ptiraus.qmmcfibijunxit.».:


Di-JJJ^^^^"''
^do , 1 1 mas também a fi mefma quiz enterrar com elle.O Flof- Abítuiit íile habeat fccum fctvetqu*
, ,

culo das 12 hiftorias tem, que morreo no anno feguintej&Ma-íèpuichro. ,,


.

rianoScoto, 13 que viveo dez annos mais que Adam. Neíla '7^"pf,;?„a^^^^^
opinião fe ja£taó as mulheres , de que nos primeiros dous cafa- 1 5 M»úan.lc9UJA.Qh9n.jfmi
dos , a mulher venceo ao marido em vida ; mas em Roma re-
cuperou efta vistoria hum homem,que havendo viuvado vinte
vezes,cafou com húa mulher,que havia viuvado vinte & duas;
ambos de humilde condição > & eftando-fe em grande expe-
âaçaó daquella batalha, morreo primeiro a mulherj & elle co-
roado de louro,& com palma na raaó,foy levado no enterro da
Rij jnu*
ío6 EVA/E AVE
14 D.Hier»n.ep.adGttont. mulhei" , coiTio em triunfo. Saó Jeronymo 14 conta quô ,

o vio j fendo Papa Saó Damafo.


4 Tanto vivèraó noíTos primeiros Pays , &: todos pouca
mais, ou menos em os primeiros feculos, como lemos no fagra-
^ , doTextoj 15 (ScosannosdequefailaeraóosqueuramoSjfo-
u p3<i./ic.iv$^v ,
larcsdedozemezes5 16 pois no anno do diluvio faz mençaá
D.tjHguii.dí Cív Dn/.i vf-»4' ^e mezes feptimo,ô: decirao>& nos meze«:,dos dias vinte &: fe-
17 Genej.% .».4- V
tc j 1 7 & quando fe diga que os Hebreos regulavaó os mezes
pela Lua, que faz fuás mudanças em 29.dias,Sr i4.horas,como
^^ biraia fupr a. ,
hojc regulaó OS Arabcs 18 pouca he a diíFerença. Somente
,

^uUnf.z.fMUnf.c. 9». em alguns tempos os Egypcios conràraô annos de quatro me-


zes, & lunares de hum mez; os Arcadios, Chaldeos, & Arabcs,
de três mezeSjOS Romanos, reynando Rómulo, de dez; 6c ou-
.„,. , - trasnacoens, de leis-, 19 &: os annos entre os Parthoscome-
'^lex.abjier l.).c.z\. çavao do primciro de 1* evereiro: entre osRomanos,de Março:
f,«f<i/.i.f. .§.?.
^.^^^ ^
entre os Sacerdotes Egypcios, de vinte de julho; entre os Ale-
'
*' "^* ^' *
"*>« xandrinos, de 29. de Agofto: entre os ELhiopes,do primeiro de
«r J-'X''. '

/tde etiam
D.^u^nfidtCiy.Vei/.ii.c.io. getcmbro 20 como tâuibem os Babylonios computavaó o
;

io Pir.cd» fufíã. j^,^ entre dous nafcimentos do Sol os Arhenienfes, entre dous
:

occafos os Umbros , de hum meyo dia a outro os Sacerdotes


: :

Romanos, & Egypcios , de meya a nieya noite &: o yulgo , do


:

11 íij«*r iH0Ípcin.f.i.
tit.de temp.nn.
amanhecer atè anoitecer. 2 1 Alguns Authores trataó de hum
<^difb.
anno que fe chamava^ r^w^V, & le compunha de feiícentos an-
xt Microb.it SomnhScipion. nos,cujaexplicaçaófc pode ver cm Mâcrobio. 22 Porém, co-
zj iJicx.,bzyiie*.(itn.dtcr-<iJ.i.(' ^^^^^^^^Q^ ^^ aunos dcqus falka Efctituraíanta, eraóco
*'*•-'
moosnoflbs. 23
5 Nota-fe , que ninguém chegou a viver mil annos por- •,

que o que mais viveo, foy Matuíalem novecentos feíTenta &z


Genefs-^i.
novc } 24 & OS Hiftoriadorcs donde Jofefo 25 refere que
a^ pjepfiàea,}t<iu'ti-t.c.^. chcgàraô homcnsamil annosjou falláraó dos mais curtos que
i6 ^pudMMíefr^f^*uc.%.U' ^^ç^^f^^^^ qu nãomerccem credito. As razoens
q tenho lido,
riréí.ih (ii>iêf. í.^ôv^/V* 26 faó fuaforias para naó fe paíTar de mil annos mas naó cou- ;

ExDJnnxo i.^.adverfUrçfes,ãtilifs* vencem,que fe naó poíía chegar a elles,ou a perto dellesi cuido
que por fer o numero de mil o mayor, o naó devia tocar, quem
*
" >*'
j,,-, :j,,„ pelo peccadoeílava condenado à morte.
^
.j . 27 •

ftrerJnGtMf.j n.iio. O Hum Elcritor eipuitual 28 reputa vidas tao largas,


g.i.c.
18 t.Lyliiux nafhilof. chrijl. p^j. pej^ larga aos que foraó primeiros peccadorcs. Paliando
tunéffitic.
literalmente,obravanellas a Providencia Divina, para os ho-
mens multiplicarem na terra defpovoada, & ferem teftemu-
r9iWfvViá./.i.c.i. nhãs das obras de Deos. 29
p.Benedic}.í<'cTnand.tnGen.i.^.fea.i.nA. y Mas tambcm era effeito da uaturcza bcm acomprci^

tutis prxtercuiues. fluida ác aftros mais benévolos , por naó terem paííado tantos
Pe>r.dePtramat i.deev^cu.nd,rat. c z4.
afpeaos,coniunçoens.
f eclipfes,&
^ outrasimpreífocns; 20
^
ali*
yllnapud Banco,» Campo Elyjioq.iyulv ,/ ^ j ,

i

in., j i

itlaíh. mentada de irutos da terra.que tinha mais Jubítancia/regulada


no comer femexceflosj 31 & menos opprimida de cuidados^
}i Pinedad.u j:.ii.$ t.dT^.ytnfia. altèraõ ofangue impedem adigeftaó, corrompem os humo*
,

res , fatigaõ o cérebro, fefcm o coração.


8 Ajun^
PARTE I. CAP. XLVL iof
8 Ajunrava-ferer Adam perfeita noticia
, que commu- Mexran^fylvai.^.c 7 antemed.sew.ep,

meou a feusdefcendentes, dasvrtudes das hervas, plantas, ::^CSS^^^'í:^


pedras, animaes,6v' outras coiifas com que leacodia aos acha- diciborporbaseft.í«/ 15 <•/>///.

Atn.i
„ ** M^nfd
^.eptQ.
oues; fov o orimeiro Medico enfinado porDeos; 22 poriflb
dineoEcclefiaítico, 33 quede Deos viera a medicina. Como ^/Ecckfiafi.i i.
Deosofez Rey,ofezjuntaméte Medico, por ferofficiodo {\l- j4 p/j/o íieJ<^í;«ff,

pcrior curar os fubditos no corpo , & no eípirito. Por ifto Pla-


"~
no 34 comparou o Rey ao Medico Sc em Ifaías diziaoqué
i
",

3ÍÍ/^^-3Í'
era rogado com a coroa, que pois naò era Medico, o naófizef- _
femRey. 3> Depois moftrouDeos efta conveniência, pondo ^1
em algunsPrincipes virtude para fó com o ta£to Tararem doen-
ças corporaeSj como figura das efpirituaes nos coftames Pyrrò
Rey dos Epirotas com otaâro do dedo polegar dopèdireito ^ ^kxAcJlexUc é'

farava as enfermidades do baço. 36 DosEír.perâdores Adria* ,7 R^odigin.i ii.fix*}!


no, & Vefpafiano fe lè que faravaõ outras. 3 7 Mas porque Au- Tadt.hist í/i^dfiH.
'^'''^'^
"*^'''
thores38 attribuem aquelles cafos a pafto Mágico-, fejáó ex- j^,lfrfd'Jquc. '^'

emplos os Reys de França, quecõofa£tocuraóemmuitos a£ i'MMCí>y«;^3.i4W3.erj,


ai porcaSjpor dó concedido aEI ReyClodoveo para elle,& feus
fuccefibres, quádo fe fez Chriflãoj ou^como dizem outros Ef-
de S. Marculfo. 39 A mef- ^ ?*
Guião
inch!rHygn,a!^,.UT.iJo£tr.
critores, alcançado pororaçoens
ma virtude fe diz haver Dcos cõcedidoaos Reys de Inglaterra s/nert ipax. câeilrúmn^
i

^or merecimentos do Santo Rey Eduardo outros efcrevem ;


j

que por orações do Santo Varaõ jofeph ab Arimathxa que ef-


teve naquelle Reyno. 40 Na Primavera coftumaó ainda hoje ^^ p^^^^^^_ ^^^.^ ^.^^
^^^^^ ^.^^ ^^
fazer efta cura j eu a vi fazer com folemnidade três vezes (& DehocDeirhis/up.wrj.je^timèii^uitia'
íe íct outras ) rio mez de Mayo de t66^. acodindo cada dia ^H^íTinci^.
»'"'

quafi £eni doentes-, he de crer, que naó acodiriaõ todos os an-


nos tantos , fe naó fe experimentafie que faravaõ alguns. Dos
Condes de Hafpure houve quem efcreveo o meímo; 41 6f dos ^„ ^, . , . ,

Reys de Aragão, mas naohetaoauthcntico. mrar.gmur.xhor.fHccefc.^z.


^ Conhecendo Adam as virtudes occultás,ufando-as, & ^
€omunicando=as, nâo era muito confervárem-fc as vidas 41 Jfota Nieremhetgt m Phiiofí^Uá
iar-
gos annos. 42 Os fegredos da natureza faô tara admiráveis , ^

^""^fj;-'^''^ ^:^. „^,„^^


que por incríveis ofFendéraõ a reputação de alguns Authores Dom ouv» cr Dm^k^o dePimíte ,

queosefcrevèraó, 43 fendo que a muitos achou a experien- «''^A^^^'^*


i
cia verdadeiros. Dizem que as pedras da cabeça do dràgaô dá
í índia trazidas que toquem a carne, fazeminvifiveláquemas
traz & quefeviocmhúa que Giges paííor em hum monte
:

de Lydia achou em hum anel na máo de huríi gigante morto;


44daqual ufou parafurtara mulheraElRey Candaulo,& à 44 hilofirai.apKijède Caflilhcn*
matar, &fe fazer Rey imas porque ifto feattribiie a arte Ma- -d^s Godos i'.d<fcurf.^.
^^''ji

gica , 45 lejaexemplo em noffas hiftorias, 46 que indo o^,.^y ^ ^ ^^ ' •'


\
grande AfFonfo de Albuquerque para a eonquifta de Malaca , 46 foaídt Banoi dec.t.i. e.c.t.
cativou em húa embarcação hum Mouro principal, que havia *

pelejado bem ; & eftando com


muitas feridas mortaes,nem
nem lançava gotta de fangue j achoufe fer virtude de
morria ,
huma manilha que no braço trazia do oftb de hum animal cha-
mado Cal^df naícido na Província de Jahoa. Perdoe o noflb il-
Riij luftm
, ' 1

log EVA, E AVE


luílre Cjpitaó a nota de apartar eíla manilha de fuapefroa,&'
47 SífereLo^dayéig.naArcadial.4. perdellacomodtrasjoyas no naufrágio de húanao voltado de
Malaca. Também fe diz 47 que na cabeça do capo í"e acha
, _ «^ húa pedra chamada Q^/?«^/«.'?, que engaííadaem hum anel,-

eítandojuacode veneno, aquentaode.dodenuneira, que he"


•'
«> * conhecido para fe guardarem dellc. Facilmenre pôde experi-
^tPlinl.ti.e.x4: —|—mcnrarhúa menina o que cfcreve Plínio, 48 q^uefehúadon- 1

zellatocarcomodedo pollegardamáodiríitaaquemeftíver
cahidocom gotta coral, fe levantara logo.lía outros em que
a
curiofidad^ fe pudera empregar. 49
sy-: ^!71^:'':%^7éZ i» F<,y- k perdendo a n,emor.a daquellas noticias med.-
.

jegiirites: o-Hiero»y mo Cones no nat dos cínaes dc Adaó, cm gi ave cktnmenco das vidas principalmé- •,

Jtjí"iàos dd n^turc^ia.
tc dcpoisdo diluvio, cm que quafi tudo pcrcceo. Dizia hum
^, ,^ , é Medico EsYpcio citado por Galeno, 50 que os homens de
^
bom tem perametomornao por ignorância dos remédios, ror-
que fdbiaó muitos, & os applicavaõ>como para fi, viveoo mef-
mo Galeno, jà mais idades curtas , cento Sc quarenta annosj
<(

li/s,

.g
.

j.t.
Ex Swi.^UxaH^rpLGemmcio^c^ g.
Mitutc es '^

Tevlor d. tit.quiditt vixer.


proff.de ChTiJtotdadei.
^
o^o
Hippocrates cento feíTenta & nove fegundo Pedro Crifpi-
nOjSorano, lextor, 52 & outros Authurcs, ainda
digaÓ mcnOS
o
ain que alguns
au" ,

,
"
5

Mttiãjup.l.^.c 7. adfn,
^i Petr. Cnj^in. »> aphori/iMf
aw'!! "*»^'^^^"
.
* > 1— n^ ^
Sor jH iVi vita Ht^pocrat ^ .. . .

Textorju^a,

C A P I T V L o XLVII.
Em continuação da matéria do Capitulo precedente ,

trata doprogrejjoj Qf dignidade da Aíediúna.

L
porque ainda que
Ogo depois do diluvio íeforao abreviando as vidas»
N
>é confervou muitos remédios na
mcdiCina natural ; i fe foraó perdendo , &c a natureza enfra-
_*» Matute MfTofif .de chTi{í9ídaitx. queceopela menor fubftancia dos mantimentos, amenos be-
*'''^'*'
nigna influencia dos aftros.
2 Deos a foccorreo ordenando , que fe comeíTe carne ,2c
' pcixc , 3 O quc fe naô ufa va. Mifray neto de Noè começou a
» Geneí. 9
Vtde im.p.cLii. enfinar medicina por arte, Scdcllediziaó os Egypcios, que a
haviaó aprendido 2 ià na doença , ôr morte de lacob aíliíiiráo
i

'
nomes enrendidos,& experimentados ^que curavao por oííicio
comiioTnedeMcd.cos 6c daquelle tempo em diante conti- :

4 CtMtf. 50.1. ^^^^ ^ Efcritui a fagrada a menção delLs. 4 Sua curioíidade, 6c


Éjtói »i 19 &ftpius: cuidado atè de animaes brutos aprendia os remédios, que natu-
ralmente ufaváo em fuás doenças ; 5 quem acertava com al-
^- ^'^ "* ^y'"* gu
/ ^^/f*"*'»**^""
" m , era acclam ado entre os Gentios, Inventor y ou Dcos da me-
Q Fr<ineo no Campo Byfto^. j,>j. / Y//W»<í.Afivm
tf. oforáoMercurio,Tfides,Oro,Ofyris, Apis,Cad-'
mo, Arabo, Chiron , Machoon Podalyro , ác principalmente ,

Eftulapiojpay deites dous> o qual diífeniõfer filho de ApoUo,


& de Coronis LaníTeay^porque ouve outros dous Efculapios^
& que feu pa y fome dai Iciencias lhe enfmára efta. Efcreveo li-
vros
,

PARTE I. CA P. XLVII. 109


vros dellijlium le intitulou NaVírfthjcáídcirsiólhe^emploSySc
lhe punhaó grande barba, como velho experimentado, Emhíí ^
templo a rinha de ouro : &" Dionyfio Sénior tyranno de Sicilia
lha tirou, dizendo, que não convinha fertáhi barbado filho dâ
A poUo, que fe pintava Iam pinho. Na máo lhe punháo báculo
em lugar de fceptro como a Rey da vida , & da morte; cheycí
,

de nós fignificadores da diíficuldade da arte ; nelle cnrofcadá


,

húa ferpente , que íignificava o veneno que elle remediava &í :

as vidas que renovava comoa ferpente defpindo a pelle } 5c


,
.^
porque o dragaô he fymbolo da vigia,& cuidado neceíTario lid
Medico. Aospèslhepunhâohuracâo, que lambendo cura as ' -

cha2;asfuavemente,&hegierog1iíicoda lealdade-, facriííca- - " ~~ ^ „


vaõlhe o gallo defpertador do fono, imagem da morte & gal* -,

linhas, alimento de doentes. 6 í Jírtf«rfíí.f.?.

Sem aproveitarem tantas diligencias, no tempo ^^^' ^'"'


3 jà de^^tlXí^^^tí:
Jacob fe vivia tam pouco , que fc efpantou Faraó de elle fer de
cento &c trintaannos; 7 & DavidjàdiíTe 8 que depois de fe- ^ pftp''j'anHjlt.c.Aàdmi,
tenta,ou de oitenta annos, tudo erâodoresiôc o Ecclefiaftico, s pjutm í^.v.io^&ti.
que ao mais fe vivia cem annos. 9 Os Egypcioscntendiaó, ^ BuUfuii.ii.*»
que naturalmente não podia fer mais, porque por anitoníias
fe via, que o coração do menino de hum annopezava duas
dracmas, &C cada anno crefcia duas, atè que aos cincoéra arinos
pezava cem dracmas i 6c dalli em diante hiacada anno dimi-
nuindo outro tanto, atè que nos cento ficava em duis,eomo nd
primeiro, &: era força morrer, lo Berofo dizia, qus atè 117. to Hjfire Mexiafii^,[i:e.%
annos fe vivia naturalmente Epigenes negava poder chegar a
:

cento & vinte &c dous. Contra eftas opinioenscfcreveolPlirtiai


II com exemplos; mas rcputàrâo-fc prodígios viver A rgeri- t, pih.y.s.^^,
ton R.ey dos Tarteí^s em Andaluzia de Hefpanha trezentos i-^'"''"^ M- «

annos, & ficouem Provérbio 1 1 Pift-irio Etolo. outros t,m- ''"f^^Z^tt^^^^'.


:

tos:6í Eginio duzentos* 13 Os trezentos artnos de Neftor 1+ iKveHai.Satyr.io,


feattribuem a fabula de Poetas 14 & os fetecíentos , ou m lis
:
'^'!'.^!Jlf\
que elles derão devida à Sibylla Cumea. 15 Nem aos hiftoria ov,d.M'tam.ht.exH0mt. lUai,
dores fe dá credito, quando cfcrêVem, que os Reys de Arcádia » s Ovià,MeiaM.li^
coftamaváo viver trezentos annos que Dando Illyrico viveo
:

quinhenta?& noventa Impetris Rey da Ilha dos Purotinos


:

oitocentos & oitenta &: hum, feu filho feifcentos. 16


'•*•*••
4 PeloqueSalamâo, valendo- fe de fuafabedoria, íezhriy^jf^^^*;^'
livro medicinal das virtudes dasplantas •,
17 mas perdeo-fe^ 17 j./^f/i.M.DifptíríTÍtíiiper^^,
&: as copias que haveria, com outros muitos j nos incêndios i*o^'í>àMmi€{uiiàait4x.i%.%ii

que Jerufalèmpadeceo por inimigos. Alguns Rabinos 1 8 di-


zem que o Santo Rey Ezechias o queimou , porque os doen-
tes confiados nas maravilhas que por elle feobraváo, não re-
corriáo a Deos, ( como fuccedeo a ElRey Afa, 19 ) 8í que efte
'*'
ferviço lhe allegou eftando para morrer, 6c por elk lhe alarga- [j Ji^íif
rao J'f»/7or os qumze annos de vida. 20
t).
Finalmente por ignorância dos remédios íe ufavâ
expor os doentes às portas das cafas , pa-ra que os que paíTavaó
pela»
419 "rr'EVA. E AVE
pelas ruaf^enfinan^m algum cxperimérado. Os quefuccediaó
bem/eefcrcviaóem menioriasjqucrc giiardavaô nos templos,
Gom os nomes dosqiie os haviaóenfinado. Aifim paflou o md-
domuitosfeculos; Ôccomtudoaindaallim.de Êfculapioatè
Hippocrares,em que houve quinhentos annoSj efcrevèram de
medicina alguns Authores; mas infelizmente Hippocrates^ :

em íiias obras faz mençaó delles.


6 No anno tres mil quinhentos &
vinte da creaçam do
^ mundo quatrocentos &: oitenta & quatro antes do Nafcinic-
,

* I iffont-chus l de Hippocrst foft. to de C/:?ny?{7,(conforme os A u t hores Médicos, 2 1 com pouca


íft.ncjiup.q.^.n^,. diiTercnça dos hiftcriadotes 22 ) quafinotempoemquevivco

Principe. PorfcupayHeraciidesfoy xvii. netodeEfculapioy

i i.ii.«.y:^t.a. .'.•..
*\X & por fui mãyPraxitheajvigefimo neto de Hercules, fcgundo,
...
a genealogia que vários Autbores 22 trazem , nomeando par-
-* - 6ciucceiiivamente (o que em poucas íe acha j todos OS
ticuiar,
Hippecrtit.V aijj itlati à Franf,ã.^.^ ». j
avósnobliílimos nem podia deijíar de o fer tamexccUente
;

juizô. Aproveitou -fedaquellas memorias q achou nos tcpíos:


examinou outros remédios dizem que em fonhos fe lhe reve-
:

larão muitos, tomando-o Deos porinftrnmentofeuj &: com


fabedoria, que parece tóais que humana j reduzioa medicina a
forma de fciencia, comprovando a razaõ com a experiencia,8c
abreviando tudo em aforífmos. Admira fer inventor, &: efcre*
vercomoern materiajàaílentadaí corcandoos princípios co-
N^trt-í. T-i\4m'Ml,Wj, mo fins. Foy o primeiro que inveíligou as qualidades dos
elementos: o primeiro que cortou membros do corpo humano
por fal varo todo: o ultimo que chegou a medicina ao ponto
mais alto, pois todos ignoraòo qaeelle naó alcançou: o úni- &
co que fugeitou a natureza ao fcu conhecimento. Na vida foy
venerado atè com efbatuas. Pintava- fe com a cabeça velada,
infigniada mayor honra. 24 Morreo em LariíTca, da larga
a^ No fi-nd(^ cjp precedente» idade que jà diííenios. 25 Os Gregos lhe decretarão as hon.
X6 FTA,KoJu^.n.6,
rasque fe faziaó a Hercules & lhe levantarão húafepultura.
:

fumptuofa, fobre a qualfeviomu to tempo hum enxame de,


abelhas,cu!o mel farava as chagas da boca a meninos 26 ; curá'M •
doaquellegran lemcftre ainda depois de morto. Enxames de
abelhas fe v iraó na boca de Plaraó, de Pindaro , de Virgiboj^r
i7' 'Slkh.var híífjAH4<^ de Eíleíichoro Poeta quando nafcòracS, 27 annunciandolhes
eloquência > de Hippocrates fc moílrao eloquentes as cinzas
?JnKaf inyit.Virg,
frias.

7 Defla efcola fahiraõ nos tempos feguintes grandes


meftres , & fobre ella edificarão varias feitas. Prodico inven-
tou hum modo de curar chamado mç.à\cin3iíatraUptica;Acxoi^
Agrigentino inftituhio outro, qehamàraó medicina ;fc>///?/rz-
ca-^ outros foraó in vérores de outras,& todos riveraó fequazes.

8 Pelos annos cento &: dez , atè cento & oitenta do


Nafcimentode C/?ny?í)5ÍmperandoTrajanp,Adnano, Antoni-
no Pio, Marco Aurélio, & Cómodo , floreceo em il.oma Gale-
, ,

PART. I. CAP. XLVIi. iit


ao natural de Pergamo Cidade na Aíiíi, Varáodefiiblime en-
genho. Efcreveo com abundância de dourrina, mageftadedc
dty lo, elegância no dizer, &: tal difpofiçaó no enfmar.que dei- -

xou eíta fciencia no mayor efplcndor , eícurecendo os antigos,


( excepto Hippocrates }
& dando luz a todos os que foraÓ de-
pois. Também fe diz, que em fonhos lhe moílrou Deos remé-
dios. Refere elle, 28 quefeupay o puzcra no eftudodame- is Galen.mth,c./^

dicina, por fonhar que lhe convinha. Em Roma fe lhe levan-


tou eíhtua , 29 &: era refpeitado como oraculo.Tendo cento *' Pranafup.q. ?. »• 9.
c2r j. 4. ». 9:

& quarenta annos de idade , 30 lhe chegou fama dos milagres, ^^ Suprac. pr^ced.in fn,
que em Judea íaziaó os novos Chriftáos , farando enfermos fó
com o nome de Còr//?^; & fe embarcou para os if ver ; fó tanta
curioíidade alcança tanta fciencia. Teve no mar hCia grande
tempeftade, & deo-lhehúa febre, de que ao decimo dia mor-
rco no navio 3 1 naquelle defejo lhe poderia o Divino Medi- í ' íx Mundino Benomnp Siwhorãu
; ,

CO farar a alma; bem íe pôde efperar, que pagaria a quem havia cJnK7' ^*""''" '"^^'
!•
"' 6 T"'
'*'
aproveitado, Reaproveita a tantos enfermos. '

9 Principes , Reys , Emperadores , & Varoens grandes


«íludáraó medicina Giges, : &
Sabor Reys de xMtdia Eva, 6c
, :

Sabiel de Arábia, Dionyíio de Sicilia, Hermes de Egypto, Mi-


thridates de Períia,Salamaó de Judea, Adriano Emperador de
Roma, ConftantinoIV. deConftantmopla. Algunsdizem,
que também Alexandre Magno j & he muito decantado ha-
vella Achilles aprendido de Chyron.Tambem dizem, qM'e-
fucs foy neto de hum Rey de Damafco ; 6c A vicena Principe
em Córdova ; 32 deHippocrates jà diífemos que ofoy em n Defies, & de outros fi^màemit
Coos ^ cm tépos menos antigos. Médicos haviaò fido os Sú- l'tJch\tikZ^'^"'^^^'^' ^'''""
i

mos Pontifices Eufebio Grego, Joaó XX. Portuguez de Lif-


boa,chimando-fe Pedro Hífpanoj 6c NicolaoV. Italiano de ,

LucaiCirdeaes, ^ outros Varoens de altas dignidades , de


que fazem mençaô os Efcritoresj 33 6c fobejapara o mayor ^^ j^f€rthmeot»Can^.Elyf.fAm:
luftre haver fido Medico o EuingeliítiS. Lucas 34 6c haver » 9- cirjo.
i .

^
(( também exercitado medicina o Âpoftolo S.Paulo. 35 Jmis MtiZlnprJfatMLÍc.n.u
'/ ^ 10 Aos profeíTbres deita Çciç^ncia. fe fizerão em todos, os 35 i^f/eríjFrawo<ií,t.n.i7,
'
tempos grandes honras. Jà diífemos que aos primeiros fedeu
culto de Deofes , 6c que a Hippocrates , 6c Galeno fe levanta-
rão eílatuas. Ao mefmoHippocrates levou Artaxerxes Rey
de Perfil para feuReyno com grandes fomas de dinheiro. A
Tribuno oíFereceo Cofroe Rey da mefma Perfia o que quizef-
fc: pediohuns Romanos cativos, 6c ElReylhedeu três mil.
36 Os primeiros Cefares davaó a cada hum de feus Médicos j^ sniim
por falario cadaanno,duzentos 6ccincoenta feftercios, de q ca-
da hum valia dous arráteis & meyo de ouro 6c Quinto E (ter-
-,

tino teve quinhétos.3 7 Júlio Ccfar concedeo privilegio de Ci- 37 P-'i»>l-t9c.to:


"''*'" '''^'
dadaÕRomano aos de qualquer naçaó q viveObm em Roma ^ if^l^fX^^' .'

& Augufto, que pudeírcra trazer anel de ouro,queera infignia Textormojf.cir..^.i.tií.qi<iii.it,mimr^


illuítrCi 38 a António Mufa levantou eftatua juntodadeEf-
culapio,39ôc premiou liberalilumamence pela cura que lhe "^-^^^v.
fez
Ill EVA, E AVE
fez j quádo em Andaluzia adoeceo de melancolia, por lhe fuc-
ceder mal a guerra que viera fazer aos Bifcainhos, Gallegos, Sc
40 dntionaMonarcl. Lufthf. iJ.^,c.
Portuguczes de entre Douro, ôcMmho. 40 Direito Civil O
íj.mpn<>c. Ihesdàoutrosprivilecios, & honras. 41 Atè OS máos Médicos
(dizia Niodes) 42 tem privilegio de matarem fem caíligOi&
í.,t'i^fcr,'»;í.5at,rÃ
lArchioMos cjemttntts 1. verem-fe feus bons fucceíTos cobrindo a terra feus erros.
1. 1
,

^"^
^' ^ ^ Dizer- fe que foy efta fciencia defterrada de Roma
fu'ntx^"^u*''^"'"'
""' •* * ,
"
he calumnia , fundada em hum lugar de Plinio, 43 mal enten-
dido. He verdade, que atè o anno quinhentos & trinta & cin-
co de lua fundação naó teve Médicos Roma , por empregada
nas armas , alhea das fciencias , & da policia como nem teve -,

44 Diffemosc.i^ n.\6. Poctas, 44 ncm Grammatica , 45 nem ainda muito depois *


1"^ daFilofofia , 46 nem relog.o , fenaó de Sol , 8c pouco
R«1lWc;Cf;cb^S"tci,i««.
rccduiniibeiaiibusdifcipiimsmagnofc- certOj O de maóconheceonoannodeluaumdaçaó,quinhen-
^°^ ^ noventa &c cinco ;
47 &: p que hemais notável, naò
"TcSr nícHi I
' houve em Roma Barbeiros, fenaó depois do anno quatrocétos
J7 pS.7.7.*c. 6o.
& cincoéta &c quatro em que PulioTicinioMena trouxe hum
,

'•'•'59* de Sicilia , de antes traziaó cabello naturalmente crefcido.


'^«;g m""*^ 48
Jux!aVXxly c. li.poflmU. ^^° ^""^ quinhentos & trinta ôc cinco depoisde fundada.quo
laóosquafifeifcentosannos quecomPlinio fe diz que eftcve
Roma fem Médicos lhe veyo de Grécia o primeiro chamado
,

Archagatoj foy recebido com grandes applaufos,comproufe-


Ihecafa do erário publico, & fe lhe deu honra de Qiiirite.Con-
ftadomefmoPlinio.
12 Ovulgo começou a eílranhar &
aborrecer , o ver
,

-^
cortar, queimar, abrirj&ufar outros remédios violentos quan-
doeraó neceíTarios.Ajuntou-fcque fendoos MedicosGregos,
cuja pátria os Romanos no mefmo tempo hiaó conquiftando,
49 f/or./.i-c.7. 49 &^ muitos delles trazidos prifioneiros da guerra, ferviaó aos
íeusdecfpias; com veneno matàraó alguns Romanos; com-
mettèraó adultérios em caías onde entravaó. Pelo que jufta-
4,.
rnenteforaòdefterrados,& ficou Roma fem Médicos, porque»
n^ó havia fenaó aquelles defterrados Gregos ou Egypcios. ,

*^ Accrefceo dizerem os zelofos , que a converfaçaó dos Gregos


10 Florixx.^:
introduzia coftumes, que aíFcminavaó o valor; 50 &:afiimfe
tinha por oráculo o dito de Cataó, ^e bajiava ver o engenho dos

ii Plin.i.i9.c.i:
Gregos y S' não convinhaimitallos; 51 &: com efte ódio por
,
pequenas caufas defterràraó os Romanos todas as boas artes
^x Crmt.dchonep.d!/i.l.i.c.4^ quclhes tinhão vindodeGrccia. 52
i^ PaíTados cem annos no tempo de Júlio Cefar, à per-
fuafaó de Cornelio Ceifo Varaó confular , fe admittiraó os
&
Médicos outra vez cm Roma ; da Biblioteca delRey Mitri-
dates vencido por Pompeo , fe trouxerão livros da Medicina
,
herbolaria, 53 &fefeguio logo a grande eftimação que delles
j} P/<'»»./.t5.c.i, fe fez, como jà referimos.

14 A vida breve náo he falta da Medicina , mas con-


r,v .,. .r -nj n. r,
^^Ç^o de noífa fragilidade,faltandolhe OS arrimos oue 3 alar^a-
^j,Lr^.Ul..^asifc.uffj..jj.c.F^^^
^^^^ ^^^^ acima apontamos. 54 Tanto que nafcemos,adL
cernes.
PARTE I. CAP. XLVII. tij
cemos, 55 6ctodanonravidahehú;i doença continuada, 56 Arfl(4/)./;wí</.».7.8eír9.
antes muitas combatem continuadamente cada membro } fó ss ^-f'««'?"'^>'''«- «c»i.

contra os olhos contou Galeno 57 cento èz qumze^ he ma- ^^^ Demomim. Totus homoab ipfo
ravilha vivermos tanto 6c podem fe attribuir a milagre as ottu moibas cit.
;

^''^"'" """''•''•
largas vidas do Francez Joaó , que chamarão des tempSy pelos
5-
^^ '

muitos tempos que viveojo qual havêdo fido Soldado de Car-


Jos Magno, morreo no anno de Chrifto mil cento &: vinte & oi-
to , tendo vivido trezentos feflenta &: hum* 58 E a do outro ^Z Floriul.hiji.p.xx^jidfn.
homem, que o grade Portuguez Nuiio da Cunha Governador
dalndia achou naCidade deDiu>em idade de trezentos& tf in-
ra & cinco annoSi ôcnaó fe fabe quanto depois mais viveo.
^""^ "'* ^^^'"- ^' ^- "^f"
5 9 Foy furor de Alexandre na morte de Epheíliaó
feu priva-
rJ^^"'J"
doj mandar crucificar o Medico que o ríaó pode curar ; & fa- mLí diiL''l'c.t.
zer derribar o templo de Efculapio 60 & cm outros Medi- «o Kíftre Untto m Mouanh. LuÇu^.,
;

cos fe executarão femelhantes crueldades; 61 comofe a me- ^'^V'pli„„, „,„,, ., ,


,•

dicma pudera immortalizar. O


bom Medico nao elta no luc- 61 ita Didtmusapud Amon inMtUsf
ceíro,masemobrar o qo pôde fazer feliz } 62 devera Alexan-!'/^''?'-^^'
^'mjem.^o,
dre reconhecer o q ficou devédo a eílafciêcia,quãdoCntobo- ""
lo Ihetirou hCiàfetta de que morria. 63 A mefma, ou mayorex- «j Q^CurtJerel^ cyiiexJ.9.
cellenciamoftrouEriftrato, quando pela alteração dopulfo
dcAntiochojfilhodelRey Ptholomeojem prefençadeEftrato-
nia fua madrafta , eritendeo que a grave doença que padecia j
era arder em feu amor deshonefto j 6c tal foy o pay que ha en- 1

tregou, &: deõ ao Medico cem talentos. 64 Àfiifte-nos a medi- f>\'i^ul.Oelmn.tAtúeA.l6>


cina como mãy: trabalha por nos acodir, quando naõ a provei-- ^•"''"';:^''f,^'y'rt-
^ ^ •
'i-ii/'
tao riquezas , nem dignidades. 65
^ ' C 6^ Jjf dor l.d.ep. 19.
Matcma grana femperaaiílít,k,iiin<íí
i , . w-.j

15 Aquelles caíligos fe deviaó aos Médicos fó de barba , '""cuc fubicvarc ubi uuiia: diruia: , nuJU
como lhes chama hum feu elegante Efcritor, 66 aos quaes a ^""^ STfuo^.^n^^^
mula dá o grão , authorizados,6c vaõs, como eftatuaSipois naõ
fomente faó condenados pelas leys.quandomataó por impcri- ,

,, ciai 67 mas, ainda que acertem commettem crime capital," «7 tí.L.iilUttts^^mff dtofcJ>r^
,

'porque o fucceíTo foy acáfo naófólevaó compeccadooque/';^,^?"'^^'*"'"* ífHMg.^juji,


;

le mes da, mas também fao devedores nos homicídios.-hum (,6/,^«í. ^ " —
Juiz,pofto que grade Letrado, eftuda muito para julgar qual-
quer pequena caufa; 6ceftcs nadaeftudaó para julgarem, 6c
executarem as vidas j por iflõ vemos, que de ordinário naõ fe
logra nos filhos o que ajuntaó; porque o mal ganhado naófe
conferva em fucceflbr.
16 Tibério Cefar procurava efcufar todos, ^
tinha por
ignorante quem paíTando de trinta annos fe naó fabia curar.
68 Mas pudera enganallo certo enfermo,que fe achou maí to- 6% Era/m U.apophthtgê;
mando fera Medico a purga, que hum lhe havia receitado em 2íc«.-!nntf/./. 6.ad^/i,

'
'
outra occafiaó para a mefma enfermidade & lhe havia dado
,

faudcj qucixandofe ao Medico, refpondeo ellc He verdade;

^ue aenfermdade era a mefma , ^ a purga a mefma : porem ag a-


ratiaoãproveiíoUiporqueeii
anão dei. 69 Naó bafta faber os '
€9 ix w. Ungult. ftftrt Myê^a.
^"'^"""'^"«*í
iemedios,femfabercomo,6cquandofeha6deapplicariqual- ^,
^'^''^'^
quercircunftanciaakera.
í7 He
! , .

*i4 EVA, E AVE


,. 17 He loeoneceflario honrar OS bens Médicos, pela n&5
ptopcer necdfiutctn.
ceiudaae,( coHio diz oElpirito Sato yojneceriidaae a mais ur-
geííte, pois he da faude, coufa mais eíliniave] como cntiíiideq
•,

aquclle,q defejando outras riquezaSjRey nGS,5:varias felicida-


des, eUelódefcjava efta,fem a qual nada Te pôde Icgrar; &
71 G<ne/.4i. i j. afliiTi Jofeph jurou pela faude deFaraó 71 como mayor juramé-»

toj & inventando Pythagoras, queou m principicj ou no finii


Qu no fobrefcrito das cartas fe dcprecaflc laude .contentou efte
Goftume tanto, que fe ufa atè boje»
18 Deve-fe efcolher Medico bem afortunado : 72 na5
adverf.
71 ^a^ifinPtrefr.in^poiog. pQj-queafortUBatcnha ppder na medicina 75 ouem outra
hl mihi 141-
picdic celitmn
coula
^r
mas potfque, fendo
ri
eri-QCommum
J f it
d.eteruMhe
,

74 a-

7, Hippocrati.de/tc inhom.fr»pffi>t.
i ,

éfiJedecent.ornat. qucUa boa opínjaó quô o doente concebeo do Medico a)uda


1»- muitoa faude. 75 Aboa. ou mà fortuna do doente, diííe Hip-
?t D"/á^;ít"^^^^^^^^^^^
dam coníidcntia quim aeçretns incfc pocrates, 76 fó confifte em cahir nas máos de bom, ou de mio
,

coiicipit, natura iam deficieiiscoiiva-


|yícdJco. EntreosdeigualfcienciaaconfelbaCelfo 77 quefe

76 Hippoaat. de arte Bonara aegto- efcol ha O amigo, pelo mayor cuidado com
i.
que fe apphcará. E
fr«ibc»ium , q,^jj(5 ccrto
tis fortuHam contingcre , remcdio , diz O Ecclefiaílico, 78 he recorrera
'^trceifjl^r^V^^^^^^^ ^^^' cpmoentendeo, êc experimentou aquella mulher, que
ideo ciim par fcirutia (it ut iiiorcm
, ta- rccorrco a Chrifio , havcndo em efpaço de do2;e annos gaitado
mcn eíTe mcdicum am cum.quàm exua- quanto tinha çom OS Mcdicos da terra fem melhorar .
; 79 a
^^j^Ecciefiap. js. z. ADeo cft omnrs
SeTihor profeíTou que o era , & que vinha curar os enfermos ;
jncdeia. 80 M^dícodo corpo , & d*alma j curou muitos , ôc quer fem*
curar de graça, pondo também os medicamentos à fua cu,
11 Sl^xM*r\Ztt^c vji. Pre
81 //,j/.4}.vEjusliTOEcfi»attfainus. fta, 8í Scmremedios penofos,femdilâçoensdeterapoalcan*
p«r.í;f .1 c.t.«, 14. ça faude quem defeja farar, 6c na6 recahir; oh quanto devemos
túita , *uiíii. aqiiem poz noífa principal faude em noíía mão
19 He hieroghíico da Medicina, hua pomba eoríi hum^
ramo de louro no bicoyporque dizem que fe cura com etle knx
tindo-fe doente ou húa cegonha com hum ramo de ourcgaó
;

.vA>?V;>'^ porque com elle concerta o eílomago,fe o fente danado. %z


:ix p;ef>Jírw».<.i i.cr it. Também a medicina efpiritual fe mgftíou em figura de pora-
't}.í/atffc.}.ií.iKf.3'»*?<"'»'i- J*- badecendo do Ceo ao Jordão,
83

C A P I T VLo XLVIII.
Filhos que Âdao, Qf E^va tiver aõ, ^pontaõ-fe homem
que tiueraÕ muttos. Giga7ttes que houve» Se nos fe^
cuíos fajfados eraô os homens majores que nos pró-
ximos. Se erão de mais forcas, ^oca^/e o quefedijjk
dos Pigmeos.

i que havendo Adaó gc*


, c i principie.
'
f^^ Ontínúa O Tcxto fagrado,
nef.

I TettorMo^t. p.titJihtr , qu! mkltê \^ rado a Seth ( depois que gerara a Caim & , Abel ) vi»
*'Wr. .
L r ; vco maisoitoceutos annoSjCm qucgcrou filhos & filhas. Os ,
Tr,:aé^oPined»n.Monrcb.E.d.pu.
g^^^^^^^^^ ^ dizem,que pot todos foraÓ OS fiihos trinta &:
trev
,

PARTE I. C AP. XLVIlí. u^


tres ,6c as filhas outras tantas } nafcendo em aqiielles princí-
pios macho, & fêmea gémeos, para que pudeííem cafar; 7, 5 Pkèdafup.amjibuienf.
primeiro vinculo dos cafados, pois jànafciaó juntos; íc fun» ^ menapfo{up.d:chrtihtd4àei.c.^.A
damentoda irmandade entreambos: Irmiaefpofa cUm^ o Ef- ^t^tlIfutiSuí;?».,™ S..
pofo Divino àElpolalanta nos Cantares. 4 Asallegoriasdos rormeâfponfa.
antigos poetas faziaó a Júpiter , &
Juno caiados , irmãos j &
5 com titulo de irmaósfetrataó os cafados entre os Caftelha-
nos , &
entre outras naçòens. _ )- ^"^ ^'>''^^'
2 Porem a eíte pnncipio , entaojulto por neeeílario , fiíc-
cedeo prohibiçaó de direito natural fecundarioj 6 &fenotá 6 DehocbtèSanchdc Manimonj -j,
oueoTextoinfmúa aquelles cafamentos mas naó os decla- í^*,^^,
, l

ra ,por ia nao ferem imitáveis. Os nomes das rilhas de Adão


que me lembra achar em vários Efcritores, faó, Âfii)m(i,(^^ç~
mea, & mulher de Seth} Calmana, Save , ér Themec, (humz
deftas , naóíe fabe qual, íoy gémea, & mulher de Caim ) jÍ/jí-
ran , & Delòora, ( dizem que hCia deftas foy gémea de Abel,
G\icmonQoyirgtm^Rífan,Edoclam,c^Noaba.TnTitzèctres
foraõ os partos de £^'^} &c trinta & três os annos q andou CÃn-
y?í) no mundoem redempçaódopeccado original.

5 Naó foEaó muitos aquelles filhos dos primeiros payá^


çm comparação dos que tiveraó outros cm idades mais curtasj
deixo os que os ti veraó de vat ias mulheres, &
concubinas, co-
mo Gedeaó fetenta & hum : 7 Roboam vinte &: oito fil hos, Sc a,,^.^ - ©. —1
íeííenta filhas: 8 Acab fetenta filhos 9 Artaxerxes filho de
: s iJarànpm.ii.lu
Xerxes cento & quinze: 10 Silvero oitenta 11 Conrado 9 A-Kf^io.u
:

Duque de Mofcovia,oitentai 12 Sc hum Jeronymo> refere Ju- 5° pílthlapçphthf^,


ftino por authoridade deTrogo, 1 3 íeifcentos de huma fó mu- tt Ttyhr/u^ra.
lUnepitom.
íher; houve muitos que tiveraó vinte , S>í trinta de alguns faz -,
|."jj"^
J'
mençaó Ravifio Textor» 14 Húa mulher chamada Combe 15 i(efe7t tdemTextor ibiáml
Chalcide, de q falia Erafmo nos Provérbios , dizem que pario
cem vezes, 150 que parece incrivel. Em Lisboa conhecemos
António Dinis de Ayala, homem fidalgo, q de dous, ou três
matrimónios teve mais de quarenta filhos, 5c filhas.
4 Dividira Adam os dcfcendentes de Caim peccador, 16 Genef.é t.
dos de Seth virtuofo, porque a companhia dos màos naó per- ^^.Pl^^^^^-Ckryfi^ m Gen.hom.xzi
\cttefíc3iOshons.OsdcC3iimeTa6cham2iàoSijílbos dos homes, ig {órephÀlantiau.c.^.
comofilhosdaculpa:osdeSeth-F///7<?j'^^D^<?-v,comofilhosda ^'^•nchoiáfi.c^i.

-.,.,'_
virtudci 16 foytal a deSeth,'T-
,
queochamáraó Veos. 17' Pro- !' Í^^/;''7;
^o norat.l 4. d (te 4.
•iiibio tam bem calarem huns com outros , 1 8 porque os bons fortes crcantur fottibus nec imbellcm ,•

fe naó inficionaífem , pois qual he o campo , tal a fementeira p"^'^" :


^^'
quaes as flores, tal a tinta: qual o obreiro, tal a obra qual o la- if?jp.4"x"'.f/° "*°
:

vrador, tal a cultura. 19 Os cervos naó gerão Leoés , nem as ^* Matth.-j.j.hzhozhwa fmílusb©
Águias pombasi 20 os filhos faó ramos, Sc os pay s raizes; 2 1 aus^fSc. '"'''' '""^"^ ^'''°' "*'''' ^"*"
feriáo os frutos como as arvores > 2 2 8c fobre o natural obra- ij dcer. j dt ont. Duo iiia noj ma-
.

rianoscoftumesoexemplopaterno. 22 £/p/z«í^//i;<?f( dizia ^'?^"'°'^"^'fi'"''^"^° &excmpiu. >

Flauto 24) ^f ^;«;..ír#« ..//te? He verdíde4 nifto ha ex- S;


*:Í*T:;lâ^^^^
ceiçoens,como Jonathas, Joas Ezechias , &
Jofias , filhos dos ^
marf^.verho, rtoninjamatí.

Ímpios Saul, Jorâo,Acház,& Amójforáo vircuofos;Cham fi- ^^""^'^'^''^ tumiratisfi


p„^jJif/S?
S lho
)

»,<5 EVA, E AVE


IhodeNôèjEfaii de Ifac^Amó, &: Abfalão de David, Joraãde
jofafat, ManaíTes de Ezechias, filhos de jaftos, f©ra6maos & ;

aílim feriaò alguns defceodentes de Cair» & mao3 alguns


;

-.,; . * j-a *•• j dadefcendencia deSeth 3<íj mas a res:raíe faz do mais com-
úenti.jtSi.\z.n.\.infi,t. inuiii 20 tamilias em que os bons le coi>rao,lao abomma.
>
16 i.rt<aOT ad tajfÀc itgih.
vcís j as cm
quc fc contaó os mros naó deixaÓ de fer boas.
.

^ Mas diz o Texto , 27 cjoe vtrtáo os da família: die


47 Mf/. .c. .i.
Seth, que as mulheres da famiiiad; Caim eraôfermof as, vttí
fifflfecafáraócomellas. Entre as filhas dos de Seth, também
haveria fermofas; mas as outrr s o pareceriaõ mais,porqueeni5
is Nitimtuinvctitum: prohibidaSi 28 &
as que naófaó filhas da virtwde, tem fermo,-.!

%9 Thccdíuin luraque engana com traças. S.Thcodoreto 29 entende que


Qen.<t 4?.'

çom muficas namorarão as defcerideníes de Caim aos de Seth,


&naólhesfaltariaó outros meyos.
6 Profegue oTexto , que daquclles matrimónios nafcèraâ
Gigantes de cafamentos por amores , muitas vezes refultao
. •,

}o Bí»jfíí/(fíPírf>-.jnGíi«!f/:/.8.«.iii.monftrofidades Tiveraõ principio na Cidade Henoch, ^o


CT- 16.
1
que fundara Caim 3 £ &: ainda que em alguns lugares òzÈÇ-
;

íiXD^arj/Sí/.re/ m k /rd«fo entendem varoens fortes, 33


critura fanta, ipor Gigantes fc
in Camp.Eiyf.q-í^ n. g. propriamcntc de Gigantes na eílatura.
ncfte falia
D.^ngJeCh.DeiLiyc.9.Caf-
,5 Conftaquedecntaóatéosfeculos proximoshowrefem-
}4 iW'"' ^ reprobíitPerer.d,i.i. preGigautes; 33 pcltoquealguem dine,queosnaohouvede«

M.117 pois da vinda de C^rí/?í? Senhor noílo. 34 Os Poetas gentios


11 ov*•Í.Jl/!í«m^J.er/íj^.J.^'/rJ</. lhes
deraõ vários nafcimentos, de que trataremos nafcgunda
^neid.6. parte} 35 aqui bafta dizer, q fingiaõalgunstaó altos, quede
Ubi csiifcr Atlas. Atlas diíieraó| Que fuftentava o Ceo nos hombros 26 qiic -, &
Stat.Thcbêtdl.%.
/iftrifcrumqiiedomosAtlautafapcrnas
,->..,
1 icio lançado em ^
terra occupava
^ ^
quanto nove ..jl
juntas deboys »•

ferre laborantem. podiaó lavrar em hum dia i 3 7 de alguns fabularão que tinhaa
Nc^nfu T^um!"íuft«:a «ovem per cembraços , comode Briareo, 38 de fcu irmaóGiges, 39 5c
jugcra corpus Torrigitur. deEgeo , accrefccntandoque tinha também cincoenta bocas;
s virg.jii^ra.
} ^ (Alguns Quereni 41 q ue cfte fofle o mcfmo que Briareo.
.

Horaii-carm. Coltumavao pintallosco pesdedragao,dode Ihesdavaoept-


Ncc d reíurgat ccntimanus Gigas, » teto de ãízguipedes 3 é^ferpeiitigenas i para moftrarem que nada
c^mim^numqul Gygen. tínhaó de fublime,& re£to,& que em paflbs torcidos caminha-
'

40 y>rg. ^r.eid" o. vão para as cavernas tartareas. 42 Os mais celebres nas faba.
^^gxo«qua!.s centum cul brachia Ai-
,
j^g (^^ ç ^j^^^^ ^^^y^ nomcados ) Tyfco , Japeto , Alco, Efial-

ce"ntêiwquematius,quinquagintaoii.tes, Encelado, Polyfemo, Antheo, Aftreo, Porfirion , Ada*


busignem. maítor , & Numas.
íí:^'Z!^:f& ^gxonis 8 Na verdade da Efcritura lemos, que o Rey de Baíaitera
cnfcs. de cafta de Gigantes, &queemRabbathfemoftravaofeulci-
Gi^ln^''^"'""
•^""''"''•^"'' ^' *• ''*'
to, que era de ferro, &
tinha novecovados de comprido , Sc
f^'f«awfowwHío40v,<iJi/e/aw./.iji, 5. quatro de largo } 43 &: que o Gigante Goliath era de íeis cova-
41 iiaexpiur,iMucrob.Satu>n.i.£.io. dos, & hum palmo dc altO; òc as armas que trazia eraó de
^4» Dífiíff.j.ii. pezo, que não íè pudera crer, fe o náodiíTera o Texto fa-
grado. 44
- 4* wi^'^. 1$. 9 Nas hiftorias humanas Arthacus Perfa, no tempo dc
Xerxes, tinha de alto cinco covados: outros tantos tinha Elea-
zaro Hebreo , q Arthabano Rey dos Parthos mandou a Tibe-
1; ' rio
.

PARTE I. CAP. XLVllI. 117


no Cefar Ort íles íete , Arn irbas
: Bebricio oito , HaríbbcnQ
nove, Gí-^iiiagcg doze. N
o Pcntificado de Clcrncnre VII. Í3
achcu o cadáver de Fallaníc, filho delRey Evâdro, cuiagenti-í
kzaencareceoVirgiiio, 45 (pofto que fabulou que fora quei- ^^ j/ifgj^nndixi.
raado } &: era taó grande , que levanrado era pè podia che-
•,

gar às amcas dos muros de Roma. 46 Com hum terremoto fe 46 P.AUndoçaiHvtndn í.4.frobíe>H.
ddcobrio em cerco monte de Creta hum corpo de quarenta & ^-^ ^•
feiscovados; huns imaeinaó que era de Orion, outrosode ^vlj o ; • ;

Oton; 47 oquefeíazcrivelefcrevendobantoAgoítmho48p/.«/.;.f.i6.
que na coíla de Utica, ou Biferta vio hum dente molar de hum ^f*""/"r j
corpo humano , que lhe pareceo teria cem dentes dos noíTos. "
''^'
'
'^' " ••'H'*
'*'

Francifco Draic Ingrez , quando foy roubar as índias de Ca-


ftella, achou Gigantes de três varas de alto. 49 Na famofa cafít' ^9 i„i, cahrera n% hifl. iEl^ey o,
de Anatomia que tem a Univerfidade de Leyde era Hollanda, -^'^(/'•^^•^•i»-c.i j-
vi encoftadas à parede três , ou quatro ofTadas de corpos intei-
ros, que teriaó a mefma altura, &; rae difTeraó, que haviaó fido
mefmas índias.
trazidos das
, IO Geriaó, que no antigo tempo reynou em Hcrpanhá;*
vencido porHercules nos campos do Mondego.aonde o lugar-
da Geria conferva feu nome , diíTeraó os Poetas , 5 o que erá ^o vir^ ji é.
Gieante, & com três cabeças o que entendem os Huloriado- <5°'go"^s Hirp^rquc
-,
, , & forma «i-

í€S, 51 qle tabulou de lerem tres irmãos tamcoriíormes, queTerçemmineceGeryouis,


..pareciaó três cabeças regidas por huma fó alma; ou porque ^p°'í;íq^i« í^peibus.
çra homem de grande confelho, ou porque fenhoreava três f.^.'j.'^"'*^/*(^QjJ5 11,^^1
Reynos; mas eu o naó avalio totalmente por fabula; pois o Forma tnpicx.nec forma
Chronifta Fr.Bernardo de Brito < z efcreve, q^ic em Portu- «'pi«^M, Ccrbete, movit. .^' _
,-

galjunto debraga nalcerao dous menmos,caaa hum com duas §.7. '8

cabeças , & em outras partes fe vio por vezes o nfisfnio & hum ^>''"°> Monarch.Luftp.i.l, i. (ãp.io,tii
;

com quatro cabeças &: outro com fcte , ao que os Filofofos, ^^T^Britofup > x. i é.c.9.
,

& Médicos achaòcaufa facilmente. 5^ Lembranle, que no an- 55 franco inCamf.myf. ^.4,^.n.x4^
no 1620. poucomais. ou menos, viem Madrid bitm moço que tt ^/í^* c . ^
iç moltrava por dmheiro , com duas cabeças, & andava jugan*-
do o toque emboque. Depois o tornei a ver em Inglaterra no
annode i64i.&entaó com mais idade,&:juizoonotei melhor,
& lhe fiz perguntas era Genovez , de vinre & cinco ou vinte
; ,

ôc féis annos, bem difpofto docorpí oroftoda cabeça prin-


:

cipal muito bem figurado, com feu bigode ; 8fvefl:ia galante,


de feda com fua efpada ; do peito lhe fahia a outra cabeça com
feu pefcoça,& parte doshombros de outro corpo,como deita-
da de coitas ; o rofto dcfta era groíTeiro , mas perfeito y citava
fempre com os olhos cerrados, como qU2 dormia; fe o laftima-
vaó, moítrava doerfcj & o principal o naó fentia. Eíte a fuíten-
tava com húa toalha que trazia ao pefcoço & andava ríiuito ,

leve , & defembaraçado; do que comia fc fuítcncavaó ambos,


fervindo-fedehum mefmo eftomago. E aílim naó feria mui-
to que Geriaó com três cabeças reynaíTe , 6c pelejaíTe com
Hercules.
1 1 Houve outros homens de grande eítatura. Agatho
iíi,. . 1, S i) Athe-
,

^^% EVA, E AVE


Athenienfe, imperando Adriano, tinha, de alto oito pès.Gaba-
ra Arábio, no tempo de Plinio, mais de nove : Pufio & Secun-
,

dilla tinhaó dez pès de alto Poro Rey da índia , a quem Ale-
:

5 and ce venceo , tinha quatro covados , & hum pai mo: ao Em-
pera lor Maximino ferviaó de anéis os barcelletes da Empera-
'54 Textorft^. tumílmÀXfx. l6. triz fuamulherj 54 & com tudo naófe avaliarão aquelles ho-
me as por Gigantes •,do que parece que em aquelles feculos
cr*m os homens mayores que hoje, pois taes eftatuas fó fe no-
ta vaó por grandes ; hoje outras muito menores fe moftraô por

admiráveis. No anno de 1669. vi em Londres huma mulher


que tendo dez palmos de alto, ganhava muito dinheiro em fe
deixar ver j & em Irlanda no porto de Kinfaile, no mefmo an-
no, me moftràraó por coufa extraordinária outra mulher do
campo, quafi da mefma eftatura ; ambas tinhaò muito bom
parecer.
12 Efta queftaõ tratou eruditamente o curiofo Gafpar
dos Reys Franco, no feu agradável livro , Campo Elyfio j 5 5 &:
5j FréncêufCamp. E'yfq.íf.
refolve, qucnemniíto, nem em outras coufas fez a natureza
mudança.Mas o contrario fe lè exprcíTo no livro quarto de Ef-
dras, q pofto q naó he Canónico, té grade authoridade, dizen-
ijtf B/áf.M^V-i-í do: 5 6 Confideray quejois de menm' eJtaPiira que os queforao antes
de vos ; é^osquevosfaccederemyferaodemenorquevos , qudfi
envelhecendoje as creaturas , & pajfajtdo a fortaleza de fita moeu
\j 5«f>.f.4Í.».7'
dade. He a mefma razaó que jà demos 5 7 das vidas ferem mais
curas. Jà em feus tempos o notàraõ Homero , Juvenal, Plinio,
^i Htmtr.afuàviinj.i.cit, Santo Agoftiuho, & outros Efcritorcs. 5 8 VefeemMarfclha
^enai fatyr.is. y^ xlcFrançaa cabeça de Santa Maria Magdalena muito mayor»
^['^tgM civJ3ei Lis.ty.
*
^ que as das mulheres ordinárias j 5 9 & do que o fagrado Euan-
c/í/y a^uà Franco in cãp.Eiyf.q.i^.* «•
p/«.^*,Aío«ar.fc£.cíe/:p., c u-s^
J. gelho diz dcfta Santa, parece que devia fer proporcionada,
&
fcrmofa. Notcína Seda Cidadcdc Compoftelk em Galliza,
i,<t ViUegas, fios Stnâ. vida dt Sana. quc a Iioagem de bantiago , que em meyo corpo elta no Altar
iiíjm MoidaUn.adfn. jTiayor, rcprefcnta homem quafi agigantado^ diíTeraó-me, que
de tempo muito antigo era daquelle modo } & he verofimil
que fe faria reprefentádo a eftatura do Santo ou a de qualquer
,

homem ordinário daquelle tempo. O inílgne Patriarca Sa5


if _ Bento, que era de gentil com poftura no corpo, tinha dez para
« •
Thomàs na onze palmos de alto. 60 Parece que iftofe faz indubitável pe-
(o Dcutor Fr fotfí de S.

Bewediâi naLufu.no fim do tom, i los mayores oíTos que fe achaõ nas fepulturas antigas. No an-
no de 1634. mudàraóosReligiofos de S.Joaó de Tarouca da
Ordem deCifter a fepultura do InfanteD.Pedro, filho de noífo
Rey D. Din's, 6c fe achou inteira a armação dos oíTos , tendo
de comprido quafi onze palmos Sc meyo , & foy em feu tempo
avaliado por homem de galharda difpolrçaó. 61 O
mefmo fe
narck^lul^fluií^^^^^^
"' vè pelas armas de alguns Reys, q fe coníervaÓ em templos co-
jnotrofeos de fuás vistorias. Na Igreja da infigne CoUegia-
dade N. tye»Ã<?r<í da Oliveira da illuftre VilladeGuimaraens,
cftá húa vefte que o memorável Rey Dom Joaó I trazia de-
baixo das^ armas j que moftra bem lua grande eftatura. No$
Kcacs
, .

/O
2/5
PARTE I. CA P.XL VIII.
uí>
RcaesConventos dç SantaCruz de Coinibra,4-lcoba.ça,iSç em
oneras partes fe guardaó eípadas,maíras,& arniadiiras, qup eira
iiUpofllvel fervirem a honiS delie tempo, Londres uàígjiç- Em
ja 'de Uvesmeíler, que fDyiiobiliíiimo Convento de Mpnges
Bencd^£tinos,,6c hp fepjaUiifAdos R.eySi&: no Caílelío,^|í^çp
deÚvinfoljCinco Icgoas d:^ meíinaCidade^vi efpadas do§2vç;ys
antigos.domcímo pezojôc.g/andezajdoque fe legue c|ue tam-
bém os ca valíosçrao fwwitQ^iais^ corpulentos &: farçofps que ,

hoje ; pois de oiitf a fiianeifa nap eraó iguaes a t^nra carga,


"13 ConErma-íe com cjue em boa propprç^ da fjti]^|fi^,

abrindo o homem os braços, & & .42víQS,


eftendendoniãoíl?
eda braçada he a medida dp, ília eftarura; 62 & detcmposan- é?. Pjdr.>Mcxi.i>i*SybAdev[!t.i:sJÕ
tiíJ-ps Hcou introduzido, no q fe mede por braç^asjf.izellas de ^ -•«• í^^-

dez pai moSi(poÍLoq hoje os braços, & mãos eílendidas \ião


chegapatafito} llail dequeentaófaziaóaquella medida, .j^
por çonfequencia^s eílataras ordinárias er4Q de dez pajn>06
4ehoje. ,

;.

.
14 Naó dizerem os antigos, queap,erfeir
fa^cciQntraifto
pà cft,atur:; era ao Riíí.r.os de féis pès & que naó paíTaíTe deTetq,
,

63 que vinha a fer íete paj-a oito palmos fendo pès geometn- « Ahxiafuf.cx Vuruvio-, o- yegctio
, ,

"
cos, de quatro palmas de mão, cada palma de quacro dedos
de largo: & fediZjquede taleftaturafoy C/?ni?(?Senhor noíTo^
64 pelo queSuetonio 65 chamouaOítiviano de n^^eãeft^j- (>i Matute na propp.de chiloiisde
tura,fendodecincopès,&humdodr^nte,fquefaÓnovep3rtes T-^^^^/^^Wr
?.A« /^.r/. na hiíf.4, ,

de djoze) avinha a fer de fere palmos, ou poqco mais, oque «.//isj^fcorci f.44.».i. i

tudo naó difcrepa muito do que temos hoje. Porque fe r,efpDn- ^ ^"^"""* '" '^'^'^''Víjw»- i

jde , que pois diflemos que as eftaruras daquelles tempos eraó


jnayores fegue-feque os pès o eraó & aflimosqueferinala-
, 5

vaó à eíl-uura pecfeyra, faziaó mais que os dç agorai Sc.no SaOi-


toSudapío deC^n7íí»Senhor noflb fe acha comoiiíTíentQ de no-
ve palmos de hoje. Corrobora- feeílarepofta, vendo que Píi-
nio com Varraó 66 nomea a Manio Maidirio, iâç a iVÍgfco c^ p/udLjcis.
Juliopor notavelmente pequenos, dizendo qyp eraó de dous . .
.

çovados de 4lto eílatvira que hoje fení^pnotaià por tam pe-


;

quena, como elle a nota.


15 O
mcfmo procede nas forças; forap-fe diniinqindo
a. proporção dos corpos. Com Virgilio o advertio Santo Ago^ ^,^ ,v;y^, yí./f/á.i t

ílinho 67 Galeno o reconbsceo para os reuiedjos, compa vívííí.j^íccu hh Ccx ccnkes fiibirent
y

randoofcutempocomodeHippocratcs } 63 & beín fe mo^.^^-^f,,;^;''^"*^ ^^°™''"''™ P'°'*'^"' '°^P°'


ftra nas armas que diíTemos, das quaesferiiumpoflivel uf^i- D.,ji!gu'^^.d.!.i<,. c.9.
*'^ (rJc-:.c'j!K:>'cnt.z.defr,-iã.Uxt. ty.
hoje.
^" ^'/""'"•is.íj/jt- 30.
16 He
verdade que vio a noíía idade homens , quepon-
.'do a mão no peito de huni cavallo no ímpeto da carreira o ia- ,

ziaõ pararrque fugeitavaó,& derribavão hum touro pegandc-


Ihe pelas pontas: que com hiui máolevantavaó por hum, pè
hum bofete que com os braços eftendidos fuftenravaó em ca-
.•

da palma da maó hum homem , & tomavaó, & manejavão pe-


itos grau diffimos j vemfebplaviii^quedáoíiiltoseftupendos,

Siij &V0I-
lio EVA, E AVE
ôc voltando o corpo, exercitão forças admiráveis.
17 Porém fe para a regra geral fe pudera argumentar de
cafos particulares , a antiguidade nos deixou exemplos mayo-
res fem contarmos Samíaó myfteriofo, nem Hercules fabulo-
,

fo cm parte. Milon natural de Croton, Cidade de Itália na Ca-


labria.corria de apofta com qualquer homem hum eftadioRo-
mano (que fio cento & vinte & cinco paflbs) fem tomar o
alento, levando às coftas hum touro vivo, & ganhava o preçoj
«9 Mtrtafu^ã it. r^ Ôcmatavahum touro com huma punhada. 69 Mas hum Ti-
Íi*iAeCMiiihohi!Ldo^Godosi.i,.d;fcurf.^.
termoapoftandocomelleaforças, levantou hum penedo que
íyíírtà.i nos lufares com.veil>»,Milon. %/fi j ^ i_'_x^^o L
petevemaoem hum '
70 Ceiim iiic.69. Milou naopodc mover porhu ,
6c touro
furiofo, com admiração do mefmo Milon. 70 Polydames no
Reyno de Dário (filho de Artaxerxes) de quem foy eftimado,
também pegando no pede hum touro furiofo, otcveatèq lhe
deixou a unha na mão ; 6r detinha os carros correndo a toda a
ji Ceiius i.y^.i^i. fúria de quatro cavallos. 71 Seleuco NicanorEmperadorde
Afia foltando-fe hum touro que eftava para fer facrificado , o
,

teve com a mão por húa ponta , como fc o tivera atado com
7tGeHebrar4.chroneL/.x. cordas. 72 Tufio Salviofubiacfcadas levandonos pès duzé-
tos arráteis , nas mãos outro tanto , 6c outro tanto em cada hó-
7j Plm.i.7.c 10. ^j.Q ^^ Phnio conta, que vio hum chamado Athanato pafl^ear
f4 Piin ibicitm
"° theatro veftido de cincoenta couraças de chumbo com , &
hunsçapatos que pezaváo quinhentos arráteis. 74 Efcreve-fe
75 Text9r In of.c,H.p.i.tit.forti(Jtmi,ex
Togocr Heródoto.
75 que Cynegiro Athenienfe,na guerra contra osPerfas,dete-
^e com a mão direita huma naocontra a força do vento fen- :

dolhe cortada a deteve com a efquerda


, &
fendolhe também
:

cortada, a deteve com os dentes , pegando cm alguma corda;


então erão as nãos barcos ; mas ainda aflim parece incrível. O
corri:i mais que hum cavallo 7Ó De
76 Marian.hifí.JeEfpanh 4. c.9. imperador Maximitto
/.

ij Pán.d.e.io. outrosadmiraveisemcorrerfaz menção PHnio. 77 Amelon-


go, foldado de Ramualdo Rey dos Longobardos , com o bote
de hum bordão tirou da fella a hum cavalleiro Grego, &: o lan-
çou para O ar por fíma de fua cabeça. 78 Outros exemplos traz
78 Textorfupr ex PaukDhton».
7> Tcxtordt,t.foruM. Ravifio Tcxtor 79 Sc n.ío fe podem referir facilmente os
,

io St9^./erm.í9.ini.t»m. quehamais. Atè de hfia velha Grega conta Stobeo, 80 que


trazia hum touro nos braçosj tinha-íe coítumado de quando
era bezerro que mamava.
i8 De ferem hoje menores ascftaturas, 6c forças não fc
feguç neceflariamcnte quehajão de ir diminuindo ao mefmo
paflbqueatègora, 6c em confequenciafevenhão a aniquilar
cm breve tempo , como argumentão os que dizem que nellas
não tem havido mudança. 81 Porque aíílm como nos primei-
Jrfi^tZr"'''^'*""^^''^''''^' rosfeculos
obrou a Divina Providencia para as largas vidas,
81 Sup.c./^c.nt i. como cm feu lugar diflfem OS 82 aíTim obrara q não ícdeftrua a
i

natureza em quanto durar o mundo, decrefcendo fó atè certos


limitesjôcaílim vemos que jà de dousfeculos aeíta parte não
houve diminuição notável.
19 Parcceque fe deleita a naturezajugando, ou zomban-
do na
cil9

PARTE I. CA P. XLVIII. tu
do na variedade de fuás obraSiaUim comofez gigantes, & ho-
mens de grandes forças faz enaos, & talvez animofos. Qiian-
,

dono anno de 41 7.deC/?r//2í;,os Godos matarão em Barcelona


a feu Rey Ataulfo, hum enão chamado Bemulfo lhe deu a pri-
meirapunhalada. 83
20 J^ az rigmeos , que tem fo três palmos de alio : rhnio dijcmjio.
cfcreveo, que habitavão na ultima parte dos montes da índia;
&:diflecom Homero j&:Ariftoteles,& o tocou Ovídio, 84 q «4 pn,, j c.t.adfn.&-t. i 10. c.t-.h
tinhaó guerra com as gralhas, contra as quaesfahiaõ com ex- P""^-
ercito , cavallciros em carneiros ou cabras, armados de fettas^ f^'^'XÍ^ui 'Jm«'/
,
Tc.lí
& alTim baixavaó ao mar a quebrar os ovos, matar os pequenos ovid.Maa/nj. 6.
)S daquelles inimigos, para os diminuirem
fllh &
q faziaô ca-
;

das pennas , & cafcas dos ovos das mefmas aves , ou viviaó
ías
em cavernas da terra. Os Filofofos 8< alíirmáo, que ainda „ ^ j n .j 10
que tem feição de homens, O naoíaov porque nem tem razão,
nem fabem difcernir-, mas que tem boaimaginativa.Tambem
Avicena,& Santo Alberto Magno entendem que os ha; Car-
damoj, & Marco António Aften o negaó. 86 Poderia havellos S6 i^^ieredi^s opi»io:s Vt na nocom^
em tempos antigos , pollo que hoje os naó haja ; como houve mera. ovidMn. a 1.6. «. 5.

muitos homens de duas cabeças, &c hum fó pè tam grande, que


com ellefereparavaó do Sol outros; & mulheres fem cabeça
com os olhos muito grandes fixados nos peitos outros com ;

hum fó olho na tefta o que além do que efcrevèraõ Plinio, &


;

outros Authores ,87 authorizaJuliaódeCaftilhonahiíloria ^npi-ndi-jct


dos Reys Godos comteftemunho de Santo Agoftinho.quc Hu-ron cn^s msjfcret.^fít tr,iã 5.? 7.
,

^ * Cajtdhaiui, 1 .d,[curf s.aiipnd


conta que os vio indo prèear a Ethiopia. 88 1

*
T..
• P ^ ^ S. .J^oltnhani ;. parte o ejpelho de coK'
<

21 Mas que pouco importa ler pequeno, ou grande no /o/, jao.


corpo, Sc nas forças/ a grandeza fófe mede na alma mayor :

era (confiderou S. Joaó Ch ry folio mo 89 ) David que Go- g, d. chrvfcll.h^m. 17. proi>.fia.ad fo.
liath ; naó louvemos, nem vituperemos (diííe o Efpirito Santo fui.Anúu tu <^.iom.
• no Ecclefiaftico 90 ) pela apparencia ; que pequena he a abe-'^^^^^\jí ^ „ ,

lha , & tem o prmcipado de doçura entre o que voa que íe lez ;

daquelles gigantes na eílatura, & de tantos gigantes no poder?


9 1 Muitos pequenos, de que o mundo fe ria , eftaó mayores q 9 Biruch ;. lé. ubi laat pnncipes
1

cllcs; o que importa he fer srande no Ceo , &c para ifto fe ha de g«nc'"'^/ s:c.
lerelpintualmente pequeno na terra, 92 òc o mais pequeno, p, Mmh.izjn.i.
fera o mayor, 93 como Francifco Seráfico. Saó Chriílovaó
naó hc hoje grande por haver fido agigantado , mas por haver
fido muito humilde. Do que fe tem dito da humildade bafta , ,

repetir o que notou o grande juizo de Santo Agoítinho que .•

não nos encomendou C/:?n7?(?, que aprendeíTemos delle mais ,

que fer humildes como elle o foy 94 he o fundamento de todo Jí


o edifício da grandeza.
:
'^n^!ÍS:.Í<^:X
Exemplum enim dcdi vobis &c.
^%
,

D.íylK^.deverb.Dom Difcitc á me &c,


,

Ccigiias nagnam conft ucre fabricam


celíitudiíiis ? de fundamento pnui cogita
^^„ humiiitacis.

CAE
, 1 ^

11» EVA, E AVE


C A P I T V L O XMX. '

Cowo OS homens fe defra'vàyaÚ em peccados^^tlos Cíifa


mentos c^uefixerao. Trata-] e com exemplos dos
males, & be?is que^vieraà^o marJò por
mulheres,

I A Epoisda feptima geração do mundo começarão csj

_1 ^ homésa deprava todos geralmente cm peccadc.s


rfe

1 ^úfcfi}.de ai:iq l i.c.^,


I Mortos Adam , & Eva , fe confúniàraó em toda a maldofic-,
5 Theodnret.inGrn y.47. parece que o refpeito aos primeiros Pays hes era algum freyo^
1

Bened Pcrei.in Geri, Li « 6.


ainda nas partes mais remotas. Diz o Texto fanto , 2 que ei*a
i Genefó. j-
muitaamalicia, 6c todo o cuidado intento íempre ao mal. E^
,. „ v/o .,.-.- que fanoíTo modo de fallar, por femelhançaj&efl-eito 2} fen-
,56. tioDeosiltonocoraçao,8clnepezoudehaverieitoohomem;
4 PimiamMonarch.E(ci p. 1. l.i.c.
grande encarecimento, amado-otanto. Os Efcritores4 decla-
M-§J-
raô, quefecómettiaópeccados taó horrendos, que refcrillos
ofFenderiaó os ouvidos j atè as tenras crianças arrancavaó dos
peitos das mãys para alimento regalado.
Moftra o Texto , que procedeo efte mal de caíarcr.!
2

5 Dijfcmos acima f.48 » 4 CT* 5,


asviciofasdefcendentes de Caim com osvirtuofos deSeth^5
6 Franc.de S4. de Miranda na M»g» coufa notavcl, quc as mulhcres cómunícaíTem o mal , & os m;;
,

oihcadahurn^rfi, f**-*-*'ridos nãocõmunicaflem obem a doença pega- fe, & a faudf, :

obcmnaóhecomotmha, nãoj 6 & as mulhercsfaó maís tcnazes em crcr, maiseffici


Na5 íc pega uô afinha 2es em perfuadir ; 7 faõ Sereas que encantâo 8 mal fe rei
o mal pode ler que n. /L^r i^ j
t^cau/a aponta franco inCamf.Eiyf.q. ucasluasrazoens.' 9 acabao O quco demomolc nao atreve ai»'
-r-^
:

i6.»io. intentar j não fe atreveo eile a perverter a Adão , & o negocioi i

ln"f^l!nrr^''':f''"'"'^' pelamulher. lo ^ . *
9 D.Bafã.i.deaj^irAd^erf. 3 O mal
quc Luripides deícjava alcus mimigos,rra, qu:
,

^° ?" astiveíTem por inimigas; 1 1 porque faó mais feras qucasíl:'-


'j •

Qdi
\\ Eakfiaa xsÀ'.Commo-aúUo. raSjdiíTeo EfpiritoSantopelo Ecclefiaftico 12 os dragoens :

ui , & Draconi piacebit , cjuàm habitats & afpídcs tcmèraó ao Bautifta I g & Herodias o degollou i .>
: :

'Tr«!;"S;;,í...t«».,4.;w,.os<^""osaUm & Jezabelopeífegmo; I, -.v

m tm.
<ciiat.span.Bapt quellc que
i. refufcitou mortos, fechou, & abrio as nuvés, trouxe
14 Matthi^.Marc.ó. fogodoCeo vooucm carro dc fogo, & naó vio a morte fó a , ,

iJ }.j<^*.'i9.
mulher temeo; i6 & eífanãorefpeitouoferviço que elleli
17 ?.i<j-^.i7.ç5'i8.er/.4.f.i. zera livrando de fome todo o Rey no. 17 OsLeoens perdoarão
18 Da». 6.
a Daniel; i8 a Baleafalvouajonas j 19 outras feras fç mo-
19 fo n.i.
IO Diffemosno c.m.n.it. ftràraó agradecidas; 20 fóá mulher nada move. Naôn.o^co
a Dalila ver-fe tam amada de Samfaó^para deixar de o deílu i) >
não fe obrigou de fua gentil difpofição , nem do valor com que
defpedaçouLeoéSjCom que matou mil inimigos có a queixad;t
de hum animal morto, com quetirou,&: levou fobre íeus hcv.-.
bros a porta da Cidade nem de fer tam favorecido de Deos^q
,

lhe deu fonte milagrofa para fatisfazer a fede ; a tudo antepoz


%l judiei 4 tumfeqq. o dinheiro que os Filifteos lhe promettcraó. 2
4 Entre
PARTE I. CAP.XLIX. ti^
4 Entre os animaes ( notou Saó Joaó Chryfoftomo 22 ) n D.chryf(lomMom. \4
nenhuma fêmea mata a feu macho, fenaó amulher. Albinafi- .",^

lha de hum Rey deLydia teve trinta Sc duas irmãas, que todas
matáraó feus maridos 21 efcreve-fe , que Danao filho de Belo
: .
^í ^oi^tman-apud TcxtoT.in6ffic.p.i

teve cincoenta ninas que calarão com outros tantos n lhos de


Egifto , & conjurando-fe todas , as quarenta & nove matàraó ^

feus maridos em huma noite fó Hyrpeneílra perdoou ao íeu


}

chamado Lynceo. 24 Ryfimunda filha de CuminundoRey ía Senec.tra^.jnHercuifuT,


^'"'^' '''""' *^'^" ^'*'
dos Gepidos matou dous maridos, qforaó Albino Rey dosLó-
gobardos, & Hemilge , que foy o Segundo 25 mais moderna-
-,
15 p.Mcxia nafjh.dc v.v.iií.U.e.xi,
mente Joada , mulher de André Rey de Proença, filho deCar-
losRey de Hiigria, enforcou ao marido ajudada de outras mu- 16 Mexia fupi.í.c.i9.tnfin,
IhereSj 26 muitas outras aponta Textor na fuaofficina. 27 ^7 Texiorfupra,

5 Muitas vezes fuccedem outros exemplos, mais abomi-


náveis à vifta, do que maridos fizeraó pela vida de fuás mulhe-
res; 28 entreosquaeshememoravelocxemplo de TitoGra- „ j^jrrr »^ .

CO , que achando em lua caía duas cobras, macho , & íemea, &
dizendolhe hum agoureiro que fe matafle o macho , morreria
elle primeiro q fua mulher j 6c fe mataíTe a fêmea , ella morre-
ria primeiroj matou o macho abreviando a fua vida por alargar
a da mulher i naófey ( diíTe Valério Máximo) fe maisditofa

cm haver logrado tal marido , ou mais miferavel em o perder.
6 PaíTaó a deftruir, ou perturbar Reynos,&Monarchias.
AíTyria o vio em Berenice , Troy a em Helena Lacedemonia
,

nas donzellas Cedaças de Thebas os Samios em Afpafia, Per-


,

fepoli em Thais Judea em A thalia, Egy pto em duas Cleopa-


,

tras , o Império Romano em Agrippina ,& em hiia das Eudo-


xias, o Grego em Theofane , & duas Zoes, o Alemão nas duas
mulheres de Otho III. França em Fredegonde , Brunichilde,
Judith, 8c Leonor, Hefpanha em Florinda, ItaUaemMufo-
nia, Inglaterra em Anna Bolena.
7 Muitas fearmàraó contra Deos, &
feusfervos. Amu-
lher de Putifar contra o cafto Jofeph j Jezabel , &
Herodias
contra Elias,6c o Bautifta ; a EmperatrizThcodora cótra o Pa-
pa S.SylverioiEudoxiaEmperatriz,deílerrando.& reduzindo
à morte oPrincipe daEloquenciaChriftãa,JoaóChryfoftomo,
efpirito de Paulo.dc quem fé profeífou devotoj 29 Juftina mãy ^9 D.chryfhli.hom.it.inGen.iãfín.heãi

do EmperadorValentiniano júnior favorecendo oArrianif- -^^:.t'«£i^^^^^^^^^


mo. hlcufa-íe relação de outras na lembrança de Eva que ar- ,

ruinou o marido mais fanto , &z o mayor Império temporal, &


efpiritual , como imos defcrevendo foy ferpente para todos,
•,

*.**comoa.krptntcpãra.é[\x O* mulher fummomal dos homí'S,(ex- ••*


cX^maS. ]o2i6Chry(oí^omo7o^lançamalsazuda coma o demO" t^z-l rt r • „ .-i
wíojer?. reloreipcito que lhes devemos como a mays, omit- o maium fummum, & aíutiiTununj
timos outros exemplos , 6c tragamos mais numerofos que as «^i»''»!» «lum rauiiw.
acreditaó.
8 Com a mefma cíficacia obraó as que fe applicaô a vir-
tudes, muito mais louváveis por exceiçaó da regra. Afilha de
Faraó»
,;

114 EVA, E AVE '"•

Faraó , contra o cruel cdídto de feu pay, foube crear a Moyfés


Eiíti.i.
com infigne piedade: 3 1 Rahab , cô ardil my Iterioío livrou os
1 pfuè^í. exploradores de Jofuè: 3 2 Débora iníundio valor nos Hebreòs
;) fiKiic.4. para vencerem a Silaraj & Jael teve animo para o murar: 33
' Judith obrou a façanha de degcUar a Holofernes: 34 hiia
5 ^«^^.'.T"^'*'*
'< 4'*?^.+ viuva amparou a Elias dafuria de jezabel 35 Sunan.itide :

)7 i.^«/>«i.7.
pobre hoípedou liberalmente a Elifeo. 36 A mãy dos fete Ma-
chabeos foy raro exemplo de conftancia â todos naobfer^ an-
ciã da ley; 37 8c tantas Martyres Chriftãasfe fizeraóTob jra-
na mente gloriolas.
9 N as hiftorias humanas (deixada como fabulofa a fineza
de Aleftes mulher de Admetoj as Amazonas em vingariçi das
mortes de feus maridos fahiraó daScithia Afiatica a fazer (guer-
ra aos moradores das ribeiras doTermodonte em Capp.ido-
j8 Mxi4 «flj^í/vâ/.i.f.iò. cia, donde teve principio fuahiftoria taócelebre. 38 Arremi-
fiaem Caria fabricou a feu maridoMaufolo taó cuftofo monu-"
mento, que ainda imperfeito foy hum dos milagres do numdo;
6c em íi mefma lhe levantou outro mais augufto, bebendo fuás
-,9 Sífíi. 14. cinzas 39 para participar de fua morte , 6c o fazer vivoeni feu
í''»-'
<; peito. Paulina mulher de Séneca , fe abrio as veas para morrer'
,

cÍ.Gí/«r Jn Onomp, propr. ftmin.como elle,8c cftando para efpirar, lhas fez cerrar Nero,por Ihe^
yaL^rtemifia. uaó pcrmittir aquclla gloria. 40 As Lacenas,muiheres dos Mi-

^"^"ills Palio M0rtyr.MP>n*yià»dc


nias,eftando os maridos prezos pelos Spartanos para nelles
SíWíiinojm. feexecutar a pena de morte, em húa noite (comoeraçoftume
entre os Lacedemonios)alcançada licença dos guardas do cár-
cere para lhes darem o ukimo abraço de defpedida, trocando
os veftidoscom os maridos os flzeraó fahir com as cabeças,&:
,

roftos cubertos , comoem fmal de dor , ficando ellas fugeitas à


rr^ t» jf .^^ i5ena; 4.1 o que em Hcfpanha imitou a Infante Dona Sancha,
livrando o Conde y ernao Lronçales leu mando da prizaõ dcl-
41 Maiana hiítde Hcíf. i t.Cf. Rey de Lcaó. 42 Por muitos baftaó dous exemplos hum. na •,

^íUihon*hi/i,d»s ^odHLiJiimj.9.
(^^^^^ vidoria , q o Romano Mário alcançou dos Teutonos
CymbrosjSc Tigurinos, que cçm fuás mulheres haviaó fahido
do Septentriaó 6c inundavaò Itália j na qual morrendo delle»
,

trezentos ác quarenta mil, Sc fendo prifionciros cento 6c qua-


.renta mil, na6 houve mulheres prifioneiras, porque todas , oú
4\ FitTfjiíibíjí.pív.fc íí.aíííw^í-^^^ímorrèraó pelejando, ou fematàraò, perdidos os maridos, 43
pDit/tqutntt.
Outro exemplo na guerra do EmpcradorConrado Hl. com
Guelfo fuccelfor nellade feu irmaÕ Henrique o Soberbo Du-
que de Saxonia rendédo-fe a Conrado a Cidade de Vinsberg
-,

a oartido de que fos as mulheres fahiriao liv res com o que pu-
. , ^ , .r deíícm levar ellas fahiraò com os maridos fobre fcus hóbros
;

acção que aplacou a ira do vencedor 44 ^ pela qual mere-


' ^ '
^
j
'

^V\ ''

ceo aquella guerra ficar mais memorável, que por íèr origem-
4<; fiofeuKhili.fifrà. (fcgundo alguns Authorcs 45 ) dasfacçoens àcGnelfos, &c
tiiuderoreUridoioT Mtmy linhal,
(^^^^//^^^^y^que [antos aunos perturbarão Icaliajaquelles inimi-
%,<M.
gos do Ceíar tomando o nome de Gmlfo fua cabeça. Eftcs
,

Cefarknfes, tomando o dcGcw///»^!^, pátria do raeímo Empe-


t.
:. ; rador
FARTEI. CAP.XLIX. 115
rador j 46 fe bem curros daó nafcímento a cftas facçoens na ^^ Mexia/i^. com^.Pkthi, a-Sabd-
guerra do Emperador Frederico II. có o Suma Ponrifice Gre- Hco.
^':'^^«'« '» '^-«^í- '^^ (^"''i>b-'s cr
gorio IX.de dous irmãos alllm chamados em Piftroya Cidade ^'j' f >

de Toicana, que leguirao partes contrarias. D.Fr A>.t nrutdão, MjnardrU[it f 4 h .

1 Afí\m também de lUuftres mulheres refultàram ao pu-^ lí-ciMirintip.

blico grandes utilidades. Na Hiftoria fagrada , além das que


jà nomeamos, 47 he infignc exemplo a fermofaEfthcr, por
quem os Ifrachtas fe livrarão de húa mortandade geral. 48 '*j£5f'"'^'^
"''*'
Na humana Zenobia Rainha dos Palmireos, viuva de Odena- ^ ^

to, cafta, & varonilmente defédeo os eftados de feus filhos pu^


piílos contra o vi£toriofo poder do Perfajôc largo tempo cótrl
os Romanos, de quem triunfou triunfada. Dominica viuva do
Emperador Valente defendeo Conftantinopla dos Godos vi-
ftoriofos de feu marido. Por Placidia irmãa do Empefadoí
Honório, q cafou com Ataulfo Godo , fe prefervou o Império
Grego do furor daqaella naçaó. A irmãa deDomPelayo of-»
fendida occaíionou que elle em vingança principiaíTe a reftau-
racaó de Eípanha contra os Mouros. Joanna de Lorena que ,

chamarão a Donzella de Orleaens , paítora , & de vinte annos^


foy admirável na defcnfa de França, no tempo dei Rey Carlos
VII. cótra Inglaterra. Duvido fefoylouvavel,ou reprovável a
acçaô de fetenta mil mulheres Ingrezas, que conjuradas mata-
rão todas em húa noite feus maridos Dinamarquezes , para li-
vrarem fua pátria daquelles Cóquiftadoresi fey que Inglaterra
as acclama libertadoras j por iíTo asLeys daquelle Reyno con-
cederão às mulheres os grandes privilégios de (^gozaõ. Deixo
Roma.fílha de Atlante ítalo, antigo Rey de Hefpanha,funda-
dora de Roma ; 49 Dido fundadora de Carthaeo, &
outras fi1- „ n . j ^
aadorasdeeítadosillultrillimos, entre asquaesreiplandecea^4/<;,i4e,íf/ j.„,6.

clariílima Dona Therefa mãy do noíto primeiro Rey.


11 Ao bem commum da Religião contribuhio heroica-
mente Helena fanta, filha de Cloel Regulo muito principal
cm Bretanha, 50 ( pofto que outros com erro lhe dem outros 50 vnuzasvo Flos^nã.nk-vilí^s.
pays)defcobrindo por diligencias, q fez comhumjudeo, em ^'^^"'* "^'*'''"'- nosatmaesp.^.íiav.
Jeruíalemdebaixode hum templo dedicado a Vénus a Cru^'^""'-"'^^"""""'-^*^^^^-í"-
fagradade Chnjio , com feu titulo, & cravos; &: fendo grande
parte para o Emperador Conftantino feu filho, &: todo o Im-
pério abraçaífe o Chriftianifmo. A Emperatriz Pulcheriairmâ
de Theodofio ll.efpofa virgem do Emperador Marciano,de-
pois de haver por vezes coníervado o Império com fua prudê-
cia, convocou o Concilio Calcedonenfe contra as herefiasde
Eutyches, & Diofcoro. Irene mãy do EmpcradorConftanfino
Frofirogenito fez celebrar o fegundo Concilio Niceno , em
que fereítituhio oculto às Imagens fantas,q três Emperadores
antecedétes hereticaméte haviaó prohibido.Theodora, viuva
do Emperador Theofilo, governando na minoridade de feu fi-
lho iMichael, tornou a reftituir o mefmo culto que achou arrui-
nado: Clotildes trouxe a ElRey Clodoveo feu marido,&- todo
oReynQ
r

ii6 EVA, E AVE


O Reyno de França à Fè de Chrifto. Tendolinda mulher de
Agiulfo Rcy dos Longobardos , os reduzio à mefma Fè com
fantas perfuaçoens. A generofa filha de Venceslao Rey de Bo-
hemia, recufando caiar com Micislao Rey de Polónia, por fcr

gentio, o obrigou a fazer-íeChriftaô , & a todo feuReync.


Gifíajirmáa do SãtoEmperadorHenrique, ganhou a Eftevaò
Rey deUngria feu marido,& a todo aquelle Reyno paraDeosj
como fefoííe fatal cóquiftar o ^y^kW^r por mulheres amayor
parte de Europa. Mónica Santa , trazendo à Igreja Catholica
feu grade filhoAgoftinho, fez conquifta de mais valor que a de
muitos Rey nos. Clara , Santa clarilllma , inftituhiocom regra
os muitos Conventos q continuamente eftaó enchendo o Ceo
de mais Anjos. Santa Erigida, illuftre viuva de Ulfon Príncipe
deSucciaj&maisilluftradacom revelações divinas, inftituhio
Ordem,qcomoboya da anchoradaFè, fefuftenta nadando
no mar herético de tantas Provincias. A grande Santa Terefa
de Jefus fundou a Reforma de Carmelitas Defcalços; & com a
doutrina de feus efcritos ( fonte defcida do alto Carmelo; rega
os floridos prados da Tgreja j myfterio grandiílimo (diíTe judi-
ciofamentehum Híftoriador 5 1 ) que mulheres hajaó dado a
'''
homens forma de vida, & Religião icoufa nova, & maravilho.
a' w5;!?;Í-í'- la! Abftê-fe a penna do que ucos obrou por Mana Santijjima
,
que por fuperíor, & efpecial naó fe traz a exemplo.
12 Dilatou-feeftecapitulo a tantos cafos por huma, &
outra parte^para moftrar quan to fe deve attender à boa, ou má
inclinação das mulhei-esi perfuadem aoquefeapplicam , &
-" **#«.«,^ tudo vencem. Alexandre convidado a veras filhas de Dário,
refpondeo, queo naóconvida/Ièmparairfer vencidodemu-
Ihcrcs, fendo vencedor de tantos homens 5 2 inftaó aos mari-
itMtm l i Mtxim.
-,

'

fermsx.'^ ^°^ ^°"* ^ cíficacía que defcrcve S. Joaó Chryfoftomoj 5 3 & a


deceiLS.
^ D. cbryfili.d. bom. 14. in
porfia acaba muito foy grande façanha de Job, naó fe deixar
"

perfuadir de fua mulher i mas diíTe Deos , que não tinha fcme-
^T/fS }. Qiiod non fit ei fimilisb
*i.

tctisu
'^^ Ihante na terra. 54 Com razão fe nãocoftuma dilpenfar em-
— ." quchumaPrincezanãoCatholica,cafeemEftadoCatholico,
pelo malquedella fetemej 55 & facilmente fe difpenfa em
Deutnon.7.4. Quia í^^'''"" "™ ue a Catholica café em Eftado naó CathoL co pelo bem que
s^
tuum nc fcquatur me & uc mag«s
,
ficr. qJ
^
^
,
» 1
viaid.jsaUcnis. fepodeelperar. «^

13 SeosmáosdefcendentesdeCaimcafaíTemcomasvir-
tuofas defcendentes de Seth, poderia fer que o mundo fe emé-
dàra mas fendo ao contrario , foy fácil que as mulheres vicio-
-,

fas perverteífem aos bons maridos, & todos cheyos de malda-


des provocaíTem caftigo univerfal. Terribel fexo naó lhe ba-:

ftou fazer o mundo miíêravel pela primeira , fem totalmente o


deftruir pelas que fe íeguiraó j húa o ferio , outras o acabarão j
nem mileravcl o deixarão fer.

Y
'**
CAP,
'

PARTE I. CAP.L. ii7

CAPITVLOL.
ComoDeos caigfiou gr* armwou o mundo com a^i^ias^re^
,

fervando (ó a Noè com elle fua família, , ^


j^fontão-fe os myfiems que ha no rm^
mero fefteno,

I
*
^^
I
Orria o anno do mundo i6<
_,P
conforme a contados f7-, 6.
r ^
,
'
„..,-!
í.iai^fiuemp.x.
»
Bcnediã mamas. m •

\^ Hebreos,queconlrado
,

exto
1 -r>
lagrado, (poitoquíW/iBo/M;»,
1
j
i
/i.
cwnidon cr hed.iFiQjiui.

feia diíierenteo cóputo dos Greo;os) quando fubmerfo o mun -


!"" '"'
f :
^ •
, , ,

doem peccados, determmou Ueoslubmergilio em aguas por i o,. ^inproiog. adubes Pawt. CaíhL ,

ultimo caíligo, i iMas como havia de cólcrvar relíquias doge- i-^'íf'i:t-<^,'^erbo, Heb,ako(,ar^Lres

nero humano
para tornar a multipUcallo feliz , ainda nefta "
( c;,,,./:^ 7.
ruína (diz hum Aurhor grave 5 ) fe moib-ou mifericordiofo,
pois, além de tirar aos raàos de peccarem mais, naõ deixou aos í
iJc>:c.i:ã Ftmand.n y.Goítffeã.^ «.

íliturosquem lhes dèíl^máo exemplo. '7GÍ:^í?lt"'


2 AchoufóNoèjuftodalinhadovirtuofoSethj 4 &naó
fov pouco achar hum juílo entre tantos peccadoreSjquando no
mundo amukidaódosquepeccaõ licencia a vergonha; Sc a
culpa commuaapprova os delidos 5 onde naó ha pejo, hc Senec de be»efíc.Li.c. 16.
;
5

maravilha a v irtude. 6 Com municoulhe o Senhor fua refolu Mua múís iluér impadauVs.
*t' çaó ordenoulhe que íizeífe húa arca de trezentos covados àc -^
:

compridojcincoenta de largo, trinta de alto, (covadosgeomc^ •


tricôs, que cada hum tinha féis dos noífos.como com Origene:;
refere Santo Agoftinho 7 ) para fe meter nella & fiia mu- ? D..^ugun.de Cmt.LeiLx^^.c.xf, ,

lher,& filhos, & noras com elles;(a companhia de hum bom fal- '"'"^ '"''
va também a outros aílim fe vio na de S. Paulo em outra occa-
,

liaóS) & que meteria também machos, & fêmeas de todas 8 ^ífl 17, i4.EcceáonavitiibiDeus
asaves, & animaes da terra, Sc mantimento para todos j 9 a
«"'"«quiiuvi^amce-um.

fome faria que todos goftaífem de hum mefmo mantimento. ,0 cnmmuiúsBened. Perer.in Ge>,e/.L

3 Cem annos gaitou Noé na fabrica da arca, lopo- lo.n.n.-em.i.


dendo-a acabar brevemente. A mifericordia Divina efperava
a emenda dos homens; mas quem fez caUono peccar, raramen-
te fe emenda, II porque o coftume naôeftianha a torpeza.
12 Nem creditodcraó à caufa porque a fabricava os avifos./;,^^^:^;':'-^"'?'"^'""^'"?'^- :

do Ceo nunca laó cridos ; ailim íuccedeo aos que íez por Jlze- 1 1 d chrj/of/om.in Gtn.hom xi.
.'^«ima m maia coníucí-udine obruta,
chiei & IfaiaS. 12
'
o 1 J•
/!• j Cl 1 ncícnci:(iuidcm peccatorum fòicorcni.
,
, , - .4 bete dias antes de começar o caítigo mandou o òeíihor i , E^eíhiet.tí.

â Noè que entraffe na arca & com elle toda fua cafa
, , &: cert- .:
//•;*• 28.

numero que lhe finalou das aves, & animaesj & por Divina
ordem fe lhe vieraóofferecer, ou os Anjos os trouxèraõ. 14 ^ ^ j? « .

Dizbanto Agoltinho, 15 que entrarão os que nalceni de gc- .;, Gf«./ii.N. *«.
raçaó &: nao era ncccífario os que fe geraó de putrefacçam
, ; » 5 i>-%yf'-'i'à.c ij ad md.

porque eftes íempre depois le gerariaó delia mas fe quizeífcm ;

entrar fe lhes naó im pediria , pois a arca figurava a Igreja, que


,

admitte todos os que querem efcapar do diluvio de peccados.


T < Em
, 1

ti8 EVA, E AV E
^ . ^^ < Emfetediascreou ScfantificouDeosomundo: i6 &
j

lete diasdco a JNoe para prevenir lua reparação ram dcsteiío ;

havia de ficar. He exceílencia defte numero comprehender

myfterios. Ao mefmo Noè mandou o JV/í^i^rqucmeteflena


arca fete pares de todos os animaes que naó foflem immundosi
J7 Cf «í/.j.n. 1.0*5. 17 Jacob fervio fete iinnos por i^achel a Labaõ & dandofe- j

Ihe Lia, fervio outros íete para alcançar Rachel. 18 Jofcph, íi-i«.<
cnc/.i9.
^^^^ ^^ Chnfio , foy feptinio filho daquelles matrimónios de
19 Genef.^o c7 5 5
« ij. Jacob. 19A felicídadc q teve lhe veyo pelas fete vacas & fcte ,

10 Genef.il. efpigascomque íonhou Faraó. 20 AfamiHa com que Jacob


^^^j ^
entrou no Egypto conftava de fetenta pcíToas. 2 1 Ao feptimo
lí Exod.xo.io. dia de cada femana mandou Deos que deícançaílemos; 22 Sc
quedefeteemfeteannosdefcançafie a terra para melhor fru-
áiiíicar. 23 O
candelabro do tabernáculo que fez Moyfés.ti-
14 HxXis» 7 c7-r}7 «.!). nhafctclumes. 24 Por fetenta hebdomadas fe moílrou a Da-
15 Damei.9 14. hícI otempoda vindado Meílias.25 N o mez feptimo do anno»
nafceofuaA/iySantiílima. 26 Sete faó os Dons do Eípirito
x6 yermosmi.f.i6m.
SantOjfeteos "Sacramentos da Igreja. A fete cabeças íe redu-
zem os peccados mortaesj & a duas vezes fete os Artigos de
noíía fanta Fé. O
mefmo fe acha nas coufasnaturaesj poro ue
os Planetas fete j ao mundo repartirão os Sábios em fete cli-
mas ; no mez feptimo nafce o parto perfeito a vida do ho--»"
-,
<

mem fe divide em fete idades, & os feptimos dias , annos lhe &
faó criticos. Os movimentos faó íete: acima, abaixo, adiante,
atraz, à parte direita , à efquerda, 6c ao redor. Atè as creaturas
faó todas de hiia de ícit maneiras j ou fó efpirituaes como os ,

Anjos, Sc a alma i ou de corpo fimplez incorruptivel, como os


&
Ceos , Eílrellas 5 ou de corpo também íimplez , mas corru-
ptivel, como os elementosj ou corpo cópofto , Ôc racional , co-
mo o homem j ou corpo com a mefma compofiçaó mas irra- ,

cional, como os brutosi ou corpo de alma fó vegetativa, como


as plantas i
ou totalmente morto, como as pedras. Sete artes
liberaes fe contaó ; outras maiscoufas fenotaó deite numero ^
^^ vidcD^ug.dea..Vcii.tuc.^o.
^7 &porfertaÓmyfteriofo,diíreElRey D AíFonfono prolo-
cr 5 1. go das Leys de Caltella, que as dividia cmjete partes, ou Parti-
i8 Gfntf.^. 5.FecicergoNoc omtiia 2as comolhcschamaó Vulgarmente.

'^Tg.ÍS'"'?""'""'" ^ ^'^ ° Texto fanto que fez Noè tudo o que o Senhor
,

30 D.chryfin Gtnef.bom. 15. Ihc mandou j 28 qucm fctà tam ditofo que iíto fe poíTa dizer
delle? Fechou Deos a arca por fora, 29 porque Noè fe naó
*'
' ' ' ' "laftimaíTe vendo tanta ruina; 30 ou como quem naó fiava dos

de dentro faberem-fe guardar, porque os homens coílumaó


obrar fua perdiçaój&a curiofidade das mulheres quereria abrir
31 JíifioT.Schoiiíix. ;i.
paraveroquefuccedia. Confidera-fe que ficaria com alguma
Pineda, Mon ircbEccl.x.p. 7. §.i.i» luz , OU de fogo , OU de vidraça , porque de tudo ficou provi-
i i.e. \

f^''""P' do alguns dizem que a allumiavaó certas pedras preciolas. 3


:

7 Logo aos dezafete dias do mez fegundo, ( que era


31 Suprac.iM.x,
Abril, havendo o mundo começado em Março 32 ) a chave
dos peccados abrio as cataratas do Ceo. Delatou-fe o ar em
chuvas.-
,:

PARTE I. GAP.L. «;* /


chuvas fahiraó
: da madre os
excedeo o mar féiis termos
rios :

lançou a terra prodigiofas fontes :& tédo horroj dos que creá-
ra , fe cobrio de aguas por lhes naó dar fepultura. As flores
por flores, & por pequenas, perecerão primeiro conforme
asleys domundo logo o cultivado dos campos j porque
:
*

fe viíTe fruftrado o trabalho dos homens : depois fe afogàraã f

os animaes, porque nemlcmpre o faber nadar aproveita ar- :

rancarão- fe as arvores, porque não valem rai^ts na terra, & fe


achariãoemvezdepomos,carregadas dos homens, que ael-
las fe & das aves , q fem os temerem qaenão defcan-
fubião , ^

far nellasmas ficavão nas aguas, porq das perd àS gcraes nem
, , '

com azas feefcapa,& peixes occupaváo o feu lugar. As gentes '

que buícavaó os montes , errando os caminhos a que os mares ,

cobriaó, fe fubmergiaó nos valles as ondas faziaó iguaes a pe-


:

quenos , &
gigantes: os filhos Corriaó paraasmãys, que em .

balde os levanta vaó nos braços , Sc chamavaó pelos maridos j


que as naó remediavaó ; tudo era morte, clamores, & con- '
fufaó, que chegava aos elementos , pois a terra era mar , & eftc
occupava também os ares , & parecia ameaçar o fogo na mais
alta esfera ; ainda hoje vemos ( como notou Tertulliano 35) " TemU.de ^iih, e. ai
conchas & buzio« peregrinar nos montes porque tudo fahio
,
,
'

de feu natural. No anno de i4,6o.nas montanhas de SeiíTa mui- ,

••to longe do mar , cavando-fe em húa mina de metal cem bra- ,

ças de fundo , fe achou parte de hú navio muito gaitado da ter-


ra, & do tempo , com anchoras , & outros inftrumcntos , & os
'

cíTos de quarenta homens; Sc fe emendeo queatormenta do ^^^


PMeyisn^Syhadevat.iuaffLxi
'
univerfal diluvio o deixara alli cuberto da terra, 34 havendo jà t.ii.c<»»i£«/)////.f«/^op.i. coiuãan,
naquelle tempo navegação , como , no q temos efcnto , fe mq-
'
ftra que havia quafi todas as coufas que hoje vemos j mas ifto
naó approvaó alguns, porque a arca de Noé fe via por novida- '

de. E dizem que poderia aqUelle navio fer levado alli por ou- .

tro diluvio particular, como os de Gyges,& Deucaliori; ou pa- '

rece mais certo que o mar a tragou , éc levou aíli por concavi- -

dades interiores da terra,quc as mudanças dos tempos fecàraó.


Cahiraó finalmente os edificios mais fortes , porque fe fúnda-
vaó na terra. Podendo Deos alagar tudo em hum dia, & em hú ,

momento.fó por efperarpenitencia,dilatou por quarenta dias, ,

& quarenta noy tes efte diluvio , que fubio quinze covados fo- •

bre as ferras mais altas tudo naufragou ficou o mundo rafo ,


; ,
'

& deferto, dominado das aguas cento 6c cincoenta dias. '

8 Oveneno do peccado fahio do homem a inficionar to- '

da a natureza; que culpa tiveraó os animaes, as plantas, os ele-


mentos, a maquina univetfal no que commettèraó Adam , &
Eva ? &c os animaes fe afogaó, as plantas perecem,os elemétos ',

íe confundem , a maquina do mundo parece que torna ao pri-


meiro chãos .•
& a Omnipotência que deu fer a tudo , parece
que o reduz a nada. Masaílimopedea razaó; foytudocrea-
do para ufo do homem j feja infehz o que teve tal câufai como
Tij ao
' '

»}o '"^VA^EAVE
âc contrario quando O homem eftá em graça , difle o Apoílo-
j^Paul.adS^m.i.ít> ioj35 que participaóascrcatiirasaqiiclla felicidade.
9 Só Ncè navegava feguro em fua fé , & fracas taboas
, .

olivravaó da ruína, de q nem muros, nem torres podiaó de-


"^

fender. Foy o primeiro navegante 36 (perdoemos Argonau-


,6 Morifotus yin erbtmm.l.i.c.uiH ^^^-^ ^ ^^^ leme^q depois inventou Typhis fem maftro, nem :

^^'"''
antenas que fez Dédalo fem vela , que achou ícaro fem re-
, :
••

mos, que ufáraó os de Copa : fem anchora , invenção dos Tír-


;

* renos; fem aftrolabio,que moftràraó os Portuguezesj mas com

Marinheiros Anjos, & com Piloto Deos. Qiie fáceis nos feriaõ
todas as navegaçoens nefte mar de lagrimas, fe nos regeíTc-
mos por elle Sem entrar novo ar na arca toda fechada viviaó
.'
,

cr pincdafufr. ^s de dcntro milagrofamente. 3 7 Aaim aos juftos levantavaô


.7 mmr. Schoiaíl.
as aguas para o Ceo quando aos impics afogavaó no abyflb;
'
,

cada hum bulcava fcu centro. Mas ainda aíllm era tal o medo
* dos que íe fal vàraó na arca que atè os brutos fe achavaó como
,

infcnfiveis; juntos lobo, & ovelha, galgo com lebre, afíbr com
perdiz, a rapofataó fimplez como a pomba, o Leãotaó manfo

"
como o cordeiro todos efquecidos do natural , occu pados de
5

*- horror, &" com tudo fe gloriarão depois os homens de tanta ca-


lamidade, pois com efte diluvio quizerão osGregos equivocar* *'

o deGyges ,
que foy dalli a feiscentos annos , morto Abra-
ham & o de Deucalion, que fuccedeo paíTados mil annos em
j ,

tempo de Moy fés & alagando o primeiro foaAchaya, o fe-


i

gundo fó aThefalia} os celebrarão de alagarem todo o mundoj


tal he a vaidade humana que aíFecta louvor das mayorcs mi-
,
.íA"
fcrias.

EPILOGO defta primeira Parte.

X?
Stafoy a cabida do mundo no peccado de Adam por Eva.
1

T Sívp.ci.w 4' JP^ G^iiemiferaveis nos deixarão aqnelles primeiros Pays \ de


^ ^i-^^^os i I nos deixkrao femelhantcs ãos bríitos 2 nos
n^n lldSerm d(i>rimrà.rnei& f^^c^^^'^^'^^
'^

7wvf.i»pfi»cif>. Quod yóas cft in ledo males,corporaes em que cfies ejiao ainda de melhor condição , por-
,

corp ricurv.eíiaiiiuu. qmtemimnosfcntimentOy emcorpo reBonos deixarão aalmaen-


.

curvada , diz Sao Bernardo: 3 ficamos por bejicjicio de Deos com


^
^SulV.k)n.A,
6 Viàec.i, «.5- orofioparaoCco, 4 cr pelamá inclinação t com o coração na ter-
lo.o-ix.
j (Tidec.i.n.?. ^^ nelles peccamos 5 Deos pozokfnj c^o malnanoJfaelel'
_
-y

^ 5«(,V.8 9.C7'io. çS i
6 co/n a tnnocencia confervariamos iodas as felicidades:
.er 1 8 cumfequtnuh.ufq. '^
I o Sép-c. 1 } .
^^^^ ^ cnme chamomos todos os infortímios-y 8 fe temos o qtie

*^ll'supc.^t.cumfcqutntiíM;qucad4i,efcolhemos , de quem nos queixamos ? Jmiferic&rdia de Deos

II 5«p. d y..o-c 45
c

j^ viikf^asnoFiosS
na.p.i.n»v:da
nos concdiou utilidades com os Cáftigos devidos ajvjiiça j 9 ^
^ provideíiciânos mculcou comodidadcs que convertemos con-
Pranosmefmos. 10 Tudo o que nos pudcrajazer jelicesperver-
'
tonos
PART. I. CAP. L. iji
temos sm noffO d ano y ii atedejuizo ficamos faltos, ii CaUim-
niamos a natureza de madrajla ofendo may amorofa j qnizera cila
fer-nos muito fnave , mas nos a forçamos aferfevera^ foUcitando

quanto nos prejudica y cada dia ajuntamos deméritos fobre a pri-


meira culpa ]jk fazemos necefjanos os males , pois nos impedem
fermos pejores qnenao c ommetter íamos de infnltos fe vivêramos
;

emprofperidades ? a fande nos liberta :


(
por iffo og loriofo Padre
Suo Bernardo defeiavã os fensReligtofos bum pouco enfermos, ^„ , ^ ^ ,, .

O- fundava feus Conventos emfitios pouco Jadios 13)0 defcan- ^ l],„J^'ji 1.2
ço nos faz viciofos as dignidades nos lifongeao : as riquezas nos
:

enfoberbecem-y nao obramos bem fenao apertados^ defejamos con-


tinua bonança, &
fó na tempeflade
nos chegamos aDeos. De-
flinira-nos a natureza ^fe nos tratara como amante. O Profeta
Elifeo 14 pedio a Elias efpirito dobrado, porque Elias vivera 14 4AfS-**

perfegindo ; & ellevivirianoprofperoeflado ^ emquefenecefjita


de mayor virtude. 15
' d A''^ ã^e>mra hl i s cvpur
i-íurl-
.i. e
2 Na família de No} feconfervou o género humano paramul- ^'^ .

tiplicar denovo',mas que beneficiofoy efle,fendo com a mefmafugei-


çno ao primeiro peccado? mayor he a inundação defeus mdes,que a
das ãg nas : melhor fora ao homem , como dizia Job j6 fer de to- 1(5 pb 10.18.
,

do confumido (em appareccr mais. Porem a Divina piedade à cu-


fia domefmo beos o quizrernediar' Conhece ó homem {'xcla-
7 B.SerHãT-f fcrai.] iiiNjsiv Dmiin:,
ma Sao Bernardo ) qiiam graves faó as feridas , peks quaes he anteHn
^^^ Agiiofce homo, cjuán giav^a ,

neceflario que feja fendo Chrifto Senhor noíío; fenaò foraó f,iu I,uinèla,proqa;busneceire cTtoo.
de morte , &: morte eterna , naó morrera por feu remédio o Fi- ">'••"'" ch:'itu.n vuinc.ac: non
cíienc fi

Ihode Deos. JfegundaParteMoftraraiffo noAVL, em que piocorumremedioOci Fiiiusmortrctur.


MAKIA "rúuníãniiQmudouonomedeEvã. 18. 18 Sumensilludt/ÍVf,
Mutans £v* r.omeu.

Fim da primeira Parte.

'
V iij EVA
EVA O u
JJj?

TRIUNFANTE.
LHE ATRO DA ERUDIC,AÓ\4, E FILOSOFIA CHRISTAA^
Em qttefe reprefentaõ os dous eftados do Mundo
CAHIDO EMEVA,
LEVANTADO EM
E
:

AVE.
NO PATROCÍNIO DA MAGESTADE AUGUSTISSIMA DA

RAINHA DOS CEO


PARTE SEGVNDA.
S-

AVE, O MUNDO LEVANTADO:


ANTÓNIO TfisOUSJTíE MACBDO.

ll^
LISBOA,
Na Oííícina Real DESLANDESIANA,
Com todas as licenças mcejfanas. annô m.dccxi.
M 3
^35
H^.-l^?M-hç^:b§fe|fe%^í^^b^ k*í:

EVA, E AVE. O u

MARIA TRIUNFANTE.
Theatro da Erudição , & da Filofoíía
Chriftãa.

"PARTE SEGUNT>A. f •. ':.

O
AVE/ Mundo levantado.
,i.

CAPITVLO I.

Tara levantar o MundOi confervot* Deos o género hu-»

mano em Noè Qj^f^^s filhos,


,

EPOIS das trevas chega a lu ztem peíla- » ha Msrat. Scog/mCatacenf. in hifij»


: à
de fuccede abonançai mas nem dia entra ^''''""';í;-'^"^'^/ '•'•;• ^"{''"'"''''/'«^ ,
o
lem crepulculo ; nem de repente íe aquietao Timoth. c i, Toiíe morbo^ toiíc vuine-
,

os mares. Foy muito grave a noíTa doença ^ ", & nuliacaufa eíl mfdicinx. Venit
nede krcra
remédio ptae
o remeaio nremriraõ- i em "
larga preparação,
o^ífÇ^lon^agnusMcdicus, quiapcr
jo,u,„ ubiqwe jaccbat sgrotus. Gcnus
quanto não alcançamos faude , contente- ergo hiimao«m t-jtum pericrai eít^uo
peccavitunu? in quo wtum crat. Noa

2
T7A.J J1J
monos com ir vendo os fmaeS.
o-....
,

enim eum dcCxlo mcrita noílu, ícd


hítando o mundo alagado com aguas , 8c muito antes peccata trax?runt,
cahido no peccado,quiz vir oMedico do Ceo para o levantarj j ^'« EaUfia inoffic.Pa/chaU.

raó o chamarão noflbs merecimentos, mas noílas culpas; 2 ó


J S^/j^ÍL. i,. Florem d«D-
fel iz culpa, que mereceo tal j &taó grande Redemptor! 3 tit udiccm Uivat,
,

3 Para delle nafcer o remillo qiiiz


, Deos reftaurar o géne-
ro humano j 4 tinha derribado as flores, masguardoulhesa
raiz
ayS EVA, E AVE
raiz < em A^iy^ ,que fe interpreta repouío , ci\ quietação-, 6 por-
D chyfòílhom li . in Lnef. quc Dclle parccc que pararão os m ay ores efleitcs do peccado,
Benediã Píur.in GenejA 9 an.y ^ fevc princjpio a confobçaõ , coiTio fcu pay Lamcch profe-
7 Gtnef. y i>.
tizOU. 7
4 Depois de quarenta dias de diluvio fe fecharam as fon-
tes dos aby fios, & ceíTáraó as chuvas doCeo. Paílados mais
ccnto& cincoèta, começarão a diminuirfe as aguas fobre a ter—.-
ra recolhendo-fe a feu lugar. Aos vinte & fete dias do mez k^
,

ptimo (que era Setembro, conforme ao q fica dito na primeira


parte 8 } repoufou a arca de Noè nos montes de Arménia ,
í P.i.ct.n.i,:
^ chamados antigamente Gordicos, ou Baris, ouOcyla,ou
^^"•**'*'
* Ararath,& hoje he o monte Tauro, que alguns chamaó o mò-
«. j ^ L F,./,/-ftWf f feNeert). lo Tofefo di z, q ue em feu tem po f que fov pouco
gj^ ^
depois da l'ayxa6aeC«rz/iíí>benhornolli ) havia rama qaindá'
/«iJfweflfwt./WickWíí/iiwía^w.fcí/í.fecQnfervavaó pedaços dellaq fe moftravaó a quem os que-
B)ít'Monlrch.LulitU.c.^ fofimed. úà & Nicefofo Callixto conta , 12 que O Empera-
vcT; ti
'p/eph. deantiqJ
1 1
íox.t pauiòfoji (\q^ Conftantino Magno levantou em Confl:antinopla húa no-

machado,ou enxó com q N oe ajudou a obrai la ;& que no tem-


po em que elle efcrevia, fe confervava aquellethefouro. Ao
primeiro dia do mez decimo(que he Dezembro} apparccco o
leiais alto dos montes» 13 Pormezcsdecrefcia oquepordiaç.
1} Gtn.lc.t, 5.
crefcèra ; entra o mal com preíía , &: fahe com vagar.
5 Quando naó havia perigo , permittio Deos a Noè""

^ K , abrir a arca que lhe fechara; 14 mas elle f^ naó fiou da primei-
"
^ ra bonança. Deixou paflar mais quarenta dias, &: por hum po-
f 4r ^'— - ' ftigo lançou para explorador hum corvo que naô tornouj
,

quem tinha màprefença,naô podia fervi r bem. Lançou huma


Í)omba, que por naó achar aonde rcpoufar, fe tornou a pòr*
obre a arca & elle , pagandolhc a noticia , a recolheo dentro.
:

Efpcrando mais fete dias , a lançou outra vez j & ellafobrea


tarde trouxe no bico hum raminho de oliveira com folhas ver-
des , moílrando que jà as aguas começavaó a dcfcobrir. Com
tudo o prudente Noè efperou outros fete dias , & terceira vez
f j (Jfwp.c»; a lançou, fcella naó tornou, 15 porque achoujà aonde viver
livre, & naó ha fimplez para o que lhe convera.
6 Noèjfinalmente, aos feifcentos & hum annos de fua ida-
de , no dia primeiro do primeiro mez (que foy Março} abrin-
do o tefto da arca , vio a fupcrficie da terra defalagada. E aos
vinte & fete do mez fegundo fque foy Abril; em hum Domin-
f< ceiren.incom^eHà.hijl, go,conformeaCedreno, 16 aviofecaj havendo hum anno
lunar, & dez dias & comprindo-fe juftamente hum anno fo-
:

lar, que o diluvio começara. Mas efperou q Deos o mandaífe


fahir, como o mandara entrar, 17 par a proceder com acerto.
Cinefj.i.

*
CAP,
PARTE II. CAP. II. zi7

C A P I T V L O II.

Como Noé , Qf os que com


fahiraõ dii elle eftavaô ,

arca. Comooffereceo boíocauflo a Deos: o Senhor lhe


^rometteo ndo alagar mais o marido , do que lhe deo
penhor fjo arco ceíefle. Como o abençoou. Elle aper^
fel coou a lavoura do -paÔ
Çff , Qj* inventou o vinho ;

fe entende que lhe revelou o Redemptor nafctdo de


Virgem ; trata-fe das f^eftacs.

Cínef.Z.ci n.i 5,
I X? Aliou Deos a Noè, dizendolhe que fahifle da ar-
i ,

ca, & com elle fua mulher, filhos, & noras, OCOS ani-
niàcsque tinha recolhido , & que mulciplicaíTem.
2 Sahio, & fazendo hum altar oííèreceo holocaufto de ,

gado & aves ; & íendo divida por graças da mercê que
,

recebera, o Senhor o aceitou por ferviço , ^ lhe foy fua-


viílimo pela devoção , & por fer figura do facriíicio em
que o Redemptor fe oíFereceria livrando o mundo do dilu-
vio de culpas ; 2 6c aílim o remunerou logo com novos ^ Pi>!ecia>,aMon.irch.Eccl.p.uUc.\j.
^'^'
benefícios.
3 Prometteo-lhe , que nunca mais amaldiçoaria aterra,
( como a amaldiçoara quando Adam peccou, 3) na razaó & ,
Genef.
que deo para efta promeíTa moílrou mais fua mifericordia :

,. , Porque o homem ( diíle ) ejià propenfo ao maly nam bey de caítigar

mais a terra \ 4 lendo iílo antes razaó para caíligo. Oxalá 4 Oí-Mf/:?.. %u
nos feguràra das culpas, como nos fegurou da pena j mas de-
terminava inundallas com feu fangue <k perdoara menos , fe ,

menos fe delinquira. Abençoou a Noè, & a fua geração de que


nafceria o Redemptor mandoulhe que multiplicaífe, 8r en-
:

cheíTe a terra deo-lhe dominio fobre todos os animaesj & aco-


:

dindo à fraqueza em que fc hia pondo , ou a natureza humana,


ou a fubftancia dos mantimentos, 5 diiTelhe que comeíle car-
^ ^"° '" ^^''^'^' '
'*^
^^' "' ^*
ne, &: peixe ou porque atè entaõ fó fe podiaó corncr os frutos
-,
^

docamporouporqueosvirtuofosdefcendencesdeSeth por ,

mayor temperança naõ ufavaó de outro alimento^ nifto ha opi-


nioenS. 6 í Apud Bfieãléi.PeminGewf.l. 14*
4 Conhecendo que os homens fe naó fiaó da palavraDivi- '* " "• '" ^ """'

na fem penhor, fiando-fe de todas as creaturas lem elle .-em-


penhou o arco celefte , que chamamos íris , por fínal de q naó
alagaria o mundo com aguas.
7 J à de antes o havia, fem em- ,-, ^ . .

'^"^'''^
bargo do que alguns cuidarão , porq fempre foy final natural
dechuva.comodeentaó o ficou também fendo moral da paz
promettida; 8 & daqui veyo coftumarem os Hebreos pedir g P/wíad/.i.iMS.s.j.
final
. 1
:

i38 EVA, E AVE


9 Hip.SchoUll.c. 3'. íinal a Deos cm coiifas importantes. 9 A quelle arco temos
10 iieferc D^o Matute de Venmfici Doutofes IO por hieroglvfíco de Filho dc DcoSj arqueados
ithedtatico deTheolcç na Umv ir [idade
Cathed ,- , /-^ ^ n
de Granadn,naprof.^íd.chniuUc^.'^^^^^^
..

P^'^ ^ tcrra, &


O encLirva-
x.e i.§.5 d o para o Ceo jporque da terra atira as frechas para o peitoDi.
vino,8cdoCcoparaaterracílàarco de paz. Por iílo refere o
AuthordaHiftoriaEfcolaftica alguns Santos que differaójq
quarenta annos antes do dia do juizo naò ha de appareccr. 1
Dellefe introduzirão os triunfaes; 12 com razaó pois nelle
1 T ty^puà Matf.te (upr,i.

1 1 Cum Sicton.tn Domitixit. triunfamos dos caftigos.


Matute d cap §1.
5 Profeguelogo oTextofanto, 13 que começou Noè
ij Gencf.eodemcj.v- IO.
lavradoor a cultivar a terra. Jà tinha dito , que fora Caim
14 Gfwf/ 4.2.
15 Genef.x. ^.
1 lavrador: 14 & o primeiro foyAdam; 15 & muitos os fegui-
^"^"^'' ''
'" ^' ^'-lõ fazendo fementeiras de tngo,mas fó com enxadas. Noè m-
,^ír^'"'f ?i"T''
Pererjuprul.9.» 8. ventou o arado, aperfeiçoou a lavoura, & a colheita do pão, &
mais frutos. i6 Profegue juntamente o Texto, q plantou vi-
nha-, vides havia antes do diluvio , de que fó fe ufava para uvas:
17 Ferttand.d.ftâ.yn x. depois dellerepuUulàraó as raizes. 17 Plantoua vinha ("diz
Cedreno} em hum monte de Arménia chamado Liibano-, ou-
tros dizem, qcm hum valle que chamou Mn'e Adam, que fi-
gnifica, corpo defpedaçado,pelos muitos mortos q alli achou
6c que nelle fundou a primeira Cidade depois do diluvio, cha-
mada Saga Albina tomando o nome de feu fundador, a que
,

chamavaóOgifaóSagaó, quefignificava , Sacerdote fanto.


1 8 Cedren.in compend.hijlot- 18 Foy o primeiro que oífereceo vinho em facrifício. 19 Por
BrhtOy i\1onarch.LuÇu l. i.c.i
. 9 Beuter in annot adSacr. SctZ^l.
invcntor do viuho , quc cm Hebreo fe chamava Jmn , foy dos «:
<

deciavib Scriptitrre^. ,. d.' jpir.o- antigos chamado^^wo, por corrupçaó do ttomc outfos ono-
iit. :

M.mteã.cu^ t meàraóBacchojDeosdaquellelicorj 20 &aílímfe Ihedeveo


feíu un. 17.
O pao , & O vinho, em cujas elpecies o Redemptor do mundo fe
Et circa nomen lani -vide quadtximus ini. liavia dc faCramcntar,
,

p.c.li.n. }.
6 Diílo, &: do que fica dito do arco , da bençaó , Sc de ou-
tros. íinaes , conjefturaó grnves Authores , 21 que revelou
1 1 Beuter O" Mal ute Jtifra,
.

Deos a Noè o my fterio akifiimo da Encarnação do Ferh Di-


11 Mitiitedc.y.^. 4. vino para redcmpçaó do peccado. Odouto Matute 2 2 ponde-
ra mãdarlhe o v5V?;!/7<7rqmultiplJcafre, para nafcer o Mellias, &z
permittir que feu filho Cham o fizcífc inútil para gerar , como
diremos abaixo; 23 & diz que foy moftrar que de fua geração
,
1) I'ifrac.6,n.t.
nafceria o MeíTias homem; mas de Virgem,fem obra de varaó,

14 Do nome da mulher de NJy vide 7 Eu confideromais que ouvindo fua mulher Titea 24
,

infra c. j.n.i. aquelle preceito de multiplicar} q Deos punha a feusdefcen-


dentcs, éc naõ devendo ter tençaó de o encontrar , nem o fanto
Noèlhoconfentiriajcomtudoem Itália (aonde yeyo com ku
marido,& foy chamada Veíta máy dosDcofes)iníl:ituhio a Re-
ligião das Virgens Veftaes, 25 que fe elegiaóentreofcxto,&:
1 \ Bfrof.de flor l.Chaldaic.l. 3
decimo anno de idade, & feobrigavaó a guardar virgindade
1

Pimdjid.l.i.c. 19 § 3.
MatuteJupr $.5.
.
trinta annos,fob pena de ferem enterradas vivaSj& depois dci-

rH Pedro Sanches de Viana no Cõment les fe podiaó cafar > 26 moftrava Titea, que
haveria virginda-
* Ovid.Metam.i 571 44. de fecunda de mais abalizado fruto. Noiquc também he notá-
vel, que fendo reprovado entre os Romanos o voto de caftida-
de,
PARTE II. CAP. III. %i9
de, por impeditivo da propagação^ (que por iflbCornelio Tá-
cito impiamente ignorante chamou aos Chriítáos ccnviãosde
terem odio ao gemro humano , 2 7 ) 6c tendo contra fi as leys que 17 Tach ^rml i s.pofímed.
depois revogou fantamenteConftantino Magno } 28 todavia o^iioíiu-í^-iiigíncriscoavidiirunt.
'' ^'#-"' w*.c<,«//.,^«./.4. t ^^.
aquellas virgens fe fuftentavao com rendas publicas que lhes ,

conílituira Numa Pompilio,fegundoRey de Roma; Sc era fa-


vorecido aqucllc voto como coufa de fegredo mais alto. Tãto
cuidado punháo os Magiftrados nafuaobfervancia, qporfer
C(jftume aiuntarfeoSenado nos templos, quando caufa urgen-
te o tirava da fua caía própria 29 não confagraváo a cafa das ^^ />',^^, /_^ j,
:
^^ ^^j,,^
Virgens Veftaes como templo,fó porque o Senado fe naó ajun- Get.no^.^mc.i.i^ c.7.
talTe nella em alg-uma cccafião: 20 o que em algum modo po-
P^"'-<^';^?-b'«"í:'" /.47 c.í<,.n i <?.

denaofiender O recolhmíento das Virgens. (Jmelmo Ueosio- Efthigensgeiídum iua.s,&c.


mentava aquellaobfervanciaj pois fendo Tucia virgem Vcílal ^'uierMaxim.i.s.c.un.^ p/in /.ig.
5 '

'''^' ^'
accufada de pouco honefta , provou fua innocencia com levar
diante de todos hum crivo cheyo de aguado rioTibre atè o
tcmploi 31 Sc diz o Doutor Angélico, 32 que fe pôde attri- jt D.Thominqu^.difpututqó.art.y
buir a milagre, com que Deos quiz aíTiftir à virtude/aíliílencia '"^ 5*
bem devida fe Titea na inftituiçáo daquel lis virgens teve al-
,

gum refpeitoà fecundidade da /^>;^tv«i'V/^)', como confidera-


mos.

c A p I T V L o m.
Dos nomes da mulher filhos , ^ &
noras de Noé : quan-
to em breve tempo multiplicarão. Como Je dividirão
a povoar Aíundo. Como paf>ârâo os animaes a
o
variai -partes. Fabrica da torre de Babel. Refere-fe
a fabula da batalha dos Gi£^arites com os DeofeSy pai»
ra exemplo da mifericordia de Deos com o género hu^
mano.

I #^Om Noè fahíriíodAarCafuamulher 7//í'^, I a que 1 3erof.de floratChaldalcU. Matute


àechú^i. idade
\_i outros 2 cham-ãr^o Pheíarpharã: Sz fóstrcs tdhos.Sem, ""^'fP t.c.i. §.5.

ClTamyjaphet 3 com fuás três mulheres; em cujos nomes os El- j gw/ 918.
critores variáo,4 chamandolhes, cu Pc.rfid Cãthãflnãi èc Fli- 4 zJpHdPinect. Mon^ch.Ecckfp,i.l.
,

•Vã; o\xPandora,Noela,^ NoegU; o mais certo he que a mu- sSI^j/^tS^jí,^,.,.,,,,,,,^^^


Iher àejaphet fe chamou Smféetha-.t^ & a de Chãm íoy Noegla. viffemos na i.p.c.r^.n.6.
^

Cj,r„i]ero/a,Mat,<tedc.i.§ í.
6 E pofto que aleuns dizem , que depois do diluvio gerou ^

Noe outros hlhos; 7 o fagrado Texto 8 lo diz que dos três ji/^wf d. §. 5.

procedeo todo o género humano fobre toda a terra. 8 Genej:d.c-9. i?.

2 Tanto multiplicarão , que fendo paílíidos menos de


quatrocentos annos NinoRey deBabylcnia 9 ajuntou em 9Genef.\e,,
,

hum exercito hum milhão íc fetccentos mil homens de pè, 6c


(fegundo alguns Authores}dazentos mjl de cavallojulòrn dos
V que
t4o EVA, E AVE "
que hiaó em dez mil &
de guerra, contra Zo-
feifcentos carros
roaftes Rey dos Baítrianos, q tinha quatrocentos mil homens.
loDiaM.^deChr. ^q Quantos mais havcria cm todas as oartes do mundo ? Só
puccaítãho H* hifl-dos P^fys Godos ,. Tubal,que yeyo povoar Heipanha, hlho de J aphet,8c neto do
i.

di/íurfví. mefmo Noè , quando morreo deixou cento feíTenta &r cinco ,

mil netos, 8c bifnetos. 1 1 Efta multipHcaçaõ em tépo taó breve


11 OvidMttamor^b.l x.fJo-j. occafionou aos Poctas 12 fabularem, queDeucalion, & fua
mulher Pyrrha depois do diluvio, que equivocarão com eílc,
,

ij Naí.p.e.uit.nofm.
j^ repararão O gcuero humano fò comknçarem pcdras quefc
convertiaó em homens, íc mulheres.
i4BeH.Per(r,nGe»ffl.^6n9.tom.í. ^ Havcndo paíTado ccm anuos , 14 ou cento, &: trin-
Ts f/Jli'V^ i.c! if
.' t^ ^5 depois do diluvio, eftavãojà taó multipUcadas as fami-
16 Gcnej 10. lias dos três filhos de Noò, q elle as dividio pelo mundo, fina-
LtèjoanM,chr^l.i;/y.,ugm.hf ^.
'•
j^ndo a cada húa as partcs quc liaviade povoat. 16 PaíTaraõ
17 Pmd. d. u.c.ii.§.i. também a Ilhas em embarcaçoens, 17 cc levarão os animaes
domefticos, Sc pôde fer que alguns bravos; ou eftes foraó leva-
18 D u«.?.<íeCiv.Dfi/.i6.f.7.e^6«- dos por Anjos, como parece a Santo Agoftinho, 18 às remotas
Itnfin
'
C.T.Ce II. '^

aquenaopodiaonadar. J„ -'_J-'
4 Mas antes que as gentes fc acubaíTem de feparar, efquc-
cidas ja do caftigo paflado & loberbas na abundância preícn-
,

te 3 Nemrod, filho de Chus, & neto de Cham , cora muitos fe-


quazes,aos duzentos annos pouco mais, ou menos , depois do
17 Flo/chiii. de. z.a- vide Britt» Mo. ái\uv 10, 19 quizcraó edificar nas ribeiras do Eufratcs, com
nrch Lufp.i.c.t adfin.
, ^ ^ ^ ladrilho. & bctumc por cal, húa Cidade, & torre tam alta, que -

chegaííe ao Ceo, (que ignorância/ outras faó as efcadas perq iie


]

lá fe fóbe) para nella deixarem celebre feu nome, como refere


i©Ge»iT.4. aEfcritura fanta 20 6c accrefcentaô Efcritores


> 21 que ,

11 Hiji Sch',íafl.c.\%.
9oJeph.de anti j L i- c.^.
também
rf „
para alli refiftirem,
•• vr
&
eícaparé a outro diluvio fe fuc-
/- y-. «
Pwtdad.i.i f ii.§. 1. •
i i
cedeííev& dízia Nemrod,
i
que para
i
eícalar o Ceo,& i

combater*
Matute, d idade t c.4. $.1. \ comDeosem vingançadodíluvio paíTado.aquella ambiçaó de
it eraar .tp.
. .
fama poderofa para tirar O juizo , 22 lhes diftava multiplica-
dos defatinos. Ha quem diz que chegou a fabrica a altura de,

XI MatHted^.i.
cinco mil cento & fetenta & quatro paíTos. 23 S. Jeronymo
X4 D.Huron.y comment. inífai.tnex-efcreve , 24 quc ainda cm fcu tem po ( fcgundofc rcfcria } ti-
'* ^ ""Z'"-^*" nha quatro mil paflbsdealto; fe bera ao Santo parece incrí-
tfr «r"*"''''
vel. Sem duvida era grande o edificio, em que trabalhou tanta
gente vintc 8c dous annos 25 8: fo principiado foy aíTento da
:
Floícui h-/}fu ra
• Monarchia de Babylonia,8c de cujos fundamentos fe levantou «

o primeiro milagre do mundo.


/

5 Daqui fingirão os Poetas a batalha dos Gigantes con-


tra osDeofes. Fabularão, que os Gigantes eraó tam corpu-
16 J^a i.p.c.x4.n.j.o- feguintt. Icntoscomofíca dito na primeira parte dcfta Obra, 26 Huns
diíTeraõ, que elleshaviaó fido filhos da terra: outros q de Ne-
ptuno, 8c Iphimidea: 8c ai gu n s parece que os faziaõ filhos de
Noè,entédido debaixo de outro nome, $z de fua mulher Titea,
8c que delia os chamavaó7/í<j«íí; Sc a eftes ajudou a opinião
17 KffertBerofo. tiudopor Matuit d. dc alguns Hiftoriadorcs, 2 quc efcrcvèráo , que depois do di-
/
'•'^" J*
luvio houveNoé da dita fua mulher filhosGiganteSi8c a Nem-
rod
, .

PARTE II. CAP. III. z4t


rod châmàraó Giganre outros Efcritores de hiftoria. 28 Con- ,g r/í,/?«/ ui ^ . C. i.
,

ta6 os Poetas, que preíumiraó lançar do Ceo a jupirer, &: aos


maisDeofes-, &
para chegarem aoGeo, em Macedónia nos
tempos de J^/<'^!^râ 29 (donde fe lhes dco epíteto de i^/í'*???»!^ x9 Scnec.trso^inThyefícm

puzeraóoOíTaj&oOlympD, motes altirtimos/obreoPelion. ,

,, . 30 Com medo dcftaspreparacoens fugirão os pobres Deofes " '° VirgGeorgfj.t.


^^'^^'^u^^^íhd.i.fahul.
paraEgypto,& ainda lá fe disfarçarão em figuras de vários ani- 5.

mães. Júpiter fe transformou em carneiro , Apollo em corvo,


Bicchocm cabraój Mercúrio em cegonha, Juno em vaca,Dia-
na em gato , Vénus em peixe &
aflim os mais em outras (a van-
j

dijas. 3
1 Aconfelhado Júpiter da fabia Palias, chamou em feu 5» ovUMctam.i yfib. 5.

favor a Hércules, &: confiados neftefoccorro tornarão os Deo-


fespara o Ceo. Rompeo-fe a batalha, na qual os Gigantes em ,

vez de pedradasjou pélas de chumbo, atiravaó com os montes


m a vores do mundo , que voa vaó por eíTes ares como huns paf-
faros. Encelado atirou com o Pindo de Thefalia, Porphyrion
com o Pangèa de Trácia, Adamaftor com o Rhodope de Ma-
cedonia; 2 2 6c aílim os outros com os mayores q havia fe ca- ,' Svd^^^ins. •.

,
'^

.•..hiaonaterra,tornavaoahcaríerras, 8c montes, poítoqueem Puid.im


outra parte-, feno mar, ficavaó Ilhas havia Gigante como Eiicetódiis,&c.
•,

Egeo, ou BriareOj que atirava juntas cento deltas pedradas,


porque tinha cem braços, 8c mãos, 33 defpedmdo hum bando ?5 Vtdeim.fc.^i.n.j.
de montes , como de eftorninhoSi
6 Chegarão muitos a entrar no Ceo à efcala vifta Sc ;

efteve o fucceífo m uy du vidoío. Hercules envergonhado de q


prevaleceíTem aonde elle eílava , esforçou húa fetta, com que
matou a Alcioneo , que entrara dos mais bravos mas o gigan- ;

tafío tinha tal habilidade, que refufcitava quando quena,8c cò


"
.«• mayores forças iate q Minerva, que pelejava como húa Ama- •

zona o inveftio com tal Ímpeto , que o lançou do Ceo da Lua


,

a baixo Sc como cahio de taó alto , era força que fe fizeílc pe-
,

daços fem remédio. Porphy rion,que entrara junco dellcjfe da-


va jà por taó fenhor do campo , que fem efperar mais quiz lo- ,

go publicamente fem pejo forçar ajuno à vifta,8c barbas de feu


marido Júpiter mas efte acodio acompanhado de Hercules,
5

. fem cuja companhia fenaõ atreveria , por mais que a honra o '*^
picafle , & caftigáram com morte taó grande atrevimento,
Ephialtes. que também fubira, era taó esiorçado qbrigou fó 3

com A poUo, 8c com Hércules^ Apollo lhe tirou o olho efquer-


do;8c Hercules o direito, 8c allimomatàraóiqueforaimpoíTi-
vel, fenaó eftivera cego. Os mais Deofes 8c Deofas pelejavaò, j

como para fi, èí fe ouveraõ de modo que matando muitos Gi- ,

gantes, pu zeraó os mais em retirada, mas devendofe a mayoí


gloria a Hercules.

7 Jupiterentaó cobrou mais animo Sc jugando a árti- , ^^^ r,r!^i.Georg.

Iheriade rayos derrubou trcs vezes aquelles montes , porq os Terfamconati imponerc rtíiíori

inimigos naótiveílem cfcadapara tornarem a fubir ôc elles :


íir^pà^t exuuaos dejccit fulmine mó-
outras tantas vezes os puzeraó huns fobre outros > 54. taó ws.

V ij porfíia-
: a

i4t E VA, E AVE


porfiados eftavaõ. Finalmente foraô es Gigantes vencidos.
abrazados , mortos , & metidos Icus corpos ofladas , &: cinzas >

debaixo de Ilhas , &c de grandes montes , porque lhes naó foíTc


5 5
SittibíKrralavis. a tcrralcve ,
(comoos antigos punhaó nas fepulturas 35 ) &
naó tornaíTem a levantar. Japeta ficou debaixo da Ilha Ina^
fe
ib Siitusi.ii. //w^nomar Tufco: 36 Numas debaixo da Ilha F?'^?^^)/^, ou
Apparttproculi.>«t.ma. qua: turbine
py.^^^^^ ^^ Encclado debaixo do jTionte £:?ëá de Sicília
.

i-umantem prcmit japetum. ficou mcy O qucimado j & quando fe move cançado de eftar de
37 ^dfw hum lado faz tremer a Ilha toda , 8r efcurece o Ceo com o fu-
, ,
,

l>roclnra:ia.vumror.itaNumcnta^^
nio que rcfpira. 38 Typheojaz na mefmaSicilia;&feu gran-
5 8 Vir^ ^teiã.i. t.

^''^'"'' íemiuftuin
de corpo occupa todos os três promontórios que a formaó , &
cwpís*^
'^•''""^Mbedaó nomcde 7r/«/zrn^i porque Peloro fronteiro de Itália
Ur^cnmoHehac,ingciitem(]ueinruperlhe opprimc a mão direita Pachinoaefquerda-, fobreasper- j

^^^^^'"^
impoluamruptisflammam expirareca- ^
nas tem o Lylibeo i &fobre a cabeça o monte Ethna. 29
^ u ^i J r u j •
Ne
minis, ptuno, porque também O quizerao lançar do ícnhorio do mar,
Ec fcflum quotics motac latus intrcmc- atou Egcon a huns rochcdos do mar Egeo
, 40 & Adamaílor, :

reomocm
qucnamoradodc Thetis,paflbu aGeneraldomar,& a pertcn-
xerc fumo. dia por defpojo da guerra, toy convertido no grande promon-
}9 y^ir^o^vid. L 7. tório que chamamos de BoaEfperança. 41
Aulíertt dTuosiaxátem^.co.a nem. ^ Efta, refumidados Poetas ,foy a guerra dosGigantes,
41 Camoens nas Ln/adascM.s.eít.^9. celcbre com O nomc dc Gigantomãchiã; &
poíto que osExpofi-
cr fegmnuu
41 iUfert
Viina Kocommma Ovid.d /.yii
„ .
larzamente Pedro Sanches dt
r

9.
i j
i*/^-
torcs das allcsTorias defcobrem nella grande doutrina moral
/-n -j
42 pudcrao OS Gcntios cnlinalla em maneira mais decorola
• /-
•. -

feus Deofes i mas naó eraó dignos de melhor tratamento. Aos


Chriftáos dá infigne exemplo da mifericordia do verdadeiro
Deos,(& por ifto me parcceoreferilla)pois vemos que ajuiza-
rão os antigos fabios , que mereceo menor caftigo que o de ra-
y os, & fer com elles metido debaixo de montes quem tam lou-
ca , ou fatuamente fe quiz oppor ao Ceo porém noflb Dcos,;

conferv ando o género humano para o felicitar ,diíTimulou a ju-


ftiça 5 & ufou de expediente mais galante , que fevero , como
: ,, veremos no feguinte capitulo

C A P I T V L o IV.
Quam/uavemente impedioDeos a fabricada torre de
Babel com a confufaõ das línguas. Como/ó a He-
brea ficou a mefma^ Çffhe a mais antiga , fe ha Uns
gua natural. Mudanças que houve ; 0* algumas
curiojidades na matéria,

X fhfi^.y/i.p. i.c.t. ^ '\y^ ^"^^ ^ ^°"^ annos i havia Deos fofrido a continua-
\ çaó daquella fabrica foberba, quando forte, &fuave«
menteaimpedio. Setenta &: duasfamiliasfehaviaó derivado
1 Ceis. cap IO. dos trcs filhos dc Noé , como fe colhe do Texto fagradcj 2 &

PART. II. CAP. IV. 14J
fó húa de que era cabeça Heber ,
, quarto neto de Noé
por feu
filho Sem , naó cooperou. Nas fetenta & hua confundio o J>-
«/:7í?r a língua, 2 que em todos era Hebrea, herdada de Adam, \ nZÍÍi^'^' ..« n ,
como diremos, tazendo-os eíquecer delia 4 & logo ( fegun^ "^ 1 "»«.
:

do Origenes 5 ) os Anjos nomeados para titulares das Provin- ^ ^•''i"»*««'^i i.«N«OTfr.


cias, a que fehaviaõ de dividir, iilventàraõ a cada húa outra
particular. Com ifto diz o Texto, que fe naó ou viaó, 6 por- < G""^'fJo 7 UtnonaudíatuoHr
^"'^'í"' """"^ í"**^"' ^"*-
que fallando todos , fe entendiaó poucos : a copia de palavras
era falta delias : ouvindo naó ouviaó o q fc dizia) & aflim foraó
forçados a defiftir da obra, a q ficou nome de fía^í/,qUefigni-r' *
» ..fica miJiura,ou confufào , & fe apartarão para as terras differen-
tes, que Noé lhes finalàra.Joíefo refere 7 haver dito húa Si- jf^fe^k ieMtiqi.i
••'•$•
c
bylla, que com grandes ventos derribou Deos o que eftavafa»
bricado o que fe implica com o que no capitulo precedente 8
; g 2v# cfuceiíHin
4.
diflemos que fe confervava no tempo de S. Jeronymo i ou o q
,

fe confervava , feria alguma parte pequena.


2 Só na família de //(»/»fr, porque naõinterveyo na obra^
ficou a língua herdada de Adam, com nome de Hehrea toma- ,

do de Heber , como também fe chamarão os Hebreos y em 4 fux


defccndencia continuou i 9 &
aíTimhe a língua mais antiga, 9D.c%ryfophom^oi„oeH:
pofto q lhe difputàraó aChaldaica, Syriaca,Egy peia, Phry- & J^-^^^z-^ Civ.d« i.íó.c ti.
O' /.it e.

gia. Moftra-fe da fignificàçaõ dos nomes, Evay que hctnãy dos JT/^^ j^f^^^^ ^^ s
tuie ^f.hfam.i.^
^ ^^*

Vívenfes;ioCaimi(iuchc,poJfmhomemporDeos; èc Seth, n c.j-idmed.

fuhftituido por Abel, 12 intcrpretaçoens que aponta o Texto ^'"-^^"""'"'«/"'''AA^cinyí/áiáet,


fantOj&fófcverificaônaraizHebrea. '^'^«''"«^•«-f<*£«/./., «.»,.£,
'* **''*
,

3 De nafcerefta língua com os primeiros pays diflcraó«^4. ,


*

Authorés, 13 que era natural, &afallariaóoshomensfema,^'^^J;í';^';;J^í'*'' «4cr/.7.„.7.«i|.


aprenderem, fc naó conhcceífem outra. Se havia língua natu- 5w<i/<?.fír«4.Viic«V/S.i».«*t.^
ralquiz experimentar Pfammetícho Rey deEgypto, entrega- ^"^M-w-ij
do dous meninos de poucos mezes a hum paftor, para os crear "líTcw. '***'*
.'.^t?'^ '

aonde naó ouviíTem língua alguma, &fe ver depois qual falia- n GtH.^.u
'vaó. PaíTados dous, ou três annos diíTeraó, Bec, que fe cuidou
J'
^"-^-^-a- 1$. • — -
-

fer palavra Frigia, quef.gnificavapaó. 14 fendo voz que ti-


<,.j,;l'i^t«T,.lCS5>:
nhão ouvido a ovelhas, OU vacas naquelledeferto. 15 Amef- c««<i4r.j«*)l.f.ív«.«4Cr i|.
ma experiência fez naó ha muitos annos o GraóMoeor em 30. _ í*,'^'?'''"/'' .

&
meninos , nada fallarao 16 como também naó fallava hum , d. ^u^. de íus>ê.ãmm.e.t9;U i:
•,
5

moço,qemHybernia nefte noíTofeculofoy achado cmhuns '•*».


montes, aonde, naó fefabeperquecafo,fecreàra. 17 Qcerto j,^;;^^^*'*'^"^''-**- «*"^*" •"-
hc, q ainda que o fallar feja natural ao homem , ha de fcr apren- 17 Nicti TuUíus /.4.«6/írv. e. f.
dcndo o que ha de articular j 1 8 he-lhe natural no uni verfal de \* ^"'^ ff^ch» Lumwi ucde ,

pronunciar palavras j mas quaes hajaó de fer, & como fe devaó í^,flde Taranta, t.cdefurdit. l.

pronunciar, he/7í//>/<íaí«»f, oqueíntroduzíoocoftume 19 i> c/^x«"'"^*HAí<"''i'"-'.*>.f«>4»


:

hnçar voz articulada, he da natureza i mas defte ou daquellc ,

modo he introducçaó , como a matéria natural de qualquer


,

coufa he difFcrente da forma que fe lhe deo. Hum homem qu©


nafceo íurdo, diz Ariftoteles, 20 neceííariamentc ha de fer mu- "
^«|í.í«*íH<m./.4 csi

do, porque naó pódc aprender. Em Madrid vi o irmaõ do Có-


dcftavel deCaftella furdo,§c mudo fallar algúas palavras,prin-
Viij cipal-
.

-i44 EVA, E AVE


cipaim ente das ordinárias de comprimento,q Iheenfinou com
rara induftria hum engenholo meítre, que imprimio hum livro
inzitu\ââo,j/lrtedeen(enarah/iblar7niidos;m^s-pxoi\undsívacô
algum defeitOjôc muito defentoado, porque a arte naó chegou
amoftrarlheofom.
4 Para aprenderafallarconftituhio a natureza o tempo
de hum annoem diante 3 em que começa a attençaõ do animo,
Vt cZ''Ju{u.?.p.Me>à» na Syha L ^ recepçáo das efpecics pelos orgâos dos ouvidos , 2 1 que arè
ic.^6(inten;ed. ilU ttáo «íláo dilpoftos para ouvir diílindamcntc. 22 Ho
.<ípd P/in.L II.
1 j
c. ji.
Verdade, que muitos meninos fallárão de poucos mezes , de&
iiv.dfci.i.i.adfn. poucos diasi 23 mas entre OS Chriltaos lofao milagres;entrG
Textorinofficinp.í.iit.mhfícuíinuítiir. OS Gcntios , portcntos } 2A comooutrosquefallàrãonos vcn-
Mu.o/.ioUnq.^Jfin.
trcsdasmays, 25 (poítoqueodarallivozespoíra fcr natu-
Sophron.mpiaa.jphiu ral. 20) O
grandc Patriarca Saó Bcnto antcs dc nafcer fov
^ffe,,à,yviari.mscciran.^xx'j.
ouvido Cantar » 27 por fobcrano myfterio. Chamáo-fe os
Cumuens Lufijd.caiit 4 e/t. i. ... d - ...
LateFrar.comCamp.Lji q.^f^. idiomíiS mãtemos &z nio pãtemos ^ porque ordinariamente
,

24 D.^ui^.á(Ci\Detj.i,.t }i. asmãysoscníinãonacreação:hum cftrangeiro, que em idade


Fr*kf.r.«fÍ'iá'i.í««c*ro«.d«fr<i- varonil
vayàpatriaalhea , nunca pronuncia perfeitamente,
dts Mcncr.p. ^.i.6c, I ainda que acerte as palavras.
^ Plínio diz, 28 que os meninos que falláo cedo, andâo
S«ÍT.1''*S'^"''''^"^'"''^^''
x6Vit'>''^'dr.'Libati9 tom. i. fixgu/. tatdc: & Ariftotelcs, qucofallar demafIddamentecedoJtorna-
r>í/-i<^/«l%a//:AfJ^,<:./. i. 3, ló.fiopt
rà a perder o fallar ate o tempo era que devera fallar natural-
^,7 BonifacS,monei,i.4.ep 10. mcute comoacontecco aofilho dc CrfíTo Rcy dc Lydia, que
i

ír-jUdéJeS-Thomis na Benediã. Lufit. dc cinco mczcs fallou algumas palavras , & depois não fallou
tTat.yic.r,.
Cpoftoquefeentendiaqueouvia^atèferiàdeannos; emquc
vendo que hum boldado do inimigo victoriolo queria matar a
i.(,- -^
'
:

feupay fcm o conhecer, com alta voz diíTe Tente )7iao mates a
;

.. . f«f « /7ííy Crejfo comque o Soldado fe abfteve êc fc vio o do-


j j

minio que o animo tem fobre o corpo,pois os órgãos corporaes


obedecerão íubitamente à vehcmente determinação da von-
tade, & fe romperão os laços da lingua. Os Aftrologos dizem,
que o que tiver em feu nafcimentoo Planeta Mercúrio em af-
^. .
cendente,oriental,&; direito, fallarà muito antes do tempo or-
J9 Ttiif trata M*»(tna Syha de var. dinario. 29
i/J /. . CO
tom ^"i^^^'!^"-^ H(r<»dot».
^jo fne rar jH r«««
6 Pelo modo acima dito ficou o mundo cora fetenta &
dousidiomas, ouiinguas ; 30 a Hebrea antiga i^ôc as fetenta
&C húa , que fe accrefcentàraõ , diíl^rentes em cada fainilia j 6c
«31 c«fui.e.ie.5.0'f.ii,«. ^ fe dividirão todas a fetenta &: duas regioens. ^ i
. conlònan- Em
.f • \ TiVT V
.
cia deftc numero , da
."
orla da veftidura do Summo Sacerdote
^ da Ley Velha, pendiaó fetenta ôc duas romãas.q coma divifào
defeus grâos,ou bagos ílgnificavãoaquellas regioés povoadas;
^' &: entre as romãas outras tantas canjpainhas, lymbolo de Pre-
gadores para aquel las gentes jos quaesefcolheo Chrijto Senhor
ML«c.^o.l. noíTo fetenta &:dous defeus Difcjpulos. 32 Para a translação
f :
'::Í:^^^^;:!Xt. d^B^lm enviou o Súmo sacerdote Eleazaro a Pfolomeo l-^hi-
HáwrP;,,to,didA,.c.-Li.n»tjm.i, ladelpho Rcy de Egypto fctcnta &
dous interpretesj 33 &
}} í^Jí .p c.}o «.7. „Qfa vj
íeronvmo 24 que as doze leeioens de Anjns de que o^
\ 5
Maith.todx.i6 jj. Senhor fallou quandofoy prezo, 35 razcm numero de letenta
", . > ôcdous
PART. II. CAP. IV. 145
& dons milAnjoSj alludindo às fetenta íc duas famílias & lín-
,

guas do mundo , que todas, fe o mefmo Senhor quizera, viriaó


adefendello, &: fervillo. iíi-ibruj-

i 7 DaqucUas fetenta 5c duas línguas como de fontes , fe


,

derivarão as innumeraveis que depois fuccedéraó no mundo,


formando-fe, como novas, da corrupção, &
miftura que eftra-
nhos conquiftadores, ôc vários outros cafos caufavaó nas Pro-
víncias. Na Ilha de Inglaterra ha quatro, ou cinco , que não fe
entendem humas a outrasj fó a Ingreza he commua aos nobres.
Aílim as primeiras, como as derivadas, le foraó mudando conl
os feculos.Tcmos exemplo na Ingreza,em que ha quinhentos^
oufeifccntosannosfeefcrevcraó asleysdaquellc Reyno , Sc
hoje as naó entendem fenaó os letrados que as eftudaõ. Eni
,

França tem havido a mefma mudança do tempo dos Gallois á


efta parte.A Hebrea fe confervou atè o cativeiro de Babylonia.
Nelleamífturouo vulgo coma Caldeaj fó nas Bíblias fagra-
das ficou pura.Depois efcreviaó os Hebreos as doutrinas,& ar-
tes em Grego, Arábigo, ou em outra língua eftranhaj 36 che- ^6 ÉeH.Perrr.mGéHJ.^.n-lá.Crl.ii.

gàraô OS mais polidos a fallaremSyriaco: ôc dizem muitos dou. ^-^7X^5.^.^^^^^^^


• tos, que nefta língua falia va Chrijlo Senhor noíTo , 3 7 & que as so.c.i.\erf. quodÇi^uis. • ^
palavras que diíTe na Cruz : Eli, Eli, lamafabaãha?UyCr2LÕ Sy-
riacas, & por iíTo alguns, naó as entendendo,cuidáraó que cha-
mava por Elias. 38 A Latina também nos princípios de Roma J* Matth.t';.46.cr^j:
teve algiia diíFerença , como fe vè nas leys J^í /^<3^ /^í^o^i". Das
vulgares ( por mais que Bccano 39 conje£ture em favor da ^9 Gofof.BtcanHemXií
Alemâ)he a Efpanhola, a que teve menor alteração de mais de
mil an-nos atè hoje , como vemos nas leys dos Reys Godos, que
andaó no livro intitulado yFuerojuzgo. Na variedade das lín-
guas he o mais admira vel, que certa naçaó, pertodoCabode
boa Efperança,fem formar palavra,falla fó por eftallos que dá
na boca com a língua nos quaes parece que naó ha diíferença.
,

Nacafadalndiade Lisboa o experimentei em dous moços, q


}ifallavaóPortuguez-,eudizíaahumemfegredooquedemi- ^ ,
nha parte havia de dizer ao outro pelos eftalloSi & eíle me ref-
pondia.-ufey toda acautelai porque naó houveííe engano, &:
vifer verdade o que por vezes tinha ouvido, & naó acabava
de crer.
8 A bondade, & melhoria das línguas confifte na copia
de palavras na boa pronunciaçaó
: na brevidade com que fe
:

explica: na propriedade com que fe efcreve:êc em fer apta para


todos os .ftylos. 40 E por naó haver no mundo coufa perfeita,
,,Zll'7t'^^'J!í''^t"rIl.
OU em tudo aventajada as outras as melhores línguas quef«r/:i.
,

conhecemos, fe em húas qualidades excedem, faô excedidas ^'^""«^ '''"'^««'" "« ««^^- '''^"«'íe-
era outras tratar efta matéria nos divertiria demafiadamente
j

de noífo aíTumpto. Os antigosRomanos eftimavaó tanto a La-


tína,que por mcrcé particular concediaó aos conquiftadospo- , , ^
., .. ,

aellatallar publicamente. 41 adãn.


9 Deos, que reftauràra o género humano para o levan-
'
tar.
,

i4<5 : EVA, E AVE


naõ cjUiz dcftruir a tantos que haviáo peccado taõ grave-
iar ,

mente. Contentou-fe de im pedir aquel la obra com lhes con-


fundir a lingua. Os que naó fallaó a mefma , naó podem fazer

4t í).chyíofíAom. ^0. in Gen. Nam


Companhia 42 Mas depois , como por reftituiçaó, introduzio
^uibusneociiidemfcrmo & , lingua, a mifericordia do Setihor algumas gèraes a muitas regioens.
^iwmodo cohabitarc poilunt Late D. Antigamente O foy a Grega, que mereceo fer Rainha de todas,
?

^ug.tte Cr» Dei .19 7.


-c.
^^j^ copia de palavras, abundância de frafes,& graça no dizer,

4) fí«i«f(7/a«./.it-c. 10.
4"^ ingenuamente lhe confeíTou Quintiliano 43 fobre aLari-
na , ( pofto que Cicero 44 naó quizeíTe ) pela facilidade
44 'cica.i.iÀefnih. juntà com mageftade na pronunciaçaó , a cujo refpeito , como
dizStrabo, 45 íe chamarão barbaras todas as outras linguas,
45 SiTiU. 14. pç|^ brevidade com que por termos elegantes fe explica tam
/ «^ Lc-.«.-/..« clara,comofevè no diftico referido por Macrobio, 46 quenao
Icpode traduzirem menosde 17. verios Latmos pela pro-,

priedade comq fe efcrcve , tam certa, &: ajuftada , que a pezar


dos combates de tantos feculos, & fucceflbs. fe conferva nos eí-
^ntos períeitacm depofito feguro, como Qiuntiliano47 diíTcj
47 Quintii /.t.r.T4.Hiccftením ufus
feerarum utcuftodiani voccs & tcI- ^ péla aptidão pata todos OS eftylos grave , médio , & jocofo,
, , ,

utdcpofitum rcddant legcmíbuj itaquc gm profa,& verfo,como vcmos nos Hvros Greeosjcm
,-

q fó a lo-
^ ^
cuçao da bua nova alma a qualquer matéria. Depois fe fer
geral a lingua Latina ( como hoje o he em quafi toda Europa}
por induftria dos Romanos, que dominando a mayor parte do
mundo então deícubertOjpara melhor o unirem a fi,o quizeraõ
Tcduzir à fua lingua ; 48 ordenarão cfcolas delias em todos os
48 P/m./.,.f.5.«prí«r.Totpt>pulo.
luni diícotdcs fcrafqj lii.gtas fcrtnonis lugarcs dc fcu Impctio , 49 & juntamente com o jugo ( como
,

commcrcioconttaheretadcoiioquium.
A9 toaôHuarte de S.Joao no txame -, ^ ,-^ -ia
^jj^ Santo Agoftinho 50) osobrieàrãoa tomara liníTua,quc
11 • j
diengtn.cio.foíiprwcip.ytr/.iasUnguas. antcslhes conccduo por priviicgio. Acxcellencia delia pede
1
^
1
1

so D. ^HjídeCiv.Deid.L9.c.7.ãHtc efcfítura mais larga , & parecia lufpeita nos que feprezão de
l-atinos;& mais nos Portuguczes,quc avaliaó a fuapor pou-
'"ti c.moêsnasL.pad.cant.i.en.
E lia lingua na qual quando imagina.
, CO difFerentC; 5 I & parccc que também participou da Latina
€om pouca corrupção crè que hcLacina. q fazcr-fe geral em muitas Ptovincias , & Reynos da Africa
Alia ,& America, aonde OS ror tuguezes a levarão. Ate as gen-
tes barbaras da Africa , & America tem linguas geraes entre íí,
que por todas aquellas partes fe entendem , & delias fe fervem
os que vaó commcrciar tal he a Providencia Divina em reme-
-,

diar aquella confufaó, que o peccado mereceo.

