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FETICVERGS

ISBN 978-85-7717-131-6
ISBN 857717131-0

FETICVERGS

9 788577 171316
FETICVERGS

Novo Hamburgo - Rio Grande do Sul - Brasil


2011
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Universidade Feevale – RS/Brasil

Cartilha de ergonomia na indústria calçadista: diretrizes para segurança e saúde do


trabalhador / ABICALÇADOS ; FETICVERGS; Ministério do Trabalho e Emprego. – Novo
Hamburgo: Feevale, 2011.
96 p. ; il. ; 21 cm.

Inclui anexo e bibliografia.


ISBN 978-85-7717-131-6

1. Trabalhadores – Saúde e higiene. 2. Promoção da saúde dos empregados. 3.


Ergonomia – Indústria calçadista. I. Associação Brasileira das Indústrias de Calçados. II.
Federação dos Trabalhadores nas Indústrias do Calçado e do Vestuário do Rio Grande do Sul.

CDU 331.45

Bibliotecário Responsável: Susana Fernandes Pfarrius Ladeira - CRB 10/1484

COORDENAÇÃO EDITORIAL
Mais Qualidade de Vida para as Pessoas.
Inajara Vargas Ramos

EDITORA FEEVALE
Coordenador: Celso Eduardo Stark
Mais Produtividade para as Empresas.
Analista de Editoração: Maurício Barth
Auxiliar de Editoração: Gislaine A. M. Monteiro
Rafael de Ávila

EDITORAÇÃO ELETRÔNICA
Celso Eduardo Stark

REVISÃO TEXTUAL
Lovani Volmer

©Feevale – TODOS OS DIREITOS RESERVADOS – É proibida a reprodução total ou parcial, de qualquer forma ou
por qualquer meio. A violação dos direitos do autor (Lei n.º 9.610/98) é crime estabelecido pelo artigo 184 do
Código Penal.

Universidade Feevale FETICVERGS


Campus I: Av. Dr. Maurício Cardoso, 510 – CEP 93510-250 – Hamburgo Velho – Novo Hamburgo – RS
Campus II: RS 239, 2755 – CEP 93352-000 – Vila Nova – Novo Hamburgo – RS
Fone: (51) 3586.8800 – Homepage: www.feevale.br

4 5
Agradecimentos

Angela Machado
Débora Cristina Bühler
Enio Klein
Eurico Döhr
Gisele Garcez
Jacinta Sidegum Renner
João Nadir Pires
Lázaro Reinaldi
Luiz Fernando Osório Junior
Paulo Antonio Barros Oliveira
Rafael Jassen Gazzolla Aires de Araújo
Renan José Machado de Souza

A. Grings S A - Piccadilly
Paquetá Calçados Ltda
Universidade Feevale

Colaboradores
Caroline Monalisa Santos
Elisabete Böes
Kelli Prado
Rogério Gustavo Dreyer

6 7
À
exemplo da Cartilha de Segurança de Máquinas e
Equipamentos da Indústria de Calçados, lançada em
outubro do ano passado, em parceria com a
ABRAMEQ, Federação dos Trabalhadores na Indústria do
Calçado e do Vestuário do Estado do Rio Grande do Sul e
Ministério do Trabalho e Emprego, a Cartilha de Ergonomia é
um novo marco no tratamento deste assunto importante: a
segurança e a saúde do trabalhador.
Após um exaustivo trabalho do grupo montado pela
ABICALÇADOS para discutir aspectos ergonômicos,
formatou-se um início de lapidação da obra.
Com a instituição da Comissão Tripartite Paritária, a obra
tomou o formato que estamos apresentando hoje, fruto
igualmente de exaustivas reuniões de debate e discussão de
seu conteúdo.
A filosofia da Comissão Tripartite foi despir-se de
tendências que desvirtuassem o conteúdo da cartilha. O norte
sempre foi o atendimento da produtividade dentro de limites
que assegurassem o bem-estar, a realização profissional, o
chamamento à responsabilidade de ambas as partes
(empregadores e empregados) e a proximidade maior possível
daquilo que tecnicamente se considere o ideal.
Enfim, fruto deste trabalho e deste comportamento ético,
entrega-se ao público esta Cartilha de Ergonomia na Indústria
do Calçados, com o primado de que sirva como base sólida na
consecução dos objetivos que justificaram a sua confecção.

8 9
FETICVERGS

A
preocupação com a saúde dos trabalhadores é que
levou a nossa Federação a participar desde o início
deste trabalho. Daí a importância da Ergonomia, que
representa um esforço de detectar possíveis riscos à saúde do
trabalhador e buscar soluções.
A ergonomia trata das relações entre a máquina e o
homem dentro de seu ambiente de trabalho, tendo como
finalidade o bem-estar, a saúde e o bom rendimento do
trabalhador. Desta forma, uma cartilha que aborde o tema
serve de base de sustentação para que o trabalhador conheça
um pouco mais os problemas que pode enfrentar e onde
buscar auxílio.
A Federação dos Trabalhadores nas Indústrias do Calçado
e do Vestuário do Rio Grande do Sul (Feticvergs), que
congrega 23 sindicatos espalhados pelo Estado, entende a
importância da prevenção da saúde do trabalhador, pois dela
depende o desenvolvimento financeiro gaúcho. Apoiar uma
publicação como esta faz parte da luta empreendida pela
Feticvergs.

10 11
APRESENTAÇÃO

A
expressão ergonomia, derivada do grego ergo (trabalho) e
nomos (regras/leis naturais), aparece em artigo científico em
1857. Contudo, somente com a fundação na Inglaterra da
Ergonomics Research Society, no início da década de 1950,
passou a ser conhecida mundialmente.
A Consolidação das Leis do Trabalho, de 1943, de forma
intuitiva já adotava preceitos ergonômicos quando referia que
para se evitar a fadiga era obrigatória a disposição de assentos
ajustáveis à altura do indivíduo e função exercida.
Com a edição da Portaria 3.214/78 regulamentando a
seção relativa à prevenção da fadiga surge a Norma
Regulamentadora 17 – Ergonomia, contemplando
disposições para levantamento, transporte e descarga de
materiais, utilização de bancadas e mesas, escrivaninhas,
painéis e assentos ajustáveis. Em 1990 tal Norma sofreu
alteração inovando ao não restringir a ergonomia à postura e
mobiliário, incluindo questões relacionadas à organização do
trabalho no processo de adaptação da atividade laboral.
A indústria calçadista, por seu caráter manufatureiro, tem
potencial significativo para o surgimento de doenças
osteomusculares, sendo que a partir de meados dos anos 90,
com a adoção parcial e mal adaptada de um sistema de
produção japonês, implementou procedimentos inadequados
em relação à postura de trabalho dos empregados.
A partir de 1998, quando da lotação de Auditores-Fiscais
da área de Saúde e Segurança do Trabalho na Gerência
Regional do Trabalho e Emprego de Novo Hamburgo, o tema
ergonomia se mostrou recorrente, quer em ações fiscais de
rotinas, quer em atividades educativa-preventivas,
materializadas nas Campanhas Nacionais de Prevenção de

12 13
SUMÁRIO
Acidentes do Trabalho (CANPATs) e Seminários, além de outros
projetos.
Decorrida mais de uma década foram retomados os
contatos com representantes dos empregadores e dos
trabalhadores da indústria calçadista, resultando na
constituição da “Comissão Tripartite Paritária de Ergonomia na
Indústria calçadista”.
Como resultado deste trabalho, após diversas reuniões
POSTURAS DE TRABALHO
técnicas, foi produzida a presente Cartilha, com intuito de
orientar boas práticas ergonômicas, focando especialmente as
posturas recomendadas considerando as atividades
MOBILIÁRIO DOS POSTOS DE TRABALHO
peculiares da produção. Além disso, aborda assuntos
relacionados ao mobiliário dos postos de trabalho,
levantamento, transporte e descarga individual de materiais,
LEVANTAMENTO, TRANSPORTE E DESCARGA
condições ambientais e organização do trabalho, sem a
INDIVIDUAL DE MATERIAIS
pretensão de exaurir o assunto.

CONDIÇÕES AMBIENTAIS DE TRABALHO


Rafael Jassen Gazzolla Aires de Araujo
Auditor-Fiscal do Trabalho
Chefe do Setor de Inspeção do Trabalho ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO
Gerência Regional do Trabalho
e Emprego de Novo Hamburgo/SRTE-RS/MTE

ANEXO
A EXPERIÊNCIA DA MULTIFUNCIONALIDADE

REFERÊNCIAS

ORGANIZAÇÃO GERAL DA CARTILHA

14 15
POSTURAS
DE TRABALHO

16 17
A
Abicalçados, em parceria com o Ministério do A ergonomia é Em termos biomecânicos, quando um trabalhador
uma ciência
Trabalho e Emprego e Representantes Sindicais dos multidisciplinar que
permanece em pé por tempo prolongado, necessita requisitar
Trabalhadores, vem atuando, desde setembro de busca o conforto, a força de aproximadamente 650 músculos de todo o corpo
2009, através da composição de uma equipe constituída de bem estar e a saúde humano, os quais passam a realizar trabalho muscular
do trabalhador e, em
profissionais de ergonomia, medicina, engenharia e conseqüência, o estático, fazendo força para o corpo equilibrar-se contra a
segurança do trabalho, para discutir e buscar soluções nas incremento ação da gravidade. Nesse caso, há de se considerar o exposto
produtivo.
questões relacionadas à ergonomia na indústria calçadista. na Nota Técnica 060/2001, que corrobora o que foi
No entanto, devido à amplitude e abrangência do tema, fez-se explicitado: “Trabalhar sentado permite maior controle dos
necessário abordar os assuntos considerando certa ordem de movimentos porque o esforço para manter o equilíbrio
prioridade. Nesse sentido, o grupo optou por focar postural é reduzido”. Os músculos tendem a fatigar da
inicialmente o tema posturas de trabalho, com o objetivo de segunda para a terceira hora na manutenção da mesma
esclarecer a melhor postura a ser adotada de acordo com as postura. Nesse caso, a força (energia) gasta pelos músculos
características das atividades de trabalho. para manutenção da postura poderia e deveria ser gasta para
Tendo em vista que a saúde, segurança e qualidade de vida a realização da atividade de trabalho, fatigando menos o
no trabalho são os focos de discussão do grupo tripartite, trabalhador e, sem dúvida, resultando em melhor rendimento.
apresentam-se os principais problemas e posturas prejudiciais No que se refere aos trabalhos realizados na posição
nos postos de trabalho. Os movimentos que podem trazer sentada, Iida (2005) considera que se encontra menor
complicações à saúde, principalmente quando repetidos trabalho muscular quando as costas estão apoiadas sobre o
muitas vezes, são: movimentos rotacionais de tronco, as encosto da cadeira, a cabeça está alinhada com a coluna e
flexões para frente e para os lados, os movimentos de extensão quando os pés tocam o chão (se não, é necessário utilizar
(esticar a coluna para trás), ficar muito tempo parado, sentado apoio para os pés). Quando esse posicionamento não é
ou posicionado do mesmo modo e lugar (postura estática), possível, é necessário ter orientações para reorganização do
seja com uma parte do corpo ou com o corpo todo. posto de trabalho de forma que permita o posicionamento
Durante as atividades de trabalho, diversas posturas adequado.
podem ser adotadas, no entanto, as posturas comumente Ao se discutir posturas de trabalho, é imprescindível
utilizadas são sentada ou em pé durante toda a jornada, considerar a visão da ergonomia, que está fundamentada em
configurando a postura estática, que é extremamente adaptar o trabalho ao homem e não o homem ao trabalho. A
prejudicial à saúde. Na contrapartida da postura estática ergonomia é uma ciência multidisciplinar que visa o conforto,
(sempre em pé ou sempre sentado), de acordo com Grandjean bem-estar e saúde do trabalhador e, em consequência, o
(1998), está a alternância postural (ora sentada, ora em pé). incremento produtivo. Um dos enfoques dessa ciência é a
Nesse caso, deve-se considerar a necessidade natural do prevenção da fadiga muscular, que pode se instalar em função
organismo de troca de movimentos e posicionamento quando da postura estática prolongada, tanto em pé quanto sentada,
o corpo assim o solicitar e as características da atividade embora a postura sentada seja bem menos lesiva do que a em
(OLIVER e MEDDLEDITCH, 1998). Os sinais para solicitação pé, uma vez que exige menor atividade e esforço muscular.
de troca de postura são emitidos e sentidos pelo corpo através Do ponto de vista ortopédico e fisiológico, de acordo com
de sensações de dor, desconforto, cansaço, formigamento, Iida (2005), é altamente recomendável um local de trabalho
entre outros. que alterne o trabalho sentado com uma postura de pé. Uma

