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A. M.

Modenesi 29/7/2018

FORMAÇÃO ECONÔMICA DO BRASIL: A EXPERIÊNCIA DA


INDUSTRIALIZAÇÃO

F. VERSIANI e J.R.M. BARROS (Orgs.)

Parte II – A INDUSTRIALIZAÇÃO APÓS A GRANDE CRISE

VI – Análise da Política Econômica e do Comportamento da Economia Brasileira


Durante o Período 1929-1939
Simão SILBER
1. Efeito do programa de valorização: 1) 1920: negativo conforme Peláez; 2) 1930:
positivo conforme Furtado.

2. Concorda com furtado: i)efeito anti-cíclico; ii)recuperação precoce.

3. Discorda: 1)outros fatores anticíclicos: i)déficit público; ii)superávit comercial;


iv) flexibilidade de preços/salários; 2)ênfase no crédito do BB  ignora:
i)empréstimo externo obtido por SP; ii)imposto de exportação.

4. Critica Peláez: {i)imposto de exportação não foi tão relevante; ii) ignora
empréstimo de SP; iii) parcela foi transferida para consumidor; iv) teorema
orçamento equilibrado; iv)baseia nas intenções dos formuladores da política
econômica}  não é verdade que política econômica desfavoreceu indústria.

 Profundas transformações na economia brasileira (1930-1960): aumento e


diversificação produção ISI.

“Entre a década de 1930 e 1960, a economia brasileira sofreu profundas


transformações. ...o fato mais marcante desse período foi a diversificação e expansão da
produção industrial sob o impulso da substituição de importações.” (p. 169).

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 Peláz: nega radicalmente tese de que política econômica tenha favorecido


desenvolvimento ISI (Furtado: política valorização teve efeitos anticíclicos): [1)
manutenção artificial preços café  distorção alocativa: rentabilidade relativa
do café (desestimulando investimentos/produção industrial); 2) política econômica
ortodoxa: i) fiscal e monetária: contracionista; ii) cambial: sobrevalorização] 
atrasou desenvolvimento industrial (década de 1930).

“A análise dos impulsos da industrialização após a emergência da Grande crise gerou


recentemente um grande debate. Era geralmente aceita a interpretação de Celso
Furtado, segundo a qual a política governamental de defesa da renda cafeeira nos anos 30
teria gerado as condições para a expansão da manufatura. Carlos Manuel Peláez,
especialmente, tema atacado fortemente esta proposição, argumentando que na realidade
não teria existido nada parecido com política fiscal keynesiana no período” (p. 169).

“...a mais importante política econômica que contribui para retardar a industrialização
brasileira foi a proteção do setor café, em relação às demais atividades. ...a manutenção
de um preço mínimo para o café por um período de 30 anos, distorceu as lucratividades
relativas na economia brasileira, destruiu a vantagem comparativa do Brasil na produção
de café e, com isso, impediu a utilização ótima dos recursos e a evolução dos serviços”

“O desenvolvimento industrial foi retardado no Brasil, em grande parte, devido à


inadequação de suas políticas monetária, bancária, cambial e fiscal. Essa inadequação
foi causada pelo apoio avassalador dados às políticas de uma escola de pensamento, aqui
definida como a escola da ortodoxia monetária” (Peláez, apud p. 173-4).

 Importância macroeconômica do café: [i) determinação níveis de emprego e


renda (elevada participação direta e indireta no PIB); ii) receita de exportações
(1956: 56%; 1920: 75; final 1920: 70%)]  crescimento voltado para fora
(Furtado).

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“...deve-se destacar a grande importância do setor cafeeiro na economia brasileira, sendo


este setor responsável, direta e indiretamente, por parcela significativa da renda gerada
no país” (174).

“...parcela significativa do sistema econômico brasileiro dependia basicamente do setor


cafeeiro (comércio, transporte, sistema bancário, etc.), pode-se, daí, inferir que o fator
condicionante das atividades econômicas interna seria a receita de exportações desse
produto” (175).

I – Período Anterior à Crise: 1919-1929

 [i) sucesso programa de valorização do café  melhora nos termos de troca


(preço dos exportados (café) relativamente ao preço dos importados)  incentivo
à agro-exportação em detrimento setor industrial; ii) estabilidade cambial
(década 1920)  mantém competitividade relativa das importações] 
desfavorável desenvolvimento industrial: i) PIB industrial cresce fortemente até
1923 (desvalorização); ii) estável até 1929; iii) crescimento elevado até 1939
(desvalorização).

