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Aos Nossos Amores é um filme que revela o interesse de Maurice Pialat pelas tensões,

desequilíbrios e sobre seu modo de tratar disso explorando presenças. A sua mais maravilhosa
descoberta nesse sentido foi Sandrine Bonnaire nesse filme que nos gera um tipo de hipnose, um
acompanhar de seus momentos de amor, dos seus gestos de amor, que para Pialat, são também
gestos violentos, repentinos, bruscos, tapas, pontapés, o choro que isso gera. É preciso
confessar aqui a dificuldade para falar desse filme, escolhi uma noite de chuva em que não posso
ligar nem internet nem nada que me distraia em que eu so possa pensar em Suzanne.

Aos Nossos amores poderia ser resumido como um filme sobre uma garota que gosta de namorar,
de sair, de pular de uma cama para outra porque é nesses poucos momentos que ela se sente
feliz. E é isso mesmo. Por isso mesmo é maravilhoso, pelo que Pialar constrói a partir dessa
premissa e pelo trabalho primoroso feito das presenças e dos gestos nesse filme. Os gestos de
Suzanne que só se sente feliz em momentos de amor; os gestos, os tapas, os pontapés de um
irmão que mantem uma relação ambígua com Suzanne e vê na violência um jeito de assumir o
lugar paterno em casa; O choro da mãe que sofre pelas brigas dos dois filhos; O choro da mãe
pelo homem que lhe abandonou e pelo que sua casa se torna com essa ruptura; O gesto de amor
do pai pela filha, o sorriso de despedida; Os movimentos de Suzanne e a satisfação pelo flerte,
pela conquista, pelo contato, pelo amor mesmo . Essa são só algumas tentativas de falar da
potência dessas relações filmadas por Maurice Pialat em “Aos Nossos Amores”.
Esse filme revela o interesse de Maurice Pialat pelas tensões, desequilíbrios e sobre seu modo
de tratar disso explorando presenças.

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