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Aprovada por:
________________________________________________
Prof. Segen Farid Estefen, Ph.D.
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Prof. Carlos Eduardo Parente Ribeiro, D.Sc.
________________________________________________
Prof. Paulo de Tarso Themistocles Esperança, D.Sc.
________________________________________________
Prof. Jesualdo Pereira Farias, D.Sc.
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Prof. Osvaldo Ronald Saavedra Mendez, D.Sc.
ii
“… e aquilo que se revelará aos povos surpreenderá a
todos, não por ser exótico, mas pelo fato de poder ter
sempre estado oculto quando terá sido o óbvio.”
(Caetano Veloso)
iii
Dedicatória
Izabel,
(Miguel de Cervantes)
Ao Estado do Ceará,
iv
Agradecimentos
Aos amigos e colegas, pelo suporte emocional de sempre, pelo seu respeito e
admiração àquilo que nos propomos fazer, quando ao final de mais uma etapa de
vida conferem à alma uma sensação de realização.
v
Resumo da Tese apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos necessários
para a obtenção do grau de Doutor em Ciências (D.Sc.)
Abril / 2007
vi
Abstract of Thesis presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Doctor of Science (D.Sc.)
April / 2007
The study draws the development of sites for sea waves energy exploitation.
Thus it explores the macro issues involving sites for sea wave energy plant
purpose. The adequate agreement of the energy resource of the waves, the
involved littoral processes and the economic & financial aspects of the device
deployment becomes obligated issues.
This research has practical application to the deployment case of the first wave
energy plant of Latin America and makes this study a pioneering initiative with
relevant contribution to the sea wave renewable energy science and to the Brazilian
society, in front of a future pessimist energy demand worldwide, by the contribution
in developing a renewable resource supply option decreasing the technical gap
between the pioneer countries studying this technology.
vii
ÍNDICE
1 Introdução 1
4 Avaliação de Sítios 60
viii
5 Impactos Ambientais da Exploração da Energia das Ondas 78
ix
ÍNDICE DE FIGURAS
x
Figura 6.15: Área de Contribuição e Gradientes Térmicos 145
Figura 6.16: Variação do Gradiente de Pressão – Janeiro 146
Figura 6.17: Variação do Gradiente de Pressão – Julho 146
Figura 6.18: Dispersão de Período 154
Figura 6.19: Dispersão T x Direção 154
Figura 6.20: Dispersão de Altura Significativa 154
Figura 6.21: Ocorrência de Hs 155
Figura 6.22: Altura de Onda Média 155
Figura 6.23: Potência em Função de Hs 155
Figura 6.24: Dispersão Hs x Direção 156
Figura 6.25: Dispersão Pw x Direção 156
Figura 6.26: Ocorrência de T 156
Figura 6.27: Período Médio 157
Figura 6.28: Dispersão da Direção 157
Figura 6.29: Ocorrência de Direção 157
Figura 6.30: Potência em Função de T 158
Figura 6.31: Dispersão de Potência 158
Figura 6.32: Potência em Função da Direção 158
Figura 6.33: Ocorrência de Potência 159
Figura 6.34: Potência Média 159
Figura 6.35: Direção Média 159
Figura 6.36: Mapas de Clima Típico ao Longo do Ano – Porto do Pecém 160
Figura 6.37: Histogramas de Contorno Sazonais Hs x Tp 163
Figura 6.38: Histogramas de Contorno Sazonais Hs x Dp 164
Figura 6.39: Espectro Direcional de Ondas – Janeiro de 2001 167
Figura 6.40: Espectro Direcional de Ondas – Fevereiro de 2001 167
Figura 6.41: Espectro Direcional de Ondas – Março de 2001 168
Figura 6.42: Espectro Direcional de Ondas – Abril de 2001 168
Figura 6.43: Espectro Direcional de Ondas – Maio de 2001 169
Figura 6.44: Espectro Direcional de Ondas – Junho de 2001 169
Figura 6.45: Espectro Direcional de Ondas – Julho de 2001 170
Figura 6.46: Espectro Direcional de Ondas – Agosto de 2001 170
Figura 6.47: Espectro Direcional de Ondas – Setembro de 2001 171
Figura 6.48: Espectro Direcional de Ondas – Outubro de 2001 171
Figura 6.49: Espectro Direcional de Ondas – Novembro de 2001 172
Figura 6.50: Espectro Direcional de Ondas – Dezembro de 2001 172
Figura 7.1: Evolução do Custo de Geração da Usina 174
Figura 7.2: Gráfico de Custo de Geração de Energia Eólica no Ceará x FCA 179
xi
ÍNDICE DE TABELAS
xii
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
xiii
INC - Código de Navegação Italiana
ART - Atestado de Responsabilidade Técnica
CREA – Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura
DHN - Diretoria de Hidrografia e Navegação da Marinha do Brasil
PIB – Produto Interno Bruto
OWC – Coluna de ar oscilante
LIMPET - Land Installed Marine Powered Energy Transformer
CO2 – Dióxido de Carbono
Cd - Coeficiente de Arrasto
Cm - Coeficiente de Inércia
EIA - Environmental Impact Assessment
ZCIT - Zona de Convergência Intertropical
Hs - Altura Significativa de Ondas
Tp - Período de Onda
Dθ - Direção de Propagação de Onda
Pw – Potência da Onda
DAAT - Directional Analysis with Adaptive Technics
PLEDS - Plotting the Evolution of the Directional Spectrum
xiv
1 Introdução
1
entre COPPE, Centrais Elétricas Brasileiras S.A. (ELETROBRÁS) e Governo do
Estado do Ceará no dia 02 de fevereiro de 2004.
A tese tem como objetivo geral elaborar um trabalho que sirva como referência
para abordagem dos macros critérios de desenvolvimento de usinas para
exploração de energia das ondas, a partir do processo de implantação do primeiro
protótipo de conversão de energia das ondas do mar em eletricidade da América
Latina, caso prático do Porto do Pecém/CE.
2
• Contextualizar a energia das ondas no mercado de energia elétrica através
do levantamento do estado da arte;
• Reunir literatura aplicável à exploração da energia das ondas e
contextualizá-la à realidade brasileira.
3
A “Energia das Ondas” detém baixo nível de experiência prática devido ao reduzido
número de plantas e até mesmo pelo tempo decorrente da implantação das
primeiras unidades. Assim, o Capítulo 5 sugere os possíveis impactos de Usinas de
Ondas no ambiente, e do ambiente nos aparatos, recorrendo à percepção ambiental
e social de outras indústrias comparáveis, como base e recomendação para a
elaboração de estudos similares dos impactos de energia das ondas e de diretrizes
para seu desenvolvimento e implantação.
Como ressalta PARENTE (1999), a escassez de leituras das ondas no país faz da
costa oceânica brasileira uma região desconhecida, à luz do seu clima de onda.
Para efeitos de geração de energia elétrica o problema se torna mais delicado, pois
a diferença de poucos centímetros na altura da onda pode significar grandes
diferenças na produção anual de eletricidade.
Haja vista a região do litoral do Ceará sofrer influência dos climas de ondas
oriundos dos dois hemisférios atenção maior é dada à direção de ondas. Para tanto
utiliza uma técnica espectral para análise direcional de ondas, chamada DAAT
(Directional Analysis with Adaptive Techinics), desenvolvida na COPPE/UFRJ por
PARENTE (1999), e tem como objetivo descrever com maior detalhamento o clima
de ondas, em especial a direção de ondas.
4
O Capítulo 7 apresenta, em linhas gerais, a energia das ondas do ponto de vista
comercial, através de um estudo do custo de geração de energia e compara os
resultados aos valores consagrados para os vetores mais comuns no Brasil. Ao
longo dos últimos anos este estudo tem sido utilizado, e atualizado, para
identificação dos pontos maduros e aqueles que precisam ser trabalhados na
otimização do sistema e minimização dos seus custos, revelando-se ferramenta de
referência.
5
2 O Cenário Energético Mundial
6
2.1 Contexto Internacional de Energia
A Tabela 2.1 apresenta a oferta mundial de energia primária, por país e região, e o
gráfico da Figura 2.1 apresenta a estrutura de participação de cada vetor na
produção mundial.
7
Tabela 2.1: Produção de Energia Primária
(Quadrilhões de BTU)
Fonte: EIA – U.S. Department of Energy
Região 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004
Brasil 4.51 4.87 5.10 5.52 5.93 6.42 6.21 6.76 7.11 7.21
Canadá 16.83 17.22 17.48 17.43 17.68 18.12 18.02 18.35 18.31 18.62
México 8.03 8.75 9.06 9.31 9.06 9.34 9.54 10.81 10.08 10.31
Estados Unidos 71.13 72.47 72.46 72.84 71.71 71.29 71.91 70.86 70.14 70.39
Venezuela 8.08 8.62 9.48 9.45 8.54 9.37 9.23 8.16 7.32 8.03
Outros 8.55 9.02 9.56 9.82 10.04 10.25 10.55 10.40 11.31 11.93
Total Américas 117.13 120.95 123.14 124.37 122.95 124.80 125.46 125.34 124.26 126.48
França 4.98 5.04 4.94 4.79 4.94 5.04 5.15 5.14 5.16 5.18
Alemanha 5.59 5.49 5.57 5.26 5.31 5.32 5.28 5.30 5.27 5.36
Holanda 2.91 3.25 2.88 2.77 2.56 2.47 2.63 2.61 2.53 2.94
Noruega 8.35 9.26 9.59 9.33 9.53 10.27 10.28 10.69 10.64 10.78
Polonia 3.60 3.83 3.84 3.36 3.51 3.06 3.08 3.09 3.09 3.04
Reino Unido 10.78 11.56 11.33 11.53 11.89 11.09 11.14 10.99 10.60 9.51
Outros 12.89 13.37 13.58 13.62 13.30 13.57 13.85 13.38 13.38 13.79
Total Europa 49.09 51.81 51.72 50.66 51.03 50.82 51.41 51.20 50.67 50.61
Cazaquistão 2.29 2.38 2.44 2.40 2.58 3.24 3.70 4.00 4.36 4.93
Rússia 41.44 41.35 40.38 40.76 42.41 43.37 44.52 45.89 48.85 51.69
Ucrânia 3.62 3.04 3.01 3.04 3.09 3.08 3.08 3.08 3.21 3.24
Outros 4.85 5.14 4.68 4.61 5.10 6.01 6.41 6.49 6.80 6.85
Total Eurásia 52.20 51.91 50.51 50.80 53.18 55.69 57.70 59.46 63.21 66.71
Irã 9.35 9.65 9.84 9.90 10.00 10.40 10.67 10.45 11.36 12.05
Iraque 1.35 1.39 2.60 4.71 5.47 5.62 5.22 4.42 2.84 4.38
Kuwait 4.81 4.94 4.85 5.02 4.60 5.04 4.81 4.58 5.14 5.71
Arábia Saudita 20.66 20.82 21.24 21.42 20.18 21.59 20.95 20.27 23.05 24.16
Emirados Árabes Unidos 6.14 6.34 6.50 6.61 6.25 6.77 6.59 6.50 7.13 7.42
Outros 6.02 6.30 6.69 7.24 7.29 8.06 7.91 8.03 8.09 8.36
Total Oriente Médio 48.33 49.43 51.72 54.88 53.80 57.48 56.16 54.25 57.61 62.08
Argélia 5.13 5.28 5.63 5.75 6.03 6.29 6.26 6.30 7.00 7.14
Líbia 3.23 3.28 3.39 3.26 3.07 3.30 3.21 3.11 3.30 3.61
Nigéria 4.53 4.56 4.85 4.90 4.89 5.18 5.45 5.16 5.71 5.90
África do Sul 4.84 4.86 5.44 5.52 5.43 5.58 5.62 5.52 5.91 6.06
Outros 6.43 6.74 6.85 6.90 7.24 7.50 7.56 7.91 8.18 9.32
Total África 24.15 24.72 26.15 26.34 26.66 27.84 28.10 28.00 30.10 32.04
Austrália 7.42 7.57 8.31 8.66 8.87 9.68 10.27 10.51 10.35 10.56
China 35.46 36.06 37.65 36.37 35.42 36.68 39.97 41.88 48.65 55.95
Índia 9.48 8.75 9.17 9.37 9.58 9.83 10.29 10.10 10.65 11.06
Indonésia 6.97 7.42 7.41 7.56 8.02 7.87 8.09 8.32 8.55 8.84
Japão 4.12 4.23 4.48 4.58 4.36 4.41 4.38 4.06 3.67 4.03
Malásia 2.59 2.84 3.01 3.14 3.16 3.21 3.31 3.44 3.84 4.10
Outros 7.26 7.30 7.48 7.66 8.29 8.83 9.17 9.56 10.15 10.65
Total Ásia e Oceania 73.31 74.17 77.50 77.35 77.70 80.50 85.47 87.87 95.86 105.18
Total Mundial 364.23 372.98 380.75 384.39 385.32 397.13 404.30 406.12 421.71 443.10
8
Figura 2.1: Estrutura da Oferta Mundial de Energia Primária
Fonte: Balanço Energético Nacional 2006 - Empresa de Planejamento Energético
A União Européia adotou uma meta de 21% para produção de eletricidade de fonte
renovável e uma diretiva de alcançar 5,75% de biocombustíveis no setor de
transporte até o ano 2010. Essas metas são apenas indicativos e precisam de um
9
arcabouço legal para torná-las efetivas. Os países da América Latina e do Caribe já
alcançaram suas metas de 10% de renováveis, mas no total representam apenas
5% do consumo mundial de energia (GOLDENBERG, 2006).
HEIN (2005) apresenta uma análise em que os Estados Unidos, com cerca de 5%
da população mundial, consomem 23% de toda a oferta anual de energia primária.
Este resultado, por exemplo, apresenta valor ligeiramente superior a todo o
consumo do continente asiático, com 53% da população, e da União Européia com
6% dos habitantes e com consumo de 15% da oferta de energia. Uma outra
abordagem do seu estudo toma a oferta total de energia primária per capita
fazendo uma média mundial como unidade, da qual os asiáticos precisariam apenas
de 0,4 dessa média, os europeus precisariam um pouco acima de 2,3, os
australianos 3,45 e os norte-americanos mais do que cinco vezes a média mundial.
O Japão é hoje o maior importador de energia do mundo (80% do consumo
interno) seguido da União Européia (50%) e dos Estados Unidos (25%).
10
Recentemente a Comunidade Européia decidiu aumentar de 15 para 27 Estados
Membros, um salto populacional de aproximadamente 21%, de 380 milhões para
462 milhões de pessoas. À parte das implicações políticas, regulatórias, econômicas
e sociais a serem equacionadas há obviamente diferenças que acarretarão em
conseqüências para o cenário energético e o setor tecnológico correspondente..
Para a produção (industrial, agrícola, etc.) crescer 3% precisa de um aumento de
12% de energia (insumo) (HEIN, 2005).
Bilhões de KWh
Histórico Projeções
11
Tal cenário tem que ser vislumbrado ao lado da disponibilidade de fontes de energia
primária. Até hoje as reservas de combustíveis fósseis satisfazem mais de 80% da
demanda mundial, divididos em carvão (24%), gás (20%) e o petróleo exercendo
papel dominante com aproximadamente 35%. Todas as projeções apontam não
haver tendências de modificação substancial dentro das próximas duas décadas ou
até, provavelmente, por um período mais longo. De qualquer forma a energia fóssil
dispõe de recursos limitados e a exaustão de petróleo e gás é apontada para um
período mais breve que a dos combustíveis fósseis sólidos, por exemplo. O uso de
petróleo e gás alcançará seu pico dentro das próximas duas ou três décadas e
decairá até o final do século devido ao esgotamento das reservas, isto sob a
suposição que nenhuma descoberta substancial adicional seja feita (HEIN, 2005).
12
(HEIN, 2005). A idade da capacidade instalada no Brasil também acompanha essa
tendência européia.
A introdução de soluções viáveis e aceitáveis não é mais uma tarefa somente das
disciplinas da engenharia. Há mais de trinta anos muitos países industrializados
vêm reconhecendo certos efeitos nocivos à saúde humana, à fauna e à flora,
causados pela ação do homem. O assunto é assim endereçado para considerações
políticas e diretivas regulatórias através de movimentos ecológicos. As discussões
recentes mundo a fora, sobre os efeitos dos gases de efeito estufa, intensificou
sobremaneira o envolvimento político e as questões ambientais e energéticas vêm
exercendo uma maior importância nesse meio. Uma política estratégica de energia
sustentável para o futuro deve fazer parte do topo das prioridades que compreende
três demandas essenciais a serem balanceadas: segurança de oferta, proteção
ambiental e competitividade econômica (HEIN, 2005).
Nossa sociedade tem que estar convencida, não somente que o ambiente limpo é
importante para um futuro benéfico, mas também que a energia é um bem valioso,
13
os recursos de energia primária utilizados presentemente são limitados e desta
forma é crucial o uso cuidadoso e responsável para a sobrevivência da humanidade
(HEIN, 2005).
A Tabela 2.2 apresenta o Consumo Mundial de Energia por Vetor de Energia, por
país e região.
Com uma estimativa de 180 milhões de habitantes, o Brasil tem a maior população
da América Latina e é o quinto maior país do mundo em extensão territorial. Sua
economia é a maior da América Latina, equivalente à combinação de todos os
outros países da América do Sul. O país é o maior consumidor de energia da
América Latina com um consumo total de energia per capita menor que um décimo
do consumo do líder mundial, os EUA, porém três vezes maior que na Índia e
ligeiramente maior que na China. Sua matriz de energia é dominada
preliminarmente pelo petróleo, hidroeletricidade e pelas outras energias renováveis,
em especial a biomassa, como indicado na figura 2.4.
14
Tabela 2.2: Consumo Mundial de Energia por Vetor de Energia
(Equivalente a milhões de toneladas de petróleo)
Fonte: BP - British Petroleum
2004 2005
Estados Unidos 948,8 580,5 566,2 187,8 61,4 2344,7 944,6 570,1 575,4 185,9 60,6 2336,6
Canadá 100,6 83,4 30,5 20,5 76,4 311,4 100,1 82,3 32,5 20,8 81,7 317,5
México 85,2 43,8 7 2,1 5,7 143,8 87,8 44,6 6 2,4 6,3 147,2
Total América do
Norte 1134,6 707,7 603,7 210,4 143,5 2799,9 1132,6 697,1 613,9 209,2 148,6 2801,3
Argentina 18,7 34,1 0,8 1,8 6,9 62,2 20,1 36,5 0,8 1,6 7,9 66,8
Brasil 81,9 17,1 12,8 2,6 72,6 187 83,6 18,2 13,5 2,2 77 194,5
Chile 11,3 7,5 2,9 - 4,8 26,5 11,9 6,8 2,4 - 5,9 27
Colômbia 10,1 5,7 2 - 9 26,8 10,4 6,1 2,3 - 9 27,8
Equador 6,4 0,2 - - 1,7 8,2 6,6 0,2 - - 1,7 8,4
Peru 7,2 0,8 0,6 - 4 12,4 6,4 1,4 0,6 - 4,3 12,8
Venezuela 24,2 25,3 0,1 - 15,9 65,4 25,4 26,1 0,1 - 17,6 69,2
Outros Américas
S&C 58,1 15,4 1,4 - 17,8 92,7 58,8 16,4 1,4 - 18,3 95
Total Américas
S&C 217,9 105,9 20,4 4,4 132,6 481,2 223,3 111,7 21,1 3,7 141,7 501,4
Iran 74,6 77,9 1,1 - 2,7 156,2 78,4 79,6 1,1 - 2,8 162
Kuwait 13,7 8,7 - - - 22,5 14,4 8,7 - - - 23,1
Qatar 3,3 13,4 - - - 16,7 3,8 14,3 - - - 18,1
Arábia Saudita 83,7 59,1 - - - 142,8 87,2 62,6 - - - 149,8
Emirados Árabes 17,4 36,2 - - - 53,5 18,3 36,4 - - - 54,6
15
Outros Oriente
Médio 68,1 22,8 8 - 1,1 99,9 69,2 24,3 7,9 - 1,1 102,5
Total Oriente
Médio 260,7 218,1 9,1 - 3,8 491,7 271,3 225,9 9 - 3,9 510,2
Argélia 10,6 19,8 0,8 - 0,1 31,3 11,2 21,7 0,9 - 0,1 33,9
Egito 26,8 23,6 0,5 - 3,1 54 29,2 23 0,5 - 3,1 55,8
África do Sul 24,8 - 94,5 3,4 0,8 123,6 24,9 - 91,9 2,9 0,8 120,5
Outros África 61,9 18,3 7 - 15,4 102,7 64 19,4 7 - 15,9 106,3
Total África 124,2 61,8 102,9 3,4 19,4 311,7 129,3 64,1 100,3 2,9 19,9 316,5
Austrália 38,8 22,8 52,4 - 3,6 117,6 39,7 23,1 52,2 - 3,7 118,7
Bangladesh 3,9 12 0,4 - 0,3 16,4 4 12,8 0,4 - 0,3 17,4
China 318,9 35,1 978,2 11,4 80 1423,5 327,3 42,3 1081,9 11,8 90,8 1554
China Hong Kong 15,3 2 6,6 - - 23,8 13,8 1,9 7,2 - - 22,9
Índia 120,2 29,5 203,7 3,8 19 376,1 115,7 33 212,9 4 21,7 387,3
Indonésia 54,7 33,2 22,1 - 2,1 112,1 55,3 35,5 23,5 - 2,1 116,4
Japão 241,4 70,9 120,8 64,7 23,1 520,8 244,2 73 121,3 66,3 19,8 524,6
Malásia 22,8 30,5 5,7 - 1,4 60,4 22 31,4 6,3 - 1,5 61,2
Nova Zelândia 7 3,3 2 - 6,2 18,4 7 3,2 2,1 - 5,5 17,8
Paquistão 16 24,2 3,5 0,5 5,5 49,8 17,4 26,9 4,1 0,6 6,9 55,9
Filipinas 15,8 2,1 5 - 1,9 24,9 14,7 2,7 5,9 - 1,9 25,2
Singapura 38,1 5,9 - - - 44,1 42,2 5,9 - - - 48,1
Coréia do Sul 104,9 28,4 53,1 29,6 1,3 217,3 105,5 30 54,8 33,2 1,2 224,6
Taiwan 41,7 9,2 36,8 8,9 1,5 98 41,6 9,6 38,2 9 1,8 100,3
Tailândia 44 24,6 10,6 - 1,4 80,6 45,6 26,9 11,8 - 1,3 85,6
Outros Ásia &
Oceania 20,3 7 25,4 - 9,3 61,9 21,1 8 25,7 - 8,9 63,8
Total Ásia &
Oceania 1103,6 340,6 1526,2 119 156,5 3245,9 1116,9 366,2 1648,1 125 167,4 3423,7
TOTAL MUNDO 3798,6 2425,2 2798,9 625,1 643,2 10291 3836,8 2474,7 2929,8 627,2 668,7 10537,1
16
Tabela 2.3: Geração de Energia Elétrica
Fonte: Balanço Energético Nacional 2006 - Empresa de Planejamento Energético
Nota:
1
Centrais Elétricas de Serviço Público e Autoprodutoras.
