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Introdução ...................................................... 3
Parte 1 - Preliminares .......................................... 5
Seção 1 - Noções sobre conjuntos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
Seção 2 - Funções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
Seção 3 - Relações de Equivalência ........................ 23
Parte 2 - Anéis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
Seção 1 - Conceito de anel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
Seção 2 - Propriedades elementares ........................ 41
Seção 3 - Polinômios com coeficientes em um anel comutativo 53
Seção 4 - Anéis ordenados e anéis bem ordenados ......... 63
Seção 5 - Indução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
Seção 6 - Divisão euclidiana .............................. 77
Parte 3 - Domı́nios Principais ................................. 83
Seção 1 - Divisibilidade ................................. 85
Seção 2 - Ideais e máximo divisor comum . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91
Seção 3 - Domı́nios principais e a fatoração única ......... 99
Seção 4 - Propriedades do Domı́nio Principal Z ......... 107
Seção 5 - Congruências módulo n e os anéis Zn ......... 117
Seção 6 - Homomorfismos de anéis comutativos com unidade 137
Introdução
A Matemática faz parte do nosso cotidiano e, em particular, recorremos
aos números para descrever diversas situações do dia a dia.
Contamos com os números naturais, repartimos um bolo usando os
números racionais, medimos comprimentos com os números reais, contabili-
zamos prejuı́zos com números negativos. Comparamos dois números inteiros,
dois números racionais e dois números reais. Calculamos raı́zes de polinômios
com coeficientes reais com os números complexos.
Estamos familiarizados com números naturais, inteiros, racionais, reais
e complexos, que estão relacionados pelas seguintes inclusões:
N ⊂ Z ⊂ Q ⊂ R ⊂ C.
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Instituto de Matemática
UFF 4
M. L. T. Villela
Parte 1
Preliminares
5 UFF
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UFF 6
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Noções sobre conjuntos
PARTE 1 - SEÇÃO 1
Exemplo 1
O conjunto dos números naturais, denotado por N, é
N = { 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, . . . }.
Exemplo 2
A é o conjunto dos números naturais menores do que 5.
Exemplo 3
B é o conjunto dos números naturais entre 5 e 11.
B = { 6, 7, 8, 9, 10 } = { x ∈ N ; 5 < x < 11 } = { x ∈ N ; 6 ≤ x ≤ 10 }.
Exemplo 4
C é o conjunto dos números reais menores ou iguais a 11.
Exemplo 5
D é o conjunto dos números inteiros múltiplos de 2 entre −3 e 15.
7 UFF
Instituto de Matemática
Noções sobre conjuntos
Definição 1
Dizemos que A está contido em B ou A é um subconjunto de B se, e somente
se, todo elemento de A é elemento de B. Nesse caso, escrevemos A ⊂ B.
Exemplo 8
Seja A o conjunto dos triângulos retângulos isósceles e seja B o conjunto dos
triângulos retângulos cujos ângulos dos catetos com a hipotenusa são iguais.
Então, A = B.
Definição 2
Se A ⊂ B, mas A 6= B, então A é chamado um subconjunto próprio de B.
UFF 8
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Noções sobre conjuntos
PARTE 1 - SEÇÃO 1
Definição 3
O conjunto A união B, denotado por A ∪ B, é o conjunto dos elementos de
pelo menos um dos conjuntos A ou B.
x ∈ A∪ B
A ∪ B = { x ; x ∈ A ou x ∈ B }. ⇐⇒
x ∈ A ou x ∈ B.
x ∈ A∩ B
A ∩ B = { x ; x ∈ A e x ∈ B }. ⇐⇒
x ∈ A e x ∈ B.
Definição 4
Os conjuntos A e B são disjuntos se, e somente se, A ∩ B = ∅.
Definição 5
O complementar CU (A) de A ⊂ U é o conjunto dos elementos de U que não
estão em A.
CU (A) = { x ∈ U ; x 6∈ A }.
A\B = { x ∈ A ; x 6∈ B }.
Exemplo 10
Sejam A = { 1, 2, 3, 4, 5, 6 }, B = {−2, 0, 2, 4, 6 } e C = {−2, −1, 0, 7}. Então,
A ∪ B = {−2, 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6 },
A ∩ B = { 2, 4, 6 },
A\B = { 1, 3, 5 },
B\A = { −2, 0 },
A ∩ C = ∅,
B ∩ C = { −2, 0 } e
C\B = { −1, 7 }.