IVIÍIB^I í.. .i-illiW»}^'

CAP,
,

PARTE II. CAP. V. MT

CAPITVLO V.
Primeira Monarchia que houve no mundo, como come-
çou por tyramia ,
Q}* bem adquiridít , he convenien-
te , ^ melhor que o governo de muitos, ^e cada
naçaõ deve Rey particular , f5* natural ; ©*
ter f^u
qual foy o principio dt idolatria com que os homens de
novofe arruinavaô.

1 IWT Am fabemos que houvefle Reys antes do diluvio.


^^1 Governou Adam com poder mais alto dado im me-
diata, & vocalmente por Deos; logo as cabeças das fami- t Genef i.xt O" -A.
I

lias pelo direito paternal ; depois os fundadores das Cidades


ou povoaçoens, como Caim ; 2 ultimamente os mais pode- ^q^
rofos, como nos Gigantes infinua o fagrado Texto. 5 j Ge.
int patentes

2 Pafladoo diluvio, Noè governou com poder de fegun-


do Adam, dado por Deos , 4 8c íiiccedendo a d ivifaó das gen- 4 Genef 9 aprincifio.
tes, cada cabeça das famílias que o Texto nomea , regeo a fua,

ç ate que no anno 275 .depois do diluvie, ( ia opiniáó que figo, f Gen((
IO

6 pofto que outra diga faó cento feflenra dou ) &


iN^emrod,
6 Cu»iFlofaitohi(l^.*.e.í.

que fora cabeça da infania de Babel, 8 fe arrogou em Babylo- %.n


nia Monarchia , & foy a primeira. 9
8 Supra c- ;.». 4
9 Cíiie/.tC.9>& 10.
5 Foy tyranno 10 pela violência cora que fe introdu- so D.LhryJ.iHGetth«m.t9,kf*.
zio, 6c pelomào fim que o moveo, fò de dominar-, mas a
dignidade bem acquirida , &
com boa tenção era conve»
niente porque a Republica que he corpo civil , naõ po-
-, ,

de eftarfem cabeça; 6c aíTim a exemplo de Nemrodfefegiií-


raó tantos Reys em quafi todas as Províncias , que os Rey»
nos fefizerão de direito das gentes. 11 R os Ifraeliras mal con- II Lfx, ex hocjura, Ôige/iit áe jufiiu

tentes de outro governo , pofto que dado por Deos , pedirão crj»»-
ao Santo Profeta Samuel que lhes défle Rey , como tinhaõ to.
das as naçoens. 12 iii.ji^fgi.^.&Deuttr.í7.t4.

4 Só os exceflbs dcmuitos Reys levantarão a queftão .'13 1 ? a^p«'^ simtnc.de ^pj ».c.i j:&
fcheraelhorogovernode hum , ou ode muitos ? Contra o J;;''/;;jJf 7/^^^^^^^^^
Monarchico de hum fe confidcra que fe os que governão faõ t ». t. 6.
,

bons melhor he haver muitos bons que hum fó bom


V
.

, , í- ,
,
111
fe faó ^^^"^ T.'J"Í' ^!^'^T''f:X'}: u'

maos , he menor mal lerem muitos, ( porque nenhum obraab- i^^ç^^ i.


.•

SalaxeTdeMendo^tttdisdtgmd deC.tíelU
/
foluto ) que íer hum fó que executa independente. Se he dif- Fu^^ionfi Remon , tratado itgovtno hn
ficultofo achar muitos bons, hefacil encontrar com hum mào. '^fJtúf^Z7»nu^çu
'"

Nabondade, ou maldade dos muitos pôde haver meyo na de •,

hum raramente o ha. Hum


Senado fe governa por muitos juí-
zos que naó podem errar todos o Rey governa todo o Sena-
, :

do , ôc pôde enganarfe. O
Senado elege-fe por votos i o Rey
nafce
• 1
-

148 EVA, E AVE


O Senado entende quefoy creadopara o
nafce por fortuna.
povOjoReycuidaqueopovofecreouparaelle. O iiey novo
querfemoftrarbomj & os Senadores fempre faó novos. O
máo Reypor durável , defefpera os fubditos dos Senadores
,
;

efpera-fe mudança. Se nos Senadores ha diícordia, peyorhe>


naó fe difcordar do m ào Rey. Finalnicte,d e mu itos [leys he ra-
roo que governa bem hum fó Reyno i& hum fo Rey quer go-
vernar muitos Impérios , & para iflb inquieta o mundo.
5 Com tudo o governo de muitos, he artificial o de hum -,

he da natureza} porque o primeiro Movei prellde aos outros


moveis hum luminar mayor a todas ás Eílrellas o homem a
: :

todas as efpecies de animaes o entendiméro às mais potencias


:

da alma : na rnuficâ ,fymbolo da harmonia do mundo, todas as


Q^atiZSí ::*:;; te. vozes fegi>em ahua fo voz , atè no Ceo prcfide hum íò Anjoa
ruiit:pcreuiicibu$irapcriu:ncoríuir;uá cada coro: Deos, íontedc todoobem, hehum lo, 6c parafua
Kl in Democrati)s Monatchia regiut.
Igreja cfcolheo croVemo monarchico de hum SCimo Pontifice.
15 fi^fw /!.««/)! Intra luam cm- .^v-^t-»ui-j
que p ttiam Regna hnicbantur
;>if
j n.
Atc nas Rcpublicas de govemo de muitos coltuma hum home
ll.-
Dí«ífro«. 17.4. sicut habeiicomiiM per
grande fcrcolum na : ôcfua falta caufarruina; reynandopor
TíTrCr. ..„ ,. . eftemodoaMonarchianellas. 14
Quia tales Rtges alter; usgcKtisíoietpa- O Mas a mliituiçaodos Keys toy quecadanaçaotivelTeo
mmaffici adoentem cuiprsficiuutur,
feupartkular , i< pclo amor reciproco cntrcos damefma pa-
« per conlequcnsnon curare de «s.
17 pai.Afj^n.hiít.i ,9c.;p ^, dSn.
oi-
triaj&lmgui:
/
16 pelo
\
mayor conhecimento u-
^Jdos coltumes
n.
5
o
&
Exterm, cii nnc-- mores, n-c iciiespa- leys
1/ pclo brio comquc húa naçaó naó quer fugeitaríe
:

'^°SZí^:^::ÍS;í^:;:::^' •"utra, .8 tenJo-oporopprobno; 19 pelas mais ra-&


i8 Q^Curt.hiii..^iexandi.-j.po]imed. zcés q largamente cxpcndcmos emoutraObra. 2oEallimos
inoTatwne shyu. Aknigcnam áomai
nemopau»uIt
Parthos pi dir^ó a Tiberio Rey natural 2 1 os Francczes ,' 1
:

.^ j j r-r u ^ n
19 íi>em. Thre„ c. ^.infrinc. Refpicc ^^^ Godos de hlpanha, 23
o .
&
os Portuguczes 24 o prevenirão
-^

opprobr.u:Ti iioítrum hasreditas noitra em fuas leys


j até OS Apoftolos Santos O defejavaó
: 25 Deos :

""^ ''""°'' '^°'^"'


"°"" "^ "' O ordenou, êc prometteo no Reyno dos Ifraelitas quando feuí
uáneoll
ío iiiufithbeT.i.i.c.%x. mimofos : 26 6c com o contrario os ameaçou, 6c caftigou
II Co)nci.Tacit.annai le.poilmei.
zi In lege Sílica.
1? In Uge relata àMoitna de ptimtgen.
quando
n.j
moítrado
-jr/r
pcccadorcs. 27 Finalmente as conveniências fe tem
naexperienciaaosfucceíloSj comonotouhum tcx-
i

Ínãmotndfin.tm.n.n. toCanoníCO. 28
W Í!5ír6^Domine,(;inte«tporc 7 l^g^ naqucllcs príncipios fe quebrou cfte in-
^. ^"i^f"^
hocrcftiruesRcgnumifaei? Morto Nemrod(^quealguns 29 querem que feja o
ftituto.
16 Dfwtíra '.17 15. Nonpoterisaitc-
nus gentis Regem faccre.quinoufitfra- j r»
queos Gentioschamàraò Belo) com feíTenta 6c quatro annos
a j j r xt-
1 /^ 1 1

ttrtuus ofeA.ys o-^oeiui?. dc RcyuOjSc tfczentosde idadCjluccedeo Nino,( q também Ic


»; ij'i.i.%.Kii>ac. 1. 6
f rfw.4.16. chamou AíTur) ou immediato,por fer feu filhojComoefcreven»
*« rl^.L"^" Í"'^'L""^' . j hunsAuthores 1 50 ou depois de Belo feu pav , q ue outros dl
V

Wffl /«(í.Numqudobduxuobhvioqux zemtoyíilnodeiNemrod. 31 hlte N ino mando da celebra d ;

íncohs nota &c. *


, 'Scmiramis jfovoprimeiroqueconquiftou porarmas. 7,2 Ein«i
io Fhftdhiftor.p.i.c 1,
dezaletc annos íugejtou quaíi toda Alia , 33 conltituindo a
»i Pineda na Monarch.Ecd. i.u c.%6. grande Mouarchia que de feu nome Ajfur^ lè chamou Ajfnío-
^ ^^Jhtffemosnaxpc u „
cujaduraçaó, 6clargafucceíTaódeRcy$diíremosnaprimcir;i
n D.Aug.deCivii.Dàl.i6.c.i'jMiÍ. P^rte. 34
"•
8Se alguns Reys tiveffem o corpo tam grande, como tem
J ''
Diedor i ;.
^ ambiçaó,abarcariaó com huma maó o Oriente com outrao ,

i* P. i.f .iv- í Occidentc 6c cuidariaó que lhes faltava mundo para eftcnder
:
,

PARTE IL CAP. V. 14P


fua gloria. Eílarem fartos os faz famintos das vi£loriasIhes
.•

nafcem novas guerras : imaginaó que naó cabem na redon-


deza do Orbe j fendo que hum fó Reyno naó cabe nelles. Se
puzeffem freyoà felicidade, melhor a regerião:a fortuna quan-
do eílende a mão, não encolhe as azas: nada ha tam firme que
não perigue: o Leão vem a ferpaílodeaves; ao ferro confu-
me a ferrugem ; muitos querendo colher frutos de arvores al-
tas, cahiraó com os ramos a que fubirão. Ao grande Alexandre

accufi va o prudente Embaixador dos Scy thas, 3 5 de tão cega j 5 .yfyud Q.Cm.f„prà.
ambição , q fe venceflc todo o género humano , havia de ir pe-
lejar com as feras fel vas, neves , ôc rios ; a de Nino excedeo
,

poisquiz também dominar o Ceo chaniando-fé Deos. Mas


não fe atrevendo a tanta impudência , lhe pareceo mais tolerá-
vel attribuir deidade a Belo feupayjà morto , &
levantarlhe
eílatua em q o adoraífem, para ficar, pelo menos,filho deDeos-, - - - ^

liberalidadeinfana, dar o que não tinha. EfteheoBeloqueos


Gentios 'inhão por Saturno.ou porjupiter Belo,8c os Hebreos
chamaváoBaal,BeliaI, Baaiimj&: BeU&eílejfegundoosme-
fío/cuUvp.p uci.
lhores Hiftoriadores, 36 foy o principio da idolatria o peyor j
^^

peccado , & o mais nefcioj pofto que alguns lhe dão principio
em Milefio Rey de Creta outros em Prometheo (k Filo He-
: :

breo 27 diz. quejà antes do diluvio Tubalcaim tinha feito .^ vli ,, , j r, . .>

imagens de ídolos. narch Uf.p. ili.c.iadfn.


9 Salamão 38 a quem fe deve mais credito refere diíFe- ^s
, ,
SapUnt. u ã» is-
"jnt.i.i.o-myt.
rente principio da idolatria , em hum pay (a queFulgencio ''

39 chama Syrofanes , Egypcio) o qual fequizconfolar na


morte de hum filho com fazer húa imagem fua , ôc mandar
aos criados, que com facrificios adoraífem como Deos ao que ,

morrera, porque era homem. E que dalli fe introduzio fazeré-


fe imagens deR.eys,nas quaes os povos em aufencia os veneraf-
,. .femcomoprefentes; queosartificeslifongeircs fe esforça vão — *
afiguralloscomtoda afemelhança j & que chegou a tanto
primor a excellencia de algumas daquellas obras que a gente ,

cega avaliou por Deofes, os que de antes horava por humanos.


10 Qiialquer principio q a idolatria tiveííe.moílrou a per-
tinácia com que os homens, jà efquecidos docaíligododilu*
vio , & ingratos à clemência cora que Deos fe houvera no pec-
cado de Babc^l, parece que fe apoftavão com novos crimes à
^impedir oremedio, queoiím^or lhes tinhaaparelhado, cont^
petindo a malícia humana com a mifericordia Divina. No íè-
^guintc capitulo feveràó os exceílos com que nifto obrarão.

GAP.
150 EVA, E AVE

C A P I T V L O VI.

Como a Idolatria fe introduzo no Mando ^ adorafjdo-

fe homens Çff coufas infenfiveis \ defatinos , ciue


,

nella havia: algumas figuras dos Deofes : imUcen-


cias que deites fe refertaõ : femfacrifictos , &facer^
dotes : Qj* a fumpuofidade da fetts templos.

I
I
^E
principio fe introduzio terem os homês por dei-
tal

JL^dadeSj os que íe aventajavaó em algúa qualidade ; ou


aquelles a qdefejavaó pagar algum beneficio obrando nifto ;

muito as ficçoens dos Poetas. Paflbu-íe a dar a mefma honra


1 £*'?tf«».firw;4«.«v»/í.<//viMÍ.i.c 15. por temor i 6c tal vez por engano. SafonCnrthaginez, ou
,

xMarumhiftMHcff.Licap.io.n»Yi^^^^^^ ^ ^ Abfefâs Rey de Lydia


, 3 enfmàraó muitas

J Dicgo de
Pmts Cr Menêoça na bi/i. avcs das que imitaó palavras , a dizer Gram Veos Safon &c : ,

deavts,ermm.í.i.c.4í.nefim. Gram Dcos Abfefãs: depois as foitàraój& ouvindo-fe nos cam-


pos como milagre, bailou para ferem adorados, &:fe lhes le-
vantarem templos cm vida: o que naó coítumava concederfe
aos mortos.
2 Dos primeiros fenaó o primeiro , que teve titulo de
,

Deos, foyoSantoNoè, começando o peccado a cobrirfe da .••


-' ' Santidade; taes faó as traças do Demónio. Além de lhe chama-
-

rem Deos ^^«í?, como na primeira parte diííemos, 4 Ihecha-


4 p.ix. x%. n. }.
màraó Satiirno^^^di^ dos Deofes,& filho do Ceo & tivcraó por .•

Deofes os filhos , chamando a Sem Júpiter Rcy do Ceo^ porq


,

Qg^f^xl nadivifaódasterraSjdequetrataaÊfcriturafanta, 5 Ihccou-


.*'*
^beapartcfuperiornaAfia:aCÃtí;;í, Pluto,attribuindolhe rey.
nar no inferno , porque lhe coube Africa, parte inferior^ 6c fcus
defcendentes foraó peia mayor parte negros, naó fo pelo clima
é ?srunusincBn'ícnd.Cofmogv,
da tetra, mascm peoados peccadosdomefmoCham z 6 zja-
Neptuno, dandoihe o fenhorio do mar, porque na Euro-
phetj
pa lhe fícàraó as partes maritimas. E diííeraó que hum caílràra
a feu pay porque fe Cham o naó fez real mente , como foy tra-
,

<iJÇáo Hebtea , 7 ao menos O procurou , 8 & o fez inútil com


7 Refin GencbrarlinChronograph.
tit ndo*R^hbi Levi no cap.^.do GeneP fcitiços , potquc toy grande magico i 9 &: he certo que neíra
8 MMute mprojap. chrifJ. idad í.
ci'c
parte lhe fez a afronta que O fagrado Tcxto dcclara. loAíKui
''^fserof. indefor. chaid. i. 3. H,jh íc coufundio a vctdade entre os Gentios.
Schobíi inGcn.c.7,9.
^ OutroschimàraóaNoèCfí?, Sc aofilho que ocaftrou
l"tní^^<,uvoc. chamàraÓto/r.;í7, porqueCfegundoXenofcnrciOosanti-
gos chamavâo aos fiidadores de Kcy ncSySat/jrnos filhes d o Leo-,
a feus primogénitos, y^y/í/íé-r , Sc aos filhos do Júpiter, fe fahiaó
it ^i.erieP,n.danaMo arck.
valentcs^chamavâo //frf7//f5ide maneira q aj^j^^íz/rwí^^y/zp/-
/ffif//.i.í.i9.§.i.ci7c,iv§.5. ter , &
Hercules yeTzó\i(a\ò iO-yò pay,6cniho; iioquchc ,

ncceíía-
;

PARTE 11. CAP. Vr. í5t


neceíTario advertir para intelligencia das hiftorías , emqueal-
{Tu ns, fendo os mefmos j feachaó com nomes diíFerentes, em
«jb^^bk-
partes diverfas;porque o que em hum Reyno era Júpiter, por '-^ • -

ierfiihodoqueofundou, ficavaSaturnoemoutroquefunJa-
va. E também como havia muitos do mefmo nome, fe confun-
diaó as acçoés de huns com outros,ou de todos em hum ( prin-
cipahnente pelos Poetas ) como fuccedeo em Hercules.
4 Alfim mefmo á mulher de Moè> chamada 7/??^, 13 ado- «i.
-^«/"•í'
15 «

"'^''^'*"'
ràraó os Idolatras por Deofa, chamandolhe humas vez.es Cy- I^ íZ'f/lílL «'.V.'"^"'
hlles 14 &:ouLras/^(/?í?i 15 nome, quefegundoBeroí^i 16
^ 16 Bao/ãejícr ch/iid.i. ^.afu<i Bruto
^í"/''' ^•«•^•*M' '«f^»
fe lhepoz logodepois dodiluvio, por iigníficar chama de fogo y^,Tlf
que ella, para o facrificio de feu marido, tirou aos rayos do Sol
com hum efpclho que fe naó efqueceo íalvar naquella tempe-
,

ftade. Com iemelhante equivocaçaó à que advertimos nos ho-


mens, chamavaó os antigos à mulher do Ceo, Ky2^ :à do Sa-
turno , /^^í"^ou Cybellesi à doJupiter,y;w/?.
,

5 Chfgáraó a adorar Deofes innumeraveis , 17 divi- 17 D-i/í«g<^fCix»D« i.j. eli-


didos em varias efpecies Indígenas^ Alienígenas , Celejies, Ter-
:

InfernaeSy Marinhos , Fontanos, Flttviaes, Certos y Incer-


reflres,
tos, Nv^ciaes , SeleBos, Confentes, Agreftes , ^ de outras deno-
minações, fegundoaoq prefidiaój&r modo perqueeraó invo-
cados, de q faz mençaó, 6c explicação o grade Doutor dalgre-
ja Santo Agoftinho em vários lugares daquella fua divina obra
dãCidadede Deos. Acè as coufas nocivas adoravaó, porque
naõfizeílem mal:osChaldeosofogo, os Romanos a febre, a e r -'

adverfa fortuna o pavor, o gorgulho , o pulgaó,


, outros ani- &
maes,q deftroem os frutos: os Achayos asFurias: os Athenien-
fes o dcfprezo , &
afróta os Lacedem.onios a velhice, a morte,
:

a pobreza 18 Coítume que fe pudera fazer Chriftaó,veneran- jg puni.ie.n.


do os malesjcomopermittidos por Deos para caftigo,cmenda, r» ^u^ f»^ i.^c.xyante med.
ou merecimento na paciência. ';^''''-'^'^^'\?"a'^'L' ! '/'Il' .,.

6 Repreíentavao-íe algumas daquelias Deidades em fi-


guras indecentes } como Vénus em Chipro com barba em :

Thu líía de Egyptocom cornos de boy ; a Deofa Decena , em


EfcalondeSyria, com rodo de homem, ôcíinsdepeyxe; iq
& outros em iórma de brutos.
7 Referiaô-fc dei les coufas, nao fomente indignas, como
era terem contendas entre fi, Juno, Vénus ,& outros, em &
Homero & em Virgilio mas também infames como furtos,
, ; ,

adultcrios, Sc outras maldades, dequeeftaõcheyosos Meta-


morphofeos de Ovidio.fabulados fobre hitl:orias,que fe tinhaó
por verdadeiras como que Júpiter fe transformara em águia ,
-,

para roubar a Ganimedes, & Afterie:emCifne, para lograr a ••- -

Leda em touro, para enganar a Europa: em dragaó, para eftar


:

com Olympias & com Proferpina : em cabraó , para forçar a


,

Penélope.- em Satyro,
paraadulterara Antiopa:emchuvadG
Danae em fogo para deflorar a Egina
Oiiro, para alcançar a :
,

que prendera feu próprio pay, violara fua mãy,corrompèra fua


X irmáa.
1 :

^í^ EVA, E AVE


irmãa 3 cafára com fua filha. Atè nos facrificios celebravaó
10 D .^uzjufi.ic.4.&ii. com ceremonias torpes, dizcndoqueelles as queriaóallimi 20
11 D.Petr chyfoifam.is^.pojimed. naó fc cnver^onhando dc fervifcm
a tacsDeofes; porquc Quem
Qui pecrarccupit .pcccatorumcclic, & r
1 \ ^\ ^>, •*

peccado. 2 1 Com razão


i i

matur auihorcs. ^^^^J^ pcccar , vencra os Autnores do


OchoRey da PerfiajVécendo aos Egypcios com feu Rcy A£ta-
bano , lhes tirou dos altares os Ídolos , & os obrigou a adorar
21 Cum ElhnoBritto Montuh. i«/íí. Dclles hum jumcntOj 22 pois dc húaaoutraadoraçáo nâo
ha-
^''•^'"*-
viadifferença.
8 A cada Deosfe dedicava differente animal : a Júpiter
a águia: a Neptuno o cavallo: a Marte o gallo: a Bacco o lince
a Efculapio gallos , &: gall inhas ; a Juno o pavão a Vcnus , :
&
Apollo o cifne a Minerva a coruja a Diana o cervo ;
: :
aflim &
aos mais. E lhes confagraváo diííerentes arvores ; a Júpiter o
carvalho, &
enfmha a Plutão o aciprefte a Apollo o louro a
: :
:

Bacco a hera : a Pan o pinheiro a Hercules o álamo branco : a


:

^ Vénus o myrto : a Minerva a oliveira. / y


9 Também fe lhes facrificavão animacsdifFerentes, po-
ré todos machos por eftar nelles a virtude daefpecie mais for-
,

D.cy<//>a«'/.í^,)?.acJjWbrt4c/7./o/<>. te, que nas fêmeas; 23 & a alguns facrificavâo homens


1} ( co-
mo ainda hoje fazem negros bárbaros j ) & bem merccião fe-
rem facrificados por brutos , homens , que tinhão a brut os por
Deofes.
10 Nos facrificios ufavãodiíferentes ceremonias fegun-
do os myfterios , que naquellas deidades confideravão. A Sa-
24 Neflenifjmocap.n. t.
turno, entendido por Noè, como difl^emos, 24 eftavaóosfa-
crificantes com a cabeça defcuberta, tendo-a cubcrta quando
facrificavaó aos outros Deofes ; porque chamando a Saturno ,
»5 Difcmosna i.p.e.ii.n.^. pay dotcmpo,!!^ Ihcattribuhiaópor fiUiaa Verdade,quecom o
tempo fedefcobre. Fora muito largo trazer mais exemplos.
Aos Deofes celeftes facrificavaó em altares, aos terreftresem
aras aos infernaes em covas. Aos celeftes ao nafcer do Sol, aos
,

infernaes no occafo. Aos celeftes rezes brancas aos outros ne- ,

gras.
1 Para ifto tinha cada Deos feus facerdotes com diver-
fos nomes , &
grãos de dignidades. O
mayor fobre todos, que
chamavaó,Pontifice Máximo, eraó em Roma ordinariamente
os Emperadores.A dignidade facerdotal chamada, i7ízwf7/,fa-
zia as ceremonias com a infignia de hum barrete como mitra >
6c era taó excellente , que fó havia três Flamines para três Deo-
fes efcolhidosi hum chamavaó Flamcn Dial, para Jupiter.ourro
Mãrciãli^^X2. Marte outro (^nrinal, para Rómulo q chama-
: ;

16 D t^«^->H-*f- M» rão §luirino , depois que o fingirão pofto no Ceo. 26


12 Tinhaó fumptuofilfimos templos. Entre muitos foy
xf Diodor.SicuL L 6. c. o.
)
o de Júpiter cm Panchea, 27 de alabaftro finifllmo fobre gran-
des colúnasjcom muitas, & famofas eftatuas de Deofes,as por-
tas de ouro, &: prata excellentemcnte lavradas.No meyo deile
eftava hum leito para o Dcos , de féis covados de comprido, &:
quatro de largo, todo de ouro, de admirável obra ; nellehua
cama
PARTE II. CAP. VI. Z53
Cima riqiiillima ,junto delia húa meia de ouro curiofamen-
fie

tc erniAlrada, em que fe viaóhCias laminas também de curo, & t

erculpidas nellas com rara futileza as façanhas de Saturno, Ju- i

piter j Apallo ,& Diana.


13 Em Siora de Syria junto ao Euphrates 28 havia ,s i.cunindiaiADeaS^^na.
hum remplodcdicadoa Júpiter, 6c a Junojdehúafoberbaar-
chiitiítura, cubertas de ouro as paredes,& abobadasj &: no me-
vo hCu quadra fobre colúnas,détro da qual eílaváo a eftatua de
japicer fobre touros, & a de Juno fobre leoés , ambas de ouro; a
de J uno fe ornava com diamantes,çafiraSj& rubis, & na cabeça
tmha húa pedra preciofa q chama vaó Lichrrus , cujo refplan-
,

dor allumiava de noite todo o téplo. N o meyo deftas duas efta-


tuas eftava outra de ouro que tinha febre a cabeça húa pom-
,

ba do meimo metal ic\ por eíta infignia, parece que era Semi-
ramis Rainha de Babylonia.
14. Em Hefpanha houve o templo , 29 que os Hefpa- „ ,m o . , ;

nhoes fundarão a Hercules, ( q em Heipanhareynou,& ellcs c9.ctunhp.riír,t:on^ Monarch.íuin.


em morrendo venerarão por Deos) &:aUiofepultáraó;0 qual ^P'"'/' Bcrrurdmo á^^yiva na/uade-
depoisosPhenices,entrandoemHefpanha,mudáraÕparaCa £íJ/AJÍÍí.«»o£/p,/fcodí^n«c/p
discomaoíTadadeHerculeSj&permanecianoterapodeJulio c.íí. / 1

Ccfar. O qual templo, entre outras grandezas, tinha em li húa


çrande oliveira de ouro,obrada com fummo artifício, carrega- '
'

cia de fermcfasazey tonas feitas deefmeraldas ôc junto delle
;

eftavaó duas colunas quadradas de ouro, Scprata, fundidos am-


bos os metacsjuntamentei&: nellas gravadas nas letras, 8c lin- "^

gua daquelle tempo as celebres palavras , Non plns nitra.


15 Em
Calábria junto da Cidade de Croton efteve hum
riquiilimo Templo dedicado a JunOi 30 8c entre as coufas ma- .q £,vtííf ./

ravilhofas que nellc fe viaó,era húa coluna toda de ouro,qae fc


ElRey Hiarbas deGetulia edificou hú
tinha pof ineftimavel.
trmplocom cem altares, cada hum tam grande como hú^ran- :

de tem plo.Dizem que em Leaó deFrança houve outro mayor.


3 1 Nero fez em Pifa ( alguns dizem que em Roma} húa Dia- ^t Moj!(o»fiprj.
na, 8c nelle húa fenjelhança de Ceo com Sol , Lua , &c Plane- í'«<^"" ^^ '^P-
tas que fiziaó curío como o natural , ^ tal vez chovia como
,

naturalmente. Cahio de repente por oraçoens de Saó Torpes,


porquenellcoobrigaváo a idolatrar. 22 E em varias partes ^, ,

ouve tantos tao grandiofos, que cada hum era hua mzra-j,Ji,h,f}j;^Q,^,^jij,[j6.
vil ha,
16 Das fete maravilhas do mundo mais celebradas , foy
o templo de Diana em Ephefo, 33 Cidade que as Amazonas
fundarão em Jonia Província de Afia, & também fe diz q fun- ? Ce« p/,». strab. SoU». Pompov.
?

-.^«''""^^>'"^^v.r.
dàraÓ o templo. Fundou-fc em hÚa lagoa por evitaroperi- ;^';^.^^-'
godos tremores da terra j por traça de hum Theodoro grande yide vijra c.ei n.e.
architedo, 34 fobre alicerfes , em que fe lançou muito car- - •
,
.

vaó , 8clã j para os fazer mais firmes na humidade. Tinha qua-


trocentosSc vinte ^
cinco pés de comprido, Scduzentos 8c vin- H ^'"" i" of.c.p.^.tiuScuiptor.
te de largojcento òc vinte èc fete colunas de marraore excellen-
X i] te i
) ,

i54 '' EVA, E AVE


tc, as trinta de fingiilur hvor as outras muito
Bzfós efciilpid is ,

lizas; todas de fjllifnrã & cinco pb de alto cada hija mindou •,

fazer hum ívcy da Afia para moítrar grandeza, ou por devo-


,

ção. Ertas colunas íliílentaviÓoeiTimadeiramen-ro adiTiiravel-


.. ,.;.;i,*v-, ;
mente lavrado. As portas craó de aciprefte de femclháte obra.
* * * * f ""^ * 'TrabalhoLi-fe neíhtabrjca duzentos &vinrcannos5com me-
llres efcolhidos ; entre os quaes íenomeaõ por mais fauoroG
Thcfiphon,& Archiphron. A maravilha coníiília,em que nem
a grandeza , nem a prata , ouro , Sc pedras preciofas dos outros
templos igualavao a archite£tura, lavor, & primor deílej. no
quefevòcomoos antigosíabiaó eftimar aexcellencia das.ar-
tes. Xerxes, que conqii ftando a Afia, queimava todos os tçm-
;

plos jfó a efte perdoou 8c depois lhe paz fogo, Scoqueimou


;

hum vilhoméchamadoHerclVratOjío por fc afamar niílo, co-


mo confeflbu fendo prezo, &: o coníeguio, ainda que os Ma2;i-
ftradoS:)por lhe fruftrarem o intentOjfizcraó prohibiçoens de fe
efcreverfeunome. 'feve-fe logo aquelle incêndio porprono-
ftico da deftruiçaó da Afia ,& depois fe achou q fuccedèra no ,

mefmodiaemquenafceoAlexandre,queafubjugou.35 Ree-
,5 PÍut.rchMjk..
Cicer.l.x.denai.Deor. dincou-le com muita gfaudeza mas a pnmeiraioy a mais ce-
;

lebrada. Durou eftc reedifícido, atè que Saó Joaó Euangelifta,


fazendooraçaÓaDeos, o fezcahir. 3Ó
17 Sendo aquelíasadoraçocnsdcfatinos, os reputados
_
í tf Epifcopus
inJt.L%.ç.6.inbrinc.
Gania GalarK», Eua^ei. pQj. j^^jj fabios fe
j
prezavaó mais fcírundo Rey
j
delias. N uma ,
'^ i t , i •
r v -
f
-^

de tioma , u lua mayor gloria nas ieys q ordenou lobrea


librr
Religião. 57 O
Pontífice Scevolafe ícz afamado com os ritos
57 Tit.Liv.dec.i.i 1. q inftituhio 38 Marco Tullio , fendo Conful allegava por
&": ,

}8 D ^ug deCiv.Dehl.^.c. 17. ferviço à R,cpublica , em hum grandeaperto que teve Roma
que por efpaço de dez dias havia feito continuar os jogos para
aplacar osDeofes , 39 como fe naó fora mais útil aggravar taes
j9 D.t^uguií.fiipr /.i.c. 15. Deofes faltando em íeu culto, que obrigallos com venerações.
CharondasLegislador de Carthago condenou por infame que
levantaffe cafa mais pompofáq os téplos. 40 Finalmente eílc-
40 Stoh.ferm.4^. yc quafi toda a terra raò efquecida de Deos,q vendo-fe chea de
'
innumeraveis templ-os de idolatras, muitos feculos naó teve o
Senhor templo algum em toda ella &c quando veyo a ter hum:

fó em Jerufalèm, naó deixavaò os mefmos ílraehtas de fabricar


ii u muitos a fí^^/,
18 Porém aDivinaBondade,cóftantecm reparara ruij;a
doshomés, confervou fempreem alguns húa noticiada verd.^-
de, q foíTe fundamento ao q di fpunha , Sz faifca de que na terra
;^". fe ateaíTe o fogo de íeu amor para a allumiar,& tirar das trevas.

CAP.
;

PART. II. CAP. VII. 155

C A P I T V L O VII.
Morte de Noé. Como entre a Idolatria confer^von T)eos
femprefeu conhecimento entre os mais efcolhidos >

Õ* fr^s noticias entre a gentilidade , for naõ


defempar ar o género humano t cjue
havia de reflaurar.

I & cincoenta annos de fua idade , tré^


y^ Os novecentos
Jn|^ zcntos&cincoenta depois do diluvio , i depoz o i Genef. 9,1,1 fnt.
fanto íN oè a vida , paííada em continuas calamidades. Vio a
maldade dos Gigantes:affiftio ao naufrágio do mundo: chorou
a infama de Babel : fentio a divifaó das línguas :& laftimou-fe,
de q a repartição das terras que fizera para concordar feus def-
cendentes, caufaffe entre ellcs guerra: taõ errados faó os remé-
dios humanos. Duvida-fe,fe paramayor pena, chegou a vera
idolatria mas he certo que experimentou que o diluvio das a-
.•

guas com que o mundo fe devera emendar,naó fechara a porta


a peccados.Morreo,digo,aquelle fegundo pay univerral,thea-
tro de virtudes , & de trabalhos. Mas deixou o conhecimento
do verdadeiro Deos nos defcendentes que jà viviaó , feu de- '

vido culto nos de Heber, 6c em que ainda naõ tiveílb entra-


do a idolatria , &: particularmente grande fantidade em feu
í\\ho Sem.
2 Por Sem floreceo a fantidade no mundo atè Abraham
pois quando Sem naó feja o mefmo , que o grande Sacerdote
Melchifedech, como largamente com muita probabilidade
expende, & defende hum erudito Efcritor i 2 parece certo, Kffíre Bened.Pí^er.inGcH.c. 14. àe
i.

fegundo as idades que refere o Texto, 2 que alcançou o {eupe^'-rj-'^i.^brah.».6yi>ttom.yçrde-


Oitavo neto Abraham duzentos annos. L os melmos, ou mais^^^; , . ç^ i.
'^ '•
'

o alcançarão os filhos de /5W^ , nos quaes Santo Agoftinho 4 "? Genef.n.


confidera grande virtude, por argumento da bençaó que Noè ^ ^,;;;;^'| '^;^^''^ ^'' '-'^ '
'-

lançou. 5
Succedeo a fantiddde de Abrahami& pelomefmo tempo
3
viveo o SantoLot-,logo fiiccc ili vãmente os Santos ífac Jacob,
&c Jofeph.6EdenesproccdeooSantoJob,fiíhodeZara, ne- 6 Genef.ii.cumfequemih.

to de Efaíi, bifneto do mefmo Jacob; 7 &


dalli fe continuou o 7 DMerouaritm. hh. foL

conhecimento de Deos nos Ifraelitas, até noíTa redempçaó.


4 Entre os mefmos Gentios naõ acabou de anoitecer o dia
da verdadeira luz ; fempre fe confervou hum crepufculo, por-
que as nuvens oppoem-fe, mas naó apagaó o Sol. A idolatria ^ '

* r-

pintava Religião com falfas cores as fombras figuravaó cor-


.•

po fem realidade. Como o efpelho naó reprefenta fem ter de-


baixo coufafolida, que detenha a imagem , naópodiaôasfic-
çocns fem fundamento reprefentar Deidades. Os judiciofos
Xiii ad-
5

i5tf EVA, E AV E
advertiaój q naõ podiaó fer Deofes, os que haviaô íido homés,
fendo as naturezas taódifFerentes nem cabiáo em Deoles os
:

vicies q nelles confeííavaó que havendo aquelles homens naf-


I

cido no mundo, deviáo elles, Sc o mundo ter Creador mais an-


tigo: ^rtiais fe devia divindade ao Creadordos homens 5 q aos
Deofes que os homens íizerão. Muitos tiverão revelação, & fc
8 DTham. i i.j.t^í 7. in j. falvàrão como diz o Doutor Angélico. 8
,

5 Deixando as Sibyllas para particular capitulo o anti- j

quiílimo Ofpheoj Trácio de oaçaó, ( hun^^ dizem que viveo


quando os Hebreos fe governavaó por Juizes outros que era
:

mais antigo, coetâneo de Hercules) venerado entre os Gregos


por hum dos primeiros pays da doutrina mais alta , &: por iíTo
chamado filho de Apollo , & de Calliope , difcipulo de Lino,
9 Pedro Sanches de í^ian. coment. * tcputado pelo mais fabio nas coufas divmas 9 começa huma
j

oviJ.Aáeiiio.n. :. dâsobras metricas,queanda uo tomoque fe iimtuhJ os Poetas

10 or^heHs, ih ígHorantes ; quc O verdãdeíro Dcos heo qtíe creoíi o mundo; & có-
tom.Poeu minaresGuci.
tinuando o mefmo propofito.acaba: que ajjim o diz o que nafceo
das aguas por efte modo allega a Moyfés, tirado das aguas
-y

\\ Exoi.c.t. quando menino. 11


6 HcrmesTrimegiftojpouco depois do tempo de Moyfés,
fapientiíIImoEgypcio, cujos efcritos fobre o divino teve a anti-
cítimaçáo, 12 enfinou queDeoserafó
,^ £x5«d.erDWar5W.Co«.ad«^'g"^^^'^^^"^^""^"^^
Ce/her.inonom iiicfropr.nomin. hum, Ctcador de todasas coufaSjfcm fer creado 13 &queas ,

t) TrijmegiSi dtai.^.p,mandr. tradiçoenscontrariaseraócrradas j Sc a efte intento efcreveo


muitas outras coufas , concluindo, &
profetizando,como diz,

ug. e IV, n
Agoftinho
6c largamente refere Santo 14 que viria tempo
,
8.f. 15.
14 .
^^ ^^^ dcfcuberta a verdade , fe conheceria ifto.
7 ThalesMilefio.hum dos fete Sábios deGrecia, que vive-
1 5 Fiofcui.hiii.p,uc. 6. aã fn.
^^^ "^^ annos , pouco mais , ou menos, do Profeta Daniel 1 ,

perguntado, que coufaeraDeos, refpondeo O que?! ao tem :

'\6 taert 1. ./« \in Thal. Quid Dz\XiipTÍnÇlpÍO , fiem


1
fim T 6
Elcatcs & feu difcipulo MelliíTo, de Sa-
Quodimt.o,&finecar«.
g Parmcnides ,

mos , Filofofos excellentcs , enfinàraó que naó havia mais


que hum fó Ente por fua eíTencia, o qual era hum fó principio,
. fem principio. Ariftoteles 1 7 os reprehendeo , cuidando q fal-
ir ypt'
"j •!•

lavaó das coufas naturaes ; & elles fallavaó de Deos.
9 Zeleuco nas Leys que deo aos Locrenfes começou di-
zendo ; Todos os habitadores dejla Cidade , &
Reg laÕ , entendaó
que ha Deofes: o quefe faz mnmfefio vendo oCeOt&todoo mudo,
éf d bellijjimadifpofíçao ér ordem de frias coufas , porque efias
,

ohrasnao podiao fer humanas,onfuccedidas acafo. 18 Amda que


li ReftYtStob.ferm.^í..
falia de muitos Deofes, osfazcreadoresdomundo oqueo ,

commum da Gentilidade naó conhecia.


10 Artaxerxes, chamado AlTuero , Rey dos Pcrfas , na
carta patente.que efcreveo às Provincias de feu Império, cótra
Aman em favor dos Hebreos , reconhece que o Deos que eítes
venera vaó, era o verdadeiro chamalhe Altiffimo ,
: Máximo, &
^Jem-
a,

PARTE II. C AP. Vil. i57


g;- feifiprevivo , por cujo benefício elle, éffeuspays alcançarão
^confer^'ÀraooRe)^no. 19 19 Epher 16.16.

1 1 O
ratfmoconfeííáráoos Reys , Cyro, & Dário nas
cartasque dcraõ para liberdade dos Hebre^^s, & reediíicaçao
do templo i& outros Reys de Babylonia, & Ferfia em varias
roE/k^Uc. x. é^.erl. ,.*. ».
occalloens. 20 ,

12 O
melmo reprclentou Arilteo a rtolomeo Phila- .

delpho Rey doEgypto, com quem privava ; dÍ2cndo a f


vor dos Hebreos Nós ^'eneramos o mejmo Creãdor defie imi-
:

vsrfoqm ellesvenerai ;&


lhe chamamos Jove, porqtíe ajuda
'', K^fi''^ pfe^h.de antiq i i.f .t f j/f
a Vidn de todos. 21 I

^''"''^
13 Plataó alcançou renome de iíi;/«í>j porque arinoLi com
tudoo que o lume natural podia penetrar íabre o conhecimen-
to de Deos em qualquer parte de fcus efcr itos fe encontra ifto
:

tam repetidamente , que fora muito largo ^ & efcufado allegar tr nde d. ^u^M Civj)enã ea^.u .

os lugares. 22 iVlacrobio refere , 25 que animando fe PlaraÔ a «^«"•y'//-


'' yí^crob.i„form.Sdf,on.
,,,.fal1arde Deos, naófeatreveoadizeroqueera , confeíTando,
quefófabia, que os homens o naópodiaófaber j Sc que das
coufasvifiveis Co lhe podia fer femelhanteoSoUôrporeftaíè. ,^ M.uuena prof:p drchnfl idade
melhança íe poderiafubir ao que dellefoííecomprcheníivel. -exMa^Toi^á-ai.js.
'
'^
'-<J-

dePIataó feacháraó efcritasas ^'"'f[i'-'C-f'iisio^,»ãj,p.u^.ccJ:d.


Conta-íc 24 que nos
, livros
divmas palavras do tLuangeliltab. João In principio erat Fer- iiCcr.i-.-i].
:

^
bum j ó" ^''erbiim erat apnd Deurn, yerhnm caro faBiim eji'i^ 1 f « «. 5
i.
'

•»»'Equeem Trácia, dentro de húafepultura antiga, que fediíTe


era de Plataó, fe achou hlia lamina de ouro, & nellaefcritas em
Grego eftas palavras Chrifio hade nafcer de Virgem ^ ó^ ndle
:

creyo ; & na lamina fe declarava o tempo em que fe havia de


defcobrir, que foy nc de Conftantino Magno ;& mais abaixo:
/"«/>'»•
O* SoU outravezmeveràs 26 Scfe cuida que tudo ifto podia ^f^*'««
',

fer revelação, & que r latão alcançaria noticia deites myíteriOvS F:'{i^oj c. & i. ,

pelo Profeta Jeremias, de quem foy contemporâneo} 27 ou j'"' '^fo da -verdadeira & falfãjrojecir-i, >

por liçaó dos Profetas Sátos como Santo Agoílinho tem por x;"r(l, j.^ ^,i
,
7 a^r ?. ,j ,

mais certo. 28 v? Matute /up.cum D.^.mhro(.l de

14. Com ifto parece que em al;3;uma maneira fe faz cri- '^'', .^. „.,„ ';;"''*:
. .

vel o que refere Accurcio (Si: o devia tirar de algum hvro anti-
go cm alguma glofa do Direito Civil 29) dizendo, que quan»
,

do os Romanos mandarão pedir a Grécia Leysqueefcrevèraó


nas dez taboas, a que depois accrefcentàraó duas 30 os Gre- ag G!o!fvníaco»^itui,in/.t,inpriiiá
;

gos antes de lhas concederem , enviarão a Roma hum Sábio, ^'^' j^" ^'"' "'•
, . .

fo^gnejur,
q examinaííeíeeraò dignos delias. Qiie os Romanos puzeraô '"^ "^
hum ignorante na difputa , porque fe ficaííe vencido , foííc fó
matéria de rifo, fcm perderem reputaçam.Qiie o Grego come-
çara a difputar por acenos, levantando hum dedo, querendo
fignifícar, q havia hú fó Deos. O
Romano cuidando q o amea-
çava de lhe tirar hum olho , levantava dous dedos, ameaçan-
do-o.q lhe tiraria ambos os olhos> 5c com os dous dedos levan-
tara também o poUegarjComo naturalmente fuccedej&oGrco
go entédèra que elle dizia , que aquelle fo Deos tinha trcs Pef-
/ _ foasj
158 EVA, E AVE
foas jeftendèraa maó aberta, figniíicando que tudo eftavn a-
,

berto, & defcuberto a Deos, fem fe lhe poder cccukar. Que p


Romano entendendo que o ameaçava com húa bofetada, Jhe
raoftrára a maó fechada em punho, ameaçandc-o com hfia pu-
nhada j 6c o Grego entendendo, que elle dizia, que Deos ti-
nha tudo fechado na maò,j algara os Romanos por, íabios,S: di-
gnos de fe lhes communicarem as leys. Neílahiftcriaeíiriba-
da na authoridade de Accurcio he diíficukofo de crer , q hou-
veíTe naquelle tempo noticia da SantiJJima Trindade mas naó -,

fica impoíIivel,fendo certo o da lepultura de Plataõ,que viveo


pouco depois do tempo em que os Romanos pedirão aquel-
}i Co4adosattnotemq o iràKoFicfÃ^.sXç.-^s, 31 fcattribuirmos tudo a Fcvelaçoens com que Dcos
cHiohift.p.uc.7. quereria illuftraraquella idade.
15 O grande difcipulo de Plataó , Ariftoteles , cm vários
. ... ,^, . ^ Deos immortal, eterna,
lueares 22 reconhece a natureza de ,

9.t//.ioo.é'/.a.c. }.</t.i7.er/ii.Arí- independente. Óptima, alhea de todo o mal, bemaventurada,


taph.7.tit.)9 crc, io.tò.56. & de i{ep.L feliz dc fi mcfmo fabricadora da origem perpetua de todas as
,

'^*'' ^"
coufas.Diz,que fe fe bufca fortaleza,elle he o mais forte:fe fcr-
mofura, elle he o mais fermofo fe vida, ell eheim mortal :fe
:

virtude elle he o melhor ôc que he no mundo , o que he o Pi-


, :

loto na nao, o Meftre na mufica, a Ley na Cidade,&: o Capitaó


no exercito.
16 Marco Varraó homem doutiíTimo, & que com mayor
,

reputação entre os Romanos efcrcveo do culto divino, pro-


poz as opinioens que havia dos feus Deofes & duvidofo em ,

todas, nenhuma abraçou > fó diíTe de certo, que fe devia adorar

g^fere Urgamenti Sant» ^gojli-


,
^""^ ^Ó DcOS. 33
,
nhodeCiv.Deii.^,c- T^x.u C.-L.I.T.CA7. 17 MarcoTullío Cicero,comaexcclIenciade feujuizo,
cr <m muitos outroi lugares.
^^^ j jjppg profundamente, que mais facilméte diria o que Deos nao
^. „ era,queo'queera; 24,&quefediftoopers;untaírem, feeuiriao
,, j
i4 Ctcer.de nt.Denr. /.í.admea. ^
,
1 o- 1 T r il

/ tt-
'^
1 r
Quid tíon fit cuius, quàm quid fit, dixe cxcmplo dc bimonides , q tazendolhe o ty ranno Hiero a nief-
lim > Síc ma pergunta, pedio termo de híí dia para deliberari procuran-
do no feguinte a repoíta,pedio elle mais dous dias, ^c depois os
foy pedindo dobradosiSc perguntádolhe Hiero acaufa, refpó-
deo : Porque qtiânto mais confidero , tanto mais efe ura me parece a
matéria. 35 No primeiro livro daquella fua obra que intitulou ,

quanto citius confi-


, S Cic.fup.Qm ^^ jsfatureza dosDcofeSytktcvQoCictro as indecencias,& indi-
dero tanto mihi rcs videtut oblcurior.
, .,, Á ji- ^jr t>. r
-'
r
lâemrejertBTufon.iuc-zét gmdadcs, com queosGentiosQchravaodeleus Ueoles noíe- ;

gundo reprehende os q davaó credito a fuás tradiçoensfabu-


lofas, 6c a taes ídolos, &: propõem as razoes que moftraó haver
hum fó Deos verdadeiro, Creador de tudo, excelléte fobre tu-
do,foberanoGovernador de tudoj no terceiro difficulta ifto có
argumétos,&: fazendo a queftaó problematica.deixaa decifaó
aoarbitrio do Leitor } a razão o guiava, mas a viíla fraca naõ
podia ver o Sol; eftava a gentilidade coftumada a trevas, co-
*-
mo ave nofturna, que voa fona noite.» ^
16 pp>inhA.-9.i.
-^^ Finalmente por lume da razaó natural, 36 feincul-
cava lêmpre a noticia do Author de todas as coufas, increadq,
inde-
PARTE ir. CAP.
Vilí, 15?
indepedenre , íoberano , & governador de tudo a quem íe de-
,

via fuííeiçaójiScadoração ^7&:anii-ndetempoan:igoe(lava


j jy D-rk-» i.t,j s„,<í:í t^

cm Athenas hum alrar dcdicado^í» Deosiricogu:ío,qo Apoilo-


loSaó Paulo declarou fero verdadeiro Deosc[ueelie pregava^
38 fabia-fe que havia aquclleDeos, mas naóíb acabava de ai- js ^/í/Zj'. 17. ij.

cançar íeu conhecimento.


19 Feia maneira acima dita quiz o Senhor confervarfuaá
noticias no mundo, naódeixandoj que decodoasperdeílca
gentilidade que havia de remediar.
,

íir^j'

C A P I T V L o VIII.
Come Déos for Profetas , Q)* , "vaticirúos também en^
tre os Gentios , ammncia^ ao marido fuá vinda :

a excellencia da May de que havia de na/cer:


Qf o remédio do peccado.

i "IWT Aó fomente confervou Deos fempreentreas trevas


X^l. domundoaluzdeícuconheciméto, como no capi-
tulo precedente diííemos mas também
j
lhe foy fempre annun-
ciandofua vinda aterra, a excellencia da yV/íydeque nafceria,
& como o havia de levantar da ruína em queeftava. Coma
promeíía do remédio aliviava o q no pcccadofe padecia: cora
a reprefentaçaó entretmha íeu amorna clilaçaó da realidade: &c
m com as noticias antecedentes hia difpondo o credito do q pa-
receria incrível. Qiiem poderia crer, Tem precederem difp jíi-
çosns largas, queDeos fe humilharia a fazerfe homem, quando
a anciã de todos os homens era exaltarem- fe a Deofes ? que o
Rey dos Reys tomaria forma de efcravo? que a Mageftade of-
fendida pagaria com a vida pelo oíFenfor ? que o Senhor de
todo o bem fe fugeitaria a todos os males ? Qiiem teria por pof-
ftvel ficar Virgem húaMãy? fer May de quem a creou? che-
garhúa creatura a fer Rainha do Ceoí^ Qiiem imaginaria que
o mundo taõ proílrado fe veria triunfante ? que hum ho-
mem remiria todos os homens &c que o cativeiro da pena fe
i'

tornaria em herança da gloria? fóaquelle entendimento que


l labe obrar forte, 8c fuavements, i pode fazer 3 que Cães prodi- i Sapiau s.i.

»»»»gios naópareceflem novidade.


As revelaçoens a Adam , 2 &
a Noè : 3 as promeíTas *
Kí/^//.^?'!!^'
'
a Abríiham, Ifac , & Jacob o quediífejob o que legislou
: :

Moyfes o que cantou David o que efcrevèraó Salamão,


: : o &
Ecclefiaftico o que prè^àraó tantos Profetas o que reprefen-
: .•

tàraó tantas figuras do Velho Teítamento, foraó pinturas(diz


SaóJoaóChryfoílomo4)emquep!nceisdivinos, &coresce- 4 D.chryfojLwfnhfcrii^t.PfaL jo.
leíliaesmoftráraó tanto ao vivo a Chriflo Deos , & homem a :

Mãriâ Mãy , &• Virgem : ao mundo reparado & a Igreja toda :

S. Jeronymo,& S.Pedro Chry-


glori^faj quedelfaj-as diíTeraó
;

folcgo,
6

t6o EVA, E AVE


fologo , que mais fe podia chamar Euangelifta
, que Profeta;
n porq naÓpareceo vaticinar o futuro , mas hiltoriar o paíTado.
i iy.HleTOii.ad Panlam ,
r. ,
CT Snnoch. in ' ^-n ' J j ^ t? r •« •
t^l •

nandat. i/ji. Non iam Piopheta dictn- 5


"o^em dcixando O Eícnpturario aosTheologos rctiremon(;s i

dusíitquám Euangelifta, ita cnim uni- àerudiçaÓ hiftorica.


veria Cnr,íb,Ecc!cfia:c,ucmv(lcna adiu
J
j^^^ GeUtioS hoUVC também Vaticiuio. OmittO a OU-
quid ;proíccutusclt, ut noii puicseum ^ -^ ^ tr ni
O qut; iJalaam vaticmou aos
de futuro »aticiuan,ieJàepritentishi-trapron(i ao, por hlcripturario ,

floram texerc.
Idem D.Chry/oí.lerm.tj.inprinc,
Moabitas :6 oaó tepito o da fepukuradePlataójporqueià fi*
6 NumeutA, iT.Orietur (teiíacx ja- ^a reíerido. j
r^ ri1 r \ ^ /
Conta-íc, que os Argonautas (que foraomilòí:
r-i
sob, & confurgct virgi de ifrael. duzétos anuos, pouco maís, OU mcuos, autes da vinda de Chn-
\ S^Jfcw /(^,emtempode AyalonJuizdosHebreosS) perguntandoa
humoraculoja qDeos dedicariaó hum famolòtemplo,q fabri-
carão em Athenas, o primeiro que houve naquella Cidade,
(outros dizem , que em Cifico lugar do Helefponto & alguns :

entendem, que foraõ douâ templos neftas partes ) refpondeo o • •


' .

'—i-, oráculo em verfo: Ccymuirtíide mcãnçavei biffcay a fublime how )


I ra: fet'n)iió' temei ahumfó Deos , ^ de [eu throno celc.fitalgouer-
na todas as coiífas ;a(Jimo mando ; a cujo f^erbo Etano, cjptecedeo
a todos osfeculos , produzira hiía Firmem pura ; o qual coinojetta
impelltda pelas tempefiades fog ofas por divino officio (ou benefi^
,

9 Õninomunere. cio 9) reduzirà O mundo wdomito. A Mãy SantiJJima dejlc, chn-


. moda MA RIA y conhecera porfeu ejic templo a elíajufiamente dt'-
- "í//f^^o. Efculpiraóaquelles Gentios cm mármore có ouro eík
" '°-^"
repoUa fobre a porta do templo, & em outras partes , & cegrs
J,fe,'W"^7rfr/;r.f
Cani/i.i.c.deB.f^rgin. odedicàraó a Rhea fabulofa mãy dos Deofes ii Comeíteic-
11 f^idefup 1.C.6 M.4- ítemunhoda verdade convencia O valerofoMartyrS.ProDicio
tom.^Stirij. aos Gentios. 12 raílados quali dous mil annos, impcrandíj
Zenon,feconfagrou aquelle templo à^r;g^w Mãy do verda-
Deos 13 deiro

mJã^Llfl^LÚt-.T'''''' 4 OsantiquimmosMercurioTrifmegifto, &Hydafpes.


14 s iu[}m. Mattj/r merat.ad ^nton. efcrevèfaómylleriofamcntcdo Nafciméto de Chrijio Senhor
noíToj por iílb os Gentios prohibiaó a leitura de Hydafpes>&:
^''J'":
'

\l*^iK^uguíi'de Qv Dei, L 8. i). Saó


c.
Paulo a acoufclhava aos novos Chriítáos 14 de Trifme- :

ãnte med. Santo Agoftinho,que o fez com taes palavras,que pa-


gífto diz
16 '»j./««/ 7. ^/'«^^e,'?.^/*«'"''Ar^ecc
que profetizou, ou dl vinhou. 15
j^^f.runtR^ekeii.i.deinud.Virf^.ar.i^. 5-'rColomeo, & Albumalar Aítrologos pronolticarao^ . ••
Gcrjon tom.i.jerm. de Corue^t/irg. ^
/^ que fiofigno de Vi'i g O nafccria hUa donzella toda immãcídadaj
à"
I
pura, a qual viao efiar creando bum Menino em terra de Judea. 1
I

6 No Pontificado de Honório III. &: Império de Frede-


rico Il.achou hum Hcbreo em Toledo, debaixo da terra que
cavava, hum livro antiquiíTimo.efcrito em trcs línguas, & nel-
17 ca[ja».c,uig!>^.mund.p.,o.co.f'f}^ Chriftojefusnafcerà da fingem y
' padecera pela faude dos &
%oad ^n.Zonaras in hi^.I-nper. Irems, CT homenS. I
J
ConiUntin
-] Os Druidcs, povos aiitigos dc Fraiiça Lu^duncnfc, 305
quaes Ceiar i8 chama os mais lábios junto daGidade de,

Carnut, aonde cada anno em tribunal julgavaó as c.iulas , ti-


nhaó em hua profundeza da terra hum altar fabricado, muito
antes do Nafcimento de Chri(Í0y dedicado com infcripçaó; JP
Virgem abade parir noquallugar levantarão depois os Chri-
-y

ítãos
1

PARTE IT. C AP. VIIT. i6i


ftáoshum magnifico téplo,& foyerigidocm SèCathedral. 19 19 Cajfan.d.cov.fidcf. lo.adfn.Mirf.
8 Em ELoma havia hum templo dedicado à Paz , que ZZrM<nat.o-hor,ca,.n.c .,.« ^8.
hum oráculo havia dito, que nao cabina, fenaõ quatidobúa Vtr-
Q^emparijf", &: como iPio fc tinha por impoílivel,lhe chamavaó,
o templo da perpetuidade 20 & cahio quando Cbriltonaíceo,
;
lo hnocent iii (em x.Nmvit.

comodiremosemleulLigar. 21 ^.craii,apudfr Heã.r.Pm.éai.uUc'.


9 OsEgypciostinhaohuaproíecia, ( alguns cuidao que 14/,, t ,,«.
aprendida de Jeremias ) que de hiima Virgem nafceria htm' '^<>"f<""'» £ÍB<^^^ode Priutp.
f''-'»^'/^"'^'

Meítmo, queferia pofio em htima mangedonra, o qnal havia de 'J, \],f,^c.io. «. ,0.

fer Salv/dor , &


de/lrííir aos ídolos. Pelo q a híía parf e de hnm
"templopintáraóhúaVirgemrecoftada em hum leito, & hum
Meninoemhúa mangedoura, 6c os adoravaó & pcrgunran- ;

do ElRey Ptolomeo aos Sacerdotes, o que aquillo lígniflca va^


refpondeo , que era my fterio elcondido que lhes haviaó deixa-
do feus mayc res recebido de hum Profeta Santo, 22
, st-D Dorotheus Mjrtyrin Synopf de ,

10 Sntzonio 2X rdcxty antera farnaantipa, &


confim- V:t'°}!''*''''^^^ ,. .

te, efinr determinado pelos fados( taili como gentio j queh.^via ,, Sucm.inirJf.JÇi^nuc ^.Vixcx^h'xc^

de fahir de Jndeaquem fojfe Senhor do mundo ; & Tácito 2^ "íOrienn torovaus&conftaiíçopnio,


"'" '"'
acrefcenta , que naó fó 'por occidtaleydefado , ?na? tamkm po. ^'S';^;;:;,^,^;^"'
'

finaeSiò^porrepoJiasde oráculos. A lifonja quiz depois entender 14 Tch hífi i i.fopfm^i^ occuiu

ifto em Vefpafiano. ^^'^


^ '^"«^"'•s ^ »<='P°''f'* ^'
.

!f^^
' .

1 Cícero nos livros de Uivmatwne , que elcreveo quali


quarenta annos antes do Naícimento do Senhor, 25 conta,que 1 5 EugubiH.Lij:-tx-de(eYeHphíic/o^
naquelle tempo hum interprete dasSibyllus clamava em Ro-
ma, que fe queriao fer falvosapeUidaJfem Rey ,aa que então o era
em effeito í que era J ulio Cefar ) ó" que ijlo queria dizer no Se-
,
Ciccr.d^divim.l.i^oãm^d.
nado;26 o qnedizia, porque dos Sibyllinos tinha entendido, "*
que hum Príncipe com nome de Rey havia naquelle tempo de
falvar os Romanos. Naõ foy ouvido pelo ódio que fe tialia ao
nome de Rey mas(póde fer que com efte fundamento}nas íe-
i

í\.isLupercales poz Marco António coroa de Rey a Ceíar, do


, ^. „, ,.

rc
queo meímo Cícero o accufou. 27 ^

12 Eufebio, & Badio Afcenfio commentador de Virgí-


lio, dos qu aes naó difcorda mu ito o outro cómen radarjServío
•• «Mauro Honorato, & concorda CaiTaneu, 28 querem que â ri Eufeh.i.4dev!t Cê»f}artn i>npey:
Écloga quarta de Virgílio, em que expendeo o vaticínio daSi- ^['^"f-'" f^^g^i-edog 4. Ser\m íh eudem
byllaCumea jannunxiaííe próximo o Nafcimento de Chrijlo, cajIn.Catd glor múd.p. io.««/?df,T
to.
que foy poucos annos depois. Também os màos profeíiz-aó,'*'^í'«^'^''/^*9íexM,/»/w.
diz S. J oaó Chry foílomo com o exéplo de Balaim attenden- ,

'^ ^"'^-
do o Senhor, íem feus merecimentos, a faude do povo. 29 Di- 'í ? ^^iS '' " ""^

zeroroeta :ja do Leo alto Je envia hua nova geração , 30 a- Cum d Tham.Navan. inc.novit.de judk-
madageraçao de Deos, grande augmentodejnpiter-, q vai tantc ""'"^ " *''.5- ^ **•
(cÓmcnraAfcenrio}como:e?;^^;?í??o dageraca1> deJnpiterÇamm jZl"lfo^^^sCzlodir.ittmr aiío-,
chamavaó a Deos 3 i^íó do Filho deDeosfe podia dizer. Ufar. Chata Dcum fobolcs , mamium Juvis
imitando a Sibylla, 32 da metáfora dos carneiros, que naó
'"""'ST.prW»..^.
temeriao os Icoens 3 3 pare. níoílrar a concórdia , que em tudo 51 i^,de dp.ftq « 16.
,

haveria, fcguiomyftcriofaniente a mefma, com que Ifaías 24, ^^ ^irg-jup^.

failou do Nafcimentode ar/y2(?. bentiaVirgiiio compridos (.; '';7^^;^^^^^

dou?

.<«
,

lói EVA, E AVE


dous finaes, que aquella, &
outra Siby lia deraó do tempo em
i^ y}dee.feq.n.ti.C'io. quc O Senhorn2i(cGna; 35 hum, a pazuniverfali pela qual
eílava cerrado o templo dejano a terceira vez depois deRoma
36 Siiem.in^iig cii.
fundada 36 (a primeira vez o cerràraElRey Numa.-afegun-
piut.tch.Li.defomn. i{oman. da O Cóful Tito Maiilic )outro, O dominio do Egypto paflado
^-f EujtbinChron.oiympiad.ij. aos Romanos pela morte da Rainha Cleópatra. 57 Masnoef-
curo da gentilidade, foy topar com Salonino filho do Conful
Pollion ou , como dizem outros com Marcello fobrinho de
: ,

Augultoj (que ambos morrerão meninos) Iheapplicou o &


que erz de Chrijio; profetizou, como Caiphas, fem faber o
}8 foan.ti-s'. que dizia; 38 acertando na fubftancia de fer chegado o tem-
po; &aíIimdiíreoEmperadorConftantinoMagno, 20 que
ScLz.apudEnjtb.mcjusvitj. OS oraculos bibyllmos,& eíia Lcloga Virgiliana eraoefficazes
argumentos contra os Gentios, pois naó oodiaó negar os do-
cumentos, que eraófeus próprios, antes qhouveííe Chriftãos.
Pela Écloga íe converterão muitos entre elles fe nomeaó Ve-
,

riano Pintor, Marcellino Orador, 6c Secundino Prefecto do


40 yiitemt.ii.c.^o. EmperadorDecio. 40
13 La£t:ancio refere hum oráculo , que chamavaô de
AyyípudUã^M.i^.cA^. Apollo , & dizia 41 Padecera crml morte de cravos, à-
:

acerbam. paos ; no quc tallava da Cruz , legundoArtemidoro , que


41 ^rtemid.i.i.c 58.EX iigais,& cia- diíTc : De paos, &
cravos foy a Cruz fetta. 42
i^fud Lipj.(tt Oiicf l. i.r.8. —
C A P I T V L O IX.
J^as Sibjllas , Ç^ o que uaticinàraô de Chrifto
Senhor noljo ,
©^ de fua Mãy Sanúfi

I ^pK(i -jiex. ah ^Ux.GtnJierJ.^. ^ I E muitas mulheres


^ íos fe diífe , que vaticinavaó, i mas

^! 6
inprinc.
n JL^ dcz ou doze foraó 2 celebres com nome de Sihl-
,

/G^2^jJ,'m!!E^Z^i}j. ,.r.i. ^;.^^^ ^'^"^^^ 4 ^6 pakvrâ Latina , que fignifica Proptetiza;


'
(f
Thom.Bojjium úefion.Ecckj.p. i. tom. i /, &: fe hc VOZ Grega importa 5 chea de Veos, ou confelho de Deos,
ii.i»?»9^c.j«.M. annuntiadoradefepredosDivmos, 2
1 Kurrowí/^mw.íimnar. ^ Kelummdooque mc parccecntrcas duvidas,8requivo-
GaUna d c. %. infine. caçocns que fe achaõ nefta matéria ; a Sibylla mais antiga foy
"'
Texm[l"ra.
^'
^ ^ PerJJca, chamada também Chaldea, ou Babylonia, por habitar
Cafan.mCath./.p.tt.conrtder.io.infn. cm Babylomacabeqa.de Chaldea-, eranorade Noé, mulher de
j
GaWd.c t.i«pm.
,
Japhet; efteve com ellc na arcajviveo tantos annos, que alcan-
jE«/.p.t.ii \trj. Siby Uma infint. Çou a littgua Urcga jem que vaticjuou j feu nome próprio toy
Sambe th a. A
.

4 Horojco infra d c, ult.ad (pi.


j),^í;«o.m«WaV«.«,e,a .Vc.i5.„.<í.
_c
j
j.i r t-; i-\r
begunda jlparccc que ioyaLibyca, daqual jafez men-
t

5 B^fertLaaant.divminíU. i.eap.6. Ç^õ O antiquiílimo Eutipídcs j 5 uaó achci em que tempo


LudoM t^i\esin com.adD.^ugufi.deCiv.
florCCeO,
6 ba GaiàiKtdj.yc. í. 4 Terceira a «Tí^wí/á , q também chamaõ Pithia , em tempo
7 7«*^f 3- de Aod , 6 fegundo Juiz dos Ifraelitas , 7 antes do Nafcimen-
to
'

PARTEII.CAP.IX. t6j
tode Clmfto Senhor noflb , mil quatrocentos & onze annos. 8 ctMT ^'""^«""«^'''^^'^í/i.m.
5 Quarta a Erythrea de Erythra Cidade de Jonia em
,

ConralGefner.inommnfí.prof.Tio.
Grécia iChamou-íe//^rtípMfi o "duvida.fe lo em que tem- ^
pOi parece certo, ii quenodeVet^cra, ozdoLjãpitioBaracpv.tAhxab^iexfup.
entre os Ifraelitasj 1 2 mil 6c trezentos annos, pouco mais,ou '° ^P"'^ D.^ugje a-v.DeitUl.ii.
menos antes da vinda de CÃn/?^. 13 ÍlGe"£./upr.
6 Qiunta aDelphica-, chamou- fe por nome próprio y^w- n Secunaàm Gakna fup. ci*.
ihemis, ou Themis huns dizem , que íby nafcida em Delphos *^ í'!t'^'^: n r
•.

Cidade Grega em Beócia outros que para alli a mandarão os


} .

Argivos quando vencerão Thebas, & que era Daphne filha


de Tircfias. Viveo quando Ge^^ííí?^ em Ifrael, 14 perto de mil i^ pdk.é.cumfeiiq:
& trezentos annos antes áQChriftoy & pouco mais de cento
antes da cuerraTroyana; i^ Homero feaproveytoumuvto i^ h^^Fio/cuihi/í/upr:
j r^ :> r / • •
^b ExGa.l:ixciàl.\.c.<).
•'

dos VeríOS de leu vaticínio. 16 CaÇfan m Cathal.glor.vmnd.p.ix.confiçltr.

7 Sexta a Phrvgia; vaticinou em Ancyra , quafi no tempo


'o.<idí:>,.

qiie 77jáí?/íZ julgava entre os HebreoSj 17 pouco depois da \l g5^°j ucto

8 Septima a Cumana natural de Cumis , , C idade de Jon ia 'o^^íocisfup.dutis.

'••'^•»*-
ctaGvtcix; ch^imowk Amalthea-y 19 foy nos annos de Tar- GaUrz^juo!'!! *

quino Prifco Rey de Roma, 20 feifcentos annos, ou pouco Ca/Tineaí /«pr.


mais, antes que nafceíreC/jr//?í7. 21 Virgilio lhe chamou D^/- [[y.r^y^.f^^i^'''':'^'^''*'
phobe, 2 2 poetizando o nome do De os Pbebo , como Tua Sa- phabi tiinsquc íaccrdos Deiphobe
,

cerdotiza, & Profetiza. Morreo em Sicilia, aonde fe moftrava ^^*'»"-


fua fepultura.
9 Oy tâva a Hdlefpontica, nafcida nos campos Troyanos
cm huma aldeã chamada Mãrmefsia^ ou Mirpej]}) , junto de hú
grande lugar, que fe chamou GorgeticOj ou Gergithio, em tem-
po do fabio Sólon, ôcdeCyroprimeyroRey dos Perfas, zz^^^f^/^^^M^-^^-
quinhentos annos antes de Chnflo Senhor noífj. 24 "'"^^ *
^^'MíjVcfli^i!'''
10 Nona a Cnrmay que vaticinava em Itália na Cidade de m FioicuLhi/ij.e,6.4d^H.&- e. 10. w
^''""''
Cww-íJ-emCampania, para onde veyo de Babylonia, donde
cranatural vfilh.i deBerofoHiftoriadorChaldeoi menosde „«„ ,

trezentos annos antes da Vinda de Cwvyw. 25 ^-,. ' -^

1 1 Decima a Tyhurtim^ que fe chamou Albuma-, vaticina- (^^i^r^aid-L 5.f. j.


va em ry^z/í"^^ Cidade de Itália, imperando AuguftoCefar,^ f/ffr/xlíreVí cIf^*»eí/«^ c?:
26 em cu)o temp j nafceo Cbrifio Redemptor , Sc moftrou ao Gaiana/upcn.
Emperador a vifaó gloriofa , que referiremos em outro lu-
g^j. 27 %7 D/rffmw no cj 0.11. i»;

12 Por undécima nomeaó alguns Efcritores huma cha-


mada yí^r//);>á; & por duodécima outra chamada 0>«í^, ou .

Cimica, ou Itálica, em tempo de Numa Pompilio, fegundo


ReydeRoma.
*'
— ;; 13 OpinàraómuytosEfcritores, que todas foraóVirgê?, ^"^"^
;por ter a fabedoria hum certo parentefco com a virgindade." ^, .,
2S porem ia dilíem ^)s que a Perpaioy nora de Noe. i,/,,«f, «ap^/:^, chri/í. a. de i,c.i.§.i;

14 Naóhedefé, (dizodoutiílimoBifpoGarciaGalarza'»'»""'''^- *^ .

nas fuás InftituiçÓes Euangelicas 29 ) mas de opinião hu- '^'^"^Ai^f


^7íZÍ , « , , • í-

mana quaii maubitavel , que vaticinarão com cfpirito Uivi- ii»r«ft9 d.i.x.sMiuanttmedy
c3».> Y
noj
t(54 EVA, E AVE
jio;porque ainda que O demónio com aaiteza,qiicna6perdec^^
cleíeuentendimenro, poíía por razoes naturacs, conjettiiras,
difcurfo, experiência, &
outras caufas, acertarem futuros j 50
por nenhum modo podia conhecer muytos dos que elias pro-
fetizarão. Só fe pôde duvidar leaquelleefpirito Divino lhes
-. jo iíííwwí; ona .f.c.x .n. .
chcgou por meyodeefpÍTÍtodiabolico ,aque Deosalgúas vc-
zes revela futuros para os annúciar por aquella via em ordem
,

aos fins de que he fervido, ufando de màos para utilidades dos


•ytN4v«)'.í«Mí.«)Vií,Jfi«d;c.noíat.
bons, &
por outras razoes. Ao doutilímio Navarro 31 pare-
i.« «.15. C€ queaíiim fuccedeo nas Sibyllas, para o que allega a S. Tho-
jnidmtenJitEp.fc d i*cn Horojius ''f
nias, Si também pudera allecrar a Santo Ambrofio. 22 Mas,

31 D.Thom. 11 í 171. «ri. s-crfi alem de que o Doutor Angélico no lugar allegaao,lomuy de
D.ijmbroj.e»n>wtm m.\.ep.ti'Cannt ei- panbapontouexemplc djs Sibyllas paraa doutrina
q propu-
nhaj oditodoutillimoBifpo 35 entende q S. Ambrofio (&
*^i'*SMrK^<d:í21nfm^.''''
omelmo fepódeapplicar aSautoThomàs) fallou de outras
- - mulhcrcsendemonirahadas, a quetambem a antiguidade feni'

razaó chamava Sibyllas; de que nomea muytas & a dífFerença


,

das boas, Sedas que o naó eraó, conhcciaó os mcfmos Gentios,


como fevèdoque delias efcrcveoCicero, approvando húas,
,4 cicerJedivin i.i.antimed.éfi 4. & reprovaudooutras. 34 Em outrolugar 35 (como reco-
muh»*«t^«ed. nheccNavarro) parececiuepDemoDoutor Aneelico as ver-
'^
dadeyrasSibyUasentreosCjcmiosqueielalvaraoidoquenaó
defdizarepuíaçaóqueosAuthoreslhescócedem na virtude,
chamando-as deeximíãboíhiade^raravirti.ide ,fd>ias virgens^
,

^6 tpifccp.GaUrx-'à.l-S''.rí-i»prine.Í>^(>f^tiz>as,cheas de Veos. 36 Fazuiaisafeufavorjoqueenfi-


Sibyiiae eximix probitatis.rars v/rtutis, na Santo Thomàs, & fcgue O mefmo NavarrD,que húas fe dif-
,

acíapien^cs fam.nr íUciiim v.rgmcs,


vates, Oco plcnx.
,
f^ ^^^^5
T ^5^ ^^^ 5 ^m quc as diabolicas mifturaÓ verdades
.
^r r\- r j- 11
jí^nofdtEpiíc.rtarófatíà.xMhmntemeà. corninenTiraS} as dc cipinto Divinolemprcdizem vcrdadcs,
i,^ íD.ThmíÃ^nín^^t.yrd^^sM ,-
£(^,^5 feachàtaóícmpre nas Sibyllas , & poreilas loeràraò

«fetí»dkit,8piriiosSa«au9fltímg«m. icmpreconítanfeeítmiaçaOp
J5 A
Cumatia aprefentou a Tarquino PrifcoRey de Ro-
manovc livros de profecias, pedindo por elles grande foma de
dmheyro. Zombou Tarquino ôcellaemfuaprefençaquey-
>

moarrc¥,& pelos féis pedioo mefmo preço. Rio-fe o Rey ten-


do-a por delirante; i&ella queymou logo outros três , &: pelos
três q fícavaó pedio o mefmo. Vendo ellc fua conftancia, &
re*
foluçaóllKdeooquepedia; &
mandou guardar oslivrosno
Capitólio, reliíiiofamente 38 no templo de Tupiter, era lugaf
\9 AUx^b^iift/upr.
4ubte!rraneo,emnumacayxa depcdra. Outros 39 contaôq
C9nrad.G(jner./np.cum Smdtr, jtto fuccfidco à Erfíbrcâ com ElRjcy Tarquino Soberbo-Iníbi.
"^
tAúo El l^ey logodtDus varoés,cuji dignidade fe cham ou Diiu-
i/7n,ou Viilívirato, para cuydarem daquelles livros. Depois íc
.âCcrefcentàraó oytDvaróes.&c ^cou decemvirafOfOU/ilecemvin,
ciflCD dos Patrícios , &: cinco do povo. Era officio para toda a
vida, com grandes privilégios; iticumbialhe guardar os livroS;
.conrultaJlos9&' interpretai los quádo fe oftèrecia gucrra,oii ou-
tro negocio árduo , porq nenhum fe em prendia iem primeyro
fe coniultarem, para fe y ex qi-ve/ucceíib pxomcttiaó. Peio e re-
dito
PAÍR.TE IL CAP.ÍX. i^í
ditoqhaviaócobradoaquelles vaticínios j ít andou o Senado
tresEmbayxadoreSjCabinOjM.Oítaciliojôc L.VsilcTioàEry-
tór^^, & a outras partes, bufcar os mais de que havia noticia:
'

Trouxeraó mil verfos da Erythrea j que foraõ coUocados no


jnefmo lugar com os primeyros três livros &; fecreàraó mais
;

cinco varões daquella dignidade, que fe ficou chamado ;^««-


decimviri. Eftcs, & os pnmcy ros, depois dos Reys, craó crea-
dos ordinariamétc pelo Senado, algúas vezes pelos Confules,
poucos fcachaò nomeados pelos Pretores, ou pelo povo. Di-
zem que na guerra, que chamarão tíonâ/, começada no anno
662. da fundação de Roma, 40 que deo principio à civil cn- v> ^^"fii^lhijJ.p.i.è.^.fS ml
treSylla, & Mário, queyniado o Capitólio , fe abrazàráo
áquelles vaticínios i outros negãoefta perda. Ouahouvefle,
ou não, confta que Augufto Cefar , entrando no Summo Pon-
tificado os reformou, & accrefcentoU, enviando Sacerdptes,6c
peíToas peritas a Samo j Ilío, Ery thras , Sicília toda Itália, &"
,

i\frica,a ajuntar todos os das Sibyllais, q fe pudeíTem acharjíra-


zidos a Roma , os fez examinar com exa£tiílimas diligencias j
& os poz em duas urnas de ouro fobrc húa columna do templo
de ApoUo no m onte Palatino &: accrefcentou mais miniftros
•,

àquella antiga dignidade, que chegarão a feflenta; mas, pof-


to que em tanto mayor numero, fempre lhes ficou o nome de
C}uindecimviri, Cuyda-fequefeconfervàrão áquelles livros
até os annoS de C^rí/fíJ 400. pouco mais,ou menos, quafi n 60.
da fundação de Roma, (pofto que J uliano Apoftata intentara
queymallos)& que neftaerajOU foráo qucymados na rebellião
de Stilico contra os Emperadores Arcádio y & Honorico , co-
mo diííe o Poeta Rutilioj ou por outro modo perecerão no fa-
ço de Roma pelo Godo Alaríco; ficandonos fomente os frag-
gnventos dos livros que temos Sibyllinos,& o que delles andaw
va copiado cm vários Efcritores. 41 *? /f^r àiri

r- 1 j ^
'
•**'«^'«''-<''^'W*«U.i
16 Particularmente a refpeyto da Religião Chriftâ tive- «5^1.
rão áquelles vaticínios tanta authoridade logo de feu princi- ''•M r^c/tj 6 «,,.
-'-
|,''2J"-^*«^'í?
pío,4 entendendo os Gétios mais fabiosjq elles inculca vaó ou- ^^-^^líj/w»./
«S^^^V^ô-ít
•• ••

ira «,
tro Deos, Sc outra Religião que deftruiria a fua,prohíbiraócõ^'-^*»'
pena de rriorte , que ninguém os lefle j fenão áquelles varoens sZl ^í^^"^ >»Hlier.
sZfr'
deputados j nem eftes publicaíTem o q elles diziâo. 42 O
K^yí^pr.HZfcli^iZ^Milf^''''
^^^'1''^''

Tarquitto, feu primeyrocultorj poz logo aquellaleyy&porq^^^"": ,,

Marco Attílio, hum dos Duumviros q inftituhio , publicou hú S"Si^in^fau a?''"?


vaticinio , foy lançado rio mar, cozido em hum couro , como ^""^^ Mmuí. cermettltdCkj^i^S.A.
""''

parricida. 43 Saò Clemente Alexandrino 44 refere, queo'"J'"'^. „.


ApoftoloS. Paulo aconfelhava aos novos Chriftãos,qleífem Pium. '^''^'"''"'"'^''"'rat.sd^Ht,»
osqueandavãoem língua Grega, para que fe fortificaífem na ^''!"^M-<ifpgn.Ecelef.tom.x.i.i4.c.í.iH
Fé, vendo o que tinhaõ predito do Filho de Deosiôc que tam.^""'' jl. j,
. ... . . ,

bemleOemoqHydafpesefcrevèra. Nofim docapimlopre- í! DS;Z::^Í!Ht':^:ZZ:


cedente referimos como o Emperador Conftãtino Magno os ^"-^«^/rf^*-
tmha por effieaz argumento contra a gentílidade> & a Igreja
Catholica allega a Erythrea com Davjd , por teítemunhas do
Y i} que
i6â EVh, È AVE
4S Diesila, dícurs qioe fera najuízo finalj 45 oquepaiece não fizera, fe tudo
Solve: íscium in faviiia,
jq^^ fora íanto naouella profecia.
kcltc David cum »ibylia. r^ i- ^t-i n-
17 1 emos nos livros bibyllinos o que o tempo nos aey-
xoiivivo do que (entre varies fucceíTos do mundo, principil-
mente da Monarquia Romana) vaticiftàraõ de ChrtJíaScnlvjt
^6 libr! siKyiiinh -— rnoíFo, &defua A^i^y Santiílimaj alguns Efcníores, 40 aosin-.
laâant Firm.D.ju/Hn. martyr, CT iaáo-^tcntos do que efcrcvcm.trazem muv tos vaticinios tirados
deU
yic. Vives, O" CaíTaneusloás iup.citaXli. \^^ o^_ iii*-/^. -i ^
l^s j ôc porque Hcm aqucUcs hvfOs lao vulgares , nem os efcri.
r-
Eug.hin.l.^.c.^..Teren.ph,lofofh,
D.Auí^.d( Civ.Dei, /.i s.í.i?. tos deltcs Autboies íeráo eornmuns a todos , reíerirey aos cu«
i<icepbor.Cnint.h;j} icci. u c.z^, adfn.
j.|q^^ ^^ ^^^ patecèraõ mais Eotaveis em cada huma das
cafHf.iUSriTg.i.rx.t. , ,
oezbibylias.
Bfifcop Gaiana, Euntíg itfi.i j, 2 c. j.
i, jg ^ Perfica, OU CHaldca diíTe Himta voz virá feios lu-
:

^MeèllfsyhJLt". li"^
gares deferi os Embayxaãora que clame a todo ? os mortaes mifera-
,

Bsj]iusdefign.Ecc/.tem.tJ.i^.c.íCr uiveis que façafi dmytos os caminhos f c^pmgnem os a7íimos dos


(ign.7^.c.ii.&/ape.
vicíoí,& comMtiasUmpasiíliííiremos coípos. 47 Tubeílaíerás
/ a j O Senhorjeragerodonaterra,
r ^ -
Matuttfup.idadei.c.i.^6.
Fr.^ofephdefefuMur-fupi.i.c.i.cri.yPizaday ^H
_^.
& c^ i J J
&
o regaço da
i

Cl. 5 5. cir 57. Firgeníferàfatide d os povos , c^feus ptsfortaleza dos horun o •


;

SÍ"f.;;£^'ífÍT,.'L.5. y^rhm^ifivflfiripdfavel. O Prmcpe agrfd.vel ^uefi , &


\erfverHm. podc daT verdadejrafaude aos cabidos , naj eido de May Virg em ^
47LeBpti(laj/a{.4o,i.
fi afferítarÁ cm jtimentinho i 49 é^ para aquelle tempo diraa
48 Ge»efi\\.
muytos mtiytas profecias dotrabalho immenfo ; masbafiadizertO'
49 Zachêr.9 s-Mntth. 11.7J dos OS Ofocttlos emhiimafó palavra. Efté fendo Deosg randiffi- ,

^""©'L'/?.»*, mOinafcerÁdehumaVirgenicafta. 50
19 ALihycã: Vira diaemque oSenhortlíuminaraodenfo
das trevas , ^fe difolverá n fy^^^goga , & cejfarào as bficas dos
ProfeíaS) ó" verão o Rey dos viventes^ e^ a Virgem Senhora das
gentes o terá no regaço, &
re ynará a Mifericordiai ^
o ventre de

fua MayferÁ a balan ça de todos. Elle farara os opprimidos dedo-


enças,ò' todos os lefos que nelle confiarem: os cegos vcrao, os coxos
f
andar ÁOi osfurdos ouvir áo, os mudos aliar áo, lançaráfora asfu»
^^t TM.\S'4-^ftth.M.i. rias, os mortos refurgirao. 51
MatthIu7^ioan.ix.i4. 20 ASamia; Salve caJiaSion,donzella que padecefie mny-
to;teuRey te entra emhumjumentmboi 52 brando para todos^
parate tirar ojugo intolerável que tua cervizpadece. Fira o dia,
,
é^nafcerÁdapojrefinhay ér as beftasdaterrao adorarão, ó'Jè
f^LHt.*'^$ dirà,louva}'-onosCeos. 53 Mu)ifocedovirà o tempo alegrejqug
tirará as trevas tri ffes, declarando ao Povo os efcuros oráculos
dos Profetas Hebreos-^ cr ântao poder áo tocar com a mao ao efclare'
sido Rey dos vivos, ao qual huma Virgem pura abrigara emfea
peyto i/io afflrmao Ce o,
: &
inosfrao as E(trellas refplandecentes,
21 A Erychrea,
íbgundo o doutiilimo Bernardo Buftis,
54 Bernitd.de Siifl.i p,-isJarij,firm. ^ j^-^. (^ notavel vaticinio quc Gom elle interpreta Caflaneo 5 4

Caftót4/.jç/ar.««<i.á p.i».«<dfr.
ncftamaneyra: Naultimaidadefe humilhará ageraçaodivma,
totodfi-.
^
fèuniràadivendadeáhumamdade.-ocordeyrohadejazernofe'
5s^«c.i.*<í. EcccEi)rab«hco2na:a ;
jj ^homemferánutridocomo'memno. PrecederaÍ
finaes entre o^Jndeos. Huma mulher rr>uyto velha conceber x hum
^
í^jj.

^6 yidfmfrac.i^.nu
^^ rncmno; huma EJlrelUdomundo ^6 fe verá, esguiará. íjj 1

íj£'tunos*^*** Efletundotrmtéi &iresp(Sy 58 elegerá numro dozeno de 1

pefca-^
PARTE II. CAP. IX. xif
prfcddores, 59 ho^ncns hrumildes ^ ér Jjum diabo. 60 Naocom ^9 Matth.4.t9. Marc.t.ie.Ct^.
'cjpãda, ongncrrãOiQ^eytara a Cidade de ReysdosEneadoSi 61 luc.^.i.

:.l^snom,zoldoffc,dorJ,firezo,&pobrezavenceriasnque-,:^lZ^^^^^
zas,&pizãraafobcrba. 62 ^liiatr o ammaes fe levantarão para ]usd\> àicSuíiaiem dejudaSimonis

fitas tefiemmihas. (íi. yleík contradirkhimãbeíla 61, horrtvel'^^^^^'°f,\ „ ,, ^ ,, .

vmdadoOriente, 65 cujoritgidoje oiivirà ate asgentes Afrt-^rim.


\»'-anas. Também a mefmaSibyllaErythrea compoz hunscc- 6* ífai.tfi.yO' 6.

lebres verfcs dos que chamão .crofim ( que faó os que fazem ií;.£f'J!:Z',f:'7^-
íentido lendo- fe a pnmeyra letra de cada hum ;) deites da Si- 6^ SdUcet Anu chtútw.
by lia fez menção Cícero, 66 & feu artificio lhe agradou tan- ^^"^^j^*,
to, que os traduzio em Latim, como refere Eufebio 6^ q difle- ^l acfr.Uú^divimt^t.
ra o Emperador Conftantino Magno ao Senado. Eugubino 67 Êufeb. i» v:t. constamin Ma^x.

68 osallega do livro oytavo dos oráculos Siby Hinos. Santo \\ ^^^:^ciyiSÍ^i^'^'^


^
Agoftinho 69teftemunha ,qlhcsmoftrâra emhumlivrodos '

veHbs Sibyllinos Flaviano Froconful varaõ clariílimo. Juntas


as primey ras letras de cada hum dizem em Grego jfefu Chri" ^
.•
f —
JioFilbo de Deos Salvador ) Cruz. Traduzidos em Latimos
traz o mefmo Santo com o mefmo intéto das primeyras letras^
mas entremetendo três verfos, cujas primeyras naõ condizemj
porque (diz elle) naó fe puderaó achar na lingua Latina pala-
°

vras conformes ao aíTumpto , que comecem os verfos pela le-


tra I, como os Gregos çomeçavaó pelo y pfilon. Porém depois
houve quem os traduzio em Latim , ajuftadas perfeytamentc
*,..^as primeyras letras a fe ler nelías:yí^/f^j"C/^ny?«5Í)«i'i//í/i-,JVr-' .

'iz-^ífiirjCn/A.E também na hnguaCaftelhana os trazem vários


g ur
.
-

Authores. 70 Ocorpo dos verfos defere ve a fegunda vinda ceJhluLZT^^nijZnf^ftcofi^


do i'í«/:?(?r no juizo finali naó he neceíTario alargar em osrefe- ".-''» i^is.
rir;& fecundo a traducçáode Eug;ubino,em dous últimos ver- 'Hf9^riji. idade ^.c^^.^.e.
^f
fos declara O enigma daquellas primeyras letras dos antecede- zafHp.c.it. fid abundai uHusver/us
e^tCaffeihanocs uaK o Bijpo Hon/.o, d.
tes, dizendo que o conteúdo nellas era jjefu Chrifto, Deos, é^
r^'^*fíomfn Salvador, que padeceriapornojjas culpas. ^^/
'-'^''* ^
M''È^°í''^t:í'}- "*'*'

'
32 A Delphica diíTe Nao tardara cm vir o que eftafempre
:

idi) cuydadofo difto , ainda que efta obra eHara muyto emjegredo.

Immenfosgozosfolicitao o coração dejic grande Profeta, o qual


fahirk ao mundo concebido de huma Virg emfim obra de varão ; q
fofio que ijlo excede o poder da natvreza,Gfarà o todopoderofo. -"
Jjraellhedaràbofetanasj&ocufpiràcommalvadaboca-Jhedara ^^ iruí<e <è 6
pfaim £S lu
acomerfel anorgofo,ó'abeber vinagre duro. "ji '
Mr.th%6.'sr'6Í.a'c.x7\i.M«rc.i^.
23 A Phrygia : Vi ao Summo Deos que queria cejiigar as «s ^«••^^^^«"•xs-j.*^
hucuras dos homens, ér porque nojfacarnepagajfe o^peccados,
quiz enviar afeu Filho ao Ceo ao ventre de huma Plrg em,quando
o Anjo o annunciajfe afua Santa M7iy para levantar os mifera-
,

^eis da mancha catrahida .— O velo do templo fe rafgarÀ j tenebr o-


fanoyte opprmira por três horas omeyo do dia, c?* comfono de tres
dias pagará ofad o mortal, yi it Matth.i-j.^i áíatci-s^i tuc.

24 ACumam: E?itaoviraaosfmrtaesofemelhanteaosmef- XuZ'^Zmlt^^^^^


mos mortaes na terra. Filho do Pay Omnipotente vejlido de cor-
,

fú.
Continua moítrando o nome Jefus em .anagramroa de le-
.
^. «^ - -. -::::i;._..., ... ' Yiij
'
trás *^
,

tâ^ EVA, E AVE


7,
c»^B.J.i.c^«.,««.•,£«^.f.^^.^»asGregas,qwoVencrave)Bedacxphca, 73 & malfcpó.
GaUy^í^u.yc.^. dcdcclarar no Latim,ntm Portugii-rz.
25 A Heleípontica Da altãmor(idãàosCeo':olkonDeos
:

paraosfeus humildes, c^nafcerà no^ ácrradcyros dtas d'; Virgem


Horto no berço da terra.— LJiando eu em 7nedi*açao profunda
li enriquecer ahumadonzcUa cajta com huma dtg nidade eng ri*
decidã,jiãgando-a T)eos por digna depa.} ir emgraHderefpknd or
hum Filho, que fera geração ferrnofa ,
ó- verdadeyra do Ocos fu-
mo para que governe o Ivhmdo compotefiade magnifca.— tile
,

74 Matih. 5 .t7. Non vftni foWcrcred


adimpk-.e.
comprirá^ &
na1) VI olaríi a Ley de Deos. 74 trazendofórma E
^ r v femclhante, 75 tnfnarátfido.
di.tem hominum foaLfiç habituinvcn- 26 h Cumca proíetizou nos mylrerioios veríos, cuja fub-
tusathotno. ílancia repetio Virgílio 76 na celebre écloga de que trata-
76 Virgiituitciogí^
^^^^ ^^ ^^^^ ^^ Capitulo precedente, dizendo nelles fiando :

Deos enviar do alio Ceo o Re v, ent^o dará a terra aos miferos mor-
taes-frutcs abnndanttjjtrnos de pac yVinho,aze\te ; o Ceochoverà
mel, ó" correrão mananciaes de kyte: o povoado ejiarà cheyo de bo»
7imças , ó" tudo vívirà emfartura. A
terra nao temerá efpadas,
nemtumultos deguerra: antes bumãaltapazgeraijiorccerânella.
77 Vi <i«/mc.5o.».ij#
^^ Os cordeyros pafcerao nosmon^es CO os looos^é- os cabritos mif-
turados com os pardos os mjos andarão com os bezerrinhos éf o
: :

leão car líiceyr o entrara nos curraes comohã boy. De ?ioyte fe aga-
falharão osdragoens comos pajlores,fem lhes fazerem mal,porque
, amao do Senhor os ha de proteger. 78 Em tudo humilde amara
^

Mcl^fyí.Aiatth. i".i. Lue.l.X^P^^ May humadonzcUa pura que emfermofura f- aventajarà às-
'

75 ,

?"«» 7«4i. outras mulheres.'- Alcg rate donzelía dofucceffo 3 porque o Crea-^

81 /SAugufio , iecunihn ^hff^m, ^^r do CeOy &


da terra , que ha de habitar em ti, te deu tao me ffa-
^uihàhebatTaurumffoinfigm,o-appeiia- veisgoflos,que duremparãfcmpre 3 f
ó^ a luz eterna cara comigo.
meíip^cifícus qtuainpaccmund^mrexit,
lit/jCa[ianeus líprd] cujus temporenalui'-
'
j-
''
, Al
yburúníx: Naícerà
^» »t n ; j
em Bekm, 79
O ujigid O
r
feri
r^
& >

enchriiius. Luc.z.i. f anmmciadoemNazarethy %o reynandootouropacijicOj&fu^


-
8 1 Lu:. 11.17. - -
dador da quietação. 8 1 O* bemaventurada a May , cujos peytos
'

\\ ofe!!^\\'^'''^'''^''^-^'''''''''^
lhe dar ro kyte. 82 - Depois de tornar aluz ao ter ceyro dia, 83
8s ii/rt í 16019. havendo mojlradooforío aos mortacs , 84 ò' depois que enfinan-
86 eyfííef.i?.
doPdufirartudOijubiráaoCeOy 85 levado de nuvens. 86
--•-, "-28 DaAgrippafereferequcdiííe; 0;«7;^«aw//^r^í7/^ri
palpável, brotará como rúiZyfccmfeha como folha: nao apparecerà
fuavenuHade: o ventre materno o cercará: chorará Deos alegria
eterna > ò" fera pizado pelos homens nafcerá Deos de May , é^:

%f Maith.').u.tTc.ti.t^.Mare.%.conv€rfaráconopeccador. 87
t5.iaí:.5.5o.crf.7,j4.er 1J.7. _^ ^ ,-29'-'E da Cimea ; liumamulher dageraçao dosjudeosfele-
vantará , por nome Mana ; & terá Efp ofo por n orne Jofeph ; nafm
cera delia pelo Ejprrito Santofem obra de Faraó, o Fdho de Deos,
por nomejcfus; ella fera l^irgem antes, ò- depois do parto, ó" (^
que nafcer dellafèrá verdadeyro Deos, é' verdadeyro homem,
comopredijferaotodososFiofetas.
»„^-. -.,, 20 Eltas duas refere Caífaneu 88 a ultima por miiyto
mfiàtr. 10. adfn.
,, ,.
t% Cfifían.Catal. Pior. mim à.piir(,tX'
Ciara
.^rrrr e rt o
le faz fufpey tola. As acima reteridus , &: ou ras que omit-
:

\

timosporbrx;vi<ÍAde, lograó. inceyrc crcdico no exame dos


PART. IL CAP: X.
mais graves Ainhorcs. 89 E S. Clemente Alexandrino,90 %, '^im o moBrcõ aik^-r^ão muyM',
nlèm de refenr que o Apoftolo encomendava aos novos Cbri- EpífcopusGaiar^ía^Euanzei inffií dj 1.

ihVosquelefiem aquelles vaticínios, como diflemos, acerei- ^^'y^^P«^^^°P^

centa, qvie como Deos quiz dar aos Jiideos Profetas, deoeítas 90 Dciím.c^UtanJr.i '.i [iromatt
Profetizas aos Gerttios. 91 Tinha myftcriodarem-lhes tanto y ExD.cum.ncutBoiftuid^ftgn.Et.
., credito. A Cumanadifle Depois que Romagovernar a Egypto,' '{TòlÍòc^ac)!7dZm/.U.epiff. t.
:

'

^ o enfren' comfeu império , entoo a fummapotencia do Rey im- i»pri>ic nb, pàuI. m
mu in (mmem. verè,
mottd do fnpremo Rey no nafcerà aos morfães, virá o Re y &
fantOy ^!''^'°"? ''^'"'7"'^™-

iftiedhtodo ornando fera os jceptros por todos os feculos dos (eçu- Haud equ dcm imracritò Camânxcat»
Us. E porque naóchegaíTe o comprimento diílo; fé ventilou
"^"'^^*"*»*^'

inuyto no Senado, fe convinha dominar totalmente áEgypto,


ou contentarfe có ter feus Reys tributários, 92 Mas finalmente
lecomprio, dominando Roma aquelle Rey no, morta a Rai-
9i NoMEufil,.inthrcHMjmpíad.2t.
nha Cleópatra. 93

C A P I T V L O X.
Como Deos preparou os ânimos dd Gentilidade pard
fua doutrina com a dos Filofofos ; referefs a dos
Stoicos em particular.

1 "fj Ara a doutrina, que viria dar aos homens, difpoz


Deos os ânimos gentios na dosFilofofos com que
cm todos os tempos illuftrou o mundo. Naó íè admirtiriaa
virtude poreílranha , fc como familiar.
alguns a naó trataíTem
Foy neceflTario para arrancar os vicios , efcavar as raizes com
aquelles inftrumentos.
2 Oprimeyro,qiieéhíinoucomexemplo,foyBe]órofon-
te filho de Glauco cm Corintho: porque fendo cáftcíjofeph 1 * Geéfif*
-
,., entre os Gregos, reflftio àimpudicicia de Stenobea, mulher
de Preto Rèy dos Argos & vmgando a Rainha feu defprezo
-,

com accufaçaó contraria, fofreoelledeílerro, & perfeguições


com tanta fortaleza^ que delia feoecafionàraó fábulas admi-
ráveis.

3 Seguiraõ-fe Ámfion Rey de Thebas 9 &c Orfeo Tráciojf


que com fuavidade de palavras abrandarão os coraçoens in-
dóceis, & as inclinaçoens barbaras, com tanto eítey to , que do'
primeyro fe fabulou que movia os penedosjj & do fegundo que
attrahia a fi as feras, &
os bofqucs.
4 Homero foy o primeyro (|ue poz a fabedoria Gfcgá
2 * Be tfméf" -^íà up c.zí.k t ?.

emefcrito , (por iíTo o chamarão fonte delia) mas e$i dif-


farces poéticos, como fe naó oufára a virtude a fahír em publi-
co a roíto defcuberto.
5 Anacharfes Scytha levou a verdadeyra Filofofia a A-
thenas; &: os fete Sábios de Grecia,Thales, Bias, Solon,Chilo>
Pitaco, Cleobulo, & Periandroa eítâbekcèraó.
•^
6 Efopo
aro '"EVA, E AVE
-
6 Efopoafezgracioíap.uaicrbem rcccb da cem a kiz :

doengenhoc; mpenf ai a deformidade d corpo, pela virrude


>

'
triunfou da fortuna :efcravu dominou a fenbores, pois com al-
kgorias de fabulas mcftruu nos brutos o entendimento que
faltava nos homens.
7Succedèraó com documentos claros Anaximandcr,
Phocylides, Xenophanes, Pherecides & outros mellres inít-
,

gnes, de que fo alguns fe podem reduzir a breve epilogo.


... 8 Pytagoras difcipulo de Pherecides fundou em Itália
Filofofía nova, em muytas coufãs útil pofto que em algumas
,

damnada. Socratcsem Athenasdeuefplendor aos preceytcs


moraes a nobreza da vida lhe levantou o bayxo nafcimento
:

fobre grandes Principes : mereceo edificarem-lhe eftatua para


o rcfufcitarem na memoria , os mefmos que o haviaó condena»
áoâ veneno. Democrito,& cincoentaannos depois Heraclito,,
parecèraójogo da natureza , que pagava o rifo perpetuodo
primeyrocom as lagrimas continuas do fegundo,; masderaó
excelknte prova^dc que o mundo he igualmente paracfcarne-
cido, & para chorado, Plataó herdeyro da feveridade Socrarí-
[ cailluftrouomundo com a doutrina que efcrcveo , & que
pratícoUi vendido como efcravo por Diony fio de Sicilia, por-
que o reprehcndia) moftrou que os ryrannos naõ tem poder na
virtude. Ariftotcles portentX) dos engenhos fe oílentàra digno
difcipulo de Plataó, fe lhe naóquizerafer emulo; mas often-
tou-fe digno mcftre de Alexandre no que deyxou efcrito. Dió-
genes fe fez merecedor de que Alexandre , fe naó fora Alexan-
dre, quizeífe fer Diógenes, porque em defprczar o mundo era
taó grandecomo elleem o dominar. Epicuro, ainda que poz a
bemaventurãça nas delicias, ajuntou que deviaó acompanhar-
fe de virtudej no que moftrou a excellencia delia , pois com el-
la quiz tem perar a peçonha. O
Ético Zeno com didame Chri-
ftaó poz a felicidade em feguir a virtude; foy exemplo, &pa-
negyrico da abftinencia , por cujo beneficio viveo noventa an-
nos íem enfermidade. Teve a honra de íermeftrc dograndô
Chryfippo.
9 Daquclles , &
de outros meftres fe denominarão rauy tas
efcolas com grandes fugey tos que os fcgliiap. As principaes
,

foraó a Platónica, Académica, Ariftotdica, Pythagorica , Pe-


ri.patetiça, &
a Eftoíca foy a que participou melhor luz ; cha-
,

nlou-fe afli \i\ de.hum pórtico em queíe ajuntava , havendo-íe


primeyro chamado Zenonia, de Zeno que lhe deu principiO}
;j

íbraótodoS aquejles Filofofos acérrimos períeguidores dos


vicioSj&d^fcnfores das virtudes. Seria muy to largo efcrever
oquefobreiftodifieraó.rcfcrireyfóhúafentença das que me
&
occorrem fobrc cada vicio, virtude que íc lhe oppoem.
iZ/irí5ot,aíud^nm.inMcl':ffaf.i:
. jq Contra a foberbadifleAriftotcles, ; qtti defejavafetís

*^"^'
i^migos taes comohum (ohcrbofe i?ff{>!itria : & (c IS i7i.migos tae ' co-
mo naverdade o he: òc em favor da Humildade , p< TL,untanio
< Lhilon
"

PARTE II. CAP. X, 171


Chilon a Efopo 4 qu t fazia ] u pirer, rei pondeo: Levanta hu~ ^ ^jE^^Kr^puA Brufon i.6.c ^.rx s.o^
"r»: lél es, c^abaiejonêit/os. i^^iã AvireziiiiConiclhouFhtàõ 5 a % PlutoapudStob.jerm.io»

hum que defej a va fer rico , que riab tral^dhajjepar accrefcen iar
afãzmáa^ mas por diminuir a cobiça. E da Liberalidade d iíle
Tullio, 6 qiiefe deviacxercitâr comos bons , c^ naô com osfeli- M.Tiicic.i.offic. (,

,Jces. Contra a Lafcivia foy exccUente o dito de Demoítenes,''7'^"7 t^f"*"//^'»- «p*"^ Laat. de\itphilo'
qitenao queria comprar caro bum arrependimento. E pela Caíli- '^^ ,•— ~
'
" .

dadeodelfocrates , 8 quenaobaBavnfer caftoíias obras , fem- ' g 'iÇocr^t.cpuiLrafm.t.apfihhe^m.


"-0 Çernoolhar. Sobre a Irajrefpondeo Plataó, 9 qmo(ínalde 9 i^intoapuiiaenjup.
homemfabio eranaofe irar ofendido , nemjeglonarlouvaâa.Y^^ ^^ i^itr ít '.tt
— - "^
para a Paciência aconfelhou Séneca, 10 que fe ^ccomode avon-^^matoiT
— tade ao que fè ha de fofrer por for ça, porque aífim fe fentirí menos. ^' *'""'" "P^Mf"» 'H»^ ^"v^* 'f{*

aGuladiíleomelmobeneca: 11 Ovmtrecontenta-jecomo n pythtgwas apuditeri yz.de vJt'


que fe lhe deve, nao importuna por quanto fe pode : &
da 1 empe- P^dofoph.
rança Pythagoras :1 2 Aíuytasgraças devemos à natureza q ms
fez faciíonecejfario , c^-fo ofiiperfiuo nóshedifficíilíofo. Da In-
veja, perguntando Anacharíis, 1^^' porque andavaõ os homés n tyífcbtrf.apidUntoaMÁf.íifil

'kmorctníkeiyrdoonáco: Poranefèntem os maies próprios 0'Ky^''^^^ t
^^;-

os bem alheyos: & em louvor da Gandade advertio beneca ,14 ,4 Senec-in^roverb.


que o qf)e a tem fe mofira fuperim" , porque fó o menor inveja o que' "' ,

i%fhmifioci.apudriúurc,
nao pôde alcançar.-i-A' Priguiça chamou Themiftocles 15
(domrinadopelosFiloroíos)/è)í?/^//«r^<!/í>íw^'í?j. DaDitigen- „ «, . ,


" 'Cia diíie Demoíte-nes, quejazia os homens maisgloriofos que
16

afaJlava.E geralmente notàraó que de todos os vicios folie ita6


jecompenla: a Avareza folicita dinhey ro: a Ambiça6,digpida-
des: a Soberba,obfequios:a Ira vingança: a Lafciviá,deleytes;
écaflim todos os mais: fóajVirtude a nada exterior afpira,gof'-^-
.»»,'ía em íi mefma, a mefma he fírii, Sc recompenfa q fatisfaz. i /
fi 17 Ex .jrfiot.T.Ethk.c.j. cr 9. cr
1 1 Pedia a curiofidade, ( & pode fer que a matéria ) que ^-
5/-8-^ u.c.u-SUMxU.Uebd.PuH.
Teleriiiemos documentos geraes daquelles meltresi mas por j^^^;.
brevidade refiramos fó hum de Sócrates , qu&foy o mais feve-
roj &
poucos ditos de Diógenes , que foy o mais jocofo , por
ajuntarmos os dous extremos. Sócrates enfinava que naó fe
pedrífe aos Deofes coufa particu lar ; mas fó eni geral que def-
• » fcmbcrts; porque fóellesfabiaó o que era útil aos Homens "/ : &—
queoshomensignorantes pediaô muytas vezes oqueosdef-. ^

truiria-, porque as honras a muy tos arrtíinavão muytos Reys


:

tinhaõ miferavel fimicafarnentos illuftres feennobreciaõjtam-


bem empobreciaCv: riquezas a muytos caufa vão males ; que fó
^

• ' convinha entregar ao arbitrio celefte, porque podia


dar , & fa«- - - -

biacfcolher. 18 Diógenes dizia, que feefpantava de todos „ -• . . jtru. tíjí ^ 1 . -

05 homens andarem íempre trabalhando por diverfas couíás, extcrms.


6
nenhum trabalhar por fer bom & dos que criaó em fonhos,
:

&
nãofe governavaó pelo que vião eftando acordados: Sc dos
hiftoriadores inve (ligarem os vicios alheyos , & naô ve-
rem os próprios: &: dos muíicos temperarem os inflrumentos,
.&:deftemp'eraremfeuscoftiimes; & dos Astrólogos verem o
.que eftà no Geo,& ignorarem o qiie tem júto de íi: & dos Ora-
dores'
17» EVA, E AVE
dores que procuravãofallar ajuftado*;, &
obrar defcomp->íto$.'
&dos avarentos que vituperaváo o dínheyro,& o amaváo : &
dos que louvaváo os virtuofos 5i os náo imiraváo re-
, :

prchendia os que fazião romarias aos Deofes , por te-


rem faude,&lcvaváo jantares, Scmercodas com que lhes pre-
judicavão:louvava os que fc aparelhavão para cafar, fie não ca-
favâo os que fe aviavão para navegar , & náo feémbarca-
:

Váo: fie os que fe compunhão para irem ao Paço, fie depois


não hiãOj dizia que todas as coufas eráo dos Deofes que ;

os fabios eráo amigos dos Deofes, fie aílim ficaváo fendo


fcnhores de todas as coufas , pois entre os amigos todas as
coufas eráo commuas: aos que dizião que o viver era máo,
i9 D»?. «H^"'''
'*'*'' '^'"^^^''''J^rçfpondi mas fó viver mal. 19- •
.

,^MtiM\ita. " ^ ^' \t Parecia que aquellesFilofofos, além de doutrinarem a


.p .^_ vida moral, encaminhavão para a eterna. Ariftateles 20 quá-
»o Aúfl.s
^^^l^-^-)^^'-^^^^
*' "^'
do enfmou, queavtrutde , &
o vicio efiavh na nofja tnaõ , mof.

XI saiiHiiJnCatiUn. ubi focordiaiat- frouolivrealvedrjo paramerccer. balluitio 21 quando dilTej'••••»


que ígnavis te tradidcns , nequaqaam ^^i^ ^jigjjj
fg gfjtrgaava à prip-uiçainaÕ ti?thtt para qtie implorar os
*^ *^ ' DeofeSiforqueosachariacontrarios^\n\\nvL2ii\\\tácTiom^2LXtc
deve haver obras. Todos andavão em cõtinua efpeculaçáo do
emqueconfiftiaabemavcnturançaj mas como lhes faltava o
claro lume da Fé, os mais delleserravão. Anaxágoras diffe,
queconfiftianaefpeculaçãodavida: Pythagoras na fciencia
dos números: (donde inferia a todas as fciencias) Antiftenes na
^ ,, //,/, /alegria Narcifo na fermofura , Periando na honra , Heriíb na
,

fciencia,Hecateu em ter o fufficientc, Timon na tranquiljida-


de,Simonidesnafaude,fermofuraj fie riqueza: Epicuro nade-
ley taçáo acompanhada da virtude Pfeufippo diíTe q era hum
:

bem accumulado de todos os bens: Platão acertou em dizer,


que confiltiaem fugir do mundo, fazer-fe femelhante a Deos,
& no habito da virtude muytos de feus difcipulos chegarão a
:

dizer, que na união do fummo bem: Ariftoteles , que nas obras


—m '*»''/'/y de virtude juntas como neceííario para a vida. 22
«1 T^fíT» \orit Ytnetò
J-"^**» i ->
Dos Stoicos era doema^ que nada fe devia defeiar) fendi
-^
.

& de nadaferjdevia fugir


tff^delU.O' de outros rec$pil9U Fr.
Híirn :>
j r r -' 'j
Profeílavao »^ • •
tí r rr
TiZdiíhdt MJ. «* t'f.
Virtude, ^fenao do vicio.
tranquiUidade do animo íeni alteração fie perfey ta conformi-
.•

dade com todos os fucceíros,(^ o que fc chegava arefignaçáo


.Chriftã.) Confeífavaó com os Peripateticos , que oprimeyro
rnovimento levava naturalmente a temer , fie fentir, ou goftar;* ••
mas diziaó que dev ia logo acodir a razão defterrãdo a pertur-
bação, fuavizando ofentimento, fie governando o gofto, fie
que nifto coníiftia a virtude; porque o naó fentir ao principio*
feriade pedra; o temperarfe depois, era de Filofofo, fie que
por efte modo a felicidade, ou infehcidade eftava na noíTa
mão. As largas razocns,com que o provavão, fe refumem aef-
te argumento.
1 4 Todas as coufas Caminhão a feu fim , &" afíím chegado
aelle(aindaasinfcnliveis}emcerta maneyra, moftráo agra-
do»
,
:

PARTE II. C AP. X. 273


do, como fentem felicidade , porque nclle alcançaó a perfey-
caódefeufer. O fim do homem heobemj poriflo vemos qa
razaó lhe eníina quelhe &
cõvem bufcaílojôc fugir do-mal, em
todas as acçoens procura fua conveniência, quando cahe-no
que lhe preiudica.erra contra o feii intento. A
natureza com-
pozohomem de modo que pudefie chegar àquelle feu fim;
fe afíim o naó compuzera , obrara contra íi mefma com im-pli-
caçaôjfazendolhe fim natural, o quelbeeraimpoíllvel. Na
razaõdequeodotoulhepozopoder,6cdifpofiçaó, ôcaíTim
nada lhe impede chegar , fe quizer , àquelle fim. A faude , bii
doença, a riqueza, ou pobreza, & outros accidentes da vida
naó fazem fclices, ou infeliceSj a felicidade ou infelicidade fa
,

confiftenaquellebem, queheofim: quem fe defviou para o»


mal, he infeliz, porque obrou contra feu fim. Todos os fuccef-
ías da vida faó inílrumentos indiíferentes à difpofiçaó virtuo-
íx, pois tanto fe pôde fervir das advcrfidades, como das proí^
pcridades para chegar àquelle bera. Todas as coufásC dizia
! r
Epiteto) tem duas azas: huraa queyma, outra naôj vede lá por
qual as tomais. Seiftoalfim naó fora, todos feriamos infelices,
pois todos dependeriamcs da fortuna, ôc temendo-a fempre . 7 ..

naó podiamos fer felices,& fora injuftiça padecermos fem cul-


pa. A eterna Juftiçapozafel cidade nanoflâmaó, chegare- •• -

mos a ella, abraçando fempre obem, que be o noíTo fim.


. ic Sofrer o corpo trabalhos naó tirará efta felicidade
porquecmhumcompofto, o todo fe denomina da parte mai»
nobre, & allim eftando feliz oefpirito, oeftàtodoo homem
como depois de huma grande vitoria dizemos quea RepdDli- ht'..iK^.<í ^

ca he feliz, poílo que nella perdeíTe alguns Cidadãos ,.medi'n-. •«•»Wíii


dofe a fortuna pela peífoa do Principc , ou pelo fubftancialdo
Eftado, com que tudo o mais fe deve aceommodar. Antes co-
mo os particulares fe gloriaó das feridas que receberão poe
,

confervar o Eftado, ou o Principe aílim o corpo deve facrifi-


:

carfe com gofto em todos os fucceííos, que podem fervir ao ef.


pirite. Se a felicidade doefpiritodependeífe dosdeIeytcs,ou
defcanço do corpo , efte ficava fendo o Senhor, com grande .'','•,'

abfurdo danatureza, & abatimento da dignidade do homem;


o contrario fe ha de dizer pois o corpo he efcravo da alma ra*
,

cional. Eftaem fuftancia era a doutrma dos Stoicos, que foy a


• .que mais fe chegou à Academia Chriftá,

C A-
%

»74 EVA, E AVE

C A P I T VLO X[.

CcMO Bs Fílofofos ohravão conforme ao que enfínavSom ^


e/^j penitencias q alguns faxiaõ; Q* outros a?mun»
€íOS que os Gentios tiveraõ da Ley Santa,

1 \
Doutrina, que enfinavfló,praricavão em fios Fi-
^j^
lofofof, feguiaófeus Difci pulos 6c imitavaóos ,

varoens grandes, na igualdade do animo, na conílancia, & pa-


ciência, & nogoftocom que fe entregava© à morte, Teenten-
diaó que era pela virtude.
2 Em Sócrates fe notava que nunca fe conheceo diíFeren-' • •

__.__-, Ça em feu rofto, fempre o mefmo com qualquer fucceíTo


'

ne- :

nhum o alegrou, ou entriíleceo, nem alterou do que natural- ,

.1
UcTtiusdcvk mojofh.inejusMta. mente coftumavafer. i Dandofelhehuma bofetada, lo diíTc:
Mole/la confahe naofaheremos hommsypimdo lhes he neccjfarto

t SetietJeiraLycli.
fahiremdecafacomvizeyra. i A Diógenes cufpio hum moço
no roílo, & fó diíTc; Nao me ag âfio^ mas duvido ,feferà hemagã"
l
Lg(rf./ttpJ.6Jn viiaDitgenh. Jlarme.^ A Lycurgo tirou outro moço hum olho, ôc entrega- -
dolho o Povo, para que o caftigafTe, elle o enfi nou a todos os
bons coílumes ,
&
enfinado , o aprefentou em publico , dizen-
do: Eííe mo ço ^ ó Efp arianos , me entreg afies mal aco(tnmado, eu
o refittuoinfiriiido comboa doutrina. 4 A AriílippbdiíTehuni
4 PlutnrchJn Lycttfgí grandes injurias i& ellererpondeo'; Oxalá fojfes tu tao fenhor
aaíua Img ua como enfou das minhas orelhas. 5
,
* « •> »^
j Ih Ude nugis Philofofh.
5 Demoftenes, ameaçando-o FilippeRey de Macedó-
nia, que lhe tiraria a cabeça porque fallava por Athenas fua
,

pátria; reípondeo conftantc: Se ma tirares dos hombros a pátria ,

maporà na eternidade. 6 Theodoro Filofofo refpondeo a»


^ Siohíusferm. x.
Tyranno Ly fimacho Macedoniojque o ameaçava com morte: •# •

• -- 'Ameaçaaos tctis cortezàos que aTheodoro nad a importa apodre^


;

7 Cicer.l.i.Tu/cul.^u£jlm cerna terra y ou levantado em cruz. 7


4 Ogrande Agefil ao eftando com dores de gotta, vendo
que Carneades,que viera a vifitallo, fe defpedi?, trifte, recean-
. --do moleftallo mais com fua prefença, lhe difle Nao vos vadeSy^^' :

dalli ( apontando para os pès) nada chega cà (pondo a maó no


t --peyto.) 8 Fofidonio atormentado em hCia doença de gran-
t Plutixrch.in Lfícon,
dillimas dores, dizia: Embalde trabalhas , ó dor: 7iunca confejja-
*
reyqueesmal. 9
p Brufon l.t'C .^

5 Calicrates perguntado porque os Filofofos preferiaó a •

morte honrada a huma vida larga, refpondeo: Forque viver


acontece a todos: morrer bem he fo dos bons. E era dogma, ^teje
10 Senecep éi.foP med. ^•'deviadefejar huma morte memorável pela virtude. 10 A So-
Dubitavanopt.mum mc^otibilcin
(it
^rates fedcu avifo, de que OS Athenicnfes determina vaó ,q el-
mon.&inaliquo opere vmut.s. rr i- r j^ 7. j ^ ,
le morreíTc. E refpondeo rnmeyro o aetermmou
.

a natureza ,
:

/ ÍCÍO.
'

PARTE II. CAP.XI. 17J


em querer retirarfe,comapLidera. Quando o condenarão, la-
mentava fua mulher Xantippe fer fem culpa; êccUelhèdifle:
Pois querias que morreíTe culpado ? A notificação da ntença fi.

ouviofenialteraçaójícproteftou, Gluenao temia arnortc. Na


execução, detendo-fe os miniftros, lhes difle.^/i? cratenspode
fe trem a viver , cr elle amorrer. E dandofelhe o víifo *'5
de veneno, que havia de beber , fez huma pratica de excellçn-
tes fentenças, foraó fuás ulti mas palavras: Vamonos defta vida ,
Veos aqtii nos leva i & bebso fem moítrar mudança. ii'"n viatjna^oho.&inOii^:
"pois ...

Theramenes Spartano condenado a morrer, hia rindo ;& per- ^'^'"';>W/«*po/oç. '
'
.''

«juntado de que ria, refpondeo; Qtie fokava de paiar aquella f!ÍÍ.'r\^''^o'''''' .

divida. 12 rhocion condenado com outros a veneno, tendo loph.


os outros bebido, o qu3 federa do publico , & faltando para ^'_^^<^»rch.inLacon>
"'^'" "-'""'"*
clle; dizendo o algoz queodariafeu,felhopaganrem; diíToa "
humâini^o: Pois que em Athenas fe naopódemjrrer de graça ,

pçovos qm pagueis efie dinheyro. i^ Cayo, ou Canio Júlio ^ fiutarch.inai0fh.La9i


mandado matar por Cayo Cefar , & eítandojugádo o Xadrez
íiquândooforaóbufcarparaaex-cuçaó.tomouteííemunhasde- —
*como rinha melhor jogo. 14 TaleraofoíTego deanimocom
14 St(ibfam,%',
quefofriaóamorteosfequazes daquellaFilgfoíia, fe enten-
diaõ que morriaó innocentes ,ou pela virtude, & tendo- fe por
"'•felicesnapena; 6c alfim Agydes Licedemonio indo para o '1
fupplicio, & vendo que o algoz chorava laftimado de o matar
injuftamente, ocxhortouaqueniochoraíre,F<)r^«^ ellemor-
riamaisfelizqueosqueomandavaomatar. .15 Baftaóeílcs ex- 1$ Plutmh4nj^â^
emplos.
6 Houve outros Filofofos, quemoftravâoenfayos depe-
. ••nitencia. Os2inúc\}.\\^\mosBracmanes dalndia viviaôembof-
\
' quês, & defertos, profeííandocaftidade, veftindo cortiças de
arvores, comendo fó folhas delias & algumas hervas. Diziaó
,

que depois defta vida havia outra melhor, dequegozavaõos


que fe davaó a bem filofofar, que era ferem fabios , &: rirtuo-
fos. Dous de outros chamados Taxillos hum velho, outro mo-'
,

ço, andavaó com Alexandre Magno pregando paciência : &


elleoshonrâvacomafuamefa, Apartando-fe algumas vezes
para lugares fecretos o velho fe punha com o rofto para o Ceo
,

fofrendo chuvas, & calmas & o moço fe punha fobre hum fó


:

pòtendonamáohumtroflbdemadeyro de covados:
três &
canfado daquelle pé, fe punha fobre o outro.paflando o dia em
tal penitencia. Efte naó quiz perfeverar com Alexandre ,

^ ôcodeyxou, dizcndolhe, que fequizeííe delle alguma cou^


'••fa, o bufcaíTe , porque elle o não havia mifter. Mas o ve-
lho continuou com Alexandre dando-fe depois à boa vida;
,

& os que lhe aíFeavaó haver afroxado na penitencia, refpon-


dia, que fchaviáojà acabado os quarenta annos que a havia
I i D.fesPhilfJi^hss tra: :m Strako Ltf
profeflb ; & que naquella efcola fe permittia ali
era aílim O 16. l

viar a vida paíTadas trinta &fete, ou quarenta annos de peni- PineátniMon^nh. Ecclef.Ly.e.i2.SA,
tencia. 16
Z 7 Tam-

i7« E V A, E A VE
7 Também parece q com myfterio era ceremonia d:: gen-
tilidade borrifarem-íe cõ agua nos templos parafepuriíic..ré
dos peccados , como íe prova de Laércio referindo liú apoph.
thegma de Diógenes Sc de Erafmo rcferindooutrode Va-
:

,7l«ri.dcv.».PWo;o/fc.u.,«i),o-lennm^"o; 17 porqolavacrodo SantoBapnímo, &o :^


^ni. mar nas Igrejas agua benta, íe naóeftranhalTc per novidade.
£T<^jpU.,Jp»fhtb, 3 Com o referido nos capítulos paíTados prtvenioDcos
os Gentios para fua doutrina , pofto que fem prevençoens os
"^^^-^- Comohum bom Muílco(diz
,t NU^^J'iIi•MccU/u^.^,.infne.P''^^''', ^^P5^^^ 'J''^'''''
.-.---Nicephoroj 15 para cantar mais lua ve, toca na lyra varias
^ cordasj Sc para ornato accrefcenta mais das ncccíTarias. Ou co-
mo a lá para receber a cor mais fina íe prepara com tintas mais
bayxas.

C A P I T V L O XII.
Genealogia de Chrifto Senhor nojjo , dejua. Mãy
SantiUima. ^ocaõ-fe as excellemtas de São
&
Joa-
quim , gr Santa Anna,

\^f^^^^^^ Judea
fótmha
í).H/frortj»pr*/ií.>:«r;rr«rw.«m-
naterra, e/creveo oEuangehu.
na hngua Hebraica para os Hebreos, 5 começando
.. ........ , ,^
} nor
^jt^u^Maub^o-. de Scrij^tof. EccUf. in Jbraham^^kcndcntc de que fe gloria vaó 3 & proíeguindo
por
Nuefhor.biíi.E£tkf. Ub.y t.u.& ornes Vavid atè S.JofephyC^ declarou fer cafado com Maria fua Máy
*^- SantiflimaiComoátambemmoíbrouferaJW^íjr^domeítno
í"^ng"e. pois lendo íilhaunica de feuspays,
.m(i,.A.n.. comoveremos, 4
\nuLJ naópodia,conformealey,5 caiarem Tribudiíferentej&pa
ia O mtento dc vcrificar o Meffias nefta qualidade ,
6 Expromjjio>i Gen.i ^.cumjeqq.
baPca va di-
Muhc^ y^.Jo,n.^.^u nvarlhe a defcendencia de Abrabam, & Tribu de
David. 6 A
materna, verdadeyra,&: natural que fó tinha no humano,
ef-
^"^«^^^ ^ Euangelifta S. Lucas Antiocheno, em
7 L,,,i ,.,.
7 lingua Gre.
i Ga/ar^.mEuan£jr,pit.l.i.eaf.ypea^^ç^r^ os Gentios, 8 dirívando-a de >í^íívi pay de todas as

Ç"- -"
ge"fes,atèi^ró7í?tí^///w,avòmarernodoJ^c«/W5diz€ndo, 9 »

TiTíf.X £t ipíi jcfu, crat.n-7<'>/^'^;'^^^ ^-^/f ^?«?m/r^^«;'i.5 rcputado filho dejofeph ,0


cipieiisquifi annorum tnginta, utpu- qualfõ) de Heliy c^c. no (j bem íe
vèqueoreíativo,^ ^«-í/ naó
t^batur films jofepl>, qm fa«HcU &c.
(g refere ajo/^/./^, mas a^f/A-y pois tratando
.

j o Euan^eliíia de
proporitodeyf/;/j,Sc nomeando a>/^/;/? íboccallon^^al mente,
& por parenthefis, naó he crivei q íeipuzeíTeía contar
taó deva
gar a genealogia àcjojepb, & niáo a de Je/us, havendojà dito q
yoJep'J t ra pay putativo
j í< fendo o intento moltrar que
Jejus
1» K/íw£ic?<>/'W''" £^«':2«/ifí'-i/ína- eraveiJadcyrodcícendentcde^i/íí^^w , como homem «Sede

:S.Í:í;;í^,S,íJÍ„ ,.... -^*^f^'''-".&£''^"/ como Menias,para o mollrar por linha va-


^o^i'>^ ííaotendo/f/z/j- Chrijto pay na terra, começou
p.r>.ioiephdi'pjíiUirhhiiKrty,^».U do pri-
c.7.f.».i»>w meyrovuiaó mais próximo, q era o avô materno. Aíllm o
di-
zem comummente es Doutorcsi IO ^^ alguns accreíccntao,
II que
1

PARTE II. CAP.Xli; tif


(^^l^fK^n
1 1 que o mefmo cra , ainda que aquelle relativo fe referira a S.
i
'" j .mfio.

jfofeph i chamando-fe filho de Heli Joaquim , por fer genro q ,

fe coftuma chamar filho.


2 De Adam , q chama/Z^í? de Veos , pôr haver fahido ím«
mediatamente das maós divinas deduz Saó Lucasefta defcé-
,

dencia continuada de pay a filho, conto fe fegue.


3 Engeytou Deos a òa/w filho primcyro de yííííí»? por fa-
cinorofo, & efcolhco para afcendente a Seth morgado da vir-
tude dos primeyros pays. 12 Sem CàufatáÔ evidente cruza o *^ ^•Chyy/ofí.mGeneJlhomil.xi.h
Senhor os braços muy tas vezes, como Jacob , dando á bençaó ^'2 /« t .p.c- ij.m.o-c
zn
"*^'
de Manafles mais velho a Efraim mais moçoi 13 &: o mefmo i? Gc^así^*.
fucccdeoajacobantepoftoa EfaU ;&a Judas preferido a Ru- ^M^^"^'^9.io.MarMo.^i;
*

&
bem; com outros o vemos cada diai fazendo 14 osprirtiey- '*
'

ros últimos, &


os últimos primeyros, por feus occultos juizos;
5 Enòs filho de Seth , foy aquelle que teve o louvor de in-
vocar primcy ro o nome do Senhor , como na primeyra parte
diflemos. 15 15 í*.i.í.jift,.
6 Cainam Malaleel ,
, & larédy fe feguiráó de pay a filhoj
baftâlhes por gloria ferem troncos defta arvore.
7 //(?w<?r/:? filho de /^reí/,inligneAftrologo, i6&o^ri- ^^tiitemtnat.p.é.ii.n.^ii
meyro que labemos haver compofto livro, 17 foy maisin- ^^ ^'í^masna «./.c.jo.».*,
figne pela fantidade, porque o Texto di2 , que elle paíTeou co
Deos, & lhe contentou , & que naó appareceo , porque Deos
levou, Sf trasladou ao Paraifofem morte. 18 Graves Autho- i^(ieH.^.^4Eceltf^4.ls.D.Pâul.ái
res 19 cuydaóque naóheoParaifoemqueeftiveraòAdam, ^'^''•'••S' _ .
.

&£^'^, porque eífeíe acabou no diluvioi 20 mas certa região H W'hlclideinTf.tyfi%.


cm que fe vive com tranquillidade no corpo,& no efpirito;ou- * y»^ f^iegas tt.t^pêcuy'pp
i

tros entendem que he o mefmo. 21 SaÓ joaó C\ixv(o^omo%'fZ"I^;\^^^^^^^^^


32 aconielha, que nao palie noíTacuriondade a querer laber i% chryfqfi.homU.íiinGert.
mais do que o Texto declara. Dizem que 23 dallihadevir ^*i ^"ti'í<i''»i'nac.devimrt.&i.i,
no juizo final a pregar contra o Ante-chrifto , &c que morrerá D!^"ofâdcomt.i.4.y:egasfipi
martyr.
8 7l/<2í«/2?/^wí feu filho, vivendo 969. annos, 24 a mais làr- h í^'fc'«^•^c.Io.».^.
gavidaque fe fabe, a fez mais dilauda com tantas virtudes,^„^^,g«wSí:^:^í:^.;í
que morrendo na occafíaó do diluvio , mereceo (fegundo "
-^ '
refere Rabbi Sela) 25 queDcosodilataífefetedias.alèmdo
&
tempo determinado, para que Noeíeix neto , fua familia lhe
fi zeíTe nelles exéquias honrofas.

9 Lamech filho feu he celebrado por pay de lahèl, lubal ,


,

& Tubalcaim, inventores das muy tas artes que diífemos na pri-
meyra parte; 26 & mais celebre por pay de A^<?/. a P.i^.ii.cmosfegHintèi:
10 Noe íoy fegundo pay univeríal, cuja fantidade , traba-
lhos, Scaccões^loriofas jàreferimosi 27 baftalhe por enco- ^»7 n-i./,.c. 50.25- «/f<«c.uíw..*íaz^
mio haver fido ngura deC7:?r{/?oReparador do género humano.
1 Sem teve a dita de fer efcolhido entre os filhos de Noe ^ ^ ^r
^^
para cabeça defta linha; foy abençoado por feu pay: 28 cor- I9 fStjhp.c.7.n.i^
rcfpondeo à benção com virtudes: ôcdillcraóEfcritores 29
q
foy Melchifedech Saccrdotco mais celebre nas Eícrituras fan-
fas. Zij 12 ^r-
.

«r? Tí/EVA, E AVEA^I


.o^Bk- 1 « «i».»^»^*^ '' 12 jírphaxad alho de Sem à&y&QU feu nome famofo nos
Babyloniosj & Cbaldeos, que delle fe chamarão Arphaxa-^
^ofofephapHdHíUdmmindiíl.CU-deOS. JO
4ea ia thcJMu 13 "Cãinâm f(3y filho de Arpbàxad , fegundo a translação
dos Setenta 6c dous Interpretes que fegue Saó Lucas , pofto
que no livro Hebreo, que a noííaVulnjata trasladou, íenaõ
ache por defcuy do dos que depois o copiàraó,como advertem

té.accHm eoMatutt yfrojav. deChrtjte, o/rriij/o-


òâlem toy hino de Lainãm , 6r parece que teve a gloria
14
« i-
i4fn<k »rf.4 s.i.ittfriwí.
de que a Cidade Tanta, que primey ro fe chamou Jefus , fe cha-
mafie depois cV^i/e?», por fua memoria; & fc ficou chamando
'^'''^''

51 í5<ie o 9«í (í/t -W<»f«ffJíd4Í.ií-.i./^^«y^/ew,& ultimamente Jerufalem, corrupto o nome. 32


%.^^ue jt accomodAmtihor a%3kxa,fenti9 /iVi^fr filho de J'í</é';/^foy ouiiíco cabc"ça defamihaque
j^
jamorto em.
^^^ cooperou na infania de Babel^tanto mais digno de louvor,
ytieini'p.c.'^o.n,x,
quantomaisraroheferbom, quândo todos faó màos: 33 pelo
que em fij & nos feus confej: vou a lingua primeyra , & fez me-
feu nome. 34
54D#ww*.M.'».f%-i.>.i.í r. mcravel
16 Phaleg foy feu filho ; Sc deííe o foy K í?^v?« ( a que ram •
bem chamarão RafíiSc Reiíy Sc Ragu ; j de Ragafi o foy Sârng,
íj .-,
§^ .5.^ t »!« tMwT-'=a > & de Sarug o foy Nachor^ Sc defte o foy Thae. Parou a virçu-
./.r r.;... .
x,tn-s'; Cl T
j.'
dc para btotar com maís força cm ^M?/:?^'^/^ fiiho dc ZÃ^rf
17 Ahrahamy dequatorze annos deyx cii,o rit ogentilico,
55 vjdemi.f,c i%.n,9^aifin conhccco aDcos 25 , ^
prèsou a feu pãyf^ perfeguidc?"
j^^5gficTí^ij!,i^taq.3.6.«iV pelos Chaldeos (Sc alguns dizem 37 que lançaao notogo,
j7 'B^fertD.HieTon.mtrêiifivh dcquç niiraculoiamcnte foy livre) por naó querer adorar o
Hebraicin Çfnff. .^xv^>
i^efjuo fogo quc cllcs adoravaó , Sc quebrados pnmeyro ( co-
<

^
Hioalgunsdizem) OS Idolos dacafadefeupay, 38 foy cha-
,8 suiàuin^brah.m.^^
!4%Mk>tf.fit^.Eujeiy.p.xxa^ mado por Deos, de Haram para Chanaao; 39 foy o meftre, èc
.j9 Gf«,ii. fonte donde aos EgvpcioSj Sc Gregos manàraóa AftroIogia,Sc
wm,v> •

•>'^
,i? .
oVa.iít fi outras íciencias, Sc artes liberaes: 40 alcançou vitorias petas
. . . - u%*.jB0tS^rW3í.* fez milagi;es,hofpedou Anjos,mereceoasraais illuftres
41 ^eh:pí.'c.ix.\cumf(qji. promcíTas do Ceo; 4 1 foy chamado amigo de Deos .-42 finaU
41 £/)(/ .latobíx^t^, ^ ^.
^^^^^ ^
^
mentco mais gloriof^ na tentação mais admirável de fer fa-
^

*^^'A^
.•:.wi..i. -.
/ ^^^^T^çrikgo.defprezandoaPeos,
*«xic 1,
>
ouGruelma,taridoofilhoiefpcy
ítaeulodignodosolhos divinos j no qual fenaó pôde definir
.

íe tinha mayor paciência o facrificante, ou ^viftima no arfe j

íiifpendeo a efpada , pafmada de que naquelle facrificio niai*


era inítrumento de glotia , que de íangue pois ainhumanida- ;

46fècojiverteoeaiíç: ocrimeenjmyíterio^.o matador ficou


"^ ''^
4? /m d. Zeno Epijc. VeromnJ.in hom. incruento , Sc O facrificado vivCO fcliz. 43
>'
.r:,' " '

"^^'"''"''ffipittjí^iftnws.ti.s.j.^í 18 7/^íZ<«í:íeufilho,dadopof milagre, foy figura de C&n-


f?(?, em quanto oflerecido innocen-te ao facrificio , levando cm

^b^'\^:& ^^fM^^'ã,a^, ícus hpínbros a Içnha ao mefmq monte Calvário, 44 como


TenHiimn.i.r..i>t Mãxaon- C/:>r/y^í>a Cruz; Sc ^Liando livrc, fiffura do gcncro humano,por
'

4S Ge«/ 11. ij. Vidi arictem inter cuia liberdade havÍ4 de padecer Chriílo reprefcntado nocar-
teutcs pendente " arborc. J
111 .
-
, r r r i r - !•
jR^iatt»HebYxisiímtitl'*^.-ida(ÍKyc,x. neyfo,qíelacriticovi,Gqualparareprelentaçaoraaisviva,dí2a
$.7 in^mw. letra Syriaca q alli feuflereceo pendéte de húa arvore entre ef-
pinJiQS, 45. cgwií).G4'n//í? na aíYQíííjda Cruz coroado dei le^.E
rUY Si . aílini;;
PARTE 11. C AP. Xlí. 279
nííjmjfeeundoaveffaódeTheofilaro, difie omefmoSenhor, _, ,„ ,
. . .

oiíeAbrahãoviraaftta Onz. 46 Foy aoençoido, 5c anima-


c'xuirav,t,uc v dJc crucem meam
, 2
do por Dcos , promeíTas fcyrás a Teu pay.
ratific.indofe as *id't.

^•^^^í'/"*^ " g/í. *««;/.


9 Jacob fi Ih o de Ifaac aquelle fino amante que dcpoísy^^^^j/jf
1 , 47
*

de fervir quatorze annos pela fermofa Raquel, fentira mais , fe


a vida naô fora curta para amor taó grande; nafcendo gémeo
com Efaify defmcntio os juizos aftrologicos , pois concebidos,
2v nafcidos ambos a hum tempo, dos rnefmos pays ,& no mef-
mokigarjforaótaôdeííemelhantes. No ventre dam ãy come-
çou a lutar com o irmaó, & o feguio pegandolhe no pè como a
detello: &
em fim lhe ganhou omorgado. Fugindo do irmaó,
achou a Deos, 8c foy taó feii mimofo,que lhe moíírou o Senhor
cfcadaparaoCeo. E dizRaulíno 47 que leo no alro delia ^7 R^auUi.i.<i^arfec^bi'iflks.fvi.it.
efcritoonomede Jesus. Foy taõ valente Santo, que andou a Matute d. idade yc.i.i-h
braços com o Verbo Divino que lhe psdio que o deyxa<fle , 8c
,

porbrazáo defeu esforço lhe mandou que íe chamaíTe Ifrael,


donde os feusfc chamarão Ifraelitas. ViomyfteriosaltiíIImos
d-a Encarnação do mefmo/^r^í?: teve repetidas confirmações .

da felicidade de fua eeraçáodevado da fome geral para a abun-


dância do Egypto, Icgrou o gofto de ver que feu filho Jofcph
eícapàradaeriveja, (íeramaiscruel qiteaqueellecuydavaq
ohavia tragado) & que governava aquelle Reyno,&: o gover-
''

'
nou oytenta annos: fortuna jà mais viíta em valido, premio de
fuacaftidade. Morrendo Jacob muyto velho no Egypto, fe
lhe fizeraó honrofas exéquias, continuadas fetenta dias , Sc te^
vc a confolaçáo de fer levado a Chanaan , à fepukura de fcus
pays, &^avós, como deyxàra ordenado. 48
j^% Genef.x^timM.
^

20 y«í/<2í, filho quarto de^ííroi^jfoy o primeyro na ventu- ,

radehaver dedefcenderdellei\f^?m ií^íw/z/^Wí?, 8c haver dc'^'^'^ ;.. '


.^, ..

andarem fuadefcendencia o governo fupremo de Judea, que


delle tomou nome, atè a vinda do Méfiias: premio de fer me-
nos cruel para Jofeph, p^irfuadindo aosirmáosqueonaôma-
íaflem, 8c por menor mal, o vendeííem, 49 8c da piedade com 49 Gmcf.n.iè. crif.
que fe ofFereceo a ficar cativo em Egypto em lugar de Benja-
mim, por naódefconfolar o pay. 50 J9 Gf«f/"44.3J.,

21 FarésÍQ-^ÍQw ulho, myílerioío aíTim na máy Thamar,


de que nafceo, < I comoemquenafcendos;emeocom^<zr,ítf,' _ n i>,. ...j
^^ r/ ^ .
(j Tr7ts domyfleno Matute ã.tãadg
.

que\lançou primeyro huma maoíora, com tudo cllcnafcea3,c4.


' j
.
, 11 r

diante, 8c levou o mor gado. S'-


^'"^^'^ rd.i>iChron.B.uaÍat ;.


22 Hefron (que alguns nomeaÕ Efdrdon)t^mhtm foy '"'''l^^TZ^.t'-^^^^^^^^^^
«««filhomyfteriofode/^^ré-j, pois de nove annos o gerou, coma ^^Pinedjjitp.exD.Hiemjfm.ady,tJ,
'
querendo apreííar as geraçoens de que a Virgem Miy havia de*'j~'
Bafcer. Outros efcrevem que cafou de fetc annos, 8c gerou a
Hefron de oyto, ^ Hamul de nove^ 5 2 o que fe faz crivei cô
os exemplos de Harao , que de oyto annos gerou a Loth , Sede
Howe^SaramvíWxtr àc Ahrahao: 53 8c de ^/?/áw/,^^ , que de '

,
onze annos gerou a T^í^^í»^?», 8c de ^í-Ã^^, que dedousanno« ....
'
gerou a £^?íÃ/4í. 54 E fe conta que em Françapario huma
.;. Z iij moça
8

i8o EVA, E AVE


, . ^, moça tendo fomente nove anãos. 55 Logrou H£/r<?«á« feU-
w- í« /«íf ?
cidades, que os líraelitastiveraó no Egypto pelas cóceíTíxns,
«á Gnuf.4,^, ^ElRcy /^r^tf lhe fez por contemplação do Santojofeph. 5 6
23 yír^w? feu filho (ou /^^wí, como também lè acha no-
meado) fofreo com infigne paciência o duro cativeyro cm ,

que monojojeph, Sz feus irmãos, 8í morto aquelie Rey Faraós


poz outro i^r<3(? feu fucccflbr os Ifraehtas, temendo fua multi»
**'
E^todi.a
plicaçaó, & opulencLi. 57
''
24 .^«ímáii^^foy filho feu, & com os mais Ifraelitasaffli-
gidosmereceo alcançar de Deos com lagrimas, &oraçoens
)S Expà.iM- querer livrallosdaquelle cativeyro. 58
25 Nãhafon filho de Aminadãby na fahida do Egypto , era
^9 A^«'""'.i-7-e2^f-i.$««S>'<'ío-»4-principedaTribudeJudai 59
I. Ma fom.%,iu
&
temendo todo o mais povo
entrar, ScpaíTar o Mar Vermelho, pofto que via as aguas.aber-
tas com eftupendo milagre, Requerendo tornarfe a Egypto^
fó Nãhafon com os feus le lançou valerofaméte, no que fe ima-
_„ ^r
. -. ginavaperiso, a cujo exemplo os mais feanimàFaó.- 60 &dal-
p.iyivo''í««£«a^8// tm.i.i.t í-M-i?- Ucm
diante (pode ler que por cita acção} o morgado das Tri-
»., 5 «ii prohat Lyram in Matthxnsn ]y^^ paífou à dc Judà, 8c aíli m fc movia primeyro nas manchas,
k»^
,iehocatmhu.jj.pamAminadah.
&offereciaprimeyro nos facrificios. 62
ii Numtf.€.7.ií. 26 òdmon lo lejacha mecipnado na Eícrmira lanta 05 por
«í j^«'*4-^«'*^**í •
filho de ÍVd/í<2/ò;í,&pay de 5fe,como títulos muy to honori-

27 fíoí?^ he celebrado por muyto rico &: poderofo 64 no


.

tempo cm que os Hebreosjà poííuhiaó a terra de PromiiTaó.


2 Ohd foy feu filho , ao qual baila pur louv^of fer pay de
Jeífé.
39 ^^^Z/y^que também fe chamou
iJQ; ) ^<^y^^"c^l€ tronco

«« //ii.M.j.C loí
*
de
illuftreque,diíTe Ifaias 65 Sahirá
; humavara daraizde
'^\^J(J]e'i &
fubirà humafior (Maria SuLniifíim^iydafua raiz.
; 50 David foy feu filho oy ta vo , & primey eo híOS olhos de »*»•
Peos, que por Samuel o ungio em Rey de Ifrael Rey entre os j

Reysi hum dos nove que chamaó da lama.fendo único nas ex- ,

cellencias; porque foy gentil na peflba, generofo na condição,


robufto nas forças , valerofo no animo , prudente no governo,. *

feliz nas emprezas , gloriofo no credito , fanto nos eoftumes.


,

Urfos, Leoés Gigantes , amigos & inimigos lhe tributarão


I , , .

vitorias. Foy ProfetajPoeta> Mullco, deftro em dançar > & em.


i

tocar inftrumentosj experimentou todos os eftados,de PaUor,


Soldado, Príncipe, Rjcy peccador , penitente em todos ven-
,
-,

ceo todas as fortunas; acrifolado com fer perfeguído pelofo-


gro ingrato, pelo filho inobediente, pelos amigos obrigados,
étf i.l^fjj.ié.cKwyíf7 *«/.*.
pelos mimigos poderofos; 66 tal foY,que Deos lhe chamou,
<g Aí^ib.li. bomemlegundo leu coração: 67 oiChnJto le prezou de íec
filho feu. 68 Foy o primeyro que determinou tirar a Deos dft
'
tabernáculos, & fazerlhe cafa própria no templo fagrado , a
íeu fi ho Salamao 69
*9 ».%.7.* .faraiifàm. 1 1.
I S"<= cxecutoii 1 .

^i Depois de David profe^ue Saò Mattheos a genealo-


PARTE II. CAP. XIÍ. iSt
gía atè S.Jofeph, por leu Blho ElRey Salamao , & pelos mais
Reys feiís deíccndentes. Saó Lucas a profegue atè Chrtjlo Se-:
nhor por A^íí//:''^?^, outro filho do mefmo Dí2i;;í^ , &Íraiaóin-,
tt^^ro ácSaUmãOi porque ambos foraó havidos em Berfabè.
o i p • /
70 PhiloHebreo 71 efcreve, que Z)^i;/í/ o deyxou fubfti- 7°
Ph,UpúdEp,/c.Gal.n.tnÉuti>^
niido, & a fua linha para a fueceíTaó do Reyno em falta da de ^«''"/^•^•«f.jww/f Así^.^í
Salamao > pelo que foy chamado Ahifcar , que fignificava , //-
maofuccejfordo Principe-y &
feus defcendcntes , Abifcarim , í^
Mathithim , que fignificava , Succejfores ; &
que EÍR.ey 3^<?/^-
/r^^/ os eílimava como filhos , Sc lhes chamava
Irmãos de feu
fAhoJorao.
32 Nathon- teve por filho zMathatha, Sc fc fcguiraó de
^,pay a filho Menna , Melcha, Eliachim,J ona^ J^f^^ > &Jv.àai
illuílres com aquella prerogaciva de Príncipes do langue para
a fucceíTaÓ da coroa.
33 DeJf/^íífoyfiíhoiy/wwÃi&fefeguTaõ depayafilho
'' '
-hevii Mathãt, Jori n, EUefer, Ji^frj Her yElmaàan ,. Cojfam,
Addiy Melchij Neri os quaes, pofto que alguns Authores, 72 7» Afferu^t G^i'nz.dc.x.hifchol.H.é
^^
:

""* í^ohf-^^riji.iduít
com interpretaçoens fora do literal dos Textos , começando 4 c 1,

de Mathatj que entendem foy ElRey Ozias , digaó que faó os


mefmos nomeados por S. Mattheos atè y?f/?í?»/^, com no-
mes, ou fobrenomes diverfos , por ferem binómios, Sc alguns
trinomios, como difle Philoj com tudo he mais corrente a crpi-
niaó 73 de ferem diíTerentes em diíFercnte linha V nem heve- 7^ %Àí»iQthfrK,á.n.é,vétPiuiêai
rofimil que nos nomes de todos difcordaíTem os Euangcliftas. **«"'
E Saó Lucas havia detornarà linha de Salamao, parece que
começaria delia, como S. Mattheos, fendo illuílrada com tan-
•»• tos Reys. Iftonaó
tira fera i5V«/?íiríi defcendenfe de Sdamaa,
te de outros Reys por femeas.com que cafariáo feus afcenden-
tes paternos pela igual qualidade na mefma Tribu,de que fe-
• gundoaley, 74 naó podiaó fahir , como fabemos > que tam- jAifumerAe
^
bemaquellesReyscafavaó nalinha da ^y^f;»; affim cafou . .
OchoJíascomíiWixâicJudai 75 chamada ^i? ^ít/Íí^í' 76 Sa- 7^ M«tuuii.c.t.§.yad/iii
^'^;& mais proximamente Matban conteúdo na genealogia 76 4A<i»*i'
''"' ^'^^'^'
de S. Mattheos , pay de Jacob , ^ avò de S.Jofeph^i linha de
Salamao y Sc dos outros Reys, cafou com Eitha , q viuva tornou
a cafar có Mathat conteiído na genealogia de S. Lucas, pay de
S.Joaqtúmy Sc avò de Mír/^ SantiíTima; 77 tanto feuniaó ' *w,.. j >, « ,.« « ,

porcalamentosaquellas duas unhas. Menos tira o fobredito sç^ihurniitA.


Kr z Senhora de progénie Real conio a Igreja lhe chamaj 78 p Fr.lofephde^ffus Mma^nahiji.ieN.
pois para iíío bailava fer defcédente de 'David , a quê fó entríT^^i^^/i ^^^*^ '-í 8.».4.«
^.J*;
tátos o Euangelifta S. Mattheos my fteriofamente (pôde fer
q 78 Rcgaii cx pcogçnic Mariaexorss
aefte fim) nomeou Rey duas vezcsj 79 Sc fer da Unha de feu "^^'S^Jv
filhoiV^//7í?«,cujosdefccíndentestinhaóexpreíra,Scparticu- aJeroRex. *" Rcs«»'
lar vocação para a Coroa, como referimos com Philo. So 80 5«^r/i« ji.eST}*,

54 De Neri que ultimamente nomeamos , foy filho Sala-


deftc o foy Zorobabel ^como profegue S.
tiely Sc Lucas. Aquella
•pmiaò, que referimos, íambem cuyda que faó os inefmos cô-
tcúdos
:

i8i EVA, E AVE


teíidos na genealogia de S.Mâttheos.Mas,alèm dofundamen-
ro porque fica ca regeytada, he mais outro neftes dous nomea-
dos, que contado âdKeyJ ofias conteúdo em Saó Mattheos,
(que aquella opinião tem pelo Cnjjao de S. Lucas) até Salatiel
ha fó três geraçoens, que íàõjechoniasj Eliacim , oyxj oaofmm
»wK^.ç-ivi4' 8i& outro também 7í?^^;/;^ filho deftej 82 & Salatiel, ain-
ua que contemos dous ií-í" (?«/<?;, num antes, outro depois da
tranfmigraçaódeBabylonia, como entendem alguns Âutho-
í} CumU.HitTon.Qilau.fuín.i. res> 83 & contando do dito Cojfao de Saó Lucas atè Salatiel
ha quatro gerações , que faó Addi , Melchi Neri , & o mefmo
,

Salatiel , donde fe moítra que o Salatiel t ò" Zoroha!?el de Sáo


Mattheos faó d ifferentes dos de S.Lucas, como apontou por
opinião o doutiíllmo Bifpo Garcia Galarza nas fuás Inftitui-
%^ Gataria fapr.n.9' ç^sEu ingclicas, 84 aflimcomo pclo mefmo tempohouve
cutro Zor ohabe! ú\ho de Phaiad a, do qual íe trata no primey-
«s i.PiirJif.3.«.i8.crt9.
ro livro do Paralipomenon; 85 &naó importa, que em am-
bos os Euangeli&as tenhaó os pays ôc os filhos os mefmos no-
,

.. meS; porque também illo podia íucceder, & fi.iccedemuytâs

vezes nas familias illuftres da mefma geração, o que também


n G.i.n^
t"LÍÍfí«Tls" aponta o mefmo Doutor. 86 Mal fe averigua qual Zorohaheí
deites deu a hlRey Uario aquella repolta celebre emíavorda
verdade, pela qual lheconcedeoElR.ey areíiiruiçaõdoslf-
raelitasjôc qual foy o que os guiou 6c capitaneou para a patriaj
^'-i^^f3r^l.í.^.^&^.e.ytí.4i 8/ chamadoPrincipe,e5ícellente na prudência ,com quego-
ti Sup.n.^^.foflmed. -
vcmoUj & grande na authoridadc, que logrou com O Rey.
j2lh?cfde caaro HsvM de S. Senhora 35 ^^ ZoTobabcl contínúa Saó Lucas por feu filho Refii
i i.f.i. feguindo-fe de pay a filho lohanna , ladda , lofeph , Semei, Ma-

^Mndí^eutres^Htheret. lofeph, lanney Melcbi, Levi , ó' M^thaíh qi\zsiQÍm3. 88 dif-


,

femos fer caiado com Ethavkwãd^ Malhan.


36 De7\/í'/Mí^dizoEuãgeliíla,quefoyfilho//^J/. Naf-
ceocmNazareth, Cidade daProvinciadeGalileaem Judea,
^,.1 j j rr i.
í
90 V.ÉbIphan.delaud. Virgin.
& por fobrenomefe chamou /(?.í.7«/w, 89 f como o chamamos
r w r r - J o
r o
Tuibcrt.carn€te>tjf.m j de um Virgih.tíT comnuimmentc/que lignihca , preparação do Senhor , 90 cc
tum eo p Frjojfph d. ç 7.W. r. ^gm my fterio, pois nclle fe preparou o tem pio do Senhor , que
í;p^^rÍ.Tt''^"^^""'''^''^""'^^^
íoy Mana. Nafceo no anno em que os Romanos fugeytáraõ
91 GenfhnUl.í.Ghrowi.eXi^nioin^udQa; 91 moftrando-fc na mudauça do Impcrio tcmporal,
p,úon^,apuàMu:uuru^. idade sc.y%.^.,^^^ç
prepara va Deos paflar oefpiritual aos Gentios. Gafou cÓ
^9t MherKCMmen/.& P.Fr.jofeph ^««^ da Cidade
de Bethlem terra de Judà, que também my-
fiipr. fteriofamente fe chamou Anna, que fignifica , graça de Deos,
9^ ^'ll^a de Eplano que também fe chamou Gaziro, ^ de E-
'

P )l^Í'^l^'!lTcl7^^^^^^^ ,

-Cafírofup.d.e.u 7«i?>''£«aá«<í, ambos defcendentes de Davidj 93 pofto que al-


94 Hora; Scciii:,<Cnu'enfhili.àpr.. nryns ^uthores dizcm , quc da Tribu dc Leví , com que os de

,,/;„« «-K vhiionU de Mmarch.fu,h,ns]^\d2.


por elpccial pnvílcgio podiao calar, 94 era Emereucia-
tx Exoà 6.CX- Pttraiip i. ;M rica, fermofa .& finta , determinou confagrarfe virgem a
JZb^u^^M Deos, cou/a naó ufada em aquelle tempo , em que fe tinjia por
r !i.^
M tutefupiéjdeyc.^i i. cftado mais petfeytooconjugal porquedclle nafccria O Mcf-
,

^*"4-»- ius. 95 Antes de confentir em caíamento, foy com licença


âc
PARTE ir. cAP. XII. m-
defeuspaysconfultar no monte Carmelo os íucceíTores dos
JProfetas antigos, que alli floreciaô em Tantldade , eraó Biif-&
cados como oráculos divinos, de que também os Hiftoriado- ,„ .^^^ ^
^ •
/ r - -r j II 1 j 96 Suem m Fefpafian.c.j.
res Gentios 96 lazem menção. Ires de lies arrebat ados etn Tacithiii.i.í.pojimed.
' eípirito conhecerão por vifaô de huma íermofa raizide que fa-
híaódous ramos, hum delles mais bellò, &
por huma voz do
Ceo,qi\eEmerenciana, figurada naquella raiz, eraefcolhida
por Deos para oeftado conjugalj pelo que obedeceoj 6c de Ef-
têUno teve por filhas a EfmertãiC^íià^ com Âprano Sacerdote,
pays de j".}/^^^/, raây do grande Bautifta: 97 UzAnnaSl- 9i MichiardeCa^rod.i.ix.i:
U,mu\h,T doS^nto HeUIoa^mm. 98 Com mHagres prepa ''^?;:t';:^V:íí^Íte.à.,^
rava Deos o mayor milagre, como diireSaóJoaÓ Damafceno. Pdeonidde wt}<i ord CTrmd.i.x.etf.^,
09 Ti veraó loaquim, Anna o necefiario com moderação de ^'í'- ^"'^""f- ^í"' ^"''"^P'""" ^
& ^**«»-

bens da íortuna.Huma parte de luas rendas oirereciao no tem- ^^ D.Da>nafeH.orat.i^eNutiv.Mam.


pio para o culto Divino: outra davaó a pobres, &
peregrinos: « r .

daterceyrafullentavaóruafamilia. 100 Foraótaes, que os p/f^^^^^tiT?.;^! '*

efcolheo Deos por avós, fegundo o humano: &


porpaysdefua
Mây,aquem tanto honrou pelo fruto fe conhece a arvore. 101 *°* MMb.7.n.i7. cr 18.
:

Quanto a coufa mais fe chega a alg;um principio, tantomais ^ ^^,


participa de leuseíreytos, diz Santo 1 homas: 102 quaesfc-
riaó logo eíles gloriofos Santos, fendo os mais chegados à /^r-
gemMaji ScaChriJloíiímmobQm? A clle chamarão graves
Authores, Ceo luminofo; a ella terra limpa do Paraifo: hum dou- ,0 j f.FuJofi^^ de fefu Maria d 6.7,
tifllmoefpiritual moderno 103 expende a razaô. «.6.

37 De /(7^<^f//;»,&:^«w<2, flores efcolhidas, fe fabricou o


p* ^ favo demel mais puro, cm que fe havia de crear o Rey, & Mef-
tre do enxame da Igreja, como nas myfteriofas abelhas notou
^
.Plinio; 104 fublime arvore, fermofa, 8c fegiira,& que a Real «04 «í'».'M»-*ç|?/.ii.f,f^?
( AeuiaCeleftial efcolheo para aíTentodo ninho, em que feu Fi- ,i^ ^ VV tí^í:s"-í^>i»:2^JÉ "^
' -.
*
-

'
lho havia de naícer, como difle hum Anjo a bantaBrizidaj 105 ^f/.c.i?. '
,

çopia de tantos afcendentes illuftres , cujas efclarecidas virtu- í«dimnsfl


des fe naó poderiaó imitar, & menos exceder, fe ella não naf-
cèra. Delles finalmente nafceo por milagre M^n^Santiílima,
verdadeyraMãy,& o mayor milagre de Deos, pelo modo que ,- ;" ^ *-í

diremos cm particular capitulo de fuaConceyçaó. - :

38 Foy Filha única de feuspays; ainda que alguns Efcri-


tores cuydàraó que S» Anna , ou do mefmo Saó Joaquim j: ou
de outro marido, com quem, morto clle, cafára , tivera outras
filhas; levados , de que no Euágelho fe nomea Maria Cleophc
irmádã Firmem; 106 chamou-feaflim, fó porque feu mari* lõé foan.i^.í^.
4o Cleophas era irmaó de Saó Jofeph (alguns dizem que era ó
piefmo , que Alpheo:outros,q Alpheo era marido,irmaó de S.
Jofeph , Sc Cleophas payj) & aíiim por cunhada de S. Jofeph,
ôc concunhada da Fírgem fe chamava irmã , como co-
(íUimamos. Como também feus filhos fe chamarão irmáosde 107 Matthiy.^^.Mare.Ci.
^; /7 1n. /• j 108 ^]}m o pTov o largamente Mn
1
ÇhJiJto, 107 pelo mefmo cítylo} porque, regulado o paren-«„^,oi^«íWx A/a/»«/«H«^i.f.j.
1

teí co por S- Jofeph pay putativo do Senhor eraó primos com § 7'^'"" "í fegiii» tes.
,

miiãos;. iq8 íbnaófoy , qíiaftucia dos Judeos lhes chamou


^f;f^'$j/c\^^^^^^^^
.#iu irmãos para efcurecer a pureza da /^y^e^ , como fufpey ta
SVPedroChryfologo. 109 C A-
'

284 EVA, E AVE

C A P I T V L O XIII.