18 19
postura sentada prolongada é realmente muito menos De acordo com cada atividades com características distintas, embora algumas
modelo de sapato
comprometida com trabalho estático do que a postura de pé, existem alguns
sejam comuns a todo o processo, o que exige posturas de
embora também seja prejudicial em longo prazo, pois aspectos (detalhes) trabalho também diferenciadas, de acordo com as atividades.
poderão surgir complicações de fadiga, que, pela alternância específicos que Para exemplificar a relação da postura com as
requerem, em
com o trabalho em pé, tornam-se menos críticas. determinada características da atividade, de acordo com a Nota Técnica –
operação, um NT 060/2001 do Ministério do Trabalho e Emprego, a postura
equipamento,
Posturas de trabalho na indústria calçadista em pé é justificada quando a tarefa exige deslocamentos
máquina e/ou posto
Embora a questão postural seja apenas um dos inúmeros de trabalho contínuos, manipulação de cargas com peso maior ou igual a
aspectos que devem ser discutidos e abordados em diferenciado ou 4,5 kg, alcances amplos frequentes (para cima, para frente ou
adaptado.
ergonomia, este foi o foco prioritário estabelecido pelo grupo para baixo), operações frequentes em vários locais de trabalho
técnico multidisciplinar convidado pela Abicalçados. Em fisicamente separados ou aplicação de forças para baixo.
diversas reuniões realizadas na sede da entidade durante o Assim sendo, fica evidente que os fatores que determinam a
ano de 2009, discutiu-se atividade por atividade de cada setor, melhor postura a ser adotada em determinado posto de
considerando, inclusive, a grande diversidade de modelos que trabalho são as características da atividade exercida. Portanto,
circulam a cada estação. antes de discutir a postura de trabalho, há de se caracterizar os
De acordo com cada modelo de sapato, existem alguns componentes da atividade.
aspectos (detalhes) específicos que requerem, em determinada Nesse contexto, ainda a título de exemplo, as atividades de
operação, um equipamento, máquina e/ou posto de trabalho elaboração do calçado de modo geral, de acordo com
diferenciado ou adaptado. Essa situação, por sua vez, implica Renner, Oliveira e Bühler (2004), têm como características a
que, em determinados períodos do ano, conforme a estação utilização de motricidade fina (mãos e dedos), em função da
climática e/ou tendo como fator determinante a moda, sejam configuração do produto que é de pequeno porte, e, conforme
exercidas algumas atividades, que, em outros momentos, demanda e de acordo com a moda, tem inserido pequenos
estão dispensadas do processo. Pode-se citar, como exemplo, detalhes, como costuras, enfeites, fivelas e fechos, que
a diferença entre a fabricação da sandália, que é aberta, da do acabam por exigir esforço físico, envolvendo principalmente
sapato, que é fechado. Na sandália aberta (de dedo) não se mãos e dedos. Em todas essas atividades, o posto de trabalho
utiliza a atividade de apontar bico; já no sapato fechado, deve ser organizado para que o trabalhador possa exercer sua
geralmente se utiliza. tarefa com postura alternada.
Antes de aprofundar as questões relacionadas às posturas A seguir são apresentados alguns aspectos específicos do
de trabalho, há que se compreender o processo de fabricação trabalho de cada setor da indústria calçadista.
do calçado quanto ao modo de produção predominante, a
divisão por setores e as características das atividades. O ALMOXARIFADO E EXPEDIÇÃO: no setor de almoxarifado e
trabalho na indústria calçadista divide-se em quatro setores expedição, as atividades caracterizam-se por deslocamentos
principais, dependendo do porte da empresa. Os setores frequentes, o que implica realizar o trabalho predominantemente
apresentam-se na seguinte sequência no processo, de acordo na posição em pé, exceto em alguns postos de revisão e/ou em
com as características de fabricação: almoxarifado, corte, postos informatizados, como escrita fiscal e de faturista, em que a
costura (preparação e costura), montagem (montagem e postura poderá ser sentada ou alternada.
acabamento) e expedição. Em cada setor são realizadas

20 21
SETOR DE CORTE: neste setor, a maioria das atividades Exemplo de atividade realizada na postura em pé: cortar
apresenta grande movimentação de membros superiores, com balancim hidráulico
assim como a própria configuração das máquinas requer a
postura em pé, especialmente os balancins “jacaré” e os
balancins ponte. No entanto, existe um grupo de atividades
que pode ser realizada em postura alternada, como as que têm
características de revisão e/ou pequenos ajustes nas peças:
colocar zíper manual, cortar e amarrar peça manual, talonar1,
chanfrar, assim como as atividades de revisão. Salienta-se que
nas atividades em que não é possível que ocorra a alternância
postural – o que pode ocorrer em função da própria
configuração da máquina, obrigando o trabalhador a atuar
na posição em pé – uma das alternativas é a implantação da
2
alternância de funções . Nesse caso, o trabalhador deverá
realizar mais de uma atividade, ora na postura em pé, ora na
postura sentada, sendo a postura fator determinante da troca,
embora as características da atividade determinem a postura
ideal em cada tarefa.

1.
Agrupar peças Figura 1: atividade realizada na postura em pé por ter
2.
Observar as questões: salário e as determinações dos programas PPRA, deslocamentos freqüentes
PCMSO, a compatibilidade com a função a exercer. Fonte: Abicalçados

22 23
Exemplo de alternância postural em pé/sentado na trabalho, requerem a postura sentada. No entanto, se o posto
atividade de colocar zíper manual. de trabalho for bem configurado e adaptado, a atividade
poderá ser realizada em postura alternada – o que é o mais
indicado em termos biomecânicos. Assim sendo, levando em
consideração as características das atividades, todas poderão
ser realizadas na postura alternada, exceto as que exigem
deslocamento frequente, tais como: abastecer esteira e operar
máquina de conformar.
Exemplo de alternância postural em pé sentado na
atividade de rebater

Figuras 2 e 3: exemplo de alternância postural


em pé/sentado no setor de corte
Fonte: Abicalçados

SETOR DE COSTURA3: neste setor, que tem inclusas as


atividades de preparação e costura, as principais
características são o envolvimento de motricidade fina,
acuidade visual e, ainda, quando acionadas, máquinas – o
acionamento de pedal. Esses aspectos, quando presentes no
Figuras 4 e 5: exemplo de alternância postural
em pé/sentado no setor de costura
3.
Pesponto. Fonte: Abicalçados

24 25
SETOR DE MONTAGEM:neste setor, as atividades b) Atividades com ampla movimentação de membros
caracterizam-se pelo uso de maquinário e atividades com superiores (em pé): apontar bico, operar calceira, montagem,
elementos biomecânicos diversificados, sendo que ocorre a conformar, grampear, fixar palmilha, pregar salto, rebater,
predominância da postura em pé, em função dos alcances e centrar sola, entre outras.
grande movimentação impostos, tanto pela atividade quanto De acordo com a Nota Técnica 060/2001, as tarefas que
pela conformação das máquinas. Em alguns casos, tem-se a exigem alcances amplos e frequentes para cima, para frente
presença do uso de força muscular durante a realização da ou para baixo podem ser realizadas em pé. No entanto, deve-
tarefa, o que, de acordo com a Nota Técnica 060/2001, limita se tentar reduzir a amplitude destes alcances para que se possa
a posição sentada. Neste setor, para melhor caracterizar a trabalhar sentado.
postura ideal em cada atividade, apresentam-se as atividades Exemplo de atividade de montar manual, a qual exige
em quatro principais grupos e a justificativa para a indicação movimentação de membros superiores e é realizada na
da postura: postura em pé.
a) Atividades com deslocamentos frequentes (em pé):
atividades de abastecimento, encaixotar, colar etiquetas,
separar formas, entre outras.
Na Nota Técnica 060/2001, encontram-se descritas as
tarefas que são desenvolvidas com deslocamentos frequentes
e/ou contínuos que podem ser realizados na postura em pé,
configurando as características dessas atividades.

Figura 6: Tarefa de encaixotar Figura 7: atividade de montar manual na postura em pé


Fonte: Abicalçados Fonte: Abicalçados

26 27
c) Atividades com uso de força muscular (em pé): tirar d) Atividades com motricidade fina e pouca movimentação
rugas, montar traseiro, rebaixar planta, polir cabedal (alternado): aplicação de halogen e adesivos de modo geral,
(principalmente se precisar de aspecto “queimado”), entre arrancar grampos e pregos, lavar e limpar solados, marcar
outras. palmilha, montar caixas, perfurar/pregar e preparar manual,
Na Nota Técnica 060/2001, encontra-se a orientação atividades de colagem/passar brilho/praimer e creme em
para a tarefa que exige a aplicação de forças para baixo, geral e revisão. Considerando a Nota Técnica 060/2001,
como em empacotamento, em que a postura em pé é todas as atividades que têm envolvimento de motricidade fina
permitida – como é o caso das características destas poderão ser realizadas na postura alternada.
atividades. Por fim, ao confrontar as características das atividades
realizadas na indústria calçadista e o que está disposto na
Nota Técnica 060/2001, ressalta-se que a postura de
trabalho adotada deve ocorrer em função da atividade
desenvolvida, das exigências da tarefa (visuais, emprego de
forças, precisão dos movimentos etc.), dos espaços de
trabalho, da ligação do trabalhador com máquinas e
equipamentos de trabalho, como, por exemplo, o
acionamento de comandos. As amplitudes de movimentos dos
segmentos corporais, como os braços e a cabeça, assim como
as exigências da tarefa em termos visuais, de peso ou esforços
influenciam na posição do tronco e no esforço postural, tanto
no trabalho sentado como no trabalho em pé.

