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Guerra nos Bálcãs

A Wehrmacht ocupa a Iugoslávia e a Grécia

Ocupação da Iugoslávia e Grécia pelos alemães


Conquista de Creta

No começo de março de 1941, Mussolini foi para a Albânia, com o fim de presenciar a ofensiva preparada
pelo General Cavallero contra os exércitos gregos. O Duce desejava obter, mediante este ataque, uma vitória
decisiva sobre os gregos, antes que os exércitos alemães interviessem no conflito. Sua esperança, no entanto,
foi novamente frustrada. Desde o dia 9 até 25 de março, as tropas italianas realizaram repetidos e
encarniçados ataques contra as posições gregas, mas não conseguiram quebrar sua indomável resistência.

Os alemães, enquanto isso, completaram a concentração de suas forças nos Balcãs. Fazendo um esforço
supremo, o general Halder, chefe do Estado-Maior do exército, conseguiu colocar, em poucos dias, em torno
da Iugoslávia e da Grécia forças suficientes para empreender a invasão.

O XII exército de von List mobilizou parte de seus efetivos da fronteira búlgaro-iugoslava, para lançar-se ao
sul, num ataque contra Belgrado. Esta concentração comandada pelo general von Kleist era integrada por
quatro divisões blindadas, ou Panzer. A capital iugoslava seria cercada, por sua vez, ao norte e ao oeste, pelas
unidades do II Exército do general Weichs, que estavam na Áustria e na Hungria. Interviriam também, na
invasão, o II Exército italiano, comandado pelo general Ambrosio, cujas tropas avançariam do norte, com a
finalidade de ocupar toda a costa iugoslava, e o II Exército húngaro, que colaboraria no ataque contra
Belgrado.

Um parte do exército de List - integrada por nove divisões, das quais quatro eram blindadas - recebeu a
missão de cumprir o plano original de invadir a Grécia pelo norte. Num rápido avanço, aquela força romperia
em direção ao sul, através de passagens na montanha da fronteira búlgara. Um corpo do exército, comandado
pelo general Boehme, atacaria frontalmente as forças inglesas e gregas localizadas sobre a costa oriental da
Grécia; outro capitaneado pelo general von Stumme, se deslocaria numa marcha do flanco para o centro,
através do território iugoslavo, penetrando de surpresa na Grécia, pela passagem de Monastir e efetuaria a
ruptura decisiva no centro das linhas aliadas. Desta forma, estariam estabelecidas as condições para o
envolvimento pela retaguarda das 15 divisões gregas, que se achavam combatendo na Albânia, contra os
italianos.

Começa a invasão

O ataque alemão começou na manhã de 6 de abril, com inesperado e intenso bombardeio aéreo contra a
indefesa cidade de Belgrado. Durante três dias e três noites os aviões da Luftwaffe, seguindo as instruções de
Hitler, atacaram em sucessivas investidas a capital iugoslava, reduzindo-a a um monturo de escombros e
matando 17.000 pessoas.

Os tanques de von Kleist irromperam no sul da Iugoslávia e, esmagando as forças iugoslavas que achavam
em seu caminho, abriram passagem para Belgrado com rapidez.

No norte, as forças de von Weichs esmagaram a resistência das unidades da fronteira e penetraram, no dia 11
de abril, na cidade de Zagreb. Apertados entre duas colunas blindadas, de von Kleist e von Weichs, as
unidades iugoslavas se desagregaram e empreenderam a retirada pela costa do Adriático. Em 13 de abril,
caiu Belgrado e, quatro dias depois, capitularam os últimos remanescentes do exército iugoslavo. O general
Simovic, chefe do governo, e o rei Pedro, conseguiram fugir para a Grécia, no último momento, abordo de
aviões ingleses.