^rata-fe da nobreza : que cou/afeja : Çff como re/plan


deceo na S antifftma Virgem Mãy,

1 A Nobreza he taó graciofo cfmalte das melhores


^£\ acçoés, que atè nos Santos, cujas exccllencias de-
pendem pouco das coufas da terra, a tem os Authores por dig-
t notatTtraquti.itMehil.c.xx.n.A. na de recomendaçâoi i porque a virtude he fruta fempre boa,
mas fahe melhor, fe hc bem enxertada: os louvores da nobreza
naó fe podem reduzira efcrito, pois (diíTe bem hum douto} z
i Cjf/>í>l4;«rr«í?.díW«.W^^^^^
faó tantos como as cftrellas, querefplandeccrtinoCeo.
ha nobtlitatts, in fne. Tot laudes laabct
,

n«biiius,q«oíiuxtbcrc fydcraíuigcnt. 2
j/r^rit r J r
be OS homens pudeflem eicolher a lorte de leu naíci-
r '

mento nafccriaó todos nobiliífimos & aíHm Dcos , que po-


, •,

-, 'dia, dotou defta qualidade a fua May. Pintarfe no Apocaly pfe * •»

j/í,/:ttii 3 calçada da Lua, oftenta a mayor nobreza. Meyas luas por


\ siZs syív.LyadCrifpm. ínftituto delRcy Numa traziaó nos ça patos os Romanos
PriroaciucPamtiscliufiiTciiigiaiunz.jn^ís nobres,
4 moftrando-fe da ordem dos Senadores, que
cntaõeráo fó cento, numero figurado em humC, forma de
_ mcyalua.comoexplicaAlexandrcab Alexandro, 5 &fígni-
i„lr!:^!7fte1!"âZ'\^ã7qTà^^^^^
ficando, que por fuás acções terião depois de mortos a lua de-
•fo«jCir/ií"if'unif«rM«i>fíp./».i./u. bayxo dos pès, como diíTe Plutarco, 6 ajuntando a nobreza
*'^''Í: pcfíbalà dos progenitores. 7 Também fe pinta alli a /^£f«i
. L,
6 PlHtêrch.froblemc.76.
,
^n.-jjcii 1-jjjr *j Jj
9 pxta doãrinam D. chryfo^m. ín veltida úo ool, pela Claridade do langue $ & com diadema de
o

/frw.v»»-f«í.fr»gf«Mifco'»/<i««w,w5.£ftrellas,quefaóasobras;Eftrellas, que luzem na prefença


"""g
RcgsiuxprezmcMaris exorta rc doSol,faÓ
maisque grandes: Maria nafcida de progénie Red
fuíget. (diz a Igreja) refplandece-y 8 illuftriíTima por avòi clariílimos
9 ovíJ.rr;/f./.4.f/íi; }. illuftrou mais a eeraçãocom virtudes, que he a nobreza mais
rum, confummadai 9 & aliim as faltas de i77<i«ídr,/<^/j^^,C^fier-
Exijpcras morum nobiiirategoius. A^^, que fe apontão na genealogia , que S. Mattheos efcreveo
D.chryf>ft.hm.xi. in Gencfcoi^^h yã
^^ ^^^^^ ^^^ g j^^^pj^^ ^ ^ ^- ^ ^^ cncontráo na melma, que
10 Mtith.i. S. Lucas efcreveo por Maria, 11 porque aos rayos de tanta
" ^"^•^•; late i.^-r- ,j
/.•,•.
Tirawei.de Htbuit.
luz: fe desfez toda a névoa. '"^
_
-^^

tt De autbus •
i /- •
«i i
exc.,. 3 ror mnytos títulos feacquircnobrezaj 12 &todosno
Fr.-ioaSGuaràioi -,ttat.da twhreKi de Hej- gj-^Q mais cmineutc coucorréraó na Virgem. Se fe alcan ça por

&"Íl.;wircir.rrr '---!-virtudes,eUafoymolde,&fó 13 fe pordigni-^*-^*


Gar(iieodemtraíi.gi^^%\yin.ii.* dadc, a tcvc infinita; 14 fc por fcicncia ,foy amaisilluílrada»
CaffMcathai.giór.mu-d.p.^.
Ir~ .fcpor fiquczaSjfov
^ a mais rica, como diflcSalaraáOi i6fc
II Vide tH l,b.e.i.K.9. adjin \ t •'1 t r • •
-i •

14 D.Thofi.f.\.<}zyart:6.ad4. pot valor, tcve todoodcnumexercito j 17 le por privilegio.,


15 J^idem(rã<:^')-'»i-

;7?i:;f;-'r^'9.
foy por Dcos a mais privilegiada. Alas aqui tratamos fo da
nobreza natural do fangue. — -
&
^

18 tolheu Mjg» ifup- Mffus efí,


c. de 4 Efta, fcgu ndo O quc efcrevem Alberto Magno , ou-
f f Qg Doutores pela doutrina de Ariftoteles , & huma ley
lÊohit^ ji/ar. fegue
^^^^
^ ^ ^
Glráajup^gUfTn.ir
'

deCaftelh, 1% he huma qualidade herdada, que inclina ato-


owiorn fup.d.f.t,e,i.H.4' it*\t't- ^^-///ííííj-u/m/iííiporiírojuftamcntehedetantaeftiraaçâo. Co-
í^"'-^-
meça
PART. II. CAP. XIII. 18?
^^ meça ordinariamécc per riqueza continua , &" apcrfey-
, 5c fe 19 Caffa».in mhal.gUr mund.pi. cS-

'Jçoacom a mcfma riqueza continuada. 19 Pai-^ declaração í^^"^"^;;"^^^^^^

diftohe de adverti-, q ic ainda que a alma náo traga origem


dos pays per transfufaó de materiajnias fó de Deos.que a creou
limpa, fera ofa, &; ornada de nobreza efpiritual, & talainfun-
dio no corpoj com tudo, como eílà unida com a carne &: para , -

asoperaçoens ufadosorgaós corporaes, obra commúmente j^ p pr.pjephdepfi Mar.naVida


fegundo adifpofiçáo dcíles, 20 por inclinação j pofto que«íf2V.s/.i.í.44.M7.
íêmprc fica livre o alvedrio.
5 Para os orgaós, inftrumentos , Sc operaçoens corporaes
conduz muyto a riqueza. Porque o homem rico ufa de me-
^l GiUn.l qmd mmi mor.
lhores alimentos, qiic fegundo Galeno, 21 fazem melhor CÓ-
preyçáo.maishabil, & fácil para os bons coílumes. Tem mais „., .

authoridade; 22 òc aíum trata, Sc con veria com lábios, cc vir- 1, Prowb 1^.10.
tLiofos,emciijacompanhiafe aprende. 23 Defpreza as cou- Pfai'n.i7.v.í(>,&i-;.

fds vis: afpirafó às grandes: nio fe perturba com perdas pe-


quenas: náo fe vence com facilidade dointereíTe: aíFeitao
q pódc grangearlhe honra pira feradmittido entre osmayo-
res: he limpo, Sc curiofo, falia mais apurado: em tudo íinalmé-
te trabalha por fer eftimado de todos.
6 Paflando a riqueza aos filhos , paílalhcs o mefmo trato^
& eíFeytos, & continuando-fe ellas nos mais defcendentes fe ,
-

continuãoasmefmasconfequencias, Sclhesaccrefceodefejo
de imitar feus progenitores, Sc o receyo da ignominia fe dege-
neraremi 24 Sc aírimpor'habítofLiccede,&feintroduzpou- ^ f^id:!>ti.p.c.ii.u.%.in^rtHe:

CO, &: pouco na defcendenciahumatranfmutaçáo da origem


corporaljSc fe transfunde de pays a filhos hum coftume cã d po-
de rofo , que em certa maneyra dcfps a natureza de tudo o que
era vil, Sc a vefte de generofidadc; Sc quanto eíla tranfmuração
fc transfunde nas ramas de raiz mais antiga tanto mais fe en-
,

durece , Sc fortifica a inclinação virtuofa , Sc fe faz como infe-


paravel , porque fe ache nos filhos o que fe achi va nos que o
gerarão j como na agua dos reparos a qualidade da foare, ou
dos lugares porque paíTou. 25 t^ cffi^dor.var.U.eeifi.ii.ubifui.
7 Daqui vem náo fc prefumir que os nobres commettáo churimè.
treyçáo, ou outro crime vil, Sc torpe; antes tem por fi a pre-
fumpçáo em todas as virtudes; 26 eíta razão dáo 27 asleys i^i^ochiefr^fHmpt.iyfT^i^n:
H
de Helpanna para ordenarem que as alcaydanas mores áosDipmosn sexccUtPoTtugdtc.Twpritt*
Caftellos (em cuja guarda confifte a fegurança dos Rey nos) f'>-
n ( 11
. .

fe náo de fenáo a homés de nobre linhagc,Sc pela mefma razão


^^^l^Zg ia ord*n. iVlri^^'pri*[
faó preferidos para todos os officios feculares , Sz Ecclefiafti- ViJe BohadMl mpoiit.l.t.c.to.n.so,
cos. 28 E quando o livre alvedrio, C que fempre lhes fica) os, *8 Latèc^Udp.i.d^c.un.i.&p^i-i
levou a dehnquir, Sc a ler viciolos, íao como os pomos q cha- ,

mamos Pecos , de huma boa arvore, nos quaes parece que a


natureza peccou, ^ faó mais culpados, èc odiofos , que os ruf-
ticos, Sc plebeos delinquentes, porque obrão contra a incli-
Ínaçáo natural do fangue , &c fe apartão do coftume habituado
cm feus mayores, podendo neiies mais a malicia. 29 . 19 rrj«/.eic»tfW.c.ii.«>i;i;

"
* 8 Efta
i%6 EVA, E AVE
8 Efta he a nobreza de fangue &: elta a mzaõ porq fe efti-
•,

maj porque ainda que em quarito à carne teiiha pouco louvá-


vel, o he muyto pela aliança, &: correfpond enciajque tem com
oefpirito. 30 He mayor, ou menor conforme ao principio, 8c
s© ^M.dctiu^iyiT^.hiart.7»
continuação, que teve de mais ou mencrs riquezas porque à
,
>

, proporção delias foraó os eíFeytosjOs m^ais ricos fc tratarão me-


Ihor.tiveraó mayor authoridade puderaó converfar có mayo-
,

res homens, de qaprendeíTem mais: defprezàraõ mais as cou-


pequenas, afpiràraó às muyto mayores,perturbàraó-fe mais
fas
raramente , menos os moveo o interefie , tratàraó-fe com mais
limpeza, &: puzeraó mais alto o ponto da honra. Por iíTo os
Principes ( que comprehendo no nome de mais ricos ) faó
mais nobres, porque em tudo herdarão dos afcendentes (fe
também foraó Principes ) mais altas inclinaçoens.
—— * 9 Diflemos acima, que ordinariaméte começa, &feaper-^*
feyçoaa nobreza com riqueza continuada j porque ainda que
comece por virtude, valor, dignidade, ou outra qualidade,
,
quecaufeemhumafcendentcoseffeytos, que confideramos
/ cm hum rícoj todavia, como aquella qualidade ordinariamen-
te celía nos filhos ou defcendentes , fe faó pobres , defcahem
,

daquelle bom principio , & incorrem nas inclinaçoens con-


trarias; como vemos em vileza muytos netos de avós authori-
zadoSi ÔcaíTim fó a riqueza continuada vay continuando os
antecedentes de que pelo tempo adiante, por habito de bons
coftumcs, vem a refultar a nobreza natural, como diííemos.
10 Efta refplandeceo em A/<ír;^^/r^e«/. Porque omittin-
do os clariíTimos progenitores de Adam em diante atè A^tff',em
,
quem fe achaó iguaes todas as gentes, como em pay univerfal;
'
logo cm Noc fe feparou a melhot linha de feu primogénito
*5V^/ para a genealogia áa. Senhora; &
nella fe foy dirivando
por homens abalizados em virtudes, riquezas , dignidades , &
outras qualidades, que os au thorizàraó , &: fízeraó taó conhe-
cidos, como vimos no capitulo precedente. Quando depois
delRey David lhes naÕ achamos outras particulares grande-
zas bafta haverem tido a prerogativa de fer chamada toda a
:

,
-
,
linha de A^<íí/;ííw para a fucceíTaó da Coroa , em falta de <y^/íj-
)i ocaf prece .n^u^
Wí2^ , comodiíTemos; 31 titulo, &direy to que era força con-
tinuar cm todos authoridadc, como Principes do fangue 3 de

31 Dj:.pTecenâ.n.i^.adnied. I
quc he bom argumcnto ocafamentodafilha dcJudacomEl-
íi 4A£2^4<2^^5- Rey Or^(?/7í?j-, como alli apontamos. 52 Na tranfmigraçaó
i^Vidy.p,cccd.n.i6.ndmed.
^^^^ Babvlonía , perderão os mais ricos feus bens , como pri-
3 3 mas
Spícp.didiíTimis
, nobiiiíTimifquc gciiere fioneyros de gucrra; depois da volta para J uaea , ain-
connumetat.
daachamos OS pays da ^^^^w com fazcnda modcrada. 34,
}S «/« !•}• 'J'<^'5*
EaindadepoisdonafcimentodeC/:7r{/?^,quandoosEmpera-
dores Vefpafiano , & Domiciano prenderão os defcendentes
de David) de que rcceavaó que fe levantaífem com o
Reyno de Judca, foraó prezos, como conta Eufebio , 35
0$ íobrinhos de S.Jofeph, filhos de feu irraaó Ckophas no que
-,

fc
'

Px\RT. 11. CAP. XIII. x%7


fcvè, que fe reputava digna de Reynofua pobreza cô aqual -,

corria parelha a da Virgem , como fe vè da igualdade com que


os pays cafavaój Çtnáo Hdimjoaqiiim^iy ási SenJoora, meyo ,

irmaó á^ Jacob pay de S. Jofeph^ ambos filhos de Etha , & de


dousmarídosi 36 0^2.^ átJoaquim(cch^monMathat,oáe ^ll^'"^'^'^^^"^^^^^
JaCobi Mathan jnomczàos pelos EuangeliftaS. 3 7 MdMor de Caflro na wU da Senhora Lu
* ' 11 Efta alta nobreza da /^r/^wífenaóabateo pela pobre- '^•^- . ,. ,

za, que ella voluntariamente proíeílouj como em outro lugaf jg e^%wc.i}.».}.


veremos. 38 Efoymyfteriofa,aíIim pela fantaprofinaô que
fez delia , como porque havendo na cafa mais família , fe def-
cobriria a vida Angélica dos Efpofos , que Deos queria occul-
tar. Nem era decente que outras mãos, fenaó as da Virgem , &:
Saó Jofeph ferviíTem ao Filho de Deos em fua creaçaó. Digo
,

que não fe abateo. Porque a pobreza de íi não tira a nobreza;


59 fó quando he continuada por muytosdefcendentes, cof- ^^ uttTiraqHeUtnobiiiie.ti.Att.s
,

tumacaufareffeytos contrários dos que notamos na riqueza,


com que vindo a mudarfe as nobres inclinaçoens do fangue , fe
virá por tempos a perder a nobreza delle, conforme ao que
acima difcurfamos.
12 Nem também fe perdeo aquella nobreza por o Santo
TJpofo Jofeph exercitar oíficio humilde. Porque ainda que
efte prive fem duvida da nobreza acquirida por privile-
gio, não hetaõ corrente eftaconclufaó na nobreza do fangue, ^ « ^

como diítinguemmuytos Doutores. 40 Ehecertoqnaopro- , g*j_„.j^^,„^„^,„^^^£,/y^^,_ ''^"''


cede em algúas Provincias , como faò as das partes de Vifcaya
em Hefpanha. E em favor dos oíficios de pedreyro , & de car-
pinteiro, q muitas doutrinas,
S. Jofeph exercitava, traz tex- &
tosjcó CaífaneOjO graveDoutor Otalora.41 Entre os Hebreos, 41 Caifan.i» cath^Lp to. mflder.f:-
como o facerdocio, honras,& fazédas eftavão repartidas pelos ""i^-Oti/or dcnobUit.í. f. uniaírinc^
Tribus, havia nos Archivos livros authenticos de linhagés, (á^ ''J"-' í*
./"»•

Herodes queymou, por efcurecer nos outros a nobreza , q elle


não tinha) nos quaes com toda a diligencia feefcrevia o naf-
ciméto, nomes, &
mortes dos filhos , para fe dar a cada familia
fóoqnellatocava. 42 Oquefeobfervavatãorigorofamente, ai ^huienf.hiEufeb.c.if/
^««"^^^•«'«.t. c.i. ?. j9. hl
q por íe haverem perdido algús deíles livros cÓ o cativcyro de ^-J-^^^^y'*"'
Babylonia, nãopuderão depois muytas peífoas moftrarfua Nicephor.U.c.u.pafí med.
aícendencia, 6c por efta falta não forãoadmittidas a honras,
&adminiftraçÓes, como lemos nolivro de Efdras. 43 Por 4J £M*Uf-i'«59.íS^«í^
aquel le modo, & não pelo eftado da fortuna feregulavão as
-^qualidades. E aíTim pofto que David fe humilhou a dizer qua
não merecia fer genro dei Rey Saul, por não fer aparentado, &
( íer pobre, 44 não deyxou ElRey de o cafar com fua filha. E ^^ i.%^.i8.« 18 iji &
quando para os defpoforios da SantiíHma Virgem íe lançarão
fortes entre todos os da familia de David, 45 naófercparava 45 /»/»•'* í.ií-«-S'
de húa , ou de outra parte em outra circunftancia. Nem para a
do Reyno deyxárão os Emperadores Romanos de
íucceíTaõ 4^ Supr.n.\o.4dfin.
'
/-L-iJOTrí ^irr
íemerosiobrinhosdeb.JolepI\,comodiíremos. 46
/-A 11 An Matute na trefa^.dtChmjdiíleí.
Aquellec.^,§,i.(,„ífOTe<<.
» cíty lo (diz hum douto Éfcritor) 47 ordenou Deos para fer
- — — Aa CO-
aíS EVA, E AVE
conhecida a qualidade de fua May fem lhe obftar a pobfezá,
,

•que myfteriofamente havia de abraçar, & feuEfpofo exercitai


officio,quenodefterro doEgypto, &
em toda aparte Ihega^.
nhaíTeofuftento. Naó faz contra ifto o lugar do Écclefiaftico
allegado por Tiraquelo i 48 porque nelle não faõ excluídos
T^^ fj^S^MÚuTT^^
jl»^uí n» (.^^.>*'i^
.
^^ artifices das dignidades Écclelialticas, èc Judiciais por fal-
tos de nobreza •, mas por divertidos demafiadamente em feus
minifterios, como declara o mefmo texto.

C A P I T V L O XIV.
Como aVirgctúô anúffimst foj condeUda,

.
; í "^kT Ovo cântico defejava David i para cclebrat
íSr;m;S.^Jciy/-ofí.fa.- . -L^
noíTaredempçáOi 2 mais foberanoefty lo fede-
miiind tfai/n.9') infrinc tom.i. Via a matcría tão alta. Mas nem com cem bocas , como àizh
j ^riíiGfo.^.a. Virgiho ; 2 nem convertido em vozes como queria S. íero- ,

nymo; 4 nem com todas as hnguas dos homens>& dos Anjosy


j í),ími\MC<jTint.iyi^
como encarecia S.Paulo, 5 he poffivel chegar a táofupcrior
"""IflT^^rr^Çâ^. Sô vós A/<!7;wwn4/^^^r^c<2,queativeftcsantesd€ >•

fer; cuja graciofa corrente fertiliza oís mais fecos areaes, com
(

novo portento de voífas maravilhas podeis fecundar o enge-


nho, & livrar de precipício a penna, qne reverente fobe a tão»
fublime esfera, fó com ambição de lucrarvos 8c fe os rayos de }

tanto Sol a abrazarem , fazey que o fogo fe pegue ao coração,


.


j- para com aíFedos que fuppráo as palavras,ceYebrar vofla glo-
,
- ' ' ^*>*>» ria, &nofla dita.
2 Havia mu y tos annosqueyí?á(^///w>&yí«»tfviviâoefte-
rcis em continuadas orações ,& outras obras fantas. Pedião a
Deos lhes dèfle geração , quede logo dedicaváo a feu ferviço,
- — A' ^~ & Ihestirafleoopprobrio que padeciaó os quenâotinháofi*-*
lhos, de
que o MeíTias pudelíe nafcer. Aíllm tinhão chorado á
-
fermofa Raqucl, 6 outra Annamáy de Samuel, 7 & Sara
isCkneí (A
7 iXV».
antes de cafar com o moço Tobias. 8 .^^««/í, fobrecftcrilida-
^ ^''*'^'
^ „» j j WC, denatural,
o tinha mais de feflentaannos de idade, como ve-
téomi.i.c*.
remos do tempo cm que morreoj 10 mas nao deímayava
loiáháyxonat.tz.f.t. nosSantosafcinvencivel.— ^' *' '
5 ForaÓ por devoção, como outras vezes, ao Templo dc
cir.^ífr'^'"^*'^'^'^'''''^''^"'''*
' "
'
'-
Jerufalem, à íèfta folemne, inftituida por Tudas Macabeo , da
Dedicação do Templo} 11 cham^dz Fe/ta dos Encenws ypoi.
que dc C^enon, palavra Grega, que figniiica Novo, fe chamava
Encenio qualquer dedicação nova, 1 2 qual foy aquelbi cek-
'^"^"^' '^' '**' '" ^"'*'""'"''
iJtt.m' " ^rava- fe a vinte &
cmco deN ovembro,& durava oy to dias.13.
^'"íj i.Ma{hai.^.o-i.i.c.i-atio. A^rcícntando HcU J oãífitim fuz O ffcTtSi, Jacar Pontífice o re-
prehendeojCom defprezo,de oflerecer có os fecundos, faben-.
do que era amaldiçoado, quem naó tinha filhos em Ifrael.
4 Efta afrcnta publica retirou a Heli Joaquim para hum
mon-
— «

PART.ir. CAP. XIV. iSí»


inonte, aonde tinha feiís gados, treslcgoas de Nazáréíh : &a .^^ ^^^i ^.^.i.^.^^ia^c;
para hiima horta que poííuhiaô. Allij entre lagrimas
^"It/ua li fe ,,-^-^'- '-—^ • ' —^^'V j,-

coníblavaó com Deos, quando lhes appareceo ú Anjo S, Ga-' j^ p.p^ fof,pyÕtkxtvÁ ''-^.

briel, 14 &lhesannuQciou , queteriaó por íil.haaqiiellaSe- \s'melasléoÍ\hicphfup,


nhora defeiada no mundo para Máv do que havia delibertaf; "^ f^'";j"**'^*j'
.^ ,;:

aqualchaniaflemA^yí/<i^'í. ijj Allim toyanininciada: antes D.yí«x«/?/im(/f\rtí/v


<ie concebida: &
o Anjo lhe poZ o nohie como ^J^fus-, 16 ^•^">»yí<^rto^-fp-<^dPMd. de c^a infra.
'^'* "-^
porque preparava para molde fetl,como lhe chamaó õs San-
fe
tos Doutores. 17 Diflelhes maisoAnjo ^ que do ventre da
Mãyfahiriacheyado Eíbirico Santo: menina feconfàgraria a --•

Deos &
que em fiaal difto tornaflem a J erufalem, fe. enconf-
: &
trariaó na porta Dourada -, chamar £)^ ouro, j.l^L^í!^^'^^'"""^'^^'
18 piidera-fe
l^Iasportasdas Cidades mandava Deos pór os TribunacsdaCd//>o/«/ri. i^i»:*^
Tuftiça, 19 por mais fáceis de achar, 20 êc porque os con-^-^"-^'/^*/''' ''"•*• ; • -•
.

tendores nao entralíenl a pertni balias. 2 1 CNelta fez tribunal 15. zj^;) r s. 1 6 HmWí. £.^f/çr v<r

da Mifericordiajhum Anjoaabrio por Âíaria, tendo-a outro Cj::otmyy .^.i.jiitos.hi §. t.verj.jcd

fechado por £i;á. 22 Os n^omes de P^^rí^i &: C<7rr^ fe cquivo- '''t^o. i//m«. «2.;^^^
caó,&faófynonimospor7r/^««í?/íi23 efta r<?>Y<?foy própria- t/íwsic. 5.
/

• •^mcntc Corte em fazer mercês. /'/

Os Santos crèraó, obedecerão,


//—
encontràraõ-fe no íugar
^J
"
D.Gregor.MoraU.isc.iu

5 c%'mZ,dèa/,peiiat.U.
* finalado.çommunicàraô-leavifaóglotiofa, refignàraó-feem oídradxonf.a-f iupr'tuc.&- h. yvtrfMm
.Deos, &foíâo dar graças no Templo. A oy to de Dezembro, g^; ^^^^j^^^;^,,^^^.^^ .
mez em que as terras concebem os írutosmaisuteiSj fe com- CT-yê^. '^ '*

prio a promeíTa junto da mefraa porta Vouradai^m hurria cafa ^^^[-^f-fSo^-Syntag jw./. j.f.if.B.j. c?^ ;

• cm que os Santos coftumavaô poufar , na qual depois edifica- cJdm.Tufhnpraa.concbf.


lu. c.cmckU
rloTcm^çAoiComuQvcis á^Concey çãú de Santa Arma i os ^^'^^^h^p^i»'. * '

*<iresdoCarmelo. 24 P^tJ^^f^tiV-n"-^), -

' "ó- tsirccedeo aquella Conceyç:iQ punuima como Santo , %s i?..-^«í<ieav.r;«,//è.i4.c.ija4,


Aeoftinho 2< ^^'''
pondera que fuccederiáo todas, íc Adão não ^ .

peccaraj obrando mais a obediência , que a vontade, concor- Mags Voiuiíicu morf quàm
Lmaii ,

rendo a caridade Divina mais que odefejo^ antes quereriáoan^oreconvenirc.&voíuptasincismoc.


'"^"^;-Convenerant carne, non«
morrer, ducajuntarfe com amor carnal: cílavaricUesniòrta á cupílccnciaaliquavoluptatis,
V •
1 c o 1 li-
concupiícenciáiComotuaoamelma<3^»A7í>rfl revelou a banta voiuntatçm fuam « dmnadiicciionc3 ,
fed contra

Brigida. 26 Donde inferio hum Efcritor, 27 ( applicando*^*''^"^""'"=eorum petdivinamchaç


^ oqueSaóPaulo 28 diffe de IfaacJ que a concebida foy mais ^"^^««^/^'^"J®'"^"^^^
filha de Deos , q da natureza, &
que coftuniando os filhos de »? Melchur de c^nfuf. i.%.i,y;
'

oraçoens fer tão infienes, como fe vio em Ifaac, Samfaó, Sa- l


^ ? &
v^ttf ^"^'^i^^' ,^
jnuel , bem le deyxa ver quanto mais o leria elta nina , em que ;o D.i(nm.Dmà/c. tm- »• á* Nativ^
'
tanto mais concprreo Deos. T'>g. v '
: .

,7 Ditofos Pays de Filha fem igual 29 Pays , que gera-


!

rão o mavor dom da natureza para feuAuthor. 50 NeftaCó*


ccyçãoabrioDeosofellodefeufegredoeterno. 21 Ditofacf- »«, y,t j » ,r , •

tcrihaaae,qveyoaleramaisíecundaí Goncebeo hum novo ^x d. Benutrdjerm.de b.m.


•"
inundo, q Deos creouefpecial para fi: 22 ante hurn Ceo no- ?? sú*mA{efup.
vomayor que todos os Ceos; 35 poisncftecoubc, oquerião J^^f^í''''-''''''"^-^^^-^^-'''^
cabia nos primeyros. 34 Eftereis qucgeràrâomuytos filhos, QiiiaquemCxUcapetcnonpotcráne.n» » »

comodefidiírcoutraAnnaSanra, 2< mãy de SamueJ, nãog^""'"'"'''"''^'^ rt. ,u ^ )/


gerando mais q hum,porque eíle valco por muy toS) ncíte fru- piurimos.
. .- Áaij tQ
!

ipo EVA, E AVE


fo/e^ventajàraóasperfcyçocnsdctodosincomparavelmen^
D.cwMinw
,6i^.*.orwo/.«.i. A/^rf>.
,, i-/«f-
t
56 Defte ventre cuydava O Efpiritc Santo, como de facrario
i'j
s.Fuíhtrt.fun. - ^=—— =
^'dc fuâ Efpofa: exércitos de Anjos o rodeava5,porqueera fegõ-
^' *'^'^' *""*""* «ia Corte Celcílial;
Jt^Jf^T''^'
*''*" 37 tinha Deôsfens olhos nelle, porque tl-
^ nha nelle a melhotjoya: mais eftimava a matéria puriífima, de
que fe formava a ^r^fȒ, que todos os corpos gerados, &poi:
gerar, que por natural ordem haveria no mundo. 58 Inlmer^«'
fos parabéns fe vos devero,Pays SantiíBmos de milagre; ó yífí-
na fcliciílimaj cofre rico dos thefouros de Dcos
'3^ Nií4itúAev<Uue4; 8 Nas Revelaçoens de Santa Erigida fe lè, 39 que quando
a alnia gloriofa foy mfundida no corpo fantiíTimo , fentio ^«-
«d fuavidade, 6c confobçlo, que fcnaó pôde explicar. Ove-
x^^f^èT^!^'"'^'^'''''"^' neravel Padre Fr. Jofeph dejefus Maria, 40 emlmgua Ca.
ftelhana cora eftylo para todos elegante expõem, como no
niefmoinílantede fuacreaçaó foy illuftrada , & altiffimamen-
... * <jg-pte enriquecida com dons naturaes & fobrenaturaes cm mo-
, ,

l do mais efpecial , & exccllente,quc todos os concedidos a to-

• dos os Santosj & ainda aos Anjos no que fe compadece com


,

# eíladodeviadora. Dcyxamos aimmaculadaConceyçaô, fit


' feus cíFey tos a tantos Theologos, que faó fupfieriormetite
a tra-

mattem. ' o devia como Jb ilho. 4 1 t pois o peccadò originial aos vem de
4» fitítitti-^i^jk^ , haver eftado nofla vótade na de noífo primeyrô pay como em
* cabeçai 42 quem dirá que por algum modo houve na/^;
* j^fw vontade de peccar ? Retiramonos ao hi'ftcifi«of<^rceftâ
materiaj como conrém a capitulo fcguiatc

•• ^1
I

i_

C A P I T V L O XV.
EtBoricamentefe trata da matéria da immcdaeUCé»
cejção da Virgem J eHh&ramffa.

t Piififlf/ef.j0M0a,t*mdk^
/^SEuangeliftasfagradosCconíídefáhiwAiKhorgfa.
^íi,^firA^Aã^n.y, V-/^^ í y Ji^õnosdeyxàraóefcfiros nuvy^os^dosmyíS
'
teriosj &puivilcgios da ^/;;e^^, por nos ficar ocí:àíiaõ de ifie^
'
ditar nelles mais intenfamente com todo o cuydado S Fiíf-
1 smtrt.rmu^^ atuíFíti. berto Camotenfe advertio,2 q nem os Santos Padres^la prirtli.
tiva. Igreja osefcrcvèraó todos,por4 ^l^eregesniâèeeg^fletn a
tanta luz, & de tantas exccllencias na6 tomaflem asgtfnlentd
para comprovar o q algunsjà diziaó . q aSeiíhofâ-rtâó erahu-

«/». Divindade. 5 Mas^tudofumàraó r nota hum doftíOEfcritor)


^ p.Rt%tái»FmM.in^.6nièp feã. ^ dizejidoqd€llanafccra7^<íC/:?n/?<?. tj Coitt; efta qualíl

4ewí, qui vocíitur choltnr cejção immaculada,^QÀs naõ pódedcyxar de fer vbrdadeyfatoi.
i\
.
.; ,^
4»a ejiceUutó pterQgadva4 fe diflir, dequ4Éby ^íj)» de Dco<i
2 Entre
,

PARTE II. GAP. XV. içi^


2 Entre O grande thefouro de fantos corpos, relíquias, lâ-
minas, ]ivrcSj6c noticias veneráveis, que no anno de 1595.16
&
começou a achar cavando acafo, fe acabou de defcòbrir por
ordem do Arcebifpo Dom Pedro de Caftro,n>o monte chama-
do Valparaifo , hum quarto de legoa da Cidade de Granadaj
de que feimprimiraó tantos, & tám atithenticos teítemunhoSi
6 fe foráo achado aos dez, vinte Sr dousôc vinte cinto de & ^ y^kativro intkukáj^, uoút, sum,
y^bril(porqfe trabalhou muyto tempo em defentulhar terra, «'«'G^i^^í/'.
& tirar pedras das altas covas, em q iíto fe achava ) húa lamiria ^'T'" ^'f' Mader^.-hift.reUquiar. s
•de chumbo dobrada, & da parte de dentro tmhaeícrito em. 5.^0// »íf</. í.

Latim, §life tia^^uelle Uigar padecera martyriv, aoprimeyro dia de


Abril dojeg iwdo anno do Império de Neroy S. Thefiphon^ que an-
tes de fiia converfaofe chamara Abiathar j Arábio dtfapíão do ,

Apojíolo Santiag <?, varão àoutOy ó" Santo , ciue em íahoas de chu-
bo dejxára efcrito hum livro chamado^ Fundamento da TgrejàjS'
ou tro da Ejfencia de T)eos , ernfua natural ling na Arábia com ca-
ra^eres de Salamao , ( que vem a fer letra Hebraica ) que os &
livros ejtavao nas cavernas daquelle monte, S' as cinzas do San-
to,O' as de[eus difci pulos Maximino , ér Lupario tanéem San- ,

tos Martyres. De S. Thefiphon difcipulo de Santiago faz men-


ção o Papa Calixto lí. no prologo do livro da Trasladação do 7 Caiuxt.Papjnfrebi •

trànsM
corpo do mefmo Apoftolo, 7 állegando a S.Jeronymo,&<S-í'"^<'K '

dizendo,^?/^ foy dos primeyros nove que Santiago converteo pre-


gando em Galliza, (em que entáo fe contava a Província de en-
tre Douro, &í Minho, & era cabeça da Cidade deBraea ) 8 _,^ strabi^.
O- dosjete que levou comjigo tornando ajerujakm ; os quaes ira- Gnard.Aierc»tor.m Atimuâ. ?ortu
zendopor niarfeu corpo a Galliza , depois de o deyxarem fepulta- '"/"''«f «g* •

do , forao a Roma , aonde Sao Pedro , è-Sao Paulo os ordenarão «'^''if '^'''^'''^''^'^•^^"^^/•'PíráHw-:

Bilpos, &
mandar ao outravezapregar em Idejpanha j &queS.K'hàcdtanti^.Lufit.u.tit.Luftunií^.
ThefiphonfoyBifpo deFereliQuchcBcna. 9 Acharão- fe os ^'""- í^íaõ jé
Duarte Nunes de LeaÕ m dtícr
,
'
V j •^' r \ • u J u
Jivros nomeados na lamma, eícritosem pranchas de chumbo , Ponugai.
I

metidos em cayxa s do mefmo ; & no fundo de cada cayxa da ^ ^«jon-de yafconceiíos m mefm» dífi ,

parte de dentro eftava efcrito em latim o titulo do livro. í^f; ,> ,

3 ÍN aquelle livro mcitulado.r/zw^ííwewíí^í^rti^r^/^.reiere 9 Bri^odp.x.i.yc.s.fofinteL


o Santo, q em hum Concilio lo diíTeraó os fagrados Apofto- .
'° ^ Thefiphon Dífdp.s.facobi^po/ii

los:Aqnella Virgem, aquella Maria,aquella Santa, foy preferva- 'iná vugo^n^Uznl^fnh San^; pr*.
da do peccado original noprimeyromjiante deJhaConceycao , ér íervatafmtàpcccato origúiaii inpnmo
'"''''"' ,^"* Coucept.o .s & libera ab
livre de toda a culpa; ó- qnem afjlm o nao fefitir , nao alcan cará a .

r j r>- t r r 1l^ ^ í »
omiii culpa &qui itanon tcuícnt, noo
(ande eterna. Co alto eipirito íallarao ja pelos termos , de Fre-
-r,
i :

coiifcquctur falutei» ^tnvam,


fervaçao, ó" primeyro mjiante , porq depois fe tratou a matéria.
Naó fe acha livroCanonico q tal dcfinifié;& afiim houve mui-
tos que alcançarão a faudeeterna fcm aquelle fentimento Não
G definirão, ou pela vontade Divina que abayxo diremos foy
,

revelada a Santa Brifidaj II ou f como bem confiderounefté


^'.vn
•*
i\esce cap,n.i\.
r» i-> 1

- r^ \1 11
ponto o radre Jíivar commentado a Dextro) 12 aquelle n BivarincommmjUv.Dty^.ami
Concilio feria o em que os Apoftolos promulgarão o S^mbo- ^W^' io&,c»mmenu.ver(.Demum>injin^
lo da Fé í & he verofimil que antes de relolverem a for-
ma delle faliariaò largamente cm fcusmyfterios , 6c fobrc
Aa lij artigo.'
5 4 .

tPi EVA, E AVE


^
artigo, Natus ex Maria Firgine , praticariaó o q S. Thefiphoa
refere, fem o definirem, por não fer precifo para o Sy mbolo da
Fè y que nem todas fuás praticas ficàráo em definiçoens mas ;

para fummaauthoridade da doutrina, baila que a praticaffem.


No outro livro intitulado da e(fmcia de Deos efcreveo o raef- ,

mo Santo: Maria?iaotocou o primeyropeccado. JVao dtjjer^p


^njo à Virgem Ave chea de graça
: fe ouverafido concebi di^ e^
,

?^ S.fhefphanMhJeEffenttáTieh peccado Original. 1 3 Em repetir eíladoutrina tantasvezes imí-


Mariam "°" P"!;"";
ff j P,Xm^ q^ie fcu meílfc teveaosmyfteriosda
i^vcgratia plena , íi id oDguiaii pcccato promulgando porpar^
òenhora. Qiiandoos Apoitolos lorao
íiiiikt concep».
tes o Sy mbolo, tendo S. Pedro começado: Credo m Deum Fa-
trem omjiipoíentemfa^orem Cali^ terra & tendo Santo Aa- & -,

dré profeguido: EtinyefnmChriftíímFiliumejmumcumDQ*


winiimnoftrnm; Santiago foy o que continuou ^/// conceptus :

M PBivarjup.^etfui ,gHuf, ^^ ^^ Spíritíi San[fo, natm ex Maria Firgine. 1


»
-» r >«./.»/«« rn-
. 4 Quando a authoridadedeíles livros não eftivera tão au-

P, c
reft 1
tbentica por aquella antiguidade venerável, legitimas, exa. ^
, com quc fedcfcobriráo entreoprcciofo the.
D.ThomasTammdeVãTfias , nas novide- Q^^^^[\\crQnc'ns
daa.ug.s de "'//-*''' «^^"'- »7-H^
fo^^^^^^q^^^Uej^Q^^e ^^^^^^ pelaeftimação gerai cm que ^
p.B'varfup.n.<)MrfDemiipt. faõ tidos, &
com que OS mais graves Authores referem fuás pa^
F.ceiadamKuth,,nApfe«d.R,utbfgu.^^^^^^,
^^ muyto abundantemente fe legalizava feu credito
Qltgor.Sa»(h.i>tl ée s .Thejipbon. com fabcrmos quc os Apoílolos enfinavâo, prègavão a mel- &
}{oítw,Jíu ^ppetd.
v.tiuio caveiius in
^^ doutriua da Coficeyção imtnacttlada.
infijie lcholior.adScot.ini. ].jeinmuntm. r^ir\^'^í.^^ u, ^
Flavio Dcxtro, que He texto entre os homens doutos da
t t

fLifscuii , uíi muim ^>!th»res aíkgat, 5


M.7diramhi^^ect/oei»iih. Hiftotia Ecclefiaftica , principalmente de Hefpauha , i6 q

TuiUdijturf.i.deConce^t.^cob. pregaçao de Santiago ategora fe celel/ra em Hefpmha afejla da


Graoad.dtQoncejt.ojf. 3 .c 6.
16 Late P.^tvarin^polog^nteyCr
poiicomme>,t.adeumd.V(rtr.
immaculada,
ir
&
pura Conceyçao de Maria Mav de Deos. 1 7 Os
cpithetos de que uía, moitrao
J"'ry^'-
/i- como advertem íeus Comme-
,

Tmaiotniib fKp.aiiegato.
tadorcs, i8 quc nãofalla da Conceyção adíva, quãdo a /^r-

yiwi íèitum immacuUtap , & iibbau crcfcentat luz ao Sol j masdapaíliva ,quandofoy çoncebida
€oncepcionisDeiGímtr.cisMan«.
por
r Santa Anua, porquc fóneftaconceyção podiahaverdu-
18 Tamaiod.noMidnd.lJ.mpne. n r o il J
Vida, & nella le vcriíica, & lhe he devido, & próprio o epithe-
-/r -J oi

t
"íca-n. c. ^.Gnhr. Va/-
Cim Cafatino 7. de
» 17- f- 5- oiqueaiijs. j-q ^g ImmãCíããda) ôc aílim Iho derão fempre os Authores dou-
gMesi.p.tom^- difp-

^Pumfl'f,l'!Tt?t!ZJ^^^^^^^^^
tos, & lho canonizarão os Summos Pontífices, como larga , &
drt.i.crpertot. demonftrativamentc fe vè no doutiflimo tratado , intitulado,
Maxim. « Hjym». ao Tmpk de
t; IO s.
j^y^^^^f^fario Seraphico, 19 em defenfa defte mefmo epithe-
H2:c;De/<:Jníínx]namJa8obQAp©fto.to a eftamcfma ConceyçáoSantiílima. O mefmo da prega-
lo, ção do Apoftolo Santiago difle ha mais de mil & cem annos o
SírruSZc, Santo Marco Máximo Arcebifpo de C,aragoça , & declarar
Cundis manentem fa^iuiieí fcr da Coucey çaó , de quc nafceo a Senhora, no celebre Hym-
ofteuditiiiifekiiare.Ti,
poquccompoz aoTcmplodo Pilar, 20 queporfeumanda-
CMKc^Snis aurci do Icvautou O Apoítolo a efte my fterio , como logo diremos.
Templo mauriu encomia *lm Encar- X)emodo,que uafc humananâohacoufamaiscerta.
,

6
''" o
ApoftoloSant.ago Menor na liturgia da fua Mifli
5:\w£:i?&íít'r,"
feivar .amment. id Dfxn ckri/f. j<^ depois da çonfagraçaó;i difle
a>;.i. . Lembremonos principalmente d a :

t-<r/v.-r«.fl,Qr/«d.í«.3o8^n>q.
^íj^tij/ima lMmacuíada,fobre íodas benditaglonofa Se?ih£ir<inof''
Jtà
PART. II.
Mj)- dcVcosfempre Virg ?m Maria.
CAP. XV.
E o Coro refponde Ht
m
:

diguo qiie digrniosvcrdãdeyramciítei Bendita May de Deos ó" ,

irreprebenfivdpor todos os modos. 21 E já com o Armatnen- i, ^,,/?. |. y^cBb.Mk inLitw,^^,


tario Seráfico diflcmos, que o nome de Immaculâda fó compc- Me.nciuo pracipue sandiifíma», in, ma-
te à Conceyçh no primevro inílante purilTima. ^"'!:'-' ^"P" °'^"" ''^"« '^^ «'«rio-
• >

7 O
r\ A a 1c -^Ajv ^ 1 T)U>.J
^"^Damina; olt^xDelpar:êíaBp<:rVir-
iipoltolo Santo André, enlinando os rresbyteros da gmis Mans. chorus Di^num eft ut le .
,

Igreja de Achaya , lhes dizia j^J/im corm o primeyro Adam foj


:
^""'^ dica^nu? Deipaiam ©mni-
J'"^
forrmido da terra ^ antes quefo([e maldita : affim ofegmdoMam ^^cl^]Ztl'!inZhik, t4imn.
foy formado de terra "virgem nunca maldita. Iftoefcrevèraô os M«'' i.ínprinc.
'mefmos Presbyteros na hiftoria da vida do Santo que traz Su- Sií^KÍ í?""^* ^/'»i««n« syW.
xio. E o Cardeal Bellarmino diz, que naófe deve duvidar da
verdade delia, & a approvàraó Saó Bernardo , Lipomano , Sc
outros Authoresj que elle cita. E depois de bem examinada a
a approvou o Breviário Romano , como refcrç o doutiííimo
Cavello, & por indubitável eftà recebida por todos os graves
Efcritores. 22 Omcfmo diíTe o Santo Apoftolo aoProcon- ** 5- ^Wrw tjpofi. Sxut ptímus
fui Egeas, que o marty rizou, como conta Villegas com outros .t^^aX^íuí^uSS
Authores. 23 As formaes palavras de S. André allegou para o matus fuit ex tcná Virginc numquani
\Z1T
mefmo intento o grande Patriarca Saõ Domingos no tratado "^ jí^'*^^;, „ .

/->-/;«'
,

iíe CíTpíjreC/?^'//^/, 240 compoz contra a hereíia,que pelos an- i./<ef«/,-.

nos de 1 200. havia creícido dos Albigenfes , aíHm chamados OiMetius fup.-verf.s Andnas.

da Cidade Albi, no Condado de Tolofa de França , em que ^atfl^lf/ip.c


7.
teve principio. Vendo o Santo Patriarca em publica difputá, Canha^eni de arcai» Deipar.f.i.u.htnr
que teve em Mompillcr, vencidos aquelles hereges que entre '• ^-.^v
,
'
« ^ .

outras propoliçoens diabólicas , & alguas r ythagoncas , blas- p.pt p/eph de if.MarhifUe N. s.l. i.
femaváo contra a Sagrada Eucariftia, & contra a Santiílima t-ío.n.^.t^fine.
Firgem; vendo-fe elles faltos de razoens , quizeraó recorrer à ^^l^ ^'^''^'" ^'^ ^^'^f'^- ^ ^' '^"'^
prova de milagre, cuydándo que naõ fuccederia. E feyta ora- 14 s Domhtuiintraãde OrporeChtè^
çaô, fe acey tou o partido. Trouxeraó- fe tratados por anibas as ^* ""^"^ s^^^-í/í
partes; dos Catholicosfeefcolheo oqueefcrevèra S. Domin-
gos por fua doutrina^ & fantidade ; 8c lançado em húa foguey-
ra com outro efcolhido dos hereges, à vifta de todo o povo,qaé
concorreoàquelleefp3£ticulo, o herético feqacymou logo,
& o Catholico voou três vezes fora do fogo fem receber dánoj
com que muy tos hereges fe convertèraõi outros ficarão mais
rayvofos, como fuccede aos pertinazes. 25 Aífim o refercmf
^^ tucarusinElncHarif.
muytos Authores, entre os quaes he Vincencio Bifpo Belvo- GjUinJe arca». 1.7. c.j.
cenfe, Religiofo da Ordem do mefmo Patriarca , & quafi feu 9;"'^^ ^"^'^!f]J:
contemporâneo, porque íaleceo los trinta & cinco annos de- j^ C4veiiusfup.inteiiinton.ii.fteuiim
pois delle. 26 E porque houve quem fe atre veo a querer pri- f >'"*•
Taro Santodeíla gloria negando fer feu aquclle tratado. 27 ^f^ÇSii^Ji^I/i^.^c.u.^f^-
ajuntou o Padre Hoieda na fua nunca aíiás louvada informa- roèfi.
çaó os tcílemunhos de Jacobo Genuenfe Bifpo da mefma Or-
dem, & de JoaóGerrio,& Fr. Fernando de Caftilhoefcreven-
do a vida do mefmo Santo, & outros m uytos Efcritores , aos
quaes accrcfcento feu cxcellente Chronifta , &
Religiofo Fr.
í^uis de Soufa. Pelbarto refere, que o milagre feefculpio fobrc
apedra do feu fepulcro : & Santo Antomao , que em feu tem-
po
194 EVA, E AVE
poocantava algrejaemhiirnrefponforionaterceyraliçaõda
x3 P.H^}.d.,^infom't.pyoCo„cept.
yir^.c.i. iiia reza: outros accrefcentaój que andava no Breviário deft.i
rr.LuisdtSouja,hi[l de s. Domingos p.u
Sagrada Ordem jimpreíTo cm Vcncza DO anno de 1489.00^1
olcaLGemttnj.dfUieKdSanã.r.ioz. dcdicatoriaa ElRcy Dom Femando O Catholico. 28 E por
jaan.GerÇiuiirviU s Dominici. coufa DOtoria fc Canta Has Igrejas, que lhe cekbraõ fefta , entre
FrF»n.mdod,Caihihoinv,ucjujdemU
^s vilhancicoSj&letrasque fecompocm de fcuslouvores. 29
ii^man.àevk Saníi p.i. Naó podia faltar em defender efta prerogativa da Virgem-,
Petr BjfMiini'. catai.Si»a i-j.c.xi. quem era taõ devoto, & mimofo feu, como fe vè noefpelho de
^iílíomí. f!} »!^f^i9*.f[''V4. ^ ^^^^^ ^^'^^' ^^^ ^"^^^^ pedra taó íirme havia de fun-
^^^ ^^^^-
Fr.pjephfup dn.imjin. dar huma Ordem taô illuftre. A Senhora ( confiderahum gra-
x9 DMeroA.CaHcernas juÍAti/iàsnS.
ye Author) ^o lhe prcmicu iníiPneefte fcrviço, namercèdo
Siihbroencifiicgoechó, com grande conveniencia,por ler a Ro-
Santiflimo Rolario,&
tor vencer la muchcdumbrt f^ Symbolo da Ccficeyçao Immãctãcda coriío cantou ha mais ,

^\í"c*rL^enade.rtan Deip. ts.ho- ^^ ^^^ ^ duzcntos annoso Poeta Sedulio 3 1 contéporaneode


i

wíiA.vcrj.c^ttrumy Mb, ara hocmuif? Santo Agoftinho,dizendo, que como aRofa fe produztoda
eddicit.
,1 r, ,fuave entre efpinhos-, aíTlm fuccedeo a Marin entre os de Eva.
, ,

,>,tom.i.BMwt.pít. O
que também cem annos depois cantou nao menos elegante
EcveiutcipnisiT.oliisro'"aíurgitacutis,
oPceta Arator. * Rofamyjlica lhe chama a Igreja: & o Ec-
curtthonorc; dtliamco, Rofaplantâd a em jerico, 32 Cidade chamada, ^^íí
skEvac deftitpe fácra véniíntc Maria, pãlmas, ^^ coino palma felevantoua j'í'w^írz2 contra opezo
yuoinisaD«qu2fac.nusnovaV.rgopia.;^(jpeccadode£i;tí.
34 Tal com o efta negação foy imporfe;'
* iáTãtor i.i.focmat.m Aa.Afojiol a S« Catliatina de Sena huma revelação contra efte my fterio
A nato formata fuo, maiacriminisEvx revelaçaó, quenaó tinha apoatecidoantcs de fearojumentar
vsrgo fecunda fugac nuiia cft uijuna íc
;
^^^j^^ ),^,^^^^o fcu ConfeíT.r ajurttado com grande diligencia
Rcftiniit,quae prima tulic. todasasqueíUuftràraó aquclla glorioía Santa ; nem podiafer
}i £<rc/f/r-/?.x4.i8.
revelação, o que contra a doutrina, que eftà recebida cómum-

j5 Df«ffrc»34 j.jcrichocivitatispaL
ftiarum.
jr>/-in.-
.

/
mente dosElcolafticos, (quchchum dos Imaes porque íeco-
"^ r ut-jr
u Nititurinpondus palma, &e. nhecem asfalfas,ou vctdadeyras,) 35 & contra huma das de
''f;X;rÍ;t.:«^t,J.«,.. Santa Brifida geralmente approvadas.
*otrat LuK de maravilhas, í/ifc i.§ g n,6. 8 Finalmente diííe ha mais de mil & cem annos Saó Ma-
injiicr^9^n.t7,.
xiraoArcebifpo de C,aragoça,que todos os Sagrados Apofto-
i6 S. Maxim, in Hyma.jupra citatot ^^/r n J^
, .
t j j -^ ^

Suoque natalino los prègavaojq foraf/w Cí^^f^ftíí) Immaculada por todas as


Conceptionis aurex maueyras. 36 Eo mefmolemosem Luitprando 37 Authoc
Templo maact^t cncomia[.Aa; En«-
gr^viífimo, que florcceopelosannosde 890.^
^
Coiiceptionis hinc diem 9 Efta doutrina de feus meftres eníinàraó cófecutivamen-
lacobus Hífpanosdocet.
E:pr«dicatíCEUC/£TERI)
^^ f^ys fantos Difcipulos.
ifr>j o a n. J
O Euangclifta S. Marcos difcipulo
JC ^ oc-
deS. Pedro,& Apoftolodas Igrcias dehgypto, & Syria,
~.
^

Quacunujuclabeiibcratr. na
j7 Luitprand. anno6(>7. Vidt Serran. fiia liturgia lhe chama Immacidada ^ 38 que he fem peccado
'
ongmal cm algum inftante , como acima diííemos E com fua
V» 'íV.£«<«,^ ininur^i. : Sar,ftií-
iimx, immacuir.tx & Bciiedids Dom. doutrma OS Syros, 5c Alcxandrmos lhe celebrarão teíta, como
,

HD.Genitnciq.
logodircmos. Saó Dionyfio AfCopagitadifcipulo dcS. Paulo
Qjmíô eráSÍII^T.iiud cotpuíefcreveo: Como eradecente que aqnelíe corpo da Ftrgem depois
, fojfe ãlgumtempomortoempeccado fe
vitgii)i9,poiiquani ir.buitan)mam,fu-f- de ter alma deopriucipio ,

kt Ltmcinam morruum peccato , fi de


^auellavidã
" . que tiosvivificou eílmido mortos empiccados.
'7 qa
nuprincipium vit.^illiii(;,c]ua,cnmeHc- v"'-'^
y r c- o j c- t •

mus mouu! p:ccati<; ,convivificavi:nos. Ocyxo outtos lugarcsdo meímobanto,


de banto Ignacio OC
RjjeuCivciiuiiuf.inusiimo^i.i. cr.i. gifpo dc Antiochia, difcipulodoEuangeliftaSaóJoaó, que

varios Authcrcs allcgaó , 40 porque ainda que provaó ifto


^^'t cavcUu',<èfTamáH>fupr.tmaUjs
flHí;j«ifl»t«'- por argumentos, fo apótamos agora os q fem elles eftaÕ claros.
10 Con-
.

PARTE ir. dAt>. XV.


10 Conforme a ifto, logo naquéíle* principiou ib íevâiità-
m
raó Templos a efte my ftcrio. O Àpòílólò Sarítiágò fevántoii
por mandado da /^f^f?/^ na Cidade de C,ai\igoí-Á, cabèçáéò
Reynode Aragaó^aquellemilagroío , que primèyrò fcèPrá-
movijervfalem (idmtrável-y (de cujo nome diz S. iVlaxinív^* 4
, í SMMm.mà. nymH. i. j

que teve principio chamarem-fe Jèrnfaleni as Sés EpifcépaeK Q-U^s^dicens p.usommbus':


de Hefpanha:) depois Nojfa Senhorada Concêyçno (ciijá Itna- jauil eaTniuaôvf4<
gem com as plantas fobre a Lua eftava no recabolo antigo, i^oiiius|.uJtfr.yytrg5^i^,
quando puzeraó o que hoje tem dè alateftró;} & ultimamente i^ícíatfcthSr
NoJfa Senhorado Pilar;ftehco\umnd. áç. ^afpe fobrèquéai^f ^turaiem.&abL/cíomoíft
nhcra appareceo ao Santo Apoftolo, quando lhe mand.vu, qu6 í^-^^tun» voca di ininum
tio mefmo lugar llíe levahtaííe o Tefíiplo. 42 Caledohio n^ r.;.í^,^;^P,/tí;;^:S?.'í.';
•fto-

vida de Saõ Pedro de Rates 45 diz, qtié \o^oáepois'p2L{\iih- '';'f->^»íe o f.f^ Dií^fè J^^^^
&
Santiago a Braga, edificou oiitra fentaCaía à meíma Sénb'^- ^J^^^P^^f^ mj^Té^^ma;,.,. ,,^
ra, & ne verofimil, q 1 he daria á mefma invocação , ítque a Se- feírijr^mtmicUmkifi)':^^;
>í/Ç><?r^lhcmandoudedícaf aprimeyrã'. Porem no tratado da.v 4? cJeihn.,uv,t.s.i>.eir,ef(^dti/.

Ex£ellenciasdePor«.gal*oftramos,c«ftooApoftôl<>veyo^^T„í»;^^^^
primeyro a Braga, & alli edificou d ^rtmsyro Têniplo em-tapropebainea.juíta remp!úabiEj;a>-
fionrad«Deos. 44 ApohfOí oqu€dízéííe>\ur1ior ,pornaa''''*'^^'i^'^^"'^^^^
óallar o louvor que a Brágáféfuít-a.aittdâ da opinião éote^ 4^^ fil{-Sòfo'i}li7t^^^^^

JoaóPátriai^cadejeraíálerri 4^ refere qUé no aAnb oytènta^ a6 Piiteú?tdeantiqOrd.caméhiií24í


SctrcsdeChrtpGS?àdrcsáoCàmé\odcrnb'àfíáoMmàr3L'^
torioantigo,edífieàraõhtimaGapiel4á i Hú§a SenbWã^tlÒltê':-
gar, em que o Profeta Eliishaiv ia tido fêvekçâò' de fua* ÚotíL^
ceyçáOj&Nafcimento, aqualdedicà¥^áéfteáiy#èí'i'c>. Eâs' •

kiíWiasdáÕrdemCarnielitanaéofttáfóy 46 q^itóois m

^SeUhota, éom tituloda Conrej^âo ée Séníé'Anhà: ín que èmí

^encfaçâodeíterayfterioafayoreceo,- Sf'fe'fK>voaSíantà'Éré* .

rfa,^máy do>EÀròeraídor GonftaftéuiD» (fiiando íbyád^cobríi? ; . -^ , lu .


;

ri- AmnS-niéfti6daqlíèlkS'pr-raGi^ifeij^fe'cte \ttéipttt^iòm.^tã:i^fr.%\'b-èiièt'

os Syros,& Alexandrinos cònveftidos'pélb' pAiangellíla Saó'p.jo/f|,;,<í^ ^^.i© 0.5.

Marcos , deyxáriíõ feííòíiiunhb òs Íèii5 Brèvi^rít s ,


&' Kálbn- 48 Litut^.^byfi>t. e rfeu Fuy Lms

«oía fiotAe dè lM)nãattáda'-y- 48^ riâò por int^éducçâo nova,- 49 p.Hojeda na inftrmtfn&fi àniã
irtós ántiqinífifl[ia,éo^o'pr(>v'a ô'dctitíffi!fhò^ r, „. ^ 1

guirc as cercrriôrtiás dcs byrôs do tem^ò dos A-poítol )ii,como syl


^rtf ve Fabriéic>Bod€;i*iai^ií>i^o Flávio Déxtroitíomo jà'vimo% S « Supf.n.^.

ç.tefteif,unha qdotemporfe&ançkgoâtéo fel*',q^rao anno de .j:^^:^!,?^"-^^


440. celebrava Her|)ànha eítilfeíía. E o confirma o Artíiprefte <•., o § t.

}áUano, 52 EícTÍtbr d*q:ucllcfectt1o. Qúe fc cótinuaíTe ribs' sí ''•'"íH-


^J"''^^^'»!''''''""'^*
dosRéysXicKibs^cònílidbÕfficioGotícô, ^5^ U
da Miíral,^^'*^'^Ç'/^i;,'';^,j,^vc<,»r.ft^^
&: Breviário de Santo IfiUortí» & de Sérrhbctt^de Santo lide- /í/rfe ^'•'^v cr .Jijumptrirg.
,-

fonfoArcebifpo de Toledo. ^^Do tempo dos Keys menos,J,;'^;'»;';-;;^;^,;';',:

i ...
. Gaú-
.

í9<> EVA, E AVE


. : Galatino 56 refere com Saõ Gregório Nazianzeno, qae na
<i. at;« .7.f.4'
5 IgrejaGrcgafe celebrava eftafefta ha mais de mil an nos. eriH o
,7 Fr ffjwc.f
O'"»».»» Cí»»íi»«d.rfí í^'- dito Fr. Francifco Joannes 5 7 conta , q Frederico filho de
irofííí íUH^^T.Bcntcii(iin. hum Rcy de Hungria,Monge do Moíley ro de Fulda em Ale-
manha, pelos annos de C^n^í» 884. renovou efta de voçaój que
fe hia esfriandoem aquellas partes. Amoldo , Pedro à Na^ &
-. ,, . ,1 talibus 58 accrefcentáo , que fe tornou a rcnoA^ar com mais
I^^.i2^4,4ij.i.í.4x. calor porDantoAníelmo.L no Armamentarioberafíco 59 le
SfMffci^ pro CoKfpi,
,, ^r/;i4OTení. moftra, quc O fez por revelações, que ti veraó três Varões San»
<j«.»jKi7>.
ÇQj como o mefmo S. Anfelmo, fendo Arcebifpode Cantuaria»
relatou aos Bifpos feus contemporâneos, exhortando-os a ifto
por hCia carta; 6c juntamente tirou a lyz hú infigne Sermaó , èc
60 s.A»feim.i»epi^'^.<iic»epifcoposÀí\xú2idmirciVc\ ViVTO deftc myftcrio. 60 O Cardeal Baronioj&
^^P^^ ^ ^ ^^^^^^ *^°'"° ^^^' "°''°" Elpino, A bbade de S. Benta
"""
^" ^
^7o'^Úí^JZ'lAf'^'^''^''''
*'
éí BaTtnítTMiTur. 8. Dccfmt. y^/»" de Ramifia em Inglaterra, fez o mefmo do Cócilio Bafilienfe,:
tom.Tfoi.99. 62 (acujoteílémunho niílofe deve credito, ainda que foíTe:
illegitimo) fe vè , que fe celebrava em outras muytas partes.
*4
íZtf&í^^A,'^^^'
* * Bnconio 63 affirma, que em hum Convento Carmehtanoaf-
fiftiaó a ella por antigo coítume os Pontiíices Romanos, U
í4 tafúxigtMiUfít^^i^tíf'^'
' '• Cardcaes 6c o douto Padre Garthagena 64 prova bem, que
:

iiíw.i>vj,},. todas eftas celebridades fefizeraófempreá pureza da Cí^wí-f)»-


jr<7^ cm fcu primeyro inftante. Com tantos j & taó grandes te-

ítcmunhos fica indubitável efta verdade, &: a opinião geral,,


que fe tinha da fantidade defte myfterio , pois a Igreja íefte/a
aj<m/»«^*^°^^^"^°^' ^^
Ha coufas (difle AriftotelesJ 66 que poc
*^^'^* *
* ^"^ dignidade fe recomendáo, fem necelTi tarem de ley , que as
iw !í p*Sr«/'^
'

'luíiinian.^nukts Vtknt.traú. àt imma. mandc vcncrar. Tal foy efte myfterio. tudo o Summo Com
'^''''*'''''^*"^'"''''* ^'
^^"fi^ce Sixto IV. ordenou mais efpecialmente cftafolemni-
'Síwf M
dade nos annos de 1 47 3 & 148 3 com iíía , &
offieio pró-
^nJUi^oUt.
'éT . .

prio, promulgando cenfuras contra os que contradiíTeíTemi &


<7 inExtravig^
"^'"a^T^"^
Bxeravag,Oravt nmts ts ;j.
\^ indulgencias para os que lhe aíHftiíTem. 6j Com o que era

,
^^^^.^ maneyra a canonizou, como advertem Doutores graves.
<8*c«'»»í.5«*»r./<nií.i4»).ff.»7.«rA68 E tudo confirmara Alexandre VI. por Bulias do annode

" i5oi.atè 1506. & Gregório XV. em 24. de Mayo de 1622.-


^'^í^f^ffi IX»
..•íW i.«í'j*v?» Alexandre VII. amplillimamente. ,,

X2 Os doutiíTimos Padres Fr. Hugo Cavello, & Fr. Fe-


dro de Alva, dignos Filhos da Ordem Seráfica', propugnado»
ra infigne defte fagrado myfterio, moftràráo por aílumpto
. '

particular, o que os Santos Padres ,& mais Doutores efcrevc-


rão delle. O
Padre Cavello entre os excellentesfcholios, com
queilluftrouosefcritos do SubtiliíIimoScoto lobrcoshvros.
das Sentenças , inferio hum tratado , que com m uy ta proprie-
&
dade chamou Rojar lOjno qual com grande curiofidade, eru-.
diçaó traz os Santos, 6c Doutores , porquê em rodos os fecu-
los depois da vinda de Chrijio Senhor noífo foy pregada^ enfi?
nada, &: continuada na Igreja a doutrina á^PreJervaçaoImk
inaciilfida da ConceyçaÕ pnjjiva da Virgem Sajitijjima. E ultima-
mente o Padre Fr. Joaõ da Sylveyra CaripeUt;ano, Efcritor
, mais
, ^

PARTE II. CA P. XV. ip^


mais ihfigne de noflb feculo , 6c luítre grande défta fuá pátria
noopufciilo da Conceyçáo efcreve, que affirmão erta eonclu.
faó féis mil & eineoenta DoutorcSi entre elles ceilto & cihcoé-
ta da familiaDominicana dosPrègadorcs:&q a profeíTaó trinta
Univerfidades. 69 OPadre Alva em hum grande tomo, que ^^ ^•^''- ^y CéMeiius h ^ofaúo
juílamentemtitulou Solyeritatis, 70 com heróico anim-o to. MS::f^Xz!:í!;]í::í!!;'::t
mou por empreza, & a cófeguío, provar claramente, que qua- Carthnf^en de auan.Dti^.L ,hom.x9,^.\
1

fi todos os Authores, que fe coftumaó citar em contrario, fe


^•^^^^^''"^«/'''''''Co^^^^^^

allegaó, ou falfamente, ou mal entendidos, diminutos, &


com 70 p-Ft Petr.de /íiva,inSólii!cTHa''
equivocaçóes, & ficçoés,(como elle diz}&: líomeando-os pela '"' *" '^^«f '« '"• rentitãiH.
«rdem do Alfabeto , moftra em feifcentasôc quarenta authd.
lidades de trezentos 6c quinze Doutores trinta &: três mil er-
,

ros graviíTimos, 6c cento 6c vinte 6c féis mil erros menores, qué


rodos corrompem, èc torcem o fentido dos Efcritores obra :

admirável nas noticias de tantos livros, fuás difFerentes im-


prenbens,6coriginaes demiiytosnamiudeza , 6c juizo com
que fe examinaõ, 6c declaráo: 6c na felicidade, com que fe faz
evidente , que a opinião contraria não tem por fi os Doutores,
que fe imaginava, 6c a da ImrHaculada Conceyçáo foy fem corri'
paraçaõ mais commua em todos os feculos. Nem S.Bernardo . , , ,

aiíTe outra coufa, como explica o Padre Samaniego. 71 «..'^Vf^pH"?^?/^ Cartai74.dc&5


1
3 Occafionou-fe a duvida, que fobreveyo , de que eftan- fe ,c„ ..o Rcvetc..d,(Tímo patirc s»te£
do nosprincipios da primitiva Igreja aqueílà doutrina dos^^^^S'^^''»^"^'* deScoto Uix jji.^,
Apoftolos taò aíTentada , que nenhum dos antigos Padres mo-
vco queftáo fobre ella , antes a fuppunhaó porinfallivelr
72 fuccedeo o íacrilcgoPelagio pelos an nos de quatrocentos,
72 que por naó conceder a neccílldade do remédio da graça, «• 3^ " K'P-P'';pM^ Ximekt Sêmêr
negou a chaga original da natureza. rara coniutar elta herelia, j^.p.joann Bujjier. m lífeuLhfi.ft^
vários Concilios, 6c Cânones 74 definirão por locução geral, ^•^'M'»^<i-verf.Etne<juelueí.
que todos os defcendentes de Adam haviaó contrahido origi- cJ:í:^::!^^':'é^'^,u^,^^
nal peccado, comojà Saó Paulo tinha dito. 75 Pelo mefmo ''''^''«'w ac de~cmaCxUifi>uPap<t i.hs.
>

modo efcrevèraõ os Doutores com tanta generalidade , que fe ^'"'"^^ i-iom.ConciLfag.mihi j j j. $84;
bem alguns exceptuarão a Cbrifto , por não fer concebido 7*5 B.j>!*„'/,aíi/^w.5.ii.
por obra de varão j os mais omittíraó efta exceyção por in-
dubitável, 6c notória 76 E também omittíraó a dtivízMay 7^ Refere oí o B^PSamaníegofuíf:

Santiílima, havendo fuppofto, 6c enfinado Santo AgoftinhoyorMwf^'. "'='"^"'' '^'"""' P '-

•^j que era fuainnocencia tão certa, que naõfepermittia en-


trar em difputa de peccado. Bafta finalmente haver declara-
do o fagrado Concilio Tridentino, 78 que não era fua tenção i^ ConcU.Ttiiéttt-fe3 \.dtíeehtM'
comprehender a Imníacttlada Virgem Maria May de Deosno^'"'"'-^"'
decreto do peccado original. Com o que fe ficou entendendo o
mefmo dos outros Concilios, 6c fantos Cânones.
14 Com tudo, porque a doutrina da Igreja deve fer éfta- 9 j^^^nh v ft'
vel,(queporiírodefinio C/jn7?(7 a feus Difcipulos peloverbo L CfTaWit*«J»"r<í/«t.n.ii.<3r
Mftts, 79 fubftantivo , 6c de firmeza) ^
osTuriftas 80 di- »*•
aem, que naÓ fica tal a que não foy difputada: pois, comodiíTe fiH^/""^-^ n.n.^uO-co^M^.n.H^I h
Ariíloteles, 8 1 bufcar verdade íem dilputa, he caminhar fem gi ^úliot-in Mm£hjli

faber o caminho: quiz Deos dar todaa firmeza aefte louvor


de
ti^ .. EVA, E AVE
8r R^vel >i.df s.Bri^id.u.c.^s- ^^ ^"^ ^?^-' ^ ^^velou a mefma Senhora a Santa Brígida , 8i
pi jcuit Dío , qu.)d amici íui piè dubita- que lhe approvc , que feiís amigos (com quem fe rem mais có-
tcutdcConi;ci)uouemca. fiança) duvidaíTem piamente dellc. Ehede notar, que foy
aquella revelação quaíi no mefmo tempo, que fe esforçou a
duvida.
15 Masquizo<5'^«/7í)rhonralla com a circunílancia que
houve na duvida da Refurreyção de ambos. O Santo Apofto-

inferdigimm,aíFciloThomàsfczpalpavcladeCÃr//?í7. 83 E ajudou a publicar
8, ^04«.4o.i7.
«nanu-ii-. 2. dã f^irgcm , como abayxo veremos 84 também Thomás :

D%7c^oTafIdc^'tZ^ãeurcin. occafionouacryfolarfemaisefta gloria díi Senhora. Podemps


?5
Deipj 7.homii.i4.mpriní. dizcr com Saó Gregorio, 85 que foy mais útil a duvida áu& ,

86 v,dc,nfrahoiC0dcmcap.>,.x6.
f^occafionou, do que (póde fer que em outro fentido) 8 6 dif-
feThomàs, que a fácil crença de outros; porque ainda q hou-
ve, quem de huma opinião difputavel quiz fazer conclufaó
, da difputa iahio mais infallivel a conclufaó contra-
infillivel
Brazaó infigne do nomede Thomàs , que fuás duvidas fe-
ria.

jaó glorias de Deos.


16 Naó fe póde paíTar em filencio o grande louvor do
Santo Varão, & Doutor famofojoaó Duns Scoto, da Ordem
Seráfica de S. Francifco: Joaoj voz da Immaculada pureza da

S7'ifai,4o.yMatth.uyLuc.y^
Af^/,feoutro>^í O foy da Encarnação doFilho: 87 Dms
foM.i.í}. por natural de IDimo , Cidade nobre, &: antiga de Irlan-
da na Província de Ultonia , ainda que o litiguem Efcocia,
& Inglaterra. Scoto , porque a Província dos Frades Me-
nores , em que profeííou fe chamava entaÓ de Efcocia, po-
,

ílo que cm Irlanda, por eíla fe haver aflim chamado cm outros


*
'
tempos. 88 Havendo fido o primeyro que efcreveo em de-
^^^"^:::;,''S.::í:^.í'^'^(^à^?rtkcv^<í'^ da F^jem por termos de comroverfia
CoigaHinvit.ejuídem,at^t!eai^s. fcholaftíca, 89 & quc adcfendco na Cadcyra dc Prima quc ,

p.SAm*meivd.Li.c.i.n.i.
]j^ ^^^ Unívcrfidadc de Oxonia de Inglaterra,entáo rauyto ce-
co ,tn yjert j.j. ,

]ebre: houve tanta alteração nos Doutores da de Pariz , a mais


.
.

infigne daquelle tempo , que o Sumo Pontífice Benedifto XI.


(^outros ocontãoIX.) mandou à Religião Francifcana pro-
pugnadora defta doutrina, que a defendcfle em Pariz em folé-
ne difputa, com afiiftencia de Legados Apoílolicos , que cn-.
viouporjuizes, para cóaquelle exame fe qualificar. O
muy-
to Relígiofo Fr. Gonçalo de Vai Bom Portuguez
, de Entre
"Douro, & Minho, 90 Geral da Ordem, cley to no Capitulo
I^nci4sdcpmlgdc.tycxcd.-i.n.i. g^^al , q fccelebroucni Afiis noanuo dei304. rporquePor-
tugal intervieífe na gloria daquelle a6to ) deputou logo para o
certamcn a Joaó Duns Scoto, principal Atleta, &
Atlante da
illuftrcconclufaó. E juntamente ordenou, que primeyro fe
graduaíTe Doutor na mefma Univerfidade Parifienfe , ( como
jà o era na Oxonienfe) paia fe acharnellajà introduzido.
17 Chegado de Oxonia a Pariz, feoíTereceo logo em hú
^'^'•^^'
Collegiohumado, em que fe defendia a opinião contraria,
. por fera queftaó que mais entaô fe ventilava. Pediraó-lhe os
ícus Frades, que foíTe arguir incógnito & o fez com taó acre
:

viveza,
PART. II. CAP. XV. t99
viveza, taõ agudo engenho , taõ efficaz demonílração, libi an-
do em cada propolição hum rayo, prevenindo as repoílas ,
cortando as foluçoens , que fó impedia todos os caminhos de
invadir o argumento.Turbou- íe o fufl:entanre,embaraçou-fe
; fó hum Doutor levantou a
o Preíidente, pafmou o auditório
voz, dizendo Ou es ÂnJ9 do Ceo ou Demónio do Inferno , ou
.-
,

ScoíodeDuno. A vidoria o deo a conhecer. 91 91 ExHu^on.Cavel/o,!nvii.scotie.i.

18 Graduado com a£los admiráveis, chegou o dia finala- 5^^- ,


-n
do a lolemne difputa. h muyto de manha le vio a Aula da Sor J^^,
yo>,to in^poiog proScou,
bpna, campo deftinado para a illuftre batalha, inundada de in- Hybem.refHt.n.j cr «.

numerável povo dos Scholafticos , & doscuriofosleygosde ^^'*'"<""^i°^-^-'^-"'^'

toda a Cidade: ornada logo de efquadroens de Doutores, co-


roada ultimamente dos Legados Apoftolicos , que entrarão
acompanhados do Cancellario da Univeríidade, òz dos Ca-
thedraticos mais antigos. Sahio do feu Convento com alguns
feus difcipulos o Minorita Scoto, como outro David, a com-
bater com letrados taó gigantes- E paliando por huma cape] la^
fobre cuja portada eílava huma Imagem marmórea da Rainha
do CeOi com os olhos nella, os geolhos em terra , 6c o coração
no que reprefentava, lhe diíTe o verfo : Dig nnre me laudare te ,
PirgoSacratã-.damihtvirtutem contra hoftesHtos. A Imagem
(cafoeílupendo!) inclinou a cabeça, deípachando aperiçaó.
È aílim ficou atè hoje , para que ninguém duvide da v idc ria
antiga, & cada dia íe faça nova. Contaó o milagre , ( além dos
Efcritores Francifcanos, que parecerão fufpey ros ) os Padres,
Pinedajefuita, Lezana Carmelita, Oyer Auguftiniano, 92 ^t Pinídaimivert aãprív!Ug.ioâni

&: outros, &com exa£tas diligencias , por fama, &


tradição £ffa^7Sío/()?.c.i<.
conftante fe renovou a prova delle no anno de 15 79. fendo Ge Mkh.oyerm ojat.encomiafi.fol.iu
ral digniílimo da Ordem Seráfica Fr. Francifco Gjnzaga,tam
fantO, como illuftre. 93 9} Nanat Hippolyt. Donefmmdus ^
'"
19 Com tal feguroprofeguio Scoto confiado-,entrou na
'^'"'^" "'"^"^ ^•^•***i

Aula,fubio à cadeyra AduantCjôr PrendêtCjtcndo de idade fós


trintaannos. ConfideroubemoReverendiílimo, & Dou ti ííi-
mo Padre Fr. Jofeph Ximenes Samaniego, ( que nefte ultimo
tnennio vimos digniílimo CómiíTario Geral da mefma Ordé) H ^P.smamegjj.i^ j.»^
na fua vida que efcreveo com grande elegância ;
94 Qiie naó
faltaria entre aquelle numerofo concurfo,hum Saul curiofo,
que inveftigafle fua pátria, pays, & linhagem: hum Jonatas
piadofo,que fe lhe afTey çoaííe vendo-o em taó honrado empe-
nho: & hum Filifteo foberbo, que o defprezaíTe, por moço , Sc
attribuiíTe feu valor a temeridade. ^5 Jt''(»m'D<iVidecontrAGiiantm]u
95
20 Propoz a queftaó com eftylo Lacónico: & hum dos ^''^'^•»7'®"*^'*^*"'í"'"='^f

Legados Apoftolicos com breve & grave pratica declarou a


,

razaõ, & o fim porque o Summo Pontifice mandara, que fe tí-


veíTe aquelle a£to: & ordenou>que os arguentes naó ufaíTem da
forma commua dos dilatados argumentos,em que ha mais pa-
lavras, que razcens ; mas cada hum fuccinta , 6c fubftancial-
inen:e propuzeífe, o que f« lhe oíFerecia contra a opinião, que
c Bb defen-
jôo E VA , E AV E
Joaõ Duns Scoto. E dle relpondcfie pelo mcfmo
cktfcndia Fr.
cftylojporque fódefte modo poderia melhor o auditório fcN
marjuizo} nem podia haver tempo para outra forma dilatada
íemnecelTidade.
21 Achavaò-fe preparados muytos argiienres,os mavores
Letrados, que afiiília6naUniverridade,& chamados deíóra»
Sem digreílaó, atcentos fo ao ponco,propuzera6 feus areumé-
tos, &
foraó duzentos fortiírimos,que muyto apertarão. EÍ!e,
Semmterríipçab os owvio com animo quieto, &
fojfsgadõy ( pala-
96 PelhaTt.i.Apãir.p.i.irt.i. vras de Pclbarto. ) 96 E
âcpois CO maravilkõfa memoria A niõ

«anV numero duccua omn.a fin= podia ler íem milagrc ) osrepetiotodos pof (7!aordem yfobaíidy
;

intcírúpnonr.auiet;, & traiíc,uil!o animo li,(as intriCP.ããS dljjiculdãdcS Ó" ncdofosjyUofjfmõS CO dfactlidã-
,

iu;n . ifhci!itate;,& norfoios fyiiosiCmos muyiaHi (y forti//.'mas razoes, p. o vamojqne a Virge^n Santi(Uma
ca faciiit^te,qna s.mío. Dalila 1 gatn.pa
diriimpebat: S:audidic multas, & tortil-
f^y^^
,, ,
concéiâãkm mãcvU
-í^, ^
dt oriçindpeccado.
ri j .
r r
aão' fez
n 'n'
o\»
pakm^
íimas rac onss , ptobans Vi-guicm Sa.i- aqticílajúpie7iti!jrfna Umverjidade rarifienje, que emgratíp caça*
(ftiiiimam fiiieoriguuiispcccati macula léfiveou tí Scctocowo celeberrimonome de Sutil. Bernardino dô
';°3r,„'2rutT£S;;Ta't B"ftis Author grave.tmw
íiciiíem.qiíxiígrarificationcm szoi\xm. in-vencivehnente confí'tou OS fundamentos, (^ argumentos d os
ceicberrmo nomme Doáieris iubuUs in-
^^"
adverfcirios, &
comprovou efclarecidiíainnocencioda Conceyçúú
* . da Senbora,q todos aqíiellesVoutore.smuít'} admirados defuafuK
; nao puder do mnisdifpvtâr.
tileza,emmudecerao Elogoftiacpi-
niaofoy approvadapdos EjindcsPcriJlenfes. 97 Da mefmama-.
"^yra referem outros muytos Efcritores 98 aquclle afto.
97 ^ernaràin. de Bu(i. in Mariaiijn
offic.Concept /^í? 4. Adveríariuro funda- 22 NodiafcguintC, jUHtOS OS LcgadoS ApOÍtohcOS COní
wentis argunicunfqu.omnibus mvin- q ciauftro oleno da Univcríidade feyto juizo
,
do adodo dia
Cibili ferreioné cO;uutatis, ita Concep- ^ . .
v.-i--.-,/- ,

,que ate então ha viao tido feus


tionis DomiuxnLÍhxnuíoeentiam cia- precedentc,mudadooparecer
rckcie; coniptobavit quod omnes iiii Mefi:res,& Doutorcsjabraçáraó todosadoutrina da ImmacU"
,

íjúaproptêí opinio Mifiotam à Panfienfi àe feiífer uaíurol, ó" Teal íiniao da Ãhnaao corpo , prejervadada
ítuJio i!iicoa|ifrub3tbr.
culpãormndpelãinfíifaò daiTaçafãnttficate, aneemaqnellein-
tept.c i^.§6. Jtanteje lhe deo pelos merecimentos pre vinos defeu Eilho. Decre-
v.SabKcit fefiiit de concept.ci,i.j-^.\/^. fou-fe logOj q OS Cathcdraticos
Doutores juraíícm ácítín-
, &:
'í^Co«../,r/.6 ,.d#r;.}.
l:£unV'^ deraquelladoutrina, (como depois fejurou em outras Uni-
ít omn^fi fcvpferunivitam ScotiA veiTidades.} Eqa UniverfidadecelebraíTe todososannosa
feita da Immaciiíada Conceyçao daVirge-m, para que cada
anno triunfaíTe Scoto com ella. Honrarão â Scoto com o titu-
lo de Doutor Sntil, que o Papa lhe confirmou,6c perque he co-
nhecido. Tudo iftoj &: os mais applaufos , com q toda a Cida-
de concorreo, deyxáraó também efcrirojB^conio feu contem-
951 BiednM4-íí'/?.t?-4.*»'í.ji poraneo, da Ordem Carmelita, & muytos outrosAuthores. 99
t^,!d::::]:Í:t:f6t"' ^^^^^^ scoto a Colonia,& em íemelhante difputa com
n
9.Sai Kirfi'pc..irã.t^. osdifcipulos de Santo Alberto Magno alcançou íemelhante
iatèi>.Samame^fM.,.csm>n.iO-9.
vi^ona, & felhc coníirmou O título dcSutil. 100
,jo,. 24 A torrente dos Doutores, que depois cicreverao;, fez
Cayciimin Rj)far. intefiimon.i^.jacuh /« j^ ceííat a controvcríia; dc modojque como Deos matou a Ofa

ÇtfÍ;"Idí;'t?x.n 5. 10 1 por prc-fumir, que podia cahir a Arca do Teftamento, q


loi z.i{eg.6^*' era íigura da Firgem , pôde temer grande caftigo , quem pre-
íumir.
PART. II. CAP. XV. 301
fumirj que a mefma Firgemcahio. A caufadora de noíTo remé-
dio naó havia de ter menos nobre principio, que £1;^ caufado-
ra do noíTodanno antes de inobediente: fe tivera menor per-
fevçaó, naó lhe chamara o Efpirito Santo, Amaisftrm:)facn- „ . « pulchctnnia
,r .

^ ^^ ir -n j 1-11 1- r \/í- j it j- toi Cjkí/c. 1.7. mu*


tre as mulheres. 102 rodeobilhohvraríuaMaydaquelladi-iicrum.
vida-, he logo cet to, que a livrou. Honra-fe o direyto civil pro-
vando efta conícquencia com hum texto elegante, 102 no ^o? ^•^«''''';«^8'»{''^f '9-§v-F''''w
,, --,, ^ '-. . " . . te lamento ,ff.aeiihfrat./f?at.VrxÍQmp'
% , -',

qual hum filho (cujo pay o havia emancipado antes da puber- noemm proptemuuraicm aíftdu,n,fa-
dade, &ficara fendo feu tutor} Í04 morrendo depois com fi-<^'comniapatnyi(ier!conccfia
P^''^'x*-i>'*njniidcieg.tparcn».
lhosherdeyros,difleem kiitc^amento, que Fofefeu pay livre J/°^
da acção da tutoria. Duvidou-fe fe efta liberação o efcufava naó
fomente da obrigação de dar contas , mas também de entregar
aos filhosj &
herdeyros do defunto partidas de dinheyro , que
cobrara como tutor, &
tinha gaftado comíigo ou dadas a ga- ,

nho. Reconheceo o futilillimo jurifconlulto Scevola, que


fe aquella liberação fora deyxada a oucra peííoa , naó
concluirá taó plena abfoluçaó fem palavras efpeciaes , ( &
aílim o decidio no §. feguinte , ôf o notàraõ Accurcío,
^rBartolo. 105 ) Porém íendo deyxada a pay, refponieo, ^/°^ Di</íurel!us,§Mav!'r:
quetudonellaleincluhiOi &dàaVazaÓ: Porque o naíuraíeT/íf^i^^^^^^^
affeãofazprefnmir, ojue tudo concedeo aop^.v. ( E igual pieda-
de enfma em outro texto o JurifconfultoUlpiano, 106 que ,^°6 111.1^10,^4 ff de curatorftiriof.
nxquai.sdt
fe deve à mây 'j antes hs mais amorofa. 107 E aíiim em tudo cotum
^^rnm poieltas
!,n'"Jr'"
^"'j
f'
J
a ^ \ c, r\
xqua deberur. ,

as leys medem pay, ocmayigualmente.J 108 lJemaiieyra,que


I
te? y'àeíupr,nxp.c.i.ãmmax.n.6.
na conceflraó,& liberação de filho para paYS,fappofto o poder, ]9^ n''^T'^h ^'""^"' M-# «í^ .

'^
nao dimcultou o Jurílconlultobcevola O querer, porque elte, fii.er/ipf,
(& mais fendo o de Deostaójuftificado}femprefeajuíta com
&
o vinculo, afFcéto natural; pois que pode, quiz (• refolve o i

texto.) E concorrendo na Senhora fer também Filha, 5c Efpo-


ía, naó cabe em bom difcurfo dey xar de entenderfe que feria ,

a conceflaó, &
liberação amplillima , multiplicados os vincu-
los,&:afFeaosd€amor,&eftimaçaó. 109 c.S ^^'''''•^''y'\^-y^*^i-''-fr
25 rorElpoíadeUeos,òcEmperatriz do Ceoiheafíilte Lai ade^mi-verj.o- capei i.i.c].».^^

Qutro tcxto,em queo Turifconfulto Ulpianodiz, Oiiepofíoque ^^ ;í'^oq'*otidun i.^ c.67.ti9.


d Avgujva fiaojejapor mero direyto izeta das leys,como he o trin- x,me ». s. vc^ í^.cum/eqj. i

cipe^ antesftigeyta a eílas tudo o Príncipe lhe dá os meffmspri-


; co
'vdegioSyquetem; iio entendendofe os quelhefaócompati- ^^o L.Prmepí^' ff.de le^ií.

veis, como declara a elofa , a qual efpecifica ( muy to ao noíTo f.t^^P^ """
r\ r '1-
caio) que lera livre de tnbutoSi
1-1^ ^1 ^
m ^f^l' ^^T'
''^-
'^FÍ*
tem.licetlegibusfoluranoneft.Pnnci-
-1

tributo he o peccado da pcscameneademiiiii.nviiegiatribuunt,


ti '

natureza, &
como ab xterno foy efcolhida por Efpofa. Em- ^"^^^^ 't ^ '^^b^'"- &
pentriz, 112 jàdaqaelletempoeftavapreíervada. Adver.^tC't:Í'í'ít-!»^;
tindo, que áEfpofajà efcolhida competem os privilégios de y^r/p/.
mulher prefente, iiz pofto que lhe naó compita o direyto '''^^•'''^^^'''''''i;' Edcrgoím.
do que lhe pode íer odiofo. 114 Mais nos pudéramos alar- oiximusin m .f>.c.

gar, pois eatrasTios em noíTa profiíTaó , & a matéria he de ley> " í ^-^ §/«• ff- ^^ fríviu^. credif ^'^

mas reftringio-fc o titulo deíe cap.tulo ao hiftorico , refer- •" ^^'Sis^íJífcSol^S;,^ &
vamonos para tratado particular, & todo legal abftrahido m.i.if.m. ,

do Thsologico , fe Deos nos der vida, ôc forças para novo em-


"

prego. Bbij 26 Ac-


30» EVA, EAVE
26 Accrefccntàraõ verdade as melhores letras
luítre a efta
da inclyca Familia Dcminicana, guiadas por fcii Patriarca
., fl „ Santo, como ià referimos. 115 Comaquellatocha.comqiie
116 Vãheyii na vida de s. Domingos, lonhou 3 iTíáy deite Tay illuicníiimo quído o trazia no ventre,
ii6 bufcàraófeus filhos nos lugares mais recônditos, quanto
por húa, & outra parce podia aparar cite myftcrio. Diógenes
1T7 I com a fua tocha ao meyo dia naÓ achava hum homem; 117
''''^^''f^'''^f"^íf'^,,^^„,

aichat, quxro. Ciíes t iioíoíos Cnriítaos com a de leu Meltre na eícura noyre
dopeccado achàraó huma mulher toda luz. ^o Armamen^
f^níJi^íTír^fí» fc reteremos mais graves Dominicanos que aí- ,

c .L,*, v.aM fimoefcrcvèraõtoChroniílaDomThomàsTamayode Var-


p«,ç.w/7« 47 6.utf.i(ti Rriign PT*dicatoT. gas nomea outros mais.
1 1 8 Uous baít ao por muy tos, hum o

cumpa^iii Jeque lib


rr r
. l Eçtaviílimo Hcrvcode Natal, quc cbegou a fet Gcral dc todaa

^D:::::!!^Z::^^^^f ordem, S^lendo em Cobnia cabeça dosdiícipulos de S. Al-


MaíMvííndíi. bcrto Magno quando Scoto foy àqueila Cidade como diííè- ,

mos, foyoCapitaõdadilputaquealliíeteve. E havendo an-


tesfeguido a contraria opiniaó ncs Senlenciarios efcrevendo-
,

depois fobre a Epiílola 11. de S. Paulo aos Corinthios, expref-


famente exceptuou a Aíi) de Deos , da univerfal propoíiraó.
1 19 Outro heo\leverendillimo, Doutiílimo, & Religiõfif-
'iti' H^rm,;«£pi7í.v.dOnVc.5.
(tiili*verbu: Eigoomnesmrtuijunt. fmio Fr. Joaõ de Sauto Thomàs, natural de Lisboa Lente de ,

VefperadeTheologia naUniverfidadcdeAlcalá, ConfeíTor


dellvcyCathohco Dom Filipe IV. & faleceoeleytolnquifi-
dor Geral de Caítella, que eltabelecendo a mefma conclufaó ,
declara a mente do Angélico Doutor Santo Thomàs , moftrá-
do , que naó efcreveo contra a Conceyção hnmacuiaàa em feu •

prinicy ro inltante ^mas antes, que o que entaõ diíTe , apoya, &
1 »o P.Fr .?<..».- 5.«<?. n.«*, ;„ ,.;

D.Tbom.tem.id'f^.i. provaoque hojccrcmos. 120 JNaó era crivei, que hum taó
grande lume da Igreja tivelíe outra tenção ;jà quando menino
de pey to comeo o papel.em que eílava efcrita a oraçaó da yíve
itt ydhes^asnoFiaSa ã.yidadesnã' Maria, 121 moílrcu,
quelcmprc havude ter nopeytooGríí-
TTxwííàí, «opr/wap. tia plena, poílo que os léus eícritos toflem menos bem explica-
y,uehfraf.òx ».6.adj!n.
^^^ Muytojiídiciofamcnte conclue oinligne Doutor Sotoda
meíma Sagrada Reiigiaó, 122 qucj àjdepois do ConcdwTrt-
Tl] T!id^Zn2%!aL^Jef\. dentino, 123 nao era prudência por em difputa a matéria d a Con-
ceyção da Kirgem^pois dijlofe nao podiatirar fenao odto. E o Bif-

n4f^««»».2«/?.W4»/«^r.$.i4.
poVincenciuJuiliniano 124 dameímaReligiaó, declaran-
do como S. Luís Beltrão fentira o melmo, diz : Pois que deíía
oppo/içaofe nao tira mais, que cangar atado o mundo,feriagrande
prudência deyxalla) como fazem os quejabem comprejfade huma
cafa, me vay cahmdo.— liaras capellos, imtras j ceptros cathe-
, , ,

draslpulpitoSi é^g eralmente o povo Chrifiao, cuja voz em coufas


Jemelhantesfenao deve de(prezar,abraçâoaimmunidade da Vir-
gem \ eftandopoisjk tao defapoyada a contrariaopmiao, grande
prudenctajera nao matarje por defendelia: Se fe deve abfoiver
qualquer mulher peccadora por híia opinião provável, quem
pôde duvidar de abfoiver a mais Santa por húa doutrina taó
commua.?
27 Sellc
. ,

PAR TE II. CA P. XV. 393


27 Capitulo a devoção de Portugal a efte my-
Selle efte
fterio. Dona Brites da Syl va Portugueza , illuftrc cm fangue, <

em Toledo a Ordem das Religiofas da


&z fantidade, inftitiihio
Conceyçaó, 125 cuja Regra contém, que a alma da ^/r|^w it5 r.^.«mx/./tt8.
foy Santa no feu primcyro inftante 1 26 & aapprovàraó os i'fr. Fweifco Gonzaga nafmia^aS da
-,

Summos Pontífices Sixto IV. & Júlio II. A Igreja de Noíra£'"^>f;^^'''^f ^. ,, . . .

Senhora da Conceyçaó em Villa-Viçola le tem pela mais an-/«^j<:.^^,


tiea de Hefpanha com efta invocação, depois das que fundou "^'^ Gonfuhes de ^-vd' >mí arandex- de
Santiago. Noffo grande Rey D. Joaô I V.em Cortea dos Efta. ^ílí^j^,:^^:^!?,;;;^;.
dos do Reyno noannode 1646. tomou,&: jurou a Senhora nef-
re myfterio por Protectora do mcfmo Rey no, & lho fez tribu
tarioemcincoenta cruzados de ouro cada anno, applicados
para a dita Igreja de Villa- Viçofa os quaes offerece a mefma
•,

peflba Real na MiíTa com q celebra fua fefta a 8.de Dezem bro.
Ojuramento fefeznaCapellaReal a25. de Março» que ctn
aquelle anno concorreo com afefta da Dominga de Ramos;
accrefcentando, que eUe,&c todos feus Succeííores, 5c vaííallos
ferião obrigados a defender a exccllencia da Conceyç^io Im/na-
culada, expondo por ifto as vidas, fe foflc neceíTaíio. 1 2 7 Tra- p "^, ^T" Í'Í' "
^^""'^^
"f" ^f-
tou-le logo, de que a iniigne U niverlidade de Coimbra, &
to- i«//f.i.i9 f 1 j-
dos feus Cathedraticos , &
profeíTores fizeíTem o mcfmoju-
ramento-, fendo motor da pratica em hú Sermaó o mu y ro Re-
verendo Padre Fr. Alexandre de Jefus , Lente jubilado ení
Theologia, da Provincia de Portugal, da Ordem Seráfica,
zeladora continua defta prerogativa da Ftrgem , Varaõ douto
em varia erudição, meu grande amigo ; 8c com ordem do dito
Senhor Rey, como Protedtor que he da Uni verfidade, fe fez
ojuramentoemSabbado28. de Julho do mefmo anno, fendo
Rey tor Manoel de Saldanha,q morreo eley to Bifpo de Coim-
bra. PouCo depois o muyto Reverendo Padre Fr. António
das Chagas , que por feu engenho chamarão Scoto, Lente ju-
bilado em Theologia , Sc Padre da mefma Provincia Seráfica,
me praticou quanto gloriofo feria efcreverfe em mármores pa-
ta eterna memoria fobre as portas das Cidades , & Villas do
Reyno, aquelle juramento das Cortes. Seja- me licito honrar-
me com referir, que o reprefentey ao dito Senhor Rey D. Joaõ
IV. & o zelo de Sua Mageftade o approvou logo 6c me man- •,

dou, que eu mcfmo compuzeíTe a infcripçaó , dizendome, pa-


ia mayor honra, que íó de mim a fiava. Eu a compuz, ôc appli-
quey por-fenaquelles lugares nefta forma.
(iyEternit.Sacr.
Imynaculatijjima
Conceptioní 'Mãri£
Joannes iP^.Porttfgalli^ Rex f
yhícnmgeneraU Comitésy
Se^ó^Regnafua
Sub annuocenju tributaria
Fublicevõvit.
Bbiij Âtque
, '•'»•

jír4 EVA, E AVE


w
At que Deipârfi.w Imperij Tutelarem eleíiam
í 0a laqe originãU pr/tjervatam perpcí no dcfenfurum
Juramentofirmavit.
Viverei ntpietas Lufitm.
Hoc VIVO lapide memof tale perenne
Ey^^rarijpfjlt
Ann.ChriínM.VC.LVI. »

Impe rtj fui XFL . «JL »


Virgem Immaculada, mais pura que a neve, mais fefplart-'
decente que o Sol, eípelhodainnocencia, prototypo daTan**
tidade,todabella, todafermofa. Como vos Chamaria o Efpí-*
xi8 C4«i/V.i.io Columbamea. fico Santo, F^;»,^^, 128 fehouveravifto em VÓS fel? Como'
1X9 (^'i"* 47- Macula noi^eltin
ijo Provcrt. 8.11. Dom.nus poiíc-
te.
, t>

r ^ 1
~^'^"'"'
VOS chamaria, j^;^?^<zí Í/W, 129 íe tivéreis a nódoa de hâvcí •
11
dit mein inicio vur. fuarum;,ai)ccquam (] Jq manchada? Como difiâ, Otie VOS poffiUradoprittcipio 1 í
o
^aidquam foccret à pnnc.pio.
^^ ^^^ ^^^^^^ inftanf c hÍo hou vercis fido fua? Como feria dig.
i}i RegnaCsii. nojhouodo Altiffimo ,
131 oemqucfchouvefleaíícnfadooJ
amifta
I5J Apoc^iyoj.^z.u Muiicr pe^câdo? Nem toreis taó decCntc Rainha do Cco, 132 ha- •

°iÍ4 ^pocaiypffup Luna fub pedibus vendoíido efcravadaculpa: nem taói!luftreMáy de Dtos
'

cjo5
_.
fakandovos perfeyçaó original* nem elíetaó amante voífo fe'
.„ilii=*íí™í&-ií,"."''""'°'^°'vo«"eí;àraellcbeneficio. Veftio-vosoSal, 153 porquef^/
M6 £cc/f//T/í.z4.i8.Q.uaripalmacx. prefoftesclara: pizaftes a Lua 1^4 porque nunca tiveftes * .

aitataíam
minguante coroàraó- VOS as Eftrcllas, i;< porone princí-
:

153 £alí/a/í/«?.i9.oíivaipcclofain pialtcs nolugar


mais altodas luzes, bois ralma. 136 quenaâ'i
camp:s. cedeo ao pezo da natureza: 137 Oliveyr.i, 13S quefemoíl.
^oS"lV\V>8Piantanotofe.trou levantada entr^ 139 Rofa 140 ã,
J141 Rubui in o í.buftus. Exed. y t. que naó feriraó os efpinhos de q nafceo cercada; C,arça , a
que'
141 f«*c.6.j8. o fogo naó tocou; 141 Vèlo,aqueasaguasnãopa/riraó: 142'
H4 Tutis David.
Favonabocado Leaó: 143 Torre nuca 144 entrada do iní.';
migo. Aflim começou a levantarfe a natureza humana da que*
da do peccado, em huma Filha de Adam concebida em graçâ"»

C A P I T V L O XVI.
alegre Najámento da Sttihovz,

I T) Arece, que os feculos contendiaõ fobrc a gloria áç


^ r , ^r r, I7 taó feliz NafcimentOi í &: aflim ha fetenta& duas
c ttaba)uí«uia,suodaatnoicuVirgi-Opiniocns 2 lia computaçao dos annosdomundojío muyto
nisgionarctur. douto Padrc Bcnto Pcrcyra 3 aponta as caufas defta.diífe*'
^'""''^' ^"
"' '"^"Ç^- ^'^^^ ^^^ hiílorias , q fegue o judiciofo Author do Flof-
,kf. 'Jír/. M.§t'^'
yijeetia'» Nofir </Jm nns/uas profhecias ciúoóclhS) 4 & confomia com 3 dos Hcbrcos feguida por
not>roh^^a Hmiqut i.anies áacentuir.'i. ]oaò Bcncdiòto nas annofaçócs da Biblia, < difleraeuquea

Fiofa,i.bít.p.i.c.9jnfir,e.
Oíw^of^ nalccra noanno4038. da creaçao doinudo: 2381. de-
f,p nBenec/icí.i^M ot.adBibl- pois dodiluvio; & 737. da fundaçaó de Roma. O Author da
6 Pinedfuj). Monarquia Ecclcfiaííica, 6 mais arrimado ao computo Ec-
' '
cleuàítico,que para líto parece mais propno> poemeltelNafci-
mentonoannodomundo3945. êcoAbuleníe 7 accrefccnta
dous.
PARTE II. CAP. XVI. }t>f
dons. Mas naõ oufo defviarrae do Padre Ff. Jfofeph de Jeíus
Maria, por fer taò venerável HiítoriadordiíA^r/íW, o qual „ r<i/-tj<./-., ,.„
GIZ, 8 que pela conta dos íetenta õcdouslncerpretes, q-uea /.i.c.,!.».!.
Igreja abraça j nafceo a Senhora aos 5 184. annos do: muado í> '''í yíiiadifgo no cthaio^o dos
'«<•/''">

creado: 2942. dodiluvio univerfal quarto anno da Olympia-


: £;5irtlt "^"^^'í**
'1'
t'
úà i9o.daiunaa'Çaoaeivoraa735. das Hebaomadas de Da.- commem. cr kjs dos Godos, chtmud.s
^ ""oj"^
aiel 439. 8c 24. da era de Augufto; qualquer anno que foíTe, foy
. oprimeyronadita.
2 Nafceo era Setembro, m€z íeptimo do anno, que he nu-
mero perfey to, &myfl:eriofo, como na prifneyra parte deita
obradiflemoslargamentej 9 mez em que o Sol (reprefenrã- '^•'•'^•5o«.5.
doo divino)eftà noíignode/^r^í?, do que oAftrologo AU
Uunaafar fez entre os CaldeosfobrecfteNafcimento hum illu- _ ... ^ n ., ,

tire pronoltico que retere 1^ erreoio; 10 loy mez íeítivo aos n p.Fr.h/e^h/fip.c.ib.n.i.
HebreoSj 1 r mez em que fe colhem os frutos para a vida.
3 Aos oyto dias do mez moftrando-íe que era paliado q
,

leteno de noíTi doença mortal Sc cinhamtís entrado na con va-


,

kfcença, em tal dia entrou o Emperador Tito a a íFolarJeru fa-


lem} 1 2 fendo jufto, que em tal dia morreílè Cidade, que naò ^ " ^«'iovUo DoicísJ«an.SçlimiM<t*,9»^
""^'*^''^''"' f^^U' 'l<»''
conhecera o bem que lhe rbafceo em tal dia. Também a oy ta
de Setembro inftituhio o Papa Urbano VIII. a feíla de Corpus
Cbrifii , a perfuafáó do Angélico Doutor Santo F hamás 513 i j loan.Schmid.in iDiariê.

naó fem myfterio no dia,emque nafccoa MÃyyíc manda parti-


cularmente venerar o corpo do /^//?(7.
: 4 Cahio em Sabbado, 14 dia que l^ostinha naLey-fe ''^^''^'^'''^''^'''•''''«^•^''•Dfíwrfci./»
,

parado para «> 15 (que em dia dos homens nao nasceria tal p i,/yhd,c\^ „ imfiH

dia de Domingo. Nafceo ao amanhecer, 16 moftrando-fe i^ Geiefi.í.Exi)d,ía.io.Dmer<my


Aurora do Sol Divino. ^^'.o»,,,.^ > .^
r*»»5 VentuTOíodia.! em que o mundo logrou prmcipio de y ^ .

fttareftauraçioí em que fe lhe deo penhor dl bemaventurança: "f'


emquevioaelcada, porque D£oshaviadcdefcer,6cnQsha- '
víamos de fubir." a porta por onde elle havia de entrar na terra,
ôc nós no Paraifo} dia era que fe ornou da joya cobiçada dós
Anjos, 6c tinha cm fi a Rainha do Ceo.
6 Nunca a dourada Aurora apparcceotaóbella: nunca o
kizente Sol nafceo taõ brilhante: nem a purpúrea Rofa,& cân-
dida Açucena fahiraó taó fermofas a fragrante duello em ma-
i>hã frefca de Abril, ou Mayo, como a doce Menina precurfora
do Sol Divino, rayo de mayor luz, maravilha das flores , fe of-
tentava nafcida, allumiando o mundo, Sc fendo a flor dos San-
tos. Nafcey Eftrella d'Alv3 a dcfterrar a noy te: vinde chave da
Ceoadesfecharodia:fahiluz do Oriente a allumiar aterra:
& fecundo a fazella fru£tifera vós em taó ten-
Sol mais claro, :

Máy dos viventes vós nos trazeis a vida que


la idade, jà fois :
,

perdemos em Evoí renaíce em vós a gloria que a ló vós eípe-


,

c - rava:
'

jba EVA, E AVE


porque dada por vós fiquemos mais felices.
rava:
7 Bem fe pôde cuydar, que a maquina univerfal fe ale-
grou de ter a quem ferviíTe dignamente, defafrontada jà de
fem pre haver fervido a peccadores , como confiderou Santo
nV.ol»reim.dcexceir.rg.cic.cr
Anfdmo 17 Nem páraiftoem confideraçaó. poisporrea-
-ii. lidaderefereTheofilo i8 naluahiíroria, quenodiacmque
18 Theophilus 9.aíudPdb»rt.^ell*r. ^^Çç^ç^^y^Ygem refplandeceo o So! com dobrada claridade
,

^^ |-^^ ordinária ; & a Lua naquella noy te pareceo ter rayos de


.uf.x.»rt.i.

Sol, & em algumas feguintes lenaôvio nuvem pequena, que


£i rodea,antes eftava o circulo todo claro, & no meyo do globo'
,

^-Lhavia hum refplandor extraordinário como de Eftrellaluzi-


' difilma.
8 OgozodaSantiíTimaTr/W^í^fneíledia: a alegriados
Anjos: a confolaçaó dos Padres do Limbo o terror do In- : &
ferno defcreve o P. Fr. Jofeph de Jefus Maria 19 có palavras
ly P.jofefhd.i.uc)!. deerpirito,q naó fev miitar bem. Bem fe prova fdiz elle) doá
yinceKUn/pcnií.hif{.i.7.c ii^MUsHh.é. alguns Authorescontao, 20 que eltando antigamente occul-
f 6 s to o dia defte Nafcimento , hum varaó Santo ouvindo todos os
P.6aimghen.fuf ».j.
^^^^^ ^ ^^^^^ ^^ Setembro grades feitas, &: mulicas Angélicas;
&: pedindo com humildade muytas vezes a Deos, que lhe ma-
niíeftafie a caufa para os ajudar com feus pobres aífeâros , lhe
,

foy revelado , que em tal dia havia nafcido a A^/í^f^w AZ/ry. Se


tanto fe celebrava j reprefentaçaó , quanto mais fe haveria ce-
_L lebradoomefmodja? .»

'9 Nafceo a i^r^Ãír*!? em hum lugar chamado tyí'/>/j^rtf,fres


%i Abuienf.inMaitht,q.9\l legoasdc Nazareth, 21 na ca fa de campo, em que o Santo
'

Pay Joaquim trazia os íeus gados & aíliília , fem querer tor-
,

nar à Cidade atè naó fahir da nota de eílcril, comprida a pro-


meffa, que o Anjo lhe fizera no mefmo lugar. 22 Santa Anna
^*i í»pr4c.i4.n.4-
chcgada ao tempo do parto, foy bufcar fua companhia em
li D.pamaf(en.i.^.fdci(.i^,
aqucUc gofto. Entre paftorcs ^^diíTe S. Joaó Damafceno) 23
Z4 foa».ic.i4. ^:nafceoaCordeyralmmaculada, dequehaviadenafceroPa-
*^f"^^^* '
ftor do Mundo 24 também entre paftores , 25 porque em
tudolepreparava para molde leu, como aiílemos. 26
10 Venturofa pátria .' , entre outras ctymolo-
A^-í^^rí"?/?

17 D.H!erett.Ep!/futdMarce/.i7.c.i. gias, fe interpreta fíorjera flor 2 7 das Cidades, a qem feuscam-


íowi. posdeotaltrutOjofrutoahonrou, masellaemalgLimmodoo
,;,lSt±'.t.£»:í<,u'v''- mereceo: aluzquenafceonellaafezmaisclara; mas Oriente
tu cft ciMum. de tanta luz naó era efcuro bem fe pôde jaftar de fer a melhor
;

19 B^tfc^e-osoP.Fr ?«MAi'''-/'^-'- patria,poisofamolouvorda pátria he a virtude dos filhos. 28

sB'-M!rfsw:/írÍi.^rr,^ II Entendem OS Santos Doutotcs, 29 q deputou Deos


s.Grcior Nicoí orat
deubi Vir^.t
muytos Anjos para fervircm aefta lím/jor^.prefidindoa todos

^o^OfSGabruividejr.fraj. 14. "4-
^,.,j(^ g (^^briel. 20 quede fuacteaçaó forarefetvado pata.
* ^' '^ efta dignidade, & por acatamento delia, nem antes, nem de-
pois fervio deoutra guarda; porém que nenhum preíidia à
l^trgem fiiperiorniente como os da nofla guarda, porque Deos
immed latamente lhe prefidia como a efcolhida paraíi , & a ti-
nha taó favorecida, que nada a podia offènder.
12 Naó
:

PARTE 11. C A P. XVI. 107


12 Naóomittirey, pois graves Authores 31 otem por 3, Lyr.,fupM.g.ifut.
digno de advertência, como louvor de immigOj haverditoo Cxmj.deby.i cio.' i

peftifero
»
Mafoma em feii Alcorão , que Satanás tocava todos M ff^' "f-''
p/<;;«-''>»'^/^n <•«•
lute na prol/ip.dc Cm iSt.tddde

/••- r ^ n r
^ r^ \ < cap.A.
^
05 que naiciao, que era a caula de todos chorarem; Mas qtiefo a^^.
Maria, é^feti Filho ndo tocou: que a Maria ejcolhera Deos rejpla- ^'.P^-}'h^í>*P i i-^ ^i-"-?.
^''""'^'" ^"^"^^ ^''"'' ' ''^ ''^'
decente fobre todas as mulheres dosficulos ane muytos homés hou-:
'•

veraper'feytos;masdasmidheresJóaMãyaeyefi's.
13 "Jà,venturofoJoaquim,podeisfahiràpràçaconfíado. j, c;^^^^„£^^^^^.
Notou S.Jeronymo, 32 que os Santos Patriarcas antigos ra-
ramente gerarão filhas para vós fé refervou ter fó huma , que
;

foííe ( como diíTe o Eípinto Santo peloEcclefiaftico, ^3 ) h Ecchfaft ,<?. 15. m filia mcHor
Melhor que filha; ou ( como lè outra verfaó ) Melhor, que filbo, *'/'
/fí' "'^^f '^''".' ^ ^'"*
>r jj
C^/í/Â^. Se bons Aítrologos levantarem hgura, de leu nafci-
mento diraój que fera fermola: que terá dous excellentes efpo-
fos: & fendo fempre Virgem terá o mais excellente filho , que
,

leráRey, ôcella Rainha por todos os feculos. Teve Plinio 34 p^.^^ ^'^'^''
'"
por fumma felicidade, que huma matrona foííe filha, efpoia,
6 máy de Reys da terra:& muy tas o foraó;mas íer Filha,Efpo-
^.,.fa, Sc Máy do ReyCeleftiallo compete a efta Filha;poriíIofe--J-
rá chamada, Bendita entre astnnlheres^ pelos Anjos , & por to- |
i«f-i-"'i8-^48'
das as naçoensi 35 todas as famofasfòreprefentárãofombras JS
de fua realidade. AhoneftidadedeRebeca, a fecundidade de
Lia, a fermofura de Raquel , o efpirito de Dcbora o valor de ,

Judith, a graça de Efther, refplandecem nella mais altamente,


para livrarnaó fó hum povo , mas todo o género humano. A
— rrvós Santo gloriofo, & á voflk Santa, & gloriofa Efpofa repeti- -S^v ,, r j *r . ,y.
-

mos os parabéns, que vos deu b.JoaoUamafceno, 36 de ha-


veres dado tanta gloria ao Ceo, tal thefouro á terra , tanto go-
zo aos Anjos, & tanta alegria aos homens-,gozay vos neíía eter-
nidade com taó lUuftre Filha. Comtçou-fe a celebrar a feíla
defte dia có toda a Iblemnidade pelos annos de 436. depois do ,7 p.Bali«ghcn.jHpr.à.%.y\
Çon cilio de Ephefo congregado contra Neftor. 37

C A P I T V L o XVII.
Comofqy poflo d Senhora o nome Jober ano
de MARI^.
1 •
t •
t 1 ' Melchior de Callro na vida de noffà
Os oytenta dias depois do parto, i qiundojem se„hor^.,Lii.z.

A^-y.
lugar da circumcifaó dos filhos, fe offereciaó as fr.p/ephdc feft Mar.m me/ma, l.^ e.^j
filhas a Deos com a oblação da Ley-, 2 indo, conforme a ella,"*^
Levitcn.
SantaAnnaapurificarfenoTemplojfepozàJ^fw/jorfíonomc j .ç«pr<<c.i4.».4.
deM;zr/í?, como o Anjo lhe chamou antes de concebida. 3 ^"'"'''y':!'^,?',» "^

2 A SibyllaO>?í/^ tinha dito, que efte feria o feu nome5ÊtLvís''egre(luÍMârisaeVírgtíiisáfvo.


4 da Erithrea fc refere o mefmo; 5 & os Rabbinos mais dou- e GaUtin. 7. de arc:n. c 1 1. cr ,, i. . i

tos entre os Hcbreos fibiaójà que aílim fe chamaria a Máy do '^ '*nan.De>M-^.l.uhomA.
J^^j;;" "

MeíTias, como prova Pedro Galatino,&; outros Authores. 6


^

3 Nos
3oS E VA, E A VE
5 Nos nomes coftumou Deos definir os grandes Santos.
Nodetíí?/^ omoftrou 5 lubílituto dovirtuofoAbelj 7 com
l cZÍit".^'
^ ^^ Âbraham o nomeou pay de muytas gentes; 8 no de Sara
9 s.P!trChryf»lferm:i-^\. a fignificou, accrefccntada em gcraçaó; 9 node7/''i^rlhecha.
loGemfxib. mou, naícído cntíc riío •, 10 oàcjacob, diflealuta, que no
i\ Gf;;f/:5 5.18. vcntrc da may teve com oirmaoj 1 1 ode tienj amimo iignm-

cou filho 12 de dores-, o át Samuel, pedido com de fej os a;


15 fo/fpfc.d?a>;//j/.5.f.ii.p«fffW»c. j)£Q5. j^ ode S. Pedro,que cra pedra íundamental dalgre-

í^íí-íl^^xl!*
jaii4&:ode7£jTOodeclarou Salvador-, 15 porque dille o ..

16 DThom,,p\.%-7.<irtx. Doutor Angclico, i6 OS nomcs dcvcm convír às propricda-


^ des das couíasi & O mefmo dizem OS tcxtos cívís. 17
Videfiiprap i.;Hi>.trodwrtn^.
«7 §. £// esr dliucl trfit.de donat Metf. r^ a ^ 4 r, T ^
4 O de MÂRIA cra O mais conveniente a Virgm, fe al-
i /i rjr r ' ,

fãfxmus. Cum^hfverL confe^u.nu».


gum da terra lhe podia convir porque j
entre nos tem deriva-*^ •

1 8 Ti. Damijcen. de íiativrrg or. 1/ de Mar, que he de todas as graças 1 8 na lingua Sy-
ç^ó ella j

Kaca fignifica, Sc-ãbora^Q^UQ. ella he da terra, &: do Ceo na He- ;

hxtiyEífrellóidomar-iOudo Norte iO^tnoshc no golfo, em d


navegamos ; he o mefmo que Luminar Illmninada & Ilhimi~
, ,

ní^dora ; o mefmo , que Deos de mmhageração ; o mefmo, que-


Imitadoradc T>eos; o mefmo, que Stéltme , deduz indofe de hú
verbo, que quer dizer. Levantar, ^Exaltar, oqueeftaJ>-
72hora obrou foberanamcnte na natureza humana deftas figni- }

19 B^fefuntexfiijs p. Tr.^oanM Syi- ficaçocus trataó mais largamentcos Doutores. 19 erudito O


rs:''^Zíi:i:^:'^:í^.^i^i ^'^t" ^^TJf"'^';^^ '°
^ft^"»'"^ f^ contém o
d-^;, <i"«
a4í. ineíraveldeyf/:;í)i;ííA;, (cujaexcellenciadillemos na primeyra
p.Fr.jofephfupnic.^i- parte) 21 ÒcoFerbum caro facf ume fl. Finalmentelóemca-
§... da huma de fuás letras lemcluem muytosmyltenos como ,

j>6iyay.th;a,vnh.v:ri M..r inprinc. prova odoutifllmo Carthagcna; 22 & notou Saõ Bernardi-
23 que o nome de MARIA tem muytas interprc-
'VM. nodeSena.
r J7;;'^;«^-^^'^-//^^
Lt c^uhu^enifup. d. hom.ó.etverf. taçoens , aíTim como com muytos nomeamos a Deos parao
DivHs ^'•lo.mus.
annunciarinccmprehenfivel.
y„„ ^ ,

5 A luavidade deite nome palia do ouvido ao coração: O
doce, &: fonoro delle regala o efpirito ; he voz harmoniaca pa- • •

bem devotamente Ricardo de SaÕ Louren-


ra as almas. Diííe
14 KííhnrdÀes.Uurmiihi.deUucf. ço, 24 que na AíTumpçaó da Senhora y conhecendo bem os
SeS™\''fp^^^^^^^^^^^
Anjosqucmellaera,perguntavaô repetidamente, como que
ís Cant. J.6. Qux cft iiU, qusafcé- a naó conheciaó, quem cra a que fubia taó fermofaj 25 fó por-

i'"^'^" ^ o ^ que dtfejavaõ que alguém lhes refpondeíTe, que era MARIA,
-^
JEíf.á.Q. Qua: elt lia, qine proercditur? ^ j j ix a 11 r n •

Síco-c.^^. QaxdiiwJscc. paragozarcm adoçuradcouvir eíte nomc. Aeileleajoelhao


3.6 D Pani.ad Phiiip.i 10, Cco, a terra,& oinferno,comoaodey£<y6\5', 26 pois qua fi
femprefegue ao dej^i^tiX/^y; nomeaó-íe taó juntos JESUS
MARIA, cjue goza daquelle direy to por privilegio.
6 Osmilagr')foseífeytos, queemmuytas occafíoensre-
fultàraõ de fua m vocação, naó fe podem referir por innumera-
vciS. A mefma Saihoracm hum dulciílimo coUoquio , que te-
z7 i{eveUiJi s. Brigidd i'f.9.'adfn. vc com fua mimofa Santa Brígida, 2 7 lhe difle , que leu íobe-
l

rano Filho tinha honrado tanto o fagrado nome de A RI A j M '

que os Anjos quando o ouvem fc gozaó , & louvaó a. Deos as .•


/

almas no Purgatório fe alegrão, como hum enfermo quando


recebe
í

PART. 11. CAP. XVII. 309


recebe confolaçaó: aos juftos nelte mundo fe chegaó mais con-
tentes feus Anjos da guarda os tíbios no amor de Deos fe afer-
:

voraó : os pcccadores fe com boa tenção o invocão ,


,

faera do peccado: os demónios o veneraó, temem, ouvin* & &


/ do-o foltaó a alma, como o gavião, fugindo ao ruído, folta das

unhas a prezaj mas aílim como, fe ao ruído fe não fegue algum


(
cfTeyto, torna o gavião a ella: afllm fe a alma fe não emenda, a
t • •' colhe outra vez o inimigo infernal. Bemdito parafemprefeja * v* <•
k
o Sa^ntiíTimo nome de M A KIA. 28 ^^^doZ^rZ.rfÊl^^^^^^
° Pa^l" Meudosâ in ^mdar.U.prebitmZ

C A P I T V L O XVIII.
Educação da Scnhorsi em pia frimeya infanda.

1 /'^ Ue devotamente confiderouS.JoaóDamafceno


V^ I a educaçãoda Sagrada Menina acs peytos ds
^^^™/^.«r.í.i ã. Naúviur^rg.
fua Santa Mãy ,
'
quãdo exclamou; Oh bilha SantiJJima ! q ahra^
^^^ ^ada aos peytos de tua Mã y, ejlavas rodeada de An] os l Oh Santa
Menina honra dos Pa\s^ fermofnra da natureza, ornammto das
.'

mulheres, mar deg raças, Reftaur adora dos erros de Eva ! ditofo o
ventre onde te formafles, os peytos, qtie te deraolcyte, ò-^boca,
que na tenra idade com ofcido amor o fogozou a do cura de tva boca.
2
,,
O
devoto Bernardino de Buftis 2 entende, que efta
XT
.
I 1 a 1 1 .
1,^ j^uar
i Btrn,de j »r
Buji ffrm.de N.tiv.yírg,

w
rica NiGíiinã, Nemchorava, nem davamoíejfia algiímanacrea-
çao ; antes fempre alegre canfava alegria nos que a tratava^ nem ;

podia deyxar de feraílim, Filha da manfidâo de Joaquim, re-


galada aos peytos de Anna, brincando com Anjos, aíllftida de
Deos. AcodiaoÇ^xoic^uQ o devoto Efcritor)í?í vizinhos, é° p*"
rentes a ver a beila Menina : aleg ravao-fe com ella , cr a tomavaa
•^>tws braços amorofamente: achãv7to,qiie defeu lindo corpo fahia ex*
* traordinaría fragrância , ò" de feti graciofo rojio rajos de fermo^
fura, que a todos admiravao. Com que goílo veriâo ifto feus Sã-
tos Pays.' que graças dariaó a Deos: convocarião todas as crea-
turas para os ajudarem a louvar o Senhor.
3 Da fragrância faz também menção Dionyílo Richelio}
3 S.Dionyfio Areopagita 4 teftemunha, queaexperimen- 5 pjcheUe Uninrg iumm:
tou, quando teve a gloria de ver a Firgem-, &: ifto parece , que 4 D.Dionyf.^uo^ag.tji. *á D^auS*
''' í'"""-^"' '•'^'•4-
íigniíicou o Ecclefiafòico dizendo, que fahia delia chey ro fua-
vecomodecinnamomo,balfamo,&myrraefcolhida. 5 Po- r. « / <? .

dia ler natural procedido de leu temperamento perieytillimo,


cxcellente compreyção & igualdade maravilhofa nas quatro
,

qualidades como fe diííe do grande Alexandre, 6 &" refere 6 Pimuh. in vita ^lex,
j Hitinif^
joaó de Barros, 7 que na índia no Reyno de Guzarate hou- pnnc.vide infra i.».i8. c. '

vealgumas mulheres de huma linhagem chamada Padcminij, ^ ^'"^'" deead.^.i.^x.u


muytoperfeytasj èc fermofas com a mefma qualidade & que j

fto tempo, em que cfcrevia fe achavão muytas no Reyno de


,

Orixa. Masaièoi diíto não fer comparável ajuntava-le na Se- ,

nhora
310 EVA, E AVE
7íkora a enchente de graça celeílial, que da alma redundava no
fantiíTimo corpo, & coítuma caufar fragrância, ccmofevio
8Dr5mt«í-Wí«f&r*|f.<.?«<í>r;«^emmuytosSantos 8 deíantidade, & graça mcomparavel-
tm.x.o\6. mente inferior.
4 A celeftial Menmaji naquella primeyra infância pelas-i« ,

graças eípeciaes de que emfualmmaculadaConceyçaõfora


dotada no grão mais íubíime.lograva as virtudes Theolo^aesj
Si Cardinacs es dons do Efpinco Santo as graças grátis da-
: :

tas: os frutos efpirituaes: as Bemavcnturanças Éuangelicas: to,


do o bom, todo o períey to, em modo taó alto que atè aos An-
,

josfeaventajavaj 9 8c com perfeyçaó de animo, poíloqué


N.s.u.c.ycumos/í^ii>»us.
^^ -^^^^ iniperfevcaj comoillofe pudeíTe. com padecer,dec Ia-
ra com Santo Thom às o venerável Padre ir. Joreph dejcfus
Maria. lo
PVMíu itc o.

5 Naófabemos mais particularidades daquelia educação


»• • gloriofa. Os Santos acontemplaó comoa prodigioceleííial**

eípe£taculo facratiílimo, confiderando, que alimentava Santa


Anna a feus ditofos pey tos hum aby fmo de graça theíouro de ,

Santidade, mar incomprehcnfivel de perfey çoés , cujo conhc-


, .. -„f-,„
^o.Txítiim
cim.entoDeosrefervàraparafi.
r ii
II DEernardin. Cem.
pet feftio Marisc , ut foli Dco fcguoicen.
da tefervetui.

C A P I T V L O XIX.
Como a Senho ra/oj frejentada nO Templo.
IO Endo a Sagrada Menina de três annos.dousmezes,
^&
Novembro
treze dias, em hum Sabbado i vinte&humde
j'JÃ^^^:^:"^' foypreí.nrada por fe«s Santos Pays a Deosno
Templo de Jerulalem, aonde elles, acompanhados de paren-
tes, foraó a levalla, na folénefcfta da Dedicação do Templo,

1 viihegas no Fios Sanfifejia da Pre- 2 na mefma occafiaó , cm quc Ihcs foy annunciada pelo Anjo.
/«"í- , „ ,.„,^Tc,-L Ta6dih2:entescompriaó a promelíacomquetinhàódedí-
. ?
cacloa Ucoso trutoquc Ihesdeíiei 4 6: tao naturaleraaten-
p.Fr.pfffh dele/u Mat. «flff.f/5;;aí?ii/.
Z-Lcjo.» 7. ra Menina não viver íenáo em cafa de Deos , que apenas fe def-

' & ficou emme-


su}rac.\4.»-i.
} mamou, Quandopor
1 r ella devxou
J
a dos Pavs
J
j
4 Supra d.c.i-i.n.z. .
•>
.

5 Geman. dt Pr^cnt.
Vir^. apudCar- moria, quc hia com íumma alegria. 5 ,
tyg.de ar:an.Deip.piMb.i.homii./ipofí ^ Ao entrar do Tem plo, no primeyrodegrao de quinze
^"'''
perque íe íubia do muro , que dividia a eftancia das mulheres,
, ^, , ,^ ,^ .•^./,.w,^ ^^è a porta principal, 6 paràraó feus Pays para] he mudarem

^p,on, o veltidinho,com que caminhara ,em outro mais galante, que


j D.HicrondeortuVirg. trazíaó paiMaqucllas vodask & dcfcuydandofc pouco, fubio
sHa per íi OS quinze degraos tao facilmente como lhe era natu-
ol/!t Dr,>V GcrJnjup afudP.Fr.jo-
jiph d c. 50 «4 ral fubir a Deos a força do eípirito, com admiração de todos,
j

9 ytàcfupx.M.n ^é.foíimed. ^
yencecos imoedímentosdaidade. 7
rtmoiae47xoc.j5.Nj. 3 Entenaem graves Authores , 8 que Zacarias pay do
grande Bautiíla, rogado, como parente, por fer marido de
èantaííabel prima coirmã da /^/?;gí?^??, 9 foy o Sacerdote, 10
PARTE ir. C AP. XIX. 3,1
querecebeoaquella oblação, a mais agradável, que fe rinha
feytaaDeoSi maiseftimou oSenhor íiàed'içà<^3.o áe^&vivo
Templo , que a do material , que naquelles dias fe celçbrAva,
pôde fer,queera figura deita maispreciofa, ob ?& ?

4, Acabada a ceremonia entrou a Menina para o clâuílro,


qiie a modo de Convento eílava pegado ao Templo com no-
venta cellas para recolher, crearj 6c doutrinar donzcUas noc
brés ,& fervirem alli a Deos com perféyçáo atè caiarem i para
o que havia raeftras, 6c matronas, que governavaô, comren-
dasparaofuftento: 11 introducçaódotempodeMoyfes, lícJ^â.t;!'*^;^^ JÍ
& continuada no dos Reys. 13 po^fnnàp.-verf.dumi>if:m.

^,f Alli a deyxàraÓfeusPays encomendada à Santa Profe- ^'^lí-g;? ^''^''''


j^titaAnna filha de Phanuel, 14 a qual o fagrado Euangelho i? i./^-^.i!ii.er/.4.c.n.2,
15 diz, que naófahia do Tem pio 6c tornarão para Naza-
) ^^ PpJftbtt.c.^Q.n.j.
«f-»-??*
rçth.Refoluíyaó notável iPays velhos deyxaremtam apartada *'
(Je fi huma Filha única, de três annos.taó defejada,6c tam ama-
velj 6c a Menina naó efinorccer apartando-fe delles, 6c ficando
entre eftranhosj bem fe moftra, que attendiaó íó a Deos 6c na }

amorofadefpedida mal fe pódejulgar qual dos três alcançou


a piedofa vitoria.
6 Pelos annos de Chriífo 1 200. já na Igreja Grega fe cele-
brava a fefta da Prefentaçaó a 2 1 de Novembro, ordenada pe-
.

lo Emperador Manoel Cóneno. 16 Pelos de 1375. hum Ab- I* Sla"'^^'^


^"^''*'
--

bade Benedi£tino do Mofteyro de S. Nicolao em Normandia P.Fr.Leaõmfra átandus.


aintroduzionaLatina. 17 OSummoPontificePauloII.que ^^ c^rth gemdenrcm Deip. p^u i.^
fâleceo no anno 1471. a confirmou i 18 &c ultimamente no ''"ilpí^tjdcS.ThomàsnuBmm
anno de 1585. SixtoV. a mandou pór no Breviário Romano j^«'^í.'r<i/.i^,5.c.io.$.*.
para geralmente fer celebrada. 19

C A P I T V L o XX.
Exercidos da Senhora noRecolhimento do Templo ^
&* como fe^i voto explicito dâ virgin^
dade perpetua,

I "^TÔ recolhimento do Templo fanto,com a delica-


X^l deza defeuengenhoaprendeoa JVw^yríímuyto
brevamenteasletrasHebreas, 6c com particular illuftraçáo
de efpirito fe deo à lição das Efcrituras fagradas começando
;

jà de entaô a padecer na noíTa caufa , quando com entranhavel


fcntimento lia, o que padeceria o Meflias mandado por Deos. „-^-, ., ,<* .--t » ^u'

Cozia , 6c lavrava em linho, la , 6c íeda, empregando princi- „dfin.eiHseperum.


palmentefuasmaósfântiíiimas nas obras dos ornamentos íz- MeUhm deCafirona-vida ,
éfexcei.da

cerdotaes-, aprendeo a cantar os Pfalmos & deo-íe prmdpal-


-.

"^'^^IZÍ^t^í m&j^l
mente aos exercícios mais âiíos do efpirito. i daPrefentaiam.

Ce 2 Para
.

11, EVA, E AVE


2 Para tudo, dizem Saò Jeronymo , &
outros Efcritores
a D.Hi(Ton<ifiidD.Bcnj.-venKl.demelgravcs , 2 quc repartia O tem po de modo,que da madrugada
yh.chriti c-\.
„,,./. atè hora de Terça orava i da Terça até Noa fe occupava era.
'^
" ^ " >
obras de mãos j na iNoa tornava a oração ate nu Anjo lhe tra-
faw
p fr. ^ofefh dt fefus Maua mj vida de jer O comer, de que fe fuftentava. Metaphraftes 3 refere, que
"'^*
Zacarias pay do grande Bautifta vio o Anjo trazerlho a ra-
Si V <íí"c'ÍS''
*

Mítaphraji de Pr^ejent.ViTg, '


'
' çaõ doRecolhimcntodavaa pobres;oreftante dodia cmprc-
-,

CedTcn,incomierÀhij}, gflvaem liçãoerpiritual. Nas vigias era a primeyra, naobfer-


vancia da Ley a mais Tmalada, na humildade a mais profunda,
nos Pfalmos a mais continua , na caridade a mais fcrvorofa, na
pureza a mais cftremada, em todas as virtudes a maisperfey-
ta.Conftante nasboasobras:totalmentealheadeira: fuaven^s
palavras, exemplar na converfaçaó , modefta no rifo , folicita
em que as companhcyras foíTem amigas ,& recatadas louva- :

va a Deos fem intermilTaó j quando a faudavaó , refpondia.*


Deogratias; & foy a primeyra , que introduzio eíla faudaçaó.
Accrefcenta Santo Anfelmo, 4 que fallava pouco , 8c com
4 '^"/'''"^f^"" ^"^^ ^^ admiravaó todos de fua eloquência. Finalmente (co-
D.Cjry/w -f riit BV.dj
^anij,.
j„q ^^[^2 $. Joaó Chryfoftomo 5 ) excedco em fua vidamila-
.
5

grofa todo o cabedal da natureza humana.


3 Erataónotoriaaeminencia de fua virtude, que os mi-
niftros do Templo a apofentàraó détro do Saneia SanBor^m,
.= j jr> .rr.jr.ri, coraoefcrevemeraves Authores 5 entre osquaes heEvodio

Cer)na».tyí}ehief> coniiantwop.de PT4ét. 6 contemporancodos Apoitolos i oc lucccíior immediatodc


f^'-^' Saó Pedro no Bifpado de Anriochia fendo aquelle lugar ta5
-,
'

^'^^D.tílmn.inCatai fcfpt. Erdefiad. fagrado, quc fo OS Sacefdotes podiaó entrar nelle. 7


in^Afojioi. pcob.minor cognom. pjiut. 4 Allifez a JV«/&or<2 votocxplicito dc virgíndade perpe-
Sujebi.tc.ir.
r,.^^,,t, tua,' 8 aqual jàcom odefcjo tinha confagrado a Deos tanto
i Qarihagenadearcan.DeiO.f.iM.i. ^r1 - y-'
r /-.i
1 -n l^'-'*"'-^
hcmii.<^. queteveuíodcrazao; 9 (que leu grande Chromlta Fr. Jo-
yuhegasfufra. feph dc Tefus Maria prova que teve logo que fua alma fanrifli-
í.trjoíephd.ii.c.iyl^. ma leiniundio no corpo.) lo bntao condicionalmente, JV
9 P.Fr f^frph d.c. y.n.i.
I ãpprotivej]} ao Scnhov (como a mefnía Virgem revelou a Santa

;: 'Í^X^s^^^^IS.o.
Brígida II) porque tudo fobmetiaà fua vontade, agoraab-
roííetmeiervarcinvirciniratcfieipia- folutaiuente, por revclaçaóque tcve do Efpiríto Santo. 12
cerer; ímautem, fictet voiuiitasejus. - ^oy a prímevra Que fcz cfte voto, & O obfcrvou , naó fó
lí ^rncld.traâí.de laiid.f^irg. intom.u >
j V> • •
J J -
"^ Eey da Graça, mas do principio do mundo , como pregava
1

íihiut.Patr.
ij s.A^oH. BanhoUm. aàPoiymium O ApoftoloS. Bartholomco. ig Porque as Veftaes fe obriga-
Reg.afuà^hd*ami.%.hr^.^poihi.
yaó fó atè triiita anuos; 14 Maria irmá de Moyfes, a que al-
15 jcfcphdeaniicj.i.i.c.t. gunschamao Virgem, loy calada com Hur, & may deBefe-
^huknji'>pr,.'on:me.4.c.^^.Exod.
Iccl, como affirmaõ Efcritotes doutosj 15 afilha de Tepte fe
\6Vatabltn, O-alijrelaliàP.FrAo' r r j \'- o - -^

íoyconfagrada Virgem pelo pay, &nao morta, como alguns


1 i

nphd.c.i-/.".!.

O que dclla fe diz uo livro dos Juizes, 17 o


pFrancifc.dfMenào^ainy:ridiT.i.i,pro. i6 interprctaó
^'"""^'
^*^y involuntária, como ella mefma chorava o defejo da Santa
^Ty^l-Í.í u ,

18 í«f.Mi.n.39. Emerencianaavòdaiy^w^ííríJnaóteveeífeytOjComodiíremo^j
18 finalmente fe na Ley antiga houve por algum modo eííe
voto, fempre foy por divina revelação relpedivo a 6'/??7/?í? Se-
nhor noffo, 6: à Virgem Ma.) fua, como a caufa principal,& ex-
cmplari o que declara o doutiliimç Padre Fr. Joaó da Sylvey-
-J^. , , ; ra'

^
.<. PARTE II. CAP. XX, jij
ra, digno filho dos Padres do Carmelo, & luítre de Portugal
com léus excellentesefcricos. 19 ParaA/í2r/VzSanciirimaefta-« 19 P.Fr.jom, âeSyheiri inEu&ng,
varefervadaeíla gloria, em que naó teve a quem imitar > por- ?<"« i«'-^«f-9
'"f'^' tcnent pcít
? 10 « 5<5.

muitos quos referunt,


^ r rr
qucemtodastoíleaprimeyra. CamjdeDeip.u^ 14]
^
6 F.oya^)';^í'wtáofoberanamentepura, qveemtodosos Wf':'-íf./.icíf wjmw«.í 5.
que a viaó infundia efpirito de pureza. 20 Se ha pedras pre- ^^^17;;°;';;^^^^^^^^^
ciofaSj que tocando o corpo ajudaó a caftidade, claro eftà, que £^rraíids/oOT i./y.cio.
Ca«f./ .jtixt^jift.
a mavor virtude da Viro^ern havia de produzir mayor cfFey to ; ^'^'\\ ^«/"T'-'"
\

he próprio de quem poílue o bem com eminência comum- Bed^r^ hiLuc.i.


callo , como Deos o ler 3 o Sol a luz, o fogo o calor 3 a fonte a £% "''?• i'-Á^siido^'i d.probieà.6:
io D. fyii/throf. detnfant. yirg.c.j.aa
^t>^^^' med.apudR^ichd.dclaud.rag.lib.í.aTt.i.
. .
, 1 r I 1 r -n
,«, 7 Eftimou a virgindade fobre todas as coufas. Parece que ^kx.ãe aUs^. 5 9. 5

í duvidava ferMáv de Deos havendo de perdelk; 21 vendo -^•^''".'«•'/^''^'''J''^- 5^? '-"^'^"«^ 4-


fe acclamadapelo Anjo, Cheadegraça , le perturbou , porque ;/ £„,. j. ,^. Qúomodo fièt iftud;
lhe diííe, que era Bemdita entre as mulheres, & naó entre as V^r- quo iiam viium non co;noíco ?

Zí D B.rmrd de\erb.._Apocd.
'•"gCKS. 2 2 Turbataeft, eòquòd bciiedidam
• ,
,t 1 V 1 TrTT^^T-»,r fc au-
8 MuytOS deraó o nome de VlR.CjrhM por difletmmulienbas <^ux nimirumbe.
títulos lhe ,

antonomafia. Ser a primevra com voto perpetuo como no- '!f'^'f''»y'^8"'»''"^^^,'^P"''ptahat.; :

/ meando-lerimplezmente O Hí>w;;?,ie entende Adam j 23 queo,;^,,,^, u grande^ze du smilTmà i.

foy o primeyro homem fer a mais pura^ como nomeando- fe o Trmáydi/c.^.verf ufecond
-,
/.

. Elofifo,
k entende Ariftoteles, o Poet^, fe entende Homero &
'"" ""
i^^;^::!^]^'
• entre os Gregos , Virgílio entre os Latinos por ferem os mais ,

excellentesjfer a que mais fe prezou deíla virtude, enl Cujo no-


me a lifongeamos, como a Deos no de mifericordiofo , de que
parece, q mais fe preza , fendo em todos feiís attributos igual.
E fer Rainha das Virgens como ao Rcy de qualquer naçaô ;

coftumamos nomear fò com o nome delia, o Francez^ o Cafie-


Ikano^ & íe entende, que falíamos do Rey. Nem fó he chama-
da VIRGEMpor antonomafia, mas das VIR- VIRGEM
GENS; como pdotermo, ounome de §liímta Ejjencia ^quC'
remos fignificar a fumma perfeyçaó , &c mayor quilate dâS
coufas.
I

I _
'' ^^^ ^
""'
i
1 D.Antottin.deTlorent.p.i.l.ic.i,
C»ff»-. 3.«íf oroí. Vu'tusiniàgoani-
mi,

CA P fX ^ T
í
T i-
\7
y
T C\
1^ VJ
"WTJ\../\.X,
GtoffãinL hqui ti ^.DivusPtus,verbet
ex fermonibusjff.de tutor,
his.
cr curat.dat.ab

Dr X
ajermofura corporal daYirgQtn,
I j TT*
mm.
3
£«/f/?<í/?.í9.i6.

Cicer. in Pifon. Vultus fcrmo quidam


Ex yifucognòíci-

n. .
N
1
.

"'Itravabemaalma que encerrava, i 1


.
^
Ao le guarda hua joya rica fenao em cayxa muy-
- toviftofa. OexteriordaSantiíIima/^zr<^^»ímo-
.

rofto he imagem do-'„3gi,'yi„;;^i„}iioJçf^j'lg,3, „^^^^^


.-animo, 2 vozmudadoefpirito, 3 teftemunha de fuás qua- e ^i-iílotel.&catm Scripter.de phy-
.

^^
O fL
^

I

J
tacitus

^
mifr. ;o,
mentis cft.
4 ocerd.de z?^ jndicat mores.
s C'7jí/a»mCjía/.|/9r./H««íi//,,i.£.(,».
Qiioquuqucpulchrior cíl, eò

iidades, 4 retrato de feusvicios, ou virtudes, < por regras ^"^f"*"; ^ .^, .,


j -n-i rT
,

r n -rr TT ^ r 1
Galen.í.detempemm.c. 6.& l.i.ac i.dè í- i i i -
,

; de biloíoha natural. 6 Por lílo Homero fonte da labedoria „y-„par/. ,

'.Grega, na Uiada a todos os que louvou de virtuofos gabou na Apafis ad Almanfor.l.t,c.ii.& ^ycíifef.^
""'
;gentileza, & pintou feyo o viciofo Ter fites> 7 & na OdiíTea
l jZ^nfdfjfl^T
i{ introduz a Rainha Arate gabando a UlyíTes de que fua pre-
Ccij fença
,

I
f

514 • EVA, E AVE


9 Ucmiiiaà.i.y,infuAc,
ícnça corrcípondeíTe àfiiaalmai & em outro lugar 9 aHc-
\o M^ruaii £tor vituperado a Paris de que em alma,&: corpo foíTetamdef.

iniiie ia:ius.
i-L.

Cniie ruber.iiKer ore ,btevis pede, m- r -^


conforme.
v. ^
r tx -iJ--^-!
E ocngenhofo iVlarcialc
diziaaZoilo muyto feyo,
Rem raasiiiam prasftasjZolie, fi que faria huma grande proeza em fer bom. 10
bónus c«

2 Naofenega, que tal vez fuccede o contrario por graça


de Deos 5 & porque o alvedrio pôde fobre tudo falíamos fè- j

gundo a inclinação natural, &: tem efta regra exceyçoens. Maí


tma^^çç^ ]J^^^ ^i^^^ ^Q^^^Q j I ^^ ^ ^omo Deos noz
1 1 P.h chrifhvaô da Fo»feca ,
hu m fmal em
do avior de Deos p.y.c.^j. ^^ r^
-^-^JiCami
.
para quc niogucm w tizelle
lhe
r rr
mal 12
r r
nakrmolurapoz
^

nGenef.^.iy j

hum final para que todos lhe façaó bem. A hum pertendente j
que levou à Rainha Catholica Dona Ifabel huma carta de re-
comendação, refpondeoella Foiícamcejjido.àe tinha dereco* ' :

i^v.Peniecaà.c.i-j. mendãcoo vojfa prejhicã. 13 Dote de Deos chamou S.Ago- '


^"^««•'''^'^•^"^^'^•'•"•''''
ftinhoabclleza; 14 por iíTo Jacob ferviotátos annosporRa- )
rií
15 Gf«f/.i9. chelj 15 8cdizemosJuriftas, 16 que a mulher nobre, rica, '
1(5 ^pwicafun.m Catal.gtor. mund.
^ fg^ ^^^ ^^ç^ ^^^^^ homcm pobrc, mas de boa prefença , fe re-. ^
P^t^ bem cafada j & a fermofa ainda que pobre , fe emprega
^'
\Tcem^,laínti^uir. yc.-j. X ,

TaíqueUnUowAb.t.nLi p t.?tr tot. mal cm nobrc, &: rico , fendo feyo. Os Efcritores de todas as
c»f''i^»'^Jearcan.Ddp^^.u
profííTóes trazcm para
r O mcfmo muytas mais coufas. 17
Vijjemos nas hxcelLettc.de Fortuí^.c 6.Gr r _J / ,

^
uoiraãFerfea.DoaeTquaiit 5. 3 Graudc rccomeudaçao trazia comíigo a Kirgem para
18 ^riiiot. apnd Stob.ferm, 16). àe quem a naó conheceííej i8 & a quem a conhecia ficava a
vir-
Pukhdaidi.ichomiiKs, quavis cpiftola tudemais agradável na belleza peííoal, 19 que era muyto
niagiscoiTimcn-ian. extraordinaria> 20 Santo Alberto Magno 21 dií]e,quefoy
19 ^r^//
'^''^'fj-l'
Granor eit pulchro veniens In corpore
muvto femelhante à dos corpos glorificados , &: hú mevo qua-
^ ^^
, .
-^
, ,. ? o- t i »V • •

virtus. lincadiíiuno entre os gloriolos, 5c mortaes. bato Ignacio Már-


io Mu!u dehocCmhagen. d. hom.y ty^^ q^ie
tcve a felícidi Jc de a ver, difle 22 que nella fe unira a
"ii SLt A//,ç./j<p. Mi[juse(ic. de fintidade, &
fermofura Angélica com a humana j Sc S. Diony-
pHichrit.corpB.MXJ-c.x^?,. íio Areopagita , que logrou a mefma ventura, confeíTou zz
11 s.l)^nat. Mmyr £p,'7. i. adjoan. ^
liem R^chnrd.movm in Canuc 17
fg o n^o renrimiri a T
H'"'^ ^^ ° "3
,

^^V^^^^^^
FèC, an CU
tivera Dor Deos
Ci a por LVCOS.
13 b.Diony/.^reop.Epiih adPaui.de 4 Allim O perfuadearazaÓQe Anítoteles, 24 queenfina,
^uainfrjc é^.n.^. que a obra perfevta Drocede de quatrocaufas.' material , cfíi-
15 Probat p ^o/eyhjup./.i.c. lun.x.
Ciente, lormal, hnal. Na y irgem loy a material anobreza
&
16 írí/«/jr<i<:.;4.e:7'i5. dofauguc , de quc , por razoensnaturaes, procede ordinaria-
17 NuephorMiLEccie/Ux.40.
n^3„(. difpofiçáo czentil j 25 a eíHciente foy a mão Divina por
Canhagend.homtl.yvcrJ^hacpwimapiè. ^ ^ „
t^
V r->
t) - .
r .
r z-'' t i

F.fofephdl.t.c.^i.n.i. modoelpeciaUlIimocm íui Cí^Kí^^yjTííí^i 26 atormal, luaalma


MumeH'1 profap.de chrfí /(/'7d.c.c.4.§.i. gloriofâ que dcvia vcftirfe de corpo que a mereccíTe a final
, ;

í?t?r«fi5'o//Íí7'í^^^^
o Filho de Deos comíemelhança deFi-
D.^'nbro/./.\.de Kr^ Iho, como CHI effèyto fe pareceo Chrifio com ella. 27
18 Ei>iphan.apudNicephor.iHpi.t.c.x^ quc de vifta teílemunhâraõ
^^^ particular pclo
Cedren.tncompend.hijl. 2 r^-
jy^j^-^
nj ^ n aít
Epijcopt:sGatnna, iníi.Euangei. ub.z.ç.x, Sao Dionyíio, & bauto Iguacio , ôc deyxarao eícnto Authares
r^ r- • ^-/•
ç^ihofiip.d.c.ii.
Hebreos, &: Gregos daquelles tempos , fez defcripçaó cxada
D.ST*/ílr<>;X'e^';«9r«ô. Virg. da fórma Divina , & feyçoens da ^r^?^.^ Epifânio Presbytcro
R^eveLits.Bír^it /.^ f.4. d^ ConítantinopU, muyco verfado nas hiftorias, & letras Gre-
ca.if.de Uud. ^:rz ii.c.iy s.mco,, Me-
^ Hcbraicas , a quem feguio o antigo Niceforo, & có el-
Eccipii.uOJarKafup d. /.8 f v'« Wí. les coucorda Cedreno, & todos os mais modernoSi pouco dil-
fjufd. Horat. Sco^Uhs Cataccnf hiHor. à crepadacj fcz S. joaõ Damafcenoi &: he muyto femelhante à
'"^'^'""
^";" que fez Cbrifto a Santa Brigida, 28 & ao retrato que obrou o
' w!ÍÍ\^^.;Í?
EuangeUíta Saò Lucas> 29 cujo original diz Camíto 30 que
i i eftava
PARTE II. CAP.
XXI. ji5
eftava em Veneza em maó do famofo Pintor Ticiano, quando
..<•». clleefcrevia.Diz eftadefcripçaó, ou relação, .%/^í'rí2<ítyí«/:?í/-f-ÍH '
*

rade eífatnrapoíicomats, que tneaa ; tmha orojio comalgíímain*


clinaçàõ a comprido: louro o cabello: os olh os verdesgarçosig ran-
des, éf alegres: asfobrancelhas arqueadas, pretas decentemente õ :

nariz comprido ate boaproporçao: a bocapequena : os beyços ver-


melhos, 31 & floridos: 52 osdentesmiudos , à^alvos: o/em- ^^^^''"'''^•^'i'^'^^^'''^^^^^^'^^'^^^^^*

brantejingelofemfíngimento-.acortriguejra: oqucoviúgocn- ji j>fa/m.4^. 3. DtfFufa eft gratiab

tre nós entende mal, aíTcmelhando-a ao noíTo trigOj fendo que ^*''^J=' '"'*•

• como advertio o doutiílimo Carthagcna,


aquelles Authores,
(^"rtha^^ndverf.h^cq.ãmaftè.
^33 fallavaÓ do feu bom trigo da Paleftmaj que era branco, &: '^

'corado. Bem ocntendeo Alberto Magnoquandoefcreveo. 4 ^4 ^ibmMa^K.u.iaudy.rz.


l
ovo^odãFirgem era Branco, 8c rubicundo j 34 & o Bifpo
, Garcia Galarza nas Inftituiçoens Euangelicas, dizendo qiié
*
fuacoreracomode2rí^í)í2/i;í?j 35 devia fer alva, pois tinha o ?5 ^^^j'-?-<í-c.t./»fn«c. ColortriíU
^ '*^"*
cabello louro. Pela mefma frafe efcrevem os Authores, que""^*
"^

Chrijlo Senhor noíío era De cor trig ueyra de trigo que madura-^
,

Tridci refcrcM
36 &comtudoa.ím/:7or^ na relação que do ^^«Ã<?r fez à íua J^*^^^^'i^'/'*«''-'-^^4õ-
mimofa Santa Erigida, diíTe q tinha Cor ^r/í«r^ 5 éi^ corada: 37 GiiarKad.i.%.c,i.infn. coloris tritici
naó havia outra cóparaçaô decorofa;Outras coufas, ou tem cor, "^'"^í"""*' ,„ ,, . ,

ou brancura demanada.Prolegue o retrato da Virgem.- 6)£/^íí-^„, * / •»

nhã ella as mãos compridas todos os membros bem proporcionados:


:

ér toda erahum compoflo mtiyto agradável, graciofo ér honejiif-


,

Jimo: que eragrave^^j^intamente ajfaveh fallavapouco, é^ fua^


•ve: com os homens encolhida mas femperturbaçao: inimiga de to^
,

do ofauHo: vejiiafempre da cor da lã nativa fem tinta qM em : &


tudorerplandecianeUaadivinazraça.lJíaYa.mantOTp3irncobnr
-"^ „ „„ „, « « ^ ^ v
1 n r -rt- '^ r,^ ?8 ^'iheias ne Fios Sana. feJ70 4»
humpOUCOOrOÍtolantllIimO. 38 Prefentaç^m.

6 Accrefcentaó alguns Authores, 39 quefahia de feuro- ^


^-ío/^f^/wp-' » M7'

fto hum refplandor admirável , que Deos moderava aos olhos


dos que commúmente a viaó , por naõ manifeftar de todo fuás
ebccellenciaSi & que manifeftandofe muy tas vezes a S. Jofeph,
anaó conhecia. 40 Sobrenaturalmente fuccedia o mefmo^,;»°^J^(""''"''3''^-^°'"-í^í-**
aMoyfes, 41 &: a outros Santos em occafioensparticularesj ^i Exod.^^A-
42 mas na Firgem fe pôde tentar fer effeyto natural da belle- ** i{içhú,dtlnud.rtrid.i.an.iti
ia, com mayor fundamento que o dos que difleraó que a cafta
Panthea mulher de Abradates nobre Perfa , a mais fermcfa da
Afia, rinha o rofto illuftrado de hum refplandor taó claro, que
nelle, como em efpelho,fe via hum exercito. 43 ^^ j^W,:g/«fom:j./.x $;?.,}?
7 Aiudavaaeftabelleza,&:graciofacor,aexcellêtecom-
preyçaó da Virgem^ cujo temperamento nunca padeceo enfer-
midadei femprefoy táo livre de doenças , como de toda a ou-
tra lefaó natural. 44 44 Ga/af/VJ.7 f.lO.

8 Exhalavaaquelle corpo fantinimo a fragrância, que jí ^-f.fW^^lLt&.r,


duiemos} 45 & tinha tantas mais perfey çoens, que por muy- MíjIh anmwata, Parvo.
to fuperiorcs a todo o eftylo, heimpoílivel delinear hum con- 45 Sup.c.ii,n.x.& },
fufo defenho dellas;pofto que a Rhetorica eftudiofamente mi-
ftuxecores,ôcdifponha pincéis delicados. \ ',

Í(\ Cciij / 9 De
I
:

3IÍ EVA, E AVE


9 DeakgrarosoUicscorporaeSjpaíravaaqaeilabeíIezaa
regalar o efpirito. Em
quem a via compimha os aíFeAosdo
animordefpertava dor dos peccados: apagava os deíejos da ter"
g6 tUchelJ.l.i.4rt.ú ra, &
OS levantava ao Ceo: 46 purgava a memoria para rccc*
. ber as palavras de Deos, &
a fortificava para as confervar com
- j'- gofto ; dava fogo ás que íahiaó dafua bccca para accender nos

ou vintes caridade: aliviava o coração: compungia do mal


'

47Revelaí.^s3tiguiU'C.io.
coíHmunicavafervcrparaobem: 47 &: infundia pureza: 48
'

«8 Diffemosncc.toji6. opcccado nos deyxoii fcrmofuras bafiljfcos quc có a vifta ma-


Gfryo«,Byer«»«.WeCo^cff^er[deJVa<iy. j^-
j^j^ç^^^.^^ .
Saó Boavcntura 49 díz, qucos
49 s.Bonmcnt. jn j. di/i. }. p. i.^tt.x. ] udcos confcíTáraó, qu ; có Ter a
Virgrm fermofi flima jà mais ,

y j.íB Tf/àA çaufára máo penfamento. Procediaô eftes eftèy tos da honelli-
dadc de fuaconverfaçaõ, do cuy dado com que encobria fua
íèrmofura, da redundância dagraçadequeeílavacheajdejà
'

participar dons de corpo glorioío: & de haver fido prcfervada


do peecado original , do qual nafceoocfFeytodetodaadefor-


„„-, ,,^, dem,&:aconcupifcenciaaâ:iva,&:paíÍiva, como tudo larsa-
, ,.,

f46rfx«.i. mentemoitrahumeleganteLícritor. 50 ^

;.•..'."" .10 AhumdevotoClerigo, quedefejavaverafermofurà


que a Virgem tivera na terra , difle hum Anjo que fe lhe conce-
deria, com tanto , que os olhos cora q a \ii\Q nada veriaõ mais.
Aceytou a condição, &: chegada a hora, cerrou hum olho, de-
,

dicando o outro àquellabelleza; mas em a vendo, o abrio,


dando ambos por bera empregados em tal vifta porém a JV-
,
}

«^or^defappareceo, ficando eile cego do olho que mereceo


vella. Renovou as oraçoens para fe lhe renovar a doce occa-
fiaõ de perder o outro olho i concedédofelhe taÓ piadofamen-
j
te,quelogrando-a, ficou em ambos os olhos com vifta. 51

d.verj.lxtc qi< m aptè .


* ÇLOS OS do mundo.
Pa:er Sandeus d.irut.-j.anU mi,
'
• I »—^—i^i^

C A P I T V L O XXIL
Santa morte de Joaquim ,
&* Anna-payí da Virgem,
Defpjorios mjjleriofos da Senhora com S, Jofeph\
cujas excellenclas fe tocaô brevemente.