2
Centrais Termoelétricas inclui centrais termoelétricas a partir de fonte nuclear.
Ano
17
O planejamento no setor de energia no país é fortemente influenciado por este
fator de predominância da hidroeletricidade, requerendo planejamento em médio e
longo prazo. Em curto e médio prazo aguarda-se o início de operação de um
considerável número de plantas de pequeno e médio porte iniciadas há mais de seis
anos. Do ponto de vista dos investidores privados a hidroeletricidade é vista como
sendo extremamente cara, controversa e de alto risco (SCHAEFFER & SKLO, 2001).
Essa visão favoreceu a geração por termelétricas a gás natural de ciclo combinado,
que suplementam os serviços de atendimento ao mercado durante as estações
climáticas “secas”, bem como os sistemas isolados de forma permanente. A
geração termelétrica é usada para serviços locais no caso de limitação na
transmissão de energia. O gasoduto Brasil-Bolívia, em detrimento da crise,
materializou a implantação de uma política que aumentou dramaticamente o uso do
gás natural (SCHAEFFER, 2000).
18
aumento no turismo e a construção de inúmeros shoppings que impuseram
uma demanda relativamente alta durante os períodos de pico;
• O consumo no setor residencial teve um crescimento a grandes taxas nos
anos 80, significando que houve uma demanda potencial não atendida pelo
setor elétrico. Esta demanda potencial, desde então, permanece com
acentuadas disparidades regionais e com um crescimento potencial da
demanda de eletricidade entre muitas regiões do país. Os brasileiros
consomem em média 1,79kWh. A demanda varia consideravelmente com a
localidade.
350
300 OUTROS
250
200 INDUSTRIAL
150
100 C OMERCIAL
50 RESIDENC IAL
0
1974
1977
1980
1983
1986
1989
1992
1995
1998
2001
2004
19
perdas comerciais também são freqüentes e altas devido aos altos índices de
conexões ilegais.
100%
90% OUTRAS
80%
70%
50%
20%
BAGAÇ O DE C ANA
10%
LENHA
0%
1974
1977
1980
1983
1986
1989
1992
1995
1998
2001
2004
20
2.2.1 Termelétricas
controle das emissões de SOx e NOx gira em torno de US$ 1300/KW, porém
projetos menos eficientes, com baixo controle ambiental são mais baratos. Os
custos também podem variar consideravelmente de sítio para sítio, podendo ser
substancialmente mais altos em determinadas regiões onde nova infra-estrutura se
fizer necessária.
SIMS (2003) apresenta termelétricas com fator de capacidade anual (FCA) médio
de 51% em um contexto internacional, enquanto no cenário nacional FERNANDES
apresenta um FCA da ordem de 52% para as termelétricas de ciclo combinado.
Ratificado por outros dois estudos com valores de 50% (FADIGAS et al., 1999) e
55% (AZOLA & ANDRADE, 1999). Para efeito de comparação foi eleito este último
para fazê-lo igual ao FCA hidrelétricas e aquele assumido para ondas.
21
2.2.2 Energia Nuclear
A energia nuclear é uma tecnologia madura com 438 plantas ao redor do mundo, e
mais 31 plantas em construção, totalizando 351 GW em operação por 32 países
(INB, 2007). A maioria das plantas nucleares ao redor do mundo é competitiva com
base no custo marginal devido ao baixo custo de operação, em um mercado
ambiental desregulamentado, e pelo fato de muitas delas já terem sido depreciadas
(SIMS, 2003).
As emissões de gases de efeito estufa por unidade elétrica são de magnitude, pelo
menos, duas vezes menor que a geração de eletricidade por combustíveis fósseis e,
comparado a muitas renováveis, se aproxima de zero. Por isso a energia nuclear é
uma opção efetiva na mitigação de questões ambientais. A aceitação de construção
massiva de novas plantas dependerá das novas concepções se tornarem
economicamente competitivas, da habilidade da indústria em restaurar a confiança
pública na sua segurança e soluções definitivas para o lixo atômico. As novas
plantas de energia nuclear já incorporam níveis de segurança sem precedentes,
necessitando agora se tornarem economicamente competitivas em muitos
mercados.
As novas plantas de energia nuclear, com valores da planta entre US$ 1700/KW a
US$ 3100/KW, não podem competir com a tecnologia do gás natural aos preços
atuais do combustível. De qualquer forma a novas plantas são competitivas com o
carvão e com o gás natural quando este tiver que ser transportado por longas
distâncias ou infra-estrutura apropriada e gasodutos não existam. A proliferação,
antes de tudo, é uma questão política que a tecnologia pode ajudar a chamar para
si parte dessa tarefa.
A REVISTA ECONOMIA & ENERGIA (2000) atribuiu um FCA de 53,9% para energia
nuclear em uma série histórica de 1975 a 1999. Foi assumido nesta tese um valor
de 55%, de forma a homogeneizar a comparação com outros vetores cujo FCA se
aproxima desse valor.
22
Plutônio, em substâncias menos radioativas e isotópicas de vida curta. Os maiores
vendedores de reatores nucleares vêm modificando os reatores, que já oferecem
segurança melhorada e custos mais baixos.
23
Tabela 2.5: Usinas Nucleares no Mundo
Fonte: INB & IEA
24
2.2.3 Energias Renováveis
Fluxos naturais de energia variam de local para local, o que faz do desempenho
técnico-econômico da conversão das energias renováveis altamente dependentes
do sítio específico. A característica intermitente obriga a existência de back-up se
ela não for lançada diretamente na rede. Grandes potências lançadas na rede
precisam de acumulação, ou backup, para garantir uma oferta de energia confiável.
Desta forma é extremamente difícil generalizar custos e real potencial.
25
A Figura 2.7 mostra a evolução das energias renováveis nas últimas cinco décadas,
em quadrilhões de BTU, comparadas ao macro grupo de energias fóssil e nuclear.
Combustível Fóssil
Energia Renovável
Quadrilhões de BTU
Hidroeletricidade
26
O Brasil é uma nação onde a geração elétrica é predominantemente de base
hídrica. Somente entre os anos de 1970 e 1977 a capacidade elétrica instalada
expandiu de 10 GW para 60 GW. Esta alternativa representa algo da ordem de 80%
da capacidade de geração instalada, uma potência da ordem de 100GW,
equivalente a 1130TWh/ano de energia firme. O controle da segunda maior
hidrelétrica do mundo, a usina de Itaipu, com capacidade de geração de
12.600MW, é exercido conjuntamente por Brasil e Paraguai.
FERNANDES et al. trazem uma série histórica de 1990 a 1998, com índices que, na
média, indicam um valor de FCA de 55,44% para o sistema hidrelétrico brasileiro,
coincidindo com o valor de 55% recomendado pela ELETROBRÁS (1999) e pela
ANEEL (2003).
Eólica
27
Tabela 2.6: Potência Instalada-Energia Hidroelétrica
(Equivalente a milhões de toneladas de petróleo)
Fonte: BP - British Petroleum
Região/Ano 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 (%) Crescimento
USA 81,5 73,9 73,0 63,0 49,6 60,4 63,1 61,4 60,6 9,1% –1.0%
Canadá 79,4 75,1 77,8 81,1 75,5 79,4 76,4 76,4 81,7 12,2% 7,2%
México 6,0 5,6 7,4 7,5 6,4 5,6 4,5 5,7 6,3 0,9% 10,5%
Total Norte América 166,9 154,6 158,3 151,6 131,5 145,4 144,0 143,5 148,6 22,2% 3,8%
Argentina 6,4 6,0 4,9 6,5 8,4 8,1 7,7 6,9 7,9 1,2% 15,1%
Brasil 63,1 66,0 66,3 68,9 60,6 64,7 69,2 72,6 77,0 11,5% 6,4%
Chile 4,3 3,6 3,1 4,3 4,9 5,2 5,1 4,8 5,9 0,9% 22,0%
Colômbia 7,1 6,9 7,6 6,9 7,1 7,6 8,1 9,0 9,0 1,3% –0.4%
Equador 1,5 1,5 1,6 1,7 1,6 1,7 1,6 1,7 1,7 0,3% 3,3%
Peru 3,0 3,1 3,3 3,7 4,0 4,1 4,2 4,0 4,3 0,6% 8,7%
Venezuela 13,0 13,1 13,7 14,2 13,7 13,5 13,7 15,9 17,6 2,6% 11,4%
Outros Américas S & C 17,2 17,3 17,7 18,5 17,0 17,9 18,2 17,8 18,3 2,7% 2,9%
Total Américas S & C 115,6 117,5 118,2 124,8 117,3 122,9 127,8 132,6 141,7 21,2% 7,1%
Áustria 8,4 8,8 9,4 9,8 9,8 9,5 8,7 9,0 9,0 1,3% –0.4%
Azerbaijão 0,4 0,4 0,3 0,3 0,3 0,5 0,6 0,6 0,7 0,1% 9,4%
Bielo-Rússia † † † † † † † † † ♦ 0,3%
Bélgica & Luxemburgo 0,5 0,6 0,5 0,6 0,6 0,6 0,5 0,6 0,6 0,1% 2,9%
Bulgária 0,7 0,8 0,7 0,6 0,4 0,6 0,7 0,7 0,8 0,1% 7,7%
República 0,5 0,4 0,5 0,5 0,6 0,6 0,4 0,6 0,7 0,1% 18,4%
Dinamarca † † † † † † † † † ♦ –16.4
Finlândia 2,7 3,3 2,9 3,3 3,1 2,4 2,1 3,4 3,1 0,5% –7.6%
França 15,3 14,9 17,6 16,4 18,0 15,1 14,7 14,7 12,8 1,9% –12.8%
Alemanha 4,7 4,8 5,3 5,9 6,3 6,4 5,5 6,2 6,3 0,9% 2,1%
Grécia 0,9 0,9 1,1 0,9 0,6 0,8 1,2 1,2 1,3 0,2% 9,4%
Hungria 0,1 † † † † † † † † ♦ –1.9%
Islândia 1,2 1,3 1,4 1,4 1,5 1,6 1,6 1,6 1,6 0,2% –1.4%
República da Irlanda 0,2 0,3 0,2 0,3 0,2 0,3 0,2 0,2 0,2 ♦ –11.3%
Itália 10,6 10,7 11,7 11,5 12,2 10,7 10,0 11,3 9,6 1,4% –14.6%
Cazaquistão 1,5 1,4 1,4 1,7 1,8 2,0 2,0 1,8 2,0 0,3% 7,3%
Lituânia 0,2 0,2 0,2 0,1 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2 ♦ –12.4%
Holanda † † † † † † † † † ♦ –8.8%
Noruega 25,1 26,3 27,6 32,2 27,4 29,4 24,0 24,7 30,9 4,6% 25,3%
Polônia 0,9 1,0 1,0 0,9 1,0 0,9 0,7 0,8 0,9 0,1% 2,7%
Portugal 3,0 3,0 1,7 2,7 3,3 1,9 3,6 2,3 1,1 0,2% –51.0%
România 4,0 4,3 4,1 3,3 3,4 3,6 3,0 3,7 4,6 0,7% 22,7%
Federação Russa 35,6 35,9 36,4 37,4 39,8 37,2 35,6 40,8 39,6 5,9% –2.6%
Eslováquia 1,0 1,0 1,1 1,1 1,2 1,2 0,8 1,0 1,1 0,2% 12,6%
Espanha 8,5 8,8 7,0 8,3 9,9 6,0 9,9 7,8 5,2 0,8% –33.1%
Suécia 15,6 16,7 16,2 17,8 17,9 15,0 12,1 12,7 15,5 2,3% 22,6%
Suíça 8,0 7,8 9,3 8,7 9,7 8,3 8,3 8,0 7,5 1,1% –6.5%
Turquia 8,8 9,6 7,8 7,0 5,4 7,6 8,0 10,4 9,0 1,3% –13.6%
Ucrânia 2,3 3,6 3,3 2,6 2,8 2,2 2,1 2,7 2,8 0,4% 4,5%
Reino Unido 1,3 1,5 1,9 1,8 1,5 1,7 1,3 1,7 1,7 0,3% 0,9%
Uzbequistão 1,3 1,3 1,3 1,3 1,2 1,6 1,7 1,6 1,6 0,2% 5,2%
Outros Europa & Eurásia 15,2 15,6 16,8 15,9 15,4 15,1 16,0 16,8 16,9 2,5% 0,5%
Total Europa & Eurásia 178,3 185,2 188,7 194,5 195,3 183,1 175,8 187,3 187,2 28,0% 0,2%
Iran 1,3 1,7 1,2 0,9 0,9 1,8 2,2 2,7 2,8 0,4% 5,0%
Outros: Oriente Médio 1,1 1,1 0,7 1,0 1,0 1,1 1,1 1,1 1,1 0,2% 0,4%
Total Oriente Médio 2,4 2,8 1,9 1,8 1,9 2,9 3,2 3,8 3,9 0,6% 3,6%
Egito 2,7 3,1 3,4 3,2 3,3 3,2 2,9 3,1 3,1 0,5% 0,3%
África do Sul 1,1 0,9 0,8 0,9 0,8 0,9 0,8 0,8 0,8 0,1% –5.3%
Outros África 11,6 12,2 13,7 13,4 14,1 15,2 15,3 15,4 15,9 2,4% 3,3%
Total África 15,5 16,2 17,9 17,6 18,2 19,3 19,1 19,4 19,9 3,0% 2,8%
Austrália 3,8 3,7 3,7 3,7 3,7 3,6 3,7 3,6 3,7 0,6% 1,9%
Bangladesh 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2 0,3 0,3 0,3 ♦ 2,2%
China 44,4 47,1 46,1 50,3 62,8 65,2 64,2 80,0 90,8 13,6% 13,7%
Índia 15,9 18,9 18,6 17,4 16,3 15,5 15,7 19,0 21,7 3,3% 14,9%
Indonésia 1,2 2,2 2,1 2,3 2,6 2,3 2,1 2,1 2,1 0,3% 0,3%
Japão 21,2 23,6 21,0 20,7 20,8 21,1 23,3 23,1 19,8 3,0% –14.0%
Malásia 0,9 1,1 1,7 1,7 1,5 1,2 1,3 1,4 1,5 0,2% 7,4%
Nova Zelândia 5,2 5,7 5,3 5,6 5,1 5,7 5,4 6,2 5,5 0,8% –10.9%
Paquistão 4,2 5,5 4,9 4,0 4,1 4,6 5,8 5,5 6,9 1,0% 27,2%
Filipinas 1,4 1,1 1,8 1,8 1,6 1,6 1,8 1,9 1,9 0,3% –1.5%
Coréia do Sul 1,2 1,4 1,4 1,3 0,9 1,2 1,6 1,3 1,2 0,2% –11.2%
Taiwan 2,2 2,4 2,0 2,0 2,1 1,4 1,6 1,5 1,8 0,3% 21,0%
Tailândia 1,6 1,2 0,8 1,4 1,4 1,7 1,7 1,4 1,3 0,2% –3.7%
Outros Ásia & Oceania 7,0 6,9 7,7 8,1 8,9 8,8 9,5 9,3 8,9 1,3% –3.4%
Total Ásia & Oceania 110,2 120,9 117,2 120,2 132,1 134,1 137,7 156,5 167,4 25,0% 7,2%
TOTAL MUNDO 588,8 597,2 602,2 610,5 596,3 607,8 607,6 643,2 668,7 100,0% 4,2%
28
Os custos dos aerogeradores continuam caindo, à medida que novas capacidades
são instaladas devido à economia de escala. Nas áreas de ventos fortes a energia
eólica é competitiva com outras formas de geração de eletricidade e seu custo pode
O CEPEL utilizou 25% para o fator de capacidade anual da energia eólica no Brasil.
Estudos prévios indicaram valor de 21% no período de 1990 a 1995. Outro estudo
aponta o valor de 22% (OLIVEIRA, 2002). Nos estudos comparativos desta tese foi
utilizado o valor de 30%.
Iran 9 9 9 9 9 24 63 91 91 0,001 0
Outros 9 9 9 9 9 9 9 9 9 0,001 0
Total Oriente Médio 18 18 18 18 18 33 72 101 101 0,002 0
TOTAL MUNDO 7636 10153 13932 18450 24927 32037 40301 47912 59264 1 0,237
29
Energia Solar
A radiação solar na superfície da terra pode ser razoavelmente alta em muitas
regiões, mas o mercado potencial para sua captura é baixo devido aos preços
atuais relativamente altos dos coletores solares.
30
Tabela 2.8: Potência Instalada – Energia Solar (KW)
Fonte: BP - British Petroleum
Região 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2003 (%)
USA 88200 100100 117300 138800 167800 212200 275200 365200 0,327 0,141
Canadá 3380 4470 5826 7154 8836 9997 11830 13884 0,174 0,005
México 11022 12022 12922 13928 14971 16160 17100 18182 0,063 0,007
Total América do Norte 102602 116592 136048 159882 191607 238357 304130 397266 0,306 0,153
Áustria 2208 2931 3672 4874 6120 10341 16833 19180 0,139 0,007
Dinamarca 422 505 1070 1460 1500 1600 1900 2290 0,205 0,001
Finlândia 2042 2170 2363 2607 2700 3052 3409 3702 0,086 0,001
França 6118 7631 9121 11331 13856 17241 21100 26300 0,246 0,01
Alemanha 41800 53800 69400 113700 194600 278000 431000 794000 0,842 0,305
Itália 16709 17680 18480 19000 20000 22000 26000 30700 0,181 0,012
Holanda 4036 6480 9195 12759 20509 26326 45900 49079 0,069 0,019
Noruega 5150 5404 5726 6030 6210 6384 6615 6888 0,041 0,003
Portugal 527 648 894 1144 1210 1668 2069 2643 0,277 0,001
Espanha 7100 8000 9080 12100 15700 20500 27000 37000 0,37 0,014
Suécia 2127 2370 2584 2805 3032 3297 3581 3866 0,08 0,001
Suíça 9724 11500 13400 15300 17600 19500 21000 23100 0,1 0,009
Reino Unido 589 690 1131 1929 2746 4136 5903 8164 0,383 0,003
Total Europa 98642 119909 146216 202119 306304 416345 612310 1006912 0,644 0,387
Israel 265 308 401 441 473 503 533 886 0,662 0
Japão 91300 133400 208600 330220 452813 636842 859623 1131991 0,317 0,436
Coréia 2475 2982 3459 3960 4757 5410 6438 9892 0,537 0,004
Austrália 18700 22520 25320 29210 33580 39130 45630 52300 0,146 0,02
Total Outros 112740 159210 237780 363831 491623 681885 912224 1195069 0,31 0,46
TOTAL 313984 395711 520044 725832 989534 1336587 1798664 2599247 0,445 1
Biomassa
31
crescente. Outro problema de suma importância é o direcionamento para a
monocultura que pode impactar o preço dos alimentos.
combustão por caldeira e turbina a vapor e US$ 40,00/MWh para sistemas mais
modernos (SIMS, 2003).
