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Usos do passado e estudos de linguagens políticas: novos

Título
olhares para memórias fundadoras em Recife e na Venezuela
Matheus Amilton Martins
Mestre em História pela Unicamp
Rua Vereador José Marinho Álvares, 45, Bela Vista, Vitória de
Santo Antão-PE
Professores (81) 9-9564-7330
matheus_amilton@hotmail.com
Rafael Arruda Silva
Mestrando em História pela UFRPE
Avenida Porto Seguro, 194, Cohab, Recife-PE
(81)9-8705-8892
ras_arruda@hotmail.com

EMENTA
Este minicurso tem o intuito de discutir os arranjos de memória, na medida em que
fundam passados legitimadores de projetos políticos, sociais e culturais. Para tanto,
buscamos a contribuição de dois aportes oriundos do giro linguístico: os estudos sobre
usos do passado e sobre linguagens políticas. Apesar de aparentemente antagônicos,
esses olhares sobre os atributos da recordação coletiva são complementares. Na medida
em que os usos do passado se comprometem com a compreensão dos modos com que
rememorações foram forjadas para embasar argumentos em contextos determinados; as
linguagens políticas estudam como passados são constantemente reinventados ao sabor
da comunicação social e dos debates públicos. Em ambas as perspectivas, o objetivo é
compreender como o compartilhamento da recordação esteve direcionado a produção
de consensos sociais e a disseminações de pretensões de futuro. Para tanto,
percorremos as análises de Meneses (1992, 2007), Nora (1993), Hartog (2015) e Pinto
(2016, 2017), bem como as aplicações e as fronteiras do contextualismo de Pocock
(2003, 2011) e de Palti (2007, 2004), levantando suas principais contribuições para o
debate.

DESENVOLVIMENTO
No primeiro dia de curso será feita a historicização dos estudos dos usos do passado,
situando-os no contexto historiográfico do giro linguístico. Em sequência, proporemos
um exame do conceito, explorando seus valores para pensar as noções de
temporalidade percebidas dentro dos distintos regimes de historicidade, assim como
ver sua utilidade para inquerir a construção de narrativas, forjando identidades a partir
da mobilização de memórias. Enquanto desfecho para o primeiro dia, utilizaremos do
arcabouço teórico supracitado para debater a monumentalização pública recifense das
duas primeiras décadas do século XX. Esse exercício preza por demonstrar o modo
através do qual, no fazer historiográfico, se entrelaçam relações entre usos do passado,
memória, identidade.

Nosso segundo dia de curso se voltará para as discussões vinculadas as linguagens


políticas. Nesse intuito abordaremos os aportes dessa ferramenta para a historiografia
latino-americana, apontando como ela possibilita escapar de alguns dos impasses com
os quais a história das ideias enredou-se na produção acadêmica regional. Em seguida
nos ateremos as relações entre linguagens, enunciados, reinvindicações e reinvenções
de memórias em suas funções de comunicação social. Por fim, traremos um segundo
estudo de caso: uma inquirição das festas bolivarianas do século XIX. Nesse terreno
exploraremos a compreensão de como rituais políticos moldaram, a partir da linguagem
e das memórias bolivarianas, campos de debates públicos harmônicos para uma
sociedade venezuelana oitocentista.

OBJETIVO
O objetivo desse trabalho é problematizar as atribuições de valores fundacionais a
memória, tencionando-as a partir das leituras dos usos do passado e das linguagens
políticas. De modo que se pretende examinar os alcances de ambas as interpretações na
análise de identidades coletivas, projetos políticos e debates públicos, que se utilizaram
de reconstruções e interpretações do passado como elementos que garantiam
legitimidade em seus contextos.

PROGRAMA
1º Dia Introdução aos estudos sobre usos do passado
 Ferramentas para explorar os regimes de historicidade
 Usos do passado na construção de narrativas históricas
 Um estudo de caso: Monumentalização pública, memória e
identidade.
2º Dia Linguagens políticas, aproximações e limites
 Os problemas da história das ideias na historiografia latino-
americana e as possibilidades de um olhar pragmático-contextual.
 Linguagem política: memória, comunicação social e debate
público
 Um estudo de caso: as festas, uma linguagem política do
bolivarianismo

BIBLIOGRAFIA
Livros, HARTOG, François. Regimes de historicidade: presentismo e
dissertações experiências do tempo. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2015.
e teses LE GOFF, Jacques. História e memória. Campinas, SP: Ed. UNICAMP,
2003.
NORA, Pierre. Entre memória e história: a problemática dos lugares.
Projeto História. São Paulo: PUC-SP. N° 10, 1993.
PALTI, Elias José. El tiempo de la política: El siglo XIX
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libros, 2014.
PINTO, Renato. Duas Rainhas, um Príncipe e um Eunuco: gênero,
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POCOCK, John. Linguagens do ideário político. São Paulo: Editora da
Universidade de São Paulo, 2003.
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SILVA, Glaydson José da. História Antiga e usos do passado: um
estudo de apropriações a Antiguidade sob o regime de Vichy (1940-
1945). São Paulo: Annablume, 2007
VARELLA, Flávia; MOLLO, Helena Miranda; PEREIRA, Mateus
Henrique de Faria; MATA, Sérgio da (orgs.). Tempo presente e usos do
passado. Rio de Janeiro: FGV, 2012
Artigos AGUILAR RIVERA, José Antonio. El tiempo de la teoría: la fuga hacia
los lenguajes políticos. A Contracorriente, v. 6, n. 1, 2008, pp. 179-188.
MENESES, Ulpiano Bezerra de. A história, cativa da memória para um
mapeamento da memória no campo das Ciências Sociais. Revista do
Instituto de Estudos Brasileiros, São Paulo, n.34, pp. 09-23, 1992.
______. Visões, Visualizações e Usos do Passado. Anais do Museu
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PESAVENTO, Sandra Jatahy. Muito Além do Espaço Por Uma História
Cultural do Urbano. Estudos Históricos, v.8, n. 16, 1995, pp. 279-290.
PESAVENTO, Sandra Jatahy. Cidade, Espaço e Tempo: reflexões sobre
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14, n. 9, 2004, pp. 1595-1604.
PINTO, Renato, ARRUDA, Rafael. Usos do Passado e estatuário nas
reformas urbanas em Recife no início do século XX. CADERNOS DO
LEPAARQ (UFPEL), v. 14, 2017, pp. 53-70.

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