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ANSELMO E A ASTUCIA DA RAZAO (CONTINUACAO DA 2? PARTE E CONCLUSAO GERAL) 3° CAPITULO: RACIONALIDADE DO LIVRO APOLOGETICO Ja se tratou antes das duas passagens em que o Liber Apologeticus faz referéncia a fé. Ja vimos como as mesmas nao significam qualquer concessao metodolégica a intromissdo da fé na metodologia racional. Os problemas de interpretagdo que em alguns passos da obra se nos deparam sao apenas de interpreta¢ao racional. © Liber Apologeticus nao é mais racional do que o Proslogion. A sua racionalidade, porém, esta mais a vista e é mais desenvolvida permitindo 4 luz dela ler o préprio Proslogion. Segue-se uma lista das formulas usadas. Introduziram-se apenas para, em certos casos, tornar mais clara a estrutura dos raciocinios. Sobre as formulas deste capitulo: AQMCN - Aliquid quo majus cogitari nequit PCE = quod potest cogitari esse PCE - quod non potest cogitari non esse PCE - quod potest cogitari non esse PCE — - Si potest cogitari necesse est illud esse PCE>E_ - Si potest cogitari esse necesse est illud esse PCE ~ Quod potest cogitari et non est PCE.E - Quod potest cogitari esse et non est E ~ Est, existentia E - Non est E - Non non est 2 PE - Potest esse PE - Potest non esse PE - Non potest non esse Arg. pro in - Argumentos que defendem que AQMCN “est in intellectu” Arg. pro ex - Argumentos que pretendem demonstrar a existencia de AQMCN Arg. pro ex f - Argumentos pro ex que utilizam apenas relagdes formais Arg. proexh.f. —- Argumentos formais que recorrem a uma Pperspectiva hipotética Arg. “ent”. Argumentos pro-ex que recorrem aos entitativos > - implica necessariamente m - referente ao mental MO. - majus omnibus M.Q.CP, ~ majus quam cogitari potest (A) Q.M.C.M. ~ Aliquid quo majus cogitari nequit em que © Aliquid € negado ou posto em divida quanto a sua presenga no intelecto e a4 fortiori na realidade PEwPE - ou existe necessariamente ou nao existe de maneira nenhuma, i.e.: ou é impossivel existir NB: Como nas duas partes deste trabalho ja publicadas nesta revista, a paginacao das obras de S. Anselmo refere-se a edicdo bilingue da BAC citada na bibliografia. 214 ARQUITECTONICA. Se quiséssemos considerar a arquitect6nica da obra apenas segundo aquilo a que Santo Anselmo quis responder directamente, teriamos um primeiro capitulo dividido pelas duas grandes questdes a que se pretende responder: a “mostragdo” de que AQMCN esté “in intelectu’, ligado a esclarecimentos acerca dessa maneira de “estar em”, e a demonstracao de que AQMCN est “in re", existe efectiva- mente. Seria este primeiro capitulo como que 0 predambulo de todo © resto do livro, o que acontece mesmo adoptando outra ordenacao menos linear do conjunto dos capitulos seguintes. Seguir-se-iam, os segundo e terceiro capitulos orientados para a prova de existéncia: o segundo que insiste na reprodugao do capitulo segundo do Prolosgion € o II que de qualquer maneira constitue, pelo menos, um reforgo do argumento anterior ao reafirmar a existéncia necessaria. Seguir-se-iam, constituindo um segundo conjunto, todos os demais capitulos até ao IX inclusive, por serem inicial ¢ directamente orientados a questées relacionadas com o “esse in intellectu" postas por Gaunilo, seguido tudo isto de uma conclusio (Cap. X). um a S Conclusio (X) N\ IV, V, VI, VI, VIET, IX Seria esta uma divisao da obra segundo aquilo que desencadeou a sua construcdo e nao segundo a construcao ja feita Embora se trate de uma obra de resposta e em grande parte se sinta nela a obsessio de replicar as objeccdes de Gaunilo, com predominio para a que refere o paralelismo ou semelhanga entre AQMCN e¢ a ilha perdida e embora perpassada de alguma emotividade, esta obra representa uma unidade especifica com uma arquitectonica propria puramente constituida por materiais racionais na qual a argumentacao do Proslogion avanga para novas formas argumentativas em defesa da existéncia de AQMCN e do seu esse in intelectu. 215

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