Região 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 (%) Crescimento
Brasil 7737 7052 6483 5343 5726 6286 7226 7314 7563 46,7% 3,7%
Canadá n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a 130 0,8%
Estados Unidos 2280 2426 2574 2793 3022 3779 5309 6435 7380 45,6% 15,0%
Total Americas S & N 10016 9478 9057 8136 8748 10066 12535 13750 15073 93,1% 9,0%
República Tcheca n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a – 1 0,0%
França n/a n/a n/a 57 57 111 101 51 63 0,4% 23,7%
Finlândia n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a 2 23 0,1% 879,3%
Alemanha n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a 13 76 0,5% 501,6%
Hungria n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a – 7 0,0%
Letônia n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a 6 1 0,0% –90.2%
Lituânia n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a – 4 0,0%
Holanda n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a 7 4 0,0% –46.3%
Polônia n/a n/a n/a n/a n/a 41 38 24 43 0,3% 78,2%
Espanha n/a n/a n/a 50 50 57 52 128 151 0,9% 18,9%
Suécia n/a n/a n/a 13 28 32 33 36 82 0,5% 130,9%
Total Europa n/a n/a n/a 120 136 245 268 266 454 2,8% 71,0%
TOTAL MUNDO 10016 9478 9057 8256 8884 10310 12840 14030 16182 100,0% 10,1%
32
3 Marcos Legais e Regulatórios
Contudo, a própria lei em vigor poderá vir a ser um fator limitante para o
estabelecimento de regulamentação específica para novos vetores energéticos
quando houver grande diferença e variação a nível nacional, demonstrando a
existência de um quadro legal confuso e diferenciado em algumas instâncias.
33
No texto que se segue apresenta-se uma visão geral do quadro político e legal, nos
âmbitos internacional e nacional, relevantes para o enquadramento das energias
renováveis do mar, tendo em vista não haver legislação claramente específica à sua
exploração.
A Convenção das Nações Unidas na Lei dos Mares dispõe os direitos de um País
sobre o seu mar territorial e sobre a fronteira desses limites.
A partir do século XVII alguns países como Inglaterra, França e Estados Unidos
fixaram suas águas territoriais em 3 (três) milhas náuticas, aproximadamente 6
(seis) quilômetros, correspondente ao alcance de um disparo de canhão,
caracterizando o limite até onde o território pode ser efetivamente defendido.
No século XIX essa já era uma prática internacional. Porém, diante de uma nova
realidade no século XX como testes nucleares e direitos da pesca, muitos países
deliberadamente estabeleceram novos limites para 50 e até 200 milhas náuticas.
Neste contexto as Nações Unidas iniciaram discussões nos anos 50 para elaboração
de texto que, muitos anos depois, passaria a ser a Convenção das Nações Unidas
sobre os Direitos do Mar. Nesse ínterim o Brasil na década de 70, por meio de uma
legislação interna o Decreto-Lei Nº. 1.098/70, estabeleceu unilateralmente seu mar
territorial como 200 milhas.
No ano de 1982 a Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos do Mar – CNUDM
- foi adotada formalmente pela ONU como tratado multilateral, estabelecendo o
limite do Mar Territorial em 12 milhas náuticas, aproximadamente 22
34
quilômetros, como anexo ao território costeiro. Além do que estende por mais 12
milhas náuticas a jurisdição de uma Zona Contígua no que concerne determinadas
atividades como contrabando, imigração ilegal, etc.
Estabelece ainda uma Zona Econômica Exclusiva (ZEE) que vai da borda exterior
do mar territorial ao limite externo de 200 milhas náuticas. São 188 milhas além do
mar territorial, onde o país costeiro pode exercer soberania sobre os recursos
naturais na água, no leito, no subsolo marinho, bem como realizar investigação
científica marinha e zelar por sua conservação. Inclua-se nesta área também o
exercício de jurisdição no que se refere à implantação de ilhas artificiais, outras
instalações e estruturas (SOUZA, 1999).
Além desse limite temos o que se define por Alto Mar ou Águas Internacionais.
É um patrimônio comum da Humanidade e nele não há exercício da soberania,
sendo permitida a prática das grandes liberdades que, segundo a Convenção, são
as liberdades de navegação, de pesca, sobrevôo, domicílio de cabos e dutos,
implantação de ilhas artificiais e investigação científica, sempre com fins
exclusivamente pacíficos, sob métodos compatíveis com a Convenção, harmônicos
a outras utilizações legítimas, e respeito à proteção do meio marinho e à soberania
dos Estados.
A Convenção prevê ainda (artigo 76) que os países costeiros podem apresentar a
Comissão de Limites da ONU pedidos de prolongamento da sua plataforma
continental até o limite de 350 milhas a partir da linha de costa para exploração e
explotação dos recursos do solo e subsolo marinho, sem direito aos recursos vivos
da camada líquida. Até hoje apenas dois países pleitearam esse direito a Rússia,
Austrália e o Brasil. O primeiro já teve seu pedido negado, o Brasil teve resposta
positiva parcialmente em abril de 2007 e a Austrália aguarda decisão.
35
As ilhas artificiais, instalações e estruturas, ainda que destinados à investigação
científica, não gozam do estatuto jurídico de ilhas ou de Estados Arquipélagos.
Estes sim, desfrutam dos mesmos direitos dos demais Estados. As estruturas
artificiais podem ter zonas de segurança ao seu redor que não excedam a largura
de 500 metros, sendo de total responsabilidade dos Países e Organizações que
responderão por seus atos e pagarão indenizações por possíveis danos causados.
36
Águas Internacionais
Plataforma Continental
Zona Contígua
12 milhas 200 milhas
Mar Territorial
12 milhas
Águas Interiores
Linha de Base
Terra Firme
37
3.1.2 Questões Ambientais
Protocolo de Kyoto
É um acordo onde 38 (trinta e oito nações), e mais a União Européia, se obrigam a
impor limitações quantitativas na emissão de gases de efeito estufa por seus
respectivos países e pressionar os países em desenvolvimento para que adotem, de
forma voluntária, acordos para redução de suas emissões (SCHAEFFER & SZKLO,
2001).
A Lei Federal do Brasil Nº. 8.617, de 04 de janeiro de 1993, dispõe sobre o mar
territorial, a zona contígua, a zona econômica exclusiva e a plataforma continental
38
brasileiros de forma compatível com todas as disposições da Convenção da ONU,
revogando assim o Decreto-Lei Nº. 1098/70.
39
A PNRM tem como objetivos promover a formação de recursos humanos; estimular
o desenvolvimento da pesquisa, ciência e tecnologia marinhas; e incentivar a
exploração e o aproveitamento sustentável dos recursos do mar, das águas
sobrejacentes ao leito do mar, do leito do mar e seu subsolo e das áreas costeiras
adjacentes. Tem por finalidade orientar o desenvolvimento das atividades que
visem à efetiva utilização, exploração e aproveitamento dos recursos vivos,
minerais e energéticos do Mar Territorial, da ZEE e da PC, de acordo com os
interesses nacionais, de forma racional e sustentável para o desenvolvimento
socioeconômico do país, gerando emprego e renda e contribuindo para a inserção
social (VIDIGAL et al., 2006).
40
informações sobre os recursos ambientais e as atividades humanas que os utilizam.
Este fato gera implicações diretas nos processos de licenciamento ambiental, mais
especificamente, no que concerne à qualidade dos Estudos Ambientais e à
conseqüente dilação decorrente deste processo, incompatível com a dinâmica do
setor (IBAMA, 2007). O mesmo então poderia ser dito quanto a sua competência
para inferir sobre a exploração de energias renováveis do mar.
41
Figura 3.2: Mapa Base para Licenciamento Ambiental – Petróleo e Gás
Fonte: IBAMA (2006)
42
3.2.3 Órgãos Envolvidos no Mercado de Energia Brasileiro
Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL - Autarquia, vinculada ao
Ministério de Minas e Energia, foi criada pela Lei Nº. 9.427/96 e tem como
atribuições: regular e fiscalizar a geração, a transmissão, a distribuição e a
comercialização da energia elétrica. Conceder, permitir e autorizar instalações e
serviços de energia. Também emite pareceres técnicos sobre as disponibilidades de
energia elétrica pelo sistema energético nacional e orienta as concessionárias a ser
das em casos específicos.em consulta
43
3.3 A Experiência de Outros Países
Nos parágrafos a seguir é feita uma sucinta abordagem dos principais parâmetros
regulatórios de projetos de energias renováveis em nove países europeus, mais
precisamente para as atividades de exploração de energia eólica offshore, como um
paralelo mais próximo às energias renováveis do mar. Os países em questão são
Portugal, Reino Unido, Dinamarca, Holanda, Suécia, França, Irlanda, Itália e Grécia
(SOERESEN, et al., 2003).
Principais Leis:
1. Programa E4 – Resolução do Conselho de Ministros Nº. 154, de 19 de
outubro de 2001, cujos objetivos incluem a facilitação de acesso e
desenvolvimento da produção de energia elétrica por tecnologias limpas,
nominalmente a energia das ondas, bem como o gerenciamento dos pontos
de conexão na rede elétrica (grid) para produtores independentes;
2. O Decreto-Lei Nº. 33-C, de 29 de dezembro de 2001, estabelece a tarifa a
ser paga pela rede elétrica nacional (grid) ao produtor independente de
44
energia elétrica das ondas do mar. As tarifas estão por volta de 0,225
Euros/kWh para as capacidades instaladas no território nacional acima de
20MW. A rede elétrica (grid) é obrigada a comprar toda a energia produzida.
45
que governa o desenvolvimento nas águas marítimas e costeiras. Adicionalmente, o
DTI trabalhará com outros Departamentos para dinamizar, a posteriori, a
administração desses processos de licenciamentos offshore e explorar a
exeqüibilidade de ter-se apenas um ponto principal de contato para solicitações e
consultas.
Onshore/Nearshore
A zona costeira na Dinamarca tem regras legais muito estritas e complicadas, com
um número de diferentes regulamentos, a depender do sítio específico e sua
distância à costa. Essas peculiaridades podem estar relacionadas à distância de
áreas de recreação, proximidades de zonas industriais, etc.
Offshore
A conexão a rede elétrica (grid) requer autorização local;
A geração de energia e passagem de cabos precisa de permissão da
Autoridade de Energia do país;
A ocupação do local de teste, incluindo permissões local, regional,
arqueológica, e outras, serão dadas pela Autoridade Costeira da Dinamarca;
A exemplo do que ocorre na navegação, aponta-se para a exigência de
seguro com cobertura de danos a terceiros;
O estabelecimento de limites físicos é feito pela Administração Real
Dinamarquesa de Navegação e Hidrografia;
O relatório de impacto ambiental não se faz necessário para testes de
aparatos devido à sua limitação de área requerida e do desenvolvimento
temporal;
A consulta pública é muito valorizada, sendo uma tradição na Dinamarca.
46
Planejamento Legal na Holanda
Onshore/Nearshore
Nenhum parque eólico é permitido dentro da zona das 12 milhas náuticas, exceção
aberta somente para o projeto piloto denominado NSW.
Offshore
Praticamente não há regras e aquelas existentes, dirigidas à energia eólica em
larga escala, determinam sua localização além da zona limite das 12 milhas
náuticas. Existem algumas leis que devem ser consideradas para obtenção de
licenças na ZEE Holandesa do Mar do Norte, a saber:
Lei de Poluição das Águas;
Lei da Administração Ambiental;
Lei de Disposições Especiais;
Lei de Proteção Ambiental;
Lei de Administração Governamental de Serviços Aquáticos;
Lei de Naufrágio;
Lei de Monumentos;
Lei de Trabalhos de Escavação;
Lei de Instalações no Mar do Norte;
Lei de Proteção ao Leito;
Lei de Minas;
Lei das Rotas.
Não existe nenhuma base legal com relação à geração de energia eólica offshore,
muito menos com relação à energia de ondas ou maré, e os procedimentos de
planejamento não foram realizados em muitos dos principais municípios.
47
Pelas atuais regras e regulamentos (ano base 2001) os procedimentos
administrativos e as autoridades competentes envolvidas dependerão da dimensão
do projeto (<1MW; 1-10MW; >10MW) e de sua localização em relação à distância
da costa.
Onshore/Nearshore
A condução de projetos dentro do mar territorial segue o mesmo processo de
construções em geral, com requerimento adicional relacionado ao uso do espaço
marinho de domínio público e da geração de eletricidade.
Offshore
A questão de fontes renováveis offshore é muito recente e não existem regras
específicas para sua exploração ou até mesmo procedimentos estabelecidos para a
ocupação de sítios para as energias renováveis offshore em geral.
48
Planejamento Legal na Irlanda
Onshore/Nearshore
O Plano Nacional de Desenvolvimento Costeiro ainda em desenvolvimento, vem
demonstrando pouco conhecimento do potencial do recurso da energia das ondas e
está repleto de considerações a respeito da pesca, turismo, herança, propriedades
costeiras e marítimas, etc. A única menção sobre o recurso das ondas foi feito por
alguns poucos consultores, ainda em 1977, em um esboço de plano político para o
gerenciamento da zona costeira na Irlanda. A ausência de maiores reconhecimentos
aponta para futuras dificuldades para o desenvolvimento das ondas onshore e
nearshore.
Offshore
A República da Irlanda tem emitido um conjunto de regras julgadas coerentes,
onde deixa claro que parques eólicos offshore estão autorizados nas águas
irlandesas, a menos que em áreas com proibição pré-determina. As licenças são
aprovadas em duas fases:
Fase I: O departamento Nacional de Recursos Naturais e Marinhos emite uma
licença para investigação da adequação do sítio alvo e sua viabilidade econômica.
Fase II: No caso de sucesso na etapa anterior uma licença completa pode ser
obtida mediante prescrições ambientais e de segurança, cabendo ainda a inclusão
de requerimentos adicionais pelo ministério. O governo irlandês recomenda aos
empreiteiros que submetam seus projetos à aprovação do público antes do início de
qualquer atividade.
Como regra geral os parque eólicos offshore são permitidos a 5 km da costa. Certas
áreas são identificadas como proibidas para garantir a segurança no mar, a
proteção de linhas de navegação estabelecidas, a navegação aérea, e as
necessidades específicas de telecomunicações e de defesa.
Caso haja uma infra-estrutura onshore associada a parques eólicos offshore será
necessária uma permissão das autoridades locais.
49
Planejamento Legal na Itália
Onshore/Nearshore
O Código de Navegação Italiana (INC) e o seu guia de procedimento são as
referências em legislação para as instalações de parques eólicos offshore nas águas
italianas. Algumas autorizações especiais devem ser ainda consideradas no que
concerne às limitações impostas às atividades de navegação, de pesca, esportes
marinhos, e outros.
50
Planejamento Legal no Brasil
Atividades offshore são comuns no país, que acumula experiência com tecnologia
de ponta há mais de 20 de anos na indústria do petróleo offshore, sendo este o
exemplo mais próximo de atividades no mar, diferentemente das experiências da
energia eólica vivenciadas nos países citados anteriormente. Com base na estrutura
desses países, na experiência offshore brasileira e nas licenças exigidas para
implantação dos dois módulos do protótipo do Porto do Pecém no Estado do Ceará
pode-se dizer que:
Há diversos órgãos da administração pública envolvidos no processo de
licenciamento, permeando por muitos ministérios;
No Brasil, o mar territorial é bem da União e requer concessão de uso
através da Secretaria de Patrimônio da União, órgão do Ministério do
Planejamento;
A ocupação do local da usina requer ainda permissões local e regional,
especialmente para aqueles casos onde há infra-estrutura onshore associada
ao aparato nearshore/offshore;
A construção segue o mesmo processo de qualquer projeto de engenharia
no país, necessitando do registro do projeto e da construção através do
Atestado de Responsabilidade Técnica (ART) no órgão profissional de classe
regional (CREA) onde se instalará a usina. Documento vital para o processo
continuar percorrendo em outras instâncias até a legalização completa;
Há regras estabelecidas para produção, transmissão, distribuição e
comercialização de energia elétrica. Para a geração de energia, passagem de
cabos e conexão à rede elétrica (grid) é necessária autorização da Agência
Reguladora de Energia - ANEEL;
Há uma rígida legislação de proteção ao meio-ambiente que de antemão
determina que empreendimentos no Mar Territorial, Zona Econômica
51
Exclusiva e Plataforma Continental, por sua natureza e porte, são de
Significativo Impacto Ambiental1;
Usinas de geração de eletricidade, qualquer que seja a fonte de energia
primária, quando gerar potência superior a 10MW, são consideradas
empreendimentos de Significativo Impacto Ambiental1.
Há várias etapas no processo de licenciamento ambiental (Licença Prévia,
Licença de Instalação e Licença de Operação). No caso de sucesso nas
etapas anteriores, uma licença posterior será emitida. Durante qualquer
uma das etapas sempre cabe a inclusão de requerimentos adicionais.
O licenciamento ambiental exige a consulta popular para certificar-se do
conhecimento do público, sua informação sobre o projeto e de oposições
possíveis.
Há catálogos publicados de áreas protegidas, segundo sua vulnerabilidade,
para fins de explotação de petróleo e gás;
A Diretoria de Hidrografia e Navegação da Marinha do Brasil faz a inclusão
de sinalização de obstáculos nas cartas náuticas e solicita a indicação do
posicionamento segundo referências constantes nas cartas náuticas do
referido local;
O Ministério Público é muito atuante, funciona como uma instância
independente verificadora do cumprimento da legislação e, muitas vezes,
tem interpretação divergente das orientações dos próprios órgãos envolvidos
no licenciamento ambiental.
1
“Empreendimentos e ou atividades de Significativo Impacto Ambiental são aqueles que por sua
natureza, dimensão ou localização são capazes de, direta ou indiretamente, provocarem alteração adversa
das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, afetando i. a saúde, segurança e o bem-
estar da população; ii. as atividades sociais e econômicas; iii. a biota; iv. as condições estéticas e
sanitárias do meio ambiente; v. a qualidade dos recursos ambientais.”
52
Tabela 3.1: Legislação Aplicável no Brasil
Fonte: ANP - Agência Nacional do Petróleo
- Lei Federal Nº. 6.938, de 31 de agosto de 1981, dispõe sobre a Política Nacional do Meio
Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação.
- Lei Nº. 7.735, de 22 de fevereiro de 1989, cria o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis.
- Lei Federal Nº. 9.478, de 06 de agosto de 1997, dispõe sobre a Política Energética e a Agência
Nacional do Petróleo.
- Lei 9.960, de 28 de janeiro de 2000, estabelece preços a serem cobrados pelo Instituto Brasileiro
do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - Ibama.
- Resolução CONAMA Nº. 001, de 23 de janeiro de 1986, dispõe sobre critérios básicos e diretrizes
gerais para o Relatório de Impacto Ambiental – RIMA.
- Resolução CONAMA Nº. 006 de 24 de janeiro de 1986, dispõe sobre a aprovação de modelos para
publicação de requerimentos e concessões de licença
- Resolução CONAMA Nº. 009 de 03 de dezembro de 1987, dispõe sobre a realização de Audiência
Pública.
- Resolução CONAMA Nº. 13 de 06 de dezembro de 1990, dispõe sobre a área circundante, num
raio de 10 (dez) quilômetros, das Unidades de Conservação.
- Resolução CONAMA Nº. 23, de 07 de dezembro de 1994, institui procedimentos específicos para o
licenciamento de atividades relacionadas à exploração e lavra de jazidas de combustíveis líquidos e
gás natural.
- Resolução CONAMA Nº. 293 de 12 de dezembro de 2001, dispõe sobre o conteúdo mínimo do
Plano de Emergência Individual para incidentes de poluição por óleo originada em portos
organizados, instalações portuárias ou terminais, dutos, plataformas, bem como suas respectivas
instalações de apoio, e orienta a sua elaboração.
- Portaria Nº. 166-N, de 15 de dezembro de 1998, cria o Escritório de Licenciamento das atividades
de Petróleo e Gás.
- Portaria ANP Nº. 188, de 18 de dezembro de 1998, estabelece as definições para aquisição de
dados aplicados à prospecção de petróleo (alterado pela Portaria ANP Nº. 35/99).
53
3.4 Planejamento Político das Energias Renováveis do Mar
As atividades dentro dos oceanos vêm se tornando mais intensas e cada vez mais
diversificadas. Acredita-se que tal como se deu com o desenvolvimento do uso do
solo no passado, pode-se prevê uma evolução no desenvolvimento dos mares, o
que suscita a necessidade de um planejamento e gerenciamento do mar de forma
integral.
Uma discussão dos conceitos e critérios para um plano de uso dos oceanos deve
tentar garantir políticas do uso primário dentro de determinadas premissas:
• Objetivos e metas nacionais;
• Características e feições naturais do mar;
• Desenvolvimentos macro-ambientais futuros;
• Atividades costeiras em offshore do futuro;
• Usos costeiros atuais e planos efetivamente já aprovados;
• Estruturas institucionais e políticas e agentes chaves no ambiente offshore;
54
Todos estes fatores irão interagir de uma maneira dinâmica e complexa na
formação de regras e objetivos de todo o processo, que se tornarão ainda a base
para o planejamento e zoneamento de forma mais específica. Um plano de uso dos
oceanos poderia circunscrever os seguintes objetivos:
• Determinar o processo de desenvolvimento, uso e proteção, consistentes
com os objetivos nacionais;
• Identificar potenciais conflitos e processos justos de resolução antes mesmo
de sua ocorrência;
• Estimular o desenvolvimento tecnológico do uso desejado dos mares;
• Retardar os usos indesejáveis;
• Coordenar as várias instituições governamentais e privadas envolvidas nas
atividades marinhas.
O mar pode ser visto como uma rede de recursos naturais e como uma herança das
nações, não podendo ser ignorado desse ponto de vista. Deve ser considerado a
partir de conceitos de desenvolvimento, gerenciamento e conservação dos
recursos.