Figura 8: Exemplo de atividade


com uso de força muscular
Fonte: Abicalçados

28 29
Exemplo de atividade de rebaixar planta que normalmente Exemplo de alternância postural em pé/sentado na
é realizada na postura em pé, mas em função de a atividade atividade de aplicar adesivo que se caracteriza por
exigir pouco deslocamento (o que configura como postura motricidade fina e com pouca movimentação
estática) foi testado e aprovado pelos trabalhadores a
alternância postural em pé/sentado.

Figuras 9 e 10: Exemplo de alternância postural com uso de equipamento


Fonte: Abicalçados
Figuras 11 e 12: Exemplo de alternância postural
na atividade de aplicar adesivo
Fonte: Abicalçados

30 31
MOBILIÁRIO
DOS POSTOS
DE TRABALHO

32 33
C
om relação às atividades de trabalho da indústria b) Quanto à configuração dos postos de trabalho: os
calçadista que devem ser realizadas na postura postos de trabalho para estas atividades devem ser
alternada, que são a maioria, os requisitos para configurados para a alternância postural, sendo que a altura
adequação dos postos de trabalho devem seguir os seguintes da bancada/mesa (observar que deve ser utilizado apoio de
aspectos: pés – item d) é projetada para a postura em pé. A cadeira, no
a) Quanto às atividades de trabalho alternado: as entanto, deve ter regulagens que permitam a flexibilidade de
atividades realizadas em bancadas e mesas, que, na indústria ajustes conforme as diversidades antropométricas da
calçadista, de modo geral, envolvem motricidade fina e população e acompanhar a altura da bancada. De acordo
acuidade visual, devem ocorrer na postura alternada. Estas com Iida (2005), no caso de bancada fixa, é melhor
atividades são as de preparação, aplicação de adesivos, dimensioná-la pelo trabalhador mais alto e providenciar um
revisão de qualidade, lavar e limpar solados, marcar palmilha, estrado, que pode ter altura de até 20 cm, para o trabalhador
fazer bucha, fechar caixinha, entre outras. mais baixo. Esse estrado pode ter uma altura diferente para
Seguem alguns exemplos de atividades em que se realiza a cada trabalhador, ajustando-se às suas dimensões
alternância de postura em pé/sentado nos setores de corte, antropométricas; se ele mudar de bancada, poderá carregá-lo
costura e montagem. para o novo local. Assim, as alturas dos postos de trabalho
podem ser ajustadas individualmente, a custos reduzidos.
Outra medida possível de ser adotada é que a bancada
(principalmente as de pequenas dimensões) seja provida de
dispositivo para regulagem de altura, que pode ser adequada
conforme a altura do
trabalhador. Importante
observar, no entanto, que
a regulagem deve ser de
fácil manuseio, sem
implicar na necessidade
de chamar a manutenção
mecânica para fazê-lo.

Figura 14: Exemplo de


Figura 13: No setor de montagem, atividades de pregar altura utilização de estrado
Fonte: Abicalçados Fonte: Abicalçados

34 35
Exemplo de máquina de rebaixar planta (lixa) com a 90º. Essa situação é bem caracterizada pelas máquinas de
regulagem de altura costura de coluna, pois o ponto de visão está situado
exatamente entre esses dois parâmetros.

Linha dos olhos

Ponto de visão

Cotovelos

Regulagem de altura
Figura 16: Máquina de costura (alcances e visualização)
Fonte: Abicalçados

Figura 15: Máquina com regulagem de altura


Fonte: Abicalçados

c) Quanto aos alcances, visualização e acionamentos:


tendo em vista que a maioria das atividades da indústria
calçadista envolve acuidade visual em função de o produto ter
pequenas dimensões, estes requisitos tendem a ser
determinantes para a saúde do trabalhador, assim como na
boa performance para o trabalho. Em algumas atividades,
como costura, chanfro, virar fita à máquina, dividir o couro
(máquinas de dividir), entre outras que têm o ponto de
4
realização da tarefa fixo (agulha da costura, navalhas e vira),
devem ter o ponto de visualização considerado ótimo, situado
na metade da linha do olho (campo visual) e o cotovelo fletido
Figuras 17 e 18: Exemplos de posto de trabalho de costura
com máquina de coluna na postura em pé e sentada
4. Facas. Fonte: Abicalçados

36 37
Outro exemplo para organizar a alternância de postura é
adaptar as máquinas para postura em pé e disponibilizar
cadeiras altas (com haste de incursão para regulagem da
altura do assento em torno de 78 cm) e disponibilizar apoio de
pés, que pode estar fixo à máquina ou apoiado no chão.

Figuras 21 e 22: O trabalhador deve ter liberdade


de usar ou não um apoio (almofadinha) para cotovelos
na mesa a fim de evitar a compressão da região
Fonte: Abicalçados

As alavancas devem estar ao alcance do trabalhador, sem


que ele tenha necessidade de erguer os ombros acima de 90º,
sendo que o ideal é que os ombros e os braços estejam o mais
próximo possível do corpo. Dessa forma, evita-se o trabalho
muscular estático, que pode induzir a fadiga muscular. As
figuras abaixo, de acordo com Chaffin et al.(2001), indicam os
alcances e limites para as situações descritas.

Figuras 19 e 20: Máquinas de costura


adaptadas para postura em pé/sentado
Fonte: Abicalçados

Tanto na postura sentada quanto na postura em pé, o


trabalhador deve ter liberdade para apoiar ou não os
cotovelos durante a atividade de costurar. Em termos de
prevenção dos sintomas de fadiga muscular, orienta-se que
modificar a postura é o mais adequado, no entanto, devem ser
disponibilizadas “almofadinhas” para apoiar os cotovelos, Figura 23: A figura indica Figura 24: A figura indica
evitando, assim, a compressão dessa região. Nas figuras 15 e o limite máximo de alcance o limite entre a extensão dos
16, visualiza-se o trabalhador costurando sem realizar o apoio dos braços, considerando que braços e a elevação frontal,
o ideal é a flexão próxima a 90º sendo que o ideal é a
dos cotovelos, enquanto na figura 18 os cotovelos estão Fonte: Chaffin et al. (2001) proximidade do cotovelo em 90º
apoiados. Fonte: Chaffin et al. (2001)

38 39
Exemplifica-se a situação acima descrita na atividade de No setor de montagem na etapa de desenformar, deve-se
cortar com balancim hidráulico, em que o trabalhador utiliza observar a altura da esteira de retorno das formas e do
cavalete, posicionado ao lado do balancim, para apoiar as formeiro. Abaixo seguem dois exemplos adotados para
peles de couro facilitando o alcance. Dessa forma, mantém a guardar as formas e que proporcionam postura adequada do
postura neutra da coluna vertebral (sem curvar nem torcer) e os trabalhador.
membros superiores podem ser mantidos próximos ao corpo,
facilitando a atividade de trabalho.

Figuras 27 e 28: Exemplo de formeiro circular posicionado


ao lado do posto de desenformar
Fonte: Abicalçados
Figura 25: Alcance facilitado pelo uso
de cavalete no balancim hidráulico
Fonte: Abicalçados

Outra medida que facilita a atividade de cortar é


disponibilizar bancadas laterais ao equipamento, como, por
exemplo, para posicionar navalhas, o que elimina os
movimentos de rotação de coluna que o trabalhador realiza
para alcançar a bancada, quando a mesma está posicionada
atrás do equipamento.

Figura 26: Uso de bancadas laterais Figuras 29, 30 e 31: Trabalhador retira forma,
para posicionar navalhas no balancim ponte posiciona em uma caixa e transporta até o formeiro
Fonte: Abicalçados Fonte: Abicalçados

40 41
Deve-se utilizar com maior frequência as prateleiras, Segue exemplo de postos de trabalho configurados para
posicionadas na área de alcance, evitando movimentos alternância postural e apoio de pés:
amplos de membros superiores e de coluna.
Segue exemplo de prateleiras para armazenar caixas no
setor de corte. Nesse caso, os materiais mais utilizados estão
posicionados na linha de alcance (acesso facilitado).

Figura 33: Uso de apoio de pés Figura 34: Uso de apoio


na bancada de preparação de pés fixo na esteira
Fonte: Abicalçados Fonte: Abicalçados

e) Quanto às características da cadeira e seleção do


assento: de acordo com a Nota Técnica 060/2001, as
cadeiras devem oferecer estabilidade de encosto. O assento
de trabalho ideal deve ser determinado em função da
atividade desenvolvida, das condições ambientais de trabalho
e, principalmente, da opinião dos usuários. A NR 17 prevê a
altura do posto de trabalho ajustável à altura do trabalhador.
Nesse caso, salienta-se que se a cadeira e o apoio de pés são
ajustáveis, não há necessidade de a mesa/bancada ser
ajustável. Os ajustes devem ser facilitados de modo a permitir
que o trabalhador tenha autonomia e facilidade para as
Figura 32: Prateleira que permite fácil acesso às caixas
Fonte: Abicalçados
adaptações.

A cadeira deve ter regulagem para:


d) Quanto ao apoio de pés: da mesma forma que a cadeira 1. altura do assento;
deve ser flexível para acomodar a maioria dos trabalhadores
2. aproximação do encosto;
(com regulagens), deve ser utilizado um apoio de pés que
tenha regulagem de altura para contemplar a diversidade de 3. altura do encosto.
altura dos trabalhadores e permitir que fiquem acomodados
Figura 35: Regulagens necessárias para o assento
de forma confortável durante o exercício do seu trabalho. Fonte: Abicalçados

42 43
f) Quanto aos postos de trabalho com utilização de pedais: g) Quanto às atividades de trabalho que devem ser
os dois tipos de pedais mais utilizados nas atividades de executadas em pé: algumas atividades da indústria calçadista,
trabalho na indústria calçadista são o mecânico e o "bolha". principalmente as do setor de corte e de montagem não
Em experimento realizado por Renner (2002), com o objetivo permitem a postura alternada em função das suas
de elucidar qual a melhor postura na indústria calçadista, ficou características e/ou da configuração da máquina. A principal
evidente que, independentemente do tipo de pedal utilizado, atividade no setor de corte que precisa ser realizada em pé é o
este deve permitir um bom posicionado dos pés e pernas para corte, tanto manual como mecânico (balancim de braço móvel
promover o conforto necessário na postura alternada. Seguem e balancim ponte).
exemplos dos dois tipos de pedal mais utilizados e a forma de
utilização.

