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MARIA LIGIA COELHO PRADO SER OU NAO SER UM BOM VIZINHO: AMERICA LATINA E ESTADOS UNIDOS DURANTE A GUERRA ACM TOSCO Send entrea América Latina cos Es- COTO C Ree CTC TS da Gutrra Mundial, caracteri- zaram-se por uma solida alian- PMU CORR COST ceeare ON Er cts Forced eee Yee ey re ad rca Men CCT Co litica da Boa Vizinhanga, tantas Rese rere ete nce een ee Treen pce tahoe ert Perna exe enon tear nn enn ert near STnneeeXeny rece ert ercern creta da existéncia de uma real neeRsen tren ck aD MSc artigopretendeanalisartais pra- Uren ren Ora Cem ser emi manifestagdesde “boa vizinh: ere eCN eT ROU Keen fore STOSmO SCOTS TeSMRCTEE ZATTCCOS) On ere Cena ce dos Unidos ecupariam depois daguerra. Os estrategistasnor- te-americanos haviamentendi- Aer renner rer eth da definitiva que redefiniria as Fe ecore nT CSTE HTS eT Saree América Latina, como area de EOC eee ACC) preparada. Dessa forma, certas politicas, iniciadas durante esse eMC UU eer Core cereesdaconsolidagio,no pés- guerra, do poder norte-ameri- Pen onekcen Une ts mil eon aKa MARIA LIGIA COELHO Uae eae Poe Porte Rena PCy errr Bee CIE cee ETC PSTN Neat) fue errant 1 Apaltica da Boa Vannanga fomou arma crane 089 semendeFratind Rosset Seuprmavomandstocone Gouem 1908 se esoncau Ba otin da geora, 2 Para uma porpoctiva etc, ‘or porexnplostabahos ‘deWaterLaFebe eres Inontable Ravattons the United States in Central Noon, i8deu ePanama Conate rein Hetorcs) lconal, consular: Bry Wood, ihe Making o (200 Neighbor Paty, Now Yor, Columbia University Prose, fst 2 Eats emanda & consitgso ama ter, tgaimerts, 0p ‘ere tm Cuba sem ‘re que sou erases ex ‘rosso umearados” Qua. {obNicarigua os matnosis ‘Sotombarcaram om 1912, bammanoconscomoxcarso ‘oun pequene nena Wo. 1025 6 1026, a6 1983, ‘uando Anastasio Someze Sssumuocamandode Guar {a Nacoal, oma pots langues. 401 GarsonMour, Sucessos@ Tusdes Relates nimace aio Bash awrantoapes 1 Segunda Guerra Munda Fo do angi, tora sa Fundapdo Getilo Varge, 199 5 Caso por Amin Rappapon, Autistory of American Diplomacy, “NewYork. Macmitan,i975,5 321 6 Vor Eizabem Anna Cobbs, Ihe Ren Neighbor Paley. Fositaterandkaser nda New Haver Yale Unvesty Press, 1092.80. 54 fazer_um breve comentério sobre a historiografia do tema. Nos Estados Unidos, embora haja textos bastante rfticoscomrela- 40 aos posicionamentos norte-americanos, aindaémuitoforte umacorrentemaistradicio- nalque,procurandomanter umaparentetom. neutro e objetivo, sente-se muito A vontade quando trabalha com esse perfodo (2).Com- parando os tempos da “boa viz "com, opassado,¢ possivelnotar as diferengas, mos- trando como as diversas intervengdes arma- dasna América Centrale Caribe terminaram, comoaEmenda Platt foi eliminada,ou, ainda, como os marines deixaram a Nicardgua (3). Em geral, evitam-se os exemplos posteriores -ndomuitodistantesnotempo-da Guatemala, em 1954, de Cuba, a partir de 1959, das ame- agas a Nicardgua, depois de 1979, e das mais recentes invasdes de Granada e Panama. Poroutrolado, abibliografiasobreotema produzida pelos latino-americanos enfatiza stons imperialistas da politica norte-ameri- cana. Tal posigaio, quandoradicalizada, apre- senta os Estados Unidos como donos de um absoluto poder de decisio e os latino-ameri- canos como marionetes manipuladas, a dis- tancia, pelasmaos dos estrangeiros. Fugindo dosesteredtipos, Gerson Moura-estudando as relagdes entre Brasil e Estados Unidos -é ‘um dos poucos autores a propor uma