Controle Minimizado
55
possível. Seria a situação de atividades com um componente significativo ao
interesse ou necessidade do país. Estariam relacionados às metas nacionais ou a
oferta de matérias críticas preponderantes na independência daquele recurso, ou
necessárias às trocas comerciais. Outra situação mais crítica é aquela relacionada à
segurança de vidas, inerentemente de técnica ou operação perigosa.
Múltiplo Uso
Usos Restritivos Mistos para o conjunto de atividades que podem ser combinadas
em complementaridade a sistemas dentro de uma dada localidade, sob certas
circunstâncias tecnológicas e operacionais que, quando combinadas, inibem outros
usos, por exemplo, um complexo industrial flutuante.
Uso de Propósitos Gerais para aquelas áreas que podem ser designadas, ainda que
temporária, como não controladas, ou seja, elas estão disponíveis para qualquer
uso sem a necessidade de controle de acesso.
56
determinadas as implicações para outras áreas da vida do país, tal como a criação
de empregos diretos e indiretos em mar e terra, por exemplo.
Direito de Acesso
Os mares são recursos públicos e todos têm direitos de acesso iguais, que só
podem ser privados de seus direitos para aplicações de boa fé, através de processo
jurídico. A recusa de acesso deve ser acompanhada por direito de apelo ao sistema
judiciário. Há a necessidade de estabelecimento antecipado de como, e quando, o
acesso é controlado e os quesitos necessários para aprovação de acesso.
Segurança no Mar
Ocupação Militar
Alocação Flexível
O conceito deve ser flexível de forma a permitir que várias atividades ocorram,
ainda que em aparente conflito por causa de circunstâncias locais, forma
particularizada de aplicação tecnológica, ou outras variáveis. Nenhum bloqueio
deveria ser definido, exceto sob uso restrito. Várias formas de aplicação tecnológica
deveriam ser avaliadas para determinar os efeitos totais de suas ações.
57
Avaliação e Decisão Localizada
Continuidade Precedente
Uma vez o uso do mar venha a ser estabelecido dentro de um dado local os
empreendedores têm o direito de presumir que suas atividades não serão
embargadas, ou de alguma forma bloqueadas, de continuação. A menos que sua
concessão tenha sido condicionada ou expressamente de natureza temporária.
Caso usos alternativos forem aprovados, e seu desempenho demonstre ser de boa
fé, deve haver uma forma de compensação dos prejuízos por ter sido preterido por
outra atividade, quando a sua intenção era de continuidade.
Substituição e Desalojamento
Uma vez aprovada uma atividade, terá o privilégio de continuidade. Todas as novas
atividades devem ser avaliadas cuidadosamente em termos da característica da
ocupação e sua influência sobre usos alternativos futuros. Desta forma, as
autorizações deveriam estipular a natureza temporária da autorização e quando
tem direito de Continuidade Precedente.
58
natureza da atividade em relação a outras atividades em potencial dentro daquele
local específico. O uso atual deve minimizar futuros conflitos, se uma substituição
for esperada.
Desenvolvimento Sustentável
Conservação
Determinadas áreas deveriam ser selecionadas e não permitir sua perturbação pelo
desenvolvimento do recurso. Estas áreas são recursos naturais públicos que devem
ser gerenciados de forma a preservar seu estado natural e oferecer uma
conservação adequada à vida selvagem marinha, assegurar que qualquer uso
múltiplo seja completamente compatível com a conservação e, assegurar que estas
áreas de conservação adequadas sejam separadas para continuidade da pesquisa
ecológica dos oceanos.
59
4 Avaliação de Sítios
60
sítio, para evidenciar uma variedade de fatores que devem ser considerados na
investigação da localização marinha (RICHARDS, LING & GERWICK, 1976).
As Tabelas de 4.1 a 4.8 estabelecem alguns detalhes sobre os vários fatores que
devem ser considerados no processo de seleção locacional. Não há nenhuma
intenção de inferir que todos estes fatores precisam, necessariamente, ser
considerados para um determinado sítio. Geralmente, os fatores mais importantes,
juntamente com o econômico, político e social, serão os impactos ambientais na
estrutura bem como a interação da estrutura com o leito marinho. Por fim, podem-
se incluir os fatores geológicos e geotécnicos.
• Ventos:
- Reinantes - Operação: velocidade, direção, duração e freqüência;
- Tempestade – Inoperáveis: (furacões, tornados, ciclones) velocidade, direção, duração,
freqüência, intervalo de recorrência (período de retorno), previsibilidade;
- Características de Dispersão: calor, gases, materiais radioativos, etc. ventos
prevalecentes na camada de ar superior;
• Propriedades Físicas: temperatura, umidade e pressão;
• Precipitação: tipos, quantidades, duração, freqüência, e intervalo de recorrência;
• Visibilidade: tipos de restrições (neblina, névoa, nuvens, precipitação), distância, duração,
freqüência, e intervalo de recorrência;
• Condutibilidade de Energia: reflexão e refração de freqüência baixa, média e alta (rádio, radar,
ajuda à navegação, etc.), transmissão de luz (laser).
61
Tabela 4.2: FATORES OCEANOGRÁFICOS
Fonte: (RICHARDS, LING & GERWICK, 1976)
(1) Propriedades físico-químicas: temperatura, salinidade, densidade, gases dissolvidos (CO2, O2),
químicos ou poluentes; efeitos eletromagnéticos, mecânicos, óptico (turbilhonamento),
corrosivos.
(3) Ondas
(a) Geral:
Vagas, swell, pista, velocidade, direção, dispersão, transporte de massa, características
(altura, comprimento, período, espectro); arrebentação; refração; difração; ondas
internas e tsunamis.
(b) Considerações Locacionais:
(i) Ondas de tempestades: período e altura significante de ondas e swells para cada
direção, espectro de onda; duração da tempestade e freqüência de ocorrência.
(ii) Ondas reinantes e de operação: período e altura de ondas e swells; resistência e
freqüência de ocorrência.
(iii) Refração de Onda e argumentação sobre a topografia do solo marinho e
estrutura adjacente.
(iv) Erosão e depósito pela ação das ondas e correntes induzida por ondas.
(4) Correntes
(a) Geral:
(i) Tipos: (direcionada pelo vento, maré, inercial, baroclínica, barotrópica, e
turbilhonamento); localização (superfície, profundidades intermediárias,
fundo); Estratificação; direção; velocidade; persistência; estabilidade;
turbulência; variação (sazonal, flutuação, degenerescência); espectro;
rotação e freqüência de ocorrência.
(ii) Dispersão de calor e/ou poluentes.
(iii) Transporte litorâneo.
(iv) Erosão e depósito do solo pela ação de correntes.
(a) Tipos (deslocamento, picos, pequenos icebergs, amontoamento, ilhas de gelo, placas de
gelo anual e plurianual, montanhas e elevações); estatísticas de ocorrência;
velocidade, direção, composição (salinidade, densidade, estrutura); formação e
solidificação.
(b) Aglomeração e empilhamento de gelo devido à topografia ou estruturas adjacentes.
62
Tabela 4.3: FATORES GEOLÓGICOS E GEOFÍSICOS
Fonte: (RICHARDS, LING & GERWICK, 1976)
(1) População, densidade, mudanças cíclicas, sazonais e diárias; ecossistema costeiro e oceânico.
(2) Sensibilidade à mudanças na temperatura, turbulência e poluentes.
(3) Efeitos da estrutura em fornecer proteção e área de procriação adicionais.
(4) Efeitos da biota (abalroamento, escavação, abrigos naturais, ataques marinhos e
biodeteriorização).
63
Tabela 4.6: FATORES CONSTRUTIVOS
Fonte: (RICHARDS, LING & GERWICK, 1976)
(1) Localização básica em relação a terra, principais cidades, mercados e matérias primas.
(2) Jurisdição política: leis aplicáveis, regulamentação e restrições construtivas.
(3) Proximidade de áreas populacionais e suas características, se urbana, suburbana, recreacional,
etc.
(4) Disponibilidade de infra-estrutura de suporte e suas conexões e normas; píer, docas, armazém,
transporte, dutos, cabos de energia elétrica, comunicação e dados, etc.
(5) Distância offshore: distância ao porto de suprimento, suporte e distância do mercado;
(6) Requerimentos acústicos, estéticos e suas considerações.
(7) Regulamentação e disponibilidade de sítios para descarga de resíduos, água aquecida e outros
materiais.
(8) Possibilidade de sabotagem.
(1) Proximidade das linhas de navegação, tamanho e freqüência das embarcações; probabilidade
de colisão.
(2) Canais de Navegação, restrições e apoio.
(3) Barcos de passeio e recreação.
(4) Frota pesqueira: berços de ostra, camarão, animais rastejantes e sensibilidade à perturbação;
(5) Operações militares: ar, superfície marítima e submarina.
(6) Proximidade de estruturas, operações e seus efeitos, absorções, descargas e uso do mar.
(7) Tráfego aéreo; proximidade de aeroportos; tamanho e freqüência das aeronaves; sobrevôos e
barulhos.
(8) Uso de áreas adjacentes; seus efeitos na estrutura e suas atividades.
(9) Proximidade de cabos de força e comunicação submarinos e linhas de dutos de óleo e gás.
64
4.2 Levantamento de Campo
65
Tabela 4.9: PROBLEMAS DE INTERAÇÃO ESTRUTURA-SOLO
Fonte: (RICHARDS, LING & GERWICK, 1976)
__________________________________________________________________________
Estrutura Problemas
__________________________________________________________________________
Uma outra escolha será ainda o uso de um sistema ou rede de navegação existente
ou o desenvolvimento de um para o levantamento. Controle de posicionamento é
inerente a muitas embarcações, ou dependente de uma outra, como no caso de
muitas operações submersas. O posicionamento pode também ser referenciado a
faróis e transponders localizados no solo marinho.
66
4.2.2 Batimetria
Pode ser de interesse de engenheiros avaliarem tais efeitos nas estruturas como
escoamento e erosão, transporte de materiais do fundo e depósito ou acúmulo,
particularmente de areia no fundo. Tais efeitos poderiam ser determinados a partir
de cartas, obviamente de levantamentos separados. Mudanças do leito marinho no
período entre o levantamento e a instalação de estruturas também devem ser
consideradas. A probabilidade de tais mudanças aumenta se uma, ou mais
tempestades longas ocorrerem, ainda que isoladamente, ou se ondas de areia estão
presentes na área levantada.
67
exata e precisa da profundidade pode necessitar do uso de eco-sonda mais restrita
e/ou transdutores profundos em reboques. O controle de posicionamento
normalmente precisa do desenvolvimento de uma rede especial de navegação.
Os navios podem utilizar ajuda eletrônica para navegação exata ou outro método
de controle de posicionamento. Eco-sondas ou sensores de pressão desenvolvidos
para veículos submersíveis podem ser eficazes para determinação exata da
profundidade em áreas limitadas. De qualquer forma, o controle de posicionamento
de qualquer veículo submerso será mais difícil e menos preciso do que as
embarcações de superfície. O mesmo é verdadeiro para operações de mergulho.
68
Tabela 4.10: SISTEMA ACÚSTICO: SEUS PROPÓSITOS E FREQÜÊNCIAS
Fonte: (RICHARDS, LING & GERWICK, 1976)
__________________________________________________________________________
Sistema Acústico Freqüência (kHz) Propósito
__________________________________________________________________________
Fontes de baixa freqüência de banda larga podem ser usadas para penetração
profunda e a resolução pode ser melhorada pela filtragem seletiva da energia
refletida ou refratada das camadas do substrato e pelo processamento do sinal para
realizar a detecção da camada. Este método é relativamente caro. Um método
69
comum mais barato é o uso de uma fonte sonora de 3,5 kHz que permite uma
razoável penetração e resolução para muitos propósitos de engenharia. A
velocidade do navio ou veículo e as condições de ondas afetam sobremaneira a
qualidade dos ecogramas de substrato. Maiores detalhes poderão ser obtidos
quando a velocidade da embarcação for relativamente baixa e quando a altura de
onda for relativamente baixa também.
70
Amostras de pequenos grãos ou de arranque podem ser obtidas por submersíveis
ou por mergulhadores.
71
4.5 Levantamentos Especiais
O conhecimento dos fenômenos que afetam o local, para fins de projeto, determina
a interação entre a estrutura e o ambiente. O sítio, ou sítios, são avaliados
detalhadamente para estes elementos ambientais que afetam a estrutura, e vice-
versa.
72
4.6.1 Processo de Avaliação
A seguir é mostrado um esboço passo a passo que pode ser usado em muitos
projetos de avaliação e seleção de sítios (RICHARDS, LING & GERWICK, 1976).
73
Determinar o nível de detalhamento requerido
• Informações gerais para conceituação, impactos ambientais, ou
considerações preliminares para aproximações;
• Informação detalhada para projeto e seleção de componentes;
• Informação refinada para elaboração de projetos precisos, confirmação de
predições, ou a fase final de instalação.
4.6.2 Resultado
74
ser eliminado. As características “desejáveis” devem ser ponderadas e cada sítio
comparado com a característica e é atribuído um valor numérico relativo para cada
fator em consideração. Este procedimento propiciará uma comparação qualitativa e
quantitativa entre os prováveis sítios.
Em primeira instância os dados ambientais dos sítios são usados para simular o
comportamento da estrutura, tais como aqueles que não apresentam ressonância
dentro de freqüências primárias das ondas, ventos ou correntes no sítio. A
orientação da estrutura deveria ser selecionada pela análise do melhor resultado ou
utilização da direção preferida dos fenômenos naturais que afetam o ambiente. O
projeto de fundações levará em conta as condições do solo marinho determinadas
durante o processo de avaliação do sítio.
Por fim, a seleção de sítios marinhos é essencial para quase todos os projetos de
engenharia costeira. O processo de localização pode ser simples ou complexo,
barato ou muito caro. A seleção de um sítio pode utilizar somente dados existentes,
publicados ou não, ou pode envolver levantamentos de campo no mar, de pequena
ou grande magnitude. Os dois processos de avaliação e seleção de sítios são
controlados pela estrutura ou pelo sítio. No primeiro método a estrutura controla a
escolha do sítio, enquanto que no segundo método o sítio controla o projeto da
estrutura. Geralmente, ambos os métodos sofrerão uma combinação. Há um
grande número de fatores que podem ser considerados no processo de avaliação e
seleção de sítios. Os mais importantes deles são os fatores meteorológicos,
impactos ambientais e os fatores geológicos e geotécnicos do leito marinho e da
interface costeira.
Em resumo ao que foi dito neste capítulo, a Figura 4.1 estabelece a seqüência
ordenada dos passos mais importantes no desenvolvimento de uma usina para
geração elétrica pelas ondas do mar. Obviamente que cada passo se subdivide em
outras tantas tarefas, permeando, ou se sobrepondo, por diversas atividades,
grupos e órgãos.
75
1
Objetivo da usina
2
Definição de áreas geográficas
3 3 3
Climáticos Ambientais Geomorfológicos
3
Seleção do sítio
4
Layout da usina
5 cdefghijkl
Interação dos Fatores atmosféricos e Geográficos
6
Avaliação de impacto ambiental
7
Projetos executivos e Estudos especiais
8
Aprovações legais
9
Planejamento da implantação
10
Construção e implantação
11
Operação e monitoramento
(manutenção preditiva, preventiva e corretiva)
A localização de uma usina de energia das ondas, de maneira genérica, pode ser
dar por um desses dois fatores: direcionada pela abundância do recurso energético
(análise macro-regional) ou direcionada pela demanda, dada a necessidade
76
particular de uma região ou localidade (análise micro-regional). A experiência
brasileira inclina-se para este segundo caso.
Selecionado o sítio, faz-se escolha do layout da usina (4) e a sua interação com os
fatores atmosféricos e geográficos (5). Nesta interação incluem-se os estudos da
estrutura de fixação da usina e de geotecnia.
77
5 Impactos Ambientais da Exploração da Energia das Ondas
Dado o baixo nível de experiência prática da energia das ondas, seja pelo reduzido
número de plantas e/ou pelo tempo decorrente de sua implantação, recorre-se à
experiência e percepção ambiental e social de indústrias comparáveis, quando
aplicável, como guia e base para a elaboração de estudos similares dos impactos de
energia das ondas e de diretrizes para seu desenvolvimento.
78
O estabelecimento de sistemas de energia das ondas teoricamente pode evitar
muito dos impactos ambientais que historicamente surgiram com a rápida
expansão de algumas indústrias costeiras e offshore.
É mais que recomendável, além de único caminho lógico, basear-se nesses acertos
e erros para estabelecer os efeitos diretos, indiretos e induzidos de um projeto,
evidenciando os fatores como (ELETROBRÁS, 1999):
• Meios bióticos e Antrópicos;
• Água, Ar, Clima, Solo e Ocupação;
• Materiais;
• Herança Cultural e Histórica;
• Interação entre esses fatores.
79
A presença desses efeitos, em maior ou menor quantidade, influenciará o
planejamento, os custos, prazos e autorizações legais para o desenvolvimento e
implantação da usina sendo, portanto, de fundamental importância nos aspectos
econômicos de um projeto.
Os efeitos reais advindos da instalação de uma usina de energia das ondas serão
conseqüências do entendimento, e do tratamento prévio, dessas questões
relacionadas, evitando-se embargos, serviços adicionais ou obras reparadoras,
indenizações, e imprevistos quaisquer que venham onerar ou ultrapassar seu
orçamento.
A zona costeira brasileira tem como aspectos distintivos sua extensão e grande
variedade de espécies e de ecossistemas. Em termos de área de abrangência, a
linha de costa se estende por 7300 km, número que se eleva para mais de 8500
km, quando se consideram os recortes litorâneos.
A zona costeira brasileira pode ser considerada uma região de contrastes. Por um
lado são encontradas nessa região, áreas onde coincidem intensa urbanização,
relevantes atividades portuária e industrial e exploração turística em larga escala,
como no caso das metrópoles e centros regionais litorâneos. Em grande parte estão
localizadas em áreas estuarinas e baías, centros difusores dos primeiros
movimentos de ocupação do Brasil, por constituírem, naturalmente, áreas
abrigadas.
80
Por outro lado, esses espaços são permeados por áreas de baixa densidade de
ocupação e ocorrência de ecossistemas de grande significado ambiental. No
entanto, estes espaços vêm sendo objetos de acelerado processo de ocupação,
demandando ações preventivas de direcionamento das tendências associadas à
dinâmica econômica emergente (a exemplo do turismo e da segunda residência), e
o reflexo desse processo na utilização dos espaços e no aproveitamento dos
respectivos recursos (IBAMA, 2002).
Aves
A questão dos impactos ambientais das energias renováveis sobre aves e outros
voadores tem sido a barreira mais significante para o desenvolvimento de plantas
de energia eólica devido à rotação das lâminas e suas respectivas dimensões. Para
o caso de energia das ondas, no entanto, não há qualquer proximidade no que
concerne o layout da usina. As concepções de conversão de energia das ondas são
submersíveis, ou semi-submersíveis, não se elevam muito acima do nível do mar e
não existem rotores se movendo no ar ou, componentes mecânicos expostos,
eximindo esse vetor desse encargo.
81
A camada imediata sob a superfície dos aparatos de conversão de energia das
ondas pode tornar-se um bom ambiente de vida para pequenos peixes, mexilhões,
etc., atraindo colônias de pássaros. A área de uma usina de energia de ondas,
servindo de território de alimentos, pode suprir esta nova fauna com comida farta e
abundante. Com a melhora das condições alimentícias, o desalojamento dos
pássaros, quanto ao seu território de alimentos e repouso, será significantemente
minimizado.
Ainda que a preocupação não seja aplicável à energia das ondas é importante
assegurar que a usina não acarretará risco e nenhum dano físico aos animais e,
para isso, deverá ser projetada, especialmente nos detalhes da construção, para
evitar a entrada de pássaros nos compartimentos da usina, como válvulas de ar,
rotores, etc.
82
As estruturas montadas no fundo do oceano tendem a atuar como recifes artificiais
e introdutores de fauna. Não há, portanto, qualquer evidência que isso possa
causar mudanças na estrutura do biótipo, modificar os bentos e a cadeia alimentar.
Não dá para divagar sobre a qualidade e quantidade dos possíveis impactos sobre o
leito marinho e os bentos, já que seus comportamentos não são bem conhecidos. O
assunto nos remete à recomendação de estudos específicos e à consideração de
programas de manutenção e melhoria dos habitats para as espécies locais quando
do planejamento de projetos de exploração de energia das ondas em larga escala.
Peixes
No ano de 2000 foi conduzido um estudo específico para avaliação dos efeitos da
operação de turbinas de 220 KW no projeto piloto de energia eólica offshore em
Nogersund na Suécia (Försöksanläggning för Havsbaserad Vindkraft i Nogersund).
Os resultados conclusivos é que não foram identificados impactos negativos na
população de peixes, pelo contrário, foi detectado um incremento dentro de um raio
de 400m da turbina.
Um outro efeito marginal das usinas de ondas pode ser conseguido com uma leve
adaptação para funcionarem também como recifes artificiais. Isto não significa que
provocará grandes acréscimos na produção de peixes, mas servirá para agregar os
peixes de forma mais densa. Contudo este efeito teria que ser pensado
criteriosamente, pois é preciso ter em mente que nem sempre é desejável criar um
ponto de pesca onde antes não existia, devido ao tráfego e movimentos que ali
serão criados, alterando toda uma microrregião.
