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3.

Experiência Nº 3
1 Assunto

Correção do fator de potência.

2 Objetivo

Entendimento dos conceitos de potência ativa e reativa. Mostrar a importância de um fator


de potência alto nas instalações elétricas.

3 Fundamentos Teóricos

3.1 Definição de potência ativa, potência reativa, potência aparente e


fator de potência.

Considere o circuito da figura l em regime permanente. Neste caso:


v  t   VM sen t i  t   I M sen  t   
Como sabemos, a potência elétrica instantânea transmitida ao circuito é:
p  t   v  t   i  t   VM sen t  I M sen  t   
Usando trigonometria temos :
VM I M
p t    cos   cos 2t     (1)
2 2
Os termos VM 2 e I M 2 são reconhecidos como os valores eficazes (r.m.s.) da tensão
e corrente do circuito e serão tratados como V e I, respectivamente.

Figura 1 – Circuito Monofásico com excitação senoidal.


Arrumando a expressão (1) chegamos a:
p  t   V  I cos   V  I cos 2t   

p  t   V  I cos  1  cos 2t    V  I sen  sen  2t  (2)


3.2

Definimos potência ativa e potência reativa por:


P  V  I cos   (potência ativa) Q  V  I sen    (potência reativa)

Chama-se cos  de fator de potência, portanto, o cosseno do ângulo fase  (defasagem


entre tensão a corrente).
Em vista disso, a expressão (2) assume a forma:
p  t   P1  cos 2t    Q sen  2t  (3)

Figura 2 – (a) Potência instantânea, (b) decomposição da potência.

Esse resultado, posto graficamente na figura 2, nos ensina que:


i) A potência ativa P é exatamente o valor médio da potência instantânea e, portanto,
significa fisicamente a potência útil que está sendo consumida.
ii) A potência reativa Q é o valor máximo do 2º termo. Este termo tem valor médio zero e
portanto é incapaz de realizar trabalho líquido.
iii) O conhecimento de P, Q e  nos permite reconstruir a expressão da potência
instantânea (III), portanto é uma forma de revelar o conteúdo da potência instantânea.
iv) Durante certos períodos a potência instantânea torna-se negativa, indicando que,
durante esses intervalos, a energia é fornecida do circuito para a fonte.
v) A frequência da potência instantânea é "2", portanto, o dobro da frequência de
excitação.

Define-se potência aparente por: S  VI * . Sendo V e I os fasores que representam a


tensão v(t) e a corrente i(t), temos:
VI *  VI cos   jVI sen   P  jQ

Assim, define-se potência complexa por:


S  VI *  P  jQ
3.3

e portanto:
- a parte real de S é a potência ativa.
- a parte imaginária de S é a potência reativa.

Figura 3 – potência complexa.

P e Q têm dimensão de Watt porém, para enfatizar o fato de que a ú1tima está associada a
uma potência "não-ativa" ou "reativa" , ela é medida em volt-ampéres-reativos (var). A
potência aparente é medida em volt-ampéres (VA).

3.2 Interpretação física de potência ativa e potência reativa.

Considere o circuito RL da figura 4.

Figura 4 – Circuito RL

Para v t   2V sen t

2V   L  
Temos em regime: i t   sen t  tan 1  
R 2   L    R 
2

 L 
Onde o ângulo de fase   tan 1   (1º quadrante)
 R 
L R
sen   cos  
R   L  R   L 
2 2 2 2

V 2R V 2L
P  VI cos   Q  VI sen  
R 2   L  R 2   L 
2 2
3.4

Reconstituindo a potência instantânea através da expressão (3), vem:

V 2R V 2L
p t   1  cos 2 t      sen 2 t    
R 2   L  R 2   L 
2 2

Por outro lado, a potência dissipada no resistor é:


2V 2 R V 2R
Ri 2  sen 2
  t     1  cos 2 t    
R 2   L  R 2   L 
2 2

A energia armazenada no indutor vale:


1 2
l a Li
2
e a sua derivada em relação ao tempo:
dl di 2V 2L V 2L
 Li  2 sen  t    cos t     sen 2 t   
dt dt R   L  2 R 2   L 
2

Com isso identificamos o primeiro termo da expressão (3) como a perda na resistência e o
segundo termo como a derivada da energia armazenada no indutor.
Uma análise idêntica para circuitos capacitivos revela uma relação entre a potência reativa
e a energia do campo elétrico armazenada nos capacitores.
O aluno deverá considerar cuidadosamente essas observações posto que elas explicam a
natureza da potência reativa e ativa.

3.3 Correção do fator de potência

Do triângulo de potências da figura 3, reproduzindo na figura 5, notamos que o


fornecimento de uma mesma potência ativa implica em maiores valores de potência
aparente conforme a potência reativa for maior, ou seja, o fator de potência menor.
Uma vez que S=VI, para um mesmo valor de tensão, potências aparentes maiores
significam correntes maiores e, portanto, mais perdas por efeito Joule nas linhas de
transmissão, sobrecarga de geradores e transformadores. Em vista disso, concluímos que
não é interessante atender uma determinada carga ativa com baixos fatores de potência.
Visando otimizar o aproveitamento do sistema elétrico brasileiro, reduzindo o trânsito de
energia reativa nas linhas de transmissão, sub-transmissão e distribuição, a portaria do
DNAEE no 85 de 25 de março de 1992 determina que o fator de potência de referência
passe do antigo 0,85 (decreto lei 62724 de 17/05/1968) para 0,92. A concessionária taxa
cargas industriais com fator de potência abaixo de 0,92. Atualmente, a Resolução 456 da
ANEEL, de 29 de novembro de 2000, trata sobre a cobrança de tarifas por excesso de
potência reativa, tanto em energia como em demanda.
3.5

Figura 5 – Triângulo de potências.