Simultaneamente com o ataque à Iugoslávia, os alemães realizaram a invasão da Grécia. As colunas dos
generais Boehme e von Stumme abandonaram, na manhã de 6 de abril, suas posições de assalto na fronteira
búlgara e marcharam ao encontro do inimigo.
Boehme lançou duas divisões de caçadores de montanha no ataque frontal contra as fortificações da Linha
Metaxas, e envolveu esta posição pelo oeste com suas divisões blindadas. No dia 9 de abril, os tanques
alemães entraram no porto de Salônica e, no dia seguinte, as tropas gregas que defendiam a Linha Metaxas
depuseram suas armas.

Enquanto isto, as tropas do general Stumme se deslocavam através do território iugoslavo e, no dia 10,
desembarcaram na Grécia, pela passagem Monastir. Ali houve um choque com os tanques da brigada
blindada inglesa e as forças da infantaria australiana. Durante dois dias, os tanques e os australianos
resistiram aos violentos ataques alemães. Finalmente, o general Wilson, comandante-em-chefe britânico,
resolveu ordenar a retirada geral das suas tropas. Atacado de frente pelas forças alemães que vinham de
Salônica e ameaçado pelo flanco esquerdo pelas unidades de von Stumme, corria o risco de que uma
inesperada penetração das forças blindadas lhe cortasse a retirada ao sul.

Até esse momento, o mau tempo havia impedido a ação da Luftwaffe. No dia 15, porém, as condições
metereológicas se apresentaram favoráveis e os aviões do VII Corpo Aéreo do general Richtofen lançaram-se
em massa ao ataque. Em sucessivas investidas, os Stukas bombardearam e metralharam as colunas de
soldados e veículos britânicos que se retiravam pelas estreitas estradas para o sul. Com o caminho
desimpedido, as unidades de von Stumme completaram sua penetração e, voltando-se velozmente para o
oeste, envolveram pela retaguarda os exércitos gregos da Albânia que, tardiamente, haviam começado a sua
retirada para território grego. Em 21 de abril, estas forças, que somavam 180.000 homens, capitularam. A
vitória alemã ficou assim praticamente assegurada.

Por insistência do general Papagos, comandante-em-chefe das forças gregas, o general Wilson decidiu
empreender sem demora a evacuação do corpo expedicionário inglês. Sustentando violentos combates com
as forças do general Boehme, que marchavam em sua perseguição, as tropas inglesas convergiram para os
portos e praias da Grécia. Ali os aguardavam os barcos da frota do almirante Cunningham e numerosos
transportes gregos. Entre os dias 24 e 29 de abril, a Marinha inglesa conseguiu resgatar, debaixo do
bombardeio incessante da Luftwaffe, mais de 40.000 soldados e os conduziu, em sua maior parte para a ilha
de Creta, onde também procuraram refúgio o rei Jorge II, da Grécia e o general Papagos.

No dia 27 de abril, os tanques da vanguarda de Boehme entraram em Atenas e detiveram sua marcha ao pé
da Acrópole. A Grécia caiu, assim, nas mãos dos nazistas. Em menos de 20 dias de “guerra-relâmpago”, a
Wehrmacht havia conseguido colocar debaixo do seu domínio a totalidade dos Balcãs.

Operação Mercúrio

No dia 28 de abril de 1941, o general Student, chefe da XII Fliegerkorps (Corpo Aéreo), unidade da
Luftwaffe na qual estavam agrupadas todas as forças de pára-quedistas, entrevistou-se com Hitler e propôs-
lhe completar a campanha dos Balcãs levando a cabo a conquista de Creta com forças aerotransportadas. O
Fuhrer considerou, em princípio, irrealizável e temerário tal projeto, mas foi finalmente convencido pelos
argumentos apresentados por Student e deu sua aprovação ao ataque.

Imediatamente, foram transportados dentro do maior segredo, da Alemanha para a Grécia, os soldados da 7 a
Divisão de Pára-Quedistas e realizou-se a concentração no setor de Atenas de uma força de 700 trimotores
Junkers de transporte. A 22 a Divisão Aerotransportada, que devia intervir na invasão, foi retida na Romênia
devido a dificuldades de seu deslocamento em território grego. Para substituí-la, foi cedido a Student a 5 a
divisão de caçadores de montanha que, sob o comando do general Ringel, havia tido destacada atuação na
campanha balcânica.