83
Mamíferos Marinhos
84
Os aparatos de conversão de energia das ondas podem ter uma variedade
considerável de efeitos sobre os fluxos hidráulicos, propagação de marés e
correntes marinhas. O efeito mais pronunciado talvez seja mesmo no regime de
ondas.
Muitos dos modelos propostos transferem a energia das ondas ao aparato de forma
muito eficiente, podendo fazer surgir áreas de águas relativamente calmas por trás
dos equipamentos. Esta redução na ação das ondas pode ter efeito nos processos
de erosão costeira e transporte de sedimentos. Uma diminuição da energia contida
nas ondas, por transferência parcial a um aparato de conversão, poderia influenciar
a natureza da área costeira e as comunidades de plantas e animais que ela
sustenta.
Nas pesquisas realizadas para o litoral do Havaí deduziu-se que uma absorção de 5
a 10 por cento da energia das ondas por um aparato offshore poderia representar
uma redução de 3% a 5% na altura da onda na costa (HAGGERMAN, 1992).
85
Figura 5.1: Sedimentação por Trás de Obras Costeiras
Fonte: http://www.oce.kagoshima-u.ac.jp/users/kaigan/sediment/Ephotoce/page020.html
Erosão Erosão
Potencial
Acréscimo Transporte de
Deposicional Sedimento reduzido
Transporte de Corrente de
Sedimento Transporte de maré reduzida
Ação das ondas sedimentos reduzido
reduzida
Escoamento Refração
Transporte
Concentrado
Transporte de Sedimento
para a costa bloqueado
86
se apóia sobre outros) e epizoites, poderiam ser reduzidas. A complexa cadeia do
sistema seria de alguma forma afetada.
O desenho da linha de costa poderia também ter sua dinâmica afetada por um
longo período de tempo, através do transporte longitudinal da areia, resultando no
aumento da sedimentação em algumas áreas de praias, bem como o assoreamento
em outras. Contudo, depende da dimensão do projeto e do contexto. Pode ser que
venha a ser necessária uma modelagem detalhada para implantação de certas
usinas. As Figuras 5.3 e 5.4 a seguir mostram a alteração na linha de costa devido
a interferência de obras costeiras. A primeira com resultados negativos e a segunda
com resultados como desejados e projetados.
87
Figura 5.4: Efeito Positivo da Alteração da Linha de Costa
Fonte: COPPE / UFRJ / PENO / COV735 - Processos Litorâneos (VALENTINI, 2003)
Por fim, podem ocorrer tanto impactos positivos como negativos dependendo, mais
uma vez, da localização e do layout do projeto. Os impactos positivos podem
ocorrer na forma de redução dos níveis de erosão na costa pela ação de captura e
reflexão da energia das ondas, onde este efeito for desejado. Contudo, são efeitos
de ação local.
88
não difere daquele que ocorre naturalmente em situação de mar revolto e
tempestades, sendo mais rotineiras que este curto e temporário evento de
instalação.
Eletromagnetismo
Ruído
O som se propaga com mais facilidade sobre o mar que sobre a terra e, se audíveis
na linha de costa, pode se refletir em atitudes populares contra a usina.
89
com o princípio de coluna de ar oscilante (OWC) pelo fluxo de ar que o aparato
imprime através das pás das turbinas.
90
mecanismos se torna evidentes. Este ruído predomina e é percebido em
velocidades acima de 1100 rpm, com exceção em condições de tempestades
quando paralisações ocasionais ainda podem ocorrer.
A planta foi considerada inapropriada para operar de forma contínua a menos que
uma atenuação fosse providenciada. A principal dificuldade estava na redução dos
componentes dos ruídos de baixa freqüência (80-200 Hz) que eram dominantes sob
as condições de paralisação. A solução para atenuação de ruído adotada encontra-
se apresentada na Figura 5.6.
Silenciador de Saída
Painel Diagonal
Ressonante
Parede Absorvedora
Figura 5.6: LIMPET – Sistema de Atenuação de Ruído
Fonte: (DTI, 2002b)
91
Figura 5.7: LIMPET – Após Instalação do Sistema de Atenuação de Ruído
Fonte: (DTI, 1999)
Uma ou outra fonte de ruído pode surgir durante o período de construção de uma
usina, advindo de embarcações, possíveis explosões, etc., podem afetar aves,
mamíferos, etc. Porém são efeitos de duração limitada e de impactos temporários.
De qualquer forma, certos períodos do ano são de alta sensibilidade à procriação,
ou incubação, e deveriam ser evitados no caso da construção se dar próxima de
áreas bióticas importantes.
92
Alterações nos índices de ruído podem implicar na perda temporária e parcial do
habitat devido a perturbações sonoras das naves (barcos e helicópteros), os ruídos
mais prováveis, durante o período de construção e manutenção. A primeira é
esperada ser temporária e a segunda pode ter um efeito mais duradouro, ainda que
periodicamente.
Vibração
Teme-se que a vibração da infra-estrutura possa vir afetar o sistema sonar dos
animais marinhos, tornando mais dificultosa a captura da sua caça. Os efeitos de
emissão e barulho de baixa freqüência em mamíferos, peixes e larvas são
totalmente desconhecidos. Contudo, se verdadeiro, esse efeito será restrito às
adjacências da planta da usina, além do que outras possibilidades de alimentação
poderão ser encontradas.
93
O período de construção pode ter efeito sobre os mamíferos, peixes e bentos. São
efeitos temporários e em períodos sensíveis deveriam ser evitados. Caso contrário
pode resultar em altas taxas de mortalidade de peixes e larvas.
Intrusão Visual
94
quão arraigado o nosso povo pode ser com relação a sua paisagem de todos os
dias, o que deverá sempre ser levado em consideração.
Para energia das ondas a magnitude dos impactos visuais é muito dependente do
sítio em questão e torna-se uma questão de maior importância ainda quando
exploradas em larga escala. A visibilidade a partir da terra dependerá também das
exigências quanto a iluminação de segurança e a pintura solicitadas pelo órgão
competente, de outra forma poderia até se pensar em camuflagem dos aparatos.
Para as usinas construídas na costa a alocação e design passam a ser de máxima
importância.
O impacto visual não deixa de ser também uma questão de gosto e percepção
individual, sendo assim, haverá sempre alguma forma de resistência pública. Ainda
que a usina venha a ser invisível por navios, barcos, barcaças, etc., um processo de
planejamento cuidadoso com a visualização detalhada e diálogo intensivo com a
população e a comunidade local podem render menor resistência da opinião
pública.
95
Islay 75 Limpet 500
Figura 5.8: Evolução Conceitual da Usina Piloto Islay 75 para Limpet 500
96
Acidentes
Os efeitos de acidentes como esses podem ser, como exemplo, a poluição causada
por substâncias oriundas da colisão de navios, ou aeronaves, ou ainda de materiais
oriundos da instalação como cabos ou outros componentes. A conseqüência exata
de uma colisão depende de muitos parâmetros como o tipo da embarcação/
aeronave, ângulo de colisão, velocidade do veículo na hora da colisão, tipo do
aparato de conversão de energia, etc.
A substância poluente mais provável nestes casos vem a ser o óleo. Sendo que o
derramamento de óleo vindo de uma usina de ondas não é muito provável, já que
na usina de ondas não existem óleos combustíveis, a não ser óleos lubrificantes,
em quantidade incapaz de causar qualquer tipo de poluição. Um outro óleo possível
de ser achado nos domínios de uma usina de ondas seria o óleo diesel em uma
subestação, mesmo assim muito longe de ser uma fonte de risco. A subestação
está, geralmente, localizada em terra e a quantidade de diesel, além de limitada,
evaporaria com relativa facilidade.
O impacto ambiental mais crítico, relativo à poluição de óleos, seria mesmo aquele
causado por óleo transportado por petroleiros. O óleo diesel dos barcos de pesca e
embarcações de manutenção não é tão grave como o óleo de grandes navios
porque, como dito no parágrafo anterior, o diesel evapora com relativo grau de
facilidade, quando comparado ao óleo pesado. Este último é mais destrutivo devido
a sua baixa taxa de evaporação.
97
impensado que, diante dos atuais estágios de desenvolvimento tecnológicos, sejam
aceitas estas possibilidades de colisão.
Em alguns casos, uma usina de ondas pode muito bem prevenir acidentes. Quando
estas usinas destinarem-se a águas onde o risco de acidentes seja alto devido a
existência de recifes naturais, por exemplo. Este aparato, devidamente sinalizado,
alertará as embarcações do risco de colisão de forma mais clara que na situação
original antes da instalação da usina.
Quando cabos submarinos, contendo óleo mineral para isolamento, venham a ser
especificados em detrimento de outros, no caso de acidente partindo o isolamento
do cabo pode haver liberação de óleo em pequena quantidade. Contudo, o risco
dessa ocorrência é muito baixo, 1:32.000 anos (um em trinta e dois mil anos).
Apesar de muito baixo, medidas de mitigação para proteção dos cabos são
altamente recomendáveis.
Alguns gases têm impactos negativos tanto em nível local como global (SCHAEFFER
& SZKLO, 2001). O óxido de nitrogênio (NOX), por exemplo, dependendo da sua
dispersão na atmosfera, reage formando ácido nítrico. Um efeito local é a formação
da chuva ácida, ou o ozônio troposférico, um tipo de gás de efeito estufa.
Outros gases podem ter efeitos globais positivos e negativos em termos locais. O
dióxido de enxofre (SO2), por exemplo, durante a suas dispersão na atmosfera
pode formar aerossóis de enxofre que, por seu efeito radioativo tem um efeito na
climatologia global e, ao mesmo tempo, são prejudiciais ao ambiente local. A chuva
ácida relacionada a precipitação de aerossóis de enxofre pode resultar em sérios
danos à saúde humana, fauna, flora e materiais em geral.
98
Finalmente, outros poluentes, tais como o dióxido de carbono (CO2), têm somente
efeitos globais, sendo os efeitos locais de sua emissão nulos (SCHAEFFER & SZKLO,
2001).
A análise exata de cada estágio nem sempre é possível, ou até mesmo necessária.
A emissão dos maiores poluentes atmosféricos, especialmente dióxido de carbono,
dióxido de enxofre, óxidos de nitrogênio e partículas, são proporcionais ao consumo
de energia. Por isso os estágios, ou ciclos de vida, mais importantes para emissão
de gases na atmosfera são aqueles mais energo-intensivos, em especial para a
maioria das energias renováveis. As mais importantes são:
• As emissões liberadas durante a manufatura dos materiais;
• O uso de energia nos transportes em todos os estágios. No Brasil, onde o
transporte rodoviário é predominante, o consumo típico de energia da
ordem de 3MJ/t/km (SCHAEFFER & SZKLO, 2001).
• A energia utilizada na extração dos materiais primários, ou de extrativismo,
utilizados na construção como calcário e agregados, ou em componentes
como minério de ferro, minério de cobre e alumínio;
• Energia utilizada na construção, descomissionamento e processo de
disposição à alienação, ainda que em uma ordem de magnitude menor que
na manufatura de material.
99
As emissões associadas à manufatura de materiais e componentes são
dependentes, em certo grau, das práticas industriais e do regime de controle de
poluição do país produtor. A título de mera ilustração é apresentada na tabela 5.1
as emissões dos principais poluentes no Reino Unido na década de 1990-2000, para
as principais tecnologias de energia renováveis offshore.
Tabela 5.1: Emissão de Gases de Efeito Estufa Devido ao Material Utilizado na Usina
Fonte: (SOERENSEN et al., 2003)
Outro aspecto que faz a energia das ondas um dos vetores energéticos de menores
índices de emissão de gases de efeito estufa no Brasil é que a maior parte dos
materiais e insumos utilizados na sua construção é produzida no país com a
utilização de energia de hidrelétricas. Isso faz com que os valores dessas emissões
totais se aproximem de zero. O mesmo não acontece com a energia eólica e
talassométrica que utilizam equipamentos importados de países que utilizam
energia com emissão de poluentes na sua manufatura (gás e carvão).
Descomissionamento
100
período de construção da usina. Contudo, esses impactos também são temporários,
com promessa de conduzir o ambiente ao seu status do período anterior ao
desenvolvimento do esquema.
Como dito ao longo deste trabalho, há muitas concepções diferentes que podem ser
usadas para extração de energia do mar. A atuação do ambiente marinho sobre
essas estruturas será determinada pelo tipo de usina, as suas dimensões expostas
a essas ações e sua respectiva localização, em especial relativa à distância da costa
(onshore, nearshore, offshore). Em termos do tipo de impacto em potencial ao qual
uma usina estará sujeita, há muito em comum com outras estruturas marítimas
(THORPE & PICKEN, 1993).
101
e transparência da água, condições climáticas reinantes e posição relativa às
correntes e sua velocidade, além do fator sazonal envolvido no desenvolvimento
desta comunidade. Todos esses fatores podem ser enquadrados dentro de três
categorias principais (THORPE & PICKEN, 1993):
• O ambiente físico-químico nas adjacências do substrato sendo incrustado: as
condições de exposição e interface entre água e ar, ação das ondas, força
das correntes e/ou outras condições severas como a temperatura da água
ou poluição;
• A natureza físico-química do substrato sendo colonizado;
• A biologia dos organismos nas comunidades das quais se originam os
organismos incrustantes: a produção de larvas ou esporos à procura por
superfícies adequadas para sua instalação.
Para uma estrutura imersa no mar há uma seqüência que pode ser mais ou menos
bem definida. Bactérias e macro moléculas são os primeiros colonos que formam
um substrato viscoso para larvas marinhas e esporos. Ao que se vê uma sucessão
biológica por alguns anos com espécies indo e vindo, influenciadas pela competição,
por comida e espaço, até alcançar algum tipo de condição de equilíbrio. A sucessão
biológica pode variar enormemente de local para local e de substrato para
substrato. As maiores espécies, mais competitivas ou mais abundantes tendem a
dominar estas comunidades e, do ponto de vista de engenharia, ditar a
produtividade das comunidades.
As taxas mais altas de incrustações estão nas altas e médias latitudes, onde os
mariscos normalmente são dominantes. Em certos períodos do ano eles podem
102
formar verdadeiros cobertores de 15 cm de espessura podendo acumular-se a uma
taxa de 40 kg/m2/ano.
Efeitos de Incrustações
103
Tabela 5.2: Principais Agentes de Incrustações e a Intensidade de sua Ação
Fonte: (THORPE & PICKEN, 1993)
104
Todas essas predições baseiam-se no pressuposto da ausência de tratamento
contra incrustações nas estruturas. Os aparatos terão que receber tratamento de
forma a evitar redução na eficiência em equipamentos como as turbinas, por
exemplo. Há constantes progressos na tecnologia anti-incrustações que podem por
bem mitigar estes problemas. A experiência da construção naval pode trazer
contribuições, especialmente no uso de técnicas neutras ao ambiente, fauna, flora e
qualidade da água (THORPE & PICKEN, 1993).
Corrosão
A tabela 5.3 mostra algumas dessas medidas, ainda que sem a pretensão específica
de eleger ou discutir qualquer método em especial, com o propósito meramente
ilustrativo.
5.3.2 Ventos
105
Tabela 5.3: Possíveis Métodos para Prevenção de Incrustações
Fonte: (THORPE & PICKEN, 1993)
Medida Ação Aplicação
Manual ou Mecânica Interna e Externamente no
Remoção (ex.: jato e/ou outras Conversor; Externo aos Tubos e
ferramentas hidráulicas) Conduítes
Aplicação de Veneno Biocidas a base de cloro Interna ao Sistema Hidráulico
Fusão a base de Cobre Interna e Externamente no
Revestimento (ex.: Cu:Ni) Conversor e Conduítes
Lâmina de Elastômero
Pintura Pintura a base de Cobre; Interna e Externamente no
Pintura Orgânica. Conversor
Controle Térmico Água Quente Espaços Confinados onde o Calor
possa ser mantido
Controle Biológico Estrela do Mar Interna e Externamente no
Conversor
Controle Hidrodinâmico Fluxo Crítico de Água Certas Tubulações e Conduítes
5.3.3 Assoreamento
As concepções offshore, por seu caráter flutuante, não devem sofrer com este tipo
de problema. Os modelos onshore devem ser mais sensíveis às correntes
ortogonais que seguem os padrões das ondas. Contudo, ambas poderão sofrer com
as amplitudes das marés e, assim como podem modificar, também podem sofrer a
ação dos fluxos de marés.
106
5.3.5 Cabos e Tubulações Submersas
107
As áreas de competição por uso geralmente se enquadram em duas categorias,
áreas de acesso restrito, ou proibido, e áreas de usos conflitantes (SOERENSEN et
al., 2003).
Rotas de Navegação
108
limite de 12 milhas náuticas as embarcações desfrutam de liberdade de navegação.
Quando esta área é requerida por algum motivo como razões de segurança, por
exemplo, novas rotas e esquemas especiais de tráfego são designados, ou
determinados, para a passagem de embarcações.
109
deverão ser buscados. Apesar de tudo, como dito anteriormente, é impensada,
diante dos atuais estágios de desenvolvimento tecnológicos, as possibilidades de
colisão.
110
Pode ser que a extração de energia das ondas tenha a prioridade de uso ante a
exploração de petróleo e vice-versa. Por exemplo, é pouco provável que a
exploração de combustíveis fósseis tenha prioridade na região do Parque Nacional
de Abrolhos, onde há sinais da presença de petróleo. Contudo, a energia das ondas,
por seu caráter renovável e de baixíssimos impactos, pode facilmente co-existir em
área de preservação ambiental.
Além do mais não há razão para uma dicotomia entre determinadas indústrias e a
energia das ondas como se pudessem constituir um fator limitante a determinados
sítios e impedindo a coexistência próxima uma da outra. A energia gerada pode, e
pretende atender essas atividades marítimas e costeiras. Lembrando mais uma vez
a cooperação entre elas, a energia das ondas próxima a dutos poderia ser utilizada
para o aquecimento de linhas de óleo que tendem a congelar devido às baixas
temperaturas do fundo do mar.
Áreas de Preservação
111
Podem ocorrer casos onde determinadas áreas não declaradas oficialmente como
reserva natural possam ser requeridas como tal, durante o processo de
implantação, ou ainda alguém ou grupo, pode achar que deveria sê-lo. Assim
determinadas áreas que em um primeiro instante não são tidas como protegidas
passarão, em alguns casos, a serem consideradas como.
Outra situação provável é que, ainda que a usina não venha a ficar localizada
dentro dos limites de áreas restritas, seja necessária a passagem de cabos por
essas áreas para conduzir a energia da usina a terra.
O problema de passagem de cabos está sendo visto como uma séria barreira para o
desenvolvimento de projetos de energia eólica offshore na Alemanha e no Mar do
Norte. A discussão caminha para uma solução política, onde a aprovação para a
passagem dos cabos seja dada sob regras muito restritas com vista à minimização
dos impactos ambientais durante o processo de implantação. Talvez um
requerimento mínimo fosse a condução dos trabalhos somente em períodos, ou
datas, que não sejam sensíveis à vida selvagem local, o que remeteria os serviços a
períodos invernais.
Há restrição à pesca de arrasto que, ilegal ou não, é certamente uma outra área de
conflito potencial com pescadores que se sintam prejudicados na sua metodologia
de obtenção do pescado. Ainda que estes apresentem outros motivos como
justificativas.
112
As experiências adquiridas de plantas de exploração de energia eólica offshore
mostram que este conflito não tem impedido a implantação dos projetos, sempre
contornados com compensação financeira mesmo sem a evidência que a pesca
tenha reduzido posteriormente. Problemas como estes podem ocorrer em qualquer
lugar, mas há de ser evidenciado onde a classe profissional for mais bem
organizada.
Áreas de Recreação
Lazer
113
O conflito pode residir basicamente na intrusão visual do aparato em belezas
cênicas e na paisagem terrestre e marítima, assunto tratado em item anterior. Em
geral as oposições se esvaem quando a planta é instalada fora do alcance da vista.
Este conflito de oposição local provavelmente seja pouco severo para com a energia
das ondas, quando comparado às fazendas eólicas. Antes de tudo porque as
concepções de energia das ondas não se estendem muito acima do nível do mar
fazendo-as de difícil percepção à distância, como também exposta em item
anterior.
Turismo
114
percentual da potência eólica produzida no Brasil. O público se orgulha de seus
parques eólicos e gostaria de visitá-los. Poderia ser um benéfico para os operadores
de energia das ondas disporem de espaço para visitação turística, e de nativos,
informando-lhes sobre a operação, resultados e benefícios da tecnologia.
De todas as experiências globais há motivos para acreditar que a energia das ondas
tenha essa mesma receptividade, ou mesmo venha a se tornar mais popular ainda
na aceitabilidade do público em geral, devido a sua vantagem particular de impacto
visual bem menor.
Prática do Surfe
O efeito de instalações de energia das ondas sobre a atividade do surfe tem sido
questionamento constante e depende muitíssimo do modelo do aparato
a ser utilizado para extração de energia. Há dezenas de modelos e concepções
para este fim e são empregados de acordo com os objetivos que se queira alcançar,
além de eletricidade obviamente, tais como obtenção de uma baía abrigada,
funcionamento como um cais de acostagem, dentre outros.
