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54
fazer_um breve comentério sobre a
historiografia do tema. Nos Estados Unidos,
embora haja textos bastante rfticoscomrela-
40 aos posicionamentos norte-americanos,
aindaémuitoforte umacorrentemaistradicio-
nalque,procurandomanter umaparentetom.
neutro e objetivo, sente-se muito A vontade
quando trabalha com esse perfodo (2).Com-
parando os tempos da “boa viz "com,
opassado,¢ possivelnotar as diferengas, mos-
trando como as diversas intervengdes arma-
dasna América Centrale Caribe terminaram,
comoaEmenda Platt foi eliminada,ou, ainda,
como os marines deixaram a Nicardgua (3).
Em geral, evitam-se os exemplos posteriores
-ndomuitodistantesnotempo-da Guatemala,
em 1954, de Cuba, a partir de 1959, das ame-
agas a Nicardgua, depois de 1979, e das mais
recentes invasdes de Granada e Panama.
Poroutrolado, abibliografiasobreotema
produzida pelos latino-americanos enfatiza
stons imperialistas da politica norte-ameri-
cana. Tal posigaio, quandoradicalizada, apre-
senta os Estados Unidos como donos de um
absoluto poder de decisio e os latino-ameri-
canos como marionetes manipuladas, a dis-
tancia, pelasmaos dos estrangeiros. Fugindo
dosesteredtipos, Gerson Moura-estudando
as relagdes entre Brasil e Estados Unidos -é
‘um dos poucos autores a propor uma abor-
dagem rica e elaborada, que, sem perder 0
viés critico, ndo se permite cair em
reducionismos simplificadores. Em seu tra-
balho, indica como as relagées entre Brasile
Estados Unidos - dois paises que ndo pos-
suem 0 mesmo poder internacional - so
intrincadas e complexas, oferecendo condi-
es,em certos momentos hist6ricos, a0 pats
maisdébil,denegociar, barganhar ealeangar
algumas vantagens (4).
‘Edentro dessa perspectiva que este artigo
pretende discutir algumas quest6es relativas
‘20s encontros e desencontros entre os pafses.
docontinente durante o conflito mundial. Na
primeirapartedeste texto, debateremosas va-
riadas solugdes encontradas, no Ambito das
relagdes internacionais, por alguns paises lati-
no-americanos - Brasil, México, Boliviae Ar-
gentina - no momento em que importantes
interessesdeambasaspartesestavamemjogo.
E crucial notar como a iminéncia da guerra e
apresenca alemi foram garantia de que fos-
semrespeitados osprincipiosdaboavizinhan-
a”. Convém,a seguir, elucidar a adogdo eos
supostos de tal politica.
REVISTA USP
Sho pauto (26)
‘A“boa vizinhanga” significou fundamen-
talmente uma mudanga de posigdo dos Esta-
dos Unidos com relagao aos direitos interna-
cionais. Com ela, os norte-americanos esta-
‘vam abordando - por pouco tempo, vale insis-
tir - a polftica de intervengées na América
Latina, que sempre se apoiara na justificativa
dequeseusinteressesestavamsendoameaca-
dos. Para alguns, o movimento nesta outra
diregdo aconteceu porque os Estados Unidos
se sentiram bastante fortalecidos depois do
final da Primeira Guerra Mundial, quando a
Europa-a Gra-Bretanhaem particular -per-
deu seu lugar preponderante na América
Latina. Assim, os presidentes Harding e
Coolidge optaram,emalgunscasos,pornego-
ciar ao invés de intervir, como nos contlitos
com Honduras, em 1923, e com México, em
1927. Hoover resistiu a mandar tropas para o
Haiti e Panamé, em 1929 e 1931, respectiva-
mente, chegandoadenunciarapoliticade uso
a forga militar “para assegurar ou manter
contratos entre cidadaos norte-americanos e
Estados estrangeiros ou seus cidados” (5).
‘Mas foram Franklin D. Roosevelt seu
subsecretério Sumner Welles que colocaram
abandeira da “boa vizinhanga” como um dos
pilares de sua politica externa. Tal politica
baseava-se no respeito aos direitos de sobera-
nianacionaldospaiseslatino-americanos,coisa
queosEstadosUnidossempreadvogaramem
teoria, mas que, na prética, violaram constan-
temente, tomando claro que seus interesses
estavam acima daqueles de qualquer outra
nacdo docontinente. A assungio de tal princi
pioaconteceu em 1936,na Conferéncia Inter-
Americana de Buenos Aires quando os Esta-
dos Unidos votaram incondicionalmente que
nenhum pats tinha o direito de intervir nos
negécios internos de outro e, mais ainda, que
adefesa do hemisfério ocidental era uma res-
ponsabilidade coletiva. Desde os tempos de
John Quincy Adamse da formulagéodadou-
trina Monroe em 1823, 0s Estados Unidos
haviam se arrogado oprivilégiodecontrolara
defesa do continente. Portanto, essa foi uma
declaragio histérica (6).
Esse novo posicionamento precisa ser
entendido dentro do contexto politico inter-
nacional. A depressioecon6 mica dos anos30,
aascensao de Hitler na Alemanha, suas ambi-
‘ges expansionistas, ao lado daquelas de
Mussolini na ltdlia, sinalizavam a possibilida-
de de um conflito internacional de amplas
proporgdes. Os analistas norte-americanos
52-61, JUNHO /AGOSTO 1995