9 UFF
Instituto de Matemática
Noções sobre conjuntos
Proposição 1
Valem as seguintes propriedades para as operações:
(1) Comutativa:
A∪B=B∪A A∩B = B∩A
(2) Associativa:
A ∪ (B ∪ C) = (A ∪ B) ∪ C A ∩ (B ∩ C) = (A ∩ B) ∩ C)
(3) Distributiva:
A ∩ (B ∪ C) = (A ∩ B) ∪ (A ∩ C) A ∪ (B ∩ C) = (A ∪ B) ∩ (A ∪ C)
(5) Idempotente:
A∪A=A A∩A=A
x ∈ A ∪ (B ∩ C) ⇐⇒ x ∈ A ou x ∈ B ∩ C
⇐⇒ x ∈ A ou (x ∈ B e x ∈ C)
⇐⇒ (x ∈ A ou x ∈ B) e (x ∈ A ou x ∈ C)
⇐⇒ x∈A∪B e x∈A∪C
⇐⇒ x ∈ (A ∪ B) ∩ (A ∪ C)
Proposição 2
Valem as seguintes propriedades para o conjunto vazio ∅ e para o conjunto
universo U:
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Noções sobre conjuntos
PARTE 1 - SEÇÃO 1
Definição 6
O produto cartesiano dos conjuntos A e B é o conjunto A × B de pares
ordenados (a, b), tais que a ∈ A e b ∈ B.
Se A ou B é vazio, então
A × B = { (a, b) ; a ∈ A e b ∈ B }. A× B = ∅
Exemplo 11
Sejam A = {1, 2, 3} e B = {4, 5}. Então,
A × B = {(1, 4), (1, 5), (2, 4), (2, 5), (3, 4), (3, 5)} e
B × A = {(4, 1), (4, 2), (4, 3), (5, 1), (5, 2), (5, 3)}.
Exemplo 12
Sejam A = {a, b} e B = {b, c}. Então,
A × B = {(a, b), (a, c), (b, b), (b, c)} e
B × A = {(b, a), (b, b), (c, a), (c, b)}.
Definição 7
Sejam n ≥ 2 um número natural e A1, A2, . . . , An conjuntos.
O produto cartesiano A1 × A2 × · · · × An é o conjunto das n-uplas
ordenadas (a1, a2, . . . , an), tais que a1 ∈ A1, a2 ∈ A2, . . . , an ∈ An.
Exemplo 13
Sejam A = {a, b}, B = {c, d} e C = {e}. Então,
A × B × C = {(a, c, e), (a, d, e), (b, c, e), (b, d, e)}.
11 UFF
Instituto de Matemática
Noções sobre conjuntos
Definição 8
Seja a famı́lia de conjuntos {Ai, i ∈ I}. Então,
definimos a união dessa famı́lia como o conjunto dos elementos que estão em
algum Ai
[
Ai = {x ; x ∈ Ai, para algum i ∈ I}.
i∈I
Definição 9
Seja A um conjunto. Uma famı́lia F de subconjuntos não-vazios de A é
chamada uma partição de A se, e somente se,
[
(i) A = X.
X∈F
(ii) Se X, Y ∈ F e X 6= Y, então X ∩ Y = ∅.
Exemplo 14
Tomando X = {x ∈ Z ; x é par }, Y = {x ∈ Z ; x é ı́mpar }, F = { X, Y }
vemos que Z = X ∪ Y e X ∩ Y = ∅. Logo, F é uma partição de Z.
Exemplo 15
Os conjuntos X1 = { 1, 2, 4, 5, 6 }, X2 = { 3, 7, 8 } e X3 = { 9, 10 } definem uma
3
[
Lembre que . . . partição de A = { 1, 2, . . . , 10 }, pois A = Xi e Xi ∩ Xj = ∅, para quaisquer
A ∩ B = B ∩ A. i=1
i, j tais que 1 ≤ i < j ≤ 3.
Exercı́cio
UFF 12
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Noções sobre conjuntos
PARTE 1 - SEÇÃO 1
(c) { x ; x, y ∈ Z, x2 = 2y + 1 e x + 1 = 4y }.
(a) { 1, 3, 5, 7, . . . , 25 };
(b) 82 , 83 , 84 , 85 , 86 , . . . ;
(c) 51 , 24 , 33 , 42 , 51 .
(a) A ∪ B.
(b) CU (A ∩ B).
(c) CU (A ∪ (B ∩ C)).
(d) A ∩ (B ∪ C).
(e) (A ∩ B)\(A ∩ C).
(a) A ∩ B.
(b) A ∪ B.
(c) A\B.
(d) B\A.
