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MAURÍCIO VITALI MENDES

ANÁLISE NÃO LINEAR DE PÓRTICO ESPACIAL COM INTERAÇÃO


SOLO-ESTRUTURA

Artigo apresentado ao curso de


graduação em Engenharia Civil da
Universidade Católica de Brasília, como
requisito parcial para a obtenção de Título de
Bacharel em Engenharia Civil.

Orientador:Prof.M.Sc. Carlos Henrique


de Moura Cunha

Brasília
2015
ii

Artigo de autoria de Maurício Vitali Mendes, intitulado “ANÁLISE NÃO LINEAR


DE PÓRTICO ESPACIAL COM INTERAÇÃO SOLO-ESTRUTURA”, apresentado como
requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Engenharia Civil da Universidade
Católica de Brasília, em (Data de aprovação), defendido e aprovado pela banca examinadora
abaixo assinada:

__________________________________________________

Prof. M.Sc. Carlos Henrique de Moura Cunha


Orientador
Curso de Engenharia Civil – UCB

__________________________________________________

Prof. M.Sc. Luis Alejandro Pérez Pena


Examinador
Curso de Engenharia Civil – UCB

Brasília
2015
iii

AGRADECIMENTOS

Agradeço à minha família, meus pais Vitor e Cibele, meus irmãos Vivian e Henrique,
que sempre se mostraram entusiastas pelos meus estudos. E em especial aos meus pais pelo
apoio incondicional durante o curso de Engenharia Civil, desde a escolha do curso até o seu
final.
Muito obrigado ao meu orientador Carlos Henrique de Moura Cunha pelos seus
valiosos ensinamentos como professor e como engenheiro.
Os colegas de projetos inicialmente e depois transformados em grandes amigos estarão
sempre na memória com seu companheirismo.
1

ANÁLISE NÃO LINEAR DE PÓRTICO ESPACIAL COM INTERAÇÃO


SOLO-ESTRUTURA

MAURÍCIO VITALI MENDES

RESUMO

Neste artigo é apresentada uma avaliação do comportamento estrutural de uma


edificação baseada na análise não linear considerando a interação solo-estrutura no
modelo. A superestrutura é representada por um pórtico espacial, submetido à carga
permanente e à ação variáveis diretas, e a infraestrutura é representada por fundação
profunda em estaca. Cinco casos são analisados em que a fundação é formada por bloco
com estaca ou bloco com estaca e viga baldrame. A interação entre o solo e a estrutura é
incluída na análise, porque produz um modelo mais refinado para o cálculo estrutural. O
solo é simulado de acordo com a Teoria de Winkler e a sua representação é feita por um
conjunto de molas translacionais. Ao longo das diferentes cotas da estaca são inseridos
coeficientes de rigidez para as vinculações elásticas que representam o solo. Esse ajuste
é feito de acordo com o tipo do solo. A análise é feita através do software SAP2000. A
estrutura simulada em conjunto com a fundação e as molas, ao invés de engastada,
quando analisada a sua instabilidade pelo coeficiente gz apresentam resultados
diferentes. A alteração se deve a quantidade de estacas e a presença da viga baldrame.
Os casos de estrutura que possuem bloco com uma estaca e bloco com duas estacas os
nós da estrutura foram considerados como nós móveis, assim estes dois modelos
tiveram a majoração das ações horizontais e a representação aproximada da não
linearidade física dos elementos estruturais. A não linearidade destes casos conduziu ao
aumento das solicitações normais nas peças da estrutura.

Palavras-chave: Análise não linear; Interação solo-estrutura; Coeficiente gz


2

Abstract
This paper presents an evaluation of the structural behavior from a building based on an
non linear analysis considering the soil-structure interaction in the model. The
superestructure is represented by a spacial porch, submited to permant load and to
variable loads, and the infrastructure is represented by pile foundation. Five cases are
analyzed wich the foundation is formed by block with pile or block with pile and
ground beam. The interaction between soil and strucuture is included in the anlysis
because produces a more accurate model for structural calculation. The soil is simulated
according to Winkler Theory wich its represented by a group of springs in the cartesian
axis. Through the different levels of the pile are inserted stiffness coefficient for the
linking that represent the soil. This adjustment is done according to the soil type. The
analyses runs in SAP 2000 software. The structure simulated together with foundation
and springs, instead of fixed, when analysied its instability by gz coeficiente presents
diferentes results. The modification is due to the quantitie of piles and the presence of
the ground beam. The structural cases that has pile block with one pile and two piles its
horizontal actions were enhanced and the physical non linearity of its structural
elements were considered. The non linearity for this cases lead to an increase of the
solicitations in the parts of the structure.

