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Direito do Trabalho p/ XXIII Exame da OAB

Aula 13

Este árbitro é previamente escolhido pelas partes para solucionar eventuais


conflitos que possam surgir. Como há um terceiro chamado a solucionar a lide, diz-
se que a arbitragem é um método heterocompositivo de solução de conflitos (pois
há alguém externo à relação jurídica conflituosa). Notem que a decisão deste
árbitro será imposta às partes.
No âmbito trabalhista, o entendimento majoritário é no sentido de que a
arbitragem apenas é aplicável ao âmbito coletivo, sendo incompatível com as
relações individuais de emprego. Tal conclusão decorre, principalmente, do texto
constitucional:
CF, art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
(..)
§ 1º Frustrada a negociação coletiva, as partes poderão eleger árbitros.
§ 2º Recusando-se qualquer das partes à negociação coletiva ou à
arbitragem, é facultado às mesmas, de comum acordo, ajuizar dissídio
coletivo de natureza econômica, podendo a Justiça do Trabalho decidir o
conflito, respeitadas as disposições mínimas legais de proteção ao trabalho,
bem como as convencionadas anteriormente. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)

O debate ganhou mais forças nos últimos tempos, com a publicação da Lei
13.129, de 26 de maio de 2015, que alterou a lei da arbitragem (Lei 9.307 1996).

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A mediação, por sua vez, é uma forma autocompositiva de solução dos
conflitos. É, em regra, um processo informal em que um mediador ouve as partes
e faz propostas a elas, com vistas a por fim ao processo. Assim, as partes poderão
ou não acatar suas propostas e, caso as acatem, terá havido uma transação para
por fim à lide.

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3. Poder Normativo da Justiça do Trabalho


Segundo Amauri Mascaro Nascimento1, o poder normativo consiste na
“competência constitucional dos tribunais do trabalho para proferir decisões
nos processos de dissídios econômicos, criando condições de trabalho com
força obrigatória”.

Tal poder normativo sofreu uma grande redução com a EC 45/2004, que
operacionalizou a chamada “Reforma do Poder Judiciário”. A antiga disposição era
a seguinte:
CF, art. 114, § 2º Recusando se qualquer das partes à negociação ou à
arbitragem, é facultado aos respectivos sindicatos ajuizar dissídio coletivo,
podendo a Justiça do Trabalho estabelecer normas e condições ,
respeitadas as disposições convencionais e legais mínimas de proteção ao
trabalho .

Ocorre que, após a reforma do Poder Judiciário com a EC 45/2004, tal


competência da justiça trabalhista foi sobremodo reduzida, já que se restringiu a
atuação da justiça trabalhista neste aspecto2. Vejamos como ficou a atual redação
do texto constitucional:
CF, art. 114, § 2º - Recusando-se qualquer das partes à negociação coletiva
ou à arbitragem, é facultado às mesmas, de comum acordo, ajuizar
dissídio coletivo de natureza econômica, podendo a Justiça do Trabalho
decidir o conflito, respeitadas as disposições mínimas legais de proteção ao
trabalho, bem como as convencionadas anteriormente. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004).

Há quem defenda que a EC 45 teria extinguido o poder normativo da Justiça


Trabalhista (JT), de forma que o tema é controverso.
Para fins de prova, é importante ressaltar que, no âmbito dos dissídios
coletivos, caso as partes não chegue a um consenso, e sendo de comum acordo,
elas poderão ajuizar ações perante a JT, a qual será chamada a decidir o conflito
coletivo (CF, art. 114, § 2º). Neste caso, a JT acabará exercendo uma função
normativa, ao estabelecer normas e condições de trabalho, que deverão ser

1 Amauri Mascaro Nascimento, Curso de Direito Processual do Trabalho , 21ª ed., São Paulo:
Saraiva, 2002, p. 633-634.
2 Mauro Schiavi, Manual de Processo do Trabalho , 2ª ed., São Paulo: LTR, 2009, p. 163.

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seguidas pelas partes e pelos empregados, respeitadas as disposições mínimas


legais de proteção ao trabalho.

4. Direitos e interesses difusos, coletivos e individuais


homogêneos
Antes de adentrar nas implicações trabalhistas deste tema, vale a pena
delinear o entendimento quanto ao significado de cada uma dessas classes de
direitos.
A Constituição Federal fez referência aos direitos difusos e coletivos (inciso
III do art. 129), mas não os definiu. Tal definição foi feita alguns anos depois no
Código de Defesa do Consumidor (CDC - Lei 8.078/90).
Nesta esteira, além de explicitar o sentido de cada um desses dois, acabou
por trazer uma nova espécie: a dos direitos individuais homogêneos.
CDC, art. 81, I – interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para
efeitos deste Código, os transindividuais, de natureza indivisível, de que
sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato;
II – interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste
Código, os transindividuais de natureza indivisível de que seja titular grupo,
categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por
uma relação jurídica base;
III – interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os
decorrentes de origem comum."

