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1.

Drogas ilícitas mais usadas


1.1 Maconha

A maconha (Cannabis sativa) é uma planta própria de climas quentes e


úmidos, originária da África, embora exista registro dela na índia, 7.000 AC. Um pé
de maconha possui folhas verdes serrilhadas e pequenas flores amarelas sem
perfume e pode atingir até cinco metros de altura.

Os primeiros relatos dessa erva no Brasil datam do século XVIII quando era
usada para a produção de fibras chamadas de cânhamos. Tais fibras eram obtidas
por meio de vários processos, incluindo desfolhamento, secagem, esmagamento e
agitação que separam as fibras da madeira. Essas fibras fortes e duráveis foram
usadas como velas de navios por séculos e até hoje são utilizadas em cordas,
cabos, esponjas, tecidos e fios. As sementes com muitas proteínas e carboidratos
são utilizadas na alimentação de pássaros domésticos, e em cereais e granolas. Do
óleo extraído das sementes fazem-se tintas, vernizes, sabões e óleo comestível.

A planta da maconha contém mais de 400 substâncias químicas, das quais


60 se classificam na categoria dos canabinoides, de acordo com o Instituto Nacional
de Saúde. O (Tetra‑ hidrocanabinol) (THC) é um desses canabinoides e é a
substância mais associada aos efeitos que a maconha produz no cérebro. A
concentração de THC na planta depende de alguns fatores, como solo, clima,
estação do ano, época da colheita, tempo decorrido entre a colheita e o uso,
condições de plantio, genética da planta, processamento após a colheita, etc., por
isso os efeitos podem variar bastante de uma planta para outra.

Marijuana, hashish, charas, ghanja, bhang, kef, orla e dagga são algumas
das maneiras que a cannabis pode ser consumida, mas a forma mais comum é
através do fumo.

1.1.1 Efeitos em curto e longo prazo e dependência

A maconha é um depressor da atividade cerebral. Os sintomas agradáveis


que ela produz (relaxamento, sonolência, desconexão mental, etc.) predominam
sobre os desagradáveis (alucinações, delírios persecutórios, medos avassaladores,
etc.). Os usuários da maconha sofrem uma distorção e acentuação geralmente
agradáveis do tempo, das cores, dos sons e do espaço. As capacidades motoras
ficam prejudicadas, tornando perigoso dirigir um automóvel ou operar máquina
pesada. Qualquer usuário, mas especialmente aqueles com uma latência
esquizofrênica, podem tornar-se confusos e desorientados, apresentar psicose
tóxica e perder a noção de quem são, de onde estão ou em que tempo estão.
Reações de pânico podem ocorrer ocasionalmente em consumidores novos. A
maconha bloqueia a memória de curto prazo e, em homens, diminui a produção de
espermatozoides, mas não afeta a libido. Em mulheres ela pode ocasionar ciclos
menstruais irregulares e, se gestarem, produzir fetos de menor tamanho que o
normal. Nas mulheres usuárias que estejam amamentando, o THC passa para a
criança e pode afetá-la da mesma maneira que a mãe é afetada. Depois de
consumir uma dose da maconha a pessoa apresenta, além disso, pouco equilíbrio e
força muscular, perda da coordenação motora, aumento dos batimentos cardíacos,
percepções distorcidas, ansiedade, olhos avermelhados, boca seca e dificuldade na
solução de problemas. Como a maconha é eliminada lentamente do organismo, as
reações de abstinência tendem a ser leves e muitas vezes nem chegam a ser
perceptíveis para o consumidor moderado, mas podem incluir aumento da atividade
muscular, espasmos e insônia. O hábito de fumar, por seu turno, torna os usuários
mais suscetíveis à asma, enfisema pulmonar, bronquite e câncer pulmonar.

Embora do ponto de vista científico não esteja claro que a maconha possa
provocar dependência química, não existe consenso popular da existência ou não
dessa dependência. Muitos defendem tratar-se de uma droga que não vicia e que a
dependência é meramente psicológica. Outros asseguram que vicia sim e, por isso,
deve ser mantida na ilegalidade. Há os que acreditam não ter cabimento prender um
adolescente por estar portando um cigarro de maconha o que no Brasil, assim como
em muitos outros países, é considerado crime.