Keywords: Non Linear Analysis; Soil-Strucuture Interaction; gz Coefficient


3

1. INTRODUÇÃO

É prática usual se dimensionar os elementos estruturais a partir dos esforços


calculados considerando os apoios como indeslocáveis. A partir das reações de apoio e
das características geológicas do solo dimensiona-se a fundação. A estrutura é
subdividida em superestrutura e infraestrutura. Entretanto esse procedimento de cálculo
atribui à estrutura um comportamento independente para as duas partes, pois é
desconsiderada a influência da fundação na superestrutura.
A interação solo-estrutura simula o comportamento do conjunto. O solo é
representado por molas no contato fundação/solo. A alteração das condições de suporte
tem interferência na estabilidade da estrutura. Assim representa uma análise mais
apurada, porque dessa forma pode-se modelar a estrutura com maior proximidade da
realidade.
A diminuição da divergência entre os valores calculados e os valores mais
próximos dos reais, obtidos pela interação solo-estrutura, auxilia e evita possíveis erros
para o dimensionamento da estrutura e das suas peças. Há uma melhora no desempenho
desta, porque confere maior segurança contra o esgotamento da sua capacidade
resistente e se tem a simulação com mais precisão dos deslocamentos da estrutura.
4

2. MATERIAIS E MÉTODOS

Neste trabalho será analisado o comportamento estrutural de uma edificação de


cinco pavimentos executada em concreto armado. Esta estrutura que tem mais do que
quatro pavimentos necessita ter sua estabilidade global verificada, pois ao ser solicitada
por ações verticais e ações horizontais (vento) pode vir a apresentar deslocamentos
laterais elevados.
A norma através do coeficiente gz estabelece um limite para analisar a
interferência do efeito dos deslocamentos horizontais na estrutura. Em alguns casos é
necessário majorar os esforços horizontais e considerar a não linearidade física dos
elementos estruturais, reduzindo a rigidez das peças que a compõem.
A estrutura com a sua fundação representada por bloco com estaca apresenta
deslocamentos laterais diferentes de quando a estrutura é considerada totalmente
engastada. Esta alteração não é devida somente à estaca, mas também é causada pela
representação do solo no modelo estrutural.
Para que se pudesse representar a estrutura por um pórtico espacial com a
interação solo-estrutura o SAP 2000 foi utilizado para a modelagem e para auxílio na
análise estrutural.

2.1. Materiais

O modelo estrutural proposto pelo trabalho é representado por um pórtico


espacial com pavimento térreo e cinco pavimentos tipo, cada um com uma altura de três
metros. O sistema de cada pavimento é formado por uma laje, quatro vigas e quatro
pilares de canto. Os elementos estruturais são considerados de concreto armado.

2.1.1. Propriedades dos materiais

O programa permite ao usuário inserir ou alterar dados para definir as


propriedades dos materiais previstos para a estrutura. Na análise adotou-se concreto
armado da classe C25 para os elementos estruturais, considerando sua massa específica
no valor de 25 kN/m³. A partir do item 8.2 da NBR 6118 (2014) foram obtidas as
demais propriedades. O coeficiente de dilatação térmica foi admitido igual a 10 -5 /ºC. O
valor do módulo de elasticidade (Eci) é estimado em função da resistência característica
5

à compressão (fck) e do agregado graúdo que compõe o traço do concreto. O coeficiente


de Poisson (n) foi tomado igual a 0,2.

Para o concreto armado de fck de 25MPa com aglomerados gráudos de granito e


gnaisse tem-se:
Eci = αE ×5600×√fck , para fck de 20 MPa a 50 MPa (1)
Sendo:
αE = 1,0 , para granito e gnaisse (2)
Eci = 28 GPa (3)

2.1.2. Geometria da estrutura

A estrutura possui seis pavimentos com alturas de três metros, em um total de 18


metros. O pórtico tem os seus lados com seis metros de comprimento. As estacas da
fundação têm dez metros de comprimento.