O VIII Fliegerkorps, comandado pelo general Richtofen recebeu a missão de apoiar com seus aviões de
combate a invasão. Esta força devia desempenhar um papel vital na operação, pois, desde a vitória obtida
pelos ingleses sobre a esquadra italiana na batalha do Cabo Matapã, todo mar Egeu se encontrava sob o
controle da marinha inglesa. Os bombardeiros de Richtofen, por isto, teriam que impedir que a guarnição de
Creta fosse auxiliada por mar, e, ao mesmo tempo, deveriam proteger as flotilhas alemães que conduziriam
os barcos gregos capturados, tropas de reforço, tanques, canhões e armas pesadas.

Em Creta, os ingleses contavam com cerca de 30.000 soldados comandados pelo general Freyberg. Este
chefe havia distribuído suas tropas em quatro agrupamentos, colocando-as nos quatro pontos principais da
ilha, situados todos sobre a costa setentrional: os aeródromos de Maleme, Rethymon e Cândia, como o porto
de Canéia.

Prevenidos do iminente ataque alemão, pelos agentes secretos que atuavam na Grécia, os ingleses aceleraram
a construção de fortes posições defensivas em torno dos aeródromos e se mantiveram em constante alerta, a
partir do dia 17 de maio. No último momento foram enviados do Egito 12 tanques.

O plano alemão, matizado com o nome chave de Mercúrio, consistia em ocupar os aeroportos da costa
setentrional, usando três grupos de assalto: o grupo oeste, comandado pelo general Meindl, se encarregaria
de conquistar Maleme; o grupo central, sob a chefia do general Sussmann, seria lançado em duas investidas;
a primeira se apoderaria do porto de Canéia e a segunda do aeroporto de Rethymon; sendo este último grupo
comandado pelo general Ringel, e teria a seu cargo a captura de Cândia. A esta força de assalto se seguiriam
as tropas de montanha da 5a divisão, que seriam desembarcadas pelos Junkers, uma vez que os pára-
quedistas houvessem capturado os aeroportos.

Decidiu-se, além disso, enviar por mar parte da 6 a divisão montanhesa, junto com tanques e artilharia, para
reforçar as tropas de ataque. Essas unidades e o material seriam conduzidas em três flotilhas integradas por
70 embarcações gregas, escoltadas por dois destróieres e 12 lanchas torpedeiras italianas.

O ataque

Às 5:30 horas, do dia 20 de maio de 1941, os Stukas de Richtofen, escoltados por velozes caças
Messerschmitt, realizaram um violento bombardeio aos aeroportos de Maleme e Cândia e ao porto de
Canéia, concentrando seu fogo sobre as baterias antiaéreas e as obras defensivas Pouco antes das 7,
aproximaram-se voando a baixa altura 400 Junkers, transportando a primeira investida de pára-quedistas.
Várias esquadrilhas de Stukas os ultrapassaram, acelerando a fundo seus motores e, durante alguns minutos,
realizaram um último e demolidor bombardeio sobre Maleme e Canéia.

Em poucos segundos o céu se cobriu das brancas corolas se milhares de pára-quedas. Em terra, os ingleses
não titubearam. Entrincheirados em seus redutos cavados no solo rochoso e habilmente camuflados, abriram
fogo com suas metralhadoras e fuzis. Os pára-quedistas, surpreendidos em meio à descida pela feroz
descarga, sofreram terríveis perdas. O chefe do grupo oeste, general Meindl, caiu gravemente ferido. Por sua
vez, o general Sussmann acidentou-se na descida e foi baixar numa ilhota próxima da costa. As duas forças
de assalto privadas de seus chefes e dizimadas pelo fogo inglês, procuraram refúgio entre as rochas.