Desse modo, certas correntes advogam que a maconha deve ser


descriminalizada, mas não legalizada, enquanto outras defendem sua legalização,
baseando-se no fato de que drogas como o álcool e a nicotina são utilizadas e
vendidas com total liberdade, apesar de ninguém ignorar que causam mal à saúde.
Para o psiquiatra Dartiu Xavier, coordenador do Programa de Atenção a
Dependentes Químicos da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) a
dependência de maconha não está tão relacionada às propriedades psicoativas da
erva e sua potencial capacidade de viciar, mas principalmente às características do
consumidor. Segundo Xavier, o típico candidato a dependente é um sujeito jovem,
quase sempre ansioso e eventualmente depressivo. “São pessoas que podem se
viciar tanto em maconha quanto em sexo, jogo ou internet.

1.1.2 Usos medicinais

Nos séculos passados, a maconha era usada, na China, como anestésico,


analgésico, antidepressivo, antibiótico e sedativo. A erva foi citada na primeira
farmacopéia (livro que reunia fórmulas e receitas de medicamentos) conhecida no
mundo, cerca de 2 mil anos atrás, recomendando o seu uso para prisão de ventre,
malária, reumatismo e dores menstruais. No século XIX, alguns povos começaram a
utilizá-la no tratamento da gonorreia e angina.

Atualmente, muitos acreditam que os efeitos negativos da maconha superam


os seus efeitos positivos, mas muitos efeitos nocivos da maconha permanecem
inconclusivos. Por essa razão, algumas pessoas pedem para que ela seja
legalizada a fim de ser utilizada como medicamento no tratamento de algumas
doenças, como câncer e AIDS (combate as náuseas e estimula o apetite), glaucoma
(alivia a pressão ocular), epilepsia (evita as convulsões) e esclerose múltipla
(diminui espasmos musculares).

Em alguns estados norte-americanos o uso medicinal da maconha já foi


legalizado.

1.2 Crack

O crack é um subproduto da pasta da cocaína, droga extraída por meio de


processos químicos, das folhas da coca (Erythroxylum coca), uma planta originária
da América do Sul.
O crack surgiu como opção para popularizar a cocaína, pelo seu baixo custo.
Para a produção do crack, uma mistura de cocaína em pó (ainda não purificada)
dissolvida em água e acrescida de bicarbonato de sódio (ou amônia) é aquecida. O
aquecimento separa a parte sólida da líquida. Após a parte sólida secar, é cortada
em forma de pedras. Por não passar pelo processo final de refinamento pelo qual
passa a cocaína, o crack, possui uma grande quantidade de resíduos das
substâncias utilizadas durante todo o processo. Prontas para o consumo, as pedras
podem ser fumadas com a utilização de cachimbos, geralmente improvisados. Ao
serem acesas, as pedras emitem um som, daí a origem do nome “crack”.

1.2.1 Efeitos em curto e longo prazo e dependência

Os efeitos do crack são basicamente os mesmos da cocaína: sensação de


poder, excitação, hiperatividade, insônia, intensa euforia e prazer. A falta de apetite
comum nos usuários de cocaína é intensificada nos usuários de crack. Um
dependente de crack pode perder entre 8 e 10 kg em um único mês.

Por ser inalado, os crack chega rapidamente ao cérebro, por isso seus efeitos
são sentidos quase imediatamente, entre 10 a 15 segundos, no entanto, tais efeitos
duram em média 5 minutos, o que leva o usuário a usar o crack muitas vezes em
curtos períodos de tempo, tornando-se dependente. Alguns dos sintomas físicos do
crack incluem pupilas dilatadas, insônia, aumento da frequência cardíaca,
hipertensão, apetite suprimido e perda de peso, fasciculações e espasmos dos
músculos. Os principais sintomas psicológicos e comportamentais do uso do crack
incluem agressão e mudanças voláteis de humor, sintomas psicóticos como
paranoia e alucinações, pensamentos obsessivos e persistentes sobre fumar crack,
incapacidade de parar (apesar do forte desejo) e tendência a colocar uma alta
prioridade na obtenção da droga. Além disso, o uso de crack afeta as finanças, os
relacionamentos e outros aspectos importantes na sua vida.