115
batimetria, para uso compartilhado pelo surfe e geração de energia em regiões com
regime de ondas desfavoráveis. A Figura 5.9 mostra o esquema testado
apresentando a área com o fundo modificado em forma de asa delta.
Figura 5.9: Experimento para Incremento da Altura da Onda por Alteração Batimétrica
116
Usando as ilustrações de outro exemplo pode-se observar o que ocorre com a onda
quando encontra o fundo artificial e como se processa essa elevação. A Figura 5.11
mostra a vista superior do encontro das ondas com o fundo artificial, provocando
sublevação nessa região específica, e a Figura 5.12 apresenta um gráfico dos
pontos monitorados representando o que ocorre com o perfil da onda na mesma
região.
Superfície Livre
Eixo Y (m)
Eixo X (m)
Figura 5.11: Vista Superior da Região de Contato da Onda com o Fundo Modificado
Fonte: (PHILIP, LIU & LOSADA, 2002)
Corte A-A
117
Áreas de Interesse Arqueológico
As áreas de interesse arqueológico nem sempre estão definidas nos mapas. Caberia
uma investigação histórica durante a fase de planejamento e uma posterior
inspeção durante o levantamento físico dos sítios potenciais para evitar conflitos de
interesses.
Outros
Para algumas regiões a zona costeira está sob regulamentações estritas, quanto ao
uso territorial e marítimo, obstruindo o desenvolvimento de concepções onshore e
nearshore. Nessa situação pode-se aproximar a instalação para áreas já em
utilização para outras finalidades (área industrial, portuária, vilas e povoados, etc.)
aproveitando a infra-estrutura existente (acesso, energia para a fase de
construção, mão-de-obra, etc.), ou levando-as às comunidades.
118
5.5 Aceitação Pública
De um ponto de vista mais pragmático e econômico saiba-se que não haverá apoio
político e financeiro se um vetor de energia não for aceito pela população, sendo
esta mais uma das importâncias da realização de estudos de impactos de forma
mais abrangentes.
119
outros. Fatalmente os conflitos aparecem ainda durante o processo de
planejamento e aprovação.
Caso houvesse uma regra quase geral e simplista para reger a receptividade social
de determinadas tecnologias ela seria resumida na frase “Não nas Minhas Costas”.
Um bom exemplo disso seria o que ocorre na implantação das estações rádio-base
de telecomunicações, onde todos querem ter uma maior e melhor cobertura do
sinal de telefonia celular, mas ninguém quer ser vizinho de uma torre metálica e tê-
la o resto da vida como paisagem. Dessa “Síndrome” surge a maioria das variáveis
envolvidas na determinação da receptividade por uma população local, de um
projeto específico, a qual realmente tem muitos componentes.
120
Estes procedimentos não se resumem a um relatório de impacto ambiental
apresentado às autoridades que, por seu enquadramento formal e técnico, pode ter
o verdadeiro potencial do projeto escondido. Trata-se de um processo dinâmico que
possibilite ajustes apropriados em circunstâncias prevalecentes, com flexibilidade
para adendos e que a proposta original possa ser constantemente adaptada aos
diferentes aspectos do projeto. Também deve ser de conhecimento geral, no
sentido da fluidez das informações, entre aqueles diretamente envolvidos,
principalmente executores e operários.
Caso não seja criado este canal de diálogo com o público jamais se terá o
entendimento exato do contexto social local e das questões importantes para a
população. Corre-se o risco de perder a oportunidade de acompanhar e julgar as
medidas de mitigação assumidas e quais foram os seus verdadeiros alcances.
Assim, detalhes de determinadas informações como “A Quem”, “Quando” e “Como”
endereçar-se pode fazer a diferença.
121
projeto, sem qualquer envolvimento de representantes ou autoridades. Estes,
dentro de seu interesse, podem ser propriamente alimentados de informações, para
se evitar conseqüências dramáticas de diálogos com o público por canais
inadequados ou motivados por quaisquer outros interesses. Este aspecto se torna
de maior relevância se maiores impactos sociais são esperados sobre a população.
Estratégias de Informação
A consideração mais comum é que essa participação deveria ser passiva e muito
pouco consultiva, contornando a influência direta do público no processo de
decisão, por imaginar que só haveria possibilidades desvantajosas na participação
popular, tais como:
• Piorar uma Situação;
• Ser Ineficiente;
• Expandir o Escopo do Conflito;
• Nunca Satisfazer Todos os Interesses.
Participação no Planejamento
O propósito dessa estratégia é dar à população local uma motivação para aceitar as
mudanças propostas, através da concessão da palavra no planejamento de um
projeto de repercussão e, assim, eliminar a ameaça de um entendimento
122
equivocado do projeto. O risco desta estratégia é que o debate público, com a
finalidade de conscientização de massas, pode acarretar atrasos no planejamento
como um todo. Atrasos esses inevitáveis quando as licenças, ou projetos, forem
alvos de recursos legais e sofrerem ameaças de nunca serem materializados.
Participação Financeira
123
Acredita-se que uma participação pública forte, como no exemplo acima da planta
eólica offshore de Middelgrunden – Alemanha, a qual inclui a participação
financeira, foi uma condição prévia muito importante no sucesso desse projeto. A
resistência pública foi surpreendentemente baixa, comparado a um outro projeto
imediatamente anterior de grande repulsa à intrusão causada pela implantação de
turbinas eólicas de 2MW em Copenhague – Dinamarca.
Em resumo do que foi dito e, de maneira a promover uma aceitação pública das
plantas de energia das ondas, é essencial que:
• Aumente-se o conhecimento público sobre a tecnologia da energia das
ondas através de campanhas de informação dirigida à imprensa, ao público,
e aos políticos, quando do desenvolvimento de novas plantas ou novos
princípios;
• Considere-se o benefício do envolvimento direto do público e seja
encorajado o diálogo, em especial com o público local;
• Promova-se o envolvimento do público local nas primeiras etapas do
projeto. Caso erros sejam cometidos neste ponto do desenvolvimento do
projeto, sem a participação da sociedade, será difícil fazer com que a
energia das ondas seja amplamente aceita pela grande parte da população;
• Avalie-se a experiência da aceitação social de plantas de energia das ondas
existentes e comparar seus efeitos previstos e realmente experimentados.
124
5.6 Benefícios da Energia das Ondas
125
Figura 5.13: BRASIL – Densidade Demográfica.
126
6 Caracterização do Recurso Energético das Ondas do Mar
Neste aspecto, a exploração das ondas marítimas com fins energéticos não dispõe
de informações necessárias para a caracterização do recurso e sua conversão em
eletricidade. A superposição de “mares” de diferentes direções, por exemplo,
produz interações não lineares e, conseqüentemente, não estacionárias no
processo. A apresentação de estatísticas em forma de médias é um fator
comprometedor para caracterização do mar com fins energéticos, à medida que
mascara a ocorrência de eventos isolados (MENDES, 2005).
127
As ondas oceânicas são fenômenos bastante complexos e altamente variáveis. O
clima de ondas tem forte influência nas especificações de projetos de energia de
ondas e na predição anual de eletricidade (SARMENTO et al., 2001) à medida que
as características das ondas impõem determinadas limitações sobre os aparatos de
conversão de energia e na escolha do princípio mais apropriado para aquelas
condições de mar (FALNES & LOVSETH, 1991).
A eficiência dos aparatos de conversão de energia das ondas, por exemplo, pode
variar consideravelmente diante de determinados estados de mar. Assim,
conhecendo o clima de ondas de uma região, pode-se indicar o aparato que
apresente a maior produção de energia e que seja mais adequado àquele contexto
ou, talvez, a localização mais adequada para determinado princípio de conversão. O
gráfico da Figura 6.1 mostra a eficiência de alguns aparatos conhecidos para
diversas condições de altura de ondas (SANDERS et al., 2003).
Eficiência
Hs (m)
128
A diversidade de aplicação para as atividades que dependem do conhecimento do
clima de ondas poderia ser exemplificada no dimensionamento de obras costeiras e
offshore, na criação de áreas abrigadas, ajuda à navegação e à construção de
embarcações que atuam na região e, em especial, a exploração energética das
ondas do mar, como foco principal. Certamente que estes objetivos somente serão
alcançados com investigação criteriosa, ao invés da generalização de informações
imprecisas sobre o clima de ondas.
129
planeta. A Figura 6.2 ilustra essa incidência que tem como conseqüência o
aquecimento desigual do planeta.
130
Vento Vento
Convergente Convergente
Baixa
Frio
Célula de
Circulação
Fluxo na Superfície
Fluxo na Superfície
Célula de Quente
Circulação
Frio
Este seria o cenário se a terra estivesse estacionária em seu eixo. Contudo, a terra
gira e esse esforço deflete os ventos pelo efeito da força de rotação da terra
batizada como Força de Coriolis. A Figura 6.5(a) exemplifica o sistema de forças
131
dos ventos que tem sua resultante modificada pela ação da força de rotação
terrestre. A Figura 6.5(b) ilustra como se dá o comportamento através das isóbaras
sob a orientação de novas componentes de forças. A Figura 6.5(c) mostra a
deflexão dos ventos em ambos os hemisférios do globo.
Pólo Norte
Hemisfério Norte
Hemisfério Sul
Figura 6.5(a): Sistema dos Vetores de Forças
Fonte: http://ww2010.atmos.uiuc.edu
Hemisfério Norte
1888 mb Rotação
da Terra
1884 mb
Hemisfério Sul
1008 mb
Figura 6.5(b): Comportamento das Forças nas Isóbaras Figura 6.5(c): Deflexão dos Ventos
Fonte: http://ww2010.atmos.uiuc.edu Fonte: www. http://www.glacier.rice.edu
132
Célula Polar
Célula de Ferrel
Célula de Hadley
Célula de Hadley
Célula de Ferrel
Figura 6.6: Células de Circulação Formadas pela Ação da Força de Rotação da Terra
Fonte: Extraído de Lutgens & Tarbuck, 2001
133
Ar
Descendente
Vento Vento
Divergente Divergente
Alta
A outra parte desse ar, oriunda da Zona de Alta Pressão Subtropical, se move em
direção aos pólos em busca de maiores latitudes, ganhando um pouco mais de
temperatura no seu trajeto sobre a superfície. Por volta da latitude 60°, mais uma
vez pela ação da força de Coriolis, o vento é defletido de leste para oeste formando
nestas latitudes os Ventos Dominantes de Oeste (Westrelies), que vêm a colidir
com o ar frio oriundo dos pólos. Este encontro resulta em um levantamento frontal
daquele ar mais aquecido e a formação de um intenso sistema de baixa pressão
denominado Zona de Baixas Pressões Subpolares, ou Ciclones de Latitudes Médias.
Ao atingir o topo da troposfera uma pequena parte do ar retorna estabelecendo
outro padrão de circulação vertical que são as Células de Ferrel, cinturão de vento
134
que ocorre entre as latitudes 30° e 60° de ambos os hemisférios. A maior parte
desse ar é direcionada ao vórtice polar para contribuir na formação do terceiro
cinturão de vento, como será visto adiante. Os ventos da camada superior também
sofrem o efeito da força de Coriolis e se deformam originando a Corrente de Jato
tropical, geralmente em direção aos pólos.
Alta Baixa
Anticiclone Ciclone
135
Ao norte desse cinturão de baixa subpolar o verão aquece as massas de ar
subtropical. Ao sul, o gelo que cobre a superfície da Antártica reflete de volta ao
espaço grande parte da radiação incidente. Como conseqüência, as massas de ar
sobre a Antártica se mantêm geladas por causa do pouco aquecimento da superfície
do solo. O ar é excessivamente frio e denso. Na zona subpolar o encontro da massa
de ar morna da região subtropical e massa de ar gelada polar promovem a
“Elevação Frontal”. Estas massas de ar frio, das regiões polares, são mais densas
que as massas de ar ligeiramente mais aquecidas estabelecidas em latitudes mais
baixas. Por isso se movem para baixo, em direção a células de alta pressão mais
fracas, nas camadas mais baixas da atmosfera, que se encontram nas latitudes 60°
sul e norte. Este fenômeno é responsável por frentes frias polares que empurram e
elevam o ar mais aquecido, provocando a “Elevação Frontal” e criando o terceiro
cinturão de vento, a Célula Polar.
O modelo das três células de circulação é uma idealização. Embora o sistema global
de circulação atmosférica explique em termos gerais muitos dos padrões de grande
escala no tempo meteorológico, há muitos pormenores e muitos fenômenos de
pequena escala a serem considerados na dinâmica diária e anual. Na realidade os
ventos não são estacionários, os cinturões de pressão não são contínuos e há três
grandes razões para isso. Em primeiro lugar, a superfície do planeta não é
uniforme. Nem no material de sua composição, que permite um aquecimento
irregular devido aos contrastes terra-água, nem no relevo, já que as elevações
proporcionam o aparecimento de centros de pressões que se intensificam à medida
que a altitude cresce, especialmente para os sistemas de altas pressões. Em
segundo lugar, o fluxo de ventos pode se tornar instável e gerar tormentas, tufões
e tornados. E em terceiro lugar, a incidência solar não permanece sobre a linha do
equador de forma igual, mas se move entre as latitudes 23,5° sul e 23,5° norte, no
curso de um ano, devido a variação de inclinação da Terra no seu eixo em
movimento em torno do sol. A superfície da terra fica exposta à radiação em
diferentes ângulos e em diferentes meses do ano. Este fenômeno dá origem às
estações climáticas da terra (SCHLANGER, 2005) e encontra-se ilustrado na Figura
6.9.
136
Circulo Polar Ártico
Trópico de Câncer
Equinócio
Equador 21-22 de Março
Trópico de Capricórnio Sol Vertical no Equador
Sol
Solstício
Solstício 21-22 de Dezembro
21-22 de Junho Sol Vertical na
Sol Vertical na Órbita Latitude 23° 30”S
Latitude 23° 30”N
Equinócio
22-23 de Setembro
Sol Vertical no Equador
Além disso, há efeitos menores resultantes das diferenças entre dia e noite; há a
contribuição do efeito de cobertura de nuvens e dos diferentes graus de absorção
de calor das superfícies do solo e da água, que contribuem para variação de
temperatura sobre o globo e conseqüente variação de pressão (HEATH). Todos
esses fatores fazem com que o padrão de circulação global torne-se um pouco mais
complicado. De fato, o que existe são sistemas semi-permanentes de altas e baixas
pressões. Semi-permanentes porque podem variar em intensidade e/ou posição
durante o ano (SCHLANGER, 2005).
137
6.2 As Ondas de Gravidade
Sobe Sobe
Desce
Figura 6.10: Transferência de Energia do Vento para o Mar
Fonte: Extraído de Thurman, H.V. & Trujilo, A. P.
138
Direção
→
Comprimento Velocidade
da Crista
Nível Médio
Altura de Período
Onda
Leito do Mar
Depois de formar a onda e, enquanto esse vento continuar agindo sobre ela, irá
transformá-la em uma onda mais alta, de período maior e assumir a direção de
impulsionamento desse vento. Isto faz da formação das ondas um processo
contínuo, com aumento gradual da altura, do período e definição da direção
(OLIVEIRA F°, 2006). Essa evolução encontra-se ilustrada no gráfico da Figura
6.12. Desta forma o vento cria na superfície do mar ondas de vários períodos e
alturas se propagando simultaneamente em diferentes direções (espectro de
ondas). A superposição dessas diversas ondas se reflete no aspecto irregular
observado no oceano (MELO F° et al., 1993).
Usando a teoria linear de onda (o que é em geral justificado enquanto a onda não
quebra) e considerando a onda em águas profundas (profundidade, h maior do que
a metade do comprimento de onda, λ / 2 ) tem-se que o fluxo de energia de uma
onda senoidal, por unidade de frente de onda é dado por:
ρg 2 2
P= H T (6.1)
32π
139
onde ρ é a massa específica da água, g é a aceleração da gravidade, H é altura da
A descrição das ondas feita acima diz respeito a ondas monocromáticas, simples. O
mar real é em geral modelado como um processo aleatório, resultado da
superposição de um grande número de componentes monocromáticas. Neste
modelo aleatório, as características das ondas – altura, período e direção - passam
a ser consideradas como variáveis aleatórias, ou seja, não-determinísticas.
Admite-se que para cada estado de mar (com duração de cerca de três a quatro
horas) as propriedades estatísticas das ondas permanecem constantes. Os
parâmetros estatísticos que caracterizam os estados de mar serão utilizados para
fazer o levantamento da potência de ondas disponível em cada região do oceano.
S ( f ) = Af −5 exp(− Bf −4 ) (6.2)
DF =
∫ P(θ ) cos(θ )dθ (6.3)
∫ P(θ )dθ
140
onde P(θ) representa a potência média de uma onda que se propaga na direção θ.
Uma das formas de apresentar esta distribuição de energia das ondas em termos
da direção de propagação é a chamada “rosa das ondas”. Conforme as ondas se
aproximam da costa os mecanismos de modificação das ondas levam a uma
redução na distribuição angular de potência das ondas e conseqüentemente a um
aumento no fator de direcionalidade. Para aqueles aparatos isolados capazes ou de
mudar sua orientação ou capturar energia das ondas vindas de qualquer direção o
fator de direcionalidade não tem grande importância. No entanto, para esquemas
envolvendo uma rede de aparatos em linha, o fator de direcionalidade vai limitar a
quantidade de energia das ondas que pode ser absorvida pelos aparatos e, portanto
a geração de energia.
A potência contida num estado de mar real pode ser estimada a partir da seguinte
relação:
Direção de
Propagação
141
quanto mais distante da costa têm-se ondas maiores e, quanto mais próximo da
costa, ondas menores.
Assim, a atuação de um vento sobre uma determinada onda está determinada pela
intensidade do vento, sua duração sobre aquela onda e a extensão da superfície do
mar em que esses fatores acontecem conjuntamente, atuação limitada até que um
deles cesse. Esta área é denominada “Pista” de onda (fetch) (HEATH) e encontra-se
ilustrada na Figura 6.13.
Dentro da área onde são geradas e mantidas pelo vento que as formou, as ondas
apresentam uma forma desorganizada, denominada “Vaga” (Sea) e, se os ventos
forem fortes e duradouros o suficiente, o padrão se torna mais simétrico, mais
suave, passando a ter a denomição “Ondulação” (Swell). Este padrão de onda é
encontrado fora da zona de geração. Em resumo, as ondas no início de sua
formação são pequenas e a contínua ação do vento determina seu tamanho final.
Ainda que o vento continue soprando indefinidamente o crescimento de uma onda
gerada por ele não é infinita. Há um estado limite de evolução chamado “Mar
Completamente Desenvolvido” (fully developed sea).
A onda uma vez formada adquire vida própria. O vento pode até mudar de direção
cessando sua contribuição para aquela onda em questão, que ela poderá viajar
grandes distâncias com pouquíssima atenuação de energia, até se dissiparem na
arrebentação em alguma costa distante (HEATH). A Figura 6.13 apresenta a
variação dos estados de mar relacionando-os aos períodos de sua ocorrência.
Tempestade
Vento
Direção Limite da
da Onda Tempestade
Pista
142
A partir da Figura 6.14 pode-se perceber que há uma vasta gama desses
movimentos que se diferenciam pela forma de geração, modo de restauração,
periodicidade em que ocorre, energia que portam, e pelos efeitos que causam ao
meio (OLIVEIRA F°, 2006).
Nomenclatura
Força
Restauradora
Energia
6 5 4 3 2 1 0 -1 -2
10 10 10 10 10 10 10 10 10
Período (s)
Força
Geradora
143
Como dito anteriormente os sistemas não são completamente estacionários e
haverá sempre uma zona limítrofe susceptível às manifestações climáticas
ambíguas, que vez por outra podem dificultar a determinação de onde começa uma
área de clima de onda homogêneo e onde termina a outra. Assim, levando em
consideração as questões até aqui abordadas, decidiu-se realizar a análise para
cada região política estabelecida, por ser a melhor forma de tratar o clima de ondas
de forma mais homogênea.
144
Figura 6.15: Área de Contribuição e Gradientes Térmicos
Fonte: (Atlas Eólico do Estado do Ceará, 2001)
Sua posição pode mudar durante ciclos anuais, provocando modificações climáticas
características na região. O movimento da ZCIT, de acordo com a mudança das
estações climáticas, controla os ventos na linha do equador. As Figuras 6.16 e 6.17
apresentam a posição da ZCIT em volta da linha do equador nos meses de janeiro e
julho, respectivamente. Normalmente a ZCIT migra de sua posição mais ao norte
no atlântico para uma posição mais ao sul durante o verão austral. Os ventos
alíseos do sudeste são mais intensos quando a ZCIT está ao norte, período
correspondente aos meses de agosto a outubro, diminuindo progressivamente com
sua migração para o equador para alcançar os valores mínimos anuais durante os
meses compreendidos de março a abril, quando os ventos sudestes são mais
fracos.
145
Frente Polar
Células de Hadley
ZCIT ZCIT
Frente Polar
ZCIT
ZCIT
Frente Polar
146
norte Jijoca de Jericoacoara (latitude 2,8°) e o município mais ao sul Icapuí
(latitude 4,8°) (IBGE). As Figuras 6.16 e 6.17 ilustram também a alteração do
gradiente de pressão sobre o Atlântico Sul, ao longo do ano, que contribuem para
intensificação dos ventos alíseos.