“...houve uma melhora sensível nas relações de troca durante o período, significando isto
uma modificação de preços relativos desfavorável à indústria interna... existe um
crescimento industrial inicial associado à desvalorização cambial (até o ano de 1923),
porém, a partir desta data, em função da política de defesa do setor cafeeiro e da relativa
estabilidade da taxa de câmbio, a produção industrial não alcançará mais durante a
década de 1920 os níveis de produção de 1923” (p. 180-1).

 Política econômica não foi ortodoxa.

 Fiscal: i) deficitária em todo período; ii) 1922 déficit = 24% dos gastos.

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”Durante o início da década (1919/1920), o déficit do governo se mantém em níveis


elevados chegando a representar 24,6% do dispêndio global do governo em 1922. Para os
demais anos, tal participação representa valores bem inferiores atingindo um mínimo de
1,3% em 1927. ...torna-se difícil de identificar o comportamento do governo como
“ortodoxo” pelo menos no primeiro período (1919/1922), onde o déficit representa
parcela considerável do gasto total do governo. Se definirmos rigidamente”ortodoxia
fiscal” como a obtenção de um orçamento equilibrado, não encontraremos em nenhum ano
o pleno sucesso da tal política, embora em pontos isolados da década dos 20 o déficit
represente parcela pequena do dispêndio global do governo” (p. 182).

 Monetária expansionista: [1) MP > 100%; PME = 70%; 2) liquidez real
(MP/inflação) de 70%]  [i) financiamento (inflacionário) do déficit; ii) 2º
programa valorização café].

“Entre 1919 até 1924, os meios de pagamento mais do que dobraram enquanto que o
papel-moeda emitido cresce aproximadamente 70%. Duas causas principais explicam,
possivelmente, tal fenômeno: primeiramente, os elevados déficits devem ter sido em larga
escala financiados inicialmente por emissões, sem contrapartida de empréstimos
externos... Em segundo lugar, a operação de valorização do café, para a safra de 1920/1921
[3º plano], efetuada pelo governo federal foi feita por emissões” (p. 182).

“Entre 1919 e 1929 o crescimento da ‘liquidez real’ é de aproximadamente 70%. ...o que é
importante salientar é que uma expansão desta natureza, associada a um grande aumento
do papel-moeda emitido não pode ser interpretada como uma política monetária
ortodoxa, durante a década de 20, como definiu Peláez” (p. 185).

 Programa valorização foi bem sucedido: [i) melhora termos de troca (preço
externo relativamente às importações); ii) estabilidade cambial]  [i) renda
cafeeira; ii) desestimulou produção industrial]  atrasou desenvolvimento
industrial (anos 1920).

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“A política de sustentação do setor cafeeiro foi bem sucedida, no sentido de que


possibilitou elevar os preços do produto com relação ao dos produtos importados, e em
função de uma taxa de câmbio relativamente estável transferiu este aumento de preços
para o cafeicultor nacional. Esta mudança de preços relativos prejudica o crescimento
industrial durante quase toda década dos 20, com exceção do período de 1920/1923, onde
o crescimento industrial esteve associado a uma desvalorização real da taxa de câmbio.
Portanto, proteger a agricultura de exportação na década de 20, significou retardar o
desenvolvimento industrial”.

“Existem poucas indicações de que os pensamentos ortodoxos com relação à política


monetária, fiscal e cambial se concretizaram... O grande responsável pelo atraso
industrial, durante a década dos 20, é a proteção e o superdimensionamento do setor
cafeeiro” (p. 187).

II – Período Posterior à Crise: 1929-39

 i)impacto recessivo da crise pequeno; ii)rápida recuperação (1932): PIB


industrial (1929-39) = 125%; taxa crescimento anual média (1933-39) = 11%;
PIB agrícola (1929-39) = 20%.

 Mudança estrutural: indústria passa ser elemento dinâmico  desenvolvimento


para dentro (Furtado).

“O início da crise de 1929 coincide no Brasil com o auge da produção cafeeira, fruto dos
investimentos feitos no setor durante a década, onde a política de valorização havia
garantido ao setor taxas de rentabilidade e de expansão de capacidade produtiva”

 São Paulo toma empréstimo externo em 1930 (20 milhões de libras)  garantiu
a sobrevivência do programa de defesa.