2.1.3. Seção dos elementos

As lajes têm espessura de 12 cm. As vigas possuem seção transversal de 20 cm


de base e 45 cm de altura. Para os pilares foi adotada uma seção quadrada de 25x25 cm.
O sistema estrutural do pavimento tipo é mostrado na Figura 4.

Figura 1: Sistema estrutural do pavimento tipo


6

A fundação foi modelada em estacas pré-moldadas em seção de fuste circular


seguindo os valores da Tabela 1 (tab.3.1 p.76 Urbano, Alonso).

Tabela 1: Estacas Pré-moldadas Seção de Fuste Circular


Φ (cm) / B (cm) Carga (KN) d (cm) Comprimento (m)
20 200 60 4 a 10
25 300 65 4 a 14
30 400 75 4 a 16
35 550 90 4 a 16
40 700 100 4 a 16
50 1000 130 4 a 16
60 1500 150 4 a 16

Para os casos de uma estaca foi adotada a seção de 60 cm. Ao se aumentar para
duas estacas a seção foi alterada para 40 cm. E no caso de três estacas o seu diâmetro foi
de 30 cm.
Para os casos em que se adotou para a fundação do pórtico o bloco com duas ou
o bloco com três estacas a disposição do estaqueamento foi posicionado como ilustra a
Figura 6.

Figura 2: Disposição para duas estacas e para três estacas

A seção bruta dos elementos lineares, como vigas, pilares e estacas é definida no
menu Define → Section Properties → Frame Sections → Add New Properties.
A laje, designada como uma placa, elemento de superfície plana, sujeita
principalmente a ações normais ao seu plano, tem suas dimensões estabelecidas em
Define → Section Properties → Area Sections → Add New Section.
7

2.2. Métodos

Para a análise estrutural considerou-se o comportamento elástico não-linear dos


materiais. Os processos adotados para a verificação da estabilidade da estrutura são
aproximados e estão contidos no item 15 da NBR 6118 (2014).

2.2.1. Análise não linear

De acordo com Chust e Pinheiro (2013), os esforços calculados a partir da


geometria inicial da estrutura, sem deformação, são chamados efeitos de primeira
ordem. Aqueles advindos da deformação da estrutura são chamados de efeito de
segunda ordem. A consideração dos efeitos de segunda ordem conduz à não-linearidade
entre as ações e deformações; essa não-linearidade, devido a sua origem, é chamada de
não linearidade geométrica. A fissuração e a fluência do concreto levam também a uma
não-linearidade (entre ações e deformações) chamada, neste caso de não-linearidade
física.

2.2.1.1. Ações

As ações consideradas atuantes no pórtico são permanentes diretas e variáveis


direta. A ação permanente direta é constituída pelo peso próprio dos elementos
estruturais da superestrutura. Já as ações variáveis na estrutura são referentes à
consideração de cargas acidentais, correspondendo a cargas verticais de uso da
construção, e à ação do vento, carga horizontal, é aplicada de maneira simplificada nos
nós da estrutura (interseção entre pilar, vigas e laje).
As tabelas a seguir detalham as ações verticais consideradas em cada pavimento
da estrutura. Em cada pavimento foram considerados a carga dos elementos estruturais e
a carga acidental de uso da estrutura. Excepcionalmente para a última laje da estrutura
(forro) o valor da carga acidental é reduzido e também não estão somados o peso
próprio dos pilares.
8

Tabela 2: Cargas verticais no pavimento tipo


Carga Tipo b (m) d (m) l (m) ϒ(KN/m³) Q(KN/m²) P (KN)
g LAJE 5,80 0,12 5,80 25,00 - 100,92
g VIGA 0,20 0,45 5,80 25,00 - 13,05
g PILAR 0,25 0,25 2,55 25,00 - 4,00
q LAJE 5,80 0,12 5,80 - 1,50 50,50
Total Permanente Total Acidental Carga Total
169,12 KN 50,50 KN 219,62 KN

Tabela 3: Cargas verticais na cobertura


Carga Tipo b (m) d (m) l (m) ϒ(KN/m³) Q(KN/m²) P (KN)
g LAJE 5,80 0,12 5,80 25,00 - 100,92
g VIGA 0,20 0,45 5,80 25,00 - 13,05
q LAJE 5,80 0,12 5,80 - 0,50 16,32
Total Permanente Total Acidental Carga Total
153,12 KN 16,32 KN 169,94 KN

