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1 Figuras de linguagem

1.1 Conceito

A linguagem além de servir para comunicar-nos, serve também para expressar


emoções, impressionar, produzir, entre outros variados efeitos de sentidos. Por elas,
tornamos as mensagens que emitimos mais expressivas.

2 Tipos de figuras de linguagem

2.1 Figuras de palavras

São aquelas que resultam do emprego de uma palavra em um contexto que


altera sua significação habitual.

Metáfora

É uma transferência de um termo para um contexto de significação que não lhe


é próprio, baseia-se em uma relação de semelhança, dá um duplo sentido a frase.
Exemplos:
João e Maria são o governo. O governo é como João e Maria.
Vi sorrir o amor que tu me deste. (Cesário Verde)
Seus olhos são dois oceanos.

Metonímia

Ocorre quando se opta por utilizar uma palavra em lugar de outra, designando
algum objeto que mantém uma relação de proximidade com o objeto designado pela
palavra substituída. Há várias situações que isso pode ocorrer. Exemplos:
a) a parte pelo todo: Ele tem duzentas cabeças de gado em sua fazenda.
b) o continente pelo conteúdo: João bebeu uma garrafa de água.
c) a marca pelo produto: Você me empresta o durex?

Catacrese

Tem-se quando, na falta de uma palavra específica para designar determinado


objeto, utiliza-se uma outra a partir de alguma semelhança conceitual. Exemplos:
O pé da mesa estava quebrado.
Eu carrego o mundo nos meus ombros.
Cada fruto desta árvore é um pingo de ouro.

Sinestesia

É a mistura, em uma mesma expressão, de sensações percebidas por diferentes


órgãos do sentido. Exemplos:
Um grito áspero revelava tudo o que sentia. (grito= auditivo; áspero= tato).
Aquele choro amargo e frio me espetava. (amargo= mistura de paladar; frio= tato).
A melodia do pianista era doce e rósea em suas sublimes imensidões. (Giuliano Fratin)
Sinédoque

Tem-se quando observamos a substituição de um termo por outro, promovendo


uma redução ou ampliação no sentido usual de uma palavra. É bem similar a metonímia.
Exemplos:
Ficou sem teto.
Bebeu um copo de água.
Lemos Machado de Assis por interesse.

Comparação ou símile

É a aproximação de elementos de universos diferentes que demonstra


qualidades ou ações. São bem semelhantes à metáfora e usados com um conectivo
(como, feito, tal qual, qual, assim, como, tal, etc. Exemplos:
O amor queima como o fogo. (Luís de Camões)
Você é tão bonita quanto o Rio de Janeiro.
A cidade, adormecida, parecia um cemitério sem fim.

Antonomásia

Consiste na identificação de uma pessoa não por seu nome, mas por uma
característica ou atributo que a distingue das demais. Exemplos:
O Filho de Deus. (Jesus Cristo)
A diversão da Cidade. (Los Angeles)
O Rei do Rock. (Elvis Presley)

2.2 Figuras de sintaxe

São aquelas que resultam de alguma alteração canônica (típica, normal) da


estrutura da oração.

Anacoluto

Consiste numa irregularidade gramatical na estrutura de uma frase. É


conhecida também como “frase quebrada”, pois se tem a impressão de que algo ficou
“solto”, sem conclusão. Exemplos:
A vida, não sei se realmente se ela vale a pena.
O homem, chamar-lhe mito não passa de anacoluto. (Carlos Drummond de Andrade)
E o desgraçado tremiam-lhe as pernas, sufocando-o a tosse. (Almeida Garrett)

Elipse

Consiste na omissão de um termo que pode ser inferido sem problemas a partir
do contexto. Exemplos:
Quanta maldade na Terra. (Quanta maldade há na Terra).
No mar, tanta tormenta e tanto dano. (Camões)
Na casa vazia, nenhum sinal de vida.

Anáfora
É a repetição de palavras no início de versos ou, nos textos de prosa, no início
de orações. Exemplos:

“Amor é fogo que arde sem se ver,


é ferida que dói e não se sente,
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer,
é um não querer mais que bem querer”. (Camões)

“Nada vai me fazer desistir do amor...


Nada vai me fazer desistir de voltar todo dia pro seu calor...
Nada vai me levar do amor...” (Jorge Vercillo)

“Vi uma estrela tão alta,


Vi uma estrela tão fria!
Vi uma estrela luzindo
Na minha vida vazia.

Era uma estrela tão alta!


