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NOVAS SOCIABILIDADES
os usos do facebook por jovens de Forquilha – CE
NATAL - RN
2016
ANTONIA ZENEIDE RODRIGUES
REDES SOCIAIS E
NOVAS SOCIABILIDADES
os usos do facebook por jovens de Forquilha – CE
1ª EDIÇÃO
NATAL - RN
2016
Conselho Editorial – Série Humanidades I
João Bosco Araújo da Costa (Prof. Dr. da Universidade Federal do Rio Grande do Norte) - Presidente
Alexsandro Galeno Araújo Dantas (Prof. Dr. da Universidade Federal do Rio Grande do Norte)
Daniel Menezes (Prof. Dr. da Universidade Federal do Rio Grande do Norte)
Francisco Alencar Mota (Prof. Dr. da Universidade Estadual Vale do Acaraú)
Jacimara Villar Forbeloni (Prof.ª Dr.ª da Universidade Federal Rural do Semi-Árido)
Jessé de Souza (Prof. Dr. da Universidade Federal Fluminense)
Joana Aparecida Coutinho (Prof.ª Dr.ª da Universidade Federal do Maranhão)
Joana Tereza Vaz de Moura (Prof.ª Dr.ª da Universidade Federal do Rio Grande do Norte)
João Emanuel Evangelista (Prof. Dr. da Universidade Federal do Rio Grande do Norte)
José Antonio Spineli Lindozo (Prof. Dr. da Universidade Federal do Rio Grande do Norte)
Maria Conceição Almeida (Prof.ª Dr.ª da Universidade Federal do Rio Grande do Norte)
Maria Ivonete Soares Coelho (Prof.ª Dr.ª da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte)
Norma Missae Takeuti (Prof.ª Dr.ª da Universidade Federal do Rio Grande do Norte)
Vanderlan Francisco da Silva (Prof. Dr. da Universidade Federal de Campina Grande)
1ª edição
1ª impressão (2016): XXX exemplares
ISBN 978-85-69247-25-8
CDU 004.738.5
R696r
11 APRESENTAÇÃO
15 CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
33 CAPÍTULO 2
SURGIMENTO E
DESENVOLVIMENTO DA INTERNET
E DAS REDES SOCIAIS
95 CAPÍTULO 4
OS “USOS” DO FACEBOOK:
APROFUNDANDO OS
RESULTADOS DA PESQUISA
137 CAPÍTULO 5
CONCLUSÃO
145 REFERÊNCIAS
APRESENTAÇÃO
É
com muita satisfação que apresento o traba-
lho da autora Antonia Zeneide Rodrigues
sobre tema tão apaixonante e atual e que
passou a fazer parte de todos nós – as redes sociais,
e, de um modo mais especial, o Facebook.
No trabalho, a autora se debruça mais especifica-
mente sobre os usos que um determinado segmento
social – a juventude escolar – faz do Facebook,
como forma de socialização, discutindo em que
sentido é possível nos referirmos ao que vem sendo
denominado de “relações sociais virtuais” como
uma novidade teórico-conceitual, em função do
desenvolvimento tecnológico e comunicacional,
doravante denominado de TIC (Tecnologias de
Informação e Comunicação).
E assim, ao proceder, a autora não descura de
precisar as categorias com as quais trabalha em sua
análise, tais como sociabilidade/socialidade, ciber-
cultura, comunidades virtuais, redes sociais, dentre
outras, sob uma perspectiva sociológica, fundada
em autores tais como Michel Maffesoli, GeOrg
Simmel, Raquel Recuero, Zygmunt Bauman,
Manuel Castells, utilizando-se de uma linguagem
clara, autoexplicativa, acessível ao leitor de qualquer
área acadêmica, sem negligenciar o rigor científico
desta ciência.
Ao focar as redes sociais, e, dentre estas,
o Facebook, mais especificamente como utilizado
por alunos de uma escola pública no interior do
Ceará, a autora se preocupa em precisar quem são
esses alunos, como vivem sua realidade social e
escolar a fim de significar os usos que fazem das
redes sociais, de modo que seu trabalho serve igual-
mente a quem se interessa em compreender o tema
juventude, e isso com bastante atualidade, trazendo
as contribuições teóricas de Machado Pais, Pierre
Bourdieu, dentre outros.
Da mesma forma, em sendo o trabalho resultado
de uma pesquisa na área de Ciências Sociais, a autora
não economiza páginas explicitando a metodolo-
gia empregada, que utilizou de uma combinação
de aplicação de questionários com entrevistas e
grupo focal, servindo igualmente a quem se inte-
ressar em compreender como trabalhar com tais
recursos metodológicos.