2.2.1.2. Combinações Últimas Normais

Em cada combinação devem estar incluídas as ações permanentes e a ação


variável principal, com seus valores característicos e as demais ações variáveis,
consideradas secundárias, com seus valores reduzidos de combinação representado na
Equação 7.
Fd = ϒg ∙Fgk + ϒɛg ∙Fɛgk + ϒq ∙ ( Fq1 + Y∙Fq2 ) + ϒɛq ∙Y0ɛ∙Fɛqk (4)
Neste trabalho não são consideradas a retração do concreto e a sua temperatura.

2.2.1.3. Coeficiente gz

De acordo com a NBR 6118:2014 item 15.5.3, o coeficiente gz de avaliação da


importância dos esforços de segunda ordem globais é válido para estruturas reticuladas
de no mínimo quatro andares. Ele pode ser determinado a partir dos resultados de uma
análise linear de primeira ordem, para cada caso de carregamento, adotando-se valores
de rigidez dados no item 15.7.3 da NBR 6118/14.
9

O valor de gz para cada combinação de carregamento é dado pela expressão:


1 (5)
𝛾𝑧 =
∆𝑀𝑡𝑜𝑡,𝑑
1−
𝑀1,𝑡𝑜𝑡,𝑑

M1, tot, d é o momento de tombamento, ou seja, a soma dos momentos de todas


as forças horizontais da combinação considerada, com seus valores de cálculo, em
relação à base da estrutura.
A Tabela 4 apresenta a forma de cálculo para o momento de tombamento.

Tabela 4: Momento de tombamento


Pav F (kN) Hi (m) M 1, i, d (kN)
COB 3,8 18
5 7,6 15
4 7,6 12
3 7,6 9
2 7,6 6
1 3,8 3
SM1, i, d

DMtot,d é a soma dos produtos de todas as forças verticais atuantes na estrutura,

na combinação considerada, com seus valores de cálculo, pelos deslocamentos


horizontais de seus respectivos pontos de aplicação, obtidos da análise de 1ª ordem.
A estrutura apresenta maiores deslocamentos laterais quando o vento é
considerado como ação variável principal. A Tabela 5 apresenta as forças verticais,
sendo necessário entrar com o deslocamento lateral referente ao pavimento para se ter o
produto faz forças verticais.

Tabela 5: Produto de todas as forças verticais


P g (kN) ϒg q (kN) ϒq ELU (kN) dhi (cm) DMi,d
C 153,12 1,4 16,32 1,4 237,22
5 169,12 1,4 50,50 1,4 307,47
4 169,12 1,4 50,50 1,4 307,47
3 169,12 1,4 50,50 1,4 307,47
2 169,12 1,4 50,50 1,4 307,47
1 169,12 1,4 50,50 1,4 307,47
10

Sob a ação de forças horizontais, a estrutura é sempre calculada como


deslocável. O fato da estrutura ser classificada como sendo de nós fixos dispensa
apenas a consideração dos esforços globais de 2ª ordem (item 15.6, NBR 6118:2014).
Considera-se a estrutura de nós fixos se for obedecida a condição gz ≤ 1,1. Caso a
estrutura seja classificada como de nós móveis, devem ser obrigatoriamente
considerados os efeitos da não linearidade geométrica e da não linearidade física.

2.2.1.4. Análise não linear com 2ª ordem

Para a análise de esforços de estruturas de nós móveis as ações horizontais


devem ser majoradas adicionalmente por 0,95∙gz na combinação de carregamentos.

2.2.1.5. Não linearidade física aproximada

Para a análise dos esforços globais de 2ª ordem, em estruturas reticuladas com


no mínimo quatro andares, pode ser considerada a não linearidade física de maneira
aproximada, tomando-se como rigidez do elemento estruturais os valores seguintes
propostos pelo item 15.7.3 da NBR 6118 (2014):
Lajes:
(EI)sec = 0,3 Eci ∙ Ic (6)
Vigas:
(EI)sec = 0,4 Eci ∙ Ic, para As’ ≠ As (7)
(EI)sec = 0,5 Eci ∙ Ic, para As’ = As (8)
Pilares:
(EI)sec = 0,8 Eci ∙ Ic (9)

Ic é o momento de inércia da seção bruta de concreto, incluindo quando for o


caso as mesas colaborantes.
Eci é o módulo de elasticidade tangente inicial do concreto.
11

2.2.2. Interação solo-estrutura

A representação do solo no modelo foi feita por molas translacionais. Esse


método de representação se baseia na Teoria de Winkler.