Stando a Virgem noTemplo em idade de onze an-

I Epipyn.Preshyt. Conjiantin. hvita Nazarcth ícus


E
nos, paflaraó defta à melhor vida em fuacafa de
Santos Pays Joaquim, Sc Anna, fegundo a opi-
'

i'^- . ^,.„ niaó mais recebida-, i pofto noutro dig-a, 2 que Santa An-
.A/f/ffcwíííCa//ro,fc//í.ííí N.s./<£..i.c4.nachegouaveray^/?/ C«n/í> naicido dehu anno. Vivcojoa-
Mfltuu^ofxp. de chfiji. idade \. f.;.§.4. quim oy tenta annosj Anna mais de fetenta , & faleceo a 26. de
Fr.icfeçhdeje/.Mrh>^.deN.s.i.uc.^r^^^^^^^
^ Filhaquctmha a Dcosefcufavaoutros pays difto j

i ^tonjo ytilegns , Fios íj>Kf?.v;íi<j<if levariaóellísgrande confolaçaó; &a ^^^fwabraçouadifpo-


í.t^iiM/.
fiçaó do to/?í>r,fem faltar às fâudâdes de filha.
3 CtdTcn.crp.pfcphfup.
.3 '
'
'

2 Pafia*
PARTE II. C A P. XXII. ji?
,
Paflados mais três anaos,difpoz Deos os defpoforios da
. -2

ytrge/n qiiiz que a May de que havia de nafcer foíTe cafada,,


-,

porconvenienciasdeambos para com o mundo. 4 Entre ou- ATi.chryfo^.hm.i.^uni.Matth.


trasrazoens, 5 porque foíTem guardados, & fervidos pelo ^''^'^"'''^'^'^t^"/^^,^^/^^'*'^/'/';^^^^^^^
elpolo, 6 clcolheo C/3r//íí7 parecer nino de homem, antes loOT.,./.,. c.,ç 18.
q arrifcar o credito de fua máy. 7 E naó queria defcobrirfe Fi- Canh^gen.ie arcar, Deip.p.ui.4. homii.6.
lho de Deos, ate chegar o tempo de fua pregação. 8 jD.íímbrofi.t./ui^Luc.c.uGrde
5 Havendo, pois, onze annos que a Senhora eftava no infiVir^c 6.
^' f'í'f^ '^' ^/« ^^'' «^ ^"'^ ^'
*

Templo, fendoentrada nos quinze, conforme a opinião com- N.S


mua,
«11
& -11 n.
1
melhor , 9 idade em que pelos eltatutos, havia de ia-
1-jr ,, l f.,
lib.i.c.AO.n.i.
p.-^ofephcL.i.i. c.i,9.n.\,
ç,

( hir delle cafada com acordo dos Sacerdotes ; 10 fuccedeo^'''«"''"';»'"/''p-''fCfcrí^id <ií5.f.i.§.$


^ que na occafiaó da fefta dos Encenios , &
dedicação do Tem- \° McLL»dí'(t"f^kl''Iluh^^^
' pio II (jàparaiftomyfteriofa, pois nellaforaannunciadaac.i4.
feus pays, & nella fora prefentada no mefmo Templo ) 1 2 íe
^'\ffJ^'^^Y'l^ "^^ , „ ,^'
ajuntarão parentes feus cm aquella foleranidadc; &
os Sacer-
dotes tratarão com ellcs de a defpofarem. Reprefentoulhes a
^7^;^f»íqueoeftatuto a naó comprehendia, porque feus pays ,j supr.c.i^^n.i..
a haviaó dedicado a Deos fem limitação de tempo: 13 &ella 14 •^«í"'f iO"-4-
promettèra ao J'f;í^<?r virgindade perpetua. 14 Achou-fe o^2jíl7ct'%íf/«^i.M^^^
Summo Sacerdote embaraçado: 15 por huma parte com a wpnnc;;^.
obrigação do voto , por outra com a novidade dcUe; naó fe
í

atrevia a encontrar a vontade de huma Virgem tam Santa 6c :

( reparavaemdcyxar fcm guarda bellezataó peregrina i tinha


por facrilegio entregar a hum homem aquelle relicário confa-
gradoaDeos: &
receava quebrar o coílume antigo fundado
naLey. 16 Occorrialhecafalla com Sacerdote, com o qual 1 6 ExaJ.xy.is;
continuaiTe no culto Divino; 17 êchii chamado Abiatar fa- ^"'^"'^^•^^Jf.^^
zia grandes diligencias para hum filho feu. 18 Mas também iz p.Fr.jofephd.c.iS.w:&
feria contra a Ley 19 cafar em outra familia filha única de , '^
Mj^wf 56.
/- ^ '^ Matute }Hpr,taadt <i.c,A.i.tl
íeuspays. ' ^ ) 1» »

4 Nefta perplexidade ordenou o Summo Sacerdote ora-


çoens a Deos, para que infpiraffe o que fc devia fazerj &: a /^^r-
gem não ceifava com as fuás para o que o Senhor lhe confervaíTe
o eftado virginal. Teve avifo do Ceo, que feu propofito efta-
^

&
va a cargo de Deos , que fizeíTe o que os Sacerdotes ordenaf-
( fem j 20 &: do Propiciatório do Templo fahio huma voz, ^° Ceflrod-c^:
quediífequea/^/r^mfedefpofaírc com humvaraÓ da linha^''"^''^-'^'^-^"^''''''-^''-**''
de David, em cuja maófloreceífe huma vara feca, fegundo a ^i í/aia
'

u.u
profecia de Ifaías. 21
5 Mandou o Summo Sacerdote ajuntar todos os que alli
fe acha vão da tribu de David fem ferem cafados j cada hum có
fua vara feca na mão. Todos acodirão alegres na efperança de
tam grande ventura. Hum
chamado Agabo com cega ambi-
ção ufou de arte magica para que a fua vara floreceíTej 22 CO- II LudolphusdeSaxon.CartuxaHj»yh^
mo fe em coufa tão divina não governafle fó Deos. ^""•^' ^^f"'''^" í""' ^'"^^ ^"'"''^ "<> F"".
^*^'^- ^'^s-^.H
6 AViftadetodosfioreceo fó avara de Jofeph , que me- '^^l^' f^^f^^' ^^
nos efperava por humilde. Era natural , &
morador de Beth- *? p<ioffphd.u.c.^t.n.v
knii 23 outros dizem, que de Nazarethi 24 damefmatri- ^^cmhagd.^,homLi.i»frint;
.
:

}i? " "E VÂ, E AVE


bu de David c[ue o.Vh^gem por linha de varaõ j 25 6c por fb-
,-,,,. mea eraó primos coirmãos, como ià diflemos. 26
16 Sup.c.i}.n.\o.{Hfi>,e. 7 Uuplicou-le O milagre com bayxar do ar numa pomba, )

Cu'nSt>riotembju.^7'j-
i-j
qiic fc poz na vara florida dc Jofeph. 27 Naófoy novoofuc-

í.JIyí^/í/. 4. *8.» ceflb.pois por lemelhantes modos (que chamavaò Sortes) foy
xi Numcr.c.17. eley to em Sacerdote i\aron florecendo a fua vara-, 28 Saul
5

^ll^linlni ungido em Reyj 29 &SaóMathias contado entre os Apo-


ftoTos. 50
8 Foy grande o fentimcnto
dos que íicàraõ fem aquclU
joya-, inveja que fe teve ao Santo Jofeph, com
arrezoad a foy a
quem trocariaõos Anjosoeítado de fuashierarchias. Agabo
fe retirou a ermitão rto monte Carmeloj 31 trocou a magia
^ 31 La 0^ w <í«n. á/«íe/»<f>.
^^ penitencia feu peccado fe defculpa na caufa homem de
: :

penfamentos taô altos era digno da mifericordia de Deos. Pu-


deraõaquelles pertendentes advertir que era gloria dos ven-
cidos fer o vencedor tam grande fer vencido por Eneas, dizia
:

oPoeta, 52 que era louvor a Laufo:& Acheloofeconfolava


ll^^udXfZMaamJ;b.9wfti„c,comquQov£ncèTíLH^^ 33 Jofeph era Hercules dos
^.. Santos, porque foy fantificado no ventre de fuamãy: era vir-
^

gem nunca peccou mortalmente: &: em fim , era tal que mcre-
:

ceo fer Efpofo amado de Maria: Pay putativo, Ayo verdadey-


ro de Chrijio: fuftentar a quem tudo fuftenta: creàllo*, telloena
feus braços: participar muyto de feus trabalhos, &: de fua May
Santilfima, Sc que o Filho de Deos o revcrenciaíTe como filho
34Df/?^í, & entras excdienàaí de ç^yj^^ ^4, Sccomo fejuntàraótodos OS da Família de David.fc

D^VSnuI^^^-grt.T^^^^ to%\ cr juntaflem todos os homens do mundo, fó a vara de Jofeph flo-


fe,m iMiNutiv/.hritt. Teceria; 35 logo como Jofeph tinha razoens para fe alegrar
astinhão os competidores para fe alegrarem
f;"jíj''l"JP^'/£'^^'"^^^^^^
Vinjniermuninli. cio. §. ^.demyHer. In- de ferem vcucidos, como por lifonja (fendo aqui verdade) dií-
'

ca r U fc Ovidioa AuíTufto. 36
crnat
,

Sf?rw;t1.r9Í^ 9 NomczdeDezembrofeguinte 37 fe celebrarão os fe-


<l
ofeph lU Vai de Kiejfo no Poemfi infignfde lices defpoforios, fcndo a Virgem entrada em quinze annos de
SMjeph. idade: 28 SaóTofsph de trintão: cinco, até quarenta, con-
36 ovíJ, 1 Tn\\. ad^uguji. Utque tormc ao quc os Authores elcrevcm com melhores razoes; 39
uusgaudct miles cun vK-em holtem: ^q,^,çf^yQj.g^.g ^pj.Qfg^j^ Jgjf^j^g^ .^ dizendo: Habitará O

"
^^M^ã^íí^^^' ^ ^ ^^^^ó de Santa Brígida que referi-
^'^^''^' ^'"^ ' ^'^K'-'^-' .

Pb/e hi/.c.^i.infiw. remos no Nafcimento deChriJlo, 41 quando "diz que vio a


}8 F tcadit. acima nx,. no princ. Virgem acomoanhada Tie hum homem demais idaàe que eWa
ji,iatuteã.c.u§. 5. modo dc íallarque nao convinha a velho. coítume dele O
f.HJof-l,hn.i.2..,.-^9.n 1 o-fr<]. pintar dc mais annos fe introduzi© na primitiva Igreja , para

j^:Z::^:;^';^';!:;:!S^:°:t infirmar os novos Sei, no mylVerio da Virgindade de fua Ef-


40 ifji.6i 5. Habitibit juvenis cum pofa fagrada,comoadvertio JoloGcrfou na fua Jofephina. 42
\HgnKUbim.,tLyya. Acompanhava-O com lioncítidade hu ma gentil prcfcnça 8c
. ,

'41 Gerjon i» jofephht^ a^ud Fr- Io- diipoliçao corporal, qual convinha a merecer tal Llpoiano
í> .

Jephfupra. modo poUivel. 43


'^^•^Í!;'^Ín^!L °
cambem votado caftidade> & também a elle an-
'^~'"ha
Kfwrif.H:'«7W?yavf?«c<t/o£wp7rfo,>/Zotes dos delpoforios certificou o Efpirito Santo de que anão
Deipm^limfiiojtph §.i. perderia, porque a Efpofa tinha o mçfmo voto 5 6c aílim a úd-
- pofou
,

/ / i
!

PARTE II. C AP. XXII: 319


pofoufóparaaíervir;a/^r^e;«odiíreaSantaBngidai 44 & ^^B^vdas.dtS.Bngldi 1.7. cif,
com efta certeza ficarão ambos mais alegres.
II Com que animo, 8c com que efpirirofedariaó as mãos ^

na ceremonia daquelle a£to : da Virgem refignada


a pudicícia ^

cm Deos: a humildade do Santo aceytando-a por Senhora.


QLiantasconfidcraçoens fariaó os circunftantes conhecendo *

as virtudes de ambos , & havendo vifto a milagrofa difpofiçaó *

doCeo! fem duvida entenderiaô que aUife ordenava grande


rayfterio. A 7r/Wá^íSantilIima os abençoava: os Anjos lhes
cantavaõ epithalamios toda a boa ventura lhes aíliftia. E na-
:

quelle dia teve a fortuna taõ bom gofto , que fe pagou do me-
recimento; & efte tanta força , que tirou a liberdade ao (iicctí-
fo. Permittinos, Efpofos venturofos, darvos os parabéns deíTa
dita. Parabém vos feja , ò Jofeph gloriofo , o melhor cafamé-
to que nunca houve , nem ha de haver. Para bem vos feja, ó
Virgem Santiílima, o melhor Efpofo que podia haver na terra,
Efteverdadeyramentefoyocafamento que Deos fez: o mais /
puro, o mais fiel, o mais conforme logray ambos eíTa fortuna
:

do Ceo.

C A P I T V L O XXIII.
Como a Virgem foy entregue a [eu Santo Effofo. Am*
hos renovarão o 'voto virginal. Forão viver em
Na^areth, [^ida fantljftma que alh fa^iao,
Trata^fe da Santa Cafa Lauretana,

. I áT ^ Elebrados os defpoforioSjhe opinião mais recebi-


\^j da. I que conforme ao coftumeq refere S.Joaó t zJfudCMthagcn.de arear>.T>tip. <$•
Chryfoítomo, 2 fcmfeefperaraoutrafolemnidadedevodas,'[''^?^/-''-^ hom.^.-verf fcà jam
loy logo a K/rgf^/; entregue ao banto Eípolo. p.Fr.LjephdeíefuMjr.ht/i.d, Kng.u.
2 Communicàraô-fe feus intentos, òc voto de eftadoMi-»! «^' j c }'."-4-
virgmal,õrcom nova alegria o ratihcarao, &
renovarão. ^ ^,inGen. ^ ""'»'
Queconfoladosficariaó vendofe taó conformes! que graças ? DThom.^.p.q.ts.art.j.
dariaò a Deos por tantos benefícios ^^"'^ ''^"^ ^'^'^'^
J ^tTh}rfi{ f
3 Sem dilação partirão para N azareth pátria da Senhora j sco$í ctLí'L{upr{mord.EccUf.l,t
MI aonde tinha a fazenda que herdara de feus Pays. Em chegaii- f««'^ poapmc.verfduminfm.
J do, a repartirão entre pobres refervando fóacafaemquea
:

^ f^/;^e;«fecreàra, & alguns moveis neceíTarios. 4 OfuftentOp* ^[''^'^^^'^'^^"^''^''f^^^^^^


• ordinário librarão no trabalho de fuás mãos, Sc principalmen-
f te na Providencia Divina.
4 Ocuydado de ambos era agradar a Deos ; fó pareciaÓ
cmulos no exercicio das virtudes. DiíTe a mefma Vtrgem a Sa-
tã Erigida , que para fe dar fomente a Deos procurava eftar
dias, ôcnoytesfcm companhia, ôcfcm ouvir, nem fallarj mas
que também neíte retiro & filencio receava deyxar de fallar o
,

que
yto EVA» E AVE
^veia(.deS.Brr^id^i.x.c-io. ^
quefoíTe convcniente: 5 tal equilíbrio guardava no de fervi-
5
Timidaquoquer^iiiiííiciuio,&muUCi çodeDeos. As pcnnas humanas por indianas de efcritura
,

"^"^"^'S-^-tamalta, não nos deyxàraÓ mais noticias da maneyra porque


c^idcíu/flcm.^'"""
viviaôihum Anjo quiz fuprireíla falta , fazendo relação mais
6 Re-jtla^ de s. Erigida, infertfi. e^»- larga a Santa Brigjda
; 6 mas (dè o Anjo licença) tudo he fu-
gei.c.6.tycr 14. perfluo, fabendo-fe que fazião vida de Mârií?, ò- Jofeph.
.
5 Aquella cafa illuftre que habitarão os Santos pays da
Virgem^ em que cila fe creou , em que viveo com o Efpofo Sâ-
tiíljmo,em quefoyannunciadayV/íyi^PfWjemquefeluften-
íou o Divino Filhcjaquella que foy Ceo a tanta fantidade,que
vioj & ouvio tantos fegredos celeíViaes, que foy nuvem glorio-
fa em que fe efcondèrão tantas luzes; aquella que tantos annos
foy confagrada com os pès de ChriJiOj frequen rada de Anjos,
morada íinalméte áQjefiíSy Mãna,Jofepb; fubido o Senhor ao
Ceo, foy venerada pelos Apoílolos , &; fieis que nellafízeraó
ij Beàni.dclocisfana.c.ié: Tcmplo para OS Oíficios Divinos. 7 Depois a confervàrao
em Mofteyro Padres Carmelitas, com grande cuydado de
quefernpreeftiveírenamefmadifpofição, éc forma que tinha
quando a /^/rí^í'^i a habitara. No annode 1294. outrosdizem
1291. ameaçando a invafaó dos Mahometanos aquella terra
fantà, ordenou a Virgem pelo Anjo S. Gabriel aos Padres que
,
repaílafTem a Europa, porque a indignação de feu Filho que-
«^P^^^^^os daquellas partes, 8 &: em dez de
sP.F.^/?,tAM;.c.x7.«..e.7.!?f "V'*
^Quiiheim.Gumff»h.inM(mu Maria- Dczembro, começando o Pontificado de boniiacio V III. ar-
noi.ijmagtne u rancàrâo Anjos toda a cafa inteyr a com feus alicerfes & a pu- ,

zeraóem Dalmácia junto do lugar de ZiPrf^í?, & depois a paf-


^
faraó a Itália nadando fobre o mar, pondo-a ultimamente no
Campo Picerio, chamado Recanatenfe, em hum bofque de húa
matrona muyto illuftre que fe chamava Lí^z/re/íí, donde a ce-
.9 Cartha^enadearcm.J^f'n-í'í'^^']éi\i^]c3,{-:i{Qc\i2.m^Laíiretãna,
^TP,i^iiiíTin(.
9 & alli he venerada, 6c viíi-
tadacomadevoçãode todaaChriftandade.
6 DitofaCafa que por modo mais alto comprehende em
íi de tantos lugares veneráveis Se no campo
fó os myítcrios .'

Damafceno foy Adam formado do limo da terra: aqui foy


Deos feyto homem da mais pura fubftancia. Se no Paraifo ter-
real foy tirada a mulher do lado do homem.- aqui, mudada a
ordem da natureza , huma Virgem foy Mãy de homem Deos.
Sena Arca de Noé fe guardarão as relíquias do género huma-
no: aqui fe encerrou toda a faude do mundo. Sc no vallede
Mambre hofpedou Abraham a Deos em figura de Anjos 10 :

lioôf»».!»; aqui morou Deos em carne verdadeyra. Se no monte Sinai deo


o Senhor a Ley a Moyfes: aqui fe nos deo o Legislador da Gra-
ça.SenoTcmplo deSalamão fereprefentava a prefença do
mefmo Senhor aqui efteve có toda a realidade. Se na Arca do
:

Teftamento fe dcpofitavao coufas myfteriofas aqui habitou ;

o principio, «Sc o fim deíTes myílerios. Finalmente os lugares q


foraõ (agrados com a vida^Sc acções de Cbrifio^ a eíta Caía de-
vem as raizes das flores Divinas que os honrarão,
C A.

PARTEII.CAP. XXlV. 3«

C A P I T V L O XXIV.
Da Annuáaçat que o Anjo Sàõ Gahvlelfe^â Virgem
Maria j ÊT* da Encarnarão do Verbo Eterno.

1 ^
Ufpirava o mundo havia muytos ícculos pelo or-
que Ifaac deyxàra em bencaõ à geração de Ja-
5) valho
b« tibi Deus de rotc
cob: I fuípiravaqueorvalhafiem os Ceos graça: que cho-
cJi,í^"'-*7'»8.
veff^m as nuvens fobre a fecura dos campos: que a terra Vir-&
gem brotaíTe o Salvador. 2 Tardara, Deos , fendo taó miferi- i //ii.45.8. Roratc cxii defuper & i

cordiofo, cinco mil cento noventa &


oito annos, & alguns me- ""''^" p'"^"' i"'^"'" apeáatur terra,* >

zes, pelo computo que acima propuzemos; 3 porque (entre j 5^^,^, !«„.,.
*"

outras razoens} devia a Mifericordia germanarfe com a Jufti- •* o Btm raiem.x in Ammt pofl med
"'-
ca, que pedia pena dilatada; 4 a medicina para doença taõ re- J,IÍ:,^,^r:^:SÍ,'t'
belde neceíutava de preparação larga: 5 &
havendo- le de e rabecas neFi os Sanái.fefia da ^n-
fazer homem , naó havia mulher
• ví-Mi
que
^L
mereceíTe fer máy fua 6 """'/T^- ^ „ :
MelchttraeCaUro,navida,0'excelUde
1

he taó facil de contentar, que paga cento por hum: 7 mis ha- n s u.cz pa^.mihi no.
,

vendoem cincoenta &C dous feculos tantas mulheres famofas, 7^'^<»"^.>s'.i9'


r^ cm todas achou alguma imperfeyção i fó a M^r/íZ vio perfey- ''
tiííima, & logo encarnou, tendo ellafó quinze annos, íeis me-" /

zes, òc dezafete dias.


2 Em chegando o tempo, & opportunidade, nem á nós
dilatou o remédio, nem afio logro daquelle ventre puriflimo.
Diz hum Efcritor douto, 8 que como o amor de Deos leva ^ p.^m Ouiihcime i.deUgrandtxi

os Santos em extafi da terra ao Ceo o amor dos homens trou- ^^ ^^«"Mfm Tmiti, difmf.j. yerf.Ma
:

''
xe a Deos, como em extafi do Ceo à terra. Grande exceíTo dc"^""^
,
'

amor, fazer-feDeos homem pelo homem que fe quiz fazer


Deos ! Muy to deve o mundo a tanta caridade mas muyto có- .•

tribuhioem tal Mãy;pois os merecinàétos da Virgem (difcurfa


outro Efcritor grave) 9 nos apreflaraó a Encarnação do Fí-r. 9 P.BemFanand,inyGcner.x.M
bo. X6.n.6.

/
z Em fim paíTou o procellofo
í^ ^ v^n^-^^i
enverno em que nos puze-
raoosprimeyros pays;appareceraoasnores na primavera de
, ••
>)t>

,^f"í--*-
' '

"*'"
&r«cflit: flores apparucrunc in terra
in terra noitra; tcmpusputanonisadve.
~'"" ^'^"^ "«nf/

Maria & chegou o eftio para colhermos o fruto de Chrijio. i o ""•


:

Mas quem poderá narrar fua geração? pergunta Ifaías. 11 JÍÍ"-*-^'""''*'"'^"'^^"^^'^


- Efté Santo Profeta para a profetizar foy levantado fobre os
íJJ-fAnjosatèothronodeDeos, 6c hum Serafim lhe purificou a -
; boca, 12 para dizer que a ^/r^^Ȓ conceberia. 13 Depois o n lfaU.n.%.C7:
hiftoriàraó Euangeliftas com pennas celeftiaesj naó hepara *' 'M^u*
as humanas matéria taó divina : meu aíFedofe contentará com
tocar reverente qualquer pequena parte da veílidura que en-
cobre eftesmyílerioS} 14 &; de feguir humildemente as piza- ,, ,, , »«•».,« Mn«,«v.
c- tetigcrotantun»
j ^j
dasde Vr •. j T 1 T/i L n. t
14 -Maiih. 9.U. Si
outros bícritores, a exemplo de j acob. 15 lito bafta- vcrtimcmum ejus, faWa ero.
rà para o intento de congratular o mundo levantado em Ave 3 " * ^'"- '< 5 4- /«ccJat dominus •
'

^,^^^-1,^
conio
j •
c
O choíavaoios arrumado em £«1;^
meus ante fervuin fuumj&ejioícquac
pauiawmvcft.giacjus.
4 Dií-
3« EVA, E AVE
4 Pifpofta a^r^e^wcommaispurczaqueadasEftrelIaj:
havendo vifto a Eflencia Divina, 6c concebido erpirirualmen-
16 Declara umo, o p.àre Fr. i:feí>h de
t€ o F'e7Í;o Eterno i6 comprind9-ít;pquirtorneí defeusdef.
y

jí/.ii/jr..).'/5/7/.í/fN5./5.c.>.c5-i. poforioscomS.Jofeph, 17 em humafcxtafcyra , iB vinte

f 5, medicinas fe applicaò j dia em que as noy tes começaô a min-


PFr iffphfup.i.^cn «.4.'
guar ^porque quando a kiz crefce com'inha icr concebida a,

i ,.w. .yeruidj.mdedfe. luz quc Vinha allumiar o mundo 19 & dia em quefo-
;J
Vcdro Mexiana Syi». de-var. lií.l^(-it' r^X:TÇ:2.áoG\\omem 20 q fe hàvia dc YCmÍriGal)7'iel jC^llQ ^g-
J9 ^^«•ijM-f'/- I nifiça , Fortaleza de Veos-, ( porque convinha eftc nome a
iV pjaim i^.v.s. DominiTsfortis, & queiTi Vinha anminciar oiorte podcroloem batAlhasj j 21 fie
potens Dorrinuspotensinpriiio. tambcm fizmdca, HomsmDeos, OU Dcos com-n^fco; 23 aqiKm
.-.tz
p.5jy/rfyrIí«£;w«^rf«miJ«t.i.oliuangelhocnama^;í?;(7, 23 para honrar íxxlos os Coros^
c.5.f.9«'6. « . &Hier<srchias a queeftenGmehecoramum> 24. fendo Scra^
xj Lmc.i.16. Aaigc us ^ ^'^
phim fuprcmo entre todos osEfpiritos bemaventurados ; 2c

15 .G«w«»j^«Cjrt^?.í<<rtrwr(.çeippreíidentcdosquelerviaoaAlír^^«íi 26 lormado do armais


jR., As.w»
varfcaternm.
t
^^^^^ j^yj^^ corpo fermefiíTimo , reprefentaçaó de Deos ho-

i7 ?'?y!^^>f^io.».v8.\ memi 27 com veítç branca, &lummofaj 28 foyaNazarctb,


^jWawúdJ'ii.í«<r".io5- j quefeinterprçtai^çyj 29 efpcrançadofruto da redempçaõ,
ii c*wA*^«á' *'°'
^\^^^'.f! f a levar à Senhora a mais folemne erabayxada da parte de Deos.
''^
19 Suprac.i6.n.io.i/.KUx-^^^^, Huns dizcm que no principio da noyte:outros que de madru-
,

gada: tem-fe por mais certo íer à meya noy te,à mefma hora em
^0 Carihag fup.verf.ai^ tandem. quç nafcco Clmjlo, complctos nove mczcs : 50 na mefma; &
p.:o/cphfup.iyc.\7"-i-^9' hora foY prezo; 21 fendo hora dedicada para os mvíterios da
II
*
yiáe infra
'
c.it-7.n,i' ^ " j J r^ r JT
reltauraçao do mundo. Us unos das igrejas que ao anoyteccr
fazem memoria deílaAnnunciaçaó,eícoihemaquellahorade
opinião provavel,por mais accom modada que a da meya noy*
.ç.^i^iXiiítiu... ^
te,emqueofonocccupacsmortats.
5 Éílava a P^irg em na fua fanta cafa, velando retirada , cnt
31 ^evel^.ieSBri^iefal.i.c.io. contcmplação altiílima da grandeza de Dcos, 32 anhclando
Carthag.fup.l yhem.yvcrfporro. particularmcntc a vinda do Mefuas & a fervir a Donzeila de
,

Mllny!mprlf.pM 33 quando, fentindo huma fragran-


§.i6. cia fuavillima, chea de gozo interior vio o Anjo refpiandecen-
^4 \evfiaf de s Brigidajupt. ^^ ^^^ ç^ ^^j^ ^^ olhos corporacs, inas tambcm com os ef-
jj D.thom.d.art.)aàu
pintuaes iLia natureza , & lermolura intellectualmente. 3^
wftiiiqiu-
Âjoelhou-fe o Anjo à Mageílade que feria fua Rainha, porque
entendeo fer aquella para quem no Ceo eflava preparada a ca-»
56 S/ff;f;f e.tiíiiV deyra, que diííemos em outro lugar} 36 & fazendo-o a /-^"r-
^e?--^ levantar (como com levantado cfpirito coníideraó os de-,
votos) 37 deooAnjoaembayxada, èchouveoaltiffiniocol-
loquioreferido pelo fagrado ChroniAa Saó Lucas, 38 que
57 Tjofephi.i^.c Ç, nem lingua, nem penna humana dignamente pôde repetir > a
^% Lttc.i ^^ n.. cuiomvfteriopafmaateiTa,&:oCeo,porqueoienoraoufo,a
er':^ Sfi™arr,entua,.8cc. raza5,& a natureza.
40 Ikc 1 jb.^t— uii.,1 içcundum (j Çomhum, r^fí2-/í',creou Dcoso uiundo: 39 com ou*
verburr niotn,
tro 40 Crouxe Tl/^nií DeosaoiTiiido para orcftaurar.
/vJí"^-/^,

^dfln.ÍHi.t<m Çonfçntoií Man» pepeac Com pureza,& içcmolura inexplicavci adminiltrou a matena
iíiWoSirawiçta. ^ paraocorpode CZ/n/Zí/: conctíbefído-otom ineflavelgozocjc
ília
PARTE II. CAP. XXIV.
alma , foy feu ventre fagrado tálamo em que fe celebrarão
m
as vedas entre a natureza Divina, & humana efta com fua fra- .-

queza pode fofter a]^loria da Deidade. Vio-fe huma virginda- *•- •-' — -^

de fecunda: o concebido teve no mefmo inftante perfeyçaó de


homem em alma, & corpo na quantidade baílante: teve alma '

bemaventurada, Sc juntamente paíliveljcomfabedoriaperfei- |

tareílcvealli tam Deos como noCeo: uniraõ-feduas nature-


zas femfemifturarera: communicàraó-fe entre fios nomes, Sc
attributosde Deos , &: homem ajuntarão- fe mortalidade, Sc:

imraortalidade paílibilidade 3
: impaílibilidade temporali- & : »

dade, &: eternidade: Creador.éc creatura: fraccjôc forte:fervo,


Sc Senhor: pobre, &: rico: pequeno, &: immenfo ; alojou aqucl-
le ventre o que não cabe no Ceo ficou habitação da SantiíH- :

ma Trindade: throno donde Deos governava como do Empy-


reo-, &: o mefmo Senhor chegou à delicia que defejava , de eftar t
comoshcmens; 41 &; particularmente no Ceo daquelleven- a^ Pyo-verh.%.\x. Dciicis mese efle
, n. ^ j _
trç;^ de que goltava tantOj que havendo encarnado em periey-
j I r cum nlijs hominuin.

ção, & podendo abreviar fcunafcimento o tempo que o feto


gaftiemchegarataleítado fe deteve os nove mezesordina-
, >

rios, naó fó por fe accómodar à commum dos homens, mas por '

naódeyxaraquelle regalo. i^ P.FrjofrphàeiefusM.r.dhia.iè


7 Confiderahum douto, & devoto efpiritò, 42 qiiéno N.5./.}.c.7.f«wy?22- «^''«'^.»i''<'«^'^
CtoÍQdXtgxouoPadre Eterno celebrando fuás vodas com ^ <"""^^'<^
Virgem^ & as de feu Filho com noíTa natureza o EÇ\nrito San- ; ^
to enriquecendo có feus dons a humanidade de Chrifto, & fan- '•«

tificando novamere a Virgem-, &c os Anjos feftejando as folem-


nes vodas de feu Rey. Alegre- fe tainbsm a terra na lembrança
detamaleffredia, emqueoFilhodcDeos fe fezfilhodoho-i ^ ^, ,rn ,

-'""**
mem,paraíazerohomemh]hodeDeos. 43 wej.
-'«r-"^

C A P I T V L o XXV.
Exceliencias , fy^myfierios do Avc^ com qr4ú o Anj(^
faíídoíiaSa}iti[fmiaY'n'gcm«

X D. t/lu^. apud Matute froftp. de


1 /^^ Lume da Igreja Santo Agoflinho advcrtio,que ^^"''i'^f'''"^^vf •4- ^9.1» yí«f.
I

'
Wfallando Anjos a mulheres celebres na Efcritura \ 2p.riJer/»ír;ÍL./,i.í.«.,68.
fagrada, como a Sara mulher de Abraham , & :imay deSam- syheyrainEHangd.tom.y.i.i.c.yq.ix.
fam, 2 as não faudàrão, como de particioantes por £•!;<?: &: 4 i^^i-is. AvcgratiapIcna,poml'
* iiuscecum: bcncdiaatuin muiíeribus.
c - /^ 1r j•
c- n-
Liabriel laudou a Mana bantiíiima como exceptuada.
1 /r -\ 1 •

oao ori^en in Luc.homii.e. Angdus no- ^

2 Outros muytos Doutores noíàraó as palavras com vo fermone Manam làlutavit, quem b
1,

m.e o Anjo faudoí, à Senhora, q..e foy Ave chca de graça ; 4 S'„S
''[l X^-.r;:: foi!
:

iaudaçãoque o grande OrigeneS , comummente, 5 diz que Manje ha;cíalucatio fervamr. Seqmntur
foy nova,refervadafóparaM^rw, &que em toda aEícritu- ^^«•'•«'«•f ^.f^/?^^y;v<>''^'^-í-^i-«49.
ra nao pode achar kmelhante mas accrcfcenta o venerável j,,
i

Dd Bcda,
1

3i^ EVA, E AVE


« 8e<UhomHde,Jnnuhf.OaxCAim t>,,^^ auequnntoera mais extraordinária, tanto mais convi-
fchtum cít BcâtjE \unx àiiy.utx cóo ahi adignidade da l^iTgem. 6
gtu . :^ Porque -í^w, notaó os Doutores, 7 lendo-Ieaorevez,
"""''"""'
á-^ "' tima letra para a primeyr», diz &.. ao q ue allude a San»
, jir .; 1 ti';/.;
" '"
;

Syhfyrad q i;. «. 49. Litéris invcrfis f:a Iff reja eíTi huni hvní no, f(jy fignincar que Maria he hiía £x;4
tccliu idem quod Eva. Ad c^^oJ aiiad t ^^,^7 3 ^{-|]f,^^ g^^^ caufar ao muodo eífcvtos contrários dos

yomtn que £T^á lhe caufou; 9 como em obrar acçoens contrarias.


8 com hum Anjo mào , de nofla ruína MmiatTãCcu
P "foftphdcicf.Ãíiy.hiíiJirngJ.i £^-,nratou ;

clfitlUcarc n Ddppul ^.^0^.4. com hum Anjobom,de noííafaude. lo £i^^ oufou fa] lar coni
9 ptrer fiíi^r.Gzhitécm diYiiicci Ave, huma ferpcnte: Mma fe turbou do que lhe dizia hum Anjo. 1

coda a razao: 12 Maria


rLr;Si£';Í»;;.a"Ei;'"' Uva deu credito à rerpente contra
L tius D Bernaríf.incpere deprecutor i bufcou rszaó noqUeo Anjo Ihedille. 13 hvã ícz gucrra ao
yiri.poliíerm.ps^n-.mmjsmm. marido q devèra aiudar: 14 Mana na duvida que poz cuydcu ,

Asit cuoi Mina A^aeius de Giute, quia


da honta do Llpoío. 1 ^ Evã peccou px)r inobediente; A.V/á
cu^n Eva "igeluscgeratderuina. mercceo pela obedícncia. i6 £"1^^ quiz fubir a Dcofa jt :

nV m'T^'^';?'*SrVí?.,,. A/^n^ íc humilhou a efcrava, fazendo-a Deos fua Máy. i8


CarthJ^^•l de jro}>,.Deip.p*i. y Bo>r.u.4. Cohi grande humildade
l: íe elculava JVLoyles de CapitaÓ do
Mrfiitiamc.udwed oovo TSaõ Toaó, de bautízar a Chrifto Saô Pedro, de oueo :

Tiiibau i^ inlérmo-ecus. '


i.ií.1.79. clt n7 rr
1 ^ j
' ^ r» -'

iz D.CMjA'//.ii'a'/».i(;.Gf«.rtd,«.--(i. JcííÃí^rmelavaíleospeSi 19 mas todos accy carão, peito que


ij L.'.'f i ?4 Quo! odo he líiud.? por obedecerem: a /^/r^íwKam bem aceyf< Al porém com ritu-
j

i„A;L''^ít«t:::,r:í,t,í-^l>deefcrava 20 £^., affiaandoaqt,elUd,p,d^


esuifidiatr'». Aw/^còm a dcclcrava ic Icvantou , porque íe alguma hafe-
IS D..^than4fem drs,>^sí,s Deip.r.
.-nt^lhunte à de Máv dc Deos, he a de fua efcrava. 2 1 £1;^ final*
HiTuat Vitsro utpoic , .'d iLituraiii rei- •'
.,.
rr •

piciens a dcjokphcos>ta.s,c.;dcipó. mente cooperou comoprimeyroAdam em nollo cativeyro:


r«acraf /V/ímcoopcrou com O fegundocm noíTaredempçaó. 22
..:.%r»íir;°''?>:-fSlo£ 4 T„do.ftofign>f;coua palavra^x;e,nasinterpretaçó=s
Dominijfia .tiihiíecuiidumvcrbu.-ntuu. quelhedaóosDoutoresj 23 dizem q heomefmoq<ímí'z7/í'j
17 gm.; 5
E.iíisiKL^D).
^y(?w«(?í^í;/<?^«/p^:Sc£^'^foYaprimevraculpada•,omefmoque
•'i'f £yoJ.vM..4íúí/íj 5 u p.n.n mgeytiârnúcnas-,hQvoz d'ZÍãU'-
6. Gãj/de, alcgrnyvosM Jivatoy
10 Wú»<i í//7feíjja/ no Fios Sana /f/ij
djçaó ccleftial : & £^'^ foy condenável
j he palavra de dar pa-

^'uNouVvltmem, Barthoicmeu do vabcns: ^ z Evd fedevèraópczames: annunciapaz &c Eva :

^icntii, ns >,.cdtãçoens da infância de nos fcz mortal gucrra com grande propriedade (diz o grave :

chr,jLmed;t6po.toi.
Hiíloriador Carmelita) 24. naõpronunciouo Anionalauda-
- ar.temed. ' Ç^o O Homc de Mana, lendo tao lagrado , porque o Ave cbeya.
^^- zr, DThQrA.inexpofttflittat.t^nzei. ^^£r^/:^erao nomc quc mais coHvinha a eftc mvftefío.
D Grcior.Mi]'Lr.t de N.tivh Domin.':^ Scjais ffluy to louvada, yíve SanííJ/íma,Ave Real,Aguia
')

D. Fuilent.ierm.de laud i^irg. gencrofajcm quc ftiperiormente concorrem todas as qualida-


iuthy,n^ a- a-if apud Fr.M dciefus
j^^ in^^ftres da Rainha das aves. Sois Ave própria do foberano
Syivcyr.dq.xi.».^. Jupitcr; 25 aquc voais maisalto: 26 a deviítamaisaguda:
zi p.Ft.ioft>hdi7,.c 17 n IO.
27 que da terra olhaftes firmemente para o Sol Divino íem
S.ftulu liía i:^uí pcdíbus jôvis afmiger
cegar: 28 quc pUzeftcs no lugar mais feguro & fublime o ni- ,

onris nho de voflbs penfamentos 29 que naó foftes oíFendida do :

J„»!TÍVd";TrFt"iSr"y°3odoPfccadooriginal:foisprognofticodefc
ly H>r)ti.\.Scm.s.ity:^. a todos a qaiuftis: 31 inimiga, &: vencedora do DragaÓ in-
iconmi v,cjsumccrt.sacutú>fernal:
Cirrina 22 infienia dos Eítendattesdc Roma Catholica: 22 Sr
tx chué^^n lih.i I .
/« prjfut <o»fuUt. por todas as razoes Rainha das aves , 34 que na Igreja fao as
a.wij. Parvos nunc Acj-jihs f^scítcdu- almas com azas que voaó para o Ceo, como Euchcrio 35 cx-
«= .eía,.us. Ante hdcm íoi.». ^j-^^. ^^^^^ ^^ ^^^^^^ j^^^^^ ^ ^ C7:>nT^ Scnhor Hoflb châmaraó

águias
FAi>.i ii 11. Ly/\1.AAV- 3i5sonanimaÍi alfnoií.Iotííííaltieratina,

águias às que voaó mais. 3Ó Com myftcrio vos deo o Senhor «'^^n«°n«'» '^ 'o'?"' «d-^^cndc />;,../.

por filho o Euangelifta Águia. 3 7 Mas


fois Águia com as ex- i,* /oi ^9. 17. & ts. Aqmbin atdms
P°""n''l"'"' &c.
cellentes qualidades das aves mais infignes. Principio da pri-
maveradeaoíTafaude, 38 como Filomena , 39 feliz aufpi- g^,':;S;.'td^^^^^^^^^^
cio nos mares de noíía vida, como Cifnej 40 pródiga de vof- En alto poncníUnido,
Po^qu^í^^ m« defendido.
fo lano-ue com os filhos, como Pelicanoj 41 íVmbulo da dili-
genc\a,Sccaydado, como Garça) 42 eitudioía da limpeza, ji QumfirMitro^i.ixt. Hinon.it
como Paváoi 43 amante , manfa innocente , como Pombaj ^«fr<.<i amoux Pimi.ia.pojic 5.
,

4+ exemplo da fidalidade. como Rola; 45 em todas asper-„'l^;jÍ'l'i; ',';.:5;P«;,;r.:


feyÇOenSUnica Feniz. 46 ExPUn.Henrk.Sclulenj lArofherifm.

6 Como ° ^ 40v^f>^/í sigo» '^-^


todos fe turbaó aos vitupérios
^ , vós fó vos turbaf- * * ^^í " , '
»

, 1 . . «cus belli Parchus Romana umrbat,


. , .

tesquando vos louvou o Anjo^ 47 mas permita q vos louvem RomanKqLicAquiUfioniíerhoftis nt


os homens com fua humildade. Sem vós, Senhora , creou^''""-''^'"'^'-'- "^'"«taefuiicieiquí-
Deos o mundo; porém fem vós o não reftaurou,- efperou o Bat
de voíToconfentimento para fe fazer homem. Chegouadizer }4 fUn.d.i lo.cap.i,.
tX^^
X^S^ZT^t""
Saó Methodio Bifpo que fendo Deos acrèdor de todos , fó ' ^'';^''"- "H ^j"-"" ^'
"""' '«
^ «í.
,

he devedor vollo, 48 pelo lagrado corpo que lhe deites. 49 j<{ /y^;. ^o. ,«jí«f. Anumcnt pennas
Que bem trocou o voíTo Ave o nome ácEva! ella nos arrui-^^utAqmisjcurrcnc&nonlaborabút:
nou da graça à culpa , vos nos levantaftes da culpa à graça; ella ^XiZJíl^^J^
.tt
máy de miferias , vós de mifericordias cila nos gerou para a gte^abuntut sc aquilae. i{epetif Imcij.
:

morte, vós nos regeneraftes para a vida.' nellâ fomos vencidos,"'-'^'"* « , .

em VOS triunfamos: por vos lubio a natureza humana a tanta js c<»«t;c.t.ii. Fbresapparucruntin
grandeza, que pondera Santo Agoftinho, que hum homem ""» no'^"-
hetamvcrdadeyramente Deos como toda a SancillimaTnn. ,;;'/. pIc^Sc i:?cScTnma.«L*
dade. 50 Bendttafois entre as mulheres: & bendito he.ofruto ^oyirg.^md.io. Aípiccbisfc.ios
Iztantesagmmccygnos &c
doVOÍToVentre.
"* JJ 41 Diogo áe tmes, hiji deaVes^CT

' •
*"* ~~ ~~ ~ "
——^_———
— «
animA.i.4i pojlprine.
^j Díoi^o de Furtes (l.LxtC.tt.pcflprinc,

CAPITVLO XXVL cap.i9ponmed. P.Sandxuf, in aviaria


Maria». orat,6. Mafu furificat. paulo pofl

CotnoaYwgcttifoyvlftar a Santa IfabeL 'TocSo-fi 44Pro/)ífr<t- Nonmcchaoni^svin.

algumasmHlmiasdograndíBamfta. SiS^Kl,""^.-?''"""'"'-"'
45 \u\enãlfatyrA.
^^ Tcllere dulccm
l y T Avia dito o Anjo á Virgem na Annuncíaçâo » t
Santa Ifabel fua prima coirmã 2 tinha concebido ";|"°-
queCogiwt haercdem camatus
Turture
-'"?«''*''«''' ^•^"«''^^^^^^^
JlI
hum hlho,8c andava em feisraezes.bltetoy João, 3 oprote- Tortoriíiagcmidora
tizado Precurfor de ChriHo. 4 Quiz o Verbo encarnado illu- Ç^P"^^° =' "^"^o à^\^trx^
ftrallo com fua prefcnça no ventre da mãy > & livrallo do ori- ti r^moi dcaqwl
cfprcí.
ginal peccado, por tomar logo poííe do ojfhcio de Salvador. 5 4* Plin.hin.nat. i.io. cap.i, k prUci
2 Moveo o Senhor o zelo da Firp-em , poucos dias depois f" ^"7"" "'"l"" "r^^^^i^"- '

dc haver concebido, a ir viíitar a b.ilabellem dilação, para CO- 47 Lw:.t.x9. OuscumaudiíTcctoí»


raunicar com ella as mercês de Deos q lhe foraóannunciadas, ''«•eí^inícrmoncejuí.
&clouvaremjuntasfualiberalidade. 6 Naõreparou acarida- B^' '.^"^'SÍ'!^™!,™--
deda «Víw^or^ em quebrar O retiro em q vivia, nem no trabalho pcrhabcs. CitcrisDcus mmuatur. m
do largo caminhoj donde notou S. Bernardo , 7 quam alhea "'T^LT ?n"' í''"' ^ . •/, / y

Citava das altlicçoes q as ninas de luva tributao aquelles prin- pandnzt de u smiginid Túnità
áft.i y
cipios depois de cóceberem. Alli começou a trabalhar nos in- verf.Maperche.
ftrumcntos de noíía redempçáo. Ddy '
^ yi-^l^^jS.c::^^^
"^'''''^'
a
,

Ii6 EVA, E AVE


L
*
ít írri^'^^*^'^'""'' V^^^^ S^"^^ ^^^^^^ co"^ ^e" ^^^^^^^ Zacarias, ( hum dos
3
^
^ MaUch.s.i.' vinte &
quatro Sacerdotes qne ferviaó no Templo, ) 8 na
^"«^•"•'o- Cidade que oEuangeliila Saó Lucas chama por antonoma-
i«c. 1.75 £7" «,7.17. r j rriJJ<^tJ^
^Csrihj^^in.dearcanD:ip.pA.Iib6.n^^(^i^^^edeJnaa, 9 porque kgundo gtavcs Autnores,
ai
h.m.^vcrj.cítermi. IO cra HebroR nas montanbas de Judà, inllgne por anti^ui-
pjX*rJi!r"-v'^"í-^^^ & por haver lido habúação de Abraham ,Ifaaè,& "
7 D.Bernird.in(erm.figmmm ^.mm. Jacob. 12 Diítava de Nazareth, moradada /^y;^^;^/, tíinta &
i F.syheyraiupq.^. duas, OU trinta &" trcs leeoas. 12
10 5ymjyr.a<:.6 99. 4 ChegadaaA^r^É-wco leu hlpoio , (queaacompanhou;
Melchior dt Cajir.hift Firg./.i.c.é. j^ ^ cafa de Zacatías, & Ifabel, faudou a Senhora à Prima , di-
'^''"""' "''^"'
zendo. (fegundofe entende) 15 P azfej a c om-vofc o ; ou Paz
U\]Ít.Í'J'^'''
Ror Scoí^iius Cat cenf.hif}.
t à /7rzmcr<l.y^<í wc^^í? f^/^, que cta a faudaçaõ coftumadaentreos Hcbrcos,
EccieffiU.yrjt^imque adulta
II fofevh de atiUQ.l.i Cl 6. & de bel. ^ r rymandou
j^ daGual C7;n'/?<? Senhor noíTo 17 a feus Dílcipu-
nide que elle 11 r r a o í- •

^udaici-sc 7. los que ulaílem , & melmo ulou. lo bcntio Santa


IX D tíkron.et>.x'j.aiEii^och.c*S' Ifabel,que à pronunciíçáo deftas palavras fe alegrara o mcni-;

r rl£/«prV^ "
'^'

no que de féis mezes tinha no ventre, dera como faltos de. &
Q^uhagen/fuprai^.hom.io.verf.TertiszlQ^riz. 19 A VOZ da /^r^f^/í infundioconhecimento noque

r^^'"- ç , ^. apenas tinha corpo: de feu ventre nafcia funte para regaras
'*'"**
^•fl G$ro d C.6.
'
plantas do Parai/b 20 & aquelle nobre cedro eftava mu yro -,

p 1»feph fiip,(/.c.iz.n.^. chcgado, por muyto parente. Se Abraham fe alegrou porque


cm profecia vira os dias de a:?r/>; 21 como naõ fe alegraria
Ltít^w.'^"'^'"'^'^^"'^*
^"ly Matth.xo.it.Luc.io.^. Joaõ vcndo-ojàchegado cm realidade? Se dançou David di-
i8|m«ioz6. antedaArcadoTeftamento, 22 figurada ^/rg^^wí, que en-
11 Gen.l.To. cerraria o Meílias: como não dançaria o Precurfor diante da.
»i ^<""'-8 sé' verdadeyra Arca virginal, que nãoencerrava reprefentação,
tx i,%.6.
^^^ omefmoMeflias? Se os povos Septentrionaes que tem
noy te continua féis mezes do anno, quando no fim delles lhes
chegaoSol, ocelebraó com danças, &: outras feftas: o menino
que havia féis mezes andava na efcurjdaó original , como naó
feftejaria o Sol Divino, que lhe trazia a luz da graça? Portento
..j,, fora não moftrar alegria. .^^n..;
^^^,Ai>uds,lméyr9ntm.ytran.io.
^ Gravcs Authcres 27, dizcm, quca^r^/watraçandoa
Santa Ifabel , vio o menino ajoelhado diante de Chrijio, a &
C/:?r(/?(? em humthronolançandolhe abençáo, & dandolhe
íantidade.
6
^
Santalfabelchea do Efpirito Santo exclamou em^ voz
| l

zhz: Benditavós entre as mulheres, ó-bemdtto ofrtito do vojfa


'- .. ventre. Donde mereci eu que a miy de meu Senhor venha a mim ?
,

.'. Tanto que a voz de vojfafaudaçao chegou a meus ouvidos , o me^


»=" ninoquetragonoventre faltou de alegria: é^bemavgníuradafois
íA Luc.i.41. V .1 g'«í creftes: por quefe comprirá tudo o que vosfoy dito pelo Senhor.
«B3^->'i .i.iiujs- \t. 24 FoySantalfabel a primeyra que chamou á Virgem M<?/
íw^;h«T'
deDeos.
r /,í'-fí,.AL^.n. .. T„^r 7 Coftumavão os Hebreos mais fantos compor cãticos
7^6 DilJtmosn.i i;'.c.t}.».u.fl«íewíd^ Dcosquadoreccbiaoalguamercegranaej 25 ccoscatavao.26
éi ^^^ V ..«VA«3 .V 'v 7.
*
Védoíe a Virge taó exaltada, rõpeo no excellétiilimo da Mdg-
i .
;v^ iia^nt fc*«^Ai
'
-
vijícat em q louvou o Senhor, reconheceo fuás mifericordias
,
J^
..»5.Tík.j i. .^o.'^.^ o; admirou feus altos juizos, & deo graças pelocompnméto da
PART. II. CAP. XXVI. 3»?
promeíTa doMeílus. Cântico taócheyo de niyfterios, 27 & ^^ DdlatrataS/arg^mmeoP.Fr.te^
em idade taó tenra, bem moftra Ter infpirado pelo Eípirito Sã- fiph Ili,.c.i's tomos ff^mnes:
to. A ^/y;^^;« o cantou em voz muílca ( Jequeaprenderiaó os ^^^'J^^^T^'"''"'
^'PP-:-'-^-kom.

Anjos:) era o cântico novo, que defejava David em inftrtímé- is n.i i.f.d.c.ti.n.i(>.&i4.n.io.
? rode dez cordas. Em outro lug ir fica dito 28 largamente.
8 Teria Saó Jofeph fémelhantes faudaçoens com o Santo
Zachariasj& detédo le alli ppucojíe foy a Bcthlcm fua pátria^
que diftava de ir/e^ÍTí?» menos de quatro legoas, deyxando a
Virgem com fua prima como com bons fundamentos parece
;

"'''
aodoutiílimo Padre Fr.JofephdeJefus Maria. 29 Qiiafitres ^
J^ {!^'^\t!''^'''^^'^"^
inezesefteveaiS'í'»/:'í?rí2naquellacala, 50 que foy Ceo com a
aíTiftencia deJefuSi Manajjofeph, Soo Joaoy Santa Ifabel ,ó'ó
Santo Zãchartas. Qiie devoras fe entreteriaõ as primas em col-
loquios celeíliaes í E fe a voz da Virgem na breve faudaçaó ale-
grou logo tanto ao Menino ainda no ventre, que eíFey to fariaó
tantas vozes em tantos dias nos domefticos dae^uella cafa .'

9 Chegava-fe o tempo do parto de Ifabel, & era coftume


entre os Hebreos naõ aífiftirem donzellas aos partos ; até das
cafas próprias fefahaÓ, por naóeftarem a ellesi 31 &oretiro '' Nicephor.Calixt.hip.EccUf.l.i^.t

da F7>^íw quiz também evitar o concurfo de parentes, Sc ami-


gos em tal occafiaó. Pelo que pouco antes delia, vindo Saó To- .vvar^tj. , .

lephdei5ethiemparaaacon;ipanhar, 32 íe tornou a j(r;^í7íírá


para Nazareth, como he opinião mais certa > &maisconfor- ^^ iHf.i.

me à narração do Santo Euaneelifta. 3? mephor.infrà.


^ ,

10 Iguaes ao golto na preíença feriao as laudade? híí def- apuAMdcmordt Caj{,od,c. t.o-B.^^^
pedida. Se tantas profperidades fe feguiraóà cafa de Obede- /ffiSx'-^ «^-^í «»• 5

aon, por eftarnella outros três mezes a Arca do líif^Ãor, 34 34*'«<S^'**?


que encerrava as taboas do Velho Teítamento; quantasmais òf.-^-

deyxaria na cafa de Zacharias a Arca viva que guardava as ta» '.*A'^'-

boasoriginaesdoTeftaniento Novo.^BaftoUpwlamayordey-
xarlhcahonra dehavereftadonellaj Sc deyxirlhefandifica-
do hum filho, de cujos louvores fe dignou C6r//?<?fer Prega- ,

dor> 35 & depois de Chrifto fò a eloquência deoutrojoaó


H DZn!ch,y/,ff. hm.U.d,ím.
Chryfoftorao o podelouvarj 36 diz tudo quem diz, y(?áí 54/>í.j»/>rw.wwa. ~ "

Bautijla.

C A P I T V L O XXVII.
;x,«5ÍI)

f^omo J. Jofeph foube que a Virgem havia comeUdoí


^ocaô'/e algumas exceliencias defle Santo ; &* co- *

mofe celebrarão entre ambos as vodaí*

i "DAífado o trabalho daquella jornada, entrou a i5V- .. .:- t-


1: «Ãor^em outro mayor. Moftrouotempoqueella ,^3;!::^'^^f"^^-"'t'^'^
concebera, & fu fpey tas d UvidofaS I COmb^ithriíÒ (eu E{po- Maldonad.iniMatth,verffentíhàa» '
a.

ÍQ S. JofepJi , que naõ tinha parte no fucceíTo. Naó foy muy to


(-'--
Ddiij que
«

348 EVA, E AVE


..,^-r . que diividaíre,pois a mefma Virgem naAnnunciaçaõdoAnjo
1 Luc.i'. ?4. Quomocjafict iftaá , tinhaduvidadocomo pcdcriafer. 2 Grande cpiniaó tinha de

.
--,
. ., .
contra a natureza, .(—.íí;

j
C/íw.8.6.Duraficncinfernussmu- 2 Em tormento que
Salamaô comparou ao Inferno,
5
latio- quem foube diílimular , fem romperem aççoçns de furor S6 .<*

a prudência de Jofephdeo lugar àconfideraçío. As apparen-


«çiasaccufavap.-arazaóabfolvia, eiidindoíe a fafpeytanaex*
periencia da fantidade de Mana , &
nos myftçnos que o Ceo
4 5«fr.£.f..i.é.««y?fí.í--vV»* Eioílràranosdefpoforios; 4 alfimdifputava aopmiaõ o qu«,...
via ; & o brio, & o atnor pugnavaó em duello, fem a algúa par-
te fe inclinara viftoria: era Jofephmartyr de credito 5 &de
amor que he mais que da vida
5
para com os eftranhos feguro
:

eftava o credito, pois o defendia o matrimonioi mas o fofrimé-


tooarrifcavaparacomaEfpofa, que valia mais que todo 9
mundo:&: para comligo melmo, devendo a honra mais à conf-
Sf«ff.í;>//7.43.'»./r«í.Otemifcrum^,jgj^^l^
5 própria. < Occorrialheaufentarfeoccultamente »*^ii»
fem
li contemnis huiic teltem. , Vi -iji
celebrar íolemnidade de vodas (porque lo
j/ r ^ ^
com os defpofonosf ^

^^•'
tinha a Efpofa em guarda, pelo coftumeqjàdiííemosi 6) mas
é s„pr <r.ij.«.i. fentia apartarfe daquellacompanheyra cekftial. Nefte mar
7 Míub.i.-,o. Hsç autem coccgi-
fíu£turvafem fereíolver. 7
T^'<hanlsyiv.yrainEu.ng,om.i.u. 3 Qi^m podeià enganar hum amante ? difleoPoeta; Í
c.io.g7.ni8. no,roít,olhcvioa<3>«!/:?í?r^
.
ocoraçaó, padeceo com clle as &
8 ^r^'/ c>«e/á. 4. Qslsiãll^5?offi«niefmas anciãs. Naõ Ihehaviacummunicado aAnnunciação
..;„-. ^^ - .>.oi, A^ , do Ai>jo, por hão ter hcen^a de Deos
que parece quiz dar a
'!ví'-S* * .,,.

"

Jofeph
.t o merecimento
ftJ-^ ideita
\ occafiaó,
1. 6c também (diz S- J oaa-
,

**''^^*^''
'^ Çhryfoftomo 9) porque em tal matéria era fufpey ta fuare-
DCh fnr
loSyivlyrjJ."o'<ixoj>.^6. Igç;íôvdey2(,ava tudoâdifpofiçaó Divina. 10 ,;

ViihfgisnoFLosSana vidade s.iofeph. ,

^
isicltc aperfcaaniiiiou Oi5>;//^í?r pot hum Anjo, &fere*r
folvQQadefcpbiiraq Efpofooquepaííava^ôclhodiflcj conoq
,T i^.v.7;^^.5jír,:g,J.u.c.s9.er
^"fí^itia^^^^y^^referip a SantaBrigida. i £ Via elle q^etal
/.7.C.X j. teltemiinha merecia íe em cauia própria , & as profecias > &
... .*^;"^"*\^<
, .
cireiínftanciasantecedentesaabQnavão: que fe devia mais cre-
..>«iTV" . ditOva hpnelf idade, que ao ventre
.
• que a graça vçncia a na^
.
•,•
^
tureza, mas o eílimulo da honra ainda picava, & naó acabavad.
de ceifar os temores, ate que o Senho?" quiz por hum Anjo con*
ti P.Fr Jojeph ãelefus Maria nahjl. (^^^^ll^j^^ç^^^^-^.^-g^^^^^^^^ 12
''^I'íkh?ortcaihl'nayid»,0'fx, 5 Gabriel 13 Iheappareccoemfonhojfdor- O AnjoS
çW/.íidí^'-^/) \-c.f>. mia Joreph, porque aos Santos não dei velaó cu y dados: defcã-
14 Gí«.i8.ii.t^fl.2.7.
ç^prcrignadosem^QeQs. &í^ílim negoceão, como Jacpb, ^
S. Pedro.) âiílc-yojepíofihadc David ,nãhe/?-msrec'e'
14 èí
bera Mm-ta vojja tnuhher ; porquê o que tem emfen vtntrt ht úbra

do EfpiriíQ. Santo ; pariri hum filho , lhe pçr^snit^neyesvsy &


porqnehadejalvar ojeupovo defeuspeccãdos. 15 Chamoulhe
infinuandolhc as profecias que diziaõ mf-
li fZuChrJfçlJfrm.^i^yfoffwci.^f^^odep
Sicu:ergo,mancine virgine, mdtereit:ceriaoMcílias daquclla família ixhaiHou à Elpofa Mulher^
t,í»cc(a;^(^AÇ«,çvií|<^ljP^cm,ar.cuic.
j^oílrando que como fe chamava mulher, fendo Efpofa, aâira
er^maypíeado Virgem, ló Eçxr^ihecpmjuetterairappiiçãa
PARTE II. CAP. XXVIt. 1x9
^o nome, que hedireyco paterno, 17 lhe deoahonradepay: jj D.chryfoff.fupr:
com razaó pois er» Eípofo da Virgem , & fe o Mcllias houvera is '^Jfm o coní,dera o P.Fr.Mawddo
fojofeph o merecera fer. 18
na terra, '"''""*
de ter pay "^^/ÍDrX^^r^^-
6 Defpertou jà livre de duvidas j que a tam grande Saato 10 Matth.i.iycr 19,
baftava fonhar que o mandava Deos; 19 6c por iiTò os Anjos
lhe fallavão fempre entre íonhos. 20 Levantou-fe cheyo de
«FQZO, por favorecido do Ceoj livre de cuydados , confirmado
napoííe do thefouro virginal , gloriofo na guarda daquella cô-
c^vçum Divina,confolado na redempção do mundo. Que pra-
...» ticas teria coma
Virgem \ Qiie louvores dariaó a Deos / Que
parabéns reciprocos hum ao outro.'
logo a folemnidade das vodas com
n
Af-j«fc.i.i4. Accepít conjugem

. 7 Celebrou 21 ver- ^"^'"o ,^ ^ ^ ..


dadeyro matrimonio rato: 22 ficou na dignidade mais âitây a- ahp p ^^ofephjup i.z e.^i,
marido de Maria , & Pay putativo de Chrijio. 2 3 Continua- ^ hi^^v^ c. o. q.t.n.4. <^

^''
raó aquella vida Angélica de q nos deípoforios fizemos bre- l\ il^.".tj-M."^"'
, '

vemençaó: 24 accreíceo (difleameíma/^r^íwí aSanta Bri- ^s ^fvW^í«ÍfOn^í</.á./6,f..jj!*


#»#gida) 25 huraaíantacompetenciaem fe tratarem} porque Jo-
,-
( leph fervia à ^^r^e;^ como a Senhora: & a Senhora fe humilha-
ra a Jofeph como a marido nunca o refpeyto fe veftio de con-
.•

*
( fiança:
fempre a confiança tributou ao refpeyto. Feliz matri-
• ( lyionio / aonde o dote eraó virtudes: o vinculo, puro amor: 6c o

^ irutofoy C/;r//?í>.

C A P I T V L o XXVIIL
Como a Flrgem Bethdempas
comfffu Effofo for ao a
rafe aliflarem conforme ao edi3o do Emperador Au'^
gujlo Cefar, Mojira-fe o cfue continha c edtão, E tra^
©^ coryio
I . tafe cjue coufa

osanms.Dd-femtkia da
ke Era , for dlafe contàraâ
occajtaõ porqíie osRoma^
fios entrarão em fudea.

X áT ^ Orria o anno cinco mil cento noventa & nove da


\^4 creaçaó do mundo:dous mil nove centos cincoen-
ta &
fete depois do diluvio univerfal: quatrocentos cincoenta
4c quatro das hebdomadas de Daniel fetecentos cincoenta 6c:

htres da fundação deRoma:terceyro da Olympiada cento no-


venta 6c quatro, conforme o computo Ecclefiaftico que acima
notamoSj I quando Augufto Cefar , primeyro Emperador 1 Sufrffx.iéM.i^

Romano, mandou que por todo o mundo fe aliftaífem as cabe-


ças de familias fugeytas ao Império, nas Cidades a que perté-
ciâõ , 2 para final de reconhecimento , 6c pagarem certo tri- » Luc.x.!nfrim:
buto,fegundofuaspoíribilidadeS}entende-fe que osHebreos
pagàr.ôameyoficlo, 3 ôc cada ficlo valia oyto vmtens dos
iioilos rortuguezes.
lí^;;^;^^,,^^^^^
t
> .
.

4
z Paga«
jjô EVA, E AVE '

ragava-reporquinzeannosrepartidos em tres partes,'


í-

que chamavão Lrjiins^ ou Çlinnarios, No primeyro fe pagava


em ferro para fazer armas: no fegundo em prata para bater
moeda: no terceyro em ouro, para meter no erário, Sc para íl-
mulacros de Deofes. Acabados os quinze annos fe fazia nova
5
Diogo Mnuit! de ?tmfici , naprojkp. Ufta, & novo lan çam cnto. 5
àc<:hnpo, Idade I c-s § ?• ? -^ ^^^^ nova liíta chamavão Defcripçao , porque íe ef-

6 ciofT.wh hdiãioncincap.ittfiom;^ czo: oulnaicçadi 6 que eraomefmoquedenunciaçáofolem-


«f D' """> 1 <•"'/'• ne: &
fe vieráoa contar os annos por primevra, fep;unda,& ter-

/D Jutke.t.utpr^fon. mm. Impei $. ccv ra IndicçãOi &


allim pelas mais: &: nas elcnturas publicas fe
wdeí^ cmns^cotiat.s. dcclatava cm que /«^Z/fcIo craõ fcvtas, 7 como hoje fedecla-
tord.nnoiir.uu:.io.^.r
ráoosannos. 8 \
* ' "^
4 O
tributo fe chamava c^/Era , de c/£'i' , que figni-
»"- ^m
^ ,^ . , , . o metal da moeda; o &
ficacomo foy tam folemne, de feu
^ ra {iii^uiorum aiu.orumconíiítctatft pfincipio íc começaraoacontaros aunos, IO dizendo- íe: ^í7í
à cxiarc Au-ufto c,uando ptimoceii tantos ãTinos dãCTãde Ccfur como qucm dizia
, , Aos tantos an- i :

fcnpíit, d.aaauc.m ara,nucd on^^n.sot- "OS dcpois quc Cefar poz aqucUe tobuto.
bis as rddcre pro eiiu^ cft Rc-pubiicae. ^ No que hc de advertir, quc muyto antes da defcripção
Viáev4cum^uLhronH,j}^omx.c.^^.
S. Lucas II diz, que Augufto mandou
\o CalepiK.inaiâ onar ver bobara. 1" O Euangelifta
Q^e fe

Afirclo^iquoqur initiiim à quoíuppu- zcrcm todoo mundo (que ie entende do Império Romano)
""*«"
fa-
jjT-r»
txiav.t i,uipiunt,<eraOTvocant,diaa<fr<i
naoccafiaóem quc nafceo C/^yv/^íi Senhor noflo, as havia man»
excoquodoiniiisorbis a:s reddere pio-
Mm Re-pubhcx.
, r , t> ^1
dido fazcr particulares em muyras rrovincias logo nos pnn-
• • 1

yiner.tnEnchhid tempcr rfuiPetr.Me- cipios dc fcu Imperio , como notàrão o Venerável Beda, &
Santo Ambrofio, & reconhece o doutííTimo Maldonado. 12
c.,6.
*^f rj.rí'^^^
M BediinUcr s^athancdcfcrip- Lcmos quea houve uas Gallias, 13 depois que Augufto ven-
5 & Antonío, quafi trinta annos antes de Chriílo.
tionem vd pr.mam ciie harun ,qua:,quia ..^^
^ Lèpido
r t
toiuniorbem cnn-lulenr, pletsque)am , .^ j
pa.tcsteirar ie;;umur fuifle dcíbiipta:. I ambemlabemos queaunosantcs le contava ja por eras em
D Ambrei. ibidem At picrafque ja.n Hcfpanha, porquc Auguftocftando na Cidade dc Tarragona
Çru^imTlXnl^^
"'"''^'^'''^^^^
"ão a houve juntamente em H
Mdidon.Àointderr-c^xLuc.n 6. Judca, & outtas Provincias Oricntaes, porque eftas dominou
ifciíor m Epnomei.^Y
I
^ Augufto maís tatdc pela oppoficão dos matadores deJuhoCe-
jcafiVaitmiup.brnioMonauh.Lufup. f^r. 15 Líta he 3 tazao pcrque íe conta a era de Ceíar trinta
1 /.4 í ly adjin. ^
oyto annos antes do Nafcimenro de Chrifio porque trinta -,

15 Mex„S:>iy<.dcyarMi.d.iyc.^6.
^^^^^^ ^^^^^ antcshavia Auguílo Ccfar começado aquella
defcripção, &: tributo emmuytasProvincias, poíto que não
em todas geralmente, como foy efta ultima.
6 Alguns contaó a ^í-y^jefcrita com afpiração , quarenta
Té Kefermt Mexia fupr, Emm^H. & dous aiiuos autcs de Clovifto , 16 tcmpo cm que Auguíto
,

B^rbj I» Rjm:fi. ad nofiram Otdinai^d^omcçou. a tcr podcr : derivando-a da palavra Herns que ííg-*f ,

li t./,^.>.§-'.«i.
, -''^'"'^^niíica Senhor, quafi dizendo, yf««í>^<2A/(!?«^rr/7M,(?7/^<?/»;W5 /

co"í-oni<< F,//jd)^^r- ifbCauhitios^Rtjs, <5í^ Mas com meuos íunQamento pois ainda então nem
Cc/tfr. j

cr 5f>,krfs de Hifpafih' ,
utdos Empena-
ç^^ Monatcha, nem fe achava taó poderofo como le íiippoem:
dor no lr;>'cip.a"da attes djs con,me>it às
ievsdo,Giàos,chamadus,'èu.zo)m^o,
r J'jr . ^ C í r
antcscom forças tam duvidoílis,quancoeraoforçoíosÍ£usco-
--

tendores fo ficou al)lbluto paílados quatro annos , quc vem


-,

a fer aos trinta & oyto annos de Cbrifio nafccr , donde fe con-
tou a Era , porquejà vencedor ppz o tributo cm muy tas Pro.
vincias. 17
7 Em
PARTE II. CAP. XXVÍII. J31
1 Em Hef!3anhaaquellecoftiirne Romano de contar pela
Eraác Cefarfe guardava no tempo dos Reys GodcSj como íe
vè do que Santo Ifidoroefcreveo no meímo tempo. 18 Con-; 18 D.i/ídor.fupr.

rinuoufeem Caftella acè oquintoanno delRey Dom JoaóI.


G ue no de 142 1 da mefm.a era ordenou que mais íe naó ufafie,
^P^''^'rcLopadeJyJanaarc..deDi
^^foíenomeaíTeoannodo Nafcimento de CÃn^, 19 çj^,,^^J^^^
entaô corria i ^Sg.Ja no annoi3^ S.tinha introduzido o mefmo -'Wf.vía dcjé.
eniAra^aóElRey Dora Pedro IV. E em Portugal o ordenou
também ElRey Dom JoaoI. depois de ganhar Ceyra. 20 Era f.,^.jp,_ '^ ^

Hefpanha, &c Itália fe começa acontaroanno do dia do Na-


tal, ou do dia da Circumcifaó do Senho?'. Em França , Ingla-
terra, 6v Alemanha do Equinócio de Março, ou dia da Annun-
ciaçáoda^r^^wí.
8 Dizem que em aquella geral defcripção de todo o Im-
periofeacliàraó vinte & féis mi! trinta & íete myriâdas de ca- ti Nicephor.hiít.Ecci(fluc.\7.
becas de familiaSi 21 cada myriada vai dez mil , 22 &: fo- ^' ^SXaVftrw/"^^ s vuncr
maó duzentos &" feíTenta milhoens , & feíTenta mil peíToas ca- ^intyr.
"' ^'' ""'^''^
'

becas de familia. Deftas(fegundo Angelo Pacenfe) 23 eraó


da Lufitania cinco milhoens feíTenta ôc oyto mili grande fecú-
didade a proporção de todop Im perio.
9 AquelleediftodeCefarcomprehendeoaJudea. Porq
as difcordias de Ariftobolo, & Hircano íilhos dé>Janao Ale-
te*»*'xandre Summo Sacerdote, & juntamente Rey,fobre a fuccef- r r J „ r J , , ,

faódo Reynoj levarão a rompeyo em lavor de Hircano: 24


'

&
deraó entrada aos Romanos fe, fazerem fenhores como ;

femprefuccedeocom os mais poderofos,queforaó chamados


em foccorro. Por Inglaterra o experimentar por vezes, fez ley
de lefa Mageítade contra a pátria, chajnar a el la foccorro de
Eftrangeyros. Os Romanos punhao de fua mão os Reys , &:
Governadores que queriaõi & nefte tempo tinhap-feyto Key a ^^ D.chryfop ho>nA. & i6.ú Mattk:
Herodes 2.5 filho de Antipatro, darÇidade de Aícalon dos í<"m.i.
IdumeosemPaleílinaj&demãyArabiadeiiacaõj foyopri- íf"'"'í'^í-/''^;,'^' ^,^ .

meyroReyeltrangeyro, comprindo-le a proíecia de } xcob-^ Ecdej p.i.i.i.^erf H:erojoiymx.


que naó faltaria fceptro,& Capitão da tribu de.jLídá aié que 16 gv«.49,io Non auferctur fccptru
'
vieíleoMeíTias; 26 6catèentão coip titulo de Rey, cu de2^',';,í^^^^^^^^^
Gapitaõ, & Summo Sacerdote, quando naó houve Reys, fem- D.chy/oji hom i6.tnM,itth.admed, ^

Cutuce»/ /upra.
pre o fumrao poder eíleve nos de Judà, ao meno^' por linha fe- ^^
niinina,
27 .h
^xo DeNazarethjaondeviviaó,.partiraó,SaóJofeph,8ca
/^^r;^ /Ti para Bethkm, pátria de Saó ofeph, diílante vinte
í- &'
J -A-df^'
^9""' '" ''"'''(" ^""^^f'^'' •?*-
•ifnovc legoas, 28 para" nèllafealiftareâi, porque pó^defçsndé-f.^^^.
tes de David, pertenciaó àquella Cidade chamada de Z)í2í;/<^, MeUuor de Caíhohiji.diyhg.iic.j.
'

'«<"''' ^'M^
29 poroSantoRcyhavernafcidonelk. 30 Eítaya a ^'mÃí^rtíf;-^;;;^';'''''^^^^^''-''''
muyto chegada ao tempo do parto, mas naó feefcufou de obe- z9 Luc.x.4.
decer ao Príncipe, como pofto por Deos; 31 antes na vaida- ^^ i'-^yiv[yr<imEuangtom.i.L%.c.t\
de do Príncipe exercitou mais a fua obediência. Entaó có pro- VtjephSproximí.
priedade fe executava ovangloriofo ediíto do Emperador 31 i-Pff^' i.;?.
:

^le fe altjiàífç todo o mundo, 2 2 comofe foíie Senhor de todo ^ ' /-'"^•^- ^' ''^'"^^"«ur univer-
,
1

33t EVA, E AVE


executou -fe, pois> na f^írgemytcnáo a Deos em feu Ventre,
elle-,

fealiílavatodoomundo, & todooCeo. Senhor de tudo O


hiaprofcTar fugeyçâo antes de nafcer: tomava forma de fervo
i,X D PailndPhllip 1.-7. para nos libertar
'
35 &:quiz nafcer no tempo dcfta def-
j

Í4 D G^e^or. ?J/)j, h m.%. in Euing. cripçáo, quefigiirafle a que elle vinha fazer de feus
efcolhi-
4pud Syh(yfi íí.c.i.tl.í.ii.i.& fud
P. c/cjihd c.'í n.^. dos. 34
j ^
D Ch^yfoíl.hom.deNativu in pri»c,
1 Cuyda-le commiimente 35 que a Virgem fez a pè tam
tom.i
P.Fr. Mvtoddo Sepulchro m Rffcyí./pl- larga jornada, pela pobreza em que ficara , havendo repartido
ritp.^-c y>i^- a pobres o que tinha, como jàdiífemos; 56 mas da revelação
j6 Supr C.2.) n.^.
de Santa Erigida que no capitulo feguinte referiremos , 37
í7 í<ev?/jf deS.Brtgii.{.7x,zi.
parece que hum jumento fervio de carroça a tanta Mageftade;
6che mais vcroíimil j porque ainda que o Divino prenhado
&
(com fer folido, de corpo como os mais) tinha privilegio de
H'% \evet (,'e S Brí^id l.i.c.io- nâopezarjnemembaraçari 38 com tudo naópermittiria Jo-
P.Ft fofephd.c.iii.K.x.. feph que a delicada Virgem fe moleftaííe tanto nem Deos per- :

P.FpíMan.do Sepulchred.c. 5 ;>.?•


mittio quefoíTem tam pobres, que lhes faltaíTc o neccífario
para pafíarem honeftamente , como a Senhora te\Q\o\X2.S2.nm
35» I^vWiíf de S.Srigid.L6.c. ^S. ta Erigida. 39
12 Da revelação acima dita parece também a alguns Ef-
que nefta jornada Icvàraô os Santos Efpofos com figo
critores,
hum boy, ou bezerro. O
douto Chronifta da Senhora, Padre
40 P Fr.fofefhdepfuMarit/uírM' Fr. Jofeph de Jefus Maria, entende 40 que feria o bezerro fe-
c/j .8,4.
ílival , que nas Províncias Orientacs fe coftumava prevenir
para banquete dos dias mais folemnesi coifio o com que Abra-
41 Gen 18.
ham hofpedou os Anjos j 41 & com outro diz a parábola do
Euangelho que feílejou o pay ao filho Pródigo que teve por
4t Luc.i^. refufcitado: 42 S. JofephqueefperavaamayorfeftanoNaf-
ci mento do Filho de Deos, que lhe eftava dado por Filho , &
43 Michiie 5.1. fabia pelas profecias 43 que nafceria em Bethlem levaria ,

aquella demonftraçáo do mayor gofto para repartir a pobres,


como 2: Virgem levava preparados os envolvedouros para o
Menino; & mais prevendo , que pela muyta gente que con-
corria à Defiripçaoi poderia fer difficil comprallo alli. Aquel- •%:i
les poderiaó fer os dous animaes q fe acháraó no prefepio j po-
44 Mildonaàíin i.LutM.^é. ftoq alguns Doutores 44 onaócuydcmallim; &: entendem
com mais probabilidade q o boy entraria então acafo, coftu-
mado a recolherfe nas noy tes àquella lapa que muy tos enten* ,

dem que era como o que chamamos curral do Concelho.

C A P 1 T V L O XXIX.
Nafcimento de Chrifto Senhor nojjb»

os Santos Efpofos Bethlem", não achi.


l f^ Hegados a

\^ rão aondetinharecolher
fe porque mu yta gente que
,

tudo occupadoj
a
&com menosi
j Nicefhor hijl.l.t.C.tt.ttifitine. concorria a aliftarfe,
occupaçaó não acháo os pobres quem os íecolha. Andava Jo.
íeph
!

PARTE II. C A P. XXIX. 33}


feph dc caía em caía & em todas lhe diziaó que naó havia i Luc.t,^:
,

pouiada. 2 Era peregrino em fila pátria; 3 & vindo o Filho j 6*/)r.f.xi «.s.
?*''"•»•*'*
de Dcos ao que lhe era próprio, os feus o naó receberão. 4 4
Em que anciãs os achuVa a noyte do procellofo Dezembro /
Laílimofoefpe£tacu]o
2 Defenginados fi na1 mente fahiraó para fora da Cidade,
fiando mais da folidaó. Foy providencia Divina, 5 porque cai';tanMyp.Drhomq.i<,.art.^<^

íc em povoado fe vira que a Virgem paria fem dores , fem c la^ir í. &
jiiais.que nos partos he ordinário, &
depois a adoração dos
Magos , fe defcobriria o myfterio, que Deos queria por entaó
occultar.
3JuntodomurodaCidadeàparteOrientaUemhucam- ^ mephorJ.cM.inprinc.
po de Maria Salomé, 6 de quem falia o Euangeliftá Saó Mar- Cec/ren i» cúmjxnd.hiã.
hjt à^/hg^M-
cos, 7 entrarão em huma cova, qiie a natureza fizera debay- P.fr.pfephaefj.Mjr
xo de huma penha, de quafi quarenta pès de comprido, &: do- Meichwtde c jho na m^/ma u .c.^. hifl.

ze de largo, & de altura doze palmos. A húm lado, cãvaad na 7 Mm.i > 4,0'<^ **•»•

niefma penha havia outra cova pequena , três, ou quatro pès


mais bayxa ; &nella em quadro de quatro pès hum portal, &:
ibbre clle huma mangedoura de madeyra. 8 Álli coftuma-p*^^Jf^';^("^;*; ^^g,j^^^ Bfoc^rJLCr
vão recolher-fepaftores,&: peregrinos-, 9 os noffos a tíveraó «//;;.
por fumptuofo PaçOi com taó pouco do mundo fe contenta o ? D.Hieron.cpijl.i-j.
coração de Deos. Efte Oriente efcolheo o Sol Divino,&jà ncl-
lefe via a Aurora mais bella. n t c. • r>.,«,n«, ,

,
4 Chegada a nora da meya noyte, 10 íignmcadora do iníuocutfumc^iumicerhabctct.
profundo fono do peccado que fe vinha remira em hum Sabba- " Suprcu>.n.^ „
jj-r jtA
o r .Jx, V \t Calho fuor.cumBeda Evoi.R^'
do, dia íagrado a Deos, Sc ao nalcimento da Virgem 1 1 que .^^^ ^ j^j^[ ,

'^
y
.

amanheceria m
que hoje he Domingo, 1 2 fagrado ao mefrao PJr Mm. do SepuLhro na Refey^mfpi-
._ ~ para 2<. de Dezembro,
Senhor: 24.
,
t' . )
r
quando a claridade doSol^/^'' ^V"''
r r ,-r \
c <. j

-,/;,/, ,,,
fadre Mexia na Sylvn de vr.liç.L i.Cit.
,

Viuvei começaria a augmentaríe no noiloaemilpherio, para ,} NotatD.T..omi,f.q.iy<irt.i.a(i


moftrar que vinha dar mais luz aos homenS; 13 refplandeceo ?•
nas trevas o Sol das eternidades. Chegada a hora natural dos
jj ri
nove mezes, naó quiz dilatar noffo remédio, pofto que àcufta
0/
,^, _ -
14 yide/itpr.e.t4.n.i.tnpn.
de deyxar o ventre íagrado,* 14 & a òenbora com a melma ca- D^imbrof.fcrm ig. Cujus fie tcncbatut
o r
.

ridade largou o penhor Divino. puiciuituduie He irntabatut amorc ut , ,

trn. c ^-m rr j' ^ ^,^^n,r^ niíííibiuifcrrKVim ,ab^llacx^rcncqui-


Lltava a SantiílimaA^r;j^f Adorando na lapa, que ella ta- j^^^\ ^
5
zia templo, cercada de luz celeftia],&: arrebatada em akillima
contemplação, com fitaviílimoextafi, quando, como refplan-
dor fâhio o J utto, & Salvador: 15 fahio o Sol fem rompera 15 //i;.6ii. Egrcdietur utíplcndoí
esfera: como os ra vos dovifivelpenetraóovidroillufl:rando-o^"'^"^^'"''^^*'''^'°^^i"^;
mais:8c como os da vilta,iem lelao das teas dos olnos,iahcm ao Da,ni,i. virgmitatcm, dam paicrct, du -

exterior. Antes nefte Divino parto fc fortificou maisainteyre piicav».

za> 16 porqocontaaodoSalvadornaôhavm dt dumr,^rT,^;^:^l-fi^Z^^


& accrefccntar o bem q achava. 1 7 Naó caufaria tau.
mas fal var,
••»Jefaó oq coftuma redmteerar o lefo: & tomar corpo de creatu- ,/7 l^»>chfyfoijirm.x4A-
pofifrine.
V- r\ -j/^ j r«f-'j-j' Mento Vir}»uii lalva íunt omuw, qoa
ranao tirou a Omnipotência de Creadory 18 fo duvidara, •mimmgeliuitSaWatorem.
quem duvidar que nafcia Deos naó fugeytou feu nafcimcn- D.chryfotí.ferm 141.
:

toàleydanacureza , fugeytou a natureza ao modo com que ''^Z^.^SjIrli^^l^^^í


naíceo:aíIinilahio depois do fepulchro fem abrira pedra: ôc Maru, in princ.
entrou
,

334 EVA, E AV E
,^^'^J'^o-cyyrc^.hom^^
com as portas fechadas. 19 Em Be-
GHaric.^Lbad.rerm.iJt^nmm.admed. thlem. finalmente, aonde Rachel morreo de parto, 20 pario
VdkPasnoBo: s^ã.v.ds deCimii.c^^^
^ J/'^trgem kmdores, porque fe curaváoas milcrias de Eva.

pf"flf,'h ft.pl- 4.c.iM.i.Grc.i»n.i.,


6 DifcuríaóosTheologos 21 que eftcnafcimenro tem-
io Cf»í.5^ 17, poralfoy muyto femelhante aoeterno, &: proporcionado à
p.i/íí/jíA/"fc í«'.i.
qualidade dcFèrbo deyxandoefta,
•, 8c outras excellencias
c«meic^af.ciaoi\^mn.GunhAmoiih,ie àquelU fagrada profifiaójreíiramos a revelação que teve a glo-
grands^K:deiaSar.ujf:maTrmúd,fc.7. j.jq|-^
^^lwih Brígida defte myfterio , porque as mayorcs no^
ticias que delie nos dcyxou, câufaó raayor devoção. Diz a

hjtmdoeit nalapade Hefblemvi humn KirgemjermoJiJJíma co


o 'Ventre muyto pejado , vejlida de huma timicafútil , ^^ cnherta
com híim manto branco. O ventre ejtava tam crefctdo^ como cfuan-
15 yidefupr.c.íi.j>-9' ào clocgã tempo do parto. Hmn honwn de mais idade cjiíc clía, 2
3
de fg nrahon?jtiJJima^ a acompanhavaj ò" ambos levavao comjig o
t4 ytdefuf.c.2r£(edcnt.i%.n.ii.&iiljii{ril^y^çjfhumjnmcntO'. 24 Entrando emhumacova o home ,

atouohoy ió- ojíímentoahvrnatnangedonra; c^fahio ao exterior


í, Nota a ptevcnçam que levava
'
dc^amcfmacova]aonde accendeohimavclay i'^ &
a levou àpar-
vela, & iu2.1i. te interior '^aoT! de aVirg em ejtava; &
pcg ando-a ao mnro/e tor-rioii
afahir fora-, por nabfe achar prefentè ao parto, cuja hora ente?ideo
que haVia chegado. Entalofe dej calçou a J^^trgem,por rnayor reve-
rencia: <^- tirou o manto branco co7n que eftavã cnherta, ò" ovéo
da cabeça, &
poz tudojunto afi , ficandofó com a túnica ; é^ fica-
rão foltõSi & eííendidos pelas cofiasfeus cabellos , que erao ferino-
fiffimos a. rnaneyra de m-^^dexas de ouro. Feyto ijto, tirou douspanos
de linho, é^ dous de lãilimpi(/imos,é>^ delgados , que trazia para
envolver o Menino que pari]]} ; e^ outros dous paninhos menores
de Unho para lhe cobrir a cabeça ; é^ os poz- todos juntos defi para
feu tempo. Efiando,pois,de/ie modo tudo aparelhado, fc poz a f^ir-
gem corng rande reverencia em oraçao-.as coifas para a ^nangcdou*
ra, &
o r (fio para o Oriente; ò' levantando as mãos , ér olhos ao
Ceo,e^tavacomofufpcnfaemextafi de contemplação ytoda cbeya
ie doçura divina. Foíia defk modo fe me fizer aó tranfpareutes
, ,

fuás entranhas ; ò" 'ui como o Meninoje ejiavamovendonoven-^


tre iérernhiiminflantefahio a efle mundo -.de rnaneyra que emhh
abrir, ér cerrar de olhos e Bavanoventre, ò' jk fora delie, femetí
poder j ulg arde que modo h aviafido o parto po) fua brevid ade m^
,
'

Jiantanea. N^feido Menino, eratao grande aluz, ó" refplandor


que Cabia delle, que o Sol naofe lhe podia comparar, nem a vela pe-
gada ao muro dava claridade alguma j porquefua luz fe b avia ef-
curecido totalmente com o refplador Divmo, Efiâva o Menino níi
C^fuas carnes tam limpas , que nellas nao haviafinal d e mancha
alg uma. Então ouvi também os cantos dos Anjos comg rande do-
çura, ò" maravilhofafuavidade; ô-oventre da Virgem, que an^
teseflarua avultado, no me fmo ponto ferecolhco afeu antigofer, fi-
cando foda ell^t com fermofi^ra admirável.
Hcivcdo a Virg emfentido o milagrofo parto > inclinou logo a ca-
i/e ca, ajuntando as mãos comgrande honefiidade, &
reverencia,
adorou.
PARTE II. CAP. XXIX. jas
•^ adorou O Menino ié^dijfelhe: Emboravenhais ao mundo y Deos
meti ySeníoor meu, &l'tlhom€u. 26 Então o Menino.,chorando, r-r
n .

6- qnafi tremendo defrio ^Çe movia.ó' eftendia os tenros membros, cJio de DcJs ^^^ 3^3™?! * Ta?tigo
corno pedindo o abrig oda May-, a qual tomando-o emfuás mãos, ij ào Fiiiio»
o apertou em [eu peyto amorolamente, &
com a face o aquentou com ^^^ ^°l\lr'}u^ " o"j ""^ ^°^ ^ ''!!"

grande alegria, &


amor. ( A quem nao enternece coníiderar el- es Eícntores duvidarão.
^-Sybeyr.,^ i.c.i.q. jo.» i.
ta acção?) Sentou-fe então em terra) &pozfeu Filhofobrejeu re- j
"^^'f.
gaço, &
começou a envolvello diligente iprimeyro nos panos deli- p itMAnliòZ'^'uUhrQd,c.^n.tt^
nho j &depois nos de li , apertandolhe o corpiíiho , perninhas , c^
bracinh os com h umafaxa , cr depois lhe poz na cabeça os douspa-
ninhos que tinha aparelhados. Feyto ifto , errírou Sao Jofeph , que
era o homem que eftava no exterior da cova , &
pondo-fe degeo-
lhos, adorou o Menino, projiradoemterra, ér derramando de go^
zo muytas lagrimas. Masnejle parto aVirgemnaohaviamudado
cor,nem fentia dor alg uma nem teve algum dos accidetes que co-
,

Jiumao fobrevir às outras mulheres quando parem ; nem houve


nellamais mudança que haverferecolhido o ventre afeuprimeyro \

efiado como antes que concebejje. Levantou-fe então a J^irgem


,

tendo o Filho emfeus braços , ér ajudando-a Sao Jofeph o poz na. ,

&
frnange doura, pojios ambos deg eolhos , o adoravao com immenfo -,

gozo, cr alegria.
Depois deíla vifaó gloriofa, appareceo à Santa a Virgem Sa-
grada com a graciofa prefença que regala os bemaventurados^
& lhe áiííc:Filha,muyto tempo ha q em Roma te prometti moftrar-
te aqui em Bethlem o difcurfo de meu parto; cr af/im quero que te'
phas por certiffimo que dejiamaneyra pari ameu Filho como aqui
vifie, pofia degeolhos, &
em oração ; ao qual pari com tanto gozo^
cr aleg ria de minha alma^ que nenhuma dor, nem penafenti quan-
do fahio de meu ventre ; ò' logo o envolvi empimosmuyto limpos, »8 d p.iui adRom.ii.-iy óaititudo
que muyto antes haviaprevemdo: 6- quando Jofeph o vio,fead- '",Tg2\6.í.
Ego fum fottiffimus
mirou, &
ficou cheyo de incrível gozo, ò' alegria, &c. Deus.
'^-v.?. ignis à faciejqus
7 Qiie bronzeie não enternecerá a tal relação? Osoutros ^j^^ç^/^"'
V meninos fem ufo derazãOjfepadecem, nãoconhecem: oFi i).mti\.
lho de Deos padecia como Menino, & conhecia como home. ) í"-»» ct.Erat Verbam. »

Qiiem diria que Menino tam pobre era a alteza das riquezas.? Domino oío^cít"' ^' *^°'""'^^'^"^'*
28 Qiieaquelietamfraco, era o fortiílimo? 29 Qiie o que 3? ?oè57.4.TonabitDeus voccmasç^
» íentia o frio, era o que imperava ao fogo? 20 Que oqueelta-'^''"'^'"'^, '"^--Tonabit Deus m vocc
j T^
vamudo,eraor^r^o? 31 t -, r\
O "-ri r
que parecia fimplez, era a fonte
warairabiliter.
..

,4 £cW./: QucmCslicapercnonpd-
dafapiencia? 32 OquegemiajCraoTonante? 33 O
que ca- í"ant.
bia em huma manjedoura, era o que ^ não cabia nos Ceos ? 24. ^) ^^""wMio.iy.Dcus magnas.
tr c j c •
V 56 5>«to/.5.oííA<i«a/: immenfusfi-
/-
lornou-leogrande 35 em pequeno: o immenío 36 emli-iius,
,

,r».mitado: o eterno era 37 temporal. Mas, ó pobreza rica, & \i i^iàem-. ^temusfiiius.
"^ ^"'' '°* "" ®* ** *''
; que nos enriqueceo .'380 fraqueza esforçada , que vences o ccum/.'"'^'

forte armado,39& triunfas do Príncipe do mundo.'40 frio qvé 39 Luc.u.zí,


fomentar a terra/ 41 íilencioquefazdifcretasaslinguas.' 42 ^o 1oan.i6,n.

fimplicidade em que eílão todos os thefouros das fcien- ^l Sapicnt'.toJr,pne.


^
cias .'
43 gemidos que vem a enxugar lagrimas 44 in- 45 D.p,aii.i?dCoiojj.í.i.
.'

fància imitavel na humildade / Quem quererá fer grande de- ^^ •^í'««'-7'>' ^'"' ^ "•4»
j^ Ee pois
33« EVA, E AVE
Ctierrk ferm.i .dt Nativ Dom.
poís que Deos fe fez pcqucno? Fós, ófilhos de Jdam,'(€-xc]âmi\. ;'
4 s

46 M^f.hii.-i. oAbbadeGuerrico) 45 que vos rendes por grandes , fevc-s


F/2'°o9 Conquaflabitn^-õíizerdes como efte pequenino, naó entrareis noCeo-, 46
ti vr;;': 7.

capita 11» certa muitorum. cllc hc aporta por ondc là le entra) 47 o alto q fe fe naó abay-
xar, não caberá por ella, & quebrará a cabeça. 48 Se aquel !e
49 £yod.).i4. _ quefóhetudojcbroutudoj&íemoqualnadafefez, 49 íere-
.0 D.p<j«; a-/ Pfc/A/». 1.7. Scmetipfáauzio a parecer quaíinadaj 50 nos, lendo nada como nos ,

rxúiaiT- vit. queremos fazer tudor* De que teenfoberbeces terra, &: cinza^
raLÍ"sf'^^''°''^"'''^"^"^'''"'^^2o^<^^l^^^^^'^^ 51 Qttantoraayores fôramos, mais de-
st Ecckii-ji. ? IO. Quanto magnuj vcramos humilhamos. 5 2
cs/humiiiac; inommbus,&coiatnDeo g Confiderâocscontemplativos quc diria a Virgem: O*
luvcnics gratiatn.
^ ^ ^^ ^^^ /^í- yji, Crcadov
, c^ Senhor de ti: do , w^í) /?«^ darvos ou-
^^

- . ír^ camera, oritroberço nem outro abrig 0; forque efcolhefles May


,

. . iampobrc^podendoefcolber hv.ma Pr ince za rica? Se o fizeftes

. , for me honrar ^ porque me Ujiimms ? Conbe ço que he m •flerio def-


' * '.prezar d es g rmdezaSi & me refig no em vojfi difpofição mas en-:

S, Revelai
i,s.B.màAA,c\o.ante^^^^f^^^^^^'^y^^''^''^^^'^
„td, que no mefmo tempo f- banhava íua
gidadiflea.y(?»/íí?r^, 53
alma em orvalho de gozo, vendofeMáy de tal Filho ^'feus j

t)lhos em lagrimas, rompcndofelhe o coração em cuydar nos


cravos, que fegundo as profecias, haviaó de trafpaíTar aquelles
tenros pès, & mãos; porem fempre refignada em Deos.
9 O Santo Jofeph via toda a grandeza abreviada: todaá
luz fem luzir.- húaDonzellaMãy: hum Filho fempay da ter-
ra: o Creador creatura: o immortal paílivel & na Èfpofa que -,

amava, no Filho que adorava, com aífc dos juntamente cótra-


rios, fe alegrava, fclaftimava, &: admirava os juizos do i\ltif-
fmio. Via choroíos aquelles olhos que penetravão o mais alto
dos Ceos, o mais proí undo dos aby ífos, o mais occulto dos co-
rações: atadas aquellas mãos, & braços q formarão tudo o que
- . • tem fer; aquelles pés a que fjóeftrado os mais levantados Se-
íafins: via aquella Divina PefToataó mal hofpedada na terra;
envolto em panos o que veília luzes.' emitido o quccingiaos
Orbes: reclinado o que inclinava os Ceos: entre brutos o que
eftava entre Anjos.- em mangcdoura o q merecia altar. Poréiii
liefi-as confiderações lhe dizem as almas devcras.-Confolay vos «
Santo Jofeph , loi^ray eíTe goíto fem penfaó porque fe aque 1- -,

les olhos derramão lagrimas, também tem por doce obje£lo a


^ ^ gloriofa vifca da Mây;fe aquellas mãos, ôc braços ellaóagor-3
faxados, brevemente lograrão feus abraços i fe aquelles pèsfe
achaó ligados, tempoviráem que a poderão fcguir fe falta :

àquellefagrado corpo outro apparato &: regalo, temoregaço


, .
.«,,,>,, da /^/>T^w,throno melhor cio de Salamaó, J'^;z^<í!^^^;^(?n/«2
f»í«.Un*ia.unii,s?QÍnahomonatusex animado, lugar O mais proprioparaa grandczâ de Deos.-hu-
hcmmíbus: undc cxtelius? Qiua cx Vir- mildeeftáeííe Infante, (diz Santo Agoílinho} porque nafceo
Ê'""^!
homem dos homens: mas exalçado, porque nafceo da t^irgem.
- --- *• •'5 4-'Levante-fe o Tem pio de Jerufalem com admirável fabri-
ca: relpland^ça com ouro illuítre-fe com ornamentos firva-
: ;

fc
PARTE 11. C AP. XXX. 337
fe com bavxelas frequente- fe de miniftros folemnize facri-
.• :

íicios> míiyto inferior fica a efta lapinha fabricada abceterno'/'

para melhor fanduario: refplandecente com Sol Divino: illus-


'

rrada das graças de Maria: frequentada de Anjos: onde a man-


gedoiira he altar fagrado; as fuás palhas fazem cama de flores:
a arca do Teílamento he Deos vivo ; tudo fc acha convertido
em Ceo. Tal fogo fe atea nas palhinhas defte prcfepio , q abra-
za os CO raçoens mais de neve em femelhantes confideraçoens
_
9

C A P I T V L O XXX.
Do mais quefuccedeo fia lapa de Bethlem depois da
Nafcimento de Chv'\í}:o Qf Oí marafilhofos fim
-,

naes, que houve no mundo no mefmo tempo í

1 li ao Oriente da lapa eftava a torre cha-


/ir íl partos
XVX madaG/WíTjOu Ader q fignifica,
^ Torre do re-
^í?«/:70i lugar que habitou Jacob, morta afermofa Raquelj i ig?» 55.11;
&: nella fe achavão três 2 paftores vigiando os que paítavaó D Hieron.de loch HehraU.
aquellecampo. z Apparcce-lhes o Anjo SaÓ Gabriel, 4 Mi- ' ^"'.''f'''' ^'"f^f'"^*'""-^^*''^
niítrogloriolodetodoeltemylterio.cc OS rodeou declaridade. d Eptphanhcerej 9 §.!..
Temèraó, porque a humana fraqueza não pôde com vifoês j ^«^ ^ 8.
n j-/r - /r 4 Melchior de Ca Iro hift. d Vlrglr
tamaltaSi 5 & o Anjo Ihesdillequenaotemellem, porque ^.,7.
1 o A • .. -'

lhes vinha dar a alegre nova de lhes fernafcido o Salvador em PFr.pfephdeiejuMar. na mefmihijt,
&
Bethlem, que por final o achariaô envolto em pannos poílo cVmD''HÍero. ep.^i.ad Sahinian.
emhuma mangedoura. 6 O amor o tinha tam humilhado, D.cbry/aithom de Nattvit.iDo»iÍH.h
*,

que para fer achado eraónccefiliriosfinaes; mas eíTiiamorofa *•'"'"• ,

humildade era o final para fer achado como Deos. Náoappa- 7 uchryfolifipNoniavfmmtChú.
receoo Anjoaosquedormiáo, porque fó os que vigiaó niere- Oum nift vigilantes.-- Digm eram ut
fie v;gdabát,
cem ver Anjos, &czch^r a Chri fio. 7 Logo grande multidão ^^"'^"^^'"°'^"S<="3^'"
de Anjos cantou: Gloriarias alturas aDcos,ó'nãterrapazaos
homens de boa vontade. ( So eftes lograó a paz de Deos.) Santo
Hilariocompoz omaisq fefeguenaquellehymno, quefecã-
ta nos dias defeílanaMiíTa.- o Papa S. Telefphoro Martyr,
Grego de nação, quafi pelos annos de 142. foyoqueprimeyro
mandou que fecantaíle na MiíTa do Natal, &: que efta fe cele-
braííe pela meyanoyte, não coftumando celebrarfe nos mais
dias fenaõà hora da Terça, porque nella fubioC^r//^£>à Cruz.
8 No monte Sinai começou a Ley Velha, queera de terror, ,J,^^''^-^'^'i^"í.^^'"''^.f!'/*f'"*
com rayosj&trovoens de entre numa nuvem: 9 nos campos 9 Exod.19.
de Bethlem começou a Nova, porque he de amor, com mufi- • • •
cas,& claridade.
2 Tornados os Anjos para o Ceo, d iíTeraô os paftores:
Pajfemos a Bethlem j c^ vejamos ejlapalavra (ffíefoy feyta , qtteo
Senhomosmojlron. AoMcninochâmànò Palav?^afeyta, my-
fteriofamente, porque era / l^rbo fey to carne; i o & ajuntarão,
^^ j^^^ ^ , ^

Ee ij que
3J8 EVA, E AVE
^ne Deos nos moHrou
porque fó fey to carne o podiaó ver no
, :

»X Ceoinexcrutavel aos entendimentos Angélicos: noprelcpio


cnim tí- p^lpavel aos fentidos humanos. ii ForaòcompreíT:i, (dizo
u D chryfon.fupr Qjjod
dcrc non roteramus du.-n erat Verbum fexto 1 1) Sc por iíTo achàtaó. 1 3 Achàraó O Meníno no pre-
,

vidfa.ruscarnem quiacaro eí>, vidca- ftjpio entre OS doLis Serafins da terra, & o conhecerão
•,

caro fadumcít. r poroue ,


mus quomodoVetbura j v lu í: ^ i-
'

jnidemenGmr!c.^b.Jcm.^.deNiiiv.íi\iizcomqueoAuposroacãrã, Ihes hcara nos entendinien-


Dotfi. tos. Sahiraó louvando , glorificando a Deos, Sz publicando &
^'^«^^s os que o ouviaó admirados. Vinha Cor-
\\ Darj%^firolJ^^^^^^^
rccurteba!u,.iopteica uíveoiunt cjuem deyroo Kír^oencamado, por ifloforaó paítores osprimcyros
qusrebant. quc delle davaó noticias.
,4i«c.i.iP.Confcreansincordcrao. 3 Diz O Texto Sagrado 14 que a to/;í?r^ Conferia tudo
em feu coração. Conferiria (confidera hum douto , & devoto
Efcritor) 15 quam diffèrentes faó as eítimaçóes (] faz Deos,
li P.Fr.^ofephfup.dU.c.9.
das q faz o mundojpois mandou avifo por hú Anjo à humilda-
de dospafl:ores,& naóàfoberaniadcs grandes. Conferiria a
vileza das palhas em q jazia o Menino, com a excellencia
da adoração que lhe davaó os paftores; Sc adifferença com
que fe moftrava na terra o que dalli governava o Ceo. Donde
16 DCtryroffy»p.Quíaiilaconftre-SaóJoaóChryfofl:omo ló nosamoefta, que a exemplo da
batiiicoHcfuo,&nostraaemusiiicor- /^^r^f»^confiramos também em noficscoraccens que
nafcco ,
'^'°'* ^""^'""* '^'' '
Chrifto, confiramos noíTos peccados com kv^ mifericordia a
iicuut ' :

condenação em que incorremos, có a abíolvição que nos veyo


grangear: o cativeyro em que eftavamos com a Uberdade cm ,

quenospoz: opoucoqueeftimamos a falvaçáo, & o muyto


que lhe cuftamos que naíceo para morrer por nòs , & nós nem
:

' ' * • viver queremos para elle: que defceo do Ceo para nos levantar
„ ,. doabvfmo:
^
que foy todo para nós, 17 Scnadaparafi: 18 &
1^ /"/rfí.j.S. Parvulusnatuseltnobis. ^^ ^ , •
o jj > ^ 1 /*

luLii Nacus cft vob.s hodic saivator. que por Evâ nos vicrao todos os males , &: pelo Ave de Mana
1 •

*% -r^^S- ^ " — —-
\ S Gueyric ^bi>. ferm. 5 . de Sativit. todoS OS bcnS. '

Dorn^pu.c^?nc:mn^sc^^^^^^^
t /^/^;?mglc)riòfa,
^ MãySantifllma da faude univerfal,
noncmmfibi, nonAogeiís. y r- 1, ^,^rL •' 1
1 ,
;'
para bem vos íeja unico lierdcy ro do hter-
r ilho tam illuitre,

no P<?y:bemditafcjavoíra pobreza, que tal thefouroproduzio;


bemdira voffa humildade, que taó engrandecida fe vò: bcmdi-
to voíTo parto maravilhofo, fem dores Sc íem corrupção j taó ,

foberano na fubílancia,quam humilde nosaccidenccs. Logray


eternidades effa prenda celcftial , de que foftcs habitáculo fa-
grado:efie Divino Sol, de que foftespuriílimo Oriente: cini
florgraciofa 19 que deyxou mais ameno o campo de que
i9 Cani.t.u Egofloscampi.
nafceo,crefcendonclleafermofara , augriíentando-fe a calh-
dade, &: forcificando-fe a inteyreza.
5 FelicifllmaBethlé,metropoli do mundo,comG te cha-
mou o grande Nazianzenoj 20 juíla inveja a todas as Cidades,
jo D.Cregor.Nava.Ker,.crau9.ante
^^^^ ç^ ^^ ^^ ç^ viraÓ juutas. quãtas cxcellécias natutacs, 6c nc-
quiridas fe repartirão có fama entre as mais celebres em todos
os íeculoSjfó no cftreito de húa lapinha tiveftc o melhor téplo,
41 MkhaatapudMitth. i. €. Ex te a mayor riqueza,a fóte das fcienciaSj& os melhores Cidadãos.
eninicxictdui.quiicgatpopulumnieú Alli nafceoo maisfamofo Capítaó , 21 &:omaisexcelléte Le-
*^^^^*
gisladorialliaíUílio aCorte celeftial:alH fe abrio ocómercio da
terra
.

PARTE ir. CAP.XXX. 53^


. ferracom dParaifo: Sc foy o porto mais fegaro em que apor- ,, p,,,^^y ^, f,^„, ^^ ^^^g .

• toiíanao, que nos trouxe o paó da vida; 22 com razaótenavis inítitons de foiígè poc^nscpa-
» chamarão Bcthlem, que Te interpreta G;/^ depaa-, 22 poíto "'^'"*
• qhoie te aches reduzida a pequeno âmbito: em pequena í anca j, D.chTyfo^.i-^i.hom.exíUncx,

fe fuílcnta o fogo em hum fó rayo fe moftra a luz do Sol em ^" /^ EpiohtiUjohi.í.
: :

• breve mappafedefcreve o mundo. .


^ ,

6 Emaquellahora, &noyte, ^ríodiafeguintefuccedè- .


tr/^^.

raó em diverfas partes prodigios maravilhoíbs. S. Boaventura


diz, 24 que em aquella hora mor/èraó de repente todos os 14 I),Bonaw>t. op^finUe quinque fifi.
Sodomitas, porque naó hou veíTe tal abominação,quando naf- p"-W'* <•»•
GiaoRey da pureza ^6 d.í;^.;.;?.»..^^.^ ?/«/././«
,. \
7 Aquella noy te foy clara como o meyo dia.* 25 abrindo- c«/d.
"-^ ^^^'^ D.yí^onfi nasiuos /^íW
fe íi terra por muvtos lufares penetrou a luz atè os Padres do;
,.,V T7/-i?r-l ri p.l.ci07.afud Matute >tfipro^ap.<leChrifí'.
Limbo: 26 em Helpanha te vio hi.na nuvem muytorefplan-^a imba da Caft de^ujiL.
decente ámaneyra decolam na. 27 v.LMasBijpodeTut, naChron. ieífef'
'^''''"
8 Na mefma noy te florecèráo as vinhas em algumas par- ^,'í ;.' '^"'^ "" ^^^'' '^' '""''^'^'

tesj 28 6c ha Efcritores 29 que accrefcentaò que deraó fru- r% s.Bonavenuir fupr.


19 íJpiiàCanbagen.dearcdn,Dei[.t,i
jQ
9 Nodiafeguinte fe anticipou o Sol , &
refptandeceo jo D..>íw£ro/:/fm.i6./»pn«f,
'

mais claro. 30 Muytos Authores 31 graves contão que '>^ ^'T^o-^^v-f-^a-ttr.^.adi.i.in^n,


&
cm Hefpanha apparecèraotres Soes , que depois fe ajunta- ^X%';éBT.y.phfufj.^,e. js.*.}.
raõemhum, quafimoítrando as três reíToas Divinas , quehe/«/oí'/fí«e«í(ff/,rí/6//x//ff.ii8.
hum fó Deos. V/'^.; 'T> '5-^'I-^-'; ^"^
,
^'

10 .Nomefmodiaíeguintecahio em Koma o íamofo Te- f r.^/e-íí^r P;«?<;, rf/W.5cz4./«i.p.


pio da Paz, 3 2 em comprimento do vaticínio que acima re- Frandjc.de Monçon, «e efj^eiho dePrincip*
ferimos: 33 & aonde eltá a Igreja de N.S. trans Tiberim''^"'j'*];ç,^,8.„,8,
nafceohuma fonte de azeyte, que manou todo aquelíe dia) 34 h D'.Thom.fu^r,
comoacclamandoa C/ír/,&, que ílgnifíca ungido. cmhninàlfra'^
'''

Ii Dentro da mefma lapa de Bethlem nafceo milagrofá- Fr. Heãor Pinto.Petr. Mexia , cr p. lo»
mente huma fonte, 3<
^
moílrando a que
'
nafcia manante da/^/^V"/"""^"'» ^«A''* '« f*'-''». tem^or,

S''^?^-
12
_
roucos
.....
dias depois intentando
,
,11
o povo dar culto QQ Jeu
Eutrop.ac

i'i
alij

P-^'"to>t.deBíl!r,zheni>tEphemert
KaUndnrytrg.die óMuar.n.u
Deos Octaviano Au gufto, & reparando elle com prudência,
fe confultou o negocio có os interpretes dos livros Sibyllinosj
^G &:eftando-fe tratado no Capitólio, aonde os livros feguar- j^ r>defrprMc.9.KA^.paffpn^.
davaó , á hora de Terça appareceo junto do Sol hú circulo de
ouro Sc no meyo delle fobre hum altar hãa fermofa Donzella
,

com hu Tà^bello menino em feusbraços} &: entendendo o Em-


perador,{ ou porq lho d iííe hum interprete, ou pelo que tinha
íidonosmefmoslivros)qaquelle Menino era Divino, (Sc feria _. ^, „ ,

Rey univeríal mayor que elle, o adorou dejoclhos, & mandou Sebaid.Schreytr chonMat.s ápudunutê

ò mais fe não crataííe delheattribuirem a elle divindade. Fez /"<'/''/'Cfcr;//.(í/<«£Ííi.f. 5.^ 8. ' '

pintar a vifao em huma camera do Paço , que ai li tinha com ti- JJpÍS;?;*^ ''' ^^^'^
,f^^^^^^ ' '

tulo de Ara deli , que fe conferva hoje em hú Convento de S. 38 imoc^nt ni./iifr. .':
'

Francifco fabricado no mefmo lugar. 37 Outros Efcritores, ^^-^'''°'''J-®"/-'»'7«f''''/<»H^''- ^«f-

concordando na íubftancia diflferem no modo perque fucce- [, "cluha^fl.de arcan. Deifi.pA/t^.p


,

deoj 38 êc também ha quem diz 39 (^onomc de AraC^li^""»-h'^fr/.c^tfrum.


fe-^moudehumaltar4omefmoOaavianolevantouaanA*«iS/>!:í/.^rfe^^^^
Ee lij Jlo
J4C» EVA, E AVE
Senhor noíTo com õccafiaó de hiima repofta do Oráculo de
fto
40 Z»^«f.)5".n.«. ApolloPythio, de que abayxo faremos relação. 40
13 Pelo mefmo tempocahio em hum palácio de Roma
huma eftatua de ouro que nelle eftava, com titulo que dizia:
íl ííp7p^fr!ío/ípVaTj.f.}8.H.i.
NaÕ cahirà fenao quando huma Víigmparir. 41
i-crs- 14 Omittimos outros prodigios que felem 42 attribui-
í/C-Mcf«/d.p.i.i.i.vtr/.Í4W3«e«evf«.
j^^^j^ç^^^^^^^^^- ^ p^^^y^ huns podem terapplicaçoens
di fferentesjde outros fe naó averigua bem quando luccedèraój
& fó referimos por mais próprios , os que fe viraõ no mefmo
tempo do parto virginal.
1 5 Achava-fe entaó o mundo em paz univerfal , como os
iraiw^ni^
Profetas haviaó profetizado^ 43 &'asSibyllasefcritoj 44 &
ií>/Vm.4yv.i.cr ^. ailimeftavafechado o Templo de Jano, que os Romanos ti-
4^ Supra c.<t.n.t6. nliaóaberto femprc quehaviaalgumagucrra , fó duas ve- &
11 ^«DM/íiõ!
* "^ "'^
' zesfe havia fechado depois da fundação de Roma. 45 Ca-
hiooTemplodaPaZjComodiíTcmos, 46 porque naó quiz
Deos que a paz que elle trazia ao mundo fe attribuiííe à fuper-
íliçaó daquelle Templo. Durou efta paz doze annos contír
4j Orofiuí i.é.c.it. nuos: 47 achaó-fe medalhas do tempo delia com a figura da
48 Pidm.4s-M.9. scutâ combur»
_
p^^ ^^^^^ em huma raaó huma toe ha accela pegando fogo a
^

'
4'^ GHj/Wffl.Cfc*«/,áei?f%<»>i^<'""»"* frechas, arcos, & outras armas,48 (como profetizara Da-
vid) &: na outra maò hum ramo de oliveyra có letra: FaxAu-
^///??. GuilhelmeChoul faz mençaó delias. 49

C A P I T V L o XXXI.
De como o Menino Deosfoy circumcidado , Qf com elle

começou a padecer por nosfua May SanúlJima,

I
^ ^ Andou Deos Abraham que ao oytavo dia cir-
a
I Gcn.xiAo.
a p.Fr.ioje^h àeU[u Mar. hiil. de N. Q.^
XVA cumcidafle todos os meninos para final do pa-
,

perque OS cfcolhia por feu povo. I Era remédio para o


Senhora l.i.cAS-ni-
peccado
j ^ • • i rr •
irt
origmal: 2 nao por virtude que tivelle como o Bau-
D.TAow vp-9-í7«"-»»«<íí'
j Exi>irca mhegat no Fios Saníi/elfa tifmo da Lcy da Graça mas por graça que fe dava ao circum-
j

^''^D^ry/ofi-hm ^9.adfin.inCcnef.
^i^ado cm virtudc da fé quc ficava profeíTando do Redemptor
Lew.ix.i.
fy que havia de vir. 3 Prefinio o ^(?«/:7íir efte tempo, porque jà
daquellador, & lhe não foííe mais
xpf/ícfTrJí/f^/i'''^'''"'"''^*'"'^''^
•!*DThom.\.p^d.q.i'f.art.:. moleftafendoelledemaisdias. 4 Depois feefcreveocfte pre-
Aiij apMd Sybejra in Euang, tom. i. Li. ceyto na Icy de Moy fés.
5
'
s^iw.i II. ^ Delia era izento o Filho de Deos, por fuperior a todas as
9 P.Syivevrad.e.%.f.i.n.t. kys: 6 & pelonaócomprehendercm as razocns emqaquel-
p.fr/fo/íjt./j^K^r.w
^
1^ fe fundava. Mas por outras que os Doutores apontaólar-
MtkhiordcCa^roht^deU.S.l.i.t.T.ad r j i- i t i
fn. gamente, 7 iendodeoytodias, noprimeyrodeJaneyro,que
P.FrMan.doSepulchr<iwRtfeyia5Cfi'Qwx.2LÕc^h\o no que noshcDomingo , foy circumcidado 8

''*'iot'Seplffupritc
namefmalapaemquenafceoi 9 cntendc-fe que porrevela-
f_.iefcph/up.n.u '
^SíóquQSLf^tr^emMaytcwe. 10 Hemaisverofimil queS.Jo-
feph
PARTE II. CA P. XXXI. 34Í
íephfoyominiftrodefteado; 11 porqueospâys,ouasmáys " T>.Èernarâ.f(Tm.i.aâf;n.

12 com hum agudo canivete fey to de pe-


^^^^^^"''"^''^'"-^'''^^^^^^^
oíoftumavaÓ fer;
dra, a qual pedra íigriificava a Chrijio que cortaria toda a cor- Mauatnaprefnp. de chrifto idade 5. c.i,

5 Qiie impaciente, Sc que íotrido amante fe moítrou O /.i.f.6. 10. '

Menino Nem pode dilatar o derramar por nós fangue nem


\ :
f^uíxtoH.de Baii^hen inK^Untf.

reparou a tenra idade em padecer jjà dantes padecera , fe a ley M\l,ltje^u^j!ji!i7-Z'


o naó dilatara até o oy tavo dia. Bufcou razoens para fe obri-
gar à ley de qiie era izento: & nós as bufcamos para nos izentar
da fua a que fomos obrigados. Vinha livramos daquellegol-
pejmasprimeyrootomoufobrefiilevouopenofo.&nosdey- ^„ ^^ ,, ,, .
c/Fro. c> r;%4.y«;r*.
xouofuavedoBautifmo. Dizem 14 que ajuntou SaÕjofeph »4

parentes, 6c amigos para afliftirem como era coftume do tor-


:

'
mentofezoDeos Menino folemnidade: 8c quiz que viflem
muytos que fe humilhava, 6c fe conformava como ufo dos ho- t

mens,
4 Mas entre o gozo do efpirito fe laílimava a carne cho- ;

rou a alegria doCeo para alegrar a terra que dor para Jofeph
:

fer inftrumento daqucUa dor, 6c ferir de hum golpe o Filho, ,


n,&aMây, 15 que à fentia o golpe antes de elle ferir! -•-•'' 1^ uiíiqmdemi.fin.jf.Cum^etteftt
j

5 A Senhora recolheo o íangue &c preciofa particula 8c '"""'^* P""


, ,
í«àm pe»-
^'l' ''°'P"*
"""âis hiius

juntamente as lagrymas que em tudo derramou. Ella enthe-


fourava as prendas do Filho, 8c oFilho!asdaMãy. Aquella
joya de rubis, & pérolas trouxe fempre a FirgemcomCigo , 8c
quando paííoudefte mundo a deyxou ao Euangehfta S.Joaõ.
16 Depois fe trouxe a Roma , &i efteve na San&a Sanãorum , ^ n evei.de s. Srigiã.l ccmiI
da Igreja de S.JoaóLateranéfe. Noannode i^z/.íendoRo- P.Ft.Man.doSei.uUhrod.n.i9.cumCaf
ma íaqueada em tempo de Clemente VII. hum foldado le- 'H"*».
vouocofrinho em que eftava guardada com outras reiiquias,
& por vários fucceííos foy parar em Caicata, vinte milhas de
Roma, aonde fe achou noannode 1557. fendo Pontífice Pau-
lo IV. verificada com grandes milagres. 17 17 RefereoCarde^mUdoafudP.m
6 O ^

primeyro dia de Janeyro faziaó os Gentios horrível Jofephd.c.ii.n.i.


com abomináveis cultos em que feílejavaó feus Deofes ; don-
de atè o tempo de S. Pedro Chryfologo, que floreceo pelos
annos 5 00. de Chrijto , fe derivarão entre os Chriftáos exorbi-
tantes exceffos, que o Santo reprehende em hum elegante Ser-
mão. 18 Masjà nos he dia tamfantoj que delle com razão CO* *8 D.íttuChTyfol.Jtm.t^y:
meçamos os annos; i^. nos auguramos muytos bons em mundo
que não dà hum bom dia porque quando Chnfto começou a
-,

derramar fangue, começamos nós a viver: ^ noflas felicidades


refuitàraò das fuás penas.

C A<
6

34» EVA, E AVE

C A P I T VLO XXXII.
T>o nome Di'Vím JESUS per q^efoy chamado o Menu
no em fua circumcifaô, Declara-fe também ode
CMej]ias , Qf o Santiffimo nome
de Chrifto,

''
1 áT y Oftumavaõ os Hebreos pór o nome aos filhos na
V ,
À dia em que os circumcidavaó, (como Deos o mun»
doua Abraham quando o mandou circumcidar 5} 1 & às fi-
* D'rJ«l\« ,,-r»,\.^. Ihasnodiadapunficacão dasÂãysj 2 como os Chnftáos o
põem nodiadobaunlmo, qíuccedeoacircumciiao. Hecon-<
veniente a cada individuo nome próprio per que fcja conheci-
doj & nemíe lhe deve antes de dedicado a Deos, porque fem o
fer, quaíi náo he homem nem fe lhe pôde negar logo que ít
;

,ç., dedica, poisjàfeacha taó honrado. J\té os Gentios o rcconhe-


ciaó, 8c aííim os Athenienfes ao decimo dia punhao os nomes
% c/<iíAí.íts>í/íx.Gfm4Í.íí»«'7.i.c.x5.aosíilhoSjdepoisdefacrificaremaíeusDeofes;3 6c os Roma»
nosufavaóomelmo aononodia, fendoíilhoj & ao oytavOj
jPiutaHh.prohkm.x6..
fendo fêmea. 4
s
Nocap.precedeuen.t.infin. 2 t cndo na circiímcilao O Menmo Deos com cani*
6 D.Paui.i.adcon>u.io.n.^, ^q pcdra como diíTcmos j < & fendo ellemefmo alle-
^gj-g ,

,,., goncaraente pedra, como lhe chamou bao raulo, 6 la-


hio do golpe daquelle pedernal, fogo, & luz, que ac-
çendco como lâmpada o Salvador, como rinha dito ííaias'
_ Tft. ^ t^
! . j- .7 accendeo-fe o nome de lESUS , que fienifica Sdva->
.

íplendor)u(bsqus, Scíalvaior eJLS ut</<?r. 8 NaO Is pOZ dc HOVO pOrqUC O LtcmO FãJ
, a ,

iamj?as acccndatui.
Qucm por direvco patcmo pertencia porlho, o ià lho ti*
« Mattn.i.ti. Vocabis nomeiííius ^, /i u ^ ir j /r '

Jcfum.ipicenimfaivurafadct popuiúm "«a poíto abrEtemo, como liaias também diíle: lo nome
i

íuum à peccatis corum. tam grande naó devia fer pofto por homens ii o EteríiO ;

'
'^''-'delegou por hum ^ ,2 àf^>rgeMM3y, &.oEfpofc
?o''íS'íí!1Zr^ò;ií:tu<»i
osDomiiii nominabit. Jofcph que O dcclaraíTem: à Múy porque cm falta , ou impe- ,
Nout Ongen,hom,i^.in Luc.
1 1 dimento dc pav na terra , lhe compete o mefmo direvto i í :

i«c.i.}i:
'
ao Lfpolo, por lhe contmuar a hora de pay putativo. 14 boy
I } utin Eitfabetha Lut.x.éo.
a f-^irgeiH inlhumenfo de nofla redcmpçáo declarando o no- ,

W D[Í7ar7/:rI:ularcun,c!r. ^^ 4 empenhava o Redemptor; nome que fó competia a quem


16 R^jfu o p. Fr.^an. do Sepuichro houvefle de falvar 15 donde inferirão alguns Doutores, 1
;

>i»Kfím lp'^it f>.i.e.6.n.í6.infine. Que fc O /^^r^/? 7)w/«í? cncamàra durandoocítado dainnocen-


mino gaudebo, sccxultaboin Deojcíu Cia, le chamaria de outro nome, que íignihcaíle Deos, &: no-
í^^o*
mem glorificador.

\l tt^S:;^:::TFrMan.do .5 EftenomeJ./?/. lhe fabiajà o Profeta Habacuc quando


Se^HUhro(/.c.6.n.to. diCíc: Eumegozare)' no Scnhor ér rm degrarey emmeuyefiis
,

Deos. 17 Foy nome novo, diíTe Ifaias: 18 ninguém fe tinha


chamadoaílim, 19 porque Jofué, qfe chamou ^í/í/ííV^w;
Jeíus
PARTE II. C AP. XXXII. 343
Jelus ]ofedech,5v' ]eíusdeSirac,riveraónomtsparecidos,mas
íormalmentediverfoSi per quanto noHcbreo oncmejcfus
porque íe chamcu C/j////6',quer dizer propriamente Salvador,
o dos outros fignifica , homem que elpera o Sd-v^dor , como
provaóGalatino, ôcFagnino. 20 Os f^randes nomes trazem ^, . ,

grandtsencargos-, 2í looi^ilhode Deos tinha hombros p.ira i»,.^./» lírme^pm nch. .judSyhfyra
S4'vadori pois para lai var de peccados, alem de homem , ha- '" ''""'.? """ ^ f 5-7 1^." 44
1
'

V,. defcr Deos ,& alllm efe nome iign.fica hum firppoíloem N:;iX;i;--íf^^^^^^^^^^^^
duas narurezas. 22 Mas baltou àquelles antigos aquella le- n Notm o. Efiphanafuatr.MM.de
melhança para ferem iníignes Joluè teve a gloria de merer os •^«'/'«'<^W"p « ^ <
:

líraeiit^s na terra de PromiíTaó: o Sol he obcdcceo


1 2 3 &: re-« ^^ í cIíj/°/n
:
yjíjl Um.i deyeib.

putado Salvador foy figura do verdadeyro: 24 Jeíus Joie- ^fti'^. adfin tom. .

dech foy chamado Sacerdote grande: 25 & Jelus Sirach foy ^^^^^^ '^a-i/Jre
fapienti filmo. 26 i6 Habeturm^roUgolEtch/^afl

4 Eíle nome disfarçou TfaláSj27 por myfteriofoj debayxo *!' -^Z"- 7- Jt* Nomtu cjus Emnu
do nome E?nmanuel, que fignifica , /Jca-í he com-nofcOy 28 pois "^^,
g Mitth t.i?.
fvindo Sdvador, necefiariamente era DeGs>& aíllm dizer o An- í9 Muuhju^r»,

joaSaó JofephquelhechamafleJiibUSjdizS. ívlattheos 29


que foy para fe comprir áquella profecia de iíaias deque fe
chamaria EMMAN UEL.
5 DiílePliuio 30 que aos meninos fe deviaó pòrnomes ?o p//«ÍMfl^«í/Pf/jy nfí)V(rtr, tVo.

fcrmofcsi que fci-mofo nome poz o Eterno F^y ajv^fasmome '"^"^.,,1^°"""" f'"'"^^^^'" í"-íim-

», (diz Saó Paulo) 31 fobre todos os nomes :fuaveatè ao gofto ^iD.p»/ a</pi.ii,p. \.^. Donavii

• material, porque heTdiíTe odoutillimoBcrnardv^) 32 nulna


'^'' *''o^^'^ qu:deititipctomníiiorcen.

oca, melodia no ouvido, alegria nocoraçaOi he mtdicin.i pa jeíí,, ^d mure, mautcmdos , tcorde
ra as enfermidades corporaes epitima contra asaííiicçóesdo
5 jubiius.

cfpirito, fegurançsi contra os perigos, triaga nas tentaçccns,vi-


• ítoria nos combates, perdão de peccj'doSj caufador da graça,
augmentodasvircudes j & laudedaalnia. 53 Comprtílicnde ?» tiehULtèD.^mhvof apuàc»,
• por recopilacáo todo o fip;nificado de Deos & homem em hú í''f/' '»'"'; o-/f-r.Mw i./.5,í>o»..i.
ÍLippolto i 34, S^' todos os outros nomes de Lbnjto próprios , d i^nr.chryfoi feym.fuper Miffu, eji
&: metafóricos, perfevcóesinfiairas, afumadas grandezas Di- ^^^^ rdin senenjtm.t fcrm.^<f,
r>i

as felicidades humanas :he na mar em qentrao ^4, DTLm.x.p.d.^f, art.s <!rq

todos os rios huma profundeza que nenhum ericendimento an.i adi.


,

pódefondar; pelo que lhe chamou SaÓ Bernardino Seneníe,^-^'''l'''''-^'''"*fí;''W'^^^^^^^


^
35 nome breve cfnlyllabas, leve na pronunciaçao 3 grave nas f,6.«,ig.
fentenças, abúdante, & redundante em Sacramentos ínefra- }6 11^9-6.
'^"'^ ^r.c.uUs^
veis.-&c havendo Ifaias dito, 36 que o iViedias teria muytos ^^

nomes, Zacarias 37 proíctizou queceriahumfó 5 porque o


de JESUS vai por todos.
»>' ^ Pelas excellenciasdeíle nome fantiífímo, diíTc o Apo-
ílolo SaÓ Paulo, 38 que fe lhe deve ajoelhar o Ceo, a terraj&r
^2 Ti.PaidadPbi/ip l.IO.
o inferno: os moradores do Ceo por gloria: os da terra por
graça: CS do inferno porjuftiça eterna-, o que S.Bernardino 39 ^9 D.Bernardi>i.Se».df£m.49.inpr<tf.
elcrevc, queoSanto Apr.ítoloaprendeo no Ceo a que foy le-
vado, 40 vendo a veneração que làíe lhe fazia 3 oc a que fe ^0 D.Paa/.i.ddCcrwMa,
lhe moítrou que tinha lia terra, c-c no inferno. Conforme a ifto
ordenou a Igreja CathoUea por hú decreto de Gregório X. no
geral
344 EVA, E AV E
4, Cnpdccct,deimmunit.EccUf.U.in9;cr^\ ConciHo Lugdunenfe, 41 que quando íeporonuciar
ecrctui. efte fíígrado nome, o reverenceem os fieis comos coraçoens,6c
em linaldifib inclinem osjoelhosj cu a cabeça.
7 Mas muy to caro foy efte nome ao Fiího de Deos
im- ;

41 Luc 1 1?:
poz-felhc quando derramava fangue
42 Pilatos efcrevco :

.ec cjput cjus caufam ipfius faipt^ porcauladelua morte olerJlibul343eItenome o empenhou
:

HiceiijEsus. pornofibspeccados: 44 &:oobrigouaveftirfedetormentoy»i.«'


^\ jJltótV*** ^ ^^ fangue, como o viraó Ifaías, & S. Joaó. 4^
.yípccniypj.\9.i%. 8 Se odoutiílimo, & igualmente Santo Bernardino de
46 v.Banardin.fu^f, Scm 46 fefcntiaemmudecer achandofeindigno j 5c faltode
difcurío para tratar matéria fam alta; como apoderemos nós
profesuir? Só dÍ2;amos com David; Senmdovoíjonome, Deos

.uum. Deus, Í.C & L cua m íincs ccrrx- tneUy fcja Vofo loílVOTate OSfinS dã tCI Ta. 47
nome próprio do Filho de Deos, fora do
Efte foy o
9
48 ^ã.^.\- qual nome naó ha falvaçáo. 48 O nome ác Me (fias heHe-
„-*;:! ^'if''^'''''^'"'*-^''''"'"''^''*'braico,
.ríi/'
fignifica em Grego Chnfto , 6f em Latim T^-
5- L,7<im.fir«/4»i. àevtrafap.c.^. do. 49 Hc nomc appcUativo de dignidade, & de poder Real,
Níceph.hijt.Ecdcj.Li.c.^. commum aos Reys & aos Sacerdotcs, 50 porque no povo
,

de Deos fe ungiaõ os Reys, & os Sacerdotes com óleo fanto;&:


5i}Af^>9-i* ungirão alguns Profetas como Elifeo. 51 Pofto
também fe
que íe não ungiííem com óleo , fe chamaváo do mefmo modo,
porque o principal nauncçáo he oefpirito, entendido pelo
^tD.chryroítfm.z.ínepm.PtuLad^^
todos enteodíaó Gue O tinhaó ,& aflim atè os &
,} /ya;.4vi.HxcdicitDoinmusChri.
Reysmheislecbamavao, C/^rz/íOí-. 53 Mas por antonoma-
íb suco Cyro. fiâ, & excellenciafeattribuhiocftenome aoMcflvas , porque

havia de fer juntamente fupremo Rey, &: Sacerdote > Deos , &
homem, ungido có o óleo da Divindade j 54 ou(comopro-
54 SyheyrafupT. vaNiceforo) << fóoFílho de Deos fey to homem foy ver-
55
N,^^ffc<>r.Ca/«^/#£.c/./a.c.4.^^^^y^^^^^^^^^^^^.^^^
ôcungido^ todososmais, pofto que
Santos , fe haviaó aflim chamado como fuás figuras 5 fombras,
& fymbolos.

C A P I T V L O XXXIII.

D^c^P^^^alt^^^^ Adoração dos três Rejs ^^Magos ao Menino Deos,


D aryioíi.hom.-jin M^uh an,c m.d
DecUraõ-ft mujtas particularidades nefta
P.r> \oj(ph de feju Mar. na htsl. de N S. Waterla»
l.^.C.to.n }.

p\('j<p'4'm\ Z.\. I ^ "oy^^ ^"^ ^"^ nafceo o Meninoj^^yj/j, (fegun-


T^T do
,
3ÍJ ;oíi/Hf..«.i5.ciri7.
X^l a melhor opinião) appareceo na rabia
i i^

f».''Jí«5./.x.co«raf-.«/?.c.5.t.«,.í
Oriental, 2 (que habitaváo os de Sabà , Madian, Epha 3 &
D.Th(m. 9. 6.' rt.-j.
: /) i dcfccndcntcs de Abrahaó , de Cetura fua fegunda mulher )&
6 DThomjp.f)o,art.7. húaeftrella nova, 5 creada de matéria aérea elemental, 6
^
TDXhryjlfl.hòm. 6. in Matth. fofi que com extraordinária claridade refplandecia de noyte, & de « '

nc.tcmx. ciia, J cliegadaà tcrra.


^^h.son..uhH.P,Syheyr.inEuang.toni.U ^
^^^^^ ^^ ^^^^^^^^ ^^g-^.^ ^^^^^^ ^^q^-^-^ ^^^ q^^_^
PART. lí. CAP. XXXir. 345
Cílios Sibyllinos ,
porque a Theologia das naçoens Oríentaes
feilluftravacomclleSj & entre os mais era particular o da Si-
byllaEritrea, quehaviaditOjhavcriaeftaeftrella. 8 Eratam- 8„?^í/e///or.f o.«.ii.
^''ceo^^or.hif EcMl.l.i.t.w.mu
bera notória a profecia de Balaam, 9 por haver andadocom ^J
BalacReydeMoabj 10 que era Província da mefmaArabiá, d chy/on hom.i.ex té iuMMth.toá i.
II Sz unha ákoquQ A^ãíceriã hír/tmeítíelh de yacobj& fe leva' ^^^Momià im.M t h.
tãriavarade Ijrâcl,&fenriaosCapitãensde Moah; 12 (P^'^^ «ie^Ka^ '

quaesfeentendiaõ os Príncipes da idolatria.} E eomoeíles p.Buun^^hen.in iz^ilendar.i^tr^. <fíe è.fan.


ameaços lhes tocavão, trazíâó todos líto no fentído, & muyto J*^ '^T*^ '''^^'iT^'^'^\,;
maísosfabioSjScosReys. n Numer. 14.17.
:>Coftamavão os fabíos inítituir Academias , que depois i'" '"terprcutur Epijcop.Gaimz^^
de luas mortes Iccontmuavao com leus nomes nos íucceílivos y"«j^ij-^í//^.
dífcipuloSi como Pythagoricos, & Epicuros, Socráticos, Pla-
tónicos, Ariílotelicos ; & alguns tomaváo os nomes dos luga»-
rcs em que fe ajuntavaó & de outras occafioens, como os Stoi-
cos, Períp.iteticos, Academicos;& todos coiifcrvavaó religio-
famenre a doutrina , &: maxírrias de feus fundadores, como en-
tre os jurifconfultos houve também as efcolas Proculiana,
Sc Sabíniana: & hoje entre os Theologos ha Thomiftas , Sz Ef-
coriftas. Refere pois o douto Padre Barlcta, iz queoProfe- ^i ^"'^^'^fi''» inE^iflan toUpm
ta Balaam em Academia que fundou,deyxou a notícia, & dou- Adquodconduàt í).Themr,.pq ^6
trina daquellaeftrellaj & que nel la fe ordenou, que de doze "'''^•"''S'"''^'/-^^'/-

• difcipulos, três por turno de três dias, & três noyteseftiveíTem- •

todo o anno fobre hum m.onte vigiando fe apparecia,& rogan-


do a Deos que chegaíle 8c q em aquella noy te a viraó os três a
-,

que coube a vigia. ÍSI aô he f^cil crer que á obfervancia defte in-
«•• ítituto fe continuou nos feculos que houve de Balaam atèd *'"
Naf cimento de Chrifiõ. Mas vcrolí m il he que os três a viraó,
como acafo, por difooficaô Divina,eíiandocada hum em fuaâ
terras, que todas erao villnhas & fendo grandes Aftrologos ^^ ^puiMMoiiad.fu^m:
,

conhecerão naòfer natural , donde inferirão fera que profeti- 15, B.ro».jupr.is.io.
záraõ Balaam, & a Sibylla & a fecjuiraó Ioíto em feus drome- ^'""J"f^^ Maldonado jupr.
,
_

danos com dons, oc preparação, polto que apredada ; 6c como q.x^.n.j^ç,. Dum tam impiu. íccptrum
aeftrelia os guiava para o mefmo caminho, facilmente fe ajun- "«í'"'" ^i^íctur decusjhmul
1*^"^": ^

tarao, o: communicarao o intento. .^ "Aíiá»nad.íup. voluit enim tacitè


EraÓ três , poílo QV.Z houve quem diíTe que foraÕ maíS} rationcm rcderc cur cx Itella Chnílum
4
h2wmdlcco|nov.llm,hccenunMa.
14 &alèmdefabÍ0S,era6RcYS,0uRcírul0S: '15 oEuan^re-
lilta {agrado OS naó qualifica com eíta dignidade; óuporqelia ^ iS ir.Man. áo Se^uichr^rmRtjeyiiS

os naõauthorizava quando Herodes a tinha-, 16 ou por mo- //""•''"'/'•


'•'•>''- 5-

firar a razaóperque conhecerão aeftrella, que foy por ferem ^'Y^MtKÍltzcceMgiah


Oricm
fabíos, ôcnaõ por ferem Rcys; 17 & fe os nomeara Reys, pa- ^«^«'-««f.
receria que os levara mais o appetite, ou conveniência, q ara- r,r°J^'^^Í^^'^j'1i''nÍ^'V, ^ .

#»zaõ. 18 roriíioosnomea porMíí.^oi', 19 que entre outras 5jy/vf;'r.<íc.4.5z.H.7.


fignificaçóes, fignifica propriamente , Sãhio na Mathematica ^'"' Sic^huíCaucenf.hifi àprimord.
'

é-Fdofofia dascftrellas; 20 &entre as naçoensOrientaesfe c^Jai:^sÍ!{òfelhifplT^^^^^


applicava a todas asfciencias; 21 pollo que alguns digaó, n P.Fr.MaHoeidcy.ni.infHg*
11 que íe chamarão Mfígoi de Màgodia reg^aó na Arábia. " ^'"-S^-"* c«í«íe»/./«/.r.
^ 5 Conhecerão que a eftrella oaó era natural, mas my-
y ftcriofa:
"

34^ EVA, E AVE


fiericfa.-tinhaó advertidojáque eftavaó compridos muytosíí-
naes que outras profecias haviaó finalado ao Nafcimento do
Mellias, particularméte nas hiftorias , & fuccefibs dos Rema-
is Nb'''t2).Gí'íj;ar.W/cf«.orflí.<íííVj- &allim logo entenderão o que era, 24 ajudados eí-
nos> 23
Domhii'
tai
pecialmente de illuftraçáo Divinai 25 porque a eftrellaíou»
D B [d.hom.iydehut)um.chr}{{.gtHcr. depois viíta geralmente de todos , masíoellesaleguirao; 26
pK^fíí- , ,
quenemtodososquetemeftrellafabemfe^uilla.
IS D.chryjott d.hom.6. duaprmc. & O Com fc , & fcm dilaçao partirao do Oriente para me-
hom i.cxí(> mMatth.tom.i. Ihor Oriente, encaminhando-fc a Judca , aonde por profecias
fabiaóquenafceria o Menino, 27 &logoaeltrella, movida
''f;S'í}JÍ/wpVíW..
Tr. Heitor Pmtodiai.^x.xi.im.tom. porhumAnjo, 28 OS foy fcrvmdo de guia , & de apofcnta-
i7 y.Fr 'fofrphjtip.c.i9.».i- cõs. Bjfti. ^q^ pois naó fo Jhes moítrava o caminho, mas também aonde
^

t'i p"syiveyrJc.A.q.ii.f7.4o.
havíaó dc rcpoufar. 29 Caminhavão em dromedários, 50
P.fr pfefhjupra c.ton i. cum D.chry- q fazem jomada de quarenta legoas por dia , 31 Sr aílim che-

•^"^^»??drpSdí/.2.ii.«.i.
gáraóajerufalemcmdezjouonzedias: porc^ náoeramayor
?o ifai.60.6. adiílancia,confcrmcaoqueelcrevèraóS. Paulo, Sc S. Jcrony-
DCyprianfifr. mo, & reconhcceo O Doutor Aneelico. 22
. .

clh-at invhApoUon. 7 lim jeruíalem llics laltou aeltrellaj 35 queem Cortes


51 D.Par.tadGaat.^.xs. -*- -dc Herodcs femprc falta aos fâbíoS) mas acftes faltou porquc*»
,
'"' ""'^^^'"^ perguntando Aonde eftava o nafado Rcy dosjvdcos,
^Trori?;;r:;rjt/ir
, i,^ DChry/aii.d.homé.pofipTíMc. 34 & a qucm bufcava guia humaua, era bem quc íaltaííe a Dí-^
Michicr de Ca/iro ka.da rirgemUb.i. yjj^^. q^ porque Dcos quiz provar fua conílancia ou
,
para que •,

^vflhe?. sfupr.
pcrguntaíTem com valor na Corte de Herodes, fe cófirmaf- &
(,-
í4 M.tth.d.c.z.i, Vbiepquinaiusefl fem com a repoftj que ouviífem dos interpretes das profecias.

^'l}tr,Z!'d. p.q ^(,.art.%.ad j.


,
55 Perguntando aos Judeos aonde eílava feu Rey, os accufa-
D chryfon d.hom 6 avte med. vão, ôc cnvergonhaváo } pois eftava em prefepío , o que devi:i •
f.Syheyt dtom.i.i.i c^q j.& i(f.^,, ^ft^j. gj^ throno cftava em pobres panos : , o q houvera de eftar •••

em purpuras,- eftava efcondido em huma lapa , o que houvera '

de eftar manifefto em fan£tuario eftava entre brutos, o que


••
,

j6 tuD.Petr.chryfol.pm.iy6. ellesdcvéraó receber,&adorar entre fi. ^6


17 Dtfíemes e.z^.n-9' o tt r« mi i r rf ^ •
' r,
»

í8 ii/'«/>.i.3. AudieHsautemHeto- 8 Herodes,Rey illegitimoporíuccefiao, 37 &tyranno ,

áes Re>;, turbatus eíl.


Doracçôcs , logo feturbou á pergunta. 38 Toda a grandeza
D'2lomZ'-^L^'''^tX''c^^^^
confunde, quando fe defcobre a celeftial ; 39 mas
terreftre fe
|
to, Rex tetra; tiiibatus dl, quia nimuum ao ty ranno hc maís particular accufador,&: teftemunha a conf-
tcrrnuaintudoconiunditbr, ^"'ncelfi. ^.-gj,^-^ ^ -^ ^^ uos hc natural aavcrfió doquca na-

40 De hoc beUijjimè Séneca ad Lucil. deíprcza íeu proprio tcítemunho, q mayor


turcza coudcna; Ic
epijí9^'Kif"^^P^i' que mayor tormento f Naõ o aflegura
miferiar^fe lhe defere,
/.O eftar feguro, porque naócrèqueoeftà: muytos efcaparaõ
Jí !í/Ll"oM Pv.eArti^í«/«fr
ijh.,tazem Tvraiini omma íufpican- da pena , mas ncnhum do mcdo: a (Timo peccar fica fend(í»** &
t.t,8:n..tum>t,(íKnrcscju.dfícutíuos.
pena: até Epicurodiftc, que fe devia fugir do crime, porque
"
ua&ipfi viram oainibusd.bent. ^, r i- r ^

i j t- i
»

45 s /iHjiixCaiiim. Bjiii.quàmma- uaolcpodia lugir Qo mcdo. 40 bempre huma voz tcrnbel.


li ín'pca ot s Orne femperciuehis ahc-
,
foa nos ouvidos do tyrauuo tudo eftà quieto , 8c elle cuyda q
:

navirius ornu wsc .

oaflaltaó:dc noyteduvidafcchegará amanhã:cercadodean •

guftias 41 fente a vida como defgraçado,& teme a morte co-


mo fcliz.-em tudo fe lhe reprefenta o miferavelfim de outros
tyrannos; como fabe que todos faò acredores de fua vida , to-
dos lhe faô fufpeytofos, 42 ocos bons principalmente;he-íhe
formidável a virtude alheya, 43 por iflb ahraéta nella fua tyrá
nia
U
'

PARTE "II. CAP. XXXiil. 347


niaj nunca perdoa, porque fempre temcj donde vem que no
imperiodehumtvranno, fer, ou parecer inútil, heíeríabio. 44
c- ^ r
'
. .
, .

44 Tjííí i'it-4^)•/'«^s^btvraanoi^lcí-
AAlhum dos
j t^ j i-
'/- \

l.
Diouylios tyraunos de bicilia íervjao d2 barbeiros tia profapiciuiaTtl '

; fuás filhas em quanto pequenas


depois de grandes naÓ queria
}

• que ufaílem de navalha, ou tezoura, Gom hum tiçaó lhe cha-


mufcavaóoscallos da cabeça, & com cafcas de nozes acce* ^
-'

las a barba. 45 O
mermole fazia a ú próprio o máoEmpe» 4s TexiorinO^c.inp i.tk.Tmidi.
^i^^-b^^c.ge.iaU ..is /o//
radorCommodo. 4Ó Ahuni filho tinha o mefmo Dionyíia Jl 5

fempre fechado, porque naó fallaííe com quem o perfuadilfe a -


levantarfe contra elle. Coílumavaò os Reys de Ormuz cegar
os parentes quepoderiaó fcr Reys , pódjjhes diante dos olhos
• . húa bacia de arame acccfi em fogo & deíl:is havia muitos ;

cm Ormuz, quando o grande AfronfodeAIbuqucrque tomou


aquel la Cidade. 47 Turba-fe HerodesdeCÃr{/?í?q nafce me- 47 ^ õdeBayfosdead.í.Lio.cz.
nino que fizera fe o vira jà homem ? Naíceo^ menmo para íe J^ S !yiS^Í^:^.u^'uie/f
:
50
afazer mais amável: & nem aífim evitou o ódio dos homens>por'iorc,-w, a,>temeã.iom 10. pudDTiM/rfi.
N /

-'..-r^ r ruo
cujo amor fe fizera pequeno-, turbafe, porque o máo naó quer
T-
qllehaJaDeos;nemoelcravo, lenhor:nem oReo, Juiz j 4diiifantis?
fe os màos temem vendo-o no berço, que faraó vendo-o no
'"1 \.^'"^ enttr-bu.al judicanc
'^•""'^

fi3,c]ilil^^oí^pcií)osR-gcscluuterlcba-
.3

tribunal? 49 ODoutor Angélico diz , 50 que a turbação ^o D.Tkomnhiprcximí.


'"^
de Herodes figurou a do demónio , temendo que o Menino o •

lançaria fora do Império que tinha no mundo.


9 Turboufe com ElRey Herodes toda jerufalem,( diz o
Euangelifta) 51 devendo-fe antes alegrar de fe lhe annunciar 51 /Wí«fc.,/7íp.3.Erom{iisH!aoro!y.Ta
Rey natural , &: a quem vinhaó adorar os Orienraes, que pou- *^""^ '"»•
coanteshaviaótidofugeitaa |udea os ambiciofos das Cor-» :

t-es faó cameleoens dosFrincipesiôr hum ryranno perturba a to-

do o mundo.
< 10 Bem fe vio a perturbação de Herodes , porque cha-
mou os Magos em fegredo, 52 por naó dar que fallar: fendo ^
que tendo ellesjá publicado o a que vinhaó, elte fegredo, q lo cads^ia^ís."
'^'*"^* "^ «c.amvD-

# gofedefcobriria,faziamaismyfteriofaacaufa. Amefmatur-
' baçaó moftrou em fazer logo juntas , 5 3 que nos Reys he Ci- MMh.jup. 4. Congre^^ns omncs
^ ,

nal de aperto^ôc em dizer aosMagos que foliem bufcar oMeni- ^''"-'P" íicerdJtum sc .cnbas popuii. ,

no, ôc como foubeflem aonde eftava, tornaífem a dizerlhoi pa


ra que elle também o fofic adorar, 54 &: a tençaõeramatallo.
^ 55 Senaó cria as profecias , mais lhe convinha diliimular, \^ nrt^l^^il' . »^ »

que occalionar no povo novidade íe as cria , devera entender pnnc. cr ,W. i.e.v ic ineumdemMltth.
i

que o que vinha fer Senhor do mundo, como Deos, naó afpira- f'' '""^ '""•
va ao pequeno Reyno de Judea i 5 6 quando afpirára , el-&
le o naó podia impedir , antes lhe importava fazerfe-lhe a
r,:::i.^,I-D^:^;^^^tS:^;^
gradavel. K^gu iua : nec ii.uii-li D^miiiLis potc-

1 1 Vio-fe a turbação de toda Jerufalem pois em roda ^^''" '"* ^"P'-' ''^ ""'^"'«^ s^g^^^i^-
,

nam houve hum curioío que feguiííe os Magosj comoHeor-


rodes não mandou alguém a feguillos, nenhum fe difpoz ao - .

fazer j o medo , & a lifonja a hum Rey tyranno impede bui-


car a Deos.
1 2 Sahiraó da Corte os Magos , & 4ogo tornarão a fcr
Ff cftrcl-
; ^

348 E V A, E A VE
57 j,juuh.á.c.r.9.
eftrella :
57 (íó fora da Corte, ou dos negccios delia fctem
5S P Suares ? p.<i.]6 difp nfeií. \. eílfclla com O Cco. ) Ella os guiou , ate que na lefta feira à tar-

que
.... ^i X ipadasaspoufadas
rr%rTri8:«.i. ^^ cidade com a gente que vinha aliftarfe pelo edido do Em-
perador,6i goftavaai5V«;b(7rí3daquellelugarcõfagrado aíam
alto myftcrio. Depois de multiplicar rayos defappareceo a
Eftrella ; porque depois de raoftrar a Deos naõ tinha mai*

\ que moftrar. O
grande Biípo Gregório Turonenfe efcre-
^veo , que ella cahira em hum poço deBethlem , & que no
»fundo delle fe deyxava ver em feu tempo dos que eraó vir-
61 J^ffert barradas tom. i. i.9^c <).^.]^.
gens. 62
13 Entrarão os Reys Magos com grandiífimo gozo } a-
"'•'•'•"•
^
chàráooMeninocoma/^r^^;«A/í2r^y?/^A/í)'j63noíeucollo
64 Fr.MaHjoSepnLhrod c.j.n.ié.
f^gr^do j 64 & cUa OS efperava , porque fabia que vinhaó. 65
6s B^ve/aqdeS Brigid/yc.i^. Também eftava prefcnte. S.Jofcph jdoquc O Euangelifta naó
"' f 4?}o.
„ f^^^'^^''*""^y^^'"''^-
faz menção, porque fó apontou o que os Magos acháraó com-
'

Fr.Mln do sefuichrofup. prido dos vaticinios. que fallavaó da May Virgem. 66 Proftrà-
67 D Uryfofi.hom i.cxii.inUatth. raó-fe pot tetra, reprcfentando todas as gentes : 67 & eraó
^''^' ^'''
três, porque todas procediáo dos três filhos de q Noé , dividi-

D. Guerric. ^hb. fcrm. , dr Ej^i^han. in ^^^ ^"^^ ^ ^' ^ mundo: 68 adoràrão , & oíferecétão os dons que
.

frinc, trazião , ouro , incenfo & m y rrha. 69 O primeiro fe chamava ,

Kr*' í^w^, °D ' j- .


Melchior, ancião nos annos , venerável nas cans, de barba ,> <i>
á- i-"
ca-
NotaFr.HetiorPwt-dial.A.c.ii.p.t. „ ., , rr
'
V. i »
69 M/itih. d.f .1.1 1. í'^//<? comprido ; o qual ojfereceo ouro ao Menino Rey , como a Se-
,

nhor. Ofegnndoje chamou Gafpar, mancebo louro ,Jem barba , ç^


offereceoincenfOiComoojfertadignadeT)eos. OterceirOj chama-
do Balthafar , prcto^ ò- '>wi y barbado offerecendo myrrha, figni- ,

ficou yque comofiiho de homem havia de morrer. A íTim o conta o


70 Beda incòiujian.fo^princ. Vcoeravcl Bcda ; 70 nas quacs oíFertas fe nos enfmou também
P.Fr.Jofephde^(fi4sMaria,hã.da^j' « r t( . c r> A r> •

(diz O Angclico Doutor com b. Gregório ) 7 1 que a Deos de-


j
yn^/tLi.n.i tn^ne.
71 D.Thomd yp.q. ^í.art 8 <Kl4.,vemosofferecer fabedoriarefplandeccntc entendida na luzdo
'" ^'''
/ ouro oraçaó devota , entendida no incenfo & mortificação
: :

; ^ da carne , que fe entende na myrrha. Na primeira parte defta


7t Na I /» f.íS. ». 8. obra referimos 7 2 húa curiofidade fobre efte ouro , & moedas
delle que os Magos oífcrecèrão.
14 Viaó aquellesditofos Santos húa coufa com os olhos
corporaes outra com os efpirituaes porque viaó a Deos em
,
j

carne o mais rico em pobreza


: & em Menino o mais per- ;

feito varaõ entre a humildade humana fe lhes naó efcondeo


:

a gloria Divina apparecia homem, & adoravafe Deos ; re-


:

conheciaô o Sol na nuvem & encerrado na lapaoquecom- :

prehendia os Ceos. Em disfarce tam grande Ihesdeo a luz


celeftial efte conhecimento
o eloquente Chryfofto- , diz
7í D.chyfon.d.hom.i.f>oftmtd. Cr
moj 73 &c z viftadaMãy também lho pudera dar
; porque

hm.%iHfrt»c. feaprefençadaóVwÃor^moftiavarayos de divindade, como


teftemunhouo grande Dionyfto , 74 bem pódiaóconje£tu-
74 D„e,nosrKc.6^.n.4> rar que Q Filho cta DôOÍ.
15 A
, '

P A R T E 11. C A P. XXXIIÍ. 345^


15 A Senhora referio aSantaBrigida; 75 (fiando entra- ^^ j^^^^ deSBrigidj^c^i
roo , c^ ^doi áraõy dava meu Filho como j altos de aleg ria^ ò' como
gozo tinha o rofiomais aleg re é^ eu tambémflimamente meg oza-
-,

•vai &
alegrava com gojlo maravilhofo em minha almãyattendendo
a todos os myfterioSi &g uardado- os, ó- c'oferindo os em meu cora*
Tííí. Bem íe pagava o trabalho do caminho com raes demon-

ílraçoens de agradecimento. Mas cem que fâudaçaõ Gomeça-


riáoosMagos?Com que palavras os receberia a ^?;^í'w:Q!.iaes
feriáoosafte£tosdogloriofojcfephr' NaÓ chega ncíTodílcur-
foa ponderallo. Sóconfiderouhum devoto , 6c prudente Au-
thor, 76 que nada perguntarão, pofto que
,./^ n^'^ ^ ^ fc oíterecião tantas
~ •- r
,.,>,„, ^ ^^ ^,
7^ rí'f'0'l Prcshter. Hlerofol atai
j
duvidas nos myíterios que viao, porque tudo criao com hrme pjr:io(c^h d.i.i,.c.z\ .n x.iufi,
fé. N ãopoderiáoapartarre de tanta gloria, íe os não movera
ordem particular do Ceopara alriílimos fins fuavemente vie- -,

ráo , amargamente fedefpedirão, para irem publicar em fuás


terras aquella maravilha.
16 Recolherão- fe a Bethlem , para alH paííarcm a noite
& entre fonhosfaudofos do que deixarão, tiveráo revelação, ,»'

q não tornaííem a Herodes; pelo que tomaram outro caminho»


para fuás terras, yj defufado,porque nãofoíTem achados fe os 77 MinhJc.i.ix.
bufcaífem. 78 Forão dormir na cova de hum monte, na qual ''Jofcphdí.4c.ti.r 4. 7>'-

depois Santo Theodolio tez vida eremitica 79 dalli le enca- Theodof.cxnobit.


-,

minhàraó a Tarfo de Cihciaj aonde fe embarcarão. Herodes


quando foube o novo caminho qbufcàrão, partioafeguillosi
mas com tanta dilação, q quando chegou a Tarfo, ja alli eíla*
vão de volta as embarcaçoens cm que havião paíTado , &: com
raiva as queimou. 80 Entãodeono remédio bárbaro de ma- g© t>,j»fcbn.in Mitt.z.vtrbo ^tunc
tar osinnocentes, 81 que executou mais tarde, como abaixo •^'^"''-''-
diremos, divertido com fer chamado pelo Emperador Augu- ^^jf^[ 'p.pfrí^hTp^llíTi i.
fto Cefar a Roma , fobre diíferenças que tinha com féus fi- viihcgasuoíus S4>iã.. na vida de chnjK
lhos. 82 _
'\ Manh.r.,6.
17 Em fuás terras pregarão osReys Magos o Menirid g, r,th^í!_as'/.,i>r

Deos;& ainda viviaò, quando àquellas partes foy o Apoftolo Rejen m Uh,Hido in í, Matth^i , adver.

SaóThomè,queosbautjzou j &GreouBifpos, ouCoadjuto- d.t^o^Im-^^-''^ e.aã ^..erf. a/íj,


resfeus.83 Foraó coroados mais regiamétè por martyrio. Seus 8? PFr.foffpb.d.c.zi.n 4.
corpos eílivcrão em Conílantinopla, donde milagrofaméte os
trouxe Santo Euftochioa Milam-, na deftruiçamdaquella Ci-
dade os achou o Emperador Frederico, Sc datli os levou Regi-
naldo Arcebifpo de Colónia para a fua Sè 84 mas dizem que ^^ ^J^'"h. Pà'^^f- Bcrgam.í. 1. fu^i
;
1

no Sanctuario da Sè da Cidade de Valença fe moílra hum dei- Dh^í Matute, «„ profap de chrijh. ,d,de
leS. 85 5-§ 5 ? 'i
dllczando ,1 ^lbcrhCr.itto.

1 8 O excellente Hiftoriador Portuguez Jeronymo Ofo- .„


',;
^'^''^'^'" '^"Sefuuhro d c.7. « 4.

rio86 efcreve , que na índia acháraõ os Portuguezesem hum W q/o- de reh Emminnei i. r.
Templo hiía Capella dedicada á Virgem hUy &: refere o j ,
^^ Navavi'^co'iimcnt.dtorM &Uíí
"""'"' '''''^'
doutiíTimo, & muito virtuofo Navarro, 87 que o mefmo Bif-
po Oforio lhe difíera, que depois de efcrever ouvira a peflba fi-
dedigna, que as antiguas hiftorias do Reyno de Calicut conta-
vaó que hum feu Rey ( poderia feio depois ') fora hum deíles
Ffij Magos
350 EVA, E AVE
MagoSj OU feu companheiro, &: que tcrnandcàfuaterra, edifi-
cara aquella Capella,naqual fobrc hum altar eíVavaerculpida
a Imagem da Senhora com feu Divino Filho nos braços, & por
reverencia naõ entravaó nella mais que os Sacerdotes, & guar-
das do Templo.
19 Efte dia celebra a Igreja com nome de Epiphania , que
88G/cf.,v.rtc,£f>,i)fca«;.r««,
í-L.fignifica Mmitfeííaçao dc jim.^ 88 porque fe manifeftou
,

o»íhes.7.L.aeitt:js. Chrtfto pelo final fuperior dacílrdla. Nelle celebra também a


nianifeftaçaõ noBautiímo com o teftemunho doP^v^í/ ^Eterno,
& ^ox i^oí^ c\i2.miSiTheophania que fÃ^ni(icã.niamfeJlãçaM di'
^

^ vma. E outra terceira manifeílaçaó nas vodas de Gani de


* Galilea pelo milagre da agua convertida em vinho chama fe j
^ ,

89 DuiaraoP.ír.Uan.doScpuUhr^Bethphania,
quQ\â]t^nto^como Mamfcpçãmemcafã. 89 To-
dp. c7.n1. das fuccedéraó aos feis de Janeiro 90 donde Guerrico Abba-
-,

5>o Diurnas no c.^x.m.cre 44.» i.


^j^ qi vevo a dizer,queo diadc i-ç de Dezembrofov do Naf- .

Cimento de C/?nyíí;: oco de 6. de Janeiro, do nalcimento dos


Chriftãos, pois vivendo a Chriftandade da Fè,doBautifmo,
& da mefa do fagrado altar^ a illuminaçaó dosMagos nos prin-
cipiou a Fè oBautiímodeC^nj^t? confagrou onoíToBautif-
:

mo:&aconverla6da agua em vinho fignificou a mudança, q


fe faz no Sacramento da mefa fagrada.
20 Entre as hiftorias gentilicas faz mençaô deftacele-
91 CaB,d.Piatoni,:, intomment. .dT» bridadc CallidioPlatonico,92 chamandolhe Santa , ò' vene^
tueum Piaion.apudP.F): fojçphjUp.íi.c. favcl rcfcrindoquca eftrellaannunciàraa ^«^íí <!/f ë»?í)fí?5
,

*^ "'^'''
dig no de veneração para beneficio da natureza humana , éf de to-
das ase oufas.

C A P l T V L o XXXIV.
Da Purificação da Virgem May, Prefentaçaõ do Me^
nino Jefus no ^lemplo j do que a Senhora alli padea
ceo y 6J* capifa per que eflafefta [e celebra com 'veías
accefas , chamando^fe Candelária.

I Lfvtt.it. 1 "jLlí Andava a Ley deMoy fés, i que a mulher que pariíTe
J^VA fi 1 ho,naó entra íTe noTemplo antes de quarenta diasj
no hm deiles fe foííe purificar, Sc aprefentar aOi3>?2/?(?r,oíFertan-
do hum cordeiro de hum anno , & hum pombinho ou rola & , j

fepor pobre naõ tivefl^e cordeiro, oíFerecefle dous pombinho??,


ou rolas: hú para ofacrificio de fogo chamado Holocatffloyou-
Gl4^,S^D'^íPl.pyp. Fr ^ofrph ^^o para o íacrificio pelo peccado origmal^ 2 como
confirman-
áe^ejusMananiii.y.rg.i.^.c.xi.n ijaá- doa circumciíaô- Naporta do tabernáculo entregava a mãy
MsàffefatCartha?,enadearcaH.De,p.p.x.
^ meninoaoSacerdote cHc olcvava atè juntodoaitar &c dã-
i
:

i.i.b9m.t,vcrl,iilud,in hn. .
,^ ,, i ^ ar
do graças a Deos por aquella creatura , a levantava onerecen- ,

do-a ao Senhor-, 5c depois recebia a oíFerta. Se paria filha , fe fa-


zia
PART. 11. CAP: XXiV.
35*
zia o mefmo aos oitenta dias. Nos primbgenitois era particu-
lar ; dedicarem-fe a Deos em memoria de haver Deos morro
,
3 Éxod.ii.
osdcE^yproparalivraropovoHebreo.SeeraódotribudeLe-
vijficivaó no ferviço do Templo: 4 fede outra, os remiaõ os
'"^"'•«•3«
pays por cinco ficIoSjmoeda que tinha cada húa quaii oito vin- "*

'

dos noífos PortUfTuezes. <


tíins . ^,. ^ ,, .

jni^ic,,o-
2 ComprKio-feosdiasparaelteadro, conforme a Ley, co- ^'#. "'2'^';

mo advertio o Einu cr^Iiíla > 6 porque fó por humilde excm. c- * í-""' *' ^«undàm icgcm. & xí
^*"

pio de obediência àLey. & por em tudo femoftrar homem, '•'"'''"^'""^'""''«â^Dommi,


quiz o Filho deDeosÁ fua Mã) Santiílima folênizalloj 7 fem
outra ncccíTidade; pois eraó puriíTimos. 8 Tratai vos, Senhora, l Cmb^ti/Jp.hom.u
'

(diíTeSaõ Bernardo} 9 como qualquer mulher, pois voífo ^"^''^''^''^''í-inLuc.i.