Figura 36: Cadeira adaptada (pé mais curto)


para aproximar do pedal mecânico
Fonte: Abicalçados

Figura 40: Corte manual


Fonte: Abicalçados

No setor de montagem, a possibilidade de troca é


facilitada, pois existem diversas operações que podem ser
executadas na postura alternada, embora haja predominância
de máquinas e atividades que impõem postura em pé. Nesse
caso, conforme previsto no texto relacionado a posturas de
trabalho, a troca de funções deve ocorrer de modo a facilitar
alternância de características das atividades, as quais se
dividem em três grupos: atividades com ampla movimentação
de membros superiores (em pé); atividades com uso de força
Figuras 37, 38 e 39: apoio de pés e utilização muscular (em pé); atividades com motricidade fina e pouca
do pedal protegido na posição sentada e em pé movimentação (alternado).
Fonte: Abicalçados

44 45
LEVANTAMENTO,
TRANSPORTE
E DESCARGA
INDIVIDUAL
DE MATERIAIS

46 47
D
e acordo com a NR 17, torna-se importante expor e de expedição. Nos demais setores produtivos, como corte,
alguns conceitos relativos ao manuseio e transporte costura e montagem, também ocorre manuseio de cargas, no
de cargas: a) o transporte manual de cargas designa entanto com menor frequência e menor grau de risco. Assim
todo transporte no qual o peso da carga é suportado sendo, o processo de avaliação quantitativa do manuseio de
inteiramente por um só trabalhador, compreendendo o cargas, através da aplicação da Equação de NIOSH, pode,
levantamento e a deposição da carga; b) transporte manual pois, auxiliar na determinação de qual característica específica
regular de cargas designa toda atividade realizada de maneira da tarefa deve sofrer intervenção.
contínua ou que inclua, mesmo de forma descontínua, o
transporte manual de cargas. SETOR DE ALMOXARIFADO: é o setor responsável pelo
O manuseio e transporte de cargas tende a ter diversas recebimento e distribuição de materiais para os setores
variáveis que corroboram para acentuar ou minimizar os (matéria-prima, insumos e componentes). De acordo com
problemas que podem decorrer da atividade. Nesse sentido, é Grandjean (1988), a OIT preconizou que, caixas e sacarias
importante que a relação entre o peso do objeto e as com peso superior a 23 kg, para serem transportadas, devem
condições em que ele é transportado, elevado ou manuseado ter o auxílio de algum dispositivo de transporte, como
seja avaliada de forma quantitativa. Para compreender o grau carrinhos, esteira transportadora, entre outros. Quanto ao uso
de relevância ou de implicações na saúde do trabalhador, o de carrinhos, destaca-se a importância de pisos adequados,
National Institute for Occupational Safety and Health (NIOSH) evitando desníveis ou piso solto. Outra consideração é quanto
– Instituto Nacional de Segurança e Saúde Ocupacional à dimensão das rodas, ou seja, quanto maior o diâmetro da
desenvolveu uma avaliação específica que propõe que as roda, menor o esforço físico realizado pelo trabalhador. É
tarefas de manuseio de cargas possam ser avaliadas de importante, ainda, ter o cuidado de não associar ao manuseio
acordo com as seguintes variáveis: e transporte posturas críticas, como flexão e extensão de
1) peso do objeto manuseado; coluna e/ou movimentos de rotação, pois são fatores
2) posição da carga em relação ao corpo - medida tanto potencializadores de riscos para a saúde.
no ponto inicial quanto no final do levantamento, em termos Exemplo de uso de carrinho para transportar rolos.
de coordenadas horizontal e vertical;
3) frequência de levantamento;
4) período ou duração - tempo total do levantamento;
5) possibilidade de preensão ou pega.
Conforme Chaffin et al. (2001), através da aplicação da
Equação de NIOSH, identificam-se os limites de levantamento
de cargas. Esse processo de avaliação quantitativa do
manuseio de cargas é essencial na determinação da estratégia
de prevenção a ser adotada e possibilita estabelecer uma base
sólida no planejamento das intervenções mais eficazes para
que o controle seja alcançado.
Embora as atividades da indústria calçadista não se
caracterizem de forma expressiva pelo manuseio e transporte
de carga, e, sim, pela motricidade fina, algumas atividades
envolvem levantamento, transporte e descarga de materiais,
Figura 41: Carrinho para transportar rolos
principalmente nos setores de almoxarifado, de pré-fabricado Fonte: Abicalçados

48 49
SETOR DE CORTE: neste setor, as atividades de manuseio trabalho é realizado em linha (com ou sem esteira
e transporte de carga encontram-se presentes somente na transportadora), essa questão é amenizada, pois o transporte
distribuição do material, disponibilizado em caixas plásticas5 do material é feito pela própria esteira. De qualquer modo,
que comportam aproximadamente de 20 a 40 Kg. Para independentemente de as atividades do setor de costura serem
transporte desse material para as linhas ou células de realizadas em células ou linhas de produção, apenas as
produção, há necessidade de um dispositivo auxiliar, que pode atividades de abastecimento (fase inicial do processo) têm
ser um carrinho. Nesse sentido, é importante observar o implícito manuseio e transporte, que pode ser facilmente
número máximo de quatro caixas sobrepostas a serem solucionado com o uso de dispositivos auxiliares de transporte.
transportadas sobre o carrinho, com a finalidade de permitir a
boa visualização e garantir estabilidade. SETOR DE MONTAGEM: no que diz respeito ao manuseio
e transporte de carga, as atividades no setor de montagem
assemelham-se às da costura. No entanto, a etapa de
encaixotamento, a última do processo, apresenta manuseio de
carga, que, embora seja mínima (entre 7 e 10 Kg –
dependendo do modelo do calçado), o modo de transportar
torna-se relevante como fator de risco. Nesse caso, os
deslocamentos com carga devem ter a menor distância
possível, ser realizados com o auxílio de dispositivos e, ainda,
os trabalhadores devem ser orientados para carregar poucas
ou somente uma caixa de cada vez.

SETOR DE EXPEDIÇÃO: as caixas, que comportam


aproximadamente 12 caixinhas de sapato, não apresentam
maior risco em função do peso unitário ou mesmo quando
agregada mais de uma caixa em um único transporte. No
entanto, o maior cuidado deve estar focado na forma como
ocorre o abastecimento do caminhão para posterior
distribuição para as lojas; deve ser determinada ao
Figura 42: Carrinho para transporte de caixas
Fonte: Abicalçados trabalhador a quantidade de caixas transportadas/
manuseadas, para que não exceda a carga possível de ser
suportada sem prejuízo musculo-esquelético. A partir dessa
SETOR DE COSTURA: no setor de costura, há maior etapa, a carga é transportada até o caminhão com o uso de
necessidade de manuseio e transporte quando o trabalho é carrinhos, quando se deve ter cuidado com a nivelação do
realizado em células, uma vez que o material, geralmente, é piso (saída da fábrica) e a altura do caminhão. Se houver
transportado de uma célula a outra em caixas. Quando o necessidade de colocação de rampa para facilitar o
abastecimento do caminhão, está deve ter uma inclinação
5.
Dimensões: 30,5 cm de altura, 36 cm de largura e 54,5 cm de comprimento. entre 5% e 8% (Pontos de Verificação Ergonômica - OIT), não

50 51
superior, evitando, assim, a sobrecarga física ao trabalhador. Considerações sobre a Equação de NIOSH
Outra medida que pode facilitar o manuseio de cargas é Tendo em vista que estabelecer o peso ideal a ser
realizá-lo em dupla. manuseado é complexo, pois devem ser consideradas
algumas variáveis, como peso, frequência, postura adotada e
MANUTENÇÃO MECÂNICA: as atividades realizadas no condições de "pega", expõem-se exemplos de resultados de
setor de manutenção mecânica tendem a ter implícito o aplicação da Equação de NIOSH no setor calçadista.
manuseio de carga no transporte e/ou manuseio de A mesma carga (peso) manuseada pode ter resultados
máquinas, assim como do material de apoio, como diferentes de acordo com as características e das variáveis
ferramentas que são carregadas aos setores onde é realizada a envolvidas na tarefa. Assim sendo, ressalta-se que a discussão
manutenção. Esse material deve ser carregado em carrinhos, da Equação de NIOSH no contexto descrito não tem como
facilitando o transporte. O manuseio de máquinas e objetivo explicar o uso da ferramenta, mas utilizá-la como
equipamentos pesados (acima de 23 kg), por sua vez, deve ser referência, exemplificando que é possível quantificar a carga
realizado através de equipamentos facilitadores, como recomendada para cada atividade de trabalho, considerando
empilhadeira elétrica ou manual. peso da carga, postura, distâncias/alavancas, entre outros. O
Quando não é possível transportar a carga de outra forma objetivo, outrossim, é demonstrar que quanto mais adequado
que não seja manualmente, deve-se ter o cuidado de preservar for o posto de trabalho menor será a sobrecarga, prevenindo,
ao máximo a estrutura física do trabalhador. Nesse caso, os assim, danos à saúde dos trabalhadores.
cuidados posturais mais importantes são: pegar a carga
simetricamente, evitando ao máximo qualquer torção da Situação não recomendada
coluna lombar e qualquer rotação lateral do tronco; Quando o trabalhador transfere carga/peso que está
aproximar a carga do corpo e elevá-la o mais próximo possível sobre o carrinho para o corrugado, ocorre a postura crítica de
do corpo; evitar movimentos bruscos. flexão de coluna.

Figura 43: Carrinho para transporte de máquinas Figura 44: Situação não recomendada
Fonte: Abicalçados Fonte: Abicalçados

52 53
Situação recomendada - a carga deve estar próxima do corpo;
Quando o trabalhador utiliza uma bancada para apoiar o - a carga deve ter alças para encaixe das mãos;
corrugado, elimina a postura crítica, obtendo um - a carga deve estar posicionada de modo que evite
posicionamento neutro da coluna vertebral. rotações (giros) da coluna;
- a frequência do levantamento não deve ser superior a um
por minuto.
Seguem exemplos para facilitar o manuseio de cargas de
acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego –
Fundacentro (2001).

Figura 45: Situação recomendada


Fonte: Abicalçados

De acordo com Guimarães (2004), ao descrever sobre o


método NIOSH para o levantamento de peso, diz que é
necessário criar condições favoráveis para realizar as
atividades, eliminando disfunções que advém do trabalho,
tendo como parâmetro os princípios da fisiologia e da
biomecânica. Pesquisas sobre levantamento de peso
concluíram que a carga máxima tolerável na posição agachada
é de 15 Kg, na posição flexionada, de 18 Kg e, nas melhores
condições, de 23 Kg, considerando as seguintes variáveis:
- a altura inicial da carga antes de ser transportada deve
ser de cerca de 75 cm, de forma que o trabalhador não se
curve;
- uma altura mínima de 40 cm, mesmo que o trabalhador
se curve, ainda é mais favorável do que se a carga estiver rente Figuras 46 e 47: Exemplos para facilitar o manuseio de cargas
ao solo; Fonte: Pontos de Verificação Ergonômica

54 55
Exemplos de facilitações durante o manuseio de carga.