Entre os que são demasiadamente ufanistas com
relação às potencialidades das redes sociais enquanto
inauguradoras de novas e descontínuas relações
sociais, e, por outro lado, os que se mantêm críticos
REDES SOCIAIS E NOVAS SOCIABILIDADES
APRESENTAÇÃO
13
Capítulo 1
INTRODUÇÃO
O
presente trabalho teve o intuito de
pesquisar o que vem sendo denominado
de “novas sociabilidades”, expressão
associada ao advento da internet, e, com ela, as
redes sociais, em particular. A expressão encontra-se
entre aspas, pois pretende-se analisar de que forma
podemos nos referir a essas formas de interação, por
meio das redes sociais, como realmente novas ou
não, e qual a influência na vida dos jovens e em suas
sociabilidades. São questões de onde partimos para
averiguar a partir de um segmento da população
selecionada – a juventude, sua utilização das redes
sociais em termos de desenvolvimento de uma
“nova” sociabilidade a fim de compreendermos
como ela mesma significa tal utilização, tendo como
ferramenta específica o Facebook em função de sua
massificação atual. Em outras palavras, pergunta-
-se em que sentido tem-se alterado as formas das
relações interpessoais entre os jovens a partir das
redes sociais, e a possibilidade de falarmos em
“novas sociabilidades”.
Dessa forma, focaremos o Facebook, que é,
atualmente, a rede social com o maior número
de adeptos, em sua grande maioria formada por
jovens que passam boa parte de suas vidas on-line,
possibilitando uma movimentação de informações
e construções de laços sociais, fazendo parte de todo
um sistema em rede que este novo website trouxe,
com suas diferentes possibilidades de interação,
com modificações na forma como os jovens se
socializam. Segundo Palfrey e Gasser (2011, p. 13),
1.1 Os sujeitos e os
procedimentos metodológicos
26
espaços de trocas e reflexões voltadas
à formação de opiniões individuais e
coletivas (BARREIRA, 1999, p. 20).
30
Capítulo 2
SURGIMENTO E
DESENVOLVIMENTO DA INTERNET
E DAS REDES SOCIAIS
A
internet, conforme vários autores têm
acentuado, trata-se de uma das maiores
revoluções tecnológicas da humanidade,
consistindo-se em uma grande rede de relações em
que aos poucos, como veremos, deixa de se limitar
aos interesses meramente científicos e governamen-
tais até invadir as residências dos usuários, sendo
utilizada para todos os tipos de transações –
comerciais, profissionais, educacionais, afetivas
etc. Tudo isso como consequência do desenvolvi-
mento tecnológico nas últimas décadas, cuja traje-
tória merece, como faremos no presente trabalho, ser
explicitada a fim de que possamos, ao final, perceber
e compreender sua utilização em meio aos jovens,
em particular, como forma de relações sociais.
As origens da internet, bem como os motivos que
levaram ao seu surgimento, remontam ao contexto
da Guerra Fria, conflito que colocava, ao longo de
boa parte do século XX, os Estados Unidos em uma
luta constante contra a antiga União Soviética pela
supremacia tecnológica, militar, política e econô-
mica. Segundo Castells, a Guerra Fria favoreceu o
investimento governamental em ciência e tecnologia
de ponta, particularmente “depois que o desafio do
programa espacial soviético tornou-se uma ameaça
à segurança nacional dos EUA” (CASTELLS, 2003,
p. 22). Destaque-se, nesse contexto, como marco
originário, o lançamento do primeiro Sputnik2, em
1957, pelos soviéticos.
Em 1958, o Departamento de Defesa dos EUA
criou a Agência de Projetos de Pesquisa Avançada de
Defesa (Advanced Research Projects Agency – ARPA).
Com uma mobilização voltada para as pesquisas,
é criada em 1969 uma rede de computadores no
Escritório de Tecnologia de Processamento de
Informações (Information Processing Techniques
Office – IPTO), que seria um dos departamentos da
ARPA, onde foi desenvolvido um pequeno programa
de computadores – o “Arpanet”, embrião do que
mais tarde viria a ser a internet. Inicialmente, os
cientistas não tinham de fato uma linha de pesquisa
clara. Segundo Castells,
37
Outro ponto importante foi quando Berners-Lee
criou, em 1990, o programa Enquire, contando com
o apoio da internet que já tinha sido “inventada”.
Este software ampliou as formas de comunicação
entre os computadores, e trouxe melhoramentos na
forma de se fazer pesquisa; é o que conhecemos hoje
como “WWW” – utilizando um mesmo “código”
era possível estar conectado com o mundo e ficar
atualizado com as informações disponibilizadas na
rede mundial de computadores.