Filho fe trata como qualquer menino. AíTim eftava profeti- Efto.w™-'!'''^"'"''-^'''"^"''^''^^
zado: 10 &• allim/e emendou o erro de /ix'^; aquellamãyda '"=" ^fií^ustuus fie eftin numero pue'
prevaricação peccou, (Scefcufoufe 1 1 a Mãy da redempcam '^°^"'^'
: ,

nao peccou , &: íatisíez j para que os hihos , que herdarão da ^-Jofe^h d L^.n. e.' '

primeira mãy a neceílidade do peccado aprendcíTem da iK)va ' ^"'•^- m- Scrpcnsdccepit me.
, '

Máy ahumildade de fatisfazer. t 2 J„) ^""''''^^b.fnm.^.de Pmfic^t.h


3 For eltaS & outras razoes ,133 ôenhara, d<: Sao Jofeph, "cufavu procaoter mater redemp ioms
, .-

deBethlem, aonde eftiveraó atèeftetempo 14, empregados c?"i''""^^' ^ 'acsfacit humiliter u:


-er-JTvA-r%iv "''' "Otninum qui de matre vetuíl:ari«
em oração, contem plaçao,&: ferviçodo Menmo Deos, o ievà- tr^ducunr necciííratem pcccandi
1 ,

d" má! ,
:

raóa Terufalèm. Com que devoção fariaó a jornada Cora que '" ^^'^^™novitatistrahaiKhuiniii,atem
!

amorolhariao para O tenro Intante, queja começava a ler feu i^ De<7uíA</<-r.„A.„.„ j/» l.^-,
companheiro em trabalhos Como iriaó revezando emfeus A'S-&s.
!

braços aquelle fuave pezo Chegados ao Templo em huma ^";^'^''''^'''f''%'''f'-/-tf-57?c2^8í


!

quinta feira , i dia íegundo de Fevereiro com que reveren-


-? , is P.Fr Aí do se^nUbo lai^fL
cia entrariaó/ Com que efpiritooccupariaó todas as potencias /í"''''P-»«f'«^'."-3»
cm contemplar a mageftade que allifereprefentava! Qiianto
de coração dariaó graças / Qiiam fervorolas feriaõ as oraçoésJ
Qiiam amorofa fallária a Virgem ao Etemo Pay Naó chega a '.

tanto a coníideraçam.
4 Havia em Jerufalem hum Sacerdote virtuofo, &: muito
nobre, 16 chimadoSimeaó, filho deHillieldefcendentedeAa- \6 Catthagtn.à.i.t.hom.^.infrmif
'

raójoqLuleraRabbidoutiílimoj&foymeftredeGaraaliel,!/ ,7 Cu^muhhSy/ve^rMzc
.p ,s
de quem Sao Paulo 18 difle que aprendera. Referem graves ^'"''^''Â^n.d.hom.iy^eTj.Anauum^cúm
Authores 19 que chegando Simeao a explicar o lugar em que jj ^^
Ifaias diíTe Giue Pmma Virgem conceberia , é" pãriria\ 20 pare-
, i? EgefipusiiidefuppUm.
Enãç,. \>er!t
cendolhe impoíiivcl Seque a letra eftava errada, featreveoá'^"^'"'^'' ^''^^""i" ^' dt Virgin.'Márà
,

tirar a palavra , Virgem, & a pòr em feu lugar outra que figniíi- '3.puÍ'p. Fr.
Jofeph d. 1.4 ta t
cava, Mulher moça. No dia feguinteachou reftituida a palavra '^^y''P'^^''"'''i^enjupT.\erf.Nllfiir/.
que tirara tornou a fazer duas vezes a mefma emenda , & he J^/[i'' '^•^'^•^"^ ^'^go concipicr, &
-, 1

fuccedeo o mefmo. Conhecédo fer my ílerio , pedio a Deos lho


defcobriílej dignoufe o Senhor de lho declararj & elle fez nova
petição, que fe lhe outorgou , por repofta de hum Anjo , 2 1 de n mephor.Calixt.hifl.
EccUf. L I.fo
que viíTe antes de morrer aquella Virgem, êc o Redemptor feil »i''«K
^^Luç....,.
Filho. 22
5 Andando afflidto na dilação, mas confolado ná certezaj
cegou. Nefte dia foy aoTemplo guiado peloEfpirito SantOj23 jj zw.c.'». xf.
Ffiij que .
351 - EVA, E AVE
queeftando elleemoraçaõoavifoudeqallife compriaapro-
^'^^^ ^ rccobrando cm aquelle inftante a vifta, 24 por luz m.
»4 CifminpMat. aà Vifí^.inmoftra
i

Cyprhm, reLm k ctrtha^emKi.hom.ii. tclledual, & tambcm vifivcl, quc fahia do Mcnino, & rodeava
\erj./.
^Jí^^à. zVirs^eniy 25 conheceo entre muitas mãvs quevinhaõ apre.
x< D.Ba(il.de hum.Chrift.fener.tnfi*. ^ ^ -,/ ^
' ,
r) ^ f •
i
• '

TimothcHs Hiaofoiym.a-aUj apud p. Fr. Iciitar filhos , 20 O que elpcrava , prometrido aos
ratriarchas, *

pjejh.d.c.i ,.«.1. defejado dos Profetas, Reparador do mundo, gloria de Ifrael?'


o"4ri'u:l^.T«íAr.i2:í-N^ôfoytamale^^^ noiteefcura, luz que o
MM. guiafle ; nem fonte a fequiofo na mayor calma nem ao cobi- :

çofoachar humthefouro nem a entrada do porto ao q temia


:

17 Gf».«; naufrágio; comoaSimeaó, muito mais ditofoque Noé, 27


veraPombafemfelA/tír/íZ,naófócom o ramo, mas com toda
a arvore da paz, & mifericordia , moftrando o íim do diluvio
do peccado.Com reverencia o pedio à Senhora, que lho entre-
gou com agrado,
6 Comque gozo chegaria o velho a feu peito , & fentiria
fobre feu coração aquella prenda Qiie graças defcobriria
/

nellaJ Qiiem naóteràenveja (diz hum Varaó devotiílímo)^

*a OP.Fr.io[ephd.c.ti^.i.
^^ ^ ^"^^Ç^^ queabraçàraó toda a gloriadoCeo? Tinha-fe-
Ihe fópromettido que veria: mas também o teve nas mãos ;
q
as mercês de Deos excedem às proraeíTas. Se tocar fó o extre-
i9j,Aí(iMM.io.JWtfrc.<.sí. t»í.8. mo
de leus veftidos deo faude a tantos , 29 que faria tomallo'
44* todo nos braços ? Lançoulhe a bençaó naõ com m.oviméto da:

mão , pois as tinha occupadas mas com palavras laudatorias 3


;

?o P.Fr. Man. <ío^'M^"M"*'' de congratulação, &deprecaçaó. 30 Qi.ié logra a Deos, deixa


çmjejq.
^ mundo como naó tinha mais que defejar na terra , feito glo-
:

riofo Cifne com agradecido cântico pedio ao Senhor q o Sol-


do corpo , ér levaj]} à eternapaz em comprimento de fna pa-
taffe
- lavra jpois haviajávifío o Salvador hme das gentes , érg leria
,
" °' •
^ '^
í/(?/?6l^'í)</e7/rá'É'/. 31 Difcretamente divinizou o bárbaro penfa-

mento de Amonacarges Filolofo Gymnifophifta,quando ven-


do a Augufto fe lançou na fogueira , dizendo que olhos que tal
... viraó, naó deviaó ver mais. 32
^* '•
*
7 Eftava a A/íy SantiíTima com Jofeph feu Efpofo, no-
tando as acçoens de Simeaô ; elle os abençoou também, & dif-
fe à í^irgem q Anjuelle Menino feria occafiao da ruína , de bens &
amtutosemijrael : ó' qne muitos o perfegnhiao qne a alma da :

mefma Senhora feria trefpajfada com efpada de dores : éf fe defco^


i\ l»(-/i*p'H'^ 15" hr&iao muitos cora coes. 7^7, JãkvQ como zF/rgemvsiy áckmpç-
nhádo o gloriofo do jdve, no q lhe cufta o livrarmonos das mi-
ferias de Eva,ipois até os gozos q no Filho Redemptor lograva,
" '
' ""Vforaópcnfionados com dores. Quando fe alegrou de o ver naf-

'eido de feu ventre, fentio as incómodidades queelle padeceo


nodeíabrigodalapa : quando na impofiçaó do nome JESUS
goílou de o confiderar Salvador chorou o golpe da Cicumci-
,

faó: o prazer de o ver adorado pelos Reys Magos: teve o pezar


de elles o acharem tam pobre: neíta gloria de o ouvir acclamar
por MeJJiaSi começa fua alma a fer trefpaflada com a profecia
do que ha de fer.
8 Na
PART. ÍL CAP. XXXIV. 353
8 Na mefma hora chegou Anna filha de Phanuel C que 4 .»

íkiiifíca Fifdo deDeos) 34 da tribu de AíTer, viuva, profeta- ^Vfe ii> ,/ c . / l j ,

zi de oy tenra & quatro annos, que de dia Sc de noite aíliltia na 18.


Templo com jejuns, &:oraçoenS}reconheceooJ'á/i;í?í/or, &:
affim o declarou a todos os que efperavaó a redempçaõ. 35 '^ Luc.d.c.%.^1.
%-c-í:í-«-J'
Eflaeraaquellafantamulheraqucdiflenios36queospaysda *'*

Virgem a encomendàraó,quando Menina a deixarão no Tem-


plo & tem a gloria de fera primeira mulher, quedepoisda
j

Virgem Míy confeíTou , & pregou a Chrijio Deos.


,

9 OfFereceo o Sacerdote Simeaó o Menino coma cej'e-


moniadaLey; 37&-depoisrecebeoaoíferta,quefoydedous j psiidi
pombinhos 3 8 porque os prefentcs dos Reys Magos tinhaó jà
, 58 íj/^eS/m ^5'^!?\*Í""J.^*
os Santos Efpofos repartido entre pobres 39 com myfteriofe :
AíMonad. i» t.Mmhytrj. aliam',
'>,9

naó oífertou cordeiro da terra ,


quando fe oíFertava outro de
p!{ojept}ulVi!n"x^'
íDayor preço. Joreph Santo pagou os cinco ficlos, para remir o
Redemptor do género humano por taó pouco foy remido que
;

era ineílimavel por fummariamente preciofo: & por fumo pre-


ço aos rcmio eíle Senhor jVÚtnáo nòs taó pouco.Reftituhio Si-
meaó o Menino Jefus aos braços da Virgem , forçando-fc a dei-
xar aquellafuavidade. A. Virgem o recebeo com novos júbilos
da alma & havendo- fe a ílim fatisfeito à Ley , comprindo-fe a
;

profecia de Daniel fobre efl:a oíFerta, 40 tornarão para Na-


^o íJ-wW^.M.Quafifiiiushominií
zarethos g-loriofos Efpofos, 41 ricos da joyaqueeraBethlem
•-'..-."oafp.a„ej„„b,u,„u„.
Ihesnafcèía.
10Niceforo efe revê , 42 que outorgando Deos ao San- ^'* '«'í^í Ccnhagen. d. g. hmii. 14, i.

to Simeaó o que pedia , deixou elle no mefnío tempo efta vi* "11° '^"''^^^'
^"';J,
da mortal,& voou feliciíHmo ao feyo de Abraham. Santo Epi- 41 ^tcepLT.dUcu.hfín.
phanio diz, 43 que vi veo depois annos, & porque publica- ^.^^ ^•^P'P'""'-i'díProfbet.vit.ujk
vaonafcimentodo Mejjias , os outros Sacerdotes lhe nega-
ram indignados a fepultura facerdotal. Feliz fobre todos
os Patriarchas , &: Profetas , vio , & tocou o que todos
defejàraõ.
1 1 A inílituiçaõ defta feíla Cpofto qUe varias opínioens
lhe dem principio menos antigo)íoy no tempo dos Apoftolos,
ou pouco depois, porque delia fallaó Padres antiquiíTimos. 44 44 Refere-osCarthagcn de arcan Ddp
Celebra-fe com Prociífaó de velas bentas accefasjque neftedia <^pj'^fh.d.p.x.u ho>n.ií.vcrfjtem.

il lu ftraó para com efta fe- ^ pj^^^'^'"' ^^"'"^ *^ '*"'• "Jfif-


mais a terra, que as eílrellas ao Ceo ;
'" <"• «<'

iTíelhança fantificada defterrar de Roma duas feitas herdadas Durand.,nRatm.DmH.Ly. c.j,


dos Gentiosj 45 húa chamada Lfjlro , andarfe toda a primeira
noite de Fevereiro pelas ruas com velas accefas em honra de
Februa mãy de Marte cada cinco annos, cujo efpaço por iíTo fe
chamou I/í//?f o j 46 outra de luminárias, que as mulheres pu- Akx ahtyit (,

nhaóem memoria dofacrificio chamado Am har bale 47 que sed vide Caiepin.verb'iJ[irum.^' "'^**7*
,

os Romanos faziaó com velas accefas no Templo de Pluram 47 i'>»oceHt.uujerm.ie Purifctt,


com nome de Febrims)Citnáo que nefte mez furtara elle a Pro-
ferpina, 8c que Ceres fuamáy a andara bufcando com tochas.
48 Trocarão- feeftescoftiumes em fagradosj porque efl:as ve-
fymbcUzam hoje a pureza da r/y^e;», ôcoutrosmyfterios ^^ ov,dMetmor^hd.^.
las ^'
qwe
, ;

354 E V A , E A V E
^9 ^pud Pj'rjofiphL4:c.r4. «i"^ Hum moderno 50 allegoriza a-
^s Doutorcs tratao. 49
^o Henric. Eit^ei^rave y in CtiloEm. quella fabiiUcomo profecuj clizendojquc oinfcma] Rcy PJu-
fyrec^fffl.Purifait.^.yinprw. taó tinha roubadaa nâcureza humana, princeza nobililfimai
porém que a providencia Divina ília mãy, verdadeira Ceres, q
proveo o mundo do trigo dos eícolhidos, mais útil que a outra
qfe diz inventora das lèmenteiras, accendédo luzes pela en-
carnação do Feri>o , a quem Guerrico chamou , ^ío/í lume e?:^
^x Guerric.fem.de PurifcVcth^min^^c^i 5^
a bufcou peks aípcrczas , atè a achar, como diííc
carne, quafi lúmen in cera. IfaiaS. ^2
52 i/d/.4i.é.Declueiufa:duspopuli,
inlHCçmgsncmm^ .
! —
C A P I T V L O XXXV.
Como Herodes determinou matar os mwcentes
como a Virgem Qf S, ^ofeph fugirão para
; ^
,

Egypo com o Menino Jefus.

I A ConíiíTaó que os Santos Simeaó , & Anna fizeraó


de
s no precedente n.6. 0" i.
»fr.f.}j.«.7.
j^ Chriflo no
cahiâ lobre a dos Reys
Tem plo, I fe dl vulgou
por Jerufalèm 5c
Magos. 2 Accrefceo, que havendo no
:

Templo lugar feparado para as Virgens, ou tidas por taes:


^^'''^'^^'*''*''^*''*^'"'*
/.4?c.fwf MímSantiíTimaem hum dcs dias que fe deteve cm Jerufalem
quando foy à Purificação 3 3 fe poz no lugar das naõ Virgens
por humildade, como cafada có Jofeph. Vendo-a o Sacerdote
Zacharias pay do grande Bautifta , a levou ao lugar das Vir-
gens, fabendo que lhe pertencia , poílo que tinha o Filho nos
braços. Indignàraó-fe os Scribas ,& Farifeos moftrandozelo,
& porq lhes declarou a verdade , o perfeguiraó publicamente,
perfiftindo elle , atè q fendo o primeiro Marty r por Chnjto o ,

4 D.Epiphan.de vit.frophet.mZachar. matàraó no mcfmo Tcmploi 4 ou loeojcomo affirmaó Autho-

y„ed.
rcs graves.- 5 & parece ler aquclle, de cuja morte íeita no Tem-
v.Gre^or.Nifen indie Nativ.chyifi. pio accufou Chrtfío OS Scríbas, & Fariíeos,porque HipDolyto
'
'^* -^"^^^^
^"^'go ^'^ ' i era filho de Barachiasj ) ou como dizem
^fpptpl^f''''^'''''''^''" '
HippoiytusapttdNic(i,hoT.i.í.(-7,.adfn. outros, 6- accumulaodolhc àt^ois com Herodes por nova cul-
iR^ere-oso mefmoPadrty CT Mel- pa,efconder
a fcu filho Toaõ.quando morrèraóos Innoccntes-
jtij
I

ehiordeCaltro ,7ui\taaaayirí.l.i.c.li.,^ ^ r-r^ , r r e, i

7 p. Gabriel Barietaferm. de s. pa». » ''zcrao no icmplo O feu íangucjoc quandoHerodes, ou algu


Bapt.inpne.
^6 fua fauiilia vinha a clIc , naÓ ccíTava dc fcrvcr. 7 Tertullia-

p,«,?8"ft';i''r"^ 8 que atè feu tempo fe via como frefco nas


9 D.Httrm.inMatth.i^^, ,* loufas fobrc qucomatàraó; &
Saójeronymo 9 declara que
/ eftavaó em húas ruinas do Templo para a parte das portas de
Siloe. Succedeo mais,
q Judas èc Mathias Rabbinos de gran-
,

de credito , entendendo fer chegado o tempo em que muitos


Oráculos promettiaõ aos HebreosMonarcha de feu fangue, có
zelo da liberdade tiràraó dos lugares públicos as Águias Koma-
naS} pelo q Herodes os fez queimar vivos, & a alguns mance-
10 E|f/r/>KíáífAr:(Vio/r^'^pUs.wf.bos nobres que pode prender, de muitos que os ajudaram. 10
*^*
Corria também fama do q os Magos pubhcavaó no Oriente
II era
,

PARTE II. CAP. XXXV. 355


II eratudochcyodehúavozconfufadequeemjudeanalcc- „ Cajirod.c.ií.cMmOngtn.acfííijí.
ra hum Salvador Rey univerfal.
2 Menos rumorbailava para atemorizar hum ryran-
no, que fempre teme. 12 Tinha paflado quafi hum annbi^ ^^ Di(femos%ocap^i.n.i.

depois do naícimento do Menino Deos , quando Herodcs , jà ^^ f^^i^!^:^^!:'::?-^'^ ,

cheyo de enfermidades,voltando de Romajaonde fora chama- FiavOcxurm chron.am. ^.chrifii, ubi


f^'»^;f'"'P'"^"^'V'»"í.
do, comodiflemos, 14 achou novos motivos para mais re
*^ /•
cear. Vcndo-le enganado pelos iViagos, que nao tornarão a tal- vfroíi/f«ní. /

larlhe como lhes encomendara; & fabendo dos Sacerdotes & 14 D^-M-ff-n.injintt
,

lábios na Ley, queconfultou que o lugar aonde havia de naf-


cer Chri/ioer2 Bethlem , dco furíofo na mayor crueldade q ty-
ranno inventou: qual foy, executar o que jade antes imagina- / ,.
vâ, de matarem aquellaCidade,& feu termo todos os meninos
menoresdedousannosj 15 porque aílim, computado© tem- i^Mauh%^6
po em q apparecèra a eftrella aos Magos , Sz algum antes, por
mayor fegurança,entendco, que Ihenaóefcapariao quebuf-
cava. Coftume detyrannosdererperados,caíligaremcontraa
ordem dos tempos , Sc da juftiça, os que imaginaò que lhes fe-
raó prejudiciaes de futuro, porque daó jà por feito o que mere-
cem 16 a confciencia culpada lhes he corpo de delido , pro- lé Difemosn^hamemapeUt.p.y^.i.
j

ceflbj& prova-, por iíío aoEmperador Mauriciofoy Symbolo: «•« ^ § " »• «

O que he tímidoy he cruel. 1 7 Que trifte vida a que vive de outras ,^;,^ ^^'^'"^ *'^''"'" ^'"l""'"^' '"^^''•
morrerem ! S f^mcent.Bdvacfnfin/pecul. hi(l L6.e.
1

2 Hum dia antes de fe dar ordem para a execução, 18 o''^* ^^ ,


Santo Anjo Gabriel , 19 miniitro gloriolo cm todos mes p.Fr.pan.àsyhcir.inEuan^eiMm i.i.%

htm. },í»
que Herodes havia de btifcar o Menin o para o matar* 2 1 edi£to O ^"^'
^ ;,

feria fó contra os deBethlem mas fendo públicos os myfterio-


:

do Filho da /^r^e;», & chegado a faberfe que naf-


fos fucceíTos
cèra em Bethlem , o iriaó bufcar a Nazareth,aonde cntaõ fe a-
chava:como por menino de nafcimentomyfteriofobufcàraó
aJoaÓeniHebron. 22 rt CumEuthim.P.Syhnrad.e.j.,:
^ ^
'^//.,4,,Defpertou Jofephrdeo conta à /^y^?«?:commovèraó- V" n-
fe as maternas entranhas, & como o Anjo naõ diííequcF^r-

íijfem , mas que Ft^gijfem , a deshoras acordarão o Menino , ôc


fem tratarem de fua pobre cafa, né de fedefpediré de alguém,
mas fó de porem falvoaquelle thefouro, fechàraõaporta,&"
fahirão de noite íem prevenção , mais q os paninhos do Filho
\x\áo2iVirgemQm húa jumentinhaqtmhaói librando todo o
cabedal para o caminho na providencia do CeOi 23 &com- i% Cãrtha^fn./iip.l.9 hom 5,

prindo-fe muitas profecias , & íieuras que havia deita fugi- ^^ívííVaíi.f.yy.g.

5 Coube Chrifio em húa mangedoura com brutos, 25 x^ supr.c xo.n 6,


6cnaó cabe em hum Reyno com hum ty rafino ; fe atè Deos fo- * •"

ge de hum deites , quem eítarà com elleíeguro Sós os màos.


'^

Fugio à morte que vinha bufcar, para depois fe ver que morria
por
.

35« EVA, E AVE


^\ por fua vontade j haviaó-fe dccomprir as profecias do que O-

t6 s-'^ctT.ch7foifefm,\^9. braria varaó. 26 Vinha dar ley nova, excitar as virtudes ^mo-
ftrar à vifta a Deidade crida por te , fugeirar o demónio cm cõ-
bate publico, dando exemplo de como íe ha de fugeirarj vinha
morrer para deftruir a morte, baixar aos infernos, defatar lá os
prezos para na Refurreiçaó abriras fepuUaras para na fubi-
: :

da aos Ceos introduzir lá os homens : para eleger Apoftolof?,


deixar meftres; em funi ma, para levantar,ou regenerar o man-
do; tudo faltara, fenaó fugira Menino } para mayor triunfo
fe guardou para idade perfeita^ ccjmo bom Capitão que fe reti-
ra para melhor vencer. Sem fugir, também fe pudera guardar^
,^ yitmgasno
^^ rr;i . r;
tios
•,
j r.,-fl
c-,-í viaideChTtlt.
Saci
"i^s naó quíz milagres , havcndo maos
_,, A r -nx- r
27 ; &
bailando "'-"
a ca-
\

cttf.%, fade húa Viuva parareiugiar a hhas perleguido; 28toda Jli-


18 }.J^<'^.i7. dea naó bailou para refugiar o Filho de Deos. Elias fedefen-
deo com fogo do Ceo ; o Filho de Deos fó com fugir fe falvoíi-,
de peyor condição fe fez q os homens > deílerrouíê da pátria
para nos reílituir à celeílial & efcolheo ir a Egy pto para a {zxi^
:

49 f^«l<»»/rac.57.».(5. tificat, 29 por naôpaííartempo fcm fazer mercès.


6 De Nazareth foraó caminhantes por junto a Bethlem>
jo í«^r.c,i8.«.ioíw/jr»»í.
diílautc víutc 8c iiovc Icgoas 30 & entrando Saójofeph na
,

Cidade abufcaralgumaprovifaó , deixou a /^r/^ewelcondida


em húa caverna,aonde he tradição, q dando o fagrado peito ao
Menino, ordenou o Senhor que algumas gotas do puriílinio
leite cahiflem na penha dura, Sc a íizeraó tam branda, &: ai va,q
)x chri7ophot.deCítíirohij}.Deip.U ainda hoje OS que vifitaò aquelles fant' s lugares fazem della^
,

'•*••.
.
ça ,
comode farinha, huns bolinhos de eífeirosmilagrofos em en-
carar Je«rí.9Í2 o. i»priHc.
fcrmidades , &: particularmente em mulheres que criaó , fe &
)t Supt e i6.n. j in^nt. O leite. 3 1
Ihcs fcca
5, 6«f r.d.« .5^ ^ i;)^ Befhlcm paííáraô à Cidade de Hebron , que diílava
hiicephor.i.i.ci^. quau quatrolcgoas ; 32 ÔccomoaUí vivia Santa Habel, 33 he
p.B,v:iradDcxtr ann.chr,n.yytrf,ie>
provavclqucaavifariaó dointcntode Hcrodcs , & ifloaobri-
il^Brocarà indefcfip tcrr. s-mãx. g^r»^ ^ ^"gí^ P^f^ ^s montcs com O mcníno Joaó.&: fe efcondeo
j6 Lyraini/ai.if. cmhumacova, donde feoccâfíonou ficar elle no deferto. 34
c,tttfi'EX^urJ:'
•''''"''
, 7
De Hebron foraõ a Gaza .jornada de hum d.a, 35 a-
Ev .grius in vtn Patrum in ty^potioiium.
, dadc nos confíns dc Judca. - "**
GaiarK<*^Euan^(UnlU yc.isMt.Meffiaí g Dc Gaza entràraõ no Egypto ; & no mefmo ponto |

Ij''"iflj9!!»princ
cahiraófubitamente dos altares todos os ídolos, 36 cometi- "

í8 Sirab/9. nha profctizado Ifaias : 37 Sc nunca mais refpondèraó os O-


raculos 3 8 de que aquelle Reyno era como Seminário , porq
,
Vjxenaitt^^b""^'
^vda^ des biigiê.Uc 48. naó era bem que fe moílraííem Deofes na prefença do que ío
39 i^iuurch.:nicuroracuUaiidefier.Qr2ioyQxázáG.\ro. Plutarcho 39 fccançou cm inquirir a caufa
'^"^ "'"^ '"*
ipíc%bcriiaiis ,
'^

' ^^ havcrcm ceifado aquellas diabólicas repoílas-, pudera-fe a-


Cecicre ícdc )ubct ,triftcm<]ucrcdirc(ub quictar com aquccm Delphos tinhajàdâdoo Apollo Pythio

?^^"'"'ju jv n.
em verfo a AuguíloCefar que lha perguntou, refpondendoq
.

R^fert NicepkoT hifi i.i.c.17. ° Mcmno fíebrco Deosgovernador dos íJcoJes o mandava Jabir
Suidas in dt<'íion ^iii^ujhí. daqucllã cãfã, ò" tomar para o trifle inferno-, peloq ninniem mais o
EccUf.i.^verfhmqu^Lum. confultãjje. 40 Dondcdizem , 41 que o Lmperador tomando
41 7<iicepherM c. 7. 1 a Roma, fc moveo a levantar bo Capitólio aquelle altar de que
acima
PA RT. II. C AP. XXXV. 357
acima demos outra occafiaó ; 42 & foy o que primeiro le- 4» %Mf.3o».i2.
/^7
, rf c u Vr /í \. r„_ ^ ^^ ^U,, -i? NotatSixtus Sentei. ta tSibíto.ytTb,
vanrou altar a C/:?n/?í? Senhor noflo, poftoque fera o conhe oaly.an.
ccr. 43.
9 Caminharão para a antiga Memphisj chamada en- ,'

taõ Heliopohs , hojC o Cairo , diftante fetenta legoas as cin- ,

çoéta de deferto. 44 Nelle fe lhe incUnavaó os boySjôc os leoés, U^ Broctrtd fupra.


,

45 & as aves os faudavaÓ com* ,;^


^^-ccm.Bei.acenf.nffa.hp. é. c.
,
, , & lhes moftravaò o caminho -,

fuave cante 46 Sahiolhes hum ladrão que andava roubando 46 Cartha^en.de mên. Dtip / 9.hom»
pafidgeiros-, mas tanto que chegou perto dos noííosceleftiaes, »o-Wv«
femoveo a tanta piedade , queoslevouahúacova quehabi- .

tava,& lhes deu liberalmenie do que tinha j& fuccedendo la- .

var a mulher hum feu filho leprofonaaguaemquea^rg^w?


enfaboára os paninhos de feuFilhoDcos,ficou logo faó o doen- „
*
^ /

te. Pedro àNatalibus 47 diz queefteUdraófoy Dimas, que R^r!^é^:Í:SíTX'^.


viveoatèC^rz/^í^lhepagarnaCruzaquellefcrviçocoiTioRey- »í 4?.
nodoCeOi & dizem que por interceííaô da mefma Senho- .f" ^^-^';"i'io,PF,Mén.doSepui.
' ra. 48 49 Ma^rji i^EcckjinEuangdc.x'^,
10 Indo jà perto da dita Cidade Heliopolis, hoje Cairo , % "''^ í" <í^Mt ter./ana.

fe inclinou húa palma, para que a /^/>^^?;ííalcançaíre o feu fru- '

to-, 49 como cambem na Cidade Hermopohs da Thebaida,

entrando a Senhora, fe inclinou atè a terra outra grande arvore


queeftavaà porta, fahindo delia o demónio, quecharaavaó ^

Deofa Ifis , a que eftava confagrada Sc conta Nicephoro, quô


;

atè feu tempo durava na mefma inclinaça5,&: era medicina pa-


ra as doenças. 50 $0 Aí?f<íAar./»io.c.ji.
Paííáraó dez milhas além de Heliopolis, 6f pararam
11
^ em hum lugar chamado Mathurea, 5 1 havendo aííim cami-
&
nhado mais de céío quinze legoas, em que tardarão mais de
dousmezes-,52 deixando-febemverquamtrabalhofolhesfe- -

ria taó largo caminho , pofto que tiveflem os alivios celeíliaes


que ficaó referidos a P^irgemem hum jumencinho , com o Fi- Crifiian.Druthmatn i.Manhài.
-,

Ihinho de hum annoemfeusbraçoSjíuflentando-oafeuspei- Aid]h!ll"de (fJhí


d to uT
tos, abrigando-o cm feu regaço , &: penfando-o com ospani- i'.fr:p/ephdi ^.c'j.7'n't,
nhos de que havia de ter cu idado.
,
O
Menino defvelado, fem chniu^udTsT"- /*^' *' '^^ ""^'*'
-j^en. c.y.^.n.B.^o.
'
'

berço/emregalo,&femqaietaçaó.OSãntoJofephapé,guiã- " "^ ,

do a ambos , ev itandolhes os perigos, curando da cavalgadura


fraca , porque lhes naó faltaíTe. Que cançados os acharia a noi-
te, fem acharem em cincoenta legoas de deferto aonde repou-
far fenaó no campo à inclemécia do tempoiQue temores de fe-
ras, 6c de ladrocns fentiriaó naturalmentejpofto que aefperan-
çaemDeososconfiaíre: Padeceriaó fedes falta de fuftento, ,

quanto pcnofo fuccede a caminhantes. Se hiia breve jornada


na própria pátria, com prevenção de comodidades, hetraba-
Ihofa ao mais rico , 8c mais robufto qual feria huma tão larga
:

por terras eftranhas,defprevenida em tudo à delicada Senhora ^


&
ao tenro Infante, ao canfadojofephfóricosde pobreza? Os
Santos Efpofos húas vezes fe defconfolariaó vendo chorar o
Menino outras fc confolaria6vendo-o livre do tyranno} &
:

fempre
,

358 EVA, E AVE


fempre os magoava verem -fc defterrados fem caufa. Mis que
mayorcaufa que ferem SantosrTodo o mundo he Athenas na
Qua rcUgab^ntur emhtnus v,rtute. ley do Oftracifmo. 5 3 Só tcndcs que ícntir, o peregrinos ctle^
tm
55
^lex.ab ^lexGtnãter.í.yc.iv. pau/ò í^isiCSy a ignominia da patHa q VOS pcrfcgue ellaeftá privada •,

fofipnnap.
^g \òs,^ naõ vós dclla jclk ficou em defterrojpois a dcixaítes.
o^racifmus.. 1 omay ,banto Joícph,em voílos braços eíle oeilo Menmo,q
a Mãy, que vos ama, vos largará hum pouco, para vos alegrar^ J

&
alegraivos , fagrada P^irgem, porque cm voíTa companhia
fente o Menino Deos o mayor regalo. Pois elle he caminho,

yo4,.,4,í. 54 í^acil he a jornada poisfois Santos, toda a terra voshc'"'"'


:

patriít.
1 Naquelle lugar de Mathurea fez a Virgem aíTento
2 V

& paíTou Chnjio feu defterro, como veremos^ depois que refe-
rirmos a gloriofa morte dos Innocentes em quanto a Senhora
caminhava.

C A P I T V L O XXXVI.
Jidartjrio dos Innocentes , Ç$* o fenúmento que a
Virgem May nelle teve,

, ^ ,,„. I \ Odiafeguinte i doemqueaF/rg^«?,&SaóTofeph


p^^
^ "^
XA P^í^í^^^op^ríifc-gypfocomoMenmoy^í/j, expedio
Herodes a ordem para a morte dos Innocentes, nomeando pa-
ra algozes os foldados da fua guarda. Cuida- fe, q para execu-
ção fácil, mandou com algum pretexto que fejunraflem todos
X D,c^«<ímn./..i.w.s.fi.§.4.
^m |^yj^ lugar j 2 &: executoule aos 2 8 de Dezembro áo anno
„ feguinteaoquenafceoo^í'«/j<?r. 2
3
^, -.
Gkn.
j.
ordinar.
„.
Hatmon
ton.o-BedaapudSyheir.inEuangtom.i.
y Huto Ba-
,

2
tíl- h -itvt
aquellc cxcrcito da Ira a Innocer.cia, a que
Inveltio
i,t.c.%q.9M. }o. /Craó piedofos caftellos os braços maternaes. Bateo primeiro os
/ peitos como baluartes, miílurando leite cófangue}& as mãys
, ' goftavaó das feridas, fazendo-fe efcudo ao que mais amavão;

atèquefoccorrendo-osamorte, dava aambosdefcanço. Tal


vez o innocente efperava com rifo , tendo por brinco de pay o
rnovimehto do matador tal vez morria fem ferro puxando
, , ,

efte paraotirardamáy,&: ella para o defender , ficando ca-


da hum com feu pedaço. Algumas os efcondiáo, 6c elles cho-
rando, fe defcobriáo como ambicioios do marty rio. Qiutorze
^SilmciramLx.uaa./^,
milologràraó, 4 goftando a morte antes da vida, crimino- .

fos em haverem nafcido , gloriofos em pagarem por ku Crea-


dorj fideliflimos foldados, que quizeraó morrer primeiro que •

feu Capitão; militáráoanrcs de andar, pelejarão antes de biju-


car, derramarão fangue antes de os crear o leite, dos braços das
mãys voarão a triunfar nos cios inimigos, trocarão os afjgos
5 Mãrint , no poema, Í cfirai^e de pelosgolpes, paííárão ao Cco fem habitarem aterra, òV íoram
^TDL,fer..úcSana,om. ,0.
S^-^^^es logo em nafcendo. Hum
engenhofoFoeta 5 à imira-
D.chry/oi/cm.i^^. çãodos grandcs AgoltinhOj&Chrvfologo, 6 quizaeícrevcr ,

aqucT-
- ,

PARTE II. CAP. XXXVI, 359


aquclla crueldade mas naó fs pôde defcrever , quando o
:

Profeta Jeremias 7 naó foube dizer mais íènão que tu- ,


7 ^^^^«.31.15.
do eràó vozes, gritos, &
lagrimasj até os algozes deviaó
chorar.
3 Bufccu Herodes ao Bautiíla fora dos termos de Bethe-
lera, pelasmaravilhas de feunafcimentoj 8 m;is naóoachou, ^ Luc.i.

como ja dlfiemos. 9 Chegou a maçar hum filho que da mefma ^/"^ VideTZ.t'.
idade tinha , havido em huma mulher com quem fe cafára da imperfãus Amborapud P.Syhei*.
, 1 1

Tribudejudáj 10 Sc ha quem diz, 11 que três firnosfeusma-'"^"'*''^^'''"""-'-^''^-^?*''- '4-


tou que a ty rannia a ninguém perdoa , & afé dos filhos teme
;

como )à referimos de Dionyfio; 12 & também fe quizlanear npnc.yj.n. .


'^
com AuguftoCefar,mofi:rando]he tanta obediência, que naó
oucria filhoqlhapudeííenegar.OEmpsradorouvindooque
que Era melhor fer porco de Herodes , que filhojeii;
fizera, diííe
13 dito bem difcretOj mas fahira melhor de outra boca, porque ,5 Macrehi.z Saturnal c>4.

no nafcimétodeAugufto fe havia ufadoquafi femelhãte cruel-


dade por fucceder hum prodígio que fe entende o fignificar q
i

nafcia hum Rey ao povo Romano, mãdou o Senado ( ciofo da


liberdade) que naó fe creaflTe menino algum nafcido em aquel-
leannO. 14 n Stt:ton.inOãdV.Augul?.c9^'

4, Chegou a famadaquella crueldade de Herodes á Fir-


p^em Maj indo caminhando para o feu deílerro , & lhe foy húa
das grandes dores que padeceo,como a mefma Senhora a reve-
lou a SátaBrio;ida. i< Sentio a morte dos Innocen"es,&: junta- „ , joo-j;/ o

mente a perieguiçao de leu b ilho, pois Herodes pertendia ma-


. tallo em cada hum delles.Ditofas viârimas fubftitutos deC^n-
, Jio, lymbolos de fua Cruz precurfores de fua morte, primícias
, , .

\
tenras dos Martyres, cuidado da Rainha dos Ceos! Idefelices
. aonde vos manda o ferro: entregai alegres eíTevoflbprmcipio:
, tendes porto fcguro em naufrágio defangue remis otempo :
^
* com eternidades ; começais quando deixais de viver. Naó vos -»

' defemparou, mas defendeo o Rey por quem morreílcs


j pois
'
vos dà gloria antes que vida triunío , primeiro que trabalhos:
:

*
& vos troca a terra em Ceo. Nem as máysficariáofem coroa ,
\
pois fe deve companhia no premio ao companheiro no tor-
'
mento. 16 KÍ D.Chyfd fem.l^i.propefn^
Gljtiiuí filíorum ptTtiínllcns membra»
——
,

.
. ,
^A maaú corúa petvenit.-Scueceílecft ut

, fint pta.mi) coiiíortes , qux fnerint focis

C A P I T V L O XXXVII. p^^--

Como a Virgem , ^ Sdo fofeph morarão em Egypto,


Qf alll criarão o Menino Jefus.

1 T7 M E^yptoefcolhèraó os Santos Efpofos para paflaré


l"^^ feu defterro , o lugar chamado Mííthtirea na Comarca
de Heliopolis , que fora a antiga JVÍemphis, hoje o Cairo> i era t Brotará, cpro , cr o P.Fr fofefb.

a que Faraó finalára a Tacob & feus filhos , como em figura


,
^-' HMar.M^fup c.^^yn.n.
deita peregrmaçao ; 2 & onomede-Heliopoiís, Sc myltenola-
Gg men-

*
3<io EVA, E AVE
mente fignificava, Cidade do Sol , pois em feus termos habita-
ria o Sol verdadeiro.
2 Na meíma Comarca havia fido refugiado por EIRey
Mich.b.x.^. Ftolomeo em tempo dos Machabeos 3 o Sacerdote Oniascó
grande multidão Qc HebreosjiS: nellacom icença do Rey edi-
]

ficou hum ícmploj que permaneceoatèo Império de Vefpa-


^K,ccphorh.iiu.cA.'ny>^cà.
íi^QO. 4 Fhilo Hebreoeícrevc, quccm feu tempo ( quc foy o
"^off^ dcheL p/.vc.L7c. \o. dos Apoftolos}havia em Egypto hum milhaõ delles 5 aquel- >
DMie^on m D.nid. umtc med.i» tam.4.
.
j^ ^emolo fanto, & aíiiftencia de tantos da mefma naçaó con-
viaaria a h^trgem, & ao bantojoíepha elegerem aquella mo-
rada.
6 D.?auUdPh,i,p.i. 7. 3 Como
o FilhodeDeos fe fez o mais pobre , 6 quiz
que feus Pays o fuftentaíTem trabalhando: joíeph no ofEcio de
7 p.Fr.pfeph de lef Mar.hjid^yirg. c^T^piYiiQÍro Manacoztnáo, & lavrando porfuasmáos. / Os
,

Í.4.C.17, n. 4.
Anjos fe adrairarião vendo cm obras fer vis os que puderaó ler-
tviríe de Reys.&c pofiuir todas as riquezas do mundo. A Senho-
/ ra , para fazer os oíficios domefticos , entregaria o Menino ao
^' EfpofoSanto,paraqucoentretiveíre,&oEfpofo,paraíltofe
divertiria do feu trabalho. He de coníidcrar que regalos rece- ,

beria quando o tomava , & tratava quam íliaves feriaô íeus


:

'-- abraços ; a graça que acharia nas innocentesacçoens que os ,

meninos fazem: quam doce lhe foaria,&: á Máy SantiíUma ou-


virem- íe cham.ar t^ay , &
Míy : quam gracioías íeriaó fuás pri-
meiras palavras quam ayrofo começaria a andar, eníinando-
:

Ihejàhumpjá outro os primeiros paíTos: comquegofto lhe da-


ria a l^irg em o peito.& quãto elle goftaria do peito de tal Máy.
Diíle a mefma Senhora a Santa Brígida , que era tanta a belleza
do Menino quando o creava,que todos os que o viaó^por muy
;

« rriftes que elhveflem.íicavaõconfoladoSjpelo que muitos He-

\ breos diziaõ huns aos outros Vamos ver o hlho de Mana para
:

\ nojfa confolaçaa j & ainda que ignoravaó fer Filho de Deos^em


g J<^ewiáí-5.Sr»;çiíí.i6.c.i.cr58.crb vendo a recebiaó grande. 8
U-(-7o.ad^n.
^ Qs Egypcios , obrigados da agradável prefença de
taes hofpedes, os tratavaó com benevolência de naturaes: &cl-
les pagaváo cora raayores bencficiosi que o Sol , ainda que en-
> • cuberto , influe a virtude de feus rayos. Todos os necefljtados

fe valiaó da Virgem , q ou os confolava com palavras ou os fa- ,

rava das enfermidades. Todas as mulheres que tinhaõ meninos


doentes lhos levavaó, &
2LStnhoraÍ2.zÍ3iÇ{o}Atn\noJeJusos
tocafle , ôc ficavaó faós. Todas as pejadas hiáo á Virgem M':.)
que as benzeíle, &
nenhúa perigava. Ifto fe acha naó fónos
, ^ , , ,, . . livros CatliolicoSj mas também nos SarracenoSi 9 donde ficou
eaMÍ verbo, hLtammediant. ^s barraccnas O coltume de ainda hoje chamarem por Mm ia
ptt iojei>hjui>.n.^. nos apertos de feus apertos.
5 Enlaboava a Ma.y Santiílima os paninhos do Filho fa-
grado com a agua de húa fonte, que ainda fevè, cujo regadio
fertiliza notavelmente as plantas do baliamo, a que prejudica
outra qualquer agua: conteífaõ ©«Sarracenos pela tradição,
que
.

PARTE II. C AP. XXXVII. i&i


daquelle Divinocontadtíjj &: a vene-
qiieeftii virtude lhe ficou

raó de modo que nenhum fe atreve a lavarfe nella km primeiro

fazeroraçaó. lo Qiiafi na mefma veneração temo tronco de loPelhmt.tom.xMlfenti debatem.


húa figueira
'^
em que dizem.que
*
a^íí-w^í^rtí enxuy;avaospani-
o £
1
'^
,

,
JJcob.cfeValenc fufr.Broc rd p. i C.4
nnCS. II M,.iut napro^dpMeChrijt id d.^ c.^.§ }.

6 J
^

à fe vé hCia das razoens 1 2 porque o Senhor efcolheo ^ 4 MeUhior ae Cafíro «a vida , cr cx.

a Egy pto para lugar defte dcfterroj quiz recompenfarlhe com "[ ^•'*'- '°- '"'/'«^-f''-
^i^p^ <*•
'^^J^"'^
mercês os caftigos que lhe dera quando livrou osHebreos de u^chníiophor.deCaftro.hiii daVng. "

icucativeiroj 13 deo-lhe feu primogénito pelos que lhe tira- '^•'^•''•^


ra: o Sol Divino, pelas trevas o MedicodoCeo, pelaspra Jlu^^y^^""^'^^^''''''"^""^'
:

gas: S< pela cegueira da idolatria, em que o deixou,ofantificou n a'"'* K///j<-^. «o /w Suhú. vida
com Tua aíTiftencia para vir a fer no,
povoado , & nos defertos t ^'"'^^
' ^
med.com s l.õ chryjoií. "^

hum Ceode Anjos em corpos humanos, como b.JoaoChrylo-


ílomocom eloquente brevidade o defcreve. i+Com particu- 14 D.chryfon.hom %.nM,tih.tom.x,
lar myfterio cahindo dos altares todos os mais idolcs entrado t
3

C/:'n/<?noEgypto, 15 ficàraó em hum Templo da Cidade de \<, Di(jmosnoc^s.n.%,


Hcrmopolis na Thebaida trezentos, feflenta6fcinco,corref- *»

pcndcmes ao numero dos dias do anno, para cahirem de repe-


te entrando a Fz>^;gí'wnaquelleTêplo, por naó achar na Cida-
de outra cafa em q íe recolher quiz o Menino Deos derribar
\

prefencialméte osldolos daThebaidajCujos defertos difpunha


para povoarem o paraifo. Sabendo o Principe dos Sacerdutes
Gentios chamado Aphrodifio aquelle fuccefib, acodio acom-
,

panhado de muita gente,& vendoo MeninOjdifle.-^/^í-yè.^^íç/.


vidâ he Veos dos n cjjos Deofes , pois elíes fe lhe proftrhãõyfe nao
fzirmos o weírm,podemos temer o cafiigo de Pharãõ:èz o adorou. /
16 Vinha Chrijio tirar do mundo a idolatria &: quiz logo em , « (,'.LÂhuienf m %. Matth. Carthag. de
começara emprezanofeumayorfeminario, í;*"^^-^ ''<"" ^ow/.Epifcopus.
fua infância que'l"^"
eraEírvOtO I-
eraC^ypLU. 1^ circapnncip.
'
^ /n NuutOughom.iJndivcrJ E^ííg.

1 Aflim pafláraò os três peregrinos fete annos Q fegundo « B.iron amai am.Domin.i. »«»>. i j >

aopiniaó mais recebida ) 1 8 aquelle defterro , fe aíTim fe pódc p^"/'] ^r'h ^•7-ím''-54.
chamar oem que paíTavaô companheiros, pois na prelença do cnacenf hift.àprmord. EccUf. p.i.u i.
Menino Deos, Secada hum na própria fantidade logravaó pa- ^^""i', 11"'

j- ^ r y:itaq-<iddetriemioNicephorhi(lEccleC.
tria, & quanto podiao querer. Felicliiima terra Lgyptoimere-/, ,.,^.,,^„„j.,
o r^ 1- -/T é. .. f
^ ' '

ceocrearfe nella aquelle Divino Infante de que erão ambicio- it q!"^q:*idMMon.wMati.i. atiiueal^.
fososCeos.

C A P I T V L o XXXVIII.
Cafligo, Çff morte de Herodes :
Qf como a Viigem com
o vMemno Jefus ,
©*
São Jofeph , tornarão de
£^pto para fua jfatria,
I "O EynouHerodes trinta Scfeisjou fete annos em profpe- lof.phdelei.M i.c n pfá>, , /.

j^.ridadeappaféte por meyo de traças tyrannicas de rey- Mexia na syivJf var iç.t.^.c 170 i\Fr.
nar.em que era muito perito, i Na vida dos tyrannoscôtinu.
í^;lJ,íí^t'.Xt?í..'£-:::S
a Divina Providécia o caftigo dos povos mas naó fe defcuida poji pune. :

Ggij de
i6z EVA,
E AVE
1 t^pccai.i.w. de também os caíligar a feu tempo. 2
Efte matador de nobres,
iHf.jg r-crs. de Innocentes, de mulher, £c de fílhoSjfoy portento de malda-
anVí^ ubuommm. Siv.n. des , &
depois O toy de tormentos. Dentro de três annos 3 ca-
hio na doença mais miíeravel que fe acha efcríto que humano
^ corpojà mais padeceíle. Hum fogo lento nos oíTos lhe abraza-
va as entranhas, que ulceradas hiaó apodrecendo. Os pcs mui-
to mchadosmanavaópeílifcros humores. Tinha os membros
'•'encolhidos com dores intenfiflimas ; a refpiraçaó tomada &: :

para alimentar eftas penas tinha fom e canina y nem morrer po-
dia, devendo-o defejar : mas vivo parecia Tepultado, pois o co-
miaõ bichos, que lhe fahiaó das partes verendas canceradas, &
4,'jojif^A,amqi 7.f,8.
O màocheirodelUs inficionava O ar. 4. PaíTou em fim de tor-
mentos tam grandes a outros mayores, 8c eternos, pois o ul-
timo arrependimento foy encomendar a fua irmãa Salomé , &:
a feu marido Alexas que mataíTem a muitos nobres que tinha
,

em prizaõ para com illo haver trifteza entre a alegria que en-
,

^5 p/e}>hfHpi.'d.c.s.adfn. tendia havcria geral com íua mortcj 5 porque hum tyrannohe
rayo que atemoriza também aos que naó ofiende mata a al- :

guns , & odia-fe com todos 6 folgaó todos de que pereça tri-
: :

olT°uTac.pftIcn;/quuvmtffmpcrin^^^°"^^h^V^^^^"°°^^°^°"^'"""^^ rcprovado ^'"^^^


armis, dos bons. Porém a irmãa, '& cunhado dcraó liberdade àquel-
Et pa viduro folitos iii pecus ire liipos. Igç nreZOS
. p p, ;w- « ^n c,,„ i.u p r • 2 Morto Herodes , o mefmo Anjo Gabriel , que na fu-
7
cjpmt.i,.ícHU».ii.adji>i. gidaparaohgyptohaviaditoab.Jolephqueoavifana quan-
do houvefle de tornar , 8 lhe appareceo entre fonhos , & diíFe,
8 Siifrac.^^ «•}. quefoíTc Com o Memno , é^fua May para terrade Ifrael ^ forque
erao jà mortos os que o quer i ao matar. 9 Fallou por plural, ou
*°'
porque hum fó tyranno vai por muitos matadores ou porque
'^^' '' ^'
' .•

também feriaó mortos os queoaconfôlhavaó: 10 ou porque,


morto o poderofo q manda , morrem os mtentos dos que coo-
loE.D H.rc..inc..nent ^,,,fc. petaÓ por exemplo , adulaçaó , OU mcdo. 11 Mimfecomprio
ruheg.js, tios sa>,â \ida<k chrifi c ^.ad a profccia cm quc Ofeas tinha dito que De Egypto chamaria
fnCmthaven deurcan. Deip.p.i.u9 hom. De OS
afeu Filho. 1 2 Parccc quc cílc avifo do Anjo naó foy lo-
^'\7rsylvcir in Euang.tom.iA. i. c.?. go ^^"^o que Hctodcs morrcoj porq fobrc feu teftamento, em
q j"*". ij- querepartio oReynocom vários titulos entre feus três filhos,
rx 0/.^,,. ^.Maith^,^s^ "^^^ Archclao,Antipas,Cquetambem chamàraó Hcrodes) &Phi-
5«f»//7j hppo, 1 3 lorao elles em contenda a Roma aonde le detiveraõ
,

t<^
5 forrihã'aníiq./.í7
l' Fr jcleph de lel.
c.

Mar
i o-

d.l. 4. CIO.
hum anno, lAatèqueoEmperador Au^ufto o
j c r" r^o confirmou : &
bao j oíeph chegou com a Kirgem , & com o Menino,
í.
Tl 1 \/f
m. quando
(naó havendo tardado em obedecer) jà achou Archelao no
,. -i^^ Mt.vh.z XX. Reyno, como diz O fagrado Texto. 15
3 Obedecerão logo os Santos Efpofos, deixando nos co-
nhecidos do Egypto as devidas faudades. He de cõfiderar quã
agradecida fe defpediria a Senhora: quam enternecida às lagri-
. mas que alguns derramariaó: comque aíFedto ella, & o Efpofo
lhes prometteriaóamorofa lembrança, & fuás oraçoens: com

q pontualidade fatisfariaó à promeíía ; de quanto effeito feriaó
*

aos ditofos, que as merecerão. Que feria ver concorrer à par-
tida
,

PART. II. CAP.XXXVIIT. 3^3


tià^.áoMcninoJefus os da mefma idade, que envejados dos
Anjos brincavaó com elle / Qiie lhe diriaó & que lhes diria
:
.'

Se chorariaó alguns Qiiantos iriaó com ellc atè fora do lugar!


!

Como tornariaó fós fem elle /


4 Com a mefma pobreza, Sc trabalho pela mefma af- :

pereza ,diftancia &r deferto do caminho que defcrevemos na


,

cerrada ,16 fahiraó doEgypto os celeftiaes peregrinos, & ,^ Súprc.iyn.yomosfeguhtes.


volcàraõ à terra delfrael, fendo o A/fW/wí^deoitoannos. En-
caminhavaó-fe a Jerufalem,ou para irem dar graças ao Téplo,
ou para alli morarem , por fer a parte principal da terra de If-
raclj para onde o Anjo diííe que foíTem, naõ final ando lugar j
quando ouvio Jofeph que em aquella parte reynava Archelao,
pela divifaó que deixara feita Herodes, &c confirmara o Em-
perador.TemeOj porque também ouviria, que feguia as má-
ximas do pay 1 7 pois com occafiaó de achar no Reyno fedi-
; ,7 Sjheiud.U.s.9 q.i,n.if\
ciofos quando voltou de Roma , ( contra os quaes fe valeo de
hum exercito Romano } & com outras menos graves, matou
Cidadãos nobres,
(^alèm de muitos populares) mais de três mil
èc fcztaestyrannias, queporellas, ao decimo anno o privou
doReyno oEmperador. 18 Jj ío/?p'.dJ.x7.^c.i(y.uf^uej,dfn,
5 jJeixandoocammhode Jerulalem, ieioy obantojo- /ipdeey.cid.Hierofoi.i.í.c.i.C't,.
feph, (porordemdoCeoemlonhos) &fuafantiílima com-
panhia para a Província de Galilea , que com titulo de Tetrar-
cha governava Herodes Antipa, filho do mefmo pay, fimit-
lando brandura para fazer guerra ao irmão. lo Efcolheo para '' ^''^!!',''^'/"J. ^'""' V"^"' '^:
, „
habitação a INazareth, ou por avilo do Anjo, 20 ou por ou- med.tom.z.
tra revelação. 21 Afiim fe compriooqueeílavadita,quefe ti yiihegasd.c.z.i»fne.

chamariaJefvsChri 00 Nazareno, 22 pelacreaçaó, mo- &


rada que alli teve. tt Matth.(i.c.i7»adfn,

6 Em Nazareth feria a i^i^w^orí? recebida como em pátria.


Que perguntas lhe fariaó fobre fua aufencia tam apreííada/
Seu juizo lhe diftaria repofta, íem faltar nem ao my ílerio, nem
à verdade. Comofeftejariaõcrefcidoo Menino quedalli fahi-
ra de peito Qiiantos ainda fem conhecimento, o iriaó ver, fò
!

pela fama da belleza que nellefc admirava? 23 tj yide/upra.^j.K.t.aij^

7 Em aquella Cidade aííentáraó fua pequena, mas illu-


ílriílima cafa , librado o fuítento no trabalho de fuás mãosrr

] ofeph pela carpinteriaj a Virgem por cozer, & lavrar; fem por \
iítofedeslullrar fua nobreza,comodiííemos quando delia tra- *,

íamos. 24 Amefma^y^w^oríídiíreaSantaBrigida, quealgu- *4 •^«^''í-.tj-».!»'-

mas vezes lhe acodiaó peflbas piedofas , de maneira , que nem


tinhaó faperfiuo, nem lhes faltava o neceífario: 25 quemayor ** ^"•^^^« S.B>"i''á./.6.c.5?'í

riqueza ? como a naó teria , quem tinha tal Filho ? Era Filho
& era Pay.

Gg iij CAP.
O a

3<Í4 EVA, E AVE


C A P I T V L O XXXIX.
O quepadeceo a Virgem May na ajflicçaõ <^oMenino
perdido , Qf como o achou noTemplo mojtrando
aos Doutores da Ley o tempo , Çf^ utnda do
Medias.

,
^nton.N^hriífint/iaicn^
J^
primeiro
que hc O mefiTio que novilunio ) i no
^,^^ i\><?»z/K/Vz (
dia de cada mez, que fe começava com a Lua nova,
celebravaÓ£)S Hebreos cada anno cinco feftas principaes anti-
gas ; Pafchoa, aos quinze da Lua de Março, em memoria da li-
berdade do Egy pto; Fentecofte (que fe interpreta, /^w>í^;//!?^(?-
^.-frr, J^^^o^ 2 cincoenta dias depois, em lembrança da Ley dada a
j t 3 •f-jo-í"' Moyfés aos cincoenta dias depois de fahidos do cativeiro j 3
' " a das Trí>;f?^í?í^.v,ao primeiro de Setembro, por fero dia em que
•riff*'''^'"'^^"
Ifaac foy livre do facrifício j a Propiciação , aos dez do mefrao,
pelo perdaó da idolatria do bezerroj & a Scenophegia, chama-
da dos 'Tabernacv.loSi aos quatorze do dito mez , na qual faziaó
cabanas de ramos, em que comiaó , lembrando- fe de que aflim
viverão feus paflados quarenta annos no deferto. Depois fe in-
ôiiuíraó outras: como a dos Encenios , cuia figniíicaçaó jà dif-
femos 4. memoria dareediíicaçaó do Templo pelos Macha-
.

2 A
PafchoA , Fentecofte , &
Scenophegia , por mais folem-
ncs, tinhaóoitavario, todos os &
homens eraó obrigados a ir
ExoditM.cr^4.t^. aíTilhr no lugar que foííe determinado, 5 &
foy o Templo de
Dt;ttti»n.ix i.CTH.rj.crt^.ié. Jeruíalem. Com
os que moravâo muito longe fe difpenfava
nas duas mas na P^7:?í?íífó por impedimento muito precifo^
:

6 &
porque os homens naótemeflem deixar fuás cafas expo-
6 TfaKifiocom^andeerudi^jõoPFr. fc^isahdroens,& oufros perigos. Deos lhes tinha promettido
Ziie(açíí.irfi.c.9.nycr^. HO Exodo j quc Ihas guardatialeguras , em quanto fízeííem
7 fix-í/. i^^.z^.Exfik< t D.^ug.<ii6\. aquellas aufencias.
fiot^tP.Syh.^nBuung.t.i.i. ...lo^.i.
^ Poftoquea Virgcm M^H^. pormulhcr,fena6 comprc.
"*""''
hcndianopreceito.naó faltava comSaóJofephem aquellas fo-
" D B^nx^-àfaii} afnd Sylveir.à.uS^^^^^^^àzàcs; 8
porque a grande virtude obra mais do que dever
r ,0 5 t. ,» &:comelleshiafempreoMenino_/^/5/j, comoa líí-w.W^diíre
9 «^,v/df5B.í^id.i6.í:.53. ^j a Santa Erigida. 9 Sendoellede doze annos loforaó a Jerufa-
i!!vfÍTt'í J ^£imi"''' lem em húa Pafchoa , que aquelle anno cahio a quinze de A -
« *

j^^ j| gj^ j^^a quarta feira. 1 1 Poíto que ainda em Jerufalem


Aa ícmpium ixc s fuerum perduccrc

reynava Archelao, 12 que havilotemidoquandc vieráo do


^'on^nibus anuorum viobus de moie
(oiebasu Egypto, 13 nenhum temor lhes impedia guardarem a Ley de
10 Liic. 1. A,^'
Deos.
4'/"'' '" ''^"* '
cul\lm^n7.t 4 Quando acabados os dias de feíla voltarão para Naza-
,

,1 p.syhtir.à CIO q j.u.z.fHw/b- rethjfícou Mcnino em Jerufalem,íèm Virgetnin^m S.jofeph


"*
fe^h. '''^^'"'^•'g';'
verem que ficava3porque ainda que nas operaçoens commuas.
,

PART. II. CAP. XXXIX. 3^5


emqnanfohomcm, Iheseraobedienallimo, i4&:airimnada 14 Luec.t.y.
faria fcm ordem íuaj no que obrava como Redempror, ícguia
fó a vontade do Eterno Pajij 15 fegundo a qual em aquella oc- Explicaáí o p. Fr. ^ofeph de fefu
' >

''^^^'"''-
cafiaóquiz darprincipioafeuofficio,&moftrarhum rayodc íí^í^^^t^/l^.i^y.V'
.•• /eu conhecimento. Malàon<idim.Luc<<.ii\ verC.adteniam.

e Eftadifpofiçaó Divina pode mais que o vigilante cui ^^''^:*)í'»-<^^ '^rcan Dc^.i.io hom.í.wf
dado que tinhao ospaysdaterraj & tivcrao ellesjulracaula
para o naó acharem menos $ porque aflim como no Templo
eftavão feparados os homens das mui hcrcs, ló também nas fe- ujoftj^h de bel.pdlis e.è.
.

ftas de grande concurfo os homens


, Tahiaó por hum caminho,
as mulheres por outro fós os meninos , & meninas podiaó ir
:

com quemquizeíTemi
T- 1
i7&a{rimcadahumdospaysrantiiri cr'^10.P.Syh.f.p.tom^uU.cap.wj.9
hvjit Burr das im.Luc.CTCíir
.
o / L- j1

rnos ácjejus cuidava ç\}Xtoòenhor nia na companhia do outro, thagen.d io.ho>n.e.\erf.abj.


,

Lucm.c.i.^^.

18 naóquea/<Jr^^;'/'ícreírecomjuizouItimado,&íirme,(por- '**

\ quefeu entendimento nunca errou) masaílim lhe pareeeo por


\conje<£tura provável. 19 19 PSjlveír.íi.e.io.q.i4.n.^u

6 Juntos no fim da primeira jornada , quando acháraó


menos o Divino Filho, ficàraó defentimento como quem o
amava tanto , & por tantas razoens , & tinha tanta obrigação
de guardar aquelledepofitofagrado. Conheciaô, quecomo
Deos j nem le podia haver perdido por erro nem deixava de ,

eftar feguro em qualquer parte mas tambcm confideravaó


j

que fe havia feito homem, fugeito à fraqueza de menino expo-


fta a todos os trabalhos na aufencia dos paysi 20 ou Tconfide- ^ c, . ,

ra o grave Doutor Maldonado.) 21 aílim como quem le hum ^, Maldonado mLucx.n.n^.


texto efcuro da Efcritura Santa , fe cança com pena em lhe al-
cáçar o fentido: aílim os amorofos pays fe dohiaó de naó pene-
trarem o fegredodaquellaaufencia. Naó he necefiario pedir
perfuafoens à Rhetorica nem fatigar a eloquência para enca- •
,

recer huma pena, que fó imaginada treípaíTa o mais duro CO- ^


raçâó. Foy louvor de pays tamlaftimados naó os obrigar dor «
taó grave aos exceíTosquefemelhantes afflicçoens collumaó *

cauíar. Sem fazerem eftremos fe dohiaó ojuizo fuftentava o ;

valor , &C conciliava a mayor compoftura coma mayor má-


goa.
7 Sem defcançarem voltarão logo a Jerufalem de noite
porque naó repoufavaó em bufcar o querido: a anciã divertia o
cãçaíTo, & o defejo dava azas. Perguntava ãMayEfpofa aos que
encontrava pelo amado, dandolhes fmaes , & pedindolhes que
le o viíTcmlhe diífeífem fua pena. 22 Augmentava-feamà- tt Cantic.^.i.O' $,ti
goada/^;^;^^^«vendoamefmaem Jofeph:6r nelle fe dobrava
íentindotambemada^r^^;^ : nam tam caberiaó duas penas
grandes em hum fó coração fe cada hum naó eftivera no Me~
,

mno Deos. Qiiem alli pudera dar novas a ambos do Filho ama-
do.' dizerlhes que eftavafem perigo ôc que brevemente o j

acharião com muita gloria.' Quealviçaras teria xMas que ma- .'

yoresalviçaras que darlhes alivio? O' Eterno P^y, como nam I


I

t
mandaftes hum Anjo a confolar quem tanto amáveis ? Qiiize-
ítes
3<f<! EVA, E AVE
ii Luc.i.xi.
^^^^ ^"^ ^^^ cedo começaííe a alma da Virgem a fer trerpaííada
comaeípadaquediíTeSimeaó? 23 Qiiem poderá inveítigar
14 Sdfíen/.?. IJ. VO0OS altOS JUÍZOS ? 24
8 No fim do primeiro dia achàraõ menos o A/^^/wí?:
ho fegundo chegarão a Jcrufalem, & o bufcàraó, rodeando ro-
»5 Cdw/c.j.4,

da a Cidade por ruas, & becos, comotinhaditoSalamáo; 25
&: entretanto, confiderão os efpirituaes, que dediaeftana no
Templo em oraçaój às noites fe recolheria em algum hoípital,
-
-z o/.- j .^ , &à hora de comer pediria efmolai 2 6 até que no terceiro, que
/-
ir.

d./.io./,c.»,.6.vír/.fc;f>w.^Wf^-3iW4T'í-ic)yL^omingo, 27 * O acharao no 1 emplo (aonde lempre le


de de chrif}.c.9.j>oiin,ed. acha a Deos ) íentado entre os Doutores.
^^"^ ^•'•'*
3o'J./'''*'^" '^ ^ 9 Coílumavaó os Hebreos ter difputas fobrea Ley no ,

Templo & nas Synagogas. Os Doutores para decidirem íen-


,

tados em cathedras os nobres em cadeiras ordinárias os po-


: ;

pulares em terra fobreeíleiras: & também a eftes fe permirtia


^"aUar, pcdindo licença. 28 Foy o Menino àquelle ado, no qual
i8 D ^rhbrõpn i. Cor^. idf.n. & in
luc.í.DzJftomn.p i.//í.víi§ s» entendem os Efcritorcs 29 que feeftava tratando fobre a vin-
a9 F:%d.í.9.^o/ím.d./,-^M';' da do MelliaSiôc 2.àm{máo,0uvio,pernmt'ou, é-rcfpondeocò
icrf dhid.
tanta prudência ( diz o Euangelilta bao Lucas 30 ) que todos
jo LiicJ.c.x.^T pafmavaó.NaÓ diz que enfinava,oudecÍQÍa,podendo-o fazer
melhor que todos mas Ouvia por fe accómodar có o que era
: ,

^r, n r 1 i nr-,, j convenícnte àfua idade, 21 &tomar femelhancadedifcipu-


SepuUhr fHpr.d:f.ic.i.n.i9. lO;Ferg untãvây porquc perguntado com prudência arguhia,8c
enfinava} 3 2 Rejpondia , moftrando que fe como homem ouvia
n D.Hiersn.ép. adPauiin. ie divtn. com humildade comoDeQS refpondia foberanamente. :^2
:

^'^S'sdocctdum
^fudcmeír«foTaí
Naôdiz oTcxto que pafmavaódc íua fubtileza ^masDeÕfa
^ cr p.Seyukhr.fup?. prudcnciây porque fó na prudência cófifte a íubftancia. 34 Efta-
j j p.jnfefhy

34 Diximus intraãjerfea dcã. qiia-


y^ fentado entre os Doutores,que o admittiráo entre fi obrisa-
i^J.6.
dos da graça, Scfabedoria, que nelle admira vao; 35 &
tam-
} 5
silveira ã.c.io.n.^i.ifiexpft. bem era de admirar como o não conheciáo , vendo-o tam ad-
mirável
• 10 A alegria de Anna quando vío de longe ao moço To-
tiTob.ii.S,
biasfeu filho. 36 Todos os exemplos, & com paraçoens faõ
muito curtas para de algum modo rcprefentaré quam alegres
ficàraó os amorofos pays com fua vifta; igualmente admirados
do como o achavaó. Mas aquellescoraçoens capazes dos ma-
yores goftoSj & das mayores penas , fe abftiveraó de toda a de-
í7 ;í///W««<íí//'íi.r«f.H. it4. /«/«<, móftração em qtianto durou a difputa. 37 Acabada ella, &fe-
crdnit Mater. P pfe^jup.n.y paradooconcurfodagente,fechegàrãoao Mm«<?,& a c^fwÃí?-
íãi com o tenro aíFeftocom q o havia bufcadolhediíTe:/^*
lho iqnenosfizeftes ajjim^ Vojfopay, éfcuvos bufcavamoslaftí-
Ij g uzfu{r.iii\ mados. 38 Filho , foy a primeira palavra , cm que rompeo fcii
amor: com cila adoçou mais a queixa de amante, que lhe fazia;
& fendo tanto aventajada em dignidade, fua modeftia nomeou
primeiro a S. Jofeph por marido.39 O Senhor refpondeo ; Por •
59 NotãiD.\Atíg. npnci MalÍ9n.ini. qucmc bufcãvcisí Não fãbicis qiiíwe importava occuparme nas
coiifas qucfao de meu Fay ? Como dizendo ; Porque me bufcaveis
^'"^'"* * ^*
'

*
« em outra parte,fenao no Templo ^ tratando os negócios de meu Pay
* ^
Eteu
!

PARTE II. CA P. XL. jár


Eterno'^ 40 Eftasfaô as primeiras palavras que os Euangeliftas 4© itaexpiicatMdJon.fup.n 117.

rcferen? de ClrriJlo.HavenóolhcâVirgefn fallado no Pay puta-


tivo da terra , elle lhe fallou no Pay verdadeiro do Ceo , para
honrar mais o titulo que lhe dera de Filbo^^ i Sc ficar a Virgem
^if-PrMa.oeidoSepkhrod.cap.i
inaisilluftradacomferMây do Filho deDeos. Os myfterios „
deitas palavras naó acabarão de entéderA/^n<3,&:Jofeph Sâtif-
fimos o como,
: &
o porque, explicaó os Expofitores, 42 mas 4i MMonad.ftipr.num.m.
tudoa J^í/íÃí^r^confervavaemleu coração. 45 Profegue o fa ^ rtha^enadiic^..horn.^.adiin.-verfdent

grado Texto que dalli tornou com elles o mcmno Jejus pa.-j;,pr.„ i-j.rejacmowros.
,

ra Nazareth. Qiiantos parabéns lhes dariaó os amigos de ha- 45 Lucd.c, i. 51.

verem achado o Menino perdido

C A P I T V L o XL.
Da 'vida de Chrifto Senhor nojjo , de idade de do^e
anms ate os vinte &* nove , comfua May San-
tíffima. Defcreuefe aeftaturd
de [eu corpo fagrado.
t
& fei^oens

I T~p M
Nazareth fez morada eíla Trindade da terra; & diz i. Luc, ti.
Jjj Saó Lucas quejefus eílava fugeito a Maria & a Jo- ,

feph. I NoTemplodeJerufalemdefcobrio rayos dafabedo- NotatSyiveira uuiun^ei tom.t.t. *•

na Divina,& logo os efcondeo na nuvem da fugeiçaó humana: 'p::M^^^^,S!t'^:^.,fpi,^^^^^ ,.


hiaaílimmoftrando ambas as naturezas. 2 QluI admiraremos cg.w.ts.
mais, rper2untaSaõBernardo)abenienidade do Filho cm o^ ^,.^ DBtrn.hom.i.fupMjjuseíf,adfin.
bedecer, ou a cxcellcncia dos Pays em madar.? Em tudo ha mi- niguiirimam d,gnatioHem five mattis ,

lagrejporq obedecer Deoshe humildade fem exemplo: man- esceiícntuTimam digmtacem utrimque .

dar a Deos, he dignidade fem igual. ? Húa, Scoutraobrigaõ S^rV^r^oh^T-" '.^J^af


O homem aquele humilhe, pois vè a Deos humilhado: & aq abíque exemplo SquodCeoícEmuia :

refpeite muito a Viroan. & a Tofeph, pois vè que os refpeitou prindpatur fubiim.tas íine iodo. ,

Deos." era Ley Uivma honrar os pays; 4 &: quem vmna eníinal- , ^ sybeh.fuprJ.ni-j.verfjertio.O'
la, dava a m.eíhor liçaõ com o exemplo. 5 n.n.p.Fr.fo/ephdeiefMdr.hiiiJeN.s,
*''^-'^^-'"^"-
2 Conclue o Euangelifta , que 'Jefus crefcia emfabcdoria, '

idade, ó^graçadiarite de Deos, &


dos bomensiénohabkokm- ^ Lucd.ci.infiíe.
pre a fabedoria , &
graça foy infinita: mas conformando-fecó
o eílylo de homem, crefcia nas demonílraçoés ao pafio da ida-
de; 7 como a claridade do Sol fempre a mefma, fe diz que 7 VíàeV.Thom.i^.p.q.j.art. .xi.irt
vav crefcendo quando fobe ao Zenith andava o Menino na ef-:
^•^•^'^««^'^ '« ^•'Luch n.io^,Syiveir.
'''"'/'•

cola da ^iigem 8 que muito que em tudo crelceíre


; - .'
s s.i/depho./.de b\FSuh Matis drci-

5 Naõ contaó os Euangeliílas mais da vida de Chrijlo piinamíansDeas veríacur.


dos doze annos até os trinta de fua idade; ôceftefilencio falia
muito , no muito que nos dà para confiderar quam eícondida
efteve a (J)mnipotencia Divina; enfinava, que antes de enfinar - • '

heneceílario humilhar, &: calar muito. Em


parte defte tempo
fallou o Baucifta do i'í'«/:7(?r , &: quando fallou voz tam grande,
^fe efcufava outra. Só a Virgem Miy pode" accrefcentarnos as ^ Voxdamantis./Wtf/tó.j.v Mtrt. tf
noticias que deu à gloriofa Santa Erigida, dizendolhe io^v<? ''
:
iotsJ7e^s!iri<ítd.i.6.c.<i9.
era
8

3(58 E VA , E AV E
era continttona oração (ipãt^áãt exemplo i occupar melhor &
u sicexpiicatP.lcfephdi.n.c.i6n.i.em Deos as forças naturaes.) ii Hianasfeftas comamejmaSt-
nhora, &
co?n Snd Jofeph ac Templo dejerujalem, a outros lu- &
gares. Trabalhava algmnas vezes de maõs em coufas decentes. Fal-
tava com os mefmo fant os Pays palavras divinas, o' de corifolaçao,
s
-
de maneira que continuamente ejlavao cheyos demeffavel gozo.
• &uando ejtavao em temores , dijjicnldades dr necejfidades, os ex- ,

hortava k paciência, &


osg u ar dava maravilhofametite de defejar
'
felicidades de outros. C^te as coufasnece (farias lhes vmhao hiías
• vezes por mãos de pejfoas pias outras dotrabalho das fuás , de mo-
,

do que tivejfem o neceffario , c^ nad ofuperfluo , porque jó procn-


ravao fervir a Deos. Çlue com os amig os que o vmhao ver conferia
familiarmente em c aja fobre a Ley,fuasjig mficaçoens &fg uras; ,

é/- que em publico dl fputavatamhemcG!?i os fabios ; os quaesfe ad-

miravao , c^' diziao : Olhay como o Filho de jofcph enfina os me-


^iceratao obediente, que quan-
Jlres, efpiritogrande falia nelle.
do Sao Jofeph dizia ( acafo } quefizeffe alg uma coufa , logo a fa.
zia porque de tal maneira occultava o poder defua Divindade ,
;

que a nai descobria fenao k mefma Senh ^ra ò- alg umas vezes a
'
,

Sao Jofeph. Glite muitas vezes o vir ao rodeado de luz admirável,


Ó' ouvirão cantar fobre elle vozes de j^njos. flr/e também viraa
que os efpiritos immundos, a que naopcd:no expelliros exorcíftas
approvadosna Ley , fahiao dos corpos locomoverem. de rra- O
II D.Bafd.iHcon/iMonach c.yfojl balhar C^h/í? põr íuas máos linha dito SaóBafiHo 12 antes
«fíí defta revelação por verofimil.SaõJuftino Martyr 13 particu-
I, D.y„mn.d,ai.cHmT,ji,hone.
.
krizou , quc cbrava na carpinteria couías neceíTarias, como
arados , jugcs de boys , & outras femelhantes , naó as curió- &
14 Carthiewi de arcai. Deip CT^o^^^f ^ fupcrfiuas. Padre Joaó dc Carthagena I4diz,queró O
Jefh p.i.L^.hom.^,\erj.(^<rum. trabalhava privadamcntc por curioíidade. Ohgrandezasdo
mundo j que pouco valeis, pois por inftrumentos mechani-
cos vos troca a Sabedoria Divina i

4 De fua eftatura , & feiçoens tratão Authores modernos,


15 ViihczisnoFlosSafí VidaifChrdi. le^ feguindo O antigoNic; n TO, 16 & a carta que o Roma-

i:i:^^::'^^riU}í^j':'t "«P^blio Lentulo Proconllil em Judea efcreveo ao Senado


16 Nuephor hiji Ecd.i.i.cto. quando O lí^w/jí??' prègava. 17 Hum Pintor que ElReyAba-
1
7 Coihma andar eifa caria eme as garo OU Augaro , maiidou a ludca oara o retratar , ficou tam
obrjsdeS ^nlclnto, de forma' >noTtb b. ° ,
r r n. , - i- t ^ j t i t i

Mion,.^.fíjfe,e aCcfi! nod,ic,0jocontra cegodocíplendor ds íeu tolto , que nem bua hnha podclan-
a perfidia hdaka c. y.a-fftn.&o P.Fr Io- çar •, 1 8 bojc fós OS rcflcxos daquelk luz cm noíía memoria pó-
ÍÍÍB;ÍG;fór„rí:';T!:demobraromefmo,po,;cmcomoentâóopiedofo*^
fiu.i.%.c i.ty outros Ejirnorts. fcz à devoçjó do Rey imprimindo o retrato milagrofamente
1 Ntccfhor.f.iora i :. cl Cl O Pintor aparelhara , ( o qunl fe conferva na Ij^reia
no oanHo
fiix. Tri-dadc , difurj y^ verf Majeal dasReligiofas dc S.Sylveltre emRoma:) igalhmluaA/^^Saa-
"«"' ti filma nos acodio com adefcripçãoque fez a Santa Brigida,
IO KtMcl%dc
V S.Bri</-à l,Ax. jQ.adfn,
"*'"*"-^''' r c
^ como le legue: 20
5 Comfua vifia erdo n r bons cheyos de confolaçaÕ efpiritual,
ér ate os mãos eraõ livi da trifieza do mudo em quanto tinhao os
es
olhos nelle.Aos vinte annos foy perfeito nag radeza , fortaleza &
de home. Seu corpoferia como o major entre os homés demeaefla-
tura
PARTE II. CÂP. XL. i69
íítra deftes tempos- Nao era carnofo mas coipuUntode nervos y c^
,

o
d os. O cãhello , & barba loura : ejia mm minto larga , nem mui: o
comprtdãy masg ractofamente moderada. A tefta nem muito kvan-
tída,nemmtocahida, mas direita. Onartz igual , &
de meã pr ç^
porção. Os olhos too claros, é^puros^ífíie ate feus mir/ngos fe delei-
tti-vad em os ler. Os beiços vermelhos , é^ naogro(fos , mas claros.

As fíTces deceníemete cheas de carne. A cor branca lórada.O corpo


direito } & im todo elle nao havia mancha alguma , como tefiemn-

'iihavfío os Cine o virao defpido atado à columna.


6 Fedemos acrefcentar o em que a Senhora naó íallou.

Da carta de Lentulo : §lue o cabello era lifo ate quafià orelha , cr


para hai>:G crejpo, apartado com candpelo jne yo da cabeça a tifo Na-
zareno. A
barbapartida. Os olhos garços entre verdes. Que mmca
foy Vi fio rtr: eh orarjim. E do retrato íic Niccplior^ (qeilediz
faz por tradição dos mais antigos } 2 1 ^/^ asfohrancelhas erài 1 1 Nifephcr dr.40.1» pu^dp.

neg raSj &


arqueadas. Os olhos tiravaÕ a garços. Nunca n /rvalhci
^'*^"^' ^ "-''"-'' ''-'^'' accepuuus.

tocoufua cabeça, nem outra mío fenaõ a defiia May quando era pe-
queno. O pejcoço nao era muito levantado^de maneira que aprefen-
çafojfe árdua. O rojío nem redcdo^ 7iem comprido todo parecido a :

fuatmmaculadaMãy.Mzscomo o exccllcnte juizo do grande


Poeta Stacio , pintando ao valente Achilles muito femel hante
afuamãyThetis,22 naó diminuhio nelle a forma varonil .-aí '^ ^'^t"'S' U.^^chiiiàdos, ante med
vpunmav eu arcrmeit.
fim a de CY:?rí/^í> Senhor nolío na imitação da belleza da iV;^^^-
ra guardava o decorofo de perfeito varaó-, aquelle q com fumo
poder,& íabedoria.dera a todas as coufas fermofura convenié-
te a fuás naturezas, & oflicios, tomou para fi tal gentileza, que
entre o fuave, & fevero compuzeíTe hum fugeito agradável & ,

refpeitado,qual convinha ao minifterio dePrégador que vinha


exercitar. 25 Neftefentido, & medida regulada lhe chamou a Sk advém Epifiop.Gaian. is c 3
i
David, Speciofo na forma mais que todos os homens 24 6c nos «'^'^^'^ \
^

Cantares encarece a Efpofa Santa fua grande belleza. Sp=co!I'fortnVp'rx fiiijs hominum.

C A P I T V L O XLI.
Tranfitofeliciffimodogioriofo Saõ fofeph Efpofo da
Virgem Santiffima.

I A Osnove annos da idade de Chrifio Senhor


vinte &:
/^ feuBautiímOjfegundo a melhor opi-
noíTo, antes de r^^^on ^ ,

mao, I paliou delta vida o grande ratnarchajíí/ípjgloriolo/jí/ío^.c. ^%.ccdren.hcompevd hiii.yt-


Efpofo da Ktrg c , fendo pouco menos de fetcta annos. Em qiiã """^'^ ^'"^ -^^'"^ ^« s.pfeph^adfín. >
"^'"^'^

^ V 1 ^ J r T n. -fMi j r\
tonaochegavaotempodefemanifeítarFilhodeDeos,quizo,^^ ^e/
^Hjtut.naprofip.deChrift.idad-i.:.!.^,

zoe lis
370 EVA, E AVE
zoens ) ém quanto as portas do Ceo naó eít-avaó abertas , naõ
havia lugar decente para fua alma.
2 Hum Anjo avifou a Saó Joíeph do tempo de feu tranfi-
to: & o Saro pedio, &: alcançou de Deos que lhe afliftiíTe o Ar-

^ ,,
, „ "^. chanioSaò ivlieuel,aièni do feu Anjo Cullodio: 2 bailava afii-
t D.Bcrnardu Senenj tom. /-r«. <</ ÍTirlne Lhnjto,bc 3i Fiigcm.
5
Qiíc amorola íeria aquella deípe-
2,

s^i^ojdyhoCartha^.d.ycrj.qumw, ^ída! Qiie lagrímas derramaria a /^/r^ewcom O fcntimento


natural , por Efpofo r-.ió amado , taó fanto , 8c que taô fielmen-
te a havia fervido Allilheprometteria, que por mais que a
!

dignidade de May de Veos a levantaíTe , conlervaria fempre a


cftimaçaó de fer fua Elpofa. Com que affeftos lhe daria o Ef-
pofo as graças de ella haver fido caufa de fua dita ;& a confola-
ria de fua falta comque ficava no amparo do filho Deos Com
^
!

q doçura de palavras lhe feguraria o Senhor o premio dos fer-


viços feitos a feu Eterno F^7: da creaçaó que a elle dera: &" par-
ticularmente da companhia que fizera à^ígí?;» &quam fiel
:

guarda havia fido de fua pureza! Como a difporia, animaria &


para fazer alegre aquella jornadaiSé duvida lhe diria (cófidera
\ PFr.iofeph.d.c^i.n.^. hú devotoefpirito)4CÍ OS eftreitos laços da filiação reprefétada
na terra , fe aperfeiçoariac no Ceo, aonde obedeceria a feus ro-
gos, como cà obedece a feus mãdados : & ao nome de Pay cor-
refpõderia a gloria no Paraif ). A béçaó q em tal hora çoftumaó
lançar os pays aos filhos, lhe pediria como homem mas o San-:

to velho repararia cm darlhaj antes lha pediria como a Deos;&:


5 z:»f.t.5i.Eratfub<iitusiiiis. O 5'^«^or,por obediente, 5 lha lançaria. Que fegura partia a-
quellaalmaa juizOjOndcfeuFilhoerao Juiz TodososSan-
!

toSj por humildes, podem duvidar da fentença: fó Jofeph naó


podia , pois lha fegurava o mefrno Deos; podia dizer com Da-
vid ; Nefiasfombras da morte não temerei males , pois vós , FilhOi
6 Pfalm. 11 V 4. mr jio umbrae
Ill
^
mort.s no,, cmcio mala, quo,>.aratu^^^^
Senhor , e/iãis comigo. 6 E mel hor que Simeaó 7 Soltai ^ Se-
^n^ ^^jT^
:

fcrvodapnzao dacame , &levai-o a paz , pois


7 Liic. io.Nuncdimittisfcrvumtuú fião f O virao mens olloos òâlvador , mas vezes fem conto o trouxe
Domine
race quia
^ ;
ícconHum vcrbcm rimm ia
,

^^'
&
^oj ipyacos,
viderunt oculi mei íalutarc r r o
tantos annos O converfet. Ma.s reparai, SantiíUmo

j r ^ •
n. y^/
íuun, |ofeph, q os Santos delejao morrer para irem elrar comCbri-
8 D.PauUà vhiiip 1.15. Petiderium /?<?, como dizia Saó Paulo .'
8 & VÓS morrendo deixais a com-

'1'c^t^J'Ltv"//S',;:',!-
panhiadeCArj/?», Refponde por Jofeph hum douto, 9 que
certificado o Santo de que Deos queria tirallo defl;avida,an-
tepoz a Divina vontade a feu gofto.
5 Entretanto , que medrofa eftaria a morte de chegar aon-
de eíVavao Rey da vida , &: de cómetter aquelle que tantas ve-
zes o livrara de feus perigos: Mas o Senhor lhe daria licença pa-
ra chegar, porque atam grande Santo fó fervia de tranfico fe-
liz para vida melhor. Sahio & voou aquella alma com as azas
,

da graça para o repoufo do Limbo.



4 Se Chrtfto chorou vendo chorar a Magdalena , &
10 LaH.u. mortoa Lazaro, 10 bem fe pôde crer que chorou vendo cho-
fa Jf [icpod pírln jcií, &'rponfum ""ar fua May , & morto a Saó Jofeph. 1 1 Cerroulhe o Senhor os
flcvitmoricmem Viigo benigna fuum. olhos, maiidou a Anjos quc O amoitalhaflem: lançoulhea ben-

çaó;
PARTE II. C AP. XLI. jrt
çaó > & prometteo que a lançaria aos q oftereccííem facriíicio
em honra de fua morte no dia delia , q toy V inte de J u nho ; tu-
do ifto Te conta que referio o mefmo<>W//?£>r aos Aportolos 12 ,,r. ,hA«,«^i .u^». / ,

5 Veítiraó-le do luto uíado a Santillima Ejpofãy & o tdhv Ex ifhro Ipinn.i deS. ^o/e/h te- i &
Divino; acompanharão o enterro conforme o coítume: i 2re /^"GrjíjB./.^.í/íy/f i p/i^hc,;,.
ceberaopezames:& hzerao-lheíunerfll , legumdo em tudo o i^ cu,»G,e^o,í,.p/,ph:,>,a,p.ix.
eftylodomundo. 14 Foyfépultadonovailedejofaphat, le Pplcphf^c ^ha
junto donde depois o foy a /-"/^^m. '> Bcd.dcioc.Sa^íi.cAéinyiof^,
'

6 Oh morte feliciirima,em que o Padre efpiritual que aju-


dou a bem morrer, íby o Salvador I Exéquias as mais honradas
com aaíliftencia dos mais foberanos Príncipes/ Memoria a
mais gloriofa, em que foraó herdeyros Sc teil:imenceyros^^-
,

fuSj ó'Maria\ Oh alma venturofa! com que feitas ferias recebi-


da no Seyo de Abraham de tantos Patriarcas Profetas, Reys,
,

fc Varoens Santos imformados pelos Anjos de quem eras.'


QuenovastepcrguntariaódoMeíliaSjdaqmereceo fer Máy
fua, ôcfeeíta vaj aperto a rcdempçáo da primeyra culpa.'
Doutores 16 por certo com grandes funda- J^ °
^emardjn
7 Tem os Sen/erm.deS.fofefb

mentos, que no dia da Reíurreyçao de thitjto rei uícitou bao an-i viguer.demjLc.io^ 9.demyífer
Tofephj & que cm corpo , &c alma eftá no Ceo. Pudera o Se- ^''^'";«-Gfr/o«/ím de n^úv Virs> c nht-
'^-^
r/«<?rreíulcitallo antes, como a Lazaro j mas parece quequiz ^adfin.p.^fofrpkdi^l.c^^,.
que aíllm comojuntos vivèraó mortaes , juntos refuícitaílem 17 c.nhagen^djiom.^.vcrj. hís aúdo.
gloriofos. 17
8 A gloria que goza fe infere de Teus méritos ; prefumilla
eminente, he muyto facil:efpecular em qtie grào,mais que dif-
Se dar hum bocado de paó a quem tem fome , hum púca-
íicil.

ro de agua a quem tem fede: cobrir hum defpido, he direy to


para a bemaventurança eterna, por fer aquelíeneceííitadore- „
prelentaçao de C/jn/rí? ; 18 qualapoíTuiraquemvmte&no-
,

^
veannos contínuos fuftentou, &
veftio com feu trabalho ao
mefmo Chnjlo , fendo o Senhor tam poderofo tam agradeci^,

do, &achando-fetam extraordinariamente obrigado? Senos


mayores Santos he argumento da gloria que gozáo a enchente
de vifoens efpirituaes , & a comunicação comqueosilluítrou
Chrijlo em vida qual fera a de quem tantos annos,
: cm todas as
idades j&em todasashorafiocommunicoufamfamiliarraen-
te? O lugar devido à dignidade de Pay putativo, & Ayo ver-
dadey ro do Filho de Deos , & de Efpofo da Rainha do Ceo^
he muyto fuperior a toda a imaginação. 19 19 f^iàtinfmc-jí.H.io'.
Catthag.à.í.t%.hm.ultu;
9 Foy S. Jofeph fantificado no ventre de fuamãy j 20 *<»

foy Anjo corpóreo da guarda de Chrijlo-^^oté naó profiga a pé-


.-na louvores de vida tam heróica, &taó fecunda de fingulari- — ^.. - •

dades , pois em tanto golfo naufraga ria. Ponderar fó huma


de fuás excellécias, ofFenderia as mais,&: qualquer que fe efco-
Iheffe pareceria menor comparada có as outras , como Saó Je-
ronymo difíè com bera menor occafiaô. 21 Teve tantos dós, ^^ D.HicTonihE^ityíli.Fdild.1
além do exercício das virtudes, q efpecial providencia o fez
iacojnpreheaíirGl a todos os ebgios mais encarecidos, & eftu-
Hh dados
jn ' EVA, E AVE ^^
dadcs. Suas acçoens, conforme a SaUmdó, lhe fa5 a mais eK-
.. '"'^"í'.í'-í'-^"^<^"' "**"•
qi,entelingua. 22 E finalmente, como, para louvar o maríci;..
^'íTaG/ríoíl A/..íunv». crat. ii. de fua irmã Gorgonía, confiderou O grande Nazíanzcno , 2-!
vuhisunovcíbov..j.i>acícrroa.v?
com màis razaó em huma fó palavra louva dignamente aSuó
Ic.;c'n^:-n:r.""'""'^]ofeph, quem diz. §i,efoyEfpofodaFir^emMma; foy tani
>4 NvtaviiGtrfotfam.deí^aitvyirg grande, quc a Mí)' de Deos, Rainha do Ceo,Senhorado mun-
do lhe chamou i^fíz^flr, pelo titulo de marido. 24

C A P 1 T V L O XLII.
Como Chrifto Senhor no^o fe aujentou a primejra 've^,
de fua Mãy Santíffima para ir afer bautt^ado
for Saõ João,

i T Oao do Sacerdote Zacharias , & de Santa Ifa-


filho
bel, prima coirmã da /^í7;gew, 2 annunciadoao
I
I
> ^
'•"•'•
o j ^ payporhum Anjo, concebido por milaere, fantifi-
cado HO vcntrc da may, ^ cuja Vida C^r///;o canonizou por An-
j L«f./Hfr.n f;.«/e9?.

4 ^uífc.!i ioi!>c7.»7. gelica;4creadonosdclertosdefdotépodaperíeguiçaódosIn-


K^if/Tfrf^s^Tj.é.
nocentesj < veftido de pelles de camelos, comédoeafanho-
j
6 Mãith.s, 4. AÍJTf.I.b.
7 í/aMovJw^^ac-í- '^4 í.
oiríí-L^ •
J r-
tos,&mellylvelrrc: 6 em comprimento das proíecms, 7 aos
^G^Tcai^.Un itBu.nginefit.
ini'',
trinta annos & mcyo da idade dc C/jr//?^?, 8 pregava có a vida,
•^•'"'
^' ' ;*•
&comavoznodcíertodeJudeajuntoaorioJordaó, avinda
do Redemptor, o Rey no do Ceo, penitécia, & bautifmo q nai .

^"elleeftadoeralb hum precurforioparaoda graça, 9 éí húa


o C4;>«onrfí:fnfr;í';-ri^ííí«>./ífr«í.
úiji.^EtD.,^iig.piper1oí"i.irai'í- v«<^ diípofiçaó para quem o recebia fer perdoado dos peccados
'•*•
aduaes confefiandofe peccador.ôc proteftando fazer peniten-
jç, D.Thom.^.p <}í% Mt-i.
<rã 1. $coi. ciã. IO Scudo C/?r//?<?luz que allumiava as trevas, 1 1 Sznzò
Ad,\i<).íf't<^r..i. podendoaluzdeíconheceríèentreastrevas, foy conveniente
I)Crhyfoíl.i>'.t,Mntthhom\opofíprtttC.\.
pJyhHyr.inEimng tom.iiyc.i.q. 17.
jrjJJU
^ín<^^^àu\iààdcdosnom
•T-J.n.t.jii
n.\o.PSff'iiichyoyKeí.yí.efptr,t p\.c.9. 2 Aouvillo, & fer por cUc bautizada concorria muyra
n.6infn ^^^'i:'^'«'í'''^-S'"'«-^"'^'''^gentedetodaTudea,&deíeruralem. 12 Dizem
q naô fezo
11 7j4«c. .Luxintçncbrisiucet. bautilta milagre j 14 parece mais que milagre converter ho-
,1 f,..n yHíra 7 Hic venit u. tefU- mens dc Corte.
jnonij ut .eUu.o num perlnbc.« dc
,
^ ^hcgava ^H^
ao têpo dc fe manifeftar de todo para
n Mattht, < ji/jn.i.^. remiropeccado; & começou em contrapofição do primeyro
""""'''*'"^''''
peccador.-peccou Adam querédo parecer Deos; 15 & Chrifto
» P?/a.S&''^°".^"
*",7^^''-vv * Deos quiz parecer peccador,bautizãdofe.&quizfâtificar as 2-
guas para lavarem os peccados no Bautifmo que havia de ia-
,

XèD.^iit.i.f^dehaptlfmc^.errtr'^. [^ijuir. l6
vtyrd.i.(c.L.qA. 4 royeftaaprimcyravezqueíe apartou de fua Sanrií1i<'
17 Supra cap.príccdeHti, ma M^)*, & dcyxando-afo, poisjà lhe faltava Saó|ofeph, 17
havia muytasrazoens para Ludades; padcceo âP^írgemntfíic
my fterio como nos outros de noíTa redempçaó.
5 Andou o Senhor a pè fem companhia & com pobreza, ,

maisdetrintalegoasdeNazarethaoJordaô. Chegou parafe


bautizar entre a multidão que concorria j mas conhcçendo-o
oBau-
,

PARTE lí. C AP. XLIL 37J


oBauri(la,ouporerpiriro, 18 ou porque vioíobreellehiima
pomb.1, fcomoentendchumaíTlofadedireytoCanonico) 19 ,„ 'l f'-;)Sco?J;"'^'^^'">^f^'9ruM
linal que tinha aprendiao do L-eo; reparou com reverencia err- poíimed.
bautizaraquclle por quem antes devia ferbautizado; atèque '' ^'°í-'^"'^'''»if<i»am,incr,fMliud,dt
dizendolheo JC«A?<?r que aliim convinha jetleobcdeceo. 21 ^ Matt.^Tii.cumjeòq,
6 Entrou a verdadeyra arca doteftamento no mefmolu*
£;ar do Jordáo por onde a figura rinha paílado quando os He-
b'-cosvinhaódoEo;vpto. 22 Para remir o homem, queafpi. '* K^ÍT\Í^V'c'^}','' l^^'''
rouaUcos, 23 íeajoelnou o nino de Ueos aospes dehum c.;.» «4 e7-f.?.rt j. 1

homcmi& parecendolhe pouco ajoelharfe aos pès de tam gra- '5 Ge>'./upra.
'^ ^"""'^'i-i'
dehomemcomoeraoBautifi:a5 íeajoeihou depois aoí5 de Ju-
das, 24 queera omaisvil. Appareceo hum relplandor que
jiioílrou os Ceos abertos : & o eípirito de Deos em figura de

noP^y ao Filho que fe humilhava tanto. E prefignando-fea ^•^^-

fórmadoS.cramentodoBautifmo 27 na voz do P.; . pre- 11 Í^^HÍfí:!':}:^,::^^,


iença do /'///j^ encarnado, & pomba que íignava o Efpmto
,
U.cx.n.i.
Smito. 28
7 Por iftofe chama eíla fefta Ti&íí?/?/?^??/^^, q fignifícaA/íí- . « i? «^ ,. ,.

nifejtiiçao ãívma do t uno. roy em hum Uomingo , 29 dia n.io.

fexto de Janeyro, 30 & decimotercio do trigefimo primey- '" CumD.H,-eron.mEKechiei.c


, i.

ro anno de Omflo. 3 1 Em outro tal dia íeis de Janeyro,havia «f ^"''/^^Catacé.f.jupr.Gaiarxfu^r.


íidoaEpiphaniajquefígnificaAf<zw//í'//^f^tf<í/^y/)/ííZ, porque a ii ^em Galar íí^ ibidem.
í'
fezaEítrellaqueappareceo aosMagos. 32 E^Si Th eop bania '^«/"'<»c.3 5.

celebra a Igreja ao dia oytavo da Epiphania como conclufaõ


daquellafolemnidade. EemaquelleíagradolugardorioJoF- jj p.Fr.Man.ãoSepHlchTofupr.c.9.nA
daõ obrou Deos largos tempos grandes milagres. 33
8 De fazer efte folemniíTimo Bautifmo de Chnífo , ou de
haver fido quem primey ro bautizou, fe deoa Sâó Joaó o reno- 54 Mddonad in \.Aíait. ift^rincverf.
Cannes Bapt.fia.
mede BamftapOTCyíCdknch. 34

C A P I T V L o XLllI.

Como Chn^o Senhor nojjofoypara o deferto ; o qm


nells fadeceo , de que participou Jua May
àanti(jma,

Ogo k bautizou íby Chrijio Senhor noílb cI/í /fe;:;^':^7:::í;:- ''''"


L 1 que
_ ^ para o deferto: 2 hum monte diftante quafi legoa
do lugar do Bautifmo, àmáodireyta indo de Jerufalem para
i aí«u.4 Jiíí<írca.i«í.4.

Jericó. Chamava- fe Dor ohm DomjUyÇ^ fignifica de Sang ue,pe-


lasmortes queallierecutavão ladroensfalteadores, aqueal-
ludio o Senhor em Saó Lucas> 3 hoje lhe cham ao os Chriftáos '
í;;;°^,„.^, sepulcho m R^ey^.
Monte daoinarentena. 4 f^mí.p.i.c.í».».}.

Hhij 2 Ef.
374 EVA, E AVE
Efcreve Saó Mattheos , que foy levado ao deferto para
2
tentado pelo Demonioi 5 entre muytasrazoens que hou-
fer
Matt. vc, 6 foy huma, que como Chrifto fahira do Bautifnío accla-
l Dc%bufMMonado in dc.4.
&
mado Medias por Saó Joaó, publicado Filho de Dcos com
y Supra c.pracedM.^.cri. vozdoCco, 7 nos quiz moftrar qucaosapplaufosfeguem as
... tentaçoenSjôf para noíTo exemplo fe armou contra ellas,reiu-
Mtih.
^andonomelmodeferto quarenta dias, &
quarenta noytes, 8
de féis de Janeyroatè quinze de Fevereyro: por iíTo o Seráfico
Francifco deyxou a fua bençaó aos Religiolbs da fua Ordem
9 Kç^ra âc s.Framfco r.,.
que jejuaflem cftes dias. 9
to M<iuj^.\oVadeSata/ia. 5 Satanàs, IO OU Satael ,(^omeímo quc fez cahir noíTos
»' ^^^j' •''•?•?•'• primeyrospaysjcomoemfeulueardiflemos: ii Maídona-
13 p.syiveyrainEuang.tom.ul.yci^OLO
11 Ihechama LuciterJ para acabar de conhecer fe era y^-
íii«-67. y?/í o Meíllas de Deos, (no que duvidava) 13 em forma vifi-
vel} huns dizem que primeyro de homem depois de Anjo , &,

14 5ji/víjfr.á.f.3.j.i7.>».88. dcpois de Principcj outros que na fua mefm a de Demónio, 14


o tentou por gula, por ambição, & por cobiça; três combates
fortiflimosàsinclinaçoens do homem i & de todos fahio ven-
cido,
, . ,
j r 4 Teve Chrifto fome com que remio a gula de Adam; i <
,ãl-^t^^lrm'^^l 8c Anjos (entre os quaes foy o principal Gabriel) i6 lhe troul
privaricatior.eguitavcrat jcjunio Do- xeraó manjares do CeOj que taes os da Deos a quem não acey-
,

niinifoivcictm.
^ rr. ,^ tao paódodemonio, que emfim hedc pcdras, como Lucifer
ii»v^ *-iuv,iict
.
lè ^iíhe?as tio Fios Santt.feílaefotyíP' .. *^
.
ai i- n
p rfcm,.ies.M,guei,adí,n. Ihooíterccia. 1/ AlgUHsdizcm que aquellcs manjatcs fpraó
17 Matih. d. (. 4. Dic ut lapides ifti guizados pela Virgím-y 1 8 por iíTo mais celeftiaes.

':S^\^^e^^^
njamtas taiis cit fempcr inimici.
^ Os my fterios & doutrina que tudo ifto encerrou , naó
,

faó pótos de noflo inftituto.A hiftoria profegue que em aquel-


,» 9.scpdçhrod.c.i9.n,r, Icdefcrto fcdetevc o<5Vw/7í?r quafi hum anuo, como quemfe
preparava para a grande obra de noíTa Redempção ; fazendo
vida ercmitica em huma cova junto ao rio Jordão communi-
,

candofecomoBautifta: doutrinando familiarmente peíToas


queacafofeoflfereciaó: & algumas vezes foy vifitar fua May
P^í^ ^^^ ^s faudades. 19 Padeceo fome,
,9 MMordeCaPo.ah^. ^.N.5.5^"^^^^"^^
ínoSjCalmas, lem cama, km caia: andava entre feras. & falva-
^^^^'i?»*
/.i c.i4.i>./r ifephdeief.Mar.nameímé
fc///./4.c.í6«t. gens, como refere o Euangelifta Saó Marcos; 20 ^randetor-
w ^.rc.i.ij. Eratquccu™beft.,s.
j^ento pata hum entendido: mas eíte eftà mais feguFo entre fe-
ras, que entre homens.
6 Todas aquellas penalidades fentia a May SantilHma no
Filho em quem vivia feu coração. íE-i.'^ participou a Adam o
a ^/r;^í»í participava de CZ/n-
»i Gemf.s.é. Gomrdit,dciVevi-g°^°^T3"^"°^^'^'""'^°"'2í
roíuo,qui comedir. y^os trabalhoscom que nosTcmia. Todoodifcurfo dahiílo-
zi f^,dei.p.»uintroduiwt.o-ne{i»i" riaa moftraràhuma£i;^aocótrario,
comoofignifícouo^w
^''xiE(]irfiafi.e.t^.
doAnjo, 22 ajudandonoíTafaude, como a outra nos princi-
piou a perdição. 23

C A-
,

PAR TE II. C A P. XLIV. 375

C A P I T V L O XLIV.
Como Chrifto 7iof[o Senhor fahio do deferto; §7* a Vir-
;wm òenhora n-iffa nas ^vodas de Qanao aprejjou a
<'•;

mamfejiarfe fará remir o mundo»

Avcndo Chrijio Senhor noíTo eftado no deferto


hum anno menos cinco diasi i no fegiindo dia i FiJf/u^rác^yn.Ç.

de Jn.ney ru , principio do anno trinta & dous de fiia idade, tor-


nou acBautifta, que ainda prestava, & no dia antecedente 2 ,
^GarciaGaUrx;'j»tfitom.hiíiEHng.

havia relpondido a pergunta que lhe mandarão lazer de Jeru-


íalem, fobrefeeraelleoMeílias. ^ Em o vendo SaóJoa5,o j pan.c.Àn.19.

inoftrou com o dedo, dizendo Eis alíi o Cordeyro de Deos, eis-


:

alU o qiie tira o pc ceado do mundo-, 6c profeguio com outras pala-


vras o teílemunho de feuMelliado. Nodiafeguinte, que fo-
raó trêsdo mefmo |aneyro,foyoutravezoiyf;/Ãí/raoBautiílaj
& elle tornouj apontando, a publicallo Mejjias com as mefmas
palavras, pelo que o feguiraó dous difcipulos do mefmo Joaõ
quealli feachàraójhumdosquaesfoy Santo André , que avi-
ibu a Simaó irmáo feu , & o trouxe a CJoriJio , ^ o Senhor lhe
,

poz logo o nome de Ccphas^o^iz fe interpreta,P^^rí>. Aos 4. in- ' ' '
S^
do para Galilea, encontrou, 6c chamou a Filippe, &: perfuadio
Filippe a Nathanael.que fofle wcToMeJJiaSj &
Nathanael/al-
landolhe, o confeífou por tal.
2 Aos féis de Janeyro (que foy em terça feyra , conforme
a Pedro Galefmo)em Cana, lugar de Galilea, quafi três legoas „,. . , ,rr
dcNazareth, 4 fe celebrarão as vodas de bimao Cananeo, /fc,J^,„^,„v^ j.cfcn/í.r.i ii.frV^f/)
como lhe chama Niceforo; 5 aqueparaashonrarfoyconvi-</eí<'/í<A/^r.«afc//f.(ií2v.sj.4.c ;6.«.i.
dado Chrifto Senhor noílb, fua May fagrada , 6c aquelles difcí- l\^,ttr ^f'"^^'" '" ^'''"'^'"•^"^''^'
pulos que jàofeguiaõ. No difcurfo do banquete advertio a 5 mctfhor.hi^.EcckjX%.c.^o.^
i5>«/:7íirtí que faltava vinho > & compadecida da falta cm que

os defpofados fícavaó, o diíTe ao Senhor para que a remediaíTe.


V<c{'çoriá.eo\\\e.o Senhor i^aindando erachegadaaftiahora-jCom.
tudo mandou encher féis cântaros de agua , & a converteo era
vinho excellentiílimo. Santo Epifânio refere , que atè o feu
tempo, em memoria deite milagre, fecóvertiaó no mefmo dia
^*'
as aguas de alguns rios, 6c fontes em vinho.
6
/Jbfnffra»''^^"^
$»• ^^sT^'^ ^-

5 DascircunftanciasqueoEuangeliftaSaõJoaóconta 7 '"Yioan.c^i.à^mci^.
nefte milagre, he de noíTo inftituto notar, ^le foy o primeyro ca
que Jefus manifefiou afuag loria. De outros antecedentes não fe
tinha moílrado Author , mas q os fazia Deos porque o amava:
nefte oftentou poder próprio 8 ôc aíTim a Igreja lhe chama,
; « Exptiem BD-íapttiP. Sum. tm.t.

Bethphema,qutú^m(íai Manifejiaçao feytaem cajh) 9 como a ^y^^J/B^^VfJj^^^n.)?.


MamfeJUçdo defima: & a Thcophania no bautifmo
^pi^hanta,
iV'^-'-^ Hhiij ManU
373 f F/E VA, E AVE
!o y-tãííuirx.^i «.II cc.^un.^.
M^nifejiaçao diwnã; todas íaccedidas aos féis de Janeyro, lo
dia felizmente deítinado a Chrijto fe manifeílar.
11 5K;r<;-M4.».i.i;ii»»e.
4 Jádiflemos Ji que OS merecimentos da /^/rj^fK^/apref-
fáraó â Encarnação do Verbo Eterno para redempçaó do miin.
do; agora vemos que à fiia inftancia fe apreíToii a manifcílaçao
do Senhor para a executariSc com acçaõ muyro oppofta a Eva
pois Eva nos arruinou por hum bocado que fez que Adam co-
II !"P''*.''''My"'''^'
, ,
racífe: í2 OiVirg^em, para nos levantar, felicitou chegarmos

(TM. aolagradomaniarda Lucariitia, lignincado neítaconverfaõ-


14 foan.ii.i. sciens jcfus quiaycnit j , ç^^^ç. pgj. [ffoChrifto lhe refpondco aqui, que Amda?iaocr*a
^'*'**
chegada a fita hora , porque na hora que depois chamou Sua^ i±
havia de inftituir aquelle Divmo bocado^ bem fe moílrou nif-
to a Mi)' SantiíTi ma £x'/í ao contrario, como dizem as letras
contrapoftas do yí^'^ com que o Anjo aannCiciouMávdoT^í?.
^
demptor. 15 Parece que alludindo a iíto, refpondendolheo
11 hln.'cU.'i>A- Quidmibi, & tibi tíí^w^or à petição deíle bocado, lhe chimou Mídh cr 16 co- -,

"ífi^ir.uie:?
mo Adam defculpando-fedoèutrobocado,diflequea7l/;//^^r
JÃXc^'"^ ^'"^'"^"'•"^'''''Shodera; 17 para fe ver que fe huma mulher nos folicitàra o
bocado da cul pa outra nos folicitava o bocado da graça , fen-
,

do aíiim encontradas as acções de ambas.

C A P I T V L O XLV.
Como a Virgem May acompanhou a Chrifto no tem^
po em que -pregou foy a prtmeyra bautixada pelo
;

Senhor; dor que teve na morte do Bautifta;


(^ na entrada triunfal em ^erujalem»

IAnifeftarfe Ch7ijl0)(oy obrigarfe a obrar fem di-


lação: o grandcjdepois de conhecido, já naó pó -
de difiimaiur acçoens heróicas: quem naó aproveyta, naó pre-
^ •
ALI r.^. -.j-.i...^ ceda, diííe hum juizo grave. 1

tionhpu'>c. 2 Ueyxouooí;fzA7(?ra Nazareth por evitar envejas, & m-


1 Matth-i].^7 iuc.4.1^. crratidoens com que coftuma perfeguir. 2 Paílou a
a pátria

4 Ntccphor.hiii Ecdtj i.i.r. j


5. Catamau, Cidade maritima,Sc metropoli de Galileajaode por
Guerncfrnt.^Àe^fjunypt.M^rinprinc.veztsk deteve-, por ifto fc chamou Cidade fua. 3 K Virgem-
^/yp/^ry .pudP.Friofeph debf\Mar. A^-^y
dctcrminou a acompanhalloj & o fez atò a Cruz, ( acõ-
(^
panhadadeiVJariabalome, & das outras Marias j porque o
amava como a Filho, & pelo ouvir, ôcfervircomo aDeos, 4
ôc por aíllftir aos my fterios da Redempçaó do mundo.
<,iuthiminioa^A.c.-^.\jr^npuáMei' Por tradiçaôdcfdotempo dos Apoftolosfcefcrcve, ^
7,

cbior deCajh.' iãVtr^ i.c.i^. i


que tomãdoo ty^«Ãí7r ao Jordaó, bautizou uellc a /^/r^ w/ , aq

T!^Jtt:Lu;'J:Í:''pT^^^ fooferbautizada por C/.n/?. pudera compenfar a fombraq


nas exceiícncde S.Pedro i.i.c.%. fe punha na claridade maisfanta. Na Virgem deo o Senhor
principio aefte Sacramento: 6 nella fe abrio aportadoCeo
que tinbão fechado A.dam & Eva. Depois bautizou a S. Joaó ,

Bau-i
,

PART. II. CAP. XLV. 37r


Bautiíla, 7 &: a S. Fedro Saõ Pedro aos mais Apofrolcs os
; ; j P.SyheyrainEmng. tcm.i. i.y. a
quaeSjSc os Dircioulos^continuàraóbautizandoosquefeguíao <!-7Mpr>r.c. d c^„g^./n-m 4. des loan
j j c l\ ,J^^

doucnna do Salvador. T^™ ^'-^^ '^o"' razoes menos íabifi.-.s o


a „,<,^, p^j^^^ „^, ,^,,^;,„^_ ^^ ^^^^, ^ ^^

4 Pregava, &: eníinava , C/jr/;'?^ Senhor noíTo com grsndc i-c lué-n.
pcteftatcm
maâeíbde, Cí?;;zfl «^-//mízí^/j^^p.^ír/VrjfdizSjMartheos) c^«.^í\,,^.^ f'*''^ f"'
comoos Scríbãs 3 O' rarifeos. 8 O
ProconJiil rubJio i.entuloníxi
nac.irfa de que ià fizemos menção, o teílemunha, Chie era ^ Suprac.^o»^

tr.noel no repreioenàcr; brando, dr/iavel , o- alegra no amocjtar, /i,^^s,rios Suua.vn.ch. iji.c yjnpw.c i

guardando em tudo Tnadureza. Alguns Doutores lo dizem 3


que em certas occnííoens (como quando lançou doTemplo
Oiqueneilevcndiaó) 11 fahia de feu roílo hum refplandor n 2<"<«.c-.2.v.i4-dri5.
que atemorizava os que reprehendia. v

5 Acompanhava a pregação , & doutrina com eílupen-


Jos milagres: farandoaleyjados, cegos, paralyticos, leprofos
febricitantes, furdos, mudos, endemoninhados, fluxos de fan-
gue ;re(uícitavamortos , aplacava tempeílades , fuílentava
nos defertos milhares de peíToas multiplicando os mantimen-
tos; convertia peccadores , entendia, & defeobria os corações,
dava poderafcusDifcipulos para fazerem milagres, &obra- •
va as outras maravilhas de que eftaó cheyas as hiftorias dos ^^ ^^^^ lo.infin&iunHi,
quatro Euangdiftas om ittindo elles muy tas, porque ( adver-
;

tioS.Joaó) 12 naó podiaóefcrever tantas, &:fó referirão as


quebaílavaó para moílrarem que era filho de Deos. Até Jo-
fefodenaçáo,5cprofíífaóJudeo, no livro de fuás antiguida- 15 /o/"ff>W?rtw,j./,igc.<;, Exeodem
nas palavras que
des, 1 2'..'.. J^.referem Niceforo Calixto, & S. Te- «™P^^'^ fuajeíus, v.rfap.cn fi tamen ,

, T • Viruhiciun fascltdiccre, ttat enim mi-


ronymo dos originaes antigos, que depois riícou a pertmacia tabdium opemm pairator & oodior ,

Judaica, diííe; No rnefmo tempo foyjefus , 'uarao fabio ,fe he liei' cotum, qui ubznta vera íuícipiunt , &c.
tochamarlhe homf.porqmfaziaobras admiráveis , é- eraDou- satm^SlTçtílu^^^
tor dos que recebem a verdade com bom animo , é^c. Vay profe-
guindocomoosjudeos o crucificarão.
6 &
Com admiração, por remédio para as neceíTidades j
o bufcava tanta gente, que nem lhe dava lugar em cafa para
repoufar; Gentios hiaó a conhecellojPrincipes mãdavaó retra-
tallo por fama , & por cartas fe divulgavão fuás noticias nas
:

partes remotas: por montes, &


defertos o feguiaó, como exér-
citos, milhares de homens, com louvores , &
acclamaçóes atè
o quererem fazer Rey^ôc de tudo applaudiáo a mãy de que tal
filho nafcèra, chamando Bemaventíirado o ventre que o trouxe-
ra, os peytos aquefe crea ra.
7 Bem fe dey xa conhecer o goíio que deftes applaufos re -
ceberia a A/-íy SantiíTima; 14 porém no progreflb de nofia re- 14 Pmwj.ij.ii;
dempção todos lhe foraó penfionados com penas. Soube no
mefmo tempo que a virtude do Bautiíla batalhava com a fere-
za de Herodias, &: có a ligeyreza de Hérodes; & logo q eftava ,

prezo o que pregava contra as prizoens do peccado ; metido


naefcuridaó de hú cárcere o Precurfor da luz do mundo; ulti-
mamente que os Reos haviaô julgado ao innocente.* & que era
degoUado Joaó efcola das virtudes, Meftre da vida, forma da
Santi»
378 EVA, E AVE
Santidade, regra da Juftiça, efpslho da Virgindade, tíriílo da
pudicícia, exemplo dacaftidade, via da penitencia jperdaô
•^\^ dos peccados, difciplina da Fé Joaó mayor que homem, igua\
\\ fummada Ley, fementeyrado Euangelho, vozdos
aos Anjos,
>\
Apoftolos, filencio dos Profetas, tocha do mundo , Precurfor
^
do Juiz, Apofétador de CÃr//?o, teftemunha do Senhor, meyo
I D chryfo\i. hem. 5. i» decoUãt. s. de toda a Trindade, como lhe chamou Saó Chryfoftomo i c
s 1 ,
join.Bapt. ,nprwctom.i. Toiius wfíí«« ou
S. Pcdro Chryfologo 16 (queaambos featrribueeile elo-
Trinitatis.

16 D.Crhyfol.ferm.iy.aliisi6t gio de S. J oaó. ) João que vivo, fe duvidou fe era Chrijio ; 17


,

17 loan.ci.à n.19. &: morto, fe cuydou que C^n/r(?eraJoãoj 18 Joaó de cujas


18 M^tth.c.ii.i.
excellencias pregara Chrijio, 19 que nem adulava, nem fe en-
19 Matth.il.ii-
ganava. Soube a Senhora que efte tam grande feentrcc-àiaa
20 M tth.d.c.l^,àn.6. huma inceftuofa, 6c federa em premio de hum bayle; 20 via
que advertir os màos, era ofFendellos , porque tem o confelho'
poraccufaçáOi&aílim,alèmdoqfentia por parenta doBau-
2É yideju^r.i,ii,n-lí» 2 1 aquelle fucceíTo lhe reprefentava o de Chrifto pois
ifta,
,

tinhafemelhanteacaufa, Sc cm Corte onde fepremiaváoos


vicios, era certo que íe caftigariaó as virtudes.
8 Aíllm o determinarão os Pontifices Sacerdotes Scri- ,

bas,&:Farifeos(offendendofemaiseftes, porque eráohypo-


critas foberbos) por inveja dos applaufos, & por ódio das rc-
lí Matih.ty.t^ Matc.xÇt prehenfoensj 22 masreceavãoaauthoridadequeo J^fr/^íírti-
2} Mittth.ii ^6t
nhacomopovo. 23 Quem otemiareprehendendo, muytoo
venerara callandoj porém a verdade não trata de valer com os
homens. A pczar dos grandes , cinco dias antes da Pafcoa in-
do C/:7r{/?o a jerufalem, foy recebido com triunfo. Gente in-
numeravel tirava ramos das arvores para o feftejar homens, -,

&: meninos a grandes vozesoacclamaváo MeJJias , Rey man-


t4.Matih /upr.%1
dado por Decs & com as capas lhe alcatifavaõ o caminho. 2.1
,

Os Reys do mundo faó nas Cidades recebidos com palio auc


lhes cobre o Ceo, ficandolhes a terra defcuberta: a Chrijio co-

Notat Fr.Hcítsr Pinto, p.


^ dial.i'
briáo a terra, fícandolhe defcuberto o Ceo. 25 Entrou no
x'.
í

CIO Templo lançou dcllecó império os vendedores q o profana-


,

vão3 curou cegos, & aleyjados: enfinou: reprehcndeo os Sacer-


dotes, ScScribaSidiíTelhes o caftigoqteriáo: 26 &emtudofe
moftrou foberano. Grande gloria para a May porém fabendo
i

47 Jliaitfc.io.i8. (^como o Senhor tinha declarado) 27 quam próxima citava


fua payxaó , jà começaváo a padecer as maternaes entranhas.
Eva no combate da ferpentejá cantava vidtoria, na imagina-
ção de Deofajà triunfava da mortalidade ^ 28 aFircAi no
i% Gf«f/i}.5«
triunfo do Filho eftava combatendo quando a verdade o ac-
:

clamavaDeos, o fentia mortal. Cuítofa troca do ^Z/^ com


que o Anjoa íaudàraf
.9 ihrointmi.DiM.ccntra»h„e- 9 0\xwvointiiyA^áopjcnrfocontraaperpiaJudaic^,2^
úcaíerfidia iiidaica.^ refere, com Lactancio, Caíianeo, & Mayolo, que os Sacerdo-
tes elegerão a Chrijio por Sacerdote em hum lugar que vagara
dos vinte & dous; & no livro, em que fe aífentavão feus nomes,
& pay s, puzerão Jefu Chrijto Filho de Deos vivo , é" de Ma^
:

ria
PARTE II. CAP. XLVI. 379
riaVir^cm-y & que emtcmpodejuftinianoeítava o livro em
poder dos Judeos de Tibenadcs: a continua ail]ílencia que o
.S^m/^í^r, quando eftava em Jerulaleni, fazia nç) Templo
" eníi.
?• ^/-i^.té.^s. Qiiotidicapuátos
nando. ;o moftracfte Sacerdócio.
£» Afrf. 14.49. i/(f.ij».47. cr 11.17. e^
ai. 55.

C A P I T V L O XLVI.
Coffjoos Judeos determimràom^tar rf Chriftoj o Se#
nhor fe ^raparopf para fua-pa^xaOi ceando o Cordey»
ro Pafcoal com feus Difcipuíos lavandolhes ospes,
^

mlikmndo o Sacramento da Eucariftiay ordenando os


Sacerdotes^ defpedindo/e deites^ ^ emparticular da
Virgem Mãy &ffibmdQ a erar
,
no, horto,

I A Grãdeploriafefazodioíiáo§queaadmirãofeil[í
^j^ lhe poderem chegar. Os Caldeos chamavaó aos
Romanos injuftos em darem triunfos ;
pois em lugar de pre-
mio, expunhaó os triunfantes à inveja, inimigo que naó pode-
riaó vencer, pofto que tiveíTem vencido muy tos outros. Lou*
vavaó aos Egypcios, porque aos vencidos tratavaô com bran-
dura, 6íaí)s vencedores naó caftigavaó com honras publicas.
Allim Marco Aurélio dãdolhe o Senador Albino parabéns da
pompa com q o Senado o recebera vindo viítoriolb dos bar-
baroSi refpondeo , que naó fe fentia obrigado ao s Senadores,
porque teria muy to trabalho em aplacar os que fe haviaó of-
fendido daquella demóílraçaó. A triunfal com que entrou
Cibr{/?o em Jerufalem, i atiçou a inveja, 8c ódio de feusinimi- t 5«/>Mf.4s.»-8.

* MmAe.^Mau.x^.i. Lm.xxi..
gos a fazerem novasjuntas para bufcarem qualquer meyo de
©matarem; 2 naó queriaó quem os accufaííecó o exemplo.
% Donde começaremos a narração ? de como o executa-
rão? daquelle furor Judaico, ou da paciência do Senhor ^á^íS.
dores da f^irgem, ou da obrigação que temos de chorar ? Se as
pedras fe quebrarão, que coração fe não enternecerá ? $e o Sol
íc efcurecco, que olhos tcràm luz para efcrcver ? Se o vóo do
Templo lerompeo, que papel fe naó rafgarà ? Se os mortos
refufcitàraó,como naó haverá em tudo confufaó? Qiie fentido
fe não perderá quando amayor maldade mata a mayorvirtu-
d e ? Summariamente recopilaremos a fubftãcia defte fucceflb,
o mais laftimofo ; & também fera nelle prodigio que a,ílim o
poíTamos profeguir.
3 Na cafa de Joaó, cognominado Marcos, 5 que Maria Fhv.Dexteran.chriíi.iA-Mfàãie
^^

xnáv do mefmo João tinha dedicada , bem preparada para '"f/"'"^-; ^.DDamtfccn.fern, de^pp*-
&
ijoipedar a LbnJtOi & aos feus; 4
( q ficou por antonomana co 4 ^/íxMona€h.fHpr.'
nome de G?w4c«/í», chamandofe amni os q os antigos coftuma-
vão ter no mais alto de feus apofentos, ornados com particula-
res
'

jgo EVA, E ÂV E ^
resalfavas Scaceyo paranasceasfebanqucrearem ,, ) quiz
L:,í J,/n,l,vU/«..J^..e,-.
,

l , 5 ,
„•; celeDrar Chrtjlo a Paicoa dos Azymos, q naquelleanno, prin.
* Gffrf..iC /«'íf //í''-E'"'>'i!í^-«'ii''- cipio do rrigcilmo quarto de fua idade, 6 cahío em feita fey
.h r

i::;ccr/i»í^d.4''íp^^-8.í»í/>'"«fè///. to que alguns digaó 8 que em três de Abril. Comeo nanoy-


^w«^/.7.«.. te antecedente (como a Ley mandava) 9 comosDircipulos,
/.,.rt7 4- oCordeyroPaícoal,queofíguravai6cdepoisfeaírentoupara
P Fr. Man.do Sepulcro nareftyç.ejpir.i>.i. ^ cca Ordinária.

r.'I4Lod.i?nír.«aJurowcfc.i«iíi. 4 Lcvantandofe nomeyo da Cca, i com admirável cx-


p.,.i.^.ut:ipolimcd. emplo da mayor humildade lavou aos Difcipulos os pès com
8 Lucirj át vero cU faífionc.^.
^^ç )|^g haviaó dc fuffir: 1 1 & a Judas
es com que o fov en.
p^oAo f.m. tregari 1 2 arrílcando mais lua reputação pondo-fe aos pes dos
9 £xoíi.f.ti. peccadores, q quando o Farifeo iha duvidou vendoa pecca-
;í&u\r;.erí.iií.«.t4.5o. ^^^ra a fcus pès. 13 Miílurou na agua fuás Ingnmas .

11 Man íup.i^.cr ^j. Màrc.jup.io. T4 ficando aOim aospcsdcs homensas lagnmas dc C6r/^'?íi;&
ínc.ti.A. Deos ídiíTe David 15} põem em feus olhos as lagrimas dos
ilD.iíphrcn. homens.
1 5 p/,r.'«.5 ^ V. 9. Pofuidi lacrymas ^ Tornou à mefa j & abrindo os thefouros de fua benig-
iJíicíl^S^^inLi.stms. nidade,ennquecendonos de inexplicáveis dons 16 infiitu- ,

ió D-Chryfoíi hom.íi.pojiprinc.inc. hiooSacramento dos Sacramentos, myfterio da Fè, preço da


10 prior.ep.PaiiUdCmnt. redempçaó, remédio das íaudades,cifra do amor, paó da vida,
fúmmadobem,oftentaçâo, & termo da Omnipotência, me-
moria de fuás maravilhas. Chamou fe Sacramento da Eucha-
iv u .3LV«:;r«""^ia5<^"^^ig"'^"'^^^^Ç^^'^^§^^Ç^^' ^7 pelasqiieo^f;2/:7(?r
n, L.
:i S.l?7 iSÍ:;f
^ deo a feu Eterno Pa)' quando o inftituhio, 18 & pelas que dc-
'

Pauí.atí Corint ucuzA» vemos dat a Deos na lagfada mcfa em que o commungamos
dos hereges ,c.p.i.no
^19 Bofonatosha ^^ Qh magnificcncia! oh hberalidadenuHcaouvida/ Chari-
^"'"'
dade mais que excellentiílima/ Qiiem nos deo a fi mefmo, que
nos poderá negar.?
6 Ordenou os Difcipulos Sacerdotes: deo-lhes com no.
Vos fermcensfoberana doutrina: annuncioulhes próxima fua
M:tt^6.Marc.^A.Luc.^^.íoan.V^y^^Õ:àcípcálo4càdksãmoroÇ^^^^ 20 ÔCemparticU-
^o
ii,ium[eqq. hxá2LMay Santipmâi 21 que com as fantas mulheres que a
it cv«// àe B Vir^J 4 c.iy. acompanhavaõ, & có a máy de Joaó Marcos dono da cafa em ,

^ outra parte delia , celebrava também a Pafcoa no mefmo tem-


^z^yÈichl í^cJ/irôXjUa r^rg.i.u

c \6, po. 22 Dos Difcipulos fedcfpedioj moítrandolhes que hia

l},$tlZTr!fl^^^^^^
^' "' í^orrer voluntário: í< para os prevenir, &
confortar , da May,
para fatisfazer ao amor: pois nem era neceíTario prevenir hiía
í5 virgii. ^. ^neid. Quis fallcrc amante, quctudo conhece 23 nem confortar fua refignaçao
:

poíTitamamem?
cm Deos. Que jaftimofa defpedida.' Sabendo a /^/r^í-^^pelas'
profecias o que feu Filho hia padecer , parece que os Euanc;e-
liftas em a náo referirem, a quizeráo deyxar X nolía coníideVa-

çaój acompanhe efta as lagrimas dã Senhora, que naó fe po-


dem exphcar com palavras.
7 ^zhioChrtfto bem de noyte com léus onze Apoílolo?:
2 4 Viihegas no Fios sr^ã.vida deChrijí
(^havendoíè Tudas aufentado a trahil lo ) para o horto GethCe-
p.Fr-p/ephjup.L^ c.\6.n,t. mmi j MO valle de J oíatat,entre os montes bion, cc 01ivetc,cer-
cado de altos cedros com huma fó entrada, 24 aonde quan-
do
PARTE II. CA P. XLVI. jSi
dofeachavaem JerufalenijCoftumavairaorar; 25 deyxan- z^ Luc.ii.%9jonn.'.%.x.
do naentrada os oyto, levou comíigofos três, Pedro jjacobo, ^6 Aíani^i^,%-j.M n.14 m-
^-"'' íT-^-^^^^í^-^^-^s-t»-
&JoaÓ; 26 quecomo na Transfiguração o viraóDeos, 27 ^7

na afflicção o viííem home. Pouco apartado delles fe poz em


oração com o rofto em terra , como dandolhe ofculo da paz
q
osAnjostinhão annunciadoemíeunafcimento. 28 Allicom ^8 i«r.t.i4.
duello admirável combaterão emleupeyto, dehumaparrea
agonia de confiderar os tormentos que o erperavão: a ingrari-
dãodejudas, a negação de Pedro, a fugida dos mais Apofto-
los, a perfeguição que teria fua Igreja , & todos os peccados jà
commettidos, &: que fc havião de com metter no mundo j por-
que peflbas, ^ fuás circunftancias: de outra parte o muyto que
nos amava, o defejo de noíío remédio, & todos os bens que re-
fultariaó de fua payxâo. OaíFèfto natural procurava confer-
varavida; a promptidão do efpirito facilitava os temores da
morte; atè que, depois de porfiada contenda a que acodio hú
,

Anjo, ( prefume-fe quefoy o Santo Gabriel 29 ) refisnada a r 1^/'!^^" ^"l''// '^' **^- '"^í*"- ^"^
vontade no decreto Uivino, leu amor, &nolla dita alcançarão ,0 Mauh.ft.c.tk.j^y
vitoriai 30 mascomtantofangue,queasveas,& artérias do'^''*''^M-4'"í«f-i*.««.4}<'
fagrado corpo, de muyto trabalhadas derão lugar aqueelle
fahiííe 31 a regar, & fecundar a terra,que pelo primeyropec- ^i lucíx.^^:
cado fora amaldiçoada. 32 Naófelò, nem fe íabe queche- ji Geu.j.i/.
gaffe a tanto alguma outra afflicção. Se tanto lhe cuítou fóa
imaginação do que havia de padecer, quanto mais cuftaria a '^^ *^

realidade.^

C A P I T V L Ô XLVIL
J^arraçãofummariada Payxao de Chriílo Senhor mp
Joy Qf do que a Virgem Senhora nojfafádeceo nella,
-

I nr' Inha ficado a Virgem no Cenáculo com àncias de àu-


JL íente amante q imagina o amado entre penas. Efpera-
va as novíLS que lhe viriaó & qualquer movimento que ouvia
,

fe lhe figurava menfageyrojquando chegarão alguns Difeipu- ^ M^t^^iraíUratM mu, &iemit.


los correndo atemorizados, i Delles íoube que Judas , pòrB.M.

jA^ni fL
temendo os Apoftolos o eftrondo 1 -!•- A^P*
dinheyro. 2 euiàra ao horto os queforão prender a CÃr///!diqN/fefW*.y?.jrfí^^^^
Que maed/ssJotao,dt limos na i.f..
com qhiao, moftraraoóf-,^jj„^, ^ ^- r

nhor que fó a elle biifcavão; q fora encontrar, & darfe a conhe-


cer aos q hiâo prendello , & elles cahirão em terra cOm reve-
rencia, & temor; que o tray dor o faudàra com ^xí?, 3 dando j JlííítLi6.49. AvcRabbiJ

principio à payxão na myfteriofa palavra com qiíc o Anjo an-


nunákrzoRedempior; 4 como elle fe dera àprizaó: afronto- 4 í^fi-^?. Avcgrátiaplena:
íaméteolevàrãoaTerufalem:&osApoftolosodefemparàrão. ,^,^. „ , j tr .

2 JNao fofrerao as entranhas de May deyxar de kguir a |,V.ij, '

fcuFilho. 5 AcompanhadadaMagdalena,&das.otitrasfan- Pf'r.7a/'f/>^«/íí<'/.^'»r«'«'"'/<«*fc/y/./.4.


Mct.íhr4cifuf.
tas mulheies,foy de rua em rua,feguindo as noticias das partes <-4^.»-^-"«
aonde
'

3^r EVA, EÁVE '

aor.de o levavaó^ 6c impedida daiiyiiyta gente que concorriajO


naó alcançou fenaó em cafa de Pilatos. Já tinha eftado nas d(3S
& Caifás jaccufado cóteftemunbasfalfas,
Pontifices Annàs,
cufpidoj&efcarnecido; já tinha fentido as três
esbí feteado,
negaçoens de Pedro-, jà tinha paíTado grade parte da noyte em
hum cano inferior a que corriâo as aguas immundas da cafa de
hum delles, onde o meterão em quanto hiáo repoufar nas fiias
6Cart}:agcn.dep,ITmfChriitijot.m.hiCamâS, 6
como tinha profetizado Dâvid, 7 &foraílguraw
505. doem Jofeph lançado nacifterna-, 8 jà Pilatos, a quem de
^*'^""""' ™^ '" '*'
madrugada o haviaó remetido atado , o tinha mandado a He-
i ,S"^^"^'''
'^"iGen.n.i^ rodes j&efte com defprezo lho tornara a enviar ;jà omefmo
Pilatos o tinha offerecido ao povo em igualdade com ofaci-
norofo Barrabàs , & o povo tinha efcolhido que Barrabásvi-
veííe. Nefte paíTo chegou a Virgem, quando Pilatos o manda-
va açoutar cruelmente, atado a huma alta columna , fque Saó
^9 D mrerutfij.c.^.Viitinjrac,^^. Jeronymo 9 diz queemfeu tcmpo fe moftrava ainda
com o
íagrado Tangue,) & depois ©entregou à vontade do povo.
«.rj.íB/ifl*.

3 He o povo pólvora em foguete , que tocada levemente


do fogo, o fobe com prefumpçoens de rayo , atè o oftenrar ef-
* — trella nos confins das nuvens ; & logo o defcc fem eftimação;
—^^ -^ ^~. ^^ T- feus applaufos íaó fumo, que afoga as faiícas luzentes que nel
"* .* le fe levantarão. Com que diíTerença havia tratado a Chi -iBo
havia cinco dias.' lo EntãooacclamouJR/^í?^^Dí^^?/íif;a('o-
ío %M,er45.«.f^: • raopregoavaMí/f^yíí^r.-entâo o acópanhou como a Reyi ago-
ra o prendia como a ladraó; entaõ o rcfpey tou com vivasj ago-
ra o condenava à morte: então o queria levar nos br^^^Sj agora
o fazia andar com empuxoens entaó lhe alcatifou o^amin ho
:

com capas; brevemente jugarà aos dadcfe feus vcftidos &: ao ,

que feítejou com palmas ferirá com canas ; parece que entaó
,

fo tirou os ramos das arvores, preparandotroncos niis parati


crucificar. E ainda ha quem fe fia da aura popular .? Todos fe
*. avaliaó por mayores que os que vem cabidos daquelle favor
*. dovulgo; naóculpáoaliviandadedaplebe, masconfideraó
•^ \ faltas em quem a não confervouj o foberano exemplo de Chri^
. ^ ^— >—— nos deve jàdefenganar.
---i/^t?

Oque a iím^í^rtf vio depois que chegou , referio ella


^* 4
melmaaS.Anfelmo, II &mais miudamente aS. Erigida, da

Í.79, ate que o levarão afer açoutado. Tad maltratado o levarão , empu-
xkrao, é- derribarão , que dosgolpes que acabe ça recebiahattao os
dentes huns com os outros. Nopefcoço, &
faces lhe davao com.
CiiU^n-^r. .r...òtA.\r tantafor ça yquefoavao aspancadasemmeus ouvidos. Depoisdif"
to obedecendo ao mandado de hum algoz defpiofeus veftid os
^ è^
••>•';•
:
' . -
voluntariamente fe abraçou com a columna, a que o atarão fon pie-
dade com huma corda: &
começou o tormento navergonha defk
verdefpido. Eftavafem amigos y cercadodemtmigosqueferiaa
cruelmente o corpo immaculado com açoutes, que tinhao nos rema'
tes pontas agudas , ^ torcidas, ..procrias para rafgar as carnes.
Havia
PARTE II. CAP. XLVII. 383
Haviaeufegmdo agente a ver o qjefazia de meu Filho , ò-puz'
me cm parte donde o pudeffe ver. (Sanando lhe derao opnmeyrog oí-
pe^fo) meu coração tao trefpajjado de dor , que me faítavaoforças
para mefujientar empe esforçada hum pouco torney a olhar pajja-
;

do alg um efpaçoj & 'vi todofeu corpo chag ado^ò' tam defpcdaçado
que fe de(cobria o branco dos ojfos das cojias; ó-Ço que era mais la-
Jhmofo^ VI que pegandofe os açoutes à carne , puxando os alg ozes
tiravao pedaços delia j ficando como regos pelo corpo. EJiava meti
Filho todo enfang uentado^ cr tam defpcdaçado , que já nao tinha,
lugar fem chagas. Dijje humdos que ajfijiiao :\§hiereismataUo an-
tes defentenciado ? &
chegandofe à coliimna cortou as ataduras.
Tornou meu Filho a veftirjè pojio que lhe derao tao pouco efpaçô,
,

que indo andandofe acabou de veftir. O lugar em que punha os pés


vi cheyo de fang ue, &
aonde os punha depois deyxavajinaladas as
plantas, de maneyra que eu conhecia fuás pifadas pelofangue.
Daquipafraa/^?^;^ewaquandojáolevavaó com a Cruzas
coílas,porqneniteveacriíleconíblaçáo de poder ver tu do o
que fe fazia; naó vio defpillo de fuás veítiduras, 6c veítillo^por
efcarneoj de purpura, porlhe coroa de efpinhosj huma cana
por fceptroj fingir queofaudavãocomoaRey , cufpirlhe no
roíloj darlhe com a cana na cabeça 3 &
tornarem-lhe a por feus
'i ^^''"'''^7'i7-^*rcjs.t7Í
vçftidos para o levarem a crucificar. 13 Contemplativos di-
zeí^ue tudo vio efpecialmente, para em tudo padecer com o
Filho; mas fo relatou a Santa Brigida o que os olhos corpòraes
virãOi &: profeguio aílim: Levavao ameu Filho , como cojtumam
le var os ladroens. Alimpou o fang ue que lhe cahianos olhos-^é^ ha-

vendo-ofentéciado puzeraolhe a Cruz ks cofias para que a levaf-


,

fe ; pofio que pelo caminho bufcàrao humhomempara alevar. Era


a Cruzforte 3 & os braços delia efiavao no alto doprin cipal madey-
ro: ò"^ juntados dous paosfazia hum no que feria no meyo das
cofias. Pelo caminho ao líigar da payxao huns lhe davaopefcoça"
daSfOUtros bofetadas ; ò" tao fortemente, que eu ouvia osgolpes^
ainda que os nao via dar Na relação a Santo Aníelmo accreí-
.

*centou a Senhora, que neíle caminho, para vero Filho atraveí-


fára por outra parte, & lhe fahira ao encontro, pondofelhe âíà-
tCi & que vendoa-o Senhor tao laftimada fem lhe permittirem
,

deterfe, lhe diífera de paífo com voz amorofa ; Salve, May j cô


ijquedenovo IhetrefpafTára as entranhas,
f Chegando com meu Filh o ao lug ar da payxao (^xokguio a Vir-
kcrn a Santa Brigida} vi alli preparados os mfirumentos delia
q ,

çrão martelo, é^ quatro cravos ag udos; é^ pofio meu Filho no meyo


tile mefyno começou a defpirfe defuás ve si i duras por mandado dos

dgozesj que diziao: Efias vefiidurasfao noffas, porferem de ho-


&
PKm condenado à morte: ^Jfim lhas tirar ao , ate o deyxaremde
\pdo nu. Vendo-o ajfim hum dosprefentes , cheg oufe a elle , ó' lhe
deohupipanOf paracobrir a nudeza qiieinaispenalhe dava; do
í^ue meu Filho interiormente fe aícgrofimuyto , ó^ cobrio comho-

rejlidãde parte do corpo. lyíaiídâraê-lhequefepuzejje na Cruz»


li &logo
,

384 EVA, E AVE


(j-logoobcdeceo, fondo as cofias nella ; & pedindolbehiiamãõ
eficndeoãdireyta; & depois não chegando aoiítramao ao lugar
vemn/iado no outro braço da CmZi lha cfiendenío c^
q e/lavajà ,

pisarão com hnma corda. Da mefma maneyrapnxarao os fcspara


osfazerem chegar aos furos q eflavao feytos ; éf apartados híí do
outro ospregarao com dons cravos pèlaparte rnais folidanoleíiho
,

da Cruz, como as 7n?.os;p7 imeyro o direyto^ depois o outro ; cr foy


tamgrande a violência, que. todos os nervos, &
veasfe efi-endcrao^
(^ romp}rao^ Fe to ifio, lhe puzerao ( outra vez ) a coroa de e(pi-
)

nhos com que grandemente atormentarão a cabeça de meu hilho


,

tam dig na de reverencia; de modo que ofang tie, que os e[pinhos ti-
rava'o^corriapGr todas as partes da cabe ça^de lieJe enchiad os olhos,
fe tapava o as orelhas, ò' toda a barba efiava enjangtietada ; c^ af~
Jim nFiofe vianelle cotifa q não efiivejfe chea d,e fangne. Para efia
cãb: ca tam atormetada nao havia na Cruz reclmatorio ah um; o'
a t atoado titulo efiavapregadafobre a cabeça no mais alto da Cruz
fobre os dous braços. Lfiando defiamaneyrapregado, òatormen-
tâd&, ò-doenâojè de mim, que efiava empe chorandoiolhou com os
olhos cheyos defangne paraj oao meufobrtnho , é^ encomendou^
lhe que tivejfe cuydado de mim. Nefie tempo ouvia eu dizer a hHs,
qv.e?neu Filho eramalfeytor ; a outros, que era enganador-, a ou^
ir os, que ning uem merecia mais a morte que elle , com o que minha
dorje renovava.
fiando lhe pregara^ a moo com o primeyro cravo, comofie a di'
to,aoprimeyrogolpe que foouforao tam conturbadas minhas en-
tranhas , quefquey toda tremendofem me poder fufient ar ; ate os
olhos -nao viaõ a luz com ofufio do coração > ér affim efiive affenta-
da em terra^ ate que de todofoy pregado ; ér levantandome depois
que osg olpes ceffárao vi a meu Filho lafiimofamente pendendo na
,

^
.C)'uz i a cuja vifiafiquey como Mty trifiifiíma tao trefpajfada de

'

dor, que quafi nao podtaefiar empe. MetiFilhovendome , aos- &


mais amig os chorar defconfoladamente, levantou a cabeça ò" po- ,

fios no Cco os olhos cheyos de lagrimas, tirou do intimo dopeyto híta


voz alta, cr dolorofa dizendo: Deos meu, Deos meu porque me
, ,

de(emparafie ? Da qual voz nunca me pude efquecer ate que fubi ao


Cèo fabendo que mais lhe deu motivo a compayxao que de mim ?<?-;
,

ve, quefuás dores. Jk então tinha os olhos mey o mortos: asfacef


pegadas aos dentes, crfumidas : o nariz afilado : ofembrante trifi
tijfimo: a boca aberta: a língua enfangtientada : o ventre vazio ,c^
como pegado às cofias, porterjàconfumidos os humores: os offos
.
tam. ag udos, que podiao contarfe : &
todo o corpo amortecido cr ,

fraco, como defpojado defeufangue: ospes , ér mãos irtos, efic- &


d idos emforma da Cruz a que efiavao cravados*, a barba , & o ca-
comfangne érefiandoajjimtodofeucorpodefpedaçado, <^
bello -y

pizado,fò o coração cfiavatnteyro , porferde naturezaforte , &


perfeytiffima -^febem todo o corpoq de minha carne tomou,foy lim<
pi(fimo , ó' de perfeyta compreyção j tmha a carne tam tenra ó* ,

delicada, que a qualquergolpe moderadofahia logofangne; cr<\ &


PART. II. CAP. XLII. 385
(fim brmidãy (é^pura , que porjíma dapellefe podia ver nella ojan-
&
g ue frcfco; como era de natureza tamperfeyta, pelejava no cor-
po a morte com a vida , porque huma? vezesfubia a dor dos mem-
bros, ér nervos do corpoferido , ao coração q ejiávafõrtijjimo y & ^

ífiteyro, ^ o atormentava cçm incríveis agonias ; outras vezes


bayxava do coraçaÕ aos membros defpedaçados , ^ ajjim prolon-
gava a morte com amarg ura.
G^imdo meu Filho cercado de tantas dores olhou parafeus ami-
gos chorofos, éy tam angujiiados que mais quizerão padecer aqtteU
las penas i ou as do inferno comfeu auxilio que vello daquella ma-
,
'

72eyra atormentado ;fe lhe augmentou tanto a dor pela que via pa-
decer a feus amigos, que excedia atoda a amargura 3 ó" tribulação
que no corpo, S" fio coração fentia, porque os amava ternamente;
entain com extrema angujlia exclamou d aparte da humanidade ao
Padre i dizendo: Em tuas mãos encomendo meu efpirito. Ouvin*
doeu, Mãy trijliffima, eJlavoZime entrijiecitoda comadoramar'
gofa de meu coração: ér todas as vezes que depois me lembrava de-
Jta voZyã tinhútamprefente, que pareciafoar de novo em meus oU'
vidos. Chegado mais a morte , rompendofe o coração com a violen - ^ '

ciadas doreSjefiremecerão-fe todos feus membros j & levantada


hum pouco a cíée capara as coftas ^fe tornou a inclinar para o peyto.
As mãús, encclhindofe do lugar dos cravos,fe dejg arra roo pouco-,
e^ todo o pezo do corpo carregou maisfobre ospes. Osdedos ,1^0$
"

&
br a ç-os fe efiendirão , as cofias irtasfe aperta roo como madeyro.
Entoo chegand-ofe a-mim alguns dos que ine conhecião ) me diziao,
hunscomofazendo^fcarmo: Maria y j ã teu Filho morreo; outros
melhor intencionados: yày Senhora, fe acabou apena de teu Filha»
é^ efia jãemfuaghria.
Havendofefi ido ag ente )& não podendo apartarme dalliy veyo
&
hum com lançú^ tamfortemente lhe ferio o cofiado , que quafi-o y

pafibu até a outraparte, é^ quando a retirou j^ppareceo oferro ver*


welho com ofangue. Foy d.etanta dor paramimeftegolpe yC ornofe
irefpajfãra-omeucwaçío.
5 Também referio a Virgem à mefma Santa 14 o que paf- , »4 K^i^». de s ByiUl t.r.iacr
founoxíelcendimentoiiaCruz,& nalepultura deíeutilho; - *

allifeviofepultadavivaj^ mais morta que fe morrera: morta


no que amava j& vivendo às penas. Para noflb intento baftao
referidojcomo dirá o capitulo feguinte; nem fe pôde com pre-
hender tudo o que padeceo. Affim o Juiz foy julgado: a Juftí-
ça condenada: a Innocencia blafphemada a Gloria,atormçn-
:

tada: a Vida morta: Deos efcarnecido:

C* «••
EVA, E AVE

C A P 1 T V L O XLVIII.
Como a Virgem May cooperou para remir Qf levam ,

tar o mundo da queda do veccado.

'
O Grande Pintor Timantes , naõ
fe atrevendo a re-
prefétaradorde ElReyAgamenon vendo facriíi-
carfua filha Iphigenes, lhe pintou o roftocuberto com hum
^ . y ^' T^ k- H ,
vco; I osEuaneeliftasfag-radosnaóefcrevèraó a queM^r//2

r canhagtn.de arcan. Deip.Ln. hom. oantjíli ma padccco na pay xao de ícu Uivino nUjo, porque ne-
(."dfii. nhitmas palavras a podiaõ declarar. 2
c:Jf!!Z^f:I^:^::&. ^ ^' ^orcs dequalquer filho eófidera o direyto civil que
quàm UI1U5 i'crii:iitccur.D.cí>r7/o// fcow. fentcm OS pays mais que as próprias; 3 &c Chrijlo crãFílho
^Vr ^?'^r''^"' i^"'''"'>'"'r''^'''í' único da ^r^f?», & todofeu, pois naó tinha pav na terra; 4.
animadverceretur. t ilho Ucos, CUJO amor era na demora a medida da graça ma. ,

4 o^iimèproiequhurhocf. AnuGutl- yòr quctodas as crcaturas ; 5 a que fe accrefcentava fabera

Senhora que o Filho padecia por ella,aínm como por todos os


'"t T<^álLZ%o:^uttmlp.Fr.
foicph de lef.Mar hijiyirg./.^. c.4^. >».». õiítros que temia. Se as leys civis condenaó à morte juntos pay,

^'^, ., ...
,
Ciml^bertinJ./^.deaTb.Vit.t,t(,
&
filho delinquentes, fe executa primevro no pay, porque fe-
^ j , /-n v/ k ^ v' -/T 1^
B.^nfti.deexceiíVirg^.i» Tia inHumanidade matar o hlho a lua viíta; mas a vilta da mais *
amorofaAfiyfoy morto o iv/Ãí? mais querido. Que feria ver a '
cada hum delles padecer duas mortes? pois também padecia o
Filho a que via que a May padecia; o tormento da Maj no fan-
gue do /J/^o era igual ao do ///Ãí> nas lagrimas da May; olhan- ]
do hum para o outro accrefcentava, &juntamente aliviava as
dores;porque a May por mais que penava com a viíla do filho, •
naófeíartavadeover:&oiv/^í»laftimandofe deverail/Jv, fe •
confolava com a ter prefente. Foy mayor dor que todas as que
houve de todos os homens, & mulheres de que fazem meneio
ashiftoriasdivinas, &
profanas, como prova hum grave £f-
é tauha^ên.d /.l4Ío44. CritOf. 6 ^
7 1. Lauret.fuiiin.de triumfhaichri?. ^ Finalmente padcceo a Firgm o que padeceo Chrifio: .
8 iwf 1.55. Tuamipíius animam do- feu coração, difle devotamente Saó Lourenço Juftiniano, 7
lorisgiadiuspcrtranfibir.
eracfpelhoem qucfcpudèra vcr oquecllc padccia. Ador,có
de Vjfsi^^utma^mm, 'lúx^fiTvLè
qualidadc de rayo, fem fazer lefaó no corpo, paflava à alma; 8
tuam, ò Beata Mater, animam giadius j^çpi penetrara O corpo do Fdho fcm paíTar à alma da Afh que
pcrtraníivit,alioquinnoD,nifi^^^^^^^^^^
ttannens . catr.em tlli| tui penetrarei, tt r J
.^ ^ i. i j j i j /^/ <-f ^t-
quidcmpoíteaquamemiíítípiritum.tuus^ alançaqueja naoachou uo laaod.i aliTiauc C/jrwí7, alh a-
ii!c Jcfus (omnium c]uidcm fcd H^e-
chouada r/>)9e»2: alliabufcouacrueldadc.
/tira.ia
,

cialitcrtuu3)ipruispuncnonattigitam-
qux ipfms apcruit
» r r vi
4 A taleípedaculoeítremcceo aterra.-rafgoufe o veo do
mamcrudciis lãcca,
iatus , fcd tuam utiquc animam Xernplo; quebràraó-fe com dor as pedras; abriraó-fe as fepul-
pertrãfi-

confundirão- fe os mortos com os vivos, (quando a mal-


S; fjS::rí "',:r^;»Ca"ír' t«ras:


IO Cámoens. Luft d. cant. j.f/?. ii ^ dadc tríunfa da innocencia, que muyto que fcja tudo confu-
Vtr^l jEntid.u^uigtMts injabtotu.ié- ç^^}
^ ^ q gol vcndo-o muy to ttiais íaíliinofo que o do fingi-
,

^'""^'^^'
do Thieíles, de quem os antigos, 6c Poetas lo diíTeraóqeíIe
apar- ,
;

PART. II. CAP. XLVIIÍ. 387


apartara os olhos, íe efcureceo ao meyo dia, como eftava pro- j^ ^^^^ 8^^
fctizadoj poz todo o mundo em trevas , porque tal cruel-
1 1 n Matth,i7,4y ctimfeqj. Mau. ly
dadefenaóviífej&oveftiodelutoporfeupeccado: naóíóos ^-^«^ j4-4J.e'í^4V

uangeliltas 12 elcrevem eltesprodigios , m2,%Vi.xm^mo'iaUjafuàEuftbmChion.


Efcritores Gentios. 13 • 4 i> ^r^tí» orat.aà Va^.

5 Porcftemodonaõ fó foya í«Ã.ohonra, &fermofa-„;i,:j";:;t°f„í"t?S',l*^-


ra dos Martyres, 14 mas muyto mais que Martyr,& tem ave- <"!? «"«.t./.i.f.^í? ii.».47.
tajada aureola, i < Nos outros Martyres do corpo pelo fen- -í:^""f fY'*';- ^\'?' 'jf' '•4;.§-47.
,
">-

» ij 1
tidoredundaotormentoaalma.- na/^/y^<?«í a Gompayxao da ' *'' '^

alma redundou ao fentido,& ao corpo: &: aílim foyomarty-


rio tanto mais nobre , quanto em mais nobre parte começou
tanto mais fubido, quanto mais lhe atormentava a parte que íe
icmporimpafiivel: quanto mais dominante he a a ima, tanto
foy mais poderofa a redundância delia ao corpo, do que he a
contraria. Nos outros Martyres o amor a Deos coníbla as do-
res naturaes compadecer por Deos j na ^/r^^w atormentava
mais, vendo que Deos padecia. Nos outros tiveraó os tormé-
tos menos duração; na ^r^^w começarão do tempo erri que
conheceo as profecias; 16 todos os goftos teve peníionados U P.fofe^hct.l 4^47'
&
com a dor do que o mefmo Filho haviade padecer^ 1 7 ago- ^.^J^^S^t^J^lS^ZS^
ra o via padecer fem o poder ajudar. ciatlxcitiamcaraixcacumdolore. ^a

^4 6 Sobejava tal martyrio para matar ; mas viveo a Senhora


por milagre, & privilegio para altiíTimosfinsí rriorria, &: naõ
podia morrer; i8 & eíta prefervaçaó naó tirou o merccimen- , ^f f!ff*'^f'^»^'-U-^^-M-*-^^',
to, õc premio da morte. 19 He verdade que os Judeos naõ veiaçs sir^it inferm ^»zeU.it,
queriaõ direy tamente matar a f^írgem,como aos Martyresjmas *9 P.pfiyh íu^r.t.4b.n»t,
na realidade a matavaó em Chrtfo como os que matàraõ os
: '^
Innocentes, fó a C/jn7?í? bufcavaói êc eom tudo osíizerao
^^.0^P.SuarMm^.J.,^.srt.4MJ^,^il_
Martyres. 20
^
7 Suílentoufe a Virgem na Fè , 6? refígnaçaõ 2 1 fe fora n d ^mbr«l.iejufi.vir^.e.T- i%princ
-,

neceflariordiz o Doutor Seráfico) 22 dera feucorifentimen- ^"haphaiLort.d.mH^d»mtr^g,


to a morte do tilho para redempçao dos homens , por ler May ix D.BonaMtnU.i./eiu. dífi^t. j.ukt
conforme ao PíZjy Eterno, &
por fe conformar com o mefmo
Pilho. Maisattédia à Divina vontade >&falvaçáQ das almas,
que à efpada que lhe trefpaíía va o coração. 2 3 Pôr iíTo o vá- * 5 Ludovie. BUfío , na ÊxplictiaS i^t
lor da graça a teve cm pè junto à Cruz, 24 conciliando a "íl^foiít.T?^".
magnanimidade com a dor. 2f . 15 Explica Cárthaittíd.l.iíJím'tl.j;
8 N aõ foy acafo mas difpofiçaó , acharfe a Senhora pre- ^'^ ^*
,

fente à payxaó do Senhor. Convinha (diz SaÓ Bernardo) 26 ^^


^ Bnnardfirm.i,ByJignuntag^
que como homem , & mulher concorrerão na corrupção do »w»,i«prí»í. Congrmwn niagismadcí-
genero humano, aíTiftiflem ambos em fua reparação. í louve í«' "«f^^^ rcparationi fc«]s uttrque,<iuos
. conlonancia ate nas horas , entre pcccar Adam, òcremirnos
Chrijlo.Porque em feita feyra 25 .de Março foy Adam creado: j^ D!(fmoi na i.f .c.t.«.»t
27 5c em outro tal dia encarnou o /^rÃí? Divino: 28 em ícftá iz Supr.c.%4n.4.
^
feyrafeguintc fecommetteoopeccadoy 29 êcemputrafeíla
ío sCwÍÍÍ «.\r**
feyrafoy remido: 30 à hora de fexta, q he o meyo dia,eftédco ^i fnile^.i.c.^.n.io:
noíTo primey ro pay o braço à arvore vedada-, 3 1 neíTa meíma J* •^«(f*:*7*45»#'«j[!*í? ^

hora únhíiQ Senhor eílendidos os braços na arvore da Cruz:3 2


Jiiij ànonar
, , :

588 EVA, E AVE


que da tarde por nolía conta fomos naquelle
k nona, faó três ,

primeyropay íentcnciadosàmorce: 33 & neíTa hora morreo


''
í/'V'!'^í^-".'. t.fi^í.íi-
"^^ oReíú^npiOr para nos dar vida 34 íinalniente quando logo >

(j.jpois da íencença, toy lançado Adam do Faraifo terreftrc, 6c


Mmc.íy->>'\ Lw.x\
\\ iw!f!fe.i7 46
44' pollo hum Anjo a porta para impedir a entrada,que foy à mef-
«y VJ cii^.í. ma hora da nona, 35 entaódelcendo ao Seyo de Abrahani,
\\ p'f'lm%6vr,j:i6Jr<ihol.iJi>9- ^jl^na C/:7n/?o as portas dcUe, 36 para que os Santos Padresy
picu
q alli eftavaó encerrados, íahiliem a entrar no Paraifo celeítiaí
q ue fazia patente. E para que houvefle mayor confonancia,af-
íim como, Eva efteve aopè da arvore regalando a vifta na
ç^, ^^, fermofura do feu fruto, 37 eftívefleaF/r^ewaopè da CruZi
\l {»M. V i9.'>.
38 doendofe de ver nella tam desfigurado o fruto de feu ven-
tre: como Adam peccou pela mulher que fahira do feu lado;

lio
29 CÃrz/^o remio o peccadoallilhndo ao feu lado outra muf
59 Gen i
^^^^^ como Adam lançado a ciúpazEva lhe chamou Mulher

ij^^,,,i,
tirandolheodoccnomede£/pi^í2i 40 aííim C/:?r//r<? na Cruz
foun.d.c.ij.tis^
.,1 chamou-i Virgem AMÃ^r, 41 callandoonomedocedeiV/iy.
Compriofe o q Deos tinha dito àferpente quando enganou a
Eva: que a Mulher lhe pizaria a cabeça; 42 pois havendo
'^*?"'V!^-í £<yíí colhido fruto da arvore para nos matar: 43 a.P7r^emna
arvore da Crtiz nos deo o iruto de leu ventre para nos dar vi-
44 Geri.[iqu ^.j^- 5c havendo ii/^ííí culpada pegado a doença ao marido
44
que nos inficionou a Virgem innocente participou das chagas :

!é£/S'fMn- comquefaràmos: 45 como a queda fe originou de £x;^, 4(S


\-j D.Aiigjwn.)ydtSan!i. a reparaçaõcomcçoudeiV/tím. 47
9 Por ifto dizem os Doutores que a Senhora cooperou cõ
feu Filho em noíTa redempçaòj & mereceo de côngruo a faude
do mundo que Chrijio Senhor noíTo mereceo de condigno. 48
,

Nefteíentido a chamou Santo Agoftinho , Anthora de nojjo j,


^Í^.S^:^/!^'^^:^'ít^.
ti metecimento; 49 ^zntohinGOyCãiífadafaiide doge?ierohm,/â-.
i.\-ir!h:i^e<i'dearcan.Dii^.^.\.iA.