Por ter um efeito que dura muito pouco, em torno de 5 minutos, o Crack se
torna uma droga muito poderosa na capacidade de causar dependência, pois leva o
usuário a utilizar a droga repetidamente em um curto período de tempo. Após
tornar-se dependente, sem a droga o usuário entra em depressão e sente um
grande cansaço, além de sentir a “fissura”, que é a compulsão para usar a droga,
que no caso do crack é avassaladora. O uso contínuo de grandes quantidades de
crack leva o usuário a tornar-se extremamente agressivo, chegando a ficar
paranóico, daí a gíria “nóia”, como referência ao usuário de crack. Problemas
mentais sérios, problemas respiratórios, derrames e infartos são as consequências
mais comuns do uso do crack.

1.3 Cocaína

A Erythroxylon coca é uma planta encontrada na América Central e América


do Sul. Essas folhas são utilizadas, pelo povo andino, para mascar ou como
componente de chás, com a função de aliviar os sintomas decorrentes das grandes
altitudes. Entretanto, uma substância alcaloide que constitui cerca de 10% desta
parte da planta, chamada benzoilmetilecgonina, é capaz de provocar sérios
problemas de saúde e também sociais.

Na primeira fase da extração do alcaloide, as folhas são prensadas em ácido


sulfúrico, querosene ou gasolina, resultando em uma pasta denominada sulfato de
cocaína. Na segunda e última, utiliza-se ácido clorídrico, formando um pó branco.
Assim, neste segundo caso, ela pode ser aspirada, ou dissolvida em água e depois
injetada. Já a pasta é fumada em cachimbos, sendo chamada, neste caso, de crack.
Há também a merla, que é a cocaína em forma de base, cujos usuários fumam-na
pura ou juntamente com maconha.

1.3.1 Efeitos em curto e longo prazo e dependência

A cocaína causa uma euforia intensa e rápida, seguida imediatamente pelo


oposto, depressão intensa, pressão alta e fissura por mais droga. As pessoas que a
usam não comem nem dormem adequadamente. Elas podem experimentar
taquicardia, espasmos musculares e convulsões. A droga pode fazer com que as
pessoas se sintam paranoicas, furiosas, hostis e ansiosas, mesmo quando não
estão no barato. Independente do aumento da quantidade ou frequência do uso, a
cocaína aumenta o risco de o usuário ter um ataque cardíaco, derrame cerebral,
convulsões ou insuficiência respiratória, sendo que qualquer um destes pode
resultar em morte súbita.

O termo “demônio da droga” foi criado muitos anos atrás para descrever os
efeitos colaterais negativos do uso frequente da cocaína. Como a tolerância à droga
aumenta, é necessário usar cada vez mais para conseguir o mesmo “barato”. O uso
diário por longo tempo causa perda de sono e de apetite. Uma pessoa pode se
tornar psicótica e experimentar alucinações. Como a cocaína interfere na maneira
como o cérebro processa os elementos químicos, uma pessoa precisa de cada vez
mais da droga para se sentir “normal”. As pessoas que se tornam dependentes de
cocaína (assim como na maioria das outras drogas) perdem o interesse pelas outras
áreas da vida. Reduzir a quantidade da droga causa uma depressão tão severa que
a pessoa faz praticamente de tudo para conseguir a droga, até mesmo cometer
assassinato. E se não conseguir a cocaína, a depressão pode ficar tão intensa a
ponto de levar o dependente químico a se matar. As grávidas dependentes estão
mais sujeitas a sofrer aborto do que as não dependentes e o feto pode ser
prejudicado, porque a cocaína passa do organismo da mãe para o do filho.

https://drauziovarella.uol.com.br/entrevistas-2/maconha/
http://www.abc.med.br/p/536969/o+que+e+maconha+ela+pode+causar+dependencia+quais
+sao+seus+usos+terapeuticos+o+que+ela+pode+causar+no+organismo.htm
https://www.opas.org.br/crack-conheca-os-efeitos-e-dependencias/
https://www.opas.org.br/cocainapo-conheca-os-efeitos-e-dependencias/
http://www.abc.med.br/p/535724/dependencia+de+cocaina+causas+sintomas+diagnostico+t
ratamento+complicacoes.htm

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