Em Rethymon e Cândia os alemães também encontraram encarniçada resistência. Numerosos Junkers foram
derrubados e companhias inteiras de pára-quedistas caíram atingidas pelas metralhadoras inglesas. Ao cair da
noite, os aeroportos permaneciam ainda em mãos dos ingleses. Em Maleme, porém, os alemães conseguiram
finalmente apoderar-se das pistas. Era o que o general Student esperava. Ao receber a notícia, em seu posto
de comando, em Atenas, ordenou dirigir todas as suas forças para aquela base.

Na madrugada de 21 de maio, vários Junkers aterrissaram numa praia próxima a Maleme e abasteceram-se
de armas, munição e pára-quedistas. Horas depois, novos Junkers carregados de caçadores montanheses
desafiaram o fogo antiaéreo britânico e pousaram temerariamente sobre as pistas. A crise, assim, ficou
superada. Ao alvorecer, Maleme ficou firmemente em mãos dos alemães.

A ocupação da ilha

No dia 22 de maio, a batalha entrou em sua fase culminante. Na noite anterior, três cruzadores e quatro
destróieres ingleses haviam conseguido interceptar, ao oeste de Creta, uma das flotilhas que conduziam
reforços para as tropas alemães que combatiam na ilha. Uma lancha torpedeira italiana enfrentou
valentemente as naves atacantes e conseguiu cobrir a retirada da maior parte das embarcações carregadas de
tropas, mas não pôde impedir que os cruzadores ingleses afundassem 10 transportes.

A Luftwaffe, então, se lançou ao ataque e, desde manhã até a noite, bombardeou encarniçadamente os barcos
ingleses, conseguindo afundar os cruzadores Gloucester e Fiji e o destróier Greyhound. O encouraçado
Warspite sofreu graves avarias. No dia seguinte, os Stukas renovam seus ataques e afundam, ao sul da ilha,
os destróieres Kashmir e Kelly. Apesar das terríveis perdas, a frota inglesa continua operando em águas de
Creta e impede aos alemães reforçar por mar os pára-quedistas.
Em terra, a luta se apresenta favorável aos atacantes. Na noite de 22 de maio, o general Ringel assume o
comando das forças concentradas no aeroporto de Maleme e ordena que se inicie o avanço para o oeste, em
direção ao porto de Canéia. Deslocando-se através dos agrestes contrafortes montanhosos e planícies da
costa, os caçadores e pára-quedistas estabeleceram contato com o grupo central, em 23 de maio. Em Canéia,
o general inglês Freyberg se apressou a resistir ao ataque e concentrou suas forças em torno da cidade. Os
alemães, reforçados por novos contingentes desembarcados pelos Junkers, lançaram-se ao ataque e, quatro
dias de pois, conseguiram quebrar a resistência inglesa.

Freyberg compreendeu, então, que o fim havia chegado e ordenou aos seus soldados que empreendessem a
retirada para a costa meridional da ilha. Lá, desde 28 de maio até 1 o de junho, a Marinha inglesa realizou um
último e desesperado esforço e conseguiu resgatar mais de 15.000 soldados.

Ao norte, as tropas de Ringel completaram a ocupação da ilha logo depois de estabelecer contato com os
extenuados grupos de pára-quedistas entrincheirados em torno de Rethymon e Cândia. A batalha chega,
assim, ao seu fim.

Os alemães conseguiram a vitória, mas pagando um preço muito elevado. Mais de 6.000 pára-quedistas e
caçadores caíram sob o fogo inglês, e os restos calcinados de 151 trimotores Junkers espalhavam-se sobre o
solo de Creta.