-[-^710; 50 Sãíiio Ánklmo Reparadora de todaí ãs creãturas ; sji


'
h.miLi.vi.iihom.ii. ,

'
50 h iw2«I i&ra h^re/.i 53^ Saó Pcdro Chryfologo diz , 52 (Jliie os Anjos fe admirao de
'

y b.^'^icim ãcexíei.Virg.c.iu -
(,j.i(> qs homens houvejjemmerecido por humamiilher a vidaeter-^

i;
ÍI;n:!;ÍÍ^la:F.n.;i.in na, 53 SaõPedroOamiaó, ^/^^ porella, c omella,& nellafe
Genef.c.x.ícéLi.n.j. fcztíídOidemanpyraque ajjimcomonadafe fezfemelU ^ 54 aj'
^^[oanc%.
\.,n rnv fimnada fèrefezfèmella. 55 Accrefcenta o venerável Fr. }o.
cumipia , &
din.[up. ?cr ipíam, in ipfa fcph de Jeíus Mana, que ainda que a payxao de Chrijto^ era ba^
totumhocfaciendum deccniuur utficut
ft^ntiílima para remir muytos mundos , convinha a aíliftencia
' ^'"'
'"' "''
'^^ ^'^^^ ^'^^ P^^^ ^"^ P°^ ^^^^ compay xaÓ alcançaííe o fruto aos
"""^ ''^
"'
uíhSm fiíf
queporfidefmereceí]emalcançalloi,6ccomo oi^//7í} aplaca^
va ao Fí7^r^,& nos alcançava perdão: a May como Advoga-
da em nome de todo o mundo, com fua dor femoílrafle agra-
decida , &: efcufafle a ingratidão com que os homens tratavaó
^^6

^^n.scdf.n.
oRedemptor. 56
P'Fr.hfep},}upr.U.c.Ai-»-i'(^<:- n
Por
wi eftas, doutras razoens C/:7r//?í) Senhor noíTore-
57 /oj» i9.i(5.Mu!ier,eccchliustuus.
ivj x u,j

58 i«f.i.7.Pepcm fiimmfuumpn- prefentandonosatodoscm Joao, declarou a Virgem


»..i.

rr n4-
porM.t)'
^11 -^

noíTa-, 57 &oEuangeliila Saó Lucas chamou a Chriítofeii


jnogcmtiiiB, • -' •

primogénito; 58 porque (como explica Santo Alberto Ma-


gnoj
- ,

PAR TE 11. CAP. XLIX. 389


eno) 59 depois teve o. Scn,bora por filho efpiritiul o género 59 u^/taí. Mjgn fup. Mi!]i<s esi

humano , cup corpo my ftico (accrefcenraó Ubercmo , & Ri- '',%,„,„. ,^„j ;^,,^^/. ^^^^^^ ^ ^^ ^

cheiio ) 60 trouxe llngLilarmente em fuás entranhas, 6c o pario;4.rtrM 6.


para a gríiça com grandes dores de feu coração. Tanto deve-
mos à Firmem foy verdadeyramente Eva ao contrario como
j ,

ofie:niíicouo><4^'í'comqueafaudouGabriel. 61 <i íaci.ií./

C A P I T V LO XLIX.
Harmonia da Cruzfagrada , &
da Virgem Sanújfima naPajm
xaodeQ^niiOi à-nojjaredempçao. Traía-fe dasfirmas que
houve de Cruzes : qual era aemqo Senhor padeceo: o modo, &
circíinjtancias com que os antig os crucificavao ( accomodan-
:

do-fe th d o ao que fe íifou com o me[mo Senhor } d?' ^


excelkri'
cias d o final da Cruz.

inentos
G ^^a
Rande harmonia fizcraó na Payxaô de Chrifto a
Cn/^fagrada,&a/^r^í?fi?2Sátillima,comoinftru-
redempçaó; i ambos efcolhidos ab ^Eterno por
Deos; a V.rgem para delia naícerja Cruz para morrer nella:nos
braços da K/r^wife entregou ao mundo ; nos da Cr?/^ quiz fa- } P.Fr^oftphdejefmMamh^n.àti
^'^^-^ 4'C.«/í.'«.4-
hirdellc: ambas íbraó altares facr(>fantoSi nzFirgem feconfa-
grou cordey ro, na Cruz foy facriíicado ambas oííicinas cele-
:

•/' ítiaes; em húa fe amaífou o paó da vida, em outra fe cozeo ; de •


húafe cortou o cacho,em outra feefpremeo para faude das gé- ^_

tes. Pela Cruz fe fí zeráo amáveis os trabalhos de antes aborre-


cidos: pela K'>';^£?»;2fe fez eftimadi a virgindade até entaòdeí»
prezada. Ao final da Crtiz fe efpantão os demónios , & tambê
*/- à in vocação dàF rgem. h Cruz de ignominiofa fe fez adora- _ ^^
da:aF/)';^^??í damaisprofundahumildadefubioàmayorgrâ* I

deza. A^?;^í»íheporta.- 2 a Cr«2i chave do Paraifo. 3 Am-


bas arvoves, cujo fruto nos farou do veneno do pomo antigo;
em ambas eílà o bem dos peccadores, como diíTe David: yoffâ % Tânua Ca;ií.
varayé^voffo báculo me confoUrao ; 4 úgrÁú.ca.nào a. Fírgem i d Damafcenl^.Cim chviíicínii
na vara, fegundo Ifaías-, 5 & a CrMZ no báculo, como lhe cha- ^ ^pfaim.n.v.^. viroa ma sc bacu. ,

màraóosdous Joaés5Damafceno,& Chryfoftomo. 6 lusmus, ipfamcconfoiacafuiu.

2 He a Cruz mar de excellecias, a que não podem fondar ít^^fi^-Damian.jcmdc^^^m^t. .

•os mayores juizosj 7 tem a de haver padecido nella có Chri- c o.Damajcen fup hUc infirmorum

fio a Virs-em Mlty , & faa refic2;naçáo em Deos lhe haver entre-
bacuius. D.chyfoti.afud cajjwdor.jup^r

gue voluntariamente o que mais amava. 8 Neíciamentedi- daudorum bacuiu.-.


ziaò os Judeos ao Senhor que defceíTe delia, fe queria que o ti- 7 d ^ug ferm.de Parafceve d chry.

r-x^y/í-
veíTem por Filho deDeosj 9 oois anteseraellaothronoqueM,^'''^7/''''jf'^^''^-^^"''^-2'^'^<^^^^^^^
T- y jit Deus,pojt med.tom,(^.
oiaziamaisconneciao.Aosantigosligypcios(comocmpro- & {{et^eUf de s.B-i^id.i.i.cto.
fecia)eraaCr«^hierop;lYficodaerperança,faude, ôcvida; 10 9 tth.ij.4o.M^rc.i^.io. M
òz aeículpiao nopeytodoíeu DeosSerapis, tendo-aemgran- Petr.cM.j.dehoneftd^fiipi,
de veneração. 1 1 Pelo que lhe devemos mais que por curió- MurÇiUiàn.i. de tripUc.vit.
,

fidade, fera bem dar huraa furamaria noticia deíb matéria. ' ^''^"'
^Tel n t^^7
,
'
''' ""'-''^

, 3 Ono«.
.

390 EVA, E AVE


3 O nome, Cruz , tomado largamente , fignifíca todo o
género de trabalhosj 12 aíTim otomouCÃr//^í?Senhornoíro,
s-, f4. j.yi'f de cruui.i Cl.
M >í..i»(?.:o 58. c?- 16.14. Aíí^-f.s. (fiando difle que o devemos feguir coma noflaCr/z-o. 13 Em
!^í;;f.V;S2Jpíí4^^^^^^^^^
apertada, fó dizaquelle inftramento em que fc
J4 ly^fiiisjH^ra. caíiigavaó os delinquentes } a que alguns antigos chamarão
tàmbQmyGabalum,ouGabnh{m. 14
: 4 Foy de maneyras,& formas differentes. Huma de hum
ío pao direyto fem braços , que algumas vezes fubftituhiaõ ar-
^ ... .
, o v^ , vorescomramajou femella , i< naqualouataváo, 16 ou
il Como/e jcxas. Paphiwao , Mar- elpctavao 1/ oscodenados.Outrade dous paos também di-
ijroidie i4.Sfptembr. rcvtos, 6c iguacs, que obliquaváo na forma da letra X 1 8 &: ;

obíccxna ibpuem eâcrunu cr


âlguns lhe chamarao,Fí2í/Woi 19 na qual as quatro partes fc
Alj F«
rfi/i.iA-mprinc. atavão btaços, &
pernas , como por tradição temos que fe fez
18 D ijJdoui.i.ous-ci. ao Apoítolo Santo André, pofto que aleunscuvdemquepa-
10 LypfJ.c.T.infin, deceo cm lenho direyto de oliveyra. 20 Outra de hum pao
direyto com outro mais curto atraveíTado em todo fima, fazé-
XI TcTiuiiian.i.advcrf.Martm. doío ttcs augulos, na fórma dalctta T. 2 1 Outra (a nós mais
DiftdorÀevocat£tnt. D. Hitron inSv- conhecida} cm quc O pao mais curto naó atraveíTa por todo fi-
'^"''•'^^'
maj mas cortando o principal , o deyxa hum pouco mais alto,
formando quatro fins, ou ângulos. Neftas duas fe eftendiaó oà
braços aos dous lados, &: as pernas ao bay xc do madey ro, co-
j ,,i..,.-,à^ mo vemos as fantas imagens do tyí'«/:75r crucificado; ou pregã-
do com cravos, 22 como loy o je?-Wí?rj ou atando co cordas,
como fe pintaó os dous ladroens jilntamenfe crucificados j fe
b em parece mais certo q também foraõ encravados pois quâ- ,

do Santa Helena achou as três Criízes o titulo dá de Chri-


, &
T^tf apartado foraõ neceíTários ,milagres para efta fe conhecer;
1 } NicephoT. icchfl.%. c. 19. io- 2
' •/?.
3 fc efcufaríaó , fe&todas não tiveraó línaes dos cravos.
r;^/S,?:írfl''&''rfot;/™ 5 GmvesAuthores 24 difputàrtó qual das duas ultimas
da CruK. formas tmhaa Cr//^ em que lomos remidos, raulino Nolano
M ^firt p/}.Lj/pf.fuprM'i.<.io.in ^fcrevco : Chrtjlo Yioò com multidão , nem coforça de legiões, mas
'""*'
ja então no Sacramento da Cruz , cujafigurafe expri medeia letra
Grega T, em numero de tre'2enios , defiruhio os Prmcipes contra-
15 BaulinNoLefi!i.adMafHdLypf.ttos. 25
A i^f^íwí na narração qjà referimos a S. BrigidajdiíTé:
<i/.i.c.8. Era a Cruzforte , &
os braços dellaefiavao no alto do principal
mddeyrOy^ mais abaixo:^^ a taboa do titulo efavapregada no mais
^^ alto da Cruz fobre os dous braços-, 2 6 concordando como Euaií-
geliftaS.Mattheos, que diz que os Judeos puzeraó a taboã
Wcí^TaX;!-!»*'^
17 Maith zy. ,7. Et impofuenint fu- daquellc titulo Sobre afua cabeça-, 2 7 quafi dizendo , Immedia^
percaputcjuscadamipíiusícnptam.^^
í^Wí^wí^. Diz mais a mcfma narraçaódaSenhora:Pí7rí2f/ízr^-
'^'^^'""^ '^^
beçãtao atormentada nao havianaCruzreclinatorio algum, 28
'
^
jumdofm^ '

19 Matth.i.io.&iuc.^. 58. Filius como O ^y^w/^or tinha dito : O filho do home nao tem onde recline
^'°"""' "°° '''^" "^' "^"' "'
cE ^ cabeça j 29 que parece moftrar que fobre os braços da Cruz
^o chryfon.hom.^ admtd.r,depin. nâo havia coula cm quc a cabeça fe encoftaflej aflim vemos &
T)Pjui.x.adThtjj-don. Triditioeft ;ni-
ir^asens autigas de Santo Antam eremita terem na maóa
31 D. Dmaictn.de onhodu-c At. Cruz triangular nà íorma de 1 rorem a tradição da Igreja
.

o.^ug.inPfdm.ioi.O' t» Març.ii. quchc maiscerta, 30 feguida dos mais authorizadosEícrito'


£*i.i{mi j .er dijfác .mm.
^^^^ ^ ^ ^^^^ qyç çj.^ quadrangular de quatro pontas, ou finr,
cor-»
PARTE II. C AP. XLIX. 351
ccrrefpondentes às quatro partes do mundo que alhfe remia,
êc em confirmação diftofeapplica, &
entende da CrtfZhum J* D.PjuUiiíphe/.^.i*.

]ugar de Saó Paulo. 32 Deíra forma appareceo no Ceo ao


Emperador Conílantino Magno.quc na mefma forma em que
lhe appareceoa poz em fuasbandeyras, em columnas , &: em ,, í.í,w«/,.f 4.^//? rn>« E^frt
outras partes; 33 a ElRey Dom AfFonfoIII.de Caílella, Si ^-9 c 9 NUep cr 1.7 c x9.

YIII. arefpeytodosdcLcaó,nabatalhadas Navas; 34 a D J'*


Maún^ Bfpan.Ux.c.x^.ui
Garcia XimcncsprimeyroRey de Navarra }& com a mefma
tbrma fe conraó os milagres fuccedidos a El Rey Dom Pelayo,
aDom AftbnfooCaíto. &aosprimeyrosRcysdeAragaói 35 ^5 Mídrr^rattxceS.daiioKarch.àe
na mefma finalmente appareceo o Senhor crucificado a noí7< Htfpa har 6.§ xofi-n s

primeyroRey Dom AíFonfo Henriques , 36 & apparecem^.íí.^íc?"^^'''^"^^'^'''^-'-'


muytas cada anno no dia da Invenção da Cruz com eftu pen-
do, & myfteriofo milagre que a continuação nos tem feyto fa.
iTiiliar, como debuxadas com terra preta no celebre cam po jú-

to da Villa de Barcellos, Província de entre Douro, & Minho.


Nem do Texto Euangelico,^ narração á^J^irgem que refe-
rimos, fe convence o contrario j porque todas aquellas pala.
vrasfeverificáofendobreveoeminentefobreosbraçosj&dí- '

£er que o titulo fepuzerafobre a cabeça, foymoftrarquenáo


fe puzeraem outro lugar mais abayxo, como algumas vezes fe
coftumavapòr. Antes a mefma narração da J>«/?í?r4 37 ppo- ^-r í«/.rAf,47.»,4Ví//:<íca«i«í,>«.
vaefta parte, dizendo: Apmta dos douspaosfazia hum no que ^"h'
feria no nieyo das coftas-y fe eftivera no mais alto , não ficara nas
coftas, mas no pefcoço.
6 Levavaô os condenados a Cruz às coftas ao lugar do
fupplicio. 38 AíllmalevouCÃr(/?(?) 39 figurado em Ifaac »' ArtemU^i t.e.iuPlutarch Jc
levando a lenha para ferfacrificado, 40 6c profetizado por'"^"^!^"^^'"!' /*
IfaiaS. 41 4^ Gen %t.6 Temfl aherffud:c.ío.
^' i;r*!>.*.£V'«'7>«'''-/«p.
7 Antesdeoscrucificaremosdefpiaóiaoquealludio Ar-
temidoro quando galantemente diíTe yío pobre he bomfer cru-
:

cifcadoiporque o levantai: aoricohemáo i porque o defpem. 42 ^% ^ríemiiisr lx:e.%i.


Aífimdefpiraó os algozes ao tS(?«^or,comofe provados Euan- 4< aíí»c.i5 14 lm 15.^4 jiiatth.^j
geliftas, 43 ôraiyewÃor^íoreferioaSantaBriffida. 44 m-?'""''^ v

8 Huns dizem queospregavao na Cn/2J antes de OS leva |,r/»f.


tarem, como fe fezaPioniomartyr: 45 outros que depois 45 tjpffupite.f.fojiprine.
delevantadaj 46 &: queaffim foy pregado a^7/<?noíroSe-
f, No««/pl;'A'c/inm2y?aí/*«5«.
nhofi 47 porèm a Virgera referio a Santa Brígida , que o pre- w traoed.de chnii pavou.
n.^i.veri chegando.
gàrão eftando a Cruz em terra, 48 «^^^j^^^í'
' 47-
«^

9 Os pregos ( fe os náo ataváo com cordas ) eráo ordina " ^l^piaut m Moneiiar. utafSgannit
riamente ou tres, ou quatro, com que pregaváo pès, &mâos,''>«p«<J^*'b'si>rachia
49 pofto que tal vez a crueldade ufava de mais. como ufou có ^^^ Mur?JroígXlNZti:.
AgricolaMartyrj 50 pregando também a cabeça, como ao
MartyrPhilomeno. 51 Huns entendem que a C/:7njí<? Senhor
noíío pregarão os Judeos com três , fendo mayor o com que ^t Novut, &
•S!azia»xm.rupra.

lhe pregarão juntos ambos os pès fagrados < 2 outros que ^ ^< Gre^or. Turon,deí>ior Munyrei^
•.

com quatro, leparados os pes} 53 & eíta opinião k íaz certa j^ 5«^ra<lc.47.«.4.vffr/chcgando.
cora a relação da Virgem a Santa Brigida, que jà allegamos. 54
Dizem
j9'- EVA, E AVE
] yizem muytos que para fuftentar o pezo do corpo , q as mãos
_ -, raíifádofenaópodenaõfofter, fepree;ounaC^uzhumpeque-
KP lenha 5 Gu íaboa em que os pes de i^mijto le hrmavao 5 5 ;

mas qillo nem ha baftante prova, nem lemos que nos antigos
feuíafie.
10 Eraceremoniofaordempregarprimeyroamaõdirey.
ta, depois a efquerda, depois os pès j como no dialogo de Lu-
^ Lucian tii dhil. c lano fe finge que fez Mercúrio crucificando a Prometheo. 5 6

Aíè ifto fe obfervou com Chrifto , como vimos na dita relação


Á2. Senhora. 57
'l^f!t':\^;^u!:fc':o. u Ouvozdepregoeyro, que hia diante do condenado:
pjktt!.,n.dtd.m }Oi.Dí6h/.s4' 5/ ou ínfcripçaò em taboachamada 7/?///í?j pregada em algúa
,ia M.xrn.i c. 1 1 d.6. /« Ccr«f
/•
. <)
^^ q.^^^ ex punha a caufa daquella pena. 5 8 AíTini a
í/j.fyi«.i9.i9. puzeraonoaltodaCn/^deC^nyíí?. 59
'
10 c/raocrd.-froDr/cír.-.Kí/ír.iit 1. jj A caufa, OU crimc dcvia fcr ,fugir para os inímígos 6o ,
'"

'
61 falfidade, 62 homicidio de ficariato, 63 fe^
''.?5!«L^t'^'7!>.í^^^^^^^
^ii>uUtusi yde ^fmoaur. dição , 6c afteftação de Reyno. 64 Defta foy o Senhor accu-
01 i-/>w;W/.6. I^^Q ^- ^ Pilatos pela ley Romana tomou efte pretexto,

64 PmI JMfcu'fuhfcv.t.d.iib.i.ut.ty Dondo HO titulo por cauía j ejus Nazarenus Rex jndaorum ;
, .

i-v iw-íífc.i7.ii.iWar<;.í).i..í«c.i}.
com myfteriofaequivocaçáOjpois ochamava Rcy com verda-
«prí.tV'.í<"»'-i8.i3.
de:oqueosJudeosquizeraó atalhar pedindo a emenda, que
6é foj,».i5>.ii.^ti.
ellenaóquiz fazer. 66 Outros delidos haveria a que eftaria
impoftapena de Cn/^, mas naó nos occorrem provaSjtambem
fabemos que femcaufas legitimas a praticarão muytos tyran-
67 ^creph.deaniiq.i.i^.c.íí c^-J-ts. fjos; 6/ fó refcrircmos as das Icys.
; í,'!;,!^.^^;.'.;^!:.!^^: «? DeyxaváonaCn,^ oícrucificados atè morrereme(.
íi.pn.ac pjjjm. gotados do fangue, ou de fome, ou comidos das aves, &
feras,
6N Horar/.i.ífMB.^/>a/«w/ííp.u.i»Qy^,^g5Q^,g|j^g5pQjj^Qj.j^gCTgj. ^g fal vcz osalanceaváo; 6o
69 MarmoiogàUM.fnt. & qucbravaoas pcmas, Ic tardavaoem morrer; mas líto coltu-
7u hii^MtLaãaxt i ^.c.íb.ibj: mavâo particularmente OS JudeoSj /O & depois de mortos os
Sicu:commmoskicbat.
nãotiravãoda Ch/s, masnellafecorrompiaó, &:mirravaóos
7,
//./.r.;;íax./.6.c.9.i»c«fr«.„.s.d.corposàincIemenciadostempos. 71 A Senhornoíío an> -

P^iia-^se. náo quebrarão as pernas , como aos ladroens crucificados com


elle, porque o acharão jà morto: 72 & porque fe com priíTe o
^^
'âxofit 'é CT- Num.9.it.
^"^ ^^°^ ^^"^^ mandado na Cea do Cordeyro, figura fua, que
74 /M«./(.'p.54« IhenioquebraffemoíTo; 73 mas ainda lhe deraóhuma lança-
da, 74 porque não faltaíTe crueldade alguma, &fe com prif-
75 ^«f6ar. ii,io. fe outra profecia. 75 Por náo ficar na Crtiz na grande folem-
nidade do dia ieguinte, em que , por fer Sabbado , fe celebrava
aquelleannoaPafcoa,otiràrãodellai 76 porém foy neceíTa-
6 loan rHp.7,i:
77 M,:tth. 17- 57- rio que Pilatos conccdeíTe por favor ao pio Varaó Jofeph ab
^'^'"'f- ' 5.4Í- íue.
í5.<;o/mh..9 i8-
Arimatha:apoderlhedarfepultura;77
.r ,.. favor que fecoíluma-
78 l>lnlQ rotura Flaccum.
conccder no
{• -^ -r»
do nalcimento de algum rrmcipe , ou ou-ji •

79 petroirifatyr.piuurch.in c/eomen. va
dia
80 Mu:tb.x7.^4.Aí.rc.i^.^9.Luc.ii. trafclla muytolòlemnc. 78
ç.Fideir>lruc.òo.n.^.
^^ Punhaó guardas para que ninguém tiraífe o corpo da
& &
Cniz. 79 Allim a puzeraô a Chrifio-y o Capitão, Soldados
delia foraó os qconfefláraó fer Filho de Deos, vendo os pro-
digios que fuccedèraó quando efpiroui 80 poftoquehiidel-
les.
}

PARTE II. CAP. XLIX. 395


Ics, para myílerios dcnoiTa Fedeu a lançada) 81 &: eftacraa 8i fo«.I9.M•
í;uardaquePllatosdlneaos Judeosquetinhaó, &deqnepo- *' ^-«"fc.iy-ós-Habctiscuftodiam

diaódiípor, quando lha pedirão para guardar o lepiílchro. 82.


15 Precedia fempre antes de crucificar, açoutar os conde-
nados, 8.; não com varas, (que era caftigo mais honefto) 84 t^!:r;;t';^f;!l!!:'^t
mas com flagello de couros, caftigo deelcravos, 85 cruelif- vortt7>io./«/<m,^^,^,(r/i.
íimo, 86 & horrível, 87 &muytas vezes com oílinhosara-„.2^''"'''"'"*^''^H<'-^'«>vm/«
dosnelles, quefcriaó 88 mais que as que chamamos í?^/í'í<í.v; ibTextuiinL.tiut.damnumff.tit.de
I chamavaólhes em Latim Flâpelktãxillata. Efte callieo fe da- f«"' '" vnfhoifes.
^ va,ou pelo caminho, indo para a Cr//^, ou antes de lahirem, íiercfia^dio.
atando-osalgúasvezes ahumacolumna. 89 EaílimoEuan- ^^ ^thxntusl.^.
gelifta SaõMattheosefcreve que Pilatos entregou 7^/^^-^ '^P^^- '^/"^"'^"''/^ .,
tãdo (como antecedente ordmario) parajcr crncijicado;c<. tam- íupij.t.c.^. '

bem imaginou (^ como entende Santo Agoftinho) quearayva


dos TudeosfefartaíTecom aquellecaftigotam cruel. 90 AtVa- „ f° ^"'f^; 17. lí. JcCum autcm fla.
- leF/í?^W/^íw«5porqueíalla,diz queíoy com nagellojõc a ///r- ^

7^í;;íreferio a Santa Erigida 91 que era dos ditos taxilladosj 91 Videfupr.c.^f.n.A.pofifrinc,^

&
que efte ve o Senhor atado à colum na a qual Saó Jeronymo
;
^* o.Hicron.t]^.ad tuíioch.

92 diz que perfi ília em feu tempo enfanguentada no pórtico


do Templo. O Venerável Bedaefcreve 93 quequandoelle Bedide /or Mart rc
vivia,eftavanomeyodoTemplo:&: Gregório Turonenfe, 94 94 Gríi'er.r«roM./.}.c.}.

que por cila obrava Deos grandes milagres. . -


.•-

16 DiílerãoEfcritoreSíqueaG7/^deC/7r//?<?foycompo- .
'

•'
íla de três, ou quatro géneros de arvores; cedro, palma, aci- •• •

preíle,&:oliveyra. OdoutoJuftoLypfio 95 entendequeo 95Í«M>/>/'<icCr««/.j.f.i}/)o/7/.r;»í

diíTeraó com mayor curiofidade, q certeza ; &z que foy de car-


valho, porque delle parece a parte que hoje fevèdaquellefa-
grado lenho: Sídelle ha, & houve fempre muyto em Judea; 6c -

para ifto he forte, &accómodado.


17 Deyxadas, por miúdas $z rauy to largas, outras parti-
,

cularidades nefta matéria , a concluimos com dizer, q o cafti-


g go de Cruz foy antiquiílimo entre todas as naçoens politicas
Urgmenteon,o!{ra Lypf.p^^.Ul
96&entretodaseraviliíllmo, & próprio de efcravos. 97 Por,.;,^.
ijílo o Apoftolo por encarecimentodiíreqC/:7r(/^<?3^ç/Mífehu- 97 PnyonfatyrAànSdtyrUofiafitd';
" milhará não fó até morte, mas'a morte de Cruz. 98 Porém de ^"' '" ^""^'"'•
poisqueOiíwÃíT^Wiyci^/jíT^í innocentiílimo, a levouafeus
^Jiombros,&:padeceonella, &
có elle fua Miíj Sãtiílima, ficou
ái infignia mais honrada com q os Principes pondo-a íobre fuás

coroas, adornaó a cabeça, &


os grandes o peyto nos hábitos
q
feformaÓ à fuafemelhança, o final mais gloriofo com que fe ,5
D.P.ul.adPhiiip.t. «. Ufqacad
abençoa, & íe deprecao felicidades ; o trofeo com que fe illu- mortcm, moncm amem Ciucis.
ftraó as praças , & outros luearcs públicos imagem de q ue os ^? ^"'^ D.chry/o •! .in demonjlrat. aà-
•,

4,„,^ r j- •
o r^- 7 r> ^frí.Gentil.quodChrin.ãt

^ Deus túimed^
^

: demónios fogem, medicina para O corpo, Sc efpiritOiobje£to, o J.,. '

\ de mayor reverencia, compendio das mayoresexcellencias, ^•^'^'»''/'^^» '•-*<'' «"^-ffí-í^ <"««»<<»»»«.


• .deftruição de todos os males, conciliação dctodos osbens.'^^'!vT'j'^í'"'-^r'"'^'"^'"^';''
Ç9 U imperador L.onltantino Magno prohibio por leyfer i?e//<i«owf/>-o,Quintiiias««»f«/'<í<o.
alguém condenado a Cruz ; 100 ( não era bem que o final da '°° ^"^'"'•í'» Confiantm. Hifior. rw
vida foíreinftrumentodamortc.) Mandou que feimprimiííe, f;;^;-;/,|;/^-''-^'-/'*-.*'*.^«A
& pu-
á

J94 EVA, E A VE
ÒcpuzeíTeaCn^íznasarmas, nas bandeyras, &: fe levaííe nos
exércitos guarnecida de ouro, & pedras preciofas nispnn-as
^ delançasj loi & lenaolev aíl em imagens de ouro dos £ m-
!oi/j/''íaA6A;.4.cii.
lOi Hl r? i>;p 'i.//.//, peradoreSjComofeufavaj 102 que íc puzeflefobreodiade-
104 fw/ei^/aMin-cij. ma Imperialj&: na marca das moedas mais eftimadas} 103 &:
fe mandou levantar huma eftatua com ella na mão. 04 O Em. [

perador Juftiniano poz a fua imagem fobre humacolumnia


* cavallo , tendo na maóefquerda hum globo com huma Cn/z
em fima: fignifícando que pela Fè na Crwís, dominava o muií^
.-,npjW..mí#«.«. .do entendido no globo i 105 &
dalli fe introduzio pinra-
0$ rem-fe os Príncipes com femelhantes globos na maó. Joaô
Curopalates no livro dos ofíicios do Paço de Conftantinop!»
^
refere que nos autos públicos levavaó fempre os Emperado-
jo^»,cnTo(i^ht ub deoffic.auU res huma Cruz namaódireyta. 106 Theodofio, &: Valentim
Cehjlam.
'^- nianofizeraóley, que a ninguém foíTe licito efculpir, ou
pin-
tar a Cr^/^i em mármore, ou em outracoufa que eftiveíTe
no'
' chão, em que fe pudeíTe pifarj antes quem aíTim a achafle , a
••
ri-
raíTe logo, fob pena Gr^-uí^w^jque a glofa exphca fer de
mor-
- . _ ,-,
• r ^1 ^^- 107 Finalmente, a exemplo de S. Paulo, io8 fóna.Cr-f-
)

V tor.nfntfjcffa ibuverh.ogr y^ijinia. à z j cju Unijto nos dcvemos gloriar, crucificando nella o miu
los Q.Paui.o.dQaiat(,M^. do para nós, & a nós pata O mundo.
H.iior.Tripart.uL%. ^^ Como a fagrada Chí^ foy achada, 109 &:depoiscõ.
fervada, 1 1 o referem os Efcritores allegados na marinem
Rnfin h-ji.Euief.1. o c.?.
i

y^ihr^as Fiossaraor. [cfla d. inven^. da



&
^g fora do noíTo aífumptoj como também os innumeraveís
""-' "*'^*iixn-
íni-
Lru^, aonde ailezfl outros. , n. r r r \r n
1 1.0 Mtta{>\^r4.mxh s^ftafi. Màr- lagrcs quc por elte lacrolanto linal íe tem vifto. Referirey fó.

m.;o?.Y"- . , ^,
mente com Nicephoro, iii que vendooEmperadonVJau-
i II Niui'kor.Ln.c,io adfin,
HCio huHS Turcos mandados a Conítantinopla por Chofroas
Rey da Perfia, marcados na tefta com o final da Cruz feyro có
tinta^lhes perguntou porque fe finalavaó CQm o que naõ vene-
javaó. A que relpondèraõ Que havendo mu y tos annos antes
:

em Perfia, & íua pátria pefte graviíllma, huns Chriftaós


enfi^
nàraõ contra ella aquelle remédio j que ufado dava faude a to-
^•^•'^'^"
dos, &"poreftacaufaotraziaó.

C A P I T V L O t.
^atidades vh , ^
Catjas, JudasyHerodeSy
mortes defeftradas de ^nnàsX
Qf Pilatos., culpados
frinúfaes na morte de Chrifto.
X T.uuiUnJpio..c.,. Toiiácdicat
Kdamnauonisnoítrsetiamglotumur, ^'^^ Um elegaocia muytoluadilie
w í>, i

r j/r^ n-
c[uienimfecitiiium, inreiligete potdi, I 1 ertulliano, que
ronnld grande alRjuod boiíura à Ne- %^ perfcgUlÇaÔ deNerO acreditava ar)<;marrYrpcprM'o

X D chxyfclihm.i^ infíncindecoiUt. «l^^m


O conhecia , hcava entendendo que era grande bem o
foan.Bapt.exvar. tuMatth. loc.tom t. queelkcondenava. I E a eloquência de Chryfoftomo pro-
sat.s auditor intai%u quanta (ic gloria
jeguio, queamifcoa dopcrfecutor era gloria domartvrio. 2
aiidietu. j
V ejamos quem torao , &
que hm tiverao os principaes aittho-
resnapayxãodeCÃr//?tf. .. .

2 Annàs^
-

PAR TE II. fC AP. L. 395


2 Annas',^ CaipR£iS,q tratarão a pnzao, & morte do òe- ^ Nun>hcr.f,p x.úo nfn. i

-P ^f- B,-»ed;:í i Hdn in thíorfn- u


fjhoi', eraó homens que e.orapràraó por dinheyro aos mihiílros 5

'^'''''" '^""""' ''''

Romanos o Ponciíicado fanto, que antes peías leys, £c


, coíhi-
t^ppf'"í'"?.'
'
'

mcsjíe conferia por ekyçaó legitima; 3 6c em fímtiveraómi- e M^uh xoj^.Marc. i?.i.<r ^ ií. 5

feravelmente morte deleílrada, como diz Nicephoro, 4 po- 7 f^''!'^^^-^^- ^"'^ ^ *7- í«í jj^ í

lio naó declara de que forte. .h-.\\\: ,


» o/cH.ó.

3 Judas lícariotes (alguns dizem ferCalabrez) queové- ^ p».^i-6.


dcojera homem vil, grande ladraó, tinha morto a feu pay, & J^ z^fí^lÍ!'*,'^'^'
'^'

cíluprado a fua mãy 5 com algum impulfo deemenda buí- n ita Conr.^^d. Gtfmr momm4 prt,p.
;

ccu a companhia de Chriíloyoue o recebeo , & honrou com o "0'"'>'-^^'J'-^/'^rodes.


y\poltolado, 6 porque vmha bulcar peccadores, 7 como la^^.j.,,.
' '

eílava profetizado; 8 mas e(te fe quiz entorpecer miís n.is '4 P.joãnfíujjíerfinF/oftulhifip i,

culpas, continuandoem furtar: 9 & ultimamente, havendo'-^^'^^;::^^^;^^;'^- ^^,,^ ,^


vendido o Redemptor^ defefperado fe enforcou. 10 chr.an.chnft 4 c^»rad Gcjner fiy. 5

4 Herodes, que defprezou o ly^/z^í??'- quando Pilatos lho '«/''"'^-f'' /"F h^?^'^^^''!» .

remetteo, 1 1 toy homicidados pequenos, roubador dos no- 17 // v D.x.nfupr cr f;;« ««,«<•..,.
breSjdeílruidor dos aliadoSji2 adultero inceftuofo có a mulher '""^ ^'%'íí "» -fVoj 5^, nf. cL iit:;o- >,/.'.-

do irmaÓ,dejuizò tam leve, q por hum bayle prometteo cÓ ju- '^fua,t '^rí!,'^Jftâf:^ÍÍ.
ramento ametade do feu Reyno,Sc deo a cabeça do grádeBau- nan.hiji de Hejpanha ub 4. c %. cr ouiro.
tiáa, i; avalia mais que o Reyno todo, &'qmuytosRevnos.'"''-^i''^„ „ „ , ,

rouco depois da payxao do òenhor 14 por accuíaçao de leu Ltét.p.ui.s c.i,.pon rr^d á<Uymmd., u
,
,

irmão Agrippa, o Emperador Cayo Caligula oprivoudo ^9 ForaepiLdashijí.eort.p.t.a.n.i-,.


''^"'"
Rcy no, & defterrou para Leão de França A' a fua mulher He- "o
""''''"'
lSÍ^' '
'

rodias; 15 de Franca ftigiraóparaHefpanha; 16 husdizerh to Cumiãiscjt^uthorFioiruhhin.p


qelíemorreona CidadèdeLeridaem Catalunha; lyoutrosq '''°Mi'^^-]^rf^f^>rm,v

em Portugal j em hu lugar chamado k/7í9íí/(9, q entendem íer a cio. Concordai fav. Den. /«&. qu^çiuid
q hoje fe chama Villã velha de Rhoâam , junto do Tejo no Bif 'l>'^>('iiPStvaTn,»i>e',èir,teiic^nsàih.- '

pado da Guarda^ou Villa da Redinha no Bifpado de Coimbra> '^ZItu!^edZ^n!tu!,madY


ii5 eftesdízemqosPortuguezesomatàraótorpe, 2craifera-''>'"-f'^-
^'it^^.tf.MàTc. 1 5 Là^^ph,.
yelmente: 19 os primeyros, q fe fez tifíco de trifteza. >2o fi- ^g''^ A
lha, também Herodiasdomefnionomedamáy q veyo com 2^ foíephJeeKtifUz. , er j.ey- m
DS pavs, querendo paííar a pè o rio Sicoris , chamado hoje , JV- «^^ -Sf^-H ^-i 's.
gre, em Lenda, fiada em q , por fer inverno ; eftava muyto ge- J; Áícpbor.hi!i.Èrc^ú,c.,o.adfí..
lado, íe fumergio nelle, íicandolhe fó a cabeça fobre o gelo , &
t^^y apuJiirúumfíipr.Fideinfyac.e^ ».6,

forcejando c6 o corpo para fe tirar j o mefmo gelo a degolloU: , ^t^^fl' '" '^^''"' "' M.£.^a'f/:/.t ^
2 1 com mylterioío caltigo de pedir a degoliaçao ao Bautíítai MuitiapKd Bmt jup. apudÈa^r.M &
<otnment ad oext rm.chr.h.i.verf de morte
6: a mãy vendo a filha áíTim morta morreo de fentiraento.
,

n-i» j^ •!• L j •
filitiif^apudÁíexidSyhdevar.litli.
5 tam vil animo, que conhecendo a mno- ,.,.h,,,, L^i.CuJ/hijl.àpriLd.
Pilatos era de
ccncia de ChrtJlOf o códenou por fatisfazer aos acciífadores, £cci m chri[t. 6. & 5

temendo defagradar
c*
a Gefar. 22 TeveinfáuítosfucceíTosenfi ^^^ Si^ida^m uiãmàr , Grato, verbo»
litro, pag.ifii hl 120.
^ V .
r j. •
r 11 •

íeu governo,- 23 ate que com Vitupério toy privado delle- 24


dizem alguns 25 qtie por accufaçaó quca Magdalena Santa
Ihefoy fazerem Roma da injufta morte do JV;2/:7í?r. He corri
mumenrreosEfcritores, 16 q oEmpferadorCayoCaligúIà
o defterrou em perpetuo para Vienna ,ou Leaó de França, &
dahiopprimido de calamidades fematotí por fuás mãos. Sui-
,

das, Author Grego antiquiíTimo, agrave refere fua morte de « •<!»

outra rnaneyra com eftas palavras traduzidas fielmente. 37


Kk Sendo
j

39<{ EVA, E AVE


Sena O Nero mancebo^ aprendia Filofofa , ó" ouvia o qiiífi di-
zia de Chnjlo ,cu)dandoqíie aindaeravivo. Mas quandofoube
de Jíideos quefora crucificado , mdig noufe , mandou vir afia &
' prefençaprezos emferros os SacerdoíesAnnas^ é^ Caiphás , o &
mejmo tdalos que cntaefora Prefeão dagente Judaica. Afjhu
,

tado no Senado ouvia o que dellefefizera. Annás, é^ Cainhas di-.


ziao: Nós o entregamos k s leys; nem pecc amos emfua condenação
Kemjomos Reos de lefaMageftade; porque o Pretor, que tinha o
poderyfezoqueqmz. Nero indignado^nandou Pilatos ao cárce-
Armas i
re, z^folton a &
Caiphas abfolutos. Florecia então aquelU
Simao Mago; <^ difputando Pedro, ò' Simão napycfença de Ne^
rOf foy trazido Pilatos do cárcere : & eftando eftes tresdiajite do
tnefmo Nero, perguntou a SimaÓ : Por ventura es tu aquelle Chri-
Jio? E elle refpondeo: Sim , eiifou aquelle mefmo Chrifto ; depois
'
perg untou a Pedro: Tu por ventura es aquelle Chrifto? Pedro lhe
refpondeo: Nam-, eftando euprefente, overdadeyvo Chriftofubto
ao Ceo. Perg untou Nero a Pilatos , qual de lies era o quefe chama-
va Chrifto. E elle refpondeo Nem hum: , nem outro ; porque Pe-
dro foy (eu DifcipulOi & por tal mo delatarai, ^ o negou dizen-
,

do:NaÓ conheci efte homem; pelo que o deyxey ir ; defte Simalnuo


tenho conhecimento por modo algum nem temfemelh anca alguma
,

com elle: porque efte he Egypao, ó" corpulento, é^ tem o cabello


efpcjfo, ó' he neg ro, totalmente diffcrente da forma do outro. En-
tão o Emperador indignado contra SimaÓ porque mentira, ^
dtffera que era Chrifto , & contra Pedro porque negara feu Me*
ftre, os lan çcu fora donde eftava, &
cortou a cabeça a Pilatos, por^
que matara homem tamg randefem mandado Imperial,
t^ Thomjfít^htínPíiitmi.tpui p. O
6 Cardcal Thomàs Jorgío 28 refere com diíTerença,
/r.fo-o <uA/.iíj,-ij/M4^'4rf/mtf,»jm.6.q^ie o Emperador Tibério Ceíar mandou apparecer Pilatos
D>««n^oi.w/.í,ry 4.
dianfedcfi para ocaftigar pela morte de CÃr//?í?,chegandolhe
noticia de fiias maravilhasj pôde fer que pela carta em q o meí-
i9 i.ffacsa.n.y. inoPilatoslhas relatou,comoabayxodiremos ; 29 & que le-
vando Pilatos por debayxo de fuás veftiduras a vefte
inconfutil do Senhor , que os algozes guardarão em íua pay-
jo yMf?."»4. 3caô> 30 Cpóde fer q por relíquia, por jàfe haver convertido,
ji i>^ fco <i.» 7,; como também diremos) 31 em virtude delia perdco o Em-
perador a coIera,8c o recebeo agrada vcl jantes fe Icvátou^como
por cortezia &: q ifto fuccedeo por três vezes em q otorncu a
-,

chamar-, até q entrando ultimamente femaquclla íagradade-


fenfa, executou o Ccfar fua determinação , mandádo-o matar
7 Tam variamente fe conta a morte daquelle mão Juiz, &
elle merecia muytas diíFerentes. Se he verdadeyra alguma de-
flas ultimas relaçoens,mcrreo por onde pcccou , pois incorreo

11 yoj".!? 1*. na indignação do Cefar por onde procurou evitalla. 32


^i p:,.h,r»[/a(iían.!neomment.':dPm-
3 Joaquim Vadiano 33 dc uaçáo Suifloefcrcvc jquccm
;.o^v^í/.« /./tx/-, m SyivM vaf.i.f.U.
g^^ .(|-^
^^ j^ - ^^^^^ f^^re certas montanhas , a que por rochas
fe fobe com difficuldade, ha hú lago chamado de Pilatos , aon -
dehuma vez cada anno apparece fua figura veftida em rou-
pas
.

PARtE 3P7 II. CAP. L.


Dí?s1argas, &r quem ave morre dcnrro de hum anno. Equeíd
ajgucra de prc pofito lança em aquelle lago hiía pedra , ou ou-
tra ccufa, fc altera de modo q alaga furiofamenre grande par- ,

tedaquella comarca o que naó faz , fe acafo lhe cahe alguma


:

ccufa dentro. Pelo q ha pena de morre, que per vezesTe exe-


cutou, contra quem lhe lançar qualquer ccufa depropofito.
^ Do nome do lago inferem alguns que Pilatos feria Suif-
fodaqueila parte. Outros 54 cuydaó que era Francez de ..
St
^ ^. .,,. .
, rii n. J J . o. riu J ]i i ScKe'-ít.'.Btíl:otL
nobre, &denlhadehum
-r •

Leaó, filho naltardo de paymuyto I 1 j

moleyro. Os Francezes dizem que era Italiano, pelo^nome


de Poncio femelhãte ao de Poncio Capitão dos Samnitas, que
venceo aos Romanos nas forcas Caudinas. 55 PorteraHo- 35 r/í láj.í.k/.p/^pwc.
mero por feu natural contenderão ktG Cidades era Grcciaj
^6 & de Pilatos nenhuma terra quer íer pátria, ainda que íeja '* ^"'"' 'f f ^í-".' $.

cpiniaóqueelle, &fua mulher feytosChriíláosfefalvàráOjd^.


^^ ^' "^^^'
que abayxo trataremos. 37 Contenda nio de muytafubftan- "^'

cia;porqueomào filho naódeshonra a boa pátria; culpa- fe


maisemdegenerardellaj&neni Homero feria vil poíloquc ,

fora de Scithia; nem Pilatos illuftre, poíto que fora de Gré-


cia.
10 Ha Efcriror grave 38 queaíHrma que dura em Ro- ,« p ^wí».*,.,^,,. «^r«/^ a».
maa famdiadePilatcs-, 6: em Hefpanha houve lifonjainad- cpny/,58 )>.i,iuií>,s,

vertida que pertendeo darlhe por defcendentes ( fem funda-


mcntc ) grandes cafas , como fe tam grande macula do proge-
nitor não desluílraíte a prerogativa da antiguidade. Deyxo
outras coufas que íe contaó de Pilatos, as quacs Jacobo de Vo-
ragine cem razão chama apccryphas, 39 59 ?j-c5. </í Kr^jjw. i-^f..,.',

C A P I T V L O LI.
Como Chrifto Stnhor nofo , defois de tirar doSeyo dâ
^hrahamy Qf do Furgatorw muytasatmaSi refufci*
tOH , & Virgem Mâjfi^ ^^^ /^^
aj fareceo logo a >

deo as graças -peta rsdemfção do mundo que emfuã ,

Rtjurrejçdofe condahío,

M Orto Chrifto Senhor noffo , defceo logo fua al-


mafantiíTima aoSeyo de Abraham 1 atirares
Santos qu»- liclle o efperaváo: & do Purgatório tirou os que ti-
nhaó purgado fuás culpas, ou em vida merecerão, por fé, &:
devoção à morte do mefmoiyfw/jcrjferementaó livres daquel- , Symboi.t^popoií

lapenatemporal; 2 nem quiz dilatar o beneficio, nem cómet- ^ /'-»£> r/><.m i.p^. ^i, «-1. 8 aJi:
^""f-^^^"^^ iicr>a,cnma,n mediu.
ter a execução a Anjos. 3 NaÓ confideramos o gozo com q j^/
foy recebido, porq nos chama o da Virgem May ( que he mais 4 syn!boi^pc\ioiO' Vtãtfttf.c.^(>.n.ir
^«/'r.f r9.n.4.M>«-iM9»8. c^í.
donofibinftituto)vendo-orefufcitado. ^
.
-'
„ , 1 * /. y.^
. ^í. ». 7. -^píntaoiitriso P. Fr Man do
••

2 Ao tercey ro dia 4 vinte & íete de Março, que toy Do- s^puLho «a^ejà^ fjj>,rit.^.i.c,t9 n.io.
f.

mingo,diâ cõfagrado aos mayores myfl;erios,5 fe rcunio a fanr


Kk ij tifíima
» .

398 EVA, E AVE


11íiirna alma ao fagrado corpo, ( que a divindade nunca liavií
dc)'Xàdo)&íhhiooRedempíor dolepulcro, fem tirar a pe-
dra que o cerrava, 6 clarOi impafiiveljagil, ^furil-cauían-
í'"'/'y ^"^ M / ^ «^o ' *^°^^^ íingularfermoíura as cinco ciiagasq recebera naCruzr.
47 c-^i^b.'
7 i'V.^j'».fiio.i«'f«^í^"*/-'/'---)^-''-9- & que íòconler vou em memoria delia i y mais refplandecia
que o Sol.
Efcolheo o termo de três dias ; porque íe refufcítàra an-
3
tes,duvidariaó inimigos fe morrera 6c íe tardara mais , duvi- :

dariaó alguns amigos de faadivmdade,&refurreyçâó, 8 co-


"

.. „,, r, c
-í -j
$ ConhderaKlhe^ãs no ths Suníi. -ilida
deLbrnu.^).inti,K
mo Jiàcomeçaváo
i
a duvidar os difcipulos que hiaóparaEm-
.,
maus. 9 Outras razocns iTiais alcas apoHta Santo Thomas. 10
-„a r»
9 Luc.t^.íi. Refufcicoumuyto de madrugada; ii masoSol,que
4
u S'! ;:f.?vAu" ^«. :o àc triftezâ fe tinha efcurecido por elpaço de três horas em fua
6" ..

II yuteiupràc-^% 4. payxaó, 12 já de alegria anricipounella manha outras três ho-


1 5 aílim como, havendo parado na vito-
''17'^^'
com \
'
^^7f
Pedro r'^"' Mutut. ^f 'Tl' ras o curfo natural;
d btibenas^ ^ d.i ^.-yo/.tp. . , i-
/• v i i

t.
^ /- i i i • .

àechn/iMUJe^.c64 xo.<iue jijmeníi- riadejoíue, 14 tomou dcz unhas atraz HO Unaldc Lzechiel,
deaSMunosu.í./dàemMeyuuoj^m
j^ para fc reftituit aocurfoquedcyxàrade fazcr. Nemaqui

"m ^ofue\o.i\. fezmuytoemobfequiodefeuCreador, pois lemos que a ora-


is 4.«<^.io.i..//jí }8.8. çoensdcDom Payo Feres Corrêa ,PortugueZjMeítre da Or-
dem de Santiago em Caílella,fe deteve o mefmo Planeta, para
que antes de anoy tecer, acabafib aquelle grande Capitão de
desbaratar os Mouros em huma batalha junto a Serra
16 Aíor.u,/?Híyp/.rófXFr.fr.«eMorenai
16 fie que fe deteve íeis horas, atè refazerem as exe^
de R^/dcs h,ji de Sanú .^of-u- Monanh. quías do gloriofo Martyr Fi'. Joao de Plaucdis da Ordem dos
Lu[np.^.Uis.c.,A-à'P'nos'>as Excd.de
Prègadorcs. 17 E na ultima f^ucrra de Portugal comCalkl-
mtten.i. la, na campanha de 1663.16 teve por certo, qle abreviou duas
17 Mutute fiip d.% 10. horas pelo menos, hiianovte.em que os Caftelhanos quizeraó
D Bon veJr- inmedit. vi/. Qhnji.c.^7. entreprendcr a praça de Elvas correra evidente nico , fe a
.•
&
Rnpertdedivin.ojju.ij.c.i^. manhãantícipada naó defcobritao intcnto.
^'je^bor.yi Euiej:Lic.^x.a.iemcd.
Rcfufcifado ,foy logoo ^?w/j(/r em primeyrolusarver
K(v,iaeS.Bri£idi.6.c.97.P.Fr.pfephJeiU3.Mãy3imzntimmã, 18 quecítava uo Cenaculo de Jerufa-
\efMur.h,fi.d /,rg ii.c.i.n.^.Me/chwr [qj^ ^c que
/
jà fallamos, IO aondc, fepultado o Senhor, a tinha

19 5«/>rrtí 46.w.*. recolhido o Euangehitaamadoi 20 & alh havia eltado entre


20 yi/íí /;>^r<i/?. orat. de vit O- dormit. amatguras na memoria frefca do que oDivino Filho padecera,

"ÍZ^n^Mt^:::^:!::'''" ^ ^iva fé de fua Refurreyçaó , a que exortava os Apoítolos, Sc


II /^fVí/.í/f5.Bcr^'Ki.í»t/ím.«^«gí/. mais fieis que lhe a íTiftiaó. 21 Aeftahoraeftavaemoraçaó^ 22
c.t9P.Fr.fof(ph J.ni.
ti IdemP.^tolehd.n.i.P.Fr.ManJo
& confideraó muvtos'
.
Santos Doutotes zz queoAnioS.Ga-
j ^ j
. ,-^
.
a ,
i i

Sepuichrofuppic.i',n.t9. briel; outtos 24 dizcm , q multidao dc Anjosentrariaodian-

ii ]\ejere Fr. Mm. do Sepukhfo/up. tCjComoa pedir alviçaras , có aquellas palavras reveladas de-
" ** " P^ís à Santa Igreja por S. Gregório: Rainha do Ceo, alcgrayvos,
xV vãhegas de 44 adfn, Í

Alkhiya porque o q mereceftes trazer em vojfo ventre, Âllehya,
:


refiifcitoucomodij]e,Alleliiya. Ouvindofe muficas celeftiaes,
i^ P.Fr joffphfupm. &
refplandccendo O apofentocó clatidadc peregrina, apparc-
16 D^njdm.fup.d.c.6. ceo fubitamcnte Chriíío com roupas brancas, & luzentes, ale-
gre, fermolo, & gloriofo, dizendo Salve Madre Santa. 25 .•

6 OgrandejuizodeSantoAnfelmo 26 nos aconfelha q


nãonoscancemoseminveftigaraimmenfidade do prazer da
Vi^^gem Maj com tal vifta , porque he impenetrável. gozo O
de
! ;

PARTvE II. CAP. LI. 399


de Jacob ouvindo que Vivia feu filho Jofeph: 27 o de Anna, j7Gro.45.1i,
vendo chegar feu filho Tobias: 28 &:todosjuntos quantos Te isrvitu.ó.'

efcrevèraó,&: podem imaginar, íaó muyto defiguaes ao ex-


ceíTivo que a Senhora teve ; desfalecera (dizem Efcrirorcs
''"*' '^•'^'^''^'^"
graves 29) comavehemencia da fubita alegria, fe comeípe^ ác'!/„ÍLlt"t:^'"
ciai foccorro a naó confortara o mefmo Filho que tinha prelcn-
tc. Se morrerão fubitamente de gozo Chi) o Lacedemonio,&
Diagoras Rhodio, vendo feus filhos vencedores , &
coroados
nos jogos Olympicos & duas Romanas vendo vivos dous fi-
j

lhos que tinhaó por mortos nas batalhas contra Annibal} 30 ?c K^i>>fT,xtormfiffir,np.i.iUgaH'
como naó morreria a mais amante Mây, vendo o filho mais ^'"'^ """'^"^''"^"Â"'-». -^uI.gcI.
'''/''

""^ ^'^'^^' '^•''"'"'•^•^•»«


amavelverdadeyramenterefufcitado com a coroa damayor""
viftoria? pofto que afll m o efperafle com firmiílima fé, ver có-
prida eíTa efpcrança era golpe mortal de alegria.
7 Entre os fantos abraços, doces palavras , & amorofos af-
feáos que os Santos confideraó, entendem 31 c\ut^yirgemy v Kff(remF:ii^gasd.e.4yajf!„,
como taó zelofa de noíía faude , deo ao Senhor altiílimas gra*^ ^ fffi ^^-^- '•"•?'
ças em nome do género humano, por fua redépçaó. Só tal ora-
dora as dera dignamente por tal benefício mas quem as dará á
;

Senhora do que por nós obrou ? Sirvaó de graças os parabéns


que lhe devem noflos coraçoens,de ver paíTadas fuás dores,en- r/;*

xutas fuás lagrimas , renafcido do tumulo , Como Fénix , feu


/7//:70j vencida a morte no lenhoem que triunfava, os amigos

confoladosj os inimigos eonfufos ,0 Ceo aberro, o mundo re-


mido.
8 Acompanhavao aÒ^rz/^í^asáímas^tirára do Seyo de
.^^ J«'í"fe.*7«5*'^%«/'í>.f.44.«''«'
Abraham, Sc do Purgatorio,muytâs delias rendidas a íeuscor-^
pos refufcitados 32 & confideraó também OS Santos Dou-
i

tores a reverencia com que veriaó, 6c congratulariaó a Senhora


aquelles Patriarcas, Profetas, Sz Santos Padres que efperavaó'
havia tantos annos aquellà hora. Adam, & £^'^^J vendo a filha
perque entrara o remédio do mundo que haviaó arruinado, fe
gozariaó particularrnente em defcendeneia tam illuílre £"1;^ ;

foy a única m ãy que amou fobre todas húa filha que lhe era taó
deíTemelhante. Que gloriofo fe acharia alliSaõJofeph,Joa*
chim , Anna , & os mais daqueíla famiíia bemaventurada
9 Naó referem os EuangeUftas eíte áppareeimcnro de _ ,,

Chrijlo a fua Mãy , pof que ( diz Santo Anfelmo 333 parecia
J^ v^iènM-
fuperfluo declararem o que afllm devia fer-, 34 fó referirão
em ordem a confirmação de noíTafè , como appareceo aos qiíe
vacillavaónadarefurreyção, & que podiaõ fer teftemunhas
d ella fem fufpeyta. Efcrevèraó como appareceo logo à Mag-
dalena Santa, 8c às outras Marias pagandolhes a fí neza de o
,

bufcarem com dons 55 eftando morto , contra o eoftume do ^^'^ Matfk.%.%.uM»ie.x6.\Xuc%^À'


mundo; Sc porque fedivulgaíTea nova da vidapelo íexopcr- ^e D^lAmbrofin Luch.
que entrara a mortej 36 & que depois fe moft rara aos Apo-^-*^"*';'/'''^''-??.
ftolosjôc Difcipulos , porque haviaó de fer teftemunhas. 37 '' i-tc.).^>^fi.^ã.i.í'i

Paliando em filencio as excellencias da Senhora , Sc favores


Kk iij qiie
^

400 EVA, E AVE


que recebia do Filho de Deos , lifongeavão fantamente á ília

o ij cn ;j7/:,,o humildade, como elladiíTe a S.Brieida. zS


]<) D.chryfcíi.i>>Aei.,^foifoixap.i. IOC/??"//^^ a íi meímo , diz b. João Cnry!;.-
Relulcitarle
hlam 1 1 foítmcd. Omnmrn maxime
fl-Qmo 20
mi-
Quc fov O mavor milagre Que houvc aiites &c de- ,

pois de leu naícimento. h toy; neceflario, 40 expende o Dou-


[um imò & omnmm qux contig.runt
,

anreVT};im<;partuin,yiQelicet,quodipíètor Angélico, 41 parafatisfaçãoda Juftiça Divina , que de-


fuícitarccíeipfum.
viarefuicitarcom tanta cloria hum corpo , que fehumilhoua
40 Luc.u/t 46. c n. ' j rr r^

4! D.Tbo>n.i,.pq i,yart.i: morrercom tanta aironta; para mltrucçao de noílatc, porque


41 D. Paul í-AdC<flrint.il.\.&ê<i ^^Q^^^y[^g^{<^ç^^Q^^Q{y^2^f\[^^r[^(\2íát^,'Çi^í^

faefperança, porque vendo refufcitado o que henoíía cabeça,


^^l'l Pauí.i.aãcomt.iyit.
n^ lob i^i^, 42 efperamos firmemente refufcitar, como argumentava o
Ápoftolo, 43 & inferia Job; 44 para reformação de nofljs
vidas: porque procuremos refufcitar cô elle da morte do pec-
cado á vida da graça, & para complemento de noffa fal vaçáo:
porque allim como , morrendo humilhado nos livrou dos ma-
les, aílimrefurgindo glorificado nos promovefle aos bens; pa-
ra nos livrar, tinha a Fayxão bailado para nos beatificar, con -
:

vinhaa Refurreyçáo. 45
45 D.nomJ.m.i..ii:

C A P I T V L O LII.
Como Chrifto Setthor nofjo nos remio da morte ejfiru
tual Qf nos aliviou a corporal
, , que era a major
pma em que havíamos cabido j Qf a deve^
mos temer muyto menos
"Vy Ela Payxão, & Refurreyção de Chrifto Redemptor
1

i
^.-.
Diremos
w^.^-4-,^
. .
-
Hi^.p.(!.^.n.i.& e,^.&io g
17 ^s^^vantou o oeenero humano da morte efpirituaL
-^ ^ r " *^j
^
<x corporal, que era a mayor ruma em que eítava. i ARefur*
,

áeChnflohecãuíã dc noíTa reíiirreyçáo, da alma no


t D.Thom.yp j.^Á art.i.inverf.tStrsJ^y9^à
& do corpo nofuturo. 2 Noeípiritual fupponho
Dicit giof.quod rcíurrcaio chnfti cft prcfcnte,

;l«trcÍ74Ítao.'"''"'''°«"'t°'l°5 osCathohcos o conhecimento que balia par., a fal-


vaçáo , & os pontos mais particulares tocáo a Theologia mais
altaj fó no corporal, que nefte mundo mais fentinios efcre vo ,

paraosleygamentecuriofos humahoneíta liçaó.


2 Senaópeccàramos em Adam noíTa cabeça, feriaónoíTos
corpos em certa maneyra immortaes, & em certa mancyra
mortaes: Immortaes, porque puderaó naó morrer,&: paíTar á fe-
P.i.c.i.íi.io.im/4
) licidade eterna pelo modo que diííemos na primey rapar te;
3
iV/ór/<2eí,porquepodiaõ morrer. Se feria aquella immortali-
&
dade por natureza, ou por graça , beneficio da arvore da vi-
i Be iila Lu iifl.Kjxm à2i> he queftaó defneceíTaria para o noiTo intento. 4
Magifí.fm.
C ^Mz-cr ahjt. 5 Pclopeccado ficarão noflTos corpos tam mortaes, que
'""'""' ^'
necefTãúzmcnteh^ de morrer. 5 Mas ifto fe remediou
, ,\^„^"^f"^',^'\\^

6 D.Tnom. d.yp. q.66. ârt. ucumalijs. pela Refurrcyção do Senhor-, a qual he caufa de noífa refurrey-
^giúius de Btmtuàint, tom. j y ^tart.6.
ç^qj pois (como eofina Santo Thoraàs) 6 ainda que a primey-
ra caufa delia feja a Divina Juftiça , para q os corpos fejaõ pre-
miados,
.

PARTE II. C AP. LII. 401


miados, OU caftigados juntamente có almas fegundo mere-
as
cerão, (&: aílim íbra,pofto que o Senhor nem morrèrajnem re,
fufcitàra;} com tudoefta Divina Juftiça decretou eíTa rcfur-
reyçáo de todos os outros corpos pela ácChrifto, que(como 7 Paui.i.adCotitit.i yio. cr fíd\om
diz Saó Paulo} 7 foy o primeyro q refufcitou para não mor- ^•9-
rer, (q outros qrefufcitàrão antes, todos tornarão a morrer}
&: aílim fó a de Chriflo foy a primeyra refurreyção perfey ta 8
; „ „ ^ ,
»r3jj
&poreftamaneyraioycauiaiecunaaria dageral} porqemh- >

lofofia o que he primeyro em qualquer género, fe diz caufa ào


que fe fegue no mefmo género i foy caufa qualiinftrumental,
eíHciente da refurreyção univerfal de bons, & de mãos, & por
mais perfeyta, caufa exemplar da refurreyção dos bons, que fe
devem conformar com ella. Finalmente refurgindo dos mor- , t.^„,„ ^^^. yj^^, refu,g,,ao re-
toSjreparou noíTa vida. 9 paravic.

4 Por efta refurreyção caufada pela de Chrifo fe melho-


rou muy to aquella immortalidade q havíamos perdido j porq
aquella, como acima diíTemos, era também mortal; a com que
refureiremos, terá impoífibilidade de morrer: aquella neceíTI-
tava de aumento para viver i 10 a outra íem comer le ha de ^' *

confervar: aquella fubfiftiria em corpos faltos de membros, ou


disformes como a muy tos vemos ; na outra todos os corpos
,

&
fao menos os dos juftos) haó de fahir perfey tos , fem defor-
&
mi dade, ainda que foíTem monftros; para mayor perfey çaõ,
ou morreítem meninos, ou velhos,refufcitaràó na florente ida-
de juvenil que tinha Chrijlo (\mnáo refufcitou j pofto que a
eftatura lerá a que na realidade tiverão, ou naturalmente ou-
veráo de ter fe a ella chegaííem ; 1 1 &: aíTim na oração pelos " ^^gi^MU^in^^i:
defuntos diz a Igreja, que noíTos corpos morrendo, não pere- ,^
omfr.àefu..^ Corpor.nofha
cera, antes fe mudão para melhor. 12 Peloqueosquemaisrooriendooonpaemu, fcdmutamunc
tratâo do regalo do corpo , devem mais abraçar a virtude , pa- »»clius«
ra o fazerem mais bello, Sc felice naetèrnidade,fem repararem
Jiacorrupçãotemporal; como huadamapara ter bom carão:
ou hum doente para alcançar faude, fefugeyta comgoíloaos
trabalhos com que fe ha de melhorar.
5 Aílim fe levantou o mundo da morte corporal em que
havia cahido. E porque para paífar a efta melhor immortali-
dade, he precifo que preceda a temporal morte que cada dia
nD j 7

vemos 1 3 também efta paíTagem fe nos alivia na payxão , ^^^j. •^'''^*'"'*^ ^"'' ^'•*' ^""'•^•^^
: & '

doutrina de Chrijlo:, difcorrendo aííim


6 O terror da morte refalta em grande parte do como ella
fepinta. A pintura faz poderofa impreíTaó nos ânimos. Os
Romanos aborrecerão feu novo Emperador Hcliogabalo an-
tesde chegar aRoma,fó pelo veré retratado à Medajmuitos fe
namorarão naõ fó por retratoá, mas dasmefmas pinturas,& de
efculturas. 14 Poriííoosqprocuravâofâzerodiofoaos po- M f^^f^f-ií-»».*.?.,

vos Atila Pvey dos Hunnos q vinha aííolando Europa , opin-


tavão com cornos ; os Hereges pintão alguas dignidades Ca-
tholicas em forma horrível, para enganaré os ruítieos ; os Por-
tugue^es
5 , 1 '

401 EVA, E AVE


tiiguezes nasgiicrrasdelRey Dom Joaól.comCaílelIa, pin-
tarão nas bandeyras o Infante Dom Joaó (que era miiyto ama-
do) meyo irmão do mefmo Rey , prezo como o tinhaó os Ca-
ftclhanoSj&comcadeas. Defcripçoens porefcritopintáoao
entendimento com mais efficaciaj com ellas pertendiaó os Gé-
, 5 Urnoid.i.i.iontr,g^r,t:
tios defacrcditar a Igreja fanta em feus princípios. 1

7 morte hum cadáver desfigurado: na mão híía


Pinta-fe a
16 £/f?ú»iífrAfaK»H'»i.i.o/^ípíjo>./í.£^^yçç quetudocorta. Os Poetas 16 adefcrevem horrivel
mdiaisinoveregiadus.&c.
dandolhe por companheyras as doenças mais peftiferas. Os
Filofofos Gentios encarecem feus males, como naprimeyra
parte diíTemoSi 17 & fobre tudo fe reprcfenta aos Chriftãos
'' *
' '
oprincipioquefefegueàquellefím:contaeftreytajjuizofevc-
rojfentença final, eternidade que pende de hum momento, &
as mais confideraçoens tremendas do que referio hum de três
.
milagrofamenterefufcitados na fepultura deSaó Teronvmo.
Jug.arcipmt,p.tom.9., i8 Nao hc muyto que pmtura tam horrível atemorize aos
mais valerofos.
8Porém como Alexandre naõconfentia que o retrataíTe
fenaó Apelles, nem oefculpiííe fenão Pyrgotelts, ou Lyfippo;
J9 ckir.erfit.ffOiyireh.Píin.1.7 c.^j. i^ nao deviaó pintar amorte fenáoaquelles Filofofos Chri-
ftãosque bem o confideràraó, reprefentandofelhes prefentc
muy tas vezes. Os tímidos que lhe fogem , mal a podem retra-
tar fem a verem. Aquelles excellentes Pintores aprenderão na
doutrina de Cbnjio-, &
tomando as cores & pincéis de David ,

^. ,„,(^que a
, , conhecia bem, porque andava cercado delia, 20) á
flores mowii^ -pintao huma eltatua de pao , nem íea , nem termola , que cada
11 itaP.Zichtj de Lyfteux f'"''/- hum pódcomar comoquizcr; 21 feadouraócomobrasfan-
" '""'' "°. ''(T'' tas, fica preciofa, fe a affeáo com çeccados, fica peíli ma; 2 j
«
";Sr 'í L •

11 p/aim. II yv.s- Pretiofa m con- preciofa, (cxplicaSâo Bcmardo, 24) porque he fim dostra-
ipcdu Dâi mors íanaoium ^Jus. balhos,lo2ro da vitofia, porta da vida,entrada para a fegurarí-
pcífima. Ç^j peílima, porque tudo ilto tem ao revez.
»4 D.BernardJe iranfitu Maiachu, Cf Efta p' ntura, OU retrato a faz mcnos temidajpiorque ain-
da q a boa morte he favor efpecial de Deos, 25 tambempen-
ry Pfaim, é-j.v. ii. Domim «:tus
^^ ^ ^^ ^^^ Nao pôde morrer mal rdiz Santo Agoftinho)
26 D.Aug. de doãor. chnít. Kon po- miem vívco bem , O' raramente 'morre bem , qnem
inveo mal. 2G
teft maiè mori, qui bcnc vixit, & vix bc- jj^j. ^g^^- ^^ resula Qualquer gencro de morte
em qualquer ida-
17 5,«fí.eJ.79jdií«. Morrem defina- de, antevilta, OU fubitaj fcmprc he prcciofaa bcm prevenida.
inushorrcre. Dcfincmusaucem e5
Heconfufaô para OS Chriftãos,haver Séneca dito quafi o mef-
,
fi fii

ír™v"l,íjrJST«?-."'l";mo. 27 Tal vez (d.z Santo Anfelmo 2S) pelatecribilidade


mors accedit.&vocar.iicctimmtauraapparente delia quiz Deos purgar alguma culpa da natureza
íi

licet mediam pra:cidat statcm fcr-


f^j^^rrij. S. Simeão Stilita foy inorto por hum rayo
lit, ,
29 S. Be-- :

xzDJnjeimpudPoiyAnth.verb.mfr-nnoáti^^túSif^ííáo^ovcííQs: ^o b. Agatho, OU Agathonico,


tís' por leoens: 310 Beato Jordano, Geral da Ordem dos Prega-
32 o Beato André Avellino daÕr-
% SS^:i;!ríí..«.Y;..rc.^8.^°''^s,morreoafogado:
dos Clérigos Regulares Thcatinos, de hum accidente
,1 pm.fpirrt fupr. dem de
,1 <ioanMich.Pn<s de vit.homn.iiiufir.
apoplexia, Que Ihc dcu chegando ao altar para dizer Mifla; 2
,) FdixCMtetlorius i^TeUionM. ^H.Geron ArcebifpodeColonia reputadopor varaolanto,cfta-
,

ér.u*yeUim ^.de morte B.f^iri.^ ^q gm hú cxtafis foy enterrado vivo por aftucia de Vvalramo
que
.

PARTE ILC AP. Líl. 403


quelhequizfucceder:" 34 E para efcufar outros elcemplos,^,^ pan.cu.iur. i^n..,.. .
,.„.
bafta o que reíere Ho Icot 3 5 de hum íanto varaó , que mor- Ga/par Brufch. de Epija.f. Gmna». foi.
chron.Bd^ ayóyisajon. iúcunus
reo de repeace citando eftuJancio i Ôc porque naó foííe calum- ^^^*
niada lua morte quiz Ueos que o achauem apontando com o j 5 Hokot.in Sa^unt.^
,

dedo no Capitulo ÍV. da Sab;:doria , aquelle lugar que diz O :

'juHofefor preoccupado comamorteiefiarctemrefrigeno-y 8>c aílim


a morte do infigne JoaóDunsScotOjfingida pelo fabulofoPau-
loíovio, 30 repetida por poucos mal ajEFedos, &
confutada v^ Piuf.1ov.;neloz.d(>ã,)r.v4r.tleg.%,
'^'''^'''" ''^"'"^'-
por todos os Efcritores verdadeyros, 37 naódefacredúavaa '^^Cllfnt
J°-""

qae lhe grangeàraóíiiasefclarecidas virtudes.


gloria j? latè ac tkga>:ter R^p.Smaniega
'''^"••^'•«''•'•4 c.x iwr.jeq^i,
10 Mais ha que temer na vida , que na morteja vida faz a
eíta temerofa jantes que chegue a devemos temer, fe a quere- , ^. ,, ._. ,^.

mos vencer quando chegar. 38 He valentia temer o mimigo,veucrit, vjneitur, priuíquam veniat
fi

naó para lhe fugir, mas para nos armarmos, como fazia Saóíètnpc^^n^earut.ífw.f/?. jo infin. tu
"""^^^^ ^'
Pauloj 39 q o defprezadomuytas vezes alcança viaoria. 40 fcmpi™ '

Dizemos que tememos a morte , &: he falfo > fe a temêramos, 39 ^ Pmi.aà Koman.j.
naópeccàramosj 41 &: fe he verdade que a tememos, ar-, f ^•^d'c.\.i'b 5 Sxpc comcmptus
memonos de Virtudes, & logo, pois naolabemos quando vira> ^i EccUfa^ 7.40. mc mente no-
42 de repente fe faz muyto mal a prevenção. Hum Santo .Pa- ««'^'«a tua, & in .-etanum noiv pcccabis.
^*' "''''***'*''* J*'
dre do ermo eftando morrendo, ferio três vezesi os aíliftentes lÍcax-ao.^^
'
lhe perguntarão de que ria. Refpondeo; Aprimeyravez me ri, 4? ^ftrt Ioíh. BjÇiI satãoro i» prm
' "«"'•' '•"^"-
porque temeis a morte : afegunda porque vos nao aparelhaispra^^^^^'^'^^^'''-^''^^^^
,

clla\ a terce yra, porque vou do trabalho ao defcanço. 43 44 EccUfi i? 1. 1. 1

*
II O Ecclefiaftes 44 nos aconfelha que caminhemos 4S ^^''j^j''"'^^'f'^'"»"í/^'''".49-/«/'.
*'" '"P^ "•
aproveytandoj 45 antes que nos anoy teça. Melhor jornada
fe faria madrugando na mocidade j mas também o velho qiíe
fe poz ao caminho, naó deyxarè de chegar, 6efe não chegar ao ,„ .^. ...
ij L/ir LJrL-jV-NT ^^ o
.

A* Hc«^"í'i'àe
monte, baítafer achado fubmdo. 46 Nos montes, ôc,^eo»|/o/tf|4o«iep?//í//<»«»?;eí.
alto do
„,
Sujo, referido tnBLoftf

nos V alies pregava CÃrZ/^í'. O


Senhor da vinha paga como
quer: mede a dor, 8c naó o tem pOj tal vez iguala os que tarda-
rão, aos que feapreíTàrão; 47 chama bemaventuradcs os íer- ai Miuh.%6:

vosqueachaapercebiQosnaprimeyra,fegunda, ou terceyra

if^ ^ ^ 1-
-vigília. 48 Sós os que anoy te da morte achar dormindo, oa
Tf ^JTJ ^ ^ ,.^. „

.aflentados correm grande perigo; 49 Jacob ao pedaelcadauititnusaics.atobfervcnturomncsdics.


,
^, .„ ,
4^ D. lyiug. de difcipltit. Chriji. titcl
=

doCeotemeo, naó por ver Anjos, nemporveraDeoSi mas £"«"«'«: seròparanmr remedia, cum
porque Deos o achara dormindo. 50 ^^ G„.,g ,7 ],,,,„,. ^,^^„_;^. ^„
12 Correm perigo } mas podem ter remédio. Ao arre- limuitquiaDominumvíderat inquiete}
pendimento até o ultimo da vida prometteo Deos perdaò. <i ** l^!íf"'r/r'^'. .

' Conlolame ( diz baoiedroChryíologo^ 52 a inopinada d^ j^;„í,oi.c/ípo/io/.


converfaó de Paulo: o exemplo do Eunuchora cõfifiaó do La- S5 -4fí.9-c7' 8./.«<-.ij.4^
d raÓ, que roubou o Ceo quando pagava a pena de feus latroci- „, JígSm cíní^'"""' ^'°^''' ""^'
nios. 53 Amifcricordia de Deoshe<j!///íí^r^«í/í^/(3rw,perq
a Igreja lhe dà graças: 54 porque he o noíTo cabedal. Quem
deve a Deos, naó faz ceíTaó de bens , porq fempre tem por on-
de pagar; em quanto elle for mifericordiofo , naó deyxaremos
de fer beneméritos, fazendo o que pudermos. De feus efcolhi-
dos fofreo m y cos aggravos , porque reconhecidos o amaííeni
LI

mais. Era breve efpaço pôde fer taõ grande o amor de Deos, a
âverfaò"
4C4 EVA, E A'V E
avcrÍJÓ acs peccados por feu refpeytOj Sc o defcontentamenro
defimermo, qiicíem pena feva gozar da bcmavcnturanç-.i,
t. Cíim D. HieKn. "^"coh. de vórí^h.
ainda quc fc hajaó Gómettido todos os peccados do mundo.-^-^
efciid^ i ". ;"•>• '/<• '•'f ^omMemor. o»:».
j;^ni f^tj} h^ ao Sctibor pcrdoar dez mil ralentos^como perdoar
s

ec.atuoi , libcri ad viiam tranfirav,- ,dt tí>dos fe ejcfevèrao emíeíilí^TO ; 8c em outro lucra,-.
^eyfao
qui.contí.cio naxima pro
eit
ScnhoT y WC PcrdoãTeis mcus peccados, poraue^f/M
?^"^^° Porquefyifòis
-^
la isíaétio. j - ,
, { ,'
^ , ,' \ ^
'

t LucAs rhelomcc>.fejjiomr.geraiituã. mit)'tr,s ; pondo a razao do perdâo na muiridaodos peccados,


i.rj fdtmed. pOrquc a grandeza Divina fe preza de perdoar cquehemais;
. t^fj^ul^^^i^vis. impcrfeíuii:.pcquenos,&grandesfeachaónoCeo; prometteo, 58 (&
nvtuir. vneiuntocuii tui & m iibtí- tuo
, não engana) que ha de livrar a quem eíperar nille.
o;t^i:cs icrihc.tiit. Li !'/-/'« 14.11. i'rop-
j^ Neítas verdadesinfallivcis nos aliviou a doutrina ?z
catcuao.mdu-ra.ftcnim. redcmpçao de C/:>n/í7os tcmorcs da morte pelo qíe lhe ha de
i'í'jai-n.so V. 14. Quoiiiaminniefegyir^ Poftoque ninguém fe achebaftantementcjufti/icado

&" pofto qi-ie a carne tema, pois temeo a do Senhor da mor'


^^^59''y!ÍtT?c^"xo c.i 5.4. 59
é M ;/fe,i6.-n./w,/fr.i4 }8. te, 8c da vida: 60 oefpirito afeuexemplo a deve vencer em
6, ynhe^nsno fios Sanã.f. i.\>idadc confidcraçoens Chriftás, como o grade Hilário quando
dizia:
"

f,',' Jiyud LudoVic biopo,narfgraJa


Sabe alma jninhãyqíie te7»es ? Sahe^naod^ii^ides-.Jetentaanno^ha
vid^tn^^^tt i.sè.9.)^.<ff- ^6,z:rn*íõ. qfi^j^^Yves ao Senhor
i& temes ainorte'i 61 •

luUi õ.^t)>4u,iHmKs,.
j^ Contra as tentaçoens que em aqueíletráfito fepódem
recear maisjtemos nos documentos Chriftaósfaudaveis remé-
dios. 62 Se tivermos a dita de que não nos cómetfáo: nem o
'. attnbuamosànoflTa fortaleza , ncmadefcuydo dodemonio;'
f
mas fó a mercê de Deos, que o não permitte por não arrifcar
"
,

noíTa fraqueza. Sc nos combaterem, faybamos que he favor dí)


*
"

mefmo Senhor para nos dar o merecimento da viiboria , fe re-


,

fiftirmos. Se forem matéria de fé,creamos que a fé he mais cer-


ta que o que vemos cõ os olhos, & no coração digamos a Deos:
CreyOjSenhor,ajiidayminhamcredulidade. Seforâetorpczcty
ou blasfémia, fazermos, fe pudermos , o final da Cruz diztr ,

no coração algúas palavras devotas, abominar o demónio, 6c


^ proteftar que antes quizeramos mil mortes, que confentir eni^
humpeccado. Se feofterecer alguma vangloria, lembi-armo-
nos da multidão, & graveza de noflbs peccados. Se defeípera-
çaó,oudefconfiança; pormos o penfamento noabyfmodo
amor Divino, & de fua mifericordia,8c que tanto mais refplan-
decerá fua gloria, quanto menos merecemos perdaó. Sencs
der cuydado a matéria da predeftinaçaõ, ou outra cou fados
juizos occultos de Deos ; dey xar tudo à fua difpofiçaó , & pie-
* dade ter por certo q defeja m uy to noíTo bem , & aili m o encn-
'
:

minharà, pois pôde; ôceítarmos firmes em que o que fizer feri


*

jufto, & bemfey to. Se nos deyxarmos vencer de qualquer dc-


ílas, ou de outra tétaçaó, naó culpemos a Deos, nem ao demo.
nio, mas fó a nós mefmos, que naó foubemos refiftir j & logo
tornemos fobre nós, & convertamonos a Deos, pcdindoihe
perdaó , & tornando a ufar dos meyos acima ditos. Por
mais dores', & miferias que nos apertem fem confolaçáo , núcí
* imaginemos que Deos nos defempàra , ou dey xa de nos amarj
'

\ entenw
PART. II. CAP. LII. 405
entendamos que aíllrn convém anofiasalmas, refignandonos
. na vonradc do Senhor q naó pôde fer fenaó em noíío provey-
,

to. NaónosdècuydadoreiremcsaoPurgarorio, 6c porqiiâto


tempo,ou logodireytosaoCeojfiemonos de Chri/}o, como ác
bom Pay có refoluçaÓ animofa nos arrojemos cm íeiís braços,
,

naõ amando menos fiia ju{liça,que fua mifericordia, tendo por


mais pcnofo havermos peccado , que padecermos as penas do
que peccamoSi enredamos que quer, 6c pôde levamos ao Ceo,
le nos humilharmos 6c confiarmos rte] le. Ainda que fervifle-
,

mos pouco, eíTe pouco naó ha de ficar fem premio & baílanos ;

ir ao Ceo , pofto que naõ alcancemos tanta gloria como os que


ferviraó mais. E quando vamos ao Purgatório , là fe lograó os
fuífragios da Igreja, Sc quanto fe padeceíTe feria quafi nada a
rcfpcyto da gloria feguinte. Se a fraqueza, ou jaizojàvacill á-
tenaóderlugar a eftasconfideraçoens, invoquemos, como
pudermos , o Anjo de nofla guarda , os Santos que em vida ef-
colhemospornoííos advogados, & principalmente a Pa yxaõ
deChrifto, & os nomes fantiílimos de jefus, Maria^Jofeph,
ancoras fí rmes que não nos deyxaràó naufragar.
14 Com as meímasconfideraçóes ficou aliviada a morte
nas rerribilidades temporaes a que antes nos condenava, como
na primeyra parte defta obra diziamos. 63 Jà vemosquenaõ ^^ Ptcim.comos /e^uintes.
acaba tudo, como alli referiamos que nos perfuadiaAriftotc- tt t\1'iV7l.*.^i''' x, .i,-

leSiantes, de mortaes, nos fazemos por ellaimiTiortaes, como isciUiis, qoorum cum vitJoiTwae^^
acima 64. notamos. Tios Stoicosdiziaó, 6*? queellanãoera ""f^"'"""'''"°"^'^'4"°'"'^'^"5="^"'
ternbel aquelles cujas acçoes louváveis nao podiao morrer q ^^ /</^ p^,// i.hMfimãui. Ncmo té-
:

iiáoíedeviifwgirdamorteaquefefeguiriaimmortalidade:6ò feLfuuxndam cíiemortcms quam irti-


pois tai morte íb punha fim aos cuydados pelo que devia ler "^''IT^TI^^^tT) o .1 i>;;
,
,-

agradável, 67 & defejarle a que le aconipanhaíle de virtudes, n.ortiies ciaàm .ilud hcr jucundum eíle
:

68 Diziaó que naturalmente era ij^ual a todos , mas que fe di "^^'/f 'i,"° confeaj ,,uiia religuatura,
'' ,

inguiapelaíamaquecadahumdeyxava. 69 h Crorgias per- ^g senecepm èiiatè.


'
guntado, íe morria de boa vontade, refpondeo ^te nao fazia ^* Tach.h-it i:b i. Morsomnibuses
;

'^"'^ ^''^"
mais que 7nudarfe de huma cafa velha; pudera acercícentar, luf- ^Zt!^^^^^
f/ow^^ííí^f í^<?f»frtí }& de taes cafas, pollo que magnificas, to-
dos fogem. Sei ítoentendiaó os Gentios, fo por lume natural,
. quando a morre dominavajhoje que eftà vencida por Chri ff o,
'
creamosao Apoítolo, quenosenfinadefé, queomorrerhe
arruinarfenos huma cafa de terra, para fe edificar outra perdu-
71 ôraííimnaófenosreprefentarànamorteaterribili- 7»
rável-, D^.PMi.uãiíCor.yi:

dade de tudo fe acabar com cila.


15 O
terribel na feparaçaó de alma, SíC corpo que era o
(
P.t*C'^o.>,.to,<cmosfegumm,
.outro mal que nota vamos na morte) 72 fe he de faudades q 7^
• a alm.a leva, naó faó devidas a corpo tam ingrato, que feentre-
*
gou aappetitesfemarefpeytar,&aquizmandartendo-apor
efcrava nunca Seiano a Tibério pagou com mais afrontas as
;

honras que dellerecebeo. Chega o corpo a impedir à alma o


conheciméto de fi mefma pois fe ella quer com prehender fua
;

cílencia, naó fe pôde ver fenaóindireytamente por imagens


4o(í EVA, E AVE
que a rcprefentaõ grofic y ra.de que tira taó pouca luz, que naõ
yeiuascxccllcrn:i;is. Elle finalmente a mura com acçoensfeas
«i
.^,,i.. /.•-/ '•"-•'•• '/»'*>'- quando ella o tíià animando com íuaaliiítencia.
;,

«;: au.:U
,:•

>-^ .•'i,\\coí.oii:'i'-' faio jbí.ii. vi- /


tua^í..ar..
r lf , ir- j
t^i^^ f^^ ^^ bc»^ merccc que a alma Tc vmgue, deyxando-o
J
7; Aniirrr»
.
-^

pafto
dd bichos, fem a dignidade que lhe dava èz queella parra ale-
; '<

•'I gre de gozar de íiueílentiaíem íugeyçaó a qualidades, maté-


ria j&íentidos infiéis-, fendo- íe toda a fi , lem fe comunicar


a quem a naó deyxa íer fua.
ló Se ha dor fenfivelmente corporal , filofofaò muy-
74 se^fcpin ;o..vij;.>:o^^ M<m- tos 74 queeílacella nos muyco velhos, q morrem faltando-
fç f.mí,n fe (]^m ícniiis amma r» jn- ij^gg ^ naturcza porq O
q hc natural antes dá gofto: &: aflim no
j

Íe:íuccíé'7S/T/?o hÍcÍ-^^^^^ o corpo dcícançando. Faílandodeftc


//.•,aía..f> pcí./f'« f/feir ';io:ei.frMarM curíofo problcma q fó procede nos mu y tos raros q cheguem
a
d„ m- rt. £ r^^^an:„:tc o f. //.« %i no ^,^^
ultima idadcj difcutíaõ outroSj que íe hum ChriftaÓ fe re-
lignar totalmente em Ueos, contemplar efhcazmentefuaglo-
'

* • \ . ria, &c defejar fervorofaméte fua prefença, pouco, ou nada fcn.

tira efte apartamentojnaõ digo q fubá à perfeyçaó de S. Paula,

7- D p.7;í/ i.ííí6r.!i,5.s;vc)ncoi- quecm húaoccafiaó parece queonaófcntioj 75 mas de oir-


pcf^,!!.e extra cr.r; os iicfcio. j^qj Santos ptova Richclio 76 qUcvoàraó asaíííias como-o^
*
' ^ zo; porque, legundo boa hlolofaa, OS movimentos maVores
impedem os menores, 6c as vehementespayxcens de hiVa po-
tencia fazem pouco ou nada fenfiveis as da outra. Nos q na5
,

chegao a efta íahtidade,a dor le diminuirá ao páflb que a reííg-


mo- naçaócrefcer.Èm todos, diííe Marco T^ 77 que aquellc
77 r.//-.,W./r«ríl iam (cr/.i.
riíndijfiaiiqu.vHHt-^c-. 'Sq;^dcxi- fentiméoto , 6c dor he muyto breve, & aíTim pouco confide-
gju.li rem*usdurr.:.ií;ií'f.^i.f/-;;'í. ío pro- j,^yg| ^,^^ èfcrcveo aotcs Quc O Èxperiíiientafle.
Oalivio P-rã-'
frcnoanhci d raTicn
íi;: eait lubeiec
,
dc, gctal, 8c certo,heler aquellc pontohum termo entre o me-
ai.quauEuium ir.ipíabreviUícfGiaiij. recimento, ôcopremio: feraquelle trabalho carroça qiíe nos'
paíTa da tribulação à tranquillidadcipois nos ofFcrecemos a pe-
nas largas por coufastranfitoriasj porque reparamos emhúa
dor breve pof eternidade de bensíSe a morte he o caminho pa-
ra a Cidade Celefte, 78 naó queremos andalloj' Se a vida he
f% 4onn.c.^A-&s\-
75 5í,írijfo/7Jfr.;fom/?fcíífmi»ír»foeftalagem, queremos caminhar fem fahir 79 delia?
«r.r.dovaóteniordaiTiottc,3K€<.W4w
Conheçamos bcm quc O dcfordenado tcmor da
,

morteja tem pouca deículpa , pois o h ilho de Ueos a fuavizou


tanto cófeu exemplo, & com feus merecimentos fazendo-a ,

paíTagem para a mayor gloria. E digamos generofaroente Jà ;

he demafia amar tanto hua vida que náo tem de bom mais que
• o fer breve, que me he comua com os irracionaes , que fuftenta

^ * ' meus males, que me fepàra de Deos, fie retarda minha felicida-
de} porque temerey largar carga tam pezada? He polli vel que
me agrada a doença , 6c que gofto do tormento ? C^iera me de-
tém nefte mundo , quando tudo me lança delle ? A defordem
, . . .^ , ^dos elementos me enfraquece o movimento dos Ceos có fuás
. ^ . • - ,

*^^* influencias me confume, o Occafo do Sol me he exemplo a fe-


pultarme, o calor natural devorado, me aprefia, Deos me cha-
ma , 6c fó eu recufarey a pezar de todas as creaturas q fe enfa-
daójá de meu pouco valor^ 6c tem determinado minha morte?
Quero
PART. II. CAP. LIII. 407
'
Quero fazer voluntário O que heneceflario; oíFerecer por da-
diva o que he divida; pois hey de morrer , ainda q naó queyra,
pejeme de apparecer diante áo Senhor como fervo pertinaz
Icin me conformar alegre com o que elle ordena. Oh vida, que
pouco vales como te poflb amar depois de tanto conhecer ?
!

nada quero de ti: fó re fofrerey em quanto Deos o manda: com


anciãs efperarey a morte como minha bemavcnturança, 6c en-
^''^^/"^'"""/'^'^<'/
tretanto teeílimarey por caftigo. 80 ^.^°/ f"1"

C A P I T V L O LIII.
Como aredempfão , ÇfJ^-doMtrma de Chriíko nos alar~
goiitamhem ávida temporal ^ Çfffelicitou as mi/mas
delia remediando a ruína queoveccado tinha caufa^
,

do ; G^ em c^Pte maneia nos efmfoH chorar -pelos que


morrem.
I /"^ Ue remédios excogitàráo oshomés paraalarga-
\^^/ remavidajaqopeccadoíincopouocaminhodo .-

... berço para a fepulturaí i Efgotada a medicina cófeusliqui- 1 fí<lf/i»*.p.f.io.».j,

dos thcícurc s de pérolas, ouro potável , entrarão os alambi- &


ques dos Chi micos deftillandocompoíiçoens ,em q a virtude
dos aílros fe uniíTe com a das plantas, &" mineraeSj mas níica fe
confeguio o intento. Hum R.ey dos Chinas , entre os quaes he
mais prezada a vaidade deftaarte,cu ido q tinha achado aquel-
. . de fegredo em húi bebida breve q guardava na fua camera,fen-
dofejà por im mortal mas tardando em tomalla, íeanticipou
-,

furt V amente hum dos feus camareyros. Quando o Rey o fou-


j

be,oquiz marar porém elle fe defendeo com hum forte argu-


•,

m<?nto. Oiflcihe, q fe o que bebera o tinha immortalizado,jà o


Rey o não podia fazer morrer; & fe não tinha tal virtude, elle
Iheufio fizera desferv iço •,
Sc allim a colérica acçaóqempren-
dia, ou ficaria impoíllv^l, ou injufta. 2 i RefereoPaãre Lypeux naphiU/tfk.

, . «2 ' o que tantas diligencias naó


puderaó alcançar, poz^*'''^''*'^-*^-
C/^n/?(9 Senhor noíío era noiTo poder comfuarcdempçaõ, &
^, doutrina. He-nosavidacomoafazenda,queemmáodequé srr;'
adiilipa, femprehepoucai&crefcecomoufo, fehebemgo- '

vernada. que a gaita em O delicias, fóprofeíTapaíTatempos,


& a em prega em vás occupaç:iens, naó he pobre, mas pródigo
dotempoiaindaquefeabftenhados vicios, fe eftàociofonas
virrudes, he como o que doro.ie que naó tem vida mas dura-
, ,

ção , fe naó fe aproveyta dos annos , para que os quer mais lar-
gosr' efperar aproveytarfe daquelles a que poucos chegaó , he
infania. Em todos os eftados de dias fe podem fazer íeculos,
, - • ••

profcífandofe acçoens virtuofaí , pofbo que fe naó falte a alí-


vios honeltcsi eftes fó por bordaó, aquellas por mantimento. ,
^
^^"J"
• *^„ SwroH/í/ír «H ;?'•*'«»»
Miiyto dilto uiziao ja os Geiíiios; 3 porem os mais delles cr pi]i.f%,infri»c.

LI (como
4oS EVA, E AVE
4 D,.^ugcf:Ch.Dcii.yc.ii.o-u. fcomo Santo Agoftinho 4) viviaó bem para vangloria, Scaf-
D.f.mos ««i.pí.i>.«.4. fim defmereciaó ; fó a Chi iftandade com virtude folida alarga
a vida verdadey ramente.
3 Qiiem naó confeíTarà que vivèraõ muyto, pofto que
morrefíem de pouca idade, os Santos q em breves annos obra-
.

rão tanto: & todos os juftos, que por letras, armas,ou outra fua
vocação, fe empregarão em acções meritórias? Contoulhes a
morte CS triunfos por annosj parcceo-íhesneítaequivocaçaó
^ Safiem 4.V.J ejrí.juftusautemfi
quc )à tardava, & queoslevavadepoisdedilaiado5 fcciílos. 5
morte pr.xoccupatus iuent in reíiioeno Outros vivcm para morrcrem-, cftcs morrem para viverem; vi-
,

d;;:J™:X:'r;~t:Ô;;'r viaófugeytosàmorte,jáv.vemifentos defuasleys: a mo.te


pmara: can. aucm íunt fíiiiuç hominis, OS privoíi da vida cm quc morrèrjòi mas naó da vida cm que fe
& xtas ícn^auns vita imraacuiau. perpetuàraói nada lucrou levando o mortal, pois fe moftra vé-
cidadaimmortalidade: fe em outros he triunfante, nefteshe

defpojo. Naó tirara Deos deftc mundo léus mimofos, fcnáo .

tiveraó vivido quanto lhes baftou ; &: alguns máos naó tira em
muy tos annos, porque ainda raó tem vivido, ^cquerporfua
piedade ver fe fe emendaó, ou juftificar mais fua condenaçloj
& tal vez he para exercicio dos bons,ou para caltigo de outros
máos, ou porque padeção vivendo. Senão tivera eftasrazórs,
parece que as creaturas fe queyxariaó de ferem forçadas a fcr-
virem mais tem po aos réprobos, que aos predeflinados, quan-
do antes para aquelles fe deveraó efcurecer, enfurecer & e (le- ,

rilizar, cm vingança do Creador; &: da afronta própria com


que empregaõ tam mal faas operações.
4 Finalmente todas as coufas acabaó bem logradas, no
• *

fim para que Deos as creou com razão di zemos que fe perde-
.;

rão , fenão fe empregarão nelle; navio que fe rompe fazendo*


viagens, morre melhor logrado que o que durou mais annos
é SeM.debrevit.-vit.inprinc.UomiaiÇcmnzve^zT. Nafcco O homem para acçocns de virtudc: 6 fó
intatn multa, ac magna genuo.
^^^^^^ ^j^^^ ^ ^^^ no tcmpo; fe íc defcuyda, fcutc quc efte paf-
fou quando o não conhecia, nem teve poucos annos, mas per-
deo muy tos: naó fe lhe deo curta vida , elle mcfaio a fez. Jà na
•'
7 p.i.f.it H.<.
primeyra parte diflemosdifto mais. 7
5 Por modo femelhante nos confolou Chrifto nos traba-
lhos, & miferias da vida , fe fouberamos fofrellas; antes as fez
i Aiaii'o.<).Lu..i. bemavéturanças,aíregurandolhes prémios; 8 cóbatidos pele-
jamos: pelejando refiftimos: refiftindo vencemos: vencendo
« .
^ ,
, nos coroamos V fenaõ houvera inimigos , não houvera triun- '

fos fenaó houvera perfeguiçoens , não houvera martyres fe-


: :

não houvera padecer, naó houvera merecer no pobre Lazaro


:

lo^DetVúaant hmim dmninjT 9 moftrou O mcfmo Senhor a eternidade de bens com que re-
/.6. compcnfa; quem não efcolherà paciência temporal por pre-
II DGK.^ormA/.rJ..Maiavitvnr.T-
mioctemo.^ IO Só faó duras as penas prefentes a quemdef-
fent;'! tanto cliiriuiaiiimuslentit .quanto -: riiii/"-i rr
pen&rc bonu n c]uo .fcquitur ncgiiírat. prcza a gloria, que íe lhes ha de Icguir; cul pernos noíla ignora-
i

Ncqjaquamnr.s^rati.iinaavcr(r;uede- cia, que a graça dc Dcos uaó Hos dcfamparâ ; antes quantos

piedade, i r
'lVr„X:6:«,'^úíe" ,tr:: ">^^^ golpesd,fpenfa, tanto ma,s nos guarda fua
ftodit. 6 Do que nca dito neíte capitulo, 6c no precedente , fe
infere
,

PARTE II. CAP. LIII. 409


infere O que diíTeTerruUiano, 12 que chorar com impacicn-
,i Tcrtu!iia„.i.jeMie".tn..]v.Cn)oâi

cia os mortos, he agourarmos malíuafalvaçaó, contra noíTa >'»^patiei)c;a ípcMo-ri maiè oinmamr,
P-^vancamr 0. chr.im^n lo:-
cfperança; prevaricar à Fé, ofendendo o Rcdem ptor. QLie os J,''^'" ,

das partes do Norte apartados da Igreja introduziflem ha


poucos annos cobrir atè os coches de negro , tem caufa m yíte-
riofaj porém que os que morremos Catholicos, imitemos tal
demafia, he grande inadvertência: fe às exéquias que pelos
mortos fazemos chamamos Honras ( difie S. Chryloftomo} ,

iJ para que os deshonramoscom os chorar, & moftrareftcs 'DChyyfò^.h^om.-jo.rdpop ^n.


i-s

exceíifos de trifteza ? N as mefmas exéquias dicemos por el les, K.tbySlís loSíl pLSueV? Toínc
com David, que Deos fez mercê à fua almaj 14 & choramos:^ qi:y :é confoieiuu. um i;e quodefun- ?

ou naó cremos o que dizemos, ou choramos contra razaó «^'"^^'^ ""fem? cungitur .^>íu.b aiHcis
,
^ , 1 II
coiitumelia
/- T
quarc publica prolequcris
1
?

Antes devemos alegramos pelos ver tranlplantados a melhor ignominiaf


terra; 15 livresda vexação dos impios j ló & izentos de mP/^/w. 114. v.7,Convertcre anima
, 1 • ,_ mea in renuicmcuam , cjuia Doimnus
poderem cahir. 17 bcnefccit tib..

7 Se lhes choramos a morte corporal, também offende- P.Lyftfux.riaphiLfchriff.p.i.o^o «

'^ ^ ^uzl.dcf^itchuji. Vo cantur


mosrdizoApoftolo) 18 aeíperançaChriftá. quedaquella
mortepromette areiurreyçaó immortal: 19 5c le choramos maiis
eftadilacaó, naó merece lagrimas, quefaófangue docoraçaó '^ %/Vi*.4-u. PiacensDeo.ta^tus

. fendo, io thefouroquefofedeveaDeos; 21 tam eftimado :l:;í*r::™àí*™'',u.r''



delie, que alcançaóperdaó de pcccadosfem O pedirem; 22 fo is D.PauLadThífí.4. x erij.

efte mal diminuem.accrefcentando todos os outros; 22
.-',' quem " d^-^""-." íi^p ^s:^-n.\-<um leq^.
. .
II ío D Greíor Ni'len. /« cr
1 lunebr, t.

quizerempregallas emch :)rar mortos chore as virtudes qu. pLad i»pn Vuhic.umanimitaaiquam
1

,
^
' nelleeftaò mortas, aconfelha Santo Ambrofioj 24 os vivos '^"«"^^•'^"t™'^'^^"^
im pios faó mais d.gnos de lagrimas. A m.m F.lofoío pergun „:', ;1;':;J*; í:;r At^íí".
.
tou hum tyranno, porque chorava tanto a morte de hum ami § ?.
-

m
,

• &.r
20. Refpondeo: Naõ choro tanto poraue elie morreoscomo por me vcniam^-^'"^"ff"?
^ 1 j ^'-
tu Vives ; porque nas Academias de isrecia mais choramos porque
innpolnant,
r
^««^ i 9. Lacryms
^.'

x d chyf si d hum
ícJobtiti.Mit.
, 70. /» fúnc
» vivem os máoS) que porque morrem os bons. 25 ^4 D..^>nbTofjupi ^.c éUúnmnC'

8 Finalmente fe nos doemos de que o chorado padeceíTe '^'^^ÍJ^I T^!"^ t"'' ,


aquelletranle daleparaçao daalmajalem doqueloDreiltoja/).i.í^/-j/ cio. 1

diífemos 26 para noíToalivio.deveramos chorar quando naf- «'^ ^^^^''/'^«^''^«íf "15.


ceo mortal , naó quando paíTa a immortal} logo de entaó foy íg d Gregor^^Njén, orat. de mm,
morrendo; 27 cada dia tributou à morte algum penhor do Wo'^ noueihiobis peregrina, fed hof.
P"',
refto que agora pagou: naóa eftranhou agora , porque fempre D.P.uUdT,mot x r.4.í.E.ocnim
lhe foy hofpeda: 28 muytos golpes lhe tinha ella dado nefte am ridibor.&tcmpusrefolutionismcx
;

fó profe2;uiooquecomeçouhamuytotempo:& o que parece '"^^'- „,, ,


.
, ,.

via:oria,he J3 triunto. Os antigos que queymavao os corpos c.ji. ' ^^ '^

mortos(coftume introduz ido para fugir o furor dos inimigos> ^o ifaix^^àn.iy


que os defentcrrava ) refervavaó hum dedo da maÓ para mc-
^ .- ter em fepultura , & com ifto ficava ella lugar fagrado confor-
me as leys. Se tam peque na parte reprefentavâ enterrado todo
o corpo: bem nos podemos todos chorar por enterrados , pois
he ià enterrada tam grande parte de noífa vida.Por ifto o Apo-
ftolo, fem fe implicar, dizia que o tempo da diíToluçaó de feu
,

corpoeftava perto, & já fe dava por facrificadoj 29 mas nós


idolatramos em ametade do lenho, de que a outra ametadc
cftàjàdesfeyta em cinza. 30 í

Llij 9 Só
1

410 E V A, E \VE
9 Só lepermittem lagrimas, èc lutos pela miferia da natu-
Diffèmoí na p e.ij ».<.
; I i
como Adam chorou a Abel, 3 1 & Chrijto a Lazaro; 5
reza ,

ji ^oaB.ii.}^. * * '
ou por faudades 33 que em hum amante naóadmirtem ra-
' » -
,

)) Carot Pafchtl Lde\irt.&vit-e.^7. zão: como o grande Agollinho chorou a aufencia de Sáta Mó-
)4 D.tyíu^-i.^-CoKffff.c.iutiH.tom.
nica duas vezes máyfua, & fe defculpava, 34 comquenaó
era muy to chorar poucos dias a falta de quem o chorara tantos
annos. Mas ainda aílim encomenda o Eípirito Santo modera-
ção, 35 qnemfalte à humanidade, nem à dignidade ;& nos
'
15 £;;fífcííi.t4.t'». Ingemifceuccns.

i% 11. Modicum
Bcclefta/{. piora lupcc lóhc louvável honefta imitação da fanta cereraonia da
lutos
mottaum quia icquicvit. Igreja. O
mais hc de vulgo imitador dos ignorantes, que cho-
ra vão os eclipfes do Sol ; pois a morte he fó breve eclip fe aos
q
logo luzirão. Sente-feDcos dojufto^ chora a perda da vida
it hdV.LyÇeuTfup.t.<i.inpTÍne. temporal, porq parece q a prefere à futura , 36 & chega a ca-
)7 D ^ug deCtv Deil i.í 9.
Cum malis flagelUntur & boni non ftigalloporeftacaufa. 37 A petição de Ezechias 38tevedef-
,

quia fimui agunt malam Titanii fcd quia culpa antes da redempçaó do peccado; o Redemptor Uvrando-
(imui amant temporalem vitam non
;

quidem X4uatit(i> fed tatnen fimul guã


nosdatyranniadamorte, nos efcufoueftas lagrimas, 6c aílim
;

boni contcmnere debent- íicaó reprehenfiveis na dos q entendemos que fe melhoraó. 39

de/um boa Hli deplo-


Só na lembrança do mefmo Senhor , acompanhando a Virgem
í 9 DJfiior.l,\

tandi lunt in morre qoos tniícroi infer-


>
faudofa, a Magdalena amante, &afflicçâo de tantos Santos,
ias ex hac vita recepit| non qiios cjcleftis devenios chorar a Innocencia, padecendo para nos livrar de
aulalzafícaiidoincludit. PbiréD Chrj-
fofl.hom 70 aâfof>.tAniloih,tom- t.f.Q»-
malcs, 6c quam mal correfpondemos a tanto beneficio.
Jlfo iM rtformáffa Cfmíf.jnu,4 1, 1 j.

C A P I T V L O UM.
Qomo Chrifto Senhor mjjo enfinou o "verdadeiro cantil
nho de alcançar honra, contra os errados que moftroit
opeccado.Trata-fe da Humildade, & do Perdão,

1 ^T^ Udo o que arruinara o peccado Icvãtou Chrifto-,


,

Jl pudéramos exemplificallo em todas as penas , 6c


cm todos os erros , em q n.i primeyra parte defta obra nos mo-
ftramoscahidosi mas fora aííumptomuyto largo, mais pró-
prio aos Expofitores Euangelicos que ao inftituto humilde q
,

profeíTamos, de entreter com hiftoria, 8c erudição Chriftá. A


geral doutrina de ter bom coração , 6cq delle fe encaminhem
as acções para bom fi m i he leme do acerto cm tudo o que fc
,

obra. Porém como dilTemos 2 q no entendimento haviamos


tido a mayor ruina : 6c reduzimos a verificação difto à eftima-
çáo que cllc faz da honra, vida, ôc fazenda; 5 também agora,
pofto que mais brevemente, nos veremos bem doutrinados
naquellas mefmas cftimaçóes.
2 A que cftimemos a honra nos deo Chrifto exemplo,quâ-
4 loan.i.in.49. dodefendeofeucreditonasimpofturasdosjudeosj 4 quan-
j M4tth \6i^Luc.9'\9'Marc% a?» do pcreu.itou afcus Difcipulos que Opinião tinhão os home»

f Aftrr.i4.48.Xiif.l).5i, bemfeubriofentioosaggravosiatreyção dcjudas; 6 oifto-


S 2««f.i8.a}*
do vil com 4 íoy prczoj 7 a bofetada em cafa de Annàs. 8 Mai
para
PART. IL CAP. LIV. ^n
para acquirir,&:córervareíra honra, enílnoumeyoniiiy to dif- ^ p,,c ]y&fejutKtihus.
feiente dos q naprimeyra partediflemos 9 que a cegueyra
d > pcccado introduzio nos homens. Foy efta a Humild/idej
pela qu.denfmouq os homens feexakariaój &: qiieferiaõhu- ,0 al/<í>.ij.u. Z.«f. 14. n. Cií.
miihados, ôcdefacreditados fe fe quizeíTcm exaltar. 10 E
, m
como a honra he o principal do homem nifto principalmente
,

nos quiz dar exemplo era fij fazendo proíiiTaó de humilde, & *'
,,
Mtt.ti.19.
.-^.. .»
Difcitc a irc quia
i j r r\ r •
i n. j /r j 11
mandando a leus Uiícipulos que nilto aprendellem delle i 11 mitisíurn.&humiiiscorí^e.
o que lhes naôefpecificouemoutra virtude. 12 ,
n NotatD.^ug deverb.Domm.

3 N.iófoyeftadoutrinafòparaoefpiritual, mas também


para o temporal aíTim omoftrou na parábola do aífentono
•,

convite das vodas; 13 6c S. Paulo diíle do mefmoJ'f»/7<?r, q '^ ítéeJ.c.i^i.

porque fe humilhara, lhe dera Dcos nome venerado também


exteriormente com genuflexões de todas as creaturas. 14 J4 d PauUdPhJip.i.i.
4 Naó digo que o homem fe envileça; vileza he muyco
de humildade: o vil heabjeftoj&contemptivel, 15
difft;rente M ^iàeCaUpin.diãwn.verb. i^tUí.
o q procede ordinariamente de coílu mes , ou trato viciofo, &:
alTimhe contra a honra-, o humilde guarda decoro na peíToa

/-i irj
.femfaufto, com q fica eftimavel,&íbelle dentro de fimefmo
11-
/'H'
.fe abate, defprezando a própria excellencia, 16 Foy nos p,/y,,,^„„i,^,^/,,f,,,„p,,„,,
,,
i6 D Brnard. de erad humilit. vide
, , ,

C/jr//?í) Divino exemplar, fendo modeftamente tam aceado 17 Pi^tm.^^.-v.-i.^cr yOmU.fertot

como o defcrevera David, & a Efpofa Santa nos Cantares; 17 i» ->"/"' 'f -4 s"-»-
.
pregando, Scíallando com a gravidade, & madureza, que dif- to Luc 11,5.
femos: 18 conciliando com ifto a mayorhumildadei por iíTo n Mntb yi6.
• fe chamou, Hmnilde de coração 19 *
]^„y.^ o<,m/«,' Cogita.
J i-^;^;;/^^; :

5 Nem nego que tambcm fe haja de procurar a honra por mag um conihuerc fabncam ceifuudi-
outrosmeyoslicitosj antes toda a doutrina dcChriJioeyíhor i>«?'íc fundamento pnuscoj.ita humili-
tou a acç ^ens excellcntes , perque a verdadeyra fe alcança; &
i^' í„<.f. /^ /« ]%?/??: iV.

para credito também com o mundo , enfinoii que àlèm de fe- Qu'd fuu ut mtasagitarct Dsdalus
rembonsinteriormentefeusDifcipulos,trouxeírcmnasmáos''*''i,„„, i„„,„f„ „„„i„^
5
tochas accefas das boas obras , 20 para que foliem viftas de aquas?
Ne^T^pcquodhicaltèjdemiínusU-
todos; 21 o que Saó Fedro também enfinou. 22 Porém tu- .

dofe ha de fundar fobre a humildade; quahto mais altaqui- ' °Nam pcnnas ambo non habucrc
, . zermos fabricar a grandeza, tanto o alicerfe deve fer mais bay íuas-

b=nequiiat»it. benc
xo; 23 &fe levantada a fabrica, fe tirar O alicerfe, tudo fe ar- ,i,i,%',;";^''
ruinarà. 24 Fortunam debct çfui^uc manesc
6 He a razaódefta doutrina allegorizada já pelos antigos ^"'™'
Poetas em ícaro , que vangloriofo na honra de o verem os ve-
tos com privilegio de ave, quiz voar tam alto , que brevemen-
te cahioj & cm Dédalo, que com femclhantes azas fe fuftentou
voando porque humilde conheceo a fraqueza delias. Outra
.

<p:/^ razaó allegorizaô na fabula da mofca , que ia8:anciofa de voar»,.-.- * * - -

pelo alço , habitar Paços Reaes, &


comer em mefas efplendi-
das, fem trabalhar, defprezava a formiga , q andava pela terra,
morava em cavernas ,& rohia o duro graó q ajuntara có traba-
lho; mas efta lhe refpondeo, que a fua vida era mais honrada,
porqnaòeraocioía, & muytu louvada por exemplar da pro-
videncia; fendo a mofca moíefta^&odiofa a todos, vivendo fó
Lliij hum
411 EVA, E AVE
hum Veraõj Sz morrendo, cu de fome, ou de frio no primevro
i< /£/ofl At.141.'
Inverno. 25 O que k vêem honra, fem humildade, mu ycas
vezes efcandaliza, ôc ouve o que naóquizera ouvir.
7 Como o foberbohe aborrecido, o decorofamente hu-
milde he agradável todos o eftimaó, & deíejaóievantallo;
5

ninguém cuyda que desfaz cm fiquãdoajudaoqucfelhenaõ


, quer aventajarj antes entende que faz caufa própria em honrar
• aquelle que fe lhe iguala. A quem naó quer exceder , naó per-
. fegue a invejâjfalvo for invejado por efta virtude, &entaóíi-
• cará mayor.
8 A Humildade cfcufa defconfianças com que o altivo
toma por injuria o que nem he aggravo 6c fica oííendido por
,

^^^^ opiniaÓ, quc pôde mais que a Verdade. 26 Se ha verdadei-


16 Senec.Unfapient'„on caijnjur. c.4.
adfi» Ad tantas incptias peiweiitum cíl, raofienfa, ofabio huniildc hemais prompto a tirar delia mais
utnondoloretancúm, fed dobris opi- O mevoqueenfinou C^Hj^^í? de a perdoar; 27
nionc Tcxcmur.
honra, fesuindo
"
/•'^i
r r^
vj Aíi«fc.6.ir.eri8i7.er}5£«f. contra a vmgança q o peccadoenlmava. O perdão he mais
i^i-
*}-54- nobre vingança ; ou porque quem perdoa fe moftra tain íiipe-
,•

-'
que a ofFenfa intentada lhe naó pôde chegar, como nofa-
rior,
xz SenecJ.Unfap.noncad.injur. bio cíloicâmente difcuríou Scnecaj 28 ou porque fe julga
por mais forte que o ofTenfor , obra mayor acçaó vencendofe a
fi; quem he forte, he fofredor j aíllm diííe David que era Deos.

19 Pjainfjy.ií. Deusjudexjuíbs, 29 Nocafoeui que O podervingarfc he certo, nenhum cícru-


fortis.&patiens: numquid iiafcitur pcrpujofo
do mundo negará quc hemais honra oabfterfe. Joaó
"^" °* '"
.Gualberto nobre Florentino , tendo a feus pès hum matador
•' dcfeuirmaõ lhe perdoou , porque ellc lho pedio pelas Cha-
,

gas de CÃny?í?;&: entrando na primeyra Igreja, pendurou fua


efpada diante da Imagem de Chrifio crucificado por trofeo ,

da vitoria que de fi mefmo alcançara: o Senhor inclinou publi-


camente a cabeça , como em agradecimento; favor que obri-
gou a Gualberto a deyxar o mu ndo , &: foy Inftituidor da Or-
^o s 'ptifi FuIl,oJ i.
4. ^ndrcas Ebo- dcm de Vallc Umbrofa, dcbayxo da Regra de S. Bernardo.30
renj.caf.de moda anim.
Qç^^ femclhaute acçaó D. Leonis Pereyra noíTo Portuguez,
^

/ Fidalgo que militava na índia, dandolhe hum foldado ordi-


nário huma bofetada dentro de huma Igreja, & puxando elle
por hum punhal para o matar, tendo-o fugey to pelo pefcoço
có a maó efquerda lhe pedio o foldado q por aquella fagrada
,

Hoftia,q hum Sacerdote, qeftava dizendo MiÍTa, levantava


entaó, o naó quizefle matar refpondeo o valerofo D. Leonis:
;

y pr^»cifco Soares To/cano, nos parai-


j^fníte valha; èí o dcy:íou\ivre. 21 Qucm naõ confcfiíarà ouc
Diíjcmoi nas Exceli, de Pomg. c.9.txctl. fícarao mais honrados eítes lUuítres Varoens ?
9 "8- 9 Com exemplos fc comprovou em todos os feculosella
j- verdade. Qiianta mais honra alcançarão nas letras EfchiJOjSo-


crates, Marco Tulho, Pomponio, & Santo Agoftinho, pela
humildade com que fe confeíTavaó neceílitados de aprender;
;;^lt;^:xV::Íer55«... 32 qAmnioPollion,&Barbaciaprefumidosdeenfinar.^ 33
Nas armas (deyxados exemplos antigos)quanto mais fe acre-
, ditaó os que fallaô com modeftia, q os valentes de arrogância.^
*
Na qualidade do fangue,& em todas as mais que conduzem ã
honra,
,

PARTE 11. C AP. LV. 413


honra, vemos cada dia a certeza da doutrina do JVw^í^r, que ,,

"^6 f.hurmidadceícalta. As honras humanas, em tudo fonibras, '

togem a quem as íegue, & leguem a quem as foge , guardando


cita ordem, ainda quando as difpoem efpecial providencia fo-
.

berana. E allim diíle hum judiciofo Efcritor deite tempo, com


• Santo Agoílinho , que toda a vida do vcrdadeyro humilde he
numa contenda com DçoSjfem contenderem as vontades;por- r, ^ ,,^,
que o nu milde procura apaterlej 6c JDcos trata de o ievantariôc tom.4. p. /,. pf^ph Ximenes Sm»ni(go,
em íim Deos vence, como Omnipotente. 34 »aTiidadiScQtoLi.c.ix.n.i.

C A P I T V L O LV.
Como a doutrina, Qf ley de Chníio nos enjinã &
ajuda a efhmar a vida,& aliviar as miferias delia,

1 'Tn^nibem nosenílnouC/:)r//?^aeftimaravida,fem ,p,^g "'^'^

i o erro q na primeyra parte notamos, I dpaamar-


mos rani cegos, q nem conhecemos íuíís miferias; nem por ra-
'

zão algCiLideyxaremos de amàllo. Moftrou-nos o mileravej ^ fa./„.,i.,^.

della,chorandonarera;reyçaóde LazarO) 2 advertio-nos q ? x«í.i..54.

,
íeuscuydados nos naódefcuydafiem da morte; 3 &
que nos 4 ^-^^ii.m.

' foíTeodicfa, fenos dei viaíTe da falvaçáo: 4 falvos eftes incó-


. venienres, quer tanto que a amemos, que fe offende fe a deitra-
. gamos: ôcdifpenfa nos jejuns de fua Igreja, fenos prejudicaóà
. faude; quer que vivamos, vivendo bem.
2 Para ilto nos deo o Senhor ley que regulaíTe a vida para
a virtude, &
também para as comodidades temporaes. 5 Foi$ rr, „„ ;jo
amar a Deos, nos acredita de entendidos-, naojurar,nos moltra
cortezes i fantilicar as feftas , alivia o trabalhoj honrar os pays,
he interefie de todos ; naó matar , defende a mefma vida ; lex
caftoj guarda a faude ; naó furtat , preferva a fazenda j naõ le-
va ntarteftemunhoss afleguradefalfidades; naó cobiçar o a-
Iheyo, foíTega o animo; naó defejar a mulher do próximo, aco-
de pela honraj finalmente em kuepkome.-JlmaraDeos, é^ao
próximo: 6 oamorde Deosnosperfuade aobfervareflespre- ^
^^^^
ceytos; 7 o do próximo confervar a fociedade humana; &he 7 ^«««.14.15. sjquisdiligitmc, íc».
de notar, que à caridade, que he em bem comum, qualificou o '"""^ "^ «leum íervabit.
%.'"'*'''*''
• íS>«/^(?r pela mayor de rodas as virtudes. 8^ Pezohe doce, jugo 9 /w^/^n.
luave, 9 ley que tam facilmente nos faz a vida amável, & em «o ^/-j/a^.is.ii. in cuítodlcndisillis
cuia obfervanciafe acha loso a paga, como difíe David. 10 "Vf^r'^T''/" j^ .

3 bobrevindo trabalhos, &: doenças, a lazem mais precio- LuKdemaraviihas, difcmfo i. s.j.à».»-
fa, refignandofe em Deos. He certo que Deos nos ama muyto;

enílnaóosTheologos n que da clariíTima luz com que co-


nhece fua bondade, & do entendido amor com que a ama, lhe
nafcehum perpetuo defejo de que feja conhecida, 6c amada
de luas creaturas; 8c deftc deí:jo hum folicito cuydadode buf-
car todas as occaíloens, 6cmodosdeoc5reguir;6cparaiftoos
enche
^ ^ *

414
'
EVA, E AVE
enche de mercês, 8ctrata como a filhos , íendo (como diíTe S.
it D B.tiari fírm.i;. Cj^t c/fM Bcmardo} 12 Não (ò ãTTiante -jinas amov ; a que ajuda muyro
t».

WCicd. DeusioHaicdoamai',s, icdamot


^clizomefmoSanro) 13 aícmelháça que com clle temos. ia
e
'

\i ide^rrhCantfermtt.
Logo, pois oos ama (infercm OS Doutorcs Chnftáos ) 15 tu-
14 /uiejup.p.y.c xn.^. do ordcna para Hofio bcmjou poF caftigo dc Pay, OU para cmc-
H.nr.3 .. à^sujo noii<.log.,m.
, ,
a mereciméro, como k diz no ivro dos iMachabeos-
fshrriorta eterna o hnmminijtro
ji»v»j«^<.v_Oj 1
y
/ o n. r i s
\ ^ i

Ludovico Bkfw t,acor<foi^<:õàefufiii.o- lo cc quaíquer mmiftro dasadveriidadcsheminiftrofeujco-


xoeipHhoeiíirit.c %& ^.admed.o- nare- moentcndia lob
pcrícguido pclo Dcmonio. 17 Facihta-lèa
16 r.Machabóànxr,. tolcrancia neltasconlideraçoens.
17 ^(^ói.is.Domiuusabdulit. 4 Para temperar, St fuavizartudo nosdco muitos alivios
do mundo fó prohibe ufar-
.-pois para nós creou todos os bens j

mos delles em quanto nos impedem o amor Divino,affeiçoan-


donos a fi com demaria,&: mereceremos loerando-os a louvor,
jS Blononíi tetra di vida e/piritm/ c, o
^^
\
gloria

J
do j
Crcador.
/^ ,00 r l r
18 Forferohomemlociavel,
1 ..
2.7.adjím^..np,nc}f,.crz9.i>iprinc. 19 lhe
19 ^nfiot Fthic.-.7.
\ he natural D da converfaçáo, 20 fendo com bons, 21 atra-
io ^r,,iot. ide j<,ff c^i
tandoaos mavores com refpevto, aos menores com modeftia .
^'^'**»>
-

1 Df ocmulta a}ua P^iytntb Meto. •


r •ir-' r
conver/ationis. aos iguaes lem competência, q lao os termos em que le confer-
%7. Epittausapudstob fam ?'/?"'«. y-j^ gr j^pj-Qy^yç^, 22 Huma praticaafFavel, & bem compcfta,
^"'íTDehocCicer dtfart.cr^t cr^,o P^^rèiTi mais omadadefubílancia , que de palavras, 23 alivia
k-^Manii muitoasafflicçóesdoanimo; 24 o provérbio antigo, aqal-
x^PhiioHebrideSmnijs.
Uidio Virailio, i<i á\z\2. , GUQ Hum companheyYo bem fdiante
1^ Cornes ticundu in viaprovchi-
cuiocft. ^
ud senec. in proverb.
^ J -r j n. , i
era carroça par â hua]ornaaa;Ugmncânao nciíãtoaos OS tTahâ-
-^
""«'^c
ir
V'tgii.^eid.%. Ihos.Ouvir aos qandàraõ em outros Reynos,& Províncias fo-
'

Varioque viam ler mone leva bat. 11i /r - r u r -•ai -

x6 Ge««ac;,.(»>..áeii<ry Dom MmoA Dfe O que nellas virao, (lenao tabulao, como alguns fazem) he
i 1

p 4 C.84 «afr/«c. muito aprazível noílo Rey D. Manoel o coftumava j 26 -,


&
ElReyCatholicoDomFilippcII. quando veyo a Portugal,
goftava de ouvir a Fernaó Mendes Pinto, em cujas peregrina-
ções, & íucceíTos que delias efcrcveo moftrou o tempo com a ,

experiência a verdade que fe lhe difputava antes que houveíTc


tantas noticias daquellas partes. Finalmente a converfaçáo
„. ,- ., ,.
varia f como deve íer, & naó de huma fó matéria) 27 hcforça
ir Vir Qtlfup.V 3.1X0 (íimonz. S- o j r • - J r cv i ^ i

\
que O divirta ;& tendo leus grãos de lai, miíturando o util c6
.

-'" O doce, divertirá mais. 28 Outro género de converfaçáo he


\% Hofatin^n.'
Omnc tuiit pj^dura qui mifcuit utile a liçaó de Uvros, com a melhor qualidade fe logra dentroda >

" própria cafa a toda a hora, efcolhendoíe os que mais côtentão,


& deyxandofe,fe começão a enfadar. Pofto que a certa he mais
t» Swí ípi//, 49 Ledtio certa prodeít, util, a variahc maisdeleytofa; 29 cada hum pôde achar ao ^
varia deieaat.
quc mais fe incUna , como dizia Claudiano ao Emperadox

Honorio; 30 o grande Rey de Aragão, & Nápoles Dom
au tan.a oner. .4.
30
AíFonfoconfefíou , quecm humagrave docnça mais devèra #
^i^pudPamrm,t «t.^/;,Ao«/:
rf,
^ liçaõdeQiiintoCurcio qucaos Mcdicos; 31 todoopezo ,

u. da vida, (diííe bem Horácio 32) fe paíTa levemente có a hçaó.


;i Horat lihi.cp.M. Quiy«ior,e
^^ f^hj j^ ao campo fe devxâo os cuydados do povoadores
queas tiaduccrc leniter XTumí, &6. ,, r n jt- ^
olhos fe eitendem JivrespelaazulabobadadosonzonteSi ja •
va t iiiii •

guarnecidos noscrepufculos com purpura, & pratajjàillumi- .

nados do Sol efpel ho das obras de feu Crcador. A terra alcati-


fada de verde, matizado có variedade incomprehéílvel de flo-
res, na menor delias, & na hervinha mais defprezada oitenta
gran- '
PARTE II. CAP. LV. 415
grandeza de fcu artífice , q nenhum Monarca do mundo pódc
igualar. As copiofas feàras, ou fombrios arvoredos , as frutífe-
ras plantas, ou animaes fecundos, moftraô a liberalidade fobe-
rana: os paíTarinhos, que de ramo em ramo catando voâo, mu-
íicasakernão, convidáo a Divinos louvores por tantos benefí-
cios, emque fe achaô regalados todos os fentidos, vendo,chei-
rando, goftando, tocando ,& ouvindo. E as criftalinas aguas
entre riíos murmuráoi &c fogem de corridas á noíTa ingratidão.
A mufica, o jogo , a caça, os vários faborcs dos manjares, faó
divertimento, &delicias,ufados nos termos, 6c limites que em
outras partes jà diíTemoSi 33 &
aífim fe permittem em Reli- íí ^'.f»»"»* iW».i9.errífji.,:
ro-^y.mavmj n .<
gioens reformadas. Cria-nos Deos a feus pcytos com amor de ^7*^,;*l!?

^ ,.(r TC- j u jV -1 r' 1--L H '/«» 66. ti, Utfui»at!S, & repica -^

may, como diíle llaiasi 34 do bom nos da o util, lo prohibe o mini ab ubcre confoiationis cjusf ut mui-
cxceíTo, que em tudo he nocivo 1 condenaagula, quemata,8"'*'?"i«Ms aífluatisabommmoja
!
1^
quando parece que regala i
10&cr ^
OS pallatempos que prejudicao
gloria cjus j-
j ii/4«ji.,,,^. ,

bufcados para ali vioj nâo he ifto aborrecer a viaa,antcs he tra- J ^ ^y*/"»- » ' « v.^c. Laram manda.

tàllacomolheconvem. Eftreyto he o caminho do Ceo, is TJirt^.i.fWf,,^,.,...


mas largo O roteyroperquele acerta; 36 iaz-lemuytoruavea(.<speAme</. Quod anguito initio in-
quem fe põem a elle com boa vontade ; 3 7 & húa vez acerta- *Í?'*' pf°^íi" tcmpons meffabiii d le-
í / ff i_ i^.,„„ -o
do,vay-fepaíreandoporU^rguezas. 38
««onísdulcedinediUtatur; & ibimuha
dehoc.
5 Mas porque alguns affli£tos náopoderáó ufar daquel- J« Piaim.iu.'».^^. Et ambulabam

les alívios , ôc ainda aos que ufaó delles nenhum ha no mundo '''^TpT:V!lZVtZT'^'^'^^'"í'
.

perfeyto, &qfatisfaçaasmileriasdavida,comoficaaitO; 39 40 D.Umbro/ fuf, Luc.s.


para todas nosdeo C^n7?(? Senhor noíTo exemplo depacíécia, *^ soiatiucneftmiíèusiôcioshabew,
comodízS.Ambrofio; 40 hcconfolaçâotercompanheyros
i nas penas 4 1 & nenhuma nos pódc vir que o Senhor naó cx-
i

perimentafle: defterro , cançaíTo , caviUaçoens » ingratidoens,


tentaçocns, fome, fede, blasfémias , afflícção de efpirito , trei-
çáo.&defemparode amigos, teftemunhos falfos, todo o gé-
nero de injurias, as niayores dores em todas as partes de feu
corpo fagrado, atè morrer defpido, níi có a mayor pobreza, &
fem ter aonde incl ina iTe a cabeça tudo fofreo humilde , obe-
•,

diente, &
pedindo perdão para os inimigos no mcfmo tempo
• .';. emqoatormentaváoimuytoanlma, aindaparâOtemporaljO
padecermos fó parte quando o Senhor padeceo tudo.
,

6 Os altos erpiritos que abftrahidos do mundo , volunta-


riamente eftrey tão mais ávida, então a fazem mais amável»
pois a em pregão melhor. Naó hedefprezo, mas eftimaçaô de- ,. ,

dícàlla toda a Deos oflferecerlhe o q mais fe ama , não he dcy-


i

•xar de amar, mas fineza da virtude. 42 4^ LtEr4fm.0p»pkihtgm.Taotthetig


'"*" "^'"^^
''
7 Finalmente com a vida merecemos , & aflim devemos i'^ Sam
Lfe""* '

cftimalla, pois acabada ellâ não podemos merecer. Ou logra*


da nos goftos permittidosjou reíígnada em Deos nos fucceflbs
contrários, a podemos fempre fazer preciofa» & levantados
por Chrifto da mortal ruína podemos jà dizer melhor 4 Dió-
,

genes; Não he ptiferavel o viver , mas o viver mal, 43 4% DioinMpui Lntrt.it vu phiicfoph.
8 Naó he ifto cótra o q diíTemos trataado das miferias da ^^^^ '"*" '*''^**'"* '^ ^^ ™*^* '

V ida,& da fe lícídade da morte}44 a vida he amável nos termoí


Chriftáos , em quanto fe vive : & he contemptivel fe fe morre
bem. C Áp
O

4iá EVA, E AVE


C A P I T V L o LVI.
Como Chrifto Senhor no(lows enfinotí a msaproveyfi
tarmoi das riq^ue^as,

i:p.i.f.44-
> 1
^^ tendimento
Serros que na primeyra notamos do
parte
no
i en-
\^^ cego pcccado,
pelo defejoj acqui-
ííçaõ, uíujóc perda das riquezas,nos emendou.tambem Chnjfo
com fua doutrina.
Eníínou que profeíTar pobreza hcmayorperfeyçaõi 2
2
% Matth.if.ti. Scellemefmo a profeíToUjdandonos exemplo. 3 Sendo volun-
}
^4«fc.8.io.D.Pj«/.i.íi</c«n»í.8. f^j-ia(quehefóaquefelouva) cnthefoura noCeo:
4 & ain-
^4 Matth.6 10. da na terra efcufa os males que diííemos das riquezas , &jà
s Matth.yyluc.é 10. ^ pofluco Rcynodc Deos. 5
í^«ít^.ij44.
-> Aos quenaó tem tanto efpirito,naó reprovou o 45>«Ã<?r
8 Pfovfrí'.t}.4. No/i laborareutdi- odeíejoaaiazenda; 6 entenae-le,parâbomnm, 7 & lendo
teris.fcdprudcntiaítuaíponemodum moderadocom prudencia; 8 não appetitofo por cobiça, raiz
f.44».4. de rapmas. 9 Deve-le defejar para prevenção de neceilida-
loD.ty/ug.efeconfiiílvitior. dcs , não para multiplicaçaó dt cabt dal; 10 & eílamodera-
*""^'"" '*' Çaóhe útil para enriquecer; porque o que menos cobiça,
c/llff^l*"??"/.?"'^^
mais •

ScTZ'i7pLiJulJf»m.\.<^afud^nt. facilmente fe fatisfaz, 1 1 & quem muyto quizer, fempre krk


Áíaiifp.i.ferm.ij. pobrc. 12 Accómodou-fco JR^^fwp/í^r à fraqueza dc cfpiri-
11 .Aug./am .1.11.
to dos querem ia jporqfe nas riquezas largas ha perigo, tam-
bém o ha na pobreza neceílitada, para quem a naóquerabra-
çari aquellas levantaó a foberba, efta precipita a defeíperaçãoi
^irr.n i j^ i, , r /;
aquellascaufaó negligencia, 12 efta cuydados; 14 aqueIJas
Rogamusautcmvos. cnlaçaocom Icgurança cltacom temores." ambas applicaõ
,

14 £íí/í/«fl//.4o.3o. animo aterra, de o apartaó do Ceo.- não importa fcr com go-
ftos, ou com affliçoens: igual he a doença,que vem de delicias,
ou de trabalhos. Por iftoofabio 15 pedia mediocridade de
15 «'«vfr .30.?.
bens, porque nem incitado com fartura, nem obrigado de fo-
ímeoíFendeííeaDeos.
«

4 Os meyos de acquirir devem fer juftos. Em parábolas


apontou CÃr//?í? a compra, 16 & a negociação licita: 17 Da-
\é Mdtth.ixii.
17 Aimfc.15.t6 z:«r.i9.i4. vid tinha apontado o trabalho das mãos próprias; 18 cm que
1% pfuim iiy.v.i fecomprehendem todos osjuftifícados. Suftentoufe o JV«)^<?r
'401.J.
xo paXVi^.'^ doquetrabalhavaófcusPaysfantiíIimos; 19 feus Difcipulos
II Aíiíifc. 11.3. ^orc..ii.t.i«í.i9. ufavaódoofficiodepefcari 20 quando neceflltou,pediO; 21
*'
. «nem quiz fazenda de milagre, pofto que lhe era fácil fazellos:
,

* nem tomar contra vontade, poílo que de tudo era Senhor.


Nem o que fe acquire com queyxas , nem o que apparece co-
^ mo milagrofo,femfe ver donde refultou, fe pôde confervar,
,-j , ou faz honrados: 22 por noíTa cóveniencia quer Deos mevos
i) ^tií i.ji^rf,c44.».5. jultos para os bens lerem duráveis. 23
*
5 Para o ufo deyxou Chrijlo exemplos no rico avarento,
24 &
PART. ir. CAP. LVÍ. 417
24 êcnojaiStanciofo do que eiKcleyrava; 25 nosquacsnaó i^ Matth. 19.1 6 Lue.i^.ii.
condenouopofiuircnij masnoprinicyro.naófLCConera La- ^j ÍÍ'Vl'V',,"í' . , ,

zaro; 26 noíegundOjnaoieicmDrardeUeoSi 27 leoavaré i'^ch Non einm c]Uf„ iam d c iu rat


*,. to dera ao pobre, levara ao curro mundo dinhcyro, comoen: P '''fbanr.íèdqu ira.i. mir.ncoidiam

* letra de cambio; fe o jaaanciofo dera graças ao XW:;(?r, pon- T^5"l!^.í«/7.^^p//^^ Non


do nelle o coração, Sc naó todo nas riquezas, elle lhas multi '^"iindannacdivtus.fedcorapporiuim.
'
'nlicàra. Salamaó, & oEccleíiaftico 2S deraó a refrra:cada . ?"i^' í'^'^'r'
'^^" ^;'''^-''"*
f hum coma, beba, & gaite om alegria no neceiíarioíjmexceí- oWanones oirer.
fojloPTSoquetein, pois para iíío fe Ihedeoi cora tanto que
louve ao cíc^w^í)', que lho dco,nelle tenha o coração, & naó íal-
te às obras de piedade em quanto puder; quem pede,
& deve a
Deos cudo,porq lhe hi de iic^^ir parrefbem baila ^ o Senbr^r fe
lhe faça com panheyrocontentandofe com o menor quinhão;
• g,: fede rico í'c tez pobre por nos
enriquecer; 29 porque naó
^•^<^^^'''àCormih%,<).
daremos per ieuamcro que nos pôde ferTuperfluo.? Delpezas '^
em utilidade publica também lheagradaó,porque he Pay uni-
verral,& cabeça da Republica do mundo, lá apontamos 30 - ,

aliiuns varoens que por ellas merecerão, r ropoz-nos exemplo z,«c 1


5 1
j. 5 j

da prodigalidade, 31 paraevitarmos osmales quedellaad- i^ í>'<S<'fiíí'.44-«»-iiw i.í-


vertimo»;, 32 &: deípendermos com a mediocridade que ma-
da a prudência.
6 Para menos fentirraos a perda da fazenda, nos enílnott
• Cbriftoque tiveflemos o coração nos thefouros do Ceo, &: naó
nosdaterra. 33 AíTim teremos reíígnaçaõ, entendendo que
^
paranoífobemtomou Deos aquellemítrumento, como dizia- ^cf^^tn"'^^'
mos no capitulo precedente. 34 Oanimo varonil.&Chriíl-aó 'J D.^.^rp.i^o. Animam virilem
»* «CdiíTe ogrande A^oftinho} nem fe deve levantar com as ri &chnitianum necdcbeiu, fiacccdaiu,
^'^"^•
quezas,nem quebrantar com fua perda. 35 Tudopoz Deos^""""'-'""'^^^^^'''^""^^^^^
debayxo de noííospès: 36 naó quer que o ponhamos fobre a ?á P/"'"- 78. Omnia fubjc ifti fub
pc,.iu3.,us.
cabe-ça.
,

^ 7 Aílim como na honra, vida, & fazenda,


principaes bens *. •
do mundo ,exemplificamos quanto a doutrina de Chrtfto Se-
nhor noíTo nos alluraiou o entendimento cego pelo peccado,
aíTim mais largamente fe pudera moftrar em todas as matérias.
Bafte nos faber que enfina a oppor as virtudes aos vicios: dá
forças contra a irafcivelj temperança contra a concupifcivel-
aplaca as payxoens que oífulcaó a prudência , com que fácil'
mente faberemos abraçar o bem, &:íugiromal,íequizermo9;
& tudo nos verifica levantados de huma ruina raiferavel, a húa '

vidafelizj as miferias que ainda nos ficàraõ do peccado, faó


para merecermos mais fofrendo , & vencendo & fatisfaçam
-,

temporal para a Divmajuíliça.

C A
.

4»8 EVA, E AVE

C A P I T V L O LVII.
Como O Senhor fubio ao Ceo ,
©* deixou aMz^ Smis
tíffimà na terra para altiffimos fim,

I I A Epois de Chrifto Senhor noíío fe manifeftar por


JL^ vezes refufcitado , & entre ellas no monte de Ga-
I Aidfifc.z8.i6. lilea, 1 quealo-unsdizemfoYoThabor, 2 prefentesmaisde

hjl.des' Senhora S.Cl Ia.


i.
quinhentos ficis,
3 que alli fe acharão
por leu mandado. 4
j D Pa:í/.
. .dd Corint 1^-6. dcpoís que Ihes deo noticia clara da Smitijjima Trindade y & do
4 M.tto^t2f'up.&ci6.i%. poder que a elle federa; depois que enviou feus Difcipulos a
s M.itíh.ii.:<).Mare.x6.':s- pregar, íx a aoutrmartooas as gcntes, 5 oraenando-os então
6 yiguer.Gran tj7tfi.t.\6.veri.^.& BifposjComoostinhaordenado Saccrdotes na fagrada Cea;
6
mlgasnayd.dcchua.c.49.»awargê à: compromtfía. de osacompanharfempre: depois que conf-
io /)ri««/>. tituhio a S. Pedro cabeça da Igreja , 7 havédo prevenido , &
7 yoj«.ii.i«.i5. confolado a todos para fuaAfcenfaó, & promettido a vinda
Ponti doLipiritobantoj 8 em humaqumtaieyra, quarenta dias de-
8 Jo H.I4 er 16. pois da Refurreyçaó, 9 juntos com a Virgem Santiílima no
\^Hofai.'Lii cauccnj: hifl h fri- monte
Ohvete, à parte Oriental de Jerufalem, os onze Apo-
mord.Ecchfl i ver ff e/um redivivum. ftoloS, OS fetCnta & doUS DifcipuloS, & OUttOS ficis, IO CntrC
j^i vdhcg. Fios Sana. na vtdu da Mag,
^^j^^ ^ ^^^^^ Magdalena, 1 1 todos era numero de quafi a^n-
II /ilhegfís na viJU de d.rili»:. 48. ad to & vinte, 1 2 com doccs, & my fteriofas palavras fez a uki-
f"' ma defpedida para fubir ao Cco.
2 Recomendou a Saó Pedro o governo de fua Igreja: con-
fortou OS Apoftolos confolou aos Difcipulos a todos encheo
: :

de efperanças aífegurou glorias, & accendeo em amor: com o


:

Euangelifta amado feria a defpedida mais amorofa a Magda-


:

lena amante mal fe poderia apartar dos fagrados pés j &as ou-
tras fantas mulheres derramariaõ lagrimas copiofas.
3 Com a Virgem Miy foraó os colloquios mais Divinos, &
1 5 Apud p. Fr.jofeph de^ef. Mar. à. as faudades mais intimas-, os Santos ponderaõ 1
3 que o Senhor
/.5.f.v«tcri,erc.7.» 4.C7 yVidein.
lhe fip;nificariaquam agradâvel lhe fora leválla comfieo, fe-
nao conviera dey xalla por ai guns annos na terra , para que por
mais tempo cmpregaflefeuimmenfo cabedal de graça; para a
receber no Ceo com particular triunfo; para fer Meftra & am-
paro de feus Difcipulos : & para confolação de todos os fieis,
porque viíTem na terra o maravilhofoefpeftaculo da Mãy de
Deos homem, como os Anjos veriaó no Ceo a gloria do ho-
mem Deos. Ponderaõ também, quamrefignadarefponderia a
Virgem^ naó attendendo tanto ao fentimento de fua aufencia
corporal, quanto ao gofto de lhe obedecer. Com ifto fe dariaõ
docemente os braços } todos os prefentes lhe beyjariaó os pés.-
&lançandolhes Ot^fw/^orfuabençaó, 14 fendo meyo dia pa-
.^^^hiia hota , fe levantou da terra , deyxandoncllao final de
\\ DH^lldelo^HeòraúCa:.^:.;.
/«pr. luas plantas fantiflimas , que ainda no tempo de b.Jeronymo
&
ícvia, 15 começou a fubir ao Ceo. Subio como Deos por
virtude
PARTEII. CAP. LVII. 419
Virtude própria: 16 & o Euangelifta S Marcos diz» ^//f/t^y ^^ D.Pcir.Dmim.de^fJnm!>i.V,tz;
levado, 17 porque noflas conveniências, 18 &
outras ra zoes /frw.
''"'' "'^"' ''"""'^'"'
o levavâoíaudofo, como por força, da delicia que tinha em cxia.f '"

eítar com os homens. 19 18 fiíN.ié.y.


v a \

4 Osolhos,os fufpiros , as faudades de todos ajoelhados '" ^''"''"^ * '


1^^'^^;. Í!'V r •

com O rolto para o N alcente ( porque O Je??^í?r lubia cnm a ía- ,,(^_ i ^. j^.„.8.

cca^^ Poente) 20 feguiaó a feu Deos. A ^/rgf;^ recebia fin-


'

guiar cofto, vendo a carne formada de fuás entranha- lev mta-


da a ran ta gloria; &c que depois de triuntar de feus in.mig s , &
haver remido o mundo, penetrava os Ceos. Antesqiea dtura
a que hia fubindo defvaneceíTe os olhos appareceo huma ga-
,

lharda nuvem, &pondofelhe primeyro aos pés por eftrado,


logo formando throno ao corpo depois fervindolhe de corti-
,

na,o encobno à vifta dos que nella lhe daváo os corações. Mas
não podendo ainda tirálladaquella parte, Ihesapparecèráo
dous Anjos có veftes brancas , & lhes diííeráo Varoens Gdt- :

leos, que ejiais olhando para o Ceo ? Efte Jesus qiiefoy levado de
vós para o Ceo^ affim virá como o vifies ir. 11 ** '^^' ' •
" •

5 Romperáo-fe os Ceos: fahiráo coros de Anjos innume-


raveis, i^ perguntavâo hús aos outros, como diííe Ifaías:^?^^^
he ejic que vem do mundo , tintos (eus vejíidos em fang ue ? Ejie
fermofo em fn^ humanidade , d^ que caminha na multidão de fua
fortaleza^, ii Perguntaváo, por admiração de verem hum
homem tio fiiblimado , pofto que também o conhecião Deos. *^ fi'-^W'

Feftejáráo também aos Patriarcas , Profetas , &


mais Santos
que o Senhor Jefns levava em fua companhia-, o Padre £íír- &
»í;,recebendo-o amorofiífimamente, oaíTentouàfuamáodi-
reyta: 23 àprofííTaóTheologicadeyxamos oquenifto fe fi- j, pr,,^ p'O..V1w«KV{.^^^
gnifica. 24 Oque m ais paflbunaquella triunfal entrada, nem í7«,L/./;/)oj7.
* * *
-
-'^'

cabíem nem na imaginação.


palavras, * MMon.inc.xe.MdrCv. Etfedet i

6 Os Doutores Santos 25 chamáo a efta celebridade , t^,f;;^^^^^^^^


Fcjindãs fejias, folemnidade dasfolemmdades a maisglonofa pa- x d. ^cmard/erm.i.úe AjceníAn prkc
, <>

ra CbriftOiò- para os homens. ?2iXzChrilio-, porque fov termo de ?/'"' ^"'"\ *• *!' "l^"^- ^-i^^rnardin.
fua jornada ao mundo -, & todas as outras lolenidades teve au-
fente (quanto ao corpo) de feu Pay eterno.- fó nefta foy feu cor-
po gozar de fua prefençana altura dos Ceos j & aíllm parece q
com particular myfterio o nomea o Texto fagrado nefta occa-
Çi^Ò^SmhorJeftts; 26 como fe nella fcmoftraflc mais ciVw/w. ,^ M;,..r«/M „.Ec Dominas
qui.
27 Para os homensj porque aqui alcançou a natureza humana dem mus.
a honra mais fublime de fe ver aíTentada no throno de Deos à ^^ P.Fr.MdnJoStfuUhrod.f.i.c.^^,
maó direyta de Deos P^^ré-, fobre os coros dos Anjos, & abri-
rem -ie as portas do Ceo, entrando logo muytos na poíTe delle,
& ficar patente fé fe poder fechar.EfteSamfaó Divino abrioas
portasda Cidade Celefte, &:(figuradas na Cruz) as levou nos jg jurfú. 16 5. impofítafque hu- c.

hombros aoãltomonte , 28 porque ficafle aberra a Cidadej'"^'"!^'"'^?'''^^^'^ ^'^ verdccm momis.


íoyoAve chave para abrir , mas naó fabe fechar. No lugar
'
donde Chrijio fubira fe edificou hú Templo, & por nenhúa ar- ^
te fe pode cobrir o te £to daq iielle efpaço de área por onde paf-
Mm iára
.

410 EVA, E AVE


19 SevcuSHipit. hiíi. Lib.x.Beda de loc.
í^ra feu corpo: todo o mais edifício fe fez perfey tO; 29 fó.naõ
fnuã c.j.Baron.an.T,^. queria O Senhov q fe fechaíTe o caminho!q elle huma vez abrira,
u: i. ...; r .<.;. • ,a
. j
.,,.^ ; ,,
^ Subido O Rcdemptor ao Cco, diz o Evangelifta S. Lucas
30 que todos aquelles fieis tornarão para Jerulalem com grã-
5? WièVo!^^' •• » degoftoi&otífw/jíjrtinhaditoqucficariaótriftes; 31 trifte-
/;^,"^j^ zagoftofa; faiidades alegres, que fentiaó a auíencia,6cfego.
zaváo na utilidade. A Sagrada /^z^;gwí tinha cfpecial confola-
çáo vendo as profecias compridas, o mudo remido ,'rDeos glo-
rificado: a Fè fuftentava feu animo: a efperançaconfervava ília
alegria : a caridade augmentava feu gozo na alma tinha pre-
:

fente oque os olhos não vião: & as potencias fuavementc lo-


gra vão o que fcefcondiaaosfentidos.

C A P I T V L O LVIII.
Como a Virgem Senhora mfja authori^oa Ç^ felicitou ,

a pojje que S. Pedro tomou do Summo Pontificado,


Trata-fe dos annos que viverão os Papas : mudança
quefa^em nos nomes : modo defua elejção : fcifmas
que tem havido na Igreja defua jurifdiçao no tem-
:

poral ; & como em varias occafioensfao venerados


feios Principes,

I éí^^ Omo devemos a Deos a creação & confervaçáo


,

T>^, rn j /iT, , jr<//T V^ C^usnaõhe menor beneficioi) i quizo J^í-w^^r


cA.hom.i.nnumed. Confervare „on mi- q^c devcílemos a íua M^jynaoíocooperar em noíla regenc-
nuscft, quàmomniaconderc. ração, 2 mas também obrarnoaugmento da Igreja em que
i í«/)r. f.48.
nosconfervariamos.
'• 2 Logo que fubio ao CeoC/?r//?o Senhor noíTo, exercitou
X Supra cíj.n.t.
S. Pedroa Vicaría, & lugar-tenenciaqueellelhcdeyxàra, 3
porque não podia eftar o corpo da Igreja fem huma cabeça. O
primeyro a£to que lemos defte Principado , foy quando como
4 c^£?or.i.i5. ^ X fuperior ordenou 4 quefeprocedeílè àeleyção do lugardo
í*'^* Apoftoladoque Judas perdera. Diz o Texto, que Saõ Pedro
.

parafallarfe levantara 5 em pèj acção (nota Ruperto) de in-


^

Exurgcns Petrus in médio fratrum, lerioridadc , & tevcrencia à Mtydc Deos


^ q eftava prefentcj fc ,

^'TRuf>errc.yinCa„t.verbc,Qvizhsc{l allinãocílivera não fe levantara Saó Pedro para fallar aos .

áiíeaiis til !s mais, a queera fuperior. Qiiiz Deos com aíTiftenciada Virgem
^' ^'-^" ^ ' '"^^" '^^ felicitar a poíTe que S. Pedro ent^o tomou
n!"i ^ ^'J"^'^^ 7 como com in- ,

DeljJiVcZ^í^ir^imsBIvar ad Dextrum flucnciâ de cítrella benigna.l I (i JVf*-.


A^
d«.,í.coVf);f.7''7- 2 Felicitou a duração daquelle fupremo Pontificado na
peiro» do mermo Saó Pedro pois de duzentos quarenta & ti-
i,!/ "rv^S,n,S,T.4.;:;i':Í;
-,

45. ros Papas que (com pouca diíFerença no numerojcontãoos


Efcritores até hoje,eley tos muy tos em boa idade:nenhri durou
os annos que S. Pedro teve a Cadeyra em Roma , que foraó
quafiyinte & cinco,alèm dos fete q a tivera em Antiochia j 6c
.si ..
por
PAR TE II. CAP. LVIII. 4it
per efta experiência, que fe tem por myíleriofa^ fecuydaque
aíil m fuccederà nos futuros.
4 Felicitou credito àfantidade de Pedro, pois, por venc-
raça6della,cofl"umãdooscleytos Papas, do tempo de S.Gre-
gorio Magno em diante, comove fcindosiovo homem, mudar g Mtih.is i?
o nome à imitação de Chrijlo , o haver mudado a Pedro j 8
,

nenhii íe tem chamado Prdrf:,tcr,áo íc todos por indignos de


nometam grande-, & com razão. A hum homem q fe chama-
va Alexandre, diííe o grande Macedónio ; Ou fede Alexandre, 9 Mcxht nn suva df var. Hç.i.r, c. %\

euânxmonone. AVÍudança daõ alguns Authores 9 outras 2'rJ;;.*f ,,: aí* ,J?í/j-
rauflis men is cerras .Sc cuydaó que fe introduzio no Papa Ser- 5.6 lufc hjt i>o>:t!f:

píoll. pslosannosde 8 masonaó fe chamar ai f^uraF^í/rí», „ ,'°


s.4
do melhor ophiaS, cemCe-
í-^í^í. :>

ia doanno de 543^emqolVnarchaS. Bento rubioaoCeo,io«^ fí,«,,/ /.,,/?/,.«,., J,v;^I,/.^4


l'c imitava no Moíleyro de Cafuno em q nenhum Abbade fe f^f-
,

^'"'^'^'^"'" "'
tem chamado Bento, por veneração do mefrao Patriarcha,que ^^ 2 trltlfl"'^' ''""
alU foyoprimeyro. 11
5 Ajudou das eleyçóes, pelas quaes,
a felicidade naó &
p:)rfucce{Taó,faY conveniente que feconcinuaflem depois de ,, b.„^o/?,„jv ^ t-. . j

b. Pedro OS Summosiontihces. 13 Aie otempo do hmpe- íf/?.£uíV/:y.i.;.«;e,.


radorCóftantinoMafínopelosannos de;o6.asfaziaõosEc- ,, .

cleíiafticosde lloma entre perleguiçoesj&fegredos. 13 Ue Tho>t,Mojj.dcíi^n.£cci:fi.9.[!^,.^^ç.^'


pois da liberdade q deu Conílrantino, concorria o cõfcntimen- " »»•
to do povo Chriftaò,& por cortezia fe confirmaváo pelos Em-
peradores, q aíliíiiáo ordinariamente em Conftantinopla; èç
algús daváo poder para efba confirmação ao Governador q ti-
nhãoem Ravena com titulo de //^x<írr(?. EpoíloqConftan-
tino IV. noanno de 685 renunciou qualquer direyto q aqucl-
.

le colhime lhe pudefie haver dado; com tudo fe tornou a elle


comos EmperadoresOccidenraesque o Papa Leaó III. refuf- ,, ^
.

'^''^j>tpr.
citouem Carlos MagnonoannodeSoo. 14 Atè que oPapa ^^
Nicolao II. noanno de 1059. em hum Concilio Romano de
1 Bifpos có acordo dos mais a q tocava, fez hum decreto,
1 ;. ,

em que por juftas razões fecómetteo a eleyção aosCardeaes,


comoprocuradoresdetodaalgreja;i5 &
affimfefazdepre- cX,L£:tl!ÍIÍ:2.S:J!;:,
íente cem a forma 3 & lolemnidadeq por outros decretos 16 s^' 5.
ordenarão 05 Papas Alexandre líI.noCócilio Lateranêfe III. ,.'^ ';''pi'cetdjyitaHdAehaioH.cr(ap
& Gregório A. no Concilio Lugdunenie 11. Em
tantas eley-
^ões.detantosvotosjcmdiverfos tempos, Sc pordiíferentes
maneyras, nunca, prevaleceointrufaó qinterrompeíTederi-
varfc de S. Pedro atè hoje a Vicária de Chnfio legitimamentcj 4' 4' ••

effeytodaaíTiftenciadoEfpiritoSantOi 17 mas a q fez a /^r- i-^ c^^.ult.j^.tli/?,

gem na primeyra poífe, tinha fido Aurora deíle Sol Divino.


j. 6 -Âcrifolouíeeftaexcellencia nas fcifmas com que o de-
mónio a combateo. No antio de 253. com a de Novaciarjo,
contraSaóCornelio.-noannode^^z.comadeFelix, contra
S. Liberio; node367.com a de Urfino, contra S. Damafojiio
de 4 19. de Eulalio, contra S. Bonifacioj no de 499. de Louren-
ço contra Sim^choi no de 5 3 1. de Diofcoro contra S. Bonifa-
Mmij cio
4" E V A', E A VE
c;o no de 537.de VigilioconrraS.SylYcrio-,node 767. (ou
íl.
750.icgundoõiirros Authores) có a do Anti-papaTheophi-
3aro;node824.deZinzino, contra FAigenioII. node855.de
Anaílaílo contra BenedidVolIÍ. no de 891. de Ser<^io centra
Formofo; no de 964. com a ki(mi que houve entre Leão Be- ,

nediílo, 6c Joaó XII. no de 995 com a de Joaó contra Gregó-


.

rio V. no de 1042 com n de Joaó, & Syl veftre.ambos inrnifos;


.

node 1058. de Benedifto contra NicolaoII. node loói.de


Honório contra Alexandre lí. no de 1 080. (ou de 1078. fcgú-
dooutro.s Efcritores) com a de Guilberto.que fe chamou Cie-
mente, cótra Gregório V II. no de 1 099. de Alberto & Theo-
,

doricojContraPafchoalII. node 1 130. de Leaó contra Inno-


cencto II. no de 1 159 de Viítor, CaHxto, &c Pafchoal , contra
Alexandre IIÍ. node 1327. de Nicolao favorecido peloEm-
perador Ludovico V. contra Joaó XXI. node 1378. a mais
terribeldo Anti-papa Clemente, a qfuccedèraó outros, con-
tra Urbano VI. no de 1424. de outro Clemente, contra iVlarti-
nholll. (por ourro computo, Martinho V.) no de 1439. de
Félix contra Eugénio IV. Tantos combates permittioÓeos
, „ „ pornoíTasculpas; 18 masnuncaoinimit^oprevaleceo:íem-
17 Múuh. >6. iS ^ojíi. M.is Cif.
prehcou o rontuicado em lucceilao legitima.
lilud Dm,;:;iidemaioi cr obel _^ ^ j Felicitou aquella bcuigua Eílrella o fácil exercício da>i >*

Pontifical ; que ainda na primitiva Igreja , entre as


á/í!LÍp'íí.il'Í/éí rIv'onL?^l'i jurifdicçáo
jhu i \it Cap. adabci^niUyn 9 § /?-•'«'• mayorcs períeguiçóes de tyrannos, regeo o efpiritual com tan-
fi
ne
nius de h^ret. Exna^^.íifrMYumiia^e,
perfevcáo ouc femorc íc fov augmcntando acè gloriofa-
,

chri!h>^omm,defacíCur.ii. Bm. in L fi mcHte conquiítar O mundo.


impni hs n 4 íf àe /f?. Hoihenfiatè in g Acabadas as perfeguiçoens , exercerão os Papas fua ju-
fnmquifl /^""'^; §
^ "J"l. "^/j rifdicção não fó no efpiritualjem q direitamente lha deo Chri-
'^

ho-v-iáiihapoiit u c.ti.p t( Serafhin.de ffo; 19 mas também no temporal (contra os mayores rrmci-
F>rt.dti4 fnpiy.L'.[it 4'^t.c 6 Di
mus ^
^^ ordem ao efpíritual em cí a tem indirevtamente 20
.

r £ ;.^^,/ ,,.|^, ,if;«rf/íi.ow>iia«^«- porneceiiariaconíequencia; 21 ficallim, porcaula da reií-


tlic.Aídrfiifmphr ^7. giâo privàrSo OS Súmos Pontifices Conítantino, Gregório II.
Gh fa dcmam R^x- '"" ^-fr^i^^-^' ^ Grcgorio Vila Filippo, Lcáo III. & Nicephoro.Empera-
ít j<^f/?rí'»yír.fl«,e2roHímfdyíiín5í dores de Conftantinoplajfe bem contra Leão íe não executou
"j^"74^í; em muy tas terras. E I nnocencio í II. Innocencio IV. Bonifa-
texics m cup '''"'f''"^^^^'^!^^^^ ^-

t7:^l'ofiolcfJei"^ô'r'<-jnd in 6. cio VIII. (fegundo algús Authores,) Sc Cleméte VI. privarão


¥cu>. Dhcon.1 6 c IO íJ-u
bi,byaviusiib.
^ Qtho IV. Federico II. Adolpho,&: Luis V. Emperadores de

Í^ZÍ^^r^í/íS '^'VS Alemanha. Zacharias privou a Childerico Rey de Frãça, Ur-


dcúifchiim.Awi i i..^nt.Nebrifde bano IV.aMãfrcdoRey de Napoles,& SiciliaJulioII.aJoaó,
hciN4varj^j^^c.y^m fchiji.i^ot p vMb.6, g, Cathcrina Heys de Navarra> 2 2 refiro como
fe praticou o
'
^ll^taittext. 2'capex , literis de re- direyto:nãoqualificoasinformaçóes dofa£to,em qfe fundoLf,
f-rtpiis.
q tal vez faó erradas. 23 Omittocenfuras que não procedò-
^''*'"'*'raÓ,porp &: outras caufas. 24 EaíTim
j.ilf;.'^T8V"^''^''
como tiravão, também davãoeftados em ordem à religião.
LeãoIII.fezEmperadordeAlemanhaaCarlosMagnojZaca-
rias fez Rey de Frãça a Pipino Pafchoal I. a Lothario Rey de
;

Italiaj Innocencio II. &c Clemente IV. a Rogério, & Carlos J.