CONDIÇÕES
AMBIENTAIS
DE TRABALHO

Figuras 48 e 49: Exemplos de facilitações durante o manuseio de cargas


Fonte: Pontos de Verificação Ergonômica

56 57
A
s condições ambientais de trabalho dizem respeito ao Entretanto, mesmo que o agente encontre-se abaixo dos
meio (local) em que as atividades dos trabalhadores limites de tolerância ou esteja controlado, representa fator que
são desenvolvidas. contribui para a ocorrência de acidente de trabalho (por
Tais condições quando não controladas (adequadas) exemplo, ruído que não permita a compreensão de
podem afetar a saúde (doença), a integridade física (acidente), informações/instruções), causa dano à saúde indiretamente
o conforto e o desempenho do trabalhador. (por exemplo, alteração de pressão arterial devido ao calor), e
A Norma Regulamentadora Nº 9 – PROGRAMA DE afeta as condições de conforto (sensação de muito calor, por
PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS define os riscos exemplo) nos locais de trabalho e reduz a produtividade.
ambientais como “os agentes físicos, químicos e biológicos Assim, do ponto de vista ergonômico, as medidas de
existentes nos ambientes de trabalho que, em função de sua controle para eliminar ou atenuar riscos ambientais devem
natureza, concentração ou intensidade e tempo de exposição, observar também as condições de conforto e estarem
são capazes de causar danos à saúde do trabalhador.” adequadas às características psicofisiológicas dos
Na indústria calçadista, de maneira geral e de forma mais trabalhadores e à natureza do trabalho a ser executado.
evidente, verifica-se a presença de agentes físicos (ruído e
vibração) e químicos (especialmente vapores orgânicos). Além Conforto Térmico
disso, em razão das peculiaridades de cada estabelecimento, O Artigo 176 da Consolidação das Leis de Trabalho (CLT),
podem ocorrer riscos de outras naturezas. em seu parágrafo único, estabelece que os locais de trabalho
A identificação6 (antecipação ou reconhecimento), deverão ter ventilação natural (ilustrada abaixo) compatível
avaliação e a adoção de medidas de controle dos riscos com o serviço realizado, sendo a ventilação artificial
ambientais (quando ultrapassados os limites de tolerância7 obrigatória sempre que a natural não preencha as condições
ou o nível de ação8) constituem etapas do Programa de de conforto térmico.
Prevenção de Riscos Ambientais, cuja elaboração e
implementação é obrigatória por todos os empregadores e
instituições que admitam trabalhadores como empregados,
independentemente da quantidade.

6.
É fundamental considerar o conhecimento e a percepção que os
trabalhadores têm dos riscos ambientais e dos processos de trabalho
7.
Concentrações dos agentes químicos ou intensidade dos agentes físicos
presentes no ambiente de trabalho sob as quais os trabalhadores podem ficar
expostos durante a sua vida laboral, sem sofrer efeitos adversos a sua saúde.
8.
Considera-se nível de ação o valor acima do qual devem ser iniciadas ações
preventivas de forma a minimizar a probabilidade de que as exposições a
agentes ambientais ultrapassem os limites de exposição, sendo: a) para
agentes químicos, a metade dos limites de exposição ocupacional
considerados de acordo com a alínea "c" do subitem 9.3.5.1 da NR-15; e b)
para o ruído, a dose de 0,5 (dose superior a 50%), conforme critério Figura 50: Exemplo de ventilação natural por ação dos ventos
estabelecido na NR-15, Anexo I, item 6. Fonte: Manual de Conforto Térmico (FROTA & SCHIFFER, 1995.)

58 59
A ventilação natural é obtida através do posicionamento O aspecto e Emprego, os quais foram traçados apenas para
do conforto térmico 10
adequado das aberturas do prédio (portas, janelas, exaustores é de suma importância, determinadas e restritas situações , contempladas na NR-17,
naturais) e a artificial através da instalação de sistemas de pois as perturbações conforme transcrito a seguir:
ventilação/exaustão ou sistemas de ar condicionado. Tanto a no conforto podem
ocasionar alterações 17.5.2. Nos locais de trabalho onde são executadas
ventilação natural quanto a artificial propiciam conforto atividades que exijam solicitação intelectual e atenção
funcionais.
térmico. constantes, tais como: salas de controle, laboratórios,
Para Álvaro César Ruas (1999), conforto térmico pode ser escritórios, salas de desenvolvimento ou análise de projetos,
dentre outros, são recomendadas as seguintes condições de
definido como a sensação de bem-estar experimentada por conforto:
uma pessoa como resultado da combinação satisfatória da a) níveis de ruído de acordo com o estabelecido na NBR
10152 (Níveis de Ruído para o Conforto Acústico), norma
temperatura radiante média, umidade relativa, temperatura
brasileira registrada no INMETRO;
do ambiente e velocidade relativa do ar com a atividade 11 o
b) índice de temperatura efetiva entre 20 C (vinte) e 23 C
o

desenvolvida e com a vestimenta utilizada pelas pessoas9. (vinte e três graus centígrados);
c) velocidade do ar não superior a 0,75m/s;
É evidente que as sensações são subjetivas, ou seja, d) umidade relativa do ar não inferior a 40 (quarenta) por
determinado ambiente pode ser confortável termicamente cento.
para uma pessoa, frio para outra ou quente para uma terceira. 17.5.2.1. Para as atividades que possuam as características
definidas no subitem 17.5.2, mas não apresentam
Portanto, é possível concluir como condições ambientais de equivalência ou correlação com aquelas relacionadas na
conforto térmico as que propiciam bem-estar ao maior NBR 10152 (Níveis de Ruído para o Conforto Acústico), o
nível de ruído aceitável para efeito de conforto será de até 65
número possível de pessoas.
dB (A) e a curva de avaliação de ruído (NC) de valor não
O aspecto do conforto térmico é de suma importância, pois superior a 60 dB.
as perturbações no conforto podem ocasionar alterações 17.5.2.2. Os parâmetros previstos no subitem 17.5.2 devem
ser medidos nos postos de trabalho, sendo os níveis de ruído
funcionais. O calor excessivo conduz ao cansaço, à determinados próximos à zona auditiva e as demais variáveis
sonolência, reduz a prontidão de resposta e aumenta a na altura do tórax do trabalhador.
probabilidade de falhas. Já o frio, implica na necessidade de
aumento de atividade (para regulação térmica), o que também As disposições do item 17.5.2 e seus subitens são
reduz a atenção e a concentração no trabalho. aplicáveis aos setores de modelagem, desenvolvimento
Nesse sentido, destaca Grandjean (1998): “a garantia de produto e setores administrativos das fábricas de calçados.
um clima confortável no ambiente é, assim, um pré-requisito
necessário para a manutenção do bem-estar e para a
capacidade de produção total.”
O artigo 178 da CLT estabelece que as condições de
conforto térmico dos locais de trabalho devem ser mantidas de
acordo com os parâmetros fixados pelo Ministério do Trabalho

10.
Incluindo parâmetros para conforto acústico.
11.
9.
Para a NBR 16401-2:2008 a sensação de conforto térmico deve alcançar Correlação entre as sensações de conforto e as condições de temperatura,
80% ou mais de pessoas. umidade e velocidade do ar.

60 61
A temperatura efetiva é avaliada através de ábacos, como Para o setor de produção, os níveis de ruído devem ser
o da figura a seguir: avaliados e controlados conforme a NR-9. Havendo fontes de
calor, procede-se à avaliação da sobrecarga térmica, também
conforme a Norma Regulamentadora.
Dependendo da região do país e da época do ano, o
desconforto térmico está presente, com sensações de calor e
frio, as quais devem ser consideradas e avaliadas.
Na falta de uma normalização específica para conforto
térmico em ambientes industriais, pode-se considerar como
referência técnica para se manter os locais de trabalho dentro
de parâmetros de conforto os valores estabelecidos pela NBR
1640102:200812 apresentados na Tabela 1

TABELA 1 – Parâmetros de Conforto

Temperatura Umidade Velocidade média


Operativa13(oC) relativa (%) do ar (m/s)
22,5 a 25,5 65
Verão ,20 ou 0,25
23,0 a 26,0 35
21,0 a 23,5 60
0,15 ou 0,20
Inverno 21,5 a 24,0 30

Ações visando ao conforto térmico podem ser incluídas nas


14
metas do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais .

Iluminação
A iluminação do ambiente de trabalho geralmente é
renegada a segundo plano, não tomando a importância que
representa na segurança e saúde do trabalhador, uma vez que

Figura 51: Diagrama de temperaturas efetivas, mostrando a zona de


maior conforto térmico para o organismo (LEHMANN, 1960) 12.
Esta NBR especifica os parâmetros do ambiente interno que proporcionam
FONTE: Ergonomia Projeto e Produção (IIDA,1992) conforto térmico aos ocupantes de recintos providos de ar condicionado.
13.
Temperatura uniforme de um ambiente imaginário, no qual uma pessoa
trocaria a mesma quantidade de calor por radiação e convecção que no
ambiente não uniforme real.
14.
Recomenda-se a leitura de CONFORTO TÉRMICO NOS AMBIENTES DE
TRABALHOS e AVALIAÇÃO DE CONFORTO TÉRMICO, CONTRIBUIÇÃO À
APLICAÇÃO PRÁTICA DE NORMAS INTERNACIONAIS, ambos de Álvaro
Cesar Ruas, publicados pela FUNDACENTRO.

62 63
atinge as esferas da produtividade, bem-estar e representa Suplementar ou localizada: Concentra maior intensidade
fatores desencadeantes de fadiga visual e acidentes. de iluminamento sobre a tarefa, enquanto o
Segundo Iida (2002, p. 258.), ambiente geral recebe menos luz, da ordem de
50% da primeira.
[...] a fadiga visual é provocada principalmente pelo
esgotamento dos pequenos músculos ligados ao globo
ocular, responsáveis pela movimentação, fixação e
focalização dos olhos. Raramente referem-se à dificuldade
de percepção. A fadiga visual provoca tensão e desconforto.
Os olhos ficam avermelhados, começam a lacrimejar, e a
freqüência de piscar vai aumentando. Muitas vezes a
imagem perde a nitidez ou se duplica. Em grau mais
avançado, a fadiga visual provoca dores de cabeça,
náuseas, depressão e irritabilidade emocional.

Figura 53: Iluminação Localizada


A NR-17, no item 17.5.3, estabelece que em todos os Fonte: Ergonomia Projeto e Produção (IIDA,1992)
locais de trabalho deve haver iluminação adequada, natural
ou artificial, geral ou suplementar, apropriada à natureza da Combinada: A iluminação geral é complementada com
atividade: focos de luz localizados sobre a tarefa, com
Natural: É a iluminação feita pela luz solar através de intensidade de 3 a 10 vezes superior ao ambiente
vidraças, portas, janelas, telhas de vidro, etc. geral.
Artificial: É a iluminação feita através de lâmpadas
elétricas, que podem ser fluorescentes, incandescentes, de
mercúrio, etc. Pode ser geral ou suplementar.