Em relação à defesa desses direitos na seara trabalhista, destaca-se a


atuação dos sindicatos (e associações) e do Ministério Público do Trabalho (MPT).
Os sindicatos (e associações), com fundamento no texto constitucional, têm
legitimidade para defender direitos e interesses coletivos ou individuais da
categoria:
CF, art. 8º, III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos
ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou
administrativas;

Ainda segundo o texto constitucional, o Ministério Público detém competência


para, entre outros, defender direitos e interesses difusos e coletivos:

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CF, art. 129, III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a
proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros
interesses difusos e coletivos;

Na lei do MP, há disposição semelhante especificamente a respeito do


Ministério Público do Trabalho - MPT (LC 75/1993, art. 83, III).
Em juízo, destaca-se a atuação do MPT na defesa dos interesses difusos e
coletivos, por meio da ação civil pública (ACP). Nos últimos anos, tal defesa tem
ocorrido, em especial, nos segmentos de combate ao trabalho em situação
degradante, ao trabalho infantil, às cooperativas fraudulentas, às contratações de
Administração Pública sem concurso público.
Como fiscal da lei (custos legis), o MPT atua, entre outras formas, por meio
de manifestação, em qualquer fase do processo trabalhista, acolhendo solicitação
do juiz ou por sua iniciativa, quando entender existente interesse público que
justifique a intervenção (LC 75/1993, art. 83, II).
No âmbito extrajudicial, o MPT atua, em especial, por meio da Inquérito Civil
Público (ICP) e do Termo de Ajuste de Conduta (TAC).
Sobre o tema, vale ressaltar a impossibilidade de ação civil pública (ACP)
versando sobre FGTS (verba trabalhista):
Lei 7.347/1985, art. 1º, Parágrafo único. Não será cabível ação civil
pública para veicular pretensões que envolvam tributos, contribuições
previdenciárias, o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS ou outros
fundos de natureza institucional cujos beneficiários podem ser
individualmente determinados.

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5. Conclusão

Bom pessoal, chegamos ao final de nosso curso :-)

Esperamos ter organizado as aulas de forma didática, para facilitar o


aprendizado. Buscamos ser mais profundos nos temas com mais chances de serem
cobrados, considerando, principalmente, o histórico de questões do Exame da FGV.
E, por outro lado, tentamos ser mais superficiais nos temas com menos chances.
Gostaríamos de fazer um pedido a todos que utilizaram este material em sua
preparação: caso tenham alguma sugestão de melhoria, críticas e observações, por
favor, entrem em contato conosco, para que possamos fazer as adaptações
porventura necessárias.
Nos esforçamos para apresentar o conteúdo da maneira simples e objetiva,
dispondo as informações essenciais à preparação com a maior clareza possível,
sem alongar com conteúdos “desnecessários”.
Entretanto, sempre há algo a melhorar, então contamos com a participação
de vocês para que nós possamos aprimorar este material.
Quanto aos que adquiriram honestamente este material, agradeço pela
compreensão, pois a elaboração, atualização e revisão destas aulas têm me
custado algumas centenas de horas de trabalho (de noite, aos sábados, domingos,
de férias etc).
Grande abraço e boa sorte a todos; estou torcendo por vocês!

Prof. Antonio Daud Jr


www.facebook.com/adaudjr

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6. Referências do curso
CARVALHO, Augusto César Leite de; ARRUDA, Kátia Magalhães; DELGADO,
Mauricio Godinho. A Súmula Nº 277 e a Defesa da Constituição. Disponível em <
http://aplicacao.tst.jus.br/dspace/bitstream/handle/1939/28036/2012_sumula_2
77_aclc_kma_mgd.pdf?sequence=1>
CARRION, Valentim. Comentários à Consolidação das Leis do Trabalho. 37 ed.
Atualizada por Eduardo Carrion. São Paulo: Saraiva, 2012.
DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 9 ed. São Paulo: LTr,
2010.
___________________. Curso de Direito do Trabalho. 11 ed. São Paulo: LTr,
2012.
FILHO, José Cláudio Monteiro de Brito. Trabalho Decente: análise jurídica da
exploração do trabalho: trabalho escravo e outras formas de trabalho indigno. 3
ed. São Paulo: LTr, 2003
MARTINS, Sérgio Pinto. Comentários às Orientações Jurisprudenciais das SBDI 1 e
2 do TST. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2012.
___________________. Comentários às Súmulas do TST. 11 ed. São Paulo: Atlas,
2012.
___________________. Direito do Trabalho. 27 ed. São Paulo: Atlas, 2011.
NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Iniciação ao Direito do Trabalho. 37 ed. São Paulo:
LTr, 2012.
___________________. Compêndio de Direito Sindical. 7. ed. São Paulo: LTr,
2012.
PAULO, Vicente, Marcelo Alexandrino. Manual de Direito do Trabalho. 13 ed. Rio de
Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2009.
RESENDE, Ricardo. Direito do Trabalho Esquematizado. 2 ed. Rio de Janeiro:
Método, 2012.
Trabalho escravo contemporâneo: o desafio de superar a negação. Andrea Saint
Pastous Nocchi, Gabriel Napoleão Velloso, Marcos Neves Fava, coordenadores. 2
ed. São Paulo: LTr, 2011.

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