Reys das duas Sicilias Júlio Il.aos Reys Catholicos Ferjiãdo,
&:
PARTE lí. CAP. LVIII. 41 j
&irabelReys de Navarra; Alexandre VI. dividio asconqui-
ftas entre os Reys de Portugal ScCaílella: do que ià tinháo ,„ ^ .. ,

j TV/f * il \7 c T\T o O-

Tf 7-
*S '-'iTn fuf.Tãci tútoi ,ythrmt Hif/or.
tratadoMartinho.V.LugenioIV.&SixtoIV' 25 f>enn„i i,d,!ir i.c.s i

•4
9 -Atèpara o mero temporal felicitou aquella aíTiíiencií^^^jf^^usfíereUndic.i.u
à-LVirgern a primeyra poíle do SúmoPontificado em tam fiim-
mograo, qemmuytosfeculos afoberania dos mayores Prín-
cipes pedia a conceflaó, 011 confirmação das novas Coroas aos

Papas fóporurbànidade, &: refpeyto fem outra obrigação,


pois biílava a data dos povos, q fòs as podião dar pelo direvto ,, a j n ^
K ^ ^ni j-icra- n

das gentes. 26 relosannosdemil, b. h.lrevaoprimeyroRey/?,„j,i///.i M/)r;«f. Proibi,,. frD.'«ífrU


,
16 Lexhoc jure, ff.de j;í} ^jr i^r. p

de Hungria alcançou do Papa Sylveftre ÍI. o titulo de Rey.'27 c-i? " '''•«f « qt*^ Mmh. dcpnnog '"'"

relosannos de lo/^.odeoabeApoltolica (devia governar ^^ Cunmfilsinejits^ita.


Gregório VII.) a Demétrio Rey de Rullia Dalmácia, , &
Crovia. 28 No annode 1098. odeoUrbanoII. a Edgardo í% E'4cchiusiJedo»at.Con(íanu>ti,ex

Rey de Efcocia. 29 No de Vencesláo Duque de Polo-


1 2 20.
«5"«-;«^^'t'';^''
í;'--^".
. > ,
-iJT»
ma akançou o titulo de Rey
/r'jt-WTr\
por conceflaó de J oao AXi. Da-
19 LeJJeusl.7.htli.Scot.

niel Príncipe de RulTia, &MindacoPrincipe de Lithuania,


também da Sè Apoftolica alcançarão a dignidade Real 30 & ,0 ThM.Boff.de (1^1 E.-deftom.tAib.
;

Henrique VIII. Rey de Inglaterra, antes de cahir, a de Rey i7v'^«74-f-4.ve>-/ "«'««•


de Irlanda. NoíTo prímeyro Rey D. AíFonfo Henriques impe-
trou confirmação delia noannoi 142. de InnocencioII. 21 v Buttcmcho»-dfOi}friih.yc.A.
^*
& depois, dc Alexandre III. 32 & a ratificarão ClementellI.,,^ '

íeynando D. Sancho I.&Innocencio III. & Honório III. rey- 52. Bnndaõip ^.noApp(nd.Ef.ritu-
handoD.AffonfoII. 22 O
mefmo D. AffonfoII. fe fugey- ''"4' ,,.^. ,,, .^, ,

touacompoliçao queoniclnioinnocencioiii. tez entre elle, e.i6&-in..^ppc»dEf.rit. 10.


& fuás irmãs fobrealgõas terras; 34 &; a InnocencioIV. fe- i4 .5*•dMilJo/«^^4^•I^f•4••

tofrèrãoosEftadosdePortugalfobreosdcfcuydosdelReyD. r j j , ,
i:r.«<i.W./«ri^.-i «eg! ^././.
Sancho IL para fe paíTar o governo a feu irmão D. Affonf x 35 ,„ ^ f ',;

NâopoíTuindo então osSummos Pontífices tantos Efl:ados ^


temporaes,moítravaDeosque fó doefpiritual lhes refultava
a mayor authoridade.
10 Por refpeyto. St devoção fecoroávão os Emperadorcs
Gregos por mão do Patriarcha de Conílantinopla em nome
do Summo Pontífice; 36 Scnosde Alemanha, quando no dn- 3< Zomras^varjjsinSscíí.
no de 800. fe fufcitàrão em Carlos Magno , fe ordenou que to-
dos fe coroaíTem pelos Pontífices Súmosj o q alguns Authores
attríbuem a fe reprefentar no Pontífice , & no Clero o antigo
Senado Romano; 37 mas parece mais certo fundarfe na au- P DGregorijt.c s. tf^fí.
thoridadeqfequiz dar ao Vigário de Deos, como fe colhe do „ a o r,. , , ;

qelcrevellbelcas. 38 Eammfemhaveraquellarazao, lemos


q muyto antes jà no annode 495. conílituhío ClodoVeo Rey
de França q feus fucceflbres foíTem ungidos pelo Arcebífpo de j, Papyy.Mifjn m w Hcm.i.
Rheíns em nome do Papa, 39 & fe obferva de ordinário, pofto
qnão he obrigação, ôc aííim em outras partes fe ungirão algus
Reys. 40 Pelos annos de 586. o religiofíflimo Recharedo 4"^ f>^i tèPr,crn(ieThou,i.io9hijt
Rey dos Viíb-godos em Heípanha fez íbmelhante cóftítuição ^^^' ^^^^^^ í^^„ ^„j,, 7^^, .,,

para os Reys fe ungirem por hum Prelado,& era o de Toledo. 5.^.1. /.

41 Omefmo coftume houve em quafi todos os Reynos de


Mmiij Eu-*
1 j

414 EVA, E AVE


Europa: ungindofe os de Inglaterra pelos ArcebiTposdeCá-
tuaria, por cornirsiílaó do Papa Adriano III. os de Efcocia pe-
los de Santo André, por commiflaó de Urbano lí os que hou-
.

ve em Alemanha, pelos Arcebifpos de Maguncia: os de Bohe-


mia, pelos de Praga; os de Polónia, pelos Genenfes os de :

Hungria pelos Bifpos de Alba: os de Suecia'pelos Ufpalenfe s;


-
os de Dinamarca, pelos Ludenfes.
1 Da veneração com que os mayores Principes tratarão
os Papas em viftas que tiveraõ, ha muyros exemplos. Por me-
nos vulgares referirey trcs.No anno de 742. foy o Papa Za-
Narni:& Luitprando ^ reynava em Lõbardia,o efpe-
charlas a
rou quafi húa legon fora da Cidade, & apeado lhe beyjou o pèj
& continuando o Papa feu caminho acavallo ,'0 Reyo foy acó-«
panhando a pc ao eftribo , até o Papa ficar aonde fe apofentou^
12 No anno de 7^4. indo o Papa Efteváo III. a França,
ElRey Pipino, & feu filho Carlos Magno, que entaó era Prin*
4í ,^mhèchichrf»et0m.í.fart.-r96. cipeyíizeríLÓ o meÇmo. 42
^neiui:bibíumçuuiis hiji. Pent. in vita
'^ '"''
,
jg jsfo auno de 8 1 6. O Papa eíievâo V. íby a Rheins k ',

'
coroou a Luís, chamado de ^ói/í/SjTfjRey de França, que tam-
bé foy Emperador. ElRey fahio meya Isgoa a recebei lo, Ik no
# meyo do cam po defceo do ca vallo, & diffe ; Bemdítofeja o que
^ ^vememnomedeDeos;^oV^^2iás.{cèâiOX.imhçím\o^oàoÇt\i
* cavallo, refpondeo; Bemdítofeja o noffo Deos, que nos fezgraçoi \

f^ de vermos comnojfos olhos humfegtmdo Rey David. Dito i!to,fe


abraçarão, &tomando o Em perador ao Papa pela mão ^ o e6-
duzio atè a Igreja de S. Remigio, aonde íízeraó oração, & fa
^ cantou o Te I)efim,Sc depois o Papa,& Clcrefia em altas vozes
derão vivas ao Emperador,reconhecendo-o por tal. Logo foy
o Papa levado à cafa que lhe eílava preparada junto da Igreja
aoride praticarão, &c tomarão ambos paó & vinhoj & o Em*
,

perador fe foy para a Cidade , que então eílava apartada da


Igreja; aonde depois fez ir o Papa, &: o feftejou, & bãqueteou:
& o Papa ihe fez o mefmo j & quando fe foy para Roma , lhe
45 PM..het LUasantiguid.de França,
deo O Emperador huma Cruz de grande valor para a igreja
de S. Pedro , éc mandou feftejallo por todo o Reyno. 43
14 Em todas as viftas menos antigas , Sc mais notórias re-
ceberão os Papas aíTentados em fuás catieyras Pontificaes , &c
cubertos aos Reys, & Emperadores ; 6c eftes fazendo húa me-
fura ao entrar da camera, outra no meyo delia , outra junto do
Papa, com hum joelho em terra, Ihebeyjáraóopé, depois a
mão, & ultimamente lhe derão a paz na face , & alguns na bo-
ca; & também algús antes da paz lhe beyjàrão a roupa. A cor-
,..„r V j n tczia úue
^ OSriPaoas Ihes fizerão,foY,ao temoode dar a paz, Ic-
4<
; -n
Pcjao-Jí'ir. rd irocs que deltas vtfías
Vantarcm-le hum pouco, & abraçallos
o i_ 11 o r r 1-1
& reiular a algus bcy-
/.í Thni^doTo Qi.úcj7vy m:eremonuí de :

fru^itom.i. jaremlheopéjdoqualrefufopoucosufárão. QLiando derão


cadeyra, era mais bayxa que a fua; Sc fe comiaó jútos, também
amefa dos Principes era mais bayxa. 44 Só no anno 1438.
quando o Emperador de Grécia Joaõ Paleogolo veyo ao
Con-
J

PARTE ÍI. CAP. LVÍII. 415


Concilio Fc! rarienfe o Papa Eugénio í V. deo alguns paííos,'
,

& o nâo deyxou ajoel har , &: o abraçou,&: lhe deo a mão a bey- 4, n^refertur m pv-^dp-o Ci-.àhi rn-
jar,& o fez aíTentar à lua mão eíquerda. 4^^ No anno de 1 5 30. raric»(.i,) torn.^.CoMtiwr.pa-^ ?,;/? 560,
quando em Bolonha o Papa Clemente VII. coroou ao Em*
perador Carlos V. no dia da corcação íubindo o Papa a ca- ,

vallo, o Emperador he quiz ter o eftribo-, mas elle o náo con-


1

lentio. 46 Havia o Papa Saó Sylveílre confencido que o Em- ^g iihc/rasnahijl.Pomp.t Uh.6. cxí.
perador Conílantino M
igno o levaíTe da rédea indo el !e a ca- iio.pojimed.
valloj fervindolhe de Eítribeyro , como diz o mefmo Empe-
rador 47 na doação, que lhe fez de Roma, queandaincor-
porada no direyto Canónico. Nas viílas que em doze de Ou- 47 /' c.ip.Confíarthm 96 <U(t De qm
t.juu.d. co„d.6i9.
tubro de 1 5 5 3. teve o mefmo Clemente VIL em Marfelha có '*'^ ^'"^'""^
Francifcol. PLey de França, lhe fallou também a Rainha em ^ -> ^
outro dia. O
Papa a recebeo aflentado na cadeyra Pontifícia.
A Rainha (qus era Dona Leonor, mulher que havia fido do
noíTo Rey D. Manoel) entrou veílida de branco à Hefpanho.'
la, cuberta de pedras precioías, levada de braço por dous Car*
deães, &r com ella o iMordomo Mór beyjou o pè ao Papa, de-
;

poisamão, depois lhe deoa paz na face, & depois fallou. O


Papa a fez aflentar à fua maó direy ta, fobre tfes grandes almo-
fadas. Logo vierão as filhas, queElRey tinha do primeyro
matrimonio, (com Claudia, q fora filha dei Rey Luis XII. &
de fua fegunda mulher Anna, Duqueza de Bretanha) Scfíze- v * •^
ráo o mefmo que a Rainha & o Papa as fez aííentar à lua maô
;

efqaerda j depois entrou o Delphim , & fez o mefmo ; dando


demais a paz na face a muytos Cardeaes que aíliílião & fe af- ;

fentoujunto de fuás irmãs. Qltimaméte as Damas do Paço em


grande numero ( pois fó a Infanta iVlargarida, q depois cafou
com EmmanuelFilisberto Duque de Saboya, trazia vinte &
duas) preciofamente ornadas, por Ordem hiia,&: húabeyjàrão
opèaoPontifice. O
qual, feytaeílaccremonia, fe levantou
para fe recolher a feuapofento interior, & acompanhando-o
a Rainha, elle a tomou pela mão arè a porra do apofento aon- ,

de lhe fez comprimento que eíitraíTei o que ella não aceytou:


48 c-rema^nai it Fr««f-r, d. tom. i. «1
o Papa entrou, &- ella fe retirou.
48
15
4- 11 j j - O L • '/
Ajoelhara modo de adoração i &beyjarope(deque
1 Emites des sCyStO" i\tyncs.
^ ^
os Hereges murniurão) he cortezia muy to antiga, de quem fc
quer moílrar hum ilde com outro mayor. Abraham fe ajoelhou
deite modo aos moradores de Heth: 49 Jacob fez o mefmo
fete vezes diante de Efai^i: 50 a Jofephfizerão omefmofeus >, cw/ 15.7,
irmãos; 51 a mulher Thecuites diante de David: 52 Judith 50 G-.f/çí.j-

diante de Holofernes ^3 6c outras vezes fe lé na fantaEf-


:
5^ ^W^í-íé,

critura. Nas letras humanas vemos que os Parthos beyjavão os ]^\ judahVolo.

OEmperadorCayoCefardeoabeyjaro
pès a feusReys. 54 h -'<^'^fúaU \o,

pèefquerdo aPompeyoPcno:55 Otho,& Maximino júnior ^s


^s!:e!o!'^c!l!uAÍnluopim.
quizeráo a mel ma ceremonia; 5 6 Diocleciano afteftou beyja- 57 Emopus.
remlheospéscomoaDcos; 57 & emCaftellahuma leydas
Partidas mandou que os vaííalíos quãdo le vantaíTem Rey no-
416 EVA, E AVE
maõ em reconhecimento de Senho-
vo, lhe beyjaíTem o pc.^: a
ra Lry 16 t'ti)p.í. rio. 58 Deita reverente humildade iifoufantamente a Magda-
lena com Chrijio 5 9 em cafa do Farifeo & outra vez có a ou-
:

59 Lx.i.xt. orcnbbaturpdcsejuè.traMaria quando lhe appareceo refufcitado; 60 & procura


hl u^fiu^l fut p.cc'rfto^.i.t. i^n. provar hum douto Eícritor 6 1 q pcdio o Smbor a feu Eta no
X i

^9 CIO pojt meã. Kí- ,• fn. cr zo. Vãy^ & foy fua vontade q a mefma honra fe fi zefle aos Apoílo-
/ ftj:^n.

''""; '^^ ^"''"


Sc a feus fucceíTorcs; & que aílim o profetizara David. Ó2
fl',!:?''"'''r'*
:at)t -íiohmeru E: eí;o gloriam quam"^T
diih mlii Jcd c-s
:
los,
de-,'-
,
, -
Accrelcenta que he obrigação dos rontihces nao recufarcni
i-^-in^r
r

61 P/J«i. a6. Vi. Subjecit nopulosefta honra, pois a S. Ptídro,quearecufava domeímo Chriflo,
é; foa»i.i5 9. ameaçou O jfw/júT que k anão aceytaíle, nao teria parte com
64 .^''?.i«-iv. elle. 63 Pelo que O ApoíloloSaõ Paulo, & Silas a naõrccuíú*

ctl^:^""' "^'"^^"^"'"''•^-""•**Ta6docarcereyro: 64 &


antigamente era coftume beyjaros
6(, isiucf!:ir.r ii!} i.<i e.9,for/»Mí«/pèsatodososBirpcs; 65 de que nos Efcritores lemos muytos

deM.Aí,,^„m/.;.B,y::,.dc.yaffmrd.yí.
exemolos; 66 oquehojefófeconferva no Summo Pontífice.
iem.i%.dtyab,^}^'jihi. aquem maisclpecialmete ledeve em nomc de C/jn/?í?que re-
prefenta, & de toda a Igreja de que he cabeça; com tudo có u r-
banidade humilde põem a figura da Cruz nocalçadoj para cf
o ofculo tenha mais devota decécia.Pois tocamos efta materi:^
pede a curiofidade q d igamos.q o beyjar a mão fe derivou de
q
crendo os antigos que cada parte do corpo humano encerrava
myfterio religiofo: como a orelha dedicada à memoria, osjoe-
6-7 t^.''-iíah.^4irx^t»iall.i..t.'i9. Ihos à mifcricordia, & aífim as maiS; 67 à maó direytaattri-'
'

iram !^Í/^1^?''M '


''^'^P'"^'^"- buhíraó afé; 68 peloquebeyiaramaófeintroduzioporpro-
dcxtiamtet-.íieryr.ani. meíía detc; 69 & OS Mouros quando lallao com feu Rey,
69 i''A/f>;Joía;«;':Mtíír./.8.</ffa<i.5.
temamaófobrsopeyto,fignificandoquelhes faó fieis.
16 Refplandece a grandeza do Sumo Pontificado nas ri-
cas veftiduras do Papa, mageftade com qhe fervido, & pom-
pa com qfahe acompanhado; pofto que também diílo mur-
murem os hereges , como q naó imita a humildade de Chnfio,
Naófelembraó do precioío ornato, Sc apparatoviílofoque
70 Excd-^q íí-f.*pe alibi. Deos ordcuou ao SummoSaccrdote da Ley antiga; 70 aodà
71 2V./.1Í. Bofiu u ii.fg» 49.C.10. Ley Nova, que mais propriamente o reprefenta,
/.
& he feu V'i-
^'7! '^u^r.n^n.
T,;,-,fh<, depotefi gario
,
na tcrra, fc deve muyto majs. 71 OFilhodeDeosfno-
Mcciej.inUídica!uUi',ipa»ifoM,Xxii. tou hum Fíctítor gfavc 72 antigo) tomando a natureza
hu-
mana ,efcolheo o fraco, &: humilde para confundir o forte, &
foberbo: mas naó quiz que a alteza do poder Ecclefiaílicofc
deyxafle de dtfcobrir aos antes ordenou que feu Princi-
fieis,

pado oftcntaíTe grandeza fobre todos,& fc lhe ajoelhafie tudo.


17 Fora dcmafiadamente largo apontar todas as prero-
7í Dew,d'hhahmrh,com>tfstx.di[l. gativas da dignidade Pontificia , ainda notemporal; 73 in>
C-u-'!i-'C!^.u^eii>.-, iv ÇnttMÍ j^ior.tnmd. croduzio'fe chamarfe Papa o Summo Pontifice , por fer Paps
o.jiaer.j.
entre os Latinos interjey çaó admirativa da mayor, & marav i-
c
p 4

Ihofa grandeza, 74 quenelle fevè; pofto que alguns imagi-


74 ^nto,>Ndnp>.fia,on,
nem que das pnmeyras fyllabas com que em breve feefcrevía
,

chamarlhe Pater Patritm, fe derivou efte nome.


18 Omcfmo rcfpeyto fe vio nos infiéis, &
mayores ini-
migos. O
cruel Atila R.ey dos Hunos, q chamandoíe , Açoute
</eDíí)j,vinhadeftruindoomundocomfetecétos mil homés,
PART, II. CAP. LVIIT. 41/
inveftiaRoma-, fahio.lheaoencnnrro o Papa Saó Leão Ma- ^
gno, armado invencivelmente de fuaaurhoriddde, &fiilIádo- A^
IhcjOperfuadioadeyxaraemprezaj&reLÍrarre deltalia. He
verdadequediíTeotyranno,qaoladodoPontiace vira dous
homens venerados, que o ameaçavão comefoadas: entende- 75 lllí/lMi.Potítificp.i.

fe que eraóSaó Pedro, &Saó Paulo 75 porém obrou Deos


;

pela peííoa do Pontífice, 8c magcílofa dignidade.


19 Qiiaíiomermofuccedco ao Papa Zacharias, apVi.
cando a Rachis que vinha armado contra Roma & o perfua-
>

.dioa nieterfe Mon^e no Monte Caílino. 76 ,


?^ Sco2,i.n'i'.cp.f}h;í!Mitirmd Ee
20 bobreorelpeytocom que toaososrnncipeseícrevem
ao Papa, me contou em Inglarerra hum Embayxador de Hol-
landa chamado Joachim, velho de grandejuizo, que para cer-* *-
to negocio fora neceíTario aos Eílados Geraes efcrever ao Sú- ^
mo Pontifíce; &C confultando a forma, refolvèrão que náo po-
di.lo deyxar de o tratar por Snutidade,^ que no alto do papel,
em lugar de porem , SanBiJfifm Pater, puzeíTem hú S, & hum
P, crrandes para que fignificaííem , ou, SanHijfirm 'Pater , ou,
,

Saltite >n plitrimam^ como elles queriaó entender mas como no


j

corpo da carta era o trataméto por lí^^í/íiííí^^, mal disfarçavão


no S, &: P, o mefmo íentido. Allim efcrevèrâo , & difíe que a
elle, que era hum dos Eílados, fe còmetteo a nota da carta. Do
Romano Mário felè, que depois de triunfarfete vezes, foy
condenado à morte, ôcefpantou o algoz cora amageftadefeti
roftoj mayor he a mageftade que aufente , 8c fó imaginada fc
faz refpey tar de todo hu m Senado inimigo. ^^
21 FcliciíTimaErcrella foy aaíliílencia da Virgem May^^^^
primeyra pofle que do
íiaquella Summo Pontificado tomou '"^ y"

S.Pedro.

C A P I T V L O LIX.
Como defceo o Efpirito Santo ,&foya Virgem San^
iijjima jtniuUrmente ilUjlrada%

l "T? MJerufalem, entre orações continuas, i quefaziaó j .^^


B*^^ no Templo. 2 efperava a M^íy^/r^e?», com os doze % ucJ-^^nf^.
Apoltolos(porqjàeftavaeleytoMathias,comodiíremos,} 3 ) Noc^preceãe-,itn.\.^ã.\.4n.\6.

&comosmaisDirc-:pulos. entre os quaesnâo faltava a Mag- \ ZX:';:!:^::^:::^'.


dalena, 4 zv'mà2.àoEfpintoSanto,(\\xtChrifio'gxomGXXh^2..ts.i(>.z^ x6z.^ã.i 4
* Nuephorhift. ^cuj u.e.z.noprine.
5 Atèq na manhã de DomingOjdecimo dia depois da glorio-
«i* M"-"}- ^51.».$.
fa Afcenfaó, às nove horas, eftádo juntos no Cenáculo, 6 di-
tofo lugar de tantas maravilhas, 7 (dizo/^ííí^C/jr^/^ídehum
muiro efpiritual Author anony mo da Ordem dos Pregadores, ji

*
»V q recitando a Senhora aquelle verfo de David: Emitte Spiritum"^^
• tuii é" creâbuntuTj
, &
renovabtsfaciem terra ;) fe ouvio de re-
pente hum fonido grande do Ceo, como de vento^queencheo
toda
4i8 E V A , E A V E
tcd?.acnra,S:logGfc;breacabeçaclecadahumdo5; Apoftolos,
t Sktphor.fu^a.
Scdifcipulos 8 apparecco hfia linguacoi-no de fogo: todos
ícàraó chcyr s do Eí pirito Santo, & conieçàraõ a iallar em va-
j t/rf(S.i.ifr««c. riaslinsiíis. 9
2 Com ifto (confideraó os Doutores íagrados ) acabou o
Padre Eterno át nos áix <^i\^r\toún\vx. }à tinha dàdooFdbõ,
para fer Deos humano: agora deo o Efpnito S.ayito^ para flrzero
^, . homemdivino; 10 pareceo-lhepoucoentregaro77//:>(7,pàra
,

notat p.Fr.MXdo ScpT.cho.licpyf.ef rcmir OS Icrvos, Icm dar


o tjpinto òanto , para adoptar os ler*
firit.c.xinx. vosemfilhos.il AtodosofiereceoEfpirito, dequedeopn..
" "t ^'^'?s aos Apcftolos 12 hc Pay mais liberal em remediar,
Pa;.;iííS'S£í "Í'iS^í' t<^- ;
q
dimerít íervirn iiifiai. t u s/ititum
: os filhos prodigos em fe deílruirem. 1
3
Saudum.u. fervum ad.puict ,u F.i:um. ^ |^^ |-^ compriaó cincocnta dcpois da Refurrevcaó
j^^^|^^>

cuius hod.e ptimit;as dcd:: Acoítolis , ç;loriola,em q a obra da íCedempçao do mundo lora acabadaj
eftcrt uiiiv. riis.
&: comoaoscincoentadias da liberdade do povoHebreo do
Exod-ii*
Egypto, Gera Deos a Leyeícrira no monte Smai: 14 aos cin^
coenta dias de nofla liberdade do peccado original, no monte
Sion(qhejerura1em)allumiou, & confortou mais csPrè^a.
1) mephcrÍHpl.ue.iz. dores da Euangelica para a promulgarem. Niceforo,i5 cc ou-
tros Authores daó outras razoens deites cincoenta dias ; & fe-
rem dez depois da Afccnfaó, mais profundas queanoífaíim-
plicidade com qefcrevemos para todos. Com nome de Pen-
i6 Nelrti}.inD!ã!oH. í^f(9/?(? , q fignifica O numeroquinquagelimo 16 dosdiasjcc-

lebravaó os Judeos aquella feílividade (a que também chama-


váo,das fere hcbdomadas; ) Sc nós , pela mefma fignificação^
damos aefta o mefmo nome. Jànotempo de S.Paulo fecele-
*
SVij.ióT^* brava, como parece do que efcreveo aos Corinthios. 17
IJ
4 Como a Ley no monte Sinai defcèra com trovões, 18
também agora fe ouvio fonido grande do Ceo era mcílra que
;

15 jfai 6 ^.Evif^iti.i.it. Deos coftumava dardefuaMageftadc quando chegava; 19


("de quefó nãoufou qjiiando veyo no ventre da F/>^^«/,porque
alli tudo foy fui vidadei&aílimcahio manfamente,comoor-
valhofobrc vellodclá.) 20 Masaquellestrovocnstrouxeráo
Ti £^?t6.Tim^,lcpopnlus.'
^^ Exodjup.ii E:iu;ucumMismons rayos, q atemorizàraõi 21 efte fonido lançou linguas de fogo,

''M"!iS:>«fcu.íc.jugun. ncumíua-^"^^^^''^^^"^?''-
^quclla Ley foy tcrribel
; 22 eílahefuave;
,çeft 23 como também aqueílaefcura, eftaclara; &: aflim entaó
^^ Exodd.c.i9 Kj.Nubcsácnfiffima houveniivem 24 que cobrio, agora fogoqueallumiou.
opcriíc Eocnicm.
^ p^ Efpirito Santo receberão aquelles congregados gra-
4(,a„ 14..^;.
Ç^s, dons, Sc efFey tos ineífaveis, còforme a capacidade, & pre-
sa RkhtidcUwfy^r^.u.art.ié ;^- paraçaó de Cada hum, nccefildade da Igreja , &'difpofiçãodir
ih^^s ... v,y<. .í. Cr>,.// í ^o a.;«míj. ^ j,^^^ Aquella foy a Aula em q os Meftres da Fé na mefma ho-
c.t 7 ,..fii.i'.Fr j levh de jej .4 r. «« vi-
fa aprcttdcrao , & le graduarão Doutores [de quanto era necef-
àadipefm^:Sc>ihviíti.<^.:.i.n.i.. fario para pregarem, convcrtcrem, &
govemarem. 25
Z^K 6 A Virgem A/<3mrecebeomayor abundância de graças, "
• & dons que todos juntos, 26 allim como era mais digna, mais
capaz, &com mayor preparação que todos juntos: ficou hum
facrario do Efpirito Santo y em que fe recolherão juntas, & com
modo mais excellente todas as graças , &: prerogativas re-
partidas
,

PARTE 11. CAP. LX. 41?


partidas nos mais ; aíllm odizem os Efcritores cómumente. , „
17 Fr. Manjo Sepulchro na Rehye.
,
•'

f, V j j 1 A. ^ iT eí»
,
\jjí
Forem hum moderno douto 27 advertio que eítava ja aj^, ^•'
^^^^ .^,^1^;
j

tam chea, &


?//?í,7V2 &
confirmada em graça, n^s grátis d atas ^
que pouco rcftava que lhe augmentar em fubítancia: qucfómc-
tefe lhe poderia accrcfcentar algiim rnayor conhecimento do que
tocava ao eftado da Jgrejafó' pMcaçao, & apraveytawéío da Fe.

C A P I T V L o LX.
Jl/fara^ilbas c^ue obrarão S. PedrOy Qfos mais Afoflo-
losy Qf Díjcipulos , logo que o Efpirito Santo defceo
a illuftràlíos . Toca^fe a converfao do Centurio Hef-
-panhol , (jue Cru^for Fdho
confe^ou a Chrifto na
de Deos ; Qf ado òoldado Longmnhos que deo a lã^
çaduy com feu martyrio. ^rata^fe da converfao da
mulher de Pilatos ; Qf o que/e di'^do mefmo Pilatos.
1 ^^ Heyosdo£//7m/í? os Apoftolos, & Difci- ^y^wííi

\^ línguas, como o ^/pmíÉ» lhesquediftavaj


pulos diz o Texto fagrado
j começarão a
búaque
fal-
Coeperunt loqui
lar em varias i ^
v^"^* 4. varijs
p'"cusSanausdabatclo.
íofallavaó tinha eíFey to de varias, parecendo a fua própria a cJuSS.^"^""'
cada hííadetodasasnaçoensqueaouviaô. Para impedir a fa-
brica de Babel, de húalingua fez Deos muy tas: 2 para fabri- x yidefupr.c.4.H.i.
car a Igreja, de muy tas linguas fez húa fo entaó com muy tas :

línguas ie naó entenderão os homensj agora com hCia fe enten-


,>dèraótodoSiporque o peccado confunde oentender: o ferviço #
de Deos facilita o mais difHcultofo.
2 Com zelo , & fervor celeftial fahiraõ logo pelas ruas de
Jerufalem publicando as grandezas, & louvores do Senhor. A
fefta do Fentecojles q entaó fe celebrava , era ,das mais folénes, .wx^i r
em q de V iaó todos de quaefquer partes ir ao Templo de Jeru-
falem; porq ainda que onde vivíaó tíveíTem fynagogas pa- i ^'ííer»offupr.c.p.n.u
2,

ra orar, & aprender, fó no Templo de Jerufalem facríficavaó;


pelo que fe achavaó alli muytos nafcidos em diverfas Provín-
cias, aonde, ou a mercancia, ou as dífperfoens, Sccativeyros
qpadeceoaquelle povo, haviaó levado feuspays, ôcdasmef- «\.>«Kva is :

^''
mas partes fe achavaó Gentios, que ou o commercio,ou outras .^'^fT'^*^
occafióes haviaó trazido àquclla Cidade , qeràhum dos ma- *V!'4^
yores empórios do mundo; diz o Texto que fe achavaó alli
A Parthos,Medos,Elatas, Mefopotamios, Capadócios, Pon- ^ ,„„^,,„ ,, / 'íílfiVC.^
ticos, rhrygios,ramphilios,tgypcios,Profelitas,Cretenfes, >i.\>^V.w -, ,

Arábios, Romanos, Africanos^ de todos eftes, &" dos Hebreos


^ concorria multidão innumeravel às vozes fantas daquelles ze-
lofos Varoens ; pafmavaó de ouvirem fallar a cada hum delles
no mefmo tempo as varias linguas em q todos fe haviaó crea- f.>v'->'-'i - •

do,6cnaófabiaóaqueoattribuilTem,
3 Entre
43° ÉVA, E AVE
.^^^ 3 Entre efteconcurfo admirado, levantou mais a voz S.
Pedro, d'cntre os outros onze ApoftoloSj & fez hiima pratica,
ou fermaó tarn efficaz jquc em aquelle dia íe converterão quaíi
, , ,
tresmilpeííoas: & nos feeuintesmuytas mais. Em outro tem-
,

.A po nem por homem conhecera a C/-/rí/fí?: 4 ja agora o publi-


cava por Deos; porque o Ceo lhe infpirava valor.
4 Nella occafiaó fe confirmaria na Fé o Centuriaó, a cujo
5 M.uth.% 6. fervo fárou Chrifio em Cafarnaúi 5 & o outro que o havia re-
6 iVftfíí.17.54 iWjrc.i 5.}?. ÍHC. 14. conhecido por Filho de Deos, quando vioosprodigioscom

'*'*
Dextera-.. chúH- }4. é* 40. ubi p. 4"^
morréra na CruZj 6 ambos os quaes eraó Hefpanhoes, &
Btvar incommrntís- foraÓ SantOS. J
5 Também ou entam creria, ou fe conformaria o Soldado
Longuinhos (que alguns mal identificaó com o Centuriaó}
que deu a lançada em ChriJlo]i morto , de que fahio fangue,
&agua; 8 (Scdizem, que correndolhe pela lança aos olhos,
8 ?<»á«,i>.)4
lhe reftituhio a viftaquafi perdida. Efcreve-fe quefeajuntou
aos A poftolos, &: feria nefta occafiaó. Nogloriofomartyrio
que depois padeceo em Cefarèa de Capadócia, fe lhe cortou
9 V.Fr. Diogo do Kofar. no Fios Sana,
^ linguij & fcm clla fallav a louvores do Senhor; 9 my fteriola
tidades Lon^uinh. í^ Brrv. iíratW. «c allufaó a fe havcr corivcrtido ou confortado com o milagre
,

Ebounj,,& cuudto àí^ta.


jas varias linguas.
6 Entaófe converteria também a mulher de Pilatos, que
10 Dexter.d.an.^^. Flavio Dextro IO poem con Vertida nefteanno trinta 6c qua-
n i{eferi Baron adan. Domini J4. trodo nafcimento de Chrifto. Facilmente fe pôde crer fua có^
11 Mitth.tj.i9'
verfaó , pois ainda q alguns Doutores 1 1 cuydàraó q a vifaó
que teve na noyte da Payxaó de Chriíío, 1 2 fora traça do de-
n j i , .
r r. H monio para impedir a morte que nos havia de falvarj muytos
lar.can. n.chryfojl.CT cyiHj>Mpuíi B^var, ^^"tos 1 3 a fivcrao porcoufa do Cco. Dextro a chama LlaU'
fuf cmmtnt. <

''''''"'"
.«. x. diã Proculã; & alfim a chamou tábem o Euangelho q efcreveo
W/^Jf
"^''•^^"''' Nicodemosi 14 oqual poftôq naófoyapprovadopelalgre-
1^ i{efertLuc.c.umprinc. por fcr dos q feefcrevèraó 1 5 fem o Efpirito Divino, i6q
ja,
"^"""'"'^''^^ "/"'«'Tw. com.
fomente aos quatro Euangeliftas fagrados c5 tudo na
„i aíTiftio :
ji/l/zíf
admitte como teftemunha daquelle tempo.
hiftoria profana fe

17 D.Pdui.iadTimoth.^.infin. Pódc fer quc foíTc a Claudia de que S. Paulo faz mençaó em
1% i^ideiuprac.^o.n s- carta a Timothco , 17 pois ha concordância no nome, & no
^^^p.B,^.ard.car^cnt.comm.nt I--
tempo.' & OU viuva. OU apartada do marido deftcrrado, 18
10 Temllía>i.in^poiof>. viviria em Roma, onde a carta foy efcrita. 19
^^^^^^^^"^^"''"•^•'^"""/'"'f"'"-^' 7 A Pilatos chama ChriftaóTertulliano: 20 S. Agofti-
11 Salehic ^Htid 7./.I. "ho 210 conta entre os que fc falvàraó : Sabellico diz que he
15 p./ífwy m/í(wr/>í«/.«or 1./. provável: 22 refere-o o Padre Henriques j 23 &: o Padre
/>.

'^•:;,rp7l!;'^^^^^^^^^
nota ^
qacartaqueelleefcreveo ao EmperadorTi-
Z4 p.Biv^iradDtxtr ãH.^i.commeniar. ocTio fobrc as virtudes , & milagrcs dc Chri(io , parece mais de
n,iy>erfextdi. ,
Chriftaô, q dcGentio. A mifericordia de Deos a todos admit-
te. Se elle alcançou tanto, devia fer nefta occafiaó em
q a tan-
tos converteo aquelle maravilhofocffey to da defcida áo
Ef-
pirito SantO; porq nefte mefmo anno 34. de Chriftoy diz Flavio
** " '"'''^* í)extro,25qelleferefolveoaefcreveraoEmperadoramorre,
& milagres do Senhor ; & além da carta parece que fez aftos
publi-
M "

PARTE II. C AP. LX. 431


públicos da matéria, os quaesallegaSaójLiftinoFilofofo, & ,, D.<fu[}n,.Áf nyr i„ ,jf>oic^.,ro
Martyr infigne, na Apologia 2Ó_ queoífereceo ao Emperador Rt/ís> chr Hx-cita geitatdc. tí;,^.n:í"ac
António pela Religião Chriftâ.' Ou enviaíTe a carta logo ao qu->=íubPiiacoiumfu.-pu,po-
JJJ^'^'
Emperador, como cuydaBaronio: 27 ou dilatafleenviàlla 17 CarAi.Sjrc« «-.«.; ;o.
atèoannode^S. conforme ao mefmo Dextro, Orofio,Eufe- ^^ Dcxtera^ s%.oro( 1.7 f.4 Eufeb.
bio, & outros Authorcs, 28 por medo dosjudeos, ou do,:l7,^X/^'^«''2i'.;JÍ:
mefmo Emperador ; baila haverfe rcfoluto a efcrevclla na- <v raUDexir-iUn t.
quellaoccaliaó da vinda ào Efpirito Santo , para fe verem as
maravilhas que ella obrou. Epoftoqeracoftumeefcreverem
os Governadores das Provincias aos Em peradores as coufas , „ ,„ ^,. , . ,.

notáveis que íuccedeílcmnellas, 29 para que de tudo tiveí-,v,|^^;.,„j.


'^

fem noticias, êc nenhuma houvefíe tão digna de rclaçaó como v^ ^(trtur ? o o «lor /;;«,iafi «if

osíucceílbsdean/?.; Pilatos os refbno de modo , 30 que rf:;^':t:rí;^íí:;;ÍXi:::


Tibério o quiz fazer adorar entre os Deofes; &na5 fe effey- Mo-mrcb Ecdefp í.c.zo oivroin-
<> 5

tuando, por duvidas que fobre iíTo teve com o Senado, ( o que ""'«'^''' ^•(^'"ío '"nua a /.«///<, fudui-
"''^'
he mais certc ) por Deos naó querer aquella honra vã, mandou
que os Chriítãos foíTem permittidos, com o que fedeu grande
lugar à pregação Euangelica , & crefceo muy to por todo o 3 £^ Tfmliian.m ^polog.Nicephsr.
,

mundo aChriftandade. 31 A carta dizia aflim traduzida do ^


Latim:

^oncioTilatOf : AClmdioTiberiOy Saúde*

HApoucotempo aconteceo Çoqífeeuvi) qne os Judeospor


odio comhiia condenação cruelfe matarão afl^ ó- afuapo-
jtrriaade. Porque tendofenspayspromejfa de quefeu Veos lhes
Viandaria, por hua Virg erfj,feu Santo Filho, o qual com razàofof-
fe chamado feu Rey; a efie em mmhaprefença mandou a Jmea.
E vendo elles qtie dava luz a cegos i alimpava leprofos, curava pa-
raljticoSi afugentava demónios i refufcitava mortos, mandavafO"
hre os ventos .iéf apé enxuto pfíjfeavapelas ondas d o mar , ò" fa-
zdaoutrasmiiytas coufas maravilhofaSi cr todo opovodosjudeos
diz que he Filho de Deos : os P) incipes dosfacerdotes levados de
invejofoodio contra elle, mo entregarão, mentindo falfidades, dif
ferao que elle eragrande , ó" obrava coritra afia ley. Eu cri q ité
erã ajjim, ér o entreguey açoutado, afeu arbítrio. Os quaes o cru- '

cifcàraÕ, &puzer ao guardas nofepulchro: mas elle Çefando-o


guardandofoldados^ aoterceyro diarefufcitou. Porem, acendeo-
fe tanto contra elle a maldade dosjndeos , que derao dinheyro aos
mefmosguardas paraque dijfcjfem que osjeus difcipnlosfurtarão
ojèu corpo: mas elles, nàopodevido callar o que pajfára, teftemu-
iiharao que elle havia reffcitado, ó" que viraÕ vifao de Anjos: éf
que haviao recebido dinheyro dos Judeos. Efcrevi ifto para que
,

ninguém cuyde outra coufa, crendo as mentiras dos Judeos,

Nn C A.
.

43t EVA, E AVE

C A P I T V L O LXL
Cúwo a Virgem Senhora rjoffaa/Jifliortop-meyro Con-
cilio q^e a Igreja celebrou : Çfffeda noticiados
que tem havido geraes Qf das pimipaes
;

particularidades delles; Qf das Qida^


dss em que for ao celebrados,

- I *!) ArâMcftrcsdâ Religião, além dos ApoftoloSj t


íAmh.it.\%o-
^ ^^
10.
I
Jj~^ deyxoLi Cbrifto os Sagrados Concílios, a que
j^Q^

% D.l[lmt[cpiiu /orti.Noíttaeho-promctreoafliftiri
flf/ 2 Separa fomentar o Santo Collegiodey-
V2:R<:IigtouÍ5'> & paiiuaicix eltmagi.,^^^^ ^ ^y^-^^g^pfi(]]n,^^q^^gQ3 Y)oyfQj.ç5 ^ chamaÕ
Illumi-
ÍÍL d,co.ien,phuc,:e Kr^ t-v ^ "^ Hadora, Mcítra, & Promotora da Igreja nafcente.
D..^n:o>in <^Pfum.ii:cu.n.íit.i7. 2 Aíllftioa^c^?zÃí?r^,comoprovaóRuperto, 4 &: outros
D.,^/r.^.^m6.d.A^-.ir.^..J/i«.
Authores, 5 ao primeyro Concilio, que S. Pedro rdepois de
i.^TH.^. outras Gongregaçoensmenoresj celebrou em jeruíalcm 6 no
4 ^vcort V^''''''^''''-'/^''''''''''^*í'-anno5i.ourrosdJzem48. doNafcimentode ChnjTOy 7 em
"'*síís1'lT«'dDSÍ^^^^^
dacircumciíaó; era certo ficar
7 «.7. tudo fuave, onde a Virgtm aíTiília poílo q o herefiarcha Pau-
,

s^d.iví-
^^ lo Sarflofeteno pelos anncs 269. quizfufcirar aquella dura lev.
<5

hífi. a'ri»iord E ckf.p.i. Lx-CT in cbro- 8


Lncaminhcu a yngcfn a reícjuçao 9 como que pelas pro-
,

'r.oip.x. Viàe p.Biv/.rccm. adDextr.àtt.


[^qI^^^ pclailluminaçaó , & pclo trato conhccia a vcntadc do

^^''s 'sEi!,^I£r^f'6i. s. ^ug, h^f^


Fi^ho; & O mefmo fuccedia nas outras juntas que os Apoílolos
44- faziaõfobre alguma duvidaj 10 adverte hum Efcritor^rave
^' [''^^Y^f^'''''^'^^'''''^'^'''' ^^ queS. Lucas o não declarou nos Aftos, por naõcccaUcnar
10 Cii'n'D.!:'cry--:rd ferm.4 fuperUiíías introduzirem-lc mulhcrcs em conferencias fcmelhantes.
cH:.^..*;- meà.Mckkor dt Cajiri) hiíi.Virg.
^ Dcpois fc fcguiraõ muy tos Conciiios que pela mayor
,

*'n '^p.Fr.^ofcpkíiitr. parte fe ajuntarão contra hereges, & com aquella doutrina de-
%) rivada os confundirão; ao que parece allude a Igreja Catholi-

1 í Canais hxrcfès (eh interemifti ta chamádo à Virgem Extirpadora detodasãsherejias. 1 2 De-*- >
iiuinivcrCo mundo. D. Bc^n.rà.jamde^^^^^^ '^
CoucíIíos scraes falem de muytos provinciaes ) lo
la cnimcontiivicuiuveríam haeiecuam temleguido iclizmentecom authoridade dos bummosron-

iiaviutcm. tificesjdepois que pela Chriftandade do Emperador Conílan-


tino Magno teve a igreja liberdade.
4 07V/ímoI.naCidadedeNicea 15 (emqueentaõera
15 Hihtur in^.tom.Cor.cil.pí!X.m}h Bifpo Tlicognis) mctropoli da Província de Bithynia em
^
Afia; a qual Cidade fe chamou primeyro Antigoma , pela fun-
'm strab /.li. piin ub <,.c.iuPtoim.
l.s-c.i. dar ^«í/^Wió» filho dcFilippe : &
depois Lyfimaco a chamou
I s Enfch. in ckron. an. 514. Dcxttr in
j^-^^^ ^^ ^^^^ç, j^ ^-^^^ niulhcr filha de Autipatto. lá. Eufe-
lí Baroj-.atM^. bio, ôcrlavio Dextro 15 opoemnoannodeC/jr///í? 324.Ba-
^ ,;/?í, /•/.//«/ hiji in ciroioLai/H. optf. ronio 1 6 com Morales , & o Flofculo das hiílorias no de 3 2 5

^j'7 cliiodòríhot Í.Ss. Caíllodoro 1 7 o eftcnde ao anno de 3 2 8 devia nafcer eíLi pe-
.

18 JV;Vc/;W.í);;i.£cir///.8.c.ií.(id/í».quenadifcrepanciadequefegundo Niceforo, 18 durou três

annos, & declara efte Author Grego, 6c muy to chegado àquel-


le tempo , que começou no dia undécimo de Mayo. Foy con-
vocado
PARTE ir. CAP. LXf. 435
vocado pelo P.ipa SíoSylvcílre que por fua miiyra idide, 19 Thfodj.i.c.^.
;

náopodeirdeRomaaíiiftir pcíToalmente 19 raleunsEfcri- „,*° ^^«>'»cn.mh!i}.Tupart.!rh-i,cA.


torcs 20 o eqiuvocao mal com bao J ulio que lhe lucceaeoj Concu.bib<:ur ^rm.tm.uQsr.cdioL
, ir,

depois de Saó Marcos, que fó governou nove mezes-, ) porém


mandou Saó Syl veftreem feu nome a Vidtor (que outros cha-
maó Vitus,) & Vmcencio, Presbyteros Romanos. Como naó
«eraó Bifpos , naó prefidiraó. Phocio Patriarca de Gonílanti-
nopla 21 diz, que preíidio Alexandre BifpoConftantinopo- xx ^hofm uhi poximK
litano; não fey donde fe prove i antes Sócrates na hiftoria Tri-
partita 22 refere que elle, por muy to velho , fe naó achou
*2- •^"'-í'»^''/^-^'-'Í"ír/.i.i.c.i:

prefente, mas por elle alguns Creyo a Flá-


feus Presbyteros.
vio Dextro, 23 que aííirma que preíidio Hoílo Hefpanhol t} Dexí.í/.fl».ar.3t^;

Bifpo de Córdova, porque na fubfcripçaó do Concilio fevè


que aíTmou primeyro que todos , & logo abayxo delle os ditos
Presbyteros madados pelo Papa,antes de todos os Bifpos que
depois adlnàraó dandofelhes efta honra , poílo que naó tive-
i

raó a total prefidencia por falta da ordem Epifcopal A Hoíío .

feconcedeo celebre fobre todos em virtude, & letras, comoaf-


íirmaó os Efcritores com infrgnes encomiosj 24 & aíiim teíle- *4 Hin.Tripirt.UhA.cap.-io. iHprkc.
numhaahiaoria Tripartira, queprer.d.otambem emoutros ^"'^r;^:'^^^^^^^
Synodos, que houve em feu tempo. 25 Depois íorçado com pnw.
tormentos pelos Arrianos, 26 moíirou quam pouco fc pôde ^"i "^^'odor.inhifí.Tripart./íi^^
liar da tragiudade humana òC que os grandes talentos íaotri- ^
j

Porém , tornando em fi , padeceo deRerro


butarios a quedas.
pelaFèCatholica, 27 ôc noannode36o. tendomaisdeceii- ^7 Theodoretfifra',
^^ ^^^'^^''''^i^O'
todeidade,morreofantamente, 28 fem embargo das calurn-
rias de alguns Authores, (queporfiallegaóhúaauthoridade
fuppolla de Santo Ifidoro) contra as quaes o defendem outros
muyto graves, 28 accrefcentando que a Igreja Syriaca ceie" ^i CumSaron.cralijsP.Bivar^com-
hr^.vs. fua fefta a 5 de Novembro. Acharão- fe nefte Concilio «^'"•«'^^«^''•M'».!.
.

318. Bifpos, & outros muytos VaroensilluftresemletraSjSc


íanridade; & aíliftio com elles o Emperador Conílantino Ma-
gno por fuagrande piedade Chriftã,quafi ao vigefimo anno de 19 Nicefhor.hiji.Li,c»i(,.adfni
feu Império. 29 A elle foy chamado Arrio natural, Pres- &
bytcro de Alexandria, &
convencido por S. Athanafío, (" q fen-
do Diácono da n'>efma Cidade, acõpanhava feu Bifpo Alexan-
dre, a quem fuccedeo) foy condenada fua hereíla & fe defdif- ,

fe cem medo do Emperador. Mas tornando, como cão, ao vo-


mito, morreo, lançando os inteftinos com novo, & torpe gc-
nero de morte. 50 Alli fe profefibu o Symbolo da Fé. zi 'f ^íf "' t'^-^'*/'*":; , ,
X irmou-le o dia em que le havia de celebrar a raícoa , no qual merfuh)^p. ad Epi/c.Catbo/ic.de ^rnU
não concordavaó todas as I^rrejaS} 22 &
para melhor repra '"^'"'^'""' '• ^'"«•'^''""'•''"" ^'i^fumi
A
Gúto IQ invernou 2. corLt2i do n?e O ?mmsr O i 33 &
decretarão- \x sktphvr.iic.rAtàpt.
ícmuytas coufas do bom governo Ecclefiaílico. Quando no i>iílàsr.inpr4 ad opus Ccicii. hibeturin

fim feaflinàrão os ados, eraó mortos dous Bifpos, Chryfante, i-'^'«Ç°«f«^F''^.«*''o


oc Mulonio i os mais Padres lhos levarão a lepultura &c lhes EccU{j.i.aã ,
f».
> diííeraó que pois jà illuftrados com o efplendor da Trindade *
, èi

SantiíTima.viãofemobftaculo q aquelles decretos a que aili-


Knij ftiraa
454 E V A, E A VE
Itiraócraõverdadeyro';, quizeíTemallinallos-, Srdcyxàrloalli
o papel .-tornando no dia leguinte, o acharão aUmado por le-
^f tra de ambos, d izcndo Chryfante^ é^ Miifonio que com os Pa~
:
,

(iresdofrimeyroSynodo Catholico Ntcem havemos confcntido,


poflo cjíie jã pajptdos do corpo com tudo fobrefcrevemos com no (fã
,

Kf L.jí.,.."" Wúpriamao. 34 O
Papa S.Svlvefl:reconfirmoutudoporref-
cripto que anda noími do meímoConciliOj 6c no primeyro
Canon do Provincial, que pouco depois prefenteomefmo ,

Emperador, celebrou emRomacom 27vBirpoSj nasTher-


mas Domicianas. :55 No tempo que durou o Concilio Ni*
^'=n° contentou o Em perador có grandezi todos os congrega-
\l ^ZtiilPi:^^"^.^
í^n.ex ãufeb. dos, 36 8c HO hm delle lhes deu à fua meia hu elplendido ban-
quete. Vendo a muytos com membros cortados &riiiaesdas j

$ feridas Sc outros martyrios das perleguiçóes pafladas


, cheyo ,

^ dedevoçaó, as venerou cóofculos, 8c a cada hum pedia a ben-


4. çaó. Acabado o banquete lhes rogou quizeíléira Conílantino*
pia, q havia treze annos começara a fundar paraque com fuás,

pfefenças, &c orações fantiMcaffem a nova Cidade. Obedece-


rão à petição: deftinàraó dia feftivo, em que celebrando MiíTa
foléne, chamarão à Cidade, Nova Romã, ér Conflantinoplalm-
* perante i^-xácá'\ch2iõàví7'gem May de Deos-,noç\\.\cÇç,mo{^tà
^ a fé com que aquelle fagrado Concilio teve a Senhora por Tu^
^ telar. Era entaó alli Bifpo Alexandre. De Conftantinopla,
banqueteados de novo pelo Emperador, & com amplas ordes
7 Nkephor.à-i.t.ci6.
^ favof da religião Cathol icajfe foraó para os feus Bifpados.3 7
^ Segundo Concilio geral foy o Conítaníinopolitano I. na
Cidade de Conjlantinopla, Província de Trácia, quafi fundada
de novo peloEmptrààor Co/iflantino Afagno, de quem felhe
deoonome, como agora diííemos, fobre a pequena Cidade
^8 Geor^. Brjun. in civil, oríis tom. I. chamada Bizãntio, ôc ArgGS, que havia fido fundada por Pau-
indke. yiK conii^inf.n.conrad. Gcjner. in ç^^[^^ '^gy ^qj Spartanos. 3 8 Cclcbroufe no anno de Chriflo

^^Pixmosnai.f.c.í<^.n.i9. 38 1- com authoridadc do Papa S. Damaio Portuguez, 39 &


favor do excellente Emperador Thcodofio L achandofe nelle
150. Bifpos. Confirmou os decretos do Niceno: condenou a
herefia de Macedónio Bifpo da mefma Cidade.-prefidiraõ nel-
le Timotheo Bifpo de Alexandria, Melecio de Anriochia,Cy-
rillo de Jerufalem, &: Nedario de C^onítantinopla^ ôc depois o
40 Hotm Patrianha Confiam, fupr.
^^^^^^^^^^ ^ p^p^ g^Ó Damalo. 40

t Plin hi(i
\ CX9
^ Terceyro foy o Ephefino na Cidade de Ephefo de Jonía
,

\uliif$i.i.' "
'
ProvinciadaAfiamenor, fundada pelas Amazonas, 41 cele-
41 Suj-y.c.é.n i<ç.
du.ep.a e/^
I^j-g pelo famofo templo de Diana , 42 & muyto mais pela
4} .
p de'Sa5 Paulo. Foy convocado pelo Emperador
cpiftola 4;
TheodofioII. porauthoridade do Papa Celeftino, que por
iiaó poder iraelleporcaufadolargocaminho, & navegação,
commetteoa prefidencia em feu lugar a Saó Cyrillo Bifpo de
Alexandria; donde rcfultouarrogarem-fe os Bifpos feus fuc-
ceflbres algumas preeminências como de Papa ; &: aventajan-
dofe a Patriarcas , exercitaò hoje muy tas hereticaraente. Co-
ineç-oufe
PARTE lí.CAP.LXr. 435
meçoufe ao? vinte de Julho "do anno de Cbrifio 4.3 í. A íliiliraS
duzentos Bifpos-, aos quaes, depois de SiióCyrilÍo,preudiraá
também Memuo Bifpoda mefma Cidade de Ephefo &: Juve- ,

nal Bilpodi Cidade dejerufalem. Condenou as herefias de


Ne íl:orio,Birpo de Conilátinopla, que fendo chamado, veyo.
com grande tau ílo , mas em breve difputa o convenceo S. Cy-
jillo. Pertinaz niorreo defterrado em Oaíim lugar de Arábia,
com a ingua comida de bichos , acabando priraeyro aquella
1

jparte do corpo mais nefanda. ^4 íT^roTOWfxMff/jW./. 14.^34.,


44
7 Ql.iarto Concilio geral foy o C/m.W<7;í^«/? , 45 em p;,,,,-, p^,,/,,,^. Co^^,,-,, ,p
j^^,.
v^halcedoniãi Cidade da Província de Bithynia na Afia , na foz ConaUn prmip.tom.i.Conciihr.
do Ponto Euxino fundada pelos Megarenfcs , chamada pri- ^f^f/Jf' ^ '* '•'" ^"^^ """• ^'"'^' ^'"'
,

mcyrOjFroceríí^is,depoiSjCompufiyu\úmaméteChalcedon,idem(om'iii^^
diOvioCbalcido. 46 Aiuntoufeem Outubro do annoai^ í. íioJ^s. r. ., . -^

famolo templo de Santa Luphemia, 47 convocado por car- ,,. ^.

tisdosEmperadores ValentinianoIIí.&: Marciano, que am- 4« p//n^5-«"-5*«


bc^s fLintos govêrnavaó o primeyro no Occidente,ò fegundo p^^l^^/,]^]
,
c.i.
fio Oriente; de ordem do Papa S. Leaó Magno, q mandou em coniad.GefnctMonomàfi.propr.nr,m„.
feu lugar Paíchafino^Sc Lucenfio Bifpos,&:^Bortifacio Presby- 47 W^^^vc /«^ gr^indcKaii^ufhTo i,

terojCiO os quaes prefidiraó tatnbéAnafolio Bifpg de Conítan- ^'''^^"phiitmsfi.pTi.


tinapla, & outros. Achàraó-fenelle63G.BifpoSí fegundoPho-M'^fpí'3''/.'4<--i-
^/«'fi>'.^-45'.».ti.
cio'48Nicerorodiz6_:;6.Sca<liftioopiinimoEmperadorMar- 4?

ciano, 49 cómuytos Grandes da fua Corte. Os Ècclefiaftiços


Romanos, Conítantinopolitahos,&: Antiochenosaffentado?
na parte direy ta do templo; os Alexandrinos, &" Jerofolymita-
jo Nicsphst.d.l.l^t-^. it}rincí
nosnaefquerda; os Prmcipes, & Senadores no meyo, 50 Alli
foy díannada a herella de Étitiches Abbade,& de feu fautor Di-
pfcoi-oBifpode Alcxádriavqsquaésdifputàraó taõporfiadap
meafe, que a fé dos Catholicos codfentio que abrindofe o fe-
,

. pulcbro da Virgem S. Eupbemia natural daquella Cidade,


^ &marryrizada naperfeguiçaó Diocleciana , que no rriefmo
^ templo refplandecia com mil j grés, fe lhe offereceííem efcritas
as rar.oens contrarias, para que com algúademonftraçaõjui-
gaííe a verdade. Puzeraó aos pés do fanto corpo, quefecon-
lèrvíivainteyrOí os papeis de ambas as partes. Fizeraó-feora-
çoensem toda a noyte,êí abri ndofc pela manhã o monumento
de mármore que ficara fechldo, fe achou o papel Caiholico
nas mãos da Santa Virgem , que o tinha apertado coín força;
& o herético lançado aos péij como defprezadó. E porque ç^
pertinazes nem com ifto fe movèraó , foraó defterrados. 5 i
ji Nicephot.fup.c.^.
Ordenàraõ-íe no mefmo Concilio outras muytascoufas,&:
fa n tas .•*
8 Foy quinto Concilio geral o Conííáfitifiopolitano II. 5 2 <, i Hdhetut tn t.tom.tàiicil, i f aj». mihi

^^'
naCi'.UdedeCo/;/2í?;>í/í';íí?/?/â,deq fàdiflémOs. 55 Ajuntou-le ^^ij,,.
fobre varias hereíias de Evagrio, Didymo , &
outros que quafi
cm hum mefmo tempo combatiãoa verdade, ajudados deal-
gús erros de Origenesjêí também repuílulava apeítiferadou-
inriude>ieítor)á condenada 00 JEphefmo. 54 Duràraócftas 54 %/.«.«.
Nliiij con- "
45"^ EVA, E AVE
controverfias Pontificados de três Papas-, o S. Ag;apcto para as
aralhar foy a Conílantinopla valerfe do Emperador, que lo ti-
nha poder coa£tivo : Saó Sylverio continuou o
Sc là niorreo.
mefmo trabalho ate a morte; fuccedendo Vigiho fe celebrou
eíte Concilio geral, no qual, pela mayor parte, íe confirmarão
determinações de dous Prov inciaes que tinhaó precedido ío-
bre as mefmas matérias ; donde nafceo aconfufaócomqueos
Efcritorcs lhe finalaó o annoj devia fer até o de 5 54. ou 5 5 Af- .

fiftiraó 165 Bifpos houve muytos Prefidentes os principaes


. : •,

foraó Menas , S>c Eutichio Bifpos de Conílantinopla; o Papa


Vigilio afllftia na mefma Cidade, poíto que naõ entrava nellc;
<5 PhotJHiP^trianh.ConnaHupifiJt masconfirmou todos feus a3:os. << Imperava o excellente
^
DehocConciUoNicephorUrc.i-j
Si
juítmianol. que favoreceo muyto a rcligiao. 56
trts. c) Sexto , o Confiantinopolitano tcrceyro. 57 Convoca-
)7 Hibeturimjom.ConciLà^.7g.i99. vaó-fc entâoos Concilios paraaquellas partes , porquc nellas
principalmente feeítendia aChriílandade , &: affim podiaó
mais facilmente ajuntarfe os convocados; Sc porque nellas fe
levantavão as herefias que fe tratava de extirpar &c concorria ;

opoderdosEmperadores para a execução. Efte fe deftinou


fendo Summo Pontifice Domno mas eíFeytuoufe no anno de
;

680. 5 8 com feu fucceffor Agatho , que mádou por fua pnrte
58 no/Mifi.p.z.c.i.fofimtl
Theodoro, & Georgio Presbyteros.Sc João Diaconojos quaes
prefidiraó juntamente có Georgio Arcebifpo de Conílantino-
pla. Forão prefentes 1 70. Bifpos, & o Emperador Conílãtino
IV. cognominado PagonatOy cô muytos Grades da Cortc.Co-
meçou aos 7. de Novembro & celebrou fe détro do Paço Im-
,

perial, no quarto q fe chamava Tnillo,àódc os Cânones dolle fe


cha.mkrã.oTnillanos. Condenou aherefia dos Monotheliras,
•que havião tido principio em Cyro Bifpo Alexandrino, em &
Sérgio Conftantinopolitano; & as de outros hcrefiarcas. Foy
confirmado pelo Papa Leaó II. fucceffor de Agatho.
,-, . - ., ... 10 Sepúmo i o Ni cen o kmndoy 59 noanno de78r.fe^-
^1/ do Palpa Adriano I. que enviou a elle Pedro Acipreíte da igre-
ja dc Saó Pedro de Roma, & outro Pedro Monge, &: Abbade
do Moíteyro de Saõ Saba; os quaes prefidirão com Tharafio
Arceb.ifpo de Conílantinopla, imperando Conílantino VI.
60 vhothsfupr:^inisqut9fíofcul. ^om fua mãv Irene; foraó prefentes 367. Bifpos. 60 Refti-
hH.p.ucyin^ncàiga^So.
tuio o culto devido às Imagens Santas , quehaviaó prohibido

trcs Emperadores fucceill vos todos mortos miferavelmentej


,

Leão Ifiuro com pezar de infelicesfucceíTos que teve; íeu fi-


lho Conílantino V. chamado Copronymo , gritando de ardores
'das entranhas; & Leão V. filho d^íle, tirando a coroa à Ima-
gem de Santa Sofia , &
pondoaem fua cabeça , as pedras pre-
ii cum Ctàreno.ScogL Catacenf in
ciofasdacoroa feconveatéraó em carvoens ardentes, que lhe
chrt»ioip í.an.i ^i. abrazàrão a cabeça nefanda. 61
//9/:«/.fc</?.d.f.».«J/?^-
II OytavofoyoCí?w/?<7Kí/»(7fto/;/^«í?quarto, 62 noanno
'.ji, de 868. ou 869. (outros dizem 870.) fendo Papa Adriano 11.
que por breve mu^ftoauthenticOj&cheyo de íu prema aurho-
ridade.
PARTE ir. CAP. LXr. 45r '

ridcide, dirigidoao Empemdor Bafilio Macedo,o mandou cõ-


vocar & que nelle preíidiíTem Donato Bifpo Oílienfe , Eíle-
,

vão Bifpo NepeUnojSc Marino Diácono da Sè Romana. Nel-


le foy relliruido o Santo Patriarca Ignacio, &: condenado
rhocio, fereftituio às Sãtaslmagertsocultoq oEmperadof
Theophilo hes tornara a negar fem fe reduzir ao milagre, cò
1
j

queDeos reftituira ao Santo Monge L^z^ro a mão j queelle


lhe paíTara com hum ferro ardente, porque as pintava. Tam-
bém efte Empcrador Theophilo morreo miferavel de pezar> ,

vendofe vencido pelos Sarracenos. Sua mulher Theodof a, q


ficou governando na minoridade do filho Michael, renovará >
t
^J Mf«'»*']fi?.»*<:»4«
piamente aqitelle culto 63 mas oífendido outra vez por he-
;

reges, neceíTitou do novo apoyo defle Cócilio. Confírmàraô-


fe os fcteConcilios precedentes; decretára6-fe outras coufas
fantas ; & no fim afllnàraó primeyro os Legados do Papa .'
lo^
goS. Ignacioreftituido Patriarcha de Confbantinopla de- :

pois os Enviados pelas Igrejas do Oriente: em quarto lugar


CporqLienáoquizrenãoeíle)aílinou o ditoEmperadorBafi*
lio, Scfeusdous filhos Conftanrinoj &: quem elle ti-
Leão j a
nha dado titulo de Cf/^r^^í. E porque no mefmoConciho aíli-
ftiráomuytosPrincipes íeculares, na quarta acção delle lhes
perguntarão os Prefidentes, como, Sc a q vinhaó alh'. Refpon-
^dèrão, que fó para obedecerem, porque reconheciaó, que o
poder, & ju rifdicçáo eftava fomente nos Ecclefiafticos ; 8r có
efta declaração, de que fe fez aíto , fe lhes permittio a aíliftêíi- ^4 ^» Ufpendice ejufdem ConcilJ.tm.

cia. 64. Não acho quantos Bifposforaóprefcntes. ''^''^•^'^',5*9-

^vT ono, T . r J n '^^ Ttt.Liv.Dec.l.l.x mvrinc.ScíCÓ-


ll N í
o Lateranenfe primeyro , celebrado em Roma mum op,„,aó d.z.qu? a fundou Romub*
!

fcabeça do mundo taô conhecida, 8c tam fabida fua funda^^°^"PPoe^ o tcxtdnjz. i f.c/cori^.
^io, 6,- quenácheneceíTariodetermonos em dar delU no-C^ÍÍ;^.«j;.°:V;;:t™í
ticias) no Paço do templo celebre de S. Joaõ Lateranenfe^ an- %
fundada«7 5.annosaiitcs de Romn-

no II 10. nofimdoPontificadodeGelafioII. 5c princípio de '"J'!''^ <ójiengrandeceo) por He(pa-


Câlixtoll. em que fe acharão trezentos Biipos. 66 JNelle \q Mon^rch.p.x.i.lc.b.
eftabeleccraóosdirevtos da Igreja com melhor forma que a i>'°»yí Hatiaima/ inprinc.hij}. Mârmn.
^ ^ ^ ^ h.pM/p.n.u.c.c
iifKlaatèentaÓ
Ulaaa ate então.
n -r 1
-^'^àerafxceUeHefpa^.c 9.^.4.
&
rontihcado Britto,Mo>,arch.Lt,íitLi.c.nQcroniros.
13 DecimooLi3í^rtí«f7z/^II. anno 11^9^
delnnocencioII.prefentesquafimilBifpoSj 67 &
entre ou- 66 FhícuiMp.^x.^.adjin.
tras determmaçoes fantas, annuUou os actos teytos pelo pleu- ' j > •» '

do-pontifice Anacleto.
14 Foy undécimo Concilio geral o Lateranenfe terceyrõ ^ H^betutin j. tom. Cmd. ^ag.mih»
68 no anno 1180. começou no mez de Março prefidindo o 6i6. ,

Papa Alexandre Ilí.a quafi trezentos Bifpos. Condenou a he-


refia dos Albigenfes de quejàfallamos, 69 & difpoz forma
, ^l D,ffemo]%'c.s%.n.s.'
fobre a eleyçáo dos Sum mos Pontífices. 70 7» H^i>einn>ià.}.tQm.tx í.mihi -j^i*

i<) Duodécimo, o L^íÉ-r^wí"?//^ quarto, 71 no anno 121^


fendo Papa Innocencio III. foy^celeberrimo pela concórdia
com que da Igreja Latina, 6c Grega fe ajuntarão mais de mil
duzentos 5c oytenta Preladosjque foráo os Patriarcas de Con-
itátinopla, & de Jerafalemi Areebifpos Latinos j U Gregos fe^
tcntâí
, ^

458 E V A.J^A VE
Bi fpos quatrocentos & doze: Abbades , & Priores Con-
tenta.'
venruaes mais deoytoceiitos.Paraelle mandarão Icus Lmbay-
xadoresosEmperadoresdcGrecia, & Alemanha: os Reysde
Jerufalcm, França, Inglaterra, & dosReynos de Heípanha.
71 Fr.Uurtnt.Snmsinffxfat.anit1^
Naõ fabcmos quem foíTe O quc de Portugal naó deyxuru
ài€tumQoncii. de mandar ElRey Dom Atfonfo II. qentaó rcynava. So acha-
mos que entre os Arcebifpos foy o de Braga D. Eftevão Soa-
nr V R. V.J- ..MnnÁ resdaSylva, 7; que no mefmo Concilio contendeo íobre a
I «/ít.p,4.i.i j.c.g. prmiazia de Helpanna com o de I oledo Dom Kodrigo Ai-
menes (o que efcreveo a h^loria de Hefpanha;) & o Papa má-»
dou fobreftar na caufa comofevè de húa Bulia que eílàno
,

^,BuiUhno(ent.in^rchivoBrachar.
ArchivoBracharenfc; 74 6.^oconfeíraoPadrÊjoáodeMa-
cm.ibiinit, de fratrumnoiírorumcou- nana em hum lugar; 75 poito que cm outro ) 70, elquecido
^10, ab hac iitc Lupcríededum duximu,. ^jg fi mefmo com O odio qu€ O obrig-ou a cícrcver mu vtos erros

76 idemM"ri!iH.i.9.c.\9.
contra Portugal, diz quc O de Tolcdo alcançara viòtoria: íiuní
77 Ca^.coiam T.ae megr.re[lit. tcxtodc Honorío Ilí. oconvencc, jj em quco Pcntificc re-
ferchaverfc tratadoacaufa anteo dito Innoccncio IIL feuim-
mediato Predeceflbr, & porque ainda corria, difpoemfobrç!
_ reílituição para provasj&ratègorafe naó decidio, como efcrc-
V, ]S:":C^'fJ^;.& ve Ludovico Nunes, 78 Sc he mnyto íab.do , polto que dU
ffciíp. Brjc/jrír. *« w.vjjro/ífc. díPnmaí. muytoprovadoodireyto da SédeBraga. 79 Moftra-íeda-
Uract,ar.DiPmo, largamente n.s,xcd.ãe
quellc tcxtoquc O dc Bráfia eftava na DofTe da primazia, pois
,
,
,ode 1 oledo ienomca como author na demanda joT parece ler
.oqueaapplicava. Dirpuzeraó-feneíle Concilio varias coufa?
neceflarias, òí fe tratou particularmente da recup eraçáo às. Pa-
leftina.
16 Decimo- terciLO foy o Lf^gdonenfe primeyro na Çida*,

de de Lí^ía em França, empório tam celebre da Gallia chama-


da Céltica, que toda aquella parte íe chamou Lvgdvnfnfe ,á^
X/^^<^««ií nome da Cidade. O
Romano Lúcio Munacio Plan"
CO, governando a Gallia Comata a fundou em hum outeyrí?^
,

fobre os rios Rhodano, & Aras (hoje Soma) onde ainda hojç
,

fe vem feus antigos fmaes. Alli batèraó moeda de prata,


to Sufr.(.6.n,vf> ouroosRomanos. Nelle efteve hum famofo templo, de q jâ
falíamos, 80 confagradoaCefar Auguftojfazia-íe nameíma
Cidade húafeyramuyto nomeada, donde lhe fícoiifiome de
Fonmtjeneris. Nella também iníliruliio o Emperador Calí-
gula hum ccrtamen da facúndia da língua Latinajôc Grega, era
q os vencidos davão prémios aos vencedoresiScçráo confran-
gidos acompor elogios em feus louvores; ^
osquecornpy,-
nhaó muyto mal.eraó obrigados a apagar com a lingua fcus ef-
'

com palmatória, ou osmergulhav^^


critos, ou os caftigavão
no rio vizinho. Acaboufe aquella Cidade cm tempo de Nero
com hum inmidio tal, que nada deyxou Séneca lhe chamou
;

nunca viftoTôuvido, ou nnaginado, porq de todas as ruínas cU


capa algúa pequena parte aUi íe abrazou tudo , & côm tanta
;

preflk em húa noy te, que mais fe detinha ellc em o contar, do


q
íardou a Cidade em toda perecer. Rençvpu-fç no planojíito
1. aos
, ,

PART. ir. CAP. LXr. 4^9


âosmefmosriosjcom hoje r^vc, conhecida por todo o nlUndo, <,, rj ri..
8i Nelta Cidade ie celebrou O i3.Concihogeraljanno 1^45. o/í/v.
no Pontificado de Innocencio IV. Ordenou miiytâs còufas j*'""''"^^''^!''-'':^*'-
úteis à Igreja; depoz o Emperadof de Alemanha Frederico crr';^^^/^;!,^^^^^^^^^
II. porque infeítava a Romana; & determinou expedição pa- ^o.Lugdm,
ra Paleílina capitaneada por Saó Luís Rey de França & mal >

fuccedidapor occultos juízos doCeo.


1 7 Foy decimo-quarto o Lugdimenfe II. anno i 2 74 fen- ,

do Papa Gregório X. Aaiílirâo 500. Bifpos, 246. Abbades g, Fio[cui.hiii.\p.x:c.^.a,»,ued.\ia.


Conventuaes, & mais de mil outros Prelados. 82. Tratarão- r''i>tM^-Híff>.iom.i.i.t^.c.iz,
fe pontos da Fè; deo-fe a fórmâ que hoje fe obfervrâ na eleyção ^'"'^''^^•^«i^'•^4.K'*.I s-cj?-
^^l^"^2
dos Summos Pontificas pelos Cardeaes ^ a fim de impedir va-
caturas largas; 83 unió-fe a Igreja Grega à Latina jpropoz-fe ^i Ca^'tti>iper!cuim,dcekn.in6.
a recuperação de Paleítinajuntás as forças de ambos os Impé-
rios; o que atalhou a morte doPontifice j &: a ambição dos
Príncipes feculares; & parapazdaChriftandade, fe pedioa
ElRey Dom Affbnío X.dcGaftellajquedefiítindododirey-
to com que fe chamava Emperador de Alemanha, 84 con- ^^ i^^q"àMariáh.â.Lii cio.crtz

fentiííe na eleyção que hum anno antes em Francofort fe tinha, «»


U rr

feyto de Emperador emRudolphoGondede Habsburg3 85VcLSS"'"''^"''^''^''^'^^^^^


aquelle de quem fe conta, que encontrando em hum caminho
hum Sacerdote a pè > q levava o Viatico Santiílimo a hum do-
ente, fe defceo do cavallo em que hia^ & fubio nelle o Sacerdo-
te, a quem foy acompanhando a pè, caminho largo; 86 Vene- ^^ Sramlãod.c.iJ.ad/Hi

ração per que fe cuyda que mereceo para a Gafa de Aultria fua
defcendente,havellaDeosfublimado tanto. * *••
18 Decímo-quinto o/^f;2?í(?«/^, naGidadede^->,»z;íaerrí
hi .«<»« .j.ff.'4'''*»/«.

1

França, de quejá fez menção Plinio, 87 por fuanobreza^na *^ '«• í,

Gallia Narbonenfe. Celcbroufenoanno de 1311. fendo Pon-


tífice Clemente V. Francez de nação que eftando Arcebifpo
j

em Bordeos, fora eley to enl Roma , depois de nove mézes de


Sé vacante,por morte de Benedifto XI. (outros o contão IX.)
S: coroado em Leão de França (aonde os Cardeaes vierão de-
pois de eley to em Roma) paííou a Corte para Avinhão, Ci-
dade na mefma FrãGa,88 aonde efteve 70. annos. AlTiftirão no «ti ///,/>..>,. /.,» c,t .í ,

Concilio dous Patriarcas da Igreja Grega, goo.Bilpos de to-


da a Ghriftandade: & dÍ2!em q os Reys de França ^ Inglaterra,
& Aragão , que peííoalmentc tratarão nelle de exercito para a
^'^"^''
Terra Santa. 89 Condenàrâofe herefias & reformoufe o Ef- va/lS ^"'^"'"''>^^-
'''>''

tado Ecclefiaftieo, como era neceífario , & foy húa das princi-
paes matérias fobre que fe ajuntou. Ou no mefmo Concilio,
comoefcrevemhuns Authores, 90 ou pouco antes, confor-
me a narração de outros, 9 1 foy extincta a Ordem dos Tem- 90 F/ofculMií.fupr. & a^moreferení
plarios; com duvida ^grande, q ainda exiíte , fe fe fez com cri- *" */^'"'f d^Oràtm dt chraiotn.i.
'^
j ^ •rv\ j-o ^
;
91 lUí Cãs d c poH prmc.
mes provados; ou (o que mais iecre^ por odio, & negociação jí b'urtinL.autt.àJ^ft;i.i.ffdepan.
I

de Filippe IV. chamado o fíí?//6', Rey de França,paraoccupar ^'""^''£''<'«'i«f íjíTujMíLi.t.íòhíI,


**•"'**
íeusbens. Doutores Juriílas 92 menos informados nas hi-
ftorias dizem qefta vão extindos pelo Papa Bonifácio VIU.
Da-
^

440 EVA, E AVE


Daquellc Concilio fahio o tomo dedireyro Canónico, cha-
mado Clemeritiní>s.

, 1 9 Decimo-rexto , o Conflancienfe cm Conjlancia, Cida-


,

de Imperial em Alemanha; parece a que Frolemeo chamou


,^ r -r> , .!.„ Cannodtirvm; 0% oqualíeaiuntounoannode 1414. àinftan-
CiJur.tu.
ciadoLmperadorSigilmundoqueariíítionelle, paraextmc-
çáo da Scifma terribel, que tinha começado no anno de 1 3 78.
de que acima fallamosj 94 & como foy de grande expedta-
94 Supr.c.si.n.6íidF>t. çj5 ^ concorrèraó por íua caufa àquella Cidade mais de qua-
renta mil peíToas (fegundo fe afíirma) de todas as qualidades;
concurfo,que em nenhum outro íevio. 95 Nelle renuncià-
9s
iikfc.hil{.Pontif.p.t.ub.6.c.ii.ad
rae, & foraódepoílososillegitimos,& creadoPapa Martmho
*"'
III. por outra conta Martinho V.êc mandados queymar vivos

9« f/<,yí«/.í„/?.íí.c.5.tf(JMf£Í.Vír/.<í«: JoaõHuSj&JeronymoPraguenfe, 96 poreípalharem


a he-
chr.uu- refiadeViclefo 97 Ingrez, inventada no anno de 1372. A-
^hou-íe neíle Concilio por Embayxador delRey de Portugal
11 wSfS,Íl^^^^^^
t.i<,.fojimed, DomJoaóI. Álvaro Gonçalves de Attaide, que depois íoy
primeyro Conde da Atougnia, 98 com Embayxadoresdc
nomeão-je níifeíTío tom.i.ConcH. todos OS Frincipes dc Eutopa.
99 99
Ijtf^.syo-o^/^i/jSfS'?»*' 20 Decimo-fcptimo Cócilio geral foy o ^ fe começou em
F^mr^jCidade bem celebre de Itália na ribey ra do rio Pójde-
nominada, ou d-^í certas rendas de ferro q os habitantes paga-
vão antigamente aos deRavena: oudai^í-ríír/W/rjqeftavada
outra parte do rio ; & o Emperador Theodofio lí. no anno de
433. paíTou para efta nova povoação, que vcyo à grandeza em
r- too Gerará. Mercator, ih u^tías rníid.
q hojc k vè. I oo Por pcfte que fobrc vcy O íè pafibu o Conci-
defcri^titai.ub.^.adfin. \{q ^ flgreu çã ("donde fe chamou ou Ferrârienfe, ou Florítino)
Cidade iníigne da Hetruria na mefma Itália, chamada antiga-
mente Flmntia, Sz feus povos, FUientinos por eílar na corren-
,

101 Geínerin Omm^fi.propr.nm.ver- ^q ^^ ^.-^ j^^^^ ^^ j dCDois Florcntiã pOr florCCer nOS tnPQ-
,

nhos dcfeus moradores , & parccer a ílor de Italiaem todas as


tivit.orbis,tom.i.,nhdice,vtrbo,íioTcn-
tia, ,
boas qualidades; 102 tem por epiteto, Florença a 5^//^. 103
xox 'í'/;/'««;'í'/«P''-"^'^'/^"í'f^'''''''Jà fez delia menção o antigo Ptolemeo.
104 Algunsdizem,
10^ ^BrahamOrteUiitbcatr.orb.ta- q quaii oytenta aunosantes donaícimcntodc C/7n//íí íoy lun-
buiitai, ,
dada pelos Soldados do Romano Scylla, aos quaesforaó fina-
'^lo^etokmlilyc.lo, lados aqucllcs campos j mas ifto nega Vclatcrrano. Padecco
^ invafoês dos Godos, & deftruiçaõ de Totila-, Carlos Magno a
reílaurou,&: murou o Emperador Henrique I. aennobrcceo
i

,o5Gr£.r^Br4««ylíp>r&o,rA)re«t/«. niaisj 105 hojehecabeça do DucadodaGram tofcana. Foy


a primeyra feflaó deíle Cócilio em Ferrara aos dez dias de Ja-
neyrodoanno de 1438. 106 fendo Papa Eugénio IV. Afliítio
jo(, iikfca^ hip.Pont!f.p.z.l.6.c.iyad
^^^^^ Empcrador de CóílantinoplaJoaÓ Paleogolo,q acom-
panhado de feu irmão Demétrio, &cicmaisdefetecentaspef-
J07 nufcdsfupr. íbasprincipaes,pa(founasgaíèsdoPapa,&: Veneza. 107 Co
il/uíL D Rodrigo da Cunha, no CathaUos elleaílinàrão Frocuradorcs dos Patriarcas de Antiochia, Ale-
iírjí>os ii*Pmop.i.c.2».
xandria,&: Jerufalem,q poftoqucem poder de infiéis, tinhão
Chriíí:áos,6cPreladosidezoitOiVíctropolitanosjProcuradores
de féis Biípos, & outrasdez dignidades das Igrejas de Grécia,
I Syria^
PART. II. CAP. LXL 441
Syria, Arménia, Ethiopia, &
índia. Da Igreja Latina âílinàrão
oy to Cardeacs , dous Patriarcas , fete Arcebifpos , cincoenta

Bifpos, quatro Grraes de Ordens de Religiofos quarenta 6c


,

&
hum Abbadcs Conventunes , no fim das fubfcripçóes fe de-
clara que faltáo muytas dos que feaufentàraó depois da ulti-
ma feíTaó, antes de aílinarem. 108 Também falta a do Patri- ^0^ ihianr in tom. 4. Conàiior. «
")"•
arca de Conftantinopla Jofepho, que antes da ultima feflaõ, P'^-""'^'

havendofe huma noyte recolhido com faude , foy pela manhã


achado morto no apoícnto de feu eftudo , cora hum papel em ,

cujaefcrituraocolhcoamorte, noqualeftavaefcritoqueelle
vendofe no fim da vida deyxaVa declarado que cria tudo o que
enfinava a Igreja de Roma & que o Papa delia era Vigário de
,

^JefnChrifto. 109 AíliíliraótambemEmbayxadoresdoEm- 109 niifi d e.iipo/imed.


peradordeTrapifonda,queeraChriftaói & de Arménia, 6z
Ethiopia, & de vários Principes , & Eftados da Igreja Latina;
^^'""'' ^'^^^ ^'
osddRey de Portugal Dom Duarte iio foraÓoCondc de j^^HH'^ ^'" '^'

Ourem, filho do Conde de Barcellos Dom AfFonfo feu irmaõ z).va»/f Nuas na rnfjma chcn.
natural, Dom Antaó Martins de Chaves Bifpo do Porto ; es
D.R^àr.goduLunhuãc.z.

Doutores Vafco í^ernandes de Lucena, ( que feria bem moço,


fe era o mefino que depois foy Embayxadof delRey Dom
JoaóII» com Dom Pedro de Noronha feu Mordomo Mór,
ôcCommendador Morde Santiago, a dar obediência âo Papa „^, ^, ,,„«., o
Innoccncio Oytavo 111) & Diogo Anonlo iMangancha //_f ,y. ,

Frey Joaó Thomè da Ordem de Santo Agoftinho ( que na- ,

quelle tempo era, por fiias letras, chamado Agojlínhofegudo.)^


o éz Frey Gil Lobo da Ordem de Saõ Francifco. Anríulloufe
neíle Concilio o de Bafdea. Condenàraõ-fe herefias unio-fe a ;

igreja Grega , & com ella todas as Orientaes à Latina , ceden*


do de erros que tinhaó na Fè depois de difputados ^
,

cm grande gloria da Chriftandadej confeíTando todos que o


^ SummoPontifice Romano, como fuceeíTor de Saõ Pedro, era
'çO Vigário de C/:?r//<?,Paftoríuperioruniverral. 112 Sobreeíla jii hhfc.&rdifuifu^-flofcuLhiit.
^^^'''^'' '^ •'""' "' 'i**5'
uniaó tinha jà trabalhado Martinho V. immediato predecef-
for de Eupjenio & mandado a Conftantinopla Dom Pedro da
; ^ chwMKfy D.l>Mrtt cytdfii,
, j

Fonfeca Portuguez, Cardeal do titulo de S. Angelo 1 1 3 Sc }

também Eugénio mádou à mefma Corte o Bifpo Dom Ant ao


Martins, & a Frey Joaó Thome, a corífirmarem , & apreíía-
rem o Emperador em fua vida ao ConciUoj 1 14 de modo q t ?4 ^"y^^ P'"*"' àfoutra chromaJé
grande parte daquelle bom fucceffo fedeveoa diligencias de ?„tr,:j;,'í:S*o4*"t
Portuguezesi Sc pelo que obrou, fez o Papa ao dito D. Antaó PimM.inEugi/,
logo no fim do Concilio , Presbytero Cardeal do titulo de S.
Chryfogono, com que ficou em Roma vivendo oyto annos
atè féis de Março de 1447. em que faleceo , fempre com gran-
de eftimaçaó. Mas aquella união ferompco brevemente pela
inconftancia Grega, principalmétc morto o Emperador Joaó,
vendofe fruftrada a efperança de foccorro Latino contra as
forças do Turco J&; com a perda de Conftantinopla em Con* 115 f^demi.^.c.iA.n-ts*
ílantinoXI.filhodeJoaõ, 115 fe perdeo tudo.
ii Foy
441 E V A, E AVE
21 Foy Concilio dccimo-cytavo geral o Lateranenfe V.
no Paçojá acima dito do Templo de S^ójoaó de Lairao cm
'<^ fLU..r.^..,Cc.ciUxpag.^^^-
,,.
^^^ Começcii noannode 15 1 2. kndo Papa JulioJI.
mfíiyo. &:riCaboii em 15 17. no Pontificado de Leão A. Napjimeyra
feílaó, que foy em fegnndafeyra dez de Mayo ,4(|iíiftiraó
quinze CardeatSj treze Patriarchas, dez Arcebifpos, cinco»
enta&feisBifpoSjdousAbbadesConventuaeSj quatro Pi c-
ladosgeraes de Ordens, & nuiytos feculares graves. Depois
fe augmentou o numfo com os que foraó chegando; de modo
quenafeíTaóIII. em fextafeyra 5. de Dezembro do mefmo
anno afiiíliraó fetenta &: três Bifpos &: afllm foy continuan-
, ,

do pouco mais, ou menos. Achàraó-fe nelle Embayxadorcs


doEmperador, delReyCatholico, dcsReys de Portugal, 6c
Poloniajdas Refpublicas de Veneza,Florença, Parma, Luca,
5c Cantoens Helvécios-, dos Duques de Saboya, & Milaój dos
XvlarquezesdeBrandemburg, &: Monferrato,doGram'Me-
ftredeRhodasj & também dclRey Chriftianiílimo, depois
que aJuliofuccedeoLeaõX. Os de Portugal na feíTaó no-
venta, em fexta feyra 5 de Mayo de 1 5 14. fendo jà Papa Leaó
.

X. eraóTriílaóiia Cunha, & os Doutores Diogo Pacheco,


& Joaó de Faria, Defembargadores da Cafa da Supplicaçaõ.
Levou Triílaó da Cunha a Leaó X. da parte delRey D. iMa-
noel aquelle riquiílimo prefente,primicias das riquezas da ín-
dia, taó celebrado nas hiítorias,iSv fez em Roma húa entrada

117 Damiaõde Gm> cJríB.áe/i^íy folemniílima, 117 Damiaó deGoesnaChronica delRey D.


DMa.cti}>.i.>. . 5.
Manoel chama a Diogo Pacheco & a joaó de Faria ^ Alie íTo-
.

res da embayxada ; mas EIRey no poder, ou carta de crençaj


que anda com os aftcs do mefmo Conci!io,chama a todos jun-
iiíConfi^tetfs nos p!aruTium de lamente Embayxadorcs, 118 dando a Triftaó da Cunha epí-

/^^y^^/í^i (grande honra de Rey a vaíTallo, mas


fise, & ;n.J-iii{ra nobiijs ii-ú^nis viri tcto dc nobre,&:
, t-:

Tníbr.,a.Cugnaa)P.í.Hi.„i..oUnfidc-|3gj^^
merccida peÍo que obrara na IndiaO 119 & aflim no
juris<ioci.runvDiaaci!'ac.:c:ci,&joan- acompanhamento da entrada lorao iguaes , indo no meyo
nis fis i-uria iv ftrx Cutix Audicorum— Tríftaó da Cunha, por fer o primeyro ; Diogo Pacheco à fua

°^1TSÃ^-'"Íí5^'^"»<''"^^
& Joaó de Faria àefquerda. 120 Nosados do
t^'L f
/. 1 1'cumi''q. Concilio fc achaó affinados todos três por Embayxadores có
iio.D^muõiicGoeiJupr. aditaprccedcncia. Tornados a Portugal eftes Embayxado-
res com muyras graças alcançadas, & feytos negócios utihíli-
i.xCr2»i«5G.w«;.c.i6.
níosparaoReyno, 121 fc acha na decima feíTaÓ do Concilio
celebrada em lexta feyra 4. de Mayo de 15 15. nomeado por
Embayxador de Portugal, o Reverendo P.B.Michael Erm^ Sz
na feflaó 11. em 19. de Dezembro de 15 16. MaguifícfísD.
Michaelde i5'v/l'í?,& també na 12. q foy a ultima em 16. de Mar-
ço de 1517. Havia lido o principal intento de Júlio IL na con-
vocação deíle Concilio condenar, &: reduzir hum cóciliabu-
lo q íe fazia em Pilaj aílim fe confeguio. Depois fe oíTerccèraó
^^^"^^^ matcrias que fe determinarão como con vinha.
, ii }laUm In 4. r.6nã. « ^,g.
t,rr..

mii; ;iy i. O- ^^^jjsm hx Maumiu 22 Dccirao-nono,&: ultimo Concilio geral tem lido o Tf/-
í/c»í/«<7, 122 na Cidade de Jr^«/a, nos confins de Itália, &:
^
Alemanha,
,

PARTE II. CAP. LXI. 443


Alemanha, enrre es Alpes, em hfia planície aprazível, pou-
co ferfil de trigo , mas íccuda de vinhos cxcellentes. Plínio faz
mcnqaóáospGVosTridentmos. 123 Dizé alguns Efcriptores, n^piinict^.
que a Cidade foy fundada ha mil & novecêtos annos porBren-
no Capitão de Francezes. Tem bons edifícios entre elles húa ^ -,

fermofa ponte fobre o rio AthefiSjque lavando feus mu ros cor-


re para o mar Adriático. O


chma na Primavera, & Outono
he fuave nos
, Caniculares ardente, no Inverno frigidiíTimOjSi
nelle naó tem os poços da Cidade agua algúa ; o que caufa ad-
miração. Os moradores falbó promifcuamcnre a língua Ita-
liana j& a Alemã. 1 24 Foy a primeira feOaó defte Concilio no im m.u ex Con>- d Gefcr. in Ono-
Domingo terceiro do Advento, 12 dias de Dezembro do an T^^ ''7'- """'" ^^•'/'•^''"'^'•'"«- ,

no de 1 54.5 fendo Summo ronrihce Paulo 111. com quem fe <»w. ^.codem verbo. h. i «h«/. Smio w
.

continuou atè a feífió XX. Dilatado por varias occafioens, í'""'-' './"'Z'^'''" '^'>'*''^-

paíTou ao Pontificado de Júlio III. & nelle fe celebrou a feíTaó


undecimacmfextafeira5.de Mayode 155 i.& feprofeguiraó
mais cinco feíToens. Eftcndeo-fe ao de Pio IV. cm que foy a
feííaó i/.a iS.deJaneirode 1562 &:deofím nafeflaÓ25. a 4.
deDczébro de 15 63 .prefidindo fe mpre Carde les Legados dos
Pontífices. Na conclufaõdelle fe n omeao aillllenresç. Car-
deaes, 3. Patriarchas,3 3. Arcebifpos (entre os quaes f )y Ponu-
guezoReliglofiirimoD. FreyBjrch )lamíu d )S Vlirryres, dâ
Ordem dos Prègadores>Arcebifpo de Bragi,) 235 .Bifp::)S (jn-
tre elles Portuguezes,D. Joaó Soares, daOrJem deS. A<io-
ftinhojBifpo de Coimbra, & DomGifpird.:)Cafa',damefraa
Ordem , Bifpode Leiria, a nbv)s Varoens grandes ) 10 Procu-
radores deourçosBifposaufentes, 7. Abbades', 8. Geracsde
Ordens, 2. Procuradores de xitras 'Jrdens,95. rheologos,&r
Canoniftas enviados por Principis, Sr pir Ordens R.eligiofis:
entre elles foraô Portuguezes, Frey Fra ncifco Foreiro da Or-
dem dos Pregadores, & o DoutorDiogode Paiva de Andrada
Theologos, & oDjutor MdchiorCornclioCmoniíla, Def-
embargador, enviados por ElKey de Pjrtu^al,Sc Frey H-;n-
rique de S. Jeronymo , Si Frey Luís Sotomayor ambos da Or-
dem dos Pregadores , & Frey António de Pádua da Obfsrvã-
ciadeSaõFrancifco, Sc Frey Pedro da Ordem dos Eremitas
de Santo Agollrinho. A lliftiraó Embaixadores do Em perador
dos Reysde França Caftclla, Portugal, (eíle foy Dom Fer-
,

não iMartins Mafcarenhas ) &z Polónia das Refpubli-


j

cas deVenrza, Sc CaoroensH-lvecios; dos Duques de Ba-


viera, Saboya,& Florença, & da Religião de Saó Joaó de Je-
rufalem. Oíferecia-fc tratarmos da preferencia de noiTos Em-
baixadores aos de outros Príncipes mas feria matéria de novo
,

arrependin^,ento fo efcrevemos o que pôde contribuir à hon-


=

ra de Deos, &dn j>;?/?!?r(3, em quem naó ha ingratidão. Foy


ette Concilio foiemnillimo rico de gr-aviíTimos decretos con-
.•

tra as h^refias de Luthcro, Calvino,& outros modernos nefan-


dos ;illuftrc regra ao EíladoEcckfialíico 6c luz infigne da
.•

verdadeira ?ve];giaó. Oo 23 D*
444 EVA, E AVE
, 23 &
Da verdade 5 Utilidade de todos eftes Concílios foy
115 Síjhcn.i. ^ ^^como precurfor aquelle primeiro a que difiemos 12^; que a
I f^irgem Santiílima aíliftio,comoiUuminadora. Parece agradc-
, ^ -r T-- , : íT . A... ,,, cimento defte ultimo declarar 126 que naó era fua tcnçaó
Or,^.!>:^ue. comprenender lua Conceição immaculada no que tinha dito
do peccado original antes mandava que fe obfervaflem as
-,

Conltituiçocns de SixtoíIV. que tanto favorecem efte myftc-


h. • rio. Muitas graças fejao dadas àiít^wÃíírííj a quem fomos tam
devedores em todos os de noíTa redempçaó.

C A P I T V L o LXII.
Como a Virgem Santtffima guiava os AfoHolos , wo-
iiciava CS EuangeltHas , ajudava os Pregadores ,

animava os Aàartjres , (
&* feda noticia das ma-
yores ferfeguiçoens (jue padeceo a Igreja ; ) aílumian
va os Confefjures Q^ enfinava os ,
Doutores,

I TJ Ofto que a vinda do Efptrtto Santo fobre os Apoftolos,


«1» j[ 6c Difcipulos lhes enfinou toda a verdade j i ^.Virgem
I B^<l'(H.i. \^.L c<m. verbo , ubi cuba Maf a conhccia com eminência , & mayor clareza, 2 pelo mef-
inmeridie. por revclaçoens , & porfcienciaexpe-
moDivmo Efpiiíco , 7,

}
Supr.c.<^9»^-
rimental nos m vílerios do Filho cujos fucceíTos , palavras , &
5
D Banard.ftm.^ fu^M\^\i%í^yan- hia guardando em leu coração. 4 b aíiim dizem os bantos
'^""«^
, Doutores < que aos A poítolos, referia muitas coufas que Deos
,

>,„^^;
'^
queria que loubellem por fua boca íagrada, os encaminhava &
Piipeft.fupr.O' V "' Crfwf v«
i. i. Qi atis nas j Liutas quc faziaó fobre alguma duvida j &: por ifto foy cha-

L
,t niada Meílra dos Jpofiolos. Efcrevem graves Authores , 6 que
^^"""^
^11 1 "í"';7 un^ r^ j ,

p. fr.iofcpiuk hfiis Mar. nimcjma iri. os mclmos Apoítolos lagrados, quando nao podiam acabar de
/niefup cb .n i c-^^i' ";""-' coH Verter
t.^.c.y.n <i
pcíToas que anda vaó d LI vidofas^ as enviavaó à/^'r-
nus
, wíe mu/.
^gcm , que com a emcacia de luas palavras , oc com a doçura de
6 Bem rd de Bii\i y-iriaii a fi; fua prefcttça as pctfuadia , entendendo-fe que naó podia deí-
i't t>. .

pTfíí7^"';;x^"f/t'í-"íí ^^:' ^^r de ferDeosquem erafeu Filho. Nada finalmente dene-


jerm (..de ump. gocio gravc ( rctcre o antigo p íavio Dextro; 7 iazia o Colle-
7 Dexta xn.chr 4.sacrâ virí;o
crn- ^.
fcm O confclho , & guia da Sagrada Virs'em^í'^
filio, Inc.- DoLirlnx, &mirab:ii vt.r
cxe.^pio i>fxíi Ice coiiesio Ap.^itoiíco
5
^ jq Apoftolico
r
•,
^^
2 ^ Aos Luangeliitas fez a Senhora relaçoens para o que
rarp/. 1

iiihi'q'í-;4%i ígerunniii,<iuoanoneniíefcrevèra5; 8 a S. Lucas particularmente para o principio


condi o dadaqu. ?era'>t.
,
^^^ f^^ Euanselho , o pelo aue mereceo fer chamado Notário

y i' ó>/vf/»- tow ./.i, f z. ^^ KtrgeW. IO


;.i iJrí.i'1^ 1 .

4M ^./«^i.Cíi/i-fl/ãy.f i3. 2
^
Aos Pregadores Euan2;elicos ajudava com oraçoensj
to P Fr lofefhdc 7.11. A. j r 1U ^
T . . . ,
poderolas nas Dataihas com os inimigos da nova Lcy.
:

,1 p ivfí!>hdj.s.c.\.n.;.
íi mais
II Exod.'i7. que as de Moyfés nade Jofuè contra os Amalecitas. 12 Por
I, ,^í,^ c 41.
LO ã primeira prègacaõ de S.Pedro fe converterão três mil al-
i I

mas; 13 com outra deb. João Cinco mil; 14 nnalmentejdeo


.n» A Senhora á Igreja o mayor Pregador 5 qu&foy Saó Paulo; pois
ainda .
PARTE II. CA P. LXII. 445
ainda qwe Santo Agoftinho diz , 15 que Santo Eftevaó rogou 15 D.tjugfexm.\.deSanfi.

por lua converíaó hum douto Efcritor i6 accrefcenta que


: is Melchior de Qaiir.d.cn.admd,

fazia aMíV de Deos oração por ellaj&naó ha duvida em que


.» leria mais eíficiz ; naó era muito que fendo Pregador conver-
^ lido pela ^n^.^^i^^vconcorrefle a ouvillo tanta gente atè a
meya noite, que íe puzefle nas janellas, ou tribunas das ca-
ías, por naó caber nos baixos , como fe conta nos Ados dos
Apoftolos. 17 Com grande propriedade oinfignePatriarcha '7 tÂã.io.

Saó Domingos indituhio a Tua illuftre Ordem dos Pregadores


debaixo do p-iurocinio efpecial á^Virgem & a Senhora lhes
,

- chaQiQU filhos. 1 8 * '


« r''^r/'í"í '''^•^"'«r^
.
^;^""
, , i-rr A1 ^ de Sou/d
• nilt.de S.D(iminíp,i.l,i.c.i.

4 Animava aos Mirtyres (como diíle hum Anjo a Santa


T,

Brígida 5 Ô: que para iíto a deixara Chríjlo no mundo quando


fubio aoCeOi} 19 naó íocomrazoens, & com a narraçam 19 Revei.s.Birgit.tnftrm,^ngeLci^,
do que padecera com íeuivZ/jí? na terra mas também com o
j

exemplo do que padeceo retirada com o Euágelifta Saõjoaó,


enrrií Gentios cm Ephefo , 20 Cidade na Afia Menor, 2iem ^° ss./bM
^"/r'^'^
quátodurou a perfeguiçao de Herodes í!t. defte nome noan* \l fí j/uiLii p!%'^c.i.
no JL 2 de Chrijlo , 2 2 em que prendeo a Saó Pedro &: matou a » -^f' *•
. , 5

S..n.go Mnyor. ^^ Bem pareceofruroda talercolaoProto- ,:^ítX£>',^!tSl^


mart vr Eitevaó, íete mezcs Sc meyo depcis da Alcenfaó do Se- mfim.
nhor 24 em o faber imitar na charidade com que rogou pe-
,

los que o mataví.ó: 25 &Teípdtar, nadiff-Tcnçacomquepri- *^ -^^^ s?-

meiro rog' )ii por fi, deixado ao Senhor a ventagé de rogar pri-
meiío pelos matadores. 20 Namefma efcolaaprendeoS. Pe- x6 Lik.x-^ 34.
dro querer fer crucificado com a cabeça para baixo, por ficar
com ella aos 'ccs de Chrijio; 27 ( íè bem Çhrijio lhe pagava ^7 Aftaphrjfi. cr nVj de s. Petr.
* »-Hí|r«c. v«y>«.
logo ficando com a cabeça a feus pès. ) E da mefma , & da Jg'^'!;.^ ^- ''
,

eonverfaó que a K/y^í"??? ajudou nelle, como diíTemos, 28 fahio x» Hitpr.Kr,.


o Apoftolc Saõ Paulo, cujo íangue (quando em Roma fiay de-
* gollado ) bebeo a terra, ôc logo o reítituhio em fontes, 29 mo- *" ^¥«^*')?./''i'^
íirando que c íangue dos Marryresinítruidosem aquella Aca-
demia fagrada era fonte perenne de q manaria o Chrifi:ianif-
,

mo cortío havia diro o Sd-vador. 30 Experimentou-fe em tre- jo yo.;». 11.15.


,

zc pcrfeguiçcés univerfaes (além de muitas particulares} que


a Igreja teve. Foy credito começar a primeira cm Nero, que
fó períc2;uia as maycresexcellenciaSi 31 poz a Roma fogo, ?t rcrf«,'//-j«,/«o^pí'%í.«p. 5.

V que durou fiis dias, 5í pordefmentirfiia culpa , a impozaos'^'''^^'''^''''"''^^"'T*^T^'^"'u"'


Cnnltaos com mayor incêndio. Seguirao-le as de Uomiciano, gere poteft non mfi grave aliguod bonú
Trajano,Àntonino,&: M^rco Aurelio.Sevcro^Maximino, De- à.Ncroue damiatum.

cio, Valeriano, Aureliano, Diocleciano, & Majiimiaiio, Con-


ílancio,Juliano,& Valente. Só nade Diocleciano, &:iMaxi-
* mianoforaõ mortos em Egypto cento quarenta &
quatro mil
Martyres,^^' defterradosletecentos mil,alèm dos que padece-
rão nas outras partes, em Africa, 6: toda Europa. Empera-O
dorValcrio arrazou emPhr v^ia toda húaCidade deChriftãoSa
32 como fe fora clemência macallos feparados. Parecia que Fiofeuihiffdcinfft,
fó havia no mundo algozes, 6c Martyres mas a crueldade nú-
-,

Ooit ca os
, à

44á ^EVA, E AVE


ca os atemorizou , o inrtrcílc nunca es periuadio-, trocaram

muitos purpuras por là<^uc,&: o amor natural piloDivino/me-


nin<^s, 6: velhoscomíorças juvenis naò hcuvc acçaô celc-
;

bradacm valor a quefe naó avcniajafieni. Saó Lourenço fez


,
; foh^^ de Sa^ã.Lcu^c^rt. dc todo^t) C( rpo 3 3 a ma5 d.' Scevola 7,^ jlcriofo cípcaa- :
'

34 Lh.acc.\. culc/as^mais riluítrcs^ícrmofast^^dclícadásdonzellasenírà-


raõ feguras nos rribunaes , re1p( ndercm íem perturbação ac-
« grandes, engeitarem v<.jdasdt Frincípcs, convencerem fabioi,4
naõ temerem feras , dffprLzartm ameaços regalarem- fe nc;. ,

tormentos 5 louvarem a Oeos nos ma^tyrios| Bem dizia o Re


mano Sertório q do Capraó vem o valor aos Soldados-, eíles
,

militavaó na bandeira da /^i);^?;??-, feu langue manancialmentc


regava a plantaChrifbaã q creicia as mortes renovavaói triun-
.:

favaó os vencidos, C( <mo aos cento 6c vinre annos de Chrijlo,^


cento ô^^ dez de fua idade, moftrouSióDicnyíio Areopagiía ^
^ ^ (que também teve a d ita de participar iUuminaçao da yrígcín^ ^-
c >mologod)remos,) queiendoem Françadegollado, íele-
vantou &: feito carroça de feu triunfo, tomou fua própria ca-
5

be ça nas mãos , ík a IcVou duas milhas entre harmonia de An-


jos, aiè a entregar a húa piedofa mulher chamadaChatufa, que
.. ... ,, ,.^ arecebeopi rthef uro, 25
^li,\ 5 F< y luz d( 'S Cc^nfeííores. UiíTe num An|o a Santa Bri- ^
gida q Também pira ift > áciyi3.;a.Ch-nfio a fua Míy Sanfidiiiia-»
no wuado : Glvelh''s en/inoJi precci'Q^ [ãíidaveis f (é^ deftiadou-
trina,& exemplo a pruàmcia os. tempos do
(tf)7ynà'èrãb o'-â<:nar Co

àia^ & da noite prrâ íonvarem &


,
» lorijicarem a Dcos : ér a re-
,

gaUr c rnfoyyne ãTíd ã efpiritual c^ razio o fono, o com?"i\ (^


-

, , f>

K^vd.S3.nh injcrm.An^clc.x9-
trabdho corfOTfl ?6 He ce to qiie em vida enfinaria os que cõ-
j6
verfava , pois d(-, Ceo mandou por Saó J oaó Euangehira húa
57F;%«f^c..5«m.<?/..iA-J^'^V5aínftrucçaóaS.ióGrt-gorioThaumarurg(),37Bif
Grcgcr.Tháimjt. pátria no Ponic Euxino , q por ella chegou a
Neo-Cc íarea fua
grào taó alto de fantidade, q (O^pheo, & Aenphion verdadei-
ro) pafíava os montes, ^ rochedcs dehúas a outras partes
^ fua obediência. ;8 Aos Eremitas,ou Mó<:es do monteCarmelo
*'*
//^.'2''" procedidos de Élias, que nos tempos da erigem continuavaó,
li kSf c'i^4'6
:^9 he provável que daria nova doutrina; 6c dal li lhes viria a
devoção com q aos 83. annos do Nafcimento de C/?r//?í)ediíi-
càraõem honrada mefma4yí'«'(7or^humTemplo,deque jafízc-
40 Supr.c.Ty K.
10,
fo^md. mos mcnçaó. 40 Honrou a Virgem aquelle modo de vida em
diasqhiaalllftir novallede Jofaphat , contemplando os luga-
, ,. res em que feu F///?fl padecera, 41 6c eflavaóvilinhos. Diíic

ftjlvíi ojiprinc.
' também o meímo Anjo, que aos caiados inilruhia a A7'/^<';';; na^^
perfeição: j^v o? acG7i{e\hava qreje ârnrjji m ccrpcrd ó' efpiri- ,

tndmente co verdod.eira choridadc^ jerido inJepâtíiVetspâra cjud-


cjper covÇa d a honra deDco.^', referi n^idhes pma exemplo ov.am
fmceramente entregara ella a De os ha vontade com totd rej'9 71a-
4'„ Y^\n)<n ssi!-íi,hjufr. çoo 42 ^ he de crer que lhes referiria quam perfeita meníGÍc
\

aínava5emDeos,ella,6cSaó jofeph.
6 Foy
.

PARTE 11. CAP. LXII, 44?


6 Foy Meftra dos Doutores. Baftava que O fofle dos i\po-
ftolos como diflemos 43 para o ficar fendo de todos, pois to-
, ,

dos profeíTaó a doutrina Apoftolicai mas em particular diíTe o '

grande Areopagita 44. que em chegando à prefcnça da Se- ^^ D.Dmyi^reo^.e^ifi.adPaHl


,

^ nhora , quando teve a felicidade de a vilitar , 45 íó fiia viíla O


''^'^"' ^'
illmninou interiormente ; quanto obraria mais a larga con verfa- ^'' '"'""^
çaó nos q a merecerão / He o Meftre, pay efpiritual ; &
por fer
officio de pay, & máy amar os que gerou 46 receberão lem pre
^, D.chryfopjn epifi. pcfier.cap.yad
os Doutores fagrados eípeciaes favores da Senhora. A S. Joaó Co; mt. om. s. m morai. Patrem no» fo-
i

^ Damafceno rcftituhio milagrofamcnte a maó direita que o he- ^"'" ^a'ÃÍS"u" '''^"""^*
^^^ ^ *^"°'' '^'''"
'

^"^ ^° '^"^"^
rege Emperador de Conftantinopla Leaó 111. lhe fizera cortar
com aftucia.porq naóefcreveííe contra fuás maldades; 47 6í ,, ^ ,

por aquella mao Icgra a Igreja léus excelkntes elcritos.ror in-


tercelfaó da mefma Senhora nafceo Santo lldefonfo Arcebifpo
de Toledo , a cujos efcritos, &: fermcens 48 deveo Hefpanha ^g uaron. iní.tinot.ad Mmyuiog. gj
faudavel dou tri na contra as herefias dePelagio,& Heladio vm-
dos da Galha Gótica^ & para a confirmar, 6c premiar, lhe trou-
xe peíToalmente do Ceo hiia cafula , fazendo-o feu Capellaó.
49 AnoírogrãdePadreS.Bernardodeoa^^r;^mMi/feupci- ,^ surm tem. r. Manyroi. R^omam
to fagrado.de que bebeo o purillimo leite 5 o que fez fua boca ^rceb o.H^dri^. »a chon de Hefpan.l.
,

mellifli.ia,como lhe chamaó em feus efcntos. A Saó Boaventu- Y' '\!í'"Ta^/''f'


^'^''^^•'- '•"

ra, liltrella radiante na Urdem beranca, pedra preciola entre d K<;drig^ B-fp.de PaUnc hijt.Hi/pan.p.t:
os Doutores Scholafticos, ajudou a mefma Senhora com tantas P.S"mamego,na vida deScet. iz.c 6. ». ,

luzes, q admirado Santo Thomas de íuas lecras, foy à íua cella „, fJsaníl^.uildade s%"n'aZfm.
para ver a livraria porque eítudavajelle Ihemoftrou hum Cru-
cifixo & o Doutor Angélico reconheceoq fó de talhvro po-
.•

dia fahir tal doutrina. 51 Agradecido Saó Boaventura ao fa-


vor da Senhora, fendoGèral da Ordem.no Capitulo dePifa or- s* P"r.G»iefin.vit.s.Bon»),ent.c,i^
denou que de dia de N atai atè a Epiphania fe diíTefle nos hym-
A% nos G br ia tihi) Domine, qmnatuses de /^irgmCi&í m3.ndoi\a.^^
:

feus Frades que nos fermoens exhoítaffem o povo a faudar a ^


,

May de Deos com a faudaçaó do Anjo,quando fe tocaó os finos ^


ao anoitecer, por ter por certo que em aquella hora foy annun- *
ciada.<2 ASãtoThomàsde AquinojEfpelhodaTheologia, ^ , ,
-. r ,
^
v^adelabrodalgreja.deo a A^r^^wí o primeiro leite da míancia, -^

quando dos braços da ama levâtou hum papel cahido na cafa, fí-ff' ---'"'' "'
- no qual eftava efcrita a oraçaó da Ai^e Mana & tirandolho a
.•

ama por força , chorou o menino tanto , que lho tornarão para
o acalentarj & elle o chegou à boca, & o tragou, 5 3 incorpo-
ViU^às m Mos Suníi. -vida de
rando em fiaquellasfagradas letras, aliméto com quefovcref-T,'' 4
j
ri _
.
b '
r-^^
cendo.- & nelle vierao a produzir as de feus efcritos,em que ca-
.
Thomas no princ,

da artigo hc hum milagre , como em fua Canonização diflc o


PapaJoaòXXll. por outro computo 21. < 4 Sc para q em vi- ,, p / .„ .\ ^, ,

da, U morte íoílem todos da Senhora,na aoéça de que morreo E,hpyr 0.^munt §.i./» />»«<:.
«. compoz por ultima obra a expofiçaó dos Cantares da mefma

Efpofa Divina-,&: logo o levou Saó Paulo à luz da eterna fcien-


cia, como o Religiofo Paulo Aquilino vio por revelação. 55 s^ P-FuiDiogodoUoiarionoFiosSavã,
Ao Smil }o..6Diinx Scoto,que no principio de feus eftwdos, a- :, :^;í^^^^^^^
Oo ú] chan.
448 EVA, E AVE
chando-fe defanimado para os profeguir , recorreo ao auxilio
.da K/r^f;«,animou a Senhora em hum fonho.ou rapto, promet-
f; tendolhe felicidade nas fcicncias, com encargo dcq a ferviííe

<6 KemexmultisV.Tf -^cf.ph x.- í^"' ^"^^ ^ 5^ cm Pariz lhe fez a grande honra que ja re-
mnies SamanUgo, na Vidu de Sato i.i.c ). Icrimos j 5 7 &
uocona hc a excellencia 6c doutrina defte il- ,

«••w 5- Doutor.
kl ftre
«»r.f.is.>..i .

j7 Bafte por outros muitos exemplos o do InfignePortu-


^
guez SantoAntonio, que pelo nomej& naçaô me obriga a mais
largo elogio.
8 Creado atè idade de quinze annos à fombra da fanta
Imagem que chamaó, átNoff^a Senhora aGrande , na Sè de
* Lisboa, diante de cujo altar afliftia muitas horas de todos os
dias em fervorofa oraçaó , ( como he tradição 'antiga , além do
que referem os Efcritores de fua vida ) continuou , crcfceo &
tanto na devoção da iV»Ã<?r<í, que ella o teve fempre em fua
, protecção i&allim o livrou hua noite do Demónio que o quiz
s8 likjc. r.o nos Sana. v,da dj sJio .^foprar
° i 5 8 &: o inftruhio tam brevemente nas faR;radas letras,
t/í timo fr. Ajtvuel Pacheco., no Evitotr.e
da f^tdade Santo Jinmio,n.ioi,
a •
o r

^
qucquando de vmtc & cmco para vinte & leis annos paflou da
^ ^ • • '-'
,

Santa Religião dos Cónegos Regulares para a Seráfica de Saò


Francifco, jàera infigne Pregador-, como fe vio no Sermão
que de repente fez na Cidade de Forlivio obedecendo a feu
p yilhegas fufr Fr.MaTCos de Lisboa Quâtdi^iÒ. 59

T/:l':'Ii;;.f^râ:nX^n-. , .
^ .
Maispororaçaõ.queporeftudochegouaoaltoda
•vida de me/mo Santo n.i^. ícienciaper quea IgrcjadePortugal a Ordem beranca fo- , &
lemnizaó fcu dia com MiíTa ,& Oíficio de Doutor^ foy ver- &
dadeiramente illuílrado com efpeciaes propriedades de íal , &
de luz , per que Chrifto no Euangelho definio os Doutores. 6o
« ví/éíií Sal %ils Como ao fal nafcido no mar , chamou o Senhor , Sal da Terra:
6i a SantoAntonio nafcido em Lisboa,chamão as gcnteSjiWwío
António de Padtta; ambos tem duas pátrias j húa de nafcer, ou-
tra de durar; ou ambos fedenominaó da parte em que vivem.
Como a luz naó deve fer fó para fi, mas quer o Senhor que luza
61 Vos cflis Lux muíidi. f a todo O mundo: 6 2 António por luzir a todo o mundo naò íó ,

luzio à terra, mas tábem ao mar , donde trouxe os peixes a ou-


vir fua doutrinaj 63 & como o Sol allumia igualmente o he-
6\ ir.Miuos, fupr. c. 1 8. Fr. Migud mifpherio a Que eípalha feus rayos,feni diíferença de mayor«ou
Pachecníupr.n.ii.Fr DiofodoRolarto,no ^ ,.n j *-i

FUs Sana PoytugVtda de SantoAntonio. "^enor diftancia : a luz da pregação de António chegava igual
i'^JA^-l. •

ás partes remotas jcomo fe vio pregando o Santo emFrança em


occafia5,em que húa mulher fua devota naó podendo ir ouvil-
lo, por ter o m árido doente, fe poz no eirado de fua cafa olhan-
do para a parte em que o Santo havia de pregar , que diftava
quaíi húa legoa & alli o ouvio tam claramente , como fe efti -
,

„„ / , veraaíeuspèSi6cdomefmomodooouvioomarido,aquemeI-
A r
^ la chamou para ver a maravilha. 64-#
^ ^ 'i)
y <•>

Io Mandou Chrtfto que luziífem os Doutores diantedos


«5 jVhith í/.f.s.i6. Luceat lux yeíha homcns ^65 emprcza diíficil da parte dos homens 8c da parte ,

coiam hoir inibus. de Antonio da parte dos homens , porque fe oífendem com a
:

luz de outro homéj por iífo Moyfés cobria a de feu roílo , quã-
do
a &

PARTE II. CAP. LXII, 449


do vinha dcfallar com Dcos: 66 da parte de António , por- éé íxoJ.jd.uPofuiivciamcnfureí
c/t; O; ;;ge«fr.
que ainda que fora Anjo, fahindodelleluz^naó havia de fer cri- facicm fuam.
.* do dos homens , como S. Pedro naó creo o Anjo que o Hvrava

em quanto elle lançava de fi luzes: fó o creo depois que naò lu-


*zio: 67 & com tudo António luzio diante dos homens; 6cfoy ^^ ^j?,,., 1.7. Lúmen rcf. in m
.
t

crido dellesj porque naó parecia puro homem: a enchente de habiracuion, 9.Nciciebat qma vcrum
='^ "i^Nunc feio vcrè. Origen.ibi.
virtudes o fizera por graça femelhante a Deos, 68 que luz =

entre homens , como notarão os Luangeliítas ; &c as luzes que ^us.


faheni delle fe podem ver fem rebuço, & fe lhes dà credito, co-
mo diíTe o Apoftolo. 69 69 Joan.i.4.Luc.i.intine.

11 Refplandor divino confeíTou otyrannoExcelinoque^-'^''"^-^-^''"'"''-^-'^-


virafahirdeíeurofto, Sc que eííe o obrigara a compungirfea
^ íuas
reprehenfoens, & a lançarfe humilde a feus pès. 70 Divi- ^^ 5«n-.».vida<i.í.^«ío«.Fr..w<.r.
» no devia fero que pode abrandar taó cruel peito Sc oqueemcoí/'«p..-.:6 Er.MgudPachecojuf.n.c').
^

^ muitas occafioens converteo, & fez fahir lagrintas de corações

de hereges , & outros peccadores mais duros q pedras. Quan-


do Deos mandou a Moyfés que tiraíTeaguada pedra, lhe ái^^
que eftaria com elle i 71 fó Deos pode fazer milagre tameílu- ^, E.oá ,/6.En ego ftaboibi coram
pendo , como he tirar agua de penitencia decoraçoensempe icibpcrpcaam.
der n idos no peccado,
1 2 He também eífeito de luz Divina a virtude com que
Santo António reftitue as coufas perdidas, ^ he para ifto invo-
cado-, porque a outra luz 5 poft:oquefebufquc,naó feachao
perdido. A candea com que aquella mulher do Euâgeiho buf-
couj& achou a dracma que perdèra^era candea á&Chnfto figu-
rado em aquella parábola 72 Sc a viuva deSeraphta fó cha- 7* iKcii.s.Accenditluccmam—
:

mou ^W^sVara-odeDeos, 73 quádolhereílituhioofilhoque 'i";;'^^ ,7..4.NancinUt«cogno-


cí nba perdido ôc naó quando lhe multiplicara a farinha, Sz a- vi c,uomam vu Da es tu.
;

zeite, fendo milagre tam grande,


jr f # 13 Luzio j poisj como Chrijio mandou porque naó luzia
,

como puro homem j mas comfemelhança de Deos; a tanta


grandeza chegou porque no mefrao Êuangelho a prometteo
,

Chrijio a quem obraíTe o queenfinafie , 74 como António 74 M^úih.ic. ^.19 Quí autcm fece-
f^2,Í2L.
^''' ^ "^caierít hic magnas vocabitui in
,

^"^'°
14 Paradoutrinarlhe multiplicou Deos os idiomas. Prè-
gando em ÍRoma diante do Papa Gregório IX. em occafiâó de
hum Jubileo , foy entendido dos ouvintes de varias nações, co-
mo fe cada hum ouvifle a fuahngua própria > 75 maravilha fó ^^ hMams 'iip.c.n.
vífta nosApoftoloSj&Difcipulosfagrados depois que fobreel-í»flc/jf<:o/K|j.»i. 41.
les defcèraó do Ceo línguas de fogOj& ficàraó cheyos do Efpi- y'i^^s'''f"P^'^-
rito Santo i 76 fora delles nem os Serafins parece queloo;rà- .,,

rao cite dom i pois ilaiâs os vio no Ceo ciiamar hum para ou-
tro j &: naó hum para todos > 77 como fe hum naó pudeíTefer „ ^ ,,
j.jj f j. f '
'
„ ,. ^it-v ^,
77 V'"' 6' ?• ClamaDanu
entendido de todas as diverlas naçoens, Ôc línguas que habitao tcrum.
, ,
alter ad ai»

o Ceo. 78 Myfteriofamente feconfervaatèhoie a hnguade^^i?^"'


Samo António incorrupta 79. comoimmortal. .^.^^J^^^ZS^i
15 O mayorelogio em que defceo doCeoDeos 79 oBiipoFr.Marcoffufr.ct^.ii.
Cifre-fe
feitomenino , a pot-fe fobre o livro per que lia Santo António, ^'"^co.fipr"- mo. e-^ ms,
& logo
y

450 EVA, E AV E
8o ír.MMccsnadiuGhTon.à.f.i & logo fe paíTou a fciisbraços. 80 iVos outros Santos vioSaõ
1 5.

«••.12
'f , ., Joaóaflenradosnolivro dcDeosjSi DeosíeafienroLi nolivro
'nZíifoc%U f-V s.erc.ii.17. de António. Os outros Santos , diííe Salamaó que eftaó na
3i ia^.j.i.juiiotum anima: utinaiiup^jj5(5eDeQS^ §2 &" Deos fe Vio nas mâos de Antonio. Veyo
^''"''
'^'^'
• do Ceo a por-fe em feus braços ; final de fer Antonio feu aman-
tiílimo,comodiíreJacobfigurando-oem Benjamim quando o
D«tífo«.',3..i.Brniamlm,amrv
abençoou. 8? Dizcndo-fc que osbraçosde Antonio íaó lugar
8i
fiíTimus Domini liabitabic co .fidcnc^r em quc Dsos defcança
, náo ha mais que dizerj ôc efte he o lei-
,

:n=o-. quaft in thaiamocoia :!ie morabi-


^^ ^^ Salâmão 84 diííe O mefmo SaUmaó pelo mavor encare-
.

84 c«r,í;íor. j. 7. E:iicftuium balo- cimeuto de íuaíermolura 5c riqueza, ,

tnoiíis. ^* 16 Finalmente nos aufpicios da ^r^^w Mi)' , queofa-


I
voreceo atè com feuDivino Filho lhe vir aíliftir na morte (que
clle efperou cantando o hymno GloriofaDomma, de cuja re- O
^.. petição era devotiíTimo) 85 foy chamado Arca das fagradas
^''
letras : 86 & martclio dos hereges 8 7 falgou , 8c luzio de mo-
"^^' '^'
••

iiiffcJfÚpr""
Fr.Mií;udfupr n.ioz. do , quctcndofcu Padre Serafico Saó Francifco determinado
86 Mmn
que feus Fradcs naó eftudaíTem , por razoens que confidera-
f rta no tfitom. aas'''•.t
Divot^iston. •^'^«'='^«J^^/£'^'j: nií. ~i
r.r> 1

n.- o *
1 • 1 •

PoTtHg.p.hc-4»- 9 v^ com prudência 88 todavia conltitunio a Santo Antonio


:

87 FrMizitei (up n 56. Prègador , 8c Cathedratico da iua Religião , 89 exceptuando


^"'" "' ^""'^
^^^^'T'í.
'

tal Doutor, de toda a regra. Bendita feja a piedofa Mãy de nof-


89 om(ímoFr.Marcos.Lyc.4. forcmcdio, quc com tantos , 8v taó loberanos Doutores nos
r'iH<^sf^?'- illuftrou a Igreja.
'
Fr MiguelJiiprn. \%. >=>

Brancliom Monauh.LuÇn p.í^. l. 14.C.}.

C A P I T V L O LXIII.
Como a Senhora foy effelho das Firgens , & infiitus
0* como foy confola-
hio o -primeiro Convento delias 5

^aÕdas 'uiuvas, ^Iratafi d<i Magdatena òanta ;


Santas Mar th a , Marcella , Verónica , (fj* ^aÕ
La^roj &* fe refere o martjrio da Samaritana, ©*
de feus filhos ,
©* irmãas,
1 T~X As Virgens (de que a May de Deos foy a primeira por
I s.ipr.c.io «.5- JL# voto perpetuo, como acima diíTemos} i foy tam-
bém lucidiíTimo efpelho. Jprendia» (diíTehum Anjo a Santa
1 Brígida ) 2 defciis honcjliffimos coflumcs a viver honeftamente
i{evd. ãeS.Brigid tnjem. ty^w^fi.
'
'
9-
^fgé^aguardarjirmementeapiireza virginal ate a morte: afligiras
* converfaçoens ,& todas asvaidades : aamar orecolhimento , éf

filencio aexammar fiias obras com diligente confideraçao : éf a


:

,.,,,,.,,, , .^ . pezallas infiifjimamente na balança do efpirito.*


.
Richelio z ac-
' ^ crefcenta, que lhes dava luz de quanto agradava a Deos a vir-
A
*^i^tude Angélica daVirgindadej8c das grandes riquezas que lhes
eftavaò promettidas em premio.
2 Para mayor retiro ^, perfeição fundou hum Mofteiro ,

4 z:.m«í;ií,#UD./f.;r.Uc.i8.aeceinVirgens,emquemuitoaíriftia. 4 Gloria altiíTima das


cue
PARTE 11. CA P. LXÍÍI. 451
que pfofcflaó eto ftnta v;da terem
, Fundadora tam ibbcranai Í^^TSi^cí^ ri^.V.^^tw''
que regra d2rio. ram divina / Acima confíderainos 5 a inCxi- 5 iu^r^-.m.j.

fuiçaó das Virgens Veílaes feira pela mulher de Ncè cm Itá-


lia coniprcph.edcaailiifaó à Vi?'gcm AÍ?A' i agora accrefcenta-
ivics, que renovando Numa Pompilio iley de Roma o iníli-
tutodaqiicllas Virgens ,3 primeira e]ueeícolheo fem chama-
.^\xArnata, comoeícreveFeneílclla 6 Sc daquella primei- , 6 Fcnejui.de Saccrdot.R^mmcap. 6.

Tã íe deriv ou quando o Sacerdote hia bufcar a cafa dos pays as


V- que nnrempo adiante íe dedicavaó àquelle culto , chan^àl-
l;i s , di zend o fáni Arnata o q ue tam.bem parece profecia de
: j

haver de íer a primeira Fundadora de Convento de Virgens


*'
Chriílãas a Virgem chaiTiada por antonomafiay^;-..W^£//?^/^
de Chrifio Sz dizer- fe àquclhs a a iic íe lança o vèo: ^^e?n Spou-
:

3 Foy difcipula da Senídcrã, & das daquelleConvento Sã- »•

ta M:í rtha 5c íe entende que foy a primeira que votou virgin- ^


;

dadc perpetua depois da Vif^^tm das Virgens. Lançada no mar »


pelos judeos com a Magdalena, fie Lazaro feus irmãos &: ,

toda ivi famiha & outros Santos , em hiima embarcação k


,

íi:.m rema, nem vela, milagrcfiniente aportou em Marfelha 2'

de França, 7 Sc alliem lugar defpcvoado fundou outro Con- 7 ?''«'• cmr/ mchon. an chr. 48. ^'
vento em que também entrou Santa Marcella, criadafuaj f'''"''^';!í';''^^-'*'*-'5^-^ '5'
,

8 aque! Ia que entre as murmurações dos J udeos contra Lijn- g f^ihe^as Fios Saníi.p. 1, vida á? s. ,

ncj fe atreveo a louvallo em voz alta & a fua A/i)Sanrií- ^w^r/fer. ,


^^—7.
'rima. 9
"^V
4 Dalli fe foram continuando Conventos de Virgens.
Lemos que Conftanrino Magno primeiro Emperador Chri- ,

achando jà muitos por todo o Império , deo a todcs


íl"a(5,

gvoíhis rendas, '10 além de outros grandes privilégios que con- ^^ ^r.^^kor.hi/i.Ecdef.l. t: c. ^é.po|i
Ccc.co acs que guardavaó virgindade«f«i i &•: o rapa baõ Syl- prí»c.
vfílré, que foy no mtfnío tempo, cuiaou muito em que eftas »' SoKomen.inUll.trifm.i.i.c.s.aà
'^"'
donzellas encerradas naò fahiííem fora, &: que em ordem a iflo
ihesnaó faltaííe o n^cclTario 12 & nclies viviaó em gran- ; ,,_ vuir^as fupr.yiájdeS.Sylvejke

dê aperro & penitencia as mais^delicadas, 5c nobres, ÍQ-mjim.


,

sundoefcreveSaóIoaòChrvfcftíjmo. 12 Naquelle primeiro t> ^. r« j,? i r -


r, ; .

cipeih')ievirao,& ornarão todas as que luccederao com bel-/-ra i;.. a í,;m. 4 /;«..;..

lezácéleílial.^ »4 R^víl-ií.yBifgitfup.

5 Diffe G , meímo Anjo


14 que ccnfolava a Sagrada Plr^
|i^í'5'/íss viuvas
Piefmndoíhes i que ainda que o amor maternal
,

:? ãjhi Filho , pcdiã q clle nao. morre


jfe com tudo fim von-
• •'
•^ ' •,

inòf í .npreÇe ccaformara com aVivinajeleflendo padecer todas as


irtJtdãÇDesco-aírajeiídefejonattird, atrocodeje co7?iprirpG?]ti;aU
Mrate avo7itade de T>eos. Coni eíla Sc outras razoens as esfor- ,

çava^ Sc fazia confiantes contra aspaixocns. ASanta Veroni- m ^í9- Luc.s.^4* Biv^it aã ^i^^'»''-

hr que foy aquella mulher que tocando com fè a veílidura de f^^


^;JÍ^:
^''' "• ' '""""'"'^ """ '

CI^r^^/fiBcoufádófliixodeíanguc) 15 Sendo militofa?ml:ar)C^_ ic verouicnm, qux famiiiaris, &


rorded amip^a da Virmn Cpalavras dosado^de S. Marcial ) i6 Y^^'']^f^^^^]^] ^^"^ vi:!.vni Marix.
oelcMS conlelhcs aprendeo a-GOHtormidadç, .coniq, morroem apud s ^nomri.L.p.bfi ut.6c.iy 5. 1.
Fran-
45t EVA, E AVE
França feii m árido Santo Amador /azendo entre rochedos vi-
da folitaria, ella no território de Bordcos viveo fantamentCj
alegre em Deosatè muito velha} & foy morrer a Roma, j;
^^ Dezurdat.ckr. 48.
aonde levou o Santo Sudário com que na rua da Amargura en-
xugou o rofto de Chrijio que nelle ficou impreíTo & íe guarda -,

na Igreja de Saó Pedro ; & outro na Igreja da Cidade de Jaem


em Hefpanha-, porque o pano era dobrado, ôc em ambas as do-
18 P Bivarincom ad DextiÚ fup n i. braS ficOU acftampa fagrada. 18 '<^*<-'

6 Finalmente da converfaçaó da Virgem fahiraõ a Ma-


gdalena , Sc a Samaritana que baftaó por muitos exemplos de
,

fantidade em mulheres de todos os eílados. Amante finiíllma


19 £«f 7.47. Dikiit muítum crajàaMagdalenaem vidade C/:7r//í? 19 masquemduvjda j

que fubiria muitos quilates de graça aíllítindo depois à Sí-


>^^ # # nhora quatorze annos atè o de 48.doNafciméto do Senhor y em
que foy lançada ao mar naquella barca defaparclhada r 20
10 Supra num. i.
Depois deir accufar a Pilatosem Roma, (fehe certa a opinião
11 5k«.c.5o.w.
que difto referimos) 21 tomou a Marfelha, onde a barcaa
tinha lançado com os mais companheiros fantos j ou , feni
fahir daquelle porto, alli viveo eremita em hamacovado de-
i*^ ferto por efpaço de trinta annos , tam divinizada que An-,

jos a levantavaó da terra fete vez^^s cada dia a ouvir muíicas do


"^

vdhei>as, Fios Sana, v„Í4 de Santa Mari» 7 ^^ Samaritana dircmos mais , porque nao he tam vul-
J^''gdai. gar. Seu nome era Photina. Depois que lhe fallou Cbriffo no
poço de Jacob junto a Sichem^depois que foy à Cidade pregar
n^^
^
áo Senhor , 25 o ficou feguindo com outras fantas mulheres j
& depois de fuaAfcenfaó acompanhou a K/>^^»2 com fuás ir-
mãas Anatola,Fota,Fotis, Parafceve,& Cyriaca, & com dous
-» '< filhos, Vidor.&Jofeph. Com eftepaíTou a Africa a pregar em
Carthago. Victor fendo Capitão do Emperador Nero (que o
naó conhecia por Chriftaó) foy mandado por elle a caftigar os
^ em Itálica feguiaó a Ley de Cbrifto \ mas pelo contrario pre-
gou a Chrtfio Deos. Outro Capitão chamado Sebaftiaõ o quiz
difluadir do que fazia, &: cegou, & emmudeceo de repente; no
fim de três dias fe converteo,recobrou faude,&feguio a Viíbor.
Mandados ir ambos a Roma, & também Photina com o outro
filho, & irmáas,cófortou Chrtfto prefencialmente a Photina,&
a Viftor, & todos refpódèraó a Nero como infignes Chriftãos.
Por mandado do Tyrãno,algozes revezados com martelos de
ferro lhes pizàraÓ os dedos fobre húa bigorna , das nove horas
damanhâaatèasdozC} mas os Santos naó fentiáo tormento.
Mandou cortarlhes as mãos, & fete vezes deraó três algozes os
golpes fobre as dePhoti na fem efFeito,&cahiraó como mortos.
Fez que fua filha Dominica a perfuadiííe com aífagos , pro- &
mefías; porém a Santa a con verteo , 6f no Bautifmo a chamou
Antufa. Foraó todos metidos em hum forno ardente, &
no fim
de três dias fahiraó livres. Duas vezes fe lhes deo peçonha or-
denada por hum Mago,que vendo que os naó oíFcndia, fe bau-
tizcu
PARTE 11. CAP.LXm. 4jj
cizou com nome Thcocleto , òc o Emperador o mãdou degol-
Depois de cruelmente açoutados, fe deoa beber à Santas*
lar.

chumbo derretido có rezina & ifto fe lançou nos ouvidos dos


:

mais, & ficarão femlefaó. Sarjàraólhes os corpos, &: os quei-


marão com rochas : lançáraólhes vinagre com cmza pelos ou-
vidos tiràraólhes os olhos :
: & os metèraó em hú cárcere efcu-
rocheyodeimmundiciasj&deferpentesjtornou-feclaro, &
cheirofo as fcrpentes morrerão, & Chrtfio appareceo aos San-
:

tos confolaiido-os: & fazendo nelles o final da Cruz,os deixou


faós,&: com vifta. A gente que concorria aos milagres, fe con-
vertia pelo que Nero mandou crucificar a Vidor, Joíeph , ôr
i

Sebaftiáo com a cabeça para baixoj &


depois de fetc dias, vivé-
do ainda, foraó algozes com nervos de boys para os aç< »utar,&
em os vendo ficàraó cegos. Deíceo do Ceo hum Anjo que def-
atou os Santos, ocos deixou íliós. Orou a Samaritana pelos al-
gozes, cobrarão a vifta^ & íe converterão a Ch) .fio. Mandou o
Tyranno que os homens foíTem esfollados, fuás pelles laçadas
no rio, os membros cortados dados a caés , que os degollaf- &
fem.Q-ieaPhotina, Anatola, Phota, Photis, & Cyriacaesfol-
laflem também , & cortaílem os peitos nefte paflo deráoa ;

Deos as almas excepra a Santa Samaritana Photina , que pa-


;

recia mais invencivel. Foy metida em hum paço feco , &: delle
paíTada ahum cárcere , para fer levada aonde a ataífem a duas
arvores juntas com força , para que deixadas a feu natural , a
defpedaçaílèm vMas primeiro a vifi tou Chrtfio : com o íinal da
.

Cruz a farou no corpo , Sc defatando delle a alma, a coroou no


Ceo a 20. de Março do anno 69. do Senhor -yi^. (outros dizem
,

13.) do Imperiode Nero, 82. dias antesqueomataírem. 24 14 aHim com ejte ntarij^rio o hwè
•Em feliz hora foy a Samaritana bufcar agua achou agua de "«'^"'''í'"'» peio Patr-arcba deConjhntt.
:

vida para nunca ter fede, 25 Sc quereparHoatantoSi&fcHzar^:/;~jJ;;er:*;t2


%** aíílftencia que fez à /•^/r^ em,
———— .^—— ———— ^————
Undas de N.SenhoraM vida da Samarita'
nai
cr pelo P. Bivar , no comment.aDtx-
tTO,anC(3rifl.6o.vtrfjuxifi,
íi íoan,<l.c,4,n,ii.& 14,

C A P l T V L O LXIV.
Doqí4eMats obra^va a Virgem Maria ate feu gloriojo
tranfito. Como ds fartss remotas hlaõ pejjòas graves
a 'veíla feia fama, defuasexcelíemas maravilhofas»
De algumas cartas fuás de quefe tem noticia,

I Z*^ Qi^e he ram iiiperior, nem fe pôde efcrever, nem ima-


^ \J gmar. Como quem delinèa o mundo em mappa bre-
ve , dizemos que alem do que a Virgem obrava no commum
,

dalgreja, vivia no particular como divinizada ; vida Angélica


lhe chamarão devotes ; I roas he pouco epitetoj viver como „^^ , , ^ , ,, ,», r^-.
Anjo ne mais que Angclico pois nao he tao glonoío ler Anjo, ^^^^ „o/>/»í.
,

como fazerfe A njo ; ter aquclle graoj he felicidade; ^.cquirillo,


hevir-
& '

454 EVA, E AV E
he virtude; chegou, & pafiou , a Senhora por acçoens , ao que
Pnr.chryfoi/nm 14). pofl^rp^c.
z s lograóos Anjos por natureza. 2
Aíjgdiciíraoior.amaajuireic.iBaiiisciV, 2 Excepto O rctiro quc diflemos ^ quc ^' Virgem fcz -para
"^"^^^Suprx.ti H 4.
Ephefo , fempre depois da Aícenfaó de Chrtfio afliítio em Je-

,
yt'h las HO tioí Santi. »» Jejra aa rcícre que quando os Apoftolos fe dividirão a pregar pelo mú-

tunemos c.6-'.m, ^ do,ficou a Seuhora na caía dos pays do mefmoEuangeliíla jun-


7 s.Meiit.detr.nfJt.rrgMar m Bi to do moote OHvete / "/ póde fer a mefoia q o Abbade Guer-
hUcrhomiur p.trum tom ^
^ico 8 dizQue clIa tinha no valle de Tofaphat, Tque he contí-
fof} frinc.
guo ) para eítar perto dos lautos lugares em que leu rdho pa-
9 l{tii.ert !n Ciztt verb ^Jiurtu 'n'a li- dccèra.
o-L , r/rè. 176. a,è.i /. nur.áe.D Hi/- 3 Alguns Authofcs 9 parnculanzao acçoens dafua vi-
ron frm.Ae ^Ijunipt tem. 9 D. Lunrcnt. dã. Na a£tiva as frequentes vífiras aos fantos lugares , a aíll-
fííl.ÍT. t &{Tsi dX:Aust
ftencia, &
doutrina a todos os eftados,a charidade para com os
AiJumpt B Mar ó ^
.to, lia p. /um tu oeceflitadcs, 2 que foccorria com meyos humanos, &
milagro-
15C4Í §ic i.///.4.t/í^;^ ç cap.i s. fos. Na contemplativa, como era vifitada dos Anjos» dos San-
jineim.ldgexcel.Virti.c-) Vilhevas . Fios ^ T> JX o J <V / y^'7 /2 U J J C T r
átjejiís Chríjto, acompanhadodc b. Jofeph. lo
í

Sa>aieiU ^;p:^4~t MichiordeCaUr. ã.


^^^ ^àúTCs ,
i.i.c 19 P.ir fe/ephd./.<.c .,.cnm/eqq Com quauta cxcellencia gozavs de fua humanídadeSacrofan-
Biojiona^dd.^.-.n,dai,m.fpiut.c.^
ta com quc agrado , & variedade tinha prefentes feusmyíte-
i

diíi.ijcói. X. infn. nos de quado vivoj & quanta kuvidade recebia com a memo-
ria de fuás chagas, dores, & morte Mas querer referir, ou coa-
íiderar ifto,he querer efgotar os mares. Bafte dizernaaítiva,
11 p Fr ^o[eph d.c.4 «.t. com O dcvoto Padre Jofeph
que fcguia a do filho como
, 1 1

cap^J.'^^''"''^''^"'-^''i-''''^'^''''^^'cxemphr-, & na contemplativa, cem S- Alberto Magno, 12


que foy muy parecida à que fazem no Ceo os bemavéturados:
éz como meyo, & grào particular entre a vida da pátria, &: a do
defterro; vida toda extática, & de contemplarão única, &:pe-
^""^'^ ''"''""'''-' G.-y./íí?.
u.l 7.' f^ne, lhe chamou com Richelio,hum noíTo douto Efcritorj 13
que muito pois efpiritualizada jà vivia no Ceo ? fe a alma aíli-
,

14 DThom.ifittt.diji.iyq ^.arty ftc mais (^udeama , qucondc anima, I4lha levouoiv/^íícom-


figo , pofto que lhe deixou o corpo na terra.
4 A lama dcfte Prodígio Cdejiid , é^ monftrofacratijjimo
iç SFjiHat.Ma^t.epiff.aiEuanzel.s.
fpalavras de Santol^nacio Martvr ) i< voando gloriofamen-
PBivarcommnt adDexr on chr.\s' ^^ as mais rcmotas partcs, excitava entranháveis defejos de al-
"• s.Co|»unt »a!^é defirierarc afpcdum cançarobcm de fua vifta. Flávio Dextro i6 refere, que mui-

h^uj^(-fi'a.fufar.;c:riea,sprod.pi, &
tosdeHefpanhafizeraóta
inp/ai,)o. f moelcreve b. Jeronymo, 17 foaver o eloquente 1 itoLivio
ib n ^>D^xtinchron.anCh: ts- forãoa Roma íiuns uobrcs curiofos dos últimos fins de Hefpa-
17 D H'fruM fp <zY Pii«//n. De uliimis u/J ^ c 'T>* ^
"ha, (Jc quecm outra obra inferimos qucerao rortuguezesi J
^ •

Hiipaivae .ibus.
fi

18 Dif mos ias exceli, de? ertug.c. 8. i8 pois fcgundo Santo Athanafio, 19 damefmaHefpanha,
,

'Tf n "Tí!"'^/ T^• • &: do remoto de Africa foraó outros a admirar no Ee\pto a vi-
10 rrfoJor.,«v;/aS.ò<weomjí/;7//^/. dade banto Antao jiremita;pois,como i heodoretoconta,20
dePhiiot.c.xb.' forão tantos de Judea,Perfia, Arménia, BretanhajFrança, Itá-
lia , & ultima Hefpanha, (que fe entende Portugal) a ferem te-

> ftemunhas de como vivia S. Simeão Stilita fobre a fua coluna ; ^


"*«
l^t cora razão fe devia incomparavelmente defejar ver veftida da
'^^ morta-
PART. II. CAP. LXIV. 455
mortalidade a May de Deos
: ver taõ humilde a creatura mais

illuftre, atranfcendente no merecimento aos Anjos; na digni-


dade, aos Thronos no poder, às Poteftades: na eminenciajaos
:

SerafínSi a que feria collocada noCeofobre todas as hierar-


chias', 5c conftituidaRainha do Univerfo & conhecer , ainda -,

no temporal , 6c vifivel, a que creou a feus peitos hum homem


que havia fido tammaravilhofo: conhecer huma mulher tam
abundante de graça natural tam fecunda em virtudes alegre
: :

nas perfeguiçoens , agradecida às


fatisfeita nas neceílidades ,

afrontas, condoidaaosaffligidos, reprehenfora dos vicios,


Meftra da Religião, & penitencia, Miniftra de todas as obras
de piedade-, Mulher, finalmente,emquema natureza huma-
na fe acompanhava da Angélica. Tu Jo ifto efcrevia Santo
IgnacioMartyraSaÓjoaóEuangeliíhf;umeftre , 21 que ^, D.fy,at.M.,ttjr /u[ra.
publicava a fama, & queido lhe excitava hum entranhavel
defejodeaver. Senotempoprefente, em que ha menor devo-
ção, & curiofidade,fedivulgaíretal fama de húa creatura, que
entendido haveria que naó procurafle quanto lhe foíTe polli- ,

vel, ir ver com feus olhos aquelle portentofO que fuccedia aos
que chcgavaó a ver a Maria SintiíHnia, refere de fi, com feu al-
to juizo, SaóDionyfioAreopagita(aquem aquelle defejo le-
vou largo caminho à vitta da Senhora ) na carta que efcreveo .

ao Apoftolo Saó Paulo feu meftre, Sc dizia aíTim. 22 *^ ^f>'fl'


O- Dmyf. tAreopag. aà d.
Pdu .opud Ferreolum de
Marta ^u^ufl.l.
\.c.bCaitbagen,d( arcan.Dcipar.f. i./.i.

Ofervo y
&* muito obrigado T)ionyfí() , ao eleitif-^""'^'

ftmo vafo celejlial Taulo , ó\de[lre , €>•


Trincipe , /ande.

COnfaJfo diante de Deos , Frincipe meu , quefe nao pó de per-


ccbír peloshomens acjuella que eu vi , ér contemplei naofó
com os olhos efpr/ituaes i mas também com os corporaes. Commeus
próprios olhos vi a Mãy Santijfima de Chnftojefus Senhor no(fo,
forma de 'Deos,ò' fobre todos os Efpiritos celefiiaes j cujavijiafe
dignou concederme pela benignidade de Deos, a clemência do Sal-
vador, &gloriada Magejiade da mefma Virgemfua May. Por-
quetantoquejoao y alteza do Euangelho , ér dos Profetas, que
em corpo cá na terra refplandece no Ceo como Sol , me levou a pre-
fençafemelhante a Deos , da altiffima Virgem , rne cercou tam im-
menfo refplandor Divino exteriormente, me illuminou mais &
copiojamente no interior, &
me fobrevejotãtafragrância de todas
as coufas odoríferas, q nem o infelice corpo , nem o efpirito pode
fõfrer os efeitos infgnes de tamgrande , Def-
totalfelicidade. &
faleceo meu coração desfaleceo meu efpirito oppnmido com a ma-
:

geftade de tantagloria.Deos que habitava na Virgem, me hete-


ftemunha, mefevoffa Divina doutrina me nao tivera enfinado,
crera que ellaeraoverdadeiro Deos porque nao fe poderia ver
-,

Pp mayor
&

4)(í EVA, E AVE


mayorg Ur ia dos bemaveritiirados, qiíc aqiidlafelicidade , que eu^
agora infeliz, ó' enWófeliCiJJimo jgojm. Dou graças ao fíirunOi
D
&bomDeos,a ív me. Virgem , ao emtnentijjimo Âpoftolojoaoy
ó" a vós alteza é^ Príncipe da Ig reja, qv.e a mim triunfante con-
,

cederes cUrijfima , c^ clementijfimamente tal bem.

1, p. h
GihriciBarieta prm in t. Accrefccntaó Authores 23 que chegando Saó Dionyrio à
SaibitoQ^iidr gffm.poít med.ini iom. prefcnça da Virgem j cahioem terra como morco naó poden- ,

do com os rayos de tanra Mageílade &


parece que o Santo o
-,

Ú£,ni(icoi\ qivànáo áiiXe, Glue nad pudera fofrer os effeitos daqiiel-


la felicidade , & qite desfalecera fen coração , é^feu efpirito op-
pnmido de tantag lona.
Honroua J^^w/iííjr^z com carta fua, cuja copia trazem va-
5
w , ,. j ^ fl i/i j ,,
Authores, 24 a Santo Ignacio Martyr Bifpo terceiro de
,
rios

cxiF.BiiwadDextr.an. t\6.>i.^. Antiocliia, na qiul ( relpondcnd J a hiM que ellelheeícrevè-


ra } com poucas palavras graves, ^ cíHcazes, o exhorta a dar
credito em tudo ao Euágclilla S. Joaó,o conforta na Fè contra
as perfeguiçoens , &: lhe diz com grund^f difcriçaó Tende ^r- :

memente oi)otodaChriJiandade &


conformay os cojiiimes ó^a
, ,

'Vida com o voto. Outra efcreveo à Cidade de Meílina cm Sici-


1^ petr.Cani} de Deiparl.<i c.i. ha, onde fc diz q fe guarda, & venera na Igreja mayor, 25 cuja
.6 PBiyarcõrneniaJDextr^nChr. copia também trazeni Authorcs , 26 naqual louvandoa feus

atlante Mariato 1 imrigine 18.


1. Cidadaos havcrem reccDido a r ede Lhrijto, lhes prometre,
x7 jpadP.Bivard.i.H.^i. -verj fimili. ^ Cidade fua peroetua protecção, 6: lhes dà fua benção. De fe-

19 ^.easSyivius/.i.SixtusSetenp.
melhantc Carta Ic gloria a Cidade de i^ lorença,queem vencra-
t.Bihíiot PP Fr mcijc. ^rias deimitat. vel compcndio diz affim 2j Fiorcnca, crnada deT>eos,do Se-
:

yirgc^mfd:Deipi.yc^4frefenai^^^^^
^joorlefu Chrifto mcu Elho , &
dc m:m,fffílentaaFe : tníiacom
„dDextri>tChron.anCh}.i6i. i v an. oraçocns :esforçate com pacicncia ; porqtie com ijto alcan carasJem-
jx6H-4-reerenspiures.Carth7gdearc »• pitemafaude diante de Dcos. Pofto qucalguns 28 duvidaóda
«'
'"» '""^""
^e/'\'upr'''""'^
certeza deftas cartas, naó tem baftante fundamento a fua dii-
,0 D Btrmrà.jetm. jtinPfaim. 90. vida; & aflim faõ apptovadas por Eícritores muito graves, 29
Quihahtuu
a i«n cntreosquacs hc S. Bcmardo 20 que ^ jfó
baila para o mayor
,
D^xttra». Cfer. 4;o.EpiítoIxB. i- l t-i /•
J j-
viri^inisad S-Ií^natium, & eju dcm ad crcdito & f lavio Uextro ^ I eícrcvendo noannode43o. diz,
, I r>i
;

saudiiTimam virgnem manibusfidc- quejàem aqucUc tcmpoandavaó nas mãos dos fieis Cportraf-
,

Cr-ii" &de./,hadAjf{f,mniesan.t6.
lados) as cartas da BcatiUima ^^/r^cw para Santo Ignacio , &
5r ^ort« 19 17. de Santo Ignacio para a ^y^^íÃoríJj & também antes havia refe-
rido a carta para os de Medina. Menos fe pôde duvidar das
que alguns dos ditos Authores dizam que efcreveo ao Euáge-
liftaSaóJoaó: fervindo-a elle tam familiarmente pelo tefta-
mentc, 6c mandado de CÃr//?í>. 32.

CAP.
PARTE II. C A P. LXV. 457
.Jmim

'Ca:i?ii
A P I T V L O LXV.
Como a Virgem Senhora mfja , antes de deixar o
tnitndo , a Igreja CathO"
nos deixou efiabeleoida
^^,.iJica em toda a ferfeiç^Õ ; Q* a partkuíaf
:V. obrigação que ntíio lhe tem o Reyno
de Portugal.
\i\''}íl\

I
f^ Om os doutrina,
trabalhos, &: exemplo que referimos
^^ por mayor, deixou a /^/r^íw/ antes
com os fagrados Apoílolos fundada no fangue de C^r//?(7,dila.
de fahir do mundo,

tada,& eftabelecida a Igreja Catholica,para íal vaçaó do gene- P c nha^^enJe man. hàp^r 1 1 ^ ,

ro humano. Com elegância dilíe o doutiíUmoCarthagena, 1 ^ow 7 Beatam virginem no foiúm 1

feus bemdicos peitos corporal mente a Chriífo, mas também a fc, ac fuis ube nbus uaaiic.
todos nós efpiritual mente. Bem fe moftrou fer obra divina a
brevidade coque fecóregiiio taódifHcil empreza pormeyos
que pareciaótaminadequ idos. Pefcadores perfaadiraó^a Fi-
lofofos: fracos conquiftàraõ a porJerofos: pobres puderaô mais
queosricos perfegLiida floreceo a Chrtltandade, triunfou
:

nos que morriaó, fecundoufe nas miferias , felicitoufe nas cala-


midades , levantoufe nas ruí nas , enriqueceo-fe nas perdas , re-
novavafe quando tyrannos a queriaó extinguir.Tanto zomba-
vâo osGentios da ignorância daquelí es primeirosFundadores,
& ainda dos que fe feguiraó em alguns feculos, que a perfuafaó
de Flávio Dextro, teve Saójerony mo por conveniéte fazer,&
publicar o feu Catalogo dos Efcritores fagrados , para lhes
moftrar os homens doutos que a Igreja havia tido , allim como
elles tinhaó livros em que nomeavaó os feus celebrados. Na
dedicatória , que o mefmo Santo efcre veo a Dextro, diz que o
tDHUron.adDextr.inhb.deSctipt'
f mOVeoeftaCaufa. 2
'^"'
«<*• 2 Vio a <y^»/7or^ publicado o Euan^elhojSc louvado o no-
íhedefeuFí/^oDeos, do Oriente do Sol atè o Occafo j como , pfaim.ii.^.&' ut-^»
havia dito David 3 & em todas as partes fundada a Igreja Câ-
;

tholica com toda a perfeição fubftancial que tem hoje ; fó ac*


erefcèraõ declaraçoens, ritos, &
circunftancias, accidentes cõ-
formes aos tempos, mas todos pela razaó daquelle fundamétOi
Cegam éte chamão os hereges novidades Romanas aos pontos
Cat holicos q lhes náo conrenr áo; o Sãto VaraõLudovicoBla-
fiolhes moftra, 4 fó comefcricos dos Apoftolo, , &
defeus,„^'í^,:;:;;'íf^;;^-í'''
*"^
difcipulos , q daquelles princípios nos ficarão não fó os Sacra-
métosinftituidos porC/7r/y?(7,mas todo o culto divino.ôc ainda
a fubftancia das ceremonias , q de prefente ufamos. Os Apo-
ftol os ordenarão Sacerdotes,fagràráoBifpos, & ordenarão q fe
fagraíTem por outros dous ou três: 5 celebrarão Mifla, Sede j ^^o/!o1.cm.u
Ppij Pon-
.

pi . EVApEFlAVEli: :

fendo o primeiro que de Ponrifiíçâl a celebreujem


<»4f0 ponrifical -,

Antiochia Saó Pedro: em Jerulalem Santiago o Menor em :

Cum Bitfebio l.i.hif}or.Eeclef.Sar,ã. Alexandria Saó Marcos 6 aíát^ò Diácono^ , &f Subdiaconos:
(< :

ty^ mm, cr aiijs Fr. Dto^o do Hof.no compuzcraó oraçoés implorarão a interccflaó dos Santosrro- .•

1;??Í;::Í:Í/IS D::;.f.: gàraó pdos defuntos: ded,càraó Templos:.kv*nràraó ai wrés:


j7 >i.i. \erf.cíterum. fizeraó vafos fagrados adorarão a Cruz ; venerarão as Santas .•

Imagens. Tudo moftra,.individualmente Bloííò nos lugares ci-


*j^.%r.xni„fine.
8 D Dionyf ._Ateopat.de EaleJ^Hte-
tados
^
Saó Dlonvfio Areopae^ita diícipulotíe SaóPaulo 7
r. a nMrr
;
'
/-'
& .,' ,

rarch.c.i.atmjeq<i. elcreveoparricuiarmente 8 asccremonias daMifla.-incenfar,


<»' ^ dizer liçoés da Efcritura , pòr o Diácono fobre o altar o paó, &
vinho que fe ha de confagrar , lavar o Sacerdote as mãos, levã-
tarahóftia, darapaz, &confymir. Tambemcfcreve as ccre-
monias nos mais Sacramentos. Finalmente nos Canonesfei-
9 Cânones .•^poltolor.
/y»r p.^m,/»x,.L/eí.rfr,//„Dm.....fos
* ini.
n. ~i —
tom.Conci' ^ '/^'íl"^-
pelos Apoftolos 9 Icmos as prmcipacs GonítituiçqensdQ
i t 'i
c^^ 4 5 governo da Igrtja. ^hÍD5Í3Gi. t: :>i;£.hnt -;.

,0 Mehh.r de Calho, na y.da da . ^^^^^ oj AutHorcs IO quc tcvc a Santífllma Plr^em


namejmaí.-i c.^.n j. granoc goitodc v€rem tam breve tempo rao crelcido onume-
!);^0 ro dos Beis atè os fins da terra , qual he Portugal. Tem efte

Z Reyno a gloria de haver fido o que primeiro lhe caufou efte


contentamento V porque foy a primeira parte de Gentios, em
que muitos annos antes de íeutranfito, ( no 36. deChri/io)
xt FUv.Dext inChroo.an chr. ?« vindo Santiago Mavof a Hefpanha , 11 pregou primeiro

í;fS;:;rr.;'rtírr":.™; <=™ Po^^g^l - <^°™" d^xàrão efcritoAuthores antigos, ,.


da Manarchde Hfpan.cb. com nomtàQGãlUza , cm quc entáofe comprehcndia 3 Pfo-
xx PapCaiixrii ,niro/o^otra4,ht.
^^^^^^ ^^ g^f^e Douro. èc Minho I ^ S. Ifidoro declara 14 q* :

S.Jacob Turpm. de teít Carott MiínLc» r ^-i-i i> r " j


toy na parte Occidental j X tu 1 ^coníirmao OS modemos. 15
i

uVaides dciix^mt /^fjj.c á «ii


1 } sirib. Geograph. i.r^.Ptoiem^us 1. 1. 4 Ne fta parte hou vc OS ptimeiros Santos convertidos em
"""'' ""'"''
o&k.tí'.!:'''' que foraó os difcipulos do mefmo Apoftolo.
f^í-rade Gentios ,

14 D i[id.devit Gr obit Sa»{i.cap.i7, i6 Nellaedificouem Braga ,juntode huns banhos quc havia,
1 5
8uito na Monarch. Lfi.
y c^,. ^ ^^ }^^^ tcmplo fabricado pelosEgypcios à falfaDeofa Ifis.a
i

C7^4 Fr Luts d( Soufã . hiit. de S. Do- y ^ .^ 1 ív r /^i n. .


o c 1
.
,

mi>t)>os (,.c,i cond',cunt^u^<4[i.Barbof. ptimcifa Igreja emjionra ácjefu Lhnftay 1 7 5c a legunda que
i

í»pa//ordipi.í. 8 .a». i9.!>e6a/?.Cf/'f houvc nomundodèdícada à A/^v de Dcos, 18 vivendo ainda)

t^^^riTcí,^!''''''^^''''^'^'''''^^^ fer a pri-


16 PapaCaiiixt.iL fup.Britto os ,& poz O primeiro Biípo de Hefpanha, i9qfoySa6
meira. Nclla
mais aãma alugados.
Pcdrodc Ratcs; oQual cta O Profetada Ley Velha Samucl íu-
18 Caiedon. m
vit S- Petri í{ate><f P. nior OU Malachias Scnior
, , vmdoaHelpannacomastribusq
Bivar iieomm. ad Dextr..in.i6.H cr an. i
Nabuchodonofof deftertára , Sc Santiago o relufcitou , dou-

leliquit tpiícopum. 5 Alli finalmente conítituhio Santiago a primazia de to-


10 Sandovaii da antiguiddn Igreja de
Tuy,noprtHc exD t^ihanaf. i.Bi/pode
c,aragoç.t.
^ ^
primeifocm quccntr OU O hvangclho, como cm
povo fero
^^s 38 Igrejas
.