13 UFF
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Noções sobre conjuntos
UFF 14
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Funções
PARTE 1 - SEÇÃO 2
Funções
f : A −→ B
a 7−→ f(a)
O conjunto A é o domı́nio e o conjunto B é o contradomı́nio de f.
Portanto, duas funções são iguais se, e somente se, têm mesmos domı́nios
e contradomı́nios e têm valor igual em cada elemento do domı́nio.
Exemplo 16
São exemplos de funções:
(1) f : Z −→ Z definida por f(x) = 2x, para cada x ∈ Z.
(2) g : Z −→ {0, 1} definida por
0, se x é par
g(x) =
1, se x é ı́mpar
1
(3) h : Z\{0} −→ Q definida por h(x) = x
, para cada x ∈ Z\{0}.
Exemplo 17
A associação entre os conjuntos A = {0, 1, 2} e B = {3, 4, 5} definida a seguir
não é uma função:
0 → 3
ց
5
1 → 4
2 → 3
15 UFF
Instituto de Matemática
Funções
Definição 12 (Composição)
Sejam f : A −→ B e g : B −→ C funções. A composição ou função composta
de g e f, indicada por g ◦ f, é a função g ◦ f : A −→ C definida por
(ii) IB ◦ f = f;
(iii) f ◦ IA = f.
UFF 16
M. L. T. Villela
Funções
PARTE 1 - SEÇÃO 2
Definição 14 (Imagem)
Seja f : A −→ B uma função.
A imagem de f é o conjunto Imagem(f) = {f(a); a ∈ A} = f(A).
Exemplo 20
(1) Segue, imediatamente, das definições acima, que IA : A −→ A é bijetora.
(2) f : Z −→ Z definida por f(x) = 2x, para cada x ∈ Z, é injetora e não é
sobrejetora.
De fato, para x, x′ ∈ Z temos
17 UFF
Instituto de Matemática
Funções
h(x) = h(x′ ) ⇐⇒ 1
x
= 1
x′
⇐⇒ x = x′ ,
Exemplo 21
A função f : Z −→ Z definida por f(x) = −x + 3 é bijetora.
Dado y ∈ Z, existe x ∈ Z tal que y = f(x), pois y = −x + 3 se, e somente
se, x = 3 − y. Logo, dado y, tomamos x = −y + 3 e f(x) = f(3 − y) =
−(3 − y) + 3 = y. Portanto, f é sobrejetora.
Da unicidade de x, obtida acima, temos que f é injetora.
Teorema 1
Seja f : A −→ B uma função.
(i) f é injetora se, e somente se, existe uma função g : B −→ A, tal que
g ◦ f = IA.
Nesse caso, dizemos que g é uma inversa à esquerda de f.
UFF 18
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Funções
PARTE 1 - SEÇÃO 2
(ii) f é sobrejetora se, e somente se, existe uma função h : B −→ A, tal que
f ◦ h = IB.
Nesse caso, dizemos que h é uma inversa à direita de f.
Demonstração:
(i) (⇐=:) Suponhamos que existe g : B −→ A, tal que g ◦ f = IA. Sejam
a, a′ ∈ A, tais que f(a) = f(a′ ). Então,
Logo, f é injetora.
(=⇒:) Suponhamos que f : A −→ B é injetora. Então, para cada
b ∈ Imagem(f) = f(A) existe um único a ∈ A, tal que b = f(a).
Escolhemos a1 ∈ A e definimos g : B −→ A por
g(b) = a, se b = f(a)
g(b) = a1, se b ∈ B\f(A)
g = g ◦ IB = g ◦ (f ◦ h) = (g ◦ f) ◦ h = IA ◦ h = h.
19 UFF
Instituto de Matemática
Funções
Corolário 1
Seja f : A −→ B uma função. Então, f é bijetora se, e somente se, existe
uma função g : B −→ A tal que g ◦ f = IA e f ◦ g = IB.
Demonstração: Falta apenas mostrar que a condição é suficiente. Da com-
posição g ◦ f = IA e do item (i) do Teorema 1, segue que f é injetora e, da
composição f ◦ g = IB e do item (ii) do Teorema 1, segue que f é sobrejetora.
Exercı́cio
3. Sejam s : [0, +∞) −→ [0, +∞) e t : [0, +∞) −→ [0, +∞) definidas por
√
s(x) = x2 e t(x) = x, para x ∈ [0, +∞).
4. Sejam r : (−∞, 0] −→ [0, +∞) e t : [0, +∞) −→ [0, +∞) definidas por
√
r(x) = x2, se x ∈ (−∞, 0] e t(x) = x, se x ∈ [0, +∞) .