2.2.2.1. Teoria de Winkler

O efeito na estaca, não rígida, sob influência da ação horizontal é o seu


deslocamento lateral. O solo em resposta à ação da estaca resiste por tensões normais
contra a frente da estaca e por tensões cisalhantes que atuam nas laterais. A reação do
solo é suposta uma tensão normal, atuando numa faixa com largura igual ao diâmetro ou
largura da estaca, perpendicular à qual ocorre o deslocamento horizontal (Velloso e
Lopes, 2014).
Pela teoria de Winkler:
p = kz ∙ y (10)

Onde:
p é a tensão normal horizontal atuando na frente da estaca [ FL-2 ]
y é o deslocamento horizontal da estaca [ L ]
kz é coeficiente de reação horizontal [ FL-3 ]

O coeficiente de reação horizontal kz pode ser constante ou variar com a


profundidade. Segundo Urbano Alonso (2012), o segundo caso corresponde a solos que
apresentam características de deformação proporcionais à profundidade, como por
exemplo, os solos de comportamento arenoso e as argilas normalmente adensadas
(argilas moles). Para esses solos pode-se escrever:

kz = ηz ∙ z / B (11)

Onde:
ηz é o valor da constante do coeficiente de reação horizontal [ FL-3 ]
z é a profundidade em que se situa o nó de um dado segmento [ L ]
B é a dimensão transversal da estaca (diâmetro ou largura) [ L ]
12

2.2.2.2. Coeficiente de rigidez de mola (k)

Além do coeficiente descrito na equação (10), há o coeficiente de reação


incorporando a dimensão transversal da estaca.

Kz = kz ∙ B (12)
Onde:
Kz é o coeficiente de reação incorporando à dimensão transversal da estaca[FL-2]
kz é coeficiente de reação horizontal [ FL-3 ]
B é a dimensão transversal da estaca (diâmetro ou largura) [ L ]

Kz quando definido para um determinado seguimento de estaca é denominado de


coeficiente de rigidez de mola, obtido pela multiplicação do coeficiente pelo
comprimento do segmento. Em determinados tipos de solos que o coeficiente de reação
horizontal variar linearmente com a profundida o coeficiente de rigidez de mola é
calculado assim:

K = Kz ∙ l (13)

Onde:
K é o coeficiente de rigidez de mola correspondente a um segmento [ FL-1 ]
Kz é o coeficiente de reação incorporando dimensão transversal da estaca [FL-2]
l é o segmento de estaca admitido [ L ]

Das equações acima pode-se obter o coeficiente de rigidez de mola:

K = ηz ∙ z ∙ l (14)

Onde:
K é o coeficiente de rigidez de mola correspondente a um segmento [ FL-1 ]
ηz é o valor da constante do coeficiente de reação horizontal [ FL -3 ]
z é a profundidade em que se situa o nó de um dado segmento [ L ]
l é o segmento de estaca admitido [ L ]
13

Para inserir as vinculações elásticas nas estacas considerou-se o solo sendo uma
areia fofa submersa com ηz de 1,5MN/m³. A estaca com comprimento de dez metros foi
divida em 20 segmentos de 50 centímetros. A Figura 6 mostra a estaca em que foi
inserido o coeficiente de rigidez de mola correspondente ao segmento de estaca para
aquela cota.