Geral: Ilumina todo o local de trabalho, não objetivando


uma única operação. Está geralmente afastada dos
trabalhadores, como é o caso das lâmpadas ou
luminárias colocadas no teto.
Figura 54: Iluminação Combinada
Fonte: Ergonomia Projeto e Produção (IIDA,1992)

A iluminação combinada é recomendada quando a tarefa


15
exige iluminamento local acima de 1.000 lux ; quando a
tarefa exige luz dirigida para discriminar certas formas, texturas

Figura 52: Iluminação Geral 15.


Lux: fluxo luminoso uniformemente distribuído que atinge uma superfície de
Fonte: Ergonomia Projeto e Produção (IIDA,1992) área igual a 1 m2.

64 65
ou defeitos ou quando existem obstáculos físicos que Através de um projeto - o ângulo entre a direção horizontal da visão e olho-
adequado, tem-se o
luminária deve ser maior que 30 . Se, em um ambiente
dificultam a propagação da iluminação geral. melhor aproveitamento o
grande, um ângulo de menos de 30 é inevitável, as
Através de um projeto adequado, tem-se melhor da luz natural, luminárias deve ter quebra luzes eficazes (Figura 51);
aproveitamento da luz natural, possibilitando economia de possibilitando - um número maior de luminárias com pequenas
energia (luz) elétrica. Contudo, essa luz pode ocasionar economia de energia densidades luminosas é melhor do que poucas luminárias
(luz) elétrica. com grande densidades;
desconforto térmico, com aumento da temperatura ambiente,
- para evitar ofuscamentos por reflexos, o ambiente de
em razão do calor radiante, fator a ser relevado no projeto. trabalho deve ser ordenado para luminárias (ou as
Além disso, as características da atividade desenvolvida luminárias para o ambiente de trabalho) de tal forma que as
são primordiais para a definição do tipo de iluminação e dos mais frequentes direções de visão não encontrem a luz
refletida, e que os reflexos – mesmo que não ultrapassando o
níveis de iluminamento apropriados. Por isso, devem ser
limite de contraste de 1:10 – não entrem nunca no campo
consideradas todas as variáveis existentes no ambiente, sendo visual;
o número adequado de luminárias e a correta distribuição dos - deveria desistir-se definitivamente do uso de quaisquer
elementos fundamentais no atingimento do nível satisfatório materiais ou cores refletoras em máquinas, aparelhos,
superfícies de mesas, quadros de controle e outros, para
de iluminamento, de forma que a iluminação geral seja
evitar reflexos de qualquer espécie;
uniformemente distribuída e difusa. - as janelas devem ficar na altura das mesas e aquelas, de
A iluminação geral ou suplementar deve ser projetada e formatos mais altos na vertical, são mais eficazes para uma
16
instalada de forma a evitar ofuscamento , reflexos incômodos, penetração mais profunda da luz;
17 - a distância da janela e do posto de trabalho não deve ser
sombras e contrastes excessivos.
superior ao dobro da altura da janela, para o
Esse ponto é bem abordado por dois especialistas em aproveitamento da luz natural, conforme visualizado na
ergonomia: Etienne Grandjean (1998) e Iida (2005), que, com Figura 56;
clareza didática, traçam algumas recomendações, as quais - para reduzir o ofuscamento: a) usar vários focos de luz, ao
invés de um único; b) proteger os focos com luminárias ou
transcrevemos:
anteparos, colocando um obstáculo entre a fonte e os olhos;
c) aumentar o nível de iluminação ambiental em torno da
- no campo visual de uma pessoa trabalhando não deve fonte de ofuscamento, para diminuir o brilho; d) colocar as
encontrar-se nenhum corpo luminoso. A visão direta do fontes de luz o mais longe possível da linha de visão; e) evitar
corpo luminoso durante o trabalho deve ser evitada através superfícies refletoras, substituindo-as pelas superfícies
de todos os meios; difusoras;
- todas as luminárias devem ter quebra-luz, que devem ser - para postos de trabalho onde se exigem maiores precisões
dosadas de forma que a densidade luminosa18 média das providenciar um foco de luz adicional, que pode ter um
instalações seja menor que 0,3 sb19 na iluminação geral e brilho de 3 a 10 vezes superior ao do ambiente em geral;
menor que 0,2 sb na iluminação do local de trabalho; - usar cores claras nas paredes, tetos e outras superfícies,
para reduzir a absorção da luz;
- a luz da lâmpada fluorescente é intermitente e pode causar
20
o efeito estroboscópico em motores ou peças em
movimento (se houver coincidência com a ciclagem de 60
16.
Quando um objeto é menos brilhante que o fundo. hertz podem produzir imagem estática), havendo risco de
17.
Diferença de brilho entre a figura observada e o fundo. acidentes.
18.
Medida da claridade de superfícies.
19. 2
1 siltb (sb) = 10.000 Candela/m (Candela (cd) unidade de intensidade 20.
Ilusão de movimento: objetos animados mostram-se como se estivessem em
luminosa). repouso ou em movimento muito lento.

66 67
O valor mais baixo (1) pode ser usado quando as
refletâncias ou contrastes são relativamente altos; e/ou
quando a velocidade e/ou precisão não são importantes; e/ou
quando a tarefa é executada ocasionalmente.
O valor intermediário (2) deve ser utilizado em todos os casos.
O valor mais alto (3) deve ser utilizado quando a tarefa se
apresenta com refletâncias e contrastes bastantes baixos;
e/ou quando erros são de difícil correção; e/ou quando o
Figura 55: Posição das luminárias para evitar ofuscamento e reflexos trabalho visual é crítico; e/ou quando alta produtividade ou
Fonte: Ergonomia Projeto e Produção (IIDA,1992) precisão são de grande importância; e/ou quando a
capacidade visual do observador está abaixo da média.
Os valores apresentados na tabela 2 devem ser utilizados
na iluminação geral dos ambientes, sendo conveniente, para
definição mais efetiva dos níveis de iluminamento e
recomendação de iluminação suplementar, observar as
características das tarefas realizadas (velocidade, precisão,
entre outras), da população (idade do trabalhador, etc.) e do
ambiente (refletância do fundo da tarefa), aplicando-se a
tabela 1 – Iluminância por classe de tarefas visuais da NBR-
Figura 56: Perfil de propagação da luz natural que penetra 5413:1992.
pelas janela (HOPKINSON e COLLINS, 1970)
Fonte: Ergonomia Projeto e Produção (IIDA,1992)
A medição dos níveis de iluminamento previstos no subitem
17.5.3.3 da NR-17 deve ser feita no campo de trabalho em
que se realiza a tarefa visual, utilizando-se de luxímetro com
Os níveis mínimos de iluminamento a serem observados fotocélula corrigida para a sensibilidade do olho humano e em
nos locais de trabalho são os valores de iluminâncias função do ângulo de incidência.
estabelecidos na NBR 5413 (Iluminamento). Conforme essa
Norma, nas indústrias de calçados, a iluminância (em lux) por
tipo de atividade (valores médios em serviço) deve ser seguir o
que indica a tabela 2.

TABELA 2 – Iluminâncias em lux, por tipo de atividade

Atividade (1) (2) (3)


Riscagem de modelos, cortes, costuras,
750 1000 1500
formação de pares e classificação
Pregação com tachas, colocação de
solas, pregueação, colocação de formas,
colocação de vira, enrijecimento,
750 1000 1500 Figura 57: Exemplo de luxímetro
limpeza, tingimento e polimento Fonte: www.cescon.com.br

68 69
Quando não puder ser definido o campo de trabalho, este
será um plano horizontal a 0,75m (setenta e cinco centímetros)
do piso. Além disso, importante salientar que as medições e o
projeto de iluminação devem ser realizados por profissional
legalmente habilitado.
Recomenda-se consulta à NBR 5382:198521 – Verificação
de iluminância de interiores – para a avaliação (verificação)
dos níveis de iluminamento.
Importante destacar, ainda, que para a qualidade da
iluminação faz-se necessária a permanente manutenção do
sistema, com a substituição de lâmpadas queimadas/
danificadas e limpeza destas e das luminárias.

ORGANIZAÇÃO
DO TRABALHO

21.
Esta norma fixa o modo pelo qual se faz a verificação da iluminância de
interiores de áreas retangulares, através da iluminância média sobre um plano
horizontal, proveniente da iluminação geral.

70 71
A
organização do trabalho deve ser adequada às c) Quanto à exigência de tempo, é importante salientar
características psicofisiológicas dos trabalhadores e à que o tempo para realização da tarefa é influenciado
natureza do trabalho a ser executado. De acordo com por fatores individuais, pois a capacidade produtiva
o NR 17 e o Manual de Aplicação da NR 17 (2004), do pode variar de acordo com o momento do dia, do mês e
Ministério do Trabalho e Emprego, devem ser levados em de acordo com questões particulares. Considerando
conta alguns aspectos, conforme segue: esses fatores, torna-se crítico o trabalho com
remuneração por peça produzida, pois existe uma
a) Quanto às normas de produção, é importante que o tendência de o trabalhador sentir-se estimulado e,
trabalhador tenha acesso às normas, descritas ou não, assim, superar a sua própria capacidade produtiva,
para que ele possa ter tranquilidade em realizar a colocando em risco a sua saúde e segurança. Outro
tarefa. A clareza da descrição permite o entendimento aspecto que deve ser considerado é a sobrecarga
das rotinas de trabalho, auxiliando na condução do muscular e os Distúrbios Osteomusculares Relacionados
processo industrial e da realização do trabalho, tanto ao Trabalho (DORT), que podem ocorrer quando a
individual quanto coletivo. Ainda estão incluídas demanda de trabalho excede a capacidade do
questões relativas aos horários de trabalho, à trabalhador para alcançar as metas de produção
qualidade desejada do produto, inclusive mobiliário e estabelecidas. assim sendo, as avaliações das metas
equipamentos disponíveis. Nesse sentido, as normas devem ser coletivas, levando em consideração a
operacionais devem ser coerentes com a capacidade capacidade do grupo, e não a individual.
de produção dos trabalhadores, de modo a não induzir d) Quanto à determinação do conteúdo de tempo, há de
a doenças e acidentes de trabalho. Há que se ter um se ter a tarefa prescrita (determinada pela empresa),
equilíbrio entre demanda e possibilidade de realização, mas considerando também os elementos da tarefa não
adaptando as condições de trabalho às características prescritos. Esses elementos acabam por fazer a
do trabalhador. diferença no resultado final do trabalho, ou seja,
podem vir a conferir maior e melhor qualidade ao
b) Quanto ao modo operatório (jeito/forma individual de produto, pois cada um tem a sua maneira de realizar o
realizar o trabalho), é importante que o trabalhador, seu trabalho, independentemente do tempo pré-
para que possa manter a saúde e a qualidade de vida determinado pela organização.
no trabalho, tenha o seu modo operatório respeitado, e) Quanto ao ritmo de trabalho, um fator determinante
pois dessa forma tende a ter melhor performance dessa variável na indústria calçadista é o estudo de
produtiva, assim como a preservação da sua saúde. Há tempos e movimentos, que devem ser propostos de
de se observar que os gestos e posturas de trabalho não acordo com as possibilidades do trabalhador e/ou de
sejam impostos, dando liberdade para que o um grupo de trabalhadores. Independentemente de a
trabalhador execute sua tarefa de acordo com o seu empresa calçadista trabalhar com linhas de produção,
jeito particular de realizá-la. utilizando esteiras transportadoras ou não, esse ritmo
pode ser respeitado desde que a velocidade seja
programada, levando em conta as variáveis
complexidade e característica do modelo produzido.