UFF 20
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Funções
PARTE 1 - SEÇÃO 2
21 UFF
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Funções
f−1(T ) = {a ∈ A ; f(a) ∈ T }.
UFF 22
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Relações de equivalência
PARTE 1 - SEÇÃO 3
Relações de equivalência
Definição 17
Dados um conjunto A, denotaremos por ∼ uma relação binária em A. Dados
a, b ∈ A indicamos que a está relacionado com b escrevendo a ∼ b.
Caso contrário, dizemos que a não está relacionado com b e escrevemos
a 6∼ b.
Exemplo 22
Sejam A = {1, 2, 3} e a, b ∈ A. Definimos a ∼ b ⇐⇒ a ≤ b.
Então, 1 ∼ 1, 1 ∼ 2, 1 ∼ 3, 2 ∼ 2, 2 ∼ 3 e 3 ∼ 3.
Também, 2 6∼ 1, 3 6∼ 2 e 3 6∼ 1.
Exemplo 23
Sejam A = {1, 2, 3} e a, b ∈ A. Definimos a ∼ b ⇐⇒ a < b.
Então, 1 ∼ 2, 1 ∼ 3, 2 ∼ 3.
Também, 1 6∼ 1, 2 6∼ 2, 2 6∼ 1, 3 6∼ 3, 3 6∼ 2 e 3 6∼ 1.
Exemplo 24
Seja A o conjunto das retas do plano. Sejam r, s ∈ A.
Definimos r ∼ s ⇐⇒ r k s.
Nesse caso, duas retas do plano não estão relacionadas se, e somente se, se
intersectam em um único ponto.
23 UFF
Instituto de Matemática
Relações de equivalência
Exemplo 25
Seja Z o conjunto dos números inteiros. Sejam a, b ∈ Z.
Definimos a ∼ b ⇐⇒ a − b é par.
Temos que 1 ∼ 3, −2 ∼ 4 e 135 ∼ −1, enquanto 1 6∼ 2 e −2 6∼ 3.
Observamos que :
a e b são pares ou
a ∼ b ⇐⇒
a e b são ı́mpares
a é par e b é ı́mpar ou
a 6∼ b ⇐⇒
a é ı́mpar e b é par
Exemplo 26
Sejam Π um plano e O um ponto fixado de Π. Para cada ponto P ∈ Π
consideramos d(O, P) a distância entre os pontos O e P.
Dados P, Q ∈ Π definimos P ∼ Q ⇐⇒ d(O, P) = d(O, Q).
O único ponto relacionado a O é o ponto O.
Dois pontos P e Q, tais que P 6= O e Q 6= O, estão relacionados se, e somente
se, d(O, P) = d(O, Q) > 0 se, e somente se, P, Q estão situados no mesmo
cı́rculo de centro O e raio r = d(O, P) = d(O, Q).
Exemplo 27
Sejam Π um plano e r uma reta fixada.
Dados P, Q ∈ Π, definimos:
Nesse caso, dois pontos distintos do plano estão relacionados se, e somente
se, a única reta determinada por eles é paralela a r.
Fixado um ponto P do plano, sabemos que existe uma única reta s paralela a
r passando por P. Todos os pontos Q ∈ s estão relacionados com P, inclusive
P.
UFF 24
M. L. T. Villela
Relações de equivalência
PARTE 1 - SEÇÃO 3
Exemplo 28
A relação binária do exemplo 22 é reflexiva e transitiva e não é simétrica. Exemplo 22: 1 ∼ 2, mas
2 6∼ 1.
A relação binária de exemplo 23 é transitiva e não é reflexiva nem simétrica. 6 1 e 1 ∼ 2,
Exemplo 23: 1 ∼
mas 2 6∼ 1.
Exemplo 29
A seguinte relação binária em um plano Π é reflexiva e simétrica, mas não é
transitiva: Basta exibir três pontos
P, Q, R, tais que d(P, Q) ≤ 1
P, Q ∈ Π, P ∼ Q se, e somente se, d(P, Q) ≤ 1. e d(Q, R) ≤ 1 com
d(P, R) > 1.
Desempenham um papel importante as relações binárias que têm, si-
multaneamente, as três propriedades: reflexiva, simétrica e transitiva.
Definição 19 (Relação de equivalência)
Dizemos que uma relação binária ∼ em A é uma relação de equivalência se,
e somente se, para quaisquer a, b, c ∈ A
(i) (reflexiva) a ∼ a;
(ii) (simétrica) se a ∼ b, então b ∼ a;
(iii) (transitiva) se a ∼ b e b ∼ c, então a ∼ c.