Ilustraremos a seguir, através de um exemplo, a importância de controlar a potência reativa
solicitada por uma carga. Inicialmente lembramos (exercício 4.1) que para um circuito,
subdividido em várias partes como sugere a figura 6, vale a relação:

n
S   Si (4)
i 1

onde S é a potência completa total e S i a da parte "i" do circuito.

Figura 6 – Circuito genérico.

Exercício Resolvido:
Em uma instalação fabril temos uma carga de 1500 kW com fator de potência 0,8 indutivo.
Desejamos adicionar uma carga indutiva de 250 kW com fator de potência 0,85, sem
sobrecarregar o transformador da subestação que alimenta a fábrica.
Como proceder?
Solução:
A figura 7 ilustra a situação. O triângulo de potências da carga inicial é:

Figura 7 – Exemplo de correção de fator de potência


3.6

Portanto a carga total é de 1875 kVA. O triângulo de potências da carga adicional é:

Q= 155 kvar cos=0,85


P = 250 kW

Através da relação (4) conc1uimos que a carga total, sem correção, é:


P=1500+250=1750 kW Q=1122+155=1277 kvar
Se considerarmos que a capacidade da subestação é de 1870 kVA, como não queremos
sobrecarregar a subestação, a potência aparente total deve ser mantida em 1870 kVA.
Portanto, o fator de potência mínimo que devemos ter é:

cos3=1750/1870=0,936
Com esse fator de potência, o máximo de potência reativa é:
Q=1870∙sen(cos-10,936)=658 kvar
Entretanto, a potência reativa da carga é 1277 kvar, em vista disso precisamos adicionar
uma carga reativa corretiva de valor Q=658-1277=-619 kvar. Isso pode ser conseguido
com um banco de capacitores em paralelo com a carga. Outra forma de se obter uma carga
reativa negativa consiste em sobre-excitar motores síncronos ou compensadores síncronos
que existam nas instalações (isso você estudará na cadeira de máquinas).
Como vemos, foi possível aumentar a carga da fábrica sem precisar aumentar a capacidade
da subestação. Isso quer dizer que se na subestação existisse um transformador de
1870 kVA, não seria preciso trocá-lo ou instalar outro em paralelo.

4 Trabalho Preparatório

4.1 Demonstre a regra da soma de potência complexas (expressão 4) para o circuito série
da figura 8 (a) e para o circuito paralelo da figura 8 (b) .
3.7

Figura 8 – Circuitos em série (a) e paralelo (b).

4.2 Dado o circuito da figura 9 onde A é um amperímetro e indica 4,16 A; V um


voltímetro e indica 120 V; W um wattímetro e indica 400 W, calcule:
a) a potência aparente.
b) o valor de R e X L.
c) a potência reativa.
d) o fator de potência.

Figura 9

4.3 O consumidor do exercício anterior, para não ser taxado por baixo fator de potência,
deseja aumentá-lo para 0,92. Calcule:
a) o valor do capacitor que devemos colocar em paralelo com a carga
instalada. Suponha que a tensão da rede é mantida constante.
b) a corrente no ramal do capacitor.
3.8

5 Execução:
Monte o Circuito da figura 10.

Figura 10 – Circuitos a ser executado.


5.1 Com a chave 2 aberta:
a) Determine o fator de potência do motor em vazio.
b) Admita que o motor possa ser modelado por um circuito R e L série. Determine os
valores de R e L do seu modelo.
5.2 Com a chave 2 fechada, ou seja, com o banco de capacitores no circuito:
a) determine o novo fator de potência do circuito.
b) observe os instrumentos e compare com o caso anterior. O comportamento foi
segundo o esperado?
5.3 Desligue o banco de capacitores, faça um freio no eixo do motor e ponha o
wattímetro em 300 W, depois em 600 W. O que aconteceu com o fator de potência
em cada uma das situações? Tire conclusões.

Cuidados:
 Como a corrente de partida do motor é muito mais elevada que a corrente em
regime, proteja inicialmente os amperímetros e a bobina de corrente do
wattímetro com uma chave em paralelo.
 Lembre-se que os capacitores podem manter uma tensão mesmo com a chave
2 aberta.

6 Discussão

6.1 Responda as perguntas e dúvidas levantadas na execução.


6.2 Leia e apresente alguns comentários sobre a correção de fator de potência com
compensadores estáticos.
3.9

Bibliografia

[1] Elgerd - Introdução à Teoria de Sistemas de Energia Elétrica - Mc Graw Hill, 1978 -
Capítulo 2.
[2] Edminister -Circuitos Elétricos -Mc Graw Hill, 1971.

Material Utilizado por Bancada

1 Motor de 1/4 HP.


1 vo1tímetro 150 volts.
2 amperímetros 10 A.
1 wattímetro 3600 W, 5 A, 120 V.
1 chave bipolar com fusíveis. 1 chave bipo1ar sem fusíveis .
2 chaves simples.

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