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 CNC: compra e destruição estoques excedentes financiada por: i)imposto sobre


exportação de café; ii) recursos do TN e BB.

 [1) 1931-33: i) 65% imposto; ii) 35% crédito do BB; 2) 1933-34: principal fonte
foram créditos]  [1931- 34: i) 48% imposto; ii) 52% créditos].

 Concorda com Fishlow: [inelasticidade-preço da demanda  parcela


significativa do imposto foi transferida para consumidor externo]  não foi mera
transferência intersetorial.

“...a política de sustentação... fez com que o preço externo do café não caísse tanto como
cairia, caso não houvesse nenhuma intervenção no mercado e que houve uma acentuada
desvalorização cambial neste período, pode-se inferir que a magnitude das compras e
destruição internas de café são fatores extremamente importantes para a manutenção
do setor cafeeiro e, portanto, de parcela significativa da renda da economia brasileira.
Portanto, compra de café, defesa do preço externo e desvalorização cambial fazem parte
de uma política única, que possibilita defender a economia cafeeira e a economia
brasileira da grande crise internacional” (p. 191-2).

“a) Como enfatizou Fishlow: ‘O imposto de exportação não foi um simples arranjo
interno dentro do setor cafeeiro. De certa maneira ele foi gerado pelo comprador
estrangeiro e dessa forma manteve a renda do setor cafeeiro a níveis mais altos do que
teriam ocorrido por outro modo. Na verdade há uma suposição de que a maior parte do
imposto foi desviada do exterior devido à demanda inelástica resultante da posição
dominante do Brasil no mercado’. Portanto, não se deve atribuir a incidência total dos
impostos de exportação sobre o cafeicultor brasileiro” (192)

 Teorema do orçamento equilibrado: valorização teria efeitos anticíclicos mesmo


que integralmente financiada por impostos.

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“b) Mesmo que se admitisse que a totalidade dos investimentos em estoque de café
invendáveis fosse oriunda de receita de impostos sobre a exportação de café e que estes
impostos recaísse em quase sua totalidade sobre o setor cafeeiro, o fato relevante é que
esta política, de qualquer forma, maximizaria a receita cambial do café e, via
desvalorização cambial, ainda teria m efeito capital sobre os níveis de renda da economia
brasileira. Internamente essa política implicaria a validade do ‘Teorema do Orçamento
Equilibrado’ tendo também efeito favorável sobre o nível de renda da economia. Como a
defesa do setor cafeeiro, durante maio de 1931 a fevereiro de 1933, não foi feita dentro
dessas condições radicais, pode-se inferir que a política de proteção ao café possibilitou a
manutenção da renda monetária e real do setor em níveis bem mais elevados do que
prevaleceriam, caso não houvesse intervenção, minimizando os impactos da crise” (p.
192).

“As despesas globais do DNC têm como fonte de recursos: o imposto de exportação
(48%) e créditos diversos (52%). Entre fevereiro de 1933 a dezembro de 1934, muda
sensivelmente a participação das fontes de financiamento, assumindo maior
importância as operações de crédito” (p. 195).

“seria errôneo, portanto, atribuir aos impostos de exportação a fonte exclusiva de


recursos para proteger o setor cafeeiro brasileiro”

 Flexibilidade de preços e salários também contribuiu para a manutenção dos


níveis de emprego e renda do setor: P (30%)  W (33%) (1929-33).

“e) A flexibilidade de preços e salários, dentro das características de um modelo clássico,


foi outro fator responsável pela manutenção do nível de renda do setor cafeeiro. A
medida em que o preço em cruzeiros do café declinava, tínhamos também uma queda do
salário monetário nas lavouras. Os preços do café caem em 30% entre 1929 e 1933 e o
salário monetário rural do estado de São Paulo cai neste mesmo período em 33%” (p.
195).

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 Mudança na pauta de exportação: i) Participação do café nas receitas de


exportação (1933: 73%; 1939: 40%); ii) participação do algodão. (Furtado).

 Expansão monetária: [1) MP = 100%; PME = 46%]  [i) financiamento


(inflacionário) do déficit; ii) programa de valorização (emissão TN; crédito BB)]
 [i) não foi ortodoxa; ii) não retardou crescimento].