Exemplo 30
Vamos verificar que a relação binária ∼ do exemplo 25 é uma relação de
equivalência em Z. De fato, se a, b, c ∈ Z, então
(i) como 0 = a − a é par, então a ∼ a;
(ii) se a ∼ b, então a − b é par, logo b − a = −(a − b) é par, provando que
b ∼ a;
(iii) se a ∼ b e b ∼ c, então a − b e b − c são ambos pares e
a − c = (a − b) + (b − c) é par, logo a ∼ c.
Exemplo 31
São relações de equivalência as relações binárias dos exemplos 24, 26 e 27.
Não são relações de equivalência as relações binárias dos exemplos 22 e 23.
25 UFF
Instituto de Matemática
Relações de equivalência
Exemplo 32
No exemplo 24, onde A é o conjunto de todas as retas do plano, a classe de
equivalência de cada reta r ∈ A é
r = { s ∈ A ; s k r }.
Exemplo 33
No exemplo 25 a relação de equivalência foi definida no conjunto dos números
inteiros, que é a união dos subconjuntos dos inteiros pares com os inteiros
ı́mpares, a saber
Z = { 0, ±1, ±2, ±3, . . . } = { 0, ±2, ±4, . . . } ∪ { ±1, ±3, ±5 . . . }.
Exemplo 34
No exemplo 26 o conjunto é um plano Π, onde fixamos um ponto O para
definir a relação de equivalência entre os pontos do plano. Temos:
O = { P ∈ Π ; d(O, P) = d(O, O) = 0 } = { O } e
Exemplo 35
No exemplo 27 o conjunto é um plano Π, onde fixamos uma reta r para
definir a relação de equivalência entre os pontos do plano. Nesse caso, para
cada P ∈ Π, temos:
UFF 26
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Relações de equivalência
PARTE 1 - SEÇÃO 3
Proposição 4
Seja ∼ uma relação de equivalência em A. Valem as seguintes propriedades:
(i) Se a ∩ b 6= ∅, então a ∼ b.
Demonstração:
(i) Como a ∩ b 6= ∅, então existe c ∈ A tal que c ∈ a ∩ b. Logo, c ∼ a e
c ∼ b. Pela simetria, a ∼ c e, pela transitividade, obtemos a ∼ b.
(ii) (=⇒ :) Suponhamos que a ∼ b. Vamos mostrar que a ⊂ b. Lembre que . . .
Seja x ∈ a. Então, x ∼ a. Como a ∼ b, pela transitividade, temos Os conjuntos X e Y são
iguais se, e somente se,
x ∼ b. Logo, x ∈ b. X ⊂ Y e Y ⊂ X.
27 UFF
Instituto de Matemática
Relações de equivalência
Definição 21 (Representante)
Seja A um conjunto e ∼ uma relação de equivalência em A. Dizemos que
b ∈ A é representante de uma classe de equivalência a se, e somente se,
b ∼ a.
Teorema 2
Se ∼ é uma relação de equivalência no conjunto A, então as classes de equi-
valência distintas de ∼ definem uma partição de A. Reciprocamente, dada
[
uma partição de A, digamos A = Ai, onde Ai 6= ∅ e Ai ∩ Aj = ∅, para
i∈I
quaisquer i, j ∈ I, i 6= j, existe uma única relação de equivalência ∼ em A, tal
que as classes de equivalência distintas de ∼ são os subconjuntos Ai, i ∈ I.
Demonstração: Falta apenas demonstrar a recı́proca. Digamos que a famı́lia
{Ai ; i ∈ I} é uma partição do conjunto A.
[
Como A = Ai, então para cada a ∈ A existe i ∈ I, tal que a ∈ Ai,
i∈I
seguindo a unicidade do ı́ndice i do fato de Ai e Aj serem disjuntos para
i 6= j.
Para a, b ∈ A definimos a ∼ b se, e somente se, para algum i ∈ I,
a, b ∈ Ai.
É fácil a verificação de que ∼ é uma relação de equivalência em A.
UFF 28
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Relações de equivalência
PARTE 1 - SEÇÃO 3
A/ ∼ = { a ; a ∈ A}.
Exemplo 37
Consideremos em Z a relação de equivalência
a, b ∈ Z, a ∼ b ⇐⇒ a − b é múltiplo de 2.
Exercı́cios
x ∼ y ⇐⇒ 3 divide x − y.
29 UFF
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Relações de equivalência
(a, b) ∼ (c, d) ⇐⇒ a · d = b · c.
UFF 30
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