Resultado da batalha

A ocupação da ilha de Creta deus aos alemães uma base de extraordinário valor estratégico no Mediterrâneo.
Dali, as forças alemães estavam em condições de atacar as rotas de navegação inglesas e as bases aéreas e
navais no Egito. Da mesma forma, Creta podia servir de trampolim para o envio de tropas ao Oriente Médio,
região que se achava praticamente desguarnecida. No entanto, Hitler não soube aproveitar a extraordinária
vantagem que a posse da ilha lhe oferecia. As sangrentas perdas sofridas pelos pára-quedistas na campanha
haviam causado ao ditador uma profunda impressão. Foi assim que, em julho de 1941, dirigindo-se ao
General Student, disse: “Creta serviu para demonstrar que os dias das forças pára-quedistas já pertencem ao
passado... A arma pára-quedista não é mais um instrumento de surpresa...”. O ditador tinha, em realidade
razões de sobra para supor tal coisa. Efetivamente, as unidades aerotransportadas alemães haviam suportado
terríveis perdas durante a campanha. Os alemães, ao planejar o ataque, tinham subestimado o poderio da
guarnição aliada, cujas forças eram três vezes maiores que os cálculos previstos. Além disso, os ingleses
tinham conseguido ocultar com uma hábil camuflagem a intrincada rede de redutos e trincheiras construídas
nas montanhas e em torno das bases onde desceram os pára-quedistas.

Esta vitória conseguida a tão alto preço, já não iria repetir-se. Os pára-quedistas, a partir desse momento não
voltariam a ser empregadas em operações similares. Atuarão, no entanto, como simples tropas de infantaria,
sacrificando suas verdadeiras possibilidades. Por outro lado, os Aliados souberam tirar proveito da lição.
Compreenderam perfeitamente o grande valor das unidades aerotransportadas e começaram a organizar
poderosas forças desse tipo.

A batalha de Creta demonstrou também que o domínio do mar depende muito da prévia conquista da
supremacia aérea. Os ingleses, forçados pelas críticas circunstancias, não vacilaram, apesar de não contarem
com suficientes efetivos aéreos, em empenhar seus navios de guerra na defesa da ilha. Conseguiram evitar o
desembarque dos alemães por via marítima e evacuar cerca de 15.000 soldados. Tiveram, no entanto, que
pagar por isso um alto preço.

Os aparelhos da Luftwaffe, operando sem oposição, afundaram três cruzadores e seis destróieres e avariaram
seriamente os encouraçados Barham, Warspite, Valiant, o porta-aviões Formidable e outros nove cruzadores
e destróieres. Ao terminar a luta, a frota inglesa no Mediterrâneo Oriental, comandada pelo Almirante
Cunningham, ficara reduzida a dois encouraçados, três cruzadores e 17 destróieres.

Anexo
As grutas de Creta
28 de maio
Duas brigadas neozelandesas retiraram-se para o sul de Creta. O mar já está à vista e a salvação parece próxima. Mas a
aviação alemã vigia e é necessário tomar precauções. Torna-se impossível evacuar simultaneamente as duas brigadas. E,
mais que impossível, é verdadeiramente suicídio mantê-las ali, à vista de qualquer avião inimigo. Mas, sem demora,
surge a solução. Nas ladeiras próximas à costa existe grande quantidade de grutas. São maravilhosos refúgios que não
se pode ignorar. Uma multidão de soldados corre para elas. Entram e descobrem que são amplas, cômodas e,
principalmente, impossíveis de se avistar do alto. Por entre o matagal que dissimula as entradas, podem-se ver alguns
homens ocultos. Os outros estão em segurança nas profundezas da colina. Mais tarde, ao cair da noite, os homens se
põem em movimento. Uma um se arrastam até a praia próxima e embarcam, silenciosamente. Lanchas torpedeiras e
destróieres os recolhem e os levam. Com as primeiras luzes da alvorada, os barcos desapareceram. E também os
homens que não puderam ser recolhidos. As grutas voltam a abrigá-los. Durante três noites se repete o episódio. As
lanchas torpedeiras chegam, uma atrás da outra, silenciosamente e fazem os sinais convencionados. Por fim, as duas
brigadas conseguem evacuar a ilha. Somente alguns grupos isolados de soldados não puderam evitar a destruição. São
os que não acreditaram na proteção das grutas e preferiram afastar-se da costa.