Figura 3: Molas translacionais


14

3. RESULTADO E DISCUSSÃO

Ao analisar o comportamento do pórtico em conjunto com a fundação em


estacas, ao invés de engastado, nota-se pela tabela 7 a redução da estabilidade global da
estrutura.
Tabela 6: Coeficiente Gama Z
MODELO ϒz
ENGASTE 1,07
1 ESTACA VB 1,09
1 ESTACA 1,11
2 ESTACAS VB 1,09
2 ESTACAS 1,11
3 ESTACAS 1,10

Nos casos em que a viga de fundação estava presente realizando o travamento


entre os blocos, o modelo apresentou o menor coeficiente ϒz. A viga baldrame na
fundação confere uma maior estabilidade ao pórtico.
Dentre os modelos que não tiveram viga na fundação, o caso do pórtico com três
estacas foi o único que apresentou uma estabilidade que o permite ser considerado como
estrutura de nós fixos. Ao se aumentar a quantidade de estacas no bloco, diminuíram-se
os deslocamentos horizontais do pórtico.
Para os modelos com a fundação formada por bloco com uma estaca e bloco
com duas estacas a estrutura foi considerada como de nós móveis. Assim foram
considerados efeitos de 2ª ordem e não-linearidade física nesses dois modelos.
A ação do vento sobrecarrega os pilares situados na região de sotavento com
maiores esforços de compressão. Enquanto a região de barlavento tem esforços
menores. Os modelos apresentam comportamento similares com diferenças de apenas
2%.
Pelo gráfico 1 e gráfico 2 é possível observar que no pavimento térreo a
diferença de esforços é de 20%. No primeiro pavimento a diferença é de 15%. A cada
nível mais elevado a diferença entre esforços diminui, até que no quinto pavimento a
diferença é de menos que 5%. O deslocamento da estrutura afeta com maior intensidade
os pilares mais próximos ao solo.
15

Gráfico 1: Esforço de compressão nos pilares

1 EST VB 1 EST 2 EST VB 2 EST 3 EST

432,89
432,25
431,63
430,88
429,04

365,39
365,36
365,32
363,73
362,87

295,92
295,92
295,91
294,77
294,28
COMPRESSÃO (KN)

223,32
223,32

223,32
222,62
222,36

147,54
147,54
147,52
147,15
147,04

68,62
68,62
68,62
68,44
68,41
T 1º 2º 3º 4º 5º
PAVIMENTO

Gráfico 2: Esforço de compressão nos pilares


1 ESTACA VB 1 ESTACA 2 ESTACAS VB 2 ESTACAS 3 ESTACAS
531,71
529,87

529,12
527,86

528,5

433,55
431,03

431,07
432,7

431,1

337,82
337,32
336,18
336,18

336,19
COMPRESSÃO (KN)

245,41
245,16
244,45

244,45

244,45

156,41
155,91

155,91

155,91
156,3

70,68

70,71
70,5

70,5

70,5

T 1º 2º 3º 4º 5º
PAVIMENTO

Os pilares não sofrem grandes alterações quanto ao esforço de compressão,


quando comparados os diferentes modelos. A maior alteração no pilar entre os modelos
é no seu momento fletor.
As estruturas de nós móveis, casos de bloco com uma estaca e bloco com duas
estacas, na região de barlavento apresentaram momentos fletores mais elevados no
térreo, no quarto e quinto pavimento. Enquanto os dois casos que tem viga baldrame e o
caso com bloco de três estacas, considerados de nós fixos, apresentaram momentos
fletores mais elevados no primeiro e segundo pavimento.
16

Gráfico 3: Momento fletor na base dos pilares na região de barlavento

44,52
44,08
1 ESTACA VB 2 ESTACAS VB 3 ESTACAS 1 ESTACA 2 ESTACAS

35,76
34,81
33,94

16,94
15,74

15,33

11,18
Mb (KN∙m)

10,47
10,29
9,97

9,20

7,09
6,60

1,99
1,97
0,89
T 1º 2º 3º 4º 5º

-2,68
-3,08

-5,70
-5,69
-6,82

-10,37
-10,58

-15,29
-15,29
-16,23

-21,87
-21,93
PAVIMENTO

Gráfico 4: Momento fletor no topo dos pilares na região de barlavento

24,86
24,75
1 ESTACA VB 2 ESTACAS VB 3 ESTACAS 1 ESTACA 2 ESTACAS

17,29
16,61
16,61
5,55
5,26
4,56
3,39
3,39
Mt(KN∙m)

T 1º 2º 3º 4º 5º
-0,86
-1,34
-2,77

-3,86
-3,87
-9,86
-10,47
-10,88
-11,99
-12,07
-15,34
-16,21
-17,80

-18,72
-19,01
-23,99

-25,29
-25,79
-25,98
-33,66

PAVIMENTO

As ações horizontais majoradas e a diminuição da rigidez dos elementos


(estruturas de nós móveis) resultam no aumento dos esforços na base da estrutura e no
topo. Pode-se dizer que para a região de barlavento o apoio da estrutura e onde a
estrutura tem seu maior deslocamento, quinto pavimento, existe a concentração dos
esforços de momento fletor.
17

Os pilares das estruturas de nós móveis comparado às de nós fixos na região de


sotavento possuem momentos fletores mais elevados a partir do primeiro pavimento.
Em comparação com os demais casos, é notório que o pilar do térreo apoiado em
bloco com três estacas apresenta a menor diferença do seu momento fletor entre a região
de barlavento e de sotavento.