Por volta do mês de janeiro a ZCIT se encontra ao sul do equador, (Figura 6.16).
Durante este período o hemisfério sul encontra-se inclinado em direção ao sol e
recebe as maiores contribuições de radiação de ondas curtas. A ZCIT não está
exatamente paralela às linhas de referências das latitudes. As curvas nas linhas
ocorrem devido às diferentes características de aquecimento da água e terra. No
continente da América do Sul, bem como da África e da Austrália, estas alterações
ocorrem em direção ao pólo sul. Este fenômeno ocorre porque a terra se aquece
mais rápido que o oceano.
Por volta do mês de junho a ZCIT se encontra ao norte do equador (Figura 6.17).
Essa elevação da posição relativa ocorre porque a altitude do sol agora é maior no
hemisfério norte. A maior elevação ocorre em direção ao leste, podendo atingir
latitudes de até 40° em alguns lugares.
147
característica das ondas, como explicado em parágrafo anterior. Pode-se perceber
nas Figuras 6.16 e 6.17 a variação da posição média do anticiclone subtropical do
Atlântico Sul em relação ao continente sul americano em duas estações climáticas
distintas.
Os ciclones extratropicais têm trajetória entre 40° e 60° S, de oeste para leste, se
deslocando do oceano pacífico para o oceano atlântico pelo sul do continente e, por
vezes, não exerce influência no Brasil em sua componente zonal. Há, porém
situações em que os ciclones adquirem um componente de deslocamento adicional
ao atravessar a região andina interagindo com a circulação atmosférica sobre a
América do Sul, numa propagação meridional, de sudeste para nordeste, podendo
atingir latitudes tropicais. Essas trajetórias, zonal e meridional, são determinantes
na direção das ondulações que atingem o sul e sudeste brasileiro e aqui são
descritos para favorecer um melhor entendimento da climatologia que ocorre no
território brasileiro.
148
Os sistemas frontais não estão associados a ventos intensos, porém, sempre
acompanham a evolução das frentes e podem fornecer indícios do seu
comportamento e propagação. Um sistema frontal causa mudanças na direção dos
ventos, temperatura, e na pressão atmosférica na região por onde passa. Para
interesse específico do trabalho nos ajuda a delimitar a área de análise e o alcance
de suas extrapolações.
149
possíveis direções de incidência, convergindo à costa. Além do mais, quando se
depara com ângulos de incidência menores que ± 30° o efeito da direcionalidade da
onda sobre a eficiência de conversão não é dos pontos mais críticos (SARMENTO et
al., 2001).
6.3.2 Resultados
150
potencial energético do sítio com, aproximadamente, 90% da potência total,
mediante a seguinte participação: 1,25-1,5m (29%), 1,5-1,75m (25%), 1,75-2,0m
(21%) e 1,0-1,25 (14%), como ilustrado na Figura 6.34. Ondas com altura
significativa entre 1 e 1,5m podem ser dadas como constantes conforme mostram
as Figuras 6.20, 6.24 e 6.25.
Observando a Figura 6.24 nota-se que há uma direção de mar, entre 60° e 80°, em
que as ondas raramente atingem alturas superiores a 1,5m, formando uma lacuna
entre as outras duas concentrações de massas de amostras. O texto nos próximos
parágrafos tenta explicar este fenômeno, cujo entendimento será importante mais
adiante.
151
pressão no mínimo, promovendo o alcance máximo das ondas geradas pelo
anticiclone do Atlântico Sul. Porém desta feita, na forma de “sea” devido ao
comprimento da pista. A Figura 6.36, elaborada por MENDES (2005), a partir do
sistema de ventos atuando na região, traz uma boa representação gráfica das
influências aqui comentadas em cada mês do ano, ratificando as inferências
realizadas.
Nos gráficos das Figuras 6.19, 6.24, 6.25 e 6.29 pode-se observar a predominância
de ondas provenientes do hemisfério norte, hemisfério sul e da ZCIT em três
grupos bem destacados de 0°-60°, de 80°-125° e entre 60°-80°, respectivamente,
conforme ilustração da Figura 6.24. As ondas de períodos curtos de origem leste
têm uma leve tendência a alturas maiores que o swell.
Pelo gráfico da Figura 6.19 é notória a presença de ondas, não só do tipo swell,
mas também sea, oriundas do hemisfério norte, provando a existência de um
estado de mar gerado pelo Anticiclone do Atlântico Norte e os ventos alíseos NE.
Esta constatação vai além da simples afirmação da chegada de swells à costa
nordestina, mas de um clima de ondas proveniente daquele hemisfério (MELO F° et
al., 1993 & 1995).
152
A potência contida nas ondas do Porto do Pecém, produto do quadrado de Hs e Tp
como definido na equação 6.1, encontra a configuração de seus valores dispersos
com características de ambos os fatores (Figuras 6.25 e 6.29). A existência de swell
é responsável pelos valores de pico de potência (Figura 6.31), já que a altura de
onda é quase constante. Os menores valores para Hs na faixa entre 60° e 80°,
como explicada anteriormente, são refletidos na potência dentro desta faixa de
incidência de mar (Figura 6.32).
153
Dispersão Anual de Ondas Segundo o seu Período de
Ocorrência
25
20
Período T (s)
15
10
0
out/95 mar/97 jul/98 dez/99 abr/01 set/02
Campanha de Medição
25
20
Período T (s)
15
10
0
0 20 40 60 80 100 120 140
Direção
300
250
200
Hs(m)
150
100
50
0
out/95 mar/97 jul/98 dez/99 abr/01 set/02
Campanha de Medição
154
45
40
35
Frequência (%)
30
25
20
15
10
0
0,75 1 1,25 1,5 1,75 2 2,25 2,5
Altura ( Hs )
200
150
Hs (cm)
Mensal
100
Anual
50
0
Novembro
Dezembro
Janeiro
Fevereiro
Março
Maio
Junho
Julho
Setembro
Outubro
Abril
Agosto
1997
1%
8% 0%
2%
14%
0,75
1
21% 1,25
1,5
1,75
29% 2
2,25
2,75
25%
155
Dispersão Anual de Altura x Direção
300
250
Hs (m) 200
150
100
50
0
0 20 40 60 80 100 120 140
Direção
45
40
Potência (KW/m)
35
30
25
20
15
10
5
0
0 20 40 60 80 100 120 140
Direção
30
25
Frequência (%)
20
15
10
0
4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 19 20
Período (T)
156
Pecém - Período Médio das Ondas
12
10
Período T (s) 8 Mensal
6
4 Anual
2
0
Novembro
Dezembro
Janeiro
Fevereiro
Março
Maio
Junho
Julho
Setembro
Outubro
Abril
Agosto
1997
140
120
100
Direção
80
60
40
20
0
out/95 mar/97 jul/98 dez/99 abr/01 set/02
Campanha de Medição
Direção de Onda
40
Frequência (%)
30
20
10
0
N NNE NE NEE L ESE
Direção
157
Potência em Função do Período de 4
5
Onda
1% 0% 6
5% 7
0%
4% 8
3%
9
5% 21%
10
5%
11
0% 12
9% 13
14
4%
15
0% 16
26%
3% 14% 17
18
19
Figura 6.30: Potência em Função de T
45
40
Potência (KW/m)
35
30
25
20
15
10
5
0
out/95 mar/97 jul/98 dez/99 abr/01 set/02
Campanha de Medição
0%
Potência em função da direção de
Onda
0%
0%
N
9% NNE
NE
42% 25% NEE
E
ESSE
9% SE
15%
SSE
Figura 6.32: Potência em Função da Direção
158
60
50
Frequência ( % )
40
30
20
10
0
0-5 5 - 10 10-15 15-20 >20
Potência (KW/m)
12
Potência (KW/m)
10
8
Mensal
6
4 Anual
2
0
Novembro
Dezembro
Março
Janeiro
Fevereiro
Maio
Junho
Julho
Setembro
Outubro
Abril
Agosto
1997
120
100
Direção
80
Mensal
60
Anual
40
20
0
Novembro
Dezembro
Janeiro
Fevereiro
Março
Maio
Junho
Julho
Setembro
Outubro
Abril
Agosto
1997
159
Figura 6.36: Mapas de Clima Típico ao Longo do Ano – Porto do Pecém
Fonte: MENDES (2005)
160
6.3.3 Técnica Espectral para Análise Direcional de Ondas
A geração das ondas oceânicas é um fenômeno complexo. A ação dos ventos sobre
os corpos d’água promove oscilações no seu padrão de agitação dentro de grandes
faixas de períodos, com conseqüentes variações no comprimento e direção de
propagação das ondas (MENDES, 2005).
161
A DAAT é uma técnica do tipo tempo-freqüência para análise direcional que permite
detectar, para uma mesma faixa de freqüência, a ocorrência de ondas de diversas
direções. Para uma determinada faixa de freqüência e período de tempo (ou
conjunto de segmentos) a DAAT detecta a ocorrência de uma condição estável do
sinal e avalia a variabilidade em função do seu comportamento periódico. Avalia
ainda os momentos de estabilidade na direção da onda e permitindo visualizar os
intervalos onda ela é mais significativa. Em outras palavras, a DAAT usa um
esquema de alisamento por médias, selecionando os segmentos que vão compor
essa média, evitando que momentos de estabilidade em direção e freqüência do
registro sejam mascarados no resultado final (CARVALHO, 1998).
A Figura 6.38 mostra os gráficos de contorno para os dados agrupados, por estação
climática, relacionando a altura significativa de onda e o período de pico, em
termos da variabilidade temporal. Além da dependência entre estes dois
parâmetros a ilustração também revela uma considerável variação do período de
pico ao longo do ano.
Figura 6.38 confirma as ondas originadas no hemisfério norte com períodos maiores
que 9 segundos, prevalecendo sobre as ondas menores durante os meses de verão.
Durante os meses de inverno as ondas menores (locais) são dominantes. A
bimodalidade sugerida na Figura 6.37 para os meses de janeiro a junho é
confirmada pelos diagramas correspondestes na Figura 6.38, significando que
ondulações originadas de sistemas meteorológicos diferentes coexistem no estado
de mar.
162
Janeiro-Fevereiro-Março Abril-Maio-Junho
4 4
3.5 3.5
3 3
2.5 2.5
Hs (m)
Hs (m)
2 2
1.5 1.5
1 1
0.5 0.5
0 0
0 2.5 5 7.5 10 12.5 15 17.5 20 0 2.5 5 7.5 10 12.5 15 17.5 20
Tp (s) Tp (s)
Julho-Agosto-Setembro Outubro-Novembro-Dezembro
4 4
3.5 3.5
3 3
2.5 2.5
Hs (m)
Hs (m)
2 2
1.5 1.5
1 1
0.5 0.5
0 0
0 2.5 5 7.5 10 12.5 15 17.5 20 0 2.5 5 7.5 10 12.5 15 17.5 20
Tp (s) Tp (s)
163
Janeiro-Fevereiro-Março N
N
330 30
Abril-Maio-Junho 330 30
300 60
300 60
W E W E
5s 5s
10s 10s
240 120 240 120
15s 15s
20s 20s
210 150 210 150
S S
.
Julho-Agosto-Setembro N
Outubro-Novembro-Dezembro N
330 30
330 30
300 60
300 60
W E W E
5s 5s
10s 10s
240 15s 120 240 120
15s
20s 20s
210 150 210 150
S S
.
Figura 6.38: Histogramas de Contorno Sazonais Hs x Dp
164
Esta assertiva está de acordo com o modelo de circulação atmosférica para a zona
do Atlântico Equatorial, onde a migração sazonal da ZCIT explica os padrões de
variação de incidência dos ventos alísios. A presente análise confirma a influência
alternada de ventos sudeste e nordeste no clima de ondas no mar setentrional do
nordeste brasileiro. Com base nessa afirmação foram montados gráficos mensais,
de um ano típico, para descrever a evolução espectral de ondas em confronto com
os ventos locais. Foram utilizados dados de ventos de re-análise de um período de
40 anos do ponto mais próximo do local em razão da indisponibilidade de dados nas
coordenadas da bóia.
São indicados os códigos de cores das faixas, direção da onda, escala de onda, de
vento e dias do mês. Cada linha mostra um registro. Na vertical do gráfico
aparecem os dias do mês e a potência média das ondas naquele dia. Na horizontal
têm-se as direções das ondas de 0º a 360º. Os períodos de onda são apresentados
em faixas de 2,5s a 15,6s. A altura significativa é proporcional às curvas de
distribuição coloridas. O vento local, obtido a partir de dados de re-análise, é
representado pelas barras verticais na cor branca, onde a altura é também
proporcional à sua intensidade.
São analisadas quatro faixas de freqüências, cada uma delas adequada ao tipo de
combinação de mares que ocorrem no sítio de medição. A faixa 1 corresponde a
ondulação distante gerada em latitudes mais altas no hemisfério norte. A faixa 2 é
uma faixa intermediária que pode representar ondulação gerada não tão distante
como também um mar local com vento muito forte. A faixa 3 está associada ao mar
local e a faixa 4 associada a um mar quasi-local, gerado não muito longe da bóia de
medição, porém não é local (CARVALHO, 1998).
165
O mar do Ceará tem duas situações de ondulações marcantes, uma de máximo e
outra de mínimo, que podem ser representadas pelos gráficos de evolução
espectral dos meses de janeiro e agosto, respectivamente. Os outros meses são
períodos de transição e evolução climática para entre estes ápices (RICARTE et al.).
166
ESPECTRO DIRECIONAL DE ONDAS- PECEM -jan/01 ESPECTRO DIRECIONAL DE ONDAS- PECEM -fev/01
31 9.57 31
30 9.32 30
29 18.7 29
28 8.64 28 3.3
27 8.95 27 4.79
26 7.81 26 8.41
25 9.5 25 5.1
24 8.92 24 4.85
23 5.85 23 3.6
22 4.84 22 5.36
21 5.01 21 4
20 5.36 20 4.19
19 6.52 19 8.18
18 10 18 7.11
17 8.85 17 12
16 10.7 16 7.74
15 9.47 15 9.56
14 6.22 14 8.69
13 5.35 13 7.53
12 5.74 12 11.9
11 7.88 11 16
10 16.7 10 29.1
9 7.99 9 21.2
d ia d o m ê s
8 6.72
d ia d o m ê s
8 6.91
7 14 7 8.4
6 22.6 6 6.21
k W /m
k W /m
5 14.1 5 6.65
4 8.12 4 6.52
3 7.3 3 6.94
2 7.07 2 6.63
1 NW N 30 NE
31033035010 E 110130150170190210230250270290
SE S SW W
50 70 verdadeira
90 12.7 1 NW N 30 NE
31033035010 E 110130150170190210230250270290
SE S SW W
50 70 verdadeira
90 8.74
direção em graus - onda e vento direção em graus - onda e vento
15.6 a 9.4 9.4 a 5.6 5.6 a 4.0 4.2 a 2.5 15.6 a 9.4 9.4 a 5.6 5.6 a 4.0 4.2 a 2.5
faixas de periodos em segundos faixas de periodos em segundos
Figura 6.39: Espectro Direcional de Ondas – Janeiro de 2001 Figura 6.40: Espectro Direcional de Ondas – Fevereiro de 2001
167
ESPECTRO DIRECIONAL DE ONDAS- PECEM -mar/01 ESPECTRO DIRECIONAL DE ONDAS- PECEM -abr/01
31 5.13 31
30 5.87 30 4.82
29 5.22 29 3.84
28 10.5 28 3.9
27 14.2 27 6.72
26 16.3 26 8.04
25 10.1 25 7.76
24 3.8 24 8.73
23 4.43 23 8.51
22 5.4 22
21 4.61 21 4.46
20 4.23 20 3.4
19 5.67 19 3.72
18 5.48 18 2.51
17 6.33 17 2.17
16 7.65 16
15 5.12 15 4.43
14 5.25 14 6.4
13 6.48 13 8.63
12 14.2 12 5.92
11 13.8 11 4.05
10 10.2 10 5.39
9 9.36 9 6.23
d ia d o m ê s
8 6.03
d ia d o m ê s
8 5.65
7 7.62 7 6.64
6 8.75 6 8.97
k W /m
k W /m
5 16.3 5 8.13
4 10.3 4 5.52
3 14.4 3 5.03
2 24.5 2 5.41
1 NW N 30 NE
31033035010 E 110130150170190210230250270290
SE S SW W
50 70 verdadeira
90 16.2 1 NW N 30 NE
31033035010 E 110130150170190210230250270290
SE S SW W
50 70 verdadeira
90 5.38
direção em graus - onda e vento direção em graus - onda e vento
15.6 a 9.4 9.4 a 5.6 5.6 a 4.0 4.2 a 2.5 15.6 a 9.4 9.4 a 5.6 5.6 a 4.0 4.2 a 2.5
faixas de periodos em segundos faixas de periodos em segundos
Figura 6.41: Espectro Direcional de Ondas – Março de 2001 Figura 6.42: Espectro Direcional de Ondas – Abril de 2001
168
ESPECTRO DIRECIONAL DE ONDAS- PECEM -mai/01 ESPECTRO DIRECIONAL DE ONDAS- PECEM -jun/01
31 3.06 31
30 2.96 30 5.54
29 7.79 29 4.83
28 7.35 28 3.16
27 2.11 27 3.81
26 2.74 26 4.13
25 2.93 25 3.66
24 6.88 24 2.91
23 5.54 23 3.8
22 3.68 22 9.75
21 3.13 21 3.8
20 1.99 20 4.97
19 2.79 19 4.79
18 2.82 18 3.99
17 4.39 17 4.09
16 7.59 16 4.26
15 6.79 15 4.97
14 7.47 14 4.26
13 7 13 3.88
12 6.19 12 5.87
11 4.5 11 4.19
10 10 4.25
9 4.1 9 4.36
d ia d o m ê s
d ia d o m ê s
8 4.79 8 8.52
7 5.09 7 4.09
6 5.44 6 3.06
k W /m
k W /m
5 4.88 5 5.83
4 7.13 4 3.03
3 5.96 3 3.44
2 4.61 2 2.96
1 NW N 30 NE
31033035010 E 110130150170190210230250270290
SE S SW W
50 70 verdadeira
90 5.76 1 NW N 30 NE
31033035010 E 110130150170190210230250270290
SE S SW W
50 70 verdadeira
90 3.08
direção em graus - onda e vento direção em graus - onda e vento
15.6 a 9.4 9.4 a 5.6 5.6 a 4.0 4.2 a 2.5 15.6 a 9.4 9.4 a 5.6 5.6 a 4.0 4.2 a 2.5
faixas de periodos em segundos faixas de periodos em segundos
Figura 6.43: Espectro Direcional de Ondas – Maio de 2001 Figura 6.44: Espectro Direcional de Ondas – Junho de 2001
169
ESPECTRO DIRECIONAL DE ONDAS- PECEM -jul/01 ESPECTRO DIRECIONAL DE ONDAS- PECEM -ago/01
31 10.1 31
30 8.52 30
29 6.17 29
28 5.16 28
27 27
26 44.4 26
25 7.46 25
24 8.34 24 9.55
23 6.06 23 6.56
22 5.2 22 8.66
21 5.87 21 7.34
20 4.12 20 8.4
19 5.02 19 16
18 4.62 18 10.2
17 8.6 17 11.7
16 6.99 16 7.21
15 8.02 15 7.97
14 9.29 14 8.51
13 5.42 13 9.84
12 6.31 12 7.66
11 11 7.62
10 10 7.4
9 8.91 9 8.21
d ia d o m ê s
d ia d o m ê s
8 7.91 8 9.39
7 7.5 7 6.05
6 7.88 6 10
k W /m
k W /m
5 5.62 5 6.55
4 4.48 4 4.96
3 8.24 3 7.91
2 4.59 2 8.69
1 NW N 30 NE
31033035010 E 110130150170190210230250270290
SE S SW W
50 70 verdadeira
90 3.12 1 NW N 30 NE
31033035010 E 110130150170190210230250270290
SE S SW W
50 70 verdadeira
90 9.48
direção em graus - onda e vento direção em graus - onda e vento
15.6 a 9.4 9.4 a 5.6 5.6 a 4.0 4.2 a 2.5 15.6 a 9.4 9.4 a 5.6 5.6 a 4.0 4.2 a 2.5
faixas de periodos em segundos faixas de periodos em segundos
Figura 6.45: Espectro Direcional de Ondas – Julho de 2001 Figura 6.46: Espectro Direcional de Ondas – Agosto de 2001
170
ESPECTRO DIRECIONAL DE ONDAS- PECEM -set/01 ESPECTRO DIRECIONAL DE ONDAS- PECEM -out/01
31 31 8.46
30 30 7.15
29 7.69 29 6.18
28 7.82 28 3.93
27 27 2.92
26 26
25 25 10.3
24 9.08 24 12.8
23 9.84 23 13.1
22 8.93 22 11.3
21 21 7.81
20 20 8.19
19 8.22 19 6.45
18 3.24 18 6.52
17 3.29 17 6.29
16 4.71 16 4.89
15 5.36 15 3.74
14 5.94 14 3.53
13 3.43 13 4.92
12 5.26 12 6.96
11 6.97 11 6.54
10 8.61 10
9 9 9 4.4
d ia d o m ê s
d ia d o m ê s
8 7.18 8 3.39
7 6.91 7 6.59
6 9.23 6 7.92
k W /m
k W /m
5 10.9 5 3.56
4 8.82 4 3.7
3 8.34 3 5.66
2 9.39 2 5.51
1 NW N 30 NE
31033035010 E 110130150170190210230250270290
SE S SW W
50 70 verdadeira
90 7.16 1 NW N 30 NE
31033035010 E 110130150170190210230250270290
SE S SW W
50 70 verdadeira
90
direção em graus - onda e vento direção em graus - onda e vento
15.6 a 9.4 9.4 a 5.6 5.6 a 4.0 4.2 a 2.5 15.6 a 9.4 9.4 a 5.6 5.6 a 4.0 4.2 a 2.5
faixas de periodos em segundos faixas de periodos em segundos
Figura 6.47: Espectro Direcional de Ondas – Setembro de 2001 Figura 6.48: Espectro Direcional de Ondas – Outubro de 2001
171
ESPECTRO DIRECIONAL DE ONDAS- PECEM -nov/01 ESPECTRO DIRECIONAL DE ONDAS- PECEM -dez/01
31 31 8.66
30 5.37 30
29 6.22 29
28 8.24 28
27 8.19 27 18.1
26 7.32 26 7.13
25 6.18 25 8.19
24 11.9 24 60.5
23 6.77 23 9.12
22 22 7.77
21 21 10.5
20 8.39 20 17.4
19 9.36 19 19.4
18 6.11 18 26.4
17 17 21.4
16 6.17 16
15 5.31 15
14 5 14 15.6
13 10.2 13 8.82
12 6.55 12 16
11 5.44 11 7.19
10 10 5.53
9 4.42 9 5.64
d ia d o m ê s
8 9.3
d ia d o m ê s
8 4.99
7 5.93 7
6 4.58 6 9.83
k W /m
k W /m
5 4.57 5 8.67
4 5.86 4 6.49
3 7.17 3 5.55
2 6.29 2 7.15
1 NW N 30 NE
31033035010 E 110130150170190210230250270290
SE S
50 70 verdadeira
90 SW W 7.32 1 NW N 30 NE
31033035010 E 110130150170190210230250270290
SE S
50 70 verdadeira
90 SW W 6.93
direção em graus - onda e vento direção em graus - onda e vento
15.6 a 9.4 9.4 a 5.6 5.6 a 4.0 4.2 a 2.5 15.6 a 9.4 9.4 a 5.6 5.6 a 4.0 4.2 a 2.5
faixas de periodos em segundos faixas de periodos em segundos
Figura 6.49: Espectro Direcional de Ondas – Novembro de 2001 Figura 6.50: Espectro Direcional de Ondas – Dezembro de 2001
172
7 Aspectos Econômicos da Energia das Ondas
A Tabela 7.1 apresenta uma composição atual dos custos do modelo de usina de
ondas desenvolvido pelo LTS/COPPE em função dos principais componentes do
aparato, para uma fazenda composta de 20 módulos, responsáveis por uma
produção de 1MW de potência instalada.