Aviões contra tanques


Creta
Os caminhos, flanqueados pelos postes telefônicos, oferecem um aspecto macabro. Pendentes dos cabos telefônicos, os
corpos de muitos pára-quedistas balançam ao vento. Outros pendem das árvores, pendurados pelas cordas de seus pára-
quedas. Três tanques ingleses andam pela estrada em direção ao seu objetivo. Vão ladeados pelas forças de infantaria,
dispostas a defender os veículos do ataque que os alemães possam lançar contra eles, pela retaguarda. São cinco horas
da manhã e as primeiras luzes começam a iluminar tudo. Aos e aproximar da zona dominada pelos alemães, os
blindados começam a descarregar suas armas à direita e à esquerda. De repente, inesperadamente, um canhão antitanque
responde ao fogo dos ingleses. Diante da eficácia do fogo inimigo, os tanques giram e evitam o combate. Mas as coisas
não terminaram. A luz da manhã leva a aviação alemã a retomar suas atividades. Os Stukas precipitam-se sobre os
tanques e descarregam suas bombas. Os carros realizando manobras desesperadas, tentam evitar os impactos. Mas a
coisa aumenta. Os Messerschmitt precipitam-se do alto, varrendo tudo com suas metralhadoras. Por fim diante da
impossibilidade de enfrentar o ataque dos aviões, os blindados saem da estrada e se enterram num alto milharal que os
oculta da vista do inimigo. Manobrando habilmente, conseguem evitar a perseguição. Os Messerschmitt, finalmente,
afastam-se em vôo rasante. Pouco depois, quando o perigo passou, os tanques saem de seus esconderijos e voltam para
o caminho. O estratagema, velho como a guerra, deu resultado. Como os guerreiros primitivos, os blindados recorreram
à mais antiga artimanha: esconder-se entre a vegetação.

Pára-Quedistas
20 de maio de 1941
Um grupo de oficiais ingleses se prepara para a primeira refeição. Uma precária mesa foi posta debaixo de uma oliveira.
O céu, de um azul brilhante, é esplêndido. Nada faz prever o episódio que se avizinha. São 7 horas, quando um ruído
surdo coloca-os sob tensão. Os olhos voltam-se para o alto. Os homens se juntam e ficam silenciosos. De repente, eles
os vêm, muito alto. São dezenas de aviões inimigos. Uma fração de segundo mais tarde, um novo som vem se somar ao
ruído dos motores. É a inquietante rajada de metralhadoras. Os homens, como se obedecessem a uma ordem lançam-se
ao solo. Depois, lentamente, eles se reúnem, um a um, e se precipitam das árvores para as valas debaixo das rochas. - Lá
estão eles - ouve-se ao longe. Olham para o alto e um espetáculo extraordinário os emudece. Centenas de pára-quedistas
se balançam nas alturas. Pára-quedas de diversas cores descem sobre a terra. Homens, equipe, abastecimento, munição.
Tudo chove do céu. É a primeira invasão de pára-quedas que se produz na História. - Tripulações aos tanques! A ordem
mobiliza todos. Os homens correm para os seus veículos blindados. Os motores os acionam. As lagartas começam a
girar. Logo estão a caminho. Momentos depois, os canhões e metralhadoras iniciam o combate com os primeiros grupos
de pára-quedistas que aparecem no caminho. O bosque, até há pouco silencioso, enche-se de ruídos, gritos e explosões.
A invasão começou.