abor- dagem rica e elaborada, que, sem perder 0 viés critico, ndo se permite cair em reducionismos simplificadores. Em seu tra- balho, indica como as relagées entre Brasile Estados Unidos - dois paises que ndo pos- suem 0 mesmo poder internacional - so intrincadas e complexas, oferecendo condi- es,em certos momentos hist6ricos, a0 pats maisdébil,denegociar, barganhar ealeangar algumas vantagens (4). ‘Edentro dessa perspectiva que este artigo pretende discutir algumas quest6es relativas ‘20s encontros e desencontros entre os pafses. docontinente durante o conflito mundial. Na primeirapartedeste texto, debateremosas va- riadas solugdes encontradas, no Ambito das relagdes internacionais, por alguns paises lati- no-americanos - Brasil, México, Boliviae Ar- gentina - no momento em que importantes interessesdeambasaspartesestavamemjogo. E crucial notar como a iminéncia da guerra e apresenca alemi foram garantia de que fos- semrespeitados osprincipiosdaboavizinhan- a”. Convém,a seguir, elucidar a adogdo eos supostos de tal politica. REVISTA USP Sho pauto (26) ‘A“boa vizinhanga” significou fundamen- talmente uma mudanga de posigdo dos Esta- dos Unidos com relagao aos direitos interna- cionais. Com ela, os norte-americanos esta- ‘vam abordando - por pouco tempo, vale insis- tir - a polftica de intervengées na América Latina, que sempre se apoiara na justificativa dequeseusinteressesestavamsendoameaca- dos. Para alguns, o movimento nesta outra diregdo aconteceu porque os Estados Unidos se sentiram bastante fortalecidos depois do final da Primeira Guerra Mundial, quando a Europa-a Gra-Bretanhaem particular -per- deu seu lugar preponderante na América Latina. Assim, os presidentes Harding e Coolidge optaram,emalgunscasos,pornego- ciar ao invés de intervir, como nos contlitos com Honduras, em 1923, e com México, em 1927. Hoover resistiu a mandar tropas para o Haiti e Panamé, em 1929 e 1931, respectiva- mente, chegandoadenunciarapoliticade uso a forga militar “para assegurar ou manter contratos entre cidadaos norte-americanos e Estados estrangeiros ou seus cidados” (5). ‘Mas foram Franklin D. Roosevelt seu subsecretério Sumner Welles que colocaram abandeira da “boa vizinhanga” como um dos pilares de sua politica externa. Tal politica baseava-se no respeito aos direitos de sobera- nianacionaldospaiseslatino-americanos,coisa queosEstadosUnidossempreadvogaramem teoria, mas que, na prética, violaram constan- temente, tomando claro que seus interesses estavam acima daqueles de qualquer outra nacdo docontinente. A assungio de tal princi pioaconteceu em 1936,na Conferéncia Inter- Americana de Buenos Aires quando os Esta- dos Unidos votaram incondicionalmente que nenhum pats tinha o direito de intervir nos negécios internos de outro e, mais ainda, que adefesa do hemisfério ocidental era uma res- ponsabilidade coletiva. Desde os tempos de John Quincy Adamse da formulagéodadou- trina Monroe em 1823, 0s Estados Unidos haviam se arrogado oprivilégiodecontrolara defesa do continente. Portanto, essa foi uma declaragio histérica (6). Esse novo posicionamento precisa ser entendido dentro do contexto politico inter- nacional. A depressioecon6 mica dos anos30, aascensao de Hitler na Alemanha, suas ambi- ‘ges expansionistas, ao lado daquelas de Mussolini na ltdlia, sinalizavam a possibilida- de de um conflito internacional de amplas proporgdes. Os analistas norte-americanos 52-61, JUNHO /AGOSTO 1995

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