Tabela 7.1: Composição atual dos Custos de uma Usina de Energia das Ondas
Preço Unitário Preço Total Percentual
Componente Quantidade (R$) (R$) (%)
Grupo Motor-Gerador 1 250.000,00 250.000,00 4,1
Câmara Hiperbárica 1 150.000,00 150.000,00 2,5
Conjunto de Tubulações 1 25.000,00 25.000,00 0,4
Bomba Hidráulica 20 50.000,00 1.000.000.00 16,6
Braço Metálico Treliçado 20 60.000,00 1.200.000,00 19,9
Flutuador de Concreto 20 20.000,00 400.000,00 6,6
Base de Fixação no Mar 20 150.000,00 3.000.000,00 49,8
Total 705.000,00 6.025.000,00 100
Atenção especial deve ser dada aos custos da base de fixação da usina que
respondem por 50% dos investimentos. Trata-se de valores arbitrados, com base
em engenharia, resultado da indefinição do sítio de implantação. Essa incerteza
penaliza severamente os cálculos de geração de energia elétrica por ondas
173
oceânicas. O segundo item de maior custo são os braços metálicos (19,9%) e o
terceiro, com valor percentual não muito distante, é o conjunto hidráulico formado
pelas bombas, câmaras pneumáticas e tubulações (19,5%).
Custo
Tempo
Figura 7.1: Evolução do Custo de Geração da Usina
Fonte: (THORPE, T., 1999)
174
disponíveis no país, incluindo a energia das ondas. O custo de manutenção da usina
de ondas foi atribuído com base no mesmo valor apontado para as energias eólica e
solar, considerando o valor mais alto por tratar-se de atividade no mar.
Custo da Planta (US$/KW) 1.000,00 1.300,00 1.400,00 2.820,00 2.000,00 3.100,00 5.000,00
Custo de Combustível (US$/MWh) 0,00 18,22 0,00 0,00 40,00 0,00 0,00
Custo de Investimento (US$/MWh) 33,16 43,11 85,11 93,51 66,32 102,79 536,40
Custo de Geração (US$/MWh) 39,16 67,33 95,11 103,51 106,32 108,79 546,40
175
Assim, a comparação dos custos da planta, isoladamente, entre as diversas fontes,
pode levar as conclusões equivocadas, por não levar em conta as diferenças entre
os fatores de capacidade dos geradores, o custo de combustível, custo de O&M, etc.
Na Tabela 7.1 foram calculados os custos de geração com a consideração desses
parâmetros.
176
i (i + 1) n
Cp ($ / KW ) * * 1000
(i + 1) n − 1
Ci ($ / MWh) = (7.1)
8760 * FCA
onde:
Ci = Custo de Investimento em MWh;
Cp = Custo da Planta por KW Instalado;
FCA = Fator de Capacidade Anual da Fonte;
i = Taxa de Retorno do Investimento;
n = Tempo para Recuperação do Capital;
8760 = número de horas no ano.
que varia, em média, de US$ 2 a US$ 10 por MWh e tem influência minimizada no
custo do projeto, podendo, no máximo, representar uma diferença de
aproximadamente 11% entre projetos com demais custos idênticos (JANNUZZI &
SWISHER, 1997). Essa categoria de custos apresenta valores mais altos para o
caso das fontes renováveis de energia, notadamente eólica e solar, uma média de
São estes custos que mais penalizam as termelétricas, pois têm que competir com
custos de combustíveis nulos das hidrelétricas e outras renováveis. Não são valores
uniformes para diferentes usinas termelétricas já que envolve o tipo, a distância e o
custo do transporte de combustível.
177
dos ventos para seis valores de velocidade distintos, em alturas de 50 e 70m, e a
energia elétrica passível de produção ao longo do ano.
Velocidades de Ventos Local V(m/s) 6,0 6,5 7,0 7,5 8,0 8,5
Fator de Carga Anual - FCA (%) 15% 18% 24% 28% 32% 35%
Produção Anual Passível - Eólica (TWh) 124,17 52,35 12,19 5,40 3,25 1,26
Produção Anual Equivalente Ondas (TWh) 147,50 51,82 9,05 3,43 1,81 0,64
Velocidades de Ventos Local V(m/s) 6,0 6,5 7,0 7,5 8,0 8,5
Fator de Carga Anual - FCA (%) 17% 20% 24% 30% 35% 38%
Produção Anual Passível - Eólica (TWh) 231,72 134,38 52,35 12,88 6,13 3,33
Produção Anual Equivalente Ondas (TWh) 242,87 119,72 38,87 7,65 3,12 1,56
De posse desse montante foi calculada a produção anual de energia elétrica caso
esse investimento fosse realizado em energia das ondas. Os resultados mostram
uma produção anual maior a partir das ondas, do que a partir dos ventos com
velocidade de 6m/s, para ambas as alturas. Para uma velocidade dos ventos de 6,5
m/s, em torres de 50 m, a produção anual é da mesma ordem de grandeza. Nos
178
demais casos o investimento em energia eólica seria mais vantajoso, porém trata-
se de um potencial eólico consideravelmente menor.
Note-se que esta comparação utiliza custos de investimentos nos atuais estágios
das tecnologias, situação desvantajosa para a energia das ondas, que se encontra
em estágio embrionário na atual fase de construção do primeiro protótipo nacional.
Mesmo não usufruindo do ganho de escala, o investimento nesse vetor se torna
atrativo para uma determinada faixa de mercado.
200
175
150
125
100
75
50
25
0
15 17 18 24 28 30 35 38
Eólica - FCA (%)
179
8 Conclusões
• Não existe até o momento quadro legal definido para a energia das ondas,
apontando como problema em potencial para sua exploração em larga
escala. Há necessidade de iniciativas de regulamentação na área. O Brasil
tem experiência consolidada em atividades offshore, podendo ser um
diferencial no caminho da formulação pioneira de uma legislação própria;
180
• Os altos Fatores de Carga Anuais fazem da energia das ondas opção atrativa
do ponto de vista econômico e ambiental, embora necessitando ainda a
busca contínua pela diminuição de custos dos seus componentes para lhe
conferir uma posição consolidada no mercado;
181
9 Considerações Finais e Recomendações
Com relação à regulamentação das energias renováveis do mar não existe exemplo
de um quadro legal. No máximo são encontradas considerações gerais, e ainda
assim sob avaliação, acerca de projetos de energia renováveis onshore, nearshore
e offshore, em especial para energia eólica. Nos países com protótipos de aparatos
de energia das ondas em teste o que se encontra é uma flexibilidade legal
conseguida através de boa vontade política.
182
A seleção de sítios marinhos é essencial para quase todos os projetos de
engenharia costeira. O processo de localização pode ser simples ou complexo,
barato ou muito caro. A seleção de um sítio pode utilizar somente dados existentes
ou envolver levantamentos de campo. Os dois processos de avaliação e seleção de
sítios são controlados pela estrutura ou controlados pelo sítio. No primeiro método
a estrutura controla a escolha do sítio; no segundo método o sítio controla o
desenho da estrutura. Geralmente, ambos os métodos sofrerão uma combinação.
Há um grande número de fatores que podem ser considerados no processo de
avaliação e seleção de sítios. Os mais importantes deles são os fatores
meteorológicos, impactos ambientais e os fatores geológicos e geotécnicos do leito
marinho.
183
diminui bastante os riscos de acidentes. Relativo aos projetos offshore, o risco
associado é indefinido, mas a experiência da indústria do petróleo pode ser de
grande relevância na formulação de estudos de análise de risco.
A costa setentrional do nordeste brasileiro pode ser considerada como uma área
calma, já que não está afetada por nenhum sistema climático capaz de gerar
tormentas de grandes magnitudes. O maior sistema meteorológico presente no
Brasil é o Anticiclone do Atlântico do Sul, com características estacionárias, pois
atua de forma quase permanente e é o responsável pela formação de frentes frias
que se deslocam em direção ao norte.
184
de eletricidade, quanto mais próximo do equador a onda se apresenta de forma
mais regular e maiores variações à medida que se aproxima do sul do país.
185
Recomendações para Estudos Futuros
186
• Criação de plataforma de suporte para tomada de decisões de alocação que
permita a superposição de informações importantes (clima, logística, sítios
possíveis, etc.) em uma única tela.
187
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198
VIII CONGRESSO BRASILEIRO DE DEFESA DO MEIO AMBIENTE
Rio de Janeiro, 20, 21 e 22 de junho de 2005
Clube de Engenharia, UFRJ e CREA-RJ
EMENTA
São abordados os principais aspectos da Energia Renovável das Ondas do Mar, suas
concepções e o modelo brasileiro de exploração deste recurso. A usina piloto do Porto
do Pecém é evidenciada, os parâmetros de sua escolha e possíveis aplicações do seu uso
RESUMO
O trabalho discute os principais aspectos da exploração das ondas do mar como vetor
energético, mostrando a caracterização do recurso e, de forma sucinta, o potencial
contido nos oceanos, em especial seu comportamento na costa brasileira. Aborda ainda
os principais sistemas atmosféricos responsáveis pelo clima de ondas que afeta o nosso
litoral. Fatores como altura significativa de ondas e período de propagação são
evidenciados como os mais importantes no cálculo da potência contida em uma onda.
Atribui a eventos recentes, como a escassez de energia e o surgimento de áreas de
pesquisa como a engenharia oceânica, acontecimentos decisivos para o alcance do atual
estágio de maturidade tecnológica. É feito um levantamento dos principais conceitos de
conversão das ondas em eletricidade segundo seu princípio de funcionamento e país de
origem, em destaque o modelo brasileiro desenvolvido na COPPE/UFRJ, e dá
informações sobre a implantação do protótipo no estado do Ceará em andamento. Por
fim, o artigo dedica-se às possíveis aplicações desse vetor oceânico em um país
tipicamente litorâneo como o Brasil, com relevância à sua flexibilidade e ao alcance de
seu atendimento como os principais benefícios desse desenvolvimento e inovação
tecnológica.
1 INTRODUÇÃO
A energia contida nos mares já é conhecida há muitas gerações e até algumas tentativas
de aproveitamento do recurso foram esboçadas. Contudo a conversão em eletricidade de
forma mais confiável só se tornou possível devido a eventos recentes, como as crises
energéticas dos anos setenta, que motivaram a procura pelo desenvolvimento de fontes
alternativas e renováveis de energia, possíveis somente com o avanço da ciência sobre o
conhecimento dos oceanos, evolução das ferramentas de informática soft e hardware,
etc.
Sendo os oceanos dois terços da superfície do planeta, portanto mais abundante que o
próprio solo firme, seu potencial energético é superior ao atual consumo mundial de
energia.
A exploração da energia das ondas, e sua contínua pesquisa, é uma realidade em vários
países, especialmente naqueles onde as matrizes energéticas não são tão favoráveis.
Aqueles países com situações energéticas mais favoráveis, por razões óbvias, são mais
arraigados a suas energias tradicionais e, dependendo da visão de seus planejadores,
podem simplesmente continuar indiferentes.
Uma onda gerada pelo vento (Onda de Gravidade) pode ser definida por uma altura, um
período e uma direção, conforme diagrama da figura 1.
A distribuição da potência das ondas poderia ser generalizada variando numa graduação
decrescente a medida que se dirige às regiões equatoriais e crescente no sentido dos
pólos. Quanto à regularidade dessa potência ao longo do ano, fator importante em
geração de eletricidade, pode-se dizer que quanto mais próximo do equador o regime de
ondas se apresenta de forma mais regular e maiores variações são encontradas à medida
que se dirige aos pólos.
A costa brasileira pode ser considerada como uma área calma, já que não está afetada
por nenhum sistema climático capaz de gerar tormentas de grandes magnitudes. O
maior sistema meteorológico presente no Brasil é o Anticiclone do Atlântico do Sul,
com características estacionárias, pois atua de forma quase permanente e é o
responsável pela formação de frentes frias que se deslocam em direção ao norte.
3 APARATOS DE CONVERSÃO
Existe um vasto número de aparatos para conversão de energia das ondas que fazem uso
de diferentes conceitos tecnológicos. Essas diferenças entre os modelos se devem
basicamente a especialização acadêmica do grupo que concebeu o mecanismo,
geomorfologia do sítio de exploração, e às características do mar no local de aplicação,
em especial o clima de ondas e batimetria.
A concepção de energia das ondas funciona a partir da ação destas nos flutuadores. Os
flutuadores podem ter diferentes formatos e tamanhos dependendo das características do
mar onde será aplicado. Aqui os retangulares foram empregados. Cada flutuador é
conectado a um braço mecânico e este na estrutura principal (figura 19).
O movimento do braço induzido pelo flutuador trabalha como um pistão de uma bomba
horizontal (figura 20) enviando água pressurizada para um tanque de "estocagem"
chamado Câmara Hiperbárica (figura 21).
5 PROTÓTIPO
Uma Usina de Ondas tem característica modular, ou seja, pode ser construída tão
pequena quanto se queira, diminuindo o custo marginal de produção de energia aos
patamares mais baixos.
Estes são proporcionais ao volume dos serviços a serem executados. Mas pode-se
salientar as possíveis reduções do tempo de permanência no campo para implantação,
mesmo em condições adversas.
O Brasil teve seu processo de colonização no litoral e, por séculos, seu desenvolvimento
se deu paralelo à costa, fazendo com que mais de 70% de sua população resida na faixa
de terra até 300km da linha de costa (figura 29). Os maiores centros populacionais do
Brasil estão nas capitais de estados. Do nordeste ao sul do país, com exceção de
Teresina (PI), Curitiba (PR), São Paulo (SP), e Porto Alegre (RS), todas as demais
capitais são litorâneas.
6.3 Aplicabilidade
Complemento do Grid
Venda direta às companhias de eletricidade para inserção no grid de fornecimento.
Mercados Isolados
Seja para clientes residenciais de comunidades, vilas e cidades ou para as suas
atividades econômicas e de lazer. Inclui-se nesse contexto ilhas e construções offshore.
Aplicações na Indústria do Petróleo e Gás
Bombeamento Multifásico;
Aquecimento Ativo de Linhas de Transmissão;
Força Motriz para Desenvolvimento de Poços Satélites;
Retardo no Descomissionamento de Plataformas;
Ganhos Logísticos e de Transportes Marítimos.
Pico de Demanda
Células de Energia
Permitir a dispersão geográfica de considerável quantidade de energia, devido à
dispersão da demanda e/ou, onde a extensão de rede elétrica convencional não se sentiu
atraída ao seu fornecimento.
Auto-Consumo
Portos, fazendas marinhas, indústria da pesca, indústrias específicas diversas, fábricas
de gelo, hotéis, resorts, pólos de lazer, etc.
Infra-estrutura de Energia
Capacitar micro-regiões com infra-estrutura de energia para fomentar o
desenvolvimento local de suas vocações econômicas, ou ainda criar uma nova.
Modularização de Energia
Permitir alocação de recursos de energia elétrica sob medida, segundo demanda
geográfica, mobilidade e facilidade de descomissionamento.
Dessalinização de Água
Suprimento de água potável, através da dessalinização de água salgada/salobra, às
comunidades, criações e culturas.
Força Motriz aos Dessalinizadores;
Trabalho Mecânico, dispensando a câmara hiperbárica e o turbo-gerador;
O volume de água bombeado por um braço da usina é de:
5,875 l/s x 60 s/min x 60 min/h x 24 h/dia = 500 mil litros/dia
Um dessalinizador acoplado a um braço da Usina forneceria água potável para
634,5 famílias.
Compartilhamento de Infra-estrutura
Uma usina de energia das ondas pode ser fixada na infra-estrutura de outras obras
costeiras e de proteção como quebra-mar, portos, estruturas de exploração de energia
eólica offshore, recifes artificiais para concentração da pesca, fazendas marinhas,
criação de áreas permanentes para prática e competição de surfe, etc. Permite a divisão
dos custos dessas obras e ainda propicia a criação de atividade rentável de geração de
energia ou servindo-lhes como força elétrica.
Sinalização Costeira
Para alimentação de faróis, bóias de navegação e postos de observação e patrulha que
estão afastados da costa e da rede de fornecimento comercial.
Hidro-acumulação
Para criação de reserva ou geração de energia em baixa pressão (figura 31).
Insumo na Produção
Muitos países, por não disporem de fontes abundantes de energia, evitarão domiciliar
indústrias que demandem grandes quantidades de energia ou, de outra forma,
simplesmente perderão vantagem competitiva. Uma oferta energética renovável nos
permitirá atrair, e domiciliar, atividades como estas que demandem muita energia como
insumo no beneficiamento, ou acabamento, de seus produtos.
Reserva Estratégica
Mesmo que não tivéssemos motivo algum aparente, a simples questão de mantermos
estoques petrolíferos de reserva já seria um ótimo motivo para substituição por fontes
renováveis. A previsão de vida das bacias petrolíferas brasileiras está avaliada em
dezessete anos.
Créditos de Carbono
Comercialização de bônus internacionais auferidos pelo investimento em fontes de
energia não poluentes vendidos, como compensação, àqueles países que não
conseguirem alcançar as metas de redução na emissão de gases de efeito estufa, ou que
tenham planejamento interno para uma adequação ambiental completa mais lenta.
7 CONCLUSÃO
Pelo fato do Brasil ser um país com um imenso litoral, o domicílio de usinas se mostra
com grande flexibilidade, fazendo da energia das ondas um vetor com alcance muito
além de outros vetores convencionais.
Por fim, entendemos que a exploração energética das ondas do mar vive um momento
semelhante àquele experimentado pela energia eólica há poucos anos atrás, e que o
desenvolvimento de um modelo brasileiro de conversão energética das ondas do mar o
equipara ao seleto grupo de países que estudam essa ciência, capacitando-nos de
tecnologia para exportação e competição no mercado das energias renováveis.
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MELO Fo, E.; ALVES, J. H. G. M.; JORDEN, V.; ZAGO, F. & DIAS, W. S. S.-
Instrumental Confirmation of the Arrival of North Atlantic Swell to the Ceará
Coast - Proceedings of the Fourth International Conference on Coastal and Port
Engineering in Developing Countries, COPEDEC IV, pp. 1984-1996, Rio de
Janeiro/Brazil, 1995. http://www.lahimar.ufsc.br
ROSS, D. – Energy from the Waves – Pergamon International Library, 2nd edition,
Great Britain 1981.