Gráfico 5: Momento fletor na base dos pilares na região de sotavento

1 ESTACA VB 2 ESTACAS VB 3 ESTACAS 1 ESTACA 2 ESTACAS


63,76
63,35
55,01

54,88
53,72
48,96

48,87

48,86
48,22
47,49

46,33

44,84
43,75
43,54

41,32
40,94
37,53

36,02
37,1
Mb (KN∙M)

36

31,97
31,75
28,84
27,72
27,71

27,44
27,5
22,79
21,85
21,85
PAVIMENTO
T 1º 2º 3º 4º 5º

Gráfico 6: Momento fletor do topo dos pilares na região de sotavento

1 ESTACA VB 2 ESTACAS VB 3 ESTACAS 1 ESTACA 2 ESTACAS


T 1º 2º 3º 4º 5º
Mt (KN∙m)

-26,01
-26,01
-26,69
-29,25
-29,25
-30,41

-34,66
-34,96

-36,11
-36,22
-37,94
-37,95
-39,04

-45,07
-45,53
-45,63
-45,69
-46,79
-51,39
-51,83
-52,19

-52,32

-52,62
-52,66

-53,28
-53,97
-54,71
-55,05

-62,16
-62,76

PAVIMENTO
18

As vigas das estruturas de nós móveis (três primeiros casos) apresentaram


momentos positivos mais elevados, enquanto as estruturas de nós fixos (bloco com uma
estaca e bloco com duas estacas) tiveram momentos negativos mais elevados.

Gráfico 7: Momento fletor positivo das vigas

1 ESTACA VB 2 ESTACAS VB 3 ESTACAS 1 ESTACA 2 ESTACAS


54,64
50,55

50,11
51,4

47,96

45,51
44,15
43,98

41,38
40,49

39,66
39,62
41,1

38,38

37,68

36,92
36,89
36,28

36,28
36,28

35,57

32,77
32,76
32,43
32,32
36

33,4
33,3

28,96
28,92
M (KN∙m)

1º 2º 3º 4º 5º COB
PAVIMENTO

Gráfico 8: Momento fletor negativo das vigas

PAVIMENTO
1º 2º 3º 4º 5º COB
-18,9
-18,9
-19,34

-24,84
-24,94
-39,81
-39,81
M (KN∙m)

-41,2

-45,87
-46,18
-52,91
-52,92
-54,4

-58,86
-59,47
-67,21
-67,24
-68,7

-73,55
-74,47
-81,52
-82,05
-82,98

-88,24
-89,19
-89,41

-89,7
-91,5
-92,38
-96,53

1 ESTACA VB 2 ESTACAS VB 3 ESTACAS 1 ESTACA 2 ESTACAS

Os dois casos das estruturas que tem seus nós considerados móveis e a rigidez
dos seus elementos estruturais reduzida por conta da não linearidade física aproximada,
tem maiores deslocamentos horizontais. Assim, o momento fletor negativo da viga
apresenta acréscimos, situado na região oposta da ação do vento, enquanto diminui-se o
momento fletor positivo.
19

Por exemplo, a figura 7 mostra a viga do segundo pavimento para o caso de


bloco com duas estacas e viga baldrame na fundação. A viga tem um momento fletor
positivo máximo de 44,15 kN∙m e momento fletor negativo de – 81,52 kN∙m. Já no caso
de bloco com duas estacas mostrado na figura 8 o momento fletor positivo máximo de
diminui para 41,10 kN∙m e momento fletor negativo aumenta para -89,70 kN∙m.

Figura 4: Viga do primeiro pavimento caso bloco com duas estacas e viga baldrame

Figura 5: Viga do primeiro pavimento caso bloco com duas estacas


20

A figura 9 apresenta o diagrama de momento fletor das estacas correspondente a


cada modelo.