45
Vivemos num período histórico
caracterizado como a «era da infor-
mação», onde nos deparamos com a
possibilidade de interação com novos
aparatos tecnológicos, que estabele-
cem novas formas de comunicação
entre as pessoas e das pessoas com
coisas. Estamos vivenciando uma
revolução, que tem como elemento
central a tecnologia da informação e
da comunicação. Por consequência,
estamos presenciando uma profunda
alteração nas relações sociais, polí-
ticas e econômicas, impulsionadas
por uma expansão permanente de
hardware, software, aplicações de co-
municações que prometem melhorar
os resultados na economia, provocar
REDES SOCIAIS E NOVAS SOCIABILIDADES
Em outro momento,
O mito da desterritorialização é o
mito dos que imaginam que o homem
pode viver sem território, que a socie-
dade pode existir sem territorialidade,
como se o movimento de destruição
de territórios não fosse sempre, de
algum modo, sua reconstrução em
novas bases.
50
Segundo o autor, a utilização do termo “desterri-
torialização” seria uma forma simplista de descrever o
plano virtual, levando-se em consideração, do ponto
de vista geográfico, que território não seria apenas um
“substrato material”, pois pode ser associado também
a conexões que são constantemente reterritorializadas.
59
[...] eles abriram o serviço para
os estudantes da Universidade de
Columbia, em 25 de fevereiro; os de
Stanford aderiram no dia seguinte,
e os de Yale, no dia 29 do mesmo
mês. Columbia começou devagar,
mas foi em Stanford que se compro-
vou o grande apelo do The facebook
(KIRKPATRICK, 2011, p. 35).
69
Existe uma ambiguidade entre o social e o
individual, uma discussão sociológica que não é
recente, e o próprio ser humano se indaga a todo
o momento sobre como se portar em determinadas
situações. Preocupar-se ou não com o “fim social” é
um dos questionamentos. Principalmente quando
nessas análises estão em jogo os interesses pessoais,
ao mesmo tempo, existe a necessidade de estar em
grupo, de socializar, compartilhar vivências. Nas re-
lações estão presentes a socialidade conflitiva, que,
segundo o autor, pode mudar e ganhar sentidos
opostos, em um momento existir sentimentos de
extrema reciprocidade e em outros não, o oposto
sempre é possível.
D
epois da exposição conceitual e teórica,
de fundamental importância para este
trabalho, será feita uma apresentação do
campo e dos sujeitos da pesquisa, trazendo ainda uma
discussão sobre outras categorias presentes no trabalho
e ao presente capítulo, mais especificamente, tais como
juventude, sociabilidades juvenis, dentre outras.
Inicialmente, serão demonstrados os motivos
e critérios de escolha dos referidos sujeitos, bem
como da escola, as motivações e circunstâncias
pessoais inerentes ao pesquisador que resultaram na
presente escolha. Em seguida, de forma breve, serão
apresentados dados referêntes à história da cidade de
Forquilha, onde se situa a escola e residem os sujei-
tos, destacando-se sua trajetória, suas transformações
ao longo do tempo até os dias atuais. Só então
apresentaremos os sujeitos da pesquisa – jovens
estudantes de uma escola do Ensino Médio, ten-
tando imprimir, mesmo de forma embrionária, uma
abordagem sociológica da categoria “juventude” e
das sociabilidades juvenis, fazendo uma ligação entre
as informações dos alunos levantadas por meio de
um questionário socioeconômico que foi aplicado.
77
3.2 A cidade e a escola5
83
Os jovens alunos possuem uma idade média de
16,5 anos7, um dado biológico importante, mas que
não é determinante para enquadrá-los no conceito
de juventude, pois devem ser levados em conside-
ração outros fatores sociais, culturais, econômicos e
políticos. Ainda segundo Bourdieu (1983, p. 153),
93
Capítulo 4
OS “USOS” DO FACEBOOK:
APROFUNDANDO OS RESULTADOS
DA PESQUISA
N
esse capítulo, apresentaremos os resul-
tados da pesquisa realizada com jovens
estudantes da Escola de Ensino Médio
Elza Goersch, no período que se estende de 2013
a 2014. Para que se chegasse aos resultados, foram
realizados diversos procedimentos metodológicos,
os quais foram citados anteriormente, com o intuito
de fazer um levantamento sobre o tema, e para que
pudessem ser feitos apontamentos acerca dos cami-
nhos a seguir. Conforme explicitado, optou-se pela
aplicação de questionários, entrevistas individuais,
bem como a realização de grupo focal, tudo isso
de maneira complementar, e conjugados, trazendo
como finalidade aprofundar questões sobre o
tema pesquisado.
Nesse capítulo, também discutiremos, de forma
mais sistemática, tais resultados, em consonância
com a missão do Facebook.
97
Gráfico 1 – Porcentagem de alunos da E. E.
M. Elza Goersch que possuem Facebook
Fonte: Pesquisa direta (Set. 2013).
