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A Batalha de Seattle é considerada em certos meios como uma manifestação superior a muitas outras ocorridas nos
Estados Unidos da América, perdendo apenas para as manifestações contra a Guerra do Vietnã.[8] Os acontecimentos
em Seattle ganharam importância histórica como o marco inicial do movimento pela altermundialização, alternativo à
globalização corporativa neoliberal, considerada nociva não só por este movimento.[10]
Condições e momento
Organizações e planejamento
Ações contra as corporações
N30
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Em 12 de julho, o Financial Times reporta que no último relatório de Desenvolvimento Humano das Nações Unidas
defenderam os "princípios de performance para multinacionais em assuntos trabalhistas, negociações e proteção
ambiental" indo de encontro com os efeitos negativos da globalização sobre as nações mais pobres". No próprio
relatório argumentava que "um aspecto essencial da governança global é a responsabilidade dos povos - na igualdade,
por justiça, e pela ampliação das escolhas para todos".[10]
Em 16 de julho, a jornalista Helene Cooper do Wall Street Journal alertou para a possibilidade de uma "mobilização
maciça contra a globalização" que estava sendo planejada para acontecer durante a conferência da OMC em Seattle no
final do ano.[12] No dia seguinte, o jornal Sunday Independent publicou uma matéria reportando que a OMC teria que
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A AFL-CIO promoveu uma convocatória entre os membros de seu sindicato para uma grande mobilização de protesto
contando inclusive com a aprovação do então Presidente Bill Clinton que naquela altura pensava na eleição
presidencial do ano que estava para começar.[16]
Entre os diferentes grupos anticapitalistas, geralmente adeptos da ação direta, alguns optaram pela desobediência civil
aberta através de atos de dano a propriedade privada relacionada a grandes corporações, e enfrentamento do aparato
repressivo estatal. Muitos grupos se organizaram juntos na Rede de Ação Direta (DAN), com um amplo planejamento
para impedir a realização do encontro bloqueando ruas e intersecções do centro da cidade impossibilitando que os
delegados alcançassem o Centro de Convenções e Negócios do estado de Washington, onde o encontro deveria
acontecer.[6]
Entre os ativistas mais notáveis estavam grupos de jovens anarquistas, muitos deles vindos da cidade de Eugene,
Oregon[17] (onde anarquistas já haviam protestado no verão anterior),[18] que optaram por táticas de confronto direto,
planejando e conduzindo atos de destruição a propriedade corporativas no centro da cidade de Seattle. Em um
comunicado posterior, seriam listadas as corporações que foram alvos em potenciais, bem como os motivos destes atos
considerados pelos manifestantes como crimes corporativos:
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Os ambientalistas optaram por realizar passeatas multicoloridas, vestidos de tartaruga-marinha e borboletas como
meio de chamar a atenção para a questão ambiental. O controle das esquinas levado a cabo por uma multidão de
manifestantes impediu os delegados de chegarem de seus hotéis ao Centro de Convenções. Também dividindo o efetivo
policial em dois: alguns policiais formaram um cordão em torno do centro de convenções isolando-o do resto da
cidade. A polícia fora da área eventualmente se empenhou em acabar com os bloqueios dos manifestantes da parte
sul.[21]
Naquela mesma manhã, policiais vinculados a delegacia de King County (King County Sheriff's Office) e ao
Departamento de Polícia de Seattle lançaram spray de pimenta, bombas de gás lacrimogêneo, granadas de percussão e
balas de borracha contra os manifestantes em diversos bloqueios em uma tentativa de reabrir as ruas bloqueadas e
permitir aos delegados da OMC chegarem ao local do encontro,[22] na sexta avenida com a rua Union, diante da
violência da ação policial os manifestantes passaram a revidar.
Outros manifestantes geralmente defendendo posições reformistas e legalistas, tentaram impedir as atividades dos
black bloc. Alguns deles até mesmo ameaçando fisicamente os anarquistas.[23] Por sua vez a polícia de Seattle liderada
pelo chefe Norm Stamper, não reagiu imediatamente, já que havia sido convencida por alguns organizadores de
manifestações durante o processo de permissão que organizadores pacíficos poderiam impedir este tipo de atividade.