Figura 6: Diagrama de momento das estacas

O diagrama de momento para uma estaca com um bloco apresenta o momento


máximo de 101,60 kN∙m e momento máximo de 45,82kN∙m para estaca com bloco e
com viga de fundação. A presença da viga afeta diretamente à estaca. Quando existe a
viga baldrame fazendo a ligação entre os blocos, o diagrama de momento apresenta uma
redução de 55% do seu momento máximo.
Observa-se pela figura que o modelo de bloco com duas estacas apresentou
momento máximo de 41,00 kN∙m. O momento fletor máximo para as estacas foi com a
ação do vento incidindo na estrutura com um ângulo reto em relação ao alinhamento das
estacas.
21

O diagrama de momento para o bloco com duas estacas e com viga baldrame
mostra que ao se usar a viga de fundação na direção ortogonal ao estaqueamento o
diagrama de momento da estaca apresenta alterações significativas. O momento
máximo da estaca sofre alteração de 41,00 kN∙m para 21,63 kN∙m, sendo que neste caso
o maior momento fletor foi paralelo ao alinhamento das estacas no bloco.
O momento máximo da estaca para o caso de bloco com 3 estacas apresentou os
menores esforços dentre todos os modelos avaliados. A dois metros de profundidade
teve valor de 12,38 kN∙m. Observa-se também pelo gráfico 9 que o seu momento fletor
aproxima-se de zero a uma menor profundidade.

Gráfico 9: Cota x Momento


110,00
100,00
90,00
80,00
70,00
MOMENTO (KN∙m)

60,00
50,00
40,00
30,00
20,00
10,00
0,00
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5 5 5,5 6 6,5 7 7,5 8 8,5 9 9,5 10
-10,00
-20,00
COTA (m)

1 EST 1 EST VB 2 EST 2 EST VB 3 EST


22

4. CONCLUSÃO

A estabilidade da estrutura é afetada pela presença da viga de fundação e pela


quantidade de estacas. Os casos de pórtico com bloco com uma estaca e bloco com duas
estacas foram considerados como estruturas de nós móveis após a verificação do
coeficiente ϒz.
De acordo com a norma 6118/14 para a análise estrutural de estruturas de nós
móveis deve-se considerar a majoração dos esforços horizontais e a não linearidade
física do concreto armado. A estrutura com menor rigidez e com os esforços adicionais
apresenta um maior deslocamento.
O maior deslocamento da estrutura resulta em maiores esforços de momento nos
elementos estruturais. Os pilares têm seus momentos elevados na região de barlavento e
na região oposta. As vigas apresentaram comportamento diferente. O momento positivo,
próximo à região de incidência do vento, diminui e o momento negativo, na região de
sotavento, aumenta. O que de fato ocorre é a transferência de momento de uma região à
outra devido ao aumento dos deslocamentos lateral global da estrutura.
Ao se aumentar a quantidade de estacas adota-se menores diâmetros devido à
sua capacidade de carga. O momento máximo para a estaca diminuiu à medida em que a
quantidade de estacas era aumentada, tendo seu maior valor no modelo de bloco com
uma estaca e seu menor valor no modelo de bloco com três estacas. Para uma mesma
quantidade de estacas a presença da viga baldrame interligando os blocos de
coroamento resultou na redução do momento na estaca.
23

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. 6118: Projeto de estruturas


de concreto - Procedimento. 3 ed. Rio de Janeiro: ABNT

ALONSO, Urbano Rodrigues. Exercício de Fundações. 2. ed. São Paulo: Blucher,


2010. 206 p.

ALONSO, Urbano Rodrigues. Dimensionamento de fundações profundas. 2. ed. São


Paulo: Blucher, 2012. 157 p.

CARVALHO, Roberto Chust; PINHEIRO, Libânio Miranda. Cálculo e detalhamento


de estruturas usuais de concreto armado: volume 2. 2. ed. São Paulo: Pini, 2013.
616 p.

VELLOSO, Dirceu Alencar; LOPES, Francisco de Rezende. Fundações: critérios de


projeto, investigação do subsolo, fundações superficiais, fundações profundas. São
Paulo: Oficina de Textos, 2010. 568 p.

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