íavor do Ao-
.
r^
de Hefpanha, dcvida, rpor
, ^ri*
aquelle

11 D chiyfoíi.in Matth.hom.y prope tiocheno atgumcntava SJoaó Chryfoftomo} 2 1 pela jà dita

^'^/áZÍf::7'::::',:.ÍZ'R ™ayorant,guidade a que allifteod.re.tOi 21 pias conft.tui-


raq:<eio , & aiiji çoens Canonicas 23 (cuja razaó ja entaõ militava j fegundo
,

n Cap iniUis^Grcap. urbes so.dijl.


as quaesa fuprcma jurifdicçaóEcclefiaftica fe devia coílocar
ap ro\in t i.
.
na Cidade quc no fecular fofle maisinfigne tal era Brachara j

Augujla , illuftriflima por muitos títulos q os Efcritoresapon-


14 plin.hifij.yt. j. Georg Braun. ^^õ , 24 6c aíTim cftà aquclla primazia canonizada em muitas
Bulias
&

PARTE II; CAP. LXV. 45í>


Í3all;isPontihcias, 25 Scpraticadítcm mukosàãoi,cmqúcos i„,j,f,tr.urbjndêfc4^^
I
í ^$A rcfbifpos dcBraga puzeraõBiípoS em variosBifpados, 26 ral.í.4.c.4.Sandow//uprfoi.m.h/ » j,

^ prclki irrô nos Concílios provinciàes em que fe achàraô os de ^


,
'^' '^'^^' ^'
'^^'^^'r^^fo.^'^''''^"^'
iVkrida, Sevilha, Ôc outros Metropolitanos mais ántígoSiia \(>' Sa^d-.vuifuprjoi.mihixe.^^ •

promoção. 27 NoToletánoI. prefidioi Paterno; iS&rio VI.'''-^''^-''''"'^'""'-'''^^^'^''-''"''' }7-''-^

Juliano, ArcebirposdeBrága,em preíença dos de Toledo. ''%^T.co%ftZTmisCor,ciiior.


2'9

E no Lucenfe fe ordenou > que


a Sè de Lugo fofle Metropolí- »» Afarun. fíifpart./.^.c.uit Det. fc//<

'""'"'*^'-
tana. porèni fagcíta a Braga-, 30 o que fó podia fer enl direito,
^" t7'S^.^!^:^"''
31 íl-nJo Braga Primas. Outras provas trazem largamente ^o Conái Luce»p.
Cap.^^f^rhaZo.Sp.^y up.Provin^
graVcsAuthoreS. 32 .^Jt
6 ir H^ d^ crer que a Virgem Senhora com grande confolá:
'"^j'
.
///«W- ^rchup. d. Hodcru. i
çaóabonjoariapArcicularmente aquellis primiciAsqueviãdá tuuha,i>t integro traa. dePrimM.HccUf.
ChrHV>r'lxi.en, ter» de Gentios >& de aqaella benção reful- ^;:tÍ.^^^^^^^^^
tàr.ió X Portugal tu is efpeciaes excellécias rta Keligiaó. Haver xímus in Exceli. Portug. c.9.exctU uU.
dado o primeiro Martyr da Europa, quefovòdito Arcebifpo _ V .^f*^'^ /'/"!' ^- (f^ . .^ , ,

O de Braga S.io Pedro de Rates 33 o primeiro Lrmitao(legudo ^orge ç^rdo/o J^poiog p.x? cm le.dc
; ,

o Breviário BracHarerife) 34 q fòy S. Félix o drimeiro Santo ryibrií.


•,

Conreit)rcanortizadopelalcrre)aconl as diligencias que ho. ^\'' ^.í''''''^'';''''-'"j^^^^^^^


jeíeufao, quetoy b.tioierldo, 35 da (agrada Ordem Benedi- 5^ Fr. Luís doí^„jos m jardim de

^, , ,r ^/^ -L 1- ^
'd:ina, Sc hoarada Família d «S^//Aí. S-roprlm3ÍroR:eydo^'"""í'^'>'"'^"''"''-^'""''^f''^""''»''-54.
Doutor Fr, L^jõ de S.Tnomas na Bettí^i-
t
'
I

(dos qutí hoie pirreveraoCith:)licos)qu2 geralmente reeebeo aina Lufít. ^orge Cardofi no otjiáo do,
,

SiFèdc Cbri sfè rcynzdo Ricciarío Suevo; com fua Corte erní««í- de Poriag^tlfoi. 19. verfo o- ná ,

Braga, no anní d. 4f3. ?6 fer o q a tem cófervado mais firme- í;^'tr/;'Í'^: tílZ' "Xr.S
mente pois d is muitas h^relias q em vários tenipos inhciona LuÇn p.i L7.C.1Í, cyc.t^. aende pamcu-
,

raó a todos , fò a Arrianaeritrou em Portusil & nelle durou i''ri;í^'"ai/feuspays doque ja^oConde
, ,

^ i V D.Pedro na Nobiliar, tit.aos B irbof t


« •

muito menos annosqueôm outras partes, como íe ve nas hi- ^6 s.i{idorUChrót. s^evor. Bruto,
. ,

ftorías. 37 E he exc silencia grande neíle ponto haver íiid a Mitirc.Lufit.i.i c.-j &%. Miden, nat

i^ iiluftre Portugueza Dória Brites da Sylva , fundadora da Or^S; ^/í:IZ.c'^efJ:^^'"" ""'


demdaCinceiçaó emCaftella, quení por divina revelação^ ^7 jfntod.l.i.c it.
" períliâdio á Eliiey Dom '^crnando ,0 Gatholico, a inftituiçao T
'^
do Tribunal Santo dâ Iriqúifiçaõ, tám útil à pureza da Fé, co-
^ xiío he notório. Os PortngUezes foraò os mayores propagado-
^ resdo Euangelho, que fóso Icvàraóátodas as quatro partes
do mundo, indo do Occidente alumiar o Sol em feu nafcimen-
to i como com graves encómios de admiração , encarecem o§
EfcrítOrCSeílranhoSo 38 ^ %% OrteliHTheairJndedicattAhPfiT'

7 He Portugal patriâ tara abundante de Santos , que Cat ^''^''^^^rian hji nifp^ní.xo.c i^.àia.^
'
i r^ ^ \- n r deriid.c.6.^b.ir.c^it.>t.deS.RomaH:no
ou r^ Z. \\. \ •
\ • 1
Calcia y mulher de Catclio Regulo na Luficania junto prologo da jornada dd-j^y d. sebuji.
..

gia,'
J
do Tejo para a parte de Portalegre; 39 outros lhe chamaó Ca aijj^iíjim.
^o Attílío Severo, 4d & fe diz níais comummente que dcJitii- , ^9Dexteran.ar.ii%.&'i^s-Brih,
nava em Braga, õc era rreudente pelos Romanos emyalíizáj 40 "^orgeCardoío^no^^ioiog.tom.u
-

'f^
* 41 de hiá fó parto par io gémeas nove filhas, q todas, fugindo à ^•'^^ Í»ntiro. "''"^ '

perfeeuiçaódopayGentioj&creadasporS.Sira, oiiSilIaMdr- tv -n; ,,, ; .


;•

tyr,tabem Portugucza,42 em varias, & remohs partc|(porc}i3/v^r<>í/Díx»r.<7«.Í58.«.s M? cváo-;


illuftraíTem rriuitas Proviricías do mundo) morrerão virgês cò'/^/''p*'-&f^ff dous aiiegMmiu.
diverfos géneros de marty nos. para honrarc todcs.-fédo âs prí- id::^!::^';f^:X^D''^
meiras Marty res de Europa no íéxo íemmino, 43 coftio agora goda Cmha, hi[í.dos Bifp. de Lisboa, f,i.
díííeraos,ã em S.Pedro deRates dera Portueal a Europa 6 pri- ^ ^^•''•^- ^ V , . ,

'
meiroMartyr varão; Ppuj 8 bçus ^' "
4Í0 EVA, E AVE
Dnter m chr i ^
'
^ ^^^^ nomcs faó > Liberãtãy que, como dizem Dextro 6^ i

vjMff ntMuriyrol. CT íi/\w»/íw, Jíf.Uluardo HO Martyfologio, ôcíeuaddicionadorMolano, 4^


^0- J?"'' íc chama também l^vilgèfortis,, &
em Tudefco j Ontcomrmra\
padeceo no anno deGhriílo 1 38.cm Gallizajfegundo á melhor
''•^'^'"''
:opiniaó, 4.5 pofta primeiro em C^Tif, depois degollada: 46 por
46 /v/lryíjf'^'
curfo dos tépos {cv\ corpo levado à Sè de Siguéça em Callella,
por Teu B;fpo D. Simaó, eftà em húa fumpruofa Capella, q lhe
fabricou D. Fradiquede Portugal Bifpo do mcfinoBifpado
("de que a Santa he Padroeira ) em húa magnifica fepultLira
(q
eu vi) paraondeem i^.dejulhode 1537.0 traslad«u, Sc me-
^
reo em húa caixa de prata vendo- fe, entre outros milagres jâ
i

^^^eílavaacamifacom o fanguedomartyriotam frefco , como fe


íora derramado hum dia antes ;tudo fe refere no antií^o Bre-
viário d;\quclla Igreja. 47 O Reverendo Padre Fr. Manoel di

Defcalços nefte Rey no, grande inveftigador das antiguidades


dei Ic, na vida que temcom pofta deílaSanta.diz que foyfepul-
tadaem Kale, aonde antigamente eíteve a Cidade do Porto, á
hoje eftâ defronte, comoDouroemmeyo;C poderiídallifi-f
levada a Siguença.) Fenhoeftaopiniíío por provável, ^ircfpei-
to a erudição defte curiofo Antiquário mas naó quero, feni
j

prova infallivel de verdade em contrario, negar a efta SantajSc


a Portugal fua pátria, a gloria de fer venerada porPadroeira de
BifpadotaóiUuftre; & me parece mayor honra de noíía na-
çaó,irem feus filhos illuftrar terras eftranhas. O
Conde da Ca-
ftanheira D. António de Attaidc me contou que quando > an-
,

tes da feparaçaó dos Reynos, foy por Embaixador extraordi-


nário dei Rey D. FilippeiV.de Caftella aoEn>perador,viocni
Alemanha em hum altar a Imagem defta Santa com hum titu-
^ ^o \oc[UQdÍ7Ã2L:SancíaVvilgeforíis,fíliaRegisPortugallU;&cquQ
tinha barba atè o peito &
lhe referirão fignificar o milagre cá
.-

que hum dia amanheceoallim, para encobrir fua belleza ahú


Principe namorado.
r 9 Gemma, que outros cognominaõ G?wwáM?r/«^ , &
chamamos fò A/rt;'7«/7^,&tambem AJarg^afíta,quQ em
por líTo a
Latimheomelmo 48 que Gemma-, com grandes íundamen-
„'M>^íXÍr.^~.1=""""' w^ -""ft" ° ""d.to Padre Bivar+g fer a te/. M.rg.r,-
Mire. ri,x,m.inch'on.adan.s^6. ^<3,que tcvc uo carcere apelejacomodragaó; a qual muitos
juiian Toict.ninLbon a.i\o.
Authorcs tiveraó por Grcga, martyrizadaem AntiochiaiÇ.(\m-
49 ivura cxr.an.n « j.
vocadoscom y4w/)/:7//(?f/:;/rt lugar deGalliza,àondeFlavioDex-
tro,Marco Maximo,&: o Breviário de Falência dizem q pa de-
<o Dexter,& M M^xi-n Cuf-Breviír. cco 5 O O Breviario dcclara a peleja com o dragaó , & quede-
;

Paientin.injrf/.s Mr.riarit.die i j./«/. CT pois de pédurada, açoutada, raf ^ada com garfos de ferro, mer«
s Matun dif li.ejuidctu.
gulhada na agua, queimada com tochas,lhe cortarão a cabeça.
Conferva- fe ieu corpo no lugar de Agnas Santas ^ naó longe do
„ „. . j ,,. . ,rioMinho;<ipadeceonomefmoannode 128.
pri„c. ^ e><f»* IO Kictona padeceo em Córdova , onde he padroeira,
^<^
quafi pelos raefaios annos , havendo fido fuílentada por Anjos
muitcs
PAR TE lí. C A P. LXV. 4di
no cárcere , lançada no rio cõ pedra ao pefcoço ôc
rn viitos dias •

porque fe naó afogou, poíb em rodas com fogo lento debaixo,


o qual fe apagou, matando primeiro os algozes: cortàraólhe a
}iiigua,& os peiros,de que laliio leitCjôc paílada com fettas paf-
fcm ao Senhor. Efcreve-fe que em Cordova,aondeeftáfepulta-
da, & S.Azíclo, q juntamente padeceo, no dia de feu martyrioi
fendo aos 17. de Novembro, le colhem rofas , entendendo-fe
que he virtude da comemoração de fuás mortes. 52-*.4«. í* PtacexfuHín.inChron. m.i^o,

1 1 Emndia chamada também Enphemia ,


,
5 3 que alguns fj^^t lofr^"^"'^"
equivocarão com Santa Eufemia Chalcedonenfe, íoy mârty- Bivar adDextr. ã.an. iis.verf.Sanãa
rizadaemGallizanoannodei38.havariedadenodia. Noan-'^"^'"'"'.n rt * - .

no de 1153. achou huapaítora leu corpo j Sc por mandadoí^^


de húa voz do Ceo foy poílo em húa Igreja próxima dedica-
da a Santa iMirinha fua irmáa-, &- depois trasladado à Sè de O-
renfe $ p )r permiííaô que feu Bilpo Dom Pedro Seguino com
oraçoensjôc jejuns alcançou do Ceo 54 Fr Ugil lo refere, que 5

hoje obraó m' liros milicires com hum anel de preço,


r J
que a Si-
-* „ ^*
!^^'
'^fT'",^"' if't \^,
'. ,. , ,,^ L' ' T.
- Bncr htp. -verfS.EmMlta. Vide EcjMhnl-
tatmhanodedoqaandoaâcharao. 55 ii.fit«. i,?.
"»•> 12 G?r'/ííí«ií pAÍÍoU a Africa , &: com oito COrilpinheirOS ^s Tru^ilíusinthefaur.Comion.dle le.

*foymirtyrizadaemCarthagenaai9.deJaneiro,5Óoannjfe^'^;7^,^,^^^/„^^^^^^
naó fabe devia diltar pouco do das irmãas.
•, ufinuium^ei Burmum. Bivar.fup. vcrf
-^ Jo. I ; Mjrciaria, ou Mircia, foy marryrizada em Toledo a i í
«S-CícrmaM. .

d'; Julh) Je 1 5 5. açoutada, laçada três vezes a bárbaros libidi-


nr>fos, de cujas torpezas a defendia hum muroque miraculo'-
famentefe interpunha lofterecida a leoens, foy delles venera-
da ^atè que hum toufo, Sc hum leopardo a deípedaçàraó. Nd
ponto queefpirou,feabrazoUacaía dehum Judeo chamado
Budano que a accufára com os que eílavaó nella & queren-
,
, >

dofe reedificar por vézeSjtornava a cahir matando os officiaes.


57 Pela femelhartçadoname,& do marcyrioa identificarão os ^ H^ctx Dextro atui ^f.
^JíAuthores ^8 comSanTâ^M-ircianamartyrizada em Cefarèa £t p Bivar iht
de Africa, fendod.usdiíF.rcnt--s,co.floo moítraõ Ocxtro,|:ÍÍ'X'^5^::^;rfJÍfr:;í:
Juliano, & o MartyrologioR.ománo. 59 mmotToUt.
ç* 14 Glniteriâi tornada para càfa d j pay , que a qiiizcon- s^ ^^ron.innoúsadit.^ul EfquiUn.u
''fervar,vendo que perdera as outras oito íilíias, fez vida A\-\gc. ""''^^ Dt^te^.&Mm.fup. Martyrolog.
licaj acompanhada, &: guiada por vezes de Anjos, atè que por ^'» s i^ u»uar.feudie9 ejufdtm.de
confervar a virgindade", querendo-a o pay cafar, padeceomar- ^^•'Í''J^'"'^
iÍ!Jft'Z'.^^'^'^''"^'^^''
» tyrio com outras donzellas, 6c varoens Santos, que a feguiaó,
junto de Toledo, aos 22. de Mayo anno fe naóaveriguaao ^

certo.No difctirfo daquella contenda gloriofa,que durou mui-


tos dias,fobrc o cafamento, fez grandes milagres, & converreo
muitas almas j& fendo ultimamente dégoUada tomou (como
S. Dionyfio Areopagitá } a própria cabeça em fuás mãos , & a
levou feténta U dous eftadios até à Cidade q entaó era Adura^ ^o litctx MatUta^.i.U.è-fj. cum
hoje lugar chaihado MargUelizza nó Reynode Toledo, aon- jj^^„ „
q^^^^
de foy fepukada & fe corifervaó fiias relíquias. 60 He invoca- Bre\>iar. mtq Tolet.o- Paknt.apudBiygr
,

da para as mordeduras de cães & outros animaes danados , tf ^'"r*/" i» "• v^r/ s Quiterié.
,
'

COmlUCCeflosmiIagrolOS. 61 6t P.Biyar.Ju^r.
15 Ceni-'
7

ilá» EVA, E AVE


15 Gcni-vera, (\\ie ch2m3imos Genebra j 3.0 primeiro dhd^
Kovembro(Julianoapoemnoannode 130.) foy coroada em
Tuy de Galliza com martyrio gloriofr. 62
í,tJ;;ríS-"'°* '^ ^'^^''^ ^" ô^/Z/^em 29. de Agoftodehum daquelles
niefmos annos (o certo naó fe fabe
) alcançou a gloria de Mar-
(5; Efjuiiijti.ti.ciio.n.xií. tyr-,hunsdizem 63 queemSyrmio, Cidade que foy na An^
BivarfupyMTjo.^uva daluzia; outros maiscommúmertte 64. que em Svriade Alia-
;

Sutiar, IH chron^ oc Hao Hos hc Hovo achaf que em aquelle tempo donzellas ,
i
Hieron acííiW^utrain hymno ápudbivar gc outras peííoas dclicadas com zelo Chriftaó pcregrinanem
,

/up o- s.r.dovai hiii. Tudenj Ecc/cf ^^^ -^^^^^^^ fagrados da Palcftina &' aflim (comocaiirou hum
5

^^^^^^o ^°^í.^ <^5 ^m hum elegante hymno deftas Santas


.5 H.cronMiaHi^«crar,.fu )
regarão illultremente com leu langue Europaj Africa j Sc Afia,
queeratodoodefcubertodaterra. .

1 Eílas verdadeiramente foraó as riòVe Mufas ííigrádas,


^qnepor todo o milndo canràraõ louvores Divinos em metro
mais alto q as irmáas deHelicona. Tanta fantidade de o Por-
tugal ró de hum parto. De Santa Felicitas Martyr^ porque foy
<j6r.Pr/r.ar;,/.//.r^.i54.i«?r,«.."^,âydcfete Santos. difleS.Pedt-oChryfologo,6Ó qu^J mere-
-' '
cera tet tantos hinos, quantos íao os dias do mundo; que fora
mãy dos Planetas , fonte dos dias q refplandecia com fepten-,

nario numero de luzes. Qiie diflera fe fallára da Portitguezá ,

Galgia com nove filhas fo de hum parto martyres todas in- j

fignes ? Diflera q gerara mais planetas q os dias que fi zera o :

mundo ttnais claro: deralhe outros louvores com mayor eftylo.


18 SôSanto António Portuguez alcançou pofantono-
maíla o nome de Santo nome q por efte modo fô he próprio
•,
,-

éjifi.é.i.
de Deos. 67 HumEfcritor 68 fez queítaó da caufa porque
68 Ft itt/í í/í 5<3«/á «a /^/y?.dfS.Dov<sm Portugal tloreceo tanto a lantidade; Screlpondco, queco-

m>go!f, ui.ò.c. 1. moasdiverfasconftelb.çoensdos Ceos diverfifieaó a fecundi-


dade de varias regiões da terra na produção dos frutos-, fer efta
tam fecunda de Santos nafcc de influencia particular da graça,
de mifcricordia Divina. PiíderaaccrefcentarquG porm>ediaçao
^ «. da ^/ri^^;yí,quehe certo que efpecialmente abençoaria
efpecial
%* Província em q primeiro vio tam fundadas as primicias da Fè.
^^^ ^
, E parece myfterio haver fido fúdador o Apoílolo Santiago, 69
70 Su/rlii.n. i.inffn; t^ó dcvoto às-Senhõrãi como diíTemos em outra parte, yo
Muito devemos a eftaMíV fagrada nas preciofiilimas relíquias
do leite de (qus peitos q íe confervnó cm Igrejas defte Reyno ,
1 p^tcce q mollra q a feus peitos o creou como filho. A rela*
7 1 Monarch.iufit.p. 5./. i<. c. 14. ed 1
/"• çaô queeftc capitulo fez das excellenciasPortuguezas na Re-
ligião; na6 attende acreditamos com o mundo, (^que diflb j;i
naó trato ) mas a provocar agradecimento , 6c continuação.

CAP
^

PARTE .11. CA P. LX VI. 46

;,. C À í^ IT V L Ò LXVI.
66 iamat om tu
Da fermo/ura temporal y Çff<vifiveí da IgrejaCatho-
'^.tr-tUca-y honra quejeus filhos Icgraõ nella j Ç^ com
\
quanta facilidade. \

I/^^TAitfórioefpiritual, comofícadito, i he fermofa í Suptae.^x.cumfeqj,


X^i a Igreja Catholicaj mas também no temporal, ma-
terial, Ócvifivel} toda he fermofa (como lhe dizia o Efpofo
Santo) além do interior que naófevè. 2 ,.
„ 2 Qv.e magnifica he a alteza do Snmmo Pontificado , .. ',^^ZI^,:r^j!Tl
de cuja foberaniano temporal , & politico jà d líTemosi 3 Que y^r 7.
^^fr.c.t^ikn^.cHmfeqq.
eminência moítrou nos infignesvaroens que o occupàrão/En *

tre os mais (porque naófe pode efcrever de todos} fe veja em


hum Sylveftre Romano, q foube íugeitar a íoberba de Roma -w^moi
à humildade de hum Pefcadordeo jurifdicçaó nas almas à que
fó dominava nos corposj 8c fobre a fraqueza do mundo eftabe-
leceo o mais firme Império ; elle fez certo o prognoftico de ha-
ver de fer Roma cabeça doUniverfojComo o tinhaó dito os Au-
gures, quando em feus princípios, cavando- fe no monte Tar- 1 ^
,

^ L.

peyojfeachoua cabeça do cadáver, donde chamarão áquelle


\\io^2iT CapttoUo. 4 Vejafeem S. DamafoPortuguez, de quem % Li-\>étcad.x.l i.

S. Jeronymo 5 que foy virgem fem macula; Santo Am-


diz ,
^ Hutton.uaPamchmm.5

*°'
brofio , 6 que fua eleição foy divina Santo Theodorcto , 7
i
'
?wlrí 6.'c'^, .

quefoy chamado varaó admirável , digno de louvores fobera- s ConcU.Cõnjianpn. 6,


nos;oConci!io Cóftanrinopolitanofexto,8^w/<?y diamante
na Fé forfua firme Zã; 6r a quem a Igreja deve muitos inftitu-
tos fagrados. 9 Vcjife finalmente nos dous, que entretan- ^ D.rmosnocit.H.tu
tos grandes., alcançarão renome de Magno hum Leaó, & \

humGregorio.ambos Romanos, a cuja viílaAleXandre,Pom-


peyo, ôc Carlos perdem a gloria daquelle epíteto. E coni tudo
S. Gregório , por humilde , foy o primeiro Papa que fe intitu- .-^^
\ou ServííS fervorumVeí.
3 Segue íe a fermofura das Hierarchias Ecclefiaílicas i
em CardeaeSjPatriarchas, Arccbifpos,Bifpos, Abbades,Prc-
lados, & de todos os Sacerdotes; a ordem, 8c precedências que
nifto fe obfervaó , fazem huma Republica viftofiílima.

4 Que diremos de tantas Ordens de Religioens, com ú. - •

variedade nas cores,& modos de feus habitos,& com a diverfi-


dade de feus inftitutos, que por differeíites vias fe encaminháo
todas a hum fim? fenaó que daquella diíFerença como de vo- ,

zes, que parecem contrarias, fe compõem a mais lonora har-


monia ? Bafta qualquer delias para illuftrar hum Império ; to-
das permittiraõ exemplificallo com a mais antiga de todas , &
máy de quafi todas , a ^é-w^íi/i^/Wíí , inftituida por aquelle Epi-
tome dos Santos , Patriarcha dos Patriarchas aquelle a quem :

Deos
,

464 .'>' EVA. E AVE .

10 Marc.t4 6r. Dcoshomou cõ O íeunomQ úq Bcnedião, 10 & (quando man-


11 y,ihegas ,
cr 5u»dou andar a S. Maurofobre as aguas) ii lhe deo o ílnal de
todos na\>ida de

íeu poder, per que S.Pèdroconh€ceoaCÃn)2í7. 12 Digo,mais


^'11' Matth.iAis Dominefime$,ju.
bcmevemrcadteíupcraquas. antiga de todas porque OS chamados Monges na primitiva
j

Igreja, fó eraó Ermitães. He verdade que o Grande Bafilio de


Ponto,Bifpo de Cefarèa (de doutrina taó levantada, que diíTe
S. Gregório Nazianzenoqueefcrevèracom penna doEfpirito
M D.NatUnKcn inMonod!aPBa/ii.^^^^^. ^ tam podcrofocom Deos,que fealargou a fimcf-
B41.0 }Hnio <.o{m. moa vidai para converter hum Medico $ pelo q difle o mefmo
,
J*
Melchior áeQa^tro-, na hii. da virgj. X.C. }^ç^^[qq^ qug fc quizcra , nuHca morrèra } 14 inftituhioOr-

v.omr.i//..«P«..demMonaftica}'mas naó fe confirmou pelo Papa fenaõ de-


'\Td"Jí.xWí../
liMic 40. çr tnP/aim. ijx. £«f ^(«iw pois dc S. Bcnto. No tcmpodc Santo Agoftinho Mongcs ha-
^.<»"""' '
„ ,, v ia, &
o mefmo Santo confeííaquefoy dei les, i< & conta que
17 svauim ad^Ufium, ,„ter e/.,/?.
OS kvoua Atrica i6 de que la le multiplicarão muitos Mo^,

i^.^uguihnfih n.-^^, -i "^-'''-


fteirbs j. 17 & também refere o mefmo Santo Doutor 18 que

inftituhio OS Concgos Rcgukres i mas a todos faltou a mefraa


uZSSuii.Kctraaaúon.i.r. c..u
18 D.^u^uii.ierm. i.decommun.vit. confirmaçaó Apoftolíca.A Ordem MonafticadcS.Bentoate-
Cii*'"^' ve primeiro; & aílim he a primogénita da Igreja. Digo, que he
m ãy de quaíi todas j porque ou lhes com m u nicou a Regra : ou
lhes deo as primeiras Gafas ou lhes aíliftiocom protecção; ou ;

obrigou com benefícios a íeus Fundadores; fora largo particu-


r^j r r .j cT-L V Urlzar mâtSiO Doutor Ffev Lcaó de Santo Thomàs na fua Be-
ntdifima LuÇitana. nedictinaoparticuiarizou. 19 hlte Seminário de heroesChri-
T-,«k /.- , ftaós governou por feculos inteiros a IgrejaCatholica no Sum-
--' " •.c>v.H c
jj^Q Pótificado 6í illuftrou toda aChnftandade có outras Or-
'
.
,

mlr^-^A dens , & Cavallerias q delle nafcèraó & com filhos infignes :

réjAiwo- nas mayores dignidades Ecclefialticas , & Seculares > quantas


Tiaras, Mitras , Sc Coroas fe honrarão com o feu habito So .'

quem contar as Eftrellas do Ceo , poderá contar a fua geraçad


.;; í.jTT jr6n»wi>Tv
cfpírítual , como Dcos difieaAbrahamtoprimciroaque cha-
10 Gí«fAii.*E'iTqucbcne(Ji<aus. mou Bcnto, 20 figurando efte fegundoPatriarcha. 21 Só tal
" ^TÍ'a ^"1'%'."" '" ^^^^ ^"" Ordé baftava para ornaméto da Republica mais famofa quá-
'
:

to mais tantas com tantas excellecias. 1 am galharda he a Igre-


ja, que atèo burel parece nella gala quam prcciofo refplande- )

ce o vilidimo habito dc Francifco Seráfico /tam parecido a


Chrifio , q Rabbinos equivocarão com feu nafcimento a vinda
_ .do Meílias; 22 nam he admiração viftofiífima centenas de mi-
.ludaos
::. ^l^^Sj^: '^
l^^rcs de feus Frades, & Frey ras eftendidos por todo o mudo,
'

Apud Aíatutt naprofafta


, deChufio ida- fuítentarcm-fe ricos, fcm tercm coufa própria com hum con- ,

í"^' ^1*
**'
tinuo milagre? Accrefce o magnifico das Ordens Militares, CO
15 CavortH. r,p.cfii.c.y§.j.n.i2.
vcrdadeiros Religiofosemveftidosfecularcs ; huns (comocs
Navarr.de reddit.menet. ^ v CT ^6 CT i» Maltczcs) guardáo a eftreitcza dos VDtos eíTcnciaes outros os
> :

propyac^. rj <»'l''fi <'í'b'Gahr.Per.


^^^^^^^q^^^^^ç^q^ ^^Ç^^^Ç^rç^^^ Ç^^ n pOf iíTo dcixcm dc
14 Eliher is- 16. Vid. te Domine f^r Religioíos. 23 Parcccm mcnosdoquc lao, &com
lílolao
t]uaíi Angeium Dei , Si comutbatum cft jnais trataveis quem parece mais do qucihe, afibmbraf como
: *
í^' invenit juvcnem
Aífucro a Eílhcr, quando lhe pareceo Anjo, fendo homem}24
'°M 5- v<^6
fplendiaum & ignoram quod qucm parCcc mcnos do que he , fe faz trata vel , como Rafael a
AngclusDc.cflct, faiutav.t cum, & di-
Tobias,porquelheparcceohomem fendo Anjo. 25 Em tam
difcor-
PARTE 11. CAP. LXVr. 4^^
difcorde concordância fe oílenta a fermoiiira da cafa de ^
Deos com muitas manfoens. 26 i<ífM«. 14. In domo Pauis me^raânf

5 He outra oftencaçaó da mefma grandeza material o fio»esmuitaerum.

fumptuofo dos Templos. Admiráveis os tiveraóos Gentios,


como acima diííemosi 27 mas eraó contados; osdaChriftan-
*^ ^"prx.é^n. n.
dadc naó tem numero, naó menores, antes mayores na fabrica.
Por innumeraveis fe naó podem referir: &c naó ha quem naó
veja muitos dentro de fua pátria.
6 A junta-fe a riqueza cora que faó fervidos a pompa nos :

"* Oíficios Divinos : a folemnidade das ceremonias : o celeftial

quereprefentaóasmuficas, os perfumes, &: o concerto curio-


fo grandiofo , ôcaceado. A hereges ouvi, que nada tanto os
,

movia como a mageftade com que em noíTos Templos fe cele-


bra j& que fe em algum aíliítiaó fentiaõ fuav idade extraordi-
,

nária.
7 Tu4o fem a qual nada hc
iftofe funda na fabedoria ,

feliz. Além da divina que illuminou os Apoftolos na vinda do *•

Efpirito Santo he impoíli vel numerar os fabios Chriftáos que


,

foraõ fal da terra, & luzes do mundo. Baila nomearmos os


quatro Doutores, que o PapaBnnifacio VIII. mandou fcftejar
com os Apoftolos 2 8 SaÕ Gregório , colum na da Igreja, fegu-
:
*^ ^"P- ^l'>*>ofus Bem, mee ie^relip
^^'^'''•* -*" ^'
* rança de Roma , Pay dos pobres , Meftre da piedade Magno ,
*

por fciencia; Santo Agoftinho, Alteza dos engenhos, Admira-


ção dos feculos, Fonte das Academias , Milagre da natureza j
Santo Ambrofio, cuja boca, logo no berço, divinamente indu-
ftriàraó abelhas para mellifícar aos Catholicos , & ferir aos he-
reges •, Saó Jeronymo, TuUio Chriftão, Archivo da erudição,
Lingua das Efcrituras aos quacs o Papa Saó Pio V. aggregou
j

Santo Thomàs de Aquino, cognominado ^^«^^//fí», porque


foy Anjo na terra, ou homem entre Anjos no Ceo, donde trou-
xe methodo comquc fez os humanos capazes deTheologia
Angélica & aílim diííe o Papa João XXII. ( por outro com-
•,

puto XXI) em fua canonização, que cada artigo de fuás o-


bras era hum milagre; & como taes os refpeitou o Concilio
Tridentino nas queftoens mais árduas. O
Papa Sixto V. lhes
aggregou também Saó Boaventura, cognominado lí^r^rí?,
por fua vida &: doutrina 29 em quem Sixto IV. na Bulia de 19 ^,a„. G,,p,„ ,^,^ j^ ,^^j g ^^^
.
i

ília canonizaçam tinha dito , que parecia qup o Efpirito Santo f^vm. p.i.somms cít idcirco.fecundum

fallàra;ammfoyrefpeitadafuapeíroanoConcilioLugdunen.!S;Í';';."';V''* P^'"" ^ ^«^"«*»


r -iT o r f -^ r\ \.-
° "o^f « iplc Bonavcnt. ut antonomalti-
le 11. orleUS eicritOS no blorcntmo. ccDoaoiScraphicusneminctut
8 Nefta matéria he grande fermofura da Igreja Câtholica
acontroverfiafcholaftica na diíFerença de algumas opinioens;
porque concordando todas em húa unidade de doutrina nos
princípios /& dogmas dele , &
difcordando fó nas matérias
prováveis, có fundamentos íeguros, fobre os caminhos de che-
gar àquella verdade he infalliveji credito da
:
q profeííamos,
inferirfcfua confirmaçãodas vias que parecem contrarias : &
conftar a unidade Câtholica de pareceres diverfos. Qiiefer-
mofo
!

4(5<5 EVA, E^AVE


mofo becomporem-fe as Univerfidades de Cadeiras de Santo
Thomàs, Saó Boaventura,Scoto, Alexandre de Ales, Durado,
Nominaes , & outros feguir cada huma a doutrina de feu Me-
!

ftre;& gloriarem- fe os diícipulos de feus appellidos (como no-


^ojMiicJ exemp. y ut ve! frh .q^ Sabellico 20 chamandofcos
I c
) de Saó Boaventura Será- , *
appellatK ne hnt abunde uotj, r
:.era| h,ici>

AHg<'iici,Subciles, Irreí:agaUlesntulo./?^'í'í OS
jr^^-ri
de bantO 1 homaS,
^

AugeUcOS
/iío i o-
OS dcScOtO, ÒUllSlOS
: l ^
prsciarifTimi vin Bo-.avcnrura.Tho- de Akxandrc de Alcsjrrefrwa-uetsl Dividefe a Theolíjeiaern
,

mas, loannes Dans Scotus, & Akxaii- j ^


,37r» u_ -^"
j '

der Aieufis.
diftercntes Reynos , porque hc muito grande para ter n m Jo li

ji Ctfp,G»-rtVí5 5.y 9. Principe. Difputada fe averigua melhor averdade; 31 argu-


Extu^>^Qua|^o.,u.>c>u,m, deverb.f^.íf^
^ ^^^^^^^ aguçaó OS engcnhos ; 2 2 Scotofe aperfeiçoou fu-

cuitur.
litur. til apartandole de banto 1 homas. Caietano le tez agudo reru-

tando a Scoto: Capreolo foy faniofo emulando aoCardeal Au-


reolo fe faltara efte exercício , desfaleceriaó os Letrados , co-
j
f^

moosfoldados no ócio: menor damno fez a Roma Carthago


contraria, que deftruidaj gloriofo combate onde os vencidos
^fi ficaó Igualmente vencedores apurada a verdade, que todos fó
•, bufcaóparagloriadeDeoSj verdade invencivel, achada, &
acrifolada por taò vários caminhos
j, nom.Bojjius,<lePgmsEcdefu ^ O eruditifllmo Thomàs Boffio 33 emtratado copio- ,

demonftra larga, & particularmente as excellencias da Igre-


fo
ja fagrada > da qual os que por graça de Deos fomos filhos lo- ,

gramosnaófóoefpiritual,mas também a mayor honra para o


$« mundo. Se a dos paysfe deriva aos filhos fó pela dita de nafce-
rem delles com duplicada razaó nos honra tal Mây, fe fobre a
:

ventura de nos haver gerado, procuramos a de a merecer; &-:


aflim, levantados por todas as vias da ruína em que eftavamos,
nos achamos remediados na culpa, & fublimados nocredito.
EntreGétios, & Mahometanos faó authorizados os Cbriftãos^
naõtem aquelles graça para o ferem ; mas tem conhecimento,
para nos refpeitarem. Dos hereges poíTo teÍLemunhar,pelo que
em mais de feteannos vi em Inglaterra, HoUanda, &: parte de
Alemanha, q fazem digna eftimaçaó dos Catholicos; aos en-
tendidos detém no erro o intereííe , ou o temor do cómumj ao
vulgo cega mais a inveja que nos tem j (q o ódio invejofo naô
repara no feu mal} }& a todos, quando nos chamaó Pãpijlas
cò defprezo exterior fica no interior húa veneração inimiga.
,

10 Para merecermos efta filiaçaó,quem tanto fez por nós,


bem pudera querer de nós quanto nos he poflivel, &: muito
pode a noíTa natureza,pois S.Simeaó Stilita natural de Silan em
Cilicia de Afia menor, creadcj menino em Moíteiro com gran-
des penitencias, paíTou quando mayor ao deferto, aonde as fez
mais aíperas > &: quando homem, por infpiraçaó Divina viveo
trinta & fetc annos fobre húa altiílima coluna ( como em can-
delabro para luzir a todos ) às inclemências dos tempos, vefti •

dodecilicio , comendo fó húa vez na foniana muito pouco,


quafi fem fono,em continua oraçaò, interrompida fó de prèga-
çoens confirmadas com milagres que dalli fazia às gentes, que
a vello concorriaó de varias partes do múdo,& rccebiaó excel-
lentes
1 . -

PARTE II. CAP: LXVÍ, a^<?r


lentes frutos erpirituaes, áccorporaes. Morrcoafibm brado de
hum rayofobre a meíma colima, poftoemoraçaó, ficando ò
corpo immovel na devota pofturaem que orava , pelos anntís
de Cr6r{//^46o.em 5. de Jáneyro. Tudo ifto, que parece incrí-
vel, contaó S. Theodoreto tcítimunha de vifta ,&" outros gra-
ves Authores. 34 Naô faó hoje as forças tam robuílas; raias HTheodoreUWíPhiiotc.u.

"^VRofa Dominicana, em cafa de fcus pays, voluntariamente fem ? ^


D,chry/o(i. kom.u. « Cí»^it
^""^'^'
cbrisacaó de Regra, donzella delicada, & doente, na dei icio-
'*

fa Cidade de Lima no Peru, clima froxo da America, de idade


de quatro annosatèfua feliz morte, pafloudias, noytesa &
mayorafpcreza, emadmiraveisjejuns , comeres amargofos,
dums cilicies, difciplinas cruéis, vigili:.is quifi continuas, de q
lódefcançavaemcamá de pedras agudas, que a atormentava
mais> chegou a coroarfe de efpinhos que lhe treípaíTaváo a ca-
beça, Sv-aandaríobrebrazas, 6: aoutrasacçoerís , que de toda
fuavidafizeraó hum milagre continuado. 3Ó*^ ^
^JP-Fr.ifongrdoríarfiH,ni:viÁi^

1 Cjm tudo,náo quer Deos que imitemos o que naó po- Viffmosno Pa«f£yrico damJmSém,
demos quer que meçamos noflas forças com prudência que
; ;

humildemente efpjrernos fua graça por ventura q algum dia


i

doultimolugar noschimaràparamaisacima, 37 Quem vive j^ lue.f^io.


bem, fempremerece:aboa vida heoraçáocontinuai 38 mar- ^H^''»<tr(grai/uvi'aefpititc.ti.admii
tyr lhe chamou S. J ,aó Chryfoftomo. 59 Mayor perfeyção ]', ^'SJ;^:;:.::^,^^^

fobe mais alroi mas Deos nos rpta com tanto mimo, que lecó-fí/.^wioc.
tentaccmquesuardemos a Ley; 40 Sceíla, como ià nota ^° -ií-c^. i9i7- Sivisad viumia
^ j u n . j M . eredi, ferva traiKiata.

.
mcs^ 4I toda heemnolíOproveyto ^aindíi corporal. JS^go ^j Sup.c.i^*H,x.&4.
1

nos prohbe os bens que dá o mundo, ufando bem delles, co-


V rno no
f
rricímo lugar d ííTemoscom riqueza's bem gaífadas,
}

com recreações 1 com galas níod( íbs, com manjares em


icitas,

temperança C( m todo o bom tratamento Chriílaó em todo


, ,

ceílado, podemos fer di-^n )s íilhns deita Divina May ; tudo


iftoheind^lferente-, douíbnírceobsm ^ ou o mal. 42 Nem ^^ Viieff.e,<6 O-Mtp f.57.}8.
manda o JVw^í/r' que fem pre tragamos o psnfamento no Ceo,?9. €7*44. '

mas que o apartemos das v v.dades òc vícios no corpo myfti- ^ ^^'^"'^ ^'^i°- ^'^''^- ^'*'"
, :
'^'^"''
'
^^"^

cede C/jrz/í> os COnteP^pu-lVCSiao chamados olhos os ou bosplc^umque íineculpa íomimusi &


:

tros,ou faó maós, ou pè>> 5í quando Cbrijlo ajuntar feus mem abjcdiores non fme rcatu cókcmx Ru-
bros, todos fehaódeíalvar. 4-, ffl"^- ^'*"*'''í:T;:!^'f!iTví
12 Para tanta uavidade, ainda temos repugnacia do mao noa tam abftinciítia cibomm quàji
í ,

natural-, mas também iílo he favor de Deos j porque nos he '"""'^"".^ '"í'*^^"™-
trombeta, quenamiliciaChnilánosavifadoinimigo. Como *^ " "//"i'-''^»-»''/^"^!
aos bifonhcscaufa terror aos veteranos foa valor quem pele- i

ja fem ella, naó hc foldado: obra acafo, naó com difciplinaiclla ^^ D.p,,^,
chrylol.fem.ii.!r,p/,i»
nos faz acautelados na paz , fortes na guerra j invenciveis nas 40.
batalhas-, 44 ocertamen Com nós mcfmos nos dá martyrio"*^ D.chryfop.^hov,4oinfrt>tt.
'^'^"^^'^^'
gloriofo; 45 & aílim nos devemos gloriar delle. 46 No que
"***
*

pomos de nofia parte quer a liberaUtiadc Divina fazer mereci-


Ciq
'
do
q

'''
4<$8 '^''^ EVA, E AVE
doóquchcpnradadiva, & premiamos pelo mefmo que cleo,
tudo.nc s dcfcuydàramoSi
fe nós o fizernmr 5, loramos
íc fizera
íoberboSjCprnpoem-fe a mercèdc nc íía promptidaó, &: de feu
47 D.ChyGn:p,m. dt^ibm, (T i^iXfHo. 47 J^ofiwT de tairofio comcfas otcvpí^o , difleDcosa
£i.,;/)p/<ií.i-<r...m 1. la-itaenmc-rtfr nolío priíiieyro pay j 48 o noíTo paó da terra comemos no
?';;,,.':;;"í Si';.- l J' ^t »t
'"""f,'>= nono rolto: o paó de Deos, qu= he o do Ceo, p.fto que

n»xfaTgía!çi:it;j:vcr .airjmwírtdicu- tambcni hi dc ler granjeado com noUas obras, 49 tfm ofun-
ttio-n.^o.Míy.p,^nHo(hi»ir.r,r,n .lamento
i'us
no íuor do rolto de CM/?í>. Ko Cavando com. mu v-
Dcovo tcc.'-r.oippieioruiTioprra£-.ts cosluores as muias da terra, efcalíamente le tirao pequenrs
ii«.ivuLíiÍ!(i:iijjrr.bus",&i(i80ioturano graõsdeouro: nasdoCco com menoctrabaUio feachaóinef-

^' íavcis riquezas; 51 & nós trabalhamos pelo difficil, Scnao


jrGl"'/T"Í9
49 £i/ft i ^a.c6.- J».i4. tratamos do fácil, fendo melhor. Thomàs Moroinfigne Mar-
50 Lf..i;.,4- tyr In<j,lcz dizia que muytos pudcrâo comprar o Ceo por
t:o't labr. «."íadoie .;ue m.icos.v.x p.m
a-.nctade do qiie Ihcs cuítou O mtemo. 5 2 demónio Ciítiga o
C..Í qiáici m mu-as aiicruii: hic su:uj {)S trabdlhos com que hi fcrvidoí Deosprcmea odefcancocó
;

'"'^^'''''"'''"'''''"'^''''''
qLieliic obedecemos em proveyto noíTo; 55 a glona acom-
«bauf
sí Kefírt P.Bíncd íitàin. inGey.ej.v pinha as virtudes: a confufaó Dáo feapartados vicios^quecar-
yííí 3 v/«/í.i.
«i
regado fcfente hum peccadorl que leve quem feimarrina em
./,?; H , ^
«'.'t^t^ graça/ dilto, diz balamao, 54 íequeyxao osdomrcrnodef-
'^

í^íá/^s.^.un-at.fuinus inviaim.enganados tarde. Aiéjio demónio deyxàráo arado Chrijh


quita hsjicrd, lio ^is, & ambuia^i nus SenhomoíTo, SantilTima jparaquemaisnaócnga-
6c fua A/.í )

vasMic.iccs.mmaue.TiUommi.guo
naíTc as ffcntes, diz Sió íoaóno Ap.ical vpfc s< fede antes
:

^ s /ipora/yvf. 10. }. U: non fcducat enganava,ja hoje nao laz mais qu j tetar ; os que cahem na tcn-
a^n piais ^icjKc?. taçáo,clles oqucrcm > comoção atado pôde ladrar, mas na6


acíc «onj>o,at n^a volaucm,
'""^

^ •
'
^^
po^^ morder iéfiiao a quem voluntário fe chega a feus dentes.
^5 Perennesgraçasíejaó dadas, a quem danuyor queda no»
ii^i-M'.
"'•<''• Icvaatou a tanta eminência.

C A P I T V L O LXVIL
TrofiJttoolGríofo da Yirgzm Maria.

X X^^^^g*'*'^^^' & de gozo fe compõem eftanarraçSo;


*"
, li7p.Bínwá./£m.i «líU^«m/>f.

Ts%ipha-<, ,HV hyitgCtáTcn. in Míiy ò^ntiíTii-na


í. nos deyxou
J^ choramosqae
celebramos a gloria de noOa
no
a aufencia,&:
defterro , & nos efpera na
,

co>r4>cnd hijLm fiber 3ir(K%.amdM chr.


p^çj-ia de paíío a logrânios òc de aíTento a
:
lograremos, i ,

f',' n,;« / .. AnH. . .»r


'
2 Sendo a Senhora de quafi fetenta & três annos , aos cm-
^dcxtrêmu-^. coentafic fete,oucincoenta&oyto donalcimentoaeC/jr//íí7,
i'.Fr.'iofq>h <u ff M^r m hip^dt Virg. opinião melhor,
^^^^^ g^ ^.j.g^ dcpo s dc fui AfcenfaOjfegLindo a
HMn:tP.s.>,ci.usin^.i..hm.z cujos forçoíosÍL.ndinentos reconhecem os
Authores que
nvioo.at. .,Cyiius,n»tfm:Jverf Non
q^, Í2í;eraó fc^uír out'. aSj 3 vendouos jà
rcmídos algrejadila- ,

i»aawi«i-o^w«<.tf'iDíiír.a«.4a. (ie
, todas as niçoens, 4 como tinha proíetizciaoaeUi 5 com
a dcyxàra na
,V^' vfr/T/f m.w. ^ ^j,^ 1^ ,^y j.^ fatisfcyto aos officios para Chníío
: r,íf:^;V;:u;í'n,cducntom„« terr.i- 6 anheUva mais
afubir ao Ceu pela moleftia daperc-
Natural ,pelodclejo do ultimo Uy
'

gcneracioncs. pclaobediécía à crrJnaçaó,


L,pelaccrtezadagloria,&principa.lmetepelaslaudadesdo
^:;:t^\;i::j:..c^^^.
,

PARTE ir. CAP. LXVn 4íp


Filho Deos. Porque aindaque muytas veies gozava fua viíla.a
queria mais permanente lem os impedimentos eorporáes, & a
olhos dereubertos,fem íigul-as, ÍV: efpecies , ajuntarfe com elle
>** naluzceleftiál. 7 DoerttedeftedefejoacóílderavaSalamaó} 7 Edetmtivoseo^ticraoP.Fr.pftph
• 8 poriftodiíreGLierricoAbbade,9 que cíta^/i/ depois que
VcllLj.Amoreiancíucorer;,.,^
parira eíteiv//:?í),lempreeftivera doente: ou de temor, depois 5-8-

,n r - jj i r
:


AC
' ^'"7^" ''""
de feu nafcimento a tè fua pay xão ou de dor , erii fua pay xão „BOMC
r-i
Iclu ""f' f^""^'-
qaomodt)
-"^ "'"^
liic mater ena
ate a Reíurreyçao: ou de amor, depois de lua A Iceníao ate que poltouam te,!;enuir, niimc]uam fere ,.iii
,

o foy acompanhar no CéOj foy o Filho a efcolhida fetta (comõ '" iant;uiorc fuit pnmo Uiíguit címoic, \
,

diirJlfaias 10) com que .0 Déos amor ii lhe fer.ooeorà-f-^rí/lXXírSfc», f,g,,v


CaÓ. 1 2 tam eleilam.
'
2 QiiizoJ^^/í/Wcontentallaí &
poíto que fem mortea \[fí';'ÍZ^è^^f"'^'>'^^
pudera trasladar ao Paraifo^ pois era ilenta do peccado, 13 (& hcratachantaie
aíTmidirteraó os hereges Colydirianos, 14 &
alguns Douto- .^^'* v^dí/i,p.p.uc.6.n.4.&inkacip.
res erradamente que naó rtiorrèra;) 15 qniz que morreíTej 'j^ co^itfquosD.E^bhan.h^refnt,
para confirmação dè noííà Fé, moftridofe por Tua May verda- i K4'^rt cmhi^.dí arcuR.Dcip.p.ii
"1

deyro homem filho de Adam ; para que ella (c coílformane có '•' J"^'""-»*
^ o mefmo Senhor que era fua cabeça, &
morrera: para augmeri-
tar feus merecirnentos na tolerância do mais téíribel mal: ôc
para nos animar a ella; porque ainda que muyto nos animou o
padecella C^ny^í7,puderamosattribuir feu valora honié Dcos, ,5 t!l.sraKomnmóf.UephdA;sí
& mais nos esforça o exemplo de humapilracireatura. 1.6, f-ii.».ii

3 Efbe glorioíotranfitoefcrevèraõquafi todos feus hifto-


riadores na mayor parte por confidcraçoens do q devia fer. Só
S Melito Bilpa de Cerdenha q converfou os Apoftolos, foy
, ,

difcipulo do Euangelifla S. João j Efcritor infigne de muytas


obras de q fazem menção S Jeronymo, Nicephoro, S.Theos. , .

doreto,&: outros Authores, 17 fezaosChriílãosdeLaodicéa J^ p^'>';'''«'«c«íW.5c-n>for È^í/f/-


nua relação pontual que elles lhe pedirão, do que na real idade ? lo.n, Genef.
paflbu diz o Santo quepáramoftrar oerrodoqueefcrevèra ^'<:oii""f-;"^'[e?t/. ,„ c/>roW m. chifí.
;

hum Leucio , lhes referia fimplezmente o que ouvira ao A po- ''°/f ^'wXr ,5^^^^^
ftoloS. João. Anda no tomo quarto daBibliotheca dashomi-M-8'W/oíio», cp-fcrm.pn/corhci.patr.
Jiasj&íermóes dos Padres. 18 Vejoquealeuns Authores 19'"'"'" V"* "«P'^/(-í^"^<^''«'"';' s*» nos
^ Guvidao ler aquella relação de b. Melito perluadidos princi- j laniieaudivimus h.ic npiíc L tcrt.
-,
, íí

palmentedequeS. Teronymo,& Nicephoro não a nomearão ^^'''"^-"'^"^'^'^"^""^^tidireximus;


entre os íeus efcritos que referem. 20 Porem argumento ne- ^'^,,1,^ ,„,. ^,j ^.^.^^ ^^'^^^;^*-
/. , .,/,.

gativo não he valido; podiâonâoter noticia deite; o que era lej^e-à^s^ de._^in<'npt b m-
fácil em tempoquenâohavia imprerraã,quecommunica mais '? n '^"''""^ N,ce^h.^r.fup.

OS livros, bao J eron ymo na epiitolaa Dextro, no principio da- CAthd Scuptor.Eaief.
quelle Catalogo dos Eferitores Eccíefiarticos, 21 reconhe-
ce, <k defculpa efta falta de noticia em que podii eáhir; éc quá-
do tratou de S. Melito, diííe queefcrevérahum livro ao Em- ti b. Hieron.fup.áf Mehto. Scripílt
perador Antonino , do Dog ma Chrijiao & outros efcritos, én- 9"?l"<^ & alia de qmbus iiu íbnt qu±
, ,

treosquaeserão os que logonomeava; 22 no que moftrou


'^^^'^Unj.BuRJnM.i.i.tuadc
«ao nomeava todos: ôcaílim a dita relação do tràfito da ^r-.^/Jfí^/^íf^yí. •. •
,

^^^.'«allegâo com veneração o Varaó infigne Èernardino ''•'''''"• '•'"í''''''^-^ ^*^-


'•'''•
dc^''"_fy
Buftis,odoutiflimoCarthagena,oerudito,&curiofoP. Ma UndL/,H%ario Mv, „o,ot.u j c^j^-
^ ximiliano Sandço, 23 & outros graves Eferitores. Qiiando««í'-^<»"'"'i/«^í '•*>"'• /"••

Qa ij hou-
a

4?* EVA, E AVE


houvera erro S.Me1ito,parece que feu Anthor
enl fe attribuif a
* tam devoto, & cirriorátOj conio delia fe entende, não diria cõ-
fra a verdade que a ouvirá da boca do ÊUangeliíta antes ícna
;

outro djícipulo feu. Pêlo que fcguiremoscompendiofaiTientc:-


aquella relação, goitíc tani digna de íé , ajuntando , para dizer
tudo, algitmas GirciíhftáftGJas» cujos Auihores alicgarcmos,
porque fe veja ò qtie he do Santo , ou alheyo.
4 DizS. Melito, q em hum Domingo pela manhã eflan-
14 S!<p.c.g4.n%. doa^r^f;« fô emfiiáGafa (aCimà difTemosj 24 aonde era}
M K/..ija;-. /tó 5i.íJ. >ia fejia da
derramando laarimasj táúdofa de feuií'//:^/), lhe appareceohú
r,<i!Gu rru.ferm.de ^pmph- Anjo relplandecentc, ( Vilhcgas Qiz quc bao CjraDrielJ 25 &
X6 f''idcitip.':^iy
comoyf^'^ da Anfiilnciacaó 26 afaudou: Avs jbemdita do
Serlhor. Aqui vos tríigò hum ramo de palma do Paraifo de Dcosi
para qiiè daqui a ires dias que haveis de fahir do corpo , a façais le-
var diante no vojfo enterro ; ó" voJJ^o Filhò vos cfpera co os Thro'
nosy Anjos ,& todas as Plrhtdes do Ceo. Refpondeolhe a Se-
nhora: Pe COVO'! que todos os Apojlolos de meu Senhorjeft,' Chri-
Jlomc venhao affijlir. E o Anjo diíTe ; Hoje por virtude de meu
Senhor jefu Chnftoferao aqui trazidos os Apojlolos todos. Dii'-^
# fe iVÍT^Qm:Pe covos que me deis vojfaben çao paraque emaqnella
horamènao appare ça o Príncipe das trevas ; & o Anjo refpon-
deo: Nenhum poder do inferno vos empecera mas abençaocter-
:

navostemja dado o Senhor voJfo Veos^cujo fervo , ér Emhayxa'


dor eu fou nâofou eu quem hade fazer que nao vejais o Pnncipr
í

das trevas, mas aqnelle qUe trouxejtes em vofso ventre, porque efse
tempoderfobrc tudoparafenlprc. E deHippareceo , deyxando
palma, quc refplandeGiaGom eftremada luz. Pelbarto 27 re*
17 P'/6ir</.iaSíí.'/jr.».s.<ir/.i;
&
'

fere» que era de varias cores; a vara verde, kiminofa como


efmeralda: as folhas brancas, &f luzentes como cílrellas; 6c que
viopartedellaem caía de hum Príncipe fecular do Império,
que a tinha em grade veneração; o meímotcílemunha de viíla
t% s.Cofmtmitor,rtpudCirthagen. S.Cofmc Veftitor-, 28 noílodevoto, £c Guriofo Jorge Car-

^\\^j7zrM7fíZ'oiyíâ^H't<>m.i. <ioío , HO feu crudito Agiologio, 29 diz que huma relíquia


mi\^c(eM'yo, delia fe guarda, entre outras no altar mayor da Igreja Macnz
,

da Villa da Praya, na Ilha Terceyra.


^^^ 5 A Virgem Mana (profegue S. Melito) veílio outro
^ itlelhorveftidoj&rcomapalmanamúofahioaomonteOlive-
te & orou aPiim.' Eu, Senhor n fo era dig na de vos receber , fe
, ,

vos nao compadecefseisde mim; masguardej o vofso thefouro q mg


encomendãjies. Por tdnto vos pe p, Re)' dag lona, que me nao cm^

V
P^ Ç^ o poder infcr-ãáhporque fe o Ceo ,
^
ò' os Anjos tremam cada
diadiantedevi9s,qfíantomaistremerà quemhefe}'tadeier7'a,c;'
nadatemdebom, (h-^ao o querccebeo devofsa bonJadé: porque
vúSfoiso Senhor Deos fempreòemdito paratodoso^feculos. E ren«
ío i{peUdcS.BfigiàL6.c.6iii do ailini orado, tomou Nasrevclaçoens de S. Brí-
piira Caía.
gida 30 lè accrcfcenta que fefoydeípedir de todos os luga-
res fantos.
6 No mefmo Domingo, à hora de terça ( contiuvia o
* Santo^'
PART. 11. CAP. LXVIT. 4/*
Santo) eftandoS.JoaóprègandoemEphefojOUvefLibitamen^
te hum grande terremoro A' humana vem o arrebatou da vifta ^, Semelhânrc Ce vio cmHàbanic.
dos ouvintes^ & trouxe à porta da cafa da l^irgon» 3 1 B xteo Djh<w M.ts. Ecm s.Fiiippc.c^^.g.j?
^^^-i^.i^
àportajôca^yt^w/jír^vendo-o fealegroumuyto,6clhcdifle:3í í*

Rogote , fílhojoao , qvetelembres das palavras com que ineu Se^


nJjor Chrt^Oy Mcfire tetf, mz encomendou a teu cuydadõ. Dentro
de três dias me hey d<.e partir deite corpo ; ouvi que osjndeos dU
ziao que efperavao minha morte para o queymarem , porfer May
do que elles chamao amotinador. E logo lhe moftrou o veftido
com que havia de fcr fepultada: 6c a palma luminofa que o An-
jo lhe trouxera, pedindolhe q a levaíTem diante quando fcfie à
fepulrura. Refpódeo SJoaó: SenhorajComovosprepararey eufó
exéquias femvirem meus irm7^os os Vifcipulos Apoftolos de noffo
Senhor jefus ChiifloafazerashojirasavoJJocorpo^E niíto.eis q
fubitamente por mandado de Deos, os Apoftolos foraó eleva-
dos por nuvens dos remotos lugares em que prega vaó , Sc po-
ftos à porta da Senhora. ; Entende^fe , os que viviaó j porq
7,
, , ConrordaS f^e^t^i ^rcehje p.

Santiago iMayor, &: S. Filippe jàtinhaõ paíTado ao Ceo por rtififf», apud Euthim.i.r, iújí.c 40.
martvriojdu vidafe fe vivia ainda S. Bercholameu , que prega- ^•'=l''J^^'"'f, ^'"^^'"'' P^^hm- i*
va na Arménia Mayor &c dos vivos tardou b. 1 nome , como d jotn Dm^fctn.or t.àe ãormh.Deip,
;

veremos abayxo, 24. paramvfterioaltirrimo. m -uvi^yi}.' rat.de oriH.&dotmit. Dáf-


roíeguearelaçao que te laudarao os Apoitolos, ad- ,4 /„/rac.s>?.>i.j.tír4.
mirados do fucceflb, íem faberem a caufaj &: pedindo-a a Deos
com oraçaó, fahio de cafa S. Joaó,& lha diíTe. Entráraó,5f Tau*
dàraó a Senhora , dizendo ; Bemdiia vós do Senhor , que fez ú '-.
Ceo, ér aterra; a que rcípondeo Pazfejacom-vofio^irmaosef'
.*

colhidos pelo Senhor. Perguntoulhe como vieraó. Elles lho re-


ferirão a F/r^e;« lhes pcdio que vigiaffem atè a hora em que o
;

Senhor v\ni, & ellaíahiria do corpo. E todos íepuzeraóa


louvar a Dsos aquelles dias.
S Nicephoro, Metaphraftes, 8c outros Authores 35 ef %s Nkephor.U.e.íi.&tu
crevem que concorrerão os fieis de |erufalem,&rua comarca, -^^'f Z"/"'^' '"''''/
, ,
.

homenSj&mulheresaviiadosporb.Joao.Glycas, Authorno-í.io
hiliíTimo, 36 difle que também concorrèraóos fetenta Difci- PFr.jofcphd.i.s.e.w.n.t^
f^^\os.]l^vQnú^rcth\{po,ízVmi2LXClát]Qn^{ÚQm,è>zn\c^
phoro 37 accrefcentáo que entre elles eftavaó o SantoTi- ?7 Juvenal apui Euthim.htJl.Ui c.^r
motheoprimeyroBifpodeEphefojOgrandeTheologoHye-^"^*'/''""'^-'-*^-^'-
rotheo,&S.Dionyrio Areopagita, como omeímoDionyíio „ . ^. ., ,

O teltinca em hum lugar de luas obras. 38 nied.

9 InvejavaóeftesCidadaósdaJerufalem militante aos da


>
triunfante haverem de lograr tam eedoa prefença de tal Rai-
*'
nliaj 6c em piedofa competência, defejavaó que fedetivcíTe na
terra quanto aquelles a defejavaójà no Ceo. Efcrevem outros
x^ Mekhior ieCa^tetu^.
»f-» Authores,
39 que ajoelhados, êcchorofos lhe pediaóentreí^H^f /><".< fiv ic^i-,
-> loUicos que os naó defamparafie , q ue checando ao feu Revnc í,"""^/^' ^j"' ^"'"'^ f'1^-'^'' Alp^ti^,
^*> C 1
'
u n- J íVJ j \ .-.1j. /r u Nicepkord.c íi.
# je lembraíiedas neceliidadesoe todos, òc os levaííebrevemen- Mcu^raji fupr.
feavella. Qiie S. Pedro iheencomendou particularmente o
rebanho de que era Paftor ; oEuangeliíí:a S. Joaó íg defcon.fo-
Q^íi) lava
471 EVA, E AVE
lava mais :animava promcttia defpachar com
a Senhora os :

feu Filho fuás periçoens: exhortou a S. Pedro a levar com va-


lor o cargo que lhe deyxàra Chrijio: coníblou a S. Joaó; enco-
mendou a todos que fcamaflem > para femoftraremdifcipu-
los de ícn Filho, Sr ella os ter por filhos feus.
10 Referem mais , que em aquelles três dias por tefla-
mento nuncupativo inftituhio a Igreja por herdeyra de fua
40 Genef. 49: bcnçaó (niais abundante que a dcjacob: ) 40 legou duas ru-
^4'' nicas fuás a duas Virgens que a haviaó fervidoj diz Metaphra-
41 Mctaphrafl.de dcrmt.y!rg,
^^^^ ^^ ^^^^ ^. ^ ^^y^^ ^^^ ^^^^^^^ ^^ ç^^^^ mayorCS j & quC
*.

deyxàra aquella túnica como em morgado, para andar em


4rN?«pí.<.r.i.i5c.i4.«.jf».crt4.
Virgensde fua geraçaóiôc Nicephofo 42 conta, que em feu
tempo eftava UCia. das túnicas incorrupta emConítantmopJa
em grande veneração, refplandecendo com milagres. Fez te-
ílamenteyroaS.]oa6Evangelifta,encomendandolhefeuen-
^ , .; i n j terroi&cmuvtos Authores referidos pelo Padre Carthao;ena4í
"' ^r/
/
eícrevem, quelhedeyxouaiaxadoMeninoy^/i;j-,apeliinha
cortada na circumcifaó, a coroa deefpinhos que puzcraóao
i^fw^f^r quando padeceo, o Sudário do fepulchro , o efquife em
que fora levado a elle húa cinta da mefma Senhora: o vèo de
:

quando fedefpofou outro de que ordinariamente ufava, o


,

anel dos melmosdefpoforios,hum fufocom que fiava , cabe I-


]os de fua venerada Cabeça (tam gabados, 6c queridos deíeu
/í//:70,&EfpofoDeos, porSalamaój) 44 & leyce dos fagra-
44 Cant.4.i.& 6.4, dos peytos oh joyas preciofifllmas Naó pôde o Sol crear fe-
: !

melhantes em todos os feus mineraesj riquiíTimo ficou Joaó da


teftamcntaria mas naóoffendc apobrezaoqueheineftima-
j

vel. Os mefmos Authores declarao as partes onde em íeus


tempos fe guardavaó eftas rcliquias.
11 Entretanto fe chegava a morte com tímido, humilde,
& reverente paíTo, veílindo fuavidade em lugar de rigor, para
executar o natural minifterio em aquella filha de Adam, pofto
que naó da culpa. E profegueoSantoBifpoMelito, queao
dia terceyro (que foy terça fey ra) à hora da terça ( Santa Ger-
.. jievtla(Je S.Gertrud. l.yc.49. trudes nas fuás Revelaçoens diz , hora terceyra da noyte) 45
cahiotam profundo fono fobre todos osqueeftavfionacala,
que nenhum pode vigiar, maisqueos Apol1olos,(queNice-
f phoro diz tinhaó tochas accefas,) & três Virgens que acom-
panhavaó a Senhora; & fubitamente veyo o Senhor jcfifs com
grande refplandor, &: multidão de Anjos que canta vaõ hyni-"^^*
,

nos, & divinos lou voresj 46 & lhe difle Vinde tnnihaefcolhi- i
;

4« omifmodiKfmS.joaSDimnfcc». ^a,joyaprecio(JjJimã: entray no receptáculo davida eterna. Pro-


ftradaemterraa.S^.«/..rv/,8çadorando.o,lhedizia Be.uho :
<*
fiZlt]:f!J^^^^^^^
D.,^ij(imdetiicdyn^<.%. fejao-nomc dc vojjajiloria Senhor Deos meu, qnevosdrgnajles
,

D Hicr.r..(erm.det^ifiimpt.tntom.9.
deefcolher ejlavojfahnmildijjimaefcrava, & encomendarmeo
\tfntlim7eB4n]p. xMaudJtrm. i feg redo de vojjo rmfterio. Lemhrayvos de rmm , óRey dag loria,
i

át ^yiljmpt ^.y 'po is fabeis que de todo meu coração vos arney c^giiardcy o tbejou- ,

ro que de tmmjiajlcs. Recekj, Senhor, e/la vojfa cfcrai-a ; Uvray-


'

me
,

PARTE II. C AP. LXVII, 475


tm do poder das trevas, para que nenhum impeío de Sata7'J.síe me
reprefente, nemveja a fealdade dos píàosefpiriíôs. Refpondeo-i
lhe o Sal vador : Â
mim ofendo mandado pelo Pnypárafaude do
míido, featréveo a apparecer o príncipe das trevas, tnasfoy-fe ven-
cido., ér atormentado ; vós também o vereis pela ley commumde
humana que vos faz morrer mas nao poderá empecervos , porquê
,

nada tem em vos ò' cu eífôu com-vofcô p^inde fegnra que voí
, .
^

efpera â miliria da Celeflial vida, para que vos porlha nosgofios do


Í'^r./7^.^CConheçoasobrigaçoensdefteponto; 47 mas ílgd '^±íít;'dtÍnln'^^^^^^^^
a relação de S. Melito; diz o grave Doutor Carthagena, ^%i.i\.Lom.x.inpinc.
que permictia o Senhor aquelle apparecimento do inimigo
commum para mayor coroa da Senhorâ^ou para nos dar aquel-
le exemplode temermos humildes.) Levantoufe a Senhora ^
tt havendo lançado fua berlçaó a todos os prefentes, encoííotl-
fe foubre o ley to &: daudo graças ao Senhor , lhe entregou o
;

efpiritOjdizoSantoBiTpo. Nicephoro 40 declara, qiiepro- ,,- *, , >.,


.j, ,

nunciando: raça-Je emmim outravez, fegmidpvojjapalavra.^o 50 z:«.m,,8.


12 Os Doutores <i explicandoomodopérqueefpírou, Porre, „ 5» «^^"^Car/Aa^.á./.i^.ie/^.^.vír/.
j. , iT> \ ^ r rr
1 1 cum/eqa.
dizem que elevada a A^T^e?^ accntcmplaçao inteníiíiima do p,fr,yo/epbo/í.^c.T4.>t.u
belli (fimo filho que tinha prefente, foy tal a força do arhorofo o mtjmofe vànai m-d. de s.Brigid.i 6.
*'***
defejo que a elle a levava , que o fogo do coração amante cOn-
fumioosefpiritos viraes, & rompendo a alma as ataduras do
corpo* foy fegu indo feu gloriofoobje£to,paííando do defterro
à pátria, íem|interromper oafto de caridade cornque eftavá
amando: aperfeyçoandofe là continuadamente o que eílavâ
exercitando; fegundo o que tem alguns Theologos, que he de
húa mefma quahdadc o a£to de amor de Deos no deílerro, & d ~
da pátria; &c fe faó diverfos> paíTou a Senhora feití intermifiaô
dehumaoutrOj Sc fem que o muro da morteosdividiííe.O
que naó encontra a Filofofia natural pois com tanta efficacia
:

& intenfaó podem as forças fuperiores da alma occuparfc fte-


fl:esa£tos, que como deftituindo o corpo, fe vaófuasdifpofi-
çõesremittindo j & faltando atè tal ponto , quepordefeytd
delias naó poíTa a alma confervarfe no corpo. 52 51 1. fhom.de vèrit.q.iB.afi.tà,

13 Afiim pouco &: pouco fe refolveo aquella foberarià


Feniz nadivinachama, para ferrenovada com mayoresref-
plandoreSj depois da hora da terça do diadecimo-quintode
Agoílo, que foy terça feyra,annocincoenta&;fete, oucinco-
enta 6c oy to de feu virginal parto.
14 Aofahiraalmadocorpo, refere S.Melíto, qiteviraô
os Apoftolostamfermofa, 5c radiante luz, que fua bellezahé
inexplicável. O
Patriarca Juvenal, 5cSaóJeronymo 53 di- ^^^u-ueHa/,&DH!ero>i./upr*.
zem, que também viraó,íc ouvirão Anjos,quecantava5hvm- u oiutUrpomtnjiih. m. p.^.-u.t.
nos. Accrefcenta hum Author grave, 54 quefeparadajàa''í""^'^'*''H"'-'^^-'J-*'"^-^^^/'^''"'''''
alma,fallou o Santiílimo corpo,dizendo: Graças vosdoU, Sè-i
nhor^ quefou vojfaporgloria; lembrayvos de miin^poisfou feytura
'vojfa, ó" guardev o voj/o depofíto ; &zzd\'ertt o meírpo Author,
queeUa maravilha de fallar o corpo fem alma , naó neceffirai
*

474 EVA, E AVE
deaverignaçaõ natural , fendo tudo o que fe conta da Virgetn^
fobrenaturalj& admirável.
15 Entaó o Sai vador( refere S.MeUto)diíre: Lcvmcate
PeárOi é^ os mais ylpojlolos;recebey o cerpo de Maria minha ama~
Áa^ ér levay-o para a parte direyía da Cidade ^ao Oriente, acha- &
^ reis hum monumento novo, onde oporeis , ó" efperareis ate que eu
J>.
y ^enha a vos. Dizendo ifto entregou a alma da Santa May a feu
Arcanjo S. Miguel, Prefidçnte do Paraifo, & principe da £^en.
teHebrea, ( parece myfterio haver Deos entregue a alniade
55 Bi(Jt*»osna t.f.e,^6.n*u Adam, que nos arruinovi, ao mefmo Arcanjo 355 & o Arcan-
jo S. Gabriel a acompanhava, & o Siuhor k tornou para o Ceo
i com os Anjos.

C A P I T V LO LXVIÍI.
Como o Santiffimo corpo da Senhovãfoy defofitado em
Se^ukhro fagrado,

1 XJ Refegue o Santo Bifpo Melito por relação do


,

J7 ^^f^^o ^'J^"S^^i^ii> como i queastrcs


fica dito,
t Ni Cf recfáíiíf ».}•'«/»'"* Virgens afiillentes à Senhora quizeraó lavar feu corpo Santif-
fimojfegundo o ufado com os defuntos j & indolhe tirando 4
JIl veftidurajfahirãodelletaesrayosdeluZjqueonaóviaó , po-
^ fto que o tocavaó i fentindo o taâro húa pureza , 6í fuavidadcí
0^tk como de quem era mais limpa que o Sol. Tornarão a veílillo,
« &aIuzpouco, &: pouco fefoydcfvanecendo. Oroftofícou
^i^ frefco como açucena, exhalando fragrância incomparável.

X Metaphraf{.deãormit.rfg' t Metaphraíles z diz que a i'^»/:;^'?'^ ordenara que para a fepult


f tura nàotocafiemfeucorpOjmasolevaíícmdomodoqueelJa
odeyxaííecompoftoipeloquedizemoutros Authores 3 que
f.Fy.<lofephde^e,Mat. (/ e
, .
'
^q^^gH^s ditofas Vitecns odifpuzcraó fómeotecom fior^s,de
que O cobrirão, cc coroarão. Porem merece maic credito O que
S. Melito diz que ouvira a S.Joaõ, °< com eílarehçaÓcoRcor-
da em tudo outra de S. Cofme VeUitor referida pelo Author
3

AuthcrPmcriii.ro.p.^.^rri.apud^oPomQÚo; 4 quc diíTcmos, acodio ao dccoroj & tcve


a luz
4
rarthi^enÀe arcan.Deip /.i }.fcow.4.vfr/. convenicHcia ufaric com O fagrado corpo da Virgem, o que íe
/f jí«' " •
ufára com o de Cbrijto.
2 Accrefcentaõ outros Efcritores 5 que todos os prelen-
Kiceper.iiíí. Ecdcfl.i. e.iz.Me.
tcs íantificàraó fuas bocas tocando as fagradas mãos que ba- ,

Mf>
rnjjupra. nhavaó com hgrimas & de fcu contado alcançarão laude os
j
j)j),r,afa.,yr^tdcMmitVei^
quetinhaó aliuima enfermidade.
^ndrè CretcnJ. onn 2 de fadem. 1 t-
j r a n.
• 1

ij
j j

Bnnard citBuiihinManai.uaa.de tJf- 3 Aoamanhecer dodia dezalcts dc Agolto, por evitar a


fumft.vir^. , , , ,, turba dos Tudeos, diz Grc^orioTuroneníe, 6 quefahiode
ji Gre?or Turott l.i de gloT.Martjr.c.A r r\- ^ i

Supc.67.n.4'
calaoenterro. Diante hia arvorada, a palma que o Anjo trou-
xera. 7 Duvidouíe,contaS. Melito (cujas palavras cm tudo
% (:art'aien.fiipra. jílofegueCarthôgeiíaJ 8 fea.levariaSP<idrc,conjQ cabeça
da
,

PARTE II. CAP. LXVIír. 47J


daIgreja;masel!eaccdeo aSaÓjoió, comoa Virgem, &a
quem deyxàra Chrijh encomendada fua Mij- Logo (" dizerti
S. ]o3iò í-^iimafceno , & AndròCretenfe Patriarca de [erufa-
lem) 9 liiaó todos os fieis coai velas accefas. Seguia-fe em Ànn- -r ^r. rr-^-
clquite decente O corpo (antilíuTio, que jevavao em reushom-
bros (diz Melico Santo) S. Pedro da cabeceyra, Sc S. Paulo
da outra parte. Entoou S. Pedro Exijt Ifrael de Egypto alie-
: ,

is /«/íZ;S:osmais Apoítolosofeguirãocom vozfuaviíllma, co-


* mo lhe chama o mefmo S. Melito.
4 Eisquefobreoefquifeappareceohumacoroa ám^ney-
ra docÍBCulo que fevè ao redor da Lua & exercito de Anjos
;

"^ canta vadulcilHmamente de entre nuvens, com que toda a ttr-


rafoavaifuavidade. A faber a cáufafahio da Cidade muyta^
gente, que a dita relação de S. Melito , que feguimos , & Car-
thagena diz que fcriaÓ quafi qiiinze ríiil homens. E in-
,

formados do que era, vendo o efquife coroado de gloria, os


Apoftolos cantandoj & ouvindo a melodia do Ceo.-num Prín-
cipe dós Sacerdotes, cheyo de furor, diíTe para os outros: ^í/(?
com qite^ lona vay o takv 'naculodaqmiie que nos perturbou , cr â
ícdanoffãgcraçaj ; ôt com atrevimento diabólico fe arremef-
fou ao eíquife para o derribar i riiâsfecàraófelhe as maõs, 8c
braços atè os cotovelos pegados no efquife, &
caminhando os
A paftolos cantando louvores do 4>;í/W;'', hia pendente com
dorcsgraviíliíTias. O
cán:igooenrioou,&: bradava; Pí-íirí?.;?;?^.^-
dode DeóSyacodimc ; límbray-vosqHeqíiandflãqiielUmuUjervos
couheieonoPretoriOy io ò' queria q/te vos fizeffemmiliCufal- ^'^ ^'H^^^-^-Uírcu.ie, Uc
em vojfo favor. Reíporideo Sao Pedro'; EHuaovospúJfofbc- "• 5^ í""»-'»-»/.
ley
correr; m.ts fe credes de todo o cora çao n o Sen horjefá Chri./h, a
querit trouxe emféu ventre efla que vos calummms , fendo Vi rgeai-
antes, ^ depois do parto , a larga clentencia do Senhor , que falua

os indignos y vos dar Àfaiide. Replicou omiferavel: NoscreÁ


mos ; porení o inimigo doge der o hummo cega noffos coraçácns;
acbarnonos confiifos , é^põr vergonha tiao confe(^wios asg rcndc'
zasde Deos, porque havemos ac enfado a Cbrifio ér pedido qCejt
,

fangue viejfefobrc nós^ alfobre nojfosfilhos, Tornoulhe S. Pe-


dro: Effamddiçdafó empecera aos que pérfisíireminfiíeis ; aos Co-
vertidos nao fe nega mifericordia. Oatormentado que naó ti-
,

nha paciência pari mais larga praiticajconcluhiò: Crevo quanta


dizes fõ peço mifericordia para que na'^ morra. Siõ Pedropa-
:

rouoefquife, & diíTelhe outra vez ^^í; credes de todo o coracda


;

uo Senhor Jefu Chrifio voffasmiosferámfolta; Sc dizendo cí-


, -,

le ; Creyo, logo fe lhe foltàraó as mãos, porém os braços ficarão


ftcos.Si61^cár:j\htdíiXc:Che'^a\' osaacorpOjbeYJay o efqfíift'

&diz?y: CreyoernDeos jO^noFdbo de Deo^Jefn Chrifi:7, d


quem efia pario ò' creyo tudo o que me diffe Pedro Apojlolo de
,

Dcos. EUeofez, ficou faó, louvou á Djos, &: com muytos lu-
gares do livro de Moy ics dava tcftemu nho de Chrijto admi- ,

raadofc os Apoílolos, & chorando com gofto,


5 Mai>
476 EVA, E AVE
5 Mandoulhé Saõ Pedro Towa)'eJlapaí?n^da mne de noífo
:

irmão João, ó' entrando na Cidade , achareis mnytos df> povo c e-


goSié^ annjmciavlhes ãsgrtindezas de Vèos ; aos me crerem no
Senhor Jefu Chrifto poreis ejta palrmfobre os olhos ;& íog o ^jerao ;
os qnenao crerem, ficarão cegos. Foy, &
achou grande multi-
dão de gente chorando; Ày de 710 s cjiie cfiamos cegos como os So-
domitaSyfó nos faltaperecer-y &
ouvindoo q lhes diííe o Príncipe
dos Sacerdotes, crèraõ muytos em Jefu Chrijlo > & pondofo-
Ihes a palma íòbre os olhos, recuperarão a vifta; os que perma-
mecé-aóemfaa dureza, foraó cegos até a morte. EUe tornou
r-rv aos
ff
&
A poítolos,reftitaindo a palma, referindo o que pafíara.
Eííemilagreefcrevem cambem outros Efcritores, ii poíto
ítW^^rr''^"''
'^^ "
' f^uefem tantas circuriftancias. A
da confiflaódaquclle Sacer-
dote moílra como os judeos tínhaõ ódio ã Chrijlo , naópor
ignorância, pois eraimpoíllvel naó o conhecerem por íuas
38-2^ ^''^^^^'^o^c) lhes difTc O mefmoifw/iíorv 12 masporteymade
^oan . ««.ór 10.1$. j7.
t4.ti. cr 15.14. íuílentarem feu erro, 6t vergonhadeoconfeflarem. O mcfmo
fuccede hoje à mayor parte dos hereges.
6 Chegarão os fieis (profcgucS. Melito) com o acompa-
nhamento ao Valle de Jofaphat, quê era o lugar que lhes eniiná-
j^Kocappreceâ.H.ult.i{/fi-^^<K>^'j^a_Chri/loi 13 achàraó o monumento novo, metéraó nelle
Briou! u.cbx^
0# àqueíladivina relíquia, ôr o fecharão j &feanentàraó aporta,
CamiJ.^.deDtípc.^. como llies Ordenara. 14 Moitrava-le ( dizem o Venerável
14 Cap^rttede-ttnM' Bcda, & Brocardo,) I c cm aquelle Valle, naó na parte mais
BtocaTdi.deTerrSt''^' proíunda, mas ao pc do montc Ulivetc, no licio Qo hoíto Gc-
lí ^<jf/à^r.c.4"-7- thfemaní, onde C/jr//?í)coíl:umava orar. ló
7 Accrefccntaò outros Efcritores j que primey ro celebrà-
^9 raô as honras ufadas na primitiva Igreja, que era pregar as vir-
^•^ tudes dos quehaviaõ fantamente vivido: acclamallos bem-

âVenturados em chegarem viftoriofos ao delcjado fim darem:

a Deos graças , ècpedirem para todos o mefmo porro do def-


j).D!onyí.Afeop l.deHierareh. canço. 1/ QLienl ouvira aqucUc panegyriÇo.' nunca houve,
E-dei.ap. j.acmyiier.
tn his quifanãè
j^ç^ haVerà matcría tam alta , de ram verdadeyros louvores^
'''"""Ir j . «,;/,>
nem tam excellentes Oradores como os A poftoiosi o Euangc-
vnt_^nJ.%.contra Ceiju-n, lifta Joaõ feria O Pregador , como teítemunha mais domeítica
D ciem.Uonjht. ^poiU-6,c.}o.&lib.i. j^g iíluftres acçócs que deviaó publicar;& aíli m nunca houve,
'"^^'
nem haverá tal fermáo, excepros os que pregou C/^/t/Zí?. Ef-
crevem mais, que cantados hymnos, fe renovarão lagrimas, &
fe repetirão ofculos reverentes às preciolas roupas, & mãos fa-
crofantas; &z os Apoftolos pegàraó no fagrado corpo, &: o col-
locàraónaquellefan£tuario5 kjuntodelle, (dizem Juvenal,
i8 yuveH7iapudEuthimhifi.Li,c.^6. &: Niccphoro) 18 que fícàraò velando três em cânticos pe-
Ntcephor.d.i-í.C'1-}. . rennes,aqueajudavaó Anjos»

C A-
PART. II. CAP. LXIX. 477

C A P I T V L O LXIX.
admirável Refurrey^ão da Virgcm-

1 T^ Ribtitou a Virgem fepulchro à naturezja ; lílas re-

JJL viveo como quem gerara a vi<la. Exceptuoufeda


corrupção a carne de que Deos a tom ou; como negaria Deos à
veftídurapropría,oqueconcedeoàsdosttesmeníniosnofor- ' -

nodeBabylonía.' i O
doutiirimo Padre António Guilhelme i Dj«/fi.j;
Sacerdote do Orarorio de Nápoles , no grave livro que efcre-
veo em língua Icaliana,das grandezas da Tnwi^/íirSarííiirima,
prova 2 com extraordinária cUriofidade quòa Refurreyçaô i p,^nío„. Quilhei. íegrmidevi^ii /.

da Senhora , & íu bir ao Ceo o corpo coma alnm convinha por Smi^nm TrmMfturj» <.
•• razaó Theologica por rec,ra Filoíbfica , por fôrmos Aftrolo-
,

sr gicos, por Ley Civil, &: Canónica, por faz30'^-.thica,econo-'


^ mica, 8c politica: porexperiencia de Medicina > por regrade
* pcTÍpectiva, de Mathematica, de mufica , 6c dtí architefturai
-^ íbbre íftofaz ham difcuríb bem digno de fe ler, rtias largo para
aqui repetir. AchavaíeeftaRefurreyçáofigniíicadaemlucja-

4 pelo meãos ícria temeridade abíurda.&atrevíl ia quererne^ zo

2Concíue S, Mcíito a felaçâo, qite aprendéâ da Èuange- "^"^ 'camfi.izTlods c.i i.


lífta Sagrado , como diííemos 6 referindo qUe; velando os c^Hova/ i.jw^fíiM 17. |,
j
j-
Apoftulcs noSepulchro da Smhora veyo Chnjto acompa- * ^«P'-^-<^7 «
j

nhadode hum relplandecenre exercito de Anjos, &: lhes diíTe;


* P^zfejacújnvofco, Refpondérâo: fãçafevojfâ^mfêrkordta,
* Senhor', fòhrenhS)COfnocm'Voseíperamõs. Yroíc&iio GSenÍ7or: ,, , ^,

Antes iejum a meu ta) voi pometti 7 que os que me havíeis fe-
g líido vos ajfentavieis comig o fòbre doze thron os,pagando as do-
ze Tribiis de Ifraêl. DasTribus de Ifrael efcolheo meiípayefta
Virgemparaeuhíéitar; que njospctrece que farey delia? (note-íe a
honra de lhes pedir Íí:u parecer,) Rei ponieo S. Pedro, &õs
mais Apoftolos: Senhor , vós ekgejks para th álamo immaciilado
ejia vo^^a ferva : ^ anos voffos h nrmlaes fervõs para voffo mmi-
Jierio; antes dosfeculosfabieis tudo com o Padre, &
EÇpirito San-
to, com os qtiats tendes hnma deidade igual , é^ infinito poder. A
ejlesvojfosfervos parecia , que afjlm como vos , vencida a morte
reynais nag loria : affim, refu [citado o corpo de vojsa Mty o le vaf* ,

feiscom-vofcoaoCec, "£. oi^alv^áor diPfc


Faça-fefegundõvofsã
:

/íâ/íí-z^r^. Logo mandou ao ArchanjoS. Miguei, 8 quelevaf- 8 ^áf/«;.r.c.67,».«//í

feaalmaíanradeA/íímafeufagrado corpo £c oArchanjoS. ;

Gabriel tirou a pedra da porra do munumento , & diíTe o Se-


nhor: Levantay-vos, amig a minha, e^ chegada minh a; nao fenti-
lies corrupção porcontacío de homem , fiempadecereis refolnçao
do corpo nafepuUura. No meímo ponto fe levantou .a Virgem^
loU'
. -478 ./ EVA, E AVE
louvando, ao Senhor, & lançandofe a íeus pés, o adora va^ ^{^ ^
z ia: Senhor^ nofl vos pojfo dar dig nasg raças pelos benefci os qvt
vos dig naftei fazer a ^fla vofsa e/crava ; Jeja vofsoticme bemdito
parafempre, ó Redemptor do mundo De os de Ifracl.
, O
Senhor
Ihedeooículo, &
a entregou aos Anjos, para queaJevaíTcm ao
Paraifo. Mãdouaos Apoílolosquefechegafitmaelle, Sc lhes
deo também okuloy&í dií{'e: Paz fej a coín-vofco, por /jue eufem-
preeftoncom-vofco, aCcaconfnmmaçao dojecnlo. levado emE
huma nuvem, recolheoao Cco; & com elle os Anjos, levan-
ife

9 p.Fr.pfe^hd.l.^e.ioji.4. doa^/ízn/íBeatifllma. Entende-fe (explica bum Flfcritor)


9
*. quealevaváo, porque a acompanhavaõj naó porque aocor»
,
po Toda ella relação
eloriofo falraflc agilidade para fubir.

fhiiiyhJri4mcd. ^ ^ traslada com approvacao o douto Carthagena. 10


.._^.., -".v^r^ 3 Os ApoítoloSydizS. Melito, que pornuvensforaóre*
II yidt/upf.c.67.n,£. aonde andavio prègandoj 1 o que íe de-
ftituidos aos lugares 1

ve entender depjis dofucceíToquetiveráocomo ApolloloS.


^jiD.D<««./c«/er«á.J.m^D./Má
jpj^^^^^^j^^^^^^ na Igreja , 12 referida ano
yiihrfr •/ no Fios' Sana pfia
da Affumffu»,: inno 45 I dc Chhjlo poT J uvenal Patriarca de Jeru falem à Sí-
.

aontíeujcfenaytos^„tncres.
f^ Empcratriz Pulclieria efpGÍÍviríieHi^do bom Emperador
.

fj„ Marciano, comocontaohutnimioeremita, que viveo pelos


p:fofn>bd.i.f,.ctyn.u , meímos aonos , ôc N
iceptioro Calixto, i; que quando por
'/°' niilagreforaóos Apoftolosacharfenotranfitoda Jfw/jw/íjíoy
Ntce wStiííi
niaistardemyfterioramente S. Thomé que andava na India>
,

^' chegando crés dias depois, quiz ver, ck venerar o Santiílimo


corpoimasqtieabrindoíeofcpulchro, fe achara fó a roupa có
que fora cuberto, exhalando foberana fragrância , com que fe
íezmanifeíla a trasladação ao Ceo. A Santa Erigida diiTe a
n\í\cUiiicS.Brigidlf, f
Senhora 14 que fora veftida de outras veftiduraslcmeihan-
tes às de que fora veftido Chrijlo em fua Refurreyçaô.

4 EílcfucceíTobem fe compadece com apelação deSaó


Melifo. Porque , como dizem os Doutores Santos , a Virgem
r.DHinonfermd^^lfumpt.
D Au'i fttm.de Nativit.
f Mí/foy molde,&: formadof^//:;í?i 15 oquefevioatènamor-
MoTreoChnflo pelo amor dos homens 1 6 morreo a V:r*
tc. :

D.D.-of.yi ^reop.e^ad Paul, de iuttfupf.ggjfi


^q aniorcs cíe Chnfto'. ij T y O Senhor fcpultado em mo->
''^utati^.i. numentonovo: 18 em monumento novo foyfepultada a JV-
jj ydefupr.cíjn.i.f^ít,' jíhorai 19 r( fufcitou C/jn/?<7: ellafoy rcfufcitada: hum Anjo
!'
f^!,:!tp\%\uli.ctc.t%.n.é.
tirouapedrs que cerrava aporta do Sepulchro do J-fwÃí/r: 20
10 Matth.iz X. omefmofezoucruAnjonoSepulchrodaiyí-w/jííría 21 como :

íi Sui^rn.t.admed^ S. Thomècxaminou a Rcfurreyçaòde C/7r;/?í7, 22 quiztam-


van.xf^,
bemC.6r//2oqueellemefmoexaminafl'eadcfua M<í)-, &
por-
que naó faltaíleacircunftancia da incredulidade, he muy to
vercfimil,queaflimcomoos Apoítolos difleraó a S.Thomc
que haviaõ vifto o Senhor refuícitado , &: com tudo elle refpó-
deo, que o não creria atè o ver; do mefmo modo , dizendolhc
quehaviaó viftorefufcitar 2l Senhora, diriaThomèqueona5
cria, atè examinar o Sepulchro, &:poreítacaufa fe abriria. A
dirá tradição da Igreja diz que fuccedco ao terccyro dia ào
tranfito ( poílo quenasRevclaçocns de S. Brígida ha)anefte
te''ii(?
,

PAIITE II. ÇAP. LXX. 479


termo algúa difFerença) 23 & tem
coaCopancia com haver ^ i{tvtl.dt5.Br!giâ.i.t,€.ti>ftf!
Chriíío refufcitado, &
fe moftrar ao terceyro dia. Houve dif med

ferença(di?Saó Pedro Damiaó) 24 em ç{\\c o Salvador k\- m Bttt.D»m,,n.fpim.Í€^l}m{u

bio ao Ceo por virtude própria por iflb a fua fubida fe chama
-,

^fcenfao : Maria foy levada pela graça ( que efta , 6c naó a na-
tureza lhe dpo agilidade ) por iílb a íuâ fubida fe chama y^
fumfçaa. Vejamos com que triunfo.

C A P I T V L o LXX.
'Jlíoftrafe qual era hum triunfo em Roma^ ptra m mo*
do fodiVet, figurarmos por elle o com cfue a V if gí;m
Maria vtBcrtofa entroii no Ceo^

I ^"^ Ucgloríofamente admiriVet feria otrítinfo cô


m 1 que a Virgetn May vidoriofa do infernal dr^gaó
^"^/L^i entrou na CidádcCekftiaí/ A Santa Briglda,
2 a Santa líabel de Sconaugia » 3 & a ncílb Santo António ] ^^^^-^'^1 nirf u
fe revelou parte delle todo nao le pode declarar liiiempO'
j 4 pc-, Brmiard inf-máeMam «.14
.*

^'"^'''•^•^'"^•'•**'^-»-
J^ i (diz S. Bernardo) 5 narrar a ge;'ãçaí de Ckriilo , cr o
p.t',;;'!'^'**'
/ifsumpçao de Maria f Ambas ig,uâlou na ímpoiTibilídacíe hu \ K^r-/. chtif^i gíneradoncm
;

moderno curiofo aconfelhajt['e He mais acertado r5iófallâr*^W8í'j(:Aíturtipuo£icmquistcarrabit?


delia, pois querendofe exprimir com ornsf o, antes feoffende-
ti. 6 Maí(comodiziaS«ôIeronymo; Ka^ «'^'^re^.o^ne^.^iZ^rj^tf^^lS.
gfíroquenaopofjôfazer; 7 loutorçado a concluir o v|uepro díí'.'eic.quimeiptjmere»qu2ficipru
"'c** •=«*'»'"' »' "«J" vúupcraic ccnfc-
puz efcrevcri.pio trabalho, mas pefigofa prefum pçâo. $ *

Confie-meoe3cemploífeC/:7r/ 'í?,qji^'"onipârmíoRey '^


2 Hier<iHtpiii.Lt.^f>.âdi^nóctut.Je

nodoCeo ahumgraó de moftarda; g debuxemoi aíitíelk *«/W'i»«''í'<S''wrfí)>-w/;</»tf^«,fc,xjtf.


flc)np6i{urt..nc«arenoa
triunfo por humdosRomar.os: que era lutma dis g-andí.^ J^l^i^^P''^'
coufas que o grande Agoftínhodefejava ter vifto. 8 tté^i-op^dfai.aiDámfumiinEui.

2 Kaóforaó os Rominos inveicorcs dos tríunf^^ ; pn- ^"^^ "*^':''- P"*'*'^*^ »fcapericuiofa
meyro o mventou , & trumiou em carro tirado por elefantes ^ í»í íafr.í j.}t.A/jrí.4*5t.i«c.ij.tj»
o antiquifllmo Dionyíío , chamado Libero Padre , ou Bachoí
TO &
triunfarão AsdtubiíiCarthagine? , Sofoílris > &
outros * <' tfji.bi/i.i.tc i^-mptiwt
HeysdoEgyptOi n masostriunfos deRomaforaôt^^siiais ^,^,4,^.^^^'^^^^

famofos.
4 Concedía-fe triunfo íó ao mayor do exercito, fendo
Piftador, ou Conful, pou^^as vezes a Proconful , tíor feirem as
mayores dignidades nadíct^duríi de Sylla fe diipcniToit com
•,

Pompeyo Magno , vencendo a Donikjpeim Afrícájpará tri-


unfar , fendo de pouca idade fo Çavalleyro Romano. Em
puerradeacquiííçãonova.' naó de defenfa , ou reciípefísiçâo.
ror vitoria em q morreílem pelo menos cíncomil inímigosjSc
muy to menor numero dos próprios- Dey xando toda húa Pro-
víncia pacificamente fugeyta. O Capitiió que o pedia ,nfliô po-
<diâ entrar comj» pçrtcfvç^p^eip jloma > Jor^^^a
'"'" ^'
Ç'''
j4^d^
"^^
cia óit-
'Rr' vido
1 -

48o EVA, È AVE ?


vido em tres inftancias. A primeyra do exercito q O acclamara
.' /;>..: merecedoriafegunda do Senado que Ihejulgava triunfojarer
ceyradpPovoqueapplaudia> 8c decretava o dia cm que des-
via fer, 6c deftes tres iui2os fe diz que fe chamou TívV^wfí?.
5 Odiaera de feftafolenriinima. Ningilem. trabalhava;
Adoriiava-re a Cidade, ruas, portas, è( janellas,o mais ricamé-
tequeerapoíTivel, com pánnosdefeda, Scoiirò, &:comra-.
*
mos, 2c flores. Ufava-^re de toda-a forte de cheyros. A Nobre-
za fe vcília de gala-, os populares de fuás melhores roupas. Os
tem pios eítâvaó abertos, ornados cóm á may or pompa. Tudo

it'm,eKt^.krMnt.u.ci. moftrava alegria. 12
^itx.ab ^iex.(^e'u.iL L.v.^.ri.cr U.C.6 ^ Deputavaó-feiiluytos Miiliftroi com rafas, 6c baftoefis
Luclnn.^nÁ,a,on^>.ybTr>iiJnu^,.clm
^^^j.^ acGGmmodarcm a isente Dclas ruas , evitando embaraço.
1- Menuoça ,n t^.rni
i <,.i^robi.íó. Tor cUas andavao mvcnçocs vanas Qo tcltas. De todas as par-
H Piutatai.inpuHi.^mS. tes foavão mftrumentos muficoS.
7 Para melhor defcripçáo do triunfal acompanhamento,
feguiremos o que Plutarco 15 referio de Paulo Emilirj^uán-
do triunfou de Perfeo Rey de Macedónia , q deyxou fugeyta.
8 Durou aquelle triunfo tres dias, porque em menos tem-
po náo fe pudera ver o tnuyto quehouve para adnrtirár. O pri-
meyrofe gaitou entrando na Cidade as bandeyrasvéncidas.as
eílatuas, imagens , 8c coloffos qilefe ordenarão fobre duzen-
,

tas 8c cincoenta carretas , fabricadas , pintadas , 8£ douradas


com grande exccllencia.
9 No dia fegundofò fez moflra das arrnas do Rey venci-
do, &c (ie feus Soldados, ricas limpas Sz luzentes , poftas em
, ,

carretas £om fal artificio , que parecendo cabidas ai li acafa


fem ordem^ 8c mifturadas, oflentavão concerto, que atemori-
zava, ainda depois de vencidas.
10 Logocntràraó tres mil hottléns corna prata do Rey já
amoedada hiadeícubertá em 75o.vafosmuytograndes tam^*
bem de prata. cada hum levado por quatro homens os outros
;

atè o numero dos tre5 mil, hfaó carregados de bayxelas , 8c pe-


ças de excellente fey tio. E todo efte d ia fe gaftou em paííar iíto
com boa ordem.
1 Na madrugada do terceyro dia entrarão as trombetas,
8c clarins tocando a baraJha. Logocento 6f vinte vacas bran-

cas com as pontas douradas,cubertas com delgadiíTimos vèos,


quefetinhaóporfagrados, S>z com grinaldas de jflorcs, guia-
das por moços muytogeni is, 8c bem veílidos: as quaes erao
para fjcrificar; 8c meninos bem ornados levaváo pratos de ou*
ro, 8c prata para fervirem no facriíicio.
1 Depois entrarão os que levavaó o ouro tomado ao ini-
2
migo^ huns o amoedado, em fetenta òc fetevafos grandes); ou-
tros, mu ytosvafos de ouro do fer viço domei mo Pei-feo j 8c de
Antigono,Seleuco, 8c outros Reys paflados.
,13 Seguia-fe o carro do mefmo Perlèo, as armas de fuá
péflba, 8c fobre ellas a fua Coroa , 8c Sceptro Real.
14 Pou.
PART. 11. CAP. LXX. 48t
14 Pouco depois dous filhos, & huma filha muyto meni-
nos, & com elles grande numero de oíficiaes de fuaCafa:Mor-
domosj Ayos, Camareyros, Pagens, &: outros diverfos, em ha-
bito de ícrvos, com as cabeças rapadas, (como era coftume
nos catives ) todos chorando feumiferavcl eftado, & laíti-
mando a quem os via.
15 I go o mefmo Rey com roupa de pardo cfcuro ao
(

ufo de fua pátria, tam turbado como fua fortuna; & junto delle
feus privados, miniftros,& criados em grande numero, olhan-
do famtriíks para oinfeliceRey, quemuytos Romanos fo-
kmnizavaó com lagrimas aquelleefpe£taculo.
16 Pafladoifto, felevavaó quatrocentas coroas de ouro,
de que as Cidades de Grccia amigas de Roma haviaõ feyto
prelente aPdulo Emilio.
17 LogohiaomefiTio Emilio veftido de purpura tecida
com ouro, cem hum ramodclouronamaó, fobrehum often-
tofo carro, que tiravaõ fermofillimos cavallos.
18 A infantaria, ò: cavallaria de feu exercito o feguia ar-
mada , marchando ordenada com fuás bandeyras $ huns can-
tando verfos em louvor do triunfante , & de fuás vitorias 3 ou-
tros, motetes &
de fefta, prazer.
19 Sahio o Senado, facerdotes , St toda a Corte a recebei-
lo, Foy atè o Capitólio, aonde, facrifícando no templo de Ja«
piter, fe oíFerecèraó os defpojos, &
fe deraõ graças.
20 Deftamaneyra eraótodcs os triunfos^ quanto à fub-
íbncia, Ascircunftanciasdejogos, &
outras feftas particula-
res, craómais, oumeríos, como cada hum ordenava. Ode
Vefpafiano , Sc Tito quando triunfarão de Judea foy fumma-
mente admirável nos carros de grandiílima fabrica em que ao
vivohiaó reprefcntados os fucceíTos daqueíla guerra. Allifc
via com propriedade como real, &
natural (conta Jofepho}
14 devaftar a terra, desfazer efquadroens, derribar muralhas^
'^ mhdcMLiud,l.7.c.i4
!aírolarcaftellos,entrarCidades, abrazartemplosj& dos ven-
eidos huns rogarem, outros fugirem, outros morrerem , jà dos
golpes,jà das minas tudo cheyo de mortes, & confufaó pa-
j ;

recia naó haver difFercnça da imitação ao imitado. Também,


pofto q ordinariamente o carro fe tirava por cavallos, o de Jú-
lio Ceíar tiràraó quarenta elefantes ; & o de Pompeyo Magno
quando triunfou de Africa tiràraó também elefantes & o do
, ;

Emperador Gordiano. O de MarcoAntonio tiràraó Ieões;o do


Empcrador Aureliano cervos; alguns tiràraó tourosra Alexan-
dre Severo levàraó nos braços Cidadãos Romanos. Os caval-
los naó coftumavaóíer brancos, por os deftacor ferem dedi-
cados particularmente ao pay dos DeofeSi& porque os íevou ^ c,„M- r.M-,./- n w*c *w
,

brancos, te eícandalizou o povo de Camillo. 15 Muytos leva- umpridm nasyidas dfjUs triu«ja>,tet.
raó comfigo nos carros filhos de pouca idade. 16 Outros fize- p-^'»'í'>í'' MwúiarJ.s.probi.ié^
c«cír.«r<it.f/« ura».
raó ir no acompanhamento animaeseftranhos, dcferoSjComa ^^
leóes^onças,tigreSjrinocerotes,pantheras, dromedários ; dillo
Rrij fe
.

48» E V A, E AVE
viomny to naquelie triunfo de Vefpafiano, & Tito. 17
17 pftphdJ.r.c.t^.^/Jmtd. íe
íI Concedia-fe aos que triunfavaó porem fuás eftaruas
nos templos, & praças publicas, & edificar colunas, & arcos cí
lechamavâotriunfaes, de mármore, cfculpindo as vitorias,
para as perpetuar. Imitando aos Gregos antigos, 4 alcançando
vitoria finalada.cortaváo os ramos da an'ore que eltava mais
^rto, &no3troncospenduraváoas armas inimigas; oqucfe
g« chamava TrofeOi da palav ra Troph q fignífica Converfao,& re^
ír^/V, porq allihaviíoícyto fugir o contrario. Alliftiaóaos
jogos públicos coroados de louro^ Podiaó na occafiaò do tri-
unfo repartir do publico dons aos Soldado,^. E quando mor-
riaó, fe feus corpos fe queymavão íóra da Cidade, fuás cinzas,
18 fí^ttxntr Maxim fu^aytarl
gj oíTosfc recolhião para íe enterrarem dentro delia.
1 8 Colhi-

^i<x .baux.o-CaUfinfuprtyO-ver' mavâo triuntanteconvidar (por cercmonju)


Confules para
us
bQTf-'pb^um. a ceado dia do triunfojôc depois rogarlhesqíècuardaíTcni pi.
,y yuUr.M.x.d^^.ct.,èJ!n.n.m.ht^^^^^^^^^
^ fópor náo Ihcsdarnleihor lugar na mcfa , nodiaem
zoP/m./.nM. quetriunfava. 19 Tam gloriofo lhe era aquelle dia, que para
11 Tmui/un.in^pologttc^ ,. g^jg „^q ç^ snfoberbccefte levava no dedo hum anel de f^rrro.
,
^ji>^,
U.HuroH.epiit. I d Paul.it tViMDltUU*-^ - ,

,, ...
eomoefcravo; 20 no carro hia comclle hum miniílro publí-
,

ZonarAsylnnaitom.t.
Dejuolitvenaijatyr.io, CG, quc lhe Hia lembrando quccta mortah 21
22 Com fero triunfo a mayor honra j o recufúraò Fui /io
Flaccopofmodeftia.- Marco Fábio, porque perdera na guer-
ra hum irmáo: Tibério Cefar, porque eftava Roma trifta
pela perda Valeriana; Septirtiio Severo, por fe achar enfermo.
Não fe concedia fenaó a FvomanoSi entre quatro , ou cincoef-
trãgeyros que o alcançarão , por muyto favorável difpenfaçáo
foy Cornelio Balbo Hefpanhol por vencer os Garamantasj
,

& Ventidio BaíTo, que havendo fido kvado em triunfo j mu-


dada fortuna, foy o prime yro que rnunfou dos Parthos. Hou-
ve em Roma trezentos, & vinte triunfos > o ultimo triunfante
foyoEmperadorProbo, dechnandojà o Império jpofto que
alguns digaó que depois triunfou Belifario em tempo de Ju-
ftiniano. iintre asprincipaesportasdeRomaeraaquefecha-
tt ^lex.^Alex.fup.L^,c.i6.»d{in' iHíLVã Triunfal, pelaqual os triunfos entra vão. 23
f^í-6e.6. -. NaófoydigreflaódenoííoafTumptooqneílecapítu-
j^
fofc^ .i.iipoj me
.
^ ^ lodiflemos mas , como para as grandes feitas precedem pre^
i

parações, &c enfayos,taes foraõ ellas noticias para o triunfo da


Virgem , que noíía capacidade fó poderá figurar por hum dos
Romanos.

C A P I T V L O LXXí.
Magntficoy Ç^glortofo Triunfo com qne Maria Santifa
Jima entroíé na Ctdads CeleftiaL
l So cafprtisdfíiífiK^:
I ár ^ Oncorrèráo na J^^Ãor^ as qualidades acima i apon«
ls_ J tadas para os triunfes Romanos. Tinha a dignidade
'

muyor^

i#
.

PART. II. CAP. LXXI.


mayor depois de Decs , que era a de May ím. i Combateo 1 1,„^ p,f, lofphdeifuiv hifi.da
,

em guerra, i náo de defender, mas de acquirirpara Décfjo '^''-? J*' •<•(•


"''"'' """ '""'
que poíTuhia o Demomo. 4 Alcançou do grade poder infernal .e/íc ,;:;,;,;..
'

a vitoria mais infigné 5 em que (icàraó mortos muytos milha- 4 /^í-m i. i, rinceps
, j
t^,u^l.^i i Mw
res de inimigos da Igreja, 6 ticandofalvosrodososfeus, 7 em ^''''p"'/°7'
^ , ,

monarquia mvencivel 9 Seu exercito mihrante a acclamou 6 Cu„aas ha-rcies bia uiteie Víit,;
merecedora. 10 Fmalméte da Koraa Ccleftialfabio Chnfio^á^ tro;ionperiÍMc.
' z.«í:.ii.,8. CapiUus de capiu .'cf
^ . n 1-
. ri o j ^ r-' •

comoSenado Apoftolicoconrukou,& cocedeoornunío. 1 1 d.í'^,,/ L £„ v;, ..o-^.arpafj^m^


2 Od-iadel'e (diz^m S Joaó Daraafceno,&-S. Aníelmo) Tcytus 'mcap. tmãa p»
rmi>vium^^
t
^ Fõyfolemii(fim(f,phmfo,feliz,bemaventíírado,celebreydepn^^^ ;
clara dej>^ria,fcJlivo de fimimeglonpraçáo, admtravel e??í todo o fvx^x.ehmtzdvcnx^wu
íoí«<:i.48 Beacammcdicen:
« /é-í/z/í?. 12^ Mandou Deos que os efpiritos malignos não tra- om.
'balhaírem:"todóaque!ledia(díz o mefmo Damafceno) efti^ ^^^^/í^^r^M.
veraó encerrados nas cavernas da terra. Da prepara ção da Ci- n Su^ac69.n.i.
dade Celefte confi der ao os contem plarivos 1 3 que havia fid ^ !Í/í/.frSfTrí.^^^^
-^

figura a Jeruíãlemterreílre, ornadas, & frequentadas íuasru^is i; f'dheí>as'nafLsIã%i


d.i^f
de danças, inílrumentos, &:ourrasfeftas, quando ElRey Da /«'W^^T»--'".
"^ '^^^ ^'^ ^-P^ruLp. $.
vid meteo nella a Arca fanta, 14 que repreferttava a Senhora.
i

* OsCidadãr;sCeleíbatsfeveftiraôdegoílo,conlocáraaIgre^ ,, Afl.mpta et Maria in


cx'um,
• ja. 15 Abrio leoTemplo deDeos, comoefcreveSaóJoaõS^"i^n'An;di

Jr \ 16 o q1 entendem
noApocalypfe; Doutores 17 defta occa xcZi^D^nífc^íl 'l Aperrum eft
*
^ t-, ^ j r n. j / c a 'Í^'^^P'^"^ '^^""Cx/Oj&vifacaarcate-
fiaÓ. Tudo finalmente, eltava de leíta , como delcreve b. An- ftantnci
, tcn pio ei s ei'i<;ii,

felmocõm palavras próprias defua


lo devoção. ^t Kffiff^ íojefhfup.i.^.c.io.n.t.

2 Diipofta aíllm a Celeftial Roma, íi^nirándo noíTa capa-


Cidade O triunfo dã f^trgem por aquelle que reíerimos 18
Romano, irii diante, como eflandarte Real do inimigo, a ar- 19 Gíb.j.
voreda Scitrnriad( bem, & domal;emquefecómetteoopri-
meyropcccado, 19 §c asbandeyras dos mais que militarão
*• debayx;)delle.Nabandeyrada Ambição pintado hum pavão
oftentandoapompadcíuaspennas. 20 Na da Vangloria, hú ''^ PW.to.f.to.
gallovitori fod(^cc;nrrario. 21 Na daLifonja, húa abelha ^^7^,^^'^;;''''''' *^^^^^^^
comoferrãofuivizadoemmel. 22 NadaSoberba, húanii- ii p^/Wtocir.
vem de fumo defvanecendoíe no intento de fubir. 2? Na da ^'«''/«^ "' gjIIc, § vãori^ d<- ,

- w.
nvcja , hualefta, que dando em hua rocha, tornava a tenra p,ovf,.i ^ ,
/ »!»

quem adefpedira. 24Na da Mentira húa aranha tecendo ^i F^^nziush f^-pim 74.
,

dos fios Na da Inobediencia hum cão mordendo ^^DB.{d:usder.v,dia


q gerara. 25
aleulcnhor. 26 Nada Ingratidão, hum pede hera lurando 16 EtPúrfpi yth decxnai.Cufio^
a parede aquele arrimava. 2-/ NadaGula,hum homem em ''"^^

companhia de bru-os. 28 Na dos Appetites, outrohomemp"/«pl,.!ÍSf/2í^.§.r.«.o,<rr'.


femcabeça. 29 NadetodaaMalicia, huma codornizenlo- í} íxnec.R^ttor c.6i apudpoiyath.
dandoaaguacm que bebera. 20 -verbi^uU.
_^
4 Depois deltas bandeyras vencidas, no lugar das eltatuas ,0 p^er a nut. decmrnict,iPcr' i

que os Romanos leva\áo em carros , irião fobre carros de arti- àitijJmanMlitia.


nciogloriofoas imagens,em que as moralidades antigas com
'* ^' fi^^ta'» $•
noticias confufâs dos myltenos que não alcançavão, alludiaõ
à matéria defte triunfo. Em hum carro fe poderia reprefentar
## ojardim das Heíperides com as maçãs de ouroque guardava
odragãoaopèdaarvorCi 31 fabula q originou a tradição do
Rriij Paraifo •

«'
o o

484 EVA , E AVE


Paraifo terreftre com os fernioíos pomos em que fe peccou por

*''""''''
perfuafaó da ferpente. 32 Em
outro íercprcffentaria Dédalo
ê aconfelhando o filho que naõvoaíTe ao mais alto: 8f o filho
ii ov,d/np.i.È.
pordefprezaroconfelho, cahirnomaisbayxo } 33 figuran-
do o primeyro homem, qinobedienre à paternal leydeDeos,
i4 Genefi. & 4. fcquiz levantar tanto, que ficou arruinado. 34 Em outro,
moço Phaetonte, quando , por não faber reger a luz que fe lhe
* entregara, abrazou a terra com feu precipício;
^s o^>id fup Í.7. 35 retratode
?6 pfaim.^i.v uit. -Adam, que pofto na mayor honra, náoentendeo, &:caurouo
^^ mayormcendio. 37 Em outro, Hercules, matando ahydra
oÍJV/'"^*
\9 Jpo.aiypf.ix.-i.
dcfete cabcças; 38 fignificando o valor comqueoFilhoda
^r^í-w venceo o dragaó, que tinha outras íetej 39 Eiriaóem
modo mais excellente, a arca do diluvio a çarçaq vio Mny-
,

fés, a arca do Teftamento,o velo de Gedeaó,o favo de Samfaô,


a torre de David, & todas as mais figuras que haviaõ reprefen-
tado a Virgem triunfante.
5 A ifto (como no triunfo Romano) fefeguiriaõ as armas $
do vencido R.eyTartareo,& de feusSoldadosiOccafiaó, tcn-
taçaó, confentimento, & execução bem lavradas , 6c refplan-
;

decentes à vifta com efpeciofos pretextos de honra , gofto , &


•' '
intereííevreprefentadas por foberana traça tanto ao vivo, que
indojà vencidas, ainda caufariaó terror.
6 Em lugar dodinheyro, prata, ôcourodo inimigo, iria a
primeyra moeda-, o pomo digo , com que o Principe vencido
havia comprado o género humano por efcravofeUj & todas as
'V ^ riquezas Com que fez opulenta fua Monarquia.
* 7 Iriaó depois as fetc trombetas , que Deos tinha manda-^
^
. * do que feievaflem diante da arca do Pido, 40 ('allimcbamai-^^-^T^í
_^jj*
' ' 2Ligre\!í2LVirgem) 41 acu)o fom cahiraoosmurosdajerica
41 Fcídcrisarca. dopeccado. 42 Iria aqucíla primeyra quc fe tccava nojubí-
4% iofueá.c.6 IO. leoplenifllmo, 4í figura do deC/7n/?(7, emque o mundoià
4< Levít t\.<) videm i.p e.n-n.í. rL • ^ , i
^

l ir
'
^poíaiypf.i.io. cr e 4.1.0- í.8. eíta va: 6c iriao todas as mais trombetas, que no teírament o ve-
44
eumfeqq. Iho fignificàraõ fcmclhantcs myfterios & asque no Apoca-
.'

lypfe 44 moftràraó osdonovo; & com particular infignia


aquella do quinto Anjo, a cujo fom cahio Lúcifer; 4^ &dozc
45 tApoealypf.9.1.
outras fignificadorasdosSagradosApoftolos, que foàraõ por
4(? p/i/w 18.V 4.
toda a terra. 46 Todas,comoasdosKomanos,to€ariaóaba-
l>PnuiaiRom.\.o\%. talha, pois,comodiírelfaías, 47 foymuy batalhado efte tri-

:3 D^i/rrí';!!':::;. unfo&comodiffeSantoAgoftmho, 48 aK;>^«;foyoguer.


rey ro mais viftoriofo.
8 Pelas rezes , meninos adornados , & inftrumcntos para
facrificio, iria o Cordevro, figura de C/:?r//2o, facrifícado por
Abraham,êc o meninolfaac levando a lenha, 49 comocruZi
49 Gfnef.ix. &: Anjos levariâo os cravos, coroa, lança, efponja, ôcmaisiu-
^0 Supr f .48.
ftrumentos do facrificio figurado , que a Senhora ofleretcria
capitibusejus diademata fcptcai. ao Etcrno Padre como quem tanto cooperara nelle. 5
,

9 Logo fefeguiria o carro, armas j fceptro, ocas feteco-


^
^ roas do dragaó, 5 1 Rey vencido por M?rM triunfante para ,

quem
PARTEII.CAk LXXI. 485
quem ío Ic ixkrvou tal viaoria, como difle Saó Bernardo. 5 2 ^^ D.Bcrmri.hom.tfoBprtnc. inE»
O curr<; ícy to de malicia : as armas , de engano; o íceprro, de ^ng. ^mmt. fupn, M^fs ejK Cm hxç
hum ii-ígeilo: as coroas , de peccados j tudo com artificio que fcivata vidomeít, nifi Man»?
por fií udo inexplicável moítrava a matéria , de que era forma-
do.
10 Iriaó feus miniftros arraftando cadeas, efcravos de tor-
mentosj^: com torcida vifta olhando para o Rey defefperado. ^ , .

li
í r í> c
LogoomelmoK.eynahguradalerpente, ir / - veítido n.j U Genef. t,l^.
jj t
Ipla
t conterei capa
r
53 ^^J^^
de íogo,revc ilido de fumo, tam turbado, como o confidera
Chrylipojerofolymicanojdizendoentrefi: Comofuccedeo ijloí
que mi àijtraijje o mjinimmto que em outro tempo cooperou com-
rnig o rt i/iuíhcr que me aj udou aftigeytar o género httman o, vejo a
!

defpojarme da mouarcbia aníiga ? a antig a Eva me engranáeceo^


^ejla me abate? quem adivinhara que huma mulher com hum
•menino me havia de catffar tal ruína! mas bem pudera eu recatar-
me quando a via tam forte contra minhas traças. Fuy vencido cO'
mo venci disfarceyme emfe.rpente para vencer a Eva , e^ nas en-
:

tranhas dejtaprodigiofafe disfarçou o que nao erajó homem mas ,

também DeoS. 54 ^^ Chryfppfem.de B.flrg,


12 Logo ( como no triunfo Romano ) fe levariaó as co-
roas,que as Virtudes tinhaó dado à Senhora de Mártyr , de
:

Doutor, de ConfeíTor, de Virgem , &c outras que mereceo por *

inflgnestitulos.
13 Então iria a 7f//m/í?«/í com veftidurasfemelhantesâs
de Chnfto em , como ella diífe a Santa Briei-
fua t^efurrevcaô ,,.. , ^ r .

da: 55 oc com huma


lucididima palma na mao. carro Em
Ji Caníc.j 9.
melhorqucodeSalamió, 5Ó fabricado de rofis,&lirios,flo- S7 c<7«Hr6 9.Qusprogrcditurqua^
res próprias da Senhora, parecendo Auroraj 5 7 &: Anjos a le- ^' ^jg^sL^^f.St.vdjr».
vavaò por mandado do J^í^w/íJíír; 58 fe ouveííem de levar an i-
maes, como aos carros triúfantes dos Romanos, feriaó Águias, 59 D.chrjf-l.hom.ii.ad Hehr.
que los podem fubir a encarar no Sol. Em
lu^ar do anel de ef- <^° L"me,>t.^uílinian.PatriarchJnli'
cravo , oc do miniitroque ma lembrando aos trtuntantes Ro- gj ii,er.v UrMb.ix.tit.dtco/Hmba,§,
manos j que eraô mortaes, levavaa^yí^íZ^íTíífuahumildade, f*'»'"''^-
com que tam exaltada feprofeíTa^a ferva do .yc'?2Âí?r. Pit^fálítd^fèrtln^e^.Pr^^^^^^^
^
14. Seguia fe o exercito com que a /^/^^/^ alcançara a vi- <S} Pict.i.j,6§.Temperantia,cri.^s.
toria.Conllava das virtudes TheoloP-aes, &Cardeaes. AFé''*'^'f''f!''^7'''''P['''"*l% „. . .

lymbolizada em numa ancorai 59 a lilpcrança enl hua co-^/,^,.o„;,.


lumna; 60 a Charidade em humapomba; 61 a Prudência 6$ Pier.l.i,deLeofiey§.p^bHr.
^''"•'•í^-'''-'''2«^'^'^''''.à.%'-«.
emhúaferpente; 62 à Temperança, em húa maó regendo J^
humfreyo-, 63 ajuíliça, em húa balançay 64 a Fortaleza 67 d Chryfofl.hotmi.ínMatth.
emhumleaó. 65 Os dons do Efpirito Santo. Da Sabedoria (>i E^HoratC^rmli.ode^.
eri hieroglyhco hua pedra quadrada 66 do hntendimcnto ^o PhUoi. de/omnijs, crgi^antiB.
>

dous olhos abertos 6y doConfelho hum bordaój 68 do ti Pier.i.\ftit deCieomajnpmc.


i

Valor hum dia-mantej 69 daScienciahuafontei 70 da Pie- ^^ ?iSf;yL''•'''^'''''•


dade húa cegonha-, 7 1 do Temor de Deos hú retrato da mor- 74 pur. t.^% th. de jugo. §. PatimUl
te; 72depois outras virtudes, dons, & qualidadesj como a
&: 75 ^''"- U^^.íit.^t^is, ^.Cajlnoí.

Rehgiaó figurada em húa cithara, 73 a Paciência em hú ju-


go i 74 a Pureza em huma abelha i 75 a Humildade em
Rriiij hum
4^6 EVA, E AVE
-„. homem ajoelhado;
í^i-im 76 a Obediência em huma ân'orô
76
<jr
Píer 1
, . ,

1 <.Jit.de
-t , rr
pembu!,§HiitniU-
,.
^
.
t r1,\. \ 1/-» r^^
enxertada; 77 a Manlidao em hum elefante; 78 aContem-
77 pUi^ãócmhum^.^]-, 79 & naimagcm de Danae com a chuva
Guilielm Fãralinfum.vírt.trúa.^.

P/rr./.i.m cUpha^tHs, §. Ara^/ií-^^^^^ro, Q m.>yor fermofura deanimo , 6c abundância de


'^''g bens
Wo. cckftes. 8o Compunha-fe finalmente aquelle exercito de
79 PjiioHebr./^fco^^itioH. ^ ^^^^ as f^taças crâtis datas de todos os frutos efpirituaes, de
,

todas as bcmaveruranças hnangehcas, de todas as períeyçoes,


&r excdlencias naturaes, & íobrenaturaes,que tudo mil itou na
Virgem ç.rc\ gráo fuperior a todos os Santos juntos & alcançou ,

do príncipe dopeccadoavidoriamaisgloriofa. Iria tudo re-


prefentadoem myíleriofas figuras com a mayorofl:entaçãOj&:
Caocoftume Romano) em ordem terribel de batalha j como
si Cintic.6.9, Progrfilícu - ut ca difie Salamaó; 8 1 baralha que a graça difpuahacomo Meílre
-ftrorum acissoidmata.
de campo General, tam bella, & tam Divina, que he inexpli-
cável a mageftade com que marchava & de entre efte exerci- ;

to (como do Romano) íe cantavaóhymnos aos quinze my-


fterios, de que depois fe com poz ofagrado Rofarioi & todas
que a Igreja canta à Senhora.
as antífonas
15 Com femelhante acompanhamento, em corpo glorio-
foj dotado de fubtileza com que tudo penetrava de agilida-
, ;

de com que feguia o impulfo do efpiritoj de claridade comq


allumiava tudo ; partio da terra a Virgem Santijfimay dey xan-
do-adefconfolada, porque a deyxava. Levantou-fe à região
do ár, que a faudava com Zephiros. Subio à do fogo , que fe
abrazou em amor Divino. Entrou na primeyra esfera celefte,
aonde a Lua fe lhe lançou aos pés. Paífou à fegunda aonde o ,

Planeta Mercúrio defejou ter as ferpentes , que os Poetas lhe


fingiaó na vara , para as tributar à Triunfadora da mayor fer-
pente. Exaltou-fe à terceyra , em que o Planeta Vénus fe vi»
entaó verdadeyramente fermofo, & eftrella d* Alva. Chegou à
quarta , que admirou o prodígio de que a Aurora fubiíTe; o Sol
a reveftio, & naó ficou efcuro pela prefença da mayor luz , an-
tes mais luzente. Na quinta fe lhe rendeo o furor de Marte.
Na fexta a foberania de Júpiter. E na fetima fe alegrou a me-
lancolia de Saturno. Sanitio Porta, TheologoDominicanfJ
« ^s<txahii Porta w MarUl-fem. 7. antigo, & crudito, 8 2 efcre ve que em cada hum deites orbes,
,

'''""^^'
ouesferas aefperavãoasordens dosSantos, fegundofuasef-
peciaes razões. As Virgens no orbe da Luaj os ConfeíTores no
de Mercúrio os .Martyres no de Vénus ; os Apoftolosnodo
;

Sol os Profetas no de Marte os Patriarcas no de Jupiterj


i
>

os Anjos no de Saturno; & o douto Carthagena 83 moftra


. ,

lo.vetj caurln, largamente as razoens porque a cada urdem de bantosconvi-


8 ^ptid p.Fr.jopph hifi.(i» f^rjj s nhaò aqucllcs lugares. Duas vezes (nota hum Author devoto)
. /.

34 feviooEmpyreovafiodefcusCoitefaós; na Afcenfaóde
C.l».'l '' "

D.B:rnarí. Um. 4. ^c ^fumft in Chrifto , &


na Aííumpçáo de Mvm, porque fahiraó todos a
>' receber a ambos quando entrarão no Ceo.
'u H',ou.iermdeAf[u>»fttom.9»
jj^ Dizem S. Bemardo, &: outros Santos Doutores, Sf
d/ .rJi^^rdcltr* que fahio ChnP Senhor noíTo ( como diííeraos do Senado , ôc
Corte
PARTE II. CAP. LXXI. 487
CorreRomana}areceberfuaA/^y triunfante. Salamaô o ti'
uhadifdnos Cantares, èc que o Senhor \hQà^n3. obraçopara
cllaieenccftarj 86 & também o rinha figurado quando fahio g^ ç^^^ g
^ ç^ ^^^^^ ^^^^
^

a receber fua máy Berfabè. 87 O


Venerável P. Fr. Jofeph de cendit dedeferco deiiojs atflués imiua ,

lefu-s Maria 88 entende que fahio a recebella naquartaesfe- ^^P^/^''^^"!^'"""^/


ra do Sol 5 òcbaoJoaoUamaiceno 89 conhdera que a rece- carthi^enfu^yerfverumyadfin.
bco com as palavras dos Cantares: oo Subi.cheiay.amizami- 87i'l',?i'9-
nhffypowm mniha,fermoJa minha vinde yporqmja pajjou o In- g^ D.DaLíctnlrat.dedUit,
,

•verno d os trabalhos: chegou aPrimavcra do defcançOyó'flores. Deipar^.


17 Profeguio a Fzr^fw até o firmamento das eftrellas,on- 90 Cant.i.u.
de lhe formarão coroa doze fermofiíTímas , com enveja de
todas as outras. E allim ficou calçada da Luajreveftida do Sol, ^pgcahpf.n.íi
&• coroada de eftrellas. 91 Dalli ao Ceo, que por diáfano, &:
traníparenrechamâocriftallino; ôcdeftc ao decimo (come-
çando a contar da terra fendo na ordem natural o primeyro)
,

móbil veloci fli mo a q fegaem os mais mayor , mais excellen -


:

tCj ^^ de belleza em que jà reverberão as luzes do Êmpyreo j Sc


o fonoro de feu movimento já moftra harmonia celeftial.
18 Achcu-fe emfim naentradadoEmpyreo. Se o Apow
Holo chegando em rapto ío aoterceyro Ceo naó podededa-
,

Cor.it.»:
laroqviraj 92 como fe explicará a maravilha q Deos fez ?* ^'»«'' *••'»''

paí^a íua Corte, &• centro da Béaventurança ? Qiie fermofos fe


•d£fcobririaódefóraà»y?»Ã(?ráosmurosdeiafpe, Scdecriftal,
<:6 porcas de pedras preciofas , &toda aquella celeftial Roma
-de ouro luzente como vidro; com edifícios de efmeraldas ça- ,

-firas, topázios, jacinthos, chrifolitos, &


outras matérias iriefti-
maveis que refere, 6c defcreve o Euangelifta Saó Joaó! 93 5»j Apocalypf.vxl

Qi-iando entrou, que alegria de AUeluias , que acclamaçóes de '* -^^ocaiypfiV'

vivas 94, foariaó harmonicamente de toda a parte.'


19 Foy a Triunfante (encoftada no braço de Chrijlo , co-
mo fica dito) ao Capitólio fagrado, onde o Stimmo Jove tinha s.Petr.D^uuth.rupri:
feuthronofacroíanco, 95 que fe ao infinitamente belíofe pu-
dera accrefcentar belleza , fó para efta occafiaó fe adornara
mais. Avançou- fe a beatiílima Trindade a reccbélla , dizem os
contemplativos, 96 naócom movimento local, mas com fa- 96 CumyherMj^dearbar.viue.i^:
voravel complacência, com glorificação Divina, com affluen- f i^íí ^•'^'^'^'"'^- ^'^- "'' '=^- ^<

ciaíoberana,&comgratiílimaapprovaçao. AjoelhoufeaF/r-
^^wí a dar graças com toda a graça; o Padre a abraçou doce-
inente,manifeftaodo-a por Virgem May de feii Filho unigéni-
to; o Filho 2l reconheceo por fua verdadeyraMiv na natureza
humana: & o £/]?;>?>£) j^í/^/ío a moftrouoífieinafingulâriílíma -^ -
D.Berurd.ferm.i.in^í}umpt.ai
de fuás milagrofas operações. O
MeUiíiuo Bernardo 97 con^^„f^
fidera que a Senhora pediria a feu DivinoEfpofo o ofculo que 9% Cant. i. %. ofc«letur me oículo
nos Cantares tinha dito Salamaój 98 6c que havendolhe fido ''^'^ ^"'•-
dulciíTimos os que lhe dera quando menino brincava cm feu
virginal regaço: lhe feria ainda mais doce o que recebia do que
cílava à maó direyta do Eterno Pay.
20 VizoxxdiSenhora à viíla ddtoda aquella Corte ^ a mais
lçv'an->
EVA E AVE
levantadaemhonra, da mayor Veneração depois de
6c objecto
Deos : & cm fi mefma a mais feliz que íe podia imaginar pois ;

allifoychea de claridade de gloria ;illiittraJa da v^ilaóbeauiíi-


ca:abforraem fruiçaó Divina: engrandecida com a familiari-
dade de Deos:fublimada ao conhecimento dt fias perfeyçóes,
&dos ineífaveis myfterios da Trindade SÍ^í:jí /hrxo mayor cx-
cellencia, & experiência q todos os mais B^maventurados. Se
99 P^til i.aiOn.i9l naó fc VÍo,né fe imagirtOLi(comoencareceS. Paiílc.) 99a gloria
qDeos tem preparada para os q o amaó;qLial fera a q tinha pre-
100 itjD.BcTnaTd,fup, parada para a May q o gerou, & o amou mais q todos? loo i<.e.
nafceo a Virgem das Virgens em mundo fapcnor; irelplande-
ceo com novos rayos o Or ente do Sol Divino, q parecera ha-
verfeefcurecidocomanuvem damortej trasiadoufe ao Em-
pyreo o Faraifo do novo Adam, cm que revogada a antiga fen-
-
^^.
tença, 10 1 feconcedeo comer da arvore da Vida; defcançou a
io\ Gílfi-'íí- Pomba innocéte, acabado o diluvio dos trabalhos 102 collo- }

loç 1 Vx-6- . . j^ coufe em tabernáculo eterno a Arca viva de Deos có amayor


,o,KcxciiàcS.sugrA. micr .^' f.

feftividadedofoberano David^ 103 & diffe hum A;iioa S.br;-


gida, 104 q como húa rica fala, com pavimento de pedras pre-
ciofas, paredes de pintui^as finilllmas, tecto de ouro, &: toda
perfeytillima em quanto a janellas fc^chadas, os ray js do Sola
;

naó clarificaó , tem fua fermokira encuberta aílim fe naõ viaó


:

perfeyramente asíobcranasexcellenciasdaACT^í?/» A/^y, em


quanto fua ai ma preciofiffima eftava encerrada no corpo mor-
tal; mas já dcfcuberta ao refplandor do Sol Divino , fe vio cla-
ramente fua belleza ineíFavel todos os Bemaventurados a ac-
-,

clamáráo com louvores, engrandecendo a Deos q tal a creàra,


/, n , c^t: *jr,n«;(icat 21 Alguns Authores io< cuidão piamente que nefte dia
'
íoraolivres todas as almas do rurgatorio, & levadas ao Ceo
para que gozaííemdefte triunfo j pois nas entradas de Rai-
nhas, & ainda em menos folcnnes feitas, ufaó os Re ys da ter-
ra eita liberalidade.
Tal foy o triunfo com que entrou no Ceo a Reparado-
22
106 RUheldelaud.ytrg.l.^.e.iu T^/^áV -Et;^; & tal oacompanhamcnto, diz Ríchelio, 106 que
mereceopeladolorofaprociflaó em que foy acompanhando a
feu Filho ao Calvário. Triunfo, em que Saó Pedro Damião
Petr.Dimkn
107 s fupfs.
10/ (captando reverente venia) uciía majs íTloriofafolcnoida-
SL1Í;™:ÍX":^Ã:-" de, que no da Afcenfaõ de Omjio ; porquí encão fó puderáo
fahir os Anjos a receber feu Senhor ia^ora lahio ram bem o mef-
mo Senhor & com os Anjos as almas bemaventuradas dos
j

Santos quejáhabitavão a Corte do Ceo &allimdifleoutro ;

varaódevoto, io8 que aquellc triunfo fora mais poderofo


TOS 3amrà.^eBun.Jcm.i. dc^f-
fnm^t. na mageftadeyeíte mais íolcnnc na pompa.

C A P I T V L o LXXIl.
Coroando da Rainha dos Ceos,

, /jldc,hor.f.pmM j$,r.p,.sdmcJ. ^
TJ ^^^^^3 coroar por Rainha a Efpofa do Summo
XV. ívey 3 6c o raefmo Rey a coroou por lua raaó. r
Três
PARTE II. C AP. LXXII.
Tresvezeseftava chamadanos Cantares àCof( a, 2 porque 1 Ca«t 4.8. Veni (íe bbnno fponfa

as três Peííoas da Trindade Santiffima


a haviáo de coroar com "íca, vcni de Líbano ,
vem .coíouabcth.

triplicada. Com três coroas entre nós he coroado o Em pera-


dor da terra. Aprimeyra recebe em Aquifgrana, Cidade de
Alemanha, de mao do Arcebifpo de Colónia Sc he de ferro,
•,

fignificando a fortaleza com que ha de vencer os inimigos da


Igreja; a fegundaem Itália, de maó do Arcebifpo de Milão, &
he de prata , fignificadora de 4 ha de fer puro na vida , ref- &
plandecente nas obras a tercey ra em Roma da mão do Sumo
^

Pontifice,8c hedeouro,emrignificaçãodeqdeveexcederaos
^/./r-,/HC/...«. /?.... pw,.;/.v
mais Príncipes, quanto o ouro le aventaja aos outros metaes. 3 ^,^«,,^«,.i, ^^rj Porro, verbo, vejhoijs.
Accommodando noíío limitadojuizo a efte pequeno exem-
plo, outras taes três coroas eráo devidas àScnhoraiComo a Em-
peratriznopoderabfolutoj&univerfal. Aprimeyra, de for-
taleza, lhe pudera poro ^j^^íV/ío-y^wíí?, pela victoriâ que al-
cançou da ferpcnte ; a fegunda , de Pureza, o Filho , por fer a
mais pura, & de mais claras acçóes-.a terceyra de ouro,o Padre,
pela fuperioridade que lhe concedeo em todas as creaturas,
2 Poré, por fer a dignidade Imperial clediva, & introdu-
zida pelos liomanos como diminutivade Real, pelo ódio q ti-
nháo aos Reys, foy a Senhora coroada como Rainha; dignida-
de fuprema,^ da natureza, q goza por comunicação, 4 aíTim 4 D.B<rmrditt. Sem>f.tcm.if(m.êi

como Chrijlo he chamado Rey mas as três Peíí ias Divinas a ^•^*
;

coroarão, & com húa coroa das excellecias das tres; concilian-
do aíTim as mayores prerogativas de ambas as dignidades.
5Ajoelhada a K/r^e^ no acatamento da Trindade Santif-
fima, no modo em que a pinta a Igreja, foy por ella coroada
com aquelle diadema foberano , cujos remates fe guarrtecèraó
( como com pedras preciofas ) de mu y tas aureolas correfpon-
dentes às infignes virtudes em que fe finalàra &; a todas as de
,
icdeÇuii. 14. 1 Et in plcnitudiuc
^ <í-

todos os Santos de Fé, como Patriarca de Efperança como faiKioruiu dctcmio mca.
: : ,

^'•^'«'"'^^'•""''' ^^ ^'"*<^-
Profeta: de Zelo, como Apoftolo: de Conftancia , como Mar- ^/"'^'" > °l"*I'-''^

tyr: de Temperança, como ConfeíTor: deCaftidade, como [dMadeLaudibyLrsMar.


Virgem: de Fecundidade, como cafada; de Pureza, como An- .« iV'>/'w.44v.io. Afticit Regina àáex-
- jo,&tudoemgráodemayoreminécia,&cnchentc,comodiíre"'"p';;"^;j^^^^^^^^
oEcclefiaftico. 5 E a fi também dos gozos particulares que /.se »o.w.i.
<">*'
merecera ; de que os principaeseraó os de que fe compõem a ^ ^^ ^- ^'^tJ'**"- ^' '^P""pt
i- reza de fua Coroa fagrada; odaconfideraçâodamercèqueo^/&„t A/jg«y?<;>. Miffuse[{,c.i9o.
Eterno Pay lhe fizera em a efcolher para May de feu Filho ) o G:ierrk. Abb.jerm. i. ae ^fumpt. pod
da Annunciação , o do Nafcimento , o da Adoraçãodos Ma- "'^fpjo/yhdi <.c.i8 «.•,.
gos, ode quando achou o Menino no Templo, o da Refurrey- Bencdiã Feráinandin i.Genefjeã lo.n.s.
çáO, & o que tinha vendo- o no CeO. ^"'' C.rthag.deacanDe.p.l.i^.hom.t^.

4 Coroada a coUocou O óewworveltida de ouro, como ti« „j,


'

nha dito David, 6 (que quer dizer gloria 7) à fua mão di- 10 3.Rí?.i.i9.
reyta;oa em feu mefmo throno, como efcrevem algús Douto- ^'^^''JZf/Z^t^:^!^:^^
reSi muyto chegado, 9 comooemqueSala- ginaiistcmpio,inquofiiiumDciMari*
8 ou era outro
mio affcntou fui mãyi 10 pois ella no mundo lhe deo o melhor '"^«p" .^f
^^\'° '" "c'^,
'»,
'"= •

1 f ^ ^ r 1
lagar , que era leu ventre tagrado ,
,1 r>ii-j'^u quo Manam hodicManxFihusíubIinJ2«
•^t^^''

elle no Ceo lhe devia thro- \^^


no Real 11 < AlJi
,

490 EVA, E AVE


5 Alli lhe foraó render obediência os Eftados do Reyno
doCeo , por fuás precedências.
Da Hierarchia primejra , q
# * Serafim que tem o Principado dos mais, & por confeguintc áe>
todos os Efpiritos Celeftes em nome de todos lhe deo vaíTal-»
,
*
lagem. Depois todas as ordens em particular. Os Serafins, af*
fim chamados,porque íe abrazaó em amor Divino, como mais
chegados a ellc, I2 a reconhecerão por Serafimiu premo 114
DiCià i Et mol
caridade, & Divino amor. OsCã^?«(^/wj', queheomefiiioqijç
enchente da Sciencia de Deos , por ferem como cajuc^úilai
„^ , .- . lí a reconhecerão por aquella que mais profundamente ptí4
netrava a íabedoria do Altiílimo. Us ihronos, que com o noaies
14 D.ifdorfupr. dc fuílentarem o de Deos, 14 a reconhecerão por thronoj
em que o Senhor havia refidido por modo mais gloriofo , par»
julgar por juftiça, 8f miíèricord ia. :-;y<"

6 Dafegimda Hierarchia, as Dominaçoens cujo míniítçt


,

1 j idmifiáorsbi. x'\o he prcfídir, & dominar aos Efpiritos inferiores, j 5 a reco-

nhecerão Prefidente, & Dornin;^nte a todos os Efpiritos do


Ceo, & fe profeííáraó miniflros íeus. As Virtudes 3 cujo o^
i6DBernard.l.6.ífeCoHfiàer, cio hc fazer prodigios & miiagrcs, i6 a reconhecèrão por
,

mar de obras prodigiofis, 6: milagroCis.a cuja viíla era peque-


na fombra tudo o q-jepodiaõ obrar. As Potejlades que repTÍ' ,

. .Kxhtwr \ memo poder dos Demónios, 17 a reconhecerão mais pode-


ijDi/rdorfupr.
rofacontraelles.
7 DaterceyraHierarchia, osPrmr//>^^.'?í, que amparão
osPrincipes, & ^refidcm nos Reynos, 18 a reconhecerão
it p.tofephfup.c.z^.r,.iiadíin.
mais fobcranoâmparodos Principes ,& RcynOs da terra , &
Prefidére do Cco.Os Are hmj os, ^ugráas das Cidades, Provin-
j9 Gloffup.lfai.6i.6» cias, 6c n^çocns, 19 a reconhecerão por guarda univerfal de
10 Pfalm.9t>.v ti. todos. Os yí»/í?y,que guard-iò OS homens particulares, 20^0,
reconhecerão Prorrdora de todo o género humano. ^^
8 Depoisdas Hierarquias Angélicas chegarão os glorio-f
fos efi^adíjs da natureza humana, Os Paíriarchas a reconhecei
rap Rainha , por gozo de fuás efperanças ; os Prophetas , por
comprimento de fuás profecias os ApoãoloSy que.jàeílavãcí
j

noCeo, por llluminadora da pregação Euangeiicaj ii os


n 5»/.f.6i«ie2ri.
A/ííí^/F^í, por ProtomartYr,&: exemplo da pacienciaj 22 os.

2} ^«prd.c.éi.H.j.CT-ó. C<?»/^j//í^>''^5' por Melrra , que com acçoens , & palavras os eníi^

»4 Siipr.c.òy nàraaconfeflar a DeoS} 23 as Virgens por Inftituidora, & guia


defuaprofifiaó. 24
9 Acabado o a£to da geral obediência dos Eítados , como
&
na terra os Grandes do Reyno , os mais validos do Rey , cm
particulares audiências lhe vaóbeyjar a mão, & congratular
do novo Principado-, podemos confidcrar em efpecial que ,

15 Vd<fu[>f.c,\(>.n.ii, Saó Gabriel, intimo, & continuo fervidor da ^>^íw, iiy Ihcí
repetiria muytas vezes as palavras, dequeíiibiaqueellaraais
goftava: Ave, chea de graça, o Senhor he co7n-vojco: 26 Adam
16 Luc i.ii.
vendoa J'í'«/?ortíporcompanheyra na geração humana, pois
ellefoypay da natureza, ôceliamáy da graça, & vendo-a
huma
PARTE II. CAP. LXXII. 491
humú Eva ao rcvGz, 27 ufando,em fentido trocado, da s pa- 17 Vi(e\.p.naintroduf^no,&ncni
*"^ '**^"'* '*'^'
lavras com que culpara a primcyra.diria a Deos louvando a le-
gunda: tjlamdher, qtiemedcjiesporiompanheyra, me dcoda ^g Gr<.,.it. Muiiérquamdedim
& logo abençoan-
arvore )(^ÁAQr\xz)ó' comi 28 (alaúde}} mihifociamjdcdumihi dehgno.&có-
do.aqucpodiaabençoallo, dinaparaa Vireem: i?í«;/:///á!í/É>*^'^'- „ ..í, i..

òenhorJoiSjOJiLhflipoisporvoscommunicamos ojrntodavtda.i<) pcrtcfiuetum vits eommuuiuvimui.


Eva ( eiitaô a única mulher que folgou de ver outra mais fer-
moía , & com mais graça } fe daria a íi mefmo os parabéns de
ta!dtí*ccndcnte, repetindo as p-ilavras com que fe alegrara no
nafcimentode Scth ; Deotm iJeos otitrageraçao emhigardaq
,

TfK tinha morto 30 entendido pelo peccado. Abraham, jò Oíw/:u.iv Po^uit mihiD?usfc-
CaifTíi
"'" '''"^ ^'° ^^'^ 'i"'"' ""'^'^ ^""^
Ifaac, 6c Jacob a congratulariaó, & a li mefmo, de que haven. '

dolhes Deos promettidoeeração como as eftrellasj&defcen- .^r..,r..,'^ n c--y

dentes K.eys> 31 aviaomais altaqueaseltrellas, Kamha &


univerfal da terra, & do Ceo. David em tanta felicidade , re-
petiria: Eis-aqui a herança d o Senhor, afattsfaçao do Filho, o
fruto daquelle ventre. 32 Santa Ifabel lhe diria outra vez d'*^^"/?' ***•''•*• ^'" íiarcdiui
*

°"""'* ''s™""*' '" usvcntns.


Bemditâfots entre as mulheres ié" bendito o fruto do vojfovetre.
33 OsSantosJoaquim,Anna,&EmerenGianà,pays, &:avó ,, luc.x a^ Bencd.fta tuimermu-
materna 34 da/^/ir^cw, Ihediriaó: Ouviifilhai ò" vede , ó'^Ktsi\,ií\xwà\&.Kii£t\iaasycmmmu
j6.i^fàe/upr.ct i.w.
incknay voíJb ouvido ( a tantas coneratulaçoens eloriofas: ) O ^ *
fummo Rey amouvojjafermojura. 35 1 odos os outros paren- & vide & incima aurem ruam. -« ,

tesi & familiares na teria a acclamariáocoraó àgloriofa Ju- ^o^^^^P^^sw^c^^^^o^cmtuum.


r dith vencedora do infjrnal Holofernes Fòsfoísgloria daje-
:

rufiem inilttantei ér triunfante fois alegria de Ifrael , honra de


;

n õjfa n^iç ao ; Cjtíe obrafies varonilmente i& voffo coraçãofoyc on-


fortudOiporque amajies 4 caíítdade, & naõ conhccefies varão ^por
tjfoami^o do Senhor vos confortoUyi^fotsbemdiíãparafempre.-^G *^ f""*^»!*»»-

E a Rainha do Ceo refpcndcria a todos; Minha alma magnifica


ao Senhor, é^ meu efpirttvfe deg ra em Deos meu Salvador ; pot'
que olhou para a humildade defuaefaava. Todàs asgerações me
chamarão bema ventar ad d, porque o todo Poderofo, érfeunome
fantoobrnuemminígràndezaS. yj j7 i»c.i.4«:
10 Corti oSanto Joícph feriao as congratuíaçôes mais in-
timas. Ainda queo vinculo conjugal fe tinha diíTolvido com a
morte, pcrmaneceopára remprciU£.reprefentação honorifica,
como a de Páy putativo de C/jrzy^^íí} 38 6c aílim, fendo a ef- í« ^•M<'/«i'*yZ(f-/-4.fcjj-»-j^
pofa coroada, em algitm modo participou o Efpofo da digni-
^^^"'- ^'^'^"^' ^'^'« '^^
dade Real. Dizem muy tos Santos Doutores , 39 que no Ceo ,.,^/o. ^'
(aonde eíià também em corpo 40 ) fe íhedeo lugar muyto s Bcrrtdrdin.SeH.tom.i femót.deexcet.
chegado à Firgem , U perto do throno de Chrifiú porque af- ^'!'^*^^
•,

^^ ^^^^ í^^
^*'
íim como á dignidade de A/á y, por incommunicavel a outra 40 hde/uf.c.^uniy!
creatura.temaíTentofuperioratodas, poftoq Angelicas.-aílim
a dignidade de PaypíiiatiVo de Chrifio , não fó na opinião dos
homés, mas também na determinação Divina.có amor,&: cuy-
áadopsiternúiÒc zde Ferdadejro Efpofo da Firgem por inco- ,

municável a outro Santo , tem aífento em lugar fuperior a to-


dos, logo depois da Senhora. E fe (conforme ao que efcre ve S,
Anto*
491 EVA, E AVE
w c j,r«;nA^rymt„,.r A,(.^ Antoiíino) 41 nenhum Santo em íua ordem, ScHierarchia
{„^„, etraíolitario, ôcadeb. |oiephnacommunicaçao, loneíeme-
Ihante, pcfto que não icual, à da f^irgem ,(o com a Virgem Ce
communicarnais. Seraó logo (a nofio entender) ascongratu-
laçcensmaiscontinuas, recordando os trabalhos que prece-
derão a aquella gloria j &: agradecendo a Senhora ao Santo a
companhia, &íerviçoquelhefeznelles.
1 1 Ailim ficou Maria Triunfante rcynsináo fobre tudo o
cceado: mais nobre que os Anjos pela dignidade mais precio-
:

fapelagraça: mais illuílre pela pureza j como a luz tanto he


mais cxcel iente na claridade, quanto fe moftra em mais clara
mutena. Todos a amaó, 6c obedecem pelo beneficio que re-
cebem de fua viíla , & contemplação , logrando fuás pcrfey-
çoens, conhccendo-a por May do Redempíor, éf cooperadorano
bern miiverfalj gloriando-fe daquelle ornamento da Corte Ce-
kfte, honrando fe dequefejacreatura, &
louvando a De s
que tal a creouj& aílim diíTe o Mellifluo Bernardo:C(5w;râ:Stíí,
Senhor aj fe convertem a ti os olhos de todas as cre aturas , porque
em tiy& por ti ó' de ti a begnma mão do Omnipotente creou tu*
,

, „ .doo que havia creado. 42

J' ^^t,J:S;^«:<^^^SZ 12 A fella delia AlFumpçaó, Coroação triunfante , diz &


creatura: , q Padre Soarcs 43 que he muy própria da Virgem^^ comex«
quiainf! ,& per te, sc de te ,

benigna ma«us Qmnipoientu quidguid ç^^^ç^^^;^^ g^tre todas fuas feítas porquc reprefenta fua
glori?;
creavcrat rccicavit.
4, ?:ímiXx.àefcfic%.
prcmio, oc triuntoj & he dc Canta
,
roLj-
dignidade ,que
j j-jj c
amda quc fe- l

de Balwghem «»
44 Refai p ^ntott. jadedireytopofitivo, fe funda proximamente, ouquafine- I

£phcmer f,.e jQiendar. FngtH, ác M-


^^fl-^^i^jj^entcfededuz dodivino. Entendc-fequefoy inftitui-
4^ /ajeus tom iChrêH. da pelos Apoltoios; pelo menos he cetto fer antiquiífimana
MoraUsi.xo.c.^o.
primitiva Igreja, como coníta de homilias dos Santos Padres,
cSardjXchron. principalmente Gregos. 44 O
Papa S. Damafo Portuguez,
om,frius,cb '' F- híPonfif. , „ da illuílte Villa de Guimaraens, 4< com aquelle celeftial
iíftyiiTi^i w j
acordo com que ordenou tantas coutas lautas na Igreia, coma
y.ifi:on'eiind<fcri^t.Lufuin. foy a translaçao da iiibliapor baojeronymo, cf arepartiçáo
Bruto, Monr^uhufnfí. s-cij. ^ Pfalmos pelo
i
mefmo Santo »r
r , para fe rezarem nos dias da
R.f:rtjuct ub dublo, DexurínChron^n. r j-rr rr /^i
(•i!rAf>h. fomana,6chorasdodia;&quenonmdellesíedillelle:G/í?n<í
jtemiiiefr.hin Potítifp I ».f 6 inprine
pafriy
'
^c
& fc cantaíTem alternativamente a coros em todaa
igreja , comojà fe fazia em algumas^, por revelação que Santo
^,o7é^T\l^^^^^^^^^^
4(5 lãcfcasfupr. Ignacio tivera de que aflim canta vaó os Anjos ôc com que cr- ,

/,/fcf s no Fies Sana vida de s Damafo,


;/
^^^q^^ q^jg ^o principio da MiíTa fc diíTcíTe a Confinaó , de-, &
^47 ^'ehrlrdlnK^hm^ar. pois do Euaugelho O Credo aos Domingos , , alguns dias de &
GajpurEíi i,on'isanii^Md.dcPomg.c,\^\ç_^2L\ 46 com O mefmoacordomaudou que de preceyto fc

celebraíTe efta fefta fantiílima , ao dia dccimo-quinto de Ago-


''"TÍ T7Í '^^'f"'"-
49 fuimer.in anwt ' ad Cyffian. fto, 4/ em quc a Setíhora paííou dcfta vidai 48 efta antigui*
ep. j 4.

/ch.,1 i
'
infin.
dade IhedàlacoboPalmerio, 49 & porque na obfervancia
BaronJnnJtManyrd. R^mM* 1 5- ^«- h^via mcnojfcuydado, ã applicou depois o imperador Mau-
gujii. ricio, como efcre ve Nicephof o, 6c declara Baronio.f o


PER.
N

-^ ^^ ^rm -^i^t' m^- e^^^se «^^^ «5sií« m^ ío>

o| '^-'^^ -^ ^^ "Ç ''^^'- '^=^*^ç'--*^:'»^;=*^*-^*^^ ^ ^''^ =^"^


»'-e*;.íT .
^*-'*^

v,,<,',i-. /^.
f9*
. ^-rf.-fS^ G

PERORAGAM- SSIM foy o mundo íevaritado (^ diz o o gran^


de Padre S. ToaÓ Chrvíoílomó) i cm Ma- ^ p-^yyrofiferin.^umoicfirmusy

modo fey que havia, cabido em Eva. r oy


ria,f>elõ

verdadeyramentea J<?^/;ori^ huma Si'íí ao revcz , co-


mo lhe chamou S. Bernardo i & coníidera a Igre- „» ^ ^;'*'^^ '""p^r. áepucatar.a
*

ja no ^t^^ glorioío; 3 como também conlidera que meju^ as ») er l.^v«/«v<^^áí^.


s r^
-- Mutans Evínomcn ' " '

d, , * 1
o Jcfrtho, de que oaícèra a moí-te, ordenara Ueos que utundcri;orsohcbaturi,iiic vitaicfur'
I J

^^'^''^'''
reAifcitaíTe a vida ; fez inílrumentos da faudcos que
o tinhâõíídõ dá perdição; Reílicuhio-fc às mulheres
com ventagem ( diz o meímo Sinto } 4 o credito ^ ^4^D.Bcmrd.hm.t.fúpM}fusep^,!i
cm £v^ tinhaõ perdido. Já o i{^«a do Ceo padece
fofa Qf os violentOi
, o rouhaó, confeííou ChnHo Se-
nhor hoíío; 5 violentos , explica S. Chryfoftomo , s.Matth, n.n. Regòum cxiors 5

6 os que fe Ihéchcgaõ apreíTados com grande cuy. ^^£7.:^^;;^^^^^^^^^


dado, & defejo & os importunos com petiçoens ju. ':;^S:^^;ZSr'^
5

ftas, como o mcfmo Senhor. 7 Já eftá expofto


diíle 7 MMh.j.j.LHc.ii.^,

j)aí'â que o podamos i^ouBar , ò qué por juftiça nao


podíamos merecer : quem íe naô alegrará com tddo
o cxceíío, tendofe taõ amado do Rey, 8c Rainha do
Ceo, qUeorefgatáraõ por tam alto preço? Naõ digo
que fegoi^e ém íua utilidade mal na manifcftaçaõ ,

de tao íoberano amor. h telicimmo tempo em que/o^.i^.pt.w/.r^.í.Tamfauftafmntcm-


ha tantaénchente de graça mas inf^liciífimo, íe hou. C^^::;;^^^:^^
!

ver igual
o irieratidaõ
o o
y Sirva de C» eraças
»
o conhecis i"'^'"^"°"'"*'=''^^'^^pr""^"*'n'^"'"•in
^

9 Idem Gutiru. ferm. i.deAnntmx.


..

mento ào beneficio, lo Conheçamos que a f^irgem pn^tc. a» non féhcita'; temporum, m


r-iT-Mi^lr-v
rr •SP
apreíiou a Encarnação do bilho de Deos^
qmbus tanta plenitude gratiaEj&omniú
qual bonorum?An non infeiictas temporum, no 1

""^' '"^"""•''° ^'^'""^'"^


tiafceo para nós^ 1 1 que cooperou com ellc para nos •;;^f "^
levantar; iz que elleadeyxou por ^l^íí^ynoíla 14 10 D.chryjo/t.fem.qHomodopf,m:,^ ;

Sc como nc de /l/Iíiy nao lo ^v^^'^''» ^^s também mlte- n Vidifupy.c.tAn.x.t»jii.


.^ 1 , I
T •
y-i 1 1- / ji I«c.i ii.Natuselkvobs.
^ tar, pnr lílo nos eltabeleceo a Igreja Catnolica em q ,; /,deíupr.c.^%.

íubíiftimos. 1 5 Sc perdemos o que era de filhos, naõ J* S>í.Í t^wA^í^


perdeo
.

J194' PERORACAM.
o que era de Alay ; com maternacs en-
pcrdeo cila
'
jí DChfyfo! ffm.%.ded^ah.fipo? trânhas outra vez nos gerará no p^^rdaõ, i6 fe p roí
*fW. F.eo pcid:di qucd ciat fil <•
illem.* r
[.«ojparnseihionamiíít. -urgcntur curarmos mcreccUo, Nem lhe falta vontade, pois
j : it i i •

P3jr»,:lccu.tcrum fiUua, pcnhura per


^^ ^^^ .
^çj^ pO^^r, poU he Rainha dc tudo : chc*
17 DBnnarifnm ^mMpi Tjativn.
gou a dízer S.Bcmardo, \ 7 á ncnhQa mercê nos vem
iuu,<3Qodp!rMar-xroaausnonuajifi-do CcCjícm q palie pelas mãos dc Adarta, E pofto 6
'i« Guerru-^bb/ermi.de^fumft flcnhuns obfcquios dc nofla fervidaõ poderáõ igualar
f S;Kh»:r:íé':l;*r; o ^ Ihe dc»emos ; louve-a percnncmente nofla pof.
.íf;3;ffitr:;M:S?rR:;s* f^Wlidade
cóoelogio de Cuerrico S dizendo:i8 f o«»
iJsntiscoffiiciu$,<juò iimihixm mic copareaa , Vircera Santiííima , collocarvos Deos em
«on'ineas,&rpccia!iu<prxcactcr!$mcó- * , r- - ** r i í
prchei.fitnlemcomprchendas Continui.y7» tUTOnO^ jepmtátneHU V)í nAOp^tta tUrOnO Jt!U fa^ ,

nKníum in animo, fuifti Divwa Ma"eítad£ Unto muts Jc-^


d.mforium ^^ qug fojSuats jud

'SEX^^^cZ!^^^^ ^Kn^^ntc. r^nto muh familiar; comfrebfndais o m.


do, erisioiiura Ttiumphantis in Cxio, ç()mprf.henhiti tAj/fis efpectalttHnte aue
&
ruilti thalamus Iponli incatnan , cru -^ ^
tcdof, ^ ivffíes
-. *
n 1
.
i

^Ma Dcos
thronusRcgiscoronati. j^tm f,r,^. ffjentno emvollos orfl^os I agoVit O ieíiaes imme?»^
ttuicm , admed. Individuuro haberc te* r ri' I C i2 ti ri i

t^mc^^iumf<:tmm,ctíit,:cxmmc2mJo em vújja alma ; Jolt$s


(ijn fOi^Jada qucindo feregrtr

S.Í Í:;^S:;^úS1"" ^'''^-n^^^a , agors Ihefoh Fap qmrJu reym i foftes tabers
naciiío de (chs combates vo mcído yfois ajjtnto do Trit^ru
fante no Cco; fojUs' t baU mo do F/pofo erfcarjia do, Ç^jÀ
thrcm do Rey aroado» Comiqjflo def^jater Ittjferio
p^-hM>\ mLv:díto o que Cfm^vofco em z'ofja carne fiT" em hum ,

effintOi teve mlivijb mjfierLO de ficdade ,, Qf unidade»


Bencdfòta tu inter mulieres, & bcnedidusfruc^as
ventris lui. Ora pro nobis Sanéta Dei Genitrix,
Ut digni cfficiamur promiílionibus Chrifti.

LAUSDEO-

You might also like