72 73
f) Quanto ao conteúdo das tarefas, há de se considerar o
valor que o trabalhador atribui à sua função. Nesse
sentido, tarefas de baixa complexidade, como aplicar
adesivo, riscar, agrupar peças, abastecer, recolher
peças, entre outras, são consideradas de fácil
realização, sendo que a presença humana ocupa
posição principal no processo produtivo e, por isso, a
opinião do trabalhador na melhoria de métodos e
processos é de extrema relevância. Quando o
trabalhador tem a possibilidade de sugerir melhorias,
mais motivado e envolvido na atividade ele se torna,

ANEXO
agregando valor ao seu trabalho e à organização.

A EXPERIÊNCIA
DA MULTIFUNCIONALIDADE

74 75
A
organização do trabalho na indústria calçadista, que é produtividade, podendo gerar retrabalho e/ou refugo. Um
indústria manufatureira, é baseada na realização de indivíduo com dor/desconforto dificilmente produzirá com a
uma única tarefa, ou seja, é do tipo de trabalho mesma destreza e qualidade do que se estivesse sem dor.
tradicional, que tem como características as especializações O primeiro sinal de alerta de uma possível LER/DORT é a
em tarefas e funções e a repetitividade dos movimentos – fadiga muscular, podendo ser entendida como o desequilíbrio
caracterização clássica da figura do trabalhador reversível entre a exigência e a capacidade de recuperação do
superespecializado, que tem o domínio e o conhecimento de organismo, e uma degradação qualitativa do trabalho (IIDA,
uma única operação do processo. É o chamado trabalho 2005). A fadiga apresenta sinais, como a redução da
unifuncional. capacidade muscular, redução da força produzida, redução
A repetitividade, cabe destacar, está relacionada com o da habilidade e da precisão. Nos casos mais críticos, pode
tempo em que uma tarefa é realizada e seu grau é definido ocorrer dor severa localizada, contratura muscular e até
pela frequência de repetição e pela duração do trabalho. exaustão (Guimarães, 2002). Em decorrência disso, a
Silverstein (1986) define como repetitivo o ciclo executado empresa acaba tendo custos variados com serviços de
mais de duas vezes por minuto, enquanto Louhevaara (1998) medicina, fisioterapia, afastamento do trabalho temporário ou
considera trabalho muscular repetitivo aquele que aciona o permanente, redução de produtividade e da qualidade do
músculo mais que 30 vezes por minuto. Este autor destaca, produto.
ainda, que para um operador inexperiente o ritmo de trabalho Nesse sentido, a melhor atuação sempre será através de
será mais lento, sendo que a diferença de ritmo será medidas preventivas, fazendo-se necessário trabalhar em
proporcional ao nível de treinamento e de habilidade conjunto com a equipe técnica, chefias e, principalmente, com
necessários para a execução da tarefa. os trabalhadores. Programar variações de postura, diversificar
Quanto ao ritmo de trabalho, conforme Iida (2005), este é ou ampliar o conjunto de tarefas, atividades ou funções são
determinado pelo tempo-padrão, ou seja, o tempo necessário entendidas como medidas estratégicas de prevenção.
para um operador experiente executar a tarefa utilizando o Sampaio (1993) conceitua a ampliação no conjunto de tarefas
método padrão, incluindo a tolerância de espera do processo que incorpora outras especialidades profissionais não
e de fadiga. pertencentes, originalmente ao empregado, como
A repetitividade, assim sendo, tem relação estreita com a multifuncionalidade. No entanto, isso implica em um processo
superespecialização e a fragmentação do processo, que lento e gradual, e não poderá ser realizado com êxito sem a
podem implicar em problemas tanto para a saúde do criação de uma consciência geral na empresa sobre as
trabalhador quanto para os resultados da empresa. Nesse vantagens e desvantagens, pois exige mudanças na
sentido, o surgimento de implicações fisiológicas causadas organização funcional do trabalho, na cultura da empresa,
pelo trabalho repetitivo (sempre igual ao longo da jornada) treinamento e capacitação dos trabalhadores, de modo a se
tende a sobrecarregar partes específicas do corpo, e que afeta evitar perdas no processo e produto.
músculos, tendões, articulações, podendo levar a LER/DORT Assim, faz-se necessário o estudo das necessidades da
(Lesões por Esforços Repetitivos/Distúrbios Osteomusculares operação e da capacidade das pessoas e máquinas, assim
Relacionados ao Trabalho). A consequência da repetitividade como o desenvolvimento de tarefas que resultem em melhor
quase sempre implica em custos relacionados a afastamento aproveitamento dos fatores relevantes (Hendrick & Moore,
temporário ou permanente do trabalho, diminuição da 1980), ou seja, o projeto de trabalho, definindo como o

76 77
trabalho deve ser arranjado e dimensionado para ser eficiente. Na análise desses autores, a adaptação passa por uma
O conceito de projeto do trabalho, do ponto de vista fase inicial de investimentos e, portanto, torna-se importante
ergonômico, considera o posto como uma “vestimenta” bem um estudo para apurar sua a viabilidade econômica:
adaptada, em que o operador possa realizar o trabalho com - análise do organograma da empresa;
conforto, eficiência e segurança (Iida, 2005). De forma mais - graus de risco presentes no ambiente de trabalho;
abrangente, o projeto do trabalho é a tecnologia, conteúdo do - amplitude dos processos de produção;
cargo, extensão do cargo, estrutura da organização, fluxo de - diversidade de matérias-primas utilizadas;
informação e comunicação, estilo de gestão, nível de - estrutura do treinamento interno da empresa;
qualificação, tempos do trabalho e suas recompensas (SPUR, - habilidades da chefia para questões interdisciplinares.
SPECHT & HERTER, 1994). Após essa análise, é importante a designação de uma
A proposta de multifuncionalidade sob o ponto de vista da equipe multidisciplinar para organizar as ações do projeto,
ergonomia surge como um recurso para o incremento composta por administradores, direção/gerência, chefia de
produtivo e a manutenção da saúde do trabalhador. produção, engenheiros, equipe de saúde, recursos humanos,
Nesse sentido, a multifuncionalidade traz consigo etc.
elementos motivacionais, decorrentes principalmente da Renner (2007) destaca, ainda, alguns cuidados e
quebra da monotonia, além do estímulo proporcionado pelo estratégias para que a implantação de um sistema
aprendizado de novas funções, tornando o trabalhador mais multifuncional obtenha sucesso:
qualificado para o mercado de trabalho. a) os trabalhadores devem ser qualificados para, no
No entanto, há vários fatores inibidores da mínimo, 4 funções, pois o ideal é que possam trocar de
multifuncionalidade que devem ser analisados antes de se operação 4 vezes por dia. Esse processo de troca pode
iniciar o processo de adaptação do sistema de trabalho iniciar com a troca a cada dia, para, após, passar a ser
unifuncional em multifuncional. De acordo com Santini e a cada turno e, posteriormente, quando já qualificado e
Gomes (1999), alguns fatores identificados são: com a destreza e habilidade necessária, trocar 4 vezes
- inadequação da organização funcional do trabalho por dia. A justificativa para esse tempo de troca é que
(atividades não correspondentes às funções especificadas na entre a segunda e a terceira hora realizando a mesma
Carteira de Trabalho); tarefa, o corpo tende a entrar em processo de fadiga;
- dificuldade no controle do uso de EPI´s; b) é preciso o cuidado de não expor o trabalhador a riscos
- cultura do trabalho individualista; ocupacionais para não implicar em lesões e
- diversidade de processos e materiais utilizados (torna o adoecimentos;
treinamento mais exigente); c) há de se alocar o trabalhador multifuncional em
- fragilidade do treinamento técnico operacional; determinadas faixas de salário, prevenindo futuros
- espectro limitado de conhecimento dos profissionais dos passivos trabalhistas;
cargos de chefia. d) torna-se necessário que a multifunção seja acompanhada
por um processo de gestão, ou seja, é fundamental
discutir metas, realizar planos de ação, considerar as
lideranças naturais, fazer reuniões com envolvimento dos
trabalhadores;

78 79
e) há de se considerar que, embora raros, poderá haver
trabalhadores que preferem permanecer realizando a
mesma operação. As razões podem ser as mais diversas
e devem ser respeitadas, desde que não ocorra prejuízo
para a sua saúde e qualidade de vida.

Por fim, considera-se que um projeto multifuncional bem


realizado deve trazer os seguintes benefícios:
- aumentar a flexibilidade da equipe;
- melhorar a satisfação do empregado;
- aumentar o comprometimento e a motivação, assim
como a autonomia;

REFERÊNCIAS
- aumentar o nível de aspiração dos trabalhadores;
- reduzir o absenteísmo;
- enriquecer o trabalho, através da maior tomada de
decisões;
- ampliar o conhecimento, a responsabilidade e o controle
sobre o trabalho;
- reduzir o refugo e o retrabalho;
- incrementar a produção e melhorar a qualidade do
produto.

80 81
REFERÊNCIAS GRANDJEAN, Etienne – MANUAL DE ERGONOMIA,
Adaptando o Trabalho ao Homem, 5.ª Edição, Bookmann,
HENDRICK, Thomas, MOORE, Franklin G. 1998;
Production/Operations Management. 8.ed. Illinois: Richard
Darwin, 1980. GUIMARÃES, L. B. M. Ergonomia. Universidade Federal do
Rio Grande do Sul, Programa de Pós Graduação em
SPUR, G., SPECHT, D., HERTER, J. Job. In: KARWOWSKI, Engenharia de Produção, Porto Alegre, RS, 2002.
Waldemar, SALVENDY, Gavriel. Design of work and
development of personnel in advanced manufacturing. 1.ed. GUIMARÃES, L. B. M. Ergonomia de Produto Volume 1, 5º
Norcross: Society of Manufacturing Engineers, 1994. p.1- edição. Universidade Federal do Rio Grande do Sul,
40. Programa de Pós Graduação em Engenharia de Produção,
Porto Alegre, RS, 2004.
SANTINI, Berenice, GOMES, Luiz Vidal Negreiros. Sugestões
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em multifuncionais. http://www.abepro.org.br/biblioteca/ Paulo: Blucher, 2005.
ENEGEP1999_A0004.PDF
IIDA, Itiro. Ergonomia – Projeto e produção. São Paulo:
a
Blucher, 1 reimpressão, 1992.
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Instalação de ar-condicionado – Sistemas centrais e LOUHEVAARA, Veikko. Assessing phisical work load. In:
unitários – Parte 2: Parâmetros de conforto térmico: NBR KARWOWSKI, Waldemar, SALVENDY, Gavriel. Ergonomics in
16401-2. Rio de Janeiro, 2008, manufacturing. 1.ed. Norcross: Society of Manufacturing
Engineers, 1998.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS.
Iluminância de interiores: NBR5413. Rio de Janeiro, 1992. Ministério do Trabalho e Emprego – Fundacentro. Pontos de
Verificação Ergonômica. São Paulo,2001.
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Paulo: Studio Nobel, 1995 vertebral. Rio de Janeiro, RJ, Revinter. 1998.

