BOAVENTURA, Edivaldo. Como ordenar as idéias. 5. Ed. São Paulo: Editora Ática, 1997.
59 p
Edivaldo Boaventura doutorou-se em Direito e obteve a docência livre em Economia
Política (1964) pela Universidade Federal da Bahia e cursou o Institut International de Planification de l’éducation - UNESCO (1971/1972), em Paris. É mestre em Educação (1980) e PhD. (1981) pela The Pennsylvania State University. Diplomou-se pelo curso de Altos Estudos de Política e Estratégia, ESG (1989). Seu livro “Como ordenar as idéias” tem como principal objetivo ensinar a ordenar o pensamento na hora da escrita, para se ter coesão, coerência, clareza, objetividade e entre outros aspectos que são necessários em um bom texto. Boaventura afirma que a arte de bem comunicar está na clareza que advém de idéias bem ordenadas. Escrever com clareza não é um dom inerente a bons escritores, mas o resultado de um grande esforço. Ao ser claro, o autor permite um maior acesso do leitor às suas idéias. O sucesso em atingir tal clareza depende de um planejamento. Sem planejamento há o risco de se perder e não se aprofundar em nenhum aspecto, levando a um trabalho superficial de mera exposição de idéias. Este momento corresponde à etapa em que as idéias deverão ser ordenadas, com critério e método, para operarem como um ponto de partida no qual se indica tudo que se quer dizer ou se pretende atingir. O autor utiliza a metáfora do arquiteto, que elabora a planta antes da construção de uma casa, assim como o empresário que planeja uma empreitada antes de sua execução. Interpretando essas analogias, infere-se que ao se escrever um texto, corre-se o risco de perder o rumo do que está sendo escrito se antes não se planeja adequadamente o modo como as idéias serão expostas. Boaventura então ressalta a importância de uma introdução bem construída e interessante, de modo que conquiste o leitor para que este leia o texto em sua integralidade. Por isso deve-se conhecer bem o assunto abordado. É necessário também ter uma noção de que há idéias principais e portanto mais importantes, e outras secundárias, em que o autor não deve se aprofundar. É na introdução que primeiramente se expõe a tese abordada. A apresentação das idéias deve ser fragmentada, de preferência, uma idéia por parágrafo. Ou seja, o desenvolvimento deve ser feito por partes. Assim, as dificuldades serão enfrentadas por etapa. O autor sugere também partir do mais simples ao mais complexo, para facilitar a compreensão do leitor.É preciso que as idéias principais sejam bem definidas. O autor defende a correlação entre a divisão e a importância da obra a ser realizada. A divisão em duas partes é o número ideal para provas, teses, ensaios de cunho universitário e artigos, enquanto a divisão em três ou mais partes é reservada para grandes obras, tratados, etc. No desenvolvimento, o autor defende ainda ser imprescendível o equilíbrio, estabelecendo as ligações entre as partes do todo. As partes do texto se apresentam como elementos que devem estar bem coesos. Finalmente, Boaventura aborda o tema da conclusão, que funciona como o ponto de chegada, assim como a introdução é o ponto de partida. Nela estará presente a síntese da essência do conjunto, um desfecho de todo assunto abordado. Para Boaventura, concluir significa responder em síntese conclusiva e marcante, atingindo o tema central, com o máximo de precisão e ênfase. No entanto, concluir não é somente terminar, mas expandir a idéia central. O autor ainda destaca que a conclusão deve funcionar como um resumo breve, objetivo e, principalmente, convincente. A conclusão funciona como uma espécie de retorno ao início do texto; significa, em outras palavras, “dizer o que já foi dito”. É a síntese da essência do conjunto, assegura o autor do livro. Apesar de ser uma obra cuja leitura torna-se muito cansativa, devido a exposição exagerada de detalhes irrelevantes, “Como ordenar as ideias” atinge seu objetivo, pois traz uma série de passos que auxiliam na elaboração de textos que, com êxito, conseguem transmitir as idéias almejadas.