Era uma estrela tão fria!
Era uma estrela sozinha
Luzindo no fim do dia.” (Manuel Bandeira)

Anástrofe

Tem-se quando, a obtenção de efeitos estilísticos, o autor de um texto inverte a


ordem canônica de alguns dos termos da oração. Exemplo:

“Por noite velha, no castelo,


Vasto solar dos meus avós,
Foi que eu ouvi, num ritornelo,
Do pajem loiro a doce voz”. (Filinto de Almeida)

Hipérbole

Há, quando a inversão é mais radical, chegando a provocar alguma dificuldade


de compreensão. Exemplo:

“Ouviram do Ipiranga as margens plácidas


De um povo heroico o brado retumbante”. (Hino Nacional Brasileiro)

Mantendo a ordem típica da língua, resultaria em:


“As margens plácidas do Ipiranga ouviram o brado retumbante de um povo
heroico”.

Sínquise

É identificado quando a inversão cria a possibilidade de mais uma


interpretação. Exemplo:
Henrique, que a duras penas convenceu Paulo a emprestar-lhe o dinheiro.
O que quer dizer é que foi Paulo que convenceu Henrique, e não o contrário,
como a ordem escolhida poderia indicar.

Polissíndeto
É o emprego repetitivo exaustivo de uma mesma conjunção coordenativa. O efeito que
se procura obter é o da ênfase, por meio de uma ideia recorrente. Exemplo:

“E eu morrendo! E eu morrendo!
Vendo-te, e vendo o sol, e vendo o céu, e vendo
Tão bela palpitar nos teus olhos, requerida,
A delícia da vida! A delícia da vida”! (Olavo Bilac)

Pleonasmo

Constrói-se um pleonasmo a partir de uma redundância, buscando assim,


alcançar maior clareza ou enfatizar uma ideia importante. Exemplos:
Sair para fora.
Adiar para depois.
Subir para cima.

2.3 Figuras de pensamento


São aquelas que resultam ora de uma discordância entre o sentido literal de
uma expressão linguística e os verdadeiros propósitos que levam alguém a utilizá-las
em determinado contexto (ironia e prosopopeia); ora de um realce que é dado a uma
ideia que se quer salientar (hipérbole, antítese, paradoxo) ou minimizar (eufemismo).

Hipérbole

Incide quando há exagero no uso de palavras ou expressões em determinado


contexto, visando à obtenção de maior expressividade. É comum na linguagem
coloquial oral. Exemplos:
Já lhe pedi um milhão de vezes para telefonar avisando quando for se atrasar.
Eu chorei rios de lágrimas.
Estamos esperando há séculos.

Eufemismo

Ocorre todas as vezes em que uma palavra ou expressão é empregada em lugar


de outra que se considera desagradável ou excessivamente forte. Exemplos:
Ele é desprovido de beleza. (em lugar de feio)
Ela é minha ajudante. (em lugar de empregada doméstica)
Verdades que esqueceram de acontecer. (em lugar de mentira) (Mário Quintana)

Ironia

Consiste em usar alguma palavra ou enunciado com um sentido que se


distancia do literal, adquirindo, no contexto, conotação de crítica, depreciação ou sátira.
Exemplos:
Meu marido é um santo. Só me traiu três vezes.
A excelente dona Inácia era mestra na arte de judiar de crianças. (Monteiro Lobato)
Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis. (Machado de Assis)

Prosopopeia

Opera-se uma personificação de algum ser, animado ou inanimado, pela


atribuição de características que são próprias dos seres humanos. Exemplos:
Árvores pedem socorro.
O jardim olhava as crianças sem dizer nada.
O vento morreu e o sol também.

Antítese

É a evidência de ideias contrárias, através da utilização de palavras ou


enunciados de sentido oposto. Exemplos:
Já estou cheio de me sentir vazio, meu corpo é quente e estou sentido frio. (Renato
Russo)
Mas que seja infinito enquanto dure. (Vinicius de Moraes)
Eu vi a cara da morte, e ela estava viva. (Cazuza)

Paradoxo

Resulta da associação de ideias ou conceitos que criam verdadeiras


contradições. Exemplos:
Eu sou um velho moço.
O único sentido oculto das coisas são elas não terem sentido oculto algum.
Morte é vida, vida é morte.

Apóstrofe

Ocorre todas as vezes em que nos referimos a uma pessoa (real ou imaginária),
presente ou ausente, como uma forma de enfatizar uma ideia ou expressão. Exemplo:

Senhor Deus dos desgraçados!


Dizei-me vós, Senhor Deus!
Se é loucura... se é verdade
Tanto horror perante os céus?! (Castro Alves)

Gradação

Tem-se quando há uma sequência de palavras (sinônimas ou não) que


promovem a intensificação de uma ideia. Exemplos:
A pizza daqui não é tão boa apenas. É ótima, maravilhosa, excepcional!
Dei um passo, apressei-me, corri.

2 Referências

ABAURRE, Maria Luiza et al. Português: língua, literatura e produção de texto. 2ª


edição. São Paulo: Moderna, 2004.
Wikipédia. Figuras de linguagem. Disponível no site
http://pt.wikipedia.org/wiki/Figura_de_linguagem Acesso em 06.09.2014.

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