82 83
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concepção do trabalho no setor calçadista sob a ótica do
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Engenharia de Produção, UFRGS, 2007.
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componentes de: o caso de Parobé, RS. Anais do XII
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Ceará, 2004.
RENNER, Jacinta S. Custos Posturais nos Posicionamentos
Em Pé, Em Pé/Sentado e Sentado nos Postos de Trabalho do
Setor Costura na Indústria Calçadista. Porto Alegre,
Dissertação de Mestrado em Engenharia de Produção,
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RUAS, Álvaro César. Conforto térmico nos ambientes de
trabalho. São Paulo, FUNDACENTRO, 1999.
FETICVERGS
RUAS, Álvaro César. Avaliação de conforto térmico –
Contribuição à aplicação prática das normas internacionais.
São Paulo, FUNDACENTRO, 2001.
WELLS ASTETE, Martin; GIAMPAOLI, Eduardo; ZIDAN, Leila
Nadim. Riscos físicos. São Paulo, FUNDACENTRO, 1989.

84 85
MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO Artigo 3º - para a consecução dos seus objetivos, a Comissão
SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL DO TRABALHO E EMPREGO terá as seguintes atribuições:
NO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL a) Discutir sobre assuntos relativos às condições de trabalho
no âmbito da ergonomia na indústria de fabricação de calçados;
PORTARIA/GAB/SRTE/RS/Nº 120, b) Analisar e propor condições ergonômicas de trabalho para
DE 27 DE OUTUBRO DE 2010 a indústria de fabricação de calçados;
c) Propor ações coletivas de capacitação, informação e
Institui Comissão Tripartite Paritária de Ergonomia na Indústria divulgação sobre o tema.
Calçadista. Artigo 4º - A Seção de Segurança e Saúde no Trabalho
(SEGUR), a ABICALÇADOS e os Sindicatos de Trabalhadores
O Superintendente Regional do Trabalho e Emprego no Estado componentes da Comissão prestarão o apoio técnico e
do Rio Grande do Sul Substituto, no exercício do cargo de administrativo necessário ao funcionamento da Comissão.
Superintendente Regional do Trabalho e Emprego no Estado do Rio
Grande do Sul, no uso de suas atribuições legais e: Artigo 5º - As deliberações da Comissão serão tomadas por
consenso entre seus membros.
Considerando o trabalho desenvolvido, nos últimos anos, Parágrafo único – Nos mesmos termos das Comissões
referente aos aspectos de segurança de máquinas, que abordaram Tripartites Nacionais, na ausência de consenso, caberá à Seção de
questões relativas à Ergonomia, resolve: Segurança e saúde no Trabalho (SEGUR) decidir sobre as questões
Artigo 1º - Instituir, no âmbito desta Regional, a Comissão controversas.
Tripartite Paritária de Ergonomia na Indústria Calçadista, composta Artigo 6º - A referida Comissão poderá elaborar Regimento
por representantes da Superintendência Regional do Trabalho e Interno.
Emprego no Estado do Rio Grande do Sul, da Associação Brasileira
das Indústrias de Calçados – ABICALÇADOS e dos Sindicatos dos Artigo 7º - esta Portaria entra em vigor na data de sua
Trabalhadores da Indústria de Calçados. publicação.
Artigo 2º - A Comissão será composta da seguinte forma:
Representantes da Superintendência Regional do Trabalho e
Emprego no Rio Grande do Sul:
- Rafael Jassen Gazzolla Aires de Araújo;
- Luis Carlos Rossi Bernardes; e
- Paulo Antônio Barros Oliveira. LUIZ FELIPE BRANDÃO DE MELLO
Superintende Regional do Trabalho e Emprego no RS -
Representantes da bancada dos trabalhadores: Substituto
- João Nadir Pires;
- Roberto Müller; e
- Elário Becker

Representantes da bancada dos empregadores:


- Rogério Gustavo Dreyer;
- Gisele de Morais Garcez; e
- Jacinta Sidegum Renner.

86 87
PRESIDENTA DA
REPÚBLICA FEDERATIVA PRESIDENTE DO CONSELHO
DO BRASIL Dilma Rousseff DELIBERATIVO NACIONAL Roberto Simões

MINISTRO DO DIRETOR PRESIDENTE Luiz Barretto


TRABALHO E EMPREGO Carlos Lupi
DIRETOR-TÉCNICO Carlos Alberto dos Santos
SECRETÁRIA DE INSPEÇÃO
DO TRABALHO Vera Lúcia Ribeiro de Albuquerque DIRETOR DE ADMINISTRAÇÃO
E FINANÇAS José Claudio dos Santos
DIRETOR DO DEPARTAMENTO
DE FISCALIZAÇÃO GERENTE UNIDADE
DO TRABALHO - DEFIT Leonardo Soares de Oliveira ATENDIMENTO COLETIVO
- INDÚSTRIA Kelly Cristina V. de Pinho Sanches
DIRETOR DO DEPARTAMENTO
DE SEGURANÇA E SAÚDE COORDENAÇÃO NACIONAL
NO TRABALHO - DSST Rinaldo Marinho Costa Lima DA CADEIA PRODUTIVA
DE COURO E CALÇADOS Anna Patrícia Teixeira Barbosa
SUPERINTENDENTE REGIONAL Juliana Ferreira Borges
DO TRABALHO E EMPREGO
NO ESTADO DO
RIO GRANDE DO SUl Heron de Oliveira

Av. Mauá, 1013 – Centro SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
Porto Alegre – RS SGAS Quadra 605 - Conjunto A
CEP 90010-110 Brasília DF
Fone: (51) 3213-2800 CEP 70.200-645
www.mte.gov.br (61) 3348-7282 / 3348-7374
www.sebrae.com.br

88 89
PRESIDENTE MILTON CARDOSO CONSELHO FISCAL ADÃO OSCAR WOLF
ALAOR JESUS MARTINS
VICE-PRESIDENTES CAETANO BIANCO NETTO ERNANI REUTER
JOSÉ CARLOS BRIGAGÃO DO COUTO LUIZ CARLOS TROTT
JÚNIOR CESAR SILVA PAULO ROBERTO KONRATH
LUIZ RAUL ALEIXO BARCELOS WERNER ARTHUR MÜLLER JR
MARCO LOURENÇO MÜLLER
MARCIO UTSCH
PAULO GRINGS DIRETORES EXECUTIVOS HEITOR KLEIN
PAULO SCHEFFER ROGÉRIO DREYER
RAUL KLEIN
RICARDO WIRTH
WAGNER AECIO POLI

DIRETORES ABDALA JAMIL ABDALA


ALDO FURLANETTO
ANDERSON BIRMANN
ANTONIO TAVARES AZEVEDO DE BRITTO
CARLOS MESTRINER
CESAR MINETTO ABICALÇADOS
DONATO LEMKE Associação Brasileira das Indústrias de Calçados
EGON GEWEHR Rua Aluízio de Azevedo, 60 - Vila Nova
ELIAS SAAD RACHED NETO Novo Hamburgo / RS
FRANCISCO SANTOS (51) 3594.7011
GILBERTO HENRICH www.abicalcados.com.br
GILDO LEMKE
JOÃO CARLOS WILBERT
JOSÉ CUNHA DE MORAES
LEONILDO DAL PONTE
MARCO TAVARES
PEDRO GRENDENE BARTELLE
ROBERTO ARGENTA
ROMEU LEHNEN
SAMIR NAKAD
SÉRGIO MURADÁS
URIAS CINTRA
WERNER MÜLLER

90 91
FETICVERGS

Diretoria Efetiva Conselho Fiscal Efetivos Elário Enio Becker


Presidente: Alvaro Davi Boessio Paulo César Da Silveira Santos
1º Vice Presidente: João Nadir Pires José Leocir Conceição
2º Vice Presidente: João Ricardo Schaab
Secretário: Nelson Gross Conselho Fiscal Suplentes Aloí Teles Moreira
2º Secretário: Roberto Muller Clenir Maria dos santos
Tesoureiro: Nilvion Barreto Schroeder Jair Eloi Brito da Silveira
2º Tesoureiro: Álvaro José Guilherme Da Cruz
Diretor Social: José Carlos Markeviski Delegados Representantes
Diretor De Patrimônio: Jandir Zaccaria Efetivos Almir D´avila Pereira
Diretor De Divulgação Norberto Beck João Nadir Pires
Diretora da Mulher: Elvira Bervian Graebim
Delegados Representantes
Suplentes da Diretoria Valdir Raimundo Ramos Suplentes João Henrique Vitorazzi
Juvelino Angelo De Bortoli Nilvion Barreto Schroeder
Silvio Antonio Kirsch
Gaspar De Mello Nehering
Arlito Klein
Eurico Dörr
Mareli Hennika
Delmar Land
Marlene Amaral da Silva
Federação dos Trabalhadores nas Indústrias do Calçado e do
Davi Batista Rodrigues da Silveira
Vestuário do Rio Grande do Sul
Rua Dr.Flores, 307 - Centro
Porto Alegre / RS
(51) 3227.5175

92 93
PRESIDENTE DA ASPEUR Argemi Machado de Oliveira

REITOR DA
UNIVERSIDADE FEEVALE Ramon Fernando da Cunha

PRÓ-REITORA DE ENSINO Inajara Vargas Ramos

PRÓ-REITOR DE PESQUISA
E INOVAÇÃO João Alcione Sganderla Figueiredo

PRÓ-REITOR DE
PLANEJAMENTO
E ADMINISTRAÇÃO Alexandre Zeni

PRÓ-REITORA
DE EXTENSÃO E
ASSUNTOS COMUNITÁRIOS Gladis Luisa Baptista

DIRETORA DO
INSTITUTO DE CIÊNCIAS
SOCIAIS APLICADAS Maria Cristina Bohnenberger

DIRETOR DO INSTITUTO
DE CIÊNCIAS DA SAÚDE Cesar Augusto Teixeira

DIRETOR DO INSTITUTO
DE CIÊNCIAS EXATAS
E TECNOLÓGICAS Luis André Ribas Werlang

DIRETORA DO INSTITUTO
DE CIÊNCIAS HUMANAS,
LETRAS E ARTES Cristina Ennes da Silva
· Escola de Aplicação
DIRETORA DA ESCOLA DE
EDUCAÇÃO BÁSICA FEEVALE
– ESCOLA DE APLICAÇÃO Cecília Monaco da Silva

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A diagramação e produção gráfica deste livro foi realizada pela Editora Feevale.
Fontes utilizadas: Futura Lt BT e Futura Md BT. Tiragem: 4.000 exemplares.

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