“A partir de 1930 os meios de pagamento crescem continuamente (com exceção de


1933) e em 1939 seu volume é o dobro do existente em 1929. Tendência semelhante
acontece com o papel-moeda emitido que cresce entre os dois anos extremos da época em
46%” (p. 197)

“Dois elementos poderiam ainda ser destacados para explicar o crescimento dos meios de
pagamento ao longo da década dos 30: i) A política de defesa do setor cafeeiro esteve em
parte associada às emissões do Tesouro Nacional e créditos do Banco do Brasil, as quais
devem ter contribuído para expandir os meios de pagamentos. ii) No início da década dos
30 os déficits do governo são extremamente elevados, chegando a representar quase que
30% do dispêndio total do governo (nos anos de 1930 e 1932) e ele foi em larga parte
financiado por emissões. Com exceção dos anos de 1933 e de 1934, a cobertura do déficit
do Governo Federal foi feita quase que totalmente via emissões” (p. 198).

“É difícil atribuir a duplicação dos meios de pagamento ao longo da década de 30 como


‘ortodoxa’ e não se poderia atribuir a esse comportamento um entrave sério ao
crescimento da economia brasileira ao longo desse período” (p. 199).

 Política fiscal expansionista: [i) elevados déficits até 1934; ii) participação dos
gastos públicos no PNB]  [i) não foi ortodoxa; ii) favoreceu o crescimento
econômico].

“Parece-nos que o aumento da participação dos gastos do governo no dispêndio global


associado aos déficits elevados do início dos anos 30, deve ter sido um elemento adicional

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para explicar o pequeno impacto da grande depressão na economia brasileira, bem como
um fator favorável para a recuperação do nível do produto real, a partir de 1931. Mesmo
quando o déficit diminui de importância, a participação do dispêndio do governo
permanece elevada, em níveis superiores aos verificados na década dos 20, o que por si só
já representa uma política fiscal expansionista” (199)

“Não se deve atribuir ao comportamento do governo durante este período o rótulo de


‘ortodoxo’, pois os dados indicam que sua participação foi no sentido de favorecer a
expansão do nível de renda, mesmo quando os déficits não representaram parcela
importante dos gastos” (p. 199)

 Crise no BP  [i) intensa desvalorização nominal(1929-39: 109%); ii)


desvalorização real]  [i) impacto favorável renda cafeeira; ii) incentivo ISI] 
política cambial não foi ortodoxa.

“A desvalorização cambial teve em primeiro lugar um efeito favorável sobre a renda do


setor cafeeiro... Em segundo lugar, houve uma desvalorização cambial real durante a
década de dos 30, fazendo com que este fator fosse importante para o crescimento
industrial” (p. 201).

“A evolução da taxa cambial ao longo dos 30 está em completo descordo com o que
Peláez chama de política cambial ortodoxa, já que ela se desvaloriza sensivelmente, em
vez de se valorizar” (p. 201).

1. Efeito do programa de valorização: 1) 1920: negativo conforme Peláez 


[manutenção artificial preços café  distorção alocativa: rentabilidade relativa
do café]  [desestímulo investimentos/produção industrial]; 2) 1930: positivo
conforme Furtado.

“...seria interessante separar dois efeitos da política de defesa do setor cafeeiro sobre o
setor industrial. Um efeito seria o de prejudicar o desenvolvimento industrial pela

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distorção de preços relativos em favor do setor cafeeiro na medida em que o preço do


café cai menos do que cairia sem proteção. Este aspecto não é relevante ao longo dos 30
embora o fosse nos anos 20. O outro efeito seria o de favorecer o desenvolvimento
industrial através do aumento da demanda por produtos industriais pois a renda dos
cafeicultores não podia ser canalizada para o exterior, devido à limitada quantidade de
divisas disponíveis. Este é o impacto relevante da defesa do café para o setor industrial” (p.
201).

2. Concorda com furtado: i)efeito anti-cíclico (valorização café)  atenuou


impacto da recessão; ii)recuperação precoce (a partir de 1932; notadamente 1934).

3. Discorda: 1)outros fatores anticíclicos (contribuíram para impacto


recessivo/recuperção precoce): i)déficit público (década de 1930); ii)superávit
comercial (1930-32); iv) flexibilidade de preços/salários; 2)ênfase no crédito do
BB (financiamento da valorização)  ignora: i)empréstimo externo obtido por SP
(1930); ii)imposto de exportação.