98
Gráfico 2 – Grau de prioridade dos alunos da Escola de
Ensino Médio Elza Goersch ao acessar a internet
Fonte: Pesquisa Direta (Set. 2013).
Semanalmente;
26%
Mensalmente; 6%
Diariamente; 68%
Outros 1; 7%
Postar fotos; 7%
Conversar com
amigos/parentes Saber da vida dos
distantes; 59% amigos; 7%
Sim; 76%
Outros ; 1% Nenhum; 7%
A maioria; 27%
Poucos; 33%
A metade; 32%
106
é raro que a comunicação por meio de
computadores substitua pura e simples-
mente os encontros físicos: na maior
parte do tempo é um complemento
adicional (LÉVY, 1999, p. 128).
Não se conhece
facilmente novas
pessoas no É uma boa opção
Facebook; 8% para se conhecer
pessoas; 39%
O problema da privacidade é
exacerbado em relação aos jovens
pelo fato de estarmos no início da era
digital. O tempo não está do lado dos
REDES SOCIAIS E NOVAS SOCIABILIDADES
121
Facebook é um meio de comunicação
social que teve uma difusão muito
grande, e assim, com o tempo, se per-
deu a privacidade, as pessoas mesmo
se privaram de serem reservadas, elas
começaram a se expor, eu acho que
deu pra perder aí (sic).
E o autor continua:
128
eu uso o Facebook pra me comunicar
com meus amigos, falar onde eu tô,
com quem eu tô, de certa forma pra
expor minha vida e pra saber da dos
outros também! (sic).
Se sentindo feliz J
Se sentindo triste L
135
Capítulo 5
CONSIDERAÇÕES FINAIS
L
evando em consideração tudo o que foi
exposto nessas páginas, diante de todo o
trabalho que foi desenvolvido, ao longo
de mais de um ano de planejamentos, leituras
e pesquisas, bem como de altos e baixos que me
exigiram determinação e força de vontade, chegamos
ao fim – não no que se refere a um esgotamento
do tema, mas de conclusão da presente pesquisa,
tendo-se em conta o que fora possível até o momen-
to desenvolver. É um ciclo que se conclui, trazendo
resultados que julgamos válidos como uma nova
maneira de enxergar a problemática das redes sociais
a partir de um recorte específico: jovens estudantes
de uma escola pública do interior do Ceará. Ao lon-
go dele, podemos observar que as redes sociais têm
fundamental influência na sociabilidade dos jovens
estudantes da Escola de Ensino Médio Elza Goersch,
que as utilizam para compartilhar suas vivências,
conversar com amigos, parentes distantes, ou até
mesmo para se comunicar com um amigo que está
ao lado, na sala de aula. São finalidades infinitas.
Os jovens têm em suas mãos não só um, mas
vários sites de rede social, sendo o Facebook só
mais um deles, mas o que escolhemos no presente
trabalho e que serviu para observarmos os “usos” que
aqueles jovens fazem dele, como eles se apropriaram
dessa ferramenta e as utilizam usufruindo de todos
os seus mecanismos de interação e conversação.
Em uma rede social, mais precisamente no
plano virtual, regras são incorporadas, possuem uma
dinâmica diversificada, desenvolvem trocas, implican-
do na reciprocidade que depreendemos do Facebook.
139
Além disso, é possível criar várias identidades em
um perfil do Facebook, por isso se falou que em uma
rede social pode-se viver uma “segunda vida”.
142
REFERÊNCIAS
146
FACEBOOK. Help. Disponível em: <https://
www.facebook.com/help/110920455663362>.
Acesso em: 6 jul. 2014.
148
PAIS, José Machado. A transição dos jovens para
a vida adulta. In: ______. Culturas Juvenis.
2. ed. Lisboa: Imprensa Nacional – Casa da
Moeda, 2003.
150
Título Redes sociais e
novas sociabilidades:
os usos do Facebook por
jovens de Forquilha – CE
Autor Antonia Zeneide Rodrigues
ISBN 978-85-69247-25-8
Série Humanidades I
Editora Caravela Selo Cultural
Coordenação editorial José Correia Torres Neto
Revisão de texto e Kaline Sampaio de Araújo
tipográfica
Normalização Verônica Pinheiro da Silva
bibliográfica
Capa, Projeto gráfico e Alice Câmara da Rosa
editoração eletrônica
Formato 12 cm x 21 cm
Número de páginas 146
Tipologia Adobe Garamond Pro,
Verdana, GoBold
Papel do miolo Pólen Soft 80g/m2
Papel da capa Cartão Duo Design 250g/m2
Impressão e Offset Gráfica e Editora
acabamento
Local e data Natal (RN), dezembro de 2017