Ataque dos blindados


Daí 10 de maio de 1941. Alexandria.
O navio inglês Dalesman dirige-se a toda força para Creta. Leva o esquadrão C do Regimento 3 de Hussardos. O
Mediterrâneo brilha sob o sol quando, ao longe, recortando-se sobre a linha do horizonte, surge a silhueta de um
destróier italiano. O Dalesman força suas máquinas, tentando escapar ao ataque que se aproxima. Mas, o barco italiano
é rápido e logo tem o navio ao seu alcance. Todos os que o Dalesman transporta compreendem que suas vidas estão em
jogo. Mais que isto, é a segurança de Creta que periga. Porém, devem permanecer impotentes diante do ataque. Os
torpedos cruzam as águas em carreira veloz. A tripulação do barco, operando prodígios de perícia náutica, evita um a
um dos projetis. Tudo parecia superado quando alguns pontos negros apareceram nas alturas. São Stukas. Logo as
máquinas alemães se precipitam das nuvens, com um rugido ensurdecedor. As bombas se desprendem de suas
fuselagens e caem, descrevendo uma parábola. Enquanto isto, o Dalesman se aproxima da costa de Creta. Entra numa
baia e deve, forçosamente, ancorar, para permitir o desembarque dos homens e dos tanques que conduz. Não pode mais
evitar o assédio. Pouco depois, sacudido pelas explosões, afunda e fica com a coberta à superfície da água. Tudo parecia
perdido. Mas não é assim. Os homens dos tanques não levaram seus carros até ali, para vê-los afundar a um passo da
ação. E, com a ajuda de um barco auxiliar, tiram, uma a um, 12 dos tanques do navio semi-submerso. Só quatro dos
veículos se perdem, pois eram impossível salvá-los. Foi um triunfo de uma pequena embarcação sobre as formidáveis
máquinas de guerra. Foi o triunfo da coragem e tenacidade sobre um adversário que lutava sem dar trégua...
Ataque dos Stukas
Creta
O tenente Farram, do Regimento 3 de Hussardos, após embarcar numa lancha torpedeira, afastou-se da costa, para
realizar uma breve excursão pelos arredores. Sulcavam as águas próximas da costa, quando inesperadamente, vários
bombardeiros alemães, em formação apareceram sobre eles. O timoneiro, sem perder a calma, começou a descrever
ziguezagues, tentando aproximar-se da costa. As bombas, sem trégua, caem aos lados da pequena embarcação. O frágil
casco, sacudindo-se violentamente, parece a ponto de se romper. Um dos oficiais da tripulação, apoderando-se das
metralhadoras antiaéreas, tenta cobrir a embarcação com uma cortina de fogo. Outro oficial, correndo para a cabina de
comando, afasta o timoneiro ferido e se encarrega do rumo da nave. O tenente Ferram, arrastando-se por sobre os
torpedos que se acumulavam na coberta, aproximou-se do timoneiro ferido e começou a vendar-lhe os ferimentos.
Lentamente, entretanto, a lancha havia conseguido aproximar-se da costa. Os Stukas, sem abandonar sua presa,
continuavam metralhando. Mas, já era tarde. O navio, deslizando pelo recorte da costa, conseguira escapar ao combate.
Minutos depois, enquanto observava os Stukas que se afastavam, a tripulação desembarcou e afastou-se do local.
Levavam consigo um único ferido, salvo de uma morte certa. E ali ficava, ao abrigo da costa, a minúscula embarcação
de guerra. Episódios anônimos de conteúdo dramático e comovente se sucederam durante o período de luta em Creta.
Episódios pequenos, muito pequenos por vezes, mas significativos de coragem, solidariedade e sentido humano.
Episódios, além disso, nos quais se empenharam homens das suas facções.

Forças frente a frente


Aliadas
Comandante-em-chefe: Bernard Freyberg
Guarnição de Creta: 2 brigadas de infantaria neozelandesa; 1 australiana; 2 batalhões de infantaria britânica; 2
australianos; 11 gregos; 9 tanques pesados, 16 leves; 16 canhões antiaéreos pesados e 36 canhões antiaéreos Bofors.
Alemães
Comandante-em-chefe: General Student
Forças de ataque a Creta:
XI Corpo de Aviação (Flieger Korps): 10 grupos de aviões de transporte Junkers 52; 40 planadores; 7 a divisão de pára-
quedistas; 5a divisão de montanha; 6a de montanha (reserva); Unidades de apoio (engenheiros pára-quedistas, batalhão
de metralhadoras pesadas, artilharia antitanque, antiaérea leve); VIII Flieger Korps (General Richtofen): 8 grupos de
bombardeio (Dorniers 17 e Junkers 88); 3 grupos de Stukas e 3 grupos de caças (Me 109 e 110)

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