Rapidamente a polícia acabou sendo suplantada por uma multidão de manifestantes no centro da cidade.[21]
Apesar das discordâncias quanto à melhor forma de manifestar descontentamento o objetivo dos manifestantes era o
mesmo barrar a rodada de negociações entre os representantes dos 135 países associados à OMC. Os manifestantes
também tinham pontos de vista análogos quanto às consequências negativas do projeto de globalização corporativa,
que da sua perspectiva se dá em detrimento da grande maioria da população global e dos ecossistemas do planeta.[9]
A abertura do encontro foi seriamente atrasada, e a polícia adentrou grande parte da tarde e da noite buscando retirar
os manifestantes da rua. Diante do êxito dos manifestantes em impedir a reunião o prefeito de Seattle, Paul Schell,
impôs um toque de recolher e uma zona de 50 quarteirões ao redor do centro de convenções onde estavam proibidos os
protestos. Cerca de 600 pessoas foram presas nos dias que seguiram. Um confronto particularmente violento ocorreu
na noite do dia 30 de novembro, quando a polícia perseguiu manifestantes em fuga do centro da cidade até o bairro
boêmio de Capitol Hill, usando gás lacrimogêneo, spray de pimenta, e força física.[25] A polícia também ordenou que
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naquele dia estavam proibidos o uso ou a venda de máscaras de gás no centro da cidade, provocando uma série de
críticas.[26]
A dimensão adquirida pelas manifestações foi capaz de até mesmo chamar a atenção de Bill Clinton, então presidente
americano, que se posicionou publicamente a favor dos protestos desde que de forma pacífica. Na ocasião Clinton
afirmou que "se a OMC quer mais apoio, o público tem de ver, ouvir e participar das deliberações", concluindo que
"numa sociedade livre, as pessoas querem ser ouvidas".[27] Ainda em assuntos políticos, a manifestação reuniu debates
entre um grupo que defendia a reunião da OMC como um modo dos países mais ricos ajudarem os mais pobres, e um
grupo credor de que os Estados Unidos e a União Europeia estavam concentrados em seus próprios interesses
econômicos.[28]
Equivocadamente o jornal New York Times publicou um artigo afirmando que os manifestantes contrários à reunião
da OMC estavam atirando coquetéis molotov contra a polícia.[33] Dois dias depois o New York Times publicou uma
correção dizendo que os protestos foram pacíficos em sua maioria e que não havia manifestantes sendo acusados de
atirar objetos contra os delegados ou contra a polícia, mas o erro original persistiu e foi reproduzido em diversos meios
midiáticos corporativos.[34]
A Câmara da cidade de Seattle também desmentiu rumores lançados pelo New York Times através de investigações
próprias:
"O nível de pânico entre a polícia é evidente pela comunicação via rádio e por seu tratamento
inflamado para com a multidão, que excedeu em diversas ocasiões o que foi mostrado nos
noticiários. Os investigadores da ARC concluíram que os rumores de que "coquetéis molotov"
estavam sendo vendidos em um supermercado e utilizados contra a polícia não tinham qualquer
base nos fatos. Mas rumores são importantes para contribuir para o sentimento de perseguição dos
policiais que passam a se ver em constante perigo."[35]
Um editorial publicado no jornal The Nation afirmou que coquetéis molotov jamais foram atirados em um protesto
antiglobalização dentro dos Estados Unidos.[36]
No Brasil, a Rede Globo inicialmente relutou em abordar as manifestações contra a OMC nas ruas de Seattle em suas
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matérias jornalísticas. Mas diante da divulgação efetiva nos meios de comunicação internacionais e alternativos na
Internet, em rede nacional a emissora emitiu uma matéria divulgando erroneamente a informação de que os protestos
se restringiam a grupos de fazendeiros de todo o mundo que se posicionavam "contra o protecionismo do governo
norte-americano subsidiando agressivamente seus produtos agrícolas".[29]
Indignados com o que consideravam uma cobertura distorcida dos meios de comunicação
sobre as manifestações, anarquistas e ativistas com conhecimentos tecnológicos criaram
durante os protestos de Seattle o projeto Indymedia. Seu objetivo era de oferecer uma
cobertura jornalística alternativa dos acontecimentos que não apareciam nos meios de
comunicação convencionais a ser veiculada pela internet, e constituída colaborativamente
por qualquer um que se voluntariasse.[37]
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movimento nos meios de comunicação dos Estados Unidos, através dos protestos esses foram forçados a reportar os
motivos do posicionamento contrário de alguns grupos em face da OMC.[43] No entanto, esta foi a segunda vez que
este tipo de manifestação massiva ganhou evidência. A primeira ocorreu em 12 de dezembro de 1997 em que
organizações anarquistas recém-formadas bloquearam os centros das cidades de Melbourne, Perth, Sydney e Darwin
na Austrália.[44]
Em 16 de janeiro de 2004, a prefeitura da cidade de Seattle processada por 157 pessoas que haviam sido presas fora a
área de não protesto durante os eventos da OMC, é condenada a pagar a elas um total de 250 mil dólares.[45]
Em 30 de janeiro de 2007 um julgado federal constatou que o governo da cidade de Seattle violou os direitos
constitucionais dos manifestantes expressos na Quarta Emenda da constituição estadunidense através de prisões sem
uma causa provável ou evidência a ser considerada.[46][47]
A amplitude das manifestações implicou à prefeitura de Seattle um prejuízo de três milhões de dólares para além dos
cálculos de seis milhões de dólares, em parte devido à limpeza da cidade e aos honorários dos policiais. Soma-se ainda
o valor do dano aos negócios e propriedades corporativas por vandalismo e perda em vendas, estimado em 20
milhões.[48]
Documentários
30 Quadros por Segundo: A OMC em Seattle (2000).[49]
Breaking the Spell (2001).[50]
Essa É a Cara da Democracia (2000).[51]
Filme ficcional
Battle in Seattle (2007).[52]
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«Coleção de entrevistas com os organizadores e participantes das manifestações no Projeto História da OMC»
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de novembro de 2008.
«30 de novembro de 1999 - Um dia de Accção Global, Resistência e Carnaval contra o Sistema Global
Capitalista» (http://www.nadir.org/nadir/initiativ/agp/free/seattle/n30/n30callpt.htm). No site da Ação Global dos
Povos. Consultado em 8 de dezembro de 2008.
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