“...Celso Furtado tem o insight correto com relação aos impactos favoráveis sobre o
nível de renda da defesa do café, fazendo com que as repercussões da depressão fossem
menores e facilitassem a recuperação da economia. Porém seu trabalho é falho como
pesquisa história ao deixar de considerar outros fatores que contribuíram para minorar
os efeitos da depressão e que possibilitaram a recuperação a partir de 1932. Além disso
ele considera que o financiamento das compras de café como sendo feito via crédito e
isto não é correto. b) Não considera o empréstimo externo de 1930, que foi uma medida
inicial de grande apóio ao setor cafeeiro. c) Os elevados déficits do governo no início da
década, o aumento da participação do governo ao longo dos anos 30, o superávit na
balança comercial no período 1930/1932, são, também elementos responsáveis pelo
resultado que Furtado atribui exclusivamente à política do café... e) As atividades do
CNC e DNC nem sequer são mencionadas em seu livro. A análise da atuação desses
órgãos indica que a proteção dada ao setor cafeeiro não foi tão simples quanto ele aponta,
embora o resultado da intervenção do governo seja próxima a apontada por Furtado.

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Defender o setor do café durante a década dos 30, incluindo impostos de exportação e
‘quotas de sacrifício’, não altera o resultado básico de manter a renda do setor cafeeiro
em níveis elevados e, portanto, a demanda agregada. ...maximizar a receita cambial
através do controle da oferta de café, por si só já apresenta característica anticíclica
importante. Se adicionarmos a isso as compras internas de café e a desvalorização
cambial, encontraremos na defesa do setor cafeeiro um elemento fundamental para
explicar o comportamento da economia brasileira ao longo da década de 30” (p. 203).

“A importância do café, quando se inicia a crise em 1929, é total dentro da economia


brasileira. Ele é responsável por 70% das receitas de exportações; o sistema bancário,
comercial, transporte e demais atividades do mercado interno estão condicionados ao
comportamento do setor cafeeiro. Se somarmos o empréstimo externo de 1930, as
compras internas de café de 1930/1934, a incidência do imposto sobre o consumidor, a
desvalorização cambial e a maximização da receita cambial encontraremos elementos
básicos para explicar a recuperação dos níveis de produto real a partir de 1932. A partir
de 1934, a continuação da política de defesa do café, o crescimento as exportações de
algodão, o crescimento industrial, uma política cambial e monetária flexível explicam o
crescimento do produto real até o fim da década” (p. 206).

4. Critica Peláez: {i)imposto de exportação não foi tão relevante (financiamento):


maior parte crédito doméstico (TN e BB); ii) ignora empréstimo de SP;
iii)inelasticidade demanda  parcela foi transferida para consumidor: não incidia
totalmente sobre setor cafeeiro; iv) teorema orçamento equilibrado: efeito
anticíclico mesmo se integralmente financiado por imposto; iv)baseia nas intenções
dos formuladores da política econômica (monetária; fiscal e cambial): não foi
ortodoxa  [i) expansão monetária ; ii) déficit público e participação de G no
PNB]}  não é verdade que política econômica desfavoreceu indústria.

 Modelo de equilíbrio geral microeconômico: i)resultado correto; ii) irrelevante


 fator relevante é a (sustentação da) demanda e não a oferta.

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“Peláez argumenta que proteger o setor cafeeiro durante a década dos 30... impediu a
industrialização. Essa conclusão desenvolvida a partir de um modelo de equilíbrio geral
microeconômico, onde a imposição de um imposto de exportação e a fixação de preços
mínimos internos para o café, distorce rentabilidades relativas em detrimento da oferta
de produtos industriais internos. Este resultado é correto, porém sua relevância durante a
década de 30 é pequena. O fator relevante para explicar o desenvolvimento industrial
no período é a demanda. A manutenção da demanda agregada (pelos fatores já
apontados), a piora das relações de troca [encarecimento relativo das importações] e a
desvalorização real do valor externo de nossa moeda fazem com que a demanda interna
por produtos industriais cresça rapidamente, fazendo com que o setor possa crescer
125% durante a década dos 30. Os resultados que Peláez infere para os anos 30 são válidos
somente para a década dos 20” (p. 206-7).

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